poemas sinfônicos - danilo nunes

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Danilo Nunes, ao longo dos anos, tem se destacado por sua atuação na música e no teatro. Agora, o músico, ator e compositor se prepara para lançar seu primeiro livro: “Poemas Sinfônicos”, pela Edições Caiçaras. A obra reúne alguns poemas já musicados e outros que não viraram canção, mas que possuem ritmo e musicalidade, escritos pelo autor. O prefácio é do escritor Flávio Viegas Amoreira. Segundo Danilo, o colega também foi responsável por estimulá-lo a produzir o livro. Danilo Nunes nasceu em Santos, São Paulo no ano de 1979. É músico, ator, poeta, historiador e pesquisador de cultura popular brasileira. Fundador da banda Carrossel de Baco e do grupo Teatro do Pé. É historiador e desde 2004, pesquisa cultura popular brasileira e folclore.

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Page 1: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

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Page 2: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

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Page 3: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

POEMAS SINFÔNICOS

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Page 4: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

A presente edição é inspirada nos trabalhos desenvolvidos na América Latina através de Sereia Ca(n)tadora (São Vicente, Santos – Brasil), Dulcinéia Catadora (São Paulo – Brasil), Eloisa Cartonera (Argentina), Sarita Cartonera (Peru), YiYi-Jambo (Paraguai), Yerba Mala (Bolívia), Animita (Chile) e La Cartonera (México).

Edições Caiçaras é uma realização do Instituto Ocanoa, Projeto Canoa, Percutindo Mundos e Imaginário Coletivo de Arte

Capa feita a mão com material reciclado.

Contato:

[email protected]

13-34674387

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Page 5: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

DANILO NUNES

POEMAS SINFÔNICOS

Edições Caiçaras

Ilha de São Vicente /SP

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Page 6: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Abril de 2013

© Danilo Nunes

Capa, projeto gráfico, diagramação e editoração:Márcio Barreto

Conselho Editorial:Flávio Viegas AmoreiraMarcelo Ariel

Nunes, Danilo

Poemas Sinfônicos / Danilo Nunes – São Vicente: Edições Caiçaras, 2013.74p. 1.Poesia brasileira I. TítuloImpresso no Brasil

2013Edições Caiçaras

Rua Benedito Calixto, 139 / 71 – CentroSão Vicente - SP - 11320-070

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Page 7: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

[email protected]

13-34674387 / 13-91746212Agradecimentos

Agradeço à Maria Raquel Barros minha adorada mãe e ao meu querido irmão André Nunes por serem os amores da minha vida; ao meu amado pai Melquezedeque Vieira Nunes e minha irmãzinha Carolina; ao poeta e amigo Flavio Amoreira por todo o trabalho, orientação e parceria e ao meu amigo e parceiro Marcio Barreto por editar os poemas; aos meus queridos e fiéis amigos Mateus Lopes, Wagner Bastos, Naira Alonso, Juliana Bordallo;

Aos amigos Cesar Sanchez, Maira Souza, Mirianês Zabot, Luis Carlos Gomes, Silvana Garcia Leite, Lídia Maria, Iris La Cava, Ludmilla Correa, Mateus Faconti, Eliene Santana, Maria Auxiliadora, Wilton Bastos, André Azenha, Marcelo Rayel, Paulo Maymone, Regina Alonso, Renato Di Renzo, Claudia Alondo, Thays Aires, Sonia Coelho e Jair, Ana Lua, Anderson KB, André Cajaíba, Paulo Faria, Marcia Marques, Maisa Camilo, Roberta Fraga, Gui Machado, Jorge Lampa, Rogério Baraquet, Marcio Pavesi, Amanda Cervantes, Leni Pereira, Edna Moua, Nívio Mota, Alexandre Maradei, Maurício Garcia, Karla Lacerda, Pedro Norato, Angélica Magenta, André Ghaouí, Merry Yamaguchi, Michel Pereira, Ugo Castro Alves, Lua Marina, Marcia Abbud, Theo Cancello, Daniel Cancello, Daniele Pinho, Bibiana Veronica, Kleber Serrado, Bruno Conde, Cami Conde, Edinho Godoy, Tabata Cavalheiro, Noa Marchese, Bruno de La Rosa, Conrado Pouza, Carlos Pinto, Tanah Correa, Miriam Vieira, Maristela Sild, Sergio Willian, Amauri Alves, Alexandre Camilo, Pedrão e Sandra, Wagner Parra, Mariza Freitas, Fernando Borgomoni, Fabião Nunes, Rivaldo Novaes, Elis Granado, Julinho Bittencourt, Simone Ancelmo e Roney, Ana Beatriz, Laura Ribas, Platão Capurro Filho, Neyde Veneziano, Fabíola Nascimento, Wanner Mussato, Edy Star, Vinicius Piedade, Daniel Morozetti, Lineu Pupo,Daniel Lopes, Luiz

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Page 8: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Claudio dos Santos, Paulo Cesar Luz, Olavo Dada, Sibely de Faria e Paulo, Andrea Chioccarello, Isabel Nascimento, Marcelo Arias, Maurício Martins, Julia Martins, Liliam Martins (in memorian), Priscila Ribeiro, Dona Nilza, Kaian Machado, Viviane Machado, Luciana Machado, Marcio Tinen, Betinho Neto, Toninho Dantas (in memorian), Ricardo Vasconcelos, Ricardo Menezes, Junior Brassaloti, Andre Leahun, Gigi Fernandes, Wylmar Santos, Dani Carneiro, Ederson dos Santos, Alexandre Cortez, Tuca Russi, Luara, Luana, Maria Rosa e Clara (minhas sobrinhas queridas), Rosa Bertholini, Sergio Ferreira, Beto Santos, Livany Sales, Paula Vraja, Jorge Gonçalves, Edna Almeida, Daniel Paulista, Talitha Berti e Douglas, Sibila Berti, Dino Menezes, Gilson de Melo Barros, Gian Di Gregório, Vicente, e a tantos outros amigos, parceiros e familiares que fazem parte de minha vida e história. Grato!

Agradeço a minha companheira, parceira e inspiração Claudia Teixeira por estar ao meu lado alimentando meu coração e alma.

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Page 9: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

UMA POÉTICA PARA AS ESTRELAS

 Sinfonia, antologia, caminhos percorridos de encontro da memória num bom acerto de contas com o Tempo... Impossível dissociar o poeta agora revelado com o musico marítimo por natureza! Ambos conviviam em harmônica dissonância: o que cantava pensava no sumo do sentido em forma de palavra e o que tecia os versos entoava no silêncio obsessivo das madrugadas naquele que ecoava menestrel das estrelas o descanso da noite na aurora. Danilo Nunes que admiro companheiro de jornada agora mais próximo por maturação do poeta que acumulava  na gaveta de guardados o testemunho amoroso melancólico e venturoso: são textos como pede Nietzsche, feitos de sangue. A paixão sem freios seguida da reflexão rimada: um pendular marulho de ondas, inventário da primeira juventude entre os desvarios da alma exalando lirismo testemunhado da epiderme.

Sim! O lirismo redescoberto para nossos dias turvos de sentimentalidade!

Cúmplices do Oceano, Danilo me honrou ser primeiro debruçar sobre sua geografia melódica em molde de odes e lindamente profanas litanias. Rememorei nossa imensa tradição poético-amorosa: no centenário de Vinicius de Moraes, foi, no entanto, num dialógico monólogo interior refletido nesse livro que fui revisitar a ternura poderosa de Bandeira com a intelecção de Drummond de Andrade.  Pulsátil, orgânico, visceral em forma desabrida sem nada que não contenha a verdade dos delírios vivenciados com dor e deleite, essa reunião eloquente de versos gestuais e musicalíssimos! me levaram tirar da estante com reverência desde menino da “Estrela da Vida Inteira”, esse tomo azul donde revi com gozo de redescoberta, ´´Poética´´ do mestre de Pasárgada! Danilo Nunes

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Page 10: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

resgata a prédica do legítimo lirismo! “Estou farto do lirismo comedido / Do lirismo bem comportado/ Do lirismo funcionário público/ Quero antes o lirismo dos loucos/ O lirismo dos bêbados/ O lirismo difícil e pungente dos bêbados/ O lirismo dos clowns/ Não quero mais sabe do lirismo que não é libertação”.  Em “Agora sou feliz” e nesses órficos cantos embebidos de maresia faz-me feliz por saber que outro artista polivalente, Oscar Niemeyer poeta tem jovens com mesmo sabor de elegia. Se pudesse escolheria o Oscar poeta com essa epígrafe para “Agora sou feliz”:

“Quero olhar as estrelas/ quero sentir a vida/ Estou puto da vida, essa gripe não passa, de ouvir tanta besteira/ não posso me conter. Que se foda o que não me serve/ quero o seio sinuoso da mulher amada”.  Motivador, me motivo em compor poemas para serem musicados pelo bardo santense com ares de sátiro em pele de querubim: o amigo em tanto diferente, mas com elo da literatura que me chega desdizendo a ortodoxia e só feito com rigores do coração. Drummond que me perdoe: quero muito mais sinfonias de Danilo Nunes: que faça versos sobre o que o corpo pensa e a alma sente, cante sua cidade que é dum porto de toda gente, porque seus versos o provocam como acontecimentos! e sua natureza é da substância das rimas e estrofes, deixa Drummond! O cristal que se partiu, o amor que se dissipou, tudo aqui vibra melodicamente no reino das palavras a procura da eterna poesia.... Porque se “o Poeta deixou seu legado para a brisa do mar”,  ele vai retinindo no que é brisa , essa foz do vento que fecunda o infindo...

 

Flávio Viegas Amoreira

(Escritor, crítico literário e jornalista)

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Page 11: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

[email protected]

A Dissimulada e o Poeta do Mar

Um dia uma moça com jeito de santae fama de nadadançando encantadarebolando com maestriafazendo o poeta do marnavegar em suas falsas curvasde arapucas e emboscadasdo mal que escondia

Dissimulada que erasabia que o venenoao vento espalhavae o destino previapor semanas e mesesque aquela seriaa última batalhado poeta do marque em suas trovas morava

o poeta desfalecidoapós perder o chãona derradeira armadilhade sua amarga jornadano inferno viveuseus últimos versosComo provaçãopara a plena libertaçãoseguia-se firmea completar sua missão

Aos poucos, a dissimulada foilhe roubando a inspiração

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Page 12: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

lhe tomando a harmoniaDeixando-o sem coraçãoE de unhadas e estocadasfez do poeta do maro poeta da escuridãoconduzindo-o como um anjo negropara uma loucura irreparável sem ao menos entender que não separa o inseparável

A mulher sem escrúpulos juntou-sea uma tribo de pouca memória de fraco entendimentoe de pobre conhecimentoApoiada num falso poetaQue fazia da cançãoa egocêntrica mentiraInspiração e harmonia já havia deixadoem algum lugar do passadoonde jamais foi achado

O poeta do marcaminhando na escuridãopode respirar uma pequena inspiraçãojunto aos seus amadosque por perto viviame ao seu lado ficavammesmo respingando faíscasdos horrores que suas alegrias levavam.Enquanto de um lado, palavras mal intencionadasdo outro, a paz e o amor reinavammas era por ela impedidode amar a quem o amava

E o poeta deixou seu legadona brisa do marque sempre o inspirava e com ele entoava

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Page 13: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

da vida, paz e alegriados amores que sentiada fé que o cuidava.Deixou tudo ajeitado e pediu para quemaldade não se fizesse apenas a defesade tudo que existiae que não dissimulavaporque nessa história conseguiupreservar o que tanto o orgulhavaa lua e o sol amareloo mosaico, e a roda que girava

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Page 14: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Agora sou Feliz

Agora estou feliz

Vivendo como aprendiz

De teus desejos inebriantes

Estou perdido nos afagos

Me entrelaço em teus braços

Com você sigo adiante

Te encontro em versos

Te busco em gestos

Envolvo palavras

Um querer manifesto

Espero o eterno

Em canções me alterno

Trocando carícias

Com olhares, externo

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Page 15: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Espero tocar as notas

E a flor que em teu corpo brota

tua singela magia

Canto para os céus

Um amor a derramar o véu

Desperta em sinfonia

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Page 16: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Ainda Aqui

ao eterno cirandeiro e amigo Zéllus Machado

Aqui ainda mora nossa canção

Ecoa na alma o coração

O mar, as estrelas, a lua

Aqui ainda vive um pégasus

Trovas, melodias e versos

E os encantos das amantes nuas

Aqui ainda mora a saudade

Ainda brindo nossa amizade

Entre fandangos, cirandas e os seus

Aqui ainda está o cantador

Seguem os temporais e o amor

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Page 17: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Sem jamais dizer, adeus

Ainda aqui...

Amantes

Quem me dera um seu, um céu

De primavera

Que me dera uma quimera

Me translude em tua esfera

para sonhos de um castelo

e reveste com véu

de desmedida beleza

a fonte de riqueza

da mulher etérea

prende-me em teu olhar

e faz de minha solidão

refém de uma canção

a ecoar no silêncio

O querer estar em ti

O querer estar aqui

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Page 18: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

E na lua pulsa o verso

da branca estrela enobrece

eterniza em tênues curvas

na estrada turva

minhas lágrimas, teus cristais

E faço minha sina

a exaustiva procura

por teus beijos teus afagos

tua alma a me encantar

E a pele quase nua

amamos-nos pelas ruas

por terra, céu e mar

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Page 19: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Ao Poeta

ao amigo e poeta Flávio Viegas Amoreira

Inspirações do poeta enlevam minha arte

Permeia meu espírito o trovador

Discursos híbridos com vigor

Em abraços companheiros revela-se a amizade

Canto libertário ecoa dos ventos caiçaras

Despem-se com brisa do mar

Empunha suas palavras e banha-se ao luar

Eterno ofício de beleza rara

Encontros com a profunda solidão

Desejo voraz a tremular a terra

Serena inquietude alimenta o ser

És mestre do pensar e viver

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Page 20: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Desbrava o céu com o pulsar da fera

Encanta a mim com orgulho no coração

Armário

Entrei no armário e ele me engoliu

Encontrei sapatos velhos, meia furada e calça rasgada

manchas que teimavam em ali estar

Não quis sair, quis ficar

Um cheiro esquecido em algum lugar

O calor claustrofóbico

Faltava ar

Respirar

A poeira corroia a estrutura

Mas não caía

Não cedia

Estava por lá

Cartas de tempos que adormeciam em lugar seguro

As palavras não se podem tocar

Letras roubadas, desenhos criados a partir do nada

Era o meu tudo

Segredos, segredos e mais segredos

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Page 21: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Assombrando o desejo de minha alma

Casa de Barro

Letra para música de Zéllus Machado

Ao meu avô Dirceu dos Santos Barros

Tem gente?

Posso entrar?

Estou cansado

quero me sentar

Que casebre mais belo

de barro, de terra, de sonho

É seguro, eu sei,

eu sei...

Mesmo que a chuva caia

Mesmo que o rio transborde

É forte, eu sei,

eu sei...

É terra vermelha

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Page 22: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

De dentro posso sentir

tão quente

O cheiro do povo

do novo

Do velho residente

De Barros sempre presente

Aqui sim

posso me deitar

E guardar meus segredos,

desejos

Minha alma acalmar

Casinha de barro

Cuide do meu coração

Da minha alma,

da minha razão

E nunca deixe esfriar

O saudoso coração

Que originou esta minha

inspiração

Que originou esta nossa canção

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Page 23: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Celular

Companheiro na modernidade

Comunicação ágil que ao homem domina

Pequeno tijolo eletroportátil que ilumina

Tecnologia que recria a identidade

Teclas viciosas de letras e símbolos

Máquina radiofônica vibrante

De anafados diálogos distantes

Ferramentas armazenadas no vacúolo

Colorido mutável a cada peça

Rede parabólica ao globo antenada

Códigos e segredos em senha registrada

A música anuncia a chamada que começa

Alô? Quem fala?

Sou eu, o número acusa!

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Page 24: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Permitindo-nos a recusa

De ouvir a voz que nos fala

Por terra, céu e mar

Aguça novos sentidos

Como seres abduzidos

pelo feitiço do celular

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Page 25: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Da Guerra aos Céus

Numa folha do campo

Desenhando seus sonhos

Com aquarela pintando

O menino risonho

Na esperança de ver o mar

As nuvens opacas

Sombreiam o luminoso sol

silenciam juritis e maritacas

poeira sobe em caracol

e contaminam o ar

Caminhando na terra

Com pegadas bordando

As marcas da guerra

Seu olhar lamentando

Pelo triste luar

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Page 26: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

No chão da batalha

Um pedaço de fogo

Derramou em migalhas

Estirou o seu corpo

Fez o mundo chorar

Com esperança no amor

Do seu canto um grito

O menino sonhador

Fez do coração partido

Asas para voar

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Page 27: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Das Ruas

Impávidas palavras de um poeta

Percorrem ávidas madrugadas

Insinuantes, solitárias e alvoroçadas

Defronte com a calçada deserta

No asfalto resvalo a loucura

Corrompo-me nas esquinas amordaçadas

Faço dos papéis, comparsas nas quebradas

Entrego-me a impiedosa vida dura

Ouço o zunir das balas e o grito de horror

Alucinógenos e embriaguez

Onde a paz tem sua escassez

Afogo-me nas letras negras e escapo do furor

Sou dos becos, das ruas, das esquinas

Do agito atordoante de inferno suburbano

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Page 28: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Com frio, calor e solidão, sou ébano

Da orbe extraviado em ruínas

De Amar

O vento

Assopra pensamentos

Arrasta os tormentos

De uma mente desvairada

O tempo

Eterniza o alheamento

Emoldura o acoplamento

De almas enfeitiçadas

O mar

Navega a canoa

Em tardes de garoa

Em noites enluaradas

E nas manhãs o consentimento

De Amar

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Page 29: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Desabafo

De todo modo molda a revolta ambígua

Em todo canto um canto amargo de sofreguidão

Batuca e volta ao encanto de revolta

Gira a roda e rodopiam os dias de ingratidão

Nada é certo apenas o incerto das reviravoltas

Nada é agora que não se espera do ontem um amanhã

Tudo é ríspido na rigidez do coração

Suor e cansaço de uma febre terçã

Adoece o mundo vagabundo do homem sem fé

Ruas e alamedas despem-se da manhã

O vazio negro e nebuloso nos mata de pé

Sordidez pecadora na mordida da maçã

Ébrio envenenado é levado na maré

Golpe fatal no decadente atormentado

Injúrias severas noticiam o final

Lamento do homem de coração abandonado

Desfaz da vida num suspiro brutal

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Page 30: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Despertar

Despertei e vi um sapato

Devorado por um rato

Em meu quarto

No ato

Levantei e vi uma estrela

Teu olhar como vela

Numa branca tela

Aquarela

Adormeci e vi a lua

Amante nua

Pela rua

Nua

Despertei

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Page 31: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Devora-me

Devora-me

palavra escassa no infamo

gesto ríspido insano

medo do silêncio que atordoa meu verso

Cadência rítmica dos batuques tortuantes

Essência de minha inquietude

A fome do amor

Devora-me

Antropófago impiedoso

Mastiga-me até adormecer o sangue

Nutra-se de minha mente fervorosa

E repila seu próprio vulto negro

Das prisões libertárias da anarquia humana

sem permitir a falência da canção

Cuspa-me!

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Page 32: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Devora-me!

Decifre-me!

Faça valer...

Faça –me viver ...faça-me morrer

Sou teu

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Page 33: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Dias de Chuva

Dias de chuva….nostalgia….

Algo está acontecendo lá fora

Mas estou sem coragem de sair

Prefiro as paredes melancólicas de um quarto vazio

Prefiro as palavras que descubro num livro aberto sobre mim

Dias de chuva...

Em minha solidão vou me conhecendo

ouvindo o derramar das águas ...

nas árvores...

no asfalto...

Em minha janela...

Dias de chuva.

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Page 34: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Dúvida

Sem saber o que estava sendo caí em minha própria armadilha de pensar ser o que não era em tempo e tempos que estive ali esperando por nada por ninguém por... Não sei e continuo não sabendo a causa e o efeito não tem nome nem endereço nem telefone... Flores vivem corações morrem e vivos são velados em cristais ressecados que perderam o brilho e... Não sei de nada de nada sem nada e tudo o que espero é o esperar do amanhã que

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Page 35: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

agoniza e não cala e sente e sente e anda pra lá e pra cá na escuridão de uma noite de tempestade barulhenta e trânsito em minha mente insana...não sei...onde estão as trovas?

Em Dois

Dois corações que se calam

De frente pra porta antes de partir

Dois corações torturados não ficam parados

Mas se podem ferir

Duas almas eternas que brilham em palcos

Um caminho a seguir

Duas almas se cruzam, se abraçam e se amam

Um adeus sem mentir

A estrada é torta

Não me impeça de chorar e me perder

Conforta-me

No colo que tanto busquei

Jamais encontrei teus beijos

Apenas selei

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Page 36: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Em meu quarto

Misterioso amor

Que torna a incendiar meu quarto

De paredes que estou farto

E palavras em guardanapo

Onde cuspo pensamentos

Que me invadem em momentos

De excessivo devaneio

Enfurecido amor

Da descrença flamejante

Em meu canto rasante

Pensamento inebriante

Onusto de imagens em orgia

Que percorre em noite fria

O meu céu atormentado

Inesquecível amor

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Page 37: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Que não cala em meu gestos

Praticando sobre mim o incesto

Excitando a intimidade manifesto

Minha insanidade adormecida

Impeliando a ferida

Que deixastes abalizada

Eterno amor

Que se faz presente em meu âmago

E me acalenta em teus afagos

Deixando-me seus frutíferos bagos

Nas fissuras de meu peito

Conduzindo-me ao leito

De quiméricas poesias

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Page 38: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Embebedo-me

Bebo a sobra da festa

Por ela resisto nas quebradas dessa terra

Com ela habito o mar

E banho-me no rio

Faço minha refeição numa esquina qualquer

Deserta entre ruínas transparentes

Sombreada por gigantes iluminados

Devorada por senhores do nada

Com tudo nas mãos

e corações seguros na ambição

solitários em suas tocas douradas

Bebo o tesouro oculto

Visto por almas vivas

E por ele choro

Inspiro-me e faço da vida

Meu palco com rica memória

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Page 39: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Dentro dessa história

Sou apenas o servidor

Carregando uma outra dimensão

Saciando a fome, a sede e a saudade

Criando sonhos e morrendo na ilusão

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Page 40: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Encontro

Adentrando a tela iluminada

Numa noite por desejos emoldurada

Senti que me revelavas

Sem perceber a canção

Que ecoava em tons na razão

Um olhar que trocavas

Em palavras intraduzíveis de um nome

A sede, a fé e a fome

Por letras de um lunário

O sorriso de um instante

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Page 41: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Revelando-se o interessante

Encontro milenário

Existência

Procuro-te por caminhos inusitados

Vejo-te no labirinto sem fim, onde o começo florido me dá passagem

Sinto-te com a intensidade de um ser que se apega em prendas da tua alma

E choro por saber de sua existência sem nunca ao menos poder sentir teu abraço

Grito, clamo, chamo você

desconhecendo teu nome

Choro-te em minhas lágrimas diárias

Percebo-te em minha cama todas as noites

mas não posso tocar teu corpo

ainda sim, te amo

e sou feliz em teus rastros onde ninguém mais vê

apenas eu

e você

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Page 42: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Festejo de fé

Deuses , sereias , trovões

Lendas, festas e canções

O colorido popular em terra feliz

Lamentos das orações

As adagas do pirata do mar

Iemanjá me protege a navegar

Leva-me ao topo do mundo

Minha Nossa Senhora do Monte Serrat

Amor e paixão em Vênus

Em todas as crenças nos faremos

Presentes seguidores, fiéis cantadores

Com verdade entidades louvaremos

Oxalá me chama

São Jorge clama

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Page 43: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Iansã em seu divã

Tempestade de afã

Arrebata-me o coração

Ao brincar com Cosme e Damião

Assim sigo a brincadeira

E a canção de qualquer maneira

Enveredo-me nas areias

A melodia permeando minhas veias

Beijo o sol e a lua

Esculpindo com olhos rasos d’água

A beleza da Deusa nua

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Page 44: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Fotografia

E mais que uma canção

Numa tela a ilustração

Da paisagem um olhar

Ainda que de longe teu coração

Tão perto o silêncio, recordação

Pintura que traduz o mar

Flerta em minha alma

A poesia, a lembrança e a calma

Vontade de te querer

Quem me dera um só em você

Quem apenas um querer tem sentido a vida

Quem a lua beija a ciranda que faz minha

Quem uma estrela desejou um verso

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Page 45: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Em seus traços coloridos

Chuva, céu em alarido

Emolduram a fotografia

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Page 46: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Mensagem

Tudo tanto demora

Que não vejo a hora

De gritar perto da estrela

Que eu vim pra cantar

Espero-te aqui em cima

Mando-te uma rima

Que te mostra um caminho, sem espinho

Mas também posso te buscar

A gente não se afoga

Pra fugir do que sufoca

Você precisa respirar

A gente já se sufoca

Em tons de perdão

Apenas ouça a canção

E quando o tempo passar

E tudo sorrir e chorar

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Page 47: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Sentirá o brilho daquela estrela

Que falei em seu coração

O Fim

Está tudo em silêncio

Tudo está calmo

Voltou ao antes

Ficou sem encanto

E choro uma saudade do que não foi

Sem tristezas nem alegrias

Apenas

Não sei...

O surdo pulsa na avenida vazia

E a sanfona chora o que se desfez

O encontro se desencontra nas ruas, na praia, no céu

Um adeus

Um até já

Um adeus

Ainda seguro o coração como se não acreditasse em nada

Despedi-me da esperança e acabei de encontrar com o real

Por aqui amor, está um frio danado

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Page 48: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

O mundo continua parado

não sei...

Ainda ouço algumas trovas que silenciam

Ainda sinto falta

Por aqui tudo vai indo

Vou seguindo minha senda

Tenho acordado e tomado um café preto

Estou com um pouco de medo

De passar por nossa praia

To com de medo

de cantar pras estrelas

Mas vou indo...

Por aqui ainda vai passando

a última dose do perfume que deixou

Mas já está indo embora

Sinto-me só

Mas dizem que as vezes

solidão faz bem

Não sei...

Por aqui tudo está quieto

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Page 49: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Acabo de olhar para o céu e só consigo ver o reflexo de uma única estrela

que já se foi.

Amor, eu estou com frio,

mas sei que vai passar

Tenho tido um pouco de insônia,

mas sei que vai passar

Creio demais nas coisas?

Estou com medo

Muito medo

Não sei...

Acho que não sei me defender

Mas gostava tanto das noites com sol

Sentia-me tão bem no dia branco

Queria olhar sempre para o céu de Santo Amaro

E poder encontrar a princesa do mar

que por algum tempo me esperou

Acho que perdi a hora

Pelo meu sonho era tudo bem

Você passava olhando pra mim

A lua foi dormir e o sol anunciou o fim

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Page 50: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

O mais engraçado é que não restou nada por aqui

Estou só, olhando pra janela

Mas ainda te ouço ao longe

Não me arrependo

Vivo aprendendo

Agora posso falar do Amor

Que me permitiu

por alguns instantes

estar em você.

O meu melhor:

Foi

É

E sempre será

Teu...

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Page 51: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

O Guardador

Letra para música de Zéllus Machado

Ô rapaz, o que fazes aí sentado?

Nesta calçada gelada

Nesta rua abandonada

Sem ter o quê comer

Sem ter o quê fazer

Eles estão com o motor ligado

Talvez te esqueçam no mesmo lugar

Eles estão com o motor ligado

Talvez nem te vejam lá, nem te vejam cá

Tu esperas... esperas...

A moeda na primavera

Ou talvez no verão

Que lhe traz a multidão

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Page 52: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Os carros estão indo embora

Nessa noite, nessa hora

Mas não se vê o teu rosto

Ou perde-se entre tantos

Na brisa, nos cantos

Da cidade delirante

Nesta selva de animais

Imundos e perdidos

De mundos sem paz

Em seus vícios vendidos

Uma moeda!

uma cachaça!

Um pão!

uma mordaça!

Tá com fome?

Estou voltando

Fique aí no seu canto

Mais um dia de valentia

Mais um pouco de rebeldia

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Page 53: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

O Poeta da Insônia

Letra para música de Zéllus Machado

Eis que surge no silêncio da madrugada

Sob o lençol negro brilhante

O malandro da insônia nas quebradas

Das águas cinzas, errantes

Com suas rimas e amantes

E sua lua a delirar

Faz seu canto ecoar

Lá vem o marujo das incertezas /Em sua prosa e poesia

E na triste melodia a solfejar belezas

Lá vem o marujo das madrugadas / Assim parceiro da lua

De amantes nuas / Meu camarada

Embriaga-se dos amores

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Page 54: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Corteja seus vícios constantes

Chora suas mágoas e dores

Nas tocas de aventuras alucinantes

Ginga pra lá, pra lá e pra cá

Drunk! Drunk! Baby

pra lá e pra cá!

E na linha de seus improvisos sortidos

Deixa a sua lenda sobreviver

E em seu pranto eterno, eterno e contido,

Ao nascer do sol vai adormecer

Lá vem o poeta da insônia

Em tom menor cantarolar

Lá vai o marujo da noite

Em sua toca inquieta descansar

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Page 55: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Pra dentro de ti

Não sei o que será

o que achar em você

Não posso dizer o que existe em minha gaveta

Nem mesmo redigir com caneta

fora da moda

O que é tão moderno em nós

Estou tão você

Estou tão aqui

Não quero sair

Não quero ficar parado

Me ensina a andar dentro de ti?

Mais e mais...

Até o que há de mais certo na certeza do Amor

Me deixa ficar?

Me deixa seguir o caminho do teu desejo?

Vamos tirar a maquiagem e ser o que somos?

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Page 56: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Aqui ou ali

Vamos beijar o mar negro daquela noite de vento no rosto?

Junto

Em meu peito

Em nosso céu

Sem perder a direção

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Page 57: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Qualquer que seja

Numa esquina qualquer

Espero alguém passar

Fico a noite imaginando rostos

De semblante jovem

De sorriso ingênuo

Espero por ela que não vem

Sou beijado pelo luar

E o sereno já ofusca meu olhar

Numa noite qualquer

Onde meu querer faz a curva

A vontade turva

De um beijo se quer

Deixa-me ao avesso

E o ruído do silêncio que corrói

Ensurdece o coração

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Page 58: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Emudece o verso

Num corpo qualquer

Que imagino meu

Repouso meu desejo

Disparo meu beijo

Sem saber do ensejo

Do amanhã desconhecido

Sendo o agora

Eterno na canção

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Page 59: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Recriação

Arte no ar te respiro

Sou mensageiro em teu choro

Arte amar em suspiros

Trago-te em versos, em coro

Arte une o versal

mares, palcos e ruas

Reconstruo o normal

Com fogo, paixão e brandura

Mesmo sem saber

Mesmo sem querer

Signos em compreensão

Derrama com o coração

És força e valentia

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Page 60: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

O pulsar do dia a dia

Canta, declama...és chama

Em mim , em ti, a quem ama

Minha identidade esquecida

Jamais no mundo vencida

Na origem do humano

No palco de insanos

Nada se cria

Tudo se recria

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Page 61: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Santos Futebol Arte

São brancos, índios e negros

Empunhando a bandeira do alvinegro

Em gritos de eterna paixão

Com chuva ou com sol

Caiçaras de futebol

No peito estampado, o brasão

Batuque de samba e carnaval

Disputas com o arquirrival

A festa faz o céu iluminar

Terra verde e arquibancada

Pela santa do monte abençoadas

Um hino a contaminar

Clube de Santos

Ecoa em teus cantos

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Page 62: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Amores, lágrimas e glórias

No passado, presente por vento e mar

Nas derrotas, vitórias, poesia a primar

Em telas bordando suas histórias

Vila de grandes imortais

De passes e dribles geniais

Da praia, eternas peladas

Pagão, Pelé e Coutinho

Giovanni, Neymar e Robinho

Meninos e suas pedaladas

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Page 63: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Santos

Girando

Contemplando

A Fé

Cantando

O malandro

José

Em cantos

De Santos

Esquina qualquer

Menino

Maroto

Com seu boné

Em redoma

O aroma

Do café

Em portos

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Page 64: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Homens tortos

De pé

Iemanjá

A navegar

Abençoa a maré

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Page 65: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Será?

Será assim

O que pensamos

O que fazemos

Pra vida sem fim

Um toque em mim

De ti um sim

Será o céu

Guardando a alma

E o mar cantando a calma

De Amar

E sonhar em teus braços

Será o agora

Sendo agora pra sempre

A toda hora

Em você

Te ver

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Page 66: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Te ser

Te ter

Será...

Sina de Pescador

Sou dos mares, confessode prosa verso e valentianavego vendaval e puxo redemato a sede em toadas e cantorias

Sou devoto de Iemanjásaio no despertar do sol pela manhãE retorno ao meio diaà minha abadia caiçara tupã

Descanso na varanda meu olharcontemplando o mar e minha canoaesperando o anoitecer porvirme encolho ao sentir chuva fina, uma garoa

E busco incansavelmente o amorno coração de pescador por terra e marsabendo-me um amador desconhecidobuscando o sentido da arte de amar

Do baque das ondas bravasde minhas lavras entre cana e caféprocuro rosas e florescheiros e sabores do perfume de mulher

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Page 67: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Quando na alta madrugadapercorrendo a estrada que inquieta minha calmaencontro o desejo deliranteE a lua num instante despe minha alma

Interrogando o fim

Na porta de pé após perambular por aí parei e me pus a pensar para que?

Rasguei como raio meu rosto robusto arranhando com a raiva as rugas de onde?

Na sala sem luz suor sem saber do sorriso só saudade de que?

O tempo tornou a tomar-me em tormenta travestindo a ternura em tristeza por que?

Via-me a viver venerando a varanda e num vacilo viajei no voo voraz a vagar por onde?

Um frio frenético ofuscava facilmente com furor o final fatídico de quem?

Não sei, não sinto, não entendo, não compreendo o que?

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Page 68: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Quero hoje na hora que chora orar lá fora onde acabei

E agora?

Danilo Nunes nasceu em Santos/SP no ano de 1979. É músico, ator, poeta, historiador e pesquisador de cultura popular brasileira. Fundador da banda Carrossel de Baco e do grupo Teatro do Pé, iniciou sua carreira em 1991 no grupo artístico do colégio Lusíada em Santos/SP.

Como ator participou de diversas montagens como Romeu e Julieta de Willian Shakespeare, Bodas de Sangue de Garcia Lorca, Woyzeck de Georg Buchner, Gota d’Água de Chico Buarque e Paulo Pontes dentre outras.

Fundou o grupo Teatro do Pé e com o espetáculo Argumas de Patativa ganhou projeção nacional participando dos grandes eventos de teatro pelo Brasil.

Fundou a banda Carrossel de Baco e lançou seu primeiro disco “Danilo Nunes e o Carrossel de Baco” em 2010. No segundo semestre de 2013 lança seu segundo disco pela produtora Cavalo de Praia.

Danilo é integrante do Movimento Caiçara Contemporâneo e em seus trabalhos busca as influências de suas identidades.

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Page 69: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

A música e a poesia caminham juntas em suas composições. Nasce então, o desejo de juntar o que é apenas poema e letras já musicadas em Poemas Sinfônicos, seu primeiro livro.

Texto de Zéllus Machado para lançamento do disco Danilo Nunes e o Carrossel de Baco

Cinco. Carrossel chega aos cinco anos. Faz o Pentagrama girar incessantemente em sua sinagoga cordelistíca e causar furor com suas letras profanas, malandras, contundentes, irônicas e, no sentido mais elevado da palavra, poéticas.

Capitaneado por Danilo Nunes, Carrossel estreou na Cadeia Velha, e, paradoxalmente, se libertou das grades pragmáticas e popularescas da musicalidade atual, sem circos, sem pops, sem ser crooner baladista de noites covers. A tentação que o cerca é a sua aguçada sede pela Cultura Popular Brasileira que deixa explícito em sua alma e nos palcos por onde pousa, ora só, ora com o Carrossel. Salve, salve a Cultura Popular! Estudioso e Pesquisador dessa vertente, levou para o eletrônico toda essa riqueza, assim como fez Geraldo Azevedo, Alceu Valença, Chico Science, porém com uma diferença: esculpiu a canoa caiçara onde vem singrando sua forte identificação ao som de Fandango, Cirandas, Sambas, Declamações e vociferações tropicalistas, deixando-nos a imagem de nosso grandioso Mar.

Dois mil e dez, marca o início da Magia. Cinco, a História de giros entre Sindicatos, Bares do Litoral, Teatro Municipal, Teatro a Bordo e outros palcos onde incendiou com seu lança-chamas musical. Cinco é o número da Autoridade, prudência, benevolência, dignidade, líder, conselheiro, facilidade de expressão. Com estes atributos Danilo Nunes vertiginosamente conduz seu Carrossel de Baco rumo à estrada iluminada por sua presença de

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Page 70: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Bardo Tropicalista: Não tenho carro, eu tiro um sarro, eu vôo no céu, eu to no carrossel

Respeitável Publico! Neste momento os trovões alardeiam. Os céus se abrem. O fogo esparge incandescente. A Pulsação se eleva. O coração bate forte. A sinagoga o espera, assim como todos nós. Senhoras e Senhores abram as portas de vossas mentes, de vossas almas, cantem e dancem que Baco se alegrará, por nós, para nós, por agora e por todo o sempre.

Amém!

Viva a Cultura Popular Brasileira!

Zéllus Machado

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Page 71: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

EDIÇÕES CAIÇARAS

São Vicente Brasil

A Edições Caiçaras é uma pequena editora independente artesanal inspirada nas cartoneras da América Latina, principalmente na Sereia Cantadora de Santos e na Dulcinéia Catadora de São Paulo. Nasceu pela dificuldade homérica e labiríntica em publicar meus livros em uma editora convencional. É uma forma de reavivar o ideal punk do “faça você mesmo”, incentivando a auto-gestão e o uso da habilidade manual, algo que está se perdendo em nossa sociedade tecnocrata. Assim, de fato, começa a tomar forma a filosofia da Edições Caiçaras, mais do que um caráter social, nos interessa, ousar na forma e no conteúdo. Na forma é um aprimoramento das técnicas das cartoneras - os livros são feitos com capa dura, costurados com sisal e presos com detalhes em bambu, e no conteúdo, priorizamos um diálogo profundo com a Internet e com as literaturas locais do Brasil.

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Page 72: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Márcio Barreto

CATÁLOGO

POESIA

O Novo em Folha - Márcio Barreto

Nietszche ou do que é feito o arco dos violinos - Márcio Barreto

Pequena Cartografia da Poesia Brasileira Contemporânea - Marcelo Ariel (Org.)

Perdas & Danos - Madô Martins

Mundocorpo– as aerografias e outros desvios do tempo – Márcio Barreto

Peixe-palavra (poesias caiçaras) – Domingos Santos

DRAMATURGIA

Atro Coração - Márcio Barreto

Ácidos Trópicos – uma livre criação sobre a obra de Gilberto Mendes – Márcio Barreto

ENSAIO

Obras Cadáveres - Arthur Bispo do Rosário, Estamira, Jardelina, Violeta e o Deus do Reino das Coisas Inúteis - Ademir Demarchi

Desaforismos (aforismos) - Flávio Viegas Amoreira

Meu Namoro com o Cinema – André Azenha

ROMANCE

Teatrofantasma: O Doutor Imponderável contra o onirismo groove –

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Page 73: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Marcelo Ariel

O IMAGINÁRIO COLETIVO

O Imaginário Coletivo de Arte agrega artistas do litoral paulista em suas diferentes linguagens e tem como proposta fortalecer e propagar a “Arte Contemporânea Caiçara”, valorizando nossas raízes e misturando-as à contemporaneidade. Formado em fevereiro de 2011, é resultado de anos de pesquisas desenvolvidas em diferentes áreas que culminaram na busca de uma nova sintaxe através da reflexão sobre os processos criativos na Arte Contemporânea Caiçara.

Seus integrantes convergem da dança, eutonia, teatro, circo, música, literatura, história, jornalismo, filosofia e artes visuais. Estão diretamente ligados à experimentação através de núcleos de pesquisas desenvolvidos no grupo Percutindo Mundos – música contemporânea caiçara (2008), Núcleo de Pesquisa do Movimento - dança contemporânea (2011), no Espaço de Consciência Corporal Célia Faustino - eutonia (2003), no Projeto Canoa e Instituto Ocanoa – pesquisa da Cultura Caiçara (2007).

Em seu repertório constam “Ácidos Trópicos – uma livre criação sobre a obra de Gilberto Mendes” (teatro), “Atro Coração” (teatro), “Homo Ludens – fluxos, lugares e imprevisibilidades” (dança contemporânea), “O Jardim de Patrícia” (dança contemporânea) “Percutindo Mundos – universo em Gentileza” (música), “Percutindo o samba” (música) e “poéticas para um novo tempo” (música). Ao longo do tempo  realizou encontros, oficinas e palestras, tais como o "Sarau Caiçara" - Pinacoteca Benedito Calixto - Santos /SP, "Mostra de Arte Contemporânea Caiçara" - Casa da Frontaria Azulejada - Santos/SP, "Itinerâncias - Encontros Caiçaras" - Casa da Cultura de Paraty - Paraty /RJ, "Sarau Filosófico" - SESC Santos - Santos /SP, "Virada Caiçara" - São Vicente /SP e “Vitrine Literária” – SESC Santos – Santos /SP.

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Page 74: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

Seu trabalho está presente em universidades, escolas públicas e instituições de cultura através de cursos, apresentações e palestras, além de inserir sua proposta artística  em espaços públicos.

www.edicoescaicaras.blogspot.com

www.youtube.com/projetocanoa

www.percutindomundos.blogspot.com

www.soundcloud.com/percutindomundos

Poemas Sinfônicos foi impresso sobre papel reciclado 75g/m²

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Page 75: Poemas sinfônicos - Danilo Nunes

(miolo). A capa foi composta a partir de papelão e sacolas de papel doadas pelo Espaço de Consciência Corporal Célia Faustino.

www.celiafaustino-conscienciacorporal.blogspot.com

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