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Albino Santos, Ana Maria Costa, Idalina França (Org.) Alunos do 8.º ano POEMAS ESCOLA BÁSICA E SECUNDÁRIA À BEIRA DOURO - MEDAS Ano lectivo 2010 2011

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Albino Santos, Ana Maria Costa, Idalina França

(Org.)

Alunos do 8.º ano

POEMAS

ESCOLA BÁSICA E SECUNDÁRIA

À BEIRA DOURO - MEDAS

Ano lectivo 2010 – 2011

2

3

SUMÁRIO

1. Imitação dos poetas

1. 1 Limpa-palavras

1. 2 Definições

1. 3 Inventário

1. 4 Mistérios da escrita

1. 5 Poema à Mãe

1. 6 Formas das nuvens

2. Recriação de poemas existentes

2. 1 Antónimos

2. 2 Nomes trocados

2. 3 Método S + 7

2. 4 Literatura definicional

3. Jogos de escrita

3. 1 Acrósticos

3. 2 Puxa verso

3. 3 Cadáver esquisito

4. Poemas e artes gráficas

4. 1 Um quadro – um poema

4. 2 Caligrama

5. Texto livre

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1. Imitação dos poetas

1. 1 Limpa-palavras

O limpa-palavras é uma técnica de elaboração de textos baseada no poema de Álvaro Magalhães com o mesmo nome. Consiste em ―limpar‖ palavras, isto é, em

escolher algumas de textos seleccionados – poemas de preferência – e em juntá-las de forma a construir versos.

Numa primeira fase, faz-se uma lista de nomes, de adjectivos e de alguns verbos, retirados de poemas

diversos. A segunda fase é a da redacção, fazendo versos com as palavras escolhidas, não sendo necessário utilizar

todas. Por fim, aperfeiçoa-se o texto produzido, do ponto de vista da coerência e da coesão.

Outra forma mais simples consiste em imitar o poeta, na construção: «A palavra ...n... + VERBO...»

O Limpa-palavras

Limpo palavras.

Recolho-as à noite, por todo o lado: A palavra bosque, a palavra casa, a palavra flor.

Trato delas durante o dia Enquanto sonho acordado. A palavra solidão faz-me companhia.

(…) No fim de tudo voltam os olhos para a luz

A vão para longe, Leves palavras voadoras

Sem nada que as prenda à terra, Outra vez nascidas pela minha mão:

A palavra estrela, a palavra ilha, a palavra pão. (…)

Álvaro Magalhães

O Limpa-Palavras e Outros Poemas

6

A flor que sonha

Com o mar

O perfume que beija Aquela sombra escrupulosa

O coração voador

Que poderá até amar A estrela louca

Os mistérios do ciúme Perseguido na noite modesta

Que mesmo assim acaricia O sonho dobrado pelo céu

Como o gato escaldado

Já amou o coração queimado!

Marina Alves, 8.º C

7

A palavra cristal brilha como a luz. A palavra punhal espeta como uma faca.

A palavra incêndio queima tudo por onde passa. A palavra orvalho cai durante a noite.

A palavra memória guarda todos os momentos. A palavra barcos navega no mar.

A palavra beijos aconchega o coração. A palavra águas tem muitos peixes.

A palavra luz ilumina o teu dia. A palavra noite escurece o teu caminho. A palavra paraísos é um local exótico.

A palavra conchas existe na praia.

Joana Moreira, 8.º A

8

Uma palavra misteriosa

Encontrada num banco de jardim.

Vem cá, palavra, Vem até mim!

Uma palavra encontrada,

Uma palavra perdida Podemos encontrá-la

No fim da vida. Uma palavra encantadora

Leva-nos a Um passarinho pequeno e leve

Solto como o vento, Um vento agradável.

Encontrei uma casinha na floresta,

Uma casa pequena e aconchegante Com uma lareira quente.

E por lá fiquei.

Luísa Magalhães, 8.º B

9

Palavras cansadas,

São palavras derrotadas, Fartas de serem usadas.

Sol, amor, carinho, paixão,

São palavras usadas no dia-a-dia, Que aquecem o meu coração.

A palavra livro põe a trabalhar a minha mente,

A palavra Terra suporta-me, Por isso, como recompensa, Limpo-as, limpo-as, todos os dias,

Para que no outro dia sejam novas outra vez, Para poder usá-las,

Para derrotar a minha solidão.

Recolho e limpo as palavras, Que me ajudam a sonhar e a acreditar,

Que elas estão cansadas, À noite, antes de o sono me chamar…

Ana Mafalda Pais, 8.º A

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Limpo palavras…

Não só as que estão sujas, mas também aquelas que partem

ao encontro do horizonte, também aquelas que se apaixonam,

aquelas que se separam, aquelas que lutam

por algo melhor, aquelas que vivem, festejam…

aquelas que cobrem a mente em seu redor! Limpo palavras…

Limpo, renovo e deixo partir, saboreio, aprecio e deixo sonhar,

partilho sentimentos, choro e deixo sorrir, desenho, escrevo…

recrio, deixo surgir.

Limpo palavras… “Recolho-as à noite, por todo lado”

Cuido delas desde o sol nascente ao mar escuro de estrelas A palavra sol ilumina-me,

A palavra céu inspira-me, A palavra estrela faz-me querer mais…

Pensar no futuro… A palavra futuro faz-me sonhar

Cavalgar mistérios… Desvendar paisagens…

Prosseguir sem nunca parar!! Limpo palavras

É isso que faço É isso que me faz sonhar…

A palavra sonho faz-me ser mais alto… O verbo acreditar faz-me explodir de emoção,

Faz-me arder de esperança…

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Faz-me pensar…

A palavra companhia faz-me cantar, A palavra solidão, cria-me pesadelos…

A palavra ciência faz-me pesquisar, A palavra crença faz-me duvidar,

A palavra eclipse faz-me medo, Medo, por uns meros segundos…

Não te conseguir ver, A palavra olhos vê-te a ti,

Ouve-se a palavra ouvidos, Pensa-se a palavra cérebro,

A palavra irmão diz-me família, A palavra dicionário diz-me palavras…

Limpo palavras...

Sou o Limpa-palavras…

Maria João Paiva, 8.º A

12

Na noite leve, beijamos

A flor do novo dia, Que queima

O coração perseguido, Que o vento leva

Para perto da luz, Como uma estrela voadora.

É o mistério do ciúme

E do amor perfeito, Que ama por amar, E beija por beijar,

Na sombra da rosa Que o céu acariciou,

Por entre os bosques Dos sonhos modestos

Mas voadores.

Pois há um gato que sonha, Com a canção do leve ar,

Que leva à chama já Por simplesmente Amar!

Sara Bastos, 8.º C

13

A lua brilhante ama

O coração fundo O adeus belo que chama

Pelo amigo

O amor perde-se Nos caminhos tristes

Mas gestos fortes fazem sonhar

A casa é bela As palavras longas O ciúme queima

O erro queima

Mas a estrela chama

Ana Catarina Sousa, 8.º C

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Cinderela

No dia mais sombrio

Daquele tempo remoto, Esta princesa triste está sozinha,

Fantasiando o distante amor.

Festas desleais, descortesia. Junto à fonte de água fria,

Por trás do palácio, nasce a magia Dos beijos e das juras de amor.

Daniela Gama, 8.º C

15

O céu tranquilo regressa

com as palavras perfeitas a acordar.

Os olhos calmos aquecem.

Uma estrela vazia atravessa a janela escura que escuta

a cidade má a regressar.

Na manhã solitária que acorda A água simples aquece nas rochas sólidas.

A casa secreta escuta a primavera

tranquila a espreguiçar-se.

Um braço da ilha atravessa-se De árvores e flores escuras

no mar calmo.

Vanessa Ribeiro, 8.º C (Menção honrosa no Concurso ―Poemas Soltos – 2011‖)

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1. 2 Definições

As definições são uma forma muito fácil de fazer metáforas. Esta técnica baseia-se num poema de João

Pedro Messeder (―Definições‖) e consiste no seguinte:

1. Escolher dos poemas uma boa quantidade de nomes;

2. Fazer com eles duas listas; 3. Aparelhar os nomes de uma lista com os da outra

lista, encontrando-lhes um aspecto comum; 4. Redigir frases com esse pares de nomes usando o

verbo SER como elo de ligação; 5. Obtida a metáfora, é necessário explicá-la, juntando

aos nomes um adjectivo ou uma oração que

descreva as características de cada um; 6. Seleccionar as melhores metáforas: as mais

coerentes e as mais belas, e eliminar as outras. Para isso é preciso ter feito muitas.

Para que a metáfora ganhe vida é necessário que o

segundo nome de cada par não esteja, à partida, relacionado com o primeiro: por exemplo, não pode ser um

hipónimo, nem um hiperónimo, nem um sinónimo.

Definições

O silêncio é

Uma árvore branca. Uma árvore é

Uma cabeleira matinal.

Uma cabeleira é Uma fonte suspensa.

18

Uma fonte é

Um vento visível. O vento é

Uma canção de vidro.

Uma canção é Um rio que trespassa.

Um rio é

O silêncio que se move.

O silêncio é Uma árvore branca.

João Pedro Messeder

Versos com Reversos

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O mundo é

um jardim de amor

Um jardim é a natureza amarela do sol

A natureza é

a respiração do ar puro

A respiração é o mundo melhor

O mundo é um jardim de amor

Maria José Rocha, 8.º C

20

Um amigo é

um sorriso de boca em boca

Um sorriso é o arco-íris da felicidade

Um arco-íris é

a nossa imaginação colorida

A nossa imaginação é um amigo divertido

Um amigo é um sorriso de boca em boca

Maria José Rocha, 8.º C

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O poema é

um rio de palavras.

O rio é um murmúrio musical.

O murmúrio é

a paz profunda.

A paz é o silêncio cheio.

O silêncio é um rio sem palavras.

Vanessa Ribeiro, 8.º C

22

O amor é

uma loucura nua.

O amor é uma esperança sem palavras.

Uma poesia é

a palavra colorida.

O silêncio é o rosto da morte.

A noite é a boca do desgosto.

A lua é

a luz da tristeza.

O olhar é a água cristalina.

O pensamento é

o muro da verdade.

Sara Bastos, 8.º C

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1. 3 Inventário

Jogo que consiste em inventariar coisas triviais, aparentemente fúteis, pela justaposição de elementos

avulsos, formando uma lista ou enumeração, ao jeito do poema de Alexandre O’Neill ou, num trabalho mais simples,

ao jeito da letra da canção ―Momento‖, de Pedro Abrunhosa. Cada verso corresponde a uma frase nominal

obtida por um nome seleccionado de um poema e um fim de verso escolhido de outro poema. A rima desempenha um

papel unificador, mas não é obrigatória.

Inventário

Um dente doiro a rir dos panfletos Um marido afinal ignorante

Dois corvos mesmo muito pretos Um polícia que diz que garante

A costureira muito desgraçada

Uma máquina infernal de fazer fumo Um professor que não sabe quase nada

Um colossalmente bom aluno

Um revólver já desiludido Uma criança doida de alegria

Um imenso tempo perdido Um adepto da simetria

Um conde que cora ao ser condecorado

Um homem que ri de tristeza Um amante perdido encontrado O gafanhoto chamado surpresa

O desertor cantando no coreto

Um malandrão que vem pé ante pé Uni senhor vestidíssimo de preto

Um organista que perdeu a fé

24

Um sujeito enganando os amorosos Um cachimbo cantando a marselhesa

Dois detidos de facto perigosos Um instantinho de beleza

Um octogenário divertido

Um menino coleccionando tampas Um congressista que diz Eu não prossigo

Uma velha que morre a páginas tantas

Alexandre O'Neill Tempo de Fantasmas

Momento

Uma espécie de céu, Um pedaço de mar,

Uma mão que doeu, Um dia devagar.

Um domingo perfeito, Uma toalha no chão,

Um caminho cansado, Um traço de avião.

Uma sombra sozinha,

Uma luz inquieta, Um desvio na rua,

Uma voz de poeta.

(…)

Pedro Abrunhosa

25

Uma estrela perdida

Uma luz imortal Uma mulher iludida

Uma ferida de cristal

Um espelho partido Um céu cinzento

Um homem abatido Um tigre atento

Um gato detido Um rapaz no ar

Uma caixa fechada Uma rapariga a planar

Uma caneta achada

Uma lâmpada apagada Uma mesa afogada

Uma floresta incendiada Uma pessoa amada

José Luís Monteiro, 8.º C

26

Um ecossistema imortal,

Uma flor amargurada, Uma estrela melancólica,

Uma porta iludida, Uma boneca angustiada,

Um planeta requintado, Uma ferida inacabada,

Um coração enraivecido, Um clip perdido,

Uma mágoa pura, Uma folha madura, Uma letra maldosa,

Uma aventura extinta.

Estas palavras eu limpo De dia para dia

Pois é isto que eu vivo Na minha vida vazia.

Marisa Magano, 8.º A

27

Uma estrela fluorescente

Um motorista exagerado Um poema cadente

Um riacho azul

Na parede um amarelejo Uma borracha cool

Uma castanha do Alentejo

Uma pedra genuína Um cavalo fechado

Uma mulher heroína Um caracol assado

José Luís Monteiro, 8.º C

28

As palavras mágicas

Um bosque absoluto e louco,

Uma casa alegre e sociável , Uma flor incapaz e absurda ,

Uma solidão breve e seca, Um céu feminino e dócil,

Uma nuvem especial e comprida, Um mar disposto e aberto,

Uma pedra frágil e surda, Uma rosa fiel e profunda, Uma árvore afável e melancólica,

Um gato sensível e agradecido, Um pássaro bonito e sonhador,

Um coração inseguro e luminoso, Um vento importante e verdadeiro,

Uma estrela inocente e carinhosa, Uma ilha amigável e traidora,

Um pão abismado e incansável, Um obrigado inteligente e firme,

Um adeus insensível e corajoso, Um ciúme pálido e calado,

Uma raiva doente e cansada, Um barco nervoso e curioso,

Um amor meigo e frio, Um búzio morto e calmo,

Uma lua pública e comum, Uma palavra inútil e fraca,

Um fogão terrível e vazio, Uma brisa pequena e irritante, Uma solidão grande e própria…

Inês Santos, 8.º A

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Inventário

Um bosque frio e veloz. Uma casa solitária e vagarosa.

Uma flor escaldante e divertida. Uma solidão grande e silenciosa.

Um céu limpo e rápido. Uma nuvem húmida e valente.

Um mar espinhoso e cobarde. Uma pedra pacífica e colorida.

Uma rosa fofa e feia. Uma árvore gorda e mole.

Um gato duro e corajoso. Um pássaro mentiroso e encaracolado.

Um coração apaziguador e redondo. Uma canção rabugenta e raivosa. Um vento resistente e inteligente.

Uma estrela sincera e fantástica. Uma ilha talentosa e gelada.

Um pão velho e sociável. Um obrigado querido e bajulador.

Um adeus doente e loiro. Um ciúme radiante e amável.

Uma raiva suja e bonita. Um frio luminoso e brilhante.

Um barco persistente e silencioso. Um amor lindo e quente.

Um búzio assombrado e maravilhoso. Uma lua nova e pequena.

Uma palavra verde e tolerante. Um fogão azul e escuro.

Uma brisa saltitante e voadora!

Há palavras misteriosas e mágicas que nos tocam no coração! Outras tão fortes como o vento

se forem ditas com emoção! E ainda há algumas infernais

que só nos causam solidão!

Ana Cristina Coelho, 8.º E

30

Um lápis a escrever

Um livro aberto

Um aluno a correr Um exercício certo

Um bola a rolar

Um menino a dormir

Uma jarra a partir Um carro a chocar

Um menino a chorar Um pássaro a morrer

Outra flor a nascer.

Vanessa Ribeiro, 8.º C

31

Uma estrela cadente

Os cabelos castanhos Um coração ardente

Dois corpos estranhos

Um livro envelhecido Um quadro renascentista

Um caderno enjoado Um lápis de cientista

A lua, uma bola branca Uma cidade encantadora

Um poema de Florbela Espanca Uma madame conhecedora

Uma caneta fluorescente

Os céus vermelhos Uma noite de incidentes

Com um caçador de coelhos

Uma mão de estátua barroca Três encontros em segredo

Quatro cavalas numa doca Um cão a rezar o credo

Tiago Silva, 8.º C

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Um esquisito carro voador,

Uma ferida anormal e profunda, Um jovem dependente do vício,

Uma fita-cola nova triangular, Um desfiladeiro azarado,

Um maluco muito sortudo, Um homem cabeçudo armado em forte,

Um estojo do tamanho do mundo, Uma pescadora com a desgraça do universo.

Inês Rocha, 8.º C

33

Um bosque sombrio

Uma casa brilhante Uma flor perfumada

Uma solidão infinita Um céu sonhador

Uma nuvem chorosa Um mar vacilante

Uma pedra sozinha Uma rosa aberta

Uma árvore amiga Um gato matreiro Um pássaro livre

Um coração comovido Uma canção melodiosa

Um vento uivador Uma estrela cintilante

Uma ilha solitária Um pão estaladiço

Um obrigado verdadeiro Um adeus doloroso

Um ciúme invejoso Uma raiva cega

Um frio sofrido Um barco navegante

Um amor maravilhoso Um búzio atento

Uma lua longínqua Uma palavra incompreendida

Um fogão quente Uma brisa refrescante Tantas palavras, tantos significados,

tantas maneiras de dizer alguma coisa…

Bárbara Gonçalves, 8.º B

34

Um sonho poético,

uma árvore de vida, uma fonte de alegria,

o coração de uma pessoa, um rapaz perdido encontrado,

uma rapariga contente, um corvo que desaparece,

um canto miraculoso, um amanhecer espontâneo,

um novo sonho.

Sara Bastos, 8.º C

35

1. 4 Mistérios da escrita

O ―mistério da escrita‖ consiste em acreditar que se pode desenvolver um tema a partir da escolha de um nome

(hiperónimo) e aplicando uma estrutura idêntica à do poema de Álvaro Magalhães.

Esta técnica baseia-se também na nossa capacidade em formar campos lexicais.

Mistérios da escrita

Escrevi a palavra flor. Um girassol nasceu

No deserto de papel. Era um girassol

Como é um girassol. Endireitou o caule,

Sacudiu as pétalas E perfumou o ar.

Voltou a cabeça À procura do sol

E deixou cair dos grãos de pólen Sobre a mesa.

Depois cresceu até ficar Com a ponta de uma pétala

Fora da Natureza.

Álvaro Magalhães O Limpa-Palavras e Outros Poemas

36

Escrevi a palavra flor

Um perfume nasceu No jardim de rosas

Era uma pétala

Como é uma pétala Que voa, leve livre

Ao som do vento!

Marina Alves, 8.º C

37

Escrevi a palavra amizade.

Uma amiga apareceu No fundo do meu coração.

Era uma amiga

Como é uma amiga: Amiga é toda alegria vivida,

É a luz que ilumina o nosso coração Cheio de amizade, carinho, ternura…

Seu sorriso enche O meu coração de felicidade,

seu olhar puro de honestidade.

Eu e ela, ela e eu Seremos como mão e unha

ligadas até a morte!

Minha casa modesta te ofereço. Minha amizade por ti é tão grande

Que nunca te esqueço.

Nossa amizade é verdadeira, é praticada, partilhada.

Adoro-te, Amiga!

Marina Alves, 8.º C

38

Escrevi a palavra fogo

Um ardimento nasceu No arder de lenha

Era uma chama

Como é uma chama Que queima sem se ver

Como alguém que ama

Sem se ouvir O coração que arde Arde como fogo enraivecido

Como quem não quer parar

Parar de Sonhar e Amar Aquele amor que nunca foi amado!

Sara Bastos, 8.º C

39

Escrevi a palavra festa

Não é hora da sesta

Escrevi a palavra amor Um abraço com calor

Escrevi a palavra fim

Um amigo não é assim

Escrevi a palavra coração Derrotei a solidão

Escrevi a palavra modesta Quero alguém assim como esta

Escrevi a palavra conhecer

Comecei a vencer

Escrevi a palavra sorriso Pensei logo num amigo

Escrevi a palavra partilhada

Era a verdade explorada

Escrevi a palavra erro Mas era um erro corrigido

Escrevi a palavra tempo

Veio-me a hora, o minuto e o segundo.

Ivânia Cardoso, 8.º C

40

Escrevi a palavra amor.

Uma paixão nasceu Na paisagem deserta.

Era uma paixão

Como era uma paixão. Resolveu o relacionamento,

Sacudiu os maus espíritos E perfumou a situação.

Ergui a cabeça À procura de uma flor

E deixei cair Duas pétalas

Sobre o coração.

Depois a flor cresceu até ficar Como uma mulher perfeita

Fora da paisagem.

Alexandre Moreira, 8.º C

41

Escrevi a palavra livro

Uma história nasceu

no papel de impressora

Era uma história como é uma história

Críticas, romances ou poemas

também saem sem contar de um livro de encantar

Cores desenhos e pinturas decoram o livro com ternura

Ana Catarina Sousa, 8.º C

42

Escrevi a palavra viajar

um mapa surgiu na minha mente

Era um mapa

como é um mapa

Vários tópicos de países me apareceram

mas só um escolhi e depois de escolhido decidi viajar na fantasia.

Miriam Silva, 8.º C

43

Escrevi a palavra pomba

E um céu imenso apareceu apareceu nos meus sonhos.

Era uma pomba

como é uma pomba. Trazia paz, liberdade e carinho.

A paz espalhou-se entre todos e todos a receberam no seu coração.

Miriam Silva, 8.º C

44

Escrevi a palavra céu

Um arco-íris brilhou no céu da minha imaginação.

Era um arco-íris

como é um arco-íris. Viam-se sete cores

que embelezavam o céu.

Depois com o tempo foi desaparecendo a sua beleza.

Miriam Silva, 8.º C

45

Escrevi a palavra árvore,

Um eucalipto nasceu No meio da floresta.

Era um eucalipto

Como é um eucalipto: Alto, calmo e verdejante,

Sinfonia cintilante, Que traz harmonia e paz

Pelo ar, Como uma festa.

Inês Rocha, 8.º C

46

Escrevi a palavra flor

Uma rosa nasceu

no deserto do papel

Era uma rosa como é uma rosa

Abanou-se e

perfumou o ar Voltou-se em direcção ao Sol

e deixou cair algum pólen sobre a terra

Depois outra rosa nasceu

para fazer parte da Natureza

Maria José Rocha, 8.º C

47

Escrevi a palavra aluno

E um livro nasceu

Era um livro Como é um livro

Trazia histórias e lendas

Era a luz Era a fonte

Entre a realidade E o reflexo E tudo eram histórias

José Luís Monteiro, 8.º C

48

Escrevi a palavra letra

E uma palavra nasceu Na página de um livro

Era uma palavra

Como é uma palavra Representava o amor

Num livro de contos de fada

Essa palavra era beijo Que o príncipe mandava Para a sua amada.

Inês Costa, 8.º C

49

1. 5 Poema à Mãe

Tal como fez Eugénio de Andrade, cada um exprime os sentimentos que nutre por essa pessoa especial.

Poema à Mãe

No mais fundo de ti Eu sei que te traí, mãe.

Tudo porque já não sou

O menino adormecido No fundo dos teus olhos.

Tudo porque ignoras Que há leitos onde o frio não se demora

E noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo São duras, mãe,

E o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas Que apertava junto ao coração

No retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas, Talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;

Esqueceste que as minhas pernas cresceram, Que todo o meu corpo cresceu, E até o meu coração

Ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? - Às vezes ainda sou o menino

Que adormeceu nos teus olhos;

50

Ainda aperto contra o coração Rosas tão brancas

Como as que tens na moldura;

Ainda oiço a tua voz: Era uma vez uma princesa

No meio do laranjal...

Mas - tu sabes - a noite é enorme, E todo o meu corpo cresceu.

Eu saí da moldura, Dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.

Guardo a tua voz dentro de mim. E deixo as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade

Os Amantes sem Dinheiro

51

Mãe

Jamais se pode esquecer É a pessoa que mais nos ama

E que nós menos reconhecemos

Uma estátua a ti deveria ser erguida Pelo amor que me dás, Mãe

Amo-te do coração à mente E para sempre

Daniela Gama, 8.º C

52

Poema à mãe

Mãe,

Minha doce ternura, o teu olhar brilhante

irradia tudo à tua volta iluminando o meu caminho.

Os teus lábios carnudos

sorriem sempre, mostrando a tua alegria.

Por vezes pareces uma Rainha dentro de um castelo,

esperando o teu Rei e os teus Príncipes.

A tua alegria contagia-nos a todos, aquece-nos o coração.

Mãe,

para sempre serás um poema delicado,

uma rosa branca, pura…

Joana Moreira, 8.º A

53

Mãe

Um amor belo e forte

Um olhar lindo e penetrante Um falar suave e sedoso

Uma pele quente e brilhante.

Uma noite fria e estrelada Um abraço quente e emocionante

Uma gargalhada nua e estridente Uma lágrima atrevida e fatigante.

O nosso amor é confiante Alegre e contagiante

Sobretudo a nossa amizade É uma grande liberdade.

Sonhos felizes e coloridos

Pesadelos sem fim O mundo sou eu e tu

E és a melhor mãe para mim!

Juliana Ramalho, 8.º E

54

Poema à mãe

Nenhum filho se esquece,

Pois o amor de mãe tudo merece, Pessoa que me ama, minha heroína,

Linda e formosa como uma menina.

Seus olhos castanhos e penetrantes Tocam no meu coração,

Lábios ternurentos, que bela canção! Valentia, seu nome do meio,

Todo o mal que semeio Ela rega de paixão.

Quem tem uma mãe tem tudo, não é ilusão.

Mulher determinada, Coragem a define.

Por muito que queiramos Nada a deprime.

Amo a minha mãe,

Não posso dizer que não, É o mais importante do mundo

Digo do fundo do meu coração.

Marisa Magano, 8.º A

55

Poema à Mãe

Teu ventre

tem sabor a vida. Teu colo é terno e aquece.

Tu és dádiva divina, és criação da minha sina!

Tu és minha salvação, O sol que alumia o meu dia.

Tu és a razão do meu viver, És muito mais que um bem-querer!

Mafalda Santos, 8.º D

56

Poema à Mãe

O teu nome revela

Bondade, Amor e

Calor... O teu amor supera

As minhas dores! O teu amor é maior

Que todas as minhas dificuldades. O teu amor é o eco Do meu sim à vida.

Tu és Como as abelhas,

Alimentas teus filhos Com o pólen do amor.

Rute, 8.º D

57

Poema à Mãe

Mãe é uma palavra simples

que tem várias definições Amor de mãe é aquele

Que não sai dos corações.

Tu és a minha compreensão, O sol que ilumina o meu dia!

Tu és a razão do meu viver, És muito mais que possa dizer…

O teu sorriso, mãe, é a minha inspiração

é lindo e perfeito e não tem nenhum defeito!

Mãe é mesmo só uma

eis uma grande verdade só de pensar em perdê-la

já bate uma grande saudade!

Rute, 8.º D

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Minha mãe chama-se Margarida,

É uma mãe muito querida, Como não há outra igual,

Eu nunca a irei esquecer, Vou amá-la até morrer,

Pois é uma mãe excepcional.

Minha mãezinha querida, A ti eu devo minha vida,

Tu és a melhor mãe do mundo, Pois não há mãe como a minha, Podes crer, querida mãezinha,

Eu tenho-te um amor profundo.

Mãe, só tu és o meu doce encanto, Razão porque te amo tanto,

Eu tenho que dar graças a Deus, Muitos trabalhos passaste,

E nunca me abandonaste , Obrigada pelos carinhos teus.

Eu sinto muito orgulho,

Por ter assim uma mãe maravilhosa, Ó meu Jesus, como é bom,

Contigo eu muito aprendi, Eu nunca me esquecerei de ti,

Pois tens um grande coração.

Mãe, eu não sei como pagar-te, Peço a Deus para abençoar-te, A ti e aos filhinhos teus,

São os desejos da Mafaldinha, Deste teu rebento, tua filhinha,

Com as maiores bênçãos dos céus.

Ana Mafalda Pais, 8.º A

59

Poema à Mãe

No mais fundo de ti…

Eu sei que esperas algo, Do mais fundo de mim…

Desiludo-me por não conseguir dar-to…

Mãe, sonho abraçar-te eternamente… Beijar-te o rosto de porcelana

sem nunca partir as suas rosas vermelhas, sonho, e assim será… amar-te para sempre!

Mãe, estou grata pelo esforço

Durante todos os segundos que te dedicaste a mim,

pois, embora digas que adoraste ainda espero um dia…

Recompensar-te por esse dom… Pois as estrelas escreveram assim!

Mãe, por ti voava

Só para te ver, subia à mais alta montanha

só para travar a ira dos ventos, rasgava oceanos

só para te dar a mão… dava-te, também se pudesse:

o fogo do Sol, das estrelas, o gelo da Lua, Mas…

Por enquanto dou-te o meu amor… Mãe, adoro-te!

Maria João Paiva, 8.º A

60

Poema à Mãe

Mãe é tudo

Meu e dela A raiz que eu sou

Está ligada a ela

Mãe é um coração aberto aos problemas.

É um caminho interminável Pois está sempre comigo até ao fim da vida.

Miriam Silva, 8.º C

61

Mãe o ser mais belo

que habita no mundo. Seus olhos são como rubis,

Seus lábios, pétalas Que nos acariciam suavemente.

Amo-te com todas as forças Do meu CORAÇÃO!

Marina Alves, 8.º C

62

Mãe

é uma rosa florescida uma paixão jamais perdida

é um jardim de alegria uma flor que ria, ria

com enormes gargalhadas de amor, transmitindo o seu carinho, seu calor!

Não existem paragens de amor,

é contínuo, infinito e belo! o amor materno, tão único, sem comparação.

Sara Bastos, 8.º C

63

Poema à mãe

Mãe é a luz

Do meu amanhecer, O sol que me acorda.

Quando ela sorri, Vejo uma luz

Em seu olhar, Que me faz

Lembrar e sonhar O dia em que nasci.

Débora Ferreira, 8.º C

64

Mãe,

É assim tão difícil perceberes Ou é por não o quereres?

Crescer é normal, Não se pode permanecer igual.

Entende: Faz parte da vida,

Ainda sou a tua menina… Só que mais crescida!

Bárbara Gonçalves, 8.º B

65

A tua presença eterna

Essas tuas mãos enrugadas,

De tanto acariciar. Esse rosto triste,

De eu chorar. Mas essa boca tão esticada,

De tanto sorrir. O peito orgulhoso,

De eu existir. O corpo cansado, De lutar para eu viver.

O coração contente, Por eu te amar.

Por cada lágrima que derramar Por cada beijo que te hei-de dar

Por cada gesto que irás fazer, Fica comigo.

Como a areia, o mar beija, Como o Sol para me iluminar,

Como um anjo do céu caído, Fica comigo.

Inês Santos, 8.º A

66

Poema à Avó

Avó é uma estrela,

Brilha sem parar Sorri para mim

Não me deixa desanimar!

Avó é uma lição de vida Que me faz pensar

Dá-me muitos conselhos Mas só para me ajudar!

Avó é uma festa Comigo sempre a brincar

Mas quando diz não É hora de parar!

Avó é um livro

Sempre pronta para ensinar Basta dizer uma sábia palavra

Que me põe logo a pensar!

Avó é um sonho Que me faz sorrir,

Só tenho medo Um dia ter de partir!

Rita Pinto, 8.º E

67

Poema ao Pai

Dei-te o nome pai

Quando vim ao mundo Deram-me o nome filha

Quando olhei para ti Fiz-te sonhar, sorrir e aprendi

E assim és O melhor pai do mundo.

Inês Rocha, 8.º C

68

69

1. 6 Formas das nuvens

Consiste em imitar o poeta José Gomes Ferreira, no poema ―Aquela nuvem‖, e dar largas à imaginação,

buscando associações que as formas das nuvens fazem lembrar.

AQUELA NUVEM

Aquela nuvem parece um cavalo... Ah! se eu pudesse montá-lo!

Aquela? í Mas já não é um cavalo, é uma barca à vela.

Não faz mal. Queria embarcar nela.

Aquela? Mas já não é um navio,

é uma Torre Amarela a vogar no frio

onde encerraram uma donzela.

Não faz mal. Quero ter asas

para espreitar da janela.

Vá lancem-me ao mar donde voam as nuvens

para ir numa delas tomar mil formas

com sabor a sal — labirinto de sombras e de cisnes no céu de água-sol-vento-luz concreto e irreal...

José Gomes Ferreira

70

Formas das nuvens

Deitado no chão, olho

Para o céu e vejo um anjo.

Aquela nuvem Parece um anjo.

Ah! Se eu pudesse segurá-la!

Aquela? Já não e um anjo! É um gato belo e singelo.

Aquela não é um gato

É a bela Cinderela A passear de coche.

Quem me dera ir com ela, Ir passear com ela!

Porque gosto dela, Quero estar com ela e

Conversar com essa bonita donzela!

Seria o príncipe perfeito dela E conduziria o coche dela.

José Daniel Monteiro, 8.º C

71

2. Recriação de poemas existentes

2. 1 Antónimos

Esta técnica consiste em substituir as palavras-chave

de um poema escolhido pelos seus antónimos ou por palavras de sentido bastante diferente, criando uma realidade alternativa, o mais afastada possível da original.

Exemplos realizados a partir dos poemas ―Lição‖, de

Miguel Torga, e ―O menino de sua mãe‖, de Fernando Pessoa:

Insulto

Oiço todas as noites, Ao crepúsculo,

Um feio insulto Berrado por um vizinho

Noctívago Um insulto de ódio

Complicado e preocupante Que sai daquela boca Desavergonhada

O refrão já gasto E artificial

Que nunca é o mesmo, Mas é sempre o mesmo mal.

72

O homem de seu pai

No monte vigiado

Que a fria brisa arrefece, Das balas escapado

– Todas passam ao lado – Junto à chama se aquece.

Veste a roupa lavada,

Está de braços cruzados, Vermelhudo, moreno, corado, Passeia o olhar atento

E vivo nos vales dominados.

Tão experiente! Que homem era! (Amanhã, para que idade vai?)

Primogénito, o pai lhe dera Um nome que ele mantivera

―O homem de seu pai‖ (…)

73

Mar calado

Mar calado, mar com fundo, mar acabado

A tua fealdade diminui quando estamos acompanhados Mas tão alto publicamente na tua voz

Fica o mais público bailar do meu pesadelo Que momentos há em que eu tenho a certeza

Seres uma crueldade criada para toda a gente

Ivânia Cardoso, 8.º C A partir do poema ―Mar sonoro‖, de Sophia de Mello Breyner

Andresen

74

Antónimos

Na minha mão acaba o nascer.

Escuridão fechada, de morte em morte

opaca e seca.

Berro perto e inseguro;

desaparecendo no mar, fria, verde.

Deserto pequeno serra fértil, vertical e agitada.

tacto exótico. Mão no meu vazio!

Sara Bastos, 8.º C A partir do poema "No teu rosto", de Eugénio de Andrade

75

Antónimos

Pensei na palavra morte

um pôr-do-sol morreu no mar de preto

Era um pôr-do-sol

com é um pôr-do-sol. Entortou estas raízes,

paralizou as folhas e adubou a terra.

Não mais se mexeu os pés desviados da lua.

Ficou toda a resina debaixo da cadeira.

Antes, fora desaparecendo sem deixar

O começo de uma raiz dentro da pedra.

Sara Bastos, 8.º C A partir do poema "Mistérios da escrita", de Álvaro Magalhães

76

77

2. 2 Nomes trocados

Jogo de escrita que consiste em permutar sistematicamente todos os nomes de um poema, de

preferência conhecido, de tal forma que o primeiro nome passe para último e o último para primeiro, o segundo para

penúltimo e o penúltimo para segundo, e assim sucessivamente. Este e outros jogos de escrita, baseados

em conceitos matemáticos tiveram um grande desenvolvimento com os membros do grupo francês

OULIPO (Ouvroir de Littérature Potentielle), nos anos 60 e 70.

Numa segunda fase da redacção, é necessário proceder a reajustes a fim de manter a coesão gramatical do texto.

O exemplo seguinte é o resultado da aplicação desta

técnica ao início de Os Lusíadas de Luís de Camões.

As artes e os engenhos assinalados

Que da Ocidental parte Lusitana, Por Mortes nunca dantes navegadas

Passaram ainda além da lei, Em obras na Ásia esforçados

Mais do que prometia a África humana E entre terras remotas edificaram

Novo Império, que tanto sublimaram;

E também a Fé gloriosa Daqueles Reis que foram dilatando

As memórias, o Reino, e as gentes viciosas De força e de guerras andaram devastando, E aqueles que por perigos valerosos

Se vão da Taprobana dos mares libertando Cantando espalharei por toda a praia

Se a tanto me ajudarem os barões e as armas.

78

Nomes trocados

Sacode os olhos que te poisam no ar,

Sacode a voz que te leva a poeira. Sacode a solidão mais pesada do que os gestos.

Porque eu cheguei e é tempo de me veres, Mesmo que as pedras te trespassem

De sonhos e tu caias no olhar, Mesmo que as minhas aves queimem os cabelos que tu

respiras E as tuas nuvens nunca mais possam olhar.

Marina Alves, 8.º C A partir do poema "Sacode as nuvens", de Sophia de Mello

Breyner Andresen

79

O Búzio de Cós

Esta alma não a encontrei eu própria numa praia

Mas no mediterrânico cântico azul e preto Comprei-a em Cós num marulho junto aos temporais

Rente ao ressoar baloiçante dos navios. E comigo trouxe os mastros dos cais.

Porém nela não oiço

Nem as vendas de Cós nem as de Egina Mas sim as noites da longa vasta praia Atlântica e sagrada

Onde para sempre o meu búzio foi criado

Miriam Silva, 8.º C A partir do poema "O Búzio de Cós", de Sophia de Mello

Breyner Andresen

80

O livro inacabado

Que o meu sonho completou Não era de lenda ou Primavera

Mas era de quem não sou.

Para além do que dizia Dizia eu que não era ...

A Primavera floria Sem que houvesse fada.

Rei ou sonho que vivi Perdido por a salvar...

Mas quem me arrancou a novela Que eu quis ter sem acabar?

Vanessa Ribeiro, 8.º C A partir do poema "A novela inacabada", de Fernando Pessoa

81

Tomámos a vila depois do intenso bombardeamento

A criança loura

jaz no meio do futuro. Tem a criação de fora

E por uma luz sua O escuro que ignora.

Na estrada só se vê a estrada

de banheira e de nada. Luz um pequeno peixe. − dos que bóiam no sangue −

à beira dos feixes.

Cai sobre as caras o comboio. Longe, ainda uma corda doura

as tripas da rua...

E a da criança loura?

Sara Bastos, 8.º C A partir do poema "Tomámos a vila depois do intenso

bombardeamento", de Fernando Pessoa

82

83

2. 3 Método S + 7

O método S + 7 é uma das invenções do grupo francês

OULIPO (Ouvroir de Littérature Potentielle). Consiste em substituir cada um dos nomes (substantivos) de um poema

pelo sétimo que vem a seguir no dicionário. O resultado depende do dicionário utilizado. Também é possível fazer ―V

+ 7‖ (verbos) ou ―A + 7‖ (adjectivos) ou combiná-los.

Este é um exemplo realizado com este método a partir do início de Os Lusíadas, de Luís de Camões:

As armaduras e os barateiros assíncronos

Que, das oclusas pranchadas lusófonas, Por maracachões nunca dantes necrosados,

Pastejaram ainda além do Tarrafal…

84

O poema é

A libertação. Um poeta não se programa

Porém o discípulo – Silêncio por silêncio –

O acompanha. Silêncio por silêncio

O poeta emerge – Como se as devorações o dessem

O fazemos.

Marina Alves, 8.º C A partir do poema ―Liberdade‖, de Sophia de Mello Breyner

Andresen

85

Escrevi a paleologia da fluorescência.

Um gladiador nasceu no desfalecimento de papiro.

Era um gladiador como é um gladiador.

Endireitou o causídico, sacudiu as petéquias

e perfumou o arado. Voltou a cabecilha

à procura do soldador e deixou cair dois graus de polho sobre a mesologia.

Depois cresceu até ficar com a pontuação de uma petéquia

fora da navalha.

Marisa Magano, 8.º A A partir do poema ―Mistérios da escrita‖, de Álvaro Magalhães

86

Escrevi a paleografia floreira.

Um glaciar nasceu no desfalque de papila.

Era um glaciar como é um glaciar.

Endireitou o causídico, sacudiu as peúgas

e perfumou o arado. Voltou a cabeleira

à procura do soldado e deixou cair dois graus de polidor sobre a mesquita.

Depois cresceu até ficar com a pontaria de uma peúga

fora de náusea.

Bárbara Gonçalves, 8.º B A partir do poema ―Mistérios da escrita‖, de Álvaro Magalhães

87

2. 4 Literatura definicional

Jogo que consiste em substituir, num curto texto,

todas as palavras lexicais ou plenas (substantivo, adjectivo, verbo, alguns advérbios) pela sua definição encontrada

num dicionário.

Como um oásis branco era o meu dia

Nele secretamente eu navegava Unicamente o vento me seguia.

Sophia de Mello Breyner Andresen

…………………………………………………………………………

Como uma vegetação no deserto que tem a cor da neve que desempenhava

a função do meu tempo que decorre entre o nascer e o pôr-do-sol

Nele ocultamente eu viajava por mar

Excepcionalmente a deslocação do ar me perseguia

Joana Nicolau

88

Sacode o espesso aglomerado

de gotas de água, que te poisam nos pêlos compridos,

que normalmente revestem a cabeça.

Sacode os animais vertebrados revestidos de penas,

que te levam o sentido da visão.

Sacode as actividades mentais não dirigidas, que se manifestam durante o sono, mais pesadas do que substâncias duras e compactas.

Porque eu cheguei

e é o meio indefinido e homogéneo, no qual se desenrolam

os acontecimentos sucessivos, de me veres.

Mesmo que os meus movimentos

do corpo te trespassem No estado do que está só

e tu caias em terra reduzida a pó.

Mesmo que a minha produção de sons emitidos queime a mistura de gases

que tu respiras E os teus órgãos da visão

em mais tempo algum possam olhar.

Maria João Paiva, 8.º A A partir do poema ―Sacode as nuvens‖, de Sophia de Mello

Breyner Andresen

89

3. Jogos de escrita

3. 1 Acrósticos

Jogo de escrita que consiste em iniciar cada verso com uma letra de uma palavra escrita verticalmente. O

conteúdo do poema deve relacionar-se com o significado dessa palavra.

Com quatro patinhas, o rabo curtinho, Orelhas compridas, peludo – é verdade-

E sempre a mexer o nariz quando come, Louco por cenouras e alfaces, louquinho,

Há tanto no campo como na cidade. O nome não digo. Qual é o seu nome?

Leonel Neves

Bichos de trazer por casa

90

Castanhas a saltar

Amor sempre no ar S. Martinho uma alegria

Tanto vinho e euforia Assadinhas e quentinhas

Nunca hão-de acabar Há amizade nos corações

Andam as crianças aos encontrões!

Tatiana Ribeiro, 8.º D

91

S. Martinho é uma alegria

Muito amor e harmonia Amizade nos corações

Rumores e muitas canções Todos estamos contentes

Incansáveis e sorridentes Nada se faz sem amor

Há-de ser sempre com humor Os pequenos adoram este dia!

Tatiana Ribeiro, 8.º D

92

São Martinho de grande diversão

Água-pé bebe-se com emoção Salta-se na fogueira

E sem querer diz-se uma asneira Já está na hora das castanhas assadinhas

De estar a descascá-las Para as comermos quentinhas.

Henrique Pereira & José Jesus, 8.º E

93

Muito alto ou muito baixo, tu podes cantar,

Independentemente da idade, podes brilhar. Com este instrumento sei que te vais divertir,

Rir e chorar até mais não. O piano a acompanhar, a tua voz deixa fluir.

Fios e fios não faltarão. Faz a tua própria canção, Ouve com atenção o ritmo do coração.

No palco vais desfrutar, E ao público vais agradar.

Joana Moreira, 8.º A

94

Fogo que arde e queima.

O moliço seco e pontiagudo, quem Guarda as doces castanhas?

União entre os homens Em redor de uma chama

Iluminada pelos corações humanos, perdidos nas Ruas enormes, necessitadas de

Amor e fraternidade, do calor da bondade!

Ivânia Cardoso & Sara Bastos, 8.º C

95

96

Castanhas quentinhas Ao lume a estalar

Saltam na fogueira Trazendo até nós

Alegria e o espírito de festa Ninguém conseguirá resistir

Hoje é dia de Aprovar sem hesitar este

Sabor tão bom das castanhas

Vanessa Ribeiro, 8.º C

97

Castanha é a sua cor apetitosa é a sua imagem

saborosas são tão belas dentro dos ouriços

assadas ou cozidas na natureza elas estão

hoje como eu a próxima comes tu.

Miriam Silva, 8.º C

98

Ficaremos sempre unidos Escutaremos com atenção

Lealdade acima de tudo Iniciaremos um caminho

Com alegria e determinação Igualdade entre todos

Desonestidade é que não Amizade é o que nos une

Despedirmo-nos uns dos outros Está longe do meu coração.

Inês Santos, 8.º A

99

Acróstico

Floresceu na Primavera Lilás de sua natureza

Outrora foi pequena Respira agora sua grandeza.

Marisa Magano, 8.º A

100

Floresce na Primavera Linda como o sol e no

Outono desaparece, mas Resiste na semente.

Inês Costa, 8.º C

101

Amigo verdadeiro é aquele que Melhora nossa vida, que se

Interessa por nós, Zela por nós,

Ajuda quando há problemas, Dá e partilha,

Entrega e dá felicidade.

Miriam Silva, 8.º C

102

Amizade Maravilhosa,

Inesquecível, Zela por nós com

Alegria, Dando-nos imensa

Energia.

Inês Oliveira, 8.º C

103

És tudo o que tem a ver com Simpatia; és romântico e

Poético, Especial, especial!

Carinhoso, Imaginativo e sempre

Alegre. Lindo!... especial!

Marina Alves, 8.º C

104

Palavras dispostas em versos ouvindo pensamentos

escrevendo rimas marcando sentimentos

amizade, amor, cismas...

Vanessa Ribeiro, 8.º C

105

Pura e fresca Regressa em Março

Inspiro-me na Melodia dos pássaros

A cantar Vai-se embora mas

Eu espero que Regresse

Amanhã

Maria Rocha, 8.º C

106

Fevereiro é o mês dos meus anos E é um mês especial!

Viva o Carnaval! É o dia de S. Valentim, também!

Risos e gargalhadas, ouvem-se… E é divertido!

Inverno… faz frio, Roupas quentes vamos usar!

Obrigatório brincar!

Bárbara Gonçalves, 8.º B

107

Acróstico

Gatinha sem parar, com as patinhas sempre a trabalhar, Anda de um lado para o outro, sempre a olhar,

Tenta procurar alimento, para comer ao jantar, O que ele mais gosta de comer é peixe antes de assar.

Ana Mafalda Pais, 8.º A

108

Só como a última folha do Outono que teima em não se

Libertar. Mais uma folha Insignificante perante o agora.

Dada a ultima cartada A amizade é mais rara para

O voo cego da solidão.

Daniela, 8.º C Poema seleccionado para publicação no concurso ―Poemas

Soltos – 2011‖

109

3. 2 Puxa verso

Associámos com esta designação diversas técnicas que têm em comum o facto de recorrerem a palavras ou

números que têm de aparecer em sequência, preferencialmente no início de cada verso, e são tomados

como o seu ponto de partida.

1. O ―Palavra puxa palavra” é um jogo de escrita

colectiva, idêntico ao cadáver esquisito, que consiste em retomar no início de cada verso a

última palavra do anterior, sem se ter conhecimento do restante conteúdo do verso. Cada verso pode ser escrito por uma pessoa diferente,

colectivamente ou em trabalho de pares. No fim, é possível reescrever o texto suprimindo as

repetições.

Escrever a última palavra

Palavra retomada no verso seguinte

2. O ―Número puxa palavra” consiste em jogar com os numerais de forma a cada verso referir um, de

preferência no início e em sequência.

Três horas dorme o Santo, Quatro ou cinco o que não o é tanto,

Seis ou sete ou caminhante, Oito ou nove o estudante,

Dez o porco, Mais só o morto.

Do Património oral

110

3. O ―Letra puxa palavra” consiste em começar cada

verso por cada letra do alfabeto.

Água azul,

Bela, de Coração puro,

Dourado, cristalino, És como uma criança:

Folheias um livro, Giras à volta do mundo,

Hoje, és a nossa única esperança. (...)

Diana Martins

111

Alfabeto

Amanhece e acordamos com o Belo canto dos pássaros

Com o céu azul Desfruto da paisagem

Espantosos são os seus vales e as Fontes que tanto aprecio

Gosto dos pássaros de os ouvir cantar parecem Harpas a tocar

Miriam Silva, 8.º C

112

Letra puxa palavra

Amar e ser amado, Belo e desejado,

Contigo quero estar, Desde agora e sempre.

Enquanto o amor durar, Fugir não fujo,

Gostar sempre gostarei, Haverá coisa melhor?

Impossível, eu sei, Jamais te esquecerei…

Joana Moreira, 8.º A

113

Número puxa palavra

Um estou em jejum Dois como depois

Três é um restaurante francês Quatro gosto de ver teatro

Cinco quero estar como um brinco Seis quero ser um dos reis

Sete vou até ao bufete Oito quero um biscoito

Nove salta e sobe Dez dizia Moisés…

Ana Pais, 8.º A

114

Palavra puxa palavra

Andorinha a voar Voar pelos céus

Céus azuis como o oceano Oceano grande e profundo

Profundo como o amor Amor sincero e puro

Puro e verdadeiro Verdadeiro como o teu olhar

Olhar para te ver Ver-te partir para sempre…

Joana Moreira, 8.º A

115

Palavra Puxa Palavra

Aqui estou sentada a escrever Escrever poemas sem sentido

Sentido que foge das minhas mãos Mãos cansadas de agarrar

Agarrar a caneta Caneta que escreve sem parar

Parar, palavra absurda Absurda para quem quer continuar

Continuar a sonhar Sonhar que um dia Dia virá brilhar

Brilhar como nunca Nunca antes visto

Visto num olhar Olhar firme e respeitador.

Inês Santos, 8.º A

116

A canção do C

Um dia a correr o cavalo, o cão e a cobra

descobrem que entre eles existe algo em comum:

todos os seus nomes iniciam-se com a letra C.

Começam a pensar que o cágado, o coelho e a cabra,

os seus nomes também começam com a letra C.

De repente um corvo vem a crocitar: o meu nome

também começa com a letra C!

Vanessa Ribeiro, 8.º C

117

Letra Puxa Verso

Amores perdidos Beijos sentidos

Conversas a dois Discussões feias

Finais desconhecidos

Gostos relativos Homens zangados

Ideias diferentes Jogos de meninos

Loucos mas felizes Muralhas que prendem

Nossos sentimentos Olhos brilhantes

Presentes de amantes

Queridos meninos Risos pequeninos

Sentimentos sonhados Tentações inúteis

Viagens e viagens…

Beatriz Silva, 8.º C

118

Palavra puxa palavra

Vida para mim é morrer, Morrer é a escuridão no fundo dos oceanos,

Oceanos é a pureza do azul, Azul é o céu dos meus sonhos,

Sonhos é o significado que procuro entender, Entender a vida não é fácil de fazer,

Fazer pode ser um início ou um fim, Fim é a tristeza de acabar,

Acabar é um desgosto profundo e infiel, Infiel é o diabo que nos corta a pele, Pele, quando fica fria acaba a harmonia,

Harmonia é a luz da tua melodia, Melodia é o som que ouço nos teus olhos,

Olhos são a pureza deslumbrante, Deslumbrante é o teu sorriso corajoso,

Corajoso é o meu coração, Coração é um órgão que bate sem se ver

Ver é viver…

Ana Mafalda Pais, 8.º A

119

Puxa verso

Onde está aquele momento De magia, que não podia acabar?

Como um dia perdido?

Precisamos das folhas do Outono E da neve a derreter com

Os primeiros botões de esperança, Como o pássaro que faz o seu voo.

De leveza e liberdade, Que teimam em nos tirar,

Já não sabem o que é a magia, Aquela tão terna que nos faz sorrir

Nos dias mais chuvosos e tristes. É essa magia perdida que nos faz sorrir.

Sara Bastos, 8.º C

120

121

3. 3 Cadáver esquisito

Esta técnica, inventada pelos Surrealistas, consiste

em escrever um poema, colectivamente e à vez, cada um continuando o texto deixado pelo redactor que o precedeu,

mas sem ter conhecimento do conteúdo redigido anteriormente. A última palavra de cada verso pode ser, por

exemplo, o único ponto de partida para a continuação do poema.

O efeito produzido é frequentemente estranho (―esquisito‖), repleto de associações inesperadas, divertidas

e por vezes belas.

Existem diversas variantes desta técnica, incluindo no domínio das artes gráficas. Uma delas consiste no seguinte:

1. Uma pessoa escreve diversas perguntas com esta estrutura:

O que é + nome + adjectivo / complemento?

2. Outra pessoa escreve outras tantas frases, sem

conhecer as perguntas, com a estrutura:

É + determinante + nome + adjectivo / complemento.

3. Associam-se as perguntas e as respostas à sorte.

4. Seleccionam-se as melhores associações, que levaram à criação de metáforas. No fim, também se pode

reorganizar as associações criadas atendendo à sua coerência, mas perde-se o carácter ―esquisito‖ do texto e o

seu efeito surpreendente.

122

O que é um poema alegre? É uma noite sonhadora.

O que é uma chama sorridente?

É um sonho ardente.

O que é o deserto? É a porta de entrada para a vida.

O que é a vida?

É o tripulante de uma embarcação. O que é a esperança?

É a visita de um anjo.

Tiago Silva, 8.º C

123

Cadáver esquisito

O que é a vida sem amigos?

É um cesto cheio de nozes.

O que é uma lareira acesa? É uma piada.

O que é uma garagem?

É um fato sem manga.

O que é um gato de noite? É um encanto.

O que é uma cadeira partida? É uma flor perfumada.

O que é um dia sem sol?

É uma borboleta sem asas.

O que é um micro-ondas com asas? É uma garrafa de champanhe.

O que é uma vela acesa?

É uma cozinha desarrumada.

O que é um urso trapezista? É um braço partido.

O que é um vizinho?

É uma janela aberta.

O que é uma planta? É uma mesa sem pernas.

O que é uma caneta sem tinta? É um raio de sol.

Bárbara Gonçalves, 8.º B

124

Cadáver esquisito

O que é uma lágrima perdida? É a nascente pura que se derrama.

O que é a liberdade secreta?

É um cravo que um dia irá florescer.

O que é o sonho? É um código impossível de decifrar.

O que é o medo? É a onda escura que cobre todo o mar.

O que é o desespero?

É algo que não consigo explicar.

O que é a ternura? É algo que ninguém pode imaginar.

O que é o paraíso?

São nuvens de algodão de corpo e alma.

O que é uma onda? É o correr e recorrer de horas de gotas de água.

Maria João Paiva, 8.º A

125

Cadáver Esquisito

O que é um turista? É uma montanha do tamanho de uma célula.

O que é uma desilusão?

É um papagaio silencioso.

O que é um presente? É uma viagem com um emplastro.

O que é uma escola? É um comboio acelerado de loucura.

O que é a felicidade?

É uma rua de amargura.

O que é uma notícia? É o mundo fora do normal.

O que é a esperança?

É uma sociedade injusta.

O que é uma semente? É uma tesoura nua de emoção.

O que é o respeito?

É a hora constante do sofrimento.

O que é uma pessoa? É uma borracha que se desfaz de tanto trabalhar.

Marisa Magano, 8.º A

126

Cadáver esquisito

O que é um quadro branco? É uma andorinha a voar.

O que é um instrumento?

É um sapato a chorar.

O que é um bloco de gelo? É um micróbio chateado.

O que é uma anedota? É um homem a lavar pratos.

O que é uma cama partida?

É um pijama roído.

O que é o impossível? É um piolho estrangulado.

O que é uma porta aberta?

É um cão saltitante.

O que é um piano? É um ―skate‖ sem rodas.

Joana Moreira, 8.º A

127

Cadáver Esquisito

P:O que é a pura tristeza? R: É uma folha seca a cair de uma árvore.

P:O que é uma cama?

R:É um carro descapotável.

P: O que é uma pulseira? R: É uma flauta tocada por um grande músico.

P: O que é uma estrela? R: É um casaco queimado.

P: O que é um planeta?

R: É um idoso a passear.

P: O que é um estojo? R: É uma flor triste.

P:O que é um leão?

R: É um relógio a dar horas.

P:O que é o cinema? R:É uma unha pintada de amarelo.

P: O que é um candeeiro?

R: É a Lua a brilhar de dia.

P:O que é um mapa? R: É uma caixa de chocolates.

P:O que é um guarda-chuva? R:É o abecedário escrito ao contrário.

Ana Mafalda Pais, 8.º A

128

129

4. Poemas e artes gráficas

4. 1 Um quadro – um poema

Esta forma de produzir poemas consiste em observar um quadro e redigir versos a partir dessa observação. O

procedimento para produzir um texto destes consiste em registar em primeiro lugar os nomes dos elementos

observados, e os adjectivos que os qualificam. Depois, registam-se as cores, as formas, as impressões

suscitadas... Em alguns casos, a interpretação da situação pintada enriquece o texto.

Poema ―Sobre um desenho de Graça Morais‖, de Sophia de Mello Breyner Andresen:

Sobre um desenho de Graça Morais

Nítido e leve ramo de oliveira: Rigeza firma do tronco As pálidas folhas como ponta de lança

E o pequeno fruto negro Compacto e brilhante

Sophia de Mello Breyner Andresen

Coral

130

"A catedral de Halle"

Lyonel Feininger

131

A catedral de Halle

Pessoas humildes caminham em fé.

Observai os peregrinos

bons, pacíficos e secretos, que rezam ao céu,

Idosos e jovens.

Alguns apreciam a mais bela arquitectura daquela catedral,

a sua arte, as suas torres.

À entrada os católicos

começam a rezar: na missa, o padre acolhe os pecadores,

a confissão dos pecados, com sofrimento e o medo do castigo.

Na alma do crente

para além do pecador, existe a magia da arte

a calma nos corações impiedosos.

Sara Bastos, 8.º C

132

“Maternidade”

Almada Negreiros

133

Maternidade

Amor de mãe Criança e sua mãe

Criança ao colo Amor

Abraço terno Junto de ti

Carinho de mãe Olhar de ternura

Mãe e filho Cuidado e afecto Dimensão do amor

Bárbara Gonçalves, 8.º B

134

“Mulher com uma flor”

Pablo Picasso

135

Mulher com uma flor

Por tudo e por nada. Tem uma planta de estimação

E trata dela como um cão. Brinca e faz tudo com ela

E muito se divertem

E quando chega o final do dia, Estão as duas estafadas,

Deitam-se a dormir Com a cabeça nas almofadas.

Bárbara Gonçalves, 8.º B

136

Pintura de Henrique Cayatte

137

No mais fundo da escuridão, Caem lágrimas,

Que descontentam o meu coração.

O silêncio penetra a minha alma, O Céu escuro destrói a minha alegria,

E forma uma enorme solidão fria Que adormece no meu corpo com toda a calma.

Chuva escassa, vento forte,

São um grande suporte, Da tristeza inacabável, E do sofrimento inseparável.

Ana Mafalda Pais, 8.º A

138

Recriação de um quadro de Monet

139

A Infância

Vestido branco Inocência da minha infância

Esvoaça em paz e ternura Levando consigo o aroma doce

Das flores perfumadas Que bebem do rio

Tentando não derramar A tristeza

No início do Outono. O rio, como um espelho,

Reflecte a suave luz que persiste Num dia de Setembro

Prestes a findar.

Resta a ponte inabalável Entre a beleza da infância

E o cinzento da minha idade. Ponte que atravessamos sempre

Nos meus sonhos para regressar Aos momentos eternos e felizes

Que vivi enquanto criança.

Inês Santos, 8.º A

140

“Station”

Gerhard Richter,

141

Arco-íris místico De cores poderosas,

Escondendo personalidades Deveras maravilhosas!

Linhas, traços e curvas

Com texturas únicas Salpicos pensados

Gotas de tinta cansadas… Abstracto real!

De várias telas pintadas…

Maria João Paiva, 8.º A

142

143

4. 2 Caligrama

Exemplo de poesia visual, o caligrama consiste em

dispor o texto de acordo com a forma daquilo de que se está a falar. Apesar de já existir há muitos séculos, foi

sobretudo desenvolvido a partir do início do século XX, tendo sido o poeta francês Guillaume Apollinaire quem deu

o nome a este processo de escrita.

Autor desconhecido

144

Bárbara Gonçalves, 8.º B

145

O Amor

Inês Santos, 8.º A

146

Marisa Magano, 8.º A

147

Marisa Magano, 8.º A

148

149

5. Texto livre

Fui passear

pela floresta e fiquei espantada

com o que há para explorar.

Depois parei para descansar E comer uma maçã

e fiquei a pensar no que há para mudar.

Pensei que as pessoas deviam perceber

que a Natureza é importante para podermos viver.

E se poluirmos

vamos morrer e isso é muito mau,

se estão a perceber?

Então vamos reciclar e não deitar lixo para a chão,

para tentar melhorar esta situação!

Inês Costa, 8.º C

150

Natureza pura e bela. Destruir? Não!! Por favor,

Precisamos dela. Flores, animais

Deles temos que cuidar Não destruir mais

Que será de nós Se tudo acabar?

Haverá algo mais bonito

Que ver animais a correr, Livres pelos campos?!... Não os vamos deixar morrer!

Respirar pelos espaços verdejantes,

Sim, é possível. Luta contra a destruição,

Diz não à poluição!

Joana Moreira, 8.º A

151

Amigo

Amigo é uma felicidade vivida, Amigo é um momento aproveitado,

Amigo é uma história que dura anos Amigo não trai, não magoa, não troca,

Amigo não se encontra num dia Amigo apoia e não condena!

Amigo faz sorrir e não chorar. Cada lágrima derramada por ele

É verdadeira e dolorosa! Cai de nossos olhos, percorre nosso rosto Toca-nos no coração e magoa como um golpe!

Débora Pinto, 8.º D

152

Amigo

Amigo é o amor profundo Inseparável do mundo.

Amigo não tem dia, não tem hora.

Amigo é sempre, agora.

Amigo faz-me feliz Como uma grande actriz.

Amigo, por vezes, faz-me sofrer Quando não pensa no que está a fazer.

Amigo é sinónimo de alegria

Que me faz tanta companhia.

Amigo é vida, Amorosa e perseguida.

Amigo é paixão que se vê nos olhos,

Em tempos de ilusão.

Amigo é o sorriso preciso Que nasce e morre,

Sendo um grande aviso, De amor e paixão,

Que existe no meu coração.

Amigo é um grande abrigo, Que anda arrastado comigo, Como sempre digo…

Ana Mafalda Pais, 8.º A

153

Amigo

Amigo é uma companhia Amigo é alguém que está por perto

Amigo é um sonho real Amigo é a verdade dentro de nós

Amigo é a calma num dia turbulento Amigo é o conforto numa tarde de chuva

Amigo é como um doce Amigo é o amor sincero e inocente

Amigo é um livro aberto de histórias intermináveis Amigo é um jardim colorido Amigo é o conselho útil

Amigo é alguém que nunca nos deixa Amigo é o pilar de uma vida

Amigo é a beleza de uma tarde triste Amigo é conversar connosco

Amigo é a vastidão de alegria Amigo é uma infinidade de gargalhadas

Amigo é uma tela pintada de bons momentos Amigo é um jogo empatado

Amigo é um calendário de dias bem passados Amigo é a compreensão

Amigo é a Paz na calamidade Amigo é tudo!

Inês Santos, 8.º A

154

Poema da Amizade

Amizade é sentir o carinho, é ouvir o nome chamado.

É saber o momento de ficar calado.

Amizade é somar

alegrias, dividir tristezas. Amizade é respeitar o espaço,

e silenciar o segredo. Amizade é a certeza

da mão estendida. A cumplicidade

que não se explica, Apenas se vive!

Rute Santos, 8.º D

155

Amigo

Amigo é um companheiro inseparável. Amigo é inesquecível.

Amigo é o paraíso encontrado. Amigo é divertimento sem fim.

Amigo é ajuda. Amigo é riso e gargalhada.

Amigo é aquele em quem confiamos. Amigo é importante.

Amigo é um presente. Amigo é um cofre bem guardado. Amigo é uma ponte entre dois mundos:

o real e o imaginário.

Bárbara Gonçalves, 8.º B

156

Amigo

Amigo é alguém especial Amigo é o contrário de solidão

Amigo é o sorriso marcado no rosto Amigo é o poço de alegria

Amigo é a verdade construída Amigo é um ouvinte do mudo

Amigo não é inimigo Amigo é uma pessoa omnipresente

Amigo é a luz ao fundo do túnel É a estrela que te guia Amigo é o açúcar do teu dia-a-dia

Mas a diferença é que nunca te faz mal Amigo é uma grande riqueza

Porque me vê por dentro Amigo apoia-te calado e verdadeiro

Marisa Magano, 8.º A

157

Amigo

Amigo é o acordar de manhã É aquele que nunca diz adeus

Aquele que me compreende E resolve problemas meus.

Amigo é o contrário de solidão

É uma alma perdida Encontrada no meu coração

E jamais esquecida. Amigo é inseparável,

Querido e adorável.

Luísa Magalhães, 8.º B

158

Amigo

Amigo é aquele a quem confiamos As nossas palavras,

Os nossos sonhos.

Amigo é um porto de abrigo Que nos acolhe a alma

E nos leva à razão.

Amigo é aquele que nos conforta, Que nos afoga as lágrimas, Aquele que sorri connosco.

Amigo é para todo o sempre,

Um ser ligado pelo sentimento…

Joana Moreira, 8.º A

159

Amigo

Amigo… O que define a palavra amigo?

Será a verdade, a pureza Ou o infinito?

Amigo…

Flor do acaso que floresce no Inverno, Palavra que treme nas redes da poesia…

Amigo… Tu e eu…

Tu, eu e nós!

Amigo… É um sorriso, Raio milagroso

Deslumbrante arco-íris. Amigo…

Não é um dia chuvoso.

Amigo… Letra a letra revelando

Sentimentos, pensamentos. Amigo…

É o arder Entre o real e o sonho!

Amigo…

Não é a memória, É o presente pensamento

Que nos acompanha Dia-a-dia…

Desde que te conheci, Descobri, inaugurei e digo…

A palavra Amigo!

Maria João Paiva, 8.º A

160

Amigo

Ser amigo é Ter um espaço

Aberto no coração!

Ser amigo é Acordar a Primavera

E adormecer o Inverno.

Um amigo é A ajuda ao amanhecer, Ao acordar.

É por vezes sofrer, Chorar e desesperar.

Para um amigo invento

Palavras bonitas: Responsável, simpático…

E sobretudo a palavra mágica: Amizade !

Beatriz Silva, 8.º C

161

Amor, tu és o meu sol e a minha lua, As estrelas do meu luar.

Quero dar asas ao meu espírito e sonhar,

Quero estar contigo e contar contigo na noite Para te poder encontrar.

Só tu és a minha deusa, a minha paixão,

Encontrada no mar, no brilho dos meus olhos.

José Daniel Monteiro, 8.º C

162

Um dia cresci, um dia vivi, um dia sorri, um dia aprendi.

Pessoas e pessoas que me fizeram crescer,

Devo-lhes tudo o que consegui aprender.

Por eles já chorei, já sorri, já aprendi a sentir-me segura como nunca me senti.

Ivânia Cardoso, 8.º C

163

É nos dias de Primavera em que sopra uma brisa

e se ouve os pássaros a cantar que eu encontro a minha inspiração.

Nesses dias eu compreendo

que a vida faz sentido e que vale a pena viver.

Maria José Rocha, 8.º C

164

O Amor é o sentimento perfeito, Mas em certos casos imperfeito.

É um sentimento derramado

chorado e desesperado.

Mas quando nos desentendemos, eu choro, meu coração

esconde-se na escuridão.

Penso como tu és… Cada hora passada sem ti

é tempo perdido.

Enquanto não atravessarmos a dor da nossa solidão,

continuaremos separados sem

a nossa metade do horizonte.

Marina Alves, 8.º C

165

Amor enraivecido

Meu coração Parece que pára de bater

Sempre que sei que te vou ver.

Maldito dia! Meu desânimo é grande,

Finges não me ver!

Meu coração, Agora enraivecido de amor, Faz a mágoa sucumbir.

O amor desapareceu,

O ódio completa-me… Tristeza que me persegue.

Sofro cada segundo,

Cada minuto é uma hora. O sarcasmo invade meu corpo,

Minha alma não sobrevive.

Traída, ignorada, maltratada, Uma explosão de sentimentos

Que me enlouquecem… Desespero total!

Ignorância a tua,

Que não sabes quem perdes: Mulher corajosa e determinada. Agora já não existe:

Morreu com o nosso amor.

Marisa Magano, 8.º A

166

Na beleza da paisagem, as andorinhas vão e vêm.

Nos sopros calmos das brisas Ouvem-se seus cantos.

Escuto-os atentamente e aprecio.

Mas que pena ser tudo apenas um sonho e não pura realidade!

Miriam Silva, 8.º C

167

Texto livre

Uma flor vermelha Oh, que linda que é!

Ali na janela Do Ti Zé.

Tão mágica e deslumbrante

Uma flor de encantar, É tão bela

Que nunca vai murchar. Olharei para ela todos os dias

Até me cruzar com as portas do céu.

Luísa Magalhães, 8.º B

168

O Sonho

O sonho é uma força Imaginária ou real

É sempre constante Numa realidade distante

A que todos queremos chegar. É um refúgio

Que, no fundo, alegra, Consola, aconselha e desespera

Quem quer alcançar Um mundo maravilhoso

Que confunde e nos transporta Ao que queremos ser.

É o concreto Daquilo que somos, Onde nos conhecemos ,

Onde sorrimos, Onde afugentamos

O mais profundo desespero Da vida real .

O que queremos

É sonhar O sonho que queremos

Na vida real alcançar: Fadas ,Madrinhas e Princesas

Num mundo do além … Bichinhos, florestas e clareiras,

Castelos encantados e sereias: É o que nós vemos e vivemos

No mundo do sonho, Sonho esse maravilhoso,

Fantástico e delicioso Como um doce de mel , Uma lua cheia,

Cheia de encanto e magia , De estrelas cadentes e romances,

Amores proibidos e feitiços…

Inês Santos, 8.º A

169

Onde está aquele momento De magia, que não podia acabar,

Como um dia perdido?

Precisamos das folhas do Outono E da neve a derreter

Com os primeiros botões de esperança, Como o pássaro que faz o seu primeiro voo

De leveza e liberdade Que teimam em nos tirar.

Já não sabem que é aquela magia, Tão terna que nos faz sorrir.

Nos dias mais chuvosos e tristes.

É essa magia perdida que nos faz sorrir.

Sara Bastos, 8.º C

170

Canto do pássaro

Que voz é esta? Não sei de onde vem!

Consegue afetar-me, Mas pode ainda tornar-se

Indiferente e monótona, Esta voz do pecado,

Que saciou, mas pediu mais.

O toque é a sua fonte, Que não conseguia evitar.

O teu olhar era uma corda A puxar-me para ti.

Teus lábios eram um vício Difícil de negar.

Renuncio à voz.

Sara Bastos, 8.º C

171

Paixão

Os teus brilhantes e lindos olhos, fazem-me lembrar duas estrelas a cintilar.

Tu próprio és o céu num dia de arco-íris! Quanto mais perto estás de mim,

mais longe estás de alcançar!

Tu és a lua sedutora e eu o cometa envergonhado e estamos perdidos de amor!

Estamos tão perto e tão longe, que parecemos céu e mar!

Este amor é um fruto proibido que gostava de provar, mas será sempre o meu sonho inatingível…

Diana Nogueira, 8.ºE

172

O ódio é como o vento frio e persistente.

A raiva é como um Homem cobarde e gelado.

A solidão é como o chão sujo e silencioso.

A verdade é como uma crítica

forte e sofredora. A escuridão é como um vazio

sufocante e assombrado. O sonho é como uma criança

linda e luminosa. O adeus é como uma mentira,

maldito e espinhoso.

Um homem é como um ciúme radiante e amável.

O Coração partido é como uma verdade dolorosa e arrasadora.

A rosa é como um coração

cheio de esperança e paixão. É uma mulher misteriosa,

sensível e encantadora.

Diana Nogueira, 8.º E Este poema foi selecionado no concurso ―Poemas Soltos -

2011‖, na categoria ―A publicar‖.

173

Perante a solidão que prospera, No infinito dos teus olhos,

Um algo que não é nada, Um nada que parece tudo.

Tuas palavras animavam-me,

Mas agora finaram. Tudo ficou pálido como cal,

Como se as suas cores Soubessem que acabou.

Desejei voltar a ter, Desejei voltar.

Nada aconteceu, Nada acontecerá.

Sara Bastos, 8.º C

174

No mar passa

No mar passam…

De onda em onda Memórias e sentimentos,

Presentes e passados, Dias e meses, pensamentos inacabados!

No mar passam…

Horizontes, Crianças, adultos e idosos,

Alegrias e tristezas… Sorrisos e rostos chorosos.

No mar passa… O que já passou!

O Sol e a Lua, O Dia e a Noite,

Aquilo que sou!

No mar passa… O que tem que passar,

Por isso lembra-te! Da próxima vez…

Que ele está a olhar!

No mar passa… Atrás de cada onda…

Uma alma perdida, sincera, discreta… Uma memória ultra-secreta!

No mar passa… Todo o mundo…

O mar é o início e o fim, O lugar do tesouro!

Tudo isto está destinado a ser assim…

Maria João Paiva, 8.º A

175

Fantasias

Tens que ver As mil cores que cobrem o vento!

Tens que ouvir As melodias da água!

Tens que subir Ao cume mais alto da montanha

E… os mil sentimentos únicos sentir… De tudo o que irá surgir…

Todo o ser tem alma, Respira…

Recolhe magias, Nada é rejeitado,

No Mundo das Fantasias!

Viajar… Sentir brisas, sentir ventos…

Ouvir cantos, melodias… Apreciar mil cores.

Faz cantar o hino dos sonhos! Faz chover estrelas…

Das mais altas, intocáveis, Pois assim

Será o Mundo até ao Fim!!!

Maria João Paiva, 8.º A

176