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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – PUC-SP GESIALDO SILVA DO NASCIMENTO MESTRADO EM COMUNICAÇÃO E SEMIÓTICA SÃO PAULO 2017 O MOVIMENTO OPEN ACCESS EM UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS uma reflexão crítica sobre as estratégias de reconstrução da comunicação organizacional e científica na cibercultura.

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – PUC-SP

GESIALDO SILVA DO NASCIMENTO

MESTRADO EM COMUNICAÇÃO E SEMIÓTICA

SÃO PAULO

2017

O MOVIMENTO OPEN ACCESS

EM UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS

uma reflexão crítica sobre as estratégias de reconstrução

da comunicação organizacional e científica na cibercultura.

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – PUC-SP

GESIALDO SILVA DO NASCIMENTO

O MOVIMENTO OPEN ACCESS EM UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS

uma reflexão crítica sobre as estratégias de reconstrução da comunicação organizacional e científica na cibercultura.

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Comunicação e Semiótica na área de concentração Signo e Significação nas Mídias, sob a orientação do Prof. Dr. Eugênio Rondini Trivinho.

SÃO PAULO

2017

NASCIMENTO, Gesialdo Silva do O movimento Open Access em universidades públicas brasileiras: uma reflexão crítica

sobre as estratégias de reconstrução da comunicação organizacional e cientifica na cibercultura / Gesialdo Silva do Nascimento — São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2017.

94 fls. il. 29 cm Orientador: Eugênio Rondini Trivinho Dissertação (Mestrado) — Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Programa de

Estudos Pós-graduados em Comunicação e Semiótica, 2017. 1. Ciberespaço 2. Cibercultura 3. Biocomunicação 4. Acesso Livre 5. Hibridismo Cultural

6. Glocalização I. TRIVINHO, Eugênio. II. Programa de Estudos Pós-graduados em Comunicação e Semiótica, 2017, III. Título.

CDD 303.4833

GESIALDO SILVA DO NASCIMENTO

O MOVIMENTO OPEN ACCESS EM UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS: uma reflexão crítica sobre as estratégias de reconstrução da

comunicação organizacional e científica na cibercultura.

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Comunicação e Semiótica na área de concentração Signo e Significação nas Mídias, sob a orientação do Prof. Dr. Eugênio Rondini Trivinho.

Aprovado em:___/____/____

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Eugênio Rondini Trivinho (orientador). Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica – PUC-SP.

Prof. Dr. Jorge Miklos Programa de Pós-Graduação em Comunicação – UNIP.

Prof.ª. Dr.ª Christine Pires Nelson de Mello Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica – PUC-SP.

Para:

Iranildo Vieira do Nascimento e Maria da Penha Silva do Nascimento.

AGRADECIMENTOS

Inicio meus agradecimentos fazendo referência ao meu orientador Eugênio Trivinho, que com

sua visão e amor pela área da comunicação possibilitou que esta pesquisa se concretizasse, a

fim de que este iniciante na arte da reflexão pudesse dar os primeiros passos no caminho que

pretende trilhar em um espaço diferente de sua formação, mas que agora compartilha dos

mesmos sentimentos.

Estendo meus cumprimentos aos professores do Programa de Estudos Pós-Graduados em

Comunicação e Semiótica, e aos alunos que fazem a relação e as reflexões serem muito

interessantes.

Agradeço também à professora Dr.a Sueli Mara Soares Pinto Ferreira, que como diretora do

Sistema de Bibliotecas da Universidade de São Paulo (SiBi-USP) coordenou junto com sua

equipe a implantação do movimento Open Access na Universidade de São Paulo (USP),

trazendo para nosso contexto esse tema e todas as outras possibilidades aqui descritas. A

iniciativa da professora permitiu que esse texto pudesse ser desenvolvido numa perspectiva

crítica tendo como referência esta implantação que modifica o ambiente de atuação e o

trabalho colaborativo.

Essa colaboração contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São

Paulo – FAPESP, Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde

– BIREME e de outros profissionais para sua realização.

Agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível superior – CAPES, pela

bolsa e a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP pela oportunidade.

A todos, meu muito obrigado.

“Pessoas diferentes têm modos maravilhosamente diferentes de pensar”.

Charles Sanders Peirce (1839 – 1914).

RESUMO

A presente Dissertação expõe o processo de reconstrução ocorrido na cibercultura, que envolve a comunicação organizacional e a comunicação científica, e de modo hibridizado trabalha as estratégias Open Access (OA) – acesso livre –, sendo o caminho escolhido para compreender a significação social e política do tema. A organização estudada é a Universidade de São Paulo (USP), que implantou em sua rotina as plataformas necessárias para utilização desse método. A interação social com o glocal em sua base permite, junto às tecnologias de informação e comunicação utilizadas, formar ecossistemas, redes de atuação e comunidades, o que consiste em um fator de alteração do mundo e do modo de vida. As teias de atuação que se formam possibilitam que a inteligência possa ser desenvolvida ou aprimorada no coletivo com a interconexão do orgânico e do cibernético. O discurso é apresentado para assim desenvolver novas formas de atuação. Conceituar as estratégias interdisciplinares teóricas e práticas e compreender a significação social e política são os objetivos e, juntamente, com a hipótese da articulação do glocal com o movimento OA explicam a edificação da sociedade do conhecimento. O homem-máquina é a linguagem e a imagem que se apresenta na cultura, essas teorias são embasadas na contribuição de autores como: Virilio, Trivinho, Rüdiger e Lévy. As metodologias utilizadas para compreensão são análise do corpus, análise do discurso, estudo de caso e trabalho de campo, que buscam verificar as mudanças nos hábitos e no convívio com o outro. A crítica aqui apresentada traz o modelo de negócio capitalista que domina nossa sociedade, em que a engenharia de guerra desenvolvida para defesa é hoje utilizada pela coletividade no desenvolvimento de suas atividades, com a ideia de melhoria das condições de vida, de educação, de competição, de habilidades e convívio necessário ao indivíduo em sua inserção social. A cultura em transformação traz para a realidade as possibilidades que o ciberespaço proporciona junto aos seus vetores e às invenções, que são o alicerce da comunicação e do controle em uma sociedade em modificação, em que a livre circulação da informação, das pessoas e dos produtos convergem na decodificação e na velocidade que se fazem necessárias para sua explicação do surgimento de um neologismo que a apresente como a biocomunicação.

Palavras-chaves: Ciberespaço; Cibercultura; Biocomunicação; Acesso Livre; Hibridismo Cultural; Glocalização.

ABSTRACT

This Dissertation presents reconstruction process happened in cyberculture, which is associated to organizational communication and scientific communication. In this way, both of them work Open Access strategies in a hybrid way. Besides, they were chosen as an approach to understand social and political meaning of studied subject. In fact, this argumentation is concentrated on Universidade de São Paulo (USP) which has implanted in its practices necessary platforms to use this method. The social and glocal interaction within its basis allows along with information and communication technologies to model ecosystem, community and acting networks, which consist of world and lifestyle alteration factor. Actuation webs which are originated make possible that the intelligence must be developed or enhanced collectively by an organic and cybernetical interconnection. Along these lines, the speech is featured to promote new actuation manners. The machine-man is the language and image which are introduced in culture and has in the theory developed by authors like: Virilio, Trivinho, Rüdiger and Lévy. They end up being incorporated by public. In this study, research methodologies include corpus analysis, speech analysis, case study and exploratory research which search for checking customs changes as well as sociability phenomenon. There is a clear criticism relied on capitalism business standard which supports our society as if it were a war engineering designed to defense. Nowadays, this conception is applied by collectivity in order to perform its activities with a view to improve life conditions, education, competition, abilities and crucial individual conviviality as social inset. A cultural transformation rises up cyberspace possibilities which bring about vectors and inventions as communication and control foundation in a transformed society. This type of society which promotes and suffers changes is also characterized by free information flow, people outflow and goods flux. These different sorts of courses demand decoding meanings in current speed in order to figure out a neologism outbreak and its definition known as biocommunication.

Key Words: Cyberspace; Cyberculture; Biocommunication; Open Access; Cultural Hybridism, Glocation.

LISTA DE SIGLAS

ARPANET - Advanced Research Proficts Agency Networt.

AL - Acesso Livre.

AI - Inteligência Artificial.

ARL - Association of Research Librarian.

BIREME - Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciência da Saúde.

BITS - Dígitos Binários.

BOIA - Budapest Open Access Iniciative.

CAFÉ - Comunidade Acadêmica Federada.

CC – BY - Creative Commons License.

CERN - European Organization for Nuclear Research.

CIOS - The Electronic Journal of Communication.

CODA - Collection of Open Digital Archives.

COGPRINTS - Cognitive Sciences Eprint Archive.

COPE - Committee on Publication Ethics.

CRUESP - Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas.

DLI - Digital Libraries Iniciative.

DNA - Ácido Desoxirribonucleico.

DOAJ - Directory of Open Access Journal.

DOI - Digital Object Identifier.

EAD - Ensino a Distância.

EUA – Estados Unidos da América.

FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

GPS - Global Positioning System.

HINARI - Access to Research in Health Programme.

ICANN - Internet Corporation for Assigned Names and Number.

IEB - Instituto de Estudos Brasileiros.

IES - Instituição de Ensino Superior.

IETF - Internet Engineering Task Force.

IFLA - International Federation of Library Associations and Institutions.

IS4OA - Infrastructure Services for Open Access.

IP - Internet Protocol.

LAI - Lei de Acesso à Informação.

LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

NIH - National Library of Medicine.

NSF - National Science Foundation.

NDLTD - Networked Digital Library of Theses and Dissertations.

OA - Open Access.

OASPA - Open Access Scholarly Publishers.

OMS - Organização Mundial da Saúde.

OSF - Open Society Foundation.

OAI - Open Archives Iniciative.

OSI - Open Society Institute.

PDF - Portable Document Format.

PLOS - Pudmed Central Public Library of Science.

PNE - Plano Nacional de Educação.

REPEC - Research Paper in Economics.

RI – Repositório Institucional.

RT - Repositório Temático.

SIG - Sistema de Gestão Integrada.

SPARC - Schoraly Pusblishing and Academic Resourch Coalition.

SCIELLO - Scientific Eletronic Library On-Line.

SSRN - The Social Science Research Network.

SWORD - Simple Web-Service Offering Repository Deposit.

TDE - Teses e Dissertação Eletrônicas.

TIC - Tecnologias da Informação e Comunicação.

TCP - Transmission Control Protocol.

UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization.

UPS - Universal Preprint Service.

URL - Uniform Resource Locator.

URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

VPM - Virtual Private Network.

WAN - Wide Area Network.

WWW - World Wide Web.

W3C - Word Wide Web Consortium.

XML - Extensible Markup Language.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Políticas Editorial por Sistema de Cores para Liberação 59

Tabela 2 Política Editorial 60

Tabela 3 Tipos de Embargos 66

Tabela 4 Estatísticas 2016 68

Tabela 5 Estatística de Documentos Disponibilizados pelo Sistema em 2016 78

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Comunicação Integrada 33

Figura 2 Portal da Universidade de São Paulo (USP) 46

Figura 3 Acesso a dados Livres 52

Figura 4 Modelo de negócio em Open Access (OA) 58

Figura 5 Benefício do Open Access (OA) 61

Figura 6 Portal de Busca Integrada 67

Figura 7 Portal de Revistas 67

Figura 8 Biblioteca da Produção Intelectual (BDPI) 69

Figura 9 Biblioteca Brasiliana 70

Figura 10 Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) 71

Figura 11 Cartografia Histórica 71

Figura 12 Cifonauta 72

Figura 13 E- aula USP 72

Figura 14 Portal de Periódicos Eletrônicos em Geociência PPeGeo 73

Figura 15 Periódicos Eletrônicos em Psicologia 73

Figura 16 Revistas Eletrônicas de Odontologia 74

Figura 17 Portal de Revistas em Veterinária e Zootecnia 74

Figura 18 Banco de Imagens USP 75

Figura 19 Portal de Produção em Ciência da Comunicação 75

Figura 20 IPTV/USP 76

Figura 21 Livros Abertos 77

Figura 22 Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (CRUESP) 77

Figura 23 Teses e Dissertações 78

Figura 24 Obras Raras 79

Figura 25 Stoa Apoio às Disciplinas 79

Figura 26 Stoa Social 80

Figura 27 Moodle da Extensão Stoa 81

Figura 28 Stoa Wiki 81

Figura 29 Blog dos Professores 82

Figura 30 Adesão à Carta de Apoio ao Acesso Aberto USP 83

Figura 31 Portal do Acesso Aberto 84

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...............................................................................................................................15

CAPÍTULO I ..................................................................................................................................22

RECONSTRUÇÃO: TUDO EM TRANSFORMAÇÃO ...............................................................22

1.1 Ciberespaço ................................................................................................................ 22

1.2 Vetores do ciberespaço ............................................................................................... 26

1.3 Cibercultura ................................................................................................................ 28

1.4 Reconstrução cibercultural .......................................................................................... 31

1.4.1 Comunicação e cultura organizacional ..............................................................................32

1.4.2 Cultura e comunicação científica ......................................................................................34

1.5 Devir, hibridismo e interdisciplinaridade .................................................................... 36

CAPÍTULO II .................................................................................................................................40

A INTERAÇÃO NA SOCIEDADE ................................................................................................40

2.1 As organizações .......................................................................................................... 40

2.2 Universidade .............................................................................................................. 42

2.2.1 Universidade de São Paulo - USP .....................................................................................45

2.3 As bases invisíveis do glocal....................................................................................... 48

2.4 Open Access ............................................................................................................... 50

2.4.1 Na via verde..............................................................................................................55

2.4.2 Na via dourada ..................................................................................................... 57

2.5 Metodologias e análise................................................................................................ 62

2.5.1 Empiria ............................................................................................................................63

2.5.2 Estudo de caso ..................................................................................................................64

2.5.3 Análise .............................................................................................................................64

2.5.3.1Bibliotecas digitais temáticas...............................................................................................70

2.5.3.2 Comunidades......................................................................................................................82

2.5.3.3 Política institucional de informação..................................................................................83

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................................................86

REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................90

15

INTRODUÇÃO

Esta reflexão busca contemplar criticamente a significação social e política decorrente

do processo que as ferramentas digitais proporcionam às relações de espaço e tempo na

comunicação e suas consequências nas relações humanas e na sociedade. Essa dinâmica é

influenciada por diversos interesses, esforços contínuos em pesquisa e aporte financeiro que

modificam o modelo de produção através do uso de tecnologias, como sistemas de simulação

computacional, na busca de maior assertividade no aumento constante da produtividade.

Esse processo tem início no período pós II Guerra1, em que a apropriação da

informação como ativo ganha valor e é incorporada aos procedimentos de emissão e recepção,

ao mesmo tempo em que as tecnologias desenvolvidas para uso militar passam a ser

disponibilizadas para consumo social e os discursos das instituições, do mercado, das mídias e

do comércio global trazem a neoutopia da tecno-integração mundial.

O modelo de negócio global e a conquista de novos mercados são reconstruídos na

decodificação dos serviços, do lazer e da busca constante por momentos felizes. Convergem

diversos pensamentos e comportamentos, as tribos na contemporaneidade que estabelecem

redes de amigos com base em interesses comuns e convivem com outras tribos no mesmo

espaço – aglutinando-se em encontros virtuais, embora fisicamente isolados –, compartilham

dos mesmos problemas e angústias de viver nesse mundo.

A história da audiência mundial em que as tecnologias de informação e comunicação

(TICs) iniciaram a mudança de paradigma espaço-temporal teve início há cinquenta anos com

o Advanced Research Proficts Agency Network (ARPANET, 1966)2. Esta rede foi criada

pelos militares americanos para ajudar na defesa do país, e no início da década de 70 as

universidades e outras instituições de pesquisa que desenvolviam investigações relacionadas

com a defesa tiveram permissão para se conectar.

1 II Guerra Mundial (1939 - 1945), no período pós-guerra é adotado o estado de bem-estar social, que perdurou até os finas dos anos 1970 e foi marcado por uma série de transformações socioeconômicas e políticas, muitas tecnologias desenvolvidas para a guerra passam a ser utilizadas no dia a dia como o Global Positioning System (GPS), tecnologia que deriva do sistema de navegação via rádio que foi usado na II guerra e agora está nos bolsos de cidadãos comuns através de dispositivos. 2 A primeira rede operacional de computadores à base de comutação de pacotes e é antecedente da internet.

Disponível em: <http://www.aspanet.org/public/>. Último acesso em: 16 out. 2016.

16

Com o aumento do fluxo de informações, houve a necessidade de alteração do

protocolo de comutação: Transmission Control Protocol/Internet Protocol (TCP/IP)3. Esse

processo abriu possibilidades no ciberespaço, sendo esse um espaço de comunicação em que

não é necessária a presença física para constituir o diálogo.

O tempo real é enunciado pelo capitalismo e esse propaga a busca por melhores

condições de vivência para a interconexão com o mundo. As redes formadas com a evolução

tecnológica trabalham o aumento da audiência aos conteúdos virtualmente produzidos e

reconstrói – na perspectiva progressista e ufanista – a velocidade de participação entre os

usuários da rede.

O composto do homem-máquina é a linguagem e a imagem pela qual a troca de

experiências na contemporaneidade é orientada e faz com que o vetor da informação

propague-se. O campo científico e suas redes de atuação percebem esse movimento e iniciam

o processo do Acesso Livre (AL)4 na comunicação científica, formando comunidades e

garantindo a utilização dos produtos desenvolvidos que fazem parte do imaginário coletivo.

O primeiro projeto pontual sobre o tema é o Gutemberg (1971)5, sua ferramenta

permite um browse6, que propicia pesquisas diversas através da internet. A web7 cria uma

plataforma virtual com interfaces e possibilita que, no ano 1989, sejam apresentados os

primeiros periódicos científicos de AL:

a) Psycoloquy;8

b) The Public Access Computer Systems Review.9

Estas revistas utilizam plataformas on-line promovendo o acesso à literatura científica,

permitindo que esses trabalhos passem a ser revisados por pares na década de 90. Outras

3 O TPC é um dos principais protocolos de rede TCP/IP. Considerando que o protocolo IP trata apenas dos pacotes, o TCP permite que dois hosts estabeleçam uma conexão e fluxos de intercâmbios de dados, além de garantir a entrega dos dados, também garante que os pacotes serão entregues na mesma ordem em que foram enviados. Disponível em: <http:// www.webopedia.com/TERM/T/TCP.html>. Último acesso em: 15 out. 2016. 4 Utilizamos a tradução de Acesso Livre nesse texto para indicar a liberdade de utilização de todos os materiais disponíveis virtualmente. 5 A mais antiga biblioteca digital com textos completos de livros em domínio público desenvolvida por voluntários. Disponível em: <https://www.gutenberg.org/>. Último acesso em: 15 out. 2016. 6 Programa desenvolvido para permitir a navegação, onde quem escolhe a busca é o usuário, o que pode significar procurar ou olhar casualmente para alguma coisa. 7 Nome pelo qual a rede mundial de computadores internet se tornou conhecida a partir de 1991, quando se popularizou devido à criação de uma interface gráfica que facilitou o acesso e estendeu seu alcance ao público geral. 8 Disponível em: <http://www.cogsci.ecs.soton.ac.uk/cgi/psyc/newpsy>. Último acesso em: 16 out. 2016. 9 Disponível em: <https://journals.tdl.org/pacsr/index.php/pacsr>. Último acesso em: 16 out. 2016.

17

publicações estreiam nessa década trazendo para o contexto capitalista os benefícios de

garantir a liberdade na utilização dos artigos produzidos.

a) The Eletronic Journal of Communication (CIOS, 1990)10;

b) Postmodern Culture (1990)11.

Em 1991, Tim Berners-Lee escreve a proposta do world wide web12 (www)13:

proposal for hyper text project e também escreve sua primeira página web14. Surgiu o ArXiv15

no mercado, esse instrumento teve uma rápida aceitação e propôs um diálogo diferente com a

academia na forma de acesso aos resultados das pesquisas e da diminuição das barreiras para

o desenvolvimento da ciência. Surgem:

a) E-journal;16

b) Surface Science Reports17.

E o padrão www é liberado pelo European Organization for Nuclear Research (CERN,

1954)18. A expansão das tecnologias e do capital cria a interdependência entre os países. Os

fluxos informacionais e a difusão cultural não encontram mais barreiras, surgindo o discurso

da sociedade global com a desterritorialização do indivíduo no âmbito local e global

(glocal)19. A partir de então há o pontapé para a expansão da circulação dos bens culturais

pelo mundo, através da máquina digital.

Em 1994, a National Science Foundation (NSF,1950)20 e o United State Federal

Agencies (USFA)21 laçam a Digital Libraries Initiative (DLI)22, nesse mesmo ano é proposto

10 Disponível em: <http://www.cios.org/www/ejcmain.htm>. Último acesso em: 16 out. 2016. 11 Disponível em: <http://www.press.jhu.edu/journals/postmodern_culture>. Último acesso em: 16 out. 2016. 12 Teia em todo o mundo ou Teia do tamanho do mundo. 13 Sistema em hipermídia, que é a reunião de várias mídias interligadas por sistemas eletrônicos de comunicação. 14 Disponível em: <http://www.w3.org/Proposal>. Último acesso em: 16 out. 2016. 15 Repositório de arquivos eletrônicos nos campos da matemática, física, ciências da computação, biologia quantitativa e estatística. Seu nome original é LANL preprint archives. Disponível em: <http://arxiv.org/>. Último acesso em: 16 out. 2016. 16 Disponível em: <https://www.tdl.org/journals/>. Último acesso em: 16 out. 2016. 17 Disponível em: <http://www.journals.elsevier.com/surface-science-reports/>. Último acesso em: 16 out. 2016. 18 Disponível em: <http://home.web.cern.ch>. Último acesso em: 16 out. 2016. 19 Neologismo resultante da fusão dos termos globalização e localização. Criado no Japão por volta de 1980 refere-se à presença da dimensão local na produção de uma cultura global representando os "nós" – nós de valor acrescentado aos fluxos econômicos e lugares de vida social –, o “pensar” em âmbito global e “agir” no local sendo um processo de entrelaçamento dos pontos de acesso, recepção, retransmissão e irradiação comunicativa no universo áudio visual das redes. Refere-se à presença da dimensão local na produção de uma cultura global. (TRIVINHO; 1999, 2007, 2012, 2014). 20 Disponível em: <http://www.nsf.gov/>. Último acesso em: 16 out. 2016. 21Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_federal_agencies_in_the_United_States>. Último acesso em: 16 out. 2016. 22 Disponível em: <http://memory.loc.gov/ammem/dli2/>. Último acesso em: 16 out. 2016.

18

o autoarquivamento (self-archiving)23 e é lançado The Social Science Research Network

(SSRN,1923)24, e a publicação acadêmica impressa Florida Entomologist (1917)25 converte-

se em AL para preservar todo o seu acervo digitalmente e disponibilizá-lo para consulta.

Em 1996, é lançada a Networked Digital Library of Theses and Dissertations

(NDLTD)26 pelo Virginia Polytechinic Institute and State University (VPISU)27 instrumento

utilizado para dar visibilidade à produção dos alunos de pós-graduação desta universidade,

também é lançado o Internet Archive28 que mostra sua evolução, permitindo a consulta

histórica aos arquivos.

Em 1997, a base Medline (1966)29 é lançada pela National Library of Medicine

(MEDLINE)30 e também é disponibilizada em AL, além de incorporar o conteúdo da

Pubmed31, surge também o Cognitive Sciences Eprint Archive (Cogprints)32. Nesse mesmo

ano é criada a Committe on Publication Ethics (COPE)33 que reúne editores de periódicos

acadêmicos e outros interessados na ética de publicação para revistas científicas. Esta

organização lança o código de conduta e diretrizes de melhores práticas de editores de revistas

e surge o Research Paper in Economics (RePEc)34, momento em que o propósito do acesso à

informação científica ganha o contorno do modelo de negócio editorial.

Em 1998, tem início o desenvolvimento do Scientific Eletronic Library On Line

(Sciello)35, um projeto da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

(Fapesp)36 em parceria com o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em

23 Depósito de um documento digital em um repositório feito pelo próprio autor. 24 Disponível em: <http://www.ssrn.com/en/>. Último acesso em: 16 out. 2016. 25 Disponível em: <http://www.fcla.edu/FlaEnt/>. Último acesso em: 16 out. 2016. 26 Disponível em: <http://www.ndltd.org/>. Último acesso em: 16 out. 2016. 27 Disponível em: <https://www.vt.edu/>. Último acesso em: 16 out. 2016. 28 Como uma organização sem fins lucrativos dedicada a manter arquivos de recursos multimídia. Disponível em: <https://archive.org/index.php>. Último acesso em: 16 out. 2016. 29 Disponível em: <http://www.nlm.nih.gov/bsd/pmresources.html2>. Último acesso em: 16 out. 2016. 30 Disponível em: <https://www.nlm.nih.gov/>. Último acesso em: 16 out. 2016. 31 Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed>. Último acesso em: 16 out. 2016. 32 Arquivo eletrônico para autoarquivar documentos que são pertinentes aos estudos da cognição. Disponível em: <http://cogprints.org/>. Último acesso em: 16 out. 2016. 33 Disponível em: <http://publicationethics.org/>. Último acesso em: 16 out. 2016. 34 Esforço de colaboração para melhorar a divulgação das investigações em economia e ciências afins. O coração do projeto é uma base de dados bibliográficos descentralizados mantido por voluntários. Disponível em: <http://repec.org/>. Último acesso em: 16 out. 2016. 35 Biblioteca eletrônica com interface que abrange uma coleção de periódicos com metodologia comum para preparação, armazenamento, disseminação e avaliação da produção tecnocientífica em formato eletrônico. Disponível em: <http://scielo.org/php/index.php?lang=en>. Último acesso em: 16 out. 2016. 36 Disponível em: <http://www.fapesp.br/en/>. Último acesso em: 16 out. 2016.

19

Ciência da Saúde (Bireme)37, é nesse momento que o investimento tecnológico na qualidade

das publicações faz com que as linguagens trabalhem sua conversão no meio midiático.

Em 1999, em uma reunião em Santa Fé (Califórnia), foi apresentado e discutido o

protótipo do Universal Preprint Service (UPS)38 e a United National Educational, Scientific

and Cultural Organization (Unesco, 1946)39 enuncia a Declaração sobre a ciência e o uso do

conhecimento científico e manifesta a importância da popularização do acesso global sobre a

produção cultural.

O modelo de negócio que o capitalismo tardio apresenta para a aplicação dos

excedentes do capital na utilização dos serviços virtuais provoca uma mudança no mundo da

editoração ao apresentar as tecnologias vigentes para receber e propagar sua produção, e traz

uma mudança na experiência e vivência de consumo, influenciando o imaginário social.

Em 2001, é lançada a Wikipédia40 e é publicada a Declaração de Havana pela

International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA)41 sobre

competências em informação ou alfabetização informacional, e também é lançado Wayback

Machine42, que apresenta serviços que podem ser pesquisados e acessados em um banco de

dados.

Todas essas iniciativas foram desenvolvidas separadamente na busca pela

disseminação do conhecimento científico através das TICs no processo de ampliar o acesso à

ciência, que depende da comunicação entre as pesquisas, da medição de seu impacto e da

participação das comunidades científicas em seu aprimoramento e inovação tecnológica.

Um dos espaços sociais do universo da comunicação científica são as Instituições de

Ensino Superior (IES)43, que apresentam em suas rotinas o método científico e que, neste

37 Disponível em: <http://bvsalud.org/>. Último acesso em: 16 out. 2016. 38 Disponível em: <https://www.openarchives.org/meetings/SantaFe1999/ups-invitation-ori.htm>. Último acesso em: 16 out. 2016. 39 Disponíveis em: <http://en.unesco.org/>. Último acesso em: 16 out. 2016. 40 Disponível em: <https://www.wikipedia.org/>. Último acesso em: 16 out. 2016. 41 Disponível em: <http://www.ifla.org/files/assets/information-literacy/publications/Declaration/Compet.Declara-de-Havana.2012.Portu-Brasil.pdf>. Último acesso em: 16 out. 2016. 42 Banco de dados digital criado para arquivar páginas www possibilitando que as versões arquivadas possam ser visualizadas como eram no passado. Disponível em: <https://archive.org/web/>. Último acesso em: 16 out. 2016. 43 Instituição autônoma no âmbito do ensino superior que promove educação – regulamentada pela Lei Nº 9.394, de 1996 – como universidade, esta que pode ser formada por faculdades, escolas ou institutos.

20

trabalho, serão representadas pelas universidades públicas44. A hibridização vigente na cultura

faz a instituição liberar o conhecimento produzido na forma tácita ou explícita.

Suas políticas de informação em consonância com a legislação vigente garantem a

propriedade intelectual e o gerenciamento da comunicação organizacional e científica,

acrescentando que o discurso tecnocientífico modifica-se com sua implantação. Fornecer

acesso à produção intelectual de seus colaboradores tornou-se uma necessidade para garantir a

visibilidade e a transparência. As verbas públicas recebidas para o desenvolvimento das

pesquisas nesse cenário apresentam justificativa, pois passa a existir uma política que

demonstra a preocupação em disseminar o acesso para outros setores da sociedade junto à

pesquisa científica.

A comunicação nestas organizações evolui ao responder às demandas da sociedade

através da governança e das TICs, que mediam as transformações e o papel mutante da

espacialidade. O conhecimento produzido é importante para a sociedade e garante o

desenvolvimento da ciência. A partir desta percepção surge o movimento Open Access (OA)45

e suas estratégias para reutilização do conhecimento científico em variadas finalidades.

A expansão da acessibilidade para várias regiões do globo, o crescimento do estoque

de conhecimento acumulado através dos métodos, instrumentos e tecnologia e a extensão do

crescimento econômico aos países periféricos contribuem para as diferentes taxas de

crescimento dos produtos. As populações com sua mobilidade e o movimento do capital pelas

diversas economias globais demonstram mudanças no cenário através da configuração

econômica e sociocultural.

Assim, a comunidade científica propõe a primeira reunião sobre o tema na cidade de

Budapest, o encontro foi batizado Budapest Open Access Iniciative (BOAI)46. Esta pequena

reunião contou com a participação de pesquisadores de diversos países e deliberadamente

44 A análise sobre o tema foi realizada na Universidade de São Paulo, que reconstruiu sua comunicação organizacional e científica no processo de implementação do Open Access. 45 Referem-se aos caminhos de acesso aos produtos das pesquisas que estão livres de todas ou muitas das restrições de acesso e utilização. O Acesso Livre pode ser aplicado a todas as formas e resultados da investigação publicada. 46 O acesso à literatura acadêmica arbitrada é a meta, cuja viabilização se dá através de duas estratégias (as vias verde e dourada). Encoraja a experimentação por maneiras de realizar a transição do método atual de difusão. Disponível em: <http://www.budapestopenaccessinitiative.org/>. Último acesso em: 16 out. 2016. Este evento foi seguido pelo de Bethesda (2003) e Berlim (2003). Dez anos após estes eventos foi realizado outro chamado de BOAI10 e foi preciso dez anos para ratificar suas recomendações. Disponível em: <http://www.budapestopenaccessinitiative.org/boai-10-recommendations>. Último acesso em: 16 out. 2016.

21

reuniu os projetos já existentes no mundo para trabalhar em conjunto. Nesse mesmo encontro

ocorre a produção da primeira declaração em prol do Acesso Livre às publicações científicas.

Essa declaração apresenta o discurso de um bem público, cuja intenção dos

idealizadores é a possibilidade de enriquecer a educação, partilhar o aprendizado e criar um

diálogo, tanto entre os grupos intelectuais quanto entre suas periferias.

Essa contextualização busca apresentar o objeto de estudo a ser trabalhado nesta

dissertação. A interdisciplinaridade nesse contexto busca a interpretação entre o campo

científico e o devir que faz repensar o sentido da vida47.

O ciberespaço não é outro mundo e sim um ambiente social em que o bem e o mal

trabalham como força de atração. Esse universo de redes digitais permite a criação de

ecossistemas de comunicação para a circulação das informações em uma geografia móvel e

invisível e coloca em sinergia as bases do glocal e os dispositivos que representam hoje os

canais de suporte à memória da humanidade e que podem ser utilizados por diferentes

indivíduos em diferentes locais por meio de acesso remoto. Portanto, a relação entre espaço-

tempo já não é empecilho para a expressão da glocalização48 do sujeito.

As modificações socioculturais, políticas, tecnoeconômicas e tecnocientíficas em

nossa coletividade impulsionam os discursos vigentes e as formas de controle social, em que

o conhecimento adquirido com a experiência e o empirismo relacionam a biocomunicação49

ao mundo, sendo a chave para entendermos essas transformações nas relações sociais, nas

trocas, no desenvolvimento do pensamento, nas relações de poder, no acesso ao saber e ao

conhecimento. Não há mais fronteira entre mente e corpo, tecnologia / corpo e tecnologia /

mente.

47 Para Habermas (2011), é a tradução dos saberes utilizados ao contexto da nossa vida. 48 Conceito dado pelo fenômeno descrito na nota 19. 49 Neologismo apresentado em: XXXIX CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO - INTERCOM, 39, 2016, São Paulo. NASCIMENTO, Gesialdo Silva do. O movimento de reconstrução na cibercultura – a Educação como Interface entre ciência e comunicação na produção e disseminação de conhecimento. São Paulo: Intercom, 2016. Disponível em: <http://portalintercom.org.br/anais/nacional2016>. Acesso em: 19 set. 2016.

22

CAPÍTULO I

RECONSTRUÇÃO: TUDO EM TRANSFORMAÇÃO

1.1 Ciberespaço

Esse ambiente de comunicação o ciberespaço foi construído com base no discurso

militar, impulsionado pelas disputas econômicas do período pós II Guerra Mundial e no

período posterior, que conhecemos como Guerra Fria50, momento em que várias linguagens

foram trabalhadas em consonância para promover um rearranjo técnico, imaginário e

simbólico que foi bastante relevante para o desenvolvimento da comunicação, tal qual

conhecemos na atualidade. É com a criação de um espaço virtual indexado para o surgimento

de novas formas de interação, em conjunto com as TICs, que temos a consequente

modificação das relações humanas e das relações do sujeito consigo mesmo em uma

velocidade cada vez maior, cujos reflexos podemos apontar nas atividades econômicas,

sociais, políticas e culturais dos setores privado e público.

A comunicação real e a comunicação virtual se permutam quando amplamente

utilizadas pela população através da rede. A velocidade da interação é instantânea e o espaço

técnico utilizado fica a critério do indivíduo. A visibilidade midiática que esse ambiente

proporciona aparenta amplitude, pois permite estar aqui e ali sem deslocamento e encurtando

as relações temporais, o que possibilita a exposição de ideias sem os procedimentos de

controle tradicionais dos modelos midiáticos convencionais. O ato de comunicar torna-se

automático e o agir é virtual. Para Virilio (1997, p.86, livre tradução do autor), “com a

revolução atual das transmissões e telemática a aceleração atinge o seu limite físico, a

velocidade das ondas eletromagnéticas é mundial”.

O sistema econômico fez desse espaço uma plataforma para expansão dos

investimentos, reconstruindo na globalização a relação entre os meios de produção,

distribuição e consumo, o que influencia no valor agregado dos produtos, tendo em vista a

maior dinamicidade da concorrência inerente ao mercado. O que conhecemos como

propriedade privada no ambiente on-line é imaterial e quantificado em dígitos binários

50 Para Eagleton (1997), a Guerra Fria é um conflito que aconteceu apenas no campo ideológico entre Estados Unidos da América (EUA) capitalista, cuja ideologia é do “mercado livre” e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), socialista. O conflito militar, tecnológico, econômico e social construiu o discurso que foi propagado para seus aliados.

23

(bits)51, e as instituições que representam esse modelo reconstroem suas formas de agir e suas

identidades na busca da maximização do lucro e redução de custos.

A democracia é chamada de dromocracia52, as cidades são cibercidades, os ataques são

ciberataques e as guerras são ciberguerras, o terrorismo é o ciberterrorismo e suas ações são

transmitidas pela rede, gerando devolutivas – serviços oferecidos pelo mercado que geram

uma demanda de consumo por monitoramento – como a espionagem e a sabotagem.

A indústria cultural, adaptada ao consumo massificado, é o contexto social-historico

dominante nesse ambiente, em que a retransmissão de informações e ideologias ganha

reverberação acima da propagação do conhecimento, o que faz da comunicação um veículo

disseminador da cultura de consumo. O espaço geograficamente não materializado é

composto por redes de computadores espalhados pelo mundo, que junto com os projetos de

telecomunicações e o desenvolvimento amigável das interfaces, armazenam em bancos de

dados as experiências humanas que se convertem na projeção da realidade em pixels53.

O poder no ciberespaço não é absoluto, é difuso e inatingível. Ele transpassa a técnica

e a economia e sua instrumentalização será poder ou contrapoder no protagonismo do

indivíduo, em que os organismos técnicos como Internet Corporation for Assigned Names

and Numbers (ICANN)54, Internet Engineering Task Force (IETF)55, World Wide Web

Consortium (W3C)56 gerenciam as relações.

Os indivíduos, desde a preparação para o nascimento, durante o intervalo de vivência e

até a forma de conviver com a morte estão representados nesse ambiente. A sociedade em sua

vida social “vida real” tem nos contatos com amigos, na formação de novas amizades e na

visão projetada sobre o outro o modelo de reconstrução. O compartilhamento da

responsabilidade com o compromisso social pode ser exposto para todos. Da mesma forma,

51 A menor unidade de informação que pode ser armazenada ou transmitida na comunicação de dados com valor de 0 e 1. 52 Imperativo de velocidade como vetor da atualidade nas relações sociais: Virilio (1993, 1997, 2000), Trivinho (1999, 2001, 2007, 2009, 2012). 53 Menor elemento de imagem num dispositivo de exibição. 54 Entidade sem fins lucrativos, subordinada ao Governo dos Estados Unidos e responsável pela alocação do espaço de endereços do Protocolo da Internet (IPv4 e IPv6), pela atribuição de identificadores de protocolo, pela administração do sistema de nomes de domínio de primeiro nível genéricos (gTLDs) e com códigos de países (ccTLDs), assim como as funções de gerenciamento do sistema de servidores-raiz. 55 Instituição que desenvolve e promove as normas de Internet, as especificações de diversos protocolos associados à implementação e operação da Internet. 56 Principal organização de padronização da World Wide Web. Consiste em um consórcio internacional que agrega empresas, órgãos governamentais e organizações independentes com a finalidade de estabelecer padrões para a criação e a interpretação de conteúdos.

24

tornam-se visíveis intencionalidades ligadas à consciência social, expressas através da

violência, intolerância, racismo e demais formas de opressão.

A qualidade de vida, sua longevidade, a saúde, a instrução, a segurança, o conforto e o

lazer são reconstruídos de várias formas no imaginário do ciberespaço e acessados através dos

dispositivos midiáticos, que possibilitam trocas entre os envolvidos.

As narrativas transmidiáticas dos interesses em comum representam o simbólico da

troca em tempo real. Elas trazem o outro para o convívio, pois diversos vetores se relacionam

nesse espaço através de experiências, técnicas, ciência, política, mercado, cultura, educação

etc. A informação circula pela rede na interconexão e na virtualização em tempo real, de

forma que a interlocução e a erudição ganham uma nova dinâmica internacionalizada,

facilitando a aceleração para o acesso com a utilização de sistemas que permitem que ideias

circulem, sejam mais difundidas e possam tornar o conhecimento mais amplo e plural. A

decodificação torna a relação homem-máquina um fator crescente na contemporaneidade e

multiplica as possibilidades de transmissão e retransmissão de informações.

A memória virtual ganha dinâmica para a publicação, difusão e o recebimento de

informações, possibilita a filtragem dos conteúdos por interesse e cria uma infraestrutura

tecnológica em que a administração do tempo e da velocidade em que esta informação é

recebida e retransmitida fica a critério do indivíduo que pode estar em qualquer lugar

fisicamente.

Com os objetos mentais, o materialismo científico cai em sua própria armadilha e é forçado a reconhecer a densidade àquilo que visivelmente não a possui: às virtualidades da consciência. Lá onde os microscópios, os telescópios e outros meios de observação aperfeiçoados permitem ver o que não era realmente visto, as tecnologias de investigação avançada parecem se preparar para dar um corpo, uma corporeidade a algo que não a possui. (VIRILIO, 1993, p.106).

A realidade virtual57 permite interpretar o mundo através de uma unidade de produção,

distribuição ou troca de produtos informacionais, cria sabedoria e condição material para

possibilitar o consumo intelectual, a fim de transformar e interpretar as significações nas

relações humanas, considerando que as soluções tecnológicas são vetores de transformação da

vida.

57 Para Castells (1999, 2003), é a linguagem mediante a qual construímos significado e o hipertexto é personalizado, ou seja, a interação de vários modos de comunicação em uma rede interativa.

25

Os padrões de moda, o comportamento e as ideologias do lucro são processados pela

experiência, bem como pelas práticas de consumo e condutibilidade da espécie, que fazem

surgir comunidades virtuais sobre esses temas.

Essa nova ordem tecnológica é utilizada pelas populações que, através de uma base

material instalada, podem propagar seu capital cognitivo e cultural, além de receber o capital

de outras pessoas promovendo interconexão global.

No mais, plataformas especializadas, acadêmicas ou não, destinadas ao escoamento público de artigos abrigam, em tese, excelentes discussões temáticas – é significativo o povoamento da rede nesse sentido –, mas o debate vivo, em regime multidirecional simultâneo, que alimenta uma esfera pública, fica no sopé da fronteira eletrônica. (TRIVINHO, 2010, p. 274).

A sociabilidade on-line pressupõe igualdade abstrata entre os pares de uma

comunidade particular de usuários com singularidade própria e desenvolve novas formas de

relacionamento. Na pós-modernidade o capitalismo e sua fase global formam o sistema que

organiza a vida, as manifestações e a lógica cultural que nela se apresentam. Para Jameson

(2007, p.18), “o pós-modernismo só foi capaz de atingir esse status por força de uma profunda

transformação coletiva, um retrabalho e uma reescritura de um sistema mais antigo”.

Passamos a reconstruir nossa existência no virtual através de uma base já instalada em nossas

vidas.

A linguagem e o simbolismo ganham novos atores para adentrar em diferentes

contextos sociais, assim nascem novos instrumentos de indução ao comportamento social, que

interferem de forma apelativa na vida das pessoas. A informação ganha espaço e o

conhecimento individualizado que nasce da reflexão é exibido através de bases de dados para

uso coletivo. Esse uso pode permitir que haja uma outra criação ou surgimento de uma ideia

colaborativa. A experiência, o discernimento, a coordenação e a auto-organização ganham um

valor agregado produzindo motivação para ser compartilhada.

O tecno-social e o tecnocientífico, através da ação e aplicação on-line, virtualizam a

realidade e a interação entre o plano social e o tecnológico. É por meio dos princípios da

informática que essa nova equação traz a mudança em que o interlocutor pode não ser um

humano. Os indivíduos, as entidades e os agentes sociais instrumentalizam a interação em

termos técnicos, o sujeito passa a ser o instrumento de intervenção no processo de

comunicação. Essa articulação entre as mentes e as máquinas e entre o corpo e as máquinas é

26

a intersecção para o surgimento de uma outra época, através dos códigos binários. Essa

dimensão de regulação autônoma e competitiva em conjunto com os nós interativos concede

autonomia utópica, em que o comportamento individual é induzido e coletivizado e uma

lógica linear matemática é utilizada para programar, servindo de ferramenta para o

desenvolvimento de teorias.

1.2 Vetores do ciberespaço

O ambiente para propagar sua utilização precisa ter vetores que auxiliem sua

disseminação, agindo como suporte necessário para o surgimento de novos valores58:

A. a velocidade proporciona a articulação no espaço-tempo e a reestruturação da

agilidade, que passa a ser linear à vivência ordinária marcada pelo cronômetro.

B. a instantaneidade faz o outro participar dos momentos alegres ou tristes que são

compartilhados.

C. a simultaneidade faz a percepção dos eventos paralelos.

D. a informatização dos códigos binários da lógica funcional em rede passa a manipular e

decodificar os processos virtualizados.

E. a virtualização das formas, como as imagens dos produtos ciberculturais, é

apresentada e permite uma plataforma que confunde a realidade com a existência

nesse ambiente.

F. a hipertextualização é o processo multimídia que permite a disponibilidade de

produtos ciberculturais em qualquer lugar e a qualquer momento. E disponibilizam

outras formas de:

a) organização dos dados;

b) escrita;

c) audiovisual (som e imagem);

d) realidade virtual.

58 Os vetores estudados por Trivinho (1999); Hardt (2001).

27

O movimento OA está em convergência com o surgimento de outros produtos

hibridizados que modificam a forma de vermos os signos do dia a dia em uma organização

multilinear.

A. a interatividade faz com que o contato e o valor de troca nas relações e nas

experiências ganhem um:

a) rearranjo simbólico;

b) releitura dos discursos;

c) corpo interativo;

d) tecnologia acoplada ao corpo.

Na reapropriação e recombinação do corpo feita no mundo virtual compartilhado.

B. a interoperabilidade permite a comunicação transparente dentro do sistema, utiliza

linguagens e protocolos padronizados para trabalhar os múltiplos recursos em

conjunto com a produção de informações de forma eficiente (sistema, dispositivos,

pessoas e organizações) fazendo as trocas, reutilizando e preservando os significados.

C. a mobilidade que as tecnologias móveis proporcionam ao corpo.

D. computação em nuvens, onde a produção dos discursos é armazenada virtualmente.

Esses poucos indicadores, por surpreendentes que já sejam, e tanto mais por sua magnitude, representam, no mínimo, a vigência de um mundo tecnológico inteiramente outro, em desdobramento acelerado, contínuo e irreversível, para além do contexto comunicacional marcado pelas mídias de massa e, portanto, pelos vetores da indústria cultural. Trata-se de um mundo internacionalmente desterritorializado que não só os dados, mas também os fatos, inúmeros, revelam, conclusivamente, estar ele gravitando social, cultural, política e econômica, financeira, ética, lúdica e até juridicamente de maneira paradoxalmente descentrada, rizomática, em torno de um novo processo estrutural de comunicação: o cyberspace. (TRIVINHO, 1999, p.11).

Esses vetores trabalham o dinamismo social vigente em todas as suas formas e

apresentam a estrutura em rede e sua transitoriedade, que passam a contar na equação da

comunicação: o interlocutor pode não ser humano, as respostas podem ser dadas por

máquinas, de forma automática, saindo da ficção para apresentar os estudos realizados com

base em investigações e seus resultados.

28

1.3 Cibercultura

O agenciamento de tendências influencia a mudança de comportamento em todos os

setores, conseguindo expandir-se rapidamente, como uma formação histórica para

reconfigurar os fluxos, processos e a dinâmica através de um maquinário de memória,

processamento e distribuição de informações. Essas máquinas virtualizam as atividades e

provocam uma pluralidade do sujeito própria da cultura. Para Rüdge (2002, p.13), “segundo o

qual a tecnologia é promotora de um repugnante processo de decadência”. As plataformas de

comunicação e informação são evoluções das técnicas produzidas pela humanidade e fizeram

surgir redes nas quais a inteligência pode ser artificial e o indivíduo pode fazer escolhas

relativas à educação, ao lazer, às relações afetivas, aos negócios e à sua participação no

pensamento crítico ou nos delitos que estas tecnologias permitem.

Essa forma de vida é a condição atual da sociedade. Sua utilização veio com o

desenvolvimento da cibernética que propôs outras possibilidades como interface para

emergência do tecnológico e da biologia. Conceitos como ciborgues59, realidade virtual e

inteligência artificial (AI)60 deixaram de ser utopias e passaram a fazer parte do imaginário,

recebendo contribuições em forma de pesquisa.

Esses procedimentos produzem dados que têm significado. Esses são processados

como informação e novamente disponibilizados, não apenas para uso interpessoal, mas

também no social, que tem nos ecrãs61 a interação necessária para a reflexão e socialização da

consciência coletiva, que bem trabalhada pode produzir opinião com base em informação ou

apenas informação sem relevância.

Os dados quando têm significado em um processo são informações, assim como o

código genético de um organismo – ácido desoxirribonucleico (DNA)62 –, os bits de um

programa de computador são trabalhados para reconstruir as informações e evoluir.

Informação pode não ser conhecimento e provocar impacto no modo de vida das pessoas

comuns e pode ser adquirida, já o conhecimento é baseado em habilidades individuas e é um

processo de acarretamento que é desenvolvido e cuja propagação faz com que surjam novos

vetores. 59 Organismo com partes orgânicas e cibernéticas com finalidade de melhorar sua capacidade. 60 Ramo da ciência da computação que se propõe a elaborar dispositivos que simulem a capacidade humana de raciocinar, perceber, tomar decisões e resolver problemas, enfim, a capacidade de ser inteligente. 61 Tela no sentido de dar suporte, de uma imagem para visualização e interação com os conteúdos. 62 É um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos e de alguns vírus.

29

Comunicação em tempo real com os softwares63 e hadwares64 representa a aceleração

do corpo e do contato com o outro na transferência de informações. Os exploradores desta

civilização desenvolvem a técnica através de uma visão futurística sobre a fusão entre os

elementos orgânicos e as máquinas, cujas consequências na vida moderna operam em

repensar a moralidade, o livre-arbítrio e a felicidade, pois converter organismos biológicos em

organismos cibernéticos através da interação entre materiais orgânicos produzidos em

laboratório, próteses da biomedicina e produtos da bioquímica, é um campo para estudo

recente e que vem nos trazendo uma série de contradições e reflexões.

Esses estudos vão para o meio coletivo como jogos de multiusuários e trazem para a

massa as facilidades de uma vida tecnológica, que tem nas mídias sociais uma extensão e na

realidade aumentada uma outra possibilidade de existência, além disso, na troca de mensagens

há a possibilidade de estar mais próximo e a perspectiva de troca de identidade com o

aumento ou diminuição de privacidade. As redes formadas através dos sistemas representam a

decodificação dos conteúdos que já são abertos para o exterior, massifica-se assim a

consciência social dos temas comuns, o que fica evidenciado pelo comportamento individual.

Os chips65, ou componentes artificiais, tornaram-se nos dias de hoje aliados para a

sobrevivência: eles melhoram o desempenho biológico, com implantes biônicos ou robóticos.

Essa é uma rotina para muitos e apresenta a vida high-tech66. O homem-máquina é a

remodelagem do controle e da exploração, conduzidos pelo modelo econômico vigente, ou

em um sentido literário, podemos dizer que é nosso trabalho, nosso modo de vida, nossas

relações sociais e nossa identidade individual.

O monitoramento no nível da saúde, da segurança, da identificação e da localização é

uma forma de controlar o ir e vir em sociedade, nas cidades ou nas estradas, sendo o

gerenciamento dos corpos e das atividades.

63 Sequência de instruções escritas para ser interpretadas por um computador com o objetivo de executar tarefa específica. 64 Parte física de um computador formado por componentes eletrônicos. 65 Circuitos integrados. 66 De alta tecnologia que possui qualidade. O High-Tech, abreviatura de high technology, ocorreu como tendência arquitetônica a partir dos anos 70 e se constituiu em uma utilização de métodos, figuras, tecnologia e materiais da arquitetura e engenharia industriais em programas comerciais e residenciais no meio urbano. Caracteriza-se pela exposição dos sistemas técnicos (elétricos, hidráulicos, climatização, circulação), uso intenso de cores vivas e acabamentos metálicos, vedações com painéis industrializados e vidro, nunca com processos tradicionais de alvenaria, por exemplo, grandes vãos e estruturas tensionadas. Esta exposição dos sistemas técnicos foi chamada, jocosamente, de poética do intestiníssimo.

30

A cibercultura é talhada, de ponta a ponta, pela dromocracia. O conceito de dromocracia, cunhado por Virilio, em 1977, num contexto de discussão sobre as relações entre campo político e campo bélico no âmbito da história ocidental, refere-se a uma dinâmica societária subordinada ao imperativo da velocidade. (TRIVINHO, 2009, p.160).

No plano empresarial, a proliferação das intranets67 e das redes de softwares

(groupware)68 faz o jogo ganhar novos atores na utopia da inteligência coletiva. Essa pode ser

horizontalizada e possibilitar ao sujeito a oportunidade de escolha de forma equilibrada,

através da web semântica69 e das comunidades virtuais. A inteligência humana pode trabalhar

em cooperação na dispersão geográfica e no estabelecimento de relações em longa distância.

A difusão de jornais, de rádios e da televisão através da rede produz um diálogo

efetivo, com ampla divulgação, defesa da crítica ou apologia, que são distribuídas

rapidamente na excitação de convertê-las em sabedoria. Essa expansão pode trazer a

sabedoria, o conhecimento, a consciência, a percepção, a argumentação e o julgamento ou

apenas reação momentânea a um fato. As dimensões da cultura passam da alegria à perversão

e são canalizados no agir pessoal, afrontar o poder constituído ou questionar o outro são

possibilidades de reação para todos, a depender do nível de consciência.

O agir nesse ambiente tende a reunir diversas opiniões e a perda da privacidade é

constante, devido ao alto nível de exposição do indivíduo, que pode passar a ser alvo das

empresas que monitoram suas ações de marketing ou de lançamento de produtos, cujo

conteúdo produzido é direcionado para um público específico.

Os hackers70 ganham espaço como forma de protesto e, por vezes, são contratados

para testar sistemas de segurança, alguns utilizam a rede para invadir o sigilo de empresas, do

governo e de pessoas físicas. É um movimento sem lideranças e de ideologia difusa, sem

controle da interconexão ou monitoramento sobre estas ações e suas consequências, cuja

67 Rede local de computadores, circunscrita aos limites internos de uma instituição, na qual são utilizados os mesmos programas e protocolos de comunicação empregados na Internet. 68 Software que apoia o trabalho em grupo, coletivamente envolvido por tarefas comuns (ou objetivos) e que provê interface para um ambiente compartilhado. 69 Extensão da World Wide Web atual, que permite aos computadores e humanos trabalharem em cooperação, interligando significados de palavras e, nesse âmbito, tem como finalidade conseguir atribuir um significado (sentido) aos conteúdos publicados na Internet de modo que seja perceptível tanto pelo humano como pelo computador. 70 São pessoas que possuem interesse e um bom conhecimento em informática e é capaz de fazer hack (uma modificação) em algum sistema informático.

31

intenção é destruir ou liberar informações. A cibercultura promove um ambiente que traz ao

homem outros limites:

Entre os custos que arcamos por seus inegáveis benefícios materiais está a crescente alienação sobre a forma como se estrutura a realidade. O resultado disso é uma certa equiparação entre as formas de consciência do selvagem e do civilizado, do homem primitivo e do homem contemporâneo. (RÜDIGER, 2007, p.163).

A consciência da espécie é vista em todas as suas formas, seja pela percepção,

entendimento e desenvolvimento das potencialidades do sujeito enquanto corpo71 e enquanto

ser pensante integrante do coletivo.

1.4 Reconstrução Cibercultural

A reconstrução dos processos que perpassam nossa existência mescla ideias, história,

fatos e percepções atualizadas a partir de maquinários, meios eletrônicos de comunicação e

equipamentos que são as formas culturais de armazenamento. Olhos, mãos, cérebro e corpo

são ampliados ao infinito e esse alargamento dá uma sensação de falsa liberdade.

O inter-relacionamento dessas diferentes linguagens reconstrói a interface do cultural e

do econômico em diversos suportes, a hipermidialidade72 contata o ambiente de produção e a

vida social, dando ao sujeito facilidades que são caras à maioria.

O mercado busca na hiperfuncionalidade73 a potencialização desses processos com a

irradiação generalizada de um modelo de procedimento técnico e de objetos tecnológicos para

complementar a velocidade. A reinvenção do espaço que já não é mais estático e tem na

inércia a possibilidade para a conexão.

A convergência midiática da imagem, do som e do texto trabalham no mesmo local e

no mesmo projeto conjunto à fotografia e ao vídeo, na experiência híbrida que se apresenta e

faz o público ter outras sensações multiplicadas que são sustentadas pelas plataformas de

acesso.

Interagir com o público e reconstruir sua imagem e identidade é para as pessoas e para

as organizações uma ferramenta de transformação das informações do mundo real em 71 Linguagem em interseção e interação com o ambiente e junto às tecnologias obtêm extensões para a interação e a comunicação que possibilita o fluxo de ideias e informações. 72 Interação de uma ou mais mídias. 73 Permitem gerenciar os sistemas e suas funcionalidades.

32

realidade virtual, possibilitada pela comunicação instantânea e pela conectividade global, que

insere esta nova realidade no discurso tecnocientífico e capitalista das instituições, que

buscam no ambiente das redes novas formas de interação com o público para reconstruir sua

imagem e identidade. A cultura digital é o berço das modificações culturais e uma membrana

de cálculo da informação codificada. Para Lévy (1998, p.16), “mídia das mídias, tecnologia

de controle das técnicas, a informática condiciona doravante a possibilidade do tecnocosmo”.

A realidade vivida é percebida por intermédio de símbolos e interpretada nas

tecnologias para garantir a capacidade de compreender e interpretar as decodificações que as

tecnologias proporcionam, bem como garantir a capacidade de comunicar.

1.4.1 Comunicação e Cultura organizacional

A comunicação e a cultura organizacional são um sistema complexo com valores

tácitos e explícitos que orientam as ações dos indivíduos envolvidos no dia a dia da

organização. A identidade corporativa deve estar conectada com a missão, valores e com o

negócio que movimenta sua relação com o público. Os rituais diários, sua ideologia e as

crenças criam a linguagem e a interface de atração. Assim as organizações perpetuam sua

filosofia.

O composto da comunicação organizacional para Kunsch (1997, p.115), é “um

conjunto harmonioso, apesar das diferenças e das especialidades de cada setor e dos

respectivos subsetores. A soma de todas as atividades redundará na eficácia da comunicação

nas organizações”. Esse processo provoca a integração de todas as atividades propostas para a

organização, formando a fala da melhor maneira com seus diferentes públicos por meio de um

discurso uniforme e coerência na mensagem.

33

Figura 1: Comunicação integrada

Fonte: Adaptado pelo autor, baseado em Kunsch, (2003, p. 151).

Composto da comunicação

Comunicação organizacional

Comunicação interna

34

A comunicação organizacional decorre dos processos de desenvolvimento econômico,

social e político e do contexto social em que as entidades estão inseridas na cultura do poder,

da função, da tarefa, das pessoas, das crenças e dos valores da organização, assim como da

análise da história e da memória institucional, que deve ser compatível com a modernização e

o discurso vigente, a fim de criar publicamente a identidade, a imagem e a visibilidade da

instituição na atualidade. Essas estratégias são necessárias para promover os produtos e

serviços diante da opinião pública tornando se componente dos estudos da realidade social.

São essas formas de comunicação que permitem a uma organização se relacionar com seu universo de públicos e com a sociedade em geral. Por isso, não se devem mais isolar essas modalidades comunicacionais. É necessário que haja uma ação conjugada das atividades de comunicação que formam o composto de comunicação organizacional. (KUNSCH, 2003, p.150).

Essas perspectivas trazem para o contexto das organizações as possibilidades de

mudança na cultura organizacional e sua interação com outras disciplinas. O otimismo do

discurso capitalista junto com a percepção e compreensão das relações, cuja intenção é o

interesse comum, apresenta pontos de vista teóricos e metodológicos na superestrutura

sociocultural.

1.4.2 Cultura e Comunicação Científica

A cultura científica dissemina, faz circular e recupera a literatura produzida, publicada

e comunicada, através dos sistemas de comunicação científica, com a finalidade de que a

informação colabore na criação de uma percepção pública da ciência:

Nunca como neste momento a investigação científica e o desenvolvimento das ciências e das tecnologias exerceram tão grande influência no nosso modo de vida e de trabalho, nas nossas concepções de espaço e tempo, nas nossas capacidades de intercâmbio e de comunicação em todo o planeta. (VOGT, 2006, p.19).

A cultura científica organiza o conhecimento e facilita os processos culturais da

tecnociência em torno do público e dos sistemas de avaliação e controle de qualidade. Fazer

ciência é comunicar em todas as etapas do processo os resultados alcançados, processo em

que as mídias são relevantes, pois aprimoram as práticas, os impactos e as características das

pesquisas na garantia do acesso, para fazer avançar a metodologia científica.

35

Há certo ufanismo no discurso científico das instituições que buscam a compreensão

dos sistemas educacionais e dos pesquisadores sobre a capacidade de expressar e desenvolver

relações orgânicas em todas as dimensões das atividades humanas.

A cultura científica é a interface do mundo acadêmico com a sociedade como um todo,

formada pela memória social, que relata os acontecimentos e as evoluções nos conteúdos, nos

processos e nas instituições. Essa memória é a propulsora das inovações em todos os campos

e na realidade individual.

A metodologia dessa cultura busca confiabilidade através do julgamento de outros

cientistas na propiciação da confiança nos resultados alcançados, cuja apresentação é feita nos

canais formais e informais de divulgação. O conjunto de publicações construído com o

trabalho de pesquisa é chamado de literatura científica e dialoga com as práticas, impactos e

características necessárias. Reflexões que propõem aos indivíduos uma alfabetização

científica na arte de se fazer ciência com conceitos abstratos, tangíveis e concretos, na busca

por informações para modificar o estágio atual das coisas: inventar para transformar.

A rede é utilizada para propagar o saber científico e fazer pensar cientificamente,

enquanto uma atividade social, voltada para a sociedade e para a permuta entre ciência e

sociedade, a fim de desenvolver o conhecimento necessário para dar embasamento às

pesquisas. O seu financiamento, de igual modo, deve ser revertido na forma de pesquisas que

pretendam resultados referentes ao bem-estar social.

Assim, o pesquisador deve apresentar o tema para seus pares buscando obter

reconhecimento em sua área de atuação, com o objetivo de ensinar algo ao mundo que possa

ser utilizado por outras pessoas no processo de aprender ciência. Para Le Coadic (2004,

p.109), “a mudança de suporte fez multiplicar e armazenar informações quase ao infinito, de

modo que se trata agora de gerenciar fluxos ininterruptos e diluvianos de informações e captar

a informação relevante”.

A ciência e as tecnologias são um componente orgânico do capital que acelera os

processos de produção e o modo de vida e de trabalho das pessoas. Aproxima, compartilha e

estimula a criação e geração de conhecimento e é um processo social com grande valor. A

comunicação científica contribui para a produção e difusão de conhecimento, assim como

seus respectivos ensino e aprendizagem.

36

Com sua divulgação, o simbólico se multiplica em nossa realidade e em nossa

existência, vinculando a ciência ao poder e às formas de controle sendo possíveis os trabalhos

interdisciplinares.

Estudiosos de um campo específico podem não reconhecer corretamente o valor do seu trabalho para aqueles fora do seu próprio meio. Ainda mais ao ponto, estudiosos nem sempre são devidamente preparados para reconhecer como os outros fora do seu meio podem desenvolver pesquisas interdisciplinares. (WILLINSKY, 2006, p.186, livre tradução do autor).

Os canais de comunicação científica possibilitam que outros estudiosos possam ter

acesso aos resultados das pesquisas e têm nas editoras e bibliotecas sua forma de

disseminação dos resultados de congressos e conferências realizados através da transferência

com as redes humanas, as quais dinamizam o fluxo de informação.

1.5 Devir, hibridismo e interdisciplinaridade

O momento vivido é de mudança, em que cabe à cultura o papel de estar em

transformação para uma virtualização que multiplica as possibilidades de ação por muitos

usuários. O choque cultural que a circulação de ideias e de produtos provoca cria uma

interpelação entre a cultura local e o que vem de fora.

O hibridismo no cenário cultural contemporâneo é uma maneira de compartilhamento

e o rápido acesso, que interfere na transformação da ciência e de sua cultura, nas organizações

e na cultura organizacional, na literatura científica produzida para a disseminação do

conhecimento que são trabalhados na interdisciplinaridade, bem como nas tecnologias de

ponta que são utilizadas de forma a criarem uma outra identidade.

Multiplicam-se os artigos híbridos que delineiam tramas de ciência, política, economia, direito, religião, técnica, ficção. Se a leitura do jornal diário é a reza do homem moderno, quão estranho é o homem que hoje reza lendo estes assuntos confusos. Toda a cultura e toda a natureza são diariamente reviradas aí. (LATOUR, 1994, p.8).

Os modos culturais envolvidos no desenvolvimento da ciência se separam de seus

territórios e investem na desterritorialização para propagar a subjetividade através das

tecnologias, na busca pelo aprimoramento das relações que transformam o conhecimento em

uma mercadoria com valor simbólico e código cultural, tornando-se o objeto necessário para

fazer pesquisas e apresentar seus resultados para a sociedade, aumentando a visibilidade, o

37

acesso, a utilização e o impacto na comunidade promovendo o afastamento da produção

simbólica.

As buscas mais radicais sobre o que significa estar entrando e saindo da modernidade são as dos que assumem as tensões entre desterritorialização e reterritorialização. Com isso refiro-me a dois processos: a perda da relação “natural” da cultura com os territórios geográficos e sociais e, ao mesmo tempo, certas relocalizações territoriais relativas, parciais, das velhas e novas produções simbólicas. (CANCLINI, 2011, p.309).

Tais mudanças e seus aspectos contraditórios proporcionam um devir em plena

abertura político-econômico do universo científico tecnocrático e sociocultural das ações na

sociedade pós-industrial que está sendo edificada na experiência organizacional, no

investimento em TICs, na especialização para a geração de conhecimento e na inovação para

a dominação de um código e de um meio técnico, para desses fazer surgir uma assimetria.

Ninguém põe em dúvida essa característica: o domínio da comunicação fez um pacto de fidelidade com a tecnologia. Trata-se para a comunicação, de usar ao máximo as máquinas de todos os tipos que possam movimentar a comunicação, assegurar-lhe a transparência, persegui-la em seus cerceamentos, explicitar-lhe o funcionamento, e isso em todos os campos do saber. (SFEZ, 2000, p.12).

O local ganha visibilidade na competição e a busca por respostas rápidas transforma-se

em ferramenta para a tomada de decisões, inclusive em relação à vivência pessoal, que já é

cálculo e tem sua subjetividade influenciada por esses fluxos de informação, misturando a

linguagem natural e a formal.

A circulação de informação e sua influência no processo cultural têm o potencial de

transformar o próprio entendimento em relação ao método educacional, pois ao dar vazão à

interdisciplinaridade pode ser para Pires (1998, p.177), “tomada como uma possibilidade de

quebrar a rigidez dos compartimentos em que se encontram isoladas as disciplinas dos

currículos escolares”. O acesso à informação através destas tecnologias propicia permuta

entre as diferentes áreas do conhecimento, e não só as propicia como estas fazem parte de seu

próprio modelo de funcionamento.

38

Para além de seu significado especializado em informática ou química, a noção de interface remete a operações de tradução, de estabelecimento de contato entre meios heterogêneos. Lembra ao mesmo tempo a comunicação (ou o transporte) e os processos transformadores necessários ao sucesso da transmissão. A interface mantém juntas as duas dimensões do devir: o movimento e a metamorfose. É a operadora da passagem. (LÉVY, 2010, p.178).

A linguagem e o simbolismo ganham novos atores nesse ambiente para adentrar

diferentes contextos sociais. A economia, a produtividade e a mão de obra são globais, o fluxo

de serviços também é constante.

A convergência dos discursos faz com que as formas de socialização sejam

reconstruídas nesse novo ambiente, que necessita de termos para explicar a vida e a partilha

que a comunicação provoca.

O preço da hibridização, especialmente naquela forma inusitadamente rápida que é característica de nossa época, inclui a perda de tradições regionais e de raízes locais. Certamente não é por acidente que a atual era de globalização cultural, às vezes vista mais superficialmente como “americanização”, é também a era das reações nacionalistas ou étnicas... (BURKER, 2003, p.7).

Na sociedade digitalizada, o acesso ao conhecimento é uma liberdade que busca

respeitar os direitos autorais e a criatividade individual, sendo uma tendência facilitada pelas

tecnologias. O capital cognitivo é o bem maior no processo de adquirir, interpretar, aplicar,

reformular e novamente compartilhar o conhecimento em benefício do coletivo. O domínio

público do conhecimento científico é um discurso que as organizações mundiais estão

propagando para sociabilizar um patrimônio coletivo, cuja intencionalidade provável é

materializá-lo e transformá-lo numa mercadoria lucrativa.

O ser humano aprende, ensina e usa suas habilidades para, no coletivo, modificar ou

contribuir para o crescimento de sua comunidade. Criatividade é algo que se desenvolve no

mundo das ideias e, se compartilhado com outras pessoas, pode trazer benefícios para todos.

As ideias são pessoais e devem ser desenvolvidas no coletivo. Essa filosofia faz parte do

contexto das instituições e é representada no materialismo do dia a dia.

39

O paradigma da liberdade nesse ambiente tem na base tecnológica a arquitetura que

pode ser livre ou de controle para identificar rotas de comunicação e conteúdos. Para Lessig

(2001, p. 103, livre tradução do autor), “antes da internet, inovação e criatividade eram

diferentes, mas as restrições sobre a criatividade e a inovação são diferentes”.

Essa é uma mudança sobre a base estrutural do glocal cuja sociedade está orientada

para a instantaneidade. O híbrido interpenetra e transforma para melhorar ou dificultar as

relações.

40

CAPÍTULO II

A INTERAÇÃO NA SOCIEDADE

2.1 As organizações

As organizações são ambientes de convívio e interação constantes. Além disso, é um

ponto de convergência do consenso social sua função em gerar empregos, atrair investimentos

e desenvolver tecnologia. Suas estruturas produzem significação e símbolos que envolvem os

indivíduos e configuram sua personalidade e seu modo de vida.

Por representar um espaço de troca entre pessoas e o ambiente, o modelo das

organizações deve ser construído de forma a criar um sistema de comunicação

interdependente e que permita a continuidade de sentido, formando sua imagem interligada

aos dados disponibilizados e tornando possível a reflexão sobre todo esse processo, que avalia

pontos positivos e negativos.

O espaço virtual modifica as relações das instituições e suas fronteiras com a

sociedade local e global, trazendo inovações e estratégias competitivas que reconstroem a

cultura organizacional e possibilitam a melhoria da comunicação corporativa, o que contribui

para a consecução dos objetivos da instituição, combinando esforços dos membros para

realizar propósitos coletivos, no intuito de aprimorar os fluxos de trabalho e as reações com o

público interno e externo.

Vale lembrar que, conjuntamente com os fatores comunicacionais e culturais, são

agregados valores, na forma de capital cultural, à imagem das instituições, o que

consequentemente aumenta tanto seu valor social como a própria possibilidade de parcerias e

lucro. Para Champion (1985, p. 164), “esta sequência define os canais através dos quais

devem passar a informação e os materiais, a fim de que a organização possa cumprir seus

objetivos globais de produção”.

E assim apresentam as estratégias de gerenciamento da imagem pública produzindo

seu discurso corporativo dirigido aos grupos sociais, e com base na configuração da sociedade

personifica seus valores, suas crenças e padrões de comportamento nas redes socioculturais

como estratégia de ação que assumem as organizações enquanto formadoras de opinião e

agentes de construção social - no que permite aos indivíduos transformar seus entornos e

contribuir com a construção da sociedade, que está em permanente processo de organização,

41

desorganização, reorganização, em busca de visibilidade, reconhecimento e da construção de

uma imagem que represente poder, credibilidade e reputação da organização no capitalismo.

O capital é um processo, e não uma coisa. É um processo de reprodução da vida social por meio da produção de mercadorias em que todas as pessoas do mundo capitalista avançado estão profundamente implicadas. Suas regras internalizadas de operação são concebidas de maneira a garantir que ele seja um modo dinâmico e revolucionário de organização social que transforma incansável e incessantemente a sociedade em que está inserido. O processo mascara os fetiches, alcança crescimento mediante a destruição criativa, cria novos desejos e necessidades, explora a capacidade do trabalho e do desejo humano, transforma espaços e acelera o ritmo da vida. Ele gera problemas de superacumulação para os quais há apenas um número limitado de soluções possíveis. (HARVEY, 2007, p.307).

As organizações são complexas e precisam se adaptar à dinamicidade de mudanças

dos dias de hoje. A vida organizacional busca uma visão flexível, necessária na investigação

de soluções para os problemas ligados às múltiplas imagens da organização que intervém nas

ideias de fluxo, de conexão, de mobilidade e da vida em rede com uma grande teia de

filiações. Para Rüdger (2013, p. 136), “as tecnologias de informação prosperam, sim, por

causa da pesquisa em sua direção, dos movimentos libertários e dos agenciamentos político-

econômicos promovidos pelos Estados e corporações”.

As relações técnicas, sociais, administrativas, estratégicas e ambientais misturam as

formas de administrar as interações nos sistemas e as necessidades internas para se adaptar às

circunstâncias ambientais, criando a possibilidade de auto-organização para acompanhar os

novos desafios.

A busca pela liderança está inserida em sua forma de pensar e as organizações fazem

parte do ambiente social comum e estão submetidas às causas do entorno presentes nos

processos da globalização, como a aceleração e multiplicação das relações de influência entre

os meios de comunicação e as mensagens entre as técnicas e as formas de interagir e os

conteúdos a transmitir.

A transformação tecnológica resultante das revoluções da tecnologia produtiva de base das máquinas motrizes e fontes de energia conduz assim a uma nova valorização do excesso de capitais que vem se acumulando, do ciclo em ciclo, no âmbito do modo de produção capitalista. (MANDEL, 1985, p.83).

42

A sociedade em rede e os processos de conversão do coletivo fazem do capital

intelectual um bem com grande valor agregado, o que faz surgir nas organizações a demanda

pelo trabalho com o conhecimento e a necessidade de modificar sua comunicação.

O campo de ação das organizações é expresso por sua missão, visão de futuro e

valores com uma visão estratégica sobre a economia, a política, a sociedade, as leis, a

tecnologia e sua revolução, a cultura e as diversas linguagens de seu universo.

Identificar quais são a missão, a visão e os valores de uma organização, analisando o conteúdo dos seus enunciados, constitui uma tarefa muito importante para equacionar a pertinência, ou não, de tais enunciados e se eles estão coerentes com a prática institucional. (KUNSCH, 2003, p.249).

A lógica para controlar seus estoques, seu fluxo de caixa e seus ecossistemas de

comunicação, o clima organizacional e as relações de hierarquia convivem com os cookies74,

spyware75, web bugs76, hidden identifiers,77 e busca pelos hábitos de navegação dos seus

usuários para controlar o que os mesmos consomem, assim é formada uma opinião pública

que transforma o conhecimento em um processo estratégico.

2.2 Universidades

As universidades públicas são organizações de ensino superior mantidas com verbas

públicas segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)78, e o Plano

Nacional de Educação (PNE)79 tem o papel vinculado à criação do diálogo, esclarecimento de

ideias e ordenamento dos pensamentos para formar cidadãos críticos e propagar a

democratização e o desenvolvimento da ciência nacional, através da pesquisa e da

colaboração com outras instituições.

74 Pequeno pacote de dados enviado de um website para o navegador do usuário quando este visita o site. Cada vez que o usuário visita o site novamente, o navegador envia o cookie de volta para o servidor para notificar atividades prévias do usuário. Os cookies foram designados para ser um mecanismo confiável para que sites se lembrem de informações das atividades do usuário, como senhas gravadas, itens adicionados no carrinho de compras em uma loja on-line, links que foram clicados anteriormente, entre outros. 75 Consiste em um programa automático de computador, que recolhe informações sobre o usuário, sobre os seus costumes na Internet e transmite essas informações a uma entidade externa na Internet, sem o conhecimento e consentimento do usuário. 76 Imagem, normalmente muito pequena e invisível, que faz parte de uma página Web ou de uma mensagem de e-mail, e que é projetada para monitorar quem está acessando esta página Web ou mensagem de e-mail. 77 Nome que identifica (ou seja, rotula a identidade de) um objeto único ou uma única classe de objetos, em que o "objeto" ou classe de objeto pode ser uma ideia, objeto (ou classe dele) físico contável, ou substância (ou classe dela) física incontável. 78 Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Último acesso em: 5 abril. 2017. 79 Disponível em: <http://pne.mec.gov.br/>. Último acesso em: 5 abril. 2017.

43

São voltadas para a sociedade e para o desenvolvimento de técnicas e provisão de

conhecimento científico em intercâmbio com a sociedade. Com o movimento OA estão no

afastamento de sua produção cultura e na hibridização de suas atribuições que são:

acompanhar, mapear, descrever e garantir o acesso à produção tecnocientífica desenvolvida

em suas dependências em benefício da educação.

A educação institucionalizada, especialmente nos últimos 150 anos, serviu – no seu todo – ao propósito de não só fornecer os conhecimentos e o pessoal necessário à máquina produtiva em expansão do sistema do capital, como também gerar e transmitir um quadro de valores que legitima os interesses dominantes, como se não pudesse haver nenhuma alternativa à gestão da sociedade, seja na forma “internalizada” (isto é, pelos indivíduos devidamente “educados” e aceitos) ou através de uma dominação estrutural e uma subordinação hierárquica e implacavelmente impostas. (MÉSZÁROS, 2008, p.35).

É um ambiente propício para a criação, que faz parte da cultura inovadora em forma

de produtos e serviços inéditos. O diferencial está no ensino e no potencial de pesquisa

produzido pelos projetos desenvolvidos em parceria com agências de financiamento,

empresas e outras universidades, promovendo o ensino, a pesquisa e a extensão nestas

organizações em benefício da sociedade, assim o retorno social das explorações deve aparecer

junto com a geração de inovações.

(...) O conhecimento é um produto que em grande parte resulta de uma atividade coletiva não remunerada, de uma “produção de si” ou de uma “produção de subjetividade”. O conhecimento é em grande parte “inteligência geral”, cultura comum, saber vivo e vivido. Ele não tem valor de troca, o que significa que ele pode, em princípio, ser partilhado à vontade, segundo a vontade de cada um e de todos, gratuitamente, especialmente na internet. (GORZ, 2005, p.36).

Esse produto possibilita a visão de mundo dos indivíduos e cria a consciência

acadêmica de fazer circular estas informações que são úteis para o homem e para mudanças

de paradigma, que respeitem os limites do planeta em busca de um discurso

desenvolvimentista sustentável e uma melhor qualidade de vida.

44

Seus estatutos desenvolvidos por suas instâncias de poder possibilitam a atualização

constante e a reabilitação das informações dentro das regras impostas pelo mercado, como

direito autoral80, patentes81 e invenções82, no contexto da ciência aberta.

O ambiente acadêmico busca a interação de todos os componentes dos processos

dentro de uma estrutura completa para possibilitar sinergia e planejamento das ações. A

excelência no campo científico está nas linguagens, ao abranger toda a diversidade de

discursos e comportamentos globais na formação de uma massa crítica para o mercado de

trabalho e para a vida.

As universidades são espaços públicos para a gestão participativa, e com grande

vínculo com o capital que financia os estudos na produção e disseminação da ciência,

participando do crescimento econômico que é dependente do saber-fazer. O trabalho

colaborativo tem ganhado espaço nelas junto as tecnologias.

As informações estritamente científicas apenas podem ser inseridas no mundo da vida social pelos meios de sua utilização técnica, isto é, como saber tecnológico: aqui elas servem à expansão de nosso poder de disponibilidade técnica. Por conseguinte, elas não se encontram no mesmo plano que o da autocompreensão que orienta a ação de grupos sociais. (HABERMAS, 2014, p.136).

A grande tarefa é articular diferentes demandas na cultura e na tecnologia em um

processo contínuo de inovação e transformação da sociedade, permitindo liberdade,

diversidade e interdisciplinaridade do conhecimento para a construção da democracia e dos

direitos.

Esse ambiente também está passando pelo processo de hibridização cultural na

produção de bens e serviços imateriais:

A maioria dos serviços de fato se baseia na permuta contínua de informações e conhecimentos. Como a produção de serviços não resulta em bem material e durável, definimos o trabalho envolvido nessa produção como trabalho imaterial – ou seja, trabalho que produz um bem imaterial, como serviço, produto cultural, conhecimento ou comunicação. (HARDT; NEGRI, 2012, p.311).

80 Prerrogativas jurídicas conferidas por lei à pessoa física ou jurídica criadora de obra intelectual. Permitindo ao autor dos benefícios morais e patrimoniais resultantes da exploração de sua criação. 81 Concessão que garante ao titular a exclusividade de exploração de sua criação. 82 Mecanismo ou processo de um novo invento que possibilita guardar exclusividade.

45

A pluralidade na modernidade e a reorganização das estruturas fazem surgir

ecossistemas de comunicação, onde a interconexão abre espaço e cria estratégias inovadoras.

Como se no conhecimento se buscasse um sofá onde dar descanso ao espírito inquisidor e inquieto, ou um terraço, de onde a mente errante e variável possa passear e gozar de bonitas vistas, ou uma torre altiva sobre a qual possa alçar-se o espírito orgulhoso, ou um forte ou lugar dominante para a luta e o combate, ou uma tenda para ganho e venda, e não um rico armazém para a glória do criador e melhoria do estado do homem. (BACON, 2007, p.62).

O ambiente universitário é propício para conflitos entre a necessidade crescente de

técnicas e a politização social, qualquer tema é oportuno para receber crítica e criticar o outro,

de maneira a exercitar o poder nos processos subjetivos que são apresentados.

2.2.1 Universidade de São Paulo - USP

Essa instituição está envolvida no ensino, na pesquisa e na extensão universitária em

todas as áreas do conhecimento desde 1934 é a maior universidade pública brasileira que tem

campi dentro do Estado de São Paulo, e seu número de vagas de graduação e de pós-

graduação tem valor significativo. Também é responsável pela formação e aperfeiçoamento

de muitos mestres e doutores com uma relevante produção científica que causa impacto na

produção acadêmica nacional e na produção científica mundial.

A ideologia dessa instituição é o fomento de discussões com base em projetos que

enriqueçam o País. A universidade é constituída de uma visão revolucionária, pois reúne

cursos de diversas áreas do conhecimento, propondo a discussão pela diversidade de

perspectivas através de unidades de pesquisa e ensino, museus e hospitais, além de centros

esportivos e centros Universitários, o que corresponde à ideia de “universidade”83 como um

conjunto de escolas, institutos e faculdades autônomas.

A construção do sentido da vida institucional depende de suas políticas, das pessoas

que formam sua comunidade, da opinião pública e de sua imagem, o que repercute em maior

prestígio e interesse das pessoas em concorrer para fazer parte de seus enunciados. O

desenvolvimento de software pela equipe de TI e a aquisição desses programas, junto com as

83 Instituições de ensino e pesquisa constituídas por um conjunto de faculdades e escolas destinadas a promover a formação profissional e científica de pessoas em nível superior, e a realizar pesquisa teórica e prática nas principais áreas do saber humanístico, tecnológico e artístico, além da divulgação de seus resultados à comunidade científica mais ampla LDB (1996), PNE (2014).

46

interfaces amigáveis, fazem a ideologia já construída ser expressa com facilidade de contato

entre as pessoas geograficamente dispersas. O significado desse processo e o amplo acesso

dão visibilidade para estruturar todo o sistema organizacional por meio de confluência dos

fluxos em rede para o ensino de graduação, pós-graduação, educação a distância e cursos de

extensão, assumindo importante papel no marketing institucional e nas relações públicas da

instituição. A marca está presente na memória do coletivo, causando impressões por seus atos.

Figura 2: Portal da Universidade de São Paulo (USP)

Fonte: Site Usp84

A estrutura administrativa para gestão e suporte, que abrange, a grosso modo, as

instalações físicas, os sistemas operacionais, os recursos tecnológicos e as telecomunicações,

é a forma de facilitar o contato com os profissionais dispersos geograficamente, entre o campi

e a comunidade. Os serviços de comunicação desenvolvidos pelo projeto USPonline85 são a

interface universitária e um agente facilitador de comunicação interna e externa com a

finalidade de prover as informações institucionais e integrar o projeto USPnet86, no sentido de

fornecer acesso wireless87 à rede, criando uma interface de informação e cultura on-line.

Esses projetos dão suporte ao portal USP e às atividades desenvolvidas pela estrutura

organizacional, cuja meta é o desenvolvimento de TI, relacionamento com a sociedade e

apoio aos setores administrativos e acadêmicos, através de portarias e circulares, de modo a

direcionar o uso dos recursos computacionais.

84 Disponível em: <http://www5.usp.br/>. Último acesso em: 6 abril 2017. 85 Projeto-base para o desenvolvimento e implementação do primeiro website da USP, realizada no âmbito do projeto USP on-line, criado em 1995 pela Comissão Central de Informática (CCI). Disponível em: <www.usp.br>. Último acesso 6 abril 2017. 86 Garante o acesso à rede sem fio “Wi-fi”. 87 A tecnologia Wireless significa “sem fio” e possibilita a transmissão da conexão entre pontos distantes sem precisar usar fios (como telefones sem fio, rádios ou o seu celular).

47

O desenvolvimento de um ambiente de infraestrutura Internuvem88, onde outras

instituições podem solicitar recursos através da Comunidade Acadêmica Federada (CAFÉ)89,

é um meio que visa unificar a produção para melhorar os processos e facilitar o acesso.

A sinergia entre as plataformas e o trânsito, por meio das estruturas utilizadas,

independentes de sua localização, e com a necessidade de diferenciar os produtos e serviços

que são a marca para seus usuários institucionais, fez surgir como representação simbólica o

e-mail90 (disponibilizado para a comunidade acadêmica), twitter91, facebook92, canal

youtube93, google+94, feed de notícias95, usp mapas96.

O sistema coorporativo é atendido pela confluência das redes formadas pelas

plataformas Jupiterweb97, alumini USP98, janus99, apolo100, atena101, proteos102,

mercúrioweb103, marteweb104, mundus105, que operam pela lógica funcionalista do domínio

88 Disponível em: <https://nuvem.uspdigital.usp.br/client/>. Último acesso em: 6 abril 2017. 89 Federação de identidade que reúne instituições de ensino e pesquisa brasileira. Um usuário mantém todas as suas informações na instituição de origem e pode acessar serviços oferecidos pelas instituições que participam da federação. Disponível em: <https://pedido.internuvem.usp.br/public>. Último acesso em: 6 abril 2017. 90 Webmail interface de comunicação com os usuários garante o acesso à rede interna da USP através do @usp. 91 Rede social, que permite aos usuários enviar e receber atualizações pessoais de outros contatos (em textos de até 140 caracteres), por meio do website do serviço. Disponível em: <https://twitter.com/usponline?lang=pt>. Último acesso em: 6 abr. 2017. 92 Rede social. Disponível em: <http://www.facebook.com/profile.php?id=100002416512599>. Último acesso em: 6 abril 2017. 93 Site de compartilhamento de vídeos. Disponível em: <https://www.youtube.com/user/usponline>. Último acesso em: 6 abr. 2017. 94 Fusões de vários serviços. Disponível em: <https://plus.google.com/111234737890785507130/posts>. Último acesso em: 6 abr. 2017. 95Canal de notícias usado em formas de comunicação com conteúdo atualizado frequentemente, como sites (sítios) de notícias ou blogs. Disponibilizam um feed para os usuários. Disponível em: <http://www5.usp.br/gerar-feed/>. Último acesso em: 6 abr. 2017. 96Serviço de pesquisa e visualização de mapas e imagens de satélite. Disponível em: <http://www.usp.br/mapas/>. Último acesso em: 6 abr. 2017. 97 O Sistema Júpiter oferece suporte on-line aos alunos de graduação para acesso às notas, status de matrícula, disciplinas cursadas, requerimento de matrícula, lista de cursos de graduação, disciplinas (obrigatórias e optativas), grade curricular, horários, calendário anual acadêmico, além de outras informações e serviços como (comprovantes de matrículas, históricos escolares, atestados de frequência e conclusão de curso). Disponível em: <https://uspdigital.usp.br/jupiterweb/>. Último acesso em: 6 abr. 2017. 98 Seu objetivo é criar uma rede de ex-alunos de graduação e de pós-graduação para proporcionar o contato entre os colegas, mostrar e oferecer oportunidades de trabalho, de educação continuada, e uma série de outras vantagens. Disponível em: <http://alumni.usp.br/>. Último acesso em: 6 abr. 2017. 99 O Sistema Janus oferece suporte on-line aos pós-graduandos disponibilizando notas, status de matrícula, disciplinas disponíveis e relação de orientadores, bem como outros serviços e informações. Disponível em: <https://uspdigital.usp.br/janus/comum/entrada.jsf>. Último acesso em: 6 abr. 2017. 100 Sistema de cultura e extensão. Disponível em: <https://uspdigital.usp.br/apolo/>. Último acesso em: 6 abr. 2017. 101 Sistema para pesquisa. Disponível em: <https://uspdigital.usp.br/atena/>. Último acesso em: 6 abr. 2017. 102 Sistema administrativo. Disponível em: <https://uspdigital.usp.br/proteos/>. Último acesso em: 6 abr. 2017. 103 Sistema Financeiro. Disponível em: <https://uspdigital.usp.br/mercurioweb/>. Último acesso em: 6 abr. 2017. 104 Sistema de Recursos Humanos. Disponível em: <https://uspdigital.usp.br/marteweb/>. Último acesso em: 6 abr. 2017.

48

dos circuitos de emissão e recepção de informações e fazem a gestão administrativa das

rotinas desta instituição.

Com o discurso para obter o máximo proveito para a ciência e a sociedade na difusão

de seu patrimônio cultural, as organizações procuram encontrar soluções que suportem a

evolução tecnológica e facilitem o uso otimizado dos recursos.

2.3 As bases invisíveis do glocal

O contexto social e histórico de produção e consumo de bens culturais em tempo real

tem no sujeito o ponto de convergência que anula o espaço-tempo, e faz com que o domínio

de diversas linguagens seja necessário para se conectar. O modo de vida que se apresenta é

hibridizado em todas as suas formas e tem na emancipação da razão e da técnica, que a

evolução tecnológica traz e faz surgir, as formas de facilitar a transmissão e a retransmissão

da conversação com o outro através da rede global utilizada.

Essa via reelabora a subjetividade da existência do corpo em todas as esferas, sendo

que o fator da velocidade no leva e traz conteúdos, a partir dos meios tradicionais de

comunicação que já interagem com as novas tecnologias desenvolvidas na forma de um tecido

vivo. Para Trivinho (2001, p.207), “domonia glocal: interseção auto-obliterante entre o locus

físico do acesso para a participação, para o exercício da cidadania de ponta, o domo, e o não-

lugar relativo ao ‘espaço’ virtual deste exercício”.

Essa condição configura a interação e é a proliferação social do vetor da articulação,

influindo nas mudanças culturais. A experiência cotidiana em seu exercício no plano da

existência e da atuação é passada para os outros. O espaço é reinventado em escala geográfica

sem direção ou rota e materializado em aparelho – com fios nas bases fixas ou sem eles nas

bases móveis – para propor interação e a recepção para a geração de conteúdo com maior

mobilidade.

É assim que a glocalização é utilizada por essa geração para quem a tecnologia é parte

da vida e ferramenta de comunicação. Para todas as rotinas diárias temos um aparato que é

utilizado em diversos momentos, como por exemplo, ao optarmos por utilizar aparelhos

celulares acoplados aos nossos corpos, assim, o glocal permite que o corpo físico esteja só em

105 Sistema de Cooperação Acadêmica Nacional e Internacional (AUCANI). Disponível em: <https://uspdigital.usp.br/mundus/>. Último acesso em: 6 abr. 2017.

49

algum lugar determinado, mas a comunicação virtual estabelece uma troca independente do

distanciamento físico.

Esses processos macrossocial e microsocial são desenvolvidos no local e postos em

circulação através da mobilidade em tempo real, que envolvendo todas as atividades relativas

à experiência (som artificial, imagem técnica artificial) e a face do outro em nosso ambiente

individualizado é a cicatriz da interferência pan-tópica, para rastreamento e captura dos

fragmentos. O imaginário é repensado e incluído no contexto, independente do País e do

mercado consumidor. A existência, a experiência e a atuação se transformam em imagens,

dados e informações que circulam entrecruzadas.

A visibilidade é a audiência que o fluxo de dados, vindo ao nosso encontro, produz e

consequentemente possibilita que cada um tenha a identidade que quiser. O real e o

imaginário já se misturam no espaço convencional de acesso privado junto ao tempo que

passa linear, a vivência ordinária de cada um e a identidade que é criada na mobilidade

entrelaçada no real e no imaginário, na mistura do público e do privado, no outro próximo ou

distante, no interior (do lar, do corpo) ou no exterior (da casa, do corpo dos amigos) é um

princípio de identidade. A existência em tempo real está entrelaçada ao que vemos e ao que

imaginamos no agora, preparando um depois. A exposição à violência nessa dimensão é sutil

nas relações e acontece a todo momento.

A condição glocal configura, por pressuposto, a condição social-histórica inexorável, padrão e predominante, em que se encontram os indivíduos, corpos e espaços de vivência e interação (da rua ao domo, do trabalho ao tempo livre), bem como a economia, a política e a cultura na fase mediática avançada do capitalismo. (TRIVINHO, 2012, p.91).

No isolamento físico surge a metáfora do bunker106 que transforma a existência na

dimensão dos que convivem com um grande número de amigos on-line e estão isolados

fisicamente, pois o meio social é vivido na tecnologia que remete existir parcialmente na

visibilidade proporcionada por essas tecnologias inseridas na vida cotidiana, o que é

identificado como a bunkerização107 da existência.

106 Condição de proteção, resistência ou defesa contra os inimigos de guerra e no contexto do glocal é a utilização das tecnologias para defesa ou resistência em relação ao mundo que proporciona vias de fuga, Trivinho (2007). 107 Tendência tecnológica e midiática no social, Trivinho (2007).

50

O fenômeno glocal constitui uma das mais originais invenções tecnoculturais contemporâneas. De caráter nem global, nem local, exclusivos e apartados, antes tendência terceira e híbrida, já planetariamente realizada de modo unitário, composto fundamentalmente por ambos e, ao mesmo tempo, para além deles, sem reduzir-se a cada qual, o glocal carrega no bojo, em sua constituição stricto sensu, todas as compleições, potências e tendências da comunicação eletrônica em tempo real, de massa, interativa ou híbrida. Essencialmente subordinado ao acoplamento antropológico-instrumental das tecnologias de comunicação (fixas ou móveis), o glocal representa a mistura inextricável, embora não internamente harmônica e homeostática, entre o contexto de acesso/recepção/retransmissão/irradiação (no qual o corpo se encontra e a consciência atua) e o universo imagético-informacional das redes e telas mediáticas, satelitizadas ou não (telefônicas/celulares, radiofônicas, televisivas, ciberespacais e variações similares de enredamento geográfico). (TRIVINHO, 2014, p.25).

A materialidade produzida é disponibilizada e consumida com a finalidade que lhe

convier. Entretenimento, educação, jogos militares ou a militarização são produtos midiáticos.

O discurso populista do mercado é a visão de vida e a garantia de que o capitalismo tem um

grande mercado. O Estado democrático baseado em leis propaga a livre iniciativa.

O fato de estar mais próximo daquele que está longe que daquele que se encontra ao seu lado é um fenômeno de dissolução política da espécie humana. Vê-se que a perda do corpo próprio implica a perda do corpo do outro, em benefício de uma espécie de espectralidade do longínquo, daquele que está no espaço virtual da internet ou na lucarna da televisão. (VIRILIO, 2000, p.50).

A condição glocal do sujeito traz e leva toda a gama de produtos desenvolvidos para o

consumo e o divertimento.

2.4 Open Access

Assim como os utopistas da Renascença, alguns sonharam com um novo sistema de comunicação, no qual o acesso a todo conhecimento científico se tornaria universal e sem barreiras. Especialmente nos países mais afastados dos principais centros produtores, surgiu a esperança não só de acesso ao que era produzido fora, mas também que a produção local teria maior visibilidade e penetração internacional. (MUELLER, 2006 p.27).

O termo OA surgiu como um conceito público propondo estratégias complementares

para garantir acesso aos conhecimentos produzidos em todas as disciplinas e países, a utopia

aqui é da aceleração das pesquisas conduzidas, com olhar de que seus resultados possam ser

distribuídos. O conceito público implementa a viabilidade técnica, econômica e legal sobre

suas metodologias.

51

Nesse sentido, OA disseminou o padrão para a implementação da ideologia na

instituição através da busca por uma política institucional, o licenciamento, reutilização,

infraestrutura, sustentabilidade, promoção e coordenação, que reorganiza as estruturas da

produção científica baseado na linguagem de acesso mais democrático ao conhecimento.

O desenvolvimento da mídia criou novas formas de publicidade que são bem diferentes da publicidade tradicional de copresença. A característica fundamental destas novas formas é que, com a extensão da disponibilidade oferecida pela mídia, a publicidade de indivíduos, ações ou eventos, não está mais limitada à partilha de um lugar comum. Ações e eventos podem se tornar públicos pela gravação e transmissão para outros fisicamente distantes do tempo e do espaço de suas ocorrências. (THOMPSON, 2013, p.168).

A proposta do movimento é a de conscientização sobre os padrões do OA para toda a

cadeia do conhecimento científico, buscando uma conduta profissional e a garantia de

remover as barreiras ao acesso à informação científica, aos dados científicos, aos dados

governamentais, aos recursos educativos e aos códigos fontes, além da abertura para acesso

aos códigos necessários que possam utilizar desses dados para produzir ciência.

52

Figura 3: Acesso a dados livres

Fonte: Adaptado pelo autor de UNESCO 2015.

O acesso pode, na visão idealizadora, fazer a circulação e melhorar a produtividade

com a geração de conhecimentos.

O acesso – seja ele primário, isto é, direcionado ao objeto infortecnológico e à sociossemiose plena da interatividade (que perfazem condições sine qua non iniciais para as demais modalidades de acesso), seja ele derivado (dos fatores anteriores), direcionado ao cyberspace – repousa no coração da cibercultura. Compreender a problemática do acesso, em todos os seus matizes, permite não somente alcançar uma apropriada síntese epistemológica das características estruturais e conjunturais da era tecnocultural em curso como também apreender e fixar a significação antropológica e transpolítica dessa era no transcurso (presente) do tempo histórico. (TRIVINHO, 2007, p.150).

Essas ações promovem a pesquisa e os pesquisadores e coloca na empresa uma cópia

da produção de seus colaboradores, promovendo sua imagem perante a opinião pública e

fixando sua identidade. A sociedade tem o direito de ter acesso a esses conhecimentos. Eles

devem ter retorno do investimento público e ser beneficiados por esses. Para Kuramoto (2014,

?

Gerenciamento de dados Cultura

Ciência

Dados livres

Economia

Estatística Clima

Meio ambiente

Transporte

53

p.255), “(...) se esse resultado é obtido por meio de financiamento com recursos públicos, a

lógica e o bom senso indicam que esse resultado de pesquisa deveria ser de acesso livre. Mas

nos moldes da comunicação científica tradicional isso não acontece.” A ciência aberta é

dependente das estratégias do acesso livre.

A comunicação científica é o grande beneficiário das estratégias OA em todo o seu

sistema de investigação, demonstrando a interdependência em que cada experiência é

informada pelos resultados de outros dentro da sociedade científica.

Ninguém pode afirmar quando foi que se começou a fazer pesquisa científica e, por conseguinte, quando, pela primeira vez, houve comunicação científica. A resposta a isso depende principalmente da definição que se tenha do que seja “pesquisa”. Mas as atividades mais remotas que tiveram impacto na comunicação científica moderna foram inquestionavelmente as dos gregos antigos. A pesquisa científica pode ser comunicada de várias formas, sendo que as duas mais importantes são a fala e a escrita. Os gregos valiam-se de ambas. Assim, nossas discussões “Acadêmicas” remontam à academia, o lugar na periferia de Atenas onde as pessoas se reuniam nos séculos V e IV a. C. para debater questões filosóficas. (MEADOWS, 1999, p.3).

O estímulo ao debate dentro da comunidade acadêmica sobre a utilização das TICs e

da Internet abre possibilidades ordenadas de divulgação à comunidade, quanto ao acesso às

informações produzidas por pesquisadores. Para Castells (2003, p. 211), “se há um consenso

acerca das consequências sociais do maior acesso à informação é que a educação e o

aprendizado permanente tornam-se recursos essenciais para o bom desempenho no trabalho e

o desenvolvimento pessoal”. A internet mudou radicalmente as realidades práticas e

econômicas.

A representação do pensamento humano através da internet garante a circulação da

informação. Para Lévy (1996, p.127), “a circulação é constituída ao mesmo tempo do objeto e

da comunidade: um fenômeno evidenciado num laboratório só se torna “científico” se for

reproduzido (ou, no limite, reprodutível) em outros laboratórios”, processo que torna a

pesquisa interativa, transparente e sustentável.

O movimento OA torna a comunicação entre pesquisadores espalhados pelo globo

plausível, diminuindo as barreiras para inovações e com o discurso de trazer ideias para o

benefício público.

54

As mídias fixam, reproduzem e transportam as mensagens em uma escala que os meios somáticos jamais poderiam atingir. Mas, ao fazê-lo, descontextualizam essas mensagens e fazem-nas perder sua capacidade original de adaptar-se às situações nas quais eram emitidas por seres vivos. (LÉVY, 1998, p.54).

O ambiente tecnológico permite a penetração internacional à literatura científica

revisada por pares através de políticas que assegurem que as versões revisadas das obras

sejam depositadas em uma plataforma tecnológica.

Os saberes encontram-se, a partir de agora, codificados em bases de dados acessíveis online, em mapas alimentados em tempo real pelos fenômenos do mundo e em simulações interativas. A eficiência, a fecundidade heurística, a potência de mutação e de bifurcação, a pertinência temporal e contextual dos modelos suplantam os antigos critérios de objetividade e de universalidade abstrata. Mas reencontramos uma forma de universalidade mais concreta com as capacidades de conexão, o respeito a padrões ou formatos, a compatibilidade ou interoperabilidade planetária. (LÉVY, 1999, p.169).

O OA incentiva dois caminhos estratégicos para alcançar esse objetivo, que são: a via

verde (Green roads) e a via dourada (Gold roads), já as possibilidades de trabalho são: na via

verde a possibilidade de autoarquivamento (self-archive). Para Bailey Jr. (2006, p. 4 tradução

do autor), “auto-arquivamento é a possibilidade de o autor disponibilizar uma cópia de seus

trabalhos em formato digital livremente na internet e esses trabalhos podem ser apresentados

na forma de pré-prints ou postprints”. Para Moreno, Leite e Arellano (2006, p.83), pré-prints

são “copias do artigo antes de ser avaliado e publicado formalmente”.

Postprint é:

Qualquer versão aprovada pelas revisões por pares. Às vezes é importante distinguir dois tipos de postprint: (a) aqueles que têm sido revisados mas não editado e (b) aqueles que têm sido tanto revisados e editados. Alguns autores e editores de revistas dão permissão para depositar o primeiro, mas o segundo tipo não é um repositório OA. (SUBER, 2004, p. 5, tradução do autor).

O formato digital dos documentos e a possibilidade dos arquivos eletrônicos abertos

permitem ao pesquisador depositar cópias dos trabalhos em diferentes plataformas através das

TICs, o que possibilita o arquivamento de longo prazo. As estratégias OA permitem que o

autoarquivamento possa ser feito em:

55

2.4.1 Na via verde:

a) Sites pessoais “Blogs108” estas ferramentas têm:

Objetivos de entretenimento, profissionais, acadêmicos ou outros, e que funcionam como ferramentas de comunicação que dão suporte à interação de pequenos grupos por meio de um sistema simples e fácil de troca de mensagens, podendo ser utilizados pelos membros de uma família, uma empresa ou qualquer instituição. (RABAÇA; BARBOSA, 2002, p.74).

b) Arquivos disciplinares utilizados para suporte e apoio ao ensino e aprendizagem

com interação presencial e a distância, sendo utilizados no ensino a distância –

(EaD)109 e permite disponibilizar o conteúdo das disciplinas, receber as tarefas dos

alunos, divulgar datas, tirar dúvidas e promover discussões.

c) Sistema integrado de Gestão – (SIG)110 é a integração de todos os componentes e

processos da organização dentro de uma estrutura completa responsável pela

guarda da documentação funcional e administrativa recebida e acumulada através

das atividades meio e fim da organização. Essa documentação tem caráter

probatório para comprovar a existência da corporação.

d) As salas de aula/laboratório virtual – (e-learning)111 possibilitam a integração nas

atividades educativas de ensino a distância e criação de novos vínculos entre os

participantes.

e) Repositórios institucionais – (RI) ou Repositórios Temáticos – (RT): estas

ferramentas são, para Lynch, (2003, p.2, tradução do autor), “um conjunto de

serviços que uma universidade oferece para os membros de sua comunidade para a

gestão e disseminação dos materiais digitais criados pela instituição e seus

colaboradores e os membros da comunidade”, esta ferramenta dá visibilidade à

produção local e acesso à sociedade.

108 Contração de Web log, “diário de rede”, também conhecido com microblog, webblog ou blogue. 109 Forma de ensino/aprendizagem mediado por tecnologias que permite que os professores e os alunos estejam em ambientes fisicamente diferentes. 110 Interativo e em constante comunicação onde as funções são alinhadas de acordo com os objetivos comuns a todos os departamentos. 111 Aprendizagem eletrônica modelo de ensino não presencial.

56

Podemos chamar essas interfaces de bibliotecas digitais, que são:

Um conjunto de objetos, concebidos em meio digital, desmaterializados de sua condição física tradicional, constituídos de funções inteiramente novas que lhes garantem a hipertextualidade e caráter multimidiático, tornando-os passíveis de acatar novos e peculiares arranjos e tipos de abordagem, no processo de sua recuperação. De forma simplificada, a biblioteca digital pode ser definida como um conjunto de objetos digitais construídos a partir do uso de instrumentos eletrônicos, concebidos com o objetivo de registrar e comunicar pensamentos, ideias, imagens e sons, disponíveis a um contingente ilimitado de pessoas, dispersas onde quer que a plataforma www alcance. (ALVARENGA, 2001, [s.p.]).

A infraestrutura para a utilização das ferramentas permitirá a preservação digital da

memória institucional e a evolução da instituição biblioteca no apoio das publicações. Os

arquivos que estejam em conformidade com as normas criadas pelo Open Archives Initiative

(OAI)112 permitirão que motores de busca e outras ferramentas possam tratar os registros

separadamente como sendo um só nas tecnologias que suportam o acesso livre de forma

interoperavel.

(...), que tem por finalidade libertar a literatura científica do impedimento indesejável, os autores só precisam depositar os seus artigos arbitrados em arquivos Open Access em suas próprias instituições estes arquivos interoperáveis podem então ser acessados virtualmente e seu conteúdo completo é livremente pesquisável e acessível on-line. (HARNAD, 2001, p.1, tradução do autor).

Dessa forma, os usuários não precisam saber quais arquivos existem ou onde eles se

localizam, a fim de encontrar e fazer uso de seu conteúdo.

No entanto, um repositório institucional não pode ser assemelhado a um armazém, onde tudo o que é gerado dentro de uma instituição é colocado. Ele é uma das faces visíveis dessa instituição e, por isso, apenas material previamente sujeito a controle de qualidade (artigos já publicados, teses e dissertações já defendidas, etc.) deverá ser depositado. (BAPTISTA, et al., 2007, p.5).

Sendo esse o discurso apresentado pelos que apoiam as iniciativas do acesso livre ao conhecimento cientifico na via verde.

112 Para Sena (2000), desenvolve e promove padrões de interoperabilidade que visam facilitar a divulgação eficaz de conteúdo, seus projetos atuais são: ResourceSync, ResourceSync Especificação Framework, ResourceSync Notificação – Beta Draft, Protocol for Metadata Harvesting (OAI-PMH), OAI-PMH Version 2 Specification, Orientações de implementação OAI-PMH, Ferramentas OAI-PMH, Objeto Reutilização e Exchange (OAI-ORE), Especificações OAI-ORE e Guias do usuário, OAI_ORE Press Release, O-ORE Produção Divulgação.

57

2.4.2 Na via dourada

A segunda estratégia são as plataformas para revistas científicas via dourada, que

sugere que os pesquisadores/acadêmicos devam utilizar de meios para o lançamento de nova

geração de revistas científicas comprometidas com AL e ajudar as revistas existentes em se

tornar OA, o discurso traz ao público a alternativa de que os artigos publicados em revistas

devem ser disseminados o mais amplamente possível, como nas palavras de Willinsky que

diz.

Em termos de revistas de acesso livre, a First Monday, que trata de questões técnicas, sociais e políticas relacionadas com a internet, serve como um bom exemplo de um jornal que é imediatamente, completamente e exclusivamente livre para ler, e como tal pode ser referido como uma revista de acesso livre. (WILLINSKY, 2003, p.3, tradução do autor).

A ideologia conversa com os direitos autorais e outros mecanismos de proteção. Essas

estratégias permitem que haja padrões de interoperabilidade entre as plataformas

institucionais, desencadeando verdadeira rede de eventos, com o objetivo de apoiar.

(...) a capacidade de diferentes tipos de computadores, redes, sistemas operacionais e aplicativos de trabalhar em conjunto de forma eficaz, sem comunicação prévia, a fim de trocar informações de uma forma útil e significativa em seus três diferentes aspectos: semânticos, estruturais e sintáticas. (WOODLEY, 2005, [s.p], tradução do autor).

Assim, podemos apresentar o modelo de negócio do OA, que é capaz de ser

implantado e facilitar participação em consórcios federados, com a possibilidade de serviços

externos para a coleta e redepósito de artigos e outros materiais em outros RI. A figura abaixo

apresenta o modelo de negócio do Open Access:

58

Figura 4: Modelo de negócio Open Access (OA)

Fonte: Adaptado pelo autor de UNESCO 2015.

O modelo OA é uma estratégia de grande valor social. As ferramentas com os padrões

abertos e a infraestrutura devem oferecer as referências cruzadas e permitir a

interoperabilidade e novas formas de expressão que façam parte do texto, como elementos

multimídias:

O auto-arquivamento é a rota institucional, é a maneira mais promissora para atingir a todos porque as universidades e seus pesquisadores compartilham os benefícios de maximizar o impacto da pesquisa e participação nos custos de impacto perdido. (HARNAD, 2004, p.5, tradução do autor).

A outras ferramentas complementares para dinamizar o OA, como as redes sociais

(Twitter, Blogs), onde se cria uma rede colaborativa em grupo com finalidade específica. A

política institucional trabalha a informação produzida e busca nas casas editoriais a linguagem

59

utilizada por cada uma, além de procurar negociar direitos autorais e políticas de publicação

das mesmas, para tornar possível a utilização do Portable Document Format (PDF),113 a fim

de que o autor disponibilize uma versão própria com conteúdo igual ao do artigo publicado

para o depósito num repositório, esse separado por cores que indicam as possibilidades de

utilização dos arquivos.

Tabela 1: Política Editorial por Sistema de Cores para Liberação Política Editorial por Sistema de Cores Para Liberação

Verde Pode arquivar pré-print e pós-print ou a versão do editor em PDF.

Azul Pode arquivar pós-print (ou seja o draft post-refereeing documento final pós-peerreview ou a versão do editor.

Amarelo Pode arquivar pré-print, ou seja, o pré-refereering - documento antes do peerreview.

Branco Arquivamento não formalmente apoiado Fonte: adaptado de Sherpa/Romeo114

As criações da mente geram um conjunto de direitos aos autores e inventores que têm

um prazo de validade, permitindo que outras pessoas possam utilizar-se da criação e evitar o

retrabalho, havendo possibilidade de recompensa pela própria criação.

O inventor compromete-se a tornar público o conhecimento gerado com seu invento,

assim terceiros poderão utilizar dos resultados. O criador da inovação tem o direito sobre a

autoria e sempre será reconhecido por ela, ele pode ceder o direito de exploração à pessoa

jurídica ou física. Caso esses direitos sejam violados, os infratores poderão sofrer processos.

Essas garantias reforçam a visibilidade da produção e facilitam a mediação dos fatores de

impacto. Podemos entender esse processo na medida em que reflete o número médio de

citações de artigos científicos publicados em determinados periódicos como um processo

atuante na qualidade da reutilização dos dados abertos aumentando o impacto da pesquisa.

113 Um formato de arquivo criado pela empresa Adoble Systems para que qualquer documento seja visualizado, independente de qual tenha sido o programa que o originou. 114 Disponível em: <http://www.sherpa.ac.uk/romeo/index.php?la=pt>. Última visualização em: 6 abr. 2017.

60

Tabela 2: Política Editorial Classificação BY

CC BY Atribuição (BY): os licenciados têm o direito de copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, desde que os créditos sejam dados ao autor ou licenciador, na maneira especificada por esses;

CC BY-NC Uso não-comercial (NC) os licenciados podem copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, desde que sejam para fins não-comerciais;

CC BY-as Share Alike (SA): os licenciados devem distribuir obras derivadas somente sob uma licença idêntica à que governa a obra original;

CC BY-NC-AS Share Alike (SA): os licenciados devem distribuir obras derivadas somente sob uma licença idêntica à que governa a obra original, desde que sejam para fins não-comerciais.

Fonte: adaptado de Sherpa/Romeo115

Esse processo melhora a linguagem constituída e visa garantir que o conhecimento

produzido por colaboradores da instituição e desenvolvidos em seus laboratórios tenham uma

cópia disponibilizada. Essa é uma das ferramentas da organização para garantir o patrimônio

cultural e as avaliações do meio acadêmico e da própria instituição.

Diante de tal quadro, atribui-se à universidade um papel proeminente no tocante à formulação e implantação de uma política de acesso aberto e livre à informação científica, que se expressaria na adoção de um conjunto de medidas de apoio à produção e disseminação da informação por ela gerada. (GOMES, 2014 p. 94).

Os discursos produzidos e interpretados nesses momentos enunciam mudanças no

acesso à informação.

Essa aproximação da intertextualidade, e de forma mais geral, do interdiscurso como condição da produção e da interpretação dos discursos pode contribuir com o estudo dos efeitos da mudança que afetam a circulação dissimétrica e desigual dos enunciados, suscetíveis de se juntarem em fórmulas produtoras de eventos históricos. Por outro lado, essa aproximação se encontra confrontada aos fenômenos implicados no funcionamento “ordinário” das discursividade, particularmente no registro conversacional. (PÊCHEUX, 2014, p. 229).

115 Disponível em: <http://www.sherpa.ac.uk/romeo/index.php?la=pt>. Último acesso em: 6 abr. 2017.

61

Surgem novos conceitos para trabalhar a colaboração científica, utilizando as

multiplataformas de informação que dão possibilidade de criação de comunidades. Na figura

abaixo podemos verificar os benefícios do OA e das políticas para dar sustentação ao projeto

para o qual se propõe.

Figura 5: Benefícios do Open Access (OA)

Fonte: Adaptado pelo autor de UNESCO 2015.

Benefícios do OA

Maior visibilidade

Presença global

Acesso facilitado

Aumento no fator de impacto “citações”.

Aumento das colaborações

Na instituição

Por profissionais

Maior variedade para medição do fator de impacto

Comentários, críticas e reflexões.

62

2.5 Metodologias e análise

Portanto, uma complexidade de transição é o que permite o apoio ao OA na teoria, mas não entende como pagar por ele, como apoiar a revisão por pares, como evitar a violação de direitos autorais, como evitar violar a liberdade acadêmica, ou a forma de responder a muitas outras indagações. (SUBER, 2012, p.164, tradução livre do autor).

O acesso livre que no discurso institucional recebeu o nome de acesso aberto116 é o

caminho inicial de nossa investigação, e seu resultado está descrito nessa análise. Para tanto,

foi utilizada a revisão de literatura que no estado da arte levantou, coletou e analisou o objeto

descrito e fez as junções necessárias para explicá-lo.

O estudo de caso realizado busca informações na organização sobre o processo de

implementação e junto com a análise do corpus é referendado. As linguagens predominantes

na construção propõem a necessidade de outras metodologias para realização dos objetivos

propostos, como visitas técnicas, trabalho de campo e as entrevistas com os membros da

equipe, que servem para inserir o pesquisador no universo estudado e descrever os

acontecimentos. As conversas foram realizadas dentro da universidade com representantes das

plataformas na busca por subsídios sobre a implementação do OA.

A entrevista, que visa obter respostas válidas e informações pertinentes, é uma verdadeira arte, que se aprimora com o tempo, com treino e com experiência. Exige habilidade e sensibilidade, não é tarefa fácil, mas básica. (MARCONI; LAKATOS, 2010, p.182).

Elas indicaram que todo o trabalho anterior foi importante para subsidiar as conversas.

A USP proporciona um sistema operacional interoperável, que em rede forma um ecossistema

de interação em nó, com uma política de informação voltada para seu acesso e a plena

liberdade para utilização dos dispositivos, em que os indivíduos são imperativos na sua

utilização. A interatividade faz os indivíduos circularem pelos campi e utilizarem seu

equipamento em qualquer local. A instituição promove a ampliação das redes e sistemas

necessários.

116 Nome que o movimento Open Access recebeu na instituição. Disponível em: <http://www.acessoaberto.usp.br/>. Último acesso em: 7 abr. 2017.

63

2.5.1 Empiria

O fenômeno contemporâneo que aqui é descrito se situa no contexto específico da

academia e precisa ser estudado através da empiria, para na articulação dos conceitos

apresentar as estratégias OA e os resultados alcançados. A materialidade da investigação e das

afirmações propostas tentam interpretar o objeto científico da comunicação através das

manifestações do mundo. A linguagem e a decodificação dos signos e símbolos procuram

consolidar a ciência e justificar seu modo de fazer e de dizer, para tornar concreta a

conceituação e dar maior visibilidade aos acontecimentos.

Desse modo, a atividade científica se manifesta como outra configuração da experiência de pesquisa que, voltada para o objeto, apreende a sugestão de novas formas de perceber e sentir o mundo. Nessa subjetividade, é obrigatório reconhecer outra matriz epistemológica, aderente à atenção empírica em relação com o objeto. (FERRARA, 2010, p.57).

Em questão, busca-se responder às hipóteses de trabalho e à indagação “por que da

escolha do (OA)?”. Como forma de disseminação que coloca o conhecimento como bem

público e não como mercadoria. A esfera pública utilizada para isso é o ambiente virtual, onde

políticas públicas sociais voltadas para a questão informacional foram discutidas com toda a

comunidade acadêmica. A linguagem de instrumentalização do homem, que com as

tecnologias ganha força utópica de liberdade no ciberespaço, é plenamente utilizada.

A implementação do conceito do acesso aberto em uma universidade brasileira não é algo trivial e simples por diversos motivos: falta de políticas públicas de informação, desconhecimento dos autores sobre as questões envoltas no tema dos direitos autorais legais e patrimoniais, pressão no processo de avaliação de produtividade pelos organismos federais ainda pautadas fundamentalmente em revistas internacionais com alto fator de impacto, necessidade de intensa capacitação de equipes de informação para atuar em novo paradigma, exigência de perfis interdisciplinares inclusive com advogados habilitados e conhecedores do entorno da produção e aquisição, desconhecimento científico, entre outros. (FERREIRA, 2014, p. 207).

Esses acontecimentos provocam uma ruptura do paradigma comunicacional, o que

possibilita outras formas de interação e geração de indicadores de produção, diretrizes e

procedimentos de trabalho, potencializando o intercâmbio com outras instituições nacionais e

internacionais, com a finalidade de aperfeiçoar a gestão de investimento em pesquisa no

ensino e na extensão.

64

2.5.2 Estudo de caso

O estudo de caso é emblemático pela completude do corpus e busca reunir

informações sobre um evento contemporâneo complexo, para assim alcançar um

conhecimento amplo sobre o objeto de estudo e instrução de ações posteriores, através de

pesquisa de campo e coleta de informações. Para Eco (2012, p.5), “há duas maneiras de fazer

uma tese que se torne útil também após a formatura. A primeira é fazer dela o início de uma

pesquisa mais ampla, que prosseguirá nos anos seguintes, desde que haja oportunidade e

interesse nisso”.

O processo de interação face a face com os envolvidos na construção desta ideologia e

a inserção no espaço social que implementou o OA constroem um diálogo que resulta em um

conhecimento sobre o tema em questão. Para Chizzotti (2010, p.135) essa estratégia “objetiva

reunir os dados relevantes sobre o objeto de estudo e, desse modo, alcançar um conhecimento

mais amplo sobre esse objeto”.

2.5.3 Análise

O início de nossa análise é o portal de busca integrada sistema PRIMO117, que é uma

interface de acesso único aos conteúdos disponíveis na USP. É um serviço de descoberta pago

que permite que a sociedade navegue pelos hiperlinks, menus e ícones desse ecossistema,

escolhendo o idioma para pesquisa e navegação. É ligado por indexação a outras plataformas

de busca e apresenta resultados diferenciados que garantem maior visibilidade à produção

uspiana, que compartilha o código dos metadados em diferentes formatos e localizações.

O Browser pelas plataformas permite e garante a diversidade de serviços por meio da

infraestrutura de telecomunicação, disponíveis para a educação presencial e a distância. O

acesso remoto é feito através da Virtual Private Network (VPN)118.

O ambiente de nuvens é Interoperável em grade e as demandas são compartilhadas

através da rede Wide area network (Wan)119, que faz o colhimento dos documentos como se

117 Permite a integração de conteúdos eletrônicos em uma única interface de busca e entrega de resultados. Tal sistema faz parte de um grupo de produtos conhecidos internacionalmente como web scale discovery system. 118 Rede Virtual Privada que funciona criando uma rede de comunicações entre computadores e outros dispositivos que têm acesso restrito a quem tem as credenciais necessárias. 119 Rede que cobre uma área geralmente mais vasta. Usualmente é composta por duas ou mais LANs ligadas entre si por meio de uma ou mais linhas telefônicas ou por uma ligação por rádio.

65

todos estivessem em uma mesma coleção e cria ambientes pessoais para guardar materiais e

disponibilizá-los.

Esse conceito permite que os dados armazenados possam ser acessados em qualquer

lugar do mundo a qualquer hora, proporcionando uma visão única do sistema de forma

transparente ao usuário.

Todas as tecnologias são desenvolvidas para atender às demandas da instituição e têm

origem em produtos para o mercado capitalista no formato Open source120, isso garante que a

organização tenha o controle sobre as ferramentas para disponibilizar a produção intelectual

de seus colaboradores, e que sejam adaptadas pela equipe técnica da organização para serem

devidamente utilizadas. Estas ferramentas permitem que os documentos produzidos ou

disponibilizados pelos seus membros sejam vinculados a estas páginas abertas da web no

formato de imagem, hipertexto ou de um programa em diferentes tipos, como arquivos do tipo

PDF, sendo o mais comum que pode ser lido em programas do tipo Acrobat Reader121, pode

ser visualizado ou imprimido em outros dispositivos, ou transferido para outros equipamentos

através de downloads feitos pelos aplicativos – app122 da USP.

A amostra de resultados alcançados com a pesquisa pode ser separada por tipos de

material, assunto, autor, data da publicação e base na qual a informação está armazenada,

sendo que sua publicação pode ser feita em mais de um idioma.

Há dois tipos de comunidades: a local “uspiana” – com direto de acesso a todas as

bases disponíveis (bases de acesso aberto e bases pagas pela USP, que têm um alto custo para

serem mantidas pela instituição, sendo esta a mão do mercado que orienta as ações da

instituição) - e comunidade externa, que tem acesso a conteúdos de acesso livre. Os serviços

oferecidos para os usuários são em nuvem, o que permite tags123, inserir resenhas e manter

espaço para armazenamento de itens pesquisados através da identificação do usuário.

As ferramentas apresentam a localização física do material. O objeto transferido pode

ser utilizado tanto no modo on-line124 quanto no off-line125, o que possibilita consultas

120 Código aberto que pode ser adaptado através dos códigos fonte. 121 Software padrão gratuito e confiável para exibir, imprimir, assinar e anotar PDFs. É o único visualizador de PDF que pode abrir e interagir com todos os tipos de conteúdo PDF, incluindo formulários e multimídia. 122 São os utilitários desenvolvidos pela instituição. São os programas oficiais, que possibilitam o acesso a um mundo através de dispositivos portáteis com apenas um toque. 123 Etiqueta ou rótulos que são colocados em objetos. 124 Significa que o contato está aberto e conectado à internet.

66

posteriores. A faixa de Protocolo de Internet – (Endereço de IPs)126 da organização reconhece

o acesso remoto aos serviços e possibilita a sua utilização em qualquer lugar, o login127 é

único para todos os serviços e é disponível para quem tem algum vínculo com a organização.

A sociedade pode pesquisar e, caso necessite, pode se dirigir a uma das unidades para solicitar

o material.

As formas de inserção dos conteúdos seguem as prerrogativas OA, mas também

podem ser feitas pelo corpo técnico da instituição, respeitando os direitos, o tempo de

embargo à restrição de uso, o formato de importação. Esses procedimentos garantem o

fornecimento de dados e informações estatísticas para o gerenciamento do acervo e

racionalização dos recursos. A integração com os sistemas corporativos da universidade

garante a interoperabilidade e as ações.

Como recomendação aos membros da comunidade, é incentivado o formato digital,

que permite o acesso na íntegra do material. Caso esse item possua contrato com alguma casa

editorial deve constar essa recomendação permitindo sua publicação. Assim os resultados de

pesquisas têm maior visibilidade. O modelo de acesso segue algumas regras para garantir os

direitos autorais. Essas regras permitem que o usuário possa ter acesso ao material de

maneiras distintas, caso não possua a liberação, a informação estará com as restrições

indicadas pelas classificações na tabela abaixo:

Tabela 3: Tipos de Embargos Tipos de Embargos

Acesso aberto O documento está disponível na íntegra para consulta, download;

Acesso fechado O usuário não tem acesso ao documento; Embargado Documentos protegidos por um período

de tempo determinado. Decorrido o prazo, o acesso é automático.

Restritos ao IP USP Somente a comunidade USP tem acesso ao documento.

Fonte: Site USP128

125 Estado de certo usuário em redes sociais, programas de comunicação e sites de conversa instantânea. Esse estado quer dizer que o indivíduo não está disponível para realizar conversas e interações no momento. 126 IP significa Internet Protocol e é um número que identifica um dispositivo em uma rede (um computador, impressora, roteador, etc.). Esses dispositivos são parte de uma rede e são identificados por um número de IP único na rede. O endereço IP é composto por 4 números (até 3 dígitos) e separados por "." (ponto). Os valores que podem assumir esses números variam entre 0 e 255, por exemplo, um endereço de IP pode ser 92.168.66.254 (quatro números entre 0 e 255 separados por pontos). 127 Neologismo formado pela junção da palavra Inglesa Log “registro” e In “dentro” que significa ter acesso. 128 Disponível em: <www.usp.br/drh/novo/legislacao/doe2012/res-usp6444.html>. Último acesso em: 7 abr. 2017.

67

O fluxo informacional tem uma via de escoamento para a acessibilidade e a inclusão e

representa o modelo de negócio do OA.

Figura 6: Portal de busca integrada

Fonte: Site USP129

Os serviços da via dourada junto às publicações científicas periódicas formam uma

biblioteca digital com variadas possibilidades de atuação. O modelo prepara as revistas e os

editores no processo de qualificação e internacionalização. Não sendo um modelo imposto,

fica a critério do corpo editorial da publicação participar ou não desse portal, vale dizer que na

própria instituição há revistas que não participam do portal. Figura 7: Portal de Revistas

Fonte: Site USP130

Plataforma tecnológica que utiliza o sistema Open Journal Systems – (OJS)131 para

tornar a rede de portais de revistas científicas interoperável com sistemas nacionais e

internacionais. É um serviço; portanto, seu objetivo é reunir, organizar e prover acesso, o que

129 Disponível em: <http://buscaintegrada.usp.br/primo_library/libweb/action/search.do>. Último acesso em: 7 abr. 2017. 130 Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/revusp>. Último acesso em: 7 abr. 2017. 131 Software de código aberto para a gestão de publicações acadêmicas.

68

é aplicável por meio do Digital Object Identifier – (DOI)132, e do controle universal da edição

de arquivos Extensible Markup Language – (XML)133, que se tornou padrão internacional.

Sua estrutura faz a transferência dos metadados e dos arquivos completos de todos os

documentos de autores da instituição em quaisquer das publicações com o protocolo Simple

Web-Service Offering Repository Deposit – (SWORD)134.

As estatísticas sobre os itens colhidos no momento do trabalho de campo relativas a esta ferramenta demonstram a quantidade de documentos:

Tabela 4: Estatísticas 2016135 Estatísticas 2016

146 Revistas 4.954 Fascículos 71.238 Artigos

2.188.115 Downloads 4.315.027 Acessos

Fonte: Site USP136

Essa disponibilização facilita o impacto científico, e com seu alcance pode ir além das

citações, pois as ferramentas proporcionam formas de compartilhamento, número de acessos e

downloads e diminui o tempo de contagem para citação.

A política promovida dá acesso gratuito e irrestrito aos seus conteúdos, contando com

a permissão dos editores que têm direito sobre o documento. A interoperabilidade permite

acordo com outras publicações, bases de dados e outros sistemas de informação. A

titularidade e os direitos autorais são protegidos.

132 Identificador de Objeto Digital. É um padrão para identificação de documentos em redes de computadores, como a Internet. Esse identificador, composto de números e letras, é atribuído ao objeto digital para que esse seja unicamente identificado na Internet. 133 Recomendação da W3C para gerar linguagens de marcação para necessidades especiais. É um dos subtipos da SGML (acrônimo de Standard Generalized Markup Language ou Linguagem Padronizada de Marcação Genérica) capaz de descrever diversos tipos de dados. 134 Esse protocolo permite a interoperabilidade para o armazenamento de objetos digitais entre repositórios e outros sistemas (interface comum para depósito de itens). 135 Dados recolhidos dizem respeito à quantidade de itens disponível na base no momento em que esta pesquisa foi realizada em 18 de abril de 2016, contabilizando os números de acessos. 136 Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/revusp>. Último acesso em: 7 abr. 2017.

69

Figura 8: Biblioteca da Produção Intelectual (BDPI)

Fonte: Site USP137

Repositório138 para aumentar a visibilidade, acessibilidade e difusão dos resultados das

atividades acadêmicas por meio de padrões e protocolos de integração. O conteúdo integral de

autoria da comunidade uspiana pode ser inserido por autoarquivamento mantendo todos os

seus direitos, como acompanhamento do fator de impacto das publicações. É um índice para

avaliar a qualidade que consiste no número de citações que um artigo publicado recebe no

período de dois anos anteriores à avaliação, junto com o índice H que é uma proposta para

quantificar a produtividade e o impacto dos cientistas.

Sistema de gestão e disseminação da produção científica, acadêmica, técnica e artística

gerada pelas pesquisas através da plataforma integrada com todas as demais bibliotecas

digitais da USP, sendo alimentada diretamente pelo Portal de Revistas USP e podendo

recolher dados do Portal E-aula e se comunicar com o Banco de dados bibliográfico

Dedalus139, que está indexado ao Portal de Busca Integrada. O protocolo utilizado é Open

Archives Initiative Protocol for Metadata Harvesting OAI/PMH140, o qual é indexado por

outros metabuscadores como o Google acadêmico141 e alimentado pelo Anuário Estatístico da

USP142. O programa utilizado para gerenciar os conteúdos é o DSpace143 com serviços e

137 Disponível em: <http://www.teses.usp.br/>. Último acesso em: 7 abr. 2017. 138 Assunto tratado no capítulo II. 139 Indica os registros encontrados sobre a pesquisa feita na forma de um catálogo com os trabalhos defendidos na USP. Disponível em: <http://www.dedalus.usp.br/>. Último acesso em: 12 abr. 2017. 140 Protocolo desenvolvido pela Open Archives Initiative que define um mecanismo para coleta de registros de metadados em repositórios.. 141 Sistema do Google que oferece ferramentas específicas para que pesquisadores busquem e encontrem literatura acadêmica. Artigos científicos, teses de mestrado ou doutorado, livros, resumos, bibliotecas de pré-publicações e material produzido por organizações profissionais e acadêmicas. 142 O objetivo é reunir e consolidar algumas estatísticas demográficas e acadêmicas sobre a Universidade, de forma a servirem de instrumento para apoio gerencial e planejamento de suas atividades de ensino, de pesquisa e de prestação de serviços. 143 Repositório digital desenvolvido para recolher, preservar, gerir e disseminar a produção intelectual de uma instituição em formato digital. O DSpace gere e distribui itens digitais, compostos por ficheiros digitais

70

implementações integrados de coleta e disseminação, que preserva a memória institucional,

além de oferecer estrutura para autoarquivamento da produção das diferentes unidades e

tipologias.

O projeto foi desenvolvido para complementar as informações da produção da

organização, oriundas de projetos de pesquisa financiadas e indexados na Biblioteca Virtual

da FAPESP144. Produzindo fatores de impactos da ferramenta SFX145 (módulo do portal de

busca integrada), cooperativamente trabalha com a produção científica do CRUESP que une

as universidades do estado de São Paulo.

Essas ferramentas possibilitam a formação de comunidades e subcomunidades, além

da organização dos materiais produzidos em coleções (tipologias) e itens (documentos). Os

artigos podem ser publicados em mais de um idioma e aqueles que são originários de teses

recebem o link para ficarem vinculados à tese.

2.5.3.1. Biblioteca Digitais Temáticas

A coleção de serviços e de objetos ciberculturais que formam uma estrutura

organizacional e apresentam a possibilidade de navegação a distância com menos barreiras

físicas são distribuídas por plataformas como as que se apresentam abaixo:

Figura 9: Biblioteca Brasiliana

Fonte: Site USP146

(bitstreams) e permite a criação, indexação e pesquisa dos metadados associados para localizar e recuperar os itens. Foi concebido para permitir a preservação em longo prazo dos conteúdos do repositório. 144 Disponível em: <http://www.bv.fapesp.br/pt/>. Último acesso em: 12 abr. 2017. 145 São Arquivos comprimidos primariamente associados ao STATGRAPHICS*Plus Experimental Design File (Manugistics Inc.) para identificar fator de impacto e Índice H. 146 Disponível em: <https://www.bbm.usp.br/>. Último acesso em: 12 abr. 2017.

71

A intertextualidade na guarda da história do Brasil e seus diversos temas estão

representados no acervo da Biblioteca Brasiliana, que permite que os visitantes entrem em

contato com seus artefatos e conheçam um pouco desse fantástico acervo.

Figura 10: Instituto de Estudos Brasileiros (IEB)

Fonte: Site USP147

O acervo on-line do IEB (Instituto de Estudos Brasileiros) traz informações e a

discrição dos itens pertencentes ao arquivo, à biblioteca e à coleção de artes visuais do

instituto. Esse instituto oferece disciplinas para os cursos de graduação, pós-graduação e

extensão, disponibilizando modelos para a comunidade. A alta resolução da coleção de mapas

impressos, cartas bibliográficas, bibliografias e dados de natureza técnica editorial

contextualiza o processo de produção, circulação e apropriação das margens cartográficas e

seus verbetes explicativos sobre as dimensões do império Português.

Figura 11: Cartografia Histórica

Fonte: Site USP148

A coleção reúne mapas impressos disponibilizados em alta resolução, referências

biográficas, dados de natureza técnica e editorial, assim como verbetes explicativos que

147 Disponível em: <http://www.ieb.usp.br/>. Último acesso em: 12 abr. 2017. 148 Disponível em: <http://www.cartografiahistorica.usp.br/>. Último acesso em: 12 abr. 2017.

72

procuram contextualizar o processo de produção, circulação e apropriação das imagens

cartográficas contando um pouco da história.

Figura 12: Cifonauta

Fonte: Site USP149

Com classificação taxonômica150 sobre os reinos animália151, plantae152 e protozoa153.

É um banco de imagens de organismos marinhos. As imagens são produto direto de

pesquisas, e o acervo pode ser navegado de maneira a compartilhar informações científicas

através de imagens que mostram a beleza e a diversidade da vida marinha.

Figura 13: E-aula USP

Fonte: Site USP154

A página E-aula disponibiliza objetos de aprendizagem155 em formato de vídeo-

aulas156, e tem como objetivo a disseminação do conhecimento nas diferentes áreas. Seu 149 Disponível em: <http://cifonauta.cebimar.usp.br/>. Último acesso em: 12 abr. 2017. 150 Ramo da Biologia voltada para a ordenação e classificação dos seres vivos. Esta ciência estuda as relações de parentesco entre os organismos e suas histórias evolutivas. 151 Metazoa composto por organismos pluricelulares e heterótrofos (não são capazes de produzir sua própria energia). Fazem parte desse grupo: animais invertebrados, vertebrados, aves e mamíferos, inclusive o homem. 152 Metaphyta seres pluricelulares que possuem células revestidas por uma membrana de celulose e que são autótrofos (capazes de produzir sua própria energia). Fazem parte desse grupo: vegetais inferiores (algas verdes, vermelhas ou marrons), vegetais intermediários (ex.: samambaia) e vegetais superiores (ex.: plantas). 153 Reino Monera: composto por organismos unicelulares (formados por uma única célula) e procariontes (células que não possuem um núcleo organizado). Fazem parte desse reino: as bactérias e algas azuis ou cianobactérias (antigamente eram consideradas como vegetais inferiores). 154 Disponível em: <http://eaulas.usp.br/portal/home>. Último acesso em: 12 abr. 2017.

73

conteúdo é disponibilizado pelo criador e indexado para uso da comunidade, registra os

acontecimentos relativos às aulas, apresentações, palestras, cursos e acontecimentos dos

campi para disponibilizar seu acesso.

Figura 14: Portal de Periódicos eletrônicos em Geociências PPeGeo

Fonte: Site USP157

Como forma de disseminação do conhecimento produzido por outras organizações, a

instituição faz parcerias para disponibilizar coleções de periódicos em geociência, psicologia,

odontologia e veterinária no ambiente digital. Esse reúne uma coleção de periódicos

científicos da área de Geociências que são utilizados por toda comunidade.

Figura 15: Periódicos Eletrônicos em Psicologia

Fonte: Pepsic.bvsalud.org158

Com o objetivo de contribuir para aumentar sua utilização com um modelo de

publicação eletrônica de periódicos certificados, a instituição participa de um conjunto de

periódicos através da plataforma. 155 Para Vallejo (2007), “é uma unidade de instrução ou ensino reutilizável, podendo ser definido como: qualquer entidade, digital ou não digital, que possa ser utilizada, reutilizada ou referenciada durante o aprendizado suportado por tecnologias.” 156 Aula gravada e distribuída em forma de vídeo, esses materiais são usados na educação à distância, com o objetivo de ilustrar, reforçar e complementar o conteúdo do curso. 157 Disponível em: <http://ppegeo.igc.usp.br/scielo.php>. Último acesso em: 12 abr. 2017. 158 Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/>. Último acesso em: 12 abr. 2017.

74

Figura 16: Revistas eletrônicas de Odontologia

Fonte: Revodonto.bvsalud.org159

O Catálogo de Revistas eletrônicas de odontologia forma a coleção Rev@Odonto, que

é produto da participação de editores científicos da área de odontologia. Esse catálogo tem por

finalidade contribuir com o aumento de visibilidade da produção científica. O objetivo é

disponibilizar o acervo científico de interesse para a área em ambiente digital.

Figura 17: Portal de Revistas em Veterinária e Zootecnia

Fonte: Revistas.bvs160

Com o intuito de promover a difusão on-line e conquistar influência relativa à área de

produção voltada para a medicina veterinária, foi desenvolvido um acervo sobre o tema

ampliando a visibilidade dos mesmos.

159 Disponível em: <http://revodonto.bvsalud.org/>. Último acesso em: 12 abr. 2017. 160 Disponível em: <http://revistas.bvs-vet.org.br/portal/>. Último acesso em: 12 abr. 2017.

75

Figura 18: Banco de Imagens USP

Fonte: Imagens.usp.br161

As imagens produzidas pela USP mídias on-line estão disponíveis para uso livre via

creative commons162. Sendo amplo acervo de imagens retiradas do cotidiano da organização e

separadas por gênero e unidade administrativa, com grande variedade de temas para a

indexação. Figura 19: Portal de Produção em Ciência da Comunicação

Fonte: Univerciencia.org163

O univerciencia.org é o ponto de referência federada que provê aos usuários uma

interface única para a busca na área da ciência da comunicação, que garante o acesso à

produção desta área do conhecimento e a circulação por outras plataformas.

161 Disponível em: < http://www.imagens.usp.br/>. Último acesso em: 12 abr.2017 162Organização não governamental e sem fins lucrativos, voltada para expandir a quantidade de obras criativas disponíveis através de suas licenças, que permitem a cópia e compartilhamento com menos restrições que o tradicional todos direitos reservados. 163 Disponível em: <http://www.univerciencia.org/>. Último acesso em: 12 abr. 2017.

76

Figura 20: IPTV/USP

Fonte: IPTV.USP.BR164

Os eventos de caráter tecnocientífico e social têm transmissão e armazenamento na

IPTV/USP165, que produz vídeos e disponibiliza em canais que criam playlists166. O serviço

permite fazer transmissões ao vivo e conta com 5 canais: TV USP167, o canal ciência168, o

canal saúde169, o canal arte e cultura170 e o canal tecnologia171, também disponibiliza eventos

gravados no interior da universidade através de canais de conteúdo com gerenciamento para

distribuição dos serviços de internet. A forma de transmissão instantânea streaming é

disponibilizada a partir de interface móvel172.

164 Disponível em: <http://iptv.usp.br/portal/home>. Último acesso em: 12 abr. 2017. 165 O Internet Protocol Television ou TVIP (Televisão por IP) é um novo método de transmissão de sinais televisivos. O IPTV usa o protocolo IP (Internet Protocol) como meio de transporte do conteúdo. O fato do IP significar Internet Protocol não quer dizer que os conteúdos de televisão sejam distribuídos via streaming na internet. 166 Termo inglês que geralmente é utilizado no meio da radiodifusão para se referir a uma determinada lista de canções, que podem ser tocadas em sequência ou embaralhadas. 167 O Canal TV USP exibe programas educativos, culturais e jornalísticos do acervo da Rede USP de Televisão (RUTV), que atualmente é composta pela TV USP - São Paulo – gestora do Canal, e também pela TV USP - Bauru, TV USP - Piracicaba e TV USP - Ribeirão Preto. O Canal traz ainda documentários, séries especiais e outros conteúdos realizados em parceria ou coprodução com Unidades e Órgãos da Universidade de São Paulo. 168 Dedicado à divulgação científica e à formação em temas especializados. O Canal oferecerá uma programação que contempla assuntos abordados em série de vídeo aulas. 169 Oferece um conteúdo diversificado, visando à difusão do conhecimento e da cultura sobre saúde para a população, as comunidades e as escolas, as informações possuem uma abordagem agradável e com respaldo científico. O canal apresenta grades planejadas de programas, transmitidos ininterruptamente 24 horas por dia, que associam entretenimento e curiosidades. 170 Canal voltado à divulgação de produções artísticas, atividades de ensino, pesquisa e eventos relacionados ao universo das Artes e Cultura. Estão presentes manifestações das artes cênicas, artes visuais, audiovisual, editoração, informação cultural e memória, jornalismo, literatura, música, patrimônio histórico e artístico, publicidade e propaganda, entre outras. 171 Dedicado à divulgação tecnológica e formação em temas especializados, como por exemplo, cursos e aulas transmitidos via IPTV USP, que permitam aos alunos interagir com outros alunos, professores renomados e profissionais de diversas áreas, através de outros meios de comunicação e interação, como as redes sociais. 172 Uma tecnologia que envia informações multimídia utilizando redes de computadores para tornar as conexões mais rápidas.

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Figura 21: Livros Abertos

Fonte: Livrosabertos.sibi.usp.br173

A página Livros Abertos reúne e divulga os livros eletrônicos publicados pelos

docentes e funcionários, o trabalho é analisado sob a perspectiva dos direitos autorais e utiliza

o software Public Knowledge Project – (PKP)174 e o Open Monograph Press (OMP)175.

Figura 22: Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas – (CRUESP)

Fonte: Repositorio.cruesp.sp.gov.br176

Esse repositório institucional é voltado para o ensino, a pesquisa e a extensão nas

universidades do estado de São Paulo, trabalha em consonância para disponibilizar a produção

das universidades do Estado e permite o acesso a suas iniciativas. Seu objetivo é fortalecer a

interação entre as universidades propondo ações conjuntas.

173 Disponível em: <http://www.livrosabertos.sibi.usp.br/portaldelivrosUSP>. Último acesso em: 12 abr. 2017. 174 Iniciativa de pesquisa sem fins lucrativos que está focada na importância em disponibilizar gratuitamente os resultados da investigação financiada publicamente. 175 Plataforma de software de código aberto para gerenciamento do fluxo de trabalho editorial OMP, que pode funcionar como um site de imprensa com o catálogo, distribuição e capacidades de vendas. 176 Disponível em: <http://www.repositorio.cruesp.sp.gov.br/>. Último acesso em: 12 abr. 2017.

78

Figura 23: Teses e Dissertações

Fonte: Tesesusp.br177

Essa ferramenta disponibiliza a versão digital dos trabalhos defendidos pela

comunidade e possibilita que produtos gerados sobre esse trabalho sejam referenciados

através de links para outras plataformas. É um projeto que utiliza a versão atualizada, teses e

Dissertações Eletrônicas (TDE)178. Esse pacote utiliza softwares abertos de domínio público e

permite exportação dos dados para Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações179.

Tabela 5: Estatística de Documentos Disponibilizados pelo Sistema em 2016180 Quantidade de documentos disponibilizados pelo sistema em 2016 Teses 24702 Dissertações 38043 Livre docência 482 Total 61227

Fonte: Revistas.usp.br181

177 Disponível em: <http://www.teses.usp.br/>. Último acesso em: 12 abr. 2017. 178 Tem por objetivo proporcionar a implantação de bibliotecas digitais de teses e dissertações nas instituições de ensino e pesquisa. 179 Portal de busca, as teses e dissertações defendidas em todo o País e por brasileiros no exterior são administradas pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), o que contempla as instituições de ensino e pesquisa participantes da Rede BDTD. 180 Dados recolhidos em 18 de abril de 2016, na data que esta pesquisa foi realizada constava em acervo esta quantidade de itens os mesmos são modificados de acordo com a inserção de novos itens. 181 Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/revusp>. Último acesso em: 12 abr. 2017.

79

Figura 24: Obras Raras

Fonte: Obrasraras.usp.br182

A biblioteca digital de obras raras, especiais e documentação histórica da USP

promove a digitalização de livros que são raros, consciente de seu papel na formação e

desenvolvimento do espírito científico e crítico da comunidade uspiana, e na democratização

do acesso à informação. Trabalha para facilitar e agilizar o acesso ao acervo significativo e de

alto valor histórico, podendo incluir obras antigas, mas também obras únicas, inéditas, ou

parte de edições especiais, encadernações de luxo, ilustrações especiais ou mesmo com

autógrafo de personalidades célebres. Além disso, inclui documentação histórica da própria

Universidade, cujas ações impactam tanto a vida e costumes de diferentes épocas de nosso

estado e país quanto o desenvolvimento nacional de várias áreas do conhecimento. Outros

ambientes sociais desenvolvidos nesse ecossistema são:

Figura 25: Stoa Apoio às Disciplinas

Fonte: Disciplinas.stoa.usp.br183

A rede colaborativa Stoa184 é utilizada para auxiliar as disciplinas da USP no Moodle

do Stoa185 e é um ambiente virtual de aprendizagem (AVA)186 integrado aos sistemas Júpiter e

182 Disponível em: <http://www.obrasraras.usp.br/>. Último acesso em: 12 abr. 2017. 183 Disponível em: <http://disciplinas.stoa.usp.br/>. Último acesso em: 12 abr. 2017. 184 Elemento arquitetônico muito utilizado na Grécia Antiga para uso público. 185 Espaço de apoio on-line para as disciplinas da USP, sendo um ambiente virtual de aprendizagem onde os professores podem criar seu ambiente e ministrar disciplinas e os alunos podem acompanhá-las.

80

Janus. É um espaço avançado que oferece informações, facilita as relações e cria canais

permanentes de diálogo para a aprendizagem colaborativa.

Para apoiar os cursos, são utilizados: One-Topic (Abas)187, artefatos digitais, objetos

de aprendizagem, animações interativas, imagens, textos, vídeos, Questionnaire (Enquete)188,

Web-conferência189 via MConf190, envio de gravação de voz e vídeo on-line, Scheduler

(Agendador)191. O sistema proporciona serviços de consulta a objetos educacionais, o

intercâmbio de habilidades, o encontro virtual de turmas com colegas, formando uma rede de

comunicação e serviços de consulta para educadores.

Figura 26: Stoa Social

Fonte: Social.stoa.usp.br192

A rede social Stoa permite encontrar colegas, ter um espaço na Web para compartilhar

arquivos, escrever em um blog, fazer fóruns e participar de comunidades. Propicia o

relacionamento de muitas pessoas por finalidade e interesses dos usuários em rede,

disponibilizando suas ideias para receber as contribuições ou críticas dos membros da

comunidade, aceita sugestões e permite aos membros a participação e troca nas ações, na

busca de transcendência do diálogo para formar uma comunidade não geográfica para troca de

experiências.

186 “Local virtual” onde, em geral, os cursos na modalidade à distância ou semipresencial acontecem. São ambientes que utilizam plataformas especialmente planejadas para abrigar cursos. 187 Formato de curso que permite mostrar cada tópico em uma guia, mantendo a guia atual entre chamadas aos recursos, de tal forma que, quando ele retorna a partir de um módulo como o blog ou o glossário ele retorna para a aba de onde você começou. 188 Pesquisa de opinião sobre uma questão qualquer, que envolve documentos, depoimentos, experiências pessoais etc. 189 Webinar é uma reunião ou encontro virtual realizada pela internet através de aplicativos ou serviços, com possibilidade de compartilhamento de apresentações, voz, vídeo, textos e arquivos via web. 190 Serviços de código aberto que permitem web conferência. 191 Gerenciador de tarefas é o mecanismo responsável por carregar as tarefas definidas na configuração e registrá-las no agendador. 192 Disponível em: <https://social.stoa.usp.br/>. Último acesso em: 12 abr. 2017.

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Figura 27: Moodle da Extensão Stoa

Fonte: Cursoextensao.usp.br193

Os cursos de extensão da universidade utilizam-se do moodle194, que faz parte do Stoa,

para facilitar a comunicação durante o período do curso. Esta plataforma utiliza plugins195

especialmente feitos para os cursos e oferece toda uma rede para conectar.

Figura 28: StoaWiki

Fonte: Wiki.stoa.usp.br196

StoaWiki197 possibilita a criação de documentos coletivos junto com os outros usuários

do Stoa, é feito pela comunidade com informações úteis para suporte ao sistema e usa os

softwares MediaWiki198 e Elgg199 integrados para editar os artigos.

193 Disponível em: <http://cursosextensao.usp.br/>. Último acesso em:12 abr. 2017. 194 Modular Object Oriented Distance Learning é um sistema gerenciamento para criação de curso on-line. 195 Módulo de extensão que adiciona funções a outros programas maiores, provendo alguma funcionalidade especial ou muito específica. 196 Disponível em: <http://wiki.stoa.usp.br/P%C3%A1gina_principal>. Último acesso em: 12 abr. 2017. 197 Conjunto de páginas interligadas, e cada uma delas pode ser visitada e editada por qualquer pessoa. 198 É um software Wiki escrito em PHP utilizando sistemas de gestão de base de dados. 199 É um software de código aberto de rede social ele oferece um espaço de blog, comunidades com fóruns de discussões ou blogs comunitários, espaço para repositório de arquivos, e-portifólio, tecnologia RSS para o conteúdo gerado dentro da rede, entre outras coisas.

82

Figura 29: Blog dos Professores

Fonte: Bibliotecadaeca.wordpress.com200

Os professores utilizam as ferramentas para melhorar o processo de reflexão e troca de

experiência.

Desse modo, as comunicações digitais estão sendo utilizadas como uma nova maneira

de os professores se comunicarem com seus alunos, permitindo reflexões e debates no meio

on-line. A construção para a integração com todas as áreas de interesse tem nos Blogs dos

professores um filtro, a partir do qual se pode disponibilizar inúmeras informações através de

diferentes recursos, tendo como ponto forte a natureza criativa para apresentar-se e de forma

cronológica obter comentários.

2.5.3.2. Comunidades

Com a finalidade de estabelecer relações a distância, troca de experiências e

informação, a interação homem-máquina possibilita que surjam comunidades com diferentes

intuitos, como fixar na memória o valor sobre o ambiente comunitário.

A adesão à carta de apoio ao movimento Acesso Aberto é um exemplo desse intuito,

que propõe um modelo para ser ajustado, trocado ou moderado, o que demonstra o potencial

do projeto naquele momento, e como a contribuição de todos pode ser transformadora.

200 Disponível em: <https://bibliotecadaeca.wordpress.com/2010/12/13/blogs-de-professores/>. Último acesso em: 12 abr. 2017.

83

Figura 30: Adesão à Carta de Apoio ao Acesso Aberto USP

Fonte: Acessoaberto.usp.br201

[...] esta comunidade se vê frente à possiblidade de sanar sua necessidade mais básica no que se refere ao acesso, à disseminação, ao compartilhamento e ao uso do conhecimento global e local, por meio de espaços específicos, públicos, qualificados e integrados. Para tanto, está lhe sendo exigido: (a) conhecimento, posicionamento e atitude frente a temas como acesso público à informação, preservação digital, direitos autorais, autoarquivamento, publicação eletrônica, dentre outros; (b) controle de mecanismos de gestão de conteúdo padronizado internacionalmente, e (c) disponibilidade para trabalho cooperativo e integrado. (FERREIRA, 2007 p.78).

Redes de colaboração em ciência tecnologia e inovação (CT&I) surgem para

aprimorar a dinâmica de utilização das ferramentas e a troca de experiências.

2.5.3.3. Política Institucional de Informação

A política institucional de informação tem por intuito preservar a propriedade

intelectual sobre seus bens intangíveis produzidos por seus colaboradores e ter um controle

sobre sua própria produção que é disponibilizada em domínio público. Foi proposto dentro de

suas instâncias de poder a elaboração da política institucional de informação onde a base de

sustentação é o copyright202, que permite o cadastramento organizacional no diretório

internacional de políticas de informação (ROAMAP)203. Esta validação foi feita junto à

comunidade que pode propor diretrizes de atuação.

201 Disponível em: <http://www.acessoaberto.usp.br/>. Último acesso em: 12 abr. 2017. 202 Forma de direito intelectual, significa, "direito de cópia", que concede ao autor de trabalhos originais direitos exclusivos de exploração de uma obra artística, literária ou científica, proibindo a reprodução por qualquer meio. Ele impede a cópia ou exploração da obra sem que haja permissão. O símbolo do copyright © presente em uma obra restringe a sua impressão sem autorização prévia, impedindo que haja benefícios financeiros para outros que não sejam o autor ou o editor da obra. 203 Disponível em: <http://roarmap.eprints.org/719/>. Último acesso em 12 abr. 2017.

84

A instituição desta política permite à organização o controle desses bens, assim como

a divulgação de relatórios com o impacto das publicações realizadas por seus colaboradores.

A filosofia é da troca de conteúdo, o direito do autor e suas regulações estão sempre

em construção e em constante transformação para dar diretrizes e procedimentos, promover e

assegurar a coleta, tratamento e preservação dessa organização que proporciona a

disseminação e acessibilidade, para que a comunidade possa potencializar o intercâmbio,

gerar dados confiáveis e aperfeiçoar a gestão de investimentos em pesquisa, ensino e

extensão.

É o discurso democrático no caminho da cessão de direitos e de registros para a

exploração. O mercado editorial tem uma legislação que mantém seus direitos vigentes às

estruturas que são trabalhadas para a produção de significados e sentidos e buscam atender à

lei de acesso à informação (LAI)204 e ao projeto de lei sobre registro e disseminação da

produção tecnocientífica pelas instituições de educação superior e unidades de pesquisas

(Projeto de Lei 387)205. Esse é o escopo da construção da política nacional de informação que

também está em construção. A instituição garante que as versões revisadas por pares possam

ser disponibilizadas em plataformas para sua divulgação, respeitando os direitos de editores e

revistas de reutilizar os dados e criar uma infraestrutura sustentável.

Apresentar links para os emissores foi uma opção para difundir a ideia do acesso livre.

Essa infraestrutura interconecta e traz à tona a bio.

Figura 31: Portal do Acesso Aberto

Fonte: Acessoaberto.usp.br206

204 Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm>. Último acesso em: 12 abr. 2017. 205 Disponível em: <http://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/101006>. Último acesso em: 12 abr. 2017. 206 Disponível em: <http://www.acessoaberto.usp.br/>. Último acesso em: 12 abr. 2017.

85

Criado para permitir o diálogo com a comunidade durante o processo de

implementação, o OA traz informações importantes sobre estas estratégias emissores,

receptores, meios, canais, contextos, códigos e seus atores. Ao difundir a ideia para todos os

autores envolvidos, a forma de experiência que estas plataformas proporcionam junto com as

políticas institucionais, pessoas e comunidades, formas e instituição, modificam a cultura e

fazem a interconexão para a biocomunicação.

86

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As invenções são atualizadas e a espécie humana dá a elas os fins que quiser.

Violência e comércio são os principais mercados para uma civilização onde o militar é uma

necessidade do Estado e seu planejamento traz vantagens e desvantagens econômicas. O

controle e a comunicação nesse contexto são um fator para a organização social onde a

geração, o processamento e a transmissão de informações se tornam as fontes fundamentais

de poder.

Essa transferência provoca o fluxo constante de informações que se relacionam com a

vida pessoal e profissional. O indivíduo tem a necessidade de transmitir para o outro sua

produção intelectual e possibilita a linguagem colaborativa através das múltiplas plataformas.

A transição tecnológica pela qual as instituições passam reconstrói sua atuação na

sociedade com um grande poder de persuasão e demonstra como os processos estão

hibridizados e presentes em todas as disciplinas. O sujeito e seus grupos sociais mantêm

contato através das tecnologias de longa distância.

Assim a técnica adentra a vida, e os sonhos individuais os conglomerados, que estão

usando as tecnologias para fazer contatos e mapear os interesses do mercado consumidor. A

circularidade das práticas, que as habilidades em todas as suas extensões produzem, faz o

conhecimento adquirido na vivência ser transposto para as máquinas e através dessas ser

disseminado pela rede para muitos em todo o globo.

O modelo de concepção, que as organizações assumem, faz com que suas ideologias

trabalhem a significação e transforme sua identidade e imagem. A quebra de paradigmas é

alcançada e potencializada abrindo um espaço de troca de ideias e a possibilidade de surgir

inovações.

O sujeito com a potencialidade da condição glocalizada está contribuindo para a

sociedade do conhecimento quando utiliza-se dos mecanismos para propagar as ideias e a

imagem pública, agregando seguidores ao perfil criado nas redes sociais, que é uma

ferramenta de trabalho para produzir uma ilustração.

O acesso à informação, que esta instituição proporciona, garante uma base para a

educação e a aprendizagem no fluxo que as redes dão, dando a demonstração da importância

da velocidade para essa sociedade. A amplitude social esboçada com a rede necessita da

87

crítica para escapar das ideologias e das práticas que os objetos criados assumem quando

ganham autonomia e, em seguida, poder.

Em um círculo que envolve o globo e o espírito individual na totalidade das atividades

humanas, a fragmentação imposta pelas tecnologias é uma corrosão que a técnica impõe ao

social, e o mercado utiliza como argumento para a venda de bens ou serviços. O universo das

infraestruturas, onde multimídias, pessoas e empresas produzem informação e trazem a visão

de mundo com o peso da representação faz a sinergia do ato comunicativo. Para Sfez (2000),

“comunicação é contato, energia, informação e memória e é um sujeito orgânico em contato

com o ambiente”.

Os diferentes conceitos aqui apresentados sobre o tema convergem para a conclusão

de que houve mudanças no campo da comunicação, como sustentam as hipóteses de

investigação, para as quais as estratégias OA impulsionam a comunicação científica,

quebrando os paradigmas com as articulações do glocal e proporcionando a edificação da

sociedade do conhecimento, onde o processo inovador está em espaço de troca constante no

desenvolvimento da computação, das mídias e das telecomunicações e em sua utilização pela

educação para desenvolver a ciência, que o mercado utiliza para expandir os lucros, bens de

valor e agrega conhecimento e a sua circulação.

Tem feito das hipermídias uma forma de comunicação de via dupla em que todos

podem ser receptores e transmissores, pois vivemos na era das biotecnologias recombinadas

no virtual via ciberespaço, que modificam as disputas no campo político, econômico e social

em todo o globo.

O modelo de negócio empresarial é reproduzido em todas as instâncias, o capitalismo

provoca o desenvolvimento e também o abandono social. Ficar de fora desse espaço social é

uma segregação que poucos entendem. Com outro olhar sobre a comunicação que perpassa

nosso entendimento e um pensar o mundo por outra perspectiva que surge para complementar

a concepção descrita nesse texto.

O indivíduo em nossa sociedade é sujeito histórico com vida social que cria grupos

sociais, esses grupos lidam como o ambiente físico e biológico, com os documentos e

vestígios do passado e provocam ações em toda comunidade.

88

Sua consciência e percepção é trabalhada de variadas formas em contato direto com a

realidade, que permite experimentar sensações de outras pessoas, em outros momentos e

lugares. Os novos sistemas e a mobilidade fazem a interação dinâmica, modificam a

experiência humana e a relação com o outro.

A ação e a imagem passam a compartilhar o território virtual em que os interesses e as

tecnologias que não são neutras canalizam suas energias, e a miniaturização dos dispositivos

traz a realidade e a convivência com o outro para mais próximo do corpo.

A capacidade humana de criar é individual e está em constante diálogo com as

referências do passado e a produção contemporânea. Ela cria, constrói e reconstrói,

transformando a realidade de múltiplas maneiras: na arte, na cultura, na pesquisa, no

desenvolvimento e no humor. Essa capacidade é utilizada pelas organizações para perpetuar

sua existência e aumentar os lucros, reduzindo o indivíduo a um consumidor, segundo a

perspectiva do mercado.

Como os vetores do ciberespaço e do hibridismo, nas formas de comunicação, e com o

processo de glocalização do sujeito, a biocomunicação, que é o corpo em comunicação com

outros corpos ou máquinas acopladas a ele, transmite pensamentos e interliga tecnologias à

rede formada com a dinamicidade de conteúdos compartilhados. O corpo produz interação

entre os sistemas cibernético e o orgânico com o intercruzamento entre o meio ambiente e as

tecnologias. A inteligência humana que produz conteúdo é a sustentabilidade da conexão que

a interconexão traz nas formas diferentes de sustentação como: a vida em toda a sua

existência, os aspectos culturais, estéticos, a expansão do cognitivo e do emocional, além de

dispositivos no corpo, sobre o corpo ou entre os corpos, que em seu desenvolvimento foram

criados para facilitar a comunicação.

O homem-máquina, que com sua experiência produz conhecimento, disponibilizado

na realidade para a utilização coletiva, as redes de atuação ligadas entre pessoas, governos,

empresas e comunidades fazem os interesses comuns dos grupos serem conhecidos e

disseminarem. Os ecossistemas formados que convertem os computadores em meios de

comunicação inter-humano e fazem a transferência de conteúdos, o poder criativo que pode

formar comunidades e socializar a informação produzida, a transferência de informação e de

ideias para a geração de novos conhecimentos na reinvenção das subjetividades individuais e

coletivas. Todos esses são fatores contribuintes para o surgimento de um código de interação

híbrida, capazes de suportar na comunidade e na socialização dos conteúdos a necessidade

89

desta dinâmica, a qual promove a modificação das competências e das habilidades individuas

que criam inovações na consciência social.

As técnicas são aperfeiçoadas e disseminadas pela sociedade, os indivíduos passam a

ser seus instrumentos e os instrumentos passam a ser os indivíduos na virtualização das

funções, no aprender a aprender. Esse processo traz a vida para os contornos das relações

entre o humano e o cibernético na produção de informações, processo que é sustentado pelo

progressivo cruzamento dos sistemas, das redes, das pessoas e das corporações. Interagir é o

princípio para a comunicação e formação de comunidades para a interação social.

Confundem-se os meios de comunicação, podendo ser esses os dispositivos ou os indivíduos

integrados. O código enviado é capaz de suportar esses sistemas na criação do

condicionamento teórico para o fator humano, a comunicação e a socialização são hoje feitas

com as tecnologias e a artificialidade da troca.

Esse processo traz a vida para os contornos das relações entre o humano e o

cibernético na produção de informações, tendo o progressivo cruzamento dos sistemas, das

redes, das pessoas e das corporações. Interagir é o princípio para a comunicação e formação

de comunidades e na interação social confunde-se os meios de comunicar-se.

90

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