polÍticas pÚblicas para educaÇÃo prisional no estado … · educação para todos, em 2000, e a...

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Universidade Estadual de Maringá 12 a 14 de Junho de 2013 1 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA EDUCAÇÃO PRISIONAL NO ESTADO DO PARANÁ PÓS 1990 BOIAGO, Daiane Letícia (UEM) NOMA, Amélia Kimiko (Orientadora/UEM) Agência financiadora: CAPES Introdução Este trabalho apresenta resultados parciais da pesquisa de mestrado intitulada “Políticas públicas internacionais e nacionais para a educação em estabelecimentos penais a partir de 1990: regulação social no contexto da crise estrutural do capital”, concluída em março de 2013. O objeto de estudo abordado diz respeito a políticas educativas direcionadas às pessoas privadas de liberdades em estabelecimentos penitenciários, às pessoas jovens e adultas sentenciadas e que cumprem sua pena em regime fechado. O objetivo é analisar políticas públicas para a educação de jovens e adultos (EJA) em estabelecimentos penais no Estado do Paraná a partir de 1990. Investiga-se o processo de construção da política pública paranaense para a EJA em condição de privação de liberdade no período delimitado. Para realizar o proposto, as políticas em foco são abordadas como resultantes de relações sociais – necessariamente contraditórias – e como um processo em construção. Para tal, faz-se necessário explicitar, de forma sucinta, a configuração do direito à educação prisional firmado em documentos internacionais produzidos e publicados por agências especializadas do Sistema da Organização das Nações Unidas (ONU) e na legislação educacional brasileira que garante a obrigatoriedade da oferta da educação em estabelecimentos penais. A partir da década de 1990, houve conferências internacionais para educação, seminários e eventos realizados por agências internacionais do sistema ONU, dentre elas pode-se citar a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura

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Universidade Estadual de Maringá 12 a 14 de Junho de 2013

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POLÍTICAS PÚBLICAS PARA EDUCAÇÃO PRISIONAL NO

ESTADO DO PARANÁ PÓS 1990

BOIAGO, Daiane Letícia (UEM)

NOMA, Amélia Kimiko (Orientadora/UEM)

Agência financiadora: CAPES

Introdução

Este trabalho apresenta resultados parciais da pesquisa de mestrado intitulada

“Políticas públicas internacionais e nacionais para a educação em estabelecimentos

penais a partir de 1990: regulação social no contexto da crise estrutural do capital”,

concluída em março de 2013. O objeto de estudo abordado diz respeito a políticas

educativas direcionadas às pessoas privadas de liberdades em estabelecimentos

penitenciários, às pessoas jovens e adultas sentenciadas e que cumprem sua pena em

regime fechado.

O objetivo é analisar políticas públicas para a educação de jovens e adultos

(EJA) em estabelecimentos penais no Estado do Paraná a partir de 1990. Investiga-se o

processo de construção da política pública paranaense para a EJA em condição de

privação de liberdade no período delimitado. Para realizar o proposto, as políticas em

foco são abordadas como resultantes de relações sociais – necessariamente

contraditórias – e como um processo em construção.

Para tal, faz-se necessário explicitar, de forma sucinta, a configuração do direito

à educação prisional firmado em documentos internacionais produzidos e publicados

por agências especializadas do Sistema da Organização das Nações Unidas (ONU) e na

legislação educacional brasileira que garante a obrigatoriedade da oferta da educação

em estabelecimentos penais.

A partir da década de 1990, houve conferências internacionais para educação,

seminários e eventos realizados por agências internacionais do sistema ONU, dentre

elas pode-se citar a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura

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(UNESCO). No conteúdo dos documentos de políticas aprovados nestes eventos, pode-

se apreender a influência dessas agências na elaboração de políticas para educação

prisional no Brasil e no Estado do Paraná.

O nosso propósito é evidenciar o protagonismo dessas agências na definição de

critérios de referência, na proposição de caminhos e medidas, na elaboração de planos

de ação para a implantação de políticas públicas educativas em âmbito mundial e, em

específico, para a constituição de uma política pública para a educação de sujeitos

sociais apenados em instituições penais nos países-membros.

Tais agências por meio da construção de consensos globais, os quais são

construídos e disseminados em diversos eventos e registrados nos documentos de

política educacional acordados pelos seus países membros, como é o caso do Brasil,

trabalham no sentido de construir uma “agenda globalmente estruturada para a

educação” (AGEE), conforme proposição de Dale (2004). O objetivo da AGEE é a

construção de consensos que resultam na adequação das políticas de educação às

necessidades emergentes do capital.

O Direito a Educação Prisional em Documentos Internacionais e Nacionais

Para se compreender o processo de construção de políticas públicas para

educação prisional, faz-se necessário evidenciar o protagonismo das instituições

multilaterais na definição e na implantação de políticas públicas educativas em âmbito

mundial. É preciso entender que as inter-relações e conexões entre os Estados

capitalistas – fundadas na circulação e na distribuição mundial das mercadorias e do

capital financeiro – são mediadas por articulações políticas e econômicas derivadas

também das instituições intergovernamentais (ROSEMBERG, 2000). No contexto

capitalista pós 1990, as relações internacionais1 englobaram questões de diversas áreas:

economia, política, social, tecnologia, entre outras. Como resultante de consensos entre

1 As relações internacionais entre os Estados ocorrem por diferentes e variados canais, explica Rosemberg

(2000). Dentre eles estão: 1) os contatos entre chefes de Estados, governos e ministros, especialmente das finanças e das relações exteriores; 2) relações diplomáticas bilaterais pela via de embaixadas e consulados; 3) organizações internacionais ou regionais de cunho intergovernamental, as quais podem ser privadas, mas sem fins lucrativos ou econômico-financeiros e 4) empresas multinacionais ou transnacionais.

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os países, as agências intergovernamentais conservaram a prerrogativa de direcionar os

parâmetros econômicos, políticos e jurídicos que fundamentaram a dinâmica do

desenvolvimento capitalista rumo a sua expansão mundial (ROSEMBERG, 2000). A

Organização das Nações Unidas (ONU) e as agências especializadas que a integram

foram algumas das principais organizações intergovernamentais que mediaram relações

entre os Estados.

Para analisar as relações contraditórias que permeiam a sociedade como um todo

e a disputa pela hegemonia entre países, salienta Noma (2012, p. 72), “[...] deve-se levar

em consideração que a luta pela direção e controle social transforma a obtenção de

consenso em importante elemento para a reprodução das relações sociais vigentes”. O

aparato do Estado neoliberal, explica Harvey (2008), é utilizado para estabelecer as

condições para o consenso necessário para a reprodução das relações sociais

capitalistas, por meio de táticas de cooptação, persuasão, chantagem, ameaça e, se

necessário, pela utilização da força institucionalizada. Pode-se afirmar que a

neoliberalização dos países centrais do capitalismo alicerçou-se em estratégias de

obtenção do consenso sobre seus princípios doutrinários básicos.

Nesse contexto, para garantir o direito à educação prisional, a comunidade

internacional tem elaborado normas que objetivam “[...] afrontar os problemas de

estigmatização, indiferença e marginalização que com frequência caracterizam a

educação nos estabelecimentos penitenciários [...]” (ONU, 2009, p. 9). Os instrumentos

legais internacionais, na perspectiva da ONU, oferecem orientações que proporcionam

condições para uma boa gestão penitenciária. De acordo com o Relator Especial da

ONU, as normas internacionais de direitos humanos, pela sua importância para a

política penitenciária, deveriam se constituir em fator primordial nas orientações de

elaboração dessa política (ONU, 2009, p. 9).

A elaboração de políticas públicas para a educação de pessoas privadas de

liberdade tem um dos fundamentos na Declaração Mundial de Educação para Todos,

acordada na Conferência Internacional de Educação para Todos, realizada em Jomtien,

na Tailândia, em 1990. É consensual a oferta de educação prisional na modalidade de

educação de jovens e adultos, garantia do direito à educação básica e profissionalizante

para todas as pessoas que se encontram em situação de desvantagem educacional. Isto

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pode ser verificado em outros documentos tais como: a Declaração de Hamburgo sobre

a Educação de Adultos, resultante da V Conferência Internacional de Educação de

Adultos, realizada em 1997; a Declaração de Dakar, elaborada no Fórum Mundial de

Educação para Todos, em 2000, e a Declaração do Milênio, firmada na Cúpula do

Milênio, realizada em 2000, a qual deu origem aos Objetivos de Desenvolvimento do

Milênio (ODM).

Em síntese, pode-se afirmar que nos citados documentos a educação é

compreendida como um fator de desenvolvimento econômico e social. É focalizada na

perspectiva de educação ao longo da vida, sendo considerada um direito humano

fundamental do preso ao desenvolvimento. Nota-se, em tais documentos, o consenso de

que a educação prisional deve ser concebida como programa de reinserção social, capaz

de possibilitar a ressocialização dos sujeitos privados de liberdade e a sua reinserção no

mercado de trabalho quando egressos das instituições penais.

Há uma estreita relação entre educação e pobreza, sobretudo nos documentos

que se referem especificamente à educação prisional, neles a educação – formal ou não

– ganha destaque especial no pacote de soluções recomendadas para o alívio da pobreza

e regulação dos pobres. Apreende-se ainda uma linha de conceitos que permeia a todos

os documentos, tais como educação ao longo da vida, sociedade do conhecimento,

sociedade da aprendizagem, da informação, justiça social, equidade, inclusão,

segurança, coesão social, dentre outros. Esses conceitos, advindos da área empresarial

são fundamentados na ideologia neoliberal propalada no Brasil, principalmente a partir

da década de 1990.

A partir da década de 1990, na onda de reformas de cunho neoliberal realizadas

no setor educacional brasileiro, tais orientações são aceitas e incorporadas à legislação

educacional brasileira, garantindo em âmbito nacional a oferta da educação e

estabelecimentos penais. Essas orientações são adaptadas ao contexto brasileiro como é

expresso nos seguintes documentos norteadores da educação prisional: Lei de Execução

Penal de 1948, Constituição da República Federativa de 1988, Plano Nacional de

Educação (2001-2011), Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional de 1996, Plano

de Desenvolvimento Educacional de 2007, Resolução n° 3, de 6 de março de 2009, do

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Conselho de Política Criminal e Penitenciária, Resolução CNE/CEB 2/2010 e Parecer

CNE/CEB nº 4 de 2010.

As orientações presentes nos documentos internacionais e incorporadas aos

documentos do Brasil estão de acordo com o estabelece o ideário neoliberal de

adequação da educação aos ditames do capital global. No caso das políticas para

educação prisional é notável a intensa a repetição de que essa educação deve preparar o

recluso para sua reinserção tanto na sociedade, como principalmente no mercado de

trabalho.

A educação prisional entendida como estratégia para reinserção social e

preparação para o mercado de trabalho pode ser apreendida no Parecer do CNE/CEB

4/2010, que acompanha a Resolução CNE/CEB nº 2/2010, na qual a educação é

abordada “[...] como concepção de programa de reinserção social na política de

execução penal”. Em consonância, a “[...] educação é considerada como um dos meios

de se promover a integração social e a aquisição de conhecimentos que permitam aos

reclusos assegurar um futuro melhor quando recuperarem a liberdade”. Registre-se que

é reforçado o “[...] aspecto reformador do encarceramento, em especial as atividades de

educação profissional e as informações sobre oportunidades de emprego” (BRASIL,

2010, p. 13). O objetivo mais amplo propalado para essa educação é a reintegração

social e o desenvolvimento do potencial humano.

Vale lembrar que, no processo de construção da política pública, os eventos,

seminários e fóruns de discussão assumem fundamental importância. A partir da década

de 1990 e principalmente a partir dos anos 2000, o Brasil tem realizado muitos eventos

para discutir a questão da educação prisional, contando com a participação e

mobilização da sociedade civil. Na perspectiva de Teodoro (2011) é por meio da

elaboração de consensos, disseminação de diretrizes, linhas de ações e programas

estratégicos na linha da pobreza, realização de seminários, conferências dentre outros

eventos realizados no campo educacional, que tais agências atuam de forma a legitimar

uma agenda política global.

A cooperação interagenciais para produção das condições para o consenso – que

se concretizam na realização de conferências, eventos e na publicação conjunta de

documentos – corrobora a tese de Dale (2004) a respeito da construção de uma “agenda

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globalmente estruturada para educação” (AGEE). A abordagem desenvolvida pelo autor

sobre a AGEE foi baseada em estudos sobre a economia e a política internacional e

considera “[...] a mudança de natureza da economia capitalista mundial como a força

directora da globalização e procuram estabelecer os seus efeitos, ainda que intensamente

mediados pelo local, sobre os sistemas educativos”2 (DALE, 2004, p. 426).

Pode-se perceber esse movimento em prol da construção da AGEE no processo

de construção de uma política pública para educação prisional no estado do Paraná,

visto que mesmo possuindo certa autonomia (relativa), o estado tem que respeitar as

normativas internacionais e a legislação nacional vigente.

Histórico da educação prisional no Paraná

Na página do Departamento Penitenciário do Paraná, na Divisão de Educação

deste Departamento (DEPEN-PR, 2012a), há a informação de que, no Estado do Paraná,

a parceria estabelecida entre a Secretaria de Estado da Justiça (SEJU) e a Secretaria de

Estado da Educação (SEED), ocorrida em 1982, deu início ao processo de escolarização

no sistema penal. O referido acordo possibilitou que os presos e os funcionários das

penitenciárias do Estado tivessem acesso à escolarização no ensino de 1° e 2° grau, por

meio da modalidade de ensino supletivo.

No início, “[...] a escola foi implantada como um Centro de Orientação da

Aprendizagem, órgão vinculado ao Centro de Estudos Supletivos de Curitiba, conforme

Resolução 80/82 SEJU/SEED e Resolução 1707/82 – SEED, ambas de 28/06/82”

(DEPEN-PR, 2012a). A Resolução 1707/82 – SEED autorizou o estabelecimento a

ofertar Cursos Supletivos de 1º e 2º graus, com avaliação fora do processo. O

estabelecimento passou a manter um reduzido número de professores “[...] apenas para

preparar os alunos para os exames de equivalência correspondentes às quatros primeiras

séries do 1º grau e aos exames supletivos de educação geral”. Esses exames eram “[...]

realizados pelo Centro de Estudos Supletivos de Curitiba, por uma equipe [e sob a 2 Na análise da AGEE a globalização é compreendida como um conjunto de dispositivos políticos e

econômicos que visam à “[...] organização da economia global, conduzido pela necessidade de manter o sistema capitalista, mais do que qualquer outro conjunto de valores. A adesão aos seus princípios é veiculada através da pressão econômica e da percepção do interesse nacional próprio” (DALE, 2004, p. 436).

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supervisão] do Departamento de Ensino Supletivo/SEED”. Em 1987, pela Resolução

2088/87/SEED, a instituição passou a ser um Núcleo Avançado de Estudos Supletivos

(NAES) Dr. Mário Faraco. Esta modalidade de atendimento educativo perdurou por 14

anos (DEPEN-PR, 2012a).

A experiência pedagógica exitosa resultou na transformação do NAES Dr. Mário

Faraco em Centro de Estudos Supletivos de 1º e 2º graus. Isto “[...] possibilitou maior

autonomia no atendimento aos alunos com cursos e exames supletivos de 1º e 2º graus –

função suplência educação geral e função suplência profissionalizante” (DEPEN-PR,

2012a, p. 1). Consta no DEPEN-PR (2012a) que o passo fundamental para transformar a

escola supletiva em uma instituição com rotina pedagógica e administrativa autônoma

ocorreu, em 1995, por meio da Resolução 2104/95, que instituiu a realização de

avaliações no rendimento escolar dos alunos que cursavam o supletivo de 1° e 2° grau

durante o processo de ensino aprendizagem. A escola que antes se chamava Centro se

Estudos Supletivos (CES) Dr. Mário Franco, após a aprovação da Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional em 1996, passou a se chamar Centro Estadual de Educação

Básica de Jovens e Adultos (CEEBJA) Dr. Mário Franco.

Devido à construção de novos estabelecimentos penais no Estado, o processo de

escolarização foi ampliado para o atendimento educacional das instituições penais do

Paraná. A educação formal dos apenados é ofertada em cinco Centros Estaduais de

Educação Básica de Jovens e Adultos (CEEBJAS) – que possuem uma estrutura

técnico-administrativa completa dentro das unidades penais – e em três Ações

Pedagógicas Descentralizadas (APED). As APED são estruturas vinculadas a outros

CEEBJAS dos municípios e que funcionam, nas unidades penais, apenas com

professores e uma coordenação pedagógica (DEPEN-PR, 2012a).

Anualmente, a parceria entre a SEJU e a SEED é renovada por meio de uma

Resolução secretarial conjunta. Pelo acordo estabelecido (DEPEN-PR, 2012a, p. 1),

“[...] cabe à SEED fornecer profissionais docentes e administrativos para atuarem no

sistema penal, responsabilizando-se pelo pagamento do salário básico dos mesmos”. Em

contrapartida, “[...] cabe à SEJU fornecer as condições infra-estrutrais (salas de aula,

mobiliário e material escolar)”. Para a organização destas ações e parcerias, o

Departamento Penitenciário “[...] reestruturou a Divisão de Educação (DIED),

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subordinando-a à direção da Escola Penitenciária, para coordenar a política e os

programas da área educação”. As unidades penais do Estado do Paraná contam com

pedagogas, servidoras do DEPEN (DEPEN-PR, 2012a, p. 1).

Pela Constituição Federal de 1988, os Estados têm autonomia – relativa – quanto

à elaboração e à implantação de políticas públicas. Em consonância, as políticas

públicas para educação em estabelecimentos penais no Estado do Paraná estão

fundamentadas nas políticas públicas educacionais e penais do Brasil adequadas em

nível estadual e na modalidade de educação de jovens e adultos (EJA). A elaboração de

políticas públicas para educação prisional é responsabilidade da Secretaria Estadual de

Educação, sendo financiada por recursos advindos do Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB), bem como, de forma complementar,

com auxílios dos órgãos federais e estadual. Para tal, a educação prisional deve atender

“[...] às especificidades dos diferentes níveis e modalidades de educação e ensino e são

extensivas aos presos provisórios, condenados, egressos do sistema prisional e aqueles

que cumprem medidas de segurança [...]” (BRASIL, 2010, p. 2).

A SEED-PR, em parceria com a SEJU, mantém os CEEBJAs dentro do sistema

penal, com infraestrutura física, material, bem como recursos humanos para a oferta da

EJA, a fim de garantir a escolarização básica, ensino fundamental e médio (DEPEN-PR,

2012b). Para que os reclusos tenham acesso à educação, estão sendo implementadas nas

suas unidades penais algumas medidas, tais como, “[...] ampliação do ensino formal,

construção de salas de aula, ampliação do acervo das bibliotecas, instalação de

telecentros (laboratórios de informática), produção de videoaulas de apoio ao ensino

presencial, formação continuada de professores e pedagogos [...]” (DEPEN-PR, 2012b).

Segundo consta na página oficial do DEPEN-PR (2012b), outro grande objetivo

da SEJU é a erradicação no analfabetismo entre os reclusos. Para tal, a Coordenação de

Educação, juntamente com os CEEBJAs, “[...] organizou salas de alfabetização e o

Conselho de Movimentação de Presos encaminhou todos os analfabetos absolutos e

funcionais, para que tenham atendimento individualizado, com professores

alfabetizadores e com material didático próprio”.

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No histórico da educação prisional no Estado do Paraná, algumas datas são de

suma importância, os acontecimentos delas derivados estão apresentados na tabela a

seguir.

Tabela 1: Marcos da Educação Prisional no Paraná

De 1995 a 2000 Implantação do Departamento Penitenciário nas unidades de Maringá, Londrina e Guarapuava; Organização de cursos de formação para novos servidores; Implantação da 1a Penitenciária Paranaense em regime fechado de terceirização.

De 2000 a 2003 1º Encontro de Administração Penitenciária do MERCOSUL – CONSED; 1as Turmas do Grupo de Apoio às Ações Penitenciárias OSUL – CODESUL; 1° Curso de especialização em gestão penitenciária; 1º Fórum Pedagógico do Sistema Penitenciário do Paraná.

2004 A ESPEN instalou-se em sede própria, oferecendo espaços mais adequados para a realização de cursos e eventos. Publicação da Resolução Conjunta nº 02/2004–SEED/SEJU/SETP, que regulava a seleção de servidores públicos da SEED para suprimento da demanda de docentes, apoio técnico-pedagógico e administrativo nos estabelecimentos penais do Paraná, vigorando até 2011.

2006 Publicação da Resolução Conjunta nº 08/2006 – SEED/SEJU estabelece as competências de cada Secretaria no sentido de garantir a escolarização básica, no nível fundamental e/ou médio, na modalidade EJA nas penitenciárias do Paraná.

2007 O campo de atuação da ESPEN foi ampliado e estabeleceu eixos para sua política de formação e redefiniu algumas de suas atividades, centralizando seus objetivos na formação, capacitação e aperfeiçoamento profissionais.

2011 Publicação da Resolução nº 090, que alterou a denominação da então ESPEN para Escola de Educação em Direitos Humanos – ESEDH-PR. Publicação da Resolução Conjunta nº 01/2011 – SEED/SEJU/SECJ – regulamenta o processo de seleção de servidores públicos, vinculados à SEED, para suprimento da demanda nos estabelecimentos de ensino em unidades penais, substituindo a Resolução Conjunta nº 02/2004. Publicação da Resolução Conjunta nº 03/2011 – SEED/SEJU – estabelece as competências de cada Secretaria parceira no atendimento à escolarização das pessoas em privação de liberdade, substituindo a Resolução Conjunta nº 08/2006.

2012 Publicação do Decreto n.º 4021 que institui o PDI– Cidadania.

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Documentos Estaduais que normatizam a educação prisional no Paraná

No Estado do Paraná, as ações de educação em contexto de privação de

liberdade, de um modo geral, estão “[...] calcadas na legislação educacional vigente no

país, na lei de Execução Penal, nos tratados internacionais firmados pelo Brasil no

âmbito das políticas de direitos humanos e privação de liberdade [...]” (BRASIL, 2010,

p. 2). A educação prisional, além disso, está garantida na legislação educacional do

Estado e em documentos normativos do seu Departamento Penitenciário. Tais

documentos explicitam a obrigatoriedade dos estabelecimentos penais em ofertar a

educação para todas as pessoas que a ela não tiveram acesso. Destarte a grande maioria

desses documentos faz referência às normas internacionais do sistema ONU.

Ao analisar os documentos que regulamentam a educação escolar em âmbito

prisional, é possível afirmar que o Estado do Paraná está em conformidade com o que

apregoa o artigo 2° da Resolução CNE/CEB n° 2, de 19 de maio de 2010, referente às

Diretrizes Nacionais para a oferta da educação de jovens e adultos em situação de

privação de liberdade nos estabelecimentos penais.

A base legal estadual que regulamenta o direito à educação no sistema penal

engloba: Constituição do Estado do Paraná de 1989, Regimento Interno do

Departamento Penitenciário do Estado do Paraná de 2003, Plano Diretor do Sistema

Penal do Estado do Paraná de 2011, Plano Estadual de Educação de 2005 e Diretrizes

Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos de 2006.

As orientações presentes nestes documentos estão articuladas de tal forma que é

possível apreender princípios para elaboração de políticas educativas para o sistema

penal presentes nos documentos internacionais e nacionais. Estes princípios direcionam

o entendimento de que é função da educação a recuperação, reinserção e ressocialização

do preso. Destarte, o objetivo atribuído à educação básica e profissionalizante está

relacionado ao atendimento das necessidades emergentes do mercado de trabalho.

A oferta da educação prisional no Paraná é dever do Estado paranaense, pois

segundo a Constituição Estadual do Paraná em seu artigo 179 o Estado deve garantir:

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[...] ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria, II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; III - ensino público noturno, fundamental e médio, adequado às necessidades do educando, assegurado o mesmo padrão de qualidade do ensino público diurno [...] (PARANÁ, 2006a, p. 78).

O artigo 184 prevê que o Plano Plurianual de Educação deverá ter como objetivo

a erradicação da pobreza, universalização do atendimento escolar, melhoria na

qualidade do ensino, formação profissional voltada para atendimento das necessidades

do mercado de trabalho, promoção humanística, científica e tecnológica (PARANÁ,

2006a). Tais objetivos estão presentes nos documentos internacionais que garantem o

direito à educação da pessoa privada.

É com base nos artigos anteriormente mencionados que a educação no sistema

prisional do Estado do Paraná pode ser entendida como direito humano fundamental e

não como privilégio do recluso, uma vez que a educação deve ser ofertada a todos os

que não tiveram acesso a ela em idade considerada adequada, caso da população

prisional.

No estado do Paraná a educação prisional vem se consolidando enquanto política

pública estadual. O estado elaborado leis e Planos estaduais de educação no sistema

penal. Recentemente, em 2012, foi instituído o Plano Estadual de Educação no Sistema

Prisional do Paraná. A elaboração do plano objetivou atender ao Decreto nº 7626/2011,

de 24 de novembro de 2011, que instituiu o Plano Estratégico de Educação no âmbito

do Sistema Prisional (PEESP).

O Plano Estadual de Educação no Sistema Prisional do Paraná foi elaborado de

forma conjunta entre a SEED e a SEJU, com a participação de representantes dos

diversos segmentos sociais. O Plano objetiva a garantia da escolarização básica, no

nível fundamental e médio, na modalidade EJA e a educação profissional para as

pessoas privadas de liberdade no Estado. A oferta será realizada por meio dos CEEBJAs

e das APEDs (PARANÁ, 2012).

Ao analisar o conteúdo dos documentos relativos a educação prisional, pode-se

constatar que estas, vêm sendo gestadas e implementadas em um contexto social

marcado por lutas políticas entre segmentos sociais diferenciados, das quais participam

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muitos autores e atores nacionais e internacionais. As políticas para educação prisional

no Brasil e no Estado do Paraná constituem-se em práxis social produzidas em relações

sociais contraditórias, elas expressam ações que buscam a reprodução das condições que

garantem a reprodução das relações sociais capitalistas e legitimam estratégias de

regulação social.

A implantação de programas e projetos setoriais e focalizados – como é o caso

das ações educacionais desenvolvidas no sistema penal – é parte integrante de um

processo desigual e combinado no qual “[...] sob o domínio do império do capital, as

ações sociais, econômicas, políticas e institucionais são processadas como infinitamente

inevitáveis e como o único caminho ao processo existencial social e econômico dos

países, das escolas, e dos indivíduos” (DEITOS, 2003, p. 114).

Explicita-se que as políticas públicas estaduais para educação prisional

expressam modos de enfrentamento da questão social3 no Paraná. No processo de

construção da política pública paranaense em foco, é possível evidenciar a incorporação

da agenda política internacional e nacionalmente consensuada e sua adequação à agenda

política do Estado do Paraná por ações que englobam seminários, conferências e

eventos voltados para a educação prisional e publicações com normatização e

orientações.

Ao estudar a atuação das organizações internacionais como a ONU e a

UNESCO, bem como quando são analisados os documentos advindos dessas

organizações, tais como os explicitados nesse artigo, corroboramos a tese de Dale

(2004) sobre a construção de uma “agenda globalmente estruturada para a educação”, e

de Antunes (2004), ao explicar que uma das dimensões da participação da educação na

regulação social desenvolve-se por meio da constituição de uma agenda globalmente

estruturada para a educação.

Um dos meios de se instituir a regulação social é a política pública, conforme

explica Pereira (2008), pois esta é utilizada como um instrumento de consenso, de

3 Questão social, no sentido universal do termo, na perspectiva de Cerqueira Filho (1982, p. 21), significa “[...] o conjunto de problemas políticos, sociais e econômicos que o surgimento da classe operária impôs ao curso da constituição da sociedade capitalista”. Para o citado autor, “[...] a ‘questão social’ está fundamentalmente vinculada ao conflito entre o capital e o trabalho”.

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entendimento entre partes que estão em conflito e também de negociação. Como não se

pode usar pura e simplesmente a estratégia de coerção social, utiliza-se a legitimação da

política.

Teodoro (2011) expõe que vasta criação de agências internacionais, tais como as

agências do sistema ONU impulsionaram a internacionalização da problemática sobre

as políticas públicas para educação. Os países-membros ao se tornarem signatários de

acordos, normas e orientações internacionais são convocados a elaborar políticas

públicas que atendam ao que foi solicitado. Explica Teodoro (2011, p. 52) que a

realização desses eventos permite “[...] criar vastas redes de contactos, de

financiamentos e de permuta de informação e conhecimento entre autoridades político-

administrativas de âmbito nacional, actores sociais, experts e investigadores

universitários”.

A criação de redes no âmbito educacional é explicada por Shiroma (2011, p. 18),

segundo a autora, redes sociais são definidas como um conjunto de pessoas, ou

organizações que possuem um objetivo comum e que trabalham na produção e

disseminação de informações. No entanto, na análise dos documentos internacionais a

formação de redes “[...] evidenciam os interesses dos reformadores internacionais em

determinadas finalidades para o uso de redes regionais e nacionais [...]” objetivando a

descentralização da educação.

Teodoro (2005) salienta que a articulação das relações internacionais com as

nacionais tem assumido nos últimos anos novas configurações, sendo que os programas

que vem vendo desenvolvidos por essas agências no âmbito nacional se fundamentam

na construção de uma agenda global. Segundo esse autor, por meio da relação

estabelecida entre o internacional e o nacional, as organizações articulam uma agenda

mundial, “[...] mantêm redes, realizam seminários, constroem conceitos, tornam-se,

muitas vezes, hegemônicas e, de certa forma, constroem um mandato social no sentido

das expectativas do que se espera que o sistema venha a resolver e que condicionam as

políticas educacionais (TEODORO, 2005, p. 223).

A implantação de políticas públicas para educação em países como o Brasil,

dependem cada vez mais do apoio e da assistência técnica e financeira que realizada

pelas agências internacionais, segundo Teodoro (2002, p. 62) muitas vezes a relação que

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se institui é de “[...] legitimação, ou seja, as organizações internacionais são procuradas

para legitimar opções que já foram feitas no plano nacional”.

A elaboração de políticas sociais e educacionais no Estado do Paraná, a partir de

1990, está vinculada a um projeto maior de reforma propalado pelas agências

internacionais, a fim de ajustar as políticas adotadas pelos governos estaduais à lógica

do ideário neoliberal. De acordo com Yasbek (2003, p. 59), a lógica neoliberal que

orientou a elaboração de políticas públicas “[...] subordinou as políticas sociais aos

ajustes econômicos e às regras do mercado [...]”.

Considerações finais

A partir dos apontamentos levantados nesse trabalho, explicita-se que o processo

de construção de políticas públicas para educação prisional ocorre em meio a um

processo desigualmente combinado e contraditório, no qual participam diversas

instituições e sujeitos sociais, que se utilizam de diversos meios para provocar

mudanças e instituir a regulação dos sistemas educativos.

Fundamentando-se na análise dos documentos de política educativa para

educação em estabelecimentos penais, é possível compreender a forma com a qual as

agências internacionais do sistema ONU vêm trabalhando, no sentido da construção de

uma agenda globalmente estruturada para educação. Tais agências atuam como força

supranacional na definição de uma agenda política e educacional para educação

prisional, articulando consensos globais em virtude um objetivo comum: promover a

regulação social por meio da educação, adequando-a as necessidades do mercado.

Tal processo é visível quando são analisados os documentos de política

educacional para educação prisional em âmbito internacional, nacional e estadual. Por

meio dos consensos que são construídos ao longo dos eventos internacionais

direcionados à educação, e consequentemente à educação prisional, vão se delineando

linhas comuns de ação, diretrizes e estratégias que objetivam adequar a educação

nacional e estadual às necessidades do capital global.

Esses planos de ação, bem como as orientações internacionais são incorporados

e adaptados ao contexto social, político e econômico de cada país, influenciando a

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elaboração de políticas públicas para educação. Em um contexto de construção de

consensos universais sobre a educação, as políticas públicas para educação prisional

foram concebidas como meio de regulação e coerção social dos sujeitos privados de

liberdade.

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