política nacional de saúde da população negra

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Política Nacional de Saúde Integral da População Negra

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Page 1: Política Nacional de Saúde da População Negra

Política Nacional de SaúdeIntegral da População Negra

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MinistraMATILDE RIBEIRO

Secretário-adjuntoMARTVS ANTÔNIO ALVES DAS CHAGAS

Chefe de GabineteSANDRA REGINA TEIXEIRA

Subsecretaria de Políticas de Ações AfirmativasSubsecretárioALEXANDRO DA ANUNCIAÇÃO REIS

Subsecretaria de Planejamento e Formulação de PolíticasSubsecretárioCARLOS EDUARDO TRINDADE SANTOS

Subsecretaria de Políticas para Comunidades TradicionaisSubsecretáriaGIVÂNIA MARIA DA SILVA

Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - SEPPIR

Page 3: Política Nacional de Saúde da População Negra

Brasília - DF

Fevereiro de 2007

Política Nacional de SaúdeIntegral da População Negra

Ministério da Saúde

Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa

Page 4: Política Nacional de Saúde da População Negra

Impresso no Brasil 2007

DIAGRAMAÇÃO:Maria Loureiro Pacheco e Juliana Capella Oren

SECRETARIA ESPECIAL DE POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL - SEPPIR

ENDEREÇO:Esplanada dos Ministérios, Bloco A, 9º andar. CEP: 70054-900 - Brasília-DFTelefone: (55 61) 3411-3610Fax: (55 11) 3226-5625E-mail: [email protected]

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Sumá r i o

Apresentação - Direito à Política de Saúde da População Negra .. 9

Introdução .................................................................................. 13

A População Negra no Brasil e a Luta Pela Cidadania ................. 17

A Situação de Saúde da População Negra no Brasil e seus

Determinantes Sociais ................................................................. 25

Princípios .................................................................................... 35

Marca ..................................................................................... 37

Diretrizes ............................................................................... 37

Objetivo Geral ....................................................................... 38

Objetivos Específicos ............................................................. 38

Estratégias de Gestão ............................................................. 40

Responsabilidades das Esferas de Gestão ..................................... 47

Gestor Federal ....................................................................... 47

Gestor Estadual ...................................................................... 49

Gestor Municipal ................................................................... 51

Referências Bibliográficas ............................................................ 55

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Apresentação

Direito à Política de Saúdeda População Negra

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Direito à Política de Saúde da População Negra

O direito à saúde é fundamento constitucional econdição substantiva para o exercício pleno da cidadania.É eixo estratégico para a superação do racismo e garantiade promoção da igualdade racial, desenvolvimento efortatalecimento da democracia.

Há exatamente um ano, no mês do Dia Nacionalda Consciência Negra, o Conselho Nacional de Saúdeaprovou a Política Nacional de Saúde Integral daPopulação Negra, instrumento que tem por objetivocombater a discriminação étnico-racial nos serviços eatendimentos oferecidos no Sistema Único de Saúde,bem como promover a eqüidade em saúde da populaçãonegra.

A construção desta política é resultado da lutahistórica pela democratização da saúde encampada pelosmovimentos sociais, em especial pelo movimento negro.É, outrossim, fruto da pactuação de compromissos entreo Ministério da Saúde e a Secretaria Especial de Políticasde Promoção da Igualdade Racial, a fim de superarsituações de vulnerabilidade em saúde que atingem partesignificativa da população brasileira.

Esse esforço conjunto, dialogado e construído apartir da co-responsabilidade do Estado e da sociedade,e que tem como insígnia a transversalidade, foi apenas oprimeiro grande passo.

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Agora estamos no momento de consolidação dapolítica, de definir as ações concretas para “reduzirindicadores de morbi-mortalidade por hipertensãoarterial, diabetes mellitus, HIV/AIDS, tuberculose,hanseníase, cancêr de colo uterino e de mama, miomas,transtornos mentais”, além da morbi-motalidade pordoença falciforme.

A 13ª Conferência Nacional de Saúde é o espaçooportuno para avaliação e aprofundamento das políticasde saúde para as comunidades quilombolas, populaçãoindígena e populações em condições de vulnerabilidadee iniqüidades.

Processo em construção, a igualdade racialencontra nesta 13ª Conferência Nacional de Saúde maisuma oportunidade de avançar na reconstituição dedireitos e valores fundamentais para a dignidade humana.

Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial

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Política Nacional de Saúde Integral da População Negra

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Introdução

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Introdução

A Política Nacional de Saúde Integral daPopulação Negra define os princípios, a marca, osobjetivos, as diretrizes, as estratégias e asresponsabilidades de gestão, voltados para a melhoriadas condições de saúde desse segmento da população.Inclui ações de cuidado, atenção, promoção à saúde eprevenção de doenças, bem como de gestãoparticipativa, participação popular e controle social,produção de conhecimento, formação e educaçãopermanente para trabalhadores de saúde, visando àpromoção da eqüidade em saúde da população negra.

Sua formulação ficou a cargo da Secretaria deGestão Estratégica e Participativa (SGEP), comassessoria do Comitê Técnico de Saúde da PopulaçãoNegra (CTSPN), cabendo a essa secretaria aresponsabilidade pela articulação para sua aprovaçãono Conselho Nacional de Saúde (CNS) e a pactuaçãona Comissão Intergestores Tripartite (CIT). É tambématribuição da SGEP, no processo de implementaçãodesta Política, o monitoramento, a avaliação e o apoiotécnico aos estados e municípios.

Esta Política abrange ações e programas dediversas secretarias e órgãos vinculados ao Ministérioda Saúde (MS). Trata-se, portanto, de uma políticatransversal, com formulação, gestão e operaçãocompartilhadas entre as três esferas de governo, seja

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no campo restrito da saúde, de acordo com os princípiose diretrizes do SUS, seja em áreas correlatas.

Seu propósito é garantir maior grau de eqüidadeno que tange à efetivação do direito humano à saúde,em seus aspectos de promoção, prevenção, atenção,tratamento e recuperação de doenças e agravostransmissíveis e não-transmissíveis, incluindo aqueles demaior prevalência nesse segmento populacional.

Ela se insere na dinâmica do SUS, por meio deestratégias de gestão solidária e participativa, que incluem:utilização do quesito cor na produção de informaçõesepidemiológicas para a definição de prioridades e tomadade decisão; ampliação e fortalecimento do controle social;desenvolvimento de ações e estratégias de identificação,abordagem, combate e prevenção do racismoinstitucional no ambiente de trabalho, nos processos deformação e educação permanente de profissionais;implementação de ações afirmativas para alcançar aeqüidade em saúde e promover a igualdade racial.

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A População Negra no Brasile a Luta Pela Cidadania

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O desenvolvimento da sociedade colonial e oprocesso de objetificação dos milhões de negros1

escravizados, trazidos do continente africano nos porõesdos navios negreiros, marcaram um período longo dahistória brasileira. A despeito das péssimas condições devida e trabalho e das diversas formas de violência às quaisforam submetidos, episódios de resistência e luta foramas bases para a formação de quilombos.

Os quilombos, a princípio comunidadesautônomas de escravos fugitivos, converteram-se emimportante opção de organização social da populaçãonegra e espaço de resgate de sua humanidade e cultura efortalecimento da solidariedade e da democracia, ondenegros se constituíam e se constituem até hoje comosujeitos de sua própria história.

Após a abolição oficial da escravatura, forammuitos os anos de luta envolvendo denúncias sobre afragilidade do modelo brasileiro de democracia racial, atéa fundação da Frente Negra Brasileira, em 1931. A partirde então, as questões e demandas de classe e raça ganharamprojeção na arena política brasileira, fortalecidas,posteriormente, pelo Movimento Social Negro, que atuaorganizadamente desde a década de 1970.

A População Negra no Brasil e a Luta Pela Cidadania

1 Neste documento, consideram-se negros a soma de pretos e pardos. Quantoà questão de gênero, os termos negros, brasileiros etc. são tomados aqui comosinônimos de negros e negras, brasileiros e brasileiras etc.

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Entre as décadas de 1930 e 1980, eclodiram nomundo inúmeros movimentos sociais que manifestaramaos chefes de Estado a insatisfação dos negros em relaçãoà sua qualidade de vida. Assumiram proeminência a lutados negros dos Estados Unidos contra as regras desegregação racial vigentes naquele país e a dos negrossul-africanos contra o sistema do apartheid.

No Brasil, a 8.ª Conferência Nacional de Saúde,realizada em 1986, constituiu um marco na luta porcondições dignas de saúde para a população, uma vezque fechou questão em torno da saúde como direitouniversal de cidadania e dever do Estado. Na conferência,o Movimento Social Negro participou ativamente, aolado de outros movimentos, em especial o Movimentopela Reforma Sanitária, do processo de elaboração eaprovação das propostas.

Como principal desdobramento da conferênciae conquista fundamental dos movimentos sociais, aAssembléia Nacional Constituinte introduziu o sistemade seguridade social na Constituição Federal de 1988,do qual a saúde passou a fazer parte como direitouniversal, independentemente de cor, raça, religião, localde moradia e orientação sexual, a ser provido pelo SUS(BRASIL, 1988, art. 194).

Ainda nesse período, o movimento de mulheresnegras conferiu maior visibilidade às questões específicasde saúde da mulher negra, sobretudo aquelas relacionadasà saúde sexual e reprodutiva. O racismo e o sexismoimprimem marcas segregadoras diferenciadas, queimplicam restrições específicas dos direitos desse

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segmento, vitimando-o, portanto, com um duplopreconceito.

As primeiras inserções do tema Saúde daPopulação Negra nas ações governamentais, no âmbitoestadual e municipal, ocorreram na década de 1980 eforam formuladas por ativistas do Movimento SocialNegro e pesquisadores.

Na década de 1990, o governo federal passou a seocupar do tema, em atenção às reivindicações da MarchaZumbi dos Palmares, realizada em 20 de novembro de1995, o que resultou na criação do Grupo de TrabalhoInterministerial para Valorização da População Negra/GTI e do Subgrupo Saúde. Em abril do ano seguinte, oGTI organizou a Mesa Redonda sobre Saúde da PopulaçãoNegra, cujos principais resultados foram: a) a introduçãodo quesito cor nos sistemas de informação de mortalidadee de nascidos vivos; b) a elaboração da Resolução 196/96, que introduziu, dentre outros, o recorte racial em todae qualquer pesquisa envolvendo seres humanos; e c) arecomendação de implantação de uma política nacionalde atenção às pessoas com anemia falciforme.

No cenário internacional, em 2001, a ConferênciaIntergovernamental Regional das Américas, no Chile, ea III Conferência Mundial de Combate ao Racismo,Discriminação Racial, Xenofobia e IntolerânciaCorrelata, em Durban na África do Sul, marcaram aparticipação do Movimento Social Negro junto agovernos e organismos internacionais, reivindicandocompromissos mais efetivos com a eqüidade étnico-racial.

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A atuação do Movimento Social Negro brasileirona 11.ª e na 12.ª Conferências Nacionais de Saúde,realizadas respectivamente em 2000 e 2003, fortaleceu eampliou sua participação social nas instâncias do SUS.Como resultado dessa atuação articulada, foramaprovadas propostas para o estabelecimento de padrõesde eqüidade étnico-racial e de gênero na política de saúdedo país.

A criação da Secretaria Especial de Políticas dePromoção da Igualdade Racial (SEPPIR), pela Lei n.º10.678, de 23 de março de 2003, como órgão deassessoramento direto da Presidência da República, comstatus de ministério, representa uma conquistaemblemática do Movimento Social Negro. A SEPPIRtem como atribuição institucional promover a igualdadee a proteção dos direitos de indivíduos e grupos raciais eétnicos, por meio do acompanhamento e coordenaçãodas políticas de diferentes ministérios, dentre os quais oda saúde, e outros órgãos do governo brasileiro(BRASIL, 2003a).

Em 18 de agosto de 2004, no encerramento do ISeminário Nacional de Saúde da População Negra, foiassinado Termo de Compromisso entre a SEPPIR e oMS, referenciado nas formulações advindas de ativistase pesquisadores negros, contidas no documento Política

nacional de saúde da população negra: uma questão de eqüidade

(PNUD et al, 2001).

Ainda em agosto de 2004, considerando ointeresse em subsidiar a promoção da eqüidade e comvistas a cumprir o acordo feito por ocasião da assinatura

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do já referido termo de compromisso, no que diz respeitoà promoção da igualdade racial no âmbito do SUS, oMS instituiu o CTSPN, por meio da Portaria n.° 1.678,de 16 de agosto de 2004 (BRASIL, 2004e).

O comitê é coordenado pela SGEP e compostopor representantes de diversas áreas técnicas do MS, daSEPPIR, pesquisadores e ativistas da luta anti-racista naárea da saúde da população negra. Seu funcionamento éregido pela Portaria n.° 2.632, de 15 de dezembro de2004, e dentre as suas realizações destacam-se ascontribuições para a construção desta Política (BRASIL,2004f).

Os anos de 2005 e 2006 foram especialmentemarcados por seminários, encontros, reuniões técnicase políticas, que culminaram com a aprovação destaPolítica pelo Conselho Nacional de Saúde, em 10 denovembro de 2006. Merece destaque ainda a realizaçãodo II Seminário Nacional de Saúde da População Negra,marcado pelo reconhecimento oficial do MS daexistência do racismo institucional nas instâncias do SUS.

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A Situação de Saúdeda População Negra no Brasile seus Determinantes Sociais

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A Situação de Saúde da População Negra no Brasil e seusDeterminantes Sociais

O censo demográfico de 2000 revelou que 54%dos brasileiros se definem como brancos, 45% comonegros (pretos e pardos) e 0,4% como indígenas eamarelos. Constatou ainda que a participação percentualdas populações autodeclaradas preta e indígena superouas projeções realizadas com base no censo de 1991, oque sugere uma maior consciência dos brasileiros sobreo seu perfil étnico-racial.

Os dados do censo contribuem para conferir maiorvisibilidade às iniqüidades que atingem a população negra.Assim, no setor da educação, enquanto entre os brasileirosa taxa de analfabetismo era de 12,4%, em 2001, entre osnegros, a proporção era de 18,2% e, entre os brancos, de7,7%. Em média, a população branca estudava 6,9 anos ea negra, 4,7 anos. A menor média de anos de estudo dosbrasileiros foi observada na região Nordeste: 5,7 anos paraos brancos e 4 anos para os negros. No Sudeste, onde seencontra a maior média de anos de estudo do conjuntoda população – 6,7 anos –, os negros estudavam, emmédia, 2,1 anos menos que os brancos (IPEA, 2002).

No que se refere à pobreza, outros estudosrevelam que os negros correspondem a cerca de 65% dapopulação pobre e 70% da população extremamentepobre, embora representem 45% da população brasileira.Os brancos, por sua vez, são 54% da população total,mas somente 35% dos pobres e 30% dos extremamente

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pobres (HENRIQUES, 2003 apud OLIVEIRA &FIGUEIREDO, 2005).

O baixo nível de renda, tanto individual quantodomiciliar per capita, restringe as liberdades individuais esociais dos sujeitos, fazendo com que todo o seu entornoseja deficiente, desgastante e gerador de doença. Em 2001,mais de 32 milhões de negros com renda de até ½ saláriomínimo eram potencialmente demandantes de serviçosde assistência social e viviam, em sua maioria, em lugarescom características indesejáveis2 de habitação (IBGE,2000; IPEA 2002).

O relatório Saúde Brasil 2005: uma análise da situação

de saúde apresenta informações e análises discriminadassegundo raça, cor e etnia, enfocando assistência pré-natal,tipo de parto, baixo peso ao nascer e análise dos dadosreferentes ao nascimento, incluindo morbimortalidadematerno-infantil, em âmbito nacional e regional.

Esse estudo identificou uma proporção 2% denascimentos na faixa etária materna de 10 a 14 anos entreas indígenas, o dobro da média nacional. Considerandoas mães entre 15 a 19 anos, constatou-se uma proporçãode nascidos vivos da cor branca de 19% (BRASIL, 2005).

Entre os nascidos vivos negros, a proporção denascimentos provenientes de mães adolescentes de 15 a19 anos foi de 29%, portanto 1,7 vez maior que os

2 De acordo com o IPEA e o IBGE, são consideradas característicasindesejáveis: construção da habitação com material não durável; alta densidade;inadequação no sistema de saneamento e abastecimento de água; ausência deenergia elétrica e coleta de lixo.

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nascidos vivos brancos. Verificou-se ainda que 62% dasmães de nascidos brancos referiram ter passado por seteou mais consultas de pré-natal. Para as mães de nascidosindígenas, o percentual foi de 27% e para as mães denascidos pardos, 37% (BRASIL, 2005).

O cenário referente à prematuridade e àmortalidade infantil também apresenta uma disparidadequando relacionado a raça, cor e etnia. A maior proporçãode nascidos vivos prematuros (gestação < 37 semanas)foi registrada nos recém-nascidos indígenas e pretos, amboscom 7%. Os menores percentuais de recém-nascidosprematuros foram observados entre os nascidos amarelose pardos, ambos com 6% (BRASIL, 2005).

O relatório destaca os dados referentes às criançasmenores de cinco anos. O risco de uma criança preta ouparda morrer antes dos cincos anos por causasinfecciosas e parasitárias é 60% maior do que o de umacriança branca. Também o risco de morte pordesnutrição apresenta diferenças alarmantes, sendo 90%maior entre crianças pretas e pardas que entre brancas(BRASIL, 2005).

Ainda prevalecem os diferenciais de raça, cor eetnia, quando a análise está centrada na proporção deóbitos por causas externas O risco de uma pessoa negramorrer por causa externa é 56% maior que o de umapessoa branca; no caso de um homem negro, o risco é70% maior que o de um homem branco. No geral, orisco de morte por homicídios foi maior nas populaçõespreta e parda, independentemente do sexo (BRASIL,2005).

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A análise dos índices de homicídios associada aanos de escolaridade mostrou que pessoas com menorescolaridade apresentam risco maior de morte quandocomparadas àquelas de maior escolaridade. Entretanto,ser preto ou pardo aumentou o risco de morte porhomicídio em relação à população branca,independentemente da escolaridade. É interessante notarque as diferenças no risco de homicídio na populaçãopreta ou parda em relação à branca foram ampliadas nogrupo de maior escolaridade (BRASIL, 2005).

Foram também realizadas análises da mortalidadepor doenças transmissíveis e não-transmissíveis. O estudodestaca a diferença de raça e cor para o risco de mortepor tuberculose quando considera as taxas padronizadasde mortalidade para o ano de 2003: tendo como base decomparação a população branca, o risco de morrer portuberculose foi 1,9 vez maior para o grupo de cor pardae 2,5 vezes maior para o de cor preta.“Independentemente dos anos de estudo, as pessoas dacor preta ou parda tiveram 70% mais risco de morrerpor tuberculose que as pessoas brancas” (BRASIL, 2005).

A análise dos dados também permitiu constatarque: as mulheres negras grávidas morrem mais de causasmaternas, a exemplo da hipertensão própria da gravidez,que as brancas; as crianças negras morrem mais pordoenças infecciosas e desnutrição; e, nas faixas etáriasmais jovens, os negros morrem mais que os brancos(BRASIL, 2005).

No Brasil, existe um consenso entre os diversosestudiosos acerca das doenças e agravos prevalentes na

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população negra, com destaque para aqueles que podemser agrupados nas seguintes categorias: a) geneticamentedeterminados – tais como a anemia falciforme, deficiênciade glicose 6-fosfato desidrogenase, foliculite; b)adquiridos em condições desfavoráveis – desnutrição,anemia ferropriva, doenças do trabalho, DST/HIV/aids,mortes violentas, mortalidade infantil elevada, abortossépticos, sofrimento psíquico, estresse, depressão,tuberculose, transtornos mentais (derivados do usoabusivo de álcool e outras drogas); e c) de evoluçãoagravada ou tratamento dificultado – hipertensão arterial,diabetes melito, coronariopatias, insuficiência renalcrônica, câncer, miomatoses (PNUD et al, 2001). Essasdoenças e agravos necessitam de uma abordagemespecífica sob pena de se inviabilizar a promoção daeqüidade em saúde no país.

Para uma análise adequada das condições sociaise da saúde da população negra, é preciso ainda considerara grave e insistente questão do racismo no Brasil,persistente mesmo após uma série de conquistasinstitucionais, devido ao seu elevado grau deentranhamento na cultura brasileira. O racismo sereafirma no dia-a-dia pela linguagem comum, se mantéme se alimenta pela tradição e pela cultura, influencia avida, o funcionamento das instituições, das organizaçõese também as relações entre as pessoas; é condiçãohistórica e traz consigo o preconceito e a discriminação,afetando a população negra de todas as camadas sociais,residente na área urbana ou rural e, de forma dupla, asmulheres negras, também vitimadas pelo machismo epelos preconceitos de gênero, o que agrava as vulnerabilidadesa que está exposto este segmento.

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Do ponto de vista institucional – que envolve aspolíticas, os programas e as relações interpessoais –, deve-se considerar que as instituições comprometem suaatuação quando deixam de oferecer um serviçoqualificado às pessoas em função da sua origem étnico-racial, cor da pele ou cultura. Esse comprometimento éresultante do racismo institucional.

O racismo institucional constitui-se na produçãosistemática da segregação étnico-racial, nos processosinstitucionais. Manifesta-se por meio de normas, práticase comportamentos discriminatórios adotados nocotidiano de trabalho, resultantes da ignorância, falta deatenção, preconceitos ou estereótipos racistas. Emqualquer caso, sempre coloca pessoas de grupos raciaisou étnicos discriminados em situação de desvantagemno acesso a benefícios gerados pela ação das instituiçõese organizações.

Com a finalidade de subsidiar a identificação, aabordagem, o combate e a prevenção ao racismoinstitucional foram definidas duas dimensõesinterdependentes de análise: (1) a das relações interpessoais,e (2) a político-programática. A primeira diz respeito àsrelações que se estabelecem entre dirigentes e servidores,entre os próprios servidores e entre os servidores e osusuários dos serviços.

A dimensão político-programática do racismoinstitucional é caracterizada pela produção edisseminação de informações sobre as experiênciasdiferentes e/ou desiguais em nascer, viver, adoecer emorrer; pela capacidade em reconhecer o racismo como

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um dos determinantes das desigualdades no processo deampliação das potencialidades individuais; peloinvestimento em ações e programas específicos para aidentificação de práticas discriminatórias; pelaspossibilidades de elaboração e implementação demecanismos e estratégias de não-discriminação, combatee prevenção do racismo e intolerâncias correlatas –incluindo a sensibilização e capacitação de profissionais;pelo compromisso em priorizar a formulação eimplementação de mecanismos e estratégias de reduçãodas disparidades e promoção da eqüidade.

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Princípios

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A Constituição Federal de 1988 assumiu o caráterde Constituição Cidadã, em virtude de seu compromissocom a criação de uma nova ordem social. Essa novaordem tem a seguridade social como “um conjuntointegrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos eda sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativosà saúde, à previdência e à assistencial social” (BRASIL,1988, art. 194).

Esta Política está embasada nos princípiosconstitucionais de cidadania e dignidade da pessoahumana (BRASIL, 1988, art. 1.º, inc. II e III), do repúdioao racismo (BRASIL, 1988, art. 4.º, inc. VIII), e daigualdade (BRASIL, art. 5.º, caput). É igualmente coerentecom o objetivo fundamental da República Federativa doBrasil de “promover o bem de todos, sem preconceitosde origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outrasformas de discriminação” (BRASIL, 1988, art. 3.º, inc.IV).

Reafirma os princípios do SUS, constantes da Lein.º 8.080, de 19 de setembro de 1990, tais como: a) auniversalidade do acesso, compreendido como o “acessogarantido aos serviços de saúde para toda população,em todos os níveis de assistência, sem preconceitos ouprivilégios de qualquer espécie”; b) a integralidade daatenção, “entendida como um conjunto articulado econtínuo de ações e serviços preventivos e curativos,

Princípios

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individuais e coletivos, exigido para cada caso, em todosos níveis de complexidade do sistema”; c) a igualdade daatenção à saúde; e d) descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera degoverno (BRASIL, 1990a, art. 7.º, inc. I, II, IV IX).

A esses vêm juntar-se os da participação populare do controle social, instrumentos fundamentais para aformulação, execução, avaliação e eventuaisredirecionamentos das políticas públicas de saúde.Constituem desdobramentos do princípio da“participação da comunidade” (BRASIL, 1990ª, art. 7.º,inciso VIII) e principal objeto da Lei n.º 8.142, de 28 dedezembro de 1990, que instituiu as conferências econselhos de saúde como órgãos colegiados de gestãodo SUS, com garantia de participação da comunidade(BRASIL, 1990b).

Igualmente importante é o princípio da eqüidade.A iniqüidade racial, como fenômeno social amplo, vemsendo combatida pelas políticas de promoção daigualdade racial, regidas pela Lei n.º 10.678/03, quecriou a SEPPIR. Coerente com isso, o princípio daigualdade, associado ao objetivo fundamental deconquistar uma sociedade livre de preconceitos onde adiversidade seja um valor, deve desdobrar-se noprincípio da eqüidade, como aquele que embasa apromoção da igualdade a partir do reconhecimento dasdesigualdades e da ação estratégica para superá-las. Emsaúde, a atenção deve ser entendida como ações eserviços priorizados em função de situações de risco econdições de vida e saúde de determinados indivíduose grupos de população.

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O SUS, como um sistema em constante processode aperfeiçoamento, na implantação e implementaçãodo Pacto pela Saúde, instituído por meio da Portaria n.º399, de 22 de fevereiro de 2006, compromete-se com ocombate às iniqüidades de ordem socioeconômica ecultural que atingem a população negra brasileira(BRASIL, 2006)

Cabe ainda destacar o fato de que esta Políticaapresenta como princípio organizativo atransversalidade, caracterizada pela confluência ereforço recíproco de diferentes políticas de saúde.Assim, contempla um conjunto de estratégias queresgatam a visão integral do sujeito, considerando asua participação no processo de construção dasrespostas para as suas necessidades, bem comoapresenta fundamentos nos quais estão incluídas asvárias fases do ciclo de vida, as demandas de gênero eas questões relativas à orientação sexual, à vida compatologia e ao porte de deficiência temporária oupermanente.

Marca· Reconhecimento do racismo, das desigualdades

étnico-raciais e do racismo institucional comodeterminantes sociais das condições de saúde, com vistasà promoção da eqüidade em saúde.

Diretrizes Gerais· Inclusão dos temas Racismo e Saúde da

População Negra nos processos de formação e educaçãopermanente dos trabalhadores da saúde e no exercíciodo controle social na saúde.

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Política Nacional de Saúde Integral da População Negra

· Ampliação e fortalecimento da participação doMovimento Social Negro nas instâncias de controlesocial das políticas de saúde, em consonância com osprincípios da gestão participativa do SUS, adotados noPacto pela Saúde.

· Incentivo à produção do conhecimentocientífico e tecnológico em saúde da população negra.

· Promoção do reconhecimento dos saberes epráticas populares de saúde, incluindo aqueles preservadospelas religiões de matrizes africanas.

· Implementação do processo de monitoramentoe avaliação das ações pertinentes ao combate ao racismoe à redução das desigualdades étnico-raciais no campoda saúde nas distintas esferas de governo.

· Desenvolvimento de processos de informação,comunicação e educação, que desconstruam estigmase preconceitos, fortaleçam uma identidade negrapositiva e contribuam para a redução das vulnera-bilidades.

Objetivo GeralPromover a saúde integral da população negra,

priorizando a redução das desigualdades étnico-raciais,o combate ao racismo e à discriminação nas instituiçõese serviços do SUS.

Objetivos Específicos· Garantir e ampliar o acesso da população negra

residente em áreas urbanas, em particular nas regiões

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periféricas dos grandes centros, às ações e aos serviçosde saúde.

· Garantir e ampliar o acesso da população negrado campo e da floresta, em particular as populaçõesquilombolas, às ações e aos serviços de saúde.

· Incluir o tema Combate às Discriminações deGênero e Orientação Sexual, com destaque para asinterseções com a saúde da população negra, nosprocessos de formação e educação permanente dostrabalhadores da saúde e no exercício do controle social.

· Identificar, combater e prevenir situações deabuso, exploração e violência, incluindo assédio moral,no ambiente de trabalho.

· Aprimorar a qualidade dos sistemas de informaçãoem saúde, por meio da inclusão do quesito cor em todos osinstrumentos de coleta de dados adotados pelos serviçospúblicos, os conveniados ou contratados com o SUS.

· Melhorar a qualidade dos sistemas de informaçãodo SUS no que tange à coleta, processamento e análisedos dados desagregados por raça, cor e etnia.

· Identificar as necessidades de saúde da populaçãonegra do campo e da floresta e das áreas urbanas e utilizá-lascomo critério de planejamento e definição de prioridades.

· Definir e pactuar, junto às três esferas de governo,indicadores e metas para a promoção da eqüidade étnico-racial na saúde.

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Política Nacional de Saúde Integral da População Negra

· Monitorar e avaliar os indicadores e as metaspactuados para a promoção da saúde da população negravisando reduzir as iniqüidades macrorregionais,regionais, estaduais e municipais.

· Incluir as demandas específicas da populaçãonegra nos processos de regulação do sistema de saúdesuplementar.

· Monitorar e avaliar as mudanças na culturainstitucional, visando à garantia dos princípios anti-racistas e não-discriminatórios.

· Fomentar a realização de estudos e pesquisassobre racismo e saúde da população negra.

Estratégias de Gestão3

· Implementação das ações de combate ao racismoinstitucional e redução das iniqüidades raciais, com adefinição de metas específicas no Plano Nacional deSaúde e nos Termos de Compromisso de Gestão.

· Desenvolvimento de ações específicas para aredução das disparidades étnico-raciais nas condições desaúde e nos agravos, considerando as necessidadeslocorregionais, sobretudo na morbimortalidade materna einfantil e naquela provocada por: causas violentas; doençafalciforme; DST/HIV/aids; tuberculose; hanseníase; câncerde colo uterino e de mama; transtornos mentais.

3 Em virtude de seu caráter transversal, todas as estratégias de gestão assumidaspor esta Política devem estar em permanente interação com as demais políticasdo MS relacionadas à promoção da saúde, ao controle de agravos e à atençãoe cuidado em saúde.

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Política Nacional de Saúde Integral da População Negra

· Fortalecimento da atenção à saúde integral dapopulação negra em todas as fases do ciclo da vida,considerando as necessidades específicas de jovens,adolescentes e adultos em conflito com a lei.

· Estabelecimento de metas específicas para amelhoria dos indicadores de saúde da população negra,com especial atenção para as populações quilombolas.

· Fortalecimento da atenção à saúde mental dascrianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos negros,com vistas à qualificação da atenção para o acompanhamentodo crescimento, desenvolvimento e envelhecimento e aprevenção dos agravos decorrentes dos efeitos dadiscriminação racial e exclusão social.

· Fortalecimento da atenção à saúde mental demulheres e homens negros, em especial aqueles comtranstornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas.

· Qualificação e humanização da atenção à saúdeda mulher negra, incluindo assistência ginecológica,obstétrica, no puerpério, no climatério e em situação deabortamento, nos estados e municípios.

· Articulação e fortalecimento das ações de atençãoàs pessoas com doença falciforme, incluindo a reorganização,qualificação e humanização do processo de acolhimento, doserviço de dispensação na assistência farmacêutica,contemplando a atenção diferenciada na internação.

· Inclusão do quesito cor nos instrumentos decoleta de dados nos sistemas de informação do SUS.

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Política Nacional de Saúde Integral da População Negra

· Incentivo técnico e financeiro à organização deredes integradas de atenção às mulheres negras emsituação de violência sexual, doméstica e intrafamiliar.

· Implantação e implementação dos Núcleos dePrevenção à Violência e Promoção da Saúde, nos estadose municípios, conforme a Portaria MS/GM n.º 936, de19 de maio de 2004, como meio de reduzir avulnerabilidade de jovens negros à morte, traumas ouincapacitação por causas externas (BRASIL, 2004b).

· Elaboração de materiais de informação,comunicação e educação sobre o tema Saúde daPopulação Negra, respeitando os diversos saberes evalores, inclusive os preservados pelas religiões dematrizes africanas.

· Fomento à realização de estudos e pesquisassobre o acesso da referida população aos serviços e açõesde saúde.

· Garantia da implementação da PortariaInterministerial MS/SEDH/SEPM n.º 1.426, de 14 dejulho de 2004, que aprovou as diretrizes para aimplantação e implementação da atenção à saúde dosadolescentes em conflito com a lei, em regime deinternação e internação provisória, no que diz respeitoà promoção da eqüidade (BRASIL, 2004c).

· Articulação desta Política com o Plano Nacionalde Saúde no Sistema Penitenciário, instituído pelaPortaria Interministerial MS/MJ n.º 1.777, de 9 desetembro de 2003 (BRASIL, 2003b).

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Política Nacional de Saúde Integral da População Negra

· Articulação desta Política com as demaispolíticas de saúde, nas questões pertinentes às condições,características e especificidades da população negra.

· Apoio técnico e financeiro para a implementaçãodesta Política, incluindo as condições para: realização deseminários, oficinas, fóruns de sensibilização dos gestoresde saúde; implantação e implementação de comitêstécnicos de saúde da população negra ou instânciassimilares, nos estados e municípios; e formação delideranças negras para o exercício do controle social.

· Estabelecimento de acordos e processos decooperação nacional e internacional, visando àpromoção da saúde integral da população negra noscampos da atenção, educação permanente e pesquisa.

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Responsabilidades das Esferas de Gestão

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Responsabilidades das Esferas de Gestão

Gestor Federal· Implementação desta Política em âmbito nacional.

· Definição e gestão dos recursos orçamentáriose financeiros para a implementação desta Política,pactuadas na Comissão Intergestores Tripartite (CIT).

· Garantia da inclusão desta Política no PlanoNacional de Saúde e no PPA setorial 2008-2011.

· Coordenação, monitoramento e avaliação daimplementação desta Política, em consonância com oPacto pela Saúde.

· Garantia da inclusão do quesito cor nosinstrumentos de coleta de dados nos sistemas deinformação do SUS.

· Identificação das necessidades de saúde dapopulação negra e cooperação técnica e financeira comos estados, Distrito Federal e municípios, para quepossam fazer o mesmo, considerando as oportunidadese recursos.

· Apoio técnico e financeiro para implantação eimplementação de comitês técnicos de saúde dapopulação negra ou instâncias similares no DistritoFederal, estados e municípios.

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Política Nacional de Saúde Integral da População Negra

· Garantia da inserção dos objetivos desta Políticanos processos de formação profissional e educaçãopermanente de trabalhadores da saúde, em articulaçãocom a Política Nacional de Educação Permanente emSaúde, instituída pela Portaria GM/MS n.º 198, de 13de fevereiro de 2004 (BRASIL, 2004a).

· Adoção do processo de avaliação como partedo planejamento e implementação das iniciativas depromoção da saúde integral da população negra,garantindo tecnologias adequadas.

· Estabelecimento de estruturas e instrumentosde gestão e indicadores para monitoramento e avaliaçãodo impacto da implementação desta Política.

· Fortalecimento da gestão participativa, comincentivo à participação popular e ao controle social.

· Definição de ações intersetoriais e pluriinstitucionaisde promoção da saúde integral da população negra, visandoà melhoria dos indicadores de saúde da população negra.

· Apoio aos processos de educação popular emsaúde pertinentes às ações de promoção da saúde integralda população negra.

· Elaboração de materiais de divulgação visandoà socialização da informação e das ações de promoçãoda saúde integral da população negra.

· Estabelecimento de parcerias governamentais enão-governamentais para potencializar a implementação

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das ações de promoção da saúde integral da populaçãonegra no âmbito do SUS.

· Estabelecimento e revisão de normas, processos eprocedimentos, visando à implementação dos princípios daeqüidade e humanização da atenção e das relações de trabalho.

· Instituição de mecanismos de fomento àprodução de conhecimentos sobre racismo e saúde dapopulação negra.

Gestor Estadual· Apoio à implementação desta Política em âmbito

nacional.

· Definição e gestão dos recursos orçamentáriose financeiros para a implementação desta Política,pactuadas na Comissão Intergestores Bipartite (CIB).

· Coordenação, monitoramento e avaliação daimplementação desta Política, em consonância com oPacto pela Saúde, em âmbito estadual.

· Garantia da inclusão desta Política no PlanoEstadual de Saúde e no PPA setorial estadual 2008-2011,em consonância com as realidades locais e regionais.

· Garantia da inclusão do quesito cor nosinstrumentos de coleta de dados nos sistemas deinformação do SUS.

· Identificação das necessidades de saúde dapopulação negra no âmbito estadual e cooperação

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técnica e financeira com os municípios, para que possamfazer o mesmo, considerando as oportunidades erecursos.

· Implantação e implementação do comitê técnicoestadual de saúde da população negra ou instância similar.

· Apoio à implantação e implementação doscomitês técnicos municipais de saúde da população negraou instâncias similares.

· Garantia da inserção dos objetivos destaPolítica nos processos de formação profissional eeducação permanente de trabalhadores da saúde, emarticulação com a Política Nacional de EducaçãoPermanente em Saúde, instituída pela Portaria GM/MS n.º 198, de 13 de fevereiro de 2004 (BRASIL,2004a).

· Estabelecimento de estruturas e instrumentosde gestão e indicadores para monitoramento e avaliaçãodo impacto da implementação desta Política.

· Elaboração de materiais de divulgação visandoà socialização da informação e das ações de promoçãoda saúde integral da população negra.

· Apoio aos processos de educação popular emsaúde, referentes às ações de promoção da saúde integralda população negra.

· Fortalecimento da gestão participativa, comincentivo à participação popular e ao controle social.

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· Articulação intersetorial, incluindo parceriascom instituições governamentais e não-governamentais,com vistas a contribuir no processo de efetivação destaPolítica.

· Instituição de mecanismos de fomento àprodução de conhecimentos sobre racismo e saúde dapopulação negra.

Gestor Municipal· Implementação desta Política em âmbito

municipal.

· Definição e gestão dos recursos orçamentáriose financeiros para a implementação desta Política,pactuadas na Comissão Intergestores Bipartite (CIB).

· Coordenação, monitoramento e avaliação daimplementação desta Política, em consonância com oPacto pela Saúde.

· Garantia da inclusão desta Política no PlanoMunicipal de Saúde e no PPA setorial 2008-2011,em consonância com as realidades e necessidadeslocais.

· Garantia da inclusão do quesito cor nosinstrumentos de coleta de dados nos sistemas deinformação do SUS.

· Identificação das necessidades de saúde dapopulação negra no âmbito municipal, considerando asoportunidades e recursos.

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· Implantação e implementação de comitê técnicomunicipal de saúde da população negra ou instância similar.

· Estabelecimento de estruturas e instrumentosde gestão e indicadores para monitoramento e avaliaçãodo impacto da implementação desta Política.

· Garantia da inserção dos objetivos desta Políticanos processos de formação profissional e educaçãopermanente de trabalhadores da saúde, em articulaçãocom a Política Nacional de Educação Permanente emSaúde, instituída pela Portaria GM/MS n.º 198, de 13de fevereiro de 2004 (BRASIL, 2004a).

· Articulação intersetorial, incluindo parceriascom instituições governamentais e não-governamentais,com vistas a contribuir no processo de implementaçãodesta Política.

· Fortalecimento da gestão participativa, comincentivo à participação popular e ao controle social.

· Elaboração de materiais de divulgação visandoà socialização da informação e das ações de promoçãoda saúde integral da população negra.

· Apoio aos processos de educação popular emsaúde pertinentes às ações de promoção da saúde integralda população negra.

· Instituição de mecanismos de fomento àprodução de conhecimentos sobre racismo e saúde dapopulação negra.

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Referências Bibliográficas

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