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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
PAMELA ALBINO CAMPOS
COMPORTAMENTO DE ESTRUTURAS METÁLICAS EM SITUAÇÃO DE
INCÊNDIO – ANÁLISE DE ESFORÇOS INTERNOS, DIMENSIONAMENTO E
TEMPO RESISTENTE
CURITIBA
2017
PAMELA ALBINO CAMPOS
COMPORTAMENTO DE ESTRUTURAS METÁLICAS EM SITUAÇÃO DE
INCÊNDIO – ANÁLISE DE ESFORÇOS INTERNOS, DIMENSIONAMENTO E
TEMPO RESISTENTE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao setor de Tecnologia, da Universidade Federal do Paraná, como requisito à obtenção do grau de Engenheira Civil.
Orientador: Prof. Dr. Marcos Arndt
CURITIBA
2017
TERMO DE APROVAÇÃO
PAMELA ALBINO CAMPOS
COMPORTAMENTO DE ESTRUTURAS METÁLICAS EM SITUAÇÃO DE
INCÊNDIO – ANÁLISE DE ESFORÇOS INTERNOS, DIMENSIONAMENTO E
TEMPO RESISTENTE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Paraná como requisito à obtenção do título de bacharel em Engenharia Civil, pela seguinte banca examinadora:
_______________________________________ Prof. Dr. Marcos Arndt Departamento de Construção Civil, UFPR
_______________________________________ Prof. Dr. Roberto Dalledone Machado
Departamento de Construção Civil, UFPR _______________________________________
Prof. Dra. Isabella Andreczevski Chaves Departamento de Construção Civil, UFPR
Curitiba, 21 de Novembro de 2017.
AGRADECIMENTOS
Sobretudo, a Deus.
À minha família, pelo apoio, incentivo e confiança depositados em mim. Em
especial, à minha mãe, que sempre fez o possível para tornar meus anos de
graduação mais fáceis, e ao meu sobrinho, Arthur, por trazer alegria até em dias mais
nublados.
Aos meus amigos de infância e da graduação. Em especial, à Stephanie, pelo
apoio, confiança, por sempre se fazer presente e, especialmente, pela amizade.
Ao Matheus, pelo companheirismo e por compartilhar comigo diversos fins de
semana de estudo.
Ao meu orientador, professor Dr. Marcos Arndt, pelos conhecimentos
transmitidos, pela paciência e disponibilidade, fundamentais para conclusão deste
trabalho.
“Somos assim: sonhamos o voo mas tememos a altura. Para
voar é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio.
Porque é só no vazio que o voo acontece. O vazio é o espaço
da liberdade, a ausência de certezas. Mas é isso o que
tememos: o não ter certezas. Por isso trocamos o voo por
gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram. “
Fiódor Dostoiévski
RESUMO
Ainda que indesejado, o incêndio é uma situação passível de ocorrer em qualquer tipo de estrutura, independentemente do método construtivo utilizado. Entretanto, alguns materiais demandam maiores cuidados quando submetidos a essa condição, como é o caso do aço. A possibilidade de canteiros mais limpos e execução mais rápida, aliada a liberdade de maiores vãos e alívio de fundações, tem proporcionado ao aço uma participação cada vez mais significativa em um cenário que possui o concreto armado como sistema construtivo predominante. O dimensionamento para que a estrutura resista ao incêndio mostra-se oneroso e injustificável. Dessa forma, as normas brasileiras trabalham com tempos mínimos de resistência ao fogo, que garantam a evacuação segura da edificação. Baseado nas variações das propriedades mecânicas do aço com a evolução da temperatura, como a redução do módulo de elasticidade e da resistência ao escoamento, o presente estudo tem como finalidade entender o comportamento das estruturas ao longo do incêndio, dimensioná-las e verificar o tempo de resistência sob ação do fogo. O estudo do comportamento das estruturas foi realizado com base na análise de variação de esforços internos que, por sua vez, foram determinados a partir da aplicação do método das forças. As equações obtidas no método das forças foram atualizadas a cada variação de temperatura. O dimensionamento das estruturas foi realizado conforme preconizado pela NBR 14323 (2012) e forneceu a temperatura crítica das estruturas. Por fim, foi determinada a curva de temperatura do aço, considerando estruturas sem proteção térmica. Ao entrar na curva com a temperatura crítica, obtém-se o tempo necessário para atingi-la. A partir desse tempo, determina-se quais as medidas a serem tomadas, se necessário.
Palavras-chave: Estruturas metálicas. Incêndio. Esforços internos. Dimensionamento. Segurança.
ABSTRACT
Although undesirable, the fire is a situation that can occur in any type of structure, regardless of the constructive method used. However, some materials require more care when subjected to this condition, as is the case with steel. The possibility of cleaner erections and faster execution, coupled with the freedom of greater spans and foundation relief, has given steel an increasingly significant role in a scenario that has the reinforced concrete as the predominant constructive system. The design for the structure to resist the fire is costly and unjustifiable. In this way, the Brazilian standards work with minimum times of fire resistance, which guarantee the safe evacuation of the building. Based on the variations of the mechanical properties of the steel with the evolution of the temperature, such as the reduction of the modulus of elasticity and the yelds stress, the present study aims to understand the behavior of the structures along the fire, to dimension them and to verify the time of fire resistance. The study of the behavior of the structures was performed based on the analysis of variation of internal forces, which, in turn, were determined from the application of the forces method. The equations obtained in the forces method were updated with each temperature variation. The design of the structures was performed as recommended by NBR 14323 (2012) and provided the critical temperature of the structures. Finally, the temperature curve was determined, considering structures without thermal protection. When entering the curve with the critical temperature, one obtains the time necessary to reach it. From that time, it is determined what measures to take, if necessary.
Key-words: Metallic structures. Fire. Internal efforts. Sizing. Safety.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 2.1 - APOIOS DE 1º GÊNERO ................................................................... 19
FIGURA 2.2 – APOIOS DE 2º GÊNERO .................................................................. 19
FIGURA 2.3 - APOIOS DE 3º GÊNERO ................................................................... 20
FIGURA 2.4 – SUPERPOSIÇÃO DE EFEITOS NO MÉTODO DAS FORÇAS ......... 22
FIGURA 3.1 – INFLUÊNCIA DO FATOR FORMA NA CURVA DE INCÊNDIO ........ 26
FIGURA 3.2- INFLUÊNCIA DA VENTILAÇÃO NA CURVA DE INCÊNDIO .............. 27
FIGURA 3.3 – INFLUÊNCIA DA CARGA DE INCÊNDIO NA CURVA DE INCÊNDIO
.................................................................................................................................. 29
FIGURA 3.4 – CURVA TEMPERATURA-TEMPO DE UM INCÊNDIO REAL ........... 30
FIGURA 3.5 – MODELO DE CURVA INCÊNDIO NATURAL .................................... 31
FIGURA 3.6 – MODELO DE CURVA DE INCÊNDIO PADRÃO E INCÊNDIO
NATURAL.................................................................................................................. 32
FIGURA 3.7 – CURVA INCÊNDIO PADRÃO - ISO 834 ........................................... 33
FIGURA 3.8 – COMPARAÇÃO CURVA INCÊNDIO PADRÃO ISO 834 E ASTM 3 119
.................................................................................................................................. 33
FIGURA 3.9 – CURVAS TEMPERATURA-TEMPO - EUROCODE .......................... 34
FIGURA 4.1 – FATORES DE REDUÇÃO PARA DIFERENTES TEMPERATURAS 38
FIGURA 4.2 – DETERMINAÇÃO DO TEMPO EQUIVALENTE ................................ 46
FIGURA 4.3 – LIMITES DE FLAMBAGEM LOCAL DE ALMA E MESA DEVIDO A
FORÇAS DE COMPRESSÃO ................................................................................... 48
FIGURA 4.4 – LIMITES DE FLAMBAGEM LOCAL DE ALMA E MESA DEVIDO AO
MOMENTO FLETOR ................................................................................................ 49
FIGURA 5.1 – FLUXOGRAMA DAS ETAPAS DO ESTUDO .................................... 55
FIGURA 5.2 – VIGA ENGASTADA E APOIADA ....................................................... 57
FIGURA 5.3 – VARIAÇÃO DE MOMENTO FLETOR NO ENGASTE DA VIGA ........ 57
FIGURA 5.4 – VIGA COM APOIOS DE 2º GÊNERO ............................................... 57
FIGURA 5.5 – VARIAÇÃO DE ESFORÇO NORMAL DA VIGA ................................ 58
FIGURA 5.6 – PÓRTICO DE 2 BARRAS COM APOIOS DE 2º GÊNERO ............... 58
FIGURA 5.7 – VARIAÇÃO DE ESFORÇO NORMAL NA VIGA ................................ 58
FIGURA 5.8 – VARIAÇÃO DE ESFORÇO NORMAL NO PILAR .............................. 59
FIGURA 5.9 – VARIAÇÃO DE MOMENTO FLETOR NO TOPO DO PILAR............. 59
FIGURA 5.10 – PÓRTICO DE 2 BARRAS ENGASTADO E APOIADO .................... 60
FIGURA 5.11 – VARIAÇÃO DE MOMENTO FLETOR NO PILAR ............................ 60
FIGURA 5.12 – VARIAÇÃO DE ESFORÇO NORMAL NO PILAR ............................ 60
FIGURA 5.13 – PÓRTICO DE 3 BARRAS COM APOIOS DE 2º GÊNERO ............. 61
FIGURA 5.14 – VARIAÇÃO DE ESFORÇO NORMAL NA VIGA .............................. 61
FIGURA 5.15 – VARIAÇÃO DE MOMENTO FLETOR NO TOPO DO PILAR........... 61
FIGURA 5.16 – PÓRTICO DE 3 BARRAS ENGASTADO E APOIADO .................... 62
FIGURA 5.17 – VARIAÇÃO DE MOMENTO FLETOR .............................................. 62
FIGURA 5.18 – VARIAÇÃO DO ESFORÇO NORMAL PILAR ESQUERDO ............ 62
FIGURA 5.19 – VARIAÇÃO DO ESFORÇO NORMAL PILAR DIREITO .................. 62
FIGURA 5.20 – TRELIÇA INTERNAMENTE HIPERESTÁTICA ............................... 63
FIGURA 5.21 – VARIAÇÃO DE ESFORÇO NORMAL NA BARRA INCLINADA DA
TRELIÇA ................................................................................................................... 63
FIGURA 5.22 – TRELIÇA COM APOIOS DE 2º GÊNERO ....................................... 63
FIGURA 5.23 – VARIAÇÃO DE ESFORÇO NORMAL NAS BARRAS HORIZONTAIS
INFERIORES ............................................................................................................ 64
FIGURA 5.24 – CARREGAMENTO CONSIDERANDO VENTO COMO CARGA
VARIÁVEL PRINCIPAL ............................................................................................. 65
FIGURA 5.25 – CARREGAMENTO CONSIDERANDO A SOBRECARGA COMO
CARGA VARIÁVEL PRINCIPAL ............................................................................... 66
FIGURA 5.26 – DIAGRAMA DE MOMENTO CONSIDERANDO VENTO COMO
CARGA VARIÁVEL PRINCIPAL ............................................................................... 66
FIGURA 5.27 – DIAGRAMA DE MOMENTO CONSIDERANDO SOBRECARGA
COMO CARGA VARIÁVEL PRINCIPAL ................................................................... 66
FIGURA 5.28 – ESFORÇO NORMAL CONSIDERANDO VENTO COMO CARGA
VARIÁVEL PRINCIPAL ............................................................................................. 67
FIGURA 5.29 – ESFORÇO NORMAL CONSIDERANDO SOBRECARGA COMO
CARGA VARIÁVEL PRINCIPAL ............................................................................... 67
FIGURA 5.30 – CARREGAMENTO DA TRELIÇA EM TEMPERATURA AMBIENTE
.................................................................................................................................. 68
FIGURA 5.31 – ESFORÇO NORMAL DA TRELIÇA EM TEMPERATURA AMBIENTE
.................................................................................................................................. 68
FIGURA 5.32 – COMBINAÇÕES ANALISADAS ....................................................... 70
FIGURA 5.33 – MOMENTO SOLICITANTE NO APOIO ESQUERDO DA VIGA ...... 70
FIGURA 5.34 – MOMENTO SOLICITANTE NO ENGASTE DO PILAR .................... 70
FIGURA 5.35 – NORMAL SOLICITANTE NO PILAR ESQUERDO .......................... 71
FIGURA 5.36 – NORMAL SOLICITANTE NO PILAR DIREITO ................................ 71
FIGURA 5.37 – DISTRIBUIÇÃO CARREGAMENTO TRELIÇA ................................ 72
FIGURA 5.38 – DISTRIBUIÇÃO DE ESFORÇOS NA TRELIÇA .............................. 72
FIGURA 5.39 – CARREGAMENTO DO DIAGRAMA VIRTUAL ................................ 73
FIGURA 5.40 – DISTRIBUIÇÃO DE ESFORÇO VIRTUAL NORMAL DA TRELIÇA 73
FIGURA 5.41 – VARIAÇÃO DO ESFORÇO NORMAL DA BARRA INFERIOR DA
TRELIÇA ................................................................................................................... 73
FIGURA 5.42 – MOMENTO RESISTENTE DA VIGA DO PÓRTICO ........................ 79
FIGURA 5.43 – TEMPERATURA CRÍTICA DO MOMENTO NA VIGA DO PÓRTICO
.................................................................................................................................. 80
FIGURA 5.44 – FORÇA RESISTENTE DE COMPRESSÃO PERFIL I ..................... 81
FIGURA 5.45 – TEMPERATURA CRÍTICA DE COMPRESSÃO PERFIL I .............. 82
FIGURA 5.46 – MOMENTO RESISTENTE DO PILAR DO PÓRTICO ..................... 83
FIGURA 5.47 – TEMPERATURA CRÍTICA DE MOMENTO NO PILAR DO PÓRTICO
.................................................................................................................................. 83
FIGURA 5.48 – FORÇA RESISTENTE PERFIL TRELIÇA ....................................... 85
FIGURA 5.49 – TEMPERATURA CRÍTICA DA TRELIÇA ........................................ 85
FIGURA 5.50 – CURVA DE TEMPERATURA NO AÇO -TRELIÇA .......................... 86
FIGURA 5.51 – CURVA DE TEMPERATURA NO AÇO - VIGA ................................ 87
FIGURA 5.52 – CURVA DE TEMPERATURA NO PILAR ......................................... 88
LISTA DE QUADROS
QUADRO 3.1 - CARGA DE INCÊNDIO ESPECÍFICAS ............................................ 29
QUADRO 4.1 - COEFICIENTES DE PONDERAÇÃO DAS AÇÕES EM
COMBINAÇÕES ÚLTIMAS NORMAIS ..................................................................... 40
QUADRO 4.2 - COEFICIENTES DE PONDERAÇÃO DAS AÇÕES EM
COMBINAÇÕES ÚLTIMAS ESPECIAIS OU DE CONSTRUÇÃO ............................ 41
QUADRO 4.3 - COEFICIENTES DE PONDERAÇÃO DAS AÇÕES EM
COMBINAÇÕES ÚLTIMAS EXCEPCIONAIS ........................................................... 42
QUADRO 4.4 - FATORES DE COMBINAÇÃO ......................................................... 42
QUADRO 4.5 - TRRF PARA DIFERENTES OCUPAÇÕES ...................................... 46
QUADRO 4.6 - EDIFICAÇÕES ISENTAS DE VERIFICAÇÃO ESTRUTURAL EM
INCÊNDIO ................................................................................................................. 54
QUADRO 5.1 – CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DO PERFIL DE VIGAS E
PÓRTICOS ................................................................................................................ 56
QUADRO 5.2 – CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DOS PERFIS DE TRELIÇAS
.................................................................................................................................. 56
QUADRO 5.3 – COEFICIENTES DE PONDERAÇÃO DE CARREGAMENTOS ...... 65
QUADRO 5.4 – VERIFICAÇÃO DA RELAÇÃO DE FLEXO-COMPRESSÃO ........... 84
LISTA DE SÍMBOLOS
A – área da seção transversal
Af – área do piso do compartimento
Ag – área bruta da seção transversal da barra
Ar – área total do compartimento com as áreas de ventilação já descontadas
Aw – área de abertura de ventilação
𝐶𝑏 – fator de modificação para diagrama de momento fletor não uniforme
E – módulo de elasticidade de aços a uma temperatura de 20ºC
Eθ – módulo de elasticidade de aços laminados a uma temperatura θ
E0,θ – módulo de elasticidade de aços trefilados a uma temperatura θ
𝐹𝑑 – valor característico de cálculo da ação
𝐹𝐺𝑖,𝑘 – valor característico da ação permanente i
𝐹𝑄,𝑒𝑥𝑐 – valor representativo da ação excepcional (ação térmica)
𝐹𝑄𝑗,𝑘 – valor característico de ação variável j
Hi – potencial calorífico de cada componente do material combustível
K– coeficiente de flambagem por flexão
𝑀𝑐𝑟 – momento fletor de flambagem elástica à temperatura ambiente
𝑀𝑖 – massa total de cada material combustível
𝑀𝑝𝑙 – momento de plastificação da seção transversal à temperatura ambiente
𝑀𝑟 – momento fletor correspondente ao início do escoamento da seção transversal
para projeto à temperatura ambiente
MRd,fy,θ – momento resistente de cálculo
𝑀𝑋,𝑓𝑖,𝑅𝑑 – momento fletor resistente de cálculo em situação de incêndio, em torno do
eixo x
𝑀𝑌,𝑓𝑖,𝑅𝑑 – momento fletor resistente de cálculo em situação de incêndio, em torno do
eixo y
𝑀𝑋,𝑓𝑖,𝑆𝑑 – momento fletor solicitante de cálculo em situação de incêndio, na seção
considerada, em torno do eixo x
𝑀𝑌,𝑓𝑖,𝑆𝑑 – momento fletor resistente de cálculo em situação de incêndio, em torno do
eixo x
𝑁𝑒𝑒 – número de equações de equilíbrio
𝑁𝑓𝑖,𝑆𝑑 – força normal solicitante de cálculo em situação de incêndio, de tração ou
compressão, considerada constante ao longo da barra
𝑁𝑓𝑖,𝑅𝑑 – força normal resistente de cálculo em situação de incêndio
𝑁𝑟𝑖 – número de rótulas com 𝑛´ barras
𝑄𝑜 – número de quadros fechados na estrutura
𝑄 – fator de redução associado à flambagem local
𝑄𝑓𝑖 – coeficiente de redução que leva em conta a flambagem local em situação de
incêndio
𝑅 – número de reações de apoio
U – perímetro da peça exposto ao incêndio
𝑍 – módulo plástico da seção em relação ao eixo considerado
𝑐𝑎 – calor específico do aço
𝑐𝑚 – calor específico do material de revestimento contra fogo
dc – distância entre a frente até o fundo do compartimento
fy – resistência ao escoamento do aço laminado a uma temperatura de 20ºC
fy,θ – resistência ao escoamento do aço laminado a uma temperatura θ
fyo – resistência ao escoamento do aço trefilado a uma temperatura de 20ºC
fyo,θ – resistência ao escoamento do aço trefilado a uma temperatura θ
𝑔 – grau de hiperestaticidade total
𝑔𝑒 – grau de hiperestaticidade externo
𝑔𝑖 – grau de hiperestaticidade interno
hw – altura da abertura de ventilação
kE,θ – fator de redução do módulo de elasticidade de aços laminados
kEo,θ – fator de redução do módulo de elasticidade de aços trefilados
ky,θ – fator de redução de resistência ao escoamento de aços laminados
kyo,θ – fator de redução de resistência ao escoamento de aços trefilados
mf – razão de queima em massa
𝑛´ – número de barras que concorrem a uma rótula interna;
qfi – carga de incêndio específica
𝑡 – tempo decorrido de incêndio
𝑡𝑚 – espessura do material de revestimento contra o fogo
wc – largura da parede que contém a abertura de ventilação
𝛼𝑐 – coeficiente de transferência de calor por convecção
𝛾𝑔𝑖 – coeficiente de ponderação das ações permanentes
𝛾𝑞 – coeficiente de ponderação das ações variáveis
∆𝑡 – intervalo de tempo
∆TCG – variação de temperatura no centro geométrico da peça
∆𝜃𝑎,𝑡 – elevalação da temperatura da peça
휀𝑟𝑒𝑠 – emissividade resultante, podendo ser tomada para efeitos práticos igual a 0,5
𝜃𝑔 – temperatura dos gases no instante t do incêndio
𝜃𝑔,𝑡– temperatura dos gases no tempo t
𝜃𝑜 – temperatura no instante inicial, comumente sendo adotado 20ºC;
к1 – fator de correção para temperatura não-uniforme na seção transversal
к2 – fator de correção para temperatura não-uniforme ao longo do comprimento da
barra
𝜆𝑚 – condutividade térmica do material de revestimento contra fogo
𝜆𝑜 – índice de esbeltez reduzido para barras comprimidas à temperatura ambiente
determinado de acordo com a NBR 8800 (2008)
𝜌𝑎 – massa específica do aço
𝜌𝑚 – massa específica do material de revestimento contra fogo
Φ – fator massividade ou fator forma
𝜑 – valor do fluxo de calor por unidade de área
𝜑𝑐 – componente do fluxo de calor devido à convecção;
𝜑𝑟 – componente do fluxo de calor devido à radiação;
𝜒𝑓𝑖 – fator de redução associado à resistência a compressão em situação de incêndio
Ѱ0𝑗,𝑒𝑓 – fator de combinação efetivo utilizado na determinação de valores reduzidos
de ações variáveis. Em geral, Ѱ0𝑗,𝑒𝑓=Ѱ0𝑗, quando a variável principal excepcional,
especial ou construtiva não tiver o tempo de atuação muito curto.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 16
1.1 JUSTIFICATIVA............................................................................................ 17
1.2 OBJETIVO .................................................................................................... 17
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ..................................................................... 17
2 ANÁLISE DE ESTRUTURAS....................................................................... 18
2.1 ESTABILIDADE DE ESTRUTURAS ............................................................. 20
2.2 MÉTODO DAS FORÇAS .............................................................................. 21
3 INCÊNDIO .................................................................................................... 24
3.1 TRANSMISSÃO DE CALOR ........................................................................ 24
3.2 FATORES DE INFLUÊNCIA NO INCÊNDIO ................................................ 25
3.2.1 Fator Forma .................................................................................................. 25
3.2.2 Ventilação ..................................................................................................... 26
3.2.3 Carga de Incêndio ........................................................................................ 28
3.3 INCÊNDIO NATURAL .................................................................................. 30
3.4 INCÊNDIO PADRÃO .................................................................................... 31
3.4.1 Curva padronizada – ISO 834 ...................................................................... 32
3.4.2 Curva Padronizada – ASTM E 119 ............................................................... 33
3.4.3 Curva temperatura-tempo – EUROCODE .................................................... 34
3.5 MEDIDAS DE PROTEÇÃO PASSIVA .......................................................... 34
3.5.1 Compartimentação ....................................................................................... 35
3.5.2 Resistência ao Fogo de Elementos de Revestimento .................................. 35
3.5.3 Resistência ao Fogo de Elementos Estruturais ............................................ 36
3.6 MEDIDAS DE PROTEÇÃO ATIVA ............................................................... 36
4 ESTRUTURAS METÁLICAS EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO ..................... 37
4.1 COMBINAÇÕES ÚLTIMAS DAS AÇÕES .................................................... 39
4.1.1 Combinação Última Normal .......................................................................... 39
4.1.2 Combinação Última Especial ou de Construção ........................................... 40
4.1.3 Combinação Última Excepcional .................................................................. 41
4.2 TIPOS DE CARREGAMENTO ..................................................................... 43
4.3 TEMPERATURA ATUANTE NO ELEMENTO ESTRUTURAL EM INCÊNDIOS
NATURAIS ................................................................................................................ 43
4.4 TEMPERATURA ATUANTE NO ELEMENTO ESTRUTURAL EM UM
INCÊNDIO PADRÃO ................................................................................................. 45
4.5 TEMPERATURA CRÍTICA ........................................................................... 46
4.6 CAPACIDADE RESISTENTE DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS DE AÇO
SEGUNDO A NBR 14323 (2012) .............................................................................. 47
4.6.1 Barras submetidas à força normal de tração ................................................ 49
4.6.2 Barras submetidas à força normal de compressão ...................................... 50
4.6.3 Barras submetidas à flexão .......................................................................... 51
4.6.4 Barras submetidas a força normal e momento fletores ................................ 52
4.7 EDIFICAÇÕES ISENTAS DE VERIFICAÇÃO ESTRUTURAL EM
INCÊNDIO.... ............................................................................................................. 53
5 ESTUDO DE CASO ..................................................................................... 55
5.1 ESTRUTURAS SOB AÇÃO DA TEMPERATURA ........................................ 56
5.2 ESFORÇO SOLICITANTE EM TEMPERATURA AMBIENTE ...................... 64
5.2.1 Pórtico .......................................................................................................... 64
5.2.2 Treliça ........................................................................................................... 68
5.3 ESFORÇO SOLICITANTE COM VARIAÇÃO DE TEMPERATURA ............. 69
5.3.1 Pórtico .......................................................................................................... 69
5.3.2 Treliça ........................................................................................................... 72
5.4 DIMENSIONAMENTO EM TEMPERATURA AMBIENTE ............................ 74
5.4.1 Pórtico .......................................................................................................... 74
5.4.2 Treliça ........................................................................................................... 78
5.5 DIMENSIONAMENTO COM VARIAÇÃO DE TEMPERATURA ................... 79
5.5.1 Pórtico .......................................................................................................... 79
5.5.2 Treliça ........................................................................................................... 84
5.6 ELEVAÇÃO DA TEMPERATURA DO AÇO NOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS ......................................................................................................... 86
6 CONCLUSÃO............................................................................................... 89
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 91
APÊNDICE A - SISTEMA PRINCIPAL E DIAGRAMAS VIRTUAIS DO
PÓRTICO DE 3 BARRAS ENGASTADO E COM APOIO DE 1º GÊNERO ............. 94
APÊNDICE B - VARIAÇÃO DOS ESFORÇOS COM O AUMENTO DE
TEMPERATURA ....................................................................................................... 94
16
1 INTRODUÇÃO
O Brasil é um país que, devido a fatores históricos e culturais, possui o
concreto armado como sistema construtivo predominante. No entanto, este cenário
vem modificando-se devido a necessidade de atender novas demandas (CBCA,
2015).
A construção em aço mostra-se bastante atrativa, visto que agrega grande
resistência à estrutura, possibilita a construção de peças mais esbeltas e leves (que
influenciam na fundação e na área livre), além de otimizar o tempo de obra. Entretanto,
esse material demanda alguns cuidados específicos para garantir um bom
desempenho estrutural em situações adversas, como incêndios (CBCA, 2017).
Segundo Vargas e Silva (2003), o elevado índice de esbeltez das peças,
aliado ao fato do material ser um excelente condutor térmico, faz com que estruturas
de aço aqueçam e distribuam o calor mais rapidamente, tornando-se mais suscetíveis
aos danos causados por incêndios.
O dimensionamento necessário para que uma estrutura seja resistente ao
fogo mostra-se bastante antieconômico e injustificável, já que o incêndio é uma
condição excepcional. No entanto, é necessário que a edificação possua resistência
mínima, capaz de garantir a segurança dos ocupantes durante a evacuação e a
redução de perdas patrimoniais (SILVA, 2010).
Segundo Silva (2001), o acréscimo de temperatura ao qual uma estrutura de
aço está submetida ao longo de um incêndio provoca redução da resistência ao
escoamento e redução do módulo de elasticidade do material. Dessa forma, a
estrutura tende a deslocar-se. Quando a estrutura em questão é do tipo isostática,
ocorre o deslocamento livre. Entretanto, a presença de vínculos de uma estrutura
hiperestática impossibilita seu deslocamento, provocando o surgimento de novos
esforços internos, que devem ser somados aos esforços causados pelo carregamento
externo, configurando-se, assim, um cenário inteiramente diferente do
dimensionamento em temperatura ambiente. Desta forma, a NBR 14323 (2012) versa
a respeito do dimensionamento de estruturas de aço em situação de incêndio.
Por fim, a NBR 14432 (2001) estabelece parâmetros de maneira a garantir
que os requisitos mínimos de segurança estrutural sejam atendidos. Esses requisitos
podem ser verificados por meio da correta compartimentação, dimensionamento e
17
cumprimento do tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF), que varia de acordo
com a classe da edificação.
1.1 JUSTIFICATIVA
Ao longo da história é possível elencar inúmeras ocorrências de incêndio que
culminaram em perdas patrimoniais, danos ambientais e mortes. A nível global, pode-
se citar o Grande Incêndio de Londres, o incêndio de Chicago, o World Trade Center,
entre outros. Já a nível nacional, é possível mencionar destaques como os incêndios
nos edifícios Joelma e Andorinha, e, mais recentemente, na boate Kiss. Ainda que
tenham iniciado por diferentes fatores, todos os episódios convergem na importância
do preparo da edificação para essa situação. Dessa forma, a análise de estruturas em
situação de incêndio faz-se imprescindível para entender o comportamento da
estrutura nessas condições e elaborar medidas que as tornem mais seguras.
1.2 OBJETIVO
O objetivo deste estudo é analisar o comportamento de estruturas metálicas
sob ação do fogo, baseada na variação de esforços internos de estruturas
hiperestáticas decorrentes da variação de temperatura ao longo do tempo. Além disso,
serão dimensionadas e verificado o tempo de resistência das estruturas até que ocorra
o colapso.
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO
A abordagem do estudo será estruturada inicialmente com a explanação sobre
os tipos de vínculos e estabilidade estrutural. Em seguida, será abordado aspectos de
incêndio como formas de transmissão de calor, fatores de influência no incêndio, tipos
de curvas de incêndio e medidas de proteção ativas e passivas. Na sequência, serão
avaliadas as características das estruturas metálicas, tipos de combinações, a
influência do incêndio no dimensionamento dos elementos e o tempo resistente de
elementos estruturais em aço. Por fim, será realizado um estudo de caso com variação
de temperatura estruturas fictícias
18
2 ANÁLISE DE ESTRUTURAS
A Estática é a parte da física que tem como objeto de estudo corpos rígidos
em situação de repouso que, ainda que sofram ações externas, permanecem em
equilíbrio (GORFIN e OLIVEIRA, 1978).
Segundo Süssekind (1980), o movimento de uma estrutura, quando
submetida às ações externas, é impedido por elementos denominados vínculos. Os
vínculos podem restringir diversas tendências ao movimento de uma estrutura,
criando reações de apoio que se opõem às ações externas, formando um conjunto de
forças em equilíbrio.
Os vínculos podem ser classificados em dois grupos: vínculos de apoio e
vínculos de ligação ou de transmissão, variando de acordo com a função que está
sendo exercida. São considerados vínculos de apoios aqueles que estabelecem o
contato com o exterior, enquanto vínculos de ligação são os que permitem ligação
entre as partes internas da estrutura. A classificação entre os grupos é bastante
relativa, uma vez que um vínculo pode ser de apoio em uma situação e de transmissão
em outra (GORFIN e OLIVEIRA, 1978).
Segundo Gorfin e Oliveira (1978), uma maneira de exemplificar a atuação dos
vínculos de apoio e vínculos de ligação são os sistemas formados por laje-viga e laje-
viga-pilar. Num sistema formado por laje e viga, a viga apoia a laje, cumprindo o papel
de vínculo de apoio. No entanto, ao se tratar do conjunto laje-viga-pilar, o vínculo de
apoio passa a ser o pilar, enquanto a viga passa a ter o papel de transmissão das
cargas da laje para o pilar, atuando como vínculo de transmissão.
Uma estrutura situada no espaço possui 6 graus de liberdade, e cabe aos
apoios restringirem os deslocamentos nessas direções. No entanto, ao realizar uma
análise estrutural, é comum que a estrutura seja tratada como plana, reduzindo para
3 graus de liberdade. Dessa forma, é possível classificar os 3 tipos de apoios de
acordo com o número de movimentos que impedem, também conhecidos como
gêneros (SÜSSEKIND, 1980).
Os vínculos de primeiro gênero impedem um tipo de movimento, deixando a
estrutura livre para outros 2 movimentos. Este apoio pode ser obtido por um rolo
lubrificado, que impede o deslocamento em um sentido, permitindo rotação e
deslocamento em outra direção, ou então pelo conjunto rolos-pino, em que o pino
permite a translação e os rolos o deslocamento, impedindo movimento apenas no
19
sentido de apoio do sistema, como é apresentado na FIGURA 2.1 a seguir
(SÜSSEKIND, 1980).
FIGURA 2.1 - APOIOS DE 1º GÊNERO
FONTE: SÜSSEKIND (1980, ADAPTADO)
Os vínculos de 2º gênero são aqueles que impedem 2 dos 3 tipos de
movimento, podendo ser obtidos substituindo-se os rolos do conjunto rolos-pino por
uma chapa, que impede qualquer tipo de translação e permanece livre apenas para
rotação. A restrição de translação resulta em duas 2 reações de apoio, como mostra
a FIGURA 2.2 (SÜSSEKIND, 1980).
FIGURA 2.2 – APOIOS DE 2º GÊNERO
FONTE: SÜSSEKIND (1980, ADAPTADO)
Os vínculos de 3º gênero são aqueles que impedem os 3 deslocamentos. É
possível obter este vínculo quando a estrutura é fixada em um elemento que possa
ser considerado de dimensões infinitas se comparado às dimensões da estrutura.
Desta forma, a estrutura será considerada engastada, como mostra a FIGURA 2.3
(SÜSSEKIND, 1980).
20
FIGURA 2.3 - APOIOS DE 3º GÊNERO
FONTE: SÜSSEKIND (1980, ADAPTADO)
2.1 ESTABILIDADE DE ESTRUTURAS
Uma estrutura plana é considerada em equilíbrio quando o somatório de
forças nos eixos x e y e a rotação em z são iguais a zero, compondo, dessa forma, as
3 equações de equilíbrio (GORFIN e OLIVEIRA, 1978).
Segundo Süssekind (1980), cada tipo de vínculo gera reações de apoio
correspondentes ao número de deslocamentos impedidos. Dessa forma, pode-se
configurar 3 situações: estruturas isostáticas, estruturas hipostáticas e estruturas
hiperestáticas.
Denominam-se estruturas isostáticas aquelas que seus apoios estabelecem
um número de reações igual ao número de equações de equilíbrio, permitindo um
sistema de equações determinado. Nesse caso, a estrutura é considerada estável
(SÜSSEKIND, 1980).
Denominam-se estruturas hipostáticas aquelas que os apoios são em número
inferior ao número de equações de equilíbrio, caracterizando uma situação com mais
equações do que incógnitas, gerando um sistema de equações impossível de ser
resolvido. Ou, então, estruturas que possuem uma quantidade de reação maior ou
igual ao número de equações, mas permite algum movimento de corpo livre da
estrutura. Nesse caso, a estrutura é considerada instável, visto que não há
impedimento suficiente dos vínculos (SÜSSEKIND, 1980).
Por fim, denominam-se estruturas hiperestáticas aquelas com movimentos de
corpo rígido impedidos e que possuem uma quantidade de apoios maior que a
necessária para impedir esses movimentos, resultando em um número de incógnitas
maior que o número de equações disponíveis, chegando-se a um sistema
indeterminado. Nesse caso, a estrutura é estável, no entanto, é necessária a utilização
de equações adicionais para sua solução (SÜSSEKIND, 1980).
21
Uma estrutura pode ter hiperestaticidade interna ou externa. Classifica-se
como hiperestaticidade externa quando uma estrutura possui maior número de
incógnitas advindas dos vínculos do que equações disponíveis. A hiperestaticidade
interna surge quando, apesar das reações causadas pelos vínculos serem iguais ao
número de equações de equilíbrio, a geometria da estrutura é fechada,
impossibilitando a determinação de esforços internos. Nesse caso, é necessário abrir
a estrutura e repor os esforços internos do local da abertura, de maneira a garantir a
estaticidade inicial, gerando, dessa forma, 3 incógnitas referentes aos esforços
internos (SÜSSEKIND, 1987).
O grau de hiperestaticidade externa de vigas e pórticos planos é dado por:
𝑔𝑒 = 𝑅 − ∑(𝑛´ − 1) ∗ 𝑁𝑟𝑖 − 𝑁𝑒𝑒 (2.1)
onde:
𝑔𝑒 – grau de hiperestaticidade externo;
𝑅 – número de reações de apoio;
𝑛´ – número de barras que concorrem a uma rótula interna;
𝑁𝑟𝑖 – número de rótulas com 𝑛´ barras;
𝑁𝑒𝑒 – número de equações de equilíbrio.
O grau de hiperestaticidade interno para pórticos planos é dado por:
𝑔𝑖 = 3 ∗ 𝑄 (2.2)
onde:
𝑔𝑖 – grau de hiperestaticidade interno;
𝑄 – número de quadros fechados na estrutura.
Dessa forma, o grau de hiperestaticidade total é dado por:
𝑔 = 𝑔𝑒 + 𝑔𝑖 (2.3)
Existem diversos métodos para a solução de estruturas hiperestáticas. Entre
eles, o método das forças, que será abordado neste trabalho.
2.2 MÉTODO DAS FORÇAS
O método das forças consiste em, a partir de uma estrutura hiperestática,
romper a quantidade necessária de vínculos a fim de tornar a estrutura isostática, que
22
é considerada dentro do método como sistema principal. Para garantir as mesmas
características estáticas iniciais, introduzem-se os esforços causados pelos vínculos
retirados no novo sistema isostático, denominados de hiperestáticos. No entanto, a
retirada de vínculos libera deslocamentos inexistentes, devendo-se impor que os
deslocamentos nas direções dos hiperestáticos sejam nulos. Dessa forma, cada
direção de deslocamento do hiperestático ganha uma nova equação de equilíbrio
(SÜSSEKIND, 1987).
Visando facilitar a solução algébrica de estruturas hiperestáticas, o método
das forças utiliza-se do princípio de superposição dos efeitos, ou seja, o efeito do
carregamento externo e os efeitos advindos das incógnitas hiperestáticas são
resolvidos separadamente (casos 0, 1, 2 e etc.) e, em seguida, unidos de maneira a
formar um sistema de equações que resulte em deslocamentos nas direções dos
hiperestáticos iguais a zero. Como os valores dos hiperestáticos são desconhecidos,
é usual a utilização de valores unitários para determinar os diagramas de esforços
internos, que posteriormente são multiplicados por fatores-escala, representados
pelas incógnitas dos sistemas criados (SÜSSEKIND, 1987).
A FIGURA 2.4 apresenta a superposição dos esforços utilizada no método
das forças.
FIGURA 2.4 – SUPERPOSIÇÃO DE EFEITOS NO MÉTODO DAS FORÇAS5
FONTE: SUSSEKIND (1987)
O sistema de equações formado por exemplo para a estrutura da FIGURA 2.4 é dado por:
23
{
𝜃𝐴 = 𝛿10 + 𝛿11𝑋1+𝛿12𝑋2 + 𝛿13𝑋3 = 0𝜃𝐵 = 𝛿20 + 𝛿21𝑋1+𝛿22𝑋2 + 𝛿23𝑋3 = 0𝛿𝐵 = 𝛿30 + 𝛿31𝑋1+𝛿32𝑋2 + 𝛿33𝑋3 = 0
(2.4)
Os coeficientes 𝛿 são deslocamentos obtidos por meio da combinação desses
diagramas de esforços. Aplicando-se o princípio dos trabalhos virtuais, considerando
a atuação de carregamento externo e variação térmica, mas desprezando a parcela
de energia de deformação devido ao cisalhamento, tem-se que (SÜSSEKIND, 1987):
𝛿𝑖𝑗 = ∫𝑀𝑖𝑀𝑗 𝑑𝑥
𝐸𝐼
+ ∫𝑁𝑖𝑁𝑗 𝑑𝑥
𝐸𝐴
+ ∑𝛼∆𝑇𝑐𝑔 ∫ 𝑁𝑖𝑑𝑥 + ∑𝛼𝑔𝑡 ∫ 𝑀𝑖𝑑𝑥 (2.5)
onde:
𝑁𝑖 – força normal do diagrama virtual causado pelo hiperestático analisado;
𝑀𝑖 – momento fletor do diagrama virtual, causado pelo hiperestático analisado;
∆𝑇𝑐𝑔 – temperatura no centro de gravidade da peça, considerando uma distribuição
uniforme de temperatura ao longo da peça;
𝑔𝑡 – gradiente térmico dado pela razão entre a variação de temperatura e a altura da
peça;
𝛼 – coeficiente de dilatação térmica do aço;
𝐸 – Módulo de elasticidade do material;
𝐼 – momento de inércia da seção transversal;
𝐴 – área da seção transversal.
Os índices i e j do deslocamento referem-se aos diagramas dos casos que
estão sendo combinados.
Por fim, os esforços finais são obtidos pela seguinte expressão:
𝐸 = 𝐸𝑂 + ∑(𝐸𝑖𝑋𝑖) (2.6)
Süssekind (1987) elaborou um roteiro para resolução de estruturas
hiperestáticas pelo método das forças, sendo:
1) Escolha do sistema principal;
2) Traçado dos diagramas no sistema principal;
3) Obtenção dos 𝛿𝑖𝑗;
4) Formulação do sistema de equações de compatibilidade elástica;
5) Obtenção dos hiperestáticos;
6) Obtenção dos efeitos finais 𝐸 = 𝐸0 + ∑𝐸𝑖𝑋𝑖.
24
3 INCÊNDIO
O fogo é um fenômeno físico-químico produzido por uma reação exotérmica
que ocorre a partir da ação simultânea de quatro componentes: combustível,
comburente, calor e reação em cadeia (SILVA, 2010).
Define-se como combustível todo elemento que, quando combinado
quimicamente, tenha capacidade de produzir calor. Podem atuar como combustível
elementos advindos da borracha, madeira, celulose, etc (FIOCRUZ, 2017).
O comburente é o elemento que possibilita e alimenta a reação de
combustão. Em geral, é representado por gases, mais comumente, pelo oxigênio
(FIOCRUZ, 2017).
Define-se como calor a energia térmica que inicia, desenvolve e promove
continuidade da reação. Sua atuação dá-se pela diferença de temperaturas entre os
elementos envolvidos (SILVA, 2010).
A reação de cadeia, por sua vez, é a repetição cíclica dos fatores citados,
originando a combustão. É a reação de cadeia que permite que o fogo se propague e
dê origem ao incêndio (SILVA, 2010).
3.1 TRANSMISSÃO DE CALOR
Segundo Kreith F. e Bohn (1977, p. 1 a 21, apud BARROSA, 2004, p. 6 a 15),
a transferência de calor ocorre de 3 modos: convecção, condução e radiação.
A radiação é a transferência de calor entre corpos de diferentes temperaturas,
separados no espaço, e sem a necessidade de contato físico, ocorrendo até mesmo
no vácuo. A transferência de calor dá-se por meio de ondas que transferem calor do
corpo de maior temperatura para o corpo de menor temperatura (BARROSA, 2004).
A condução é o fluxo de calor de uma região com maior temperatura para uma
região com menor temperatura, dentro de um mesmo corpo ou de corpos diferentes,
desde que haja contato físico entre eles, visto que este tipo de transferência de calor
necessita de matéria para ocorrer (BARROSA, 2004).
A convecção é a transferência de calor entre gases e superfícies sólidas. Essa
transferência ocorre por meio de fluxos de convecção devido a diferença de densidade
dos gases, ocasionados pela variação de temperatura (BARROSA, 2004).
25
Segundo Caldas (2008), o fogo propaga-se através dos três modos de
transmissão de calor, além do contato direto da chama com os elementos
combustíveis. Já o fluxo de calor, recebido pelos materiais que ainda não entraram
em combustão, é transmitido predominantemente pela radiação e convecção. Esse
fluxo de calor está diretamente ligado ao flashover do incêndio, que será discutido
adiante.
3.2 FATORES DE INFLUÊNCIA NO INCÊNDIO
A severidade e a duração de um incêndio são variáveis de acordo com
algumas características da edificação, como medidas de proteção ativas e passivas,
forma do edifício, propriedade térmica dos elementos de vedação, atividade exercida
no edifício, quantidade e tipo de material presente (carga de incêndio) e ventilação do
ambiente (VARGAS e SILVA, 2003).
3.2.1 Fator Forma
Segundo PANNONI (2007), um dos fatores de influência na resistência do aço
ao incêndio é a geometria da peça. Peças massivas, com grandes dimensões e com
baixo índice de esbeltez, tendem a aquecer mais lentamente, enquanto peças com
elevado índice de esbeltez tendem a aquecer com maior facilidade, chegando a
temperatura crítica (temperatura de colapso) mais rapidamente. Dessa forma, a
velocidade de aquecimento e, por consequência, o tempo que uma estrutura resiste
sob a ação do fogo são funções da geometria das peças.
A massividade de uma peça pode ser mensurada por meio do fator
forma/massividade, determinado por (SILVA, 2010):
em que:
Φ – fator massividade ou fator forma;
u – perímetro da peça exposto ao incêndio;
A – área da seção transversal.
Φ =u
A
(3.1)
26
É importante ressaltar, no entanto, que a mesma geometria pode ter diversos
valores de fator forma. Isso ocorre porque o perímetro exposto ao fogo varia de acordo
com o detalhamento construtivo (PANNONI, 2007).
A FIGURA 3.1 destaca a influência do fator massividade no incêndio, fixando
as demais variáveis, nas curvas de incêndio natural e padrão. A curva de incêndio
natural é a representação real do comportamento do incêndio, enquanto a curva de
incêndio padrão representa a universalização dos comportamentos de diversos
incêndios. As peculiaridades de cada curva serão tratadas posteriormente.
FIGURA 3.1 – INFLUÊNCIA DO FATOR FORMA NA CURVA DE INCÊNDIO
FONTE: SILVA (1997)
É possível observar que o fator massividade tem pouca influência no tempo
de ocorrência e intensidade da temperatura máxima dos gases no incêndio, mas afeta
significativamente a intensidade da temperatura na peça estrutural (SILVA, 1997).
Dessa forma, uma alteração no detalhamento construtivo pode diminuir o perímetro
exposto da peça e, portanto, reduzir o fator massividade que, por sua vez, resultará
em um incêndio com temperaturas mais baixas nos elementos estruturais.
3.2.2 Ventilação
Devido à alta temperatura dos gases emitidos durante a combustão do
material, as moléculas tendem a afastar-se, aumentando o volume e,
consequentemente, diminuindo a densidade. A redução de densidade provoca um
movimento ascendente dos gases, sendo constantemente substituídos pela entrada
de ar através de aberturas da edificação. Dessa forma, a troca de gases pode
configurar dois tipos de combustão: a completa e a incompleta (SILVA, 2010).
27
A combustão completa ocorre quando o ar que entra na edificação é maior
que a quantidade necessária para realizar a combustão. Nesse caso, o oxigênio não
atua como agente limitante, resultando num incêndio de rápida duração (SILVA,
2010).
Quando a combustão ocorre de maneira incompleta devido à falta de oxigênio
necessário, o incêndio prolonga-se, resultando em maior tempo de exposição dos
elementos estruturais às altas temperaturas. Dessa forma, ocorre um incêndio
controlado pela ventilação. A razão de queima é dada por (SEITO et al, 2008):
𝑚𝑓 = 0,02 ∗ √𝐴𝑟 ∗ 𝑊𝑐 ∗ 𝐴𝑤 ∗ ℎ𝑤
1/2
𝑑𝑐 (3.2)
onde:
mf – razão de queima em massa (kg/s);
Ar – área total do compartimento com as áreas de ventilação já descontadas (m²);
wc – largura da parede que contém a abertura de ventilação (m);
dc – distância entre a frente até o fundo do compartimento (m);
Aw – área de abertura de ventilação (m²);
hw – altura da abertura de ventilação (m).
A FIGURA 3.2 evidencia a influência da ventilação no desenvolvimento de um
incêndio, fixando as demais variáveis.
FIGURA 3.2 – INFLUÊNCIA DA VENTILAÇÃO NA CURVA DE INCÊNDIO
FONTE: SILVA (1997)
É possível observar que o aumento da ventilação promove uma elevação na
temperatura máxima do incêndio natural e faz com que ocorra mais cedo. Além
28
disso, é possível observar um encurtamento na curva de incêndio, o que evidencia
um incêndio mais rápido (SILVA, 1997).
3.2.3 Carga de Incêndio
Segundo Campêlo (2008, apud CORRÊA, 2014), define-se como carga de
incêndio o somatório das energias caloríficas de todos os materiais presentes na
edificação, inclusive o revestimento da vedação, quando submetidos às condições de
combustão completa. Dessa forma, a carga de incêndio é variável em função da
ocupação do edifício (VARGAS e SILVA, 2003).
A NBR 14432 (2001) apresenta uma classificação quanto ao uso e ocupação
de edifícios e determina a carga de incêndio específica de cada grupo, dada pela
razão entre a carga de incêndio e a área do piso considerado, conforme a seguinte
equação:
𝑞𝑓𝑖 = Ʃ𝑀𝑖 ∗ 𝐻𝑖
𝐴𝑓 (3.3)
onde:
qfi – carga de incêndio específica (MJ/m²);
Mi – massa total de cada material combustível (kg);
Hi – potencial calorífico de cada componente do material combustível (MJ/kg);
Af – área do piso do compartimento (m²).
O QUADRO 3.1 a seguir apresenta um resumo dos tipos de uso de uma
edificação e suas respectivas cargas de incêndio específicas, preconizadas pela NBR
14432 (2001), ANEXO C.
29
QUADRO 3.1 - CARGA DE INCÊNDIO ESPECÍFICAS
Descrição Carga de incêndio
(q) MJ/m²
Residências 300
Hotéis 500
Comércio de automóveis 200
Livrarias 1000
Comércio de móveis 300
Comércio de produtos têxteis 400
Supermercados 300
Agências bancárias 300
Escritórios 700
Escolas 300
Bibliotecas 2000
Cinemas ou teatros 600
Igrejas 200
Hospitais 300
Indústria de materiais sintéticos ou plásticos 2000
Laboratórios químicos 600
Indústrias têxteis em geral 700
Indústrias metalúrgicas 200
Indústria de tintas e solventes 4000
FONTE: VARGAS E SILVA (2003)
A FIGURA 3.3 destaca a influência da carga de incêndio no desenvolvimento
da temperatura máxima de um incêndio natural, considerando os demais fatores fixos.
FIGURA 3.3 – INFLUÊNCIA DA CARGA DE INCÊNDIO NA CURVA DE INCÊNDIO
FONTE: SILVA (1997)
A modificação da carga de incêndio, mantendo-se as demais variáveis fixas,
permite observar que a temperatura máxima do incêndio natural sofre um expressivo
30
aumento e que o incêndio prolonga-se quando a carga de incêndio é aumentada
(SILVA, 1997).
3.3 INCÊNDIO NATURAL
De acordo com Silva (2010), o desenvolvimento do incêndio pode ser
fragmentado em 3 fases bem definidas: de ignição, de aquecimento e de resfriamento
e extinção. Essas fases são representadas pela temperatura dos gases em função da
duração do incêndio, como ilustra a FIGURA 3.4.
FIGURA 3.4 - CURVA TEMPERATURA-TEMPO DE UM INCÊNDIO REAL
FONTE: VARGAS E SILVA (2003)
A fase de ignição representa o trecho inicial da curva e, portanto, os primeiros
instantes do incêndio. Essa fase é caracterizada por uma pequena elevação de
temperatura dos gases, mas grandes variações de temperatura entre os componentes
da edificação, visto que o fogo ainda está na fase inicial de propagação, com apenas
alguns elementos sofrendo combustão (SILVA, 2010).
Nessa fase, é possível que o material queimado possa desprender gases
tóxicos nocivos à saúde humana. Entretanto, não há riscos estruturais ou à vida
causados pela temperatura propriamente dita. Dessa forma, a atuação das medidas
de proteção contra incêndio nesta etapa é primordial para extinção ou controle do
incêndio (SILVA, 2001).
Após a fase de ignição, em que a temperatura dos gases tem pequenos
acréscimos em função do tempo, ocorre a fase do aquecimento brusco, precedida do
flashover. O flashover é o instante no qual ocorre a inflamação generalizada e toda a
carga combustível entra em combustão (VARGAS E SILVA, 2003).
31
Na fase de aquecimento brusco o fogo propaga-se rapidamente, transferindo
calor por convecção e radiação, atingindo todo material combustível. O ambiente
passa ser completamente tomado pelas chamas, ocasionando, muitas vezes a
explosão de janelas e portas, fenômenos característicos do início dessa fase. Esse
rompimento de barreira permite maior concentração de oxigênio, que atua como
comburente da reação. Além disso, a quebra de barreira permite que os gases
transfiram calor para outros compartimentos por meio da convecção, acelerando o
processo de combustão. O fim dessa fase é marcado pela temperatura máxima
atingida pelos gases no incêndio (SILVA, 2010).
Após atingir a temperatura máxima, o incêndio entra no último trecho da
FIGURA 3.4: a fase de resfriamento e extinção. Nessa fase, o material combustível
começa a extinguir-se, o que torna o fogo mais brando, e resulta numa diminuição
gradativa de temperatura até que ocorra a completa extinção (SILVA, 1997).
O modelo de incêndio natural, ilustrado pela FIGURA 3.5, representa o
comportamento dos gases em situação de incêndio real. Essa modelagem permite
conhecer a temperatura máxima a que os elementos estruturais estão expostos e
analisar a resistência dos materiais quando submetidos à essas temperaturas (SILVA,
1997).
FIGURA 3.5 - MODELO DE CURVA INCÊNDIO NATURAL
FONTE: SILVA (1997)
3.4 INCÊNDIO PADRÃO
Devido às diversas variáveis interferentes no incêndio real, cada situação é
representada por um modelo de incêndio natural diferente. Desta forma, para fins de
simplificação e padronização de parâmetros, convencionou-se adotar uma curva
padrão para representar incêndios em geral. Entretanto, essa simplificação deve ser
32
utilizada de maneira cautelosa, pois alguns casos possuem singularidades que não
podem ser negligenciadas (VARGAS e SILVA, 2003).
A principal característica da curva de incêndio-padrão é a inexistência do ramo
descendente do modelo. Isso porque o modelo considera que a curva de temperatura
dos gases comporta-se de maneira logarítmica, desconsiderando a fase do
resfriamento e extinção do incêndio (SILVA, 2001). Na sequência, a figura mostra o
contraste entre a curva de incêndio natural e a curva de incêndio padrão.
FIGURA 3.6 – MODELO DE CURVA DE INCÊNDIO PADRÃO E INCÊNDIO NATURAL
FONTE: REGOBELLO (2007)
3.4.1 Curva padronizada – ISO 834
Uma das curvas padronizadas mais comuns na literatura é a preconizada pela
norma ISO 834, da International Organization for Standardization (2014, apud
REGOBELLO, 2007, p. 26).
Segundo a ISO 834, o comportamento da temperatura dos gases no incêndio
pode ser dado pela seguinte equação:
θg = θo + 345 ∗ log(8t + 1) (3.4)
Em que:
θg – temperatura dos gases no instante t do incêndio (ºC);
θo – temperatura no instante inicial, comumente sendo adotado 20ºC;
t – tempo decorrido de incêndio (min).
A aplicação deste modelo gera a curva ilustrada pela FIGURA 3.7 a seguir:
33
FIGURA 3.7 - CURVA INCÊNDIO PADRÃO - ISO 834
FONTE: VARGAS E SILVA (2003)
A NBR 14432 (2001) utiliza-se da mesma equação proposta pela ISO 834 na
determinação do comportamento dos gases em incêndios.
3.4.2 Curva Padronizada – ASTM E 119
A ASTM E 119, criada pela American Society Testing and Materials (2000,
apud REGOBELLO, 2007) define uma série de valores relacionados, que são
organizados em uma tabela formada por temperatura e tempo. Da relação
apresentada por esses valores, é possível obter a seguinte equação para a curva de
incêndio padrão (REGOBELLO, 2007):
θ𝑔 = θ𝑜 + 750 [1 − 𝑒−3.79533(t)12] + 170,41 ∗ 𝑡1/2 (3.5)
A FIGURA 3.8 faz uma comparação entre as curvas de temperatura ao longo
do tempo da ISO 834 e ASTM E 119.
FIGURA 3.8 – COMPARAÇÃO CURVA INCÊNDIO PADRÃO ISO 834 E ASTM 3 119
FONTE: REGOBELLO (2007)
A FIGURA 3.8 permite observar que, ainda que sejam curvas padronizadas o
comportamento de ambas é igual e os valores se assemelham.
34
3.4.3 Curva temperatura-tempo – EUROCODE
O EUROCODE 1 (2002, apud SILVA, 2001) recomenda a utilização da
EQUAÇÃO 3.4 na determinação de incêndios em que o material combustível seja
composto, majoritariamente, por material celulósico.
Para cargas de incêndio que possuam hidrocarbonetos em sua composição,
o EUROCODE 1 (parte 1.2, 2002, apud PIERIN, 2011), recomenda o uso da seguinte
equação:
θ g = 20 + 1080(1 − 0,325𝑒−0,167t − 0,675𝑒−2,5t ) (3.6)
O EUROCODE 1 (2002, apud REGOBELLO, 2007) ainda preconiza uma
curva de incêndio para elementos exteriores, dada por:
θ g = 660(1 − 0,687𝑒−0,32t − 0,313𝑒−3,8t) + 20 (3.7)
A FIGURA 3.9 apresenta um comparativo entre as diferentes curvas
temperatura-tempo recomendadas pelo EUROCODE 1, onde fica evidente que
incêndios que envolvem hidrocarbonetos atingem temperaturas mais elevadas e
sofrem um aquecimento brusco inicialmente, enquanto incêndios que envolvem
elementos exteriores possuem o mesmo comportamento, porém com temperaturas
expressivamente menores.
FIGURA 3.9 – CURVAS TEMPERATURA-TEMPO - EUROCODE
FONTE: REGOBELLO (2007)
3.5 MEDIDAS DE PROTEÇÃO PASSIVA
Segundo a NBR 14432 (2001), proteção passiva é o conjunto de medidas
previamente incorporadas à edificação que atuam de maneira funcional ao longo da
35
vida útil da estrutura. Entretanto, quando esses elementos são submetidos à situação
de incêndio, reagem de modo a mitigar a elevação de temperatura e a propagação de
chamas.
Configuram-se como medidas passivas a compartimentação horizontal e
vertical, saídas de emergência, controle de fumaça, separação entre edificações,
reação ao fogo de materiais de acabamento e revestimento e resistência ao fogo de
elementos construtivos (CALDAS, 2008).
3.5.1 Compartimentação
A compartimentação é a criação de barreira física no edifício, tanto
verticalmente quanto horizontalmente, com a finalidade de vedar ambientes e evitar
ou reduzir a propagação de chamas, gases e calor para outros ambientes ou outras
edificações (NBR 14432, 2001).
De acordo com o Corpo de Bombeiros de São Paulo (2017), uma das
maneiras eficazes no controle do incêndio é a compartimentação vertical, obtida
através de paredes e portas corta-fogo, registros corta-fogo nos dutos que
transpassem as paredes corta-fogo e selagem corta-fogo da passagem de cabos
elétricos e tubulações das paredes.
Os blocos de alvenaria são, naturalmente, elementos classificados como
incombustíveis. No entanto, os gases podem provocar tensões e causar sua ruptura
(spalling), destruindo a barreira de contenção de propagação das chamas e passando
para outros ambientes. Uma maneira de se permitir a integridade de uma parede é a
utilização de tintas intumescentes (CKC, 2017).
Também é possível realizar a compartimentação por meio de placas de
Drywall finalizadas com tintas intumescentes, além da existência da placa de Drywall
RF, que foi desenvolvida especificamente para resistir ao fogo. No entanto, a primeira
opção mostra-se mais econômica, visto que a pintura pode ser utilizada como
acabamento (CKC, 2017).
3.5.2 Resistência ao Fogo de Elementos de Revestimento
Nos minutos iniciais de um incêndio, os elementos de revestimento e
acabamento estão mais expostos às chamas que os demais elementos construtivos.
Dessa forma, busca-se uma interação benéfica entre esses elementos e o fogo, de
36
maneira a garantir características como não propagar chamas, não liberar gases
tóxicos, formar camada isoladora de vedações para manter a compartimentação,
entre outros. Os materiais usualmente utilizados com essas funções são argamassas
projetadas, pinturas intumescentes, entre outros (SILVA, 2010).
3.5.3 Resistência ao Fogo de Elementos Estruturais
De acordo com Silva (2010), define-se como resistência ao fogo de elementos
estruturais a capacidade desses elementos manterem suas características funcionais
e estruturais quando submetidos à elevadas temperaturas.
A NBR 14432 (2001) estabelece tempos mínimos requeridos de resistência
ao fogo, conforme a ocupação do edifício, de forma a garantir a segurança e
evacuação.
3.6 MEDIDAS DE PROTEÇÃO ATIVA
Segundo a NBR 14432 (2001), define-se como medida de proteção ativa
elementos que reagem quando estimulados pelo fogo, manualmente ou
automaticamente, de maneira a proteger a edificação.
Usualmente, as medidas de proteção ativa são empregadas de maneira a
complementar os sistemas de proteção passiva. Sistemas de detecção e alarme,
sistemas de iluminação e sinalização de emergência, chuveiros automáticos,
hidrantes e extintores são exemplos de elementos utilizados como medidas de
proteção ativa (OLIVEIRA, 2013).
37
4 ESTRUTURAS METÁLICAS EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO
A atribuição de mesma intensidade às ações resultantes de cargas
permanentes e variáveis em temperatura ambiente para dimensionamento de
estruturas em situação de incêndio mostra-se antieconômica e injustificável, uma vez
que o incêndio é uma situação excepcional. Dessa forma o dimensionamento ocorre
minorando as demais cargas, o que torna a situação mais realista (SILVA, 2010).
Segundo Pierin (2011), o acréscimo de temperatura no aço acarreta numa
redução do módulo de elasticidade e redução de resistência ao escoamento da peça.
Além disso, quando atingida determinada temperatura, que varia de acordo com o
material, podem ocorrer deformações irreversíveis.
A NBR 14323 (2012) preconiza relações para a resistência ao escoamento e
módulo de elasticidade entre temperatura ambiente (20ºC) e temperaturas elevadas,
para aços laminados e trefilados.
Para aços laminados, os fatores de redução preconizados pela norma para
resistência ao escoamento e módulo de elasticidade são, respectivamente:
𝑘𝑦,𝜃 =𝑓𝑦,𝜃
𝑓𝑦 (4.1)
𝑘𝐸,𝜃 =𝐸 𝜃
𝐸 (4.2)
onde:
fy,θ – resistência ao escoamento do aço laminado a uma temperatura θ;
fy – resistência ao escoamento do aço a uma temperatura de 20ºC;
ky,θ – fator de redução de resistência ao escoamento de aços laminados;
kE,θ – fator de redução do módulo de elasticidade de aços laminados;
Eθ – módulo de elasticidade de aços laminados a uma temperatura θ;
E – módulo de elasticidade de aços a uma temperatura de 20ºC.
Para aços trefilados, os fatores de redução para resistência de escoamento e
módulo de elasticidade são determinados, respectivamente, pelas expressões:
𝑘𝑦,𝜃 =𝑓𝑦𝑜,𝜃
𝑓𝑦𝑜 (4.3)
𝑘𝐸𝑜,𝜃 =𝐸𝑜,𝜃
𝐸 (4.4)
38
onde:
fyo,θ – resistência ao escoamento do aço trefilado a uma temperatura θ;
fyo– resistência ao escoamento do aço trefilado a uma temperatura de 20ºC;
kyo,θ – fator de redução de resistência ao escoamento de aços trefilados;
kEo,θ – fator de redução do módulo de elasticidade de aços trefilados;
E0,θ – módulo de elasticidade de aços trefilados a uma temperatura θ;
E – módulo de elasticidade de aços a uma temperatura de 20ºC.
A FIGURA 4.1 apresenta a variação dos fatores de minoração dos aços para
diversos incrementos de temperatura.
FIGURA 4.1 - FATORES DE REDUÇÃO PARA DIFERENTES TEMPERATURAS
FONTE: NBR 14323 (2012)
A aplicação dos respectivos fatores de redução conduz a um comportamento
bastante peculiar, uma vez que o módulo de elasticidade e resistência ao escoamento
são, em geral, características fixas do material quando o dimensionamento não
envolve variação de temperatura (VARGAS e SILVA, 2003).
Com a elevação de temperatura, além da redução da capacidade portante da
peça, a ação térmica em estruturas hiperestáticas resulta no surgimento de esforços
adicionais, advindos de deformações térmicas (VARGAS e SILVA, 2003).
Por fim, é importante ressaltar que não somente a resistência do material
reduz, como também o esforço solicitante causado pelo carregamento, uma vez que
a carga de ocupação torna-se combustível e vai sendo reduzida. Dessa forma, as
cargas atuantes também são minoradas (VARGAS e SILVA, 2003).
39
4.1 COMBINAÇÕES ÚLTIMAS DAS AÇÕES
A NBR 8681 (2003) estabelece quatro critérios básicos a serem considerados
na determinação de combinações últimas, são esses:
a) Presença obrigatória das ações permanentes em todas as combinações.
b) Em combinações últimas normais admite-se uma das ações variáveis
como principal, atuando com o valor característico Fk, e as demais serão
consideradas secundárias, atuando com seus valores reduzidos.
c) Em combinações últimas especiais admite-se que a ação variável
especial será considerada a ação variável principal e as demais variáveis
devem ser consideradas com seus valores correspondentes a uma
probabilidade não desprezível de ação simultânea com a ação da variável
especial.
d) Em combinações últimas excepcionais a ação excepcional deve ser
considerada com seu valor integral e as demais ações varáveis devem ser
consideradas com seus valores correspondentes a uma grande probabilidade
de atuação simultânea com a ação da variável excepcional.
4.1.1 Combinação Última Normal
Para combinações últimas normais, a NBR 8681 (2003) preconiza a
expressão:
𝐹𝑑 = ∑ 𝛾𝑔𝑖
𝑚
𝑖=1
𝐹𝐺𝑖,𝑘 + 𝛾𝑞(𝐹𝑄1,𝑘 + ∑ Ѱ0𝑗
𝑛
𝑗=2
𝐹𝑄𝑗,𝑘) (4.5)
onde:
𝐹𝑑 – valor característico de cálculo da ação;
𝛾𝑔𝑖 – coeficiente de ponderação das ações permanentes;
𝐹𝐺𝑖,𝑘 – valor característico da ação permanente i;
𝛾𝑞 – coeficiente de ponderação das ações variáveis;
𝐹𝑄1,𝑘 – valor característico da carga variável principal;
Ѱ0𝑗 – fator utilizado na redução dos valores das demais ações varáveis;
𝐹𝑄𝑗,𝑘 – valor característico de ação variável j.
40
O QUADRO 4.1 apresenta os coeficientes de ponderação referentes às ações
permanentes e variáveis em combinações últimas normais.
QUADRO 4.1 - COEFICIENTES DE PONDERAÇÃO DAS AÇÕES EM COMBINAÇÕES
ÚLTIMAS NORMAIS
Ações Tipo de ação Efeito
Desfavorável Favorável
Permanentes Diretas
Peso próprio de estruturas metálicas 1,1 1,0 Elementos construtivos industrializados 1,15 1,0 Elementos construtivos em geral e equipamentos 1,3 1,0
Variáveis Ação variável em geral Ação do vento
1,5 1,4
0,0 0,0
FONTE: NBR 8681 (2003)
4.1.2 Combinação Última Especial ou de Construção
A NBR 8681 (2003) prevê a relação expressa pela EQUAÇÃO 4.6 para
combinações últimas especiais ou de construção:
𝐹𝑑 = ∑ 𝛾𝑔𝑖
𝑚
𝑖=1
𝐹𝐺𝑖,𝑘 + 𝛾𝑞1𝐹𝑄1,𝑘 + ∑ 𝛾𝑞𝑗Ѱ0𝑗,𝑒𝑓
𝑛
𝑗=2
𝐹𝑄𝑗,𝑘 (4.6)
onde:
𝐹𝑑 – valor característico de cálculo da ação;
𝛾𝑔𝑖 – coeficiente de ponderação das ações permanentes;
𝐹𝐺𝑖,𝑘 – valor característico da ação permanente i;
𝛾𝑞1 – coeficiente de ponderação da ação variável principal;
𝛾𝑞𝑗– coeficiente de ponderação da ação variável secundária;
𝐹𝑄1,𝑘 – valor característico da carga variável admitida como principal para a situação
transitória considerada;
Ѱ0𝑗,𝑒𝑓 – é o fator de combinação efetivo de cada uma das demais variáveis que
podem agir concomitantemente com a ação principal FQ1, durante a situação
transitória. Em geral, Ѱ0𝑗,𝑒𝑓=Ѱ0𝑗, quando a variável principal excepcional, especial
ou construtiva não tiver o tempo de atuação muito curto;
𝐹𝑄𝑗,𝑘 – valor característico de ação variável j.
O QUADRO 4.2 apresenta os coeficientes de ponderação das ações
permanentes e variáveis em combinações últimas especiais ou de construção.
41
QUADRO 4.2 - COEFICIENTES DE PONDERAÇÃO DAS AÇÕES EM COMBINAÇÕES ÚLTIMAS ESPECIAIS OU DE CONSTRUÇÃO
Ações Tipo de ação Efeito
Desfavorável Favorável
Permanentes Diretas
Peso próprio de estruturas metálicas 1,15 1,0 Elementos construtivos industrializados 1,25 1,0 Elementos construtivos em geral e equipamentos 1,4 1,0
Variáveis Ação variável em geral Ação do vento
1,3 1,2
0,0 0,0
FONTE: NBR 8681 (2003)
4.1.3 Combinação Última Excepcional
Os valores de ações de cálculo dados para combinações últimas
excepcionais, preconizados pela NBR 8681 (2003), são representados por:
𝐹𝑑 = ∑ 𝛾𝑔𝑖
𝑚
𝑖=1
𝐹𝐺𝑖,𝑘 + 𝐹𝑄,𝑒𝑥𝑐 + 𝛾𝑞 ∑ Ѱ0𝑗,𝑒𝑓
𝑛
𝑗=1
𝐹𝑄𝑗,𝑘 (4.7)
em que:
𝐹𝑑 – valor característico de cálculo da ação;
𝛾𝑔𝑖 – coeficiente de ponderação das ações permanentes;
𝐹𝐺𝑖,𝑘 – valor característico da ação permanente i;
𝐹𝑄,𝑒𝑥𝑐 – valor representativo da ação excepcional (ação térmica);
𝛾𝑞 – coeficiente de ponderação das ações variáveis;
Ѱ0𝑗,𝑒𝑓 – fator de combinação efetivo utilizado na determinação de valores reduzidos
de ações varáveis que atuam simultaneamente a ações excepcionais Em geral,
Ѱ0𝑗,𝑒𝑓=Ѱ0𝑗, quando a variável principal excepcional, especial ou construtiva não tiver
o tempo de atuação muito curto. ;
𝐹𝑄𝑗,𝑘 – valor característico de ação variável j.
O QUADRO 4.3 apresenta os coeficientes de ponderação de alguns dos tipos
de ações previstas pela NBR 8681 (2003) e que se mostram pertinentes a este estudo.
42
QUADRO 4.3 - COEFICIENTES DE PONDERAÇÃO DAS AÇÕES EM COMBINAÇÕES ÚLTIMAS EXCEPCIONAIS
Ações Tipo de ação Efeito
Desfavorável Favorável
Permanentes Diretas
Peso próprio de estruturas metálicas 1,25 1,0 Elementos construtivos industrializados 1,35 1,0 Elementos construtivos em geral e equipamentos 1,5 1,0
Variáveis Ação variável em geral 1,5 0,0
FONTE: NBR 8681 (2003)
O QUADRO 4.4 traz alguns dos valores dos fatores de combinação presentes
na NBR 8681 (2003). Estes fatores independem do tipo de combinação utilizada.
QUADRO 4.4 - FATORES DE COMBINAÇÃO
Ações Ѱ0
Locais em que não há predominância de pesos e de equipamentos que permanecem fixos por longos períodos de tempo, nem de elevadas concentrações de pessoas Locais em que há predominância de pesos de equipamentos que permanecem fixos por longos períodos de tempo, ou de elevadas concentrações de pessoas Bibliotecas, arquivos, depósitos, oficinas e garagens
0,5
0,7
0,8
Pressão dinâmica do vento nas estruturas em geral 0,6
FONTE: NBR 8681 (2003)
Por fim, a NBR 14323 (2012), baseada na NBR 8681 (2003), propõe
expressões para combinações de ações excepcionais para os estados limites últimos
de alguns casos específicos com elevação de temperatura, são esses:
a. Locais em que não há predominância de pesos de equipamentos que
permaneçam fixos por longos períodos de tempo, nem de elevada
concentração de pessoas:
𝐹𝑑 = ∑ 𝛾𝑔𝑖
𝑛
𝑖=1
𝐹𝐺𝑖,𝑘 + 𝐹𝑄,𝑒𝑥𝑐 + 0,21𝐹𝑄,𝑘 (4.8)
b. Locais em que há predominância de pesos de equipamentos que
permaneçam fixos por longos períodos ou há elevada concentração de
pessoas:
𝐹𝑑 = ∑ 𝛾𝑔𝑖
𝑛
𝑖=1
𝐹𝐺𝑖,𝑘 + 𝐹𝑄,𝑒𝑥𝑐 + 0,28𝐹𝑄,𝑘 (4.9)
43
c. Em bibliotecas, arquivos, depósitos, oficinas e garagens:
𝐹𝑑 = ∑ 𝛾𝑔𝑖
𝑛
𝑖=1
𝐹𝐺𝑖,𝑘 + 𝐹𝑄,𝑒𝑥𝑐 + 0,42𝐹𝑄,𝑘 (4.10)
4.2 TIPOS DE CARREGAMENTO
De acordo com a NBR 6118 (2014) a análise estrutural de uma edificação
deve conter todas as ações que possam contribuir de maneira significativa nos
esforços solicitantes ou deformações as quais a edificação estará sujeita, seja para o
estado limite último (ELU), seja para o estado limite de serviço (ELS). A NBR 8681
(2003) classifica as ações em permanentes, variáveis e excepcionais.
Define-se como ações permanentes aquelas cujo valor é constante ao longo
da vida da construção. Podem ser divididas em ações permanentes diretas –
compostas pelo peso próprio da estrutura, peso dos elementos construtivos fixos e de
instalações permanentes – ou ações permanentes indiretas, compostas pelas
deformações advindas da retração e fluência do material, deslocamento de apoios e
imperfeições geométricas (NBR 6118, 2014).
Denominam-se ações variáveis as cargas acidentais das construções, tais
como vento, variações de temperatura, atrito nos aparelhos de apoio, forças de
frenação, entre outros. As ações variáveis podem ser classificadas em normais ou
especiais. As ações variáveis normais são aquelas cuja probabilidade de ocorrência
é tão grande que torna-se obrigatória sua consideração na análise estrutural. Já as
ações variáveis especiais são aquelas que ocorrem em situações particulares, que a
existência não é recorrente (NBR 8681, 2003).
As ações excepcionais, por sua vez, são aquelas que tem pequena
probabilidade de ocorrência e tempo de duração extremamente curto, como
explosões, enchentes e incêndios (NBR 8681, 2003).
4.3 TEMPERATURA ATUANTE NO ELEMENTO ESTRUTURAL EM INCÊNDIOS
NATURAIS
A temperatura atuante na peça durante o incêndio depende das medidas de
proteção contra incêndio adotadas (SILVA, 2001). Segundo a NBR 14323 (2013), a
elevação da temperatura num intervalo de tempo Δt de peças sem proteção contra
incêndio submetidas a altas temperaturas, comportam-se seguindo a expressão:
44
∆𝜃𝑎,𝑡 =(𝑢/𝐴𝑔)
𝑐𝑎𝜌𝑎𝜑∆𝑡 (4.11)
em que:
(u/Ag) – é o fator massividade definido pela razão entre perímetro exposto de uma
caixa hipotética que envolve o perfil e a área bruta da seção transversal do perfil;
𝜌𝑎 – é a massa específica do aço, em quilograma por metro cúbico;
𝑐𝑎 – é o calor específico do aço, em joule por quilograma e por grau Celsius;
𝜑 – é o valor do fluxo de calor por unidade de área, em watt por metro quadrado;
Δt – é o intervalo de tempo, em segundos;
∆𝜃𝑎,𝑡 – elevalação da temperatura do aço, em graus Celsius.
A NBR 14323 (2012) considera uma distribuição uniforme de temperatura ao
longo da seção transversal e ainda recomenda o uso de intervalos de tempo (Δt)
menores que 5 segundos.
A NBR 14323 (2012) também prevê a elevação de temperatura de elementos
estruturais com proteção contra incêndio submetido à elevadas temperaturas, dada
por:
∆𝜃𝑎,𝑡 =
𝜆𝑚 (𝑢𝑚
𝐴𝑔) (𝜃𝑔,𝑡 − 𝜃𝑎,𝑡)∆𝑡
𝑡𝑚𝜌𝑎𝑐𝑎 1 + (𝛾/4)−
𝜃𝑔,𝑡
(4/𝛾 + 1)
(4.12)
em que:
𝛾 =𝑐𝑚𝜌𝑚
𝑐𝑎𝜌𝑎𝑡𝑚(𝑢𝑚/𝐴𝑔) (4.13)
onde:
𝑢𝑚/𝐴𝑔 – é o fator massividade para elementos revestidos por material contra fogo
dado pela razão entre o perímetro efetivo do material de revestimento contra fogo e
a área bruta da seção transversal;
𝑡𝑚 – é a espessura do material de revestimento contra o fogo, em metros;
𝜃𝑔,𝑡– é a temperatura dos gases no tempo t, em graus Celsius;
𝑐𝑚 – é o calor específico do material de revestimento contra fogo, em joules por
quilograma e por grau Celsius;
𝜌𝑚 – é a massa específica do material de revestimento contra fogo, em quilogramas
por metro cúbico;
45
𝜆𝑚 – é a condutividade térmica do material de revestimento contra fogo, em watts
por metro e por grau Celsius.
4.4 TEMPERATURA ATUANTE NO ELEMENTO ESTRUTURAL EM UM
INCÊNDIO PADRÃO
De acordo com Silva (2001), a curva do modelo incêndio padrão não permite
determinar a temperatura máxima que um elemento estrutural está exposto. Dessa
forma, quando utiliza-se esse modelo, é necessário trabalhar com tempos fictícios que
relacionam-se às temperaturas da curva.
O método avançado de análise térmica poder ser dividido em duas partes: a
análise térmica, que admite a transferência de calor entre as peças, e a análise
estrutural, que estuda o comportamento estrutural das peças aquecidas e como ocorre
a interação com os demais elementos estruturais (PIERIN, 2011).
Existem diversos softwares que atuam nessa área, podendo citar o VULCAN,
CEFICOSS, SAFIR, CAI, entre outros (LANDESMANN, 2003). Entretanto, seu uso
geralmente é restrito às pesquisas e grandes construções que justifiquem tal
investimento (SILVA, 2001).
O tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF) pode ser entendido como o
tempo mínimo de resistência ao fogo de um elemento sujeito ao incêndio padrão (NBR
14432, 2001).
O método tabular consiste em determinar o TRRF com base na tabela
presente no anexo A da NBR 14432 (2001), na qual entra-se com a altura da
edificação e sua ocupação. O QUADRO 4.5 apresenta um resumo da tabela presente
na norma.
46
QUADRO 4.5 – TRRF PARA DIFERENTES OCUPAÇÕES, EM MINUTOS
Ocupação/ uso
Altura da edificação
Classe P1 h ≤6m
Classe P2 6m<h≤12m
Classe P3 12m<h≤23m
Classe P4 23m<h≤30m
Classe P5 h>30m
Residencial 30 30 60 90 120
Hotel 30 60(30) 60 90 120
Supermercado 60(30) 60(30) 60 90 120
Escritório 30 60(30) 60 90 120
Shopping 60(30) 60(30) 60 90 120
Escola 30 30 60 90 120
Hospital 30 60 60 90 120
Igrejas 60(30) 60 60 90 120
Nota 1: Para subsolos com h > 10 m - 90 minutos; h < 10 m - 60 minutos, não podendo ser inferior ao TRRF dos pavimentos acima do solo; Nota 2: Os TRRF entre parênteses são aplicados para edificações em que cada pavimento acima do solo tenha área inferior a 750 m².
FONTE: (VARGAS E SILVA, 2003)
O método do tempo equivalente, preconizado pela NBR 14432 (2001),
consiste em utilizar a máxima temperatura do aço num incêndio real e verificar qual é
o tempo que corresponde a essa temperatura na curva de incêndio padrão. Esse
processo é ilustrado na FIGURA 4.2.
FIGURA 4.2 - DETERMINAÇÃO DO TEMPO EQUIVALENTE
FONTE: VARGAS E SILVA (2003)
4.5 TEMPERATURA CRÍTICA
A temperatura crítica pode ser entendida como a temperatura que o elemento
estrutural entra em colapso, e pode ser determinada por meio de métodos avançados
de análise estrutural ou por métodos simplificados. No primeiro, consideram-se os
esforços solicitantes atuantes variáveis com a mudança de temperatura, enquanto o
47
modelo simplificado considera os esforços atuantes invariantes com a mudança de
temperatura (SILVA, 1997).
4.6 CAPACIDADE RESISTENTE DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS DE AÇO
SEGUNDO A NBR 14323 (2012)
A NBR 8800 (2008) versa a respeito dos requisitos básicos a serem
obedecidos no processo de dimensionamento de elementos de estruturas de aço, ou
estruturas mistas de aço e concreto, em temperatura ambiente. Desta forma, fica a
cargo da NBR 14323 (2012) estabelecer os devidos procedimentos para o
dimensionamento de estruturas de aço em situação de incêndio.
Entretanto, vale ressaltar que, para verificação de efeitos de flambagem, os
estados limites em temperatura ambiente, previstos pela NBR 8800 (2008), mantem-
se, mesmo com a elevação de temperatura.
Os limites para flambagem local (b/tlim) de mesa e alma para peças
comprimidas e fletidas estão apresentadas nas FIGURA 4.3 e FIGURA 4.4,
respectivamente.
48
FIGURA 4.3 – LIMITES DE FLAMBAGEM LOCAL DE ALMA E MESA DEVIDO A FORÇAS DE COMPRESSÃO
FONTE: NBR 8800 (2008)
49
FIGURA 4.4 – LIMITES DE FLAMBAGEM LOCAL DE ALMA E MESA DEVIDO AO MOMENTO FLETOR
FONTE: NBR 8800 (2008)
onde:
𝜆𝑝 – parâmetro de esbeltez limite para seções compactas;
𝑓𝑦 – resistência ao escoamento do aço;
𝑍 – módulo plástico;
𝜆𝑟 – parâmetro de esbeltez limite para seções semi-compactas.
Segundo a NBR 8800 (2008), uma seção é considerada esbelta quando:
𝜆 > 𝜆𝑟 (4.14)
4.6.1 Barras submetidas à força normal de tração
Uma barra axialmente tracionada, com distribuição uniforme de temperatura
na seção transversal e ao longo do comprimento, tem sua força normal resistente de
cálculo, determinada para o estado limite último de escoamento da seção bruta, dada
por:
𝑁𝑓𝑖,𝑅𝑑 = 𝑘𝑦,𝜃𝐴𝑔𝑓𝑦 (4.15)
onde:
𝑁𝑓𝑖,𝑅𝑑 – força normal resistente de cálculo;
𝑘𝑦,𝜃 – fator de redução da resistência ao escoamento do aço à temperatura θa,
conforme EQUAÇÃO 4.1 e 4.2;
𝐴𝑔 – área bruta da seção transversal da barra;
𝑓𝑦 – resistência ao escoamento do aço à temperatura ambiente.
50
4.6.2 Barras submetidas à força normal de compressão
a. Seções transversais compactas ou semi-compactas
Uma barra axialmente comprimida, classificada como compacta ou semi-
compacta, com distribuição uniforme de temperatura na seção transversal e ao longo
do comprimento, tem sua força normal resistente de cálculo, determinada para o
estado limite último de escoamento da seção bruta, dada por:
𝑁𝑓𝑖,𝑅𝑑 = 𝜒𝑓𝑖𝑘𝑦,𝜃𝐴𝑔𝑓𝑦 (4.16)
com:
𝜒𝑓𝑖 =1
𝛽𝜃 + √(𝛽𝜃2 − 𝜆0,𝜃
2 )
(4.17)
em que:
𝛽𝜃 = 0,5( 1 + 𝛼𝜃𝜆𝑜,𝜃+𝜆0,𝜃2 ) (4.18)
sendo:
𝜆𝑜,𝜃 = 𝜆𝑜√𝑘𝑦,𝜃
𝑘𝐸,𝜃 (4.19)
e:
𝛼𝜃 = 0,022√𝐸
𝑓𝑦 (4.20)
e:
𝜆𝑜 = √𝑄𝐴𝑔𝑓𝑦
𝑁𝑒 (4.21)
onde:
𝜒𝑓𝑖 – é o fator de redução associado à f resistência à compressão em situação de
incêndio;
𝜆𝑜 – é o índice de esbeltez reduzido para barras comprimidas à temperatura ambiente
determinado de acordo com a NBR 8800 (2008).
b. Seções transversais esbeltas
Para uma barra de aço com seção transversal esbelta, no estado limite último
de instabilidade da barra como um todo e flambagem local, a força normal resistente
de cálculo é dada por:
51
𝑁𝑓𝑖,𝑅𝑑 = 𝜒𝑓𝑖𝑄𝑓𝑖𝑘𝑦,𝜃𝐴𝑔𝑓𝑦 (4.22)
em que:
𝑄𝑓𝑖 – é o coeficiente de redução que leva em conta a flambagem local em situação de
incêndio, obtido a partir de Qs e Qa, determinados conforme indica a NBR 8800 (2008).
4.6.3 Barras submetidas à flexão
Os parâmetros de esbeltez para os estados últimos de flambagem local da
mesa comprimida (FLM), flambagem local da alma (FLA) e flambagem lateral com
torção (FLT) devem ser determinados conforme preconiza a NBR 8800 (2008).
Os parâmetros de esbeltez referentes à plastificação (λp) e ao início do
escoamento (λr), utilizados como limitadores de intervalos na escolha do
equacionamento, também possuem sua determinação prevista pela NBR 8800 (2008).
Desta forma, o cálculo do momento resistente para FLM e FLA, previsto pela
NBR 14323 (2012), é dado por:
𝑀𝑓𝑖,𝑅𝑑 = к1к2𝑘𝑦,𝜃𝑀𝑝𝑙 se 𝜆 ≤ 𝜆𝑝 (4.23)
𝑀𝑓𝑖,𝑅𝑑 = к1к2𝑘𝑦,𝜃 [𝑀𝑝𝑙 − (𝑀𝑝𝑙 − 𝑀𝑟)𝜆−𝜆𝑝,𝑓𝑖
𝜆𝑟,𝑓𝑖−𝜆𝑝,𝑓𝑖] se 𝜆𝑝 < 𝜆 ≤ 𝜆𝑟
(4.24)
𝑀𝑓𝑖,𝑅𝑑 = 𝑘𝐸,𝜃𝑀𝑐𝑟 se 𝜆𝑟 < 𝜆 (4.25)
em que:
𝑀𝑝𝑙 = 𝑍 ∗ 𝑓𝑦
(4.26)
Deve-se ressaltar, entretanto, que o uso da EQUAÇÃO 4.23 é restrito à FLM.
Para a determinação do momento resistente de FLT, a NBR 14323 (2012)
determina as seguintes relações:
𝑀𝑓𝑖,𝑅𝑑 = к1к2𝑘𝑦,𝜃𝑀𝑝𝑙 se 𝜆 ≤ 𝜆𝑝 (4.27)
𝑀𝑓𝑖,𝑅𝑑 = 𝐶𝑏𝑘𝑦,𝜃 [𝑀𝑝𝑙 − (𝑀𝑝𝑙 − 𝑀𝑟)𝜆−𝜆𝑝
𝜆𝑟−𝜆𝑝] ≤ к1к2𝑘𝑦,𝜃𝑀𝑝𝑙 se 𝜆𝑝 < 𝜆 ≤ 𝜆𝑟
(4.28)
𝑀𝑓𝑖,𝑅𝑑 = 𝑘𝐸,𝜃𝑀𝑐𝑟 se 𝜆𝑟 < 𝜆 (4.29)
onde:
52
MRd,fy,θ – momento resistente de cálculo;
к1 – é o fator de correção para temperatura não-uniforme na seção transversal;
к2 – é o fator de correção para temperatura não-uniforme ao longo do comprimento
da barra;
𝑘𝑦,𝜃 – é o fator de redução da resistência ao escoamento do aço à temperatura à θa;
𝑀𝑝𝑙 – é o momento de plastificação da seção transversal à temperatura ambiente;
𝑀𝑟 – é o momento fletor correspondente ao início do escoamento da seção
transversal para projeto à temperatura ambiente, no estado limite considerado,
conforme NBR 8800 (2008) (FIGURA 4.4);
𝑀𝑐𝑟 – é o momento fletor de flambagem elástica à temperatura ambiente, no estado
limite considerado, conforme NBR 8800 (2008);
𝐶𝑏 – é o fator de modificação para diagrama de momento fletor não uniforme, obtido de acordo com a NBR 8800 (2008).
Segundo a NBR 14323 (2012), valor do fator de correção к1 para distribuição
não-uniforme na seção transversal é dado de acordo com as seguintes situações:
a. к1 = 1, para uma viga com todos os quatro lados expostos;
b. к1 = 1,4, para uma viga envolvida por material de proteção contra
incêndio, com três lados expostos, com uma laje de concreto ou laje com fôrma de
aço incorporada no quarto lado;
c. к1 = 1,15, para uma viga sem proteção contra incêndio, com três lados
expostos, com uma laje de concreto ou laje com fôrma de aço incorporada no
quarto lado.
Para valores do fator de correção к2 para distribuição de temperatura não-
uniforme ao longo do comprimento da barra fletida, a NBR 14323 (2012) determina os
seguintes valores:
a. к2 = 1,15, nos apoios de uma viga estaticamente indeterminada;
b. к2 = 1,00, em todos os outros casos.
4.6.4 Barras submetidas a força normal e momento fletores
A NBR 14323 (2012) prevê a combinação de efeitos desde que a barra
solicitada possua seção transversal com um ou dois eixos de simetria. Desta forma, a
barra deve ser verificada, isoladamente, para o efeito causado pela força normal de
53
tração ou compressão e para o efeito causado pelo momento aplicado em um dos
eixos principais de inércia.
Após realizada a verificação isolada de cada efeito, verifica-se o efeito
combinado dos esforços, que devem respeitar os limites preconizados pela norma,
como segue:
a. Se 𝑁𝑓𝑖,𝑆𝑑
𝑁𝑓𝑖,𝑅𝑑≥ 0,2
𝑁𝑓𝑖,𝑆𝑑
𝑁𝑓𝑖,𝑅𝑑+
8
9(
𝑀𝑋,𝑓𝑖,𝑆𝑑
𝑀𝑋,𝑓𝑖,𝑅𝑑+
𝑀𝑌,𝑓𝑖,𝑆𝑑
𝑀𝑌,𝑓𝑖,𝑅𝑑) ≤ 1,0
(4.30)
b. Se 𝑁𝑓𝑖,𝑆𝑑
𝑁𝑓𝑖,𝑅𝑑< 0,2
𝑁𝑓𝑖,𝑆𝑑
2𝑁𝑓𝑖,𝑅𝑑+
𝑀𝑋,𝑓𝑖,𝑆𝑑
𝑀𝑋,𝑓𝑖,𝑅𝑑+
𝑀𝑌,𝑓𝑖,𝑆𝑑
𝑀𝑌,𝑓𝑖,𝑅𝑑≤ 1,0
(4.31)
onde:
𝑁𝑓𝑖,𝑆𝑑 – é a força normal solicitante de cálculo em situação de incêndio, de tração ou
compressão, considerada constante ao longo da barra;
𝑁𝑓𝑖,𝑅𝑑 – é a força normal resistente de cálculo em situação de incêndio;
𝑀𝑋,𝑓𝑖,𝑆𝑑 – é o momento fletor solicitante de cálculo em situação de incêndio, na seção
considerada, em torno do eixo x;
𝑀𝑋,𝑓𝑖,𝑅𝑑 – é o momento fletor resistente de cálculo em situação de incêndio, em torno
do eixo x;
𝑀𝑌,𝑓𝑖,𝑆𝑑 – é o momento fletor solicitante de cálculo em situação de incêndio, em torno
do eixo y;
𝑀𝑌,𝑓𝑖,𝑅𝑑 – é o momento fletor resistente de cálculo em situação de incêndio, em torno
do eixo y.
4.7 EDIFICAÇÕES ISENTAS DE VERIFICAÇÃO ESTRUTURAL EM INCÊNDIO
A NBR 14432 (2001) determina classes de edificações isentas da verificação
de resistência ao fogo, resumidas no QUADRO 4.6.
54
QUADRO 4.6 - EDIFICAÇÕES ISENTAS DE VERIFICAÇÃO ESTRUTURAL EM INCÊNDIO
Área Uso Carga de incêndio específica
Altura Meios de proteção
≤750 m² Qualquer Qualquer Qualquer
≤1500 m² Qualquer ≤ 2 pav.
Qualquer Centros esportivos Terminais de pass.
Qualquer ≤ 23 m
Qualquer Garagens abertas Qualquer ≤ 30 m
Qualquer Depósitos Baixa ≤ 30 m
Qualquer Qualquer ≤ 500MJ/m² Térrea
Qualquer Industrial ≤
1200MJ/m² Térrea
Qualquer Depósitos ≤
2000MJ/m² Térrea
Qualquer Qualquer Qualquer Térrea Chuveiros
automáticos
≤5000 m² Qualquer Qualquer Térrea Fachadas de aproximação
FONTE: VARGAS E SILVA (2003)
É importante ressaltar que ainda que a NBR 14432 (2001) permita a isenção
de algumas edificações, há determinados critérios que devem ser cumpridos, devendo
ser consultados diretamente na norma.
55
5 ESTUDO DE CASO
Para análise de comportamento de esforços internos, causados pelo aumento
de temperatura, foram determinados diversos tipos de estruturas, com diferentes
vínculos. Foram utilizadas somente estruturas hiperestáticas, uma vez que a
impossibilidade de deslocamento causada pelos vínculos é a grande responsável pela
geração de esforços adicionais. Dessa forma, foi realizada uma análise aproximada
linear utilizando o método das forças, desconsiderando, inicialmente, quaisquer tipos
de carregamento externo, somente a variação da temperatura gerada pelo incêndio.
As equações de esforços internos, obtidas seguindo o roteiro elaborado por Süssekind
(1987), ficaram em função do módulo de elasticidade do aço, uma vez que este varia
de acordo com a temperatura.
Dentre as estruturas estudas foram selecionadas duas, a fim de realizar uma
análise mais elaborada. As estruturas escolhidas foram o pórtico de 3 barras,
engastado e apoiado, e a treliça, com apoios de 2º gênero. Nessas estruturas foram
aplicados carregamentos que atuaram juntamente com a elevação da temperatura.
Em seguida, realizou-se o dimensionamento, de acordo com a NBR 14323 (2012), e
a verificação do tempo que a estrutura leva para atingir a temperatura de colapso. No
fluxograma a seguir são detalhados os procedimentos realizados.
FIGURA 5.1 – FLUXOGRAMA DAS ETAPAS DO ESTUDO
FONTE: A Autora (2017)
56
É importante ressaltar que, ainda que as estruturas tenham sido analisadas por
meio de equações, foi utilizado o software Ftool v.3.0.1 para realizar a ilustração de
cada uma ao longo deste trabalho. Além disso, o software foi utilizado para determinar
esforços internos em temperatura ambiente, quando analisado.
5.1 ESTRUTURAS SOB AÇÃO DA TEMPERATURA
Foi adotada uma variação de temperatura (ΔT) de 10ºC, iniciando-se em 20ºC
até atingir 1200ºC, temperatura na qual o módulo de elasticidade e a resistência do
aço passam a ser iguais a zero.
O módulo de elasticidade para cada temperatura foi determinado aplicando-
se o fator de redução para módulo de elasticidade de aços laminados (𝑘𝐸,𝜃),
preconizados pela NBR 14323 (2012). Os valores de temperatura entre os intervalos
descritos na norma foram determinados por meio de interpolação linear.
Para as vigas e pórticos foi escolhido um perfil de aço laminado de seção
transversal I (W200 x 22,5), enquanto para treliça foi utilizado o perfil do tipo cantoneira
de abas iguais (L102x102x12,7). O QUADRO 5.1 e o QUADRO 5.2 apresentam as
características geométricas dos perfis.
QUADRO 5.1 – CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DO PERFIL DE VIGAS E PÓRTICOS
FONTE: GERDAU (2017)
QUADRO 5.2 – CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DOS PERFIS DE TRELIÇAS
Perfil hxh mm
h mm
to
mm c
mm Massa kg/m
Área cm²
Ix=Iy
cm⁴
Wx=Wy
cm³ ix=iy
cm
L102x102x12,7 102x102 101,6 12,7 22,2 19,1 24,19 233,1 32,4 3,1
FONTE: GERDAU (2017)
As propriedades mecânicas gerais do aço foram obtidas na NBR 8800 (2008),
sendo:
• Módulo de Elasticidade (E): 200 000 MPa
• Coeficiente de dilatação térmica (α): 1,2x10-5 ºC-1
Dessa forma, foi elaborada uma planilha no Excel, em que o módulo de
elasticidade e o gradiente térmico eram atualizados a cada ΔT. Esses parâmetros
PerfilMassa
kg/m
Altura
mm
Área
cm²
to
mm
ho
mm
tf
mm
bf
mm
Ix
cm⁴
ix
cm
Zx
cm³
Wx
cm³
Iy
cm⁴
iy
cm
Zy
cm³
Wy
cm³
W200x22,5 22,5 206 29 6,2 190 8 102 2029 8,37 225,5 197 142 2,22 43,9 27,9
57
foram aplicados nas equações obtidas pelo método das forças. Foi, também, a partir
do método das forças que compreendeu-se de que forma os esforços seriam
distribuídos ao longo dos elementos estruturais, por meio dos diagramas de esforços.
A temperatura foi elevada sempre na parte interna da estrutura ou, no caso da viga,
na parte inferior, a outra face do perfil foi mantida com temperatura ambiente
constante.
O Apêndice A exemplifica a escolha do sistema principal e a determinação
dos diagramas virtuais. Enquanto o Apêndice B apresenta de que maneira os dados
foram trabalhados no Excel. Seguindo os mesmos padrões, os tipos de estrutura e
suas respectivas variações de esforços ao longo da elevação da temperatura são
dados abaixo.
A primeira estrutura estudada foi uma viga engastada e apoiada, como mostra
a FIGURA 5.2.
FIGURA 5.2 – VIGA ENGASTADA E APOIADA
FONTE: A Autora (2017)
FIGURA 5.3 – VARIAÇÃO DE MOMENTO FLETOR NO ENGASTE DA VIGA
FONTE: A Autora (2017)
É possível observar na FIGURA 5.3 que, uma vez que a viga possui
deslocamento livre na horizontal do apoio direito, não há o surgimento de esforços
normais, apenas momento fletor, que atinge seu valor máximo de 10212kN.cm no
engaste, a 500ºC.
Em seguida, analisou-se uma viga com apoios de 2 gênero, como mostra a
FIGURA 5.4.
FIGURA 5.4 –VIGA COM APOIOS DE 2º GÊNERO
6,0 m
6,0 m
58
FONTE: A Autora (2017)
FIGURA 5.5 – VARIAÇÃO DE ESFORÇO NORMAL DA VIGA
FONTE: A Autora (2017)
Ainda que a estrutura seja uma viga, como a anterior, os apoios da viga da
FIGURA 5.4 são diferentes, o que interfere no tipo de esforço interno criado. Por não
haver carregamento ou travamento quanto à rotação, não há forças verticais e, neste
caso, não há momento fletor. No entanto, por haver travamento nas horizontais de
ambos os apoios, há a criação de esforço normal. Uma vez que a barra tende a
expandir e é impedida, ocorre um esforço de compressão. O esforço máximo ocorre
a 500ºC, atingindo um valor de 1085,76kN, conforme FIGURA 5.5.
A terceira estrutura estudada foi o pórtico de duas barras com apoio de 2º
gênero, como mostra a FIGURA 5.6.
FIGURA 5.6 – PÓRTICO DE 2 BARRAS COM APOIOS DE 2º GÊNERO
FONTE: A Autora (2017)
FIGURA 5.7 – VARIAÇÃO DE ESFORÇO NORMAL NA VIGA
6,0 m
4,0
m
59
FONTE: A Autora (2017)
FIGURA 5.8 – VARIAÇÃO DE ESFORÇO NORMAL NO PILAR
FONTE: A Autora (2017)
FIGURA 5.9 – VARIAÇÃO DE MOMENTO FLETOR NO TOPO DO PILAR
FONTE: A Autora (2017)
A configuração da estrutura da FIGURA 5.6, aliada aos tipos de vínculos
propiciou o surgimento de esforços normais e momento fletor. É possível observar nas
FIGURA 5.7 e 5.8 que os maiores valores de esforços normais ocorreram a 500ºC,
onde a compressão na viga atingiu um valor de 26,76kN, e, no pilar, de 18,73kN. O
momento fletor no topo pilar e no apoio da viga também tiveram seu pico a 500ºC,
resultando em 9167,85kN.cm, conforme mostra a FIGURA 5.9.
A FIGURA 5.10 também apresenta um pórtico de duas barras, porém, com o
pilar engastado e a viga de 1º gênero.
60
FIGURA 5.10 – PÓRTICO DE 2 BARRAS ENGASTADO E APOIADO
FONTE: A Autora (2017)
FIGURA 5.11 – VARIAÇÃO DE MOMENTO FLETOR NO PILAR
FONTE: A Autora (2017)
FIGURA 5.12 – VARIAÇÃO DE ESFORÇO NORMAL NO PILAR
FONTE: A Autora (2017)
Para o pórtico da FIGURA 5.10, o pico do momento fletor ocorreu a 500ºC,
com um valor de 7942,65kN.cm, constante ao longo de todo o pilar e de mesmo valor
no apoio esquerdo da viga (FIGURA 5.11). Uma vez que o apoio da direita é de 1º
gênero, ocorre o deslocamento livre da viga na horizontal. Dessa forma, não há
esforço normal na viga. O pilar, por sua vez, acaba gerando um esforço de 13,26kN,
conforme apresentado na FIGURA 5.12.
Outra estrutura estudada foi o pórtico de três barras com apoios do segundo gênero,
conforme mostra a FIGURA 5.13.
6,0 m
4,0
m
61
FIGURA 5.13 – PÓRTICO DE 3 BARRAS COM APOIOS DE 2º GÊNERO
FONTE: A Autora (2017)
FIGURA 5.14 – VARIAÇÃO DE ESFORÇO NORMAL NA VIGA
FONTE: A Autora (2017)
FIGURA 5.15 – VARIAÇÃO DE MOMENTO FLETOR NO TOPO DO PILAR
FONTE: A Autora (2017)
Para o pórtico com a configuração apresentada na FIGURA 5.13, o momento
fletor comporta-se de maneira constante ao longo de toda a viga e com a mesma
intensidade nos topos dos pilares. A força normal chega a seu pico na temperatura de
500ºC, atingindo 12,1kN, ocorrendo apenas na viga, conforme apresentado na
FIGURA 5.14. O maior valor de momento fletor é de 4838,18kN.cm, ocorrendo
também a 500ºC, como mostra a FIGURA 5.15.
A FIGURA 5.16 também apresenta um pórtico de três barras, porém
engastado à esquerda e com apoio de 1º gênero à direita.
6,0 m
4,0
m
62
FIGURA 5.16 – PÓRTICO DE 3 BARRAS ENGASTADO E APOIADO
FONTE: A Autora (2017)
FIGURA 5.17 – VARIAÇÃO DE MOMENTO FLETOR
FONTE: A Autora (2017)
FIGURA 5.18 – VARIAÇÃO DO ESFORÇO NORMAL PILAR ESQUERDO
FONTE: A Autora (2017)
FIGURA 5.19 – VARIAÇÃO DO ESFORÇO NORMAL PILAR DIREITO
FONTE: A Autora (2017)
4,0
m
6,0 m
63
No pórtico da FIGURA 5.16, uma vez que há um engaste no pilar esquerdo, o
momento apresentou-se constante ao longo da barra. O maior momento fletor ocorreu
no pilar esquerdo e no apoio esquerdo da viga, no valor de 7940,61kN.cm, a 500ºC
(FIGURA 5.17). O esforço normal, por sua vez, ocorreu somente nos pilares. Enquanto
o pilar esquerdo, a 500ºC, atingiu o pico 13,23kN de compressão (FIGURA 5.18), o
pilar direito atingiu a mesma intensidade num esforço de tração (FIGURA 5.19).
Também foi analisada uma treliça com hiperestaticidade interna, conforme
apresentado na FIGURA 5.20
FIGURA 5.20 – TRELIÇA INTERNAMENTE HIPERESTÁTICA
FONTE: A Autora (2017)
FIGURA 5.21 – VARIAÇÃO DE ESFORÇO NORMAL NA BARRA INCLINADA DA TRELIÇA
FONTE: A Autora (2017)
A treliça hiperestática da FIGURA 5.20, como esperado, apresenta apenas
esforço normal. Os esforços solicitantes máximos ocorreram nas barras inclinadas,
atingindo seu pico a 500ºC, com um valor 2,87kN de tração (FIGURA 5.21).
Por fim, foi analisada uma treliça com hiperestaticidade externa, conforme
mostra a FIGURA 5.22.
FIGURA 5.22 – TRELIÇA COM APOIOS DE 2º GÊNERO
2,0
m
3,0 m
64
FONTE: A Autora (2017)
FIGURA 5.23 – VARIAÇÃO DE ESFORÇO NORMAL NAS BARRAS HORIZONTAIS INFERIORES
FONTE: A Autora (2017)
A elevação de temperatura na treliça da FIGURA 5.22 provoca esforços
internos somente nas barras inferiores da treliça. Como a barra tende a expandir e é
impedida pelos apoios, origina-se um esforço de compressão bastante significativo,
atingindo o pico de 906,67kN, a 500ºC (FIGURA 5.23).
5.2 ESFORÇO SOLICITANTE EM TEMPERATURA AMBIENTE
5.2.1 Pórtico
Para fins de comparação, realizou-se a determinação dos esforços
solicitantes em temperatura ambiente de uma estrutura carregada (FIGURA 5.24). As
ações permanentes da estrutura foram obtidas considerando o peso próprio e uma
carga constante distribuída uniformemente. O peso próprio foi determinado a partir da
massa linear fornecida nas tabelas de perfis dos fabricantes, enquanto a carga
constante foi obtida considerando peso próprio de uma laje com acabamento.
65
As ações variáveis da estrutura foram compostas pela ação de sobrecarga e
pela ação do vento. Foi utilizado o valor mínimo de sobrecarga preconizado pela NBR
6120 (1980). Para isso, foi necessário determinar uma ocupação, sendo considerado
o uso da edificação para escritórios. A carga de vento foi obtida a partir da NBR 6123
(1988), considerando uma edificação na região de Curitiba, terreno plano e área
urbanizada. O efeito do vento foi aplicado no pilar esquerdo. Os efeitos causados pela
sucção do vento foram desconsiderados. Todos os carregamentos foram convertidos
para carregamentos lineares adotando-se uma largura de 3 metros. Dessa forma,
foram obtidos os seguintes valores:
Ações permanentes
Peso próprio: 0,0022 kN/cm
Carga constante: 0,0525 kN/cm
Ações variáveis
Vento: 0,0135kN/cm
Sobrecarga: 0,03kN/m
Foram realizadas apenas duas combinações: o vento atuando como carga
variável principal e a sobrecarga como secundária, ou então, a sobrecarga atuando
como carga variável principal e o vento como secundária. Em ambos os casos foi
aplicada a combinação última normal, considerando apenas o efeito desfavorável das
ações permanentes diretas. O QUADRO 5.1 apresenta o tipo de carregamento com
seus respectivos coeficientes de ponderação, obtidos na NBR 8681 (2003).
QUADRO 5.3 – COEFICIENTES DE PONDERAÇÃO DE CARREGAMENTOS
Carregamento Coeficientes
γg γq ψ
Carga permanente agrupada 1,4 - -
Carga de vento - 1,4 0,6
Sobrecarga - 1,5 0,7
FONTE: A Autora (2017)
A combinação de coeficientes, aplicando as respectivas cargas, resultou nos
carregamentos apresentados nas FIGURAS 5.24 e 5.25.
FIGURA 5.24 – CARREGAMENTO CONSIDERANDO VENTO COMO CARGA VARIÁVEL
PRINCIPAL
66
FONTE: A Autora (2017)
FIGURA 5.25 – CARREGAMENTO CONSIDERANDO A SOBRECARGA COMO CARGA VARIÁVEL PRINCIPAL
FONTE: A Autora (2017)
As aplicações dos carregamentos no software Ftool v3.0.1, deram origem aos
diagramas de momentos fletores (em kN.cm) apresentados nas FIGURA 5.26 e 5.27.
FIGURA 5.26 – DIAGRAMA DE MOMENTO CONSIDERANDO VENTO COMO CARGA VARIÁVEL PRINCIPAL
FONTE: A Autora (2017)
FIGURA 5.27 – DIAGRAMA DE MOMENTO CONSIDERANDO SOBRECARGA COMO CARGA VARIÁVEL PRINCIPAL
67
FONTE: A Autora (2017)
Dessa forma, a combinação crítica em temperatura ambiente para o pilar é a
que considera o vento como carregamento variável principal, resultando em
2797,17kN.cm de momento fletor na sua base. Enquanto para viga, a combinação
crítica é a que considera a sobrecarga, com um valor de 4690,73kN.cm de momento
máximo positivo
Os diagramas de esforços normais (em kN) são apresentados nas FIGURAS 5.28 e 5.29.
FIGURA 5.28 – ESFORÇO NORMAL CONSIDERANDO VENTO COMO CARGA VARIÁVEL PRINCIPAL
FONTE: A Autora (2017)
FIGURA 5.29 – ESFORÇO NORMAL CONSIDERANDO SOBRECARGA COMO CARGA VARIÁVEL PRINCIPAL
FONTE: A Autora (2017)
68
Dessa forma, a combinação crítica de esforço normal é dada pela combinação
que considera a sobrecarga como carregamento variável principal, na qual o esforço
de compressão máximo é de 39,18kN.
5.2.2 Treliça
Para treliça da FIGURA 5.30 foi considerado apenas o peso próprio como
carregamento permanente, obtido nas tabelas de perfis dos fabricantes. Com o
objetivo de trabalhar somente com carga nos nós, o peso das barras foi divido
igualmente entre os nós em que elas chegam. A carga variável adotada foi somente
a sobrecarga. Dessa forma, tem-se que:
Ação permanente
Peso próprio: 0,0019 kN/cm
Ação variável
Sobrecarga: 0,03 kN/cm
Para o peso próprio e a sobrecarga, foram aplicados os coeficientes 1,25 e
1,5, respectivamente, resultando no carregamento apresentado na FIGURA 5.30.
FIGURA 5.30 – CARREGAMENTO DA TRELIÇA EM TEMPERATURA AMBIENTE
FONTE: A Autora (2017)
A aplicação desses carregamentos no programa Ftool v3.0.1 resultou no
diagrama de esforço normal (em kN) apresentado na FIGURA 5.31.
FIGURA 5.31 – ESFORÇO NORMAL DA TRELIÇA EM TEMPERATURA AMBIENTE
69
FONTE: A Autora (2017)
Dessa forma, fica evidente que as barras mais solicitadas da treliça em
temperatura ambiente são as externas inclinadas, com 6,5kN de compressão,
enquanto as horizontais inferiores não são solicitadas.
5.3 ESFORÇO SOLICITANTE COM VARIAÇÃO DE TEMPERATURA
5.3.1 Pórtico
Para análise do pórtico com efeito de temperatura, a influência de cada
carregamento foi analisada de maneira separada. Ou seja, os carregamentos
característicos foram aplicados isoladamente na estrutura, e resolvidos utilizando-se
o método das forças. Uma vez que a equação obtida no método das forças depende
do módulo de elasticidade que, por sua vez, é variável para diferentes temperaturas,
optou-se pela utilização do Excel. Dessa forma, os valores da equação eram
atualizados para cada variação de temperatura. Em seguida, aplicou-se a equação
2.6, para determinar os esforços nos pontos de estudo desejados: engaste do pilar e
apoio esquerdo da viga. Feito isso, aplicou-se a equação 5.9, que se refere às
combinações últimas excepcionais. Foram obtidas seis combinações, apresentadas
na FIGURA 5.32.
70
FIGURA 5.32 – COMBINAÇÕES ANALISADAS
FONTE: A Autora (2017)
A carga permanente favorável foi utilizada com um fator de ponderação igual
a 1. Enquanto o fator de ponderação da carga permanente desfavorável foi 1,2.
Após realizar todas as combinações, a planilha do Excel continha os esforços
solicitantes de cada combinação para cada temperatura. Dessa forma, foi possível
verificar os picos de esforços internos, constatando-se que a pior combinação para o
momento fletor do pilar foi o efeito simultâneo da carga permanente desfavorável e da
ação do vento, com momento solicitante máximo acontecendo a 500ºC, atingindo um
valor de 9167,85kN.cm. Para a viga, a combinação que se mostrou mais crítica foi a
de carga permanente favorável com sobrecarga, tendo o pico de solicitação também
a 500ºC, com um valor de 9044,65kN.cm.
A seguir, as FIGURAS 5.33 e 5.34 apresentam o comportamento no apoio
esquerdo da viga e no engaste de pilar, respectivamente.
FIGURA 5.33 – MOMENTO SOLICITANTE NO APOIO ESQUERDO DA VIGA
FONTE: A Autora (2017)
FIGURA 5.34 – MOMENTO SOLICITANTE NO ENGASTE DO PILAR
71
FONTE: A Autora (2017)
Analisando os esforços axiais, a combinação que se mostrou mais crítica foi
a de carga permanente com coeficiente desfavorável e sobrecarga como
carregamento variável principal. A variação de esforços normais nos pilares ao longo
do desenvolvimento da temperatura é apresentada nas FIGURAS 5.35 e 5.36.
FIGURA 5.35 – NORMAL SOLICITANTE NO PILAR ESQUERDO
FONTE: A Autora (2017)
FIGURA 5.36 – NORMAL SOLICITANTE NO PILAR DIREITO
FONTE: A Autora (2017)
É possivel perceber que, ainda que ambos os pilares sofram compressão,
possuem comportamentos diferentes ao longo da evolução da temperatura. O pilar
esquerdo mostra-se mais crítico que o direito, uma vez que a evolução da temperatura
provoca um aumento na compressão, atingindo o pico de 35,56kN, a 500ºC. O pilar
72
da direita tem a compressão reduzida com a aumento da temperatura. Isso ocorre
porque, como mostrado no exemplo da FIGURA 5.16, o pilar da direita é tracionado
quando a temperatura age isoladamente. Dessa forma, o carregamento ameniza os
esforços causados pela temperatura neste pilar. Enquanto nos demais exemplos a
temperatura de 500ºC fornecia os maiores esforços internos, neste caso, o pilar atinge
o menor esforço de compressão, 9,082kN.
5.3.2 Treliça
Utilizando os carregamentos já citados no item 5.2.2, aplicou-se o coeficiente
previsto pela NBR 8681 (2003), sendo 1,1 para peso próprio de estruturas metálicas
em combinação excepcional. A sobrecarga foi multiplicada por 0,28, como determina
a equação 5.9. Aplicando as cargas nos nós correspondentes, foi obtida a distribuição
mostrada na FIGURA 5.37.
FIGURA 5.37 – DISTRIBUIÇÃO CARREGAMENTO TRELIÇA
FONTE: A Autora (2017)
Em seguida, aplicou-se o método das forças. A estrutura passou a ser bi-
apoiada, resultando na distribuição de esforço normal mostrada na FIGURA 5.38.
FIGURA 5.38 –DISTRIBUIÇÃO DE ESFORÇOS NA TRELIÇA
FONTE: A Autora (2017)
Feito isso, aplicou-se o hiperestático, resultante da mudança de vínculos,
adotando-se um valor unitário, como é mostrado na FIGURA 5.39.
73
FIGURA 5.39 – CARREGAMENTO DO DIAGRAMA VIRTUAL
FONTE: A Autora (2017)
A força aplicada gerou a distribuição de esforços virtuais apresentada na FIGURA
5.40.
FIGURA 5.40 – DISTRIBUIÇÃO DE ESFORÇO VIRTUAL NORMAL DA TRELIÇA
FONTE: A Autora (2017)
A equação obtida a partir da resolução do roteiro de Sussekind (1987) ficou
em função de ∆TCG e E, visto que são variáveis de acordo com a temperatura. Os
valores de esforço normal de acordo com a evolução da temperatura estão ilustrados
na FIGURA 5.41.
FIGURA 5.41 – VARIAÇÃO DO ESFORÇO NORMAL DA BARRA INFERIOR DA TRELIÇA
FONTE: A Autora (2017)
Uma vez que o diagrama virtual de esforços normais é unitário nas barras
inferiores e nulo nas demais, a temperatura só irá influenciar as barras inferiores.
74
A elevação de temperatura tende a expandir a barra. O vínculo, por sua vez,
limita essa expansão, provocando esforços de compressão. Dessa forma, a barra
passa a ser severamente comprimida, atingindo um valor de 905,67kN, a 500ºC. É
possível observar, ainda, que ao comparar este esforço com o esforço causado
somente pela temperatura, FIGURA 5.23, o carregamento agiu de maneira atenuante,
ainda que de maneira discreta, já que foi aplicado um carregamento pouco
significativo.
5.4 DIMENSIONAMENTO EM TEMPERATURA AMBIENTE
Foi realizado o dimensionamento das duas estruturas em que se trabalhou
com carregamento. Como mencionado anteriormente, o perfil escolhido para o pórtico
foi do tipo I (W 200x22,5), enquanto para a treliça, foi considerado o perfil do tipo
cantoneira (L 102x102x12,7). Todas as características geométricas foram obtidas na
tabela de perfis do fabricante, apresentadas nos QUADROS 5.1 e 5.2. O aço utilizado
para ambos foi o MR-250 (fy=250MPa). Os pontos de interesse no pórtico foram o
momento do engaste e apoio esquerdo da viga e o esforço normal do pilar esquerdo.
É importante ressaltar que são estruturas fictícias, criadas apenas com o intuito de
analisar o comportamento.
5.4.1 Pórtico
Foram analisados esforços resistentes de acordo com a solicitação a que
estava submetido o elemento.
A. Viga
Uma vez que a viga trabalhou somente a flexão e desconsiderando FLT, o
dimensionamento foi realizado da seguinte forma:
• Flambagem Lateral de Alma (FLA):
𝜆 =ℎ𝑤
𝑡𝑤=
190
6,2= 30,65 (5.1)
𝜆𝑝 = 3,76√20000
25= 106,35
Onde:
ℎ𝑤 – altura livre da alma;
𝑡𝑤 – espessura da alma;
75
𝜆 – índice de esbeltez;
𝜆𝑝 – limite de flambagem para seção compacta.
Assim, tem-se que:
𝜆 < 𝜆𝑝
Logo, a seção é compacta e o momento fletor é dado por:
𝑀𝑛 = 𝑀𝑝 = 𝑍𝑥 ∗ 𝑓𝑦 (5.2)
𝑀𝑛 = 𝑀𝑝 = 225,5 ∗ 25 = 5637,5 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
Onde:
𝑍 – é o módulo plástico da seção em relação ao eixo considerado.
• Flambagem Lateral de Mesa (FLM):
𝜆 =𝑏𝑓
𝑡𝑓=
102/2
8= 6,38 (5.3)
𝜆𝑝 = 0,38√20000
25= 10,75
onde:
𝑏𝑓 – largura da mesa;
𝑡𝑤 – espessura da mesa;
𝜆 – índice de esbeltez;
𝜆𝑝 – limite de flambagem para seção compacta.
Assim, tem-se que:
𝜆 < 𝜆𝑝
Dessa forma, a seção da mesa é tida como compacta, e o momento é dado
por:
𝑀𝑛 = 𝑀𝑝 = 𝑍𝑥 ∗ 𝑓𝑦
𝑀𝑛 = 𝑀𝑝 = 225,5 ∗ 25 = 5637,5 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
Sabendo que o momento solicitante no apoio esquerdo da viga é de
1622,69kN.cm, como apresentado no item 5.2.2, pode-se afirmar que o apoio da viga
resiste ao esforço de momento fletor.
B. Pilar
76
Foi trabalhado apenas o pilar esquerdo, uma vez que o esforço atuante nele
é maior. O pilar trabalhou com efeitos de flexão e compressão. Dessa forma, será
dimensionado para ambos, além de ser verificada a interação destes esforços.
Para compressão, considerando não haver FLT, temos que:
• Flambagem Lateral de Alma (FLA)
ℎ𝑤
𝑡𝑤< 1,49√
𝐸
𝑓𝑦 (5.4)
190
6,2< 1,49√
20000
25
30,65 < 42,14
• Flambagem Lateral de Mesa (FLM)
𝑏𝑓
𝑡𝑓< 0,56√
𝐸
𝑓𝑦 (5.5)
102/2
8< 1,49√
20000
25
6,38 < 15,84
Uma vez que os parâmetros atendem aos limites preconizados pela NBR
8800 (2008), é possível admitir que o fator de redução associado à flambagem local
(𝑄), é igual a 1.
Em seguida, foi verificado se o índice de esbeltez atendia à determinação da
NBR8800 (2008):
𝜆𝑥 =𝐾𝑥𝐿𝑥
𝑟𝑥 (5.6)
Considerando que o pilar é engastado e apoiado, o coeficiente de flambagem
por flexão, K, é igual a 0,8. O comprimento de flambagem, 𝐿𝑥, é de 400 cm, logo:
𝜆𝑥 =0,8 ∗ 400
8,34= 38,23
38,23 < 200
Temos ainda que:
𝑁𝑒𝑥 =𝜋²𝐸𝐼𝑥
(𝐾𝑥𝐿𝑥)² (5.7)
77
𝑁𝑒𝑥 =𝜋2 ∗ 20000 ∗ 2029
(0,8 ∗ 400)²= 3911,22 𝑘𝑁
Dessa forma, é possível encontrar o índice de esbeltez reduzido, dado por:
𝜆𝑜 = √𝑄𝐴𝑔𝑓𝑦
𝑁𝑒 (5.8)
𝜆𝑜 = √1 ∗ 29 ∗ 25
3911,22= 0,43
Aplicando o índice de esbeltez para determinação do fator de redução
associado à resistência à compressão, 𝜒, tem-se que:
𝜒 = 0,658𝜆02
= 0,6580,43 2
= 0,926
Considerando ainda que 𝛾𝑎1 é igual a 1,1, a resistência à compressão do perfil
é dada por:
𝑅𝑑 =𝜒𝑄𝐴𝑔𝑓𝑦
𝛾𝑎1=
0,926 ∗ 1 ∗ 29 ∗ 25
1,1= 610 𝑘𝑁
Visto que o esforço de compressão solicitante máximo do pilar é de 39,18kN,
pode-se afirmar que o pilar resiste ao esforço de compressão puro.
Por se tratar do mesmo perfil, o momento resistente da viga se aplica ao pilar,
sendo igual a 5637,5kN.cm. O momento solicitante no engaste do pilar é de
2797,17kN.cm. Sendo assim, o engaste do pilar também resiste ao momento fletor
solicitado.
Por fim, realizando a verificação das ações combinadas, flexo-compressão,
tem-se que:
𝑁𝑆𝑑
𝑁𝑅𝑑=
39,18
610= 0,064
Logo,
𝑁𝑆𝑑
𝑁𝑅𝑑+
8
9(
𝑀𝑋,𝑆𝑑
𝑀𝑋,𝑅𝑑+
𝑀𝑌,𝑆𝑑
𝑀𝑌,𝑅𝑑) ≤ 1,0
39,18
610+
8
9(
2797,17
5637,5) ≤ 1,0
0,51 ≤ 1,0
O que satisfaz a limitação preconizada pela norma NBR 8800 (2008).
78
5.4.2 Treliça
Ainda que hajam barras tracionadas, o dimensionamento da treliça será
realizado apenas para compressão, uma vez que, em geral, é o caso problemático do
dimensionamento.
Inicialmente foi verificado que os parâmetros de flambagem estavam dentro
do limite determinado para peças comprimidas, como segue:
𝑏
𝑡< 0,45√
𝐸
𝑓𝑦 (5.9)
101,6
12,7< 0,45√
20000
25
8 < 12,73
Dessa forma, o fator de redução associado à flambagem local, 𝑄, é igual a 1.
Em seguida, obteve-se o valor de KL para treliças, dado por:
0 <𝐿
𝑟≤ 80 (5.10)
0 <200
3,10≤ 80
0 < 64,52 ≤ 80
onde 𝑟 é o raio de giração.
Logo,
𝐾𝑥𝐿𝑥 = 72 ∗ 𝑟𝑥 + 0,75 ∗ 𝐿𝑥 (5.11)
𝐾𝐿 = 72 ∗ 3,10 + 0,75 ∗ 224 = 391,2 𝑐𝑚
Aplicando na fórmula de força axial de flambagem elástica tem-se que:
𝑁𝑒𝑥 =𝜋²𝐸𝐼𝑥
(𝐾𝑥𝐿𝑥)2
𝑁𝑒𝑥 =𝜋2 ∗ 20000 ∗ 233,1
(391,2)2= 300,66 𝑘𝑁
Em seguida, aplicou-se os valores obtidos na equação de determinação do
índice de esbeltez reduzido:
𝜆𝑜 = √𝑄𝐴𝑔𝑓𝑦
𝑁𝑒
79
𝜆𝑜 = √1 ∗ 24,19 ∗ 25
300,66= 1,42
O valor do fator de redução associado à resistência à compressão, 𝜒, é dado
por:
𝜒 = 0,6581,42 2
= 0,430
Considerando ainda que 𝛾𝑎1 é igual a 1,1, tem-se que:
𝑅𝑑 =𝜒𝑄𝐴𝑔𝑓𝑦
𝛾𝑎1=
0,430 ∗ 1 ∗ 24,19 ∗ 25
1,1= 236,4 𝑘𝑁
Uma vez que o maior esforço de compressão, do carregamento em
temperatura ambiente, foi de 5,6kN, pode-se afirmar que a estrutura resiste.
5.5 DIMENSIONAMENTO COM VARIAÇÃO DE TEMPERATURA
5.5.1 Pórtico
O dimensionamento do pórtico foi realizado considerando os pilares e vigas
sem material de proteção térmica. Foram analisadas a resistência de acordo com o
tipo de esforço solicitante.
A. Viga
A determinação de parâmetros, como índice de esbeltez, ou, ainda, o cálculo
de 𝑀𝑝𝑙 é o mesmo, tanto para elementos em temperatura ambiente quanto para
elementos com variação de temperatura. Uma vez que esses dados já foram obtidos,
inicia-se o cálculo do momento fletor resistente com variação de temperatura, dado
por:
𝑀𝑓𝑖,𝑅𝑑 = к1к2𝑘𝑦,𝜃𝑀𝑝𝑙
Considerando o momento resistente no apoio da viga e, ainda, que a viga
possui três lados expostos, com uma laje de concreto incorporada ao quarto lado, os
fatores к1 e к2 de correção de temperatura uniforme são, respectivamente 1,15 e 1.
Devido ao fato do parâmetro 𝑘𝑦,𝜃 ser variável ao longo da temperatura,
aplicou-se a fórmula em uma planilha do Excel, que forneceu o valor de 𝑀𝑓𝑖,𝑅𝑑 para
cada variação de temperatura, apresentando o comportamento mostrado na FIGURA
5.42.
FIGURA 5.42 – MOMENTO RESISTENTE DA VIGA DO PÓRTICO
80
FONTE: A Autora (2017)
É possível perceber que até 400ºC não há redução de resistência, com
momento resistente máximo de 6483,13kN.cm.
Em seguida, realizou-se a comparação entre o momento fletor resistente e o
solicitante do apoio da viga, como mostra a FIGURA 5.43.
FIGURA 5.43 – TEMPERATURA CRÍTICA DO MOMENTO NA VIGA DO PÓRTICO
FONTE: A Autora (2017)
Dessa forma, o momento solicitante ultrapassa o resistente na temperatura de
250ºC. É interessante observar que nessa temperatura ainda não houve redução da
resistência ao escoamento do aço, apenas a elevação de esforço interno.
B. Pilar
O pilar esquerdo trabalhou com efeitos de flexão e compressão. Dessa forma,
foi dimensionado para ambos, além de ser verificada a interação destes esforços.
• Compressão
Uma vez que os parâmetros já foram calculados e verificados em temperatura
ambiente, é possível iniciar o dimensionamento com elevações de temperatura.
Inicialmente, foram calculados diversos parâmetros, mostrados nas equações 5.16 a
5.19. Em seguida, aplicou-se os parâmetros na equação 5.15. A seguir, será
exemplificado a sequência de procedimentos, utilizando a temperatura de 20ºC.
81
Inicialmente, calcula-se o parâmetro 𝛼𝜃:
𝛼𝜃 = 0,022√𝐸
𝑓𝑦= 0,022√
20000
25= 0,622
Em seguida, calcula-se o índice de esbeltez reduzido para cada temperatura:
𝜆𝑜,𝜃 = 𝜆𝑜√𝑘𝑦,𝜃
𝑘𝐸,𝜃= 0,43√
1
1= 0,43
A partir disso, é possível calcular o parâmetro 𝛽𝜃:
𝛽𝜃 = 0,5( 1 + 𝛼𝜃𝜆𝑜,𝜃+𝜆0,𝜃2 ) = 0,5( 1 + 0,622 ∗ 0,43+0,43
2) = 0,726
Feito isso, calcula-se o fator de redução associado à resistência à compressão
em situação de incêndio:
𝜒𝑓𝑖 =1
𝛽𝜃 + √(𝛽𝜃2 − 𝜆0,𝜃
2 )
=1
0,726 + √(0,726 2 − 0,43
2)= 0,7625
Por fim, determina-se a força normal resistente de cálculo:
𝑁𝑓𝑖,𝑅𝑑 = 𝜒𝑓𝑖𝑘𝑦,𝜃𝐴𝑔𝑓𝑦 = 0,7625 ∗ 1 ∗ 29 ∗ 25 = 552,81𝑘𝑁
Como essa sequência de cálculo possui parâmetros que variam com a
temperatura, devem ser repetidas para cada acréscimo. Dessa forma, elaborou-se
planilhas no Excel, que forneceram a resistência à compressão para cada
temperatura. O comportamento da resistência à compressão do pilar é apresentado
na figura 5.44.
FIGURA 5.44 – FORÇA RESISTENTE DE COMPRESSÃO PERFIL I
82
FONTE: A Autora (2017)
É possível observar que a força resistente máxima do pilar é de 552,81kN.
A comparação entre esforço normal resistente e solicitante está apresentada
na FIGURA 5.45.
FIGURA 5.45 – TEMPERATURA CRÍTICA DE COMPRESSÃO PERFIL I
FONTE: A Autora (2017)
A força solicitante acima é a mesma apresentada na FIGURA 5.35, porém,
apresenta-se deformada devido a escala utilizada. O esforço resistente de
compressão nesse caso é significativamente superior ao solicitante. Isso é
comprovado com a temperatura crítica, que ocorre somente a 980ºC. É interessante
observar que o colapso ocorre devido à grande perda de resistência do aço, e não
devido à compressão solicitante, que já teve seu pico e estava na fase redução.
• Momento Fletor
Uma vez que o pilar e a viga possuem a mesma seção transversal, a
determinação de momento resistente seguiu os mesmos procedimentos apresentados
para viga. Entretanto, os fatores к1 e к2 são diferentes. Para o pilar, serão utilizados
os fatores iguais a 1, seguindo o preconizado pela NBR 14323 (2012). Dessa forma,
tem-se:
83
𝑀𝑓𝑖,𝑅𝑑 = 1 ∗ 1 ∗ 𝑘𝑦,𝜃𝑀𝑝𝑙
A aplicação da equação na planilha do Excel resultou no comportamento de
momento resistente mostrado na FIGURA 5.46 a seguir.
FIGURA 5.46 – MOMENTO RESISTENTE DO PILAR DO PÓRTICO
FONTE: A Autora (2017)
É possível observar que o momento máximo resistente do pilar é de
5637,5kN.cm.
Analisando os esforços resistentes e os solicitantes simultaneamente, tem-se
o comportamento apresentado na FIGURA 5.47.
FIGURA 5.47 – TEMPERATURA CRÍTICA DE MOMENTO NO PILAR DO PÓRTICO
FONTE: A Autora (2017)
A temperatura crítica no pilar do pórtico para momento fletor ocorre a 200ºC,
causada somente devido ao aumento de esforço solicitante, já que o momento
resistente ainda não havia sofrido redução.
• Flexo-compressão
84
A verificação da ação simultânea do momento e da força normal é dada pelas
equações 4.27 e 4.28, que são usadas de acordo com a razão entre a normal
solicitante e a normal resistente. A partir de planilhas de Excel, verificou-se que essa
relação é menor que 0,2 até a temperatura de 680ºC. Dessa forma, aplicou-se a
equação 4.28, e verificou-se que o limite imposto pela norma NBR14323 (2012) não
é atendido a partir de 190ºC, como é apresentado no QUADRO 5.4.
QUADRO 5.4 – VERIFICAÇÃO DA RELAÇÃO DE FLEXO-COMPRESSÃO
T (ºC)
kθE kθy Eθ
kN/cm² fyθ
Momento Resistente (kN.cm)
Momento Solicitante (kN.cm)
Compressão Resistente
(kN)
Compressão Solicitante
(kN) Nsd/Nrd
Relação Flexo-
Compressão
20 1 1 20000 25 5637,500 1225,20 552,81 22,32 0,04 0,24
30 1 1 20000 25 5637,500 1500,99 552,81 22,78 0,04 0,29
40 1 1 20000 25 5637,500 1776,77 552,81 23,24 0,04 0,34
50 1 1 20000 25 5637,500 2052,56 552,81 23,70 0,04 0,39
60 1 1 20000 25 5637,500 2328,35 552,81 24,16 0,04 0,43
70 1 1 20000 25 5637,500 2604,13 552,81 24,62 0,04 0,48
80 1 1 20000 25 5637,500 2879,92 552,81 25,08 0,05 0,53
90 1 1 20000 25 5637,500 3155,70 552,81 25,54 0,05 0,58
100 1 1 20000 25 5637,500 3431,49 552,81 26,00 0,05 0,63
110 1 1 19800 25 5637,500 3682,46 552,60 26,42 0,05 0,68
120 1 1 19600 25 5637,500 3927,91 552,38 26,82 0,05 0,72
130 1 1 19400 25 5637,500 4167,84 552,17 27,22 0,05 0,76
140 1 1 19200 25 5637,500 4402,26 551,94 27,62 0,05 0,81
150 1 1 19000 25 5637,500 4631,16 551,71 28,00 0,05 0,85
160 1 1 18800 25 5637,500 4854,55 551,48 28,37 0,05 0,89
170 1 1 18600 25 5637,500 5072,42 551,24 28,73 0,05 0,93
180 1 1 18400 25 5637,500 5284,78 550,99 29,09 0,05 0,96
190 1 1 18200 25 5637,500 5491,62 550,74 29,43 0,05 1,00
200 1 1 18000 25 5637,500 5692,94 550,48 29,77 0,05 1,04
FONTE: A Autora (2017)
Dessa forma, a temperatura de colapso da estrutura ocorre a 190ºC, devido
ao efeito de flexo-compressão.
5.5.2 Treliça
A primeira etapa de determinação de parâmetros é a mesma, tanto para
temperatura ambiente, quanto para elementos com elevação de temperatura. No
entanto, o índice de esbeltez calculado para temperatura ambiente refere-se à barra
inclinada e, uma vez que a temperatura só gera esforço solicitante na barra inferior
horizontal, recalculou-se o índice de esbeltez para essa barra, obtendo um valor de
1,35. Dessa forma, iniciou-se o cálculo de dimensionamento com variação de
85
temperatura em barras comprimidas, dado na seção 4.6.2, aplicando as equações
5.15 até a 5.19 e repetindo o processo para todos os acréscimos de temperatura.
O comportamento da força resistente das barras horizontais para diferentes
temperaturas é apresentado na FIGURA 5.48 a seguir.
FIGURA 5.48 – FORÇA RESISTENTE PERFIL TRELIÇA
FONTE: A Autora (2017)
A FIGURA 5.48 evidencia que a máxima resistência é de 197,07kN.
Para determinação de temperatura crítica da estrutura, foi feito um
comparativo entre a força resistente com a força atuante na treliça, como apresentado
na FIGURA 5.49.
FIGURA 5.49 – TEMPERATURA CRÍTICA DA TRELIÇA
FONTE: A Autora (2017)
É possível observar que o esforço solicitante nas barras inferiores da treliça é
tão grande, que rompem a 50ºC, temperatura em que o aço ainda não sofreu redução
da sua resistência.
86
5.6 ELEVAÇÃO DA TEMPERATURA DO AÇO NOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS
Para o estudo da elevação de temperatura ao longo do tempo no pórtico e na
treliça foi considerado que ambas as estruturas eram formadas por elementos
estruturais sem proteção contra incêndio. Dessa forma, aplicou-se a EQUAÇÃO 4.11,
em que:
𝜑 = 𝜑𝑐 + 𝜑𝑟
(5.12)
𝜑𝑟 = 5,67 ∗ 10−8휀𝑟𝑒𝑠[(𝜃𝑔 + 273)4 − (𝜃𝑎 + 273)4]
(5.13)
𝜑𝑐 = 𝛼𝑐(𝜃𝑔 − 𝜃𝑎)
(5.14)
onde:
𝜑𝑐 – é o componente do fluxo de calor devido à convecção, em watt por metro
quadrado;
𝜑𝑟 – é o componente do fluxo de calor devido à radiação, em watt por metro
quadrado;
휀𝑟𝑒𝑠 – é a emissividade resultante, podendo ser tomada para efeitos práticos igual a
0,5;
𝛼𝑐 – é o coeficiente de transferência de calor por convecção, podendo ser tomado para efeitos práticos igual a 25 W/m² °C.
Para a cantoneira, considerando todo o seu perímetro exposto às chamas, o
fator forma resultou em 168 m-1. obteve-se a seguinte curva de temperatura do aço
apresentada na FIGURA 5.50.
FIGURA 5.50 – CURVA DE TEMPERATURA NO AÇO -TRELIÇA
FONTE: A Autora (2017)
87
A partir da FIGURA 5.50 é possível determinar qual é o TRRF correspondente
à ruptura da treliça. Sabendo que a treliça resistiu somente até atingir 50ºC, a curva
de temperatura do aço informa que é necessário um tempo de, aproximadamente, 95
segundos para que o aço atinja essa temperatura.
Para o perfil I usado na viga, considerou-se três lados expostos ao incêndio,
com uma laje de concreto incorporada ao quarto lado, resultando num fator forma igual
a 177,24 m-1. Dessa forma, a curva de temperatura do aço é apresentada na FIGURA
5.51.
FIGURA 5.51 – CURVA DE TEMPERATURA NO AÇO - VIGA
FONTE: A Autora (2017)
Para atingir a temperatura máxima resistente da viga, dada por 250ºC, são
necessários 355 segundos. Entretanto, esse não é tempo resistente da estrutura, uma
vez que o pilar é o elemento limitante.
Por fim, o perfil I usado no pilar possui os quatro lados expostos, resultando
num fator forma de 212,41 m-1. O comportamento da elevação de temperatura do aço
é apresentado na FIGURA 5.52.
88
FIGURA 5.52 – CURVA DE TEMPERATURA NO PILAR
FONTE: A Autora (2017)
Uma vez que a temperatura máxima resistente do pilar é de 190ºC, a estrutura
levaria em torno de 255 segundos para atingir essa temperatura, e esse seria o TRRF
máximo desse pórtico.
89
6 CONCLUSÃO
A partir da aplicação do método das forças nas estruturas é possível observar
que, ainda que geometricamente diferentes, todas as estruturas analisadas nesse
trabalho possuem o pico de solicitação máxima de esforços internos a 500ºC. Isso
pode ser explicado devido a gradativa redução do módulo de elasticidade do aço com
o aumento crescente da temperatura, que eleva o gradiente térmico e a temperatura
no centro geométrico da peça. A combinação do aumento de um termo e a redução
do outro resulta num ponto ótimo, um pico, que ocorre a 500ºC.
Durante o dimensionamento dos elementos ficou evidente que a causa dos
colapsos nas estruturas é, majoritariamente, devido ao aumento dos esforços
solicitantes, e não à redução de esforços resistentes. Uma medida prática a ser
tomada para o prolongamento do tempo até o colapso da estrutura é o cuidado no
detalhamento construtivo. Uma viga, por exemplo, quando embutida em uma laje ou
situada em um local que ofereça proteção, reduz o perímetro exposto ao fogo,
resultando em um fator forma menor e, por consequência, retardando o aumento de
temperatura no aço. Também é possível reduzir o esforço solicitante através do
detalhamento construtivo. A exemplo disso, pode-se criar um alargamento de furos
que realizam o travamento de estruturas, como a treliça. Dessa forma, a estrutura tem
liberdade de expandir e, ainda assim, mantem-se estável.
Analisando o comportamento do pórtico é possível observar que o
dimensionamento em temperatura ambiente permitiu um momento resistente duas
vezes maior que o solicitante, e uma força resistente de compressão 15 vezes maior
que a solicitante. Além disso, apresentou um fator de redução associado à resistência
à compressão, 𝜒, de 0,926, o que mostra que o perfil está sendo bem utilizado.
Entretanto, com o aumento de temperatura, a estrutura apresentou um rompimento
precoce, causado pelo efeito de flexo-compressão, a 190ºC, levando um tempo de,
aproximadamente, 4 minutos. Uma possível medida para aumentar esse tempo é
retardar o aquecimento do aço utilizando materiais de proteção, como argamassa de
vermiculita, tintas intumescentes, entre outros, além do cuidado no detalhamento
construtivo, como dito anteriormente.
Para a treliça, o tempo de resistência foi ainda menor, apenas 1,5 minutos,
rompendo a 50ºC. Ainda que o esforço solicitante tenha grande responsabilidade na
ruptura, o dimensionamento poderia ser mais eficaz. Embora a força resistente em
90
temperatura ambiente seja drasticamente superior a solicitante, o perfil não mostra-se
bem utilizado, uma vez que o fator de redução associado à resistência à compressão
é de 0,43. Ou seja, está sendo utilizado apenas 43% do potencial resistente da peça.
Com a elevação de temperatura, a situação agrava-se, visto que esse fator reduz.
Dessa forma, o aumento do esforço resistente pode ser obtido com adição de
contraventamentos (que reduz o comprimento de flambagem), a mudança do tipo de
aço, ou a mudança do perfil utilizado.
Embora as estruturas aqui analisadas não sejam reais, foi possível destacar
a importância de se analisar no dimensionamento em situação de incêndio de
estruturas hiperestáticas a interação entre redução das propriedades do aço e o
surgimento de esforços térmicos adicionais que em algumas estruturas podem ser
bastante elevados.
Dito isso, recomenda-se a continuação do estudo abordando a influência do
material de proteção térmica na mitigação do aumento de temperatura do aço e
consequente aumento no tempo resistente das estruturas. Também mostra-se
pertinente o estudo do comportamento das ligações em situação de incêndio.
91
REFERÊNCIAS
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92
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94
APÊNDICE A - SISTEMA PRINCIPAL E DIAGRAMAS VIRTUAIS DO PÓRTICO DE
3 BARRAS ENGASTADO E COM APOIO DE 1º GÊNERO
Diagrama Virtual de
Momento
kN.cm
Sistema Principal adotado
Diagrama Virtual de
Normal
kN
94
APÊNDICE B - VARIAÇÃO DOS ESFORÇOS COM O AUMENTO DE
TEMPERATURA
Temperatura Fator de redução
Et gt Hiperestático Esforço Criado
ºC k kN.cm ºC/m X1 Momento Normal
Pilar Direito
Normal Pilar
Esquerdo
20 1 20000 0,000 0,000 0 0,000 0,000
30 1 20000 0,485 -275,786 -275,716 0,460 -0,460
40 1 20000 0,971 -551,573 -551,431 0,921 -0,921
50 1 20000 1,456 -827,359 -827,147 1,381 -1,381
60 1 20000 1,942 -1103,146 -1102,86 1,842 -1,842
70 1 20000 2,427 -1378,932 -1378,58 2,302 -2,302
80 1 20000 2,913 -1654,718 -1654,29 2,763 -2,763
90 1 20000 3,398 -1930,505 -1930,01 3,223 -3,223
100 1 20000 3,883 -2206,291 -2205,73 3,684 -3,684
110 0,99 19800 4,369 -2457,257 -2456,63 4,103 -4,103
120 0,98 19600 4,854 -2702,707 -2702,01 4,512 -4,512
130 0,97 19400 5,340 -2942,641 -2941,89 4,913 -4,913
140 0,96 19200 5,825 -3177,059 -3176,24 5,304 -5,304
150 0,95 19000 6,311 -3405,962 -3405,09 5,686 -5,686
160 0,94 18800 6,796 -3629,349 -3628,42 6,059 -6,059
170 0,93 18600 7,282 -3847,220 -3846,23 6,423 -6,423
180 0,92 18400 7,767 -4059,576 -4058,53 6,778 -6,778
190 0,91 18200 8,252 -4266,416 -4265,32 7,123 -7,123
200 0,9 18000 8,738 -4467,740 -4466,59 7,459 -7,459
210 0,89 17800 9,223 -4663,548 -4662,35 7,786 -7,786
220 0,88 17600 9,709 -4853,841 -4852,6 8,104 -8,104
230 0,87 17400 10,194 -5038,618 -5037,33 8,412 -8,412
240 0,86 17200 10,680 -5217,879 -5216,54 8,712 -8,712
250 0,85 17000 11,165 -5391,624 -5390,24 9,002 -9,002
260 0,84 16800 11,650 -5559,854 -5558,43 9,283 -9,283
270 0,83 16600 12,136 -5722,568 -5721,1 9,554 -9,554
280 0,82 16400 12,621 -5879,766 -5878,26 9,817 -9,817
290 0,81 16200 13,107 -6031,449 -6029,9 10,070 -10,070
300 0,8 16000 13,592 -6177,616 -6176,03 10,314 -10,314
310 0,79 15800 14,078 -6318,267 -6316,65 10,549 -10,549
320 0,78 15600 14,563 -6453,402 -6451,75 10,774 -10,774
330 0,77 15400 15,049 -6583,022 -6581,33 10,991 -10,991
340 0,76 15200 15,534 -6707,125 -6705,41 11,198 -11,198
350 0,75 15000 16,019 -6825,714 -6823,96 11,396 -11,396
360 0,74 14800 16,505 -6938,786 -6937,01 11,585 -11,585
370 0,73 14600 16,990 -7046,343 -7044,54 11,764 -11,764
380 0,72 14400 17,476 -7148,384 -7146,55 11,935 -11,935
390 0,71 14200 17,961 -7244,909 -7243,05 12,096 -12,096
400 0,7 14000 18,447 -7335,918 -7334,04 12,248 -12,248
95
Temperatura Fator de redução
Et gt Hiperestático Esforço Criado
ºC k kN.cm ºC/m X1 Momento Normal
Pilar Direito
Normal Pilar
Esquerdo
410 0,69 13800 18,932 -7421,412 -7419,51 12,391 -12,391
420 0,68 13600 19,417 -7501,390 -7499,47 12,524 -12,524
430 0,67 13400 19,903 -7575,853 -7573,91 12,648 -12,648
440 0,66 13200 20,388 -7644,799 -7642,84 12,764 -12,764
450 0,65 13000 20,874 -7708,230 -7706,25 12,869 -12,869
460 0,64 12800 21,359 -7766,145 -7764,15 12,966 -12,966
470 0,63 12600 21,845 -7818,545 -7816,54 13,054 -13,054
480 0,62 12400 22,330 -7865,428 -7863,41 13,132 -13,132
490 0,61 12200 22,816 -7906,796 -7904,77 13,201 -13,201
500 0,6 12000 23,301 -7942,649 -7940,61 13,261 -13,261
510 0,571 11420 23,786 -7716,228 -7714,25 12,883 -12,883
520 0,542 10840 24,272 -7473,812 -7471,89 12,478 -12,478
530 0,513 10260 24,757 -7215,400 -7213,55 12,047 -12,047
540 0,484 9680 25,243 -6940,992 -6939,21 11,588 -11,588
550 0,455 9100 25,728 -6650,589 -6648,88 11,104 -11,104
560 0,426 8520 26,214 -6344,191 -6342,56 10,592 -10,592
570 0,397 7940 26,699 -6021,796 -6020,25 10,054 -10,054
580 0,368 7360 27,184 -5683,406 -5681,95 9,489 -9,489
590 0,339 6780 27,670 -5329,021 -5327,65 8,897 -8,897
600 0,31 6200 28,155 -4958,640 -4957,37 8,279 -8,279
610 0,292 5840 28,641 -4751,248 -4750,03 7,933 -7,933
620 0,274 5480 29,126 -4533,929 -4532,77 7,570 -7,570
630 0,256 5120 29,612 -4306,681 -4305,58 7,190 -7,190
640 0,238 4760 30,097 -4069,504 -4068,46 6,794 -6,794
650 0,22 4400 30,583 -3822,400 -3821,42 6,382 -6,382
660 0,202 4040 31,068 -3565,367 -3564,45 5,953 -5,953
670 0,184 3680 31,553 -3298,405 -3297,56 5,507 -5,507
680 0,166 3320 32,039 -3021,516 -3020,74 5,045 -5,045
690 0,148 2960 32,524 -2734,698 -2734 4,566 -4,566
700 0,13 2600 33,010 -2437,952 -2437,33 4,070 -4,070
710 0,126 2520 33,495 -2397,687 -2397,07 4,003 -4,003
720 0,122 2440 33,981 -2355,216 -2354,61 3,932 -3,932
730 0,118 2360 34,466 -2310,539 -2309,95 3,858 -3,858
740 0,114 2280 34,951 -2263,655 -2263,07 3,779 -3,779
750 0,11 2200 35,437 -2214,565 -2214 3,697 -3,697
760 0,106 2120 35,922 -2163,269 -2162,71 3,612 -3,612
770 0,102 2040 36,408 -2109,766 -2109,22 3,522 -3,522
780 0,098 1960 36,893 -2054,057 -2053,53 3,429 -3,429
790 0,094 1880 37,379 -1996,142 -1995,63 3,333 -3,333
800 0,09 1800 37,864 -1936,021 -1935,52 3,232 -3,232
810 0,08775 1755 38,350 -1911,820 -1911,33 3,192 -3,192
820 0,0855 1710 38,835 -1886,379 -1885,9 3,149 -3,149
96
Temperatura Fator de redução
Et gt Hiperestático Esforço Criado
ºC k kN.cm ºC/m X1 Momento Normal
Pilar Direito
Normal Pilar
Esquerdo
830 0,08325 1665 39,320 -1859,697 -1859,22 3,105 -3,105
840 0,081 1620 39,806 -1831,773 -1831,3 3,058 -3,058
850 0,07875 1575 40,291 -1802,609 -1802,15 3,010 -3,010
860 0,0765 1530 40,777 -1772,203 -1771,75 2,959 -2,959
870 0,07425 1485 41,262 -1740,557 -1740,11 2,906 -2,906
880 0,072 1440 41,748 -1707,669 -1707,23 2,851 -2,851
890 0,06975 1395 42,233 -1673,541 -1673,11 2,794 -2,794
900 0,0675 1350 42,718 -1638,171 -1637,75 2,735 -2,735
910 0,06525 1305 43,204 -1601,561 -1601,15 2,674 -2,674
920 0,063 1260 43,689 -1563,709 -1563,31 2,611 -2,611
930 0,06075 1215 44,175 -1524,616 -1524,23 2,545 -2,545
940 0,0585 1170 44,660 -1484,282 -1483,9 2,478 -2,478
950 0,05625 1125 45,146 -1442,708 -1442,34 2,409 -2,409
960 0,054 1080 45,631 -1399,892 -1399,53 2,337 -2,337
970 0,05175 1035 46,117 -1355,835 -1355,49 2,264 -2,264
980 0,0495 990 46,602 -1310,537 -1310,2 2,188 -2,188
990 0,04725 945 47,087 -1263,998 -1263,67 2,110 -2,110
1000 0,045 900 47,573 -1216,218 -1215,91 2,031 -2,031
1010 0,04275 855 48,058 -1167,197 -1166,9 1,949 -1,949
1020 0,0405 810 48,544 -1116,935 -1116,65 1,865 -1,865
1030 0,03825 765 49,029 -1065,432 -1065,16 1,779 -1,779
1040 0,036 720 49,515 -1012,688 -1012,43 1,691 -1,691
1050 0,03375 675 50,000 -958,703 -958,457 1,601 -1,601
1060 0,0315 630 50,485 -903,476 -903,245 1,508 -1,508
1070 0,02925 585 50,971 -847,009 -846,792 1,414 -1,414
1080 0,027 540 51,456 -789,301 -789,098 1,318 -1,318
1090 0,02475 495 51,942 -730,351 -730,164 1,219 -1,219
1100 0,0225 450 52,427 -670,161 -669,989 1,119 -1,119
1110 0,02025 405 52,913 -608,730 -608,573 1,016 -1,016
1120 0,018 360 53,398 -546,057 -545,917 0,912 -0,912
1130 0,01575 315 53,883 -482,144 -482,02 0,805 -0,805
1140 0,0135 270 54,369 -416,989 -416,882 0,696 -0,696
1150 0,01125 225 54,854 -350,593 -350,504 0,585 -0,585
1160 0,009 180 55,340 -282,957 -282,884 0,472 -0,472
1170 0,00675 135 55,825 -214,079 -214,024 0,357 -0,357
1180 0,0045 90 56,311 -143,961 -143,924 0,240 -0,240
1190 0,00225 45 56,796 -72,601 -72,5822 0,121 -0,121
1200 0 0 57,282 0,000 0 0,000 0,000