politica nacional saude lesbicas gays

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MINISTÉRIO DA SAÚDE POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRAL DE LÉSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS Brasília – DF 2013 1ª edição 1ª reimpressão

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Politica Nacional Saude Lesbicas Gay

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  • MINISTRIO DA SADE

    POLTICA NACIONAL DE SADE INTEGRAL

    DE LSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS,

    TRAVESTIS E TRANSEXUAIS

    Braslia DF

    2013

    1 edio

    1 reimpresso

  • MINISTRIO DA SADE

    Secretaria de Gesto Estratgica e Participativa

    Departamento de Apoio Gesto Participativa

    POLTICA NACIONAL DE SADE INTEGRAL

    DE LSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS,

    TRAVESTIS E TRANSEXUAIS

    Braslia DF

    2013

    1 edio

    1 reimpresso

  • 2012 Ministrio da Sade.Todos os direitos reservados. permitida a reproduo parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que no seja para venda ou qualquer fim comercial. Venda proibida. Distribuio gratuita. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra da rea tcnica. A coleo institucional do Ministrio da Sade pode ser acessada, na ntegra, na Biblioteca Virtual em Sade do Ministrio da Sade: .

    Tiragem: 1 edio 2012 1 reimpresso 2013 50.000 exemplares

    Elaborao, distribuio e informaesMINISTRIO DA SADE Secretaria de Gesto Estratgica e ParticipativaDepartamento de Apoio Gesto ParticipativaCoordenao-Geral de Apoio Gesto Participativa e ao Controle SocialCoordenao-Geral de Apoio Educao Popular e Mobilizao SocialSAF Sul, Quadra 2, lotes 5/6, Edifcio Premium, Centro CorporativoTorre I, 3 andar, sala 303CEP: 70070-600 Braslia/DFSite: www.saude.gov.br/sgepE-mail: [email protected]

    ColaboraoAna Gabriela Nascimento SenaAna Maria CostaDaniela MarquesJos Ivo dos Santos PedrosaKtia Maria Barreto SoutoMarden Marques Soares FilhoSimione de Ftima Csar da SilvaScrates Alves BastosTatiana Liono

    Projeto grficoId Artes Eventos

    Direo de ArteHelma Katia

    DesignersJadson AlvesPedro Valena

    IlustraesWilson Neto e Jadson Alves

    Editora responsvelMINISTRIO DA SADESecretaria-ExecutivaSubsecretaria de Assuntos AdministrativosCoordenao-Geral deDocumentao e InformaoCoordenao de Gesto EditorialSIA, Trecho 4, lotes 540/610CEP: 71200-040 Braslia/DFTels.: (61) 3315-7790 / 3315-7794Fax: (61) 3233-9558Site: www.saude.gov.br/editora

    Normalizao: Delano de Aquino SilvaReviso: Eveline de Assis e Khamila SilvaEditorao: Marcelo Rodrigues

    Impresso no Brasil / Printed in Brazil

    Ficha Catalogrfica

    Brasil. Ministrio da Sade. Secretaria de Gesto Estratgica e Participativa. Departamento de Apoio Gesto Participativa. Poltica Nacional de Sade Integral de Lsbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais / Ministrio da Sade, Secretaria de Gesto Estratgica e Participativa, Departamento de Apoio Gesto Participativa. Braslia : 1. ed., 1. reimp. Ministrio da Sade, 2013. 32 p. : il.

    ISBN 978-85-334-144-5

    1. Legislao em Sade. 2. Gays, Lsbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (GLBTT). 3. Poltica Nacional de Sade. I. Ttulo.

    CDU 614.2-055.34

    Catalogao na fonte Coordenao-Geral de Documentao e Informao Editora MS OS 2013/0140

    Ttulos para indexaoEm ingls: National Policy on Comprehensive Health of Lesbians, Gays, Bisexuals and TranssexualsEm espanhol: Politica Nacional de Salud Integral de Lesbianas, Gays, Bisexuales y Transexuales

  • APRESENTAO .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .05

    1 INTRODUO ......................................................................................................................................................07

    2 A LUTA PELO DIREITO SADE DE LSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS

    E TRANSEXUAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .09

    3 ORIENTAO SEXUAL E IDENTIDADE DE GNERO NA DETERMINAO SOCIAL DE

    SADE DE LSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS (LGBT) .......13

    4 POLTICA NACIONAL DE SADE INTEGRAL DE LSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS,

    TRAVESTIS E TRANSEXUAIS ...............................................................................................................................17

    4.1 Fundamentao legal .... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17

    4.2 Marca .................................................................................................................................................................18

    4.3 Objetivo Geral ...........................................................................................................................................18

    4.4 Portaria n 2.836, de 1 de dezembro de 2011 ......................................................18

    4.5 Objetivos especficos .........................................................................................................................20

    224.5.1 Diretrizes ..................................................................................................................................................

    4.5.2 Responsabilidades e atribuies relacionadas Poltica .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23

    234.5.2.1 Ministrio da Sade .....................................................................................................................

    244.5.2.2 Secretarias estaduais de sade ........................................................................................

    4.5.2.3 Secretarias municipais de sade ........................................................................................25

    4.5.2.4 Disposies finais ..................................................................................................................................26

    5 PLANO OPERATIVO DA POLTICA NACIONAL DE SADE INTEGRAL LGBT 2012-2015...27

    31REFERNCIAS ..................................................................................................................................................................................................

    SUMRIO

  • APRESENTAO

    05

    O Ministrio da Sade apresenta a Poltica Nacional de Sade Integral de Lsbicas, Gays, Bissexuais,

    Travestis e Transexuais (LGBT), instituda pela Portaria n 2.836, de 1 de dezembro de 2011, e pactuada

    pela Comisso Intergestores Tripartite (CIT), conforme Resoluo n 2 do dia 6 de dezembro de 2011,

    que orienta o Plano Operativo de Sade Integral LGBT.

  • MINISTRIO DA SADE

    06

    A Poltica Nacional de Sade LGBT um divisor de guas para as polticas pblicas de sade no Brasil e

    um marco histrico de reconhecimento das demandas desta populao em condio de

    vulnerabilidade. tambm um documento norteador e legitimador das suas necessidades e

    especificidades, em conformidade aos postulados de equidade previstos na Constituio Federal e na

    Carta dos Usurios do Sistema nico de Sade.

    Sua formulao seguiu as diretrizes de governo expressas no Programa Brasil sem Homofobia, que foi

    coordenado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidncia da Repblica (SDH/PR) e que

    atualmente compe o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3).

    A visibilidade das questes de sade da populao LGBT deu-se a partir da dcada de 1980, quando o

    Ministrio da Sade adotou estratgias para o enfrentamento da epidemia do HIV/Aids em parceria

    com os movimentos sociais vinculados defesa dos direitos de grupos gays.

    O posterior reconhecimento da complexidade da sade de LGBT exigiu que o movimento social

    buscasse amparo com outras reas do Ministrio da Sade e, consequentemente, ampliasse o conjunto

    de suas demandas em sade dando Poltica um carter transversal que engloba todas as reas do

    Ministrio da Sade, como as relacionadas produo de conhecimento, participao social, promoo,

    ateno e cuidado. Sua formulao contou com participao de diversas lideranas, tcnicos e

    pesquisadores e foi submetida consulta pblica antes de ser apresentada e aprovada pelo Conselho

    Nacional de Sade (CNS).

    A Poltica LGBT composta por um conjunto de diretrizes cuja operacionalizao requer planos

    contendo estratgias e metas sanitrias e sua execuo requer desafios e compromissos das

    instncias de governo, especialmente das secretarias estaduais e municipais de sade, dos conselhos

    de sade e de todas as reas do Ministrio da Sade.

    imprescindvel a ao da sociedade civil nas suas mais variadas modalidades de organizao com os

    governos para a garantia do direito sade, para o enfrentamento das iniquidades e para o pleno

    exerccio da democracia e do controle social.

    Nesse processo esto sendo implantadas aes para evitar a discriminao contra lsbicas, gays,

    bissexuais, travestis e transexuais nos espaos e no atendimento dos servios pblicos de sade. Este

    deve ser um compromisso tico-poltico para todas as instncias do Sistema nico de Sade (SUS), de

    seus gestores, conselheiros, de tcnicos e de trabalhadores de sade.

    A garantia ao atendimento sade uma prerrogativa de todo cidado e cidad brasileiros, respeitando-se

    suas especificidades de gnero, raa/etnia, gerao, orientao e prticas afetivas e sexuais.

    Sade sem preconceito e sem discriminao!

  • 1INTRODUO

    07

    O direito sade no Brasil fruto da luta do Movimento da Reforma Sanitria e est garantido na

    Constituio de 1988. No texto constitucional a sade entendida de maneira ampliada e no

    apenas como assistncia mdico sanitria. Nesta concepo, sade decorrente do acesso das

    pessoas e coletividades aos bens e servios pblicos oferecidos pelas polticas sociais universais.

    A Sade, a Previdncia e a Assistncia Social integram o Sistema de Seguridade Social e esta

    conquista representa o compromisso e a responsabilidade do Estado com o bem-estar da

    populao (BRASIL, 1988, art. 194).

  • 08

    Na perspectiva de difundir os direitos das pessoas e das populaes em relao sade, o

    Ministrio da Sade publicou a Carta dos Direitos dos Usurios da Sade (BRASIL, 2006), que

    explicita os direitos e deveres dos usurios contidos na legislao do Sistema nico de Sude

    (SUS). Essa ferramenta, que buscou contemplar as especificidades dos diversos grupos

    sociais, est disponvel a toda a populao e possibilita a discusso qualificada em torno do

    direito sade.

    A Poltica LGBT uma iniciativa para a construo de mais equidade no SUS. O compromisso do

    Ministrio da Sade com a reduo das desigualdades constitui uma das bases do Programa Mais

    Sade Direito de Todos (BRASIL, 2008), lanado em 2008 e que visa reorientao das

    polticas de sade com o objetivo de ampliar o acesso a aes e servios de qualidade. Esse

    Programa, espelhando essa poltica, apresenta metas especficas para promover aes de

    enfrentamento das iniquidades e desigualdades em sade com destaques para grupos

    populacionais de negros, quilombolas, LGBT, ciganos, prostitutas, populao em situao de rua,

    entre outros.

    A Poltica LGBT tem como marca o reconhecimento dos efeitos da discriminao e da excluso no

    processo de sade-doena da populao LGBT. Suas diretrizes e seus objetivos esto, portanto,

    voltados para mudanas na determinao social da sade, com vistas reduo das

    desigualdades relacionadas sade destes grupos sociais.

    Esta Poltica reafirma o compromisso do SUS com a universalidade, a integralidade e com a efetiva

    participao da comunidade. Por isso, ela contempla aes voltadas para a promoo, preveno,

    recuperao e reabilitao da sade, alm do incentivo produo de conhecimentos e o

    fortalecimento da representao do segmento nas instncias de participao popular.

    O respeito sem preconceito e sem discriminao valorizado nesta Poltica como fundamento

    para a humanizao na promoo, proteo, ateno e no cuidado sade. Para que isso se

    efetive, a Poltica LGBT articula um conjunto de aes e programas, que constituem medidas

    concretas a serem implementadas, em todas as esferas de gesto do SUS, particularmente nas

    secretarias estaduais e municipais de sade. Este processo de implementao deve ser

    acompanhado, cotidianamente, pelos respectivos conselhos de sade e apoiado, de forma

    permanente, pela sociedade civil.

    Dessa forma, enfrentar toda a discriminao e excluso social implica em promover a democracia

    social, a laicidade do Estado e, ao mesmo tempo, exige ampliar a conscincia sanitria com

    mobilizao em torno da defesa, do direito sade e dos direitos sexuais como componente

    fundamental da sade.

  • 11

    09

    No Brasil, no final da dcada de 1970, medida que avanava o processo de redemocratizao,

    surgiram diversos movimentos sociais em defesa de grupos especficos e de liberdades sexuais. O

    Grupo Somos reconhecido como precursor da luta homossexual, mas atualmente o movimento

    agrega lsbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, pautando a homossexualidade como

    tema poltico. A expanso dessas ideias vai se configurando no denominado Movimento LGBT ,

    cujas reflexes e prticas ativistas tm promovido importantes mudanas de valores na

    sociedade brasileira. Essas mudanas deram visibilidade poltica para os problemas, tanto da vida

    privada, como das relaes sociais que envolvem as pessoas LGBT.

    Ao surgir a epidemia HIV/Aids, no incio dos anos 80, poca fortemente relacionada aos gays, o

    governo brasileiro apoiou mobilizaes da populao homossexual masculina na preveno da

    doena. Essas mobilizaes surtiram grande efeito sanitrio diante da amplitude do nmero de

    casos que acometeu esse grupo.

    O movimento, ento constitudo majoritariamente por homens, gradualmente foi incorporando

    grupos com outras identidades sexuais e de gnero, particularmente as lsbicas e travestis. As

    demandas desses grupos ampliaram a discusso e, consequentemente, redirecionaram as

    estratgias da preveno e do cuidado das pessoas em relao ao HIV/Aids.

    2A LUTA PELO DIREITO SADE DE LSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS

    Na Conferncia Nacional de Gays, Lsbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (GLBT), realizada em 2008, sob a coordenao da Secretaria

    Especial de Direitos Humanos da Presidncia da Repblica, foi deliberado pelo movimento a adoo da sigla LGBT Lsbicas, Gays,

    Bissexuais, Travestis e Transexuais. A mudana corrobora a visibilidade poltica e social das mulheres do movimento, formalizando o

    enfrentamento das desigualdades que se pautam pelas questes de gnero.

  • 22

    10

    Na dcada de 1990, o movimento de travestis institui-se em coletivos, como no caso da

    Associao das Travestis e Liberados do RJ (Astral), pautando o governo para o atendimento de

    suas demandas especficas, alm de atuarem nas aes da preveno da aids. Na mesma poca, a

    causa de transexuais foi includa na agenda deste movimento. As discusses sobre as questes

    especficas envolvendo a homossexualidade feminina, ainda que surgidas na dcada de 1980, no

    contexto do Grupo Somos, no tiveram potncia para modificar as relaes de poder no interior do

    movimento. Essa situao favoreceu a manuteno da invisibilidade poltica de lsbicas e

    mulheres bissexuais. Cabe ressaltar que as lsbicas, por serem inicialmente excludas como grupo

    com prtica de risco, no foram contempladas nas aes de preveno da aids.

    A aproximao dessas mulheres com as agendas do movimento feminista proporcionou que

    temas como o machismo, a misoginia e a prpria invisibilidade feminina, entrassem na pauta dos

    movimentos de lsbicas e mulheres bissexuais, qualificando as discusses e evidenciando as

    lutas por demandas especficas desses grupos.

    De modo geral, a demanda dos movimentos organizados LGBT envolve reivindicaes nas reas dos

    direitos civis, polticos, sociais e humanos, o que exige atuao articulada e coordenada de todas as

    reas do Poder Executivo. Para o atual governo, cuja diretriz eliminar a discriminao e a

    marginalizao, consonante com os Princpios de Yogyakarta , a Poltica LGBT representa mais um

    passo na mudana de posio histrica, qual estas pessoas esto submetidas na sociedade brasileira.

    Princpios de Yogyakarta Princpios sobre a aplicao da legislao internacional de direitos humanos em relao orientao sexual e a

    identidade de gnero.

  • 43

    3

    4

    11

    nesse contexto que questes como a unio civil, o reconhecimento das famlias homoparentais, a

    reduo da violncia, a garantia dos direitos sexuais e reprodutivos, entre outras situaes de

    desigualdades de direitos, passam a compor o conjunto das agendas polticas governamentais.

    Em 2004, com a participao da sociedade civil, o governo institui o Brasil sem Homofobia Programa

    de Combate Violncia e Discriminao contra GLTB e de Promoo da Cidadania Homossexual

    (BRASIL, 2004), que foi elaborado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) da

    Presidncia da Repblica. Esse programa constituiu-se de amplas recomendaes aos distintos

    setores do governo, no intuito de assegurar polticas, programas e aes contra a discriminao e que,

    sobretudo, promovam equidade de acesso a aes qualificadas aos servios pblicos.

    Nessa perspectiva, o Ministrio da Sade constituiu, ainda em 2004, o Comit Tcnico de Sade da

    Populao GLTB , com vistas construo de uma poltica especfica para o SUS.

    A conquista de representao no Conselho Nacional de Sade (CNS), pelo segmento LGBT, em 2006,

    confere um novo sentido de atuao do movimento nos processos de participao democrtica no

    SUS, assim como permite e promove o debate de forma estratgica e permanente sobre a orientao

    sexual e a identidade de gnero e suas repercusses na sade.

    verdade que desde a 12 Conferncia Nacional de Sade (BRASIL, 2004), realizada em 2003, o tema

    dos direitos LGBT vinha sendo pautado pelo SUS e, em 2007, na 13 Conferncia Nacional de Sade

    (BRASIL, 2008), a orientao sexual e a identidade de gnero so includas na anlise da

    determinao social da sade. As seguintes recomendaes emanam dessa conferncia:

    A denominao GLTB Gays, Lsbicas, Transgneros e Bissexuais corresponde designao tal qual se encontra mencionada na redao

    dos documentos oficiais poca.

    A denominao GLTB do Comit Tcnico de Sade corresponde designao mencionada na redao do documento oficial poca DOU de

    15 de outubro de 2004, Seo 2, p. 24 e 25 Ministrio da Sade. Gabinete do Ministro Portaria n 2.227, de 14 de outubro de 2004.

  • 12

    O desenvolvimento de aes intersetoriais de educao em direitos humanos e respeito

    diversidade, efetivando campanhas e currculos escolares que abordem os direitos sociais.

    A sensibilizao dos profissionais a respeito dos direitos de LGBT, com incluso do tema da

    livre expresso sexual na poltica de educao permanente no SUS.

    A incluso dos quesitos de identidade de gnero e de orientao sexual nos formulrios,

    pronturios e sistemas de informao em sade.

    A ampliao da participao dos movimentos sociais LGBT nos conselhos de sade.

    O incentivo produo de pesquisas cientficas, inovaes tecnolgicas e

    compartilhamento dos avanos teraputicos.

    A garantia dos direitos sexuais e reprodutivos e o respeito ao direito intimidade e

    individualidade.

    O estabelecimento de normas e protocolos de atendimento especficos para as lsbicas

    e travestis.

    A manuteno e o fortalecimento de aes da preveno das DST/aids, com especial foco

    nas populaes LGBT.

    O aprimoramento do Processo Transexualizador.

    A implementao do protocolo de ateno contra a violncia, considerando a identidade de

    gnero e a orientao sexual.

    Em 2008, a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidncia da Repblica realizou a I

    Conferncia Nacional de Lsbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais promovendo intensa

    mobilizao de governo e da sociedade civil, tanto nas 27 conferncias estaduais, como na etapa

    nacional que reuniu mais de 600 delegados.

    Nessa conferncia foram debatidos os temas de relevncia relacionados a 18 ministrios. O

    Ministrio da Sade submeteu ao debate os princpios da Poltica LGBT, na inteno de legitim-

    los como expresso das necessidades dos grupos LGBT em relao sade. A consulta pblica,

    qual essa Poltica foi submetida posteriormente, permitiu ampliar a legitimidade da participao

    social na sua formulao. Finalmente, ao ser aprovada pelo CNS em novembro de 2009, a Poltica

    LGBT, legitima-se como fruto de um amplo processo democrtico e participativo.

  • 13

    3ORIENTAO SEXUAL E IDENTIDADE DE GNERO NA DETERMINAO SOCIAL DE SADE DE LSBICAS, GAYS,

    BISSEXUAIS, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS (LGBT)

    Compreender a determinao social no dinmico processo sade-doena das pessoas e

    coletividades requer admitir que a excluso social decorrente do desemprego, da falta de acesso

    moradia e alimentao digna, bem como da dificuldade de acesso educao, sade, lazer,

    cultura interferem, diretamente, na qualidade de vida e de sade. Requer tambm o

    reconhecimento de que todas as formas de discriminao, como no caso das homofobias que

    compreendem lesbofobia, gayfobia, bifobia, travestifobia e transfobia, devem ser consideradas na

    determinao social de sofrimento e de doena.

    preciso compreender, por outro lado, que essas formas de preconceito no ocorrem de maneira

    isolada das outras formas de discriminao social. Ao contrrio, elas caminham ao lado e se

    reforam pelos preconceitos do machismo, o racismo e a misoginia. A discriminao e o

    preconceito tambm contribuem para a excluso social das populaes que vivem na condio de

    isolamento territorial, como no caso dos que vivem no campo, nas florestas, nos quilombos, nas

    ruas ou em nomadismo, como no caso dos ciganos.

  • 14

    O Dossi Sade das Mulheres Lsbicas Promoo da Equidade e da Integralidade (2006),

    publicado pela Rede Feminista de Sade, apresenta dados que evidenciam as desigualdades de

    acesso aos servios de sade pelas lsbicas e mulheres bissexuais. Com relao s mulheres que

    procuram atendimento de sade, cerca de 40% no revelam sua orientao sexual. Entre as

    mulheres que revelam, 28% referem maior rapidez do atendimento do mdico e 17% afirmam que

    estes deixaram de solicitar exames considerados por elas como necessrios.

    Com relao ao exame preventivo de cncer crvico uterino (Papanicolau), o Dossi cita dados da

    pesquisa realizada em 2002, pela Coordenao DST/Aids do Ministrio da Sade, que

    demonstram que entre as mulheres heterossexuais a cobertura na realizao desse exame nos

    ltimos trs anos de 89,7%. J entre as lsbicas e mulheres bissexuais a cobertura cai para

    66,7%, mesmo entre pessoas com maior escolaridade e renda.

    Embora a epidemia da aids tenha provocado que o sistema de sade focasse suas prioridades

    tambm nas pessoas travestis e transexuais, conferindo certa visibilidade ao grupo, atualmente

    conhecido que os problemas de sade destas pessoas so bem mais complexos e suas demandas

    so numerosas. A prostituio para as travestis significa no apenas sua sobrevivncia financeira,

    mas tambm a possibilidade de pertencimento social, que lhes negado em outros espaos,

    como foi explicitado por Benedetti (2005). Segundo o autor, na rua que as travestis exercitam o

    feminino, a afetividade, as relaes sociais, mas tambm o espao de consumo em geral,

    inclusive de drogas, silicone industrial, hormnios e outros medicamentos. A rua e a prostituio

    acarretam tambm maiores riscos de contrair DST/Aids e mais violncia, o que torna esse grupo

    ainda mais vulnervel.

    A depresso, as crises de ansiedade e sensaes de pnico parecem ser frequentes entre as

    travestis. Essa suposio reforada pelo estudo de Peres (2008) que tambm evidencia a

    necessidade de mais estudos sobre a sade do grupo, alertando para a sade mental.

  • 15

    Outra questo importante so as frequentes notcias divulgadas pela imprensa sobre mortes de

    travestis, devido aplicao do silicone industrial, utilizado para promover as mudanas para a

    feminizao do corpo. Mesmo sem estudos especficos sobre o assunto, o dimensionamento do

    problema justifica a necessidade de definir e praticar protocolos clnicos para os servios do SUS.

    A restrita experincia dos servios de sade que lidam com a transexualidade feminina constitui

    evidncia sobre o intenso sofrimento dessas pessoas ao no se reconhecerem no corpo biolgico.

    Esta situao leva a diversos distrbios de ordem psicolgica acompanhados de tendncias

    automutilao e ao suicdio (ARN, 2009). A implementao do Processo Transexualizador no

    SUS, que regulamenta os procedimentos para a readequao cirrgica genital, insere-se no

    contexto da Poltica LGBT e o desafio subsequente a garantia do acesso a todas as pessoas que

    necessitam dessa forma de cuidado.

    Outro grave problema para a sade de transexuais e travestis o uso indiscriminado e sem

    orientao de hormnios femininos. H reconhecida relao entre o uso de hormnios femininos

    e a ocorrncia de acidente vascular cerebral, flebites, infarto do miocrdio entre outros agravos,

    resultando em mortes ou sequelas importantes.

    Da mesma forma, os transexuais masculinos demandam acesso aos procedimentos de

    mastectomia e de histerectomia. A automedicao normalmente realizada com doses elevadas

    de hormnios masculinizantes tambm um agravante no quadro de sade destas pessoas.

    A falta de respeito ao nome escolhido pelas pessoas travestis e transexuais configura-se como

    uma violncia que acontece diariamente nas suas vidas sociais. Pode ser contabilizada como

    decorrncia desta Poltica, a incluso da garantia do uso do nome social para os usurios da sade,

    na Carta dos Direitos dos Usurios da Sade.

  • 16

    O Ministrio da Sade, por meio do Plano Nacional de Enfrentamento de Aids e das DST entre

    Gays, HSH e Travestis (BRASIL, 2008) aponta maior vulnerabilidade ao vrus HIV para gays e

    bissexuais masculinos, e associa essa condio diretamente s homofobias e segregao qual

    esto expostos, especialmente os mais jovens. A impossibilidade de manifestar sua orientao

    sexual no interior da famlia e nos locais pblicos define para os gays o destino do exerccio

    clandestino da sexualidade. Essa situao os leva a frequentar lugares e situaes desprovidos de

    condies favorveis preveno de doenas.

    A violncia qual a populao LGBT est exposta consta do 3 Relatrio Nacional sobre os

    Direitos Humanos no Brasil (USP, 2006). Entre 2003 a 2005, aconteceram 360 homicdios de

    gays, de lsbicas e de travestis no Brasil. O documento registra ainda que a maior incidncia de

    assassinatos ocorre na Regio Nordeste e acomete principalmente gays.

    Diante da complexidade da situao de sade do grupo LGBT e, especialmente, diante das

    evidncias que a orientao sexual e a identidade de gnero tm na determinao social e cultural

    da sade, o Ministrio da Sade construiu esta Poltica para o SUS.

    A condio de LGBT incorre em hbitos corporais ou mesmo prticas sexuais que podem guardar

    alguma relao com o grau de vulnerabilidade destas pessoas. No entanto, o maior e mais

    profundo sofrimento aquele decorrente da discriminao e preconceito. So as repercusses e

    as consequncias destes preconceitos que compem o principal objeto desta Poltica.

    Os desafios na reestruturao de servios, rotinas e procedimentos na rede do SUS sero

    relativamente fceis de serem superados. Mais difcil, entretanto, ser a superao do preconceito

    e da discriminao que requer, de cada um e do coletivo, mudanas de valores baseadas no

    respeito s diferenas.

  • 17

    4 POLTICA NACIONAL DE SADE INTEGRAL DE

    LSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS E

    TRANSEXUAIS

    4.1 Fundamentao legal

    A Poltica est embasada nos princpios assegurados na Constituio Federal de 1988 (CF/88),

    que garantem a cidadania e dignidade da pessoa humana (BRASIL, 1988, art. 1., inc. II e III),

    reforados no objetivo fundamental da Repblica Federativa do Brasil de promover o bem de

    todos, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de

    discriminao (BRASIL, 1988, art. 3., inc. IV).

    O direito sade compe os direitos sociais e, para sua concretizao, a Constituio dedicou

    sade um desenho bem arquitetado ao integr-la ao Sistema de Seguridade Social. Dessa forma,

    o desenvolvimento social passa a ser considerado como condio imprescindvel para a conquista

    da sade.

    Para atendimento especfico do processo de adoecimento, do sofrimento e da morte, foi criado um

    sistema nico, pblico e universal, o Sistema nico de Sade (SUS). Os princpios constitucionais do

    SUS so: a) a universalidade do acesso, compreendido como o acesso garantido aos servios de

    sade para toda populao, em todos os nveis de assistncia, sem preconceitos ou privilgios de

    qualquer espcie; b) a integralidade da ateno, entendida como um conjunto articulado e

    contnuo de aes e servios preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigido para cada

    caso, em todos os nveis de complexidade do sistema; c) a participao da comunidade

    institucionalizada por meio de lei regulamentar nos conselhos e conferncias de sade Lei n

    8.142, de 28 de dezembro de 1990 (BRASIL, 1990, art. 7., inc. I, II, IV IX).

  • 55

    18

    4.2 Marca

    A discriminao por orientao sexual e por identidade de gnero incide na determinao social

    da sade, no processo de sofrimento e adoecimento decorrente do preconceito e do estigma

    social reservado s populaes de lsbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

    4.3 Objetivo-geral

    Promover a sade integral de lsbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, eliminando a

    discriminao e o preconceito institucional, bem como contribuindo para a reduo das

    desigualdades e a consolidao do SUS como sistema universal, integral e equitativo.

    4.4 Portaria n 2.836, de 1 de dezembro de 2011

    Institui, no mbito do Sistema nico de Sade (SUS), a Poltica Nacional de Sade Integral de

    Lsbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (Poltica Nacional de Sade Integral LGBT).

    O MINISTRO DE ESTADO DA SADE, no uso da atribuio que lhe confere o inciso II do pargrafo

    nico do art. 87 da Constituio, e

    Considerando o direito sade garantido no art. 196 da Constituio Federal;

    o o

    Considerando o Decreto n 7.508, de 28 de junho de 2011, que regulamenta a Lei n 8.080, de 19

    de setembro de 1990, e dispe sobre a organizao do Sistema nico de Sade (SUS), o

    planejamento da sade, a assistncia sade e a articulao interfederativa, especialmente o

    disposto no art. 13, que assegura ao usurio o acesso universal, igualitrio e ordenado s aes e

    servios de sade do SUS;

    Considerando a Poltica Nacional de Sade Integral de Lsbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e

    Transexuais (Poltica Nacional de Sade Integral LGBT), aprovada pelo Conselho Nacional de

    Sade (CNS) no ano de 2009;

    Considerando o Plano Nacional de Promoo da Cidadania e dos Direitos Humanos de LGBT, da

    Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidncia da Repblica (SEDH/PR), que apresenta

    as diretrizes para a elaborao de polticas pblicas;

    Considerando as determinaes da 13 Conferncia Nacional de Sade (BRASIL, 2008) acerca da

    incluso da orientao sexual e da identidade de gnero na anlise da determinao social da sade;

    Considerando a diretriz do governo federal de reduzir as desigualdades sociais por meio da

    formulao e implantao de polticas e aes pertinentes;

    Considerando a prioridade na implantao de polticas de promoo da equidade, garantidas no

    Plano Plurianual (PPA) e nas diretrizes do Plano Nacional de Sade;

    Considerando a necessidade de promover a articulao entre as aes dos diversos rgos do

    Ministrio da Sade e das demais instncias do Sistema nico de Sade, na promoo de aes e

    servios de sade voltados populao LGBT;

    Este texto no substitui o publicado no Dirio Oficial da Unio.

  • 19

    Considerando que a discriminao por orientao sexual e por identidade de gnero incide na

    determinao social da sade, no processo de sofrimento e adoecimento decorrente do

    preconceito e do estigma social reservado s populaes de lsbicas, gays, bissexuais, travestis

    e transexuais;

    Considerando que o desenvolvimento social condio imprescindvel para a conquista da sade;

    Considerando que a excluso social decorrente do desemprego, da falta de acesso moradia e

    alimentao digna, bem como da dificuldade de acesso educao, sade, lazer, cultura

    interferem, diretamente, na qualidade de vida e de sade;

    Considerando que todas as formas de discriminao, como no caso das homofobias direcionadas

    populao LGBT (lesbofobia, gayfobia, bifobia, travestifobia e transfobia) devem ser

    consideradas na determinao social de sofrimento e de doena;

    Considerando a existncia de dados que revelam a desigualdade de acesso aos servios de sade

    pelas lsbicas e mulheres bissexuais;

    Considerando a necessidade de ateno especial sade mental da populao LGBT;

    Considerando a necessidade de ampliao do acesso ao Processo Transexualizador, j institudo

    no mbito do SUS;

    Considerando a necessidade de ampliao das aes e servios de sade especificamente

    destinados a atender s peculiaridades da populao LGBT; e

    Considerando a necessidade de fomento s aes de sade que visem superao do

    preconceito e da discriminao, por meio da mudana de valores, baseada no respeito s

    diferenas, resolve:

  • 20

    Art. 1 Esta Portaria institui a Poltica Nacional de Sade Integral de Lsbicas, Gays, Bissexuais,

    Travestis e Transexuais (Poltica Nacional de Sade Integral LGBT) no mbito do SUS, com o

    objetivo geral de promover a sade integral da populao LGBT, eliminando a discriminao e o

    preconceito institucional e contribuindo para a reduo das desigualdades e para consolidao do

    SUS como sistema universal, integral e equitativo.

    4.5 Objetivos especficos

    Art. 2 A Poltica Nacional de Sade Integral LGBT tem os seguintes objetivos especficos:

    I - instituir mecanismos de gesto para atingir maior equidade no SUS, com especial ateno s

    demandas e necessidades em sade da populao LGBT, includas as especificidades de raa, cor,

    etnia, territorial e outras congneres;

    II - ampliar o acesso da populao LGBT aos servios de sade do SUS, garantindo s pessoas

    o respeito e a prestao de servios de sade com qualidade e resoluo de suas demandas

    e necessidades;

    III - qualificar a rede de servios do SUS para a ateno e o cuidado integral sade da populao LGBT;

    IV - qualificar a informao em sade no que tange coleta, ao processamento e anlise

    dos dados especficos sobre a sade da populao LGBT, incluindo os recortes tnico-racial

    e territorial;

    V - monitorar, avaliar e difundir os indicadores de sade e de servios para a populao LGBT,

    incluindo os recortes tnico-racial e territorial;

    VI - garantir acesso ao processo transexualizador na rede do SUS, nos moldes regulamentados;

    VII - promover iniciativas voltadas reduo de riscos e oferecer ateno aos problemas

    decorrentes do uso prolongado de hormnios femininos e masculinos para travestis e transexuais;

    VIII - reduzir danos sade da populao LGBT no que diz respeito ao uso excessivo de

    medicamentos, drogas e frmacos, especialmente para travestis e transexuais;

    IX - definir estratgias setoriais e intersetoriais que visem reduzir a morbidade e a mortalidade

    de travestis;

    X - oferecer ateno e cuidado sade de adolescentes e idosos que faam parte da populao LGBT;

  • 21

    XI - oferecer ateno integral na rede de servios do SUS para a populao LGBT nas Doenas

    Sexualmente Transmissveis (DSTs), especialmente com relao ao HIV, AIDS e s hepatites virais;

    XII - prevenir novos casos de cnceres ginecolgicos (crvico uterino e de mamas) entre lsbicas e

    mulheres bissexuais e ampliar o acesso ao tratamento qualificado;

    XIII - prevenir novos casos de cncer de prstata entre gays, homens bissexuais, travestis e

    transexuais e ampliar acesso ao tratamento;

    XIV - garantir os direitos sexuais e reprodutivos da populao LGBT no mbito do SUS;

    XV - buscar no mbito da sade suplementar a garantia da extenso da cobertura dos planos e

    seguros privados de sade ao cnjuge dependente para casais de lsbicas, gays e bissexuais;

    XVI - atuar na eliminao do preconceito e da discriminao da populao LGBT nos servios

    de sade;

    XVII - garantir o uso do nome social de travestis e transexuais, de acordo com a Carta dos Direitos

    dos Usurios da Sade;

    XVIII - fortalecer a participao de representaes da populao LGBT nos Conselhos e

    Conferncias de Sade;

    XIX - promover o respeito populao LGBT em todos os servios do SUS;

    XX - reduzir os problemas relacionados sade mental, drogadio, alcoolismo, depresso e

    suicdio entre lsbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, atuando na preveno, promoo

    e recuperao da sade;

    XXI - incluir aes educativas nas rotinas dos servios de sade voltadas promoo da

    autoestima entre lsbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais e eliminao do preconceito

    por orientao sexual, identidade de gnero, raa, cor e territrio, para a sociedade em geral;

  • 22

    XXII - incluir o tema do enfrentamento s discriminaes de gnero, orientao sexual, raa, cor e

    territrio nos processos de educao permanente dos gestores, trabalhadores da sade e

    integrantes dos Conselhos de Sade;

    XXIII - promover o aperfeioamento das tecnologias usadas no processo transexualizador, para

    mulheres e homens; e

    XXIV - realizar estudos e pesquisas relacionados ao desenvolvimento de servios e tecnologias

    voltados s necessidades de sade da populao LGBT.

    4.5.1 Diretrizes

    Art. 3 Na elaborao dos planos, programas, projetos e aes de sade, sero observadas as

    seguintes diretrizes:

    I - respeito aos direitos humanos de lsbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais,

    contribuindo para a eliminao do estigma e da discriminao decorrentes das homofobias, como

    a lesbofobia, gayfobia, bifobia, travestifobia e transfobia, consideradas na determinao social de

    sofrimento e de doena;

    II - contribuio para a promoo da cidadania e da incluso da populao LGBT por meio da

    articulao com as diversas polticas sociais, de educao, trabalho, segurana;

    III - incluso da diversidade populacional nos processos de formulao, implementao de outras

    polticas e programas voltados para grupos especficos no SUS, envolvendo orientao sexual,

    identidade de gnero, ciclos de vida, raa-etnia e territrio;

    IV - eliminao das homofobias e demais formas de discriminao que geram a violncia contra a

    populao LGBT no mbito do SUS, contribuindo para as mudanas na sociedade em geral;

    V - implementao de aes, servios e procedimentos no SUS, com vistas ao alvio do sofrimento,

    dor e adoecimento relacionados aos aspectos de inadequao de identidade, corporal e psquica

    relativos s pessoas transexuais e travestis;

  • 23

    VI - difuso das informaes pertinentes ao acesso, qualidade da ateno e s aes para o

    enfrentamento da discriminao, em todos os nveis de gesto do SUS;

    VII - incluso da temtica da orientao sexual e identidade de gnero de lsbicas, gays, bissexuais,

    travestis e transexuais nos processos de educao permanente desenvolvidos pelo SUS, incluindo

    os trabalhadores da sade, os integrantes dos Conselhos de Sade e as lideranas sociais;

    VIII - produo de conhecimentos cientficos e tecnolgicos visando melhoria da condio de

    sade da populao LGBT; e

    IX - fortalecimento da representao do movimento social organizado da populao LGBT nos

    Conselhos de Sade, Conferncias e demais instncias de participao social.

    4.5.2 Responsabilidades e atribuies relacionadas Poltica

    4.5.2.1 Ministrio da Sade

    Art. 4 Compete ao Ministrio da Sade:

    I - apoiar, tcnica e politicamente, a implantao e implementao das aes da Poltica Nacional

    de Sade Integral LGBT nos Estados e Municpios;

    II - conduzir os processos de pactuao sobre a temtica LGBT no mbito da Comisso

    Intergestores Tripartite (CIT);

    III - distribuir e apoiar a divulgao da Carta dos Direitos dos Usurios da Sade nos servios de

    sade, garantindo o respeito ao uso do nome social;

    IV - definir estratgias de servios para a garantia dos direitos reprodutivos da populao LGBT;

    V - articular junto s Secretarias de Sade estaduais e municipais para a definio de estratgias

    que promovam a ateno e o cuidado especial com adolescentes lsbicas, gays, bissexuais,

    travestis e transexuais, garantindo sua sade mental, assim como acolhimento e apoio;

    VI - articular junto s Secretarias de Sade estaduais e municipais para a definio de estratgias

    que ofeream ateno sade de lsbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais em situao

    carcerria, conforme diretrizes do Plano Nacional de Sade no Sistema Penitencirio;

  • 24

    VII - promover, juntamente com as Secretarias de Sade estaduais e municipais, a incluso de

    lsbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais em situao de violncia domstica, sexual e

    social nas redes integradas do SUS;

    VIII - elaborar protocolos clnicos acerca do uso de hormnios, implante de prteses de silicone para

    travestis e transexuais;

    IX - elaborar protocolo clnico para atendimento das demandas por mastectomia e histerectomia

    em transexuais masculinos, como procedimentos a serem oferecidos nos servios do SUS;

    X - incluir os quesitos de orientao sexual e de identidade de gnero, assim como os quesitos de

    raa-cor, nos pronturios clnicos, nos documentos de notificao de violncia da Secretaria de

    Vigilncia em Sade do Ministrio da Sade (SVS/MS) e nos demais documentos de identificao

    e notificao do SUS;

    XI - promover, junto s Secretarias de Sade estaduais e municipais, aes de vigilncia, preveno

    e ateno sade nos casos de violncia contra a populao LGBT, de acordo com o preconizado

    pelo Sistema Nacional de Notificao Compulsria de Agravos;

    XII - incluir contedos relacionados sade da populao LGBT, com recortes tnico-racial e

    territorial, no material didtico usado nos processos de educao permanente para trabalhadores

    de sade;

    XIII - promover aes e prticas educativas em sade nos servios do SUS, com nfase na

    promoo da sade mental, orientao sexual e identidade de gnero, incluindo recortes tnico-

    racial e territorial;

    XIV - fomentar a realizao de estudos e pesquisas voltados para a populao LGBT, incluindo

    recortes tnico-racial e territorial;

    XV - apoiar os movimentos sociais organizados da populao LGBT para a atuao e a

    conscientizao sobre seu direito sade e a importncia da defesa do SUS; e

    XVI - disseminar o contedo desta Poltica Nacional de Sade Integral LGBT entre os integrantes

    dos Conselhos de Sade.

    4.5.2.2 Secretarias estaduais de sade

    Art. 5 Compete aos Estados:

    I - definir estratgias e plano de ao para implementao da Poltica Nacional de Sade Integral

    LGBT no mbito estadual;

  • 25

    II - conduzir os processos de pactuao sobre a temtica LGBT na Comisso Intergestores

    Bipartite (CIB);

    III - coordenar, monitorar e avaliar a implementao desta Poltica Nacional de Sade Integral LGBT,

    na esfera estadual, garantindo apoio tcnico aos Municpios;

    IV - promover a incluso desta Poltica Nacional de Sade Integral LGBT nos Planos Estaduais de

    Sade e nos respectivos Planos Plurianuais (PPAs);

    V - planejar, implementar e avaliar as iniciativas para a sade integral da populao LGBT, nos

    moldes desta Poltica Nacional de Sade Integral LGBT;

    VI - incentivar a criao de espaos de promoo da equidade em sade nos Estados e Municpios;

    VII - promover aes intersetoriais da sade integral da populao LGBT, por meio da incluso

    social e da eliminao da discriminao, incluindo os recortes tnico-racial e territorial;

    VIII - incluir contedos relacionados sade da populao LGBT, com recortes tnico-racial e

    territorial, no material didtico usado nos processos de educao permanente para trabalhadores

    de sade;

    IX - promover aes e prticas educativas em sade nos servios do SUS, com nfase na

    promoo da sade mental, orientao sexual e identidade de gnero, incluindo recortes tnico-

    racial e territorial; e

    X - estimular a representao da populao LGBT nos Conselhos Estadual e Municipal de Sade e

    nas Conferncias de Sade.

    4.5.2.3 Secretarias municipais de sade

    Art. 6 Compete aos Municpios:

    I - implementar a Poltica Nacional de Sade Integral LGBT no Municpio, incluindo metas de acordo

    com seus objetivos;

    II - identificar as necessidades de sade da populao LGBT no Municpio;

    III - promover a incluso desta Poltica Nacional de Sade Integral LGBT no Plano Municipal de

    Sade e no PPA setorial, em consonncia com as realidades, demandas e necessidades locais;

    IV - estabelecer mecanismos de monitoramento e avaliao de gesto e do impacto da

    implementao desta Poltica Nacional de Sade Integral LGBT;

  • Alexandre Rocha Santos Padilha

    Ministro da Sade

    26

    V - articular com outros setores de polticas sociais, incluindo instituies governamentais e no-

    governamentais, com vistas a contribuir no processo de melhoria das condies de vida da

    populao LGBT, em conformidade com esta Poltica Nacional de Sade Integral LGBT;

    VI - incluir contedos relacionados sade da populao LGBT, com recortes tnico-racial e

    territorial, no material didtico usado nos processos de educao permanente para trabalhadores

    de sade;

    VII - implantar prticas educativas na rede de servio do SUS para melhorar a visibilidade e o

    respeito a lsbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais; e

    VIII - apoiar a participao social de movimentos sociais organizados da populao LGBT nos

    Conselhos Municipais de Sade, nas Conferncias de Sade e em todos os processos

    participativos.

    Art. 7 Ao Distrito Federal compete os direitos e obrigaes reservadas aos Estados e Municpios.

    4.5.2.4 Disposies finais

    Art. 8 Cabe Secretaria de Gesto Estratgica e Participativa (SGEP/MS) articular no mbito do

    Ministrio da Sade e junto aos demais rgos e entidades governamentais, a elaborao de

    instrumentos com orientaes especficas que se fizerem necessrios implementao desta

    Poltica Nacional de Sade Integral LGBT.

    Art. 9 Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicao.

  • MINISTRIO DA SADE

    POLTICA NACIONAL DE SADE INTEGRAL

    DE LSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS,

    TRAVESTIS E TRANSEXUAIS

    Braslia DF

    2012

    27

    5 PLANO OPERATIVO DA POLTICA NACIONAL DE SADE INTEGRAL

    LGBT 20122015

    Em conformidade Resoluo n 2, de 6 de dezembro de 2011

    da Comisso Intergestores Tripartite

    Plano Operativo

    O Plano Operativo da Poltica Nacional de Sade Integral LGBT tem como objetivo apresentar

    estratgias para as gestes federal, estadual e municipal, no processo de enfrentamento das

    iniquidades e desigualdades em sade com foco na populao de lsbicas, gays, bissexuais,

    travestis e transexuais para a consolidao do SUS como sistema universal, integral e equitativo.

    A operacionalizao deste plano se norteia pela articulao intra e intersetorial e a transversalidade

    no desenvolvimento de polticas pblicas e a Poltica Nacional de Sade Integral LGBT.

    A Poltica define os princpios, os objetivos, as diretrizes, as estratgias e as responsabilidades de

    gesto voltadas para a melhoria das condies de sade desse grupo populacional. Portanto,

    trata-se de uma poltica transversal com gesto e execuo compartilhadas entre as trs

    esferas de governo e, na qual a articulao com as demais polticas do Ministrio da Sade se

    torna imprescindvel.

    Devem ser considerados os seguintes conceitos para orientar o desenvolvimento deste plano:

    Regio de Sade: espao geogrfico contnuo constitudo por agrupamentos de municpios

    limtrofes, delimitado a partir de identidades culturais, econmicas e sociais de redes de

    comunicao e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a

    organizao, o planejamento e a execuo de aes e servios de sade (Decreto n 7.508/2011).

  • 28

    Mapa da Sade: Descrio geogrfica da distribuio de recursos humanos e de aes e

    servios de sade ofertados pelo SUS e pela iniciativa privada, considerando-se a capacidade

    instalada existente, os investimentos e o desempenho aferido a partir dos indicadores de sade

    do sistema (Decreto n 7.508/2011).

    Portanto, o plano insere-se na dinmica do SUS, por meio de estratgias de gesto solidria e

    participativa, considerando que a integralidade das aes depende da atuao de equipes

    interdisciplinares, prestando servios de forma contnua s pessoas no seu contexto e atuando na

    qualidade de vida, na promoo da sade, na preveno, vigilncia em sade, na ateno bsica e

    ateno especializada, incluindo, as aes de urgncias e emergncias.

    As estratgias operacionais, aes e metas contidas neste Plano esto em consonncia com o

    Plano Plurianual (PPA) 20122015 e visam cumprir os seguintes objetivos:

    Garantir e ampliar o acesso de lsbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais s aes e aos

    servios de sade com qualidade;

    Incluir os temas orientao sexual e identidade de gnero nos processos de formao e

    educao permanente dos trabalhadores da sade e no exerccio do controle social;

    Ampliar a participao das representaes destas populaes nos conselhos estaduais e

    municipais de sade e em outros espaos de gesto participativa;

    Identificar, combater e prevenir situaes de preconceito, discriminao, violncia e excluso nos

    servios de sade;

    Garantir a utilizao dos quesitos orientao sexual e identidade de gnero na produo de

    informaes para a definio de prioridades e tomada de deciso;

    Identificar as necessidades de sade de lsbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais e

    utiliz-las como critrio de planejamento e definio de prioridades.

    O Plano Operativo encontra-se estruturado em quatro eixos estratgicos e incluem aes que

    incidem sobre os diferentes condicionantes e determinantes que sustentam a desigualdade

    social em sade que acometem a populao LGBT, so eles:

    Eixo 1: Acesso da populao LGBT Ateno Integral Sade

    Este eixo trata da adoo de mecanismos gerenciais e de planejamento para a promoo de

    equidade em sade de grupos em condies de vulnerabilidade; instituio de espaos de

    promoo de equidade em sade; produo de informao e comunicao em sade;

    desenvolvimento de estratgias voltadas para a implementao de aes intersetoriais, com

    interfaces nas questes de sade desta populao, por meio da articulao com os rgos cor-

    responsveis; estmulo participao do movimento social LGBT nos conselhos e conferncias de

    sade, respeitando-se a Lei n 8.142/90; aperfeioamento dos sistemas de informao, inserindo

    os quesitos orientao sexual e identidade de gnero e a realizao de estudos e pesquisas sobre

    a situao de sade dessa populao; enfrentamento do preconceito e da discriminao de

    lsbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais nos servios de sade; garantia do uso do nome

    social de travestis e transexuais nos servios de sade, de acordo com a Portaria n 1.820, de 13

    de agosto de 2009, que dispe sobre os direitos e deveres dos usurios da sade (Carta dos

  • 29

    Direitos dos Usurios da Sade); desenvolvimento de estratgias para que a gesto, na rede de

    ateno do SUS instalada, da ateno primria alta complexidade, possa qualificar os

    profissionais de sade para atender as especificidades da populao LGBT; desenvolvimento de

    estratgias que construam abordagens e intervenes especficas para a populao LGBT na

    rede ampliada de Ateno Sade Mental, lcool e outras Drogas.

    Aes propostas/articuladas:

    1. Qualificao do atendimento adequado populao LGBT, considerando a Poltica Nacional de

    Sade Integral da Populao LGBT, e as Polticas de Sade, garantindo a integralidade da ateno.

    2. Ampliao do Processo Transexualizador em mais quatro servios, em articulao com gestores

    estaduais e municipais de sade.

    Todos estes processos esto sendo organizados de acordo com o Decreto n 7.508, de 28 de o

    junho de 2011, que regulamenta a Lei n 8.080, de 19 de setembro de 1990, e dispe sobre a

    organizao do Sistema nico de Sade (SUS), o planejamento da sade, a assistncia sade e a

    articulao interfederativa, e d outras providncias, com destaque para o que preceitua o art. 13:

    Para assegurar ao usurio o acesso universal, igualitrio e ordenado s

    aes e servios de sade do SUS, caber aos entes federativos, alm de

    outras atribuies que venham a ser pactuadas pelas Comisses

    Intergestores: I - garantir a transparncia, a integralidade e a equidade no

    acesso s aes e aos servios de sade; ...

    Eixo 2: Aes de Promoo e Vigilncia em Sade para a populao LGBT

    Este eixo trata do aperfeioamento dos instrumentos de vigilncia em sade, inserindo os

    quesitos orientao sexual e identidade de gnero e o desenvolvimento de estratgias para

    qualificar a informao em sade, no que tange coleta, ao processamento e anlise dos dados

    especficos sobre a sade de lsbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, incluindo o recorte

    tnico-racial e territorial, para a definio de prioridades e a tomada de deciso; desenvolvimento

    de estratgias para monitorar, avaliar e difundir os indicadores de sade e de servios para

    lsbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, incluindo o recorte tnico-racial e territorial;

    desenvolvimento de estratgias de vigilncia, preveno e ateno sade nos casos de

    violncia contra lsbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

    Aes propostas/articuladas:

    1. Qualificao da violncia pela condio de orientao sexual e identidade de gnero no Sistema

    de Vigilncia de Violncias e Acidentes (Viva), por meio de articulao com a Secretaria de

    Vigilncia em Sade (SVS), para dar visibilidade violncia sofrida pela populao LGBT;

    2. Qualificao dos indicadores em sade, considerando a Poltica Nacional de Sade Integral da

    Populao LGBT, e as Polticas de Sade.

    Eixo 3: Educao permanente e educao popular em sade

    com foco na populao LGBT

    Este eixo trata de aes e estratgias que visam garantir a educao em sade para gestores(as)

    e profissionais de sade, voltadas para o tema do enfrentamento s discriminaes de gnero,

  • 30

    orientao sexual, raa, cor, etnia e territrio e das especificidades em sade da populao LGBT;

    aes e estratgias que visam garantir educao em sade para o controle social de

    conselheiros(as) de sade e lideranas sociais, voltadas para o tema do enfrentamento s

    discriminaes de gnero, orientao sexual, raa, cor, etnia e territrio e das especificidades em

    sade da populao LGBT; incluso de aes educativas nas rotinas dos servios de sade

    voltadas eliminao do preconceito por orientao sexual, identidade de gnero, raa, cor e

    territrio. Aes propostas/articuladas:

    1. Insero das temticas referentes sade LGBT nos processos de educao permanente

    dos(as) gestores(as) e profissionais de sade do SUS;

    2. Produo de materiais e estratgias educativas destinadas promoo, proteo e

    recuperao da sade da populao LGBT;

    3. Fomento ao desenvolvimento de pesquisas com foco nas prioridades em sade da populao

    LGBT;

    4. Insero da temtica LGBT no Mdulo de Educao a Distncia (EAD), para cursos de formao

    voltados para profissionais de sade e UnaSUS;

    5. Insero da temtica LGBT nos cursos de Educao a Distncia (EAD) para conselheiros(as) de

    sade e lideranas sociais, em parceria com o Conselho Nacional de Sade (CNS);

    6. Articulao para garantir que estratgias como o Programa Nacional de Reorientao da

    Formao Profissional em Sade Pr-Sade (Portaria Interministerial MS/MEC n 3.019, de 26

    de novembro de 2007), o Programa Telessade Brasil Telessade (Portaria n 2.546, de 27 de

    outubro de 2011) e o Programa de Educao pelo Trabalho para a Sade PET Sade (Portaria

    Interministerial MS/MEC n 421, de 3 de maro de 2010) considerem as questes desta poltica.

    Eixo 4: Monitoramento e avaliao das aes de sade para a populao LGBT

    O monitoramento e a avaliao devem ocorrer com base nas aes acima propostas, considerando

    as prioridades e metas dos Planos Estaduais e Municipais de Sade, conforme orientado pelo

    Decreto n 7.508/ 2011 e pactuado no Contrato Organizativo da Ao Pblica da Sade (Coap) e

    Plano Plurianual (PPA) 20122015.

    Os indicadores de monitoramento e avaliao devem estar baseados na morbimortalidade e no

    acesso destas populaes ateno integral sade.

    Cabe destacar que, para cada eixo, esto definidos recursos financeiros correspondentes, os

    quais esto inseridos no PPA 20122015, nos programas e aes da Secretaria-Executiva (SE),

    Secretaria de Ateno Sade (SAS), Secretaria de Vigilncia Sade (SVS), Secretaria de

    Cincia e Tecnologia e Insumos Estratgicos (SCTIE), Secretaria de Gesto Estratgica e

    Participativa (SGEP) e Secretaria de Gesto do Trabalho e da Educao na Sade (SGTES),

    Secretaria Especial de Sade Indgena (SESAI) e rgos vinculados ao Ministrio da Sade:

    Agncia Nacional de Vigilncia Sanitrio (Anvisa), Fundao Nacional de Sade (Funasa) e

    Fundao Oswaldo Cruz (Fiocruz).

  • 31

    ARN, Mrcia; MURTA, Daniela; LIONO, Tatiana. Transexualidade e Sade Pblica no Brasil.

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    2.488, de 21 de outubro de 2011. Braslia, 2006.

    REFERNCIAS

  • 32

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    3.027, de 26 de novembro de 2007. Aprova a Poltica Nacional Gesto Estratgica e

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  • Biblioteca Virtual em Sade do Ministrio da Sade

    www.saude.gov.br/bvs

    Legislao em Sade

    www.saude.gov.br/saudelegis