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Relatório 5 – Políticas públicas

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Page 1: Políticas públicas de desenvolvimento

Relatório 5 – Políticas públicas

Page 2: Políticas públicas de desenvolvimento

Autoria e Edição de Bain & Company 1ª Edição Julho 2014

Bain & Company Rua Olimpíadas, 205 - 12º andar 04551-000 - São Paulo - SP - Brasil Fone: (11) 3707-1200 Site: www.bain.com

Gas Energy Av. Presidente Vargas, 534 - 7° andar 20071-000 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Fone: (21) 3553-4370 Site: www.gasenergy.com.br

O conteúdo desta publicação é de exclusiva responsabilidade dos autores, não refletindo, necessariamente, a opinião do BNDES. É permitida a reprodução total ou

parcial dos artigos desta publicação, desde que citada a fonte.

Este trabalho foi realizado com recursos do Fundo de Estruturação de Projetos do BNDES (FEP), no âmbito da Chamada Pública BNDES/FEP No. 03/2011. Disponível com mais detalhes em <http://www.bndes.gov.br>.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 5

Índice

Guia executivo ...................................................................................................................................... 4

1. A importância de políticas públicas .......................................................................................... 5

2. Pesquisa da Indústria Química Brasileira ................................................................................. 5

2.1. Desafios para competitividade ........................................................................................... 5

2.1.1. Infraestrutura .................................................................................................................... 6

2.1.2. Regulamentação ............................................................................................................... 7

2.1.3. Capital ................................................................................................................................ 8

2.1.4. Recursos humanos ........................................................................................................... 9

2.1.5. Matéria-prima ................................................................................................................. 10

2.1.6. Tecnologia ....................................................................................................................... 11

2.1.7. Outros desafios mencionados ...................................................................................... 12

2.2. Alavancas de competitividade ......................................................................................... 12

2.1.1. Atratividade do mercado local ..................................................................................... 13

2.1.2. Matéria- prima ................................................................................................................ 14

2.1.3. Integração / sinergias .................................................................................................... 14

3. Políticas públicas a serem detalhadas ..................................................................................... 15

3.1. Matéria-prima petroquímica ............................................................................................ 15

3.2. Matéria-prima cana-de-açúcar ......................................................................................... 16

3.3. Regulamentação ................................................................................................................. 16

3.4. Inovação e Tecnologia ....................................................................................................... 16

3.5. Fiscal / tributário ............................................................................................................... 17

3.6. Infraestrutura ...................................................................................................................... 17

Anexo 1: Seminário de políticas públicas ....................................................................................... 18

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 5

Guia executivo

Este relatório define os temas de políticas públicas que serão avaliados em maior detalhe na Parte 3 do Estudo para a elaboração de propostas de políticas industriais.

No capítulo 1 a importância das políticas públicas para o desenvolvimento da indústria química é exposta de forma sucinta.

No capítulo 2 o resultado da pesquisa realizada com participantes da indústria é analisado com o objetivo de identificar os principais desafios à competitividade da indústria química local e de direcionar a definição dos temas de política a serem avaliados na Parte 3 do Estudo.

Por fim, no capítulo 3 são consolidados e priorizados os temas de políticas públicas que serão abordados na fase seguinte do Estudo.

No Anexo 1 são apresentados os resultados do Seminário de Políticas Públicas realizado pelo Consórcio com entidades governamentais ligadas ao setor químico em maio de 2014. Nesse seminário, dois temas referentes a defensivos e petroquímicos foram levados para discussão.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 5

1. A importância de políticas públicas

A indústria química é um dos principais vetores do desenvolvimento das economias mais desenvolvidas e é uma indústria que requer um planejamento de médio e longo prazo para seu desenvolvimento. Por esta razão, políticas públicas para o setor são fundamentais para sua estruturação. Tais políticas devem considerar cenários de médio e longo prazo e devem ser implantadas de forma a incentivar um ciclo de crescimento baseado em fatores de competitividade de produção do país que atraiam investimentos produtivos.

Países com a indústria química desenvolvida como Alemanha, China, EUA, Coréia do Sul e Japão usaram políticas públicas no passado para alavancar seu crescimento. O auxílio governamental garantiu os fatores de produção críticos, como disponibilidade de matéria-prima, investimentos em infraestrutura e ambiente regulatório adequado.

Maiores detalhes sobre a importância das políticas públicas e exemplos de políticas adotadas por países com uma indústria química desenvolvida são apresentados no relatório “Políticas de desenvolvimento: mapeamento de melhores práticas”.

2. Pesquisa da Indústria Química Brasileira

O objetivo da pesquisa foi mapear e consolidar a opinião dos principais agentes da indústria química sobre os desafios e vantagens competitivas do Brasil nos segmentos priorizados. A pesquisa, realizada em abril de 2014, teve 178 questionários respondidos por 94 participantes 1 . Sua metodologia foi detalhada no Relatório 5A, “Competitividade dos segmentos”.

O resultado da pesquisa mostra as dimensões da competitividade em que o Brasil apresenta maiores desafios e direciona o Estudo para as alavancas potenciais que devem ser exploradas para impulsionar e sustentar o desenvolvimento da indústria química local.

2.1. Desafios para competitividade

Os principias desafios identificados na pesquisa se associaram a fatores de produção. Na Figura 1, verifica-se que a avaliação média dos respondentes é inferior a 3 (equivalente a um impacto neutro), em uma escala de 1 a 5, em todos os fatores de produção avaliados.

1Foram enviados questionários para 288 pessoas selecionadas pelo Consórcio em conjunto com o BNDES e associações da indústria química.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 5

Figura 1: Pesquisa – Fatores de produção

É importante ressaltar, no entanto, que, em alguns segmentos, determinados fatores de produção foram indicados como vantagem competitiva do País, como matéria-prima para os derivados de celulose, por exemplo.

A seguir, estes fatores de produção são avaliados individualmente.

2.1.1. Infraestrutura

A infraestrutura apresentou a menor nota entre os fatores de produção abordados, representando, portanto, o principal entrave à competitividade da indústria química local segundo os participantes da pesquisa.

Dentre as deficiências enumeradas, as mais frequentes referiam-se à logística de movimentação de materiais e produtos e concentraram-se nos seguintes temas: excessiva dependência do modal rodoviário e baixa eficiência e alto custo da navegação de cabotagem e operações portuárias.

O custo da energia também foi citado como entrave relevante à competitividade da indústria química. Apesar de impactar toda a indústria, segmentos mais intensivos em energia tendem a ser mais prejudicados. Comentários específicos sobre o custo de energia provêm dos segmentos de: Fibras de carbono, Derivados de silício, Aromáticos, Poliamidas, Oleoquímicos e Butadieno, Isopreno e derivados.

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(*) Segmentos com valor médio maior e menor entre os segmentos pesquisados.Fonte: Pesquisa da Indústria Química Brasileira (Bain & Company / Gas Energy, 2014)

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 5

Figura 2: Pesquisa - Infraestrutura

2.1.2. Regulamentação

O ambiente regulatório foi outro fator considerado como um entrave relevante à competitividade do País. Identificaram-se três formas principais pelas quais o sistema regulatório prejudica essa competitividade:

• Excessiva burocracia e lentidão para obter registros de comercialização, produção, exportação e importação em alguns segmentos;

• Deficiências na regulamentação de alguns setores da economia, limitando o desenvolvimento do mercado interno para determinados produtos como fibra de carbono, silicone e poliuretano;

• Entraves à exploração do potencial da Biodiversidade, uma clara vantagem competitiva do País em setores como: Cosméticos e Fragrâncias, sabores e aromas.

O maior impacto à competitividade foi observado nos segmentos que requerem uma regulação naturalmente mais rigorosa por parte do poder público, como no caso dos Defensivos e Aditivos Alimentícios para consumo humano.

Qual é o efeito da infraestrutura local (transporte, energia e comunicação) na competitividade do Brasil em relação aos principais países produtores no segmento?

1 = infraestrutura local provoca desvantagem competitiva para o Brasil

5 = infraestrutura local provoca vantagem competitiva para o Brasil

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(*) Número de respostas do segmentoFonte: Pesquisa da Indústria Química Brasileira (Bain & Company / Gas Energy, 2014)

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 5

Figura 3: Pesquisa - Ambiente regulatório

2.1.3. Capital

A menor competitividade do mercado de capitais local, tanto em termos do custo de capital para investimentos, como de sua disponibilidade, foi observada em quase todos os segmentos avaliados.

A maior parte dos comentários explicita o alto custo do capital local como um entrave relevante à competitividade da indústria brasileira. Apesar disso, ocorreram menções sobre a disponibilidade de recursos públicos a custos competitivos para financiamentos de longo prazo. Entretanto, estas menções foram acompanhadas de algumas críticas aos mecanismos de acesso a estes recursos como: (i) burocracia excessiva, (i) mecanismos pouco claros à concessão de crédito e (iii) centralização desses recursos em apenas uma instituição. A alta taxa de juros da economia brasileira também foi citada com frequência nos comentários feitos pelos respondentes da pesquisa.

Qual é o efeito do ambiente regulatório na competitividade do Brasil no segmento em relação aos principais países produtores?

1 = ambiente regulatório provoca desvantagem competitiva para o Brasil (atrasa o desenvolvimento)

5 = ambiente regulatório provoca vantagem competitiva para o Brasil (ajuda o desenvolvimento local)

Vanta-gem

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(*) Número de respostas do segmentoFonte: Pesquisa da Indústria Química Brasileira (Bain & Company / Gas Energy, 2014)

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 5

Figura 4: Pesquisa - Capital

2.1.4. Recursos humanos

A competitividade da mão de obra local é, segundo os participantes, um fator prejudicial à competividade da indústria química nos 3 níveis analisados: técnico, de gestão e pesquisa. Neste último, foi apontada uma desvantagem mais acentuada, conforme pode ser observado na Figura 5.

Em comentários adicionais dos respondentes da pesquisa, o custo da mão de obra e sua elevação em períodos recentes foram mencionados com frequência. Apesar disso, o impacto desse custo na competitividade foi minimizado pelos respondentes em segmentos onde a mão de obra possui um menor impacto em seus custos totais.

Qual é o efeito da disponibilidade local de capital para investimento no segmento em relação aos principais países produtores?

1 = Disponibilidade local de capital provoca desvantagem competitiva para o Brasil (custo muito superior)

5 = Disponibilidade local de capital provoca vantagem competitiva para o Brasil (custo muito inferior)

Vanta-gem

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(*) Número de respostas do segmentoFonte: Pesquisa da Indústria Química Brasileira (Bain & Company / Gas Energy, 2014)

Qual é o efeito da disponibilidade local de capital para investimento no segmento em relação aos principais países produtores?

1 = Disponibilidade local de capital provoca desvantagem competitiva para o Brasil (custo muito superior)

5 = Disponibilidade local de capital provoca vantagem competitiva para o Brasil (custo muito inferior)

Vanta-gem

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N* < 4

(*) Número de respostas do segmentoFonte: Pesquisa da Indústria Química Brasileira (Bain & Company / Gas Energy, 2014)

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 5

Figura 5: Pesquisa – Recursos humanos

2.1.5. Matéria-prima

Na dimensão de matérias-primas, a análise das respostas da pesquisa também demonstrou uma desvantagem competitiva no Brasil. Entretanto, há algumas particularidades. Em segmentos que utilizam matérias-primas obtidas a partir de fontes renováveis como principal insumo, o Brasil possui vantagens, como no caso de segmentos como Derivados de celulose, Aditivos alimentícios para uso humano e Aromas, sabores e fragrâncias.

Nos segmentos em que a matéria-prima foi citada como uma clara desvantagem competitiva, os respondentes apontaram as seguintes causas:

• Esvaziamento de cadeias de suprimento locais em segmentos como: Defensivos e Derivados de silício;

• Baixa disponibilidade ou baixa competitividade de custo em insumos básicos da cadeia, por exemplo, palma e palmiste para utilização na Oleoquímica e derivados petroquímicos para cadeias como: Aromáticos, Poliésteres e Butadieno, isopreno e derivados;

• Concentração de mercado reduzindo a competitividade dos custos da matéria-prima para alguns segmentos, mesmo os de especialidades químicas, como por exemplo, Cosméticos e Butadieno, Isopreno e Derivados.

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Qual é o efeito da mão de obra local em termos de disponibilidade, qualidade e custo, na competitividade do Brasil em relação aos principais países produtores? (Gestão, pesquisa e técnico)

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1 = disponibilidade, qualidade e custo da mão de obra local provocam desvantagem competitiva para o Brasil

5 = disponibilidade, qualidade e custo da mão de obra local provocam vantagem competitiva para o Brasil

(*) Número de respostas do segmentoFonte: Pesquisa da Indústria Química Brasileira (Bain & Company / Gas Energy, 2014)

Gestão

Pesquisa

Técnico

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 5

Figura 6: Pesquisa - Matéria-prima

2.1.6. Tecnologia

No campo da tecnologia, a pesquisa indicou diferentes situações de competitividade local, que se associam à maturidade das cadeias químicas ou da ocorrência de investimentos recentes no país.

Entre os segmentos que puderam ser considerados como dispondo de vantagens competitivas no campo tecnológico, como indicado na Figura 7, há diferentes situações:

• Segmentos em que o Brasil está na vanguarda do desenvolvimento tecnológico (exemplo: Químicos para E&P);

• Segmentos em que foram realizados investimentos recentes em plantas industriais e, portanto, não há desvantagem comparativa (exemplo: Derivados de celulose – acetato);

• Segmentos em que o investimento local não é recente, mas emprega tecnologias maduras (exemplo: Butadieno, isopreno e derivados).

Nos demais segmentos em que a pesquisa apontou a existência de desvantagens competitivas, identificaram-se as seguintes situações com base nos comentários dos respondentes:

• Segmentos em que há produção local, mas o Brasil importa os insumos de maior valor agregado e de maior teor tecnológico (exemplo: Cosméticos e Defensivos);

• Segmentos em que o País não possui produção local relevante e teria dificuldade de acesso à tecnologia (exemplo: Fibras de Carbono);

• Tecnologia empregada com relativa obsolescência (exemplo: Lubrificantes).

Qual é o efeito das matérias-primas na competitividade do Brasil em relação aos principais países produtores no segmento?

1 = matéria prima local provoca desvantagem competitiva para o Brasil (alto custo; baixa qualidade; baixa disponibilidade)

5 = matéria prima local provoca vantagem competitiva para o Brasil (baixo custo; alta qualidade; alta disponibilidade)

Vanta-gem

Neutro

Desvan-tagem

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(*) Número de respostas do segmentoFonte: Pesquisa da Indústria Química Brasileira (Bain & Company / Gas Energy, 2014)

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 5

Figura 7: Pesquisa - Tecnologia

2.1.7. Outros desafios mencionados

Além dos tópicos abordados diretamente com perguntas específicas, outras questões referentes à competitividade do país foram colocadas pelos respondentes como desafios, a saber:

• Sistema tributário: alta complexidade e elevada carga tributária; • Câmbio: perda de competitividade, que afeta principalmente as cadeias com maior

potencial de exportações e, instabilidade cambial, que afeta os segmentos cujos custos e receitas são incorridos em diferentes moedas (exemplo: tintas).

2.2. Alavancas de competitividade

Na última pergunta do questionário de cada segmento, havia um campo livre para opinar sobre qual seria a vantagem competitiva do País naquele segmento, o que permitiu consolidar e classificar as principais alavancas capazes de promover o desenvolvimento do setor. O resultado dessa análise encontra-se na Figura 8.

As principais vantagens competitivas do Brasil mencionadas foram a atratividade do mercado local (tamanho e crescimento), matéria-prima (principalmente renovável) e integração/sinergias entre segmentos existentes no país.

Qual é o efeito da tecnologia empregada localmente no segmento na competividade do Brasil em relação aos principais países produtores?

1 = tecnologia empregada localmente provoca desvantagem competitiva para o Brasil (obsoleta)

5 = tecnologia empregada localmente provoca vantagem competitiva para o Brasil (mais avançada)

(*) Número de respostas do segmentoFonte: Pesquisa da Indústria Química Brasileira (Bain & Company / Gas Energy, 2014)

Vanta-gem

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Desvan-tagem

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 5

Figura 8: Pesquisa – Vantagens competitivas atuais e potenciais mencionadas por segmento

2.1.1. Atratividade do mercado local

A atratividade do mercado local, citada pelos respondentes como tamanho de mercado e crescimento esperado, seria capaz de: (i) viabilizar escalas produtivas econômicas voltadas para o mercado interno, sem uma elevada dependência de exportações em alguns segmentos, (ii) atrair produção local como forma de capturar uma maior participação de mercado e (iii) proporcionar ao governo local a possibilidade de criar incentivos à produção como forma de acesso ao mercado. A vantagem de mercado é evidenciada na Figura 9.

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(*) Informações obtidas a partir da pergunta 13 da pesquisaFonte: Pesquisa da Indústria Química Brasileira (Bain & Company / Gas Energy, 2014)

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 5

Figura 9: Pesquisa – Atratividade do mercado local

2.1.2. Matéria- prima

Apesar de matéria-prima ser apontada, em geral, como um dos fatores em que o País apresenta desvantagem competitiva, também foi citada como uma das alavancas competitivas para o desenvolvimento do setor, em duas situações:

• Para as cadeias químicas utilizadoras de insumos de origem renovável, a matéria-prima é considerada como uma vantagem competitiva a ser explorada.

• Para os segmentos que utilizam matérias-primas de origem petroquímica, os respondentes pontuaram a produção futura de petróleo e gás proveniente da camada pré-sal como uma alavanca a ser explorada pelo País para desenvolver a indústria.

2.1.3. Integração / sinergias

A alavanca competitiva relativa à integração de plantas e de elos produtivos, apresentada na Figura 9, contribuiu para definir a relevância dos clusters tecnológicos e produtivos para a competitividade dos segmentos da indústria química.

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Como você avalia a atratividade do mercado local em termos de tamanho e potencial de crescimento no segmento em relação aos demais países do mundo neste segmento?

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1 = mercado pouco atrativo (fora dos 10 países mais atrativos)

5 = mercado muito atrativo (entre os 3 países mais atrativos)

(*) Número de respostas do segmentoFonte: Pesquisa da Indústria Química Brasileira (Bain & Company / Gas Energy, 2014)

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 5

Figura 10: Pesquisa - Clusters

3. Políticas públicas a serem detalhadas

Os tópicos abordados nos relatórios dos segmentos estudados pelo consorcio, resultado do estudo e análise de relatórios internacionais e de aproximadamente 120 entrevistas com participantes da indústria, junto à análise dos resultados da pesquisa, foram consolidados e priorizados em seis desafios principais que são tema de detalhamento e desenho de propostas na fase posterior deste Estudo. Estes desafios estão nas dimensões: (i) matéria- prima petroquímica; (ii) matéria-prima cana de açúcar; (iii) regulamentação; (iv) infraestrutura; (v) inovação; e (vi) fiscal / tributário.

A seguir um resumo dos principais desafios e oportunidades identificados em cada tópico.

3.1. Matéria-prima petroquímica

Os relatórios dos segmentos de derivados petroquímicos (Aromáticos, Butadieno, Isopreno e Derivados, Poliamidas, Poliuretanos, Poliésteres e Tensoativos) apresentam a matéria-prima petroquímica como relevante fator de custo de produção. Além disso, as análises efetuadas indicaram: (i) volumes de importações de produtos químicos crescentes, (ii) dificuldades de viabilização de investimentos em novas plantas industriais devido à atual lacuna na disponibilidade e competitividade das matérias-primas petroquímicas locais, mesmo em segmento de químicos de consumo final, como Cosméticos e Tintas (iii) e necessidade de proteções de mercado (temporárias ou perenes) para sustentar a indústria local.

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Qual é a importância de clusters químicos para a competitividade deste segmento?

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1 = sem importância (a competitividade não depende da integração à clusters químicos)5 = fundamental (a integração à clusters químicos é fundamental para a competitividade)

Fonte: Pesquisa da Indústria Química Brasileira (Bain & Company / Gas Energy, 2014)

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 5

Alguns respondentes da pesquisa também chamaram atenção para o esvaziamento de diversas cadeias químicas e para a concentração de mercado em poucos fornecedores como um dos motivos para a baixa competitividade da matéria- prima local em vários segmentos da indústria.

Entretanto, a expectativa do aumento da disponibilidade de petróleo e gás do Pré-Sal, ainda que incerta, poderá resolver a lacuna de disponibilidade de matéria- prima para importantes cadeias químicas em um futuro bastante próximo.

3.2. Matéria-prima cana-de-açúcar

O relatório de químicos com base em fontes renováveis identifica não só o elevado potencial do País como importante produtor mundial de cana-de-açúcar, principal matéria-prima em termos de disponibilidade e posição de custo para obtenção de açúcares fermentáveis, mas também importantes desafios a serem vencidos para garantir o aproveitamento dessa vantagem. Nesse contexto, o relatório de matéria-prima cana de açúcar busca identificar modelos de negócio possíveis para o aproveitamento dessa oportunidade pela iniciativa privada no País, assim como propor políticas públicas que possam acelerar o desenvolvimento dos químicos com base na cana-de-açúcar no Brasil.

A pesquisa consolidou uma clara percepção de que as matérias-primas renováveis são uma das principais alavancas a ser explorada pelo País para o desenvolvimento da indústria química local.

3.3. Regulamentação

Os relatórios da Fase III indicam entraves regulatórios relevantes para a indústria química, principalmente em segmentos de especialidades, tanto industriais como de consumo. Os principais entraves referem-se: (i) ao processo de concessão de registros para produção, comercialização local e exportação (exemplo de segmentos impactados: Defensivos, Cosméticos e Aditivos alimentícios); (ii) às carências de normas enfocando qualidade e eficiência em alguns setores da economia como construção civil, eletrodomésticos e automóveis, que poderiam aumentar a demanda por determinados produtos químicos, tornando o investimento local mais atrativo (exemplo: Poliuretanos, Derivados de silício e Fibras de Carbono); e (iii) ao acesso à biodiversidade local para fins de pesquisa e exploração comercial (exemplo: Cosméticos e Aromas, sabores e fragrâncias).

A pesquisa realizada com a indústria química brasileira aponta para os mesmos problemas regulatórios: concessão de registro, normatização da demanda e acesso à biodiversidade.

3.4. Inovação e Tecnologia

O relatório do segmento de químicos com base em fontes renováveis atribui alguns entraves para maior desenvolvimento tecnológico dessa cadeia no Brasil. No entanto, alguns pontos são comuns aos demais segmentos da indústria química, a saber:

Page 17: Políticas públicas de desenvolvimento

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 5

• Pouca participação do setor privado nos investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D);

• Problemas na integração público-privada em projetos de P&D; • Excesso de burocracia no ambiente regulatório como, por exemplo, (i) prazos para

concessão de patentes, (ii) compra de materiais e equipamentos para pesquisa e (iii) contratação de pesquisadores;

• Regras para utilização dos benefícios fiscais para P&D; • Falta de demanda local por produtos inovadores; • Falta de linhas de financiamento com foco naespecíficas para a indústria química.

A pesquisa corrobora os pontos acima e revela: (i) que há baixa disponibilidade de pesquisadores (pesquisas concentradas no exterior), (ii) e que há baixa sofisticação da demanda local2, exceto em setores de vanguarda no País como, por exemplo, E&P e agricultura.

3.5. Fiscal / tributário

Os relatórios dos segmentos indicam a necessidade de políticas fiscais que incentivem o investimento. A desoneração das matérias-primas e dos investimentos é uma questão recorrente na indústria, sendo que para a matéria-prima petroquímica já está estabelecida a desoneração até 2018.

Além disso, em muitos segmentos foi citada a necessidade de garantir a isonomia fiscal para os produtos da indústria química local e do exterior, assim como uma maior competitividade da indústria nacional através de medidas de incentivo, como benefícios fiscais e proteções à produção local.

Apesar da pesquisa não abordar diretamente os desafios tributários, os respondentes comentam a complexidade fiscal e a alta carga tributária como entraves relevantes ao investimento local. Há a necessidade da discussão da unificação dos tributos sobre o valor agregado com regras claras e um fundo de compensação para as unidades da federação.

3.6. Infraestrutura

A pesquisa revelou que a percepção dos agentes do setor é de que a infraestrutura seja o principal entrave à competitividade local dentre os fatores de produção. O relatório de derivados de silício, por exemplo, descreveu a deficiência de infraestrutura logística como um forte entrave para a exportação. A infraestrutura também foi relatada como relevante em segmentos como: defensivos agrícolas (a logística para importação de matérias- primas) e biolubrificantes (rede dutoviária para viabilizar nova rota tecnológica).

2Dados apresentados no Relatório 5 A –Competitividade dos segmentos.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 5

Anexo 1: Seminário de políticas públicas

Foi realizado um seminário sobre Políticas Públicas no dia 22 de maio de 2014 no BNDES com a participação de representantes dos Ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), de Minas e Energia (MME), da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), além de representantes da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Intelectual), do FINEP e do BNDES. Neste seminário, foi apresentado o contexto da indústria química local, os principais entraves para a implantação das oportunidades identificadas e as possíveis alternativas de políticas públicas para a sua superação. Houve uma concentração das discussões em torno de alternativas voltadas para atrair investimentos em petroquímicos básicos e defensivos agrícolas. Apesar de prevista inicialmente, não houve uma discussão sobre o segmento de Química renovável.

Figura 11: Agenda do seminário sobre Políticas Públicas

Os órgãos públicos participantes do seminário se disponibilizaram para ter discussões posteriores se necessário.

Abaixo segue um resumo das principais contribuições dadas pelos participantes à luz das propostas apresentadas pelo Consórcio:

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 5

Petroquímicos

1. O destino do petróleo e do gás natural produzidos no pré-sal e de propriedade da União será definido pelo Conselho Nacional de Política Energética e seguirá como uma proposta para a Presidência da República.

2. Para atratividade da cadeia de aromáticos, o preço das cargas líquidas dos derivados do refino do petróleo será uma importante variável.

3. Para as cadeias derivadas do gás natural, há dúvidas sobre a disponibilidade futura do insumo, pois as previsões não indicam excedentes de produção que reduziriam de modo significativo seus preços.

4. Será importante compreender o impacto da tendência de preços das resinas termoplásticas produzidas nos EUA com base no shale gas para avaliar a competitividade local das novas plantas petroquímicas.

Defensivos

1. No início de 2000, foi criado o Comitê Técnico de Assessoramento de Agrotóxicos composto pelo IBAMA, MAPA e ANVISA, com rotatividade na presidência do Comitê.

2. Um dos principais limitantes de melhorias é a limitação quantitativa de pessoal técnico.

3. Parte da demora nos processos é associada ao tempo para as empresas atenderem às exigências formuladas durante as análises dos pedidos de registro.

4. Algumas medidas para racionalizar a fila de pedido de registros já foram implantadas e outras estão em análise.

5. A terceirização de algumas etapas apresenta limitantes de solução complexa. Entretanto seria viável credenciar laboratórios com grau de confiabilidade reconhecido pelo CTA.

6. Os órgãos federais fiscalizam plantas no exterior de onde são provenientes os produtos importados.