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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP DINAMARA PEREIRA MACHADO ANÁLISE DAS POTENCIALIDADES DAS PRÁTICAS FORMATIVAS EM UM CURSO DE PEDAGOGIA NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA PROGRAMA DE DOUTORADO EM EDUCAÇÃO: CURRÍCULO SÃO PAULO 2015

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

DINAMARA PEREIRA MACHADO

ANÁLISE DAS POTENCIALIDADES DAS PRÁTICAS FORMATIVAS

EM UM CURSO DE PEDAGOGIA NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO

À DISTÂNCIA

PROGRAMA DE DOUTORADO EM EDUCAÇÃO: CURRÍCULO

SÃO PAULO

2015

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

DINAMARA PEREIRA MACHADO

ANÁLISE DAS POTENCIALIDADES DAS PRÁTICAS FORMATIVAS

EM UM CURSO DE PEDAGOGIA NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO

À DISTÂNCIA

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo – Doutorado em Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como requisito parcial para a obtenção do Título de Doutor em Educação sob a orientação do Professor Doutor Marcos Tarciso Masetto

SÃO PAULO

2015

TERMO DE APROVAÇÃO

ANÁLISE DAS POTENCIALIDADES DAS PRÁTICAS FORMATIVAS EM UM

CURSO DE PEDAGOGIA NA MODADALIDE DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

DINAMARA PEREIRA MACHADO

Essa tese foi julgada na defesa para a obtenção do Título de Doutor em Educação

no Programa de Pós-Graduação em Educação, Doutorado em Educação: Currículo,

da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

São Paulo, 10 de agosto de 2015.

Coordenação Profª. Drª. Branca Jurema Ponce

Orientador: Prof. Dr. Marcos Tarciso Masetto

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP

Profª. Drª. Neide de Aquino Noffs

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP

Profª. Drª. Ivani Catarina Arantes Fazenda

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP

Profª. Drª. Patrícia Albieri de Almeida

Universidade Católica de Santos – Santos/SP

4

Profª. Drª. Siderly do Carmo Dahle de Almeida

Centro Universitário Cesumar – Maringá/PR

Profª. Drª. Leocilea Aparecida Vieira

Faculdade Estadual do Paraná – Paranaguá/PR

DEDICATÓRIA

Aos meus não necessitaria escrever,

Mas vou eternizar,

Apesar de reconhecerem

Na introdução, nos capítulos, entre os pontos finais, regras, citações

E o resto todo!

Pois sem VOCÊS os MEUS

Existe com certeza o VERBO, mas o significado não estaria aqui!

Dedico cada momento da escrita e da minha vida AOS MEUS.

No Tempo Eterno da Vida: Minha Família

Junior, Gilberto, Izadora, Diva, Jair, Fabio e Phelipe

No Tempo Efêmero da Vida: Meus amigos, colegas de profissão e alunos

Paula(s), Cristiane(s), Roberta(s), Andrea(s), Simone(s), Thereza(s), Silvana (s)

Alfredo(s)...

AGRADECIMENTOS

A Deus que acompanha todos os meus passos e pensamentos. A Santa

Clara minha protetora em todas as escolhas da minha caminhada profissional e de

estudante.

Ao professor Marcos Tarciso Masetto por entender os caminhos que escolhi e

que por muitas vezes me afastaram do estudo árduo. Agradeço e peço desculpas.

Aos companheiros de uma vida - MINHA FAMÍLIA - que entenderam todas

as minhas ausências, palavras soltas ao vento e principalmente conseguiram me

amparar, e ter conhecimento para me calar ou simplesmente me ouvir. Agradeço e

lembro que apesar de errado, somente magoamos e decepcionamos aqueles que

amamos. Mil desculpas e eternamente estaremos juntos!

A magnitude da profª. Branca Jurema Ponce, da profª Marina Feldmann e do

prof. Antonio Chizotti por serem humanos e demasiadamente humanos em suas

ações durante nossas aulas.

As professoras Marina Feldmann e Patrícia Albieri, por mostrarem novas

possibilidades.

Novo Tempo

No novo tempo, apesar dos castigos

Estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer

No novo tempo, apesar dos perigos Da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta

Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver Pra que nossa esperança seja mais que a vingança Seja sempre um caminho que se deixa de herança

No novo tempo, apesar dos castigos De toda fadiga, de toda injustiça, estamos na briga

Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer No novo tempo, apesar dos perigos

De todos os pecados, de todos enganos, estamos marcados Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver

No novo tempo, apesar dos castigos Estamos em cena, estamos nas ruas, quebrando as algemas

Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer No novo tempo, apesar dos perigos

A gente se encontra cantando na praça, fazendo pirraça

Ivan Lins

Sonhe

Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida

e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que quer. Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.

Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana.

e esperança suficiente para fazê-la feliz. As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.

Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram. Para aqueles que se machucam.

Para aqueles que buscam e tentam sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que

passam por suas vidas.

Clarice Lispector

RESUMO

MACHADO, Dinamara Pereira. Análise das potencialidades das práticas

formativas em um curso de Pedagogia na modalidade de educação à distância.

Tese (Doutorado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Programa de

Pós-Graduação em Educação: Currículo, 2015. 145f. Orientador. Prof. Dr. Marcos

Tarciso Masetto.

Esta pesquisa apresenta uma investigação e análise sobre as potencialidades das práticas formativas de um curso de pedagogia na modalidade de educação à distância, com a utilização de transmissão de aula por satélite, encontro semanal e distribuição de livros. O objetivo foi investigar qual a potencialidade de um curso de Pedagogia em EaD para a formação de práticas pedagógicas a partir da análise da atuação de egressos nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. O estudo justifica-se pelo grande número de alunos formados nos cursos nesta modalidade de ensino, além de mostrarmos as vozes dos egressos de curso de Pedagogia na modalidade à distância. No referencial teórico, abordam-se modelos de práticas formativas utilizadas em instituições de ensino, configuram-se o projeto político pedagógico, as aulas, os materiais, o currículo, as aulas presenciais no polo de apoio presencial e o estágio supervisionado do curso objeto da pesquisa. A metodologia da pesquisa constitui-se como qualitativa exploratória, com procedimentos de análise documental, entrevista com os quatro sujeitos da pesquisa, revisão teórica e análise a partir de categorias, constituídas na revisão teórica, sendo elas: Práticas Formativas e Currículo. Os resultados permitem discutir o alcance das práticas formativas adotadas pela instituição de ensino pesquisada. Evidenciaram-se potencialidades positivas no desenvolvimento de práticas pedagógicas dos egressos, a partir da aprendizagem num curso na modalidade a distância, mas também percebe-se que existe uma necessidade de momentos presenciais para discutir as teorias das videoaulas e livros. Vislumbramos que o estágio supervisionado consiste num campo que merece ser reestruturado, pois não existe momento de interação entre alunos e

Palavras-chave: educação a distância, práticas formativas, currículo, egressos do

curso de Pedagogia

ABSTRACT

MACHADO, Dinamara Pereira. Análise das potencialidades das práticas

formativas em um curso de Pedagogia na modalidade de educação à distância.

Tese (Doutorado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Programa de

Pós-Graduação em Educação: Currículo, 2015. 145f. Orientador. Prof. Dr. Marcos

Tarciso Masetto.

This research presents an investigation and analysis on the potentialities of the

formation of the pedagogical practices of a pedagogy course in distance education

modality, with the use of satellite-transmitted lesson, weekly meeting and books

distribution. The objective was to investigate the potentiality of a Pedagogy course,

distance education modality, for the formation of pedagogical practices starting from

the analysis of the performance of the egressed in the Initial Years of Basic School.

The study is justified due to the high number of undergraduate students who

conclude the course in this modality, besides showing the voices of the egressed of

Pedagogy course, distance education modality. In the theoretical framework,

formative practical patterns used in teaching institutions are approached, the political

pedagogical project, the lessons, the materials, the curriculum, the face-to-face

lessons in the supporting venue and the supervised apprenticeship of the course that

is the object of this investigation are configured. The methodology of the research is

constituted of exploratory qualitative with procedures of documental analysis,

interviews with the four subjects of the research, theoretical revision and analysis

from categories, established in the theoretical revisions, being: Formative Practices

and Curriculum. The results enable to discuss the reach of the formative practices

adopted by the teaching institution that was researched. There was evidence of

positive potentialities in the development of the egressed pedagogical practices from

the learning process in a distance-learning course, but it is noticed that there is

necessity of face-to-face moments in order to discuss the theories of the video

lessons and books. It may be conjectured that the supervised apprenticeship

consists of an area that deserves to be restructured, as there is no moment of

interaction between students and teachers of the institution, which causes a gap in

the egressed formation, who do not find space to discuss the reality of the school of

the initial years of basic teaching

Keywords: distance learning, training practices , curriculum, pedagogy course graduates.

10

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Representação gráfica do modelo de EaD 01: transmissão de aula

via satélite. ............................................................................................. 18

Figura 2 – Representação gráfica do modelo de EaD 02: Transmissão de aula

por internet ............................................................................................. 20

Figura 3 – Representação gráfica do modelo de EaD 03: Semipresencial baseado

na Portaria nº 4.059/2004 ....................................................................... 22

Figura 4 – Representação gráfica do modelo de EaD 04: Semipresencial - Blended

Learning – multinterativos ........................................................................ 22

Figura 5 – Narrativa: com prática formativa............................................................... 40

Figura 6 – Metodologia de transmissão .................................................................... 56

Figura 7 – Representação gráfica do modelo de entrada de novos alunos .............. 57

Figura 8 – Número de entradas durante quatro anos do Curso de Pedagogia

EaD .......................................................................................................... 58

Figura 9 – Livros didáticos ........................................................................................ 73

Figura 10 – Box do livro didático ............................................................................... 74

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABED - Associação Brasileira de Educação à Distância

AIEDAD - Associação Ibero-Americana de Educação Superior a Distância

Art - Artigo

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CIAED - Congresso Internacional da ABED

CLT - Consolidação das Leis do Trabalho

CNE - Conselho Nacional de Educação

CPA - Comissão Própria de Avaliação

DCNs - Diretrizes Curriculares Nacionais

EaD - Educação a Distância

ENADE - Exame Nacional de Desempenho de Estudantes

ICDE - Organização Internacional de Educação a Distância

IES - Instituição de Ensino Superior

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

ISBN - International Standard Book Number

LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC - Ministério da Educação

PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência

PPC - Projeto Pedagógico do Curso

SE - Sujeito entrevistado

TCC - Trabalho de Conclusão de Curso

UAB - Universidade Aberta do Brasil

UEC - Universidade Estadual do Ceará

UFPR - Universidade Federal do Paraná

UFSCar - Universidade Federal de São Carlos

UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo

USP - Universidade de São Paulo

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 13

1.1 PERTENCER AO TEMA ............................................................................... 13

1.2 PROBLEMÁTICA .......................................................................................... 16

1.2.1 Definição do Problema ............................................................................. 24

1.2.2 Delimitação do Problema ......................................................................... 24

1.3 OBJETIVOS .................................................................................................. 25

1.3.1 Objetivo Geral ........................................................................................... 25

1.3.2 Objetivos Específicos .............................................................................. 25

1.4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 25

1.5 METODOLOGIA ............................................................................................ 31

1.6 ORGANIZAÇÃO DO RELATÓRIO DA PESQUISA ....................................... 32

2 PRÁTICAS FORMATIVAS DE PROFESSORES: BUCANDO CAMINHOS

JÁ PERCORRIDOS ......................................................................................... 34

2.1 FALANDO DE PRÁTICA FORMATIVA INICIAL DE PROFESSORES.......... 35

3 CURSO EAD: A REALIDADE A PARTIR DOS DOCUMENTOS .................... 54

3.1 O CURSO DE PEDAGOGIA NA MODALIDADE À DISTÂNCIA ................... 54

3.2 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DO CURSO DE LICENCIATURA DE

PEDAGOGIA EAD ......................................................................................... 60

4 ANÁLISE DAS PRÁTICAS DOS EGRESSOS: UMA PERCEPÇÃO A

PARTIR DE DOIS OLHARES ......................................................................... 88

4.1 METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................. 88

4.2 OS SUJEITOS DA PESQUISA ..................................................................... 92

4.3 ANÁLISE A PARTIR DO RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO E DAS

ENTREVISTAS .............................................................................................. 93

4.3.1 Categoria: Prática Formativa ................................................................... 93

4.3.2 Categoria: Material Formativo ................................................................. 100

4.3.3 Categoria: Currículo ................................................................................. 103

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 110

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 115

APÊNDICES ........................................................................................................ 123

13

1 INTRODUÇÃO

A partir do fractal de conhecimento que possuo,

construo meu mundo!

(MACHADO)

1.1 PERTENCER AO TEMA

Esta pesquisa de doutorado teve início de forma empírica, na década de 90,

quando me deparei com a formação de professores pelo Programa Um Salto para o

Futuro. Daquele momento “mágico’’ em diante, minha carreira profissional adentrou

no universo das tecnologias, da Educação à Distância (que nem era normatizada), e

das várias tendências na formação de professores.

Ao remexer no baú das emoções e iniciar essa trajetória de recordar os anos

trilhados da minha história pessoal e profissional, fiz inúmeras reconstruções e

vivenciei novas emoções, apesar de estarem alocadas no passado da menina que

atendia no balcão do comércio dos pais, personagens esses que continuam me

motivando em prosseguir com os estudos. E antes de apresentar o texto resultado

da pesquisa reviverei esta maestra em seu caminho.

Em 1989, iniciei o curso de Magistério, seríamos as primeiras professoras

primárias formadas na pequena Nova Cantu, que está localizada no Estado do

Paraná. Tínhamos a vantagem de não precisar nos deslocar para cursar magistério.

Da nomenclatura (professoras primárias), do nível de ensino até o acesso ao ensino

superior, quantas foram as mudanças vivenciadas nessas últimas décadas.

Em agosto do ano de 1994, iniciava atividades como docente em uma sala de

reforço escolar. Naquele momento produzi inúmeros cartazes e estratégias

educativas, visto que a diretora delegou que o sucesso da sala de reforço

dependeria unicamente do meu trabalho. Aprendi naquele mês que todo trabalho

deveria conjugar a mãe e a profissional, então aprendi que as noites podem ser

longas e produtivas. Logo depois, assumi na Secretaria Municipal de Educação a

tutoria dos cursos “Um Salto para o Futuro”, naquele dia iniciava minha estrada com

Educação à Distância. O ano de 1994 foi um marco divisor na minha história

14

profissional. Até o ano de 1994, eu era apenas uma menina, filha de comerciantes

que atendia num balcão.

De 1994 até 2000, realizei inúmeros projetos educacionais, sendo eles:

feiras, excursões com professores, cursos de formação, eventos alusivos aos índios,

aos negros, recuperação de mata ciliar, e principalmente desenvolvimento de cursos

na área de formação de professores por meio da modalidade à distância, na minha

tão amada Nova Cantu.

Com o espírito inquieto e com outros planos, no ano de 2000, mudei-me para

Curitiba e recomecei minha vida e carreira. Abdiquei de concurso público, da tão

sonhada estabilidade, e me lancei novamente. Reiniciei minha vida profissional

exclusivamente na Educação a Distância (EaD). Naquela feita, era tutora e também

organizava os trabalhos de algumas tutoras pelo estado do Paraná, era privilegiada

por meu histórico profissional, mas precisava conhecer as teorias para embasar

minha prática.

De 2000 até 2004 dediquei-me somente aos projetos na Educação à

Distância, aprendi muito e tive a honra de conviver com profissionais ilustres que

muitos contribuíram para projetar minha carreira, mais pontualmente em práticas na

modalidade à distância. Trabalhamos em capacitação de tutores, na orientação de

alunos durante o estágio supervisionado, no desenvolvimento de materiais

instrucionais para alunos e professores, no credenciamento e autorização de cursos

no Ministério da Educação, ou nas Secretarias Estaduais de Educação nos vários

Estados brasileiros.

Em 2005, reiniciei atividades de docência na educação presencial, atuando

como professora de estágio no Ensino Superior e assim voltei a mesclar atividade de

duas modalidades de ensino: presencial e à distância, desta forma consegui

realimentar as práticas pedagógicas nos dois cenários.

E, desde o ano de 2005, sou uma profissional que trabalha diariamente, por

meio da teoria, minha prática em dois ambientes de trabalho distintos e, ao mesmo

tempo, complementares. Defino-os como distintos, pois aprender e ensinar mediado

por tecnologia requer posicionamento, práticas pedagógicas e administrativas além

do que fomos moldados para fazer. E são modalidades complementares por

estarmos continuamente avançando mesclando momentos presenciais e EaD, além

de utilizarmos de tecnologias em qualquer modalidade.

15

A consciência ingênua dos primeiros anos de trabalho, a partir do magistério,

as várias reflexões e mudanças de metodologia com os alunos, depois da conclusão

da graduação em Letras, são os primeiros nuances da profissional que realizou

diversos cursos de capacitação, publicou alguns artigos e dois livros, e agora

apresenta um texto para final de tese para obtenção do título de doutora.

De todos os projetos em que estive envolvida direta ou indiretamente, dois

substancialmente são a essência das minhas escolhas profissionais até os dias de

hoje. Ser tutora nos cursos do “Um Salto para o Futuro” e ter sido municipalista em

prol da capacitação continuada de professores, quando da implantação dos planos

de carreira, com o advento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDB), n. 9.394/96.

Hoje, tenho a percepção de que sou uma profissional talhada pelas práxis,

nas palavras de Kosik (2002, p. 226), “conhecemos o mundo, as coisas, os

processos somente na medida em que os ‘criamos’, isto é, na medida em que os

reproduzimos espiritualmente e intelectualmente”.

Ter-me lançado novamente numa nova etapa de estudos é dar continuidade

ao processo histórico de minha formação, é reconhecer que meus alunos (EaD ou

presencial) merecem uma profissional que alimenta a prática por meio da teoria, e

que devo e preciso buscar sempre novos autores e horizontes para o meu

crescimento intelectual dos novos professores em que ajudo a formar.

Observando e analisando minhas atividades profissionais entendo que o

período do doutorado e o conhecimento adquirido até o presente momento é o ápice

da profissional (maestra) que sempre demonstra imenso orgulho em percorrer os

bancos escolares, apesar de conseguir perceber apenas um fractal do conhecimento

produzido pela humanidade. Que ser aluna é sempre um exercício de humildade,

apesar dos vários longos de prática na educação à distância, do reconhecimento

que o óbvio precisa ser registrado para que o leitor compreenda o objetivo do texto

apresentado.

Da imensa busca por novos caminhos, da inquietação constante, do senso

comum de pesquisadora, dos sonhos da mãe que quer ser exemplo sempre, e

percebeu que o maior exemplo é a parceria munida de humildade, que os bens

materiais não superam o calor de um abraço, do afago no final da noite, e que uma

carreira sucedida não pode suprimir os demais momentos desta caminhada

16

chamada vida. O texto final foi moldado a partir de encontros e desencontros de

olhares, de uma mudança de paradigma de vida pessoal, da possibilidade de tempo

fornecido para carreira e pelo respeito daqueles que me acompanham, e da

ausência de construir um texto que demonstre mais ainda a grandiosidade de

formarmos professores.

É um texto tecido com linhas da ambiguidade promovida pela razão e

emoção e que sempre poderá receber modificações, afinal permaneço na luta pela

minha formação, dos ideários éticos que talhei no decorrer dos anos, pela

intensidade dos meus dias e pela preservação do que convencionei chamar de

eternidade, não somente pela maternidade, mas pelos exemplos de luta e projetos

que compartilhei com amigos, colegas de trabalho e equipes durante os vários anos

de trabalho na educação presencial e principalmente no meu maior vício chamado

educação à distância.

Assim, os significados e significantes das palavras que formam o texto são

carregados de emoções e historicidade, e demonstram a gênese de uma carreira

que continua compreendendo que o processo educacional não é neutro, que a

formação de professores é uma opção política e social, e que reflete as relações de

poder e o perfil de cidadãos que queremos formar.

Optei em permanecer com este texto inicial de apresentação no final desta

caminhada de doutorado, por entender que todo leitor antes de iniciar uma leitura

deve primeiramente conhecer o autor que ousou em aventurar-se no sistemático

mundo da escrita, ou seja, do registro de suas percepções acerca de uma

determinada realidade. E que é possível agregar todos os papéis que

desenvolvemos na vida: ser menina, ser mãe, ser maestra e ser mulher.

1.2 PROBLEMÁTICA

Enquanto profissional que foi talhada na prática da educação à distância, não

consigo começar a versar acerca da problemática da pesquisa sem relembrar,

apenas na minha memória1, afinal não teremos tempo para trabalhar estes

elementos numa tese de doutorado, da história da modalidade, as diversas gerações

1 Provocação realizada para provocar o desejo de pesquisa.

17

e sua evolução de tecnologias e formas de conceber o ensino e aprendizagem, de

perceber que todos os elementos que compõem a formação de um egresso estão

diretamente ligados ao currículo proposto por outros profissionais, pelos ideários dos

profissionais que trabalham na construção dos cursos, pelas políticas públicas de

formação daquele cidadão, pela necessidade deste país em formar profissionais

para atender os princípios básicos de educação, do avanço de instituições privadas

na lacuna aberta pelo Governo Federal, e ainda pelo arcabouço cultural de

marginalidade carregado pelos cursos oferecidos na modalidade de educação à

distância2.

Na intenção de elucidar a problemática apresentamos em formato de recorte

alguns pontos que escolhemos percorrer nesta pesquisa de doutorado, sendo eles:

modelos de EaD, alguns pontos da Diretriz Curricular Nacional que são objetos de

estudo nesta pesquisa de doutorado.3

Desde sua regulamentação no Art. 80, no ano de 1996, na Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional (LDB), a educação à distância moldou-se de várias

formas, e a modalidade abriga experiências com diversos modelos. A possibilidade

de termos vários modelos na mesma modalidade deu-se pelo entendimento de

profissionais a partir da descrição do Art. 80 da LDB, da Portaria nº 4.059, de 10 de

dezembro de 2004, do Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, e pelos dois

documentos do Ministério da Educação (MEC) intitulados Indicadores de Qualidade

para cursos de graduação à distância.

Nesse cenário, as universidades – centros universitários e faculdades

(privadas e públicas) iniciaram um movimento de criação e oferta de cursos a

distância, de natureza diversa mesclando características e modelos de educação à

distância, já realizados em outros países.

2 Com avanço do número de formados na modalidade à distância existem inúmeros livros e pesquisas de mestrado e doutorado no mercado nacional que tratam da temática. Uma pesquisa no banco da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e na Biblioteca Nacional com a palavra-chave Educação à distância vai demonstrar o número expressivo de pesquisas e livros publicados, neste novo campo de pesquisa e mercado editorial. Para uma leitura rápida do histórico da EaD e o reconhecimento dos atores educacionais do processo pode-se ler também o livro Educação a Distância: Fundamentos, Tecnologias, Estrutura e Processo de Ensino e Aprendizagem, da Editora Érica Ltda – Editora Saraiva. Também existem associações especificas da modalidade, citamos três: Associação Brasileira de Educação à Distância (ABED); Associação Ibero-Americana de Educação Superior a Distância (AIESAD), Organização Internacional de Educação a Distância (ICDE) que também são espaços para pesquisa e reconhecimento do exposto no parágrafo. 3 Optou-se durante o processo de qualificação de subtrair o debate acerca do histórico do curso de Pedagogia e das Diretrizes Curriculares Nacionais.

18

A partir de uma breve pesquisa no site de instituições públicas e privadas4

que trabalham com a modalidade de educação à distância encontramos os modelos

que iremos mostrar a seguir.

A Figura 1 representa o modelo de transmissão de aula via satélite. Neste

cenário a aula é produzida na universidade e transmitida para o Polo de apoio

presencial.

Figura 01 - Representação gráfica do modelo de EaD 01: transmissão de aula via satélite.

Fonte: Machado, Dinamara P. Arte gráfica desenvolvida por Emerson Lamego.

A metodologia EaD que adota o sistema de transmissão via satélite,

incorporou os ensinamentos de outros países que nas décadas 70 e 80 estruturam

4Relato produzido a partir do modelo da Universidade Aberta do Brasil e das cinco maiores instituições privadas em número de alunos no país. A escolha foi decorrente da análise do Censo da Educação Superior 2012, disponível em http://portal.inep.gov.br/web/censo-da-educacao-superior>. Acesso em 19 de abril de 2015.

19

seus cursos a partir desta tecnologia, para os estudiosos da modalidade5, estes

cursos carregam consigo as características da quarta geração de educação à

distância, que requisitou a sala de aula como na educação presencial, devido à

necessidade de transmissão via satélite.

Assim, os alunos precisavam estar num local específico, que dispusesse de

equipamentos próprios para recepção do sinal, em dia e horário estipulados pela

instituição de ensino. Pela legislação nacional, esses lugares específicos são

chamados de polos de apoio presencial e possuem credenciamento específico para

atender os alunos. A infraestrutura física deve ser semelhante a de um campus de

faculdade, com acessibilidade, biblioteca, salas de aula, laboratório de informática e

salas para os tutores.

No modelo de transmissão de aula via satélite, os alunos devem comparecer

em dias e horários estabelecidos, pela instituição de ensino e realizar as atividades

proposta com apoio de um tutor presencial. Os alunos têm acesso em ambientes

virtuais de aprendizagem para o processo de interação com os tutores on-line, além

da realização de atividades avaliativas. O material é enviado para os alunos, que ao

finalizar o curso possuem uma biblioteca básica de estudo.

As aulas são gravadas na instituição por professores e transmitidas de forma

síncrona para os alunos nos diversos polos de apoio presencial. O processo

avaliativo de acordo com a legislação é realizado nos polos de apoio presencial, com

acompanhamento do tutor local. E é nesse modelo de EaD que centralizamos nossa

pesquisa de doutorado.

A disseminação da internet como ferramenta pedagógica, e a incorporação de

computadores e softwares educacionais, tem reapresentado a caracterização da

educação à distância nos tempos atuais, caracterizando a chamada quinta geração.

Nessa quinta geração, as classes ficaram virtuais, os professores continuam

gravando as aulas e estas sendo transmitidas de forma síncrona e assíncrona; o

atendimento de tutoria on-line permanece, e os encontros presenciais acontecem de

acordo com as diversas metodologias das instituições.

5A história e as gerações de EaD podem ser exploradas no livro de MOORE, Michael G.; KEARSLEY, Greg. Distance education: a systems Wiew. Belmont, USA: Wadstown Publish Company, 1996. De forma resumida as gerações foram reapresentadas na dissertação de mestrado da mesma pesquisadora com título de Perspectivas de docência e interação na Educação Superior: ambiente virtual TelEduc. Disponível em: <http://tede.utp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=362> . Acesso em 20 de abril de 2015.

20

A Figura 2 retrata o modelo no qual a transmissão da aula se dá por internet

ela é produzida na universidade para curso 100% e-learning.

Figura 2 - Representação gráfica do modelo de EaD 02: Transmissão de aula por internet

Fonte: Machado, Dinamara P. Arte gráfica desenvolvida por Emerson Lamego.

Nesse modelo de educação à distância, as instituições de ensino continuam

entregando material de apoio as aulas, além do aluno possuir acesso ao ambiente

virtual de aprendizagem para o desenvolvimento das atividades e conseguir realizar

leitura de outros livros na biblioteca virtual da instituição de ensino e, apesar da

virtualidade do ensino, possibilitado pela rede mundial de computadores, ainda é

obrigatório pela legislação a realização de avaliação, das práticas de estágio

supervisionado e o desenvolvimento de práticas em laboratórios específicos de

ensino, quando solicitado pela legislação ou previsto no projeto político pedagógico

do curso.

21

Esse modelo de EaD possibilita o ensino e a aprendizagem de forma ubíqua,

pois o aluno pode estudar em qualquer horário e local, desde que tenha acesso a

rede mundial de computadores.

No modelo semipresencial6 a partir da Portaria nº 4.059, de 10 de dezembro

de 2004 (Figura 3), que possibilita às instituições de ensino superior presencial, sem

credenciamento para educação à distância, oferecer até 20% da integralização dos

cursos de graduação com a utilização de práticas pedagógicas semipresenciais.

Essa modalidade também é intitulada em algumas instituições como sala de aula

invertida7. Com a inclusão dos 20% a distância, nas propostas curriculares de cursos

até então exclusivamente presenciais, os alunos que estavam habituados na

metodologia semipresencial, iniciam atividades diversas com ambientes virtuais de

aprendizagem. A realidade do semipresencial, pode ser posta de várias formas, tais

como: diminuição da carga horária de professores, repassando o atendimento dos

alunos para monitores, com menor valor de carga-horária, liberdade de horário para

realização de outras atividades no momento em que o aluno deveria estar em sala

de aula. Os momentos avaliativos devem acontecer de forma presencial.

A referida metodologia requer formação de professores e monitores para

uma nova forma de atuar, afinal não são oriundos do meio da educação à distância,

um preparo dos alunos para entender os momentos de estudos à distância num

curso presencial, aparatos tecnológicos que as instituições presenciais muitas vezes

não possuem, e profissionais técnicos e pedagógicos para construir uma proposta

metodológica semipresencial que ultrapasse apenas a mera ilusão de economia.

6A proposta semipresencial a partir da Portaria nº 4.059 foi objeto de estudo na dissertação de mestrado da mesma pesquisadora com título de Perspectivas de docência e interação na Educação Superior: ambiente virtual TelEduc. O referido texto se encontra disponível em: <http://tede.utp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=362 >. 7No 20º CIAED – Congresso Internacional ABED de Educação a Distância apresentamos os resultados da pesquisa do modelo de sala de aula invertida com outros dois pesquisadores. O texto na íntegra Presentes na distância: práticas docentes e novas tecnologias da comunicação no contexto EAD, Brasil o caso da Universidade Positivo Online, o qual está disponível em: <http://www.abed.org.br/hotsite/20-ciaed/pt/anais/pdf/354.pdf >. Acesso em 20 de abril de 2015.

22

Figura 3 - Representação gráfica do modelo de EaD 03: Semipresencial baseado na Portaria nº 4.059/2004

Fonte: Machado, Dinamara P. Arte gráfica desenvolvida por Emerson Lamego.

O modelo de educação à distância também caracterizado como

semipresencial, modelo misto, Blended Learning, ou qualquer outro nome que

busque retratar as características da modalidade que mescla a modalidade

presencial e EaD (Figura 4).

Figura 4 - Representação gráfica do modelo de EaD 04: Semipresencial - Blended Learning – multinterativos

Fonte: Machado, Dinamara P. Arte gráfica desenvolvida por Emerson Lamego.

23

Nessa modalidade os alunos têm acesso as videoaulas, aos livros, tutoria on-

line e presencial, realizam atividades no ambiente virtual de aprendizagem e de

acordo com a instituição de ensino devem ir ao polo de apoio presencial em dias

específicos para realização de atividades com os demais alunos.

Esta modalidade de EaD, é justamente oferecida para atender aqueles alunos

que ainda almejam ir para instituição de ensino para ter contato com um professor,

com seus colegas, além de realizar práticas presenciais, mas que não tem tempo

suficiente para frequentar todos os dias de aulas presenciais.

Esta metodologia que remete ao misturado, combinado, híbrido, vem se

colocando com uma alternativa que combina a flexibilidade – ubiquidade – da EaD

(autonomia de tempo e espaço para estudar), com a experiência social de

aprendizagem no espaço acadêmico, que é favorecido pela metodologia presencial.

Na busca da elucidação da problemática direcionamos nossa pesquisa para a

Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do curso de Pedagogia, em que

encontramos a distribuição da carga horária de 2.800 horas de atividades formativas

(disciplinas) e 300 horas dedicadas ao estágio supervisionado. No mesmo

documento não observamos orientação específica para os cursos que atuam na

modalidade de Educação à Distância, podemos entender como uma lacuna da

legislação, ou ainda, que os legisladores compreendem o processo educacional

indiferente da modalidade de ensino, tratando-o de forma universal. Diante do

contexto, as instituições públicas ou privadas de EaD configuram suas atividades de

práticas pedagógicas e de estágio supervisionado a partir de suas regulações

próprias, conforme podemos observar no caso da Universidade Aberta do Brasil

(UAB),

Parte essencial do currículo dos cursos de licenciatura, o estágio supervisionado dos cursos de letras ofertados à Distância por meio do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) terá um formato diferente. [...] A mudança foi proposta pelos próprios coordenadores, que perceberam a necessidade de um formato de tutoria que permita um acompanhamento mais próximo dos alunos durante seu período de prática docente nas escolas (BRASIL. Ministério da Educação, 2010) (grifo nosso).

As DCNs de Pedagogia atual aponta que os projetos dos cursos precisam

estruturar seu currículo em três núcleos distintos, sendo eles: Núcleo de Estudos

Básicos + Núcleo de Aprofundamento e Diversificação de Estudos + Núcleo de

Estudos Integradores.

24

É importante ressaltar que neste momento histórico as DCNs estão sendo

discutidas em fórum público, e para os próximos anos teremos modificação na

legislação para o curso de Pedagogia.

1.2.1 Definição do Problema

Do multifacetado espectro da pesquisa na área de formação inicial de

professores, independente da modalidade de ensino, e das pesquisas que tratam

diretamente da prática pedagógica de professores egressos de cursos EaD,

plantamos aqui nosso problema de pesquisa: qual a potencialidade de um curso de

Pedagogia em EaD para a formação de práticas pedagógicas a partir da análise da

atuação de egressos com alunos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental?

1.2.2 Delimitação do Problema

Como nossa pesquisa tem seu foco na formação de práticas pedagógicas,

selecionamos do Currículo do Curso de Pedagogia em EaD para nosso estudo as

disciplinas do núcleo integrador, especificamente no Estágio Supervisionado,

Didática, Planejamento e nas Metodologias de Língua Portuguesa e Matemática,

que constaram na matriz curricular dos egressos durante seu período de formação

inicial.

A partir do estudo acima aventado foi possível adentrar nos conteúdos dos

materiais didáticos e outros que foram objetos de aprendizagem por parte dos

egressos, assim pudemos analisar os dados expostos no projeto político pedagógico

e as orientações legais para modalidade EaD.

Reconhecemos também que precisamos retornar aos autores que tratam da

formação inicial de professores, especialmente aqueles que discutem a partir da

Educação à Distância, e apesar das diversas fontes, optamos em uma revisão

teórica que se fundamenta em: Silva (2006, 2012), Kenski (2013a, b, 2007), Valente

e Bianconcini (2007), Sacristán (2000), Imbernón (2011), Masetto (2010, 2012,

2013), Libâneo e Alves (2013), Mattar (2013), entre outros.

25

Nossa pesquisa foi realizada com quatro sujeitos egressos do Curso de

Pedagogia em EaD, de uma instituição privada do sul do país, no período de 2012 a

2014.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Esta pesquisa tem por objetivo geral investigar qual a potencialidade de um curso

de Pedagogia em EaD para a formação de práticas pedagógicas a partir da análise da

atuação de egressos nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

1.3.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos desta pesquisa são:

Analisar a proposta curricular do curso de Pedagogia EAD e algumas

atividades práticas das disciplinas do Núcleo Integrado (Estágio

Supervisionado, Didática, Planejamento e Metodologia do Ensino de

Língua Portuguesa e Matemática);

Analisar as práticas desenvolvidas pelos egressos de Pedagogia EAD

nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental;

Dar voz aos egressos de Pedagogia EAD mostrando como percebem

sua formação e atuação nos Anos Iniciais da Educação Básica.

1.4 JUSTIFICATIVA

Adotamos na pesquisa de doutorado que o passado existente, contado e

registrado a partir das narrativas produzidas pelos pesquisadores, revelam as etapas

de descontinuidade da sociedade de pesca para sociedade em rede8, e que

diretamente impactou e impacta na formação dos docentes deste imenso país.

8 Uso as palavras de forma metafórica na perspectiva de demonstrar que daquela sociedade que sobrevivia alocada em espaço de aldeia, de poucos contatos, da ausência de visibilidade, na sociedade atual as conexões são globais e estabelecidas a partir dos fios que tecidos formam a rede da internet, assim podemos ter inúmeros amigos nas redes, que nem conhecemos fisicamente, que os negócios podem ser estabelecidos com dinheiro virtual e etc.

26

Um texto de justificativa pode ser escrito a partir de vários prismas,

escolhemos um caminho permeado pela importância social e abrangência da

temática, da importância educacional para os educadores formados na metodologia

posta e para realidade no cenário educacional, para mostrarmos aos futuros leitores

as vozes dos egressos de curso de Pedagogia na modalidade à distância, de

construirmos bases a partir dos depoimentos e análises dos egressos para gestores

e coordenadores de cursos na modalidade à Distância. Corroboramos com

Feldmann (2009), que evidencia a necessidade de tomar a prática pedagógica como

objeto de pesquisa, pois devemos vencer a racionalidade técnica e compreender a

mesma dentro da sua multidimensionalidade e complexidade, que caminha num

embaralhado de significações.

Hoje, quase na metade desta nova década do século XXI, o processo

educacional mediado pelas tecnologias digitais e pela Educação à Distância passa a

adquirir dimensões que, se não são totalmente novas, mas que podem agora ser

exploradas considerando as perspectivas teórico-metodológicas existentes no

presente momento. As relações educativas têm se tornado multidirecionadas e

dinâmicas, possibilitando a todos os envolvidos fazer parte do processo educacional.

As mudanças sociais, tecnológicas e epistemológicas vivenciadas, impõem a

necessidade de uma formação aberta às incertezas, às diferenças, às emergências

nesta sociedade moderna.

Esta sociedade em rede considerada moderna por Giddens (1991), emergiu

na Europa a partir do século XVIII, e possui organização social centrada na

informação, e que seu estilo propagou mais ou menos pelo mundo inteiro. Assim,

(re)assumimos nesta pesquisa de doutorado que as descontinuidades sociais

provocam também mudanças na formação de professores e no ambiente escolar.

Na sociedade moderna brasileira, a formação de professores perpassa pela

Educação à Distância (EaD). Essa modalidade de ensino, após percorrer um longo

caminho, obteve seu reconhecimento pelos órgãos competentes pela Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), nº 9.394, em dezembro de 1996.

Desde o momento inicial, instituições governamentais e particulares têm formado um

contingente de profissionais em diversas regiões do país, conforme podemos

verificar na síntese do Censo da Educação Superior (Tabela 1).

27

TABELA 1 – SÍNTESE DOS DADOS DO CENSO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR –

2006 A 2012

CENSO DA GRADUAÇÃO

ANO

ALUNOS PRESENCIAL

CRESCIMENTO %

ALUNOS EaD

CRESCIMENTO %

TOTAL DE

ALUNOS

2006 4.676.646 5 207.206 80,7 4.883.852

2007 4.880.381 4,4 369.766 78,5 5.250.147

2008 5.080.056 4,1 727.961 96,9 5.808.017

2009 5.115.896 0,7 838.125 15,13 5.954.021

2010 5.449.120 6,45 930.179 10,9 6.379.299

2011 5.746.762 5,85 992.927 6,75 6.739.689

2012 5.923.838 3,10 1.113.850 12,17 7.037.688

Após quase duas décadas de normatização, da necessidade de agilidade na

formação de profissionais, do gigantesco território nacional, da abrangência do

ensino presencial, os cursos na modalidade à distância se apresentam como uma

das alternativas nas políticas nacionais de formação, conforme os dados do Censo

da Educação Superior 2012 que constatou uma tendência de crescimento da

modalidade EaD no país, e que 12,17% das matrículas, nesse nível de ensino, estão

alocadas na Educação à Distância, que representa a adoção cultural da modalidade

de ensino (Tabela 2).

28

TABELA 2 – SÍNTESE POR CURSOS DOS DADOS DO CENSO DA EDUCAÇÃO

SUPERIOR – 2006 A 2012

Com o avanço da adoção da modalidade de ensino na área de formação de

professores, várias são as pesquisas que buscam observar e analisar, citemos

apenas de Gatti e Barreto (2009), que provocam reflexão sobre a formação de

professores, analisam o panorama de oferta de cursos de Pedagogia no Brasil e

ainda atestam o crescimento e consolidação da modalidade. Os estudos de Almeida,

Iannone e Silva (2012)9 revelaram que nos cursos de Pedagogia EaD ou Presencial

que as práticas pedagógicas estão relegadas às atividades de estágio

supervisionado, e 30% total das disciplinas dos cursos tem preocupação em

estabelecer uma articulação entre teoria e prática, e que apenas 4,74% das

disciplinas tratam do uso de mídias na educação.

9 Os dados completos estão expostos no seguinte texto: ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini; IANNONE, Leila Rentroia; SILVA, Maria da Graça Moreira: Educação à distância: oferta, características e tendências dos cursos de licenciatura em Pedagogia. Estudos & Pesquisas Educacionais, São Paulo, 2012. p. 279-345. Disponível em: <http://www.fvc.org.br/estudos-e-pesquisas/2011/pdf/livro3/04%20educacao%20a%20distancia.pdf>.

CURSO EaD 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

1º Pedagogia 72.177 90.707 90.095 81.054 79.176 103.520 108.314

2º Administração 21.981 42.947 81.965 41.202 47.900 60.163 72.414

Gestão de Recursos Humanos 220 6.400 10.769 14.799 21.036 27.473 40.778

Procs. Empresariais / Ind. /Com / Gest 3.956 11.344 15.316 16.140 13.545 19.442 35.563

5º Serviço Social 52 37.061 75.044 22.811 21.410 25.762 33.206

6º Ciências Contábeis 6.573 13.760 24.186 11.822 17.098 20.252 32.932

7º Tecnologia em Logística 1.950 3.275 4.795 7.643 11.236 11.909 19.288

8º Letras 14.253 23.281 32.365 15.387 14.523 15.389 16.826

9º Marketing 220 6.400 10.769 8.288 7.836 7.458 13.280

10º Gestão Ambiental 434 5.662 6.432 8.514 10.859 13.013

29

Assim, a formação para as atividades práticas de professores está ligada

diretamente às disciplinas do Núcleo Integrador, que apresentam modelos e técnicas

para atuação em sala de aula. Nas palavras de Pimenta e Lima (2009, p.33), “o

estágio sempre foi identificado como a parte prática dos cursos de formação de

profissionais, em contraposição à teoria”. Compreendemos que esta formação

prática deve mencionar as atividades de desenvolvimento do currículo, do

planejamento das aulas, do sistema de avaliação, e ainda tratar das situações do

contexto escolar moderno.

Se essa formação prática na disciplina de estágio e metodologias se

apresentar apenas como imitação do exercício dos profissionais existentes, como

posta de forma empírica na fala popular afirmando que na prática a teoria é outra,

estaremos lançando mão das experiências de reflexão das teorias e dos saberes

que fomos adquirindo durante nossa vida escolar. Dessa forma, corroboramos com

pensamento de Pimenta e Lima (2009, p. 45), de “que o estágio, ao contrário do que

se propugnava, não é uma atividade prática, mas teórica, instrumentalizadora da

práxis docente, entendida esta como atividade de transformação da realidade’’, ou

ainda, nas palavras de Imbernón, (2011, p. 61), que

a estrutura da formação inicial deve possibilitar uma análise global das situações educativas que, devido à carência ou à insuficiência da prática real, se limitam predominantemente a simulações dessas situações.

A temática é desafiadora ao ponto de deixarmos como justificativa o poder de

reprodução que a EaD pode causar, já que reconhecemos uma sociedade e seu

povo como sujeitos históricos e identificamos que os cursos de Pedagogia, que são

desenvolvidos na metodologia à distância estão centrados na região sul do país10,

acreditamos na relevância social e científica do tema, pois nosso país está repleto

de recônditos com suas particularidades e culturas que podem sofrer mudanças

significativas a partir de preceitos vivenciados numa região do país com colonização

diferenciada.

10 De acordo com Censo Escolar as maiores instituições de EaD e com maior número de alunos no curso de Pedagogia estão centradas na região sul do país.

30

Os egressos dos cursos de Pedagogia podem estar repercutindo em seus

espaços de atuação, práticas assertivas anteriormente vividas numa região do país.

Assim, paulatinamente mudaremos os conceitos de outras regiões, ou, como sugere

Hargreaves (2004), transferimos inovação melhorando a qualidade do ensino e,

consequentemente, a qualidade de vida de outras comunidades, gerando sinergia

ao explorar inovações já existentes. Mencionamos o fato da centralidade das

empresas de EaD numa certa região do país, mas não discutiremos tal temática,

apesar de entendermos sua importância na manutenção de identidades e do

respeito ao multiculturalismo. Lembramos que apesar das sedes das instituições

estarem alocadas na região sul, os cursos são ofertados em território nacional.

Ao escolher tal temática para pesquisar no doutorado significa dar

continuidade aos estudos realizados no mestrado, analisar criticamente a partir da

pesquisa de campo os resultados das ações que realizamos enquanto profissionais

da Educação à Distância, e que concebemos cursos também a partir de uma matriz

educacional que tem seu alicerce na educação presencial, afinal somos imigrantes

digitais.

Da forma posta, esta pesquisa tem alcance social e científico. No que

concerne ao alcance social da pesquisa pode revelar considerações acerca do

estágio supervisionado e das práticas pedagógicas. Com este estudo, não estamos

negando os estudos realizados acerca de estágio supervisionado e práticas

pedagógicas na educação presencial, estamos sim, verificando e analisando a partir

de uma modalidade que tem formado um grande número de profissionais.

Verificar e analisar cientificamente a atuação de egressos de Pedagogia EaD,

significa retornar aos autores que discutem a Educação à Distância, a formação de

professores, as potencialidades das práticas formativas e, ainda, apresentar uma

interpretação a comunidade acadêmica novas perspectivas de fazer Educação à

Distância e formar professores. Tal propósito apesar de ousado é um norte para esta

pesquisa de doutorado, pois ao adentrar no labor diário dos egressos observamos e

conhecemos seus anseios e as fragilidades encontradas durante o período de

formação.

Além de que, verificar e analisar a atuação de egressos de Pedagogia EaD,

significa produzir um cenário além dos indicadores postos pelas avaliações

31

governamentais (ENADE)11, que já apontaram para sociedade desde o ano de 2008,

que os alunos que cursam na modalidade de Educação à Distância conseguem

obter melhores resultados que os alunos na modalidade presencial em alguns dos

itens avaliados. Esse resultado positivo pode ser oriundo das propostas

pedagógicas, da interação entre os atores educacionais, ou ainda, do nível de

disciplina e autonomia desenvolvido pelos alunos de EaD.

1.5 METODOLOGIA

A abordagem desta pesquisa é qualitativa exploratória, com procedimentos de

análise documental, entrevista com os sujeitos da pesquisa, revisão teórica e

observação a partir de categorias, constituídas na revisão teórica.

Afirmamos que com a pesquisa de campo, pretendemos recolher os fatos

cotidianos que demonstrem as práticas pedagógicas do professor egresso na

modalidade EaD do curso de Pedagogia.

Para realização da atividade em questão foi formulado um relatório descritivo

das práticas pedagógicas e um questionário com perguntas direcionadas aos

sujeitos pesquisados.

No apêndice encontram-se os modelos dos formulários de questionário

aplicado e o relatório das práticas pedagógicas.

Foram selecionados quatro egressos do curso de Pedagogia na modalidade

EaD a partir da base de dados da instituição e dos seguintes critérios: ano de

formação (2009 a 2011); matriz curricular e mídias (material impresso, videoaulas e

encontro presencial) idênticos; ser docente ou iniciarem as atividades de docência

nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, além de atuarem em escolas públicas

municipais.

11 Para reconhecer o resultado do ENADE para curso EaD pode-se verificar diretamente no endereço eletrônico do INEP, ou ainda, pesquisar em qualquer site de busca pelas palavras-chave “aluno EaD tem melhor resultado no ENADE’’. A fim de ajudar selecionamos três endereços eletrônicos, sendo eles:

<http://posugf.com.br/noticias/todas/427-cursos-a-distancia-tem-os-melhores-resultados-no-enade>; <http://www.sigmees.com/files/Analise_comparativa_cursos_graduacao.pdf>; <http://www.abt-br.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=428:aluno-a-distia-vai-melhor-no-enade&catid=30:educa-a-distia&Itemid=80> .

32

1.6 ORGANIZAÇÃO DO RELATÓRIO DA PESQUISA

O texto apresentado como resultado desta pesquisa está estruturado em três

capítulos, sendo eles: a) Práticas Formativas de Professores: buscando caminhos já

percorridos; b) Perspectiva de descrição e interpretação do curso EaD: mostrando a

realidade; c) Análise das Práticas dos Egressos a partir de dois olhares.

No primeiro capítulo, apresentamos Práticas Formativas de Professores:

buscando caminhos já percorridos, trata de reapresentar algumas perspectivas

teóricas e exemplos de práticas formativas utilizadas durante o processo de

formação inicial no curso de Pedagogia, indiferente da modalidade de ensino.

No segundo capítulo, que intitulamos de Curso EaD: mostrando a realidade a

partir dos documentos apresentamos o Projeto Político Pedagógico, as aulas, os

materiais, o currículo, as aulas presenciais no polo de apoio presencial e o estágio

supervisionado do curso objeto da pesquisa.

No terceiro capítulo, Análise das Práticas dos Egressos: uma percepção a

partir de dois olhares, demonstramos nossas percepções a respeito da observação e

das entrevistas, e tentamos responder ao problema inicial, que consiste em analisar

o potencial das práticas formativas de um curso de Pedagogia EaD para atuação do

egresso nos Anos Iniciais.

Acreditamos no postulado por Freire (2011), em uma visão humanista que

não contraria a ciência, a tecnologia, as técnicas, os diversos modelos educacionais

e que a partir dos avanços e transformações nós fazemos seres sociais que

constroem e reconstroem o mundo a sua volta.

Evidenciamos que quando falamos em formação de professores estamos

tratando do futuro, devemos lembrar que não podemos preparar nossos alunos

especificamente para uma determinada função no futuro. Podemos e devemos sim,

formar pessoas capazes de serem mais flexíveis, com maior capacidade de

adaptação às mudanças, pessoas autônomas e participativas, prontas para

enfrentar o mundo, seja como for. De acordo com Assmann (1998, p. 22),

“no mundo de hoje, a privação da educação é uma causa mortis inegável. Ninguém

encontra lugar ao sol na sociedade do conhecimento sem flexibilidade adaptativa. O

mundo se está transformando numa trama complexa de sistemas aprendentes”.

33

Assim, prevê que a educação terá um papel fundamental na criação da sensibilidade

social necessária para reorientar a humanidade.

Compartilhamos de um momento único da história da Terra e temos o dever

de captar o sentido da vida celebrando a sua plenitude no tempo e no espaço. A

celebração é parte essencial do ritual da vida. É primordial que, como indivíduos no

novo milênio, nos lembremos de que estamos diante de uma obra luminosa.

Relembrando a afirmação de Kuenzer (1998, p.126),

a finalidade da escola em que unifica cultura e trabalho é a formação de homens desenvolvidos multilateralmente, que articulem à sua capacidade produtiva as capacidades de pensar, de estudar de dirigir ou de controlar quem dirige.

Esperamos ter sido capazes ao término deste de estudo de olhar as práticas

pedagógicas dos egressos dos cursos de pedagogia, na modalidade à Distância, e

reconhecer as potencialidades das práticas pedagógicas formativas do curso de

Pedagogia, apesar de estarmos conscientes de que o caminho a ser trilhado pelos

profissionais de EaD ainda é tortuoso, porém de luta em prol da emancipação

humana, em que igualdade e justiça social celebram em comunhão e que é

grandioso fazer parte desta história de construção coletiva, apesar de termos nosso

trabalho marginalizado por aqueles que conhecem a superficialidade e nunca

adentraram no fazer diário da educação à distância.

34

2 PRÁTICAS FORMATIVAS DE PROFESSORES: BUSCANDO CAMINHOS JÁ

PERCORRIDOS

Moldam-se as plantas pela cultura, e os homens pela educação.

(ROUSSEAU)

Neste capítulo, denominado Práticas formativas de professores: buscando

caminhos já percorridos, abordamos pesquisadores que nos mostram suas

experiências em práticas formativas.

A discussão a respeito de práticas formativas de professores pode ser

direcionada para dois eixos, sendo eles: a inicial, na graduação, ou a formação

continuada, e não resta dúvida que os dois caminhos são complementares e não

são excludentes, mas nesta pesquisa optamos em discutir as práticas formativas

iniciais realizadas na graduação de Pedagogia, independente da modalidade de

ensino.

Compreendemos que é na formação inicial que podemos habituar os alunos

na prática da docência como profissão e que sempre buscará novas formações,

como nas demais carreiras profissionais. Quando escolhemos a epígrafe acima, foi

justamente para apontar que acreditamos que apesar de alguns pesquisadores

alertarem que a prática docente - ou a docência - se aprende no cotidiano escolar,

ou seja, nas tarefas diárias somos forjados e viramos professores, optamos em não

aceitar esta linha de pensamento, e que a prática diária de nossa docência se

constitui como elemento em que confrontamos continuamente as teorias estudadas.

Concordamos com Mizukami (2013, p. 23), de que “a docência é uma profissão

complexa e, tal como as demais profissões, é aprendida’’.

Existem estudos na área de práticas formativas nos quais o objetivo está

centrado no aspecto cognitivo da aprendizagem, outros que focalizam as teorias

pedagógicas, há outros que discutem o currículo e todos estes estudos com fontes

diversas geram novas proposições e, por consequências, novas tipologias, e neste

capítulo mostraremos de forma explicativa alguns modelos propostos que buscaram

vencer os pontos vulneráveis e reducionistas nas práticas formativas ao longo do

35

processo histórico dos cursos de licenciaturas, concordando com o aventado por

Feldmann (2009, p. 71):

formar professores com qualidade social e compromisso político de transposição tem se mostrado um grande desafio às pessoas que compreendem a educação como bem universal, como espaço público, como direito humano e social na construção da identidade e no exercício da cidadania.

Quando mencionamos pontos vulneráveis falamos da falta de professores

para acompanhar os alunos durante seu período de realização de práticas, da

ausência de reflexão a partir do contexto cotidiano da escola e seus atores e tantas

outras percepções que julgamos ser negativas no processo de formação de

professores. Também buscamos mostrar práticas formativas que venceram o

reducionismo da aplicabilidade por repetição de modelo, sem a existência do conflito

favorecido pela reflexão.

Na tessitura do texto, escolhemos autores para constituir o referencial teórico

Imbernón (2011), Freire (1996), Kenski (2013), Fava (2014), Freire (2011), Apple

(2002), Severino (2009), Feldmann (2009), Nóvoa (2013), e outros.

2.1 FALANDO DE PRÁTICA FORMATIVA INICIAL DE PROFESSORES

O processo de formar ou o ato de formar e desenvolver constitui-se como

uma ação de embasamento teórico e prático. O processo de desenvolver um curso

ou um programa implica em pensar o presente e a continuidade bastante válida ao

processo formativo docente, uma vez que a formação não se finda na conclusão de

uma graduação, mas é apenas iniciado nele. É após a conclusão da graduação e a

inserção de fato no mercado de trabalho que o profissional tem a chance de buscar

ampliar autonomia, seu processo reflexivo e sua capacidade de construir

conhecimentos.

Discutir práticas formativas iniciais para professores, na sociedade moderna

requer pensar que esse futuro profissional em processo de crescimento

primeiramente é uma pessoa – um humano - um ser no mundo - sujeito

epistemológico e existencial - em seu tempo histórico, carregado de cultura, de

36

conhecimento de mundo. Formação esta que é marcada pelos impactos da

sociedade moderna, que vive em constante transformação, progresso, com

revoluções tecnológicas e avanços significativos na comunicação global. Todo este

cenário trouxe aos profissionais de todas as áreas exigências, como a atualização

constante e a busca incansável por qualidade e diferenciais.

Retomamos a velha paradigmática de Heráclito que tudo sempre flui, e na

formação não poderia ser diferente. Sempre irão acontecer mudanças e evoluções,

e as atuações com perspectivas de práticas docentes para formar professores

iniciantes evoluem com o decorrer do tempo e da aprendizagem adquirida em outros

momentos.

Parafraseando Nóvoa (2013, p. 205), a história de formação de professores,

que inclui termos práticas formativas de acordo com aquele momento histórico, pode

ser dividida em três grandes momentos: meados do século XIX, com ausência de

escolas para formação de professores, aprendia-se o ofício a partir da convivência

com aqueles que já possuíam experiência; meados do século XX, onde prevaleceu a

lógica da preparação teórica, pedagógica e depois aplicação em escolas

apropriadas para este fundamento, em que os alunos realizam as atividades do

estágio; na modernidade, quando a formação de professores tomou grau

universitário, em cooperação com escolas e professores.

O tema “formação” e ‘’práticas formativas’’ está bastante presente no

cotidiano educacional e é foco de discussão entre alguns profissionais que integram

esta categoria, como já levantamos acima. O processo de formação de docente

possui uma história permeada de tentativas de mudanças ao longo do tempo, já

passamos do professor tradicional até o reflexivo, devido as diversas correntes

instituídas conforme o tempo histórico, ou nas palavras de Severino (2011, p. 7) “a

educação é serva da história”

Quando estudamos as tendências educacionais na didática podemos verificar

as diferentes correntes que predominam em distintas épocas, e com elas possuem

perspectivas de mudar as formas de conceber a formação de professores e, por

consequência, todo o trabalho diário dos mesmos, ou ainda, buscam alterar a

formação de professores e, por consequência, seu labor. Nóvoa (2013, p. 199),

porém, nos adverte:

37

Mas, hoje é com algum desconforto que olhamos para as mudanças concretas que tiveram lugar. Invade-nos o sentimento de que estamos mais perante uma revolução nos discursos do que perante uma revolução nas práticas.

Podemos perceber que apesar de termos vários momentos de discussão, de

grupos de pesquisa financiados ou não pelo governo, de congresso nacionais e

internacionais, de uma vasta lista de autores que mostram teorias acerca de práticas

formativas, ainda temos um caminho para realização de práticas que alterem o

modus operandi do professor em sala de aula, ou de sua formação inicial.

Consideremos, por exemplo, o fato de que nossos alunos possuem um leque

de conhecimento anterior e que os traz para a sala de aula, podendo colaborar com

um diálogo produtivo, dependendo do direcionamento dado pelo professor da sala.

Nesta vertente, Tardif (2002, p. 20), nos relata que

muitas pesquisas mostram que esse saber herdado da experiência escolar anterior é muito forte, que ele persiste através do tempo e que a formação universitária não consegue transformá-lo nem muito menos abalá-lo.

Acreditamos que essas trocas de experiências de alunos que possuem suas

histórias como alunos, ou ainda, com aqueles que já atuam como docentes, mas

não possuem habilitação, podem constituir-se como uma metodologia para

condução da aprendizagem de como ser professor, pois ocorre entre iguais.

Lembramos que herdamos culturalmente este modelo de formação que já foi

amplamente utilizado, em meados do século XIX e depois nas escolas de aplicação.

Esta multiplicidade de narrativas pode oferecer aprendizagem duráveis,

quando posta a partir de uma interpretação, de uma delimitação daquele caso

exposto, da compreensão da realidade e da forma que o mesmo pode ser

reinventado em um novo contexto. O processo de narrativa pode ser entendido

como espaço de construção do conhecimento científico, cabendo ao professor o

entendimento de transformar o conhecimento popular em conhecimento científico.

Nesta direção, Feldmann (2009), nos lembra de que as pessoas se educam uma

com as outras, em um processo de apropriação, de transformação do conhecimento

mediante um projeto.

38

E agora, José? De forma poética relembro Carlos Drummond de Andrade e

assumimos que antes mesmo de ter contato com as práticas formativas, os futuros

professores, já sabem como é o processo de ensino, pois possuem um

conhecimento herdado da experiência anterior.

A construção de um currículo para formação inicial que contemple o

conhecimento anterior de escola e de vida, é um desafio para aqueles que

organizam cursos, pois nosso processo de formação ainda é homogêneo,

considerando igualmente todos que chegam até o ambiente escolar, com

conhecimento uniformizado, esquecendo a riqueza do conhecimento que adquirimos

durante todos os anos anteriores de formação, além de estarmos em um país que

recentemente uniformizou as diretrizes de formação inicial de professores, mas

ainda não conseguiu padronizar as matrizes curriculares, pois estamos diante da

liberdade de elaboração de currículos, preconizado no Art. 51 da LDB n. 9.394/96,

ou ainda, da capacidade intelectual de cada ser em formação e sua aptidão.

No sentido posto, acreditamos no postulado por Freire (1996), que todo

referencial teórico terá pouco pragmatismo, caso não seja feita uma análise sobre

suas experiências anteriores na escola, ou ainda, quando relembramos Marshall

(1994), que todo processo de formação do adulto deve estar pautado sempre em

produzir, capturar e mediar o encontro da pessoa consigo mesmo, com objetivo

explícito de sua transformação.

Considerar heterogeneidade de experiências e elaborar práticas formativas

que contemplem a bagagem de conhecimento científico, empírico e cultural, talvez

seja também um dos grandes desafios que temos nos processos de práticas

formativas de professores. Talvez tornar um aluno sujeito de sua aprendizagem

pode ser a saída para a construção de currículos na formação de professores, ou

apenas um discurso para furtarmo-nos da responsabilidade de construir currículos

que busquem desenvolver a autonomia dos futuros professores, e ainda preservar

suas identidades. Acreditamos no postulado por Thurler (2001, p.1), “mudar,

preservando sua identidade, é sem dúvida o desafio principal com que a vida

confronta não só as pessoas, mas também as organizações. ”

A crítica e o reconhecimento de nossa ausência na construção de programas

que considerem as experiências anteriores é apenas o reflexo da realidade prática

39

em que somos compelidos a viver diariamente em nossas salas de aula, tanto

presencial como na modalidade à distância.

Outra abordagem de trabalhar com a narrativa como prática formativa,

consiste no estudo de casos de ensino. Quando escrevemos, descrevemos os

momentos e acontecimentos ocorridos no interior da escola, e partimos para o

desenvolvimento da análise e reflexão, constituímos um novo momento na

aprendizagem. Mizukami (2004) citando Shulman (1996, p. 207-208)

(...) um caso educacional é mais que uma boa narrativa, mais do que uma justaposição sábia de intenções e vicissitudes. Um caso educativo é uma forma de comunicação que coloca intenção e acaso no contexto de uma experiência vivida e refletida. Um caso não apenas acontece; ele cria condições que exigem de seu narrador (ou protagonista) que considere tanto julgamentos entre rotas alternativas como aja em relação a tais julgamentos. Um caso tem consequências. Aprende-se a partir do deliberar reflexivamente sobre as relações entre os elementos de um caso. Assim, um caso educacional combina, pelo menos, quatro atributos ou funções: intenção, possibilidade, julgamento e reflexão. Estas são funções que explicam ou delineiam o poder educativo dos casos para aprendizagem (...)

Acreditamos que as narrativas de casos educacionais podem ser práticas

formativas exitosas quando exploradas em sua totalidade, ou seja, quando o

professor formador possua uma intenção quando da escolha do caso, que consiga

favorecer aos alunos possibilidades teóricas de embasamento, quando provoque a

interação individual e coletiva e, por fim, provoque a reflexão que construirá uma

nova ação no futuro.

Na tentativa de explicitar a percepção de Schulman reapresentado por

Mizukami (2004) elaboramos um esquema (Figura 5) que demonstra o caminho para

construção de uma prática formativa a partir de narrativas de casos de ensino:

40

Figura 5 – Narrativa: com prática formativa

Fonte: Machado, Dinamara P.

Outro ponto de destaque nas discussões quando tratamos das práticas

formativas de professores é a dissociação das atividades teóricas e práticas, ou

ainda, da fragmentação do conteúdo nas disciplinas, as Diretrizes Curriculares

Nacionais (DCN) de Pedagogia que solicitam organização curricular de 2.800 horas

dedicadas às atividades formativas e 300 horas direcionadas para o estágio

supervisionado.

Feldmann (2009), relembra que a articulação entre teoria e prática, pensar e

agir, apresenta-se como um dos grandes desafios na questão de formação de

professores. Assim, o desafio de realizar práticas formativas pode ser configurado a

partir de várias perspectivas, desde reconhecermos que este aluno ao ingressar no

curso superior possui uma formação mínima, que não tem tempo para realizar o

estágio supervisionado, afinal do está diante de uma realidade econômica e social,

que muitas vezes o trabalho para sobrevivência retira o tempo para realização do

estágio, ou ainda, que possa ter momentos de reflexão da escola observado, da

ausência de professores acompanhando os seus alunos no campo, na forma que o

estágio como prática formativa é realizado por fora da universidade. No nosso

41

entendimento, estes itens aventados são algumas das mazelas que as práticas

formativas vivem historicamente.

Entendemos que da forma posta, o modelo separa o conhecer e o fazer, e

quando analisamos a matriz curricular do curso pesquisado e a legislação (DCNs e

outros) percebemos que o conhecer tem uma carga horária superior ao fazer, em

vez de serem complementares, ou ainda, caminharem lado a lado, afinal o

conhecimento prático não pode estar desconectado do teórico.

Nesta linha, Tardif (2002), aponta que temos problemas epistemológicos

fundantes na formação inicial de professores, já que o modelo aplicacionista

adotado pelas instituições consiste na apresentação da teoria, e por último quando

o aluno começa sua atividade de docência encontra-se sozinho, dotado de

conhecimento fragmentado das disciplinas. Parece-nos que as práticas formativas

se esvaziam já que nos últimos momentos da formação é identificada como

treinamento de habilidades, nas disciplinas de metodologia ou estágio

supervisionado.

Nas palavras Zabalza (2014, p 101),

é um erro confundir o estágio com prática profissional (ou pré-profissional). Ou entender o estágio como momento final das carreiras quando os estudantes estão em condições de aplicar aquilo que foram aprendendo ao longo dos cursos universitários.

Zabalza (2014), nos relata que em sua experiência com estágio que para

vencer esta fragmentação de teoria e prática, permite aos alunos descrever suas

narrativas do estágio num blog, e que o mesmo identificava nas narrativas dos

alunos estagiários, qual era o problema que perturbava o grupo. Após esta

identificação, o mesmo, fazia a intervenção para que os alunos buscassem conhecer

a literatura especializada naquela temática.

O autor supracitado nos relata outra experiência que consistia na formação

dos alunos universitários e também da formação em serviço daqueles que já

estavam na docência há vários anos. O programa foi elaborado para ter duração de

três meses como uma sessão semanal em uma escola da educação básica e depois

discussão acerca das práticas adotadas. Cada encontro semanal, contava com a

presença de um professor que recebia o estagiário, o estudante (estagiário) e um

professor universitário. No encontro semanal na escola, formado por momentos

42

delineados, que perpassava da etapa de planejamento da aula, do desenvolvimento

da aula até avaliação do que aconteceu na sala de aula, os participantes

vivenciavam os diferentes momentos e refletiam acerca do mesmo. Ora tinha-se o

estagiário como protagonista, ora o professor titular da sala como observador e ora o

professor universitário trabalhando em pé de igualdade com os demais (ZABALZA,

2014).

As duas experiências relatadas acima evidenciam a importância do estágio

supervisionado como momento de formação profissional pelo exercício da profissão

in loco, e a presença participativa e reflexiva no ambiente próprio, e ainda reforça

que esta deve ser feita sob a responsabilidade de um profissional habilitado para

acompanhar esta fase.

Almeida e Pimenta (2014) nos mostram a experiência da Universidade de São

Paulo (USP) nos cursos de licenciatura, em que imbricou a disciplina de Didática

com o Estágio Supervisionado. A atividade é desenvolvida a partir de três

momentos, sendo eles:

a) os alunos escolhem os temas que irão observar. O tema é escolhido a

partir de debate coletivo, depois orientada individualmente, finalizando na

elaboração de uma proposta de observação pelo aluno;

b) o aluno vai para o campo de estágio, munido da sua proposta de

observação, realiza entrevista e outras atividades, e sistematiza um

relatório analítico;

c) os alunos munidos dos seus relatórios analíticos mobilizam-se e agrupam

as temáticas a fim de apresentarem os resultados em forma de pôster na

disciplina de Didática. Neste momento abre-se novamente o debate

acerca dos temas escolhidos anteriormente e confrontados com a

realidade.

Quando analisamos esta perspectiva de relação teoria e prática, percebemos

que a prática formativa envolveu estudos individuais e coletivos, problematização de

temas da realidade escolar, da reflexão do cenário a partir da construção do relatório

e do debate em sala de aula, e ainda a partir do debate pode se apresentar novas

soluções para o trabalho docente diante de uma realidade. Além de mostrar que

podemos agregar disciplinas que são complementares na formação de professores.

43

Na experiência da USP mostrada neste espaço, ainda encontramos

evidências da mediação do professor e dos alunos frente ao conhecimento escolar,

da criação de narrativas a partir dos relatórios analíticos que possibilitam troca de

experiência e reflexão diante do cenário, buscando superar uma visão simplista da

escola além de descortinar, a partir da pesquisa teórica e dos diálogos, novas

propostas de atuação.

Aroeira (2014), relata uma experiência de estágio supervisionado em que

envolvia aluno estagiário, professor regente da escola visitada, professor da

universidade e a equipe pedagógica da escola. O aluno estagiário, após o período

de observação, passa a realizar a regência da sala de aula, e conta com a análise

crítica do professor regente e também do professor universitário, e por última,

discussão coletiva com a equipe pedagógica da escola a respeito da sua atuação.

Toda a atividade ficava registrada em formato de portfólio para fins de registro.

A abordagem vivenciada por Aroeira, traz resquícios do formato tradicional da

prática formativa ‘’estágio”, tais como: observação e regência, mas, também

apresenta uma inovação quando envolve a equipe pedagógica da escola para refletir

acerca do período de docência do aluno estagiário. Parece-nos também a

superação do modelo aplicacionista da prática formativa, estabelecendo momento

de diálogo e reconstrução para um novo momento de atuação.

Continuando na perspectiva que nos propomos neste capítulo, apresentamos

e analisamos, a partir do manual12, a proposta do Programa de Residência

Pedagógica da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Habitualmente

vinculamos a residência apenas aos cursos da área Médica, mas em uma breve

pesquisa na rede mundial – internet – descobrimos vários projetos de residência

pedagógica.

O programa de residência pedagógica da UNIFESP foi estruturado para

formar os estagiários e também realizar a formação em serviço dos professores que

recebem os estagiários. O programa está amparado no princípio de imersão diária

de cinco horas no ambiente profissional. São formados grupos de até cinco alunos

que acompanhados de um professor preceptor observam, participam e refletem

acerca das atividades cotidianas do ambiente escolar. Além de que são realizadas

atividades teóricas na universidade com o professor preceptor, a fim de construir um

12 O Manual do Programa de Residência Pedagógica na UNIFESP está disponível no endereço eletrônico <https://www.fe.unicamp.br/TEMPORARIOS/manual-rp-unifesp.pdf>.

44

discurso uníssono acerca das problemáticas vivenciadas no campo de realização da

residência. As atividades do Programa de Residência Pedagógica acontecem a

partir do 5º período do curso de Pedagogia.

Como este projeto é fruto da parceria da UNIFESP com as escolas públicas,

que recebe os residentes (estagiários) e os professores, a referida instituição realiza

em contrapartida um evento no final de cada ano letivo, para que os participantes

divulguem suas experiências e realiza-se uma avaliação geral do programa. Além de

no decorrer no ano os professores que recebem os residentes participam de

capacitação na UNIFESP.

Sabemos que o estágio supervisionado é um elemento curricular obrigatório,

e que em alguns casos ainda conseguiu superar as mazelas que apontamos

anteriormente, mas pode ser estruturado a partir de propostas de vanguarda que

procurem percebem novos cenários de realização do mesmo. Lembramos o

apontado por Almeida e Biajone (2007, p. 294),

E mesmo em contextos adversos, é possível construir práticas de formação inicial e continuada comprometidas com um ensino de qualidade, que não perca de vista a dimensão ética e política, bem como as discussões e reflexões sobre os fins da educação.

Acreditamos que no estágio supervisionado como prática formativa, carrega

consigo importantes ensinamentos, e que agregamos novos sentidos e leituras

quando adentramos nas vivências cotidianas e refletimos acerca delas.

Outro projeto que merece destaque como prática formativa é o Programa

Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), que busca inserção do

acadêmico no contexto das escolas públicas, com apoio de um professor da

licenciatura e um professor da escola. O PIBID é um programa da CAPES e que

algumas instituições de ensino superior possuem parceria. Cada instituição estrutura

seu projeto PIBID de acordo com os objetivos da CAPES, algumas vinculando as

atividades práticas das disciplinas de metodologia, por meio de projetos, outras

associam as bolsas ao estágio supervisionado entre outras.

O futuro professor também está diante do reconhecimento de uma escola que

se encontra repleta de atividades, tais como: de resgate de valores, de preservação

da saúde (campanhas de vacinação, campanhas de arrecadação de roupas, dentre

outras), da acessibilidade das políticas públicas (por exemplo: programas de

45

distribuição de leite, vale gás...), e, assim, o labor do professor, no momento atual,

não consiste apenas em discutir e incutir a ciências em seus educandos, ultrapassa

o conhecimento teórico e prática de uma área e, também, recai nas mazelas sociais,

econômicas e antropológicas da nossa época.

O exercício da nossa profissão também está permeado por ações de

motivação com os nossos alunos e demais membros da comunidade, por

enfrentamento em lutas contra exclusão daqueles que tiveram seus direitos

negados, apesar de termos pouca formação e infraestrutura para realizar a inclusão,

na participação em eventos para arrecadação de verbas para manutenção do

ambiente escolar (festas folclóricas, rifas, dentre outras).

Neste cenário reconhecemos no Projeto Rondon13, uma prática formativa que

coloca o aluno universitário no desenvolvimento de projetos coletivos, por meio da

imersão e vivência em determinada comunidade. Os participantes (professores e

alunos) deste Projeto recebem bolsa para deslocamento, alimentação e realização

do projeto selecionado para determinada comunidade.

Reconhecer apenas especificidades dos conteúdos se apresenta apenas

como um dos pilares da nossa profissão e formação. Afinal, na docência somos

responsáveis entre outras coisas em: mediar o ensino e conduzir para aprendizagem

dos alunos; trabalhar com o multiculturalismo dos alunos e da comunidade; elaborar

e realizar projetos de melhorias nos conteúdos curriculares; implementar utilizar de

novas ferramentas educacionais, e ainda, desenvolver habilidade do convívio

solidário entre os alunos.

Parafraseando Kenski (2013), a formação de profissionais para docência

para atuar em projetos no momento atual é algo complexo, amplo e envolve a

incorporação de novas práticas pedagógicas, outra cultura e novos conceitos.

Diante do cenário acima, acreditamos que as práticas formativas em cursos

de graduação de professores devem contemplar, além dos saberes da ciência de

uma área específica, as práticas pedagógicas que dão suporte para transposição na

sala de aula, devem também estar carregada da cultura local e da global e dos

fatores econômicos que regem na sociedade moderna. Da forma posta,

coadunamos com o pensamento Imbernón (2011, p. 15),

13O Projeto Rondon é um projeto coordenador pelo Ministério da Defesa. Histórico do Projeto Rondon. Disponível em: <http://projetorondon.pagina-oficial.com/portal/index/pagina/id/9718/ area/C/module/default >. Acesso em: 20 de abril de 2015.

46

Nesse contexto, a formação assume um papel que transcende o ensino que pretende uma mera atualização científica, pedagógica e didática e se transforma na possibilidade de criar espaços de participação, reflexão e formação para que as pessoas aprendam e se adaptem para poder conviver com a mudança e a incerteza

Quando mencionamos os itens acima estamos tratando da construção do

currículo para formação inicial de professores que deve constituir-se de situações

teóricas das ciências, das práticas (metodologias) e de situações que estão

presentes na sociedade moderna e que representem as problemáticas reais, assim

o processo de aprendizagem de formação poderá ser reflexivo e experiencial, e que

possa incutir no futuro profissional a necessidade de formação continuada.

Acreditamos que os enfoques para construção do currículo para formação

inicial de professores devem permear situações, acima levantadas, além da ordem

sociológica, psicológica, cultural, filosófica, afinal os profissionais irão trabalhar em

modelos estabelecidos e precisam projetar-se para as necessidades dentro e além

do seu tempo histórico.

No caso da docência e considerando que a escola é um sistema social, o

professor em formação inicial quando possui consciência do seu ambiente tenderá a

desenvolver uma facilidade para adaptar-se às mudanças e propor inovações no seu

ambiente de trabalho, com seus pares e a comunidade em geral.

Quando durante seu período de formação inicial o professor é exposto nas

disciplinas teóricas e práticas, as problemáticas reais do cotidiano escolar, as

situações de construção de planejamento, de atuar a partir do real e não ideal

constrói-se uma perspectiva de formação que ultrapassou o domínio técnico, dando

abertura para atuação do professor em qualquer nível da Educação.

Pesce (2009)14, evidencia que é necessário elaborar programas de formação

a partir de consulta às bases, da realidade em que o docente irá atuar, das questões

históricas e sociais, pois cada escola apresenta uma realidade e os programas

deveriam atender a este público concreto.

14 No livro Formação de Professores e Escola na Contemporaneidade, organizado pela professora. Marina Graziela Feldmann, a pesquisadora Lucila Pesce apresenta o texto O educador em foco: um olhar sobre as políticas de formação docente na modalidade de Educação à Distância, que é resultado da sua tese de pós-doutorado.

47

Dentro da humildade que se encontra meu nível de leitura, acredito que o

ideário lançado por Pesce (2009), foi atingindo em poucos casos dentro da realidade

brasileira. Como podemos observar no caso da Universidade Federal do Paraná, em

que sua prática formativa consiste na realização de formação por meio de projetos

com a comunidade.

Perceber e analisar o ambiente educacional é uma tarefa instigante, visto que

fomos moldados culturalmente para compreender a escola e seus processos como

uma coisa complexa e finita, com suas práticas prescritas, mas de vez em quando o

ator educacional (gestor – professor – administrador – pais – órgãos reguladores)

concentra seu olhar e sua atenção, proporcionando uma consciência do momento

vivido, ou melhor, uma percepção daquele ambiente, com suas nuances, suas

dificuldades e sua representação social.

Nas palavras de Carbonell (2002, p. 108),

A primeira tarefa é a realização de um diagnóstico ou mapa educativo de caráter qualitativo, diferentemente dos que costuma realizar a maioria das políticas educativas que se centram unicamente no escolar e no quantitativo.

Vamos recordar o exemplo da Universidade Federal do Paraná Litoral (UFPR

Litoral), que é uma unidade descentralizada da Universidade Federal do Paraná

(UFPR), que promove educação superior por meio de projetos que coadunam com

as expectativas e necessidades dos moradores da região litorânea do Estado do

Paraná. A UFPR Litoral nasceu do diagnóstico que pesquisadores da UFPR ao

perceberem que a região litorânea cultivava índices alarmantes de fracasso

educacional e, por consequência, social. Conforme apontado no Histórico da

Instituição,

A UFPR Litoral surgiu para atender a necessidade de desenvolvimento sustentável do Litoral e do Vale do Ribeira, regiões que historicamente foram desacreditadas. A deficiência socioeconômica e sociocultural atual precisa ser revertida e para isso é necessário unir esforços de todas as instâncias. O projeto da UFPR Litoral se consolidou por parcerias em várias instâncias governamentais das esferas Federal, Estadual, Municipal (2011, p. 1).

48

Consideramos a partir das leituras realizadas que o diagnóstico é o pontapé

inicial para o desenvolvimento de uma prática formativa, ou seja, reconhecimento da

situação daquela escola de forma complexa.

Coadunando com a sua implantação as práticas formativas da UFPR Litoral,

têm como princípio o diagnóstico da realidade concreta daquele espaço, conforme

podemos observar no trecho extraído do Projeto Político Pedagógico15,

toma como princípio a reflexão acerca da realidade concreta do lugar, como fonte primeira, para, em diálogo com o conhecimento sistematizado, tecer a organização curricular e o desenvolvimento de projetos que devem partir dos alunos e envolver os professores e a comunidade (UFPR Litoral, 2008, p. 6).

Os atores educacionais, aqui compreendidos em sua totalidade, professores,

alunos, ex-alunos, pais, órgãos reguladores e comunidade, cada qual em sua

instância, de sua forma e em seu tempo, representam a base de sustentação desta

prática formativa, que é realizada a partir da realidade. É a partir do diagnóstico e

intencionalidade dos sujeitos acima mencionados que a prática formativa se

concretiza.

Reconhece-se que estes sujeitos também são aqueles que podem impedir

que os processos desta prática formativa pudessem ser implantados e permaneçam

no ambiente, pois muitos pensam em fazer o futuro com práticas de um passado

carregado de significado.

As práticas formativas da UFPR Litoral estão baseadas no desenvolvimento

de projetos de aprendizagens, conforme podemos observar a partir do Projeto

Político Pedagógico (2008, p. 12)

A organização da formação discente ao privilegiar a investigação/ação por meio dos projetos de aprendizagens possibilita ao educando o exercício da construção da leitura da realidade concreta. Esse exercício, mediado pelos espaços dos fundamentos teórico-práticos e das interações culturais e humanísticas, no diálogo com seus pares, professores e o meio social, vai construindo as condições objetivas viabilizadoras de sua autonomia, aqui entendida como um processo emancipatório.

15 O Projeto Político Pedagógico da UFPR Litoral pode ser lido na íntegra na rede mundial de computadores. Disponível em: <http://www.litoral.ufpr.br/pdfs/2009/PPP%20-%20UFPR%20-%20LITORAL_Set_2008_Alteracao_Dez_2008_Impress%E3o.pdf > Acesso em: 20 de abril de 2015

49

A experiência da UFPR Litoral em construir práticas formativas iniciais de

professores compreendendo as bases teóricas e a importância das práticas, o

contexto social em que o sistema educativo está posto, e o humano em formação

com sua história de vida e a sociedade em que está inserido, requer da instituição

formadora um planejamento, que ultrapasse apenas escolha de conteúdos para

preenchimento da matriz curricular e o atendimento as normativas legais.

As atividades práticas com a realidade do decorrer da formação permitem

entrelaçar o contexto e entrelaçar conhecimentos teóricos em prol de promover a

mudança social e científica em sua formação e na formação dos demais.

Planejamento curricular que na nossa concepção deve estar calcado na

concepção moderna de currículo que agrega uma série de perguntas, entre outras

no contexto da formação inicial de professores: O que planejar para formação inicial

de professores? Em quais teorias educacionais podemos amparar nosso

planejamento? Como implementar o planejado? Com quais instrumentos iremos

avaliar o planejado? Quem são os profissionais que planejam? Quem é o aluno?

Como queremos o perfil do egresso? Tais questionamentos são apenas evidências

que devemos e precisamos planejar quando nos propomos a formar professores, ou

ainda, nos propomos a elaborar cursos de formação inicial indiferente do nível de

ensino.

Nas palavras de Fava (2014, p. 139),

minha proposta é substituir a reflexão especulativa e idealista que preside a elaboração dos currículos tradicionais por uma transposição didática amparada em uma análise prospectiva e realista das áreas de atuação de cada projeto acadêmico.

Outro fator importante que aparece na constituição de práticas formativas e

que possui amparo legal no Brasil16, é o corpo docente que faz parte do curso, que

devem ser professores com experiência profissional na educação básica e

possuírem formação pela pesquisa em programas de mestrado e doutorado. Ora,

formar professores significa que o quadro de formadores é oriundo das escolas de

Educação Básica, que reconhecem as necessidades e realidades escolares, mesmo

elas sendo consideradas corriqueiras, triviais e demasiadamente técnicas por alguns

16 A Resolução CNE/CP, 1 de 18 de fevereiro de 2002, estabelece como deve ser o corpo docente dos cursos formação de professores.

50

estudiosos. Além de que esta nova percepção na formação inicial de professores

quebra com o velho paradigma que somente os pesquisadores produziam saberes e

que os professores os aplicavam.

Compreendemos que o quadro docente do curso de formação inicial em

cursos de Pedagogia é um fator de suma importância; afinal, professores que

possuam formação de sctrito sensu (pesquisa) e a experiência da sala de aula

(prática) em tempos modernos é enriquecedor para os alunos, além de ser um item

obrigatório quando os cursos são avaliados pelo Ministério da Educação.

Com corpo docente, composto com profissionais que possuam a pesquisa e a

prática, os acadêmicos estarão expostos à realidade da escola, e conseguirão fazer

pontes entre o conhecimento estudado na teoria e o labor diário da sala de aula.

Assim, quando encaminhados para as atividades de práticas no estágio e nas

disciplinas práticas conseguiram perceber a importância da teoria em suas

atividades, refletindo cada ação e entrelaçando com a teoria posta durante as aulas.

E aqui concordamos novamente com Freire (2011), que enquanto educadores

devemos nos recusar a “domesticação’’ e que nossa tarefa está amparada no

conceito da comunicação e não ao de extensão, assim não somos meros

reprodutores de técnicas, ou ainda, Apple (2002), que a escola e nossa tarefa é

entendida como um aparato tanto produtivo como reprodutivo, e não se trata de

uma visão romântica dos profissionais que atuam na formação de professores, mas

uma percepção de que não podemos aceitar a metáfora da reprodução para os

professores com experiência. Acreditamos que a capacidade de decidir também está

amparada no processo comunicacional entre professor e aluno, assunto este que

debatemos durante nossa pesquisa na fase do mestrado.

Imbernón (2011), nos alerta da importância de construirmos currículos e que

promovam práticas formativas interdisciplinares, que permitissem aos futuros

professores integrarem conhecimentos e técnicas de várias disciplinas. E Candau

(1997), diz que “no âmago da problemática das licenciaturas, aflora a questão da

integração - interdisciplinaridade’’.

A palavra interdisciplinaridade, por si, já é complexa devido sua extensão e

sua forma de escrita em outras línguas. Também carregamos de forma empírica que

a interdisciplinaridade ao desenvolver uma prática formativa pode ser uma atividade

complexa e laboriosa. Mas nas palavras de Fazenda (2002, p. 108),

51

“interdisciplinaridade não se ensina, não se aprende, apenas vive-se, exerce-se e

por isso exige uma nova pedagogia, a da comunicação”.

Na perspectiva interdisciplinar convencionamos apresentar e analisar o

projeto das licenciaturas de Biologia e Física da Universidade Federal de São Carlos

(UFSCar)17, que implantou em 1999, como prática formativa um projeto

interdisciplinar na perspectiva de integração das disciplinas de Práticas de Ensino de

Física e Prática de Ensino de Biologia, ambas disciplinas obrigatórias para as duas

licenciaturas. A prática formativa foi amplamente discutida entre os professores dos

dois cursos e foi estabelecida a partir dos seguintes parâmetros: os alunos seriam

comunicados da proposta e a mesma só teria continuidade com aceitação dos

alunos; as duas professoras da disciplina atuariam juntas nos momentos com os

alunos.

A prática formativa interdisciplinar tinha um desafio que além de tratar de

duas disciplinas, ainda, possuía duas turmas distintas, assim o segundo obstáculo à

ser vencido consistia justamente na unificação da turma para realização das

atividades. As atividades para vencer esta etapa inicial foi utilizar filmes e outras

atividades que para promover o debate, a aproximação e os diálogos entre os

alunos.

Esta prática formativa interdisciplinar tinha o objetivo no desenvolvimento de

atividades em escolas do município. Para o desenvolvimento das atividades os

alunos da licenciatura em Física e Biologia deveriam formar pequenos grupos,

constituídos por membros dos dois cursos, e planejar e realizar atividades nas

escolas. Todas as atividades eram filmadas para que novamente na universidade

pudessem ser avaliadas pelas professoras.

Esta capacidade acadêmica e futura profissional dos docentes de trabalhar de

forma interdisciplinar extrapola elaboração de projeto entre disciplinas, pois ter uma

percepção interdisciplinar da escola e do meio significa uma abordagem de trabalho

em grupo, respeito às diferenças, em percepção do local, das necessidades da

comunidade, de atendimento ao anseio educacional e da promoção da

aprendizagem para e como aluno.

17 A prática formativa interdisciplinar completa está disponível em <http://www.educadores.diaadia. pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/Biologia/Artigos/interdisciplinas.pdf >. Acesso em: 21 de abril de 2015.

52

A partir do momento que temos professores que passaram por práticas

formativas interdisciplinares que consigam entender a complexidade, e ou, a

simplicidade do pensamento interdisciplinar, conseguiremos fortalecer os processos

de mudanças, e a escola não ficará atrelada somente ao modelo mental que

dispomos da “velha escola”, que ensina de forma fragmentada. Essa concepção de

práticas formativas interdisciplinares favorece à superação da racionalidade técnica

prevista em outros momentos.

Quando estamos apresentando e discutindo práticas formativas, indiferente

da modalidade de ensino, é pelo fato de acreditarmos que as tecnologias e a

separação física do professor titular com os alunos são apenas propulsoras para o

desenvolvimento de novas possibilidades de práticas formativas.

Uma das preocupações dos pesquisadores no que concerne cursos na

modalidade EaD e o desenvolvimento dos processos relacionais, assim surgem

práticas formativas a fim de vencer esse obstáculo, como podemos perceber e

analisar na experiência da Universidade Estadual do Ceará (UEC)18, no curso de

licenciatura em Biologia.

A Universidade Estadual do Ceará estruturou quatro programas, na intenção

de promover os processos de comunicação e aproximação do aluno com a

universidade, apesar do aluno estar fazendo um curso EaD. As práticas formativas

podem ser resumidas da seguinte forma: A prática formativa Monitoria Acadêmica

consiste na seleção de alunos EaD para atender os demais alunos do curso também

da mesma modalidade. A prática formativa Vida em Foco foi a constituição de um

programa de rádio, com os conteúdos de diversas temáticas existentes na Biologia;

A prática formativa Ciências na Escola consistia na realização de atividades nas

escolas públicas e a identificação das necessidades daquela escola. Enquanto

Musicalizando a Biologia, consistia na realização de paródias a partir dos conteúdos

elementares da Biologia.

As práticas formativas utilizadas pela Universidade Estadual do Ceará são

atividades realizadas inicialmente em cursos presenciais, o que difere apenas é

utilização de programa de rádio – que habitualmente é utilizado na área de

comunicação – que possibilita ampliar o processo interativo entre professor-aluno. 18 As práticas formativas podem ser exploradas em sua totalidade com a leitura do artigo Para além da Educação a Distância: práticas formativas e relacionais em um Curso de Ciências Biológicas. Disponível em: <http://eademfoco.cecierj.edu.br/index.php/Revista/article/viewFile/301/108>. Acesso em: 21 de abril de 2015.

53

Por ser uma ferramenta de informação rápida, o trabalho pode ser feito de modo

assertivo e pontual a partir de um roteiro pré-estabelecido – antevendo dúvidas dos

alunos e esclarecendo pontos específicos da disciplina, favorecendo interações

entre a universidade e os alunos.

Mostramos este caso para representar que as práticas formativas podem ser

utilizadas em qualquer modalidade de ensino. Esta prática formativa com

abordagem da aprendizagem pela ação na educação de adultos pressupõe romper

com senso comum de aulas sem a existência de atividades práticas em cursos na

modalidade à distância.

Acredita-se que a aprendizagem pela ação provoque o sentimento de

pertencimento ao grupo, além de sensibilizar o adulto aprendente no seu

desenvolvimento intelectual, emocional e físico, o que implica em continuidade do

padrão de ir para escola aprender um conteúdo formal e também de mudanças

observáveis por meio do seu comprometimento com sua aprendizagem e com os

demais membros do grupo.

Na literatura e na constituição histórica do processo educacional existe um

vasto cabedal de práticas formativas que podem ser realizadas no contexto da

formação inicial, cabendo aos professores formadores e as instituições de ensino, a

responsabilidade de realizar com qualidade, de acordo com o contexto, e sempre

prevalecendo a missão constitucional do processo de ensino como direito social, que

visa o desenvolvimento da pessoa e seu preparo para exercício da cidadania e por

consequência para o trabalho qualificado.

54

3 CURSO EAD: A REALIDADE A PARTIR DOS DOCUMENTOS

No poema

e nas nuvens cada qual descobre

o que deseja ver.

(Helena KOLODY)

Neste capítulo apresentamos e discutimos o Projeto Político Pedagógico de

um curso no modelo de EaD de Formação de Pedagogos de uma Instituição

localizada no Sul do Brasil, o currículo, as videoaulas, os materiais, na intenção de

mostrar as práticas formativas oriundas das disciplinas do Núcleo Integrador

(Estágio Supervisionado, Didática, Planejamento e Metodologia do Ensino de Língua

Portuguesa e Matemática) do curso objeto da pesquisa a partir dos documentos

fornecidos pela instituição.

O capítulo apresenta o curso de Pedagogia, em seu projeto pedagógico na

totalidade e, em seguida, discutimos os itens que retratam as práticas formativas do

núcleo integrador: as videoaulas, os livros das disciplinas do núcleo integrador, os

manuais, os relatórios da Comissão Própria de Avaliação (CPA) e o regimento

interno da instituição.19

3.1 O CURSO DE PEDAGOGIA NA MODALIDADE À DISTÂNCIA

A Instituição de Ensino Superior (IES) pesquisada está sediada em uma

cidade do sul do país. Foi criada em 1998 para atuar na educação presencial, em

2004 pelo Parecer do CNE/CES 258; credenciada e autorizada para atuar em

educação à distância, e tem atualmente 147 polos de apoio presencial em todo o

Brasil. Oferece cursos presenciais e à distância, de graduação (Pedagogia,

Administração, Ciências Contábeis, Letras, Matemática, Análises e Desenvolvimento

19 No site da instituição pesquisada encontramos o Projeto Político Pedagógico, o Regimento e os Relatórios da Comissão Própria da Avaliação.

55

de Sistemas), pós-graduação, extensão, técnicos profissionalizantes, além de

manter projetos sociais e atender demandas específicas de formação.

A instituição apresenta infraestrutura física de campus, polos de apoio

presencial, estúdio e uma editora. Para atender os alunos presenciais, o campus

conta com salas de aulas espaçosas, auditório, equipamentos de multimídia em

todas as salas, biblioteca com aproximadamente oito mil livros, cantina,

estacionamento, além de amplo espaço aberto para realização de eventos. Os

alunos de fora do campus são matriculados nos polos de apoio presencial, que

devem contar com estrutura semelhante do campus da sede. Os discentes que

estudam na modalidade à distância participam das aulas, a partir de um receptor

local de videoaulas por internet (no momento atual). As aulas são produzidas nos

dois estúdios que a instituição possui na capital do Estado do Paraná, no período

histórico em que se situa esta pesquisa, os alunos somente tinham acesso as aulas

quando estavam no polo de apoio presencial, levando uma obrigatoriedade da

presença. No momento contemporâneo, as aulas podem ser acessadas nos polos

de apoio presencial, ou em qualquer computador que o aluno tenha acesso à

internet.

Desde sua criação, a instituição já formou, aproximadamente, 50 mil alunos

no curso de Pedagogia, nos índices oficiais (ENADE, IGC e CPC) se mantém dentro

da média nacional, e sofreu fiscalização por parte do Ministério da Educação (MEC),

durante os anos de 2011 a 2013 para regularizar a infraestrutura dos polos de apoio

presencial, fato este ocorrido nas demais instituições que atuam em educação à

distância do país. De acordo com os dados fornecidos pela instituição, os egressos

do curso de Pedagogia, na sua grande maioria, estão atuando na área da Educação.

O curso de Licenciatura de Pedagogia EaD, constituiu-se naquele momento

da pesquisa, com transmissão via satélite20, um encontro semanal obrigatório no

polo de apoio presencial com duração de três horas, e com integralização mínima

de quatro anos.

A parte ofertada via satélite corresponde praticamente a uma metodologia

semipresencial, pois os alunos recebem os conteúdos transmitidos pelo professor

via satélite, reunidos em turmas organizadas para atividades presenciais, nos polos

20 Quando do início da pesquisa de doutorado a instituição ainda trabalhava com apenas esta modalidade de educação à distância. Na pesquisa realizada no site em abril de 2015, constatou-se que atua com os demais modelos de EaD apontados anteriormente nesta pesquisa.

56

de apoio presencial, o que corresponde a 1/3 da carga horária total, incluindo os

momentos de avaliação de cada bloco de disciplinas. Outro terço é dedicado às

atividades locais, realizadas com o professor-tutor, orientadas e supervisionadas

pelo professor-tutor on-line da instituição de ensino. O terço restante era

desenvolvido em estudos realizados individualmente pelo aluno. Ao final de cada

grupo de disciplinas, atendendo ao que dispõe a legislação, são realizadas as

avaliações obrigatórias e presenciais para verificar os conhecimentos adquiridos

sobre os conteúdos desenvolvidos naquele grupo de disciplinas. Conforme podemos

observar na Figura 6.

Figura 6 – Metodologia de transmissão

Fonte: Machado, Dinamara P.

A entrada de novos alunos na Instituição acontece quatro vezes ao ano,

sempre nas disciplinas que estão sendo ofertadas naquele momento. A matriz

curricular é constituída de disciplinas sem pré-requisitos. Este modelo de matriz é

chamado de entrada circular e possibilita a IES, a realização de vários processos

seletivos, a fim de aumentar sua base de alunos.

57

Percebemos que este modelo de entrada de forma circular facilita o

desenvolvimento de campanhas publicitárias, de conseguir alcançar o número de

alunos em que a instituição possui autorização, pois estão em processo de captação

de estudantes.

A seguir, apresentamos na Figura 7, o modelo de matriz adotado pela

instituição pesquisada.

Figura 7 – Representação gráfica do modelo de entrada de novos alunos

Fonte: Machado, Dinamara P.

Este modelo comercial e pedagógico rompe com o paradigma que já foi

considerado essencial no processo educacional, com a constituição de disciplinas

como pré-requisitos para matrículas nos momentos subsequentes, que

possibilitavam embasamento teórico para construção da aprendizagem.

O modelo de matriz curricular com pré-requisitos sempre foi utilizado na

perspectiva de possibilitar uma sequência aos conteúdos dos programas das

disciplinas curriculares, visando melhor aproveitamento acadêmico, e sendo

entendido como um benefício para o aluno.

Na Figura 8, representamos de forma gráfica, as dezesseis entradas

existentes na duração mínima (quatro anos) do curso de Pedagogia EaD, objeto

desta pesquisa.

58

Figura 8 – Número de entradas durante quatro anos do Curso de Pedagogia EaD

Fonte: Machado, Dinamara P.

Novamente reforçamos que adotamos que uma disciplina pré-requisito

apresenta um conteúdo – essencial – elementar – para a compreensão e apreensão

do próximo conteúdo. No caso da instituição pesquisada, fora adotado que toda

disciplina teria como sua primeira aula a apresentação dos conteúdos elementares

para o desenvolvimento daquela disciplina.

Evidenciamos que não localizamos nas Diretrizes Curriculares do Curso de

Pedagogia e de Formação de Professores, nos Indicadores de Qualidade em EaD,

nem na Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/96 apontamentos regulando a entrada de

novos alunos na estruturação circular da matriz curricular.

Parece-nos que com a ausência de disciplinas pré-requisito gera-se um

estudo extra para o aluno, um nivelamento negativo das disciplinas, ou ainda, uma

estruturação diferente para a disciplina, que solicitava conhecimento anterior.

59

Nossa hipótese após todos esses anos de trabalho com EaD, é que a

entrada em curso sem pré-requisito faz com que o aluno inserido neste modelo,

desenvolva a autonomia, e que futuramente solicita realização de exame de

suficiência21 nas disciplinas que anteriormente deveriam ser pré-requisito, ou ainda,

que cursa a disciplina no objetivo de fortalecer o aprendizado adquirido

anteriormente.

Na instituição pesquisada consta em seu regimento que o aluno não pode

solicitar mais que duas disciplinas na forma de exame de suficiência, e que o mesmo

somente pode ser realizado caso o aluno tenha logrado êxito em concurso público.

É evidente que esse modelo de oferta e organização da matriz curricular

cedeu aos anseios econômicos e capitalistas da sociedade moderna, o que restou

aos gestores e coordenadores de curso foi, dentro da competência teórica,

redesenhar novos caminhos para o processo de aprendizagem do aluno adulto.

Podemos chamar esse fato de precarização pedagógica, mas não podemos nos

furtar também de evidenciar que as tipologias e as tendências educacionais podem

ser utilizadas para suportar o modelo de matriz curricular sem pré-requisito, caso

contrário, a instituição de ensino pesquisada, e todas as outras que atuam na

modalidade à distância que utilizam esse modelo, conseguiriam aprovar seus cursos

no Ministério da Educação nos processos regulatórios.

Como a matriz curricular é constituída sem pré-requisito é oferecido, para o

aluno, o curso de Nivelamento de Educação à Distância das disciplinas de Língua

Portuguesa e Matemática. O curso de nivelamento em EaD tem por objetivo inserir o

aluno na metodologia da educação à distância, explica como ele deve realizar o

planejamento para o estudo e utilizar o ambiente virtual de aprendizagem. Explica,

ainda, a importância da realização das práticas nos encontros presenciais, além de

mostrar o processo de comunicação entre professor–tutor e aluno. No outro curso,

os alunos têm acesso aos conteúdos elementares de Língua Portuguesa e

Matemática. Nenhuma das duas atividades sofrem processo avaliativo e não

agregam maior carga horária no curso.

Compreendemos que o curso de nivelamento em EaD é primeiramente

realizado por ser uma obrigação da Instituição perante os órgãos reguladores, mas 21 Exame de suficiência é uma das formas de atendimento ao disposto na Lei 9.394/96, de possibilitar ao aluno da graduação obter dispensa, mediante a comprovação de extraordinário aproveitamento de estudos de até um módulo ou um semestre, ou ainda, da carga horária correspondente a um módulo ou um semestre.

60

também, temos a hipótese de que nesse momento a instituição de EaD mostra ao

aluno, que ele deve responsabilizar-se pela tomada de decisão em relação aos

processos de sua aprendizagem, isentando-a da sua responsabilidade de formar, já

que tudo estará à disposição do aluno; basta o mesmo requerer sua aprendizagem.

3.2 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DO CURSO DE LICENCIATURA DE

PEDAGOGIA EAD

Como um dos itens desse capítulo consiste em analisar o potencial da

proposta curricular do curso de Pedagogia EaD, convencionamos de forma imediata

verificar se o mesmo atende o preconizado nas Diretrizes Curriculares Nacionais

(doravante DCNs)22 para o curso de Pedagogia, e fazer um cruzamento com as

propostas postas no Projeto Pedagógico do Curso (doravante PPC) da instituição

pesquisada.

O curso de licenciatura de Pedagogia EaD, objeto desta pesquisa, foi

autorizado para funcionamento pelo Parecer nº 949/2000 de 31/10/2000, iniciou

suas atividades em março de 2001 e teve seu reconhecimento por meio da Portaria

677 de 12/12/2013.

Pesquisamos no site das duas maiores instituições de EaD23 do país pelo

último Censo do Ensino Superior, e constatamos que os cursos estão estruturados

da mesma forma (oferta circular), passaram por processo regulatório e obtiveram

êxito no processo de reconhecimento.

As Diretrizes Curriculares apontam para formação docente ampla, diferente

nos momentos anteriores em que o curso de Pedagogia tinha habilitação específica

para docência em seus distintos níveis, além de orientação e supervisão. No

momento atual, tratamos da formação para docência e gestão desde a Educação

Infantil até Educação Profissional, como podemos observar no preconizado pelas

diretrizes:

22 Extraímos desta tese de doutorado o histórico do curso de Pedagogia no Brasil, pois acredita-se que já existem inúmeros documentos que tratam da temática, além de que as DCNs estão novamente em fase de consulta pública. 23As pesquisas foram realizadas nos seguintes endereços: <http://uninter.com/graduacao-ead/cursos/licenciaturas/pedagogia> e <http://www.unoparead.com.br/graduacao/pedagogia/>.

61

Art. 2º As Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia aplicam-se à formação inicial para o exercício da docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, e em cursos de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos.

Da forma posta, o curso de Pedagogia pesquisado incorpora em sua missão

preceitos de que a prática pedagógica social e democrática será o fio condutor para

formação de professores, também posiciona sua percepção a respeito da inclusão

do gestor educacional, como podemos observar abaixo:

[...] tem por missão formar, por meio de uma prática pedagógica aderente ao social e com metodologias inovadoras e democratizantes, profissionais competentes, éticos e humanos, para atuarem na docência da Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nas disciplinas pedagógicas dos cursos de Ensino Médio na modalidade Normal e dos Cursos profissionalizantes, em classes de inclusão e I Segmento do Ensino Fundamental na Educação de Jovens e Adultos, além de desempenhar tarefas de coordenação e gestão pedagógica e de intervir no sentido da efetivação dos princípios democráticos e da promoção humana (PPC, 2009, p. 6).

A proposta generalista e ampla, salvadora da missão do PPC tem aderência

às Diretrizes Curriculares, e ainda acrescenta o aspecto da preservação dos valores

democráticos e de crescimento ético de preservação da vida. Com o transcrito na

missão do PPC, tem-se uma percepção de uma formação pedagógica por meio do

curso de Pedagogia EaD, que irá resolver, além dos problemas pedagógicos do

ambiente escolar, os problemas de formação humana, e assim consegue-se,

também, solucionar as mazelas sociais.

O discurso habitual, deposita na educação toda responsabilidade social,

recobre-se de otimismo pedagógico, apesar de reconhecermos que o período

escolar apesar de amplo, em média ficamos entre dezessete anos entre Educação

Básica e Superior, nossa vida é permeada por outros fatores (familiares,

econômicos, cognitivos, afetivos, dentre outros) e que, por consequência, ajudam na

formação proposta da missão.

Queremos crer que o discurso habitual, esteja recoberto da filosofia freiriana,

que nos últimos ganha espaço nos corredores escolares, em que o ser humano

62

possui espaço para dialogicidade, e a partir da mesma reconstrói o mundo,

modificando-o continuamente, de acordo com seu período histórico e com os

princípios democráticos, nas palavras de Freire (1987, p.78), “ a existência humana,

não pode ser muda, silenciosa, nem tão pouco nutrir-se de falsas palavras, mas de

palavras verdadeiras, com que os homens transformam o mundo”.

Mantendo uma linha lógica de pensamento o projeto político pedagógico, com

curso de Pedagogia pesquisado, continua no objetivo geral e específicos se

comprometendo em formar profissionais que atendam aos anseios da sociedade

atual, que consiga perceber que sua formação deve acontecer ao longo da vida, já

que sua atuação pode acontecer em ambientes formais de educação e informais,

como podemos observar abaixo:

Desenvolver as competências necessárias à formação do profissional da educação comprometido com a realidade brasileira e com o processo de transformação social, possibilitando ao discente o aprimoramento contínuo para atuar de forma dinâmica nas diferentes dimensões do trabalho pedagógico, nas várias esferas educacionais – escola ou outros ambientes educativos - para que na compreensão crítica da realidade sócio-educacional, intervenha no sentido da efetivação dos princípios democráticos e da emancipação humana (PPC, 2009, p. 6).

Quando exposto no objetivo geral do curso a atuação do egresso nas várias

esferas educacionais ou em outros ambientes, atende-se plenamente o preconizado

no Art. 2 das DCNs, pois até o referido momento a instituição não apresentava

nenhum indicativo que o egresso em seu processo de formação teria acesso às

dinâmicas de trabalhos educacionais em espaços escolares não formais.

Entrelaçarmos o discurso filosófico, social e cultural do PPC e das DCNs e

concluirmos o propósito uníssono, ou seja, que a equipe pedagógica está em

consonância com as políticas nacionais de formação de professores, dado que

nossa profissão tornou-se um campo de atuação em que não basta termos a

transmissão do conhecimento científico atrelado com ações práticas, que

precisamos exercer funções motivacionais, de recordamos os valores universais, de

lutarmos pela preservação do direito daqueles que muitas vezes foram excluídos –

social ou economicamente – da forma posta, podemos avançar na análise do

currículo proposto pelas DCNs e que devem constar no projeto político pedagógico.

63

As DCNs apontam que os projetos dos cursos de Pedagogia precisam

estruturar seu currículo em três núcleos distintos, sendo eles: Núcleo de Estudos

Básicos + Núcleo de Aprofundamento e Diversificação de Estudos + Núcleo de

Estudos Integradores.

A organização por núcleos de estudos é uma forma de organização curricular,

e o pensamento sobre as formulações curriculares e o entendimento de uma

sociedade enquanto crítica traz à tona pensarmos nos sinais de uma geração de

egressos norteados pelas formulações curriculares a partir da metodologia da

Educação a Distância. Para tanto devemos entender o exposto por Apple (1993, p.

31),

Como um aparelho do estado as escolas exercem papéis importantes na criação das condições necessárias para acumulação de capital (elas ordenam, selecionam e certificam um corpo discente hierarquicamente organizado) e para a legitimação (elas mantêm uma ideologia meritocrática imprecisa e, portanto, legitima as formas ideológicas necessárias para a recriação da desigualdade)...

Ao percorrer a citação acima evidenciamos que organização curricular por

núcleos ou qualquer outra forma de organização, legitima a ideologia de seus

organizadores, portanto, com o alcance social da Educação a Distância estariam

envolvendo vários sujeitos e gerações futuras. No nosso trabalho adotamos que a

organização por núcleos representa o currículo do curso de Pedagogia. Currículo

que deve ser entendido além de conteúdos dispostos de forma linear e ordenados.

Hamilton (1992, p. 41), aborda que há grande dificuldade em se averiguar as

origens do currículo, pois essas são muito limitadas. Ele cita o Oxford English

Dictionary como a mais antiga fonte em que se situa o termo “curriculum”, em 1633,

nos registros da Universidade de Glasgow e conta que a palavra

aparece num atestado concedido a um mestre quando de sua graduação e está vazada numa forma que, assim o afirma a reimpressão feita no século XIX, tinha sido promulgada “logo após” que Universidade tinha sido reformada pelos protestantes em 1577.

Hamilton (1999, p. 46), lembra ainda que “existe a possibilidade de que o

termo educacional ‘curriculum’ tenha se originado, não em Genebra, mas no

64

discurso latino de suas congregações derivadas, do final do século XVI”. Também

afirma que “um ‘portador’ da ideia de curriculum (se não o termo) pode ter sido o

escocês Andrew Melville”, docente na Academia de Genebra de 1569-1574.

Dando um salto desse final de século XVI até o final do século XIX, de acordo

com o que evidenciam Moreira e Silva (2006), foi nos Estados Unidos, que um grupo

de educadores começou a atentar para as questões curriculares, iniciando os

estudos que configuraram o aparecimento desse novo campo, havendo uma grande

inquietação com “os processos de racionalização, sistematização e controle da

escola e do currículo” (MOREIRA; SILVA, 2006, p. 9). O objetivo desses

profissionais era ocupar-se do planejamento das atividades pedagógicas, buscando

impedir que a conduta e, até mesmo, o pensamento do educando se afastassem de

metas e padrões pré-estabelecidos a fim de alcançar a eficácia no desenvolvimento

do processo de ensino aprendizagem.

Para realizar tal tarefa, estabeleciam-se critérios, metodologias, caminhos que

distinguissem total controle de todo o processo, como se as escolas fossem

empresas e, ao se definirem como tal, o cenário educacional se tornasse mais

produtivo e eficiente.

Forquin (1993, p. 23), comenta que podemos observar que a noção de

currículo foi evoluindo e se modificando segundo os padrões vigentes na sociedade,

citando como exemplo que nos anos 60, com o predomínio da tendência

“tecnológica” da educação, “a qual privilegia a pesquisa de objetivos operacionais e

avaliáveis e a execução de meios racionais com vista a atendê-los” e nas definições

mais atuais, podemos ressaltar que o currículo incorpora uma dimensão mais

dinâmica ao refletirmos sobre sua realização, seu exercício, sendo transferida a

percepção de apenas projeto para a ideia de projeto e seu desenvolvimento prático.

Sacristán (2000) corrobora com Moreira e Silva (2006), observando que o

conceito de currículo é relativamente recente para nós ao analisarmos o sentido que

tem “em outros contextos culturais e pedagógicos nos quais conta com uma maior

tradição” (SACRISTÁN, 2000, p. 13).

Para o referido autor, o debate sobre o que ensinar embasou-se na tradição

anglo-saxã e o currículo foi compreendido ponderando os fins últimos e os

conteúdos acerca do que ensinar, alargando-se, posteriormente, seu conceito. Desta

forma, teorizar sobre o currículo é ocupar-se das condições de como esse se realiza,

65

da necessária reflexão sobre a ação que se desenvolve nas instituições de ensino.

Por esse motivo é primordial que se faça uma análise que explicite porque a escola

seleciona e adota determinada posição sobre a cultura e essa posição vem se

concretizar fielmente, no currículo que constrói e transmite (SACRISTÁN, 2000).

Assim, temos que o sistema de ensino serve a determinados interesses concretos e

vemos isso refletido em seu currículo.

A própria complexidade dos currículos modernos do ensino obrigatório é reflexo da multiplicidade de fins aos quais a escolarização se refere. Isso é um fato consubstancial à própria existência da instituição escolar; consequentemente, a análise do currículo é uma condição para conhecer e analisar o que é a escola como instituição cultural e de socialização em termos reais e concretos. O valor da escola se manifesta fundamentalmente pelo que faz ao desenvolver um determinado currículo, independentemente de qualquer retórica e declaração grandiloquente de finalidades (SACRISTÁN, 2000, p. 16).

Percebemos, portanto, que a escola, por meio do currículo que propõe,

pretende dar conta do que os sujeitos devem saber para que possam intervir e atuar

no contexto em que vivem. Cabe aqui observar a interessante comparação que

Apple (2006), estabelece entre a escola e uma caixa preta. Ele aborda que

economistas, sociólogos e historiadores veem a escola como uma caixa preta em

que se mede a forma como os alunos entram na instituição (o que o autor chama

input) e como esses se comportam durante o processo de escolarização ou ainda,

como saem dela e entram para o mundo do trabalho (output, para o autor).

O que ocorre dentro desse ambiente, as experiências vivenciadas, os

conhecimentos elaborados, fica em segundo plano, perdendo para o que o autor

chama de “considerações globais e macroeconômicas da taxa de retorno de

investimento, ou, mais radicalmente, do que a reprodução da divisão do trabalho”

(APPLE, 2006, p. 61). Ele adverte ainda que o currículo não é neutro e nem aleatório

e, que para compreendermos as causas pelas quais determinados conhecimentos

fazem parte do plano da escola e representam os interesses de determinados

grupos, faz-se imprescindível que saibamos quais são seus interesses sociais,

observando que estes frequentemente guiaram a seleção e organização do

currículo. Para o autor, o poder e a cultura estão dialeticamente entrelaçados e

66

os conhecimentos formal e informal ensinados nas escolas, os procedimentos de avaliação, etc., precisam ser analisados em conexão com outros aspectos, ou não perceberemos boa parte de sua real significação. Essas práticas cotidianas da escola estão ligadas a estruturas econômicas, sociais e ideologias que se encontram fora dos prédios escolares (APPLE, 2006, p. 105).

Faz-se imprescindível considerar, assim, todo um contexto externo à escola

que interfira em suas atividades, decisões, e, consequentemente, no currículo.

Frente ao exposto, analisar o currículo do curso de Pedagogia à distância, ou

seja, olhar com criticidade o currículo e disto retirar o entendimento posto em prática

no contexto, remete-nos a uma perspectiva de coletividade e engajamento,

principalmente no que diz respeito à conduta humana.

O currículo evidencia-se como uma fonte de poder e de alcance social nas

palavras de Moreira e Silva (2006, p. 7),

o currículo não é um elemento neutro de transmissão desinteressada do conhecimento social. O currículo está implicado em relações de poder, o currículo transmite visões sociais particulares interessadas, o currículo produz identidades individuais e sociais particulares. O currículo não é um elemento transcendente e atemporal – ele tem uma história, vinculadas a formas específicas e contingentes de organização da sociedade e da educação.

O fato de termos levantado um tipo de interpretação acerca do currículo e

suas implicações sociais e a massificação da Educação a Distância, são elementos

que podem ser instrumentos de controle social e reforçam nossa problemática que

consiste em analisar o potencial das práticas formativas de um curso de Pedagogia

EaD para atuação do egresso nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

Quando estudamos as teorias de currículo, na concepção moderna, que

ultrapassa a estruturação de disciplinas, e nos confrontamos com uma organização

estabelecida a partir de uma lógica de disciplinas sem pré-requisito, de entrada de

novos alunos quatro vezes por ano, das práticas formativas propostas e vividas por

alunos iniciantes e alunos veteranos em um mesmo tempo, somos levados a

repensar o processo de ensinar e aprender.

67

No Núcleo de Estudos Básicos, discute-se a gestão escolar democrática, e

todas as temáticas ligadas diretamente ao desenvolvimento das organizações, da

sociedade e do ser humano. Ao tratar de desenvolvimento do ser humano,

evidencia-se os processos de aprendizagem, da avaliação, das práticas educativas

e do processo de docência para os diferentes níveis de ensino e aprendizagem em

espaço escolares e não escolares. Considerado como básico ainda os temas da

ética, sustentabilidade, estética, ludicidade, diversidade cultural, cidadania e demais

temas, que são considerados elementares nas problemáticas atuais da sociedade

moderna.

No Núcleo de Aprofundamento e Diversificação de Estudos, a perspectiva de

conhecimento constrói-se a partir da área de atuação do egresso, que está

representada no projeto pedagógico do curso. Apesar de mostrar que o núcleo deve

ser construído a partir do projeto pedagógico, existe um direcionamento para

investigação dos processos educativos e gestoriais nos diferentes níveis de ensino,

no trabalho com materiais didáticos e, por última indicação, para reconhecimento de

teorias que ajudem na construção de projetos educacionais.

Com Núcleo de Estudos Integradores, busca-se aliar atividades de pesquisa

com prática, a fim de garantir o reconhecimento da realidade educacional a partir de

vivências no ambiente escolar.

É importante salientar que não existe nas DCNs uma divisão de carga horária

entre os três núcleos propostos, apenas uma divisão de carga-horária de 2800

dedicadas às atividades formativas (aulas, seminários, pesquisas), mais 300 horas

dedicadas ao estágio supervisionado e 100 horas de atividades acadêmicas

culturais, totalizando 3200 horas para formação do profissional. E no que concerne

aos cursos de EaD existe uma indicação para que as instituições estabeleçam seus

modelos educacionais, conforme podemos observar nos Referenciais de Qualidade

para Educação Superior a Distância (BRASIL. Ministério da Educação, 2007, p. 7),

que preconiza ‘’não há um modelo único de Educação à Distância! Os programas

podem apresentar diferentes desenhos e múltiplas combinações de linguagens e

recursos educacionais e tecnológicos’’. Dessa forma, as instituições de ensino de

EaD podem estruturar metodologias diversas desde que atendam carga-horária total

proposta pelas DCNs.

68

Quando analisamos a imposição da carga-horária das DCNs, percebemos

uma evidência extrema na dedicação de atividades teóricas dentro do curso de

Pedagogia. Na nossa concepção, essa predominância de horas teóricas recai na

dissociação do conteúdo teórico e prático, que estamos tentando continuamente

excluir da formação de profissionais.

A partir dos pressupostos expostos nas DCNs, encontramos no PPC do curso

pesquisado, uma organização por núcleos de formação com a seguinte distribuição

da carga-horária e disciplinas: Núcleo de Estudos Básicos com trinta e três

disciplinas, totalizando 1.980 horas; o Núcleo de Aprofundamento e Diversificação

de Estudos é composto de seis disciplinas, que totalizam 360 horas; e o Núcleo de

Estudos Integradores que possui dez disciplinas com 860 horas de estudos.

Compreendemos que o Núcleo de Estudos Básicos da IES pesquisada

atende ao preconizado nas DCNs, pois trata dos conceitos de gestão, dos temas da

antropologia, da filosofia e sociologia, traz também os conteúdos de fundamentos e

metodologias das disciplinas que futuramente serão objeto de trabalho na docência

na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, conforme podemos

verificar nas disciplinas listadas: Língua Portuguesa; Filosofia da Educação;

Sociologia da Educação; Pensamento Matemático e Construção de Conceitos;

Fundamentos de Antropologia e Educação; Currículos e Programas; História da

Educação; Didática e Planejamento; Psicologia da Aprendizagem; Dificuldades de

Aprendizagem Escolar; Avaliação do Desenvolvimento e da Aprendizagem;

Psicologia do Desenvolvimento; Alfabetização: fundamentos, processos e métodos;

Fundamentos da Educação Infantil; Organização do Trabalho Pedagógico na

Educação Infantil; Fundamentos da Educação Psicomotora; Organização e Gestão

Educacional I; Organização e Gestão Educacional II; Educação, Trabalho e

Cidadania; Políticas Públicas e Legislação Educacional; Fundamentos e Metodologia

do Ensino de Ciências; Fundamentos e Metodologia do Ensino de Língua

Portuguesa; Fundamentos e Metodologia do Ensino de Matemática; Fundamentos e

Metodologia do Ensino de História; Fundamentos e Metodologia do Ensino de

Geografia; Educação em Espaço não Escolar; Fundamentos e Metodologia do

Ensino de Artes; Fundamentos e Metodologia da Educação Física; Literatura

Infanto-juvenil; Fundamentos e Metodologia do Ensino Especial; Fundamentos e

69

Metodologia da Educação de Jovens e Adultos; Educação e Políticas de Inclusão e,

por fim, Língua Brasileira de Sinais.

No Núcleo de Aprofundamento e Diversificação de Estudos, a instituição

pesquisada trata de temas emergentes da área educacional, tais como: Tecnologia

da Informação e Comunicação em EaD; Projetos Educacionais; Jogos, Recreação e

Educação; Tópicos Avançados de Educação; Educação e Meio Ambiente; Práticas

em Educação: os cenários da diversidade. Acreditamos que com as disciplinas

postas, os egressos tiveram acesso a assuntos que ajudam na construção de

atendimentos de novas demandas educacionais e que ajudam na gestão e nas

práticas escolares.

E, por último, no Núcleo de Estudos Integradores, no qual alocamos nossa

pesquisa, estão as disciplinas de Pesquisa e Prática e o Estágio Supervisionado. As

disciplinas desse Núcleo recebem a seguinte nomenclatura: Metodologia da

Pesquisa Científica; Pesquisa na Prática Pedagógica: Mapeamento Escolar;

Pesquisa e Prática Pedagógica: Perfil do Professor; Pesquisa e Prática Pedagógica:

da observação à docência; Estágio Supervisionado (Educação Infantil); Estágio

Supervisionado (Gestão Educacional); Estágio Supervisionado (Anos Iniciais do

Ensino Fundamental); Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e Atividades

Acadêmicas Científicas Culturais.

O Projeto Político da IES pesquisada atende aos requisitos da legislação,

além de dimensionar as práticas formativas e o estágio supervisionado, conforme

apontado nas Diretrizes Curriculares Nacionais. Resta saber se as atividades

realizadas com os alunos conseguem ser vivenciadas de acordo com o proposto de

amontoado de letras no projeto político pedagógico.

Adotamos, então, que os temas tratados até o presente momento são

polissêmicos, complexos e estão relacionados ao modus operandi da sociedade

moderna, e que os egressos de licenciatura de Pedagogia na modalidade à

Distância estão em um processo de formação para atender aos indicadores

postulados pelos órgãos reguladores nacionais e internacionais, nas palavras de

Pesce (2009, p. 146), “a submissão dos programas de formação de educadores às

demandas das agências multinacionais tende a gerar reflexos nefastos,

notadamente sobre os que utilizam os recursos digitais da EAD’’.

70

A título de reflexão e análise (atitudes que devem fazer parte do cotidiano dos

formadores de egressos ou, ainda, dos professores universitários de forma

presencial ou à distância), pensar na formação é reinventar ou construir um sujeito

(egresso) autônomo, que tenha diante da realidade um olhar crítico e empreendedor,

que tenha discernimento para a realização de atividades de preservação da vida e

da cultura local, que reconheça a importância de observar, analisar, vivenciar e

produzir mudanças no seu tempo histórico e social.

Ao analisar a organização curricular de disciplinas sem pré-requisitos, de

várias entradas durante o ano, da mescla de alunos veteranos e egressos em uma

mesma sala de aula presencial, muitos elementos estão presentes, de ordem

cognitiva, afetiva, cultural, material e social. Cada aluno como sujeito histórico, tem

uma complexidade de processamento de informação, possui características

motivacionais, valores éticos e morais, além do seu ritmo próprio de aprendizagem.

Este modelo de currículo adotado pela instituição de ensino pesquisada,

possibilita práticas formativas entre os alunos a fim de torná-los autônomos, a partir

da leitura, da interpretação e relação com seus pares, pois precisa continuamente

desenvolver conhecimentos e habilidades para solução de problemas e tomada de

decisão.

Quando concebemos autonomia e tomada de decisão como possibilidade de

aprendizagem nesta forma de organização das disciplinas, estamos compreendendo

que o aluno organiza e planeja seus estudos, que busca novas fontes de

informação, e constrói novas aprendizagem a partir das interações sociais com os

pares que possuem maior ou menor tempo de estudo naquele curso.

Dessa forma, respondemos neste momento o propósito inicial em analisar o

Projeto Político Pedagógico à luz das Diretrizes Curriculares para o Curso de

Pedagogia e de outros instrumentos legais.

O Projeto Político Pedagógico (2009, p. 56), exemplifica que o material

didático é composto de conteúdos e atividades desenvolvidos pelos professores, e

que o livro é um dos elementos de apoio, mas destaca-se como central. O aluno

pode ter acesso à leitura complementar, exercícios de apoio à aula.

O material de apoio impresso do curso de Pedagogia EaD pesquisado é

constituído de livros, que os alunos recebem antes do início das aulas. Estes livros

71

são produzidos pela Editora da própria instituição e estão disponíveis de forma on-

line para acesso também no Ambiente Virtual de Aprendizagem.

No que concerne aos livros da bibliografia básica e completar, os títulos e

obras estão disponíveis nos polos de apoio presencial, e podem ser emprestados

pelo sistema Pergamum, que a instituição possui parceira.

Compreendemos que a entrega de livros impressos para os alunos pode ser

considerada como uma prática formativa em uma perspectiva positiva, pois ao ter

acesso ao livro (físico e on-line) o aluno possui outra forma de estudar e refletir

acerca do conteúdo, além de que possibilita novas incursões e possibilidade da

geração de novas aprendizagem a partir da leitura confrontada com a realidade

escolar.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

(INEP), como órgão fiscalizador dos cursos superiores em território nacional, tem

instituído no instrumento de avaliação de cursos superiores, que a instituição que

atua na modalidade a distância é obrigada entregar material didático institucional.

Quando se trata de material institucional, entende-se guias, tutoriais e manuais.

Percebe-se então que o livro didático, com os conteúdos das disciplinas, foi uma

cultura concebida pelas instituições privadas de educação à distância.

Quando a luz das teorias observamos o item material didático percebemos

que pode ser caracterizado como: empírico, de investigação e teórico. Cada material

didático, de acordo com a estrutura do curso, a metodologia e correntes

epistemológicas, adota um modelo de produção.

De acordo com Aretio (1996), o modelo empírico se caracteriza pelos

procedimentos de explicar, animar, perguntar, motivar e informar. Além de conter

leituras, indica tarefas e recomenda complementações com técnicas diversas

O modelo embasado na investigação se preocupa com textos claros;

conteúdos compactos, simples e atuais; ilustrações claras; exercícios simples e

explícitos; linguagem objetiva; materiais significativos e relacionados com o texto

(ARETIO, 1996).

O modelo teórico fundamenta-se nas teorias psicopedagógicas e aborda o

esforço humanístico, a psicologia cognitiva e o neobehaviorismo. Centra-se na ideia

de se elaborar o material do curso levando em conta as características da educação

do adulto e não da educação massiva e industrial. O material pretende suscitar

72

aprendizagem mediante diálogo e incentivar a investigação contínua (ARETIO,

1996).

Essas três concepções de material foram aventadas para que futuramente

possamos confrontar nas análises do relatório de observação e das respostas

coletadas nas entrevistas.

Compreendemos que a entrega de livros impressos, com possibilidade de

acesso on-line e acesso ao acervo virtual, são práticas formativas que devem ser

analisadas a partir da democratização do acesso ao conhecimento, que foi

possibilitado ao aluno.

O envio do material para os alunos acontece antes do início de cada módulo

de estudo, de acordo com o calendário acadêmico. O material é estruturado em

formato de livro, com capítulos e número de páginas distintas por obra, não existe

uma padronização por carga horária, número de capítulos ou páginas.

Para elaboração do material didático (livro) ora são contratados profissionais

externos e, algumas vezes, os profissionais da instituição escrevem o material.

Ambos os profissionais são selecionados pelo coordenador de curso e sua produção

acontece com acompanhamento da editora da instituição pesquisada, que trabalha

com normas editorais24.

Todos os livros possuem ficha catalográfica e são registrados na Biblioteca

Nacional, possuem International Standard Book Number (ISBN), o que permite ao

autor ter uma produção em seu currículo. O conteúdo do material impresso é

desenvolvido a partir da ementa proposta no Projeto Político Pedagógico. O livro

passa pela leitura do coordenador e do parecerista externo, que validam o conteúdo

proposto pelo autor. A seguir apresentamos na Figura 9, a capa dos livros da editora

que estão disponíveis na rede mundial de computadores.

24 Naquele momento da pesquisa a editora possuía um quadro próprio de funcionários da área editorial, com formação na área de comunicação. Os livros passavam por critérios de qualidade, com verificação de plágio, língua portuguesa e adequação ao público. Todo livro recebia um parecer de outro profissional da área acerca do conteúdo científico da obra.

73

Figura 9 – Livros didáticos

Fonte: Imagens extraídas do site Estante Virtual (Disponível em: <http://www.estantevirtual.com.br/sebo14bis>. Acesso em: 26 de abril de 2015)

O livro – material impresso – é composto de apresentação, prefácio e os

capítulos e quarta capa. No texto de apresentação do livro a redação é caracterizada

pela apresentação do autor e do livro, e é escrito por profissional da área. Enquanto

o prefácio é escrito pelo autor do livro apresentando sua obra. Na quarta capa

encontramos um texto resumido da obra e, ainda, trata da Educação a Distância.

Os capítulos são construídos a partir de um recorte teórico, semelhante ao

texto científico, com o recurso intitulados box, a fim de garantir um processo

interativo e contextualizado do tema central com a realidade escolar, e ao término de

cada capítulo apresenta-se para o aluno o resumo ou síntese.

Foram encontrados os seguintes boxs:

a) Saiba mais: consiste na explicação extra de um conceito ou palavra

utilizada durante à produção do texto;

b) Dica de Filme: apresenta a sinopse de um filme que contextualiza o tema

estudado;

c) Da teoria para prática: mostra como o aluno encontra aquela realidade no

ambiente escolar, ou ainda, aponta direcionamento de como ele pode

conhecer aquela realidade apontada durante o texto.

74

A seguir estruturamos a Figura 10, para representar a divisão proposta nos

livros didáticos:

Figura 10 – Box do livro didático

Fonte: Machado, Dinamara P.

Os livros, objetos de estudo desta pesquisa, foram selecionados por estarem

diretamente ligados as disciplinas de ordem prática, sendo eles: Estágio

Supervisionado: da docência à gestão na Educação Básica; Práxis Docente: o

sujeito, as possibilidades e a educação; Profissionalização Docente; Didática;

Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa; Metodologia do Ensino de

Matemática.

Apesar de constarem os livros de metodologia das demais áreas do

conhecimento, optamos em ficar com Língua Portuguesa e Matemática, por

entendemos que são os dois conhecimentos mais explorados pelos professores que

atuam nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

A seguir caracterizamos um livro como exemplo, pois todos são constituídos

da mesma forma, sempre com abordagem entre a teoria, a prática e a reflexão.

O livro de Estágio Supervisionado: da docência à gestão na Educação Básica,

de 267 páginas, é composto por três capítulos e foi escrito por profissionais que

atuam como professoras no curso de Pedagogia EaD da instituição pesquisada,

conforme verificação na Plataforma Lattes.

75

O livro é composto de apresentação, prefácio, os capítulos e quarta capa. O

primeiro capítulo é dedicado à Educação Infantil, com a seguinte divisão:

a) Estágio Supervisionado na Educação Infantil;

b) Educação Infantil: trajetória e qualidade;

c) Instituições de Educação Infantil e famílias: contextos diferentes;

d) Educar e cuidar da criança de 0 a 3 anos na Educação Infantil;

e) Crianças de 4 e 6 anos de idade;

f) Dinamismo em sala de aula.

No subcapítulo “Estágio na Educação Infantil”, busca-se explicar como deve

acontecer o estágio supervisionado nesta etapa educacional, sua proposição legal,

que a observação deve estar centrada no conteúdo e na criança, e como a mesma

passa pelo processo de maturidade, desenvolvimento e aprendizagem. Apresenta

um box de Dica de Filme. Enquanto o subcapítulo “Educação Infantil: trajetória e

qualidade” dedica-se a explicar historicidade da educação infantil e o perfil do

profissional que atua nesta etapa de ensino. No subcapítulo “Instituições de

Educação Infantil e famílias: contextos diferentes”, o livro explica a diferença do

processo de aprendizagem da criança no contexto escolar e familiar, além de

mostrar os diversos aspectos de acolhimento que a escola precisa possibilitar para

esta criança.

No subcapítulo “Educar e cuidar da criança de 0 a 3 anos na Educação

Infantil”, apresenta-se a diferença entre cuidar e educar e os encaminhamentos

relacionados ao cotidiano das instituições de ensino de Educação Infantil, traz quatro

abordagens de quatro práticas formativas que podem ser desenvolvidas em sala de

aula. No subcapítulo “Crianças de 4 e 6 anos de idade”, o texto foi construído com

pouco referencial teórico e é repleto de atividades práticas.

No último subcapítulo intitulado “Dinamismo em sala de aula”, existe uma

eminência de práticas que podem embasar o trabalho do estagiário em sala de aula.

Cada prática é ancorada em uma breve explicação teórica.

No segundo capítulo do livro Estágio Supervisionado: anos iniciais do Ensino

Fundamental existe a seguinte divisão:

a) Estágio Supervisionado nos anos iniciais do Ensino Fundamental;

b) Inclusão de criança de seis anos no Ensino Fundamental;

c) Prática Pedagógica;

76

d) Planejamento nos anos iniciais do Ensino Fundamental;

e) A ludicidade nos anos iniciais do Ensino Fundamental;

f) Avaliação nos anos iniciais do Ensino Fundamental;

g) Sugestões de atividades nas disciplinas dos anos iniciais do Ensino

Fundamental.

No subcapítulo “Estágio Supervisionado nos anos iniciais do Ensino

Fundamental”, apresenta-se o estágio supervisionado no Ensino Fundamental e

sobre a formação necessária do profissional que atuar nessa etapa de ensino. O

subcapitulo traz dois box com reflita e outro box com uma perspectiva de aplicação

prática do conteúdo teórico.

No subcapítulo “Inclusão da criança de seis anos no Ensino Fundamental”,

trata da criança nesta faixa etária e como deve ser sua inclusão no sistema de

ensino. O subcapítulo traz um box reflita que apresenta os níveis de escrita a partir

da teoria de Emília Ferreira, e ainda apresenta uma prática pedagógica, que pode

ser desenvolvida em sala de aula.

No subcapítulo “Prática Pedagógica”, volta-se novamente ao conceito de

prática pedagógica, e inclui-se a importância do diálogo como elemento central na

prática pedagógica de professores. O subcapítulo aborda uma prática para o

desenvolvimento do diálogo e do respeito.

No subcapítulo “Planejamento nos anos iniciais do Ensino Fundamental”,

existe uma apresentação sintética das teorias que embasam o planejamento

educacional, por fim é apresentado uma prática de planejamento escolar.

No subcapítulo “A ludicidade nos anos iniciais do Ensino Fundamental”

ressalta que os recursos didáticos provenientes do jogo e da brincadeira tornam a

aula como momento de prazer, de divertimento e aprendizagem. O subcapitulo traz

práticas pedagógicas lúdicas que podem ser aplicadas nesta etapa de ensino.

No penúltimo capítulo “Avaliação nos anos iniciais do Ensino Fundamental”,

são desencadeadas reflexões sobre avaliação e as formas de avaliar. Mostra como

pode ser feita uma avaliação com ênfase nas operações mentais.

No último subcapítulo nominado como “Sugestões de atividades nas

disciplinas dos anos iniciais do Ensino Fundamental”, o livro traz uma abordagem de

várias práticas como sugestão nas diversas disciplinas que os professores podem

atuar no Ensino Fundamental.

77

No terceiro e último capítulo do livro de Estágio Supervisionado: da docência

à gestão na educação básica, temos seguinte divisão:

a) Função do estágio supervisionado na formação do pedagogo;

b) Observação como instrumento de pesquisa;

c) Observação da e na gestão escolar;

c) Atribuições da equipe gestora;

d) Pedagogo: integrante da equipe gestora;

d) O pedagogo e o planejamento;

e) O pedagogo e a avaliação; O pedagogo e a equipe de trabalho;

f) O pedagogo na relação família X escola;

g) Plano de ação.

No subcapítulo “Função do estágio supervisionado na formação do

pedagogo”, busca-se empoderar o estagiário do discurso que não existe prática sem

teoria. E apresenta três simulações em prol do reconhecimento da imbricação entre

teoria e prática.

No subcapítulo “Observação como instrumento de pesquisa”, mostra-se como

deve ser feita a observação nas várias esferas de formação durante o estágio

supervisionado.

No subcapítulo “Atribuições da equipe gestora” o livro mostra as atividades

que são desencadeadas pelos profissionais da gestão, além de trazer uma

abordagem prática com exemplos. O subcapitulo subsequente “Pedagogo integrante

da equipe gestora”, continua na proposta de mostrar as funções básicas deste

profissional. No subcapítulo “O pedagogo e o planejamento” existe uma breve

revisão de planejamento e, logo em seguida, faz abordagem prática com as funções

do pedagogo. Nos subcapítulos “O pedagogo e a avaliação” e “O pedagogo na

relação família X escola”, a estrutura do texto é semelhante do subcapítulo anterior.

No quadro 1 demonstramos de forma sintética o livro Estágio supervisionado:

da docência à gestão na educação básica.

78

QUADRO 1 – SÍNTESE DO LIVRO ESTÁGIO SUPERVISIONADO: DA DOCÊNCIA À GESTÃO NA EDUCAÇÃO BÁSICA

CONTEÚDO TEORIA PRÁTICA REFLEXÃO

Estágio na Educação Infantil Sim Não Sim

Educação Infantil: trajetória e qualidade Sim Não Sim

Instituições de Educação Infantil e Famílias: contextos diferentes

Sim Sim Não

Educar e cuidar da criança de 0 a 3 anos na Educação Infantil

Sim Sim Não

Dinamismo em sala de aula Sim Sim Não

Estágio Supervisionado nos anos iniciais do Ensino Fundamental

Sim Sim Sim

Inclusão da criança de seis anos no Ensino Fundamental

Sim Sim Sim

Prática Pedagógica Sim Sim Não

Planejamento nos anos iniciais do Ensino Fundamental

Sim Sim Não

A ludicidade nos anos iniciais do Ensino Fundamental

Sim Sim Não

Avaliação nos anos iniciais do Ensino Fundamental

Sim Sim Não

Sugestões de atividades nas disciplinas dos anos iniciais do Ensino Fundamental

Não Sim Não

Função do estágio supervisionado na formação do pedagogo

Sim Sim Sim

Observação como instrumento de pesquisa Não Sim Não

Atribuições da equipe gestora Sim Sim Não

Percebemos que os livros tem papel primordial nesse modelo de curso EaD, e

funcionam como elemento que direciona a aprendizagem dos alunos, pois mediam a

interação e o acesso do conteúdo para o discente. O material didático instituído da

forma proposta (teoria + prática + reflexão) proporciona ao aluno o princípio da

autonomia tão necessária em cursos dessa modalidade de ensino.

Podemos entender que os livros produzidos especialmente para atender os

alunos do curso EaD de Pedagogia, ganham um novo significado. Afinal são

elaborados para atender uma ementa específica, para uma metodologia de ensino

específica, dentre outras; assim distingue-se do livro comprado de forma aleatória.

Esse livro é criado para atender especificamente um público alvo, com o objetivo em

seu desenvolvimento de escrita próprio articulando os requisitos de teoria + prática +

reflexão.

79

Na constituição do livro didático é notável que existe uma prevalência entre

teoria e prática. Percebemos que existe uma necessidade de mostrar atividades

práticas ao aluno, para vencer a cultura que na educação à distância, as aulas são

teóricas e os alunos assistem passivamente, como é repassado de forma empírica

para as pessoas que não conhecem os processos de ensino da EaD.

Nesse modelo, dado que os conteúdos estão imbricados proporcionando aos

egressos ter apoio nas suas aulas, e ainda, poderão voltar seus olhares para a

teoria. Aqui, o livro que, anteriormente, era um material de estudo para o processo

de aprendizagem no curso superior vira um suporte para realização das atividades

com os alunos da Educação Básica.

Nesse modelo de educação a distância, o livro pode ser utilizado como fonte

para superar a ausência de conteúdo, sugere-se desta forma uma ação de

desenvolvimento emancipatória.

O livro didático, além de ser tratado como mais um entre outros recursos

pedagógicos no processo de ensino e aprendizagem, é principalmente, um recurso

cultural que insere o aluno em um determinado contexto histórico-político.

A sua eficiência está relacionada diretamente a forma como o professor da

videoaula ou professor-tutor conduz esse material de apoio no seu planejamento. O

livro, nesse caso, é um apoio efetivo tanto para o professor quanto para os alunos

do curso de Pedagogia EAD, oferecendo conteúdos adequados à realidade e à fase

em que estes se encontram.

Não questionamos, neste momento, o conteúdo do livro didático, nem sequer

sua proposta filosófica, apenas se ele respondia ao solicitado pela ementa da

disciplina. Lembramos que o livro didático, neste contexto, foi uma encomenda

específica para o curso, analisado por um profissional da área e, ainda, aprovado

pelo coordenador do curso.

Entendemos que o livro no contexto posto é uma prática formativa, que se

apresenta como um compêndio de conteúdos e práticas, espaço onde os alunos em

formação podem encontrar de forma resumida as teorias, e ainda, possibilidade de

atividades na sala de aula.

A videoaula é elaborada a partir da ementa da disciplina e em consonância

com o material didático – livro. Algumas vezes, o professor que atua na videoaula é

funcionário contratado da instituição de ensino e faz parte do quadro docente.

80

Existe um programa de formação de docentes para atuação no estúdio, com

profissionais da área de televisão e teatro.

Percebemos, a partir do Projeto Político Pedagógico, que existe dois formatos

de videoaula e, ambos, são transmitidos de forma assíncrona e síncrona. O primeiro

modelo de videoaula acontece com transmissão via satélite, onde somente existe

possibilidade de interação, entre professores e alunos, alunos x alunos, por meio do

chat. Neste formato, existe apenas um professor no estúdio que a partir de recursos

visuais realiza exposição do conteúdo programático. No segundo modelo, o formato

de mesa redonda, reúne um professor central e outros professores colaborando no

desenvolvimento da temática central. Nesta segunda opção de modelo de videoaula,

os professores apresentam materiais concretos para os alunos e realizam

simulações, além de abrirem para possibilidade de interação via telefone.

Indiferente do modelo, as videoaulas ficam depositadas no ambiente virtual de

aprendizagem e podem ser acessadas pelos alunos durante todo o curso. Os alunos

podem acessar as videoaulas infinitas vezes, durante a realização do módulo as

videoaulas ficam organizadas na sala da turma, após o término do módulo as

videoaulas são alocadas na biblioteca virtual.

As videoaulas contam com alguns recursos de produção, assim reportagens,

gravações de externa, animações quase não aparecem durante as aulas. Na

videoaula percebe-se a reprodução do modelo de aula presencial, com

apresentação do conteúdo de forma expositiva, o que difere é a divisão em blocos

com duração de aproximada de quinze minutos, e a cada transmissão os alunos

assistem no polo de apoio presencial três disciplinas, conforme consta no Projeto

Político Pedagógico (2009, p. 55)

A cada dia de veiculação 3(três) disciplinas são veiculadas Disciplina 1 – 19h00 às 20h00- 4 videoaulas Intervalo – 20h00 às 20h10min Disciplina 2 – 20h10min às 21h10min 4 videoaulas Intervalo – 21h10min às 21h20min Disciplina 3 – 21h20min às 22h20min - 4 videoaulas

Para cada disciplina da matriz curricular são gravadas nove horas de vídeos,

totalizando trinta e seis videoaulas para cada disciplina.

O polo de apoio presencial deve constar com infraestrutura para transmissão

da aula, conforme proposto abaixo no Projeto Político Pedagógico (2009, p. 55),

81

“condições para abrigar 45 alunos; TV 29’; computador com impressora a laser; linha

telefônica para conexão a internet; videocassete ou DVD; um professor tutor

presencial por turma”.

Quando analisamos a descrição posta acima, retomamos nosso pensamento

no Projeto Saci, que foi aprovado na década de 60, e trazia esta abordagem de

aulas transmitidas para todo o Brasil e retransmitidas quantas vezes se fizerem

necessárias, por apenas um professor, ou seja, este modelo de transmissão de

videoaulas pode ser considerado um produto histórico, que carrega consigo

ausência de interação entre professor e aluno, caso fique restrito somente aos

momentos de transmissão sem participação do aluno.

A videoaula enquadra-se com prática formativa que ensina com a dupla

percepção de ouvir e ver, ou seja, existe uma combinação de linguagens, produção

e forma de fazer chegar o conteúdo.

A videoaula apresenta-se como um recurso visual de experiência imediata,

das coisas que nós vivemos na sala de aula, trata-se, justamente, de mostrar o

vivido no processo de aquisição do conhecimento e como devem ser realizado as

atividades dentro da sala de aula. Em suma uma aprendizagem experiencial de

forma midiática.

Entendemos que a videoaula é desenvolvida a partir da base

epistemológica da comunicação social, que discute a comunicação de massa por

meio de tecnologias. As diversas teorias da comunicação social foram criadas e

estabelecidas como paradigma em seu tempo histórico, relegando ao presente

resquícios de sua atuação e, principalmente, de práticas multifacetadas, repletas de

significado. Quando revistamos as teorias da comunicação social identificamos

quatro bases para construção da mesma, sendo elas:

A teoria hipodérmica25 que surgiu no período da Primeira Guerra, supõe que

a informação deve ser produzida de forma unitária, que atinge a todos da mesma

25 A teoria hipodérmica é também conhecida como bullet theory/teoria da bala mágica, é o conceito de sociedade de massa. Nas palavras de Silva (2011, p. 26), a referida teoria “com base na psicologia behaviorista, entende a força dos meios de comunicação como ação de alienação, mais especificamente, a propaganda como fonte de estímulo para que as pessoas promovessem uma determinada resposta”. De acordo com esta teoria uma pessoa quando é atingida por uma propaganda pode vir a ser manipulada, e induzida a agir de acordo com uma determinada maneira, estipulada pelo emissor da mensagem, entretanto, “não se pode esquecer que essa teoria visualiza o receptor com uma postura passiva, sem ação, portanto capaz de ser influenciado” (SILVA, 2011, p. 26)

82

maneira e sem resistência, tratando todos os indivíduos de forma idêntica. Deste

período identificamos na videoaula analisada a forma de produzir o conteúdo para

os vídeos, e o processo de interação entre os professores da videoaula e os alunos.

Harold Dwight Lasswell (1902-1978), cientista político norte-americano, em

1948, no livro A Estrutura e a Função da Comunicação na Sociedade, baseando-se

na teoria hipodérmica, mas porém, salientando as suas falhas, propôs um modelo

no qual acreditava que toda comunicação midiática deve responder a cinco questões

cruciais: quem? diz o que? em que canal? para quem? com que efeito?. Rüdiger

(2004, p. 55), ressalta que neste processo a comunicação é uma atividade

intencional, por meio da qual as pessoas influenciam no comportamento das outras

a partir da disseminação de suas mensagens.

É interessante analisar que apesar de tratarmos de videoaulas, no modelo

adotou-se colocar professores para realizar as aulas, ou seja, preservou-se a

escolha do profissional que desenvolve o conteúdo. Sua mensagem foi construída a

partir de uma ementa específica, e ainda construída para um público específico.

As Teoria da Persuasão26 e Teoria Empírica do Campo27 apresentam o

avanço da psicologia e dos estudos da antropologia, que compreendem que a

mensagem enviada pela mídia não é assimilada imediatamente pelo indivíduo,

dependendo de várias perspectivas individuais, do contexto histórico-social e

político. Percebemos que a intervenção do professor- tutor on-line e presencial e os

pares do curso para realizar os elos entre conhecimento apresentado nas videoaulas

e o mundo do trabalho na sociedade moderna são elementos primordiais para o

processo de aprendizagem.

26 A Teoria da Persuasão tem por embasamento as pesquisas do psicossociólogo norte-americano Carl Hovland, do cientista social norte-americano Harold Dwight Lasswell e no sociólogo austríaco Paul Lazarfeld e “é baseada em aspectos psicológicos, e defende que a mensagem enviada pela mídia não é assimilada imediatamente pelo indivíduo, dependendo de várias perspectivas individuais. Portanto essa Teoria não seria de dominação ou manipulação como a Hipodérmica e sim de persuasão, pois o indivíduo tende a se interessar por informações que estejam inseridas em seu contexto sócio-cultural e político, e com as quais ele esteja de acordo” (PORTO, [201-]). 27 A Teoria Empírica de Campo (ou Teoria de Efeitos Limitados), modelo teórico proposto pelo sociólogo austríaco Paul Lazarfeld, “fundamenta-se em aspectos sociológicos, e deduz que a mídia tem influência limitada na sociedade por ser apenas um instrumento de persuasão, pois a mídia é apenas parte da vida social. A Teoria Empírica de Campo entende que a mídia exerce influência social limitada assim como qualquer outra força social (igreja, política, escola, etc.), ou seja, a mensagem midiática passa por diversos filtros individuais de caráter social do indivíduo antes de ser absorvida pelo mesmo. Derivando daí a intensidade do efeito da mensagem no indivíduo, a Teoria Empírica de Campo conclui que os filtros individuais são de caráter sociológico” (PORTO, [201-])..

83

Da Teoria do Agendamento28 ressaltamos a importância de aproximar a

teoria da realidade prática, visto que em tal teoria os mecanismos de comunicação

estão centrados em enfatizar e aproximar o indivíduo de uma realidade distante da

sua.

Não encontramos nos documentos estudados (PPC e nos Manuais) qual seria

a base teórica para construção das aulas, percebemos, porém, que existe uma

mescla das teorias de comunicação de massa de forma empírica, afinal cada teoria

carrega uma forma de envolver e realizar atividades com os alunos em formação.

Apesar do potencial educacional da videoaula, que permite a participação, a

intervenção, a bidirecionalidade e a multiplicidade de conexões, estes representam

para os professores formadores desafios a serem superados. Desencadear ações

verdadeiramente interativas, colaborativas e dialógicas na transmissão via satélite /

redes digitais e nos encontros presenciais a partir das videoaulas, requer além de

metodologias apropriadas, novas relações comunicativas com esses sujeitos que

interagem em uma realidade cada vez mais hipertextual, heterogênea e múltipla.

A videoaula, como percebemos, é transmitida via satélite para um polo de

apoio presencial, neste espaço acontece o encontro presencial, que naquele

momento da pesquisa era obrigatório.

Quando tratamos de cursos na modalidade de educação a distância,

precisamos redirecionar os trabalhos que eram realizados em sala de aula, em que

alunos construíam coletivamente e acontecia o aprendizado colaborativo, assim o

encontro presencial pode ser entendido como momento em que o aluno realiza

aprendizagem de forma colaborativa com os demais colegas. O encontro presencial

é conduzido pelo professor-tutor presencial.

O papel ativo do professor-tutor presencial é de grande importância para o

sucesso do encontro presencial, de acordo com o Manual do Tutor Presencial da

instituição pesquisa é função deste profissional:

Acompanhamento: visa à formação do saber-ser. Abrange a formação de valores, hábitos, atitudes, em especial aquelas que levam à auto-afirmação e a valorização humana; Orientação da aprendizagem: voltada para a formação do saber (conhecimentos) e

28 A Teoria do Agendamento, é uma teoria de comunicação formulada por Maxwell

McCombs e Donald Shaw na década de 1970 e “estuda a capacidade que os meios de comunicação possuem de enfatizar algum tema, estuda a importância que a mídia tem ao aproximar o indivíduo de uma realidade distante da sua” (PORTO, [201-])..

84

do saber-fazer (habilidade e capacidades específicas); Supervisão do processo de avaliação: imprescindível para a garantia da qualidade e sucesso da aprendizagem. É importante para a formação da auto-confiança, auto-estima e autonomia do sujeito. (MANUAL do Tutor Presencial, 1999, p. 2)

De acordo com o Manual acima o profissional para atuar como tutor precisa

ter habilitação em licenciatura, preferencialmente no curso de Pedagogia. Este

profissional atua na ação educativa como mediador e incentivador.

Ainda no Manual do Tutor 29 encontramos a seguinte introdução ao trabalho

do tutor presencial com os alunos,

O tutor é o orientador da aprendizagem. É aquele que apoia à organização didático-pedagógica do estudo à Distância, promove a participação ativa do aluno, recomenda literatura de apoio para compreensão do conteúdo, propõe atividades complementares para fixação da matéria, incentiva e orienta a elaboração do plano de estudos, acompanha e facilita e/ou a aprendizagem; incentiva à participação do aluno em interatividade (webtutoria); disponibilizam informativos relevantes, calendários acadêmicos e de reprises, cronogramas de avaliação; arquiva e/ou envia documentações necessárias; encaminha requerimentos e solicitações de acadêmicos tanto para Coordenação Geral de curso quanto para Secretaria Acadêmica (MANUAL do Tutor Presencial, 2009, p. 1).

Na proposta de atuação do tutor, de acordo com Manual do Tutor Presencial,

este se apresenta como uma fonte de conhecimento que pode tirar dúvidas do

conteúdo apresentado pelos alunos durante o encontro presencial. É um profissional

que na sua função, de acordo com as orientações do Manual, deve orientar

aprendizagem, incentivar busca pela interação com os professores tutores on-line, e

que ainda, realiza atividades administrativas, tais como: envio de documentação

para coordenação do curso, mostra as possibilidades pedagógicas do ambiente

virtual de aprendizagem, aplica as provas presenciais, conforme proposto no Manual

do Curso de Pedagogia, ano de 2009.

A proposta de tutoria posta nos documentos oficiais da instituição contraria

justamente o proposto por Mattar (2013, p. 52) que diz ‘’o tutor não é um ator na

EaD fordista, conteudista e behaviorista: é uma marionete, um robô.”

29 Durante nossa pesquisa não tivemos acesso ao quadro docente de tutores.

85

O Projeto Político Pedagógico (2009), enfatiza interação a partir do tutor à

distância. No mesmo documento, o tutor presencial é caracterizado como é

responsável em acompanhar os alunos nas suas atividades presenciais de estágio

supervisionado, conforme proposto no manual do estágio supervisionado (2012, p.

6), bem como na aplicação das avaliações presenciais, conforme proposta na

legislação educacional.

Entendemos que o encontro presencial e a atuação do professor tutor

presencial produzem uma experiência social de aprendizagem, já que além de

assistir as aulas transmitidas via satélite, que apresentam os assuntos elaborados

pelo professor da disciplina, o aluno poderá adquirir também atitudes e valores, que

possibilitam o sentimento de pertencimento com os demais colegas da turma.

Nesse processo, o encontro presencial no polo de apoio presencial tem

uma importância bastante significativa, pois neste momento os alunos assistem

as aulas ao vivo e podem fazer perguntas para os professores que estão no

estúdio.

O corpo docente30 do curso de Pedagogia EaD, é composto de professor

especialistas, mestres e doutores, permanece na instituição, em média, por cinco

anos, possui publicação na área nos últimos três. Também possui experiência na

Educação Básica e no Ensino superior. O que se constatou é que os professores

que respondem pelo curso como corpo docente, em alguns momentos não estão

presentes nas videoaulas e nem na escrita dos livros que os alunos recebem, assim

este corpo docente são os professores-tutores on-line que atuam no processo de

interação e correção das atividades desenvolvidas no ambiente virtual de

aprendizagem dos alunos.

O professor-tutor31 na educação à distância é um elemento essencial para o

acompanhamento e desenvolvimento da aprendizagem dos alunos. O professor-

tutor na instituição pesquisada atua na produção de manuais, no atendimento do

aluno no ambiente virtual de aprendizagem, na participação de bancas de trabalho

de conclusão de curso, na orientação de pesquisas dentre outras. O modelo de

30 O corpo docente nesta pesquisa foi constituído a partir dos professores responsáveis pelas disciplinas no MEC. Não tivemos acesso ao professores-tutores que atuam nos encontros presenciais nos polos de apoio presencial. 31 Existe uma vasta literatura que trata do perfil e das atividades do professor-tutor, e cada instituição estabelece parâmetros de atendimento, apesar de constar números expostos pelo MEC a fim de evitar desvalorização do trabalho docente.

86

contratação está de acordo com Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e na

função de professor, sendo que 50% dos profissionais realizam o trabalho em

formato home-office, ou seja, trabalham em casa. Esse modelo de contratação se

mostra interessante para a instituição, pois sua infraestrutura (gabinetes para os

professores 40 horas, computadores, disponibilidade de internet e etc.) não precisa

estar dimensionada para atender todo o corpo docente do curso; em contrapartida,

os professores absorveram esta infraestrutura, apesar de ficarem livres do

deslocamento..

Não entendemos que a gravação das aulas ou escrever os livros, sejam

deméritos para professor-tutor, afinal é esse profissional que conduz o processo de

interação e construção da aprendizagem com o aluno, seja de forma on-line ou

presencial, além de que estabelece os vínculos do aluno com a própria instituição.

No instrumento de avaliação de cursos EaD/Presencial existem critérios

específicos para atuação docente dos professores tutores, e em momento oportuno

retornaremos à temática.

Quando tratamos de Estágio Supervisionado encontramos no PPC do curso

de Pedagogia EaD (2009, p. 61)

Durante o curso, é necessário estabelecer a relação da teoria com a prática para realizar sua formação docente. A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9394/96 determina essa exigência. As Diretrizes do Curso de Pedagogia recomendam pelo menos 300 horas de estágio, a ser realizado durante o curso. Essas atividades são solicitadas nas disciplinas de Prática Profissional e Estágio, as quais precisam ser realizadas nas instituições da comunidade.

No Estágio Supervisionado pressupõe-se que o aluno organiza informações

da realidade onde está inserido e as une aos conteúdos programáticos na

construção e reconstrução do saber.

O estágio curricular é uma instância privilegiada de formação docente no

contexto do curso de Licenciatura, pois permitem a articulação entre o estudo teórico

e os saberes práticos, desde que ancorados em possibilidades formativas,

orientadas pela reflexão, investigação e relação teoria e prática.

87

Identificamos a partir do PPC (2009, p.63), que o Estágio Supervisionado

tem finalidade reflexiva do contexto escolar, e acontece em três momentos distintos,

sendo eles:

a) observação da realidade: os alunos realizam uma etapa de observação

nas salas de aulas, convivendo com as práticas dos professores;

b) investigação e planejamento: que consiste na preparação de atividades

para aplicação posterior;

c) regência: momento em que os alunos são avaliados durante um período

de aplicação de aulas nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

A supervisão dos alunos fica a cargo dos tutores e dos professores das

escolas que servem de campo de estágio, conforme posto no PPC.

Conforme posto no PPC (2009, p. 65), o estágio tem por objetivo:

Observação da realidade do ambiente escolar. Análise de princípios e critérios para organização de atividades de ensino adotados pelos professores dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental; Análise de erros e dificuldades evidenciadas pelos alunos na aprendizagem dos conteúdos; Planejamento e Docência (regência) de aulas nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental; Elaboração, análise e discussão de relatórios e diagnósticos realizados no estágio.

O Estágio Supervisionado conta com a videoaula em que o professor explica

como deve acontecer as três fases mencionadas acima, e também como deve o

preenchimento da ficha de estágio supervisionado. A videoaula é

instrumentalizadora mostrando para o aluno a importância de realizar o

preenchimento correto das fichas.

Não conseguimos verificar no material analisado da videoaula, um momento

de tira-dúvidas acerca do ambiente escolar, ou de qualquer temática pedagógica,

apenas discussões de como deveriam ser: a escola, a entrega da carta de

apresentação do estagiário, a forma de preenchimento da ficha e o seu

procedimento de devolutiva à instituição pesquisada, a fim de arquivo na pasta do

aluno.

Durante a videoaula é indicado que o aluno faça a leitura do livro de estágio

supervisionado, sem entrar em discussão das temáticas apresentadas no material

da disciplina.

88

4 ANÁLISE DAS PRÁTICAS DOS EGRESSOS: UMA PERCEPÇÃO A PARTIR DE

DOIS OLHARES

Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.

(Clarice LISPECTOR)

Neste capítulo, Análise das Práticas dos Egressos: uma percepção a partir de

dois olhares, demonstramos nossas percepções a respeito da observação e das

entrevistas, e tentamos responder ao problema inicial, que consiste em analisar o

potencial das práticas formativas de um curso de Pedagogia EaD para atuação do

egresso nos Anos Iniciais da Educação Básica.

Como aventado esta pesquisa é qualitativa exploratória, com procedimentos

de análise documental, entrevista com os sujeitos da pesquisa, revisão teórica e

observação a partir de categorias, constituídas na revisão teórica.

Reafirmamos que com a pesquisa de campo, pretendemos recolher os fatos

cotidianos que demonstrem as práticas pedagógicas do professor egresso na

modalidade EaD do curso de Pedagogia.

Para realização da atividade em questão foi formulado um relatório descritivo

das práticas pedagógicas (Apêndice A) e um questionário com perguntas

direcionadas aos sujeitos pesquisados (Apêndice B). O relatório da observação

realizada no campo da pesquisa bem como as descrições das entrevistas

encontram-se nos Apêndices C e D, respectivamente.

Este capítulo também se apresenta como uma perspectiva de dar voz aos

egressos do curso de Pedagogia na modalidade à distância.

4.1 METODOLOGIA DA PESQUISA

A adoção da pesquisa qualitativa exploratória se deve ao fato que desta

forma exploramos as características dos indivíduos, o campo e as ações que não

podem simplesmente ser descritos a partir de dados numéricos. Nesta o

pesquisador presencia o fato, mas não participa dele; não se deixa envolver pelas

89

situações; faz mais o papel de espectador. Isso, porém, não quer dizer que a

observação não seja consciente, dirigida, ordenada para um fim determinado.

A pesquisa qualitativa exploratória se preocupa com o significado dos

fenômenos e processos sociais e levam em consideração as motivações, as

crenças, os valores e as representações sociais, que permeiam a rede de relações

sociais. Além disso, caracteriza-se pela utilização de procedimentos múltiplos, sendo

os mais utilizados com base na observação (participante ou não), na entrevista em

profundidade (mais de uma leitura da realidade) e na análise de conteúdo de

documentos. Nas palavras de Chizzotti (2011, p. 58)

os pesquisadores que optaram pela pesquisa qualitativa, ao se decidirem pela descoberta de novas vias investigativas, não pretenderam nem pretendem furtar-se ao rigor e à objetividade, mas reconhecem que a experiência humana não pode ser confinada aos métodos nomotéticos de analisá-la e descrevê-la.

Assim, o procedimento de pesquisa tem caráter sistemático, pois o

observador sabe o que procura e o que carece de importância em determinada

situação; deve ser objetivo, reconhecer possíveis erros e eliminar sua influência

sobre o que vê ou recolhe.

Os dados são constituídos pela observação das práticas pedagógicas dos

egressos do curso de Pedagogia EaD, da transcrição das gravações das entrevistas

com mesmos sujeitos, além da pesquisa documental na legislação para formação de

professores e EaD, do Projeto Político Pedagógico e demais materiais didáticos

oferecidos aos alunos, e também da pesquisa teórica, estabelecida a partir de

autores que discutem a temática de práticas formativas.

Os dados coletados a partir da pesquisa documental, da pesquisa teórica, da

pesquisa de campo e das entrevistas deram origem às categorias que são

analisadas.

A particularidade fundamental da pesquisa documental é que a fonte de

coleta de dados está circunscrita a documentos que instituem o que se designa

como fontes primárias. No nosso caso estes documentos foram constituídos pelo

PPC e pelos materiais didáticos (videoaulas, livros...) . Esta técnica permite angariar

informações prévias sobre o campo de interesse e, no caso especifico deste estudo,

tal pesquisa foi realizada nos arquivos particulares da Instituição de Ensino,

90

examinando-se documentos oficiais que apontem para informações relevantes. Os

documentos oficiais constituem a fonte mais fidedigna de dados e cabe ao

pesquisador apenas selecionar o que lhe interessa e, apesar de não exercer

controle sobre a forma como os documentos foram criados, deve interpretar e

comparar o material de modo a poder traçar e apresentar o perfil institucional. Já os

documentos jurídicos apresentam uma fonte rica de informes do ponto de vista

sociológico e contribuirão para melhor apresentar o arco sob o qual se circunscreve

o campo de estudo.

Enquanto para pesquisa teórica são selecionados autores em relação ao

tema proposto, tendo por principal objetivo colocar o pesquisador em contato com

que já foi publicado sobre o assunto, pois compreendemos que não temos como

fazer uma pesquisa em estado da arte, assim realizamos um recorte teórico. Tal

pesquisa envolve a escolha do material, um plano de leitura sistemático

acompanhado de um fichamento, além de, posteriormente, análise e interpretação.

Dessa forma, as informações lidas são processadas pelo pesquisador e, acrescidas

de seus conhecimentos, produzem novas reflexões sobre o tema. Esta pesquisa dá

o suporte necessário para as demais técnicas a serem implementadas pelo

pesquisador, pois auxilia na demarcação do problema, na determinação dos

objetivos, na escolha das hipóteses, e na fundamentação teórica do estudo.

Com pesquisa de campo, pretendeu-se recolher fatos cotidianos que

demonstrem as práticas pedagógicas do egresso Pedagogia na modalidade EaD.

Para realização da atividade em questão foram formuladas entrevistas das práticas

pedagógicas realizadas pelos sujeitos pesquisados.

A entrevista é uma técnica que proporciona o encontro entre pesquisador e

pesquisado de modo a permitir informações a respeito do tema de estudo, mediante

um diálogo científico. É uma técnica utilizada na investigação social para a coleta e

posterior análise de dados relevantes para a pesquisa. Por meio da entrevista é

possível:

a) averiguar os fatos, verificando se os egressos do curso de pedagogia à

distância da instituição conseguem compreender e trazer para sua

prática, a teoria estudada;

b) determinar as opiniões sobre os fatos e compreender o que o público

alvo da pesquisa pensa ou acredita sobre sua formação;

91

c) compreender sentimentos e verificar a conduta do entrevistado por

meio de seus sentimentos, anseios e angústias.

As entrevistas propostas foram padronizadas e realizadas a partir de um

roteiro previamente delineado. O motivo da padronização é obter do público alvo

respostas às mesmas perguntas, permitindo “que todas elas sejam comparadas com

o mesmo conjunto de perguntas, e que as diferenças devem refletir diferenças entre

os respondentes e não diferenças nas perguntas” (LODI citado por MARCONI;

LAKATOS, 2008, p. 199)

As categorias desta pesquisa foram constituídas na revisão teórica e

documental (nos dois capítulos anteriores). Desta forma, as categorias estão

contempladas no referencial exposto anteriormente na pesquisa, que coadunam

com o objetivo proposto para esta pesquisa e, por consequência, buscamos analisar

os dados a partir do referencial dos capítulos e apresentar as considerações finais à

luz das teorias. Assim, estruturamos três categorias: Prática Formativa, Material

Formativo e Currículo.

A categoria Prática Formativa , que no contexto desta é entendida também

com práticas pedagógicas diz respeito as atividades realizadas no processo de

construção do conhecimento pelos egressos nas diversas formas, seja na

democratização das narrativas de histórias educacionais, na realização das

atividades no polo de apoio presencial, nas atividades das videoaulas.

A categoria Material Formativo, discute as potencialidades do livro produzido

pelos professores da instituição pesquisada, que servem de apoio para as

videoaulas e apresenta-se como bibliografia de estudo para os alunos de cursos na

modalidade à distância.

A categoria Currículo, trata da construção do curso, das escolhas realizadas

pelo corpo docente, do formato de entrada de aluno novos, da concepção de teoria e

prática nas disciplinas do Núcleo Integrador, em que se inclui também o Estágio

Supervisionado.

As três categorias supracitadas buscam dar voz aos egressos de cursos na

modalidade à distância, e responder a problemática que consiste em investigar qual

a potencialidade de um curso de Pedagogia em EaD para a formação de práticas

92

pedagógicas a partir da análise da atuação de egressos com alunos das Séries

Iniciais do Ensino Fundamental?

Optamos em analisar as categorias em tempos distintos e mesclando relatório

da observação e entrevista.

4.2 OS SUJEITOS DA PESQUISA

Para selecionar os sujeitos da pesquisa, estabelecemos critérios, sendo eles:

ano de formação (2009 a 2011); matriz curricular e mídias (material impresso,

videoaulas e encontro presencial) idênticos; ser docente ou iniciarem as atividades

de docência nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, além de atuarem em escolas

públicas municipais.

Selecionamos vinte egressos do Curso de Pedagogia EaD e os convidamos a

participar desta pesquisa. Oito deles aceitaram o convite. A fim de sistematizar os

dados coletados, optamos por trabalhar com quatro, os quais foram escolhidos de

forma aleatória.

Antes de iniciar o processo de observação e entrevistas realizamos uma

reunião na Secretaria Municipal de Educação com os diretores e egressos das

escolas que seriam visitadas. Acordou-se que cada sujeito pesquisado receberia

três visitas, sendo que a primeira ocorreria sem agendamento prévio e o professor

seria avisado somente no momento anterior à chegada da pesquisadora, os demais

dias seriam agendados entre pesquisadora e sujeito pesquisado. Nesta reunião

também foi definido que cada sujeito pesquisado receberia três visitas, e que este

registro seria futuramente compartilhado com direção da escola, ao término do

doutorado. Ao término das observações seria realizada uma entrevista.

A idade média dos sujeitos pesquisados é de 35 anos, sendo que apenas dois

sujeitos podem ser considerados como nativos digitais, os demais são consideradas

imigrantes digitais. Lembramos que o termo nativo digital, criado por Marc Prensky,

é aplicado para aqueles que nasceram após a década de 80, e estão habituados em

realizar atividades com suporte de tecnologias digitais. Enquanto, imigrantes digitais

são aquelas pessoas que nasceram antes do período posto, e tem necessidade de

fazer leitura diretamente no papel e possuem menor experiência com as tecnologias

digitais.

93

A Tabela 3 permite visualizar o perfil dos sujeitos pesquisados: faixa etária,

tempo e área de atuação profissional durante a pesquisa e o ano de formação no

curso de Pedagogia em EaD.

TABELA 3 – PERFIL DOS SUJEITOS PESQUISADOS: FAIXA ETÁRIA, TEMPO E

ÁREA DE ATUAÇÃO E ANO DE FORMAÇÃO EM PEDAGOGIA

SUJEITOS IDADE TEMPO DE ATUAÇÃO

FASE QUE ATUA ANO DE FORMAÇÃO

SE1 29 1 ano e 5 meses Ensino Fundamental 2010

SE2 47 10 anos Ensino Fundamental 2009

SE3 40 15 anos Ensino Fundamental 2009

SE4 25 1 ano Ensino Fundamental 2011

Pelos dados da Tabela 3 podemos perceber que os sujeitos participantes da

pesquisa são de gerações distintas, assim seu convívio com a educação à distância

e, por consequências, as tecnologias podem ter ocorrido de forma distinta, devido

seu período de nascimento.

O egresso SE1 trabalha como docente há um ano e cinco meses, ministra

aulas no segundo ano do Ensino Fundamental e durante seu período de formação

nunca participou de cursos para discutir o uso de tecnologias no ambiente escolar,

ou ainda, de como acontece a aprendizagem na educação à distância. Começou a

trabalhar como docente após ter concluído curso de Pedagogia na modalidade à

distância.

O egresso SE2 trabalha como docente há dez anos e ministra aulas no quarto

ano do Ensino Fundamental. Fez Pedagogia EaD, após ter realizado o curso de

Magistério, também na modalidade de educação a distância.

O egresso SE3, professora do quarto ano, já é docente há quinze anos e tem

se dedicado nos últimos anos somente para o Ensino fundamental. Participou dos

cursos de semana pedagógica oferecidos pela Secretaria Municipal de Educação.

O egresso SE4, professora do primeiro ano do Ensino Fundamental, trabalha

como docente há um ano. Usa várias tecnologias (rádio, televisão e computador) na

94

sua sala de aula, também utiliza as atividades que foram mostradas nos livros que

estudou. Nunca fez curso extra durante sua formação.

Conforme podemos ainda observar é que os sujeitos egressos pesquisados

SE2 e SE3 já atuavam como docentes antes da formação inicial no curso de

Pedagogia e os dois outros sujeitos da pesquisa iniciaram suas atividades durante

ou após o período de formação inicial no curso de Pedagogia na modalidade à

distância.

É mister salientarmos, ainda, que todos os sujeitos pesquisados atuam como

docentes e foram contratados a partir de concurso público. Dois deles, na época da

pesquisa, estavam em estágio probatório, os demais são avaliados anualmente, mas

na condição de funcionário público dentro do plano de carreira com estabilidade

docente.

Essa tabulação realizada permite reconhecer parcialmente os egressos

entrevistados do curso de Pedagogia EaD, levando-nos a analisar o contexto

originário de cada um e assim vincularmos ao referencial teórico pesquisado.

4.3 ANÁLISE A PARTIR DO RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO E DAS

ENTREVISTAS

4.3.1 Categoria: Prática Formativa

A ideia de observação da prática pedagógica, da realidade cotidiana do

ambiente de uma sala de aula, ou um profissional observando suas atitudes e

atividades com alunos poderiam ser tidas como negativa no senso comum. Quando

me deparei com a forma como fui recebida nas escolas trouxeram outra realidade à

tona, em que aloco a categoria de análise Prática Formativa32.

Vejamos o relato da observação do sujeito SE3:

Chego na escola uns 20 minutos antes de iniciar o horário, procuro pela

egressa SE3, e a mesma logo vem me atender, já estava nas dependências

da escola. Sou recepcionada de forma positiva, e a egressa SE3 diz que

será um prazer receber alguém que está fazendo doutorado e que poderá

32 É mister ressaltar, como já mencionado anteriormente que aqui não se pretende discutir se as teorias de aprendizagens e tendências educacionais estão presentes nas práticas formativas.

95

mostrar realidade da sala de aula, e que ela também tem este sonho, mas

diz que é uma ação difícil, já que não tem tempo e dinheiro. (SE3, grifo

nosso)

A escolha do registro da recepção da egressa SE3, resguarda o ideário

proposto por pesquisadores como Pesce (2009) que solicitam que antes do

desenvolvimento de programas para formação inicial de professores deveria ser

consultado as bases para reconhecer sua atuação futura e a realidade da escola.

Em outros termos, a egressa SE3, expressa a preocupação com a realidade

atual e o distanciamento entre o que foi proposto no seu curso na modalidade à

distância e a realidade que encontrou no cotidiano escolar.

O diagnóstico do aluno que discursamos enquanto professores, por vezes é

apenas realizado de forma macro, a partir de números do Censo Escolar e da

realidade encontradas nas pesquisas de massa, como podemos verificar que foi

realizado no próprio Projeto Político Pedagógico do curso, como consequência do

item avaliativo no instrumento de avaliação de curso superior presencial e à

Distância. Ou ainda, como havia apontado anteriormente fica restrito nas primeiras

aulas, numa conversa entre professor e aluno, e em cursos à distância fica mais

difícil quando desenvolvido programas de cursos que atendem à legislação nacional,

mas que se esquece da grandiosidade do país, do nosso multiculturalismo, da

realidade socioeconômica e tantos outros fatores que estão presentes nos vários

recônditos brasileiros, onde os cursos são ofertados e ajudam a formar os novos

professores para este tempo moderno.

Isso evidencia o quanto os alunos - egressos estão ávidos para reconhecer

em suas aulas durante o período de formação, práticas pedagógicas e, por

consequência, teorias que os conecte com a realidade.

De modo semelhante, a escolha das egressas SE1, SE4, respectivamente,

demonstra que os profissionais da educação almejam ver a realidade atual durante

seu processo de formação, constatamos nos depoimentos da SE1 e SE4 que elas

não conseguem relacionar sua formação com o ambiente de trabalho. Vejamos os

depoimentos extraídos das entrevistas:

Eu acho que é isto mesmo, quando a gente vê os professores falando de inclusão, de fazer coisas diferentes, de respeito é uma coisa, quando começamos dar aula percebemos que é outra. (SE1)

96

Eu acho que é isto mesmo, muitas vezes é fácil um professor ficar falando lá no vídeo, mas quando chega no dia a dia é diferente, temos uma sala lotada, crianças carentes de carinho e muitas outras coisas. (SE4)

A partir dos relatos percebemos que existe um distanciamento da instituição

formadora e das necessidades dos profissionais. E, quando tratamos de

distanciamento, estamos subtraindo do egresso há possibilidade imediata de

sucesso no mercado de trabalho, e estamos incluindo em sua projeção a

necessidade de formação continuada, ou ainda, o desenvolvimento da autonomia e

aprofundamento no cenário em que está disposto a atuar futuramente. Como

menciona Fava (2014, p. 106), “o objetivo do aluno ingressante é a

empregabilidade”.

Entretanto, como se pode perceber por meio da leitura dos capítulos

anteriores desta pesquisa, de que apesar de existir uma cultura instituída do

distanciamento, as instituições de ensino estão num movimento de fazer com que o

aluno se aproxime da realidade das escolas. Este fato também pode ser

comprovado na legislação brasileira, por meio da Resolução nº 2, de 19 de fevereiro

de 2002, do Conselho Nacional de Educação (CNE), a qual relembra desta

necessidade da aproximação da teoria e prática. É mister salientar, ainda, de que

existem instituições que venceram o modelo reducionista na forma de fazer este

estreitamento entre teoria e prática, possibilitando ao egresso perceber a correlação

do conteúdo estudado na instituição formadora com a realidade da escola.

Enquanto SE1 e SE4, não percebem de forma geral, que a sua prática estava

amparada na teoria, já a egressa SE2, expõe no primeiro dia de observação da sua

prática em sala de aula com os alunos da Educação Básica, na sua fala “que fica

muito feliz por estarem pesquisando EAD, que nos últimos anos tem aprendido

muito pelo livro e aulas na educação à distância” (relato de observação SE2).

Ao tratarmos da prática formativa realizada nas videoaulas – teleaulas,

percebemos que pela forma em que acontecia a transmissão, existia uma

predominância de passividade frente ao conteúdo estudado, conforme responderam

ao serem perguntados de como acontecia aprendizagem de práticas pedagógicas

no seu curso de EaD.

Eu só assistia os professores fazendo. (SE1)

Durante as aulas os professores mostravam. (SE2)

97

Vendo os professores. (SE4)

Quando nos deparamos com depoimentos da forma aqui exposta, o controle

recai sobre o professor, enquanto o aluno assumiu posicionamento de passividade,

neste formato a aula é unidirecional, de aprendizagem transitória, sem provocar no

aluno o movimento da construção do conhecimento.

Acreditamos que a construção do conhecimento ultrapassa metodologias

reprodutivistas, em que o aluno escuta, lê, decora e repita, para futuramente realizar

sua avaliação e obter o êxito com suas notas e de que a videoaula – teleaula deve

procurar evitar os caminhos já percorridos e viciosos ainda presentes na escola

tradicional, pois se as tecnologias disponíveis permitem a interação, porque usar

como se fosse apenas uma ferramenta que envia informações.

Silveira (2002, p. 65), alerta de que

o risco do ensino por videoconferência, devido às suas características televisivas, é a provável passividade do aluno resultante de sua falta de participação e prática. Ver e ouvir são atividades que devem ser trabalhadas para levar à percepção, ao pensamento, uso de símbolos, à abstração, dedução, generalização e conclusão.

Frente ao exposto, acreditamos que a videoaula – teleaula, no formato posto

pela instituição pesquisada, pode ser aperfeiçoada.

De acordo com Silveira (2002) cabe a instituição formadora:

a) motivação do aluno: que antes de elaborar as aulas, o professor deveria

pesquisar como iria realizar a comunicação com os alunos e se esta

comunicação provocaria alguma reação nos alunos;

b) fator pessoal: é necessário definir se os conteúdos são relevantes para

profissão daquele aluno;

c) habilidade no uso de recursos: que o professor deve ter capacidade

técnica para trabalhar com todos os recursos;

d) técnicas de comunicação: que o professor deve dominar o uso das

expressões faciais, do tom de voz e etc;

e) tipos de linguagens: que a linguagem deve ser acessível e de fácil

compreensão;

f) processo de seleção: escolher temas que interessem os alunos;

98

g) participação e prática: que deve-se escolher atividades em que os alunos

realizam e apresentam resultados;

h) repetição e vários estímulos: nada aprende-se de uma única vez, vários

estímulos ajudam os alunos aplicar aqueles conceitos;

i) clareza na apresentação de material: deve-se pautar a produção do

material técnico a partir da qualidade visual;

j) transferência de conteúdo: quando trata de transferência fala de

contextualização, da adaptação do aprendido para realidade do aluno;

k) conhecimento imediato da realidade: deve-se guiar o aluno de como

aprender em cursos que usam tal recurso.

Essas formulações propostas por Silveira (2002), possibilitariam romper com

o vislumbrado durante as entrevistas com os egressos do curso de Pedagogia EaD.

Assim, os professores e a instituição formadora poderiam responder aos desafios de

construir uma prática formativa televisiva, que provoque aprendizagem duradoura e

por consequência reflexiva.

Espera-se que a luz de formulações como esta proposta por Silveira (2002), a

instituição de ensino de EaD e os professores aceitem o desafio, por recusarem a

passividade no processo de aprendizagem, e apenas transferência do espaço da

sala de aula para um estúdio de televisão. Sabemos, porém, que essas formulações

não se constituem como fórmula para a aprendizagem em videoaulas – teleaulas,

mas, podem ser um caminho para transformação do que encontramos durante

nossa pesquisa com os egressos.

Quando nos deparamos com as práticas formativas propostas no encontro

presencial, que estão postas no Projeto Político Pedagógico do curso de Pedagogia,

na modalidade EaD e, apontadas anteriormente, menciona que os momentos

presenciais, nos polos de apoio, o alunos discutem com seus pares, tiram dúvidas

com professor – tutor, além de desenvolverem o sentimento de pertencimento.

Entretanto, ao analisar as respostas de como acontecia aprendizagem de

práticas pedagógicas no curso de Pedagogia EaD e que atividades aconteciam no

encontro presencial no polo de apoio, percebemos que as atividades realizadas

neste ambiente, não atendiam, na totalidade, ao preconizado no Projeto Político

Pedagógico, haja vista que novamente reaparece a passividade frente ao conteúdo

e a tarefas propostas para realização no polo de apoio presencial. Vejamos:

99

Eu só assistia os professores fazendo. (SE1)

Assistíamos as aulas. (SE3)

Durante a entrevista o que nos chamou a atenção é que a atividade no polo

não foi caracterizada como uma atividade com envolvimento do professor-tutor local.

Apenas um dos quatro egressos pesquisados, falou que fazia atividades em grupo.

De forma, empírica entendemos que esta atividade era direcionada pelo

professor-tutor local, mas fica evidente com a fala de outro sujeito, que os colegas

de turma eram fontes de conhecimento, como podemos verificar nas respostas a

seguir:

Assistíamos as aulas e algumas vezes fazíamos atividades em grupo. (SE1) Assistia as aulas e tirava dúvidas com meus colegas. (SE4).

Compreendemos desta forma, que o encontro presencial realizado com os

alunos, não alcança o proposto nos documentos oficiais da instituição pesquisada, e

apenas cumpre com o proposto na legislação nacional de se ter um espaço para

realização da prova presencial.

Eis a ideia central da categoria práticas formativas, haja vista que elas devem

ser estruturadas para tenham base teórica e que os sujeitos da aprendizagem

percebam que o conhecimento não é dado, não é construído, pronto, acabado, é sim

que a instituição de ensino deve e precisa assumir seu papel além dos documentos

oficiais, e envolver-se numa busca por avaliar e reavaliar suas práticas formativas, e

tendo a coragem de escutar as vozes dos alunos, além de perguntas rápidas,

respondidas de forma instrucional no ambiente virtual de aprendizagem.

Percebemos, nas respostas dos egressos, que há a necessidade de mudança

nas práticas formativas do curso de Pedagogia EaD pesquisado, pois apesar da

instituição proporcionar livros, videoaulas e encontro presencial, devidamente

regulamentado, constatou-se que elas – as práticas formativas – devem passar pelo

movimento de transformação, que exige uma interferência na prática do aprender do

aluno.

100

Este fato podemos constatar em três dos quatro entrevistados ao

responderem ao questionamento: qual é a melhor forma de aprender novos

assuntos: praticando ou lendo?

Fazendo. (SE1)

Gosto de ler e depois fazer. (SE2)

Praticando e lendo nos livros. (SE3)

Praticando. (SE4)

Constata-se que existe uma predominância na necessidade da realização das

atividades, o que pode estar relacionado ao tipo de inteligência dos alunos, ou ao

estilo de aprendizagem de cada ser. A psicologia busca desde o início do século

passado explicar os processos da aquisição do conhecimento, e não adentraremos

neste campo de conhecimento, mas o que fica evidente é que os sujeitos

pesquisados preferem realizar atividades do que ficar lendo ou assistindo os

conceitos de determinado assunto.

Acreditamos que esta ação de realizar atividades práticas referenciando ao

teórico, não é um movimento que deve ser feito apenas pelos cursos na modalidade

EaD, mais por todos os professores e instituições que tem como missão formar

estas sociedades ainda sem nome, em prol de um pais mais justo e igualitário, onde

o processo de aprendizagem não passe apenas pelos bancos escolares, e que

atinjam os indicadores impostos pelos órgãos reguladores, mas que tenhamos

profissionais que reconheçam os conteúdos no contexto da vida.

Que a teoria e prática na formação de professores possam avançar a

perspectiva pragmática esperada pelos alunos durante os anos de realização do

curso, e que o conhecimento esteja centrado na experiência futura dos profissionais

e na experiência passada das pessoas.

Que esta aproximação da teoria e prática encontre nos diversos estudos

produzidos pela academia, onde reside os saberes elegidos, consistência para o

romper este antigo paradigma de ausência de imbricação, ou de distanciamento do

mundo real do posto nos livros.

4.3.2 Categoria: Material Formativo

101

Pensamos que o livro é um item de extrema importância nos cursos de

educação a distância. Ele deve atender as Diretrizes expostas pelos órgãos

reguladores, estar em consonância com os princípios epistemológicos, da

metodologia e políticos que foram construídos democraticamente e fazem parte do

Projeto Político Pedagógico dos cursos, além de garantirem unidade conceitual entre

os diversos elementos da metodologia da instituição, ou seja, não é um material feito

aleatoriamente, o que percebemos que acontece na instituição pesquisa, ou melhor,

o material é produzido de forma intencional e a partir da ementa da disciplina.

Acreditamos que o livro deve respeitar convergência de mídias em prol de

desenvolver competências e habilidades específicas do no aluno.

Na opinião de alguns educadores (ARETIO, 1996; SILVA, 2006 e 2012), os

modelos de ensino são manifestados por meio do material didático-pedagógico

distribuído para os alunos, tendo em vista que os processos de ensinar e aprender

na educação a distância não ocorrem de forma simultânea e, dessa forma, o

material didático é um elemento primordial.

Reconhecemos que não basta entregar os materiais, com seus respectivos

conteúdos, que em seguida o processo de aprendizagem acontece. O material

didático pode ser uma das bússolas norteadoras do processo de aprendizagem.

Para tanto, devemos investigar enquanto instituição de ensino e professores,

inicialmente:

a) Indagar como a linguagem utilizada nos materiais poderá ajudar os alunos.

b) Qual o momento adequado para que o aluno receba o material didático do

curso?

c) A composição do material didático será apenas institucional (guias e

manuais) ou além do institucional será teórica com exercícios?

d) Como conseguir que o aluno possa desenvolver as suas capacidades e

seus conhecimentos e ao mesmo tempo dar conta da complexidade do

aprender?

e) Como transmitir o modo de pensamento do professor, agora não presente

para discutir presencialmente esses conteúdos?

O material didático para cursos EaD deve romper a barreira da

presencialidade, ou seja, pela ruptura das barreiras do tempo e do espaço, com

102

possibilidade de chegar a todos, por vias de comunicação diversificadas, fato esse

que implica uma nova postura profissional do docente e de autonomia do aluno.

Eis a importância de um material se converter em algo atual, vivo e próximo

às necessidades do aluno, a fim de atender não só a transmissão do conteúdo

obrigatório, mas, sobretudo, a construção de uma prática docente mais consistente.

Da forma posta, as práticas formativas propostas no material didático – livro seriam

percebidas pelos egressos.

Quando confrontamos o modelo dos livros adotados pela instituição de ensino

com ao descritivo de material proposto por Aretio (1996), percebemos que o material

coaduna com a proposta de um material didático embasado na investigação, em que

possui textos claros, simples, com ilustrações, e exercícios relacionados ao texto.

É mister admitir que todos os livros pesquisados, do núcleo integrador,

traziam uma abordagem de teoria e prática que poderia ser realizada em sala.

Apesar de que temos um alerta de Tardif (2002, p. 241), “vivemos com as teorias,

sendo que estas muitas vezes construídas por profissionais que nunca atuaram

numa sala de aula”.

Quando os alunos – egressos responderam ao questionamento se continuam

utilizando o material didático, observamos que os livros ainda são empregados, o

que demostra que os conteúdos propostos estão coerentes com o tempo atual e

com as necessidades dos alunos.

Este fato podemos verificar a partir das respostas dos egressos ao responder

ao questionamento: Você ainda utiliza os livros do seu curso de Pedagogia EAD

para desenvolver práticas pedagógicas para seus alunos?

Sim, eu uso muito o livro de matemática e língua portuguesa. (SE1) Eu utilizo muitos os livros. (SE2) Sim, algumas vezes. (SE3) Sim e muitas vezes. (SE4)

A egressa S2 menciona, ainda, que utiliza o livro que recebeu durante sua

formação para elaborar atividades que realiza em sala de aula. Como podemos

observar em sua fala, “estava no livro que estudamos quando fizemos o curso de

Pedagogia, aí eu fiz umas adaptações para colocar também como língua

portuguesa” (relato de observação SE2 – 2º dia).

103

4.3.3 Categoria: Currículo

Quando abordamos a categoria estamos tratando do conceito de currículo

exposto anteriormente, ou seja, não estamos falando apenas de agrupamento de

disciplinas na construção de uma matriz curricular, mas dos aspectos conceituais,

das tendências adotadas, do perfil do aluno, da intencionalidade, entre outros, pois

assim, concebemos nossa categoria Currículo, a luz das teorias antes estudadas.

As falas das egressas mostraram que a organização curricular, mesmo

sendo, por entrada circular, e ser em um curso na modalidade à distância. Como é

evidenciado no depoimento das egressas SE1, SE3 e SE4, ao responder ao

questionamento, quais as disciplinas no curso de Pedagogia EAD que apresentaram

maior dificuldade para sua aprendizagem? Qual motivo?

Currículo e Psicologia. As professoras falavam e falavam eu achava sempre a mesma coisa. (SE1) Para escrever o trabalho de conclusão depois que fizemos o estágio, foi bem difícil ter que escolher um tema e escrever. (SE3) Não tive problema com as disciplinas, exceto escrever o TCC. (SE4)

Quando comparamos estas respostas com o proposto no projeto político

pedagógico do curso pesquisado, constatamos que o currículo foi desenvolvido com

a intenção de quebrar com a verticalidade, imposta culturalmente, e deu-se espaço

para autodisciplina e a responsabilidade educativa. Neste momento recordamos os

Referenciais de Qualidade para Educação Superior a Distância (BRASIL. Ministério

da Educação, 2007, p.7), que não estabelece um modelo único de Educação a

Distância.

Outra voz das egressas que chama atenção é a percepção que as mesmas

têm da sua formação e atuação no mercado de trabalho. Como podemos observar

as respostas quando perguntamos se eles acreditavam que devido a formação em

um curso de EaD sua prática pedagógica é diferente de quem fez curso presencial:

Eu tive mais acesso para ver coisas novas, também tive que mexer e falar com pessoas de outros lugares, faço coisas diferentes, mas não sei se foi por causa do curso. (SE1)

104

Eu acho que trabalho com mais atividades práticas que meus colegas. Os professores das aulas, mostravam muitas atividades práticas, falando que as crianças aprendem muito mais rápido quando fazem as coisas. (SE2) Muitas vezes acho que sim, os professores tinham outra realidade, assim mostravam muitas coisas diferentes. (SE3 Não acho que é diferente somente porque aprendi pela televisão. (SE4)

Ao trazermos estas respostas das egressas, lembramos o preconizado por

Sacristán (2000, p. 16) e Apple (2006, p. 61), que foi exposto no primeiro capítulo,

quando tratávamos que o currículo pode ser considerado como uma caixa preta,

mas que se revela quando seus egressos entram no mundo do trabalho.

Percebemos na mesma pergunta, na fala da egressa SE1, “Eu tive mais

acesso para ver coisas novas, também tive que mexer e falar com pessoas de

outros lugares, faço coisas diferentes”, que existiu um processo maior de

experiência educativa e, por consequência, uma busca por autonomia, considerando

as relações proporcionadas pela modalidade de ensino.

Esta percepção também fica evidente aos analisarmos as respostas quando

questionamos sobre quais ferramentas quais ferramentas utilizava para interagir

com professores e outros alunos durante o processo de formação no curso de

Pedagogia:

Eu só usava o fórum para falar com os tutores, e quando precisava de alguma dúvida usava o telefone. (SE1) Eu usava os fóruns. (SE3) Utilizava o fórum para conversar com o professor tutor. (SE4)

Ao mencionarem que recorriam ao fórum para esclarecimento de dúvidas,

mostra a busca pela autonomia, e uma pré-disposição para o novo momento que

vivemos na educação, como podemos evidenciar na resposta da SE4, na pergunta

de que como elas caracterizam as práticas pedagógicas com utilização de

tecnologias digitais: “Eu gosto e as crianças também”

As práticas formativas proporcionadas por esta organização curricular, com

relação de demonstração de atividades práticas (no livro, na videoaula), fica

105

evidente quando verificamos o relatório de observação da egressa SE1, conforme

posto a seguir:

Na aula de matemática a professora trabalha com a prática pedagógica de mercado. Os alunos buscam materiais que estão dispostos num espaço da sala e realizam as atividades no quadro de giz.

Quando encontramos esta resposta alocamos no que é solicitado no Núcleo

de Estudos Integradores, quando busca que a prática docente do egresso esteja

alicerçada no reconhecimento da realidade educacional a partir de vivências no

ambiente escolar. Ou ainda, quando analisamos as respostas para pergunta: Como

você elabora práticas pedagógicas com utilização de tecnologias digitais?

Eu trabalho muito com música e pequenos filmes. Os filmes eu compro os DVDs e passo os pedaços para os alunos. (SE1) Procuro na internet assuntos relacionados, muitas vezes acho desenho, filmes ou outras vezes apenas atividades para as crianças fazer. (SE4)

Este egresso de curso EaD, consegue realizar atividades conectadas com

seus alunos e a realidade atual. Desta forma, longe de desacreditar no postulado por

Pesce (2009) e que relembramos neste momento, “a submissão dos programas de

formação de educadores às demandas das agências multinacionais tende a gerar

reflexos nefastos, notadamente sobre os que utilizam os recursos digitais da EAD’’.

Compreendemos que os egressos a partir das práticas formativas realizadas no

curso EaD, potencializam de forma positiva e com qualidade, processo de

aprendizagem nas suas aulas com os alunos da Educação Básica. Ou seja, existe

uma perspectiva de boa formação, mesmo quando utilizamos recursos digitais.

Quando analisamos esta forma de organização pedagógica dos sujeitos

pesquisados, também identificamos com o proposto no objetivo geral e específico do

curso de Pedagogia, na modalidade EaD pesquisado, em que se compromete em

formar profissionais que atendam aos anseios da sociedade atual.

Da mesma forma analisamos a atuação prática da egressa SE4, no relato da

observação do primeiro dia, conforme vemos a seguir:

(...) pergunta se assistiram o jornal de ontem na emissora X, alguns dizem que sim e outros não, então ela diz. Já que nem todos assistiram nós vamos assistir juntos uma reportagem. Logo em

106

seguida liga a televisão e passa uma notícia. Todos os alunos prestam atenção. Depois de finalizado ela diz ‘’o que vocês entenderam? ’’ e alguns demonstram sua opinião, e então ela pede para pegarem seu livro e localizarem um texto X. Todos os alunos dizem que o texto é parecido com a reportagem da televisão.

O horizonte da intencionalidade e das práticas formativas propostas no

currículo do curso de Pedagogia EaD, que mesclavam atividades teóricas e práticas,

a partir de diversas mídias (livro – videoaula – ambiente virtual de aprendizagem)

aqui, naturalmente, não consiste em fazer o que quiser, como quiser e quando bem

entender. Significa a possibilidade de ação educacional com responsabilidade, com

objetivo de fazer com que os alunos aprendam a partir do contexto. O que

percebemos é que a egressa SE4, utilizou uma sequência de atividades que

estiveram presentes durante sua formação no curso de Pedagogia, na modalidade à

distância.

O curso de Pedagogia EaD era transmitido pela televisão, e talvez por tal fator

os sujeitos desta pesquisa utilizam em sua prática esta tecnologia, constatamos

também que três entre os quatro sujeitos pesquisados realizaram algum tipo de

curso para discutir o uso de tecnologias educacionais na prática pedagógica. Como

podemos observar nas falas das egressas:

Antes de fazer Pedagogia à distância, já tinha feito o curso de

Magistério à Distância, só que era muito diferente, tinha mais aula

por satélite e a tutora da sala fazia atividade no encontro presencial,

e também não tinha ambiente para postar perguntas, tinha somente

o telefone para fazer perguntas. Já fiz vários cursos de como usar

televisão, filmes, computador e joguinho em sala de aula. (SE2)

Sim, participei de um curso falando de como trabalhar com vídeos

em sala de aula. (SE3)

Eu fiz um curso de como estudar por EAD, foi no início do curso, foi

bom, assim eu aprendi como mexer no ambiente que mandava

pergunta para o tutor. (SE4)

A diferença é que da passividade dos encontros presenciais, para sua

atuação em sala de aula, tanto o professor estava devidamente estimulado a agir

com pleno domínio e consciência do objetivo ou meta a ser perseguida, e os alunos

107

estavam motivados para receber aquele conteúdo. Isso se alcança com a aliança

entre conteúdo e forma, recursos e métodos, ação individual e ação interativa. Em

última análise, indica avanços no processo, em relação à valorização de posturas

autônomas destas novas gerações, e também coaduna com o solicitado no Projeto

Político do curso (2009, p. 6), isto é, “desenvolver as competências necessárias à

formação do profissional da educação comprometido com a realidade brasileira e

com o processo de transformação social”

Ao serem questionados quais as disciplinas do curso de Pedagogia EaD que

contribuíram para a prática pedagógica, todos os sujeitos da pesquisa responderam

que utilizam os materiais e fazem referência as práticas pedagógicas demonstradas

pelos professores durante seu processo de formação no decorrer do curso.

Nas DCNs existe indicação da constituição do Núcleo de Estudos

Integradores, o que constatamos estar presente no Projeto Político Pedagógico. Tal

núcleo de disciplinas é responsável em garantir realização de atividades que

coadunem com a realidade educacional.

Percebemos que articulação de conteúdos de forma produtiva, como

podemos observar na fala da egressa SE4;

Procuro na internet assuntos relacionados, muitas vezes acho desenho, filmes ou outras vezes apenas atividades para as

crianças fazer. (SE4)

O que denominamos de forma produtiva significa que não se realiza práticas

pedagógicas apenas por estar na ‘’moda’’, ou por copiar, mas para representarem

seus valores e a intencionalidade no ato de ensinar. Reforçamos nosso pensamento

a partir de Contreras (2002, p. 74), “não só descrever o desempenho do trabalho de

ensinar, mas também expressar valores e pretensões que se deseja alcançar e

desenvolver nessa profissão”

Em outros termos, os egressos sujeitos desta pesquisa, apresentaram a

preocupação com a realidade, permeada pela dinâmica dos processos de

transformações constantes, pelos problemas sociais, pela falta de infraestrutura das

escolas, e que estes são elementos que podem vir a alterar suas práticas

pedagógicas, o seu fazer diário, ou, também, intervir nas formas de aprender dos

alunos, na sua forma de acessar os conteúdos. Os sujeitos pesquisados também

108

evidenciaram que o currículo proposto atendeu as expectativas para formação de

professores.

Como último momento da categoria Currículo, anteriormente estruturada, e

que aparece no último campo de discussão é temática Estágio Supervisionado que,

apesar de ser um assunto amplamente discutido, ainda causa ruídos e desconfortos

no processo de aprendizagem. Se este é um assunto é polêmico em cursos na

modalidade presencial, em EaD que carrega culturalmente uma carga

preconceituosa, ele se acentua. Assim, buscamos apresentar a voz dos egressos

na intenção de mostrar novas perspectivas.

Conforme mostramos nos capítulos anteriores, o estágio supervisionado,

pode ser configurado de acordo com as DCNs em carga horária e

acompanhamento, mas não existe um modelo que deve ser seguido por todas as

instituições de ensino.

E como também estudamos existem modelos tradicionais de estágio

supervisionado, em que o aluno vai para o campo e momento pré-definido recebe

um professor para análise, ou modelos que que a reflexão e a prática andam em

parceria. Tudo depende exclusivamente do modelo pedagógico adotado pela

instituição de ensino.

No curso pesquisado, o Estágio Supervisionado é concebido como uma

disciplina, que possui teleaulas – videoaulas, livro, manual e acompanhamento do

professor-tutor presencial, com preenchimento de fichas.

Percebemos uma ambiguidade de percepção entre os quatro sujeitos

pesquisados sobre o tema Estágio Supervisionado. Aqueles que não tinham

experiência de atuação em sala de aula, acreditam que fazer o estágio contribui para

compreender e ter exemplos de como deve acontecer à docência, como podemos

perceber nas respostas abaixo:

Foi bom fazer o estágio, eu vi como é dar aula de verdade. (SE1) Contribui muito, fui para escola e vi outras professoras, foi bem importante. (SE4)

Enquanto para as egressas que já atuavam em sala de aula, foi um

momento de reflexão, ou seja, analisaram suas realidades a partir da percepção de

outros. Como podemos observar nas respostas a seguir:

109

Olhei os professores que são meus colegas, e percebi muitas coisas que eu mesmo fazia, então me fez pensar muito. (SE2) Foi bom, vi como minhas amigas e colegas fazendo de outra forma o que estava acostumada fazer de um jeito. (SE3)

Constatamos durante coleta de dados que o livro de estágio supervisionado,

elaborado pela instituição pesquisada, apresentou simulações para que o aluno

compreenda que não existe teoria sem prática, e possibilitou exemplos de várias

atividades que são realizadas no cotidiano escolar.

Mas, pelo que consta pelo menos para egressa SE1, na sua fala: “foi bom

fazer o estágio, eu vi como é dar aula de verdade”. O aspecto da abstração e da

contextualização, que são elementos da aprendizagem, não foram suficientes para

mostrar como acontece o cotidiano escolar.

Concordamos com Zabalza, (2014, p. 40), que o

estágio constitui uma realidade complexa, determinada por múltiplas variáveis e na qual participam três agentes fundamentais: os estudantes, a instituição universitária e os centros de atividades práticas.

O que analisamos a partir do contexto da instituição pesquisada é há

ausência de estabelecer momentos de troca após participação dos alunos no campo

de estágio. Apesar de estruturarem um videoaula – teleaula, livro e manual, não

instituíram como um retorno das observações, a não ser em fichas com carimbo e

assinatura da escola visitada.

O estágio, enquanto elemento curricular obrigatório do Curso de Licenciatura

em Pedagogia é entendido como um conteúdo profissionalizante, que possibilita ao

estudante, o contato com as diversas realidades de atuação do Pedagogo. Por meio

dessa disciplina, pretende-se desenvolver de maneira incisiva o profissional da

educação enquanto um profissional pesquisador, não apenas acadêmico, mas um

“investigador preocupado em aproveitar as atividades comuns da sala de aula e

delas extrair respostas que orientam sua prática pedagógica com estudantes”

(KENSKI, 1991, p. 41).

Essa atitude investigativa deve “tornar o estudante consciente de que suas

práticas em sala de aula refletem não apenas o grau de aquisição teórica obtido,

110

mas, entre outras coisas, a forma com que, como estudantes, principalmente

durante a infância, foram marcados pela sua vivência escolar” (KENSKI, 1991, p.

41), portanto o desenvolvimento do estágio passa pela tomada de consciência

individual e coletiva do que é ser Pedagogo, suas possibilidades e seus limites, suas

perspectivas profissionais, constituindo sua identidade profissional e não apenas na

representação de papéis.

A partir do pressuposto de que a base da formação do Pedagogo é a

docência, a escola e o ensino formal devem ser privilegiados durante a organização

dos projetos de estágio. Entretanto, o investigador que se pretende formar deverá

atuar em todos os espaços educacionais públicos e privados da educação formal e

não formal, o que não percebemos nos documentos pesquisados.

O Estágio representará exercício profissional prévio à obtenção do diploma

universitário que confere título definitivo. Sendo, portanto, etapa fundamental de

profissionalização do estudante, deverá ser realizado em ambientes reais de

trabalho. Assim, durante os Estágios, pretende-se que o estudante conheça e

proponha soluções para os problemas cotidianos da profissão por meio de reflexões,

ao ganhar experiência através de contatos com a realidade educacional, de

instituições escolares, empresariais, hospitalares, ONG’S etc.

Notadamente reforçou-se a passividade perante um momento que poderia ser

de aprendizado, com professor-tutor local e com os demais colegas de turma. Este

formato de Estágio Supervisionado é apontado para Zabalza (2014), como aquele

que se preocupa com desenvolvimento pessoal e à construção do perfil profissional,

instituído a partir da auto avaliação.

A participação, a reflexão e a troca dialógica foram suprimidas com uma ação

de caráter individualista e unilateral, e que deveria ter como fundamento a

construção coletiva, visando a superação da cultura instituída, o que percebemos no

caso posto, é que foi potencializado o aspecto negativo do Estágio Supervisionado,

a partir da modalidade à distância.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apresentamos, a seguir, algumas considerações sobre o processo de

investigação da temática: qual a potencialidade de um curso de Pedagogia em EaD

111

para a formação de práticas pedagógicas a partir da análise da atuação de egressos

com alunos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental?

Desde a regulamentação da educação à distância em 1996, formamos

professores, como podemos perceber a partir dos dados do Censo da Educação

Superior. E essa realidade educacional é descortinada, com o passar dos anos com

as pesquisas na área, no sentido de promover novos entendimentos e construir

novos cenários de políticas públicas, ou ainda, na forma de conceber as teorias de

aprendizagem a partir da inserção de novas modalidades de ensino.

O conjunto dos dados coletados e analisados permitiu novamente reafirmar a

abrangência da educação a distância, a relevância da temática na sociedade

contemporânea, remetendo ao cenário de que a EaD, no formato pesquisado,

replicou as técnicas da educação presencial. Em outros termos, a reflexão sobre as

falas das egressas possibilitou reafirmar que ferramentas tecnológicas educacionais

são de extrema importância no cenário da EaD, mas que precisam ser direcionadas

para atender os princípios desta modalidade de ensino.

As categorias que selecionadas - Práticas Formativas, Material Formativo e

Currículo – mostraram que a modalidade de ensino pode ser um diferencial na

formação das novas gerações, quando discutidas e implementas a partir das teorias

que as fundaram.

A realidade educacional, constatada na observação e nas entrevistas, revela

que os sujeitos da pesquisa que foram formados em um novo ambiente educacional,

não causaram dilemas didáticos no cotidiano das práticas destas profissionais.

Novamente propagamos o que já foi exposto por outros pesquisadores, que não

basta colocar os alunos em novos espaços educacionais para que ocorra o avanço

na qualidade do processo de aprendizagem, e que a mudança ocorrerá quando

criarmos novas perspectivas de diálogos entre os atores educacionais. É preciso

compreender e internalizar este conceito nas instituições de ensino. Novos tempos

de ensinar, solicitam novas práticas formativas, que já estão sendo utilizadas por

instituições de ensino, que estão comprometidos com a construção do processo de

ensino e com a aprendizagem.

Os dados coletados mostram, ainda, a existência a implantação de exemplos

das práticas formativas presenciais historicamente instaladas, sendo implantadas na

EaD. Há, até mesmo, uma ausência de reconhecimento de teorias e práticas nos

112

documentos oficiais, que poderiam potencializar positivamente as atividades da

videoaula – teleaula – e dos encontros presenciais.

Vencer essa barreira de uma compreensão de práticas formativas específicas

para EaD, ou ainda, da percepção reducionista das formas de relacionamento e

comunicação entre professor e aluno, aluno e aluno, depende também da postura do

professor em relação aos processos formativos aos quais é convidado a participar,

seja para escrever um livro, gravar uma teleaula – videoaula, ou ainda ser professor

tutor on-line ou presencial.

Esse processo de realização das práticas pedagógicas dos sujeitos

pesquisados demonstra que aconteceu um processo de comunicação entre as

teorias assistidas e lidas com a realidade educacional, e apesar de que alguns

egressos nem perceberam que conseguiram em seu discurso e na prática com os

alunos da Educação Básica, demonstrar que não fazem simplesmente por fazer,

mas por possuírem uma intencionalidade educacional; uma base conceitual.

Percebemos que os sujeitos pesquisados em sua maioria utilizam as

tecnologias digitais disponíveis na escola. Como podemos observar nas falas a

seguir:

No término da atividade professora liga o aparelho de som e coloca

música para os alunos fazerem relação com atividade posta. (SE1)

Já que nem todos assistiram nós vamos assistir juntos uma

reportagem. Logo em seguida liga a televisão e passa uma notícia.

(SE4)

Podemos constatar, desta forma, que existe potencialização do uso da

tecnologia no ambiente educacional, que pode ter sido iniciado no curso de

nivelamento, que é um item obrigatório em curso nessa modalidade de ensino, e que

consta no Projeto Político Pedagógico até as vivências com as transmissões das

videoaulas.

Quando analisado as falas dos sujeitos pesquisados reconhece-se a

preocupação correta do uso das tecnologias no ambiente escolar, e a necessidade

da utilização dessas, para elucidar temáticas e construir novos cenários de

aprendizagem.

Esperamos que estas práticas pedagógicas desenvolvidas com os alunos da

Educação Básica não seja um daltonismo reducionista da amplitude da formação de

113

professores, e que os usos de novas tecnologias possam superar o ingênuo uso no

ambiente escolar, e que egressas percebam que novas ferramentas também

solicitam novas formas de ensinar

A partir da observação das práticas dos sujeitos pesquisados na sua atuação

na Educação Básica percebemos que se venceu os problemas de passividade frente

as tecnologias, que foi constituída numa abordagem dialógica e de pesquisa que

favorece que os alunos continuem seu processo de aprendizagem fora do ambiente

escolar.

Que novas práticas formativas aconteçam, pois, as relações didáticas e

curriculares devem conduzir para autonomia do egresso solicitada há muito tempo.

Que possamos vencer a visão de tarefeiros do ambiente educacional, e que estes

novos professores mostrem suas práticas pedagógicas em congressos e grupos de

pesquisas, recontextualizando a reprodução de velhas práticas, e vencendo as

diversas teorias que menciona que os professores apenas reproduzem.

Nossa reflexão final é carregada de novas emoções e perspectivas, que

sempre lutarão para quebra de paradigmas. Assim, ao concluirmos a pesquisa,

percebemos a necessidade de renovar e ampliar o conhecimento sobre as teorias

acerca do processo de aprendizagem dos seres humanos.

É importante mencionar, que outros pesquisadores educacionais, ao se

depararem com o registro da observação e as falas nas entrevistas, podem perceber

além do apontado nesta pesquisa. Convido-os para discutir EaD e as

potencialidades das práticas formativas, que estamos implementando neste novo

momento da educação à distância. O contato com os alunos, além dos dados

institucionais, possibilitou reconhecer que ainda temos um vasto e árduo caminho na

educação à distância. Por essa razão é que fica estabelecido que novos olhares de

quem atua na formação de professores, contribuem para a melhoria da educação,

indiferente da modalidade de ensino, pois acreditamos que o objeto que deve ser

pesquisado incessantemente.

Concluímos também que apesar dos avanços nas políticas públicas para as

modalidades de ensino, das formas de fiscalização e avaliação, é no cotidiano das

relações que realmente estão os frutos das atividades postas. Que nos Projetos

Políticos dos cursos, podemos escrever e divagar acerca de teorias, mas é

atendimento aos alunos, nos materiais formativos e no currículo que encontramos a

114

verdadeira opção realizada pelos professores que construíram os documentos da

instituição de ensino.

Acreditamos que a vida e a pesquisa têm por finalidade expressar e não

impressionar. Assim, nosso texto final da tese se apresenta como cortesia e

humildade acadêmica, ou melhor, serve como um fractal de voz daqueles que atuam

diariamente em educação à distância.

115

REFERÊNCIAS

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120

APÊNDICE A - RELATO DA OBSERVAÇÃO

Relato da observação SE1

1º dia:

Cumprimento a egressa SE1, nos reapresentamos, e relembro as características da

pesquisa. A egressa solicita que o acompanhe até sua sala de aula. Está de posse

de CD, giz e apagador. Chega na sala de aula, cumprimenta todos os alunos,

solicita que fiquem em pé, para saudar a visitante e em seguida me apresenta para

os alunos do ensino fundamental, e explica que estou ali para ajudar e aprender

como ser professora. Logo em seguida, os alunos com ordem direta da professora

realizam oração, depois organizam sala de aula em círculo. Uma aluna escolhida

pela professora vai até o quadro, coloca o nome dos faltantes e muda o dia no

calendário. A professora passa atividade de língua portuguesa no quadro, os alunos

copiam e realizam as atividades dentro da normalidade. No término da atividade

professora liga o aparelho de som e coloca música para os alunos fazerem relação

com atividade posta. Na aula de matemática a professora trabalha com a prática

pedagógica de mercado. Os alunos buscam materiais que estão dispostos num

espaço da sala e realizam as atividades no quadro de giz. Neste dia, fico sentada no

final da sala.

2º dia:

Chego na sala e os alunos já estão no momento da oração. A egressa SE 1 solicita

que cada aluno vá até o mercado e pegue os alimentos e produtos que precisam. A

professora fica apenas observando os alunos. Depois pede para cada aluno somar

os valores dos produtos de acordo com as marcações/preços. Cada aluno realiza

sua soma e apresenta para professora. Esta atividade esgota-se com intervalo.

Depois do intervalo, os alunos foram para o pátio para fazer educação física, que

significou ficar brincando livremente. Antes do intervalo estava no fim da sala e após

intervalo fiquei sentada num banco próximo do cenário de pesquisa.

3º dia:

Chego na sala os alunos estão finalizando a oração. Depois a SE1 solicita que uma

aluna vá até o quadro e atualize o calendário da turma, além de mencionar a lista

dos faltantes. A aluna altera os dados de dia e clima. A partir do calendário a

egressa SE1 começa uma atividade de língua portuguesa, solicitando que todos

leiam o cartaz em conjunto, e que escrevam em seus cadernos os dados do cartaz.

Solicita em seguida que os alunos que façam leitura de um texto curto do material

didático e em logo após copiam as atividades do livro no caderno e fazem os

exercícios. Esta atividade durou todo o período da aula. As crianças já estão

habituadas e nem perguntam mais nada, assim fico parada logo próximo da porta.

121

Relato da observação da SE2

1º dia:

Chego na escola e logo sou identificada pela professora. Explico novamente a

pesquisa e ela diz que fica muito feliz por estarem pesquisando EAD, que nos

últimos anos tem aprendido muito pelo livro e aulas na educação à distância. Vamos

até a sala de aula, onde alguns alunos já estão, o sinal ainda não bateu. O sinal

bateu e logo muitos alunos aglomeram-se na porta da sala. A egressa SE2 vai até a

porta e diz ‘’todos devem ficar na fila’’ e fica observando. Em seguida os alunos vão

entrando para dentro da sala. A egressa SE2, diz ‘’bom dia‘’ e os alunos respondem

prontamente. Em seguida explica que sou uma visitante e que estarei com eles

durante três dias, pois estou fazendo uma pesquisa, igual quando ela pede pra eles

fazer atividades em casa, e que meu professor solicitou que faça esta pesquisa. Ela

explica que no dia de hoje irão trabalhar apenas matemática, e que trouxe uma folha

com várias atividades, e que eles precisam apenas tirar lápis e borracha da mochila.

Os alunos recebem as atividades e a egressa SE2 explica o primeiro exercício que

diz respeito a resolução de um problema. Os alunos começam a fazer as atividades,

alguns levantam, a egressa SE2 vai de carteira em carteira. E assim segue-se este

movimento até o horário do intervalo. No horário do intervalo a egressa dirige-se até

sala dos professores. Ao retornar do intervalo a professora inicia o processo de

correção das atividades no quadro. Ela lê a atividade e nomina uma criança

perguntando como colocou em sua folha. As crianças veem até o quadro e

transcreve o que fez na folha. A professora parabeniza a criança e refaz o processo

da construção da resolução com todas as crianças. Pede para as crianças não

esquecerem de trazer embalagem para o mercado, pois precisam renovar o

estoque. Logo em seguida, outra professora bate na porta lembrando que todas as

crianças devem ir para sala de informática. A egressa SE2 finaliza a correção e

dispensa as crianças para irem para aula de informática.

2º dia:

Os alunos chegam até a porta e a egressa SE2 solicita que façam fila para entrar.

Ela verifica e diz ‘’ Que bom, alguns coleguinhas lembraram de trazer embalagens

para o nosso mercado’’. Os alunos entram na sala de aula e acomodam-se

rapidamente. A egressa pede para um aluno fazer a oração e os demais devem

apenas ouvir e prestar atenção no texto que está sendo dito. Após terminar a oração

a egressa pergunta para alguns alunos se entenderam o que diz esta oração, os

alunos mencionam suas impressões e a egressa sempre complementa

parabenizando e explicando o fundamento. Em seguida egressa SE2 solicita que os

alunos que guardem as embalagens no mercado, que está dentro da sala. Pede

para as crianças terem calma e colocar nos lugares corretos, igual é no mercado!

Quando todos os alunos retornam, ela diz que precisa escolher o dono do mercado.

Logo vira uma loucura, e todas as crianças querem ser donos do mercado. Então ela

122

seleciona três alunos para serem os donos do mercado. Então depois dos donos

escolhidos, ela diz que precisa definir o tamanho das famílias, afinal é pelo número

de pessoas da casa que compramos a quantidade de alimentos e produtos. São

separados vários grupos, e ela entrega para cada grupo uma folha e que as crianças

devem descrever sua família. Esta atividade vai até o intervalo. Depois do retorno do

intervalo, as famílias podem ir até o supermercado para sua compra. Ela escolhe as

famílias por ordem e as demais ficam esperando. Cada família agrupa seus

produtos, e recebe indicação da egressa SE2 para descrever o produto e iniciar a

soma dos valores gastos. Eu pergunto para egressa SE2 de onde tirou esta

atividade, ela diz ‘’estava no livro que estudamos quando fizemos o curso de

Pedagogia, aí eu fiz umas adaptações para colocar também língua portuguesa’’. A

atividade vai até o término da aula.

3º dia:

Vou para sala de aula com a professora, todos os alunos estão envolvidos em

brincadeiras, a egressa SE2 chama atenção do alunos dando um caloroso ‘’bom

dia’’, os alunos respondem e prontamente para fila. Após acomodação dos alunos,

egressa SE2 solicita ao aluno X que inicie a oração, e logo em seguida todos os

alunos seguem na oração. Com o término da oração, SE2 agradece os alunos e

inicia solicitando que outro aluno vá até o quadro e marque o nome dos alunos que

estão faltantes. Logo após solicita que os alunos mostrem a atividade para verificar

se fizeram completaram do dia anterior. A professora passa o período antes do

intervalo corrigindo as atividades, e os alunos ajudando aqueles que tiveram suas

tarefas corrigidas e necessitavam de novas correções. Após o intervalo, egressa

SE2, retorna com atividades de matemática diretamente no quadro. Os alunos

copiaram e depois fizeram a correção juntos no quadro. A convite da professora os

alunos dirigem-se até o quadro para realização da atividade.

123

Relato da observação da SE3

1º dia:

Chego na escola uns 20 minutos antes de iniciar o horário, procuro pela egressa

SE3, e a mesma logo vem me atender, já estava nas dependências da escola. Sou

recepcionada de forma positiva, e a egressa SE3 diz que será um prazer receber

alguém que está fazendo doutorado, e que ela também tem este sonho, mas diz que

e uma ação difícil, já que não tem tempo e dinheiro. Explico para egressa SE3 o

objetivo da minha pesquisa e que não quero atrapalhar sua aula. Vamos para sala

dos professores. Ao chegarmos a egressa SE3 me apresenta para os professores

com euforia, falando que um dia também fará uma pesquisa de mestrado ou

doutorado. Aguardamos um tempo e ao bater do sinal vamos até sala de aula. A

egressa SE3 aguarda os alunos na porta da sala, os alunos vão chegando e

organizando-se na fila. Ela diz para os alunos ‘’na fila em silencio para entrarmos na

sala’’. Enquanto vai formando a fila , me explica que prefere ainda fazer desta forma,

pois mostra ordem e os alunos vão acalmando da correria que estavam no pátio.

Após alguns minutos todos entram para dentro da sala. A egressa espera que todos

sentem em suas cadeiras e diz ‘’Bom dia, turma!‘’ em tom de euforia. A turma de

alunos automaticamente responde ‘’Bom dia, professora SE3’’. A egressa diz para a

turma se alguém quer fazer o agradecimento do dia, nas seguintes palavras ‘ Turma,

alguém quer fazer o agradecimento ou pedido do dia?’’, automaticamente um aluno

levanta a mão ‘’Professora, eu quero fazer! . A egressa SE3 diz, pode fazer . Após

término do agradecimento, a egressa SE3 me apresenta para a turma de alunos. Diz

que ‘’ esta é a professora Dinamara, ela vai ficar três dias em nossa sala assistindo

as aulas. Ela está fazendo uma pesquisa para o curso de doutorado. Vamos ajuda-la

no que for necessário. Por favor, cumprimentem a professora’’, imediatamente

todos os alunos dizem ‘’Seja bem vinda, professora’’. Todos os alunos sentam e a

professora diz para turma ‘’ hoje quero que vocês escolham um gibi para fazermos a

leitura, levante de suas carteiras e peguem lá no nosso canto da leitura.’’ Os alunos

levantam e começam selecionar seu gibi, e prontamente voltam para sua carteira. A

egressa SE3 espera que todos retornem e logo diz ‘’ vocês vão começar a ler e logo

depois vamos contar a história para os demais colegas’’. A egressa SE3 fica apenas

observando o processo de leitura de cada aluno por aproximadamente uns 40

minutos. Depois de passado este tempo, fala para os alunos “Agora já terminamos a

leitura então vamos fazer da seguinte forma: vou escolher cinco alunos e um a um

irão contar a história que leram” Então começa a selecionar os alunos. ‘’ e diz

novamente: não precisa ficar com vergonha, é igual ir no supermercado e pedir

alguma coisa’’. A atividade tem prosseguimento e a egressa SE3 faz algumas

intervenções para que os demais alunos façam silêncio. Após o término da contação

das histórias, a egressa diz “agora que vocês escutaram várias histórias, vocês

deverão escolher uma e escrever o que entenderam’’. Saímos para o intervalo.

124

Após retorno do intervalo, a egressa SE3 solicita para verificar os cadernos, e diz

quem não terminou vai finalizar em casa , e trazer amanhã para correção. E logo em

seguida passa no quadro várias atividades de expressão numérica para resolução.

Os alunos copiam e iniciam resolução. Logo após um período a egressa solicita

para alguns alunos realizarem atividade.

2º dia:

Chego na sala e já foi realizado momento inicial do agradecimento. A egressa SE3

está solicitando para que os alunos deixem os cadernos de língua portuguesa na

mesa para correção. A egressa solicita que todos os alunos guardem os cadernos e

que todos irão assistir um pequeno vídeo. Os alunos ficam eufóricos, e a egressa

liga o aparelho de televisão. O vídeo mostra pessoas correndo e fazendo atividades

de educação física. Após o tempo do vídeo a egressa SE3 pergunta para turma ‘’o

que vocês viram no vídeo?‘’ As crianças começam a responder , e a egressa

continua instigando os alunos ‘’e o que mais vocês observaram?’’ e os alunos

continuam falando, até que um aluno fala da respiração das pessoas. Então a

egressa parabeniza e diz então agora vamos fazer as atividades e entrega para

cada aluno uma folha com atividades de ciências. A egressa SE3 passa em cada

carteira observando a realização das atividades. Chegamos no momento do

intervalo. Vamos para sala dos professores. Ao retornar a egressa diz que iremos

corrigir as atividades de forma oral. Ela passa fazer a leitura e solicita que os alunos

respondam. Após o término, passa atividades de matemática para resolução. Diz

para os alunos ‘’vou levar os cadernos para casa e amanhã teremos atividades de

língua portuguesa e vocês tem educação física’’. Finaliza a aula lembrando que

todos tenham cuidado no retorno para casa ‘’Crianças vão direto para casa, nada de

ficar perdido por aí brincando’’.

3º dia:

Chego na sala antes do início da formação da fila, e novamente os alunos estão

aguardando a egressa SE3, e quando se aproxima alguns alunos vão até seu

encontro e dão um demorado abraço, e retornam para fila. No comando da egressa

todos os alunos entram e dirigem-se para seus lugares. Alguns alunos estão

eufóricos e dizem ‘’oba hoje tem educação física’’, a egressa SE3 logo diz e ‘’ quem

não fizer todas as atividades de língua portuguesa não vai participar da educação

física’’. Em seguida pergunta ‘’ quem vai fazer o agradecimento? Quando finalizado

o agradecimento, ela passa entregar os cadernos de forma nominal. Quando todos

os alunos estão com caderno ela diz ‘’ vou passar uma atividade no quadro, ao

corrigir os textos de vocês percebi que estão com muita dificuldade para escrever

algumas palavras, para acentuar e colocar vírgula no texto, assim temos que

praticar. E enche o quadro de atividades. Os iniciam a atividade e ela observa

atentamente e vai até sala de cada aluno para ajudar na resolução. Chegamos na

125

hora do intervalo. Ao retornar do intervalo, ela passa fazer correção das atividades o

quadro, e ao terminar os alunos libera-os para educação física. Antes da liberação

ela fala para os alunos ‘’ vou liberar todas para educação física, já que fizeram as

atividades de língua portuguesa e vamos combinar que para amanhã deverão trazer

um resumo do texto que vocês leram. E tratem de voltar direitinho para casa.”

126

Relatório da observação SE4

1º dia:

Chego na escola e a egressa SE4 já me espera, e diz que fica muito feliz de

novamente me ver. Vamos para sala de aula. Na sala os alunos já esperam pela

professora. Ela cumprimenta todos os alunos e todos respondem. Em seguida

pergunta se assistiram o jornal de ontem na emissora X, alguns dizem que sim e

outros não, então ela diz. Já que nem todos assistiram nós vamos assistir juntos

uma reportagem. Logo em seguida liga a televisão e passa uma notícia. Todos os

alunos prestam atenção. Depois de finalizado ela diz ‘’o que vocês entenderam?’’ e

alguns demonstram sua opinião, e então ela pede para pegarem seu livro e

localizarem um texto X. Todos os alunos dizem que o texto é parecido com a

reportagem da televisão. Ela fica entusiasmada com a situação, e fala para os

alunos criarem em dupla um texto a respeito do mesmo assunto, dizendo da

seguinte forma ‘’ Agora que vocês já têm informações de dois lugares podem criar

um texto que trata do assunto. E os alunos iniciam a atividade. A egressa SE4

aproveita o tempo para corrigir outras atividades que foram feitas em outro

momento. De vez em quando a egressa SE4 fala “crianças façam o texto, que

depois vou corrigir” e os alunos continuam produção do texto. Bate o sinal para o

intervalo. A egressa SE4 me convida para irmos para sala dos professores.

Voltamos para sala de aula. A egressa SE4 diz ‘’ agora vocês já terminaram o texto,

vamos fazer outra atividade’’ e entrega uma folha com atividades de gramática. A

egressa diz que devem fazer as atividades e logo depois vamos corrigir. A egressa

SE4 solicita que façam silencio ‘’ crianças terminem logo para corrigirmos’’ . E inicia

correção oral, nominando cada criança e pedindo que diga qual resposta para

atividade. Depois de finalizada atividade de correção, fala com os alunos ‘’Como

estamos próximos do final da aula, vamos fazer da seguinte forma: coloquem os

textos de língua portuguesa, que vou levar para casa e corrigir. Hoje à noite eu

preciso que vocês assistam o jornal e prestem atenção como será a previsão do

clima para amanhã‘’. E a aula é finaliza.

2º dia:

A egressa SE4 está entregando os cadernos corrigidos das atividades de língua

portuguesa do dia anterior, e durante a entrega sempre conversa em particular com

cada aluno, apontando onde cada aluno errou. Ela diz “Crianças ontem quando

estava lendo e corrigindo as atividades de vocês eu percebi que estão esquecendo

de como deve ser utilizado o M’’. Logo depois desta fala continua ‘’ hoje vou passar

atividades no quadro e vamos novamente recordar como deve ser usado M’’. E até

horário do intervalo seguem fazendo as atividades. Depois do intervalo as crianças

entram na sala e imediatamente ela pede ‘’Vocês assistiram o jornal ontem? As

127

crianças respondem e ela coleta os dados e começa colocar no quadro e abordar

como solucionar problemas. Durante todo o tempo da realização da atividade, a

egressa vai até a carteira dos alunos e ajuda resolver as atividades. A egressa SE4

finaliza o período da aula, sem mandar tarefas para realização em casa.

3º dia:

Chego na sala de aula, a egressa trouxe várias reportagens para os alunos, e

distribuindo de forma aleatória. Pede para os alunos que leiam o trecho da notícia.

Cada aluno lê e em seu tempo começam apontar que já procederam à leitura, a

egressa calmamente diz ‘’vamos esperar os demais’’, quando percebem que já

terminaram a leitura‘’ diz assim: “Do que tratava a reportagem que vocês leram?‘’ E

assim continua sua atividade de ciências tratando de conservação e meio ambiente.

Ela pede que todas as crianças lembrarem como o seu caminho até chegar na

escola. Faz várias perguntas sobre preservação e meio ambiente. Então fica

comparando com as diversas notícias, antes do intervalo a aula é completamente de

diálogo e procurando nos textos relação. Vamos para o intervalo. Ela comenta ‘’

desta forma os pais acham que não tem aula, mas aprendem muito e muito’’. Ao

retomarmos para sala de aula, a egressa SE4 entrega para as crianças uma folha

com diversas atividades (quebra-cabeça, cruzadinha, e caça-palavras) que tratam

de preservação de meio ambiente. E ela solicita que os alunos ao retornar para

casa, verifique novamente e se possível fotografem ou desenhem quais arvores

existem próximo da sua casa. E a aula é finalizada.

128

APÊNDICE B - TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS

ROTEIRO PARA ENTREVISTA

ENTREVISTA 01 – SE1

PERFIL DO ENTREVISTADO

Nome: SE1

Data de nascimento: 1986

Escolarização: Pedagogia e Pós-graduação em Educação Especial

Quantas pessoas na família possuem ensino superior? Quais cursos? 1 pessoa –

Pedagogia

Você possui ou participa:

Facebook: (X) Sim ( ) Não

Lista de discussão em comunidades virtuais: ( ) Sim (X) Não

Participa de alguma comunidade virtual: ( ) Sim (X) Não

Mantém contato com seus colegas do curso de Pedagogia EAD: (X) Sim ( ) Não

Se sim, como? Nos encontramos na cidade, nas reuniões da secretaria e no

facebook.

BLOCO 02 – APRENDIZAGEM DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS, A PRÁTICA

PEDAGÓGICA DO EGRESSO E O USO DE TECNOLOGIAS.

1. Há quanto tempo trabalha como professor?

17 Meses

2. Durante sua formação participou de outros cursos que discutiam o uso de

tecnologias educacionais na prática pedagógica?

Nunca participou de curso para utilizar tecnologia em sala de aula e nem lembro

de ter feito como estudar à distância.

3. Quais os elementos de sua docência que você incorporou durante as atividades

realizadas durante o curso de Pedagogia EAD?

Leitura, gosto que os alunos façam leitura, então eu monto materiais pra eles.

4. Que tecnologias você utiliza nas suas práticas pedagógicas? Como?

Eu uso computador e televisão. Passo filmes.

5. Como aconteceu a realização das práticas pedagógicas nas disciplinas de estágio

e metodologias (Geografia, História, Ciências, Língua Portuguesa, Matemática)

durante o seu processo de formação no curso de pedagogia EAD?

As professoras faziam as atividades na aula e nos assistíamos.

129

6. O que você entende por prática pedagógica?

Realização de atividades com os alunos

7. Quais as disciplinas do seu curso de pedagogia que contribuíram para sua prática

pedagógica?

Várias. As professoras mostravam bastante coisa, e agora a gente lembra.

Também tinha nos livros várias atividades.

8. Como é a sua atividade de docência? Descreva.

Eu preparo muitas atividades para os meus alunos, eu acho que eles gostam.

Chegamos na sala e sempre fazemos oração. Depois fazemos atividades,

algumas vezes levo as atividades já xerocadas e eles tem que apenas

preencher, outras vezes fazemos atividades do livro, temos algumas sucatas para

trabalhar com matemática.

9. Quais são as suas principais dificuldades para trabalhar com tecnologias digitais?

A escola não tem muitos equipamentos de som, quando preciso passar filme

prefiro levar meu computador, o filme já tá lá é mais fácil.

10. No discurso educacional existe uma afirmação “na prática, a teoria é outra”. Qual

sua opinião?

Eu acho que é isto mesmo, quando a gente vê os professores falando de

inclusão, de fazer coisas diferentes, de respeito é uma coisa, quando

começamos dar aula percebemos que é outra.

11. Como o estágio contribui para sua prática na docência?

Foi bom fazer o estágio, eu vi como é dar aula de verdade.

12. Como você elabora práticas pedagógicas com utilização de tecnologias digitais?

Eu trabalho muito com música e pequenos filmes. Os filmes eu compro os DVDs

e passo os pedaços para os alunos.

13. Como você caracteriza as práticas pedagógicas com utilização de tecnologias

digitais?

Eu acho legal, mas dá muito trabalho.

14. Você acredita que devido sua formação em um curso de EAD sua prática

pedagógica é diferente de quem fez curso presencial? Justifique.

Eu tive mais acesso para ver coisas novas, também tive que mexer e falar com

pessoas de outros lugares, faço coisas diferentes mas não sei se foi por causa

do curso.

130

15. Quais as disciplinas no curso de Pedagogia EAD que apresentaram maior

dificuldade para sua aprendizagem? Qual motivo?

Currículo e Psicologia. As professoras falavam e falavam eu achava sempre a

mesma coisa.

16. Durante seu processo de formação no curso de Pedagogia utilizava quais

ferramentas para interagir com professores e outros alunos?

Eu só usava o fórum para falar com os tutores, e quando precisava de alguma

usava o telefone.

17. Você utiliza tecnologias digitais para interagir com seus alunos?

Não

18. Como acontecia aprendizagem de práticas pedagógicas no seu curso EAD?

Eu só assistia os professores fazendo.

19. Qual é a sua melhor forma de aprender novos assuntos? Praticando ou lendo?

Fazendo.

20. Você ainda utiliza os livros do seu curso de Pedagogia EAD para desenvolver

práticas pedagógicas para seus alunos?

Sim, eu uso muito o livro de matemática e língua portuguesa.

21. Que atividades aconteciam no encontro presencial no polo de apoio presencial?

Assistíamos as aulas e algumas vezes fazíamos atividades em grupo

131

ENTREVISTA 02 – SE2

BLOCO 01 - PERFIL DO ENTREVISTADO

Nome: SE2

Data de nascimento: 1968

Escolarização: Pedagogia e Pós-graduação em Metodologia da Matemática

Quantas pessoas na família possuem ensino superior? Quais cursos? 1pessoa –

Pedagogia

Você possui ou participa:

Facebook: (X) Sim ( ) Não

Lista de discussão em comunidades virtuais: ( ) Sim (X) Não

Participa de alguma comunidade virtual: ( ) Sim ( X ) Não

Mantém contato com seus colegas do curso de Pedagogia EAD: (X) Sim ( ) Não

Se sim, como? No facebook , nas reuniões pedagógicas e na própria escola.

BLOCO 02 – APRENDIZAGEM DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS, A PRÁTICA

PEDAGÓGICA DO EGRESSO E O USO DE TECNOLOGIAS.

1. Há quanto tempo trabalha como professor?

10 anos

2. Durante sua formação participou de outros cursos que discutiam o uso de

tecnologias educacionais na prática pedagógica?

Antes de fazer Pedagogia à distância, já tinha feito o curso de Magistério a

distância, só que era muito diferente, tinha mais aula por satélite e a tutora da sala

fazia atividade no encontro presencial, e também não tinha ambiente para postar

perguntas, tinha somente o telefone para fazer perguntas. Já fiz vários cursos de

como usar televisão, filmes, computador e joguinho em sala de aula.

3. Quais os elementos de sua docência que você incorporou durante as atividades

realizadas durante o curso de Pedagogia EAD?

Eu uso atividades práticas para que meus alunos aprendam. No curso de

Magistério e Pedagogia as professoras mostravam muitas atividades para

trabalhar com os alunos, e hoje ainda uso muito o livro de Pedagogia para

entender algumas atividades.

4. Que tecnologias você utiliza nas suas práticas pedagógicas? Como?

Eu uso muito filmes. Geralmente compro os DVDs e passo para os alunos.

5. Como aconteceu a realização das práticas pedagógicas nas disciplinas de

estágio e metodologias (Geografia, História, Ciências, Língua Portuguesa,

Matemática) durante o seu processo de formação no curso de pedagogia EAD?

132

O estágio foi complicado eu já era professora há muito tempo, e muitas vezes

as professoras faziam as atividades na aula, e depois queriam que fossemos

observar na realidade. Nas disciplinas de metodologia foi muito bacana, as

professoras faziam as atividades mostrando como deveríamos fazer. No meu

caso achei legal, por que as professoras explicavam o motivo de fazermos

daquele ou de outro jeito.

6. O que você entende por prática pedagógica?

É a realização da atividade com os alunos.

7. Quais as disciplinas do seu curso de pedagogia que contribuíram para sua

prática pedagógica?

Todas

8. Como é a sua atividade de docência? Descreva.

Apesar de todos estes anos dando aula, eu preparo minhas aulas há toda

semana. Gosto de fazer as atividades de forma prática, tenho mercadinho,

quadro de aviso, varal de poesias e mais um monte de coisas que vou usando

com os alunos. Preparo as atividades de forma sequencial, e tenho que ter

cuidado para não fazer muitas atividades de matemática, eu prefiro matemática.

Tenho uma rotina com as crianças e elas sempre sabem que vamos fazer

atividades e depois uma prática.

9. Quais são as suas principais dificuldades para trabalhar com tecnologias digitais?

Queria ter mais tempo para fazer as coisas e saber separar vídeos na internet,

pequenos trechos dos filmes e também queria saber usar os jogos, mas nunca

consegui.

10. No discurso educacional existe uma afirmação “na prática, a teoria é outra”. Qual

sua opinião?

Muitas vezes parece que é deste jeito, mas se olharmos bem não é assim.

Colocam nos livros o que observam na sala de aula, mas muitos professores há

muito tempo que nem trabalham com crianças e já faz muito tempo que não

entram em sala, são diretores ou outros cargos.

11. Como o estágio contribui para sua prática na docência?

Olhei os professores que são meus colegas, e percebi muitas coisas que eu

mesmo fazia, então me fez pensar muito.

12. Como você elabora práticas pedagógicas com utilização de tecnologias digitais?

Eu uso muitos filmes e músicas. Preparo da mesma forma que preparo as outras

aulas sem tecnologia.

133

13. Como você caracteriza as práticas pedagógicas com utilização de tecnologias

digitais?

Eu queria usar mais, acho que as crianças gostam.

14. Você acredita que devido sua formação em um curso de EAD sua prática

pedagógica é diferente de quem fez curso presencial? Justifique.

Eu acho que trabalho com mais atividades práticas que meus colegas. Os

professores das aulas, mostravam muitas atividades práticas, falando que as

crianças aprendem muito mais rápido quando fazem as coisas.

15. Quais as disciplinas no curso de Pedagogia EAD que apresentaram maior

dificuldade para sua aprendizagem? Qual motivo?

Não gosto muito de língua portuguesa.

16. Durante seu processo de formação no curso de Pedagogia utilizava quais

ferramentas para interagir com professores e outros alunos?

Usava o telefone.

17. Você utiliza tecnologias digitais para interagir com seus alunos?

Não

18. Como acontecia aprendizagem de práticas pedagógicas no seu curso EAD?

Durante as aulas os professores mostravam.

20. Qual é a sua melhor forma de aprender novos assuntos? Praticando ou lendo?

Gosto de ler e depois fazer.

21. Você ainda utiliza os livros do seu curso de Pedagogia EAD para desenvolver

práticas pedagógicas para seus alunos?

Eu utilizo muitos os livros.

22. Que atividades aconteciam no encontro presencial no polo de apoio presencial?

Fazíamos atividades.

134

ENTREVISTA 03 – SE3

BLOCO 01 - PERFIL DO ENTREVISTADO

Nome: SE3

Data de nascimento: 1975

Escolarização: Pedagogia

Quantas pessoas na família possuem ensino superior? Quais cursos? 2 pessoas –

Pedagogia e Ciências Contábeis.

Você possui ou participa:

Facebook: ( x ) Sim ( ) Não

Lista de discussão em comunidades virtuais: ( )Sim (X) Não

Participa de alguma comunidade virtual: ( ) Sim ( X ) Não

Mantém contato com seus colegas do curso de Pedagogia EAD: (X) Sim ( ) Não

Se sim, como? Nas reuniões pedagógicas e na escola onde são amigas.

BLOCO 02 – APRENDIZAGEM DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS, A PRÁTICA

PEDAGÓGICA DO EGRESSO E O USO DE TECNOLOGIAS

1. Há quanto tempo trabalha como professor?

15 anos.

2. Durante sua formação participou de outros cursos que discutiam o uso de

tecnologias educacionais na prática pedagógica?

Sim, participei de um curso falando de como trabalhar com vídeos em sala de

aula.

3. Quais os elementos de sua docência que você incorporou durante as atividades

realizadas durante o curso de Pedagogia EAD?

Como trabalhar com televisão e filmes em sala de aula.

4. Que tecnologias você utiliza nas suas práticas pedagógicas? Como?

Eu utilizo televisão.

.

5. Como aconteceu a realização das práticas pedagógicas nas disciplinas de

estágio e metodologias (Geografia, História, Ciências, Língua Portuguesa,

Matemática) durante o seu processo de formação no curso de pedagogia EAD?

Na televisão assistíamos os professores fazendo as práticas.

6. O que você entende por prática pedagógica?

São as atividades que faço com meus alunos, pode ser qualquer atividade.

135

7. Quais as disciplinas do seu curso de pedagogia que contribuíram para sua

prática pedagógica?

Todas as disciplinas.

8. Como é a sua atividade de docência? Descreva.

Faço muitas atividades práticas. Levo as crianças na biblioteca, fazemos

excursões, temos várias sucatas, mas é difícil.

9. Quais são as suas principais dificuldades para trabalhar com tecnologias digitais?

A infraestrutura da escola e o tempo.

10. No discurso educacional existe uma afirmação “na prática, a teoria é outra”. Qual

sua opinião?

Pode ser verdade quando não conseguimos relacionar o que estamos

aprendendo com nossa realidade.

11. Como o estágio contribui para sua prática na docência?

Foi bom, vi como minhas amigas e colegas fazendo de outra forma o que estava

acostumada fazer de um jeito.

12. Como você elabora práticas pedagógicas com utilização de tecnologias digitais?

Vejo o conteúdo e procuro vídeos e músicas.

13. Como você caracteriza as práticas pedagógicas com utilização de tecnologias

digitais?

Serve para mostrar para as crianças;

14. Você acredita que devido sua formação em um curso de EAD sua prática

pedagógica é diferente de quem fez curso presencial? Justifique.

Muitas vezes acho que sim, os professores tinham outra realidade, assim

mostravam muitas coisas diferentes.

15. Quais as disciplinas no curso de Pedagogia EAD que apresentaram maior

dificuldade para sua aprendizagem? Qual motivo?

Para escrever o trabalho de conclusão depois que fizemos o estágio, foi bem

difícil ter que escolher um tema e escrever.

16. Durante seu processo de formação no curso de Pedagogia utilizava quais

ferramentas para interagir com professores e outros alunos?

Eu usava os fóruns

17. Você utiliza tecnologias digitais para interagir com seus alunos?

Não

136

18. Como acontecia aprendizagem de práticas pedagógicas no seu curso EAD?

Vendo os professores fazendo as atividades pela televisão, e depois

comentávamos como fazíamos na sala de aula.

19. Qual é a sua melhor forma de aprender novos assuntos? Praticando ou lendo?

Praticando e lendo nos livros

20. Você ainda utiliza os livros do seu curso de Pedagogia EAD para desenvolver

práticas pedagógicas para seus alunos?

Sim, algumas vezes.

21.Que atividades aconteciam no encontro presencial no polo de apoio presencial?

Assistíamos as aulas

137

ENTREVISTA 04 – SE4

BLOCO 01 – PERFIL DO ENTREVISTADO

Nome: SE4

Data e local de nascimento: 25/08/1983

Escolarização: Superior Completo

Quantas pessoas na família possuem ensino superior? Quais cursos? Pedagogia e

Adminsitração

Facebook ( X )Sim ( ) Não

Lista de discussão em comunidades virtuais ( X )Sim ( ) Não

Participa de alguma comunidade virtual ( X )Sim ( ) Não

Mantém contato com seus colegas do curso de Pedagogia EAD ( X )Sim ( )

Não

Se sim, como? Nas reuniões pedagógicas e pelo facebook

BLOCO 02 – APRENDIZAGEM DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS, A PRÁTICA

PEDAGÓGICA DO EGRESSO E O USO DE TECNOLOGIAS.

1. Há quanto tempo trabalha como professor?

5 anos

2. Durante sua formação participou de outros cursos que discutiam o uso de

tecnologias educacionais na prática pedagógica?

Eu fiz um curso de como estudar por EAD, foi no início do curso, foi bom, assim

eu aprendi como mexer no ambiente que mandava pergunta para o tutor.

3. Quais os elementos de sua docência que você incorporou durante as

atividades realizadas durante o curso de Pedagogia EAD?

Incorporei a importância de fazermos atividades prática com os alunos

4. Que tecnologias digitais você utiliza nas suas práticas pedagógicas? Como?

Eu utilizo televisão. Passo pequenos pedaços de filmes, de reportagens e

para mostrar passos de danças e outras coisas.

138

5. Como aconteceu a realização das práticas pedagógicas nas disciplinas de

estágio e metodologias (Geografia, História, Ciências, Língua Portuguesa,

Matemática) durante o seu processo de formação no curso de pedagogia

EAD?

Nos assistíamos e de vez em quando fazíamos para ver se dava certo

principalmente as atividades de ciências.

6. O que você entende por prática pedagógica?

E as atividades que faço com meus alunos, pode ser leitura, atividade no quadro,

com televisão, música e tudo que faço para meus alunos aprenderem.

7. Quais as disciplinas do seu curso de pedagogia que contribuíram para sua

prática pedagógica?

Todas, mas especialmente as disciplinas que tratavam de ciências.

8. Como é a sua atividade de docência? Descreva.

Eu gosto de preparar atividades diferentes, as crianças gostam. Faço sempre

atividades diferentes, mas tem semana que é mais difícil. Temos sempre que

corrigir os cadernos, fazer o planejamento, e preencher muitos papeis. Além

de que os pais ajudam pouco, mesmo quando mandamos atividade para

fazer em casa.

9. Quais são as suas principais dificuldades para trabalhar com tecnologias

digitais?

Tempo

10. No discurso educacional existe uma afirmação “na prática, a teoria é outra”.

Qual sua opinião?

Eu acho que é isto mesmo, muitas vezes é fácil um professor ficar falando lá

no vídeo, mas quando chega no dia a dia é diferente, temos uma sala lotada,

crianças carentes de carinho e muitas outras coisas.

139

11. Como o estágio contribui para sua prática na docência?

Contribui muito, fui para escola e vi outras professoras, foi bem importante.

12. Como você elabora práticas pedagógicas com utilização de tecnologias

digitais?

Procuro na internet assuntos relacionado, muito vezes acho desenho, filmes,

ou outras vezes apenas atividades para as crianças fazer.

13. Como você caracteriza as práticas pedagógicas com utilização de tecnologias

digitais?

Eu gosto e as crianças também

14. Você acredita que devido sua formação em um curso de EAD sua prática

pedagógica é diferente de quem fez curso presencial? Justifique.

Não acho que é diferente só porque aprendi pela televisão.

15. Quais as disciplinas no curso de Pedagogia EAD que apresentaram maior

dificuldade para sua aprendizagem? Qual motivo?

Não tive problemas com as disciplinas, exceto escrever o TCC.

16. Durante seu processo de formação no curso de Pedagogia utilizava quais

ferramentas para interagir com professores e outros alunos?

Utilizava o fórum para conversar com meu professor tutor.

17. Você utiliza tecnologias digitais para interagir com seus alunos?

Não

18. Como acontecia aprendizagem de práticas pedagógicas no seu curso EAD?

Vendo os professores

19. Qual é a sua melhor forma de aprender novos assuntos? Praticando ou

lendo?

Praticando

140

20. Você ainda utiliza os livros do seu curso de Pedagogia EAD para desenvolver

práticas pedagógicas para seus alunos?

Sim e muitas vezes

21. Que atividades aconteciam no encontro presencial no polo de apoio

presencial?

Assistia as aulas e tirava dúvidas com meus amigos.

141

APÊNDICE D – RESPOSTAS DOS EGRESSOS PESQUISADOS

Pergunta 01 - Há quanto tempo trabalha como professor?

SUJEITO RESPOSTA

SE1 17 meses

SE2 10 anos

SE3 15 anos

SE4 5 anos

Pergunta 02 - Durante sua formação participou de outros cursos que discutiam o uso de tecnologias educacionais na prática pedagógica?

SUJEITO RESPOSTA

SE1 Nunca participou de curso para utilizar tecnologia em sala de aula e nem lembro de ter feito como estudar à distância.

SE2

Antes de fazer Pedagogia à distância, já tinha feito o curso de Magistério a distância, só que era muito diferente, tinha mais aula por satélite e a tutora da sala fazia atividade no encontro presencial, e também não tinha ambiente para postar perguntas, tinha somente o telefone para fazer perguntas. Já fiz vários cursos de como usar televisão, filmes, computador e joguinho em sala de aula

SE3 Sim, participei de um curso falando de como trabalhar com vídeos em sala de aula.

SE4 Eu fiz um curso de como estudar por EAD, foi no início do curso, foi bom, assim eu aprendi como mexer no ambiente que mandava pergunta para o tutor.

Pergunta 03 - Quais os elementos de sua docência que você incorporou durante as atividades realizadas durante o curso de Pedagogia EAD?

SUJEITO RESPOSTA

SE1 Leitura, gosto que os alunos façam leitura, então eu monto materiais pra eles.

SE2

Eu uso atividades práticas para que meus alunos aprendam. No curso de Magistério e Pedagogia as professoras mostravam muitas atividades para trabalhar com os alunos, e hoje ainda uso muito o livro de Pedagogia para entender algumas atividades

SE3 Como trabalhar com televisão e filmes em sala de aula.

SE4 Incorporei a importância de fazermos atividades práticas com os alunos.

Pergunta 04 - Que tecnologias você utiliza nas suas práticas pedagógicas? Como?

SUJEITO RESPOSTA

SE1 Eu uso computador e televisão. Passo filmes.

SE2 Eu uso muito filmes. Geralmente compro os DVDs e passo para os alunos

SE3 Eu utilizo televisão.

SE4 Eu utilizo televisão. Passo pequenos pedaços de filmes, de reportagens e para mostrar passos de danças e outras coisas.

142

Pergunta 05 - Como aconteceu a realização das práticas pedagógicas nas disciplinas de estágio e metodologias (Geografia, História, Ciências, Língua Portuguesa, Matemática) durante o seu processo de formação no curso de pedagogia EAD?

SUJEITO RESPOSTA

SE1 As professoras faziam as atividades na aula e nos assistíamos.

SE2

O estágio foi complicado eu já era professora há muito tempo, e muitas vezes as professoras faziam as atividades na aula, e depois queriam que fossemos observar na realidade. Nas disciplinas de metodologia foi muito bacana, as professoras faziam as atividades mostrando como deveríamos fazer. No meu caso achei legal, por que as professoras explicavam o motivo de fazermos daquele ou de outro jeito

SE3 Na televisão assistíamos os professores fazendo as práticas.

SE4 Nos assistíamos e de vez em quando fazíamos para ver se dava certo principalmente as atividades de ciências.

Pergunta 06 - O que você entende por prática pedagógica?

SUJEITO RESPOSTA

SE1 Realização de atividades com os alunos

SE2 É a realização da atividade com os alunos

SE3 São as atividades que faço com meus alunos, pode ser qualquer atividade.

SE4 E as atividades que faço com meus alunos, pode ser leitura, atividade no quadro, com televisão, música e tudo que faço para meus alunos aprenderem.

Pergunta 07 - Quais as disciplinas do seu curso de pedagogia que contribuíram para sua prática pedagógica?

SUJEITO RESPOSTA

SE1 Várias. As professoras mostravam bastante coisa, e agora a gente lembra. Também tinha nos livros várias atividades.

SE2 Todas

SE3 Todas as disciplinas.

SE4 Todas, mas especialmente as disciplinas que tratavam de ciências.

Pergunta 08 - Como é a sua atividade de docência? Descreva.

SUJEITO RESPOSTA

SE1

Eu preparo muitas atividades para os meus alunos, eu acho que eles gostam. Chegamos na sala e sempre fazemos oração. Depois fazemos atividades, algumas vezes levo as atividades já xerocadas e eles tem que apenas preencher, outras vezes fazemos atividades do livro, temos algumas sucatas para trabalhar com matemática.

SE2

Apesar de todos estes anos dando aula, eu preparo minhas aulas há toda semana. Gosto de fazer as atividades de forma prática, tenho mercadinho, quadro de aviso, varal de poesias e mais um monte de coisas que vou usando com os alunos. Preparo as atividades de forma sequencial, e tenho que ter cuidado para não fazer muitas atividades de matemática, eu prefiro matemática. Tenho uma rotina com as crianças e elas sempre sabem que vamos fazer atividades e depois uma prática

SE3 Faço muitas atividades práticas. Levo as crianças na biblioteca, fazemos excursões, temos várias sucatas, mas é difícil.

SE4 Eu gosto de preparar atividades diferentes, as crianças gostam. Faço sempre

143

atividades diferentes, mas tem semana que é mais difícil. Temos sempre que corrigir os cadernos, fazer o planejamento, e preencher muitos papeis. Além de que os pais ajudam pouco, mesmo quando mandamos atividade para fazer em casa.

Pergunta 09 - Quais são as suas principais dificuldades para trabalhar com

tecnologias digitais?

SUJEITO RESPOSTA

SE1 A escola não tem muitos equipamentos de som, quando preciso passar filme

prefiro levar meu computador, o filme já tá lá é mais fácil

SE2 Queria ter mais tempo para fazer as coisas e saber separar vídeos na

internet, pequenos trechos dos filmes e também queria saber usar os jogos,

mas nunca consegui

SE3 A infraestrutura da escola e o tempo.

SE4 Tempo

Pergunta 10 - No discurso educacional existe uma afirmação “na prática, a teoria é

outra”. Qual sua opinião?

SUJEITO RESPOSTA

SE1 Eu acho que é isto mesmo, quando a gente vê os professores falando de inclusão, de fazer coisas diferentes, de respeito é uma coisa, quando começamos dar aula percebemos que é outra.

SE2

Muitas vezes parece que é deste jeito, mas se olharmos bem não é assim. Colocam nos livros o que observam na sala de aula, mas muitos professores há muito tempo que nem trabalham com crianças e já faz muito tempo que não entram em sala, são diretores ou outros cargos

SE3 Pode ser verdade quando não conseguimos relacionar o que estamos aprendendo com nossa realidade.

SE4 Eu acho que é isto mesmo, muitas vezes é fácil um professor ficar falando lá no vídeo, mas quando chega no dia a dia é diferente, temos uma sala lotada, crianças carentes de carinho e muitas outras coisas.

Pergunta 11 - Como o estágio contribui para sua prática na docência?

SUJEITO RESPOSTA

SE1 Foi bom fazer o estágio, eu vi como é dar aula de verdade.

SE2 Olhei os professores que são meus colegas, e percebi muitas coisas que eu

mesmo fazia, então me fez pensar muito

SE3 Foi bom, vi como minhas amigas e colegas fazendo de outra forma o que

estava acostumada fazer de um jeito.

SE4 Contribui muito, fui para escola e vi outras professoras, foi bem importante.

144

Pergunta 12 - Como você elabora práticas pedagógicas com utilização de

tecnologias digitais?

SUJEITO RESPOSTA

SE1 Eu trabalho muito com música e pequenos filmes. Os filmes eu compro os

DVDs e passo os pedaços para os alunos.

SE2 Eu uso muitos filmes e músicas. Preparo da mesma forma que preparo as

outras aulas sem tecnologia

SE3 Vejo o conteúdo e procuro vídeos e músicas.

SE4 Procuro na internet assuntos relacionados, muitas vezes acho desenho, filmes

ou outras vezes apenas atividades para as crianças fazer.

Pergunta 13 - Como você caracteriza as práticas pedagógicas com utilização de

tecnologias digitais?

SUJEITO RESPOSTA

SE1 Eu acho legal, mas dá muito trabalho.

SE2 Eu queria usar mais, acho que as crianças gostam

SE3 Serve para mostrar para as crianças.

SE4 Eu gosto e as crianças também.

Pergunta 14 - Você acredita que devido sua formação em um curso de EAD sua

prática pedagógica é diferente de quem fez curso presencial? Justifique.

SUJEITO RESPOSTA

SE1

Eu tive mais acesso para ver coisas novas, também tive que mexer e falar

com pessoas de outros lugares, faço coisas diferentes mas não sei se foi por

causa do curso.

SE2

Eu acho que trabalho com mais atividades práticas que meus colegas. Os

professores das aulas, mostravam muitas atividades práticas, falando que as

crianças aprendem muito mais rápido quando fazem as coisas

SE3 Muitas vezes acho que sim, os professores tinham outra realidade, assim

mostravam muitas coisas diferentes.

SE4 Não acho que é diferente somente porque aprendi pela televisão.

Pergunta 15 - Quais as disciplinas no curso de Pedagogia EAD que apresentaram

maior dificuldade para sua aprendizagem? Qual motivo?

SUJEITO RESPOSTA

SE1 Currículo e Psicologia. As professoras falavam e falavam eu achava sempre a

mesma coisa.

SE2 Não gosto muito de língua portuguesa

SE3 Para escrever o trabalho de conclusão depois que fizemos o estágio, foi bem

difícil ter que escolher um tema e escrever.

SE4 Não tive problema com as disciplinas, exceto escrever o TCC.

145

Pergunta 16 - Durante seu processo de formação no curso de Pedagogia utilizava

quais ferramentas para interagir com professores e outros alunos?

SUJEITO RESPOSTA

SE1 Eu só usava o fórum para falar com os tutores, e quando precisava de alguma

usava o telefone.

SE2 Usava o telefone

SE3 Eu usava os fóruns

SE4 Utilizava o fórum para conversar com o professor tutor.

Pergunta 17 - Você utiliza tecnologias digitais para interagir com seus alunos?

SUJEITO RESPOSTA

SE1 Não.

SE2 Não.

SE3 Não.

SE4 Não.

Pergunta 18 - Como acontecia aprendizagem de práticas pedagógicas no seu curso

EAD?

SUJEITO RESPOSTA

SE1 Eu só assistia os professores fazendo.

SE2 Durante as aulas os professores mostravam

SE3 Vendo os professores fazendo as atividades pela televisão, e depois

comentávamos como fazíamos na sala de aula.

SE4 Vendo os professores.

Pergunta 19 - Qual é a sua melhor forma de aprender novos assuntos? Praticando

ou lendo?

SUJEITO RESPOSTA

SE1 Fazendo.

SE2 Gosto de ler e depois fazer

SE3 Praticando e lendo nos livros

SE4 Praticando.

Pergunta 20 - Você ainda utiliza os livros do seu curso de Pedagogia EAD para

desenvolver práticas pedagógicas para seus alunos?

SUJEITO RESPOSTA

SE1 Sim, eu uso muito o livro de matemática e língua portuguesa.

SE2 Eu utilizo muitos os livros

SE3 Sim, algumas vezes.

SE4 Sim e muitas vezes.

146

Pergunta 21 - Que atividades aconteciam no encontro presencial no polo de apoio

presencial?

SUJEITO RESPOSTA

SE1 Assistíamos as aulas e algumas vezes fazíamos atividades em grupo

SE2 Fazíamos atividades

SE3 Assistíamos as aulas

SE4 Assistia as aulas e tirava dúvidas com meus amigos