polÍticas pÚblicas para esporte e lazer em ubaira/ba: desafios e possibilidade da gestÃo no...

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS II ALAGOINHAS COLEGIADO DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ESPORTE E LAZER EM UBAÍRA/BA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA GESTÃO NO PERÍODO DE 2009 A 2011 ANA ISA DE JESUS BASTOS ALAGOINHAS-BA 2012

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ANA ISA DE JESUS BASTOS

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Page 1: POLÍTICAS PÚBLICAS PARA ESPORTE E LAZER EM UBAIRA/BA: DESAFIOS E POSSIBILIDADE DA GESTÃO NO PERIODO DE 2009 A 2011

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS II – ALAGOINHAS

COLEGIADO DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ESPORTE E LAZER EM

UBAÍRA/BA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA GESTÃO NO

PERÍODO DE 2009 A 2011

ANA ISA DE JESUS BASTOS

ALAGOINHAS-BA

2012

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ANA ISA DE JESUS BASTOS

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ESPORTE E LAZER EM UBAÍRA/BA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA GESTÃO

ESPORTIVA NO PERÍODO DE 2009 A 2011

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em

Educação Física da Universidade do Estado da Bahia –

Campus II como requisito para obtenção do título de

graduação em Educação Física.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Rocha.

ALAGOINHAS-BA

2012

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Dedico esse trabalho as pessoas sem as quais não teria chegado até aqui, meus pais Antônio Bastos Bispo e Maria de Jesus Bastos. O apoio, confiança,

carinho, cuidado e amor foram os responsáveis dessa conquista. Amo vocês e obrigada por tudo!

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Agradecimentos

Esta pesquisa é resultado de uma jornada de estudos, onde muitas pessoas se

fazem e, fizeram presente. A fim de evitar injustiças, quero agradecer com

antecipação a todos que de alguma maneira esteve presente na minha vida

contribuindo na minha formação como pessoa.

Em primeiro lugar quero agradecer ao meu Senhor Deus por se fazer presente na

minha vida, a ponto de iluminar cada passo meu e, também, por ter me concedido

forças, sabedoria e determinação para enfrentar os obstáculos que apareceram

durante esta jornada.

Aos meus pais, Antonio (Sereia) e Maria pela dedicação e carinho que sempre

tiveram comigo e meus irmãos, nos mostrando sempre como ser justo; tenho muito

orgulho de tê-los como pai e mãe. Meu eterno agradecimento por tudo que fizeram e

por sempre me incentivar na realização dos meus objetivos.

Aos meus irmãos Ana Rita, Antônio Carlos, Ana Lúcia, Ana Lívia e Edna pelo

incentivo e carinho que me deram, estando sempre dispostos a me ajudar nos

momentos que mais precisei, e assim, contribuindo na finalização desta etapa da

minha vida.

A família Reis que me adotou como um dos membros e sempre me deu carinho e

força nessa caminhada. Em especial a Maria Cristina Reis carinhosamente “Cris”,

por todos os conselhos, amizade e ensinamentos para uma vida toda. E a Silas que

me proporcionou conhecer esta família e me fez perceber que tudo na vida acontece

no momento certo, obrigada “meu preto”.

Ao professor Luiz Carlos Rocha, meu orientador, por seu apoio, compreensão,

incentivo, pelas contribuições teóricas e por todo conhecimento compartilhado na

realização desta pesquisa.

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Aos professores da UNEB do curso de Educação Física, em especial ao carinhoso

Bira, Alan, Martha e Viviane, pela amizade, paciência, dedicação e ensinamentos

oportunizados nesse período de convivência; onde cada um de maneira especial

contribuiu para a minha formação acadêmica e certamente para a realização desta

pesquisa.

As meninas da secretaria, Dejane e Monalisa, por sempre estarem a disposição para

ajudar e pelos momentos de descontração que tivemos juntas. Também ao pessoal

da limpeza e segurança do campus II.

Aos amigos que conquistei Eliana “miga” e aos demais durante o curso, Daiane,

Alan, Diego, Cíntia, Edvan, Helaine, Isis, Beto, em especial a Alani e Nildo, meu

muito obrigada, pela sincera e verdadeira amizade que construímos neste período.

Seja nos grupos de estudo, seja nas aulas ou até mesmo nos momentos de

descontração cada um de vocês contribuiu de um jeito especial, pois sem vocês

esse momento não seria tão agradável.

Ao meu amigo de todas as horas Alessandro de Souza, que esteve sempre presente

nesta caminhada me dando forças e me apoiando nos momentos difíceis e alegres.

Você faz parte da minha vida eternamente, obrigada por estar do meu lado quando

mais precisei.

Finalizando, agradeço a todos que de alguma maneira se fez e faz presente na

minha vida, e consequentemente contribuindo para este momento tão especial.

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Quanto vale um homem e sua dignidade Quanto custa sua cultura, esporte e lazer

Quanto pagam por sua privacidade Na mídia sua arte exposta pra vender

Quanto dinheiro você vale

Quando só vale o que se tem Qual seu valor nessa sociedade Quando só vale o que se tem...

“Seu Preço” (O Cabeça Chata)

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RESUMO A pesquisa investigou as políticas públicas para o esporte e lazer em Ubaíra, buscando identificar e refletir os desafios e possibilidades enfrentados pela gestão municipal no período de 2009 a 2011 para a implementação de tais políticas. O método utilizado foi o estudo de caso e o tipo de pesquisa foi qualitativa. Foi analisado o modelo de gestão buscando compreender como ocorre a participação social na produção esportiva e de lazer considerando as concepções das políticas públicas e suas implicações sociais. Buscando uma maior aproximação com o objeto de pesquisa foi essencial refletir as contribuições do processo histórico para a política de esporte e lazer em Ubaíra, perpassando por aspectos que evidenciam a política de financiamento no município. A disponibilidade de espaços e equipamentos que favoreçam o esporte e lazer constituiu um parâmetro fundamental no qual refletimos a acessibilidade da comunidade. Assim, na tentativa de não parecer simples e simplificadora, procuramos ponderar, a partir da categoria exclusão social, se essas medidas adotadas pela gestão municipal são de fato democráticas ou apenas compensatórias, a fim de avaliar politicamente as possibilidades de construção de políticas públicas de esporte e lazer para emancipação das classes populares. Palavras-Chave: políticas públicas, esporte, lazer, gestão.

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ABSTRACT The survey measured public policy for sport and leisure Ubaíra, seeking to identify and reflect the challenges and opportunities faced by the municipal administration in the period 2009 to 2011 for the implementation of such policies. The method used was the case study and the type of research was qualitative. We analyzed the management model is trying to understand how social participation in the production of sports and leisure considering the views of public policy and social implications. Seeking a closer relationship with the object of research was essential to reflect the contributions of the historical process for the sport and leisure policy in Ubaíra, passing by points that highlight the funding policy in the city. The availability of space and equipment to promote the sport and leisure was an important parameter in which we reflect the accessibility of the community. Thus, in an attempt not to seem simple and simplifying, we consider, from the category exclusion if such measures adopted by the municipal administration are indeed democratic or just compensation, in order to assess the possibilities of political construction of public sports policy and recreation for the emancipation of the working classes.

Keywords: public policy, sport, leisure management.

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LISTA DE SIGLAS

SUDESB - Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

IDH-M - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

SETRE - Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte.

VOB - Vila Olímpica da Bahia.

UNESCO - Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e a Cultura.

ODM - Objetivos de Desenvolvimentos do Milênio.

EAU - Estados Unidos da América.

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LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 1- Visão da cidade de Ubaíra. Capa.

Foto 2- Espaço que era cedido para circos, parques e agora será um campo de futebol. 30

Foto3- Quadra Polivalente Edison de Oliveira Almeida 31

Foto 4- Ginásio de Esportes em construção. 31

Foto 5- Campo de futebol 32

Foto 6- Ginásio de Esportes 32

Foto 7- Praça 33

Foto 8- Praça 33

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LISTA DE QUADROS

Tabela 1- População de Ubaíra em 2010 (IBGE) 23 Gráfico 1- Proporção de moradores segundo a condição de ocupação - 1991/2010 24 Gráfico 2- Proporção de moradores abaixo da linha da pobreza e indigência – 2010 25

Tabela 2 – Orçamento Financeiro de Ubaíra para o Esporte e Lazer 35

Tabela 3 – Atividades faixa etária dos envolvidos 38

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 13

2. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ESPORTE E LAZER: CONTEXTO 15

NACIONAL E BAIANO.

2.1. As Políticas Públicas e suas implicações sociais 16

2.2. Esporte e Lazer na conjuntura nacional e baiana: interações com 18

o espaço local

3. CONTRIBUIÇÕES DO PROCESSO HISTÓRICO PARA A POLÍTICA 22

DE ESPORTE E LAZER EM UBAÍRA.

4. CONSTRUÍNDO O PERCURSO METODOLÓGICO 27

5. RESSALVAS, DEPOIMENTO E DADOS. 30

5.1. Espaços e Equipamentos: Breve Relato 30

5.2. Formulação de políticas públicas e a garantia da participação popular. 34

5.3. Financiamento e as políticas de espaços e equipamentos 35

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 41

REFERÊNCIAS 44

APÊNDICE

ANEXOS

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1. INTRODUÇÃO

A aproximação com os estudos do Ordenamento Legal e das Políticas

Públicas de Esporte e Lazer se deu durante o componente de mesmo nome por qual

passamos na formação superior inicial do curso de Licenciatura em Educação Física

da UNEB Campos II Alagoinhas.

A passagem pelo componente citado possibilitou refletir sobre tais políticas na

cidade de Ubaíra-Ba. Através da busca de trabalhos referentes às políticas públicas

de esporte e lazer na cidade, verificou-se uma carência de estudos nessa área,

partindo dessa premissa surge o interesse em pesquisar o atual cenário das políticas

públicas de esporte e lazer no município.

Essa inquietação é percebida na comunicação com outros representantes da

sociedade civil ubairense durante parte significativa do tempo em que residi na

cidade. Após um aprofundamento teórico ao qual fomos submetidos no ensino

superior em Educação Física, essa inquietação se amplia fazendo com que se

expanda o desejo de intervir nesta realidade previamente diagnosticada, a fim de

contrubuir para avanços significativos nessa questão.

Assim como todo o estudo que concerne ao Ordenamento Legal e as Póliticas

Públicas de Esporte e Lazer no Brasil nossa proposta se fundamenta inicialmente na

Constituição Federativa de 1988, que apresenta o esporte e lazer como direito

social. Partindo desse respaldo legal propomos este estudo que foca as políticas

públicas de esporte e lazer no municipio de Ubaíra.

O município de Ubaíra, situado no Território de Identidade do Vale do

Jiquiriça1 no semiárido baiano, possui uma população de 19.750 habitantes,

conforme o último censo do IBGE em 2010. A renda da cidade gira em torno da

agricultura familiar, comércio local e outros serviços.

Considerando essas caracteristicas o objetivo é analisar, através de estudo

de caso, como foram constituídas e implementadas as políticas públicas de esporte

e lazer no município de Ubaíra/Bahia, no período de 2009 a 2011. Tendo como

1 O Programa Territórios de Identidade na Bahia foi instituído a partir do Decreto 12.354 de 25 de

agosto de 2010, do Governo do Estado da Bahia que considera Territórios de Identidade o agrupamento identitário municipal formado de acordo com critérios sociais, culturais, econômicos, geográficos e reconhecido pela sua população como o espaço historicamente construído ao qual pertence, com identidade que amplia as possibilidades de coesão social e territorial. Atualmente o Território do Vale do Jiquiriçá, possui em sua composição vinte municípios, entre eles Ubaíra.

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proposta constatar a política de esporte e lazer, as implicações para a

implementação de tais políticas no município.

No primeiro capítulo temos como finalidade compreender as concepções de

políticas públicas e suas implicações sociais. Dando continuidade apresentamos um

subcapítulo que aborda o esporte e lazer na conjuntura nacional e baiana e suas

interações com o espaço local.

No capítulo seguinte faremos uma abordagem das contribuições do processo

histórico para a política de esporte e lazer em Ubaíra, valendo-se de informações do

Diário Oficial do Município, Plano Municipal de Educação de Ubaíra-Ba e IBGE, que

darão aporte para compreender o contexto no município.

Na sequência, descrevemos o percurso metodológico, traçado para se

alcançar os objetivos propostos no trabalho. Apresentamos o método utilizado, os

procedimentos metodológicos para a coleta e a análise de dados e diretrizes

adotadas pela pesquisa.

No quinto capítulo teremos as ressalvas, depoimentos e dados, onde

abarcam os levantamentos de dados, as observações dos espaços e equipamentos

de esporte e lazer e a análise de dados da entrevista com o Secretário Municipal de

Cultura, Esporte, Lazer, Turismo e Meio Ambiente de Ubaíra-Ba, que responde pelo

setor.

Apresentamos as considerações finais e as referências, tendo por base o

olhar dos teóricos sobre a temática e as informações obtidas durante o processo de

estudo.

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2. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ESPORTE E LAZER: CONTEXTO

NACIONAL E BAIANO

O presente capítulo trata da discussão conceitual sobre políticas públicas de

esporte e lazer e busca estabelecer relações entre os aspectos conceituais e seus

desdobramentos na realidade do município de Ubaíra.

Os estudos concernentes as políticas públicas de esporte e lazer no Brasil

encontram-se em evidência, principalmente no âmbito governamental sobretudo

após a conquista da organização dos Jogos Mundiais Militares (2011), Copa das

Confederações (2013), Copa do Mundo de Futebol (2014) e os Jogos Olímpicos e

Para-Olímpicos em 2016.

Acompanhando os expressivos eventos esportivos que se realizarão no país,

teóricos da área de educação física, sociologia e de outras, com forte influência nas

ciências sociais, têm se debruçado em estudos que discutem alternativas para que

o Brasil possa ter um legado significativo nos vários setores da sociedade após a

realização dos acontecimentos esportivos.

Alguns estudos afirmam que para que isso possa ocorrer, é necessária a

participação da sociedade civil na construção das politicas públicas destinadas a

esse fim. Um avanço nesse processo foi a concretização das Conferências

Municipais, Estaduais e Nacional de Esporte e Lazer, que visaram estreitar a relação

entre poder público e sociedade, bem como, buscar meios que assegurem políticas

públicas adequadas que permitam ao cidadão o acesso ao esporte e lazer, enquanto

direitos garantidos na Constituição Federal de 1988.

O contexto baiano apresenta uma conjuntura política para o esporte e lazer,

contudo as diretrizes estabelecidas não contemplam ainda uma parcela considerável

dos municípios. Neste sentido, será necessário compreendermos, no primeiro

momento algumas reflexões teóricas em torno das políticas públicas; em seguida,

como estão contextualizadas a partir da realidade nacional e baiana, partindo então,

para os impactos na conjuntura local que compreende a esfera municipal.

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2.1. As Políticas Públicas e suas implicações sociais

Para adentrarmos na discussão sobre Políticas Públicas se faz necessário

entender sua origem e seus desdobramentos no contexto contemporâneo. Enquanto

área de conhecimento e disciplina acadêmica ela nasce nos Estados Unidos. Para

Souza (2006, p.22):

na Europa, a área de política pública vai surgir como um desdobramento dos trabalhos baseados em teorias explicativas sobre o papel do Estado e de uma das mais importantes instituições do Estado - o governo -, produtor, por excelência, de políticas públicas. Nos EUA, ao contrário, a área surge no mundo acadêmico sem estabelecer relações com as bases teóricas sobre o papel do Estado, passando direto para a ênfase nos estudos sobre a ação dos governos.

De acordo com Souza ( 2006, p.24) “não existe uma única, nem melhor,

definição sobre o que seja política pública”. Nesse sentido, iremos abordar algumas

definições que buscam conceituar esta categoria de base, concebendo as políticas

públicas enquanto princípios norteadores para a relação entre poder público e

sociedade. Segundo Teixeira (2002, p. 2) “para serem “públicas”, é preciso

considerar a quem se destinam os resultados ou benefícios, e se o seu processo de

elaboração é submetido ao debate público”. Nesse contexto, percebi-se que “todas

as esferas do ser social são atravessadas pela política”. (COUTINHO apud AREIAS

e BORGES 2011, p. 576).

Assim, percebemos que a política pública é uma ação que deve ser

construída e desenvolvida tendo como base de sustentação e inserção a

participação popular. A colocação se respalda na perspectiva da política como um

espaço privilegiado de comunicação constante entre estado e sociedade civil, pois

quando a política é pensada e desenvolvida sem levar em consideração os anseios,

as propostas e as carências da população, ela se distancia das demandas sociais e

acaba por se configurar como uma política de governo. Cabe ressaltar, que a política

de governo é aqui entendida como uma ação verticalizada, ou seja, de “cima para

baixo” sem interação mútua entre os diferentes atores no processo de construção

das politicas públicas.

De acordo com Menicucci (2006, p. 141):

uma política pública diz respeito à ação das autoridades públicas na sociedade, referindo-se àquilo que os governos produzem, para alcançar determinados resultados, através de alguns meios. Nessa concepção

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políticas públicas remetem a um conjunto de decisões e um conjunto de ações para implementar aquelas decisões.

Marcellino (2001), ainda afirma que as políticas devem se constituir como

ações planejadas e executadas de forma coletiva pelos diversos setores da

administração pública, com participação das instituições representativas da

sociedade.

Segundo Dallari apud Oliveira (2009, p. 46), um sitema político só pode ser

democrático se as decisões são tomadas com liberdade, respeitando a vontade da

maioria. Significa dizer que sempre, em toda e qualquer hipótese, as políticas que

beneficiem a maioria das pessoas devem ser consideradas como prioridade ante à

ações que beneficiem pequenos grupos.

Conforme Pateman apud Areias e Borges (2011, p. 578), a teoria da

democracia participativa defende que a experiência de participação desenvolve e

forja a personalidade democrática, isso quer dizer que quanto mais se cria a cultura

da participação, mais preparados os indivíduos estarão para tomar decisões e

contribuir na construção da sociedade.

Pode-se dizer ainda, que as políticas públicas são atuações efetivas do

Estado em prol da sociedade nos âmbitos federal, estadual e municipal. De acordo

com Cunha e Cunha apud Ahlert (2003, p. 130),

“as políticas públicas têm sido criadas como resposta do Estado às demandas que emergem da sociedade e do seu próprio interior, sendo a expressão do compromisso público de atuação numa determinada área em longo prazo”.

Nesse contexto, a política pública passa a tratar em leis, bens e serviços

sociais que visam dar um retorno as demandas igualitárias.

[...] O termo público, associado à política, não é uma referência exclusiva ao Estado, como muitos pensam, mas sim à coisa pública, ou seja, de todos, sob a égide de uma mesma lei e o apoio de uma comunidade de interesses. Portanto, embora as políticas públicas sejam reguladas e frequentemente providas pelo Estado, elas também englobam preferências, escolhas e decisões privadas podendo e devendo ser controladas pelos cidadãos. “A política pública expressa, assim, a conversão de decisões privadas em decisões e ações públicas, que afetam a todos”. (PEREIRA, apud ROCHA, 2003, p.23).

Diante do exposto, as políticas públicas devem interferir no processo de

descentralização das ações, sobretudo no nível local, construindo propostas

articuladas que busquem o desenvolvimento integrado e sustentável da população.

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Contudo, apesar do discurso teórico que concebe a plenitude da Política

Pública mediante a participação e beneficiamento da sociedade, sobretudo das

classes em situação de vulnerabilidade social, baseado na concretude da

democracia, é necessário salientar que esses ideais não vêm correspondendo à

prática gestora estabelecida no cotidiano, uma vez que ainda é limitado os espaços

de participação e quando concebidos estão controlados por aqueles que concentram

os interesses governamentais. A sociedade não compreendeu ainda o poder que

tem e continua submissa aos desmandos daqueles que dizem representá-la. Esse

desafio continua sendo um obstáculo a ser enfrentado e que vem se arrastando ao

longo da história.

No entanto, acreditamos que a gestão local, ou seja, das cidades, podem e

devem constituir o lugar privilegiado da experimentação política à medida que

ajustarem o processo da democracia representativa (prefeitos, vereadores,

secretários) com os movimentos democráticos diretos de caráter voluntário.

2.2. Esporte e Lazer na conjuntura nacional e baiana: interações com o

espaço local

Na história política brasileira a década de 1940 marca as primeiras influências

do estado no esporte, segundo Starepravo e Júnior (2009, p. 3), a partir de

mecanismos legais (especialmente da Lei 3.199/41) 2, o poder público passa a

reconhecer e controlar as manifestações do esporte no interior da sociedade

brasileira.

Segundo Mezzadri apud Starepravo e Júnior (2009, p. 3-4), desde então, o

Estado brasileiro passou a intervir na área do esporte, prioritariamente nas

manifestações esportivas de alto rendimento, organização de campeonatos e

preparação de seleções nacionais para representação do país.

2 Em 1941, quando o mundo estava em plena Segunda Guerra mundial e o Brasil submetido a um

regime ditatorial foi promulgado o Decreto-lei nº 3199/41 objetivando o controle, pelo Estado, das atividades desportivas, com o intuito de promovê-las e dar-lhes condições de progresso. Na verdade, a real intenção era a necessidade política de vigiar as associações desportivas de modo a inibir as atividades contrárias à segurança, tanto do ponto de vista interno, como externo.

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Em paralelo a condição esportiva, no âmbito do lazer, de acordo com Peres e

Melo (2009, p. 67), o contexto foi inserido em meados da década de 70 associado à

saúde. Ainda, segundo os autores, é a partir dessa época que podemos identificar

um crescimento de iniciativas como as campanhas “mexa-se” e “Movimento Esporte

para todos”, projetos esses já articulados com os princípios e eixos norteadores da

nova perspectiva3 com o objetivo de promoção de saúde, dessa forma, associou-se

esses eventos as práticas de lazer na perspectiva da construção e adoção de

valores, hábitos e normas.

A partir da Constituição de 1988, o Esporte e Lazer, passaram a constituir

direitos de todos os cidadãos brasileiros. As Constituições Estaduais e Leis

Orgânicas Municipais, também, utilizaram do amparo legal da União e garantiram

estes aspectos em suas legislações (MARCELLINO, 2001). Entretanto, o direito

constitucional contrasta com a realidade, revelando a ausência do poder público e

dos investimentos em políticas de esporte e lazer, principalmente, na esfera

municipal.

Além disso, a incorporação do esporte e lazer como direito do cidadão

pressupõe a participação da sociedade nas ações públicas, porém são limitadas as

iniciativas que concebam a interação do cidadão no controle das ações. Quando

esse fato passar a ocorrer na prática, poderemos enxergar o fortalecimento da

democracia.

Com isso, é necessário considerar o que afirma Bourdieu (2004, p. 163)

quanto à necessidade do exercício da democracia participativa:

Toda a análise da luta política deve ter como fundamento as determinantes econômicas e sociais da divisão do trabalho político, para não ser levada a naturalizar os mecanismos sociais que produzem e reproduzem a separação entre os agentes politicamente ativos e os agentes politicamente passivos e a construir em leis eternas as regularidades históricas válidas nos limites de um estado determinado da estrutura da distribuição do capital.

O autor enfatiza a necessidade da compreensão do sistema político,

considerando a divisão de trabalho e a distribuição do capital. Dessa forma, os

políticos e gestores correspondem aos agentes politicamente ativos e a população

aos agentes passivos que os elegeram. Essa situação submete o debate da divisão

3 “Esse processo estava articulado com outras mudanças propostas por organismos internacionais

como, por exemplo, as da Unesco no que se refere, principalmente, aos direitos humanos e à educação”.

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desigual de poder que historicamente foi construído e admitido pela própria

sociedade.

Esse requisito foi abordado, uma vez que a concepção de políticas públicas

perpassa pela divisão de poder, além disso, Botelho (2007, p.113) considera que:

Uma política pública se formula a partir de um diagnóstico de uma realidade, o que permite a identificação de seus problemas e necessidades. Tendo como meta a solução destes problemas e o desenvolvimento do setor sobre o qual se deseja atuar cabe então o planejamento das etapas que permitirão que a intervenção seja eficaz, no sentido de alterar o quadro atual. Para ser consequente, ela deve prever meios de avaliar seus resultados de forma a permitir a correção de rumos e de se atualizar permanentemente.

O diagnóstico da realidade é o passo inicial que a autora sugere buscando

identificar problemas e necessidades para, dessa forma, promover as intervenções

pautadas em um planejamento eficaz que permita a avaliação do processo.

Contudo, os gestores públicos, inicialmente, devem estar sensíveis a escuta. Essa

escuta deve ocorrer com a finalidade de garantir o planejamento e a concepção das

políticas públicas nas respectivas áreas.

São escassas as iniciativas democráticas no país que permitem a

participação da comunidade na elaboração das políticas públicas para o esporte e

lazer. Até mesmo porque as instâncias colegiadas (conselhos de esporte e lazer) e

espaços democráticos de participação e escuta das demandas sociais

(conferências, fóruns, dentre outros) são insuficientes.

Para Linhales (2001, p.30),

Não seria sensato imaginar que os tradicionais “sistemas táticos” que barganham votos distribuindo jogos de camisa e construindo alambrados para campos de futebol sejam coisas do passado. Eles estão mais renovados do que nunca. Com frequência, assumem ares de modernização, quando a divulgação de ações relativas à gestão de políticas para o setor vem acompanhada de informações técnicas que reduzem a avaliação de tais ações aos cálculos da relação custo-benefício.

De acordo com a autora a política de balcão, clientelista que utiliza a

barganha eleitoral como instrumento de uma prática autoritária, prevalece na

atualidade com “ares de modernização”, impedindo a edificação da democracia.

Em meio ao autoritarismo da gestão imposta pelo poder público, Linhales

(2001, p.33) esclarece ainda a legitimidade da prática esportiva que vem se

constituindo como uma “prática social capaz de penetrar diferentes estruturas e

segmentos que compõem as sociedades contemporâneas”.

Page 21: POLÍTICAS PÚBLICAS PARA ESPORTE E LAZER EM UBAIRA/BA: DESAFIOS E POSSIBILIDADE DA GESTÃO NO PERIODO DE 2009 A 2011

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Nesse sentido, é possível conceber que, paulatinamente, a cultura

democrática vem avançando, estabelecendo um processo de aprofundamento e

reflexão dos direitos e deveres do cidadão, associados a um novo perfil de Estado.

Na última década, o Governo Federal vêm adquirindo uma nova postura

política quanto ao esporte e lazer. A relevância dos avanços na gestão democrática

com participação e controle social registrados nas Conferências Nacional de Esporte

e que resultaram nas diretrizes para a consolidação da Política Nacional de Esporte

e Lazer, bem como a reestruturação do Conselho Nacional do Esporte, a aprovação

do Estatuto do Torcedor, a regulamentação da Lei Agnelo/Piva, a criação do Bolsa

Atleta, os Projetos de Lei como a Timemania e a Lei de Incentivo ao Esporte

demonstram a vitalidade do mais novo Ministério. Contudo, são os programas

sociais a exemplo do Segundo Tempo e o Esporte e Lazer da Cidade que

apresentam maiores possibilidades de ampliação da oferta de atividades esportivas

e de lazer nos municípios, combatendo a discriminação e promovendo a inclusão

social e qualidade de vida para os cidadãos.

O município de Ubaíra não está contemplado dentre os programas federais

elencados, segundo o levantamento de dados, o que demonstra ainda o

distanciamento local da esfera federal. No Estado da Bahia, em 1983, as políticas

públicas de esporte e lazer eram geridas pela Vila Olímpica da Bahia (VOB)4. Nesse

mesmo ano a Lei Delegada nº 37 de 14 de março cria a Superintendência dos

Desportos do Estado da Bahia que é regulamentada pelas Leis subsequentes nº

4.697 (15/07/1987), 6.074 (22/05/1991) e 9.424 (27/01/2005). A superintendência é

uma autarquia vinculada à Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte

(SETRE) e mantém a mesma estrutura até os dias atuais.

Segundo o site da SUDESB, a superintendência tem como objetivo para o

fomento do desporto, recreação e lazer da Bahia a seguinte função:

orienta, prepara, difunde e supervisiona a prática do desporto; planeja e

executa a busca sistemática de talentos e fomenta sua formação; coordena,

supervisiona e subvenciona as entidades desportivas atuantes no Estado;

promove a administração e manutenção da Vila Olímpica da Bahia, bem

como dos demais equipamentos esportivos e de lazer do Estado; promove o

desporto e a construção de equipamentos esportivos, recreativos e culturais

de interesse comunitário; apoia, técnica e financeiramente, o esporte

amador; promove a realização de competições esportivas; promove a

cobrança, do que lhe for devido, pelo uso ou utilização das unidades e

4 Autarquia criada em 1970 durante o governo de Luiz Viana Filho e vinculada à Secretaria de

Educação e Cultura da Bahia.

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instalações esportivas; executa obras de interesse social em decorrência da

celebração de convênios, acordos ou ajustes, além exercer outras

atividades que visem à consecução de sua finalidade de desenvolvimento

do esporte e do lazer em todo o Estado.

Essa estrutura formalmente se mantém até os dias atuais, porém, as

diretrizes propostas não atendem a uma grande camada dos municípios baianos,

entre eles Ubaíra. É importante salientar que é no município que a população vive e

é nele que toda e qualquer forma de política, de ações governamentais, interfere

diretamente.

É necessário intensificar o diálogo do Estado e sociedade civil, para que a

partir desta “coparticipação ambivalente” sejam pensadas e implementadas as

políticas públicas de esporte e lazer.

3. CONTRIBUIÇÕES DO PROCESSO HISTÓRICO PARA A POLÍTICA DE

ESPORTE E LAZER EM UBAÍRA

Ubaíra, tu és triunfante E tens uma vista elegante, És tu, Ubaíra querida, Hospitaleira e amiga, Cidade que tem o seu valor... És tu, Ubaíra querida Hospitaleira e amiga, Cidade do meu Brasil.

5

O contexto histórico em que está situado o município de Ubaíra destaca

inicialmente a ocupação dos índios Mongóis e dos colonizadores, responsáveis em

conquistar os indigenas que viviam às margens do Rio Jiquiriçá, tendo em vista a

posse das terras.

Em 30 de junho de 1891, a sede municipal conquistou o foro de cidade passando a ser chamada de Areia, limitando-se ao norte com o município de Maracás; ao sul, com Jequié, ao leste, com Jiquiriçá; ao oeste, com Amargosa. Posteriormente, por Decreto Estadual n° 141, de 31 de dezembro de 1943, o município recebeu um outro nome, Ubaíra, que, em tupi guarani, significa mel de pau

6.

Com um histórico que apresenta alternância em momentos de prosperidade

econômica, com aspectos positivos no campo social e cultural, e por períodos de

declínio e crise, conduzindo ao agravamento da qualidade de vida de uma

considerável parcela da população, Ubaíra traz ainda em sua história a inoperância

5 Cf. Vicente Pompilio Santana. Você vai ver, Saudade! Salvador: Empresa Gráfica.

6 Extraído do Plano Municipal de Educação (2001, p. 12)

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de alguns gestores políticos, que não asseguraram a formulação e implementação

de políticas públicas que evitassem a deteriorização progressiva das condições

socioeconômicas do município.

Situada no Território de Identidade do Vale do Jiquiriçá, Ubaíra fica a 270 km

de Salvador, com acesso através de rodovias asfaltadas - BA-420, interligado à BR-

101 e à BR-116. Segundo o IBGE de 2010, o Índice de Desenvolvimento Humano

Municipal (IDH-M) é de 0,6247, o que constitui um baixo índice quando comparado a

outros municípios baianos do mesmo porte.

De acordo com o último Censo do IBGE, em 2010, a população está

constituída por 19.750 habitantes. Sendo que esse total corresponde:

Tabela 1 – População de Ubaíra em 2010 (IBGE)

Fonte: Desenvolvida pela própria autora com base em informações do IBGE – 2010.

7 O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa usada para classificar os

países pelo seu grau de "desenvolvimento humano" e para separar os países desenvolvidos (muito alto), em desenvolvimento (médio e alto) e subdesenvolvidos (baixo). Desenvolvido em 1990 pelos economistas Amartya Sen e Mahbub ul Haq vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no seu relatório anual. A estátistica é composta de dados como: Uma vida longa e saudável (expectativa de vida ao nascer); O acesso ao conhecimento (anos Médios de Estudo e Anos Esperados de Escolaridade); Um padrão de vida decente: ( PIB (PPC) per capita).

FAIXA ETÁRIA URBANO RURAL TOTAL

0 a 4 anos 605 845 1450

5 a 9 anos 788 941 1729

10 a 14 anos 837 1005 1842

15 a 19 anos 705 1258 1963

20 a 24 anos 775 989 1764

25 a 29 anos 736 1009 1745

30 a 39 anos 1239 1360 2599

40 a 49 anos 863 1325 2188

50 a 59 anos 958 967 1925

60 a 69 anos 567 641 1208

70 anos ou mais 749 588 1337

8.821

44,67%

10.928

55,33%

19.750

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24

A partir dos dados da tabela é possível observar que em todas as faixas

etárias, com exceção do grupo de 70 anos ou mais, a população está concentrada

com maior evidências, às vezes até paralelamente, no perímetro rural. A população

urbana corresponde a 44,67% ao passo que a rural constitui 55,33%. O maior grupo

equivale à faixa etária entre 30 a 39 anos, sendo que nesta etapa 52,02% equivale

ao público masculino e 47,98% ao feminino. (IBGE, 2010).

Com uma área geográfica de 726,259 Km², este dado vem evidenciar a

presença da população no campo, uma vez que a área rural prevalece em relação a

área urbana. Por outro lado, o município convive atualmente com o aumento

significativo da população na zona urbana, sobretudo pelo fenômeno do êxodo rural.

Tal acontecimento ocorre principalmente pelo quantitativo número de pessoas que

têm migrado da zona rural, bem como de cidades circunvizinhas e das grandes

capitais para o interior, principalmente os idosos, que buscam um local mais

tranquilo para viver e que preferencialmente esteja relacionado às bases familiares.

Neste sentido, a ocupação de domicílios na cidade vem crescendo, conforme

os dados apresentados no gráfico:

Gráfico 1- Proporção de moradores segundo a condição de ocupação - 1991/2010

Fonte: IBGE - Censo Demográfico – 2010

Fonte: Acompanhamento Municipal dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)

com base no IBGE, 2010

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25

O percentual de imóveis próprios, desde 1991 até 2010, mantém quase o

mesmo patamar de aquisição. O diferencial mediano elencado nessa configuração

corresponde aos imóveis alugados ou cedidos.

Diante do processo de urbanização que o município atravessa e a

necessidade em destacar a importância dos espaços públicos que promovam,

essencialmente, o esporte e lazer vale salientar que

Os grandes aglomerados urbanos ressentem-se da falta de espaços públicos para o usufruto do lazer em função do crescimento desordenado, do amplo processo de especulação imobiliária, da falta de políticas públicas e sociais e de ausência de um planejamento adequado das cidades. (PACHECO apud RECHIA, 2009. p. 76).

Neste sentido, Ubaíra, apesar de não se enquadrar em um grande

aglomerado urbano, sofre os impactos do crescimento desordenado e tem

dificuldade na implementação do seu planejamento.

Outro fator que representa um agravante para o desenvolvimento municipal

corresponde a desigualdade na distribuição da renda, com uma proporção ampla de

moradores entre e abaixo da linha de pobreza e indigência.

Gráfico 2- Proporção de moradores abaixo da linha da pobreza e indigência - 2010

Fonte: Acompanhamento Municipal dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) com

base no IBGE, 2010.

O desordenamento urbano associado às questões sociais que impactam o

cotidiano do cidadão nos remete a reflexão dos espaços que concebam o esporte e

lazer enquanto alternativas para uma melhor qualidade de vida.

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De acordo com Marcellino (2002, p. 66) “as cidades são os grandes espaços

e equipamentos de lazer”. Segundo o autor, essa verificação vem provocando a

elevação da concentração da população no centro urbano. Com isso, há um

crescimento dos bairros periféricos na sede que não dispõe de espaços adequados

para a promoção de atividades esportivas e de lazer, principalmente direcionadas a

população em geral o que vem proporcionando um alto índice de exclusão social.

Essas inquietações podem ter uma solução apontada na relação da

promoção do bem-estar que o esporte e lazer podem proporcionar ao indivíduo,

Marcellino (2001, p. 12), fala da “necessidade do poder público municipal

estabelecer políticas setoriais [...] da necessidade de interdisciplinaridade, ou pelo

menos a pluridisciplinaridade, caminhando em busca da interdisciplinaridade, nas

equipes [...]”. Uma vez que o lazer está ligado com o esporte, cultura, infraestrutura,

etc.

O município de Ubaíra, a partir da Lei Municipal nº 371 de 28 de novembro de

20088, publicado no Diário Oficial de Ubaíra, estabelece que o departamento de

esportes seja desvinculado da estrutura educacional e passe a compor a Secretaria

Municipal de Cultura, Esporte, Lazer, Turismo e Meio Ambiente. A partir de então,

houve a necessidade de nomear um gestor que respondesse legalmente pela

respectiva Secretaria. Assim, em 02/02/2009, através do Decreto nº 040/2009, o

então vice-prefeito passou a ocupar o cargo de Provimento em Comissão de

Secretário Municipal de Cultura, Esporte, Lazer, Turismo e Meio Ambiente, com

acúmulo da função anterior. Dessa forma, o processo histórico do município revela

ainda circunstâncias de avanços e impasses no campo do esporte e lazer.

A relevância da pesquisa permitiu ingressar no contexto histórico e social do

município, refletir como ocorrem as políticas públicas de esporte e lazer, uma vez

que essas práticas são produtoras de novos espaços, constitui um importante

instrumento transformador e criador de novas relações, contribuindo ainda para a

geração de renda, integração, mobilidade social e, principalmente, enquanto uma

alternativa de mudança de vida para aqueles que estão em situação vulnerável e

passam a ter a possibilidade de buscar novos horizontes e perspectivas

profissionais.

8 Altera a estrutura administrativa da Prefeitura Municipal de Ubaíra criada pela Lei nº 274, de 13 de

maio de 2004.

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4. OS CAMINHOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

O presente estudo foi realizado mediante a abordagem qualitativa, por

possibilitar uma melhor apreensão do objeto de estudo e abarcar de forma

significativa a dinâmica das relações sociais e das vivências, experiências e a

cotidianidade dos atores.

A escolha do método se deu a partir da complexidade dos elementos a serem

analisados, visto que, a abordagem qualitativa engloba outros segmentos

metodológicos, os quais nos permitem uma análise minuciosa acerca dos dados a

serem trabalhados. Nesse sentido, este tipo de análise, possibilita ao pesquisador

ter a oportunidade de construir conceitos, ideias a partir dos entendimentos dos

dados coletados, os quais proporcionam um contato mais “íntimo”, longo e flexível

entre pesquisador e pesquisado. Além disso, a abordagem qualitativa deve ter como

preocupação primeira a compreensão da lógica que permeia a prática que se dá na

realidade, não determinando o que é certo ou errado.

Segundo Minayo (1992) a pesquisa qualitativa também

[...] preocupa-se com um nível de realidade que não pode ser quantificada (...) trabalha com o universo dos significados. (...) Corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis (MINAYO apud DESLANDES 1994, p.22).

A partir do que diz a autora foi de extrema relevância utilizar a pesquisa

qualitativa. Ainda de acordo com a mesma autora, este tipo de análise trabalha com

universo de motivos, valores, atitudes, crenças, etc. Sobre este tipo de abordagem

(MENGA apud LAKATOS, 2007 p. 271) afirma que o estudo baseado em fatores

qualitativos é rico em dados descritivos, tem plano aberto e flexível e focaliza a

realidade de forma complexa e contextualizada.

O processo de coleta de dados deu-se em três momentos: realização de

entrevista com o Secretário responsável pela pasta de Esportes e Lazer de Ubaíra-

Bahia, mapeamento visual (fotos) das áreas destinadas a prática de esporte e lazer

no município e na sequência, análise documental.

Em relação à entrevista, Gil (1999, p. 117) argumenta que,

Pode-se definir entrevista como a técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados que interessem à investigação. A entrevista é, portanto,

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uma forma de interação social. Mais especificamente, é uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação. A entrevista é uma das técnicas de coleta de dados mais utilizada no âmbito das ciências sociais.

Vale ressaltar que à entrevista semiestruturada, segundo Gil (2007 p. 272)

permite ao pesquisador ter liberdade para desenvolver cada situação em qualquer

direção que considere adequada, também possibilita explorar mais amplamente a

questão. Os roteiros (em anexo) que nortearam a entrevista foram compostos por

oito questões abertas para o discurso. As questões abertas de acordo com Marconi

(2007) permitem ao informante responder livremente, usando linguagem própria, e

emitir opiniões. Ela declara ainda que a função do entrevistador neste tipo de

modalidade é a de incentivador, pois leva o informante a falar sobre determinado

assunto sem forçá-lo a responder.

Ratificando a discussão supracitada, Manzini (1990/1991, p. 154), diz que a

entrevista semiestruturada está focalizada em um assunto sobre o qual realizamos

um roteiro com perguntas principais, complementadas por outras questões inerentes

às circunstâncias momentâneas à entrevista. Para o mesmo autor, esse tipo de

entrevista pode fazer emergir informações de forma mais livre e as respostas não

estão condicionadas a uma padronização de alternativas. Neste sentido, considero

que foi relevante para o estudo, este tipo de entrevista.

Visando obter dados em maior profundidade e ter uma maior clareza sobre as

políticas públicas para o esporte no município de Ubaíra Bahia, além da entrevista

semiestruturada foi utilizado também a análise dos documentos. Como afirma Glaser

e Strauss apud Gil, (2009, p.79), o contato com o material escrito permite ao

pesquisador adotar posições, argumentar, levantar categorias, descrever fatos,

ações e posicionamentos de forma comparável com o trabalho de campo.

De acordo com Gil (2009, p. 79), a análise documental constitui numa técnica

“valiosa de abordagem de dados qualitativos, seja complementando as informações

obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou

problema”.

A análise documental além de qualificar o trabalho, ampliou a fonte de dados,

que segundo Duarte e Barros (2005), consiste na extração cientifica e informativa,

propondo-se a identificar as novas mensagens subjacentes no documento,

conseguindo trazer novas perspectivas, sem deixar de respeitar a substância original

dos documentos.

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29

A discussão dos dados será realizada através da análise de conteúdo, que de

acordo com Minayo apud Oliveira (2010, p.33)

[...] através da análise de conteúdo, podemos encontrar respostas para as questões formuladas e também podemos confirmar ou não as afirmações estabelecidas antes do trabalho de investigação (hipótese). A outra função diz respeito à descoberta do que está por trás dos conteúdos manifestos, indo além das aparências do que esta sendo comunicado [...]

Já para Berelson citado por Gil (1987, p. 163) a análise de conteúdo trata-se

de “uma técnica de investigação que, através de uma descrição objetiva, sistemática

e quantitativa do conteúdo manifesto das comunicações, tem por finalidade a

interpretação destas mesmas comunicações.

Foram abordadas questões referentes às políticas públicas de esporte e lazer

no período de 2009 a 2011, sendo analisado o depoimento do gestor de esporte e

lazer na tentativa de compreender os possíveis desafios e possibilidades da gestão.

Diante das discussões proferidas sobre os aspectos metodológicos do estudo

foi pertinente utilizar os procedimentos apresentados, pois além de favorecer a

compreensão crítica das comunicações permitiu analisar os dados com maior

confiabilidade, constituindo-se assim em um passo importante para o objetivo do

presente estudo, constituindo uma ação reflexiva de conhecimento e aquisição de

informações.

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30

5. RESSALVAS, DEPOIMENTO E DADOS.

Valendo-se dos dados levantados no site do município, Portarias e Decretos

lançados no Diário Oficial Municipal, observações dos espaços e equipamentos de

esporte e lazer, este capítulo destina-se a análise dos dados da entrevista realizada

com o Secretário Municipal de Cultura, Esporte, Lazer, Turismo e Meio Ambiente de

Ubaíra.

5.1 Espaços e Equipamentos: Breve Relato

O espaço direcionado a prática de atividade em uma cidade são os primeiros

fatores de relevância para as políticas públicas de esporte e lazer. O município de

Ubaíra conta com: Area livre situada à rua da estação, periodicamente cedida para a

instalação de circos e de parques de diversões (este local, no início de 2012, foi

destinado à construção de um campo de futebol).

Foto 2 da própria autora.

Possui a Quadra Polivalente Edison de Oliveira Almeida, popular

“Forródromo”, local que contempla campeonatos de futebol intermunicipal, vôlei de

quadra e os festejos juninos (atualmente os festejos juninos foram transferidos para

a praça central da cidade). Os festejos juninos representam a tradição popular

ubairense, impulsionando o comércio local, gerando empregos diretos e indiretos,

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31

mesmo ocorrendo em curto período, constitui um relevante fator de desenvolvimento

que se manifesta através da cultura.

Foto 3 da própria autora.

Foto 4 da própria autora.

Segundo Santos (apud ARAUJO et al. 2006) o espaço pode ser uma variável

interveniente com capacidade de constituir positivamente uma determinada cultura

corporal com traços bastante singulares, nesse sentido podemos entender que

sendo a festa junina um elemento marcante na cultura de Ubaíra, a mesma

representa ainda um importante fator econômico na sociedade do município.

Há na cidade espaços para a prática de futebol, sendo um Estádio Municipal

e quatro campos. Alguns desses espaços necessitam de manutenção devido às

condições precárias que apresentam.

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32

Foto 5 da própria autora.

O ginásio de esportes começou a ser construído no ano de 2011 e é muito

esperado pelas pessoas da localidade, visto que é próximo ao campo de futebol e a

comunidade anseia por outras práticas esportivas. Abaixo o ginásio:

Foto 6 da própria autora.

Quanto às praças da cidade, duas estão localizadas no centro e uma delas é

apresentada como espaço de lazer (com bares e um parquinho para crianças) e a

outra abriga um antigo coreto que representa um significativo patrimônio cultural,

mas que não é protegido nem reconhecido pelo poder público como tal, pois não

possui Lei especifica de tombamento.

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Foto 7 da própria autora

Foto 8 da própria autora

Existe ainda, o parque de Vaquejada Normando Navarro, local em que

ocorrem festas e atividades de montaria e o Projeto Semente que é um espaço

ecológico e os visitantes podem contemplar a fauna e flora da região.

Parte dos locais supracitados não são públicos de fato o que inviabiliza o

acesso da população a esses equipamentos esportivos e de lazer. A carência de

espaços públicos adequados e que permitam a participação da comunidade constitui

um desafio a ser enfrentado pela gestão pública.

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34

Com relação às dificuldades contemporâneas na realidade das políticas

públicas de esporte e lazer para os municípios e Estados, Marcellino (2001, p. 2)

comenta:

[...] de um lado a política de hierarquização de necessidades, e de outro a falta de sistematização, a partir de discussões e experiências concretas vivenciadas em políticas públicas inovadoras, diferentes daquelas do evento por si só, e da troca do voto por jogos de camisa e bolas de futebol, faz com que as duas áreas [esporte e lazer] ainda careçam de ações que abranjam de forma efetiva os municípios e os Estados.

A ausência de planejamento participativo que promova a sistematização de

políticas públicas, o descaso para com a gestão da area esportiva e de lazer que

concebe o evento e o mínimo apoio aos times de futebol como ato suficiente dos

órgãos gestores, vem impedindo que as ações esportivas e de lazer sejam

vivenciadas com plenitude como um direito social da população.

Além disso, concebemos ainda que a diversidade de espaços promove a

participação popular elevada e também pode assegurar um amplo rol de atividades

de lazer, garantindo uma vasta vivência das práticas corporais e artísticas para

benefício da população (ARAÚJO et al, 2007).

Assim, a partir da experiência concreta da gestão pública no campo do

esporte e lazer veremos a seguir a entrevista com o gestor da pasta no município de

Ubaíra, buscando compreender como está constituído o lugar desse direito na

esfera de governo, as estratégias utilizadas para a formulação de políticas e os itens

que as compõem.

5.2. Formulação de políticas públicas e a garantia da participação popular.

Os programas para políticas públicas de esporte e lazer têm estado em pauta

nos últimos anos, buscando atender ainda a uma demanda social crescente que é a

necessidade de atividades que ocupem o tempo livre da população das cidades.

No município de Ubaíra, quando analisada a estrutura física e humana para o

devido funcionamento do órgão gestor de esporte e lazer e as estratégias utilizadas

para garantir a participação popular na formulação de políticas públicas o secretário

informa:

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35

“A Secretaria de Esporte e Lazer foi desmembrada em 2009 da Secretaria de Educação, não tendo ainda uma estrutura física e humana definida para todos os eventos necessários à nossa comunidade. Todavia, foram usados alguns critérios, como: ouvir as pessoas das comunidades para atender seus principais anseios e posteriormente estabelecer um direcionamento através de projetos que contemplem as perspectivas relatadas.”

Vale salientar que a gestão do referido secretário encerra em 2012 e que até

o momento, período em que foi desenvolvida esta pesquisa, o órgão gestor

permanece na mesma situação identificada em 2009.

Quanto às estratégias utilizadas para garantir a participação popular o gestor

salienta:

“A participação se dá através do Gestor, Secretário, Coordenador e

representantes das comunidades rurais e urbanas. A participação ocorre de

maneira direta através de reuniões e eventos e indireta por meio de

solicitações e/ou ofícios e requerimentos.”

Segundo Ricci apud Zingoni (2003, p. 228), “não se governa por área ou por

serviço, mas por projetos elaborados em conjunto com a população que demanda as

políticas públicas”. Esse contexto que determina a participação popular, ou seja, a

democracia participativa.

Neste sentido, não foi apresentado registro documental ou fotográfico de

ações que assegurem o envolvimento da comunidade, tais como reuniões, fóruns,

conferências, conselho de esporte e lazer, dentre outros.

5.3. Financiamento e as políticas de espaços e equipamentos

O orçamento destinado as ações de esporte e lazer em Ubaíra, nos anos

indicados, correspondem aos seguintes valores:

Tabela 2 – Orçamento Financeiro de Ubaíra para o Esporte e Lazer

Fonte:

Desenvolvida pela própria autora com base nos Diários Oficiais do Município – 2009, 2010, 2011 e 2012.

2009

R$

2010

R$

2011

R$

2012

R$

104.000,00 545.000,00 506.000,00 862.600,00

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36

Observa-se que em 2009 as pastas de esporte e lazer estavam atreladas a

Secretaria de Educação e o orçamento possui um valor mínimo quando comparado

aos anos subsequentes. Com a elevação em 2010 e uma pequena redução em

2011, é surpreendente o acréscimo em 2012, justamente num ano atípico quanto

ocorre o período eleitoral.

Ao destacar como ocorre a política de financiamento para o esporte e lazer no

município, o secretário salienta que:

“a política de financiamento ocorre através de projetos elaborados e

discutidos com o gestor municipal e secretário para a definição de recursos

necessários a realização dos eventos nas comunidades. Uma vez que esta

secretaria não possui verba específica estadual e/ou federal consistente”.

No tocante a utilização dos recursos financeiros o secretário evidencia a

centralidade das decisões, pois fica na incumbência dele e do prefeito definir como e

em que circunstâncias serão empregados tais recursos e a política pública de

esportes e lazer fica concentrada em eventos pontuais.

Em relação à existência de espaços e equipamentos que contemplem o

esporte e lazer no município o gestor apresenta as seguintes obras:

Construção de quadra poliesportiva nas comunidades do Boqueirão, Volta do

Rio, Pindoba, Malvinas (zona rural) e reforma da quadra do Córrego (zona

urbana);

Reforma com implantação de cobertura nas quadras poliesportivas de

Jenipapo, Alto da Lagoinha e Três Braços (Distritos do município);

Construção do Ginásio de Esporte da Sede, no Bairro do Córrego;

Construção da Quadra Poliesportiva, com cobertura, no Colégio Municipal

Natur de Assis Filho (área urbana);

Construção da Quadra Poliesportiva no bairro da Areia de Cima (área

urbana);

Manutenção dos espaços onde é realizado futebol de campo nas localidades

de: Três Braços, Jacuba, Palmeira, Pindoba, Muritiba, Alto da Lagoinha,

(zona rural); Estádio Municipal Mário Muniz Monteiro, Campo da Sapucaia,

Areão, Montinha e Flechas (zona urbana);

Reforma das praças de lazer na sede e distrito de Jenipapo, que atende o

lazer das crianças, com parque de diversão.

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37

A partir da relação de obras e reformas elencadas pelo gestor é possível

conceber que existe uma atenção maior para construção ou reparos de quadras

poliesportivas e futebol de campo. Os espaços destinados ao lazer são insuficientes,

havendo um déficit a exemplo de pistas para caminhadas ou corridas, cinema,

equipamentos para atividade física, entre outros. Visto que, a ausência de parcerias

com as esferas estadual e federal interferem diretamente nesse contexto.

De acordo com Rechia (2009. p.76), “as cidades passam a ter na sociedade

moderna, espaços reduzidos para potencializar experiências lúdicas no âmbito do

tempo-espaço do lazer”.

Sabendo que os projetos e programas são fundamentais para o

desenvolvimento do esporte e lazer no município, o gestor salienta a parceria que

possui com outras Secretarias para o desenvolvimento dessas ações:

“Nossa Secretaria atua em parceria com a Ação Social do município através do Programa Pró-Jovem que atende jovens e adolescentes na área de esporte, em que a prática ao futebol é incentivado. O lazer é proporcionado aos idosos através de caminhadas, passeios, festas típicas, bailes, trabalhos com artes, pintura e bordados.”

O gestor apresenta ainda os seguintes projetos que tiveram ênfase na sua

administração:

Maratona Cívica;

Campeonato de futebol de campo na sede;

Copa dos campeões do Vale do Jiquiriçá na sede;

Campeonato de Veteranos na sede;

Campeonato na zona rural, sendo: Jacuba, Três Braços, Pindoba, Palmeira,

Alto da Lagoinha, Muritiba, Jenipapo;

Torneio de Futsal da Amizade, na sede, que abrange aproximadamente 12

municípios;

Campeonato de Futsal na sede, adulto, mirim, infanto-juvenil e juvenil;

Escolinha de Voleibol, com 60 alunos;

Apoio à cavalgada da sede para Três Braços e Sede para Alto da Lagoinha;

Apoio a Capoeira;

Apoio ao Karatê;

Apoio ao Baleado;

Apoio ao Atletismo;

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Apoio ao Futsal Feminino e masculino.

Diferente dos espaços e equipamentos apresentados pela gestão municipal,

que enfatiza unicamente o futebol de salão e campo, os projetos elencados pelo

secretário, em sua administração, contemplam outras modalidades esportivas,

contudo existe a carência de propostas que trabalhem com mais ênfase a questão

do lazer. No aspecto concernente ao Centro de Lazer dos idosos, observa-se que o

mesmo funciona com apenas um encontro semanal, neste sentido, refletimos a

cerca do tempo ser insuficiente para o desenvolvimento da diversidade de atividades

que foram apontadas pelo gestor.

Quanto ao requisito do apoio concedido aos grupos, a exemplo da capoeira,

foi identificado que tal apoio ocorre mediante os préstimos da prefeitura cedendo o

espaço do centro cultural. O grupo passa por dificuldades de estímulo, financeira e

outras que impedem uma atuação eficaz. O Secretário Municipal informa ainda que

os grupos contemplados nas ações esportivas e de lazer em Ubaíra estão

concentrados na faixa etária de:

Tabela 3 – Atividades faixa etária dos envolvidos

Fonte: Desenvolvida pela própria autora com base na entrevista realizada com o Secretário de

Esporte e Lazer – 2012.

É possível notar que as atividades estão concentradas no campo esportivo,

deixando de considerar o aspecto do lazer. Vale salientar, que ações planejadas

contemplam as diversas faixas etárias e promovem ações eficazes que beneficiem

toda a população. A tabela 1 desta pesquisa apresenta a população ubairense

URBANO FAIXA ETÁRIA

Campeonato de campo na sede 16 a 35 anos

Campeonato dos veteranos acima de 35 anos

Futsal na sede Diversas faixas etárias

Torneio de campo e futsal da zona rural Diversas faixas etárias

Campeonato de futsal com alunos de escola pública e particular

(10 a 12 anos mirim), 13 a 15 (infanto juvenil) e 16 a 18 (juvenil)

Voleibol 10 a 18 anos

Outros segmentos faixas etárias diversas

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classificada por faixa etária, seria viável a partir de dados estatísticos, considerando

a participação popular, construir propostas que abarquem todos os grupos do

município.

Porém, para compor a equipe de planejamento é necessário a presença de

profissionais aptos que possam coordenar o processo. O município enfrenta o

desafio da ausência de equipe e de formação continuada em serviço para os poucos

que ocupam os quadros, e justifica a situação utilizando esse argumento:

Uma vez o município já estruturado em suas edificações para a prática de esportes o próximo passo é a contratação de profissionais com formação na área, com o objetivo de acompanhar projetos e os vários segmentos envolvidos qualitativamente. No município não existe faculdade que atenda esta área, assim a carência deste profissional é perceptível e se faz necessária para maior êxito no acompanhamento físico e esportivo.

De acordo com Marcellino (2001), um dos pilares de uma Política de esporte

e lazer deve ser a política de formação de quadros para a atuação, ou seja, deve

haver pessoas destinadas à elaboração de projetos voltados á nossa área presente

de estudos.

Concebemos que para existência de uma estrutura eficaz, é imprescindível a

presença de profissionais, que além da formação específica para area em que irá

atuar, possua habilidades no campo da gestão pública, capacidade de

relacionamento humano e técnicas para elaboração de planos, projetos e programas

assegurando a estruturação, institucionalização e implementação das propostas.

Não justifica a ausência desse profissional na esfera pública municipal em

virtude da não existência de cursos de formação superior na cidade, pois existe em

Amargosa (cidade vizinha) o Centro de Formação de Professores - UFRB, ao qual

possui o curso de Educação Física, além dos graduados nessa area de

conhecimento que acabam retornando para o município e que podem contribuir para

esse desdobramento. Vale salientar que é necessário pautar o esporte e lazer no rol

das políticas prioritárias de uma administração.

Finalizando a entrevista, o gestor municipal salienta o desafio enfrentado no

momento da criação do órgão gestor, bem como o que se apresenta na atualidade:

Em 2009, quando ocorreu o desmembramento desta Secretaria, o principal

desafio era a implantação de mais quadras de esportes, para o atendimento

de um maior número de jovens. Atualmente, a principal carência é a falta de

parceria entre os poderes estadual e federal para com o municipal,

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objetivando ampliar o número de projetos e eventos para atendimento das

comunidades.

Segundo Leiro (2004), a falta de parceria entre os poderes estadual e federal

poderia ser minimizada se não houvesse à deficiência de quadros especializados e

formação continuada para os funcionários públicos do setor e uma incompreensão

acerca da qualidade social dos espaços e dos equipamentos de lazer como direito

de todos e dever do Estado e Município.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do que foi visto é possível empreender melhor a avaliação política do

objeto de pesquisa apresentado. Em nossa visão, o desmembramento das áreas de

esporte e lazer da pasta da educação, em 2009, favoreceria o município de Ubaíra,

no primeiro momento acatando o amparo constitucional que prevê o esporte e lazer

enquanto direito social de todos; e no segundo momento articularia e inauguraria

questões relevantes a uma nova apreciação sobre as políticas públicas no

município. No entanto, este potencial não tem sido considerado.

Observamos que, atualmente, uma das maiores preocupações da gestão é

construir e reformar espaços que assegurassem a prática esportiva no sentido das

quadras poliesportivas e campos de futebol. Ações pontuais e limitadas compõem o

campo do lazer em Ubaíra, contudo atingem diretamente o público infantil ou da

terceira idade direcionando ações com vista atender essas categorias, sobretudo

localizadas no perímetro urbano.

Nossa hipótese foi pautada no sentido de enxergar as possibilidades e

desafios da gestão na implementação de políticas públicas empreendidas para o

desenvolvimento do esporte e lazer no município de Ubaíra, no período de 2009 a

2011. Porém, ampliamos o contexto e identificamos alguns elementos que acabaram

repercutindo em 2012, a exemplo do orçamento para área, que em relação aos anos

anteriores em estudo obteve uma elevação considerável.

Neste sentido, através da entrevista com o gestor da secretaria de esporte e

lazer, pautamos identificar os desafios e possibilidades que envolviam a gestão.

Ficou evidente que para o gestor a ausência de parcerias com a esfera federal e

estadual representa um fator que impede o fortalecimento das ações, projetos e

programas que já vem sendo implementados pelo município. Outro fator constitui na

limitação ou inexistência de pessoal com formação adequada para atuar na

secretaria.

No andamento da pesquisa percebemos que além desses itens elencados

pela gestão, o maior desafio está concentrado na vontade política. Infelizmente, o

esporte e lazer são pautados como políticas prioritárias no período eleitoral. Surge

daí a ampliação do nosso olhar até o ano de 2012, tempo este em que as

construções e reformas intensificadas pela gestão vêm ocorrendo e o legislativo

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municipal que pouco ou quase nunca se pronuncia em relação a estas áreas

pleiteiam convencer o eleitorado do seu compromisso com o setor.

Entendemos que os equipamentos e espaços disponíveis não são suficientes

para atender a demanda do esporte e lazer no município. Além disso, muitos estão

concentrados no comando da iniciativa privada sem o estabelecimento de uma

parceria com a gestão pública que assegure a participação da comunidade. Existe

ainda, a problemática do acesso aos próprios equipamentos públicos, pois falta uma

política que estimule a utilização desses espaços e equipamentos.

Quanto ao processo participativo, não foram identificadas ações concretas

que de fato envolvam a comunidade. Desde a institucionalização da secretaria em

2009, não existe, pelo menos, um projeto de lei para criação do conselho de esporte

e lazer do município. O gestor informa que a participação da comunidade ocorre

mediante reuniões e solicitações formuladas por escrito. Contudo, não identificamos

ações concretas que viabilizem esta participação.

A dificuldade desse diálogo (população e gestão), somada às decisões

mantidas na esfera da gestão e atreladas a falta de profissionais com formação na

área para atender os desafios que estão postos, só contribui para manter a política

pública de esporte e lazer, focada nos torneios e festas do município. Estabelecer

ações que contemplem as necessidades e demandas da população, sobretudo os

que se encontram em situação vulnerável deveria ser um dos primeiros caminhos

tomados para uma gestão democrática.

Concluímos que a carência de uma política permanente de financiamento, a

concepção de ações desordenadas referentes aos programas municipais de esporte

e lazer, a falta da gestão democrática, a insuficiência de um planejamento

estruturado e participativo, o despreparo da gestão e dos profissionais envolvidos, a

ausência de parceria com os demais entes federativos e a intervenção negativa da

política partidária compõem o cenário dos desafios que devem ser enfrentados.

Contudo, para superar os desafios é necessário considerar as possibilidades

que envolvem o município de Ubaíra. A existência de um órgão gestor inicia uma

nova perspectiva em que a autonomia associada à parceria com as demais

secretarias possibilita o desenvolvimento de um trabalho eficaz e permanente; A

presença da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB, através do

Centro de Formação de Professores em Amargosa, que possui também o curso de

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Educação Física, permite estabelecer parcerias com o município no sentido de

instituir políticas para a formação continuada, assessoria na elaboração de plano

participativo de esporte e lazer e outras demandas que envolvam e qualifiquem a

gestão municipal.

A existência de programas e projetos nas esferas estadual e da união

propiciam ainda que o município pleiteiem, mediante proposta previamente

elaborada, o desenvolvimento de ações que impulsionem o esporte e lazer na

cidade.

Muito ainda precisa se feito para que o esporte e lazer sejam consolidados

plenamente como um direito social para a população, para que um Sistema

Municipal de Esporte e Lazer seja estruturado, institucionalizado e funcione

plenamente. Neste sentido, é necessário que os governos adquiram uma nova

dimensão política e compreendam que é no município que as ações se concretizam

e interferem diretamente na vida da população.

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APÊNDICE

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS II – ALAGOINHAS

COLEGIADO DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

ROTEIRO DE ENTREVISTA COM O SECRETÁRIO DE ESPORTE E LAZER DO

MUNICÍPIO DE UBAÍRA-BA.

Qual a concepção e os critérios para elaboração das políticas públicas de

esporte e lazer no município de Ubaíra?

Quem participa e como se dá a participação dos sujeitos na elaboração das

políticas públicas de esporte e lazer no município de Ubaíra?

Qual a política de financiamento para o esporte e lazer no município?

Qual a política de espaço e equipamentos para o esporte e lazer no

município?

Quais são os principais projetos e programas de esporte e lazer

desenvolvidos no município de Ubaíra?

Quais os grupos atendidos pelos projetos e programas de esporte e lazer no

município de Ubaíra?

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Quais são os principais desafios enfrentadas pelo Órgão Gestor para a

promoção do Esporte e Lazer do município de Ubaíra?

Qual a política do município para formar, atualizar, qualificar aqueles que

trabalham na área do esporte e lazer, ou seja, qual a política para formação

de quadros (recursos humanos) no âmbito do esporte e lazer?

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ANEXO

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DECRETO Nº 040/2009

De 02 de fevereiro de 2009

O PREFEITO MUNICIPAL DE UBAÍRA, ESTADO FEDERADO DA BAHIA, no uso

de suas atribuições legais;

RESOLVE:

Art. 1º Nomear, o Senhor Samuel Ribeiro Júnior, para ocupar o cargo de

Provimento em Comissão de Secretário Municipal de Cultura, Esporte, Lazer,

Turismo e Meio Ambiente.

Art. 2º Esse decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogando-se as

disposições em contrário.

Registre-se / Publique-se / Cumpra-se

Ubaíra-Ba, em 02 de fevereiro de 2009.

Lúcio Passos Monteiro

Prefeito

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