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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática
Eliesio da Silva Costa
Maria Inês Martins
EXPERIMENTOS E EXPERIMENTAÇÕES NAS QUESTÕES DE FÍSICA DO NOVO
ENEM: GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA PROFESSORES
Belo Horizonte 2017
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 3 2 CONTEXTUALIZAÇÃO ........................................................................................... 5 2.1 O Novo ENEM ...................................................................................................... 5 2.2 Os experimentos e as experimentações ........................................................... 7 2.3 PCNEM e PCN+ .................................................................................................... 9 3 ANÁLISE E CLASSIFICAÇÃO DOS EXPERIMENTOS E EXPERIMENTAÇÕES DAS PROVAS DO NOVO ENEM ............................................................................. 13 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 43 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 45
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1 APRESENTAÇÃO
Este guia de orientação para docentes do nível médio trata dos experimentos
e experimentações de Física abordadas nas provas do Novo Exame Nacional de
Ensino Médio (Novo ENEM), do ano de 2009 a 2016. Destaca-se que não foram
consideradas as provas aplicadas, exclusivamente, às Pessoas Privadas de
Liberdade (PPL).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM)
(BRASIL, 1999) e os Parâmetros Complementares (PCN+) (BRASIL, 2002),
fundamentaram Barros (2009) na elaboração de categorias de análise de
experimentos, representada mais adiante na figura 1. As dimensões de análise
consideradas Representação e Comunicação, Investigação e Compreensão e
Contextualização Sociocultural, a fim de classificar os experimentos nos Livros
didáticos recomendados pelo Programa Nacional do Livro Didático do Ensino Médio
em 2007 (PNLEM/2007). Nesta pesquisa, apresentada como guia, aplicou-se a
mesma metodologia sobre as atividades empíricas verificadas no Novo ENEM.
Este produto educacional descreve uma breve contextualização sobre o Novo
ENEM, os experimentos e as experimentações e os PCNEM e os PCN+, elencada à
proposta de Barros (2009). Em seguida, exemplificam-se as categorias de análise,
apresentando questões características à sua classificação e, por fim, conclui-se com
os principais dados desta pesquisa documental, como porcentagem de questões de
Física nas provas analisadas e a relação percentual dos objetos de conhecimento
presentes nos experimentos/experimentações.
Pretende-se que este guia possa auxiliar o professor em sua docência ao
introduzir práticas experimentais no seu plano de ensino, buscando aperfeiçoar sua
ação em aulas de Física transformadoras, elencadas no desenvolvimento das
habilidades e competências, viabilizando aos alunos atingir bons resultados na
realização do Novo ENEM.
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2 CONTEXTUALIZAÇÃO
2.1 O Novo ENEM
Em 1998 surgiu no Brasil o ENEM, um exame aplicado pelo Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), órgão do Ministério da
Educação (MEC) que visava avaliar os estudantes concludentes do Ensino Médio.
O Exame tem como referencia:
[...] a LDB, os Parâmetros Curriculares nacionais (PCN), a Reforma do Ensino Médio, bem como os textos que sustentam sua organização curricular em Áreas de conhecimento, e, ainda, as Matrizes Curriculares de Referências para o Saeb. (BRASIL, 2002b, p.6).
No ano de 2009, o MEC propôs uma reformulação desse instrumento
avaliativo, o qual passou a ser denominado “Novo ENEM”. O Comitê de Governança
do Novo ENEM aprovou a Matriz de Referência para o ENEM 2009, este documento
relata as mudanças no exame, entre as quais se destacam os objetos de
conhecimento, que nada mais são do que os conteúdos do componente curricular
organizados pelas áreas de conhecimento, a saber:
a) linguagens, códigos e suas tecnologias (incluindo redação); b) ciências humanas e suas tecnologias; c) ciências da natureza e suas tecnologias; e d) matemática e suas tecnologias. Cada grupo de testes será composto por 45 itens de múltipla escolha, aplicados em dois, constituindo assim, um conjunto de 180 itens. A redação deverá ser feita em língua portuguesa e estruturada na forma de texto em prosa do tipo dissertativo-argumentativo, a partir de um tema de ordem social, científica, cultural ou política. (ANDRIOLA, 2011, p.115).
A Física é um componente curricular da área de Ciências da Natureza e suas
Tecnologias e os seus conteúdos avaliados na prova são denominados como
objetos de conhecimento, apresentados a seguir:
Conhecimentos básicos e fundamentais - Noções de ordem de grandeza. Notação Científica. Sistema Internacional de Unidades. Metodologia de investigação: a procura de regularidades e de sinais na interpretação física do mundo. Observações e mensurações: representação de grandezas físicas como grandezas mensuráveis. Ferramentas básicas: gráficos e vetores. Conceituação de grandezas vetoriais e escalares. Operações básicas com vetores. O movimento, o equilíbrio e a descoberta de leis físicas - Grandezas fundamentais da mecânica: tempo, espaço, velocidade e aceleração.
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Relação histórica entre força e movimento. Descrições do movimento e sua interpretação: quantificação do movimento e sua descrição matemática e gráfica. Casos especiais de movimentos e suas regularidades observáveis. Conceito de inércia. Noção de sistemas de referência inerciais e não inerciais. Noção dinâmica de massa e quantidade de movimento (momento linear). Força e variação da quantidade de movimento. Leis de Newton. Centro de massa e a idéia de ponto material. Conceito de forças externas e internas. Lei da conservação da quantidade de movimento (momento linear) e teorema do impulso. Momento de uma força (torque). Condições de equilíbrio estático de ponto material e de corpos rígidos. Força de atrito, força peso, força normal de contato e tração. Diagramas de forças. Identificação das forças que atuam nos movimentos circulares. Noção de força centrípeta e sua quantificação. A hidrostática: aspectos históricos e variáveis relevantes. Empuxo. Princípios de Pascal, Arquimedes e Stevin: condições de flutuação, relação entre diferença de nível e pressão hidrostática. Energia, trabalho e potência - Conceituação de trabalho, energia e potência. Conceito de energia potencial e de energia cinética. Conservação de energia mecânica e dissipação de energia. Trabalho da força gravitacional e energia potencial gravitacional. Forças conservativas e dissipativas. A Mecânica e o funcionamento do universo - Força peso. Aceleração gravitacional. Lei da Gravitação Universal. Leis de Kepler. Movimentos de corpos celestes. Influência na Terra: marés e variações climáticas. Concepções históricas sobre a origem do universo e sua evolução. Fenômenos elétricos e magnéticos - Carga elétrica e corrente elétrica. Lei de Coulomb. Campo elétrico e potencial elétrico. Linhas de campo. Superfícies equipotenciais. Poder das pontas. Blindagem. Capacitores. Efeito Joule. Lei de Ohm. Resistência elétrica e resistividade. Relações entre grandezas elétricas: tensão, corrente, potência e energia. Circuitos elétricos simples. Correntes contínua e alternada. Medidores elétricos. Representação gráfica de circuitos. Símbolos convencionais. Potência e consumo de energia em dispositivos elétricos. Campo magnético. Imãs permanentes. Linhas de campo magnético. Campo magnético terrestre. Oscilações, ondas, óptica e radiação - Feixes e frentes de ondas. Reflexão e refração. Óptica geométrica: lentes e espelhos. Formação de imagens. Instrumentos ópticos simples. Fenômenos ondulatórios. Pulsos e ondas. Período, frequência, ciclo. Propagação: relação entre velocidade, frequência e comprimento de onda. Ondas em diferentes meios de propagação. O calor e os fenômenos térmicos - Conceitos de calor e de temperatura. Escalas termométricas. Transferência de calor e equilíbrio térmico. Capacidade calorífica e calor específico. Condução do calor. Dilatação térmica. Mudanças de estado físico e calor latente de transformação. Comportamento de Gases ideais. Máquinas térmicas. Ciclo de Carnot. Leis da Termodinâmica. Aplicações e fenômenos térmicos de uso cotidiano. Compreensão de fenômenos climáticos relacionados ao ciclo da água. (INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2016a, p. 51).
Portanto, é preciso que os conteúdos de Física a serem ministrados em sala
de aula estejam respaldados nos livros didáticos e nas questões abordadas nos
vestibulares, em especial no Novo ENEM.
Porém, a quantidade de objetos de conhecimento no ensino de Física é muito
extensa. A maioria das escolas públicas do país pratica na grade curricular apenas
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duas ou três aulas semanais de Física, o que se considera, insuficiente para a
aplicação consistente dos objetos de conhecimento abordados no Novo ENEM.
2.2 Os experimentos e as experimentações
Observa-se uma carência no ensino de Física em agregar à teoria com a
prática, o que corrobora para que este componente curricular do Ensino Médio seja
considerado pelos alunos como uma disciplina difícil e complicada de aprender. De
acordo com Araújo e Abid (2003), os obstáculos da educação geral, incluindo o
ensino de Física, não é uma contrariedade atual. Os conteúdos de Física que
envolvem os fenômenos e conceitos ensinados na teoria, de modo geral, não têm
atraído significativamente os alunos. Entende-se que a divagação teórica da
disciplina tem dificultado a compreensão da Física, ocasionando o desinteresse por
essa ciência.
Sendo assim, torna-se necessário que o professor de Física promova
mudanças em sua metodologia de ensino, objetivando o melhor aprendizado de
seus alunos. Destaca-se, como alternativa, inserir o uso de experimento e
experimentação nas aulas de Física, temática abordado neste produto educacional.
As atividades experimentais aplicadas ao ensino de Física envolvem
experimentos e/ou experimentações, conceitos a serem explicitados. Ao investigar a
definição dessas práticas experimentais, verifica-se que, para o ensino das Ciências
Naturais, existem particularidades entre estes pensamentos.
Conforme Cachapuz, Praia e Jorge (2004), na educação o experimento
representa uma atividade experimental demonstrativa e comprobatória para abordar
conceitos que o educando não assimila, ainda que para a Física tais saberes
estejam consolidados. O aluno serve-se, então, de um aparato experimental, de
procedimentos; utilizando uma lei para, alterando as amostras, observar os
fenômenos. Para Séré, Coelho e Nunes (2002):
Há outro tipo de abordagem onde a lei não é questionada, ela é conhecida e utilizada para calcular um parâmetro, analogamente ao que é feito em um laboratório de metrologia ou de testes. No ensino podem ser mencionados alguns exemplos, como comparar métodos experimentais ou determinar a velocidade do som no ar. (SÉRÉ; COELHO; NUNES, 2002, p. 31).
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No ensino de Física a experimentação tem um papel muito importante, com o
objetivo de incentivar a obtenção de competência e interpretação dos fenômenos
demonstrados, “[...] atributo que comunga com a idéia de uma experimentação
investigativa, problematizadora e questionadora da realidade do estudante [...]”
(LIMA; TEIXEIRA, 2005, p. 6), o que resulta na oportunidade de compor novas
compreensões das práticas sobre o tema social em que seus conhecimentos, suas
experimentações, similarmente o permitem intervir.
Logo, o professor é o sujeito qualificado para mostrar e direcionar a realização
dessas práticas experimentais, uma vez que, além de expor e fundamentar a teoria,
tende a conduzir os aprendizes à investigação para o desenvolvimento do ensino de
Ciências, ocasionando como resultado a obtenção de conhecimento de forma
progressiva.
Verifica-se uma discrepância do professor em confundir as práticas
experimentais com o uso essencial de laboratório aparelhado para a execução de
experimentos. As práticas podem e devem ser feitas em variados lugares da escola
ou fora dela, com ou sem a presença de equipamentos tecnologicamente
avançados. A idéia é transformar as aulas práticas substituindo, sobretudo, a
manipulação dos equipamentos e efetuação de medidas pelos estudantes por
diversas práticas diferenciadas que se assemelham mais à ciência investigativa.
Na possibilidade de encontrar diferentes modelos experimentais para se
utilizar no ensino de Física, com finalidades estabelecidas e que não necessite de
um laboratório fixo, professores, sobretudo do Ensino Médio, têm adotado de
maneira mais abrangente os experimentos e as experimentações com materiais de
baixo custo, cujo interesse é mostrar aos educandos os conceitos físicos de maneira
mais acessível. Os objetos para o experimento de baixo custo podem ser facilmente
encontrados no comércio, ou até em casa. Como são de fácil manuseio, podem ser
aplicados em classe, sem o uso do ambiente laboratorial, podendo servir muitas
vezes como prática definitiva para explicar determinado fenômeno.
Evidencia-se o quanto é relevante que o discente agregue a teoria com a
prática no ensino de Física, bem como permita que o desenvolvimento tecnológico
seja capaz de conduzi-lo a uma educação de descobrimento de novas tecnologias.
Dentre os materiais de ensino usados pelos nossos alunos, temos o livro
didático, elemento que tem capacidade educacional de ajudar o discente no
desenvolvimento do aprendizado dos conteúdos do currículo e que serão
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posteriormente trabalhados pelo docente. No ensino público, o livro didático é
oferecido, gratuitamente, pelas redes de ensino aos alunos matriculados.
Dessa forma, o MEC, respaldado em editais do Programa Nacional do Livro
Didático do Ensino Médio (PNLD), tem a função de analisar e aprovar os livros
didáticos, ofertados às escolas. No ensino de Física, os experimentos e
experimentações são bastante significativos para o programa.
Portanto, o livro didático tem a função de abordar práticas experimentais, pois
existem critérios que devem ser respeitados pelas editoras, caso não queiram ser
excluídas do processo, com relação às atividades em questão. Além, do auxílio de
estudo dos objetos de conhecimento cobrados nas provas do Novo ENEM, as quais
tendem a proporcionar de maneira praticável experimentos e experimentações que,
de certa forma, conduzem o estudante ao entendimento das teorias ensinadas nas
aulas expositivas.
2.3 PCNEM e PCN+
Os PCNEM são parâmetros criados pelo MEC que integram e regulam a
prática pedagógica. Ainda que não sejam obrigatórios por lei, são documentos
importantíssimos para a educação, pois orientam a comunidade acadêmica no
desenvolvimento da didática das disciplinas e seus objetivos, além do propósito
fundamental de direcionar os professores sobre alguns princípios importantes
referentes a cada componente curricular, como a aprendizagem, aplicação de
atividades e procedimentos para avaliação, cuja finalidade é assegurar aos
discentes o direito de desfrutar de uma educação ideal para o ser cidadão.
Diante da percepção tratada na LDB/1996, especialmente no que diz respeito
ao Ensino Médio como etapa final da Educação Básica, o PCNEM/1999 é um projeto
para essa etapa de ensino que se refere às competências apontadas na Base
Nacional Comum, para que consiga preparar os nossos alunos na progressão das
habilidades e competências do ensino de Física.
As atividades experimentais são apreciadas como um modo didático no
contexto das práticas educacionais, proporcionando um ensino de Física mais
cativante e significativo para percepção dos alunos. Os PCN+ destacam:
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É indispensável que a experimentação esteja sempre presente ao longo de todo o processo de desenvolvimento das competências em Física, privilegiando-se o fazer, manusear, operar, agir, em diferentes formas e níveis. É dessa forma que se pode garantir a construção do conhecimento pelo próprio aluno, desenvolvendo sua curiosidade e o hábito de sempre indagar, evitando a aquisição do conhecimento científico como uma verdade estabelecida e inquestionável. (BRASIL, 2002, p.84).
Sendo assim, a experimentação é uma atividade que deve ser conservada
pelos docentes, pois, mais que demonstrar a natureza empírica da Física, integra-se
como útil no desenvolvimento das habilidades e competências, devendo ser bem
acolhida no meio acadêmico. Os PCN+ (BRASIL, 2002) apontam que:
Experimentar pode significar observar situações e fenômenos a seu alcance, em casa, na rua ou na escola, desmontar objetos tecnológicos, tais como chuveiros, liquidificadores, construir aparelhos e outros objetos simples, como projetores ou dispositivos óptico-mecânicos. Pode também envolver desafios, estimando, quantificando ou buscando soluções para problemas reais. (BRASIL, 2002, p. 84).
Como destacam os PCN+ (BRASIL, 2002):
Isso [o sentido da experimentação] inclui retomar o papel da experimentação, atribuindo-lhe uma maior abrangência para além das situações convencionais de experimentação em laboratório. As abordagens mais tradicionais precisariam, portanto, ser revistas, evitando-se “experiências” que se reduzem à execução de uma lista de procedimentos previamente fixados, cujo sentido nem sempre fica claro para o aluno. É tão possível trabalhar com materiais de baixo custo, tais como pedaços de fio, pequenas lâmpadas e pilhas, quanto com kits mais sofisticados, que incluem multímetros ou osciloscópios. A questão a ser preservada, menos do que os materiais disponíveis, é, novamente, que competências estarão sendo promovidas com as atividades desenvolvidas. (BRASIL, 2002, p. 84).
Nesta pesquisa, observam-se os experimentos e experimentações nas
questões de Física do Novo ENEM (2009 – 2016), segundo a classificação de
Barros (2009), apresentada na Figura 1:
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Figura 1 - Organograma de categorias e subcategorias de análise
Fonte: Barros (2009, p. 73)
As categorias de Barros (2009), pautadas nos PCNEM (BRASIL, 1999) e
PCN+ (BRASIL, 2002), serão detalhadas e exemplificadas no Capítulo 3, que trata
da análise e classificação dos experimentos e experimentações das provas do Novo
ENEM. Deve-se ressaltar que, o objeto deste guia é nortear professores de Física do
Ensino Médio sobre a relevância da inclusão de práticas empíricas nas aulas de
Física.
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3 ANÁLISE E CLASSIFICAÇÃO DOS EXPERIMENTOS E EXPERIMENTAÇÕES
DAS PROVAS DO NOVO ENEM
Para dar início ao objeto de pesquisa, do Novo ENEM foram selecionadas
onze provas da área da Ciência da natureza e suas Tecnologias, desde a nova
formulação do referido exame no ano de 2009 até 2016.
O Quadro 1 detalha as provas do Novo ENEM exploradas nesta pesquisa:
Quadro 1 - Identificação das provas do Novo ENEM
PROVA DO ENEM IDENTIFICAÇÃO
ENEM 2009 – prova que vazou e teve sua aplicação cancelada (caderno de prova sem identificação de cor)
ENEM 2009-V
ENEM 2009 – prova aplicada
(caderno de prova cor azul) ENEM 2009
ENEM 2010 – prova 1ª aplicação
(caderno de prova cor azul) ENEM 2010-1
ENEM 2010 – prova 2ª aplicação
(caderno de prova cor azul) ENEM 2010-2
ENEM 2011 – prova aplicada
(caderno de prova cor azul) ENEM 2011
ENEM 2012 – prova aplicada
(caderno de prova cor azul) ENEM 2012
ENEM 2013 – prova aplicada
(caderno de prova cor azul) ENEM 2013
ENEM 2014 – prova aplicada
(caderno de prova cor azul) ENEM 2014
ENEM 2015 – prova aplicada
(caderno de prova cor azul) ENEM 2015
ENEM 2016 – prova 1ª aplicação
(caderno de prova cor azul) ENEM 2016-1
ENEM 2016 – prova 2ª aplicação
(caderno de prova cor azul) ENEM 2016-2
Fonte: Elaborado pelo autor.
Em consonância com o exposto, na análise das 11 provas da área Ciências
da Natureza e suas Tecnologias de 2009 a 2016, 166 questões abordavam algum
conteúdo estudado na Física, entre as quais 49 delas apresentaram alguma prática
empírica.
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Assim, como o foco desse estudo se dirige às práticas experimentais
relacionadas ao ensino de Física, podemos observar no Gráfico 1 a discrepância de
percentual entre as questões dessa área de conhecimento que abordam ou não
atividades práticas em seu conteúdo:
Gráfico 1 - Porcentagem de questões de Física nas provas analisadas
70%
30%Questões de Físicaque não apresentamcaracterísticasexperimentais
Questões deexperimento/experimentação deFísica
Fonte: Dados da pesquisa
Mesmo não sendo em maior percentual, ao verificar essa considerável
quantidade de questões de Física no Novo ENEM com atividades empíricas, julgou-
se relevante investigar tais experimentos e/ou experimentações numa análise de
competências e habilidades como proposta por Barros (2009), ressaltando o fato de
que a análise em questão foi fundamentada nos PCNEM e PCN+.
No Gráfico 2, apresenta-se uma estimativa da distribuição dos objetos de
conhecimento, assim como são tratados os conteúdos no Novo ENEM:
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Gráfico 2 - Relação percentual dos objetos de conhecimento presentes nos experimentos/experimentações
2%
32%
4%
2%
22%
24%
14%
Conhecimentos básicos efundamentais
O movimento, o equilíbrio e adescoberta de leis físicas
Energia, trabalho e potência
A Mecânica e ofuncionamento do universo
Fenômenos elétricos emagnéticos
Oscilações, ondas, óptica eradiação
O calor e os fenômenostérmicos
Fonte: Dados da pesquisa
Através dessa análise de dados para verificar os conteúdos (objetos de
conhecimento) cobrados no Novo ENEM, percebe-se a predisposição em privilegiar
três áreas específicas da Física: o movimento, o equilíbrio e a descoberta de leis
físicas (32%); Oscilações, ondas, óptica e radiação (24%); e os Fenômenos Elétricos
Magnéticos (22%).
Observa-se, ainda, que os objetos de conhecimento menos dispostos sejam
os Conhecimentos básicos e fundamentais (2%) e a Mecânica e o funcionamento do
Universo (2%). Este resultado mostra como o Novo ENEM trata os conteúdos de
Física de maneira desigual quanto à ilustração de atividades experimentais.
O guia busca averiguar se os experimentos e as experimentações de Física
do Novo ENEM proporcionam ao discente compreender os eventos físicos, as
manifestações que as relacionam e os processos naturais, posicionando-o de modo
que se integre e entenda o seu papel na ciência natural. Dessa forma, ao ser
avaliado pretende-se demonstrar se houve de alguma maneira a aprendizagem do
indivíduo ao longo de sua vida, seja em ambiente escolar ou fora dele, nas
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diferentes formas de expressão e formação.
A classificação dos experimentos e/ou experimentações das questões de
Física do Novo ENEM dispõem-se dessas categorias e subcategorias de análise
denotadas de forma sintetizada. Ressaltando que, para uma melhor amostra dos
itens analisados, padroniza-se um código para identificação das questões do Novo
ENEM. Neste, Q quer dizer QUESTÃO; P significa PROVA; para o termo APLICADA
usa-se a letra A, enquanto para o termo APLICAÇÃO é utilizado ap; para a avaliação
cancelada em 2009 por motivo de vazamento, utiliza-se a letra V; e para as provas
identificadas pela COR AZUL, AZ. Cabe esclarecer que todas as avaliações
analisadas tinham a mesma cor (azul), com exceção da prova cancelada em 2009.
1) Representação e Comunicação
A linguagem escrita e a orientação com o intuito de compor diferentes
comunicações em seu vocabulário, por intermédio de representações e símbolos,
são características evidenciadas nessa dimensão de estudo, quando presentes nos
experimentos e experimentações.
Vejamos as categorias e subcategorias desta análise:
Elaboração de Comunicação (EC): compreende experimentos e/ou
experimentações que auxiliam o educando na transmissão de alguma informação
através da elaboração de sínteses ou esquemas estruturados sobre conceitos
físicos aplicados na escola ou em outro ambiente, empregando-se a linguagem
científica de forma correta.
Para uma melhor compreensão dessa categoria, usam-se os Exemplos 1 e 2:
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EXEMPLO 1: Q78P1ªap2010AZ Duas irmãs que dividem o mesmo quarto de estudos combinaram de comprar duas caixas com tampas para guardarem seus pertences dentro de suas caixas, evitando, assim, a bagunça sobre a mesa de estudos. Uma delas comprou uma metálica, e a outra, uma caixa de madeira de área e espessura lateral diferentes, para facilitar a identificação. Um dia as meninas foram estudar para a prova de Física e, ao se acomodarem na mesa de estudos, guardarem seus celulares ligados dentro de suas caixas. Ao longo desse dia, uma delas recebeu ligações telefônicas, enquanto os amigos da outra tentavam ligar e recebiam a mensagem de que o celular estava fora da área de cobertura ou desligado. Para explicar essa situação, um físico deveria afirmar que o material da caixa, cujo telefone celular não recebeu as ligações é de A) madeira, e o telefone não funcionava porque a madeira não é um bom condutor de eletricidade. B) metal, e o telefone não funcionava devido à blindagem eletrostática que o metal proporcionava. C) metal, e o telefone não funcionava porque o metal refletia todo tipo de radiação que nele incidia. D) metal, e o telefone não funcionava porque a área lateral da caixa de metal era maior. E) madeira, e o telefone não funcionava porque a espessura desta caixa era maior que a espessura da caixa de metal.
Q = Questão; P = Prova; ap = aplicação; AZ = Cor azul Fonte: INEP (2010a, p.24).
EXEMPLO 2: Q74PA2012AZ A característica que permite identificar um planeta no céu é o seu movimento relativo às estrelas fixas. Se observarmos a posição de um planeta por vários dias, verificaremos que sua posição em relação às estrelas fixas se modifica regularmente. A figura destaca o movimento de Marte observado em intervalos de 10 dias, registrado da Terra.
Qual a causa da forma da trajetória do planeta Marte registrada na figura? A) A maior velocidade orbital da Terra faz com que, em certas épocas, ela ultrapasse Marte. B) A presença de outras estrelas faz com que sua trajetória seja desviada por meio da atração gravitacional. C) A órbita de Marte, em torno do Sol, possui uma forma elíptica mais acentuada que a dos demais planetas. D) A atração gravitacional entre a Terra e Marte faz com que este planeta apresente uma órbita irregular em torno do Sol. E) A proximidade de Marte com Júpiter, em algumas épocas do ano, faz com que a atração
gravitacional de Júpiter interfira em seu movimento. Q = Questão; P = Prova; A = Aplicada; AZ = Cor azul
Fonte: INEP (2012b, p.25).
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No EXEMPLO 1, a experimentação realizada no cotidiano de duas irmãs
demonstrou o fenômeno da blindagem eletrostática, também conhecido como Gaiola
de Faraday. A caixa de metal, que caracteriza a superfície condutora eletrizada,
apresenta um campo elétrico nulo em seu interior, de forma que as cargas elétricas
se espalham de maneira uniforme na parte externa da caixa, possibilitando uma
blindagem eletrostática no telefone, impossibilitando-o de receber ligações. O trecho
que evidencia a experimentação nessa categoria é: “para explicar essa situação, um
físico deveria afirmar que o material da caixa”, uma vez que necessita de uma
síntese elaborada por um físico para justificar o evento ocorrido, utilizando-se de
uma linguagem científica e adequada ao explicar tal fenômeno.
Já no EXEMPLO 2, sobre “A mecânica e o funcionamento do universo”, no
trecho “Qual a causa da forma da trajetória do planeta Marte registrada na figura?”
procura-se entender que os planetas descrevem, de acordo com as leis de Kepler,
trajetórias elípticas e que quanto mais distante do Sol, menor é a velocidade orbital
do planeta. Portanto, como a Terra tem velocidade orbital maior por estar mais
próxima do Sol do que Marte, ela “ultrapassa” este planeta em certas épocas,
ocasionando o laço exibido na figura. Sendo assim, para essa questão, viu-se a
necessidade de descrever uma síntese relatando tal observação experimental
abrangendo os conhecimentos físicos, apresentando de forma nítida sua indagação
de modo a fazer declarações físicas consistentes.
Articular Símbolos e Códigos (ASC): a categoria em questão qualifica os
experimentos e/ou experimentações que faz o uso de fórmulas, equações,
códigos e nomenclaturas na resolução do exercício. Observa-se, então, o objetivo
de propiciar ao discente não só o entendimento dos conceitos, mas também a
capacidade de manipular e apreender símbolos e códigos da ciência e tecnologia.
Visando representar a categoria em questão, exemplificam-se as atividades
seguintes:
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EXEMPLO 3: Q59P1ªap2016AZ
Por apresentar significativa resistividade elétrica, o grafite pode ser utilizado para simular resistores elétricos em circuitos desenhados no papel, com o uso de lápis e lapiseiras. Dependendo da espessura e do comprimento das linhas desenhadas, é possível determinar a resistência elétrica de cada traçado produzido. No esquema foram utilizados três tipos de lápis diferentes (2H, HB e 6B) para efetuar três traçados distintos.
Munido dessas informações, um estudante pegou uma folha de papel e fez o desenho de um sorvete de casquinha utilizando-se desses traçados. Os valores encontrados nesse experimento, para as resistências elétricas (R), medidas com o auxílio de um ohmímetro ligado nas extremidades das resistências, são mostrados na figura. Verificou-se que os resistores obedeciam a Lei de Ohm.
Na sequência, conectou o ohmímetro nos terminais A e B do desenho e, em seguida, conectou-o nos terminais B e C, anotando as leituras RAB e RBC, respectivamente. Ao estabelecer a razão RAB/RBC qual resultado o estudante obteve?
A) 1 B) 4/7 C) 10/27 D) 14/81 E) 4/81
Q = Questão; P = Prova; ap = aplicação; AZ = Cor azul Fonte: INEP (2016b, p. 21).
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EXEMPLO 4: Q65PA2015AZ
Uma garrafa térmica tem como função evitar a troca de calor entre o líquido nela contido e o ambiente, mantendo a temperatura de seu conteúdo constante. Uma forma de orientar os consumidores na compra de uma garrafa térmica seria criar um selo de qualidade, como se faz atualmente para informar o consumo de energia de eletrodomésticos. O selo identificaria cinco categorias e informaria a variação de temperatura do conteúdo da garrafa, depois de decorridas seis horas de seu fechamento, por meio de uma porcentagem do valor inicial da temperatura de equilíbrio do líquido na garrafa. O quadro apresenta as categorias e os intervalos de variação percentual da temperatura.
Para atribuir uma categoria a um modelo de garrafa térmica, são preparadas e misturadas, em uma garrafa, na proporção de um terço de água fria para dois terços de água quente. A garrafa é fechada. Seis horas depois, abre-se a garrafa e mede-se a temperatura da água, obtendo-se 16°C. Qual selo deveria ser posto na garrafa térmica testada? A) A B) B C) C D) D E) E
Q = Questão; P = Prova; A = Aplicada; AZ = Cor azul Fonte: INEP (2015, p.23).
No experimento (EXEMPLO 3) sobre associação de resistores, o conteúdo é
referente ao objeto de conhecimento “Fenômenos elétricos e magnéticos”. Os
pontos que caracterizam essa categoria são: “utilizamos três tipos de lápis diferentes
(2H, HB e 6B) para efetuar três traçados distintos” e “a razão RA/RB”. Além disso,
deve-se observar que o resultado da razão entre RA e RB necessita das equações da
associação em questão para a sua resolução, como: “Req = R1 + R2+..” e “Req =
R1.R2/R1+R2”.
O EXEMPLO 4, por sua vez, aborda uma questão sobre a Calorimetria, a qual
é caracterizada neste item devido aos trechos: “menos de 10%”; “uma de 10°C e
outra a 40°C”; além da equação “Q = m.c.T”, fórmula não mostrada na questão por
se tratar de uma prova.
Desse modo, “Articular Símbolos e Códigos” se aplica às práticas
experimentais que utilizam fórmulas, equações, códigos e nomenclaturas para o
prosseguimento da atividade.
21
Leitura e compreensão - Leitura Textual (LT) e Leitura Textual com Imagem
(LTI): nessas subcategorias, encontram-se classificadas as atividades
experimentais que buscam aprimorar no discente a análise e interpretação de
textos.
Para definir as questões sobre Leitura Textual, utilizam-se os EXEMPLOS 5 e
6 a seguir:
EXEMPLO 5: Q63PA2015AZ
Uma pessoa abre sua geladeira, verifica o que há dentro e depois fecha a porta dessa geladeira. Em seguida, ela tenta abrir a geladeira novamente, mas só consegue fazer isso depois de exercer uma força mais intensa do que a habitual. A dificuldade extra para reabrir a geladeira ocorre porque o (a) A) volume de ar dentro da geladeira diminuiu. B) motor da geladeira está funcionando com potência máxima. C) força exercida pelo ímã fixado na porta da geladeira aumenta. D) pressão no interior da geladeira está abaixo da pressão externa. E) temperatura no interior da geladeira é inferior ao valor existente antes de ela ser aberta.
Q = Questão; P = Prova; A = Aplicada; AZ = Cor azul Fonte: INEP (2015, p.22).
EXEMPLO 6: Q58P1ªapl2010AZ
Sob pressão normal (ao nível do mar), a água entra em ebulição à temperatura de 100 °C. Tendo por base essa informação, um garoto residente em uma cidade litorânea fez a seguinte experiência: • Colocou uma caneca metálica contendo água no fogareiro do fogão de sua casa. • Quando a água começou a ferver, encostou cuidadosamente a extremidade mais estreita de uma seringa de injeção, desprovida de agulha, na superfície do líquido e, erguendo o êmbolo da seringa, aspirou certa quantidade de água para seu interior, tapando-a em seguida. • Verificando após alguns instantes que a água da seringa havia parado de ferver, ele ergueu o êmbolo da seringa, constatando, intrigado, que a água voltou a ferver após um pequeno deslocamento do êmbolo. Considerando o procedimento anterior, a água volta a ferver porque esse deslocamento A) permite a entrada de calor do ambiente externo para o interior da seringa. B) provoca, por atrito, um aquecimento da água contida na seringa. C) produz um aumento de volume que aumenta o ponto de ebulição da água. D) proporciona uma queda de pressão no interior da seringa que diminui o ponto de ebulição da água. E) possibilita uma diminuição da densidade da água que facilita sua ebulição.
Q = Questão; P = Prova; ap = aplicação; AZ = Cor azul Fonte: INEP (2010a, p. 16).
22
O EXEMPLO 5 representa uma experimentação que pode ser desenvolvida
na própria casa do educando e, depois, discutida em sala de aula, relacionando a
pressão do ar no interior de uma geladeira com a pressão do ar no ambiente
externo; ao passo que, na experimentação de baixo custo (EXEMPLO 6), é preciso
ambiente propício para realizá-la, a fim de demonstrar que a temperatura de
ebulição da água depende da pressão externa a que está sendo exposta. Embora o
local de execução das práticas não seja necessariamente o mesmo, ambas
caracterizam-se pelo fato de ser possível resolvê-las apenas analisando os
conceitos abordados no texto, por meio de uma interpretação.
Nos EXEMPLOS 7 e 8, apresentam-se as atividades sobre leitura e
compreensão de experimentos e experimentações com o auxílio de imagens:
EXEMPLO 7: Q82PA2015AZ
Em um experimento, um professor levou para a sala de aula um saco de arroz, um pedaço de madeira triangular e uma barra de ferro cilíndrica e homogênea. Ele propôs que fizessem a medição da massa da barra utilizando esses objetos. Para isso, os alunos fizeram marcações na barra, dividindo-a em oito partes iguais, e em seguida apoiaram-na sobre a base triangular, com o saco de arroz pendurado em uma de suas extremidades, até atingir a situação de equilíbrio.
Nessa situação, qual foi a massa da barra obtida pelos alunos? A) 3,00 kg B) 3,75 kg C) 5,00 kg D) 6,00 kg E)15,00 kg
Q = Questão; P = Prova; A = Aplicada; AZ = Cor azul Fonte: INEP (2015, p. 28).
23
EXEMPLO 8: Q65P2ªapl2010AZ
Um brinquedo chamado ludião consiste em um pequeno frasco de vidro, parcialmente preenchido com água, que é emborcado (virado com a boca para baixo) dentro de uma garrafa PET cheia de água e tampada. Nessa situação, o frasco fica na parte superior da garrafa, conforme mostra a FIGURA 1.
Quando a garrafa é pressionada, o frasco se desloca para baixo, como mostrado na FIGURA 2.
Ao apertar a garrafa, o movimento de descida do frasco ocorre porque A) diminui a força para baixo que a água aplica no frasco. B) aumenta a pressão na parte pressionada da garrafa. C) aumenta a quantidade de água que fica dentro do frasco. D) diminui a força de resistência da água sobre o frasco. E) diminui a pressão que a água aplica na base do frasco.
Q = Questão; P = Prova; ap = aplicação; AZ = Cor azul Fonte: INEP (2010b, p. 20).
Sendo assim, os experimentos e as experimentações que, mesmo com texto
redigido, aparecem acompanhados de imagens (tabelas, gráficos, figuras, fotos,
etc.) simplificam a compreensão da questão, como observou-se nos EXEMPLOS 7 e
8.
24
2) Investigação e Compreensão
As competências estimuladas nessa dimensão, a serem observadas nos
experimentos e experimentações, são: determinar associação dos fenômenos
examinados e os conceitos considerados, esclarecer eventos e solucionar questões
aplicando conceitos físicos e formalizar hipóteses sobre tais fenômenos,
favorecendo, portanto, a compreensão através da observação, a descrição e
formação de interpretações relativas. Restringe-se essa dimensão em quatro
categorias:
Relações, Invariantes, Transformações e Conservações (RITC): dessa
categoria são todos os experimentos e/ou experimentações evidenciadas pelas
relações entre diferentes grandezas, a presença de invariantes que limitam os
processos naturais e a verificação de transformações e conservações em práticas
que asseguram a formalização hipóteses em mais de uma situação sobre mesma
condição. Para melhor compreensão desta categoria, são apresentados os
exemplos 9, 10 e 11:
EXEMPLO 9: Q52P1ªap2010AZ
Com o objetivo de se testar a eficiência de fornos de micro-ondas, planejou-se o aquecimento em 10°C de amostras de diferentes substâncias, cada uma com determinada massa, em cinco fornos de marcas distintas. Nesse teste, cada forno operou à potência máxima. O forno mais eficiente foi aquele que A) forneceu a maior quantidade de energia às amostras. B) cedeu energia à amostra de maior massa em mais tempo. C) forneceu a maior quantidade de energia em menos tempo. D) cedeu energia à amostra de menor calor específico mais lentamente. E) forneceu a menor quantidade de energia às amostras em menos tempo.
Q = Questão; P = Prova; ap = aplicação; AZ = Cor azul Fonte: INEP (2010a, p. 14).
25
Exemplo 10: Q77PA2011AZ
Para medir o tempo de reação de uma pessoa, pode-se realizar a seguinte experiência: I. Mantenha uma régua (com cerca de 30 cm) suspensa verticalmente, segurando-a pela extremidade superior, de modo que o zero da régua esteja situado na extremidade inferior. II. A pessoa deve colocar os dedos de sua mão, em forma de pinça, próximos do zero da régua, sem tocá-la. III. Sem aviso prévio, a pessoa que estiver segurando a régua deve soltá-la. A outra pessoa deve procurar segurá-la o mais rapidamente possível e observar a posição onde conseguiu segurar a régua, isto e, a distância que ela percorre durante a queda. O quadro seguinte mostra a posição em que três pessoas conseguiram segurar a régua e os respectivos tempos de reação.
A distância percorrida pela régua aumenta mais rapidamente que o tempo de reação porque a A) energia mecânica da régua aumenta, o que a faz cair mais rápido. B) resistência do ar aumenta, o que faz a régua cair com menor velocidade. C) aceleração de queda da régua varia, o que provoca um movimento acelerado. D) força peso da régua tem valor constante, o que gera um movimento acelerado. E) velocidade da régua é constante, o que provoca uma passagem linear de tempo.
Q = Questão; P = Prova; A = Aplicada; AZ = Cor azul Fonte: INEP (2011, p.25).
26
EXEMPLO 11: Q77P1ªap2016AZ O trilho de ar é um dispositivo utilizado em laboratórios de física para analisar movimentos em que corpos de prova (carrinhos) podem se mover com atrito desprezível. A figura ilustra um trilho horizontal com dois carrinhos (1 e 2) em que se realiza um experimento para obter a massa do carrinho 2. No instante em que o carrinho 1, de massa 150,0 g, passa a se mover com velocidade escalar constante, o carrinho 2 está em repouso. No momento em que o carrinho 1 se choca com o carrinho 2, ambos passam a se movimentar juntos com velocidade escalar constante. Os sensores eletrônicos distribuídos ao longo do trilho determinam as posições e registram os instantes associados à passagem de cada carrinho, gerando os dados do quadro.
Com base nos dados experimentais, o valor da massa do carrinho 2 é igual a A) 50,0 g. B) 250,0 g. C) 300,0 g. D) 450,0 g. E) 600,0 g.
Q = Questão; P = Prova; ap = aplicação; AZ = Cor azul Fonte: INEP (2016b, p. 27).
Na experimentação do EXEMPLO 9, tem-se a relação entre as grandezas
potência, energia e tempo que devem ser consideradas para a possível resolução do
item. A parte que evidencia a categoria está na frase: “O forno mais eficiente foi
aquele que forneceu a maior quantidade de energia em menos tempo”. Assim, o
estudante terá de recordar o conceito de que a potência é definida como razão entre
a energia transferida e o tempo gasto.
Visto que no EXEMPLO 10 se retrata um experimento sobre o movimento de
queda livre da régua, do qual desprezando a resistência do ar a força resultante
aplicada sobre o objeto torna-se o seu peso, sua colocação nesta categoria se
27
explicita na resposta “força peso da régua tem valor constante, o que gera um
movimento acelerado”, ou seja, esse movimento possuirá aceleração constante e a
equação do Movimento Uniformemente Variado adaptado à Queda Livre (S=g.t2/2),
permitindo que se possa prever esse fenômeno natural em razão da invariante
aceleração da gravidade.
Para completar, no EXEMPLO 11 usa-se um experimento de laboratório para
demonstrar o cálculo de massa do carrinho 2 considerando que há conservação de
quantidade de movimento no momento da colisão (Qfinal = Qinicial), podendo classificar
essa prática no trecho: “o trilho de ar é um dispositivo utilizado em laboratórios de
Física para analisar movimentos em que corpos de prova (carrinhos) podem se
mover com atrito desprezível”, evidenciando os itens que possibilitam a
padronização de hipóteses sobre situações em igual circunstâncias.
Medidas e Quantificação (MQ): nessa categoria, considera-se o uso de
instrumentos de medição para a realização dos experimentos e/ou
experimentações, com o intuito de estudar a matemática e seus cálculos,
aperfeiçoando a prática de manusear dispositivos de aferição, dando ao indivíduo
competência de mensurar grandezas.
À procura de experimentos e experimentações que atestem essa categoria,
expõem-se os EXEMPLOS 12 e 13:
EXEMPLO 12: Q73PA2011AZ
Em um experimento realizado para determinar a densidade da água de um lago, foram utilizados alguns materiais conforme ilustrado: um dinamômetro D com graduação de 0 N a 50 N e um cubo maciço e homogêneo de 10 cm de aresta e 3 kg de massa. Inicialmente, foi conferida a calibração do dinamômetro, constatando-se a leitura de 30 N quando o cubo era preso ao dinamômetro e suspenso no ar. Ao mergulhar o cubo na água do lago, até que metade do seu volume ficasse submersa, foi registrada a leitura de 24 N no dinamômetro.
Considerando que a aceleração da gravidade local e de 10 m/s2, a densidade de agua do lago, em g/cm3, e A) 0,6. B) 1,2. C) 1,5. D) 2,4. E) 4,8.
Q = Questão; P = Prova; A = Aplicada; AZ = Cor azul Fonte: INEP (2011, p. 24).
28
Esse experimento retratado, tem por objetivo calcular a densidade da água de
um lago e observa-se o uso de um instrumento de medição indispensável para a
realização da atividade. Os trechos que definem a categoria presente nessa questão
são: “um dinamômetro D com graduação de 0 N a 50 N” e “constatando-se a leitura
de 30 N quando o cubo era preso ao dinamômetro e suspenso no ar”.
EXEMPLO 13: Q68P1ªapl2010AZ
A energia elétrica consumida nas residências é medida, em quilowatt/hora, por meio de um relógio medidor de consumo. Nesse relógio, da direita para a esquerda, tem-se o ponteiro da unidade, da dezena, da centena e do milhar. Se um ponteiro estiver entre dois números, considera-se o último número ultrapassado pelo ponteiro. Suponha que as medidas indicadas nos esquemas seguintes tenham sido feitas em uma cidade em que o preço do quilowatt/hora fosse de R$ 0,20.
O valor a ser pago pelo consumo de energia elétrica registrado seria de A) R$ 41,80. B) R$ 42,00. C) R$ 43,00. D) R$ 43,80. E) R$ 44,00.
Q = Questão; P = Prova; ap = aplicação; AZ = Cor azul Fonte: INEP (2010a, p. 20).
Nessa atividade prática (EXEMPLO 13), verifica-se o uso do “relógio medidor
de consumo”, usado pelas concessionárias de energia para o cálculo da “conta de
energia”. O conteúdo presente no estudo sobre Eletrodinâmica oportuniza que o
docente, ao expor esse tema e através dessa experimentação, proponha ao
29
educando realizar tais medições em ambientes do seu cotidiano, afim de
compreender como a Física está presente em nosso dia a dia e pode contribuir para
que o cidadão entenda a importância de se fazer a economia de energia elétrica.
Modelos Explicativos e Representativos (MER): os experimentos e/ou
experimentações que abrangem esta categoria permitem ao educando identificar,
aplicar, explicar e apresentar modelos explicativos para fenômenos naturais e/ou
tecnológicos.
As atividades empíricas dos EXEMPLOS 14 e 15 representam essa categoria:
EXEMPLO 14: Q48PA2013AZ
Em um experimento, foram utilizadas duas garrafas PET, uma pintada de branco e a outra de preto, acopladas cada uma a um termômetro. No ponto médio da distância entre as garrafas, foi mantida acesa, durante alguns minutos, uma lâmpada incandescente. Em seguida, a lâmpada foi desligada. Durante o experimento, foram monitoradas as temperaturas das garrafas: a) enquanto a lâmpada permaneceu acesa e b) após a lâmpada ser desligada e atingirem equilíbrio térmico com o ambiente.
A taxa de variação da temperatura da garrafa preta, em comparação à da branca, durante todo experimento, foi A) igual no aquecimento e igual no resfriamento. B) maior no aquecimento e igual no resfriamento. C) menor no aquecimento e igual no resfriamento. D) maior no aquecimento e menor no resfriamento. E) maior no aquecimento e maior no resfriamento.
Q = Questão; P = Prova; A = Aplicada; AZ = Cor azul Fonte: INEP (2013, p. 16).
30
EXEMPLO 15: Q84PA2011AZ
Ao diminuir o tamanho de um orifício atravessado por um feixe de luz, passa menos luz por intervalo de tempo, e próximo da situação de completo fechamento do orifício, verifica-se que a luz apresenta um comportamento como o ilustrado nas figuras. Sabe-se que o som, dentro de suas particularidades, também pode se comportar dessa forma.
Em qual das situações a seguir está representado o fenômeno descrito no texto? A) Ao se esconder atrás de um muro, um menino ouve a conversa de seus colegas. B) Ao gritar diante de um desfiladeiro, uma pessoa ouve a repetição do seu próprio grito. C) Ao encostar o ouvido no chão, um homem percebe o som de uma locomotiva antes de ouvi-lo pelo ar. D) Ao ouvir uma ambulância se aproximando, uma pessoa percebe o som mais agudo do que quando aquela se afasta. E) Ao emitir uma nota musical muito aguda, uma cantora de ópera faz com que uma taça de cristal se despedace.
Q = Questão; P = Prova; A = Aplicada; AZ = Cor azul Fonte: INEP (2011, p. 27).
No EXEMPLO 14, o experimento propõe um modelo para reconhecer, através
da propagação do calor, a taxa de variação de temperatura nas garrafas com cores
distintas. Os excertos que possibilitam o enquadramento nesta categoria são: “A
taxa de variação da temperatura da garrafa preta, em comparação à da branca,
durante todo o experimento, foi” e “maior no aquecimento e maior no resfriamento”.
31
Da mesma forma, no experimento do EXEMPLO 15, os trechos que
evidenciam esta prática são: “a luz apresenta um comportamento como o ilustrado
nas figuras” e “sabe-se que o som, dentro de suas particularidades, também pode se
comportar dessa forma”. Sendo assim, o avaliado é orientado a identificar o
fenômeno ondulatório difração da luz para relacioná-lo à difração de uma onda
sonora, utilizando como modelo para reconhecê-lo nas diferentes situações descritas
nas resoluções.
Relações Interdisciplinares e Interáreas (RII): são experimentos e/ou
experimentações que demonstram uma determinada vinculação dos conceitos
físicos com conceitos de outra área de conhecimento, possibilitando ao discente
identificar, investigar e descobrira individualidade de cada ciência, obtendo-se
assim a compreensão multidisciplinar dos conceitos abordados, destacando a
interdisciplinaridade dos componentes curriculares.
Para uma melhor compreensão dessa categoria, usam-se os Exemplos 16 e
17:
Exemplo 16: Q62PA2014AZ Um sistema de pistão contendo um gás é mostrado na figura. Sobre a extremidade superior do êmbolo, que pode movimentar-se livremente sem atrito, encontra-se um objeto. Através de uma chapa de aquecimento é possível fornecer calor ao gás e, com auxílio de um manômetro, medir sua pressão. A partir de diferentes valores de calor fornecido, considerando o sistema como hermético, o objeto elevou-se em valores Δh, como mostrado no gráfico. Foram estudadas, separadamente, quantidades equimolares de dois diferentes gases, denominados M e V.
A diferença no comportamento dos gases no experimento ocorre do fato de o gás M, em relação ao V, apresentar A) maior pressão de vapor. B) menor massa molecular. C) maior compressibilidade. D) menor energia de ativação. E) menor capacidade calorífica.
Q = Questão; P = Prova; A = Aplicada; AZ = Cor azul Fonte: INEP (2014, p. 21).
32
EXEMPLO 17: Q28PV2009
Além de ser capaz de gerar eletricidade, a energia solar é usada para muitas outras finalidades. A figura a seguir mostra o uso da energia solar para dessalinizar a água. Nela, um tanque contendo água salgada é coberto por um plástico transparente e tem a sua parte central abaixada pelo peso de uma pedra, sob a qual se coloca um recipiente (copo). A água evaporada se condensa no plástico e escorre até o ponto mais baixo, caindo dentro do copo.
Nesse processo, a energia solar cedida à água salgada (A) fica retida na água doce que cai no copo, tornando-a, assim, altamente energizada. (B) fica armazenada na forma de energia potencial gravitacional contida na água doce. (C) é usada para provocar a reação química que transforma a água salgada em água doce. (D) é cedida ao ambiente externo através do plástico, onde ocorre a condensação do vapor. (E) é reemitida como calor para fora do tanque, no processo de evaporação de água salgada.
Q = Questão; P = Prova; V = Vazou; AZ = Cor azul Fonte: INEP (2009a, p. 9).
A questão experimental do EXEMPLO 16 em análise, traz no trecho
“quantidades equimolares de dois diferentes gases” e em sua possível resolução
para a questão usa-se a “Equação de Clapeyron”, denominada “P.V = n.R.T”,
conteúdos específicos da Química em seu objeto de conhecimento “Transformações
químicas”. Já no experimento de baixo custo do EXEMPLO 17, além de estar
presente no objeto de conhecimento da Física “O calor e os fenômenos térmicos”,
também está ligado à Química no objeto de conhecimento “Materiais, suas
propriedades e usos”. Portanto, os anunciados destacam-se pela evidência da
atividade experimental estar ligada com outra área de conhecimento ou componente
curricular, além da Física.
33
3) Contextualização Sociocultural
Os experimentos e as experimentações que apresentam de forma consistente
a correlação da Física com algum tema histórico e de idealização humana,
interpretando-a como componente constituinte da cultura contemporânea e/ou
associando-a com a modernização progressiva em nosso dia a dia, contemplam
essa categoria de análise. Vejamos, então, para essa dimensão, as três categorias:
Contexto Histórico-Social (CHS): Viabiliza ao aluno compreender os
experimentos e/ou experimentações do ensino de Física incorporados a um
contexto histórico-social, dado que se deve caracterizar pelo conceito e relevância
da atividade empírica realizada em determinada época, além dos prováveis
obstáculos que o pesquisador confrontou em seu tempo para descobrir o
fenômeno ou inventar tal tecnologia, englobando sua importância histórica para o
desenvolvimento da ciência.
Nessa categoria se enquadram-se as práticas experimentais que
proporcionam uma situação da Física no meio de um contexto histórico-social e que
possibilitem ao avaliado caracterizar a importância e o significado do experimento
realizado naquela época, como apresentado nos EXEMPLOS 18 e 19:
EXEMPLO 18: Q67PA2014AZ Para entender os movimentos dos corpos, Galileu discutiu o movimento de uma esfera de metal em dois planos inclinados sem atritos e com a possibilidade de se alterarem os ângulos de inclinação, conforme mostra a figura. Na descrição do experimento, quando a esfera de metal é abandonada para descer um plano inclinado de um determinado nível, ela sempre atinge, no plano ascendente, no máximo, um nível igual àquele em que foi abandonada.
Se o ângulo de inclinação do plano de subida for reduzido a zero, a esfera A) manterá sua velocidade constante, pois o impulso resultante sobre ela será nulo. B) manterá sua velocidade constante, pois o impulso da descida continuará a empurrá-la. C) diminuirá gradativamente a sua velocidade, pois não haverá mais impulso para empurrá-la. D) diminuirá gradativamente a sua velocidade, pois o impulso resultante será contrário ao seu movimento. E) aumentará gradativamente a sua velocidade, pois não haverá nenhum impulso contrário ao seu movimento.
Q = Questão; P = Prova; A = Aplicada; AZ = Cor azul Fonte: INEP (2014, p. 24).
34
A questão relata um experimento (EXEMPLO 18) do físico italiano Galileu
Galilei (1564-1642) que procura explicar o comportamento do movimento de uma
esfera de metal em dois planos sem atrito. Uma importante observação sobre esse
item é a análise da questão, que implica destacar o conceito sobre Inércia
estabelecido por outro ilustre físico, o inglês Isaac Newton (1643-1727), ponto-chave
para resolução da mesma.
EXEMPLO 19: Q72PA2014AZ O funcionamento dos geradores de usinas elétricas baseia-se no fenômeno da indução eletromagnética, descoberto por Michael Faraday no século XIX. Pode-se observar esse fenômeno ao se movimentar um ímã e uma espira em sentidos opostos com módulo da velocidade igual a v, induzindo uma corrente elétrica de intensidade i, como ilustrado na figura.
A fim de se obter uma corrente com o mesmo sentido da apresentada na figura, utilizando os mesmos materiais, outra possibilidade é mover a espira para a A) a esquerda e o ímã para a direita com polaridade invertida. B) direita e o ímã para a esquerda com polaridade invertida. C) esquerda e o ímã para a esquerda com mesma polaridade. D) direita e manter o ímã em repouso com polaridade invertida.
E) esquerda e manter o ímã em repouso com mesma polaridade. Q = Questão; P = Prova; A = Aplicada; AZ = Cor azul
Fonte: INEP (2014, p. 26).
Nessa experimentação (EXEMPLO 19) sobre o fenômeno da indução
magnética, que é o princípio do funcionamento não só dos geradores elétricos de
uma usina, mas também de transformadores, dínamos, alternadores, indutores,
solenoides e, até mesmo, motores elétricos, percebe-se a importância dessa
descoberta no século XIX para os dias de hoje.
35
Relação com a Cultura Tecnológica (RCT): essa categoria abrange os
experimentos e/ou experimentações de Física que dispõem de instrumentos
tecnológicos de uso prático (celular, computador, microondas, etc.),
proporcionando ao discente um conhecimento proficiente à vida e ao trabalho.
Para uma melhor compreensão dessa categoria de análise, usam-se os
exemplos 20 e 21:
EXEMPLO 20: Q86P1ªap2016AZ Um experimento para comprovar a natureza ondulatória da radiação de micro-ondas foi realizado da seguinte forma: anotou-se a frequência de operação de um forno de micro-ondas e, em seguida, retirou-se sua plataforma giratória. No seu lugar, colocou-se uma travessa refratária com uma camada grossa de manteiga. Depois disso, o forno foi ligado por alguns segundos. Ao se retirar a travessa refratária do forno, observou-se que havia três pontos de manteiga derretida alinhados sobre toda a travessa. Parte da onda estacionária gerada no interior do forno é ilustrada na figura.
De acordo com a figura, que posições correspondem a dois pontos consecutivos da manteiga derretida? A) I e III B) I e V C) II e III D) II e IV E) II e V
Q = Questão; P = Prova; ap = aplicação; AZ = Cor azul Fonte: INEP (2016b, p. 30).
EXEMPLO 21: Q56PA2011AZ O manual de funcionamento de um captador de guitarra elétrica apresenta o seguinte texto: Esse captador comum consiste de uma bobina, fios condutores enrolados em torno de um imã permanente. O campo magnético do imã induz o ordenamento dos polos magnéticos na corda da guitarra, que está próxima a ele. Assim, quando a corda é tocada, as oscilações produzem variações, com o mesmo padrão, no fluxo magnético que atravessa a bobina. Isso induz uma corrente elétrica na bobina, que é transmitida até o amplificador e, daí, para o alto-falante. Um guitarrista trocou as cordas originais de sua guitarra, que eram feitas de aço, por outras feitas de náilon. Com o uso dessas cordas, o amplificador ligado ao instrumento não emitia mais som, porque a corda de náilon: A) isola a passagem de corrente elétrica da bobina para o alto-falante. B) varia seu comprimento mais intensamente do que ocorre com o aço. C) apresenta uma magnetização desprezível sob a ação do imã permanente. D) induz correntes elétricas na bobina mais intensas que a capacidade do captador. E) oscila com uma frequência menor do que a que pode ser percebida pelo captador.
Q = Questão; P = Prova; A = Aplicada; AZ = Cor azul Fonte: INEP (2011, p. 18).
36
O experimento com o microondas (EXEMPLO 20) mostra como podemos
relacionar a tecnologia presente no cotidiano das pessoas com os conceitos sobre
ondas eletromagnéticas ensinados em sala de aula. Ao classificar o EXEMPLO 21
como experimentação relacionada a avanços tecnológicos, observa-se como é
possível explicar a aplicação tecnológica do Eletromagnetismo e os seus fenômenos
utilizando-se dessa prática. Em suma, essa categoria possibilita ao educando
entender como a Física está inserida tecnologicamente em nosso dia a dia.
Relação com outras Formas de Cultura (RFC): os experimentos e/ou
experimentações classificados nessa categoria são percebidos por elencar os
conceitos da Física sob uma perspectiva cultural, como relacionar os conceitos
físicos com a arte, música, dança, teatro, museu etc.; utiliza-se o exemplo 22 para
demonstrar:
EXEMPLO 22: Q86PA2015AZ
Ao ouvir uma flauta e um piano emitindo a mesma nota musical, consegue-se diferenciar esses instrumentos um do outro. Essa diferenciação se deve principalmente ao(a) A) intensidade sonora do som de cada instrumento musical. B) potência sonora do som emitido pelos diferentes instrumentos musicais. C) diferente velocidade de propagação do som emitido por cada instrumento musical. D) timbre do som, que faz com que os formatos das ondas de cada instrumento sejam diferentes. E) altura do som, que possui diferentes frequências para diferentes instrumentos musicais.
Q = Questão; P = Prova; A = Aplicada; AZ = Cor azul Fonte: INEP (2015, p. 30).
Essa análise, ainda que tenha sido observada como a classificação de menor
número, oportuniza de forma clara o desenvolvimento de uma prática experimental.
Por estar relacionada com a música, como exposto no trecho “Ao ouvir uma flauta e
um piano emitindo a mesma nota”, essa experimentação relaciona o contexto
cultural com a Física para demonstrar o fenômeno do Timbre sonoro.
Barros (2009), em sua pesquisa para compreender a natureza das práticas
experimentais presentes nas coleções dos livros didáticos do PNLEM 2007, dividiu
as habilidades e competências tratadas nos PCNEM e PCN+ em categorias e
subcategorias.
37
A representação das categorias de análise foram subdivididas conforme o Quadro
2:
Quadro 2 – Categorias e subcategorias de análise
Dimensão de análise
Categoria e subcategoria de análise
Representação e
Comunicação
Elaboração de Comunicação (EC)
Articular Símbolos e Códigos (ASC)
Leitura e compreensão
Leitura Textual (LT)
Leitura Textual com Imagem (LTI)
Investigação e Compreensão
Relações, Invariantes, Transformações e Conservações (RITC)
Medidas e Quantificações (MQ)
Modelos Explicativos e Representativos (MER)
Relações Interdisciplinares e Interáreas (RII)
Contextualização
Sociocultural
Contextualização Histórico-Social (CHS)
Relação com a Cultura Tecnológica (RCT)
Relação com outras Formas de Cultura (RFC)
Fonte: Adaptado de BARROS (2009, p. 102).
Primeiramente, expõem-se os resultados da classificação da pesquisa em
cada dimensão. A verificação sobre as práticas experimentais do Novo ENEM
demonstrou os seguintes resultados obtidos e representados nos Gráficos 3 a 5, que
constam a seguir:
Gráfico 3 – Experimentos/experimentações por competência e habilidade
7
24
15
34
Representação e Comunicação
EC - Elaboração de Comunicação
ASC - Articular Símbolos e Códigos
LT - Leitura Textual
LTI - Leitura Textual com Imagem
Fonte: Resultados da pesquisa
38
Observado o Gráfico 3, sobre a dimensão Representação e Comunicação,
apura-se que o Novo ENEM opta por utilizar atividades experimentais com imagens
para uma melhor interpretação dos textos usados nas provas, consolidando 69% (34
em 49) de todas as questões. Entende-se que o exame pressupõe que fazer leitura
e interpretação de texto com fotos, esquemas, etc., ajuda o educando a desenvolver
a análise do experimento/experimentação proposto, possibilitando a melhor
compreensão do fenômeno.
Em outra perspectiva, atenta-se também para os itens que utilizam símbolos
físicos e/ou matemáticos, os quais representam 49% (24 em 49) das questões.
Sendo assim, além do entendimento da concepção da prática experimental, tem-se
a finalidade de avaliar se o aluno tem a capacidade de utilizar e entender os
símbolos e códigos para uma possível resolução do questionamento que lhe é
proposto.
Gráfico 4 – Experimentos/experimentações por competência e habilidade
28
10
34
5
Investigação e Compreensão
RITC - Relações, Invariantes, Transformações eConservações
MQ - Medidas e Quantificações
MER - Modelos Explicativos e Representativos
RII - Relações Interdisciplinares e Interáreas
Fonte: Resultados da pesquisa
Estudado o Gráfico 4 da dimensão Investigação e Compreensão, verifica-se
que, com 69 % (34 de 49 itens), a frequência de aparição mais abrangente se dá
aos Modelos Explicativos e Representativos. Sendo assim, entende-se que, para o
exame, é importante apresentar ao aluno uma questão em que ele reconheça,
39
utilize, interprete e proponha, de acordo com os seus conhecimentos, para a
realização da prova, os padrões explicativos para os fenômenos e/ou sistemas
naturais ou tecnológicos.
Porém, representando aproximadamente 10% (5 de 49), estão em menor
número as práticas experimentais que trazem fenômenos físicos que se relacionam
com outras áreas da Ciência, ou seja, o Novo ENEM demonstra baixa relação
interdisciplinar na elaboração das questões.
Gráfico 5 – Experimentos/experimentações por competência e habilidade
5
20
2
Contextualização Sociocultural
CHS - Contextualização Histórico-Social
RCT - Relação com a Cultura Tecnológica
RFC - Relação com outras Formas de Cultura
Fonte: Resultados da pesquisa
Dados do Gráfico 5, da última dimensão de análise que aborda a
Contextualização Sociocultural, avalia-se como menos destacadas no Exame as
questões de Física do Novo ENEM, que abordam características de atividade
experimental num contexto histórico e de construção humana associadas às
tecnologias presentes em meio habitual.
Dentre as 49 questões analisadas envolvendo experimentos e
experimentações, apenas 25 foram constatadas nessa dimensão, das quais 20 itens
(80%) trazem dispositivos e equipamentos tecnológicos presentes em nosso meio
cultural. Numa mesma análise, nota-se que tanto as questões relacionadas com
práticas realizadas por cientistas que viveram em períodos antigos, com 20% (5
40
itens), como aquelas relacionadas com outras formas de cultura, 8% (2 itens), são
ainda menos privilegiadas.
Em suma, o Gráfico 6 mostra o percentual de experimentos e
experimentações por dimensão de análise:
Gráfico 6 - Percentual de experimentos e experimentações por dimensão de Análise
100%
51%
100%
Representação e
Comunicação
Investigação e
Compreensão
Contextualização
Sociocultural
Fonte: Resultados da pesquisa
Os resultados alcançados nesta pesquisa constatam que, numa mesma
atividade empírica, pode-se classificar até mais do que uma dimensão e categoria
por vez; e, mesmo de forma fracionada, as provas analisadas preconizam
experimentos e experimentações que demonstram as competências e habilidades
do PCNEM e norteadas no PCN+.
O resultado geral das dimensões de análise levanta e esclarece informações
importantes sobre a referente pesquisa. Em primeiro lugar, destaca-se a categoria
Leitura e Compreensão, na qual todos os experimentos e experimentações foram
classificados, ficando divididos em práticas de Leitura Textual com Imagem (LTI) e
aquelas que têm somente Leitura Textual (LT), razão esta que permite descrever
que 100% das experiências estão caracterizadas na dimensão de análise
Representação e Comunicação.
Visto que, para o PCNEM (BRASIL, 1999) a categoria Investigação e
Compreensão tem uma característica mais específica da área da Ciência da
Natureza, ela também se apresentou em todas as práticas experimentais.
Por fim, a dimensão de análise Contextualização Sociocultural, mesmo tendo
como categoria atividades relacionadas com a cultura contemporânea, visto que se
usa com ênfase “área da Ciência da Natureza e suas Tecnologias”, verificou-se na
41
pesquisa que apenas 51% das práticas foram contemplados nessa dimensão de
classificação do Novo ENEM. Sendo assim, interpreta-se que os autores das
questões têm dificuldades em elaborar itens relacionados a conhecimentos
tecnológicos, e ainda menos quando se procura associá-los ao contexto histórico da
Física e/ou com outras formas de cultura.
43
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como reforço para o professor, os documentos PCNEM e PCN+ recomendam
e normalizam acerca dos temas do ensino da Física que devem ser apresentados e
compreendidos pelos alunos em todo o Ensino Médio, cabendo ao docente integrá-
los ao seu planejamento de ensino para que se inicie uma nova e mais eficaz
formação de cidadãos.
Outro recurso importante, indispensável e, por vezes, até único para o estudo
dos alunos, são os livros didáticos (LD). Do ponto de vista das atividades empíricas,
os LD têm contribuído progressivamente para a compreensão e exploração dos
conceitos físicos demonstrados em aula. Assim, é essencial que, ao ensinar Física
utilizando-se desse instrumento de aprendizagem, sejam verificadas importantes
contribuições para a sua didática, cujo objetivo seja desenvolver a compreensão dos
educandos.
Portanto, é determinante refletir que o experimento e a experimentação
proporcionam ao aluno eventos investigativos, que ultrapassam as práticas
concebidas como “receitas de bolo”, as quais cumprem apenas a função de
comprovação do fenômeno físico, sem ligação com algum contexto social ou
cultural.
A investigação mostra que, independentemente se o experimento for de baixo
custo ou realizado em laboratório tradicional, o ensino de práticas experimentais
requer uma função pedagógica em si. Acredita-se que o professor de Física, ao
procurar desenvolver o seu plano de aula, tem tipicamente desenvolvido a inserção
de conceitos, leis e fórmulas, de maneira inadequada ao aprendizado do educando.
Entende-se que o professor de Física não deve utilizar apenas o “fazer
experiência planejadas”, mas sim “planejar experiências”, de modo que o discente
saiba evoluir na definição dos conceitos, na descoberta e investigação das leis e na
descrição dos princípios básicos ocorridos.
Os experimentos e experimentações aplicadas ao ensino de Física
estabelecem-se como um importante recurso didático no processo de crescimento
de competências e habilidades, visto que o conhecimento assimilado através da
resolução de problemas e expressões matemáticas tem se mostrado limitado e
insuficiente para a eficácia do processo ensino-aprendizagem.
44
Levando em conta o exposto, destaca-se que as provas do Novo ENEM
analisadas (de 2009 a 2016), em especial os experimentos e as experimentações
examinadas, concordam com as habilidades e competências propostas nos PCNEM
e detalhadas nos PCN+. Por isso, cabe aos professores buscarem nestes
documentos referências para bem preparar seus alunos para o exame.
Em consonância com os dados apresentados até aqui, é nítido que,
independentemente da forma como se analisa e classifica qualquer tema, ao
transpor o assunto pode-se ocorrer a imparcialidade, em que indivíduos podem estar
sujeitos a diferentes vertentes. A referente análise e classificação buscam, assim,
apresentar ao professor um suporte adicional no estudo direcionado a práticas
experimentais de Física abordadas no Novo ENEM.
45
REFERÊNCIAS
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46
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