pontifÍcia universidade catÓlica de minas gerais … · “posso ter defeitos, viver ansioso e...

129
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-Graduação em Administração Mestrado Profissional em Administração Giselle Inês Borges Avelino RELAÇÃO ENTRE COMPETÊNCIAS GERENCIAIS E DESEMPENHO ORGANIZACIONAL: Um Estudo de Caso em Instituição Financeira Belo Horizonte-MG 2016

Upload: others

Post on 21-Jul-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Programa de Pós-Graduação em Administração

Mestrado Profissional em Administração

Giselle Inês Borges Avelino

RELAÇÃO ENTRE COMPETÊNCIAS GERENCIAIS E DESEMPENHO

ORGANIZACIONAL: Um Estudo de Caso em Instituição Financeira

Belo Horizonte-MG

2016

Page 2: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

Giselle Inês Borges Avelino

RELAÇÃO ENTRE COMPETÊNCIAS GERENCIAIS E DESEMPENHO

ORGANIZACIONAL: Um Estudo de Caso em Instituição Financeira

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Administração da Pontifícia

Universidade Católica de Minas Gerais, como

requisito parcial para obtenção do título de

Mestre em Administração.

Orientadora: Profª. Drª. Simone Costa Nunes.

Belo Horizonte

2016

Page 3: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Avelino, Giselle Inês Borges

A949r Relação entre competências gerenciais e desempenho organizacional: um

estudo de caso em instituição financeira / Giselle Inês Borges Avelino. Belo

Horizonte, 2016.

127 f.: il.

Orientadora: Simone Costa Nunes

Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Programa de Pós-Graduação em Administração.

1. Competência profissional. 2. Capacidade executiva. 3. Eficiência

organizacional. 4. Administração de empresas. 5. Desempenho. Nunes, Simone

Costa. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-

Graduação em Administração. III. Título.

CDU: 658.3.018

Page 4: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

Giselle Inês Borges Avelino

RELAÇÃO ENTRE COMPETÊNCIAS GERENCIAIS E DESEMPENHO

ORGANIZACIONAL: Um Estudo de Caso em Instituição Financeira

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Administração da Pontifícia

Universidade Católica de Minas Gerais, como

requisito parcial para obtenção do título de

Mestre em Administração.

_________________________________________________________________________

Orientadora Profª. Dra. Simone Costa Nunes - PUC Minas

_________________________________________________________________________

Profª. Dra. Amyra Moyzes Sarsur - Faculdades Pedro Leopoldo

_________________________________________________________________________

Prof. Drª. Janette Brunstein - Universidade Presbiteriana Mackenzie

Belo Horizonte, 18 de fevereiro de 2016

Page 5: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

Ao meu amado filho Rafael,

minha grande fonte de inspiração.

Às minhas irmãs amigas,

que cuidaram do meu bebê durante as aulas.

Ao meu marido,

pelo apoio.

Aos meus pais,

meus grandes amores e ídolos.

À Profª Simone, pela parceria.

Page 6: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

AGRADECIMENTOS

A Deus, por iluminar sempre todos os meus caminhos.

À minha orientadora, Professora Simone Nunes, pela simpatia e profissionalismo.

Ao meu coordenador no Banco Verde e Amarelo, exemplo de manifestação das

competências gerenciais abordadas neste trabalho.

Aos 241 respondentes da pesquisa que atenderam ao meu convite e de forma

colaborativa responderam ao questionário que fundamentou este estudo.

À equipe da secretaria do curso de Mestrado em Administração da Pontifícia

Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), pelo excelente atendimento.

Ao meu amado filho, Rafael, minha maior fonte de motivação.

Aos meus pais, pelo incentivo, torcida e por serem meus exemplos de conduta ética.

Às minhas irmãs amigas, sem elas a realização deste curso não seria possível.

Page 7: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

A Felicidade Exige Valentia

“Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado

algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a

maior organização do mundo e posso evitar que ela vá

à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de

todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se

tornar um autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de

encontrar um oásis no recôndito da sua alma.

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da

vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.

É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir

um não. É ter segurança para receber uma crítica,

mesmo que injusta.

Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou construir um castelo...”

Fernando Pessoa (Lisboa, 1888-1935).

Page 8: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

RESUMO

Este trabalho discute a relação entre competências gerenciais e desempenho

organizacional. Percebe-se tendência à implantação de modelos de gestão do desempenho

com avaliações que permitam apurar não só o cumprimento das metas, mas também a

forma como esses resultados são alcançados, a exemplo do modelo recentemente

implantado pelo banco pesquisado. O objetivo deste estudo foi identificar a relação entre a

existência de gerentes de equipe com os comportamentos de entrega definidos no modelo

de gestão e os resultados financeiros e/ou operacionais obtidos nas unidades consideradas

como alta performance no sistema de avaliação do banco. Para mais validade dos achados,

procurou-se investigar se as competências gerenciais mapeadas pela organização são

realmente demandadas na execução das atividades e verificar sua relação com a

manifestação dos comportamentos de entrega. Os dados confirmaram a aderência do

modelo vigente, sendo que a análise de correlação demonstrou correspondência entre o

grau em que as competências são demandadas e o que os gestores realmente expressam no

trabalho na percepção dos subordinados. A principal hipótese desta pesquisa foi de que os

gerentes das unidades consideradas pelo banco como sendo de alta performance

apresentam as competências requeridas no modelo. Essa hipótese foi confirmada pelos

resultados, pois a média das avaliações em todos os comportamentos de entrega e o índice

geral das competências gerenciais foram superiores ao limite inferior de aceitabilidade

estabelecido pela empresa. Apesar dessa confirmação, ressalta-se a necessidade de redução

nos gaps de competências identificados, em especial nas competências Desenvolve a si

mesmo e à equipe e Incentiva e pratica a inovação, que apresentaram menores médias entre

as seis competências definidas no modelo. Por fim, investigou-se a existência de diferenças

no grau de manifestação das competências de acordo com o nível hierárquico do gestor

Page 9: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

avaliado. Em relação a esse objetivo, foi verificada a hipótese de que o nível de

desenvolvimento das competências é maior nos gestores que exercem funções de nível

superior. Essa hipótese não foi confirmada, pois os dados não revelaram diferenças

significativas entre a mobilização das competências e a função gratificada exercida.

Palavras-chave: Gestão do desempenho. Competências gerenciais. Desempenho

organizacional.

Page 10: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

ABSTRACT

This paper aims at discussing the relationship between managerial competencies and

organizational performance. It has been possible to perceive a tendency towards the

implementation of performance management models with evaluations to determine not

only the achievement of targets, but also how these results are achieved, such as the one

which has recently been implemented by the researched bank model. This study aims at

identifying the relationship between the existence of team managers with the delivery

behaviors defined in the management model and the financial and operational results -

obtained in the units which were taken in consideration in this study, such as high

performance in the evaluation system of the bank. In order to assign more validity to the

findings, the research sought to investigate whether the managerial competencies mapped

by the organization were really demanded for the execution of the activities. Also, it sought

to check their relationship with the manifestation of delivery behaviors. The data

confirmed the adherence of the current model, and the correlation analysis demonstrated

correlation between the degree to which the competences are demanded and what

managers really express at work in the perception of the subordinates. The main

assumption of this research was that the managers of the units considered by the bank as

high-performance managers showed the competences required in the model. This

hypothesis was confirmed by the results since the average ratings in all delivery behaviors

and the general index of managerial competences were superior to the lowest limit of

acceptability set by the company. Despite this confirmation, it is important to emphasize

the necessity to reduce gaps in the identified competences, especially in the competences:

Develops himself and the team and Encourages and practices innovation, which had the

lowest averages among the six competences defined in the model. Finally, the research

investigated the existence of differences in the degree of manifestation of the competences

Page 11: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

according to the hierarchical level of the evaluated manager. In relation to this objective, it

has been verified that the level of competences development would be higher among

managers who perform higher level functions. This assumption has not been confirmed

because the data revealed no significant differences between the mobilization of

competences and the work performed.

Keywords: Performance Management. Managerial competences. Organizational

performance.

Page 12: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AVE - Average Variance Extracted

BSC - Balanced scorecard

CC - Core competence

CHA - Conhecimentos, habilidades e atitudes

CHAID - Chi-Square Automatic Interaction Detector

CHAV - conhecimentos, habilidades, atitudes e valores

KMO - Kaiser-Meyer-Olkin

PLS - Partial least square

RBV - Resource Based View

RH - Recursos Humanos

Page 13: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Perspectivas relacionadas às competências organizacionais/funcionais..... 28

Tabela 2. Noções de competências humanas ou profissionais.................................... 30

Tabela 3. Competências gerenciais identificadas como relevantes............................ 36

Tabela 4. Os oito papéis de liderança gerencial e suas respectivas competências-

chave............................................................................................................................

40

Tabela 5. Competências e respectivos comportamentos de entrega dos gestores de

equipe no Banco Verde e Amarelo.............................................................................

58

Tabela 6. Pesquisa de mercado: pontos de destaque do modelo de gestão de

desempenho.................................................................................................................

59

Tabela 7. Notas por itens do fator relacionamento com a chefia da pesquisa de

clima............................................................................................................................

62

Tabela 8. Objetivos e respectivas técnicas para tratamento e análise dos dados........ 70

Tabela 9. Medidas KMO............................................................................................. 72

Tabela 10. Medidas KMO, Barlett, Variância extraída e Alfa de Cronbach ............. 73

Tabela 11. Cargas fatoriais: comportamentos de entrega........................................... 74

Tabela 12. Função gratificada exercida pelo gerentes de equipe avaliados................ 75

Tabela 13. Estatística descritiva: aderência do modelo de competências (bloco 1 do

questionário.................................................................................................................

76

Tabela 14. Estatística descritiva: comportamentos da competência lidera pelo

exemplo.......................................................................................................................

77

Tabela 15. Estatística descritiva: comportamentos da competência domina seus

assuntos.......................................................................................................................

78

Page 14: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

Tabela 16. Estatística descritiva: comportamentos da competência desenvolve a si

mesmo e à equipe........................................................................................................

79

Tabela 17. Estatística descritiva: comportamentos da competência atua como dono

da empresa...................................................................................................................

80

Tabela 18. Estatística descritiva: comportamentos da competência foca o cliente..... 81

Tabela 19. Estatística descritiva: comportamentos da competência incentiva e

pratica a inovação........................................................................................................

81

Tabela 20. Estatística descritiva: competências gerenciais......................................... 82

Tabela 21. Estatística descritiva: competências por função gratificada (blocos 1 e 2

do questionário)...........................................................................................................

84

Tabela 22. Cluster das competências entregues por avaliação................................... 88

Tabela 23. Cluster das competências entregues por função gratificada..................... 89

Tabela 24. Correlações entre o nível em que as competências são demandadas

(bloco 1 do questionário de pesquisa) e a efetiva mobilização dos comportamentos

(bloco 2 do questionário de pesquisa).........................................................................

93

Tabela 25. Variância extraída e confiabilidade composta das competências

gerenciais....................................................................................................................

96

Tabela 26. Cargas cruzadas......................................................................................... 97

Tabela 27. Estatística descritiva: índice de competências gerais................................ 98

Page 15: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Forças definidoras do espaço organizacional.............................................. 31

Figura 2. Identificação do gap (lacuna) de competências........................................... 32

Figura 3. Categoria de competências gerenciais......................................................... 39

Figura 4. Balanced Scorecard..................................................................................... 45

Figura 5. Processo de gestão do desempenho baseado nas competências.................. 47

Figura 6. Matriz de endereçamento para desenvolvimento e movimentação............. 49

Figura 7. Matriz nine box............................................................................................ 50

Figura 8. Relações entre competências e desempenho............................................... 53

Figura 9. Relação entre as variáveis da pesquisa........................................................ 64

Figura 10. Relação entre a competência domina seus assuntos e a função

gratificada exercida pelo gerente de equipe................................................................

85

Figura 11. Agrupamento dos indivíduos segundo as avaliações das competências

entregues pelos gestores..............................................................................................

87

Figura 12. Modelo de equações estruturais ajustado................................................... 95

Figura 13. Teste utilizando bootstrap para o modelo de equações estruturais

ajustado........................................................................................................................

127

Page 16: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

SUMÁRIO 1

1 Introdução............................................................................................................... 16

1.1 Problema de pesquisa......................................................................................... 17

1.2 Justificativa.......................................................................................................... 19

1.3 Objetivos.............................................................................................................. 23

1.3.1 Objetivo geral.................................................................................................... 23

1.3.2 Objetivos específicos.......................................................................................... 23

1.4 Estrutura da dissertação.................................................................................... 24

2 Referencial Teórico............................................................................................... 26

2.1 Gestão por competências.................................................................................... 26

2.1.1 Competências organizacionais, funcionais e individuais............................. 26

2.1.2 Competências gerenciais................................................................................... 33

2.2 Gestão do desempenho........................................................................................ 41

3 O Caso em Estudo.................................................................................................. 56

3.1 O modelo de gestão por competências............................................................... 56

3.2 O modelo de gestão de desempenho, o sistema de avaliação de resultados

financeiros e/ou operacionais e dados da pesquisa de clima organizacional.......

58

4 Metodologia de Pesquisa....................................................................................... 63

4.1 Método de pesquisa............................................................................................. 63

1 Este trabalho foi revisado de acordo com as novas regras ortográficas aprovadas pelo Acordo Ortográfico assinado entre os países que integram a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em vigor no Brasil desde 2009. E foi formatado de acordo com a Norma APA, 2012.

Page 17: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

4.2 Unidades empíricas de análise e unidades de observação............................... 65

4.3 Estratégia de coleta de dados............................................................................. 67

4.4 Tratamento e análise dos dados obtidos........................................................... 68

5 Apresentação e Análise dos Resultados............................................................... 71

5.1 Validação do questionário.................................................................................. 71

5.2 Estatísticas descritivas........................................................................................ 75

5.3 Análise de correlação entre o nível de demanda e a mobilização das

competências gerenciais............................................................................................

90

5.4 Obtenção do índice geral de competências entregues...................................... 94

5.5 A pesquisa de clima............................................................................................. 99

6 Considerações Finais.............................................................................................. 100

6.1 Contribuições, limitações e sugestões para novas pesquisas........................... 104

Referências................................................................................................................. 106

Apêndices................................................................................................................... 124

Page 18: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

16

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como tema as competências gerenciais e sua mobilização,

associadas aos resultados obtidos. Considerando-se que a área de gestão de pessoas e mais

especificamente o processo de gestão do desempenho devem estar alinhados à estratégia

organizacional, aos anseios individuais e às demandas ambientais, a gestão do desempenho

realizada em conformidade com os modelos de gestão articulados por competências

representa uma alternativa para alcance de tal propósito. Essa alternativa que vem sendo

cada vez mais discutida nos cenários acadêmico e empresarial (Jorge, Bittencourt &

Galleli, 2014).

A noção de competência tem sido utilizada com frequência nas empresas sob uma

perspectiva mais estratégica (competências organizacionais e competências essenciais) e

também relacionada a práticas associadas à gestão de pessoas (seleção, desenvolvimento,

avaliação e remuneração por competências) (Ruas, 2005).

Esta pesquisa tem por objetivo verificar a existência de relação positiva entre o

desempenho financeiro e/ou operacional de agências ou unidades administrativas de um

banco e a mobilização, por parte dos gestores, das competências mapeadas pela

organização.

Frente à percepção de que vêm sendo adotadas práticas cada vez mais sofisticadas

visando ao desenvolvimento das equipes (Dutra, 2004) e tendo como justificativa o

pressuposto – ainda não plenamente comprovado – de que níveis mais altos de

competência pelos empregados afetarão positivamente o desempenho organizacional

(Fernandes, Santos, Paulin & Appio, 2013), delineou-se o estudo que ora se propõe.

A empresa em estudo implantou recentemente um novo modelo de gestão do

desempenho que passou a mensurar não só o cumprimento das metas financeiras e/ou

Page 19: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

17

operacionais previamente estabelecidas, mas outros indicadores que têm a intenção de

avaliar a forma como esses resultados são atingidos ou a manifestação, pelos empregados,

das competências mapeadas no modelo de gestão por competências vigente. Como

possíveis consequências para o empregado, esse processo poderá gerar remuneração

variável, licença por mérito, pontuação extra em processos de seleção interna e propostas

de ações de desenvolvimento diferenciadas, em consonância com as ideias de Rios (2008).

Esse autor relata a importância da utilização de indicadores que assegurem vantagem

competitiva sustentável, identificação real dos talentos e a existência de sistemas mais

efetivos de remuneração e reconhecimento individuais.

Em complemento, ressalta-se, conforme Brandão e Guimarães (2001), que tanto a

gestão de competências quanto a gestão de desempenho podem estabelecer indicadores

relacionados ao cumprimento de metas e outros relacionados à forma como os resultados

são alcançados. Nos dois processos verificam-se a manifestação dos comportamentos

associados a cada uma das competências mapeadas pela organização e o efetivo alcance

das metas previamente definidas. Concluem que a gestão de desempenho fornecerá

informações a respeito da necessidade de desenvolvimento de competências para obtenção

de melhores resultados empresariais.

1.1 Problema de pesquisa

O Banco Verde e Amarelo adota um modelo próprio de gestão por competências que

tem por objetivo comunicar as competências organizacionais e individuais visando

contribuir para a concretização do plano estratégico, subsidiar as práticas de gestão de

pessoas e orientar o desenvolvimento profissional do empregado, conforme seu normativo.

Page 20: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

18

Um novo modelo de gestão de desempenho foi implantado em 2014 e passou a

considerar ações (comportamentos) além do alcance dos resultados. No primeiro ano,

somente gestores chefe de unidades do banco foram público-alvo. Em 2015 foram

incluídos todos os empregados que exercem função de natureza gerencial no público-alvo

da nova sistemática de avaliação.

Sendo assim, esse novo processo busca valorizar a contribuição individual não só

apurando os resultados obtidos, mas também de acordo com a forma de atuação do

empregado. A gestão do desempenho, nessa empresa, busca fomentar a cultura de

responsabilização e meritocracia e promover uma gestão transparente, além de viabilizar os

objetivos propostos na gestão por competências. Nesse sentido, o desempenho na

instituição corresponde às ações que os empregados realizam no trabalho e que permitem

atingir as metas estabelecidas.

Diante da situação explicitada, tem-se como pergunta de pesquisa: qual a relação

entre a existência de gerentes de equipe com os comportamentos de entrega definidos no

modelo de gestão e os resultados financeiros e/ou operacionais obtidos nas unidades

consideradas como alta performance no sistema de avaliação do banco?

Buscou-se realizar a pesquisa para verificar o alinhamento entre as competências

requeridas e as competências realmente apresentadas por esses gerentes. O instrumento de

pesquisa permitiu também que os avaliadores atribuíssem notas para cada uma das seis

competências exigidas para os cargos de natureza gerencial para confirmar se as

competências constantes no modelo vigente são realmente demandadas para o exercício

das funções de gerentes de equipe na percepção dos subordinados.

Page 21: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

19

1.2 Justificativa

As instituições bancárias passaram por profundas mudanças em métodos e processos

nos últimos anos, ocasionando a necessidade de trabalhadores com alto potencial de

crescimento e capacitados para acompanhar essas transformações, gerando resultados

(Bahry & Tolfo, 2004). Apesar dessa necessidade, existem poucos estudos a respeito da

gestão por competências no setor bancário (Rosinski, Klich, Filipkowska & Pettinger,

2014).

Diante dessa necessidade de profissionais altamente capacitados, as organizações

passaram a se interessar pela administração estratégica de recursos humanos, favorecendo

a intensificação de discussões sobre os conceitos de competência e desempenho com

diversos significados e utilizações (Brandão & Guimarães, 2001). Nesse contexto, a gestão

por competências tem se apresentado como uma alternativa para gerenciar a lacuna entre

as competências demandadas pela estratégia organizacional e as existentes na organização,

considerando que o domínio de certos recursos leva a um desempenho superior (Brandão

& Bahry, 2014). Van Beirendonck (1998) também sugere que, por meio do

desenvolvimento das competências individuais, é possível aumentar a eficácia

organizacional.

As empresas que praticam eficiente gestão de pessoas devem conhecer o ambiente no

qual desenvolvem suas atividades, perceber em quais áreas suas competências são

valorizadas e identificar os profissionais mais capacitados em contribuir com a execução

da estratégia organizacional (Amorim, 2009). Sendo assim, a vantagem competitiva

sustentável decorre da manutenção e melhoria do desempenho empresarial. Isso pode ser

garantido por meio da gestão sistemática das competências essenciais resultante da sinergia

entre as competências individuais dos funcionários (Fiates, Nascimento & Fiates, 2009). A

Page 22: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

20

identificação das lacunas de competências também pode aumentar a competitividade das

empresas na medida em que possibilita ao gestor conhecer as áreas que necessitam de

investimento (King, Fowler & Zeithami, 2002).

Conhecer os possíveis gaps ou lacunas entre as competências mapeadas e as

percebidas pelos subordinados é útil para planejar ações de capacitação mais específicas e

possibilitar que se verifique o impacto da forma de gestão no cumprimento das metas. De

acordo com os resultados da pesquisa, a empresa pode mobilizar esforços para incentivar

mudanças de comportamentos ou alterações em outros processos de gestão de pessoas

como a seleção de empregados para cargos de natureza gerencial, intensificação no

processo de desenvolvimento, capacitação, sucessão, condução das equipes, alocação,

reconhecimento do mérito, entre outros.

Um dos motivos para a utilização da gestão por competências nas organizações é que

existe uma relação positiva entre competência no trabalho e desempenho individual e

organizacional (Brandão, 2012). Nessa mesma linha, Bahry e Tolfo (2004) mencionam que

a principal preocupação dos autores que tratam do tema gestão de competências é o

interesse no desempenho superior. Brandão, Borges-Andrade e Freitas e Vieira (2010), por

exemplo, sugerem a realização de pesquisas que tenham por objetivo verificar em que

medida as competências expressas pelos gestores influenciam o desempenho

organizacional.

Brandão, Zimmer, Pereira, Holanda, Costa, Carbone e Almada (2008) também

relatam que as empresas buscam a melhoria dos resultados e a implantação de um processo

de gestão do desempenho que seja capaz de integrar estratégia, aprendizagem,

competências e indicadores quantitativos e qualitativos.

Nesse sentido, este estudo buscou verificar se há relação entre os resultados

financeiros e/ou operacionais e a existência de gerentes com os comportamentos de entrega

Page 23: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

21

definidos no modelo de gestão. A empresa pode utilizar os resultados da pesquisa como

argumento na disseminação de práticas de gestão por competências e desempenho vigentes

ou verificar necessidades de alterações.

O estudo sobre as funções de natureza gerencial foi definido como um tema

estratégico pela empresa escolhida. E a apresentação dos resultados desta pesquisa a

respeito dos comportamentos manifestados pelos gerentes e seu impacto nos resultados

obtidos será feita em momento oportuno, pois existe um novo modelo de gestão do

desempenho em fase de implantação e esta pesquisa poderá oferecer subsídios para o

aprimoramento desse modelo.

As competências citadas pelos gestores devem estar alinhadas ao mapeamento

realizado pela organização, pois ela tem um conjunto de competências que representa um

importante recurso para estabelecer vantagem competitiva de acordo com a discussão

apresentada por Dutra (2004) sobre a articulação entre estratégia empresarial e

competências individuais. Além da possibilidade de averiguar se os gerentes mobilizam as

competências mapeadas pela organização, a pesquisa possibilitará confirmar a validade do

modelo vigente e analisar a existência de correlação entre o nível em que as competências

são demandadas e a efetiva mobilização dessas competências na percepção dos

respondentes.

O ambiente pressiona as organizações a adotarem um modelo avançado de gestão de

pessoas que atenda à exigência de um novo perfil de empregado que participe da

operacionalização da estratégia. As competências dos empregados têm sido consideradas

fator-chave para reforçar a singularidade das empresas (Rosinski et al., 2014). Nesse

cenário, a gestão por competências pode ser utilizada para favorecer uma gestão que tenha

como foco o desenvolvimento (Nakata & Sousa, 2012), viabilizando a administração mais

Page 24: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

22

adequada dos recursos intangíveis relacionados às pessoas para que as organizações

consigam se manter competitivas (Fernandes, 2004).

Deve haver consistência e coerência entre as competências organizacionais e

individuais para possibilitar que cada sistema de gestão de pessoas esteja contribuindo para

a execução dos objetivos estratégicos, tendo as competências como elemento que contribui

para a manutenção da interdependência entre os sistemas (Pontes & Serrano, 2005).

Um exemplo dessa interdependência é a pressão dos profissionais para a realização

de programas de capacitação nas empresas que adotam o sistema de remuneração por

competências, porque isso afeta diretamente seus salários, sendo que, sem treinamento e

desenvolvimento, esse sistema não seria eficaz (Wood & Picarelli, 2004).

Do ponto de vista acadêmico, este trabalho visa contribuir com a produção destinada

a aprimorar o entendimento sobre gestão do desempenho com foco em competências. Para

as organizações, esta pesquisa poderá ser utilizada como referência na identificação de

ações que norteiem a implementação de um modelo de gestão de desempenho baseado em

competências, visando contribuir para o alcance de objetivos empresariais.

Page 25: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

23

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral

Identificar relação entre os resultados financeiros e/ou operacionais obtidos nas

unidades consideradas de alta performance no sistema de avaliação do banco e a existência

de gerentes de equipe com os comportamentos de entrega definidos no modelo de gestão.

1.3.2 Objetivos específicos

a) Identificar a aderência do modelo de competências às atribuições exercidas pelos

gerentes na percepção dos subordinados e relacionar com as competências

apresentadas nas unidades de alta performance.

b) Descrever a relação entre as competências apresentadas pelos gerentes e os

resultados financeiros e/ou operacionais.

c) Relatar possíveis gaps existentes nas competências apresentadas pelos gerentes de

equipe em relação àqueles presentes no modelo de gestão por competências, de

acordo com a visão dos subordinados.

d) Identificar as competências que se apresentam em maior nível em cada função

avaliada.

A principal hipótese desta pesquisa é de que os gerentes de equipe das

agências/unidades administrativas de alta performance apresentam as competências

requeridas pela organização, reforçando o pressuposto de existência de relação positiva

entre competência e desempenho ainda não plenamente confirmada pelos casos empíricos

já analisados ou pela literatura existente (Fernandes & Fleury, 2005).

Page 26: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

24

Outra conjectura que foi analisada é de que os gestores de equipe manifestam as

competências requeridas no modelo do banco em estudo em graus de desenvolvimento

diferenciados de acordo com o nível hierárquico da função exercida.

1.4 Estrutura da dissertação

Esta dissertação foi organizada em seis capítulos. A introdução apresenta o problema

de pesquisa, a justificativa para a realização deste estudo e os objetivos da pesquisa. O

capítulo 2 trata do referencial teórico que embasou o trabalho. Foram abordados os temas

em estudo: gestão por competências (competências organizacionais, funcionais, individuais

e gerenciais) e gestão do desempenho. São sugeridas algumas perspectivas de

competências organizacionais, funcionais e individuais de alguns autores e estudos a

respeito das competências consideradas mais relevantes para o exercício das atividades de

natureza gerencial. No item que trata da gestão do desempenho, destaca-se a descrição de

modelos de gestão que avaliam o cumprimento de metas bem como a manifestação das

competências requeridas.

O capítulo 3 descreve os modelos de gestão por competências e gestão do

desempenho, o sistema de avaliação de resultados financeiros e/ou operacionais e dados da

pesquisa de clima organizacional da empresa objeto de estudo. O capítulo 4 detalha a

metodologia de pesquisa, com a estratégia e o método utilizado, as unidades empíricas de

análise e de observação e informações sobre a coleta, tratamento e análise dos dados. O

capítulo 5 traz a apresentação e análise dos resultados. Nas considerações finais – capítulo

6 –, são relatados os principais resultados, sugestões de melhorias nas práticas de Recursos

Humanos (RH) do banco, recomendações para pesquisas futuras, contribuições e

Page 27: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

25

limitações deste estudo. Em seguida, listam-se as referências utilizadas na pesquisa e os

apêndices.

Page 28: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

26

2 Referencial Teórico

Neste capítulo é apresentado o resultado da revisão bibliográfica a respeito dos temas

gestão por competências e gestão do desempenho, centrais para a discussão neste estudo.

2.1 Gestão por competências

São descritas as competências organizacionais, funcionais e individuais. Entre as

competências individuais, foi dado destaque às competências gerenciais que são o foco

deste estudo.

2.1.1 Competências organizacionais, funcionais e individuais

Para se manter competitivo num ambiente cada vez mais dinâmico, outros temas

como a estratégia vêm sendo associados à discussão sobre competências (Silva & Mello,

2011). A relação entre estratégia e competência pode ser explicada pela abordagem do

posicionamento estratégico que enfatiza a análise dos mercados, da competição e

verificação da posição relativa de cada empresa em sua indústria ou segmento produtivo

como elementos principais na formulação da estratégia (Porter, 1980, 1996). O foco de

análise recai sobre produtos, consumidores e competidores, e a estratégia empresarial deve

ser resultante da identificação de tendências e de oportunidades. Nesse sentido, é

considerada uma abordagem de “fora para dentro” (Fleury & Fleury, 2006), pois os

recursos devem ser desenvolvidos para viabilizar o alcance da posição estabelecida na

estratégia e a vantagem competitiva é decorrente das oportunidades identificadas no

ambiente (Fernandes, 2004).

Page 29: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

27

Competência organizacional frequentemente é abordada como um desdobramento da

perspectiva do Resource Based View (RBV) (Penrose, 1959; Wernerfelt, 1984). Conforme

os autores dessa perspectiva, as empresas bem-sucedidas são aquelas que combinam e

exploram adequadamente os recursos valiosos, únicos, difíceis de imitar e substituir e que

poderiam ser transferidos dentro da própria organização. A vantagem competitiva e a

criação de valor são resultado da combinação de tais recursos (Barney, 1996). Sendo

assim, as organizações devem examinar se a estratégia pode ser operacionalizada e

sustentada pelos recursos disponíveis. Essa abordagem caracteriza-se como

primordialmente “de dentro para fora” (Fleury & Fleury, 2006).

Leite e Porsse (2005) propuseram a teoria da competição baseada em competências

com a intenção de integrar as duas perspectivas da teoria da estratégia – posicionamento e

visão baseada em recursos. Segundo a teoria da competição baseada em competências, a

estrutura da indústria não é mais determinada por fatores externos, sendo que as

competências das empresas vão direcionar o desenvolvimento das firmas. Os autores

consideram que conhecimento gerencial e capacidade de aprendizagem são elementos que

impulsionam o processo de mudança estratégica, contribuindo para a criação de novos

recursos e mercados. Essa teoria dá ênfase na relação entre a estratégia e o ambiente

empresarial (Amorim & Silva, 2011).

A Tabela 1 sintetiza perspectivas de alguns autores a respeito do tema competências,

nesse caso, relacionando-o à competência organizacional e funcional.

Page 30: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

28

Tabela 1 Perspectivas relacionadas às competências organizacionais/funcionais

Autor(es) Conceitos de competências organizacionais / funcionais Prahalad & Hamel (1990)

Apresentaram o conceito de core competence (CC), que consiste nas habilidades e tecnologias disponíveis na empresa e que vão gerar vantagem competitiva.

Zarifian (1999) Le Boterf (1999) Hanashiro, Teixeira e Zaccarelli (2007)

Tratam da perspectiva coletiva da competência. As equipes de trabalho podem manifestar uma competência coletiva, que representa mais do que o agrupamento das competências individuais. Isso se justifica pela sinergia entre as competências de cada membro e pelas relações sociais que se estabelecem.

Bitencourt (2001)

Competência organizacional dá ênfase na estratégia, negócio e competitividade (core competence).

Mills, Platts, Bourne & Richards (2002)

Capacidades dinâmicas: capacidade de uma organização desenvolver suas competências com o tempo.

Mills, Platts & Bourne (2003)

Competências são criadas a partir da correta articulação e coordenação dos recursos disponíveis.

Ruas (2005)

Competência organizacional relaciona-se à estratégia da empresa: visão, missão e intenção estratégica.

Competências funcionais são intermediárias entre as competências organizacionais e as competências individuais. Podem ser utilizadas para verificar se as diretrizes expressas nas competências organizacionais estão sendo operacionalizadas pela organização.

Trasatti e Costa (2005)

As competências funcionais são definidas a partir da estratégia empresarial e das competências organizacionais demandadas para execução dessa estratégia.

Hanashiro et al. (2007)

Resulta da integração entre recursos, habilidades e processos da empresa, que interagem com as estratégias e com a cultura organizacional, contribuindo para a formação de vantagem competitiva sustentável.

Botelho (2010)

Competência essencial resulta da mobilização de pessoas na alocação e articulação dos recursos da empresa com a finalidade de desenvolver vantagem competitiva.

Fernandes (2013)

Competência organizacional resulta da combinação dos recursos que geram valor para as empresas e tem como características a dificuldade de imitação, possibilidade de transferência a outras áreas, produtos ou serviços da organização e podem impactar no desempenho organizacional.

Brandão e Bahry (2014)

Competências organizacionais são aquelas inerentes à empresa como um todo ou a uma de suas áreas.

Fonte: elaborado pela autora.

King, Fowler e Zeithami (2002) mencionam que existe a tendência a desempenho

superior nas empresas onde os gerentes de nível intermediário descrevem suas

competências como mais tácitas, robustas e mais presentes. Relatam também que a

compreensão similar entre os gestores das competências mais importantes da empresa

tende a propiciar decisões que fortalecerão essas competências.

Page 31: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

29

Dutra (2002) enfatiza um processo contínuo de troca de competências entre a

organização e as pessoas que pode ser gerenciado e potencializado para gerar benefícios

tanto para a organização quanto para as pessoas.

Ao estudar o conceito de competências individuais, percebe-se em alguns deles o

estímulo ao desenvolvimento dos profissionais e a necessidade de buscar ações que

efetivamente contribuam para a geração de valor para a organização por meio da

manifestação de alguns comportamentos e obtenção dos resultados esperados (Hipólito,

2000). A mobilização das competências gera valor tanto para a organização quanto para o

assalariado, que terá condições de exercer atividades mais complexas (Zarifian, 2001).

A Tabela 2 contém algumas definições sobre competência individual como estratégia

para melhoria do desempenho:

Tabela 2 Noções de competências humanas ou profissionais

Autor(es) Noções de competências humanas ou profissionais Gilbert (1978)

Aplicação de conhecimentos, habilidades e atitudes com a finalidade de alcançar um desempenho expresso pelos comportamentos manifestados no trabalho e pelas realizações e resultados decorrentes desse comportamento.

Reinbold & Breillot (1993)

Processo que gera regularmente o desempenho desejado dentro de determinado contexto.

Zarifian (2003)

Ter iniciativa e responsabilidade para transformar os conhecimentos adquiridos nas diversas situações profissionais.

Dutra (2002, 2004)

Emprego das capacidades (conhecimentos, habilidades, atitudes e valores - CHAV) do indivíduo na realização de entregas lidando com atribuições e responsabilidades cada vez mais complexas.

Ruas (2005) Carbone, Brandão e Leite (2005)

Combinar e mobilizar de forma sinérgica capacidades e recursos necessários para atingir um desempenho profissional num determinado contexto, agregando valor a pessoas e organizações.

Fleury e Fleury (2006)

Mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que irá resultar em valor econômico à organização e valor social ao indivíduo.

Boyatzis (2011)

Padrão de comportamentos dos empregados que traduz as expectativas da organização quanto ao alcance de resultados.

Fernandes (2013) Capacidades aplicadas para gerar uma entrega.

Brandão e Bahry (2014)

Desempenho ou comportamento que representa o que o profissional deve ser capaz de fazer.

Fonte: elaborado pela autora.

Page 32: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

30

Dutra (2004) sugere dois conceitos complementares para definir competência:

complexidade e espaço ocupacional. Complexidade relaciona-se à existência de situações

que exigem diferentes níveis de mobilização das capacidades pelos indivíduos. Este

conceito permitiu estender o conceito de competência para remuneração, avaliação de

desempenho e carreira. Podem ser definidas entregas diferenciadas por competência de

acordo com o nível de complexidade das atividades executadas. Espaço ocupacional

refere-se às atribuições e responsabilidades das pessoas. Um empregado pode mudar o

nível de complexidade de suas entregas sem mudar de cargo. Essa alteração é denominada

pelo autor como sendo uma ampliação do espaço ocupacional que decorre de uma

necessidade da empresa e a competência da pessoa em atendê-la, conforme representado

na Figura 1.

Figura 1. Forças definidoras do espaço organizacional. Fonte: Dutra (2002).

Fernandes (2013) também associa competências ao nível de complexidade. E

menciona que o profissional terá condições de exercer atividades mais complexas na

medida em que assume novos desafios. Esse aumento do nível de complexidade no

trabalho está relacionado ao desenvolvimento do profissional que, ao desempenhar novos

trabalhos, estará mais preparado para assumir novas posições.

Espaço ocupacional na

organização

Necessidades da Organização

Competências

individuais e coletivas

Page 33: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

31

Observa-se que para ter um desempenho competente é necessário que o empregado

aplique suas capacidades para lidar com os assuntos relativos à sua área de atuação. Os

autores constatam a necessidade de haver um conjunto de conhecimentos, habilidades e

atitudes (CHAs) que devem ser adequadamente utilizados para alcançar os resultados

previamente estabelecidos (Munck, Souza, Castro & Zagui, 2011).

Conhecimento diz respeito às informações necessárias para interpretar situações;

habilidade refere-se à capacidade de realizar determinada operação; atitude é definida

como a predisposição para executar uma atividade; e valores correspondem a concepções

conscientes que vão orientar as ações das pessoas e que devem estar alinhados aos da

organização. A competência envolve a existência dessas capacidades com o objetivo de

realizar as entregas esperadas (Fernandes, 2013).

Os modelos de gestão por competências têm sido utilizados com o objetivo de

planejar, selecionar e desenvolver as competências necessárias para a consecução da

estratégia empresarial (Brandão & Guimarães, 2001).

Um modelo sugerido por Ienaga (1998) propõe inicialmente a identificação da lacuna

de competências da organização, como mostra a Figura 2. Nela, uma curva ascendente

representa as competências mapeadas pela organização, que pode aumentar dependendo

das competências que são demandadas para que as organizações atinjam seus objetivos, e

uma curva descendente, que representa as competências disponíveis na empresa, podendo

se tornar obsoletas com o passar do tempo.

Page 34: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

32

Competências mapeadas

Figura 2. Identificação do gap (lacuna) de competências Fonte: Ienaga (1998), com adaptações.

Os passos seguintes consistem em utilizar os subsistemas de gestão de pessoas, entre

os quais a gestão do desempenho, para minimizar a referida lacuna. A intenção é que os

profissionais eliminem as lacunas entre o que o cliente espera que eles façam e o que esses

profissionais realmente são capazes de fazer (Stewart, 1998).

Ienaga (1998) alerta sobre a necessidade de gerir continuamente as competências

para impedir a tendência de crescimento da lacuna em função da obsolescência das

competências existentes ou em razão do aumento da complexidade do ambiente externo.

Nesse sentido, é fundamental que sejam realizados mapeamentos periódicos e

planejamento de ações de captação e desenvolvimento das competências (Brandão &

Bahry, 2014).

A inexistência da lacuna de competências é o estado ideal, representado pela

intersecção entre as duas curvas. Nessa situação, a empresa tem todas as competências

necessárias para atingir seus objetivos (Brandão, 2012). A competência é utilizada para

integrar os subsistemas de gestão de pessoas e desta com a estratégia organizacional

(Dutra, 2002).

Gap 0

Tempo

Competências atuais

Competências necessárias

T0 T1

Gap 1

Page 35: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

33

A noção de competência utilizada nesse estudo para fins de análise dos resultados

corresponde à aplicação dos recursos individuais, representado pelos comportamentos

observáveis na execução do trabalho, com a finalidade de gerar resultado financeiro e/ou

operacional previamente definido pela organização. Essa noção de competência é aquela

apresentada por Dutra (2004) e Fernandes (2013).

2.1.2 Competências gerenciais

As competências gerenciais são geralmente definidas como a aplicação das

capacidades individuais numa série de funções específicas, frequentemente incluindo a

habilidade de liderança como premissa para o exercício do cargo (Oderich, 2005). A

atividade de liderança é considerada complexa e ao mesmo tempo instigante (Mascarenhas,

2008). As competências gerenciais integram a estratégia empresarial e devem estar

alinhadas a ela para viabilizar a formação das competências organizacionais (Picchiai &

Nery, 2015).

Resende (2000) define competências gerenciais com sendo a aplicação de

capacidades específicas da competência de gestão em situações de direção, coordenação ou

supervisão. Trata-se de um tipo especial de competência individual inerente aos cargos

com atribuições de gestão. As atividades podem ser classificadas em alocar recursos,

gerenciar equipes e contribuir para a estratégia (Mohrman & Worley, 2009).

A alocação de recursos está relacionada à aplicação e combinação dos recursos para

que a organização mantenha suas competências atualizadas e constitui uma capacidade

dinâmica. Segundo Teece, Pisano & Shuen (1997), os gestores exercem importante função

nesse tipo de capacidade porque devem perceber e apreender oportunidades, além de

gerenciar ameaças de combinação e reconfiguração de ativos.

Page 36: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

34

A gestão de equipe é considerada uma atividade fundamental do gestor e diz respeito

ao alcance de resultado por meio das pessoas (Mohrman & Worley, 2009). Gestores devem

articular equipes com a finalidade de promover a inovação e competitividade de suas

organizações. Diante das constantes mudanças no ambiente, os gerentes devem ser capazes

de atender ao desafio de gerenciar pessoas que executam diversas atividades e ocupam

cargos que compreendem muitos aspectos desconhecidos (Pereira, 2014).

A contribuição à estratégia diz respeito ao desenvolvimento do negócio por meio da

contribuição dos gestores na identificação de oportunidades no ambiente, melhoria ou

introdução de processos e crescimento do patrimônio de conhecimentos da empresa

(Mohrman & Worley, 2009).

Pesquisas sobre competências gerenciais têm sido objeto de estudo de organizações e

pesquisadores (Spencer & Spencer, 1993). Isso pode ser justificado pelo fato de que as

competências do gestor influenciam no desempenho de seus subordinados e nos resultados

organizacionais (Fernandes, Fleury & Mills, 2006).

Em estudo realizado sobre as competências gerenciais no banco britânico

Westminster – NatWest, Cockerill (1994) identificou, por meio de entrevistas, 11

competências principais para o contexto de trabalho em estudo. Posteriormente, foi

avaliado em que nível os gestores daquela empresa mobilizavam tais competências na

realização das atividades. A conclusão do trabalho revelou que as competências detectadas

eram consistentes internamente e estavam significativamente associadas a medidas de

desempenho das unidades em que os gerentes atuavam.

Kouzes e Posner (2010) realizaram pesquisas em diversas empresas e como resultado

sugeriram cinco práticas de liderança que se desdobram em competências relevantes para

impulsionar a equipe à ação: definição do caminho, inspiração de uma visão

Page 37: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

35

compartilhada, desafio ao processo, capacitação das pessoas à ação e encorajamento do

coração.

Foi realizado estudo por Echeveste, Vieira, Viana, Trez e Panosso (1999) com o

propósito de identificar as competências necessárias para que o executivo fosse capaz de

responder às mudanças constantes provocadas pela globalização na percepção de

executivos de grandes empresas nacionais. O resultado do trabalho evidenciou que as

atitudes integridade, ética e proatividade, o conhecimento da empresa em que atua e as

habilidades de negociar, trabalhar em equipe, estabelecer relacionamento interpessoal,

tomar decisões e liderar foram consideradas as mais importantes (média acima de nove em

uma escala de zero a 10).

Brandão et al. (2010) descreveram 38 competências relevantes ao desempenho de

gerentes de agências bancárias. Realizaram entrevistas com gestores de agências, pesquisa

em documentos do banco e revisão da literatura com a finalidade de identificar as

competências gerenciais mais importantes para o âmbito em estudo. A instituição

categoriza as competências em seis perspectivas baseada nas premissas do balanced

scorecard (BSC). As competências consideradas relevantes na pesquisa desses autores

(Brandão et al., 2010) estão presentes na Tabela 3.

Page 38: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

36

Tabela 3 Competências gerenciais identificadas como relevantes - continua

Origem do item

Competências Gerenciais

Rev

isão

da

liter

atur

a

Aná

lise

Doc

umen

tal

Ent

revi

stas

(f

requ

ênci

a re

lativ

a)

Per

spec

tiva

de

dese

mpe

nho

Comunica à sua equipe os indicadores e metas definidas no Acordo de Trabalho, informando claramente os rumos a serem seguidos pela agência.

X

35%

Est

raté

gia

e O

per

açõ

es

Formula planos e estratégias para cumprir o Acordo de Trabalho, estabelecendo objetivos, ações, atribuições, prazos e prioridades.

X

X

30%

Identifica forças, fraquezas, ameaças e oportunidades na área em que atua, visando estabelecer estratégias adequadas de atuação.

X

X

5%

Monitora os indicadores de desempenho do Acordo de Trabalho, para alcançar as metas.

5%

Aproveita as oportunidades que surgem para a agência, visando atingir metas nas diferentes perspectivas do Acordo de Trabalho.

X

X

Cobra dívidas inadimplidas, a fim de melhorar o resultado financeiro da agência. X 15%

Res

ulta

do

Eco

mic

o

Controla despesas administrativas, visando otimizar o resultado financeiro da agência.

X

15%

Promove a realização de negócios que oferecem mais rentabilidade para a agência. 10%

Racionaliza o uso de recursos (materiais, tecnológicos, financeiros, etc.) para que a agência possa obter mais lucratividade.

X

5%

Analisa o desempenho de carteiras (de crédito ou de clientes, por exemplo), visando incrementar o volume e a rentabilidade dos negócios.

X

Presta atendimento de excelência ao cliente, procurando satisfazer às suas expectativas.

X

X

35%

Clie

nte

s Gerencia o relacionamento com clientes, pautando-se no respeito, na cortesia e na ética.

X

30%

Promove a venda de produtos e serviços a clientes, com transparência e confiabilidade.

30%

Negocia com clientes de forma transparente, buscando estabelecer acordos satisfatórios para o banco e para a clientela.

X

X

15%

Presta consultoria ao cliente, ajudando-o na escolha do produto ou serviço que melhor atenda às suas necessidades.

10%

Identifica clientes em potencial, a fim de ampliar a base de clientes da agência. 10%

Comunica-se com o cliente, adotando linguagem clara, objetiva e acessível. X X 5%

Mobiliza os esforços dos funcionários em torno de propósitos comuns, estimulando o comprometimento deles com os objetivos e os resultados do Banco.

X

X

50%

Co

mp

ort

am

ento

o

rgan

izac

io

Orienta a atuação dos integrantes de sua equipe, comunicando claramente suas expectativas sobre o desempenho deles.

X

X

45%

Page 39: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

37

Competências gerenciais identificadas como relevantes - conclui

Origem do item

Competências Gerenciais

Rev

isão

da

liter

atur

a

Aná

lise

Doc

umen

tal

Ent

revi

stas

(f

requ

ênci

a re

lativ

a)

Per

spec

tiva

de

dese

mpe

nho

Estimula a participação dos funcionários na tomada de decisões, valorizando as contribuições oferecidas por eles.

X

X

25%

Gerencia conflitos no trabalho, procurando manter a coesão e a harmonia entre funcionários.

X

15%

Distribui adequadamente as tarefas entre os integrantes de sua equipe, de acordo com as capacidades e preferências de cada um.

X

15%

Promove o desenvolvimento profissional dos integrantes de sua equipe, oferecendo a eles oportunidades de capacitação.

X

X

10%

Colabora com os colegas de trabalho, a fim de concretizar os objetivos do banco em um clima de harmonia.

X

X

Adota medidas preventivas e corretivas para melhoria da saúde, do bem-estar e da qualidade de vida dos integrantes de sua equipe.

X

Monitora a qualidade dos processos internos, para evitar o retrabalho. X 55%

Pro

cess

os

Inte

rno

s

Localiza rapidamente as informações de que necessita para o trabalho, consultando bases de dados, sistemas de informação e aplicativos do banco.

X

X

55%

Propõe soluções criativas para resolver problemas nos processos de trabalho. X 40%

Acompanha a conformidade dos processos sob sua responsabilidade, observando leis, normas e procedimentos estabelecidos.

X

X

30%

Aprimora continuamente processos de trabalho, para otimizar a utilização dos recursos disponíveis (materiais, tecnológicos e humanos, por exemplo).

X

X

20%

Organiza suas atividades e tarefas diárias para realizá-las no prazo previsto. X X 10%

Implementa ações adequadas para reduzir o risco de atividades sob sua responsabilidade.

X

10%

Toma decisões levando em consideração os possíveis impactos sobre o meio ambiente e a comunidade em que vive.

X

25%

So

cied

ade

Promove ações que contribuem para o desenvolvimento sustentável da comunidade, demonstrando preocupação com as questões sociais.

X

25%

Estimula a realização de trabalhos voluntários, visando contribuir para o desenvolvimento social e econômico da comunidade em que vive.

X

15%

Estimula os integrantes de sua equipe a agirem de acordo com princípios de RSA do Banco.

X

10%

Ao realizar operações de crédito, direciona a aplicação de recursos para empresas que possuem mais responsabilidade socioambiental.

10%

Promove a economia de recursos naturais, adotando medidas para racionalizar o uso de papel, água e energia na agência.

5%

Fonte: Brandão et al. (2010).

Page 40: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

38

Os autores destacam as quatro competências mais citadas pelos entrevistados:

Localiza rapidamente as informações de que necessita para o trabalho e Monitora a

qualidade dos processos internos para evitar o retrabalho, bem como Mobiliza os esforços

dos funcionários em torno de propósitos comuns e Orienta a atuação dos integrantes de sua

equipe (Brandão et al., 2010).

Ainda na pesquisa elaborada por Brandão et al. (2010), a maior média e o menor

desvio-padrão na autoavaliação realizada pelos gerentes das agências do banco foi para a

perspectiva clientes, indicando que as competências necessárias para satisfazer e ampliar a

base de clientes são manifestadas em alto nível e de forma homogênea.

Bitencourt (2001) afirma que as competências gerenciais viabilizam uma gestão que

tenha mais chances de operacionalizar os objetivos estratégicos, pois os gestores

asseguram que os comportamentos no trabalho estejam em conformidade com o

pensamento estratégico (Mintzberg, Ahlstrand & Lampel, 2010). Wood e Picarelli (2004)

acrescentam que as competências gerenciais são reflexo direto da estratégia e direcionam

os empregados para uma gestão eficiente e eficaz dos recursos sob sua responsabilidade.

A área de gestão de pessoas deve orientar seus gestores a incentivar continuamente a

transformação, com a finalidade de aumentar as possibilidades de as organizações se

manterem sustentáveis num panorama competitivo e de pressão por mudanças (Piccolotto,

Vassari & Dutra, 2010).

Dutra (2004) classifica as competências gerenciais conforme a Figura 3. As

categorias descritas referem-se às dimensões de atuação do gestor.

Page 41: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

39

Figura 3. Categoria de competências gerenciais. Fonte: Dutra (2004).

Outra classificação das atividades relacionadas à gestão é proposta por Quinn,

Faerman, Thompson, & McGrath (2003), que apresentam oito papéis essenciais e as

principais competências associadas a cada papel de acordo com pesquisa realizada por um

grupo de especialistas, como mostra a Tabela 4 a seguir:

Dimensão da estruturação

Reflete os meios utilizados para atingir o foco, o como

chegar aonde se pretende, ou seja, possui o papel de apoiar a estruturação e realização das

ações.

Dimensão da orientação

Representa o foco da organização e aonde

pretende chegar, tendo o papel de orientar as pessoas para a ação.

Representa competências ligadas às necessidades de relacionamento para

que o profissional consiga viabilizar suas

ações.

Dimensão da interação

Page 42: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

40

Tabela 4 Os oito papéis de liderança gerencial e suas respectivas competências-chave

Papéis Principais competências

Mentor 1. Compreensão de si mesmo e dos outros 2. Comunicação eficaz 3. Desenvolvimento dos empregados

Facilitador

1. Construção de equipes 2. Uso do processo decisório participativo 3. Administração de conflitos

Monitor

1. Monitoramento do desempenho individual 2. Gerenciamento do desempenho e processos coletivos 3. Análise de informações com pensamento crítico

Coordenador

1. Gerenciamento de projetos 2. Planejamento do trabalho 3. Gerenciamento multidisciplinar

Diretor

1. Desenvolvimento e comunicação de uma visão 2. Estabelecimento de metas e objetivos 3. Planejamento e organização

Produtor

1. Trabalho produtivo 2. Fomento de um ambiente de trabalho produtivo 3. Gerenciamento do tempo e do estresse

Negociador

1. Construção e manutenção de uma base de poder 2. Negociação de acordos e compromissos 3. Apresentação de ideias

Inovador

1. Convívio com a mudança 2. Pensamento criativo 3. Gerenciamento da mudança

Fonte: Quinn et al. (2003).

Quinn et al. (2003) ressaltam que é necessário que o gerente tenha a capacidade de

integrar os papéis mencionados para obter bom desempenho. Sampaio (2010) salienta que

o objetivo desse modelo baseado em papéis é apresentar os principais desafios

relacionados à atividade de gestão: necessidade de utilizar conhecimentos diversos

conforme o contexto, ter as competências associadas a cada um dos papéis e integrar todas

as competências com a finalidade de converter conhecimento em ações.

Para Ulrich e Smallwood (2009), uma das importantes missões do gestor é investir na

próxima geração de líderes. Quando atuam de forma eficaz mobilizando as competências

necessárias no exercício da função, estimulam que outros empregados desenvolvam suas

próprias competências. Estudos sobre competências gerenciais asseveram que gestores que

praticam gestão mais participativa tornam o ambiente de trabalho mais agradável, com

empregados mais satisfeitos (Bergamini, 2012).

Page 43: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

41

Brandão (2009) testou dois modelos teóricos: um a respeito da mobilização de

competências gerenciais e outro sobre a influência da mobilização de competências na

relação entre características de agências bancárias e seu desempenho. Esse autor procurou

comprovar empiricamente a existência de relações entre aprendizagem, competência e

desempenho. Os achados desse trabalho contribuem para confirmar a influência de

variáveis individuais e de contexto na expressão de competências no trabalho, tais como

estratégias de aprendizagem, percepções sobre práticas de gestão do desempenho adotadas

pela empresa e o suporte organizacional. Brandão (2009) concluiu que tão importante

quanto promover a aprendizagem é oferecer ambientes e âmbitos de trabalho favoráveis,

que facilitem e estimulem a aplicação do que foi aprendido. Bitencourt (2010) também

destaca a importância dos gestores estarem atentos às situações de aprendizagem,

promovendo ações voltadas oara o desenvolvimento de competências.

2.2 Gestão do desempenho

Dutra (2002) define desempenho como o conjunto de entregas e resultados

individuais para a organização. Brandão (2012) também associa desempenho no trabalho a

ações realizadas com a finalidade de alcançar determinado resultado com possibilidade de

avaliação sobre a adequação, eficiência e eficácia. Ainda segundo Brandão (2012), o

desempenho pressupõe que um agente utilizará uma ação ou competência, num contexto

ou situação, para consecução de determinado objetivo.

A avaliação de desempenho, como apregoa Pontes (2010), deve proporcionar o

desenvolvimento das pessoas e das empresas por meio da realização contínua de acordos

com os funcionários, descrevendo os objetivos esperados. Essa negociação demonstra um

estágio avançado do processo de desenvolvimento de carreiras e avaliação dos servidores

Page 44: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

42

(Souza, 2004). Após o estabelecimento desse contrato, é preciso acompanhar, alterar

conforme a necessidade e avaliar os resultados alcançados.

O desempenho de uma organização (ou de suas unidades) refere-se aos resultados

atingidos num certo período (Fernandes et al., 2006), avaliado por meio de indicadores

previamente definidos (Brandão, Borges-Andrade & Guimarães, 2012). É mensurado

comparando-se os resultados obtidos com as metas estabelecidas por indicador (Brandão &

Guimarães, 2001).

Recentemente, na tentativa de analisar desempenho de forma mais ampla, as

competências têm sido incluídas como elemento essencial, além dos indicadores

financeiros e econômicos. Pesquisas realizadas no final da década de 80 já indicavam forte

correlação entre o desempenho e o desenvolvimento das competências individuais (Moura,

Zardo, Dias e Dutra, 2009). Estudo realizado por Brandão, Borges-Andrade, Puente-

Palacios e Laros (2012) revela as práticas de gestão do desempenho como variável que

interfere significativamente na expressão de competências gerenciais no trabalho. Nessa

mesma linha, Asce, Cheng & Moore (2005) relacionaram a manifestação dos

comportamentos autocontrole e gestão de equipes com melhor desempenho no

gerenciamento de projetos.

Fernandes (2013) relata que na avaliação deve ser mensurado o desempenho de uma

pessoa em seu trabalho com a utilização de critérios claros e divulgados, objetivando a

adequação do desempenho e o desenvolvimento do profissional e da organização.

Nesse sentido, Hipólito e Reis (2002) defendem que o correto é tratar do conceito de

gestão de desempenho em vez de avaliação de desempenho, porque o termo gestão evoca a

ideia de que o desempenho deve incluir planejamento, acompanhamento e avaliação, pois é

um processo que visa à melhoria do global do desempenho e da produtividade das pessoas.

Page 45: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

43

A gestão de desempenho tem sido utilizada como meio para identificar necessidades

e realizações das empresas e dos indivíduos (Barbosa, 1996). Para manterem-se

competitivas, as empresas vinculam as metas ao processo de avaliação, objetivando

direcionar os esforços dos empregados para a estratégia, além de beneficiar e desenvolver

os talentos das equipes (Pereira, 2014). Leme e Vespa (2015) destacam que o objetivo da

gestão do desempenho é identificar as necessidades de intervenções pelos gestores para

diminuir a diferença entre os objetivos estratégicos e o que efetivamente está sendo

realizado.

Fernandes e Hipólito (2008) também corroboram o entendimento de que o processo

de avaliação deve ser estruturado com a finalidade de redirecionar ou reforçar

comportamentos que auxiliem na consecução dos objetivos organizacionais por meio de

ações relacionadas a outros subsistemas de gestão de pessoas, tais como desenvolvimento,

sucessão e recompensas.

Desse modo, a avaliação de desempenho fornece subsídios para a definição do que

será avaliado, norteando métodos de realização de trabalhos, forma de avaliação, objetivos

a serem alcançados, indica formas de comunicação e acompanhamento dos resultados,

sugerindo ações de desenvolvimento e atrelando recompensas ao cumprimento das metas

(Souza, 2005). A gestão de desempenho possibilita o aperfeiçoamento da organização na

busca contínua pela melhoria dos resultados por meio de variáveis ligadas à gestão

estratégica de pessoas (Silva & Luz, 2010).

Na tentativa de implantar um processo de gestão de desempenho que efetivamente

contribua para a operacionalização do planejamento estratégico, ferramentas de gestão de

desempenho baseada em competências têm sido uma tendência. Exemplo de ferramenta

gerencial é o balanced scorecard (Hipólito & Reis, 2002), que é um modelo de gestão do

desempenho que tem sido amplamente utilizado (Ghadikolaei, Chen, Zolfani &

Page 46: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

44

Akbarzadeh, 2011). A proposta do BSC é incluir outras dimensões do desempenho

empresarial a serem monitoradas, além dos controles financeiros. As dimensões foram

classificadas em quatro perspectivas: financeira, clientes, processos internos e

aprendizagem e crescimento (Kaplan & Norton, 1992, 1997).

Competências e processos de gestão de pessoas situam-se na perspectiva

aprendizagem e crescimento considerados recursos e processos que dão o suporte para o

desempenho. Esse modelo dificulta a percepção das evidências da contribuição das

competências e demais práticas de RH sobre os resultados empresariais, porque os efeitos

dessas ações sobre o desempenho podem ser atenuados por outros fatores e também pela

existência de lapso temporal entre o desenvolvimento das competências e demais ações de

RH e o alcance dos resultados (Fernandes, 2013).

As empresas procuram alinhar as metas operacionais a serem cumpridas pelas

equipes de trabalho e indivíduos às metas estratégicas a partir das premissas do BSC

(Figura 4). Sendo assim, o desempenho profissional e organizacional é medido a partir das

perspectivas que compõem a ferramenta (Brandão, 2009) que poderá auxiliar na

identificação das competências para atingir os objetivos definidos em cada perspectiva de

desempenho (Brandão et al., 2008).

Page 47: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

45

Figura 4. Balanced Scorecard. Fonte: Kaplan e Norton (1997).

Entende-se a descrição de empresas de alta performance como aquelas que oferecem

um ambiente de trabalho favorável, baseado na integração entre tecnologia, processos e

práticas de recursos humanos. Dessa forma, a liderança exerce papel fundamental de

facilitar o entendimento dos empregados quanto aos objetivos a serem alcançados

(Rezende, 2003). Becker, Huselid e Ulrich (2001) acrescentam que um bom sistema de

mensuração do desempenho exige compreensão da estratégia competitiva e identificação

das competências e comportamentos necessários para atingir os objetivos organizacionais.

Buscando essa integração da estratégia e as práticas de gestão de pessoas, Brandão et

al. (2008) mencionam que competência e desempenho são conceitos que realçam alguns

elementos em comum, pois as competências são combinações dos recursos individuais

percebidas no desempenho em determinado contexto, agregando valor a pessoas e

Aprendizado e Crescimento

VisãoEstratégica

Clientes Processos Internos

Finanças

Objetivo Medida Meta Iniciativa

Objetivo Medida Meta Iniciativa

Objetivo Medida Meta Iniciativa

Objetivo Medida Meta Iniciativa

Page 48: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

46

organizações. Sendo assim, o desempenho decorre da mobilização das competências no

trabalho em busca dos objetivos empresariais.

Ainda segundo Brandão et al. (2008), a gestão por competências tem por finalidade

propor ações para planejar, captar, desenvolver e avaliar as competências necessárias à

consecução da estratégia. As organizações procuram utilizar modelos de gestão do

desempenho que avaliem as realizações individuais e os comportamentos ou competências

mobilizados para atingir os resultados.

As diferenças entre os conceitos de desempenho e competência são citados por

Pereira (2014). O desempenho é definido como consequência do potencial estimado de um

empregado na realização de um trabalho, visando atingir uma meta preestabelecida; e

competência são as capacidades individuais que possibilitarão que uma pessoa obtenha um

resultado para a organização.

O termo gestão do desempenho baseada nas competências é utilizado por Brandão e

Guimarães (2001), por considerar que gestão de desempenho e gestão por competências

são processos complementares e interdependentes. Os autores destacam que é preciso que

a organização faça o diagnóstico das competências necessárias à consecução dos objetivos

estabelecidos para subsidiar as práticas inerentes à gestão de desempenho. É necessário

verificar a existência de lacunas das competências individuais que viabilizarão a

concretização da estratégia empresarial (Carbone, Brandão, Leite & Vilhena, 2009). Esse

modelo de avaliação com foco em competências permite que os empregados estejam mais

comprometidos com seu próprio autodesenvolvimento, além de facilitar o entendimento

sobre as necessidades e exigências do trabalho (Bergamini, 2012).

A Figura 5 ilustra as principais fases do processo de gestão de por competências e

possibilita constatar a sua relação com a gestão de desempenho. É um processo contínuo

Page 49: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

47

em que as metas são definidas de acordo com os objetivos constantes na estratégia

empresarial (Brandão & Bahry, 2014).

Figura 5. Processo de gestão do desempenho baseado nas competências, Fonte: Brandão e Bahry (2005, p. 181).

Desenvolvimento de competências

Captação de Competências

Formulação da estratégia

organizacional

Mapeamento das competências

Estabelecer indicadores

de desempenho

e metas

Inventariar as competências

existentes

Identificar as competências necessárias

Selecionar competências

externas

Definição Missão, Visão de futuro e

Objetivos Estratégicos

Mapear o gap de competências e planejar a

captação e/ou o desenvolvimento

Admitir, alocar e integrar

Definir mecanismo de

desenvolvimento

Disponibilizar e orientar

aproveitamento

Retribuição

Acompanhamento e Avaliação

Comparar resultados alcançados com

resultados esperados

Acompanhar e apurar os resultados alcançados

Remunerar por competências

Reconhecer e premiar o bom desempenho

Page 50: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

48

A segunda etapa desse processo é o mapeamento das competências que, de acordo

com Carbone et al. (2005), objetiva identificar a lacuna entre as competências necessárias

para concretizar a estratégia formulada e as competências já disponíveis na organização.

Ao construir um modelo de competências, a organização deve elaborar um dicionário de

competências específico e descrever, de forma detalhada, os comportamentos associados a

cada uma das competências consideradas necessárias para alcançar o desempenho

satisfatório (Audenaert, Vanderstraeten, Buyens & Desmidt, 2014).

Sendo assim, as competências individuais devem estar alinhadas com a estratégia

organizacional e especificidades do negócio. O mapeamento realizado de forma

desalinhada da dimensão organizacional pode gerar competências individuais genéricas a

serem utilizadas nos processos de gestão de pessoas, mas que não serão suficientes para

possibilitar a articulação necessária desses subsistemas à estratégia empresarial (Botelho,

2010).

Segundo Brandão e Guimarães (2001), a captação refere-se à possibilidade de a

empresa selecionar competências externas e fazer a integração ao ambiente organizacional.

Outra forma de obter as competências mapeadas é implantar ações para viabilizar o

desenvolvimento das competências internas.

Na etapa de acompanhamento e avaliação, é feito o monitoramento das atividades

executadas por meio dos indicadores de desempenho, visando corrigir eventuais desvios.

Ao final do ciclo, é feita a comparação entre o que foi alcançado com as metas

previamente definidas. Esse monitoramento e a realização de feedbacks periódicos são

fundamentais para o sucesso da administração do desempenho (Martone, 2003).

Finalmente, na etapa de retribuição, a organização pode utilizar as informações

resultantes desse processo para reconhecer, premiar e remunerar conforme a contribuição,

para executar o que foi planejado, reforçando os comportamentos desejados e inibindo os

Page 51: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

49

desvios ocorridos (Brandão & Bahry, 2014). Ainda a respeito da etapa de retribuição,

Barbosa (2003) acredita que as recompensas não devem se vincular às capacidades

individuais, mas aos resultados que a aplicação desses recursos irá gerar para a

organização.

Dutra (2004) propõe a utilização da matriz representada na Figura 5 com sugestões

de ações de acordo com a avaliação do empregado, para potencializar desenvolvimento das

capacidades individuais, aumentando as possibilidades de crescimento profissional. O eixo

X representa a performance e o eixo Y as habilidades técnicas.

Figura 6. Matriz de endereçamento para desenvolvimento e movimentação. Fonte: Dutra (2004).

Des

envo

lvim

ento

in

icia

l

Ate

nde

parc

ialm

ente

S

uper

a

Requer prioridade para capacitação técnica exigida para o programa e diálogo sobre

perspectivas.

Analisar causas das dificuldades em

relação à entrega e fatores ligados a

relacionamentos e motivação.

PARCIALMENTE ADEQUADO

ADEQUADO Requer diálogo com o

líder sobre perspectivas de futuro. Analisar possibilidade de oferecer atribuições

mais complexas.

MUDANÇA Preparar para assumir

atividades mais desafiadoras.

ATENÇÃO Recomenda-se ao líder reavaliar a

adequação do perfil do integrante para o

programa ou área de atuação.

Requer prioridade nas ações de capacitação técnica e diálogo com

o líder sobre a performance atual e

perspectivas.

Desenvolver ações para aprimorar

habilidades técnicas.

Desenvolver ações imediatas para cobrir necessidades técnicas.

Requer diálogo imediato com o líder para feedback sobre a

performance atual, complementando com a definição das ações

de capacitação técnica.

Requer orientação do líder quanto às suas

expectativas de entrega.

Preparar o profissional para assumir novas

posições e desafios no futuro próximo.

Investir em capacitação técnica para assumir novas posições no futuro

próximo.

Requer ação imediata para aprimorar os

requisitos técnicos e diálogo com o líder

sobre as expectativas de entrega.

Recomenda-se discutir plano de

desenvolvimento para acelerar suas entregas.

Desenvolvimento inicial Atende

parcialmente Atende Supera

Ate

nde

Page 52: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

50

Alto

M

édio

B

aixo

9 8 6

7 5 3

4 2 1

Desempenho

Pot

enci

al /

Com

port

amen

to

Baixo Médio Alto

Outra forma de classificar as pessoas de acordo com os resultados apresentados é a

ferramenta denominada matriz nine Box, ilustrada na Figura 7. Assim como Carrara

(2013), que menciona que as publicações sobre essa ferramenta recomendam o seu uso,

mas não apresentam fundamentação teórica e conceitual consistentes, percebeu-se, na

busca realizada na literatura para fins deste estudo, que existem poucas referências sobre

essa ferramenta.

Charam, Drotter, Droteer e Noel (2009) aludem à utilização da matriz nine box na

General Eletric como ferramenta para mensurar o desempenho atual dos executivos em

relação ao potencial futuro. A ferramenta é composta de um eixo horizontal, que avalia a

entrega dos resultados, e um eixo vertical, que avalia o comportamento apresentado no

trabalho ou potencial para exercer novas funções. São nove possibilidades de classificação

dos empregados combinando a avaliação nos dois fatores no nível baixo, médio ou alto.

Figura 7. Matriz nine box. Fonte: Carrara (2013).

Page 53: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

51

Carrara (2013) acrescenta que é prevista a formação de comitês de desenvolvimento

de pessoas, com a finalidade de reduzir a subjetividade no processo de avaliação. Eles são

responsáveis por indicar o quadrante em que o profissional deverá ser enquadrado,

conforme parâmetros previamente estabelecidos pela organização.

Os empregados avaliados nas posições 1, 2 ou 3 da matriz podem representar

diferencial para a organização; empregados avaliados nas posições 4, 5 e 6 são

considerados os mantenedores da empresa; e os enquadrados nas posições 7, 8 ou 9 devem

ser desenvolvidos para viabilizar mudança de posição ou serem desligados após análise de

cada situação (Carrara, 2013).

Leme (2014) preleciona que uma vantagem dessa ferramenta é permitir a

visualização da avaliação do desempenho dos empregados de forma clara, simples e

objetiva, além de possibilitar melhor entendimento do feedback, contribuindo, assim, para

o desenvolvimento das pessoas. O autor propõe a interpretação de cada box da matriz,

sugerindo ações conforme a classificação obtida pelo empregado: desenvolver na função,

acompanhamento/substituição, identificação de fatores que geram determinada situação e

talentos que podem ser preparados para assumirem novas funções.

Para reduzir a subjetividade na utilização da ferramenta, Leme (2014) propõe uma

visão diferente da matriz nine box, que tem os eixos potencial e desempenho e sugere a

utilização da ferramenta com o cruzamento de competência e entrega. A justificativa do

autor é de que o potencial que um empregado tem pode não se concretizar em uma ação; e

que avaliar desempenho não é avaliar a competência.

Essas metodologias de gestão do desempenho consideram duas perspectivas para

avaliar os empregados: resultado e comportamentos no trabalho. Nesse sentido, Pontes

(2010) recomenda a aplicação simultânea da avaliação por competências e da avaliação

dos resultados. O autor observa que a avaliação de desempenho por competências pode

Page 54: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

52

mensurar competências técnicas e comportamentais, sendo mais comum sua aplicação para

avaliar as competências comportamentais com a finalidade mais relevante de desenvolver

competências individuais sem vinculação direta com o cumprimento das metas

organizacionais. Para Brandão et al. (2008), as organizações, em geral, têm procurado

utilizar modelos de gestão do desempenho que ofereçam condições para avaliar ação e

resultado concomitantemente. Isso porque a ação por si só não garante o resultado e as

pessoas devem agir de forma adequada para atingir os objetivos almejados.

Do mesmo modo, Sonnentag & Frese (2002) reconhecem que existe a possibilidade

de avaliar o desempenho sob o foco comportamental, que enfatiza as ações relevantes para

gerar resultado, ou sob o foco em resultados, que enfatiza os resultados decorrentes das

ações para mensurar a relevância das realizações dos indivíduos no trabalho. Os autores

mencionam que, apesar de ser difícil descrever o aspecto comportamental do desempenho

desvinculado do cumprimento das metas, é fundamental que sejam observadas outras

variáveis além dos resultados na avaliação, porque existe a possibilidade de interferência

de fatores externos ao indivíduo no desempenho do empregado, tais como suporte de pares

e da chefia.

Leme (2006) relaciona quatro perspectivas da avaliação de desempenho com foco em

competências. A perspectiva técnica, que corresponde ao conhecimento e habilidade para

executar determinada atividade; a perspectiva comportamental, que consiste nas atitudes; a

perspectiva de resultado relacionada ao cumprimento dos objetivos empresariais; e a

perspectiva de complexidade, que se refere à responsabilidade exigida pelo cargo ou

função desempenhada pelo empregado. O autor menciona que a avaliação de desempenho

considerando essas quatro perspectivas permite verificar a entrega do indivíduo à

organização.

Page 55: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

53

Fernandes (2006) também admite que, ao tratar de desempenho, é necessário

considerar outras dimensões além dos resultados financeiros que interferem no alcance das

metas econômicas, como ilustrado na Figura 8:

Figura 8. Relações entre competências e desempenho. Fonte: Fernandes (2006).

A empresa pode obter desempenho sustentável e superior se as competências

organizacionais resultarem da combinação adequada dos recursos. As competências

individuais, a serem aperfeiçoadas pela área de gestão de pessoas, são consideradas recurso

essencial e, ao mesmo tempo, instância que exerce a função de mobilizar e coordenar os

demais recursos para gerar vantagem competitiva. Deve-se destacar a relevância das

competências gerenciais no processo de formação das competências (Fernandes, 2006).

Fernandes (2013) descreve a avaliação de competências como um processo

abrangente, pelo fato de avaliar, com a periodicidade necessária, se o profissional

apresenta as competências/entregas e também as capacidades exigidas num determinado

nível de complexidade e carreira. Para Wood e Picarelli (2004), essa avaliação é realizada

por meio de uma escala com diferentes níveis de proficiência de acordo com as ações e

resultados atingidos pelo empregado. Os autores consideram que a avaliação 360 graus é

Fatores ambientais Desempenho organizacional

Competências Organizacionais

Recurso 1

Recurso 2

Recurso n

Competências humanas

Gestão de Pessoas

Page 56: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

54

mais recomendada, porque é estruturada para considerar a relação entre profissionais em

todas as direções. Nas empresas que ainda não possuem cultura de avaliação ou que

passaram ou estão passando por processo de mudança com a implementação de um sistema

de remuneração e carreira por competências, os autores mencionam que a utilização de

comitês de avaliação é vantajosa, pelo fato de proporcionar o compartilhamento de

responsabilidade e redução da subjetividade, por considerar diversas percepções.

Bandão (2012) menciona que o processo de avaliação por competência visa mensurar

os indicadores de desempenho que correspondem à expressão de comportamentos

associados às competências consideradas relevantes para a organização observadas no

trabalho. Esse modelo de avaliação se mostra promissor para a diminuição da subjetividade

de algumas formas de avaliação de desempenho, por estabelecer indicadores baseados em

competências comportamentais (Remedio & Engelman, 2009).

Sendo assim, a avaliação é realizada procurando-se determinar o quanto o

comportamento expresso pelo avaliado se aproxima ou se distancia das expectativas ou

padrões comportamentais (competências desejadas) (Brandão, 2012).

Outra função da gestão de desempenho é detectar, por meio do monitoramento das

avaliações realizadas pelos subordinados, possíveis erros no processo de seleção de

empregados para o exercício de funções de natureza gerencial e necessidades de

desenvolvimento desses gestores (Pontes, 2010).

Concluiu-se que no processo de gestão de desempenho por competências devem ser

seguidas algumas etapas. Na definição das metas a serem cumpridas, gestor e subordinado

analisam e acordam os objetivos de acordo com o desdobramento do planejamento

estratégico da organização. Definidas as metas, verificam-se quais competências são

necessárias para atingir os resultados esperados e é traçado um plano de desenvolvimento

que visa minimizar as lacunas identificadas. Posteriormente, o gestor deve realizar

Page 57: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

55

reuniões periódicas para acompanhar desempenho do funcionário. Finalmente, em datas

previamente determinadas, gestor e subordinado devem analisar os resultados obtidos e a

influência das competências e características pessoais na realização do que foi previamente

contratado. Nessa reunião serão definidas as metas para o período seguinte e um plano de

desenvolvimento. O objetivo de um processo de análise de desempenho deve ser

desenvolver pessoas, e não julgá-las (Bitencourt, 2010).

Page 58: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

56

3 O Caso em Estudo

Trata-se de uma instituição financeira que atua na prestação de serviços bancários

como concessão de empréstimos, financiamentos e poupança.

Com a finalidade de resguardar a identidade da instituição a ser pesquisada, foi

adotado o nome fictício Banco Verde e Amarelo. Na sequência, serão descritos o modelo

de gestão por competências, gestão do desempenho, o sistema de avaliação de resultados

financeiros e/ou operacionais da empresa em estudo e dados da pesquisa de clima realizada

pelo banco.

3.1 O modelo de gestão por competências

O modelo de competências foi criado para facilitar o alcance da sua missão, visão e

objetivos empresariais, além de subsidiá-la no provimento das funções gratificadas, no

desenvolvimento e trajetória profissional dos empregados e nas demais ações de gestão de

pessoas.

O modelo foi revisado recentemente, para torná-lo mais aderente aos diferentes

contextos de trabalho existentes e alinhá-lo às melhores práticas existentes no mercado. A

revisão do modelo teve como premissa a utilização das estratégias da instituição,

traduzidas no plano estratégico, para definir as competências e os comportamentos de

entrega diferenciados de acordo com a complexidade das atribuições do cargo/função e

também para integrá-lo aos processos de gestão de pessoas.

As práticas de gestão de pessoas como ações de desenvolvimento e avaliação do

desempenho são realizadas de acordo com a análise da lacuna entre as competências

mapeadas e as competências definidas no modelo da organização.

Page 59: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

57

As competências corporativas são definidas de acordo com o planejamento

estratégico e as competências individuais decorrem das competências corporativas e da

aplicação das capacidades na realização do trabalho gerando desempenho.

Cada competência possui os comportamentos de entrega associados que irão indicar

se o empregado mobiliza ou não determinada competência. As competências e

comportamentos de entrega variam em níveis de complexidade. Supervisores,

coordenadores e alguns gerentes compõem o grupo de funções correspondentes aos

gerentes de equipes que será objeto da pesquisa. As atribuições principais são

planejamento, gestão da equipe, atendimento a clientes e coordenação da realização das

atividades.

As competências fundamentais esperadas para o exercício das funções gratificadas de

natureza gerencial são liderar pelo exemplo, ter conhecimento profundo dos assuntos sob

sua gestão, identificar necessidades de desenvolvimento e aperfeiçoamento de si mesmo e

da sua equipe, atuar como dono da empresa, colocar o cliente em primeiro lugar e

promover ambiente favorável à inovação.

A Tabela 5 relaciona as seis competências definidas no modelo (bloco 1 do

questionário) e os comportamentos de entrega associados a cada uma delas (bloco 2 do

questionário):

Page 60: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

58

Tabela 5 Competências e respectivos comportamentos de entrega dos gestores de equipe no Banco Verde e Amarelo

Competência Comportamentos de Entrega

Lidera pelo exemplo 1. É agente de mudanças e lidera pelo exemplo. 2. Tem bom relacionamento interpessoal com clientes, parceiros e empregados. 3. Inspira as pessoas ao resguardar a imagem da empresa. 4. Contribui para um clima favorável ao alcance dos resultados.

Domina seus assuntos

1. Esclarece plano de ação para a equipe com o objetivo de implantar a estratégia organizacional. 2. Recomenda mudanças nas atividades para aproveitar oportunidades. 3. Toma decisões após análise das informações relativas ao processo em que

atua.

Desenvolve a si mesmo e à equipe

1. Diagnostica e estabelece ações adequadas para seu próprio desenvolvimento e da equipe. 2. Favorece clima harmonioso na equipe. 3. Busca autodesenvolvimento de acordo com as necessidades da sua unidade. 4. Delega atividades com responsabilidade. 5. Promove a formação de sucessores no âmbito da sua equipe.

Atua como dono da empresa

1. Mobiliza equipe, gestor ou outras unidades visando concretização do planejado, a produtividade e o controle dos custos. 2. Monitora indicadores de desempenho e solicita a participação da equipe no

alcance das metas. 3. Administra de acordo com os objetivos estratégicos da unidade. 4. Pratica gestão participativa.

Foca o cliente 1. Comunica de maneira eficaz ao cliente a respeito das demandas sob sua responsabilidade. 2. Propõe soluções para atender às necessidades dos clientes. 3. Acompanha as atividades sob sua gestão e atua oportunamente visando à

satisfação do cliente. 4. Percebe oportunidades no atendimento a clientes que geram impacto sobre o

resultado da sua unidade.

Incentiva e pratica a inovação

1. Percebe oportunidades de inovação no âmbito de sua equipe. 2. Cria ambiente propício à inovação. 3. Pratica a inovação

Fonte: elaborado e adaptado pela autora conforme modelo de competências do Banco Verde e Amarelo. Nota: Com a finalidade de manter sigilo quanto à identidade de instituição pesquisada, os comportamentos de entrega foram reescritos. Foram utilizadas palavras similares de forma a manter o mesmo significado dos comportamentos originais.

3.2 O modelo de gestão de desempenho, o sistema de avaliação de resultados

financeiros e/ou operacionais e dados da pesquisa de clima organizacional

Foi realizada pesquisa de mercado pela empresa em estudo, com o intuito de

conhecer as melhores práticas relacionadas ao processo de gestão do desempenho. A

Tabela 6 apresenta os pontos de destaque dos modelos de grandes organizações:

Page 61: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

59

Tabela 6 Pesquisa de mercado: pontos de destaque do modelo de gestão de desempenho

Ramo de atuação Pontos de destaque do modelo de gestão do desempenho Instituição financeira brasileira

• Gestão de desempenho por competências e resultados, com pesos diferenciados entre as dimensões. • Alimenta um placar individual de desempenho e um sistema para identificação de talentos e oportunidades.

Instituição financeira brasileira

• A avaliação de desempenho individual se dá com foco em resultados • A avaliação de competências é utilizada como medida de potencial para a identificação de talentos, em conjunto com o desempenho individual

Instituição financeira brasileira

• Acordo de metas no início do ano com cada empregado, a partir do desdobramento dos objetivos organizacionais, com possibilidade de revisão das metas ao final do primeiro semestre. • Identificam talentos a partir do cruzamento da avaliação de desempenho individual com a avaliação de potencial.

Instituição financeira brasileira

• Avaliação de desempenho formal considerando o que e o como os empregados realizam o trabalho. • Identificam talentos com base em princípios meritocráticos.

Empresas de outros setores

• Duas avaliações diferentes para medir o desempenho do gestor em relação aos objetivos em termos de negócio e pessoas.

Empresas de outros setores

• Todos os empregados avaliam seus gestores em um sistema informatizado, visível para toda a companhia

Empresas de outros setores

• Avaliações de gestão de pessoas e negócios são feitas de forma sincronizada, mas independente. • Sistemas são preparados para avaliar o desempenho individual.

Empresas de outros setores

• Avaliação de competências uma vez ao ano e de desempenho, duas vezes. • Mensura desempenho em projetos-chave, comparando com concorrentes.

Empresas de outros setores

• Cada empregado elege os 20 colegas que mais trouxeram valor à companhia. • Ranking é utilizado no cálculo da recompensa variável.

Fonte: elaborado pelo Banco Verde e Amarelo. Nota: com a finalidade de manter sigilo quanto à identidade de instituição pesquisada, os nomes das empresas foram omitidos.

Acompanhando a tendência de mercado, a gestão do desempenho na empresa é feita

em conformidade com o planejamento estratégico e com o modelo de gestão por

competências e permite que os empregados percebam sua responsabilidade em buscar os

resultados sustentáveis. O desempenho esperado é o alcance dos resultados estabelecidos

observando as competências e comportamentos de entrega associados definidos no modelo

de competências da organização.

O resultado final da avaliação de desempenho consiste na classificação do gerente

avaliado em uma matriz de desempenho semelhante à matriz nine box apresentada na

revisão da literatura sobre gestão do desempenho, que considera o percentual de resultado

Page 62: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

60

alcançado pelo empregado e como esse resultado foi atingido (atuação em conformidade

com o modelo de gestão por competências). O empregado pode ser classificado como

incipiente, emergente, eficaz, superior ou excepcional.

A atuação esperada dos gestores da organização é expressa nas competências

fundamentais esperadas para o exercício de funções dessa natureza. A sistemática de

avaliação é realizada anualmente com base nas competências e de acordo com o grau de

capacidade estabelecido para a função gratificada/cargo comissionado do avaliado.

A aderência dos comportamentos apresentados aos comportamentos requeridos é

feita por até cinco grupos de avaliadores: pelo gestor imediato, pelo próprio empregado

(sem peso na avaliação, utilizada somente para realização do feedback), pelos pares

(gestores subordinados ao mesmo gestor imediato do avaliado), pelo grupo de

relacionamento (gestores de unidade de outras áreas, não subordinadas ao avaliado, com as

quais mantêm relacionamento direto) e pela equipe. As avaliações dos gestores e equipe

têm peso quatro e as avaliações de pares e do grupo de relacionamento têm peso 1.

A classificação das unidades em relação aos resultados obtidos se dá por meio de um

sistema com indicadores que podem assumir pesos diferentes de acordo com o

direcionamento estratégico da instituição. Para as agências, os critérios de avaliação são

padronizados e as metas podem variar considerando as especificidades do mercado em que

atua. Para as unidades administrativas ou áreas-meio, o sistema apresenta a performance

dos indicadores dos processos em que a unidade estiver inserida.

O processo de avaliação dos resultados dos gerentes de equipe em fase de

implantação em 2015 prevê o cumprimento das metas do sistema mencionado e também a

negociação de até três acordos de desempenho, que correspondem a 70% da nota do item

resultado.

Page 63: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

61

A gestão do clima organizacional na empresa em estudo foi implementada em 2005 e

é definida como um conjunto de práticas de gestão com a finalidade de promover um

ambiente de trabalho que proporcione bem-estar, fortalecer a identificação dos empregados

com a empresa e aumentar a produtividade das equipes.

A pesquisa de clima organizacional é aplicada bienalmente, influencia e é

influenciada pelas ações dos gestores e pode gerar consequências nos resultados

financeiros e/ou operacionais das unidades de negócio. Ela revela como os empregados

avaliam a gestão e o ambiente da empresa. A última pesquisa foi aplicada no período de

05/06/2014 a 15/08/2014.

Entre os itens avaliados na pesquisa de clima, interessa analisar a avaliação feita

pelos empregados de agências/áreas-meio vinculadas à filial de gestão de pessoas Belo

Horizonte sobre os itens relativos ao fator liderança, que inclui a percepção dos

participantes sobre seu gestor imediato nos itens relacionados na pesquisa.

O empregado avalia seu gestor conforme a relação apresentada na Tabela 7. As notas

variam de um a cinco, sendo que, quanto mais próxima de cinco, melhor é a avaliação do

item.

Page 64: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

62

Tabela 7 Notas por itens do fator relacionamento com a chefia da pesquisa de clima

Itens do fator Liderança Média 1 – Tem conhecimento das atividades sob sua gestão 4,08 2 – Mantém a equipe informada sobre os objetivos estratégicos da empresa 4,02 3 – Comunica sobre as expectativas em relação ao meu trabalho 3,81 4 – Promove ações com o objetivo de melhorar o clima 3,47 5 – Busca superar as expectativas dos clientes 3,79 6 – Age com foco no cliente 3,90 7 – Elogia pessoalmente quando um empregado realiza um trabalho de destaque 3,78 8 – Mobiliza a equipe para operacionalização da estratégia e obtenção de resultados 3,84 9 – Gerencia pelo exemplo 3,64 10 - Inspira outros(as) com seus planos para o futuro na empresa 3,43 11 – Faz gestão participativa 3,51 12 - É acessível 4,20 13 - Considera os sentimentos dos membros da equipe 3,75 14 - Favorece a colaboração entre os grupos de trabalho 3,76 15 - Atua de acordo com as diretrizes da organização 4,21 16 - Clarifica as estratégias organizacionais 3,87 17 – Elogia membros da equipe publicamente 3,74 18 – É entusiasmado e motivado 3,72 19 – Promove o trabalho em equipe objetivando atingir os resultados 3,73 20 - É receptivo(a) às críticas 3,56 21 – Percebe de forma clara os rumos tomados pela equipe 3,80 22 - Fornece feedback visando ao desenvolvimento da equipe 3,37

Média do fator liderança 3,77 Fonte: pesquisa de clima elaborada pela empresa.

A empresa considera como excelente (ponto forte) se a avaliação de determinado

fator estiver entre quatro e cinco; favorável (oportunidade de melhoria) se estiver entre três

e 3,99; desfavorável (desafio) se estiver entre dois e 2,99; e crítico (necessidade de atenção

imediata) se estiver entre um e 1,99. De acordo com essa classificação, o fator liderança é

considerado pela empresa como favorável e merece atenção por representar uma

oportunidade de melhoria.

A empresa realiza um diagnóstico corporativo a partir dos resultados da pesquisa

além da elaboração de um plano de ações de melhorias, tanto em nível corporativo, como

em cada unidade em particular.

Page 65: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

63

4 Metodologia de Pesquisa

Este item apresenta a metodologia utilizada na realização da pesquisa e na análise dos

dados. São descritos o método de pesquisa escolhido, as unidades empíricas de análise e de

observação e a estratégia para coleta, tratamento e análise dos dados.

4.1 Método de pesquisa

O método de pesquisa escolhido é o estudo de caso único em um banco brasileiro,

porque a proposta é fazer uma investigação em determinada empresa com o objetivo de

analisar um fenômeno num contexto específico (Meyer, 2001). Considerando o objetivo

deste estudo de avaliar a existência de relação entre a mobilização das competências

definidas no modelo da instituição pesquisada e os resultados empresariais, optou-se pelo

estudo de caso, por ser uma estratégia de pesquisa que pode ser utilizada em estudos

organizacionais e gerenciais (Eisenhardt, 1989), com o objetivo de analisar profundamente

uma unidade (Triviños, 1987).

É geralmente utilizada para responder questões do tipo como e por que, quando se

tem pouco controle sobre as situações e quando o objetivo é estudar um fenômeno inserido

numa situação da vida real (Yin, 2001).

As variáveis em estudo se relacionam conforme modelo na Figura 9:

Page 66: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

64

Figura 9. Relação entre as variáveis da pesquisa. Fonte: elaborado pela autora, adaptado de Fleury e Fleury (2006).

O esquema sugere que os resultados empresariais decorrem da estratégia

organizacional. As competências gerenciais, tipo específico de competência individual, são

definidas a partir das competências organizacionais necessárias para a execução da

estratégia organizacional. Dessa forma, a gestão de pessoas constitui ação crítica para

prover a organização de competências que viabilizam suas estratégias (Fernandes, 2013).

A mobilização das competências gerenciais entendidas pela empresa como necessárias à

consecução da estratégia é avaliada a partir dos comportamentos associados a cada uma

das competências gerenciais. Parte-se do pressuposto de que as realizações no trabalho

teriam mais chances de gerar resultados sustentáveis e em sintonia com os objetivos

estabelecidos se houvesse a mobilização das competências constantes no modelo.

Quanto ao nível de explicação, este estudo pode ser caracterizado como descritivo

pois objetiva a descrição de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de

relações entre variáveis (Gil, 2002). Os estudos descritivos, com aplicação frequente de

coleta de dados quantitativos, visam descobrir e classificar relação entre variáveis e

investigar a relação de causalidade entre fenômenos ou população (Richardson, 1985).

Insumos

Comportamentos de entrega

Desempenho profissional

Realizações

Resultados

Competências

gerenciais

Competências

Estratégia

organizacional

Page 67: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

65

4.2 Unidades empíricas de análise e unidades de observação

Foi necessário extrair uma amostra da população em estudo considerando o tamanho

da população, o tempo e a capacidade de processamento dos dados (Roesch, 1999).

A regional de gestão de pessoas de Belo Horizonte atende a 408 unidades com

10.013 empregados. Foram selecionadas agências/áreas-meio com alta performance

financeira/operacional no sistema de avaliação institucional em 2014 para testar a hipótese

de existência de relação positiva entre as agências/áreas-meio que têm gerentes com as

competências esperadas e os resultados obtidos.

Para classificar determinada unidade como sendo de alta performance, investigou-se

no sistema de apuração mensal das metas se o resultado positivo se manteve por seis meses

ou mais durante o ano de 2014. Utilizando esse critério, foram selecionadas 23 agências e

16 unidades administrativas.

A empresa apresenta em seu modelo de gestão por competências três grupos de

gerentes conforme o grau de complexidade exigido para o exercício do cargo. Dutra (2004)

menciona que o nível de mobilização das competências deve ser diferente de acordo com o

grau de complexidade das atividades. Sendo assim, optou-se por escolher somente um

nível gerencial como público-alvo da avaliação para não haver diferenciação nos níveis de

capacidades exigidos em cada um dos comportamentos de entrega definidos no modelo de

competências institucional. O grupo de gerentes avaliados foi o correspondente ao dos

gestores de equipe, que inclui as funções gratificadas de coordenadores, supervisores e

alguns gerentes.

Foram excluídas oito áreas-meio de alta performance (retaguarda de agência) porque

a maioria dos empregados trabalha em localidade diferente de seu gestor, o que dificulta a

Page 68: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

66

percepção e avaliação sobre a mobilização dos comportamentos de entrega pelos gerentes

de equipe.

Diante do exposto, considerou-se o que Gaskell (2002) afirma sobre a seleção dos

participantes que, em qualquer pesquisa empírica, deve estar sintonizada com os objetivos

da pesquisa. Deve ser feita uma avaliação em busca de participantes que possam contribuir

para a compreensão do que está sendo investigado.

Em abril de 2015, a população de empregados lotados numa das 23 agências ou 16

unidades administrativas consideradas de alta performance, conforme critérios já

apresentados, era de 1.025, que correspondem aos empregados subordinados a gestores de

equipe (empregados sem função gerencial ou empregados detentores de função gerencial

subordinado a um gestor de equipe). Considerando a população de 1.025 empregados, foi

necessário obter uma amostra mínima de 240 avaliadores.

Tabachnick & Fidell (1989) e Pasquali (2005) recomendam que o número de

respondentes deve ser no mínimo cinco vezes o número de variáveis observadas. Neste

estudo, como o número de questionários respondidos foi 241 (superior a cinco vezes o

número de variáveis observadas, que totalizam 29), considerou-se este um bom número

para posterior tratamento estatístico dos dados.

Page 69: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

67

4.3 Estratégia de coleta de dados

Esta pesquisa privilegiou como estratégia de coleta e análise de dados a quantitativa,

buscando traduzir em números as opiniões e informações. Ela permite a realização de teste

de hipóteses e generalizações por meio do uso de técnicas estatísticas (Oliveira, 2011).

Essa foi considerada a estratégia que melhor atenderia, pois foi necessário efetuar testes e

cruzar os dados resultantes da pesquisa com os resultados financeiros e/ou operacionais

obtidos nas unidades consideradas como sendo de alta performance.

Segundo Martins e Theóphilo (2009), o questionário é indicado para o estudo de

relações entre variáveis estudadas em situações naturais. O questionário elaborado para uso

nesta pesquisa está dividido em dois blocos. O primeiro bloco apresenta a relação das seis

competências mapeadas pela organização, com a finalidade de averiguar a validade do

modelo definido na percepção dos subordinados dos gerentes que serão avaliados. O

respondente deveria informar em que grau as competências mapeadas realmente são

demandadas para o exercício da função do gerente avaliado, numa escala Likert de cinco

pontos, sendo um (pouco demandada) até cinco (muito demandada).

O segundo bloco do questionário é composto de escala Likert formada por cinco

pontos, com estrutura similar ao já utilizado para realização de pesquisas de clima na

instituição em estudo. O intuito é facilitar a percepção dos empregados sobre a mobilização

pelos gestores de equipe quanto aos 23 comportamentos de entrega associados às

competências mapeadas (Apêndice A – convite para participação em pesquisa e

questionário de pesquisa).

Num primeiro momento, foi realizado um pré-teste com sete empregados, com o

objetivo de identificar possíveis falhas e obter sugestões sobre o instrumento. Em seguida,

foram feitas algumas alterações para que o mesmo se tornasse mais claro a partir das

Page 70: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

68

sugestões de melhorias recebidas. O objetivo do pré-teste é aumentar a confiabilidade e

validade ao permitir que sejam realizados os ajustes eventualmente necessários para atingir

a finalidade da pesquisa (Martins & Theóphilo, 2009).

A pesquisa foi realizada no período entre 18/05/15 e 19/06/15. Foram enviados

convites para participação na pesquisa, explicando os principais objetivos do estudo. O

envio dos convites e do questionário (Apêndice A – Convite para participação em pesquisa

e Questionário de pesquisa) ocorreu por meio do malote interno da empresa, em envelope

lacrado e endereçado diretamente aos participantes, sem contato direto com o pesquisador.

A participação foi voluntária, respeitando o direito de privacidade porque o questionário

não possui campo de identificação do respondente e garantindo que as informações

prestadas não serão utilizadas para outra finalidade.

Richardson (2010) lembra que é fundamental que a pesquisa cumpra os requisitos de

confiabilidade e da validade. Nesse sentido, é importante utilizar mais de uma fonte de

informação. A coleta de dados documental, fonte secundária, compreendeu a análise do

conjunto de documentos e registros da empresa pesquisada, como dados funcionais dos

empregados, normativos que descrevem políticas, métodos e ferramentas de gestão de

pessoas, sistemas e aplicativos internos, indicadores de desempenho e resultado da última

pesquisa de clima organizacional.

4.4 Tratamento e análise dos dados obtidos

Foi utilizada a análise fatorial com o objetivo de verificar se os comportamentos

(bloco 2 do questionário de pesquisa) poderiam ser reduzidos às seis competências

gerenciais mapeadas pelo banco (bloco 1 do questionário de pesquisa).

Page 71: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

69

Em seguida, são apresentadas as estatísticas descritivas (médias e desvio-padrão)

das notas atribuídas pelos respondentes nos blocos 1 e 2 do questionário. Foi utilizada a

técnica Chi-Square Automatic Interaction Detector (CHAID) para comprovar a existência

de diferenças significativas entre as competências gerenciais e a função gratificada

exercida pelo gestor avaliado.

A análise de cluster teve por objetivo agrupar os respondentes de acordo com as

avaliações realizadas para as seis competências. Posteriormente, aplicou-se novamente a

técnica CHAID, para investigar a existência de relacionamentos entre os grupos criados,

por meio da análise de cluster e o nível hierárquico do gestor avaliado.

Para identificar o grau de relacionamento entre o nível em que as competências

mapeadas são demandadas e a efetiva manifestação dos comportamentos associados a

essas competências pelos gestores, foi realizada a análise de correlação.

O índice geral das competências entregues foi obtido a partir do emprego da técnica

de modelagem de equações estruturais. Por fim, as informações obtidas por meio da

pesquisa de clima realizada pela instituição foram utilizadas buscando-se relacioná-las aos

dados obtidos nesta pesquisa.

A Tabela 8 sintetiza os objetivos da pesquisa e a respectiva técnica utilizada para

tratamento e análise dos dados.

Page 72: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

70

Tabela 8 Objetivos e respectivas técnicas para tratamento e análise dos dados

Objetivos específicos desta pesquisa Técnica utilizada Verificar aderência do modelo de competências às atribuições exercidas pelos gerentes na percepção dos subordinados e relacionar com as competências apresentadas nas unidades de alta performance.

- Estatística descritiva – Tabela 5 - Estatística descritiva – Tabela 13 - Análise de correlação entre o nível que as competências gerenciais são demandadas e sua efetiva mobilização – Tabela 16

Analisar a relação entre as competências apresentadas pelos gerentes e os resultados financeiros e/ou operacionais.

- Índice geral das competências obtido por meio do modelo de equações estruturais - Estatística descritiva – Tabelas 6 a 12

Identificar possíveis gaps existentes nas competências apresentadas pelos gerentes de equipe em relação àqueles presentes no modelo de gestão por competências de acordo com a visão dos subordinados.

- Estatística descritiva – Tabelas 6 a 12 - Análise pesquisa de clima - Análise de cluster por avaliação – Tabela 14

Identificar as competências que se apresentam em maior nível em cada função avaliada.

- Estatística descritiva – Tabelas 21 e 23 - CHAID - Análise de cluster por função gratificada – Tabela 15

Fonte: elaborado pela autora.

Page 73: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

71

5 Apresentação e Análise dos Resultados

Neste capítulo é apresentada a análise dos dados coletados a partir da aplicação dos

questionários e da pesquisa em documentos da empresa.

5.1 Validação do questionário

Para revalidação da escala e sua dimensionalidade para o contexto proposto, optou-se

pela análise fatorial. Análise fatorial é um nome genérico que denota uma classe de

processos empregados essencialmente para redução e sumarização dos dados. Em um

estudo pode haver expressivo número de variáveis, a maioria delas correlacionadas e que

devem ser reduzidas a um nível gerenciável. Estudam-se as relações entre conjuntos de

muitas variáveis inter-relacionadas representando-as em termos de alguns fatores

fundamentais (Malhotra, 2006).

Nesse estudo a análise fatorial está relacionada à redução de dados para confirmar a

relação entre os 23 comportamentos de entrega e as seis competências gerenciais

constantes no modelo de gestão por competências do banco. O objetivo da redução de

dados é descobrir ponderações ótimas para as variáveis mensuradas, de forma que um

grande conjunto de variáveis possa ser reduzido a um conjunto menor de índices sumários

que tenham máxima variabilidade e fidedignidade.

É importante salientar que a análise fatorial requer a realização de um teste de

adequação da amostra (Kaiser-Meyer-Olkin - KMO) bem como o teste de esfericidade de

Bartlett (Malhotra, 2006).

A KMO é uma medida de adequação da amostra. Valores baixos da estatística KMO

indicam que a correlação entre os pares de variáveis não pode ser explicada por outras

Page 74: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

72

variáveis e que o emprego da análise fatorial não é recomendável. Valor do KMO superior

a 0,5 é suficiente para afirmar que a correlação entre os pares de variáveis pode ser

explicada por outras variáveis (Malhotra, 2006). Para Morgan & Griego (1998), o KMO

ideal deveria ser maior que 0,70 para justificar o emprego da análise multivariada. Hair,

Anderson, Tathan e Black (2005) especificam os valores para interpretar os resultados do

KMO, conforme apresentado na Tabela 9:

Tabela 9

Medidas KMO

Valores de KMO Classificação KMO ≥ 0,90 Muito boa

0,80 ≤ KMO < 0,90 Boa

0,70 ≤ KMO < 0,80 Média

0,60 ≤ KMO < 0,70 Razoável

0,50 ≤ KMO < 0,60 Má

KMO < 0,50 Inaceitável Fonte: Hair et al. (2005).

Na Tabela 10 nota-se que o KMO está acima do limite proposto por Morgan &

Griego (1998) para todas as competências. Para o teste de Bartlett, como o valor p

encontrado é inferior a 0,05, existe correlação significativa entre as variáveis. Os valores

do KMO encontrados (todos acima de 0,7) em conjunto com o resultado do teste de

Bartlett (0,000<0,05) indicam a possibilidade de uso da análise fatorial como técnica para

o estudo pretendido.

De tal análise fatorial foi avaliada a unidimensionalidade de cada uma das

competências envolvidas no modelo bem como o nível de consistência interna por meio do

Alfa de Cronbach, de acordo com o especificado por Malhotra (2006). Esse coeficiente é

frequentemente utilizado para verificar a fidedignidade das variáveis constantes de cada

fator (Pasquali, 1998).

Page 75: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

73

Para analisar a validade convergente, Fornell & Larcker (1981) sugerem o uso da

variância extraída (AVE), indicando que deve ter o valor mínimo de 0,5. Valores acima

desse patamar indicam que a variável latente está habilitada a explicar mais de 50% da

variabilidade dos seus indicadores. A variância extraída dos fatores variou de 74,4 a

87,4%, indicando boa representatividade. Todas as competências se mostraram

unidimensionais (possuem apenas um fator extraído) e com Alfa de Cronbach superior a

0,5.

Tabela 10

Medidas KMO, Barlett, Variância extraída e Alfa de Cronbach

Competências gerenciais KMO Bartlett Variância

Extraída (%) Alfa de

Cronbach

Lidera pelo exemplo 0,772 0,000 74,7 0,886 Domina seus assuntos 0,720 0,000 74,4 0,827

Desenvolve a si mesmo e à equipe 0,881 0,000 73,1 0,907

Atua como dono da empresa 0,838 0,000 77,6 0,902

Foca o cliente 0,825 0,000 79,7 0,915

Incentiva e pratica a inovação 0,765 0,000 87,4 0,928 Fonte: dados da pesquisa.

A Tabela 11 demonstra as cargas fatoriais dos 23 comportamentos de entrega

associados a cada uma das seis competências gerenciais mapeadas pelo Banco Verde e

Amarelo (bloco 2 do questionário de pesquisa).

Conforme Hair et al. (2005), as cargas fatoriais acima de 0,3 atingem o nível mínimo,

cargas fatoriais de 0,4 são mais importantes e as maiores que 0,5 são consideradas

estatisticamente significativas. Em todos os comportamentos, as cargas fatoriais se

mostraram estatisticamente significativas.

Page 76: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

74

Tabela 11

Cargas fatoriais: comportamentos de entrega

Competência Comportamentos de entrega Cargas

Fatoriais Lidera pelo exemplo

É agente de mudanças e lidera pelo exemplo 0,860 Tem bom relacionamento interpessoal com clientes, parceiros e empregados 0,832

Inspira as pessoas ao resguardar a imagem da empresa 0,838 Contribui para um clima favorável ao alcance dos resultados 0,918

Domina seus assuntos

Esclarece plano de ação para a equipe com o objetivo de implantar a estratégia organizacional

0,846

Recomenda mudanças nas atividades para aproveitar oportunidades 0,873 Toma decisões após análise das informações relativas ao processo em que atua

0,861

Desenvolve a si mesmo e à equipe

Diagnostica e estabelece ações adequadas para seu próprio desenvolvimento e da equipe

0,918

Favorece clima harmonioso na equipe 0,835 Busca autodesenvolvimento de acordo com as necessidades da sua unidade 0,856 Delega atividades com responsabilidade 0,840 Promove a formação de sucessores no âmbito da sua equipe 0,729

Atua como dono da empresa

Mobiliza equipe, gestor ou outras unidades visando à concretização do planejado, a produtividade e o controle dos custos

0,887

Monitora indicadores de desempenho e solicita a participação da equipe no alcance das metas

0,843

Administra de acordo com os objetivos estratégicos da unidade 0,897 Pratica gestão participativa 0,885

Foca o cliente

Comunica de maneira eficaz ao cliente a respeito das demandas sob sua responsabilidade

0,875

Propõe soluções para atender às necessidades dos clientes 0,889 Acompanha as atividades sob sua gestão e atua oportunamente visando à satisfação do cliente

0,911

Percebe oportunidades no atendimento a clientes que geram impacto sobre o resultado da sua unidade

0,898

Incentiva e pratica a inovação

Percebe oportunidades de inovação no âmbito de sua equipe 0,935

Cria ambiente propício à inovação 0,937 Pratica a inovação 0,930

Fonte: dados da pesquisa.

Concluiu-se, por meio da análise fatorial, que os comportamentos de entrega

constantes no bloco 2 do questionário de pesquisa podem ser reduzidos às seis

competências gerenciais relacionadas no bloco 1 do questionário, de acordo com o modelo

de competências vigente na organização em estudo.

Essa informação pode ser útil para o banco na realização de estudos sobre as

competências. Os dados sugerem que não é necessário incluir os comportamentos de

Page 77: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

75

entrega em pesquisas posteriores na mesma organização, bastando a inclusão das

competências mapeadas.

5.2 Estatísticas descritivas

A função gratificada de coordenador foi a mais avaliada, como se observa na Tabela

12, o que retrata a predominância de gestores de equipe avaliados lotados em unidades

administrativas, pois essa função não é encontrada em agências. As funções de supervisor

e gerente são encontradas em agências e também em unidades administrativas.

Tabela 12 Função gratificada exercida pelo gerentes de equipe avaliados

Função Gratificada Frequência Percentual Gerentes 44 18,3% Coordenadores 137 56,8% Supervisores 60 24,9% Total 241 100,0%

Fonte: dados da pesquisa.

A análise sobre a aderência do modelo de competências foi realizada a partir dos

itens do bloco 1 do instrumento de pesquisa. Se a média das notas atribuídas em cada

competência fosse igual ou superior a três, considerava-se que a competência em avaliação

realmente é exigida para o exercício das funções gratificadas dos gestores de equipe.

A Tabela 13 apresenta a média aritmética e o desvio-padrão com a finalidade de

apurar o grau médio de concordância dos respondentes em relação a cada item e a

distribuição das respostas em torno da média calculada. Quanto maior a média, maior a

aderência da competência para o exercício das atividades do gestor que foi avaliado.

Page 78: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

76

Tabela 13 Estatística descritiva: aderência do modelo de competências (bloco 1 do questionário)

Competências Gerenciais N Mínimo Máximo Média Desvio-Padrão

Lidera pelo exemplo 241 1 5 4,1 1,1

Domina seus assuntos 241 1 5 4,3 1,0

Desenvolve a si mesmo e à equipe 241 1 5 3,9 1,1

Atua como dono da empresa 241 1 5 3,9 1,3

Foca o cliente 241 1 5 4,3 1,0

Incentiva e pratica a inovação 241 1 5 3,7 1,2

Fonte: dados da pesquisa.

Considerando o critério definido neste trabalho para constatar a aderência do modelo

de competências, pode-se dizer que os avaliadores entendem que as competências

estabelecidas no modelo do banco realmente são demandadas para o exercício das funções

gratificadas em análise, pois a média das notas em todas as competências foi superior a

três, com destaque para as competências Domina seus assuntos, Foca o cliente e Lidera

pelo exemplo, que tiveram média superior a quatro. Se todas as competências são

demandadas, considera-se também que os gestores deverão mobilizá-las em alto nível no

exercício de suas atividades, pois o alinhamento entre as competências mapeadas e aquelas

expressas pelos gestores representam um recurso importante para que a organização tenha

vantagem competitiva de acordo com discussão elaborada por Dutra (2004).

É possível perceber também o nível de variabilidade das respostas em torno da média

por meio do cálculo do desvio-padrão. Quanto menor o desvio-padrão, mais homogêneas

são as respostas, sugerindo consenso entre os respondentes. Em uma escala de cinco

pontos, desvios-padrão superiores a um indicam razoável variabilidade nas respostas

(Brandão, 2012).

Houve razoável dissenso entre as avaliações das competências Atua como dono da

empresa e Incentiva e pratica a inovação, indicando que alguns empregados avaliaram

Page 79: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

77

essas competências como muito demandadas, enquanto outros as classificaram como

pouco demandadas para a função avaliada.

Nas Tabelas de 14 a 19 são apresentadas as médias e desvio-padrão de cada um dos

comportamentos de entrega associados às seis competências gerenciais do banco.

Por meio da Tabela 14 visualiza-se que o comportamento mais bem avaliado

observando-se todas as competências e com pouca variabilidade nas respostas foi o bom

relacionamento interpessoal com clientes, parceiros e empregados. Estabelecer bom

relacionamento interpessoal foi descrita como uma das competências mais importantes

para que os executivos possam responder às exigências do mercado globalizado, no

entendimento de Echeveste et al. (1999). Sendo assim, esse pode ser considerado um ponto

forte da organização em estudo de acordo com o que foi apresentado pelos dados desta

pesquisa.

O comportamento de entrega denominado é agente de mudanças e lidera pelo

exemplo obteve a menor média entre os comportamentos da competência Lidera pelo

exemplo. Dessa forma, considera-se importante promover ações para desenvolver esse

comportamento porque os gestores devem identificar oportunidades no ambiente, incluir

ou melhorar os processos com os quais atuam, visando alcançar a estratégia definida pela

empresa (Mohrman & Worley, 2009).

Tabela 14

Estatística descritiva: comportamentos da competência Lidera pelo exemplo

Comportamentos de entrega N Mínimo Máximo Média Desvio-Padrão

É agente de mudanças e lidera pelo exemplo 241 1 5 3,4 1,2

Tem bom relacionamento interpessoal com clientes, parceiros e empregados

241 1 5 4,0 1,0

Inspira as pessoas ao resguardar a imagem da empresa 241 1 5 3,8 1,1

Contribui para um clima favorável ao alcance dos resultados

241 1 5 3,6 1,2

Fonte: dados da pesquisa.

Page 80: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

78

Na Tabela 15 são apresentadas as médias das avaliações dos comportamentos de

entrega referentes à competência Domina seus assuntos. A menor média foi atribuída ao

comportamento Esclarece plano de ação para a equipe com o objetivo de implantar a

estratégia organizacional.

Sugere-se atenção a esse fator pois, de acordo com Rezende (2003), o gestor tem o

papel fundamental de facilitar o entendimento dos empregados quanto aos objetivos a

serem alcançados. Além disso, é o gestor quem deve assegurar que os comportamentos no

trabalho estejam em conformidade com o pensamento estratégico (Mintzberg et al., 2010).

Tabela 15 Estatística descritiva: comportamentos da competência Domina seus assuntos

Comportamentos de entrega N Mínimo Máximo Média Desvio-Padrão Esclarece plano de ação para a equipe com o objetivo de implantar a estratégia organizacional

241 1 5 3,4 1,2

Recomenda mudanças nas atividades para aproveitar oportunidades

241 1 5 3,5 1,2

Toma decisões após análise das informações relativas ao processo em que atua

241 1 5 3,9 1,1

Fonte: dados da pesquisa.

Na Tabela 16 registra-se que a média atribuída ao comportamento Diagnostica e

estabelece ações adequadas para seu próprio desenvolvimento e da equipe foi bem próxima

da nota mínima, indicando a necessidade de intervenção no sentido de melhorar a atuação

dos gestores. Isso porque é importante que eles estejam atentos a situações de

aprendizagem, bem como à promoção de ações voltadas para o desenvolvimento de

competências (Bitencourt, 2010). De forma similar, na pesquisa realizada por Kouzes e

Posner (2010), a competência Capacitar pessoas foi apresentada como uma entre as cinco

práticas relevantes em atividades de gestão.

Page 81: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

79

O comportamento Delegar atividades com responsabilidade pode favorecer a

aplicação, pelos subordinados, do que foi aprendido nas ações educacionais, representando

uma ação tão importante quanto promover a aprendizagem, como sugere Brandão (2009).

Promover a formação de sucessores no âmbito da sua equipe foi o comportamento de

entrega com menor média da competência Desenvolve a si mesmo e à equipe. É preciso

pensar em formas de desenvolvimento desse comportamento, pois é essencial que os

gestores invistam na próxima geração de líderes (Ulrich & Smallwood, 2009)

Tabela 16 Estatística descritiva: comportamentos da competência desenvolve a si mesmo e à equipe

Comportamentos de entrega N Mínimo Máximo Média Desvio-Padrão

Diagnostica e estabelece ações adequadas para seu próprio desenvolvimento e da equipe

241 1 5 3,3 1,2

Favorece clima harmonioso na equipe 241 1 5 3,6 1,3

Busca autodesenvolvimento de acordo com as necessidades da sua unidade

241 1 5 3,6 1,2

Delega atividades com responsabilidade 241 1 5 3,6 1,1

Promove a formação de sucessores no âmbito da sua equipe

241 1 5 3,2 1,3

Fonte: dados da pesquisa.

Observa-se na Tabela 17 que a avaliação da competência Atua como dono da

empresa mostrou-se satisfatória, mas é relevante mencionar a necessidade de reduzir a

lacuna dessa competência gerencial, pois o gestor exerce o importante papel de direcionar

a gestão eficiente e eficaz dos recursos (Wood & Picarelli, 2004).

Nesse sentido, solicitar a participação da equipe no alcance das metas é um

comportamento relevante considerando-se que a gestão de equipe é fundamental para

viabilizar a consecução dos objetivos por meio das pessoas (Mohrman & Worley, 2009). E

o ambiente pressiona as organizações a atenderem à exigência de um novo perfil de

empregado que participe da operacionalização da estratégia (Rosinski et al., 2014).

Page 82: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

80

A prática da gestão participativa obteve média 3,4 e representa um ponto de atenção,

porque essa prática pode melhorar a satisfação dos empregados e tornar o ambiente de

trabalho mais harmonioso, de acordo com Bergamini (2012).

Tabela 17 Estatística descritiva: comportamentos da competência atua como dono da empresa

Comportamentos de entrega N Mínimo Máximo Média Desvio-Padrão Mobiliza equipe, gestor ou outras unidades visando à concretização do planejado, à produtividade e ao controle de custos

241 1 5 3,4 1,2

Monitora indicadores de desempenho e solicita a participação da equipe no alcance das metas

241 1 5 3,7 1,1

Administra de acordo com os objetivos estratégicos da unidade

241 1 5 3,7 1,1

Pratica gestão participativa 241 1 5 3,4 1,2 Fonte: dados da pesquisa.

Na Tabela 18 constam os comportamentos relacionados à competência Foca o

cliente. A média das notas atribuídas foi superior a três. A ferramenta BSC apresenta o

cliente entre as quatro perspectivas que contribuem de forma efetiva para o alcance dos

objetivos organizacionais (Kaplan & Norton, 1992, 1997). Na pesquisa realizada por

Brandão et al. (2010), constatou-se que a maior média atribuída pelos gestores na

autoavaliação foi para a competência gerencial relacionada ao atendimento das

necessidades e expectativas dos clientes, representando um indicador da relevância dessa

competência para os gerentes de banco. Além disso, todos os comportamentos

relacionados à perspectiva clientes foram mencionados pelos gestores nas entrevistas

realizadas pelos mesmos autores, reforçando a importância dessa competência para o

desempenho. Sendo assim, desenvolver comportamentos da competência Foca o cliente

poderá aumentar as possibilidades de alcançar os resultados estabelecidos no planejamento

estratégico.

Page 83: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

81

Tabela 18

Estatística descritiva: comportamentos da competência foca o cliente

Comportamentos de entrega N Mínimo Máximo Média Desvio-Padrão

Comunica de maneira eficaz ao cliente a respeito das demandas sob sua responsabilidade

241 1 5 3,8 1,1

Propõe soluções para atender às necessidades dos clientes

241 1 5 3,8 1,0

Acompanha as atividades sob sua gestão e atua oportunamente visando à satisfação do cliente

241 1 5 3,7 1,1

Percebe oportunidades no atendimento a clientes que geram impacto sobre o resultado da sua unidade

241 1 5 3,6 1,2

Fonte: dados da pesquisa.

Os dados referentes à competência Incentiva e pratica a inovação são informados na

Tabela 19. Apesar de essa competência representar um dos papéis desafiadores do gestor,

que deve conviver e gerenciar mudanças e ter pensamento criativo (Quinn et al., 2003;

Sampaio, 2010), a menor média entre todos os comportamentos de entrega constantes no

modelo foi para o item Cria ambiente propício à inovação. Os gestores devem ser capazes

de mobilizar as equipes com o propósito de promover a inovação e competitividade nas

empresas para aumentar as possibilidades de se manter sustentável num ambiente de

constantes mudanças (Pereira, 2014).

Tabela 19

Estatística descritiva: comportamentos da competência incentiva e pratica a inovação

Comportamentos de entrega N Mínimo Máximo Média Desvio-Padrão

Percebe oportunidades de inovação no âmbito de sua equipe

241 1 5 3,3 1,2

Cria ambiente propício à inovação 241 1 5 3,1 1,2

Pratica a inovação 241 1 5 3,2 1,2 Fonte: dados da pesquisa.

Page 84: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

82

O critério utilizado para considerar que um gestor mobiliza as competências definidas

no modelo da organização foi a obtenção de média igual ou superior a três (eficaz - três;

superior - quatro; ou excepcional - cinco) em todas as competências constantes no modelo.

Todas as competências tiveram média superior a três em todos os comportamentos de

entrega associados. Pode-se dizer que a hipótese desta pesquisa foi confirmada, pois os

gestores de equipe das agências/unidades de alta performance foram avaliados com nota

superior a três em todos os comportamentos de entrega associados a cada uma das seis

competências constantes no modelo da empresa. Esse achado corrobora a pesquisa

realizada por Cockerill (1994), que associou a manifestação de competências gerenciais

relevantes ao desempenho obtido nas unidades gerenciadas pelos participantes da pesquisa.

As médias das notas atribuídas após o agrupamento dos 23 comportamentos de

entrega relacionados no bloco 2 do instrumento de pesquisa a cada uma das seis

competências mapeadas pela organização encontram-se na Tabela 20. Após o

agrupamento, é possível perceber que houve pouca variabilidade nas respostas por meio do

cálculo do desvio-padrão.

Tabela 20

Estatística descritiva: competências gerenciais

Competências gerenciais N Mínimo Máximo Média Desvio-Padrão Lidera pelo exemplo 241 1,0 5,0 3,7 1,0 Domina seus assuntos 241 1,0 5,0 3,6 1,0 Desenvolve a si mesmo e à equipe 241 1,0 5,0 3,4 1,0 Atua como dono da empresa 241 1,0 5,0 3,6 1,0 Foca o cliente 241 1,3 5,0 3,7 1,0 Incentiva e pratica a inovação 241 1,00 5,0 3,2 1,1 Fonte: dados da pesquisa.

A média das avaliações reforça a relação positiva entre manifestação das

competências mapeadas pela organização e o desempenho, tendo em vista que a amostra é

composta somente de unidades com alta performance no sistema de avaliação institucional.

Page 85: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

83

Considerando a argumentação de Piccolotto et al. (2010) sobre a importância de a

área de gestão de pessoas orientar seus gestores a incentivar a transformação aumentando

as chances de a empresa se manter competitiva no mercado, destaca-se então a necessidade

de ações no sentido de desenvolver a competência Incentiva e pratica a inovação, que teve

a menor média entre todas as competências gerenciais avaliadas.

A complexidade do setor bancário e a necessidade de observar diversas normas

internas e externas com a finalidade de mitigar os riscos da atividade pode ser uma

explicação para o resultado encontrado pois os empregados tenderiam a impor limites à

inovação nos processos.

Também foi realizada análise segregando os dados relativos a cada uma das três

funções pertencentes ao grupo de gerentes de equipe para verificar existência de diferenças

significativas na manifestação das competências de acordo com esse critério. Na Tabela 21

são referidas as estatísticas descritivas das competências por função gratificada do gestor

avaliado.

A manifestação da competência Incentiva e pratica a inovação foi avaliada com

média muito próxima do limite inferior de aceitabilidade e essa foi considerada a

competência menos demandada nas três funções, na percepção dos subordinados. Frente a

esse resultado, sugere-se que os gestores busquem favorecer um clima propício à

criatividade, disseminando uma cultura receptiva às mudanças, para que as equipes

também percebam a relevância dessa atitude e pratiquem a inovação nos processos em que

atuam.

Page 86: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

84

Tabela 21

Estatística descritiva: competências por função gratificada (blocos 1 e 2 do

questionário)

Supervisores Coordenadores Gerentes

Média Desvio- Padrão Média

Desvio- Padrão Média

Desvio- Padrão

Ad

erên

cia

Lidera pelo exemplo 4,3 1,1 4,1 1,1 4,0 1,2 Domina seus assuntos 4,6 0,9 4,4 0,9 4,0 1,3 Desenvolve a si mesmo e à equipe 4,0 1,1 3,9 1,1 3,7 1,3 Atua como dono da empresa 4,2 1,2 3,8 1,4 4,0 1,2 Foca o cliente 4,3 1,1 4,3 1,0 4,1 1,0 Incentiva e pratica a inovação 3,7 1,2 3,8 1,2 3,5 1,2

Mo

bili

zaçã

o Lidera pelo exemplo 3,9 0,8 3,7 1,1 3,8 0,9

Domina seus assuntos 3,7 0,9 3,6 1,0 3,6 0,9

Desenvolve a si mesmo e à equipe 3,6 1,0 3,5 1,0 3,5 1,1 Atua como dono da empresa 3,5 1,0 3,5 1,1 3,6 0,9 Foca o cliente 3,9 0,9 3,7 1,1 3,8 0,9 Incentiva e pratica a inovação 3,2 1,2 3,2 1,1 3,3 1,1

Fonte: dados da pesquisa.

Foi utilizada a técnica CHAID para a avaliação da existência de diferenças

significativas entre o nível em que as competências são demandadas e a função gratificada

exercida pelo gestor. Tal técnica proposta por Kass (1980) permite avaliar o

relacionamento entre uma variável dependente e outras em nível categórico ou contínuo. E

o resultado é apresentado em forma de árvore, indicando as variáveis preditoras mais

associadas à variável dependente.

Os subconjuntos resultantes apresentam mais homogeneidade internamente em

relação à variável dependente e com a maior heterogeneidade possível entre os

subconjuntos formados. Os critérios de divisão ou agrupamento utilizados nessa técnica

foram fixados em 5%, ou seja, os subconjuntos possuem significativa diferença ao se

utilizar o teste qui-quadrado (no nível de 5%).

Ao se avaliar o relacionamento das seis competências com a função gratificada

exercida pelo gestor avaliado, a única diferença significativa detectada foi a exigência

percebida pelos avaliadores da competência Domina seus assuntos.

Page 87: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

85

Gestores com cargo executivo mais baixo (supervisores e coordenadores) deveriam

mobilizar essa competência em grau superior aos gerentes na percepção dos respondentes

(4,416 contra 3,977 de gestores com nível hierárquico mais alto).

Provavelmente os respondentes esperam que os empregados que exercem as funções

gerenciais iniciais tenham mais conhecimento operacional das atividades sob sua

supervisão ou coordenação e, na medida em que a complexidade aumenta, outras

competências sejam demandadas em nível superior.

Figura 10. Relação entre a competência Domina seus assuntos e a função gratificada exercida pelo gerente de equipe. Fonte: dados da pesquisa

No grupo definido pela empresa em estudo como sendo de gestores de equipe,

existem funções de diferentes níveis hierárquicos. Os resultados financeiros e/ou

operacionais são mais complexos de acordo com a função gratificada exercida pelo gestor,

Page 88: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

86

mas percebe-se a necessidade de alterações no modelo de gestão por competências para

contemplar exigências em diferentes níveis de mobilização das competências gerenciais

mapeadas, corroborando os estudos de Dutra (2004) a respeito do conceito de

complexidade. O autor propõe a definição de entregas diferenciadas em conformidade com

o nível de complexidade das atividades executadas. Importante ressaltar que o conceito de

entrega na organização em estudo contempla não só a perspectiva resultado, mas também a

manifestação dos comportamentos associados a cada uma das competências mapeadas.

Para subdividir os respondentes em grupos heterogêneos entre si e homogêneos

internamente no tocante às avaliações de entrega das competências, empregou-se a técnica

de análise de cluster. Inicialmente foi utilizado o método hierárquico para definir a

quantidade de grupos nos quais os indivíduos seriam divididos e em seguida foi utilizado o

método K-means para divisão na quantidade de grupos definida.

Enquanto que pelos métodos aglomerativos de cluster todos os indivíduos na amostra

são inicialmente agrupados em um único cluster e depois subdivididos, nas técnicas

hierárquicas cada indivíduo é considerado um cluster e são agrupados de acordo com as

medidas de distância em relação a um critério especificado (Malhotra, 2006). Tal critério é

a distância entre um cluster e outro. Para tanto, adotou-se o método definido como single

linkage.

Na aglomeração hierárquica, as distâncias com as quais são combinados os

conglomerados podem ser utilizadas como critérios (Malhotra, 2006). O nível de

similaridade é medido no eixo vertical e as diferentes observações são listadas ao longo do

eixo horizontal. A Figura 11 mostra como os agrupamentos são formados: unindo duas

observações individuais ou pareando uma observação individual com um agrupamento

existente.

Page 89: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

87

É possível ver em que nível de similaridade os agrupamentos são formados e a

composição dos agrupamentos da partição final. Para montar a árvore de classificação ou

dendograma, procede-se unindo sempre grupos com a menor distância entre eles. Com a

avaliação do dendograma apresentado na Figura 11, referente ao agrupamento da avaliação

das competências entregues, optou-se por trabalhar com três grupos.

Figura 11. Agrupamento dos indivíduos segundo as avaliações das competências entregues pelos gestores. Fonte: dados da pesquisa

Com o intuito de agrupar os respondentes segundo as avaliações realizadas para as

seis competências entregues, foi feita análise de cluster por meio do método K-means. Os

grupos resultantes, a quantidade de elementos e as médias das competências entregues de

cada grupo são apresentadas na Tabela 22.

O maior número de avaliações foi para o grupo de médias altas (111 respondentes)

e uma quantidade relativamente pequena de participantes da pesquisa reconheceu que seus

gestores manifestam as competências com médias baixas (39 respondentes). Destaca-se

Page 90: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

88

que a menor média nos três grupos formados foi para a competência Incentiva e pratica a

inovação e a maior média foi atribuída à competência Lidera pelo exemplo, representando

um porto forte da organização em estudo de acordo com os dados obtidos.

Tabela 22

Cluster das competências entregues por avaliação

Avaliação Baixa Avaliação Média Avaliação Alta

Média Desvio-Padrão

Média Desvio-Padrão

Média Desvio-Padrão

Lidera pelo exemplo 2,2 0,6 3,4 0,5 4,5 0,4

Domina seus assuntos 2,1 0,6 3,2 0,4 4,5 0,4

Desenvolve a si mesmo e à equipe 1,9 0,6 3,2 0,5 4,4 0,4

Atua como dono da empresa 2,0 0,5 3,2 0,5 4,4 0,4

Foca o cliente 2,1 0,5 3,5 0,5 4,5 0,4

Incentiva e pratica a inovação 1,5 0,5 2,8 0,6 4,2 0,6

Base 39 91 111 Fonte: dados da pesquisa.

De forma a avaliar a existência de algum relacionamento entre os grupos criados com

a análise de cluster e o nível hierárquico do gestor avaliado, foi utilizada a técnica CHAID.

Todavia, nenhuma diferença significativa foi detectada.

Esperava-se que as notas médias recebidas para as competências do cargo de gerentes

e coordenadores fossem superiores às mensuradas para o cargo de supervisão, pois quanto

maior o nível hierárquico, maior deveria ser o nível de desenvolvimento do empregado nas

competências gerenciais. No entanto, os dados deste estudo mostram inexistência de

diferenças nas avaliações considerando a função exercida. A pesquisa elaborada por

Polezzi (2013) também indicou a inexistência de diferenças significativas em oito das 12

competências mapeadas pela organização estudada. A autora mencionou a possibilidade de

manutenção do perfil entre os cargos baseada na experiência dos profissionais.

O resultado deste trabalho contraria o que foi encontrado na pesquisa de Edwards &

Ewen (1996), que reportou tendência do cargo hierarquicamente superior a receber

Page 91: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

89

conceitos melhores nas avaliações 360º, devido ao respeito implícito dos participantes para

com o avaliado.

A Tabela 23 apresenta os percentuais dos grupos de avaliação em cada nível

hierárquico, destacando-se que as diferenças observadas na Tabela não são

significativamente diferentes conforme citado anteriormente.

Tabela 23

Cluster das competências entregues por função gratificada

Supervisores Coordenadores Gerentes Total Baixa 10,0% 19,7% 13,6% 16,2%

Média 46,7% 35,8% 31,8% 37,8%

Alta 43,3% 44,5% 54,5% 46,1%

Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Fonte: dados da pesquisa.

Reduzido percentual dos gestores de equipe avaliados (menos de 20% em todos os

níveis hierárquicos) obteve notas baixas nas avaliações, o que pode ser interpretado como

ponto positivo. Considerando-se que as funções pertencem a níveis hierárquicos diferentes,

esperava-se que o percentual de notas médias ou altas fosse maior nas funções de

coordenador e gerentes, mas não foram registradas diferenças significativas entre os

percentuais mencionados.

Sendo assim, os dados revelam mais necessidade de desenvolvimento dos gestores

que exercem funções de nível hierárquico superior dentro do grupo de funções estudadas,

pois espera-se que as médias das notas referentes à manifestação dos comportamentos de

entrega sejam maiores para os gerentes em relação aos coordenadores, que por sua vez

deveriam ser maiores do que as médias atribuídas aos supervisores. Mas isso não foi

observado.

Page 92: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

90

5.3 Análise de correlação entre o nível de demanda e a mobilização das competências

gerenciais

Confirmada a aderência do modelo de competências vigente no banco, conforme

percepção dos subordinados dos gestores avaliados, de acordo com a Tabela 13, buscou-se

analisar a relação entre o nível em que as competências são demandadas (dados do bloco

1) e a efetiva manifestação dos comportamentos a elas associados (dados do bloco 2).

Para atingir esse propósito, foi usado o índice de correlação de Pearson, que é uma

medida que varia de –1 a 1 e indica o grau e o sentido do relacionamento linear (caso

exista) entre duas variáveis. Valores próximos de –1 indicam alta correlação negativa,

valores próximos de zero indicam ausência de correlação e valores próximos de 1

significam alta correlação positiva (Soares, Farias & Cesar, 2002). Existe relacionamento

positivo entre todas as competências e o nível em que elas são demandadas na percepção

dos avaliadores.

Foi realizado também um teste de hipóteses para verificar se tal correlação é

significativamente diferente de zero. Por meio desse teste de hipótese, obtém-se o valor p.

Valores p inferiores a 0,05 significam a existência de correlação significativa. Todos os

valores p foram inferiores a 0,05, indicando relação significativa entre as variáveis.

Existem, porém, correlações que podem ser consideradas baixas (índice abaixo de 0,3). As

demais se mostram moderadas (acima de 0,3).

Na Tabela 24 são exibidas as correlações entre o nível em que cada uma das seis

competências são demandadas para as funções avaliadas (bloco 1 do questionário de

pesquisa) e a efetiva manifestação dos comportamentos de entrega associados a cada uma

das competências na percepção dos subordinados (bloco 2 do questionário de pesquisa).

Page 93: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

91

Na competência Lidera pelo exemplo houve correlação moderada entre as variáveis,

o que pode ser considerado como um fator positivo. Importante ressaltar que a existência

dessa correlação não pode ser interpretada como ausência de lacuna para essa competência.

Significa que os gestores manifestam os comportamentos na mesma proporção em que eles

são exigidos para o exercício das atividades inerentes à função, segundo a opinião dos

respondentes.

Constata-se baixa correlação entre o nível de exigência atribuída para dois dos três

comportamentos de entrega da competência Domina seus assuntos. Os gestores avaliados

manifestam essa competência em nível inferior (média 3,6, como pode ser observado na

Tabela 20) à exigência atribuída pelos respondentes (média 4,3 conforme se vê na Tabela

13). Esse resultado reforça a importância de propor ações para reduzir a lacuna dessa

competência.

Nos dados referentes à competência Desenvolve a si mesmo e à equipe, infere-se

especial necessidade de melhoria na manifestação dos comportamentos Favorece clima

harmonioso na equipe e Delega atividades com responsabilidade, que apresentaram baixa

correlação com o nível em que a competência é demandada na percepção dos respondentes

da pesquisa.

O menor índice de correlação entre as seis competências gerenciais definidas no

modelo da empresa foi na competência Atua como dono da empresa. A média das notas

atribuídas para essa competência pelos respondentes no bloco 1 – exigência da

competência para o exercício da função – foi 3,9 (Tabela 13) e a média das notas no bloco

2 – manifestação da competência pelos gestores – foi 3,6 (Tabela 20). Isso significa que os

respondentes consideram que essa competência é demandada para o exercício das

atividades inerentes ao cargo do empregado avaliado, mas a efetiva manifestação da

competência pelos gestores avaliados não se apresenta na mesma proporção.

Page 94: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

92

As correlações entre a competência Foca o cliente e o nível em que ela é demandada,

na opinião dos avaliadores, são moderadas.

O maior índice de correlação encontrado na pesquisa foi entre a demanda da

competência Incentiva e pratica a inovação e a efetiva manifestação dessa competência

pelos gerentes de equipe avaliados. A média das notas atribuídas para essa competência

pelos respondentes no bloco 1 – exigência da competência para o exercício da função – foi

3,7 (Tabela 13); e a média das notas no bloco 2 – manifestação da competência pelos

gestores - foi 3,2 (Tabela 20). É possível que, após a redução da lacuna dessa competência,

os subordinados percebam mais demanda em sua mobilização, uma vez que o gestor

contribui para a consolidação de uma cultura que valoriza a inovação.

Page 95: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

93

Tabela 24 Correlações entre o nível em que as competências são demandadas (bloco 1 do questionário de pesquisa) e a efetiva mobilização dos comportamentos (bloco 2 do questionário de pesquisa) Competências Comportamentos de entrega Correlação Valor p

Lidera pelo exemplo

É agente de mudanças e lidera pelo exemplo 0,552 0,000 Tem bom relacionamento interpessoal com clientes, parceiros e empregados

0,328

0,000

Inspira as pessoas ao resguardar a imagem da empresa 0,443 0,000 Contribui para um clima favorável ao alcance dos resultados 0,378 0,000

Índice geral da competência 0,497 0,000

Domina seus assuntos

Esclarece plano de ação para a equipe com o objetivo de implantar a estratégia organizacional

0,183

0,004

Recomenda mudanças nas atividades para aproveitar oportunidades 0,294 0,000 Toma decisões após análise das informações relativas ao processo em que atua

0,398

0,000

Índice geral da competência 0,336 0,000

Desenvolve a si mesmo e à

equipe

Diagnostica e estabelece ações adequadas para seu próprio desenvolvimento e da equipe

0,356

0,000

Favorece clima harmonioso na equipe 0,282 0,000 Busca autodesenvolvimento de acordo com as necessidades da sua unidade

0,319

0,000

Delega atividades com responsabilidade 0,238 0,000 Promove a formação de sucessores no âmbito da sua equipe 0,363 0,000

Índice geral da competência 0,346 0,000

Atua como dono da empresa

Mobiliza equipe, gestor ou outras unidades visando concretização do planejado, a produtividade e o controle de custos

0,215

0,000

Monitora indicadores de desempenho e solicita a participação da equipe no alcance das metas

0,156

0,000

Administra de acordo com os objetivos estratégicos da unidade 0,203 0,000 Pratica gestão participativa 0,196 0,002

Índice geral da competência 0,219 0,000

Foca o cliente

Comunica de maneira eficaz ao cliente a respeito das demandas sob sua responsabilidade

0,389

0,000

Propõe soluções para atender às necessidades dos clientes 0,478 0,000 Acompanha as atividades sob sua gestão e atua oportunamente visando à satisfação do cliente

0,354

0,000

Percebe oportunidades no atendimento a clientes que geram impacto sobre o resultado da sua unidade

0,415

0,000

Índice geral da competência 0,457 0,000 Incentiva e pratica a inovação

Percebe oportunidades de inovação no âmbito de sua equipe 0,494 0,000 Cria ambiente propício à inovação 0,582 0,000 Pratica a inovação 0,555 0,000

Índice geral da competência 0,582 0,000 Fonte: dados da pesquisa.

A interpretação da análise de correlação apresentada é que existe correspondência

entre o que se espera que o gestor apresente e a efetiva mobilização dos comportamentos

de entrega na percepção dos subordinados dos gestores de equipe do banco.

Page 96: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

94

5.4 Obtenção do índice geral de competências entregues

Para obtenção do índice geral de entrega das competências gerenciais, empregou-se a

técnica de modelagem de equações estruturais. Conforme proposto por Hair et al. (2005),

tal técnica é uma extensão de diversas técnicas multivariadas e permite representar

conceitos não observados e estimar múltiplas e inter-relacionadas relações de dependência

em sua utilização.

Um modelo de equações estruturais permite a incorporação de variáveis latentes, ou

seja, que não são medidas diretamente. Pode-se dizer que uma variável latente representa

um conceito teorizado, não observável, mas que pode ser aproximado por variáveis

mensuráveis (manifestas), segundo Hair et al. (2005). O diagrama de caminhos apresenta

os relacionamentos entre as variáveis latentes propostas.

A competência geral foi inserida no modelo como uma variável latente de segunda

ordem, ou seja, composta de outras variáveis latentes, definidas por indicadores medidos

no questionário aplicado. A Figura 20 ilustra os coeficientes estimados para o modelo

ajustado. Tais coeficientes podem conceitualmente variar de -1 a 1 e, quanto maior em

magnitude, maior o relacionamento entre o comportamento e a respectiva competência.

Todos os coeficientes possuem cargas altas (superiores a 0,4).

O menor coeficiente de relacionamento encontrado foi para a competência Incentiva

e pratica a inovação, confirmando a necessidade de atuação da empresa na promoção do

desenvolvimento dos gestores.

Page 97: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

95

Figura 12. Modelo de equações estruturais ajustado. Fonte: dados da pesquisa

Para verificar a significância dos coeficientes estimados, foi obtida estimativa de

valores t utilizando a técnica bootstrap com 241 casos. Os resultados encontrados (todos

acima de 1,96) atestaram que os coeficientes são significativos (Apêndice B).

Para a validação do modelo, a primeira etapa constitui a avaliação do modelo de

mensuração. O primeiro critério a ser avaliado é a confiabilidade da consistência interna.

Em geral, o critério tradicional utilizado é o Alfa de Cronbach, o qual fornece uma

estimativa para a confiabilidade. Todavia, tal medida tende a subestimar a confiabilidade

da consistência interna das variáveis latentes em modelos utilizando o Partial least square

(PLS).

Chin (1998) realça que a mesma deve ser avaliada prioritariamente segundo a

confiabilidade composta e que tal valor deve ser superior a 0,7. Churchill (1979), como

citado em Henseler, Ringle & Sinkowics (2009), recomenda eliminar indicadores do

Page 98: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

96

modelo de mensuração se sua carga for menor que 0,4 e se sua retirada aumentar

significativamente a confiabilidade composta. Como pode ser visto na Figura 12, nenhum

indicador necessita ser retirado e a Tabela 25 mostra que as confiabilidades compostas

estimadas são superiores a 0,7.

Tabela 25 Variância extraída e confiabilidade composta das competências gerenciais

Competências gerenciais Variância extraída Confiabilidade Composta

Atua como dono da empresa 0,775 0,932

Desenvolve a si mesmo e à equipe 0,731 0,931

Domina seus assuntos 0,744 0,897

Foca o cliente 0,797 0,940

Incentiva e pratica a inovação 0,874 0,954

Lidera pelo exemplo 0,747 0,922 Fonte: dados da pesquisa.

De acordo com Henseler et al. (2009), após a avaliação da confiabilidade do modelo

de mensuração, é importante avaliar sua validade. Nesse sentido, dois subtipos são

usualmente verificados: validade convergente e validade discriminante. A validade

convergente significa que a série de indicadores representa um e o mesmo construto, que

pode ser demonstrado pela sua unidimensionalidade. Para investigar a validade

convergente, Fornell & Larcker (1981) sugerem o uso da AVE, determinando que deve ter

o valor mínimo de 0,5. Os valores acima desse patamar apresentados na Tabela 25

demonstram que a variável latente está habilitada a explicar mais de 50% da variabilidade

dos seus indicadores.

No processo de validação do modelo de mensuração, a última etapa realizada foi a de

validação discriminante. Tal validação possui um conceito completar ao da validação

convergente: espera-se que dois conjuntos de indicadores (que representam dois conceitos

teoricamente diferentes) não formem um fator unidimensional. O critério utilizado foi a

Page 99: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

97

avaliação das cargas cruzadas dos indicadores, onde se espera que cada item possua carga

mais alta com o construto ao qual pertence do que com qualquer outro (Henseler et al.,

2009). Tal critério foi atendido como pode ser visualizado na Tabela 26.

Tabela 26

Cargas cruzadas

Comportamentos de entrega

Atua como dono da empresa

Desenvolve a si mesmo e à

equipe

Domina seus

assuntos

Foca o cliente

Incentiva e pratica a inovação

Lidera pelo

exemplo C1.1 0,774 0,818 0,806 0,780 0,823 0,870 C1.2 0,658 0,684 0,630 0,652 0,597 0,822 C1.3 0,699 0,747 0,727 0,754 0,715 0,844 C1.4 0,808 0,847 0,784 0,757 0,751 0,918 C2.1 0,807 0,734 0,844 0,700 0,681 0,672 C2.2 0,728 0,803 0,876 0,769 0,854 0,750 C2.3 0,739 0,802 0,867 0,766 0,714 0,791 C3.1 0,798 0,909 0,830 0,790 0,821 0,804 C3.2 0,740 0,832 0,728 0,685 0,704 0,836 C3.3 0,689 0,835 0,775 0,686 0,760 0,721 C3.4 0,789 0,843 0,773 0,742 0,697 0,710 C3.5 0,767 0,854 0,759 0,682 0,761 0,771 C4.1 0,892 0,828 0,808 0,799 0,771 0,805 C4.2 0,842 0,694 0,736 0,685 0,663 0,658 C4.3 0,897 0,764 0,766 0,789 0,693 0,725 C4.4 0,890 0,826 0,778 0,743 0,755 0,809 C5.1 0,722 0,713 0,723 0,869 0,650 0,722 C5.2 0,734 0,720 0,760 0,888 0,734 0,739 C5.3 0,764 0,785 0,790 0,912 0,735 0,784 C5.4 0,837 0,777 0,811 0,900 0,778 0,800 C6.1 0,806 0,831 0,845 0,780 0,939 0,804 C6.2 0,770 0,847 0,820 0,746 0,938 0,784 C6.3 0,722 0,779 0,775 0,753 0,927 0,767

Fonte: dados da pesquisa.

Após a validação do modelo ajustado, obteve-se o escore da competência geral

entregue. A média encontrada foi de 3,6, conforme apresentado na Tabela 27. Apesar de a

média das competências gerais ter sido superior ao limite mínimo definido pelo banco

como mobilização eficaz das competências por parte dos gestores, faz-se necessário que o

banco em estudo atue no sentido de reduzir a lacuna de desenvolvimento, como sugere

Ienaga (1998). O mesmo autor alerta sobre a importância de gerir as competências

Page 100: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

98

constantemente para impedir o crescimento da lacuna em decorrência do aumento da

complexidade do ambiente externo ou pela obsolescência das competências mapeadas pela

organização.

Tabela 27

Estatística descritiva: índice de competências gerais

Índice N Mínimo Máximo Média Desvio-Padrão Competências Gerais 241 1,2 5,0 3,6 1,0

Fonte: dados da pesquisa.

Concluiu-se que o índice geral encontrado por meio do modelo de equações

estruturais (3,6) revela a necessidade de desenvolvimento das competências gerenciais para

aumentar as chances de a organização apresentar vantagem competitiva sustentável. Isso

pode ser explicado com a opinião de King, Fowler e Zeithami (2002) de que a

identificação dessa lacuna possibilita aos gestores conhecer as áreas que necessitam de

investimento, com a finalidade de gerenciar as competências resultantes da sinergia das

capacidades individuais existentes na empresa (Fiates et al., 2009).

Utilizando a técnica CHAID, abstraiu-se a inexistência de diferença significativa

desse índice geral em relação ao nível hierárquico (o valor p do teste foi igual a 0,931).

Nesse sentido, sugere-se que seja previsto no modelo de competências do banco, além da

execução de metas cada vez mais complexas, que o gestor manifeste em diferentes níveis

as competências gerenciais mapeadas de acordo com a função exercida e/ou a realização

de mapeamentos periódicos por função que contemplem a necessidade de competências

diferenciadas de acordo com as exigências da função exercida.

Page 101: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

99

5.5 A pesquisa de clima

A pesquisa de clima realizada pela empresa demonstrou que os itens relacionados ao

fator liderança das unidades vinculadas à regional de gestão de pessoas de Belo Horizonte

foram bem avaliados. Houve destaque para os seguintes itens: tem conhecimento das

atividades sob sua gestão; mantém a equipe informada sobre os objetivos estratégicos da

empresa; é acessível; e atua de acordo com as diretrizes da organização. Estes

apresentaram média superior a quatro e foram classificadas pela empresa como pontos

fortes.

A média do fator liderança na pesquisa de clima (3,77) está bem próxima do índice

geral de competências gerenciais encontrado neste estudo (3,6). Ao considerar os critérios

estabelecidos pela empresa em estudo para classificação dos fatores na pesquisa de clima,

infere-se que seria necessário propor ações de gestão de pessoas com a finalidade de

melhorar a avaliação das competências obtidas pelos gestores de equipe das unidades

pesquisadas, pois a média do fator esteve entre três e 3,99. Sendo assim, apesar de esses

gestores apresentarem as competências mapeadas de forma eficaz de acordo com os

critérios definidos no processo de gestão do desempenho, a atuação desses gerentes pode

ser considerada uma oportunidade de melhoria, objetivando alcançar desempenho superior.

Page 102: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

100

6 Considerações Finais

Neste capítulo, busca-se apresentar uma síntese dos resultados deste estudo, suas

contribuições e limitações, bem como recomendações ao banco e sugestões para futuras

pesquisas sobre o tema.

O trabalho teve como objetivo identificar a relação entre os resultados financeiros

e/ou operacionais obtidos nas unidades consideradas de alta performance no sistema de

avaliação da empresa e a existência de gerentes de equipe com os comportamentos de

entrega definidos no modelo de gestão.

Antes de investigar essa relação, considerou-se importante conhecer a percepção dos

subordinados dos gestores de equipe sobre a aderência das competências mapeadas pela

empresa para o exercício das atividades inerentes às funções gratificadas em análise e seu

relacionamento com as competências apresentadas. Os dados resultantes da pesquisa

confirmam a aderência do modelo proposto pela organização na percepção dos

subordinados dos gestores avaliados, sendo que a análise de correlação demonstrou

correspondência entre o que se espera que o gestor apresente e a mobilização manifestada.

Para investigar a hipótese de existência de relação positiva entre competência e

desempenho, partiu-se da suposição de que os gerentes de equipe das agências ou unidades

administrativas consideradas pelo Banco Verde e Amarelo como sendo de alta

performance apresentavam as competências requeridas.

Por meio do segundo bloco do questionário, respondentes puderam avaliar se seus

respectivos gestores realmente apresentavam as competências mapeadas pela organização.

Os dados confirmam a relação positiva entre a mobilização das competências e o

desempenho organizacional, pois o índice geral das competências obtido pelo modelo de

equações estruturais bem como a média obtida em cada um dos comportamentos de

Page 103: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

101

entrega associados às seis competências são superiores ao que o banco em estudo

considera satisfatório no modelo de gestão por competências.

Apesar da confirmação da relação positiva entre competência e desempenho

encontrada nesta pesquisa, a empresa precisa adotar práticas de gestão de pessoas que

viabilizem a diminuição dos gaps existentes nas competências gerenciais apresentadas,

tendo em vista que o índice geral e a média das notas atribuídas pelos subordinados na

manifestação dos comportamentos encontram-se muito próximos do limite inferior

considerado satisfatório pela organização estudada, em especial as competências

Desenvolve a si mesmo e à equipe e Incentiva e pratica a inovação.

O novo modelo de gestão de desempenho implantado em 2014 no Banco Verde e

Amarelo passou a considerar ações (comportamentos) além do alcance dos resultados.

Espera-se que a avaliação da mobilização dos comportamentos de entrega para alcançar as

metas estabelecidas incentive a busca pelo desenvolvimento das competências.

O último objetivo definido neste estudo trata da identificação das competências que

se apresentam em maior nível em cada função gratificada. Em relação a esse objetivo foi

analisada a conjectura de que os diferentes níveis hierárquicos incluídos no grupo de

gerentes de equipe manifestam as competências gerenciais requeridas no modelo do banco

em estudo em diferentes graus de desenvolvimento de acordo com a exigência da função

exercida.

Essa hipótese não é confirmada pelos dados obtidos, pois nenhuma diferença

significativa foi detectada após a análise de cluster e também após a utilização do CHAID

em relação ao índice geral das competências. A única diferença significativa encontrada foi

em relação ao nível em que a competência Domina seus assuntos é demandada na opinião

dos avaliadores e não em relação à manifestação da competência. Além disso, na

Page 104: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

102

percepção dos respondentes, os gestores em cargo executivo em nível menos elevado

(supervisores e coordenadores) deveriam mobilizar essa competência em maior nível.

Os dados revelam mais necessidade de desenvolvimento dos gestores que exercem

funções de nível hierárquico superior dentro do grupo de funções estudadas, pois as médias

das notas referentes à manifestação dos comportamentos de entrega deveriam ser maiores

para os gerentes em relação aos coordenadores que, por sua vez, deveriam ser maiores do

que as médias atribuídas aos supervisores. Mas isso não pôde ser observado.

As conclusões deste estudo sugerem a necessidade de adotar constantes melhorias

nas práticas de gestão de pessoas para favorecer a expressão das competências gerenciais

no trabalho que podem influenciar positivamente o alcance de um desempenho empresarial

superior em termos de qualidade e produtividade. Nesse sentido, o Banco Verde e Amarelo

pode implementar ações como:

a) Mapeamento das competências específicas e/ou o grau necessário de mobilização

das competências por função gratificada exercida pelo empregado para que haja

mais correspondência entre as competências requeridas pela empresa e o que

realmente é demandado para a execução das atribuições. Esse procedimento

aumenta as chances de aderência das competências definidas em todas as funções

existentes no banco.

b) Utilização da avaliação por múltiplas fontes ao rever ou alterar competências

individuais com a periodicidade necessária para manter o modelo atualizado

considerando o caráter eminentemente dinâmico das competências e a possibilidade

de elas perderem sua relevância no decorrer do tempo.

c) Inclusão de etapa de certificação de competências nos processos seletivos para as

funções gerenciais decorrente de uma capacitação específica para as funções

Page 105: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

103

consideradas fundamentais para a consecução dos objetivos empresariais visando

reduzir as chances de erros nos recrutamentos internos.

d) Criação de sistemas informatizados para captação e tratamento dos dados sobre o

desenvolvimento dos empregados que exercem funções de natureza gerencial,

viabilizando o acompanhamento e promoção de ações de RH coerentes com as

demandas da empresa para operacionalização da estratégia. Na captação de dados

para os sistemas, o banco poderia utilizar como fonte de informação práticas de RH

já realizadas, a exemplo dos feedbacks e planos de desenvolvimento individual

previstos no processo de avaliação do desempenho.

e) Contratação de cursos no mercado com a finalidade de atender a demandas

específicas de desenvolvimento das competências dos gestores após o diagnóstico

das necessidades mais relevantes.

f) Utilização de outros métodos de aprendizagem tais como a disponibilização de um

banco com as melhores práticas gerenciais na intranet e realização de cursos

virtuais que viabilizem a troca de experiências entre gestores que atuam em um

mesmo segmento.

g) Participação dos gerentes de diferentes níveis hierárquicos, que alcançaram

desempenho superior no novo modelo de avaliação, na elaboração do planejamento

estratégico, proporcionando a oportunidade de construção conjunta dos objetivos a

serem alcançados, o que poderia gerar mais engajamento com as metas a serem

cumpridas.

h) Inclusão de indicadores relacionados ao desenvolvimento dos empregados no

sistema de avaliação do desempenho organizacional de todas as unidades ou

agências do banco, tais como horas de treinamento nas modalidades à distância e

Page 106: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

104

presencial, capacitações em serviço ou liberação de instrutor para atuação em

treinamentos.

i) Aprimoramento do modelo de gestão do desempenho, por meio de avaliações da

percepção da nova sistemática de avaliação pelos gestores, o que poderá favorecer

ainda mais a expressão das competências.

6.1 Contribuições, limitações e sugestões para novas pesquisas

Este trabalho visa contribuir com a produção destinada a aprimorar o entendimento

sobre gestão do desempenho com foco em competências. Para as organizações, em

especial o banco pesquisado, a presente investigação representa uma contribuição prática e

demonstra a importância do desenvolvimento das competências gerenciais para alcançar

um desempenho superior.

A relação entre competência e desempenho organizacional é influenciada por

diversos fatores que podem favorecer ou dificultar a mobilização de competências e seus

impactos sobre os resultados empresariais (Abbad, Freitas & Pilati, 2006; Sonnentag &

Frese, 2002).

Como limitações do estudo destacam-se: a utilização de amostra pertencente apenas a

uma organização, restringindo a possibilidade de generalizações dos resultados a outros

contextos organizacionais; a seleção de um único grupo de gestores do banco como

público-alvo da pesquisa; a realização da avaliação somente pelos subordinados; e a

ausência de critérios que poderiam enriquecer a análise, como tempo de exercício da

função e formação acadêmica.

Nesse sentido, recomenda-se a realização de outros estudos sobre o tema com vistas a

corroborar ou não a relação entre competência e desempenho, para correlacionar os

Page 107: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

105

achados e conclusões com os encontrados neste estudo. Sugere-se a realização de novas

pesquisas que contemplem:

a) Avaliação de gestores de diferentes níveis hierárquicos com aplicação do método

360o, em substituição à avaliação somente por subordinados.

b) Mensuração do percentual de contribuição das competências expressas por gestores

no desempenho organizacional.

c) Investigação sobre o fato de as competências gerenciais serem mobilizadas em

maior nível quando a forma de atuação para atingimento dos resultados está

incluída no processo de gestão do desempenho.

d) Identificação de outros aspectos que possam facilitar ou restringir a mobilização

das competências e o desempenho organizacional como, por exemplo, cultura

organizacional e alinhamento do modelo com o planejamento estratégico.

e) Identificação dos gaps de competências organizacionais bem como as estratégias

para tratamento das lacunas porventura encontradas.

f) Investigação da existência de relação entre as competências organizacionais e o

desempenho empresarial.

g) Verificação da relação entre características pessoais e a expressão de competências

gerenciais, tais como a geração a que o gestor pertence, tempo no exercício da

gestão e formação acadêmica.

h) Investigação sobre o relacionamento entre a manifestação das competências no

trabalho e o crescimento na carreira, com a finalidade de comprovar que a

mobilização das competências requeridas gera valor social para os empregados.

Page 108: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

106

Referências

Abbad, G., Freitas, I.A., & Pilati, R. (2006). Contexto de trabalho, desempenho

competente e necessidades em TD&E. In: J.E., Borges-Andrade, G. Abbad, & L. Mourão.

(Org.). Treinamento, desenvolvimento e educação em organizações e trabalho:

fundamentos para a gestão de pessoas. (Cap. 12, pp. 231-254). Porto Alegre: Artmed.

Amorim, T. N. G. F. (2009). Gestão de pessoas no agronegócio. In: A. A. C., Callado

(Org.). Agronegócio. 2. ed., São Paulo: Atlas.

Amorim, T. N. G. F., & Silva, L. B. (2011, jan.-abr.). Gestão por competências: nuances e

peculiaridades. REUNA, Belo Horizonte, 16(1), 103-119.

Asce, A. R. J. D. M., Cheng, M-I., & Moore, D. R. (2005). Competency-based model for

predicting construction project managers’ performance. Journal of Management in

Engineering, 21(1). DOI: 10.1061/(ASCE)0742-597X(2005)21:1(2).

Audenaert, M., Vanderstraeten, A., Buyens, D., & Desmidt, S. (2014). Does alignment

elicit competency-based HRM? A systematic review. Management revue, 25(1), 5-6. DOI

10.1688.

Barbosa, A. C. Q. (2003). É possível remunerar pelas competências? Discurso e prática

frente a frente: um estudo em grandes organizações. In: Anais do Encontro Nacional dos

Programas de Pós-Graduação em Administração. Atibaia/SP.

Page 109: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

107

Barbosa, L. (1996, set.-dez.). Meritocracia à brasileira: o que é desempenho no Brasil?

Revista do Serviço Público, ano 47, 120(3).

Bahry, C. P., & Tolfo, S. R. (2004). A gestão de competências e a obtenção de vantagem

competitiva sustentável em organizações bancárias. Revista de Administração Mackenzie,

ano 5, n. 2, p. 37-54.

Barney, J. B. (1996). Gaining and sustaining competitive advantage. New York: Addison

Wesley.

Becker, B. E., Huselid, M. A., & Ulrich, D. (2001). Gestão estratégica de pessoas com

“scorecard”: interligando pessoas, estratégia e performance. Tradução de Cristiana de

Assis Serra. 6. ed., Rio de Janeiro: Elsevier.

Bergamini, C. W. (2012). Competência: a chave do desempenho. São Paulo: Atlas.

Bitencourt, C. C. (2001). A contribuição da aprendizagem organizacional. Tese de

Doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

Bitencourt, C. C. (2010). Gestão contemporânea de pessoas: novas práticas, conceitos

tradicionais. 2. ed. Porto Alegre: Bookman.

Botelho, C. A. (2010). Concepção e implantação de modelos de gestão por competências

em diferentes contextos organizacionais: um estudo de caso. Dissertação (Mestrado em

Administração), PUC Minas, Belo Horizonte.

Page 110: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

108

Boyatzis, R. E. (2011) Managerial and leadership competencies: a behavioral approach to

emotional, social and cognitive intelligence. Vision, 15(2), 91-100.

Brandão, H. P. (2009). Aprendizagem, contexto, competência e desempenho: um estudo

multinível. Tese (Doutorado em Administração), Universidade de Brasília, Brasília.

Brandão, H. P., & Bahry, C. P. (2005). Gestão por competências: métodos e técnicas para

mapeamento de competências. Revista do Serviço Público, 45(2), 179-194.

Brandão, H. P., & Bahry, C. P. (2014). Gestão por competências: métodos e técnicas para

mapeamento de competências. Revista do Serviço Público, 56 (2), 179.

Brandão, H. P., Borges-Andrade, J. E., & Guimarães, T. A. (2012, out., nov., dez.).

Desempenho organizacional e suas relações com competências gerenciais, suporte

organizacional e treinamento. Revista Administração USP, 47(4), 523-539.

Brandão, H. P., Borges-Andrade, J. E., Freitas, I. A & Vieira, F. T. (2010, jan-mar.).

Desempenho e estrutura interna de uma escala de competências gerenciais. Psicologia:

Teoria e Pesquisa, Vol. 26 n. 1, pp. 171-182.

Brandão, H. P., Borges-Andrade, J. E., Puente-Palacios, K. E., & Laros, J. A (2012).

Relationships between learning, context and competency: a multilevel study. Brazilian

Administration Review, 9(1), 1-22. Doi. 10.1590/S1807-76922012000100002.

Page 111: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

109

Brandão, H. P., & Guimarães, T. A. (2001) Gestão de competências e gestão de

desempenho: tecnologias distintas ou instrumentos de um mesmo construto? Revista de

Administração de Empresas, 41, 8-15.

Brandão, H. P. (2012) Mapeamento de competências: métodos, técnicas e aplicações em

gestão de pessoas. 1. ed. São Paulo: Atlas.

Brandão, H. P., Zimmer, M. V., Pereira, C. G., Marques, F., Costa, H. V., Carbone, P. P.,

& Almada, V. F. (2008, set.-out.). Gestão de desempenho por competências: integrando a

gestão por competências, o balanced scorecard e a avaliação 360 graus. Revista de

Administração Pública, 42(5), 875-898.

Carbone, P. P., Brandão, H. P., Leite, J. B. D. (2005). Gestão por competências e gestão

do conhecimento. Rio de Janeiro: FGV.

Carbone, P. P., Brandão, H. P., Leite, J. B. D., & Vilhena, R. M. P. (2009). Gestão por

competências e gestão do conhecimento. 3. ed., Rio de Janeiro: FGV.

Carrara, T. M. P. (2013). Retenção de talentos de diversas gerações em um mesmo

contexto organizacional: um estudo em empresa de grande porte da indústria do aço.

Dissertação (Mestrado em Administração), PUC Minas, Belo Horizonte.

Charam, R., Drotter, S., Drotter, S., & Noel, J. (2009). Pipeline de liderança: o

desenvolvimento de líderes como diferencial competitivo. Rio de Janeiro: Elsevier.

Page 112: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

110

Chin, W. W. (1998). The Partial Least Squares approach to structural equation modeling.

In: G. A., Marcoulides (Ed.). Modern Methods for business research. USA: Lawrence

Erlbaum Associates, Inc.

Cockerill, T. (1994). The king of competence for rapid change. In: C. Mabey, & P. Iles

(Orgs.). Managing learning. (pp. 70-76). London: Routledge.

Dutra, J. S. (2004) Competências: conceitos e instrumentos para a gestão de pessoas na

empresa moderna. 1. ed. São Paulo: Atlas, 6. reimpressão 2008.

Dutra, J. S. (2002) Gestão de pessoas: modelo, processos, tendências e perspectivas. 1.

ed., 6. reimpr. São Paulo: Atlas, 6. reimpressão 2008.

Echeveste, S., Vieira, B., Viana, D., Trez, G., & Panosso, C. (1999). Perfil do executivo no

mercado globalizado. Revista de Administração Contemporânea. 3(2), 167-186.

Edwards, M., & Ewen, A. (1996). 360º feedback: the powerful model for employee

assessment and performance improvement. New York: AMA.

Eisenhardt, K. M. (1989). Building theories from case study research. Standford

University. Academy of Management Review, (4), 14.

Fernandes, B. H. R (2006). Competências e desempenho organizacional: o que há além do

Balanced Scorecard. 1. ed., São Paulo: Saraiva.

Page 113: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

111

Fernandes, B. H. R. (2004). Competências e performance organizacional: um estudo

empírico. Tese (Doutorado em Administração), Universidade de São Paulo, São Paulo.

Fernandes, B. H. R., & Fleury, M. T. L. (2005). Competências e desempenho

organizacional: uma polêmica relação. In: Anais do EnAnpad GPR-A125.

Fernandes, B. H. R., Fleury, M. T. L., & Mills, J. (2006, out.,nov.,dez.). Construindo o

diálogo entre competência, recursos e desempenho organizacional. Revista de

Administração de Empresas (RAE), São Paulo, 46(4), 48-65.

Fernandes, B. H. R. (2013) Gestão estratégica de pessoas com foco em competências. 1.

ed., Rio de Janeiro: Elsevier.

Fernandes, B. H. R., Santos, L. G. A., Paulin, R. R., & Appio, J. (2013, jul.-set.). Os

impactos das percepções e atitudes dos funcionários sobre a produtividade e a qualidade

em empresas de manufatura. Revista de Administração e Contabilidade da Unisinos, 10(3),

254-272.

Fernandes, B. H. R., & Hipólito, J. A. M. (2008). Dimensões de avaliação de pessoas e o

conceito de competências. In: J. S., Dutra, M. T. L., Fleury & R., Ruas (Org.).

Competências: conceitos, métodos e experiências. (pp. 151-171). São Paulo: Atlas.

Fiates, G. G. S., Nascimento, A. D. R., & Fiates, J. E. A. (2009, jan.-jun.). Uma estratégia

para a gestão de pessoas em organizações de conhecimento: uma experiência da gestão de

Page 114: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

112

competências em um instituto de pesquisa e desenvolvimento. Estratégia & Negócios,

2(1).

Fleury, A., & Fleury, M. T. L. (2006). Estratégias empresariais e formação de

competências: um quebra-cabeça caleidoscópico da indústria brasileira. 3. ed., São Paulo:

Atlas.

Fornell, C., & Larcker, D. F. (1981). Evaluating structural equation models with

unobservable variables and measurement error. Journal of Marketing Research, 18.

Gaskell, G. (2002). Entrevistas individuais e grupais. In: M. W., Bauer, & G. Gaskell.

Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Petrópolis: Vozes.

Ghadikolaei, A. S., Chen, I-S., Zolfani, S. H., & Akbarzadeh, Z. (2011). Cause and effect

relations of bsc in universities of Iran. International Journal of Management and

Innovation, 3, Issue 2.

Gil, A. C. (2002). Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed., São Paulo: Atlas.

Gilbert, T. F. (1978). Human competence: engineering worthy performance. New York:

McGraw-Hill Book Company.

Hair, J. F., Anderson, R. E., Tathan, R.L., & Black, W.C. (2005). Análise multivariada de

dados. Porto Alegre: Bookman.

Page 115: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

113

Hanashiro, D. M. M., Teixeira, M. L. M., & Zaccarelli, L. M. (2007). Gestão do fator

humano: uma visão baseada em stakeholders. São Paulo: Saraiva.

Henseler, J., Ringle, C. M. & Sinkowics, R. R. (2009). The use of partial least squares path

modeling in international marketing. Advances in International Marketing, 20, 277-319.

Hipólito, J. A. M. (2000). Competências e níveis de complexidade do trabalho como

parâmetros orientadores de estruturas salariais. In: Anais do Enanpad, Florianópolis/SC.

Hipólito, J. A. M., & Reis, G. G. (2002). A avaliação como instrumento de gestão. In: A.

C. Limongi-França, & M. T. Fleury. (Orgs). As pessoas na organização. (p. 73-86). São

Paulo: Gente.

Ienaga, C. H. (1998). Competence-based management: seminário executivo. São Paulo:

Dextron Consultoria Empresarial.

Jorge, F.C., Bittencourt, J.P., & Galleli, B. (2014, jan.-jun.). Avaliação de competências

em uma instituição hospitalar: a visão de avaliados e avaliadores. Future Studies Research

Journal. São Paulo, 6(1), 03-31.

Kaplan, R., & Norton, D. (1997). Estratégia em ação: Balanced Scorecard. 9. ed., Rio de

Janeiro: Elsevier.

Kaplan, R., & Norton, D. (1992). The Balanced Scorecard: measures that drive

performance. Havard Business Review, 70(1), 71-79.

Page 116: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

114

Kass, G. V. (1980). An exploratory technique for investigating large quantities of

categorical data. Applied Statistics, 29, 119-127.

King, A. W., Fowler, S. W., & Zeithaml, C.P. (2002, jan.-mar.). Competências

organizacionais e vantagem competitiva: o desafio da gerência intermediária. Revista de

Administração de Empresas, 42(1), 36-49.

Kouzes, J. M., & Posner, B. Z. (2010). As cinco práticas da liderança exemplar. In: E.,

Biech (Coord.). Manual de liderança da ASTD: a melhor fonte de informação sobre a arte

de liderar. São Paulo: Elsevier.

Le Boterf, G. (1999). Competénce et navigation professionnelle. Paris: Éditions

d’Organisation.

Leite, J. B. D., & Porsse, M. C. S. (2005). Competição baseada em competências e

aprendizagem organizacional: em busca da vantagem competitiva. In: R., Ruas, C. S.,

Antonello, & L. H. Boff (Org.). Os novos horizontes da gestão: aprendizagem

organizacional e competências. (pp. 56-69). Porto Alegre: Bookman.

Leme, R. (2006). Avaliação de desempenho com foco em competência: a base para

remuneração por competências. 1. ed., Rio de Janeiro: Qualitymark.

Leme, R. (2014). Redescobrindo a matriz nine box: conceitos e aplicação prática da

ferramenta na gestão de pessoas, no planejamento estratégico e na gestão em geral. 1. ed.,

Rio de Janeiro: Qualitymark.

Page 117: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

115

Leme, R., & Vespa, M. (2015). Gestão do desempenho integrando avaliação e

competência com o balanced scorecard: guia para integração dos instrumentos de

avaliação de competências, avaliação de desempenho e de estratégia empresarial com o

BSC. 3. ed., Rio de Janeiro: Qualitymark.

Malhotra, N. (2006). Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. Porto Alegre:

Bookman.

Martins, G. A., & Theóphilo, C. R. (2009). Metodologia de investigação científica para

ciências sociais aplicadas. 2. ed., São Paulo: Atlas.

Martone, D. (2003). A guide to developing a competency-based performance-management

system. Wiley Periodicals.

Mascarenhas, A. O. (2008) Gestão estratégica de pessoas: evolução, teoria e crítica. São

Paulo: Cencage Learning.

Meyer, C. B. (2001, Nov.). A case in case study methodology. Field Methods, 13.

Mills, J., Platts, K., & Bourne, M. (2003, Sep.). Competence and resource architectures.

International Journal of Operations & Production Management, 23(9), 977-994. [DOI:

10.1108/01443570310491738].

Page 118: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

116

Mills, J., Platts, K., Bourne, M., & Richards, H. (2002). Competing through competences.

Cambridge: Cambridge University Press.

Mintzberg, H., Ahlstrand, B., & Lampel, J. (2010). Safári de estratégia. Porto Alegre:

Bookman.

Mohrman, S. A., & Worley, C. G. (2009, May-Jun.). Dealing with rough times: a

capabilities development approach to surviving and thriving. Human Resource

Management, 48(3), 433-445.

Morgan, G. A., & Griego, O. V. (1998). Easy use and interpretation of SPSS for Windows:

answering research questions with statistics. Mahwah, New Jersey: Lawrence Erlbaum

Associates Publishers.

Moura, D. L., Zardo, R., Dias, S., & Dutra, J. S. (2009). Competências requeridas no

mercado globalizado. In: A. L., Fischer, J. S., Dutra, & W. A. C. Amorim (Org.). Gestão

de pessoas: desafios estratégicos de organizações contemporâneas. (p. 77-98). São Paulo:

Atlas.

Munck, L., Souza, R.B., Castro, A.L., & Zagui, C. (2011, abr.,maio,jun.). Modelos de

gestão de competências versus processos de validação. Um ponto cego? Revista de

Administração, São Paulo, 46(2), 107-121.

Page 119: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

117

Nakata, L. E., & Sousa, E. G. (2012, maio-ago.). O conceito de competências e sua

aplicação na gestão estratégica de pessoas nas empresas atuantes no Brasil. Revista

Economia & Gestão, 12(29).

Oderich, C. (2005). Gestão de competências gerenciais: noções e processos de

desenvolvimento. In: R., Ruas, C. S., Antonello, & L. H. Boff (Org.). Os novos horizontes

da gestão: aprendizagem organizacional e competências. (p. 88-115). Porto Alegre:

Bookman.

Oliveira, F. L. (2011). Metodologia da pesquisa e estatística elementar. Rio de Janeiro:

FGV.

Pasquali, L. (2005). Análise fatorial para pesquisadores. Brasília: LabPAM.

Pasquali, L. (1998). Psicometria: teoria e aplicações. Brasília: UnB.

Pereira, M. C. B. (2014). RH Essencial: gestão estratégica de pessoas e competências. 1.

ed., São Paulo: Saraiva.

Penrose, E. T. (1959). The theory of the growth of the firm. Oxford: Oxford University

Press.

Picchiai, D., & Nery, A. R. L. (2015) Estudo de caso de dois hospitais: estratégias,

estrutura, competências organizacionais e o desempenho financeiro. J Bras Econ Saúde, 7

(1), 17-27.

Page 120: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

118

Piccolotto, C. L., Vassari, S. A., & Dutra, J. S. (2010). Percepção de gestores quanto ao

papel da área de recursos humanos na gestão de mudança organizacional. In: J. S., Dutra

(Org.). Gestão de pessoas: práticas modernas e transformação nas organizações. São

Paulo: Atlas.

Polezzi, J. R. (2013). Competências requeridas aos gerentes: estudo em contexto

empresarial que privilegia o sistema de carreira fechada. Dissertação (Mestrado em

Administração), PUC Minas, Belo Horizonte.

Prahalad, C. K., & Hamel, G. (1990). The core competence of the corporation. Harvard

Business Review, 68(3), 79-93.

Pontes, B. R. (2010). Avaliação de desempenho: métodos clássicos e contemporâneos,

avaliação por objetivos, competências e equipes. 11. ed., São Paulo: LTr.

Pontes, B. R., & Serrano, C. A. (2005). A arte de selecionar talentos: planejamento,

recrutamento e seleção por competência. São Paulo: DVS.

Porter, M. E. (1980). Competitive advantage: techniques for analyzing industries and

competitors. New York: The Free Press.

Porter, M. E. (1996, Nov.-Dec.). What’s strategy? Havard Business Review, 74(6), 61-78.

Page 121: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

119

Quinn, R. E., Faerman, S. R., Thompson, M. P., & McGrath, M. (2003). Competências

gerenciais: princípios e aplicações. Tradução de Cristiana de Assis Serra. 3. ed., Rio de

Janeiro: Elsevier.

Reinbold, M. F., & Breillot, J. M. (1993). Gérer la competence dans l’entreprise. Paris:

Harmattan.

Remedio, C. C., & Engelman, S. (2009). O impacto da avaliação de desempenho com foco

em competências na empresa pública. In: Anais do Congresso Virtual Brasileiro de

Administração, 7.

Resende, E. (2000). O livro das competências: desenvolvimento das competências: a

melhor auto-ajuda para pessoas, organizações e sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark.

Rezende, J.F. (2003). Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual: alcançando a

performance balanceada na economia do conhecimento. Rio de Janeiro: Elsevier.

Richardson, R. J. (1985). Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas.

Richardson, R. J. (2010). Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas.

Rios, I. V. (2008). Integração entre avaliação do desempenho organizacional (Balanced

Scorecard) e do desempenho individual (Avaliação 360º): um estudo em instituição

financeira. Dissertação (Mestrado em Administração), PUC Minas, Belo Horizonte.

Page 122: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

120

Roesch, S. M. A. (1999). Projetos de estágio e de pesquisa em Administração. São Paulo:

Atlas.

Rosinski, J., Klich, J., Filipkowska, A., & Pettinger, R. (2014). Top-down and bottom-up

approach to competence management implementation: A case of two central Banks.

Tourism & Management Studies, 10 (Special Edition), 26-34.

Ruas, R (2005). Gestão por competências: uma contribuição à estratégia das organizações.

In: R., Ruas, C. C., Antonello, & L. H., Boff (Org.). Os novos horizontes da gestão:

aprendizagem organizacional e competências. (pp. 34-54). Porto Alegre: Bookman.

Sampaio, L. A. C. (2010). Mapeamento das competências gerenciais necessárias aos

gerentes das unidades de informação dos tribunais superiores do poder judiciário

brasileiro. Dissertação (Mestrado em Administração), Universidade de Brasília, Brasília.

Silva, F. M., & Mello, S. P. T. (2011, abr.-jun.) A noção de competência na gestão de

pessoas: reflexões acerca do setor público. Revista do Serviço Público, Brasília 62(2), 167-

183.

Silva, L. V., & Luz, T. R. (2010, maio-ago.) Gestão por competências: um estudo dos

impactos gerados na avaliação de desempenho e remuneração. Revista Gestão e Sociedade

CEPEAD/UFMG, 4(8).

Soares, J. F., Farias, A. A., & Cesar, C. C. (2002). Introdução à Estatística. 2. ed., Rio de

Janeiro: LTC.

Page 123: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

121

Sonnentag, S., & Frese, M. (2002). Performance concepts and performance theory. In:

Sonnentag, S. Psychological Management of Individual Performance. Great Britain: John

Wiley & Sons, LTD.

Souza, R. L. S. (2004, nov.). Gestão por competências no governo federal brasileiro:

experiência recente e perspectivas. In: Anais do IX Congreso Internacional del CLAD

sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública. Madrid, España.

Souza, V. L. (2005). Gestão de desempenho. Rio de Janeiro: FGV.

Spencer, L. M., & Spencer, S. M. (1993). Competence at work: models for superior

performance. New York: John Wiley & Sons.

Stewart, T. A. (1998). Capital intelectual: a nova vantagem competitiva das empresas. Rio

de Janeiro: Campus.

Tabachnick, B., & Fidell, L. S. (1989). Using multivariate statistics. New York: Harper

Collins.

Teece, D., Pisano, G. & Shuen, A. (1997) Dynamic capabilities and strategic management,

Strategic Management Journal, 8(7) 509-533.

Trasatti, S. R., & Costa, M. I. (2005). Administração de Recursos Humanos por

competências: a gestão do novo contrato entre pessoas e empresas do terceiro milênio. In:

Page 124: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

122

A., Neri (Org.). Gestão de RH por competências e a empregabilidade. (pp. 11-25) 2. ed.,

São Paulo: Papirus.

Triviños, A. N. S. (1987). Introdução à pesquisa em Ciências Sociais. São Paulo: Atlas.

Ulrich, D., & Smallwood, N. (2009). A marca da liderança: priorizar o cliente,

impulsionar o desempenho e criar valor duradouro. Rio de Janeiro: Best Seller.

Van Beirendonck, L. (1998). Beoordelen En Ontwikkelen Van Competencies: assessing

and developing competencies. Leuven, Belgium: Accost.

Yin, R. K. (2001). Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman.

Wernerfelt, B. (1984). A resource-based view of the firm. Strategic Management Journal,

5, 171-180.

Wood, T. Jr., & Picarelli Filho, V. (2004). Remuneração e carreira por habilidades e

competências: preparando a organização para a era das empresas de conhecimento

intensivo. São Paulo: Atlas.

Zarifian, P. (1999). Objectif compétence: pour une nouvelle logique. Paris: Liaisons.

Zarifian, P. (2001). Objetivo competência: por uma nova lógica. Tradução Maria Helena

C. V. Trylinski São Paulo: Atlas.

Page 125: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

123

Zarifian, P. (2003). O modelo da competência: trajetória histórica, desafios atuais e

propostas. Tradução de Eric Roland René Heneault. São Paulo: Senac São Paulo.

Page 126: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

124

Apêndices

Apêndice A – Convite para participação em pesquisa

Colega,

Estamos convidando você para participar de pesquisa acadêmica destinada à

realização da dissertação de mestrado para o Programa de Pós-Graduação em

Administração da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas. É uma

oportunidade para contribuir para mais conhecimento acerca da gestão do desempenho

baseada nas competências.

O objetivo do estudo é identificar possibilidade de relação entre a mobilização de

competências pelos gerentes de equipes e os resultados financeiros e/ou operacionais

obtidos.

Por se tratar de uma pesquisa de cunho acadêmico, suas informações serão utilizadas

apenas para tal fim. As respostas serão mantidas em sigilo absoluto, pois os dados serão

analisados em termos globais, não sendo necessário identificar-se. Esclarecemos que a

pesquisa foi autorizada pela empresa.

Agradecemos sua colaboração e colocamo-nos à sua disposição para quaisquer

informações que se façam necessárias.

Giselle Inês Borges Avelino Profa. Dra. Simone Costa Nunes

Mestranda Orientadora

PPGA / PUC Minas - Av. Itaú, 525, Dom Cabral.

[email protected]

Page 127: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

125

Questionário de pesquisa

Marcar a função gratificada exercida pelo gerente de equipe que está sendo avaliado.

( ) Gerente ( ) Coordenador ( ) Supervisor

1º bloco: Favor informar em que grau as competências abaixo realmente são demandadas

para o exercício da função do empregado avaliado numa escala de 1 a 5, sendo 1 (pouco

demandada) até 5 (muito demandada):

Competência 1

2

3

4

5

Lidera pelo exemplo

Domina seus assuntos

Desenvolve a si mesmo e à equipe

Atua como dono da empresa

Foca o cliente

Incentiva e pratica a inovação

2º bloco: Critérios para avaliar a mobilização das competências pelo empregado avaliado:

1 2 3 4 5

Competência Incipiente Emergente Eficaz Superior Excepcional

Comportamentos de entrega 1 2 3 4 5

É agente de mudanças e lidera pelo exemplo

Pratica a inovação

Inspira as pessoas ao resguardar a imagem da empresa

Busca autodesenvolvimento de acordo com as necessidades da sua unidade

Recomenda mudanças nas atividades para aproveitar oportunidades

Propõe soluções para atender às necessidades dos clientes

Acompanha as atividades sob sua gestão e atua oportunamente visando à satisfação do cliente

Diagnostica e estabelece ações adequadas para seu próprio desenvolvimento e da equipe

Cria ambiente propício à inovação

Favorece clima harmonioso e estimula a equipe

Page 128: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

126

Comportamentos de entrega 1 2 3 4 5

Toma decisões após análise das informações relativas ao processo em que atua

Comunica de maneira eficaz ao cliente a respeito das demandas sob sua responsabilidade

Delega atividades e responsabilidades e acompanha o desempenho

Pratica gestão participativa

Promove a formação de sucessores no âmbito da sua equipe

Contribui para um clima favorável ao alcance dos resultados

Tem bom relacionamento interpessoal com clientes, parceiros e empregados

Monitora indicadores de desempenho e solicita a participação da equipe no alcance das metas

Esclarece plano de ação para a equipe com o objetivo de implantar a estratégia organizacional

Percebe oportunidades de inovação no âmbito de sua equipe

Busca integrar equipe, gestor ou outras unidades visando à concretização do planejado, à produtividade e ao controle dos custos

Administra de acordo com os objetivos estratégicos da unidade

Percebe oportunidades no atendimento a clientes que geram impacto sobre o resultado da sua unidade

Page 129: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior organização

127

Apêndice B – Teste utilizando bootstrap para o modelo de equações estruturais

ajustado

Figura 13. Teste utilizando bootstrap para o modelo de equações estruturais ajustado.