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“Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo.” 2013 VIII PRÊMIO JOVEM ESCRITOR ...uma homenagem a Vinícius de Moraes ! VINÍCIUS DE MORAES

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“Por mais longa que

seja a caminhada

o mais importante é

dar o primeiro passo.”

2013

VIII PRÊMIO JOVEM ESCRITOR...uma homenagem a Vinícius de Moraes !

VINÍCIUS DE MORAES

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APRESENTAÇÃO

Estamos em uma época em que a rapidez da informação e da comunicação instantânea é incontestável e isso domina a rotina de nossos jovens.

Sinto muito orgulho de nossa equipe de professores da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias pelo incentivo dado aos nossos alunos, levando-os a refletir sobre o fascinante mundo das palavras, pois é por meio delas que fluem nossos pensamentos e nos expressamos para o mundo.

Eis aqui o resultado de um trabalho da parceria educador-educando: uma obra representativa do talento, dedicação e criatividade.

Queridos alunos, sei que farão bom uso desta que é uma das dádivas com que fomos abençoados: a capacidade de eternizar nossos pensamentos através de registros.

Somos palavras...Palavra é sentimento.

Neuza Maria ScattoliniMANTENEDORA E DIRETORA

PREFÁCIO

No início de cada ano letivo, os professores procuram estabelecer estratégias que ajudem os alunos a desenvolver gosto pela leitura e pela escrita. As atividades de produção de texto do primeiro semestre procuram, dessa forma, desenvolver a expressão escrita como desafio transformador.

Os textos que compõem este livro são a prova inquestionável do estímulo à criatividade, ao exercício da produção e interpretação textual, e, acima de tudo, da oportunidade de trabalharmos alguns dos temas transversais: saúde, ética e cidadania, pluralidade cultural e meio ambiente.

Assim, nossos jovens são inseridos num contexto de produção de conhecimento, uma vez que o exercício autoral dota o adolescente da possibilidade da descoberta.

Os leitores encontrarão uma variedade de gêneros, dos jornalísticos aos tipos textuais mais rígidos, a exemplo da dissertação. Todos os escritos foram selecionados pelo critério do potencial criativo do aluno e da habilidade da expressão linguística.

É, enfim, um convite à reflexão sobre o sentido da vida individual e coletiva, importante experiência na formação de nossos alunos-escritores.

O homem se faz livre por meio do domínio da palavra.É através dela que ocorre o enriquecimento intelectual e cultural do ser humano.

EQUIPE DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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UM POUCO DA MINHA HISTÓRIA - Daniela Pedro Fontes

MINHA HISTÓRIA - Karina Yuri Valente Watanabe

AUTOBIOGRAFIA - Daniela Ozeki Matsuchita

SUPER-HERÓI - Alexandre Kenzo Mitsuuchi

MINHAS LEMBRANÇAS - Flávia Misawa Hama

FAMÍLIA FELIZ - Jhonata Viccenzo Carrasco

UM POUCO DA MINHA HISTÓRIA - Pedro Yanaze

TUDO SOBRE MIM - Júlia Bergamini Salgueiro

AUTOBIOGRAFIA - Gabriel Rodrigues de Rosa

HISTÓRIAS DA MINHA VIDA - Bárbara Domingues Vilaplana Calleja

SUPER-HERÓIS, SUPERROTINA - Rodrigo Volpe Battistin

ANTES E DEPOIS - Vinicius Lopes de Queiroz

FINALMENTE O 6º ANO - Tiffany Ramirez Ruiz

os6 Anos - Fundamental

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MINHA VIDA - Bruno Akio Shimada

O CORAÇÃO - Maria Vitória Pascotto

DISNEY - Bruna Simão Fernandes

O AMIGO FIEL E O URSO - Enzo Irasaka

O ROUBO DO PATINETE - Renan Honda Espírito Santo

PARA PEDIR DESCULPA - Thaís Tanaka Delfino

O “PIOR” ANIVERSÁRIO DO MUNDO - Laura Naomi Wakai

PARA FUGIR DA TRISTEZA - Giovana B. Credie

SAUDADES - Thiago Mei Pamfilio

O SALTO - Júlia Baron Drudi

A PLACA - Gustavo Forstman Cavalcanti

PERDIDOS NA FLORESTA - Paula Naomi Yonamine

os7 Anos - Fundamental

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PICOLÉS SAGRADOS - Ana Cláudia Bérgamo

AINDA EXISTE GENTILEZA - Thaly Tamura

O PREÇO QUE SE PAGA POR NÃO LEVAR A VIDA A SÉRIO - Julia Kaori Nakakura

ESCREVER AJUDA A RELEMBRAR - Ananda Ferreira

UM DIA FELIZ - Amanda Miki Arimura

UM NOVO AMIGO - Larissa Cintra Gaspar

MEU SALVADOR - Gustavo Misawa Hama

A CONFUSÃO - Nathalya Carneiro

A MORTE SE ESCONDE NA ESCURIDÃO - Luiza Ribeiro

SEM MEMÓRIA - Maísa Takano

O SONHO QUE VIROU PESADELO - Lucas Toshio Ito

NARIZ FORA DO LUGAR - Mauricio Devicentis Silva

os8 Anos - Fundamental

SUMÁRIO

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A GOTEIRA PAROU - Guilherme Matunaga

A QUALQUER HORA - Renata Luna Iwamoto

NA HORA DA MORTE - Cláudia Aquaroli

QUASE HOMEM - Natália Fujita e Silva

CONFEITARIA EQUIVOCADA - Carolina Siciliano

A TROCA - Leila Mayumi Diniz Andersen

VIROU UM HOMEM - Larissa Defini de Campos

MEU DIA DE AZAR - Natália Morita

PACIENTE ERRADO - Leonardo de Carvalho Porta

QUEM É VOCÊ - Gabriela Giacon

VLAD NO BRASIL - Isabela Izumi Terada

O EQUÍVOCO DOS HOMÔNIMOS - Caroline Katsuda

os9 Anos - Fundamental

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A INFLUÊNCIA DAS AÇÕES DO ALUNO NO DESEMPENHO ESCOLAR - Giulio Mezzacapa

ÉPOCAS DIFERENTES, MANEIRAS DIFERENTES - Carolina Santini Paes de Barros

O DIA EM QUE MATEI OPPENHEIMER - Vitor João R. Andreolli

A MÁQUINA DE NEUTRINO - Lucas A. Vazzola

OS FILHOS ESTÃO NO COMANDO - Gabriela Tiemi Kasahara

ALUNOS NO CONTROLE - Gabriela Sugui Mota Silva

NASA EM “DESATIVANDO O BIG BANG” - Luisa Varella Bastos

UMA ALMA JOVEM - Gabryella Alves Ferreira

CORPO VELHO, ALMA JOVEM - Victoria Portela Diniz Gaia

PAIS, FILHOS E O MUNDO MODERNO - Vinicius Aranha

O QUE MUDARIA? - Thais Carvalho Ferreira

A DESCOBERTA QUE NOS PREJUDICOU - Guilherme Kato

os1 Anos - Ensino Médio

os2 Anos - Ensino Médio

os3 Anos - Ensino Médio

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ILUSÃO - Carolina Henkes Inamassu

TRANSPORTE: MAIS PÚBLICO, MENOS PRIVADO - Thabata Araujo Reis

TRÂNSITO SEM FIM - Mariana Devicentis Silva

CIDADES, ESTRADAS E TRÂNSITO - Samuel Leon Cunha Lara

ESPELHO, ESPELHO MEU - Marina B. Ferreira

O BRASIL E SUA EVOLUÇÃO - Vinicius Brito Martins

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SOB OS HOLOFOTES - Letícia Machado Pereira

ALIENAÇÃO TECNOLÓGICA - Catarine Beatriz Rabelo A. Lima

A TECNOLOGIA AVANÇA PARA O FIM - Lucas Komon Yi

DIÁLOGO: UM MEIO DE IMPEDIR A CONVICÇÃO - Tais Novaki Ribeiro

EM NOME DAS APARÊNCIAS - Camila Morita

A VERBA DISTORCIDA - Bruna Pegoraro Augusto

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os6 Anos

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o6o6 Difícil falar sobre a gente!! Entretanto, mesmo estando no início de uma jornada emocionante e

marcante, mesmo estando apenas no 6º ano, estes alunos já demonstram saber o que querem para a vida deles, reconhecendo e valorizando o seu passado, a sua história e sonhando

com um futuro brilhante, que se inicia neste princípio de adolescência.A própria história, a história dos amigos de classe, momentos de transição, as

novas responsabilidades, os heróis que parecem resolver todos os problemas... quanta imaginação têm esses meninos e meninas com asas imensas, alçando voos que prometem ser emocionantes, já que são abastecidos pelo inesgotável combustível dos sonhos!

Abaixo, vocês poderão saborear as mais bonitas histórias de nossos alunos e alunas do 6º ano desta edição anual do Prêmio Jovem Escritor e descobrir nos textos que seguem, a riqueza que essas pessoas tão especiais podem nos oferecer.

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UM POUCO DA MINHA HISTÓRIADaniela Pedro Fontes

Capítulo 1: A gorduchinha nasceuOlá! Meu nome é Daniela Pedro Fontes e foi escolhido pela minha mãe, contrariando

meu pai que queria Daniele. Nasci dia 18 de agosto de 2002, no hospital São Luís, às nove horas e seis minutos. Nasci bem gordinha, com três quilos e oitocentos gramas. Ah! Nasci em São Paulo!

Quando eu era pequena, adorava a minha chupeta, mas fiquei apenas até os dois anos com ela. A fralda também foi até esta época. Ao contrário da chupeta e da fralda, a mamadeira só larguei mesmo com quatro anos. Ela sim, eu AMAVA!

Capítulo 2: A grande viagem!Com uns quatro anos, eu fui com os meus pais para o Rio de Janeiro. Foi incrível, pena

que eu não lembro se ficamos em um hotel ou na casa dos amigos dos meus pais. Bom, mas o que lembro é que brinquei na areia, no mar, tomei muito sorvete, foi inesquecível.

Alguns anos depois, comecei a perceber como eu brincava sozinha, como não tinha ninguém para compartilhar as coisas da vida comigo (sem contar os meus pais, claro!). Então, depois de pensar bastante, encontrei uma solução: eu queria era ter uma irmãzinha! Mas eu não sabia que não era assim, da noite para o dia, que eu iria ganhar uma irmã. Será...?

Capítulo 3: Entrei no Montessori!Aos cinco anos, entrei no Colégio Montessori Santa Terezinha. No começo, eu era um

pouco sozinha, mas depois fiz novas amizades, as quais tenho até hoje, e outras com quem apenas converso pela internet.

Relembrando um pouco o segundo capítulo... lembra que eu queria uma irmãzinha da noite para o dia? Então, não consegui, mas depois de dois anos (quanto tempo!!), em um belo dia, quando cheguei em casa ... Surpresa! É, eu havia ganhado uma irmã! Agora você deve estar se perguntando: “Como? A mãe dela ficou grávida?” Não, meus pais foram a um abrigo chamado “Lalec” e lá viram um lindo bebê com dez meses, então decidiram adotá-lo.

Depois de alguns anos, fizemos outra viagem, só que minha irmã Evelyn, desta vez, foi com a gente. Nós fomos para Olímpia, que fica a seis horas de São Paulo (de carro). Foi bem cansativo, mas aproveitamos muito.

Este ano estou no “prédio” (como nós chamamos esta parte de nossa escola), está sendo diferente e muito divertido. Estou louca para que chegue logo o meu aniversário...

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AUTOBIOGRAFIADaniela Ozeki Matsuchita

Capítulo 1: Nasceu a gordinhaMeu nome é Daniela. Nasci em 15 de agosto de 2002, na cidade de São Paulo, no

hospital e maternidade Santa Joana. Tenho 10 anos.A minha irmã Luciana queria que eu me chamasse Beatriz Trezini (a melhor amiga dela

naquela época). A minha mãe explicou que podia ser Beatriz, mas Trezini não. Então ela escolheu Daniela, porque ela tinha uma professora de dança de quem ela gostava muito (e pensar que a minha irmã Luciana ainda ficou com febre no meu nascimento!).

Com quatro meses entrei na escola São Camilo, mas, depois de dois anos, fui para o Colégio Montessori Santa Terezinha.

Capítulo 2: Atrapalhada para sempreAlguns anos depois, conheci a Camilla Navarro, minha primeira melhor amiga.Com quatro anos, eu andei pela primeira vez de avião e fiz uma amiguinha. A gente

estava brincando de pega-pega, e o avião estava decolando, então ela se sentou e eu capotei! Eu também enfiei o dedinho no apontador para ver o que acontecia, então, claro, cortei a unha e saiu sangue. Quando eu viajei para Pernambuco, tinha acabado de ver o filme "A fantástica fábrica de chocolates" e vi aquela menina colocando o chiclete na nuca. Então eu achei que não aconteceria nada, mas não foi isso que aconteceu: o chiclete grudou no meu cabelo, e eu tive que cortá-lo!

Capítulo 3: A mais sem graça da famíliaCom nove anos, ganhei um pássaro, uma calopsita chamada Jackie. No começo, eu

morria de medo dele, mas depois de bem pouco tempo, uns dois minutos, eu me acostumei.

Com dez anos, não aconteceu nada de especial, além de a Vivian (a melhor amiga de todos os tempos) mudar de escola, e eu de ganhar o meu Ipod.

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Vida de super-heróiNão é fácil, não! Precisa de carinho eMuita atenção!

Salvando pessoas eLutando contra o mal,Com esses poderes, éFácil, é banal!

Se eu fosse super-herói,Derrotaria os vilões,Salvaria as pessoas eColocaria esses vilões em prisões!

Se fosse super-herói,Ganharia recompensas,Conseguiria fama eGuardaria riquezas.

SUPER-HERÓIAlexandre Kenzo Mitsuuchi

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AUTOBIOGRAFIAGabriel Rodrigues de Rosa

Olá, o meu nome é Gabriel. Nasci em 19 de julho de 2002, em São Paulo e meus pais são a Helena e o Carlos.

Quando eu tinha quatro anos, ganhei o meu melhor amigo, um cachorrinho chamado Flock que hoje tem seis anos. Provavelmente ele vai viver até os doze ou treze anos. Tomara! Hoje em dia eu tenho dez anos, e o Flock continua animado “pra cachorro”, sempre brincalhão, disposto e feliz. Eu já tive outros animais como peixes; eles eram três, sendo dois peixinhos dourados e um azul. Só que, infelizmente, eles já morreram.

Colocaram-me na escola aos três ou quatro anos. No segundo dia de aula, levei minha primeira advertência e, com cinco anos, dormi na aula de Inglês.

Hoje, eu estou no sexto ano, na turma A do Ensino Fundamental II. Agora, estou começando a gostar de estudar no prédio. Tenho bons amigos como o André, o Renan e o Carlos. Já fiz amizade com outras classes, com os mais velhos, e agora o meu novo apelido é “Gabs”.

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HISTÓRIAS DA MINHA VIDABárbara Domingues Vilaplana Calleja

Capítulo 1: Chegou a fofaNo dia 27 de março de 2002 uma garotinha muito fofa nasceu. Essa garotinha era eu.

Meu nome é Bárbara e agora vou contar as histórias da minha vida.Um mês antes de eu nascer, meus pais descobriram que eu seria uma menina, (lá se foi

o sonho do meu pai de me chamar de Roger Júnior).Quando aprendi a falar, diferentemente de outras crianças, minhas primeiras palavras

não foram “mama” nem “papa”, minhas primeiras palavras foram “festa” e “plesente” (festa e presente).

Logo aprendi a andar de uma forma traumática: eu estava em uma casa de campo e o meu carrinho de brinquedo tinha rolado para o fim do corredor, então, quando percebi, corri atrás, mas meu pé prendeu em um outro brinquedo e caí. Minha mãe viu o que tinha acontecido e disse:

- Que jeito de aprender a andar!

Capítulo 2: A melhor amiga da fofaQuando eu tinha três anos, minha mãe comprou um coelho de verdade para passar

pela minha casa na Páscoa. Eu dei minha chupeta para ele e, em troca, ganhei um ovo de Páscoa. O nome dele era Pascual, porque o compramos durante a época de Páscoa.

Com quatro anos, entrei na escola, e a primeira pessoa com quem conversei foi uma garota chamada Maria Gabriela; a primeira frase que ela me disse foi: “ - Você tem bolinha na cara!”

Logo depois, ela virou minha amiga, até que um dia teve que mudar de escola.Com sete anos, minha cadelinha Pedrita teve um problema no coração e faleceu.

Minha mãe teve que comprar outra. Para que minha mãe comprasse a cadelinha nova, tive que pedir a ela por quatro longos meses, até que finalmente, um dia, ela a comprou. Nós a batizamos de Julieta com a ajuda da minha melhor amiga, Duda.

Capítulo 3: Música no coraçãoQuando eu tinha oito anos, meu pai decidiu montar uma nova banda e eu

fiquei interessada por música. Comecei, então, a ter aulas de violão. Depois de um tempo, decidi começar a estudar

teclado. Logo me empolguei e, atualmente, estou estudando bateria e baixo também. Todos dizem que eu tenho um ouvido bom e muito talento, e eu sei que minha família irá me apoiar em tudo, pois eles sempre gostaram de música também.

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Neste ano, mudei para o prédio (unidade três de nossa escola), e muita coisa mudou. Além do local, que é muito maior, os professores nos tratam diferente, melhor, é claro! Agora, eu posso ler livros na biblioteca. Estou bem empenhada nos estudos e em tudo o que gosto de fazer e espero que minha vida continue do mesmo jeito: aprendendo uma coisa nova a cada dia...

MINHAS LEMBRANÇASFlávia Misawa Hama

Mesmo não me lembrando muito bem, recordo que, nos últimos dias de aula do 5º ano eu estava alegre e cheia de energia. As aulas foram mais brincadeiras, todos estavam alegres e se divertindo. Entretanto eu estava ansiosa para chegar a hora de ir embora e aproveitar as férias tão merecidas.

Enquanto não tocava o sinal, aproveitei o tempo comendo, brincando e conversando com os meus amigos.

Nas minhas férias, fiquei a maior parte do tempo em casa e fazendo pequenos passeios, como ir ao shopping, ao cinema e ao clube, mas não tive do que reclamar, foram divertidas.

Porém, nas últimas semanas de férias, meus pais decidiram, do nada, que iríamos viajar. Minha mãe e eu escolhemos visitar o Balneário Camboriú, em Santa Catarina, um lugar lindo e cheio de estrangeiros.

Fomos à praia, ao parque Beto Carrero e também a Blumenau, um lugar em estilo alemão. Tudo foi muito divertido.

No retorno dessa viagem, estava ansiosa para começarem as aulas e rever meus amigos, mas com um pouco de medo de cair em uma sala sem nenhum amigo.

Nos primeiros dias de aula, vi que caí em uma sala com muitos amigos, mas também com muita gente que eu não conhecia. Conheci os novos professores e a primeira impressão foi boa. Ainda bem!

Ao longo dos meses, conheci melhor a personalidade de cada professor e também novas pessoas, tanto que até criei laços de amizade, mas os velhos amigos continuam.

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SUPER-HERÓIS, SUPERROTINARodrigo Volpe Battistin

A rotina dos heróisÉ um pouco diferente,Eles salvam nosso mundoE nos deixam mais contentes!

Super-herói também é genteÉ pessoa, é cidadão,Só o que o faz diferenteÉ nos salvar do vilão!

Batman, Superman, Homem-AranhaSão todos heróis conhecidos,Depois de tantas batalhas,Tantos acontecimentos vividos.

Pessoas querem ser como eles,Mas não percebem a responsabilidadeDe ter sempre que protegerToda a nossa cidade!

O dia a dia delesÉ bem atarefado,Eles não têm nunca hora certa,Nem nada marcado!

FAMÍLIA FELIZJhonata Viccenzo Carrasco

Meu nome é Jhonata, moro no bairro do Jabaquara, na Praça Mendes Nunes. Eu tenho dez anos, sou feliz, brincalhão e tenho um amor muito grande por minha família, pois acredito em Deus e sou evangélico.

Minha família é simples e humilde, mas muito especial!Eu adoro comer frango e todo tipo de comida. Como

qualquer coisa!Eu tenho uma paixão muito grande por futebol, também adoro tocar

bateria, faço shows e até já apareci em CDs.Meus pais dizem que meu avô era brincalhão, mas, infelizmente, nunca

tive a chance de conhecê-lo.

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Eu gosto muito do programa de tevê “Globo Esporte” e do “Carrossel”, mas estou deixando de assistir à televisão para tirar boas notas e deixar os meus pais e avós orgulhosos de mim.

Quando eu vou escrever um texto com o tema livre, eu escrevo sobre o futuro, sobre o que eu quero ser. Nunca penso pequeno, sempre penso grande. Quando vou contar uma história, expresso meus sentimentos, como agora, e escrevo sobre coisas que fiz com o meu cachorro, por exemplo, que era o melhor cachorro! Ele morreu, e eu estou triste até agora.

Espero que todos vocês deem graças a Deus por suas vidas, não importando quem esteja lendo este texto. Lembrem-se de sua família e tenha orgulho dela. Eu tenho muito orgulho da minha família, que sempre me ajuda e me apoia. Essa é a minha família e eu sou muito feliz por fazer parte dela.

ANTES E DEPOISVinicius Lopes de Queiroz

Dia 10 de dezembro de 2012! O penúltimo dia de aula no 5º ano. Como eu e minha turma já havíamos terminado todo o conteúdo, a aula foi tranquila.

Primeiramente, eu entrei na sala e tive aula de inglês. Apesar de não ter conteúdo, a aula foi de aprendizado com um jogo de palavras. O jogo era parecido com o STOP. Cada grupo tinha que dizer uma palavra que começasse com a letra exigida.

Depois, foi só dia do brinquedo. Uma hora brincava com peão, e outra de show de talentos. Foi incrível e divertido.

No dia seguinte (11), foi o dia do choro. O último dia de aula trazia fortes emoções, inclusive o “Amigo Chococreto'', que foi delicioso. Às 17h40minutos encerrava-se o 5º ano. Posso afirmar que também chorei. Alguns amigos do coração se foram, e outros ficaram. Enfim, foi um dia e tanto.

Para relevar as saudades do dia 11, vieram as merecidas férias como mérito ao ano que se passou. Em dezembro, fiquei em casa para comemorar o Natal e o Ano Novo e, em janeiro, fui a um hotel chamado “Grimberg's Village Hotel''. Foi divertido e cansativo.

Após dias e dias se passarem, chegou a véspera das aulas no 6º ano. Quase não consegui dormir por causa da ansiedade. No dia seguinte, levantei cedo, tomei café, me arrumei e fui à escola. O 6º ano foi e está sendo sensacional, apesar das dificuldades, das alegrias e tristezas, das comemorações e decepções. Enfim, o 6º ano vai ser uma etapa da vida a ser cumprida, com novos e velhos professores e amigos e com novas pessoas para conviver ao longo do ano letivo.

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UM POUCO DA MINHA HISTÓRIAPedro Yanaze

Capítulo 1: O bebezãoNasci no ano de 2002, no Hospital São Luís, em São Paulo. Meus pais são médicos.Comecei a falar com mais ou menos dois anos e meio e a andar com um ano. Minha

primeira palavra foi “Mamãe!” e a segunda foi “Papai!”, como fala a maioria dos bebês. Sempre que fazia aquela bagunça em casa, meu pai gritava “Pedro!”, então eu chorava e falava “Mas, Papai, mo fui eu!”. Agora, o meu pai fala “Mo fu, vem aqui!”.

O meu nome não era para ser Pedro. Minha mãe decidiu que seria ela quem escolheria o meu nome. Quando chegou do trabalho, falou que ia ser João Pedro Yanaze. Então ela pensou que talvez o nome ficaria comprido demais e decidiu: só Pedro Yanaze.

Meu melhor amigo, até hoje, é o Gabriel Hanashiro. Nós nos conhecemos desde que eu entrei nesta escola (faz uns bons anos). Ele é um cara muito gente boa!

No Pré I, quando estávamos no recreio, eu falei para o Hana (é assim que eu chamo o Gabriel) que conseguiria voar. Preparei-me, subi no escorregador correndo e pulei até que... “Buááááááá”! Caí em pé, mas quebrei o braço.

Na minha terceira festa de aniversário (com o tema Homem-Aranha), convidei o Hana e o Gabriel Tuti. O Tuti chegou primeiro, e depois o Hana chegou. Nós nos divertimos muito, e eu jamais me esquecerei daquela festa.

Capítulo 2 : O crescimentoDois anos depois, conheci o André, que hoje estuda no 6º ano A. Nós nos

conhecemos no Jardim Japonês da Unidade II, quando a professora falou para a gente procurar por alguma coisa de que eu já não me lembro bem mais o que era. Eu encontrei um amigo que me passou o telefone dele. Quando cheguei em casa, notei que ele havia esquecido a borracha comigo, e eu a levei por engano para casa. Foi muito legal aquele dia.

Um ano depois, o André, eu e o Hana éramos o “Trio Calafrio”! No começo, “rolaram” muitas brigas, mas depois passamos a nos comportar. Neste ano, minha mãe ligou para a escola falando que me queria em uma sala, e o Hana na outra,

pois conversávamos muito.Eu achava as provas do 2º ano muito fáceis, pois a minha

pior nota foi em Ciências, um 9,2.

Capítulo 3: Uma nova vidaJá no 3º ano, conhecemos mais três integrantes que entraram para o

nosso grupo: o Kenzo, que chegou no meio do ano, o Rodrigo e o João.

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As provas, nessa época, já começaram a complicar. Minha primeira nota baixa na vida já havia saído, justo na matéria de que eu não gostava tanto, mas que hoje, graças à professora Elisete, eu adoro, que é Ciências, quando tirei 6,5.

No 5º ano, formamos o nosso grupo que se chamava “Os portugueses de Portugal”, que era composto por mim, pelo Hana, pelo Kenzo, pelo João, pelo Rodrigo e pelo André, mas, naquele ano todo eu impliquei com o João.

Minha pior nota na vida foi tirada no 3º trimestre, em um simulado de Língua Portuguesa, cuja nota nem quero mencionar!

Agora, estamos no 6º ano! Não brigo mais com o João, graças a Deus, e agora o nosso grupo já aumentou: além de todos os mencionados acima, entraram para o nosso grupo o Gabriel Rosa, o Renan, o Alexandre e o Enzo. As provas no 6º ano já começaram, e a vida passou a ser dura!

FINALMENTE O 6º ANO!Tiffany Ramirez Ruiz

No ano passado, eu estava muito animada para passar para o 6º ano. Então me dediquei ao máximo para passar de ano. Também fiquei curiosa para ver se minhas amigas iriam passar de ano, claro.

Fiquei super feliz quando recebi o boletim que decidiria o meu futuro! Nas férias, me diverti muito indo à piscina do meu prédio, ficando com minha família, descansando, indo ao shopping e ao cinema.

Quando chegou o primeiro dia de aula do 6º ano, fiquei muito animada para ver em que sala eu ficaria, se faria novas amizades, se teria muita lição, como seriam as provas e se poderia usar aparelhos eletrônicos.

Depois que entrei na sala, os professores se apresentaram e foram perguntando os nossos nomes e do que gostamos. Eu achei todos os professores legais, divertidos e animados.

Com o decorrer do tempo, me acostumei com as lições, provas e conteúdos que eles nos ensinam. No lanche sempre fico com minhas novas amigas e jogando no I pod.

Eu estou adorando o 6º ano. As matérias são interessantes, algumas legais, e outras mais difíceis. Tenho mais amigas e fico mais ”livre”, porque, no lanche, nós ficamos em qualquer parte da escola brincando e jogando em nossos celulares.

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MINHA HISTÓRIAKarina Yuri Valente Watanabe

Capítulo 1: Meu nascimentoEu me chamo Karina. Nasci no dia 27 de maio de 2002, às 14 horas e 02 minutos , no

hospital Santa Marina, em São Paulo. Minha mãe se chama Adriana, e meu pai Winther.Com uns dez meses, eu já falava palavras básicas... e, com exatamente um ano, dei

meus primeiros passos. No dia seguinte, dia 28, foi minha festa de um ano.Capítulo 2: As irmãs e a escola'’Com três anos, entrei na escola e fiz novas amigas. Já um pouco maior, com quatro anos, eu queria uma irmã. Dois anos depois, minha

irmã nasceu, ela se chama Yasmin. Em novembro de 2011, nasceu minha outra irmã, Sofia. Ela é bagunceira... mas muito bagunceira.

Capítulo 3: O prédio, 2013Agora, em 2013, vim para o prédio e estou no 6° ano.

O primeiro ano em que estudo no prédio está sendo legal! Eu ainda tenho dez anos, mas, no dia 27 de maio, farei

onze.Estou adorando estudar neste prédio e gostando muito dos

professores, cada um tem um jeito, suas manias e suas dinâmicas. Alguns são mais chatos, outros mais legais, mas todos explicam as matérias bem,

de um jeito que eu consigo entender.

TUDO SOBRE MIMJúlia Bergamini Salgueiro

Meu nome é Julia, tenho dez anos e adoro escrever, principalmente histórias sobre personagens, além de amar ler.

Quando eu tinha sete anos, ganhei um caderno para fazer minhas próprias histórias, mas infelizmente não sei onde ele está hoje.

Um dia, em casa, fiz minha própria biografia, desde que eu nasci até hoje. Minha mãe sempre fala para mim que eu nasci para ser escritora.

Quando eu era pequena, eu sempre lia dois gibis da “Turma da Mônica” por dia, e minha mãe e meu pai compravam muitos gibis, compravam até carimbos, quebra-cabeças. Além disso tudo, eles compraram um barraquinha da Mônica para eu e meu irmão brincarmos.

Quando eu estava no 5º ano, sabia que uma das disciplinas do 6º ano seria Redação, então eu ficava super ansiosa para chegar logo ao 6º ano.

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os7 Anos

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Com o objetivo de diferenciar enredo de história nas narrativas ficcionais, os textos produzidos seguem uma

sequência linear, com uma disposição cronológica, usando a inversão de ordem, com saltos no tempo, elipses e cortes,

surpreendendo-nos pela criatividade.Deixar que o outro se “apodere” da própria história ao narrar a sua em 3ª

pessoa do discurso, ou contando a história do outro como se fosse dele, narrando em 1ª pessoa um enredo que não foi vivido por ele mesmo, foi uma experiência que resultou em textos envolventes.

Modificar as fábulas com a criação de finais inesperados e surpreendentes e perceber a poesia como meio de demonstrar a opinião de uma forma divertida ou sensível deu a estes gêneros textuais uma nova roupagem.

osOs alunos dos 7 anos homenageados neste ano conseguiram expressar os seus melhores sentimentos, emocionando-nos e enchendo-nos de alegria por descobrirmos talentos tão jovens e cheios de criatividade.

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MINHA VIDABruno Akio Shimada

Eu me chamo Jefferson Hideki e tenho 17 anos.Nasci no Japão. Vim para o Brasil quando pequeno e fiquei morando com minha avó e

meu avô em Mogi das Cruzes.Minha mãe voltou para o Japão.Eu fiquei com muita raiva dela porque descobri que ela voltou faz tempo a morar no

Brasil e ainda não entrou em contato comigo.Mas hoje já me recuperei um pouco e todo sábado brinco com meus primos Bruno e

Eduardo. Meus avós cuidam de mim e me dão tudo de que eu preciso.Logo estarei na faculdade e arrumarei um trabalho muito bom e sei que meus avós

continuarão me ajudando a ser um adulto responsável.Talvez, um dia, perdoe minha mãe...

SAUDADESThiago Mei Pamfilio

Não era exatamente um belo dia. Eu, o Davi e a minha irmã Mirela estávamos em casa, quando o meu primo Thiago chegou, pois era, infelizmente, o dia do funeral do meu avô, que havia falecido naquela manhã.

Thiago chegou com uma cara feliz, como sempre fazia, mas logo percebeu que a situação era ruim. Eu, como sou um menino de apenas nove anos, não era maduro o bastante para entender e perceber que também eu não deveria estar feliz naquele momento.

Thiago chegou perto de mim e logo olhou para o corpo do meu avô. Ele se aproximou e vi seus olhos se encherem de água igual ao mar. Quando ele o tocou, começou a chorar. Minha avó, que estava ao lado de Thiago, pegou na sua mão e falou:

- Calma, é a vida! Uma hora todos nós morreremos!Thiago, então, se acalmou e parou de chorar. Abraçou a minha mãe, a

minha irmã e depois eu. Ele parou de chorar e logo voltou a ficar feliz. Passamos o dia inteiro pensando em nosso avô, só que, ao mesmo tempo em que chorávamos, sorríamos e fazíamos brincadeiras. Eu e o Thiago queríamos ir à praia, só que nossas mães ainda estavam muito abaladas, então nós preferimos ficar em casa e ajudar a nossa família que estava muito triste.

Aquele foi um dia que ficará para sempre em nossas mentes.

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DISNEYBruna Simão Fernandes

Uma menina chamada Bruna foi para a Disney com sua família. Quando chegaram lá, foram para o hotel, deixaram suas coisas e resolveram dar uma volta. Eles foram ao Outlet. Por cinco dias, foram às compras. No sexto dia, foram para o parque Sea World. Lá, viram dois shows, o dos golfinhos e o das baleias.

Bruna disse que amou a parte dos saltos e o beijo das baleias. Depois ela foi à montanha-russa; essa virava de ponta cabeça, passava perto de um lago pequeno, mas as pessoas molhavam só os pés, passava no meio das árvores. Ela estava um pouco nervosa, pois a montanha-russa virava de ponta-cabeça. Na saída, eles encontraram muitos flamingos e golfinhos. Bruna pôde passar a não neles e ficou feliz.

À noite, a família foi ao Circo Di Soleil. A apresentação foi linda. A parte mais legal, segundo Bruna, foi a de um rapaz que empilhou canos e subiu nos mesmos.

No dia seguinte, eles viajaram para Miami, onde conheceram as principais praias. Apesar de a água estar gelada, Bruna teve coragem e entrou para mergulhar. A água era esverdeada e límpida.

Pela manhã, todos voltaram para Orlando. Mais comprinhas. Também foram ao Wallmart. Lá, comprou um quilo de M&M. Depois foi a vez dos parques, dias de festa. No parque Magic Kingdon, o castelo era o ponto principal. Bruna tirou fotos com Marie, Bela, Cinderela, Rapunzel, Bela Adormecida e Mickey. Aproveitou todos os brinquedos. Já era noite quando iniciaram o desfile com fogos de artifícios e personagens.

No Epcot, mais emoção. Quando Bruna entrou, viu uma grande fila para tirar fotos. Eram o Pateta, a Margarida, a Minnie e o Pluto. Ela não resistiu. Tirou fotos com Tico e Teco. Depois foi só diversão. Ela não parava nem para almoçar.

No Hollywood Studios, Bruna foi assistir a um espetáculo da Bela e a Fera e do Indiana Jones. Os melhores brinquedos eram o elevador e a montanha-russa. Ela passeou de trem pelo parque para conhecer vários estúdios. Na saída, ela foi tirar foto no chapéu mágico

do Mickey, mas antes viu uma outra apresentação, que foi à noite: a do Mickey. Agora, era a vez do Animal Kingdon. Lá, ela assistiu a um filme em 4D, na

Árvore da Vida, que era a atração principal daquele parque. Bruna amou a montanha-russa do Everest. Depois, “viajou pela África” e conheceu vários animais típicos daquela região. Para

surpresa dela, houve outro desfile da Disney.O último dia foi para terminar de fazer as compras. Passeio pela

Dontown Disney. Bruna adorou as compras. Pediu para seus pais para voltarem para lá assim que possível.

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PARA FUGIR DA TRISTEZAGiovana B. Credie

Para fugir da tristeza,Basta amar a vida,Basta ter felicidadeBasta a alegria.

Para fugir da tristeza,Misture o amor,A felicidade,E a alegria,Para novamenteConstruir a vida.

O AMIGO FIEL E O URSOEnzo Irasaka

Dois amigos viajavam juntos pela floresta usando o GPS do celular, mas, no meio do caminho, a bateria do aparelho acabou. Então eles ficaram perdidos, tentando achar uma saída. Como estavam com fome, pegaram a barra de cereal que tinham e um deles, tentando manter a calma, falou:

- Estamos perdidos, sem mais o que comer e, além disso, já está anoitecendo!De repente, chegou um urso que sentiu o cheiro da barra de cereal da dupla de

amigos. O homem que estava mais a frente pulou em cima da árvore; o outro caiu duro no chão, fingindo-se de morto.

O urso, quando virou de costas, viu o homem que estava em cima da árvore, deu um salto, pegou um pedaço de madeira e bateu bem forte na árvore. O homem que lá estava caiu. Neste momento, os dois começaram a correr loucamente e tanto correram, tanto correram que acharam a saída daquela floresta. O amigo, que se fingiu de morto, agradeceu:

- Muito obrigado! Na hora em que eu mais precisava, você foi fiel e me ajudou, colocando-se em perigo para me salvar. Nunca vou esquecer isso!

Moral: O verdadeiro amigo é aquele que é fiel em qualquer situação.

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O SALTO Julia Baron Drudi

Julia estava muito feliz, porque naquele dia iria pular de paraquedas! Ela estava pronta, ajustando o paraquedas, quando o avião começou a decolar e, cada vez que subia, Júlia sentia a emoção pular para fora dela.

Estavam lá no alto, quando abriram a porta do avião, e as pessoas começaram a pular. Julia foi a última. Olhou para baixo e, no começo, se assustou, mas o instrutor a acalmou. Júlia, então, juntou toda a sua coragem, saiu correndo e pulou! Ela diz ter sido essa a melhor sensação do mundo!!!

As pessoas assistiram ao seu salto, tiraram fotos, até postaram no Facebook! Ela vai se lembrar para sempre daquele dia que parece ter sido mesmo muito legal!!!

O ROUBO DO PATINETERenan Honda Espírito Santo

Olá, eu sou a Mary e vou contar uma história que aconteceu há pouco tempo.Era um domingo ensolarado. Eu e minha família decidimos dar umas voltas no parque

do Ipiranga. Meu filho resolveu dar umas voltas de bicicleta primeiro.Enquanto isso, eu fiquei segurando o patinete, aguardando a volta dele.Um menininho bem humilde, aparentando ter uns quatro anos, apareceu e pediu,

com uma carinha de bonzinho, para usar o patinete. Ele disse que ia dar apenas umas voltinhas ali mesmo.

Eu decidi emprestá-lo, pois achava que ele estava com muita vontade de andar e não tinha condições de ter um.

Meu filho voltou perguntando do patinete. Eu disse que o havia emprestado para o menino e estava observando ele andar com o brinquedo.

Não deu cinco minutos e uma menina aparentando uns 12 anos, tomou-lhe o patinete, e os dois saíram correndo para a saída do parque.

Tentei correr atrás deles, mas foram muito rápidos e havia várias pessoas no caminho.

Meu filho ficou chateado, mas tive que explicar para ele que existem algumas pessoas nas quais não podemos

confiar. Fomos embora e levamos meu filho para tomar um sorvete.

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A PLACAGustavo Forstman Cavalcanti

Uma vez, em Ubatuba, um garoto de 6 ou 7 anos de idade chamado Gustavo estava divertindo-se na praia. O dia estava muito quente, e a areia, nem se fala. Gustavo decidiu ir nadar, pois não aguentava o calor.

Ao entrar na água, viu algo amarelo muito distante no mar. Ele achou estranho e foi ver o que era. Quanto mais se aproximava, mais a maré subia em seu peito.

Chegou na frente da “coisa” e notou que ele estava afundando. Quando olhou direito, percebeu que era uma placa cravada entre as pedras, avisando sobre buracos que havia ali no chão.

Já com a água no queixo e como ainda não sabia nadar direito, quase se afogou... A sorte que ele teve foi imensa, pois sua mãe apareceu e o tirou da água.

Daquele dia em diante, ele começou a tomar mais cuidado com placas!

Você magoou sua amada.Você está sem razão.Ela está muito brava.Ela não gostou.

Então cante uma cançãoQue tenhaAmor e compaixão,Que carregue emoção.

No meu coração ela morou.Meu amor ela roubou.Eu a magoei.Que idiota eu sou!

Ajoelhei-me a sua frente.Eu implorei.Falei a verdade.Então, você me perdoou...

PARA PEDIR DESCULPASThaís Tanaka Delfino

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PERDIDOS NA FLORESTAPaula Naomi Yonamine

Chamo-me Rogério e já me perdi na floresta há um tempo. Na época, eu tinha 22 anos e estava com Tomas, Henrique, Júlio e Luiza na floresta

Amazônica, fazendo uma trilha durante as férias de verão de 2004.Era um dia chuvoso e estávamos sozinhos na trilha de 500 metros que estava com o

solo escorregadio.Eu percebi que Tomas estava escorregando, até que ele caiu e foi descendo o morro

para fora da trilha. Nós fomos socorrê-lo, mas ele estava muito distante, por isso demorou muito para chegarmos lá.

À medida que descíamos, a visibilidade do caminho de volta ia ficando ruim, até que não pudemos mais vê-lo.

Pensei que Tomas fosse morrer, pois estava perdido em uma floresta imensa e muito ferido. Ele deu sorte, pois foi parar ao lado de um riacho, onde poderia passar um barco logo que o sol nascesse.

Quem teve a ideia de construir uma jangada fui eu, pois me lembrei de que havia cidades próximas ao litoral.

Depois de um tempo, o transporte e os remos estavam prontos.Naquele dia, o vento estava forte, o que facilitou, pois ganhamos velocidade no barco.

Após três horas, percebi, ao fundo, árvores com grandes raízes, pois estávamos chegando no mangue.

Não demorou muito e já era possível ouvir pessoas no mangue que estavam caçando caranguejos. Luiza gritou para um dos homens:

- Precisamos de ajuda!O homem pediu ajuda pelo rádio e nos socorreu, mas hoje já não tenho mais vontade

de passear em qualquer trilha.

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O “PIOR” ANIVERSÁRIO DO MUNDOLaura Naomi Wakai

Laura, uma garota que morava com o pai, a mãe e um irmão, iria fazer sua festa de aniversário na casa dos primos em Jundiaí.

Antes da festa, fizeram um churrasco e, mais tarde, foram à piscina, pois estava muito quente. Ela só estranhou o fato de o primo e o irmão sumirem de repente, deixando ela e a prima, Letícia, sozinhas ali na piscina.

Mais tarde, quando esfriou, elas decidiram voltar ao churrasco. Quando chegaram, a mãe de Laura avisou:

- Filha, queríamos cantar o “Parabéns” aqui, mas o bolo está lá em cima, no apartamento, por isso fizemos uma tortinha só para cantar.

Havia, sobre a mesa próxima à churrasqueira, apenas uma tortinha num pratinho, feita só de chantili e confeito colorido.

O “Parabéns” começou, e o tio, Fred, ligou a câmera e se juntou ao resto da família para comemorar.

A coitada da aniversariante cantava, pulava e batia palminhas, alegre, até o tio dizer:- Laura, olha aqui! Dá um sorriso!De má vontade, ela sorriu e, quando se virou... Bloft! Sem dó nem piedade, o primo

enfiou a torta na cara dela.Depois de tirar a torta da cara, ela viu, em outra mesa, mais tortas como aquela para

uma bela guerra de tortas decoradas. Foi chantili para todos os lados, gente jogando tortas um na cara do outro, gente rindo e muita diversão.

Não perguntem o que os faxineiros pensaram daquilo ou o que o porteiro pensou quando viu todos através da câmera do elevador, mas, para Laura, esse fato passou, sem dúvida, longe de ser o pior aniversário do mundo.

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O CORAÇÃOMaria Vitória Pascotto

Eu tinha 16 anos quando soube que teria que operar o coração, pois tinha nascido com válvula bicúspide.

Operei no HCOR e correu tudo bem. Fiquei 20 dias no hospital e já fui liberado para ir para casa.

Depois de um mês, fui fazer um exame de rotina e foi detectado que a válvula que eu colocara estava se desprendendo do meu coração. No mesmo dia, já me internaram para outra cirurgia.

Quando a minha cirurgia acabou, eu voltei para o quarto. Minha mãe me contou que os médicos falaram que, quando abriram o peito para ver meu coração, ele estava com pus, pois tinha infeccionado.

Depois de dez dias no hospital, disseram-me que eu teria que fazer outra cirurgia porque, durante a noite, o meu coração bateu muito fraco. Então eu tive que colocar o marca-passo. Fiquei 42 dias no hospital. Hoje, estou bem e sigo minha vida sem nenhum problema.

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os8 Anos

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Diário pessoal, narrativas policiais e cenas do cotidiano de uma grande cidade compõem a produção

textual do 8º ano. Em alguns textos, um interlocutor silencioso, o diário, aparece como o amigo a quem se contam os segredos mais íntimos. Em outros, o suspense e o crime são os

elementos-chave. Alguns picolés roubados também podem desencadear narrativas em que o cotidiano de uma metrópole vem à tona através de textos que exploram as possibilidades criativas da palavra.

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PICOLÉS SAGRADOSAna Cláudia Bérgamo

Um padre, um policial e um motoboy enxotaram algumas crianças que tentavam roubar os picolés que um pequeno vendedor deixara cair ao tropeçar. Os três ajudaram o garoto a recuperar os sorvetes. De repente, o policial perguntou ao menino:

- Garoto, o que houve? Por que estava com esta caixa de isopor cheia de picolés? Por acaso você não ia vendê-los, ia?

- Sabia que trabalho infantil é crime, meu jovem? – completou o motoboy.- E, além de ser crime, é um pecado grave!- lembrou o padre. – Vamos ter que

conversar com seus pais ou responsáveis.O garoto ficou assustado.- Peço desculpas pelo que aconteceu, mas os picolés são da vendinha do meu tio. Esses

picolés são sagrados para a sobrevivência do mercadinho, mas acho que já não posso mais vendê-los, pois estão começando a derreter. Tenho que ir! – despediu-se o garoto.

E, assim, ele foi embora com destino à venda do tio.- Bom, já que tudo isso acabou, vou chupar um picolé. Vocês querem um também? –

perguntou o motoboy.O padre e o policial olharam de cara feia para o motoboy, que havia pegado alguns

picolés durante a confusão.

A MORTE SE ESCONDE NA ESCURIDÃOLuiza Ribeiro

Aquela madrugada, que pensei ser a melhor da minha vida, foi, na verdade, a pior.Tudo começou quando Liz e Pati, minhas melhores amigas, me convidaram para

passar a noite na casa delas. Quando cheguei, elas me apresentaram Annie, uma jovem alta e desengonçada que era a vizinha de ambas.

Quando nos aprontávamos para dormir, a luz apagou. Não havia nada além de escuridão. Liz deu a ideia de irmos até a despensa pegar umas velas. Quando lá chegamos, a porta se fechou atrás de nós, deixando-nos trancadas e no escuro. Decidimos, então, que era hora de dormir. Ficamos encolhidas em um canto e acabamos adormecendo.

Fui despertada por dois policiais arrombando a porta. Quando eles entraram, olharam para meus pés. Só então vi os corpos de Liz e Annie caídos no chão.

Fui presa, e até hoje acham que eu as matei. Mas sei que não fui eu, pois naquela noite ouvi Pati deixar algo metálico cair no chão. Ainda me pergunto onde estará ela e se será a verdadeira assassina.

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O PREÇO QUE SE PAGA POR NÃO LEVAR A VIDA A SÉRIOJulia Kaori Nakakura

São Paulo, 15 de junho de 2012Querido diário, ultimamente meus dias têm sido muito estranhos...Olho para as

pessoas e parece que já as conheço de algum lugar, com se fosse um deja vu...Lembro que, no dia dois de junho, há duas semanas, fui a uma festa onde meus amigos

e eu nos divertimos muito, mas “acordei” somente no dia sete em um hospital. Esquisito, não?

Minha mãe diz que essas pessoas que eu penso conhecer são meus amigos, aqueles que foram à festa comigo.

O fato de eu ter acordado no hospital foi sinistro, principalmente por ninguém me dizer o que aconteceu. Parece que querem esconder algo de mim, sabe? Por enquanto, estou levando “numa boa”, mas todas as noites, antes de dormir, passam flashbacks na minha cabeça. Neles, eu estou andando bêbada pela rua, junto com meus amigos, e sou atropelada. Será que eu fui mesmo atropelada? Será, diário, que entrei em coma e perdi parcialmente a memória?

São Paulo, 23 de junho de 2012Olá, querido diário, tudo bem? Não escrevi mais em você porque meus amigos e

familiares estão me contando o que aconteceu na noite de dois de junho. Eu fui atropelada não porque estava bêbada, mas porque, na hora de atravessar a rua, não atravessei na faixa e não vi que um carro com pessoas bêbadas vinha na minha direção.

O que importa é que agora eu já sei tudo, e minha vida está, aos poucos, voltando ao normal. Eu poderia ter perdido minha vida ao atravessar fora da faixa de pedestres. Portanto, se alguém um dia ler isto, lembre-se de não “brincar” ao atravessar a rua, pois a “brincadeira” pode custar caro.

A CONFUSÃONathalya Carneiro

O pobre menino que vendia picolés não via mais saída: estava todo machucado e sendo roubado por um bando de moleques. Só que, de repente, chegou um motoboy buzinando e gritando:- O que está acontecendo aí, molecada?

O menino olhou para cima e ficou cheio de esperança, talvez esse homem pudesse ajudá-lo. Mas o motoboy, quando viu que tinha sorvete “grátis”, não pensou duas vezes: pegou um picolé do chão e começou a

chupá-lo.

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Um policial que fazia a ronda viu toda aquela confusão e resolveu interferir, mas, quando viu a situação, foi logo tirando suas próprias conclusões: achou que o menino pobre estava roubando as outras crianças. Só que havia um padre assistindo à cena e percebendo a injustiça que o policial ia cometer. Então correu para o guarda e disse:

- Está cometendo um grande erro. Esse menino não fez nada, o senhor está enganado!- O senhor está dizendo que eu não sei fazer o meu trabalho?! - disse o policial,

enraivecido.E foi aí que a gritaria começou. O padre defendia, o policial acusava, as crianças

gritavam, o motoboy se calava e o pobre vendedor de picolés, que não tinha culpa de nada, ficou lá, parado, pensando no que ele fizera para merecer aquilo.

ESCREVER AJUDA A RELEMBRARAnanda Ferreira

São Paulo, 13 de março de 2013Caro diárioEstou escrevendo para tentar lembrar claramente o que aconteceu hoje. Pela manhã,

passei por uma cirurgia e ninguém pode entrar no meu quarto. Então vou tentar me lembrar de tudo sozinha. Foi um acidente de...carro! Lembrei que era um carro. Era dia 10, de acordo com os médicos, que disseram que eu estou aqui há três dias. Lembro que, antes do acidente, estava indo para um lugar pela autoestrada...Acho que eu ia para a casa de minha avó, porque é o único lugar ao qual eu vou pela autoestrada. Estava junto com a minha família? Sim! Lembro que meu pai dirigia e meu irmão ia ao seu lado. Minha mãe, minha irmãzinha e eu estávamos no banco de trás. A viagem estava indo bem até pararmos em um determinado lugar...

É aí que minha memória para de vez...No caminho da casa de minha avó, há um posto de gasolina, mas é pouco provável que meu pai tenha parado lá, pois ele sempre abastece o caro antes de sair, uma lanchonete de caminhoneiros, na qual nunca paramos, e...o Frango Assado! Todos os fatos se encaixavam! Estávamos indo à casa de minha avó quando minha mãe, como de costume, pediu para parar para ir ao banheiro. Meus irmãos foram com meu pai até a banca de jornal, e eu fiquei no carro, pois não gosto daquele lugar. Foi aí que um carro veio com tudo e bateu na porta do lado em que eu estava sentada!Meus pais e irmãos devem estar lá fora esperando para entrar. Que alívio, eles estão vivos!

Escrever em você, diário, sempre me ajuda! Agora, vou esperar até liberarem a entrada de minha família.

Obrigada, diário, e boa noite!

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SEM MEMÓRIAMaísa Takano

São Paulo, 13 de março de 2013Querido diárioNão me lembro de nada que aconteceu ontem. Só sei que acordei no hospital! Os

médicos disseram que eu iria recuperar a memória rapidamente, porém aos poucos. Algo me diz que alguma coisa importante aconteceu ontem.

Eu me lembro vagamente de ter ido ao parque depois da escola. Era o aniversário de uma amiga, por isso fomos todas juntas passear, agora eu lembro! Houve uma hora em que eu caí da escada perto da entrada. É, disseram que eu caí de cabeça. Havia até uma parte dela que estava sem cabelos, a parte de cima, e vários cortes doloridos.

Algum garoto bobo me empurrou, mas quem foi? O único garoto lá era o irmão da aniversariante. Foi ele!!

Não se preocupe, querido diário, eu vou ficar bem! Afinal, eu tenho meus pais, minhas amigas e você para me apoiar. Além disso, poderei sair do hospital daqui a alguns dias. Os médicos e as enfermeiras são muito gentis e prestativos.

Terei bastante tempo para falar com você, mas agora eu vou encerrando esta página. Hora do almoço!

UM DIA FELIZAmanda Miki Arimura

Era uma tarde ensolarada, pássaros cantavam por todos os lados. Parecia ser um dia lindo, mas não foi bem assim...

Tudo começou quando Pedro, um garoto simples do campo, saiu para trabalhar na cidade. Ele tinha dez ou onze anos, mas, mesmo sendo tão jovem, já era obrigado a trabalhar devido ao fato de seus pais precisarem de ajuda financeira.

Então, lá estava ele começando mais um dia de sua vida, andando com uma caixa cheia de picolés no ombro, enquanto atravessava uma movimentada praça. De repente, um carro passou rapidamente e o assustou, fazendo com

que tropeçasse e caísse junto com seus picolés. Parecia ser o fim! Voltaria para casa sem nenhum centavo. Para piorar

ainda mais a situação, apareceram quatro meninos querendo se apossar dos picolés. Uma discussão teve início.

- Não, por favor! Não peguem esses picolés, são a minha única fonte de dinheiro!

- Isso não importa! Não iríamos perder a chance de chupar estes picolés de graça! – disse um deles.

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Por sorte apareceram um padre e um motoboy.- Peço, por gentileza, que devolvam esses sorvetes para este pobre menino – disse o

padre calmamente.- É isso mesmo, moleques, devolvam já, ou eu chamarei o policial – gritou furioso o

motoboy.Tamanho foi o barulho feito pelo homem que o policial se aproximou e acabou com

toda a discussão. Conversou educadamente com todos os meninos, que concordaram em pagar o prejuízo para Pedro. Este ficou tão agradecido e feliz que voltou para casa não apenas com o dinheiro, mas também com um grande sorriso no rosto, como o de uma criança feliz e livre de qualquer preocupação.

No final das contas, o dia não foi tão ruim quanto parecera ser.

O SONHO QUE VIROU PESADELOLucas Toshio Ito

São Paulo, 13 de março de 2013Meu diário, hoje estou começando a me lembrar de algumas coisas que aconteceram

comigo e também lembrei que eu escrevia em você! Mas há algumas lembranças que eu queria ter esquecido.

Uma delas aconteceu há cinco anos. Eu estava fazendo um piquenique com toda minha família sob um sol infernal, mas, mesmo assim, estávamos nos divertindo. Falávamos sobre sonhos que tínhamos para o futuro, jogávamos futebol, contávamos histórias, comíamos. Às vezes, discutíamos, mas sempre acabávamos nos entendendo

Mas naquele dia, infelizmente, alguns bandidos que estavam fugindo da polícia foram se esconder no parque em que estávamos, e ficamos no meio do fogo cruzado. Depois disso, não me lembrava de mais nada.

Quando acordei, estava em uma cama de hospital sem me lembrar de nada. Com o tempo, fui me lembrando de alguns fatos e descobrindo que estivera em coma por cinco anos após ter levado um tiro. Descobri, também, que quase todos que estavam comigo naquele piquenique haviam morrido.

Você entendeu, agora, por que certas lembranças eu teria preferido esquecer? Agora, você é meu único amigo. Boa noite, amigo diário.

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NARIZ FORA DO LUGARMauricio Devincentis Silva

São Paulo, 13 de março de 2013Olá, Diário, me desculpe por ficar muito tempo sem falar com você.

Hoje, vou lhe contar a história de quando eu desloquei meu nariz.Eu tinha sete anos, era dia 14 de outubro e lá estava eu, no intervalo de

minha antiga escola, junto aos meus amigos, em uma mesa. Nós acabamos de comer e fomos brincar.

UM NOVO AMIGOLarissa Cintra Gaspar

Certo dia, durante uma de minhas caminhadas matinais, vi um policial correndo atrás de alguns meninos que pegaram os picolés de um pequeno vendedor. O garoto, que carregava uma sacola de isopor lotada de sorvetes, tropeçara e sua mercadoria se espalhou pelo chão. Alguns moleques que estavam por perto, ao verem a cena, aproveitaram-se da situação e pegaram os picolés que estavam espalhados pela rua. Após serem capturados pelo policial, levaram uma bela bronca dada por um padre que passava pelo local e foram embora. O menino que vendia os picolés, que continuava no chão com os joelhos ralados, foi socorrido por um motoboy.

- Garoto, você se machucou muito? Quer ajuda? Não se preocupe, o policial já recolheu os picolés.

- Nossa, muito obrigado! Eu não sei o que meu pai faria se eu não voltasse com o dinheiro da venda dos picolés! – o garoto respondeu ainda assustado.

- Bem, agora você já está melhor. Quer ajuda para ir para casa? – perguntou o policial, aproximando-se do motoboy e do menino que já havia se levantado.

- Eu aceito sim! – disse o menino abrindo um sorriso. – Aliás, muito obrigado!- Que é isso, só estou fazendo o meu trabalho. Vamos? – disse o policial também

sorrindo e caminhando até a viatura.- Claro! – respondeu o garoto dando um breve aceno para o motoboy, que já subira na

moto, e para o padre, que continuou seu caminho rumo à igreja.O caminho até a casa do garoto foi tranquilo. Ele e o policial conversaram e riram

muito. Quando o menino ia descer da viatura, o policial o chamou e perguntou:- Ei, garoto, qual é o seu nome mesmo?- É Henrique.- Bem, Henrique, me vê um picolé de morango? - Mas é claro! – disse Henrique, enquanto pegava o picolé e o dava de bom grado ao

policial como forma de agradecimento.

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MEU SALVADORGustavo Misawa Hama

São Paulo, 10 de março de 2013Querido DiárioHoje, eu acordei em um hospital e não me lembro do que aconteceu. Falaram que eu

sofri um acidente, mas ninguém sabe o que aconteceu. Espero melhorar logo.São Paulo, 11 de março de 2013

Querido DiárioRecebi alta do hospital hoje de manhã. Estou começando a lembrar algumas coisas.

Estava voltando para casa quando duas pessoas me abordaram: um estava com uma faca, e o outro, com um revólver. Depois disso, não lembro o que aconteceu.

São Paulo, 12 de março de 2013Querido DiárioHoje estou muito feliz, pois consegui lembrar quase tudo! Depois que as duas pessoas

me abordaram, eu falei que não tinha nada de valor, mas, mesmo assim, quiseram que eu entregasse a mochila. Disse que não poderia entregá-la, pois estava cheia de trabalhos escolares e livros. Eles se irritaram e um deles me deu uma coronhada na cabeça, por isso perdi a memória. Estava para desmaiar quando veio um policial e me salvou. Não consegui agradecer-lhe, pois desmaiei antes.

São Paulo, 13 de março de 2013Querido DiárioHoje, conheci meu salvador. Fui até a delegacia e lhe agradeci muito!

Espero que existam muitas pessoas tão boas quanto ele. Você acha que existem, Diário?

Como havia chovido naquele dia, o chão estava molhado. Nós subimos em uma mesa para brincar, porém, naquele momento, eu escorreguei e bati meu rosto em um banco de concreto. Lembro que, ao levantar, não enxergava direito, pois estava tonto.

Depois que levantei, vi que tinha cortado a sobrancelha e que estava sangrando muito. Uma professora me levou ao banheiro e começou a lavar o meu rosto. A seguir, me levou para a sala dos professores, onde esperei minha mãe.

Ela chegou e me levou ao hospital. Levei sete pontos na sobrancelha e, em seguida, tive que ir ao médico para ver como estava meu nariz. Ele disse que eu o havia deslocado e que não seria necessária uma cirurgia, pois meu nariz, com o tempo, voltaria ao normal.

No dia seguinte, faltei na escola e fiquei em casa repousando.Essa é a história, Diário, e, por hoje, é só isso, Tchau!!

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AINDA EXISTE GENTILEZAThaly Tamura

João é um menino muito pobre e mora numa casa bem humilde. Para ajudar a sua família, vende sorvetes em semáforos.

Certo dia, ele estava atravessando uma praça bem movimentada com uma caixa de isopor cheia de sorvetes. Ele olhava o movimento e acabou não prestando atenção onde pisava. Em consequência, tropeçou e deixou cair a caixa com os sorvetes, os quais se espalharam pelo chão.

João ficou desesperado e se levantou rapidamente para recolher os sorvetes, porém alguns garotos mais velhos apareceram. Um deles disse:

- Belos sorvetes! Seria uma pena se nós não os pegássemos.Os garotos pegaram os sorvetes e encheram os bolsos. João brigava com eles a fim de

conseguir sua mercadoria de volta. De repente, ouviu alguém gritando:- Ei, parem já com isso!Quando viu, era um policial que estava correndo na direção dos garotos que roubaram

os sorvetes. João ficou aliviado.Os garotos saíram correndo, deixando os sorvetes para trás. O menino recolheu a

mercadoria com a ajuda do policial e de mais duas pessoas: um padre e um motoboy.- Pronto, menino. Aqui estão os seus sorvetes - disse o motoboy, entregando-lhe a

caixa de isopor como estava antes de cair.- Tome mais cuidado - alertou o padre.- Obrigado - disse João seguindo o seu caminho.Ele ficou muito feliz pelo fato de três pessoas o terem ajudado. “Parece que ainda

existe gentileza em algumas pessoas”, pensou.

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os9 Anos

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Ao lado de textos narrativos que relatam, com humor, descobertas da infância e da adolescência e mal

entendidos provocados por homônimos, a produção textual do 9º ano apresenta narrativas inspiradas no clássico

personagem Conde Drácula, retomando os conceitos de narrativa fantástica e apreendendo as características básicas das narrativas de terror.

o9o9

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A GOTEIRA PAROUGuilherme Matunaga

Vlad chegou ao Brasil nos últimos anos do século XVIII, algum tempo depois do apogeu da corrida ao ouro nas Minas gerais. Enquanto seus companheiros faiscavam sonhos dourados de ambição, tudo o que ele queria era distância do resto da civilização. Ninguém sabia sua origem, nem sequer o idioma que ele falava. Era alto, magro e vestia-se com uma capa pesada, de grande capuz, que lhe protegia o rosto contra os reflexos do sol.

Vindos da Europa em uma embarcação clandestina, todos os tripulantes, inclusive Vlad, haviam combinado, ao entrar no navio, que iriam morar juntos em uma mansão próxima às minas de ouro.

Quando chegaram à mansão, quase todos se reuniram para organizar grupos de quatro pessoas que ocupariam o mesmo quarto.

Quase todos.O misterioso Vlad já havia se acomodado no terceiro e último andar da mansão. O

tamanho do quarto por ele escolhido era proporcional à quantidade de sujeira, ratos e morcegos ali existentes, fazendo com que ninguém reclamasse da escolha.

Com o tempo, o maior passatempo dos mineiros tornou-se contemplar as estonteantes mulheres que entravam na mansão para irem ao encontro de Vlad em seu quarto. Misteriosamente, elas nunca eram vistas indo embora.

Porém, por mais tranquila que fosse a convivência com o estranho homem, já fazia três meses que ele não pagava sua parte do aluguel da mansão. Miguel, um dos mineiros, resolveu, então, cobrar o aluguel de Vlad.

Depois de subir as velhas escadas que rangiam como almas agonizantes sob seus pés, o mineiro chegou ao último andar. Mesmo com todas as janelas abertas, até o vento entrava lentamente no local, como se estivesse com medo de algo. O barulho de uma goteira ecoava por todo o lugar. A penumbra se misturava aos ratos, que por mais selvagens que fossem, encontravam-se totalmente paralisados, como se estivessem à espera da próxima refeição.

Miguel, destemido, ignorava toda a atmosfera sufocante e repulsiva do local, quando tropeçou em algo. De repente, vários corpos caíram sobre ele. Corpos de lindas mulheres. Então, uma respiração em harmonia com o ranger das janelas e com o som da goteira foi ouvida. Havia um cheiro no ar. Cheiro de sangue.

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PACIENTE ERRADOLeonardo de Carvalho Porta

João da Silva Santos foi internado, pois estava com uma inflamação no dedão do pé esquerdo. Ao cortar a unha, sem querer machucara-se com o alicate.

A preocupação da família era grande, pois João tinha 85 anos e sofria de diabetes. Ele teria que passar por uma cirurgia simples que levaria, no máximo, dez minutos, a fim de estancar o sangramento.

O enfermeiro entrou no quarto de João, que já tinha adormecido devido à demora, e injetou a anestesia na veia do paciente

Seu João só foi acordar quando ouviu um tumulto em seu quarto. Quando despertou completamente, o médico lhe explicou que haviam trocado os nomes dos pacientes. Em consequência, ele, João da Silva Santos, havia passado por uma cirurgia de transplante do coração e não por uma simples cirurgia no dedão do pé esquerdo.

Com o seu João nada de mais grave aconteceu, pois seu coração já era velho e um transplante foi até bom para ele, que ficou com um coração novinho em folha. Já para o outro João da Silva Santos, um jovem de 22 anos que estava no estágio mais avançado da doença de Chagas, uma simples cirurgia no dedão do pé não o salvou da morte.

NA HORA DA MORTE Cláudia Aquaroli

Vlad chegou ao Brasil nos últimos anos do século XVIII, algum tempo depois do apogeu da corrida ao ouro nas Minas gerais. Enquanto seus companheiros faiscavam sonhos dourados de ambição, tudo o que ele queria era distância do resto da civilização. Ninguém sabia sua origem, nem sequer o idioma que ele falava. Era alto, magro e vestia-se com uma capa pesada, de grande capuz, que lhe protegia o rosto contra os reflexos do sol.

As pessoas daquela cidadezinha ouviam falar desse tal Vlad, mas as poucas que o haviam visto evitavam o assunto. A aparência sombria, diferente e fria inspirava

medo em qualquer ser vivo.Ultimamente, Vlad, que era conde, mantinha-se longe da cidade,

satisfazendo sua sede de sangue na floresta, onde “caçava” alguns lenhadores, de cujas mortes a cidade não desconfiava.

Aquele dia, porém, o conde resolveu saciar sua vontade na cidade.

Esperou o relógio bater meia-noite e escalou um muro para visualizar melhor alguma possível vítima. Sentiu o cheiro de uma jovem mulher e a

viu dobrando a esquina.

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Como se fosse uma águia, saltou do prédio e pulou sobre o telhado de algumas casas, escondendo-se numa rua sem saída, por onde a jovem passaria, sem fazer ruído algum.

O conde podia sentir a respiração da moça e o palpitar daquele coraçãozinho delicioso; podia sentir o forte cheiro de seu sangue e do perfume que ela usava.

A jovem foi se aproximando da rua sem saída. O conde, ouvindo seus passos, já arquitetara seu plano. Os batimentos cardíacos da jovem aumentaram. Ela sentia a presença de alguém ali, mas ignorou sua intuição e seguiu em frente.

O conde agiu rápido e atacou a jovem como se fosse um leão faminto. O coração dela já não batia mais e em seu corpo não havia mais nenhum vestígio de sangue. Definitivamente, sua alma abandonara o corpo levando a horrível lembrança daqueles olhos fundos, negros e mortos, famintos por cada gota do sangue quente de seu corpo.

MEU DIA DE AZARNatália Morita

Meu nome é José Carlos Almeida. Tenho 29 anos, sou bancário, moro na temida e movimentada capital do estado de São Paulo e tenho que dizer que, definitivamente, aquele não era meu dia.

Para começar, acordei 20 minutos atrasado para o trabalho, me arrumei correndo e entrei no carro. Como moro em uma avenida muito movimentada, já na porta de casa o trânsito estava muito lento. Fiz de tudo para chegar o quanto antes, mas o máximo que consegui foi levar uma bronca do meu chefe junto com uma pilha de problemas para resolver.

No final da tarde, estava exausto. Havia solucionado grande parte dos problemas e merecia descansar. Peguei meu carro na hora do rush, como de costume, e resolvi ir para casa por dentro dos bairros para escapar dos congestionamentos das grandes avenidas.

Durante o trajeto, uma viatura da Polícia Militar mandou-me encostar o carro e descer, pois estava procurando um assassino. Um dos policiais pediu minha carteira de habilitação e, assim que eu a entreguei, perguntou se aquele era meu nome. Eu assenti. Então ele chamou seu colega de viatura e me prendeu, pois disse que eu era o assassino José Carlos Almeida, o qual rondava a região à procura de novas vítimas.

Tentei me explicar dizendo que era um homem honesto, que não havia cometido crime algum e que aquilo era um engano, mas os policiais não me deram atenção e me levaram mesmo assim.

Agora, cá estou eu, no presídio, lutando pela liberdade que me foi tomada injustamente.

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QUASE HOMEMNatália Fujita e Silva

Esse barulho todo é o Nilo chegando. Jogou os livros e cadernos no sofá e gritou para a mãe que queria comer.

- Como se eu não soubesse- disse ela, mas, primeiro, ó - apontou para os livros no sofá- e depois ó - lavar as mãos.

- É pra já - disse ele. Pegou os livros, levou-os para o quarto e voltou correndo. E enquanto enxugava as mãos se olhando no espelho da pia, gritou para a cozinha:

- Mãe, tenho uma novidade.- Boa ou ruim?- a mãe gritou em resposta.- Boa! Já sou quase um homem- o menino disse, sentando-se para almoçar enquanto

exibia um sorriso cheio de orgulho no rosto.- Como assim, meu filho?- a mãe perguntou franzindo a testa e encarando-o.- Está vendo este pelo?- disse, apontando para um pequeno fio no canto da bochecha-

É barba!- ele exclamou.Após ouvir aquilo, a mãe sentou-se ao lado do filho e pegou sua mão, olhando-o com

ternura.- Querido, acredite no que a mamãe vai lhe dizer. Isso ainda não é barba.O sorriso do menino se desmanchou.- Você só tem oito anos. Não tenha pressa para crescer. Dê tempo ao tempo, OK?Ele fez que sim com a cabeça.- Não fique assim. Quero ver aquele sorriso lindo de novo!- disse a mãe, cutucando a

barriga de Nilo e fazendo-o rir.- Vamos almoçar?Ele fez que sim e abriu um largo sorriso, dessa vez carregado de orgulho, porque, para

ele, sua mãe era a melhor do mundo.

QUEM É VOCÊ?Gabriela Giacon

Em uma terça-feira qualquer, James se preparava para buscar Cedrico, a quem não conhecia ainda, no aeroporto.

Após dois anos de intercâmbio no Brasil, ele retornaria ao Japão.James chegou ao saguão de espera do aeroporto segurando uma placa

com o nome do rapaz. E ele apareceu. Diferente do esperado, era um rapaz loiro, alto, forte, pele clara: parecia um alemão. James pensou que ele

poderia ser filho adotivo.

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- Você é o meu motorista? - perguntou o rapaz.- Mordomo, senhor - corrigiu James.- Tanto faz. Leve-me para casa - ordenou Cedrico.No carro, o silêncio pairava no ar. Chegando em casa...- Quem é você? - indagou a senhora Koiochi, fazendo James se preocupar.- Cedrico, prazer - ele se apresentou.- James, este não é o meu filho!!!- Mas...hã...é...- gaguejou James.- Vocês procuram Cedrico Koiochi? - perguntou o alemão.- Sim, você o viu? - perguntou o senhor Koiochi.- Bom, deixe-me ver a passagem...Opa, nos confundiram no aeroporto. Agora ele deve

estar na Alemanha. Eu o conheci no aeroporto e...- Ai gemeu a senhora Koiochi.- Meu...- balbuciou James.- Deus! – terminou o senhor Koiochi.- E a festa? – perguntou uma das 50 pessoas que esperavam pelo Cedrico certo.- Acabou, oras!

CONFEITARIA EQUIVOCADACarolina Siciliano

Tudo aconteceu no dia do aniversário de meu pai, Jaime. A família inteira corria de um lado para o outro para organizar uma festa-surpresa de aniversário, e eu, como sempre, fiquei encarregada de encomendar e buscar o bolo na confeitaria que ficava a poucos metros de casa.

Um pouco antes da festa, fui correndo à confeitaria para pegar o bolo que encomendara, pois logo papai estaria em casa e eu jamais me perdoaria se chegasse atrasada com o bolo.

Na hora do “Parabéns a você”, todos estavam animados, afinal tudo havia corrido como o planejado. Até que abrimos a caixa do bolo e vimos que nele estava escrito, com letras grandes e redondas, “Boa viagem, Jaime”. Quando vi o bolo, minha vontade foi de sumir. Que ódio!!

No mesmo instante, fui novamente à confeitaria e expliquei toda a história para o dono. Supus que o tal Jaime viajante havia levado o bolo de aniversário do meu pai, que também se chama Jaime.

O dono da confeitaria telefonou imediatamente para Jaime que chegou rápido ao local e trocou o bolo. Voltei para casa, dessa vez com o bolo certo.

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VLAD NO BRASIL Isabela Izumi Terada

Vlad chegou ao Brasil nos últimos anos do século XVIII, algum tempo depois do apogeu da corrida ao ouro nas Minas gerais. Enquanto seus companheiros faiscavam sonhos dourados de ambição, tudo o que ele queria era distância do resto da civilização. Ninguém sabia sua origem, nem sequer o idioma que ele falava. Era alto, magro e vestia-se com uma capa pesada, de grande capuz, que lhe protegia o rosto contra os reflexos do sol.

No Brasil, já na cidade de São Paulo, Vlad dividia a casa onde morava com um homem chamado José Luís da Silva. Este acabara de chegar de Minas Gerais e estava à procura de emprego, por isso saía cedo de casa, muito esperançoso, e voltava tarde, exausto e decepcionado.

O lugar em que Vlad e José Luís moravam era um antigo casarão abandonado cheio de móveis antigos. Vlad se sentia em casa, mas José Luís mal conseguia dormir naquele lugar.

Certa noite, José luís ouviu sons que não o deixavam dormir. Curioso e assustado, resolveu investigá-los. Nunca havia andado pelos corredores do casarão à noite, pois tinha medo de fantasmas, do saci e até da bela sereia Iara.

Os sons que José Luís ouvia vinham do quarto de Vlad. O jovem, assustado, bateu na porta várias vezes sem obter resposta. Certa vez, Vlad lhe dissera com um forte sotaque estrangeiro:

- José, não poder entrar em quarto de Vlad; ser perigoso.O rapaz não sabia o que fazer. Poderia deixar aquilo de lado e voltar a dormir, mas a

preocupação com o misterioso companheiro era maior. No instante em que José Luís abriu a porta, as velhas janelas de madeira se fecharam, deixando o quarto imerso em uma terrível escuridão. Ele ouviu uma voz familiar dizendo:

- Eu dizer para não entrar no quarto. Agora ser tarde demais.No dia seguinte, Vlad estava no porto de Santos, à espera de um navio que o levaria de

volta à Transilvânia, satisfeito com o “banquete” que José Luís lhe proporcionara.

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A TROCALeila Mayumi Diniz Andersen

André era um bom e esforçado aluno, mas a língua inglesa era um terrível problema para ele. Para o pai- um homem rico que vivia em uma casa que não negava a situação financeira da família- a solução foi enviá-lo para morar com a tia Sara, em Los Angeles, por seis meses.

No bairro em que André morava, só se falava do “Riquinho da BMW” que ia para os Estados Unidos. O ano era 1993, e esse tipo de extravagância, na época, realmente era exclusividade dos mais afortunados.

Mais alguns meses se passaram e André estava finalmente em Los Angeles. O garoto desembarcou confuso, mas seguiu em frente. André nunca tinha visto a tia, por isso não sabia como ela era. O pai a descreveu como loira e nada mais. Ao ver uma moça alta, esbelta e loira segurando uma folha de papel com o nome “André”, só pôde pensar que era a tia. Foi até ela e a cumprimentou com um belo e brasileiro “Oi” que foi respondido com um tímido e americano “Hi”.

André não entendeu. Sabia que a tia era brasileira e que vivera em Minas Gerais por 17 anos. Ela, com certeza, sabia falar português.

- You must be ... André, right?O garoto só entendeu seu nome e respondeu com um descarado “Yes”.“Acho que entendi tudo! Só devo falar inglês”, pensou. Mas, depois de dois meses, a

brincadeira perdeu a graça que nunca tivera. André queria falar com o pai.No Brasil, o caso já era notícia de jornal, pois a verdadeira tia Sara não sabia nada sobre

ele. Felizmente, a notícia chegou aos Estados Unidos e a moça alta, esbelta e loira, que também se chamava Sara, leu-a e contou, através de mímicas, para André, que voltou ao Brasil.

O que aconteceu afinal? A Sara esbelta e loira esperava um estudante de intercâmbio, um brasileiro chamado André. O “nosso” André a viu e se confundiu, como a moça. Sem muitos recursos tecnológicos, ninguém conseguiu se comunicar com ninguém.

Depois de tanta confusão, André percebeu que era hora de decorar o endereço de sua casa!

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O EQUÍVOCO DOS HOMÔNIMOSCaroline Katsuda

Meu nome é José e estou viajando para conhecer mais sobre o Brasil, um país recente nas mídias e em crescimento estrondoso. Explicarei o porquê de minha visita inesperada.

Sou brasileiro, porém moro em Nova Iorque há dez anos. Trabalho como jornalista do “The New York Times”. Recentemente, meu chefe pediu-me uma matéria sobre um país em evidência. Pensei: “Existe país melhor que o Brasil, meu país de origem, para eu escrever a matéria?”

Sendo assim, ao desembarcar na barulhenta e lotada cidade de São Paulo, avistei um homem alto e bem vestido que perguntou meu nome. Dada a informação, presumi que fosse um funcionário do jornal em que trabalho encarregado de me levar até meu destino. Assim, acompanhei-o.

O simpático homem se apresentou como Carlos e me levou até a família que me hospedaria e contaria novidades e curiosidades sobre o Brasil. Porém, ao chegar à suposta casa, estranhei o fato de as várias pessoas ao meu redor serem japonesas e não se parecerem com a minha família brasileira. Achei que estivessem comemorando algo, talvez a visita de um parente. De certa forma, era bom me sentir “em casa”, mas duvidei que aquela fosse minha família, que, inclusive, falava japonês, idioma o qual não domino.

Chamei Carlos e expliquei-lhe o equívoco. Ele entendeu o erro que cometera e, na mesma hora, retornamos ao aeroporto. Com dificuldade, encontramos o tal japonês cujo nome também era José. Assim, concluímos que Carlos confundira os “Josés” e me levara para o destino errado.

Expliquei-lhe, em poucas palavras, o fato ocorrido. José compreendeu e, inclusive, convidou-me para sua festa-surpresa. Já que sua mulher era brasileira e jornalista também, quis que eu me hospedasse em sua casa para que ela pudesse me dar mais informações sobre o Brasil, que, a priori, mostrou-se um lugar um tanto atrapalhado.

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VIROU UM HOMEMLarissa Defini de Campos

Esse barulho todo é o Nilo chegando. Jogou os livros e cadernos no sofá e gritou para a mãe que queria comer.

- Como se eu não soubesse- disse ela- mas, primeiro, ó- apontou para os livros no sofá- e depois ó: lavar as mãos.

- É pra já. - disse ele. Pegou os livros, levou-os para o quarto e voltou correndo. E enquanto enxugava as mãos se olhando no espelho da pia, gritou para a cozinha:

- Mãe, tenho uma novidade.A mãe de Nilo foi até o banheiro e perguntou:- Que novidade é essa, menino?O rapaz, cheio de orgulho, estufou o peito e respondeu:- Virei homem!A mãe olhou-o confusa, pois não tinha entendido o comentário.- Ô minha mãe, a senhora não está vendo a minha barba não?Ela abriu os olhos e encarou o filho de perto.- Meu Deus, meu menininho virou um homem! - ela o abraçou forte - Devemos contar

para seu pai assim que ele chegar do trabalho. Agora venha almoçar.Depois do almoço, o garoto voltou para o espelho do banheiro a fim de admirar sua

barba. De repente, ele escutou o barulho de chaves na porta de entrada.- Paaaaai!!!Nilo saiu correndo do banheiro e foi até o pai que estava com cara de assustado.- Pai, olha! Eu tenho barba! Sou um homem!- Nossa, filho, você tem razão. A partir de agora, você terá mais responsabilidades, né?

Terá que ajudar sua mãe em casa, estudar sempre, ajudar-me quando eu precis... O pai nem terminou de falar e Nilo já estava no banheiro. Alguns minutos depois,

voltou e disse:- Pronto! Agora não sou mais homem.Nilo havia feito a barba com a gilete, provocando o riso do pai e o seguinte

comentário da mãe:- Você sempre vai ser meu bebê, querido.

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A QUALQUER HORARenata Luna Iwamoto

Vlad chegou ao Brasil nos últimos anos do século XVIII, algum tempo depois do apogeu da corrida ao ouro nas Minas gerais. Enquanto seus companheiros faiscavam sonhos dourados de ambição, tudo o que ele queria era distância do resto da civilização. Ninguém sabia sua origem, nem sequer o idioma que ele falava. Era alto, magro e vestia-se com uma capa pesada, de grande capuz, que lhe protegia o rosto contra os reflexos do sol. Após a longa viagem de navio, que o trouxera da Transilvânia para o Brasil, sentia sede e fome. Andava de um lado para o outro, pensando em como faria para saciá-las.

Passou horas vagando pelas ruas e nada. A rua estava escura, vazia e silenciosa, nem as estrelas iluminavam aquela noite fria. Tudo naquela cidade estava fechado, as luzes todas apagadas.

Finalmente, avistou uma pessoa. Vlad Drácula, mais conhecido como Conde Drácula, foi atrás de sua presa. Ao chegar mais perto, a vítima percebeu que não estava sozinha. Parou e olhou para trás, mas não viu ninguém. Continuou caminhando e ouvindo passos que o seguiam. Novamente virou-se e não viu ninguém.

Apavorado, o homem entrou em uma rua que parecia ser mais segura, sem imaginar que aquela seria sua última caminhada. Seguiu pela rua escolhida e, um pouco à frente, deparou-se com um muro. Era uma rua sem saída! Virou-se e, dessa vez, viu um vulto, mas já era tarde demais: Drácula voou sobre sua vítima, cravou os caninos em seu pescoço e saciou sua sede e fome incontroláveis.

Vlad Drácula saiu da rua com os olhos vermelhos e muito bem alimentado. Quanto ao homem, nunca mais foi visto, e seu corpo nunca foi encontrado.

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O estudo dos gêneros textuais torna a produção do 1º ano bastante eclética. Por isso, há textos narrativos,

que exploram a criação de uma máquina do tempo que viabilize uma viagem ao passado, e textos dissertativos, nos quais ocorre a abordagem crítica de temas atuais, tais como as mudanças sofridas na educação ao longo das últimas décadas e o problema do idoso.

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A INFLUÊNCIA DAS AÇÕES DO ALUNO NO DESEMPENHO ESCOLAR

Giulio Mezzacapa

O desempenho escolar dos estudantes brasileiros vai de mal a pior. Muitas vezes, os pais associam tal fato à educação transmitida a seus filhos pelos educadores, sem levar em conta que o baixo desempenho pode ser culpa dos próprios alunos.

O perfil atual dos alunos mostra que a agitação crescente em sala de aula acarreta um desconto nas notas, pois consideráveis vezes o aluno se prejudica por seu comportamento inadequado ou por não cumprir seus deveres. Frequentemente, o aluno julga ser o professor o culpado, fazendo com que os pais acreditem que quem prejudica seu filho é o educador e não o próprio aluno.

Há casos em que o aluno está ciente de seus atos, mas age de má fé contra o professor, pois sabe que seus pais o apoiarão independente das circunstâncias, o que garante a continuidade de seu mau comportamento.

Em suma, pode-se afirmar que o culpado pelo mau desempenho escolar é, muitas vezes, o próprio estudante. Por isso os pais devem prestar atenção às atitudes de seus filhos para se conscientizarem de que nem sempre o professor é o vilão da história.

CORPO VELHO, ALMA JOVEMVictoria Portela Diniz Gaia

A velhice é uma fase da vida pela qual a maioria passará, já que faz parte do processo natural de evolução de tudo o que existe sobre a face da Terra. Mas para que se lamentar quando ela chega, se é possível torná-la a “melhor idade”?

A velhice é algo natural, portanto não há motivos para a pessoa se privar de atividades como dançar, cantar, “malhar” ou sair com os amigos. A idade só mexe com o corpo, permitindo, assim, que a mente permaneça jovem. Especialistas comprovaram que idosos que levam uma vida ativa são mais saudáveis e felizes que os sedentários.

O programa Fantástico, da Rede Globo, apresentou, no dia 14 de abril de 2013, uma reportagem sobre idosos que faziam aulas de dança em um clube frequentado exclusivamente pela terceira idade. Entre os idosos estava Maria Aparecida, 64 anos, que, quando questionada sobre como manter o espírito e a mente jovens, disse: “O segredo é não reclamar, senão ficamos velhos mais cedo.”

Impedir a passagem do tempo é impossível, mas viver de forma plena, feliz e saudável, quando se está na terceira idade, é possível.

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O DIA EM QUE MATEI OPPENHEIMERVítor João R. Andreolli

Eu, Vítor João, tive a grande honra de ser escolhido para testar a máquina que possibilitaria uma viagem no tempo. Minha mãe não achou que fosse uma boa ideia, mas eu sabia exatamente o que queria mudar no passado. O grande cientista e inventor da máquina, Ernesto, avisou-me que nada no passado poderia ser alterado, pois isso destruiria o presente. Mesmo assim, pedi a ele que me mandasse à Alemanha nazista. Minha cabine se fechou e, imediatamente, senti um choque. Desmaiei.

Quando acordei, minha cabine estava em um local estranho. Eu usava roupas diferentes, mas não me importei. Peguei um mapa, que havia roubado do laboratório do professor Ernesto, com a localização da central do “Projeto Manhattan”. Fui sorrateiramente até o local assinalado e encontrei a base nazista. Achei uma passagem secreta que me levava ao subsolo. Lá, fui atacado por alguns soldados, mas consegui abatê-los. Peguei a farda de um deles e a vesti. Graças a ela, atravessei toda a base até encontrar o laboratório do grande cientista Oppenheimer, um dos pais da mortal bomba atômica.

Assim que entrei, ele parou bruscamente o experimento no qual trabalhava para reclamar da falta de um equipamento fundamental para a montagem de sua bomba. Meu sangue começou a ferver, pois aquele homem havia criado a arma mais devastadora do mundo, responsável pela morte de milhões de inocentes, inclusive meu pai, e pelo início da Guerra Fria. Não pensei duas vezes: peguei minha faca e o matei.

Voltei ao meu tempo, mas, contrariando a teoria do professor Ernesto, nada havia mudado. Percebi, então, que por mais mortal e destrutiva que a bomba atômica tenha sido, graças a ela a tecnologia evoluiu. Por isso decidi voltar ao passado uma segunda vez e não matar Oppenheimer, um dos gênios que a criou.

UMA ALMA JOVEMGabryella Alves Ferreira

O envelhecimento da população é um fenômeno mundial provocado pelo avanço da Medicina. As pessoas vivem cada vez mais, o que aumenta o

número de idosos. Países como o Brasil, que há algumas décadas tinha uma população em que os jovens prevaleciam,

também envelheceu, seguindo a tendência mundial. A sociedade brasileira, antes mais jovem, passa por um processo de adaptação à nova realidade: a de ser um país que amadureceu, inclusive no tocante à faixa etária da população. A questão, agora, é se a sociedade está

preparada para lidar com essa situação.

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A MÁQUINA DE NEUTRINOLucas A. Vazzola

Após a confirmação de que uma viagem para o passado seria possível, eu, Ernesto, físico e professor da USP, debrucei-me sobre a ideia de ser o primeiro a visitar o passado e corrigir o curso das caravelas portuguesas que viriam desbravar o Brasil. Para isso, precisava de algo que fosse mais veloz que a luz, e o neutrino, partícula estudada e mencionada por mim em artigos e projetos, parecia perfeita.

Trabalhei cinco anos para finalizar o primeiro protótipo da “máquina de neutrino”. Confesso que os primeiros testes foram frustrantes. Comecei enviando partículas tão pequenas que eram invisíveis aos olhos humanos. Depois, passei a enviar pedras e, a seguir, seres vivos. Quando percebi, estava diante de um mecanismo que poderia levar o primeiro homem ao passado.

Iniciei, então, um projeto de volta ao passado, mais precisamente ao ano de 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil. A ideia consistia em mudar a rota das caravelas e manter a América um continente indígena.

Comentei minhas ideias com um professor de História, e aquele senhor grisalho me fez refletir sobre as consequências de uma viagem ao passado. Analisando suas palavras, percebi que nem mesmo eu existiria se as caravelas não atracassem no litoral brasileiro. Então, interrompi meu estudo e aprendi que há males que vêm para o bem.

Os meios de comunicação mostram, com frequência, o despreparo da sociedade e da própria família no trato com os idosos. Vemos diariamente casos em que a legislação que os ampara não é cumprida, como jovens estacionando em vagas destinadas a pessoas acima de 60 anos, e maus tratos praticados pela própria família, como nos casos em que o idoso é agredido em sua própria casa por um filho, neto ou cuidador.

Apesar de tudo, a sociedade vem mudando. Muitos respeitam os direitos adquiridos pelos mais velhos, dentre os quais podemos citar o transporte público gratuito, assentos especiais em ônibus e metrô, filas e vagas de estacionamento preferenciais e o direito de ser tratado com dignidade e respeito não só pela sociedade, mas também pela família.

Todos os idosos têm direitos iguais, sejam eles brancos, negros, pobres ou ricos. Não devem ser discriminados e tratados de maneira indigna pela sociedade e pela família apenas por serem mais velhos. Sem dúvida, o corpo sofre os efeitos do tempo, mas a alma pode permanecer jovem.

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OS FILHOS ESTÃO NO COMANDOGabriela Tiemi Kasahara

A época de nossos avós era muito diferente, em alguns aspectos, da realidade atual. Todos obedeciam aos mais velhos e os respeitavam. Hoje, não se tem mais todo esse respeito. Quem manda são os filhos: basta dizerem um simples “eu quero” e os pais correm para comprar.

Agora, com os filhos no comando, eles têm tudo o que querem, a qualquer momento, e não precisam estudar. O que lhes importa é apenas o que os pais irão

comprar. A partir daí começa um grande problema: os pais acabam culpando outras pessoas pelo que os filhos estão fazendo de errado. Acabam culpando,

por exemplo, professores por não estarem ensinando seus filhos e por lhes atribuírem notas baixas.Atualmente, a educação não é mais a mesma, pois os pais

não incentivam os filhos ao estudo: dão-lhes tudo o que querem, fazendo com que eles deixem o estudo de lado. Os filhos, sabendo que terão tudo, chegam à conclusão que estudar não vem ao caso.

PAIS, FILHOS E O MUNDO MODERNOVinicius Aranha

Nas décadas de 60 e 70, podíamos notar bastante rigidez na educação escolar no Brasil, fazendo pais e professores adotarem métodos autoritários para educar as crianças e os jovens. Atualmente, se um aluno tira notas baixas, não é mais ele que ouve bronca dos pais, mas sim o professor que lhe atribuiu tais notas.

Isso se dá, inicialmente, pela forma como os pais da atual geração procuram superproteger seus filhos com medo de toda a violência que veem noticiada na TV. As crianças e os jovens, consequentemente, tornam-se menos preparados para quando tiverem que enfrentar a vida adulta.

Ao mesmo tempo, os pais se apegam demais aos filhos e passam a mimá-los. O acesso à informação via internet também deixa a criança e o jovem mais arrogantes. Assim, quando os filhos vão mal na escola, passa a ser cada vez mais comum os pais darem bronca não neles, mas sim no professor que lhes dá aula, o que é um erro.

O mundo moderno, com suas mídias que controlam o povo e o guiam em direção à distância física, à arrogância e ao individualismo, é o principal responsável pelos equívocos na educação paternalista dos dias atuais. No fundo, basta os pais, filhos e educadores saberem diferenciar liberdade de libertinagem.

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A questão é que os pais, hoje em dia, não têm mais a mesma autoridade sobre os filhos que havia antigamente. Os filhos, por sua vez, não têm o mesmo respeito pelos mais velhos e acabam tomando a liberdade de fazer o que bem entendem. Por isso, antes de comprar algo para seu filho e satisfazer todas as suas vontades, conscientize-se de que é necessário ter uma certa autoridade sobre ele.

O QUE MUDARIA?Thais Carvalho Ferreira

Voltar no tempo é um sonho para as pessoas, pois teriam a oportunidade de corrigir erros em nome do bem da humanidade. Eu sempre imaginei como seria viver em outra época, com outros costumes, normas, vestuário e estilo de vida. Tenho vontade de conhecer grandes pintores, atores e autores como Shakespeare, Picasso, Leonardo da Vinci e Gertrud Stein. Também gostaria de vestir um daqueles longos e lindos vestidos de baile que as mulheres usavam.

Meu irmão Victor sempre diz que sou doida. Como poderia gostar de viver em uma época sem computador, celular, antibióticos e outros confortos modernos? Eu tento mostrar-lhe o lado positivo, mas sempre acabamos discutindo.

Um dia, na escola, um professor perguntou o que gostaríamos de mudar no passado se tivéssemos a chance. Essa pergunta ficou na minha mente, era difícil decidir. No dia seguinte, dei a minha reposta: disse que teria impedido as duas guerras mundiais. Todos os meus colegas me apoiaram, mas o professor olhou para mim e disse:

- Você já imaginou se elas não tivessem ocorrido? Talvez, hoje, não tivéssemos tanto conforto, já que elas estimularam a criação e produção de novas e melhores tecnologias. Com certeza, o cenário econômico e político mundial seria outro, o que poderia não lhe agradar.

Passei o resto do dia pensando e percebi que ele estava certo. Apesar de a guerra ser algo ruim, as que aconteceram foram importantes, portanto devemos deixar o passado como está.

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ALUNOS NO CONTROLEGabriela Sugui Mota Silva

Nos tempos atuais, podemos dizer que os alunos estão assumindo o controle da situação. Existem vários casos em que o professor é advertido por conta de alguma reclamação do aluno feita em casa, normalmente resultado de lições não feitas, notas baixas ou advertências por motivos disciplinares.

Antigamente, a situação era bem diferente. Os professores, mais rígidos, tinham sempre razão, e os pais dos alunos os apoiavam, muitas vezes aplicando castigos aos seus filhos por recomendação do professor. Dessa forma, na cabeça das crianças e dos jovens, a escola era um local apenas para estudos e não diversão, mas, no século XXI, a visão não é mais a mesma. Os alunos não estão mais preocupados em tirar boas notas e estudar. Para eles, um seis já é motivo de felicidade.

Para um bom desempenho nos estudos, é preciso impor regras e obrigações na vida das crianças e dos jovens. Assim, eles estarão sempre cientes de que há, sim, momentos em que podem se divertir na escola, mas também há momentos sérios, de estudo. Professores, alunos e pais ficarão mais tranquilos e livres do “stress” se todos colaborarem e fizerem sua parte.

A DESCOBERTA QUE NOS PREJUDICOU Guilherme Kato

No século XXXI, foi comprovada a teoria de que uma partícula chamada neutrino havia conseguido bater a velocidade da luz. Eu era o representante de um grupo de cientistas que pesquisava experimentos sobre a tal partícula. Com a comprovação científica da teoria, tornava-se possível o inacreditável: a oportunidade de retornar no tempo e vivenciar o passado. Ninguém era mais adequado que eu para realizar o primeiro teste envolvendo a nova descoberta.

O grande dia do experimento finalmente havia chegado. Famosos cientistas e o presidente da república estavam presentes para apoiar o feito histórico. Após longas conversas e discursos sobre o funcionamento da

máquina, entrei nela e me teletransportei.Eu havia escolhido a época em que Albert Einstein ainda

estava vivo. Primeiramente, comecei a sentir os efeitos colaterais da viagem, mas logo me recuperei e fui aos aposentos do cientista. O primeiro contato com ele foi surpreendente, pois não era louco, como dizem, mas sim inacreditavelmente inteligente para uma época com

pouquíssimos recursos.

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Conversamos por um longo tempo. Expliquei-lhe que viera do futuro e que as teorias propostas por ele haviam sido superadas e complementadas. O homem provavelmente ficou surpreso e indignado, tanto que levantou-se e deixou o aposento sem nada dizer.

Meu tempo no passado estava se esgotando. Eu havia gostado de conhecer um dos mais famosos cientistas de todos os tempos e estava ansioso para voltar e compartilhar o sucesso da experiência. Ao voltar, porém, a máquina se autodestruiu, e eu procurei descobrir o motivo. Após anos pesquisando, notei que Einstein havia deixado de criar certas teorias devido a nossa conversa, o que me levou à depressão e à aposentadoria precoce por alterar, prejudicar e atrasar o futuro.

NASA EM “DESATIVANDO O BIG BANG”Luisa Varella Bastos

Estou vendo, acho que foi daquela estrela que tudo se originou. Sobrevoo mais um pouco e fico de frente para ela. Quem poderia imaginar que da explosão dessa “coisinha” fosse se formar um mundo tão grande e bonito? Aqui em cima é muito escuro, mas é lindo. Esses pontos brilhantes no céu parecem ser tão pequenos lá da Terra! Sinto-me honrada por ter sido escolhida para desativar a explosão dessa estrela.

Voltei bilhões de anos no tempo só para evitar o tal “Big Bang”. Como é complicado imaginar essa mistura de tempos! Há poucos dias estava indo para o trabalho na Terra e hoje estou há bilhões de anos da minha “futura” vida! Aqui do espaço consigo ver Vênus e Marte, bem pequenos, lá longe, mergulhados na escuridão. Falta a Terra aqui no meio, aquela belezura de planeta.

Paro de admirar a paisagem e encaro a estrela com um olhar de “vamos trabalhar”. Chego perto e pego a planilha feita pela NASA. Estou vendo o problema dessa estrela: são as partículas que estão girando rápido demais, gerando mais calor. Quando estou prestes a neutralizá-la e desativá-la, percebo que, se fizer isso, não poderei voltar, pois ela não vai explodir e não formará a Terra, que dirá a humanidade! Anoto o motivo da explosão e me afasto dela. Volto para a máquina do tempo e digito 2013.

Durante a volta, começo a pensar se a minha carreira como astronauta da NASA não teria ido por “galáxia abaixo”. Que vá! Antes de astronauta, sou um ser humano e me recuso a matar a humanidade e o meu planeta azul antes mesmo de existirem.

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ÉPOCAS DIFERENTES, MANEIRAS DIFERENTESCarolina Santini Paes de Barros

Antigamente, os pais brigavam com seus filhos devido às notas baixas. Atualmente, brigam com os professores, culpando-os pelas notas ruins atribuídas aos filhos.

Com os pais culpando os educadores e brigando com eles, os alunos acabam relaxando, pois sabem que não levarão bronca, nem ficarão de castigo. O lado negativo dessa situação é que as crianças e os jovens não se esforçam para compreender a matéria. Não estudam mais, pois sabem que, se tirarem notas baixas, os pais irão defendê-los.

Os professores, por sua vez, tentam argumentar, mas os pais só querem escutar os filhos. Com tanto sermão, os professores acabam assumindo a culpa e questionando o que fizeram de errado. O ponto positivo é que, em sua próxima aula, tentarão melhorar e fazer com que todos os alunos compreendam a matéria.

Em suma, os pais estão defendendo muito os filhos e deixando de ver o lado do professor, o que constitui um erro, já que é ele quem sabe como o aluno se comporta em sala de aula.

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No segundo ano, os alunos desenvolvem, além da dissertação, textos ligados à área jornalística, como

editoriais e textos de opinião, o que possibilita o desenvolvimento do senso crítico.

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ILUSÃOCarolina Henkes Inamassu

Atualmente, a sociedade se preocupa cada vez mais com a questão estética. Aumenta, assim, a busca pelo “corpo perfeito” que relaciona a beleza ao peso da pessoa e à sua resistência na prática de atividades físicas.

O corpo ideal, mesmo não existindo, é a obsessão de vários grupos sociais, atingindo principalmente os adolescentes e aumentando as chances de transtornos alimentares e distúrbios psicológicos como a anorexia e a depressão. Quem mais ganha com essa obsessão são as indústrias estética e farmacêutica, que produzem diversos produtos para um público consumidor preocupado em atingir o padrão de beleza da moda.

É certo que todos devem manifestar preocupação com o corpo, mas visando à sua saúde e bem-estar. Basta alimentar-se corretamente e realizar alguma atividade física, sem entrar em pânico porque a numeração de suas roupas não é a mesma de um manequim ou de um modelo de passarela.

A conclusão a que se chega é que a sociedade atual está muito mais preocupada com a aparência do que com a inteligência e o caráter, esquecendo-se de que, para se ter um corpo são, deve-se ter uma mente sã. Foca-se mais o exterior e não se desenvolve o interior, assim o ser humano torna-se uma concha vazia, uma ilusão.

ESPELHO, ESPELHO MEUMarina B. Ferreira

Não é de hoje que as pessoas se preocupam com a forma física. Há milênios, os gregos já se preocupavam, e muito, com a perfeição estética, buscando o equilíbrio com o intelecto, como ilustra a famosa frase “Mens sana in corpore sano”. Hoje em dia, a preocupação com o corpo persiste, porém, em muitos casos, o equilíbrio deu lugar à obsessão.

São muitas as maneiras de perder peso, como a prática esportiva, a musculação, a dança etc. Atividades físicas combinadas com uma alimentação saudável previnem doenças e ajudam na diminuição dos riscos de doenças crônico-degenerativas, como diabetes, hipertensão e depressão.

A busca da perfeição corporal, porém, pode se tornar uma obsessão e trazer riscos à saúde física e psicológica da pessoa, pois o excesso de suplementos e “bombas” para ganho de massa muscular pode causar sérios problemas ao fígado, por exemplo. Quando essa busca se torna o mais importante na vida do indivíduo, seu psicológico passa a querer mais e mais, tornando o corpo apenas um objeto de ostentação, um ideal de beleza física, sem qualquer valor além da aparência. Nada em excesso é saudável. O segredo está no equilíbrio preconizado há milênios pela civilização grega.

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TRANSPORTE: MAIS PÚBLICO, MENOS PRIVADOThabata Lima Araujo Reis

A situação em que se encontra o trânsito nas grandes cidades vem preocupando cada vez mais o governo e a população. Os frequentes congestionamentos fazem com que as pessoas troquem a vida nas metrópoles pelo interior e com que políticos elaborem projetos de modernização e reestruturação do sistema de trânsito.

Atualmente, o número de carros em circulação é incompatível com o suporte existente. Essa quantidade exacerbada se deve à má qualidade do transporte público e aos elevados preços cobrados para sua utilização.

Além de investir no transporte público, o governo tem construído novas rodovias como forma de dispersar o fluxo de veículos de um único ponto. Essas medidas, porém, não são suficientes para acabar com os caóticos congestionamentos diários nos horários de pico.

Um sistema mais moderno e organizado de gerenciamento do trânsito tornou-se imprescindível na Grande São Paulo. É devido à falha do atual sistema, gerenciado pela CET, que cada vez mais pessoas se irritam pelo tempo que gastam dentro de um veículo. Em consequência dessa irritação muitas discussões e brigas ocorrem, o que piora ainda mais a situação.

Cabe principalmente ao governo agir para conscientizar a população de que há uma grande vantagem na troca do transporte privado pelo público. Assim, talvez, o atual caos dê lugar a um trânsito menos insano e irracional.

CIDADES, ESTRADAS E TRÂNSITOSamuel Leon Cunha Lara

As grandes cidades, em sua maioria, sofrem com o problema do trânsito congestionado. As causas principais são acidentes em estradas e o excesso de carros nas

principais vias durante os horários de “rush”, o que prejudica grande parte dos motoristas. Nos últimos anos, as fábricas de automóveis passaram a oferecer um amplo leque de opções aos consumidores de todas as classes sociais. A

cada ano, novos modelos são lançados e as vendas crescem, aumentando, assim, a frota de veículos em circulação.O horário do “rush”, entre as seis e oito horas da manhã e das

sete às nove da noite, também contribui para que haja congestionamentos, uma vez que grande parte dos trabalhadores usa o carro como meio de transporte primário para chegar ao local de trabalho todos os dias.

Acidentes também são grandes causadores de trânsito parado principalmente em estradas.

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Capotamentos de caminhões, por exemplo, podem congestionar rodovias por quilômetros durante várias horas.

Existem soluções para o problema, mesmo que pouco exploradas. O uso do transporte público reduz o número de carros nas vias e um melhor policiamento diminui o número de acidentes. Informação é o que não falta, basta o governo e o povo agirem.

TRÂNSITO SEM FIMMariana Devincentis Silva

A vida na cidade de São Paulo está ficando cada vez mais caótica devido aos congestionamentos diários. O excesso de veículos e as más condições das vias e estradas são dois dos inúmeros motivos que resultam em filas quilométricas de automóveis que acabam com o dia de qualquer um.

Devido à falta de transporte público como trem e metrô em várias regiões da cidade e ao desconforto e demora dos ônibus, a maioria dos paulistanos é obrigada a locomover-se de carro para ir trabalhar. Isso acaba gerando um número excessivo de automóveis nas estradas, marginais e principais vias de acesso da cidade, o que desencadeia um tráfego muito lento.

Além do excesso de veículos em circulação, as más condições e a falta de infraestrutura de muitas estradas que ligam a capital a outros municípios prejudicam os motoristas, causando diversos acidentes que, consequentemente, geram mais trânsito. Reformas e alargamento de pistas devem ser feitos para que haja maior vazão de veículos e mais segurança.

A prefeitura, juntamente com os governos federal e estadual, deve tomar medidas drásticas em relação ao tráfego de veículos na cidade. Novas linhas de metrô e trem, além de ciclovias, devem ser construídas de ponta a ponta, pois, assim, muitos paulistanos poderão utilizar o transporte público e a bicicleta em vez de automóveis para ir ao trabalho.

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O BRASIL E SUA EVOLUÇÃOVinicius Brito Martins

Há séculos, os europeus iniciaram suas expedições marítimas e os que saíram na frente foram os espanhóis e os portugueses. Estes chegaram ao Brasil, dando início ao processo de exploração e, alguns anos mais tarde, ao de ocupação.

Em 1500, a frota de Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil. Os tripulantes desembarcaram na “nova terra” e iniciaram suas expedições. O primeiro objetivo era o de exploração do território, das riquezas naturais, como o pau-brasil, e dos metais preciosos. Para isso, os colonizadores utilizaram os índios, habitantes nativos da terra, que, por fim, foram escravizados. A nova terra tornou-se uma colônia de exploração com pequenas vilas de trabalhadores que se dedicavam à extração de riquezas vegetais e à mineração.

Alguns séculos depois da chegada dos portugueses, milhares de europeus e asiáticos começaram a imigrar para o Brasil em busca de trabalho e de melhores condições de vida, mas, antes, tinham que ultrapassar um grande obstáculo: a longa viagem. Portugueses, italianos, espanhóis, japoneses e outros povos tinham que enfrentar as más condições dos navios, como a superlotação e a falta de higiene, e as tempestades, o que resultava em muitas doenças e mortes.

Após a colonização, o povoamento e algumas guerras e revoluções, medidas como a construção de estradas e ferrovias tiveram que ser tomadas para a ocupação efetiva do que restava a ser desbravado. Anos mais tarde, já no final do século XX e início do XXI, o avanço da tecnologia levou a outros níveis a capacidade de desenvolver qualquer tipo de atividade, fazendo com que as cidades crescessem cada vez mais, alterando as construções e o estilo de vida.

Analisando os fatos acima expostos, conclui-se que o país se desenvolveu e cresceu. O espaço geográfico foi alterado, sem que se pensasse, na maioria das vezes, nas consequências ambientais, e, hoje, vivemos para o futuro, ainda pagando pelos erros do passado.

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o3o3 Tendo como foco a preparação para o Enem e para o vestibular, os alunos do 3º ano produzem textos

dissertativos baseados em problemas atuais e em referências de mundo construídas.

Além do posicionamento crítico, valorizam-se as propostas de intervenção social e/ou individual isentas de preconceito.

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SOB OS HOLOFOTESLetícia Machado Pereira

Notícias internacionais sempre receberam uma atenção maior por parte da mídia. É comum ver jornais e revistas que destacam tais notícias enquanto fazem curtas notas sobre os problemas de seu país.

Há quem aproveite os holofotes virados para o mundo a fim de “limpar” sua imagem ou ter seu nome reconhecido através de doações. É perceptível que a intenção não é boa. Apesar de parecer um “bom moço” diante das câmeras, por trás delas não deixa de ser uma pessoa inescrupulosa e de caráter duvidoso que, em vez de se preocupar com as dificuldades por que passa seu povo, prefere cuidar de sua imagem, aparecendo em rede nacional para divulgar sua ajuda nos problemas que ocorrem em outros países.

Um ato de solidariedade usado para fins escusos ou para promover a imagem de alguém perde seu caráter humanitário. Muitos políticos têm que perceber que, se querem ser vistos como pessoas honestas, devem começar “limpando” o próprio país, caso contrário serão apenas mais um que se rendeu à hipocrisia.

EM NOME DAS APARÊNCIASCamila Morita

No mundo globalizado de hoje, a própria política tornou-se extremamente internacionalizada, o que, por um lado, facilitou a vida das pessoas. Entretanto, diante desse cenário, alguns governantes preferem investir em sua imagem internacional a resolver os problemas do país que comandam.

O atual presidente uruguaio, José Mujica, é conhecido mundialmente como “bom samaritano”, íntegro e até humilde por não fazer questão de enriquecer e de viver no luxo. Está sempre doando dinheiro para a caridade, todavia não melhorou em nada a vida da população uruguaia e, por isso, é visto como mau governante.

Logo após o terremoto que destruiu o Haiti, o exército brasileiro enviou tropas que estão lá, até hoje, auxiliando o país mais pobre das Américas em sua reconstrução. Muito pouco, porém, foi feito para ajudar os cidadãos brasileiros que perderam quase tudo nos deslizamentos que ocorreram no estado do Rio de Janeiro há dois anos.

Entende-se que as aparências são um fator determinante na vida política, entretanto a população tem que contar com um governante que opte por resolver os problemas internos antes dos externos, pois, se ele não o fizer, quem fará?

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ALIENAÇÃO TECNOLÓGICACatarine Beatriz Rabelo A. Lima

Na última década, a tecnologia passou a ter maior importância se comparada a décadas anteriores. Nos dias de hoje, as pessoas não compram mais aparelhos de última geração apenas por necessidade, mas sim por uma verdadeira obsessão em adquiri-los.

Para as novas gerações, aparelhos da moda já viraram obrigação na lista de consumo. Ultimamente, crianças de dez anos preferem pedir um notebook a um carrinho ou boneca. Encarando com sarcasmo, dizemos que estamos vivendo na geração do “I”: Ipod, Iphone, Itouch, Imac...Todos esses produtos são criação da marca Apple, empresa detentora da mais avançada tecnologia do mundo. Na hora de comprá-los, os pais geralmente dizem “I, meu bolso!” Mas, pensando racionalmente, será que essa vontade de querer estar na moda e o desejo de agradar aos filhos não estão virando uma alienação tecnológica?

Essa alienação não afeta apenas quem deseja a tecnologia de ponta, mas principalmente quem a consome. Geralmente, quem faz o papel de agradar aos filhos são os próprios pais, porém é necessário que eles analisem se, agradando aos filhos, eles não estão “alimentando” a distância familiar. Do mesmo modo que a tecnologia pode promover esse distanciamento, ela também pode ser utilizada como um meio de aproximar as pessoas que se encontram longe. É o caso da internet.

Diante do que foi exposto, pode-se afirmar que a consciência está acima de qualquer atitude ou decisão. O que é bom pode tornar-se pernicioso, assim como algo ruim pode tornar-se prazeroso, por isso é necessário saber agir racionalmente diante das novidades tecnológicas, utilizando-as com moderação.

DIÁLOGO: UM MEIO DE IMPEDIR A CONVICÇÃOTais Novaki Ribeiro

Convicção e diálogo são assuntos amplamente estudados pela sociologia que deveriam ser discutidos, principalmente nas escolas, devido a sua importância na formação de indivíduos cientes dos perigos da convicção e,

consequentemente, dos benefícios do diálogo.Uma pessoa convicta se caracteriza por possuir um ideal

e vê-lo como verdade absoluta, agarrando-se a seus princípios, mesmo que haja evidências provando que ela está errada. Se, por um lado, a convicção está ligada à persistência e à busca saudável por um objetivo, por outro, o seu excesso traz prejuízos.

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A TECNOLOGIA AVANÇA PARA O FIMLucas Komon Yi

A tecnologia e sua evolução são questões a serem vistas e revistas por muito tempo. Isso se deve à polêmica questão de as máquinas, computadores e robôs serem realmente um avanço que nos beneficia. Será mesmo que podemos deixar que nossas vidas sejam gradativamente dominadas pela alta tecnologia?

Devemos, então, voltar aos primórdios, quando o homem fazia ferramentas para facilitar seu trabalho, porém não ficamos apenas nas ferramentas de pedra. Com o passar dos séculos, foram descobertos meios de se utilizar a energia. A partir daí, iniciou-se, em grande velocidade, uma evolução desenfreada. Pouquíssimo tempo foi necessário para que a tecnologia nos permitisse o contato com robôs, que não deixam de ser úteis em fábricas, onde executam o trabalho mais pesado. Há, também, robôs que se assemelham a nós no rosto e na forma.

Observando essa rápida evolução, só podemos chegar à conclusão de que, futuramente, essas máquinas e robôs irão nos substituir no trabalho e, quem sabe, substituir a nós mesmos. Ainda que não possam, por enquanto, ter sentimentos, sonhos e senso artístico, não se deve duvidar da capacidade que a inteligência artificial pode atingir, podendo, até, fazer-nos desaparecer da face da Terra.

Analisando o exposto acima, vê-se que não é viável, para o ser humano, permitir que a tecnologia avance demais pelo simples fato de ela ameaçar nossa própria existência no planeta.

O problema reside na famosa frase de Nicolau Maquiavel “Os fins justificam os meios”, e é nela que se baseiam as pessoas extremamente convictas; para atingirem seus objetivos: elas podem mentir, abusar do poder e até matar para verem seus ideais em ação. Uma vez atingido esse estágio, o indivíduo despreza o diálogo, pois, para ele, a troca de ideias não tem propósito se apenas as dele próprio são verdadeiras, a seu ver.

O diálogo possui, pois, importância essencial na vida das pessoas e deve estar presente desde a formação da criança até a vida adulta, desenvolvendo nos indivíduos a qualidade de ouvir, respeitar e aderir a várias ideias e opiniões. Isso não significa deixar de lado seus ideais, apenas estar consciente de que existem vários pontos de vista para um mesmo problema e que a tão procurada verdade nunca estará em um só deles.

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A VERBA DISTORCIDABruna Pegoraro Augusto

Diariamente, aparecem nos meios de comunicação, notícias sobre empréstimos de países ricos ou em desenvolvimento a países falidos ou vitimados por desastres naturais.

Na atual crise europeia, a Grécia enfrenta confrontos civis, e Portugal mal se sustenta. A população desses países é quem mais sofre com a situação. No caso da Grécia, os governantes visaram ao fortalecimento econômico ao promoverem a integração do país à “zona do euro”. Por falta de uma administração adequada, o país, que é o berço da democracia, não suportou o peso monetário do euro em sua economia fragilizada. Em Portugal, milhares de trabalhadores estão desempregados e não receberam salário pelos meses trabalhados.

Sem saída, a Grécia recorreu a empréstimos da França e da Alemanha numa tentativa de desafogar sua dívida interna. Já Portugal recebeu empréstimos de sua antiga colônia, o Brasil. Considerado mundialmente um país em crescimento e uma futura potência, o país do futebol emprestou a Portugal milhões de dólares.

O Brasil, no entanto, tem uma população com grande parcela de analfabetos e uma educação considerada de baixa qualidade. O dinheiro arrecadado pelo governo, grande parte fruto de impostos pagos pelo povo, não é revertido em educação, saúde, segurança, transporte e habitação, tornando a população carente de serviços básicos. A justificativa do governo é a falta de verbas, porém, para países em dificuldades financeiras, o empréstimo brasileiro é imediato.

É nítida a pressão política e internacional quanto à concessão de empréstimos a países em crise financeira, mas deve ser repensado o ato de ajudar economicamente o vizinho, quando, em seu próprio país, há pobreza, analfabetismo e violência.

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COLÉGIO MONTESSORI SANTA TEREZINHA

www.santaterezinha.com.brPARA QUEM LEVA A EDUCAÇÃO A SÉRIO E FAZ DA VIDA UM ETERNO APRENDIZADO

Sinceros agradecimentos da equipe de Português aos colegas das demais áreas do conhecimento e à equipe técnico-pedagógica, pela

presença constante e incentivo diário.

EQUIPE TÉCNICO-PEDAGÓGICA

Mantenedora e Diretora-geral - Neuza Maria ScattoliniGerente Administrativa - Maria IoccaCoordenadora Geral - Vera Aurora A. KmiliauskisOrientadora Educacional (Ensino Fundamental) - Branca Denigres FaustoOrientadora Educacional (Ensino Médio) - Ivete Fierro Araújo Segabinazzi

EQUIPE DE LÍNGUA PORTUGUESA

Professora Mailu AlcântaraProfessora Maria Inez Ferreira de JesusProfessora Silvana E. O. da Matta Vívolo

DESIGNER GRÁFICO - Silvio da Matta