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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP Rafaela Roza Pinto AVALIAÇÃO AUDITIVA EM UM GRUPO DE ESCOLARES DA CIDADE DE SALVADOR MESTRADO EM FONOAUDILOGIA PUCSP 2007

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULOPUC-SP

Rafaela Roza Pinto

AVALIAÇÃO AUDITIVA EM UM GRUPO DE ESCOLARES DA CIDADE DE SALVADOR

MESTRADO EM FONOAUDILOGIA

PUCSP2007

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ii

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULOPUC-SP

Rafaela Roza Pinto

AVALIAÇÃO AUDITIVA EM UM GRUPO DE ESCOLARES DA CIDADE DE SALVADOR

MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Fonoaudiologia sob a orientação do Profa. Dra. Dóris Ruth Lewis.

PUCSP2007

iii

Banca Examinadora

Prof.(a) Dr. (a) ________________________________________

Prof.(a) Dr. (a) ________________________________________

Prof.(a) Dr. (a) ________________________________________

Aprovada em: _____/_____/_____

iv

Às pessoas mais importantre da minha vida e que suportaram toda a minha ausência: Sra. Geilza, mãe exemplar; Pedro, meu irmão querido, e Mirela, minha filha fascinante. Com o apoio e compreensão desses amores, pude concretizar este trabalho.

v

AGRADECIMENTOS_____________________________________________________

vi

À Dra. Dóris Ruth Lewis, pelas orientações, incentivos e conquistas.

Às Dras. Carla Marcondes Cesar Affonso Padovani, Maria Cecilia Bevilacqua, e

Teresa Maria Momensohn dos Santos, pela colaboração e atenção.

À Escola Marrat, em especial a seus professores, funcionários e alunos, pela

colaboração e participação neste estudo.

Às fonoaudiólogas Ana Maria, Glória, Cecília e Renata, que acreditam em meu

potencial profissional e me auxiliaram, principalmente, nos momentos difíceis.

Às Dras. Roberta e Kátia, pelas colaborações médicas incrivelmente carinhosas.

À Fabrícia, Rebeca e Mariana, pela ajuda profissional e incentivo emocional para

conclusão deste projeto.

A todos os meus colegas mestrandos, pela colaboração e incentivo nesta jornada.

Aos colegas, amigos e companheiros profissinais, pela amizade, compreensão e

solidariedade.

Aos familiares que me incentivaram e participaram de todas as etapas deste estudo.

A todos que direta e indiretamente participaram.

vii

SUMÁRIO_____________________________________________________

viii

DEDICATÓRIA iv

AGRADECIMENTOS v

SUMÁRIO vii

LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS ix

RESUMO E ABSTRACT xiii

1. INTRODUÇÃO 1 1.1 OBJETIVOS 4

2. REVISÃO DE LITERARURA 5

2.1 A IMPORTÂNCIA DAS HABILIDADES AUDITIVAS NO

DESEMPENHO ACADÊMICO DA CRIANÇA 6

2.2. AVALIAÇÃO DA AUDIÇÃO PARA DIAGNÓSTICO DE PERDAS AUDITIVAS EM ESCOLARES 10 2.3. ALGUMAS PESUISAS RELACIONADAS À AUDIÇÃO DOS ESCOLARES 15

3. MÉTODO 28

3.1 CASUÍSTICA 30 3.1.1 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO 31

3.2 INSTRUMENTOS UTILIZADOS 32

3.3 PROCEDIMENTOS 35

3.4 DEVOLUTIVA AOS PAIS 37

3.5 CRITÉRIO DE ANÁLISE DE DADOS 38

4. RESULTADOS 39

5. DISCUSSÃO 59

6. CONCLUSÃO 68

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 70

ANEXOS 75

ix

LISTAS DE TABELAS E GRÁFICOS_____________________________________________________

x

LISTAS DE TABELAS

TABELA 1 Distribuição percentual das crianças segundo gênero 31

TABELA 2 Distribuição percentual das crianças segundo idade 31

TABELA 3 Distribuição percentual das crianças segundo escolaridade 32

TABELA 4 Distribuição percentual dos resultados da audiometria tonal em escolares 42

TABELA 5 Distribuição percentual dos resultados das audiometrias alteradas segundo a idade

43

TABELA 6 Distribuição percentual das alterações auditivas segundo o gênero 43

TABELA 7 Distribuição percentual do diagnóstico auditivo segundo a escolaridade

44

TABELA 8 Distribuição percentual da análise dos resultados da audiometria tonal e timpanometria

47

TABELA 9 Distribuição percentual das respostas positivas e negativas 48

T ABELA 10 Distribuição percentual da percepção dos pais sobre as dificuldades auditivas dos seus filhos 49

TABELA 11 Distribuição percentual sobre a percepção dos pais em relação à necessidade dos seus filhos em receber a mesma informação inúmeras vezes

50TABELA 12 Distribuição percentual da percepção dos pais sobre presença

de resfriados ou otites frequentes 50

TABELA 13 Distribuição percentual da percepção dos pais sobre a presença algum tipo de deficiência nos seus filhos

51TABELA 14 Distribuição percentual da percepção dos pais sobre presença

de distração constante nos seus filhos 51

TABELA 15 Distribuição percentual sobre a percepção dos pais sobre a presença de dificuldade em compreenção de palavras dos seus filhos 52

TABELA 16 Distribuição percentual da percepção dos pais sobre o costume auditivo dos seus filhos 53

xi

TABELA 17 Distribuição percentual da percepção dos pais em relação aos seus filhos apresentarem problemas de fala 53

TABELA 18 Distribuição percentual da percepção dos pais sobre aapresenta de atraso na linguagem 54

TABELA 19 Distribuição percentual sobre a percepção dos pais se seu filho não apresenta motivação para aprender 54

TABELA 20 Distribuição percentual da percepção dos pais sobre o baixodesempenho escolar 55

TABELA 21 Distribuição percentual da percepção dos pais sobre a mudança brusca no desempenho escolar dos seus filhos 55

TABELA 22 Distribuição percentual sobre a percepção dos pais em relação à freqüência de cansasso dos seus filhos 56

TABELA 23 Distribuição percentual da percepção dos pais sobre o costume vocal dos seus filhos 56

TABELA 24 Distribuição percentual da percepção dos pais sobre o costume de intensidade do volume do rádio e TV dos seus filhos

57

TABELA 25 Distribuição percentual sobre a percepção dos pais em relação a necessidade de procurar pistas visuais no rosto do falante por parte dos seus filhos

57

TABELA 26 Análise estatística relacionando questionário com o diagnóstico auditivo 58

xii

LISTAS DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 Distribuição percentual dos achados da otoscopia médica (n=172 orelhas).

40

GRÁFICO 2 Distribuição percentual dos resultados das audiometrias tonais dos escolares

41

GRÁFICO 3 Distribuição percentual dos resultados das audiometrias tonais dos escolares segundo a lateralidade

42

GRÁFICO 4 Distribuição percentual dos resultados das timpanometrias dos escolares

45

GRÁFICO 5 Distribuição percentual das alterações da timpanometria 46

GRÁFICO 6 Distribuição percentual dos resultados da timpanometria (n=86)

46

xiii

RESUMO E ABSTRACT_____________________________________________________

xiv

Resumo

As alterações auditivas podem acarretar prejuízos no desenvolvimento das crianças na

fase escolar. Os sintomas dessas alterações podem ser confundidos com outras

patologias o que dificulta seu diagnóstico. A presente pesquisa teve como objetivo

estudar os achados audiológicos de escolares da faixa etária entre 6 e 10 anos, que

freqüentavam da pré-escola (alfabetização) à 4ª série do ensino fundamental de uma

escola particular do município de Salvador. Método: Foram avaliadas 86 crianças,

sendo realizadas otoscopia médica/otorrinolaringológica, audiometria tonal e

timpanometria, além de ter sido aplicado um questionário aos pais. Resultados:

Realizada em 172 orelhas, a otoscopia mostrou que 41 delas (23,84%) apresentaram

impedimentos parciais ou totais no meato acústico externo, impossibilitando os demais

exames. Das orelhas com impedimentos, 4 crianças (2,33%) apresentaram alteração

somente na OD; 7 crianças (4,07%), somente na OE e 15 crianças (17,44%), em ambas.

Na avaliação audiométrica, 163 orelhas (94,77%) estavam dentro dos padrões de

normalidade e 9 (5,23%) apresentaram alterações auditivas. Destas, 80% (4 crianças)

apresentaram perda auditiva condutiva bilateral e 20% (1 criança), perda auditiva

condutiva à esquerda. Na timpanometria, 163 orelhas (94,77%) estavam no padrão da

normalidade e 9 (5,23%) apresentaram alterações timpanométricas. Destas, 5 (55,55%)

foram na orelha esquerda e 4 (44,45%) na orelha direita.; 2,33% (4 orelhas)

apresentaram curvas tipo “B” bilateral, 2,33% (4 orelhas) curvas tipo “C” bilateral e

0,58% (1 orelha) curva tipo “C” unilateral à esquerda. As mesmas crianças

apresentaram alteração tanto na audiometria como na timpanometria. O questionário aos

pais não apresentou resultado significativo em nenhum item. Conclusão: A audiometria

e a timpanometria são procedimentos eficazes para a identificação de alterações

auditivas em escolares. Apesar de o questionário não ter apresentado resultados

significantes, não deve ser excluído de uma avaliação auditiva, mas sim aprimorado.

Palavras chaves: crianças, escolares, otoscopia, audiometria, timpanometria,

questionário.

xv

Abstract

Hearing disorders can seriously hinder the development of school-age children.

Symptoms of these disorders can be confused with other pathologies, hindering

diagnosis. The objective of the present research was to study the audiological findings

of school age children from ages 6 to 10 years who have attended pre-school (literacy

studies) to 4th grade elementary in a private school in the municipality of Salvador.

Method: Eighty-six children were evaluated, using medical

otoscopy/otorhinolaryngology, tonal audiometry and tympanometry, as well as a

questionnaire directed to the parents. Results: The otoscopy, done in 172 ears, showed

that 41 ears (23.84%) presented partial or total impediment in the external acoustic

meatus, making further examination impossible. Of the ears with impediments, 4

children (2.33%) showed alterations only in the right ear, 7 children (4.07%), only in

the left ear and 15 children (17.44%) in both. In the audiometric evaluation, 163 ears

(94.77%) were within normal range and 9 (5.23%) showed tympanic alterations. Of

these, 5 (55.55%) were in the left ear and 4 (44.45%) in the right ear; 2.33% (4 ears)

presented bilateral type "B" curves, 2.33% (4 ears) bilateral type "C" curves and 0.58%

(1 ear) unilateral type "C" curves to the left. These same children presented alterations

in the audiometry as well as the tympanometry. The questionnaire for the parents held

no significant results. Conclusion: Audiometry and tympanometry are efficient

procedures in identifying hearing disorders in school children. Although the

questionnaire yielded no significant results, it should not be excluded from an

audiological evaluation, only improved.

Key words: children, school-age children, otoscopy, eudiometry, tympanometry,

questionnaire.

1. INTRODUÇÃO

2

O problema de aprendizagem nos primeiros anos de vida acadêmica vem preocupando

profissionais da educação e da saúde, podendo apresentar causas multifatoriais difíceis

de serem precisamente identificadas.

Há, de fato, vários aspectos constitucionais e ambientais envolvidos no problema, tais

como: sensoriais, psíquicos, neurológicos, lingüísticos, intelectuais e sociais. Em razão

disso, vêm sendo instituídos programas apoiados pelo governo e por pesquisas

universitárias. Como exemplo, podemos destacar o Programa de Saúde do Escolar

(PNSE), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, criado em 1984 para

conceder aos municípios apoio financeiro para a realização de consultas oftalmológicas,

aquisição e distribuição de óculos para alunos com problemas visuais na 1ª série do

ensino fundamental público das redes municipais e estaduais. Entre 1987 e 1988,

também foi incluído no programa a área preventiva e curativa de odontologia.

Em 1999, o Ministério da Educação decidiu realizar a campanha Quem Ouve Bem

Aprende Melhor, sendo que dela participaram 10.532 escolas de 429 municípios. Os

resultados obtidos compreendem 264.189 alunos e encaminhados para a 2ª fase. Nesta,

participaram 117.730, os quais falharam na triagem em sala de aula. Esses alunos não

receberam acompanhamento, prejudicando o objetivo da campanha (Ferreira, 2004).

De fato, inúmeras pesquisas vêm comprovando que alterações auditivas, independente

de sua duração ou recorrência, podem causar retardos no desempenho acadêmico,

trazendo conseqüências para o desenvolvimento da linguagem, como também

3

obstáculos nas relações sociais, fragilizando as emoções da criança por dificultar a

transmissão de pensamentos e sentimentos (Coimbra, 2005; Northern, Downs, 2005;

Aita et al., 2002; Vaz et al., 2002).

Considerando a aprendizagem da leitura e da escrita como um dos mais importantes

momentos do processo educacional, e a importância da audição nesse processo, a

avaliação auditiva apresenta-se como um recurso na prevenção e identificação precoce

de problemas auditivos e, conseqüentemente, de problemas de aprendizagem.

A avaliação auditiva em crianças com idade escolar vem priorizar a detecção de

alterações auditivas de grau leve e moderado, que, se comparadas com perdas de grau

severo a profundo, dificilmente são percebidas por pais e educadores, certamente em

função da carência de informações sobre os sintomas dessas alterações e as possíveis

formas de prevenção.

Se as perdas auditivas forem diagnosticadas e as intervenções realizadas de forma

adequada, as dificuldades causadas por estas alterações nos escolares podem ser

minimizadas ou eliminadas. Sendo assim, devemos valorizar a avaliação da audição dos

escolares, principalmente nos primeiros anos de escolaridade, já que, nessa época, o

sistema auditivo é fundamental para o aprendizado.

4

1.1. OBJETIVOS

O objetivo geral desta pesquisa foi estudar os achados audiológicos de escolares da

faixa etária entre 6 e 10 anos, que frequentaram uma escola da rede de ensino

fundamental da cidade de Salvador.

Objetivos específicos:

Estudar a ocorrência das perdas auditivas, segundo gênero e faixa etária;

Estudar as perdas auditivas segundo o tipo;

Estudar os achados das queixas referidas por pais para correlacioná-las aos achados

audiológicos.

5

2. REVISÃO DE LITERATURA

_____________________________________________________

6

Neste capítulo, são apresentados estudos que se relacionam com os temas de

interesse desta pesquisa, sendo que foram organizados de modo a privilegiar o

encadeamento das idéias dos autores e não a cronologia das obras.

2.1. IMPORTÂNCIA DAS HABILIDADES AUDITIVAS

NO DESEMPENHO ACADÊMICO DA CRIANÇA

A audição é uma função sensorial que nos permite perceber estímulos sonoros, receber

informações e reagir diante dos sons. Para essas ações, o indivíduo possui em seu

organismo um conjunto de estruturas denominado sistema auditivo, que se compõe do

órgão sensorial, das vias auditivas do sistema nervoso e das estruturas cerebrais, tendo

como função a recepção, a análise e a interpretação das informações recebidas por meio

da audição (Navas, Santos, 2002).

O desenvolvimento da função auditiva, da fala e da linguagem é de grande importância

para a aprendizagem, pois possibilita a expressão de conhecimentos, podendo interferir

no desempenho acadêmico, psíquico e social do indivíduo (Coimbra, 2005; Northern,

Downs, 2005; Valente, 2006).

Como já foi apontado por diversos autores, a audição é um dos fatores fundamentais

para a aquisição tanto da linguagem oral como escrita, que também depende da

integridade anatomofuncional do sistema nervoso central e das experiências auditivas

7

vividas pela criança. De fato, a capacidade de receber e compreender as mensagens

verbais está extremamente relacionada com as habilidades de detectar sons, prestar

atenção, discriminar, localizar, memorizar, dar seqüências e integrar as experiências

auditivas (Vieira, Santos, 2001; Santos, Schochat, 2003).

Nas crianças, a deficiência auditiva, termo utilizado para indicar perda ou diminuição na

capacidade de escutar os sons, pode acarretar, então, alterações não apenas no

desenvolvimento da linguagem, mas também no que diz respeito aos aspectos cognitivo,

social, emocional e educacional. Diante disso, torna-se necessária a elaboração de um

protocolo simples, prático e eficaz para o diagnóstico dessa deficiência, sem o qual a

atividade rotineira e sistemática da triagem da audição no escolar fica prejudicada (Vaz

et al., 2002; Olusanya, Okolo, 2004).

Dentre as causas da deficiência de audição está a otite média, doença comum na

infância e que pode ser classificada em vários tipos - otite sem efusão, otite com efusão,

disfunção de tuba, otite crônica. Cada um deles apresenta características distintas,

relacionadas à membrana timpânica, observadas no exame otoscópico, tais como:

abaulamento, perda de transparência; presença de vasos radiais; alteração de cor

(hiperemia, baça e/ou despolida, opaca, cor amarelada ou esbranquiçada); ausência de

triângulo luminoso; imobilidade à pneumo-otoscopia; retração, entre outras (Pignatari,

Weckx, 1999; Munhoz et al. , 1999; Sakano et al., 2005).

Porém, essas perdas auditivas mínimas, causadas por alterações como otites, são na

maioria das vezes insidiosas e silenciosas. A criança não tem a capacidade de perceber

8

que está ouvindo fora do normal e, em função disso, não relata dificuldades, impedindo

assim a detecção de alterações que podem causar, então, problemas de aprendizagem

(Aita et al., 2002; Lacerda et al.,2002).

Quando se trata de alteração na orelha média, como no caso das otites, o distúrbio da

audição, a surdez parcial ou hipoacusia têm como característica uma queda de audição

nos tons graves; já quando o problema é na orelha interna, a queda é nos tons agudos

(Bevilacqua, Moret, 2005).

Tendo como objetivo avaliar se a Otite Média Externa (OME) e a perda auditiva nos

primeiros quatro anos de vida se relacionam ao desenvolvimento de linguagem e

desempenho acadêmico, Roberts et al. (2002) realizaram um estudo prospectivo com 83

crianças negras de baixa renda, recrutadas de programas comunitários de cuidados

infantis. Elas foram examinadas entre as idades de 6 meses e 4 anos para verificar a

presença de OME e de perda de audição. Os ambientes residenciais dessas crianças

foram observados anualmente, dos 6 meses até que chegassem à segunda série,

enquanto as habilidades acadêmicas e de linguagem foram avaliadas repetidamente

entre os 4 anos de idade e a segunda série. Nas análises, os autores constataram que

crianças com incidência maior de OME e perda auditiva durante os primeiros quatro

anos de vida apresentaram maiores dificuldades com problemas de matemática entre o

jardim de infância e a segunda série, mas o desempenho delas melhorava à medida que

ficavam mais velhas e freqüentavam mais a escola. Análises contínuas indicaram

também que crianças com constantes OME, durante os primeiros dois anos de vida,

apresentaram níveis mais baixos em linguagem expressiva durante a pré-escola e no

9

primeiro ano escolar, mas se recuperavam até a segunda série. Em contraste, crianças

com residências que possuíam maior estimulação para a linguagem alcançaram valores

mais altos em todas as avaliações de linguagem e de habilidades acadêmicas do que as

demais. Em síntese, o estudo concluiu que não havia nenhuma evidência de uma relação

significativa entre história de OME ou de perda auditiva e posteriores habilidades

acadêmicas em leitura ou reconhecimento de palavras durante os anos escolares. Porém,

crianças com maior incidência de OME e perda auditiva no início da infância

apresentaram rendimento mais baixo em matemática e em linguagem expressiva,

embora, ao entrar na escola, tenham se nivelado com seus colegas na matemática. Os

autores também constataram que o número de estímulos presentes no ambiente

residencial da criança estava muito mais relacionado às habilidades precoces em

matemática e linguagem expressiva do que à OME ou a perda de audição.

Westerberg et al. (2005) realizaram uma pesquisa como parte do programa de Cuidados

de Saúde Auditiva em Zimbabwe (África), pois analisaram que a falta de padronização

da triagem auditiva poderia ocasionar atraso do desempenho acadêmico, de interação

social e, posteriormente, de oportunidade de trabalho. Para tanto, triaram 5.228

estudantes de escolas primárias, considerando alteração quando o resultado do limiar

nas freqüências 1000, 2000, e 4000 Hz fosse maior que 30 dB em pelo menos um dos

ouvidos e em uma das freqüências. No total, foram identificados 135 (2,58%)

estudantes que falharam no teste, 79 (1,51% do total) com perda auditiva condutiva e 56

(1,07% do total) com perda auditiva sensorioneural, levando a considerar que a

prevalência de alteração auditiva nas crianças de Zimbabwe é significativa.

10

2. 2. AVALIAÇÃO DA AUDIÇÃO PARA DIAGNÓSTICO

DE PERDAS AUDITIVAS EM ESCOLARES

O otorrinolaringologista se depara diariamente com queixas de sintomas e doenças na

faixa etária escolar, principalmente otológicas e rinológicas, que podem dificultar o

desempenho acadêmico. Porém, o difícil acesso a esse especialista no sistema de saúde

pública ocasiona uma deficiência assistencial, principalmente nas camadas de baixa

renda (Araújo et al., 2004).

Com o objetivo de identificar os sintomas otorrinolaringológicos mais freqüentes na

faixa etária entre 7 e 14 anos, os autores citados anteriormente, aplicaram um

questionário padronizado e realizaram exame clínico otorrinolaringológico em 293

escolares. Constataram, então, que as queixas mais freqüentes foram: cefaléia (64%),

halitose (32%), obstrução nasal (28%), respiração oral (28%), roncos (27%), tontura

(26%), otalgia (14%), tosse (13%), rouquidão (9%), hipoacusia (5%) e zumbido (2%).

Os achados discordaram da literatura, que indica perda auditiva como o sintoma mais

citado (Abe; Stamm, 1991; Grimes, 1985; Simões; Maciel - Guerra 1992). A principal

queixa foi a tontura, levando à necessidade de um maior conhecimento da realidade dos

estudantes brasileiros, com uma atuação preventiva junto a crianças e adolescentes.

A triagem auditiva neonatal já está sendo realizada nas grandes áreas metropolitanas

dos países desenvolvidos. Mesmo assim, muitas crianças com perdas auditivas

11

unilaterais ou perdas associadas com disfunção de orelha média não são identificadas

até a realização da triagem escolar (Flanary et al., 1999).

Após um estudo na Nigéria, que demonstrou associação significativa das alterações

auditivas com o desempenho escolar, Olusanya et al. (2000) ressaltaram que há

necessidade de conscientização e melhoria da infra-estrutura para a realização de

programas de triagem auditiva, para a implantação de programas de prevenção,

diagnóstico e reabilitação de patologias auditivas em escolares.

Segundo Brunetto (2003), Vieira e Santos (2001), na fase de iniciação escolar, as

crianças com perda auditiva não detectada são tratadas como desatentas, demoram a

aprender e apresentam distúrbios de fala. Isto pode ser justificado pela dificuldade que

apresentam para localizar a fonte sonora, entender a fala na presença de ruído, manter a

atenção e seguir seqüências de instruções, entre outras atividades que envolvem

linguagem oral.

Nesse sentido, o programa de triagem auditiva tem como objetivo detectar possíveis

portadores de deficiência auditiva, visando justamente prevenir dificuldades de

aquisição de fala e no desenvolvimento da linguagem. Um programa de triagem

auditiva escolar, implantado na própria escola, pode facilitar a detecção de alterações

auditivas e garantir uma assessoria especializada (Ferreira, 2004).

Para Rio e Bosch (1997), os alunos que apresentam sinais de desordens coletivas, como:

irritação, hiperatividade e dificuldades de aprendizagem, podem estar com dificuldades

12

auditivas. Assim, esses autores recomendam que a audiometria seja obrigatória em

crianças que se resfriam ou sofrem de otites freqüentemente e/ou apresentam qualquer

distúrbio articulatório ou atraso de linguagem, pois esse exame é parte essencial do

processo diagnóstico. Afirmam também que o professor é a pessoa mais indicada para

detectar esses sinais, que podem passar despercebidos pelos pais, podendo então

encaminhar essas crianças para especialistas.

No entanto, segundo Olusanya (2001), continuam duvidosos os critérios para a detecção

precoce das deficiências auditivas em países em desenvolvimento, devido às

circunstâncias socioeconômicas adversas. O autor avaliou, então, a eficácia de testes

disponíveis, para determinar a opção mais viável para triagem em massa, sendo que

fizeram parte do estudo 359 escolares, com idade entre 6 e 7 anos. Os valores de

diagnósticos para detecção de alterações auditivas foram: 21,7% para questionários;

19,4% na otoscopia e 34,6% na timpanometria. Concluiu que, mesmo com as suas

limitações, o uso de um questionário bem estruturado na fase de iniciação escolar,

acompanhado de instruções para os pais, pode ser a melhor opção e a mais imediata

para um programa de detecção precoce em um país em desenvolvimento.

Segundo Kemper et al. (2004), são comuns programas de triagem auditiva e visual para

crianças em idade escolar, mas pouco se sabe sobre seu impacto. Então, com o objetivo

de avaliar o Programa de Triagem no Estado do Michigan (EUA), bem como o

desempenho dos funcionários da equipe local de saúde que realizam as triagens das

crianças em idade escolar usando um protolo padrão, os autores realizaram entrevistas

com esses técnicos, pertencentes a dez equipes, para investigar os resultados da triagem

13

durante o ano escolar de 2000-2001. Também realizaram um levantamento dos registros

dessas triagens e entrevistas por telefone com pais de crianças que obtiveram resultados

alterados nos exames. De acordo com os registros, o acompanhamento depois de um

teste de triagem alterada era baixo (27%). No entanto, a maioria dos pais relatou que

houve acompanhamento (74%), e muitos informaram que, como consequência,

procuraram tratamento (50%). O estudo concluiu que a probabilidade de existir

acompanhamento diminuía com o aumento da série escolar; entretanto, a proporção dos

que receberam tratamento não variou com a série escolar. Diante dos resultados, os

autores afirmaram que a triagem escolar parece ser uma função importante da saúde

pública.

A partir da hipótese de que as emissões otoacústicas evocadas transientes podem

fornecer uma alternativa à tradicional triagem auditiva de tom puro em escolares, Sabo

et al. (2000) aplicaram ambos os testes em 583 crianças do primário de quatro escolas,

sendo que aquelas que falhassem em algum deles teriam de passar por uma avaliação

audiológica detalhada. Depois da análise dos resultados, os autores constataram que a

sensibilidade e especificidade da triagem de tom puro era 87% e 80% respectivamente,

e das emissões otoacústicas evocadas transientes, 65% e 91%, respectivamente. Sendo

assim, concluíram que a triagem auditiva de tom puro foi um teste estatisticamente

melhor para detectar alterações auditivas na população escolar.

Castagno, Lavinsky (2002) realizaram um estudo prospectivo, longitudinal com o

objetivo de determinar a frequência de otite média (OM) em relação a fatores

socioeconômicos. Na cidade de Pelotas- Brasil, no ano de 1997, avaliaram então um

14

grupo de crianças de 3 a 4 anos de idade, escolhidas aleatoriamente entre estudantes de

escolas cuja população pertencia a um nível socioeconômico mais alto (AB – ingresso

familiar mensal >10 salários mínimos) e de escolas com nível mais baixo (CD –

ingresso familiar <3 salários mínimos). Foi realizada a otoscopia e a timpanometria com

156 crianças em três estações climáticas: outono, inverno e primavera. Destas, 72

pertenciam ao grupo socioeconômico AB e 84, ao grupo CD. A otoscopia sugeriu que a

otite média crônica supurativa (OM) e a otite média secretora (SOM) eram mais comuns

nas crianças do grupo CD, nas três estações do ano (SOM- outono: 20,9% AB; 38,1%

CD/ inverno: 28,6% AB; 81% CD/ primavera 23% AB; 49,3% CD). Segundo a

timpanometria, a incidência de SOM no inverno foi de 18,4% no grupo AB e 72,9% no

grupo CD. Entre as crianças com timpanometria normal, no outono, 44,7%

apresentaram timpanometria tipo “B” no inverno e somente 17,6% continuavam com

esse quadro na primavera. Das orelhas que apresentavam tipo “B” no outono, 80%

continuavam com mesmo resultado no inverno e 60,9% na primavera. Com esses

resultados os pesquisadores concluíram que o grupo socioeconômico mais baixo tem

um pico maior de incidência de otite média no inverno, com timpanograma tipo “B” no

outono; para essa classe social, o prognóstico também é ruim em termos de resolução

espontânea.

15

2.3. ALGUMAS PESQUISAS RELACIONADAS À

AUDIÇÃO DOS ESCOLARES

Santos (1996), Gordo (2000) descreveram a otite média como uma das doenças mais

comuns na infância, principalmente nos primeiros anos de vida, sendo que cerca de 80%

das crianças em idade escolar sofrem perda auditiva temporária durante o ano letivo,

devido a essa patologia otológica.

Costa (1999) realizou triagem audiológica em 242 alunos da pré-escola, totalizando 484

orelhas submetidas à imitância acústica, e em seu estudo analisou, então, os resultados

relativos, somente, à timpanometria, segundo a classificação de Jeger (1970), que

caracteriza: Curva tipo “A”- Curva com pico de máxima admitância encontra-se por

volta de 0 daPa, com variação que não ultrapasse -100 daPa ou +50 daPa como padrão

de normalidade; Curva tipo “B” - Curva sem pico de máxima admitância, curva plana;

Curva tipo “C” - Pico de máxima admitância deslocado para as pressões negativas,

abaixo de -100 daPa; Curva tipo “Ar”- Curva de baixa admitância, menor que 0,3 ml;

Curva tipo “As” - Curva aberta. Observou que 85,9% (416 orelhas) apresentaram-se

normais; e 14,1% (68 orelhas) apresentaram alguma alteração auditiva condutiva.

Destes, 9,7% (47 orelhas) apresentaram curva tipo “C”; 3,3% (16 orelhas), curva tipo

“B”; 1,1% (5 orelhas), curva tipo “Ad”, com maior incidência para o sexo masculino

(72,1%) nas alterações de orelha média.

16

Lacerda et al. (2002) realizaram um estudo com o objetivo de analisar os resultados da

triagem auditiva escolar em 318 crianças do ensino fundamental, de 6 a 12 anos de

idade, e comparar os achados audiológicos às queixas dos pais e professores a respeito

da audição e da aprendizagem. Os procedimentos incluíram: questionário respondido

pelos pais, com seis questões fechadas abordando aspectos otológicos das crianças;

relatório elaborado pelos professores, com sete questões fechadas sobre o rendimento

escolar dos alunos; meatoscopia; pesquisa de limiares de via aérea em 1000, 2000 e

4000 Hz; timpanometria (com padrão de normalidade curva com pressão variando entre

100 e -100 daPa); e medida ipsilateral do reflexo acústico (1 e 2 kHz em 100dB). Esse

estudo demonstrou que 26% das crianças falharam na triagem auditiva escolar, sendo

que somente 2,8% delas apresentaram queixa de problema otológico pelos pais, 3,4%

apresentaram dificuldade de aprendizagem pelos professores e 19,8% não apresentaram

sinais ou sintomas que pudessem ser observados por pais e professores.

Araújo et al. (2002) realizaram uma pesquisa de avaliação auditiva na cidade de

Goiânia, com 121 escolares da 1ª a 8ª série, na faixa etária de 7 a 14 anos, com o

objetivo de identificar e quantificar as alterações audiométricas mais freqüentes em

escolares no mês de novembro de 1998. Os sujeitos foram avaliados por médicos

otorrinolaringologistas e por fonoaudiólogos, por meio de exame clínico

otorrinolaringológico, audiometria tonal e imitanciometria. Foram encontrados os

seguintes resultados: 76% das crianças obtiveram audiometria dentro dos limites da

normalidade; 24% de orelhas apresentaram audiometria alterada, sendo 12% com perda

auditiva condutiva (8% na orelha esquerda e 4% na orelha direita) e 7% com perda

auditiva sensorioneural leve (2% na orelha esquerda e 5 % na orelha direita);

17

timpanometrias alteradas com curva tipo B em 3% e do tipo C em 3% das crianças;

reflexos acústicos presentes em 97% e ausentes em 3% . Os autores concluíram que a

incidência de perda auditiva leve é significativa na faixa escolar, sendo mais frequentes

alterações condutivas do que sensorioneurais. Recomendaram, então, que, para a

obtenção de um melhor rendimento escolar, é necessário o diagnóstico e tratamento

precoce das alterações auditivas, pois estas podem prejudicar a atenção e compreensão

dos escolares

Com o objetivo de analisar diferentes procedimentos de triagem auditiva em escolares,

Brunetto (2003) utilizou em seu estudo: 1) Protocolo recomendado pela American

Speech-Language Hearing Association - ASHA (1997), que preconiza a pesquisa das

freqüências de 500 Hz na intensidade de 25dB, e 1000, 2000, 4000 e 6000 Hz na

intensidade de 20dB, bem como a realização de timpanometria; 2) Vídeo-teste da

campanha “quem ouve bem, aprende melhor”, fornecido a escolas públicas em 2001 e

composto por Kit contendo duas fitas de VHS, material informativo, fichas para

anotações dos resultados e de encaminhamento médico, sendo que cada professor

deveria aplicar o vídeo-teste em seus alunos; 3) Questionário elaborado1 para pais, com

16 questões objetivas sobre a qualidade auditiva das crianças e suspeita de queixa

auditiva. Todas as crianças passaram por inspeção do meato acústico externo (MAE),

audiometria e imitanciometria. Participaram da pesquisa 130 escolares da 2ª série do

ensino fundamental, da cidade de Amparo-SP. O autor observou, então, que a

prevalência de perdas auditivas do grupo estudado foi de 30%, sendo que 4,6% estavam

relacionadas a alterações de orelha externa (“rolha de cera”); 23,8%, a problemas de

1 Baseado em “Fisher´s Auditory Problems Checklist” de L.L. Fischer, 1985, In: Johnson CC, Benson PV, Seatons JB. Educational Audiology Handbook: San Diego Cal, Singular Publishing Group, 1997, p. 315.

18

orelha média e 1,5%, a alterações de orelha interna. Quanto ao questionário a pais, os

resultados mostraram que houve dificuldade em identificar as crianças com alteração

auditiva, refletindo nos índices de especificidade (indivíduos que não apresentam

alteração auditiva), do valor preditivo positivo (analisam a probabilidade de um

indivíduo possuir o distúrbio quando a triagem é positiva), sendo estes 67% e 56,1%,

respectivamente. Porém, os valores de sensibilidade (indivíduos que apresentaram

alteração na triagem) foram satisfatórios. Na triagem auditiva da ASHA foram

encontrados valores altos de sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e

negativo (probabilidade de um indivíduo não possuir um distúrbio quando a triagem é

negativa). O protocolo de triagem da ASHA demonstrou ser, então, o melhor

procedimento para identificar escolares com alterações auditivas, seguido da proposta

do questionário, que demonstrou dificuldade em identificar as crianças sem alteração

auditiva. O vídeo-teste da campanha “Quem ouve bem, aprende melhor” demonstrou

problemas para discernir crianças com alteração e sem alteração.

Skarzynsky et. al (2003) realizaram um estudo na Polônia, com crianças de 7 a 19 anos

de idade, utilizando um sistema de muiti-mídia chamado: “Posso Ouvir”, com o

objetivo de detectar alterações auditivas uni ou bilaterais maiores que 20dB em

freqüências de 1, 2 e 4 kHz. Esse sistema consiste em um programa instalado no

computador – software em CD, um calibrador acústico e fone de ouvido. O

procedimento do teste envolve uma análise automatizada em questionário, um teste

audiométrico de tom puro e uma avaliação da inteligibilidade de fala com ruído (em

duas versões: bi silábica para crianças da 1ª à 3ª série e uma mono silábica para crianças

maiores), com o objetivo de detectar crianças com distúrbio do processamento auditivo

19

central. A preparação do programa inclui a instalação do software no computador tipo

Note book, conexão dos fones de ouvido à placa de som e execução de uma curta

calibragem. No teste tonal, as orelhas são testadas separadamente, e as crianças

pressionam a tecla de espaço quando escutam o som. No teste de fala a criança repetia

as palavras que ouviu ou poderia indicá-las apontando para a tela do computador.

Os resultados dos testes são analisados automaticamente e guardados no computador.

No caso de a criança apresentar alteração, o programa sugere repetir o teste, e caso

persista a alteração, o técnico (profissional treinado para aplicar o teste) pode

encaminhar para diagnóstico ou repetir o teste novamente. Para esse estudo foram

analisados os resultados de 71.940 crianças, sendo que 16,7% não passaram na triagem

e somente 29% (3.484) destas compareceram para realizar o diagnóstico. Em um terço

dessas crianças foi confirmada a alteração auditiva (n= 1181 crianças): 386 (38%) com

perda auditiva sensorioneural, 87 (2%) de perdas mistas e 708 (60%) com perda

auditiva condutiva. Das alterações sensorioneurais, 55% de casos unilaterais e 45% de

casos bilaterais; 67% de perdas leves, 24% perdas moderadas e 9% de perda severa ou

profunda. Nas alterações condutivas, 57% tinham alteração bilateral. A análise do

questionário eletrônico mostrou que as respostas das crianças que falharam no teste de

triagem eram piores em relação àquelas que passaram no teste; além disso, 72,2% das

crianças nunca tinham feito exame audiológico.

Em um estudo retrospectivo de 211 audiometrias de crianças de uma escola de classe

média alta, assintomáticas, com idade entre 2 e 10 anos, pareadas quanto ao gênero,

Ramos et al. (2001) encontraram alterações audiométricas em 31 ouvidos (7,34%),

20

sendo 87,09% casos de perda condutiva, 11,91% de perda mista e 1% de perdas

sensorioneurais. Também foram encontradas alterações timpanométricas em 52 orelhas

(12,32%), sendo 44 casos com curva do tipo C (10,42%) e oito casos com curva tipo B

(1,9%). Na logoaudiometria, que demonstrou maior sensibilidade, 60 orelhas (14,22%)

apresentaram alterações, sendo que em todas foram encontradas alteração na

audiometria e timpanometria. Na análise da faixa etária, foram observadas alterações

nas idades entre quatro e seis anos; e em relação ao sexo, observou-se uma prevalência

do sexo masculino na análise geral (16,51% de meninos e 13,13% de meninas). Os

autores concluíram, então, que a imitanciometria e a logoaudiometria mostraram alta

sensibilidade, sugerindo sua realização como forma de avaliar pré-escolares e escolares

Valente (2006) realizou uma pesquisa com 652 escolares de uma escola pública da

cidade do Rio de Janeiro, entre 4 e 10 anos de idade, com o objetivo de descrever os

achados da triagem imitanciométrica correlacionando gênero e idade. Foram avaliadas

232 crianças do gênero feminino e 329 do masculino, que, antes do exame,

apresentaram questionários (cinco questões) respondidos por seus pais, sobre a saúde

auditiva delas. Nos resultados encontrados da imitanciometria não foi estabelecida

diferença estatisticamente significante entre o gênero feminino e masculino. Em relação

à idade, ocorreu diferença estatisticamente significativa entre os grupos etários, sendo

que crianças de quatro anos apresentaram maiores alterações. Na análise do

questionário, observou-se sensibilidade de 93,3% e especificidade de 11%, com

acurácia de 37,2%. O autor concluiu que 68,1% das crianças se apresentaram dentro do

padrão da normalidade; 31,9% apresentaram resultados alterados, e, também, que o

21

questionário não se mostrou um procedimento válido na exclusão de escolares do

procedimento de triagem imitanciométrica.

No projeto Ver & Ouvir, as crianças da pré-escola até a quarta-série dos estados do Rio

de Janeiro e de Minas Gerais recebem o atendimento médico oftalmológico,

odontológico e otorrinolaringológico, além de avaliação e reabilitação fonoaudiológica.

Trata-se de um programa mantido com ajuda de custo do Ministério da Saúde do

Governo Federal, de empresas privadas, voluntários, universidades federais e

particulares. O objetivo é intervir de forma ativa na correção de problemas relacionados

à aprendizagem, de origem auditiva, fonoaudiológica, visual e odontológica,

proporcionando igualdade de condições e uma inserção social, produtiva, intelectual e

de cidadania. Em Unidades Móveis de Atendimento, é prestado então o serviço inicial

de diagnóstico nas escolas. Após a identificação das necessidades, a coordenação

médica estabelece o grau de exigência de acompanhamento das crianças. Os casos mais

simples são tratados no local. Em situações que exigem maiores cuidados, depois de

devidamente diagnosticadas, as crianças são encaminhadas para os serviços médicos

associados ao projeto. Com esse trabalho, foi possível criar um banco de dados para

fornecer informações estatísticas a organizações da área de saúde e educação, governos

e organizações de pesquisa. Especificamente na área de audiologia, foram realizadas

9.577 audiometrias no período de fevereiro de 2004 até agosto de 2005, e consultas

fonoaudiológicas no período de dezembro de 2004 até agosto de 2005, com 5.927

atendimentos. Já foi constatado no projeto que 10% das crianças apresentaram algum

tipo de alteração auditiva e/ou fonoaudiológica (Santos, 2006).

22

Barret (1999) destacou que a triagem auditiva por meio de tons puros e das medidas de

imitância acústica é o principal meio de identificar os escolares que necessitam de

avaliação audiológica e/ou encaminhamento médico, sendo esta a primeira etapa de um

programa de saúde auditiva. O autor ressalta que um programa desse nível deveria ter

como objetivo a identificação precisa daqueles alunos com deficiência ou perdas

auditiva, seja por uma patologia condutiva ou por patologia sensorioneural.

Hind et al. (1999) relataram que as autoridades em saúde na Inglaterra estavam abolindo

o uso de triagens por observarem que esse procedimento, realizado por tom puro,

apresentava baixa especificidade e custo/benefício alto. Realizaram, então, uma

comparação entre dois métodos de triagem auditiva: a triagem com tons puros e o uso

de um questionário direcionado para crianças com distúrbio de orelha média e de

audição. O estudo foi baseado em 1.430 crianças com os dois tipos de triagem, sendo

acompanhados 235 casos controle (que falharam no tom puro). A análise dos resultados

mostrou que o questionário poderia ser mais específico e com sensibilidade mais baixa,

porém com melhores condições custo/benefício que a triagem por tom puro. Estudos

serão realizados por estes pesquisadores para melhorar da sensibilidade do questionário.

Krueger, Ferguson (2002) realizaram uma comparação dos resultados de três métodos

diferentes de triagem: audiometria de tom puro (padrão de normalidade com limiar

auditivo de até 35dB nas frequências 500, 1000, 2000 e 4000 Hz), emissões

otoacústicas por produto de distorção (EOAPD) e timpanometria. Esse estudo foi

realizado em San Antonio (EUA), em duas escolas, com alunos de níveis

socioeconômicos e raças diferentes. Na avaliação de 300 crianças (599 orelhas)

23

encontraram: 266 crianças (89%) com audição dentro da normalidade e 06 crianças

(2%) com anormalidade; o restante (9%) não realizou o exame por alterações de orelha

externa. A timpanometria apresentou o maior número de alterações (8,3%); no teste

com tom puro houve alteração em 3,3%, e nos testes de EOAPD, em 6,3%. O número

de falso-positivos foi de 1,2% (tons puros); 4,2% (EOAPD) e 6,4% (timpanometria).

Com esses resultados, os autores concluíram que o teste de tom puro é um método

eficaz de triagem, sendo que devem ser utilizadas as emissões otoacústicas nas crianças

que falharem.

Multirões no sul da Bahia foram organizados pela Sociedade de Otorrinolaringologia e

Cirurgia de Cabeça e Pescoço do estado da Bahia (SOESBA) em parceria com

instituições de ensino superior de Fonoaudiologia de Salvador-BA, tendo como

objetivo oferecer atendimento à população, bem como propiciar experiências aos alunos

de graduação em Fonoaudiologia e residência médica em Otorrinolaringologia. Foram

avaliados 817 escolares, com idade entre 6 e 17 anos, que frequentavam o ensino

fundamental em duas escolas públicas, nos meses de outubro e novembro de 2005. Os

exames propostos foram: otoscopia; triagem audiométrica em cabina acústica com

intensidade de 20dB nas frequências 1, 2 e 4 kHz; imitanciometria, pesquisando curva

timpanométrica e presença de reflexo acústico-estapediano em 500 e 1000 Hz, em

intensidade a partir de 100dB. Foi considerada falha na triagem a presença de curva

timpanométrica tipo “B” (Curva sem pico de máxima admitância- curva plana) ou tipo

“C” (Pico de máxima admitância deslocado para as pressões negativas, abaixo de -100

daPa), com ausências de reflexos em pelo menos uma das orelhas e falha na triagem

audiométrica caracterizada por achados superiores a 20dB. Das 817 crianças que

24

participaram do estudo, 181 (22%) apresentaram cerumem. A triagem auditiva não foi

realizada em 84 crianças pela impossibilidade de remoção de cerumem no momento da

avaliação. Das que realizaram o exame, 712 (96%) passaram e 32 (4%) falharam. As

crianças que apresentram falha na triagem realizaram avaliação audiológica completa e

foram encaminhadas para tratamento médico. Nessa avaliação foram constatadas 08

(6,85%) crianças com perda auditiva sensorioneural : 05 crianças com perda audtiva

sensorioneural leve, 1 criança com perda auditiva sensorioneural moderada unilateral e

2 crianças com perda auditiva sensorioneural moderada, 2 (1,71%) crianças não

retornaram para completar a avaliação, mas com índícios de perda auditiva

sensorioneural na triagem; 13 (11,13%) crianças com curva timapnométrica tipo “C” e 9

(7,7%) crianças com curva timapnométrica tipo “B” em pelo mesnos 1 das orelhas. As

crianças que apresentaram alteração timapnométrica não realizaram a audiometria. Os

resultados obtidos revelaram prevalência de 27,4% de alterações otológicas e auditivas

na população estudada, ressaltando a necessidade de prevenção e promoção de saúde na

população (Corona et al., 2006).

Ciciliano et al. (2002) realizaram um estudo com o objetivo de descrever a prevalência

da falha em triagem auditiva em 1.993 crianças de escola pública do município de São

Caetano do Sul- Brasil, na faixa etária de 6 a 8 anos. Destas, 1.308 eram estudantes da

pré-escola e 682 da 1ª série do ensino fundamental. A triagem auditiva foi realizada em

ambiente silencioso, dentro da escola, sem uso de cabine acústica, pelas alunas do

último ano de graduação em Fonoaudiologia, com supervisão do serviço de

Fonoaudiologia do Hospital Infantil Márcia Braido. Foram realizadas otoscopia e

triagem auditiva de tom puro por via aérea, nas frequências de 500, 1.000, 2.000 e

25

4.000Hz, utilizando o parâmetro de passa as crianças que respondessem positivo para

30dB em 500Hz e 25dB para 1.000, 2.000 e 4.000 Hz. Todas as que falhassem na

otoscopia eram consideradas inaptas para a triagem de tom puro. A incidência de

obstrução do meato acústico externo nas 1.9990 foi de 4,67% (93 crianças). Em relação

à triagem auditiva, das 1.897 crianças que passaram na otoscopia, 4,26% (81) falharam

no teste. Não ocorreu diferença significativa quanto ao sexo e escolaridade nas duas

condutas. O estudo concluiu que, na população estudada, a prevalência de falha em

triagem auditiva em escolas públicas, utilizando tom puro, é de 4,26%.

Em estudo realizado por Bento et al. (2003) para avaliar a sensibilidade e especificidade

de um teste de triagem por vídeo, foram examinados 122 escolares da faixa etária de 7 a

9 anos, da primeira série de uma escola primária de São Paulo. O teste foi aplicado por

professores, na própria escola, e consistia em: 4 sequências de tom puro (500, 1000,

2000 e 4000 Hz), geradas por um audiômetro de acordo com o padrão ANSI S3 (1989),

gravadas digitalmente do computador para fitas de VHS, sendo apresentados em

sequências de intensidade decrescente, com intervalos variáveis de 1 até 3s. Um som de

calibração de 1000 Hz foi fravado por 15s, com função de ajustar o controle de volume

de cada aparelho de televisão e VHS usado. Um guia de instrução e um vídeo de

treinamento também foram elaborados e disponibilizados junto com a fita VHS, para

treinamento do examinador. Como padrão de falha nessa avaliação, estavam incluídas

crianças que não responderam a cinco ou menos tons. O exame audiométrico também

foi realizado em todas as crianças, sendo considerado resultado normal quando o limiar

permanecia em até 25dB para todas as frequências testadas (500, 1000, 2000 e 4000

Hz). Os resultados foram: 27 crianças falharam no vídeo-teste e 95 passaram nesse

26

procedimento. Das crianças que falharam, 24 apresentaram audiometria normal e três,

alteradas. Todas que passaram no vídeo apresentaram audiometria normal. Os

pesquisadores encontraram alta sensibilidade (100%) e alta especificidade (79, 3%)

na triagem auditiva realizada por vídeo.

No estudo realizado por Cristofolini, Magni (2002) com 26 professores de 1ª a 4ª séries,

no total de 12 escolas da rede municipal da cidade de Rodeio-SC, foi aplicado um

questionário aberto, individualmente, caracterizado como entrevista, contendo cinco

perguntas, gravadas em fita cassete e posteriormente transcritas. O objetivo do estudo

foi verificar o conhecimento sobre a deficiência auditiva e suas implicações para o

desenvolvimento global de uma criança. A análise demonstrou que esses profissionais

apresentam pouco conhecimento dos temas tratados, poucos conhecem a Avaliação

Audiológica Básica, sendo que somente dois relataram experiências com alunos

portadores de deficiência auditiva, experiência expostas de maneira negativa. Todos,

porém, reconheceram essa carência de conhecimento e a importância da parceria com o

fonoaudiólogo. No término do trabalho, as autoras elaboraram uma apostila para os

professores, explicando os temas abordados nas entrevistas.

Ribas (1999) realizou um trabalho de pesquisa com 460 professores da rede de ensino

pública e particular de Curitiba, tendo como objetivo verificar a condição que esses

profissionais apresentam para perceber em seus alunos pequenas alterações auditivas

que estejam prejudicando o processo ensino-aprendizagem. Por meio de um

questionário, foram coletados dados a respeito do conhecimento que os docentes

possuem sobre: a importância da audição para o desenvolvimento da linguagem no

processo ensino-aprendizagem; os sinais indicadores de provável alteração auditiva em

27

crianças e os recursos disponíveis para a avaliação e/ou encaminhamento de crianças

que apresentem sinais de alteração. Os dados coletados do questionário indicaram que o

professor primário está sem conhecimento sobre o tema e que 62%¨dos profissionais

reconhecem a importância da audição para o processo da linguagem e dos conteúdos

propostos pela escola; porém, 79% não realizaram em sala de aula atividades voltadas

para a percepção auditiva; e somente 13% encaminhavam para a avaliação auditiva

crianças com problemas de aprendizagem. Quando questionados sobre a existência de

sinais indicativos de que a percepção auditiva da criança em fase escolar não se

encontra adequada (Exemplos: falta de interesse e cooperação; deficiência na fala, como

troca, distorção de fonemas; falta de atenção; erros de grafia; etc.), somente 22% do

grupo conseguiu definir três ou mais sinais que indiquem um suposto problema auditivo

na criança. O autor concluiu que os docentes não estão suficientemente capacitados para

perceber em seus alunos alterações auditivas e não relacionam, na maioria das vezes, o

fracasso escolar a prováveis dificuldades de audição, pois, durante sua formação, não

recebem informações sobre o tema.

Neste sentido, os cursos de graduação em Fonoaudiologia vêm introduzindo em seus

currículos, disciplinas e estágios que têm como objetivo a formação de profissionais

capacitados para atuar de forma preventiva, e aptos para atuar no processo de

construção do conhecimento de professores a respeito de distúrbios auditivos e suas

conseqüências para o aprendizado, enfocando a saúde auditiva do aluno. Com isso, ou

seja, se tiver conhecimento sobre diferentes tipos e graus de perdas auditivas, o

professor certamente poderá auxiliar na identificação de alunos com alterações

auditivas. E assim poderá proporcionar a promoção e proteção da saúde auditiva da

criança que está sob sua responsabilidade educacional (Sebastião, 2001).

28

3. MÉTODOS____________________________________________________________

29

Neste capítulo são descritas as etapas do estudo, assim como os critérios para seleção

da casuística, os procedimentos de avaliação, os equipamentos, a forma de análise do

resultado e os métodos estatísticos utilizados.

Após elaborado o projeto, este foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUCSP, para avaliação e parecer

(Protocolo número 018/2006- ANEXO 1).

Segundo o censo escolar de 2006, existem no Brasil 2.962.839 crianças matriculadas na

rede privada, desde a pré-escola até a 4ª série do ensino fundamental. Destas, 1.439.927

eram da pré-escola e 1.522.912, da 1ª à 4ª série. Em Salvador, encontramos, nessa

mesma faixa etária, a quantidade total de 70.848 crianças matriculadas, sendo 35.692 da

pré-escola e 35.156 de 1ª à 4ª série (Brasil, 2006).

A escola particular escolhida para o estudo é freqüentada por crianças de nível

socioeconômico médio, em um bairro populoso da cidade do Salvador. Na faixa etária

escolhida para o estudo, a população total era de 104 crianças, de 6 a 10 anos de idade,

estudantes da fase de alfabetização até a 4ª série do ensino fundamental.

Foi realizada uma reunião com a diretoria dessa escola, para esclarecimento do objetivo

do estudo e dos procedimentos adotados pela pesquisadora. Essa reunião ocorreu na

própria instituição educacional, sendo que a diretora assinou a autorização concordando

com a realização do projeto e disponibilizando espaço físico para sua realização

(ANEXO 2).

30

3.1. CASUÍSTICA

Os responsáveis pelos escolares possíveis participantes do estudo (total de 104) foram

convidados para uma reunião na instituição de ensino das crianças (ANEXO 3), para

que fossem esclarecidos os objetivos e procedimentos do estudo, mas somente 23

compareceram. Foi então convocado um novo encontro, e somente oito pais

participaram. Nesta reunião receberam, o Termo de Consentimento Livre e Informado

(ANEXO 4) e o questionário (ANEXO 5) elaborado por Brunetto (2003). Também

assistiram a uma palestra sobre o funcionamento do sistema auditivo, a importância da

audição na fase escolar, além de uma demonstração e explicação sobre o uso dos

equipamentos utilizados na pesquisa, por meio de fotos; foram esclarecidas, ainda,

dúvidas sobre o estudo. Esse procedimento foi realizado com o grupo de pais que

compareceram a ambas reuniões (total de 31 pais e/ou responsáveis).

Diante desse grande número de faltas nas reuniões, total de 81, a escola se prontificou a

entrar em contato com os pais. Com o consentimento deles, os alunos levaram para suas

residências o termo de Consentimento Livre e Informado (ANEXO 4), o questionário

(ANEXO 5) e um informativo (ANEXO 7), contendo o contato telefônico da

examinadora para esclarecimento de possíveis dúvidas. Apenas dois pais ligaram

questionando se poderiam acompanhar seus filhos na ocasião dos procedimentos. No

final, foi possível obter a autorização de mais 55 crianças para participar da pesquisa.

Aquelas crianças cujos pais concordaram e assinaram o Termo de Consentimento Livre

e Informado foram, então, incluídas na pesquisa.

31

A população pesquisada foi composta por um grupo de 86 estudantes de escola

particular, na faixa etária de 6 a 10 anos, que cursavam da pré-escola (alfabetização) à

4ª série do ensino fundamental.

3.1.1. CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO

A amostra foi composta por 86 crianças, 50,6% (43) do sexo feminino e 49,4% (42) do

sexo masculino (Tabela 1).

Tabela 1: Distribuição percentual das crianças segundo gênero

GÊNERO % n

FEMININO 50,6% 43

MASCULINO 49,4% 42

TOTAL 100% 86

A idade das crianças variou entre 6 e 10 anos, sendo 22,1% (19) crianças com 6 anos;

19,7% (17) com 7 anos; 19,8% (17) com 8 anos; 14,0 % (12) com 9 anos e 24,3 % (21)

com 10 anos. A média de idade do grupo foi de 7,99 (desvio padrão = 1,461 anos)

(Tabela 2).

Tabela 2: Distribuição percentual das crianças segundo idade

IDADE % n

6 ANOS 22,1% 19

7 ANOS 19,8% 17

8 ANOS 19,7% 17

9 ANOS 14,0 % 12

10 ANOS 24,3 % 21

TOTAL 100% 86

32

Em relação à divisão da escolaridade, constatou-se que 22,1% (19) das crianças eram da

alfabetização; 20,9% (18) da 1ª série; 19,7% (17) da 2ª série; 14,0% (12) da 3ª série e

23,3% (20) da 4ª série (Tabela 3).

Tabela 3: Distribuição percentual das crianças segundo escolaridadeSÉRIE % n

ALFABETIZAÇÃO 22,1% 19

1ª SÉRIE 20,9% 18

2ª SÉRIE 19,7% 17

3ª SÉRIE 14,0 % 12

4ª SÉRIE 23,3 % 20

TOTAL 100% 86

3.2 INSTRUMENTOS UTILIZADOS

3.2.1- QUESTIONÁRIO

Foi utilizado um questionário contento 16 perguntas objetivas, elaborado por Brunetto

(2003), com o objetivo de obter informações dos pais sobre o funcionamento do

sistema auditivo das crianças e outras que indicassem suspeitas de perda auditiva.

Esse questionário foi adaptado no original em inglês: “Fisher´s Auditory Problems

Checklist”, contendo 25 questões, sendo que as 16 aqui selecionadas abordavam:

33

A) Queixa auditiva – visando a sensibilidade das mães ou cuidadores sobre possíveis

alterações auditivas;

Perguntas:

1. Você acha que seu filho tem algum problema para ouvir?

4. Seu filho apresenta alguma deficiência? (visual, mental, motora)

B) Presença de histórico otológico – fato estreitamente relacionado a alterações

auditivas, principalmente na fase desse estudo;

Pergunta:

2. Seu filho apresenta resfriados ou otites frequentes?

C) No questionário, as questões 3, 5, 7, 8, 9, 13, 14, 15 e 16 focam a atenção auditiva

da criança e comportamentos relacionados a possíveis alterações audtivas;

Perguntas:

3. É necessário repetir várias vezes uma frase, pois costuma não entender o que lhe é

dito? Tem dificuldade para compreender o que lhe é dito?

5. Apresenta um olhar vago e se distrai com facilidade?

7. Costuma dizer “o quê” várias vezes por dia?

8. Seu filho apresenta algum problema de fala?

9. Seu filho apresenta algum atraso na linguagem?

13. Seu filho está constantemente cansado?

14. Seu filho costuma falar muito alto?

15. Seu filho costuma aumentar volume do rádio, TV?

16. Procura pistas visuais no rosto do falante?

34

D) As questões 6, 10, 11 e 12 visam alterações escolares que podem ser causados por

alterações auditivas;

Perguntas:

6. Apresenta dificuldade em compreender palavras, que seriam normais para sua idade e

escolaridade?

10. Você acha que seu filho não tem motivação para aprender?

11. Apresenta desempenho escolar abaixo do esperado para sua idade e escolaridade?

12. Seu filho apresentou mudança brusca no desempenho escolar?

3.2.2 - OTOSCÓPIO

Foi utilizado o otoscópio TK Missouri pelo otorrinolaringologista.

3.2.3 AUDIÔMETRO

Foi utilizada uma sala silenciosa, na própria instituição de ensino, contendo no seu

interior um otoscópio TK Missouri, uma cabina acústica medida no local do exame

pelas normas ISSO-8253-1 (1989), audiômetro (AUDIOTEST 227), segundo a norma

ISO 8253-1 (1989). O critério proposto na avaliação da audiometria

tonal foi pesquisar dos limiares de Via Aérea nas freqüências de 500, 1000, 2000

e 4000 Hz.

35

3.2.4- IMITANCIÔMETRO

Utilizou-se o imitanciômetro da marca INTERACOUSTICS, modelo AZ-7,

equipamento também calibrado segundo as normas ISO 8253-1, 1989.

3.3. PROCEDIMENTOS

Esta pesquisa foi realizada em quatro etapas:

ETAPA 1- QUESTIONÁRIO AOS PAIS

Como foi explicada na casuística a plicação do questiónario elaborado por Brunetto

(2003) seguiu de 2 formas: aplicação junto aos pai que participaram das reuniões e

encaminhamento do questionário pelas crianças para que os pais/ responsáveis

respondessem nas suas residências.

ETAPA 2- OTOSCOPIA

Antes dos procedimentos propostos por este estudo, foi necessária uma avaliação

otorrinolaringológica (otoscopia) para visualização da membrana timpânica, com o

objetivo de excluir presença de corpo estranho e de rolha de cerumen.

Esse procedimento ocorreu em duas datas, para garantir a avaliação de todos os

participantes do estudo. Nesta e nas próximas etapas, os pais que desejavam participar

36

das avaliações puderam agendar com a fonoaudióloga o dia e horário para observar

esses procedimentos.

Do total de 86 crianças (172 orelhas), 131 (76,2%) orelhas não necessitaram de limpeza

do meato acústico externo e 41 (23,8%) apresentaram rolha de cerúmen. Todas as

crianças que necessitaram do procedimento de limpeza, no mesmo momento da

avaliação, foi realizado pelo otorrinolaringlogista. Somente uma delas necessitou de

uma nova limpeza, solicitada pela médica, e retornou no segundo dia de avaliação para

conclusão do procedimento.

ETAPA 3- AUDIOMETRIA TONAL

Para a realização da audiometria, cada criança foi colocada no interior de uma cabina

acústica e acomodada em um banco. Em seguida, a pesquisadora oferecia as instruções

para o exame, que consistia em sinalizar, levantando a mão, toda vez que escutasse o

tom puro, denominado “apito”, independente da sua intensidade.

Essa pesquisa utilizou estímulo de tom puro, começando pela freqüência de 1000 Hz na

via aérea, por ser um tom facilmente percebido. Após estabelecer o limiar nessa

freqüência, foram testadas as de 2000 Hz, 4000 Hz e, por último, a mais baixa, de 500

Hz (Frota, 1999; Wilber, 2001). Para início da audiometria, a intensidade utilizada foi

de 40 dB; após a confirmação da criança ao escutar o estímulo, houve decréscimo de 10

em 10 dB, até a ausência de reposta da criança. Assim, houve acréscimo se de 5 em 5

dB até o retorno da resposta. Encontrado o limiar auditivo dessa freqüência, seguiu-se

para as demais.

37

As audiometrias foram classificadas quanto ao grau segundo a proposta de Davis e

Silverman (1970): Normal (0- 20dB); Leve (21 – 40dB); Moderado (41 – 70dB); Severo

(71 – 90dB) e Profundo (acima de 90 dB). O protocolo de registro que se encontra no

ANEXO 6 arquivou os achados audiométrico de todos os sujeitos da pesquisa.

ETAPA 4 - TIMPANOMETRIA

No caso da timpanometria, as crianças foram acomodadas em uma cadeira e receberam

as seguintes instruções: “Vocês sentirão uma pressão no ouvido, parecendo do piloto do

avião, mas para sentir o avião decolando, precisam ficar bem quietinhas”.

Foi utilizada a classificação estabelecida por Jerger (1970): Curva timpanométrica do

tipo A - curva com pico de máxima admitância encontra-se por volta de 0 daPa, com

variação que não ultrapasse -100 daPa ou +50 daPa, padrão de normalidade; curva do

tipo B – curva sem pico de máxima admitância, curva plana; curva do tipo C – pico de

máxima admitância deslocado para as pressões negativas, abaixo de -100 daPa; curva

do tipo Ar – curva de baixa admitância, menor que 0,3 ml; e curva do tipo Ad – curva

aberta. O protocolo de registro para este procedimento se encontra no ANEXO 6.

3.4. DEVOLUTIVA AOS PAIS

Todos os participantes desta pesquisa receberam uma cópia do exame. Aqueles que não

apresentaram alteração receberam o exame com um informativo (ANEXO 8).

38

Os responsáveis pelas crianças que apresentaram alteração na audiometria e/ou

timpanometria foram contatados através de informativos encaminhados pelos alunos, e

também por meio de telefonema realizado pela escola, para que comparecessem a uma

reunião. Porém, todos relataram problemas para dela participar e se comprometeram a

entrar em contato com a fonoaudióloga, posteriormente. Devido a isso, os exames foram

encaminhados via alunos, anexados em um informativo (ANEXO 8), sugerindo que as

crianças passassem por uma reavaliação. Como os pais não entraram em contato com a

profissional, esta os abordou pessoalmente no término do turno escolar, com a

finalidade de reafirmar a necessidade de uma nova avaliação. Esta seria realizada

gratuitamente, contendo: exame otorrinolaringológico, audiometria tonal, vocal e

imitanciometria, na clínica indicada pela profissional, após três semanas da primeira

testagem; mas nenhuma criança compareceu, mesmo depois do último encontro com os

responsáveis.

3.5 CRITÉRIO DE ANÁLISE DE DADOS

Em primeiro momento, os dados foram analisados de forma descritiva. Depois, foram

enviados para análise estatística inferencial, sendo aplicados os seguintes testes: Teste

Exato de Fisher e o Teste Kruskal-Wallis. O pacote estatístico ultizado foi o R 2.0.1.

Para análise dos dados foram utilizadas as variáveis: idade; gênero e queixa dos pais;

avaliações auditivas (audiometria tonal e timpanometria) e lado da orelha, além das

respostas dos questionários.

39

4. RESULTADOS____________________________________________________________

40

Neste capítulo, são apresentados os resultados encontrados neste trabalho,

correlacionando os seguintes procedimentos: questionário respondido pelos pais,

otoscopia, audiometria tonal e timpanometria realizadas pelas crianças.

OTOSCOPIA

Das 172 orelhas avaliadas, 41 (23,84%) apresentaram impedimentos parciais ou totais

no meato acústico externo, o que impossibilitaria a realização dos demais exames. Na

análise geral das orelhas com impedimentos, 4 crianças (2,33%) apresentaram alteração

somente na OD; 7 crianças (4,07%), somente na OE e 15 crianças (17,44%) em ambas

(Gráfico 1).

Todas as crianças que necessitaram de limpeza do meato acústico externo (41 orelhas –

23,84%) passaram pelo procedimento com o médico para que pudessem se submeter

aos outros exames.

Gráfico 1: Distribuição percentual dos achados da otoscopia médica (n=172 orelhas).

23,84%

76,16%

4,07%

17,44%

2,33%

NORMAL

ALTERADO

ALT. BILATERAL

ALT. OE

ALT. OD

41

AUDIOMETRIA

Após a avaliação audiométrica das 86 crianças, os achados foram analisados de acordo

com Davis e Silverman (1970): Normal de 0 – 20 dB; Perda auditiva leve de 21 – 40;

Perda auditiva moderada de 41 – 70 dB; Perda auditiva severa de 71 – 90 dB; e Perda

auditiva profunda acima de 90 dB. Das 172 orelhas avaliadas, 163 (94,77%) estavam

dentro dos padrões de normalidade e 9 (5,23%) apresentaram alterações auditivas

(Gráfico 2).

Gráfico 2: Distribuição percentual dos resultados das audiometrias tonais dos escolares.

94,77%

5,23%

AUDIOMETRIATONAL

NORMAL

ALTERADO

Das crianças com alteração auditiva, 80% (4 crianças) apresentaram alteração bilateral

e 20% (1 criança), alteração unilateral à esquerda (Gráfico 3).

42

Gráfico 3 : Distribuição percentual dos resultados das audiometrias dos escolares segundo a lateralidade.

94,77

20,00%

80,00%

5,23% NORMALALTERADOALT. BILATERALALT. UNILATERAL

Foram diagnosticadas 5 crianças com perda auditiva condutiva: 4, bilateralmente e uma

na orelha esquerda. A média de desvio padrão foi de 8,11 (1,49) para orelhas normais e

6,40 (0,89) nas orelhas com alterações auditivas. Na aplicação do teste de Kruskal-

Wallis para verificar a existência de diferença da idade entre as crianças de acordo com o

diagnóstico auditivo, verificou-se que houve diferença de idade entre as crianças no que

se refere ao diagnóstico auditivo (p-valor = 0,0406) – as que apresentaram perda auditiva

eram mais jovens, com média de 6,4 anos de idade, e as que apresentaram normalidade

tinham, em média, 8,1 anos (Tabela 4).

Tabela 4: Distribuição percentual dos resultados da audiometria tonal em escolares.

Variáveis(Via Aérea)

Diagnóstico auditivo

Total Média de Desvio Padrão*

Limiares auditivos normais

81 94,19% 8,11 (1,49)

Perda auditiva bilateral4 4,65%

Perda auditiva unilateral1 1,16%

6,40 (0,89)

Total: 86 100%

*Teste de Kruskal-Wallis

43

A tabela 5 demonstra a relação das alterações auditivas segundo a idade das crianças.

Foram encontradas 4 crianças (80%) com alteração na idade de 6 anos, sendo 3 (60%)

com alterações bilaterais e uma (20%) com alteração unilateral na OE; e uma criança

(20%) com alteração bilateral na idade de 8 anos. Nas demais idades as crianças não

apresentaram alteração auditiva.

Tabela 5: Distribuição percentual dos resultados das audiometrias alteradas segundo a idade.

Idade Diagnóstico auditivo Total

6 anos 04 80%

7 anos 00 -----

8 anos 01 20%

9 anos 00 ----

10 anos 00 ----

Total: 05 100%

Ao relacionarmos a perda auditiva com o gênero, encontramos duas crianças (2,33%) do

gênero feminino e três do gênero masculino (3,49%) (Tabela 6).

Tabela 6: Distribuição percentual das alterações auditivas segundo o gênero.

Diagnóstico auditivoGênero

Normal Perda auditivaTotal

Feminino 41 47,67% 2 2,33% 50%

Masculino 40 46,51% 3 3,49% 50%

Total: 81 94,18% 5 5,82% 100%

44

A tabela 7 ilustra a relação dos achados audiométricos com a idade escolar: 80% (4

crianças) das alterações auditivas foram encontradas na alfabetização e 20% (1 criança)

na 2ª série do ensino fundamental.

Tabela 7: Distribuição percentual do diagnóstico auditivo segundo a escolaridadeDiagnóstico

Escolaridade Normal Perda auditiva

Alfabetização 15 18,5% 4 80%

1ª Série 18 22,2% 0 0%

2ª Série 16 19,8% 1 20%

3ª Série 12 14,8% 0 0%

4ª Série 20 24,7% 0 0%

81 100% 5 100%Total

86 - 100%

45

TIMPANOMETRIA

De acordo com a descrição apresentada no capítulo Método, seguindo a classificação de

Jerger (1970), das 172 orelhas avaliadas, 163 orelhas (94,77%) estavam dentro do

padrão da normalidade e 9 orelhas (5,23%) com alterações (Gráfico 4).

Gráfico 4: Distribuição percentual dos resultados das timpanometrias dos escolares.

94,77%

5,23%

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

TIMPANOMETRIAALTERADO

NORMAL

Das avaliações com alterações timpanométricas (total de 9 orelhas - 5,23%), 5 (55,55%)

foram na orelha esquerda e 4 (44,45%) na orelha direita (Gráfico 5).

46

Gráfico 5: Distribuição percentual das alterações da timpanometria.

94,77

44,45%

55,55%

5,23%

NORMALALTERADOALT. OEALT. OD

Nas orelhas com alteração timpanométrica, 2,33% (4 orelhas) apresentaram curvas tipo

“B” bilateral; 2,33% (4 orelhas) curvas tipo “C” bilateral e 0,58% (1 orelha) curva

tipo “C” unilateral à esquerda. O gráfico 6 ilustra a distribuição dos diagnósticos

timpanométricos das 86 crianças.

Gráfico 6: Distribuição percentual dos resultados da timpanometria (n=86)

OD (orelha direita); OE (orelha esquerda); A, Ar, B, C – Classificação segundo Jerger (1970)(método página 37)

1,16%

2,33%

2,33%

1,16%

94,77% "A" bilateral

"Ar" bilateral

"B" bilateral

"C" bilateral

"C"- unilateral OE

47

Relacionando os resultados gerais de normalidade, alteração auditiva e timpanometria,

foi possível constatar que 94,1% das crianças (81) estavam dentro do padrão de

normalidade; 4,7% (4 crianças) apresentaram perda auditiva condutiva e timpanometria

alterada bilateralmente; e 1,2% (1 criança), perda auditiva condutiva e alteração

timpanométrica na orelha esquerda. Já na relação entre audiometria e timpanometria,

houve associação estatisticamente significante entre ambas as avaliações, tanto para a

orelha direita quanto para a esquerda (p-valor < 0,0000) (Tabela 8).

Tabela 8: Distribuição percentual da análise dos resultados da audiometria tonal e timpanometria.

Diagnóstico n Total

Normal 81 94,1%

Perda auditiva condutiva e timpanometria alterada bilateral

4 4,7%

Perda auditiva condutiva e timpanometria alterada na orelha esquerda

1 1,2%

Total: n = 86 100%

48

QUESTIONÁRIO

Segundo a análise geral do questionário dirigido aos pais das crianças do estudo,

podemos destacar como respostas positivas mais relevantes as que foram registradas nas

seguintes perguntas: número 1, com 10,5% (9); número 2, com 22,1% (19); número 3,

com 12,8% (11); número 4, com 17,4% (15); número 7, com 20,9% (18); número 10,

com 12,8% (11); número 11, com 15,1% (13); número 12, com 10,5% (9); número 14,

com 37,2% (32); e número 15, com 44,2% (38) (Tabela 9).

Tabela 9: Distribuição percentual das respostas positivas e negativas.

ResultadosVariáveis

Não ( n - %) Sim (n - %)

Tem problema para ouvir 77 89,5% 9 10,5%Apresenta resfriados ou otites freqüentes 67 77,9% 19 22,1%Necessário repetir várias vezes uma frase, pois tem dificuldades para ouvir

75 87,2%11 12,8%

Apresenta alguma deficiência (visual, mental, motora,...)

84 97,7%2 2,3%

Apresenta um olhar vago e distrai-se com facilidade 71 82,6% 15 17,4%Tem dificuldade em compreender palavras normais para sua idade

82 95,3%4 4,7%

Diz “o quê?” várias vezes por dia 68 79,1% 18 20,9%

Apresenta algum problema de fala 81 94,2% 5 5,8%

Apresenta algum atraso na linguagem 83 96,5% 3 3,5%

Não tem motivação para aprender 75 87,2% 11 12,8%

Apresenta desempenho escolar abaixo do esperado 73 84,9% 13 15,1%

Apresentou mudança brusca no desempenho escolar 77 89,5% 9 10,5%

Está constantemente cansado 82 95,3% 4 4,7%

Costuma falar muito alto 54 62,8% 32 37,2%

Costuma aumentar volume do rádio, TV,... 48 55,8% 38 44,2%

Procura pistas visuais no rosto dos falantes 83 96,5% 3 3,5%

Total de cada pergunta: 86 (100%)

49

Na primeira questão, 77 pais (89,54%) relataram que seus filhos não apresentavam

problemas para ouvir e 9 (10,46%) observavam que as crianças tinham sim alguma

dificuldade de audição. No grupo das crianças com audição dentro dos padrões de

normalidade, 86,04% dos pais (74) relataram que elas não apresentavam dificuldade na

audição e 8,14% (7) afirmaram que seus filhos possuíam alguma dificuldade. No grupo

das crianças com alteração auditiva, somente 2,32% (2) dos pais desconfiavam de

alguma dificuldade na audição e 3,5% (3) negaram essa dificuldade (Tabela 10).

Tabela 10: Distribuição percentual da percepção dos pais sobre as dificuldades auditivas dos seus filhos.

Variáveis Diagnóstico auditivo“Você acha que seu filho tem algum problema para ouvir?”

Normal Perda auditivaTotal

Não 74 86,04% 3 3,5% 75 89,54% Sim 7 8,14% 2 2,32% 11 10,46%

Total: 81 94,18% 5 5,82% 86 100%

Quando foram questionados sobre a necessidade de seus filhos receberem repetidas

informações, 11,62% (10) dos pais de crianças com audição normal confirmaram essa

necessidade e 82,56% (71) a negaram. Do grupo de estudantes com alteração auditiva,

somente um dos pais (1,17%) confirmou essa necessidade, e 4 (4,65%) a negaram

(Tabela 11).

50

Tabela 11 - Distribuição percentual sobre a percepção dos pais em relação à necessidade dos seus filhos em receber a mesma informação inúmeras vezes.

Variáveis Diagnóstico auditivo“É necessário repetir várias vezes

uma frase, pois costuma não entender o que lhe é dito? Tem

dificuldade para compreender o que lhe é dito?”

Normal Perda auditivaTotal

Não 71 82,56% 4 4,65% 75 87,2 Sim 10 11,62% 1 1,17% 11 12,8

Total: 81 94,18% 5 5,82% 86 100%

Em relação à saúde dessas crianças, 19,77% (19) dos responsáveis afirmaram que elas

apresentavam recorrentes resfriados ou otites e 74,41% (64) negaram esse tipo de

ocorrência. Das crianças com alteração auditiva, 2,33 % (2) dos pais confirmaram e

3,48% (3) negaram essa recorrência (Tabela 12).

Tabela 12: Distribuição percentual da percepção dos pais sobre presença de resfriados ou otites frequentes.

Variáveis Diagnóstico auditivo“Seu filho apresenta resfriados ou

otites frequentes?”Normal Perda auditiva

Total

Não

64 74,41% 3 3,48% 67 77,9%

Sim

17 19,77% 2 2,33% 19 22,1

Total: 81 94,18% 5 5,81% 86 100%

51

No quesito de presença de deficiêcia (motora, visual, mental), a visual foi confirmada

por 2 pais (2,33%) e negada por 79 pais (91,86%) daqueles com audição dentro da

normalidade. Nenhum responsável pela criança com alteração auditiva respondeu

afirmativamente nesse item (Tabela 13).

Tabela 13: Distribuição percentual da percepção dos pais sobre a presença algum tipo de deficiência nos seus filhos.

Variáveis Diagnóstico auditivo“Seu filho apresenta alguma

deficiência? (visual, mental, motora...)”Normal Perda auditiva

Total

Não 79 91,86% 5 5,82% 84 97,68% Sim 2 2,32%

0 ---2 2,32%

Total: 81 94,18% 5 5,82%

86 100%

Quando questionados sobre a possibilidade de a criança apresentar olhar vago e se

distrair com facilidade, 76,74% (66) dos pais dos estudantes com audição normal

negaram e 17,4% (15) afirmaram que seus filhos apresentavam essas condutas. Nenhum

dos pais e/ou responsáveis das crainças com perda auditiva responderam

afirmativamente nesse item (Tabela 14).

Tabela 14: Distribuição percentual da percepção dos pais sobre presença de distração constante nos seus filhos.

Variáveis Diagnóstico auditivo“Apresenta um olhar vago e distrai-se

com facilidade?”Normal

Perda auditiva

Total

Não

66 76,74% 5 5,82% 71 82,66%

Sim

15 17,44% 0 --- 15 17,44%

Total: 81 94,18% 5 5,82% 86 100%

52

Com relação à possibilidade de os estudantes avaliados apresentarem dificuldade em

compreender palavras que seriam normais para sua idade e escolaridade, no grupo de

crianças com audição normal, somente 3 (3,48%) responsáveis observavam essa

dificuldade e 78 (90,69%) não a observavam. Do grupo de crianças com alteração

auditiva, somente 1 (1,17%) pai respondeu afirmativamente nesse item e 4 (4,65%),

negativamente (Tabela 15).

Tabela 15: Distribuição percentual sobre a percepção dos pais sobre a presença de dificuldade em compreenção de palavras dos seus filhos.

Variáveis Diagnóstico auditivo “Apresenta dificuldade em

compreender palavras que seriam normais para sua idade e escolaridade?”

NormalPerda

auditivaTotal

Não

78 90,69% 44,65%

82 95,3%

Sim

3 3,48% 11,17%

4 4,7%

Total: 81 94,18% 5

5,82%86 100%

Em relação à questão: “[Seu filho] Costuma dizer “o quê?” várias vezes por dia?”, 68

(79,1%) pais e/ou responsáveis responderam negativamente, enquanto 20,9% (18)

afirmativamente. Dos pais de crianças com perda auditiva, somente um (1,17%)

respondeu afirmativamente a essa questão e 4 (4,65%) negaram essa ocorrência (Tabela

16).

53

Tabela 16: Distribuição percentual da percepção dos pais sobre o costume auditivo dos seus filhos.

Variáveis Diagnóstico auditivo“Costuma dizer “o quê”,

várias vezes por dia?”

NormalPerda

auditivaTotal

Não

64 80,3% 44,65%

68 79,1%

Sim

17 19,7% 11,17%

18 20,9%

Total:

81 100% 55,82%

86 100%

Quando questionados sobre se a criança apresentava algum problema de fala, 5,82% (5)

dos pais responderam afirmativamente, e 94,18% (81), negativamente. Dos 5 alunos

com perda auditiva, 1 (1,17%) foi descrito pelos responsáveis como tendo problema de

fala e 4 (4,65%) como não apresentando alterações nesse aspecto (Tabela 17).

Tabela 17: Distribuição percentual da percepção dos pais em relação aos seus filhos apresentarem problemas de fala.

Variáveis Diagnóstico auditivo“Seu filho apresenta algum problema

de fala?”Normal

Perda auditiva

Total

Não

77 89,53% 44,65%

81 94,18%

Sim

4 4,65% 11,17%

5 5,82%

Total: 81 94,18% 5

5,82%86 100%

No caso de possível atraso de linguagem nessas crianças, 3,48% (3) dos pais

confirmaram essa hipótese, e 96,52% (83) a negaram. Nenhuma criança com alteração

auditiva foi definida como tendo atraso de linguagem (Tabela 18).

54

Tabela 18: Distribuição percentual da percepção dos pais sobre a apresenta de atraso na linguagem.

Variáveis Diagnóstico auditivo“Seu filho apresenta algum

atraso na linguagem?”Normal

Perda auditiva

Total

Não

78 90,7% 5 5,82% 83 96,52%

Sim

3 3,48% 0 --- 3 3,48%

Total:

81 94,18% 5 5,82% 86 100%

Em relação à motivação para aprender, 75 (87,2%) pais afirmaram que os estudantes

não apresentavam essa motivação e 11 (12,8%) relataram que seus filhos possuíam essa

característica. Somente um responsável (1,17%) por uma criança com alteração auditiva

relatou que ela demonstrava motivação para o aprendizado e 4 (4,65%) negaram (Tabela

19).

Tabela 19: Distribuição percentual sobre a percepção dos pais se seu filho não apresenta motivação para aprender.

Variáveis Diagnóstico auditivo “Você acha que seu filho não tem

motivação para aprender?”Normal Perda auditiva

Total

Não

71 82,55% 44,65%

75 87,2%

Sim

10 11,63% 11,17%

11 12,8%

Total:81 94,18% 5

5,82%86 100%

Quando questionados sobre o desempenho escolar dos estudantes deste estudo, 13

(15,11%) pais afirmaram que seus filhos apresentavam desempenho abaixo do esperado

para a sua idade e escolaridade e 73 (84,8%) relataram que suas crianças não tinham

55

esse problema. Dos 5 pais do grupo de alunos com perda auditiva, 1 (1,17%) afirmou

que seu filho vinha apresentando problemas no desempenho escolar e 4 (4,65%) não

observavam dificuldades nesse aspecto (Tabela 20 ).

Tabela 20: Distribuição percentual da percepção dos pais sobre o baixo desempenho escolar.

Variáveis Diagnóstico auditivo“Apresenta desempenho escolar abaixo

do esperado para sua idade e escolaridade?”

NormalPerda

auditivaTotal

Não

69 80,23% 44,65%

73 84,9%

Sim

12 13,95% 11,17%

13 15,1%

Total:81 94,18% 5

5,82%86 100%

Na questão: “Seu filho apresentou mudança brusca no desempenho escolar?”, 77

(89,5%) pais responderam negativamente e 9 (10,47%), afirmativamente. Todos os 5

(5,81%) responsáveis por alunos com alteração auditiva responderam essa questão

negativamente (Tabela 21).

Tabela 21: Distribuição percentual da percepção dos pais sobre a mudança brusca no desempenho escolar dos seus filhos.

Variáveis Diagnóstico auditivo

“Seu filho apresentou mudança brusca no

desempenho escolar?”Normal

Perda auditiva

Total

Não

72 83,72% 5 5,81% 77 89,5%

Sim

9 10,47% 0 --- 9 10,47%

Total:81 94,18% 5 5,81% 86 100%

56

No que se refere a cansaço constante por parte da criança, apenas 4 pais (4,7%)

observavam essa característica em seus filhos e 82 (95,3%) responderam negativamente.

Das crianças com alteração auditiva, somente 1 (1,17%) pai respondeu afirmativamente

a essa questão e 4 (4,65%) negaram. (Tabela 22).

Tabela 22: Distribuição percentual sobre a percepção dos pais em relação à freqüência de cansasso dos seus filhos.

Variáveis Diagnóstico auditivo“Seu filho está

constantemente cansado?” Normal Perda auditivaTotal

Não

78 90,7% 44,65%

82 95,3%

Sim

3 3,48% 11,17%

4 4,7%

Total:81 94,18% 5

5,82%86 100%

Em relação ao volume de fala das crianças do estudo, 32 pais (37,2%) afirmaram que

elas costumam falar muito alto e 54 (62,8%) não relataram essa característica. Dos 5

pais de crianças com alteração auditiva, 3 (3,48%) responderam afirmativamente a essa

questão e 2 (2,33%) negaram (Tabela 23).

Tabela 23: Distribuição percentual da percepção dos pais sobre o costume vocal dos seus filhos.

Variáveis Diagnóstico auditivo“Seu filho costuma falar muito alto?”

NormalPerda

auditivaTotal

Não

52 60,46% 2 2,33% 54 62,8%

Sim

29 35,8% 3 3,48% 32 37,2%

Total:81 94,18% 5 5,81% 86 100%

57

Na análise da questão: “Seu filho costuma aumentar o volume do rádio, TV?”,

observou-se que 44,2% (38) dos pais responderam afirmativamente, enquanto 55,8%

(48), negativamente. Dois (2,33%) dos responsáveis pelas crianças com alteração

auditiva (total 5) relataram que elas aumentam o volume de aparelhos como rádio e TV

e 3,48% (3) não praticam essa ação (Tabela 24).

Tabela 24: Distribuição percentual da percepção dos pais sobre o costume de intensidade do volume do rádio e TV dos seus filhos.

Variáveis Diagnóstico auditivo“Seu filho costuma aumentar

volume do rádio, TV?” NormalPerda

auditivaTotal

Não

45 52,32% 3 3,48% 48 55,8%

Sim

36 41,86% 2 2,33% 38 44,2%

Total:

76 94,18% 5 5,81% 86 100%

Em 96,5% (83) dos questionários, os pais responderam negativamente à pergunta:

“Procura pistas visuais no rosto do falante?” e afirmados em 3,5% (3). Nenhum pai de

criança com alteração auditiva respondeu sim neste item (Tabela 25).

Tabela 25: Distribuição percentual sobre a percepção dos pais em relação a necessidade de procurar pistas visuais no rosto do falante por parte dos seus filhos.

Variáveis Diagnóstico auditivo“Procura pistas visuais no

rosto do falante?” Normal Perda auditivaTotal

Não

78 90,69% 5 5,81% 83 96,5%

Sim

3 3,48% 0 --- 3 3,5%

Total:81 94,18% 5 5,81% 86 100%

58

Por fim, a Extensão do Teste Exato de Fisher foi utilizada para verificar a associação

entre as percepções dos pais acerca dos filhos e o diagnóstico auditivo. Não houve

associação estatisticamente significante entre as respostas dos questionários e o

diagnóstico auditivo (p-valor > 0,05 em todas as situações) (Tabela 26).

Tabela 26: Análise estatística relacionando questionário com o diagnóstico auditivo.

VARIÁVEISP-VALOR

(aproximado)Tem problema para ouvir 0,1613Apresenta resfriados ou otites freqüentes 0,3272Necessário repetir várias vezes uma frase, pois tem dificuldades para ouvir

0,1137

Apresenta alguma deficiência (visual, mental, motora,...) 1,0000Apresenta um olhar vago e distrai-se com facilidade 0,5092Tem dificuldade em compreender palavras normais para sua idade 0,0648Diz “o quê?” várias vezes por dia 0,5720Apresenta algum problema de fala 0,4695Apresenta algum atraso na linguagem 1,0000Não tem motivação para aprender 0,3757Apresenta desempenho escolar abaixo do esperado 0,4681Apresentou mudança brusca no desempenho escolar 0,6902Está constantemente cansado 0,3958Costuma falar muito alto 0,1684Costuma aumentar volume do rádio, TV,... 1,0000Procura pistas visuais no rosto dos falantes 1,0000

59

5. DISCUSSÃO

60

Este capítulo visa analisar os resultados deste estudo e correlacioná-los com a literatura

sobre o tema.

No ano de 2000, Olusanya et al. ressaltaram a necessidade de implantar a triagem

auditiva em escolares, despertando o interesse de outros pesquisadores, como os aqui

citados. Essa implantação tinha como objetivo firmar a importância desse procedimento

para o aprendizado, como referido por Ferreira (2004).

Porém, como se verá a seguir, a falta de padronização da avaliação/triagem auditiva em

escolares vem dificultando a análise dos critérios de normalidade e o levantamento do

índice de alterações auditivas desse público. Alguns pesquisadores já se preocupavam

com essa padronização, no sentido de aperfeiçoar os programas de triagem auditiva e

assim favorecer a prevenção, o diagnóstico e a reabilitação de patologias auditivas em

escolares, como referido por Olusanya (2001) e Westerberg et at. (2005).

Há, de fato, a necessidade de elaborar um protocolo simples, prático e eficaz para o

diagnóstico da deficiência auditiva, o que poderia auxiliar na detecção de possíveis

patologias, como destacado por Vaz et al. (2002) e Olusanya e Okolo (2004).

Na presente pesquisa, o otorrinolaringologista realizou avaliação otoscópica nas

crianças selecionadas, a fim de identificar alterações que impedissem os outros

procedimentos, como audiometria ou imitanciometria, como foi descrito no capítulo

Métodos.

61

De acordo com os resultados, 76,16% das orelhas não apresentaram alteração nessa

avaliação médica, e 23,84% apresentaram alteração total ou parcial, necessitando de

limpeza do meato acústico externo para realização dos outros exames. Esses dados

estão de acordo com a pesquisa realizada por Corona et al. (2006), em que também foi

feita avaliação otoscópica, sendo encontrado o mesmo resultado.

Em contrapartida, nos estudos de Araújo et al. (2002), Brunetto (2003) e Ciciliano et al.

(2002) encontramos índices inferiores de alterações. Vale ressaltar que os sujeitos dos

dois últimos estudos citados foram avaliados por meio da meatoscopia realizada pelo

fonoaudiólogo, o que difere da otoscopia, realizada pelo otorrinolaringologista. Como

ambos os procedimentos - meatoscopia e otoscopia - observam a necessidade de

limpeza do meato acústico externo para a realização da avaliação audiológica, deveriam

ser padronizados pelos dois profissionais, para se ter um consenso de opiniões, o que

ainda não ocorre, como é possível constatar na literatura da área.

Quanto à presença ou não de alterações auditivas, observamos que 94,77% das crianças

avaliadas apresentaram audição dentro do padrão de normalidade e 5,23%, alterações

auditivas. Esse achado vai ao encontro dos estudos de Ramos et al. (2001) e de

Ciciliano et al. (2002), nos quais o índice de alterações auditivas também foi bem

inferior, se comparado aos achados de normalidade da audição.

Ainda com relação a esse aspecto, os resultados deste estudo não se assemelharam aos

de Krueger e Ferguson (2002), Araújo et al. (2002), Lacerda et al. (2002), Skarzynsky,

et. al (2003), Westerberg et al. (2005), Corona et al. (2006) e Santos (2006), nos quais o

62

número de sujeitos com alteração na audiometria diversificado, o que pode ser

explicado em função dos critérios estabelecidos como normalidade. Em alguns desses

estudos, o limiar utilizado como critério de normalidade foi de 15 dB, e em outros, de

35dB. Essa diferença de limiares se justifica pelo método aplicado, sendo que alguns

desses autores realizaram apenas triagem auditiva, enquanto outros pesquisaram o

limiar mínimo de audibilidade, como ocorreu no presente estudo.

Na avaliação timpanométrica aqui realizada, como já demonstrado nos resultados,

94,77% de crianças apresentaram timpanometria dentro dos padrões de normalidade e

5,23% apresentaram alterações timpanométricas. Das cinco crianças com alterações,

duas apresentaram curvas tipo “B” bilateral, duas apresentaram curvas tipo “C”

bilateral e uma, curva tipo “C” unilateral à esquerda. Esses achados estão de acordo

com o estudo de Araujo et al. (2002), Krueger e Ferguson (2002). Já os estudos de

Costa (1999); Ramos et al. (2001) e Corona et al. (2006) apresentaram dados superiores

de alteração, se comparados ao do presente estudo. Essa diferença pode ter ocorrido

devido ao padrão diferenciado utilizado como normalidade2 ou à época de coleta da

pesquisa3. Existe, porém, uma concordância em relação ao predomínio do tipo de

alterações timpanométricas em todos os estudos, que sugere o pico de máxima

admitância deslocado para as pressões negativas, conhecida como curva timpanométrica

tipo “C”.

2 Algumas pesquisas utilizaram como normalidade na timpanometria variação da pressão de +50mmH2O a -100mmH2O enquanto outras utilizaram de + 90 a -150mmH2O. Na maioria das pesquisas não foi definido esse parâmetro.3 Sabe-se que no inverno a proporção de infecções de vias aéreas supeirores aumenta consideravelmente.

63

Todas as alterações encontradas no presente estudo foram de origem condutiva, o que

está de acordo com todas as pesquisas referidas. Aita et al. (2002) e Lacerda et al.

(2002) já chamavam atenção para essas alterações temporárias, geralmente causadas por

otites, que, na maioria das vezes, se apresentam silenciosas, dificultando a detecção

dessa alteração. Concordando com essa afirmação, Vieira, Santos (2001); Vaz et al.

(2002); Santos, Schochat (2003); Olusanya, Okolo (2004) relataram que essas

alterações temporárias podem acarretar problemas no desenvolvimento acadêmico

dessas crianças. As habilidades de detectar sons, prestar atenção, discriminar, localizar e

memorizar são necessárias para o aprendizado, sendo que, quando afetadas, podem

levar a dificuldades no desenvolvimento da linguagem, da cognição, social, emocional e

educacional.

Como referido por Araújo et al. (2004), também os otorrinolaringologistas têm

demonstrado interesse em pesquisar e realizar levantamentos de possíveis alterações

temporárias em escolares, pois esses especialistas recebem frequentemente crianças com

queixas e sintomas otológicos e rinológicos, que podem afetar a qualidade de vida e a

produtividade escolar.

Na relação entre alterações auditivas e idade, observamos no presente estudo uma

incidência maior dessas alterações em crianças com idade inferior (6 anos). Esses

achados são compatíveis com os dados do estudo de Ramos et al. (2001), que relataram

predomínio de alterações auditivas na faixa etária de 4 a 6 anos. Nessa fase, em que

estão iniciando a escolaridade, as crianças que apresentam alteração auditiva, mas não

são diagnosticadas, podem ser tratadas como desatentas, apresentando dificuldades de

64

fala e aprendizagem, segundo Brunetto (2003); Vieira, Santos (2001); Rio, Bosch

(1997).

Importante ressaltar que, da população aqui estudada, nenhuma criança retornou para

reavaliação e acompanhamento otorrinolaringológico, como proposto no método.

Diversas pesquisas com triagem auditiva em escolares apresentaram essa mesma

dificuldade, não conseguindo definir, portanto, o número exato de alterações auditivas

em relação ao total de crianças avaliadas inicialmente e encerrando os trabalhos como

avaliação de triagem ou apresentando resultados parciais. Esse problema também foi

encontrado por Skarzynsky, et. al (2003), sendo que, nesse estudo, somente 29% de

sujeitos compareceram para uma nova avaliação e receberam um diagnóstico.

Com relação aos métodos utilizados para a identificação das alterações auditivas dos

escolares, a avaliação/triagem auditiva por tons puros e as medidas de imitância acústica

pareceram ser mais eficazes, corroborando assim com os achados de Barret (1999).

Relacionando as informações obtidas no questionário dirigido aos pais com as

avaliações audiométricas e timpanométricas realizadas nas crianças deste estudo,

podemos constatar que, após a aplicação do teste estatístico, não ocorreu significância

em nenhuma das respostas do questionário. Isso pode ser explicado pela pequena

amostra da população ou pela forma como o questionário foi aplicado, não contando em

todos os casos com a presença da pesquisadora, como explicado no capítulo Métodos.

Assim, os pais podem não ter compreendido o objetivo das perguntas, prejudicando a

análise.

65

Importante ressaltar, ainda, que esse questionário foi elaborado para uso da triagem

auditiva, sendo utilizado como complemento de avaliação. A maioria das pesquisas que

utilizaram o questionário como proposta para triagem/avaliação auditiva tinha como

objetivo analisar a eficácia desse procedimento e correlacioná-lo com os testes

diponíveis para a detecção precoce das deficiências auditivas, como encontramos em

Hind et al. (1999), Olsanya (2001), Lacerda et al. (2002), Brunetto (2003) e Valente

(2006).

Contudo, vale enfatizar que, ao correlacionar os dados do questionário desta pesquisa

aos achados audiológicos, percebe-se o quanto é importante estar atento ao

comportamento auditivo e à realização de triagem e/ou avaliação audiométrica na faixa

etária aqui em foco, para observar possíveis distúrbios auditivos e/ou de aprendizagem.

No questionário dirigido aos pais proposto neste estudo, podemos destacar índices

elevados de respostas positivas em itens como: necessidade de as crianças aumentarem

o volume da TV e rádio e de falar alto; ocorrência de resfriados e otites freqüentes;

solicitação por parte das crianças para que o interlocutor repita informações com

freqüência; presença de alterações no desempenho escolar ou problemas para ouvir.

Esses achados vão ao encontro dos relatados por Brunetto (2003); Santos, Schochat

(2003); e Vieira, Santos (2001) que ressaltaram o fato de apresentarem dificuldade para

localizar e discriminar a fonte sonora, memorizar, manter a atenção e seguir seqüências

de instruções, as crianças com alterações auditivas podem ser caracterizadas, na fase de

iniciação escolar, como distraídas e com dificuldades de aprendizagem.

66

Por outro lado, o fato dos pais das crianças diagnosticados com alterações audiológicas

terem indicado que seus filhos não apresentavam esse tipo de problema pode ser

explicado pelo tipo de alteração encontrado nessa população. Segundo Aita et al. (2002)

e Lacerda et al. (2002), alterações condutivas não são normalmente percebidas nem

pelas crianças e nem pelos responsáveis.

Nessa medida, é essencial preparar os docentes para atuar de forma preventiva na saúde

auditiva de seus alunos, disseminando conhecimento a respeito de distúrbios auditivos e

suas conseqüências para o aprendizado, o que pode ajudar no diagnóstico, como

definido por Ribas (1999) e Sebastião (2001).

Além do atraso no desempenho acadêmico, essas alterações auditivas podem interferir

no desempenho psíquico e social do indivíduo, como relatado por Coimbra (2005);

Northern, Downs (2005) e Valente (2006). Por isso, a necessidade de elaboração de um

questionário que não só apresente questões relacionadas à audição, mas também que

aborde aspectos relacionados à vida social e econômica da criança.

Os autores citados neste estudo são unânimes em apontar as limitações do uso do

questionário na avaliação auditiva. Mas, mesmo assim, quando bem elaborado e

aplicado, ele pode ser uma opção mais acsessível para a triagem em escolares e ajudar

na identificação daqueles que apresentam alterações auditivas. Portanto, seria um

procedimento coadjuvante nos programas de saúde auditiva escolar. Mas, para

comprovar sua eficácia, ainda são necessários muitos estudos.

67

De fato, a condição custo/benefício do uso do questionário poderia ser mais aproveitada,

desde que observados aspectos como elaboração e aplicação adequada desse

procedimento.

Se analisarmos o questionário de forma isolada, talvez não tenhamos grandes benefícios

quanto aos aspectos relacionados à audição. O ideal é que dados coletados que se

relacionem com o ponto de vista socioeconômico e cultural sejam integrados às

questões de educação e sáude, para podemos caracterizar a população escolar do nosso

país.

68

6. CONCLUSÃO

____________________________________________________________

69

A análise dos resultados obtidos pelo método proposto neste estudo permitiu concluir

que:

1. A prevalência de alterações otoscópicas no grupo estudado foi de 41 (23,84%)

orelhas, as quais necessitaram de limpeza para a realização dos demais exames.

Assim, podemos afirmar que, nesta pesquisa, a otoscopia se mostrou um

procedimento necessário para a realização das avaliações auditivas;

2. As alterações na audiometria tonal e na timpanometria foram encontradas nas

mesmas crianças (5,23% do total). Os dois exames realizados em conjunto têm,

portanto, uma maior eficácia, diminuindo as chances de crianças com alterações

auditivas não serem diagnosticads após a avaliação audiológica;

3. Relacionando as alterações auditivas segundo a idade, foram encontradas 4

crianças com alteração na idade de 6 anos e uma criança na idade de 8 anos. Nas

demais idades as crianças não apresentaram alteração auditiva, evidenciando a

maior incidência de alterações auditivas nas crianças mais novas. Esses dados

indicam que as avaliações auditivas em escolares são muito importantes,

principalmente se realizadas na fase de iniciação acadêmica;

4. O questionário não apresentou resultado significante em nenhuma das questões.

Não podemos, porém, excluí-lo, mas sim aprimorá-lo para ser utilizado com os

demais procedimentos de avaliação auditiva;

70

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

____________________________________________________

71

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75

ANEXOS

_____________________________________________________

76

ANEXO 1

77

ANEXO 2Curso de Mestrado em Fonoaudiologia

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SPUnião Metropolitana de Ensino e Cultura – UNIME

Termo de Consentimento Livre e Informado

A fonoaudióloga Rafaela Roza Pinto (CRFa 7981-BA), responsável pelo projeto de pesquisa cujo tema é: “AVALIAÇÃO AUDITIVA EM UM GRUPO DE ESCOLARES DA CIDADE DO SALVADOR”, cujo objetivo é descrever os achados auditivos em crianças da faixa etária entre 6 a 10 anos, estudantes da rede de ensino fundamental da cidade do Salvador, convida a participar deste projeto a instituição COLÈGIO MARAT, localizada na cidade Salvador-BA.

Serão avaliados alunos do ensino fundamental com idade entre 6 (seis) e 10 (dez) anos, estudante da pré-escola (alfabetização) a 4ª série.

Esta pesquisa não apresenta riscos para seus participantes, onde estes se submeterão, após uma autorização prévia, ao exame de otoscopia, para observar a ocorrência de “rolha de cera”; avaliação timpanométrica, para analisar o funcionamento da orelha média; avaliação audiométrica, para verificaro nível de audição; e questionário destinado aos pais, para obtenção de informações sobre a audição da criança.

O custo decorrente da participação desta instituição e dos seus alunos nesta pesquisa é nulo.

A participação desta escola e de seus alunos neste estudo é totalmente voluntária. Caso concorde em participar neste projeto, o responsável pela instituição deverá assinar este documento a fim que consente a sua autorização.

Salvador, ______ de ___________ de 2006.

Nome da Instituição: COLÉGIO MARAT.

Nome do Responsável da Instituição: _________________________

Assinatura do responsável: _________________________________

Assinatura do Pesquisador: _________________________________

78

ANEXO 3

Informativo

Senhores pais e/ou responsáveis;

A Escola _________________junto com a Fonoaudióloga Rafaela Roza Pinto (CRFa. 7981- BA) está proporcionando aos seus alunos uma avaliação auditiva, sem custo financeiro.

Esta avaliação ocorre para uma pesquisa cujo tema é: “Avaliação auditiva em um grupo de escolares da cidade do salvador”, que tem como objetivo descrever os achados auditivos em crianças da faixa etária entre 6 a 10 anos, estudantes da rede de ensino fundamental da cidade do Salvador. Para uma melhor explicação sobre esse assunto, os convidamos para uma breve reunião:

Dia: / / 2006.

Local: Na própria instituição de ensino.

Horário:__________hs.

Salvador,_________ de ___________________de 20__.

____________________________ Rafaela Roza Pinto (CRFa 7981-BA)

79

ANEXO 4Curso de Mestrado em Fonoaudiologia

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SPUnião Metropolitana de Ensino e Cultura – UNIME

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO AO PARTICIPANTE DESTE ESTUDO

Eu, Rafaela Roza Pinto, Fonoaudióloga, com curso de Especialização em Audiologia pela UNIME (União Metropolitana de Ensino e Cultura), estudo a audição de crianças no contexto escolar e atualmente estou realizando pesquisa para obtenção do título do Mestrado na PUC-SP.

Esta pesquisa tem como tema: “Avaliação Auditiva em um Grupo de Escolares da Cidade do Salvador”, cujo objetivo é descrever os achados auditivos em crianças da faixa etária entre 6 a 10 anos, estudantes da rede de ensino fundamental da cidade do Salvador.

Neste estudo iremos avaliar os aspectos auditivos por 4 métodos diferentes, para que possamos realizar uma comparação de resultados entre eles.

O procedimento inclui a otoscopia, para observar a ocorrência de “rolha de cera”; avaliação timpanométrica, para analisar o funcionamento da orelha média; avaliação audiométrica, para verificaro nível de audição; e questionário destinado aos pais, para obtenção de informações sobre a audição da criança.

A avaliação não causa dor, desconforto ou qualquer tipo de risco, porém na ocorrência de qualquer eventualidade, os encaminhamentos necessários serão realizados.

Esclarecemos que a avaliação não acarretará custo algum para os pais. Escola e crainças não serão expostos e seus nomes não serão divulgados, obedecendo a todas normas éticas de uma pesquisa científica. Os resultados obtidos serão divulgados em congressos e em revistas especializadas analisados em conjunto.

Cada participante terá, individualmente, o seu resultado da avaliação e aqueles que necessitarem de acompanhamento médico receberá as devidas orientações.

Para o esclarecimento de quaisquer dúvidas que ainda possam existir, colocamos-nos à disposição para esclarecê-las.

Eu, _________________________________________, portador (a) do documento nº ________________________declaro estar de acordo com a participaçãp do (a) aluno (a) __________________________________________no procedimento de avaliação da audição realizada pela Foanodióloga rafaela Rozxa Pinto, portadora do CRFa 7981-BA.

____________________________ ______________________________ Assinatura do responsável do participante Rafaela Roza Pinto

80

ANEXO 5

QUESTIONÁRIO DE TRIAGEM AUDITIVA

Nome da criança:___________________________________________________________Data de nasc. _______/ _____/_______. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino.Escola:____________________________________ Série:_____________ Turma: ___________Examinador:________________________________ Data: _____/_______/________.

SIM NÃO

1. Você acha que seu filho tem algum problema para ouvir?

2. Seu filho apresenta resfriados ou otites frequêntes?

3. É necessário repetir várias vezes uma frase, pois costuma não

entender o que lhe é dito? Tem dificuldade para compreender o que lhe

é dito?

4. Seu filho apresenta alguma deficiência? (visual, mental, motora...)

5. Apresenta um olhar vago e distrai-se com facilidade?

6. Apresenta dificuldade em compreender palavras, que seriam normais

para sua idade e escolaridade?

7. Costuma dizer “o quê”, várias vezes por dia?

8. Seu filho apresenta algum problema de fala?

9. Seu filho apresenta algum atraso na linguagem?

10. Você acha que seu filho não tem motivação para aprender?

11. Apresenta desempenho escolar abaixo do esperado para sua idade e

escolaridade?

12. Seu filho apresentou mudança brusca no desempenho escolar?

13. Seu filho está constantemente cansado?

14. Seu filho costuma falar muito alto?

15. Seu filho costuma aumentar volume do rádio, TV?

16. Procura pistas visuais no rosto do falante?

81

ANEXO 6

PROTOCOLO DE REGISTRO

Nº__________________

Inspeção do meato*: OD ( ) CAE Livre ( ) Alterado OE ( ) CAE Livre ( ) Alterado* Para uso do otorrinolaringologista.

OBS: __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA E TIMPANOMÉTRICA:

AUDIOMETRIA TIMPANOMETRIA500 Hz 1 kHz 2 kHz 4 kHz TIPO

OD(VA)_

(VO) -----------OE(VA)

(VO) -----------

Conclusão:__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

82

ANEXO 7

Pais e/ou Responsáveis;

Realizamos reuniões para esclarecimentos sobre a avaliação auditiva que estaremos realizando com os alunos da Instituição.

Aqueles que não puderam comparecer e desejam que a criança participe deste projeto, necessitam autorizar, assinando o termo de consentimento, e responder o questionário anexado a este aviso até o dia ___________. Todos os campos devem estar preenchidos e todos os participantes receberão um aviso com as datas dos exames.

Para maiores esclarecimentos sobre o projeto ou quem desejar marcar uma reunião, com a fonoaudióloga Rafaela Roza, pode entrar em contato com a profissional pelo telefone (71) ------------.

Atenciosamente,

Rafaela Roza Pinto

83

ANEXO 8

Pais e/ou Responsáveis;

Diante dos resultados da timpanometria e da audiometria, foi observado que seu filho

apresentou respostas dentro dos padrões de normalidade.

Caso apresentem alguma dúvida, entrem em contato com a profissional Rafaela, pela

noite (entre 18hs e 20hs), pelo telefone (71) ----------- ou em qualquer horário pelo

telefone (71) -------------.

Atenciosamente,

Rafaela Roza Pinto

_____________________________________________________________________

Pais e/ou Responsáveis;

Diante dos resultados propostos no Projeto de Avaliação Auditiva dos Escolares, foi

observado que seu filho não apresentou respostas dentro dos padrões de

normalidade.

Para confirmar tal diagnóstico, gostaria que marcassem e comparecessem a uma

consulta com Dra. Roberta Figueirêdo, no endereço indicado, sem custo financeiro

para nova avaliação.

Caso exista alguma dúvida, entrem em contato com a profissional Fonoaudióloga

Rafaela, pela noite (entre 18hs e 20hs), pelo telefone (71) ----------- ou em qualquer

horário pelo telefone (71) -------------.

Atenciosamente,

Rafaela Roza Pinto

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