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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS A GLOBALIZAÇÃO E O MERCADO DE TRABALHO POR POLLYANNA LIMA BORGES ORIENTADOR PROFº MARCO ANTONIO CHAVES Rio de Janeiro, RJ, março/2001

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

A GLOBALIZAÇÃO E O MERCADO DE TRABALHO

POR

POLLYANNA LIMA BORGES

ORIENTADOR

PROFº MARCO ANTONIO CHAVES

Rio de Janeiro, RJ, março/2001

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

A GLOBALIZAÇÃO E O MERCADO DE TRABALHO

POR

POLLYANNA LIMA BORGES

Trabalho monográfico apresentado

como requisito parcial para a

obtenção do Grau de Especialista

em Marketing no Mercado

Globalizado.

Rio de Janeiro, RJ, março/2001

Agradeço ao professor,

Marco Antônio Chaves, pela

orientação do presente

trabalho.

Dedico este trabalho de pesquisa

a todos aqueles que estão

envolvidos nos ideais da

educação.

“Com a internacionalização criada

pela globalização estamos

vendendo o País. É um affair de

liquidação de patrimônio.

Maria da Conceição Tavares –

Economista”.

SUMÁRIO

P.

RESUMO..................................................................................................... 7

INTRODUÇÃO............................................................................................. 9

1. GLOBALIZAÇÃO.................................................................................. 11

1.1 . Conceito.............................................................................................. 11

1.2. Evolução Histórica............................................................................. 14

1.3. Pontos Positivos................................................................................ 15

1.4. Pontos Negativos............................................................................... 17

2. A GLOBALIZAÇÃO NAS EMPRESAS................................................. 19

3. O BRASIL E A GLOBALIZAÇÃO.......................................................... 21

4. EFEITOS DA GLOBALIZAÇÃO............................................................. 24

CONCLUSÃO.............................................................................................. 27

BIBLIOGRAFIA........................................................................................... 28

RESUMO

O fenômeno da globalização já faz parte do dia-a-dia da comunidade

universal. Ele pode ser definido como a atual fase da expansão mundial

capitalista. Vista por alguns como um movimento histórico e, por outros, como

um ícone de ebulição do sistema financeiro do planeta, a globalização veio

para ficar. Através dela, o global e o local interpenetram-se e somam-se num

formato dependente. O global e o local tornam-se únicos. O destaque fica

para os efeitos provocados pela globalização dentro da economia, ressaltando

as transformações que ela é capaz de gerar dentro das empresas, que foram

obrigadas a procurar adaptação para uma nova forma de organizar o trabalho

produtivo. Nas novas estruturas criadas a partir do mundo globalizado, a

hierarquia está sendo deixada de lado e dando espaço para o trabalho em

equipe. A globalização está proporcionando às empresas o direito de pensar

mais intensamente, não em termos de estratégias para o País, mas por blocos

e por regiões. Nos países mais ricos ou emergentes são comuns as

manifestações, contrárias ou não, a respeito do processo de globalização dos

mercados, principalmente, quando acontecem fatos que atingem o setor

financeiro. As empresas têm que buscar novas posturas, uma vez que o

consumidor é quem está ditando as mudanças. E quando o assunto é o tipo de

alterações ocorridas nas empresas, deve-se focar o lado social de todo o

processo, onde os empregados são os mais atingidos. Entre os prejuízos

provocados pela globalização estão: a competição selvagem; o desemprego

em massa; a exclusão social; a recessão; a informalidade; e o vazio ético e

moral.

INTRODUÇÃO

Modismo, jargão ou um fenômeno irreversível? Das palavras

consideradas como conceito, a globalização tem sido uma das mais

pronunciadas nos últimos anos. Este fenômeno veio para ficar e produzir

profundas modificações em todas as dimensões da vida.

Entre o início dos anos 50 e o final dos anos 90, o processo que hoje

é denominado de globalização, já foi definido como meio para a

internacionalização das empresas e até como uma forma de liberação

comercial.

Há os que crêem que a globalização é um movimento histórico, cuja

essência é o avanço da economia de mercado em todo o planeta, deixando de

lado barreiras institucionais, culturais e econômicas. Por outro lado, há

também os que acreditam ser este, um fato, sobretudo financeiro, capaz de

provocar desemprego, além de gerar a exclusão social, a desigualdade

tecnológica e a competitividade entre as empresas.

O presente trabalho tem por objetivo identificar os efeitos causados

pela globalização nas empresas e, conseqüentemente, no mercado de

trabalho. No primeiro capítulo são apresentadas as definições mais usuais

para o processo de globalização. Também é feito um levantamento sobre a

sua possível evolução histórica. Ainda no mesmo capítulo, o leitor pode

conhecer e comparar os efeitos positivos e negativos deste fenômeno do

mundo moderno.

O segundo capítulo mostra a atuação da globalização nas

empresas, uma vez que ela está muito mais ligada aos aspectos econômicos e,

conseqüentemente, sociais em todo o planeta. Com a ela, as empresas foram

obrigadas a procurar adaptação para uma nova forma de organizar o trabalho

produtivo.

No terceiro capítulo, o leitor tem a oportunidade de ver como o Brasil

vem reagindo perante a invasão mundial provocada pela globalização. Do

ponto de vista de diversos analistas econômicos, no Brasil, a característica

perversa da globalização está justamente na procura da integração

internacional a qualquer custo.

No último capítulo são enfocados os efeitos da globalização sentidos

mais intensamente na esfera dos direitos sociais e econômicos da classe

trabalhadora. Ele mostra que a tendência atual do mercado de trabalho

globalizado é o alongamento da jornada de trabalho, a contestação de

conquistas sociais (previdenciárias e trabalhistas), a diminuição dos salários e

a permanente sensação de insegurança econômica sentida pela classe

trabalhadora.

1. GLOBALIZAÇÃO

1.1. Conceito

O fenômeno da organização das empresas e da economia tem

agora um novo nome: Globalização. Ela pode ser definida como a atual fase

da expansão mundial capitalista, acelerada pelo intenso fluxo de capitais,

produtos e informações. É comum associar a globalização a processos

econômicos, à ampliação de mercado ou à integração produtiva em escala

universal. Políticos, empresários e formadores de opinião já consideram a

globalização um dado, um fato implacável àqueles que reagem ao que é

definido como desenvolvimento inevitável.

São várias as interpretações sobre o termo. Enquanto uma parcela

da população vê a globalização como um processo fatal, inescapável ou como

mera ideologia; outra parte entende ser a globalização um meio capaz de

padronizar as atividades e comportamentos em todo o mundo, colocando em

risco a diversidade cultural da humanidade.

Esta padronização pode ser definida como a internacionalização do

mundo capitalista, que se expressa também na difusão de padrões

transnacionais de organização econômica, social e de consumo, resultado das

pressões competitivas do mercado. Pode-se dizer que a internacionalização

da economia mundial está intimamente ligada ao investimento internacional.

Não existe uma definição capaz de atender a todos de maneira

uniforme. A globalização pode ser compreendida como um mecanismo de

interligação dos mercados e, até mesmo, como uma revolução tecnológica,

geradora, processadora, difusora e transmissora de informações.

A globalização também é vista como a intensificação de relações

sociais em escala mundial, ligando localidades distantes. Tal intensificação da

socialização global é baseada na expansão da tecnologia de informação. Por

meio dela, as noções de espaço e tempo foram redimensionadas. O global e o

local interpenetram-se e somam-se num formato dependente. O global e o

local tornam-se únicos.

Entre outras definições apresentadas ao fenômeno da globalização

estão: um momento de integração econômica e tecnológica dos países; a

oferta de produtos e serviços de excelente qualidade em âmbito universal; um

momento histórico, capaz de encurtar as distâncias, gerando o aumento de

produtividade; e a abertura das fronteiras entre as nações e as empresas.

O termo globalização pode ser associado tanto em relação a um

processo histórico como a uma mudança conceitual em que ele é refletido. Ela

é a concretização do mundo inteiro como um único lugar.

Quando pensamos em globalização é preciso levar em conta a

uniformidade de padrões econômicos. Vendo a globalização pela perspectiva

financeira, o que é mais comum e marcante, é possível associá-la a um

aumento de volume e da velocidade de circulação de recursos. Na perspectiva

comercial, ela se confunde com as estruturas de demanda e apresenta

homogeneidade da estrutura de oferta. Quando ela indica a convergência das

diversas técnicas e características econômicas, provocando o aumento do

espaço de concorrência, trata-se da globalização em sua perspectiva produtiva.

Por último, quando há divergência na estrutura dos sistemas nacionais e

uniformidade nas relações jurídicas entre empresas e Estados nacionais,

configura-se o caso da globalização vista pela perspectiva institucional.

A globalização é histórica e provoca mudanças de paradigmas radicais e

irreversíveis sobre a economia do planeta.

Para assumir a globalização é necessário levar em conta alguns

fatores divergentes dentro do processo como um todo. Eles são os seguintes:

1) Para que haja maior interdependência com outras economias é

preciso haver adaptação dos sistemas produtivos e da

capacidade de assegurar a competitividade. Vale lembrar que no

mercado internacional não competem apenas as empresas, mas,

também sistemas produtivos, esquemas institucionais e

organizações sociais, representando vínculo entre empresas e o

sistema educacional;

2) O processo de globalização ocorre, simultaneamente, com

programas de regionalização. Enquanto ela é um movimento

espontâneo de fatores de produção, a regionalização é política.

A regionalização intensifica os valores locais e a globalização

privilegia os valores gerais;

3) A globalização é acompanhada do surgimento do mercado

mundial;

4) Ela homogeneíza padrões de demanda, da mesma forma em que

leva à fragmentação produtiva e à diferenciação dos produtos;

5) Ao mesmo tempo em que a globalização estimula a competição

entre as empresas e a formação de alianças empresariais,

provoca o dilema de como criar condições favoráveis para

acumulação de capital em certas indústrias, sem criar barreiras às

transações multinacionais;

Mas os impactos do processo da globalização afetam os mais

diversos aspectos da vida de cada país, como a expansão das instituições, a

universalização de padrões culturais e soluções para questões que envolvem o

meio ambiente, direitos humanos, etc. E por todas estas razões tem seus

pontos positivos e negativos.

1.2. Evolução Histórica

A evolução histórica do processo de globalização passa pelas

diferentes fases de expansão do Capitalismo. Vendo a globalização como o

principal indicador de mudanças radicais no mundo contemporâneo, é

perfeitamente aceitável que as reações a respeito deste fenômeno variem entre

o medo e o fascínio, o pânico e o encantamento.

Não existe uma data exata que marca o início do mundo globalizado.

Alguns estudiosos de diversas partes do planeta acreditam que ela tenha

despontado no início dos anos 80, quando a tecnologia da informática foi

associada à de telecomunicações. Outros defendem que a globalização

começou mais tarde, após a queda das barreiras comerciais.

Há os que crêem que a globalização é um movimento histórico, cuja

essência é o avanço da economia de mercado em todo o planeta, deixando de

lado barreiras institucionais, culturais e econômicas. Por outro lado, há

também os que julgam ser este, um fato, sobretudo financeiro, capaz de

provocar desemprego, além de gerar a exclusão social, a desigualdade

tecnológica e a competitividade.

1.3. Pontos Positivos

É comum a confusão feita pelas pessoas no que diz respeito aos

efeitos da crise mundial e os da globalização. Na maioria das vezes, o que se

vê é a atribuição dos principais males do presente, como crise social,

desemprego e valores tradicionais à globalização.

Alguns especialistas deste fenômeno do mundo moderno afirmam

que é preciso haver distinção entre os propósitos subjetivos das empresas

transnacionais e os governos, que instrumentam a marcha à globalização; e os

mais profundos aspectos do processo, que manifestam necessidades

irreversíveis do gênero humano, como democratização e universalização dos

direitos humanos.

Tendo conhecimento desta diferença pode-se apresentar quatro

pontos fundamentais em defesa da valorização positiva deste fenômeno. São

eles:

1) O processo de globalização é o resultado de atitudes que não

serão revertidas sem causar custos econômicos, sociais,

ecológicos e culturais maiores que os causados pela própria

globalização;

2) A deterioração ecológica do planeta, as condições mundiais de

salubridade, a extrema pobreza, a marginalização dos países

mais pobres e a explosão demográfica impõem a necessidade de

maiores níveis de cooperação internacional, desenvolvimento

tecnológico e investimento mundial. A solução dos problemas

globais requer a reorientação da globalização e, não, a sua

detenção ou reversão;

3) Apesar de sua forma atual, a globalização e a regionalização do

mundo tendem a favorecer o crescimento econômico, a

democratização política, o saneamento ambiental e a

internacionalização dos movimentos sociais dos países em

desenvolvimento.

4) A globalização forma a precondição objetiva das transformações

futuras em direção a um mundo solidário, desde que os povos

consigam superar a atual forma antagônica do processo, imposta

pela dominação do capital e das grandes potências.

A essência da globalização é um fato relativamente novo, mas

estabelecido. Ela age positivamente nas estratégias mercadológicas, nas

finanças e nas decisões de negócios das empresas. Novas oportunidades

estão sendo criadas para as companhias, já que a globalização tem poder de

mudança e transformação dos valores estabelecidos. As empresas estão

procurando reorganizar suas estruturas, processos, sistemas de informação e

comunicação. O objetivo desta reestruturação é conseguir a excelência para

melhorar a competitividade nos negócios.

Entre as principais contribuições proporcionadas pela globalização

estão:

a) A reorganização das estruturas das empresas;

b) A redefinição das estratégias das empresas;

c) A visão global do comércio e dos negócios;

d) O desenvolvimento de novos produtos;

e) O aumento da competitividade entre as empresas;

f) A mídia eletrônica como um forte instrumento de comunicação;

g) A oportunidade de novos negócios;

h) A redução das barreiras comerciais; e

i) A busca de excelência, através do marketing.

1.4. Pontos Negativos

Não é possível pensar que as mudanças provocadas pelo avanço da

globalização vão sair ilesas, principalmente no campo da economia. Com ela,

as estratégias das multinacionais e transnacionais devem e precisam ser

redefinidas. Muitas empresas deixarão de existir por falta de adaptação aos

novos tempos.

As primeiras companhias a serem afetadas serão as nacionais dos

países pobres, com ênfase nas do setor industrial. A chamada

competitividade, sugerida como ponto positivo dentro da globalização, pode

levar alguns empresários ao fracasso.

Esta derrota pode estar relacionada a fatores como: incapacidade

financeira das empresas para investir; tecnologia e sistemas produtivos

obsoletos; processos e sistemas gerenciais rudimentares; ausência de

programas avançados de treinamento; perda de ajuda governamental;

incapacidade de investimento do Estado; estrutura de custos altos,

inviabilizando a competição com os produtos importados; e dificuldade de

compreensão do processo de transformação e da evolução histórica e

econômica.

Mesmo com forte presença dentro da economia, a globalização

antecede os aspectos unicamente econômicos e precisa ser entendida e aceita

em suas dimensões políticas, ecológicas, culturais e sociais. Tais visões são

necessárias porque ela mexe em esferas da vida como trabalho, educação,

lazer, expressão artística, tecnologias, administração de empresas e

instituições públicas.

É com base no desenvolvimento econômico que todos os outros

setores poderão ou não se desenvolver. Se a economia for afetada pelos

males da globalização, o lado social também será prejudicado. Entre outros

prejuízos provocados pela globalização estão:

a) A competição selvagem;

b) O desemprego em massa;

c) A exclusão social;

d) A recessão;

e) A perda de identidade individual;

f) A informalidade;

g) A aumento da especulação financeira;

h) A dissolução das fronteiras nacionais;

i) O vazio ético e moral; e

j) A fim dos estados/governos regionais.

2. A GLOBALIZAÇÃO NAS EMPRESAS

Não dá para negar que a globalização está muito mais ligada aos

aspectos econômicos e, conseqüentemente, sociais em todo o planeta. Com a

ela, as empresas foram obrigadas procurar adaptação para uma nova forma de

organizar o trabalho produtivo.

A economia globalizada tem imposto uma verdadeira reviravolta

dentro das companhias como, por exemplo, a concorrência exagerada, a

escassez de recursos, os desafios da tecnologia e o fortalecimento do

consumidor.

Nas novas estruturas criadas a partir do mundo globalizado, a

hierarquia está sendo deixada de lado e dando espaço para o trabalho em

equipe. A globalização está proporcionando às empresas o direito de pensar

mais intensamente, não em termos de estratégias para o País, mas por blocos

e por regiões.

Nos países mais ricos ou emergentes são comuns as

manifestações, contrárias ou não, a respeito do processo de globalização dos

mercados, principalmente, quando acontecem fatos que atingem o setor

financeiro. As empresas têm que buscar novas posturas, uma vez que o

consumidor é quem está ditando as mudanças.

Quando o espaço econômico é ampliado, conseqüentemente,

dilata-se o universo de oportunidades das companhias, tanto nas vendas como

nas complementações industrial e comercial.

A entrada da globalização nas empresas não significa que as

mesmas precisem passar por bruscas transformações como a reengenharia ou

a terceirização para obter êxito. O que a globalização busca é uma análise de

todas as ações da empresa, sob a ótica de uma companhia internacional que

faz parte do processo de globalização das economias do mundo como um

todo.

Esta influência que atinge as empresas não é marcada somente pelo

fato da mesma exportar seus produtos. A exportação ou importação é

decorrência natural da prática da globalização. A instituição necessita estar

preparada para situações como, por exemplo, troca de tecnologia e até mesmo

a absorção constante de mudanças sofridas pelo cliente e pelo mercado.

Nem por isso, os riscos com a globalização deixam de existir. Eles

podem ser encontrados tanto pelo aspecto econômico como pelo político e

social. O maior deles é a utilização de recursos humanos.

Surpreendentemente, a produtividade das empresas tem-se elevado, ao

mesmo tempo em que elas reduzem seus quadros de pessoal. O empregado

tem que estar cada vez mais preparado para o mercado, sem gastar mais.

3. O BRASIL E A GLOBALIZAÇÃO

A era da globalização e todos os seus efeitos chegaram tarde ao

Brasil. Tendo em vista o andamento da globalização em todo o mundo, para o

nosso país como nação, ela representa um fato novo. Isto é explicado porque

nossas empresas, de porte pequeno, médio ou grande, tiveram pouco contato

com o comércio internacional durante sua trajetória.

Este distanciamento, mais político do que econômico, foi

responsável pelo descompasso entre a moderna tecnologia mundial e o

progresso brasileiro. O contato com o comercio lá de fora passou a ser mais

familiar, a partir do estabelecimento do Mercosul.

A sociedade brasileira tem hoje um grande desafio: a busca de

estabilização em meio a uma profunda mudança estrutural no cenário

internacional. Só agora o País começa a sentir, efetivamente, os reflexos da

competitividade como uma condição de sobrevivência de suas empresas. Isto

porque, na década de 90, a ineficiência produtiva foi encoberta por um vácuo

proveniente da política governamental de subsídios e reserva de mercado,

aliada às receitas financeiras da inflação. Nesta época, as empresas não

pensaram em investir em tecnologia, em treinamento de mão-de-obra e na

produtividade, devido à preocupação em aumentar a base industrial.

No Brasil, o termo globalização é facilmente associado à

neocolonização, principalmente devido ao grande número de empresas e

dinheiro vindos de países como os Estados Unidos, Espanha e Inglaterra.

Todos eles entram no Brasil através da compra de estatais ou mesmo por meio

do estabelecimento de novas indústrias.

Outro fator que retardou a conscientização sobre a atuação da

globalização no País foi a falta de uma política de incentivo a setores capazes

de abrir frentes de trabalho e gerar emprego e renda, aumentando o poder de

consumo e incrementando o desempenho econômico.

O Brasil tem participação ativa e passiva na globalização. Ativa,

enquanto impulsiona suas empresas para a ampliação de seus mercados, para

seu desenvolvimento tecnológico e para a busca de espaço real em grandes

mercados como o europeu, o americano e o asiático. Passiva, na medida em

que não venha perceber a sua importância na história. Caso isto aconteça,

poderá comprometer por muitos anos as empresas brasileiras e também a

própria concepção de Estado.

O resultado da globalização ainda está sendo avaliado pelos

empresários brasileiros. Aqui, enquanto muitas empresas fecharam as portas,

outras investiram em aumento de produtividade e estão conseguindo sua fatia

de mercado. Mas uma terceira parcela chegou à conclusão que não

conseguirá seguir em frente, sem entrar no inevitável caminho das fusões e

aquisições. É a chamada internacionalização da economia brasileira. Ela

poderá ser a grande oportunidade para as nossas companhias se habituarem a

disputar o mercado mundial.

Do ponto de vista de diversos analistas econômicos, no Brasil, a

característica perversa da globalização está justamente na procura da

integração internacional a qualquer custo.

Para o Brasil, a globalização representa a consolidação de uma

mentalidade voltada à expansão dos mercados para as empresas públicas e

privadas. A posição do País perante o processo de globalização econômica e

financeira mundial vem registrando progresso, mas ainda está longe de

representar um progresso para uma inserção favorável na divisão internacional

do trabalho. É motivo de preocupação, na medida em que ainda somos

considerados subalternos, neste processo comandado por outros países e

algumas centenas de empresas transnacionais.

4. EFEITOS DA GLOBALIZAÇÃO

Os efeitos mais imediatos de novos paradigmas, como a

globalização, são sentidos mais intensamente na esfera dos direitos sociais e

econômicos da classe trabalhadora.

Pensar em globalização implica em analisar questões como: maior

concentração de renda; exclusão e marginalização total dos países que não

tiverem condições de fazer parte deste processo; dependência mundial das

transnacionais e dos operadores do sistema financeiro; maior índice de

empobrecimento já existente (poucas nações que têm tentado ficar alheias à

globalização, como Cuba e Coréia do Norte, estão cada vez mais pobres); e

maiores controles econômico, cultural, social, jurídico e alimentício já vistos.

A crescente competitividade dos mecanismos internacionais, aliada

à centralidade do conhecimento científico e tecnológico, estimula a redefinição

dos processos produtivos. É cada vez mais intensa a introdução de

tecnologias destinadas a poupar mão-de-obra. Com isso, as relações de

emprego acabam ficando cada vez mais precárias.

A população não é beneficiada de modo uniforme pela globalização.

Uns ganham muito, outros menos e outros perdem. Na prática, existe

diminuição dos custos de produção e aumento de tecnologia. Os países mais

pobres são os que mais perdem, uma vez que a matéria-prima que exportam

sofre desvalorização face ao atraso tecnológico.

Dentro deste quadro, nota-se, nitidamente, o aumento da

concentração da riqueza em quase todo o mundo e a queda da renda real da

imensa maioria. Especialistas alertam para o risco do surgimento de uma

subclasse de marginalizados, desempregados, subempregados e sem-teto.

Na Europa, o alto nível de desemprego verificado nos anos 90

começa a ser visto pelos analistas como um fenômeno estrutural, mas também

como duplo resultado da instabilidade macroeconômica provocada pela

globalização.

A tendência atual do mercado de trabalho globalizado é o

alongamento da jornada de trabalho, a contestação de conquistas sociais

(previdenciárias e trabalhistas), a diminuição dos salários e a permanente

sensação de insegurança econômica sentida pela classe trabalhadora.

O atual processo de globalização, comandado pelos oligopólios

internacionais, tem como característica principal, a integralização da produção,

do comércio e das finanças, sem, no entanto, unir e organizar os empregados.

Mesmo apresentando índices de crescimento na economia, os números não

são suficientes para construir um ambiente social unificador.

Gravemente atingidas pela concorrência globalizada, as empresas

buscam, incessantemente, reduzir custos e arrancar o máximo de rendimento

de sua força de trabalho, demitindo empregados, introduzindo o salário

variável, recorrendo a inovações tecnológicas e adotando modalidades

intensivas de organização de trabalho.

Quando se pensa em empregabilidade após a globalização não se

pode esquecer que o trabalhador enfrenta hoje uma nova realidade: o diploma

de curso superior deixou de ser um "diferencial competitivo no mercado de

trabalho" e passou a ser apenas mais um "pré-requisito exigido". Isto sem falar

sobre o conhecimento de línguas estrangeiras (inglês e espanhol) e o de

informática. As atrocidades contra o trabalhador não param por aí. Na corrida

pelo lucro, as empresas também terceirizam atividades rotineiras e até utilizam

o trabalho domiciliar.

O Brasil também não escapou a esta corrente devastadora

provocada pela globalização. A posição que o nosso País vem ocupando no

processo de globalização econômica e financeira mundial está muito longe de

apresentar um progresso para uma inserção favorável na divisão internacional

do trabalho.

Para o povo brasileiro, a situação de marginalidade da grande

maioria da população é vista por alguns políticos de oposição como uma

espécie de “apartheid social”, condição onde impera a exclusão social.

CONCLUSÃO

A Globalização é um processo real, contraditório e tem várias faces.

Alguns estudiosos ainda insistem em ver a globalização como um sistema

único ou como um fator particular.

Pelo presente trabalho foi possível perceber que este fenômeno

universal,de modo algum significa homogeneização total,e que ele deve ser

entendido, primeiramente, como uma nova estrutura de diferenciação. Apesar

disto, há a possibilidade de processos de homogeneização parcial, uma vez

que há forte influência cultural entre os povos.

Apesar de ainda ser vista por alguns como mera ideologia, a

globalização está cada vez mais firme e presente no dia-a-dia de cada povo, de

cada nação, sejam estes pobres ou ricos.

Não dá para esconder o fato de que a globalização é responsável

pela propagação da marginalidade, da pobreza e do desemprego. Isto tudo

porque as empresas que não conseguem se adaptar à realidade provocada

pelo mercado global, ou estão falindo, ou exigindo cada vez mais dos seus

funcionários sem dar algo em troca, ou reduzindo a mão de obra existente.

BIBLIOGRAFIA

LIVROS

BAUMANN, Renato. O Brasil e a economia global. 4ª Ed. Rio de

Janeiro: Campus, 1996.

DREIFUSS, René Armand. A época das perplexidades.

Mundalização, globalização e planetização. Novos Desafios.

3ª Ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1996.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. Do pensamento

único à consciência universal. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Record,

2000.

PERIÓDICOS

A Globalização do corte no emprego. Rio de Janeiro: O Globo,

03/02/2000.