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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Programa de Pós-Graduação em Administração
Tânia Maria Paiva Carrara
RETENÇÃO DE TALENTOS DE DIVERSAS GERAÇÕES
EM UM MESMO CONTEXTO ORGANIZACIONAL:
um estudo em empresa de grande porte da indústria do aço
Belo Horizonte
2013
Tânia Maria Paiva Carrara
RETENÇÃO DE TALENTOS DE DIVERSAS GERAÇÕES
EM UM MESMO CONTEXTO ORGANIZACIONAL:
um estudo em empresa de grande porte da indústria do aço
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Administração da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Administração.
Orientadora: Profa. Dr
a. Simone Costa Nunes.
Belo Horizonte
2013
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Carrara, Tânia Maria Paiva
C172r Retenção de talentos de diversas gerações em um mesmo contexto
organizacional: um estudo em empresa de grande porte da indústria do aço /
Tânia Maria Paiva Carrara. Belo Horizonte, 2013.
142f.: il.
Orientador: Simone Costa Nunes
Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Programa de Pós-Graduação em Administração.
1. Administração de pessoal. 2. Ambiente de trabalho. 3. Condições de
trabalho. 4. Geração X. 6. Geração Y. I. Nunes, Simone Costa. II. Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em
Administração. III. Título.
CDU: 658.3
Tânia Maria Paiva Carrara
RETENÇÃO DE TALENTOS DE DIVERSAS GERAÇÕES
EM UM MESMO CONTEXTO ORGANIZACIONAL:
um estudo em empresa de grande porte da indústria do aço
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Administração da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Administração.
_____________________________________________________________
Orientadora Profª. Dra. Simone Costa Nunes - PUC Minas
_____________________________________________________________
Profª. Dra. Amyra Moyzes Sarsur - Faculdades Pedro Leopoldo
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Wilson Aparecido Costa de Amorim - Universidade de São Paulo
Belo Horizonte, 22 de maio de 2013.
A minha filha, Joanna,
fonte de minha energia,
que me apoia e incentiva
em cada etapa de minha vida.
A Elisa,
que se estivesse aqui estaria muito feliz e orgulhosa
pela minha conquista.
AGRADECIMENTOS
A todos aqueles que, de forma direta ou indireta, contribuíram para a realização
deste estudo.
Em especial...
À minha orientadora, Professora Simone Nunes, pela confiança, carinho e por me
apoiar e direcionar nos momentos mais críticos desta caminhada.
Aos professores Anderson Sant’Anna e Antonio Carvalho Neto, pelas críticas e
orientações quando da qualificação desta dissertação, que foram de real importância na
concretização deste trabalho.
Aos 212 respondentes da pesquisa que atenderam ao meu convite e de forma
altamente colaborativa responderam ao questionário que fundamentou este estudo. Sem
vocês nada teria acontecido!
Aos que disponibilizaram uma parcela de seu tempo para serem entrevistados e
contribuíram de forma significativa com sua percepção do tema.
À Fabiane Ramos, que se prontificou e viabilizou junto à Diretoria de Recursos
Humanos a realização da pesquisa.
À Luciedi e Alexandre Esper, pela orientação inicial quando o mestrado ainda era
somente uma meta a ser alcançada.
Aos meus familiares e aos meus verdadeiros amigos, por acreditarem que eu
conseguiria e, sobretudo, pela torcida em favor do meu sucesso.
A Joanna, pelas horas despendidas na transcrição das entrevistas e pelos
comentários pertinentes de uma representante da geração Y.
À equipe da secretaria do curso de Mestrado em Administração da PUC-MG, pelo
apoio sempre que solicitado.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pelo
apoio financeiro concedido ao projeto do qual fez parte esta pesquisa (Projeto CSA-APQ-
01887-12, Demanda Universal).
RESUMO
Diante de um cenário no qual a economia está cada vez mais globalizada, do
aumento da competição no mundo dos negócios e do ritmo acelerado de inovação
tecnológica, um dos grandes desafios das organizações é a retenção de profissionais que
agregam valor à empresa e que façam a diferença na sustentabilidade e crescimento do
negócio. Neste contexto é que se insere o presente estudo, que teve como objetivo central
identificar e analisar os principais fatores organizacionais que influenciam os profissionais
considerados talentos, pertencentes às três últimas gerações, quanto à sua permanência ou
efetiva intenção de deixar a organização. Foram considerados sete fatores de retenção
(ambiente organizacional; configuração do trabalho; condições de trabalho; gestão do líder;
carreira; remuneração e benefícios; e capacitação e desenvolvimento) e, para efeito do
estudo geracional, as gerações baby boomers, X e Y. A pesquisa caracteriza-se como um
estudo de caso de natureza descritiva. A estratégia quantitativa e a qualitativa deram
suporte à coleta, tratamento e análise dos dados. Um questionário eletrônico foi respondido
por 212 empregados e entrevistas semiestruturadas foram realizadas com 10 pessoas. Além
disso, foi feita análise documental com o intuito de levantar informações sobre a história
da empresa, suas políticas, práticas e evidências dos processos de recursos humanos (RH).
O estudo foi realizado em uma unidade de negócios de uma grande organização do ramo
da fabricação do aço. De modo geral, a pesquisa indica que não existe um único fator de
influência na retenção, mas sim um conjunto de fatores que levam os indivíduos a
permanecer na organização. Outro resultado encontrado refere-se à ausência de diferenças
entre as três gerações (baby boomers, geração X e geração Y) no tocante aos fatores de
impacto na retenção, permanência e saída. Destaca-se o fator “ambiente organizacional”
como o de mais impacto tanto na permanência como na saída de empregados da
organização. Esse fator engloba as seguintes variáveis: respeito, liberdade de expressão,
ambiente de aprendizado, clima organizacional e imagem da empresa. Por fim, os
resultados do estudo reforçam que se a presença dos sete fatores de retenção influencia a
permanência das pessoas na organização, sua ausência colabora significativamente para a
saída.
Palavras-chave: Retenção. Talento. Gerações.
ABSTRACT
Considering the current scenario in which economy is increasingly global,
competition in the business world is enhanced, and the pace of technological innovation is
accelerated, one of the major challenges of organizations is the retention of professionals
who add value to the company and who make the difference with regard to sustainability
and business growth. This is the context the present study is concerned with. Its main goal
has been to identify and analyze the main organizational factors that influence the
professionals considered talents and who belong to the last three generations in their intent
to remain or to leave the organization. Seven retention factors were taken into account
(organization environment; job setup; working conditions; leader management; career;
compensation and benefits; and training and development). The generations Baby
boomers, X and Y were considered in the generational study. This is a case-study research
with a descriptive approach. Quantitative and qualitative methods supported data
collection, processing and analysis. An electronic questionnaire was answered by 212
workers, and semi-structured interviews were conducted with ten persons. Furthermore,
documentary analysis was done in order to gather information on the history of the
company investigated, as well as on its policies and practices of human resources
processes. This study was conducted in a business unit of a large steel company. Overall,
the research indicates that there is not only one factor that influences the retention process,
but rather a set of factors that lead individuals to remain in the organization. Another
finding is related to the absence of differences among the three generations (Baby
boomers, generation X and generation Y) as far as impact factors on employees’ retention,
remaining and leaving the company is concerned. The factor “organizational environment”
stands out as the one representing the highest impact on both employees’ remaining and
leaving the company. This factor comprises the following variables: respect, freedom of
expression, learning environment, organizational atmosphere and company’s image.
Finally, the results of this study reinforce the fact that if on one hand the presence of the
seven factors influences the permanence of professionals in the organization, on the other
hand the absence of those factors strongly contributes to those professionals leaving the
company.
Key words: Retention. Talents. Generations.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AIDS - Adcquired imunodefficience syndrome
ANOVA - Análise de Variância
AVE - Average Variance Extracted
CEO - Chief Executive Officer
CHAID - Chi-Square Automatic Interaction Detector
GE - General Eletric
LISREL - Linear Structural Relations
MBA - Master of Business Administration
PLS - Partial Least Squares
PUC MINAS - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
RH - Recursos Humanos
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Distribuição dos entrevistados quanto ao sexo.......................................... 64
Tabela 2 - Distribuição dos entrevistados quanto ao estado civil............................... 64
Tabela 3 - Perfil dos entrevistados quanto à posse de filhos...................................... 65
Tabela 4 - Distribuição dos entrevistados quanto à escolaridade............................... 65
Tabela 5 - Tempo de trabalho dos entrevistados na empresa...................................... 65
Tabela 6 - Local (cidade) de trabalho dos entrevistados............................................. 66
Tabela 7 - Cidade de residência dos entrevistados...................................................... 66
Tabela 8 - Carreira atual dos entrevistados................................................................. 66
Tabela 9 - Público da pesquisa.................................................................................... 67
Tabela 10 - Geração dos entrevistados........................................................................ 67
Tabela 11 - Descrição do modelo ajustado para fatores de retenção.......................... 70
Tabela 12 - Cargas cruzadas para fatores de retenção................................................ 71
Tabela 13 - Cargas cruzadas das variáveis latentes para fatores de retenção............. 72
Tabela 14 - Descrição do modelo ajustado para fatores de influência na
permanência...........................................................................................
74
Tabela 15 - Cargas cruzadas para fatores de influência na permanência.................... 74
Tabela 16 - Cargas cruzadas das variáveis latentes para fatores de influência na
permanência...........................................................................................
75
Tabela 17 - Descrição do modelo ajustado para fatores de influência na saída.......... 77
Tabela 18 - Cargas cruzadas para fatores de influência na saída................................ 78
Tabela 19 - Cargas cruzadas das variáveis latentes para fatores de influência na
saída.......................................................................................................
79
Tabela 20 - Comparação do público A e B: dimensão retenção................................. 81
Tabela 21 - Comparação do público A e B: dimensão permanência.......................... 81
Tabela 22 - Comparação do público A e B: dimensão saída...................................... 81
Tabela 23 - Avaliação do intervalo de confiança........................................................ 82
Tabela 24 - Estatística descritiva dos itens: fatores de influência na retenção........... 83
Tabela 25 - Estatística descritiva dos itens: fatores de influência na permanência na
empresa.....................................................................................................
85
Tabela 26 - Estatística descritiva dos itens: fatores de influência na saída da
empresa......................................................................................................
87
Tabela 27 - Estatística descritiva dos fatores: influência na retenção......................... 89
Tabela 28 - Estatística descritiva dos fatores: influência na permanência.................. 90
Tabela 29 - Estatística descritiva dos fatores: influência na saída.............................. 90
Tabela 30 - Estatísticas descritivas dos fatores por grupos etários: influência na
retenção......................................................................................................
92
Tabela 31 - Correlações entre os fatores de retenção com a idade.............................. 92
Tabela 32 - Estatísticas descritivas dos fatores por grupos etários: influência na
permanência..............................................................................................
93
Tabela 33 - Correlações entre os fatores de permanência com a idade....................... 93
Tabela 34 - Estatísticas descritivas dos fatores: influência na saída........................... 94
Tabela 35 - Correlações entre os fatores de saída com a idade.................................... 94
Tabela 36 - Valores p para teste de existência de diferença dos fatores avaliados no
estudo dentre as variáveis de perfil............................................................
95
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Matriz nine block com percentual de enquadramento................................ 54
Figura 2 - Modelo ajustado completo para fatores de retenção.................................. 68
Figura 3 - Modelo ajustado sem itens com baixa carga fatorial para fatores de
retenção.....................................................................................................
69
Figura 4 - Modelo ajustado (estatísticas t) para fatores de retenção........................... 72
Figura 5 - Modelo ajustado para fatores de influência na permanência..................... 73
Figura 6 - Modelo ajustado (estatísticas t) para fatores de influência na
permanência..............................................................................................
76
Figura 7 - Modelo ajustado para fatores de influência na saída.................................. 77
Figura 8 - Modelo ajustado (estatísticas t) para fatores de influência na saída........... 80
Figura 9 - Carreira vs. carreira atual........................................................................... 96
Figura 10 - Capacitação e desenvolvimento vs. posse de filhos................................. 97
Figura 11 - Condições de trabalho vs. posse de filhos................................................ 97
Figura 12 - Condições de trabalho vs. tempo na empresa........................................... 98
Figura 13 - Configuração do trabalho vs. posse de filhos........................................... 99
Figura 14 - Configuração do trabalho vs. escolaridade.............................................. 99
Figura 15 - Gestão do líder vs. escolaridade............................................................... 100
Figura 16 - Remuneração e benefícios vs. tempo na empresa.................................... 101
Figura 17 - Permanência: capacitação e desenvolvimento vs. escolaridade............... 102
Figura 18 - Permanência: remuneração e benefícios vs. possui filhos....................... 103
Figura 19 - Saída: carreira vs. escolaridade................................................................ 104
Figura 20 - Saída: ambiente vs. carreira atual............................................................. 104
Figura 21 - Saída: capacitação e desenvolvimento vs. escolaridade........................... 105
Figura 22 - Saída: capacitação e desenvolvimento vs. carreira atual.......................... 106
Figura 23 - Saída: configuração do trabalho vs. carreira atual................................... 106
Figura 24 - Saída: gestão do líder vs. escolaridade..................................................... 107
Figura 25 - Saída: gestão do líder vs. carreira atual.................................................... 108
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Elementos da conceituação de talento...................................................... 25
Quadro 2 - Corte geracional por período de nascimento............................................ 29
Quadro 3 - Referência de períodos por geração.......................................................... 30
Quadro 4 - Eventos e características das gerações...................................................... 36
Quadro 5 - Fatores e variáveis de retenção................................................................. 42
Quadro 6 - Perfil dos entrevistados............................................................................. 57
Quadro 7 - Relação de variável de perfil com fator: dimensão retenção.................... 101
Quadro 8 - Relação de variável de perfil com fator: dimensão permanência............. 103
Quadro 9 - Relação de variável de perfil com fator: dimensão saída......................... 108
Quadro 10 - Síntese dos achados nas entrevistas........................................................ 122
SUMÁRIO1
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 14
1.1 Problema de pesquisa......................................................................................... 14
1.2 Justificativa.......................................................................................................... 18
1.3 Objetivos.............................................................................................................. 20
1.3.1 Objetivo geral.................................................................................................... 20
1.3.2 Objetivos específicas.......................................................................................... 21
1.4 Estrutura do trabalho......................................................................................... 21
2 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................. 22
2.1 Considerações sobre talentos nas organizações................................................ 22
2.2 As gerações e suas características no ambiente organizacional...................... 26
2.3 Múltiplos fatores de retenção............................................................................. 37
2.3.1 Fatores e variáveis de retenção......................................................................... 43
2.3.1.1 Ambiente organizacional.............................................................................. 43
2.3.1.2 Configuração do trabalho............................................................................ 44
2.3.1.3 Condições de trabalho.................................................................................. 45
2.3.1.4 Gestão do líder............................................................................................... 46
2.3.1.5 Carreira.......................................................................................................... 46
2.3.1.6 Remuneração e benefícios............................................................................ 48
2.3.1.7 Capacitação e desenvolvimento................................................................... 49
3 METODOLOGIA DE PESQUISA....................................................................... 51
3.1 Estratégia, tipo e método de pesquisa............................................................... 51
3.2 Unidade empírica de análise.............................................................................. 52
3.3 Coleta de dados quantitativos............................................................................ 53
3.4 Coleta de dados qualitativos.............................................................................. 57
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS..................................... 60
1 Este trabalho foi revisado de acordo com as novas regras ortográficas aprovadas pelo Acordo Ortográfico
assinado entre os países que integram a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em vigor no
Brasil desde 2009. E foi formatado de acordo com o Padrão PUC Minas de Normalização, de 2011, a ABNT
NBR 14724 de 17.04.2011 e a American Psychological Association (APA).
4.1 Gestão de pessoas na empresa pesquisada........................................................ 60
4.2 Análise e interpretação dos dados da pesquisa quantitativa........................... 64
4.2.1 Caracterização e análise descritiva dos itens de segmentação........................ 64
4.2.2 Validação do modelo modelagem de equações estruturais............................. 67
4.2.2.1 Validação para fatores influentes na retenção........................................... 68
4.2.2.2 Validação para fatores influentes na permanência.................................... 73
4.2.2.3 Validação para fatores influentes na saída................................................. 76
4.2.3 Avaliação comparativa dos fatores entre os públicos A e B............................ 80
4.2.4 Estatística descritiva dos dados......................................................................... 81
4.2.5 Descrição geral dos fatores............................................................................... 88
4.2.6 Descrição dos fatores por grupos etários......................................................... 91
4.2.7 Descrição dos fatores por variáveis de perfil................................................... 94
4.2.7.1 Dimensão retenção da empresa................................................................... 96
4.2.7.2 Dimensão permanência na empresa............................................................ 101
4.2.7.3 Dimensão saída da empresa......................................................................... 103
4.3 Análise descritiva e qualitativa da percepção dos empregados...................... 109
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 124
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 128
APÊNDICES.............................................................................................................. 135
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 Problema de pesquisa
No cenário competitivo de globalização econômica, com ritmo acelerado de
avanços tecnológicos, ciclos cada vez mais curtos de expansão e de crise, mais facilidade
de obter recursos materiais e acessos a sistemas e métodos, os aspectos intangíveis de uma
organização podem se tornar o diferencial. As pessoas têm sido vistas como principais na
criação de vantagem competitiva e um dos grandes desafios é o da retenção de
profissionais que agregam valor às empresas, aos seus clientes e que façam a diferença.
Se o atual ambiente de negócios se mostra mais instável e imprevisível, se as
organizações tornam-se cada vez mais complexas, o tradicional contrato social de trabalho
de relação baseada em compromisso, lealdade e responsabilidade tende a não existir mais.
Uma nova forma de relacionar se faz premente, considerando-se que se está na era da
descontinuidade e de mudanças (Beechler & Woodward, 2009).
No final dos anos 90, a empresa de consultoria McKinsey & Company (Chambers,
Foulon, Handfiel-Jones, Hanken, & Michaels, 1998) publicou relatório de um estudo
envolvendo 77 empresas de diversos segmentos e 6.000 gestores e executivos, concluindo
que o recurso mais importante das organizações nos próximos 20 anos seriam pessoas com
habilidades, conhecimentos, experiência, inteligência, discernimento, atitude, caráter e
capacidade de aprender e crescer. Esse relatório marcou o que foi chamado na época de
“guerra por talentos” e, que de alguma forma, continua nos dias atuais. Embora o contexto
possa ter mudado significativamente, a noção de gestão de talentos continua a ser
importante. Ter pessoas que possam contribuir diferencialmente para a vantagem
competitiva sustentável da organização permanece como desafio num mundo de negócios
impactado pela crescente integração entre nações, pela globalização dos negócios e pelo
ritmo acelerado de inovação tecnológica (Beechler & Woodward, 2009; Collings &
Mellahi, 2009; Holtom, Mitchell, Lee, & Eberly, 2008). É evidente que a necessidade de
profissionais altamente qualificados e de alto potencial é crescente nas empresas, mas
Dresselhaus (2010) pontua que as organizações não estão investindo o necessário e muito
menos dedicando a energia necessária na retenção de talentos e, ainda, que os mercados
estão abertos em todo o mundo.
Outro aspecto que marca as mudanças no mundo do trabalho contemporâneo é a
existência de um ambiente multigeracional formado por profissionais de várias gerações,
15
com valores, comportamentos, necessidades e expectativas muitas vezes diferentes e, entre
estes, muitos considerados essenciais para os negócios da organização.
Sociólogos e historiadores, William Strauss e Neil Howe, citados por Paine (2006),
pioneiros em estudos sobre as diferenças entre gerações, ressaltam que comportamentos
semelhantes e preferências de gerações são oriundos de experiências comuns e vivências
marcadas por acontecimentos sociais e econômicos de um período definido de tempo.
Esses acontecimentos são influenciados pelo contexto histórico e podem impactar nas
atitudes, comportamentos e estilos de trabalho de indivíduos nascidos em uma mesma
época. Não desconsiderando as diferenças individuais das pessoas, a possibilidade de
presenciar e, principalmente, processar esses acontecimentos ou experiências de forma
semelhante ajuda a caracterizar um grupo comum dos nascidos em um mesmo período
(Dencker, Joshi, & Martocchio, 2007; Parry & Urwin, 2010; Tolbize, 2008). As
experiências que moldaram essas gerações têm implicações importantes no papel que o
trabalho exerce em suas vidas, no que esperam receber de recompensa na esfera
profissional, na percepção da vida organizacional e como julgam as ações e o desempenho
dos outros (Beechler & Woodward, 2009; Manion, 2009; Parry & Urwin, 2010; Smola &
Sutton, 2002; Tolbize, 2008).
Quando se está pesquisando os aspectos da retenção de pessoas nas organizações, o
fator geracional torna-se relevante, pois as expectativas, prioridades e comportamentos
tendem a ser diferentes, mesmo que valorizem em alguns momentos as mesmas coisas e
possam partilhar motivos semelhantes para permanecer na organização (Smith, 2008;
Tolbize, 2008). Na diversidade organizacional, considerando-se o momento de vida das
pessoas, pode-se inferir que para os jovens o passado é passado e o futuro representa
possibilidades. Para os mais maduros, o passado representa o que construiu e o futuro é
cada vez mais presente (Tanure, Carvalho Neto, & Andrade, 2007a).
Nas organizações os papéis estratégicos antes prioritariamente destinados a pessoas
da mesma geração tendem a ser desempenhados por aqueles com capacidade de agregar
valor e trazer resultados aos negócios e, muitas vezes, por um grupo mais jovem com alto
potencial. A tendência é que os novos líderes que ocupam posições estratégicas das
organizações saiam da chamada geração X, pessoas hoje na faixa acima de 32 anos. E
muitos executivos da geração dos baby boomers, com idade superior a 52 anos, deixarão as
posições de alta administração, mas continuarão produtivos, assessorando e guiando os
novos executivos, não se distanciando, portanto, das funções ativas (Erickson, 2009). O
panorama se completa com a entrada, nas empresas, dos mais jovens da geração Y,
16
nascidos após 1980, que já estão ocupando posições de gestão e, em pouco tempo, devem
constituir-se no grupo mais numeroso no ambiente de trabalho (Oliveira, Piccinini, &
Bitencourt, 2011). Agrega-se a esse contexto um ambiente organizacional que pode ser
caracterizado como instável, complexo, de pressão por prazos e resultados, com alto grau
de desgaste emocional e de interações sociais conflituosas, em que pessoas de diversas
gerações tendem a reagir de forma diferenciada pela variação de opiniões, comportamentos
e atitudes em relação ao trabalho (Oliveira et al, 2011; Scafone, Carvalho Neto, & Tanure,
2011). Para Tanure et al. (2007a), as organizações têm o desafio de fazer a gestão da
diversidade organizacional de grupos com comportamentos peculiares distintos, buscando
a construção de relações de confiança.
É importante realçar que pessoas com diferentes valores, ideias, maneiras de fazer
as coisas e formas específicas de comunicação no local de trabalho sempre existiram, mas
tornou-se mais complexa a administração, assim como atrair e reter profissionais de
diversas gerações (Paine, 2006). Ressalta-se que a postura dos mais jovens perante o
trabalho está mudando consideravelmente a rotina de trabalho das organizações e os mais
velhos têm dificuldades em assimilar essa nova maneira (Erickson, 2009).
Um ponto enfatizado por diversos autores, como Tanure et al. (2007a), é sobre a
carreira e o vínculo afetivo com a organização. Executivos seniores, que podem ser
considerados da geração baby boomers, em sua maioria, sempre trabalharam na mesma
empresa, mostrando forte vínculo de lealdade, enquanto os mais novos já não demonstram
essa fidelidade e buscam o crescimento mais rápido na carreira, o que pode levar à
mudança de empresa para atingir seu objetivo.
As organizações precisam de pessoas de diversas gerações, com conhecimento e
atitudes que agreguem valor ao negócio e que as mantenham no patamar de
competitividade. Sant’Anna (2008) enfatiza que a organização tem necessitado cada vez
mais de indivíduos talentosos, em decorrência das atuais transformações do mundo dos
negócios.
Mas, o que seriam pessoas consideradas talento para as organizações? Na visão de
muitos dos autores, o uso do termo caracteriza pessoas diferenciadas, os melhores e “mais
brilhantes” e dá ideia de minoria elitizada (Sarsur, Pedrosa, & Sant’Anna, 2003). Um dos
conceitos sobre talento em que se apoia para o desenvolvimento deste estudo é o de Ulrich
(2007), que o considera produto da competência, compromisso e contribuição.
Competência, para ele, pressupõe conhecimento, habilidades e valores que são necessários
para hoje e amanhã. Compromisso significa dedicar a energia no trabalho e contribuição
17
seria dar resultados diferenciados para a organização. Sarsur et al. (2003), em seu estudo
sobre retenção, considerando vários autores, agregam ao conceito, entre outras
características, a capacidade para mudar e se adaptar a novos ambientes e a capacidade de
aprendizagem. As empresas precisam de profissionais com agilidade que se adaptem
rapidamente às mudanças exigidas pelo mercado.
As organizações distinguem esses profissionais considerados talentos pelo
desempenho atual e passado, pelas competências demonstradas e pelo seu potencial (Iles,
Chuai, & Preece, 2010). São eles que ajudam as organizações a permanecerem
competitivas e se destacarem num mundo em rápida mudança. Despender esforço tentando
manter igualmente todas as pessoas provavelmente não é uma solução realista e o mais
adequado seria concentrar-se naqueles profissionais que a empresa não pode dar-se ao luxo
de perder (Branham, 2002).
Até então, os estudos e pesquisas estão mais dirigidos ao processo de atração e,
quando falam em retenção, relaciona-se à análise das políticas e práticas adotadas. Os
autores, como Collings and Mellahi (2009), Dresselhaus (2010), Kooij, Jansen, Dikkers
and De Lange (2009) e consultoria como Hay Group (Duarte, 2011) mostram que, apesar
de muitas empresas afirmarem que enfrentam problemas de retenção de profissionais,
grande parte não possui programas formais que contribuam para a permanência desses
indivíduos na organização. Essas políticas e práticas funcionam para os empregados como
"sinais" das intenções da organização em direção a eles. Seriam como um compromisso
personalizado para os indivíduos, um investimento neles, como reconhecimento da sua
contribuição. Nesse aspecto, a questão geracional torna-se um ponto de atenção, pois as
pessoas têm diferentes necessidades e expectativas e pressupõe-se que precisam ser
tratadas no ambiente organizacional de formas diferentes (Branham, 2002).
Segundo Dutra (2011), as empresas passam a depender cada vez mais do grau de
satisfação, envolvimento e comprometimento das pessoas com os objetivos dos negócios.
Afirma, ainda, que esse comprometimento não pode acontecer por intermédio do discurso
preparado sobre os objetivos sociais ou a importância da empresa, nem relação direta com
salários e benefícios, mas principalmente pelo atendimento das expectativas e necessidades
dos considerados talentos para a organização e de outros profissionais que ela quer manter
em seu quadro por contribuírem com resultados que impactam na sustentabilidade do
negócio.
Se as organizações têm necessitado cada vez mais de profissionais competentes e
talentosos para fazerem frente às mudanças e à competição no mundo dos negócios, na
18
análise do fenômeno da retenção duas questões básicas precisam de mais investigação: por
que as pessoas talentosas ou consideradas importantes para a organização partem? E por
que essas pessoas permanecem nas organizações?
Tendo como base esse cenário, a proposta de pesquisa é: quais os principais fatores
organizacionais que podem levar empregados considerados talentos das três últimas
gerações a permanecerem ou terem a efetiva intenção de deixar a organização?
1.2 Justificativa
Os líderes empresariais e gestores de RH têm reconhecido o valor da retenção de
profissionais talentosos, especialmente em uma era de ampla globalização (Holtom et al.,
2008). A crescente competitividade tem levado as organizações a implementarem práticas
para reter profissionais de alta competência, alto potencial e desempenho, que em muitos
casos mostram-se ineficazes. Com mercado aquecido, esses profissionais vão rapidamente
em direção a outras empresas, atraídos por diversos motivos que os gestores de RH ainda
não conseguem ter entendimento que permita ações consistentes. Ready and Conger (2007)
afirmam, em estudo realizado em 2005 com 40 empresas mundiais, que praticamente todas
elas identificaram a falta de um banco de talentos em condições de dar suporte às
necessidades para preenchimento de posições estratégicas na organização e que essa falta
pode restringir consideravelmente sua capacidade de crescimento.
Apesar de as empresas considerarem estratégica a gestão de talentos, muitas ainda
atuam na retenção sem um estudo mais profundo dos possíveis motivos que levam à saída
das pessoas e sem planejamento e desenvolvem ações caso a caso (Hay Group, 2010). Esse
ponto é reforçado em artigo publicado da consultoria McKinsey, que mostra que a maioria
das empresas reconhece que poderia melhorar o recrutamento e desenvolvimento e poucas
percebem que têm problema de retenção (Chambers et al., 1998). Ações de
desenvolvimento de novos talentos como programas de trainees são as que ainda aparecem
em destaque, o que pode caracterizar um olhar das organizações com foco em jovens
recém-formados, da geração Y, e uma não preocupação com os profissionais de outras
gerações, que continuam demandados pelo mercado.
O cenário de trabalho na atualidade caracteriza-se por maior complexidade com a
globalização, alta competitividade e a diversidade geracional. Alguns fenômenos
influenciam significativamente esse panorama e muitas organizações não têm dado a
devida importância quando atuam na gestão de pessoas. Lombardia, Pin e Stein (2008)
19
enfatizam cinco fenômenos: faltam profissionais com qualificação e potencial; empresas
não valorizam e não sabem incentivar a permanência de profissionais mais velhos;
imigração e o crescimento de mulheres nas empresas aumentam a diversidade; pressão nas
organizações dificulta conciliar vida profissional e pessoal; o aumento significativo de
remuneração e benefícios para alta direção. Souza (2000) salienta que a gestão de talentos
é diferencial decisivo para o sucesso das organizações, por só esses profissionais
considerados diferenciados serem capazes de agregar valor e aumentar a competitividade.
Formar profissionais com os conhecimentos, habilidades e valores necessários para
o hoje e o amanhã das organizações demanda tempo e alto investimento. Além da perda do
investimento e do custo de reposição, as organizações são impactadas principalmente pelo
tempo necessário para a substituição e pela perda de resultados oriunda da saída de um
profissional considerado estratégico por ter e aplicar competências que resultam em
diferencial para os negócios da organização (Branham, 2002; Holtom et al., 2008).
A implicação da descontinuidade do trabalho, a perda do conhecimento para
organizações muitas vezes do mesmo ramo e concorrentes resultam em prejuízos e custos
não mensuráveis. Estudos sugerem que o custo de substituir talentos perdidos representa
70 a 200% do salário anual do empregado que sai. Nesse custo estão despesas com
recrutamento, capacitação do novo empregado, diminuição da produtividade até que o
novo colaborador entre no ritmo, além de prejuízos de perda de clientes (Branham, 2002;
Holtom et al., 2008; Kaye & Jordan-Evans, 2000).
Os estudos mais recentes sobre o tema retenção têm priorizado a análise da eficácia
das políticas e práticas de RH ou a retenção de jovens talentos que muitas vezes fazem
parte de programas trainee. Brown, Duncan, Harris and Kelly (2003) opinam que a partir
de pesquisa realizada verificou-se que quase oito em cada 10 profissionais de RH achavam
que suas empresas estavam realmente se esforçando para reter “talentos-chave”; e apenas
seis em cada 10 sentiam que as suas estratégias de recrutamento ou retenção foram bem-
sucedidas em alcançar esse objetivo.
Na presente investigação propõe-se lançar o olhar para os profissionais
considerados talentos pela organização, que ocupam posição de gestão ou técnica. A
população-alvo constitui-se de profissionais estratégicos que formam o diferencial
competitivo da empresa, quer por suas qualificações e competências aplicadas ao negócio,
pelos resultados oriundos do desempenho ou pelo seu potencial. Também se busca
considerar três gerações que atuam nas organizações para investigar se suas necessidades e
expectativas podem ser consideradas iguais, semelhantes ou diferentes. O estudo
20
complementa-se com a comparação da percepção do grupo de profissionais considerados
talentos com outro grupo presente na organização chamado de performer. Esses são
considerados profissionais-chave para a organização. Eles possuem qualificação e têm
competências demandadas pela empresa, mas ainda apresentam pontos de melhoria. Esse
grupo, de alguma forma, é responsável pela manutenção da empresa nos patamares
normais.
A empresa objeto do estudo é a maior unidade de uma organização de grande porte,
globalizada, de um ramo altamente competitivo no mercado nacional e internacional, com
políticas e práticas de RH semelhantes às de empresas de seu porte. Investe no
desenvolvimento de seus empregados, possui indivíduos das várias gerações ocupando
posições-chave de liderança ou técnicas e é impactada nos últimos anos pelo problema de
retenção de profissionais essenciais ao seu negócio.
A relevância desta pesquisa encontra fundamentação diante da constatação de que
em ambiente extremamente competitivo o custo organizacional relacionado à perda de um
talento tende a ser alto. A descontinuidade do trabalho; a perda do investimento realizado
no profissional; o conhecimento e a competência que não mais estarão disponíveis na
organização e, em alguns casos, passando para a concorrência; e a necessidade de mais
tempo para atrair, contratar, formar e aculturar outro profissional são fatores de alto
impacto na gestão de pessoas de qualquer organização.
Os achados podem ser úteis à empresa objeto da pesquisa e empresas semelhantes,
para que possam analisar suas políticas, diretrizes e seus processos de gestão de pessoas e
rever as estratégias e processos de gestão de talentos e da força de trabalho, buscando a
permanência e desenvolvimento para novos desafios dos empregados. Podem, também,
contribuir de forma significativa para o crescimento da organização. Identificar o possível
múltiplo conjunto de fatores que levam esses profissionais a sair das organizações e a
possível relação com as características geracionais pode contribuir para a adequação das
políticas e práticas da gestão de RH ao objetivo principal de retenção de pessoas
consideradas essenciais para os resultados da organização.
21
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo geral
Identificar e analisar os principais fatores organizacionais que influenciam os
profissionais considerados talentos, pertencentes às três últimas gerações, quanto à sua
permanência ou efetiva intenção de deixar a organização.
1.3.2 Objetivos específicos
a) Conhecer a percepção dos empregados considerados talentos quanto à existência de
fatores de retenção na empresa.
b) Conhecer a percepção dos empregados considerados talentos quanto ao grau de
influência de cada fator organizacional sobre a sua permanência na empresa.
c) Conhecer a percepção dos empregados considerados talentos quanto ao grau de
influência de cada fator organizacional sobre a sua efetiva intenção de deixar a
organização.
d) Comparar a percepção dos empregados considerados talentos com a percepção dos
empregados considerados performers no tocante aos fatores de retenção,
permanência e saída.
e) Analisar se os fatores que influenciam a permanência ou intenção de deixar a
organização são os mesmos para a geração dos baby boomers, geração X e geração
Y.
f) Analisar o impacto das variáveis de perfil nos fatores de retenção, permanência ou
saída.
1.4 Estrutura do trabalho
Esta dissertação foi estruturada em cinco capítulos, incluindo a introdução. O
capítulo 2 trata do referencial teórico que embasou o trabalho. Nele buscou-se inicialmente
entender os significados de “talento” no contexto organizacional e suas principais
características, depois o entendimento do conceito de gerações, a demarcação de tempo das
gerações e suas principais características que impactam no ambiente de trabalho. Por fim,
22
tratou-se dos múltiplos fatores que podem influenciar na retenção de profissionais nas
organizações, conceituando-os e relacionando-os às variáveis de retenção. O capítulo 3
detalha a metodologia de pesquisa, apresentando a estratégia e o método utilizado, a
unidade empírica de análise e o detalhamento da coleta de dados quantitativos e
qualitativos, e explicitando amostra, sujeitos de pesquisa, instrumentos e análise. O quarto
capítulo traz a apresentação e a análise dos resultados e as considerações finais e as
conclusões do estudo são apresentadas no capítulo 5. As referências utilizadas encontram-
se listadas em seção pós-textual, seguidas pelos apêndices.
23
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Considerações sobre talentos nas organizações
Ao longo do tempo as organizações têm adotado classificações que categorizam os
profissionais pelo seu potencial e desempenho para definição, adequação e aplicação de
políticas e práticas de gestão de pessoas. A pesquisa objeto desta dissertação atém-se aos
profissionais classificados como talento. Buscou-se revisar a literatura para entender os
significados de talento no âmbito organizacional e suas principais características. Pode-se
observar que não existe consenso em termos de uma descrição do que seria talento no
quadro organizacional. Elas mostram focos diferentes, agregam características e se
completam.
As definições constantes nos dicionários associam o talento, entre outras palavras, a
habilidade, dom, aptidão natural, destreza, capacidade e conhecimento no superlativo,
referindo-se a traços humanos que o diferenciam do identificado na maioria das pessoas
(Cunha, 2010; Michaelis, 2004). O termo talento remonta aos gregos antigos e tempos
bíblicos, começando como medida de peso, em seguida, tornando-se uma unidade de
dinheiro e, mais tarde, passou a significar o valor de uma pessoa ou habilidades naturais
(Michaels, Handfield-Jones, Axelrod, 2002). Essas conceituações referem-se a “talento”
como atributos do indivíduo.
Para melhor compreensão do conceito teórico de talento nas organizações,
Gallardo-Gallardo (2011) analisou os prós e contras de diferentes abordagens e sugeriu que
existem três principais sentidos para o termo talento: o primeiro refere-se a todos os
trabalhadores da organização, considerando que toda a força de trabalho da empresa é
talento. O segundo considera um grupo de pessoas da organização que se destacam por
terem habilidades excepcionais, serem de alto desempenho e contribuírem de forma
significativa para o resultado atual e futuro da organização. O terceiro diz respeito ao
indivíduo que possui habilidades, atributos e competências. Este estudo foca o sentido
talento do indivíduo, aquele inato.
Para Michaels et al. (2002), talento é a soma das habilidades de uma pessoa, os seus
dons intrínsecos, conhecimentos, experiência, inteligência, julgamento, atitude, caráter e
também a capacidade de aprender e a vontade de crescer. Na mesma linha, Dresselhaus
(2010) propõe que os atributos que caracterizam um talento são conhecimento, habilidades,
atributos pessoais e experiência profissional e complementa que os mesmos definem as
24
posições que os indivíduos devem ocupar nas organizações. Para o autor, conhecimento
está ligado à boa formação educacional; habilidades estão relacionadas às capacidades
especiais, diferenciadas e de relacionamento; atributos pessoais são fatores como a
motivação, capacidade de assumir risco e características pessoais; experiências de carreira
abrangem as vivências profissionais.
Em um contexto organizacional globalizado e competitivo, não basta ter raciocínio
privilegiado, sólida formação acadêmica e vasta cultura geral. É necessário apresentar a
capacidade de mudar e se adaptar a novos ambientes pluriculturais, agregada ao
entusiasmo e energia para atuar nesse ambiente de negócios (Dreher, Tamberg, Fonseca
Porto, Guerra, Lima, & Sirotsky, 1999). Os mesmos autores complementam que a sólida
formação acadêmica, a cultura geral, a capacidade de liderança, a sensibilidade e a
habilidade de relacionamento interpessoal e capacidade para trabalhar em equipe são
fatores que podem indicar o diferencial de um profissional talentoso.
Alguns autores referem-se a talento como pessoas altamente qualificadas,
conhecedoras e motivadas e que também demonstram desempenho superior se comparado
aos demais da organização. Nessa linha, Ulrich (2007) menciona que empregados
talentosos devem ser capazes, comprometidos e contribuir para a empresa. Para ele,
talento é o produto da competência, contribuição e compromisso e essa equação apresenta
um multiplicativo em vez de um aditivo. Se um dos três termos estiver ausente, os outros
dois não irão substituí-lo. Para o autor, ter competência é ser capaz de fazer as tarefas de
hoje e de amanhã, mas isso não é suficiente. Ele destaca na sua definição de talento dois
conceitos adicionais: compromisso e contribuição. O empregado está disposto e dá uma
contribuição real e, assim, é visto pela organização como capaz de produzir resultados
diferenciados.
Na visão de Mäkelä, Björkman and Ehrnrooth (2010), a maioria das grandes
multinacionais define talento como empregados que têm elevado desempenho e potencial e
vontade para crescer na organização. Gallardo-Gallardo (2011) adverte que desempenho
superior não é o talento por si só e deve ser visto como a consequência de ter talento. Para
esse autor, talento diz respeito a pessoas que têm e aplicam um conjunto de competências
diferenciadoras que lhes permite alcançar desempenho superior ou um resultado
excepcional em uma função específica de determinada organização. O empregado
talentoso é comprometido com seu trabalho, por gostar do que faz e essa energia
impulsiona seus resultados.
25
Se a existência de profissionais considerados talentos ajuda a impulsionar o
desempenho diferenciado da organização, estes podem ser vistos como os que se
classificam no topo em termos de potencial e desempenho. O uso da palavra talento
parece indicar pessoas extraordinárias, percebendo-se, de forma implícita ou explícita, a
ideia de que tais pessoas constituem uma minoria, uma elite, e como tal deve ser tratada.
Mostra a existência de foco em um segmento relativamente pequeno da força de trabalho,
definido como talentoso em virtude de seu desempenho atual e do potencial futuro (Iles et
al., 2010; Sarsur et al., 2003). Gallardo-Gallardo (2011) acredita que essa é uma
interpretação de talento que pode parecer elitista por ter como base a segmentação e
diferenciação da força de trabalho. E complementa que talento se refere aos atributos
diferenciados de um indivíduo (conhecimentos, habilidades e competências), que deveriam
na organização fazer parte desse grupo. Podem-se usar as mesmas ferramentas de gestão de
RH, mas o foco está em um segmento relativamente pequeno da força de trabalho, definido
como "talentoso” (Iles et al., 2010).
Na quase totalidade, os conceitos de talento trazem características que devem estar
presentes no indivíduo como desempenho, entrega de resultados, potencial, capacidade de
transformar, de assumir riscos e de aprender, vontade de crescer, comprometimento, etc.
(Dreher et al., 1999; Dresselhaus, 2010; Gallardo-Gallardo, 2011; Michaels et al., 2002;
Ulrich, 2007). Nas opiniões dos autores sobre conceituação de talento, pode-se observar
que, além dos elementos conhecimentos e habilidades excepcionais de um indivíduo, são
destacadas atitudes como compromisso, energia, vontade de aprender, etc.
A não existência de consenso entre os autores citados sobre a definição de talento
nas organizações leva a concordar com Gallardo-Gallardo (2011), que afirma que o termo
talento não é delimitado, mas é simplesmente subentendido. Um ponto comum nas
definições apresentadas pelos autores é o desempenho com resultado diferenciado,
apresentado pela pessoa considerada talento em uma organização.
Sintetizam-se no Quadro 1 os principais elementos, além do desempenho superior,
que integram a conceituação da maioria dos autores citados.
26
Quadro 1 - Elementos da conceituação de talento
Autor(es) Elementos
Dreher et al. (1999) Sólida formação acadêmica, cultura geral, capacidade de
liderança, sensibilidade e habilidade de relacionamento
interpessoal, capacidade para trabalhar em equipe, capacidade
de mudar e adaptar-se a novos ambientes pluriculturais, entusiasmo e energia.
Michaels et al. (2002) Conhecimentos, experiência, inteligência, discernimento,
atitude, caráter, capacidade de aprender e vontade de crescer.
Ulrich (2007) Produto da competência, contribuição e compromisso.
Dresselhaus (2010) Conhecimentos, habilidades, atributos pessoais e experiência
profissional que impactam na posição que vai ocupar.
Mäkelä et al. (2010). Alto desempenho, potencial e vontade para crescer na
organização.
Gallardo-Gallardo (2011) Competências diferenciadas, habilidades excepcionais e
comprometimento (um indivíduo apaixonado pelo seu
trabalho) em um papel específico e em determinada organização.
Fonte: elaborado pela autora.
Como o conceito de talento nas organizações muitas vezes é ajustado ao cenário
organizacional considerando-se os elementos e características do ambiente e competências
necessárias ao negócio (Gallardo-Gallardo, 2011), as diferentes abordagens dos autores
podem ajudar as empresas a definirem suas políticas e práticas de gestão de talentos.
Esse ponto é evidenciado na pesquisa sobre gestão de talentos realizada por Iles et al.
(2010), quando identificam diferentes formas de entendimento de talento com perpectivas
distintas para a gestão de pessoas por empresas de vários segmentos: como empregados-
chave de desempenho diferenciado; como aqueles com alto valor estratégico e escassos no
mercado de trabalho; como pessoas com competência core business que ocupam posições
estratégicas; como todos os empregados que preenchem os requisitos do trabalho.
Se existem diversos conceitos com usos de termos ajustados a um contexto
organizacional específico, são necessárias evidências para apoiar a definição das pessoas
que compõem esse seleto grupo na empresa. A subjetividade na definição dos talentos de
uma organização é um fator de preocupação levando-se em conta que em grande parte os
gestores não têm clareza dos requisitos e existe ausência de critérios claros de avaliação
(Iles et al., 2010).
Branham (2002) postula que esse grupo, capaz de agregar valor e aumentar a
competitividade das empresas, normalmente não ultrapassa 20% da força de trabalho da
27
organização e que deve, sim, ter uma gestão diferenciada dos demais, apesar das ações de
atração e retenção na maioria das empresas serem pontuais e específicas. Nessa mesma
linha, Collings and Mellahi (2009) afirmam que não é nem prático nem desejável
preencher todas as posições em uma organização com talentos, o que resultaria em um
investimento desnecessário. Essa abordagem de classificação e distribuição de executivos
em grupos de alto potencial e desempenho, médio e baixo, preconizada por Jack Welch na
General Electric (GE), requer o entendimento por parte da empresa que a identificação
leva à necessidade de ações de desenvolvimento e tomada de decisões quanto ao futuro dos
integrantes de cada grupo (Walker & Larocco, 2002). Mesmo adotando essa forma elitista,
as organizações não podem desconsiderar que existem outros grupos igualmente valiosos,
que possuem competências para as funções que exercem e dão resultados, mantendo a
empresa competitiva (Walker & Larocco, 2002).
2.2 As gerações e suas características no ambiente organizacional
O conceito de gerações engloba o conjunto de indivíduos nascidos em uma mesma
época, influenciados por um contexto histórico social, determinando comportamentos e
causando impacto direto na evolução da sociedade (Beechler & Woodward, 2009;
Erickson, 2011; Parry & Urwin, 2010; Smola & Sutton, 2002; Tolbize, 2008; Zemke,
Raines, & Filipczak, 2000). A proximidade de idade não é suficiente para considerar que
um grupo faz parte da mesma geração, sendo apenas uma demarcação potencial, pois é o
âmbito histórico e social que aproxima as pessoas de uma mesma geração, integrantes de
uma mesma faixa etária (Tomizaki, 2010). Recebem influência direta dos chamados
marcadores geracionais, eventos que têm impacto sobre todos os seus membros, e
compartilham anos de nascimento e história, desenvolvendo uma personalidade coletiva,
como resultado desses eventos geracionais (Manion, 2009; Zemke et al., 2000). Esse
conjunto de vivências compartilhadas de caráter social que determinam alguns princípios
de visão de mundo, valores comuns e comportamentos pode ser o principal indicador das
diferentes entre gerações (Erickson, 2011; Lombardia et al., 2008; Paine, 2006).
Muitos dos estudiosos sobre gerações trazem as contribuições de Karl Mannheim
para compreensão do conceito de geração, principalmente quando este enfatiza que
somente eventos que impactam em transformações sociais são capazes de apresentar
marcos suficientemente significativos para provocarem o surgimento de novos
comportamentos e atitudes nos grupos sociais. A vivência e o compartilhamento desses
28
momentos durante o processo de socialização contribuem para que as pessoas de um grupo
de mesma faixa etária tenham modos de pensar e experiências correlatas (Mannheim,
1993). Erickson (2009) salienta que de acordo com as pesquisas da Psicologia do
desenvolvimento, a socialização se dá na adolescência, época em que a maioria das
pessoas incorpora as ideias e conceitos mais marcantes. O que é vivenciado nesse período
influencia o comportamento na fase adulta. É importante marcar que os membros de uma
geração são afetados não só pela vivência dos acontecimentos de sua época, mas também
pelos comportamentos dos seus pais, que foram influenciados por outros acontecimentos
(Manion, 2009).
A caracterização de grupos geracionais também sofre influência das diferenças
regionais e torna-se importante considerar os panoramas nacionais no estudo geracional
(Dencker, Joshi, & Martocchio, 2008; Parry & Urwin, 2010). Ressalta-se, por outro lado,
que o efeito da globalização e os avanços da área de comunicação, principalmente da
Internet, fazem com que alguns acontecimentos históricos, políticos ou sociais tenham
reflexos quase imediatos no comportamento das pessoas em várias partes do mundo
(Motta, Gomes, & Valente, 2009). Eventos como as Guerras Mundiais, o desenvolvimento
da Internet, o avanço da adcquired imunodefficience syndrome (AIDS), a queda do muro
de Berlim e outros impactaram as pessoas em muitos países. Motta et al. (2009) reportam
que, com a globalização do consumo e da tecnologia, é possível uma associação entre as
formas de agir das juventudes brasileira e americana.
O termo geração relaciona-se a um grupo de pessoas que, por terem nascido em
determinado período de tempo, vivenciaram acontecimentos históricos, econômicos e
sociais significantes em estágios cruciais do seu desenvolvimento (adolescência e início da
vida adulta) que influenciaram sobremaneira seus valores, suas atitudes e suas crenças
(Erickson, 2009; Parry & Urwin, 2010; Tolbize, 2008). Essa influência não
necessariamente significa que características ou atributos sejam rigorosamente
compartilhados por todos os indivíduos nascidos nesse mesmo período. Existem
semelhanças, assim como diferenças, entre as diversas gerações (Tolbize, 2008) e histórias
de vida, personalidades e valores individuais podem ser responsáveis por algum indivíduo
nascido em uma geração ter expectativas e comportamentos característicos de outra
geração próxima da sua idade. Como a classificação das gerações envolve
comportamentos, podem-se levantar questionamentos a respeito dos critérios utilizados e
dos resultados encontrados e deve-se tomar cuidado nos estudos para não incorrer no
29
perigo de rotulagem ou criar estereótipos quando as características de determinado grupo
são identificadas e apresentadas como verdade absoluta (Manion, 2009).
Parry and Urwin (2010), nas conclusões de estudo que envolveu revisão de extensa
literatura sobre o impacto da diversidade de gerações na gestão de pessoas, afirmam que
uma força de trabalho diversificada geracionalmente pode levar a uma série de efeitos
positivos e negativos para as empresas. E embora possa haver diferenças e semelhanças
entre gerações, a lição mais importante da discussão sobre gerações é que as organizações
precisam reconhecer que seus empregados sempre terão uma gama de necessidades e
valores diferentes.
A tecnologia da informação e da comunicação tem contribuído para reduzir as
diferenças entre uma geração e outra, com mudanças de paradigmas que podem provocar
dificuldades, conflitos e, ao mesmo tempo, levar à construção de novas formas de
convivência e atuação. O que se vê atualmente nas organizações são pessoas de gerações
diferentes trabalhando juntas, compartilhando os mesmos desafios de resultados e, jovens
gerenciando profissionais mais velhos, o que pode ser uma fonte de conflito ou de
aprendizagem e produtividade (Smola & Sutton, 2002). A presença de jovens em posições
de comando traz uma série de desafios para as organizações. Esses jovens têm uma nova
forma de ver e agir em relação ao trabalho. Para os mais jovens, sobressai a ética do prazer,
que se contrapõe à ética do dever dos mais maduros. Os profissionais mais velhos, em
grande parte, fizeram sua carreira em uma única empresa com profundo sentimento de
lealdade, enquanto os mais jovens buscam seu crescimento profissional sem se fidelizar a
uma empresa (Tanure et al., 2007a). Os autores enfatizam que o conflito de gerações é
inevitável, pois esses dois grupos, jovens e mais velhos, vivem na sua vida profissional
momentos opostos: um com todo o futuro como possibilidade e o outro já na fase final de
carreira e com o passado marcando quase tudo que já fez. Tal opinião é compartilhada por
Amaral (2004), quando menciona a dificuldade dos mais jovens e dos mais velhos de
compreenderem a forma que cada grupo relaciona-se com o trabalho. Kimi Tomizaki
lembra que nos estudos geracionais o fundamental é “dimensionar de maneira cuidadosa e
profunda as formas e intensidades assumidas pelas relações que unem e, ao mesmo tempo,
distanciam as gerações” (Tomizaki, 2010, p. 329).
Na atualidade, em quase todas as organizações existem pelo menos três gerações
convivendo, cada uma com aspirações e contratos psicológicos diferentes com suas
empresas, o que pode ocasionar conflitos (Lombardia et al., 2008). Existem divergências
entre autores quanto ao ano de início de cada geração, mas não diferem significativamente
30
quanto às suas características (Parry & Urwin, 2010; Veloso, Dutra, & Nakata, 2008). No
entanto, é possível observar algum alinhamento quanto aos períodos abordados pelos
autores e seus eventos críticos que marcaram uma geração. Tal opinião é reforçada por
Manion (2009), quando registra que os cortes geracionais são aproximados, não existe
rigidez e deve-se considerá-los apenas como diretriz. Segundo Erickson (2011), pessoas
nascidas próximo do ano limite podem ter características das gerações de ambos os lados.
Para Parry and Urwin (2010), nem mesmo nas economias ocidentais avançadas existe
consenso sobre as datas de corte que definem cada geração. No Brasil, pelos estudos e
artigos pesquisados para este trabalho, em geral são adotados os parâmetros de autores
norte-americanos.
Enfatiza-se o detalhamento das principais características, diferenças e semelhanças
de cada geração. Ao longo do tempo, para cada grupo geracional foi adotado um nome que
o distingue dos demais. Hoje, na maior parte das organizações, convivem quatro gerações
(Erickson, 2011) que são rotuladas de silenciosa ou tradicional ou de veteranos, baby
boomers, geração X e geração Y (Erickson, 2011; Lombardia et al., 2008; Manion, 2009;
Paine, 2006; Tolbize, 2008). Para efeito deste estudo, atém-se às três gerações que estão
mais presentes no ambiente organizacional: baby boomers, geração X e geração Y. Os
cortes geracionais adotados pelos autores pesquisados são apresentados no Quadro 2 e,
conforme Ikeda, Campomar e Pereira (2008), os autores baseiam-se nos estudos seminais
de Strauss e Howe. Para permitir um estudo comparativo, adota-se como período de
nascimento da geração dos baby boomers de 1946 a 1960, para geração X de 1961 a 1980
e para geração Y de 1981 a 2000.
Quadro 2 -Corte geracional por período de nascimento
Autor(es) Baby Boomers Geração X Geração Y
Zemke et al. (2000) 1946 - 1960 1961 - 1980 1981 - 2000
Smola and Sutton (2002) 1946 – 1964 1965 - 1978 1979 - 1994
Amaral (2004) 1945 - 1960 1961 - 1980 1981 -
Paine (2006) 1943 - 1960 1961 - 1981 1982 - 2000
Lombardia et al. (2008) 1951 - 1964 1965 - 1983 1984 - 1999
Tolbize (2008) 1946 - 1963 1964 - 1979 1980 - 2002
Manion (2009) 1946 - 1964 1965 - 1979 1980 - 2000
Erickson (2011) 1946 -1960 1961 - 1979 1980 - 1995
Fonte: elaborado pela autora.
31
Para Erickson (2011, p. 3) a geração é “um grupo de pessoas que, com base na
faixa etária, compartilham não só uma localização cronológica na história, mas também as
experiências a ela associadas”. A autora entende que, de acordo com as pesquisas da
Psicologia do desenvolvimento, a socialização se dá na adolescência, época em que a
maioria das pessoas incorpora as ideias, crenças e conceitos mais marcantes. O que é
vivenciado nesse período influencia o comportamento na fase adulta (Erickson, 2009).
Para permitir melhor referência do impacto dos eventos nas gerações, o Quadro 3 sintetiza,
considerando o corte geracional adotado, anos de entrada na adolescência aqui estabelecido
como 14 anos, e período de entrada no mercado de trabalho, aqui definido como 23 anos,
levando-se em conta neste estudo indivíduos com curso superior, e a idade que teriam em
2013.
Quadro 3 - Referência de períodos por geração
Baby Boomers Geração X Geração Y
Nascimento 1946 a 1960 1961 a 1980 1981 a 2000
Entrada na adolescência 1960 a 1974 1975 a 1994 1995 a 2014
Entrada mercado trabalho 1969 a 1983 1984 a 2003 2004 a 2023
Idade em 2013 53 a 67 anos 33 a 52 anos 13 a 32 anos
Fonte: elaborado pela autora.
Pesquisa conduzida por Cordeiro, Freitag e Albuquerque (2012) analisou a
produção acadêmica sobre gerações no campo da gestão de pessoas que evidenciou
existirem poucos estudos empíricos no Brasil sobre gerações e que o tema começou a
despertar mais interesse recentemente. Os estudos identificados baseiam-se em referencial
internacional e, na maior parte, analisa o fator geracional em relação à carreira e
comprometimento organizacional. Como a pesquisa será realizada em uma empresa no
Brasil, faz-se necessário também contextualizar eventos históricos, econômicos, políticos e
sociais que impactaram o país nos períodos de cada geração (Parry & Urwin, 2010).
Assim, buscaram-se as referências internacionais e nacionais para a contextualização de
quais seriam os marcos históricos que contribuíram para a formação do pensamento de
cada grupo geracional.
Autores como Amaral (2004), Erickson (2008), Ikeda et al. (2008), Lombardia et
al. (2008), Manion (2009), Paine, 2006, Pogorzelski, Harriott and Doug (2011), Smith
(2008), Smola and Sutton (2002), Tolbize (2008) e Zemke et al. (2000) indicam pontos
32
que caracterizam, diferenciam e ressaltam semelhanças dessas gerações e que serão
apresentados nos parágrafos a seguir.
A chamada geração dos baby boomers foi a que viu o homem pisar na lua, assistiu
à Guerra do Vietnã, fez movimentos por liberdade e vários protestos nos anos 60. No
Brasil conviveu e protestou contra a ditadura militar, viu o início da emancipação das
mulheres que passaram a ter opção de controlar a fertilidade e começar a ingressar no
mercado de trabalho buscando aumentar a renda familiar devido à recessão econômica a
partir da década de 80 (Bruschini & Puppin, 2004; Ikeda et al., 2008).
As pessoas dessa geração vivenciaram a esperança pelo desenvolvimento
econômico do pós-guerra, em contrapartida vivenciaram o aumento da competitividade, da
dedicação ao trabalho em detrimento da vida pessoal e da necessidade de reconhecimento e
valorização. Em geral, vivem para trabalhar, atuam conforme as regras estabelecidas,
demonstram forte compromisso e lealdade com a organização e procuram estabilidade e
segurança nessa relação. Tendem a preferir sistemas de reconhecimento por senioridade,
sendo indicadores de sucesso a posição ocupada na hierarquia e o ganho financeiro. No
ambiente organizacional evitam conflitos, utilizam a habilidade política ao lidar com a
autoridade e são cautelosos diante de mudanças (Amaral, 2004; Erickson, 2011; Tolbize,
2008; Zemke et al., 2000). Demonstram ser menos tolerantes com gestores fracos, por
terem alto grau de exigência com o comportamento da gerência e serem mais avessos a
riscos. Essa intolerância potencializou-se no ambiente organizacional com a entrada de
gestores da geração Y que vê e se relaciona com o trabalho de forma oposta (Tolbize,
2008). De forma similar, a geração X também se contrapõe aos baby boomers quanto ao
significado atribuído ao trabalho e o desejo por desafios. Paine (2006) reconhece que baby
boomers valorizam processos e controles; e os da geração X, movidos por desafios, estão
mais interessados em cumprir a meta o mais rapidamente possível sem ficar com foco na
burocracia.
Pode-se afirmar que os membros da geração dos baby boomers tendem a ser mais
cooperativos e participativos no trabalho, gostam de trabalhar em equipe, esforçam-se por
crescer para posições de mais importância na organização em que atua e o trabalho é a
âncora de suas vidas (Smith, 2008; Smola & Sutton, 2002; Zemke et al., 2000). Em grande
parte das empresas é a geração com a maior faixa etária e, devido à sua experiência,
responsabilidade e dedicação com o trabalho, são altamente produtivos, mas têm
consciência da competição das gerações que os seguiram (Pogorzelski et al., 2011). Nesse
grupo existem pessoas que, pela experiência, maturidade, conhecimento, capacidade de
33
entrega, habilidades diferenciadas e comprometimento, são considerados quase
imprescindíveis para as empresas e, alguns, classificados como talentos. Muitos já se
encontram próximos da aposentadoria, mas, com o mercado carente de profissionais
qualificados, devem permanecer por mais tempo nas empresas (Manion, 2009).
A geração X não vivenciou o mesmo clima de otimismo da geração anterior. Nesse
período, as mulheres ganharam significativo papel como força de trabalho. E uma nova
estrutura familiar, com divórcios e pais mais ausentes, impactou significativamente
(Manion, 2009; Zemke et al., 2000). Bruschini e Puppin (2004) realçam que no final dos
anos 90 houve significativa redução do tamanho das famílias e a inserção da mulher no
mercado de trabalho brasileiro teve relevante crescimento, principalmente entre 1993 e
2005. Com os pais ausentes, os membros desse grupo cresceram independentes e
autossuficientes. De modo geral, são caracterizados como mais práticos, francos, com foco
em resultados, pensam mais em si mesmos e não se apegam demasiadamente em cargos ou
empregos, estando mais abertos a mudanças e às movimentações de carreira desde que
atendam a seus objetivos. Buscam um trabalho que tenha sentido claro, com autonomia e
liberdade (Amaral, 2004; Lombardia et al., 2008; Parry & Urwin, 2010; Tolbize, 2008;
Zemke et al., 2000). Manion (2009) lembra que essa geração viu seus pais investirem em
suas carreiras e sacrificarem o tempo com a família, para depois serem desconsiderados
nas organizações em que atuavam e, talvez por esse motivo, mesmo gostando de trabalhar,
estão mais preocupados com o equilíbrio da vida profissional e pessoal. Essa vivência fez
com que se tornassem mais criteriosos para avaliar propostas de emprego, olhando sempre
o que é melhor para si e sua carreira (Amaral, 2004).
É uma geração com maior foco em realizações, seus membros enxergam o trabalho
como um lugar para aprender e crescer, são mais empreendedores do que os da geração
anterior e gostam de arriscar. Atualmente é a geração que está no ápice da produtividade
profissional e ocupa a maior parte dos cargos executivos do topo organizacional. Pesquisa
realizada por Scafone et al. (2011) com executivos das 500 maiores empresas de grande
porte que operam no Brasil teve como objetivo identificar e analisar as percepções quanto
à distribuição dos seus tempos de trabalho e não trabalho. Apurou-se que 85% dos
executivos pesquisados e que ocupavam cargo de topo – presidente, vice-presidente ou
diretor e gerentes – estavam na faixa de 31 a 50 anos, intervalo aproximado de idade dos
integrantes da geração X. Diferentemente dos baby boomers, os membros da geração X
valorizam reconhecimento pelo mérito e não pela senioridade, preferindo muitas vezes
trabalhar sozinhos, sem muita hierarquia e de forma mais informal. Essa necessidade de
34
liberdade faz com que prefiram ser tratados individualmente e tenham autonomia para
atuar de acordo com suas próprias regras (Erickson, 2011).
Como profissionais, foram impactados, entre outros eventos, pelo crash bolsa de
New York em 1987, que refletiu no mundo e pela onda de reengenharia e dowsiging nos
anos 80. Puderam desfrutar dos benefícios do uso da informática, aceleraram a
comunicação e reduziram barreiras com a Internet nos anos 90. No Brasil, essa geração
também foi marcada pela abertura da importação na época Collor, passando a ter mais
acesso aos avanços tecnológico, e pelos movimentos de privatização e terceirização. Pode-
se dizer que essa geração recebeu influência americana pela abertura do mercado às
importações e competição entre as empresas (Amaral, 2004; Lombardia et al., 2008; Smola
& Sutton, 2002; Veloso et al., 2008; Zemke et al., 2000).
Nascidos a partir dos anos 80, na era digital, num mundo globalizado, a geração Y é
a que cresceu acostumada a ser valorizada e a se sentir especial. Apresentam de forma
geral características de autoconfiança, ousadia, independência, inquietação, gosto pela
mudança, mais flexibilidade e aversão a regras (Amaral, 2004; Erickson, 2008; Ikeda et al.,
2008; Lombardia et al., 2008; Smith, 2008; Smola & Sutton, 2002). Por utilizarem e
incorporarem no seu jeito de ser as facilidades do mundo virtual, as pessoas dessa geração
recebem e absorvem alto número de informações, mas de forma superficial e fragmentada,
e tendem a ter dificuldades de correlacionar e aprofundar em conteúdos (Paine, 2006).
Além disso, conforme assinala Amaral (2004), possuem a capacidade de fazer mais de uma
coisa ao mesmo tempo, querem rapidez e não têm barreiras na comunicação. Erickson
(2011) complementa que no trabalho gostam de emitir sua opinião, independentemente do
ambiente em que se encontram, e querem que seu ponto de vista desperte interesse.
Eles representam a primeira geração verdadeiramente global e têm o
multiculturalismo incorporado como um modo de vida (Manion, 2009). Dessa forma, este
grupo recebe de maneira mais significativa a influência de acontecimentos sociais e
tecnológicos mundiais, podendo-se, conforme aduzem Motta et al. (2009), associar as
formas de agir das juventudes brasileira e americana. Atualmente, o que acontece nos
países de economia mais desenvolvida chega e impacta rapidamente na vida de grande
parte das pessoas no Brasil. O mundo está globalizado e as distâncias não são empecilhos
como anos atrás. Essa geração tem incorporada à sua forma de ser a tecnologia digital e
cresceu em um mundo conectado, aprendendo a pedir e dividir informações de forma
aberta em amplas e indiscriminadas redes (Erickson, 2008).
35
Nas organizações atuam orientados para o futuro, mas dispostos a contribuir agora
e se manter otimistas no meio das crises (Tolbize, 2008). O sentido da autoconfiança e
ousadia dos indivíduos da geração Y reflete na sua capacidade de resolver problemas e
atingir metas, no entanto, Paine (2006) reforça que querem ter orientação dos gestores e
mentores e buscam feedback regularmente. Eles respondem bem ao gestor que atribuir
desafio, descrevendo os resultados desejados e permitindo-lhes liberdade para atacar o
objetivo. O autor ressalta que essa é uma das diferenças para os mais maduros da geração
baby boomers que tem uma grande de dificuldade de lidar e receber feedback. Apesar
dessa diferença, da sua maneira, os jovens da geração Y têm uma relação de admiração,
confiança e respeito com os mais maduros da geração baby boomers (Erickson, 2011).
Por ser uma geração mais ansiosa e criada na era de rápidas e constantes mudanças,
tende a necessitar de avanços rápidos na carreira, diferentemente das demais gerações, e
essa inquietação impulsiona-os a mudar de organização. O foco é ter sucesso o mais cedo
possível na sua carreira e ser reconhecido pelos grupos sociais com que relaciona (Tanure
et al., 2007a). A recompensa financeira pelo trabalho é muito importante, mas só ela não é
suficiente para mantê-los na organização. Fatores como equilíbrio com a vida pessoal,
qualidade nas relações de trabalho, compromisso com a ética, desafios, possibilidade de
crescimento, entre outros, influenciam fortemente a decisão de permanência na
organização (Amaral, 2004; Manion, 2009). No entanto, Tanure et al. (2007a) lembram
que essa geração tem cada vez mais pressa de atingir seus objetivos pessoais e mudam de
empresa se suas expectativas financeiras não forem atendidas no curto prazo. De forma
geral, se não sentem que existe oportunidade para contribuir e de serem reconhecidos em
curto prazo, provavelmente vão buscar crescimento em outra organização. Um aspecto
importante evidenciado por Smith (2008) é sua dependência tecnológica. Os jovens dessa
geração pensam que podem trabalhar a qualquer momento e em qualquer lugar e acreditam
que devem ser avaliados pelo trabalho produzido, e não sobre como, quando e onde ele foi
feito. Segundo o autor, a maioria quer relacionamento de longo prazo com as organizações,
mas em seus próprios termos. Erickson (2008) reforça que a geração Y é o grupo que mais
cresce no ambiente organizacional, tende a dominar a força de trabalho para os próximos
40 anos e as organizações precisam repensar como o trabalho é concebido e as pessoas
gerenciadas e recompensadas.
Os membros de todas as gerações podem ser encontrados em todos os níveis da
organização. Manion (2009) descreve que no passado as posições estratégicas e de gestão
eram ocupadas por empregados mais velhos e os mais jovens nas posições de execução, o
36
que não é mais uma realidade. A pergunta dos gerentes da geração dos baby boomers era
"como faço para gerenciar esses jovens da geração X e Y? E hoje a pergunta feita por
gerentes de geração X ou Y é: como faço para gerenciar baby boomers?” (Manion, 2009,
p. 15). Para Lombardia et al. (2008), os baby boomers preferem liderar pelo consenso, os
da geração X pela competência e os da geração Y de uma forma mais pessoal e informal,
que pode ser caracterizada como coletivismo.
Muito se fala e, no entanto, pouco se sabe sobre a influência da idade sobre a
associação entre práticas de RH e resultados individuais dos trabalhadores (Kooij, Jansen,
Dikkers, & De Lange, 2009). Smith (2008) pontua que todas as gerações, basicamente,
querem e valorizam as mesmas coisas, mas as prioridades, as expectativas e os
comportamentos podem diferir sensivelmente.
Buscando nos autores referenciados neste estudo, o Quadro 4 sintetiza os principais
eventos marcantes de cada geração e suas características que podem interferir no ambiente
organizacional. É relevante assinalar que alguns eventos e movimentos críticos atingiram
mais de uma geração, por alcançarem pessoas em fases diferentes de sua vida.
37
Quadro 4 - Eventos e características das gerações
Geração Principais eventos e movimentos da época Principais características
Baby
boomers Revolução sexual / liberação feminina.
Término Segunda Guerra Mundial
Homem pisou na lua
Ambiente de negócios historicamente estável e
relativamente previsível
Reengenharia e downsizings nos anos 80
Crash na Bolsa de Valores de New York - 1987
No Brasil
Expansão do ensino
Aumento do número de mulheres economicamente
ativas
Melhor controle de natalidade
Golpe Militar no Brasil em 1964
Otimismo, crença no futuro e senso de
responsabilidade.
Automotivados
Vivem para trabalhar
Foco no processo para atingir metas
Necessidade de estabilidade, inclusive
financeira
Politizados
Esquivam-se dos conflitos
Autoridade: amor e ódio
Acham que podem resolver tudo sozinhos
Liderança por consenso
Geração
X Auge da Internet nos anos 90
Computador doméstico e videogames
Famílias fragmentadas por separações
AIDS
Reengenharia e dowsiging nos anos 80
Crash na Bolsa de Valores de New York - 1987
Competição mundial
Cai Muro de Berlim
Guerra do Golfo Pérsico
No Brasil
Abertura da importação nos anos 90-92
Movimentos de privatização e terceirização
População mais urbana na década 70
Fundação do Partido dos Trabalhadores - 1980
Campanha para eleições diretas para Presidente da
República no Brasil
Individualistas
Autoconfiantes
Equilíbrio de vida profissional e pessoal
Trabalham para viver
Necessidade de liberdade para pensar e agir
por conta própria
Abordagens práticas para a resolução de problemas
Buscam cumprir objetivos e não prazos
Confortáveis com a diversidade, mudança,
multitarefas e competição
Necessidade de feedback
Querem algo mais que um bom emprego,
salário ou título acadêmico.
Não impressionam com autoridade
Liderança por competente
Geração
Y Globalização com aumento do consumo e
multiculturalismos
Avanços tecnológicos em curto espaço de tempo
TV a cabo, controle remoto, popularização de
laptops e desktops, celulares com mais tecnologias.
Mundo virtual com relacionamento cada vez maior
por redes
Famílias menores, sociedade e relações mais
liberais.
Sociedade onde tudo é temporário e moldável
Até final de 2007, uma das décadas mais estáveis e
prósperas da economia mundial.
Alianças corporativas
No Brasil
Esquerda política brasileira teve um representante
seu eleito presidente do país
Privatização do setor de telecomunicações
Queda na desigualdade de renda
Conectados 24 horas
Autoconfiança e autopromoção
Ansiedade e impaciência
Agilidade e capacidade de fazer mais de
uma coisa ao mesmo tempo
Absorvem grande número de informações,
mas de forma superficial
Não abrem mão de tempo livre
Querem flexibilidade no trabalho
Buscam carreiras rápidas com bons salários
Opinam e querem ser ouvidos
Abertos ao diálogo
Espírito de inclusão
Apolíticos
Liderança por coletivismo
Fonte: Adaptado pela autora com base em: Amaral (2004), Bruschini e Puppin (2004), Erickson (2008,
2011), Hoffmann e Ney (2008), Ikeda et al. (2008), Lombardia et al. (2008), Manion (2009), Paine, 2006,
Pogorzelski et al. (2011), Smith (2008), Smola and Sutton (2002), Tolbize (2008), Zemke et al. (2000).
Cada geração que entra no mercado de trabalho apresenta um conjunto único de
motivações e aspirações. Para manter seus talentos de várias gerações, torna-se necessária
38
a identificação desses motivadores para ter elementos que permitam explorar novas
abordagens e atuar nos principais fatores de retenção, buscando manter na empresa pessoas
que contribuem para seu crescimento e posicionamento competitivo no mercado.
2.3 Múltiplos fatores de retenção
O que atrai uma pessoa considerada talento a trabalhar na organização deveria ser
um dos principais pontos para que as áreas de RH analisassem o fenomeno retenção.
Brown et al. (2003) lembram que muitas empresas agem quando a fuga de talentos já
começou. Em vez de esperar, devem identificar o que os atraiu e o que os motiva a
quererem permanecer na empresa.
As diferenças geracionais compõem uma das formas pelas quais se podem analisar
as mudanças no mundo do trabalho. Se cada geração tem expectativas diversas sobre a
natureza de sua vida profissional, cada um vai responder de forma diferente a vários tipos
de estratégias de recompensas, incentivos e práticas de gestão (Beechler & Woodward,
2009).
Vale destacar que, nessa organização, o ciclo de vida no trabalho também está
mudando. O padrão era um período de educação seguido por um longo período de trabalho
e este pela aposentadoria (Kilimnik & Rodrigues, 2011). O padrão na atualidade tende a
ser mais cíclico, com períodos de educação, trabalho e recreação sobrepostos e intercalados
em uma vida: os trabalhadores mais jovens demandando mais tempo para atividades
pessoais, os de meia-idade rejuvenescendo e buscando alternativas de carreira, os
trabalhadores mais velhos à procura de opções para manterem-se ativos no mercado de
trabalho e todos buscando mais equilíbrio entre vida profissional e pessoal (Potter, 2005).
A partir dos anos 90 as organizações investiram e melhoraram seus processos para
atrair talentos e manter a organização competitiva. Apesar de toda a evolução, a retenção
de talentos ainda é um das maiores preocupações dos dirigentes (Brown et al., 2003).
Pesquisa realizada pela consultoria Hay Group em 2011, envolvendo 140 empresas de
diversos setores, indica que apesar de 43% das organizações afirmarem enfrentar
problemas de retenção de profissionais, 84% não possuem políticas e programas
estruturados de retenção de talentos. A maior parte das empresas faz uma gestão da
retenção sem regras preestabelecidas e desenvolvem ações caso a caso (Duarte, 2011).
Carreira, remuneração, recompensas e o contexto do trabalho representado pelo
ambiente, pressão e estresse, estilos de gestão e de trabalho, desafios e, até mesmo, o local
39
de trabalho são fatores citados por diversos autores como os de mais impacto no processo
de retenção (Branham, 2002; Dutra, 2011; Holtom et al., 2008; Mitchell, Holtom, Lee,
Sablynsk, Erez, 2001; Pogorzelski et al., 2011). Nas pesquisas de satisfação no emprego a
remuneração e pacote de benefícios aparecem sempre como os fatores de menos
favorabilidade, mas oportunidades de crescimento e desenvolvimento de habilidades e
capacidades já podem ser consideradas tão importantes quanto. Quando empregados
sentem que sua remuneração é justa - de acordo com o trabalho realizado – e apoiado por
boas práticas de gestão, a perspectiva de ganhar um pouco mais em outra organização
geralmente não é suficiente para atraí-los (Branham, 2002).
A possibilidade de uma carreira mais rápida ou com caminhos mais delineados e
pacotes de remuneração percebidos como adequados, principalmente para os profissionais
mais jovens, são fatores que ganharam nova roupagem, mas continuam impactando na
permanência ou saída de um talento da organização. Vale lembrar, conforme salienta
Baruck: “hoje as pessoas esperam que as organizações as sirvam e a duração de tal relação
pode ser facilmente reduzida para alguns poucos anos” (Baruck, 2011, p. 6). O termo
carreira esteve e ainda está associado, por muitas pessoas, à trajetória de vida profissional,
como uma sequência estruturada e bem delimitada de crescimento nas organizações
(Baruck, 2011; Kilimnik & Rodrigues, 2011). Na concepção tradicional de carreira, as
pessoas a viam como uma escada de crescimento na organização; e hoje elas estão se
tornando espiral, o que permite não ver uma única carreira, mas sim duas ou várias
diferentes possibilidades (Evans, 1995) e, conforme Dutra (2011), com várias alternativas e
incertezas. Kilimnik e Rodrigues (2011) complementam que o crescimento pode passar por
assumir posições de laterais, mudança e organização ou de direção, que vão exigir novos
aprendizados e cada vez mais lidar com atribuições desafiadoras.
Falar de carreira é vê-la de forma interligada a outras dimensões. Kilimnik (2000, p.
77) cita o trabalho de Frank Parson, que alude que a carreira “não é determinada a priori, é
algo a ser construído”, um processo, com a participação da pessoa e da organização. Esse
processo envolvendo a organização, gestores e empregados configura-se em contínua
construção, adequando-se às mudanças de contexto e sociais. As pessoas fazem suas
escolhas com base em seu projeto de vida. Para as organizações, a partir de suas políticas e
práticas, cabe criar condições necessárias à construção de carreiras que permitam retenção
de talentos e pessoas-chave (Pedrosa, 2005). Baruck chama a atenção para: “por um lado,
carreiras são ‘propriedades’ de indivíduos, mas, por outro, para as pessoas empregadas, a
carreira é planejada e gerenciada pela organização” (Baruck, 2011, p. 5).
40
As pessoas ainda propendem a olhar sua carreira buscando alguma certeza de
remuneração, status e recompensas, e não por suas preferências e desejos. Muitos
empregados ainda percebem o crescimento na carreira como responsabilidade primária e
exclusiva da empresa (Dutra, 2011). De outra forma, as organizações estão buscando
estimular os empregados a planejarem suas carreiras, mas existe resistência dos gestores a
assumir o papel de mediador entre as expectativas das pessoas e as necessidades da
empresa.
As pessoas procuram desenhar suas carreiras e essas definições devem estar
alinhadas com o que a organização oferece de perspectiva. O projeto pessoal deve incluir a
empresa para que exista a possibilidade de realização (Dutra, 2002) e a relação das pessoas
com a carreira pode sofrer alterações ao longo do tempo conforme seu estágio na vida
(Super & Bohn, 1972). Outro aspecto mencionado por Scafone et al. (2011) é, de alguma
forma, a pressão oriunda da expectativa de crescimento na organização, feita pela família e
pessoas de seu relacionamento.
Associados à gestão de carreira estão os processos de remuneração, benefícios e
reconhecimento. Para Sarsur et al. (2003), a dimensão remuneração inclui salários,
remuneração variável, bônus, stock options, pagamentos por habilidades ou formas
variadas de incentivo individual ou de grupo. Dutra (2011) esclarece que esses processos
são a concretização das recompensas recebidas pelos empregados pelo seu trabalho e a
questão fundamental é como diferenciar os sistemas de recompensa considerando-se os
papéis e resultados das pessoas para o negócio da organização.
As políticas e práticas de remuneração, benefícios ou recompensas e vários outros
fatores que influenciam na permanência das pessoas nas organizações têm relação direta
com motivadores da geração na qual se enquadram. Pedrosa (2005), em pesquisa sobre
jovens talentos da geração Y, destaca que os principais fatores que influenciaram na
permanência desses talentos na organização foram: o ambiente de trabalho; a possibilidade
de carreira e de participação em trabalhos desafiadores; os investimentos estruturados em
programas de desenvolvimento; os benefícios e remuneração; e a manutenção do equilíbrio
entre a vida profissional e pessoal.
De forma mais ampla, algumas razões aparecem em estudos e pesquisas como
impulsionadoras do processo de saída das organizações de profissionais considerados
talentos. As mais frequentes citadas por Branham (2002) são: não ver correlação entre sua
remuneração e seu desempenho; não identificar oportunidades de crescimento e de
desenvolvimento; sentir que suas contribuições não são reconhecidas e valorizadas; seus
41
talentos naturais não serem explorados; e a empresa não proporcionar a realização de suas
expectativas e gestores abusivos ou ambientes hostis. Se as pessoas acreditarem que a
empresa está sendo justa e honesta, ficam na empresa mesmo em fases difíceis em que a
remuneração deixa de ser competitiva. John A. Challenger, Chief Executive Officer (CEO)
da empresa de outplacement Challenger, Gray & Chritmas, pondera que tudo se resume no
modo como as pessoas sentem que são tratadas (Michelman, 2007).
Holtom et al. (2008) destacam alguns elementos temporais que nos últimos anos
têm influenciado no turnover das organizações. Acentuam o estresse oriundo da pressão do
ambiente organizacional cada vez mais dinâmico, competitivo e instável e a percepção do
âmbito e do clima organizacional refletida na satisfação do trabalho. Por outra ótica, o
estresse também pode ser um fator motivacional de permanência na organização quando
está vinculado ao desafio no trabalho. Pressão para concluir um trabalho, atuar em
ambiente de incerteza e riscos, urgência de tempo e responsabilidades desafiadoras são
exemplos dados por Holtom et al. (2008) como estressores de desafio que estimulam
pessoas com grande potencial a não considerarem a saída da organização.
As políticas e práticas de gestão da força de trabalho são um dos pontos críticos
para a retenção e as organizações deveriam sempre rever e redesenhar tendo em vista os
contextos e as estratégias do negócio. Tem efeito direto sobre os empregados, apoiando-os
ou funcionando como sinais das intenções da organização em direção a eles (Kooij et al.,
2009). Esses sinais balizam decisões dos indivíduos de permanecerem ou não na
organização. Sant’Anna (2008) constatou, em sua pesquisa com graduandos em
administração, elevado grau de insatisfação com a qualidade das políticas e práticas
organizacionais e, em especial, com incoerências entre discurso e prática das organizações.
Sarsur et al. (2003), a partir de estudo sobre fatores de atração e retenção de jovens
talentos, também sublinham excessos de expectativas e incoerências entre discurso e
prática como principais fatores de desligamento voluntário desses jovens.
Na análise dos fatores de atração e retenção por geração, Pogorzelski et al. (2011)
enfatizam que a geração dos baby boomers busca mais benefícios tangíveis como seguro-
saúde e planos de aposentadoria e estão pouco focados em planos de carreira. Zemke et al.
(2000) reforçam que valorizam o bem-estar e o reconhecimento pessoal. A geração Y
deseja a flexibilidade nas questões de equilíbrio do trabalho e vida pessoal, pensam em
progredir na carreira rapidamente e o conteúdo do trabalho tem de ser interessante e
desafiador. Em comparação às gerações anteriores, dinheiro imediato seduz menos e, assim
como os baby boomers, valorizam as recompensas não materiais do trabalho. Já os
42
profissionais da geração X, que são mais independentes, querem liberdade para fazer de
sua maneira, aspiram mais que as demais gerações ao equilíbrio entre vida profissional e
pessoal e, assim como os da geração Y, estão abertos a movimentações de carreira, desde
que adequadas ao seu objetivo (Erickson, 2011; Manion, 2009; Zemke et al., 2000).
Quando se fala em retenção, o fator satisfação no trabalho é um dos pontos
principais. Pela teoria motivacional de Victor Vroom, a satisfação no trabalho é “o
resultado da atração que um trabalho exerce sobre uma pessoa e sua expectativa de obter
recompensas” (Super & Bohn, 1972, p. 100). Essa teoria da expectativa sustenta que um
empregado se propõe a envidar seu esforço e energia em um trabalho quando acredita que
vai lhe resultar recompensas (Robbins, 2002). Quando se referencia à satisfação no
trabalho, está-se tratando do sentido que faz para o indivíduo. Na percepção de Tanure et
al. (2007a, p. 80), para os profissionais em posições mais altas na hierarquia das
organizações esse sentido no trabalho acontece quando: “as relações são positivas, há
colaboração e sentimento de equipe, existe união e busca de objetivos e, principalmente, o
sentimento de confiança e a justiça estão presentes”. Acrescentam que se o ambiente não
for o esperado pelos empregados, estes não vão depositar sua energia no trabalho.
Se hoje nas organizações convivem pelo menos três gerações com expectativas e
necessidades muitas vezes diferentes para atuar na satisfação dos empregados e,
consequentemente, retê-los, as organizações deveriam considerar na definição de suas
políticas e práticas de gestão de pessoas as características desses grupos geracionais e de
outros grupamentos, como o de talentos (Erickson, 2008). Autores como Erickson (2008),
Manion (2009) e Zemke et al. (2000) marcam em seus trabalhos que as expectativas das
pessoas em relação à organização e o que esperam e buscam diferem em vários aspectos
entre as gerações, o que pode indicar a necessidade de pensar em planos de
reconhecimento e recompensa visando ao aspecto geracional.
Chambers et al. (1998) revelaram que profissionais talentos analisam a empresa e o
trabalho antes de decidirem mudar. Para eles, uma boa empresa é aquela que é bem gerida,
tem valores fortes, cultura adequada ao seu ambiente, que dão autonomia para tomada de
decisão e que desafiam. Não basta às organizações terem variedade de programas de
recompensas, reconhecimento e desenvolvimento se estes não forem definidos a partir das
necessidades e anseios de diversos públicos presentes na organização (Ferreira, 2008). As
ligações que um empregado tem para outros, a forma como se encaixa na organização,
quanto é valorizado seu trabalho e o grau em que seus valores se ajustam à cultura e ao
43
clima da organização também impactam de forma significativa na retenção (Mitchell et al.,
2001).
Considerando que o objeto deste estudo abrange a retenção de um grupo de
pessoas tidas pela organização como talentos, selecionaram-se sete fatores e 26 variáveis a
serem pesquisadas, detalhados no Quadro 5.
Quadro 5 - Fatores e variáveis de retenção
Fator Variáveis para pesquisa
Ambiente organizacional
(trabalho, estrutura, processos e
cultura)
Respeito
Liberdade de expressão
Ambiente de aprendizado
Clima organizacional
Imagem da empresa
Configuração do trabalho
Autonomia
Desafios
Cooperação e trabalho em equipe
Acesso à informação
Importância do meu trabalho para empresa
Condições de trabalho
Interferência do trabalho na vida pessoal
Pressão no trabalho
Localização física do trabalho
Gestão do líder
Orientação e apoio do gestor
Feedback
Reconhecimento
Carreira
Plano de carreira
Possibilidades de crescimento
Critérios de ascensão
Vivência internacional
Segurança no emprego
Remuneração e benefícios
Salário
Remuneração por resultados
Benefícios
Capacitação e desenvolvimento Investimento em capacitação
Oportunidades de desenvolvimento
Fonte: elaborado pela autora.
Os fatores propostos como influenciadores na retenção de talentos estão
fundamentados em autores e são descritos a seguir, assim como justificativa da autora para
algumas das variáveis relacionadas a cada fator.
44
2.3.1 Fatores e variáveis de retenção
2.3.1.1 Ambiente organizacional
Na atualidade, quando se fala de retenção, principalmente de talentos, observa-se
mais preocupação com aspectos do ambiente organizacional e seu impacto na satisfação do
trabalho (Sarsur et al., 2003). Na opinião de Branham (2002), as pessoas não toleram
trabalhar em um ambiente que seja hostil e desgastante, que gere estresse e conflitos.
Ambiente de trabalho divertido pode significar que os empregados têm a capacidade de rir
de situações difíceis, tornando-se resistentes e positivos e, ao contrário, pode comprometer
o desempenho no trabalho (Ulrich, 2007).
O trabalho também está se tornando relacional e, segundo Beechler and Woodward
(2009), torna-se fundamental, para manutenção de um clima que contribua para o
desempenho das pessoas, a capacidade da organização de criar formas e alternativas que
possam maximizar as relações dos grupos e ter um ambiente positivo de trabalho que leve
a um compromisso com a organização. Considerando as características das diversas
gerações presentes na empresa, deve-se, também, atentar para a existência ou não de
condições e incentivo ao ambiente de aprendizado cuja troca de conhecimentos e
experiências entre profissionais torne-se uma rotina e o desenvolvimento uma busca
constante. Para alguns profissionais da geração do baby boomers, poder transmitir seus
conhecimentos para gerações mais novas é um fator motivacional. Os mais novos,
principalmente da geração Y, que respeitam o conhecimento desse grupo, estão abertos à
sua maneira a essa convivência de aprendizado (Beechler & Woodward, 2009).
Outra variável é o orgulho de trabalhar em uma empresa que está vinculada à
imagem projetada pela empresa (Branham, 2002). De alguma forma correlaciona-se com
algumas características essenciais que as pessoas desejam que a organização tenha, como:
credibilidade, competitividade e seriedade, entre outras. É o sentimento de satisfação e
realização de ser parte de uma organização bem-sucedida e admirada (Tanure et al.,
2007a). Os autores acrescentam que as relações com as pessoas no ambiente de trabalho
também podem impactar no orgulho de trabalhar na organização.
45
2.3.1.2 Configuração do trabalho
Quando uma pessoa reconhece seu trabalho como significativo e importante, sente-
se mais motivado. Se têm níveis adequados de autonomia e controle do seu trabalho,
percebe de forma direta e clara a relação entre suas atividades e os objetivos da empresa,
participa ativamente e está envolvida na tomada de decisões que afetam seu trabalho e seus
resultados. Existe grande probabilidade de não aceitar qualquer proposta para mudança de
empresa, por considerar que seu trabalho tem significado (Branham, 2002; Manion, 2009).
Responsabilizar-se pessoalmente pelos resultados de suas decisões, ter autonomia para
atuar e sentir que suas opiniões e ideias são importantes dá um sentido de propriedade que
tanto as pessoas buscam no trabalho e pode aumentar o orgulho e prazer de fazer parte da
organização (Manion, 2009; Tanure et al., 2007a).
Para pessoas talentosas, os desafios profissionais são necessários para mantê-las em
patamar de crescimento, mas as organizações e os gestores ainda tem dificuldade de criar
desafios adequados ao perfil desses profissionais. Fornecidos de forma incorreta, podem
levar ao desinteresse ou ao estresse, com prejuízo tanto para a empresa quanto para o
empregado (Branham, 2002). A existência de tarefas desafiadoras, da gestão de riscos e da
capacidade para lidar com experiências difíceis é mencionada por Tanure, Evans e Pucik
(2007b) como elementos básicos que devem estar presentes na gestão de talentos.
Para que as pessoas possam exercer plenamente suas atividades na busca de atingir
ou até superar as metas estabelecidas e se sentirem parte do sistema, é necessário receber
informações confiáveis, completas e no momento adequado. Para participar, as pessoas
precisam de informação que leva ao diálogo, à interação e ao engajamento (Limongi-
França & Arellano, 2002). Na configuração do trabalho relatado anteriormente, agrega-se
uma variável das mais importantes, que é o sentimento de pertencer a um grupo em que há
compartilhamento mútuo de ideias e do sentimento. Tânia Casado (2002), explicando
sobre a psicologia do grupo, opina que o indivíduo tem necessidade de relacionar-se com o
meio e está sempre em busca da gratificação dessa necessidade. Convivência agradável,
com relação de confiança e até de amizade, influencia significativamente para que as
pessoas tenham a empresa como boa para trabalhar e queiram permanecer (Tolfo &
Piccinini, 2011).
46
2.3.1.3 Condições de trabalho
A influência direta das condições de trabalho na atuação, desempenho e na
satisfação dos empregados, segundo Ulrich (2000), deveria estar na agenda de assuntos
estratégicos de gestão de pessoas. As pessoas estão buscando, por diversos motivos, maior
equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Variáveis como flexibilidade de horário e
local, carga de trabalho, tempo disponibilizado para a empresa e pressão por resultados de
trabalho são fatores estressantes e que cada vez mais aparecem como influenciadores no
processo de tomada de decisão para mudança de empresa (Branham, 2002; Holtom et al.,
2008).
Pesquisa conduzida por Scafone et al. (2011) revelou que 82% dos executivos que
ocupam posições mais altas nas organizações trabalham mais de 12 horas diárias
pressionados pelo ambiente competitivo, por metas cada vez mais desafiadoras e estão
insatisfeitos por não dedicarem mais tempo a atividades de sua vida pessoal. Esse grupo
pesquisado era formado, na maior parte (85%), por profissionais de grandes empresas com
idade entre 31 e 50 anos, faixa aproximada da geração X. Ao mesmo tempo, os autores
argumentam que, apesar de se sentirem no limite, “trabalhar em excesso tornou-se valor
para o grupo social dos executivos” (Scafone et al., 2011, p. 247). Ao tempo dedicado ao
trabalho agrega-se ainda o despendido no deslocamento da residência para a empresa, para
aeroportos, em viagens, etc., que torna ainda mais curto o tempo disponível para a vida
pessoal e leva os empregados a demandarem mais flexibilidade de horário e da jornada de
trabalho, para que tenham melhor gerenciamento sobre seu tempo e suas atividades
(Branham, 2002). Para grande parte das pessoas mais maduras, geração baby boomers, não
ter tempo para a vida pessoal ainda é aceito sem contestação, mas para os mais jovens,
principalmente da geração Y, é percebido de forma negativa (Tanure et al., 2007a).
O estresse vivido no trabalho está relacionado ao equilíbrio entre o que é exigido e
a capacidade do envolvido. Se houver equilíbrio, existirá o bem-estar (Limongi-França &
Arellano, 2002). Se o indivíduo possuir condições de responder aos desafios impostos pelo
trabalho, a pressão por resultados funcionará como fator motivador e propulsor para seu
desenvolvimento. Do contrário, é muito provável que leve ao estresse (Holtom et al., 2008;
Tanure et al., 2007a). É importante acentuar que, segundo Sant’Anna e Kilimnik (2011), a
pressão é gerada pelo ambiente organizacional e o estresse está relacionado à maneira que
o indivíduo responde e que suas características individuais, como idade, gênero, posição
ocupada e perfil psicológico, tendem a influenciar nessa forma de reagir.
47
2.3.1.4 Gestão do líder
Uma das regras fundamentais de retenção é que as pessoas não podem ser tratadas
pelos gestores da mesma maneira, pois têm diferentes necessidades e expectativas
(Branham, 2002). O autor complementa que as atitudes, postura e ações do gestor
impactam fortemente na permanência ou não do empregado e, quando não há alinhamento
do possível atendimento ou não de expectativas, aumenta o risco de quebra ou inexistência
da relação de confiança. Robbins (2002) entende que a confiança é uma expectativa
positiva de que a outra pessoa não irá agir de maneira oportunista e a sua existência, ou
falta dela, é um ponto-chave do processo de gestão. A confiança e a credibilidade moldam
o acesso do líder à cooperação e ao comprometimento do empregado. Bergamini (1994)
lembra que liderança envolve duas ou mais pessoas em um processo contínuo de influência
do líder sobre os liderados.
O papel do líder na atualidade é muito mais de facilitador e de condutor do que de
controlador. Deve atuar com visão mais estratégica e não com soluções de curto prazo. A
ele compete indicar a direção em relação aos objetivos a alcançar, acordar metas e,
principalmente, dar feedback sobre o desempenho e comportamento do empregado no
trabalho. No lugar de pretender disciplinar e controlar, deve-se cultivar o
comprometimento das pessoas e, com constante diálogo aberto e transparente, criar
ambiente favorável para a retenção de pessoas (Ferreira, 2008; Limongi-França &Arellano,
2002; Ulrich, 1998). Conhecer o perfil de cada subordinado é papel do gestor para dar a
cada um atribuições e desafios adequados e somar forças que levem a resultados
potencializados para a organização, com desenvolvimento e crescimento das pessoas
(Casado, 2002). Com diálogo aberto e transparente, tão demandado pelos membros
geração Y, ouvindo as expectativas dos empregados e expondo as da empresa, cria-se um
ambiente favorável à permanência das pessoas na organização (Ferreira, 2008).
2.3.1.5 Carreira
Com mercado cada vez mais imprevisível e instável, com avanços tecnológicos
acontecendo em intervalos mais breves, com o encurtamento das distâncias e a quebra de
barreiras nacionais, as carreiras profissionais sólidas e duradoras em grandes empresas
chegam ao fim e torna-se cada vez mais improvável pessoas manterem carreira em uma só
organização (Kilimink, 2000; Kilimnik & Rodrigues, 2011). Para Dutra (2011, p. 103), na
48
atualidade, quando “olhamos para a realidade das empresas verificamos que a carreira das
pessoas é uma sucessão de acontecimentos inesperados”, por caminhos tortuosos e cheios
de incertezas.
Além disso, conforme assinalam Kilimnik e Rodrigues (2011), atualmente as
carreiras são complexas, dinâmicas, cíclicas, com movimentos laterais, com muitas opções
de caminhos para decisão da própria pessoa, que cada vez exigem diferentes
desenvolvimentos. Ainda assim, encontram-se nas organizações um grupo significativo de
pessoas demandando por uma definição da empresa de caminhos a serem percorridos e
critérios claros (Branham, 2002) e muitas que guiam suas carreiras pelos apelos externos
de remuneração, status, etc., em detrimento de sua preferência pessoal (Dutra, 2002). A
pressão velada do grupo familiar e social faz com que o executivo deposite sua energia e
abdique de grande parte do seu tempo disponível para atividades não relacionadas ao
trabalho, em função de ocupar cargos mais importantes (Scafone et al., 2011).
A conciliação das expectativas do indivíduo e da organização é a base para uma
gestão de carreiras e a responsabilidade é das duas partes. A autogestão implica o
indivíduo ter consciência de suas competências, limitações e seus objetivos e a organização
definir e aplicar de forma clara políticas, regras e possibilidades para ocupação de posições
e receber as recompensas intrínsecas (Veloso, Dutra, Fischer, Pimentel, Silva & Amorim,
2011). Veloso et al. (2011) constataram, em pesquisa realizada, que os empregados
consideram como fator de satisfação a empresa adotar práticas de gestão de carreira e que,
de alguma forma, a empresa seria corresponsável pela carreira e pelo bem-estar das
pessoas que a constituem.
Em um ambiente mais competitivo, num cenário de constante ajuste,
desenvolvimento e mudança, as possibilidades de carreiras deixaram de ter rotas claras e
sequenciais para se tornarem multidirecionais, cujo indivíduo escolhe o seu caminho entre
as opções existentes (Baruch, 2011). O foco de decisão de carreira muda da mão da
empresa para a dos indivíduos (Beechler & Woodward, 2009), que estão cada vez mais
conscientes de suas necessidades e ambições. Isso não significa que as organizações não
devam atuar no planejamento de gerenciamento das carreiras, o que é comum para as
pessoas empregadas em grandes organizações (Baruch, 2011). Ao se buscar profissionais
com elevado potencial de crescimento, pressupõe-se que as organizações e seus gestores
irão criar condições para a construção de carreiras, estimulando e apoiando esses
empregados (Dutra, 2011; Sarsur et al., 2003).
49
Na reformulação dos sistemas de carreira, as organizações devem levar em conta as
diferenças geracionais. Jovens da geração Y estão mais focados no crescimento de sua
carreira do que na empresa, num tempo mais curto e, assim como os da geração X, fazem
transição entre carreiras e estão abertos a mudanças. Os da geração X são desconfiados e
descrentes em relação às organizações. Os da geração dos baby boomers buscam a
segurança de uma carreira e não estão mais tão preocupados com o crescimento (Branham,
2002; Zemke et al., 2000). A noção de tempo nas carreiras entre as gerações parece ser
diferente.
2.3.1.6 Remuneração e benefícios
O fator remuneração e benefícios, também chamado de recompensas, que Dutra
(2011) explica ser o que os empregados recebem em contrapartida de seu trabalho para a
organização, é como as pessoas veem sua posição de ganhos em relação aos demais
empregados e ao mercado de trabalho (Dutra, 2002). É composto, de forma geral, por uma
parte fixa, relacionada ao cargo ou à função exercida pela pessoa, e uma parte variável
atrelada ao desempenho, podendo ou não ser atingida, de forma total ou parcial, em face
dos resultados alcançados (Hipólito, 2002).
Os benefícios, como plano de saúde, seguro de vida, auxílios alimentação, etc.,
podem ser considerados remuneração indireta (Dutra, 2011) ou parte da remuneração fixa,
que assim fica composta de salário e benefícios comuns a todos os ocupantes de um
mesmo cargo da categoria salarial (Hipólito, 2002). Independentemente da classificação
benefícios, é uma forma de remuneração complementar, mas existe grande dificuldade dos
empregados em conseguir ver seu impacto na remuneração (Dutra, 2011). E muitos
gostariam de ter opção de escolha de um pacote de benefícios mais adequado às suas
necessidades.
Uma dificuldade é o elo entre o desempenho e a remuneração. Esse ainda não é
claro para muitos empregados que acreditam que seu desempenho não tem influência
significativa na sua progressão salarial (Branham, 2002). O autor enfatiza que esse é um
dos fatores que levam pessoas a mudarem de empresa. Os empregados talentosos desejam
sentir que estão recebendo salários comparáveis com os que as outras empresas de
destaque pagam e também fazem a comparação interna com outras pessoas que ocupam
posição semelhante. Quando sentem que a remuneração é justa e comparável com o
50
trabalho realizado, esse fator deixa de ser predominante na sua decisão de deixar ou não a
empresa (Branham, 2002).
Os membros de diferentes gerações percebem de forma distinta a recompensa
financeira. Os baby boomers buscam estabilidade financeira e valorizam as recompensas
não materiais do seu trabalho. Em contrapartida, a geração X tem o foco em fazer dinheiro
para ter uma vida com mais conforto, negociam e o intuito é mais individualista. Devido à
ansiedade e à inquietude característica da geração Y, estes querem recompensa financeira
imediata e, se não conseguem, buscam outra empresa que lhes dê salário mais alto
(Amaral, 2004; Erickson, 2011; Scafone et al., 2011; Smola & Sutton, 2002).
2.3.1.7 Capacitação e desenvolvimento
Para que uma organização mantenha-se competitiva, cada vez é mais necessário
que seus profissionais tenham postura voltada para a aprendizagem contínua e que as
empresas tenham programas que, além de visarem à formação técnica diferenciada,
privilegiem também o desenvolvimento de atitudes, posturas e habilidades que contribuam
para o desenvolvimento e fortalecimento de seus talentos (Eboli, 2002).
De acordo com Mourão, Brito, Porto e Andrade (2003, p. 2) o desenvolvimento
pode ser definido como um “conjunto de experiências e oportunidades de aprendizagem
proporcionado pela organização e que aumenta a possibilidade de crescimento pessoal dos
empregados”. Quando a meta são talentos humanos, o investimento é necessário para
preparar, de forma acelerada, empregados de grande potencial e dar condições de atuarem
em funções e projetos de maior complexidade ou desafio. Investir em desenvolvimento é
uma estratégia de retenção que permite às empresas criarem vínculos mais duradouros com
seus talentos e assegura o seu comprometimento com os resultados organizacionais
(Tanure et al., 2007b). Branham (2002) complementa que essa postura da empresa
transmite a mensagem de que os empregados são importantes e necessários para o negócio.
Nesse fator de capacitação e desenvolvimento, quando o público é talento, é
importante considerar como variáveis as necessidades de capacitação para a posição e
desafios atuais e futuros na organização. A existência de ações de desenvolvimento como
job-rotation, aprendizagem com colegas, aumento de escopo de trabalho, participação em
projetos multifuncionais, etc. podem sinalizar intenção e preocupação de preparação dos
empregados por parte da empresa.
51
Tomando-se por base o panorama e o referencial teórico apresentado e tendo como
perspectiva que o objetivo deste estudo é identificar e analisar os principais fatores
organizacionais que influenciam a permanência ou a efetiva intenção - de profissionais em
carreira gerencial ou técnica das três últimas gerações consideradas talento - de deixar a
organização, descreve-se a seguir a metodologia utilizada na realização da pesquisa.
52
3 METODOLOGIA DE PESQUISA
3.1 Estratégia, tipo e método de pesquisa
Dado o objetivo deste estudo, que é a identificação e a análise do fenômeno
organizacional da retenção de profissionais, optou-se pela realização de estudo de caso
único, por se tratar do estudo de evento contemporâneo em um contexto real (Yin, 2001),
que permite aprofundar o conhecimento de problemas não suficientemente esclarecidos e
identificar com mais precisão possível os comportamentos presentes (Mattar, 1993; Yin,
2001). De acordo com Eisenhardt (1989), o estudo de caso é uma estratégia de pesquisa
que visa à compreensão da dinâmica existente em um determinado contexto e pode ser
utilizada em diversas situações, entre as quais os estudos organizacionais e gerenciais. A
existência de múltiplas fontes de evidência no estudo de caso se deve, segundo a autora, à
combinação de métodos de coleta de dados, questionários, documentos, entrevistas e
observações. Yin pontua que por meio dessas fontes de evidências os dados podem ser
triangulados e beneficiados pelas proposições teóricas que direcionaram a coleta e a análise
de dados (Yin, 2001).
Quanto à natureza da pesquisa, esta pode ser classificada como descritiva. Gil
(2002) explica que a pesquisa descritiva objetiva a descrição de determinada população ou
fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Segundo o autor, pesquisa
descritiva pura tem natureza quantitativa, mas pode ser quantitativa e qualitativa ao mesmo
tempo se representar descrição de amostra não probabilística. Ao identificar e confrontar
opiniões de gerações distintas sobre o mesmo conteúdo, o trabalho pode também
apresentar características, além de descritivo, de um estudo comparativo. O enfoque
comparativo entre as gerações pode enriquecer a pesquisa e trazer achados mais
significantes ao aspecto organizacional (Trivinõs, 1987).
Por ser um estudo descritivo, utilizou-se para coleta e análise de dados a estratégia
quantitativa como principal e a qualitativa como complementar. Segundo Malhotra (2001,
p. 155), “a pesquisa quantitativa procura quantificar os dados e aplicar alguma forma de
análise estatística”. Os dados foram coletados por meio de questionário, entrevistas
semiestruturadas e pesquisa em documentos da empresa. É relevante combinar dados
quantitativos com qualitativos, o que pode ser justificado pelo fato de não serem
excludentes, mas, ao contrário, devido à sua complementaridade tanto no planejamento da
pesquisa, na coleta de dados e na análise das informações (Richardson, 1999).
53
Em estudos descritivos que procuram descobrir e classificar a relação entre
variáveis e investigar a relação de causalidade entre fenômenos ou população, aplica-se
frequentemente a estratégia de coleta de dados quantitativa com a “intenção de garantir a
precisão dos resultados e evitar distorções de análise e interpretação, possibilitando,
consequentemente, uma margem de segurança quanto às inferências” (Richardson, 1985, p.
29). A existência de variáveis quantificáveis e a possibilidade de se ter resultados objetivos
para a análise reforçam a utilização da estratégia quantitativa para coleta de dados
(Triviños, 1987). Ressalta-se que o uso concomitante da coleta de dados utilizando
questionário e entrevista complementada por pesquisa documental, procedimentos de
cunho racional e intuitivo pode contribuir para melhor compreensão dos fenômenos (Yin,
2001).
A estratégia qualitativa justificou-se pela necessidade de complementar as
informações quantitativas e buscar mais entendimento das razões que levam os
profissionais a permanecerem ou terem a intenção de sair da empresa pesquisada. Ela pode
ajudar na compreensão dos significados e características situacionais apresentadas pela
população pesquisada e, conforme destaca Triviños (1987), dar mais entendimento sobre a
prática.
Tratando-se de caso único, não se pretendeu esgotar a análise, apesar de se acreditar
na possibilidade de geração de direcionadores para organizações.
3.2 Unidade empírica de análise
A empresa objeto da pesquisa é uma unidade de negócios de uma grande
organização brasileira do ramo de produção de aço, fundada há mais de 100 anos, que
possui unidades em 14 países e emprega diretamente mais de 45.000 pessoas. A unidade
pesquisada está situada em Minas Gerais, tem sua principal unidade produtiva localizada a
aproximadamente 100 km de Belo Horizonte e escritório nessa capital. A unidade iniciou
sua operação há 27 anos e tem aproximadamente 6.000 empregados no seu quadro.
Destacam-se como pontos que podem validar este caso único:
a) integrar um grande grupo com unidades no Brasil e em vários países;
b) reunir expressivo número de profissionais de nível superior considerados de alta
qualificação e alto potencial;
c) utilizar modelos de gestão e com tecnologias organizacionais reconhecidamente
inovadoras;
54
d) possuir programas de captação de talentos;
e) ter, em seu quadro, profissionais de várias gerações ocupando posições executivas
da carreira técnica ou gerencial. A empresa possui sistema de carreira Y e considera
equivalente em termos de remuneração e benefícios os cargos gerenciais e técnicos.
Posições executivas são os cargos enquadrados na estrutura de cargos a partir do
inicio da carreira Y.
3.3 Coleta de dados quantitativos
Na escolha dos participantes da pesquisa quantitativa, os empregados da empresa
em investigação deveriam atender aos três critérios a seguir listados:
a) empregados considerados pela empresa como talento ou performers;
b) empregados com formação mínima em nível de 3º grau (graduação);
c) ocupante de cargo da carreira técnica ou gerencial.
Não foram considerados para efeito da pesquisa os ocupantes de cargos de direção
e empregados cedidos a outras unidades da corporação.
Para a identificação dos empregados talentos ou performers, foi utilizado
documento interno da empresa que classifica esses públicos a partir da ferramenta
denominada matriz nine block (Fig. 1), que será detalhada no capítulo 4.1 desta
dissertação.
A empresa pesquisada define as pessoas dos quadrantes 1, 2 e 3 como diferenciados
em termos de resultados apresentados, de comportamento e de potencial futuro. Esses são
os classificados pela empresa como talentos. Nos quadrantes 4, 5 e 6 estão os empregados
classificados como performers. São aqueles que sustentam a empresa nos patamares
normais, têm competências e qualidades, mas ainda apresentam pontos de melhoria. Os
constituintes do quadrante 4 têm alto potencial, mas apresentam entrega abaixo da
expectativa. Normalmente são novos na posição ocupada e rapidamente passam para outro
quadrante. Os situados no quadrante 5 exibem bom nível de entrega e potencial, mas na
posição atual não superam expectativas. É o quadrante em que normalmente se encontra o
mais alto número de pessoas. Por fim, os do quadrante 6 são os que possuem alta entrega,
mas que demonstram pouca atitude empreendedora e/ou adesão à cultura.
55
A Figura 1 representa a matriz nine block, na qual se pode observar que na linha
horizontal encontra-se o fator desempenho e na linha vertical o fator potencial/
comportamento.
Figura 1 - Matriz nine block com percentual de enquadramento
P
ote
nci
al /
Co
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orta
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4 2 1
Méd
io 7
5
3
Ba
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9
8 6
Baixo Médio Alto
Desempenho
Fonte: Adaptado pela autora de documentos da empresa pesquisada
A Figura 1 detalha os quadrantes 1 - alto potencial e alto desempenho; 2 - alto
potencial e médio desempenho; 3 - alto desempenho e médio potencial; 4 - alto potencial e
desempenho abaixo da expectativa; 5 - potencial e desempenho adequados; 6 - alto
desempenho e baixo potencial e/ou comportamento pouco aderente à cultura da empresa; 7
- potencial adequado e desempenho abaixo da expectativa; 8 - desempenho dentro da
expectativa e baixo potencial e/ou comportamento pouco aderente à cultura da empresa; 9 -
baixo potencial, comportamento e desempenho.
Partindo dos critérios definidos, a amostra inicial foi composta de 260 empregados,
divididos em dois grupos. O grupo A com 116 empregados tidos como talentos e o grupo
B com 144 reconhecidos como performers. A amostra final foi composta de 212
participantes, assim distribuídas: grupo A - 94 empregados talentos; grupo B - 118
empregados performers.
10 a 20%
60 a 70%
10 a 20%
56
Essa amostra representou 81,55% do público convidado. Ao trabalhar com os
construtos, observou-se que não existiu diferença significativa entre o público talento e o
público performers (teste para duas médias independentes - valores p superiores a 0,5) e,
por esse motivo, fez-se a opção por manter na análise também o grupo performers.
Assim, a amostra se configura neste estudo como não probabilística (Martins &
Theóphilo, 2009).
O instrumento de coleta de dados primários utilizado para a pesquisa quantitativa
escolhido foi o questionário que, segundo Martins e Theóphilo (2009, p. 93) é “[...] um
conjunto ordenado e consistente de perguntas a respeito de variáveis e situações que se
deseja medir ou descrever”. Ele é indicado para o estudo das relações entre características
de pessoas ou grupos, da forma como ocorrem em situações naturais. Pode-se, assim,
comparar resultados de subgrupos dentro da amostra estudada e analisar as relações com as
dimensões avaliadas. Outros aspectos importantes que levaram à escolha do questionário é
que este pode ser aplicado, simultaneamente, a significativo número de pessoas, pode gerar
respostas comparáveis e assegura certa uniformidade de uma situação de mensuração.
O questionário foi elaborado para uso nesta pesquisa. Ele se compõe de questões
fechadas que buscaram identificar o seguinte: bloco I - fatores de influência na retenção;
bloco II - fatores de influência para a permanência na empresa; bloco III - fatores de
influência para saída da empresa; bloco IV - dados do respondente (Apêndice A)
Para tanto, foram escolhidos sete fatores considerados principais. São eles:
ambiente organizacional; configuração do trabalho; condições de trabalho; gestão do líder;
carreira; remuneração e benefícios; capacitação e desenvolvimento.
Utilizou-se para as respostas a escala Likert de cinco níveis, indicada para medir
atitudes que, segundo Malhotra (2001), é uma escala de classificação amplamente
utilizada. Essa escala solicita aos respondentes o grau de concordância ou discordância
com uma série de declarações que caracterizam sua forma de pensar sobre as variáveis de
cada fator proposto para a pesquisa.
Os fatores analisados nesta investigação estão presentes no Quadro 5. Sua escolha
ocorreu tendo em vista aquilo que a literatura apresenta como fatores de mais impacto na
retenção.
O questionário foi submetido à análise de dois professores doutores em
Administração, recebeu uma primeira validação e, com o objetivo de avaliar o
entendimento das questões e identificar possíveis falhas, inconsistências, ambiguidades,
linguagem inadequada, etc., realizou-se o pré-teste com seis pessoas do público alvo das
57
três gerações consideradas na pesquisa. O objetivo do pré-teste é o “[...] aprimoramento da
confiabilidade e validade, ou seja, garantias de que o instrumento se ajuste totalmente à
finalidade da pesquisa [...]” (Martins & Theóphilo, 2009). A mestranda entregou
pessoalmente o questionário impresso, explicitou o objetivo da pesquisa, os motivos do
teste, solicitou que respondessem e anotassem todas as dúvidas sobre as perguntas e, se
sentissem falta de algum conteúdo, que registrassem. Identificou-se necessidade de
melhoria na elaboração dos textos explicativos de cada bloco do questionário. Devido a
entendimentos diferentes, procedeu-se às correções e novo teste foi realizado com as
mesmas pessoas.
Buscando garantir sigilo, mais confiabilidade, agilidade de processamento e
segurança no armazenamento das informações, optou-se pela pesquisa eletrônica. Foi
contratada a empresa Gauss Estatística & Mercado, especialista em pesquisa e
processamento estatístico, para a coleta eletrônica de dados, processamento e tratamento.
Antes do envio a todos os participantes, realizou-se teste com três pessoas para verificar
acesso, links, formatação, navegação e tempo de preenchimento. Os problemas
identificados foram corrigidos e outro teste realizado antes do envio definitivo. Durante a
pesquisa, não foram relatados problemas técnicos e de dificuldades no acesso.
A pesquisa iniciou-se no dia 10 de setembro de 2012 e encerrou-se no dia 03 de
outubro do mesmo ano. O público participante recebeu correio eletrônico convidando a
participar, explicando o objetivo da pesquisa e informando o link para acesso ao
questionário. Ressalta-se que os participantes não tiveram que se identificar quanto ao
público ao qual pertenciam – talento ou performer, pois somente a área de RH da empresa
possui essa informação. Assim, a identificação quanto ao grupo ao qual cada um pertencia
ocorreu através do próprio sistema. Isso foi possível porque a área de RH informou aos
pesquisadores a posição de cada empregado na ferramente nine block.
Durante o período da pesquisa, foi enviada pela Gauss Estatística & Mercado
mensagem de reforço de participação para os que ainda não tinham respondido. E a
mestranda enviou, um dia após o início da pesquisa, mensagem aos participantes
reforçando que a pesquisa estava autorizada pela organização (Apêndice B). Como
resultado, a pesquisa teve adesão de 81,55% do público convidado.
Por ser uma pesquisa de cunho eminentemente quantitativo, a base para análise dos
resultados é a estatística, especificamente a análise multivariada, tendo em vista que as
variáveis estudadas são inter-relacionadas e o objetivo é medir, explicar e prever o grau de
relação entre variáveis estatísticas (Hair, Black, Babin, Anderson, & Tathan., 2009). No
58
capítulo 4.2, detalham-se a forma de tratamento e a análise quantitativa dos dados
coletados a partir do questionário.
3.4 Coleta de dados qualitativos
Para obter dados que pudessem confirmar, complementar, fundamentar e esclarecer dados
da pesquisa quantitativa e também trazer mais riqueza para o estudo, realizaram-se
entrevistas individuais semiestruturadas com representantes das três gerações objeto do
estudo. Os sujeitos da pesquisa foram os empregados da unidade pesquisada escolhidos
segundo os critérios a seguir, tendo-se buscado diversidade entre os respondentes:
a) representantes das três gerações – baby boomers, geração X e geração Y;
b) pertencentes à carreira técnica e à carreira gerencial;
c) sexo masculino e feminino.
Foram convidadas 14 pessoas. Destas, 10 foram entrevistadas, pois, com base no
critério de saturação, verificou-se que não havia necessidade de entrevistar mais pessoas. O
critério de saturação, de acordo com Bauer e Gaskell (2002), deve ser aplicado quando o
entrevistador considerar que não haverá novas percepções do conteúdo investigado que
poderiam levar a mais compreensão.
Os entrevistados foram assim distribuídos, por geração: baby boomers – dois
entrevistados; geração Y – quatro pessoas; geração X – quatro empregados entrevistados.
O perfil dos entrevistados está detalhado no Quadro 6.
Quadro 6 -Perfil dos entrevistados
Entrevistado Idade Geração Sexo Cargo Tempo de
empresa
E1 27 Y Fem. Assessor Técnico 5 anos
E2 30 Y Masc. Assessor Técnico 6 anos
E3 32 Y Masc. Chefe 9 anos
E4 32 Y Fem. Gerente 8 anos
E5 34 X Masc. Gestor de Projetos 8 anos
E6 36 X Fem. Chefe 8 anos
E7 47 X Masc. Gerente 26 anos
E8 47 X Fem. Consultor Técnico 7 anos
E9 57 Baby boomers Masc. Gerente 31 anos
E10 59 Baby boomers Masc. Consultor Técnico 34 anos
Fonte: elaborado pela autora.
59
Nas entrevistas buscou-se conhecer a percepção dos mesmos em relação à empresa,
o seu sistema de gestão de pessoas e os possíveis motivos para sua permanência ou
desligamento. O objetivo das entrevistas seguiu a perspectiva de Richardson (1999),
quando afirma que as entrevistas são fundamentais para identificar aspectos mais
relevantes de determinado problema e buscam obter informações detalhadas que possam
ser utilizadas para complementar a análise quantitativa.
As entrevistas foram semiestruturadas com roteiro previamente elaborado
(Apêndice C), cujos questionamentos se fundamentaram em teorias ou hipóteses
relacionadas ao tema de retenção e buscou-se aprofundar, quando o entrevistado permitia,
nas questões tratadas. Para evitar influência sobre entrevistados, foi observado rigor
absoluto da entrevistadora em sua postura no momento das entrevistas. Em nenhum
momento foi aberta discussão sobre os pontos investigados, apenas intervenções pontuais
para confirmação de entendimento e perguntas complementares para aprofundamento de
conteúdo. As entrevistas tiveram duração média de 45 minutos, foram gravadas com o
consentimento dos entrevistados e transcritas posteriormente.
Os dados obtidos para análise qualitativa a partir das entrevistas foram tratados pelo
método de análise de conteúdo. Para Richardson (1999), a análise de conteúdo tem como
características metodológicas:
a) a objetividade, por meio da explicitação das regras e dos procedimentos utilizados
nas diversas etapas de análise;
b) a sistematização como inclusão ou exclusão do conteúdo ou categorias de um
texto;
c) a inferência, em que se aceita uma proposição em virtude de sua relação com outras
proposições já aceitas como verdadeiras.
Optou-se pela análise de conteúdo por categoria temática, por ser a mais rápida e
eficaz. Ela é indicada para o estudo proposto, por isolar temas de um texto da entrevista e
extrair as partes utilizáveis, de acordo com o problema pesquisado, e permitir sua
comparação com outros textos escolhidos da mesma maneira. A categorização foi feita em
função de temas considerados relevantes. Os temas categorizados foram:
a) Motivos de vir trabalhar na empresa;
b) pontos fortes da empresa;
c) pontos negativos da empresa;
d) existência e impacto de pressão no trabalho;
60
e) aspectos de atração em outras empresas para saída;
f) possibilidade de carreira na empresa e atributos valorizados;
g) influência da idade para crescimento na empresa;
h) gerações: convivência e oportunidades;
i) atuação dos gestores com equipes de gerações diferentes;
j) políticas e práticas de gestão de pessoas;
k) existência de tratamento diferenciado para o grupo de talentos.
A coleta de dados documental, fonte secundária, compreendeu a análise do
conjunto de documentos e registros da empresa pesquisada com acesso autorizado e alguns
publicados, como história da empresa, dados funcionais e históricos dos empregados,
documentos que descrevem políticas, métodos e ferramentas de gestão de pessoas,
indicadores e resultado de pesquisas. Essas informações complementam o processo de
triangulação de dados com o objetivo de confirmação, contestação e análise dos dados que
se apoiam na validação do constructo (Yin, 2001).
61
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados os resultados e análise da coleta de dados realizada
a partir de questionários, entrevistas individuais e pesquisa em documentos da empresa.
4.1 Gestão de pessoas na empresa pesquisada
Com base em documentos disponibilizados pela empresa, de informações dos
profissionais que atuam na área de RH da unidade pesquisada e publicações sobre a
organização, buscou-se delinear os principais aspectos do sistema de gestão de pessoas da
empresa pesquisada.
A organização é altamente respeitada no mercado, não só pelos seus negócios como
também pela forma como atua na gestão de pessoas, e tem como um de seus valores
“pessoas respeitadas, comprometidas e realizadas” (Empresa pesquisada, 2012).
O macroprocesso de gestão de pessoas foi estruturado para atender e apoiar os
objetivos do negócio estabelecidos no mapa estratégico da organização e está dividido em
três grandes processos:
a) atração e integração;
b) desempenho, desenvolvimento e carreira;
c) engajamento e retenção.
Conforme explicitado em contato com profissional da área de RH e na análise dos
documentos internos de políticas e práticas de gestão de pessoas (Ramos, 2012)2, para cada
processo existem políticas, programas, ferramentas e práticas desenhados pela área
corporativa da organização para todas as suas unidades e implementados localmente.
Considerando o público deste estudo, que é formado por empregados de nível superior e
que, em quase sua totalidade, ocupam posições executivas, pode-se destacar alguns
programas e ferramentas como: programa de trainees; programa de engenheiros de
capacitação acelerada; plano de desenvolvimento pessoal; planejamento e avaliação de
desempenho; sistema de mapeamento de competências; programa de educação executiva
para carreira de gestão e técnica; sistema de carreira e sucessão; remuneração e benefícios;
clima organizacional; reconhecimento; comunicação interna; responsabilidade social, entre
outros.
2 Comunicação pessoal, 04 de maio de 2012.
62
O sistema de carreira considera a trajetória gerencial e técnica, a possibilidade de
carreira horizontal e vertical e as trilhas possíveis de crescimento. Para cada posição estão
definidos os papéis e responsabilidades, os perfis necessários (formação e requisitos), seu
peso na estrutura de cargos, as possibilidades de crescimento considerando o crescimento
do grau de responsabilidade, a exigência de maturidade profissional e a disponibilidade de
posições na estrutura organizacional e de cargos. Essas informações e as trilhas possíveis
para crescimento estão publicadas na Intranet para acesso de todos os empregados,
conforme informação dos entrevistados E1, E3 e E7 (Quadro 6). A empresa informou que
seu sistema de remuneração e benefícios também é comparável ao de grandes empresas e
que é divulgado internamente. Os critérios de elegibilidade de remuneração e benefícios
são praticamente iguais para os executivos, existindo alguma diferenciação na
remuneração variável e nos benefícios para ocupantes de posições gerenciais ou
equivalentes. O pacote de benefícios é compulsório, não havendo possibilidade de escolha.
Quanto à capacitação e desenvolvimento, existe ferramenta para o empregado, em
conjunto com o gestor, planejar e acompanhar a realização de ações para o ano. A empresa
subsidia cursos de idioma e educação continuada para o público pesquisado de acordo com
políticas e práticas de RH específicas e possui programas institucionais de
desenvolvimento.
A possibilidade de experiência internacional em outra unidade do grupo é pontual e
não frequente. Algumas pessoas da unidade pesquisada já participaram de programas de
expatriação ou foram convidadas para atuarem em unidades situadas em outro país. O que
parece ser mais frequente são viagens técnicas a fornecedores em diversos países.
A pesquisa de opinião, que é a ferramenta balizadora do clima organizacional,
identificou, em 2012, na unidade pesquisada, favorabilidade de 72%.
Como o estudo considera gerações, um ponto importante é o critério para
permanência na empresa até o limite de idade de 60 anos, o que reduz, no quadro atual, o
número de pessoas da geração baby boomers na empresa. Poucos que permanecem após
essa idade recebem autorização especial com data de desligamento já programada. Esse
critério informado pela área de RH foi confirmado pelos entrevistados E7, E8, E9 e E10
(Quadro 6).
Os Comitês de Desenvolvimento de Pessoas são o principal fórum de decisão
colegiada e acompanhamento dos temas de carreira, sucessão e gestão de potenciais da
empresa. Tem como objetivos principais:
a) definir sucessores e potenciais;
63
b) definir ações de desenvolvimento e retenção de sucessores e potencial;
c) tomar decisões quanto a admissões, promoções, desligamentos e transferências.
Os comitês são realizados por nível hierárquico e participam os gestores, seu
superior imediato e o representante de RH como coordenador e facilitador do processo.
São discutidos os profissionais ligados diretamente aos gestores e busca-se garantir
homogeneidade de critérios e menos pessoalidade das decisões. As discussões e decisões
são apoiadas por um dossiê de cada colaborador com dados de sua carreira, formação,
principais competências, avaliações de potencial, avaliação de desempenho, mapeamento
de competências, suas aspirações, mobilidade para mudar de cidade, estado e país e
considerações de seu gestor imediato. Todas as informações e decisões dos comitês são
consideradas sigilosas. Pelo modelo o empregado discutido no comitê deve receber retorno
de seu gestor somente sobre os pontos fortes, pontos a desenvolver e as ações que a
empresa vai apoiar para potencializar fortalezas ou trabalhar suas deficiências com vistas à
sua posição atual e desafios. A empresa divulga para todos os empregados a utilização e
funcionamento desses comitês.
Como resultado dos comitês são definidos o mapa de sucessores para as posições
da estrutura hierárquica de cada operação de negócio da empresa e o mapa de potenciais
que são os profissionais com potencial diferenciado de crescimento acelerado na carreira.
O mapa de sucessão é usado como referência na tomada de decisão para preenchimento de
posições da estrutura hierárquica e encaminhamento das ações de desenvolvimento ou de
recrutamento. O mapa de potenciais é base de dados dos empregados que podem ou são ser
reconhecidos como talentos e que a empresa espera que sustentem e alavanquem a
estratégia de seu crescimento. Para esses grupos de sucessores e potenciais são definidas
ações de retenção. Os empregados não têm informação se estão inseridos nos mapa de
sucessão ou de potenciais. Somente a área de RH tem a informação consolidada e cada
gestor conhece os identificados para sua posição atual. A empresa não divulga, alegando
que pode gerar expectativas, frustrações e acomodação, já que esses mapas são atualizados
visando às necessidades estratégicas e processuais do negócio, o desempenho demonstrado
e o potencial identificado. Assim, a empresa assume que não existe indicação definitiva e
que todas dependem da conjuntura interna e externa e da pessoa.
A ferramenta matriz nine block é utilizada para apoiar as discussões e definições de
potenciais e sucessores e, da mesma forma, deve facilitar a discussão sobre
desenvolvimento e retenção.
64
Existem poucas publicações sobre matriz nine block e estas sugerem o uso, mas
não trazem de forma mais consistente fundamentação teórica e conceitual. Essa
ferramenta, da forma como a empresa pesquisada utiliza, foi desenvolvida e aplicada
inicialmente na GE, na década de 1960, e possibilita comparar um grupo de executivos em
relação ao desempenho atual e potencial futuro (Charam, Drotter, Droteer, & Noel, 2009).
Ela possui dois eixos e nove blocos ou quadrantes que representam como o profissional é
visto na empresa (Fig. 1). Enquanto o eixo X (horizontal) avalia o desempenho, ou seja, a
entrega de resultados, o eixo Y (vertical) avalia potencial/comportamento. Em cada eixo os
quadrantes correspondem a desempenho ou potencial e comportamento baixo, médio e
alto. A combinação entre X e Y categoriza cada quadrante. Assim, nos extremos, o
quadrante 1 requer alto desempenho e alto potencial e o quadrante 9 representa baixo
desempenho e baixo potencial (Charam et al., 2009). Algumas empresas agregam ao eixo
do potencial o comportamento apresentado no trabalho e a adesão à cultura e utilizam os
resultados de avaliações de potencial e desempenho como base para a discussão e
definição dos enquadramentos.
Em comitê, os gestores, após discussão, indicam em qual quadrante cada
profissional deve ser posicionado, atentando para os critérios de enquadramento definido
para cada quadrante. Seu método considera que, dos 100% do público analisado, 10 a 20%
devem estar nos quadrantes 1, 2 e 3; 60 a 80%, nos quadrantes 4, 5 e 6; e 10 a 20%, nos
quadrantes 7, 8 e 9. O grupo situado nos quadrantes 1, 2 e 3 é o de “talentos” e representa
ou pode ser diferencial para a empresa. Outro grupamento é o dos quadrantes 4, 5 e 6, onde
está a maior parte dos profissionais. Este, de alguma forma, é responsável pela manutenção
da empresa nos patamares normais, ou seja, é o mantenedor que sustenta a empresa. É
chamado em várias empresas do grupo dos “performers”. O último grupamento é o dos
quadrantes 7, 8 e 9. Neste estão os profissionais para os quais a empresa deveria ter um
olhar mais crítico, atuar na correção das deficiências e tomar decisão de mudança de
posição ou desligamento.
A empresa pesquisada tem definidas as características de desempenho, potencial e
de adesão à cultura, que devem ser demonstradas pela pessoa distribuída em cada
quadrante. Evidentemente existe subjetividade e, apesar de utilizar de indicadores e
documentos com avaliação e histórico e aspiração das pessoas, a percepção dos gestores
tem o maior impacto. As definições de quem será posicionado em cada quadrante são
tomadas nos comitês de desenvolvimento de pessoas e revistas anualmente juntamente
com os mapas de sucessão e de potenciais.
65
4.2 Análise e interpretação dos dados da pesquisa quantitativa
Serão apresentados os resultados do estudo, mostrando primeiro uma descrição da
amostra utilizada. Em seguida, relata-se a validação do instrumento de coleta de dados,
para ao final serem apresentados os resultados encontrados.
4.2.1 Caracterização e análise descritiva dos itens de segmentação
Neste item é apresentado e descrito o perfil dos 212 respondentes da amostra
analisada utilizando-se a estatística descritiva para organização, sumarização e descrição
dos dados oriundos do bloco IV do questionário. Os dados foram segmentados por: sexo,
posse de filhos, estado civil, escolaridade, tempo de trabalho na empresa, local de trabalho,
cidade de residência, carreira atual, participantes por grupo geracional e participantes por
grupo geracional de cada público pesquisado.
Conforme se observa na Tabela 1, os homens são a maioria da amostra, o que
retrata a predominância masculina histórica nas empresas do ramo de fabricação do aço.
Tabela 1 – Distribuição dos entrevistados quanto ao sexo
Frequência Percentual
Feminino 32 15,1%
Masculino 180 84,9%
Total 212 100,0%
Fonte: dados da pesquisa.
Observa-se, pelos dados das Tabelas 2 e 3, que a maior parte dos respondentes tem
família constituída com 80,2% casados e 67,9% que possuem filhos.
Tabela 2 – Distribuição dos entrevistados quanto ao estado civil
Frequência Percentual
Casado 170 80,2%
Solteiro 35 16,5%
Divorciado / Separado 7 3,3%
Total 212 100,0%
Fonte: dados da pesquisa.
66
Tabela 3 – Perfil dos entrevistados quanto à posse de filhos
Frequência Percentual
Sim 144 67,9%
Não 68 32,1%
Total 212 100,0%
Fonte: dados da pesquisa.
O grau de escolaridade indicado na Tabela 4 apresenta elevado patamar, com
79,2% dos participantes com pós-graduação. De acordo com informação fornecida por
profissional da área de RH (Ramos, 2012)3, a empresa incentiva a educação continuada,
subsidiando parte dos custos ou liberando horas do trabalho para que o empregado invista
em seu desenvolvimento.
Tabela 4 - Distribuição dos entrevistados quanto à escolaridade
Frequência Percentual
Graduação 44 20,8%
Pós-graduação (Especialização ou MBA) 117 55,2%
Mestrado em andamento ou completo 45 21,2%
Doutorado em andamento ou completo 6 2,8%
Total 212 100,0%
Fonte: dados da pesquisa.
O tempo de trabalho empresa pode indicar a maior permanência, já que 44,8% dos
respondentes estão na organização há mais de 11 anos4.
Tabela 5 - Tempo de trabalho dos entrevistados na empresa
Frequência Percentual
de 1 a 3 anos 31 14,6%
de 3 a 6 anos 31 14,6%
de 6 a 11 anos 55 25,9%
de 11 a 15 anos 26 12,3%
acima de 15 anos 69 32,5%
Total 212 100,0%
Fonte: dados da pesquisa.
3 Comunicação pessoal, 04 de maio de 2012. 4 Um fato relatado pelo entrevistado E9 (Quadro 6) foi que a empresa que foi uma estatal passou longo
período sem contratar e voltou a fazê-lo em 2000 e nos anos subsequentes após ser adquirida por um grupo
de empresas e início de resultados financeiros positivos. O primeiro programa de contratação de trainee
aconteceu em 2000, com admissão no início de 2001.
67
A Tabela 6 mostra que a quase totalidade dos respondentes (91,1%) trabalha na
principal unidade produtiva da empresa (cidade sede da empresa) e a Tabela 7 que 64,2%
residem na cidade-sede da empresa e em outras duas situadas em seu entorno (cidades-
entorno 1 e 2). Pelos dados, 26,9% das pessoas que trabalham nessa unidade necessitam
deslocar-se longa distância da residência para o trabalho, e vice-versa.
Tabela 6 - Local (cidade) de trabalho dos entrevistados
Frequência Percentual
Cidade-sede da empresa (unidade produtiva) 193 91,1%
Belo Horizonte 16 7,5%
São Paulo 2 0,9%
Vitória-ES 1 0,5%
Total 212 100,0%
Fonte: dados da pesquisa.
Tabela 7 - Cidade de residência dos entrevistados
Fonte: dados da pesquisa
No que se refere à carreira atual (Tab. 8), existe predominância de respondentes na
carreira técnica, o que pode ser explicado pelo fato de as posições gerenciais serem
limitadas em função da estrutura organizacional, conforme consta em documentos da
empresa sobre carreira e sucessão.
Tabela 8 - Carreira atual dos entrevistados
Frequência Percentual
Carreira gerencial 88 41,5%
Carreira técnica 124 58,5%
Total 212 100,0%
Fonte: dados da pesquisa.
Frequência Percentual
Cidade-sede da empresa 99 46,7%
Belo Horizonte 69 32,5%
Cidade entorno da sede 1 33 15,6%
Cidade entorno da sede 2 4 1,9%
Nova Lima 2 0,9%
Vitória-ES 2 0,9%
Itabirito 1 0,5%
Mateus Leme 1 0,5%
Ouro Preto 1 0,5%
Total 212 100,0%
68
Para a pesquisa buscou-se informação de dois públicos. O “público A”, que é
reconhecido pela empresa como talento, e o público B, como os performers.
Tabela 9 - Público da pesquisa
Frequência Percentual
Público A 94 44,3%
Público B 118 55,7%
Total 212 100,0%
Fonte: dados da pesquisa.
Em relação ao percentual de respondentes por geração (Tab. 10), houve
predominância de pessoas da geração X com 61,8% e relativo equilíbrio entre as gerações
baby boomers e Y. Esse resultado corresponde ao achado de Scafone et al. (2011) de que
atualmente a geração X ocupa a maior parte dos cargos executivos do topo organizacional.
Tabela 10 – Geração dos entrevistados
Frequência Percentual
Baby Boomers (1946 a 1960) 44 20,8%
Geração X (1961 a 1980) 131 61,8%
Geração Y (1981 a 2000) 37 17,5%
Total 212 100,0%
Fonte: dados da pesquisa.
4.2.2 Validação do modelo modelagem de equações estruturais
A validação do questionário se deu com base na modelagem de equações estruturais
que se inicia com o modelo a ser estimado. É uma proposição estatística das relações entre
as variáveis. Trata-se de um caminho hipotético de relações lineares entre um conjunto de
variáveis. É composto por dois componentes: o modelo de mensuração e o modelo
estrutural. O modelo de mensuração é o componente do modelo geral que contém as
variáveis latentes. As variáveis latentes não são observáveis e são geradas pelas
covariâncias entre dois ou mais indicadores. Geralmente são chamadas de fatores ou
construtos e são de fato equivalentes aos fatores comuns da análise fatorial exploratória e
definidas a partir de um conjunto de indicadores. O modelo estrutural é o componente do
modelo geral, que prescreve as relações entre variáveis latentes e observadas, que não são
indicadoras das variáveis latentes (Hair et al., 2009).
Para tanto, utilizou-se o método Partial Least Squares (PLS), o qual não exige
normalidade multivariada das variáveis e consegue trabalhar com um tamanho de amostra
69
mais reduzido, além de se adequar melhor a estudos exploratórios que o método utilizado
pelo Linear Structural Relations (LISREL) (Chin, 1998). O software utilizado foi o
SmartPLS 2.0 M3. Foram ajustados três modelos: avaliação dos fatores de retenção na
empresa, avaliação dos fatores organizacionais como influentes na permanência e, por
último, a avaliação dos fatores organizacionais como influentes na saída.
4.2.2.1 Validação para fatores influentes na retenção
O modelo foi inserido no SmartPLS 2.0 tal qual foi concebido na argumentação
teórica. Ao ajustar o modelo, são encontrados coeficientes para cada uma das relações
propostas nas setas. Tais coeficientes constituem cargas fatoriais e são números que variam
de -1 a 1.
Figura 2 - Modelo ajustado completo para fatores de retenção
Fonte: resultados da pesquisa gerado através do software SMART PLS
70
Cargas fatoriais baixas indicam baixo relacionamento entre os indicadores
(questões) e as variáveis latentes (fatores). Avaliar a magnitude das cargas em relação ao
respectivo fator significa verificar se a carga fatorial apresenta patamares acima de 0,5.
Nesse sentido, os itens q1.10, q1.15, q1.22, q1.24 apresentaram baixa carga fatorial
(valores abaixo de 0,5), conforme pode ser observado na Figura 2. As questões q1.15 e
q1.22 possuem um fraseamento com sentido contrário aos demais itens, de tal forma que
notas mais altas indicam resultado mais negativo, o que pode explicar a baixa carga
fatorial. Ao final, os quatro itens foram eliminados do modelo. Ele foi reestimado e é
apresentado na Figura 3.
Figura 3 - Modelo ajustado sem itens com baixa carga fatorial para fatores
de retenção
Fonte: resultados da pesquisa gerado através do software SMART PLS
A seguir, procedeu-se à avaliação do modelo quanto à validade convergente. Tal
avaliação é realizada com base na Average Variance Extracted (AVE). Tais valores,
segundo Chin (1998), devem possuir valor mínimo de 0,5. Como pode ser visto na Tabela
11, todos os fatores apresentaram valores acima desse patamar.
71
Tabela 11 - Descrição do modelo ajustado para fatores de retenção
AVE
Confiabilidade
Composta
R
Square
Alfa de
Cronbach
Carreira 0,572 0,869 0,742 0,809
Ambiente organizacional 0,509 0,838 0,722 0,759
Capacitação e
Desenvolvimento 0,756 0,861 0,588 0,678
Condições de Trabalho 0,524 0,810 0,442 0,682
Configuração do Trabalho 0,507 0,804 0,564 0,675
Gestão do Líder 0,724 0,887 0,596 0,809
Remuneração e Benefícios 0,597 0,816 0,560 0,664
Fonte: dados da pesquisa.
A avaliação da confiabilidade do construto, de acordo com Chin (1998), indica que
a mesma deve ser feita prioritariamente segundo a confiabilidade composta e que tal valor
deve ser superior a 0,7. Conforme apresentado na Tabela 11, todos os fatores atingiram
patamares superiores a 0,7 na confiabilidade composta.
Em relação à validade discriminante, foram avaliadas as cargas cruzadas dos itens
com fatores. Para tanto, cada item deve possuir carga mais alta no construto ao qual
pertence do que em qualquer outro, atestando, assim, a validade discriminante, como pode
ser observado na Tabela 12.
72
Tabel 12 - Cargas cruzadas para fatores de retenção
Item do
Questionário
Ambiente
Organizacional
Configuração
do Trabalho
Condições
de
Trabalho
Gestão
do
Líder Carreira
Remuneração
e Benefícios
Capacitação e
Desenvolvimento
q1.1 0,693 0,414 0,249 0,261 0,412 0,323 0,280
q1.2 0,747 0,553 0,432 0,490 0,501 0,400 0,444
q1.3 0,715 0,562 0,286 0,420 0,453 0,369 0,396
q1.4 0,751 0,433 0,490 0,430 0,553 0,422 0,521
q1.5 0,657 0,321 0,370 0,286 0,474 0,428 0,386
q1.6 0,348 0,701 0,336 0,382 0,261 0,267 0,293
q1.7 0,477 0,779 0,276 0,390 0,466 0,354 0,404
q1.8 0,551 0,697 0,264 0,410 0,414 0,250 0,431
q1.9 0,443 0,667 0,284 0,311 0,402 0,344 0,402
q1.11 0,424 0,305 0,758 0,358 0,334 0,386 0,414
q1.12 0,452 0,296 0,757 0,359 0,336 0,347 0,321
q1.13 0,407 0,321 0,839 0,324 0,284 0,322 0,304
q1.14 0,176 0,239 0,496 0,305 0,298 0,229 0,263
q1.16 0,499 0,448 0,425 0,870 0,534 0,427 0,566
q1.17 0,385 0,415 0,377 0,883 0,452 0,408 0,454
q1.18 0,486 0,473 0,383 0,798 0,514 0,442 0,476
q1.19 0,554 0,461 0,321 0,512 0,811 0,523 0,514
q1.20 0,456 0,369 0,351 0,440 0,766 0,538 0,445
q1.21 0,531 0,430 0,343 0,457 0,795 0,545 0,516
q1.23 0,487 0,425 0,280 0,511 0,791 0,547 0,464
q1.25 0,530 0,391 0,346 0,287 0,601 0,357 0,335
q1.26 0,441 0,369 0,387 0,487 0,557 0,805 0,385
q1.27 0,459 0,338 0,414 0,407 0,518 0,783 0,453
q1.28 0,355 0,275 0,222 0,239 0,469 0,728 0,360
q1.29 0,472 0,460 0,400 0,489 0,529 0,419 0,862
q1.30 0,532 0,482 0,391 0,534 0,527 0,481 0,877
Fonte: dados da pesquisa.
Os autores Fornell e Larcker (1981 apud Chin, 1998) indicam uma forma de avaliar
a validade discriminante para as variáveis latentes. Nesse método, são obtidas as raízes
quadradas das AVEs e seus valores são comparados com as correlações entre os diversos
construtos. Quando a AVE é superior às correlações, pode-se afirmar que existe a validade
discriminante. Por questão de inteligibilidade, os resultados obtidos para a raiz quadrada da
AVE foram colocados na diagonal principal da matriz de correlação e assinalados em
negrito. A verificação a ser realizada então é entre a AVE e as correlações na mesma linha
e na mesma coluna. Os resultados da Tabela 13 atestam a existência de validade
discriminante para todos os construtos.
73
Tabela 13 - Cargas cruzadas das variáveis latentes para fatores de retenção
Carreira
Ambiente
organizacional
Capacitação e
Desenvolvimento
Condições
de
Trabalho
Configuração
do Trabalho
Gestão
do
Líder
Remuneração
e Benefícios
Carreira 0,756
Ambiente
organizacional 0,675 0,713
Capacitação e
Desenvolvimento 0,607 0,578 0,870
Condições de
Trabalho 0,431 0,522 0,455 0,724
Configuração do
Trabalho 0,550 0,645 0,542 0,404 0,712
Gestão do Líder 0,590 0,540 0,589 0,466 0,525 0,851
Remuneração e
Benefícios 0,669 0,546 0,519 0,451 0,428 0,501 0,773
Fonte: dados da pesquisa.
Para verificar se os coeficientes encontrados são significativos no nível de 5% de
significância, foi utilizado o método bootstrap fundamentado em Efron and Tibshirani
(1993). Os valores apresentados no modelo referem-se à estatística t do teste para avaliar a
significância do coeficiente encontrado. Valores t acima de 1,96 indicam que os
coeficientes são significativos no nível de 5% de significância (Fig. 4).
Figura 4 - Modelo ajustado (estatísticas t) para fatores de retenção
Fonte: resultados da pesquisa gerado através do software SMART PLS
74
Com isso, o modelo proposto teoricamente para os fatores de retenção na empresa
se comprovou no estudo realizado.
Serão apresentadas a seguir as validações dos modelos para os fatores de influência
na permanência e para a saída. Destaca-se que para os dois modelos foram utilizados os
itens que fizeram parte do modelo final dos fatores de retenção na empresa (Fig. 4).
4.2.2.2 Validação para fatores influentes na permanência
Os itens foram dispostos de forma similar ao modelo dos fatores de retenção na
empresa, detalhados no subitem 4.2.2.1.
Figura 5 - Modelo ajustado para fatores de influência na permanência
Fonte: resultados da pesquisa gerado através do software SMART PLS
A seguir, procedeu-se à avaliação do modelo quanto à validade convergente. Como
pode ser observado, apenas o fator ambiente organizacional apresentou AVE inferior a 0,5
(Tab. 14). Todavia, pelo patamar apresentado (0,456), optou-se por permanecer com o
mesmo no modelo.
75
Tabela 14 - Descrição do modelo ajustado para fatores de influência na permanência
AVE
Confiabilidade
Composta R Square
Alfa de
Cronbach
Carreira 0,518 0,838 0,639 0,754
Ambiente Organizacional 0,457 0,805 0,528 0,701
Capacitação e Desenvolvimento 0,794 0,885 0,537 0,742
Condições de Trabalho 0,533 0,819 0,256 0,707
Configuração do Trabalho 0,509 0,805 0,550 0,677
Gestão do Líder 0,715 0,882 0,535 0,798
Remuneração e Benefícios 0,695 0,872 0,315 0,781
Fonte: dados da pesquisa.
Em relação à avaliação da confiabilidade, todos apresentaram confiabilidade
composta superior a 0,7 (Tab. 14). Todos os itens possuem carga mais alta no construto ao
qual pertencem, atestando, assim, a validade discriminante, como se verifica na Tabela 15.
Tabela 15 - Cargas cruzadas para fatores de influência na permanência
Item do
questionário
Ambiente
organizacional
Configuração
do Trabalho
Condições
de
Trabalho
Gestão
do
Líder Carreira
Remuneração
e Benefícios
Capacitação e
Desenvolvimento
q35.1 0,525 0,173 0,148 0,165 0,222 0,114 0,173
q35.2 0,614 0,367 0,247 0,222 0,186 0,063 0,226
q35.3 0,724 0,447 0,153 0,348 0,343 0,164 0,364
q35.4 0,771 0,418 0,324 0,319 0,368 0,197 0,367
q35.5 0,716 0,417 0,161 0,375 0,386 0,179 0,273
q35.6 0,358 0,622 0,170 0,316 0,255 0,224 0,308
q35.7 0,313 0,726 0,222 0,354 0,247 0,158 0,487
q35.8 0,497 0,780 0,273 0,372 0,390 0,274 0,450
q35.9 0,399 0,716 0,256 0,238 0,232 0,079 0,372
q35.11 0,259 0,227 0,719 0,234 0,195 0,154 0,164
q35.12 0,218 0,226 0,721 0,131 0,172 0,008 0,177
q35.13 0,290 0,285 0,829 0,251 0,232 0,190 0,273
q35.14 0,107 0,205 0,640 0,143 0,230 0,136 0,215
q35.16 0,329 0,330 0,242 0,861 0,474 0,234 0,364
q35.17 0,403 0,438 0,224 0,891 0,489 0,225 0,393
q35.18 0,376 0,375 0,214 0,779 0,455 0,222 0,372
q35.19 0,429 0,379 0,225 0,508 0,845 0,450 0,462
q35.20 0,295 0,262 0,289 0,283 0,718 0,251 0,286
q35.21 0,306 0,305 0,182 0,447 0,729 0,339 0,391
q35.23 0,320 0,290 0,119 0,440 0,786 0,353 0,376
q35.25 0,280 0,175 0,233 0,289 0,456 0,361 0,184
q35.26 0,169 0,157 0,104 0,237 0,390 0,815 0,278
q35.27 0,234 0,275 0,159 0,226 0,425 0,852 0,406
q35.28 0,140 0,221 0,174 0,209 0,410 0,833 0,314
q35.29 0,412 0,489 0,287 0,416 0,502 0,432 0,907
q35.30 0,348 0,533 0,221 0,376 0,361 0,277 0,874
Fonte: dados da pesquisa.
76
As raízes quadradas das AVEs (diagonal principal da Tab. 16) são todas superiores
às correlações, podendo-se afirmar que existe a validade discriminante.
Tabela 16 - Cargas cruzadas das variáveis latentes para fatores de influência na
permanência
Carreira
Ambiente
organizacional
Capacitação e
Desenvolvimento
Condições de
Trabalho
Configuração
do Trabalho
Gestão
do Líder
Remuneração
e Benefícios
Carreira 0,719
Ambiente
organizacional 0,459 0,676
Capacitação e
Desenvolvimento 0,489 0,429 0,891
Condições de
Trabalho 0,284 0,308 0,287 0,730
Configuração do
Trabalho 0,403 0,556 0,571 0,326 0,713
Gestão do Líder 0,560 0,438 0,446 0,268 0,453 0,845
Remuneração e
Benefícios 0,490 0,220 0,404 0,176 0,265 0,268 0,834
Fonte: dados da pesquisa.
Para verificar se os coeficientes encontrados são significativos no nível de 5% de
significância, foi utilizado o método bootstrap. Os valores apresentados no modelo
referem-se à estatística t do teste para avaliar a significância do coeficiente encontrado.
Valores t acima de 1,96 indicam que os coeficientes são significativos no nível de 5% de
significância (Fig. 6).
77
Figura 6 - Modelo ajustado (estatísticas t) para fatores de influência na permanência
Fonte: resultados da pesquisa gerado através do software SMART PLS
Com isso, o modelo proposto teoricamente se comprovou no estudo realizado.
4.2.2.3 Validação para fatores influentes na saída
Os itens foram dispostos de forma similar ao modelo dos fatores de retenção na
empresa, detalhados no subitem 4.2.2.1.
78
Figura 7 - Modelo ajustado para fatores de influência na saída
Fonte: resultados da pesquisa gerado através do software SMART PLS
Posteriormente, fez-se a avaliação do modelo quanto à validade convergente. Como
pode ser observado, todos os construtos apresentaram AVE superior ao patamar de 0,5,
com a validade convergente.
Tabela 17 - Descrição do modelo ajustado para fatores de influência na saída
AVE
Confiabilidade
Composta R Square
Alfa de
Cronbach
Carreira 0,523 0,840 0,644 0,756
Ambiente organizacional 0,521 0,844 0,657 0,769
Capacitação e Desenvolvimento 0,827 0,905 0,632 0,792
Condições de Trabalho 0,555 0,833 0,219 0,733
Configuração do Trabalho 0,569 0,841 0,567 0,749
Gestão do Líder 0,786 0,917 0,609 0,863
Remuneração e Benefícios 0,691 0,870 0,453 0,776
Fonte: dados da pesquisa.
Quanto à avaliação da confiabilidade do construto, Chin (1998) indica que a mesma
deve ser investigada prioritariamente segundo a confiabilidade composta e que tal valor
79
deve ser superior a 0,7. Como mostrado na Tabela 17, todos os construtos atingiram
patamares superiores a 0,7.
No tocante à avaliação da confiabilidade, todos apresentaram confiabilidade
composta superior a 0,7 (Tab. 17). Todos os itens possuem carga mais alta no construto ao
qual pertencem, atestando, assim, a validade discriminante, como se constata na Tabela 18.
Tabela 18 - Cargas cruzadas para fatores de influência na saída
Item do
questionário
Ambiente
organizacional
Configuração
do Trabalho
Condições
de
Trabalho
Gestão
do
Líder Carreira
Remuneração
e Benefícios
Capacitação e
Desenvolvimento
q120.1 0,666 0,379 0,166 0,266 0,362 0,293 0,376
q120..2 0,748 0,574 0,176 0,388 0,336 0,291 0,434
q120.3 0,756 0,610 0,213 0,402 0,379 0,240 0,486
q120.4 0,727 0,459 0,240 0,369 0,482 0,291 0,429
q120.5 0,706 0,515 0,134 0,375 0,356 0,283 0,470
q120.6 0,487 0,736 0,300 0,216 0,241 0,217 0,343
q120.7 0,455 0,723 0,188 0,335 0,288 0,295 0,395
q120.8 0,585 0,761 0,259 0,386 0,427 0,328 0,398
q120.9 0,593 0,797 0,295 0,334 0,366 0,262 0,407
q120.11 0,158 0,260 0,742 0,283 0,190 0,178 0,187
q120.12 0,247 0,351 0,805 0,284 0,215 0,179 0,216
q120.13 0,230 0,180 0,715 0,276 0,180 0,077 0,220
q120.14 0,125 0,219 0,715 0,189 0,173 0,169 0,229
q120.16 0,468 0,405 0,344 0,908 0,548 0,411 0,557
q120.17 0,409 0,361 0,287 0,910 0,561 0,357 0,541
q120.18 0,459 0,368 0,295 0,841 0,533 0,385 0,529
q120.19 0,484 0,351 0,162 0,588 0,835 0,503 0,500
q120.20 0,340 0,326 0,205 0,352 0,713 0,296 0,321
q120.21 0,303 0,289 0,100 0,385 0,695 0,341 0,377
q120.23 0,464 0,411 0,185 0,483 0,854 0,538 0,472
q120.25 0,280 0,200 0,312 0,386 0,445 0,348 0,264
q120.26 0,265 0,287 0,172 0,332 0,427 0,813 0,409
q120.27 0,341 0,365 0,177 0,388 0,509 0,858 0,495
q120.28 0,351 0,260 0,160 0,358 0,491 0,821 0,441
q120.29 0,547 0,479 0,329 0,606 0,524 0,567 0,920
q120.30 0,564 0,453 0,179 0,502 0,472 0,409 0,898
Fonte: dados da pesquisa.
Fornell e Larcker (1981 apud Chin, 1998) sugerem uma forma de analisar a
validade discriminante para as variáveis latentes. Nesse método, são obtidas as raízes
quadradas das AVEs e seus valores são comparados às correlações entre os diversos
construtos. Quando a AVE é superior às correlações, pode-se afirmar que existe a validade
discriminante. Por questão de inteligibilidade, os resultados obtidos para a raiz quadrada da
AVE foram colocados na diagonal principal da matriz de correlação (assinaladas em
80
negrito). A verificação a ser realizada então é entre a AVE e as correlações na mesma linha
e na mesma coluna. Os resultados da Tabela 19 atestam a existência de validade
discriminante para todos os construtos.
Tabela 19 - Cargas cruzadas das variáveis latentes para fatores de influência na saída
Carreira
Ambiente
organizacional
Capacitação e
Desenvolvimento
Condições
de
Trabalho
Configuração
do Trabalho
Gestão
do
Líder
Remuneração
e Benefícios
Carreira 0,723
Ambiente
organizacional 0,531 0,722
Capacitação e Desenvolvimento
0,549 0,610 0,909
Condições de
Trabalho 0,256 0,259 0,284 0,745
Configuração do Trabalho
0,446 0,708 0,513 0,345 0,755
Gestão do Líder 0,618 0,503 0,612 0,349 0,427 0,887
Remuneração e
Benefícios 0,574 0,386 0,542 0,204 0,368 0,434 0,831
Fonte: dados da pesquisa.
Para verificar se os coeficientes encontrados são significativos no nível de 5% de
significância, foi utilizado o método bootstrap. Os valores apresentados no modelo dizem
respeito à estatística t do teste para avaliar a significância do coeficiente encontrado.
Valores t acima de 1,96 indicam que os coeficientes são significativos no nível de 5% de
significância (Fig. 8).
81
Figura 8 - Modelo ajustado (estatísticas t) para fatores de influência na saída
Fonte: resultados da pesquisa gerado através do software SMART PLS
Com isso, o modelo proposto teoricamente se comprovou no estudo realizado.
4.2.3 Avaliação comparativa dos fatores entre os públicos A e B
Para avaliação de existência de diferença significativa nas médias dos fatores entre
os públicos A e B, foi realizado o teste t de Student de comparação de médias. Valores da
estatística teste abaixo de 0,05 indicaram a existência de diferença significativa entre os
dois grupos no nível de 95% de confiança. As hipóteses relacionadas ao teste são:
H0: as médias dos públicos A e B são iguais;
Ha: as médias dos públicos A e B são diferentes.
Como pode ser verificado nas tabelas, não existe diferença nas médias (os valores p
são superiores a 0,05) dos fatores entre os públicos A e B. Dessa forma, optou-se por usar
toda a amostra composta de 94 respondentes do público A e 118 do público B.
82
Tabela 20 - Comparação do público A e B: dimensão retenção
Média
Público A Público B Valor p
Retenção - Carreira 3,49 3,48 0,96
Retenção - Ambiente Organizacional 4,18 4,22 0,57
Retenção - Capacitação e Desenvolvimento 3,90 3,84 0,59
Retenção - Condições de Trabalho 4,06 4,14 0,46
Retenção - Configuração do Trabalho 3,96 4,05 0,29
Retenção - Gestão do Líder 4,04 3,92 0,29
Retenção - Remuneração e Benefícios 3,60 3,51 0,42
Fonte: dados da pesquisa.
Tabela 21 - Comparação do público A e B: dimensão permanência
Média
Público A Público B Valor p
Permanência - Carreira 4,28 4,40 0,11
Permanência - Ambiente Organizacional 4,43 4,48 0,42
Permanência - Capacitação e Desenvolvimento 4,14 4,40 0,07
Permanência - Condições de Trabalho 4,27 4,33 0,52
Permanência - Configuração do Trabalho 4,27 4,37 0,14
Permanência - Gestão do Líder 4,20 4,35 0,10
Permanência - Remuneração e Benefícios 4,30 4,36 0,48
Fonte: dados da pesquisa.
Tabela 22 - Comparação do público A e B: dimensão saída
Média
Público A Público B Valor p
Saída - Carreira 4,09 4,00 0,31
Saída - Ambiente Organizacional 4,21 4,17 0,62
Saída - Capacitação e Desenvolvimento 3,84 3,95 0,31
Saída - Condições de Trabalho 3,75 3,75 0,94
Saída - Configuração do Trabalho 4,02 3,97 0,57
Saída - Gestão do Líder 3,88 3,93 0,63
Saída - Remuneração e Benefícios 4,19 4,14 0,56
Fonte: dados da pesquisa.
4.2.4 Estatística descritiva dos dados
Uma estimação pontual não leva em consideração o erro amostral nem o desvio-
padrão associado à distribuição de probabilidade, por esse motivo trabalha-se com o
intervalo de confiança. Intervalos de confiança estão associados a um grau de confiança,
83
que é uma medida da certeza de que o intervalo contém o verdadeiro valor do parâmetro
populacional. Neste estudo de análise descritiva utilizou-se o intervalo de confiança de
95%.
A interpretação do intervalo de confiança para a média no caso dos itens avaliados
se dá conforme apresentado na Tabela 23.
Tabela 23 - Avaliação do intervalo de confiança
Limite Conclusão
Limite superior abaixo de 3 Discordância
O valor 3 está contido no intervalo Neutralidade
Limite inferior acima de 3 Concordância
Fonte: elaborada pela autora.
As Tabelas 24, 25 e 26 demonstram a estatística descritiva das respostas do
questionário referentes à percepção dos respondentes sobre a empresa e o impacto das
variáveis na permanência ou saída da empresa.
Os dados da Tabela 24 referem-se à percepção dos respondentes sobre a empresa
no tocante às variáveis de retenção. Quase a totalidade dos resultados teve o limite inferior
superior a três, que indica concordância com as afirmações, o que permite considerar a
existência de ações pela empresa que contribuam na retenção. Somente na questão 20,
quando o limite inferior foi um pouco abaixo de três, indicou alguma neutralidade, ou seja,
os respondentes não concordam e também não discordam.
Analisando a média alcançada de cada variável em relação à retenção, percebe-se
que as duas com os valores mais altos na escala de importância pela visão dos empregados
foram: a existência de imagem de credibilidade e respeito da empresa (questão 5) e ser
tratado com respeito (questão 1). Com resultados mais baixos, mas mesmo assim no
patamar de concordância ou neutralidade, ficaram: a carreira técnica e gerencial são
igualmente valorizadas pela empresa (questão 20) e tendo em vista o cargo que ocupo e as
responsabilidades que tenho, meu salário é adequado (questão 26).
84
Tabela 24 - Estatística descritiva dos itens: fatores de influência na retenção
Item do
questionário Descrição
Intervalo de Confiança 95%
Desvio-
Padrão
Limite
Inferior Média
Limite
Superior
q1.1 Sou tratado na empresa com respeito. 4,39 4,48 4,56 0,60
q1.2 Sinto-me à vontade para dizer o que sinto e penso sobre o
trabalho.
3,84 3,95 4,05 0,79
q1.3 Existe um ambiente de aprendizado com troca de
conhecimentos e melhores práticas.
3,78 3,89 4,01 0,85
q1.4 Sinto que na empresa existe um clima adequado à
realização do trabalho e à convivência sadia.
3,81 3,92 4,04 0,86
q1.5 A empresa tem imagem de credibilidade e respeito. 4,51 4,59 4,67 0,59
q1.6 Tenho autonomia para tomar as decisões necessárias para o
cumprimento das minhas responsabilidades.
3,93 4,05 4,16 0,84
q1.7 Tenho oportunidades de realizar um trabalho desafiador e
interessante.
4,13 4,24 4,34 0,75
q1.8 Existe cooperação e trabalho de equipe na busca por
resultados.
3,77 3,88 3,98 0,79
q1.9 A comunicação existente na empresa atende à minha necessidade de informação.
3,67 3,80 3,93 0,94
q1.11 O meu trabalho permite conciliar minha vida pessoal com
a profissional.
3,65 3,80 3,94 1,08
q1.12 A empresa/ gestor permite flexibilidade no meu horário de
trabalho quando necessito.
4,28 4,39 4,50 0,83
q1.13 A pressão que recebo para realizar meu trabalho é
adequada às minhas responsabilidades.
4,01 4,12 4,24 0,85
q1.14 O tempo gasto com o deslocamento de minha residência
para o trabalho é adequado.
3,75 3,93 4,11 1,33
q1.16 Meu gestor me estimula e proporciona oportunidades para meu desenvolvimento profissional.
3,82 3,95 4,09 1,02
q1.17 Meu gestor conversa comigo sobre meus pontos fortes, o
que devo melhorar e minhas possibilidades de carreira.
3,84 3,97 4,10 0,95
q1.18 Sinto-me reconhecido quando realizo um bom trabalho. 3,88 4,00 4,12 0,90
q1.19 A empresa tem políticas, critérios de promoção e definição de trilhas de carreira.
3,59 3,74 3,88 1,07
q1.20 A carreira técnica e gerencial é igualmente valorizada pela
empresa.
2,74 2,91 3,08 1,25
q1.21 Vejo oportunidades de crescimento profissional na
empresa.
3,66 3,81 3,96 1,09
q1.23 Os critérios da empresa para promoção são meritocráticos
e transparentes.
3,24 3,39 3,53 1,06
q1.25 Sinto que a empresa proporciona um clima de estabilidade
e garantia de emprego.
3,35 3,49 3,63 1,03
q1.26 Considerando o cargo que ocupo e as responsabilidades
que tenho, meu salário é adequado.
3,04 3,20 3,35 1,16
q1.27 A remuneração por resultados me estimula a buscar o
atendimento e superação das metas pactuadas.
3,40 3,57 3,73 1,21
q1.28 Os benefícios oferecidos pela empresa atendem às minhas
necessidades.
3,73 3,86 4,00 0,99
q1.29 Os treinamentos e as ações de desenvolvimento
proporcionadas pela empresa atendem às minhas
necessidades.
3,37 3,51 3,66 1,08
q1.30 O trabalho que realizo na empresa me estimula a buscar
aperfeiçoamento para meu desenvolvimento profissional.
4,03 4,15 4,26 0,87
Fonte: dados da pesquisa.
85
No que se refere à motivação para permanência na empresa, os dados apresentados
na Tabela 25 traduzem que todas as variáveis pesquisadas têm alta importância, por
apresentarem limite inferior superior a 3. Destaca-se, pela média dos resultados, como as
três variáveis mais importantes para que o empregado permaneça: ser tratado com respeito
(questão 1), poder conciliar minha vida pessoal com a profissional (questão 11) e ter
oportunidades de crescimento profissional na empresa (questão 21). É importante ressaltar
o fato de os resultados serem próximos. Essas variáveis que obtiveram as mais altas médias
são citadas, entre outras, por Manion (2009) e Amaral (2004), como altamente influentes
na decisão de permanência em uma empresa e que as pessoas, independentemente da
geração, estão buscando mais equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. A variável com
média mais baixa, mas ainda no patamar de concordância, foi o tempo gasto no
deslocamento da residência para o trabalho e do trabalho para a residência (questão 14).
Nas entrevistas com alguns profissionais do público desta pesquisa, o aspecto tempo gasto
no deslocamento da residência para o trabalho foi enfatizado como negativo pelos que
moram distante da usina e como impactante na saída de jovens que entraram na empresa
como trainee.
86
Tabela 25 - Estatística descritiva dos itens: fatores de influência na permanência na
empresa
Item do
questionário Descrição
Intervalo de confiança 95%
Desvio-
Padrão
Limite
Inferior Média
Limite
Superior
q2.1 Ser tratado com respeito. 4,73 4,79 4,85 0,45
q2.2 Sentir-me à vontade para dizer o que sinto e penso sobre o
trabalho.
4,34 4,42 4,51 0,60
q2.3 Ter ambiente de aprendizado com troca de conhecimentos
e melhores práticas.
4,07 4,17 4,28 0,77
q2.4 Existir um clima adequado à realização do trabalho e à
convivência sadia.
4,51 4,59 4,67 0,58
q2.5 Ter a empresa imagem de credibilidade e respeito. 3,99 4,11 4,23 0,90
q2.6 Ter autonomia para tomar as decisões necessárias para o
cumprimento das minhas responsabilidades.
4,35 4,44 4,53 0,66
q2.7 Poder realizar um trabalho desafiador e interessante. 4,42 4,50 4,58 0,59
q2.8 Existir cooperação e trabalho de equipe na busca por
resultados.
4,12 4,21 4,31 0,71
q2.9 Ter acesso a informações gerais da empresa e as
relacionadas ao meu trabalho.
4,01 4,11 4,21 0,73
q2.11 Poder conciliar minha vida pessoal com a profissional. 4,61 4,69 4,77 0,61
q2.12 Ter flexibilidade no meu horário de trabalho quando
necessito.
4,11 4,23 4,35 0,89
q2.13 Existir equilíbrio entre o volume de trabalho, minha carga
horária de trabalho e tempo para entrega.
4,16 4,27 4,39 0,83
q2.14 O tempo gasto no deslocamento de minha residência para o
trabalho e do trabalho para minha residência.
3,56 3,71 3,85 1,06
q2.16 Receber do meu gestor estímulo e oportunidades para meu desenvolvimento profissional.
4,17 4,27 4,38 0,76
q2.17 Receber feedback do meu gestor sobre meus pontos fortes,
o que devo melhorar e orientação sobre minhas
possibilidades de carreira.
4,18 4,29 4,39 0,77
q2.18 Ser reconhecido quando realizo um bom trabalho. 4,19 4,29 4,39 0,73
q2.19 A empresa ter políticas, critérios de promoção e definição
de trilhas de carreira.
4,26 4,36 4,46 0,74
q2.20 Ser possível escolher e fazer uma carreira técnica ou
gerencial na empresa com mesmo tratamento.
3,99 4,12 4,25 0,96
q2.21 Ter oportunidades de crescimento profissional na empresa. 4,54 4,62 4,69 0,54
q2.23 Os critérios para promoção. 4,27 4,36 4,46 0,68
q2.25 Estabilidade e garantia de emprego. 3,63 3,79 3,94 1,13
q2.26 O salário que recebo considerando o cargo que ocupo e as responsabilidades que tenho.
4,32 4,41 4,50 0,68
q2.27 A remuneração por resultados praticada pela empresa. 4,13 4,25 4,37 0,88
q2.28 Os benefícios oferecidos pela empresa. 4,23 4,33 4,42 0,70
q2.29 Ter oportunidades de participar de treinamentos e ações
para meu desenvolvimento.
4,01 4,12 4,23 0,79
q2.30 Poder realizar um trabalho que me proporciona
oportunidade de aperfeiçoamento e desenvolvimento
profissional.
4,36 4,44 4,53 0,64
Fonte: dados da pesquisa.
87
Solicitados a opinar sobre o que os levaria a sair da empresa (Tab. 26), os
empregados também atribuíram importância a todas as variáveis. Pela média dos
resultados, as três variáveis de mais impacto para uma possível decisão de saída da
empresa foram: não ser tratado com respeito (questão 1), não visualizar oportunidades de
crescimento profissional na empresa (questão 21) e clima inadequado à realização do
trabalho e à convivência sadia (questão 4). No outro extremo das médias mais baixas das
variáveis de saída, mas ainda no limite de concordância que pode impactar na saída,
encontram-se: trabalhar sob pressão para entrega de resultados (questão 13), o tempo gasto
no deslocamento da residência para o trabalho e do trabalho para a residência (questão 14)
e não existir clima de estabilidade e garantia de emprego.
88
Tabela 26 - Estatística descritiva dos itens: fatores de influência na saída da empresa
Item do
questionário Descrição
Intervalo de confiança 95%
Desvio-
Padrão
Limite
Inferior Média
Limite
Superior
q3.1 Não ser tratado com respeito. 4,61 4,70 4,78 0,63
q3.2 Não me sentir à vontade para dizer o que sinto e penso
sobre o trabalho.
4,03 4,14 4,24 0,78
q3.3 Inexistência de ambiente de aprendizado com troca de
conhecimentos e melhores práticas.
3,60 3,72 3,83 0,86
q3.4 Clima inadequado à realização do trabalho e à
convivência sadia.
4,28 4,38 4,47 0,69
q3.5 A empresa não ter imagem de credibilidade e respeito. 3,71 3,83 3,96 0,94
q3.6 Não ter autonomia para tomar as decisões necessárias
para o cumprimento das minhas responsabilidades.
4,00 4,11 4,22 0,80
q3.7 Não poder realizar um trabalho desafiador e
interessante.
4,05 4,16 4,26 0,78
q3.8 Não existir cooperação e trabalho de equipe na busca
por resultados.
3,81 3,92 4,03 0,79
q3.9 Não ter acesso a informações gerais da empresa e àquelas relacionadas ao meu trabalho.
3,65 3,77 3,89 0,86
q3.11 Dificuldade para conciliar minha vida pessoal com a
profissional.
4,25 4,36 4,47 0,81
q3.12 Não ter flexibilidade no meu horário de trabalho
quando necessito.
3,73 3,87 4,00 0,99
q3.13 Trabalhar sob pressão para entrega de resultados. 3,04 3,19 3,34 1,09
q3.14 O tempo gasto com o deslocamento de minha
residência para o trabalho e do trabalho para minha
residência.
3,19 3,33 3,48 1,06
q3.16 Não receber do meu gestor estímulo e oportunidades
para meu desenvolvimento profissional.
3,80 3,92 4,03 0,88
q3.17 Não receber feedback do meu gestor sobre meus
pontos fortes, o que devo melhorar e orientação sobre
minhas possibilidades de carreira.
3,78 3,90 4,02 0,89
q3.18 Não ser reconhecido quando realizo um bom trabalho. 3,78 3,91 4,03 0,91
q3.19 A inexistência de políticas, critérios de promoção e
definição de trilhas de carreira.
3,91 4,03 4,15 0,88
q3.20 Não haver tratamento igualitário para carreira técnica e
gerencial.
3,60 3,74 3,88 1,05
q3.21 Não visualizar oportunidades de crescimento
profissional na empresa.
4,30 4,40 4,50 0,72
q3.23 Os critérios para promoção praticados pela empresa. 3,97 4,08 4,18 0,81
q3.25 Não existir clima de estabilidade e garantia de
emprego.
3,38 3,54 3,70 1,19
q3.26 O salário que recebo considerando o cargo que ocupo e
as responsabilidades que tenho.
4,26 4,35 4,45 0,70
q3.27 A remuneração por resultados praticada pela empresa. 3,91 4,02 4,14 0,87
q3.28 Os benefícios oferecidos pela empresa. 3,96 4,07 4,18 0,81
q3.29 Não ter oportunidades de participar de treinamentos e
ações para meu desenvolvimento.
3,62 3,74 3,86 0,88
q3.30 Meu trabalho não proporcionar oportunidade de aperfeiçoamento e desenvolvimento profissional.
3,95 4,06 4,17 0,83
Fonte: dados da pesquisa.
89
Analisando os resultados referentes à retenção e aos motivos de permanência e de
saída, registra-se que “ser tratado com respeito” (questão 1) aparece com destaque na
média nas três visões, mostrando que os empregados entendem que na empresa são
tratados com respeito, que essa variável é a mais importante para permanecer e que se não
existisse seria a que mais os influenciaria na saída. Nas variáveis que impactam tanto a
permanência quanto a saída, destaca-se “existência ou não de oportunidades de
crescimento profissional” (questão 21) como uma das três mais importantes para decisão
de permanência ou saída. Uma variável com menos impacto nas dimensões permanência
ou saída é “o tempo gasto com deslocamento da residência para o trabalho e do trabalho
para a residência” (questão 14). Analisando os dados do perfil dos respondentes na Tabela
7, 64,2% residem nas três cidades próximas do principal local de trabalho da empresa, o
que pode ter impactado no resultado.
Um ponto que chama a atenção é que, das 26 variáveis, 24 apresentaram média
superior a quatro na percepção dos empregados quanto à existência na empresa dessas
variáveis que influenciam a permanência (Tab. 25). Esse dado pode indicar a existência,
em um patamar bem satisfatório, de fatores de retenção na empresa.
4.2.5 Descrição geral dos fatores
Após a validação dos três modelos, dos fatores e suas dimensões (retenção,
permanência e saída), estes foram operacionalizados a partir dos escores não padronizados
produzidos pelo software SmartPLS 2.0. Tais escores possuem a mesma escala dos dados
originais, ou seja, de 1 a 5. Diante disso, foi também utilizado o intervalo de confiança para
a média dos escores e sua interpretação se deu da forma mostrada na Tabela 23.
As médias encontradas nos fatores e nas variáveis dos três modelos apresentam um
limite inferior do intervalo de confiança superior a três, indicando a existência dos fatores
de retenção na organização, a importância dos mesmos como fatores de permanência e sua
ausência como fatores de saída (Tab. 27, 28 e 29).
Para criar um ranking entre os fatores, foi realizado um teste de hipóteses para
amostras emparelhadas, levando-se em conta que se trata de amostras dependentes (o
mesmo indivíduo possui um índice para cada um dos sete fatores). Nesse teste foram
avaliadas todas as comparações possíveis entre pares de fatores. Para as situações em que
não foram detectadas diferenças significativas entre os pares (valor p superior a 5%), fez-se
uma observação.
90
Na percepção dos respondentes sobre retenção na empresa (Tab. 27), o fator
“ambiente organizacional” foi classificado em primeiro lugar seguido de condições de
trabalho. Essa classificação é confirmada pela estatística descritiva dos dados relativos aos
fatores de influência na retenção (Tab. 24), quando apresentam como destaque a média das
variáveis respeito (questão 1) e imagem da empresa (questão 5), que fazem parte do fator
“ambiente organizacional”, assim como as variáveis flexibilidade do horário de trabalho
(questão 12) e pressão (questão13) relacionadas ao fator “condições de trabalho”.
O fator “carreira” não exibiu diferença significativa do fator “remuneração e
benefícios”, mas estes se situam em um patamar inferior ao dos demais fatores. Nota-se
que na Tabela 24 a questão 20 pertencente ao fator carreira, com a mais baixa média. Os
fatores gestão do líder e configuração do trabalho também não diferem entre si em relação
ao patamar, mas situam-se abaixo de “condições de trabalho” e “ambiente organizacional”,
que são as maiores avaliações.
Tabela 27 - Estatística descritiva dos fatores: influência na retenção
Intervalo de confiança 95% Desvio-
Padrão Ranking
Observações
(quando existe igualdade
entre fatores) Limite
Inferior Média
Limite
Superior
Carreira 3,37 3,49 3,60 0,84 5o = remuneração e benefícios
Remuneração e benefícios 3,43 3,55 3,67 0,86 5 o = carreira
Capacitação/desenvolvimento 3,75 3,87 3,98 0,84 4 o
Gestão do líder 3,86 3,98 4,09 0,82 3 o = configuração do trabalho
Configuração do trabalho 3,93 4,01 4,09 0,59 3 o = gestão do líder
Condições de trabalho 4,01 4,11 4,20 0,71 2 o
Ambiente organizacional 4,13 4,20 4,27 0,52 1 o
Avaliação geral dos fatores 3,84 3,91 3,99 0,55
Fonte: dados da pesquisa.
Para os fatores que influenciam a permanência na empresa, observa-se na Tabela 28
que a única diferença existente de patamar dos fatores está relacionada ao “ambiente
organizacional”, que é maior que os demais, mostrando, portanto, ser esse fator mais
relevante para permanecer na empresa. Quanto aos demais fatores, estes apresentam o
mesmo patamar, o que sinaliza que para os respondentes não existe um fator mais
importante para que permaneçam na empresa, mas sim o conjunto.
91
Tabela 28 - Estatística descritiva dos fatores: influência na permanência
Intervalo de confiança
95% Desvio-
Padrão Ranking
Observações
(quando existe igualdade entre
fatores) Limite
Inferior Média
Limite
Superior
Carreira 4,27 4,35 4,42 0,54 2 o < ambiente organizacional = demais
Capacitação/desenvolvimento 4,20 4,28 4,37 0,64 2 o < ambiente organizacional = demais
Condições de trabalho 4,22 4,30 4,38 0,59 2 o < ambiente organizacional = demais
Configuração do trabalho 4,26 4,32 4,39 0,48 2 o < ambiente organizacional = demais
Gestão do líder 4,20 4,28 4,37 0,64 2 o < ambiente organizacional = demais
Remuneração e benefícios 4,25 4,33 4,42 0,62 2 o < ambiente organizacional = demais
Ambiente organizacional 4,40 4,45 4,51 0,43 1 o > todos os demais
Avaliação geral dos fatores 4,29 4,34 4,40 0,39
Fonte: dados da pesquisa.
Para os fatores influentes na saída (Tab. 29), “ambiente organizacional” e
“remuneração e benefícios” aparecem em primeiro lugar. O fator “condições de trabalho”,
apesar de em um patamar alto (limite inferior superior a três significando concordância,
Tab. 23), é inferior aos demais fatores.
Tabela 29 - Estatística descritiva dos fatores: influência na saída
Intervalo de Confiança 95% Desvio-
Padrão Ranking
Observações
(quando existe igualdade entre
fatores) Limite
Inferior Média
Limite
Superior
Condições de
trabalho
3,65 3,75 3,85 0,73 3 o < demais
Gestão do líder 3,80 3,91 4,01 0,79 2 o = capacitação e desenvolvimento
Capacitação e
desenvolvimento
3,80 3,90 4,01 0,78 2 o = configuração do trabalho e
capacitação e desenvolvimento
Configuração do
trabalho
3,91 3,99 4,07 0,61 2 o = carreira e capacitação e
desenvolvimento
Carreira 3,95 4,04 4,12 0,65 2 o
= configuração do trabalho
Remuneração e
benefícios
4,07 4,16 4,25 0,66 1 o = ambiente organizacional
Ambiente organizacional
4,11 4,19 4,26 0,56 1 o = remuneração e benefícios
Avaliação geral
dos fatores
3,95 4,02 4,08 0,49
Fonte: dados da pesquisa.
Em termos conclusivos, a análise geral dos fatores que impactam na retenção indica
o fator ambiente organizacional como o principal. Ele é o mais percebido na empresa, o
que mais impacta na permanência e a sua falta fará com que os empregados queiram sair
da empresa. Para efeito desta pesquisa, fazem parte desse fator as variáveis respeito,
92
liberdade de expressão, ambiente de aprendizado, clima organizacional e imagem da
empresa.
4.2.6 Descrição dos fatores por grupos etários
Para avaliar a existência de diferença significativa entre os três grupos etários, foi
aplicada a técnica Análise de Variância (ANOVA) para realizar comparações entre todos
os pares possíveis de serem formados dos três grupos (baby boomers, geração X, geração
Y). Como resultado do teste, encontra-se o valor p. Caso exista ao menos um par com uma
diferença significativa, o valor p será inferior a 0,05 (ponto de corte definido pelo autor).
Como existem pontos de corte predeterminados para classificação dos indivíduos
nas categorias etárias definidas para as gerações e como esse ponto de corte arbitrário
poderia interferir na avaliação de relacionamento dos construtos e dimensões com a idade
do indivíduo, foi feita análise da correlação de Pearson.
O índice de correlação de Pearson é uma medida que varia de –1 a 1 e indica o grau
e o sentido do relacionamento linear (caso exista) entre duas variáveis. Valores próximos
de –1 indicam alta correlação negativa; valores próximos de zero, ausência de correlação; e
valores próximos de 1, alta correlação positiva. Foi realizado também um teste de
hipóteses para verificar se tal correlação é significativamente diferente de zero. Como
resposta de tal teste de hipótese, obtém-se o valor p. Valores p inferiores a 0,05 significam
a existência de correlação significativa. As correlações significativas são apresentadas em
negrito.
A seguir é apresentada avaliação dos três modelos ajustados com as estatísticas
descritivas dos fatores e o relacionamento com os grupos etários.
Como se pode constatar na última coluna da Tabela 30, não existe situação em que
exista alguma diferença significativa entre as médias dos três grupos (todos os valores p
são superiores a 0,05). Com isso, pode-se dizer que não existe diferença nas avaliações dos
fatores organizacionais de retenção entre os três grupos.
93
Tabela 30 - Estatísticas descritivas dos fatores por grupos etários: influência na
retenção
Desvio-Padrão Média Teste F
(Valor p) Baby
Boomers Geração X
Geração
Y
Baby
Boomers
Geração
X
Geração
Y
Visão dos fatores de retenção na
empresa
0,48 0,58 0,53 4,02 3,88 3,90 0,379
Carreira 0,69 0,89 0,79 3,61 3,44 3,53 0,512
Ambiente organizacional 0,47 0,55 0,46 4,28 4,18 4,19 0,586
Capacitação e desenvolvimento 0,70 0,89 0,79 4,01 3,86 3,70 0,267
Condições de trabalho 0,53 0,76 0,65 4,32 4,03 4,10 0,070 Configuração do trabalho 0,52 0,62 0,56 4,10 4,01 3,92 0,374
Gestão do líder 0,74 0,88 0,66 4,08 3,92 4,03 0,469
Remuneração e benefícios 0,85 0,87 0,89 3,54 3,54 3,60 0,917
Fonte: dados da pesquisa.
As três correlações encontradas (Tab. 31), apesar de significativas (p<0,05), podem
ser consideradas fracas, pois todos os valores de correlação têm magnitude inferior a 0,3.
Todas as três possuem também um sinal negativo, indicando que quanto maior a idade,
menor a pontuação dos respectivos fatores de retenção, não se esquecendo, novamente, que
tal relação é fraca.
Tabela 31 - Correlações entre os fatores de retenção com a idade
Idade
Correlação Valor p N
Visão dos fatores de retenção na empresa -0,146 0,034 212
Carreira -0,094 0,177 212
Ambiente organizacional -0,083 0,228 212
Capacitação e desenvolvimento -0,198 0,004 212
Condições de trabalho -0,234 0,001 212
Configuração do trabalho -0,121 0,080 212
Gestão do líder -0,089 0,200 212
Remuneração e benefícios -0,026 0,712 212
Fonte: dados da pesquisa.
Ao se avaliar os fatores no tocante à permanência na empresa, também não são
detectadas diferenças significativas entre os grupos etários (Tab. 32).
94
Tabela 32 - Estatísticas descritivas dos fatores por grupos etários: influência na
permanência
Desvio-Padrão Média Teste F
(Valor p) Baby
Boomers
Geração
X
Geração
Y
Baby
Boomers
Geração
X
Geração
Y
Visão dos fatores permanência 0,40 0,39 0,36 4,34 4,36 4,30 0,748
Permanência – carreira 0,45 0,56 0,58 4,37 4,36 4,28 0,691 Permanência - ambiente organizacional 0,50 0,43 0,36 4,39 4,48 4,44 0,531
Permanência - capacitação e desenvolvimento 0,61 0,66 0,58 4,31 4,29 4,23 0,840
Permanência - condições de trabalho 0,60 0,61 0,52 4,31 4,29 4,34 0,900
Permanência - configuração do trabalho 0,52 0,48 0,40 4,22 4,34 4,38 0,250
Permanência - gestão do líder 0,66 0,63 0,69 4,27 4,32 4,17 0,456
Permanência - remuneração e benefícios 0,52 0,59 0,76 4,46 4,34 4,17 0,118
Fonte: dados da pesquisa.
Em relação à correlação entre os fatores de permanência com a idade, o único que
se mostrou significativa (p < 0,05) foi “remuneração e benefícios”, mas esta deve ser
considerada fraca, pois o valor de correlação tem magnitude inferior a 0,3, conforme se
observa na Tabela 33.
Tabela 33 - Correlações entre os fatores de permanência com a idade
Idade
Correlação Valor p N
Permanência - Visão dos fatores de retenção na empresa -0,049 0,477 212
Permanência – Carreira -0,108 0,117 212
Permanência - Ambiente Organizacional -0,008 0,904 212
Permanência - Capacitação e Desenvolvimento -0,036 0,606 212
Permanência - Condições de Trabalho 0,022 0,756 212
Permanência - Configuração do Trabalho 0,089 0,200 212
Permanência - Gestão do Líder -0,012 0,861 212
Permanência - Remuneração e Benefícios -0,143 0,039 212
Fonte: dados da pesquisa.
Ao se avaliar os fatores quanto à influência na saída da empresa, também não são
detectadas diferenças significativas entre os grupos etários (Tab. 34).
95
Tabela 34 - Estatísticas descritivas dos fatores: influência na saída
Desvio-Padrão Média Teste F
(Valor p) Baby
Boomers
Geração
X
Geração
Y
Baby
Boomers
Geração
X
Geração
Y
Visão dos fatores de saída 0,49 0,52 0,40 3,96 4,01 4,10 0,437
Saída - Carreira 0,64 0,70 0,49 3,98 4,03 4,14 0,508
Saída - Ambiente Organizacional 0,54 0,58 0,46 4,10 4,18 4,33 0,165
Saída - Capacitação e
Desenvolvimento
0,70 0,81 0,78 3,87 3,91 3,90 0,962
Saída - Condições de Trabalho 0,70 0,76 0,62 3,66 3,74 3,91 0,294
Saída - Configuração do Trabalho 0,60 0,63 0,51 3,88 4,00 4,06 0,371
Saída - Gestão do Líder 0,76 0,80 0,84 3,97 3,87 3,96 0,706
Saída - Remuneração e Benefícios 0,69 0,67 0,55 4,09 4,18 4,17 0,722
Fonte: dados da pesquisa.
Não existe correlação entre os fatores influentes na saída e a idade, conforme
disposto na Tabela 35.
Tabela 35 - Correlações entre os fatores de saída com a idade
Idade
Correlação Valor p N
Saída - Visão dos fatores de retenção na empresa 0,020 0,778 212
Saída – Carreira 0,007 0,923 212
Saída - Ambiente Organizacional 0,022 0,753 212
Saída - Capacitação e Desenvolvimento -0,012 0,863 212
Saída - Condições de Trabalho 0,097 0,160 212
Saída - Configuração do Trabalho 0,049 0,481 212
Saída - Gestão do Líder -0,065 0,350 212
Saída - Remuneração e Benefícios 0,036 0,602 212
Fonte: dados da pesquisa.
Em termos conclusivos, nesta pesquisa não foram encontradas diferenças
significativas entre as três gerações (baby boomers, X e Y) quanto aos fatores de retenção,
permanência e saída.
4.2.7 Descrição dos fatores por variáveis de perfil
Para comparação dos índices dos fatores em relação às variáveis de perfil, utilizou-
se uma técnica intitulada Chi-Square Automatic Interaction Detector (CHAID). Tal
técnica, proposta por Kass (1980), permite avaliar o relacionamento entre uma variável
dependente (fator) e outras em nível categórico ou contínuo e o resultado é apresentado em
forma de árvore, na qual são apresentadas as variáveis preditoras (variáveis de perfil) que
mais estejam associadas à variável dependente. Os subconjuntos resultantes apresentam
96
mais homogeneidade internamente em relação à variável dependente e com a maior
heterogeneidade possível entre os subconjuntos formados. Os critérios de divisão ou
agrupamento utilizados nessa técnica foram fixados em 5%, ou seja, os subconjuntos
possuem significativa diferença ao se utilizar o teste qui-quadrado (valor p inferior a 5%).
Martins e Theóphilo (2009) recomendam a utilização do teste Qui-Quadrado quando se
quer estudar a associação ou dependência entre duas variáveis. A partir de uma tabela de
dupla entrada ou de contingência, faz-se o cálculo das frequências esperadas baseado na
definição de independência estatística entre dois eventos.
A Tabela 36 apresenta os valores p dos testes para identificação de diferenças
significativas (assinaladas na tabela em negrito). Para as situações em que existe diferença
significativa entre grupos de variáveis de perfil são apresentadas as Figuras 9 a 25. Os
demais relacionamentos não apresentados não se mostraram significativos. As variáveis de
perfil utilizadas foram: sexo, estado civil, posse de filhos, grau de escolaridade, tempo na
empresa, carreira atual, posição na carreira, local de trabalho e cidade de residência.
Tabela 36 - Valores p para teste de existência de diferença dos fatores avaliados no
estudo dentre as variáveis de perfil
Sexo Civil
Posse
filhos
Grau de
Escolaridade
Tempo
empresa
Carreira
Atual
Posição
carreira
Fatores de Influência na Retenção
Carreira 0,766 0,312 0,315 0,142 0,069 0,000 0,459
Ambiente organizacional 0,697 0,108 0,326 0,968 0,360 0,159 0,852
Capacitação e Desenvolvimento 0,903 0,211 0,009 0,585 0,055 0,058 0,789
Condições de Trabalho 0,630 0,193 0,014 0,726 0,022 0,859 0,820
Configuração do Trabalho 0,158 0,053 0,004 0,040 0,369 0,810 0,781
Gestão do Líder 0,902 0,064 0,283 0,019 0,564 0,133 0,457
Remuneração e Benefícios 0,821 0,073 0,757 0,555 0,004 0,511 0,605
Fatores de Influência na Permanência
Permanência - Carreira 0,913 0,959 0,053 0,300 0,499 0,827 0,075
Permanência - Ambiente organizacional 0,972 0,225 0,798 0,335 0,927 0,079 0,539
Permanência - Capacitação/Desenvolvimento 0,881 0,921 0,882 0,017 0,299 0,102 0,405
Permanência - Condições de Trabalho 0,195 0,696 0,196 0,270 0,455 0,285 0,720 Permanência - Configuração do Trabalho 0,333 0,688 0,289 0,580 0,303 0,058 0,355
Permanência - Gestão do Líder 0,584 0,569 0,901 0,307 0,604 0,136 0,162
Permanência - Remuneração e Benefícios 0,053 0,197 0,007 0,104 0,618 0,313 0,096
Fatores de Influência na Saída Saída - Carreira 0,562 0,391 0,514 0,029 0,818 0,226 0,664
Saída - Ambiente organizacional 0,864 0,409 0,767 0,222 0,678 0,003 0,831
Saída - Capacitação e Desenvolvimento 0,940 0,965 0,734 0,039 0,326 0,011 0,870
Saída - Condições de Trabalho 0,169 0,549 0,412 0,361 0,231 0,818 0,860
Saída - Configuração do Trabalho 0,921 0,360 0,949 0,336 0,237 0,022 0,959
Saída - Gestão do Líder 0,568 0,780 0,355 0,046 0,483 0,045 0,289
Saída - Remuneração e Benefícios 0,286 0,591 0,843 0,079 0,903 0,116 0,418
Fonte: dados da pesquisa.
97
4.2.7.1 Dimensão retenção da empresa
Ao se avaliar o relacionamento dos fatores com as variáveis de perfil, a “carreira”
foi mais bem avaliada na empresa estudada pelos indivíduos com carreira gerencial (média
igual a 3,732 contra 3,311 do grupo com carreira técnica), conforme Figura 9, e que esse
grupo representa 41,5% da amostra. Pelas informações dos entrevistados E6 e E10, a
carreira gerencial sempre foi diferenciada pela empresa e somente há pouco tempo a
carreira técnica passou a ser valorizada.
Os sinais indicativos no lado esquerdo das figuras que mostram relacionamento
significativo de variáveis de perfil indicam:
<= categoria ≤;
( esta variável se exclui do grupo (sinal de exclusive);
> variável acima.
Figura 9 - Carreira vs. carreira atual
No que se refere ao fator “capacitação e desenvolvimento”, os indivíduos que
possuem filhos consideram mais importante esse fator para retenção do que os que não
possuem filhos (3,970 contra 3,649 de quem não possui filhos), conforme Figura10.
98
Figura 10 - Capacitação e desenvolvimento
vs. posse de filhos
A relação do fator “condições de trabalho” com a variável de perfil “posse de
filhos” indicou que os indivíduos que possuem filhos receberam média superior à dos
demais (4,187 contra 3,932 de quem não possui filhos), conforme Figura 11, indicando que
para eles as condições de trabalho oferecidas pela empresa impactam mais como fator de
retenção.
Figura 11 - Condições de trabalho vs. posse de filhos
99
Na associação do fator “condições de trabalho” com a variável de perfil “tempo na
empresa”, apresentada na Figura 12, nota-se que os indivíduos com mais de 15 anos de
empresa possuem média de 4,250, que é superior à dos demais. A segunda mais alta média
está relacionada aos indivíduos com menos de três anos de empresa e teve a média de
4,210. Essa análise permite deduzir que não existe correlação direta de retenção pelo fator
condições de trabalho com a variável de perfil tempo de trabalho na empresa.
Figura 12 - Condições de trabalho vs. tempo na empresa
O cruzamento da dimensão “configuração do trabalho” com a variável de perfil
“posse de filhos” identifica que os indivíduos com filhos apresentam média superior à dos
demais (4,090 contra 3,841 de quem não possui filhos), conforme Figura 13. Isso significa
que as variáveis: autonomia, desafios, cooperação e trabalho em equipe e comunicação que
compõem o fator configuração do trabalho são mais bem avaliadas pelos empregados que
têm filhos.
100
Figura 13 - Configuração do trabalho vs. posse de filhos
Ainda em “configuração do trabalho”, os indivíduos somente com graduação vêm
esse fator da empresa como mais positivo na retenção dos que os que possuem cursos de
pós-graduação (4,204 contra 3,960 dos que possuem cursos de especialização, Master of
Business Administration - MBA, mestrado ou doutorado), conforme Figura 14. Os
resultados revelam uma visão mais crítica dos empregados com mais escolaridade em
relação ao fator “configuração do trabalho” como fator de retenção.
Figura 14 - Configuração do trabalho vs. escolaridade
101
O fator “gestão do líder” é mais bem considerado pelos indivíduos que possuem
somente graduação (4,27 contra 3,897 de quem possui escolaridade acima de graduação),
conforme Figura 15. Esse dado mostra que quanto menos escolaridade do público
pesquisado, maior a valoração da gestão do líder na retenção.
Figura 15 - Gestão do líder vs. escolaridade
No que se refere ao fator “remuneração e benefícios”, os indivíduos com até três
anos consideram que esse fator da empresa impacta mais na retenção do que os com mais
tempo de empresa (4,016 contra 3,468), conforme Figura 16. Essa informação pode
sinalizar a possível satisfação das pessoas com menos tempo quanto ao fator remuneração
e benefícios.
102
Figura 16 - Remuneração e benefícios
vs. tempo na empresa
Em suma, as variáveis de perfil que mais estão associadas a um fator de retenção da
empresa estão sintetizadas no Quadro 7.
Quadro 7 - Relação de variável de perfil com fator: dimensão retenção
Variável de perfil mais significativa Fator
Carreira gerencial Carreira
Posse de filhos Condições de trabalho
Configuração do trabalho
Capacitação e desenvolvimento
Escolaridade até graduação Configuração do trabalho
Gestão do líder
Tempo de empresa Condições de trabalho
Remuneração e benefícios
Fonte: elaborada pela autora com base nos dados das Fig. 9 a 16.
4.2.7.2 Dimensão permanência na empresa
Os indivíduos com escolaridade até especialização ou MBA consideram o fator
“capacitação e desenvolvimento” com mais impacto na sua permanência na empresa do
103
que os que possuem mestrado ou doutorado (4,352 contra 4,071 de quem possui
escolaridade acima de graduação), conforme Figura 17.
Figura 17 - Permanência: capacitação e
desenvolvimento vs. escolaridade
Em relação à remuneração e benefícios, os indivíduos que possuem filhos
receberam média superior à dos demais (4,412 contra 4,171 de quem não possui filhos),
conforme Figura 18, indicando que para eles o salário, a remuneração por resultados e os
benefícios recebidos da empresa têm mais influência na sua permanência na empresa.
104
Figura 18 - Permanência: remuneração e benefícios vs. possui filhos
Em resumo, as variáveis de perfil que mais estão associadas a um fator de retenção
para a permanência na empresa estão sintetizadas no Quadro 8.
Quadro 8 - Relação de variável de perfil com fator: dimensão permanência
Variável de perfil mais significativa Fator de retenção
Escolaridade até pós-graduação Capacitação e desenvolvimento
Posse de filhos Remuneração e benefícios
Fonte: elaborada pela autora com base nos dados das Fig. 17 e 18.
4.2.7.3 Dimensão saída da empresa
No aspecto “carreira”, os indivíduos com escolaridade até especialização ou MBA
consideram esse fator com mais impacto na sua decisão de saída do que os que possuem
mestrado ou doutorado (4,101 contra 3,832), conforme Figura 19.
105
Figura 19 – Saída: carreira vs. escolaridade
A correlação do fator “ambiente organizacional” com a variável “carreira atual”
indicou que os indivíduos da carreira gerencial têm esse fator como de mais relevância do
que os de carreira técnica (4,321 contra 4,096 de quem possui carreira técnica), conforme
Figura 20, indicando que a não existência das variáveis que compõem o fator ambiente
organizacional (respeito, liberdade de expressão, ambiente de aprendizado, clima
organizacional e imagem da empresa) podem levar empregados da carreira gerencial a
saírem da empresa.
Figura 20 - Saída: ambiente vs. carreira atual
106
Os indivíduos com escolaridade até especialização ou MBA têm esse fator
“capacitação e desenvolvimento” com mais impacto na sua saída da empresa do que os que
possuem mestrado ou doutorado (3,978 contra 3,670 de quem possui escolaridade acima de
graduação), conforme Figura 21. Essa mesma relação se apresentou na dimensão
permanência e, assim, a existência influencia mais esse grupo a permanecer e a
inexistência, da mesma forma, leva-os à decisão de saída.
Figura 21 - Saída: capacitação e desenvolvimento
vs. escolaridade
O fator “capacitação e desenvolvimento” tem mais peso na decisão de saída nos
indivíduos com carreira gerencial (4,065 contra 3,790 de quem possui carreira técnica),
conforme Figura 22.
107
Figura 22 – Saída: capacitação e desenvolvimento
vs. carreira atual
No tocante à configuração do trabalho, os indivíduos com carreira gerencial
possuem média superior à dos demais (4,102 contra 3,908 de quem possui carreira
técnica), conforme Figura 23.
Figura 23 - Saída: configuração do trabalho
vs. carreira atual
108
Os indivíduos com escolaridade até pós-graduação têm média superior à daqueles
com mestrado e doutorado em relação ao fator “gestão do líder” (3,980 contra 3,673 de
quem possui escolaridade acima de pós-graduação), conforme Figura 24, indicando uma
visão mais crítica que pode levar à saída de um grupo com mais escolaridade.
Figura 24 – Saída: gestão do líder vs. escolaridade
Em se tratando da “gestão do líder”, os indivíduos com carreira gerencial possuem
média superior à dos empregados com carreira técnica (4,035 contra 3,814 de quem possui
carreira técnica), conforme Figura 25. Nesse ponto, infere-se que, por serem gestores, têm
elevado grau de exigência com o seu líder e esse fator influencia mais que os de carreira
técnica para a saída.
109
Figura 25 – Saída: gestão do líder vs. carreira atual
O Quadro 9 sintetiza as variáveis de perfil mais associadas a um fator de retenção
que influencia na saída da empresa. Observa-se que os indivíduos da carreira gerencial e os
com escolaridade até pós-graduação tiveram mais impacto nos fatores que podem levar a
sair da empresa.
Quadro 9 - Relação de variável de perfil com fator: dimensão saída
Variável de perfil mais significativa Fator de retenção
Carreira gerencial Ambiente do organizacional
Configuração do trabalho
Gestão do líder
Capacitação e desenvolvimento
Escolaridade até pós-graduação Carreira
Gestão do líder
Capacitação e desenvolvimento
Fonte: elaborada pela autora com base nos dados das Fig. 19 e 25.
110
4.3 Análise descritiva e qualitativa da percepção dos empregados
As entrevistas foram realizadas para conhecer-se a percepção dos empregados em
relação à empresa, ao sistema de gestão de pessoas e os possíveis motivos para sua
permanência ou desligamento. O roteiro das entrevistas está detalhado no Apêndice C e o
perfil dos entrevistados no capítulo 3 (Quadro 6). Ressalta-se que os entrevistados
representam as gerações baby boomers (duas pessoas), geração X (quatro pessoas) e
geração Y (quatro pessoas) e têm no mínimo cinco anos de empresa. Todos ocupam
posição executiva na carreira gerencial ou técnica.
O primeiro tema abordado na entrevista foi sobre os motivos que os levaram a vir
trabalhar na empresa pesquisada. Dos entrevistados, seis (60%) foram admitidos na
empresa pelo programa de trainee atraídos principalmente pelas condições diferenciadas
prometidas pelo programa, o porte e a credibilidade da empresa. O entrevistado E7
vislumbrou a possibilidade de carreira internacional como um atrativo, mas esclareceu que
esta ainda não aconteceu. Dos demais, três entraram nesta unidade no início de sua criação
e era a oportunidade de trabalhar em uma grande empresa em Minas Gerais, com desafios
e possibilidade de realização profissional que mais os atraía. Um entrevistado foi recrutado
no mercado atraído pela possibilidade de desenvolvimento profissional em empresa com
grandes projetos de expansão. Segundo Tanure et al. (2007a), o sentimento de satisfação e
realização de ser parte de uma organização bem-sucedida e admirada é um grande atrativo
para as pessoas e Branham (2002) acrescenta o orgulho de pertencer que está vinculado à
imagem projetada pela empresa.
Buscando a percepção dos entrevistados sobre a empresa, foi-lhes solicitado que
indicassem os principais pontos fortes da organização e se estes influenciam na sua
permanência. Destacaram o ambiente agradável e de respeito para trabalhar, autonomia,
possibilidade de carreira, trabalho desafiador, aprendizado, reconhecimento do trabalho,
organização dos processos e ferramentas de gestão e foram unânimes em afirmar que esses
pontos os fazem permanecer. O entrevistado E4 declarou que a remuneração é um ponto
forte e outro enfatizou a grande importância do desafio sobre remuneração, conforme fala a
seguir.
Sem dúvida aqui eu posso dizer o que me segura: os créditos que a empresa
deposita em mim e o investimento feito em mim. Não é salário! O grande
combustível é a possibilidade de desenvolver e de assumir atividades desafiantes.
Meu salário é compatível com o que exerço, mas poderia ser maior comparado à
responsabilidade que tenho e às minhas entregas (E5).
111
Percebe-se, pelos pareceres dos entrevistados, que não existe um fator de destaque,
mas um conjunto de variáveis que tornam essa empresa atrativa. Destacam-se pelos
depoimentos o ambiente de trabalho e a autonomia, como expressado:
[...] o relacionamento entre as pessoas mantém o ambiente muito agradável para
trabalhar. Isso associado à autonomia para fazer as entregas que nos são
solicitadas é um dos fortes motivos. O que leva também à possibilidade de
crescimento, o que aconteceu comigo que comecei como operador (E7).
[...] o ambiente aqui é muito amigável, as pessoas procuram ajudar, meus pares
me alertam com intuito de colaborar e não de derrubar, existem desafios e
possibilidade de fazer carreira. Isso, sem dúvida nenhuma, é fator de retenção
(E5).
Eu elogio muito a empresa porque autonomia com responsabilidade sempre foi
incentivado (E1).
É ponto positivo a liberdade de atuação no dia-a-dia, a autonomia que eu tenho
para fazer a gestão da minha equipe e da rotina (E4).
A autonomia que tenho é fator motivador. É sinal que a empresa confia em mim
(E5).
Como ponto forte eu destaco flexibilidade, agilidade, a estruturação dos
processos e ferramentas de gestão. Com muita facilidade se consegue
desenvolver o nosso trabalho de gestor (E3).
A percepção dos entrevistados corresponde ao referenciado na literatura de que
convivência agradável, colaboração, sentimento de equipe e níveis adequados de
autonomia, entre outros fatores, influenciam significativamente para que as pessoas
definam a empresa como boa para trabalhar (Manion, 2009; Tolfo & Piccinini, 2011). A
análise descritiva dos fatores também revela essa percepção quando identifica o fator
ambiente organizacional com a mais alta média entre os fatores de retenção da empresa
(Tabela 24).
Os dois entrevistados da geração baby boomers (E9 e E10), em idade próxima da
aposentadoria definida pela empresa, depõem que foram atraídos no início da carreira por
trabalho desafiador e, chegando à aposentadoria, reforçam que a possibilidade de atuarem
em projetos ou posição com desafio é o que os fez permanecer e motivados. Infere-se que
esse comportamento representa uma demonstração de compromisso com a empresa, da
necessidade de ser reconhecido pela contribuição e pela senioridade, características dos
baby boomers enfatizadas por Amaral (2004) e Tolbize (2008).
112
No começo foi bastante desafiador. É desafiador até hoje, mas no início tivemos
que partir do zero e construir, desenhar todo um processo, trazer um sistema
informatizado, vender essa ideia dentro da empresa para outras pessoas,
capacitar outras pessoas no processo em que a gente estava construindo, ou seja,
era um processo bastante desafiador e para quem gosta de desafios era um prato
cheio (E10).
O que me segura aqui é o ambiente de trabalho e a possibilidade de desafios que
apareceram para mim (E9).
No estágio em que eu estou o que me motiva numa empresa desse porte é a possibilidade de dar contribuição e de assumir novos desafios (E10).
Explicitados os pontos fortes da empresa, foi pedido que destacassem os pontos
negativos e se esses pontos poderiam influenciar uma possível saída da empresa. Cinco dos
10 entrevistados enfatizaram aspectos mais relacionados à influência do ambiente externo
e ao estilo de gestão da empresa que impactam no seu trabalho: as constantes mudanças e a
sazonalidade do negócio; o corte de investimentos em desenvolvimento das pessoas em
momentos de crise; a lentidão dos líderes na tomada de decisão; a complacência que
algumas lideranças têm com subdesempenho; a demora dos líderes na comunicação de
decisões e fatos relevantes sobre os envolvidos diretamente no processo e receio dos
gestores quanto ao confronto no trabalho, o que os leva a amenizar problemas.
[...] tem algo que não é da empresa e sim do setor, que é a sazonalidade. É do
contexto e é intrínseco ao negócio (E7).
Um ponto que me incomoda é esta mudança contínua de rumo da empresa. A
minha percepção é que a empresa está no método de tentativa e erro e não
explica para gente o que está acontecendo. Outro ponto ruim é a comunicação interna. Algumas decisões são tomadas e muitas relacionadas aos projetos que
atuo e fico sabendo através de terceiros (E5).
Incomoda a complacência que algumas lideranças têm com subdesempenho que
gera efeito colateral ruim por sobrecarregar parte da equipe (E3).
[...] o histórico nosso desde a crise de 2008 é que a realidade de negócios mudou
e a pressão por custo é muito grande. De certa forma eu vejo paradoxo entre
frear iniciativas de desenvolvimento e parar crescimento das pessoas em função
de custo e busca de alta produtividade. Quando o cenário piora a empresa corta
os investimentos previstos para capacitação das pessoas (E3).
Temos medo do confronto. Tem aspectos ruins deficientes do negócio que
tratamos ainda a “panos quentes”. Existe um problema que tem de ser tratado e
fica a sensação que as pessoas querem evitar a fadiga e escondem o que está
ruim (E6).
[...] somos extremamente morosos e lentos na tomada de decisão. Os tempos são
muito longos e até que tenha uma resposta demora (E6).
113
Dois entrevistados da geração Y que residem em cidade distante do local de
trabalho enfatizaram ser esse um ponto negativo que pode contribuir para a saída da
empresa, mas uma pessoa da geração X que também reside distante afirmou não ser
problema o deslocamento. Em contrapartida, morar na cidade proxima da empresa foi
considerado, por cinco entrevistados, fator que contribui para a qualidade de vida. Um
respondente, porém, disse que o custo de aluguel na região é fator negativo.
Essa questão de morar próximo da família, do local de trabalho, isso é pra mim
qualidade de vida (E7).
Como ponto negativo eu enxergo em primeiro lugar o custo de vida de moradia
na região. O custo imobiliário aqui está equivalente a Belo Horizonte, que tem
mais opção de lazer, cultura, educação, saúde, etc. (E2).
Alguns participantes acrescentaram nas entrevistas que a distância entre a usina e
Belo Horizonte parece ser um dos fatores que mais contribuíram para a saída de
significativo número de empregados que entraram pelo programa de trainee. A fala do E9,
quando perguntado sobre essa influência, retrata sua percepção quanto à saída desse grupo:
[...] eu acho que tem alguma influência. Por exemplo, trouxemos trainees de
vários centros e perdemos praticamente todos. Eu acho que aqui para quem quer uma vida mais tranquila, quer criar uma família, tem filhos é uma região que
retém muito bem as pessoas, mas para determinadas gerações ou para quem não
constituiu família fica mais difícil aqui. A região não oferece tantas opções de
vida para depois do trabalho. Hoje outro grande problema que é a questão dos
riscos nas estradas. Isso tem um impacto na qualidade de vida sim, gera stress e
as pessoas pensam que teriam uma qualidade de vida melhor se estivesse em
uma empresa com as mesmas condições só que em Belo Horizonte. Agora tem
gente que faz a opção de vir trabalhar aqui pela qualidade de vida que pode ter
morando na região. Existem os dois lados (E9).
Para complementar os temas pontos positivos e negativos da empresa, os
entrevistados foram questionados sobre o impacto da pressão que sofrem no trabalho,
considerando ser uma empresa com produção contínua que funciona 24 horas. Todos os 10
consideraram a pressão existente adequada à atividade. Isso pode indicar que, se o
indivíduo possui condições de responder aos desafios impostos pelo trabalho, a pressão por
resultados funciona como fator motivador e propulsor para seu desenvolvimento, segundo
pontuam Holtom et al. (2008) e Scafone et al. (2011). Os dados coletados por meio do
questionário também indicam a não existência de impacto negativo. Quando perguntados
se a pressão que recebiam para realizar o trabalho era adequada às suas responsabilidades,
114
a média foi de 4,12 em 5,00 (Tab. 20, questão q. 1.13). Pode-se ilustrar como sentem a
pressão no trabalho pelas falas de alguns entrevistados.
Outro aspecto é a qualidade de vida. Contexto, tempo de deslocamento, ritmo de
trabalho e pressão fazem parte do trabalho e não me incomoda. Tem que saber
administrar (E3).
Eu não diria que é muita pressão. Há pressão e esta me desafia e me move. Se eu
cair na rotina quando o hoje é igual ao ontem, me desmotivo (E6).
A pressão do trabalho vai sempre existir e eu gosto que seja assim. No meu
trabalho é importante e desafiador, mas a quantidade de trabalho devido à equipe
reduzida está muito grande (E1)
A pressão que particularmente sofro eu acho adequada. Minhas metas e prazos
que se resumem na pressão são factíveis (E2).
Eu trabalho fora do horário e não me atrapalha. Se tiver entrega, me planejo e
realizo. Não tenho problema e quero entregar conforme acertado (E8).
Como a entrevista buscava entender os fatores de influência na retenção, o
próximo tema investigado foi: quais aspectos de outras empresas que podem atraí-los e os
levariam a pensar em sair da atual empresa. Os respondentes destacaram que a outra
empresa teria de ter praticamente os mesmos pontos positivos identificados na atual
empresa. Não iriam para empresas menores, sem desafios, com ambiente de trabalho não
compativel com seus valores e não trocariam o que têm pelo incerto. É interessante
observar a não manifestação explícita da possibilidade de saída e a importância dos pontos
considerados fortes na atual empresa como requisito básico para uma possível mudança.
Isso corresponde ao resultado da pesquisa obtido por meio do questionário, que revelou a
existência dos fatores de retenção na organização, a importância dos mesmos como fatores
de permanência e sua ausência como fatores de saída (subitem 4.2.5). A questão de valores
aparece com ênfase como exemplificado pela fala do entrevistado E6: “eu sempre digo que
quando os valores da empresa forem contra aos meus valores pessoais, vou embora!”
Todos esses aspectos abordados correspondem aos enfatizados por Manion (2009) e
Amaral (2004), que acreditam que o equilíbrio do trabalho com a vida pessoal, a qualidade
nas relações de trabalho, o compromisso com a ética, os desafios, a possibilidade de
crescimento, entre outros, influenciam fortemente a decisão de permanência ou saída da
organização.
O nivel de satisfação com o trabalho e o propósito de permanência na empresa foi
explicitado por um jovem entrevistado, da geração Y, que está na carreira técnica.
115
Claro, que eu considero uma possível saída, mas não agora, na verdade só por
necessidade, se um dia eu sentir que as políticas da empresa atrapalham meu
trabalho, mas agora e para um futuro próximo eu enxergo praticamente o
contrário. Eu tenho orgulho de trabalhar aqui, o que eu faço me deixa muito
satisfeito, o nível de pressão que eu recebo aqui é muito adequado e esses são
pontos positivos (E2).
A remuneração foi indicada como um fator importante para possível decisão de
saída, mas não tem peso maior, como explicitado por E6: “Já refleti muito a respeito disso,
remuneração não me faria sair daqui. A não ser algo extratosférico, algo de outro quilate,
mas diferenças normais do dia-a-dia não me fariam sair daqui”. Esse pocisionamento
corresponde à opinião de Branham (2002) de que, se os empregados sentem justa sua
remuneração considerando o trabalho realizado, a perspectiva de ganhar um pouco mais
em outra organização geralmente não é suficiente para atraí-los.
A possibilidade de carreira internacional e de morar perto da residência voltou a ser
mencionada por E4 e E8. Contudo, eles deixaram claro que somente esse aspecto não os
levaria à mudança de empresa. Pelos relatos de alguns entrevistados, a carreira
internacional demonstra ser, realmente, um fator de atração, como se fosse um
convencimento de entrada oferecido pelo programa de trainee. No entanto, constatou-se
que, após a realização de algumas viagens internacionais pela empresa ou depois de
constituírem família, alguns empregados deixam de considerar relevante a carreira
internacional e passam a restringir o aceite de convites para mudança de país. A
possibilidade de experiências internacionais por meio de visita a empresas e fornecedores
continua valorizada e foi enquadrada como necessidade rotineira de trabalho.
Carreira internacional depende para que país. Hoje sou casado e não é mais fator
de retenção para mim. Já tive experiências internacionais de visitas a
fornecedores e outras empresas e é muito motivador (E5).
Eu já fiz viagens internacionais que foram um momento de aprendizado muito
forte e considero um marco na minha carreira. Não está nos meus planos agora
uma carreira internacional (E2).
Quando tive oportunidades de expor alguns jovens da minha equipe à
experiência de trabalhar no exterior por um período maior, a resposta foi muito
diferente do que eu imaginava. Foram, mataram aquela curiosidade de jovem,
voltaram e confessaram que não queriam carreira internacional, somente viagens
curtas (E7).
Os baby boomers e os empregados com mais tempo de empresa sinalizaram não
terem interesse em sair da empresa. Isso reforça a crença de que há forte compromisso e
116
lealdade à organização e que valorizam o bem-estar e o reconhecimento (Tolbize, 2008;
Zemke et al., 2008).
Tive algumas oportunidade de sair daqui para posições melhores do que a que eu
estou hoje, mas tomei a decisão de permanecer em função de algum desafio que
eu tinha, da minha vida atual e da qualidade de vida que eu tenho. Tudo isso me
faz ficar aqui (E9).
A possibilidade de contribuir, de novos desafios e de ensinar a outras pessoas é o
que me mantém aqui e o que me satisfaz. Às vezes você pensa que está na hora de parar, mas surge um trabalho interessante que te dá satisfação e você quer
permanecer mais (E10).
Quatro dos entrevistados lembraram que muitos jovens que entraram por meio do
programa trainee saíram da empresa. A percepção desses entrevistados é de que os
motivos para a saída seriam a ansiedade de crescimento rápido, a não identificação com a
empresa e a distância entre o local de trabalho e a cidade onde residem. A ansiedade é uma
das principais características da geração Y (Amaral, 2004; Erickson, 2011; Smola &
Sutton, 2002) e agregada ao excesso de expectativas não concretizadas oriundas
principalmente de promessas do programas trainees (Sarsur et al., 2003) impactam
significativamente na saída voluntária de jovens potenciais.
[...] os mais jovem esperam que a empresa pague pós-graduação, idiomas e que
em dois anos passem para executivo com ótimo salário. Se não acontece dentro da expectativa vão buscar outra empresa no mercado. Na minha turma de trainee
de 2005 eram 46 e hoje não têm 15 na empresa. Os que ficaram tinham visão
mais de médio e longo prazo (E5).
[...] a minha turma de trainee tinha 34 e hoje tem 10 aqui dentro. Eles foram
saindo aos poucos. Talvez para conhecer uma outra empresa, proposta de salário
melhor, a necessidade de morar em Belo Horizonte devido a família, escola e a
pessoa gostar de atividades que aqui na região não tem (E2).
A maioria saiu movida por aspirações pessoais. Gente que queria ficar mais perto
da família, que não identificou com o negócio e procurou outro, gente que foi
investir no seu desenvolvimento, estudar [...] (E6).
[...] são muitos candidatos no programa trainee e no processo não é falado que
você vai receber um cargo de gestão rápido, mas é colocado que você vai ser
tratado de forma diferenciada e que você é um talento. Então as pessoas chegam
com a expectativa muito alta, não é colocada claramente a realidade e resulta na
saída de muitos. Da minha turma de 2008 já saíram mais da metade (E1).
Quanto ao tema carreira, procurou-se conhecer a opinião dos entrevistados sobre
possibilidade de se fazer carreira e os atributos valorizados pela empresa. Todos os 10
entrevistados afirmaram existir possibilidade de fazer carreira gerencial ou técnica,
117
citando-se como exemplo. Esse sentimento é confirmado nos dados obtidos por meio do
questionário (Tab. 27, 28 e 29), quando menciona carreira como fator que influencia a
retenção (média 3,49), a permanência (média 4,35) e tem baixo impacto na saída (média
4,04). No entanto, dois entrevistados ressaltaram que a carreira técnica passou a ser mais
valorizada há pouco tempo.
Seis meses atrás eu achava que tinha muita diferença da carreira técnica e
gerencial. Hoje a carreira técnica também é valorizada (E6).
A carreira gerencial está mais desenvolvida e a técnica precisa caminhar um pouco mais (E10).
O respondente E7 exemplificou o sistema de carreira da empresa e como são
divulgadas as possibilidades de crescimento.
As possibilidades de carreira estão definidas no sistema trilhas de carreira. Na
rede de computadores existe um aplicativo em que a pessoa tem autonomia para
clicar e saber onde está posicionado, a trilha natural que pode seguir, qual
cadeira relevante próxima ou equivalente estaria a disposição e os requisitos
(E7).
Quanto aos atributos valorizados pela empresa para crescimento, fica evidente que
todos, independentemente de idade ou tempo de empresa, conhecem aqueles atributos que
são mais valorizados e concordam que são importantes. Dar resultado, ser proativo, ter
conhecimento técnico, bom relacionamento, respeito aos colegas, muita vontade de crescer
na empresa e comportamento adequado aos valores e à cultura da empresa são os
principais. Esses atributos aparecem na literatura sobre talentos conforme descrito no
Quadro 1.
O que é preciso é resultado. As pessoas crescem quando conseguem dentro do
contexto alavancar resultados, trabalhando em equipe e respeitando as pessoas.
Tem que apresentar resultados e estar alinhado aos valores e à cultura da empresa (E3).
Valores fortes para mim são honestidade, respeito e não furar o olho. Pessoas
que não têm estes valores podem até se sustentar aqui se tem um fator técnico
diferenciado para a empresa, mas acabam estagnadas (E5).
[...] é aquele inconformado com resultados medíocres(E6).
[...] quando uma pessoa não entrega, ela não está atendendo um requisito que é
básico (E10).
[...] Ter uma conduta proativa, agressiva na medida certa, tratar as pessoas com respeito, ser exigente e não aceitar baixas qualidades e meias entregas (E7).
118
É um conjunto que inclui conhecimento, domínio técnico daquela área que você
trabalha, as suas características pessoais, habilidades e muita vontade de crescer
na empresa (E10).
Para a evolução na carreira técnica é transformar conhecimento técnico em
resultado e estar alinhado aos valores da empresa (E2).
O tema influência da idade para o crescimento na carreira foi exposto para os
entrevistados e oito dos 10 respondentes reconhecem que existe impacto da idade no
crescimento da carreira. Dois entrevistados ponderaram que a empresa define por quem
está mais preparado ou tem o perfil para a posição, independentemente da idade. Nas falas,
fica claro que as oportunidades para os mais velhos são restritas e não fazem correlação
com o tempo de casa.
Acho que quanto mais novo, mais rápido é e tem sido o crescimento na carreira.
Quanto mais velho, mais difícil fazer uma promoção (E4).
Quando vejo a pessoa mais velha acima de 50 anos a impressão que tenho é que
eles são vistos como profissionais maduros e já estão no topo da carreira. De
forma geral, não vejo possibilidade de crescimento na empresa para esses
profissionais (E5).
A empresa tem por conceito ter pessoas mais novas frente a alguns cargos. Isto
eu percebi, mas acho que é por causa do perfil que ela define para determinada
posição. As pessoas mais velhas, às vezes, têm dificuldade de adaptar e aí a idade pode influenciar a carreira. Tem também o limite definido pela empresa de
60 anos para permanência. Quem está chegando nos 60 anos não tem mais
possibilidade de crescimento (E8).
Falar que um profissional com seus 60 anos de idade tem potencial tão brilhante
como um jovem engenheiro com seus 27 anos é injusto. Porém há posições que
precisam colocar pessoas mais maduras, que têm mais quilômetros rodados, que
já viveram situações que lhes dão a base para atuar melhor e até para formar
pessoas.(E7).
Eu entendo que a idade impacta no crescimento das pessoas. Como a empresa tem uma prática de também aposentar as pessoas em determinada faixa de idade,
eu imagino que a partir de um certo momento a empresa prioriza pessoas mais
jovens (E10).
A pesquisa também buscou compreender os pontos positivos e negativos da
convivência de membros de três gerações no ambiente organizacional. Perguntados sobre
esse tema, nove dos 10 entrevistados opinaram ser problemática a convivência das pessoas
de gerações diferentes. Tanure et al. (2007a) enfatizam que o conflito de gerações é
inevitável, pois esses dois grupos, jovens e mais velhos, vivem na sua vida profissional
momentos opostos: um com todo o futuro como possibilidade e o outro já na fase final de
carreira e com o passado marcando quase tudo que já fez. Somente o entrevistado E3, que
é da geração Y, afirmou que nunca teve problema: “o convívio com pessoas mais
119
experientes pode acelerar nosso crescimento em função dos exemplos e vivências que
podem passar para os mais novos”. Esse ponto de vista corresponde à postura destacada
por Beechler e Woodward (2009) de algumas pessoas mais novas que respeitam o
conhecimento dos mais maduros e estão abertas, à sua maneira, à convivência de
aprendizado.
[...] é claro que há resistência das duas partes, tanto dos mais novos quanto dos
mais velhos (E6).
Eu vejo revolta grande dos baby boomers. Eles se sentem muito descartáveis. A convivência com os mais jovens é tumultuada. Dificultam a comunicação, não
passam a informação para não entregar de “mão beijada”. [...] a geração X que
lida melhor com situações adversas relaciona melhor com os baby boomers. Os
jovens são mais explosivos (E5).
Aqui na empresa vivenciamos muito o conflito entre os jovens que estão
entrando como trainee ou contratados no mercado com os que já estão
aposentando. Muitas vezes o mais velho tem certo preconceito e má vontade de
passar conhecimento para uma pessoa muito nova, pois pensa que essa pessoa
acabou de entrar vai ganha mais do que ele (E1).
Quando coloca para trabalhar uma pessoa mais jovem com grande potencial com uma pessoa mais antiga você dá uma injeção de sangue novo, uma balançada na
turma para repensar algumas coisas (E10).
Na percepção dos entrevistados existem diferenças marcantes entre as gerações,
que levam ao choque principalmente entre as gerações Y e baby boomers e elas
correspondem ao referenciado na literatura, conforme resumido no Quadro 4. A ansiedade
e a impaciência, o não aprofundamento, a agilidade, a autoconfiança, a ousadia e a energia
foram destacadas no comportamento dos membros da geração Y, assim como a
necessidade de segurança, a responsabilidade, a dedicação, o valor da experiência e o
apego dos baby boomers à empresa.
Aqui a gente tem duas classes bem distintas. Os que estão de 30, 33 anos para
baixo e os que estão nos 50 anos para cima. Quem está no meio transita fácil
pelos dois públicos. Agora, quem está bem ilhado no primeiro grupo abaixo dos
30 e quem está no segundo grupo acima de 50 exigem maior esforço para
proximidade e troca de informações (E7).
Tem o mais velho que poderia ser mais proativo e o mais novo que já chega com
ela e tem em excesso. Os mais velhos gostam de muitos detalhes, precisam estar
seguro para decidir e são pouco ágeis. Os mais novos são superficiais, assumem
riscos sem calcular e muito ansiosos. [...] é muito difícil alguma troca entre esses dois grupos (E8).
As pessoas de geração mais nova têm necessidade de ver as coisas acontecendo
mais rápido (E3).
120
A turma nova que está chegando é mais rebelde, tem dificuldade com
formalidade, respeito às necessidades do negócio, a hierarquia e a horário. O
intermediário está no meio do caminho e com mais foco na carreira. Abre mão
de alguns pontos da vida pessoal para trabalhar os resultados do negócio e da sua
carreira (E6).
Vejo a turma jovem mais efervescente, intolerante a prazo e a algumas diretrizes.
Irritadiço. Está é a palavra! O chefe falou de uma forma mais áspera já levam
para o lado pessoal e já falam: vou procurar outro lugar (E5).
[...] o mais novo ele quer saber o mínimo necessário para dar o passo seguinte e o mais velho vai um pouco mais fundo para entender o porquê e percebo que
falta um pouco desse interesse de saber o porquê para o mais novo. Então é uma
ansiedade assim, “tá bom, já sei isso, vamos passar para frente”, mas nem captou
a quantidade de informação mínima necessária para ser considerado maduro
naquela tarefa (E7).
Quando fala de gerações a velocidade de raciocínio das pessoas é diferente e o
apego delas com o símbolo da empresa também é diferente (E3).
Eles planejam pouco e já saem executando. Eu não vou generalizar. Se o assunto
interessa vão nele no cerne, pesquisam e estudam. Se não interessa trabalham na superficialidade (E6).
A impressão que eu tenho é da atitude das pessoas mais jovens de querer correr
atrás, de estar com gás, de querer fazer (E4).
O entrevistado E3 alertou que, em seu ponto de vista, “os mais maduros têm
vínculo afetivo forte com a empresa não pela idade, mas pelo tempo de casa”. Isso
corresponde ao referido por Tanure et al. (2007b) quando trazem que executivos seniores
que sempre trabalharam na mesma empresa manifestam forte vínculo de lealdade.
Sobre o tema atuação dos gestores com equipes de gerações diferentes, sete dos
entrevistados opinaram que os gestores estão preparados para lidar com pessoas de
diversas gerações. Ressalta-se que dos 10 entrevistados seis são gestores e alguns estavam
falando de si também quando sugeriram que os gestores têm de estar preparados para
liderar pessoas de diversas gerações, quando assumem diretamente ter esse preparo ou
quando pontuam que o fazem por intuição, que é desgastante e que não estão ainda
preparados.
Eu sou suspeito para falar pelos outros gestores, mas todo gestor ao meu ver tem
que estar preparado para liderar qualquer tipo de pessoa. Fácil de fazer gestão
desse choque de gerações não é, mas o gestor que não souber lidar com isso está
fadado a viver mal ou a ser um mau gestor (E7).
Acho que os gestores estão preparados para lidar com pessoas de gerações
diferentes. Se eu pegar o meu caso eu tenho certeza que eu estou preparado. A
empresa tem feito algum trabalho de preparação dos gestores (E9).
Acho que os gestores hoje estão preparados. Os que eu convivo conseguem
tratar de maneira igualitária, independente da faixa estaria (E1).
121
Os gestores não estão preparados para liderar empregados de diversas gerações.
Fazem mais na intuição. Na verdade abordamos um relacionamento sem preparo
e não conhecemos dos mecanismos que gerem essas diferentes gerações (E3).
Com o mais novo que critica e incomoda os gestores não estão preparados. Tem
de rebolar para lidar com estes grupos diferentes, é desgastante e exige bastante
(E6).
Buscou-se conhecer a opinião dos entrevistados sobre a existência e a adequação de
políticas e práticas de gestão de pessoas. Eles foram unânimes sobre existirem políticas e
práticas relativas a carreira, benefícios, remuneração, capacitação e desenvolvimento, que
são genéricas e igualitárias e equivalem às de empresas de grande porte, mas fizeram
pontuações sobre a adequação e aplicação. Um novo sistema de carreira, chamado de
trilhas de carreira, foi implantado há pouco tempo e considerado uma evolução, apesar das
críticas de alguns ao seu funcionamento.
A empresa, por ser de grande porte, tem políticas bem definidas para carreira, remuneração e benefícios. A empresa divulgou e implantou recentemente o
projeto trilhas de carreiras que mostra para os empregados até onde eles podem
chegar, o caminho a ser trilhado e o que eles podem fazer para seu crescimento.
Acho que está ainda um pouco obscuro (E1).
O sistema que nós temos hoje para avaliação de carreira e desempenho é
adequado, tem uma boa ferramenta. Nós temos softwares que ajudam a avaliação
de desempenho com feedback (E2).
A empresa tem tudo muito bem estruturado, mas o ponto é que praticamos
pouco. Tem política e na hora de fazer dá umas tropeçadas. Exemplo é o
benefício de capacitação avançada que todo ano, por fatores externos, é bloqueado. Outro ponto que é ter ações para tentar corrigir algo que deveria ter
sido feito. Um exemplo é quando um bom profissional que chega à condição de
falar que está indo embora já foi. Não fizemos o que tinha de fazer (E3).
[...] mesmo implantado o trilhas de carreira nós não temos a autonomia de fazer
acontecer por restrições de promoção e ajuste salarial (E4).
A remuneração variável não é adequada [...] sinto que estão cortando coisas
importantes do plano de saúde para os empregados (E5).
As políticas são gerais. Tem hora que concordo e hora que discordo com as políticas de recursos humanos da empresa (E6).
Essa questão de benefícios e remuneração está mais pautada pelo mercado do
que no público (E7).
Quando a gente analisa as grandes empresas não tem muita diferença nas
políticas de remuneração. [...] eu tenho certeza absoluta que a política da
empresa é de valorização das pessoas e as carreiras estão bem definidas (E9).
122
Hoje as grandes empresas têm, de uma forma geral, benefícios e remuneração
muito parecidos. [...] a empresa quer manter uma política igualitária e perde
profissionais diferenciados por querer dar tratamento igual para um grande
grupo. Em minha opinião, se uma pessoa mostrou que tem potencial, que tem
competência, que amanhã pode ser uma pessoa muito útil para a empresa, ela
deve receber tratamento, eu não digo diferenciado, mas especial para a pessoa
(E10).
Por fim, abordou a existência de tratamento diferenciado para um grupo de
empregados tidos como talentos. Todos os entrevistados afirmaram existir essa prática na
empresa, que é divulgada e que essas pessoas recebem sim atenção diferenciada.
Três entrevistados explicitaram que a identificação dessas pessoas é realizada em
comitês de gestores com a área de RH.
Não é segredo que tem comitê de pessoas que discute todas as pessoas e define
os talentos. Eu não sei quem é talento, mas desconfio que eu possa ser (E5).
Eu acho que os potenciais são olhados com outros olhos e são mais bem
acompanhados (E1).
Para as pessoas que a empresa entende que são talentos têm ações diferenciadas
e aplica, mas não na integridade. Às vezes ficamos patinando e não colocamos
em prática (E3).
As decisões de crescimento são tomadas em comitê de pessoas pelos gestores
com apoio de recursos humanos. Compartilha a percepção sobre a pessoa antes da tomada de decisão (A4).
Essas pessoas são identificadas nos comitês de desenvolvimento de pessoas. Faz
análise do perfil de cada executivo, pontua as pessoas, coloca-se dentro do nosso
mapa, na matriz nine block e fazemos nossa própria avaliação. [...] Existe um
investimento para preparar essas pessoas para posições futuras já definidas nos
mapas de sucessão e potenciais. Na própria empresa a gente vê algumas pessoas
com projetos desafiadores que, no fundo, vai medir a capacidade de entrega e de
soluções dessas pessoas (E9).
Mesmo reconhecendo existir tratamento diferenciado para o grupo de pessoas
talentos, quando se tratou com os entrevistados sobre o tema políticas e práticas de gestão
de pessoas, declararam que são igualitárias. Considerando que existe uma metodologia
para definição e acompanhamento dessas pessoas por intermédio de comitês envolvendo os
gerentes e a área de RH, segundo o entrevistado E9, pode-se deduzir que as ações de
capacitação, desenvolvimento e remuneração são definidas para o indivíduo de acordo com
a necessidade identificada e posição que poderá vir a ocupar e não são práticas gerais. Isso,
de alguma forma, corresponde ao que Branham (2002) preconiza: que a maioria das ações
de retenção é pontual e específica. Duarte (2011) complementa a afirmação de que a maior
parte das empresas faz gestão da retenção sem regras preestabelecidas e desenvolve ações
123
caso a caso. Outro aspecto pontuado pelo entrevistado E3 foi a concientização de que as
pessoas são diferentes e devem receber tratamento diferenciado, o que parece ainda
necessitar de ações por parte empresa e preparo dos gestores.
Ser justo é fazer igual para todo para todo mundo? Não é assim que funciona!
Tem gente que deve tratar de uma forma e outro de outra. [...] Quando fala de
gerações a velocidade de raciocínio das pessoas é diferente, assim como o apego
delas com o símbolo da empresa. A abordagem tem de ser diferente e falta
preparo dos gestores (E3).
A título de síntese, o Quadro 10 apresenta os principais achados nas entrevistas com
base nos temas categorizados.
Quadro 10 - Síntese dos achados nas entrevistas - continua
Temas pesquisados Achados Fator relacionado
Motivos de vir
trabalhar na
empresa
Atraídos pelo programa de trainees; porte e
credibilidade da empresa; possibilidade de carreira e
desenvolvimento profissional; possibilidade de
carreira internacional; oportunidade de trabalho em
Minas Gerais; trabalho com desafio.
Carreira
Ambiente organizacional
Capacitação e desenvolvimento
Configuração do trabalho
Condições de trabalho
Pontos fortes da
empresa
Ambiente de trabalho; autonomia; possibilidade de
carreira; trabalho desafiador; aprendizado;
reconhecimento do trabalho; organização dos
processos e ferramentas de gestão; morar próximo da
empresa; remuneração.
Ambiente organizacional
Configuração do trabalho
Capacitação e desenvolvimento
Gestão do líder
Carreira
Condições de trabalho Remuneração e benefícios
Pontos negativos
da empresa
As constantes mudanças e a sazonalidade do negócio;
o corte de investimentos no desenvolvimento das
pessoas em momentos de crise no negócio; a lentidão
dos gestores na tomada de decisão; a complacência
que algumas lideranças têm com subdesempenho; a
demora dos líderes na comunicação de decisões aos
envolvidos no processo; receio dos gestores quanto ao
confronto no trabalho, o que os leva a amenizarem
problemas; custo de moradia na região da usina;
distância entre a usina e Belo Horizonte.
Configuração do trabalho
Capacitação e desenvolvimento
Condições de trabalho
Gestão do líder
Existência/impacto
de pressão no
trabalho
A pressão no trabalho é adequada à atividade; a
pressão desafia e impulsiona para realização; a
pressão não incomoda.
Condições de trabalho
Aspectos de atração em outras
empresas para
saída
Os pontos considerados fortes na atual empresa são requisitos básicos que devem ter na outra empresa
para considerarem a mudança; não trocam o que têm
pelo incerto; não manifestação explícita da
possibilidade de saída; somente a variável
remuneração não atrai; carreira internacional só se
combinada com outros fatores e condicionada ao país;
baby boomers e empregados com mais tempo de
empresa não têm interesse em sair da empresa; mais
jovens que entram pelo programa trainee saem por
ansiedade de crescimento rápido, não identificação
com a empresa e distância do local de trabalho da cidade onde residem.
Carreira Ambiente organizacional
Configuração do trabalho
Capacitação e desenvolvimento
Gestão do líder
Condições de trabalho
Remuneração e benefícios
124
Quadro 10 - Síntese dos achados nas entrevistas - conclusão
Temas pesquisados Achados Fator relacionado
Possibilidade de
carreira na
empresa e
atributos
valorizados
Existência de carreira gerencial ou técnica; carreira
gerencial mais valorizada pela empresa que a carreira
técnica; os principais atributos para crescimento são
conhecidos pelos empregados.
Atributos valorizados: dar resultados, ser proativo,
conhecimento técnico, bom relacionamento e respeito aos colegas, muita vontade de crescer na empresa e
comportamento adequado aos valores e à cultura da
empresa.
Carreira
Ambiente organizacional
Influência da idade
para crescimento
na empresa
Existe impacto da idade para crescimento; as
oportunidades para os mais velhos são restritas;
quanto mais novo, mais possibilidade de crescimento;
não existe correlação de tempo de casa com idade e
crescimento na carreira; para algumas posições a
empresa considera o perfil e preparo da pessoa,
independentemente da idade.
Carreira
Gerações:
convivência e
oportunidades
É problemática a convivência das pessoas de gerações
diferentes, principalmente a geração Y com baby
boomers; a resistência é das duas partes; os membros da geração X convivem melhor com a geração Y e os
baby boomers; o comportamento no trabalho da
geração Y caracteriza-se pela ansiedade, impaciência,
não aprofundamento, agilidade, autoconfiança,
ousadia e energia; e da geração baby boomers pela
necessidade de segurança, responsabilidade,
dedicação, o valor da experiência e apego à empresa.
Ambiente organizacional
Atuação dos gestores
com equipes de
gerações diferentes
Alguns se sentem na obrigação de estarem preparados
e outros acham que os gestores não sabem liderar
pessoas de gerações diferentes.
Gestão do líder
Políticas e práticas
de gestão de
pessoas
São genéricas e igualitárias; equivalem às de
empresas de grande porte; distorção na aplicação das
políticas e práticas.
Carreira
Remuneração e benefícios
Capacitação e desenvolvimento
Existência de
tratamento diferenciado para o
grupo de talentos
Existe a prática na empresa, é divulgada para os
empregados e que estas pessoas recebem atenção diferenciada. As ações de desenvolvimento e retenção
não são para o grupo de talentos, e sim para cada
indivíduo desse grupo, considerando-se perfil e
posição futura.
Carreira
Remuneração e benefícios Capacitação e desenvolvimento
Fonte: elaborada pela autora com dados das entrevistas.
125
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo geral identificar e analisar os principais fatores
organizacionais que influenciam os profissionais considerados talentos, pertencentes às três
últimas gerações, quanto à sua permanência ou efetiva intenção de deixar a organização.
Definidos os fatores organizacionais de retenção e suas variáveis, buscou-se conhecer a
percepção dos profissionais sobre a presença desses fatores na empresa, a possível
influência na permanência e na efetiva intenção de deixar a organização cruzando esses
dados com as três gerações presentes no ambiente organizacional (baby boomers, geração
X e geração Y). O possível impacto das variáveis de perfil dos participantes da pesquisa
nos fatores de retenção também foi analisado, assim como a existência de diferença de
percepção sobre tais fatores entre o grupo de profissionais considerados talento e o grupo
dos performers.
Quanto aos resultados da pesquisa propriamente ditos, não foram encontradas na
empresa pesquisada diferenças significativas entre as três gerações (baby boomers, geração
X e geração Y) no tocante aos fatores de impacto na retenção, permanência e saída. Não
obstante, nas entrevistas foram ressaltadas diferenças entre gerações no que diz respeito ao
comportamento no ambiente organizacional, dificultando as relações principalmente entre
baby boomers e geração Y, o que corresponde ao registrado na literatura. Essas
constatações podem sinalizar que profissionais de gerações diferentes querem e valorizam
as mesmas coisas, mas as prioridades, expectativas e comportamentos podem diferir pelas
características peculiares de cada grupo.
Considerando-se que os resultados da pesquisa não apuraram diferenças
significativas entre os três grupos geracionais quanto aos fatores estudados, a variável de
segmentação “idade” foi utilizada em uma segunda análise, buscando-se a sua correlação
com os fatores de retenção. O resultado dessa análise revelou existir menos impacto para
os empregados de maior idade com destaque para os fatores “condições de trabalho” e
“capacitação e desenvolvimento”. O estudo também indica que a idade impacta na carreira
e que quanto mais novo o empregado maior a possibilidade de crescimento. As entrevistas
retrataram que para os indivíduos com idade acima de 50 anos as oportunidades de
crescimento na empresa são limitadas e são vistos como no topo da carreira. Ressalta-se
que o tempo de casa não se mostrou variável que influencia no crescimento.
Identificou-se ainda na organização a existência dos fatores de retenção
pesquisados, a importância dos mesmos como fatores de permanência e sua baixa
126
relevância como fatores de saída. Na análise geral dos fatores que influenciam a retenção
na empresa, o “ambiente organizacional” aparece como o principal fator. Este engloba as
variáveis de respeito, liberdade de expressão, ambiente de aprendizado, clima
organizacional e imagem da empresa. Ele está presente na organização pesquisada e
contribui significativamente para a permanência dos empregados na empresa pesquisada.
Os demais fatores investigados foram avaliados em patamar de concordância alto, o que
sinaliza a importância de as empresas atuarem no conjunto de fatores e suas variáveis de
retenção. Se a presença dos fatores de retenção influencia a permanência das pessoas na
organização, sua ausência colabora significativamente para a saída.
No tocante à dimensão permanência, todos os demais fatores foram avaliados no
mesmo patamar e pode-se considerar que tenham o mesmo impacto para as pessoas. Na
dimensão saída, destaca-se o fator “remuneração e benefícios” com ordem de importância
logo após “ambiente organizacional”, confirmando que, na literatura, o fator “remuneração
e benefícios” é um dos mais importantes na retenção (Branham, 2002; Dutra, 2011).
Aprofundando na análise dos fatores e aferindo a percepção dos empregados sobre
as variáveis relacionadas a cada um deles, identificou-se que as pessoas valorizam
principalmente a forma do relacionamento, o quanto o trabalho permite conciliar a vida
profissional com a pessoal e a existência de oportunidades de crescimento profissional na
decisão tanto de permanência quanto de saída. Observou-se que o tempo gasto no
deslocamento do trabalho para a residência é um ponto de atenção influente na saída
daqueles que residem em cidades distantes do local de trabalho.
Detectaram-se algumas correlações significativas das variáveis de perfil com os
fatores de retenção. Indivíduos da carreira gerencial percebem mais impacto de “ambiente
organizacional”, “configuração do trabalho”, “gestão do líder” e “capacitação e
desenvolvimento” na permanência ou saída. Além disso, a pesquisa mostrou que pessoas
que ocupam posição gerencial avaliam melhor a possibilidade de carreira na empresa do
que os ocupantes de posições técnicas, o que ainda é comum na maioria das organizações
que valorizam mais a carreira gerencial. As variáveis de perfil posse de filhos, o grau de
escolaridade e o tempo de empresas também correlacionaram-se com os fatores de
retenção.
Como existe um grupo de empregados talentos e outro performers na empresa
pesquisada, aplicou-se o mesmo questionário nos dois públicos para verificar se existia
diferença de percepção sobre esses fatores de retenção. A análise estatística indicou não
haver diferenças significativas entre os dois grupos, motivo pelo qual utilizaram-se os
127
dados dos dois públicos em todos os cruzamentos. Assim, na empresa pesquisada, o grupo
de talentos e o de performers não diferem significativamente quanto à percepção da
influência dos fatores na retenção, permanência e saída.
Como resultado das entrevistas, constatou-se que os atributos valorizados pela
empresa para crescimento na carreira correspondem, em quase sua totalidade, aos listados
na literatura como os que caracterizam “talentos”. A ênfase está em dar resultados, ser
proativo, ter conhecimentos e competências necessárias ao seu trabalho, manter bom
relacionamento com colegas, ter comportamento adequado aos valores e à cultura da
empresa, vontade de crescer e gosto pelo trabalho com desafios. Também correspondem à
literatura as características marcantes percebidas nas pessoas da geração Y como
ansiedade, impaciência, não aprofundamento, agilidade, autoconfiança, ousadia e energia.
A ansiedade pelo rápido crescimento e pelo atendimento de suas expectativas em curto
prazo leva pessoas desse grupo oriundas principalmente de programas trainee a mudarem
de empresa nos primeiros anos de trabalho, caracterizando que existe problema de retenção
de talentos da geração Y. Como a pesquisa não incluiu os ex-empregados, não é possível
alguma análise do impacto dos fatores de retenção na permanência ou saída. Existe
indicação de que os que permaneceram também eram ansiosos, mas tinham o perfil mais
adequado aos valores e à cultura da empresa pesquisada.
Em suma, pode-se afirmar, em resposta à pergunta da pesquisa - quais os principais
fatores organizacionais que podem levar empregados considerados talentos das três últimas
gerações a permanecerem ou terem a efetiva intenção de deixar a organização? -, que foi
evidenciado que não existe um fator de influência na retenção de pessoas na organização,
mas sim um conjunto de fatores. E, ainda, que o ambiente organizacional tem mais peso na
retenção, considerando-se tanto a permanência como a possibilidade de saída. Ressalta-se
que o bom clima de trabalho, pautado pelo respeito, liberdade de expressão, ambiente e de
aprendizado e imagem da empresa que leva ao orgulho de pertencer, são as variáveis
consideradas pelos indivíduos quando indicaram neste estudo o fator ambiente
organizacional como o principal.
Vale lembrar que as empresas dependem cada vez mais do grau de satisfação,
envolvimento e comprometimento das pessoas com os objetivos dos negócios. O
comprometimento acontece principalmente pelo atendimento das expectativas e
necessidades dos “talentos” para a organização e de outros profissionais que ela deseja
manter em seu quadro por contribuírem com resultados que impactam na sustentabilidade e
no crescimento do negócio.
128
As entrevistas foram ricas para complementar o entendimento dos dados obtidos
por meio do questionário e trouxeram algumas informações sobre a dificuldade de retenção
nos primeiros anos de empresa de pessoas mais novas, da geração Y, oriundas
principalmente de programas trainee. Essa foi uma limitação da pesquisa, pois só
participaram empregados com pelo menos um ano de empresa e não abrangeu os que ainda
estavam no programa trainee. A ausência de entrevistas realizadas com os ex-empregados
também foi um limitador, pois poderiam agregar dados sobre os fatores de influência na
retenção, permanência e saída e, ainda, ratificar ou não pontos de vistas daqueles que
permanecem na empresa.
Outra limitação é que os achados e conclusões concentraram-se em grupos
específicos de uma única empresa, de grande porte e com uma gestão de pessoas com
suporte de práticas avançadas, o que, de alguma forma, restringe os resultados como
referência para outros estudos.
Como sugestão de trabalhos futuros, propõe-se estudo comparativo de casos em
empresas com outros perfis, como de ramo e porte diferentes, averiguando se os fatores
organizacionais de retenção de talentos se diferenciam em virtude dessas duas variáveis. A
realização de pesquisa que busque identificar as gerações existentes nas organizações no
Brasil e suas características pode contribuir para estudos futuros envolvendo gerações, pois
houve dificuldade de encontrar referencial para embasar este estudo.
Por fim, recomenda-se estudo complementar sobre retenção de talentos em empresa
de grande porte envolvendo as diversas gerações para que se possa correlacionar os
achados e conclusões com os encontrados neste estudo.
129
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136
APÊNDICES
APÊNDICE A - Questionário de Pesquisa
Colega,
Estamos convidando você para participar de pesquisa acadêmica destinada à
realização da dissertação de mestrado para o Programa de Pós-Graduação em
Administração da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas, junto a
profissionais de nível superior e executivos da […]. Você faz parte da amostra da referida
pesquisa e solicitamos sua colaboração no sentido de responder o questionário que
embasará os resultados. Esclarecemos que a pesquisa foi autorizada pela empresa […].
O objetivo do estudo é identificar e analisar os principais fatores organizacionais
que influenciam os profissionais pertencentes a diferentes gerações quanto à sua
permanência ou intenção de deixar a organização.
Sua participação e cooperação são de real importância para a concretização deste
estudo. Respondendo a todos os itens do questionário, você estará contribuindo para mais
conhecimento acerca dos aspectos relacionados à retenção de pessoas nas organizações.
Ressaltamos a importância da fidelidade nas suas respostas e ratificamos que, por se tratar
de uma pesquisa de cunho acadêmico, suas informações serão utilizadas apenas para tal
fim. Suas respostas individuais serão mantidas em sigilo absoluto, pois os dados serão
analisados em termos globais, não sendo necessário identificar-se.
Em caso de dúvidas ou da necessidade de mais esclarecimentos, favor entrar em
contato pelos telefones 8391-0263 ou 8578-0263 e falar com Tânia.
Agradecemos sua colaboração e colocamo-nos à sua disposição para quaisquer
informações que se façam necessárias.
Tânia Maria Paiva Carrara Profa. Dr
a. Simone Costa Nunes
Mestranda Orientadora
PPGA / PUC Minas - Av. Itaú, 525, Dom Cabral.
137
BLOCO I - Fatores de Influência na Retenção
Neste bloco buscamos sua percepção sobre a empresa em que trabalha.
São apresentadas afirmativas relacionadas a fatores que podem influenciar na retenção de empregados.
Marque em uma escala de 1 a 5 o quanto você concorda ou discorda de cada afirmativa, considerando:
1 2 3 4 5 Discorda totalmente Discorda na maioria
das vezes
Às vezes discorda e às
vezes concorda
Concorda na maioria
das vezes
Concorda totalmente
1 2 3 4 5
1 - Sou tratado na empresa com respeito.
2 - Sinto-me à vontade para dizer o que sinto e penso sobre o trabalho.
3 - Existe um ambiente de aprendizado com troca de conhecimentos e melhores práticas.
4 - Sinto que na empresa existe clima adequado à realização do trabalho e à convivência sadia.
5 - A empresa tem imagem de credibilidade e respeito.
6 - Tenho autonomia para tomar as decisões necessárias para o cumprimento das minhas responsabilidades.
7 - Tenho oportunidades de realizar um trabalho desafiador e interessante.
8 - Existe cooperação e trabalho de equipe na busca por resultados.
9 - A comunicação existente na empresa atende à minha necessidade de informação.
10- Considero o trabalho que realizo relevante para os resultados da empresa.
11 - O meu trabalho permite conciliar minha vida pessoal com a profissional.
12 - A empresa/ gestor permite flexibilidade no meu horário de trabalho quando necessito.
13 - A pressão que recebo para realizar meu trabalho é adequada às minhas
responsabilidades.
14 - O tempo gasto com o deslocamento de minha residência para o trabalho é adequado.
15 - A localização física de minha planta/local de trabalho afeta minha qualidade de vida.
16 - Meu gestor me estimula e proporciona oportunidades para meu desenvolvimento
profissional.
17 - Meu gestor conversa comigo sobre meus pontos fortes, o que devo melhorar e
minhas possibilidades de carreira.
18 - Sinto-me reconhecido quando realizo um bom trabalho.
19 - A empresa têm políticas, critérios de promoção e definição de trilhas de carreira.
20 - A carreira técnica e gerencial é igualmente valorizada pela empresa.
21 - Vejo oportunidades de crescimento profissional na empresa.
22 - O tempo necessário para crescimento profissional na empresa é maior que minha
expectativa.
23 - Os critérios da empresa para promoção são meritocráticos e transparentes.
24 - Existem oportunidades de vivência internacional.
25 - Sinto que a empresa proporciona clima de estabilidade e garantia de emprego.
26 - Considerando o cargo que ocupo e as responsabilidades que tenho, meu salário é
adequado.
27 - A remuneração por resultados me estimula a buscar o atendimento e superação das
metas pactuadas.
28 - Os benefícios oferecidos pela empresa atendem às minhas necessidades.
29 - Os treinamentos e as ações de desenvolvimento proporcionadas pela empresa
atendem às minhas necessidades.
30 - O trabalho que realizo na empresa me estimula a buscar aperfeiçoamento para meu
desenvolvimento profissional.
138
BLOCO II - Fatores de Influência para Permanência na Empresa
A seguir são apresentadas situações relacionadas a fatores que podem influenciar a sua permanência na
empresa.
Marque em uma escala de 1 a 5 o grau de influência que cada uma pode ter na sua decisão de permanecer
na empresa.
1 2 3 4 5
Não influencia lnfluencia pouco Influencia moderadamente Influencia muito Alta Influência
1 2 3 4 5
1 - Ser tratado com respeito.
2 - Sentir-me à vontade para dizer o que sinto e penso sobre o trabalho.
3 - Ter ambiente de aprendizado com troca de conhecimentos e melhores práticas.
4 - Existir clima adequado à realização do trabalho e à convivência sadia.
5 - Ter a empresa imagem de credibilidade e respeito.
6 - Ter autonomia para tomar as decisões necessárias para o cumprimento das minhas
responsabilidades.
7 - Poder realizar um trabalho desafiador e interessante.
8 - Existir cooperação e trabalho de equipe na busca por resultados.
9 - Ter acesso a informações gerais da empresa e às relacionadas ao meu trabalho.
10 - Realizar um trabalho relevante para os resultados da empresa.
11 - Poder conciliar minha vida pessoal com a profissional.
12 - Ter flexibilidade no meu horário de trabalho quando necessito.
13 - Existir equilíbrio entre o volume de trabalho, minha carga horária de trabalho e
tempo para entrega.
14 - O tempo gasto no deslocamento de minha residência para o trabalho e do trabalho para minha residência.
15 - A localização física de minha planta/local de trabalho.
16 - Receber do meu gestor estímulo e oportunidades para meu desenvolvimento
profissional.
17 - Receber feedback do meu gestor sobre meus pontos fortes, o que devo melhorar e
orientação sobre minhas possibilidades de carreira.
18 - Ser reconhecido quando realizo um bom trabalho.
19- A empresa ter políticas, critérios de promoção e definição de trilhas de carreira.
20 - Ser possível escolher e fazer uma carreira técnica ou gerencial na empresa com
mesmo tratamento.
21 - Ter oportunidades de crescimento profissional na empresa.
22 - O tempo para crescimento profissional na empresa.
23 - Os critérios para promoção.
24 - Existir oportunidades de vivência profissional internacional.
25 - Estabilidade e garantia de emprego.
26 - O salário que recebo considerando o cargo que ocupo e as responsabilidades que
tenho.
27 - A remuneração por resultados praticada pela empresa.
28 - Os benefícios oferecidos pela empresa.
29 - Ter oportunidades de participar de treinamentos e ações para meu
desenvolvimento.
30 - Poder realizar um trabalho que me proporciona oportunidade de aperfeiçoamento e
desenvolvimento profissional.
139
BLOCO III - Fatores de Influência para Saída da Empresa
Neste bloco são apresentadas situações relacionadas a fatores que podem influenciar uma possível saída da
empresa.
Marque em uma escala de 1 a 5 o grau de influência que cada uma pode ter na sua decisão de sair da
empresa.
1 2 3 4 5
Não influencia lnfluencia pouco Influencia moderadamente Influencia Alta Influência
1 2 3 4 5
1 - Não ser tratado com respeito.
2 - Não me sentir à vontade para dizer o que sinto e penso sobre o trabalho.
3 - Inexistência de ambiente de aprendizado com troca de conhecimentos e melhores
práticas.
4 - Clima inadequado à realização do trabalho e à convivência sadia.
5 - A empresa não ter imagem de credibilidade e respeito.
6 - Não ter autonomia para tomar as decisões necessárias para o cumprimento das minhas
responsabilidades.
7 - Não poder realizar um trabalho desafiador e interessante.
8 - Não existir cooperação e trabalho de equipe na busca por resultados.
9 - Não ter acesso a informações gerais da empresa e àquelas relacionadas ao meu
trabalho.
10 - Não ver meu trabalho como relevante para os resultados da empresa.
11 - Dificuldade para conciliar minha vida pessoal com a profissional.
12 - Não ter flexibilidade no meu horário de trabalho quando necessito.
13 - Trabalhar sob pressão para entrega de resultados.
14 - O tempo gasto com o deslocamento de minha residência para o trabalho e do
trabalho para minha residência.
15 - A localização física de minha planta/local de trabalho.
16 - Não receber do meu gestor estímulo e oportunidades para meu desenvolvimento
profissional.
17 - Não receber feedback do meu gestor sobre meus pontos fortes, o que devo melhorar
e orientação sobre minhas possibilidades de carreira
18 - Não ser reconhecido quando realizo um bom trabalho.
19 - A inexistência de políticas, critérios de promoção e definição de trilhas de carreira.
20 - Não haver tratamento igualitário para carreira técnica e gerencial.
21 - Não visualizar oportunidades de crescimento profissional na empresa.
22 - O tempo necessário para crescimento profissional na empresa.
23 - Os critérios para promoção praticados pela empresa.
24 - Não existência de oportunidades de vivência profissional internacional.
25 - Não existir clima de estabilidade e garantia de emprego.
26 - O salário que recebo considerando o cargo que ocupo e as responsabilidades que
tenho.
27 - A remuneração por resultados praticada pela empresa.
28 - Os benefícios oferecidos pela empresa.
29 - Não ter oportunidades de participar de treinamentos e ações para meu
desenvolvimento.
30 - Meu trabalho não proporcionar oportunidade de aperfeiçoamento e desenvolvimento
profissional.
140
BLOCO IV - Dados do Respondente
1. Sexo ( ) Feminino ( ) Masculino 2. Ano de nascimento: _____________ 3. Estado Civil
( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Viúvo
( ) Divorciado/ Separado ( ) Outro: __________________
4. Possui filhos ( ) Sim ( ) Não
5. Escolaridade
( ) Graduação
( ) Pós-graduação (Especialização ou MBA )
( ) Mestrado em andamento ou completo
( ) Doutorado em andamento ou completo
6. Tempo na empresa
( ) até 1 ano
( ) de 1 a 3 anos
( ) de 3 a 6 anos
( ) de 6 a 11 anos
( ) de 11 a 15 anos
( ) acima de 15 anos
7. Local (cidade) de trabalho ______________________________
8. Cidade de residência _______________________________
9. Carreira atual
10. ( ) Carreira gerencial ( ) Carreira técnica
141
APÊNDICE B - Mensagem de Esclarecimento
De: Tania Maria Paiva Carrara
Enviada em: terça-feira, 11 de setembro de 2012, 08:37h
Assunto: Pesquisa de Mestrado - Tânia
Pessoal,
Vocês receberam um e-mail da Gauss Estatística & Mercado convidando para
responder uma pesquisa para o meu mestrado.
Essa pesquisa foi autorizada pela [...] e agradeceria muito se respondesse, pois
estará contribuindo para a elaboração de minha dissertação.
O envio por intermédio de uma empresa externa foi para que não houvesse
identificação dos respondentes, pois ela fará todo o tratamento estatístico.
Qualquer dúvida, favor me procurar.
Obrigada,
Tânia Carrara
(31)8391-0263
142
APÊNDICE C - Roteiro da Entrevista
Qual sua idade, cargo, área de atuação e tempo de empresa?
1. O que o levou a vir trabalhar nesta empresa?
2. O que você destaca como pontos fortes da empresa? Esses pontos influenciam
na sua permanência na empresa?
3. O que você destaca como pontos negativos da empresa? Esses pontos podem
influenciar uma possível saída da empresa?
4. Se você fosse procurar outro emprego hoje, o que mais iria considerar como
diferencial para que tomasse a decisão de sair desta empresa?
5. Em sua visão, é possível fazer carreira na empresa?
6. Para crescer e evoluir na carreira dentro dessa empresa, que atributos você
considera importantes e mais valorizados?
7. Você entende que a idade é um fator que impacta no crescimento de um
empregado na empresa? Se sim, explique e cite situações em que percebeu esse
impacto.
8. Em sua visão, existem dificuldades de convivência no trabalho entre
profissionais de gerações diferentes? Se sim, quais? Se não, por quê?
9. Você considera que pessoas de diferentes gerações têm as mesmas
oportunidades nessa empresa?
10. Os gestores da empresa têm dificuldades para lidar com pessoas de diversas
gerações? Se sim, exemplifique.
11. As políticas e práticas da empresa para recompensa, carreira e desenvolvimento
são adequadas?
12. Em sua visão, existe tratamento diferenciado (carreira, remuneração e
desenvolvimento) para pessoas consideradas talento pela empresa?