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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP Tiago Lopes de Oliveira A situação atual da psicologia na educação: a presença da ciência e da tecnologia DOUTORADO EM EDUCAÇÃO: HISTÓRIA, POLÍTICA, SOCIEDADE SÃO PAULO 2013

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Tiago Lopes de Oliveira

A situação atual da psicologia na educação: a presença da ciência e da tecnologia

DOUTORADO EM EDUCAÇÃO: HISTÓRIA, POLÍTICA, SOCIEDADE

SÃO PAULO

2013

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Tiago Lopes de Oliveira

A situação atual da psicologia na educação: a presença da ciência e da tecnologia

DOUTORADO EM EDUCAÇÃO: HISTÓRIA, POLÍTICA, SOCIEDADE

DOUTORADO: Tese apresentada à Banca

Examinadora da Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo, como exigência

parcial para a obtenção do título de

DOUTOR em Educação: História, Política,

Sociedade, sob a orientação do Prof. Doutor

Odair Sass.

SÃO PAULO

2013

Banca Examinadora

____________________________________

____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

Resumo

O presente trabalho pretende contribuir para um processo de reflexão sobre a atual situação

da psicologia no campo da educação e tem como objetivos investigar: a) que teorias

psicológicas são predominantes nessa área de estudo; b) como essas teorias podem ser

utilizadas nas pesquisas que relacionam psicologia e educação. O estudo foi fundamentado

na descrição sobre a estrutura objetiva da sociedade industrial e sua concernente

racionalidade, contendo uma discussão sobre a relação entre ciência e tecnologia. Com o

propósito de levantar dados sobre o objeto deste estudo foi elaborada uma discussão sobre o

desenvolvimento da psicologia no campo da educação, com foco no desenvolvimento da

psicologia educacional e escolar e na fundamentação teórica da psicologia na educação.

Também foi elaborado um levantamento junto ao Banco de Teses da CAPES com o intuito

de conhecermos melhor a presença das teorias psicológicas na educação. Por fim, foi

realizada a análise de duas teses de doutorado com o intuito de demonstrar os possíveis usos

das teorias psicológicas na educação. Para fundamentarmos as análises, privilegiamos

principalmente os conceitos de ciência e tecnologia, racionalidade tecnológica, formação e

sociedade industrial apresentados pelos autores da teoria crítica, Adorno, Horkheimer e

Marcuse. Nessa pesquisa observamos que atualmente há, no campo da educação, uma

tendência de predominância de teorias psicológicas que consideram fundamentais em suas

análises os aspectos sociais e históricos implicados no processo de formação do indivíduo.

Constatamos, no entanto, que o potencial de transformação social dessas teorias também

depende da forma como são apreendidas nas pesquisas. Por fim, concluímos que atualmente,

na educação, a psicologia passa a apresentar uma maior preocupação com os aspectos

sociais e históricos do processo educacional em detrimento de uma visão mais

individualista. E esse fato, favorece o desenvolvimento da psicologia como ciência na

educação.

Palavras - Chave: ciência e tecnologia; racionalidade tecnológica; teoria crítica da

sociedade; psicologia e educação.

Abstract

This work aims to contribute to a process of reflection on the current situation of psychology

in the education field and aims to investigate: a) that psychological theories are prevalent in

this area of study, b) how these theories can be used in researches that link psychology and

education. The study was founded on the description of the objective structure of industrial

society and its concerning rationality, containing a discussion about the relationship between

science and technology. With the purpose of collecting data about the object of this study

was elaborated a discussion about the development of psychology in the education field,

focused on the development of educational psychology and scholastic and on the theoretical

foundation of psychology in education. It was also prepared a survey with the CAPES Bank

of Thesis in order to better understand the presence of psychological theories in education.

Finally, we performed the analysis of two doctoral theses in order to demonstrate the

possible uses of psychological theories in education. To establish the analyzes, we focus

mainly on the concepts of science and technology, technological rationality, training and

industrial society presented by the authors of critical theory: Adorno, Horkheimer and

Marcuse. In this research we found that there are currently, in the field of education, a trend

of prevalence of psychological theories that consider fundamental in their analyzes historical

and social aspects implicated in the process of formation of the individual. We note,

however, that the transforming potential of these theories also depends on the way they are

perceived in the polls. Finally, we conclude that currently in education the psychology

begins to show greater concern with the social and historical aspects of the educational

process at the expense of a more individualistic vision. And this fact favors the development

of psychology as science in education.

Keywords: science and technology, technological rationality, critical theory of society,

psychology and education.

Riassunto

Questo lavoro si propone di contribuire ad un processo di riflessione sulla attuale situazione

della psicologia nel campo dell'educazione e si propone di indagare: a) le teorie psicologiche

che sono prevalenti in questo settore di studi, b) come queste teorie possono essere utilizzati

nella in ricerca che collega psicologia e l'educazione. Lo studio è stato basato sulla

descrizione della struttura oggettiva della società industriale e la sua razionalità relativa,

contenente una discussione del rapporto tra scienza e tecnologia. Con lo scopo di raccogliere

dati circa l'oggetto di questo studio, è stato elaborato una discussione dello sviluppo della

psicologia nel campo dell'educazione, con un focus nello sviluppo della psicologia educativa

e accademica e nel fondamento della psicologia nell'educazione. Anche un sondaggio è stato

preparato dalla Banca di tesi dalla CAPES, al fine di conoscere meglio la presenza di teorie

psicologiche nell’educazione. Finalmente, abbiamo effettuato l'analisi di due tesi di

dottorato per dimostrare i possibili usi di teorie psicologiche nell’educazione. Per

fondamentare le analisi, ci concentriamo principalmente i concetti di scienza e tecnologia,

razionalità tecnologica, formazione e società industriale presentato dagli autori della teoria

critica: Adorno, Horkheimer e Marcuse. In questa ricerca abbiamo trovato che ci sono

attualmente, nel campo della educazione, una tendenza di prevalenza di teorie psicologiche

che considerano fondamentale nella loro analisi gli aspetti storici e sociali coinvolti nel

processo di formazione della persona. Notiamo, tuttavia, che il potenziale sociali

trasformante di queste teorie dipende anche dal modo in cui si sono percepiti nei sondaggi.

Infine, concludiamo che, attualmente, nel'educazione, la psicologia inizia a mostrare una

maggiore attenzione per gli aspetti sociali e storici del processo formativo, a spese di una

visione più individualistica. E questo fatto favorisce lo sviluppo della psicologia come

scienza nell’educazione.

Parole chiave: scienza e tecnologia, razionalità tecnologica, teoria critica della società,

psicologia ed educazione.

Para Letícia

Para minha família

Para os meus amigos

Agradecimentos

Agradeço ao CNPq pelo financiamento da bolsa de estudo.

Ao Prof. Odair Sass, pela paciência e dedicação dispensadas durante todas as

orientações.

Ao Prof. José Leon Crochik que também contribui com essa pesquisa e a enriqueceu

com suas contribuições sempre sábias e incentivadoras.

Ao Prof. Carlos Antonio Giovinazzo Jr. que com muita humildade me ajudou na

conclusão dessa pesquisa.

À Prof.ª Maria do Carmo Guedes por tudo aquilo que me ensina em todos os nossos

encontros.

Aos professores do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: História,

Política, Sociedade, pelos ensinamentos que contribuíram para a minha formação.

À Betinha, pela simpatia e gentileza com que sempre ajuda a todos que precisam

resolver algum problema.

Um agradecimento especial aos amigos de turma: Márcia, Renata, Álvaro, Anoel,

Domênica, Tânia e Elis, com toda certeza vocês fizeram a diferença nesse meu percurso.

À Letícia, pelas horas de saudades e por ser uma das pessoas mais importantes da

minha vida, a quem eu dedico esse trabalho. Aproveito para agradecer a Vera e Hilda pelo

incentivo e pelas boas conversas.

Aos amigos Daniel, Rafael, Caio Rocha, Paulo, Trude, Pablo, Lalo, Nuno, Caio,

Renato, Renato Blota, Marco, Rodriguinho, Ricardo Bonante, Rick, Denis, Sé e Lula, pelo

companheirismo e por tudo aquilo que aprendo com vocês a cada dia. Valeu!

Ao Diego, Dimitri e Natasha, que mesmo morando longe, estão sempre presentes em

meu coração.

À amiga Lívia que sempre está ao meu lado, desde a época do colégio até hoje.

Aos meus pais e à minha irmã, pelo incentivo e também por serem sempre tão

atenciosos e cuidadosos comigo.

Sumário

Apresentação 12

Introdução 13

Justificativa 15

Tema da pesquisa 16

Problema e objeto da pesquisa 18

Objetivo 18

Hipótese 21

1. Ciência e tecnologia na sociedade industrial 23

1.1. Estrutura objetiva da sociedade industrial: a maquinaria e a indústria moderna 25

1.2. Da racionalidade individualista à racionalidade tecnológica 30

1.3. Controle social, tecnologia e ideologia da racionalidade tecnológica 40

1.4. Relações entre ciência e tecnologia 46

2. A psicologia no campo da educação 51

2.1. As definições da psicologia no campo da educação 51

2.1.1. A relação entre a psicologia e o desenvolvimento da psicologia escolar e educacional 61

2.1.2. A proposta de periodização da psicologia educacional e escolar 66

2.2. Fundamentação teórica da psicologia na educação 77

2.2.1. As teorias psicológicas presentes na educação 78

2.3. O caráter social da educação, a ausência da psicologia social e suas implicações 104

3. O desenvolvimento da psicologia na educação 108

3.1. Levantamento de dados junto ao Banco de Teses da Capes 109

3.1.1. Procedimentos utilizados na seleção dos resumos 109

3.1.2. Procedimentos utilizados na análise dos resumos selecionados 112

3.1.3. Resultados da análise dos resumos 114

3.2. Procedimentos para seleção das teses 117

3.2.1. Parâmetros utilizados na análise das teses selecionadas 118

3.3. A psicologia como ciência na educação 119

3.3.1. Informações da tese 1 119

3.3.2. Análise da tese 1 120

3.4. A psicologia como tecnologia na educação 125

3.4.1. Informações da tese 2 126

3.4.2. Análise da tese 2 126

Considerações Finais 136

Referências Bibliográficas 140

Anexos 145

Lista de Siglas

ABRAPEE - Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

EHPS - Educação: História, Política, Sociedade

EJA - Educação de Jovens e Adultos

FFCL-USP - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo

IPPUC-SP - Instituto de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

PUC-SP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Lista de Tabelas e Quadros

Quadro 1 - Concepções de Ciência e Tecnologia 50

Quadro 2 - Formulário para catalogação das informações 110

Tabela 1 - Frequência total dos resumos selecionados separada por ano e palavra-chave 110

Tabela 2 - Frequência de resumos excluídos separada por palavra-chave e motivos da

exclusão 111

Tabela 3 - Frequência de resumos excluídos separada por ano e motivos da exclusão 111

Tabela 4 - Frequência de resumos analisados separada por ano e palavra-chave 112

Tabela 5 - Frequência de resumos separada por referência teórica 115

Tabela 6 - Frequência de resumos separada por referências principais 115

Tabela 7 - Informações dos resumos analisados organizados por área de estudo 148

Tabela 8 - Informações dos resumos analisados organizados por ano 152

Tabela 9 - Informações dos resumos selecionados reunidos na categoria ‘Área como

Referência’ 156

Tabela 10 - Informações dos resumos selecionados reunidos na categoria ‘Fenomenologia’

157

Tabela 11 - Informações dos resumos selecionados reunidos na categoria ‘Foucaultiana’ 158

Tabela 12 - Informações dos resumos selecionados reunidos na categoria ‘Histórico-Social-

Vigotskiana’ 159

Tabela 13 - Informações dos resumos selecionados reunidos na categoria ‘Marxista’ 160

Tabela 14 - Informações dos resumos selecionados reunidos na categoria ‘Miscelânea’ 161

Tabela 15 - Informações dos resumos selecionados reunidos na categoria ‘Outras

Referências’ 162

Tabela 16 - Informações dos resumos selecionados reunidos na categoria ‘Piagetiana-

Cognitivista’ 163

Tabela 17 - Informações dos resumos selecionados reunidos na categoria ‘Psicanalítica’ 164

Tabela 18 - Informações dos resumos selecionados reunidos na categoria ‘Teoria das

Representações Sociais’ 165

Tabela 19 - Informações dos resumos selecionados reunidos na categoria ‘Psicométrica’ 166

El mejor argumento en favor de la

educación superior, la frase más cabal

que vendría a resumir lo que ella puede

hacer por nosotros, es la afirmación de

que debe capacitarnos para distinguir a

un hombre bueno cuando lo vemos.

William James

12

APRESENTAÇÃO

Esta pesquisa tem como referência o projeto temático de pesquisa Teoria crítica,

formação e indivíduo, sob a coordenação geral dos professores José Leon Crochík

(USP/IPUSP) e Odair Sass (PUCSP/EHPS). O projeto temático é sustentado por dois

projetos de pesquisa, distintos e articulados: a) um denominado Preconceito em relação

aos incluídos na Educação Inclusiva, de autoria de Crochík, que investiga o preconceito

e a discriminação manifestados sobre alunos incluídos na escola regular, vinculando-se

às questões da Educação Inclusiva e ao tema da Inclusão Social; b) o outro, cujo título é

Relações entre a Psicologia e a Estatística na constituição do campo educacional, de

autoria de Sass, que incide sobre as relações recíprocas estabelecidas entre a Psicologia

e a Estatística, procurando retomar, desde as primeiras décadas do século passado, os

elementos que proporcionaram a articulação entre tais disciplinas na esfera educacional.

Esta pesquisa relaciona-se diretamente com o segundo projeto apresentado. A

partir das reflexões de Sass (2008) sobre os motivos que permitem o entrelaçamento

realizado entre disciplinas tão distintas quanto a Psicologia e a Estatística no campo

educacional, foram extraídas as questões e desenvolvidos os objetivos e o problema da

presente pesquisa.

13

INTRODUÇÃO

Na pesquisa que realizei sobre a situação do trabalho juvenil e as suas

implicações sobre os sujeitos, analisei os motivos que levam um jovem a querer

trabalhar, bem como os efeitos do trabalho sobre esse jovem (Oliveira, 2008). Descobri

que no estágio1, os jovens, ao invés de realizarem atividades que trazem aspectos

positivos para a sua formação, assimilam um modelo de comportamento e um padrão de

pensamento compatíveis com a sociedade industrial capitalista. Os jovens aprendem a

respeitar regras e pensar de forma eficiente, o que significa, pensar somente na medida

em que são solicitados a responder às exigências do aparato; pensar a mais ou a menos

não é desejável nem necessário. O referencial teórico que utilizei para realizar a análise

do trabalho juvenil foi o da teoria crítica. Na obra dos autores da Escola de Frankfurt –

em especial, Adorno, Horkheimer e Marcuse –, encontrei a base explicativa para essa

forma de pensar, denominada racionalidade tecnológica. De acordo com esses autores,

a sociedade do capitalismo tardio sustenta e é sustentada com base nessa ideologia da

racionalidade tecnológica, fenômeno que traz uma série de implicações para a

sociedade e os indivíduos. Essas implicações vão da paralisia da crítica à absorção

completa do indivíduo pelo sistema social. Os indivíduos já não mais conseguem opor-

se ao que está estabelecido, além do que a ciência e a tecnologia – que poderiam deter

um potencial para libertá-los – são as principais responsáveis por essa absorção e

paralisia. A racionalidade tecnológica não está restrita a uma classe social ou a um

determinado setor da sociedade; pelo contrário, estendeu-se por todas as esferas: nas

objetivas – do lazer ao trabalho –, bem como nas subjetivas – a forma de pensar das

pessoas. Daí pode-se concluir que, no estágio, os jovens não estavam aprendendo, mas

1 O estágio profissionalizante é a forma institucionalizada do trabalho juvenil que vem atender aos

14

sim reproduzindo e expressando essa forma de pensar – e, em consequência, de se

comportar – que lhes era transmitida desde a infância, primeiro pela família, depois na

escola, sem contar a influência da indústria cultural, que cada vez mais cedo acontece

sobre os indivíduos2.

A esfera da produção de conhecimento também é influenciada por essa forma de

pensar e, assim como o trabalho, exerce papel fundamental na manutenção do controle

social necessário para a reprodução das atuais condições de existência. Sob o prisma da

ideologia da racionalidade tecnológica, as disciplinas científicas, cada vez mais, perdem

o seu potencial de crítica das condições sociais e históricas e passam a operar de acordo

e em consonância com tais condições, fato este que está relacionado com a servidão da

ciência à condição de tecnologia.

É interessante refletir sobre quais são as diferenças e as consequências de se

desenvolver conhecimento a partir de uma perspectiva científica ou tecnológica, bem

como pensar sobre as relações estabelecidas entre as duas concepções e suas

implicações sobre os sujeitos e a sociedade.

Desses questionamentos extraí as seguintes perguntas de pesquisa: No campo da

educação, há um predomínio de teorias que podem ser consideradas tecnologias?; Por

que isso acontece?

A escolha pelo campo da Educação está relacionada com a discussão proposta

por Sass (2008), bem como com os inúmeros argumentos que apontam a área

2 Enquanto finalizava a pesquisa sobre o trabalho juvenil, comecei a participar das discussões advindas do

projeto temático “Teoria Crítica, Formação e Indivíduo” (2008), coordenado pelos professores Odair Sass

e José Leon Crochík, disponível em: <www.pucsp.br/pos/ehps/pesquisa>, acesso em 13/03/2013. Tanto a

pesquisa de Crochík sobre o preconceito quanto a de Sass sobre a ligação entre a Psicologia e a Estatística

dizem respeito a esse padrão de pensamento, que, como dito anteriormente, traz sérias implicações à

sociedade e aos indivíduos. Interessei-me, em particular, pela pesquisa de Sass (2008), porque, ao refletir

sobre a relação das duas tão distintas disciplinas mencionadas, aponta questões interessantes a respeito da

Psicologia. Uma dessas questões versa sobre a relação entre ciência e tecnologia.

15

educacional como privilegiada para pensar as questões relacionadas à formação do

indivíduo e ao desenvolvimento do pensamento. Além disso, na Educação, a Psicologia

exerce papel de destaque, sendo uma das principais ciências que constituem essa área de

estudo.

JUSTIFICATIVA

A realização desta pesquisa é importante, pois: a) contribui para esclarecer os

impactos da racionalidade tecnológica e da ideologia imanente a ela no campo

educacional, por meio da análise do desenvolvimento da Psicologia; b) contribui para

uma reflexão sobre o papel dessa disciplina científica na formação dos indivíduos, bem

como sobre suas possíveis aplicações e repercussões para o aumento do controle e da

administração social ou da realização de um mundo livre.

Na atualidade, sob a égide do sistema capitalista de produção, o conhecimento

passou a ser produzido com base em interesses relacionados cada vez mais com o

aumento da produtividade e com o controle social. O estudo da relação entre ciência e

tecnologia é importante à medida que permite revelar a capacidade do conhecimento

produzido para favorecer as condições sociais, históricas e políticas estabelecidas ou de

questioná-las para que seja possível vislumbrar as transformações necessárias ao

surgimento de uma sociedade que favoreça o verdadeiro desenvolvimento das

potencialidades humanas.

16

TEMA DA PESQUISA

No estudo das relações estabelecidas entre a Estatística e a Psicologia, Sass

(2008 e 2011) aponta que essa aproximação foi resultado da ideologia da racionalidade

tecnológica – característica da sociedade industrial. O autor também assevera que a

produção e a reprodução do controle social dependem da adaptação e integração do

indivíduo às pautas sociais estabelecidas. Para Sass (2008), em consonância com os

autores da teoria crítica, a tecnologia é um dos principais fatores específicos da

sociedade industrial que visa garantir, de um lado, a adaptação e a integração do

indivíduo ao sistema e, do outro lado, a exclusão daqueles que a ele se opõem. Ainda de

acordo com Sass (2008: 40):

Também as ciências humanas e sociais produzem conhecimentos

que a par de apontarem para a liberdade do homem convertem-se

em meios eficazes de simplesmente integrar o indivíduo ao

existente, isto é, transformam-se em tecnologia.

Por fim, é importante mencionar a afirmação de Sass (2011: 132) que atenta ao

“fato de que a conformação dos indivíduos à sociedade industrial não é uma questão

estritamente subjetiva ou de consciência, mas uma consequência das relações sociais

imanentes às condições objetivas”, ou seja, essa conformação não é produto apenas de

mudanças na forma de pensar das pessoas, mas sim de mudanças na forma como a

sociedade está organizada.

Das proposições de Sass (2008 e 2011) sobre o entrelaçamento da psicologia

com a estatística, podemos destacar: i) a influência da racionalidade tecnológica no

desenvolvimento das disciplinas científicas; ii) a necessidade cada vez mais crescente

17

da integração e da adaptação dos indivíduos ao statu quo; iii) o papel da tecnologia

nesse processo de integração e adaptação.

Esta pesquisa parte das questões enfatizadas por Sass (2008 e 2011) e pretende

investigar como a Psicologia, sob a influência da ideologia da racionalidade

tecnológica, desenvolve-se no campo da Educação.

Os elementos que proporcionaram a articulação entre a Psicologia e a Estatística

na esfera educacional também podem estar na base da hegemonia da tecnologia ao lugar

da ciência e, com isso, acarretar a primazia, nesse mesmo campo, de teorias

psicológicas que não questionam o sistema social. Estudos anteriores3 apontam para

essa direção; no entanto algumas análises históricas da Psicologia na Educação4 já

indicam uma modificação nessa situação, ao verificarem uma crescente preocupação

dos pesquisadores dessa área com os aspectos sociais e históricos dos problemas

investigados. A consideração desses aspectos pode representar o fortalecimento da

presença da ciência ao lugar da tecnologia.

PROBLEMA E OBJETO DA PESQUISA

Delimita-se como objeto de estudo desta pesquisa a Psicologia enquanto

disciplina científica, em especial, e suas aplicações e expressões no campo da Educação.

Com base nas proposições de Sass (2008 e 2011) vale a pena destacar que não são

3 M. J. Warde (1995) e M. C. Sonzogno (1987).

4 D. R. Barbosa (2011).

18

apenas as teorias psicológicas que se aproximam da estatística ou que admitem sua

utilização que podem ser consideradas tecnologias. Há teorias psicológicas que não têm

por base a estatística e que se opõem ao seu uso, mas que também podem ser

consideradas tecnologias, uma vez que contribuem predominantemente com os

componentes necessários ao controle social exigido pela sociedade industrial capitalista

e têm reduzida sua capacidade de crítica das atuais condições sociais e políticas.

O problema de pesquisa pode ser exposto por meio das seguintes perguntas: Em

que medida, as teorias psicológicas estão associadas à ideologia da racionalidade

tecnológica? No campo da educação, devido à influência da racionalidade tecnológica,

há um predomínio de teorias psicológicas que podem ser consideradas tecnologias, ou

seja, que não consideram os aspectos sociais e históricos e não incentivam a reflexão

para promover as necessárias transformações nas atuais condições de vida?

OBJETIVO

Esta pesquisa considera que as condições sociais objetivas têm relação direta

com o predomínio de determinadas teorias ou tendências do pensamento científico. É

importante averiguar como a realidade social se transforma em componentes das teorias,

uma vez que o elemento social externo passa a desempenhar certo papel na constituição

da teoria, bem como verificar como as condições sociais e históricas objetivas

expressam-se nas teorias psicológicas.

Desta perspectiva, interessa investigar como a Psicologia tem se desenvolvido

no campo da Educação. Para realizar tal tarefa, as discussões sobre as relações entre

ciência e tecnologia servirão de base para as reflexões. O referencial teórico que orienta

19

esta pesquisa é o da teoria crítica, em especial as contribuições de Adorno, Horkheimer

e Marcuse. Os principais conceitos discutidos são: ciência e tecnologia (Marx, Marcuse,

Horkheimer, Adorno); esclarecimento (Horkheimer e Adorno); ideologia (Adorno,

Horkheimer e Marcuse); racionalidade tecnológica (Marcuse); formação (Adorno,

Horkheimer e Marcuse); indivíduo e sociedade (Adorno, Horkheimer e Marcuse);

sociedade industrial (Adorno, Marcuse).

Para cumprir o objetivo proposto, foram realizadas as seguintes etapas:

a) análise da estrutura da sociedade industrial com o intuito de compreender: i)

as condições sociais objetivas que favorecem a intensificação da racionalidade

tecnológica; (ii) o significado do conceito de racionalidade tecnológica e da ideologia

correspondente ; iii) as relações estabelecidas entre indivíduo e sociedade, com ênfase

nas questões relacionadas ao controle social e à padronização do pensamento. Para isso,

realizou-se a leitura de textos de importantes autores que contribuíram com as

discussões sobre essas questões. As principais referências utilizadas foram Adorno

(1996), Marx (1987) e Marcuse (1969 e 1999);

b) discussão sobre os conceitos de ciência e tecnologia com o intento de

entender: i) o que é tecnologia e o que a identifica e diferencia da ciência; ii) qual o

papel da tecnologia na atualidade; iii) a influência da racionalidade tecnológica sobre as

disciplinas científicas, transformando-as em tecnologia – em especial a psicologia no

campo da educação; iv) a indicação de elementos com base em critérios excludentes e

inclusivos que servem de referência para classificar uma teoria como ciência ou

tecnologia; v) quais teorias psicológicas presentes no campo da educação podem ser

consideradas tecnologias e por quê. Para isso, realizou-se a leitura de textos de

importantes autores que contribuíram com as discussões sobre essas questões. As

20

principais referências utilizadas foram: Adorno e Horkheimer (1973 e 1985);

Horkheimer (1984 e 2007); e Marcuse (1999);

c) análise histórica das relações estabelecidas entre a psicologia e a educação ao

longo do tempo, com o intuito de compreender quais são as raízes históricas e as

principais influências que sustentam a relação entre esses dois campos do saber. Para

isso, realizou-se um levantamento histórico sobre o desenvolvimento da Psicologia

Escolar, para apresentar as principais escolas de pensamento e as correntes teóricas que

marcam forte presença nessa área do conhecimento. As principais referências utilizadas

foram: Antunes (2003, 2007 e 2008); Barbosa (2011 e 2012); e Barbosa e Souza (2012);

d) síntese das principais correntes teóricas que estão na base da relação

estabelecida entre a psicologia e a educação. As principais referências utilizadas foram:

Goulart (1987); e Waney e Azevedo (2009). Também chamamos a atenção para o

caráter social da educação e para a importância de se considerar os aspectos sociais e

históricos nas pesquisas e na resolução dos problemas educacionais. As principais

referências utilizadas foram: Sass (2000) e Tragtenberg (1990);

e) levantamento junto ao Banco de Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento

de Pessoal de Nível Superior – CAPES – para verificar quais são as teorias e

abordagens psicológicas predominantes nas pesquisas em educação. Foram analisados

os resumos das teses de doutorado das áreas de Psicologia e Educação defendidas entre

os anos de 2009 e 2011. Tal levantamento tornou possível o esclarecimento de como a

psicologia tem se desenvolvido no campo da educação;

d) análise de duas teses de doutorado – uma que ilustra a psicologia como

tecnologia na Educação, e a outra que ilustra a psicologia como ciência na Educação.

Nessa parte da pesquisa, verificamos quanto as teorias psicológicas se aliam ou cedem

às tendências da racionalidade tecnológica. Também é importante apontar quanto a

21

produção científica da psicologia está servindo aos mecanismos de perpetuação da

dominação em forma de tecnologia5.

HIPÓTESE

A hipótese desta pesquisa pode ser assim sumariada:

a) No campo da educação, predominam teorias psicológicas que podem ser

classificadas como tecnologia e que não consideram como fundamentais em suas

investigações os aspectos sociais e históricos do objeto em estudo. Determinadas teorias

classificadas como tecnologia tem mais chance de se proliferarem, pois possuem mais

afinidades com a ideologia da racionalidade tecnológica e tem menos potencial crítico

para provocar uma transformação no ‘statu quo’.

b) No campo da educação, não predominam teorias psicológicas que podem

ser classificadas como ciência e que consideram como fundamentais em suas

investigações os aspectos sociais e históricos do objeto em estudo. Determinadas teorias

classificadas como ciência possuem menos afinidade com a ideologia da racionalidade

tecnológica e têm mais potencial crítico para provocar uma transformação no statu quo.

A possível ênfase, no campo da educação, de teorias psicológicas cognitivistas e

intelectualistas em detrimento de teorias sociais e históricas pode estar relacionada com

a racionalidade tecnológica. Esta, por pregar a eficiência e a adaptação imediata ao

aparato, promove e se ajusta melhor a teorias que não se voltam para sua análise e que

se preocupam primordialmente com aspectos individuais (psicológicos, biológicos e

5 Tais questionamentos foram investigados no Núcleo Psicologia e Tecnologia do Programa de Estudos

Pós-Graduados em Psicologia Social da PUC-SP, sob a coordenação dos professores doutores Odair Sass

e José Leon Crochik (1995-2008).

22

orgânicos) que contribuem para essa adaptação imediata e a máxima eficiência por parte

do indivíduo em atender aos ditames do aparato.

23

1. CIÊNCIA E TECNOLOGIA NA SOCIEDADE INDUSTRIAL

As questões relativas ao desenvolvimento da Psicologia no campo da Educação

decerto estão associadas à estrutura social que determina as relações entre os homens.

Assim, é preciso primeiro investigar como é tal estrutura, como se dá sua ascendência

sobre os sujeitos e qual padrão de pensamento adota como prerrogativa.

Na sociedade atual, organizada com base nos princípios do sistema capitalista

de produção, não são somente as mercadorias que passam a ser produzidas de acordo

com interesses privados, mas também o conhecimento adquire essa característica. Os

autores da teoria crítica mostram que não somente a ciência e seus produtos foram

apropriados privadamente, mas, da mesma forma, a arte e seus frutos. É evidente que

todas as sociedades necessitam reproduzir suas condições de existência, em particular

reproduzir as condições e as relações de produção. No entanto, a atual sociedade

industrial é a que melhor utiliza e desenvolve todo aparato – artístico, científico,

técnico, político, social – com o objetivo de comprovar e perpetuar as condições de vida

existentes, bem como aumentar as possibilidades de integração e adaptação dos

indivíduos ao statu quo.

Ao examinar o papel determinante que a psicologia desempenha junto à

educação, encontramos autores e textos que, desde o início do século XX, imprimiram

uma marca basicamente intelectual e cognitivista à psicologia no campo da educação,

bem como aqueles autores que iniciaram a crítica da maneira como essa ciência

determinou a organização didático-pedagógica dos conteúdos escolares em detrimento

de uma perspectiva social.

Warde (1995), em pesquisa sobre a produção discente na pós-graduação em

Educação no Brasil, no período de 1982 a 1991, também investigou a relação entre

24

psicologia e educação. As constatações da autora mostraram o crescimento e o alto grau

de utilização de determinadas teorias psicológicas – a exemplo da teoria genética de

Jean Piaget –, no período investigado, que não incluem em suas discussões o caráter

sociocultural dos processos psicológicos implicados na educação dos indivíduos.

Sass (2000) também chama atenção para a ausência de teorias sociais nas

relações estabelecidas entre a psicologia e a educação. Para o autor, “há uma primazia

de estudos sobre o desenvolvimento cognitivo e uma subordinação dos fins da educação

(políticos, éticos e culturais) aos ‘estágios universais’ do desenvolvimento” (p. 57). Os

questionamentos de Warde (1995) e Sass (2000) sobre a primazia de determinadas

teorias psicológicas na educação relacionam-se com os questionamentos sobre a

influência da racionalidade tecnológica no desenvolvimento da psicologia no campo da

educação.

Constatamos que, no campo da educação, estudos importantes apontam que as

teorias psicológicas predominantes são as teorias intelectualistas, cognitivistas e

desenvolvimentistas, as quais, mediante suas análises, centram suas atenções nos

aspectos individuais (psicológicos, biológicos e orgânicos).

Nesta parte da pesquisa investigam-se as condições sociais objetivas que servem

de base para o desenvolvimento da racionalidade tecnológica. Tal racionalidade possui

mais compatibilidade com as teorias cognitivistas e desenvolvimentistas do que com as

teorias sociais e históricas, pois apresentam menor risco de causar mudanças nas atuais

condições de vida. A seguir, são apresentadas reflexões que enfatizam o papel

importante que o progresso da indústria moderna e de sua tecnologia desempenha no

desenvolvimento da racionalidade tecnológica.

25

1.1. A ESTRUTURA OBJETIVA DA SOCIEDADE INDUSTRIAL: A

MAQUINARIA E A INDÚSTRIA MODERNA

Um dos fatores mais importantes no surgimento da racionalidade tecnológica foi

o crescimento da maquinaria e da indústria moderna.

As condições sociais atuais são fortemente marcadas pela presença da

tecnologia, a qual não está reduzida ao uso de aparelhos ou à criação de inovações

tecnológicas. Para Marx (1987), a tecnologia revela o modo de proceder do homem para

com a natureza, o processo imediato de produção da sua vida, e assim elucida as

condições de sua vida social e as concepções mentais que dela decorrem. É mister

recordarmos que, para Marx, o ideal (os pensamentos de uma sociedade) não é mais do

que o material transposto para a cabeça do ser humano e por ela interpretado.

Marx (1987), ao discutir o papel da maquinaria na indústria moderna, levanta

questões pertinentes à relação existente entre a tecnologia e um padrão de pensamento a

ela compatível que se ampliou por todas as esferas da sociedade. Assevera que as

máquinas, ao invés de liberarem os homens do trabalho, tornaram-se um meio de

aumentar a exploração do trabalhador em detrimento de sua liberdade. A maquinaria é

meio para produzir mais-valia. O autor chama a atenção para o surgimento de um

verdadeiro sistema de máquinas que exigiu o ajustamento do trabalhador ao seu modo

de operar. O novo processo industrial, caracterizado pelo uso cada vez mais acentuado

das máquinas, potencializou a exploração dos trabalhadores e gerou consequências

sobre seu pensamento e comportamento, os quais tiveram de ser ajustados a esse

processo.

Ao refletir sobre as consequências imediatas da produção mecanizada sobre o

trabalhador, Marx (1987) destaca a apropriação pelo capital das forças de trabalho

26

suplementares (jovens e mulheres), algo que foi possível graças à introdução da

maquinaria no sistema produtivo. Para o autor (Marx, 1987, p. 456):

Assim, a maquinaria, ao invés de substituir trabalho e

trabalhadores, transformou-se imediatamente em meio de aumentar

o número de assalariados, colocando todos os membros da família

do trabalhador, sem distinção de sexo e de idade, sob o domínio do

capital.

Dessa situação, é importante mencionar a influência da maquinaria sobre os

sujeitos que estão sob o seu domínio. De acordo com Marx (1987):

A obliteração intelectual dos adolescentes, artificialmente

produzida com a transformação deles em simples máquinas de

fabricar mais-valia, é bem diversa daquela ignorância natural em

que o espírito, embora sem cultura, não perde sua capacidade de

desenvolvimento, sua fertilidade natural (Marx, 1987, p. 456).

Por fim, Marx (1987) conclui que “o trabalho na fábrica exaure os nervos ao

extremo, suprime o jogo variado dos músculos e confisca toda a atividade livre do

trabalhador, física e espiritual” (Marx, 1987, p. 460).

Marx (1987) aponta que a indústria, a qual se apropria do trabalho e produz a

maquinaria expande-se para todos os ramos da produção e internacionaliza-se. Marcuse

(1999) toma essa referência para evidenciar que a indústria e a tecnologia a ela

associada são ampliadas para todas as esferas da sociedade, transformando-se no modo

predominante de produção.

De acordo com Marcuse (1999):

A tecnologia é vista como um processo social no qual a técnica

propriamente dita (isto é, o aparato técnico da indústria,

transportes, comunicação) não passa de um fator parcial. Não

27

estamos tratando da influência ou do efeito da tecnologia sobre os

indivíduos, pois são em si uma parte integral e um fator da

tecnologia, não apenas como indivíduos que inventam ou mantêm

a maquinaria, mas também como grupos sociais que direcionam

sua aplicação e utilização. A tecnologia, como modo de produção,

como a totalidade dos instrumentos, dispositivos e invenções que

caracterizam a era da máquina, é assim, ao mesmo tempo, uma

forma de organizar e perpetuar (ou modificar) as relações sociais,

uma manifestação do pensamento e dos padrões de comportamento

dominantes, um instrumento de controle e dominação (Marcuse,

1999, p. 73).

As ponderações de Marcuse (1999) chamam a atenção para o fato de que a

tecnologia, apesar de seu potencial transformador, atualmente representa um dos mais

eficientes dispositivos de manutenção e controle social.

Para os propósitos desta pesquisa é importante mencionar outra característica

fundamental da sociedade capitalista, a saber, sua capacidade de reproduzir os

elementos necessários para sua reprodução. A atual sociedade, marcadamente industrial,

coloca todos os seus componentes a favor de sua autorreprodução, o que equivale a

dizer que dá preferência a e estimula tudo que reforça sua capacidade de manter-se

sempre a mesma. Ora, se é nítido que a sociedade se transformou desde a época de

Marx até agora, no entanto, algumas características fundamentais continuam inalteradas,

tais como a divisão social de classes, o modelo da exploração do trabalho e a

propriedade privada dos meios de produção. E são justamente essas três características

que garantem o privilégio de alguns grupos e a centralização do poder e da riqueza em

detrimento da satisfação das necessidades básicas de grande parte da população

mundial. O atual modelo de organização social privilegia uma minoria em detrimento

da maioria das pessoas, que vivem sem a garantia de que irão poder contar com tudo o

que é essencial para a vida humana.

No que diz respeito ao fato de uma minoria que leva vantagem sobre a maioria,

Adorno (1996) destaca que “em termos de padrão de vida e de consciência, nos

28

principais países ocidentais tornaram-se muito menos perceptíveis as diferenças de

classe do que nos decênios durante e logo após a revolução industrial” (Adorno, 1996,

p. 63). Para o autor, a imensa elevação do potencial técnico da sociedade industrial e a

quantidade de bens de consumo que beneficiam todos os países altamente

industrializados ocultam a verdadeira divisão social das relações de produção e

ocasionam uma falsa nivelação das classes que atua como ideologia ao esconder os

conflitos desses grupos e as consequências de uma sociedade dividida entre explorados

e exploradores. De acordo com Adorno (1996), faz-se necessária uma análise da

sociedade que leve em conta os verdadeiros fatos objetivos que determinam a posição

do sujeito na estrutura social. Apesar de ocultas, as relações antagônicas entre as classes

sociais ainda se fazem presentes, conforme a teoria de Marx sobre o capitalismo, e até

hoje aqueles que detêm os meios de produção exploram aqueles que apenas possuem

sua força de trabalho.

Conforme o pensamento de Adorno (1996), a “dominação sobre os seres

humanos continua a ser exercida através do processo econômico” e “objeto disso já não

são mais apenas as massas, mas também os mandantes e seus apêndices” (Adorno,

1996, p. 67). Para o autor, a sociedade é “de acordo com o estádio de suas forças

produtivas, plenamente uma sociedade industrial” e, por outro lado, “é capitalismo em

suas relações de produção” (Adorno, 1996, p. 68).

De acordo com Adorno (1996):

Os homens seguem sendo o que, segundo a análise de Marx, eles

eram por volta da metade do século XIX: apêndices da maquinaria,

e não mais apenas literalmente os trabalhadores, que têm de se

conformar às características das máquinas a que servem, mas, além

deles, muito mais metaforicamente: obrigados até mesmo em suas

mais íntimas emoções a se submeterem ao mecanismo social como

portadores de papéis, tendo de se modelar sem reservas de acordo

29

com ele. Hoje, como antes, produz-se visando o lucro (Adorno,

1996, p. 68).

Marx (1987) assevera: “ao lado dessa centralização ou da expropriação de

muitos capitalistas por poucos, desenvolve-se, cada vez mais, a aplicação consciente da

ciência ao progresso tecnológico” (Marx, 1987, p. 881). Ainda, segundo o autor, a

indústria moderna “faz da ciência uma força produtiva independente de trabalho,

recrutando-a para servir ao capital” (1987, p. 414). Além disso, indica que a maquinaria

como instrumental de trabalho exigiu a substituição da rotina empírica pela aplicação

consciente da ciência. Para o autor, com o surgimento da indústria moderna:

A ciência em vez de permanecer em poder do trabalhador para

aumentar suas forças produtivas em seu benefício, colocou-se

contra ele em quase toda parte. O conhecimento torna-se um

instrumento que pode separar-se do trabalho e opor-se a ele (Marx,

1987, p. 414).

As formulações de Marx (1987) evidenciam o quanto o desenvolvimento da

indústria moderna inseriu a ciência cada vez mais à disposição dos interesses do sistema

capitalista de produção. Ainda de acordo com o autor:

Esse processo desenvolve-se na manufatura, que mutila o

trabalhador, reduzindo-o a uma fração de si mesmo, e completa-se

na indústria moderna, que faz da ciência uma força produtiva

independente de trabalho, recrutando-a para servir ao capital

(Marx, 1987, p. 414).

Pode-se perceber que o modelo de organização social, em especial, o processo

industrial, foi determinante no que incide sobre a transformação da ciência em

instrumento de fortalecimento e reprodução do capital. E essa parece ser uma questão

essencial quando investigamos a psicologia como tecnologia no campo da educação.

30

1.2. DA RACIONALIDADE INDIVIDUALISTA À RACIONALIDADE

TECNOLÓGICA

As transformações ocorridas na estrutura social objetiva da sociedade, em

especial, aquelas associadas ao desenvolvimento da maquinaria e à aplicação

tecnológica da grande indústria moderna trouxeram mudanças significativas para os

indivíduos. É importante investigar quais foram as principais implicações dessas

mudanças bem como do padrão de pensamento a elas associado.

Primeiramente, procuraremos acompanhar o percurso proposto por Marcuse

(1999), desde sua análise e compreensão de uma “razão individualista”, presente na

sociedade nos séculos XVI a XVIII, até sua transformação em razão tecnológica, a

partir do século XIX. Em seguida, a partir das contribuições de Adorno e Horkheimer

(1973) e Horkheimer (2007), investigaremos as transformações na concepção de

indivíduo intensificadas desde o período do Renascimento.

Marcuse (1999) é um dos autores que investigaram o surgimento de um tipo de

racionalidade como consequência do desenvolvimento do novo processo de produção de

mercadorias calcado na indústria e na mecanização desse processo industrial. Foi no

decorrer do desenvolvimento tecnológico que uma nova racionalidade e novos padrões

de individualidade se disseminaram na sociedade.

Segundo o autor, no período renascentista, o homem tinha de superar todo o

sistema de ideias e valores que lhe era imposto, para encontrar e apossar-se das ideias e

valores que se ajustassem ao seu interesse racional. Àquela época, o indivíduo era

obrigado a viver em estado de vigilância constante e rejeitar tudo que não fosse

verdadeiro nem justificado pela razão. Afinal, falsos padrões ainda governavam a vida

31

dos homens, e o indivíduo livre era o que criticava esses padrões. Essa maneira de

pensar, denominada pelo autor de “racionalidade individualista”, é produto de um

princípio de individualismo que era condicionado pela afirmação de que o interesse

próprio era racional, ou seja, resultava do pensamento autônomo e era constantemente

guiado e controlado por ele. A possibilidade de realização dessa racionalidade

pressupunha um ambiente social e econômico adequado, e a sociedade liberal era

considerada adequada a essa racionalidade individualista.

Dos princípios da sociedade liberal, em que reinava a compreensão do homem

como um ser livre e racional, ocorreram as significativas transformações que colocaram

não somente o indivíduo contra seus próprios interesses, mas também a ciência e a

tecnologia contra os interesses da humanidade.

De acordo com Marcuse (1969), anteriormente, o indivíduo apoiava valores que

contradizem flagrantemente os valores que predominam na sociedade de hoje. Nos

séculos XIV à XVII, o indivíduo podia ser definido como:

O sujeito de certos padrões e valores fundamentais que nenhuma

autoridade externa deveria desrespeitar. Esses padrões e valores

diziam respeito às formas de vida que se mostravam mais

adequadas ao desenvolvimento total das faculdades e habilidades

do homem (Marcuse, 1999, p. 75).

Dos apontamentos de Marcuse (1999) é importante observar que o indivíduo era

considerado um ser autônomo com capacidade de discernir e decidir sobre as condições

de vida que favorecem seu pleno desenvolvimento. Para o autor, o indivíduo também

poderia ser retratado como “ser racional capaz de encontrar essas formas através de seu

próprio raciocínio, e depois que tivesse adquirido a liberdade de pensamento” (Marcuse,

1999, p. 76).

32

Marcuse (1999) menciona que o princípio individualista necessitava de um

ambiente social e econômico adequado para existir, e a sociedade liberal era

considerada o ambiente adequado a essa racionalidade individualista. Nesse ambiente,

as marcas da individualidade repousavam sobre a transformação dos produtos e ações

individuais em necessidades sociais. Cada indivíduo se diferenciava pelos diversos

produtos e pelas diversas formas de agir na sociedade. No entanto, no decorrer do

tempo, “o processo de produção de mercadorias solapou a base econômica sobre a qual

a racionalidade individualista se desenvolveu” (Marcuse, 1999, p.76). Para o autor, o

poder tecnológico foi determinante nessa transformação das condições sociais que já

não mais favorecem a racionalidade individualista e passam a favorecer outro tipo de

racionalidade, a tecnológica. Segundo o pensamento de Marcuse (1999), o poder

tecnológico do aparato tende à concentração do poder econômico e afeta toda a

racionalidade daqueles a quem serve. Essa racionalidade tecnológica não está confinada

aos sujeitos e empresas de grande porte, “mas caracteriza um modo difundido de

pensamento” que “estabelece padrões de julgamento e fomenta atitudes que predispõem

os homens a aceitar e introjetar os ditames do aparato” (Marcuse, 1999, p. 77).

No entanto, Marcuse (1999) chama a atenção para o fato de que não se pode

mais falar de introjeção para explicar a identificação do indivíduo com a sociedade, pois

isso dependeria de processos espontâneos do ego que cada vez mais são

impossibilitados de existir devido à gerência e organização complicadas e científicas do

aparato social. A dimensão interior da mente na qual a oposição ao statu quo pode se

desenvolver foi invadido e abastado pela realidade tecnológica.

Com o aparecimento da indústria moderna e a concentração do poder

tecnológico por grandes conglomerados industriais, ocorreu um processo de

mecanização e racionalização que forçaram o competidor mais fraco a submeter-se ao

33

domínio das grandes empresas. O argumento para justificar tal concentração de poder

tecnológico e econômico era o de que as grandes indústrias eram mais eficientes na

produção de mercadorias – ou seja, utilizavam menos tempo, menos matéria-prima,

menos força de trabalho. Em nome dessa eficiência, era necessário que existisse um

sistema de coordenação total, que eliminasse todo o desperdício. Tudo que não

favorecesse o princípio da eficiência competitiva deveria ser eliminado, até mesmo o

pensamento. É importante mencionar que todo esse aparato era e ainda é utilizado com

o objetivo de se obter lucro; e essa utilização lucrativista do aparato impõe não somente

a quantidade, a forma e o tipo de mercadoria a serem produzidas, mas afeta toda a

racionalidade daqueles a quem serve.

Marcuse (1999, p. 78) aponta que, nas atuais condições, “o avanço individual se

transformou em eficiência padronizada” e ressalta:

O indivíduo eficiente é aquele cujo desempenho consiste numa

ação somente enquanto seja a reação adequada às demandas

objetivas do aparato, e a liberdade do indivíduo está confinada à

seleção dos meios mais adequados para alcançar uma meta que ele

não determinou (Idem, ibidem).

Ainda de acordo com Marcuse (1999), a liberdade individual anterior foi

submersa na eficiência com a qual o indivíduo desempenha serviços atribuídos a ele.

Isso é decorrência da atual organização social, que se racionalizou de tal forma que o

indivíduo não pode fazer nada melhor do que adaptar-se sem reservas.

Veblen, segundo Marcuse (1999), foi um dos primeiros a concluir que essa nova

situação provinha do processo da máquina, do qual se estendia sobre toda sociedade. O

processo da máquina requer um conhecimento, e esse conhecimento presume certa

atitude intelectual, uma atitude que assimile prontamente o factual.

34

De acordo com Veblen,

O processo da máquina pede um ‘treino consistente na apreensão

mecânica das coisas’ e este treino, por sua vez, promove uma

‘programação da vida’, um ‘grau de compreensão treinada e uma

estratégia ágil em todas as formas de ajustes quantitativos e

adaptações’. A ‘ mecânica da submissão’ se propaga da ordem

tecnológica para a ordem social; ela governa o desempenho não

apenas nas fábricas e lojas, mas também nos escritórios, escolas,

juntas legislativas e, finalmente na esfera do descanso e do lazer

(Veblen, apud Marcuse, 1999, p. 82).

Para Marcuse (1999), o ponto decisivo é que essa nova atitude é perfeitamente

racional e razoável, uma vez que traz benefícios como segurança e conforto para aquele

que seguir as instruções do aparato, o qual “combina a máxima eficiência com a

máxima conveniência, economizando tempo e energia, eliminando o desperdício”

(Marcuse, 1999, p.80). O autor também enfatiza que, “ao manipular a máquina, o

homem aprende que a obediência às instruções é o único meio de se obter os resultados

desejados” (Marcuse, 1999, p. 81) e que, pelo fato das relações entre os homens estarem

cada vez mais mediadas pelo processo da máquina, “o comportamento humano se

reveste da racionalidade do processo da máquina” (Marcuse, 1999, p. 81). Segundo o

autor:

A racionalidade individualista nasceu como uma atitude crítica e

de oposição que derivava a liberdade de ação da liberdade irrestrita

de pensamento e consciência e media todos os padrões e relações

sociais pelo interesse próprio racional do indivíduo. Ela

transformou-se na racionalidade da competição em que o interesse

racional foi substituído pelo interesse de mercado, e a conquista

individual foi absorvida pela eficiência. Racional é aquele que mais

eficientemente aceita e executa o que lhe é determinado, que confia

seu destino às grandes empresas e organizações que administram o

aparato (Marcuse, 1999, p. 98).

Marcuse (1999) também chama a atenção para a impotência social do

pensamento crítico que é mais uma consequência do crescimento industrial e de seu

controle que abrangeu todas as esferas da vida. O autor destaca que a padronização do

35

pensamento sob o controle da racionalidade tecnológica também afeta os valores de

verdade críticos, e, atualmente, todos os homens agem de forma racional, isto é, “de

acordo com os padrões que asseguram o funcionamento do aparato e, portanto, da

manutenção da própria vida” (Marcuse, 1999, p. 86).

Das ideias de Marcuse (1999) é pertinente reconhecer que o homem, desde o

Iluminismo e, principalmente na época do liberalismo econômico, já não encontra na

sociedade as condições para sua realização; em consequência, precisou se adaptar

prontamente às novas condições impostas, regidas pela ganância por lucro daqueles que

controlam o aparato industrial, tecnológico e científico. Além disso, é importante

mencionar, Marcuse (1999) enfatiza que essas mudanças não são efeito (direto ou

indireto) da maquinaria sobre seus usuários, mas são, antes, elas próprias, determinantes

no desenvolvimento da maquinaria e da produção em massa. A conclusão, portanto, é a

de que, antes do desenvolvimento das grandes indústrias, já se fazia presente, na

sociedade, um padrão de pensamento (modelo científico) indissociável e compatível

com o projeto de necessidades objetivas do sistema de produção.

A transformação do aparato em um sistema em que os seres humanos, e em

consequência suas vidas, são pequenos detalhes surgiu com base em um modelo de

pensamento que atingiu seu apogeu na época do Iluminismo. Os homens foram

transformados em peças que podem ser substituídas sem acarretar problemas para o

sistema.

Horkheimer (2007), ao discorrer sobre a história do indivíduo, aponta que o seu

modelo emergente é o herói grego, audaz e autoconfiante, que triunfa na luta pela

sobrevivência e emancipa-se da tribo. De acordo com o autor, foi Aristóteles quem

descreveu o homem grego como um tipo de indivíduo “com coragem de europeu e

inteligência do asiático”, que, combinando a capacidade de autopreservação com a

36

reflexão, adquiriu a competência para dominar os outros sem perder a própria liberdade.

Horkheimer (2007) assevera que antes se fazia presente um antagonismo entre a

individualidade e as condições sociais e econômicas de existência individual;

atualmente, esse antagonismo é suplantado, na mente dos indivíduos, pelo desejo de se

adaptarem à sociedade reinante.

O autor também mostra que foi Platão quem fez a primeira tentativa de elaborar

uma filosofia da individualidade de acordo com os ideais da pólis; Platão, ao conceber o

homem e o estado como estruturas harmoniosas, melhor organizadas quanto mais a

divisão de trabalho correspondesse aos aspectos do psiquismo do homem, deu início à

visão que considera função primordial do indivíduo a de adaptar-se ao sistema, ou seja,

cumprir um papel a que ele está, de certa forma, predestinado. Platão explica que, no

domínio prático, a harmonia é cumprida encaminhando cada indivíduo para a sua

função de acordo com suas características; no domínio teórico, a harmonia está presente

em um sistema que determina a finalidade de cada forma na hierarquia universal. De

acordo ainda com Horkheimer (2007), o pensamento de Platão corrobora com o

entendimento de que não faz sentido para um homem resistir ao destino, tanto quanto

para qualquer outro organismo da natureza resistir aos ritmos das estações. O autor

também indica que Aristóteles não discorda de Platão e ensina que uns nascem escravos

e outros livres, justificando-se com a afirmativa de que, mesmo quando se é escravo,

carrega-se uma virtude, a obediência.

Se alguns filósofos apontavam para uma total adequação do indivíduo ao sistema

social, outros pensavam de forma oposta. Ainda seguindo a exposição de Horkheimer

(2007), verifica-se que foi Sócrates o primeiro a afirmar explicitamente a autonomia do

sujeito. Para Sócrates, não bastava desejar ou mesmo fazer as coisas corretamente, sem

reflexão, pois a escolha consciente era uma condição prévia do modo de vida ético.

37

Horkheimer (2007) ressalta que esse foi o primeiro momento na história cultural em que

a consciência individual e o estado começam a ser separados. O homem emergiu como

indivíduo no momento em que a sociedade começou a perder a coesão e ele tornou-se

consciente da diferença entre sua vida e a da coletividade. Porém, o autor alerta para o

fato de que, no Iluminismo, a ideia de individualidade tornou-se uma síntese dos

interesses materiais do indivíduo. O liberalismo caracterizou-se por uma multidão de

empresários independentes que cuidavam de sua propriedade. A individualidade desses

empresários era a de um provedor orgulhoso, convencido de que a comunidade e o

estado dependiam dele e de outros como ele. Contudo, na atualidade, o empresário

independente não é mais figura típica. O homem comum acha cada vez mais difícil

planejar o seu futuro, que cada vez menos depende de sua própria prudência e cada vez

mais das disputas entre os colossos do poder. A individualidade perdeu sua base

econômica, e instaurou-se a crise do indivíduo. Por fim, o autor referido realça que esse

fato se deve à atual estrutura e conteúdo da “mente objetiva”, que penetra a vida em

todos os setores. Conclui que o decréscimo contínuo do pensamento e da resistência

individual, resultante dos mecanismos econômicos e culturais do industrialismo

moderno, tornará a evolução para o humano cada vez mais difícil. A época do poder

industrial sem limites gerou o processo de liquidação do indivíduo.

As ideias precedentes ajudam a entender abreviadamente como o indivíduo é

considerado no contexto social desde a Antiguidade. Anterior a Aristóteles e Platão, que

pensavam a sociedade como a instância sob a qual os indivíduos tivessem totalmente

sob controle, adequados e formados conforme as exigências do sistema social, em

contrapartida, Sócrates só considerava como indivíduo aquele ser que não se colocava

prontamente à disposição da sociedade, mas, ao invés disso, refletia conscientemente

antes de realizar suas escolhas e ações. Mencione-se, além disso, que, sob o liberalismo,

38

essas discussões filosóficas foram deixadas de lado e a individualidade foi reduzida às

condições materiais do sujeito. Porém, cada vez menos existem possibilidades para a

maioria dos indivíduos se afirmar por meio das suas condições materiais.

Segundo Horkheimer e Adorno (1973), o indivíduo, na sociedade

contemporânea, tem a sua possibilidade de liberdade reduzida e encontra-se cada vez

mais encarcerado pelos mecanismos de controle sociais.

O indivíduo é um ser mediado socialmente, ou seja, a sua constituição depende

das relações sociais a que pertence e com as quais se estabelece. De acordo com

Horkheimer e Adorno (1973b):

A vida humana é, essencialmente, e não por mera casualidade,

convivência. Com esta afirmação, põe-se em dúvida o conceito de

indivíduo como unidade social fundamental. Se o homem, na

própria base de sua existência, é para os outros, que são os seus

semelhantes, e se unicamente por eles é o que é, então sua

definição última não é a de uma indivisibilidade e unicidade

primárias, mas, outrossim, a de uma participação e comunicação

necessárias com os outros. Mesmo antes de se referir ao eu; é um

momento das relações que vive, antes de poder chegar, finalmente,

à autodeterminação (Horkheimer e Adorno, 1973b, p. 47).

Na sociedade atual, as condições que propiciam o desenvolvimento das

características que constituem os indivíduos estão, a cada dia, mais escassas. Os

mecanismos de controle social impõem modelos de conduta que fazem com que as

pessoas não consigam se diferenciar daquilo que é exigido pelos padrões dominantes.

Horkheimer e Adorno (1973b) asseguram que só é indivíduo aquele que se diferencia a

si mesmo dos interesses e pontos de vista dos outros, aquele que se faz substância de si

mesmo e que estabelece como norma a autopreservação e o desenvolvimento próprio.

Entretanto, os autores destacam que mesmo esta autoconsciência da singularidade do

eu, que não basta para fazer, por si só, um indivíduo, é uma autoconsciência social.

39

Com efeito, a crença na independência radical do ser individual em relação ao todo nada

mais é, por sua vez, do que uma aparência. Horkheimer e Adorno (1973b) indicam que:

O indivíduo, num sentido amplo, é o contrário do ser natural, um

ser que, certamente, se emancipa e afasta das simples relações

naturais, que está desde o princípio referido à sociedade, de um

modo específico, que por isso mesmo, recolhe-se em seu próprio

ser. Se é certo que a chamada psicologia das massas se desdobra,

de fato, em processos psicológicos individuais, também se observa

o fenômeno inverso, quando o conteúdo e a forma de cada

indivíduo se devem à sociedade como estrutura dotada de leis

próprias (Horkheimer e Adorno, 1973b, p. 53).

Com o aumento do uso da técnica na indústria, a sociedade hodierna

desenvolveu um dinamismo social que obriga o indivíduo a lutar implacavelmente por

seus interesses de lucro, sem se preocupar com o bem da coletividade. Para Horkheimer

e Adorno (1973b), o meio ideal da individuação, a Arte, a Religião, a Ciência, retrai-se

como posse privada de alguns indivíduos. A sociedade, que estimulou o

desenvolvimento do indivíduo, desenvolve-se agora, ela própria, afastando de si o

indivíduo, a quem destronou.

Devemos enfatizar que foram transformações nas bases materiais da sociedade

que causaram transformações no pensamento. A racionalidade individualista foi

transformada em racionalidade tecnológica, que agora passa a valorizar a eficiência

padronizada. Ser eficiente é agir de acordo com o solicitado e é algo que coloca o

indivíduo em consonância com a sociedade, o que vai contra a racionalidade

individualista, que adotava como princípio para o fortalecimento do indivíduo a

resistência às imposições sociais. Aos indivíduos basta adaptarem-se sem reservas. Foi

em decorrência do progresso tecnológico que o comportamento humano foi revestido do

comportamento das máquinas. A interação com as máquinas requer certa atitude

40

intelectual, que se volta para a assimilação imediata do factual e causa a impotência

social do pensamento crítico.

Ao final, deve-se ressaltar que os elementos aqui discutidos são importantes para

a compreensão da relação existente entre determinadas condições sociais objetivas e a

expressão da racionalidade tecnológica presente em todas as esferas da vida. Esses

elementos servem para a investigação da relação existente entre a racionalidade

tecnológica e a primazia de determinadas teorias psicológicas no campo da educação.

Fica, então, evidenciado que a sociedade industrial é causa e consequência de

um padrão de pensamento que sustenta e repõe a ordem social. Também se pode

perceber que é necessário discutir as implicações dessa racionalidade tecnológica nos

indivíduos e nas mais importantes esferas da sociedade, com, por exemplo, a esfera da

produção do conhecimento – a ciência e a tecnologia.

1.3. CONTROLE SOCIAL, TECNOLOGIA E IDEOLOGIA DA

RACIONALIDADE TECNOLÓGICA

Neste tópico investiga-se o papel da tecnologia como um dos principais

mecanismos de controle da sociedade industrial contemporânea. Além disso, é

importante compreender o papel exercido pela ideologia da racionalidade tecnológica na

atual forma de administração social.

Na sociedade administrada, a tecnologia cumpre uma função ideológica

importante para a manutenção das atuais condições sociais. Os autores da teoria crítica

enfatizam que a função, a forma e o conteúdo da ideologia modificam-se

historicamente. Em especial, destacam a transformação da ideologia tal como Marx e

41

Engels a consideraram, a saber, ocultação entre essência e aparência, para a justificação

do existente.

Segundo Horkheimer e Adorno (1973c), a ideologia é justificação e pressupõe a

experiência de uma condição social que se tornou problemática, mas que deve ser

defendida. A ideologia, em sentido estrito, dá-se onde regem relações de poder que não

são intrinsecamente transparentes. Conforme as ideias de Horkheimer e Adorno:

A falsa consciência de hoje, socialmente condicionada, já não é

espírito, nem mesmo no sentido de uma cega e anônima

cristalização com base no processo social; pelo contrário, trata-se

de algo cientificamente adaptado à sociedade. Essa adaptação

realiza-se mediante os produtos da indústria cultural, como o

cinema, as revistas, os jornais ilustrados, rádio, televisão.

(Horkheimer e Adorno, 1973c, p. 200).

Na atualidade, boa parte das esferas da sociedade esforça-se em realizar uma

única tarefa: a manutenção da ordem vigente. Os processos sociais que, em outros

períodos históricos, pareciam ser capazes de promover uma possível transformação na

sociedade encontram-se reprimidos. Ao indivíduo, o ofício mais fácil parece ser aceitar

de forma imediata o que lhe é imposto de forma heterônoma. Aquele que ousar

discordar será objeto de censura, já que o adestramento para o conformismo já se

estendeu até as manifestações psíquicas mais sutis. Fica cada vez mais difícil aos

homens resistirem à adaptação às condições estabelecidas.

Sobre o entendimento do conceito de ideologia como justificação do existente,

vale destacar a sua relação com a tecnologia que foi intensificada com o

desenvolvimento do capitalismo monopolista.

Maia (2007), ao analisar o conceito de ideologia e sua relação com a tecnologia,

destaca que:

42

O conceito de ideologia como um conjunto de ideias ou

representações, as ideias da classe dominante, por exemplo, ou

como uma determinada modalidade de consciência social em

oposição à outras, tornou-se obsoleto, pois correspondia à forma

liberal do capitalismo (Maia, 2007, p. 115).

O liberalismo deu lugar ao capitalismo monopolista, o que acarretou

modificações no conteúdo da ideologia. Agora, ela também pode ser identificada como

um vasto conjunto de procedimentos técnicos de administração do psiquismo dos

sujeitos, que visa a reproduzir a aparência social. Assim, a ideologia converteu-se na

mera afirmação de que a realidade, como esta aparece, não poderia ser diferente (Maia,

2007). A reprodução da ordem social, agora, faz-se por meio da tecnologia, aplicada

com o fim de dominar os homens e a natureza.

De acordo com Maia (2007), o capitalismo tardio caracteriza-se pela

administração técnica das esferas de produção, distribuição e consumo de mercadorias.

Essa administração técnica se tornou tão abrangente que já não há lugar para o

desenvolvimento de outra forma de razão, que não seja a razão instrumental. Para o

autor:

Assim, na sociedade do capitalismo tardio, a tecnologia não quer

dizer somente determinado conjunto de técnicas, mas,

principalmente, a aplicação cada vez mais ampla e radical da ratio

instrumental a todas as esferas da vida, o que culmina numa

consciência tecnificada, que toma as questões morais e políticas

como questões que podem ser equacionadas e resolvidas

tecnicamente (Maia, 2007, p. 119).

Marcuse (1969) chama a atenção para um tipo especial de racionalidade técnica

ao descrever a situação do Estado e do indivíduo sob o nacional-socialismo. Mostra que

a organização do estado fascista realiza-se pela integração dos interesses do Estado com

os interesses da classe econômica dominante. Para tornar possível essa integração, o

Estado precisa se identificar diretamente com os interesses econômicos predominantes e

43

ordenar todas as relações sociais de acordo com suas necessidades. Na administração do

Estado, o nacional-socialismo desenvolveu um tipo peculiar de racionalidade como

instrumento de dominação de massa. Segundo Marcuse (1999):

Podemos chamá-la de racionalidade técnica porque tem origem no

processo tecnológico e daí é aplicado para ordenar todas as

relações humanas. Essa racionalidade opera de acordo com os

padrões de eficiência e precisão. Ao mesmo tempo, no entanto,

está dissociada de tudo que a liga às necessidades humanas e

desejos dos indivíduos; está inteiramente adaptada às exigências de

um aparato de dominação que tudo abrange. Os vassalos humanos

e seu trabalho burocraticamente organizado não passam de um

meio para um fim objetivo, que não é nada além da manutenção do

aparato em uma escala cada vez mais eficiente. O nacional-

socialismo transformou todas as relações pessoais e sociais nas

funções minuciosamente supervisionadas e controladas de tal

aparato (Marcuse, 1999, p. 118).

Marcuse (1999) destaca como o próprio aparato transformou-se em ideologia ao

discutir o papel da tecnologia na administração social, afirma que a independência de

pensamento, autonomia e direito à oposição política estão perdendo sua função crítica

básica numa sociedade que parece cada vez mais capaz de atender as necessidades dos

indivíduos através da forma pela qual está organizada. Tal sociedade pode,

justificadamente, exigir a aceitação de seus princípios e instituições e reduzir a oposição

à discussão e promoção de diretrizes alternativas dentro do statu quo. Os processos

tecnológicos de mecanização e padronização podem liberar energia individual para um

domínio de liberdade ainda desconhecido. O indivíduo seria libertado da imposição pelo

mundo do trabalho e pela imposição de necessidades e possibilidades alheias a ele,

então ficaria livre para exercer autonomia sobre sua vida. Contudo, o autor destaca que,

na realidade, o que opera é a tendência oposta. Em virtude do modo pelo qual organizou

a sua base tecnológica, a sociedade industrial contemporânea tende a se tornar totalitária

44

e a operar por meio da manipulação das necessidades e impedir, assim, o surgimento de

uma oposição eficaz ao todo.

Marcuse (1969) indica que, quanto mais racional, produtiva, técnica e total se

torna a administração repressiva da sociedade, tanto mais inimagináveis se tornam os

modos e os meios pelos quais os indivíduos administrados poderão romper a servidão.

O autor também mostra que as formas prevalecentes de controle social são tecnológicas;

na verdade, a estrutura e eficiência do aparato ajudam a manter a sujeição da população.

Ainda seguindo o pensamento do autor, é preciso prestar atenção para o

surgimento de um padrão de pensamento e comportamento unidimensionais, ou seja,

que repele as ideias, as aspirações e os objetivos que, por seu conteúdo, transcendem

esse universo estabelecido. Essa tendência pode ser relacionada com uma evolução no

método científico: o operacionalismo nas ciências físicas e o behaviorismo nas ciências

sociais. A característica comum é o modo como tratam os conceitos (o conceito é

sinônimo de um conjunto de operações correspondente). As implicações desse modo de

pensar são muito mais do que a mera restrição do sentido no qual compreendemos os

conceitos; mas significa modificação de grande alcance em todos os nossos hábitos de

pensar, pelo fato de não podermos mais usar como instrumentos de nosso pensamento

conceitos para os quais não possamos dar uma justificativa em termos de operações.

Muitos dos conceitos mais seriamente perturbadores da ordem estabelecida estão sendo

eliminados pela demonstração de que não se pode encontrar para eles justificativa

adequada em termos de operações. A sociedade barra todo tipo de operações e

comportamentos oposicionistas e, consequentemente, os conceitos a eles relativos são

considerados ilusórios ou sem sentido. Esse hábito de pensamento é característica de

uma sociedade que transforma o progresso científico e técnico em instrumento de

dominação e produto da ideologia da racionalidade tecnológica.

45

A racionalidade tecnológica revela seu caráter político ao se tornar o grande

veículo de melhor dominação, no qual sociedade e natureza, corpo e mente são

mantidas em um estado de permanente mobilização para a defesa desse universo.

Por fim, Marcuse (1999) enfatiza que as relações entre os homens são cada vez

mais mediadas pelo processo da máquina. O comportamento humano se reveste da

racionalidade desse processo, e esta racionalidade tem um conteúdo social definido.

Quanto mais racionalmente o indivíduo se comporta e quanto mais devotadamente se

ocupa de seu trabalho racionalizado, tanto mais sucumbe aos aspectos frustrantes dessa

racionalidade. O processo da máquina impõe aos homens os padrões do comportamento

mecânico, e o sistema de vida criado pela indústria moderna é da mais alta eficácia,

conveniência e eficiência. A razão, portanto, se torna uma atividade que perpetua esse

mundo, e, em consequência, a racionalidade está se transformando de força crítica em

uma força de ajuste e submissão. O autor referido conclui que várias influências

contribuíram para causar a impotência social do pensamento crítico, sendo a mais

importante entre elas o crescimento do aparato industrial e seu controle, que abrangeu

todas as esferas da vida. Todos os homens agem de forma igualmente racional, isto é, de

acordo com os padrões que asseguram o funcionamento do aparato e, portanto, a

manutenção de sua própria vida.

Do que se expôs, pode-se concluir que a tecnologia é um dos principais

mecanismos de controle responsáveis pela manutenção da ordem vigente e das

condições atuais da existência humana.

46

1.4. RELAÇÕES ENTRE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

A ciência e a tecnologia, ao longo da história, sempre mantiveram uma relação.

No entanto, em um determinado momento histórico, essa relação se intensificou, de

forma que uma (a ciência) passou a submeter-se ao modo de operar da outra (a

tecnologia).

Carone (2003) menciona que foi Francis Bacon quem, no século XVII, declarou

e anunciou os tempos da servidão da ciência à tecnologia. Segundo a autora, ele foi o

primeiro filósofo a propor o método experimental para o estudo da natureza. Mais

afinado com os interesses da ciência moderna, propunha a descoberta das leis da

natureza por meio de um método experimental e a transformação técnica da natureza

por meio da aplicação de suas leis. A autora também faz referência ao fato de os

preceitos baconianos exercerem a função de administrar os sentidos, a memória e a

mente, para que as nossas faculdades cognoscitivas e o conhecimento já existente

fossem continuamente vigiados e ordenados de modo a garantir o sucesso da

investigação científica. Ainda conforme a interpretação de Carone (2003) sobre Bacon,

em primeiro lugar, é interessante notar que a “verdade” e o “verdadeiro” são termos

associados com “fértil”, “útil ao bem estar do homem”, “progresso material da vida

humana”. Em segundo lugar, “verdade” e “verdadeiro” ligam-se com o que “é conforme

os fatos”, com “os procedimentos metodológicos corretos”, com “os resultados

induzidos a partir dos dados”. Tal objetividade do conhecimento almejada por Bacon só

é conquistada à custa do sacrifício da subjetividade, do qual o método há de se

encarregar com eficiência. Em suma, para que a objetividade do conhecimento

científico seja máxima, a subjetividade do cientista precisa ser reduzida ao mínimo. A

subjetividade humana deve estar sob o controle do intelecto e, em última análise, do

47

método experimental. Como nos mostra Carone (2003), para Bacon, a principal

vantagem de sacrificarmos nossa natureza subjetiva em proveito do conhecimento do

mundo físico é a de que ciência é poder. Em síntese, poder de dominar a natureza e,

consequentemente, também dominar os homens. Para a autora, esse parece ser o ponto

crucial da teoria de Bacon: a ciência como o meio mais avantajado de construir um

império sobre a vida humana6. A técnica passa a subordinar a produção científica, por

ser ela a sua real finalidade. Conclui, então, Carone (2003) que a relação entre meios e

fins foi invertida, e a ciência passa a servir de meio para a finalidade técnica ser

cumprida. Invadida e submetida pela racionalidade técnica, a ciência se tornou, a partir

do século XVII, um poder sobre os homens e não necessariamente a favor dos homens.

Com isso, a era do capital ganhou com a ciência em função da técnica uma aliada

indispensável. A tecnologia, por sua vez, tem servido para aumentar a acumulação

capitalista e não para desalienar o trabalhador, que continua subordinado aos interesses

da produção econômica. Pode-se dizer, então, que não há uma ética para a ciência

subordinada à técnica, mas apenas imperativos: o de continuar produzindo um saber

para o domínio da natureza; o de servir para o aumento do capital; o de suprir

tecnologicamente as guerras; o de inventar técnicas (inclusive psicológicas), cada vez

mais sofisticadas, a serviço da engenharia social e da submissão ordenada dos homens

(Carone, 2003).

No que diz respeito às reformulações nas bases científicas e ao modo de operar

da ciência, Horkheimer (1984) assevera que as bases das ciências da natureza da época

moderna originaram-se no Iluminismo. Desse momento em diante, à ciência cabe

estabelecer, com a ajuda de experiências sistematizadas, as regras para dominar o mais

6 A invenção da pólvora e da agulha de marés mostram como a arte da navegação levou os europeus a

conquistar novas terras e povos, e a pólvora a aumentar seu poderio militar.

48

amplamente possível a natureza. Na nova ciência do Renascimento, surge a

possibilidade de leis naturais, e com ela a possibilidade do aumento sobre o domínio da

natureza. Horkheimer (1984) também enfatiza que na sociedade burguesa a ciência está

indissoluvelmente ligada ao desenvolvimento técnico e industrial.

Para Horkheimer e Adorno (1973), com o progresso e o aperfeiçoamento das

ciências naturais, nas quais o ideal de leis determináveis com rigorosa exatidão assume

novas formas, apresentou-se a exigência de um modelo teórico de sociedade que

estivesse dotado de idênticas características de exatidão. A exatidão rigorosa da

comprovação passou a ter mais valor do que uma verdade absoluta ou sociedade justa.

A ciência, que também traz condições para a liberdade, nos dias atuais, em vez

de contribuir para a libertação dos homens, se desenvolve para manter e perpetuar as

condições existentes servindo à tecnologia.

De acordo com Horkheimer e Adorno (1985, p. 19), “o esclarecimento tem

perseguido sempre o objetivo de livrar os homens do medo e investi-los na posição de

senhores”. Segundo esses autores, em um determinado momento histórico, o

conhecimento passou a ser sinônimo de poder. Dessa perspectiva, foi adotado o critério

da calculabilidade como único aceitável para a produção do conhecimento. Aquilo que

não se reduz a números torna-se suspeito. O esclarecimento possibilitou que o poder

fosse reconhecido como o princípio de todas as relações entre os homens e destes com a

natureza, e o preço que os homens pagam pelo aumento de seu poder é a alienação

daquilo sobre o que exercem poder. O esclarecimento comporta-se com as coisas na

medida em que pode fazê-las. Para se fazer valer, o esclarecimento afina-se com a

coerção social, pois se, de um lado, está o poder, do outro, está a obediência

(Horkheimer; Adorno, 1985). A ciência reflete essa hierarquia e a coerção. Ainda,

segundo o pensamento dos autores, com o esclarecimento, o procedimento matemático

49

tornou-se o modelo de pensamento dominante; a matemática foi confundida com o

pensamento. “O pensar reifica-se em um processo automático e autônomo emulando a

máquina que ele próprio [indivíduo] produz para que ela possa finalmente substituí-lo”

(Horkheimer; Adorno, 1985, p. 37).

Os autores da teoria crítica – em especial, Theodor Adorno, Max Horkheimer e

Herbert Marcuse – chamam a atenção para um intenso desenvolvimento da tecnologia

na sociedade contemporânea. Esse desenvolvimento da tecnologia deve-se

principalmente ao fortalecimento do sistema capitalista de produção que, tal como

exposto por Karl Marx, utiliza a ciência como força produtiva, interessado

primordialmente no aumento da produção e no controle social – que ajuda a manter os

indivíduos alienados e “satisfeitos” com a organização social vigente. Com isso, a

ciência que anteriormente mantinha o potencial para a reflexão, a visão de conjunto, a

dúvida sobre a verdade dos fatos, a crítica e a transformação social, passou,

predominantemente, a ser deliberadamente aplicada ao sistema de produção de

mercadorias com o objetivo de aumentar sua eficiência e em consequência o lucro e o

poder daqueles que mantêm uma posição privilegiada em tal aparato. A aplicação

consciente da ciência e o seu desenvolvimento para atingir objetivos práticos e pré-

programados, transformaram-na em tecnologia. Na atualidade, verifica-se, de um lado,

uma grande presença e desenvolvimento da tecnologia em todas as esferas da vida

(inclusive a da produção de conhecimento) e, de outro, um enfraquecimento daquilo que

podemos chamar de ciência “pura” ou “verdadeira”. A produção de conhecimento a

partir de uma perspectiva mais tecnológica do que científica pode ser entendida como a

expressão de uma tendência presente na sociedade contemporânea que traz como

consequência a hipostasia das atuais relações sociais e uma paralisação da crítica e do

50

pensamento reflexivo capaz de questionar e apresentar possibilidades de superação das

atuais condições de vida.

No quadro abaixo, destacam-se algumas características atribuídas à ciência e à

tecnologia, que servem de referência para a classificação das teorias psicológicas

presentes no campo da educação, como tecnologia ou ciência.

Quadro 1 – Concepções de Ciência e Tecnologia

Concepções

Autor CIÊNCIA TECNOLOGIA

Herbert

Marcuse

- Razão = poder subversivo, o “poder negativo”; julga a

realidade em termos que visualizam sua subversão; Abstração = desfaz os fatos; relaciona os fatos com os fatores que o

fizeram; Não são objetivados propósitos práticos; Ciência pura

não é ciência aplicada.

- conceitos se tornam instrumentos de produção e controle; regras do

pensamento ajustadas às regras do controle e da dominação; os negócios devem prosseguir e as alternativas são utópicas; ciência pragmática e

tecnológica; falsa consciência; corresponde à realidade em questão.

Max

Horkheimer

- Criticar a realidade; Refletir sobre significado dos fatos e sua

relação com a verdade; princípio intelectual; pode ir além do

método de experimentação; crítica e negativa; contra a ideia da absoluta validade dos fatos.

- Aplicação da ciência; Fé exclusiva nas matemáticas; Dominar a

realidade; Funcionamento maquinal da pesquisa (localização,

verificação e classificação dos fatos); adaptação às exigências da vida prática; deduzida de procedimentos empíricos; Palavras têm apenas

função; métodos quantitativos (ficam só na superfície da realidade);

Teoria é reduzida a um simples instrumento

Theodor

Adorno

- dialética = movimento do objeto é contraditório; parte da

sociedade e não de opiniões ou da autocompreensão dos

sujeitos; objetividade da estrutura é o “a priori” da razão subjetiva cognoscente; método não é independente do objeto;

empiria conduz à totalidade; intervenção da teoria (para revelar

a tendência oculta)

- reprodução da ordem social; Razão Instrumental; conhecimentos que

permitem a ampliação da dominação dos homens sobre a natureza e

sobre si; tem potencial para modificar as relações sociais; aplicação cada vez mais ampla e radical da ratio instrumental a todas as esferas da vida.

Karl Marx - Rotina empírica; crítica e revolucionária; fenômeno externo é

o ponto de partida; não existem leis abstratas; processo social é

histórico.

- Aplicações da ciência conscientemente planejadas e sistematicamente

especializadas segundo efeito útil requerido; ciência para servir ao

capital (força produtiva independente de trabalho); conhecimento = instrumento.

Fonte: Adorno (1999); Adorno e Horkheimer (1985); Horkheimer (2007) e Marx (1987)

A partir dessas concepções de ciência e tecnologia de Adorno (1996), Adorno e

Horkheimer (1985), Horkheimer (2007) e Marx (1987) serão extraídos os parâmetros

para a análise das teses de doutorado selecionadas com o intento de ilustrar a psicologia

como tecnologia e como ciência na educação.

51

2. A PSICOLOGIA NO CAMPO DA EDUCAÇÃO

Neste capítulo investiga-se a relação da psicologia com a educação com o intuito

de estabelecer uma compreensão sobre as raízes históricas e as principais influências

que sustentam essa relação. Com isso, apresentam-se os elementos históricos que nos

ajudam a compreender o desenvolvimento da psicologia no campo da educação.

Primeiramente, a partir de um levantamento histórico sobre o desenvolvimento da

Psicologia Escolar, são apontadas as principais escolas de pensamento e as correntes

teóricas que marcam forte presença nessa área do conhecimento desde sua origem.

Refletir sobre o desenvolvimento histórico da relação estabelecida entre Psicologia e

Educação mostra que grande parte dos atuais questionamentos sobre esse vínculo já se

faziam presentes na história da psicologia. Nessa primeira parte deste capítulo, também

se procura chamar a atenção para a primazia das teorias desenvolvimentistas e

comportamentais na relação estabelecida entre a Psicologia e a Educação. Além disso,

enfatiza-se a ausência da Psicologia Social no campo da educação, bem como as

implicações de se negligenciar os seus aspectos sociais e históricos.

2.1. AS DEFINIÇÕES DA PSICOLOGIA NO CAMPO DA EDUCAÇÃO

Quando empreendemos uma análise do desenvolvimento da Psicologia da

Educação, deparamo-nos com a falta de uma definição quanto ao seu objeto e campo de

abrangência. Os manuais de Psicologia da Educação introduzem, quase sempre, uma

discussão inicial que tem o intuito de apresentar as definições mais comumente

encontradas. Podemos mencionar a definição de Mouly (1984), que indica que a

52

psicologia educacional lida com a aplicação de recursos da psicologia aos problemas

enfrentados pelo professor em sala de aula.

Kelly (1969) descreve essa área do conhecimento como aquela que tem a

finalidade de aplicar o conhecimento científico da personalidade humana ao ensino, ou

seja, à motivação, ao controle e à avaliação da aprendizagem.

De acordo com Piletti (1984), a Psicologia da Educação intenta utilizar as

informações que as pesquisas psicológicas oferecem sobre o comportamento humano

para tornar mais eficiente o processo de aprendizagem.

É mister percebemos que tais definições se caracterizam por uma concepção

primordialmente mecanicista de psicologia, de educação e de aprendizagem, na medida

em que dão destaque ao controle, à eficiência e à avaliação como o objetivo final da

Psicologia da Educação.

Também é comum encontrarmos definições que delimitam essa área do

conhecimento como uma ciência aplicada, sem, porém, nenhuma referência à sua

contextualização. Essas definições podem ser exemplificadas a partir da explicação de

Marques (1980, p.3), que aponta que:

A Psicologia Educacional é o campo do conhecimento que

endereça seus estudos e suas metas para o pleno desenvolvimento

do ser humano, através de suas experiências e aprendizagens.

Assim ela se dimensiona na abrangência de três áreas que lhe dão

suporte teórico: a) psicologia do desenvolvimento; b) psicologia do

ensino aprendizagem; c) psicologia social, inter-relações pessoais.

Segundo Witter (1980, p.24):

A Psicologia Educacional é aquele ramo da psicologia que se apoia

em outros ramos, notadamente na Psicologia da Aprendizagem e

do Desenvolvimento, em busca de dados que lhe permitem

delimitar, estruturar e investigar sua própria área de interesse.

53

Barbosa e Souza (2012) realizaram uma pesquisa com o objetivo de investigar a

constituição e consolidação do campo de estudo e atuação em Psicologia Educacional e

Escolar no Brasil. As autoras sugerem um panorama da história da Psicologia

Educacional e Escolar brasileira que pode ser dividido em períodos significativos para

esse campo de conhecimento. Esses períodos correspondem às seguintes etapas: 1)

Colonização, saberes psicológicos e educação (1500-1906); 2) A psicologia em outros

campos de conhecimento (1906-1930); 3) Desenvolvimentismo – a Escola Nova e os

psicologistas na educação (1930-1962); 4) A Psicologia Educacional e a Psicologia do

Escolar (1962-1981); 5) O período da crítica (1981-1990); 6) A Psicologia Educacional

e Escolar e a reconstrução (1990-2000); 7) A virada do século: novos rumos? (a partir

de 2000).

A partir dessa divisão, são analisadas as características específicas de cada um

dos períodos, construindo um percurso pelo qual passou a Psicologia Educacional e

Escolar no Brasil ao longo dos anos. Com isso, podemos perceber que a psicologia, em

sua relação com a educação, passou por várias transformações, sendo um conhecimento

e uma prática que ora esteve a serviço de interesses conservadores e capitalistas, ora

contribuiu para as reflexões emancipatórias.

Para Barbosa e Souza (2012), as diferentes formas de nomenclaturas que se

referem à relação entre psicologia e educação dizem respeito a pressupostos teóricos,

práticos, metodológicos e ideológicos que precisam ser compreendidos não apenas

como meras diferenças de nomeação. Ainda segundo as autoras, esses termos e

definições têm um sentido histórico, uma vez que essas diferenciações estão

relacionadas à definição desse campo em termos de objetos de interesse, finalidades e

métodos de investigação, que, por sua vez, estão relacionados à concepção de homem,

54

de mundo, de sociedade, de educação e de escola, que também foram se modificando ao

longo do tempo.

Antunes (2007) assevera que:

A Psicologia Educacional pode ser considerada como uma subárea

da psicologia, o que pressupõe esta última como área do

conhecimento. Entende-se área do conhecimento como corpus

sistemático e organizado de saberes produzidos de acordo com

procedimentos definidos, referentes a determinados fenômenos ou

conjunto de fenômenos constituintes da realidade, fundamentado

em concepções ontológicas, epistemológicas, metodológicas e

éticas determinadas. Faz-se necessário, porém, considerar a

diversidade de concepções, abordagens e sistemas teóricos que

constituem as várias produções de conhecimento, particularmente

no âmbito das ciências humanas, das quais a psicologia faz parte.

Assim, a Psicologia da Educação pode ser entendida como subárea

de conhecimento que tem como vocação a produção de saberes

relativos ao fenômeno psicológico constituinte do processo

educativo (Antunes, 2007, p. 163).

Para Antunes (2007), a Psicologia Escolar define-se pelo âmbito profissional e

refere-se a um campo de ação determinado, isto é, a escola e as relações que aí se

estabelecem. No entanto, é importante destacar que:

A Psicologia Educacional e Psicologia Escolar são intrinsecamente

relacionadas, mas não são idênticas, nem podem reduzir-se uma à

outra, guardando cada qual sua autonomia relativa. A primeira é

uma área de conhecimento (ou subárea) e tem por finalidade

produzir saberes sobre o fenômeno psicológico no processo

educativo. A outra se constitui como campo de atuação

profissional, realizando intervenções no espaço escolar ou a ele

relacionado, tendo como foco o fenômeno psicológico,

fundamentada em saberes produzidos, não só, mas principalmente,

pela subárea da psicologia, a psicologia da educação (Antunes,

2007, p. 165).

Barbosa (2012) comenta as definições de Antunes (2007), chamando a atenção

para a cisão clássica entre teoria e prática, que foi historicamente constituída na

Psicologia e também na Psicologia Educacional e Escolar. Barbosa (2012) também

enfatiza que essa divisão que mantém a ideia de que a Psicologia Educacional fica a

55

cargo de responder pela teorização e pelas pesquisas, e a Psicologia Escolar pela prática,

é muito disseminada por alguns teóricos e profissionais. Contudo, a partir de um olhar

histórico, é possível perceber que a expressão Psicologia Educacional, durante muito

tempo no Brasil, reunia os dois aspectos – o teórico e o prático. Ainda de acordo com a

mesma autora (2012), no Brasil o campo da Psicologia Educacional e Escolar se

consolidou concomitantemente à Psicologia propriamente dita; e especialmente no que

tange à aplicação prática dos conhecimentos psicológicos, o campo educativo foi um

dos primeiros.

Para Antunes (2007), a Psicologia Educacional e Escolar constituíram-se em

dois pilares sob o qual a Psicologia se erigiu no seu processo de autonomização e muitas

práticas iniciais da Psicologia principiaram por meio de sua relação com a Educação. De

outra parte, Massimi (1984 e 1990) e Massimi et al. (1987) asseveram que no Brasil,

desde a chegada dos jesuítas e do projeto de Educação no país, pode-se verificar o uso

de conhecimentos, saberes e ideias psicológicas em interação com os processos

educativos. Segundo Antunes (2003), no período colonial, tinha-se como objetivo

principal a educação de crianças de modo a “domá-las” e “moldá-las” de acordo dos

propósitos do adulto. Dessa forma, inicia-se o uso de conhecimentos psicológicos com

fins educativos, especialmente de cunho punitivo, correcional ou adaptacionista. No

entanto, Barbosa (2012) afirma que só podemos falar em uma área chamada Psicologia

Educacional a partir da autonomização da Psicologia em fins do século XIX e início do

século XX. Nesses primórdios, a Psicologia Educacional tinha como foco de interesse o

conhecimento do desenvolvimento infantil e as questões relacionadas com as crianças

ditas “anormais”. Também se observa a presença da chamada Pedagogia Terapêutica e

da Higiene Escolar, uma vez que eram enfatizados os métodos de intervenção médico-

curativos e clínicos para resolver os chamados “problemas da criança”. Essas

56

referências iniciais da Psicologia Educacional tinham relação com a crescente onda do

movimento higienista, que se tornou expressivo no país até meados do século XX.

Nessa época, a Psicologia Educacional utilizava trabalhos empíricos realizados em

Laboratórios de Psicologia relacionados ao movimento psicométrico e ao higienista e

estava sob a influência da Psicologia Infantil.

As investigações de Barbosa (2012) apontam que em algumas obras dos anos

1920 e 1930, encontram-se as nomeações Biologia Educacional e Biotipologia

Educacional, que traziam conhecimentos do campo biológico e também psicológico.

Essas denominações indicam a relação inicial da Psicologia com a pesquisa em

Fisiologia e Biologia. Nesse momento começa a se estabelecer a grande influência do

conhecimento biológico e fisiológico e do campo médico, que trouxeram a

“biologização” dos fenômenos escolares.

Para Barbosa (2012), pelo fato de naquela época ainda não existir a Psicologia

como ciência e profissão, a Psicologia e também a Psicologia Educacional ainda

estavam se constituindo de forma a tomar emprestadas as produções que eram

realizadas em outros campos do saber, em especial, da Biologia e da Medicina. A autora

também enfatiza a ligação da Psicologia Educacional e Escolar com a docência nas

chamadas escolas normais e cursos de formações de professores. A Psicologia

Educacional caracterizou-se, então, como ensino de Psicologia para futuros educadores,

tendo a finalidade de formação e utilização de investigação e produção de saberes

oriundos dos laboratórios, com vistas à compreensão dos processos educativos. A autora

destaca ainda a forte presença da Psicanálise a partir dos anos 1940 e também do

pensamento biologicista medicalizante que se traduzia, à época, no movimento

higienista.

Nas palavras da autora:

57

A Psicologia Educacional – teórica e prática – tinha como objetivo

principal diagnosticar as crianças no interior da escola quanto a sua

‘normalidade’ ou ‘anormalidade’, e, baseada nos experimentos e

testagens, garantia-se a divisão em classes ou escolas especiais

para atendimento de suas ‘necessidades especiais’ se fosse o caso.

Entra em cena a ideia de normatização que se acresce à de

adaptação e atendimento das “anormalidades” por meio de

trabalhos terapêuticos garantidos por meio da Higiene Mental

Escolar (Barbosa, 2012, p. 168).

Desse modo, destaca-se que a Psicologia veio para contribuir com a finalidade

‘ajustatória’, consolidando a marca da Psicologia do ajustamento e clínico-médica.

De acordo com Yazlle (1997):

Os primeiros trabalhos da Psicologia no Brasil foram

desenvolvidos por profissionais da medicina que, oriundos de uma

elite econômica, puderam complementar sua formação intelectual

junto a centros de cultura europeus. Assim, a erudição burguesa,

humanista e academicista aí veiculada conduziam ao estudo dos

fenômenos psicológicos sob a ótica positivista, enfatizando a

observação direta e a possibilidade de experimentação (Yazlle,

1997, p. 21).

Yazlle (1997) também menciona a influência do escolanovismo, que se baseava

na ideia liberal de mito de igualdade de oportunidades que a escola pode oferecer,

negando as diferenças de classe dadas pela constituição sociopolítica do capitalismo. O

movimento da Escola Nova encontrou na Psicologia, através dos testes psicológicos e

conhecimentos sobre a inteligência, maturidade e prontidão para a aprendizagem,

explicações para as diferenças individuais que culpabilizavam o sujeito pela sua

condição e ocultavam as desigualdades sociais.

Barbosa (2012) destaca que, nesse contexto, a Psicologia tinha como foco

analisar o processo de desenvolvimento infantil, e seu interesse era constituir-se como

58

campo que aliaria esses conhecimentos no contexto educacional de forma

adaptacionista. Para a autora:

Assim, o objeto de interesse primordial passava a ser a criança no

contexto educacional, e a finalidade, compreender suas

características, seu processo de desenvolvimento, utilizando para

isso investigações agora não apenas psicométricas, mas também

com foco nos estudos das influências familiares e contextuais

(Barbosa, 2012, p. 169).

A autora afirma que a influência da Psicanálise foi um exemplo da mudança de

foco do pensamento biologicista e puramente clínico-médico para um olhar direcionado

às configurações familiares. No entanto, ainda se fazia presente o olhar medicalizante e

da ideologia liberal, além da influência do movimento de Higiene Mental. Esse tipo de

pensamento também se inseriu no que depois passou a se designar “psicologia do

escolar”, que representava a ênfase no olhar para o escolar, ressaltando a análise

individual dos fenômenos escolares.

Barbosa (2012) aponta que nos anos 1960 e 1970, podemos dizer que essa

psicologia com foco na criança problema que não aprende foi a tônica do momento.

Ainda se fazia presente a marca do modelo clínico-médico, e buscava-se cada vez mais

a investigação dos processos anormais, cuja base é a psicologia do ajustamento. Assim,

para o tratamento dos anormais surgem os serviços de Higiene Mental Escolar, que

tinham como objeto a investigação e o tratamento dos denominados anormais. Nesse

contexto, o objeto de interesse se desloca para o indivíduo que apresenta algum tipo de

desvio daqueles considerados normais. A finalidade da Psicologia Educacional é então

constituída com base na identificação e discriminação desses diferentes, a partir dos

instrumentos psicométricos e avaliativos em moda no período. Além disso, as

nomeações Psicotécnica e Psicologia Aplicada indicavam a ênfase no campo prático da

Psicologia.

59

Ainda conforme as investigações de Barbosa (2012), a partir da regulamentação

da profissão de psicólogo (Lei nr. 4.119, de 27 de agosto de 1962), usam-se mais termos

relacionados à Psicologia Aplicada assim como se perpetuam as terminologias ligadas

ao tratamento dos anormais e inicia-se o uso da nomenclatura “Psicologia Escolar”.

Mantém-se ainda a primazia do interesse na criança que não aprende no contexto

escolar e nos chamados anormais e crianças-problema, embora as explicações sobre o

não aprendizado na escola mudem de foco. Com finalidades ajustatórias, a teoria da

carência cultural, nascida nos Estados Unidos como forma de explicação das diferenças

individuais entre as minorias pobres, negras e latinas no país, passa a ser amplamente

divulgada em nosso país.

Como diz Yazlle (1997), a psicologia passa a minimizar os fatores biológicos

como explicação dos comportamentos “do escolar”, e inicia-se um discurso sobre os

fatores ambientais e socioeconômicos como produtores de “deficits comportamentais”.

Barbosa (2012) enfatiza que, nos anos 1980, muitos teóricos passam a criticar o foco na

criança, o olhar que enfatizava o desenvolvimento individual e a utilização de

instrumental psicométrico, psicanalítico ou a teoria da carência cultural. Para a autora, a

publicação da tese de doutorado de Maria Helena Souza Patto intitulada “Psicologia e

Ideologia, reflexões sobre a Psicologia Escolar” foi um divisor de águas para a

Psicologia Educacional e Escolar no país, dada sua crítica ter levado a pensar em outros

rumos para a área. Conforme a exposição da autora:

A partir da crítica empreendida nessa obra e também em outras

posteriores, observa-se a mudança no que se refere ao objeto de

interesse, às proposições da finalidade e também aos métodos e

técnicas de atuação nesse contexto. Cresce a utilização da

nomenclatura Psicologia Escolar com vista a se diferenciar da

Psicologia Educacional agora entendida como tradicional e

representante de todo o pensamento anterior de cunho ajustatório,

adaptacionista, discriminatório e que ora assumiu feições

biologicistas, medicalizantes, ora defendeu teorias como aquelas

60

oriundas do pensamento higienista e da carência cultural (Barbosa,

2012, p. 170).

Barbosa (2012, p. 170) também considera que:

A chamada Psicologia Escolar, atualmente denominada como

Psicologia Escolar Crítica, tem como prerrogativa outras bases de

sustentação teórica e metodológica e se caracteriza por propor um

olhar para o processo de escolarização e para o contexto

sociopolítico-cultural em que estão inseridos os processos

educativos. Nessa visão, tem-se como objeto de interesse a

investigação e intervenção nos contextos educacionais e processos

de escolarização. Compreende-se que o “não aprender” está

relacionado a toda uma produção do fracasso escolar, cujas origens

se referem a uma multiplicidade de fatores intervenientes,

incluindo as políticas públicas educacionais, a formação docente, o

material didático, a organização do espaço escolar, entre outros.

Muitas vezes, esse “não aprender” é materializado/corporificado

sob a forma de uma queixa escolar sobre aquele indivíduo “que

não aprende”. Essa queixa chega ao psicólogo que deve, a partir de

então, atuar de forma diferente da anterior, que tinha na investiga-

ção psicométrica seu maior instrumental de trabalho. Nessa linha

de pensamento, a função do psicólogo escolar é, de modo crítico,

buscar ir às origens e raízes do processo de escolarização,

compreender suas diferentes facetas, incluir em seu trabalho uma

atuação junto ao aprendiz, aos docentes, à família, à escola, à

Educação como um todo e à sociedade em que está inserida.

Por outro lado, Barbosa (2012) considera que, mesmo que haja uma

identificação com esse novo pensamento, ainda encontram-se trabalhos de Psicologia

Educacional e Escolar que expressam a influência do modelo clínico de atendimento,

cujo foco ainda é individualizante (sobre a “criança que não aprende”). Um exemplo é o

crescimento da chamada Psicopedagogia que, em termos gerais, revive o movimento

psicanalítico e clínico-médico de atenção à criança no contexto educacional e sua

família. Também a onda medicalizante tem possibilitado a entrada de diagnósticos

médicos para explicações de fenômenos no campo educacional, retomando a visão

biologicista.

61

Por fim, Barbosa (2012) pondera que, a partir dos anos 2000, cresceram

vertiginosamente trabalhos de atendimento clínico às crianças, assim como o

encaminhamento para diagnosticá-las e medicá-las a partir de “supostos” transtornos

neurológicos. A medicalização e patologização têm sido cada vez mais frequentes no

discurso educacional. Em conclusão, é possível afirmar que, ao longo do tempo, foram

muitos os objetos de estudo, finalidades, métodos e técnicas de investigação e

intervenção no campo de conhecimento da Psicologia Educacional e Escolar. Essas

modificações ocorreram também devido à mudança acerca da visão de homem, de

mundo, de educação, escola e sociedade.

2.1.1. A RELAÇÃO ENTRE A PSICOLOGIA E O DESENVOLVIMENTO DA

PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONAL

O desenvolvimento da Psicologia Escolar e Educacional tem uma íntima relação

com o desenvolvimento da própria Psicologia. De acordo com Antunes (2008), a

natureza dessa relação se expressa, pelo menos, em duas dimensões: a psicologia

educacional como um dos fundamentos científicos da educação e da prática pedagógica

e a psicologia escolar como modalidade de atuação profissional que tem no processo de

escolarização seu campo de ação, com foco na escola e nas relações que aí se

estabelecem. Conforme a autora, em última análise, pode-se afirmar que a relação entre

psicologia e educação, sobretudo em suas mediações com as teorias de conhecimento, é

algo que acompanha a própria história do pensamento humano e constitui-se como

complexo e extenso campo de estudo.

Para Antunes (2008), o entendimento da relação entre Psicologia e Psicologia

Educacional exige a explicitação de alguns conceitos presentes no termo Psicologia

Escolar e Educacional. Segundo a autora, a educação é entendida como prática social

62

humanizadora, intencional, cuja finalidade é transmitir a cultura construída

historicamente pela humanidade. A historicidade e a sociabilidade são constitutivas do

ser humano; a educação é, nesse processo, determinada e determinante. Antunes (2008)

aponta que, sob essa perspectiva, a escola, tal como nós a concebemos, tem como

finalidade promover a universalização do acesso aos bens culturais produzidos pela

humanidade, criando condições para a aprendizagem e para o desenvolvimento de todos

os membros da sociedade. Segundo a autora, podemos entender que:

A Psicologia Educacional pode ser considerada como uma subárea

da psicologia, o que pressupõe esta última como área de

conhecimento. Entende-se área de conhecimento como corpus

sistemático e organizado de saberes produzidos de acordo com

procedimentos definidos, referentes a determinados fenômenos ou

conjunto de fenômenos constituintes da realidade, fundamentado

em concepções ontológicas, epistemológicas, metodológicas e

éticas determinadas (...). A Psicologia Escolar, diferentemente,

define-se pelo âmbito profissional e refere-se a um campo de ação

determinado, isto é, o processo de escolarização, tendo por objeto a

escola e as relações que aí se estabelecem; fundamenta sua atuação

nos conhecimentos produzidos pela psicologia da educação, por

outras subáreas da psicologia e por outras áreas de conhecimento.

(Antunes, 2008, p. 470).

Antunes (2008), ao investigar o desenvolvimento da Psicologia Educacional e

Escolar, assevera que os anos finais do século XIX e os primeiros anos do século

seguinte trazem mudanças profundas na sociedade brasileira: fortalecimento do

pensamento liberal; busca da “modernidade”; e luta contra a hegemonia do modelo

agrário-exportador na direção ao processo de industrialização. Essas novas ideias

traziam em seu bojo um novo projeto de sociedade, que exigia uma transformação

radical da estrutura e da superestrutura social, para a qual seria necessário um novo

homem, cabendo à educação responsabilizar-se por sua formação. Nesse contexto, o

debate sobre a educação tomou vulto, com a defesa da difusão da escolaridade para a

massa da população e uma maior sistematização das ideias pedagógicas, com crescente

63

influência dos princípios da Escola Nova. Para a autora, foi nesse quadro que ocorreu,

paulatinamente, a conquista de autonomia da psicologia como área específica de

conhecimento no Brasil, deixando de ser produzida no interior de outras áreas do saber.

Assim, percebe-se uma interdependência entre psicologia e educação, sobretudo pela

via da pedagogia, a partir da articulação entre saberes teóricos e prática pedagógica.

Pode-se afirmar que o processo pelo qual a psicologia conquistou sua autonomia como

área de saber e o incremento do debate educacional e pedagógico nas primeiras décadas

do século XX estão intimamente relacionados, de tal maneira que é possível afirmar que

psicologia e educação são, historicamente, no Brasil, mutuamente constituintes uma da

outra.

Antunes (2008) destaca que a década de 1930 caracteriza-se pela consolidação

da psicologia no Brasil e tem como base a estreita relação estabelecida entre essa área e

a educação. Pode-se dizer que a Educação continuou sendo a base para o

desenvolvimento da psicologia, assim como esta permaneceu como principal

fundamento para a educação. Concomitantemente, o ensino nas Escolas Normais e nos

Cursos de Pedagogia continuavam dando à Psicologia espaço privilegiado em seus

currículos.

Segundo os apontamentos de Antunes (2008, p. 472):

Nesse contexto, começam a se diferenciar, ainda que de forma não

sistemática e formal, a psicologia educacional, como conjunto de

saberes que pretende explicar e subsidiar a prática pedagógica,

sendo, portanto, de domínio necessário para todos os educadores, e

a psicologia escolar, como campo de atuação de profissionais da

psicologia que atuariam no âmbito da escola, desempenhando uma

função especifica, alicerçada na psicologia e que se caracterizou

inicialmente por adotar o modelo clínico de intervenção.

A autora também destaca que:

64

Embora contradições possam ser apontadas, revelando produções

teóricas e práticas afinadas com a construção de uma escola

comprometida com a aprendizagem e o desenvolvimento de seus

alunos, particularmente aqueles oriundos das camadas populares, o

papel que a psicologia desempenhou na educação tornou-se objeto

de crítica. A utilização e a interpretação indiscriminadas e

aligeiradas de teorias e técnicas psicológicas, como os testes

(principalmente os de nível mental e de prontidão); a

responsabilização da criança e de sua família, em nome de

problemas ditos de “ordem emocional”, para justificar o

desempenho do aluno na escola e a redução dos processos

pedagógicos aos fatores de natureza psicológica colaboraram para

interpretações e práticas no mínimo equivocadas, desprezando o

processo educativo como totalidade multideterminada, relegando a

segundo plano, ou omitindo, fatores de natureza histórica, social,

cultural, política, econômica e, sobretudo, pedagógica na

determinação do processo educativo.

Antunes (2008) indica que esse processo culmina, em 1962, com a

regulamentação da profissão de psicólogo e o estabelecimento de cursos específicos

para sua formação. As ações desenvolvidas no período anterior deram as bases para os

campos tradicionais de atuação da psicologia: educação, clínica e trabalho. Ainda

conforme a autora, na década de 1970, criticava-se a utilização dos testes e a

interpretação de seus resultados, que atribuíam ao aluno a determinação de seus

“problemas”, desconsiderando as condições pedagógicas. Uma das consequências

apontadas por essas críticas era a desconsideração dos determinantes de natureza social,

cultural, econômica e, sobretudo, pedagógica; daí falar-se em reducionismo.

Inicia-se, então, uma crítica radical à Psicologia Escolar e Educacional. Para

Antunes (2008, p. 473):

De um lado, criticava-se a já apontada hipertrofia da psicologia na

educação e o reducionismo dos fatores educacionais e pedagógicos

às interpretações psicologizantes. Por outro lado, enfocando mais

especificamente a prática da psicologia escolar e aprofundando a

crítica a seu modo de ação, avançavam para a demonstração de que

o enquadramento clínico terapêutico baseava-se num modelo

médico, estranho às determinações pedagógicas, que tendia a

patologizar e individualizar o processo educativo, distanciando-se

da compreensão efetiva dos determinantes desse processo e

desconsiderando ações então denominadas preventivas, que

65

deveriam voltar-se para as condições mais propriamente

pedagógicas, de forma a atuar mais coletivamente, com base

naquilo que hoje seria denominado de interdisciplinaridade, com os

demais profissionais da educação e da escola.

Antunes (2008) pondera que, nesse sentido, a superação dessa situação exigia

não somente a crítica à hipertrofia da psicologia na educação, ao reducionismo, às

interpretações aligeiradas e banalizadas, às ações fundadas num modelo estranho à

educação, como o modelo médico, e à culpabilização da criança e de sua família, mas

também a restituição de seu núcleo de bom senso.

Por fim, a autora considera que é necessário discutir as possibilidades e limites

da Psicologia Escolar e Educacional na construção de políticas públicas de educação

comprometidas socialmente com as classes populares. Daí, a necessidade de superação

das práticas tradicionais do psicólogo escolar, muitas vezes pautadas ainda numa

perspectiva, nem sempre consciente ou assumida, de ação clínico terapêutica.

De forma conclusiva, a autora aponta a necessidade da afirmação de uma

psicologia escolar comprometida radicalmente com a educação das classes populares,

que supere o modelo clínico-terapêutico disfarçado e dissimulado ainda presente na

representação que o psicólogo tem de sua própria ação, entendendo que a representação

e, consequentemente, as expectativas que os demais profissionais da educação têm da

psicologia só serão superadas pela própria prática do psicólogo escolar.

Para Antunes (2008, p. 475):

Devemos invariavelmente pautar toda e qualquer discussão sobre a

Psicologia em geral e sobre a Psicologia Escolar e Educacional em

especial sobre a questão ética, entendendo-a não como prescrição

de normas, nem como tema da moda, mas como ética social, que se

questiona e que se pergunta constantemente sobre o que fazemos,

para quem, com que finalidade e a que interesses servimos.

66

No entanto, e de outra parte, Urt (1989) alerta que é interessante enfatizar que a

Psicologia é alvo de uma série de críticas quanto à sua utilização na Educação, críticas

estas que denunciam seu caráter ideológico e psicologizante, a distância entre seu

conteúdo e prática escolar e a descontextualização e abstração do homem nas suas

relações sociais. Urt (1989) assevera que, na tentativa de superar o psicologismo,

procura-se compreender o social e aprender o real significado do psiquismo humano.

Isto acaba por levar a outra postura reducionista – o sociologismo –, que, ao considerar

a produção da consciência humana como sendo determinada pelo social com menos

peso às relações subjetivas, converte-se em um componente da ideologia do capitalismo

monopolista, tanto quanto o psicologismo, na medida em que não consegue aprender o

homem – sujeito histórico-social – como totalidade. Ou seja, privilegiando o indivíduo

como uma entidade abstrata ou o social como fonte de todas as determinações,

negligencia-se o caráter histórico-social do sujeito, que transforma e é transformado nas

relações sociais produzidas na sociedade.

Ainda de acordo com Urt (1989), vale mencionar que toda e qualquer postura

reducionista peca por isolar e privilegiar apenas um dos aspectos da realidade,

percebendo esta de uma forma estática e imutável. A Psicologia ainda está fortemente

marcada por essa antinomia indivíduo x sociedade, e, para tentar superar essa visão

dicotômica, faz-se necessário rever seus pressupostos epistemológicos e suas marcas

históricas.

2.1.2. A PROPOSTA DE PERIODIZAÇÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL

E ESCOLAR

Nesta parte da pesquisa, descreve-se com maiores detalhes a proposta de

periodização da Psicologia Escolar e Educacional no Brasil, apresentada no início do

67

capítulo. Em seus trabalhos, Barbosa (2011, 2012), a partir da articulação entre fontes

orais e escritas, propôs uma divisão específica da constituição da história da Psicologia

escolar e educacional, conforme já mencionado. A saber: 1) Colonização, saberes

psicológicos e educação (1500-1906); 2) A psicologia em outros campos de

conhecimento (1906-1930); 3) Desenvolvimentismo – a Escola Nova e os psicologistas

na educação (1930-1962); 4) A Psicologia Educacional e a Psicologia do Escolar (1962-

1981); 5) O período da crítica (1981-1990); 6) A Psicologia Educacional e Escolar e a

reconstrução (1990-2000); 7) A virada do século: novos rumos? (a partir de 2000).

I - O PRIMEIRO PERÍODO: COLONIZAÇÃO, SABERES PSICOLÓGICOS E

EDUCAÇÃO (1500-1906)

De acordo com Barbosa (2011, 2012), esse período tem como marco inicial a

chegada dos portugueses ao Brasil e, especialmente, o início da missão jesuíta em 1549.

Foram os jesuítas que construíram, pela primeira vez nesta terra, um sistema educativo,

que tinha como finalidade a catequização dos índios. Nessa época foram criados

colégios para ensinar a ler e escrever, que, conforme aponta Massimi (1984, 1987 e

1990), já continham nuances de ideias psicológicas. Nesse período, encontram-se obras

que ressaltam o papel da educação moral, física e fórmulas de como educar melhor os

filhos.

No entanto, Barbosa (2011, 2012) alerta que, nesses primórdios, pode-se falar

apenas em saberes psicológicos disseminados no interior da educação jesuíta, ainda

fortemente alicerçados ao propósito da colonização. A autora indica que a influência do

pensamento empirista e das teorizações existentes sobre domesticação por meio de

castigos e prêmios é uma das marcas dessa fase.

68

De acordo com Waeny e Azevedo (2009), no final do século XIX, Psicologia e

Pedagogia se articularam; e coube à Psicologia classificar as crianças com dificuldades

escolares e buscar métodos educacionais que as ajustassem às exigências da sociedade.

Já as primeiras décadas do século XX foram marcadas pelo desenvolvimento urbano-

industrial e posterior industrialização, e tais condições exigiam indivíduos mais

capacitados na leitura, escrita e no falar. Isso fez com que aumentasse o número de

escolas. As autoras ressaltam que, nos primeiros anos do século XX, mais precisamente

em 1903, as aplicações da Psicologia da Educação tiveram como marco inicial a

publicação do livro “Educational Psychology” e o periódico “Journal of Educational

Psychology”, por E. L. Thorndike.

As autoras indicam que foi nesse contexto e entre 1895 e 1905, sob a

denominação inicial de escolas complementares, que surgiram as primeiras instituições

para a preparação de futuros mestres no interior de São Paulo.

II - O SEGUNDO PERÍODO: A PSICOLOGIA EM OUTROS CAMPOS DO

CONHECIMENTO (1906-1930)

Para Barbosa (2011, 2012), esse período inaugura-se com a criação do primeiro

laboratório, o Pedagogium7. Nessa fase, a Psicologia é inserida em currículos das

7 Sob inspiração de Rui Barbosa, o decreto n. 980 de 1890 instituiu, no Rio de Janeiro, o Pedagogium,

centro de produção de conhecimento e estímulo para as realizações educacionais. Essa instituição previa o

funcionamento de um Museu Pedagógico, gabinetes e laboratórios para o estudo de ciências físicas e

história natural, a publicação da Revista Pedagógica, cursos e conferências para a formação de

professores públicos e particulares, entre outras atividades.

Em 1897 o Pedagogium passou para a administração municipal da cidade do Rio de Janeiro, tendo

funcionado até esta data como Museu Pedagógico. O Pedagogium teve seu caráter alterado para um

“centro de cultura superior aberto ao público”, funcionando durante mais de 15 anos. Medeiros de

Albuquerque, então Diretor da Instrução Pública do Distrito Federal, foi o responsável por essa alteração.

Foi nessa condição que, em 1906, foi criado o Laboratório de Psicologia Pedagógica, muito

provavelmente o primeiro laboratório deste tipo no país, planejado por Alfred Binet em Paris, dirigido por

Manoel Bomfim e colaboradores (Antônio Austregésilo e Plínio Olinto). Algumas dessas investigações

foram publicadas na Revista Educação e Pediatria. Em 1919, por Decreto Municipal, o Pedagogium

encerrou suas atividades. (Waeny e Azevedo, 2009).

69

Escolas Normais8. Esse é um momento em que há uma exigência de cientifização da

educação, e uma das ciências que vem dar respaldo à educação e à Pedagogia é a

ciência psicológica. A autora aponta que nesse período crescem os estudos sobre a

aprendizagem, desenvolvimento, processos cognitivos e testes psicológicos

(psicometria), assim como sobre as relações entre conhecimentos psicológicos e seu

papel no processo de ensino.

Para Waeny e Azevedo (2009), podem-se destacar alguns acontecimentos

importantes ocorridos entre os anos 1906 e 1930. Entre eles, vale mencionar: a) em

1914 a cátedra de Pedagogia e Psicologia da Escola Normal foi assumida por Sampaio

Dória; b) em 1920 surgiram os primeiros profissionais da educação ligados,

principalmente ao ideário escolanovista; c) em 1923, na Escola Normal de Fortaleza,

dirigida por Lourenço Filho, o laboratório permitiu a continuidade das pesquisas sobre

8 Em 1911, as escolas complementares paulistas passaram a ser denominadas Escolas Normais Primárias,

com curso de 4 anos de duração, na qual uma das cadeiras era Pedagogia. No ano seguinte, em 1912, a

cadeira de Pedagogia passou a compreender três disciplinas: psicologia, pedagogia e metodologia. Em

1912, Clemente Quaglio organizou e passou a dirigir o Gabinete de Psicologia Experimental da Escola

Normal da Praça da República, em São Paulo. Ugo Pizzoli foi contratado em 1914 pelo Governo do

Estado de São Paulo para modernizar e dinamizar esse laboratório. Ele então criou o Laboratório de

Pedagogia Experimental da Escola Normal de São Paulo, na gestão de Oscar Thompson. O gabinete era

constituído por duas salas, uma para os exames “somato-anthropologicos e esthesometrica e

esthesioscopica“ e outra para o “exame psicológico das funções mentais elevadas“. Também foi

denominado por Gabinete de Psychologia e Anthropologia Pedagógica. Neste mesmo ano, 1914, apareceu

o livro O Laboratório de Pedagogia Experimental, editado por este órgão. Esse laboratório mais tarde foi

transferido para a cátedra de Psicologia da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de São Paulo.

Em 1925 Lourenço Filho reativou o laboratório, desta vez contando com a colaboração de Noemy da

Silveira Rudolfer, João Batista Damasco Pena, Branca Caldeira, Irene Muniz e Odalívia Toledo. (Waeny

e Azevedo, 2009). O laboratório resultou na criação do Serviço de Psicologia Aplicada (à educação), sob

a direção de Noemy Rudolfer. Este serviço originou o Laboratório de Psicologia Educacional do Instituto

de Educação (ex-escola Normal) da Praça da República. Após a criação da Universidade de São Paulo,

este laboratório foi transferido para a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL-USP) da rua Maria

Antônia. Depois, ampliado e modernizado, converteu-se no laboratório da cadeira de Psicologia

Educacional e originou diversas pesquisas, entre 1940 e 1970. A Escola Normal de São Paulo foi

representante importante para o desenvolvimento da Psicologia no Brasil em geral e da Psicologia

Educacional em particular, graças às atividades de ensino da Psicologia, à produção de seu laboratório,

aos cursos ministrados por psicólogos estrangeiros, mas sobretudo por ter sido a base para a Cátedra de

Psicologia Educacional, da seção de Pedagogia da FFCL-USP. As Escolas Normais foram o alicerce para

as futuras seções de Pedagogia da FFCL-USP, nas quais a Psicologia foi introduzida como matéria de

ensino superior (Waeny e Azevedo, 2009).

70

maturidade para a leitura e escrita; d) em 1924, sob a liderança de Isaías Alves, a Escola

Normal de Salvador difundiu, aplicou, revisou e adaptou testes psicológicos, inclusive

defendendo utilizá-los no espaço escolar; e) em 1925, Ulysses Pernambuco criou o

instituto de Psicologia de Pernambuco e também criou a Escola para Anormais, anexa à

Escola de Aplicação da Escola Normal Oficial de Pernambuco; f) em 1926, Geraldo

Paula Souza organizou grupos de estudos em Psicologia Aplicada, com médicos,

educadores e engenheiros do Instituto de Higiene de São Paulo; g) em 1928, a disciplina

Psicologia passou a ser obrigatória nas Escolas Normais; h) em 1929, foi criada a

Escola de Aperfeiçoamento para Professores do ensino primário de Belo Horizonte,

uma das mais importantes instituições produtoras de conhecimento, ensino e

experiências educacionais baseadas na Psicologia; Helena Antipoff foi diretora do

Instituto de Educação (junção da Escola de Aperfeiçoamento com a Escola Normal); i)

nos anos 1930 a cadeira de Psicologia das Escolas Normais mudou para Psicologia

Educacional, embora mantendo a denominação Psicologia Aplicada à Educação.

III - O TERCEIRO PERÍODO: DESENVOLVIMENTISMO – A ESCOLA NOVA E

OS PSICOLOGISTAS NA EDUCAÇÃO (1930-1962)

Barbosa (2011, 2012) assevera que, nesse período, em decorrência do

movimento internacional da Psicologia aplicada e à influência de psicólogos

estrangeiros que vieram para o Brasil, podemos dizer que é a primeira vez que temos

uma Psicologia que se realiza em termos práticos no interior de organizações,

especialmente das escolas. A autora menciona que a denominação desenvolvimentismo

foi escolhida para marcar o momento histórico social que o Brasil estava vivendo e por

também estar relacionada ao grande crescimento da Psicologia em vários campos

teóricos e práticos. O movimento da Escola Nova também é característica do momento.

71

Segundo Barbosa (2011, 2012), em 1932, temos a reivindicação de vários

educadores que se autodenominam pioneiros da Educação Nova e que, por meio do

Manifesto da Escola Nova, solicitavam ao poder público uma renovação do campo

educativo. O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova foi um documento que exigia

dos poderes públicos educação laica, gratuita e obrigatória para toda a população em

idade escolar com base nos pressupostos escolanovistas. A autora indica que, no próprio

texto do Manifesto, era possível notar a influência dos conhecimentos psicológicos. De

acordo com Barbosa (2012, p. 115):

É ainda destaque nesta fase o crescimento das ideias sobre

educação especial e influência da psicanálise e das contribuições

estadunidenses no interior da Psicologia naquele momento

denominada Psicologia Educacional. É flagrante a consolidação no

período da ideia de foco no aluno, com estudos realizados seja

pelas vias psicométrica, seja psicoanalíticas. Havia também um

interesse em classificar e encontrar formas de educar aqueles que

eram chamados de desajustados, ou desviantes, considerados então

anormais.

Para Barbosa (2011), essa área ainda chamada Psicologia Educacional foi se

estabelecendo como campo de saber, com objeto de estudo, linhas de pesquisa e atuação

específicos identificados por esse olhar para a criança que não aprende. Os processos de

desenvolvimento e de aprendizagem passam a constituir elementos primários da análise,

mantendo a ênfase na criança. No caso dos processos educativos, a autora afirma que se

observa o crescimento do movimento de identificação, testagem e classificação das

crianças com o objetivo de conhecer seus problemas. Esse também é o momento da

separação das crianças ditas normais daquelas com problemas de aprendizagem.

Conforme a exposição de Barbosa (2012, p. 116):

Assim, pode-se afirmar que a Psicologia educacional e escolar se

erigiu, em termos práticos, do movimento da Escola Nova, e do

avanço da onda dos testes e orientações clínicas infantis das

72

crianças-problema. O pensamento higienista e também o eugenista

aparecem com influências iniciais, o que justificava a identificação,

a seleção e classificação das crianças.

Para Patto (apud Barbosa, 2011), a Psicologia educacional e escolar nasce

alicerçada aos interesses políticos, sociais e econômicos do sistema capitalista, e as

teorias que passam a alimentar os trabalhos dos psicólogos dessa área trazem como

pressuposto o ideário liberal de que a escola é uma instituição que promove igualdade e

oportunidades, ideologia que mascara a desigualdade e a injustiça social desse sistema.

E foi o movimento dos testes que tem início nos anos que antecedem a

profissionalização e seguem crescendo até meados dos anos 80s, que detêm esse

interesse ideológico.

Ainda em consonância com Barbosa (2011, 2012), essa é a base da educação

compensatória, cujo intuito é cobrir as ditas falhas trazidas pelo educando e que

contribuiu para colocar a Psicologia no lugar de ciência que pode contribuir com “o

escolar” de forma classificatória e discriminatória.

Waeny e Azevedo (2009) mencionam como acontecimentos importantes nesse

período: a) a criação em São Paulo no ano de 1933, por Noemy Rudolfer e Annita

Cabral, do Laboratório de Psicologia do Instituto Pedagógico, composto por quatro

seções – medidas mentais, medida do trabalho escolar, orientação educacional e

profissional e estatística; b) em 1934, com a criação da Universidade de São Paulo,

Lourenço Filho foi nomeado professor de Psicologia. Essas ações mostram que o ensino

formal da Psicologia em cursos superiores teve início e que, a partir daí, estes cada vez

mais proliferaram; c) A Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Sedes Sapientiae

começa a gestar, em 1940, um curso de formação de psicólogos a partir do curso de

Pedagogia, tendo Madre Cristina Sodré Dória como a catedrática de Psicologia

Educacional; d) o Instituto de Psicologia da PUC/SP (IPPUC-SP) foi criado em 1951 e

73

dirigido por Enzo Azzi, com colaboração de Ana Maria Poppovic. Logo após, em 1953,

foi instalada na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Sedes Sapientiae a Clínica

Psicológica, com o objetivo de atender crianças com problemas escolares, sob a

liderança de Madre Cristina e Haim Grunspun.

IV - O QUARTO PERÍODO: A FASE DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL E DA

PSICOLOGIA “DO” ESCOLAR (1962-1981)

De acordo com Barbosa (2011, 2012), nesse período, a Psicologia, em sua

relação com a educação, continuou a fazer o trabalho de classificar, orientar e tratar as

crianças-problema. O foco individual de orientação é a marca da área nesse momento, e

inicia-se a produção de laudos de crianças em idade escolar para encaminhamento às

chamadas escolas especiais.

A autora assevera que, nos anos 1970, aumenta a influência das teorias

behavioristas e da chamada tecnologia educacional. Além disso, surge a teoria da

carência cultural como explicação para o não aprender nas escolas. A teoria da carência

cultural, nascida nos Estados Unidos era:

Fruto dos movimentos reivindicatórios das minorias negras e de

imigrantes latinos que apresentavam baixo rendimento escolar,

essa teoria procurava responder à pergunta: por que um grande

contingente de crianças negras e imigrantes não aprendia na escola

pública americana? Para responder essa questão, psicólogos e

demais profissionais passaram a pesquisar as causas dos problemas

de aprendizagem, buscando-as nos aspectos do desenvolvimento

infantil, nas áreas de nutrição, linguagem, estimulação, cognição,

inteligência, motricidade, etc. Ocorre, porém, que os resultados dos

experimentos realizados por tais crianças eram comparados com

aqueles obtidos com crianças de classes média e alta da sociedade

americana, branca e empregada. Tais resultados eram considerados

como padrão de normalidade (Souza apud Barbosa 2012, p. 117).

74

Ainda conforme a exposição de Barbosa (2011, 2012), é nesse período que se

inicia o crescimento da oferta de serviços de Psicologia escolar em âmbitos como

secretarias municipais de Educação que, em grande parte, tinham como prerrogativa o

trabalho psicométrico e/ou o tratamento clínico dos chamados problemas da

aprendizagem.

Para Barbosa (2011, 2012), faz-se relevante o momento em que Maria Helena de

Souza Patto assumiu a disciplina Psicologia “do” escolar na graduação do Instituto de

Psicologia da Universidade de São Paulo, e retirou o “do”, ficando a disciplina sendo

chamada de Psicologia escolar. A ideia era sair do foco individual e do aluno.

Segundo Waeny e Azevedo (2009), a relação entre Psicologia e Educação nesse

momento foi polêmica e ao mesmo tempo rica de possibilidades críticas que começaram

a emergir. Este marco deve-se ao fato de na década de 1970 a Psicologia ter recebido

críticas da Pedagogia devido à maneira como utilizava os testes e as consequências para

os educandos (sua interpretação). A Psicologia e os psicólogos, por sua vez, também

teceram duras críticas à Psicologia da Educação. Eles apontavam problemas

semelhantes aos levantados pelos educadores, mas criticavam o modelo médico que

fundamentava a ação desses profissionais.

V - O QUINTO PERÍODO: O PERÍODO DA CRÍTICA (1981-1990)

De acordo com Barbosa (2011, 2012), pode-se afirmar que essa foi a década da

denúncia para a Psicologia educacional e escolar. Para a autora, a partir da tese de

doutorado de Patto, intitulada “Psicologia e Ideologia: reflexões sobre a Psicologia

Escolar (1981)”, principia uma série de críticas sobre a forma como os psicólogos

atuavam baseados em pressupostos como o da carência cultural ou em explicações

75

como deficit linguístico e problemas de aprendizagem. Essas explicações sobre o não

aprender nas escolas estavam apoiadas em uma visão ideológica do que é ou não

normalidade no contexto educativo. A Psicologia, até aqui, primordialmente cumpria

um papel de Psicologia do ajustamento, que tinha o intuito de normalizar e ajustar os

desviantes. Para a autora, houve nesse período um afastamento do campo prático que

levou os profissionais da Psicologia educacional e escolar a questionarem o papel dessa

área ou as funções do psicólogo no contexto educacional e sua atuação. Por fim, vale

destacar que, de modo geral, observa-se que a crítica relativa à Psicologia educacional e

escolar tradicional fez com que os profissionais da área buscassem se debruçar sobre

suas referências com o fim de repensá-las e de reconstruir a área sobre outros

patamares.

Waeny e Azevedo (2009) citam como evento importante desse período, a

criação, em 1988, da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional -

ABRAPEE9. As autoras também enfatizam que, nesse período, as pesquisas

questionavam a construção do conhecimento e criticavam seu caráter ideológico.

Perguntava-se sobre a função da Ciência, o papel social da Psicologia como profissão e,

também, como se constituiria a Psicologia Escolar enquanto campo de atuação para

9 A década de 1980 retratou um momento importante para a Psicologia e para a formalização da área

Psicologia Escolar. Em medos da década de 1980, surgiu a ideia da criação da ABRAPEE a partir da

discussão dos parâmetros internacionais que na ocasião orientavam a formação e atuação de psicólogos

escolares em vários países. Pouco depois, entre 1987 e 1988 e durante as reuniões da Sociedade Brasileira

de Psicologia, concretizou-se a Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional. Essa mesma

década de 1980 viu o surgimento de algumas filiadas: em 1988, Solange Wechsler e um grupo de

profissionais em Psicologia Escolar e Educacional da rede pública de Brasília fundaram a seção da

ABRAPEE do Distrito Federal; em 1989, Raquel Souza Lobo Guzzo funda a ABRAPEE de São Paulo.

Na década de 1990 ocorreu a organização científica da área, mais especificamente em 1991, com o I

Congresso Nacional de Psicologia Escolar (Valinhos, SP), onde foi criada a ABRAPEE Nacional; em

1994, com o XVII Congresso Internacional de Psicologia Escolar e II Congresso Nacional de Psicologia

Escolar (Campinas, SP); e em 1996, quando foi publicado o primeiro número do periódico Psicologia

Escolar e Educacional, da ABRAPEE.

76

além desse âmbito ideológico denunciado pelos pesquisadores e sentido pelos que

atuavam no dia a dia da área.

VI - O SEXTO PERÍODO: PSICOLOGIA EDUCACIONAL E ESCOLAR E A

RECONSTRUÇÃO (1990-2000)

Seguindo os apontamentos de Barbosa (2011, 2012), constata-se como

característica desse período a ressignificação dos trabalhos teóricos e práticos da área.

Observa-se nessa fase o crescimento de produções científicas relacionadas a vários

temas da Psicologia educacional e escolar, agora não apenas reprodutores de teorias

estrangeiras, mas produtores de temas relacionados à fundamentação teórica e às

práticas do psicólogo no contexto educativo. Os termos Psicologia escolar ou escolar

crítica são usados com intuito de diferenciação da Psicologia educacional e escolar

tradicional. A visão individualista passa a ser substituída por uma preocupação com os

processos educativos de modo mais amplo. Diferentemente da perspectiva tradicional,

aponta-se a necessidade de superação do modelo clínico-médico de atuação bem como o

do referencial psicométrico. De modo geral, passa-se a compreender que o não aprender

na escola não pode ser explicado por questões individuais organicistas ou por problemas

de ordem socioambiental. De acordo com Barbosa (2012, p. 120):

O olhar, antes individualizado e centralizado no aluno, ou no

professor, ou na escola, passa a priorizar todos os personagens do

universo escolar, bem como as relações intraescolares, as políticas

públicas educacionais, as condições econômicas, sociais, culturais

e políticas de determinado contexto. Embora não de forma

consensual e única, é com este espírito de renovação da área, por

meio da Psicologia escolar crítica que se estabelecem novas bases e

principiam os anos 2000.

77

VII - O SÉTIMO PERÍODO: A VIRADA DO SÉCULO, NOVOS RUMOS? (A

PARTIR DE 2000)

Para Barbosa (2011, 2012), esse período representa um questionamento a

futuros pesquisadores que queiram adentrar nos anos 2000 até os dias atuais de forma a

caracterizar esse momento. Pode-se pensar que estamos ainda em um tempo de

reconfigurações, olhando para o nosso passado tentando avaliar o presente com a

finalidade de renovar nossas teorias e práticas. A autora cita que, a partir dos anos

1990s, o aumento da produção intelectual acadêmica da área foi vertiginoso, e é

importante compreender como esses referenciais estão chegando aos profissionais que

atuam nesse campo. Por fim, fica a questão se conseguimos construir os novos rumos da

Psicologia escolar e educacional. Para Barbosa (2011, 2012a), ainda não é possível

responder esse questionamento.

2.2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA PSICOLOGIA NA EDUCAÇÃO

Nesta parte da pesquisa apresentam-se as principais influências teóricas que

caracterizam a relação da Psicologia com a Educação. A partir das análises de Goulart

(1987), constatamos como as teorias psicológicas têm constituído, ao longo dos últimos

anos, o fundamento científico da Psicologia Educacional. Além disso, pode-se

compreender como essas teorias passaram a constituir formas de abordagem dos

problemas psicológicos à educação. Goulart (1987) enumera essas posições teóricas e

procede a análise do cenário no qual elas surgiram, a visão da natureza humana que

possuem seus principais autores e as contribuições que cada uma delas trouxe para a

educação.

78

2.2.1. AS TEORIAS PSICOLÓGICAS PRESENTES NO CAMPO DA

EDUCAÇÃO

Como o objetivo deste trabalho não é detalhar as diferentes escolas e linhas de

pensamento da Psicologia, mas sim apontar suas relações com a educação, debruça-se

nos estudos e abordagens que influenciaram no surgimento da Psicologia Escolar e

Educacional.

Goulart (1987) chama a atenção para a importância de determinadas teorias

psicológicas que compõe o campo da educação. Nesta parte da pesquisa, destaca-se a

influência e a presença das seguintes teorias psicológicas na educação, a saber: a) a

psicologia experimental e a psicometria; b) o comportamentismo, com ênfase dada à

teoria de Skinner; c) a psicanálise; d) a teoria de Jean Piaget.

A) PSICOLOGIA EXPERIMENTAL E A PSICOMETRIA

De acordo com Goulart (1987), no início do século XX, o pensamento

quantificador passou a constituir uma característica essencial da Psicologia. O modelo

das ciências naturais, que inspirou o uso do controle na ciência do comportamento

humano, sugeriu também o interesse pelas leis universais, aplicáveis a todos os sujeitos

que experimentavam um fenômeno psicológico. Para Goulart (1987, p. 16):

Assim, enquanto a Psicologia Experimental tentava descobrir os

padrões universais de realização (as uniformidades) e considerava

as diferenças de resultados como “erros” do instrumento ou da

situação, a função da Psicometria consistia na avaliação das

diferenças entre os indivíduos ou entre as reações de um mesmo

indivíduo em momentos diversos.

A autora enfatiza que os testes constituem os principais instrumentos da

Psicologia e que seu amplo desenvolvimento está associado a três necessidades

79

fundamentais: i) a caracterização da normalidade e a consequente identificação da

excepcionalidade, no caso da inteligência, ou da identificação de algumas variáveis, no

caso da psicopatologia; ii) o melhor aproveitamento dos recursos humanos durante a

guerra, tendo em vista suas aptidões ou seu equilíbrio psicológico; iii) a divisão do

trabalho na indústria e a consequente necessidade de se adequar o homem ao trabalho.

Goulart (1987) indica que, na Europa, foi a busca de um padrão de normalidade

o elemento impulsionador do desenvolvimento dos testes. Já, nos Estados Unidos, se faz

sentir a influência dos dois grandes conflitos mundiais sobre o desenvolvimento da

Psicologia e dos testes psicológicos. A Primeira Grande Guerra (1914-1918) consagrou

os testes de inteligência e de aptidões específicas, que se mostraram úteis à seleção e

orientação de homens convocados pelas forças armadas. A Segunda Guerra (1940-

1944), devido a outros fatores, fez com que a preocupação se deslocasse da detecção de

aptidões para aspectos relacionados à personalidade, às relações sociais, ao equilíbrio

emocional ou ao moral dos combatentes. Assim, têm origem os testes projetivos, escalas

de atitudes e outros recursos que abriram caminho para o estudo da personalidade.

Outro importante fenômeno impulsionador do desenvolvimento da Psicometria foi a

evolução da produção industrial. Goulart (1987, p. 19) assevera que:

Quando o processo de produção de mercadoria evolui da

manufatura para a instalação da grande indústria, algumas

consequências se tornaram bem evidentes; a primeira foi a nítida

separação entre trabalho manual e trabalho intelectual, com

evidente vantagem do segundo, já que a máquina contém na sua

estrutura a definição de sua forma de utilização; a segunda, que

decorre da primeira, é a instituição da figura do trabalhador

coletivo em substituição ao trabalho individual, que devia ter todas

as habilidades requeridas pela tarefa.

Goulart (1987) também descreve os cenários do aparecimento dos testes nos

países que foram referência para sua evolução – Alemanha, Inglaterra, França e Estados

80

Unidos. De tais cenários descritos, a seguir serão apresentados de forma sintética e

ilustrativa as suas principais características com intuito, de ilustrar a história dos testes:

a) Alemanha (a psicologia experimental como suporte da psicometria):

nascimento da Psicologia Experimental, 1879, no Laboratório de Leipzig; respeito pelo

método experimental e a precisão da técnica certo número de delineamentos

experimentais e técnicas estatísticas que puderam ser adaptadas aos problemas de

medição psicológicos. No Laboratório de Leipzig formou-se toda uma geração de

psicólogos e se desenvolveram centenas de trabalhos experimentais;

b) Inglaterra (a quantificação das avaliações): profunda preocupação pelo

estudo das diferenças individuais e a invenção de técnicas estatísticas e instrumentos

que possibilitaram quantificar a avaliação psicológica; a Psicologia Experimental viveu

seu maior progresso na Inglaterra, graças a Francis Galton e Charles Darwin; ênfase nas

teorias evolucionistas que postulavam a hereditariedade biológica e psicológica;

c) França (o nascimento dos testes de inteligência): Alfred Binet (1857-

1911) é considerado o principal representante da Psicometria na Europa; a Psicologia

Experimental deveria estudar os processos superiores, como o pensamento e a

inteligência; sugestão de que fosse medido o nível mental por meio de testes, com o

intuito de avaliar a inteligência e classificar os indivíduos, o que é a base dos métodos

quantitativos;

d) Estados Unidos (formalização dos testes): fusão da Psicologia

Experimental com o uso dos testes psicológicos; diferenciação entre experimentação e

teste, sendo a primeira aquela que permite a descoberta da natureza de uma função

psíquica, seus mecanismos e as leis que a regem, e o segundo, o instrumento que

permite calcular em que medida um sujeito possui uma função em relação à média do

grupo de indivíduos submetidos ao mesmo teste; criação dos testes para recrutamento

81

de homens para a guerra; utilização dos testes de inteligência em pesquisas

comparativas10

.

No entanto, para Goulart (1987) é imprescindível uma visão crítica sobre a

influência da Psicometria e da Psicologia na Educação. Para a autora, a avaliação

psicológica não é somente um problema técnico, uma vez que os padrões de estimativa

e pressuposições a seu respeito depende de pressuposições mais amplas acerca do

comportamento e propósitos humanos. A maioria das críticas aos testes derivam do uso

que deles é feito ou das limitações impostas à quantificação de seus resultados. Segundo

Goulart (1987), no contexto em que são aplicados e analisados os testes, a influência do

meio social, da instrução e de outros fatores aos quais se submete a pessoa é

incorporada ao conceito de inteligência. Desse modo, a influência de variáveis como

fatores socioeconômicos, a alimentação, a habitação, as oportunidades de receber

instrução ou o fato de pertencer a grupos minoritários, é escamoteada, e os resultados

são atributos naturais e individuais de cada um. O uso de testes abre caminho, portanto,

para a localização dos marginais do sistema. A autora destaca ainda que os testes, no

que diz respeito aos objetivos para orientação e seleção de pessoas (guerra, trabalho,

etc.), obedecem a raciocínio similar, ao localizar o lugar ocupado por um indivíduo na

estrutura das ocupações em função da avaliação de seu desempenho, tomando como

referência o padrão de distribuição de resultados estatísticos. E, dessa forma, os testes

têm recebido críticas pelo seu papel de legitimadores da organização social. Além disso,

os procedimentos padronizados de medição psicológica têm fomentado atitudes e

métodos discriminativos.

Goulart (1987), ao pensar sobre a apropriação da Psicologia Experimental pela

Psicologia da Educação, observa que esse fato se deu de maneira artificial e imprópria.

10

Síntese elaborada com base em Goulart, I. B. (1987).

82

A autora alerta que a Psicologia Experimental está ligada à evolução da Biologia e

utiliza como método os mesmos procedimentos utilizados nas ciências biológicas. Além

disso, enfatiza o caráter fisiológico dos elementos que investiga. Já a Psicometria

exerceu de modo mais marcante sua influência sobre a educação, e vale lembrar que os

testes de inteligência surgiram exatamente de uma necessidade educacional e

ofereceram uma explicação “científica” para o insucesso escolar. Ainda conforme a

autora, deve-se descortinar o caráter ideológico da apropriação da Psicometria pela

escola, ao reconhecermos que ela veio para justificar a divisão de classes, ao evidenciar

que os mais bem dotados eram realmente os que pertenciam aos grupos

socioeconômicos mais elevados (classe dominante). Com isso, a Psicometria contribuiu

não só para reproduzir na escola a estrutura social mais ampla, mas, sobretudo, para

perpetuar essa estrutura. E ela, ao apregoar a objetividade da medida psicológica e

supervalorizar a Estatística aplicada às ciências humanas, abriu espaço para as medidas

educacionais na escola. Assim, a avaliação educacional, visando o máximo de

objetividade, tem também um sentido oculto, que é o controle do comportamento.

Por fim, Goulart (1987, p. 34) observa que:

Respeitadas as limitações da Psicologia Experimental e da

Psicometria, principalmente quando se analisa seu caráter

ideológico, ambas as tendências e, de modo singular, a

Psicometria, tiveram lugar de destaque na educação, despertaram

para as diferenças individuais e grupais e ainda constituíram,

durante certo período, o que se convencionou chamar Psicologia da

Educação.

B) O COMPORTAMENTISMO E A PSICOLOGIA FISIOLÓGICA

Para entendermos a influência das teorias psicológicas comportamentais na

educação, faz-se necessário um resgate do percurso histórico da própria ciência

83

psicológica e sua relação com preceitos ligados ao desenvolvimento do Positivismo e da

fisiologia.

De acordo com Goulart (1987), a chamada Psicologia Científica do século XIX

derivou-se, em especial, do surgimento da teoria positivista da ciência. E também foi no

século XIX que surgiu a psicologia fisiológica, que reunia dados da clínica, do

laboratório e da mesa de dissecção.

A autora aponta que, apoiados na doutrina positivista de Comte, alguns

cientistas da época, pretenderam fazer algo diferente no domínio da psicologia. Entre

esses cientistas pode-se destacar Herbart, que procurou aplicar a matemática à

psicologia, mas sem sucesso, pois não conseguiu realizar experiências sistemáticas em

laboratório. E, no que diz respeito à influência da fisiologia, foram os fisiologistas E. H.

Weber e W. Fechner os primeiros a estabelecer relações mais próximas entre esse ramo

do conhecimento e a psicologia, ao promoverem investigações sobre sensações táteis e

visuais.

No entanto, Goulart (1987) alerta que foi somente em 1879, com a criação do

primeiro laboratório de psicologia por W. Wundt, que se admite o nascimento da

psicologia fisiológica. O método utilizado deveria ser aquele denominado como

experimental, que considerava que o sujeito era treinado para comunicar ao psicólogo

suas impressões, e este se transformava em mero observador de comportamentos

expressos.

Goulart (1987) chama a atenção para o fato de que a Psicologia, em seu processo

de constituição e na busca por autenticidade, sofreu dois grandes cortes

epistemológicos. Nas palavras da autora:

84

(...) o primeiro ocorreu quando, não pretendendo dedicar-se à

tarefa do conhecimento abstrato e reflexivo, procurou romper o

cordão umbilical que a ligava à Filosofia. O segundo corte decorre

do primeiro – quando a Psicologia, no século XIX, aliou-se a uma

perspectiva chamada científica, constituída pelo âmbito das

ciências físicas, biológicas ou psicoquímicas, cujo estatuto de

cientificidade era reconhecido por todos (Goulart, 1987, p. 38).

Assim, para escapar do imperialismo filosófico, a psicologia buscava apoio no

imperialismo das ciências físico-químicas e biológicas.

Segundo Goulart (1987), a psicologia científica surgiu em um clima intelectual

banhado pelo Positivismo comtiano. Auguste Comte (1789-1857) é o autor do termo

positivismo. Pretendeu organizar a sociedade de modo mais racional e viu na ciência o

recurso mais adequado para atingir esse objetivo. De forma geral, o Positivismo

representa um movimento intelectual que se caracterizava pela tentativa de aplicar aos

problemas humanos os métodos das ciências naturais. Goulart (1987) assevera que foi

no século XIX que a influência do Positivismo sobre a ciência humana ganhou maior

aceitação, com destaque para a publicação de “A origem das espécies” de C. Darwin,

que diminuiu a distância entre o homem e o animal e que possibilitou o enquadramento

daquele como objeto pertencente ao rol das ciências biológicas, além de fornecer

precedentes para a base experimental em que posteriormente se assentou a psicologia.

Ainda de acordo com Goulart (1987), o Positivismo comtiano quis delimitar as

fronteiras da ciência contra toda e qualquer incursão possível da metafísica e fixar os

princípios e os métodos das ciências, com base nos métodos da física e da química.

Dessa forma, não era desejável manter a psicologia como uma disciplina intelectual

com características metafísicas, o interesse era reduzir a psicologia empírica a simples

fisiologia animal. No entanto, foi somente a partir de 1920, com a formação do Círculo

de Viena, que se tornou realmente imperativa a intenção de reformar a psicologia e

expurgá-la da metafísica. Essa intenção culminou na eliminação drástica das questões

85

metafísicas ou de valor e moralidade, quando se investigava o discurso humano. Essas

questões passaram a ser consideradas não científicas.

Conforme a exposição de Goulart (1987), o rompimento entre a ciência e o

mundo dos valores teve um efeito desastroso sobre a cultura intelectual, uma vez que

levava os cientistas a desconsiderar os aspectos morais de sua pesquisa. No tocante à

psicologia, passou-se a rejeitar a introspecção e admitiu-se que a ciência deve se

concentrar na busca de fatos elementares, sobre os quais não há discordância entre os

observadores, ou seja, o enunciado científico deve ser igual ao método empregado para

verificar as suas partes constituintes. Trata-se do operacionismo, que se apresenta, em

psicologia, como uma tendência a definir uma operação psicológica pelas operações

usadas para medi-la. Também é importante mencionar outra tendência que exerceu

influência no desenvolvimento da psicologia, o fisicalismo. Este partia do princípio de

que todos os enunciados de uma ciência devem ser reduzidos a proposições mais

simples que descrevam o comportamento físico dos corpos, o que acarreta um

reducionismo que pretendia que a psicologia, ao alcançar sua maturidade, fosse

absorvida pela ciência universal da física; e, com isso, todo comportamento humano

deveria ser explicado somente pelo funcionamento do sistema nervoso.

Ao pensar sobre a presença das teorias comportamentistas, bem como sobre sua

influência no campo da educação, Goulart (1987) também destaca o ambientalismo

americano do século XIX, que considerava o meio ambiente o grande responsável pela

natureza humana. De acordo com a autora, o ambientalismo teve seu primeiro e grande

representante em J. B. Watson, que afirmava ser capaz de, por meio do controle de suas

experiências (meio ambiente) criar e treinar crianças para que elas fossem aquilo que

queriam ser (médico, advogado, artista, etc.). Com a força dada aos efeitos do

ambiente, Watson lançava o behaviorismo e transformava o estudo da aprendizagem,

86

que era concebida como a modificação do comportamento a partir do resultado da

experiência, no tópico principal da psicologia americana durante três décadas.

Goulart (1987) indica que, a partir de 1960, ocorreram mudanças drásticas nas

atitudes das ciências sociais nos Estados Unidos, que podem ser associadas a algumas

forças sociais; entre todas, destaca, como fundamentais, a grande depressão da década

de 1930 e a redução da importância dada à religião, que implicaram em um afastamento

significativo em relação ao individualismo e uma preocupação crescente com a

responsabilidade social pelos desfavorecidos. A autora afirma ainda que, junto com essa

mudança, estava o reconhecimento de que os indivíduos nem sempre são responsáveis

por seu próprio destino e que forças alheias ao seu controle podem determinar o

comportamento das pessoas. Nesse momento, a influência dos fatores genéticos sobre o

comportamento dos homens passou a merecer atenção especial e foi seguida de um

grande desenvolvimento da biologia e da fisiologia experimental. Esse reconhecimento

trouxe à tona outra consideração importante: o papel das limitações humanas impostas

de fora, ou seja, o controle.

Goulart (1897) também relata que, ao final da década de 1950 e começo da

década seguinte, por conta de uma série de conflitos sociais, a sociedade voltou-se para

a psicologia com o intuito de obter auxílio para resolver problemas com a educação e

problemas relacionados a uma atuação mais eficaz do governo na promoção de um

tratamento igualitário aos cidadãos, bem como a compreensão da liberdade humana e de

seus limites. Nessa época, foi desataque a obra de B. F. Skinner, que, ao pensar sobre a

teoria da aprendizagem, considerou-a a partir de uma abordagem do comportamento

humano frente aos diferentes agentes controladores (governo, família, religião, cultura)

e analisou os fundamentos da liberdade e da dignidade humanas. A psicologia, então,

87

precisou assimilar essa mudança de preocupação das ciências sociais e se deparou com

um novo questionamento, agora a respeito de sua relevância.

B’) O BEHAVIORISMO

De acordo com Goulart (1987), a melhor maneira para compreender a posição

de B. F. Skinner consiste em situá-lo dentro do sistema behaviorista. Segundo a autora,

a psicologia, como qualquer outra ciência, está situada na tela mais ampla da história

intelectual; em consequência, qualquer sistema psicológico será um sistema de

pensamento. Vale mencionar que a noção de sistema está implicada com três funções a

serem desempenhadas, a saber: i) organizar os fenômenos (classificação ou taxonomia

dos fenômenos); ii) explicar a ocorrência dos fenômenos (papel da teoria); iii)

estabelecer padrões descritivos que permitam avaliações não ambíguas da organização e

explicação adotadas (metodologia)11

.

Para Goulart (1987), o behaviorismo deve ser considerado na psicologia, mais

do que uma escola de pensamento ou sistema; é, uma espécie de hábito de raciocínio. A

autora afirma que há um ponto de concordância entre todos os behavioristas de qualquer

época, que é o desejo de parcimônia explicativa e uma inclinação decididamente

pragmática, aliadas a uma grande fé na análise reducionista da conduta animal e

humana. Todos têm em comum a adesão a uma psicologia associacionista e hedonista,

que aspira encontrar explicações para todo tipo de conduta animal e humana, sem

recorrer a qualquer consideração que exceda “o reforço”. Para melhor entendermos o

11

Para maiores detalhes, ver I. B. Goulart (1987).

88

sistema behaviorista e sua influência na educação, é interessante a apresentação da

proposta teórica de dois grandes behavioristas, J. B. Watson e B. F. Skinner.

Segundo Goulart (1987), três pontos fundamentais destacam-se no pensamento

de Watson: a rejeição da introspecção, a crença de que o ambiente, mais do que a

hereditariedade, determina o comportamento humano e a afirmativa de que o efeito

desse ambiente se dá principalmente através de um processo de condicionamento de

reflexos. Watson, ao rejeitar a introspecção como fonte insatisfatória de dados, admitia

que a ciência deveria ignorar a consciência privada e lidar apenas com os fatos que são

acessíveis a todos, o que implicava uma distinção entre subjetivo e objetivo. Para a

autora (Goulart), a crença extrema no ambiente era produto de uma noção de homem e

sociedade, e Watson considerava que a hereditariedade quase não exercia influência na

determinação do comportamento. Para Goulart (1987, p. 147), dois fatores

influenciaram esse posicionamento:

(...) o primeiro, a tradição da Psicologia Ortodoxa, que se orientava

nessa direção – o conhecimento do mundo externo nos vem através

dos sentidos e, assim, a maioria dos conteúdos da vida mental só

poderia ser adquirida através da aprendizagem. O segundo fator

consiste em que quaisquer explicações das ações de um animal (ou

homem), em termos de sua experiência passada, têm a vantagem de

serem dadas em termos que podem ser observados.

Já Skinner, aponta Goulart (1987), rejeitava totalmente o estudo de quaisquer

tendências inobserváveis e supervalorizava o valor da recompensa a fim de produzir

aprendizagem permanente. Skinner chamou a atenção para a regularidade da

recompensa e propôs que se estendesse aos seres humanos o conjunto de regras obtido

na pesquisa com animais.

Conforme a exposição de Goulart (1987), graças à publicação das principais

obras da teoria evolucionista de Darwin, o início do século XX assistiu a uma nova

89

orientação da metodologia científica – anularam-se as fronteiras entre o humano e o

animal, e a Psicologia passou a ser considerada como o estudo do observável

externamente no comportamento dos organismos, sem preocupar-se com a introspecção

ou com o estudo do passado. Entre todas importantes obras de B. F. Skinner, vale

mencionar uma publicação de 1968, intitulada “A tecnologia do ensino”, na qual o autor

deixa mais evidente seu ponto de vista sobre as práticas escolares, bem como a

influência dessa corrente teórica na educação. Goulart (1987) afirma que Skinner, ao

criticar as práticas tradicionais, apontava as vantagens do ensino programado e das

máquinas de ensinar por ele desenvolvidos. Realizada por máquinas de ensinar, a

programação do ensino consiste em uma meticulosa divisão do assunto em pequenos

passos, que o aluno percorre individualmente e que são acompanhados do “reforço”

quando o aluno acerta cada questão abordada em um passo. Para Skinner, desse modo é

possível programar o ensino de qualquer disciplina ou de qualquer comportamento,

incluindo nisto o pensamento crítico e a criatividade.

Goulart (1987) também aponta que, durante muitos anos, o individualismo

dominou o pensamento filosófico, ou seja, acreditava-se que uma pessoa percebe o

mundo em torno de si, seleciona os aspectos que lhe interessa, discrimina-os, julga-os

bons ou maus, muda-os para torná-los melhor e pode ser responsabilizado por sua ação

e punido por suas consequências. A autora indica que a proposta de Skinner, baseada na

análise científica do comportamento, consiste numa mudança radical nesse modo

tradicional de pensar. Não existe nenhum grau de autodeterminação, autossuficiência ou

autoconfiança capazes de nos tornar indivíduos, a não ser como simples membros da

espécie humana. Assim, Skinner passa de uma filosofia que dá ênfase ao indivíduo para

outra que dá ênfase à cultura ou ao grupo. No mais amplo sentido, a cultura se compõe

de todas as variáveis que afetam o indivíduo e que são dispostas por outras pessoas. A

90

análise experimental do comportamento proposta por Skinner transfere a determinação

do comportamento do homem autônomo para o ambiente. No entanto, para Skinner, o

homem não é uma vítima ou um observador passivo do que lhe acontece, pois ele é

controlado por um ambiente que é, em parte, construído por ele mesmo. O ponto fulcral

de toda a obra de Skinner é sua preocupação com a evidência de que a ciência tem

aumentado o poder do homem de influenciar, modificar, modelar, ou, em uma palavra,

controlar o comportamento humano (ele pretendia controlar variáveis que podem ser

diretamente manipuláveis). Ainda de acordo com Goulart (1987), Skinner escolheu três

amplas áreas do comportamento humano para fornecer exemplos sobre o controle: a

área do controle pessoal, que inclui as relações interpessoais na família, nos grupos

sociais e de trabalho, no aconselhamento e na psicoterapia; a área da educação; e a do

governo.

Segundo Goulart (1987), uma crítica à teoria skinneriana é, a um só tempo, um

questionamento ao pensamento positivista que constitui sua base e ao behaviorismo. Da

fundamentação positivista, a teoria manteve a descrição mecanicista de homem, ser

considerado passivo e cujo comportamento é totalmente explicável segundo um modelo

simplista de causa e efeito que faz lembrar o modelo científico da Física do século XIX,

hoje abandonado até por esta ciência. A primeira crítica que se faz, então, vem recolocar

a questão metafísica de determinismo versus livre-arbítrio. Para a autora, Skinner

pensava uma ciência que deve limitar-se a estabelecer relações funcionais entre classes

de fenômenos, tendo o cuidado de eliminar, de um lado, qualquer recurso a um fim e, de

outro, qualquer vínculo material entre causa e efeito. Tomando o modelo da física, o

behaviorismo pretende abolir a oposição entre interioridade mental e exterioridade

objetiva, ao descrever todo o tipo de ação e pensando o real numa só dimensão, ou seja,

considerando-o como aquilo que é manipulável.

91

Goulart (1987) também aponta que outra crítica que se faz ao positivismo,

enquanto base do sistema behaviorista, diz respeito ao uso do método. Sob a influência

do positivismo, os psicólogos tentaram reduzir o estudo da vida humana a uma situação

de laboratório. No entanto, é uma falácia admitir que a explicação da psicologia humana

possa ser reduzida a um modelo de concepção mecanicista de causalidade, a uma

relação entre eventos antecedentes e consequentes. A noção behaviorista do estímulo

supõe que um evento tenha efeito uniforme sobre todos os indivíduos a ele submetidos.

Ainda segundo a autora, o pressuposto behaviorista é o de que não se pode ter um

conhecimento fidedigno da experiência de outrem; se essa afirmativa for tomada em

toda sua amplitude, não pode haver ciência, pois todas as observações feitas pelo

cientista são parte de sua experiência.

De acordo com os apontamentos de Goulart (1987), Skinner atraiu um grande

número de discípulos que vêm invadindo todos os ramos da psicologia aplicada e

aplicando seus princípios a qualquer área da atividade humana em que se considere

desejável o controle do comportamento. A autora destaca que podemos entender a teoria

behaviorista como uma tecnologia para levar as pessoas a fazerem o que queremos que

elas façam. Para a autora:

A ideia básica subentendida na tecnologia é que o comportamento

é modelado e mantido por suas consequências. Logo, a tarefa do

modificador (seja ele educador, psicólogo, pai ou outro

representante da sociedade) consiste em estruturar o ambiente do

organismo de modo que ele emita o comportamento adequado e

desejável. (Goulart, 1987, p. 61).

Os sentidos das palavras “adequado” e “desejável” suscitam uma questão moral

e política. Goulart (1987) alerta que, quando consultados sobre o sentido dessas

palavras, os skinnerianos costumam admitir que suas definições de comportamento

desejável é inspirada nas normas da sociedade atual, o que significa assimilar conceitos

92

como normal, convencional, respeitável. A autora também enfatiza que tudo o que se

considera é o comportamento manifesto e se está ou não de acordo com os padrões

autoritários do modificador, ficando aí implícita a questão do poder. A fronteira entre o

comportamento delinquente e o protesto político é, em certos casos, definida apenas

pelo julgamento dos que detêm o poder. O perigo da abordagem científica desses

problemas sociais é que seu conteúdo político e moral permanecem escondidos por trás

de uma metodologia técnica supostamente livre de valores. E é óbvio que a predição e o

controle do comportamento de algumas pessoas por outras não podem ser livres de

valores. É por isso que os críticos admitem que a psicologia skinneriana seja a essência

da psicologia alienada, na prática. O behaviorismo rejeita a visão totalizante do sujeito e

toma as formas elementares do comportamento para construir, passo a passo, as figuras

mais complexas do espírito. Tudo se resumiria em saber quais as variáveis

experimentais responsáveis por qualquer conduta. Goulart (1987, p. 62) destaca que:

Constituindo um sistema de reforços generalizados, a cultura

apresenta-se para Skinner como o repositório das experiências

passadas, imprimindo ao mundo um roteiro determinado. A

liberdade e a dignidade humanas não teriam lugar nessa

perspectiva; elas devem ser substituídas pela tecnologia mais

avançada.

Goulart (1987) assevera que, ao definirmos, em termos positivistas, a psicologia

como previsão e controle do comportamento, teremos algumas questões,

tradicionalmente políticas, como: para que fins devam se dirigir o controle? Quem fará

o controle e quem será controlado? Conclui ela que o pensamento positivista requer que

as pessoas sejam tratadas como máquinas ou meros organismos e, sobretudo, que se

pensem como tais. A máquina tecnológica aspira ao nivelamento das possibilidades

humanas, transformando os homens em objetos, ou em simples organismos emissores

de comportamento. Não foi por acidente que o behaviorismo nasceu contemporâneo do

93

sistema capitalista de produção mais avançado do mundo e no mesmo solo que ele

(EUA). É importante lembrar que esse caráter apolítico e supra-histórico que o

positivismo tenta conferir à ciência contribuiu, entre outros fatos, para a ascensão do

fascismo e para justificar as relutâncias desses intelectuais, incluindo os cientistas, em

tomar partido nas lutas políticas. Deve-se mencionar o caráter ideológico da psicologia

positivista, em primeiro lugar, pela promoção da negação humana, pela negação do

significado e pela supressão da dimensão social nas descrições dos problemas humanos

e, em segundo lugar, por supor que os homens são agora o que sempre foram no

passado e também serão assim no futuro; essa crença desencoraja de pensar no que o

homem poderia ser, ou seja, explorar seu potencial de homem e sua capacidade para

viver de modo diferente, numa estrutura social diferente. Goulart (1987, p. 65)

considera que:

Quando a psicologia positivista mostra sua preferência por

considerar os seres humanos como indivíduos isolados, estranhos

ao mundo das forças sociais e econômicas que exercem influência

sobre suas vidas, ela é, a um só tempo, alienadora, alienante e, por,

isso, ideológica.

Goulart (1987), em suas análises sobre a influência do behaviorismo na

psicologia, dá destaque à sua aplicabilidade à educação, em especial àquilo que se

denomina tecnologia educacional. Menciona que Ofiesh (1971) definiu-a como a

aplicação sistemática de conhecimentos científicos à solução de problemas

educacionais. Segundo Dib (apud Goulart, 1987), os suportes científicos da tecnologia

educacional são: teoria da comunicação, a teoria de sistemas e as teorias psicológicas. E,

dentre todas as teorias da aprendizagem, foi a comportamentista a que mais ofereceu

subsídios ao modelo tecnológico.

94

De acordo com Goulart (1987), é preciso retomar três conclusões fundamentais

de Watson, para melhor compreendermos a influência do modelo comportamentista

sobre a educação, a saber: i) o determinismo ambiental (ambiente como fator primordial

do desenvolvimento); ii) o objetivo da ciência psicológica é o comportamento que é

diretamente observável (a aprendizagem também é um comportamento e deve ser

entendida como resposta a estímulos mediante um processo de condicionamento); iii) o

caráter mensurável dos fenômenos comportamentais (tudo que existe pode ser medido).

Ainda de acordo com o pensamento de Goulart (1987), as consequências de tais

conclusões para a educação são evidentes: a aprendizagem deve ser diretamente

observável, a partir das respostas emitidas pelos alunos. O papel do professor reside na

sua competência para manipular as condições do ambiente do aluno, a fim de assegurar

a aprendizagem. O papel do aluno passa a ser o de receptor do conhecimento e dele se

espera a aceitação de metas preestabelecidas. Conforme a exposição de Goulart (1987),

o modelo tecnológico de ensino inspirado no comportamentismo inclui: a) a

explicitação de objetivos em termos comportamentais, ou seja, em termos de respostas

observáveis a estímulos que são apresentados ao aluno; b) a definição de estratégias de

ensino a partir dos objetivos explicitados, levando-se em conta, sobretudo, os resultados

objetivados (e não as variações individuais); c) a avaliação objetiva, isto é, a medida de

resultados observáveis antes da aprendizagem (avaliação diagnóstica), durante a

aprendizagem (avaliação formativa), ou após o período de ensino-aprendizagem

(avaliação somativa); do ensino programado, que visa reforçar as respostas que se

pretendem fixar, porque são consideradas corretas, extinguindo-se as respostas

inadequadas12

.

12

Síntese elaborada com base em Goulart (1987).

95

Goulart (1987) concebe que em todos os modelos de ensino que estão, de

alguma forma, ligados à psicologia comportamentista, tem-se conferido ênfase ao ritmo

próprio do aluno, ao mesmo tempo em que se tem usado como referência os objetivos

do ensino. Além disso, destaca que o comportamentismo não se ocupa do organismo do

sujeito, pois a crença básica é que certo estímulo provocará certa resposta

independentemente do sujeito.

Por fim, Goulart (1987), em sua análise, faz o levantamento de algumas críticas

ao modelo tecnológico aplicado à educação, dentre as quais se destacam: a) os objetivos

estabelecidos por meio desse processo de padronização são importantes para o

professor, mas não se pode assegurar que eles representem os aspectos mais importantes

da realidade a ser apreendida pelo aluno; b) técnicas de avaliação têm seus efeitos sobre

quem a usa (professor) e sobre quem é submetido a ela (o aluno); essas técnicas, na

maioria das vezes, por serem objetivas, enclausuram o professor, destroem a iniciativa,

não valorizam soluções criativas e ainda criam ansiedades; c) a abordagem

comportamentista constitui um sistema fechado de pensamento: definindo os fins

adiantadamente, ela torna a aprendizagem uma busca de respostas certas, um lugar de

conformação, produzida na busca de respostas certas para os problemas, ou seja, quando

não há a verdade estabelecida, o certo não pode ser ainda pensado; d) os objetivos do

ensino, nessa abordagem, são reduzidos a unidades pequenas para se tornarem

facilmente mensuráveis; dessa forma, a educação fica reduzida à perseguição de

objetivos mensuráveis, o que contribui para a desumanização da prática educacional; e)

o comportamento inteligente, principal objetivo da escola para a atualidade, é global, é

pessoal, é variável de uma situação para outra; assim, as medidas puramente objetivas,

as técnicas estandardizadas, os instrumentos de avaliação de massa não nos parecem ser

os mais adequados à avaliação desse processo.

96

C) A PSICANÁLISE NA EDUCAÇÃO

Sabe-se que uma análise criteriosa da teoria psicanalítica e de seu criador, S.

Freud, por si só, já representa uma tarefa árdua e complexa. Por isso, vamos nos deter a

apresentar as relações estabelecidas entre a psicanálise e a educação, o que significa que

nossa análise não se aprofundará em outros sentidos.

Goulart (1987) indica que a aplicabilidade da psicanálise na educação pode ser

entendida a partir da análise dos chamados textos sociais de S. Freud. Foi na fase final

de sua produção científica, quando se voltou para o social, que Freud fez referências à

educação, ainda que a partir de uma abordagem macroscópica.

De acordo com Goulart (1987), nos últimos anos de sua vida, depois de ter

estendido a psicanálise dos fenômenos patológicos à vida psíquica normal, Freud

pretendeu uma abordagem mais ampliada, que lhe permitisse ultrapassar a perspectiva

individual e assumir a social. Nessa linha de investigação, foram publicados “O futuro

de uma ilusão” (1927), “Moisés e o Monoteísmo” (1934/1938) e “O mal-estar na

civilização” (1929). Nessa última publicação, Freud trata da cultura, da consciência de

culpa, da felicidade humana e do impedimento a que ela se estabeleça. Para Goulart

(1987), esta última obra oferece a visão mais completa de Freud no campo da

Sociologia, por ele considerada apenas uma Psicologia Aplicada. Apesar de haver uma

preocupação de Freud em realizar uma abordagem social, o salto qualitativo não chegou

a ser dado, e suas considerações sobre o futuro da sociedade ficaram muito presas à

ideia de felicidade individual.

Goulart (1987) afirma que, se, de um lado, Freud divergiu de todo saber

instituído à época, ao defender a ideia da sexualidade infantil e reconhecer os processos

inconscientes, de outro, esse pensador permaneceu prisioneiro das ideologias

97

dominantes na sua época no que diz respeito às concepções mais essenciais relativas ao

indivíduo, à sociedade e às suas relações, e estas ideologias marcaram profundamente

uma prática psicanalítica enraizada nas relações sociais burguesas. Para a autora, as

obras de Freud que fazem referência ao social evidenciam uma psicologização da

realidade social. Ainda seguindo a análise de Goulart (1987), no texto “Futuro de uma

ilusão”, Freud mostrou o papel repressor da religião e da cultura e apontou a educação

como o recurso através do qual esta repressão se efetiva. Para a autora, Freud anunciou

uma nova possibilidade para a educação ao questionar que toda educação possui um

objetivo tendencioso e que ela se esforça por fazer a criança alinhar-se conforme a

ordem estabelecida da sociedade, sem considerar qual o valor ou qual o fundamento

dessa ordem como tal, e também ao propor que à educação, segundo a linha

psicanalítica, deve-se dar outras finalidades mais elevadas, isentas das exigências

reinantes na sociedade.

Goulart (1987) enfatiza que Freud voltou-se dominantemente para a terapia e, ao

estabelecer analogia com a educação, indica que as duas estão relacionadas, uma vez

que a educação procura garantir que algumas disposições da criança não causem

qualquer prejuízo ao indivíduo ou à sociedade; para essa finalidade, a terapêutica entra

em ação se essas mesmas disposições já conduziram ao resultado não desejado dos

sintomas patológicos. A autora destaca algumas passagens do próprio Freud, nos quais

ele define o que entende por educação:

(...) educação constitui uma profilaxia, que se destina a prevenir;

(...) tanto a neurose quanto a perversão, a psicoterapia procura

desfazer o menos estável dos dois resultados e instituir uma espécie

de pós-educação; (...) sob determinado aspecto isolado, a

responsabilidade de um educador pode, talvez, exceder a de um

médico. Este tem como regra lidar com estruturas psíquicas que já

se tornaram rígidas; (...) o educador, contudo, trabalha com um

material que é plástico, aberto a toda impressão e tem perante si

mesmo a obrigação de não moldar a mente jovem de acordo com

98

suas próprias ideias pessoais, mas antes segundo as disposições e

possibilidades do educando (Goulart, 1987, p. 127).

Assim, segundo Goulart (1987, p. 127):

Mesmo sem que Freud tenha tido a intenção de apresentar uma

proposta de educação, a Psicanálise influenciou grandemente o

pensamento educacional, não essencialmente através da aplicação

direta de suas teorias ao ensino, mas devido ao fato de ela efetuar

um estudo do desenvolvimento dos seres humanos, de suas forças

interiores, de suas inter-relações. Desta maneira, a Psicanálise pôde

clarificar a compreensão dos processos de aprendizagem e ensino.

Goulart (1987) considera que, embora não se pretenda transformar o professor

num terapeuta, é desejável que ele conheça os fenômenos que permeiam a sua relação

com a criança e, por seu discernimento, evite reagir às provocações da criança de

maneira indesejável. A autora prossegue destacando que a identificação com o

professor, que é um processo inconsciente estudado pela psicanálise, é um processo da

maior importância tanto para o desenvolvimento da personalidade da criança quanto

para sua aprendizagem. Além disso, essa teoria fornece subsídios para o entendimento,

pelo professor, das fantasias das crianças, expressas no brinquedo e na fala, uma vez

que os mecanismos de defesa, amplamente usados pelas crianças, podem ser

identificados. Por fim, conclui a autora que o professor analisado ou aquele que tem

algum conhecimento da Psicanálise encontra-se em melhores condições para

compreender os comportamentos infantis e atender às necessidades das crianças, além

de melhores condições de selecionar e adotar medidas para fornecer as oportunidades

escolares de que a criança pode fazer melhor uso em cada ocasião.

99

D) O CONSTRUTIVISMO E A TEORIA DE JEAN PIAGET

De acordo com Goulart (1987), na década de 1920, na Suíça, Jean Piaget

mostrou-se interessado em analisar como tem origem e evolui o conhecimento. Seu

interesse era epistemológico, isto é, Piaget pretendia mesmo tomar como objeto de

estudo o conhecimento humano. E, para abordar seu objeto, acompanhou o

desenvolvimento infantil, em uma perspectiva longitudinal, desde o nascimento até a

idade adulta. A primeira questão a ser respondida dizia respeito à origem do

conhecimento e de como se dava sua evolução. A autora mostra que Piaget distinguiu

três maneiras pelas quais os pesquisadores tentavam responder a essa pergunta: o

primeiro grupo considerou que o conhecimento é pré-formado, ou seja, já nascemos

portadores das estruturas do conhecimento, e elas se atualizam à medida que nos

desenvolvemos; o segundo grupo, em uma posição oposta ao primeiro, considera que o

conhecimento tem origem e evolui a partir da experiência que o sujeito vai acumulando;

esse grupo leva ao extremo o determinismo ambiental. Piaget defendeu um ponto de

vista diferente dos dois citados ao admitir que o conhecimento resulta da interação do

sujeito com o ambiente. Ele considerou que cada um constrói, ao longo do processo de

desenvolvimento, o seu próprio modelo de mundo. Indicou também que as chaves

principais para o desenvolvimento são a própria ação do sujeito (que é considerado

construtor ativo do seu conhecimento) e que o modo pelo qual isso se converte num

processo de formação dentro da mente corresponde ao mundo externo e que está sempre

em contínua expansão. Daí, quanto maior e melhor for a interação, mais equilibrado

(normal) será o desenvolvimento.

Goulart (1987) esclarece que Piaget denominou sua postura teórica de

construtivismo, por realçar que o homem é construtor de seu conhecimento. Continua

100

ela ao apontar que, para explicar a interação construtivista da criança com o ambiente,

ele utilizou conceitos de assimilação, acomodação e adaptação. A assimilação consiste

na incorporação de um novo objeto ou ideia que já existe ao esquema que a criança

possui. A acomodação pode ser entendida como a transformação do organismo para

lidar com o ambiente: diante de um objeto ou nova ideia, a criança modifica seus

esquemas adquiridos anteriormente. E adaptação representa a maneira pela qual o

organismo estabelece um equilíbrio entre assimilação e acomodação, adaptando-se

continuamente às imposições feitas pelo ambiente.

Segundo Goulart (1987), a obra de Piaget é saturada de conceitos extraídos da

Biologia e da Matemática, de questões fundamentalmente filosóficas e de estudos que

têm a ver com a Física. A formação inicial de Piaget se deu na área de Biologia. Não é

de se admirar, pois, que alguns de seus conceitos sejam extraídos desse campo

científico, nem que os métodos naturalistas tenham desempenhado papel proeminente

na sua pesquisa. Piaget baseia-se claramente em um modelo de intercâmbio entre

organismo e ambiente, que é, sobretudo, biológico. Para ele, o desenvolvimento

cognitivo deve fundir suas raízes com o crescimento biológico, e os princípios básicos

do primeiro devem ser encontrados entre os que têm validade para o segundo. Extraiu

da teoria de Darwin o conceito de adaptação. Mas, enquanto para Darwin os meios de

adaptação eram a seleção natural e a variação, para Piaget, que se preocupava com o

desenvolvimento humano, os principais modos de adaptação eram assimilação e

acomodação. Piaget também trabalha com estruturas lógico-matemáticas e preocupa-se,

primordialmente, em analisar a gênese de sua construção, que é a própria gênese da

inteligência. Além disso, para ele as estruturas são indissociáveis de seu funcionamento

e de funções no sentido biológico do termo; inclui, assim, a autorregulação na definição

das estruturas. A matemática e a lógica também se acham implícitas na estrutura da

101

teoria, bem como no conteúdo do trabalho experimental. A teoria piagetiana faz uso dos

sistemas lógico-algébricos no seu tratamento da estrutura intelectual. O trabalho

experimental também é impregnado de lógica e matemática. A física também entra no

sistema piagetiano como contribuição à teoria e como um conteúdo que é objeto de

estudos. O conceito de sistemas de equilíbrio deriva dos campos da termodinâmica e da

mecânica. Enquanto conteúdo, a Física está presente nos estudos sobre a causalidade

física, os conceitos de massa, peso e volume, de duração e sucessão temporal e em

vários estudos que ainda hoje estão se desenvolvendo.

Goulart (1987) também demonstra que Piaget adaptou o método clínico, clássico

em medicina psiquiátrica e psicopatologia clínica, à investigação experimental. Vale

lembrar que o método clínico é essencialmente individual, casuístico e constitui o

método que define a psicologia clínica. O período em que surge o método piagetiano

coincide com o aparecimento dos testes, e a designação “método clínico” pretende

evidenciar oposição ao método de testes. De acordo com Goulart (1987, p. 149):

O método clínico piagetiano consiste, portanto, em conversar

livremente com a criança sobre um tema dirigido e seguir, por

conseguinte, os desvios tomados por seu pensamento, a fim de

reconduzi-los ao tema, para obter justificativas e testar a

constância, e em fazer contrassugestões. Entretanto, até chegar a

ser do modo como acabamos de descrevê-lo, o método clínico

passou por várias etapas evolutivas.

Para Goulart (1987), é justamente na questão do método clínico que a teoria de

Piaget se abre para a crítica. A autora resume as críticas recorrentes à sua construção

teórica da seguinte forma: assuntos de teoria e interpretação; assuntos de delineamento

experimental e análise de dados; assuntos relativos à vinculação entre dados, teoria e

interpretação. No que diz respeito à primeira crítica, Goulart (1987) reitera que se

observa na obra de Jean Piaget certa instabilidade e imprecisão na definição de

102

conceitos, além de uma tendência conexa a deixar espaço entre a teoria e os dados

empíricos. Observa-se também que Piaget tende a exceder-se em suas elaborações

teóricas, o que chega a tornar sua obra ilegível para a maior parte de seus leitores. A

segunda categoria de críticas é concernente à maneira piagetiana de delinear e realizar

um estudo, analisar seus dados e escrever acerca do que observou. Piaget não foi

bastante claro sobre sua conduta nos experimentos; lendo-os, surgem várias dúvidas

sobre quais testes e procedimentos de indagação foram aplicados concretamente, quais

as condições de prova, a quantos sujeitos foi administrada e quais os antecedentes

desses sujeitos. Para a autora, do ponto de vista experimental, a pesquisa empírica de

Piaget foi mal controlada e é mal descrita. E, por fim, apresentam-se as críticas

relacionadas à forma pela qual Piaget interpreta seus dados empíricos. Ele tem uma

tendência para apresentar uma quantidade de protocolos textuais para expor os

processos estudados, e as considerações feitas a partir desses protocolos estendem-se, às

vezes, sobre perturbações insignificantes ou devidas ao acaso. Goulart (1987) observa

que, embora os estudos de Piaget indiquem questões importantes e apresentem

hipóteses interessantes a respeito, eles não constituem, ainda, uma teoria psicológica

rigorosa do desenvolvimento. Para a autora:

O interesse piagetiano pela epistemologia nasce de suas

preocupações de biólogo: a evolução, a interação com o meio, a

gênese das estruturas. Em lugar de considerar a gênese histórica, a

história das ciências, por exemplo, tal como fizeram outros

filósofos, voltou-se para a ontogênese e preocupou-se em

responder qual é a natureza da lógica e da matemática, qual o papel

respectivo do sujeito e do objeto no conhecimento e outras

questões essencialmente filosóficas. Considerou a lógica como

uma axiomática da razão e a psicologia da inteligência como a

ciência experimental correspondente, visto que a inteligência tem

um processo evolutivo e passa por estados de equilíbrio, o último

dos quais é precisamente a lógica. Sobre a natureza da lógica e da

matemática, Piaget propõe a tese de que elas são o resultado mais

geral da coordenação das ações e que o papel do sujeito é

preponderante na construção das mesmas, enquanto o papel do

objeto é muito mais importante na física. Este ponto de vista expõe

103

não só a ambição epistemológica de Piaget, como o motivo de uma

boa parte das críticas à sua teoria (Goulart, 1987, p. 160).

No que diz respeito às inferências educacionais sobre a teoria de Jean Piaget,

Goulart (1987) assevera que ele não pretendeu construir uma teoria pedagógica, mas é

possível identificar as influências de suas teorias na educação. A autora comenta que

vale começar pensando quanto do método clínico usado por Piaget pode sugerir uma

atitude extensiva à prática pedagógica. A extensão do método clínico às situações

escolares pode ser interpretada como uma necessária atitude de observação dos

professores com relação às crianças. Outra tese piagetiana que merece destaque é aquela

que considera que o desenvolvimento cognitivo é processo sequencial marcado por

etapas caracterizadas por estruturas mentais diferenciadas. Em cada uma dessas etapas a

maneira de compreender os problemas e resolvê-los depende da estrutura mental que a

criança apresenta naquele momento. Seria necessário identificar, através de orientação

criteriosa, o momento do desenvolvimento que a criança está vivendo. Ainda de acordo

com a autora, o ideal seria que, antes de introduzir um novo problema de aprendizagem,

fossem levantadas as operações necessárias à sua solução e, só depois de verificada a

presença dessas operações, teria sentido a colocação do problema, pois o sujeito teria

condições para compreendê-lo e resolvê-lo. Complementar à tese de que o

desenvolvimento é um processo sequencial marcado por etapas é a tese de que, embora

a sequência do desenvolvimento seja a mesma para todas as pessoas, a cronologia é

variável de pessoa para pessoa. A autora indica ainda que o modelo psicogenético de

Piaget abarca a relação entre as estruturas cognitivas e o desenvolvimento social. O

desenvolvimento cognitivo é um processo social; a interação com outras pessoas tem

importante papel no desenvolvimento das operações lógicas. Mas este aspecto não foi

suficiente explorado por Piaget, muito provavelmente porque ele considerava que aquilo

104

que potencializa o desenvolvimento das estruturas cognitivas são os fatores endógenos

ou que estão vinculados à maturação interna dessas estruturas. Daí que, ainda que o

desenvolvimento dependa da interação com o meio (inclusive o social), esta interação é

posta em segundo plano na teoria piagetiana.

2.3. O CARÁTER SOCIAL DA EDUCAÇÃO, A AUSÊNCIA DA PSICOLOGIA

SOCIAL E SUAS IMPLICAÇÕES

Pudemos ver, anteriormente, que teorias relacionadas ao campo da Psicologia

Social não marcam forte presença e não exerceram influência determinante na área da

educação, em especial, em sua relação com a psicologia. Nesta parte, refletiremos sobre

tal fenômeno, a partir dos escritos de Tragtenberg (1990) sobre o caráter social da

educação. E em seguida, apresentaremos a perspectiva crítica de Sass (2000) a respeito

da possível relação entre educação e psicologia social.

Ao tecer uma análise sobre o processo de desenvolvimento capitalista no Brasil

e os efeitos da dinâmica da reprodução ampliada do capital sobre a educação,

Tragtenberg (1990) levanta elementos importantes que apontam para o caráter social,

histórico e político da educação, que não justificaria a ausência de teorias do campo da

psicologia social quando o assunto é educação. Para Tragtenberg (1990), quando

pensamos os efeitos da dinâmica do capital sobre a educação, devemos ficar atentos a

duas dinâmicas: uma, intensiva, que diz respeito à centralização e à concentração (do

poder, da riqueza); e outra, extensiva, que pode ser entendida como a penetração das

relações de produção em áreas onde domina o pré-capitalismo, concretizadas na

destruição dessas mesmas relações sociais e sua substituição por relações tipicamente

capitalistas de produção.

105

Tragtenberg (1990) indica que o sistema educacional também individualiza

ideologicamente uma “incapacidade” decorrente de fatores socioeconômicos. Para o

autor, há uma correlação direta entre a origem social do aluno e o “fracasso” escolar, em

especial, a entrada tardia no sistema educacional, a repetência e o abandono. A escola

consagra, no plano pedagógico, aqueles que no plano da origem socioeconômica já

estão previamente escolhidos, ou seja, premia os privilegiados e penaliza os

desprivilegiados.

Ainda de acordo com o autor, não é possível almejar uma democratização do

ensino sem uma democratização no plano social e do trabalho, e a escola apresenta-se

como aparelho ideológico, inculcando valores e o comportamento das classes

dominantes nas classes dominadas. O próprio desenvolvimento da rede educacional

nada mais fez do que acentuar o que já existia, uma vez que, na prática, estabeleceram-

se duas redes de ensino paralelas, a escola de rico e a escola de pobre. Tragtenberg

(1990) assevera que o sistema de ensino se realiza através da distribuição diferencial do

saber, possibilitando meios para o exercício diferencial do poder. No entanto, o sistema

de ensino deveria promover um avanço qualitativo no que se refere à visão de mundo

dos pobres.

Tragtenberg (1990) também tece críticas às tecnologias educacionais e sobre

elas enfatiza os seguintes aspectos: sua utilização é permeada por um véu ideológico,

por meio de teorias da aprendizagem com fundamento psicológico, sendo que o real

permanece opaco e a fantasia atua como único elemento transparente; observa ele

também o fato de que o desconhecimento da realidade socioeconômica concreta não

pode ser suprido por nenhuma tecnologia educacional.

Tragtenberg (1990) considera que o problema educacional é a forma aparente de

algo essencial, que são as determinações econômicas que regem a lógica das classes,

106

transmudada em lógica de poder e legitimada pelo aparelho escolar. O Estado reproduz,

no plano educacional, o que já se realizara no plano econômico. O autor ainda enfatiza

que a educação deve ser vista como um bem público e não como mercadoria vendida no

mercado de títulos acadêmicos, Por fim, conclui que o problema só é educacional na

aparência e que, na realidade, o problema central da educação apresenta-se em termos

sociais, econômicos e políticos. Essas considerações parecem bastar para indicar o

caráter de prática social desempenhado pelas instituições de ensino.

Sass (2000) também destaca o caráter social da educação e faz alguns

apontamentos sobre a relação da psicologia com a educação. Para o autor, uma visão

sobre as influências da psicologia sobre o pensamento e a prática educacionais encontra

regularidades importantes de serem destacadas: i) há a concentração na psicologia da

criança e da aprendizagem; ii) há a primazia de estudos sobre o desenvolvimento

cognitivo; iii) subordinação dos fins da educação (políticos, éticos e culturais) aos

estágios do desenvolvimento. Tais tendências, segundo o autor, marcam os vínculos da

psicologia com a educação.

De acordo com as proposições de Sass (2000), levantamentos sobre pesquisas

em educação trazem informações importantes a respeito da relação entre psicologia e

educação. Ao analisar o estudo de Warde (1995), Sass (2000) constata uma forte

influência das teorias cognitivistas e da psicologia do desenvolvimento sobre a

educação. Para o autor, até aquele momento, os psicólogos e educadores interessaram-se

primordialmente pelo desenvolvimento intelectual da criança. No entanto, o

desenvolvimento da inteligência está relacionado com o desenvolvimento da

personalidade total e, por isso, não podemos ignorar as suas condições de existência.

Sass (2000) indica que as tendências de estudos sobre o desenvolvimento

cognitivo repousam na separação, que as próprias teorias psicológicas promovem, entre

107

o desenvolvimento intelectual e a formação do sujeito. O autor esclarece que essa cisão

não é apenas uma falha teórica, mas sim representa uma cisão real entre indivíduo,

sociedade e cultura. Assim, somente adicionando o componente decisivo da crítica às

teorias, elas serão capazes e estarão prevenidas de que não corram o risco de refletir o

que já está estabelecido socialmente, como, por exemplo, a cisão entre indivíduo e

sociedade.

Sass (2000) pondera que a admissão da Psicologia Social aliada ao componente

crítico e a uma teoria da sociedade representaria muito na tentativa de superar a

separação entre inteligência e formação do indivíduo e entre desenvolvimento cognitivo

e personalidade.

De acordo com Sass (2000, p. 61):

Uma teoria que mereça de fato receber tal denominação, isto é,

uma teoria que seja crítica, tem o compromisso de exprimir os

segredos da realidade existente sem que isso signifique trabalhar a

favor dessa realidade. Ao contrário, sua pretensão de transcender

ao que está disposto, projetando a sociedade futura, impulsiona-a à

negação das condições sociais vigentes.

A consciência sobre essa tendência presente na sociedade hodierna pode

contribuir para que a relação entre psicologia e educação ocorra em outros termos, não

mais transformando a primeira unicamente em ferramenta para a segunda e não mais

fazendo da escola um local para a aplicação de teorias que desconsiderem seu caráter de

prática social.

108

3. O DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA NA EDUCAÇÃO

Nesta parte da pesquisa, apresentamos os resultados de um levantamento

realizado junto ao Banco de Teses organizado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior – CAPES. Foram analisados os resumos das teses de

doutorado das áreas de Psicologia e Educação defendidas entre os anos de 2009 a 2011.

O intuito desse levantamento é investigar quais teorias e abordagens se fazem mais

presentes nas pesquisas que mantêm relação entre a psicologia e a educação. Com isso,

podemos compreender melhor como a psicologia se desenvolve no campo educacional,

bem como esclarecer se realmente há uma predominância das teorias que podem ser

consideradas tecnologia.

Em seguida, procedemos à análise de duas teses de doutorado com o intento de

demonstrar como a psicologia, no campo da educação, pode se apresentar como

tecnologia ou ciência, bem como verificar as implicações associadas a tais condições.

As teses analisadas foram selecionadas por meio de uma amostra aleatória (sorteio)

entre aquelas que tiveram seus resumos analisados no levantamento anterior (foram

excluídas as teses que após a análise dos resumos foram agrupadas nas categorias

“Outras Referências” e “Miscelânea”).

Verificar a presença da psicologia, em forma de tecnologia ou de ciência, no

campo da educação é importante, pois ajuda a entendermos como a psicologia pode

contribuir para a manutenção das atuais condições de vida ou para as transformações

sociais necessárias à realização de um mundo livre, enfim, permite a compreensão do

papel social assumido por tal área do conhecimento.

109

3.1. LEVANTAMENTO DOS DADOS JUNTO AO BANCO DE TESES DA

CAPES

Para identificar os resumos das teses que mantêm em suas investigações a

relação entre a psicologia e a educação e, com isso, também identificar suas respectivas

referências teóricas, realizou-se um levantamento de teses defendidas em programas de

pós-graduação em Educação e Psicologia de todas as instituições do país, durante o

período de 2009 a 2011. A fonte consultada foi o catálogo do Banco de Teses da

CAPES13

.

É importante mencionar que foram consideradas somente as pesquisas de

doutorado. Tal escolha se deve ao fato de as pesquisas de doutorado representarem um

nível mais avançado de pesquisa no país em relação ao mestrado, e, por isso,

constituírem-se em boa fonte de pesquisa.

Esse levantamento permitiu a identificação prévia de 267 resumos de teses de

doutorado nas áreas de Educação e Psicologia, distribuídas entre diversas universidades

públicas (federais e estaduais) e particulares do país.

3.1.1. PROCEDIMENTOS UTILIZADOS NA SELEÇÃO DOS RESUMOS

Para a identificação e seleção dos 267 resumos/de teses que contemplam a

relação entre a Psicologia e a Educação, foram utilizados os seguintes procedimentos:

a) Definição das palavras-chave utilizadas para a identificação das teses e

seleção dos resumos analisados do catálogo do Banco de Teses da CAPES.

13

<http://www.capes.gov.br/servicos/banco-de-teses>.

110

Foram realizadas “buscas” utilizando-se as seguintes expressões: “Psicologia

da Educação”, “Psicologia Escolar”, “Psicologia Educacional” e “Psicologia,

Educação”. Tais palavras-chave foram escolhidas a partir das definições e

explicações sobre a presença da psicologia na educação apresentadas no

capítulo anterior. Foi identificado um total de 267 resumos de teses

distribuídos entre as expressões utilizadas para a busca conforme a tabela a

seguir:

Tabela 1 - Frequência total de resumos selecionados separada por ano e palavra-chave

Ano

Palavra-Chave 2009 2010 2011 Total

Psicologia da Educação 13 9 11 33

Psicologia Escolar 4 8 4 16

Psicologia Educacional 1 2 2 5

Psicologia, Educação 62 72 79 213

Total 80 91 96 267

Fonte: Banco de Teses da CAPES

b) Catalogação das informações necessárias à análise proposta a partir do

preenchimento de um formulário (anexo) criado para a organização das

informações importantes e pertinentes à investigação, a saber: i) Palavra-

chave utilizada na busca; ii) Ano da defesa; iii) Área do conhecimento; iv)

Subárea do conhecimento; v) Presença da psicologia como referência teórica

ou como objeto de estudo; vi) Referência teórica utilizada

Quadro 2 - Formulário para catalogação das informações

Palavra-chave Ano Número

Área do Conhecimento Subárea

Presença

Referência

Teórica

[ ] Referência Teórica

[ ] Temática

111

c) Exclusão dos resumos das teses que não continham as informações

necessárias para a realização da análise proposta. Foram excluídos os

resumos das teses que: i) não eram das áreas de Psicologia ou Educação; ii)

eram resumos que se repetiam nas diferentes buscas (nesse caso, o resumo

foi considerado em apenas uma das buscas); iii) não continham as

referências teóricas utilizadas; iv) mantinham relações frágeis entre a

psicologia e a educação, ou seja, tais relações eram pouco explicitadas; v)

simplesmente não apresentavam relação entre as áreas de interesse deste

estudo; vii) a psicologia era objeto do estudo. Nesse último caso, a exclusão

se deve ao fato de que a presente pesquisa, ao investigar a relação entre a

psicologia e a educação, ter como foco de sua análise as abordagens teóricas

presentes nesses estudos. Desse modo, foi excluído um total de 147 resumos

de teses de acordo com os seguintes motivos (expostos nas tabelas abaixo):

Tabela 2 - Frequência de resumos excluídos separada por palavra-chave e motivos da exclusão

Palavras-Chave

Motivos

Psicologia

da

Educação

Psicologia

Escolar

Psicologia

Educacional

Psicologia,

Educação Total

Outra Área/ Repetido 5 5 2 95 107

Sem Referência/ Relação Frágil/ Sem Relação 1 0 0 32 33

Temática: objeto é a própria psicologia 3 0 0 4 7

Total 9 5 2 131 147

Fonte: Banco de Teses da CAPES

Tabela 3 - Frequência de resumos excluídos separada por ano e motivos da exclusão

Palavras-Chave

Motivos

Psicologia da

Educação Psicologia Escolar

Psicologia

Educacional

Psicologia,

Educação

2009 2010 2011 2009 2010 2011 2009 2010 2011 2009 2010 2011 Total

Outra Área/ Repetido 3 2 0 2 1 2 0 1 1 25 37 33 107

Sem Referência/ Relação Frágil/ Sem Relação 0 0 1 0 0 0 0 0 0 10 10 12 33

Temática 1 1 1 0 0 0 0 0 0 2 1 1 7

Total por Ano 4 3 2 2 1 2 0 1 1 37 48 46

Total 9 5 2 131 147

Fonte: Banco de Teses da CAPES

112

d) Excluídos os resumos que não continham as informações necessárias a este

levantamento, restou um total de 120 resumos de teses que foram

posteriormente analisados. Foram selecionados: 24 resumos por meio da

busca com a expressão “Psicologia da Educação”; 11 resumos por meio da

busca com as palavras-chave “Psicologia Escolar”; 3 resumos por meio da

busca com a expressão “Psicologia Educacional”; 82 resumos a partir da

busca com as palavras-chave “Psicologia, Educação”.

Tabela 4 - Frequência de resumos analisados separada por ano e palavra-chave

Ano

Palavra-chave 2009 2010 2011 Total

Psicologia da Educação 9 6 9 24

Psicologia Escolar 2 7 2 11

Psicologia Educacional 1 1 1 3

Psicologia, Educação 25 24 33 82

Total 37 38 45 120

Fonte: Banco de Teses da CAPES

3.1.2. PROCEDIMENTOS UTILIZADOS NA ANÁLISE DOS RESUMOS

Uma vez selecionados os 120 resumos, foi realizada uma análise das

informações catalogadas com o intuito de identificar as principais referências teóricas

presentes nesses estudos que relacionam psicologia e educação. Nessa análise, foi

utilizado o seguinte procedimento: sistematização das informações dos resumos

selecionados a partir da criação de 10 categorias de referências bibliográficas utilizados

para agrupar e distribuir os resumos de acordo com as suas respectivas referências.

Essas 10 categorias foram criadas junto com a realização da análise e a partir do que

encontramos. As categorias utilizadas para identificar e agrupar o referencial teórico

113

e/ou a abordagem presentes nos resumos analisados foram: i) Fenomenológica (autores

ou referências que fazem parte do campo da fenomenologia): 5 resumos; ii)

Foucaultiana (resumos que explicitam de forma direta a utilização das teorias de M.

Foucault como referência): 4 resumos; iii) Histórico-Social e Vigotskiana (resumos que

indicam o uso da Psicologia Histórico-Social como referência ou que mencionam de

forma direta a presença de L. S. Vigotski como principal referência): 28 resumos; iv)

Marxista (mencionam como referência o uso da perspectiva do materialismo-histórico-

dialético): 6 estudos ; v) Miscelânea (estudos que trazem como referência uma gama

muito diversa de autores que não se relacionam entre si): 9 estudos; vi) Outras

referências (indicam como referência autores ou perspectivas com inserção acadêmica

menos conhecidas ou que não se enquadram nas outras categorias criadas; são teóricos e

teorias mencionados de forma esparsa e sem representatividade): 33 resumos; vii)

Piagetiana/Cognitivista (mencionam diretamente a influência do Construtivismo e a

utilização das teorias de J. Piaget): 6 resumos; viii) Psicanalítica (agrupa os resumos que

explicitam como referência a perspectiva psicanalítica ou autores notadamente

reconhecidos como representantes da Psicanálise): 12 resumos; ix) Teoria das

Representações Sociais (resumos que indicam o uso da Teoria das Representações

Sociais como referência ou que mencionam de forma direta a presença de S. Moscovici

como principal referência): 7 resumos; x) Psicométrica (indicam diretamente como

referência a utilização de testes psicométricos e teorias relacionadas a esses testes): 10

resumos.

114

3.1.3 RESULTADOS DA ANÁLISE DOS RESUMOS

Esta parte foi organizada de modo a permitir ao leitor a visualização das

informações coletadas. Apresentamos os resultados gerais do total de estudos

analisados, em termos de sua distribuição, segundo as dez categorias criadas para

agrupar as principais referências utilizadas nas teses defendidas entre os anos de 2009 e

2011, que envolvem a relação entre a psicologia e a educação.

Conforme a Tabela 5, a maioria dos estudos analisados encontram-se na

categoria “Outras Referências” (33 estudos). A seguir, são os estudos que utilizam

como referência teórica a abordagem “Histórico-Social/Vigotskiana” (28 estudos) que

aparecem como predominantes. Depois, são os estudos com base nas referências

“Psicanalíticas” (12 estudos) e “Psicométricas” (10 estudos) que aparecem com maior

frequência. É importante mencionar a fraca presença dos estudos com referência

“Piagetiana/Cognitivista” (6 estudos) nas pesquisas que estabelecem uma relação entre a

psicologia e a educação. Também merece destaque o fato da categoria “Miscelânea” (9

estudos) ficar à frente dos estudos com base em referências “Fenomenológicas” (5

estudos) e “Piagetianas/Cognitivista” (6 estudos). A tabela 5 mostra o total de resumos

em cada grupo, bem como os seus respectivos percentuais representativos.

115

Tabela 5 - Frequência de resumos separada por referência teórica

Referências Frequência %

Outras Referências 33 27,50

Histórico-Social/Vigotskiana 28 23,33

Psicanalítica 12 10,00

Psicométrica 10 8,33

Miscelânea 9 7,50

Teoria das Representações Sociais 7 5,83

Marxista 6 5,00

Piagetiana/Cognitivista 6 5,00

Fenomenológica 5 4,17

Foucaultiana 4 3,34

Total 120 100

Fonte: Banco de Teses da CAPES

Na tabela 6, excluímos as categorias “Outras Referências” e “Miscelânea” com o

intuito de obtermos um total de estudos e um percentual representativo que diga respeito

somente aos grupos/categorias de referências bem identificadas.

Tabela 6 - Frequência de resumos separada por referências teóricas principais

Referências Frequência %

Histórico-Social/Vigotskiana 28 35,90

Psicanalítica 12 15,38

Psicométrica 10 12,80

Teoria das Representações Sociais 7 8,98

Marxista 6 7,69

Piagetiana/Cognitivista 6 7,69

Fenomenológica 5 6,42

Foucaultiana 4 5,14

Total 78 100

Fonte: Banco de Teses da CAPES

116

A análise realizada indica que:

1) a psicologia no campo da educação, ao contrário do que apontavam os

estudos anteriores14

, está marcada por uma forte presença dos estudos com base em

referências que estão presentes no campo da Psicologia Social, totalizando 34% desses

estudos (“Histórico-Social/Vigotskiana” [28 estudos]; “Teoria das Representações

Sociais” [7 estudos]; “Marxista” [6 estudos]); Caberia investigar em outros estudos o

“uso” feito das teorias sociais presentes na Psicologia na educação.

2) o campo da educação, no que diz respeito ao desenvolvimento da psicologia,

também tem presença marcante dos estudos com base em referências “Psicanalíticas”

(12 estudos) e “Psicométricas” (10 estudos);

3) a maioria das pesquisas que envolvem a relação entre psicologia e educação

têm como base referências não muito bem definidas e autores com pouca inserção

acadêmica (“Outras Referências” [33 estudos]; “Miscelânea” [9 estudos]);

4) na educação, a psicologia começa a mostrar uma tendência de predominância

das teorias histórico-sociais em detrimento das teorias comportamentais e

desenvolvimentistas com visões mais individualistas. Tal fato pode significar que a

relação entre psicologia e educação esteja mais politizada, no sentido de incluir fatores

sociais nas considerações e interpretações acerca do aprendizado e do desenvolvimento.

No entanto, essa presença de teorias psicológicas sociais na educação pode ser uma

máscara ideológica. A resposta a esta questão só é possível pela análise dos usos feitos

da Psicologia Social.

14

Ver Warde (1995) e Sonzogno (1987).

117

3.2. PROCEDIMENTOS PARA A SELEÇÃO DAS TESES

Conforme mencionado anteriormente, do total de 120 resumos analisados no

levantamento junto ao Banco de Teses da CAPES, foram excluídos 42 resumos

agrupados nas categorias “Outras Referências” (33 resumos) e “Miscelânea” (9

resumos). Os outros 78 resumos foram distribuídos em dois grupos, os quais foram

formados de acordo com o seguinte critério: a) Grupo 1 – teses que utilizavam

referências teóricas históricas e uma abordagem social; Grupo 2 – teses que utilizavam

teorias desenvolvimentistas e cognitivistas e com uma abordagem mais individualista e

clínica. Essa escolha foi feita com a intenção de potencializar as chances de no grupo 1

selecionarmos uma tese que ilustre a psicologia como ciência e no grupo 2

selecionarmos uma tese que ilustre a psicologia como tecnologia. Dessa forma, foram

estabelecidos os seguintes grupos: a) Grupo 1 – inclui os resumos que indicavam a

utilização de teorias históricas e sociais, a saber: Histórico-Social/Vigotskiana (28

resumos); Teoria das Representações Sociais (7 resumos); Marxista (6 resumos);

Foucaultiana (4 resumos), num total de 45 resumos; b) Grupo 2 – inclui os resumos que

indicam a utilização de teorias desenvolvimentistas, cognitivistas e individualistas, a

saber: Psicanálise (12 resumos); Psicométrica (10 resumos); Fenomenológica (5

resumos) e Piagetiana/Cognitivista (5 resumos), num total de 33 resumos.

Realizado o sorteio, foram selecionadas as seguintes teses: a) Grupo 1 -

“Formação de professores e violência nas escolas” (2010); b) Grupo 2 - “A Autoeficácia

acadêmica em estudantes e ex-estudantes da educação de jovens e adultos” (2011).

118

3.2.1. PARÂMETROS UTILIZADOS NA ANÁLISE DAS TESES

SELECIONADAS

As teses selecionadas foram analisadas a partir de quatro categorias analíticas

criadas a partir do que foi exposto no capítulo 1, em especial, do conteúdo do Quadro 1.

As quatro categorias consideradas na análise foram:

1. Posicionamento Crítico – verificou-se se o estudo em questão: a)

criticava a realidade e visualizava sua subversão (transformação social) ou; b) estava

voltado para a adaptação das exigências da vida prática (reprodução e manutenção

social);

2. Perspectiva Analítica – verificou-se se o estudo em questão, em suas

análises: a) partiu da sociedade e não da opinião ou da autocompreensão dos sujeitos

(abordagem histórica e social) ou; b) partiu da opinião ou da autocompreensão dos

sujeitos (abordagem individualista);

3. Finalidade da Pesquisa – verificou-se se no estudo em questão: a) não são

objetivados propósitos práticos ou; b) o conhecimento foi aplicado com propósitos

práticos;

4. Perspectiva Intelectual – verificou-se se o estudo em questão adotava

como prerrogativa: a) o conhecimento como abstração (desfaz os fatos e os relacionam

com os fatores que o fizeram) ou; b) o conhecimento como instrumento (ampliação da

dominação dos homens sobre a natureza e sobre si).

119

3.3. PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA NA EDUCAÇÃO

Esta análise debruçou-se sobre a tese selecionada do grupo 1, o estudo intitulado

“Formação de Professores e Violência nas Escolas” (Martins, 2010).

Foram selecionadas e apresentadas informações e trechos da referente tese que

possibilitam o seu posicionamento na condição de ciência, de acordo com os parâmetros

estabelecidos anteriormente.

3.3.1. INFORMAÇÕES DA TESE 1

Título: Formação de Professores e Violência nas Escolas15

.

Objetivo/Problema: Compreender que mudanças podem ser mediatizadas por

um processo de formação continuada, na perspectiva histórico-cultural, no conjunto de

sentidos e significados do professor a respeito da violência.

Principal conceito analisado: Violência – parte do pressuposto de que a violência

é fenômeno produzido ao longo da história humana e ocorre nas relações sociais entre

os homens.

Perspectiva: Materialismo-histórico-dialético.

Tese: O conhecimento científico é uma das mediações para a modificação da

consciência do professor em relação à violência nas escolas, podendo contribuir para

que esse profissional enfrente esse fenômeno.

15

O resumo da tese encontra-se em anexo.

120

3.3.2. ANÁLISE DA TESE 1

Utilizamos como referência para a análise da tese os parâmetros estabelecidos no

‘item 3.2.1’ deste capítulo. Foi indicada qual a situação da tese em relação às

alternativas das categorias de análise propostas e expostos trechos do referente estudo

que ilustram e justificam tal posicionamento.

A tese 1, no que diz respeito ao:

1. Posicionamento Crítico – a pesquisa demonstra estar voltada para a

crítica das atuais condições de existência, ou seja, para a transformação social.

Nos excertos 1, 2 e 3 é possível identificar uma perspectiva crítica da pesquisa

que considera como fundamentais a análise dos aspectos sociais e históricos nas

investigações sobre a violência nas escolas.

Nos excertos 3, 4 e 5 percebe-se uma clara indicação da necessidade de

superação das atuais condições de vida para a resolução do problema investigado.

Excerto 1 - “Nesse sentido, consideramos fundamental esclarecer que partimos de uma

perspectiva crítica de psicologia (...) que possa contribuir para que a educação cumpra sua

função social de promover o desenvolvimento humano. De acordo com Meira (2000), a

psicologia, junto à educação, deve se propor romper com análises psicologizantes do cotidiano

escolar e se implicar em uma psicologia que contribua para que a educação cumpra sua função

social de promover o desenvolvimento humano” (Martins, 2010, p.14).

Excerto 2 - “No presente trabalho, apoiar-nos nas produções de Vázquez

(1990), e Martín Baró (1997). Vázquez (1990), analisando a violência do ponto de vista do

materialismo histórico dialético e em sua relação com a práxis, pontua que, na ideia de força,

nem sempre sobressai a ideia de dano. Dessa forma, o autor observa que a violência é um

121

atributo humano, constituído no processo histórico da humanidade, tendo sido fundamental para

a transformação da natureza” (Martins, 2010, p. 17).

Excerto 3 - “Pode-se perceber que, para esse autor, a superação da violência passa

necessariamente pela transformação social do modo de produção, construindo uma sociedade na

qual [esse] fenômeno não esteja presente em sua estrutura e as relações sociais prescindam do

seu uso” (Martins, 2010, p.20).

Excerto 4 - “O processo de transformação das relações sociais na escola está inserido

num projeto maior de transformação social” (Martins, 2010, p. 65).

Excerto 5 - “Partimos do pressuposto de que a violência é fenômeno produzido ao longo

da história humana, ocorre nas relações sociais entre os homens, e a educação pode contribuir

tanto para a constituição desse fenômeno quanto para sua superação” (Martins, 2010, p. 69).

2. Perspectiva Analítica – o estudo em questão, primeiro procura discutir e

entender a violência em seu caráter social e histórico.

Nos excertos 1, 2 e 3 é possível identificar a compreensão da pesquisadora de

que a análise do fenômeno violência só é possível de ser realizada a partir de uma

perspectiva social que o relaciona com a própria forma de organização da sociedade.

Nos excertos 4 e 5 percebe-se que o fenômeno violência foi abordado a partir de

uma perspectiva analítica que primeiro procurou entender os fatores sociais

relacionados a ele para em seguida pensar sobre os seus efeitos na consciência dos

professores.

122

Excerto 1 - “As explicações acerca da violência, centradas nos indivíduos e famílias,

suscitam-nos o questionamento sobre as possibilidades de contribuição da psicologia da

educação, como área de estudo e intervenção, para que o professor possa superar essa concepção,

pois, ao mantê-la, corre o risco de, ao planejar atividades educativas, tendo como objetivo o

enfrentamento da violência, fundamentar-se em ações restritas ao aluno e, muitas vezes, baseado

no senso comum” (Martins, 2010, Resumo).

Excerto 2 - “Essa característica do processo histórico abriu um amplo campo para a

violência, até mesmo nas relações entre os homens. A violência, que, de acordo com Vázquez,

instala-se na sociedade de classes a serviço de determinadas relações sociais, sempre suscita

outra violência. Em busca de compreendermos o fenômeno, remetemo-nos ao sistema

econômico social de classe que o engendra. Na sociedade capitalista atual, marcada pela divisão

em classes, as ações de violência não se dirigem somente aos aspectos físicos (corpos humanos),

mas também ao ser social e à sua consciência” (Martins, 2010, p. 18).

Excerto 3 - “A violência está presente, mesmo que não de forma explícita, na própria

organização da sociedade, em que surgem a exploração dos indivíduos e o incitamento à

violência entre as pessoas” (Martins, 2010, p. 19).

Excerto 4 - “No que diz respeito à conceituação de violência nas escolas, também os

autores consultados neste trabalho apontam a necessidade de considerá-la com base no contexto

de cada realidade cultural e época histórica. E em consonância com alguns pressupostos do

materialismo histórico dialético, podemos abordar a violência como: 1) um fenômeno que ganha

seus contornos no processo histórico de desenvolvimento da humanidade e se caracteriza de

determinada forma na organização social capitalista; 2) como qualquer outro fenômeno social e

histórico, é passível de transformação; 3) a educação escolar tem um papel importante no

processo de mudança desse fenômeno (...)” (Martins, 2010, p. 24).

123

3. Finalidade da Pesquisa – podemos considerar que, nessa pesquisa, não

são objetivados propósitos práticos, uma vez que o resultado do estudo apontou para

uma reflexão sobre a violência nas escolas e não para uma técnica ou modelo de

intervenção.

Nos excertos 1 e 2 evidencia-se a possível contribuição do estudo para a

formulação de práticas educacionais e para a instrumentalização dessas práticas, no

entanto, o foco principal foi a discussão e reflexão sobre a violência nas escolas.

No Excerto 3 a noção de instrumentalização do conhecimento aparece

relacionada com a contribuição do estudo para a transformação da realidade investigada.

Excerto 1 - “No presente trabalho, abordamos a importância de discussão desse

fenômeno, na formação dos professores, tendo em vista o objetivo de contribuir para que sejam

delineadas práticas educacionais que possibilitam transformações nas relações entre os

envolvidos no processo educacional” (Martins, 2010, p. 28).

Excerto 2 - “Partimos do pressuposto de que um processo formativo que tenha como

ponto de partida a prática social do professor problematize e instrumentalize essa prática, ao

discutir e refletir sobre os sentidos e significados atribuídos à violência nas escolas, considerando

a unidade cognição e afeto. É preciso também que se favoreça o movimento de consciência do

professor na direção de uma prática social cuja finalidade é contribuir para que os participantes

dos processos educativos possam se apropriar dos conhecimentos historicamente acumulados.

Isto por sua vez, possibilita o desenvolvimento como sujeitos humanos” (Martins, 2010, p. 34).

Excerto 3 - “No presente estudo, cujo objetivo foi compreender quais mudanças podem

ser mediatizadas por um processo de formação continuada, no conjunto de sentidos e

significados do professor a respeito da violência, e em consonância com o método materialista

124

histórico, buscamos produzir conhecimentos como instrumento de transformação da realidade,

no caso, a violência nas escolas. Assim, partimos do concreto abstrato (experiência cotidiana) e

por meio do processo grupal fomos caminhando em direção ao concreto pensado (análise sobre a

realidade vivida)” (Martins, 2010, p. 164).

4. Perspectiva Intelectual – é possível indicarmos que a pesquisa em

questão adotou como prerrogativa o conhecimento como abstração, ao procurar

relacionar o “fato” violência com os “fatores” históricos e sociais que o compõem.

Em todos os excertos selecionados percebe-se uma linha de investigação que

parte dos fatores sociais e históricos para compreender melhor o fato violência nas

escolas.

Excerto 1 - “O autor também sintetiza em cinco pontos as considerações sobre a

historicidade dos fenômenos e suas determinações econômicas. São elas: a abertura humana à

violência; o contexto social da luta de classes; a elaboração social da violência; as causas

imediatas da violência; a institucionalização da violência” (Martins, 2010, p. 20).

Excerto 2 - “Conforme já anunciado anteriormente, tendo como base o materialismo

histórico dialético, podemos dizer que, na organização social capitalista, os indivíduos são

estimulados a viver sua vida inteira na cotidianidade, sem se envolver com os determinantes das

problemáticas vividas. Como consequência e, assim buscando formas de agir sobre elas. Nesse

aspecto, é que se insere a preocupação com processos formativos de professores que consideram

a necessidade de transformação da consciência desses profissionais, na direção da clareza das

finalidades de sua ação educativa. Para que o professor possa concretizar a sua prática educativa,

é preciso que se relacione conscientemente com o papel da atividade educativa na formação dos

educandos que estão sob sua responsabilidade, bem como a produção e reprodução da vida em

sociedade resultante desse trabalho” (Martins, 2010, p. 61).

125

Excerto 3 - “Quanto à estrutura do trabalho educativo na sociedade atual, podemos

mencionar o valor social da educação, as políticas públicas em relação a ela, as condições sociais

do trabalho do professor, bem como as condições de sua formação. É importante também saber

como se configuram a subjetividade do professor singular, seus pensamentos, suas vivências

emocionais em relação à prática educativa, isto é, o que o impulsiona para esse trabalho e como

compreende as implicações de suas ações para seus alunos e para a sociedade (seus motivos e

fins)” (Martins, 2010, p. 63).

Excerto 4 - “É preciso que se constituam possibilidades de problematização desse

cotidiano, a partir do concreto abstrato, e se caminhe em direção ao concreto pensado, isto é, no

processo de construção do conhecimento, aprofundar as diferentes determinações históricas e

sociais dos fenômenos nele presentes, no nosso caso, a violência na escola” (Martins, 2010, p.

67).

A partir do que foi exposto, consideramos que a tese 1 é um exemplo da

presença da psicologia como ciência no campo da educação.

3.4. PSICOLOGIA COMO TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO

Esta análise debruçou-se sobre a tese selecionada do grupo 2, o estudo intitulado

“A autoeficácia acadêmica em estudantes e ex-estudantes da educação de jovens e

adultos” (Caliatto, 2011).

Foram selecionadas e apresentadas informações e trechos da referente tese que

possibilitam o seu posicionamento na condição de tecnologia, de acordo com os

parâmetros estabelecidos anteriormente.

126

3.4.1. INFORMAÇÕES DA TESE 2

Título: A autoeficácia acadêmica em estudantes e ex-estudantes da educação de

jovens e adultos16

.

Objetivo/Problema: Verificar se o grupo de estudantes que prosseguem no curso

de Educação de Jovens e Adultos se diferencia do grupo de alunos que abandona o

curso, no que diz respeito à autoeficácia percebida.

Principal conceito analisado: Autoeficácia – crença do indivíduo em sua

capacidade para organizar e executar cursos de ações necessárias para produzir certos

resultados em determinadas tarefas.

Perspectiva: Teoria Social Cognitiva.

Tese: Sugere-se que, quanto melhor percebida a crença de autoeficácia

acadêmica e a autorregulação do estudante, mais condições terá ele de vencer as tarefas

escolares com êxito.

3.4.2. ANÁLISE DA TESE 2

Utilizamos como referência para a análise da tese os parâmetros estabelecidos no

‘item 3.2.1’ deste capítulo. Foi indicada qual a situação da tese em relação às

alternativas das categorias de análise propostas e expostos trechos do referente estudo

que ilustram e justificam tal posicionamento.

A tese 2, no que diz respeito ao:

16

O resumo da tese encontra-se em anexo.

127

1. Posicionamento Crítico – a pesquisa demonstra estar voltada para a

adaptação das exigências da vida prática.

Nos excertos 1 e 2 é possível identificar uma perspectiva que não está

preocupada em criticar as atuais condições de existência que atuam sobre a situação dos

alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

No excerto 2 enfatiza-se a negligência com relação aos aspectos sociais e

históricos envolvidos no fenômeno estudado e a ênfase sobre os seus aspectos

individuais.

Nos excertos 3, 4, 5, 6, 7 e 8 evidencia-se a preocupação com a adaptação dos

indivíduos ao que já está estabelecido, uma vez que não são realizadas observações que

apontam para as possibilidades de superação das atuais condições de vida.

No excerto 9 aponta-se aspectos sociais importantes do comportamento dos

alunos de EJA, mas que não foram devidamente discutidos ao longo da pesquisa.

No excerto 10 é possível identificar uma afinidade do presente estudo com uma

perspectiva que contribui somente para a adaptação e adequação dos indivíduos às

condições sociais estabelecidas.

Excerto 1 - “Os currículos desenvolvidos nas salas de EJA estão ligados aos

desenvolvidos pela rede regular de ensino e têm a finalidade de garantir habilidades para

prosseguimento dos estudos em escolas convencionais em qualquer tempo” (Caliatto, 2011, p.

1).

Excerto 2 - “A leitura desses estudos promove aos interessados capítulos bastante

detalhados no levantamento histórico do desenvolvimento da EJA no Brasil, mas que não será

alvo de detalhamento neste tópico, visto que se optou por levantar e descrever estudos voltados à

128

manifestação dos estudantes a respeito das motivações para o estudo em EJA e sobre as

características desses estudantes” (Caliatto, 2011, p. 3 e 4).

Excerto 3 - “Pode-se sintetizar que há uma ênfase da Teoria Social Cognitiva sobre os

processos cognitivos das capacidades humanas descritas, as quais possibilitariam aos indivíduos:

processar e usar informação de forma simbólica; avaliar os seus próprios pensamentos e

comportamentos; predizer e antecipar os acontecimentos e as suas consequências; estabelecer

metas e lutar para atingi-las. Ao indivíduo, é dada a capacidade de regular o próprio

comportamento numa constante adaptação” (Caliatto, 2011, p. 15).

Excerto 4 - “As pessoas com elevada autoeficácia atribuem seus fracassos à falta de

esforço e pessoas com baixa percepção de autoeficácia costumam atribuí-los à falta de

capacidade. Indivíduos “otimistas” em relação ao futuro acreditam que podem ser eficientes na

realização de suas ações, estabelecendo, assim, objetivos mais complexos, tendo menos medo de

fracasso e persistindo mais tempo quando encontram dificuldades” (Caliatto, 2011, p. 21).

Excerto 5 - “Os estudos aqui levantados permitem conhecer procedimentos que

embasam a proposta de um novo instrumento para ser utilizado no presente estudo e denotam a

importância da avaliação da percepção da autoeficácia, em diversas áreas da psicologia, para

compreensão do comportamento e da motivação humana. Para Zimmerman, Bonner e Kovach

(1996), a avaliação da autoeficácia é importante porque nem sempre os indivíduos têm

consciência dela e o conhecimento das crenças de autoeficácia permite verificar a confiança nas

escolhas das tarefas e determinar o curso das ações com o propósito de obter-se, entre outras

possibilidades, um bom desempenho na execução de ações em prol das metas estabelecidas pelo

indivíduo” (Caliatto, 2011, p. 24).

129

Excerto 6 - “A adoção de posturas pró-sociais com padrões de comportamentos

desejáveis está associada a uma boa crença de autoeficácia acadêmica, sendo o inverso

relacionado a uma conduta socialmente inadequada (...)” (Caliatto, 2011, p. 31).

Excerto 7 - “Assim sendo, é importante ressaltar que a investigação sobre esse

constructo se faz necessária para criar possibilidades de desenvolver ações educacionais que

auxiliam na construção de uma boa crença de eficácia acadêmica, proporcionando condições

para a integração e para o sucesso acadêmico e outras capacidades de enfrentamento social”

(Caliatto, 2011, p. 32).

Excerto 8 - “Sob a perspectiva das relações sociais, encontra-se, na teoria da

autoeficácia (BANDURA, 1989), a existência de uma relação positiva entre as altas percepções

de eficácia pessoal no domínio escolar e o comportamento prossocial dos alunos ou a sua

popularidade” (Caliatto, 2011, p. 89).

Excerto 9 - “A proposição que se faz sobre esses resultados é a de que muitas outras

variáveis podem estar envolvidas na desistência do curso ou na evasão escolar desses estudantes.

Os motivos relacionados ao trabalho foram os mais apontados pelo público para o abandono da

escola. Desde que deixaram a escola regular na infância, o principal motivo foi ‘trabalhar para

ajudar a família’. Outras respostas demonstraram que evadiram porque ‘não conseguiam

conciliar o horário de trabalho com o da escola’ e ‘depois de trabalhar o dia todo se sentiam

cansados para ir à escola’. Estabeleceu-se, por meio dessas afirmativas, conotação de que as

dificuldades para o aluno de EJA retomar os estudos e persistir na frequência às aulas estão mais

relacionadas a aspectos ambientais e sociais do que pessoais, como a autoeficácia acadêmica”

(Caliatto, 2011, p. 95).

Excerto 10 - “Outro dado apresentado pelos resultados demonstra que os jovens e

adultos têm muito presente em suas vidas as condições do trabalho e as relações estabelecidas

130

por ele. Nesse contexto, não é possível ignorar que as escolas e mesmo os professores deveriam

aliar os conteúdos disciplinares às realidades vividas por seus alunos no contexto laboral. Essa

proposta pode ser desenvolvida por meio da adequação dos temas de leitura, das produções de

textos ou de situações-problema da Matemática que são utilizados nas aulas, por exemplo”

(Caliatto, 2011, p. 96).

2. Perspectiva Analítica – o estudo em questão pouco reflete sobre as

exigências sociais e históricas que podem influenciar não somente a autoeficácia, mas

também outras características individuais.

Em todos os excertos selecionados percebe-se uma perspectiva analítica centrada

nos aspectos individuais do fenômeno investigado. Os aspectos socioculturais são

apenas meramente citados e não foram discutidos ao longo da pesquisa.

Excerto 1 - “A autoeficácia, constructo psicológico em crescente investigação

principalmente no contexto acadêmico, diz respeito à crença do indivíduo nas próprias

capacidades de executar ações com o intuito de atingir um resultado. No contexto da Educação

de Jovens e Adultos (EJA), a autoeficácia pode se relacionar ao esforço dos estudantes para

realizarem tarefas escolares, ao desempenho em organizar estratégias para o estudo, ao

estabelecimento de metas e à persistência frente às adversidades, peculiares a esse público, ao

retornarem tardiamente à escola. O presente estudo de caráter exploratório teve como objetivo

verificar a autoeficácia de estudantes e exestudantes da EJA do segundo ciclo do Ensino

Fundamental e do Ensino Médio” (Caliatto, 2011, Resumo).

Excerto 2 - "Para o presente estudo, os artigos científicos voltados para a atuação do

professor de EJA, para a organização de programas de ensino e para a aprendizagem e

desempenho em disciplinas escolares e sobre as concepções de alunos revelaram-se importantes”

(Caliatto, 2011, p. 4).

131

Excerto 3 - “Kleiman (2001) discutiu, em seu estudo etnográfico, a necessidade de se

desenvolverem pesquisas acadêmicas com vistas a uma interface entre estas e os programas de

ensino da EJA, sobretudo devido ao problema do abandono dos cursos pelos adultos que é

apontado como um desafio e como um fator de sucesso ou de fracasso para os programas de EJA

desenvolvidos pelos governos. A pesquisadora partiu de dados oficiais (International Literacy

Institute - ILI, 2000) para afirmar que a motivação do aluno é um aspecto de destaque ao se

discutir os baixos níveis de participação nos programas de alfabetização de adultos” (Caliatto,

2011, p. 4)

Excerto 4 - “A teoria que fundamenta esta pesquisa é a Teoria Social Cognitiva de

Albert Bandura, a qual postula que os processos cognitivos não observáveis, como as

expectativas, os pensamentos e as crenças, são responsáveis pela constituição de novos

comportamentos nos indivíduos” (Caliatto, 2011, p. 10).

Excerto 5 - “Essa teoria tem sugerido, mais especificamente, que as percepções e

crenças, que as pessoas criam sobre si mesmas e sobre as suas capacidades de interagir com o

meio, podem ser determinantes em situações de aprendizagem e de desempenho escolar”

(Caliatto, 2011, p. 10).

Excerto 6 - “Assim, os autores concluíram que a autoeficácia se relaciona com a

motivação para aprender, visto que envolve um questionamento e uma autorreflexão do

estudante acerca da sua própria capacidade de iniciar uma determinada tarefa” (Caliatto, 2011, p.

29).

Excerto 7 - “Bandura (1997) descreve que a crença de autoeficácia acadêmica exerce,

juntamente com aspectos socioculturais, influência na trajetória de desenvolvimento de uma

pessoa” (Caliatto, 2011, p. 31).

132

3. Finalidade da Pesquisa – o presente estudo, de caráter exploratório, teve

como objetivo verificar a autoeficácia dos estudantes.

Nos excertos 1 e 2 é possível identificar novamente uma perspectiva de análise

que negligencia os aspectos sociais e históricos do fenômeno investigado.

Nos excertos 3, 4, 5 e 6 evidencia-se a preocupação do estudo em apresentar

resultados que possam ser transformados em técnicas de intervenção com o propósito de

aumentar a autoeficácia e a adequação dos alunos às condições do EJA.

Excerto 1 - “Na perspectiva de contribuir para o conhecimento na área educacional e

possibilitar um melhor conhecimento de variáveis que interferem na escolarização de alunos

jovens e adultos, propõe-se um estudo voltado à investigação da autoeficácia de alunos que

frequentam e que abandonaram ou evadiram da EJA” (Caliatto, 2011, p. 10).

Excerto 2 - “Com base na Teoria Social Cognitiva e os estudos que envolvem a crença

de autoeficácia (BANDURA e SCHUNK, 1981), a distinção da autoeficácia acadêmica está

ligada ao esforço, à persistência e à perseverança em atividades relacionadas ao contexto escolar.

Partindo-se dessa perspectiva, o presente estudo busca verificar as percepções de crenças de

autoeficácia acadêmica de estudantes e ex-estudantes de EJA, já que existe uma grande procura

por tais cursos para retomada dos estudos e para a conclusão da escolarização básica de ensino

fundamental e ensino médio e também se observa a desistência de parte expressiva de estudantes

após algum tempo da matrícula” (Caliatto, 2011, p. 10 e 11).

Excerto 3 - “O levantamento apresentado a seguir objetivou dar subsídios de

desenvolvimento de uma escala de autoeficácia acadêmica para os estudos de percepção da

autoeficácia em estudantes e ex-estudantes da educação de jovens e adultos (...)” (Caliatto, 2011,

p. 45).

133

Excerto 4 - “Encontram-se, na área educacional, os estudos que buscaram o

desenvolvimento de instrumentos para verificação da autoeficácia para o uso do computador, do

professor e sua influência na aprendizagem dos estudantes, do professor para ensinar e aprender,

de estudantes para aprender determinadas disciplinas, entre outras possibilidades de mensuração”

(Caliatto, 2011, p. 46).

Excerto 5 - “A avaliação da autoeficácia pode demonstrar condições psicológicas e

motivacionais que os estudantes encaram e suportam nos desafios de formação pessoal e escolar

importantes para a compreensão das decisões tomadas, principalmente na condição de educação

de jovens e adultos (EJA) (...)” (Caliatto, 2011, p. 48).

Excerto 6 - “Os resultados de percepção da autoeficácia na presente pesquisa permitem

refletir sobre implicações pedagógicas ou proposições educacionais ao público de EJA. Em

consideração à importante relevância do papel da autoeficácia acadêmica para a motivação e as

ações dos estudantes, tanto nas atividades escolares, como em práticas que organizam e

impulsionam o desempenho, torna-se evidente a necessidade de intervenção por parte do

professor de EJA para cultivar e manter a autoeficácia dos estudantes” (Caliatto, 2011, p. 95).

4. Perspectiva Intelectual – é possível indicarmos que a pesquisa em

questão adotou como prerrogativa o conhecimento como instrumento, ao não procurar

relacionar o “fato” autoeficácia com os “fatores” históricos e sociais que o compõem.

Nos excertos 1, 2, 3, e 4 evidencia-se a prerrogativa adotada no estudo que

desconsidera a relação existente entre a autoeficácia dos alunos do EJA e os fatores

históricos e sociais a ele implicados.

No excerto 5 - enfatiza-se a presença de um ponto de vista centrado nas questões

individuais, uma vez que, o estudo parte da percepção dos alunos sobre suas crenças de

134

autoeficácia relativas às questões escolares sem considerar a influência dos aspectos

sociais e históricos sobre tal percepção.

Excerto 1 - “Como resultado geral, verificou-se que os grupos apresentam bons índices

de autoeficácia acadêmica, sendo que o teste de Mann-Whitney não apontou diferenças

estatisticamente significantes, entre os grupos” (Caliatto, 2011, Resumo).

Excerto 2 - “Explora-se a conceituação da Autoeficácia, sua origem e desenvolvimento

como um núcleo da Teoria Social Cognitiva, que foi foco de interesse na avaliação do público-

alvo da presente pesquisa. Além disso, apresentam-se alguns estudos que deram ênfase ao

desenvolvimento de instrumentos para verificação e mensuração da autoeficácia” (Caliatto,

2011, p. 11).

Excerto 3 - “Desse modo, sugere-se que quanto melhor percebida a crença de

autoeficácia acadêmica e a autorregulação do estudante, mais condições terá de vencer as tarefas

escolares com êxito e, ao encontrar dificuldades, tenderá a acreditar que é capaz de encontrar

alternativas para superação delas” (Caliatto, 2011, p. 29).

Excerto 4 - “O presente trabalho é de natureza exploratória e teve como objetivos:

Verificar se o grupo de estudantes que prosseguem no curso de Educação de Jovens e Adultos

(EJA) se diferencia do grupo de alunos que abandona o curso, no que diz respeito à autoeficácia

percebida; Explorar e categorizar aspectos do percurso escolar e crenças de autoeficácia de

estudantes da EJA sobre seu processo de aprendizagem” (Caliatto, 2011, p. 51).

Excerto 5 - “Neste estudo, priorizou-se a percepção dos estudantes sobre suas crenças

de autoeficácia relativas às questões escolares, tais como as crenças dos estudantes sobre a

própria capacidade de atingir níveis satisfatórios de resultados nas tarefas ou atividades

135

escolares; o bom desempenho em ações e estratégias de apoio e organização dos estudos; a

persistência na permanência do curso até a conclusão” (Caliatto, 2011, p. 81).

A partir do que foi exposto, consideramos que a tese 2 é um exemplo da

presença da psicologia como tecnologia no campo da educação.

136

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudou-se nesta pesquisa o desenvolvimento da Psicologia no campo da

Educação. A tese central desta pesquisa é a de que, por influência da racionalidade

tecnológica e da ideologia a ela imanente, predominam no campo da educação teorias

psicológicas que não consideram em suas análises os aspectos sociais e históricos do

processo educativo. Por isso, procurou-se responder as seguintes perguntas: como a

psicologia tem se desenvolvido no campo educacional? E: Quais são as teorias

psicológicas predominantes nas pesquisas que relacionam psicologia e educação?

A fim de responder o referido questionamento, realizaram-se as seguintes etapas:

a) análise da estrutura da sociedade industrial; b) discussão sobre os conceitos de

ciência e tecnologia; c) análise histórica das relações estabelecidas entre a psicologia e a

educação ao longo do tempo; d) síntese das principais correntes teóricas que estão na

base da relação estabelecida entre a psicologia e a educação; e) levantamento junto ao

Banco de Teses da Central de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior –

CAPES; f) apontamentos sobre a psicologia como ciência ou como tecnologia na

educação.

Para isso, como base teórica para as reflexões, foram utilizados os estudos

realizados pelos autores da teoria crítica da sociedade, particularmente as discussões que

tratam do impacto da racionalidade tecnológica no desenvolvimento das disciplinas

científicas. Tal investigação pressupõe uma análise conceitual sobre a relação entre

ciência, tecnologia e ideologia. Entende-se que na sociedade industrial atual a ideologia

da racionalidade tecnológica pode influenciar o desenvolvimento do conhecimento e,

em consequência, fazer prevalecer, em certas áreas de estudos, teorias que tendem a não

considerar os elementos sociais e históricos em suas análises e que se preocupam

primordialmente com os aspectos individuais que contribuem para essa adaptação

137

imediata às condições estabelecidas e para a máxima eficiência por parte do indivíduo

em atender aos ditames do aparato.

A investigação sobre a estrutura objetiva da sociedade e sobre o padrão de

pensamento a ela concernente foi importante na medida em que indicou como, com o

capitalismo, a produção passou a ser orientada de acordo com interesses privados,

inclusive as produções artísticas e científicas. Também foi possível perceber como a

sociedade atual utiliza o aparato à sua disposição para comprovar e perpetuar as

condições de vida existentes. Observou-se que o desenvolvimento da racionalidade

tecnológica está associado a essas condições objetivas, em especial, ao progresso da

indústria moderna e de sua tecnologia. Apontou-se a relação entre a tecnologia e um

padrão de pensamento a ela associado, bem como a ampliação desse padrão de

pensamento para todas as esferas da sociedade. A investigação sobre a transformação da

razão individualista em razão tecnológica apontou que o novo tipo de racionalidade é

consequência do incremento do processo de mercadorias da indústria moderna. Essa

racionalidade tecnológica caracteriza um modo difundido de pensamento que estabelece

padrões de julgamento e fomenta atitudes que predispõem os homens a aceitar e

introjetar os ditames sociais estabelecidos. Concluiu-se que a sociedade industrial é

causa e consequência de um padrão de pensamento que sustenta e repõe a ordem a

social. Procurou-se investigar qual a influência desse padrão de pensamento no que diz

respeito ao desenvolvimento da psicologia no campo da educação.

Verificou-se também que, ao longo da história, as relações estabelecidas entre a

psicologia e a educação sempre estiveram marcadas por uma perspectiva individualista

em detrimento de uma perspectiva histórica e social. As origens da chamada psicologia

da educação têm como base correntes teóricas predominantemente desenvolvimentistas

e cognitivistas. Além disso, o campo educacional também sempre esteve marcado pela

138

forte presença dos testes psicológicos. Recorrer às origens históricas da psicologia na

educação foi interessante, pois auxiliou a compreender por que determinadas teorias ou

abordagens predominavam nessa área de estudo. No entanto, esse mesmo resgate

histórico apontou que, nessa mesma área, dos anos 2000 em diante, uma nova

perspectiva começou a se fortalecer, e teorias que antes se faziam pouco presentes agora

parecem ocupar a maior parte do terreno da psicologia na educação.

O levantamento das teses de doutorado defendidas no período de 2009 a 2011,

junto ao Banco de Teses da CAPES, apontou que: a) a psicologia no campo da

educação está marcada por uma forte presença dos estudos com base em referências que

estão presentes no campo da Psicologia Social; b) na educação, a psicologia começa a

mostrar uma tendência de predominância das teorias histórico-sociais em detrimento das

teorias comportamentais e desenvolvimentistas.

A forte presença na educação de teorias psicológicas com abordagens históricas

e sociais atende aos apontamentos que denunciavam uma marca fortemente

individualista e biologicista nesse campo de atuação. É importante mencionar que a

primazia de tais teorias com perspectivas mais sociais e históricas não é garantia de que

a psicologia na educação vai estar sempre a favor do desenvolvimento do pensamento

crítico e das necessárias transformações nas atuais condições de vida.

Por fim, as indicações sobre a definição das teorias psicológicas como ciência ou

tecnologia, ao apontarem como deve proceder uma investigação que mereça o nome de

ciência, colaboram com as futuras análises que pretendem fazer da psicologia no campo

da educação uma disciplina voltada aos reais interesses dos indivíduos e que adota

como horizonte a realização de um mundo livre.

139

Espera-se que esta pesquisa possa suscitar novos desdobramentos no que se

refere às investigações sobre as contribuições da psicologia para a formação dos sujeitos

no campo da educação.

140

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145

ANEXOS

Anexo I

RESUMO - Tese 1

MARTINS, Eni de Fátima. Formação de professores e violência nas escolas. São

Paulo, 2010. 193f Tese de Doutorado. Programa de Estudos Pós-Graduados em

Educação: Psicologia da Educação. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa intervenção que teve como foco a violência nas

escolas e a formação de professores. Justifica-se diante das manifestações de violência nas

escolas; da queixa, por parte dos professores, sobre a falta de preparo para lidar com o

fenômeno e, ainda, por sua solicitação de formação para que possam enfrentar essa

problemática nas escolas. As explicações acerca da violência, centradas nos indivíduos e

famílias, suscitam-nos os questionamentos sobre as possibilidades de contribuição da psicologia

da educação, como área de estudo e intervenção, para que o professor possa superar essa

concepção, pois, ao mantê-la, corre o risco de, ao planejar atividades educativas, tendo como

objetivo o enfrentamento da violência, fundamentar-se em ações restritas ao aluno e, muitas

vezes, baseadas no senso comum. O materialismo histórico-dialético, a psicologia histórico-

cultural e a pedagogia histórico-crítica fundamentaram teoricamente o presente trabalho. O

objetivo foi compreender que mudanças no conjunto de sentidos e significados do professor a

respeito da violência podem ser mediatizadas por um processo de formação continuada. Por

meio do acompanhamento de um grupo de formação continuada, no qual estavam inseridas três

docentes, buscamos possibilidades de transformação da consciência das professoras, mediadas

pelas mudanças nos significados e sentidos sobre a violência nas escolas. Os procedimentos

utilizados para a produção de dados foram: questionário de mapeamento sociodemográfico,

entrevista coletiva e observação participante durante o processo de formação grupal. O grupo

realizou oito encontros e dele também participaram alunos do curso de psicologia. Como

resultados, observamos que as participantes expressam reflexões em que buscam articular suas

práticas educativas com as questões teóricas sobre a violência, ampliando o conceito desse

fenômeno, pois, inicialmente, apontavam apenas a violência física, cometida pela família e

comunidade e não mencionavam a possibilidade de violência da escola. Violência era entendida

como sinônimo de criminalidade e violência doméstica. Em outro momento, foram incluídos os

preconceitos e discriminações, e por fim, o fenômeno é reconhecido nas relações escolares, nas

quais os professores identificam que eles mesmos, também usam e sofre violência em suas

atividades. As professoras iniciam a formação sensibilizadas para ajudar as crianças com as

quais trabalham. À medida que elas discutem o conceito de violência no grupo, vão, em parte,

ressignificando suas necessidades e motivos para agirem ante a violência. Ao perceberem que o

tema violência pode ser inserido em suas atividades pedagógicas, relatam o que podem fazer

(sentimento de potência), contrapondo ao próprio sentimento de impotência verbalizado

principalmente no início da formação. Os elementos acima comentados nos indicam a

importância de processos formativos para a construção/reconstrução de sentidos e significados

sobre a violência nas escolas. O vir a ser desse processo de intervenção educativa de

enfrentamento da violência dependerá de circunstâncias históricas que possibilitem às docentes

novos conhecimentos sobre a violência nas escolas e, consequentemente, a reflexão coletiva

sobre como intervir. Observa-se que as professoras estão em processo de reflexão sobre a

importância da atuação do professor no processo de sociabilidade de crianças e adolescentes,

contribuindo para a formação de sujeitos históricos que possam participar mais criticamente da

sociedade em que estão inseridos, até mesmo com ações que visem à superação da violência nas

relações sociais.

Palavras-chave: violência nas escolas; formação de professores; psicologia da educação.

146

Anexo II

RESUMO - Tese 2

CALIATTO, Susana Gakyia. A autoeficácia acadêmica em estudantes e ex-

estudantes da educação de jovens e adultos. 2011. 119 p. Tese de Doutorado

(Doutorado em Educação) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

A autoeficácia, constructo psicológico em crescente investigação principalmente no

contexto acadêmico, diz respeito à crença do indivíduo nas próprias capacidades de

executar ações com o intuito de atingir um resultado. No contexto da Educação de

Jovens e Adultos (EJA), a autoeficácia pode se relacionar ao esforço dos estudantes para

realizarem tarefas escolares, ao desempenho em organizar estratégias para o estudo, ao

estabelecimento de metas e à persistência frente às adversidades, peculiares a esse

público, ao retornarem tardiamente à escola. O presente estudo de caráter exploratório

teve como objetivo verificar a autoeficácia de estudantes e exestudantes da EJA do

segundo ciclo do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Participaram do estudo 108

estudantes de ambos os sexos, matriculados no Telecurso 2000, de uma cidade do

Estado de São Paulo. A amostra foi composta por dois grupos no primeiro, participaram

57 estudantes que frequentavam as aulas nos horários matutino, vespertino ou noturno,

no segundo grupo, denominado de ex-estudantes, participaram 51 indivíduos que

efetivaram a matrícula nessa modalidade de ensino, mas que não frequentavam o curso

no momento da pesquisa, o que configurava desistência ou evasão escolar. O

instrumento utilizado para coleta de dados foi uma escala de Autoeficácia Acadêmica,

especificamente construída para este estudo, composta de 17 itens e disposta em uma

escala Likert de 3 pontos (pouco capaz, suficientemente capaz e muito capaz). Além de

uma medida geral, a escala permite avaliar a autoeficácia para o estudo e para o

desempenho. Os participantes também responderam a um questionário semidirigido que

versava sobre a trajetória escolar do estudante. Como resultado geral, verificou-se que

os grupos apresentam bons índices de autoeficácia acadêmica, sendo que o teste de

Mann-Whitney não apontou diferenças estatisticamente significantes, entre os grupos. O

fato de os grupos diferenciarem-se quanto estarem ou não cursando a EJA não interferiu

nos resultados da autoeficácia percebida. As respostas ao questionário semidirigido

também revelaram tendências positivas de autoeficácia acadêmica. Outras implicações

educacionais e novas perspectivas de estudos são apresentadas na discussão dos

resultados.

Palavras-Chave: Autoeficácia. Ensino supletivo. Avaliação educacional.

147

Anexo III

TABELAS COMPLEMENTARES

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