pol pot e a ditadura genocida do khmer vermelho

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POL POT A Ditadura Genocida do Khmer Vermelho

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Page 1: Pol Pot e a ditadura genocida do Khmer Vermelho

POL POT A Ditadura Genocida

do Khmer Vermelho

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Sindicato dos Padeiros

de São Paulo

Presidente:

Francisco Pereira de Souza (Chiquinho Pereira)

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Pol Pot Os Campos da Morte do Khmer Vermelho

No antigo cemitério de Choeung Ek, um sinistro memorial cele-

bra os anos em que o Camboja esteve sob o domínio do Khmer

Vermelho. O lúgubre monumento sintetiza bem a safra que o regi-

me liderado por Pol Pot, certamente o mais sanguinário ditador do

século XX, produziu naquele país. A stupa – um santuário budista

onde se conservam relíquias – de Choeung Ek está repleta de crâ-

nios humanos, evocando o aterrorizante legado desse tétrico regi-

me. Entre 1975 e 1979, Pol Pot, o codinome mais conhecido de Sa-

loth Sar (1925 – 1998), desmontou, a não ser pelo governo que ele

mesmo instituiu, todas as instituições do Camboja. Nesse período,

estima-se que cerca de dois milhões de cambojanos, de uma popu-

lação de 7,5 milhões, foram massacrados das formas mais bárbaras

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imagináveis. A brutalidade e loucura de Pol Pot rivalizam os feitos

macabros do perpetrador do Holocausto, Adolf Hitler.

Crânios de vítimas do Khmer Vermelho no Museu Tuol Sleng, em Phnom Penh

Através da ditadura do Khmer Vermelho, Pol Pot impôs uma

forma radical de reengenharia social, um tipo de comunismo agrário

no qual toda a população era obrigada a trabalhar em fazendas

coletivas. Pol Pot e os outros líderes do Khmer Vermelho isolaram o

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país de qualquer influência estrangeira. Fecharam escolas, hospitais,

fábricas, aboliram o sistema bancário, proibiram o culto a todas as

religiões, confiscaram propriedades, extinguiram o serviço telefôni-

co e postal e transformaram a população num exército de lavrado-

res escravizados. Os cambojanos tinham de trabalhar 12 horas por

dia, sem alimentação adequada. Pol Pot determinara também que

os trabalhadores deviam produzir três toneladas de arroz por hecta-

re, quando até 1975 a média da produção era três vezes menor.

Como grande parte era composta de habitantes da cidade que não

sabiam cultivar a terra, a fome foi inevitável.

Procurando desmantelar completamente

as instituições do antigo Camboja, o Pol

Pot tentou exterminar todas as pessoas

que vinham das cidades. Médicos, advo-

gados, juízes, engenheiros, jornalistas,

empresários, todos, enfim, que tinham

alguma ligação com o velho regime, fo-

ram submetidos a programas de reedu-

cação, como chamavam a realidade das

torturas e mortes que a reabilitação im-

plicava. O lema do regime, sempre lem-

Prisioneira do Khmer Vermelho

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brado aos cidadãos-escravos, resumia bem a atitude do Khmer

Vermelho: “não há benefício em manter você vivo; destruí-lo, não

resulta em perda”.

Matar bebês era uma prática comum, conforme ilustração no Museu de Tuol Sleng

A ameaça era cumprida nos chamados Campos da Morte. O no-

me diz tudo. Os mais conhecidos são os de Choeung Ek e Tuol Sleng,

para onde eram levadas as vítimas depois de confessarem ativida-

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des pré-revolucionárias passivas de morte, como, por exemplo, ter

tido contato com um missionário estrangeiro. As vítimas tinham de

cavar suas próprias covas. Para economizar munição, os condena-

dos eram executados com picaretas, marretas, machadinhos ou

eram simplesmente espancados até a morte. Quase sempre, os

carrascos eram adolescentes dos dois sexos, provenientes de famí-

lias camponesas. E com a fome grassando em todo o país, atos de

canibalismo não eram incomuns. Um sobrevivente, Choeung Ek

confessou ter comido o baço de uma criança de quatro anos que ele

ajudara a matar a pontapés.

Alimentando crocodilos com prisioneiros (ilustração no Museu de Tuol Sleng)

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Cova coletiva descoberta em 1980 no Campo de Extermínio de Choeung Eks

Quando dois brigam…

O líder do Khmer Vermelho foi erguido ao poder em 1975, na es-

teira da instabilidade política da região, que ardia com a Guerra do

Vietnã. Como no ditado, “quando dois brigam, lucra um terceiro”, o

vizinho Vietnã, em guerra com os Estados Unidos, depôs o primeiro-

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ministro cambojano pró-

americano Lon Nol, porque este

havia permitido que os america-

nos bombardeassem bases viet-

namitas encravadas em território

cambojano. E no vácuo dos viet-

namitas, Pol Pot, que já combatia

Lon Nol, assumiu o controle do

país sem precisar fazer muito

esforço.

É irônico pensar que a cabeça

ideológica da mais radical e san-

grenta revolução da história da

Ásia moderna era composta pelo

grupo com mais elevada escola-

ridade do comunismo asiático,

saído das melhores universidades

Pol Pot nunca foi julgado por seus crimes

francesas. O próprio Pol Pot tinha estudado rádio-eletrônica na

França, de onde trouxera as ideias embrionárias do Khmer Verme-

lho.

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A tortura da água, em ilustração no Museu do Genocídio de Tuol Sleng

Três anos depois de chegar ao poder, em 1978, Pol Pot cometeu

o erro crasso de cutucar a onça com a vara curta. Depois de anos de

conflitos na fronteira com o Vietnã, as relações do Camboja com

esse país ruíram completamente. Temendo ser atacado, Pol Pot

ordenou a invasão do Vietnã. Suas forças cruzaram a fronteira, sa-

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quearam e aterrorizaram diversas aldeias. Os vietnamitas revidaram

expulsando o Khmer Vermelho de seu território. Mais que isso, in-

vadiram o Camboja e depuseram seu ditador, em 1979.

Mas esse não foi seu fim, Pol Pot e o Khmer Vermelho continuou

a operar no oeste do Camboja, a partir de bases estabelecidas na

Tailândia. Foi só em 1996, após a formalização de um tratado de

paz, que o sanguinário ditador dissolveu o Khmer Vermelho. Pol Pot

morreu pouco depois, em 15 de abril de 1998, sem nunca ter res-

pondido por seus crimes.

Desde a década de 1990, o Camboja tem se recuperado demo-

gráfica e economicamente do regime insano de Pol Pot. Como gran-

de parte dos adultos foi dizimada, a população cambojana é muito

jovem. Três quartos dela não têm idade para lembrar a era do Kh-

mer Vermelho. São monumentos como a stupa de Choeung Ek que

ajudam a lembrar a nova geração o quanto custou a estabilidade

política que hoje ela usufrui.

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Sindicato dos Padeiros

de São Paulo

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