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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP VALDIR DONIZETE SEGATO AS PRINCIPAIS DIFICULDADES PARA ADOÇÃO DAS NORMAS CONTÁBEIS PADRÃO INTERNACIONAL POR MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS SÃO PAULO 2015

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

VALDIR DONIZETE SEGATO

AS PRINCIPAIS DIFICULDADES PARA ADOÇÃO DAS NORMAS

CONTÁBEIS – PADRÃO INTERNACIONAL POR

MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS

SÃO PAULO

2015

VALDIR DONIZETE SEGATO

AS PRINCIPAIS DIFICULDADES PARA ADOÇÃO DAS NORMAS

CONTÁBEIS – PADRÃO INTERNACIONAL POR MICROEMPRESAS

E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Contabilidade, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção do título de MESTRE em Ciências Contábeis e Atuariais, sob a orientação do Livre Docente Prof. Dr. José Carlos Marion.

PUC-SP

São Paulo

2015

FOLHA DE APROVAÇÃO

VALDIR DONIZETE SEGATO

AS PRINCIPAIS DIFICULDADES PARA ADOÇÃO DAS NORMAS CONTÁBEIS – PADRÃO INTERNACIONAL POR MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE

PEQUENO PORTE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Contabilidade, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção do título de MESTRE em Ciências Contábeis e Atuariais, sob a orientação do Livre Docente Prof. Dr. José Carlos Marion.

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________________________________

Livre Docente Prof. Dr. José Carlos Marion (Orientador)

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUCSP

______________________________________________________________

Prof. Dr. José Roberto Kassai Universidade de São Paulo – USP

______________________________________________________________

Prof. Dr. Sergio de Iudícibus

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUCSP

São Paulo, ___ de __________ de 2015.

Dedico este trabalho:

À Deus, pela vida.

À minha esposa Claudia, pelo apoio incondicional e fonte de luz.

Aos pequenos grandes homens Guilherme e Gianlucca; é por

vocês e para vocês, meus queridos filhos, que cheguei até aqui.

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar à DEUS, pela minha vida e pela oportunidade de alcançar este

momento tão desejado e importante.

Aos meus filhos, Guilherme e Gianlucca, meus melhores amigos, por quem não

desisti nos momentos mais difíceis, pois, queria que sentissem orgulho do pai.

À minha querida esposa Claudia, que tudo fez em minha ausência para suprir nosso

lar, pela sua compreensão e pelas palavras de incentivo nos momentos mais

difíceis.

À minha querida mãe, Maria das Dores, que está presente desde os dias de

sofrimento até o momento de felicidade que se faz agora.

Ao meu orientador e grande mestre Professor Doutor José Carlos Marion, fonte viva

de minhas inspirações e, principalmente, pelo seu caráter e amizade sincera que

resgataram a minha confiança, sem a qual não teria sido possível chegar AQUI.

Ao Professor Doutor Sérgio de Iudíbicus, querido mestre: Deus lhe deu o talento que

rendeu 100 vezes mais, saiu a semear e seus frutos ecoarão na eternidade.

Obrigado por me ensinar a semear.

Aos queridos professores doutores: Roberto Fernandes dos Santos (in memoriam),

Neusa Maria B. Fernandes dos Santos, Rubens Famá, Antonio Benedito Silva

Oliveira, Antonio Robles Junior e Napoleão Verardi Galegale, por tudo o que me

ensinaram e agregaram ao meu patrimônio anímico.

Ao Professor Doutor José Roberto Kassai, pela sua incansável ajuda, e por me fazer

enxergar que eu poderia ir além.

Aos meus colegas de classe, que se transformaram em verdadeiros amigos, em

especial à Marcia Konrad, pelos momentos de sabedoria que compartilhamos.

Por que esperar se podemos começar tudo de novo Agora mesmo

A humanidade é desumana Mas ainda temos chance

O sol nasce pra todos Só não sabe quem não quer.

Legião Urbana.

Diga-me e eu esquecerei. Mostre-me e eu não me lembrarei.

Envolva-me e eu entenderei.

Confúcio.

RESUMO

Este estudo tem por objetivo refletir sobre as principais dificuldades encontradas na

adoção do padrão contábil internacional pelas Microempresas e Empresas de

Pequeno Porte (MPEs) no Brasil, cuja receita bruta anual é de até R$ 3.600.000,00,

com base na Interpretação Técnica Geral, instituída na Resolução nº. 1.418/12

(ITG1000), do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Metodologicamente, a

pesquisa se classifica quanto aos objetivos em exploratória e descritiva e quanto aos

procedimentos em bibliográfica e documental. Foram realizados levantamentos

bibliográficos e em meio eletrônico, análise de conteúdo dos documentos referentes

às normas contábeis, levantamento de opiniões por meio de questionários e

entrevistas, bem como a descrição dos dados, com base na elaboração de uma

matriz de materialidade, que ponderou as prioridades estabelecidas pelos principais

stakeholders, que são os usuários das informações contábeis, em relação aos temas

envolvidos. A pesquisa se justifica em razão da importância econômica e social

deste segmento que contribui para dinamizar as cadeias produtivas das grandes

corporações e representa pela pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas (SEBRAE) 99% do total de 6,4 milhões de empresas

existentes no Brasil, respondendo por 52% (16,1 milhões) dos empregos com

carteira assinada no setor privado. Os resultados obtidos permitem concluir que as

principais dificuldades, para a adoção deste padrão contábil internacional pelas

MPEs, não estão relacionadas com a parte conceitual destas normas, e sim às

dificuldades de ordem estrutural e operacional, como os preços dos serviços

cobrados (honorários) incompatíveis com a responsabilidade e risco técnico do

trabalho, a inexistência de sistema de gestão e controle interno, a prática recorrente

de sonegação de impostos, entre outros, somado ao fato do pouco interesse que o

empresário, proprietário das MPEs demonstra em relação à Contabilidade como

instrumento de gestão.

Palavras-chave: Microempresa e Empresa de Pequeno Porte (MPE). Resolução nº.

1.418/12. ITG 1000. Contabilidade. Matriz de Materialidade.

ABSTRACT

This study aims to reflect on the main difficulties encountered in the adoption of

International Accounting Standards by Micro and Small Entities (MSEs) in Brazil,

whose annual gross income is up to R$ 3,600,000.00, based on Technical

Interpretation General, established in Resolution n. 1418/12 (ITG 1000), the Federal

Accounting Council (CFC). Methodologically, the research is categorized as the

objectives in exploratory and descriptive and on the procedures in literature and

documents. For the literature review was conducted bibliographic research and in

electronic media, content analysis of documents relating to accounting standards,

raising opinions through questionnaires and interviews, and a description of the data,

based on the elaboration of a materiality matrix, which pondered priorities

established by key stakeholders, who are the users of accounting information in

relation to the issues involved. The research is justified because of the economic and

social importance of this segment which contributes to boost supply chains of large

corporations and represents - the Brazilian Service of Support for research Micro and

Small Entities (SEBRAE) - 99% of the total of 6.4 millions of existing businesses in

Brazil, accounting for 52% (16.1 million) of formal jobs in the private sector. The

results showed that the main difficulties for the adoption of this International

Accounting Standards by MSEs are not related to the conceptual part of these

standards, but the difficulties of structural and operational, as prices services

charged (fees) incompatible with the responsibility and technical risk of the work, the

absence of management and internal control system, the standard practice of tax

evasion, among others, added to some of fact interest that the entrepreneur owner of

MSEs demonstrates in relation to accounting as a management tool.

Keywords: Micro and Small Entities (MSE). Resolution n. 1.418/12. ITG 1000.

Accounting. Materiality Matrix.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Estrutura das Normas Internacionais e dos Pronunciamentos do CPC...............................................................................................

25

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Relação entre Seção do CPC-PMEs e CPC-Geral ..................... 28

Quadro 2 Total de Empresas do Brasil por Porte........................................... 32

Quadro 3 Quantidade de Empresas por Porte, exceto MEI – em %.............. 32

Quadro 4 Tipo de Informação Contábil para Usuário..................................... 41

Quadro 5 Distribuição por Usuário por Grau de Importância e de Responsabilidade da Informação Contábil.....................................

42

Quadro 6 Respostas e Entrevistas Recebidas de Cada Usuário................... 43

Quadro 7 Ponderação das Respostas dos Stakeholders............................... 44

Quadro 8 Relacionamento entre IFRS CPC e Resoluções CFC Normas Gerais.............................................................................................

49

Quadro 9 Comparativo CPCs/IFRSs x CPC-PME/IFRS-SMEs..................... 51

Quadro 10 Modelo Contábil MPEs Brasil com a IFRS Micro-sized Entities..... 55

Quadro 11 Grau de Complexidade das Normas x % Empresas Obrigadas..... 56

Quadro 12 Indícios de Sonegação por Setor................................................... 58

Quadro 13 Indícios de Sonegação por Porte de Empresa............................... 59

Quadro 14 Tributos Mais Sonegados............................................................... 59

Quadro 15 Ponderação das Respostas da Academia...................................... 66

Quadro 16 Ponderação das Respostas dos Agentes de Crédito..................... 67

Quadro 17 Ponderação (distribuição %) Responsabilidade igual entre Stakeholders...................................................................................

71

Quadro 18 Ponderação (distribuição %) Ponderação Maior para Profissional da Contabilidade, Proprietário e Academia (25%).....

73

Quadro 19 Ponderação (distribuição %) Ponderação Maior para Proprietário Gestor Principal (35%)................................................

74

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Distribuição das Empresas por Porte........................................... 33

Gráfico 2 Grau de Interesse do Stakeholder em relação à Informação Contábil.........................................................................................

43

Gráfico 3 Principais Razões Apontadas pelos Stakeholders........................ 44

Gráfico 4 Matriz de Materialidade das Razões Principais............................. 45

Gráfico 5 Razões Apontadas pelos Stakeholders quando Ponderação Igual...............................................................................................

72

Gráfico 6 Razões Apontadas pelos Stakeholders Ponderação Maior para Profissional da Contabilidade, Proprietário e Academia (25%)..............................................................................................

73

Gráfico 7 Razões Apontadas pelos Stakeholders Ponderação Maior para Proprietário Gestor Principal (35%).......................................

75

Gráfico 8 Quantidade de Registros Profissionais Ativos junto ao CFC......... 81

Gráfico 9 Segmentação das Organizações Contábeis Registradas junto ao CFC................................................................................................

81

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Distribuição do Pessoal Assalariado Ocupado no Brasil em 31.12.2013 por Faixa.....................................................................

34

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABRASCA Associação Brasileira das Companhias Abertas

APIMEC NACIONAL

Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais

BM&FBOVESPA Bolsa de Mercadorias, Valores e Futuros

BP Balanço Patrimonial

CEF Caixa Econômica Federal

CFC Conselho Federal de Contabilidade

CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis

CRC Conselho Regional de Contabilidade

CRC-SP Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo

CVM Comissão de Valores Mobiliários

DECORE Declaração Comprobatória de Percepção de Rendimentos

DFC Demonstração de Fluxo de Caixa

DMPL Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido

DOU Diário Oficial da União

DRA Demonstração do Resultado Abrangente

DRE Demonstração do Resultado do Exercício

EIRELI Empresa Individual de Responsabilidade Limitada

EPP Empresa de Pequeno Porte

FECAP Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado

FIPECAFI Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras

GRI Global Reporting Initiative

IAS International Accounting Standards

IASB International Accounting Standards Board

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBPT Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação

IBRACON Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

ICMS Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação

IFRS for SMEs IFRS for SMEs International Financial Reporting Standard for Small and Medium-sized Entities.

INSS Instituto Nacional de Seguro Social

IR Imposto de Renda

ISS Imposto Sobre Serviços

ITG Interpretação Técnica Geral

LC Lei Complementar

ME Microempresa

MEI Microempreendedor Individual (MEI)

MPE Microempresa e Empresa de Pequeno Porte

NBC Norma Brasileira de Contabilidade

NE Notas Explicativas

OCPC Orientação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis

PEPS Primeiro que Entra, Primeiro que Sai

PIB Produto Interno Bruto

PME Pequena e Média Empresa

PUC-SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

RFB Receita Federal do Brasil

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

UNIANCHIETA Centro Universitário Padre Anchieta

USP Universidade de São Paulo

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO………………………………………………………………………… 15

1.1. Questão de Pesquisa……………………………………………………………….. 19

1.2. Hipóteses……………………………………………………………………………... 20

1.3. Objetivos……………………………………………………………………………… 21

1.3.1. Objetivo Geral………………………………………………………………… 21

1.3.2. Objetivos Específicos………………………………………………………….. 21

1.4. Estrutura do Trabalho......…………………………………………………….......... 22

2. REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................. 24

2.1 Aspectos Gerais das Normas Brasileiras de Contabilidade............................... 24

2.1.1 CPC – Pequenas e Médias Empresas – PMEs.......................................... 26

2.1.2 Interpretação Técnica Geral ITG-1000 – Microempresas e Empresas de Pequeno Porte................................................................................................

28

2.2. Contextualização das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte............ 31

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................ 36

3.1. Classificação da Pesquisa................................................................................ 36

3.2. Matriz de Materialidade..................................................................................... 39

3.3. Stakeholders..................................................................................................... 40

3.4. Resultados dos Questionários e Pesquisas...................................................... 43

3.5. Limitações do Estudo........................................................................................ 45

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................................ 47

4.1. Normas Internacionais de Contabilidade para Microempresas e Empresas

de Pequeno Porte MPEs...............................................................................

47

4.2. Matriz de Materialidade..................................................................................... 57

4.3. Outros Resultados............................................................................................. 65

4.4. Recomendações............................................................................................... 75

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 78

REFERÊNCIAS........................................................................................................ 85

APÊNDICES............................................................................................................. 91

ANEXOS.................................................................................................................. 94

15

1. INTRODUÇÃO

Desde o princípio a Contabilidade sempre serviu ao homem como

instrumento de controle e gestão de seu patrimônio. Atualmente, com avanço das

comunicações e a globalização a informação passou a ser o produto mais valioso e

concorrido; é muito fácil investir em qualquer negócio de qualquer tamanho, e em

qualquer ponto do mundo. Marion (2010) bem ensina que a Contabilidade surgiu da

necessidade dos donos do patrimônio que desejavam conhecer o montante dos

seus bens.

A contabilidade surgiu basicamente da necessidade de donos de patrimônio que desejavam mensurar, acompanhar a variação e controlar suas riquezas. Daí pode-se afirmar que a contabilidade surgiu em função de um usuário específico, o homem proprietário de patrimônio, que de posse das informações contábeis, passa a conhecer melhor sua ‘saúde’ econômico-financeira, tendo dados para propiciar tomada de decisões mais adequadas. (MARION, 2010, p.28).

As Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – MPEs surgem neste

contexto e se multiplicam rapidamente mostrando as forças que representam.

Segundo pesquisas do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

(SEBRAE, 2014), 27% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e 52% dos

empregos com carteira assinada, respondem por 40% da massa salarial, com mais

de 6,0 milhões de empresas que representam aproximadamente 98% do total de

empresas existentes.

Com este número expressivo as MPEs se capitalizaram numa ampla rede

por todo o Brasil, para contribuir com a cadeia produtiva nos setores da indústria,

comércio e serviço e, com suas características peculiares de flexibilidade e custo

baixo, gravitam em torno das grandes corporações dinamizando as cadeias

produtivas, produzindo também riqueza, renda e emprego, sendo marcante sua

contribuição social e econômica para o País.

Como nos primórdios, a Contabilidade como ciência social precisa cumprir

seu papel na sociedade e servir ao homem, como apontam Iudícibus, Martins e

Carvalho (2005) quando ensinam que a história da Contabilidade confunde-se com

a história da própria civilização. E acrescentam:

16

A contabilidade, campo de conhecimento essencial para a formação dos agentes decisórios dos mais variados níveis, é fruto concebido da relação entre o desenrolar dos fatos econômico-financeiros e sua captação e processamento segundo os paradigmas de uma metodologia própria e potencializada pela racionalidade científica. Logo, a pedra fundamental que apoia e sustenta o edifício contábil pode ser definida como ‘a contabilidade seguindo, relatando e respeitando a essência dos eventos econômicos que captura e mede’. (IUDÍCIBUS; MARTINS; CARVALHO, 2005, p.8).

A Contabilidade pode ser definida como “sistema de informação destinado

a prover seus usuários de dados para ajudá-los a tomar decisão”, como aponta

Marion (2010, p.27). Iudícibus (2010, p.4) completa que a função fundamental da

Contabilidade tem permanecido inalterada desde seus primórdios. Sua finalidade é

“prover os usuários dos demonstrativos financeiros com informações que os

ajudarão a tomar decisões”.

A sociedade muito evoluiu nas últimas décadas, potencializada pela rede

mundial de comunicação que possibilita acesso à informação em qualquer lugar do

mundo; a informação é o produto mais valioso que existe no mercado e quem

detém a informação tem vantagem competitiva.

O mundo contemporâneo se tornou um espaço geográfico único, sem

limites físicos ou barreiras culturais, porém, ainda muito heterogêneo e com muita

diversidade de opinião e, assim mesmo, a informação está ao alcance de todos

instantaneamente. Aquele que melhor souber usar a informação terá mais

privilégios e será mais bem-sucedido. Há uma frase corrente socialmente atribuída

a Charles Darwin1, que ilustra muito bem este pensamento: “Não são as espécies

mais fortes que sobrevivem nem as mais inteligentes, e sim as mais suscetíveis a

mudanças”.

Neste atual cenário, muitos são os usuários da informação contábil, com

necessidades diferentes, conforme a visão de Iudícibus (2010, p.4):

Sem dúvida, tem havido mudanças substanciais nos tipos de usuários e nas formas de informação que têm procurado. Todavia, esta função dos demonstrativos financeiros é fundamental e profunda. O objetivo básico dos demonstrativos financeiros é prover informação útil para a tomada de decisões econômicas.

1 Médico e naturalista inglês (1809-1882) que desenvolveu a teoria da Evolução das Espécies. Nota

do Autor.

17

Diante da diversidade e complexidade dos usuários, surge em 2005 do

International Accounting Standards Board (IASB) uma entidade que emite

padrões internacionais de contabilidade, adotados em mais de 130 países as

chamadas International Financial Reporting Standards (IFRS), baseadas em

princípios e voltadas para a essência econômica das transações. Desta forma,

produzindo informações fidedignas, compreensíveis, uteis e comparativas e, com

isso, reduzindo os riscos e incertezas, baseados no valor justo (fair-value) e no

melhor julgamento das informações.

Neste sentido no Brasil, com a promulgação da Lei nº. 11.638/07 que

estabelece que as normas contábeis brasileiras devem ser elaboradas em

consonância com os padrões internacionais de Contabilidade criou-se o Comitê

de Pronunciamento Contábil (CPC), como responsável pelos pronunciamentos

técnicos e o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) como entidade responsável

pela adoção das Normas Contábeis Brasileiras. Até outubro de 2015, o CPC editou

46 pronunciamentos técnicos para empresas de grande porte ou de capital aberto,

além do CPC-PME para as pequenas e medias empresas, e o CFC, em ato

continuo, aprovou todos em Resolução, que devem ser acatados e cumpridos por

todas as empresas, independente de seu tamanho ou porte de faturamento.

Antes de 2008 os contadores brasileiros eram influenciados diretamente

pela legislação vigente e qualquer alteração no ordenamento contábil que se

fizesse necessária dependia da aprovação de lei específica pelo poder legislativo

brasileiro (code law), uma vez que a contabilidade confundia-se com o código

tributário e prevalecia a forma jurídica, em detrimento da essência contábil e da

realidade econômica. A realidade atual rompeu os paradigmas para permitir ao

CFC poder para regulamentar, através de normas, as diretrizes da contabilidade

(common law), permitindo à Contabilidade que exerça seu papel social com

primazia, baseada na essência distinguindo-a da forma (jurídica) e da tributação

fiscal.

A partir de então, a maior ênfase é dada aos objetivos e princípios, que se

baseiam menos em regras e interpretações detalhadas, para dar lugar à base da

essência sobre a forma prevalecendo a realidade econômica. Em linha geral, o

reconhecimento, a avaliação e a mensuração dos valores constantes das

18

demonstrações financeiras passam a considerar forte parcela de julgamento do

profissional da contabilidade baseado em seu subjetivismo responsável.

O profissional da contabilidade, para cumprir seu papel social e atender

estes novos paradigmas, deverá estar consciente de que a sua responsabilidade

vai muito mais além do que simplesmente registrar os fatos contábeis ao valor de

custo. Sua capacidade profissional, moral ilibada e conduta fidedigna serão

exigidas a partir de então, na avaliação, mensuração e divulgação do patrimônio de

uma entidade.

Este novo paradigma de julgar, certamente traz novas responsabilidades e

requer do profissional da contabilidade a visão do subjetivismo responsável, como

aponta Iudícibus (2007):

[...] a essência econômica é uma das principais raízes que nutrem e sustentam toda a árvore contábil. Quando se souber entendê-la profundamente e aplicá-la com propriedade, se chegará, talvez, ao ponto mais alto da evolução contábil, no qual se saberá dosar relevância com objetividade ou subjetivismo responsável [...]. (IUDÍCIBUS, 2007, p. 11).

Na opinião de Fuji e Slomski (2002, p.42), tal subjetivismo não se limita:

A uma ousadia no estudo da contabilidade [...], mas uma resposta à real necessidade de mudanças, ante o contexto atual e em prol da função primordial das demonstrações contábeis: fornecer informações que realmente subsidiem a tomada de decisões dos usuários.

Berger e Luckmann (2003, p.67) ensinam que o julgamento é construído a

partir do cotidiano, pois o “conhecimento da vida cotidiana é possuído

diferentemente por diversos indivíduos e tipos de indivíduos”. Também ressaltam

que o conhecimento que cada pessoa possui da vida cotidiana estrutura-se em

termos de conveniências. Logo, o julgamento que o profissional tem de realizar em

suas tomadas de decisão mostra-se influenciado por uma parcela de subjetividade,

a qual é inerente a todos os seres humanos.

Além do conhecimento e da capacidade de julgamento, o profissional da

contabilidade tem que cumprir com seus deveres e obrigações profissionais, como

bem define o inciso I do artigo 2° da Resolução CFC n°. 803/1996. (CFC, 1996).

19

I – exercer a profissão com zelo, diligência, honestidade e capacidade técnica, observada toda a legislação vigente, em especial aos Princípios de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade, e resguardados os interesses de seus clientes e/ou empregadores, sem prejuízo da dignidade e independência profissionais. (grifo nosso).

Pode-se depreender, conforme Ferreira (2010, p. 797), que zelo trata-se de

“dedicação, desvelo, por alguém ou algo, pontualidade e diligência em qualquer

serviço”.

Diante deste contexto, reconhecer, mensurar e divulgar o patrimônio das

empresas (e das pessoas) é, certamente, o maior desafio da Contabilidade

enquanto ciência social neste século. Os estudos acerca do assunto são

permanentes, porém, não exaustivos, assim, existem lacunas a serem preenchidas

pelas pesquisas acadêmicas, destacando as que dizem respeito ao universo de

pesquisa voltada para as microempresas e empresas de pequeno porte. Dado a

sua relevância social e econômica requer zelosos estudos e atenção da academia.

1.1. Questão de Pesquisa

É fato reconhecido na sociedade que as empresas principalmente as MPEs

não se valem do benefício da contabilidade, como instrumento de gestão e controle

e para a tomada de crédito.

Tal fato é destacado em artigo de Kassai (1997), que alega que o

empreendedor ao procurar por solução financeira e contábil nem sempre encontra.

Uma das principais dificuldades enfrentadas pelos empreendedores, na tarefa de administrar sua empresa, refere-se à compreensão dos aspectos financeiros e contábeis do negócio. Em busca de soluções procuram a assistência dos gerentes das instituições financeiras e contadores, mas, nem sempre encontram o que necessitam.

Nesse sentido, se busca neste estudo os principais aspectos que se

interagem no relacionamento do profissional da contabilidade com o empresário

das MPEs, visando a compreensão da razão pela qual a Contabilidade não

20

interessa para estas empresas e porque o profissional da contabilidade não

consegue fazer a contabilidade para elas.

Por força da Resolução nº. 1.418 (CFC, 2012), estas MPEs estão

obrigadas, a partir de 2013, a seguir com o modelo contábil para microempresa e

empresa de pequeno porte, de acordo com os padrões internacionais de

contabilidade adotados no Brasil desde 2008.

Com base nessas considerações levanta-se a seguinte questão

problematizante:

Quais as principais dificuldades encontradas pelo profissional da

contabilidade para fazer a adoção das normas contábeis no padrão internacional

para as microempresas e empresas de pequeno porte?

1.2. Hipóteses

As razões que justificam as dificuldades são:

Hipótese I – Novas, são de ordem técnica e dizem respeito exclusivamente

ao grau de complexidade e a difícil compreensão por parte do profissional da

contabilidade acerca das normas de contabilidade internacional, exigidas pelo

Conselho Federal de Contabilidade, conforme Resolução nº. 1.418/12.

Hipótese II – As já existentes, estereotipadas e amplamente conhecidas,

por exemplo, as de ordem operacional e estrutural, que dizem respeito à

sonegação recorrente do empresário, a falta de interesse do empresário pela

contabilidade, a falta de sistemas e controles internos, seja do empresário ou do

profissional de contabilidade, problemas de remuneração dos serviços contábeis,

etc.

21

1.3. Objetivos

Estudar as razões e dificuldades que impedem que as MPEs tenham

contabilidade nos padrões contábeis internacionais adotados pelo Brasil

(Resolução CFC nº. 1.418/12), e exigidos desde 2013, que possam suprir as

necessidades dos donos do patrimônio.

1.3.1. Objetivo Geral

Pesquisar e identificar as razões pelas quais os profissionais da

contabilidade, que atuam nos escritórios de contabilidade no Estado de São Paulo,

não estão conseguindo fazer a contabilidade das MPEs de acordo com a

Resolução do CFC nº. 1.418/12.

1.3.2. Objetivos Específicos

Pesquisar no IASB as normas internacionais de contabilidade, as

chamadas IFRS full, a IFRS for SMEs (Small and Medium-sized Entities), e IFRS

sobre as microempresas (Micro-sized Entities).

Pesquisar as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs) e comparar

para identificar a convergência (com as normas internacionais de contabilidade

IFRS) e verificar de forma objetiva as possíveis diferenças.

Pesquisar as NBCs para pequenas e médias empresas (PMEs) e

identificar divergências entre CPC geral e o CPC-PME.

Estudar a Resolução CFC nº. 1.418/12, que trata do Modelo contábil

para MPEs, e comparar com o CPC-PME para identificar as principais diferenças.

Pesquisar a conceituação sobre a Contabilidade, sua teoria, objetivos,

objetos, seus usuários e sobre a qualidade da informação contábil.

22

Enviar relatório de pesquisa e entrevistar os principais usuários da

contabilidade: profissional da contabilidade, empresário das MPEs, agentes de

créditos, órgãos do governo e Conselho Regional de Contabilidade, academia e a

sociedade sobre a questão problema desta pesquisa.

Submeter as respostas, ponderando na matriz de materialidade, para

obter os resultados, refletir visando oferecer recomendações, bem como, concluir a

pesquisa.

1.4. Estrutura do Trabalho

Esta dissertação está alicerçada em cinco capítulos e começa pela

Introdução (1) que contextualiza o tema, apresenta a questão de pesquisa, elenca

os objetivos propostos, levanta as possíveis hipóteses, além de mostrar como o

trabalho está organizado.

O Referencial Teórico (2) utilizado engloba: os aspectos que envolvem a

criação da norma internacional para pequenas e médias empresas no âmbito

internacional, os conceitos trazidos da teoria da Contabilidade; a conceituação das

normas brasileiras de contabilidade, as NBCs completas e as normas simplificadas

para PMEs que contempla também o modelo contábil para MPEs e o

relacionamento deste segmento de empresas brasileiras com os usuários de suas

informações contábeis; traz para discussão as pesquisas realizadas dentro desta

temática.

A Abordagem Metodológica (3) empregada na pesquisa mostra o passo a

passo da pesquisa desde a sua criação até a apresentação dos resultados obtidos

na pesquisa, que tem abordagem qualitativa e que se deu por meio de

questionários e das entrevistas realizadas com os principais usuários das

informações contábeis das microempresas e empresas de pequeno porte.

Os Resultados e as Análises (4) dos dados coletados e sistematizados são

apresentados com base nas normas internacionais de contabilidade para

Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, na matriz de materialidade e ainda

apresenta outros resultados.

23

As Considerações Finais (5) são tecidas com base no cruzamento das

informações coletadas na pesquisa com o referencial teórico e nela estão contidas

sugestões para estudos futuros, seguidas das Referências que embasaram a

dissertação.

Por fim, são apresentados os Apêndices com a carta informativa da

pesquisa, o questionário encaminhado aos pesquisados e também os Anexos com

alguns modelos úteis ao estudo.

24

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Aspectos Gerais das Normas Brasileiras de Contabilidade

Atualmente, o International Accounting Standards Board (IASB)

considerado o principal organismo emissor das Normas Contábeis Internacionais

tem realizado esforços para alcançar a convergência contábil, objetivando a

emissão de normas profissionais de alta qualidade no campo da qualidade.

(MARION, 2013).

No Brasil as normas internacionais de contabilidade emitidas pelo IASB

estão sendo implementadas desde 2008, pelo Comitê de Pronunciamentos

Contábeis (CPC), pelos órgãos reguladores brasileiros, principalmente pela

Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pelo Conselho Federal de Contabilidade

(CFC) e são baseadas: - muito mais em princípios do que em regras; - na

prevalência da essência sobre a forma; - são muito mais importantes os conceitos

de controle, de obtenção de benefícios e de incorrência em risco, do que a

propriedade jurídica para registro de ativos, passivos, receitas e despesas; - a

contabilidade passa a ser de toda a empresa e não só do contador. (MARTINS et

al., 2013).

Neste sentido também corroboram Relvas, Bertholini e Segato (2011)

quando afirmam que a principal característica das normas internacionais de

contabilidade é que elas são baseadas em princípios e voltadas à essência

econômica das transações, gerando normas contábeis genéricas e flexíveis.

E acrescentam que os conceitos suportam o estabelecimento de princípios

e as normas desenvolvidas a partir destes princípios exigem procedimentos

contábeis que permitem que determinados objetivos sejam cumpridos, com uma

mesma estrutura ideal para ambas, ou seja, para as Normas Internacionais e para

o CPC, como mostra a Figura 1.

25

Figura 1 Estrutura das Normas Internacionais e dos Pronunciamentos do CPC Fonte: Adaptado de Relvas, Bertholini e Segato (2011).

Não há dúvidas que no avanço da Contabilidade no Brasil, onde a forma dá

lugar à essência, destaca-se o Prof. Nelson Carvalho, que foi um dos baluartes no

processo de levar o Brasil às normas internacionais de Contabilidade, em 1990;

enquanto diretor da CVM criou a comissão consultiva que acabou se tornando o

Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) em 2005, segundo a Fundação

Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras. (FIPECAFI, 2015).

Referindo-se ao CPC, Martins et al. (2013) afirmam que foi um importante

passo no Brasil a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, depois de

duas décadas contando com cinco entidades não governamentais: Associação dos

Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (APIMEC

NACIONAL), Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA), Bolsa

de Mercadorias, Valores e Futuros (BM&FBOVESPA), Fundação Instituto de

Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI) e Instituto dos Auditores

REGRAS

Guia de Implementação

Princípios de Reconhecimento

e Baixa

Princípios de Apresentação e

Divulgação

Princípios de Mensuração

Alcance dos Princípios

InterpretaçõesExceções

CONCEITOS

26

Independentes do Brasil (IBRACON). Em 2008 se juntou o Conselho Federal de

Contabilidade (CFC) representando, assim, a entidade soberana para discutir

Contabilidade no Brasil, sem qualquer influência das Leis Fiscais.

O CPC desde então emitiu e o CFC aprovou 45 pronunciamentos técnicos

gerais (chamados pelo CFC como “normas completas”) e o pronunciamento CPC-

PME Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas e diversas

interpretações e orientações convergentes com as normas.

2.1.1. CPC – Pequenas e Médias Empresas – PMEs.

Opcionalmente, as pequenas e médias empresas que não são consituídas

sob a forma de sociedade por ações cujo ativo total não supera R$ 240 milhões e

não têm receita bruta anual superior a R$ 300 milhões podem optar pelo uso das

normas simplificadas para PMEs, conforme artigo 3º. da Lei nº. 11.638. (BRASIL,

2007).

O CPC-PME foi convertido em norma para PMEs de acordo com a

Resolução do CFC nº. 1.255/09 e, comparativamente com as normas completas,

são muito simples, porém, mantêm o conjunto completo de princípios das normas

do CPC Geral. Conforme apontam Relvas, Bertholini e Segato (2011), o CPC-PME

é:

Um conjunto completo de princípios e normas contábeis e a aplicação dessas normas são muito mais simples se comparadas com o CPC Pleno. A aplicação do CPC PME pode ser feita somente por empresas que não têm obrigação pública de prestação de contas, independente de sua forma jurídica (Ltda., S.A. etc.).

A estrutura do CPC-PME é organizada por tópicos sendo cada um

apresentado em seção numerada. São identificados pelo número da seção,

seguido do item, de forma que um item, por exemplo, 10.15, indica a primeira

seção e, na sequência, o número do item.

As seções e os assuntos tratados em cada uma figuram apresentados no

Quadro 1, o qual também indica o CPC específico para o assunto e se os

27

procedimentos da seção são significativamente diferentes ao CPC, conforme

indicado por Relvas, Bertholini e Segato (2011).

Seção Tema CPC Diverge

1 PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS Não relacionado -

2 CONCEITOS E PRINCÍPIOS GERAIS 00 Não

3 APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 26 Não

4 BALANÇO PATRIMONIAL 26 Não

5 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO E DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE

26 Sim

6 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO E DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS 26 Sim

7 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA 03 Não

8 NOTAS EXPLICATIVAS ÀS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 26 Não

9 DEMONSTRAÇÕES CONSOLIDADAS E SEPARADAS 35 e 36 Sim

10 POLÍTICAS CONTÁBEIS, MUDANÇA DE ESTIMATIVA E RETIFICAÇÃO DE ERRO

23 Não

11 INSTRUMENTOS FINANCEIROS BÁSICOS 38 e 40 Sim

12 OUTROS TÓPICOS SOBRE INSTRUMENTOS FINANCEIROS 38 e 40 Sim

13 ESTOQUES 16 Não

14 INVESTIMENTO EM CONTROLADA E EM COLIGADA 18 Sim

15 INVESTIMENTO EM EMPREENDIMENTO CONTROLADO EM CONJUNTO (JOINT VENTURE)

19 Sim

16 PROPRIEDADE PARA INVESTIMENTO 28 Não

17 ATIVO IMOBILIZADO 27 Não

18 ATIVO INTANGÍVEL EXCETO ÁGIO POR EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA (GOODWILL)

04 Sim

28

19 COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS E ÁGIO POR EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA (GOODWILL) 15 Sim

20 OPERAÇÕES DE ARRENDAMENTO MERCANTIL 06 Não

21 PROVISÕES, PASSIVOS CONTINGENTES E ATIVOS CONTINGENTES

25 Não

22 PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO 39 Não

23 RECEITAS 30 e 17 Não

24 SUBVENÇÃO GOVERNAMENTAL 07 Não

25 CUSTOS DE EMPRÉSTIMOS 20 Sim

26 PAGAMENTO BASEADO EM AÇÕES 10 Não

27 REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL DE ATIVOS 01 e 31 Não

28 BENEFÍCIOS A EMPREGADOS 33 Sim

29 TRIBUTOS SOBRE O LUCRO 32 Não

30 EFEITOS DAS MUDANÇAS NAS TAXAS DE CÂMBIO E CONVERSÃO DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

02 Sim

31 HIPERINFLAÇÃO Não editado -

32 EVENTO SUBSEQUENTE 24 Não

33 DIVULGAÇÃO SOBRE PARTES RELACIONADAS 05 Não

34 ATIVIDADES ESPECIALIZADAS 29 e 34 Não

35 ADOÇÃO INICIAL DESTE PRONUNCIAMENTO Não relacionado -

Quadro 1 Relação entre Seção do CPC-PMEs e CPC-Geral Fonte: Adaptado de Relvas, Bertholini e Segato (2011)

2.1.2. Interpretação Técnica Geral ITG-1000 – Microempresas e Empresas de Pequeno Porte

O Conselho Federal de Contabilidade definiu por meio da Resolução nº.

1.418/12 (CFC, 2012), os critérios e procedimentos simplificados de Contabilidade

29

– ITG 1000, modelo contábil para Microempresa e Empresa de Pequeno Porte

(MPE); entende-se como “Microempresa e Empresa de Pequeno Porte” a

sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de

responsabilidade limitada ou o empresário a que se refere o Art. 966 da Lei nº.

10.406/02 (BRASIL, 2002), que tenha auferido no ano calendário anterior, receita

bruta anual até os limites previstos nos incisos I (R$ 360 mil) e II (R$ 3,6 milhões)

do Art. 3º da Lei Complementar nº. 123/06. (BRASIL, 2006).

E acrescenta que a adoção dessa Interpretação não desobriga a

microempresa e a empresa de pequeno porte a manutenção de escrituração

contábil uniforme dos seus atos e fatos administrativos que provocaram, ou

possam vir a provocar, alteração do seu patrimônio, e as MPEs que não optaram

pela adoção desta Interpretação devem continuar a adotar a Norma Brasileira de

Contabilidade NBC TG 1000 (Normas simplificadas para PMEs) ou as Normas

Brasileiras de Contabilidade Técnicas Gerais completas, quando aplicável (Normas

completas).

A Resolução nº. 1.418/12 define os critérios e procedimentos contábeis e

dizem respeito, especificamente, ao custo e mensuração dos estoques, ao

imobilizado, e as receitas:

O custo dos estoques deve compreender todos os custos de aquisição, transformação e outros custos incorridos para trazer os estoques ao seu local e condição de consumo ou venda.

O custo dos estoques deve ser calculado considerando os custos individuais dos itens, sempre que possível. Caso não seja possível, o custo dos estoques deve ser calculado por meio do uso do método ‘Primeiro que Entra, Primeiro que Sai’ (PEPS) ou o método do custo médio ponderado. A escolha entre o PEPS e o custo médio ponderado é uma política contábil definida pela entidade e, portanto, esta deve ser aplicada consistentemente entre os períodos.

Os estoques devem ser mensurados pelo menor valor entre o custo e o valor realizável líquido. Para estoques de produtos acabados, o valor realizável líquido corresponde ao valor estimado do preço de venda no curso normal dos negócios menos as despesas necessárias estimadas para a realização da venda. Para estoques de produtos em elaboração, o valor realizável líquido corresponde ao valor estimado do preço de venda no curso normal dos negócios menos os custos estimados para o término de sua produção e as despesas necessárias estimadas para a realização da venda.

30

Um item do ativo imobilizado deve ser inicialmente mensurado pelo seu custo. O custo do ativo imobilizado compreende o seu preço de aquisição, incluindo impostos de importação e tributos não recuperáveis, além de quaisquer gastos incorridos diretamente atribuíveis ao esforço de trazê-lo para sua condição de operação. Quaisquer descontos ou abatimentos sobre o valor de aquisição devem ser deduzidos do custo do imobilizado.

O valor depreciável (custo menos valor residual) do ativo imobilizado deve ser alocado ao resultado do período de uso, de modo uniforme ao longo de sua vida útil. É recomendável a adoção do método linear para cálculo da depreciação do imobilizado, por ser o método mais simples.

Se um item do ativo imobilizado apresentar evidências de desvalorização, passando a ser improvável que gerará benefícios econômicos futuros ao longo de sua vida útil, o seu valor contábil deve ser reduzido ao valor recuperável, mediante o reconhecimento de perda por desvalorização ou por não recuperabilidade (impairment).

São exemplos de indicadores da redução do valor recuperável, que requerem o reconhecimento de perda por desvalorização ou por não recuperabilidade:

(a) declínio significativo no valor de mercado;

(b) obsolescência;

(c) quebra.

Terreno geralmente possui vida útil indefinida e, portanto, não deve ser depreciado. Edificação possui vida útil limitada e, portanto, deve ser depreciado.

As receitas de venda de produtos, mercadorias e serviços da entidade devem ser apresentadas líquidas dos tributos sobre produtos, mercadorias e serviços, bem como dos abatimentos e devoluções, conforme exemplificado no Anexo 3 desta Interpretação.

A receita de prestação de serviço deve ser reconhecida na proporção em que o serviço for prestado.

Quando houver incerteza sobre o recebimento de valor a receber de clientes, deve ser feita uma estimativa da perda. A perda estimada com créditos de liquidação duvidosa deve ser reconhecida no resultado do período, com redução do valor a receber de clientes por meio de conta retificadora denominada ‘perda estimada com créditos de liquidação duvidosa’.

Em relação às demonstrações contábeis, a Resolução determina que as

referidas empresas são obrigadas a elaborar o Balanço Patrimonial (BP), a

Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e as Notas Explicativas (NE) ao

final de cada exercício social, e não obriga, mas, estimula a elaboração da

31

Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC), a Demonstração do Resultado

Abrangente (DRA) e a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL).

2.2. Contextualização das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – MPEs

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

(SEBRAE), no Brasil existem 6,4 milhões de estabelecimentos; desse total 99%

são MEPs, que respondem por 52% dos empregos (16,1 milhões) com carteira

assinada no setor público.

As MEPs podem ser classificadas de acordo com o número de

empregados e pelo faturamento bruto anual.

Pelo Estatuto das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte o critério

para se conceituar microempresas e empresas de pequeno porte, a que interessa

para a Resolução nº. 1.418/12 é a que consta da Lei Complementar - LC nº.

123/06, que considera a classificação por sua receita bruta, cujos valores são os

seguintes: (i) microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou

inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e (ii) empresa de pequeno

porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00

(trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e

seiscentos mil reais).

O SEBRAE utiliza o critério por número de empregados do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para classificação do porte das

empresas. Indústria: microempresa até 19; pequena: de 20 a 99 empregados.

Comércio e Serviços: Microempresa até 9; Pequena: de 10 a 49 empregados.

O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) afirma que as

empresas brasileiras são em sua maioria Microempresas e Empresas de Pequeno

Porte, representando aproximadamente 75% do total, como mostra o Quadro 2.

32

Quadro 2 Total de Empresas do Brasil por Porte Fonte: Adaptado do IBPT (2013)

Excluindo-se as empresas com porte de Microempreendedor Individual

(MEI), o total de empresas brasileiras é de mais de 8,7 milhões, sendo quase 6,8

milhões de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte que representam 78%

do total. O Quadro 3 demonstra a distribuição por porte.

Quadro 3 Quantidade de Empresas por Porte, exceto MEI – em % Fonte: Adaptado do IBPT (2013)

A representação contida no Gráfico 1 dá uma visão mais apropriada da

quantidade e força das microempresas e empresas de pequeno porte em relação à

quantidade total de empresas existentes no Brasil.

Porte Faturamento Anual Nº. Empresa Representação %

Grande Acima de R$ 48 milhões

258.807 2,97

Médio Acima de R$ 3,6 milhões 1.662.864 19,11

Pequeno Porte Acima de R$ 360 mil 923.952 10,62

Microempresa Acima de R$ 60 mil 5.853.782 67,29

8.699.405 100,00

33

Gráfico 1 Distribuição das Empresas por Porte Fonte: Adaptado do IBPT (2013)

Como característica social o IBGE reconhece que uma importante

contribuição das microempresas e empresas de pequeno porte no crescimento e

desenvolvimento do País é a de servirem de “colchão” amortecedor do

desemprego. Constituem uma alternativa de ocupação para uma pequena parcela

da população, que tem condição de desenvolver seu próprio negócio e, igualmente,

numa alternativa de emprego formal ou informal, para uma grande parcela da força

de trabalho excedente, em geral com pouca qualificação, que não encontra

emprego nas empresas de maior porte.

As pesquisas sobre salários do IBGE (2013) de empresas e outras

organizações, pessoal ocupado total e assalariado em 31.12.2013 mostraram

que o pessoal ocupado nas empresas com até 49 empregados representam 39,6%

do total, em 98,2% do total das empresas brasileiras com 18,3% da massa salarial

do país. A Tabela 1 mostra a pesquisa.

Grande 3%

Médio 19%

Pequeno 11% Microempresa

67%

34

Tabela 1 – Distribuição do Pessoal Assalariado Ocupado no Brasil em 31.12.2013

por Faixa Fonte: IBGE (2013)

São características das MPEs, conforme o IBGE (2001):

Baixa intensidade de capital.

Altas taxas de natalidade e mortalidade: demografia elevada.

Forte presença de proprietário, sócios e membros da família, não se

distinguindo principalmente em termos contábeis e financeiros, pessoa física e

jurídica.

Registros contábeis pouco adequados.

Contratação direta de mão de obra.

Utilização de mão de obra não qualificada ou semiqualificada.

Baixo investimento em inovação tecnológica.

Maior dificuldade de acesso ao capital de giro.

Relação de complementariedade e subordinação com as empresas de

grande porte.

35

O SEBRAE já consagrou estudos que registram as estatísticas de

mortalidade das empresas deste segmento e apontam que, na média, sobrevivem

por 5 anos; destacam que 20% fecham as portas com menos de 12 meses de

atividade e afirmam como razão a falta de planejamento e controle (SEBRAE,

2014).

Com base em toda esta contextualização acerca das normas contábeis,

das microempresas e empresas de pequeno porte, o capítulo que segue apresenta

os Procedimentos Metodológicos para a composição da pesquisa.

36

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1. Classificação da Pesquisa

A presente pesquisa se classifica como de abordagem qualitativa e segue

a tipologia proposta por Raupp e Beuren (2003) quanto aos objetivos como sendo

exploratória e descritiva e como bibliográfica e documental quanto aos

procedimentos.

Quanto aos objetivos é exploratória, porque tem como objetivo desenvolver

uma visão geral e aproximada do assunto em estudo, como bem aponta Lopes et

al. (2010), tendo em vista a “formulação de problemas mais precisos ou hipóteses

pesquisáveis para estudos posteriores”. (GIL, 2008, p.27). É descritiva, pois, o

estudo considera “uma determinada população, descrevendo suas características,

estabelecendo variáveis entre si, a partir de seus objetivos”. (LOPES et al., 2010,

p.142).

Quanto aos procedimentos é bibliográfica, pois, segundo Gil (2008), se

realiza a partir do registro disponível, decorrentes de pesquisas anteriores, em

documentos impressos, como livros, artigos, teses, etc. Também é documental, na

concepção de Lopes et al. (2010), uma vez que está apoiada na documentação

direta (questionários, entrevistas, formulários etc.,) e em publicações oficiais de

documentos no sentido amplo, ou seja, não só documentos impressos, mas,

sobretudo, outros tipos de documentos. (GIL, 2008).

Considerando que a pesquisa diz respeito à aplicação das normas

internacionais de contabilidade para as microempresas e empresas de pequeno

porte brasileiras, primeiramente foram realizadas pesquisas no International

Accounting Standards Board (IASB), entidade responsável por definir os padrões

internacionais da contabilidade, que são adotados por aproximadamente 130

países, para atualizar o histórico dos acontecimentos que sucederam à publicação

das chamadas IFRS for SMEs International Financial Reporting Standard for

Small and Medium-sized Entities. Também foram pesquisadas as normas

brasileiras emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e as

37

Resoluções do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) que são as

convergências das normas de contabilidade internacional para o Brasil.

Em seguida realizou-se uma revisão da literatura, em livros, artigos

publicados em periódicos, revistas, jornais, defesas de dissertações e teses na

academia, visando definir o principal valor da Contabilidade, enquanto ciência

social a serviço da sociedade, servindo aos mais diversos usuários e interessados:

Proprietário – para gestão e instrumento de controle.

Profissional da contabilidade – prova de cumprimento da obrigação ética

e profissional.

Governo – como prova de transparência, cumprimento das obrigações

enquanto contribuinte, e elisão fiscal.

Instituições financeiras/bancos, fornecedores e clientes – para avaliação

de crédito.

Sindicato, empregados e comunidade – dar a conhecer a saúde

financeira da empresa como garantia da manutenção do emprego e salário.

A revisão da literatura também abrangeu pesquisas sobre as principais

características das microempresas e empresas de pequeno porte brasileiras, sua

participação no mercado, sua representação social e econômica, suas

características operacionais, tributárias e, principalmente, seus aspectos

relacionados à contabilidade.

Partindo do referido levantamento, procurou-se identificar as principais

variáveis que ocorrem no universo deste tipo de empresas e que interferem

diretamente nas práticas contábeis aprovadas pelo CFC pela Interpretação Técnica

Geral – ITG 1000 – Modelo Contábil para Microempresa e Empresa de Pequeno

Porte.

Ao final desta etapa de levantamento de dados foi possível identificar as

principais razões que supostamente podem ser consideradas como sendo das

efetivas dificuldades para adoção das normas contábeis – PMEs por

microempresas e empresas de pequeno porte (MPEs):

38

Foi elaborado questionário e realizadas as entrevistas para inferir dos

principais usuários da informação contábil (profissional da contabilidade,

proprietário empresário, representantes do governo, academia, conselho regional

de contabilidade, e os agentes de crédito) qual a razão, na opinião de cada um

deles, sobre o porquê de as microempresas e empresas de pequeno porte não

conseguirem adotar as já consagradas normas contábeis na elaboração de suas

demonstrações contábeis.

Os questionários foram enviados eletronicamente (por e-mail) para este

público, usuário da informação contábil, juntamente com as instruções que

deveriam: atribuir notas de 1 a 7 onde sete considera-se a razão mais importante

e 1 a de menor importância foram submetidas 7 razões que foram identificadas

no estudo, como sendo as possíveis para justificar a não adoção das referidas

normas contábeis:

Dificuldade do contabilista em entender e interpretar a norma.

Preço dos serviços cobrados – honorários não incluem os serviços de

contabilidade ou não são compatíveis.

Dificuldade do contabilista em entender e interpretar a norma.

Preço dos serviços cobrados – honorários não incluem os serviços de

contabilidade ou não são compatíveis.

Formação profissional do empregado.

Prática recorrente de sonegação fiscal por parte do cliente.

Falta de sistema e controle interno por parte do cliente para auxiliar a

contabilidade.

Desinteresse do empresário cliente pela contabilidade.

Falta de fiscalização pelos órgãos do governo como a Receita Federal

do Brasil (RFB) e de classe como o Conselho Regional de Contabilidade (CRC).

As respostas foram submetidas à matriz de materialidade para obtenção

dos resultados da referida pesquisa, considerando sob o aspecto da contabilidade

o que ela representa para os seus principais usuários.

39

3.2. Matriz de Materialidade

Esse estudo exploratório adotou o conceito de materialidade que serve de

base para as diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI)2 que identifica e define

os principais pontos de interesse e foco no engajamento entre partes relacionadas.

Este processo ofereceu subsídios para identificar os elementos

significativos para os stakeholders, segundo a perspectiva da informação contábil.

A metodologia da materialidade ajuda a entender os respectivos valores que os

stakeholders têm a respeito da contabilidade, ao mesmo tempo em que propicia

oportuna análise sistêmica sobre o assunto para estabelecimento de ações que

visam eliminar ou, ao menos, diminuir os conflitos entre as partes interessadas pela

informação contábil.

O processo de construção da matriz de materialidade foi dividido em 3

fases:

Identificação – definição dos temas de maior relevância a partir da

escuta dos principais públicos de interesse (empresário dono do negócio, o

profissional contábil que faz a contabilidade, gerentes de bancos, profissionais da

área de crédito e cobrança, fornecedores e clientes, agentes fiscais de

arrecadação, academia), complementada por especialistas, bem como, análise de

fontes secundárias (pesquisas publicadas na internet, jornais, teses e dissertações

acadêmicas).

Priorização – percepção de cada público sobre a ponderação de

prioridade dos temas.

Análise – consolidação e qualificação dos resultados obtidos.

2 The Global Reporting Initiative (GRI) is a leading organization in the sustainability field. GRI

promotes the use of sustainability reporting as a way for organizations to become more sustainable and contribute to sustainable development. (GRI, 2011; 2011a; 2011b).

40

3.3. Stakeholders

Stakeholders são os usuários tanto internos como externos ao ambiente da

empresa, que têm interesse nas informações contábeis, e conforme é definido pelo

CFC (2008).

Os usuários tanto podem ser internos como externos e, mais ainda, com interesses diversificados, razão pela qual as informações geradas pela Entidade devem ser amplas e fidedignas e, pelo menos, suficientes para a avaliação da sua situação patrimonial e das mutações sofridas pelo seu patrimônio, permitindo a realização de inferências sobre o seu futuro.

Os usuários internos incluem os administradores de todos os níveis, que usualmente se valem das informações mais aprofundadas e especificas acerca da Entidade, notadamente aquelas relativas ao seu ciclo operacional. Já os usuários externos concentram suas atenções, de forma geral, em aspectos genéricos, expressos nas demonstrações contábeis. (CFC, 2008, p.22).

Para Fuji e Slomski (2003), no tocante ao usuário da informação, “há pelo

menos duas questões relevantes: a existência de usuários heterogêneos, com

funções utilidades distintas e, consequentemente, o problema de definir o grupo

principal de usuários”.

Para Iudícibus (2010, p.5) são usuários: “os acionistas, emprestadores em

geral, entidades governamentais, empregados em geral, como assalariados, e a

média e alta administração”.

O Quadro 4 apresenta os tipos de informações contábeis disponíveis para

os usuários.

Usuário da Informação Contábil Tipo de Informação mais Importante

Emprestadores em geral Geração de fluxo de caixa futuros suficiente para receber de volta o capital, mais juros e com segurança.

Entidades governamentais Valor adicionado, produtividade, lucro tributável.

Empregados em geral, como assalariados

Fluxo de caixa futuro capaz de assegurar bons aumentos ou manutenção de salários, com segurança; liquidez.

41

Proprietário – dono Retorno sobre o ativo, retorno sobre o patrimônio liquido; situação de liquidez e endividamento confortáveis.

Quadro 4 Tipo de Informação Contábil para Usuário Fonte: Adaptado de Iudícibus (2010, p.5)

A matriz de materialidade ponderou de um universo total de 100% a

importância e a responsabilidade de cada stakeholder, considerando o seu grau de

envolvimento com a informação contábil, de acordo com os seguintes aspectos:

Profissional da contabilidade – obrigação ética e profissional da classe3 e

por exigência legal4 - ponderado em 30% do todo.

Proprietários e gestores das MPEs – por exigência legal5 e gestão e

controle – ponderado em 25% do todo.

Academia, especificamente as Instituições de Ensino Superior – na

obrigação de formar o profissional que o mercado necessita – ponderado em 15%

do todo.

3 I – Exercer a profissão com zelo, diligência, honestidade e capacidade técnica, observada toda a

legislação vigente, em especial aos Princípios de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade, e resguardados os interesses de seus clientes e/ou empregadores, sem prejuízo da dignidade e independência profissionais. (CFC, 1996). 4 O Código Civil, na Seção III - Do Contabilista e outros Auxiliares, Art. 1.177. Os assentos lançados

nos livros ou fichas do preponente, por qualquer dos prepostos encarregados de sua escrituração, produzem, salvo se houver procedido de má-fé, os mesmos efeitos como se o fossem por aquele. Parágrafo único. No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente responsáveis, perante os preponentes, pelos atos culposos; e, perante terceiros, solidariamente com o preponente, pelos atos dolosos. (BRASIL, 2002). Art. 1.178. Os preponentes são responsáveis pelos atos de quaisquer prepostos, praticados nos seus estabelecimentos e relativos à atividade da empresa, ainda que não autorizados por escrito. Parágrafo único. Quando tais atos forem praticados fora do estabelecimento, somente obrigarão o preponente nos limites dos poderes conferidos por escrito, cujo instrumento pode ser suprido pela certidão ou cópia autêntica do seu teor. (BRASIL, 2002). 5 Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de

contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. (BRASIL, 2002).

42

Agentes do governo ponderado em 10%, assim também 10% do todo

para comunidade e sociedade civil organizada – responsáveis por cobrar dos

empresários a prestação de contas (accountability)6.

Agentes financeiros, fornecedores, clientes – com ponderação de 10%

cada um, responsáveis por exigir de seus tomadores de crédito uma informação

contábil transparente e fidedigna.

O Quadro 5 apresenta os usuários das informações contábeis e o

percentual de interesse de cada um.

Usuários da Informação Contábil Interesse em %

1) Profissional da contabilidade que assina as demonstrações contábeis.

30%

2) Proprietários – gestor principal da MPE. 25%

3) Agentes do Governo: RFB, CRC. 10%

4) Agentes de créditos: banco, fornecedores e clientes. 10%

5) Sociedade (Sindicato, comunidade, órgãos sociais). 10%

6) Academia. 15%

Quadro 5 – Distribuição por Usuário por Grau de Importância e de Responsabilidade da Informação Contábil Fonte: Elaborado pelo Autor

A distribuição dos usuários pode ser melhor visualizada no Gráfico 2.

6 Essa forma de quitação de accountability é realizada com base na atividade de Contabilidade

(accounting) da empresa, sob a responsabilidade técnica de seus contadores gerenciais ou controllers, capacitados a interpretar e comunicar a todos os gestores de negócio da empresa e seus stakeholders os riscos associados aos fenômenos direcionadores do desempenho da empresa e seus administradores, com especial destaque à estimativa dos fluxos de caixa de futuros negócios. (NAKAGAWA; RELVAS; DIAS FILHO, 2007).

43

Gráfico 2 Grau de Interesse do Stakeholder em relação à Informação Contábil Fonte: Elaborado pelo Autor

3.4. Resultados dos Questionários e Pesquisas

A coleta dos dados para pesquisa contou com 133 respostas de

questionários e de 31 entrevistas diretas, obtidas junto aos principais usuários e

distribuídas conforme Quadro 6.

Usuários da Informação Contábil Quantidade Respostas

Quantidade Entrevistas

1) Profissional da contabilidade que assina as demonstrações contábeis

60 14

2) Proprietários – gestor principal da MPE 15 6

3) Agentes do Governo: RFB, CRC 5 2

4) Agentes de Créditos: banco, fornecedores e clientes 19 3

5) Sociedade: Sindicato, comunidade, órgãos sociais 12 2

6) Academia 22 4

TOTAL 133 31

Quadro 6 – Respostas e Entrevistas Recebidas de Cada Usuário

Fonte: Elaborado pelo Autor

Profissional da contabilidade

30%

Proprietários 25%

Agentes do Governo

10%

Agentes de créditos

10%

Sociedade 10%

Academia 15%

Grau de Interesse do Stakeholder em %

44

As respostas foram somadas e ponderadas pela responsabilidade de cada

stakeholder considerando a média simples, como mostra o Quadro 7.

Quadro 7 – Ponderação das Respostas dos Stakeholders Fonte: Elaborado pelo Autor

O Gráfico 3 projeta o resultado para melhor visualização dos valores das

respostas

.

Gráfico 3 – Principais Razões Apontadas pelos Stakeholders Fonte: Elaborado pelo Autor

45

Destacam-se 3 fatores relevantes que dificultam a adoção das normas

contábeis pelas MPEs:

1. Prática recorrente de sonegação fiscal por parte do cliente.

2. Desinteresse do empresário pela contabilidade.

3. Preço dos honorários cobrados para execução dos serviços contábeis.

Gráfico 4 – Matriz de Materialidade das Razões Principais Fonte: Elaborado pelo Autor

3.5. Limitações do Estudo

O estudo está direcionado às microempresas e empresas de pequeno

porte com faturamento anual de até R$ 3.600.000,00, obrigadas à adoção da

norma do CFC7, que estão estabelecidas no Estado de São Paulo, e suas

7 Resolução CFC nº. 1.418/12. Aprova a ITG 1000 – Modelo Contábil para Microempresa e

Empresa de Pequeno Porte.

46

demonstrações contábeis são elaboradas por profissionais da contabilidade

terceirizados, geralmente estabelecidos em escritório de contabilidade.

Outra limitação diz respeito à amplitude e distribuição geográfica das

respostas aos questionários; embora tenha sido encaminhada por correio

eletrônico (e-mail) para 145 escritórios de contabilidade, em municípios diferentes

e que estão distribuídos pelo Estado de São Paulo, que são as bases do CRC nos

seus respectivos municípios chamadas de “Delegacia do CRC”; nem todos

responderam; a concentração se limitou às regiões metropolitanas de Jundiaí,

Campinas, Ribeirão Preto, Sorocaba e Grande São Paulo. Desta forma, não há

garantias de que os resultados obtidos neste trabalho possam ser os mesmos para

outras regiões, principalmente do interior do Estado, não abrangidas nesta

pesquisa.

Há que se considerar também que, em relação aos demais stakeholders

(usuário da informação contábil) representados por: Academia, Agentes de

Crédito, Agentes do Governo e Fiscalização, proprietários e principais gestores e a

comunidade as respostas ficaram restritas à Jundiaí e algumas cidades vizinhas,

bem como, unicamente, à Cidade de São Paulo.

47

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Normas Internacionais de Contabilidade para Microempresas e

Empresas de Pequeno Porte MPEs

Em todo o mundo o IASB lista mais de 100 países, onde o IFRS8 era

obrigatório e que, no total, 130 países mostram estar usando o IFRS (DELOITTE,

2015). As normas internacionais de contabilidade, as IFRS, são divididas em

IFRS-full e IFRS for SME.

O IFRS for SME9 é definido pelo IASB como a pequena e média empresa

como aquelas que não têm obrigação pública de prestar contas e que elaboram

demonstrações contábeis para fins gerais para usuários externos.

Como parte do processo de harmonização com as normas internacionais

de contabilidade, iniciado em 2008 regulamentado pelas Leis nº. 11.638/07 e nº.

11.941/09 o Brasil já editou 48 pronunciamentos contábeis através do CPC10, que

incluiu o CPC00 que trata da estrutura conceitual para elaboração e divulgação de

relatório contábil-financeiro, e o CPC-PME contabilidade para PMEs.

O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) aprovou resolução para cada

pronunciamento, tornando-os Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC).

O Quadro 8 mostra o relacionamento existente entre o IFRS-CPC e

Resoluções CFC-normas gerais.

8 O International Financial Reporting Standards (IFRS) é um conjunto de pronunciamentos de

contabilidade internacionais, publicados e revisados pelo International Accounting Standards Board (IASB). 9 Small and Medium-sized Entities are entities that: (a) do not have public accountability, and b)

publish general purpose financial statements for external users. 10

Criado pela Resolução CFC nº 1.055/05, o CPC é formado pelas entidades: ABRASCA, APIMEC, BOVESPA, CFC, FIPECAFI e IBRACON, e tem como objetivo "o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais". (CFC, 2005).

48

IASB CPC Nova Numeração Resolução CFC Nome da Norma

Framework CPC 00R1 NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL

1.374/11 Estrutura Conceitual para a Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro

IAS 36 CPC 01R1 NBC TG 01 (R3) DOU 06/11/15 Redução ao Valor Recuperável de Ativos

IAS 21 CPC 02R2 NBC TG 02 (R1) DOU 20/12/13 Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis

IAS 7 CPC 03R2 NBC TG 03 (R2) DOU 17/04/14 Demonstração dos Fluxos de Caixa

IAS 38 CPC 04R1 NBC TG 04 (R3) DOU 06/11/15 Ativo Intangível

IAS 24 CPC 05R1 NBC TG 05 (R3) DOU 01/12/14 Divulgação sobre Partes Relacionadas

IAS 17 CPC 06R1 NBC TG 06 (R2) DOU 06/11/15 Operações de Arrendamento Mercantil

IAS 20 CPC 07R1 NBC TG 07 (R1) DOU 20/12/13 Subvenção e Assistência Governamentais

IAS 39 (partes)

CPC 08R1 NBC TG 08 1.313/10 Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores

Mobiliários

Não aplicável

CPC 09 NBC TG 09 1.138/08 Demonstração do Valor Adicionado (DVA)

IFRS 2 CPC 10R1 NBC TG 10 (R2) DOU 01/12/14 Pagamento Baseado em Ações

IFRS 4 CPC 11 NBC TG 11 (R1) DOU 20/12/13 Contratos de Seguro

Não aplicável

CPC 12 NBC TG 12 1.151/09 Ajuste a Valor Presente

Não aplicável

CPC 13 NBC TG 13 1.152/09 Adoção Inicial da Lei nº. 11.638/07 e da Medida

Provisória nº 449/08

Não Aplicável

CPC 14 CPC atualizado. Deixou de ser aplicado após

adoção do CPC 38, CPC39 e CPC 40

Transformado em OCPC 03

Instrumentos Financeiros – Fase I

IFRS 3 CPC 15 R1 NBC TG 15 (R3) DOU 01/12/14 Combinação de Negócios

IAS 2 CPC 16R1 NBC TG 16 (R1) DOU 20/12/13 Estoques

IAS 11 CPC 17R1 NBC TG 17 1.411/12 Contratos de Construção

IASB CPC Nova Numeração Resolução Nome da Norma

IAS 28 CPC 18R2 NBC TG 18 (R2) DOU 06/11/15 Investimento em Coligada/controlada,

Empreend. Controlado em Conjunto

IAS 31 CPC 19R2 NBC TG 19 (R2) DOU 06/11/15 Negócios em Conjunto

IAS 23 CPC 20 NBC TG 20 (R1) DOU 06/11/15 Custos de Empréstimos

IAS 34 CPC 21 NBC TG 21 (R3) DOU 06/11/15 Demonstração Intermediária

IFRS 8 CPC 22 NBC TG 22 (R2) DOU 06/11/15 Informações por Segmento

IAS 8 CPC 23 NBC TG 23 (R1) DOU 20/12/13 Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de

Erro

IAS 10 CPC 24 NBC TG 24 (R1) DOU 20/12/13 Evento Subsequente

IAS 37 CPC 25 NBC TG 25 (R1) DOU 01/12/14 Provisões, Passivos Contingentes e Ativos

Contingentes

IAS 1 CPC 26R1 NBC TG 26 (R3) DOU 06/11/15 Apresentação das Demonstrações Contábeis

IAS 16 CPC 27 NBC TG 27 (R3) DOU 06/11/15 Ativo Imobilizado

IAS 40 CPC 28 NBC TG 28 (R3) DOU 06/11/15 Propriedade para Investimento

49

IAS 41 CPC 29 NBC TG 29 (R2) DOU 06/11/15 Ativo Biológico e Produto Agrícola

IAS 18 CPC 30R1 NBC TG 30 1.412/12 Receitas

IFRS 5 CPC 31 NBC TG 31 (R3) DOU 06/11/15 Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação

Descontinuada

IAS 12 CPC 32 NBC TG 32 (R2) DOU 17/04/14 Tributos sobre o Lucro

IFRS 19 CPC 33R1 NBC TG 33 (R2) DOU 06/11/15 Benefícios a Empregados

IAS 27 CPC 35 R2 NBC TG 35 (R2) DOU 26/12/14 Demonstrações Separadas

IAS 27 CPC 36 R3 NBC TG 36 (R3) DOU 06/11/15 Demonstrações Consolidadas

IFRS 1 CPC 37R1 NBC TG 37 (R4) DOU 06/11/15 Adoção Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade

IAS 39 CPC 38 NBC TG 38 (R3) DOU 01/12/14 Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração

IAS 32 CPC 39 NBC TG 39 (R3) DOU 01/12/14 Instrumentos Financeiros: Apresentação

IFRS 7 CPC 40 NBC TG 40 (R2) DOU 06/11/15 Instrumentos Financeiros: Evidenciação

IAS 33 CPC 41 NBC TG 41 (R1) DOU 17/04/14 Resultado por Ação

IFRS 1 CPC 43R1 NBC TG 43 1.315/10 Adoção Inicial das NBC Ts Convergidas em 2009

Não aplicável

CPC 44 NBC TG 44 DOU 26/06/13 Demonstrações Combinadas

IFRS 12 CPC 45 NBC TG 45 (R2) DOU 06/11/15 Divulgação de Participações em Outras Entidades

IFRS 13 CPC 46 NBC TG 46 (R1) DOU 01/12/14 Mensuração do Valor Justo

IFRS SME CPC PMER1 NBC TG 1000 1.255/09 Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas.

Quadro 8 Relacionamento entre IFRS CPC e Resoluções CFC Normas Gerais Fonte: Adaptado de Deloitte (2015); CFC (2015) e CFC (2009)

As normas completas são aplicadas às empresas de grande porte,

definidas pela Lei nº. 11.638/0711, como sendo aquelas que têm obrigação pública

de prestar contas; e as normas simplificadas para PMEs, conforme Resolução nº.

1.255/09 do CFC; seguiu o IASB para definir Pequenas e Médias Empresas

(PMEs), como aquelas que não têm obrigação pública de prestação de contas e

elaboram demonstrações contábeis para fins gerais para usuários externos.

11

Demonstrações Financeiras de Sociedades de Grande Porte: Art. 3

o Aplicam-se às sociedades de grande porte, ainda que não constituídas sob a forma de

sociedades por ações, as disposições da Lei nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, sobre escrituração e elaboração de demonstrações financeiras e a obrigatoriedade de auditoria independente por auditor registrado na Comissão de Valores Mobiliários. Parágrafo único. Considera-se de grande porte, para os fins exclusivos desta Lei, a sociedade ou conjunto de sociedades sob controle comum que tiver no exercício social anterior, ativo total superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e quarenta milhões de reais) ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais). (BRASIL, 1976).

50

A IFRS for SMEs é um conjunto independente de princípios contábeis

baseado na versão das IFRS-full; é organizada por tópico para facilitar seu uso

como manual de referência.

O IASB afirma que a IFRS for SMEs é um conjunto independente de

princípios contábeis baseado em uma simplificação da versão das IFRS-full, com

menos de 300 páginas, projetado para atender às necessidades e capacidades das

pequenas e médias, que se estima representam mais de 95% de todas as

empresas em todo o mundo.

A IFRS for SMEs inclui exigências para o desenvolvimento e aplicação de

políticas contábeis na ausência de orientação específica sobre determinado

assunto, na prática entende-se que quando a IFRS for SMEs for omissa o IFRS-full

será requerido.

Para a simplificação da IFRS for SMEs alguns tópicos da IFRS-full foram

omitidos12 por não serem relevantes; algumas políticas contábeis contidas na IFRS-

full não são permitidas, pelo fato de haver um método simplificado disponível para

SMEs; simplificação de muitos princípios de reconhecimento e mensuração

constantes da versão IFRS-full; redução significativa no número de divulgação, e

linguagem e explicações simplificadas.

Como resultado dessas simplicações a versão IFRS for SMEs é

equivalente a aproximadamente 10% do tamanho e contêm apenas cerca de 10%

das divulgações exigidas pela versão IFRS-full. (DELOITTE, 2011).

A IFRS for SMEs não trata dos tópicos a seguir, visto que não costumam

ser relevantes para SMEs (RIVA, 2013). Estes tópicos são discutidos na versão

IFRS-full:

Lucro por ação.

Demonstrações financeiras intermediárias.

Informações por segmento.

12

About the IFRS for SMEs - Topics not relevant for SMEs are omitted. Examples: earnings per share, interim financial reporting and segment reporting. Many principles for recognising and measuring assets, liabilities, income and expenses in full IFRSs are simplified. For example, amortise goodwill; expense all borrowing and development costs; cost model for associates and jointly-controlled entities; and undue cost or effort exemptions for specific requirements. Significantly fewer disclosures are required (roughly a 90 per cent reduction).

51

Seguros (uma vez que empresas que vendem contratos de seguro ao

público, geralmente são empresas obrigadas a prestar contas ao público).

Ativos não correntes mantidos para venda (apesar de manter um ativo

para venda ser citado como indicador de possivel perda no valor recuperavel).

No Brasil, o CPC-PME adotou os mesmos padrões da IFRS for SMEs, para

definição de pequenas e médias empresas, conceitos e princípios gerais, e

apresentação das demonstrações contabeis, como demonstra o Quadro 9 que faz

um comparativo.

CPC/IFRSs CPC-PME/IFRS-SME

Base Ambos baseados nos mesmos conceitos do IFRS

Número de Normas 50+ 1

Páginas 3.000+ 230

Itens de Divulgação 3.000+ 300

Atualização Anual 3 em 3 anos

Empreendimentos em conjunto Consolidação Proporcional Equivalência Patrimonial

Propriedade para investimento Custo ou valor justo Valor justo

Plano de pensão benefício definido

Diferir ganhos e perdas atuariais

Não tem diferimento de ganhos e perdas

Instrumentos Financeiros 4 categorias Simplificado

Custos de empréstimos Capitalizar Não capitalizar

Ágio/Intangível (vida útil determinada) Não amortizar Amortizar

Custos com Desenvolvimento Capitalizar Não capitalizar

Revisão de vida útil e valor residual Anual

Apenas se tiver indicativos de mudança

Quadro 9 Comparativo CPCs/IFRSs x CPC-PME/IFRS-SMEs Fonte: Deloitte (2012, p. 22-23)

O IASB, desde a adoção da IFRS for SMEs, recebia questionamentos

sobre a adequação destas normas para micro e pequena empresa, em que se

argumentava que muitas dessas empresas elaboram demonstrações financeiras

52

exclusivamente para submeter às autoridades fiscais com o propósito de

determinar o lucro tributável. No entanto, o IASB se remetia ao objetivo das

normas, as quais são destinadas para aplicação a demonstrações financeiras para

fins gerais, ou seja, à necessidade de informações comuns para uma ampla

variedade de stakeholders (usuários) externos além do interno, por exemplo,

acionistas, proprietários e gestores de empresas, credores, empregados, e o

público em geral (sociedade), enfim, usuários que não estejam em posição de

exigir relatórios para atender suas necessidades específicas de informações sobre

a posição financeira, o desempenho e os fluxos de caixa de uma entidade13.

Igualmente, o IASB argumenta que a determinação do lucro tributável e a

determinação do lucro a distribuir aos acionistas e proprietários de empresas, não

constituem objetivos específicos da IFRS for SMEs, assim como não tem por

objetivo também fornecer informações a proprietários-gerentes para ajudá-los a

tomar decisões administrativas.

Nesta mesma linha do IASB, o CFC, ratifica que as demonstrações

contábeis produzidas para o uso de proprietários-administradores, ou apenas para

o uso fiscal não são necessariamente demonstrações contábeis para fins gerais.

(CFC, 2009).

As PMEs muitas vezes produzem demonstrações contábeis apenas para o uso de proprietários-administradores ou apenas para o uso de autoridades fiscais ou outras autoridades governamentais. Demonstrações contábeis produzidas apenas para esses propósitos não são, necessariamente, demonstrações contábeis para fins gerais.

Depois de quase três anos da recepção da IFRS for SMEs, pelo CPC para

PMEs, transformada pelo CFC em Norma Contábil Brasileira pela Resolução nº.

1.259, de 10 de dezembro de 2009, o CFC emitiu a Resolução nº. 1.418, de 05 de

dezembro de 2012, que aprova a ITG 1000 como sendo Modelo Contábil para

Microempresa e Empresa de Pequeno Porte.

13

IFRSs are designed to apply to the general purpose financial statements and other financial reporting of all profit-oriented entities. General purpose financial statements are directed towards the common information needs of a wide range of users, for example, shareholders, creditors, employees and the public at large. General purpose financial statements are intended to meet the needs of users that are not in a position to demand reports tailored to their particular information needs. General purpose financial statements provide information about an entity’s financial position, performance and cash flows. (IASB, 2009).

53

Neste sentido o Brasil saiu na frente do IASB, que só veio a definir um guia

para microempresa, intitulado A Guide for Micro-sized Entities Applying the IFRS

for SMEs, em junho de 2013.

O referido Guia14, não define em termos quantitativos o que vem a ser uma

micro, no entanto menciona que, comumente, se trata de uma entidade pequena,

com operações simples e normais, tem poucos funcionários e, muitas vezes, é

gerida pelo proprietário, e têm baixos ou moderados níveis de receitas e ativos.

(IASB, 2013).

Neste sentido o CFC, pela Resolução nº. 1.418/09 definiu limites

quantitativos, cujos valores são aqueles contidos na Lei Complementar nº.

123/0615, para definir o que é considerado Microempresa e Empresa de Pequeno

Porte (MPE), que são permitidas e possam fazer uso deste modelo contábil:

Para fins desta Interpretação, entende-se como ‘Microempresa e Empresa de Pequeno Porte’ a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada ou o empresário a que se refere o Art. 966 da Lei nº. 10.406/02, que tenha auferido, no ano calendário anterior, receita bruta anual até os limites previstos nos incisos I e II do Art. 3º da Lei Complementar nº. 123/06.

Este modelo contábil definido pelo CFC é ainda mais resumido se

comparado ao CPC para PMEs, pois, esta norma contempla apenas treze páginas,

cujo conteúdo é bastante sucinto e de simples entendimento. A norma recomenda

critérios contábeis mais simplificados como, por exemplo, adoção do método linear

para cálculo da depreciação do imobilizado, o custo dos estoques deve ser

calculado considerando os custos individuais dos itens, sempre que possível. Caso

contrário, deve ser calculado por meio do uso do método “Primeiro que Entra,

Primeiro que Sai” (PEPS), ou o método do custo médio ponderado; os estoques

14

This Guide is intended for use by a micro entity that is within the scope of the IFRS for SMEs (ie that does not have public accountability and that publishes general purpose financial statements in accordance with the IFRS for SMEs). An entity has public accountability, and should therefore be using full IFRSs, if its debt or equity instruments are traded in a public market (or it is in the process of issuing such instruments for trading in a public market) or it holds assets in a fiduciary capacity for a broad group of outsiders as one of its primary businesses. (IASB, 2009). 15

O critério adotado para definir de forma quantitativa uma micro e pequena empresa para efeitos de tributação, cumprimento de obrigações trabalhistas e acesso ao crédito do governo é a receita bruta anual, cujos valores são os seguintes: (i) Microempresa, receita bruta anual igual ou inferior a R$ 360 mil; (ii) Empresa de Pequeno Porte, receita bruta anual superior a R$ 360 mil e igual ou inferior a R$ 3.600 milhões.

54

devem ser mensurados pelo menor valor entre o custo e o valor realizável líquido,

dentre outros.

Quando se compara o modelo contábil para MPE do CFC, com o modelo

do IASB verifica-se que a IFRS for Micro-sized Entities é muito mais ampla e requer

muito mais análise e julgamento, mesmo sendo uma versão resumida de 101

páginas das 232 da IFRS for SMEs; procura descrever com detalhes cada uma das

35 seções de seu pronunciamento para as Micro-sized Entities.

O Quadro 10 compara o modelo contábil brasileiro com o modelo do IASB.

Item CFC - Resolução nº. 1418/2010

Micro-sized Entities - 2013

Quantidade de páginas 13 101

Quantidade de Normas 3 (estoque/imobilizado/receitas)

35 seções - resumidas do IFRS

for SMEs

Demonstrações Contábeis

Balanço Patrimonial Obrigatório Obrigatório

Demonstração do Resultado do Exercício

Obrigatório Obrigatório

Notas Explicativas Obrigatório Obrigatório

Demonstração do Fluxo Caixa

Não Obrigatório - CFC estimula Uso Obrigatório

Demonstração do Resultado Abrangente

Não Obrigatório - CFC estimula Uso Não Relacionado

Demonstração das Mutações do Patrimônio

Líquido Não Obrigatório - CFC estimula Uso

Obrigatório

Critérios e Procedimentos Contábeis

O custo dos estoques

Todos os custos de aquisição, transformação e outros incorridos para trazer os estoques ao seu local. Calculados por Custos

Individuais quando possível, ou PEPS ou Custo Médio Ponderado. Mesmo do CFC

Estoques Devem ser mensurados pelo menor

valor entre o custo e o valor realizável líquido Mesmo do CFC

Imobilizado

Mensurado pelo Custo de aquisição + II + tributos não recuperáveis,

mais gastos incorridos diretamente para colocar em operação (-)

descontos ou abatimentos s/valor aquisição.

Mesmo do CFC

55

Imobilizado - teste de recuperabilidade

Anualmente verificar declínio significativo de valor de mercado;

obsolescência e quebra. Mesmo do CFC

Valor Depreciado

Método Linear

Estimativa de vida util; Valor custo - Valor

Residual; base sistematica. Teste

Impairment (recuperabilidade).

Recebimento de valor a receber de clientes

Quando houver incerteza consituir conta retificadora - “perda estimada

com créditos de liquidação duvidosa”

Mesmo CFC; no entanto cita a

possibilidade de reversão resultado

imediatamente.

Outras correlações

Carta de Responsabilidade da Administração

Declaração do proprietário ou gestor principal das MPEs de que cumpriu com todas as obrigações legais, não sonegou, e entregou

todos os documentos ao profissional da contabilidade.

Não relacionado

Modelo de Balanço Define modelo simplificado

Define modelo simplificado

Modelo de DRE Define modelo simplificado

Define modelo simplificado

Modelo Plano de Contas Simplificado

Define modelo simplificado Não relacionado

Quadro 10 Modelo Contábil MPEs Brasil com a IFRS Micro-sized Entities

Fonte: Elaborado pelo Autor

Os estudos sobre as normas internacionais aplicadas às microempresas e

empresas de pequeno porte evidenciou que o Brasil se antecipou ao IASB e, desde

2009, adotou modelo contábil para microempresa e empresa de pequeno porte,

bastante resumido, pois são apenas 13 páginas, sem qualquer complexidade

quanto aos critérios e procedimentos contábeis. Faz citação sobre como avaliar e

reconhecer o custo, estoque, imobilizado, define forma de depreciação linear para

os imobilizados e teste de recuperabilidade por declínio significativo no valor de

mercado, obsolescência e quebra, sugere teste de recuperabilidade dos valores a

56

receber de clientes, e exige a elaboração de um balanço patrimonial simples e

reduzido, com a demonstração de resultado do período e as notas explicativas.

Ainda foi possível verificar pelos estudos, que estas poucas normas não

são complexas ao ponto de requerer do profissional da contabilidade um

julgamento profissional profundo, que ofereça riscos à sua análise e a decisão para

reconhecer, mensurar e divulgar os respectivos fatos contábeis baseado no

subjetivismo responsável.

As pesquisas revelaram que se estima que mais de 95% das empresas de

todo o mundo estão aptas a adotar a IFRS for SMEs; no Brasil, conforme

estatística do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), é de

97,03%, dos quais aproximadamente 78% são consideradas Microempresas (ME)

e Empresas de Pequeno Porte (EPP). (IBPT, 2013).

O Quadro 11 apresenta o grau de complexidade das normas versus o

percentual das empresas obrigadas.

Quadro 11 Grau de Complexidade das Normas x % Empresas Obrigadas Fonte: Elaborado pelo Autor

57

Conforme se observa no Quadro 10, aproximadamente 75% das empresas,

existentes no Brasil, algo em torno de 6,8 milhões, estão aptas a adotar o modelo

contábil simplificado para as MPEs, em conformidade com a Resolução nº.

1.418/12. (CPC, 2012).

4.2. Matriz de Materialidade

A matriz de materialidade revelou 3 razões nos quadrantes de interseção

demarcados como temas de maior materialidade, conforme mostra o Gráfico 4

(Matriz de Materialidade das Razões Principais), na página 45, que podem ajudar a

explicar as dificuldades para adoção pelas microempresas e empresa de pequeno

porte (MPEs), das normas internacionais de contabilidade. São elas, pela ordem:

1. Prática recorrente de sonegação fiscal por parte do cliente.

2. Desinteresse do empresário pela contabilidade.

3. Preço dos honorários para execução dos serviços contábeis.

A falta de sistema e de controle interno também foi considerada

razoavelmente importante na visualização dos quadrantes (média para alta

materialidade), seguida da falta de fiscalização dos órgãos governamentais, falta

de profissional no mercado que seja capaz de fazer o trabalho contábil e, por

último, como razão não tão importante está a dificuldade que o profissional de

contabilidade tem de interpretar e aplicar as normas de contabilidade para

microempresa e empresa de pequeno porte.

O primeiro fator sonegação é o fator mais preponderante que dificulta

a adoção das normas pelas MPEs e Drummond, editor da Revista Carta Capital

(2015), afirma que a sonegação de impostos no Brasil tem sete vezes o tamanho

da corrupção; 500 bilhões por ano deixam de ser recolhidos aos cofres públicos no

País.

Ele cita um exemplo de um comerciante que simula a compra de 50

milhões de litros de combustível, adquire só 10 milhões de litros físicos e obtém,

58

mediante pagamento, notas fiscais falsas no valor de 40 milhões. Ele negociou de

fato somente aqueles 10 milhões, mas trouxe para a economia formal os 40

milhões de origem ilícita, por meio desse mecanismo de “lavagem”, sem recolher

os impostos devidos. Tanto a parcela superfaturada, os recursos de propinas,

tráfico de drogas, de armas e de pessoas, contrabando, falsificações, corrupção e

renda sonegada, precisam retornar à economia com aparência de origem lícita,

para as atividades criminosas prosseguirem.

Drummond ainda destaca que os impostos mais sonegados são os

relativos ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), o Imposto sobre Operações

relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de

Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), o Imposto de

Renda (IR) e as contribuições sociais pagas com base nas declarações das

empresas. Os impostos indiretos, embutidos nos produtos e serviços, e o Imposto

de Renda retido na fonte, incidentes sobre as pessoas físicas, são impossíveis de

sonegar. A pessoa jurídica cobra os tributos, mas, algumas vezes, não os repassa

ao governo.

Um estudo realizado pelo IBPT sobre sonegação fiscal das empresas

Brasileiras (IBPT, 2009), aponta que o setor industrial é o que apresenta

atualmente, em termos proporcionais e em valores, o maior número de empresas

que praticam algum tipo de sonegação. Isto se deve ao fato de que este setor

possui o maior faturamento da economia brasileira e destaca que há indícios de

sonegação em 64,65% das empresas de pequeno porte.

Os Quadros 12, 13 e 14 apresentam os indícios de sonegação por setor,

por porte de empresa e por tributos mais sonegados.

Quadro 12 Indícios de Sonegação por Setor Fonte: IBPT (2009, p.5)

59

Quadro 13 Indícios de Sonegação por Porte de Empresa Fonte: IBPT (2009, p.5)

O estudo ratifica as afirmações de Drummond, da Revista Carta Capital, e

também destaca que o INSS é o tributo mais sonegado, seguido do ICMS, Imposto

de Renda, Imposto Sobre Serviços (ISS) e as demais contribuições.

Quadro 14 Tributos Mais Sonegados Fonte: IBPT (2009, p.6)

O IBPT, em seus estudos, ainda aponta que os principais tipos de

sonegação ou fraude fiscal praticada pelas empresas, são:

Venda sem nota; venda com “meia” nota; venda com “calçamento” de

nota; duplicidade de numeração de nota fiscal.

Compra de notas fiscais.

Deixar de registrar empregados.

Passivo fictício ou saldo negativo de caixa (contrato de mútuo sem

lastro).

Deixar de recolher imposto retido de terceiros.

60

Acréscimos patrimoniais sem comprovação da pessoa física do

empresário.

Saldo de caixa elevado.

Distribuição disfarçada de lucro.

Doações irregulares.

A reportagem do Jornal Valor Econômico (2013) destaca que, segundo

levantamento feito pelo grupo internacional Tax Justice Network, no mundo, o

Brasil só perde para a Rússia em sonegação fiscal, com valor correspondente a

13,4% do Produto Interno Bruto (PIB). E entre os fatores que incentivam a

sonegação no país, está a complexidade que afeta até mesmo ao empresário bem-

intencionado, outro fator é a falta de punibilidade mais severa para crimes contra a

ordem tributária.

O segundo fator desinteresse do empresário pela contabilidade

que se mostrou mais preponderante e apontado pela pesquisa revela que uma

possível explicação para esta questão pode estar nos estudos sobre as empresas

de pequeno porte e a contabilidade de Kassai (1997, p.7), que afirma:

É grande o número de empreendedores que, após criar sua empresa, passam a desempenhar um papel gerencial, seja geral ou específico. No entanto, em muitos casos, o empreendedor possui conhecimento técnico da área em que pretende atuar, mas não tem experiência de exercer um papel administrativo. [...] e agora pretende dirigir sua própria empresa, deparando-se com problemas de administração de pessoal, produção, compras, capital de giro entre outros [...]. O empreendedor, dessa forma, passa a dedicar seu tempo à solução de problemas rotineiros e acaba perdendo a visão do negócio, a dimensão do planejamento e até abandonando a busca de oportunidades.

O mesmo estudo acrescenta que uma das principais dificuldades

enfrentadas pelos empreendedores na administração de sua empresa diz respeito

à compreensão dos aspectos financeiros e contábeis do negócio e, muitas vezes, a

decisão é tomada com base no sentimento.

O artigo de Ueno e Casa Nova (2006) enfatiza que desde o nascimento do

empreendimento o gestor cultiva certa aversão à Contabilidade em virtude de

atribuí-la às obrigações burocráticas e fiscais.

61

Já o artigo publicado no site UOL Notícias Economia (2012) aborda a

pesquisa do SEBRAE que aponta que a taxa de mortalidade de empresas nos

primeiros dois anos de atividade é de 26,9%; lista os seis maiores erros que levam

a empresa à falência, entre eles três dizem respeito diretamente à Contabilidade:

Descontrole do fluxo de caixa, muitos empresários se perdem quando o

assunto é administração financeira.

Não acompanhar a rotina da empresa, falta de processos e controles.

Falta de planejamento – definição de um plano de negócio, definição de

público alvo, fornecedores, custos fixos e variáveis, impostos sobre as operações

de vendas.

Nesta mesma linha, corroboram Lenzi e Kiesel (2009) ao destacarem

catorze causas de fracasso que, em conjunto ou separadamente, justificam a

mortalidade das empresas:

Falta de planejamento e memória de cálculo adequado.

Desconhecimento de tributação.

Expansão além dos recursos.

Análise financeira e de custo inadequada.

Falta de informação acerca de seus clientes/mercado.

Nepotismo.

Centralização excessiva.

Conflitos internos.

Miopia de vendas.

Individualismo.

Falta de liderança e gestão de pessoas.

Cultura da qualidade incipiente.

Produção e logística ineficientes.

Ações estratégicas e de negociações falhas.

62

Segundo Schermerhorn Jr. (2007), uma das maiores dificuldades que as

PMEs enfrentam é não utilizar a contabilidade como instrumento de tomada de

decisões; acrescenta que existem outras ferramentas que ajudam na tomada de

decisão como, por exemplo, o fluxo de caixa que serve para o controle de todas as

contas relacionadas às entradas e saídas de recursos financeiros.

O terceiro fator preço dos honorários para execução dos serviços

contábeis apontou a remuneração cobrada pelos profissionais da contabilidade,

os honorários contábeis.

Não há dúvidas que, em termos de quantidade, os maiores usuários dos

serviços das empresas de serviços contábeis são as MPEs, sendo, portanto, este

o objeto de concentração de suas atuações enquanto prestadoras de serviços.

É fato recorrente, no segmento das empresas de serviços contábeis,

discussões sobre o aviltamento de honorários; do lado do empresário contábil há a

alegação que os valores dos honorários contábeis não são suficientes para

remunerar todas as obrigações impostas pelo governo brasileiro às empresas que

são decorrentes de complexas Leis tributárias que frequente e rotineiramente são

alteradas e exigem obrigações fiscais acessórias incontáveis (sob pena de incorrer

em pesadíssimas multas por omissão ou erro). Naturalmente, se ocupando, de

todas estas obrigações e responsabilidades de natureza fiscal-tributária ao

empresário contábil não sobrará quase nenhum tempo para realizar os nobres

trabalhos de contabilidade previstos no código de ética da classe; e do lado do

cliente há o já consagrado pensamento que o escritório de contabilidade só serve

para mandar as guias dos impostos para pagar e não consegue enxergar que o

serviço de um profissional de contabilidade é mais do que gerar guias; o principal é

a contabilidade; é produzir informações contábeis para planejamento e tomada de

decisão, independente do tamanho da empresa cliente.

Diante deste conflito, o empresário contábil, para não perder o cliente para

outro concorrente, comumente opta em manter os valores dos honorários cobrados

em detrimento da qualidade dos trabalhos executados.

As empresas devem aproveitar a concorrência como oportunidade

saudável para rever seu planejamento, sua estrutura de custos, produtos e serviços

oferecidos e desenvolvidos, pois para Porter (1989), a presença dos concorrentes

63

certos pode produzir uma variedade de benefícios estratégicos, sendo benéfico não

só para os concorrentes como também para a própria empresa, além de permitir

que uma empresa amplie sua vantagem competitiva.

Buscar equilíbrio entre o custo e os honorários contábeis que permita ao

profissional da contabilidade realizar uma prestação de serviço que satisfaça a si e

ao cliente na qual se inclui a entrega ao empresário de informações contábeis

que o auxiliem na criação de vantagem competitiva no seu negócio, são

necessidades que exigem mudança na forma de pensar do profissional de

contabilidade.

As organizações que prestam serviços profissionais mudaram dramaticamente com o passar dos anos. Os profissionais têm de enfrentar cada vez mais os concorrentes, a crescente insatisfação do público com os profissionais liberais, as tecnologias rapidamente mutáveis e outras mudanças ocorridas no ambiente externo. (KOTLER; HAYES; BLOOM, 2002, p.25).

No que se refere à matriz de materialidade, em outro quadrante, o de

fatores de média para alta materialidade dessa matriz, a pesquisa identificou 4

razões: falta de controle interno e sistema da empresa; falta de fiscalização; falta

de profissionais da contabilidade para trabalhar como empregado de empresa de

serviços contábeis e a dificuldade de entendimento e interpretação da norma por

parte do profissional da contabilidade.

Quanto ao fator controle interno e sistema de empresa, deve-se destacar

que o empreendedor ao iniciar um negócio tem a expectativa que prospere,

obtenha lucros para manter a empresa sempre em continuidade; no entanto, neste

sentido a pesquisa do SEBRAE (2014) aponta que dentre as principais causas da

mortalidade das empresas estão: a falta de planejamento prévio, a gestão

empresarial e o comportamento do empreendedor, o que reforça a pesquisa no

sentido de que este fator é importante para o esclarecimento que a falta do

planejamento e do controle interno do sistema de gestão leva ao desinteresse do

empresário pela informação contábil.

O mesmo estudo enfatiza a relevância de se ter um plano de ações para

atingir as metas e os objetivos, bem como, definir aonde se quer chegar. As

empresas que tendem a sobreviver mais no mercado estão sempre atualizadas no

64

que diz respeito às tecnologias do setor, inovam constantemente em processos e

procedimentos e investem em capacitação das pessoas.

Igualmente, o estudo destaca que intensificar o contato com outras

empresas, bancos, entidades e também o Governo aumenta as chances de

sobrevivência das empresas. Estes microempresários e empresários de pequeno

porte que fecharam suas empresas consideram o planejamento prévio como fator

mais importante para a sobrevivência da empresa. Já aqueles que estão em

atividade apontam o planejamento prévio combinado à gestão após a abertura do

negócio, e aponta que a estratégia da diferenciação se mostrou mais vantajosa

para a permanência das empresas no mercado do que a estratégia de custos. Se

antecipar aos fatos, buscar intensamente informações e persistir nos objetivos são

comportamentos que distinguem os empreendedores de sucesso.

Estas constatações deste estudo do SEBRAE são importantes para o

entendimento que, mesmo sendo uma microempresa ou uma empresa de pequeno

porte é preciso ter sistema de informática, procedimentos e controles internos para

que seja possível cumprir seu objetivo principal que é o lucro e a manutenção de

sua atividade.

Em relação à falta de fiscalização por partes dos órgãos governamentais e

do conselho de classe (CRC), o que a pesquisa demonstrou foi que se estes

órgãos intensificassem mais as ferramentas de fiscalização em muito ajudaria a

coibir a sonegação fiscal das empresas (já comentada neste trabalho), assim como

o CRC exigir do profissional da contabilidade mais eficácia nas suas obrigações

profissionais.

As duas últimas razões (mas não menos importantes) apontadas pela

pesquisa, dizem respeito diretamente à formação do profissional da contabilidade;

a falta de profissionais de contabilidade, capacitados para fazer os trabalhos de

contabilidade que são requeridos pelas normas internacionais de contabilidade, é

uma razão importante que exige da academia esforços para reparar esta

deficiência que é de ordem de conteúdo programático; desta forma, é preciso

conhecer o que o mercado precisa e a partir desta necessidade formar melhor o

estudante de graduação de Ciências Contábeis.

Em relação ao entendimento e interpretação da norma de contabilidade

especificamente para as microempresas e empresas de pequeno porte foi

apontada como menos relevante, e como discutido nesta pesquisa, as exigências

65

sobre as normas de contabilidade para MPEs, não são complexas e são apenas 3

normas, basta visitar a Resolução CFC nº. 1.418/12, denominada ITG1000, que

trata do modelo contábil para MPEs e verificar a simplicidade das demonstrações

contábeis exigidas, destacando que a Demonstração de Fluxo de Caixa, e a

Demonstração de Mutação do Patrimônio Líquido não são obrigadas, apenas

estimulada a sua preparação pelo CFC:

26. A entidade deve elaborar o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado e as Notas Explicativas ao final de cada exercício social. Quando houver necessidade, a entidade deve elaborá-los em períodos intermediários.

27. A elaboração do conjunto completo das Demonstrações Contábeis, incluindo além das previstas no item 26, a Demonstração dos Fluxos de Caixa, a Demonstração do Resultado Abrangente e a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, apesar de não serem obrigatórias para as entidades alcançadas por esta Interpretação, é estimulada pelo Conselho Federal de Contabilidade.

Os estudos sobre a referida Resolução identificaram que, na questão do

custo existe uma relativa dificuldade, mais especificamente para as micros e

pequenas empresas do segmento das indústrias que representam, nas pesquisas

do SEBRAE (2014, p.35), 9,8% do total das empresas consideradas MPEs; para

elas os custos de estoque devem contemplar os custos de transformação (custo de

produzir), o que requer controle dentro da empresa. Quanto ao comércio, o custo

do estoque não representa dificuldade e para o setor de serviço inexiste o custo de

estoque, ambos os setores representam mais de 90% da MPEs do Brasil.

4.3. Outros Resultados

Alguns resultados interessantes, obtidos das respostas aos questionários e

entrevistas e das pesquisas bibliográficas, destacam-se:

A ponderação do resultado da academia, que atingiu 6 para a Norma,

quase o número máximo se considerar que a nota máxima é 7 e a mínima 1, a

pergunta era quais questões na sua visão da academia dificultam a adoção das

normas para microempresas e empresas de pequeno porte?

66

Retornaram 22 respostas aos questionários, além de 4 entrevistas;

participaram professores da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-

SP), Universidade de São Paulo (USP), Centro Universitário Padre Anchieta

(UniAnchieta) de Jundiaí e Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado

(FECAP), que entenderam que as normas (propriamente) representam a razão

maior que justifica a dificuldade para adoção das normas contábeis internacionais.

Embora a pergunta dissesse respeito ao porte de microempresa e empresa de

pequeno porte, as respostas tiveram um viés que considerou a complexidade das

normas de uma forma geral, incluindo as normas completas e as da PMEs.

Das entrevistas é possível destacar a sensibilidade dos professores ao

reconhecer que o ensino da contabilidade no Brasil segue em passos lentos e não

acompanha a evolução das normas internacionais; são inúmeras as pesquisas que

relatam o despreparo do professor quanto a esta nova exigência, bem como a

necessidade de atualização da grade curricular que não está em aderência ao que

o mercado necessita, o que justifica a outra razão, que é a falta de profissionais de

contabilidade cuja ponderação pela opinião dos professores atingiu a nota 5.

O Quadro 15 apresenta a ponderação das respostas relativas à academia.

Quais questões dificultam a adoção das normas MPEs

Academia

Norma 6

Falta de Profissionais 5

Fiscalização 2

Controle e Sistema 3

Contabilidade para empresário 4

Honorários 3

Sonegação 5

Quadro 15 Ponderação das Respostas da Academia Fonte: Elaborado pelo Autor

67

Em relação aos agentes de créditos, mais especificamente os bancos, foi

possível obter 2 respostas aos questionários, em razão da exposição do nome das

instituições, e foram realizadas três entrevistas com três gerentes pessoas jurídicas

de agências bancárias de Jundiaí.

A pergunta foi: quais questões na visão do gerente do banco, aquele que

autoriza crédito às MPEs, poderiam justificar as dificuldades para adoção de uma

contabilidade baseada nas normas internacionais de contabilidade pelas MPEs?

Na sensibilidade destes agentes de crédito, a razão maior foi a sonegação,

com nota ponderada 6, seguida pela falta de interesse que o empresário tem pela

contabilidade e a falta de controle interno e de sistema de gestão, ambos com nota

ponderada 5.

O Quadro 16 apresenta a ponderação das respostas relativas aos agentes

de crédito.

Quais questões dificultam a

adoção das normas MPEs

Agentes de Crédito

Norma 3

Falta de Profissionais 3

Fiscalização 4

Controle e Sistema 5

Contabilidade para empresário 5

Honorários 3

Sonegação 6

Quadro 16 Ponderação das Respostas dos Agentes de Crédito Fonte: Elaborado pelo Autor

68

Na visão destes gerentes de banco a contabilidade das MPEs não é capaz

de fornecer informações fidedignas para a concessão de financiamentos e

empréstimos e, com isso, acabam por se utilizarem de outras fontes de informação,

a fim de preencher a lacuna deixada pela contabilidade; geralmente solicitam a

relação de faturamento e a relação de bens do ativo imobilizado.

Neste sentido, o artigo de Kassai, Kassai e Nossa (2000, p.6) afirma:

Diante da impossibilidade de liberar os empréstimos solicitados a partir de balanços contábeis reais, o mercado adota como praxe o levantamento dessas informações extra-contabilmente. Muitas instituições financeiras16 adotam essa prática, desenvolvendo inclusive sistemas informatizados para armazenamento e análise dessas informações.

São perguntas em forma de questionário que irão, na verdade, montar os tradicionais relatórios contábeis e possibilitar a análise da provável situação da empresa [...] existem algumas amarrações e checagem de consistência, que visam impedir que o gerente (juntamente como o dono da empresa) manipulem os dados17. [...]

Segundo pesquisas realizadas, o Conselho Regional de Contabilidade de

São Paulo (CRC-SP), conta com 147.581 profissionais ativos, estando, destes,

121.399 profissionais quites com o Conselho18 (CRC-SP, 2015). Há em sua

composição 18 delegacias regionais e 127 delegacias locais que representam a

entidade em 145 cidades do estado de São Paulo.

Há especial atenção do CRC-SP com relação à educação continuada, pois

o órgão entende que apenas através do desenvolvimento profissional é possível

agregar valor à profissão.

Anualmente, são desenvolvidas inúmeras atividades com relação ao

desenvolvimento da profissão contábil, e conforme dados do CRC-SP (2015)19, os

temas mais abordados são:

Auditoria.

Contabilidade de custos.

Contabilidade gerencial.

16

A exemplo da Caixa Econômica Federal (CEF). 17

Exemplos de amarrações: margem de lucros excessiva, redutor aplicado ao projeto, correlação entre as vendas reais e o "caixa dois", nível de endividamento, CAF, evolução da receita, ranking etc. 18

Documentos Internos, disponibilizados em Reuniões Trimestrais dos Delegados Regionais (2015). 19

Informações obtidas internamente junto a Vice-Presidência de Fiscalização do CRC-SP (2015a).

69

Contabilidade pública.

Contabilidade agropastoril.

Contabilidade tributária.

Gestão de riscos.

Lei de prevenção à lavagem de dinheiro.

Terceiro setor.

Relatórios gerenciais.

Planejamento.

Contabilidade desportiva.

Contabilidade PMEs.

Carreira.

Citando um exemplo de Delegacia Regional que serve como facilitadora do

CRC junto às regiões, está a de Jundiaí que abrange Delegacias de nove outros

municípios20:

Amparo.

Atibaia.

Bragança Paulista.

Campo Limpo Paulista.

Franco da Rocha.

Itatiba.

Jundiaí.

Serra Negra.

Vinhedo.

Esta regional conta com 4.870 profissionais21.

20

Documentos Internos, disponibilizados em Reuniões Trimestrais dos Delegados Regionais (2015). 21

Idem.

70

No período compreendido entre os meses de janeiro a agosto de 2015

foram realizadas, através da Delegacia de Jundiaí, 14 atividades de

desenvolvimento profissional, cumpridas em 52 horas cumulativas, onde foram

atingidas 7 das 9 cidades membros, o que perfaz 78% de sua abrangência total,

com 13% de participação dos profissionais, o que representa em números

absolutos 653 participações, com especial destaque para o município de Itatiba, no

qual foram efetivadas 24% de participações do montante total, com 157

profissionais de contabilidade registrados no CRC como participantes. Após a

realização das atividades, o índice de satisfação foi de 86%, conforme dados da

organização.

Há também a ação de desenvolvimento elencada como Autoestudo,

elaborada e disponibilizada pelo CRC-SP através de seu site, onde, no período

compreendido entre janeiro e agosto de 2015, houve 336 participações de

profissionais desta região.

Em relação à fiscalização o CRC-SP cumpre a meta anual estabelecida

pelo Conselho Federal de Contabilidade de fiscalizar no mínimo 20% dos

profissionais e empresas de serviços contábeis registrados no Conselho, para que,

ao menos uma vez a cada cinco anos, todos tenham passado pelo processo22.

O CRC-SP esclarece que as fiscalizações têm caráter preventivo e o

processo visa conscientizar o profissional para o melhor cumprimento do seu dever

ético e profissional, por meio de medidas educativas e corretivas, bem como amplo

direito de defesa. O documento que o profissional da contabilidade assina para

comprovação de rendimento de seu cliente a DECORE23 é o que registra maior

índice de fiscalização, em razão de seu valor comprobatório (como documento nem

sempre o valor declarado é sustentado por registros e lastros contábeis).

Outros resultados interessantes seria verificar o que acontece (ver

sensibilidade mudando o percentual) se as porcentagens da ponderação da matriz

de materialidade se modificassem, diferindo das ponderações originais (objeto

deste estudo), que considera os seguintes valores: profissional contábil 30%,

proprietário da MPE 25%, 10% para agentes do governo, 10% para agentes de

crédito, 10% para sociedade e 15% para academia; em seguida há a

22

Informações obtidas internamente junto a Vice-Presidência de Fiscalização do CRC-SP (2015a) 23

DECORE – Declaração Comprobatória de Percepção de Rendimentos, comumente exigida do empresário quando vai obter crédito junto às instituições financeiras. Este documento é assinado pelo profissional da contabilidade e tem fé pública.

71

demonstração com três casos variando estas porcentagens para verificar o que

acontece com os resultados.

Caso 1 – Distribuição uniforme entre os seis usuários da informação

contábil, ou seja, 16,67% para cada. Os resultados conforme o Quadro 17 e o

Gráfico 5 é que a sonegação e o desinteresse do empresário pela contabilidade

não sofrem mudança no ranking quando comparado ao caso original, no entanto,

nesta ponderação a falta de controle interno está apontada como terceira principal

razão e o preço dos honorários como a quarta razão; em relação ao caso original

trocaram-se as ordens.

· Sonegação 5,17.

· Desinteresse do empresário pela contabilidade 4,50.

· Falta de controle interno (na empresa do cliente) 4,00.

· Preço dos honorários 3,83.

Quadro 17 Ponderação (distribuição %) Responsabilidade Igual entre Stakeholders Fonte: Elaborado pelo Autor

72

Gráfico 5 Razões Apontadas pelos Stakeholders quando Ponderação Igual Fonte: Elaborado pelo Autor

Caso 2 – Considera-se que o profissional da contabilidade, o proprietário

ou gestor principal e a academia com 25% cada um são os principais responsáveis

pela geração da informação contábil. Os resultados conforme o Quadro 18 e o

Gráfico 6 demonstram que não houve mudança se comparado à matriz de

materialidade original, ou seja, a ordem se manteve:

· Sonegação 4,95.

· Desinteresse do empresário pela contabilidade 4,65.

· Preço dos honorários 4,05.

· Falta de controle interno (na empresa do cliente) 3,85.

73

Quadro 18 Ponderação (distribuição %) Ponderação Maior para Profissional da Contabilidade, Proprietário e Academia (25%)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Gráfico 6 Razões Apontadas pelos Stakeholders Ponderação Maior para

Profissional da Contabilidade, Proprietário e Academia (25%) Fonte: Elaborado pelo Autor

74

Caso 3 – Neste ultimo caso, proprietário ou gestor principal terá o maior

peso com 35%, seguido do profissional da contabilidade com 25% e a academia

com 20%. Os resultados conforme o Quadro 19 e o Gráfico 7 demonstram que não

houve mudança se comparado à matriz de materialidade original, nem com o caso

2 demonstrado anteriormente, ou seja, a ordem se manteve:

· Sonegação 4,80.

· Desinteresse do empresário pela contabilidade 4,60.

· Preço dos honorários 4,25.

· Falta de controle interno (na empresa do cliente) 3,85.

Quadro 19 Ponderação (distribuição % ) Ponderação Maior para Proprietário Gestor Principal (35%)

Fonte: Elaborado pelo Autor

75

Gráfico 7 Razões Apontadas pelos Stakeholders Ponderação Maior para Proprietário Gestor Principal (35%)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Em relação aos testes de sensibilidade concluiu-se que as variações nas

ponderações dadas, para medir a responsabilidade de cada stakeholder na

geração da informação contábil, não têm mudanças relevantes, ao ponto de

interferir no resultado que determina a ordem das principais razões; razões que

explicam as dificuldades encontradas pelo profissional da contabilidade, para fazer

a adoção das normas contábeis no padrão internacional para as microempresas e

empresas de pequeno porte.

4.4. Recomendações

Este estudo permitiu conhecer algumas das principais razões que

dificultam a adoção das normas contábeis – padrão internacional por PMEs, o que

76

possibilita que sejam feitas recomendações, no sentido de contribuir para sua

eliminação ou melhoria.

Assim, recomenda-se:

Ao profissional da contabilidade, que:

o Procure criar vantagens competitivas que possam valorizar seu

trabalho; revise sua estrutura operacional, promova o estudo de seu

pessoal e utilize a informática a seu favor, para que o trabalho

manual de digitação seja eliminado.

o Participe das atividades de educação continuada oferecidas pelo

CRC-SP.

o Procure estudar as normas contábeis para PMEs e MPEs e use o

conhecimento a seu favor como uma vantagem competitiva.

o Estabeleça uma maior aproximação do cliente, através de reuniões e

conversas rotineiras possibilitando conhecer suas ideias a respeito

da empresa e oferecer ajuda.

o Promova a divulgação das demonstrações contábeis ao cliente e

mostre suas vantagens.

o Revise o contrato de prestação de serviços contábeis.

o Lembre-se que a contabilidade é uma obrigação ética e profissional

e não pode deixar de ser feita.

Ao empresário cliente, que:

o Exija do seu profissional de contabilidade as demonstrações

contábeis, não só as guias dos impostos.

o Use a ferramenta do fluxo de caixa e o controle de estoque, no

mínimo, para gerir a empresa e se precisar de ajuda peça ao

profissional da contabilidade.

o Discuta com o profissional da contabilidade os custos dos serviços

contábeis para que seja elaborado o contrato de prestação de

77

serviços contábeis que remunere, de forma digna, os serviços para

execução da contabilidade.

o Entregue rotineiramente organizada a documentação fiscal e

contábil, incluindo os extratos bancários da empresa, ao profissional

da contabilidade.

O profissional da contabilidade, como sugestão, deve se comportar como

consultor contábil, uma vez que tem plenas condições técnicas de aconselhar e

ajudar a empresa cliente. Nas palavras de Nakagawa et al. (2010-2011) na

atividade de consultoria contábil pela formação acadêmica e experiência

profissional, cabe ao contabilista interpretar os efeitos das transações e eventos

realizados pela empresa (e contabilizados) sobre seu negócio, e acrescentam:

Em outras palavras, quer-se dizer que o contabilista que na empresa, por exemplo, ocupa a função de controller, ou que já desempenha esse papel, ainda que não seja portador desse título, tem plenas condições técnicas de aconselhar e auxiliar de maneira prática a empresa a obter o bom desempenho do seu negócio e, concomitantemente, atender aos princípios e fundamentos da conformidade às leis e aos regulamentos do país a que se refere o modelo de Governança Empresarial proposto pelo IFAC em 2002. (NAKAGAWA et al., 2010-2011, p.10).

Por outro lado, o consultor contábil perceberá que há organizações, particularmente entre as pequenas e médias empresas, em que a contabilidade é vista apenas e tão somente como a obrigação legal de se fazer a contabilização das transações e eventos, para o fim único e exclusive de atender minimamente a exigências fiscais e tributárias. (NAKAGAWA et al., 2010-2011, p.16).

São recomendações simples que, na prática, ajudam na relação do

profissional da contabilidade com o empresário cliente a atingir o objetivo comum:

as demonstrações contábeis elaboradas em conformidade com as Normas

Brasileiras de Contabilidade que são aderentes às normas internacionais de

contabilidade adotada pelo Brasil.

78

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Contabilidade é definida por alguns autores como um sistema de

informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e

análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação

à entidade objeto de contabilização. Contudo, na prática:

[...] o problema é complexo, pois, ou fornecemos conjuntos separados de informação para cada tipo de usuário, ou fornecemos uma única informação-relatório, tão abrangente e detalhada, que poderá servir a muitos usuários, embora não sirva para todos; […] nem sempre é possível ou desejável obter toda informação relevante para cada tipo de usuário, em virtude de problemas de mensuração da Contabilidade e das próprias restrições do usuário, bem como por problema de custo. (IUDÍCIBUS, 2010, p. 6).

Unicamente pela Contabilidade se é capaz de reunir dados históricos,

processá-los para que sirvam de informações para a tomada de decisões

prospectivas baseadas em dados retrospectivos. Neste sentido, Iudícibus (2013)

acrescenta que a Contabilidade supre necessidades básicas informacionais como:

a) ser base de avaliação de desempenho das entidades, setores da entidade e

gerentes, para períodos encerrados, e b) servir de base para a tomada de decisões

no futuro.

A internacionalização dos padrões contábeis pelo Brasil fará com que a

Contabilidade no país cumpra com seus deveres sociais de: reconhecer, mensurar

e divulgar o patrimônio das entidades (e das pessoas). Já assim predizia o artigo

de Iudícibus, Martins e Carvalho (2005) que a capacidade de capturar, primeiro, a

ocorrência dos eventos econômicos que impactam em um determinado estado de

riqueza, depois de precificá-lo e, por último, de comunicar seus efeitos é o desafio

a que a Contabilidade está, não apenas preferencialmente, mas de fato unicamente

habilitada a enfrentar.

Na visão de Nakagawa e Dias Filho (2002), a Contabilidade tem aspectos

com enfoque sociológico (amplo e geral); afirmam que esta é chamada a por

ordem onde reina o caos, procurando desenvolver e consolidar uma cultura

empresarial que privilegie a transparência e permita à sociedade conhecer e avaliar

ações que ajudem a conciliar sucesso econômico com ideias de justiça; e

79

acrescentam que, neste sentido, não seria exagero afirmar que a ordem social

depende, pelo menos em parte, da ordem contábil.

No entanto, muitos profissionais da contabilidade permanecem, de certa

forma, estagnados numa zona de conforto delimitada pelas regras e obrigações

fiscais, fazendo com que esta nobre e mais antiga profissão seja estereotipada

como a de preenchedores de formulários e guias, segundo Iudícibus e Carvalho

(2001):

Estereótipos de contadores projetam-nos como ‘preenchedores de formulários’ ou especialistas em tributos. Veem-nos, amiúde, exclusivamente como ‘pessoas conhecedoras de impostos’, é o típico caso de a espécie substituir o gênero. Contabilidade Tributária é sem duvida, um dos nossos campos de especialização – e dos mais prósperos, no entanto, há grande número de outras especializações para as quais não somos publicamente reconhecidos, e nosso concurso profissional nem sempre é esperado sem surpresa.

[...] ao definir ironicamente as profissões, refere-se ao Contador como aquele ‘que sabe o custo de tudo e o valor de nada’.

Os autores ainda enfatizam que será através do ensino, o desafio de

alterar a filosofia e julgam necessário: reduzir a ênfase, nos cursos universitários no

“COMO” fazer, e aumentar significativamente a ênfase no “PORQUE” fazer; a

proposta é reduzir o tempo gasto nos bancos universitários e aumentar o tempo

dedicado ao know-why fonte de progresso em detrimento do know-how.

Corroborando com este pensamento Iudícibus (2013) afirma que os

contadores decididamente, têm que parar de “correr atrás” dos acontecimentos

para assumir uma postura mais produtiva, de planejamento estratégico do exercício

da profissão.

A Contabilidade é uma ciência social quantitativa; revisitando o passado

Iudícibus (2013a) ensina que a Contabilidade, da mesma forma que a Estatística,

nasceu com a noção de contagem, e afirma que é essencialmente quantitativa.

Mas, apesar de sua expressão meramente matemática, como enfatiza o mestre

Nelson Carvalho (FIPECAFI, 2015), de exato, a Contabilidade só tem a data do

balanço, o saldo de disponibilidades e o valor das cotações das ações em

determinada data. Todo o resto são avaliações subjetivas; reforça que o fato da

Contabilidade se expressar em números não significa que ela seja uma ciência

exata.

80

Ressalta-se que, com relação à prática, no Brasil, o contador precisa

romper os paradigmas do modelo contábil utilizado até 2007, que se baseava na

forma e se apoiava em regras e documentos para, efetivamente, exercer seu

subjetivismo responsável na avaliação do patrimônio das entidades (e das

pessoas).

No entanto, não se trata de uma tarefa fácil, uma vez que começa com os

próprios profissionais da contabilidade, muitos deles formados antes de 2008, o

que demonstra que não estão preparados para esta nova realidade da

Contabilidade, que demanda um reeducar para “reciclagem” do pensamento, para

a qual se exige descartar o antigo e abrir espaço para o novo. Será requerido

destes profissionais a paciência e a insistência em educação continuada para

ajudá-los a repensar o modo de fazer Contabilidade, objetivando cumprir seu papel

de proteção à sociedade.

Neste intuito, faz-se igualmente necessário que a academia cumpra o seu

papel de formadora de profissionais (se exigirá que cuide da semente para que

bons frutos sejam vigorosos), no que requer olhar para o mercado e preparar o

jovem contador dentro destas necessidades. Cabe aos Conselhos de

Contabilidades, Federal ou Regional, promover programas de incentivos à

educação e colaborar com a academia na revisão das grades curriculares para

requerer habilidades de julgamento ao estudante de Ciências Contábeis. Ressalta-

se que a Lei nº. 12.249/1024 traz contribuição neste sentido, com a exigência do

exame de suficiência, como medida para aprovar o bacharel em Ciências

Contábeis para exercer a profissão de contador.

Destaca-se que, conforme o CFC (2015) há atualmente no Brasil 528.190

registros profissionais ativos junto aos CRCs, sendo que deste total 199.225 são

profissionais técnicos25 e 328.965 são contadores, o que corresponde a 37,72% e

62,28% respectivamente.

24

A Lei nº. 12.249/10 altera o Decreto-Lei nº. 9.295 e estabelece: Art. 12. Os profissionais a que se refere este Decreto-Lei somente poderão exercer a profissão após a regular conclusão do curso de Bacharelado em Ciências Contábeis, reconhecido pelo Ministério da Educação, aprovação em Exame de Suficiência e registro no Conselho Regional de Contabilidade a que estiverem sujeitos. 25

Por este estudo estar focado no Bacharel em Ciências Contábeis, a menção ao profissional Técnico em Contabilidade é simples elemento ilustrativo.

81

Gráfico 8 Quantidade de Registros Profissionais Ativos junto ao CFC. Fonte: Adaptado do Conselho Federal de Contabilidade (CFC, 2015).

Com relação às organizações contábeis há o registro de 49.596 entidades,

sendo estas divididas em sociedades, ou seja, são 33.567 organizações,

correspondendo a 67,68% do total; 11.927 são empresários individuais, o que

corresponde a 24%, e 4.102 microempreendedores individuais (MEIs) significando

8% do total.

Gráfico 9 Segmentação das Organizações Contábeis Registradas junto ao CFC. Fonte: Adaptado do Conselho Federal de Contabilidade (CFC, 2015).

Contadores 328.965

62%

Técnicos em contabilidade

199.225 38%

Profissionais da Contabilidade - Brasil

Contadores Técnicos em contabilidade

Sociedades 33.567

68%

Escritórios Individuais

11.927 24%

MEIs 4.102

8%

Empresas Contábeis - Brasil

Sociedades Escritórios Individuais MEIs

82

Este trabalho enfatizou no tópico 4.3, os esforços que o CRC-SP vem

fazendo para contribuir com a aceleração do processo de reeducação contábil,

porém, é necessário “também” que cumpra com seu papel de órgão fiscalizador e

promova os profissionais que cumprem com seu dever ético e profissional, em

detrimento daqueles que são preenchedores de guias e formulários.

Como destacado nesta dissertação são mais de 6,4 milhões de

microempresas e empresas de pequeno porte, que representam grande

importância na estrutura politica, social e econômica do país. Pela sua expressiva

quantidade, essas empresas geram rendas, oportunizam empregos para muitos,

socializam pessoas menos favorecidas (às vezes com muito pouca, ou nenhuma

capacidade e qualidade de mão de obra para o trabalho); ajudam a dinamizar a

logística da produção do país e dos negócios; contribuem para o desenvolvimento

e redução dos custos na cadeia de processos das grandes empresas, nos ramos

do comércio, serviço e, até mesmo, na própria indústria servindo como parceira.

No entanto, este segmento têm tarefas difíceis de sobrevivência e, mesmo

sendo apontado como estrutura enxuta, flexível e ágil, apresenta problemas

principalmente em financiar seu próprio negócio, como destacado por Kassai

(2004).

A difícil tarefa do cumprimento da missão das pequenas empresas, atrelada a sua capacidade de sobrevivência é uma luta constante facilmente observada no testemunho de seus empreendedores. Dentre as dificuldades, muitas delas comuns às demais, destacam-se a árdua tarefa de ‘levantar dinheiro’ junto aos bancos para complementar o seu capital de giro ou mesmo para novos investimentos.

Pelas estruturas financeiras, e depois das pesquisas realizadas, não seria

forçoso concluir que a maioria, se não a quase totalidade, recorre à contratação de

terceiros para realizar seus trabalhos de contabilidade, seja em escritório de

contabilidade ou exclusivamente com o profissional da contabilidade. As 6,4

milhões de MPEs mencionadas utilizam os serviços de aproximadamente 50 mil

escritórios de contabilidade, perfazendo uma média de 130 MPEs por escritório.

Olhando para estes números, efetivamente expressivos, é possível

compreender o que se exige do profissional da contabilidade: cumprimento de suas

obrigações éticas e profissionais; atitude desafiadora para assumir riscos e julgar o

83

patrimônio das pessoas dentro do subjetivismo responsável; cumprimento de seu

papel social de proteger a sociedade simplesmente fazendo o que a profissão lhe

outorgou que é ser CONTADOR, então, que se faça a contabilidade.

Em busca de respostas à questão problema de pesquisa apresentado na

Introdução deste estudo, qual seja:

Quais as principais dificuldades encontradas pelo profissional da

contabilidade para fazer a adoção das normas contábeis no padrão

internacional para as microempresas e empresas de pequeno porte?

Este estudo conclui que a contabilidade exigida pelo CFC – por meio da

Resolução nº. 1.418/12 que aprovou a ITG 1000, modelo contábil para

microempresa e empresa de pequeno porte – em convergência com as normas

internacionais de contabilidade não requer para executá-la nenhuma capacidade

excepcional do profissional da contabilidade; requer apenas e tão somente o

mínimo de zelo na aplicação de seu subjetivismo responsável nos julgamentos

necessários acerca do reconhecimento e mensuração do patrimônio das MPEs (e

das pessoas).

Tal simplicidade remete às origens da Contabilidade, quando servia ao

dono do patrimônio que desejava mensurar, acompanhar a variação e controlar

suas riquezas. Igualmente remete à primeira citação deste estudo, aqui

reapresentada que, de certo modo, mostrou a este pesquisador, que nem sempre

as respostas estão no que é muito complexo e sofisticado, o que responde aos

anseios de pesquisa que motivaram a construção e o desenvolvimento desta

dissertação. Assim, bem afirma Marion:

A contabilidade surgiu basicamente da necessidade de donos de patrimônio que desejavam mensurar, acompanhar a variação e controlar suas riquezas. Daí pode-se afirmar que a contabilidade surgiu em função de um usuário específico, o homem proprietário de patrimônio, que de posse das informações contábeis, passa a conhecer melhor sua ‘saúde’ econômico-financeira, tendo dados para propiciar tomada de decisões mais adequadas (MARION, 2010, p.28).

84

Sugestão para Futuras Pesquisas

Como proposta para trabalhos futuros sugere-se que o foco seja

concentrado nas microempresas e empresas de pequeno porte, que oferecem uma

infinidade de possibilidades para se pesquisar, por exemplo:

- Sobre o estereótipo do empresário de contabilidade: se o empresário de

contabilidade se utiliza da contabilidade como instrumento de gestão e controle.

- Sobre a dificuldade de adoção dos padrões internacionais de

contabilidade: observar as pequenas e médias empresas (PMEs) quando as

Demonstrações Contábeis são preparadas pelos empresários contábeis.

Acredita-se que com este segmento de empresa as pesquisas podem

apontar que as dificuldades possam ser de ordem técnica de interpretação das

normas.

85

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91

APÊNDICES

I – MODELO DA CARTA QUE FOI ENCAMINHADA PARA AS PESQUISAS E

ENTREVISTAS.

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTÁBEIS E ATUARIAIS CURSO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS

Prezado (a) Senhor (a):

Esse questionário é parte fundamental de uma pesquisa acadêmica que será

utilizada para fins de elaboração de uma dissertação do Curso de Mestrado em

Ciências Contábeis e Atuariais. Seu preenchimento é de suma importância para

que seja possível diagnosticar AS PRINCIPAIS DIFICULDADES PARA ADOÇÃO

DAS NORMAS CONTÁBEIS – PADRÃO INTERNACIONAL POR

MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE.

ATENÇÃO: Essa pesquisa deve ser respondida somente por proprietários

(as) de micro e pequenas empresas.

AS RESPOSTAS SERÃO MANTIDAS SOB SIGILO E SEU NOME NUNCA SERÁ

MENCIONADO.

Mestrando: VALDIR DONIZETE SEGATO

Orientador: Prof. Dr. JOSÉ CARLOS MARION (PUC-SP/USP)

Grato por sua colaboração. O envio da resposta deverá ser por email para: [email protected]

OUTUBRO-NOVEMBRO/2015

92

II – QUESTIONÁRIO ENCAMINHADO PARA A PESQUISA

Eu sou VALDIR DONIZETE SEGATO, mestrando em Ciências Contábeis e

Atuariais pela PUCSP e, como parte obrigatória de minha titulação, é elaborada

uma dissertação, cuja pesquisa estou desenvolvendo juntos aos principais usuários

das informações contábeis das microempresas e empresas de pequeno porte, que

faturam menos de R$ 3.600.000,00.

Esta pesquisa tem a intenção de conhecer quais são as efetivas

dificuldades que impedem a adoção plena, e com mais celeridade, das (normas)

Resoluções Contábeis, emanadas pelo CONSELHO FEDERAL DE

CONTABILIDADE, que estão em linha com os padrões internacionais de

contabilidade e amplamente difundidos pelo mundo em mais de 130 países.

Almeja-se, com esta pesquisa, conhecer mais aprofundadamente, se as

dificuldades permanecem aquelas mais gerais, normais e já existentes ou descobrir

se existem novas dificuldades mais diretamente relacionadas à interpretação das

normas de contabilidade.

1 - Que tipo de usuário você é ou se considera da contabilidade (das

informações contábeis)?

A. Profissional da Contabilidade.

B. Proprietário/Administrador (de microempresa e empresa de pequeno

porte).

C. Agente do Governo ou de Fiscalização (CRC).

D. Agentes de Crédito: Banco, Fornecedor ou Cliente.

E. Representante da Sociedade: Sindicato, Comunidade, Órgãos de

defesa e proteção, etc.

F. Representante da Academia: Professor, Coordenador, pesquisador.

G.

2 – No Quadro que segue, com relação às dificuldades, são apresentadas

sete possíveis razões, dispostas numa escala de 1 a 7, onde 7 representa a maior

dificuldade e 1 a menor. Responda atribuindo o peso entre 1 e 7 para as quais você

considera como de maior dificuldade para adoção destas normas de padrões

93

internacionais adotadas pelo CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE,

especificamente para as MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO

PORTE. (Por favor não repita o número. Para cada opção use apenas um número)

Principais Razões das Dificuldades De 1 a 7

não repita o numero

Dificuldades do profissional de contabilidade de entender e

interpretar a norma.

Preço dos serviços cobrados – honorários não incluem os

serviços de contabilidade ou não são compatíveis.

Formação acadêmica do bacharel em Ciências Contábeis

que não atende a demanda do mercado.

Prática recorrente de sonegação fiscal por parte do cliente.

Falta de sistema e controle interno por parte do cliente para

auxiliar a contabilidade.

Desinteresse do empresário cliente pela contabilidade

Falta de fiscalização pelos órgãos responsáveis: Governo

(RFB) e Conselho Contabilidade (CRC).

94

ANEXOS

ANEXO I MODELO DE CARTA DE RESPONSABILIDADE DA

ADMINISTRAÇÃO

Local e data

À

EMPRESA DE SERVIÇOS CONTÁBEIS XYZ

CRC nº.: ______

Endereço:

Cidade e Estado CEP

Prezados Senhores:

Declaramos para os devidos fins, como administrador e responsável legal

da empresa <<DENOMINAÇÃO SOCIAL>>, CNPJ __________, que as

informações relativas ao período base <<___ ____ _____>>, fornecidas a Vossas

Senhorias para escrituração e elaboração das demonstrações contábeis,

obrigações acessórias, apuração de impostos e arquivos eletrônicos exigidos pela

fiscalização federal, estadual, municipal, trabalhista e previdenciária são fidedignas.

Também declaramos:

(a) que os controles internos adotados pela nossa empresa são de

responsabilidade da administração e estão adequados ao tipo de atividade e

volume de transações;

(b) que não realizamos nenhum tipo de operação que possa ser

considerada ilegal, frente à legislação vigente;

(c) que todos os documentos que geramos e recebemos de nossos

fornecedores estão revestidos de total idoneidade;

(d) que os estoques registrados em conta própria foram por nós

avaliados, contados e levantados fisicamente e perfazem a realidade do período

encerrado em <<ANO BASE>>;

95

(e) que as informações registradas no sistema de gestão e controle

interno, denominado <<SISTEMA EM USO>>, são controladas e validadas com

documentação suporte adequada, sendo de nossa inteira responsabilidade todo o

conteúdo do banco de dados e arquivos eletrônicos gerados.

Além disso, declaramos que não temos conhecimento de quaisquer fatos

ocorridos no período base que possam afetar as demonstrações contábeis ou que

as afetam até a data desta carta ou, ainda, que possam afetar a continuidade das

operações da empresa.

Também confirmamos que não houve:

(a) fraude envolvendo administração ou empregados em cargos de

responsabilidade ou confiança;

(b) fraude envolvendo terceiros que poderiam ter efeito material nas

demonstrações contábeis;

(c) violação ou possíveis violações de leis, normas ou regulamentos

cujos efeitos deveriam ser considerados para divulgação nas demonstrações

contábeis, ou mesmo dar origem ao registro de provisão para contingências

passivas.

Atenciosamente,

.........................................

Administrador da Empresa XYZ

Representante Legal

96

ANEXO II – MODELO DE BALANÇO PATRIMONIAL – Resolução CFC nº. 1.418/12

BALANÇO PATRIMONIAL

em 31.12.x1 e 31.12.x0

Expresso em R$

31.12.X1 31.12.X0 31.12.X1 31.12.X0

ATIVO PASSIVO e

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

CIRCULANTE CIRCULANTE

Caixa e

Equivalentes de

Caixa

Fornecedores

Contas a

Receber

Empréstimos e

Financiamentos

Estoques Obrigações Fiscais

Outros Créditos Obrigações Trabalhistas e

Sociais

Contas a Pagar

Provisões

NÃO

CIRCULANTE

NÃO CIRCULANTE

Realizável a

Longo Prazo

Financiamentos

Investimentos

Imobilizado PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Intangível Capital Social

(-) Depreciação e

Amortização

Acumuladas

Reservas de Capital

Reservas de Lucros

Lucros Acumulados

(-) Prejuízos Acumulados

TOTAL TOTAL

97

ANEXO III – MODELO DE DRE – Resolução CFC nº. 1.418/12

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO

em 31.12.x1 e 31.12.x0

Expresso em R$

DRE 31.12.x1 31.12.x0

VENDAS DE PRODUTOS, MERCADORIAS E SERVIÇOS

Vendas de Produtos, Mercadorias e Serviços

(-) Deduções de Tributos, Abatimentos e Devoluções

= RECEITA

(-) CUSTO DAS VENDAS

Custo dos Produtos, Mercadorias e Serviços

= LUCRO BRUTO

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas Administrativas

Despesas com Vendas

Outras Despesas Gerais

= RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO RESULTADO

FINANCEIRO

(+/-) RESULTADO FINANCEIRO

Receitas Financeiras

(-) Despesas Financeiras

(+/-) OUTRAS RECEITAS E DESPESAS

OPERACIONAIS

= RESULTADO ANTES DAS DESPESAS COM

TRIBUTOS SOBRE O LUCRO

(-) Despesa com Contribuição Social (*)

(-) Despesa com Imposto de Renda da Pessoa Jurídica

(*)

= RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO

(*) As entidades que estão enquadradas no Simples Nacional devem evidenciar os tributos na linha

“Deduções de Tributos, Abatimentos e Devoluções”. Neste caso, devem desconsiderar essas

contas.

98

ANEXO IV – MODELO DE PLANO DE CONTAS – Resolução CFC nº. 1.418/12

PLANO DE CONTAS SIMPLIFICADO

Código Descrição das Contas

1

1.1

1.1.1

1.1.1.01

1.1.1.02

1.1.2

1.1.2.01

1.1.2.02

1.1.3

1.1.3.01

1.1.3.02

1.1.3.03

1.1.4

1.1.4.01

1.1.4.02

1.1.4.03

1.3

1.3.1

1.3.1.01

1.3.1.02

1.3.2

1.3.2.01

1.3.2.02

1.3.3

1.3.3.01

1.3.3.02

1.3.3.03

1.3.3.04

1.3.3.05

1.3.3.06

1.3.4

1.3.4.01

1.3.4.02

ATIVO

ATIVO CIRCULANTE

Caixa e Equivalentes de Caixa

Caixa

Bancos Conta Movimento

Contas a Receber

Clientes

(-) Perdas Estimadas com Créditos de Liquidação Duvidosa

Estoque

Mercadorias

Produtos Acabados

Insumos

Outros Créditos

Títulos a Receber

Impostos a Recuperar

Outros Valores a Receber

ATIVO NÃO CIRCULANTE

Realizável a Longo Prazo

Contas a Receber

(-) Perdas Estimadas com Créditos de Liquidação Duvidosa

Investimentos

Participações Societárias

Outros Investimentos

Imobilizado

Terrenos

Edificações

Máquinas e Equipamentos

Veículos

Móveis e Utensílios

(-) Depreciação Acumulada

Intangível

Softwares

(-) Amortização Acumulada

99

2

2.1

2.1.1

2.1.1.01

2.1.2

2.1.2.01

2.1.2.02

2.1.3

2.1.3.01

2.1.3.02

2.1.3.03

2.1.4

2.1.4.01

2.1.4.02

2.1.4.03

2.1.5

2.1.5.01

2.1.5.02

2.1.5.03

2.1.6

2.1.6.01

2.1.6.02

2.1.6.03

2.2

2.2.1

2.2.1.01

2.2.2

2.2.2.01

2.3

2.3.1

2.3.1.01

2.3.1.02

2.3.2

PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO

PASSIVO CIRCULANTE

Fornecedores Nacionais

Fornecedor

Empréstimos e Financiamentos

Empréstimos Bancários

Financiamentos

Obrigações Fiscais

SIMPLES NACIONAL

ICMS a Recolher

ISSQN a Recolher

Obrigações Trabalhistas e Sociais

Salários a Pagar

FGTS a Recolher

INSS dos Segurados a Recolher

Contas a Pagar

Telefone a Pagar

Energia a Pagar

Aluguel a Pagar

Provisões

Provisão de Férias

Provisão de 13º Salário

Provisão de Encargos Sociais sobre Férias e 13º Salário

PASSIVO NÃO CIRCULANTE

Financiamentos

Financiamentos Banco A

Outras Contas a Pagar

Empréstimos de Sócios

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital Social

Capital Subscrito

(-) Capital a Integralizar

Reservas

100

2.3.2.01

2.3.2.02

2.3.3

2.3.3.01

2.3.3.02

3

3.1

3.1.1

3.1.1.01

3.1.1.02

3.1.1.03

3.1.1.04

3.1.2

3.1.2.01

3.1.2.02

3.1.3

3.1.3.01

3.1.3.02

3.1.3.03

3.2

3.2.1

3.2.1.01

3.2.1.02

3.2.1.03

3.2.2

3.2.2.01

3.2.2.02

3.2.2.03

3.2.3

3.2.3.01

3.2.3.02

3.2.4

3.2.4.01

3.2.4.02

3.2.4.03

Reservas de Capital

Reservas de Lucros

Lucros/Prejuízos Acumulados

Lucros Acumulados

(-) Prejuízos Acumulados

RECEITAS, CUSTOS E DESPESAS (CONTAS DE RESULTADO)

RECEITAS

Receitas de Venda

Venda de Produtos

Venda de Mercadorias

Venda de Serviços

(-) Deduções de Tributos, Abatimentos e Devoluções

Receitas Financeiras

Receitas de Aplicações Financeiras

Juros Ativos

Outras Receitas Operacionais

Receitas de Venda de Imobilizado

Receitas de Venda de Investimentos

Outras Receitas

CUSTOS E DESPESAS

Custos dos Produtos, Mercadorias e Serviços Vendidos

Custos dos Insumos

Custos da Mão de Obra

Outros Custos

Despesas Operacionais

Despesas Administrativas

Despesas com Vendas

Outras Despesas Gerais

Despesas Financeiras

Juros Passivos

Outras Despesas Financeiras

Outras Despesas Operacionais

Despesas com Baixa de Imobilizado

Despesas com Baixa de Investimentos

Outras Despesas

101

ANEXO V – MODELO BÁSICO DE CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS CONTÁBEIS

CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PROFISSIONAIS

Pelo presente instrumento particular de Contrato de Prestação de Serviços Contábeis, de um lado_____________________________ com sede na, _____________________________, inscrita no CNPJ (MF) sob n°.________________, doravante denominada CONTRATANTE, neste ato representada pelo seu sócio (a) titular__________________ , brasileiro (a), casado (a), empresário (a), residente e domiciliado (a) na ___________________________, Cidade _______________________, Estado______________, carteira de identidade n°. _________________, expedida pela__________________ e do CPF n°.______________, e o profissional da Contabilidade_______________________, com escritório na ___________________, Cidade_________________, Estado _________________, inscrito CPF n°.____________, registrado no CRC/_____ n°.___________, Categoria __________, doravante CONTRATADO (A), mediante as cláusulas e condições seguintes, tem justo e contratado que se segue:

CLÁUSULA PRIMEIRA. O profissional contratado obriga-se a prestar seus serviços profissionais ao contratante, nas seguintes áreas:

(Descrição exemplificativa dos serviços – o contrato deverá conter a descrição detalhada de todos os serviços prestados, inclusive as obrigações acessórias)

1. CONTABILIDADE

1.1. Elaboração da Contabilidade de acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade.

1.2. Emissão de Balancetes.

1.3. Elaboração de Balanço Patrimonial e demais Demonstrações Contábeis obrigatórias.

2. OBRIGAÇÕES FISCAIS

2.1. Orientação e controle de aplicação dos dispositivos legais vigentes, sejam federais, estaduais ou municipais.

2.2. Elaboração dos registros fiscais obrigatórios, eletrônicos ou não, perante os órgãos municipais, estaduais e federais, bem como as demais obrigações que se fizerem necessárias.

102

2.3. Atendimento às demais exigências previstas na legislação, bem como aos eventuais procedimentos fiscais.

3. DEPARTAMENTO DE PESSOAL

3.1. Registros de empregados e serviços correlatos.

3.2. Elaboração da folha de pagamento dos empregados e de pró-labore, bem como das guias de recolhimento dos encargos sociais e tributos afins.

3.3. Elaboração, orientação e controle da aplicação dos preceitos da Consolidação das Leis do Trabalho, bem como daqueles atinentes à Previdência Social e de outros aplicáveis às relações de trabalho mantidas pela contratante.

CLÁUSULA SEGUNDA. O (A) contratado (a) assume inteira responsabilidade pelos serviços técnicos a que se obrigou, assim como pelas orientações que prestar.

CLÁUSULA TERCEIRA. O (A) contratante se obriga a preparar, mensalmente, toda a documentação fisco-contábil e de pessoal, que deverá ser disponibilizada ao contratado (a) em tempo hábil, conforme cronograma pactuado entre as partes, a fim de que possa executar seus serviços na conformidade com o citado neste instrumento.

PARÁGRAFO PRIMEIRO. Responsabilizar-se-á o (a) contratado (a) por todos os documentos a ele (a) entregue pelo (a) contratante, enquanto permanecerem sob sua guarda para a consecução dos serviços pactuados, salvo comprovados casos fortuitos e motivos de força maior.

PARÁGRAFO SEGUNDO. O (A) Contratante tem ciência da Lei n°.9.613/98, alterada pela Lei n°.12.683/2012, especificamente no que trata da lavagem de dinheiro, regulamentada pela Resolução CFC n°. 1.445/13 do Conselho Federal de Contabilidade.

CLÁUSULA QUARTA. O (A) contratante se obriga, antes do encerramento do exercício social, a fornecer ao contratado (a) a Carta de Responsabilidade da Administração.

CLÁUSULA QUINTA. As orientações dadas pelo (a) contratado (a) deverão ser seguidas pela contratante, eximindo-se o (a) primeiro (a) das consequências da não observância do seu cumprimento.

CLÁUSULA SEXTA. O (A) contratado (a) se obriga a entregar ao contratante, mediante protocolo, com tempo hábil, os balancetes, o Balanço Patrimonial e as demais demonstrações contábeis, documentos necessários para que este efetue os devidos pagamentos e recolhimentos obrigatórios, bem como comprovante de entrega das obrigações acessórias.

103

PARÁGRAFO ÚNICO. As multas decorrentes da entrega fora do prazo contratado das obrigações previstas no caput deste artigo, ou que forem decorrentes da imperfeição ou inexecução dos serviços por parte do (a) contratado (a), serão de sua responsabilidade.

CLÁUSULA SÉTIMA. O (A) contratante pagará ao contratado (a) pelos serviços prestados os honorários mensais de R$_____________(___________), com vencimento em___/___/___.

(Alternativamente, os honorários poderão ser fixados separadamente para serviços contábeis, fiscais e de departamento de pessoal.)

(Os honorários deverão ser estabelecidos em decorrência dos serviços a serem prestados, considerando os seguintes fatores: a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade do serviço a executar; o tempo que será consumido para a realização do trabalho; a possibilidade de ficar impedido da realização de outros serviços; o resultado lícito favorável que para o contratante advirá com o serviço prestado; a peculiaridade de tratar-se de cliente eventual, habitual ou permanente; e o local em que o serviço será prestado)

PARÁGRAFO ÚNICO. Os honorários serão reajustados anualmente em comum acordo entre as partes ou quando houver aumento dos serviços contratados.

CLÁUSULA OITAVA. No mês de dezembro de cada ano, será cobrado o equivalente a 1 (um) honorário mensal, a ser pago até o dia ____ daquele mês por conta do Encerramento do Balanço Patrimonial e demais obrigações anuais.

CLÁUSULA NONA. Todos os serviços extraordinários não contratados que forem necessários ou solicitados pelo contratante serão cobrados à parte, com preços previamente convencionados.

CLÁUSULA DÉCIMA. No caso de atraso no pagamento dos honorários, incidirá multa de ___________. Persistindo o atraso, por período de 3 (três) meses, o contratado (a) poderá rescindir o contrato, por motivo justificado, eximindo-se de qualquer responsabilidade a partir da data da rescisão.

CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA. Este instrumento é feito por tempo indeterminado, iniciando-se em ___/___/___, podendo ser rescindido em qualquer época, por qualquer uma das partes, mediante Aviso Prévio de ______(_______) dias, por escrito.

PARÁGRAFO PRIMEIRO. A parte que não comunicar por escrito a intenção de rescindir o contrato ou efetuá-la de forma sumária fica obrigada ao pagamento de multa compensatória no valor de uma parcela mensal dos honorários vigentes à época.

PARÁGRAFO SEGUNDO. O rompimento do vínculo contratual obriga as partes à celebração de distrato com a especificação da cessação das responsabilidades dos contratantes.

104

PARÁGRAFO TERCEIRO. O (A) contratado (a) obriga-se a entregar os documentos, Livros Contábeis e Fiscais e/ou arquivos eletrônicos ao contratante ou a outro profissional da Contabilidade por ele(a) indicado(a), após a assinatura do distrato entre as partes.

CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA. Os casos omissos serão resolvidos de comum acordo.

PARÁGRAFO ÚNICO. Em caso de impasse, as partes submeterão a solução do conflito a procedimento arbitral nos termos da Lei n°. 9.307/96.

(Alternativamente, poderá ser eleito o foro da comarca para o fim de dirimir qualquer ação oriunda do presente contrato)

E, para firmeza e como prova de assim haverem contratado, firmam este instrumento particular, impresso em duas vias de igual teor e forma, assinado pelas partes contratantes e pelas testemunhas abaixo.

Local, ____ de ________ de _____

____________________ _____________________

CONTRATADA CONTRATANTE

TESTEMUNHAS

1- _________________________ 2- _________________________

105

ANEXO VI MODELO BÁSICO DE DISTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS CONTÁBEIS

DISTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PROFISSIONAIS

Pelo presente instrumento particular, de um lado ___________________________ com a sede na, __________________________, inscrita no CNPJ (MF) sob n.°________________, doravante denominada CONTRATANTE, neste ato representada pelo seu sócio (a) titular__________________ , brasileiro (a), casado (a), empresário (a), residente e domiciliado (a) na ______________________________________, Cidade _____________________, Estado ____________, carteira de identidade n°.___________________________, expedida pela____________________ e do CPF n°.___________, e o profissional da Contabilidade___________________________________________, com escritório na _____________________, Cidade ___________________, Estado _________________, inscrito CPF n°.____________, registrado no CRC n°.___________, Categoria __________, doravante CONTRATADO (A), mediante as cláusulas e condições seguintes, acordam:

CLÁUSULA PRIMEIRA. O (A) contratante e o (a) contratado (a), em ….. de ……………….. de ….. firmaram “Contrato de Prestação de Serviços Contábeis”, pelo qual a primeira confiou à segunda serviços como previsto na cláusula ……… do pacto sob distrato.

CLÁUSULA SEGUNDA. O (A) contratante e o (a) contratado (a) decidem desistir da continuidade do contrato até agora vigente, restando acertado que, em razão dos serviços e atividades desenvolvidos até o momento, o (a) contratado (a) entregará, mediante protocolo, todos os serviços concluídos, bem como toda a documentação da empresa na data da assinatura deste distrato.

(Toda a documentação entregue ao contratante deverá ser especificada.)

CLÁUSULA TERCEIRA. O (A) contratado (a), por força do instrumento ora distratado, executou seus serviços até ……/……./………

CLÁUSULA QUARTA. O (A) contratante obriga-se a pagar ao (à) contratado (a) a quantia de R$ …….. (…………………………) a título de serviços prestados até a data da vigência do contrato ora rescindido.

CLÁUSULA QUINTA. O (A) contratante outorga ao (à) contratado (a) plena, total e irrevogável quitação, para nada mais reclamar, a qualquer tempo e a que título for, em relação à avença distratada, bem como aos serviços profissionais prestados.

CLÁUSULA SEXTA. O (A) contratado (a), após o recebimento dos honorários previstos, outorga ao(à) contratante plena, total e irrevogável quitação, para nada mais reclamar, a qualquer tempo e a que título for, em relação à avença distratada.

106

CLÁUSULA SÉTIMA. O presente distrato é firmado em caráter irrevogável e irretratável, obrigando as partes, seus herdeiros e sucessores.

CLÁUSULA OITAVA. Os casos omissos serão resolvidos de comum acordo.

PARÁGRAFO ÚNICO. Em caso de impasse, as partes submeterão a solução do conflito a procedimento arbitral nos termos da Lei n°. 9.307/96.

(Alternativamente, poderá ser eleito o foro da comarca para o fim de dirimir qualquer ação oriunda do presente contrato)

E, para firmeza e como prova de assim haverem rescindido o contrato, firmam este instrumento particular, impresso em duas vias de igual teor e forma, assinado pelas partes contratantes e pelas testemunhas abaixo.

Local e data:

_________________________ ________________________

CONTRATANTE CONTRATADA

TESTEMUNHAS

1- _________________________ 2- _________________________