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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-Graduação em Administração Renato de Melo Teixeira RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL DE UMA ORGANIZAÇÃO SEM FINS LUCRATIVOS A PARTIR DA PERCEPÇÃO DOS SEUS STAKEHOLDERS: um estudo de caso em um Conselho de Classe Belo Horizonte 2012

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-Graduação em Administração

Renato de Melo Teixeira

RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL DE UMA ORGANIZA ÇÃO SEM

FINS LUCRATIVOS A PARTIR DA PERCEPÇÃO DOS SEUS STAKEHOLDERS:

um estudo de caso em um Conselho de Classe

Belo Horizonte

2012

RENATO DE MELO TEIXEIRA

RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL DE UMA ORGANIZA ÇÃO SEM

FINS LUCRATIVOS A PARTIR DA PERCEPÇÃO DOS SEUS STAKEHOLDERS:

um estudo de caso em um Conselho de Classe

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito para obtenção do título de Mestre em Administração

Orientador: Prof. Dr. Armindo dos Santos de

Sousa Teodósio

Belo Horizonte

2012

FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Teixeira, Renato de Melo T266r Responsabilidade social empresarial de uma organização sem fins lucrativos

a partir da percepção dos seus stakeholders: um estudo de caso em um conselho de classe / Renato de Melo Teixeira. Belo Horizonte, 2012.

136f.: il.

Orientador: Armindo dos Santos de Sousa Teodósio Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Programa de Pós-Graduação em Administração.

1. Responsabilidade social da empresa. 2. Sociedades sem fins lucrativos. I. Teodósio, Armindo dos Santos de Sousa. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Administração. III. Título.

CDU: 658.3.048

Renato de Melo Teixeira

AVALIAÇÃO DAS PRÁTICAS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL E MPRESARIAL DE UMA ORGANIZAÇÃO SEM FINS LUCRATIVOS A PARTIR DOS SEUS

STAKEHOLDERS : um estudo de caso em um Conselho de Classe

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração

_________________________________________________ Prof. Dr. Armindo dos Santos de Sousa Teodósio (Orientador) – Puc Minas /FDC

_________________________________________________ Prof. Dr. Ivan Beck Ckagnazaroff – UFMG

_________________________________________________ Prof. Dr. Roberto Patrus Mundim Pena - Puc Minas /FDC

Belo Horizonte, 27 de fevereiro de 2012

Dedico este trabalho à pessoa que demonstra,

não com palavras, mas com ações firmes e

inquestionáveis como deve ser a postura

no trato da coisa pública.

AGRADECIMENTOS

Este trabalho foi uma obra com a contribuição de muitas pessoas, uma pena

a impossibilidade de nomeá-las.

Primeiramente, à minha família pelo apoio incondicional e a possibilidade de

concretizar um curso que mudou a minha vida. À minha amada Nati, pelo incentivo,

mesmo nos momentos que minhas ausências eram frequentes.

Em especial ao grande amigo Wanyr Notini, aquele que possibilitou o pontapé

inicial, o desenvolvimento e a apresentação dos resultados deste trabalho. Sem ele,

este trabalho se resumiria em um despacho processual sem resposta.

Ao prof. Antônio Lombardo, ator fundamental para a viabilização deste

estudo. Ao prof. Éderson Bustamante, que compartilhou sua sabedoria e humildade

para conclusão de etapas fundamentais deste trabalho.

Ao prof. Paulo Roberto, que reabriu as portas da Puc de uma forma que

nunca esquecerei. Tenho para mim a obrigação de incentivar futuros professores.

Ao grande amigo prof. Teo que me transformou através do conhecimento.

Grande parte deste trabalho é mérito deste competente professor.

Aos amigos do Crea, que proporcionaram este estudo. Infelizmente não terei

espaço para nomeá-los, mas enfatizo os competentes funcionários das Gerências

Financeira (em especial aqueles que me ajudaram na elaboração dos

questionários), Administrativa, de Comunicação e de Planejamento e Gestão.

Registro, aqui, meu agradecimento aos companheiros do GesPública que plantaram

a semente da mudança. À todos os funcionários que responderam os questionários

enviados.

Aos profissionais e pessoas ligadas à comunidade tão fundamentais para este

estudo. Destaque ao amigo e generoso Vitto, sempre tão prestativo, e aos

comprometidos José Abílio e Ildeu Dias.

Aos colegas de mestrado, pelo convívio e pela rica troca de experiências.

Por fim, à direção do Crea-Minas: obrigado pela confiança.

O conhecimento nos faz responsáveis.

Che Guevara

RESUMO

A presente dissertação tem como objetivo avaliar as práticas de Responsabilidade

Social Empresarial de uma Organização Sem Fins Lucrativos a partir de seus

stakeholders. Para tal, realizou-se um estudo de caso em um Conselho Profissional,

o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais

(Crea-Minas). Foi descrito o histórico da Responsabilidade Social Empresarial,

abordando sua origem, características e principais debates nesse campo. Em

seguida, discutiu-se sobre stakeholders e os modelos de relacionamento das

organizações com as partes interessadas. A partir de então, foi proposto um modelo

de relacionamento com stakeholders, tendo como base de coleta de dados as

práticas de Responsabilidade Social Empresarial da organização. Foram

selecionados três públicos distintos na organização pesquisada, funcionários,

profissionais e lideranças externas e/ou das comunidades envolvidas em projetos

sociais desenvolvidos pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e

Agronomia de Minas Gerais. Para realização da pesquisa foram utilizados

questionários, entrevistas, análise documental e observações com a participação do

pesquisador. Os resultados demonstram diferentes níveis de práticas de

responsabilidade social para cada grupo envolvido, sendo que, inclusive, a análise

de três grupos concomitantemente possibilitou uma melhor descrição do fenômeno

pesquisado. De uma forma geral, a organização respondeu mais fortemente ao

enforcement legal, demonstrando certa resistência em se aproximar dos

stakeholders. Foi verificada dependência de recursos com relação aos grupos

pesquisados e, por fim, a organização demonstrou-se mais resistente ao

enforcement social. Ao final do estudo, foram apresentadas várias oportunidades de

melhoria, para cada grupo pesquisado, com intuito de se aprimorar o modelo de

gestão organizacional e consequentemente estreitar a relação entre organização e

stakeholder.

Palavras-chave: Responsabilidade Social Empresarial. Stakeholders. Organizações

Sem Fins Lucrativos.

ABSTRACT

This dissertation aims at evaluating the practices of Corporate Social Responsibility

of a Non-Profit Organization from its stakeholders. A study was carried out in a

Professional Council, the Regional Council of Engineering, Architecture and

Agronomy of Minas Gerais (Crea-Minas). The history of Corporate Social

Responsibility was described, addressing its origin, characteristics and key debates

in this field. Then, the history of stakeholders and models of stakeholder relationships

of organizations was discussed with other groups. Since then, a model of stakeholder

relations, based on the data collection practices of Corporate Social Responsibility of

the organization has been proposed. Three different stakeholders in the organization

studied, employees, professionals and external leadership and / or communities

involved in social projects developed by Crea-Minas were selected. Questionnaires,

interviews, document analysis and observations with the participation of the

researcher were used. The results show different levels of social responsibility

practices for each group involved and the analysis of three groups simultaneously

provided a better description of the studied phenomenon. In general, the organization

has responded more strongly to legal enforcement, showing some resistance in

approaching stakeholders. Resource dependency relation with the groups studied

was verified, and finally, the organization showed itself to be more resistant to social

enforcement. Eventually, several opportunities for improvement for each group

studied were presented, aiming at improving the organizational management model

and therefore tightening the relationship between organization and stakeholder.

Keywords: Corporate Social Responsibility. Stakeholders. Non-Profit Organizations.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Pirâmide de Responsabilidade Social Empresarial ..................................37

Figura 2 – Modelo dos Três Domínios de Responsabilidade Social Empresarial .....40

Figura 3 – Modelo de Análise Stakeholder................................................................43

Figura 4 – Aspectos Centrais dos Stakeholders........................................................44

Figura 5 – Tipos de stakeholders ..............................................................................47

Figura 6 – Modelo dos Quatro C`s ............................................................................49

Figura 7 – Modelo de Relacionamento entre Organizações Governamentais e não

Governamentais ........................................................................................................50

Figura 8 – Modelo de relacionamento com stakeholders ..........................................51

Figura 9 – Dimensões de avaliação da relação com stakeholders............................54

Figura 10 – Resumo do Referencial Teórico.............................................................56

Figura 11 – Estratégia de Coleta de Dados ..............................................................62

Figura 12 – Coleta de dados dos profissionais..........................................................64

Figura 13 – Coleta de dados dos funcionários ..........................................................66

Figura 14 – Coleta de dados da comunidade por meio dos projetos sociais ............70

Figura 15 – Aplicação do modelo relacionamento de stakeholders aos funcionários90

Figura 16 – Aplicação do modelo relacionamento de stakeholders: profissionais...104

Figura 17 – Aplicação do modelo relacionamento de stakeholders: comunidade...114

Figura 18 – Crea-Minas e sua relação com os funcionários, profissionais e

comunidade.............................................................................................................117

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Fases da RSE ........................................................................................38

Quadro 2 – Principais projetos sociais do Crea-Minas analisados............................61

Quadro 3 – Perfil dos Entrevistados..........................................................................63

Quadro 4 – Oportunidades de melhoria para aprimoramento do modelo de gestão

conforme percepção dos funcionários.......................................................................91

Quadro 5 – Oportunidades de melhoria para aprimoramento do modelo de gestão

conforme percepção dos profissionais ....................................................................105

Quadro 6 – Oportunidades de melhoria para aprimoramento do modelo de gestão

conforme percepção da comunidade ......................................................................115

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Amostra, por região, da coleta de dados dos profissionais.....................64

Gráfico 2 – Condições de participação dos funcionários nas organizações

representativas - por cargo/ função...........................................................................73

Gráfico 3 – Análise de qual organização melhor representa os funcionários............73

Gráfico 4 – Abertura para colocar ideias e críticas no trabalho - por cargo/ função..75

Gráfico 5 – Avaliação dos veículos de comunicação ................................................76

Gráfico 6 – Avaliação da atuação da chefia - aspectos que envolvem valorização da

diversidade................................................................................................................77

Gráfico 7 – Posicionamento dos colegas de trabalho - aspectos que envolvem a

valorização da diversidade........................................................................................77

Gráfico 8 – Avaliação da política de remuneração e benefícios - por cargo/ função.78

Gráfico 9 – Avaliação das nomeações dos cargos de chefia - por cargo/ função .....78

Gráfico 10 – Avaliação sobre a perspectiva de carreira - por cargo/ função ............79

Gráfico 11 – Avaliação sobre a perspectiva de carreira - por unidade .....................80

Gráfico 12 – Avaliação da estrutura física do Crea-Minas - por unidade ..................80

Gráfico 13 – Reclamação dos colegas de trabalho de cansaço e stress - por cargo/

função .......................................................................................................................81

Gráfico 14 – Reclamação dos colegas de trabalho de cansaço e stress - por unidade

..................................................................................................................................81

Gráfico 15 – Avaliação do estado de saúde dos colegas de trabalho - por unidade.82

Gráfico 16 – Avaliação da política de desenvolvimento e treinamento - por cargo/

função .......................................................................................................................83

Gráfico 17 – Análise se o funcionário se sente preparado para atender as exigências

de seu cargo/ função - por cargo/ função..................................................................83

Gráfico 18 – Avaliação sobre a transparência e critérios nos processos de demissão

- por unidade .............................................................................................................84

Gráfico 19 – Avaliação sobre a transparência e critérios nos processos de demissão

- por cargo/ função ....................................................................................................84

Gráfico 20 – Avaliação do apoio fornecido na recolocação no mercado de trabalho

após demissão - por unidade ....................................................................................85

Gráfico 21 – Avaliação sobre a preparação para a aposentadoria - por unidade......86

Gráfico 22 – Conhecimento, cumprimento e necessidade de formalização das

normas éticas............................................................................................................87

Gráfico 23 – Avaliação da atuação da chefia ............................................................87

Gráfico 24 – Avaliação do posicionamento dos colegas de trabalho ........................88

Gráfico 25 – Desejo dos funcionários para os próximos 5 anos................................89

Gráfico 26 – Nível de satisfação no trabalho - por cargo/ função..............................89

Gráfico 27 – Funcionários e Profissionais: avaliação dos canais de atendimento ....92

Gráfico 28 – Avaliação dos veículos de comunicação pelos funcionários e

profissionais ..............................................................................................................93

Gráfico 29 – Comparativo da avaliação da prestação de serviços pelos funcionários

e profissionais ...........................................................................................................93

Gráfico 30 – Avaliação dos profissionais em relação aos veículos de comunicação 94

Gráfico 31 – Avaliação dos canais de atendimento pelos profissionais ....................95

Gráfico 32 – Avaliação do atendimento presencial - por regional .............................96

Gráfico 33 – Avaliação do atendimento às reclamações - por regional.....................97

Gráfico 34 – Avaliação da Nova ART - por regional..................................................98

Gráfico 35 – Avaliação da Nova ART - por formação................................................98

Gráfico 36 – Avaliação da Nova ART pelos profissionais – aspectos .......................99

Gráfico 37 – Avaliação do serviço pelos profissionais - por formação ......................99

Gráfico 38 – Avaliação do serviço pelos profissionais - por regional.......................100

Gráfico 39 – Sugestões dos profissionais para melhoria do serviço .......................100

Gráfico 40 – Avaliação da fiscalização pelos profissionais - por regional ...............101

Gráfico 41 – Avaliação da fiscalização pelos profissionais - por formação .............102

Gráfico 42 – Sugestões dos profissionais para melhoria da fiscalização ................103

Gráfico 43 – Avaliação dos profissionais sobre a garantia do exercício legal por

regional ...................................................................................................................103

Gráfico 44 – Os projetos sociais mais conhecidos ..................................................106

Gráfico 45 – Análise dos projetos sociais pela comunidade ...................................107

Gráfico 46 – Sugestões de ações para melhoria dos projetos sociais ....................109

Gráfico 48 – Três públicos: avaliação da importância na defesa da comunidade...110

Gráfico 49 – Avaliação dos projetos sociais pelos funcionários e profissionais ......111

Gráfico 50 – Três públicos: avaliação da fiscalização .............................................111

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Comparativo entre universo e amostra dos profissionais – por formação

..................................................................................................................................65

Tabela 2 – Comparativo entre universo e amostra dos profissionais – por faixa de

idade .........................................................................................................................65

Tabela 3 – Amostra dos funcionários - por cargo/ função .........................................67

Tabela 4 – Comparativo entre universo e amostra dos funcionários – por unidade..68

Tabela 5 – Comparativo entre universo e amostra dos funcionários – por tempo de

trabalho .....................................................................................................................68

Tabela 6 – Comparativo entre universo e amostra dos funcionários – por faixa de

idade .........................................................................................................................69

Tabela 7 – Comunidade: quantidade de respondentes – por projeto social..............70

Tabela 8 – Análise da relação do Crea-Minas com as organizações representativas

..................................................................................................................................72

Tabela 9 – Comunidade: avaliação do Crea-Minas em termos de Responsabilidade

Social Empresarial ..................................................................................................109

Tabela 10 – Avaliação da comunidade quanto à melhoria nos últimos 5 anos .......112

Tabela 11 – Perspectiva da comunidade sobre o Crea-Minas para os próximos 5

anos ........................................................................................................................113

LISTA DE SIGLAS

ART – Anotação de Responsabilidade Técnica

ASCREA – Associação dos funcionários do Crea-Minas

CREA-MINAS - Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de

Minas Gerais

CONFEA – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia

CSST – Comissão de Saúde e Segurança do Trabalho

GESPÚBLICA – Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização

MEC – Ministério da Educação

MS – Movimento Social

NUPEGS – Núcleo de Pesquisa em Ética e Gestão Social da Puc Minas

OSFL – Organização Sem Fins Lucrativos

PCCS – Plano de Cargos, Carreiras e Salários

RH – Recursos Humanos

RSE – Responsabilidade Social Empresarial

SINDECOFE – Sindicado dos Empregados de Conselhos e Ordens de Fiscalização

do Exercício Profissional do Estado de Minas Gerais

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................29 2. RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL ................ .............................35 3. STAKEHOLDERS ....................................... .......................................................42 4. MODELOS DE RELACIONAMENTO COM STAKEHOLDERS......... ................47 5. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS...........................................................57

5.1.1. Profissionais ...................................... .........................................................63

5.1.2. Funcionários ....................................... ........................................................66

5.1.3. Comunidade ......................................... .......................................................69 6. ESTRATÉGIAS DE ANÁLISE DOS DADOS E APRESENTAÇÃO DOS

RESULTADOS ......................................... ....................................................71

6.1. Avaliação das práticas de RSE com os funcionários.. ..................................71

6.1.1. Diálogo e Participação ...............................................................................72

6.1.1.1. Relação Sindicatos (entidades representativas) ......................................72

6.1.1.2. Gestão Participativa ...................................................................................74

6.1.2. Respeito ao Indivíduo .................................................................................76

6.1.2.1. Valorização da Diversidade, Compromisso com a Não D iscriminação e Promoção da Equidade de Gênero ..................... ......................................76

6.1.3. Trabalho Decente ........................................................................................77

6.1.3.1. Política de Remuneração, Benefícios e Carreira .....................................77

6.1.3.2. Cuidado com Saúde, Segurança e Condições de Trabalh o....................80

6.1.3.3. Compromisso com o Desenvolvimento Profissional e Empregabilidade. .. ......................................................................................82

6.1.3.4. Comportamento nas Demissões ...............................................................84

6.1.3.5. Preparação para a Aposentadoria .............................................................85

6.1.4. Outros pontos analisados ..........................................................................86

6.2. Avaliação das práticas de RSE com os profissionais . ..................................94

6.2.1. Dimensão Social do Consumo ..................................................................94

6.2.1.1. Política de Comunicação Comercial .........................................................94

6.2.1.2. Excelência no Atendimento .......................................................................95

6.2.1.3. Avaliação dos Serviços ..............................................................................97

6.2.1.4. Outros pontos analisados ........................................................................103

6.3. Avaliação das práticas de RSE com a Comunidade..... ...............................106

6.3.1. Envolvimento com a Ação Social e Relações com a Com unidade Local 106

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................... ..............................................116 REFERÊNCIAS.......................................................................................................119 APÊNDICES ...........................................................................................................122

29

1 INTRODUÇÃO

O relacionamento entre empresas, mercado e sociedade deu origem ao

conceito de responsabilidade social corporativa, haja vista que as atividades

industriais interferem em vários fatores do contexto social, como relacionamento

humano, valores culturais e meio ambiente (BITTENCOURT; CARRIERI, 2005).

Atualmente, observa-se o aprofundamento da discussão sobre o papel

responsável das organizações, sendo que no Brasil tal tema se evidencia ainda mais

pela fragilidade do Estado em prover as principais necessidades da população,

como por exemplo, demandas relacionadas à saúde, educação e saneamento

básico (PEREIRA; CAMPOS, 2006; LEAL; REGO, 2010). Tal discussão se vê,

principalmente, com o aumento da pressão da sociedade para posturas

empresariais que visam o bem comum, que, consequentemente, ocasiona o

florescimento de ideias sobre a Responsabilidade Social Empresarial tanto na

academia quanto nas organizações (BITTENCOURT; CARRIERI, 2005;

KRASHINSKY, 2002; PASSADOR; CANOPF; SOUZA, 2005).

Ao se analisarem os estudos sobre o tema, percebe-se a utilização de

diferentes nomenclaturas tais como Responsabilidade Social e Responsabilidade

Social Corporativa. No presente estudo, adotou-se como padrão o termo

Responsabilidade Social Empresarial (RSE). Tal escolha se demonstra mais

adequada, tendo em vista que, tomando como exemplo a terminologia

Responsabilidade Social Corporativa, tem-se uma expressão que pode remeter ao

universo simbólico de grandes empresas, deixando em segundo plano pequenas e

médias organizações que também possuem relevância nas questões relacionadas à

RSE.

Apesar da discussão sobre o assunto ter se iniciado no Brasil por volta de

1960, apenas a partir da década de 1980 percebeu-se o aprofundamento da

discussão sobre o tema. Embora a RSE fosse muitas vezes abordada de uma

maneira limitada, ligada à filantropia, tomou corpo no final da década de 1990 com a

criação de importantes instituições e a criação do balanço social das organizações

(COUTINHO; SOARES; SILVA, 2006).

Posteriormente, houve a necessidade de mudança de postura das

organizações, passando para uma visão ampla de negócios com o foco não restrito

a um ou poucos grupos que se relacionam com a organização. Desta forma, houve

uma evolução do tema para uma abordagem de stakeholders, ou seja, uma postura

30

responsável das organizações com relação aos seus públicos envolvidos, sejam

eles internos ou externos (FREEMAN; MCVEA, 2000).

Salientam-se as Organizações Sem Fins Lucrativos (OSFL), parte relevante

do universo de organizações encontradas em qualquer sociedade, que possuem o

envolvimento de múltiplas partes interessadas (BALSER; MCCLUSKY, 2005).

Organizações Sem Fins Lucrativos são aquelas que oferecem um produto ou

serviço, seja para pessoas físicas, jurídicas ou comunidades, sem a intenção ou

objetivo principal do retorno financeiro com vistas à distribuição de lucros (PARKER;

ATINC, 2009).

No Brasil, destacam-se dentre as organizações sem fins lucrativos o Sistema

Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) / Conselho Regional de

Engenharia e Agronomia (Crea), responsável pelas áreas de Engenharia,

Arquitetura, Agronomia, Geografia, Geologia, Meteorologia, diversos tecnólogos,

técnicos industriais e agrícolas, várias especializações, num total de centenas de

títulos profissionais (CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E

AGRONOMIA, 2010).

No sistema de profissionais supracitado, insere-se o Conselho Regional de

Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais como objeto de análise, visto

que possui aproximadamente 400 funcionários e com postos de atendimentos

(Inspetorias) em 60 cidades, sendo que em Belo Horizonte são cinco escritórios de

atendimento ao público. Destacam-se como os seus principais projetos sociais a

campanha de Acessibilidade, Agenda 21, Crea Júnior, Arquitetura e Engenharia

Públicas, Lixo e Cidadania, Plano Diretor de Cidades e Saneamento (CONSELHO

REGIONAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA DE AGRONOMIA DE MINAS

GERAIS, 2010, p.5).

Com seus 77 anos de história, o sistema Confea / Crea possui mais de 900

mil profissionais responsáveis direta ou indiretamente por uma importante parcela do

PIB brasileiro, movimentando um mercado de trabalho cada vez mais exigente nas

especializações e conhecimentos da tecnologia (CONSELHO FEDERAL DE

ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA, 2010). O Conselho Regional de

Engenharia, Arquitetura e Agronomia, responsável pela jurisdição de Minas Gerais,

possui mais de 150 mil profissionais, registrados ou vistados, sendo um dos

principais Conselhos Regionais do Brasil.

Percebem-se vários debates em torno do enquadramento dos Conselhos de

Classe já que ora são considerados ONGs, ora Órgãos Públicos da administração

31

direta. Embora se tratar de autarquias federais de direito público, no presente estudo

as organizações em tela serão tratadas como “Organizações Sem Fins Lucrativos”.

Tal escolha se justifica pela possibilidade de se dialogar com outras literaturas e pela

consistência do termo, já que o mesmo possui as características da organização em

questão.

Enfim, observa-se relevância do tema Responsabilidade Social Empresarial e

a importante abordagem ampla por parte das organizações, não focalizando apenas

em um único público envolvido, mas sim de forma abrangente, considerando todos

os stakeholders. Corrobora com esta abordagem a análise de vários autores, como

por exemplo, Vinha (2002), que analisa o diálogo com os stakeholders como

fundamental e parte integrante da estratégia empresarial.

Sendo assim, o presente projeto se estrutura em torno da seguinte pergunta

de pesquisa: como as práticas de RSE de uma OSFL que representa interesses

profissionais são avaliadas por seus stakeholders?

O sistema profissional Confea / Crea é uma importante parcela pertencente

às organizações sem fins lucrativos, detentor de uma receita anual de

aproximadamente 600 milhões de reais (CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA,

ARQUITETURA E AGRONOMIA, 2010), o que reforça a magnitude do estudo. Tem

como principais stakeholders os profissionais, a comunidade, funcionários,

empresas, entidades de classe, instituições de ensino e órgãos públicos.

Para tanto, será realizado um estudo de caso no Conselho Regional de

Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais, que, por toda apresentação

deste capítulo, apresenta-se como um caso relevante para pesquisa.

Conforme apontado por Vinha (2002) e Balser e Mcclusky (2005), os estudos

acerca da RSE das organizações em relação aos públicos envolvidos vêm

adquirindo cada vez mais importância no campo da Administração, entretanto,

evidenciam-se importantes lacunas de pesquisas nos estudos realizados até então.

A presente pesquisa reveste-se de significância haja vista a escassez de

estudos realizados no Brasil sobre o presente tema. Já nos principais periódicos

internacionais, que serão apontados a seguir, embora sejam encontrados estudos

mais abrangentes, percebe-se a escassez de estudos considerando vários

stakeholders simultaneamente. Ademais, apresenta-se de forma incomum a

abordagem de estudos em organizações sem fins lucrativos em relação aos seus

principais grupos envolvidos.

32

Cabe ressaltar que um dos temas que vem sendo pesquisados são as ações

de RSE, em organizações com fins lucrativos, em relação ao público interno. Tais

características de pesquisa são evidentes, inclusive, no Núcleo de Pesquisa em

Ética e Gestão Social da Puc Minas (NUPEGS), que além de pesquisar sobre RSE,

concentra seus estudos nos campos da Ética Empresarial, Gestão do Terceiro Setor

e suas implicações com as Relações de Trabalho. O presente trabalho mantém a

linha do núcleo de pesquisa supracitado e vai além, conforme enfatizado pela

literatura, com a abordagem de múltiplos stakeholders.

Existem poucos estudos científicos relacionando os públicos envolvidos e

Responsabilidade Social Empresarial em Organizações Sem Fins Lucrativos. Tal

afirmativa é confirmada por várias buscas feitas em diversas bases de dados

relevantes, tais como Academic Research Premier, Cambridge Jornals Online,

Emerald, Gale, Highwire Press, Oxford, Sage e Scielo, dentre outros. De forma

ainda mais rara, percebem-se estudos envolvendo Conselhos de Classe, órgãos

incumbidos por lei em fiscalizar e regulamentar o exercício das profissões.

Para se obter estudos afins com o presente tema, envolvendo OSFL, o

pesquisador se viu obrigado a concentrar seu levantamento bibliográfico em

periódicos estrangeiros, com pesquisas em artigos internacionais com expertise em

OSFL, com destaque ao Voluntas, Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly e

Nonprofit Management & Leadership. Portanto, o presente estudo, visa, também,

contribuir para o avanço de estudos nacionais sobre o tema.

Ademais, o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de

Minas Gerais apresenta-se como um adequado objeto de pesquisa, haja vista suas

características, com diversos stakeholders como funcionários, órgãos públicos,

profissionais, sociedade, empresas em geral, fornecedores e outros órgãos do

sistema profissional que está inserido. Suas ações possuem grande impacto nos

públicos envolvidos e, ainda, o Conselho demonstra interesse em avançar no

relacionamento com os grupos que se relaciona.

Cabe salientar que se trata de um projeto de pesquisa atual e viável, alinhado

às diretrizes estratégicas do sistema Confea / Crea e com apoio da direção do

Conselho e do Núcleo Estadual do Programa Nacional de Gestão Pública de

Desburocratização (GesPública). É uma oportunidade de também atender aos

interesses do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas

Gerais, já que o mesmo possui como visão de futuro uma abordagem que vai ao

encontro à preocupação em relação aos públicos envolvidos:

33

Até 2014, ser referência no atendimento ao público, na fiscalização e na valorização das profissões, sendo reconhecido pelos profissionais, empresas e instituições de ensino como Conselho profissional essencial na defesa dos interesses da sociedade (CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA DE AGRONOMIA DE MINAS GERAIS, 2010, p.1).

A presente pesquisa será útil não só para a instituição em estudo, como

também para as demais organizações interessadas na consolidação de seu projeto

de responsabilidade social.

A contribuição de caráter operacional esperada para o presente estudo é

uma análise abrangente sobre a percepção dos principais stakeholders em uma

OSFL (Crea-Minas), identificando propostas/ ações de intervenção no modelo de

gestão do Conselho com intuito de auxiliar a instituição no avanço de suas

estratégicas de responsabilidade social empresarial. Principalmente, espera-se que

o estudo em tela contribua no avanço de estudos sobre esta temática, motivando

novas pesquisas, sobretudo, no cenário brasileiro.

O objetivo geral da presente pesquisa é compreender como os stakeholders

percebem as práticas de RSE de uma OSFL que representa interesses

profissionais.

Já os objetivos específicos são:

a) Identificar as práticas de Responsabilidade Social Empresarial da

organização;

b) Analisar a relação entre a organização e seus stakeholders à luz dos debates

e práticas de RSE;

c) Propor intervenções no modelo de gestão da organização de modo a

aprimorar as práticas de RSE em relação aos seus stakeholders.

Para tal, a presente dissertação se estrutura, além desta Introdução, com o

Referencial Teórico no qual será abordado o tema da Responsabilidade

Social Empresarial (RSE) e, em especial, a abordagem sobre stakeholders, com os

aspectos relevantes que impactam estes grupos baseados nos Indicadores do

Instituto Ethos de Responsabilidade Social. Finalizando o referencial teórico, é feita

uma discussão acerca dos modelos de relacionamento com stakeholders.

34

O capítulo com os procedimentos metodológicos apresenta as principais

estratégias adotadas para a delimitação do campo epistemológico da pesquisa, a

preparação e execução da coleta de dados e a análise das informações obtidas.

Além disso, o capítulo apresenta o perfil do Conselho Regional de

Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais, as características da amostra

e a análise dos dados, separadas pelos públicos pesquisados (funcionários,

profissionais e comunidade).

Por fim, são apresentadas as considerações finais da pesquisa, as

referências bibliográficas e os apêndices, que totalizam cinco (5) tipos de

questionários enviados de forma eletrônica e quatro (4) roteiros de entrevista.

35

2 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL

Ao longo dos últimos anos percebe-se a RSE como um tema que vem sendo

amplamente discutido tanto no âmbito das organizações quanto da academia, em

função da relevância institucional assumida pelas organizações ao se posicionarem

como atores sociais responsáveis por gerar melhorias para a vida em sociedade

(PEREIRA; CAMPOS, 2006; LEAL; REGO, 2010).

Uma grande pressão da sociedade por melhorias nas condições de vida está

recaindo sobre as organizações, sendo que no caso brasileiro percebe-se um

debate cada vez mais intenso sobre o papel das empresas. Dentre as opções que

se apresentam, vemos florescer a discussão sobre Responsabilidade Social

Empresarial (BITTTENCOURT; CARRIERI, 2005; KRASHINSKY, 2002;

PASSADOR; CANOPF; SOUZA, 2005).

A discussão sobre Responsabilidade Social Empresarial no Brasil apresentou-

se de maneira mais contundente nos anos de 1960. A partir dos anos 1980, a RSE

se intensificou com o aparecimento de importantes atores da sociedade. Pode-se

citar como marcos importantes, a criação do Grupo de Institutos, Fundações e

Empresas (GIFE), a campanha do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e

Econômicas (IBASE) pela publicação do balanço social e, em 1998, a criação do

Instituto Ethos de Responsabilidade Social. Tais atores se destacaram pela

discussão sobre o tema e pela criação de ferramentas para auxiliar as organizações

no avanço de suas prática de RSE (COUTINHO; SOARES; SILVA, 2006).

Percebe-se que o conceito ainda encontra-se em construção. A definição no

presente trabalho vai ao encontro da abordagem de Massa, Novak e Souza (2007),

com a RSE abordada como o conjunto de ações sociais, empreendidas pelas

organizações de forma contínua, com envolvimento de todos os seus públicos e com

o intuito de promover a qualidade de vida e o bem comum.

Embora, haja vários conceitos para a RSE, sendo que alguns autores a

consideram como um construto inacabado (PASSADOR; CANOPF; SOUZA, 2005),

com distintas abordagens e definições, percebe-se uma convergência para uma

definição ampla, considerando a Responsabilidade Social Empresarial como a forma

de gestão pautada pela relação ética e transparente para com todos os públicos com

os quais a empresa se relaciona. Ademais, é acrescentado por outros autores

conceitos como desenvolvimento sustentável e comunitário, equilíbrio ambiental,

tratamento justo aos funcionários, comunicações transparentes, satisfação do

36

consumidor (MASSA; NOVAK; SOUZA, 2007), flexibilidade na atuação

(BITTENCOURT; CARRIERI, 2005), dentre outras práticas gerencialmente corretas.

Entretanto, percebem-se importantes debates sobre o tema, muitas vezes,

conflitantes. Podem-se citar quatro importantes correntes acerca do assunto:

Neoclássica, Business Ethics (Ética nos Negócios), Business & Society (Negócios e

Sociedade), Social Issues Management (Gestão de Questões Sociais) (PEREIRA;

CAMPOS, 2006).

Com relação à primeira abordagem, denominada como Neoclássica,

evidencia-se uma argumentação de embate e críticas contundentes à

Responsabilidade Social Empresarial. Friedman (1970) é citado com frequência,

defendendo a ideia de que a responsabilidade das organizações se resume em

maximizar o lucro, dentro dos rigores da lei. Caso novas responsabilidades forem

compelidas às organizações, seriam geradas ineficiências econômicas no mercado,

desvirtuando os gestores, penalizando desta forma, toda a sociedade (TEODÓSIO,

2008).

A abordagem Ética nos Negócios se baseia na adoção de posturas corretas a

partir do convencimento e educação das lideranças empresariais. Defende a

“política pela ética”, sendo que a questão ética se apresenta como uma abordagem

imperativa para a sobrevivência das organizações (JONES, 1999; PASSADOR;

CANOPF; SOUZA, 2005; TEODÓSIO, 2008).

Já a terceira, Negócios e Sociedade, preconiza uma visão contratual quanto

ao relacionamento da empresa com os demais atores sociais, a partir de uma

análise sociopolítica. Tal abordagem se coloca, como mais crítica do que a anterior,

já que não acredita no voluntarismo da empresa em adotar posturas éticas em sua

gestão. Considera-se que a relação da empresa e os públicos envolvidos

(stakeholders) se vê permeada por uma rede de interesses e disputas de poder. A

partir desta dinâmica, de cunho conflitante, o debate sobre Responsabilidade Social

se insere (PEREIRA, CAMPOS, 2006).

Finalmente, a quarta abordagem denominada como Gestão de Questões

Sociais, alicerçada por uma visão utilitarista, aborda a RSE como uma ferramenta

para se atingir os objetivos da organização. Tal abordagem preconiza a antecipação

das demandas dos públicos envolvidos e, destacam desta forma, as vantagens

competitivas que a organização pode obter com a RSE (ASHLEY; COUTINHO;

TOMEI, 2000).

37

Entretanto, apesar das correntes elencadas partirem de pressupostos

diferentes, não se percebe que as mesmas estabeleçam campos de investigação

distintos e unificados, sendo que são permeadas por semelhanças e ideias

congruentes, logo, suportando a abordagem de stakeholders (TEODÓSIO, 2008).

Salienta-se, porém, que apenas a visão neoclássica se mostra distanciada, a única

corrente que se apresenta de forma contrária às demais supracitadas.

Ao se aprofundar sobre o tema Responsabilidade Social Empresarial,

evidencia-se o modelo Pirâmide de RSE, amplamente abordado na literatura sobre o

tema, no qual a Responsabilidade Social é dividida em quatro domínios: econômico,

legal, ético e discricionário.

Figura 1 – Pirâmide de Responsabilidade Social Empr esarial

Fonte: Carrol (1991, p. 39).

Obs.: Tradução livre do autor

Carrol (1991) aponta o primeiro domínio (a base da pirâmide), denominado

como econômico, como a fase inicial das organizações, sendo eficiente, lucrativa e

competitiva no mercado. Já o segundo domínio, “legal”, refere-se à obediência da

organização com relação à legislação. Muitas organizações são “pressionadas” e

“obrigadas” a seguir exigências legais, sob pena da lei. Tal situação pode ser

compreendida como “enforcement” legal. Já o domínio ético refere-se à postura da

empresa em relação aos princípios e padrões morais. Neste nível, são esperadas

ações organizacionais que, embora não estejam instrumentalizadas na legislação,

deve haver um compromisso empresarial. Tal abordagem, fruto muitas vezes de

“pressão” por parte da sociedade, pode ser compreendida por “enforcement” social.

E, por fim, o padrão discricionário refere-se às ações desejadas, à empresa cidadã.

Tal abordagem favorece à discussão e análise da RSE à medida que

estratifica níveis de Responsabilidade Social das Empresas, possibilitando uma

38

análise mais evidente da evolução ou, até mesmo, classificação da empresa com

relação às práticas nessa área.

Sethi (1975), na mesma forma de Carrol (1991), enxerga a RSE, também,

composta por diferentes etapas e níveis, perpassando três estágios. Nessa

abordagem, a organização inicia-se no estágio da Obrigação Social, passando pelo

estágio da Responsabilidade Social e terminando no estágio da Responsividade

Social, esta como uma abordagem análoga à cidadania. Pode-se dizer que tal

abordagem é mais consistente que a abordagem de Carrol (1991), haja vista que se

mantém a estrutura básica de estágios, entretanto, inserem-se perspectivas claras e

detalhes sobre cada uma, para cada nível de responsabilidade social.

Os autores evidenciam, ao abordarem o estágio de Responsividade Social, a

existência de um estágio avançado de RSE em que os grupos envolvidos são

apresentados de forma central, sendo que, dentre outros pontos, é indicada a

importância na prestação de contas para a sociedade de forma ampla, com posturas

proativas.

Quadro 1 – Fases da RSE

Estágio 1 - Obrigação Social

Estágio 2 – Responsabilidade Social

(Reativa)

Estágio 3 - Responsividade Social

(Preventiva) Busca de

legitimidade Limitada a critérios legais e

econômicos. Aceita a limitação dos critérios

legais e de mercado. Considera outras variáveis. Avaliação da performance

social.

Desempenha papel mais amplo no sistema social

Normas éticas Valor do negócio é neutro. Gestores se comportam de acordo com seus próprios

padrões.

Estabelece normas para relacionar com as

comunidades. Não enfrenta normas sociais.

Advoga normas éticas institucionais mesmo se atingem seus próprios

interesses. Indicadores sociais para

ações da corporação

Limitados aos interesses dos stakeholders.

Construídos para finalidades legais, mas ampliados para incluir os grupos afetados.

Presta contas à sociedade de forma mais

ampla.

Estratégia operacional

Adaptação defensiva. Máxima exteriorização de custos.

Adaptação reativa. Adaptação proativa. Antecipa futuras

mudanças sociais. Resposta a pressões sociais

Nega deficiências. Ignora insatisfação pública.

Assume responsabilidade na solução de problemas

cotidianos.

Informação livre. Discute atividades com grupos

externos. Ações

governamentais Resiste às atividades

regulatórias exceto em situações para proteção de

posição de mercado.

Coopera com os governos para melhorar o padrão da

indústria. Preserva discrição gerencial nas decisões

corporativas.

Comunica-se abertamente com os

agentes políticos, reforçando a legislação

existente. Atividades

político-legislativas

Busca manutenção do status quo e privilegia o lobby.

Amplia o trabalho com grupos externos.

Auxilia o corpo legislativo a melhorar as leis

vigentes. Filantropia Contribui quando benefício

direto é claramente demonstrado.

Contribui para causas estabelecidas e não

controversas.

Contribui para causas novas e controversas.

Fonte: Baseado em Sethi (1975) Obs.: Tradução livre do autor

39

O quadro 1 – Fases da RSE contribui para a discussão, haja vista que

sintetiza em temas principais, permitindo exemplificar com mais elementos os

possíveis padrões organizacionais. As diversas posturas e suas respectivas

classificações permitem comparações e análises sobre o nível de amadurecimento

em práticas socialmente responsáveis.

Ao se analisar o quadro anterior, percebe-se a evolução até o estágio de

Responsividade Social ou empresa cidadã, com a organização partindo de uma

postura mais fechada e instrumental, tais como “limitada aos aspectos econômicos e

legais”, “ignora a insatisfação pública”, passando para estágios claramente alinhados

aos interesses da sociedade, com a organização sendo sensível às demandas

sociais e aos anseios da população.

Passador, Canopf e Souza (2005), se apropriando da abordagem de Freitas

(1997), enxergam o conceito de cidadania como um amadurecimento das práticas

de RSE, tratando da superação de interesses particulares com a consciência do

bem comum, tendo como base a noção de igualdade, liberdade e respeito ao outro,

bem como o reconhecimento da necessidade de diversos atores no debate político

das cidades e nações.

Entretanto, Schwartz e Carrol (2003) apontam a fragilidade de se abordarem

classificações simplificadas. Os autores defendem o modelo dos Três Domínios de

Responsabilidade Social Empresarial, como mais adequado para se descreverem as

organizações. Os autores salientam que tal análise não pode ser vista de forma

estática, em blocos, pois as características se entrelaçam e existem

sombreamentos. Logo, os autores apresentam um modelo estruturalmente diferente,

já que as características se entrelaçam deixando evidente que nenhuma

organização se posiciona, exclusivamente, em um único domínio.

40

Figura 2 – Modelo dos Três Domínios de Responsabili dade Social Empresarial

Fonte: Schwartz e Carrol (2003, p. 509).

Obs.: Tradução livre do autor

Os autores acrescentam o motivo da redução para três domínios : o último

estágio do modelo da Pirâmide, “Discricionário”, foi excluído. Segundo Schwartz e

Carrol (2003), trata-se de um nível impreciso, e que por si só não demonstra

claramente seu vínculo com a Responsabilidade Social Empresarial, não havendo

aplicabilidade.

Ao se analisarem os principais autores que abordam a RSE, percebe-se que,

para se avançar para patamares elevados de Responsabilidade Social, fica evidente

que a postura organizacional deve conciliar os interesses dos grupos envolvidos

com a organização, grupos, estes, denominados como stakeholders. Tal afirmativa

será atestada a seguir.

Cabe ressaltar, que as organizações sem fins lucrativos possuem

peculiaridades importantes no tocante à Responsabilidade Social Empresarial. Tais

organizações devem se posicionar com intuito de entender a dinâmica existente

entre seus stakeholders e enfatizar ações tais como parcerias (convênios) ou

políticas públicas que visam o interesse de todos os públicos envolvidos,

convergindo esforços para os reais interesses da sociedade (ABZUG; WEBB, 1999).

Para as OSFL as peculiaridades se evidenciam pela redução do domínio

econômico, já que, evidentemente, tais organizações não possuem como objetivo a

geração de lucro. Portanto, tal característica remete naturalmente às perspectivas

ética/ legal de Schwartz e Carrol (2003).

Cabe ressaltar a abordagem de Krashinsky (2002), que cita as ideias de

Jonas (1995), afirmando que as organizações, dentre elas, aquelas sem fins

41

lucrativos, têm como objetivo desenvolver a capacidade a criação de valor e

resultados aceitáveis para os diversos grupos envolvidos. Em geral, os interessados

são motivados a participar de uma organização se receberem incentivos que

superam o valor das contribuições a serem feitas, exceto, quando existe uma

exigência legal.

Conforme as diferentes correntes sobre RSE abordada por Pereira e Campos

(2006), evidencia-se a abordagem de stakeholders que é demonstrada, como

fundamental, para adoção de práticas socialmente responsáveis e essencial para a

sobrevivência e sucesso organizacional (HILMAN; KEIM, 2001). A partir deste ponto,

faz-se necessário aprofundar sobre o tema stakeholders e, já que se apresenta de

maneira fundamental, analisar como se dá a relação entre as organizações e os

grupos envolvidos.

42

3 STAKEHOLDERS

A primeira aparição do termo stakeholders, segundo Freeman e Mcvea

(2000), se deu em 1963 em um memorando interno do Instituto de Pesquisa de

Stanford (Stanford Research Institute – SRI), com intuito de se demonstrarem todos

os grupos sem os quais a empresa deixaria de existir.

Por volta dos anos 1970, uma década após o início das discussões sobre

Responsabilidade Social Empresarial, percebia-se uma visão estreita do

empresariado em relação aos diversos grupos envolvidos, por meio de atitudes

ligadas à filantropia. Tal visão se demonstrava frágil, já que não se percebia um

canal direto de diálogo destes grupos de interesse com as empresas. Desde então,

houve uma evolução desta percepção na qual se evidenciaram a importância e a

influência dos grupos envolvidos nas atividades da empresa. Para Vinha (2002), as

organizações estão se conscientizando do benefício em atuar proativamente,

reduzindo custos financeiros decorrentes de possíveis conflitos com os grupos de

interesse.

O conceito de stakeholders apresenta-se como pessoas ou grupos de

interesses com participação em uma organização ou sendo impactado por ela. Já

outra definição mais abrangente, aborda a ideia de stakeholder como qualquer ator

que tenha uma relação ou interesses com ou na organização (DONALDSON;

PRESTON, 1995). Acrescenta-se a definição do conceito de stakeholders primários,

tais como fornecedores, clientes, funcionários e a comunidade local e a ideia de

stakeholder público, tais como governo e comunidade, grupos, estes, que provêm

infraestrutura e mercado (HILLMAN; KEIM, 2001).

43

Figura 3 – Modelo de Análise Stakeholder

Fonte: Donaldson e Preston (1995, p. 69).

Obs.: Tradução livre do autor Os Movimentos Sociais (MS), segundo Gohn (2000), também devem ser

assumidos como grupos de interesse. Tais movimentos possuem interesse na

organização, podendo afetar ou serem afetados por ela. Tais movimentos, conforme

destacado pela autora, ganham força com oportunidades políticas para ações

coletivas e disponibilidade de líderes que servirão de guias.

As três abordagens de grupos de interesse são enfatizados por diversos

autores: descritivo, instrumental e normativo (figura 4). O primeiro propósito

descreve as organizações, sua forma de operação e o comportamento

organizacional. O segundo ponto seria o instrumental, uma conjunção entre o

descritivo e o empírico, abordando a teoria como forma de identificar as conexões e,

em sua ausência, avaliar a ligações entre a administração dos stakeholders e os

objetivos da empresa como crescimento e lucratividade. Tal abordagem trata os

stakeholders de forma instrumental, como apenas um meio para focar o real

interesse das empresas, seus objetivos, metas e lucros. A terceira abordagem, a

visão normativa, aborda a teoria como forma de interpretar a função da empresa,

incluindo princípios morais e filosóficos. Tal abordagem vai ao encontro da linha

Ética nos Negócios de RSE (DONALDSON; PRESTON, 1995; SILVEIRA;

YOSHINAGA; BORBA, 2005; JONES; FELPS; BIGLEY, 2007).

44

Figura 4 – Aspectos Centrais dos Stakeholders

Fonte: Donaldson e Preston (1995, p. 74).

Obs.: Tradução livre do autor

A abordagem sobre os stakeholders se desenrola com o confronto de quais

seriam os objetivos da organização: a primeira, neoliberal, defendendo uma visão

pautada na maximização da riqueza dos acionistas e no valor das empresas. Desta

forma, ao se concentrar no acúmulo de valor para as empresas, o mercado se

fortaleceria, as empresas seriam mais eficientes e, indiretamente, todos os

stakeholders envolvidos seriam beneficiados através da geração de emprego, renda,

pagamento de impostos e a oferta de produtos e serviços relevantes para a

sociedade (JENSEI, 2001; SILVEIRA; YOSHINAGA; BORBA, 2005).

Com a consolidação das ideias de que a organização deve conjugar os

diversos interesses dos grupos envolvidos, evidenciam-se as críticas de Jensen

(2001) e Balser e Mcclusky (2005) que afirmam a impossibilidade da organização

obter sucesso perseguindo vários alvos, já que cada ator envolvido possui um único

objetivo, muitas vezes conflitantes ou, até mesmo, opostos entrei si. Jensen (2001)

aponta uma suposta fragilidade do conceito de stakeholders na medida em que

assume como relevante qualquer grupo ou indivíduo que afeta ou é afetado pela

organização. Em face desta definição, deveriam ser considerados grupos de

criminosos e terroristas também nas análises de stakeholders.

Weiss (1995) aumenta o tom crítico em seu artigo “Cracks in the Fondation of

Stakeholders Theory”, citando várias lacunas e debilidades resumidas no que

denomina de “rachas” da teoria de stakeholders. A primeira grande crítica refere-se

à confusão do conceito da empresa. O autor explicita a confusão entre empresa e

seus proprietários, já que se exige um papel moral da organização, exigência esta

que deveria ser direcionada aos proprietários/ gerentes. Tal crítica introduz as

45

demais críticas: Weiss (1995) aponta que é muito difícil as organizações serem

socialmente responsáveis, já que as empresas possuem vários proprietários

movidos por interesses corporativos. O autor exemplifica tal posicionamento

abordando o mercado americano, apontando a grande quantidade de organizações

pertencentes a um grupo muito reduzido de investidores e proprietários movidos por

interesses específicos que são, muitas vezes, distantes do bem comum.

Por outro lado, diferentemente da visão Neoliberal, a outra visão salienta o

equilíbrio dos stakeholders, defendendo, desta forma, decisões ponderadas com

intuito de satisfazer os vários públicos envolvidos com a organização (SILVEIRA;

YOSHINAGA; BORBA, 2005). Segundo Hilman e Keim (2001), tal postura

proporcionará inclusive melhores resultados financeiros.

Cabe enfatizar que todas as ponderações e críticas referentes à abordagem

de Stakeholders parecem não dialogar com a conjuntura atual: o aumento da

importância dos grupos envolvidos e a preocupação com os impactos sociais e

ambientais. Tal conjuntura, abordada por Vinha (2002), demonstra que esta

preocupação torna-se imperativa e o aprofundamento da inserção empresarial na

comunidade é tido como primordial com intuito de não se comprometer o futuro

organizacional. Nesse contexto, destacam-se grupos organizados da sociedade civil,

como por exemplo, as ONGs, que se posicionam como sinalizadores prévios de

futuros anseios dos demais stakeholders envolvidos. Acrescenta-se que, a não

priorização ou foco nos grupos envolvidos, não só trará obstáculos momentâneos

como pode impactar de forma definitiva a reputação da empresa e sua posição no

mercado. (VINHA, 2002).

Outrossim, ao final de seu tom crítico, Jensen (2001) propõe uma nova visão

para o objetivo da organização, apresentando uma concepção intermediária entre as

diferentes abordagens apresentadas mesclando as ideias de maximização do valor

da empresa e o equilíbrio dos interesses dos stakeholders. Tal abordagem,

denominada como “iluminada”, aborda o equilíbrio dos stakeholders como o

caminho, porém, tendo sempre o norte da maximização do valor da empresa no

longo prazo como base para tomada de decisões e para o posicionamento entre as

possíveis divergências entre seus stakeholders, sendo, portanto, uma concepção

mais equilibrada.

Adicionalmente, percebe-se a diminuição do conflito do objetivo da

organização quando se analisa as Organizações Sem Fins Lucrativos. Embora seja

reconhecida a importância do lado financeiro, Mcfarlan (2004) salienta que tal

46

abordagem é frágil para se avaliar esse tipo de organização. Uma OSFL de

desempenho financeiro pobre não necessariamente deve fechar as portas e, de

igual maneira, aquela com um bom desempenho financeiro não tem, por isso

apenas, justificada a continuação de suas atividades.

Desta maneira, resta evidente a importância de se inserir no processo das

organizações a gestão dos stakeholders. Diversos autores afirmam que os diversos

públicos envolvidos são uma fonte de incerteza e de grande complexidade para as

OSFL, sendo que tais organizações necessitam de recursos e legitimidade das

partes interessadas (ABZUG; WEBB, 1999; MCFARLAN, 2004; BALSER;

MCCLUSKY, 2005).

47

4 MODELOS DE RELACIONAMENTO COM STAKEHOLDERS

As organizações precisam focar em seus stakeholders e, para tal, vários

autores, que serão apresentados a seguir, demonstram modelos que apontam

caminhos para se melhorar o relacionamento ou que buscam avaliar a relação entre

organização e stakeholder.

Abzug e Webb (1999) desenvolvem uma análise que vai ao encontro da nova

abordagem de Jensen (2001), explicada no capítulo anterior: a necessidade de se

aprofundar a análise dos stakeholders envolvidos com a empresa e o

posicionamento da organização conforme o grau de potencialidade de ameaça e

cooperação dos grupos envolvidos. Para cada tipo, são citadas estratégias de como

a empresa deve gerenciá-los.

Figura 5 – Tipos de stakeholders

Fonte: Abzug e Webb adaptado de Savage, Nix, Whiteh ead, and Blair (1991).

Obs.: Tradução livre do autor

Para os stakeholders marginais, que possuem baixa potencialidade de

cooperação e ameaça, a organização deve desenvolver alguma estratégia de

monitoramento. Para aqueles que representam alto potencial de ameaça e baixo de

cooperação, tidos como “Não Apoiadores”, a ação empreendida pela organização

deve ser a defesa. Para aqueles com baixo potencial de ameaça, porém, elevado

em termos de cooperação, os “Apoiadores”, a empresa deve criar uma estratégia de

envolvimento. Por último, para aquele com grande possibilidade de cooperação,

48

porém, com igual potencial de ameaça, a empresa deve primar pela colaboração.

Este último é citado pelos autores como “Relevantes” (ABZUG; WEBB, 1999).

Entretanto, é necessário ir além do que apenas analisar a potencialidade de

cooperar e ameaçar dos stakeholders. Segundo Hart (2006), a organização deve

possuir um canal aberto com os stakeholders periféricos, ou seja, aos grupos de

pobres, fracos e desinteressados. O autor introduz a ideia de Transatividade

Radical, que é a capacidade de combinar conhecimento com os stakeholders que

estão à margem e com visões radicalmente diferentes, construindo ideias

competitivas necessárias para o sucesso da organização e a busca de uma forma

verdadeiramente sustentável de desenvolvimento global.

Tal abordagem deixa clara a importância de se aproximar daqueles grupos de

interesse tidos como “marginais” já que, segundo Hart (2006), embora periféricos,

tais stakeholders devem participar da dinâmica organizacional porque, somente

desta forma, a organização terá um elevado nível de Responsabilidade Social e terá

condições de sobreviver no longo prazo.

Jones, Felps e Bigley (2007), avançam na discussão sobre o relacionamento

com os stakeholders, analisando os diversos tipos culturais dos grupos envolvidos

de acordo com uma gradação: desde amorais até amplamente morais. Após esta

escala de moralidade, os autores analisam os perfis tais como “agência”,

“corporativo egoísta”, “instrumentalista”, “moralista”, “altruísta” e as relações de cada

um com a organização. Com esta classificação os autores buscam descrever

possíveis práticas que a organização poderia empreender para melhorar o

relacionamento com as partes interessadas.

King (2008) acrescenta novos conceitos que devem ser considerados na

análise dos stakeholders a partir da análise dos Movimentos Sociais, perspectiva

que examina a ação coletiva e seus desdobramentos sobre a organização através

dos públicos envolvidos. O autor resgata Michell et al (1997) para salientar os

atributos primários dos stakeholders, a saber, poder, legitimidade e urgência. A falta

destes atributos ocasionaria uma pequena capacidade de influência dos movimentos

sociais sobre as organizações.

A organização poderá se deparar com ações coletivas de Movimentos Sociais

no caso na presença de estruturas mobilizadas, oportunidades políticas e processos

de concepção. Como exemplo de estruturas mobilizadas pode-se citar alguns

movimentos sociais, que podem ser hierarquizados e burocráticos. Outro exemplo,

porém como organizações informais, estão as redes interpessoais. Os processos de

49

concepção, que se fariam imprescindíveis para as ações coletivas, são aqueles que

envolveriam o uso estratégico de uma ideia compartilhada ou identidade coletiva que

invoca reivindicações da sociedade (KING, 2008).

Najam (2000), ao analisar o relacionamento entre organizações

governamentais e não governamentais (figura 6), apresenta o Modelo dos Quatro –

C`s, avaliando os stakeholders de acordo com seus objetivos e afinidade de

estratégias.

Figura 6 – Modelo dos Quatro C`s

Fonte: Najam (2000, p. 383).

Obs.: Tradução livre do autor

Embora enfatize que a verdadeira colaboração é rara, Najam (2000)

considera que tal situação pode acontecer quando objetivos e estratégicas são

similares entre as organizações. Inclusive, não é um requisito que ambas as

organizações tenham o mesmo porte e relação de poder para que haja a relação de

cooperação. Já na confrontação, configura-se a situação inversa, com objetivos e

estratégias diferentes. Nesta situação, percebe-se a utilização do poder coercitivo e

a repressão. Já na complementaridade, existiriam objetivos similares e estratégias

diferentes. E por fim, a cooptação se verificaria com objetivos similares e estratégias

diferentes. Para o autor, esta última apresenta-se, frequentemente, de maneira

transitória. O autor finaliza sua análise com o reconhecimento de que um mesmo

stakeholder pode ter uma relação diferente com outra organização ou vice e versa.

O autor aponta tal análise não como uma fraqueza do modelo mas a confirmação de

o quanto complexa é a análise do relacionamento entre organizações

governamentais e não governamentais.

Conforme figura 7, Coston (1998) apresentou um modelo que simplifica a

apresentação das classificações da relação da organização com seus stakeholders,

caracterizando a relação como um vetor, cujo extremo lado esquerdo inicia com a

50

relação de repressão, passando pela competição e cooperação, chegando até na

colaboração ao lado direito. Os lados implicam na simetria ou assimetria de poder.

Figura 7 – Modelo de Relacionamento entre Organizações Gover namentais e

não Governamentais

Fonte: Adaptado de Coston (1998).

Obs.: Tradução livre do autor

Os tipos à esquerda (Repressão, Rivalidade e Competição), se caracterizam,

em suma, pela não aceitação da ação da organização não governamental, vendo

como maléfico e prejudicial. Portanto, há a falta de ligação, a diferença de poder e o

autoritarismo na relação.

Por outro lado, as situações à direita (Contratante, Terceiro Grupo,

Cooperação, Complementaridade e Colaboração) são marcadas pela aceitação da

ação da organização não governamental, já se caracterizando pelo aumento da

ligação entre as organizações, relação de poder simétrica, compartilhamento de

informações e recursos, autonomia das organizações não governamentais e

benefício mútuo. Para estas situações, já se percebe a maior formalização do

relacionamento com a existência de parcerias, estratégia compartilhada e co-

produção, sendo mais evidentes nas situações, mais à direita, como

complementaridade e colaboração

Portanto, analisando a pertinência e as características dos modelos já

descritos e considerando aspectos como aplicabilidade e capacidade explicativa,

propõe-se um modelo que busca articular as contribuições de Sethi (1975), Coston

(1998) e Najam (2000), considerando que estas discussões vão ao encontro das

analises dos demais autores que discutem relacionamentos com stakeholders.

51

Figura 8 – Modelo de relacionamento com stakeholders

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de Sethi (1975 ), Coston (1998) e Najam (2000).

Dependência de recursos refere-se ao comportamento da organização no

compartilhamento de recursos. Tais recursos podem ser informações, valores

financeiros ou estrutura. Quando há um alto compartilhamento de recursos entre a

organização e o stakeholder, o vetor aponta para o lado direito do modelo.

Por enforcement, entende-se que são pressões recebidas pela organização,

sendo que o enforcement legal é proveniente de leis e normas, juridicamente

vigentes, obrigando a organização a mudar sua atuação e procedimentos. Já com

relação ao social, a pressão decorre dos constrangimentos e ações decorrentes de

normas, valores e concepções morais constituídas e compartilhadas pelos grupos

sociais, embora não esteja representada necessariamente em leis e normas formais

e juridicamente regulamentadas.

52

E, por fim, a resistência ou aceitação da aproximação se caracteriza de como

a organização se posiciona com relação ao stakeholder. A aceitação é marcada pelo

diálogo e pela busca da aproximação, objetivando ações conjuntas e

complementares. Porém, quando existe resistência, a postura da organização é

marcada pelo distanciamento e pelo não reconhecimento do papel do stakeholder.

Na relação de Cooperação , a organização não apenas reconhece o

stakeholder, como possui uma genuína relação de cooperação, com ações de

fortalecimento da parte envolvida, atingindo a situação de baixíssima dependência

de recursos. Nesta situação, a organização não se limita ao cumprimento das

obrigações legais, dando respostas às “pressões” (enforcement social), atingindo

uma relação forte e altamente benéfica para ambas as partes. Neste ponto de

relacionamento, a organização atua seguindo as normas de governança corporativa,

como por exemplo, transparência e prestação de contas. Embora existam pontos

que são controversos e polêmicos, a organização não se furta em discuti-los em prol

de um posicionamento coerente e como fonte de mudanças. Apesar desta situação

encontrarem-se os stakeholders com grande potencial de ameaça, há a grande

oportunidade de cooperação e obtenção de resultados organizacionais satisfatórios

(SETHI, 1975; COSTON, 1998; NAJAM, 2000).

A relação de Complementaridade se apresenta pela aceitação do

stakeholder, entretanto, com várias oportunidades para se fortalecer essa interação.

Embora se tenha um vínculo forte, devido ao alto grau de compartilhamento de

informações e recursos, pelo cumprimento das questões legais e pelo engajamento

de grande parte das “pressões” sociais, a organização se caracteriza pela

reatividade e pelo não envolvimento em questões controversas. Portanto, tal

reatividade limita as possibilidades de resultados organizacionais excepcionais

(SETHI, 1975; COSTON, 1998; NAJAM, 2000).

Já a relação de Rivalidade se traduz pelo “auto-interesse” da organização,

com ações marcadas pelo foco nos objetivos exclusivos da organização. Há um

baixo compartilhamento de recursos e informações e o não cumprimento de grande

parte das “pressões” sociais e muitas “pressões” legais, principalmente, aquelas que

conflitam com o interesse organizacional. Com esta postura unilateral, a relação

torna-se frágil, com uma baixíssima autonomia do stakeholder e uma alta

dependência de recursos. Neste estágio há uma forte dificuldade em se empreender

ações conjuntas que, inclusive, ajudariam a própria organização (SETHI, 1975;

COSTON, 1998; NAJAM, 2000).

53

Por fim, aparece a relação de Controntação, que é conflituosa e

completamente desagregadora a ponto da organização não reconhecer o

stakeholder. Marcada pelo autoritarismo, não há o cumprimento de muitas

“pressões” legais e sobretudo sociais. Desta forma, não há o compartilhamento de

recursos, informações e, em suma, a organização tenta desestruturar e “exterminar”

a parte interessada (SETHI, 1975; COSTON, 1998; NAJAM, 2000).

A sintonia da relação entre a organização e o stakeholder se traduz na

diferença de entendimento do que a empresa considera fundamental e como os

stakeholders percebem esses mesmos atributos. Desta forma, a organização obtém

informações para definição de táticas e posicionamentos eficazes, construindo

imagens mais coerentes e uma reputação mais forte para se atingir os objetivos

organizacionais. Balser e Mcclusky (2005) enfatizam que as OSFL devem ser pró-

ativas em relação às demandas das partes envolvidas, com decisões equilibradas

no tocante às crenças da instituição e seus recursos.

O Instituto Ethos de Responsabilidade Social desenvolveu uma ferramenta

que tem por objetivo auxiliar as organizações no diagnostico e mensuração de suas

práticas com as partes interessadas, sendo estruturado em etapas que se

caracterizam pelo avanço e amadurecimento das práticas de Responsabilidade

Social (ETHOS, 2010). A ferramenta demonstra-se um boa referência para subsidiar

os modelos de avaliação entre as organizações e seus stakeholders.

Tal ferramenta aborda os principais temas da RSE, a saber: Valores,

Transparência e Governança, Público Interno, Meio Ambiente, Fornecedores,

Consumidores e Clientes e Governo e Sociedade (ETHOS, 2010).

A utilização dos Indicadores Ethos de Responsabilidade vai ao encontro de

práticas nacionais e internacionais. A adoção de tais indicadores possibilita a

convergência para outras ferramentas e certificações da área socioambiental, como

a Norma ABNT NBR ISSO 26000, Diretrizes da Global Reporting Inciative (G3),

Metas do Milênio, Pacto Global e Norma AS8000.

Os itens das temáticas relacionados com os stakeholders podem ser

exemplificados conforme figura a seguir:

54

Figura 9 – Dimensões de avaliação da relação com stakeholders

Fonte: Ethos (2007)

55

Com relação à comunidade, até mesmo pela sua amplitude e diversidade,

percebe-se uma dificuldade em levantamento de informações. Uma oportunidade

para se avaliar e coletar a percepção deste grupo em relação à organização se dá

por meio dos projetos sociais.

Um projeto social busca, por meio de um conjunto integrado de atividades,

transformar uma parcela da realidade, reduzindo ou eliminando um déficit ou

solucionando um problema, em termos de satisfação de necessidades de grupos

que não possuem meios para solucioná-las por intermédio do mercado (COUTINHO;

SOARES, SILVA, 2006 apud CEPAL, 1995; NOGUEIRA, 1998, p. 767). A gestão do

projeto consiste em dar unidade e coerência ao ciclo de ação. Um projeto tem como

consequência um conjunto de produtos (gerados via processos de conversão),

resultados (previstos nos objetivos e metas) e impactos (mudanças na realidade

efetivamente alcançadas) (COUTINHO; SOARES; SILVA, p. 769).

A figura abaixo tem como finalidade ilustrar o referencial teórico que fornece a

base teórica para o presente estudo, demonstra as principais vertentes de RSE e

autores utilizados, o foco nos estudos sobre stakeholders, a literatura sobre OSFL e

importantes grupos envolvidos. Tais literaturas, analisadas conjuntamente com os

indicadores Ethos de Responsabilidade Social e o modelo de relacionamento com

os stakeholders e são a estrutura para responder o problema de pesquisa.

56

Figura 10 – Resumo do Referencial Teórico

Fonte: Elaborado pelo autor

57

5 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

Por se tratar de um estudo que analisou as práticas de Responsabilidade

Social Empresarial do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia

de Minas Gerais, em relação aos seus stakeholders, o recorte metodológico é o da

pesquisa qualitativa, com o método do estudo de caso. Para Godoy (1995) quando

se busca o entendimento do fenômeno como um todo, indica-se a análise

qualitativa. Tal escolha, também é evidenciada se estiver presente a preocupação

sobre a teia de relações sociais e culturais das organizações. O estudo em questão

procura analisar as relações de uma organização com seus stakeholders a partir de

uma preocupação com as relações sociais, culturais, econômicas e políticas que

estabelecem entre as partes.

A abordagem com as características em tela, sobre uma organização sem fins

lucrativos com seus principais stakeholders, demonstra-se incomum. Acrescenta-se

a existência de diversas variáveis, tratando-se de um fenômeno complexo, passível

de forte idealização e com uma série de estratégias e práticas tanto da organização

quanto de seus stakeholders.

Optou-se por fazer o estudo no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura

e Agronomia de Minas Gerais tendo em vista as características da organização,

principalmente por tratar-se de um Conselho que possui vários stakeholders,

distintos e relevantes. Acrescenta-se que a organização possui um grande interesse

no tema e facilitou o acesso aos dados e aos informantes. Tais características

proporcionaram um extenso e rico levantamento de informações para o presente

estudo.

O Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia (Crea-Minas),

tem sua sede no município de Belo Horizonte e pertence ao Sistema Confea/ Crea,

sendo que o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) foi

criado por meio do decreto federal nº 23.569 de 1933. O Conselho Federal é

responsável por normatizar e organizar as ações dos Creas em cada estado,

julgando em última instância recursos de diversas origens (CONSELHO REGIONAL

DE ENGENHARIA, ARQUITETURA DE AGRONOMIA DE MINAS GERAIS, 2011)

O Conselho, autarquia federal de direito público, é responsável pela

fiscalização e registro das profissões, sendo que as principais áreas são:

a) Agrimensura;

58

b) Agronomia;

c) Arquitetura e Urbanismo (embora esteja em fase de separação);

d) Engenharias tradicionais (exemplo: civil, elétrica, mecânica e química);

e) Geologia e Minas;

f) Segurança do Trabalho.

Tem como principal serviço a emissão e registro da Anotação de

Responsabilidade Técnica (ART), um documento em que se cadastram as obras e

serviços realizados pelos profissionais, definindo campos de atuação conforme a

atribuição de cada formação (CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA,

ARQUITETURA DE AGRONOMIA DE MINAS GERAIS, 2011).

O Conselho possui treze (13) regionais, sessenta e uma (61) inspetorias em

diferentes regiões do Estado de Minas Gerais e quatro (4) escritórios em Belo

Horizonte para promover suas ações e atividades. Tem como missão: "Defender os

interesses sociais e humanos, promover a valorização profissional, o

desenvolvimento sustentável e a excelência do exercício e das atividades

profissionais.” (CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA DE

AGRONOMIA DE MINAS GERAIS, 2010, p.5).

A organização tem como visão de futuro, "até 2014, ser referência no

atendimento ao público, na fiscalização e na valorização das profissões, sendo

reconhecido pelos profissionais, empresas e instituições de ensino como Conselho

Profissional essencial na defesa dos interesses da sociedade." (CONSELHO

REGIONAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA DE AGRONOMIA DE MINAS

GERAIS, 2010, p.1).

Possui como seus principais públicos envolvidos, grande parte da

comunidade, os profissionais, as empresas, as entidades de classe e instituições de

ensino, órgãos públicos, incluindo, as três esferas do governo. A organização

declara que tem como intuito atingir uma maior qualidade e abrangência de seus

serviços, e, para tal, realiza diversas parcerias institucionais, destacando-se os

convênios com entidades de classes profissionais, convênios com instituições de

ensino, Ministério Público, prefeituras e Corpo de Bombeiros de Minas Gerais

(CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA DE AGRONOMIA DE

MINAS GERAIS, 2011).

Para que possa relacionar-se com os seus stakeholders, a organização

possui como canais de atendimento a central telefônica (08000), o atendimento por

59

e-mail, presencial nas inspetorias e escritórios, ações da ouvidoria e atendimento à

comunidade. Seus principais veículos de comunicação com esses públicos são o

site, a revista institucional Vértice, mensagens eletrônicas e veiculações em rádios e

televisão (CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA DE

AGRONOMIA DE MINAS GERAIS, 2011).

O fato do pesquisador ocupar um cargo de gestão na organização,

possibilitou acesso à direção do Conselho para efetivação da presente pesquisa, o

que facilitou o acesso aos stakeholders selecionados para serem investigados. Por

outro lado, teve o cuidado de mitigar os efeitos negativos dessa aproximação sobre

a postura dos informantes.

Salienta-se que a organização implantou em dezembro de 2009 o Programa

Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (GesPública), fato este, que indica

uma busca por práticas socialmente responsáveis perante seus stakeholders. O

GesPública tem o intuito de contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços

públicos prestados aos cidadãos e para o aumento da competitividade do Brasil. É

um programa criado no âmbito da Secretaria de Gestão do Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão. Trata-se da fusão dos Programas da Qualidade

no Serviço Público (PQSP) e Nacional de Desburocratização, culminando no Modelo

de Excelência em Gestão Pública – MEGP. Baseia-se na gestão por resultados

orientada para o cidadão. Suas principais características são: ser essencialmente

pública, foco nos resultados para o cidadão e ser federativa (PROGRAMA

NACIONAL DE GESTÃO PÚBLICA E DESBUROCRATIZAÇÃO, 2008).

O referido programa em gestão possui como um de seus fundamentos a

Responsabilidade Social, atuação voltada para assegurar às pessoas a condição de

cidadania com garantia de acesso aos bens e serviços essenciais. Enfatiza-se o

Instrumento de Padrão de Pesquisa de Satisfação, utilizado para avaliação do

relacionamento da organização com os cidadãos usuários (PROGRAMA NACIONAL

DE GESTÃO PÚBLICA E DESBUROCRATIZAÇÃO, 2008).

Portanto, a escolha da presente organização se demonstrou adequada,

conciliando a relevância, o momento de implantação de modelo de gestão, a

proximidade do pesquisador e o interesse institucional, conforme já demonstrado.

Ressalta-se que o pesquisador é um dos coordenadores do GesPública no

Conselho.

Com a escolha do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e

Agronomia de Minas Gerais, optou-se pelo estudo de caso único, o que propiciou

60

convergir o tempo e os recursos disponíveis, que são limitados, a uma única unidade

empírica, possibilitando um maior alcance em detalhamento e profundidade da

pesquisa e análise. Cabe ressaltar que Greenwood (1973) aponta que esse

procedimento, embora tenha a desvantagem de restringir a generalização, tem como

benefício, uma maior riqueza no processo de coleta de dados, o que possibilita,

muitas vezes, a compreensão do caso como um todo.

Embora haja diversos grupos envolvidos, que se relacionam com o Conselho,

a presente pesquisa analisou o caso em questão por meio de três deles: os

funcionários, os profissionais filiados e a comunidade. Tais stakeholders propiciaram

análises e importantes conclusões acerca do presente fenômeno, já que são os

stakeholders mais envolvidos e relevantes para a instituição. De uma maneira geral,

os profissionais são responsáveis em grande parte, por manter financeiramente o

Conselho e por interagir com a Instituição e demandar ações e serviços. Os

funcionários são aqueles que implementam as ações e, a comunidade, o público fim

pelo qual se justifica a existência da organização.

Um ponto deve ser salientado: um desafio ao se realizar o presente estudo

está na escolha de três grupos envolvidos e não apenas um stakeholder como

costumeiramente se vê nos estudos publicados. Foi gerada uma quantidade

considerável de dados a ser analisada. Entretanto, tal escolha se demonstrou

importante para se efetivar um estudo com grupos envolvidos. A escolha de apenas

um grupo se demonstraria frágil à medida que se espera que os diferentes grupos

tenham interesses distintos e até antagônicos. Além disso, esses públicos não só

interagem com a organização mas também entre si. Portanto, o estudo com vários

grupos se demonstra importante para se descrever adequadamente o fenômeno em

tela. Exemplificando, ações analisadas positivamente pelos funcionários podem ser

repudiadas pela comunidade.

Para execução do estudo, salienta-se o cuidado que se deve ter na seleção

dos entrevistados, tendo em vista que a finalidade real não é contar opiniões, mas

analisar as suas verdadeiras percepções. Embora cada experiência possa parecer

única, as representações não surgem dos indivíduos, mas sim, resultados de

processos sociais (GASKELL, 2002).

No presente estudo, foram utilizados questionários eletrônicos e entrevistas

semi estruturadas. No caso dos funcionários, além da entrevista semi estruturada,

foram utilizados questionários eletrônicos que propiciaram rápida coleta de dados de

61

uma representativa seleção dos trezentos e noventa e dois funcionários (392) em

todas as unidades da organização.

Com relação à comunidade, até mesmo pela sua grande amplitude e

diversidade, a percepção foi coletada por meio dos principais projetos sociais do

Conselho, utilizando principalmente, questionários eletrônicos e entrevista semi

estruturadas com um profissional com experiência e conhecimento de projetos

sociais e participação em políticas públicas.

Quadro 2 – Principais projetos sociais do Crea-Mina s analisados Projeto Social

Escolhido Breve Síntese

Agenda 21

Projeto apoiado pelo Crea-Minas, cuja finalidade é ser um instrumento de construção de um modelo sustentável de desenvolvimento.

Planos Diretores Projeto que visa apoiar a elaboração e implementação dos Planos Diretores dos municípios mineiros.

Saneamento Projeto que visa discutir questões urbanas, ambientais e policias publicas envolvidos com saneamento, propondo soluções.

Fonte: Adaptado de Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais (2010)

Por fim, em relação aos profissionais filiados (registrados), até mesmo pela

sua amplitude, pois totalizam aproximadamente 155.000 (cento e cinquenta e cinco

mil), foi feita uma pesquisa por meio de questionários eletrônicos, limitado a taxa de

retorno dos mesmos. Também como nos demais públicos, foi realizada entrevista

semi estruturada com profissionais que têm mais familiaridade com a prestação de

serviços do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas

Gerais.

62

Figura 11 – Estratégia de Coleta de Dados

Fonte: Elaborado pelo autor

A figura 11 tem por objetivo ilustrar os públicos pesquisados, a forma de

seleção e os métodos de coleta de dados para cada um dos stakeholders com

intuito de se atingir o objetivo geral da pesquisa, ou seja responder à seguinte

pergunta investigativa: como as práticas de RSE de uma OSFL que representa

interesses profissionais são avaliadas pelos seus stakeholders?

Foram feitas quatro (4) entrevistas semi estruturadas para complementar e

trazer mais dados para análise das práticas de RSE da organização, ocupando

lacunas deixadas pela limitação de coleta de informações dos questionários.

Ademais, foram escolhidos entrevistados que possuem um considerável

envolvimento com a organização, cada um mais próximo a determinado stakeholder.

Conforme quadro três (3) a seguir, cada entrevistado foi escolhido haja vista seu

envolvimento com um stakeholder em específico.

63

Quadro 3 – Perfil dos Entrevistados Entrevistado Principal

envolvimento (stakeholders )

Perfil

Gestor do Setor de Recursos Humanos do Crea-Minas

Funcionários

• Mestrado na Área de Gestão de Pessoas; • Professor (a) na área de Gestão de Pessoas; • Experiência de aproximadamente 15 anos em RH.

Profissional experiente, conhecedor da prestação de serviços do Crea-Minas

Profissionais

• Eng. Civil com 12 anos de experiência; • Pós Graduado em Avaliação e Perícia e Produtividade

das construções; • Ex. sócio de escritório de engenharia; • Perito Judicial ; • Analista no Ministério Público; • Experiência de obras e infraestrutura, manutenção

predial, acompanhamento de construções e contratos e licitações.

Profissional experiente, conhecedor dos projetos sociais do Crea-Minas

Comunidade

• Experiência de 31 anos no mercado imobiliário; • Participação no Sindicado da Indústria da Construção,

inclusive, passando pela presidência; • Vice Presidente da Federação das Indústrias; • Envolvimento com o Instituto Horizontes, com

envolvimento em políticas públicas; • Ex. presidente do Secom, envolvido com saúde e

segurança do trabalho. Experiente diretor do Crea-Minas

Funcionários, profissionais e comunidade.

• Diretor Crea-Minas; • Professor universitário aposentado; • Profissional aposentado de uma grande empresa da

área de energia; • Aproximadamente 25 anos de relação com o

Conselho; • Presidente da Fundação Artística.

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Como já relatado, a pesquisa buscou a coleta de dados junto a três

importantes grupos de interesse que se envolvem com o Conselho: profissionais,

funcionários e comunidade. Tais grupos se constituem nos principais stakeholders

da organização, visto que detêm contato regular, dependem dos serviços oferecidos

e são capazes de gerar benefícios e malefícios mais decisivos para o Conselho

Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais. Para a coleta de

dados, por meio dos questionários eletrônicos, foram enviados e-mails aos públicos

citados.

5.1 Profissionais

No caso dos profissionais, a pesquisa foi realizada conforme taxa de resposta

dos questionários eletrônicos. O envio da mensagem de e-mail aos profissionais se

deu em 30/09/11, com a coleta de dados até 13/10/11. Foram enviados

questionários eletrônicos, em uma única oportunidade, para 73.852 profissionais

pertencentes ao mailing do Conselho. Ressalta-se que o universo de profissionais,

64

que possuem cadastro ativo junto ao Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura

e Agronomia de Minas Gerais era de 155.661 em 07/10/2011.

Figura 12 – Coleta de dados dos profissionais

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

De todos os profissionais, 10.627 abriram a mensagem eletrônica da

pesquisa, sendo que 2.939 acessaram o questionário eletrônico e 984 responderam

a pesquisa. Tal amostra final de respondentes se fez adequada na medida em que

se encontra próxima ao perfil dos profissionais da organização. Tal análise pode ser

melhor percebida conforme gráfico e tabela a seguir:

Gráfico 1 – Amostra, por região, da coleta de dados dos profissionais

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

65

Tabela 1 – Comparativo entre universo e amostra dos profissionais – por formação

Formação Universo Amostra

f (%) f (%)

Agrimensura 4.149 3% 35 4%

Agronomia 21.696 14% 115 12%

Arquitetura e Urbanismo 10.813 7% 122 12%

Civil 43.310 28% 294 30%

Elétrica 41.150 26% 237 24%

Geologia e Minas 7.247 5% 27 3%

Mecânica e Metalurgia 25.313 16% 117 12%

Química 1.743 1% 9 1%

Segurança do Trabalho 241 0% 2 0%

Vários 15 2%

Não informou a formação 11 1%

Total 155.661 100% 984 100%

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Cabe ressaltar que alguns profissionais afirmaram possuir mais de uma

formação, portanto, foram identificados ao longo da pesquisa como “vários”. Outros,

embora tratar-se de uma minoria (1% da amostra), não quiseram se identificar.

Dessa forma, não se conseguiu inseri-los na tabulação de formação e localidade,

sendo tratados ao longo da pesquisa como “Não informou”.

Tabela 2 – Comparativo entre universo e amostra dos profissionais – por faixa

de idade Faixa de idade Universo Amostra

f (%) f (%)

Até 30 anos 26.722 17% 205 21%

de 31 a 50 anos 73.432 47% 485 49%

de 51 a 65 anos 42.277 27% 260 26%

mais de 65 anos 13.231 8% 34 3%

Total geral 155.661 100% 984 100%

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011 Por fim, quando se analisa a quantidade de profissionais por faixa de idade,

também se percebe uma grande similaridade entre universo e amostra. Enfatiza-se

66

que a maior diferença entre universo e amostra se deu da faixa de profissionais com

mais de 65 anos.

Conforme Indicadores Ethos de RSE, foi analisado como se dá o

envolvimento da organização com a “Dimensão Social do Consumo”, que envolve a

Política de Comunicação Comercial, Excelência no Atendimento e Conhecimento e

Gerenciamento dos Danos Potenciais de Produtos e Serviços.

FUNCIONÁRIOS

Foram enviados questionários eletrônicos a todos, conforme resumido na

figura abaixo:

Figura 13 – Coleta de dados dos funcionários

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

A fim de avançar na coleta de dados, foram enviados questionários

eletrônicos para todos os funcionários no dia 27/09/2011. Posteriormente, foi

enviada uma mensagem eletrônica para sensibilização dos gestores, estimulando o

preenchimento e para que incentivassem os funcionários a responder.

Paralelamente, ao e-mail para os gestores, foram impressos formulários para

entrega aos funcionários que têm dificuldade ao acesso de e-mails, como porteiros,

responsáveis pela manutenção e motoristas. Por fim, foi enviada uma mensagem

eletrônica final, agradecendo o envolvimento na pesquisa e sugerindo o

preenchimento para aqueles funcionários que ainda desejassem fazê-lo. Ao final,

houve 162 respondentes, cerca de 40% dos funcionários do Conselho, amostra

considerada relevante para realização da pesquisa. O perfil também foi considerado

satisfatório, conforme detalhado a seguir.

67

Tabela 3 – Amostra dos funcionários - por cargo/ fu nção

Cargo/ função Amostra

f (%)

Serviços Gerais 8 5%

Nível médio / técnico 123 76%

Nível superior 13 8%

Gestão 15 9%

Não se identificou 3 2%

Total 162 100%

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Grande parte dos dados foram tabulados por cargo/ função (tabela 3), com

intuito de se demonstrarem diferentes avaliações de acordo com características

afins dos funcionários. Aqueles ligados às funções de porteiro, responsáveis pela

manutenção, motorista e vinculados à copa, foram descritos como “Serviços Gerais”.

Aqueles que ocupam cargo de gestão ou de confiança, como gerentes,

superintendentes, assessores e coordenadores regionais, estão representados pelo

grupo “Gestão”.

68

Tabela 4 – Comparativo entre universo e amostra dos funcionários – por unidade

Unidade Universo Amostra

f (%) f (%)

SRI - Superintendência de Relações Institucionais 8 2% 4 2%

SRH - Superintendência de Recursos Humanos 9 2% 4 2%

SGT - Superintendência de Planejamento, Gestão e

Tecnologia

20 5% 12 7%

SAA - Superintendência de Atendimento e Acervo 27 7% 7 4%

Gabinete 31 8% 3 2%

STF - Superintendência Técnica e de Fiscalização 37 9% 10 6%

SAF - Superintendência Administrativa e Financeira 39 10% 19 12%

Regionais /Inspetorias/ Escritórios 221 56% 103 64%

Total 392 100% 162 100%

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Na tabulação dos dados, conforme tabela 4, os respondentes presentes nas

Regionais/ Inspetorias/ Escritórios, lotados nas principais cidades de todo o estado,

foram agrupados em conjunto, criando uma categoria de análise de dados

denominada “regionais/ inspetorias/ escritórios”. Tal separação se justifica pela

presença de diferentes visões e opiniões destes grupos em relação às demais áreas

do Conselho, sobretudo aquelas localizadas na sede em Belo Horizonte,

possibilitando, portanto, uma análise mais aprofundada das informações. Ao se

analisar, por unidade, também se constata a convergência da amostra.

Tabela 5 – Comparativo entre universo e amostra dos funcionários – por tempo

de trabalho Tempo de trabalho Universo Amostra

f (%) f (%)

Até 5 anos 149 38% 52 32%

de 6 a 10 anos 47 12% 33 20%

de 11 a 20 anos 119 30% 43 27%

mais de 21 anos 77 20% 34 21%

Total 392 100% 162 100%

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Com relação à extração de informações por tempo de trabalho (tabela 5),

percebe-se também convergência da amostra. Cabe ressaltar que o grupo de 6 a 10

anos de trabalho no Conselho foram aqueles que, comparando com o universo, mais

participaram percentualmente da pesquisa. Por outro lado, aqueles que possuem até

5 anos foram os que tiveram uma menor participação percentual, comparando-se

com o universo de funcionários.

69

Tabela 6 – Comparativo entre universo e amostra dos funcionários – por faixa

de idade Faixa de idade Universo Amostra

f (%) f (%)

Até 30 anos 76 19% 42 26%

de 31 a 50 anos 232 59% 92 57%

mais de 50 anos 84 21% 28 17%

Total 392 100% 162 100%

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Por fim, também se percebe convergência da amostra com o universo se

analisarmos os respondentes por faixa de idade (tabela 6). Salienta-se apenas o

grupo “até 30 anos”, grupo este que representou uma maior diferença percentual em

relação ao universo, com uma participação relevante na pesquisa. Cabe enfatizar

que todas as diferenças entre universo e amostra foram consideradas pequenas,

reforçando positivamente a amostra de coleta de dados.

Conforme Indicadores Ethos de RSE, foi analisado como se dá o

envolvimento do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de

Minas Gerais com relação ao “Diálogo e Participação”, “Respeito ao Indivíduo” e

“Trabalho Decente”.

COMUNIDADE

A coleta de dados da comunidade se deu por meio da escolha dos principais

projetos sociais que o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia

de Minas Gerais é responsável ou se envolve na execução. Para tanto, foram

escolhidos os projetos Agenda 21, Planos Diretores e Saneamento. Na coleta de

dados, foram enviados aproximadamente 401 formulários para as pessoas que se

relacionam com os projetos sociais do Conselho, sendo que o Projeto Agenda 21 foi

o único no qual houve aplicação de questionários, pessoalmente. Cabe enfatizar

que, antes do envio dos questionários eletrônicos, os assessores da organização

que coordenam tais ações sensibilizaram seus contatos, explicando o objetivo da

pesquisa. O total de respondentes foi de 44 pessoas, conforme tabela 7.

70

Tabela 7 – Comunidade: quantidade de respondentes – por projeto social Envio de Aplicação de Total

Projeto Social questionários Questionários Respondentes

Pessoalmente

Agenda 21 12 12 16

Planos Diretores 226 - 13

Saneamento 163 - 15

Total Geral 401 12 44

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Figura 14 – Coleta de dados da comunidade por meio dos projetos sociais

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Os respondentes possuem perfil variado, o que possibilitou uma busca de

opinião de um vasto grupo de pessoas, conforme figura 14. Dentre aqueles que

responderam os questionários, estão inseridos representantes de faculdades,

universidades, projetos sociais, ONGs, prefeituras, institutos, associações, escolas,

empresas e governo. Conforme Indicadores Ethos de RSE, foi analisado como se dá

o envolvimento do Conselho com a Ação Social e com a Comunidade Local.

COMUNIDADE

71

6 ESTRATÉGIAS DE ANÁLISE DOS DADOS E APRESENTAÇÃO D OS

RESULTADOS

Cabe ressaltar a utilização da técnica de triangulação, que consiste na

aplicação de diversos métodos ao mesmo problema para obtenção de uma maior

consistência dos resultados alcançados. Seu propósito é a complementaridade entre

os dados, não se tratando de uma estratégia de validação. Desta forma, pode-se

aumentar profundidade à análise, já que a efetividade da triangulação baseia-se na

premissa de que a fraqueza de um método será compensada pelas forças de outro

(JICK, 1979).

Embora haja possibilidade de utilização de várias estratégias, a presente

pesquisa utilizou de forma predominante à pesquisa de base, que possui como

característica a profundidade na análise, haja vista a proximidade com os dados

originais já que se trata de uma pesquisa de “baixo para cima” (LANGLEY, 1999).

Com intuito de se obter as principais categorias para se explicar o fenômeno,

a análise do Caso passou pelas fases descritas por Langley (1999), com a criação

de (sub) categorias, a associação de dimensões e propriedades, fazendo

posteriormente, de forma gradativa, refinamentos e, por fim, a sistematização por

codificação e comparação.

Os dados foram tabulados e separados por stakeholder e principais práticas

de responsabilidade social conforme Indicadores Ethos de Responsabilidade Social.

Os dados foram descritos conforme esta ordem, com a inclusão de informações,

observações e fragmentos das entrevistas realizadas. Enfatizou-se a análise

cruzada da percepção dos grupos envolvidos, abordando os resultados de alguns

tópicos por meio de três visões diferentes. Por fim, foi feita uma compilação dos

dados de cada stakeholder para descrição final das prática de Responsabilidade

Social da organização em estudo.

6.1 Avaliação das práticas de RSE com os funcionári os

Com relação à percepção das prática de RSE, analisou-se os principais

pontos conforme Indicadores Ethos de RSE: Diálogo e Participação (Relação com

Sindicatos; e Gestão Participativa), Respeito ao Indivíduo (Valorização da

Diversidade; Compromisso com a não Discriminação; e Compromisso com a

Equidade de Gênero) e Trabalho Decente (Cuidado com a Saúde, Segurança e

72

Condições de Trabalho; Compromisso com o Desenvolvimento Profissional e

Empregabilidade; Comportamento nas Demissões; e Preparação para a

Aposentadoria).

6.1.1 Diálogo e Participação

Com relação ao diálogo e participação dos funcionários, faz-se importante

analisar a relação do Conselho com as organizações representativas dos

funcionários: Associação dos funcionários do Crea-Minas (Ascrea) e Sindicato dos

Empregados de Conselhos e Ordens de Fiscalização do Exercício Profissional do

Estado de Minas Gerais (Sindecofe).

6.1.1.1 Relação Sindicatos (Entidades Representativ as)

Tabela 8 – Análise da relação do Crea-Minas com as organizações

representativas

Muito boa +

boa

Não sei Ruim + muito

ruim

Total 24% 44% 31%

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Conforme tabela 8, quando se avalia a relação do Conselho Regional de

Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais com as organizações acima

elencadas, percebe-se fragilidades, já que apenas 24% dos funcionários

classificaram-na como “muito boa” ou “boa”. Grande parte dos funcionários afirmou

desconhecer a natureza dessa relação. O Conselho, tendo em vista a não

obrigatoriedade de firmar “acordo coletivo de trabalho”, não assina tal documento

com o sindicato. Tal desconhecimento demonstra-se mais evidente para os cargos

de nível médio/ técnico e nível superior, conforme gráfico 2.

73

Gráfico 2 – Condições de participação dos funcionár ios nas organizações representativas - por cargo/ função

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Gráfico 3 – Análise de qual organização melhor repr esenta os funcionários

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Quando foi perguntado qual a organização que melhor representa os

funcionários (gráfico 3) , restou claro que ninguém os representa adequadamente.

Percebe-se que a associação dos funcionários, Associação dos funcionários do

Crea-Minas, é citada pela minoria dos funcionários e o Sindicado dos Empregados

de Conselhos e Ordens de Fiscalização do Exercício Profissional do Estado de

Minas Gerais quase não foi citado. Segundo o gestor de recursos humanos, não se

percebe o Sindicato como representante dos funcionários, embora existam algumas

ações isoladas desenvolvidas pela organização. Tal afirmativa se reflete na baixa

taxa de sindicalização, menos de um terço dos funcionários. Com este

distanciamento do Sindicato, percebeu-se que a associação avançou na discussão

sobre questões trabalhistas, entretanto, percebe-se fragilidades com esta postura,

conforme abaixo:

74

Acho que a Ascrea não deveria atuar diretamente em questões que envolvem a discussão de relações de trabalho, mas sim, focar na busca de benefícios, como melhoria da qualidade de vida, lazer e cultura. Não deveria ter um papel reivindicatório (Gestor de Recursos Humanos).

Tal opinião citada pelo gestor de recursos humanos não abarca todas as

implicações envolvidas. Como os funcionários terão um canal claro com o Conselho

Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais com um sindicato

sem representatividade e uma associação que não se envolve com aspectos

reivindicatórios?

6.1.1.2 Gestão Participativa

Quando se avaliou a abertura para se colocarem as ideias e críticas sobre o

trabalho (gráfico 4) , apenas 33% dos funcionários abordaram que sempre ou

frequentemente têm abertura, aspecto avaliado negativamente. Ao se detalhar por

cargos, o único grupo que se demonstrou satisfação (respostas positivas maiores

que 50%) quanto a este aspecto foram aqueles funcionários em cargos de gestão.

Um ponto de destaque foram os funcionários pertencentes ao grupo “Serviços

Gerais”, com mais de 85% de respostas “raramente” ou “não”. Este é um ponto

sensível na relação com os funcionários, com a presença de vários comentários no

formulário eletrônico sobre a necessidade de uma maior abertura do Conselho. Tal

situação também foi percebida na entrevista, conforme trecho a seguir.

Temos vários canais, porém, não consolidamos estas informações, causando frustração aos funcionários. Como não se tem retorno em algumas vezes, fica um sentimento que as pessoas não são ouvidas (Gestor de Recursos Humanos).

75

Gráfico 4 – Abertura para colocar ideias e críticas no trabalho - por cargo/ função

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Entretanto, quando avaliamos os veículos de comunicação do Conselho,

(conforme gráfico 5), grande parte utilizados para a comunicação com os

funcionários, percebeu-se claramente a avaliação positiva. Todos foram

considerados satisfatórios, sendo que o veículo melhor avaliado foi o “Jornal

Planeta”, periódico interno utilizado para divulgação de informações internas para os

funcionários. A conclusão desta análise é que, embora os veículos estejam

estruturados e reconhecidos como um bom canal de comunicação, deve-se buscar o

aperfeiçoamento do conteúdo, possibilitando, inclusive, o retorno sobre o que os

funcionários avaliaram sobre as informações, quais as sugestões e a comunicação

sobre o resultado dessa interação. Tal análise se vê na entrevista feita com o gestor

de recursos humanos, “enviamos informações de diversas formas, porém, não

buscamos retorno do que está sendo publicado”. “Falta uma via de mão dupla”,

enfatiza o entrevistado.

76

Gráfico 5 – Avaliação dos veículos de comunicação

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

6.1.2 Respeito ao Indivíduo

6.1.2.1 Valorização da Diversidade, Compromisso com a Não Discriminação e

Promoção da Equidade de Gênero

Quando se avaliam os pontos relativos à valorização da diversidade (gráfico

6), focalizando perguntas em relação à chefia e aos colegas de trabalho, houve uma

avaliação positiva em todos os aspectos pesquisados. O percentual de respostas

positivas, quanto ao aspecto, que girou por volta de 70%, apenas não foi maior pois

grande parte do restante desconhecia tais pontos. Portanto, existe uma

oportunidade de se abordar tal item, comunicando e repassando informações aos

funcionários para diminuir o números daqueles funcionários que desconhecem tal

aspecto na relação.

77

Gráfico 6 – Avaliação da atuação da chefia - aspect os que envolvem valorização da diversidade

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Gráfico 7 – Posicionamento dos colegas de trabalho - aspectos que envolvem

a valorização da diversidade

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Cabe enfatizar uma informação que consolida tal análise: no aspecto

“tratamento igualitário entre homens e mulheres”, as mulheres avaliaram

positivamente o presente aspecto de forma superior aos homens, confirmando

portanto, um ambiente com tolerância e respeito às diferenças de gênero.

6.1.3 Trabalho Decente

6.1.3.1 Política de Remuneração, Benefícios e Carre ira

Ao se abordarem assuntos sobre a temática “Trabalho Decente” dos

Indicadores Ethos de Responsabilidade Social, remete-se a avaliação da política de

remuneração, benefícios e carreira, assunto relevante da relação com os

funcionários. Tal afirmativa se sustenta pelos vários comentários sobre o assunto no

questionário. No geral, 38% dos funcionários avaliaram positivamente tal aspecto.

78

Quando se estratifica por grupos, percebe-se uma discrepância entre aqueles

pertencentes aos serviços gerais e gestão dos demais.

Gráfico 8 – Avaliação da política de remuneração e benefícios - por cargo/

função

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Quanto a este item, cabe uma interação com os funcionários mais

insatisfeitos, buscando razões, e abordando, de forma transparente, a visão do

Conselho, já que segundo o gestor de recursos humanos, o Conselho possui

políticas diferenciadas em relação ao mercado, como Plano de Saúde sem

contrapartida do funcionário, vale refeição no período de férias e bons salários,

(embora não se tenha uma pesquisa salarial recente). Entretanto, para os

funcionários “nível médio / técnico” e “nível superior” conforme relatos nos

questionários, as políticas em tela estão aquém das expectativas.

Gráfico 9 – Avaliação das nomeações dos cargos de c hefia - por cargo/ função

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

79

Entretanto, quando se aborda a avaliação de nomeações dos cargos de

chefia (gráfico 9), o tom crítico aumenta. A maioria dos respondentes, 51%, avaliou

as nomeações como “pouco criteriosas” ou “sem nenhum critério”. O que se chama

atenção para o presente aspecto é que aqueles que se encontram no cargo de

chefia, foram as pessoas mais críticas, com avaliações negativas superiores a 70%.

Para tanto, vê-se a oportunidade da implantação de um programa de formação de

líderes, acompanhado com uma ação de comunicação incisiva sobre a forma e

critérios para a obtenção de cargos de chefia da organização. Percebe-se que o

Conselho possui vários cargos de recrutamento amplo feito pela presidência,

contratações estas percebidas pelos funcionários como não criteriosas.

Gráfico 10 – Avaliação sobre a perspectiva de carre ira - por cargo/ função

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

O gráfico 10 demonstra os resultados sobre um ponto sensível. Apenas 36%

dos funcionários abordaram como “muito boa” ou “boa” a perspectiva de carreira no

Conselho. Este ponto, foi muito afetado pelo Plano de Cargos, Carreiras e Salários

(PCCS) do Conselho, que, atualmente, não está em vigor. Segundo os inúmeros

relatos coletados, o PCCS há anos não possui validade e tal assunto se torna

prioritário. Ressalta-se que, conforme análise de dados e relatos, ao se postergar

ainda mais a implantação do novo PCCS pode impactar, consideravelmente, a

relação com funcionários com o aumento da insatisfação.

80

Gráfico 11 – Avaliação sobre a perspectiva de carre ira - por unidade

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Um ponto que foi recorrente na presente pesquisa: os funcionários das

regionais (gráfico 11), em grande parte dos aspectos, demonstraram ser mais

críticos. Como se pode perceber no presente item, e em alguns que serão relatados,

posteriormente, cabe uma atenção especial para os funcionários lotados nestas

unidades, com intuito de estreitar percepções e anseios.

6.1.3.2 Cuidado com Saúde, Segurança e Condições de Trabalho

Ao se avaliar a estrutura física do Conselho, conforme gráfico 12, temos uma

avaliação muito positiva: 78% dos funcionários abordaram-na como “muito boa”ou

“boa”. O grau de satisfação permanece, em qualquer, por unidade ou cargo, sendo

um ponto de consenso geral.

Gráfico 12 – Avaliação da estrutura física do Crea- Minas - por unidade

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Entretanto, quando se aborda a percepção de cansaço e stress dos colegas

de trabalho (gráficos 13 e 14), tem-se 62% de respostas negativas, sendo portanto,

um ponto de atenção na pesquisa. Entretanto, os dados não podem ser avaliados,

81

isoladamente, cabendo a análise conjunta com o gráfico que avalia o estado de

saúde dos colegas de trabalho.

Gráfico 13 – Reclamação dos colegas de trabalho de cansaço e stress - por cargo/ função

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Gráfico 14 – Reclamação dos colegas de trabalho de cansaço e stress - por

unidade

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Salienta-se, no gráfico anterior, a avaliação mais negativa, novamente, das

regionais. Cabe ressaltar uma informação relevante, embora não demonstrada

graficamente: quando se estratificou as reclamações de stress por atividade principal

dos funcionários (atendimento, fiscalização e outras), não se encontrou diferença

relevante a se comentar. Ou seja, de acordo com os dados coletados, não existem

atividades específicas que causam mais stress em relação a outras.

82

Gráfico 15 – Avaliação do estado de saúde dos coleg as de trabalho - por unidade

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Entretanto, quando foi perguntado sobre a percepção da avaliação de saúde

de seus colegas de trabalho (gráfico 15), 61% avaliaram positivamente, como “muito

bom” ou “bom”. A conclusão que se tira, após este aparente conflito, nos dados

coletados é que existe um alto índice de reclamações sobre stress que, entretanto,

ainda não culminaram com a piora do estado de saúde dos funcionários. Porém,

cabe uma recomendação como, por exemplo, continuar e fortalecer as ações da

Comissão de Saúde e Segurança do Trabalho (CSST), com intuito de reduzir o

impacto do stress nas atividades dos funcionários.

6.1.3.3 Compromisso com o Desenvolvimento Profissio nal e Empregabilidade

Ao se abordar a política de desenvolvimento e treinamento (gráfico 16),

percebe-se também o tom crítico: 40% (quarenta por cento) dos funcionários

avaliaram-na como “ruim”ou “muito ruim”, sendo que, com exceção daqueles

funcionários que não se identificaram, o grupo “gestores” foi o mais crítico da

pesquisa, com 60% de avaliações negativas. Este ponto se faz relevante, pois se

trata de um grupo que, a “priori”, conhece bem as ações de desenvolvimento e

treinamento.

83

Gráfico 16 – Avaliação da política de desenvolvimen to e treinamento - por cargo/ função

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Conforme gráfico 17 que avalia a opinião do funcionário sobre as exigências

de seu cargo/ função, 89% avaliaram positivamente tal pergunta. Embora seja uma

pergunta em que se espera um relativo grau de respostas positivas do respondente,

percebe-se um fator adicional para esta resposta: ao se analisar as diversas

respostas nos campos descritivos dos questionários, percebe-se que os

funcionários, no geral, transmitem uma necessidade de afirmação, demonstrando a

necessidade de serem mais valorizados e repassando a visão de que, fruto de seu

trabalho, existe a excelência na prestação de serviços. Tal percepção será

demonstrada de forma cruzada com a percepção dos demais públicos. Enfim, quem

mais criticou a política de capacitação foram aqueles que se julgaram mais

capacitados.

Gráfico 17 – Análise se o funcionário se sente prep arado para atender as

exigências de seu cargo/ função - por cargo/ função

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

84

6.1.3.4 Comportamento nas Demissões

Ao se analisarem a transparência e critérios nos processos demissionais

(gráfico 18), houve apenas 6% de avaliações positivas, sendo que a maioria, 57%

dos respondentes, não souberam falar sobre o presente aspecto. Tal resultado se

deve a ausência de uma política, sendo que, conforme informações coletadas nas

entrevistas, tais procedimentos são realizados por “decisões pessoais, algumas por

decisões pontuais ou incompatibilidade pessoal. Não se vê preparação do Crea

sobre este respeito” (relato do Gestor de Recursos Humanos).

Gráfico 18 – Avaliação sobre a transparência e crit érios nos processos de

demissão - por unidade

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Gráfico 19 – Avaliação sobre a transparência e crit érios nos processos de

demissão - por cargo/ função

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Quando se avalia tais informações por cargo /função, conforme gráfico 19, os

cargos de Gestão se demonstraram mais sabedores sobre tal aspecto (menor índice

de respostas “não sei”), inclusive, abordando de maneira mais crítica, com mais de

85

50% afirmando que as demissões se dão “sem ou com rara transparência”. Portanto,

percebe-se a necessidade de se informar de maneira mais transparente, quando

houver demissões no Conselho.

Gráfico 20 – Avaliação do apoio fornecido na recolo cação no mercado de

trabalho após demissão - por unidade

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Ao se abordar o apoio fornecido para recolocação no mercado de trabalho

após a demissão (gráfico 20), apenas um entrevistado colocou que existe “sempre”

e “frequentemente”. Trata-se de um retrato da inexistência de tal política, uma

oportunidade de avaliação de implantação por parte do Conselho.

6.1.3.5 Preparação para a Aposentadoria

Quando se abordou a preparação para aposentadoria (gráfico 21), a

inexistência de uma política também se demonstrou clara. Aproximadamente 50%

dos funcionários abordaram que “não sabem” e 46% que “raramente”ou “nunca”

existe preparação para aposentadoria. Portanto, existe a oportunidade de se

implantar uma política de preparação para aposentadoria.

86

Gráfico 21 – Avaliação sobre a preparação para a ap osentadoria - por unidade

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Ao se abordar questões sobre normas éticas, conforme gráfico 22 apenas

35% conhecem “profundamente” ou possui um “bom conhecimento” das normas

éticas e 45% cumprem “totalmente” ou “muito” as normas em tela. A falta da

formalização destas normas éticas se evidencia, quando 85% dos funcionários

avaliam como “relevante”ou “extremamente relevante” a sua formalização. Trata-se

de uma importante oportunidade em se formalizar os valores organizacionais e

internalizá-los nos funcionários.

6.1.4 Outros pontos analisados

Com intuito de se aprofundar na análise da relação com os funcionários,

foram analisados pontos adicionais tais como o cumprimento e necessidade de se

formalizar normas éticas, atuação da chefia comparando com os colegas de trabalho

e, por fim, o desejo para os próximos anos.

87

Gráfico 22 – Conhecimento, cumprimento e necessidad e de formalização das normas éticas

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Ao se abordarem diversos aspectos sobre a atuação da chefia (gráfico 23), no

geral, se tem satisfação, com mais de 50% de respostas positivas. Trata-se de uma

importante informação sobre a força da atuação da chefia. Conforme relatado

anteriormente, a forma de acesso à chefia foi considerada “não criteriosa” ou “pouco

criteriosa” para uma parcela considerável dos funcionários, aqueles que ocupam os

cargos de chefia possuem uma avaliação positiva.

Gráfico 23 – Avaliação da atuação da chefia

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Entretanto, cabe um ponto de atenção a esta avaliação: quando se trata do

“reconhecimento do valor dos subordinados”, percebe-se o único ponto que não se

constata satisfação, ficando abaixo de 50% (gráfico 23). Portanto, há uma

oportunidade de se trabalhar com a liderança, de modo a melhorar a relação com os

88

funcionários. Salienta-se que grande parte dos funcionários abordou no questionário,

de maneira espontânea, a necessidade de reconhecimento e mais valorização. Tal

aspecto, sobre o reconhecimento do valor, torna-se evidente quando houve uma

sensível melhora nas respostas sobre o reconhecimento e valor com relação aos

colegas de trabalho. Portanto, esta é uma oportunidade de melhoria importante na

relação entre gestores e subordinados.

Gráfico 24 – Avaliação do posicionamento dos colega s de trabalho

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Ao se fazer o mesmo grupo de perguntas com relação aos colegas de

trabalho (gráfico 24), percebe-se também a satisfação, entretanto,em um grau bem

superior com relação aos cargos de chefia. Isto demonstra, de forma geral, uma boa

interação entre os funcionários, culminando, em boa relação de trabalho entre os

colegas. Tal diagnóstico é corroborado com a opinião do Diretor, relatando o bom

clima de trabalho na organização.

Ao final da pesquisa, conforme gráfico 25, foi perguntado aos funcionários

qual é o principal desejo profissional para os próximos 5 anos e a resposta de 77

funcionários, ou seja, quase 50%, foi de ocupar cargo superior ao que ocupa. Isto

demonstra que, em linhas gerais, os funcionários não só querem permanecer no

Conselho, como também ocupar cargos superiores. Tal desejo vai ao encontro aos

dados anteriores repassados, como avaliações negativas sobre o processo de

nomeação dos cargos de chefia, críticas sobre a política de desenvolvimento e

treinamento conjuntamente em “se sentir preparado para atender as exigências de

seu cargo e função”. Assim, por trás dessas respostas está o anseio de crescimento

profissional.

89

Gráfico 25 – Desejo dos funcionários para os próxim os 5 anos

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Por fim, ao se perguntar sobre o nível de satisfação no trabalho, temos

diferentes níveis de satisfação para os diversos grupos pesquisados e, inclusive,

anseios diferentes.

O grupo que possui, em sua maioria uma satisfação “alta” ou “muito alta” é o

grupo de Gestão. O grupo com menor satisfação “alta” ou “muito alta” é os de

Serviços Gerais, com cerca de 12%.

Cabe enfatizar o grupo dos funcionários que “não se identificou”. Como

podemos ver ao longo da análise de dados, este grupo demonstrou ser um dos mais

críticos e, entretanto, teve receio em identificar importantes informações como

formação e registro, dentre outras. Fizemos a tabulação dos dados considerando

estes três funcionários para também analisar os seus anseios, inclusive, vários

funcionários não responderam a pesquisa com receio de identificar o seu número de

registro.

Gráfico 26 – Nível de satisfação no trabalho - por cargo/ função

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

90

Ao se analisarem as principais informações obtidas na relação entre Conselho

e Funcionários, percebe-se claramente a dificuldade em se obter classificações

claras e precisas. Desta forma, a organização pesquisada apresenta ações que

variam desde situações de rivalidade até cooperação do seu público interno,

conforme modelo utilizado na pesquisa .

O resumo da relação está demonstrado conforme figura a seguir.

Figura 15 – Aplicação do modelo relacionamento de stakeholders aos

funcionários

Fonte: Elaborado pelo autor

Portanto, ao se analisarem as características como um todo, pode-se

classificar que o relacionamento do Conselho e os funcionários encontram em uma

situação intermediária entre rivalidade e complementaridade.

O Conselho possui grandes fragilidades ao se analisar o enforcement social,

já que não possui acordo coletivo de trabalho, possui um certo distanciamento com

relação às organizações representativas dentre outros. Percebe que a organização

91

aceita o stakeholder funcionários, com boa relação entre subordinados e chefia e

avaliação positiva dos aspectos que envolvem a valorização da diversidade. Porém,

demonstra baixa abertura para o recebimento de críticas e ideias sobre o trabalho.

Constata-se uma média dependência de recursos, com um PCCS suspenso,

fragilidades na política de capacitação, boa estrutura e bons salários. Por fim, o

Conselho cumpre com todas as exigências legais nos aspectos pesquisados.

Ademais, para melhorar a relação com os funcionários, para que a relação

avance para a situação de cooperação, são importantes ações diferenciadas

conforme o grupo em questão. Na tabela a seguir, demonstra-se um resumo das

principais ações para aprimoramento do modelo de gestão.

Quadro 4 – Oportunidades de melhoria para aprimoram ento do modelo de

gestão conforme percepção dos funcionários Ponto de análise Oportunidade de Grupo

Melhoria a priorizar

Valorização da diversidade - Divulgação da prática. Todos

Veículos de comunicação - Manutenção do veículos atuais;

- Maior utilização de blogs e mídias sociais;

- Investimento em conteúdo, com maior interação com o funcionário;

- Informar como é a avaliação dos profissionais e comunidade.

Frequentemente, a avaliação destes públicos é, consideravelmente,

mais crítica.

Todos

Gestão Participativa - Possibilitar a Gestão Participativa, descentralizando algumas

atividades e coletando ideias dos funcionários.

- Nível técnico/

médio

- Serviços Gerais

Entidades Representativas - Fortalecimento da Associação.

- Posicionamento claro sobre qual entidade ocupará a lacuna de

discussão de aspectos da relação de trabalho;

- Nível técnico/

médio

- Nível Superior

Desenvolvimento e

treinamento

- Implantação e investimento em política de capacitação e

treinamento.

- Gestão

Cuidados com Saúde,

Segurança e condições de

trabalho

- Fortalecimento da CSST. - Todos

Políticas de Remuneração,

Benefícios e Carreira

- Avaliar o valor da remuneração paga;

- Discutir os valores salariais conforme comparação de mercado,

repassando tais informações aos funcionários;

- Implantação do PCCS ;

- Implantar Plano de Desenvolvimento de Lideranças.

- Nível técnico/

médio

- Nível Superior

- Gestão

Comportamento nas

demissões

- Transparência nos processos de demissão e implantação de

programa de recolocação no trabalho.

- Todos

Preparação para a

aposentadoria

- Programa de preparação dos funcionários para a aposentadoria. - Todos

Liderança - Utilização das lideranças para melhoria da relação com os

funcionários;

- Demonstrar a valorização aos subordinados.

- Todos

Normas éticas - Formalizar as normas éticas, internalizando os valores nos

funcionários.

- Todos

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

92

Ao finalizarmos as sugestões de Oportunidade de Melhoria para

aperfeiçoamento do modelo de Gestão, foi mencionada a necessidade de

demonstrar aos funcionários o desempenho do Conselho conforme visão dos

profissionais e comunidade.

Tal análise se faz necessária, haja vista uma considerável diferença de visões

dos funcionários em relação aos profissionais e comunidade. Tal fato reforça a

necessidade em se analisarem, de forma conjunta, os diversos stakeholders, já que

as suas percepções sobre a ação da organização pesquisada são distintas.

Conforme gráfico 27, quando avaliamos os funcionários e os profissionais

quanto aos canais de atendimento (soma de respostas “muito bom” e “bom”) ,

termos diferentes percepções, conforme a seguir.

Gráfico 27 – Funcionários e Profissionais: avaliaçã o dos canais de atendimento

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Quando se analisam os veículos de comunicação (gráfico 28), embora menos

contundente do que os canais de atendimento, percebe-se também diferenças

importantes, principalmente, com relação à “Campanha Institucional na TV”e

“Veiculações nas Rádios” (com respostas “muito bom”e “bom”).

93

Gráfico 28 – Avaliação dos veículos de comunicação pelos funcionários e profissionais

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Isso reforça que a organização não pode pautar suas atividades, tendo como

base a avaliação do público interno, já que as diferentes percepções para os demais

stakeholders podem ser consideráveis, afetando, inclusive, a percepção da

prestação de serviços da organização. Tal fenômeno pode ser claramente

identificado na organização.

Gráfico 29 – Comparativo da avaliação da prestação de serviços pelos funcionários e profissionais

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Portanto, tal constatação, reforça a análise ampla por parte da organização,

que será materializada conforme descrição de resultados dos públicos a seguir.

94

6.2 Avaliação das práticas de RSE com os profission ais

6.2.1 Dimensão Social do Consumo

Ao se analisarem os profissionais, inicia-se a discussão recorrendo ao

Indicador Ethos de Responsabilidade Social “Dimensão Social do Consumo”. Com a

utilização de tal indicador, focou-se basicamente na Política de Comunicação

Comercial do Conselho e Excelência no Atendimento.

6.2.1.1 Política de Comunicação Comercial

Ao se verificarem as respostas sobre veículos de comunicação, houve uma

satisfação em 4 dos 6 veículos pesquisados. Entretanto, quando se avalia as

“veiculações na rádio” e “campanha institucional na TV”, fica evidente que se tratam

de veículos que são desconhecidos pelos profissionais. Aproximadamente 55% dos

profissionais desconhecem esses dois veículos, conforme gráfico a seguir. Cabe

ressaltar que, daqueles que conhecem, as avaliações negativas superam as

positivas. Inclusive, tal avaliação negativa pode ter como causa, a impressão de um

dos profissionais entrevistados: “às vezes, quando o Crea publica muitas ações,

transparece que se trata de promoção da Direção”.

Gráfico 30 – Avaliação dos profissionais em relação aos veículos de

comunicação

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

95

6.2.1.2 Excelência no Atendimento

Ao se avaliarem os canais de atendimento, percebe-se que apenas um deles

obteve grau de satisfação: o atendimento presencial, com avaliações positivas

superiores a 50%. Entretanto, de uma forma geral, os canais de atendimento foram

marcados pelo grande desconhecimento por parte dos profissionais, já que 45% dos

profissionais responderam que não conhecem os canais do Conselho. O canal no

qual houve maior desconhecimento foi a “ouvidoria”, com cerca de 64% de

desconhecimento.

Cabe enfatizar que, a priori, um canal específico para reclamação ser

desconhecido pode tratar-se de uma informação positiva, entretanto, daqueles que

conhecem o canal, aproximadamente a metade avaliou de forma negativa. Porém,

pode-se fazer uma observação: a ouvidoria possui um público contrariado por não

resolver o seu anseio no atendimento comum, e, desta forma, uma avaliação

negativa torna-se mais frequente, ou seja, tratam-se de profissionais que solicitaram

algum procedimento que foi negado no atendimento ou um serviço que não foi

disponibilizado conforme expectativa. Logo, a probabilidade de uma avaliação

negativa da ouvidoria torna-se maior.

Gráfico 31 – Avaliação dos canais de atendimento pe los profissionais

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Embora de uma maneira geral o canal de atendimento presencial tenha obtido

um nível de satisfação, ao aprofundarmos na análise de dados por regional (gráfico

32), percebeu-se que 2 regionais não atingiram o 50% de satisfação: Metropolitana e

Triângulo. Portanto, tratam-se de duas (2) regionais que carecem de uma atenção

maior para o presente canal de atendimento.

96

Gráfico 32 – Avaliação do atendimento presencial - por regional

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Conforme informações já repassadas, aproximadamente 54% dos

profissionais avaliaram positivamente o atendimento presencial. Entretanto, quando

a mesma pergunta foi realizada aos funcionários responsáveis pelo atendimento

presencial, o percentual de avaliações positivas subiu para 93%, uma discrepância

muito grande, em relação à avaliação do serviço.

De uma forma geral, houve críticas consistentes aos canais de atendimento,

que podem ser traduzidas no trecho a seguir.

O Crea precisa focar em treinamento. Percebe-se que os locais de atendimento, talvez por falta de informações, precisam se reportar frequentemente para a sede, o que atrapalha o procedimento. Grande parte das vezes é necessário ligar para Belo Horizonte, enviar documentos por malote. Acho que muitas coisas deveriam ser resolvidas no ato (profissional entrevistado).

A direção do Conselho afirma estar atenta aos problemas no atendimento

conforme relato. Tal situação é mais clara quando foi abordado o assunto do 08000:

O 08000, em minha opinião, possui uma deficiência estrutural: colocamos telefonistas sem formação técnica nenhuma para atendimento aos profissionais. Portanto, simplesmente as perguntas são dirigidas aos setores, como por exemplo, às câmaras especializadas que, muitas vezes, não têm tempo de atender as ligações (diretor entrevistado).

Ao se abordar a avaliação das reclamações por regional, a principal resposta

foi “não sei, nunca fiz reclamações”, para 45% dos entrevistados. Entretanto,

daqueles que fizeram reclamações, 51% avaliaram “ruim” ou “muito ruim” o

97

atendimento às reclamações. Novamente, a Regional Triângulo foi apontada como a

mais crítica quanto a esse quesito.

Cabe enfatizar 2 pontos neste aspecto: primeiro, a sua importância, já que

muitos profissionais abordaram fragilidades, no campo descritivo do formulário, no

atendimento às reclamações e à avaliação frágil na Regional Noroeste, avaliação

discrepante tendo em vista o baixo número de respondentes: apenas 6 (seis).

Gráfico 33 – Avaliação do atendimento às reclamações - por regi onal

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

6.2.1.3 Avaliação dos Serviços

Ao analisarmos os serviços do Conselho, começou-se a avaliação com um de

seus principais: a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Para tanto, foi

avaliada a implantação da Nova ART, um importante serviço que impacta

diretamente a relação do Conselho com os profissionais. A pergunta foi marcada

pela evolução do serviço, em comparação com a ART anterior. O resultado

demonstrou o desconhecimento dos profissionais em relação ao serviço em tela,

42%. Entretanto, daqueles que conhecem o serviço, 66% abordaram que o mesmo

“melhorou muito” ou “melhorou”, ante a 34% que expuseram que “piorou” ou “piorou

muito”.

Os profissionais de outros estados, como era de se esperar, foram aqueles

que mais desconhecem o serviço. As regionais Nordeste e Rio Grande se

destacaram pela a quantidade de avaliação positiva, sendo que as regionais Centro-

Oeste e Norte, por outro lado, se destacaram pela avaliação negativa.

98

Gráfico 34 – Avaliação da Nova ART - por regional

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Ao se analisar a avaliação da Nova ART por formação, percebem-se as

modalidades que avaliaram mais positivamente foram Agrimensura e Civil, sendo

que, em contraste, a Geologia e Minas e Química foram aquelas com menor índice

de respostas positivas. Enfatiza-se que o baixo número de respondentes para a área

Segurança do Trabalho tornou discrepantes os dados do grupo, em que todos

responderam que desconhecem a Nova ART.

Gráfico 35 – Avaliação da Nova ART - por formação

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Quando foi solicitado para os profissionais avaliarem os diversos aspectos da

Nova ART (gráfico 36), percebeu-se mais avaliações positivas do que negativas nos

três principais aspectos, como “Agilidade”, “Confiabilidade” e “Melhoria do exercício

profissional”. Cabe ressaltar que a quantidade de respostas superou a quantidade

de entrevistados, pois os profissionais poderiam escolher até duas opções.

99

Salienta-se a quantidade de profissionais que responderam o campo, “outros”,

abordaram problemas, que, em suma, convergiram para “demora na disponibilização

da ART após o pagamento”, “lentidão do sistema” e “dificuldade de preenchimento”.

Gráfico 36 – Avaliação da Nova ART pelos profission ais – aspectos

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Quando foi perguntada a avaliação dos serviços em geral, o conselho não

obteve um grau de satisfação positivo, chegando a 48% de avaliações “muito bom” e

“bom”. O destaque positivo ficou para as cinco primeiras formações do gráfico 37

que atingiram 50% de satisfação.

Gráfico 37 – Avaliação do serviço pelos profissiona is - por formação

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

- Demora na disponibilização - Lentidão do sistema - Dificuldade de preenchimento

100

Ao se abordar a avaliação do serviço por regional (gráfico 38), as seis (6)

primeiras regionais atingiram o 50% de avaliação positiva, sendo que, para as

demais, o destaque negativo ficou para a regional triângulo, com menos de 40% de

avaliações positivas. Ressalta-se a fragilidade da avaliação da regional Noroeste,

quando a pequena quantidade de respondentes culminou em 100% de respostas

positivas.

Gráfico 38 – Avaliação do serviço pelos profissiona is - por regional

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Ao se perguntar aos profissionais sugestões para melhoria do serviço,

conforme gráfico 39, destacam-se as quatro primeiras mais citadas, sugestões essas

que foram abordadas frequentemente no campo descritivo do questionário.

Tais sugestões são indicativos claros de oportunidades de melhoria, que

poderiam afetar positivamente a relação com o stakeholder em questão.

Gráfico 39 – Sugestões dos profissionais para melho ria do serviço

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

101

A sugestão de disponibilizar serviços pela web, é compartilhada pela Gestão

do Conselho:

Temos que desenvolver processos para aproveitar a grande vantagem que a tecnologias trouxe para todos nós. Quanto mais serviços puderem ser resolvidos pela Internet, será um avanço. A cada dia que passa, se deslocar para um ponto de atendimento é mais difícil. A tendência é a capacitação dos cursos à distância, portanto, é o mesmo caso para os profissionais! (diretor entrevistado)

Ao se abordar a fiscalização, percebe-se um aspecto bem sensível na

relação. Trata-se de um ponto com muitas avaliações negativas, com 42% dos

profissionais abordando-a como “ruim” ou “muito ruim”. Exceto a Regional Noroeste,

nenhuma outra unidade apresentou satisfação neste serviço.

Gráfico 40 – Avaliação da fiscalização pelos profis sionais - por regional

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Ademais, os profissionais que avaliam positivamente a fiscalização totalizam

apenas 25%. Porém, quando esta avaliação é feita aos funcionários que se

relacionam com a fiscalização, este percentual sobe para 88%.

Quando se avalia a fiscalização por formação, percebe-se também que

nenhum grupo avalia satisfatoriamente o serviço.

102

Gráfico 41 – Avaliação da fiscalização pelos profis sionais - por formação

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Foram percebidas várias críticas conforme profissional entrevistado:

Grande parte dos profissionais anseiam pela fiscalização ao leigo. Não deixar o leigo entrar na engenharia. Parece-me que o Conselho centraliza sua fiscalização no profissional, principalmente, naquele que formaliza suas ações com ART com projeto registrado na prefeitura. Aqueles que não fazem nada, muitas vezes, não são fiscalizados (profissional entrevistado).

Ao se perguntar quais seriam as sugestões de melhoria da fiscalização

(gráfico 42), o item mais citado trata da atuação de forma mais preventiva. A

segunda maior sugestão é “aumentar o número de fiscalizações”, aparecendo, com

destaque na pesquisa tendo em vista o grande número de sugestões ligadas a este

aspecto no campo descritivo do questionário.

Entretanto, tal abordagem é questionável na visão do Conselho. Segue

fragmento da visão do diretor:

Tenho uma crítica: nós temos que mudar nossa forma de trabalho. Em minha opinião, o foco não é o aumento de fiscais, mas sim, a mudança de metodologia. O que é fiscalizar? Se colocarmos um exército de fiscais, eles não conseguirão fiscalizar todas as obras. Precisamos criar meios para que a fiscalização busque a responsabilização do profissional. Portanto, o Crea-Minas tem que atuar na origem: fazer convênios diversos, como Banco do Brasil (área agronômica) e Prefeituras (obras regionalizadas) (Diretor Entrevistado)

103

Gráfico 42 – Sugestões dos profissionais para melho ria da fiscalização

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Por fim, quando foi perguntado sobre a garantia do exercício legal, houve

satisfação nas cinco regionais com avaliação positiva. As informações sugerem um

caminho para a fiscalização da organização: aumentar a fiscalização combinando

com uma abordagem orientativa.

6.2.1.4 Outros pontos analisados

Gráfico 43 – Avaliação dos profissionais sobre a ga rantia do exercício legal por regional

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Ao se avaliar o relacionamento entre profissionais e o Conselho, percebe-se

que, primeiramente, existe o cumprimento de todas as pressões legais. Entretanto,

quando analisamos as pressões sociais, percebe-se que as necessidades vão além

de se cumprirem as normas e legislação: há a expectativa na prestação de bons

serviços, com um atendimento de qualidade e uma fiscalização efetiva. Embora se

104

perceba a tentativa do Conselho em avançar na melhoria na prestação de serviços,

ainda, de uma forma geral, não há uma prestação de serviços como os profissionais

anseiam, o que causa um impacto negativo na sua relação com a organização.

O Conselho possui bons canais de comunicação, o que possibilita o

compartilhamento de um importante recurso: a informação. Entretanto, não possui

abertura para receber críticas e ideias para a melhoria da relação. Dessa forma, ao

se analisar como um todo a presente relação, percebe-se o enquadramento na

situação de rivalidade.

Figura 16 – Aplicação do modelo relacionamento de stakeholders :

profissionais

Fonte: Elaborado pelo autor

Com relação ao enforcement social, contatou o baixo engajamento do

Conselho, com a falta da disponibilização de bons canais de atendimento, falta de

uma fiscalização efetiva, porém, com a busca na melhoria dos serviços. Houve

resistência em se aproximar dos profissionais, tendo em vista a baixa abertura para

recebimento de críticas e ideias sobre o trabalho. Ademais, constatou-se média

dependência de recursos e o cumprimento de todas as pressões legais.

105

Portanto, para se melhorar a relação com os profissionais, são importantes

ações diferenciadas conforme a localidade e a formação profissional. Na tabela a

seguir, apresenta-se um resumo das principais ações para aprimoramento do

modelo de gestão.

Quadro 5 – Oportunidades de melhoria para aprimora mento do modelo de

gestão conforme percepção dos profissionais Ponto de

análise

Oportunidade de melhoria Grupo a priorizar

Política de

Comunicação

Comercial

- Avançar no conteúdo dos canais de comunicação. Reavaliar a

utilização dos canais “Veiculações na rádio”e “Campanha

Institucional na TV”, haja vista que mais da metade dos

profissionais desconhecem tais veículos;

- Comunicar de maneira mais efetiva as ações relativas aos

projetos sociais do Conselho;

- Esclarecer o processo de reajuste das taxas.

Todos

Excelência do

atendimento

- Divulgar os canais de atendimento, já que 45% dos

profissionais não conhecem tais canais. Salienta-se o

atendimento à comunidade e à ouvidoria;

- Melhorar o atendimento presencial, sobretudo, naqueles

vinculados às regionais Triângulo e Metropolitana, únicos que

não atingiram o nível de 50% de satisfação;

- Melhorar o procedimento de atendimento às reclamações, já

que 28% dos profissionais avaliam negativamente tal ação (não

se trata especificamente da ouvidoria).

Todos

Prestação de

Serviços

- Segmentar e prestar serviços diferenciados de acordo com as

especificidades dos profissionais e suas regiões;

- Capacitar os funcionários do Conselho de modo a melhorar a

qualidade do serviço prestado, principalmente, envolvendo o

atendimento;

- Disponibilizar mais serviços web.

Profissionais ligados às

profissões Geologia e

Minas; Arquitetura e

Urbanismo. Residentes na

cidades abrangidas pela

regional Triângulo

Prestação de

Serviços (Nova

ART)

- Avançar na implantação completa da Nova ART, acompanhada

com ação forte de divulgação;

- Disponibilizar a ART de forma rápida após o pagamento;

- Investir em tecnologia evitando a lentidão do sistema;

--Inserir mecanismos que facilitem e simplifiquem o

preenchimento da ART.

Todos

Prestação de

Serviços

(fiscalização)

- Focar a fiscalização dos leigos;

- Formatar a fiscalização conforme especificidade das regiões e

profissões;

- Atuação da fiscalização de forma mais preventiva e orientativa;

- Aumentar o numero de ações de fiscalizações. Analisar

possível aumento no quadro de fiscalização.

Profissionais ligados às

profissões Mecânica e

Metalurgia; Agrimensura.

Residentes na cidades

abrangidas pelas

regionais Triângulo e

Centro-Sul

Valorização

profissional

- Aumentar as ações de capacitação aos profissionais, inclusive,

com a realização de eventos nas principais regiões do estado;

- Enfatizar a importância do piso salarial às empresas;

- Cadastro dos profissionais no site, com busca simples para os

profissionais e comunidade que busca a contratação de

profissionais habilitados;

- Utilização do banco de dados para tratamento individualizado

aos profissionais;

- Divulgar as oportunidades no mercado de trabalho, de modo a

criar elo entre profissionais e empresas registradas no Conselho.

Todos

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

106

6.3 Avaliação das práticas de RSE com a Comunidade

Ao se analisar as práticas de RSE do Conselho com a comunidade, analisou-

se basicamente o Envolvimento com a Ação Social e Relações com a Comunidade

Local.

6.3.1 Envolvimento com a Ação Social e Relações com a Comunidade Local

O projeto mais conhecido dentre os pesquisados foi o Projeto Agenda 21,

seguido dos Planos Diretores e, por fim, Saneamento. O aparecimento dos três (3)

projetos em tela dentre os mais citados já era esperado, já que as pessoas que

participaram da pesquisa eram aquelas que tinham envolvimento nos 3 projetos

sociais. Cabe ressaltar, que não foram desconsideradas as respostas daqueles que

responderam “Não conhece nenhum”, tendo em vista que os mesmos puderam

avaliar as perguntas não específicas aos projetos sociais, como por exemplo, avaliar

as práticas de RSE do Conselho, fiscalização, dentre outros.

Gráfico 44 – Os projetos sociais mais conhecidos

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Quando os respondentes avaliaram o quesito relevância, ficou evidente a

importância dos projetos sociais pesquisados, já que 89% avaliaram como “muito

relevante” ou “relevante” os projetos sociais. Os entrevistados relataram que tais

projetos são sensíveis e impactam a vida da comunidade em que o Conselho se

relaciona. O projeto Saneamento foi aquele que se distanciou dos demais, atingindo

73% de avaliação positiva quanto à relevância.

Há uma percepção da importância do envolvimento do Conselho em

demandas sociais. Tal avaliação se reflete na entrevista do profissional a seguir:

107

Tendo em vista a carência no Brasil, mesmo que as organizações não foram fundadas para aquele fim, tendo estrutura para tal, devem se envolver com as questões comunitárias. No Brasil não podemos nos limitar à letra fria da lei, acho que as carências são tantas que todos os órgãos devem extrapolar as suas missões. (profissional envolvido com os projetos sociais)

Tal demanda é reforçada pelas discussões sobre o assunto, principalmente,

no Brasil, país no qual se percebe a importância do envolvimento das organizações

haja vista as carências brasileiras relacionadas às necessidades básicas da

população, como saneamento e moradia (PEREIRA; CAMPOS, 2006; LEAL; REGO,

2010).

Gráfico 45 – Análise dos projetos sociais pela comu nidade

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Quando o aspecto envolvimento foi avaliado, a leitura também foi positiva:

73% dos entrevistados avaliaram o Conselho como “Muito envolvido” com os três (3)

projetos sociais ou “envolvido, mas pode melhorar”. O destaque negativo para esta

pergunta foi o projeto Saneamento, com apenas 33% de avaliações positivas.

Sempre percebi o Crea como um autor equilibrado e que vem se equilibrando ainda mais. No passado, já vi o Crea tomando atitudes não muito adequadas com fatos da engenharia, especificamente quando houve o problema do Palace – desmoronamento de edifício. Houve uma melhora (Profissional envolvido com os projetos sociais)

Já quando foi analisado o item “Relacionamento com as Organizações Sem

Fins Lucrativos”, o Conselho obteve 52%, atingindo, portanto, a satisfação no

aspecto. Como se pode perceber claramente no gráfico, o Projeto Saneamento foi o

pior avaliado. Tal avaliação, inferior aos demais projetos, foi percebida em todos os

pontos pesquisados. As informações demonstram o baixo envolvimento do Conselho

108

com as questões relativas ao saneamento, o que, evidentemente, impacta

negativamente, o relacionamento com as OSFL, os resultados, abrangência, dentre

outros.

Aos se avaliar a abrangência, o Conselho teve uma avaliação negativa:

apenas 43% dos respondentes avaliaram positivamente a abrangência, avaliando

que tais projetos do Conselho são “abrangentes, atuando grande parte de Minas

Gerais” ou “muito abrangente, atuando além do estado de Minas Gerais”. Tanto o

Projeto Agenda 21 quanto o Projeto Saneamento, ficaram abaixo de 50% neste

aspecto.

Quando se avaliaram os resultados dos projetos, a avaliação foi ainda mais

negativa: apenas 39% dos respondentes apontaram que os projetos possuem “Bons

resultados” ou “Excelentes resultados”. O destaque ficou com o projeto Planos

Diretores, o único que atingiu mais de 50% no presente quesito.

Salienta-se a fala do gestor de Recursos Humanos, que vai ao encontro dos

resultados dos projetos em tela:

Embora possamos não ter resultados práticos como gostaríamos, o Conselho se propôs a avançar e discutir tais pontos. Já é um avanço. São pontos de difícil avanço, permeados por questões políticas, interesses, recursos e o momento da sociedade. É um trabalho essencial. Acho que o Crea está na frente (gestor de recursos humanos)

Por fim, quando se avaliou o item “Papel do Crea-Minas no resultado”, 39%

responderam que o Conselho tem um papel “Elevado” ou “Muito Elevado”na geração

de resultados. Percebe-se que os respondentes, em sua maioria, não fazem a

ligação entre os resultados e a atuação do Conselho Regional de Engenharia,

Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais.

Cabe enfatizar que o Projeto Social Planos Diretores, com a obtenção de

mais de 50% de respostas positivas em todos os aspectos pesquisados.

Considerando todos os itens de maneira conjunta, foi o melhor projeto do Conselho

analisado.

Quando foi perguntado sugestões para melhoria dos projetos sociais, 29

respondentes abordaram “aproximar-se mais das Organizações da Comunidade

Civil”. Para os respondentes, tal aproximação se faz imprescindível para melhoria

dos projetos sociais. Tal abordagem demonstra uma oportunidade ao Conselho, já

109

que a aproximação do Conselho com as Organizações da Comunidade Civil poderá

resultar em melhoria dos resultados de seus projetos sociais.

Gráfico 46 – Sugestões de ações para melhoria dos p rojetos sociais

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

A gestão do Conselho demonstra-se sintonizada com a demanda da

comunidade, entretanto, percebe-se alguns desafios com a aproximação das

Organizações da Sociedade Civil:

O Crea talvez deve chamar mais a sociedade para dentro do Conselho. Nenhuma entidade pode se furtar em ser transparente, em ter a sociedade perto dela, fazer o máximo de trocas de informações. Isto acaba por fortalecer a organização (profissional envolvido com os projetos sociais)

Tudo isto é pouco pelo que a sociedade espera! O Crea-Minas pode avançar por meio das Entidades de Classe. Este é um papel muito grande, entretanto, é necessário mudar completamente a situação das entidades atualmente, que não possuem condições de sobreviver. Elas não possuem, de uma forma geral, sustentabilidade financeira para sua manutenção (diretor entrevistado).

Quando foi perguntado às pessoas sobre como é o Conselho em termos de

Responsabilidade Social Empresarial (gráfico 47), 68% dos respondentes

abordaram como “Muito Bom” e “Bom”.

Tabela 9 – Comunidade: avaliação do Crea-Minas em t ermos de Responsabilidade Social Empresarial

Muito bom +

bom

Não sei Ruim + muito

ruim

Número de casos ( f ) 30 9 5

Total Geral (%) 68% 20% 11%

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

110

Quando se analisa o Conselho em termos de Responsabilidade Social

Empresarial, obtem 68% de respostas positivas. Tal aspecto é reforçado pela visão

transcrita abaixo:

Do ponto de vista da Responsabilidade Social vejo muitas ações do Crea-Minas. Quanto à sustentabilidade, se analisarmos o tripé, vejo que no ponto vista social se vê as coisas acontecerem. No ponto de vista ambiental, não tenho acompanhado muitas coisas do Crea nesta área. Na questão econômica, não vejo uma atuação mais forte (Profissional envolvido com os projetos sociais)

Ao se perguntar a importância da organização na defesa da comunidade

(gráfico 48), a análise positiva é compartilhada pelos 3 públicos analisados na

pesquisa. Cerca de 80% de todos que responderam, avaliaram o Conselho

positivamente, respondendo que acham o Crea-Minas “muito importante” ou

“essencial” no presente aspecto. Tais números demonstram o reconhecimento da

relevância de sua atividade.

Gráfico 47 – Três públicos: avaliação da importânci a na defesa da comunidade

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Entretanto, ao se analisar a avaliação dos projetos sociais do Conselho pelos

funcionários e profissionais, o percentual de avaliação positiva não atinge 50%. Tal

fato se deve ao desconhecimento dos mesmos pelos públicos em questão. Cerca de

40% e 50% dos funcionários e profissionais desconhecem os projetos sociais do

Conselho, respectivamente. Com relação aos profissionais, percebeu-se nas

entrevistas vários relatos da importância do Conselho em investir em projetos sociais

e, grande parte desses anseios deve-se pela falta de conhecimento sobre as ações

do Conselho neste campo. Tal situação apresenta-se como uma relevante

oportunidade de melhoria, já elencada no quadro de ações dos profissionais que tem

por objetivo aperfeiçoar o modelo de gestão da organização.

111

Gráfico 48 – Avaliação dos projetos sociais pelos f uncionários e profissionais

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Ademais, ao se abordar a avaliação da fiscalização, incluindo os funcionários

e os profissionais, percebe-se uma discrepância importante que foi percebida, de

uma forma geral, ao longo da pesquisa: a avaliação menos exigente dos

funcionários ao se relacionar os mesmos aspectos de análise. No caso da

fiscalização, uma das principais atividades do Conselho que impactam, diretamente,

a comunidade e os profissionais, há uma avaliação positiva bem diferente entre os

funcionários e os demais públicos. Em linhas gerais, 70% dos funcionários avaliam,

positivamente, a fiscalização, contra 25% dos demais públicos. É importante

demonstrar ao público interno do Conselho a avaliação dos demais públicos.

Gráfico 49 – Três públicos: avaliação da fiscalizaç ão

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Tal análise crítica da comunidade e profissionais pode ser exemplificada com

a transcrição abaixo:

112

No interior, eu vejo muitas reclamações de profissionais que apenas assinam ARTs, não sendo responsáveis de fato. Desta forma, acaba o mestre de obras e profissionais, menos gabaritados, assumindo a responsabilidade do serviço. Neste caso, o RT muitas vezes não tem a consciência da importância de uma ART. Às vezes percebe-se que o profissional pensa ser parte de suas atividades a assinatura da ART para os outros. Isto precisa de uma orientação e cobrança forte, principalmente no interior, culminando muitas vezes em uma concorrência desleal, com o acompanhamento por pessoas não habilitadas. Portanto, o Crea-Minas deve sempre: orientar e fiscalizar, orientar e fiscalizar. Deve-ser proativo em se fiscalizar (Profissional envolvido com os projetos sociais)

Quando foi perguntado aos membros da comunidade sobre o Conselho,

referente à melhoria de suas atividades nos últimos 5 anos, a avaliação foi positiva,

conforme tabela 11.

Tabela 10 – Avaliação da comunidade quanto à melhor ia nos últimos 5 anos Melhorou muito +

melhorou pouco

Está igual Piorou + piorou

muito

Número de casos ( f ) 32 11 1

Total Geral (%) 73% 25% 2%

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Houve o reconhecimento da melhoria das ações nos últimos 5 anos, conforme

73% dos entrevistados.

Eu acho que melhorou muito. Antes se via uma reclamação muito grande dos profissionais a respeito do Crea-Minas. O posicionamento do Crea como órgão burocrático e arrecadador era constante. Hoje, eu já vejo que esta percepção está revertida, não vemos reclamações no meio construtor a cerca do Crea-Minas. De uma forma geral, o Crea-Minas respondeu bem às questões da burocracia. Antes era uma dificuldade muito grande obter uma certidão devido à demora... As pessoas já estão muito cansadas com a burocracia brasileira (Profissional envolvido com os projetos sociais)

Ao se avaliar a perspectiva dos Conselho Regional de Engenharia,

Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais para os próximos 5 anos, a perspectiva foi

muito positiva, com 80% dos entrevistados respondendo “muito melhor” ou “melhor”.

113

Tabela 11 – Perspectiva da comunidade sobre o Crea- Minas para os próximos 5 anos

Muito melhor +

melhor

Igual Pior + muito

pior

Número de casos ( f ) 35 7 2

Total Geral (%) 80% 16% 5%

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Ao se analisar o relacionamento do Conselho com a comunidade, aspectos

importantes são claramente percebidos. Referente aos projetos estudados, 89% dos

respondentes confirmam a abrangência dos mesmos. O Conselho é visto como um

ator engajado aos anseios da comunidade, com bom envolvimento em projetos

sociais e um bom relacionamento com as Organizações Sem Fins Lucrativos.

Os desafios do Conselho estão em aumentar as ações de atuação, tendo

mais abrangência e mais resultados. Inclusive, com relação à fiscalização, como foi

no caso dos profissionais, há a necessidade de melhoria.

Desta forma, o Conselho é visto como uma organização alinhada com as

práticas de Responsabilidade Social, sendo reconhecidos seus avanços nos últimos

anos. Inclusive, há uma boa expectativa, por parte da comunidade, para a

continuidade no avanço do Conselho, sendo que, para tal, faz-se importante o

cumprimento de oportunidades de melhoria que serão tratadas a seguir.

Enfim, esta avaliação é espelhada na avaliação de relacionamento conforme

figura a seguir. Analisando todos os pontos pesquisados, observa-se que o

Conselho encontra-se na situação de complementaridade, atingindo portanto, a

melhor avaliação de relação se compararmos com os demais públicos pesquisados.

114

Figura 17 – Aplicação do modelo relacionamento de stakeholders : comunidade

Fonte: Elaborado pelo Autor

Entretanto, várias oportunidades de melhoria se apresentam com intuito de se

aperfeiçoar o modelo de gestão.

115

Quadro 6 – Oportunidades de melhoria para aprimoram ento do modelo de gestão conforme percepção da comunidade

Ponto de

análise

Oportunidade de

Melhoria

Relações com

a comunidade

local

Aproximar-se mais das organizações da sociedade civil e órgão públicos.

Ação social - Estruturar os projetos sociais, de modo a terem planejamento, escopo, metas,

incluindo o acompanhamento de resultados;

- Descentralizar as atividades e ampliar as ações dos projetos sociais, de modo a

conferir mais abrangência na ação social;

- Aproximar-se mais da sociedade, com a participação de fóruns e debates;

- Aumentar a divulgação do Conselho, inclusive, para os funcionários e profissionais

registrados.

Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2011

Ao se aplicar o modelo com os três (3) stakeholders pesquisados, percebeu-

se que a posição do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de

Minas Gerais atingiu, no máximo, a posição de complementaridade, e, considerando

os profissionais, a classificação foi de rivalidade. Com a relação aos funcionários, o

modelo apontou uma posição intermediária entre complementaridade e rivalidade.

Cabe ressaltar que, em linhas gerais, o Conselho deve priorizar o

enforcement social, o que culminará, caso haja uma melhora neste aspecto, na

aproximação com todos os stakeholders pesquisados.

116

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao se avaliarem as práticas de responsabilidade social do Conselho Regional

de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais a partir de seus principais

stakeholders, a presente pesquisa detalhou como se dá a relação com esses

grupos.

Conforme as características da organização pesquisada, com diversas

atividades, múltiplos stakeholders, busca por aproximação com relação aos grupos

envolvidos, abertura para realização da pesquisa, dentre outros, este estudo pode

utilizar grande parte dos aspectos teóricos apontados no Referencial Teórico

aplicando, neste trabalho e culminando com um modelo de avaliação de

stakeholders e como também em oportunidades de melhoria.

Foi realizada uma análise histórica de Responsabilidade Social Empresarial,

demonstrado sua origem, características e principais debates sobre o assunto.

Posteriormente, demonstrou-se a ligação entre stakeholders com a responsabilidade

social, passando pelo detalhamento dos aspectos mais importantes na análise de

relação entre funcionários, profissionais e comunidade. Tais aspectos tiveram como

base os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social, que, juntamente com um

modelo de avaliação de relacionamento organizacional, com seus stakeholders, foi

proposta uma metodologia de avaliação.

Após a coleta de dados, que culminou com mais de mil (1.000) respondentes,

análise documental, observações e entrevista com quatro (4) informantes chaves,

as informações foram organizadas de tal forma a serem inseridas no modelo

proposto.

Cabe enfatizar, que a escolha de mais de um stakeholder foi fundamental

para se ter uma ideia geral das práticas de responsabilidade social da organização.

Vários aspectos, sob a ótica de apenas um grupo não espelhariam uma realidade

de diferentes percepções e posturas na relação da organização com seus

stakeholders. Como por exemplo, pode-se citar a avaliação dos serviços feitos pelos

funcionários.

Quando se analisam todos os stakeholders, os funcionários, profissionais e

comunidade, de acordo com as principais práticas de responsabilidade social do

Conselho, tem-se a clareza de como se dá a relação do mesmo com as partes

interessadas, conforme sintetizado na figura a seguir.

117

Figura 18 – Crea-Minas e sua relação com os funcion ários, profissionais e comunidade

Fonte: Elaborado pelo autor

Ao se analisar o relacionamento do Conselho com os profissionais, percebe-

se o maior distanciamento, relação presente no nível de “Rivalidade”. O Conselho

possui um baixo engajamento com as “pressões sociais” (enforcement social), já que

os profissionais não estão satisfeitos com os serviços de uma forma geral, embora

haja ações do Conselho para tentar a aproximação. Ficou clara a abrangência do

enforcement social, sendo que os profissionais anseiam por demandas adicionais ao

papel da organização, entretanto, o engajamento foi baixo.

Ademais, percebeu-se a resistência em relação ao stakeholder, haja vista a

baixa abertura para recebimento de críticas e ideias sobre o trabalho. Esta situação

denota uma relação baseada na dependência de recursos, na qual a informação

ainda não é compartilhada de maneira adequada. Um ponto positivo foi o

enforcement legal, já que a organização não foi vista como descumpridora de

normas legais não apenas com os profissionais, mas também, com os funcionários e

comunidade.

Já com relação aos funcionários, o Conselho está na transição entre

rivalidade e complementaridade. Embora haja o engajamento com as pressões

118

legais e tenha aceitação em relação ao stakeholder, ainda se percebe uma média

dependência de recursos e baixo engajamento com o enforcement social.

Por fim, com relação à comunidade, a situação é de complementaridade. Foi

o único público em que se percebeu o engajamento parcial com o enforcement

social, com o trabalho em projetos sociais relevantes, com um bom relacionamento

com as Organizações Sem Fins Lucrativos. O grande ponto é avançar no resultado

de suas ações.

Ademais, a pesquisa demonstrou que a relação entre os stakeholders vem

melhorando, com um movimento de aproximação. Tal afirmativa se baseia em vários

relatos e comparações positivas entre a situação presente e os últimos anos.

Entretanto, as expectativas também se fazem mais exigentes, o que leva a relação

para a condição de enforcement social. Este é um ponto sensível nas três relações.

Cumpriu-se com o último objetivo específico da pesquisa: a proposição de

intervenções no modelo de gestão de modo a aprimorar as práticas de RSE. Para

tal, foi feita uma lista de oportunidades de melhoria para cada um dos grupos

pesquisados. Tais oportunidades propiciarão a possibilidade para que a organização

possa amadurecer o relacionamento, culminando em posições mais eficazes para,

inclusive, se atingir os objetivos organizacionais.

Por fim, o presente estudo evidencia novas oportunidades de pesquisa.

Sugere-se a aplicação do modelo proposto em outras organizações, com e sem fins

lucrativos. No caso do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia

de Minas Gerais, estudo com outros stakeholders, como por exemplo, entidades de

classe e instituições de ensino. Ademais, pode-se fazer estudos com outros

Conselhos de Classe e, até mesmo, com os Conselhos Federais, possibilitando

desta forma, análise da relação com Federações de Entidades, Ministério da

Educação (MEC), dentre outros.

119

REFERÊNCIAS

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WEISS, Andrew R. Cracks in the Foundation of Stakeholders Theory. Journal of Radical Organization Theory. v.11, n.5, p. 1–13. 1995.

122

APÊNDICES

APÊNDICE A - Questionário – Funcionários

Estamos realizando uma pesquisa no Crea-MG visando analisar a relação entre o Conselho, os funcionários , os profissionais e a comunidade. Destacamos que os dados serão divulgados apenas de maneira condensada, sem identificação dos entrevistados. Trata-se de um estudo com objetivos acadêmicos, a saber a produção de dissertação de Mestrado em Administração na Puc Minas. Caso deseje acessar os dados consolidados da pesquisa, forneça seu e-mail. Sua cooperação é de fundamental importância para o trabalho! Desde já agradeço. Renato de Melo Teixeira Mestrando em Administração – PUC Minas Você deseja receber os dados consolidados desta pesquisa por e-mail? ( ) Sim ( ) Não 1. Como você avalia a relação do Crea com as organizações que representam os funcionários (Ascrea e o sindicato

Sindecofe)? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Muito ruim Ruim Não sei, tenho poucas informações

Boa Muito boa

2. O Crea dá condições para que os funcionários participem da Ascrea e do sindicato Sindecofe? ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Não Raramente Não sei, tenho poucas

informações Frequentemente Sempre

3. Quem melhor representa os funcionários do Crea? ( ) Chefia direta ( ) Sindicato Sindecofe ( ) Ascrea ( ) Apenas o próprio funcionário ( ) Ninguém representa adequadamente os funcionários ( ) Outro. Cite:_______________________________

4. Como você avalia a estrutura física de trabalho no Crea? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Muito ruim Ruim Mediana Boa Muito boa 5. Como você avalia a condição de saúde de seus colegas de trabalho?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Muito ruim Ruim Mais ou menos Boa Muito boa

6. Seus colegas de trabalho reclamam de cansaço e stress decorrentes do trabalho? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Sempre Frequentemente Não sei Raramente Nunca 7. Você possui abertura para colocar suas ideias e críticas no trabalho?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Não Raramente Às vezes frequentemente Sempre

8. Qual o seu nível de satisfação no trabalho? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Muito baixo Baixo Normal Alto Muito alto

9. Como você avalia a atuação das chefias do Crea quanto ao (a): Muito

negativa Negativa Não

sei Positiva Muito

positiva

Reconhecimento do valor dos subordinados ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Distribuição justa das tarefas entre os subordinados ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Respeito pela opção sexual dos subordinados ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Respeito pela diversidade racial ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Liderança da equipe ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Tratamento igualitário entre homens e mulheres ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Compromisso com o meio ambiente ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Exemplo de conduta ética ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

123

Agilidade no atendimento aos profissionais registrados ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Comunicação de decisões e informações do Crea ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

10. Como você avalia o posicionamento de seus colegas de trabalho quanto ao (a): Muito

negativa Negativa Não

sei Positiva Muito

positiva

Reconhecimento do valor dos colegas ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Respeito pela opção sexual ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Respeito pela diversidade racial ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Tratamento igualitário entre homens e mulheres ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Compromisso com o meio ambiente ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Exemplo de conduta ética ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Envolvimento com as questões institucionais ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Agilidade no atendimento aos profissionais registrados ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

11. Como você avalia a política de remuneração e benefícios do Crea? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Muito ruim Ruim Mais ou menos Boa Muito boa 12. Seus colegas de trabalho têm conhecimento das normas éticas demandadas aos funcionários do Crea?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Não conhecem Conhecem pouco Mais ou menos Conhecem bem Profundamente

13. Os funcionários cumprem as normas éticas do Crea? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Não cumprem Pouco Não sei Muito Totalmente 14. Você acha que a formalização das normas éticas é relevante?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Irrelevante Pouco relevante Não sei Relevante Extremamente

relevante 15. Como você avalia as nomeações dos cargos de chefia no Crea?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Sem nenhum critério Pouco criteriosas Não sei Muito criteriosas Totalmente criteriosas

16. Você acha que o Crea é uma boa organização para se fazer carreira? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Muito ruim Ruim Mais ou menos Boa Muito boa 17. Você se sente preparado para atender as exigências que o Crea faz quanto ao seu cargo/função?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Muito despreparado Despreparado Mais ou menos Preparado Muito preparado

18. Como você avalia a política de desenvolvimento e treinamento do Crea? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Muito ruim Ruim Mais ou menos Boa Muito boa 19. Você acha que o Conselho é criterioso e transparente nos processos de demissão?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Não Raramente Não sei, tenho poucas

informações Frequentemente Sempre

20. Os funcionários recebem apoio adequado do Crea para recolocação no mercado de trabalho quando são demitidos? ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Não Raramente Não sei dizer Frequentemente Sempre

21. O Crea prepara, adequadamente, seus funcionários para a aposentadoria? ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Não Raramente Não sei Frequentemente Sempre

22. Como você avalia os serviços aos profissionais registrados no Crea? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Muito ruim Ruim Não sei Bom Muito bom

23. Como você avalia a fiscalização das profissões pelo Crea? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Muito ruim Ruim Não sei Boa Muito boa 24. O Crea é importante na defesa da sociedade?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Não Pouco importante Não sei Importante Essencial

25. Qual a sua avaliação sobre os projetos sociais desenvolvidos pelo Crea? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Muito ruins Ruins Não sei, tenho poucas informações

Bons Muito bons

26. Como você avalia os canais de atendimento Crea? Muito ruim Ruim Não sei Bom Muito bom

124

08000 ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Atendimento por e-mail ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Atendimento à comunidade ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Atendimento presencial aos profissionais registrados

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Ouvidoria ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

27. Como você avalia os canais de informação do Crea? Muito ruim Ruim Não sei Bom Muito bom

Site ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Revista Vértice – periodicidade trimestral

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Veiculações nas rádios ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Jornal Mural ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Jornal Planeta ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Boletim Gespública - Mutare ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Campanha Institucional na TV ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

28. Daqui a 5 anos, você gostaria de estar em qual situação? ( ) No mesmo cargo e área no Crea ( ) No mesmo cargo em outra área do Crea ( ) Ocupando cargo superior ao que ocupo no Crea ( ) Em outra empresa ( ) Aposentado ( ) Outros. Cite:_______________________________________________

29. Você tem alguma sugestão para dar ao Crea? _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Registro profissional: Idade: Escolaridade:

Sexo: Unidade: (Superintendência/ Inspetoria/ Regional):

Tempo de trabalho no Crea: Cargo: Você trabalha envolvido diretamente com o atendimento ao público externo? Você trabalha envolvido diretamente com a fiscalização?

125

APÊNDICE B - Questionário – Projeto Social Agenda 2 1

Questionário Estamos realizando uma pesquisa no Crea-MG visando analisar a relação entre o Conselho, os funcionários, os profissionais e a comunidade. Destacamos que os dados serão divulgados apenas de maneira condensada, sem identificação dos entrevistados. Trata-se de um estudo com objetivos acadêmicos, a saber a produção de dissertação de Mestrado em Administração na Puc Minas. Caso deseje acessar os dados consolidados da pesquisa, forneça seu e-mail. Sua cooperação é de fundamental importância para o trabalho! Desde já agradeço. Renato de Melo Teixeira Mestrando em Administração – Puc Minas Você deseja receber os dados consolidados desta pesquisa por e-mail? ( ) Sim ( ) Não Caso responda sim, favor informar seu e-mail para remessa do material:_______________________

1. Você conhece os projetos sociais e participação em políticas públicas do Crea-MG? ( ) Acessibilidade ( ) Agenda 21 ( ) Coleta Seletiva Solidária ( ) Crea-MG Junior ( ) Engenharia e Arquitetura Públicas ( ) Planos Diretores ( ) Saneamento ( ) Outros. Cite: _________________________ ( ) Não conheço

2. Qual a relevância do projeto Agenda 21 ? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Irrelevante Pouco relevante Não sei Relevante Muito relevante 3. Como você avalia o envolvimento do CREA-MG no projeto Agenda 21 ?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Sem envolvimento Pouco envolvido Não sei Envolvido, mais pode

melhorar Muito envolvido

4. Como você avalia o relacionamento do Crea-MG com organizações da comunidade no projeto Agenda 21 ? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Péssimo Ruim Mediano Bom Excelente 5. Como você avalia a abrangência do projeto Agenda 21 ?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Baixíssima

abrangência, atuando pontualmente em MG

Pouco abrangente, atuando em algumas

partes de MG.

Não sei Abrangente impactando grande

parte de MG

Muito abrangente, atuando além do estado de MG.

6. Quais são os resultados obtidos pelo projeto Agenda 21 ? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Nenhum resultado Poucos resultados Não sei Bons resultados Excelentes resultados 7. Qual o papel do Crea-MG na geração de resultados positivos no projeto Agenda 21 ?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Muito Reduzido Reduzido Mediano Elevado Muito Elevado 8. O que o Crea-MG poderia fazer para melhorar os seus projetos sociais e sua participação em políticas públicas?

( ) Investir mais em divulgação e publicidade ( ) Aproximar-se mais das Organizações da Comunidade Civil ( ) Aproximar-se mais dos Órgão Públicos ( ) Envolver mais funcionários do Crea-MG ( ) Investir mais recursos financeiros ( ) Não sei dizer ( ) Outros. Especifique: _________________________ ( ) Nada, neste aspecto o Crea-MG não precisa melhorar

9. Como você avalia o Crea-MG em termos de responsabilidade social?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Muito ruim Ruim Não sei Bom, mais pode

melhorar Um excelente

Conselho

10. Você acha que o Crea-MG é essencial na defesa da comunidade? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Dispensável Pouco importante Mais ou menos Muito importante Essencial

11. Como você avalia a fiscalização do Crea-MG? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Péssima Ruim Não sei Muito boa Excelente

126

12. Você acha que o Crea-MG melhorou nos últimos 5 anos? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Piorou muito Piorou pouco Está igual Melhorou pouco Melhorou muito 13. Como você acha que o Crea-MG estará daqui a 5 anos?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Muito pior Pior Igual Melhor Muito melhor

14. Você tem alguma sugestão a dar ao Crea-MG?

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________

Registro profissional: Idade: Escolaridade:

Sexo: Unidade: (Superintendência/ Inspetoria/ Regional)

Tempo de trabalho no Crea: Cargo: Você trabalha envolvido diretamente com o atendimento ao público externo? Você trabalha envolvido diretamente com a fiscalização?

127

APÊNDICE C - Questionário – Projeto Social Planos D iretores

Questionário Estamos realizando uma pesquisa no Crea-MG visando analisar a relação entre o Conselho, os funcionários, os profissionais e a comunidade. Destacamos que os dados serão divulgados apenas de maneira condensada, sem identificação dos entrevistados. Trata-se de um estudo com objetivos acadêmicos, a saber a produção de dissertação de Mestrado em Administração na Puc Minas. Caso deseje acessar os dados consolidados da pesquisa, forneça seu e-mail. Sua cooperação é de fundamental importância para o trabalho! Desde já agradeço! Renato de Melo Teixeira Mestrando em Administração – Puc Minas Você deseja receber os dados consolidados desta pesquisa por e-mail? ( ) Sim ( ) Não Caso responda sim, favor informar seu e-mail para remessa do material:_______________________

1. Você conhece os projetos sociais e participação em políticas públicas do Crea-MG? ( ) Acessibilidade ( ) Agenda 21 ( ) Coleta Seletiva Solidária ( ) Crea-MG Junior ( ) Engenharia e Arquitetura Públicas ( ) Planos Diretores ( ) Saneamento ( ) Outros. Cite: _________________________ ( ) Não conheço

2. Qual a relevância do projeto Planos Diretores ? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Irrelevante Pouco relevante Não sei Relevante Muito relevante 3. Como você avalia o envolvimento do CREA-MG no projeto Planos Diretores ?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Sem envolvimento Pouco envolvido Não sei Envolvido, mais pode

melhorar Muito envolvido

4. Como você avalia o relacionamento do Crea-MG com organizações da comunidade no projeto Planos Diretores ? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Péssimo Ruim Mediano Bom Excelente 5. Como você avalia a abrangência do projeto Planos Diretores ?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Baixíssima

abrangência, atuando pontualmente em MG

Pouco abrangente, atuando em algumas

partes de MG.

Não sei Abrangente impactando grande

parte de MG

Muito abrangente, atuando além do estado de MG.

6. Quais são os resultados obtidos pelo projeto Planos Diretores ? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Nenhum resultado Pouco resultado Não sei Bons resultados Excelentes resultados 7. Qual o papel do Crea-MG na geração de resultados positivos no projeto Planos Diretores ?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Muito Reduzido Reduzido Mediano Elevado Muito Elevado 8. O que o Crea-MG poderia fazer para melhorar os seus projetos sociais e sua participação em políticas públicas?

( ) Investir mais em divulgação e publicidade ( ) Aproximar-se mais das Organizações da Comunidade Civil ( ) Aproximar-se mais dos Órgão Públicos ( ) Envolver mais funcionários do Crea-MG ( ) Investir mais recursos financeiros ( ) Não sei dizer ( ) Outros. Especifique: _________________________ ( ) Nada, neste aspecto o Crea-MG não precisa melhorar

9. Como você avalia o Crea-MG em termos de responsabilidade social?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Muito ruim Ruim Não sei Bom, mais pode

melhorar Um excelente

Conselho

10. Você acha que o Crea-MG é essencial na defesa da comunidade? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Dispensável Pouco importante Mais ou menos Muito importante Essencial

11. Como você avalia a fiscalização do Crea-MG? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Péssima Ruim Não sei Muito boa Excelente

128

12. Você acha que o Crea-MG melhorou nos últimos 5 anos? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Piorou muito Piorou pouco Está igual Melhorou pouco Melhorou muito 13. Como você acha que o Crea-MG estará daqui a 5 anos?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Muito pior Pior Igual Melhor Muito melhor

14. Você tem alguma sugestão a dar ao Crea-MG?

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________

Registro profissional: Idade: Escolaridade:

Sexo: Unidade: (Superintendência/ Inspetoria/ Regional)

Tempo de trabalho no Crea: Cargo: Você trabalha envolvido diretamente com o atendimento ao público externo? Você trabalha envolvido diretamente com a fiscalização?

129

APÊNDICE D - Questionário – Projeto Social Saneamen to

Questionário Estamos realizando uma pesquisa no Crea-MG visando analisar a relação entre o Conselho, os funcionários, os profissionais e a comunidade. Destacamos que os dados serão divulgados apenas de maneira condensada, sem identificação dos entrevistados. Trata-se de um estudo com objetivos acadêmicos, a saber a produção de dissertação de Mestrado em Administração na Puc Minas. Caso deseje acessar os dados consolidados da pesquisa, forneça seu e-mail. Sua cooperação é de fundamental importância para o trabalho! Desde já agradeço! Renato de Melo Teixeira Mestrando em Administração – Puc Minas Você deseja receber os dados consolidados desta pesquisa por e-mail? ( ) Sim ( ) Não Caso responda sim, favor informar seu e-mail para remessa do material:_______________________

1. Você conhece os projetos sociais e participação em políticas públicas do Crea-MG? ( ) Acessibilidade ( ) Agenda 21 ( ) Coleta Seletiva Solidária ( ) Crea-MG Junior ( ) Engenharia e Arquitetura Públicas ( ) Planos Diretores ( ) Saneamento ( ) Outros. Cite: _________________________ ( ) Não conheço

15. Qual a relevância do projeto Saneamento ? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Irrelevante Pouco relevante Não sei Relevante Muito relevante 16. Como você avalia o envolvimento do CREA-MG no projeto Saneamento ?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Sem envolvimento Pouco envolvido Não sei Envolvido, mais pode

melhorar Muito envolvido

17. Como você avalia o relacionamento do Crea-MG com organizações da comunidade no projeto Saneamento ? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Péssimo Ruim Mediano Bom Excelente 18. Como você avalia a abrangência do projeto Saneamento ?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Baixíssima

abrangência, atuando pontualmente em MG

Pouco abrangente, atuando em algumas

partes de MG.

Não sei Abrangente impactando grande

parte de MG

Muito abrangente, atuando além do estado de MG.

19. Quais são os resultados obtidos pelo projeto Saneamento ? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Nenhum resultado Pouco resultado Não sei Bons resultados Excelentes resultados 20. Qual o papel do Crea-MG na geração de resultados positivos no projeto Saneamento ?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Muito Reduzido Reduzido Mediano Elevado Muito Elevado 21. O que o Crea-MG poderia fazer para melhorar os seus projetos sociais e sua participação em políticas públicas?

( ) Investir mais em divulgação e publicidade ( ) Aproximar-se mais das Organizações da Comunidade Civil ( ) Aproximar-se mais dos Órgão Públicos ( ) Envolver mais funcionários do Crea-MG ( ) Investir mais recursos financeiros ( ) Não sei dizer ( ) Outros. Especifique: _________________________ ( ) Nada, neste aspecto o Crea-MG não precisa melhorar

22. Como você avalia o Crea-MG em termos de responsabilidade social?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Muito ruim Ruim Não sei Bom, mais pode

melhorar Um excelente

Conselho

23. Você acha que o Crea-MG é essencial na defesa da comunidade? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Dispensável Pouco importante Mais ou menos Muito importante Essencial

24. Como você avalia a fiscalização do Crea-MG? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Péssima Ruim Não sei Muito boa Excelente

130

25. Você acha que o Crea-MG melhorou nos últimos 5 anos? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Piorou muito Piorou pouco Está igual Melhorou pouco Melhorou muito 26. Como você acha que o Crea-MG estará daqui a 5 anos?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Muito pior Pior Igual Melhor Muito melhor

27. Você tem alguma sugestão a dar ao Crea-MG?

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________

Registro profissional: Idade: Escolaridade:

Sexo: Unidade: (Superintendência/ Inspetoria/ Regional)

Tempo de trabalho no Crea: Cargo: Você trabalha envolvido diretamente com o atendimento ao público externo? Você trabalha envolvido diretamente com a fiscalização?

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APÊNDICE E - Questionário – Profissionais

Questionário Estamos realizando uma pesquisa no Crea-MG visando analisar a relação entre o Conselho, os funcionários, os profissionais e a comunidade. Destacamos que os dados serão divulgados apenas de maneira condensada, sem identificação dos entrevistados. Trata-se de um estudo com objetivos acadêmicos, a saber a produção de dissertação de Mestrado em Administração na Puc Minas. Caso deseje acessar os dados consolidados da pesquisa, forneça seu e-mail. Sua cooperação é de fundamental importância para o trabalho! Desde já agradeço! Renato de Melo Teixeira Mestrando em Administração – Puc Minas Você deseja receber os dados consolidados desta pesquisa por e-mail? ( ) Sim ( ) Não Caso responda sim, favor informar seu e-mail para remessa do material:_______________________

1. Como você avalia a prestação de serviços do Crea-Minas? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Muito ruim Ruim Mais ou menos Boa Muito boa

2. Como você, profissional registrado, avalia o atendimento às suas reclamações e questionamentos? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Muito ruim Ruim Não sei, nunca fiz reclamações ao

Conselho

Bom Muito bom

3. Como você avalia os canais de atendimento do Crea-Minas? Muito ruim Ruim Não sei Bom Muito bom

Atendimento presencial aos profissionais registrados

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

08000 ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Atendimento por e-mail ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Atendimento à comunidade ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Ouvidoria ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

4. Como você avalia os veículos de informação do Crea-Minas?

Muito ruim Ruim Não sei Bom Muito bom

Site ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Revista vértice – periodicidade trimestral

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Veiculações nas rádios ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Campanha institucional na TV ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Linha de Frente -Newsletter quinzenal

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Mensagens por e-mail sobre cursos e eventos

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

5. A nova ART melhorou os serviços prestados pelo Crea-Minas?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Piorou Muito Piorou Não sei, tenho poucas

informações Melhorou Melhorou muito

6. A nova ART proporcionou: (Marque 2 (duas) opções, aquelas mais relevantes)

( ) Agilidade no preenchimento da ART ( ) Dificuldade no preenchimento da ART

( ) Melhoria no exercício profissional ( ) Prejuízo ao exercício profissional

( ) Maior confiabilidade ( ) Menor confiabilidade

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( ) Não percebi diferença

( ) Não sei.

( ) Outros. Cite:______________________

7. O que o Crea-Minas deve priorizar para melhorar o seu serviço? (marque no máximo 2 opções, aquelas que julgar mais importante) ( ) Melhorar seus canais de atendimento ( ) Capacitar melhor os funcionários ( ) Disponibilizar mais serviços pela Internet ( ) Reduzir os valores dos serviços ( ) Melhorar a infraestrutura do local de atendimento ( ) Reduzir o tempo de entrega dos serviços ( ) Outros. Cite __________________ ( ) Não precisa melhorar

8. Como você avalia a fiscalização das profissões pelo Crea-Minas? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Muito ruim Ruim Não sei, tenho poucas informações

Boa Muito boa

9. O que o Crea-Minas deve priorizar para melhorar a sua fiscalização? (marque no máximo 2 opções, aquelas que julgar mais importante) ( ) Aumentar o número de fiscalizações ( ) Realizar mais convênios com órgãos públicos ( ) Atuar mais de forma mais preventiva e orientativa ( ) Melhorar a eficiência na cobrança de multas ( ) Capacitar melhor os fiscais ( ) Fazer mais convênios com organizações da comunidade civil ( ) Outros. Cite __________________ ( ) Não precisa melhorar a fiscalização

10. Como você avalia o envolvimento do Crea-Minas na fiscalização de eventos de grande repercussão? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Muito ruim Ruim Não sei, tenho poucas informações

Bom Muito bom

11. O Crea-Minas é importante na defesa da sociedade? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Dispensável Pouco importante Mais ou menos Importante Essencial 12. Qual a sua avaliação sobre os projetos voltados para política pública desenvolvidos pelo Crea-Minas?

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Muito ruins Ruins Não sei, tenho poucas

informações Bons Muito bons

13. Como são as ações do Crea-Minas com relação ao meio ambiente? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Muito ruins Ruins Não sei, tenho poucas informações

Boas Muito Boas

14. O Crea-Minas garante o exercício legal dos profissionais de sua abrangência? ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Não Raramente Não sei Frequentemente Sempre

15. Você acha importante o registro no Crea-Minas? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Nada importante Pouco importante Mais ou menos Importante Muito importante

16. Você tem alguma sugestão para dar ao Crea-Minas?

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Nome Idade: Formação:

Cidade de residência: Sexo:

Tempo aproximado de registro no Crea-Minas:

Registro no Crea-Minas:

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APÊNDICE F - Roteiro de Entrevista – Diretor do Cre a-Minas

1. Primeiramente, conte rapidamente sua trajetória profissional até o seu cargo atual no Crea-Minas. (Relacionamento com os funcionários)

2. Como você avalia as condições de trabalho no Crea? Tais elementos se traduzem em satisfação no trabalho? (Relacionamento com os profissionais)

3. Como o Sr. avalia a prestação de serviços do Crea-Minas? Por quê?

4. Com a sua fiscalização o Conselho consegue assegurar a legalidade e a ética no exercício das profissões? O que pode ser aprimorado?

5. Como o Sr. avalia os canais de atendimento do Conselho aos profissionais? Por quê? (Relacionamento com a Comunidade)

6. Como se dá a participação do Crea em políticas públicas? Existem resultados visíveis para a Comunidade / Sociedade? (Relacionamento com os 3 públicos)

7. Você acha que o Crea possui um modelo de gestão que possibilita a gestão participativa dos Funcionários, Profissionais e Comunidade/ Sociedade?

8. Como o Sr. avalia o Crea-Minas em termos de Responsabilidade Social e

compromisso com a Sustentabilidade?

9. Como o Sr. avalia a efetividade da comunicação com os Profissionais, Funcionários e Sociedade/ comunidade? Por quê?

10. O que o Conselho poderia fazer para melhorar seu relacionamento com a comunidade/ sociedade, profissionais e funcionários?

a) Idade: b) Escolaridade / Formação: c) Função / Cargo: d) Empresa: e) Tempo de Registro no Crea-Minas: f) Data: ___/___/_____

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APÊNDICE G - Roteiro de Entrevista – Gestor de Recu rsos Humanos 1. Fale sobre sua trajetória profissional, com destaque para sua carreira no Crea-Minas.

2. Como você analisa as práticas de Responsabilidade Social do CREA, sobretudo, na

relação com os funcionários?

3. Como você avalia a relação do Crea-Minas com as organizações que representam os funcionários (Sindecofe e/ou Ascrea)? (Representatividade dos funcionários) (Quais seriam os desafios e oportunidades?)

4. Como você avalia a política de Remuneração, Benefícios e Carreira no Crea-Minas?

5. Qual é a sua avaliação sobre o comportamento do Conselho nos processos de demissão

e na preparação para a aposentadoria?

6. Qual a sua avaliação sobre a política de desenvolvimento e treinamento? (Quais seriam os desafios e oportunidades?)

7. Como você vê a postura ética do Crea com relação aos funcionários? (Formalização das normas éticas)

8. E com relação ao atendimento dos profissionais filiados? 9. E na relação com comunidades atendidas por seus projetos sociais?

10. Qual o papel das políticas de gestão de pessoas no CREA na relação que estabelece

com os profissionais filiados e com as comunidades dos projetos sociais? Como a gestão de pessoas trabalha as questões éticas nesses processos?

11. Como você avalia a abertura do Conselho para assimilar sugestões e críticas dos

funcionários, profissionais e sociedade/ comunidade?

12. O que o Conselho poderia fazer para melhorar seu relacionamento com os funcionários, profissionais e a comunidade/ sociedade?

13. Quais as tendências de gestão de pessoas e de Responsabilidade Social Empresarial

que devem se materializar futuramente no CREA? Quais são os desafios e as oportunidades nesse cenário?

a) Idade: b) Função / Cargo: c) Tempo de Empresa: d) Tempo no Cargo: e) Escolaridade / Formação: f) Data: ___/___/_____

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APÊNDICE H - Roteiro de Entrevista – Profissional f iliado

1. Primeiramente, conte sua trajetória profissional.

2. Como o Sr. avalia a prestação de serviços do Crea-Minas? Por quê?

3. Quais os canais de atendimento do Crea-Minas o Sr. utiliza? O que pode ser feito para melhorá-los?

4. Como o Sr. fica sabendo das informações do Conselho? O que o Crea-Minas poderia fazer para melhorar o repasse de informações?

5. Com a sua fiscalização o Conselho consegue assegurar a legalidade e a ética no exercício das profissões?

6. Como o Sr. avalia o Crea-Minas em termos de Responsabilidade Social e

compromisso com a Sustentabilidade?

7. O que o Conselho poderia fazer para melhorar seu relacionamento com os funcionários e a comunidade/ sociedade?

8. O que se pode fazer para melhorar seus projetos sociais e participação em políticas públicas?

9. O que o Conselho poderia fazer para melhorar seu relacionamento com os profissionais?

10. Gostaria de acrescentar mais algum ponto nesta entrevista?

a) Idade: b) Escolaridade / Formação: c) Função / Cargo: d) Empresa: e) Tempo de Registro no Crea-Minas: f) Data: ___/___/_____

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APÊNDICE I - Roteiro de Entrevista – Representante da Comunidade

1. Primeiramente, conte sua trajetória profissional.

2. Quais projetos sociais / participação em políticas públicas do Crea-Minas você conhece?

3. Como você avalia os projetos sociais e participação em políticas públicas do Crea- Minas? (Se necessário, abordar os pontos abaixo):

a. Relevância; b. Envolvimento do Crea-Minas; c. Relacionamento do Crea-Minas com organizações da sociedade civil; d. Abrangência; e. Resultados.

4. O que se pode fazer para melhorar projetos sociais e participação em

políticas públicas?

5. Como você avalia a comunicação das ações do Crea-Minas? O que pode ser feito para melhorar?

6. Com a sua fiscalização o Conselho consegue assegurar a legalidade e a ética no exercício das profissões? O que pode ser aprimorado?

7. O que o Conselho poderia fazer para estreitar o seu relacionamento com a comunidade?

8. Como o Sr. avalia o Crea-Minas em termos de Responsabilidade Social e compromisso com a Sustentabilidade?

9. Gostaria de acrescentar mais algum ponto nesta entrevista?

a) Idade: b) Escolaridade / Formação: c) Função / Cargo: d) Empresa: e) Tempo de Registro no Crea-Minas: f) Data: ___/___/_____