poemas de castro alves parte 2

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CASTRO ALVES Onde Estás? É meia-noite. . . e rugindo Passa triste a ventania, Como um verbo de desgraça, Como um grito de agonia. E eu digo ao vento, que passa Por meus cabelos fugaz: "ento frio do deserto, !nde ela est # $onge ou perto# " %as, como um & lito incerto, 'esponde-me o eco ao longe: "!&(min&)amante, onde est s#... em( É tarde( Por que tardas# *+o &oras de brando sono, em reclinar-te em meu peito Com teu l nguido abandono(... )*t vazio nosso leito... )*t vazio o mundo inteiro E tu n+o queres qu)eu fique *olit rio nesta vida... %as por que tardas, querida#... ten&o esperado assaz... em depressa, que eu deliro !&( min&)amante, onde est s#.. Estrela/na tempestade, 'osa/nos ermos da vida, 0ris/do n ufrago errante, 0lus+o/d)alma descrida( 1u foste, mul&er formosa( 1u foste, 2 fil&a do c3u(... . . . E &o4e que o meu passado Para sempre morto 4az... endo finda a min&a sorte, Pergunto aos ventos do 5orte... "!&( min&)amante, onde est s#..." Murmúrios da Tarde Rosa! Rosa de amor purpúrea e bela! GARRET . !ntem 6 tarde, quando o sol morria, 7 natureza era um poema santo, 8e cada moita a escurid+o saia, 8e cada gruta rebentava um canto, !ntem 6 tarde, quando o sol morria. 8o c3u azul na profundeza escura 9ril&ava a estrela, como um fruto louro, E qual a foice, que no c&+o fulgura, %ostrava a lua o semicirc)lo d)ouro, 8o c3u azul na profundeza escura. $arga &armonia embalsamava os ares( Cantava o nin&o/suspirava o lago... E a verde pluma dos sutis palmares 1in&a das ondas o murm rio vago... $arga &armonia embalsamava os ares. Era dos seres a &armonia imensa, ago concerto de saudade infinda( "*ol /n+o me dei;es", diz a vaga e;tensa, "7ura/n+o fu4as", diz a flor mais linda Era dos seres a &armonia imensa( "$eva-me( leva-me em teu seio amigo" 8izia 6s nuvens o c&oroso orval&o, "'ola que foges", diz o nin&o antigo, )$eva-me ainda para um novo gal&o. .. $eva-me( leva-me em teu seio amigo." "8 -me inda um bei4o, antes que a noite ven&a( 0nda um calor, antes que c&egue o frio..." E mais o musgo se conc&ega 6 pen&a E mais 6 pen&a se conc&ega o rio... "8 -me inda um bei4o, antes que a noite ven&a( E tu no entanto no 4ardim vagavas, 'osa de amor, celestial %aria... 7i( como esquiva sobre o c&+o pisavas, 7i( como alegre a tua boca ria... E tu no entanto no 4ardim vagavas. Eras a estrela transformada em virgem( Eras um an4o, que se fez menina( 1in&as das aves a celeste origem. 1in&as da lua a palidez divina, Eras a estrela transformada em virgem( <lor( 1u c&egaste de outra flor mais perto, =ue bela rosa( que fragr ncia meiga( 8ir-se-ia um riso no 4ardim aberto, 8ir-se-ia um bei4o, que nasceu na veiga... <lor( 1u c&egaste de outra flor mais perto(.. E eu, que escutava o conversar das flores, !uvi que a rosa murmurava ardente: "Col&e-me, 2 virgem,/n+o terei mais dores, >uarda-me, 2 bela, no teu seio quente. . . " E eu escutava o conversar das flores. "$eva-me( leva-me, 2 gentil %aria(" 1amb3m ent+o eu murmurei cismando... %in&)alma 3 rosa, que a geada esfria... 8 -l&e em teus seios um asilo brando... "$eva-me( leva-me, 2 gentil %aria(..." SAUDAÇÃO À PALMARES 5!* 7$1!* cerros erguido 5in&o d) guias atrevido, *alve( / Pa?s do bandido( *alve( / Pa?s do 4aguar( erde serra onde os palmares / como indianos cocares / 5o azul dos col mbios are 8esfraldam-se em mole arfar *alve( 'egi+o dos valentes !nde os ecos estridentes %andam aos plainos tremente !s gritos do caçador( E ao longe os latidos soam E as trompas da caça atroam E os corvos negros revoam *obre o campo abrasador(.. Palmares( a ti meu grito( 7 ti, barca de granito, =ue no soçobro infinito 7briste a vela ao trov+o. E provocaste a ra4ada, *olta a fl mula agitada 7os uivos da maru4ada 5as ondas da escravid+o( 8e bravos soberbo est dio, 8as liberdades pal dio, Pegaste o pun&o do gl dio, E ol&aste rindo p)ra o va "8escei de cada &orizonte. *en&ores( Eis-me de fronte E riste... ! riso de um mo E a ironia... de um c&acal Cantem Eunucos devassos 8os reis os marm2reos paço E bei4em os f3rreos laços =ue n+o ousam sacudir... Eu canto a beleza tua, Caçadora seminua(... Em cu4a perna flutua 'uiva a pele de um tapir. Crioula( o teu seio escur 5unca deste ao bei4o impur $uzidio, firme, duro, >uardaste p)ra um nobre amo 5egra 8iana selvagem, =ue escutas sob a ramagem 7s vozes / que traz a arage 8o teu ri4o caçador(... *alve, 7mazona guerreira( =ue nas roc&as da clareira / 7os urros da cac&oeira / *abe bater e lutar... *alve( / nos cerros erguido 5in&o, onde em sono atrevi 8orme o condor... e o bandi 7 liberdade... e o 4aguar

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Poemas de Castro Alves que fazem parte da leitura da uepa prise 2016

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CASTRO ALVES

Onde Estás?

É meia-noite. . . e rugindoPassa triste a ventania,

Como um verbo de desgraça,Como um grito de agonia.

E eu digo ao vento, que passaPor meus cabelos fugaz:" ento frio do deserto,

!nde ela est # $onge ou perto#" %as, como um & lito incerto,'esponde-me o eco ao longe:

"!&(min&)amante, onde est s#...

em( É tarde( Por que tardas#*+o &oras de brando sono,em reclinar-te em meu peitoCom teu l nguido abandono(...

)*t vazio nosso leito...)*t vazio o mundo inteiro E tu n+o queres qu)eu fique

*olit rio nesta vida...%as por que tardas, querida#...

ten&o esperado assaz...em depressa, que eu deliro

!&( min&)amante, onde est s#..

Estrela/na tempestade,'osa/nos ermos da vida,0ris/do n ufrago errante,0lus+o/d)alma descrida(1u foste, mul&er formosa(1u foste, 2 fil&a do c3u(...

. . . E &o4e que o meu passadoPara sempre morto 4az...endo finda a min&a sorte,

Pergunto aos ventos do 5orte..."!&( min&)amante, onde est s#..."

Murmúrios da Tarde

Rosa! Rosa de amor purpúrea e bela!GARRET .

!ntem 6 tarde, quando o sol morria,7 natureza era um poema santo,8e cada moita a escurid+o saia,

8e cada gruta rebentava um canto,!ntem 6 tarde, quando o sol morria.

8o c3u azul na profundeza escura9ril&ava a estrela, como um fruto louro,

E qual a foice, que no c&+o fulgura,%ostrava a lua o semicirc)lo d)ouro,8o c3u azul na profundeza escura.

$arga &armonia embalsamava os ares(Cantava o nin&o/suspirava o lago...E a verde pluma dos sutis palmares1in&a das ondas o murm rio vago...

$arga &armonia embalsamava os ares.

Era dos seres a &armonia imensa,ago concerto de saudade infinda(

"*ol /n+o me dei;es", diz a vagae;tensa,

"7ura/n+o fu4as", diz a flor mais lindaEra dos seres a &armonia imensa(

"$eva-me( leva-me em teu seio amigo"8izia 6s nuvens o c&oroso orval&o,"'ola que foges", diz o nin&o antigo,

)$eva-me ainda para um novo gal&o. ..$eva-me( leva-me em teu seio amigo."

"8 -me inda um bei4o, antes que a noiteven&a(

0nda um calor, antes que c&egue o frio..."E mais o musgo se conc&ega 6 pen&aE mais 6 pen&a se conc&ega o rio...

"8 -me inda um bei4o, antes que a noiteven&a(

E tu no entanto no 4ardim vagavas,'osa de amor, celestial %aria...

7i( como esquiva sobre o c&+o pisavas,7i( como alegre a tua boca ria...

E tu no entanto no 4ardim vagavas.

Eras a estrela transformada em virgem(Eras um an4o, que se fez menina(1in&as das aves a celeste origem.

1in&as da lua a palidez divina,Eras a estrela transformada em virgem(

<lor( 1u c&egaste de outra flor maisperto,

=ue bela rosa( que fragr ncia meiga(8ir-se-ia um riso no 4ardim aberto,8ir-se-ia um bei4o, que nasceu na

veiga...<lor( 1u c&egaste de outra flor mais

perto(..

E eu, que escutava o conversar dasflores,

!uvi que a rosa murmurava ardente:"Col&e-me, 2 virgem,/n+o terei mais

dores,>uarda-me, 2 bela, no teu seio

quente. . ." E eu escutava o conversar das flores.

"$eva-me( leva-me, 2 gentil %aria("1amb3m ent+o eu murmurei cismando...%in&)alma 3 rosa, que a geada esfria...8 -l&e em teus seios um asilo brando..."$eva-me( leva-me, 2 gentil %aria(..."

SAUDAÇÃO À PALMARES

5!* 7$1!* cerros erguido5in&o d) guias atrevido,

*alve( / Pa?s do bandido(*alve( / Pa?s do 4aguar(

erde serra onde os palmares/ como indianos cocares /

5o azul dos col mbios ares8esfraldam-se em mole arfar(...

*alve( 'egi+o dos valentes!nde os ecos estridentes

%andam aos plainos trementes!s gritos do caçador(

E ao longe os latidos soam...E as trompas da caça atroam...

E os corvos negros revoam*obre o campo abrasador(...

Palmares( a ti meu grito(7 ti, barca de granito,

=ue no soçobro infinito7briste a vela ao trov+o.E provocaste a ra4ada,*olta a fl mula agitada7os uivos da maru4ada

5as ondas da escravid+o(

8e bravos soberbo est dio,8as liberdades pal dio,

Pegaste o pun&o do gl dio,E ol&aste rindo p)ra o val:

"8escei de cada &orizonte...*en&ores( Eis-me de fronte("E riste... ! riso de um monte(E a ironia... de um c&acal(...

Cantem Eunucos devassos8os reis os marm2reos paços

E bei4em os f3rreos laços,=ue n+o ousam sacudir...Eu canto a beleza tua,Caçadora seminua(...Em cu4a perna flutua

'uiva a pele de um tapir.

Crioula( o teu seio escuro5unca deste ao bei4o impuro(

$uzidio, firme, duro,>uardaste p)ra um nobre amor.

5egra 8iana selvagem,=ue escutas sob a ramagem

7s vozes / que traz a aragem8o teu ri4o caçador(...

*alve, 7mazona guerreira(=ue nas roc&as da clareira,/ 7os urros da cac&oeira /

*abe bater e lutar...*alve( / nos cerros erguido /5in&o, onde em sono atrevido,

8orme o condor... e o bandido(...7 liberdade... e o 4aguar(

O VIDE TE@s vezes quando 6 tarde, nas tardes

brasileiras,7 cisma e a sombra descem das altas

cordil&eiras=uando a viola acorda na c&oça o

sertane4oE a linda lavadeira cantando dei;a o

bre4o,E a noite - a freira santa - no 2rg+o das

florestasAm salmo preludia nos troncos, nas

giestas*e acaso solit rio passo pelas picadas,=ue torcem-se escamosas nas lapas

escarpadas,Encosto sobre as pedras a min&a

carabina,unto a meu c+o, que dorme nas sarças

da colina,E, como uma &arpa e2lia entregue ao

tom dos ventos- Estran&as melodias, estran&os

pensamentos,ibram-me as cordas d)alma enquanto

absorto cismo,*en&or( vendo tua sombra curvada

sobre o abismo,Col&er a prece alada, o canto que

esvoaçaE a l grima que orval&a o l?rio da

desgraça,Ent+o, num santo B;tase, escuto a terra

e os c3us.E o v cuo se povoa de tua sombra, 2

8eus(!uço o cantar dos astros no mar do

firmamento5o mar das matas virgens ouço o cantar

do vento,7romas que s)elevam, raios de luz que

descem,Estrelas que despontam, gritos que se

esvaecem,1udo me traz um canto de imensa

poesia,Como a prim?cia augusta da grande

profecia1udo me diz que o Eterno, na idade

prometida, de bei4ar na face a terra arrependida.

E, desse bei4o santo, desse 2sculosublime

=ue lava a iniqDidade, a escravid+o e ocrime,

+o de nascer virentes nos campos dasidades,

7mores, esperanças, gl2rias eliberdades(

Ent+o, num santo B;tase, escuto a terrae os c3us,

! v cuo se povoa de tua sombra, 28eus(

E, ouvindo nos espaços as louras

utopias8o futuro cantarem as doses

melodias,8os povos, das idades, a novapromiss+o...%e arrasta ao infinito a guia

da inspiraç+o ...Ent+o me arro4o ousado das eras

atrav3s,8ei;ando estrelas, s3culos, volverem-se

a meus p3s...Porque em min&)alma sinto ferver

enorme grito,7nte o estupendo quadro das telas do

infinito...=ue faz que, em santo B;tase, eu ve4a a

terra e os c3us,E o v cuo povoado de tua sombra, 2

8eus(Eu ve4o a erra livre... como outra

%adalena,9an&ando a) fronte pura na viraç+o

serena,8a urna do crep sculo, verter nos c3us

azuisPerfumes, luzes, preces, curvada aos

p3s da cruz...5o mundo - tenda imensa da

&umanidade inteira=ue o espaço tem por teto, o sol tem por

lareira,<eliz se aquece unida a universal fam?lia.

!&( dia sacrossanto em que a 4ustiçabril&a,

Eu ve4o em ti das ru?nas vetustas dopassado,

! vel&o sacerdote augusto e veneradoCol&er a parasita - a santa flor - o culto,Como o coral bril&ante do mar na vasa

oculto...5+o mais inunda o templo a vil

superstiç+o7 f3 - a pomba m?stica - e a guia da

raz+o,Anidas se levantam do vale escuro

d)alma,7o nin&o do infinito voando em noite

calma.%udou-se o f3rreo cetro, esse aguil&+o

dos povos,5a virga do profeta coberta de renovos.

E o vel&o cadafalso &orrendo ecorcovado,

7o poste das idades por irris+o ligadoParece embalde tenta cobrir com as

m+os a fronte,- 7butre que esqueceu que o sol vem no

&orizonte.ede: as crianças louras aprendem no

Evangel&o7 letra que comenta algum sublime

vel&o,Em toda a fronte & luzes, em todo o

peito amores,Em todo o c3u estrelas, em todo o

campo flores ...E, enquanto, sob as vin&as, a ingBnua

camponesa

Enlaça 6s negras tranças a rosa dadeveza

8os saaras africanos, dos gelos da*ib3ria,

8o C ucaso, dos campos dessa infelizlb3ria,

8os m rmores lascados da terra santa&om3rica,

8os pampas, das savanas desta soberba7m3rica

Prorrompe o &ino livre, o &ino dotrabal&o(

E, ao canto dos obreiros, na orquestraaudaz do mal&o,

! ru?do se mistura da imprensa, dasid3ias,

1odos da liberdade for4ando as epop3ias,1odos co)as m+os calosas, todos

ban&ando a fronte7o sol da independBncia que irrompe no

&orizonte.!&( escutai( ao longe vago rumor se

elevaComo o trov+o que ouviu-se quando na

escura treva,! braço onipotente rolou *at+ maldito.É outro condenado ao raio do infinito,É o retumbar por terra desses impuros

paços,8esses serral&os negros, desses Egeus

devassos,*aturnos de granito, feitos de sangue e

ossos...=ue bebem a e;istBncia do povo nos

destroços ...Enfim a terra 3 livre( Enfim l do Calv rio

7 guia da liberdade, no imensoitiner rio,

oa do Calpe brusco 6s cordil&eirasgrandes,

8as cristas do imalaia aos p?ncaros dos7ndes(

=uebraram-se as cadeias, 3 livre a terrainteira,

7 &umanidade marc&a com a 9?blia porbandeira-.

*+o livres os escravos... queroempun&ar a lira,

=uero que est)alma ardente um cantoaudaz desfira,

=uero enlaçar meu &ino aos murm riosdos ventos,

@s &arpas das estrelas, ao mar, aoselementos(

%as, ai( longos gemidos de m?seroscativos,

1inidos de mil ferros, soluçosconvulsivos,

Bm-me bradar nas sombras, como fatalvedeta:

)=ue pensas, moço triste# =ue son&astu, poeta#)

Ent+o curvo a cabeça de raioscarregada,

E, atando br nzea corda 6 liraamargurada,

! canto de agonia arro4o 6 terra, aosc3us,

E ao v cuo povoado de tua sombra, 28eus(

O S!"ULO

! s3cFlo 3 grande... 5o espaço um drama de treva e luz.

Como o Cristo / a liberdade*angra no poste da Cruz.

Am corvo escuro, anegrado,!bumbra o manto azulado,8as asas d) guia dos c3us...7rque4am peitos e frontes...5os l bios dos &orizontes

um riso de luz... É 8eus.

@s vezes quebra o silBncio'onco estr?dulo, feroz.*er o rugir das matas,

!u da plebe a imensa voz#...1reme a terra &irta e sombria. . .

*+o as vascas da agonia8a liberdade no c&+o#...

!u do povo o braço ousado=ue, sob montes calcado,7bala-os como um 1it+o#(...

7nte esse escuro problema muito ir nico rir.

Pra n2s o vento da esp)rança1raz o p2len do porvir.

E enquanto o cepticismo%ergul&a os ol&os no abismo,=ue a seus p3s raivando tem,

'asga o moço os nevoeiros,Pra dos morros altaneiroser o sol que irrompe al3m.1oda noite / tem auroras,'aios / toda a escurid+o.%oços, creiamos, n+o tarda

7 aurora da redenç+o.>emer / 3 esperar um canto...C&orar - aguardar que o pranto

<aça-se estrela nos c3us.! mundo 3 o nauta nas vagas...

1er do oceano as plagas*e e;istem 4ustiça e 8eus.

5o entanto inda & muita noite5o mapa da criaç+o.

*angra o abutre / tirano%uito cad ver / naç+o.8esce a Pol nia esva?da,Catal3ptica, adormida,@ tumba do *obiesGi

0nda em son&os busca a espada ...!s reis passam sem ver nada ...

E o Czar ol&a e sorri...

'oma inda tem sobre o peito! pesadelo dos reis(

7 >r3cia espera c&orandoCanaris... 9Hron talvez(5apole+o amordaça7 boca da populaça

E ol&a erseH com terror Como o fil&o de *orrento,

1reme ao fitar um momento! es vio aterrador.

7 ungria 3 como um cad ver 7o relento e;posto nu

5em sequer a abriga a sombra8o foragido Iossut&.

7qui / o %3;ico ardente,/ asto fil&o independente8a liberdade e do sol /az por terra... e l soluçauarez, que se debruça

E diz-l&e: "Espera o arrebol("

! quadro 3 negro. =ue os fracos'ecuem c&eios de &orror.

7 n2s, &erdeiros dos >racos,1raz a desgraça / valor($utai... uma lei sublime=ue diz: "@ sombra docrime

de a vingança marc&ar."5+o ouvis do 5orte um grito,=ue bate aos p3s do infinito,=ue vai <ranGlin despertar#

É o grito dos Cruzados=ue brada aos moços / "8e p3"(

É o sol das liberdades=ue espera por osu3(...

*+o bocas de mil escravos=ue transformaram-se em bravos

7o cinzel da aboliç+o.E / 6 voz dos libertadores /

'eptis saltam condores,7 topetar n)amplid+o(...

E v2s, arcas do futuro,Cris lidas do porvir,

=uando vosso braço ousado$egislaçJes construir,

$evantai um templo novo,Por3m n+o que esmague o povo,

%as l&e se4a o pedestal.=ue ao menino dB-se a escola,7o veterano / uma esmola...

7 todos / luz e fanal(

$uz(... sim que a criança 3 uma ave,Cu4o porvir tendes v2s

5o sol / 3 uma guia arro4ada,5a sombra / um moc&o feroz.

$ibertai tribunas, prelos ...*+o fracos, mesquin&os elos...

5+o calqueis o povo-rei(=ue este mar d)almas e peitos,Com as vagas de seus direitos,

ir partir-vos a lei.

=uebre-se o cetro do Papa,<aça-se dele / uma cruz(7 p rpura sirva ao povo

Pra cobrir os ombros nus,=ue aos gritos do 5iagara

/ *em escravos, / >uanabara*e eleve ao fulgor dos s2is(

9an&em-se em luz os prost?bulos,E das lascas dos pat?bulos

Erga-se a est tua aos &er2is(

9asta(... Eu sei que a mocidadeÉ o %ois3s no *inai

8as m+os do Eterno recebe7s t buas da lei( / %arc&ai(=uem cai na luta com gl2ria,1omba nos braços da ist2ria,

5o coraç+o do 9rasil(%oços, do topo dos 7ndes,Pir mides vastas, grandes,os contemplam s3c)los mil(

VO#ES D$%&RI"A7 mul&er deslumbrante e capric&osa,

*egue cativo o passo delirante8eus( 2 8eus( onde est s que n+o

respondes#Em que mundo, em qu)estrela tu

t)escondesEmbuçado nos c3us#

dois mil anos te mandei meu grito,=ue embalde desde ent+o corre o

infinito...!nde est s, *en&or 8eus#...

=ual Prometeu tu me amarraste um dia8o deserto na rubra penedia

/ 0nfinito: gal3(...Por abutre / me deste o sol candente,

E a terra de *uez / foi a corrente=ue me ligaste ao p3...

! cavalo estafado do 9edu?no*ob a vergasta tomba ressupino

E morre no areal.%in&a garupa sangra, a dor pore4a,=uando o c&icote do simoun darde4a

! teu braço eternal.

%in&as irm+s s+o belas, s+o ditosas...8orme a Ksia nas sombras voluptuosas

8os &ar3ns do *ult+o.!u no dorso dos brancos elefantesEmbala-se coberta de bril&antes

5as plagas do indust+o.

Por tenda tem os cimos do imalaia...>anges amoroso bei4a a praia

Coberta de corais ...7 brisa de %isora o c3u inflama

E ela dorme nos templos do 8eus9rama,

/ Pagodes colossais...

7 Europa 3 sempre Europa, a gloriosa(...'ain&a e cortes+.

7rtista / corta o m rmor de Carrara Poetisa / tange os &inos de <errara,

5o glorioso af+(...

*empre a l urea l&e cabe no lit?gio...!ra uma c)roa, ora o barrete fr?gio

Enflora-l&e a cerviz.Aniverso ap2s ela / doudo amante

8a grande meretriz.

%as eu, *en&or(... Eu triste abandonadaEm meio das areias esgarrada,

Perdida marc&o em v+o(*e c&oro... bebe o pranto a areia

ardentetalvez... p)ra que meu pranto, 2 8eus

clemente(5+o descubras no c&+o...

E nem ten&o uma sombra de floresta...Para cobrir-me nem um templo resta

5o solo abrasador...=uando subo 6s Pir mides do Egito

Embalde aos quatro c3us c&orando grito:"7briga-me, *en&or(..."

Como o profeta em cinza a fronteenvolve,

elo a cabeça no areal que volve! siroco feroz...

=uando eu passo no *aaraamortal&ada...

7i( dizem: "$ vai Kfrica embuçada5o seu branco albornoz... "

5em vBem que o deserto 3 meu sud rio,=ue o silBncio campeia solit rio

Por sobre o peito meu.$ no solo onde o cardo apenas medra

9oce4a a Esfinge colossal de pedra<itando o morno c3u.

8e 1ebas nas colunas derrocadas7s cegon&as espiam debruçadas

! &orizonte sem fim ...!nde branqueia a caravana errante,E o camelo mon2tono, arque4ante

=ue desce de Efraim

5+o basta inda de dor, 2 8eus terr?vel#(É, pois, teu peito eterno, ine;aur?vel

8e vingança e rancor#...E que 3 que fiz, *en&or# que torvo crimeEu cometi 4amais que assim me oprime

1eu gl dio vingador#

<oi depois do dil vio... um viadante,5egro, sombrio, p lido, arque4ante,

8escia do 7rar ...E eu disse ao peregrino fulminado:"Cam( ... ser s meu esposo bem-

amado.../ *erei tua Elo . . . "

8esde este dia o vento da desgraçaPor meus cabelos ululando passa

! an tema cruel.7s tribos erram do areal nas vagas,E o n made faminto corta as plagas

5o r pido corcel.

i a ciBncia desertar do Egito...i meu povo seguir / udeu maldito /

1ril&o de perdiç+o.8epois vi min&a prole desgraçada

Pelas garras d)Europa / arrebatada /7mestrado falc+o( ...

Cristo( embalde morreste sobre ummonte

1eu sangue n+o lavou de min&a fronte7 manc&a original.

7inda &o4e s+o, por fado adverso,%eus fil&os / alim ria do universo,

Eu / pasto universal...

o4e em meu sangue a 7m3rica se nutreCondor que transformara-se em abutre,

7ve da escravid+o,Ela 4untou-se 6s mais... irm+ traidora=ual de os3 os vis irm+os outrora

enderam seu irm+o.

9asta, *en&or( 8e teu potente braço'ole atrav3s dos astros e do espaço

Perd+o p)ra os crimes meus( dois mil anos eu soluço um grito...

escuta o brado meu l no infinito,%eu 8eus( *en&or, meu 8eus((...

S'o Pau(o) ** de +un,o de *-.-