poetas da contemporaneidade: adélia prado, manoel de barros e josé paulo paes

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CAMPUS DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON RUA PERNAMBUCO, 1777 - FONE/F AX (045) 284-7878 85960-000 - MARECHAL CÂNDIDO RONDON - PR CURSO DE LETRAS PORTUGUÊS/ALEMÃO/ESPANHOL/INGLÊS LITERATURA BRASILEIRA II 3º ANO NOVEMBRO, 2014

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Page 1: Poetas da contemporaneidade: Adélia Prado, Manoel de Barros e José Paulo Paes

CAMPUS DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON

RUA PERNAMBUCO, 1777 - FONE/FAX (045) 284-7878

85960-000 - MARECHAL CÂNDIDO RONDON - PR

CURSO DE LETRAS –

PORTUGUÊS/ALEMÃO/ESPANHOL/INGLÊS

LITERATURA BRASILEIRA II – 3º ANO

NOVEMBRO, 2014

Page 2: Poetas da contemporaneidade: Adélia Prado, Manoel de Barros e José Paulo Paes

POETAS DA CONTEMPORANEIDADE: ADÉLIA PRADO,

MANOEL DE BARROS E JOSÉ PAULO PAES

Docente: Paulo Konzen

Acadêmicas: Annye Marye Albuquerque

Paula Regina Back

Page 3: Poetas da contemporaneidade: Adélia Prado, Manoel de Barros e José Paulo Paes

ADÉLIA PRADO

Adélia Luzia Prado Freitas nasceu em Divinópolis, Minas Gerais, nodia 13 de dezembro de 1935.

Começou a escrever seus primeiros versos em 1950, após ofalecimento de sua mãe.

A escritora teve o apoio do importante poeta, também mineiro, CarlosDrummond de Andrade, que adorou os poemas de Adélia e sugeriuque fossem publicados.

Em 1975, Drummond sugere a Pedro Paulo de Sena Madureira, daEditora Imago, que publique o livro de Adélia, cujos poemas lhepareciam "fenomenais". O poeta envia os originais ao editor daqueleque viria a ser Bagagem. No dia 09 de outubro, Drummond publicauma crônica no Jornal do Brasil chamando a atenção para o trabalhoainda inédito da escritora.

Page 4: Poetas da contemporaneidade: Adélia Prado, Manoel de Barros e José Paulo Paes

Adélia Prado ficou conhecida na literatura brasileira pelos

poemas que valorizavam a mulher e falavam da fé cristã.

Sob o olhar feminino, os poemas de Adélia Prado utilizam

um vocabulário simples para falar sobre religiosidade,

família e cotidiano. A poetisa recebeu o Prêmio Jabuti, na

categoria Poesia, por “O Coração Disparado”, lançado em

1978.

A poetisa pode ser classificada como uma escritora da

literatura contemporânea. Adélia Prado costuma colocar a

perspectiva da mulher em seus poemas, colocando

sempre o feminino em primeiro plano.

Page 5: Poetas da contemporaneidade: Adélia Prado, Manoel de Barros e José Paulo Paes

ESTILO

A fé católica sempre se fez presente nospoemas da autora, que costuma tratar detemas ligados a Deus, à família e,principalmente, à mulher.

O vocabulário simples e a linguagemcoloquial produzem poemas leves e desuavidade marcante.

Adélia Prado também coloca o erótico emseus escritos, de forma delicada e leve,características de sua poesia.

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OBRAS (INDIVIDUAL)

Poesia:

Bagagem, Imago - 1976

O coração disparado, Nova Fronteira - 1978

Terra de Santa Cruz, Nova Fronteira - 1981

O pelicano, Rio de Janeiro - 1987

A faca no peito, Rocco - 1988

Oráculos de maio, Siciliano - 1999

A duração do dia, Record - 2010

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EXEMPLO DE POEMAS:Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,

desses que tocam trombeta, anunciou:

vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher,

esta espécie ainda envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem,

sem precisar mentir.

Não sou feia que não possa casar,

acho o Rio de Janeiro uma beleza e

ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos

— dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,

já a minha vontade de alegria,

sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável. Eu sou.

PRADO, Adélia. Bagagem

.

Page 8: Poetas da contemporaneidade: Adélia Prado, Manoel de Barros e José Paulo Paes

Dia

As galinhas com susto abrem o bico

e param daquele jeito imóvel

- ia dizer imoral -

as barbelas e as cristas envermelhadas,

só as artérias palpitando no pescoço.

Uma mulher espantada com sexo:

mas gostando muito.

Impressionista

Uma ocasião,

meu pai pintou a casa toda

de alaranjado brilhante.

Por muito tempo moramos numa casa,

como ele mesmo dizia,

constantemente amanhecendo.

Page 9: Poetas da contemporaneidade: Adélia Prado, Manoel de Barros e José Paulo Paes

Exausto

Eu quero uma licença de dormir,perdão pra descansar horas a fio,

sem ao menos sonhara leve palha de um pequeno sonho.

Quero o que antes da vidafoi o sono profundo das espécies,

a graça de um estado.Semente.

Muito mais que raízes.

Parâmetro

Deus é mais belo que eu.

E não é jovem.

Isto sim, é consolo.

Page 10: Poetas da contemporaneidade: Adélia Prado, Manoel de Barros e José Paulo Paes

MANOEL DE BARROS

O poeta Manoel Wenceslau Leite de Barros,

mais conhecido como Manoel de Barros, nasceu no Beco da

Marinha, em Cuiabá, Mato Grosso, no dia 19 de dezembro de

1916.

Aos 19 anos, Manoel de Barros escreveu seu primeiro poema,

e a partir de então sua veia poética não mais deixou de pulsar.

O poeta ganhou prêmios importantes, como o Prêmio Orlando

Dantas, em 1960, doado pela Academia Brasileira de Letras,

pelo livro Compêndio para Uso dos Pássaros. Sua obra

posterior, Gramática Expositiva do Chão, foi contemplada com o

Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal, enquanto Livro

Sobre Nada ganhou outra honraria, desta vez de contexto

nacional.

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CARACTERÍSTICAS MARCANTES DA POESIA DE

MANOEL DE BARROS

Uso de vocabulário coloquial-rural e de uma sintaxe que remetediretamente à oralidade, ampliando as possibilidadesexpressivas e comunicativas do seu léxico através da formaçãode palavras novas (neologismos).

Assim, pelo uso que Manoel de Barros faz da língua escrita,seu trabalho tem sido muitas vezes comparado ao deGuimarães Rosa, sendo chamado como "o Guimarães Rosa dapoesia”.

Manoel de Barros nunca se afasta do "vanguardismoprimitivista”, como se pode notar pelo título "Poesia Rupestre"(2004), ganhador de vários prêmios literários de repercussãoem todo o Brasil.

Page 12: Poetas da contemporaneidade: Adélia Prado, Manoel de Barros e José Paulo Paes

Temática regionalista indo além do valor documental parafixar-se no mundo mágico das coisas banais retiradas docotidiano.

Inventa a natureza através de sua linguagem,transfigurando o mundo que o cerca. Sendo a naturezasua maior inspiração.

“Para entrar em estado de árvore é preciso partir deum torpor animal de lagarto às três horas da tarde,

no mês de agosto.Em dois anos a inércia e o mato vão crescer em

nossa boca.Sofreremos alguma decomposição lírica até o mato

sair na voz.

Hoje eu desenho o cheiro das árvores.”

O livro das ignorãças, de Manoel de Barros

Page 13: Poetas da contemporaneidade: Adélia Prado, Manoel de Barros e José Paulo Paes

PRINCIPAIS OBRAS

1937 — Poemas concebidos sem pecado

1960 — Compêndio para uso dos pássaros

1966 — Gramática expositiva do chão

1989 — O guardador das águas

1990 — Poesia quase toda

1991 — Concerto a céu aberto para solos de aves

1993 — O livro das ignorãças

1996 — Livro sobre nada

1999 —Exercícios de ser criança

2001 — O fazedor de amanhecer

2004 — Poemas rupestres

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EXEMPLO DE POEMAS:

Retrato do artista quando coisa

A maior riqueza do homemé a sua incompletude.

Nesse ponto sou abastado.Palavras que me aceitam como

sou - eu não aceito.Não aguento ser apenas um

sujeito que abreportas, que puxa válvulas,

que olha o relógio, quecompra pão às 6 horas da tarde,

que vai lá fora,que aponta lápis,

que vê a uva etc. etc.Perdoai

Mas eu preciso ser Outros.Eu penso renovar o homem

usando borboletas.

Page 15: Poetas da contemporaneidade: Adélia Prado, Manoel de Barros e José Paulo Paes

A namorada

Havia um muro alto entre nossas casas.

Difícil de mandar recado para ela.

Não havia e-mail.

O pai era uma onça.

A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por

um cordão

E pinchava a pedra no quintal da casa dela.

Se a namorada respondesse pela mesma pedra

Era uma glória!

Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira

E então era agonia.

No tempo do onça era assim.

Page 16: Poetas da contemporaneidade: Adélia Prado, Manoel de Barros e José Paulo Paes

Prefácio

Assim é que elas foram feitas (todas as coisas) —sem nome.

Depois é que veio a harpa e a fêmea em pé.Insetos errados de cor caíam no mar.

A voz se estendeu na direção da boca.Caranguejos apertavam mangues.

Vendo que havia na terraDependimentos demais

E tarefas muitas —Os homens começaram a roer unhas.

Ficou certo pois nãoQue as moscas iriam iluminar

O silêncio das coisas anônimas.Porém, vendo o Homem

Que as moscas não davam conta de iluminar oSilêncio das coisas anônimas —

Passaram essa tarefa para os poetas.

Page 17: Poetas da contemporaneidade: Adélia Prado, Manoel de Barros e José Paulo Paes

Tratado geral das grandezas do ínfimo

A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei.Meu fado é o de não saber quase tudo.Sobre o nada eu tenho profundidades.Não tenho conexões com a realidade.

Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).

Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.Fiquei emocionado.

Sou fraco para elogios.

Os deslimites da palavra

Ando muito completo de vazios.Meu órgão de morrer me predomina.

Estou sem eternidades.Não posso mais saber quando amanheço ontem.

Está rengo de mim o amanhecer.Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.

Atrás do ocaso fervem os insetos.Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu

destino.Essas coisas me mudam para cisco.A minha independência tem algemas

Page 18: Poetas da contemporaneidade: Adélia Prado, Manoel de Barros e José Paulo Paes

JOSÉ PAULO PAES

O poeta nasceu em Taquaritinga - SP, em 22 de julho de 1926.Foi para Curitiba e formou-se em Química Industrial. Fez parte,também, do grupo da livraria Ghignone e escreveu na revista“Joaquim”, fundada por Trevisan (com circulação nos anos 40).

Em 1947, José Paulo Paes publicou seu primeiro livro depoemas, “O aluno”. Radicou-se em São Paulo em 1949,exercendo a profissão de químico. Paes tornou-se amigo deGraciliano Ramos, de Jorge Amado e de Oswald de Andrade.Em1952, publicou seu segundo livro.

Paes abandonou a profissão de químico e trabalhou durantevinte e cinco anos como tradutor de escritores gregos,dinamarqueses, italianos, norte-americanos e ingleses. Aforaos dezessete livros de poesia, publicados de 1947 a 2001,escreveu onze obras ensaísticas. Morreu em 1998.

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CARACTERÍSTICAS DA POESIA DE JOSÉ

PAULO PAES

A dedicação à permanente pesquisa estética faz comque se torne, em linhas gerais, o poeta capaz de, apartir da herança modernista, negar o formalismo dadenominada “Geração de 45” – à qual estaria ligadocronologicamente –, aproximar-se de vanguardas comoa poesia Concreta, e, simultaneamente, partir em buscada construção de linguagem breve e pessoal,caracterizada por concentrar na estrutura poéticaapenas o que há de mais essencial;

De poética marcadamente irônica e concisa, o escritortambém se revela um cidadão permanentemente atentoàs intenções, ações e condições do homem moderno eurbano;

Page 20: Poetas da contemporaneidade: Adélia Prado, Manoel de Barros e José Paulo Paes

Interpretar poeticamente o mundo dos homens e dos

livros foi a tarefa a que se dedicou José Paulo Paes.

Para tal, lançou mão, em sua poética, de recursos como

o epigrama, a ironia e o chiste. Além disso, manteve-se

sempre atento à possibilidade de produzir uma literatura

em que pudesse concentrar o máximo no mínimo;

A miniaturização do mundo, ou a ordenação poética – e

subjetiva – da experiência cotidiana em pequenos

poemas, ilustra exatamente o perfil, avesso a excessos,

do poeta;

A comicidade e a ironia da poesia de Paes, justamente,

criticar o imediatismo de uma sociedade imersa em

interesses financistas e calcada, muitas vezes, em

valores pouco solidários.

Page 21: Poetas da contemporaneidade: Adélia Prado, Manoel de Barros e José Paulo Paes

PRINCIPAIS OBRAS:

O aluno (1947);

Cúmplices (1951);

Novas cartas chilenas (1954);

Mistério em casa (1961);

Resíduo (1973);

Calendário perplexo (1983);

É isso ali (1984);

Gregos e baianos (1985);

Prosas seguidas de odes mínimas (1992);

A poesia está morta mas juro que não fui eu (1988);

De ontem para hoje (1996);

Um passarinho me contou (Premio Jabuto 1997);

Melhores poemas (1998);

Uma letra puxa a outra (1998);

Ri melhor quem ri primeiro (1999);

O lugar do outro (1999).

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EXEMPLOS DE POEMA:

L'Affaire Sardinha

O bispo ensinou ao bugre

Que pão não é pão, mas Deus

Presente na eucaristia.

E como um dia faltasse

Pão do bugre, ele comeu

O bispo, eucaristicamente.

(De “Novas cartas chilenas”, 1954)

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Madrigal

Meu amor é simples, Dora,

Como a água e o pão.

Como o céu refletido

Nas pupilas de um cão.

(De “Cúmplices”, 1951)

Bucólica

O camponês sem terra

Detêm a charrua

E pensa em colheitas

Que nunca serão suas.

(De “Epigramas”, 1958)

Page 24: Poetas da contemporaneidade: Adélia Prado, Manoel de Barros e José Paulo Paes

A Verdadeira Festa (12 de junho - namorados)

mas pra que fogueira

rojão

quentão?

basta o fogo nas veias

e a escuridão

coração.

(De “A poesia está morta mas juro que não fui

eu”, 1988)

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REFERÊNCIAS:

A voz da poesia. Disponível em: <http://www.avozdapoesia.com.br/autores.php?poeta_id=299> Acesso em: 08 nov. 2014

Educação. Disponível em: <http://educacao.globo.com/literatura/assunto/autores/adelia-prado.html> Acesso em: 02 nov. 2014

Info escola. Disponível em: <http://www.infoescola.com/biografias/adelia-prado/> Acesso em: 02 nov. 2014

Info escola. Disponível em: <http://www.infoescola.com/escritores/manoel-de-barros/> Acesso em: 08 nov. 2014

Page 26: Poetas da contemporaneidade: Adélia Prado, Manoel de Barros e José Paulo Paes

Intervox. Disponível em:

<http://intervox.nce.ufrj.br/~clodo/jose_paulo_paes.htm>

Acesso em: 02 nov. 2014

Letras. Disponível em:

http://www.letras.ufmg.br/poslit/08_publicacoes_pgs/Em-

tese-2004-pdfs/25-Maur%C3%ADcio-Guilherme.pdf>

Acesso em: 02 nov. 2014

Releituras. Disponível em:

<http://www.releituras.com/aprado_bio.asp> Acesso em: 02

nov. 2014

Revista bula. Disponível em:

<http://www.revistabula.com/2680-os-10-melhores-poemas-

de-manoel-de-barros/> Acesso em: 08 nov. 2014