pnturas e poesias new

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POEMAS e PINTURAS na Arte telas de Tarsila do Amaral

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PINTURAS E POESIAS NEW

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Page 1: PNTURAS E POESIAS NEW

POEMAS

e

PINTURAS

na Arte telas de Tarsila do Amaral

Page 2: PNTURAS E POESIAS NEW

“Tempos modernos”o velho e o novo se misturam... Favorantes de repassar

textospoemas e frases

tomar como hábito a PESQUISA

Em bibliotecas reais, livros

e visitas em s(a)ites oficiais

para a distinção de enxertos e textos

originais que vem circulando

na mídia.

Dica da Comunidade:Afinal, quem é o autor? (orkut)

Page 3: PNTURAS E POESIAS NEW

Vinícius de Moraes

Vicente de Carvalho

Fernando Pessoa

Olavo Bilac

Carlos Drummond de Andrade

Raul de Leoni

Cecília Meireles

J.G. de Araujo Jorge

Clarice Lispector

Chico Buarque de Holanda

Francisco Otaviano

Mario Quintana

Manuel Bandeira

Guilherme de Almeida

Mário de Andrade

Castro Alves

e

poema apócrifo de Cora Coralina

Page 4: PNTURAS E POESIAS NEW

De tudo, ao meu amor serei atentoAntes, e com tal zelo, e sempre, e tantoQue mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momentoE em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu prantoAo seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procureQuem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa dizer do amor (que tive):Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure!

De tudo, ao meu amor serei atentoAntes, e com tal zelo, e sempre, e tantoQue mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momentoE em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu prantoAo seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procureQuem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa dizer do amor (que tive):Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure!

SONETO DA FIDELIDADE Vinícius de Moraes

SONETO DA FIDELIDADE Vinícius de Moraes

Page 5: PNTURAS E POESIAS NEW

VELHO TEMA

Vicente de Carvalho

Só a leve esperança, em toda a vida, Disfarça a pena de viver, mais nada; Nem é mais a existência, resumida, Que uma grande esperança malograda

O eterno sonho da alma desterrada, Sonho que a traz ansiosa e embevecida, É uma hora feliz, sempre adiada E que não chega nunca em toda a vida.

Essa felicidade que supomos, Árvore milagrosa que sonhamos Toda arreada de dourados pomos,

Existe, sim mas nós não a alcançamos Porque está sempre apenas onde a pomos E nunca a pomos onde nós estamos.

Page 6: PNTURAS E POESIAS NEW

Não sei quantas almas tenho Fernando Pessoa

Não sei quantas almas tenho.

Cada momento mudei.

Continuamente me estranho.

Nunca me vi nem achei.

De tanto ser, só tenho alma.

Quem tem alma não tem calma.

Quem vê é só o que vê,

Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,

Torno-me eles e não eu.

Cada meu sonho ou desejo

É do que nasce e não meu.

Sou minha própria paisagem,

Assisto à minha passagem,

Diverso, móbil e só,

Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo

Como páginas, meu ser.

O que segue não prevendo,

O que passou a esquecer.

Noto à margem do que li

O que julguei que senti.

Releio e digo: “Fui eu?”

Deus sabe, porque o escreveu.

Page 7: PNTURAS E POESIAS NEW

O amor, quando se revela... Fernando Pessoa

O amor, quando se revela,

Não se sabe revelar.

Sabe bem olhar p'ra ela,

Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente

Não sabe o que há de dizer.

Fala: parece que mente

Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,

Se pudesse ouvir o olhar,

E se um olhar lhe bastasse

Pra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;

Quem quer dizer quanto sente

Fica sem alma nem fala,

Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe

O que não lhe ouso contar,

Já não terei que falar-lhe

Porque lhe estou a falar...

Page 8: PNTURAS E POESIAS NEW

VELHAS ÁRVORES

Olavo Bilac

Olha estas velhas árvores, mais belas

Do que as árvores novas, mais amigas:

Tanto mais belas quanto mais antigas,

Vencedoras da idade e das procelas...

O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas

Vivem, livres de fomes e fadigas;

E em seus galhos abrigam-se as cantigas

E os amores das aves tagarelas.

Não choremos, amigo, a mocidade!

Envelheçamos rindo! Envelheçamos

Como as árvores fortes envelhecem;

Na glória da alegria e da bondade,

Agasalhando os pássaros nos ramos,

Dando sombra e consolo aos que padecem!

Page 9: PNTURAS E POESIAS NEW

QUADRILHACarlos Drummond de Andrade

João amava Teresa que amava Raimundo

que amava Maria que amava Joaquim

que amava Lilique não amava ninguém.

João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento,

Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,

Joaquim suicidou-se e Lili casou com J.

Pinto Fernandesque não tinha entrado na

história.

Page 10: PNTURAS E POESIAS NEW

UNIDADE Raul de Leoni

Deitando os olhos sobre a perspectiva

Das cousas, surpreendo em cada qual

Uma simples imagem fugitivaDa infinita harmonia universal

Uma revelação vaga e parcialDe tudo existe em cada coisa

viva:Na corrente do Bem ou na do Mal

Tudo tem uma vida evocativa.

Nada é inútil; dos homens aos insetos

Vão-se estendendo todos os aspectos

Que a idéia da existência pode ter;

E o que deslumbra o olhar é perceber

Em todos esses seres incompletosA completa noção de um mesmo

ser...

Page 11: PNTURAS E POESIAS NEW

Eu não tinha este rosto de hoje,

assim calmo, assim triste, assim magro,

nem estes olhos tão vazios,

nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,

tão paradas e frias e mortas;

eu não tinha este coração que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,

tão simples, tão certa, tão fácil:

- Em que espelho ficou perdida

a minha face?

RETRATO

Cecília Meireles

Page 12: PNTURAS E POESIAS NEW

E então ficamos os dois em silêncio, tão quietos

como dois pássaros na sombra, recolhidos

ao mesmo ninho,

como dois caminhos na noite, dois caminhos

que se juntam

num mesmo caminho...

Já não ouso... já não coras...

E o silêncio é tão nosso, e a quietude tamanha

que qualquer palavra bateria estranha

como um viajante, altas horas...

Nada há mais a dizer, depois que as próprias mãos

silenciaram seus carinhos...

Estamos um no outro

como se estivéssemos sozinhos...

E O RESTO É SILÊNCIO... J.G. de Araujo Jorge

Page 13: PNTURAS E POESIAS NEW

Precisão

O que me tranqüiliza é que tudo o que existe, existe com uma

precisão absoluta. O que for do tamanho de uma cabeça de

alfinete não transborda nem uma fração de milímetro além do tamanho de uma cabeça de

alfinete. Tudo o que existe é de uma grande exatidão. Pena é que a maior parte do que existe com

essa exatidão nos é tecnicamente invisível. O bom é que a verdade

chega a nós como um sentido secreto das coisas. Nós

terminamos adivinhando, confusos, a perfeição.

CLARICE LISPECTOR

Page 14: PNTURAS E POESIAS NEW

Gente Humilde - Chico Buarque

Tem certos dias em que eu penso em minha gente

E sinto assim todo o meu peito se apertar

Porque parece que acontece de repente

Como um desejo de eu viver sem me notar

Igual a como quando eu passo num subúrbio

Eu muito bem vindo de trem de algum lugar

E aí me dá como uma inveja dessa gente

Que vai em frente sem nem ter com quem contar

São casas simples com cadeiras na calçada

E na fachada escrito em cima que é um lar

Pela varanda flores tristes e baldias

Como a alegria que não tem onde encostar

E aí me dá uma tristeza no meu peito

Feito um despeito de eu não ter como lutar

E eu que não creio, peço a Deus por minha gente

É gente humilde, que vontade de chorar

Page 15: PNTURAS E POESIAS NEW

ILUSÕES DA VIDA

Francisco Otaviano

Quem passou pela vida em branca nuvem E em plácido repouso adormeceu; Quem não sentiu o frio da desgraça, Quem passou pela vida e não sofreu: Foi espectro de homem, não foi homem, Só passou pela vida, não viveu.

Page 16: PNTURAS E POESIAS NEW

Amigos, não consultem os relógiosquando um dia eu me for de vossas vidas

em seus fúteis problemas tão perdidasque até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:

não o conhece a vida - a verdadeira -em que basta um momento de poesia

para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eternasomente por si mesma é dividida:

não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantadosquando alguém - ao voltar a si da vida -

acaso lhes indaga que horas são...

AH! OS RELÓGIOS Mario Quintana

Page 17: PNTURAS E POESIAS NEW

O que eu adoro em tiNão é tua belezaA beleza é em nós que existeA beleza é um conceitoE a beleza é tristeNão é triste em siMas pelo que há nelaDe fragilidade e incertezaO que eu adoro em tiNão é a tua inteligênciaMas é o espírito sutil Tão ágil e tão luminosoAve solta no céu matinal da montanhaNem é tua ciênciaDo coração dos homens e das coisasO que eu adoro em tiNão é a tua graça musicalSucessiva e renovada a cada momentoGraça aérea como teu próprio momentoGraça que perturba e que satisfaz

O que eu adoro em tiNão é a mãe que já perdi

E nem meu paiO que eu adoro em tua natureza Não é o profundo instinto matinal

Em teu flanco aberto como uma feridaNem a tua pureza. Nem a tua impureza

O que adoro em ti lastima-me e consola-me

O que eu adoro em ti é A VIDA !!!

MADRIGAL MELANCÓLICA

Manuel Bandeira

Page 18: PNTURAS E POESIAS NEW

FELICIDADE Guilherme de Almeida

Ela veio bater à minha porta e falou-me a sorrir, subindo a escada: “Bom dia, árvore velha e desfolhada” e eu respondi: “Bom dia, folha morta”

Entrou: e nunca mais me disse nada... Até que um dia (quando pouco importa!) houve canções na ramaria torta e houve bandos de noivos pela estrada...

Então chamou-me e disse:“Vou-me embora! Sou a felicidade! Vive agora da lembrança do muito que te fiz”

E foi assim que em plena primavera, só quando ela partiu contou quem era... E nunca mais eu me senti feliz!

Page 19: PNTURAS E POESIAS NEW

Abancado à escrivaninha em São PauloNa minha casa da rua Lopes ChavesDe supetão senti um friúme por dentro.Fiquei trêmulo, muito comovidoCom o livro palerma olhando pra mim.

Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus! muito longe de mimNa escuridão ativa da noite que caiuUm homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos,Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,Faz pouco se deitou, está dormindo.

Esse homem é brasileiro que nem eu.

Descobrimento Mário de Andrade

Page 20: PNTURAS E POESIAS NEW

ÚLTIMO FANTASMA Castro Alves

Quem és tu, quem és tu, vulto gracioso, Que te elevas da noite na orvalhada? Tens a face na sombra mergulhada... Sobre as névoas te libras vaporoso...

Baixas do céu num vôo harmonioso!... Quem és tu, bela e branca desposada? Da laranjeira em flor a flor nevada Cerca-te a fonte, ó ser misterioso!...

Onde vimos nós?... És doutra esfera? És o ser que eu busquei do sul ao norte... Por quem meu peito em sonhos desespera?...

Quem és tu? Quem és tu? - És minha sorte! És talvez o ideal que est´alma espera! És a glória talvez! Talvez a morte!...

Page 21: PNTURAS E POESIAS NEW

Não sei...

se a vida é curta ou longa demais pra nós,

Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,

se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:

Colo que acolhe,

Braço que envolve,

Palavra que conforta,

Silêncio que respeita,

Alegria que contagia,

Lágrima que corre,

Olhar que acaricia,

Desejo que sacia,

Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,

é o que dá sentido à vida.

É o que faz com que ela não seja nem curta,

nem longa demais, mas que seja intensa,

verdadeira, pura...Enquanto durar.

NÃO SEI... Autoria Desconhecida

Não Sei -

Não consta no acervo de Cora Coralina