pontos negativos e positivos da globalizaÇÃo

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PONTOS NEGATIVOS DA GLOBALIZAÇÃO A globalização prega a massificação da sociedade, tanto nas formas de convívio como nos procedimentos éticos. Julgam irrelevantes os valores locais e regionais contemplando apenas as opções competitivas, orientadas para o mercado internacional. . Movido pela ideologia – Globalização significa mal, contra o qual se deve lutar cegamente, erguendo barricadas protecionistas. . Apresenta riscos tanto para o indivíduo, como para a sociedade, principalmente quando não é bem compreendida e administrada. . A globalização acabou com a nacionalidade dos produtos e aumentou ainda mais a febre do consumo. Os produtos nacionais perderam muito o poder de competição e várias indústrias diminuíram seus faturamentos. Consequência inevitável disso: desemprego. . A globalização está transformando o planeta terra numa ação única, ignorando as fronteiras que delimitam seus territórios. É difícil imaginar o mundo como um país unificado, porque as implicações políticas, culturais, religiosas e étnicas dessa unificação não são fáceis de ser administradas. Mas o que se observa, na prática, é que muitas fronteiras estão perdendo sua razão de ser. Quando se fala em globalização, tende-se a destacar os aspectos da produção de riquezas e do consumo. Isso é apenas o primeiro resultado da mudança. A globalização ainda está em seu início. É impossível dizer que conseqüências trará, a não ser as já conhecidas. O processo está evoluindo rapidamente e é difícil detê-lo. E, como tudo na vida, tem um lado negativo. A primeira denúncia é de que a globalização econômica está decepando os empregos também em escala global e num ritmo igualmente veloz. No fim da linha, dizem os críticos, haverá uma crise social de proporções nunca vistas. Um balanço mais objetivo dos resultados da política de abertura adotada pelos países periféricos e endividados revela os efeitos perversos dessa liberalização, que deixa suas seqüelas sob forma de cortes impiedosos de postos de trabalho, queda dos níveis salariais, perda da capacidade do Estado de levantar recursos, via tributos e impostos, para atender as demandas cada vez mais urgentes não somente das massas, mas também das classes médias angustiadas pelo desemprego, custo e baixa qualidade da educação, falta de segurança e deterioração generalizada da qualidade de vida. Nos estudos dos economistas, deu-se o nome de “desemprego estrutural” a esta tendência. O desemprego estrutural é um processo cruel porque significa que as fábricas robotizadas não precisam mais de tantos operários e os escritórios informatizados podem dispensar a maioria de seus datilógrafos, contadores e gerentes. Ele é diferente do desemprego que se conhecia até agora, motivado por recensões, que cedo ou tarde passavam. Os economistas apontam no desemprego estrutural um paradoxo do sistema de globalização. Do processo econômico sempre sofreu suas crises de adaptação, mas as próprias crises sempre produziam soluções. Por ser um processo que provoca a ansiedade das pessoas, e também porque serve de matéria prima para o oportunismo político, o desemprego está produzindo um debate um pouco desfocado. No momento, ele é fortíssimo nos países europeus. Mas é bom lembrar que os Estados Unidos, apesar das demissões em certos setores,

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PONTOS NEGATIVOS DA GLOBALIZAÇÃO

A globalização prega a massificação da sociedade, tanto nas formas de convívio como nos procedimentos éticos. Julgam irrelevantes os valores locais e regionais contemplando apenas as opções competitivas, orientadas para o mercado internacional. . Movido pela ideologia – Globalização significa mal, contra o qual se deve lutar cegamente, erguendo barricadas protecionistas. . Apresenta riscos tanto para o indivíduo, como para a sociedade, principalmente quando não é bem compreendida e administrada. . A globalização acabou com a nacionalidade dos produtos e aumentou ainda mais a febre do consumo. Os produtos nacionais perderam muito o poder de competição e várias indústrias diminuíram seus faturamentos. Consequência inevitável disso: desemprego. . A globalização está transformando o planeta terra numa ação única, ignorando as fronteiras que delimitam seus territórios. É difícil imaginar o mundo como um país unificado, porque as implicações políticas, culturais, religiosas e étnicas dessa unificação não são fáceis de ser administradas. Mas o que se observa, na prática, é que muitas fronteiras estão perdendo sua razão de ser.

Quando se fala em globalização, tende-se a destacar os aspectos da produção de riquezas e do consumo. Isso é apenas o primeiro resultado da mudança. A globalização ainda está em seu início. É impossível dizer que conseqüências trará, a não ser as já conhecidas.

O processo está evoluindo rapidamente e é difícil detê-lo. E, como tudo na vida, tem um lado negativo. A primeira denúncia é de que a globalização econômica está decepando os empregos também em escala global e num ritmo igualmente veloz. No fim da linha, dizem os críticos, haverá uma crise social de proporções nunca vistas.

Um balanço mais objetivo dos resultados da política de abertura adotada pelos países periféricos e endividados revela os efeitos perversos dessa liberalização, que deixa suas seqüelas sob forma de cortes impiedosos de postos de trabalho, queda dos níveis salariais, perda da capacidade do Estado de levantar recursos, via tributos e impostos, para atender as demandas cada vez mais urgentes não somente das massas, mas também das classes médias angustiadas pelo desemprego, custo e baixa qualidade da educação, falta de segurança e deterioração generalizada da qualidade de vida.

Nos estudos dos economistas, deu-se o nome de “desemprego estrutural” a esta tendência. O desemprego estrutural é um processo cruel porque significa que as fábricas robotizadas não precisam mais de tantos operários e os escritórios informatizados podem dispensar a maioria de seus datilógrafos, contadores e gerentes. Ele é diferente do desemprego que se conhecia até agora, motivado por recensões, que cedo ou tarde passavam. Os economistas apontam no desemprego estrutural um paradoxo do sistema de globalização.

Do processo econômico sempre sofreu suas crises de adaptação, mas as próprias crises sempre produziam soluções. Por ser um processo que provoca a ansiedade das pessoas, e também porque serve de matéria prima para o oportunismo político, o desemprego está produzindo um debate um pouco desfocado. No momento, ele é fortíssimo nos países europeus. Mas é bom lembrar que os Estados Unidos, apesar das demissões em certos setores, exibem taxa muito moderada de desemprego (cerca de 5%). O que há nos EUA, é uma feroz adaptação de certas corporações a um sistema de concorrência internacional que ficou muito mais aguçada. Para sobreviver e continuar vencendo, essas empresas precisam produzir melhor e mais barato do que suas concorrentes em escala mundial.

Quando se olha o panorama do alto da montanha, sem focalizar as companhias que demitiram multidões, descobre-se que, em seu conjunto, o emprego nos EUA está crescendo, e muito, e não ao contrário. O problema real, até agora, é a Europa.

Segundo os críticos, a outra nota ruim da globalização está no desaparecimento das fronteiras nacionais. Os governos não conseguem mais deter os movimentos do capital internacional. Por isso, seu controle da política econômica interna está se esgarçando.

Há uma perda de controle sobre a produção e comercialização de tecnologia, coisa que, nos tempos da Guerra Fria, seria impensável. Naquela época, a tecnologia estava ligada a soberania dos países. Hoje, para empresas que operam em escala planetária e têm uma multiplicidade de contratos para cumprir em várias partes do mundo, a origem da tecnologia, da matéria-prima e do trabalho não tem a menor importância, desde que seu custo seja baixo e sua qualidade seja alta.Os países continuam derrubando barreiras, inexoravelmente. É essa a lógica do capitalismo. Mas, politicamente, a conversa é outra. Por isso, o debate sobre a necessidade de proteção parece acirrar-se como um efeito retórico do choque. Os tempos mudaram, e um país com fronteiras fechadas tem pouco acesso a capitais e novidades tecnológicas. Com isso, o país perde competitividade e marca passo. Sua Indústria envelhece, fica incapaz de produzir coisas melhores e baratas, a inflação sobe e a capacidade de criar empregos cai.

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Resumindo : * Epidemias (doenças causadas pelo fluxo migratório)* Consumo exagerado;*Endividamensto pessoal;*Poluição atmosférica;*Recursos minerias;*Aquecimento global;*Concentração de renda;*Acumulação das sociedades indigenas na América.

Globalização, será que é para todos?* UEA-Associação Universal de Esperanto Rotterdam, Holanda

    O último Congresso Internacional de Esperanto ocorreu de 31 de julho a 7 de agosto de 1999, em Berlim. O tema do congresso deste ano foi: "Globalização, uma chance para a Paz?". Abaixo as traduções do resumo - original em Esperanto - da palestra introdutória ao tema do congresso (publicada na Revista "Esperanto" de setembro/99) e da resolução do congresso, também publicada na mesma revista.

    Globalização, será que é para todos?     Paz sempre foi o principal desejo dos homens. Seria possível durante horas citar hinos e obras de arte que oram por ela. A paz nós almejamos, pois sabemos que a discórdia gera a violência, que sempre extingue vidas humanas. A despeito deste antigo anseio, a humanidade praticamente nunca desfrutou de plena paz. Discórdia e guerra sempre inflamaram ali e acolá.     Entretanto, etnólogos afirmam que biologicamente o homem está entre os seres vivos mais tolerantes: ele consegue com mais êxito dividir o ar com os de sua espécie do que faria a maioria dos outros seres vivos. A discórdia e a guerra entre os homens não são geradas biologicamente por determinados instintos, mas por arraigados estereótipos culturais. Disso segue que atingir a paz não é impossível, embora - a experiêcia nos ensina sobre isso - dificílima.     O tema principal de nosso congresso procura uma resposta à pergunta "Globalização - uma chance para a paz?". Primeiramente, será útil examinar um pouco: o que em suma nós entendemos por "globalização"?     A globalização está entre os mais discutidos conceitos da atualidade. Tem-se as mais diversas posturas a seu respeito, principalmente por ter muitas facetas, tais como: econômica (com ênfase em finanças), ecológica, psicológica, cultural, de comunicação e, não por último, política. Para diversos homens esta ou aquela faceta pode parecer mais essêncial, e a opinião comum a respeito da globalização em suma pode ser definida da relação com aquela faceta.

    Ritmo vertiginoso     A globalização é um processo de vários milhares de anos sem interrupção, cujo ritmo se acelera constantemente: durante as últimas décadas ela atingiu uma velocidade vertiginosa jamais experimentada. A geração atual deveria numa década digerir uma maior dose das conseqüências da globalização do que uma dezena de gerações juntas de antes.     O começo do processo de globalização foi aquele momento em que duas tribos de homens pré-históricos se contactaram pela primeira vez - pacífica ou militarmente - e começaram a produzir efeito uma sobre a outra. Este efeito certamente era recíproco, mas com certeza não era equilibrado. A saber, a tribo que limava instrumentos mais eficazes e se abastecia com mais abundância de alimentos, irradiava muito mais efeito. Na história sempre esses grupos humanos mais fortemente influênciaram os outros, que mais faziam aumentar a eficiência do trabalho humano visando o bem-estar material.

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    Pode-se bem constatar essa tendência já no Império Romano, a mais antiga etapa claramente visível da globalização. Sua formação e constante crescimento devem-se ao que os romanos usufruíam e ao que fazia prosseguir a evolução - a partir do conhecimento herdado dos gregos - dos elementos pelos quais podiam elevar o nível material da vida humana.     A queda do Imperio Romano foi seguida de contínua e silenciosa evolução. Nao se criou um novo grande império, mas os estados europeus de então foram significativamente unificados pela Igreja Católica, por um sistema de escrita comum e pela língua latina. No século XV amadureceram os frutos dessa evolução: na época das descobertas geográficas o comércio mundial estendeu sua esfera, e, pelo aparecimento das colônias, a Europa passou a influênciar territórios muitas vezes maiores que ela própria.

    Globalização com lamentações     O processo de globalização até o começo do século XX desenvolveu-se de dentro da Europa - foi a colonização. Foi acompanhado de sangue e lamentações em abundância, sofrimentos e genocídios, mas ao mesmo tempo os elementos principais da civilização européia começaram a se irradiar nos territórios colonizados. No decorrer de apenas alguns séculos os estados europeus estendiam seu poderio a todo o globo terrestre. Os territórios conquistados e os moradores foram cruelmente explorados; em alguns lugares, após pleno extermínio do indígenas locais, os imigrantes que passaram a morar formaram aos poucos estados proprios, primeiramente de algum modo ligados ao poder colonial europeu, mas tais ligações pouco a pouco romperam-se totalmente.     Dentre esses estados estavam os Estados Unidos, fundados no final do século XVIII. Merecem atenção, pois em apenas um século e meio percorreram um caminho tão brilhante que se tornaram a mais rica e forte, em uma palavra, o mais bem sucedido país do mundo. Já dos anos 50-70 o processo de globalização irradiava para o globo a partir daquele país.     Daria para encher uma biblioteca inteira com as análises eruditas a respeito do milagre norte-americano. Aqui devo citar apenas o componente mais essêncial: a eficientíssima organização do trabalho humano. Os criadores daquele país conscientemente varreram as tradições supérfluas, e comecaram a construir a sua sociedade e seu estado a partir da base, e - no espírito pioneiro da época do cultismo - tudo eles fizeram baseados na razão. Parece que o distânciamento das tradições é forçosamente um pré-requisito de uma evolução eficiente. Esta relação crítica e racional das tradições é a principal virtude e ao mesmo tempo a principal perversidade dos Estados Unidos. Virtude: porque deu aos Estados Unidos e aos seus moradores uma liberdade maravilhosa, criou circunstâncias favoráveis para desenvolver a criatividade junto aos indivíduos. Perversidade: porque resultou numa especie de fraqueza e na atrofia da solidariedade humana. É como se consolidassem nos Estados Unidos os conceitos de racismo, revolucionariamente novos e úteis ha duzentos anos, mas tais que não são necessariamente úteis para aplica-los com conseqüência em nossa entremente muito mais refinada e matizada imagem de mundo.     Agora tentemos, ainda que apenas superficialmente, iluminar algumas das facetas da globalização.

    Tecnologia     Homens em toda parte do mundo facilmente aceitam esta faceta: provavelmente porque novos equipamentos técnicos contribuíiram para dar mais conforto à vida humana sem que fossem sentidos os seus efeitos negativos.

    Economia     A economia sempre foi o carro-chefe do processo de globalização. Até há 20 anos atrás o seu principal terreno era o constante crescimento do comércio exterior

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internacional: mercadorias produzidas pelos trabalhadores e capitalistas em um país eram vendidos a consumidores em outro. Então os governos mesmo nos países mais liberais podiam decisivamente influir nos processos econômicos. Essêncial mudança veio em meados dos anos 80, quando em sólido e constante crescimento do comércio exterior começou em vasta escala algo totalmente novo: a exportação de capital. Criaram-se enormes empresas multinacionais, que pouco a pouco passaram a poder não somente em grande parte evitar a influência dos governos, mas até mesmo influenciá-los. Eis gigantes unidades de produção sem controle social, que de fato também ameaçam o princípio básico da economia de mercado - a livre concorrência.     Uma nova etapa desse processo se abriu na última decada, após a queda do comunismo. Em essência o único sistema econômico que resta funcionando no mundo é o capitalismo. Ele ainda não aparece em toda parte com uma única fisionomia, mas a sua essência é a mesma em toda parte. Pode-se prever a sua breve homogeneização, principalmente por causa do livre e rápido movimento do capital. A queda do comunismo fez com que seguissem mudanças desvantajosas no caráter do capitalismo: retraíram-se nele os elementos de solidariedade.     O sistema de mercado é certamente o sistema econômico que produz mercadorias ou organiza serviços em geral com mais eficiência. Mas ultimamente ele aparece também em esferas onde é duvidosa a sua eficiência de longa perspectiva: no ensino, na cultura e nos serviços de saúde.

    Ecologia     Danos ecológicos não conhecem fronteiras de países. Por esta razão, evidentemente, a ecologia é o terreno onde o constante desenvolvimento da globalização é diretamente desejável: somente com uma ação muito consciente e globalmente unida poderá ser evitada uma catástrofe ecológica. Mas sobre a maneira desta ação falta um consenso geral: os interesses dos países evoluídos são contrários aos dos países em desenvolvimento.

    Cultura     Cultura e produção de mercadorias culturais estão diretamente ligadas aos aspectos técnicos e econômicos, apesar de que muitos de boa vontade separariam a cultura das outras facetas. Trata-se do fato que os homens segundo suas intenções com mais ciúmes guardam sua própria cultura, entretanto paradoxalmente podem facilmente perde-la. Ligado com a globalização, é impossível omitir o aspecto lingüístico da cultura. A língua inglesa na vida internacional já tem uma posição inabalével, e depois de uma ou duas décadas ela possivelmente começará a pôr em perigo as posições das línguas nacionais também em seus próprios países, por exemplo no ensino superior.

    Dominação mundial?     Agora tentemos definir o conceito "globalização", e vejamos qual é efetivamente o processo que ocorre no mundo. "Globalização" em si mesma significa que os elementos da economia mundial cada vez mais interdependem, também a produção e a distribuição das mercadorias culturais. "Globalização" deveria supor interdependência recíproca. Ao contrario, nós conhecemos por experiência que cada vez mais uma grande parte da produção econômica (também cultural) são possuídas e regidas por sociedades econômicas registradas em um grupo de 20 países mais desenvolvidos, principalmente os Estados Unidos. De fato, seria mais apropriado falar sobre "dominação mundial" feita por esses 20 países. Na história, principalmente sempre influenciaram os países mais evoluídos, enquanto que os menos evoluídos em geral dependiam. Contudo no ritmo do processo de então essa diferença na maioria das vezes permanecia sob o limiar de tolerância dos homens.     Esse domínio mundial dos Estados Unidos em especial salta aos olhos junto aos produtos culturais. Neste campo sofrem ate mesmo os países desenvolvidos da Europa Ocidental. Os filmes projetados nessa parte do mundo são 70 % norte-americanos; o

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número de espectadores é provavelmente até mais alto. Os filmes americanos talvez cada vez mais dominarão, por causa do progresso técnico que se pode esperar da televisão e atingirão também as massas analfabetas dos países em desenvolvimento. Esses filmes fazem publicidade dos modelos de vida e de consumo americanos. Se os povos dos países em desenvolvimento esforçarem-se para segui-los, fatalmente seguirá uma catástrofe ecologica, porque no nível de consumo americano o globo terrestre seria capaz de suportar não mais do que 1/3 (um terço) de seus 6 bilhões de pessoas. Por outro lado, o evidente insucesso em atingir esses objetivos causarão uma profunda frustração, a qual por sua vez poderá causar reações psíquicas e políticas dificilmente previsíveis.

    Comunidade internacional?     A dominação dos países desenvolvidos ultimamente se estendeu também à política, até na esfera militar. Na ultima guerra da Iugoslavia, 19 estados-membros da OTAN elegantemente declararam-se "comunidade internacional" e iniciaram a guerra contra a Iugoslávia. Em nosso ponto de vista a essência está não se o regime de Milosevic tinha culpa ou não, mas se essa guerra colocou à margem o júri internacional e a organização universal das Nações Unidas. Dizem que de agora aquela guerra freará em todo o mundo a violência de um país contra os próprios cidadãos. Mas isso provavelmente diz respeito apenas às violências dos países a serem julgadas dignas de punição em Washinton e em Bruxelas.

    Quem lucra e quem tem prejuízo?     Quem lucra e quem tem prejuízo na atual globalização? Evidentemente, os ganhadores devemos procurar em primeiro lugar nos países desenvolvidos. Trata-se dos proprietários e dirigentes das sociedades econômicas, que realizam a exportação de capital e a transferência da produção para outros países. Eles ganham triplamente. Primeiro: no novo local a força de trabalho custa significativamente menos. Em segundo lugar: ali as autoridades em geral favorecem os investidores com impostos facilitados. Em terceiro lugar: conservando os seus antigos mercados eles adquirem novos. De fato, distribuindo em diversos lugares seus produtos eles ficam independentes dos governos e, escorregando do controle social, eles tornam-se quase invulneráveis. Tudo isso resulta num abrupto crescimento de lucro para os proprietários e para os seus dirigentes privilegiados.     Ganhadores também encontram-se nos países que aceitam essa exportação: primeiro aquelas elites locais que organizam a produção. Lucram também aqueles trabalhadores dos países que aceitam o capital que são empregados pelas fábricas recém-criadas: pois eles de modo geral passam a ter trabalho e talvez até recebam um salário um pouco mais alto do que de costume. Lucra inicialmente também o estado aceitador do capital: apesar do favorecimento de impostos, cresce um pouco sua arrecadação, e em virtude da queda do desemprego tornam-se moderados os custos sociais.     Os problemas surgem quando essas empresas passam a remeter seus lucros para fora do país. Isso dificilmente é suportado pela balança monetária exterior desses países, também não equilibrada: em geral eles tentam tapar o buraco pela combinação de empréstimos e atração de mais investidores.     Têm prejuízo nos países desenvolvidos antes de tudo aqueles trabalhadores que por causa do deslocamento da produção perdem seu trabalho; mas têm prejuízo também seus governos. Em conseqüência da produção transferida encolhe a arrecadação de impostos, enquanto cresce o desemprego, gerando custos governamentais. Sair desta armadilha é possivel somente por meio de economia nos custos sociais, redução do nivel de provisão social e do nível de vida em geral.     Perdedores encontram-se também nos países que aceitam a importação de capital. Por causa da abrupta abertura das economias nacionais ali podem ser destruídos todos os ramos industriais tradicionais, liquidando mais locais de trabalho do que produz a importação de capital. O abrupto aparecimento de novas culturas de produção - alem da

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eficiência que traz perspectiva de evolução - podem causar um choque psíquico com suas conseqüências sociais negativas. Muita destruição segue também desta forma de globalização cultural que é incorporada principalmente pela penetração de um conjunto de despretensiosas "novelas" e filmes irradiando agressividade. Esse fluxo imbecilizante de imagens consegue empobrecer  a cultura da língua, marginaliza a cultura escrita, a base do que faz o homem tão grande quanto ele é.

    Perdas e ganhos     Pela atual forma de globalização durante um periodo mais longo perderá a maioria dos homens, pois ultimamente em todo o mundo estão sendo constantemente revisados os contratos sociais, em favor do capital. Os salários e o zelo social finalmente tenderão em escala mundial a se unir em média entre os níveis atuais da Suíça e, digamos, de Bangladesh. Assim os suíços perderão, e os de Bangladesh apenas aparentemente ganharão. Eles também perderão em perspectiva, pois certamente nunca atingirão o nível atual, que outrora de fato poderiam atingir.     Entao, a resposta a "Globalização - uma chance para a paz?" não pode ser de significação única. Os pontos negativos que acabaram de ser listados fazem muitos responderem negativamente.     Porém rejeitá-la de todo não é possível, e mesmo se fosse, seria imprudente. Se o intelecto humano teve sucesso em criar um aparato de transporte e telecomunicação graças ao qual é possivel uma intensa colaboração da  humanidade de 6 bilhões, seria tolice não usá-lo. Nós podemos responder afirmativamente à globalização, mas com um enfático "não" à dominação mundial feita por um deles. Os americanos tem de fato muitíssimas razões para se orgulharem, mas eles devem compreender que não trarão felicidade à humanidade restante se em toda parte no globo terrestre crescerem cópias dos Estados Unidos.

    A verdadeira globalização     Sustentar a verdadeira globalização não somente não exclui, mas até  mesmo provoca a resistência a tais fenômenos. Isso pode conflitar com os interesses de grupos econômicos, frequentemente apoiados por países, mas para o objetivo - criação de uma globalização igualitária e democrática, baseada numa interação recíproca dos participantes - vale a pena enfrentar esses conflitos. Uma globalização verdadeira dará uma chance à paz, porque nela todos por direito se sentirão ganhadores. Do contrário, uma  dominação mundial feita por uma restrita elite econômica despertará nos restantes cinco bilhões um sentimento de derrota, e isso invoca reflexos não tipicamente pacificos.     Para evitar discordia é necessário que os países desenvolvidos mostrem um profundo moderamento no fluxo contínuo do processo de globalização. É necessario que eles lembrem que a pedra fundamental de qualquer cultura é a limitação de si própria.     Nós esperantistas somos os antigos apóstolos da globalização igualitária, que se alimenta da interação recíproca de culturas. Estamos otimistas também agora, quando os augúrios para atingir tal globalização não são em parte promissores. Resolve "um problema do cérebro humano,/ quem ainda não fez sentir pressão" - rejubilou William Auld sobre a capacidade humana em seu poema "A Raça Menina", que marcou época, há 43 anos atrás. Agora o problema ja faz pressão, e o "cérebro humano" certamente resolverá o problema - mas somente se todos nós participarmos na solução.

GLOBALIZAÇÃOO Advento da globalização trouxe o bem e o mal à sociedade , pois ao mesmo tempo que beneficia vários setores do processo produtivo e social , também gera aumento do problema da exclusão, intensificando a violência urbana , principalmente entre as camadas mais baixas da sociedade.podemos enumerar então algumas vantagens e desvantagens da do processo da globalização:

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Vantagens

1-Elevada tecnologia , o que auxília o processo produtivo2-Novos produtos no mercado 3-novos serviços , o que pode gerar mais emprego aos qualificados4-Acirramento da competividade , o que melhora a qualidade como um todo5-Abertura comercial.Os produtos podem ser vendidos nos diversos países , atrvessando a fronteira global6-Melhorias educacionais , a nível global , qualificando a mão-de-obra

Desvantagens

1-Exclusão social aos que não tem acesso ao processo (educação,treinamento,qualificação)2-Com o aumento da exclusão social ocorre o aumento da violência.3-A tecnologia a passa a ser uso do crime organizado , facilitando o tráfico (armas , drogas , prostituição infantil)4-O aparato policial (instituição governo) , apresenta-se de forma lenta no acompanhamento do processo , perdendo espaço para o crime organizado , que age de forma mais rápida.5-A informática , utilizada de forma inadequada (ORKUT, MSN), vem facilitando a a orrência de sequestros , estrupos e mortes , pois coloca facilmente em contato agreessor e vítima.6-Intensificação dos impactos ambientais , mais lixo por exmplo(aumento do consumismo)

A globalização é considerada mais uma fase do capitalismo , que sucede o período da Guerra Fria.Cabe a cada um entender e buscar situar-se , prevenindo-se contra os malefícios e tirando vantagens do processo.

Fonte: http://pt.shvoong.com/social-sciences/education/2127930-bem-mal-da-globaliza%C3%A7%C3%A3o/#ixzz1VQnusieo

GLOBALIZAÇÃO - A ECONOMIA GLOBAL VAI BEM E O POVO VAI MAL

O que dizer de um sistema econômico que aumentou a riqueza e diminuiu o emprego? As dores da globalização atingem também os países mais ricos

Se estivesse vivo e assistisse à atual Copa do Mundo da Alemanha, o general Emílio Garrastazu Médici poderia repetir a célebre frase que disse nos anos 1970. Naquela época, o Brasil sagrou-se tricampeão mundial de futebol e viveu um período de bonança conhecido como “milagre econômico”. O ditador brasileiro resumiu como poucos a disparidade entre os números positivos e a vida da população: “A economia vai bem e o povo vai mal.” Hoje, o mesmo acontece não só na Alemanha, onde a taxa de desemprego é de 11%, mas em vários países europeus e americanos, inclusive Estados Unidos e Brasil.

A globalização gerou riqueza e prosperidade nos últimos anos, mas também eliminou empregos e aumentou a distância entre ricos e pobres. Somente em Berlim, o desemprego aflige 17,4% da

Tristeza em Paris: na capital daFrança, senhora desempregadapede esmola na rua

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população, o que cria um contraste difícil de esconder mesmo durante a festa da Copa. Na capital alemã, a pobreza de uma grande parte dos moradores é visível para os milhões de turistas que foram para lá acompanhar o mundial. É um fenômeno que marca a União Européia, onde a taxa média de desocupados chega a 8%. Esses índices são altos na Itália (7,7%), na França (9,3%), na Bélgica (12%) e na Espanha (8,3%). Do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos, país que mais se beneficiou da globalização, sofre com um desemprego historicamente elevado: 4,6%.

 

 

O aumento da desigualdade social na economia mais poderosa da Terra foi retratado na semana passada pela bíblia liberal do capitalismo, a revista inglesa The Economist. “Se as coisas continuarem assim por muito tempo, nós iremos acabar como o Brasil, um país notório por sua concentração de renda e riqueza”, afirmou uma fonte da publicação nos Estados Unidos. Por aqui, enquanto torce pelo hexacampeonato mundial, o povo também sofre pela busca de trabalho. Segundo a pesquisa Dieese/Seade, na região metropolitana de São Paulo a taxa de desemprego estava em 16,9% em abril – o dobro dos 8,5% registrados em abril de 1987. Mas afinal, onde é que foram parar os empregos do mundo? Provavelmente, na China ou na Índia, grandes beneficiários do processo atual de globalização.

A história do americano Larry Berwind, 31 anos, é um bom exemplo do que está acontecendo no mundo. Em 2001, esse nova-iorquino formado na prestigiada Universidade de Stanford perdeu seu

emprego de autor de programas de computador numa empresa da Califórnia. Ele ganhava US$ 4.500 mensais, além de planos de saúde e de aposentadoria. Revoltado, Larry resolveu localizar o paradeiro de seu cargo e embarcou numa peregrinação pelas tortuosas vias da globalização. Descobriu, primeiro, que sua função havia sido exportada para a Índia, onde a companhia contratou um programador de Mumbai (ex-Bombaim) chamado Kalamesh Pandya, 38 anos. Pai de quatro filhos, Kalamesh recebia US$ 250 por mês para fazer o mesmo trabalho, sem nenhum benefício social.

 

 

 

Seis meses atrás, Larry foi visitar o indiano pessoalmente. A surpresa: o próprio Kalamesh já havia sido mandado embora. Sua função fora repassada para uma jovem mulher chinesa, de Xangai, por uma fração do valor – como profetizou Karl Marx, a história acontece duas vezes: a primeira como tragédia, a segunda como farsa. Hoje, Larry ganha a vida como consultor free lancer de informática e está escrevendo um livro, chamado provisoriamente de Onde no mundo está meu emprego?. Com o adiantamento que recebeu da editora, ele financia as viagens em busca dos novos donos de seu antigo cargo. “A globalização serve apenas a um consórcio de homens de

Cadê meu trabalho?: Larry (no alto, à esq.) descobriu que seu emprego foi dado ao indiano Kalamesh. Em São Paulo, trabalhadores buscam vagas no centro (acima)

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negócio, a elite do capital financeiro, que não tem pátria”, reclamou a ISTOÉ.

Na pauta do Congresso dos Estados Unidos, não há, atualmente, um único item que procure proteger uma das marcas registradas do chamado “american way of life”: o emprego. Entre os anos 2000 e 2003 foram perdidos três milhões de vagas no setor manufatureiro do país. De lá para cá, não houve recuperação digna de nota. O número de trabalhadores nesta área mantém-se em 14,3 milhões – menor patamar desde 1950. O déficit da balança comercial de manufaturados foi a US$ 105 bilhões ao final de 2005. “A relação entre o déficit comercial de produtos manufaturados e a perda de empregos no setor é óbvia: as importações diminuem a demanda de trabalho”, explica o economista Josh Bivens, do respeitado Economic Policy Institute. O quadro se torna mais preocupante para os trabalhadores americanos quando se intensificam as exportações de empregos na área de serviços – muitas empresas contratam companhias na Índia, onde o inglês é o segundo idioma mais falado, para atender chamadas de consumidores americanos em seus call centers.

O mundo já viveu vários momentos de globalização ao longo da história. Nos anos 50, depois da Segunda Guerra Mundial, o Japão e a Itália eram vistos como grandes ameaças ao emprego nos demais países que começaram a importar seus produtos. Porém, naquela época o crescimento das economias compensava com folga os impactos negativos. “O problema atual é que o crescimento nos países industrializados está muito baixo”, diz Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda e ex-secretário-geral da UNCTAD, órgão das Nações Unidas para o comércio e o desenvolvimento. “Fica mais difícil absorver as dores da globalização.” Para Ricupero, esse fenômeno pode se agravar, pois a oferta de mão-de-obra da China é inesgotável. “A tensão comercial entre os países tende a aumentar”, prevê.

Milton Gamez e Osmar Freitas Jr.

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A globalização é ótimaA globalização provoca sentimentos fortes em muita gente, mas hoje não vou falar muito de sentimentos. Vou falar de razões, lógica e evidências. É importante que os argumentos façam sentido, que possam ser verificados ou refutados, e que possamos ativar o coração através da mente. Espero conseguir cativar as mentes de vocês, para que assim vocês coloquem seus corações do lado da humanidade. É comum que os adversários da globalização utilizem este termo para descrever todas as características da vida humana que não apreciam. Usarei o termo “globalização”, de forma mais precisa, para me referir à diminuição ou eliminação das restrições estatais aos intercâmbios entre fronteiras e ao cada vez mais integrado e complexo sistema global de produção e trocas que emergiu como resultado mais urgente é saber quais os reais efeitos da globalização realmente tem, e se são positivos ou negativos.A questão política fundamental é se uma fronteira deve ser utilizada para impedir as transações que seriam permitidas se ambas as partes estivessem do mesmo lado dessa fronteira. Deve-se permitir aos produtores de trigo dos EUA comprar celulares de pessoas da Finlândia? Deve-se permitir aos tecelões de Gana vender camisas e calças aos operários alemães? Acredito que a resposta é sim. Os opositores da globalização, da esquerda e da direita, de Ralph Nader a Patrick Buchanan e Jean Marie Le Pen, dizem que não. Antes de explicar meu sim, devo enfatizar que o debate não é sobre a interação de números mas antes sobre a interação de pessoas reais, pessoas de carne e osso que têm corpos, mentes e vidas que são importantes e têm significado. Para colocar um pouco dessa carne e osso nos argumentos formais, permitam-me contar uma história. No ano passado, um amigo maia que ensina antropologia na Guatemala levou-me às terras montanhosas maias. Disse-me que antropólogos da Europa e dos Estados Unidos que querem “estudar” os aborígines se queixam de que muitas mulheres maias já não vestem no dia a dia seus belos trajes indígenas feitos à mão. Essas peças estão cada vez mais reservadas para ocasiões especiais, como batismos e casamentos. A reação dos visitantes é quase unanimemente de horror. Os maias estão sendo privados da sua cultura, afirmam. São as primeiras vítimas da globalização e do imperialismo cultural. Os visitantes não se preocupam em perguntar às mulheres maias por que razão muitas delas não vestem as roupas tradicionais, mas o meu amigo decidiu fazê-lo. As mulheres lhe disseram que já não usam os seus vestidos feitos à mão porque eles se tornaram excessivamente caros. O que significa as roupas feitas à mão terem-se tornado mais caras? Significa que o trabalho da mulher maia se tornou mais valioso. Em vez de passar horas e horas num tear manual fazendo um vestido para usar, ela pode empregar esse tempo fazendo esse mesmo vestido para vender a uma mulher na França e utilizar as receitas para comprar três outras peças de roupa — e óculos, ou um rádio, ou um medicamento para combater a febre dengue. Ou as mulheres podem fazer outros trabalhos e ainda assim ter capacidade para comprar mais coisas a que dão valor. Não estão sendo roubadas; tornaram-se mais ricas. E, de sua perspectiva, isso não é uma coisa ruim; mas é uma grande decepção da perspectiva daqueles a quem o meu amigo chama “turistas da pobreza” anti-globalizadores, que gostam de tirar fotografias de gente pobre colorida.Assim, quando discutimos a globalização, devemos levar em conta as mulheres que fazem roupas que estão ficando excessivamente caras para que elas as usem todos os dias. Essas são as pessoas de carne e osso cujo destino será decidido, para o melhor ou para o pior, pelo debate sobre a globalização. Ficarão mais ricas ou mais pobres? Terão vidas mais longas ou mais curtas? A resposta a essas questões depende de adotarmos políticas sábias ou estúpidas.Mitos sobre a globalizaçãoA globalização destrói empregos. A política comercial não afeta o número de empregos, mas afeta o tipo de empregos que as pessoas têm. Se o protecionismo aumenta o número de empregos em indústrias que competem com importações, ele reduz de forma correspondente o número de empregos em indústrias exportadoras, ou seja, nas indústrias que produzem bens que teriam sido trocados por bens que teriam sido importados mas que são agora mais caros devido às tarifas ou excluídos por quotas. As exportações são, afinal, o preço que pagamos pelas importações, tal como as importações são o preço que os estrangeiros pagam pelas nossas exportações, de tal forma que se reduzirmos através de uma

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tarifa o valor de bens importados, reduziremos também o valor de bens exportados para pagar essas importações. Isso se traduz numa perda de empregos nas indústrias exportadoras. A globalização direciona o capital para onde os salários são mais baixos e explora os trabalhadores mais pobres. Se fosse verdade que os fluxos de capital se dirigem para onde os salários são mais baixos, seria de esperar que o Burkina Faso e outros países pobres com baixos salários estivessem inundados de investimento externo. A afirmação tem implicações tangíveis, o que permite que a testemos. Durante a década de 1990, 81% do investimento direto estrangeiro dos EUA foi para três partes do mundo: o desesperadamente pobre Canadá, a empobrecida Europa Ocidental e o faminto Japão. Países em desenvolvimento (com salários em crescimento) como a Indonésia, o Brasil, a Tailândia e o México representaram 18%. O resto do mundo, incluindo toda a África, repartiram o 1% restante. Os investidores colocam o seu capital nos locais que lhes oferecem os maiores retornos, e em geral isso acontece onde os salários são mais altos, não mais baixos. Além disso, as empresas estabelecidas por investidores externos tendem a pagar salários mais altos do que as empresas locais, porque os estrangeiros querem atrair e reter os melhores trabalhadores.O capital é exportado dos países ricos para o Terceiro Mundo criando sweatshops, que por sua vez exportam grandes quantidades de bens baratos para os países ricos, gerando excedentes comerciais nos países pobres e reduzindo a atividade industrial nos países ricos, de tal forma que todos ficam pior . Ouço esse tipo de história frequentemente nas universidades. É tão confusa que é difícil saber por onde começar. Primeiro, não é possível ter simultaneamente um superávit na conta de capital e um superávit comercial. Se um país exporta mais do que importa, ele recebe algo em troca das suas exportações, e o que obtém é a propriedade de ativos — ou investimento líquido — nos países para os quais exporta. Se um país importa mais do que se exporta — como os EUA têm feito nas últimas décadas — é necessário vender algo aos estrangeiros que lhe enviam seus produtos, e o que se vende são ativos, tais como ações de empresas. A identidade contabilística fundamental é: Poupança – Investimento = Exportações – Importações. A maioria dos cenários aterrorizantes anunciados pelos oponentes da globalização tem sua base na mera ignorância dos elementos mais básicos da contabilidade do comércio internacional.A globalização origina uma deterioração dos padrões ambientais e laborais. Outra falácia é a de que o capital flui para onde os padrões ambientais e laborais são mais baixos. Mas verifiquemos os fatos. Os investidores investem nos locais onde os retornos são maiores, os quais tendem a ser onde a mão de obra é mais produtiva, os quais são onde as pessoas são, consequentemente, mais ricas — e as pessoas mais ricas tendem a exigir melhores, e não piores, condições ambientais e laborais. Os dois casos mais citados como exemplos de efeitos supostamente negativos sobre o ambiente dos acordos comerciais — os do “atum/golfinho” e “camarão/tartaruga” — revelam uma melhoria, não uma deterioração, na medida em que outros países adotaram os padrões legais dos Estados Unidos para proteger os golfinhos e as tartarugas. O mesmo se aplica às condições laborais. Os postos de trabalho nas empresas propriedade de estrangeiros são geralmente muito procurados, porque pagam melhores salários e oferecem melhores condições laborais do que as alternativas domésticas.A globalização cria uma cultura norte-americana homogênea em todo o mundo. É mesmo verdade que os Estados Unidos são culturalmente atraentes e que algumas pessoas — geralmente das elites — se opõem a isso. Mas consideremos a moda que tomou todo o mundo, o pequeno mago inglês Harry Potter, ou a loucura que se instalou nas crianças de sete anos por todo o mundo há alguns anos com o fenômeno japonês do Pokemon, assim como com o também japonês anime, a indústria cinematográfica indiana, Bollywood, e muitas outras contribuições de outras culturas, as quais enriqueceram a nós e a outros. Isto sem mencionar a comida tailandesa ou a possibilidade de ouvir músicas gravadas em praticamente todas as línguas faladas no planeta. Se as culturas permanecerem hermeticamente seladas e estáticas, elas deixam de ser culturas humanas e transformam-se em exposições de museu. A globalização nos enriquece culturalmente. A globalização gera desigualdade. As causas do aumento e diminuição da desigualdade são complexas, mas há uma verdade substancial na afirmação de que a globalização gera desigualdade — o diferencial de riqueza entre os países que têm economias fechadas e aqueles que praticam o livre comércio continua a aumentar. Essa não é a desigualdade que os anti-globalizadores têm em mente. No interior dos países que abriram as suas economias ao comércio e aos investimentos, as classes médias cresceram, o que significa que existeenos e não mais desigualdade.Benefícios da globalização

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A globalização conduz à paz ao diminuir os incentivos para o conflito. O protecionismo se baseia numa mentalidade e num conjunto correspondente de políticas que enfatizam os interesses divergentes das nações. Em contraste, o comércio livre une os países em paz. Há um velho adágio que diz: “quando os bens não podem atravessar as fronteiras, os exércitos certamente o farão”.O comércio gera riqueza. Imaginem que alguém criou uma máquina que permitiria fazer passar por uma porta coisas que podem produzir de forma barata e obter por outra porta as coisas que gostariam de ter mas custam mais a produzir. Os australianos poderiam fazer passar ovelhas por uma porta e da outra sairiam carros e máquinas de xerox. Os japoneses poderiam empurrar vídeos e aparelhagens por uma porta e obter petróleo, trigo e aviões pela outra. O inventor dessa máquina seria celebrado como benfeitor da humanidade — até que Pat Buchanan ou Ralph Nader mostrassem que o invento é... um porto! Então, em vez de ser considerado um herói, o “inventor” seria vilipendiado por ser um destruidor de empregos e pela sua falta de patriotismo. Mas qual é a diferença entre essa máquina maravilhosa e o comércio?O comércio traz benefícios para todos. O erro mais comum dos protecionistas é confundir vantagem absoluta com vantagem comparativa. Mesmo que a pessoa na primeira fila seja melhor que eu em tudo, ambos nos beneficiamos do comércio se ela se especializar naquilo que faz melhor e eu me especializar naquilo que faço melhor. O velho exemplo da datilógrafa e do advogado aplica-se tanto entre fronteiras como dentro dos escritórios. O advogado pode escrever documentos jurídicos e datilografar melhor que a secretária, mas ambos se beneficiam se o advogado se especializar em escrever documentos jurídicos, os quais custam menos em termos de produção datilográfica perdida, e a secretária se especializar em datilografar, o que custa menos em termo de perda de argumentação jurídica, já que a secretária é melhor datilografando do que redigindo documentos jurídicos. O produto total é maior e ambos recebem mais rendimento. Essa é também uma razão pela qual o comércio está tão intimamente relacionado com a paz. Em primeiro lugar, é pelo fato de as pessoas poderem ver os outros seres humanos como parceiros numa cooperação mutuamente benéfica, e não como rivais mortais, que a sociedade humana se torna possível. O comércio é a base primordial da civilização humana.O comércio livre é o caminho mais rápido para a eliminação do trabalho infantil. Em todo o mundo, trabalham aproximadamente 250 milhões de crianças. A porcentagem de crianças que trabalham tem caído — e não aumentado — com o incremento do comércio e da globalização, e por razões relativamente óbvias. Os países pobres não são pobres porque as crianças trabalham. As crianças trabalham porque são pobres. Quando as pessoas enriquecem através da produção e do livre comércio, enviam seus filhos para a escola, em vez de os mandarem para os campos. O comércio global é o caminho mais rápido para eliminar o trabalho infantil e substituí-lo pela educação infantil.O comércio, a abertura e a globalização reforçam os governos democráticos e responsáveis e o Estado de Direito. À medida que as barreiras comerciais foram caindo, a porcentagem de governos classificados como democráticos pela Freedom House aumentou dramaticamente. Dos 40% de países com maior abertura econômica segundo o Economic Freedom of the World (co-publicado pelo Cato Institute), 90% são classificados como “livres” pela Freedom House. Pelo contrário, nos 20% de países com economias mais fechadas, menos de 20% foram classificados como “livres” e mais de 50% foram considerados “não livres”. O México é um bom exemplo; a abertura da economia mexicana através do Tratado de Livre Comércio da América do Norte tornou possível a vitória do presidente Vicente Fox e a ruptura do monopólio do poder pelo Partido Revolucionário Institucional. Os defensores de governos democráticos e responsáveis e do Estado de Direito deveriam apoiar a globalização.O livre comércio é um direito humano fundamental. Os antiglobalizadores e os protecionsitas partem do pressuposto de que têm o direito de usar a força para evitar que vocês e eu levemos a cabo trocas voluntárias. Mas os direitos fundamentais deveriam ser iguais para todos os seres humanos, e o direito de comerciar é um direito fundamental, do qual desfrutam todos os seres humanos, independentemente do lado da fronteira em que vivam. O comércio livre não é um privilégio; é um direito humano. O comércio é algo distintivamente humano. Algo que nos diferencia de todos os outros animais. O comércio se baseia na nossa faculdade de raciocinar e na nossa capacidade de persuadir. Como assinalou Adam Smith numa conferência em 30 de Março de 1763: “A oferta de um shilling, que para nós parece ter um significado tão simples e direto, é na realidade a oferta de um argumento para persuadir alguém a fazer algo de tal forma que se ajuste ao seu interesse”. Como ele observou, outros animais podem cooperar, mas não comerciam, e não comerciam porque não usam a razão com o fim de persuadir.

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O comércio não só é distintivamente humano, mas é também uma característica distintiva da civilização, como salientou Homero na Odisséia. No Canto IX, quando Ulisses nos relata a sua chegada à terra dos ciclopes, oferece-nos alguns pensamentos sobre as razões pelas quais os ciclopes são “gigantes sem leis”. Ulisses observa que:“Os Ciclopes não possuem nenhumas naus de cascos vermelhos, nem artesãos capazes de fabricar essas naus bem munidas de ponte, que, adequadas a todas as viagens, rumam na direção das cidades povoadas, e tantas são as que transportam através do mar os homens que vogam de uns países para outros.” (Odisséia, Canto IX, 125-129)Os Ciclopes são selvagens porque não comerciam. Vivem no mundo preferido pelos anti-globalizadores, um mundo sem comércio, um mundo em que toda a produção é local. O protecionismo deve ser rejeitado não apenas porque é ineficiente. Ele deve ser rejeitado porque conduz ao conflito e à guerra, porque é imoral, e porque é contrário à civilização.