plantio direto, sim, mas com cuidadoainfo.cnptia.embrapa.br › digital › bitstream › item ›...

4
Soja plantio Plantio direto Ø a forma de manejo de solo indicada para o cultivo da soja; sua implementaçªo, entretanto, deve ser bem monitorada Direto, sim, mas com cuidado N o Brasil, o manejo do solo foi adaptado de outros países. A maioria deles, com clima temperado, possuía tradiçªo no cultivo da soja com manejo baseado no revolvimento do solo com arado. Em razªo do clima isso nªo causava danos sØrios de degrada- çªo ao solo. Esse principio foi introdu- zido, com algumas adaptaçıes, no Bra- sil. Mais tarde, devido às vantagens de economia de tempo, a grade pesada foi incorporada ao processo, fazendo com que os dois implementos, por muitos anos, fossem os mais utilizados no pre- paro do solo. PorØm, o clima quente do Brasil associado ao uso incorreto desses implementos e ao excessivo nœ- mero de passagens posteriores da gra- de niveladora, causaram uma sØrie de problemas, que resultaram no decrØs- cimo gradativo de produtividade da soja e outras culturas. Com o agravamento desses proble- mas e com o surgimento de novas in- formaçıes geradas pela pesquisa, os es- carificadores e os subsoladores passa- ram a ser utilizados no preparo primÆ- rio do solo em substituiçªo ou em al- ternância com os arados e com as gra sadas. Essa tØcnica, denominada de cultivo ou preparo mínimo, trouxe van- tagens para a conservaçªo do solo, por- que esses implementos, alØm de serem os mais efetivos para descompactar e melhorar a infiltraçªo de Ægua no solo, preservam grande parte dos resíduos culturais sobre o solo, possibilitando melhor controle da erosªo. Esses avanços foram importantes, pois se conscientizou a comunidade agrícola de que o manejo do solo Ø a primeira etapa e, talvez, a mais impor- tante para determinar o sucesso de uma lavoura de soja. De nada adianta incor- porar ao sistema de cultivo outras tec- Direto, sim, mas com cuidado

Upload: others

Post on 27-Jun-2020

30 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Sojaplantio

Plantio direto é a formade manejo de soloindicada para o cultivoda soja; suaimplementação,entretanto, deve serbem monitorada

Direto, sim,mas com cuidado

No Brasil, o manejo do solo foiadaptado de outros países. A

maioria deles, com clima temperado,possuía tradição no cultivo da soja commanejo baseado no revolvimento dosolo com arado. Em razão do clima issonão causava danos sérios de degrada-ção ao solo. Esse principio foi introdu-zido, com algumas adaptações, no Bra-sil.

Mais tarde, devido às vantagens deeconomia de tempo, a grade pesada foiincorporada ao processo, fazendo comque os dois implementos, por muitosanos, fossem os mais utilizados no pre-paro do solo. Porém, o clima quentedo Brasil associado ao uso incorretodesses implementos e ao excessivo nú-mero de passagens posteriores da gra-de niveladora, causaram uma série deproblemas, que resultaram no decrés-cimo gradativo de produtividade da sojae outras culturas.

Com o agravamento desses proble-mas e com o surgimento de novas in-formações geradas pela pesquisa, os es-carificadores e os subsoladores passa-ram a ser utilizados no preparo primá-rio do solo em substituição ou em al-ternância com os arados e com as gra

sadas. Essa técnica, denominada decultivo ou preparo mínimo, trouxe van-tagens para a conservação do solo, por-que esses implementos, além de seremos mais efetivos para descompactar emelhorar a infiltração de água no solo,preservam grande parte dos resíduosculturais sobre o solo, possibilitando

melhor controle da erosão.Esses avanços foram importantes,

pois se conscientizou a comunidadeagrícola de que o manejo do solo é aprimeira etapa e, talvez, a mais impor-tante para determinar o sucesso de umalavoura de soja. De nada adianta incor-porar ao sistema de cultivo outras tec-

Direto, sim,mas com cuidado

O plantio diretoaumenta a

biomassa dosolo, melhorando

a produção

des penologias se o solo está degrada-do. O solo para proporcionar altas pro-dutividades e estabilidade de produçãonecessita da preservação dos teores dematéria orgânica e das característicasfísicas e biológicas do solo. Condiçãoessa que faz parte da agricultura mo-derna, cada vez mais exigente e com-petitiva, e deve servir como estímuloaos agricultores a usarem alternativasmais efetivas, como o plantio direto,para minimizar a degradação ambien-tal e aumentar a qualidade e a produti-vidade da soja. Porém, para se ter su-cesso com o plantio é necessário que omesmo seja adotado e conduzido cor-retamente.

Por que oplantio direto� Redução da erosão do solo. O

plantio direto pode reduzir as perdaspor erosão em mais de 80%, evitandocom isso a poluição e o assoreamentode rios e represas;

� Melhora o armazenamento deágua e a variação térmica do solo.

O plantio direto associado a siste-mas de rotação de culturas, permitemelhor aproveitamento da água do solopelas plantas, permitindo maior infil-tração e redução das perdas por evapo-ração. Permite também que o solo te-nha menor variação térmica, devido àredução das altas temperaturas;

� Melhora a atividade biológica dosolo.

Aumenta a biomassa microbiana dosolo e possibilita a manutenção de agen-tes biológicos como o bacuolovírus;

� Aumenta a disponibilidade denutrientes.

Especialmente dofósforo nas camadassuperficiais que, devi-do à ausência de re-volvimento, é menosfixado ao solo. Os te-ores de matéria orgâ-nica e a disponibilida-de de nitrogênio nosolo também aumentam. Essa condiçãopermite o uso mais eficiente e a racio-nalização da adubação no plantio dire-to.

� Aumenta a economia de combus-tível e racionaliza o uso de máquinas.

Principalmente no uso de tratores,devido à ausência de preparo, propor-ciona redução nos gastos com manu-

tenção e reposição de peças, já que omaior desgaste ocorre nas operações depreparo do solo. Racionaliza a utiliza-ção do tempo, permitindo que a seme-adura seja realizada na velocidade ade-

quada e em solos em melhores condi-ções de umidade. Essa condição possi-bilita que as lavouras sejam implanta-das nas épocas recomendadas e com apopulação ideal de plantas;

� Estabilidade na produção.O plantio direto associado à rotação

de culturas possibilita a estabilizaçãoda produtividade da soja, principal-mente, nos anos em que ocorrem perí-odos de veranicos.

Comocomeçar

Para que as vanta-gens do plantio diretosejam demonstradas, énecessário que algunsrequisitos básicos sejamconsiderados para quesua implantação tenhasucesso.

� Conscientização.O plantio direto exi-

ge que tanto o técnico como o agricul-tor estejam convencidos de que o siste-ma é importante para a preservação doambiente e para melhorar a rentabili-dade agrícola. Devem estar predispos-tos a mudanças, conscientes de que al-gumas tecnologia são diferentes daque-las usadas no sistema convencional, ne-cessitando de capacitação;

� Recursos humanos.O agricultor deverá ser treinado e

permitir que seus operadores de máqui-nas o sejam também, principalmente nouso e regulagem de semeadoras e na tec-nologia de controle de plantas dani-nhas. O acompanhamento da assistên-cia técnica é indispensável, pois mui-tas das decisões requerem informaçõesespecíficas que necessitam da partici-pação de um Engenheiro Agrônomo;

� Área inicial.A área inicial sob plantio direto deve

ser pequena, para que o agricultor pos-sa adquirir experiência. Só após fami-liarizado com o sistema, deve aumen-tar a área na propriedade;

� Levantamento dos recursos.É necessário o levantamento das

condições do solo, da incidência deplantas daninhas, da disponibilidadede máquinas e implementos agrícolas,além do potencial dos recursos huma-nos;

� Solos.Organizar as informações referentes

a tipos de solo, fertilidade, acidez, pre-senças de camada compactada, ocor-rências de erosão, vias de acesso e todainfra-estrutura, para representaremcom fidelidade as condições da propri-edade. De posse das informações, éimprescindível que as áreas que apre-sentam os seguintes problemas sejamobservadas:

1. Acidez do solo: a acidez do solodeve ser corrigida a uma profundidadede 20 a 25 cm;

2. Compactação dosolo: o solo deve estar li-vre de camadas compac-tadas e nivelado. A ope-ração de descompacta-ção pode ser feita comescarificadores, subsola-dores ou arados. A pro-fundidade desse traba-lho deve ser indicadapela avaliação da resis-tência do solo à penetração;

� Cobertura do solo.É imprescindível a presença de co-

bertura com restos de culturas, para aproteção do solo. Para isso é importan-te utilizar rotação de culturas com es-pécies que deixem sobre o solo boaquantidade de restos de cultivo. Na co-lheita de grãos, a colhedora deve serprovida de picador de palhas ou deoutra adaptação, regulados para frag-mentar os resíduos e distribuí-los uni-formemente sobre a superfície do solo.O manejo das espécies utilizadas paraadubação verde poderá ser feito comherbicidas;

� Plantas daninhas.Evitar iniciar o plantio direto em

áreas com infestação de espécies deplantas daninhas de difícil controle,como guanxuma, capim amargoso, den-tre outras. Procurar controlar essas es-pécies antes de iniciar o sistema;

� Máquinas e implementosagrícolas.

Já existe um bom número de mode-los de semeadoras para serem utiliza-das no plantio direto que permitem umbom estabelecimento das lavouras desoja ou de qualquer outra cultura. A tex-tura do solo é um dos parâmetros ori-entadores da escolha do modelo de se-meadora. Outros parâmetros importan-tes são a capacidade de cortar resteva eabrir sulcos, uniformizar a profundida-de de semeadura e cobrir as sementes.Nessa etapa devem ser considerados os

A acidez do solodeve ser

corrigida até25 cm de

profundidade

tipos de discos que fazem o corte dapalhada e a abertura de sulcos, a ne-cessidade de pequenos sulcadores (bo-tas ou escarificadores) junto aos discos,presença de limitador de profundida-de de semente, dentre outros. Discosmaiores, defasados e desencontradossão mais adequados para o trabalho emáreas com grande quantidade de palha-da. As culturas que fazem parte do sis-tema de rotação empregado na propri-edade devem, também, influenciar so-

bre a escolha da se-meadora, no que tocaao sistema de distri-buição de sementesde diferentes tama-nhos.

Condução doplantio diretoEm razão do clima

e do solo, o plantiodireto tem comportamento distinto e di-nâmico nas diferentes regiões do Bra-sil. Para se definir as estratégias parasua condução necessita-se de um acom-panhamento especifico em cada regiãoe propriedade, contemplando o moni-toramento da fertilidade e das caracte-rísticas físicas de solo, da dinâmica depragas, doenças e plantas daninhas,além da produtividade das culturas.

� Compactação do solo.É assunto polêmico, quando se tra-

ta de plantio direto principalmente nossolos originados do basalto, como oslatossolos roxos e as terras roxas. Po-rém, deve ficar claro que a compacta-ção não inviabiliza o plantio direto,porém exige um melhor acompanha-mento. Os problemas de compactaçãosão mais acentuados quando o siste-ma é implantado em condições de solodegradado, pois nos primeiros anos po-dem aparecer problemas de adensa-mento. Não há definição de intervaloou de freqüência de anos para descom-pactar o solo. Essa operação deverá serrealizada somente a partir do monito-ramento e da comprovação do proble-ma.

� Monitoramento da compactação.Para ser realizado, é importante que

a propriedade seja dividida em glebas,determinado pelo histórico de manejoda área e da morfologia do solo. A par-tir de um histórico de produtividade decada gleba, que contemple o maior nú-mero de anos possível, analisar as ten-

CNPS

o

O plantiodireto podereduzir asperdas porerosão emmais de 80%

O plantio diretoaumenta a

biomassa dosolo, melhorando

a produção

des penologias se o solo está degrada-do. O solo para proporcionar altas pro-dutividades e estabilidade de produçãonecessita da preservação dos teores dematéria orgânica e das característicasfísicas e biológicas do solo. Condiçãoessa que faz parte da agricultura mo-derna, cada vez mais exigente e com-petitiva, e deve servir como estímuloaos agricultores a usarem alternativasmais efetivas, como o plantio direto,para minimizar a degradação ambien-tal e aumentar a qualidade e a produti-vidade da soja. Porém, para se ter su-cesso com o plantio é necessário que omesmo seja adotado e conduzido cor-retamente.

Por que oplantio direto� Redução da erosão do solo. O

plantio direto pode reduzir as perdaspor erosão em mais de 80%, evitandocom isso a poluição e o assoreamentode rios e represas;

� Melhora o armazenamento deágua e a variação térmica do solo.

O plantio direto associado a siste-mas de rotação de culturas, permitemelhor aproveitamento da água do solopelas plantas, permitindo maior infil-tração e redução das perdas por evapo-ração. Permite também que o solo te-nha menor variação térmica, devido àredução das altas temperaturas;

� Melhora a atividade biológica dosolo.

Aumenta a biomassa microbiana dosolo e possibilita a manutenção de agen-tes biológicos como o bacuolovírus;

� Aumenta a disponibilidade denutrientes.

Especialmente dofósforo nas camadassuperficiais que, devi-do à ausência de re-volvimento, é menosfixado ao solo. Os te-ores de matéria orgâ-nica e a disponibilida-de de nitrogênio nosolo também aumentam. Essa condiçãopermite o uso mais eficiente e a racio-nalização da adubação no plantio dire-to.

� Aumenta a economia de combus-tível e racionaliza o uso de máquinas.

Principalmente no uso de tratores,devido à ausência de preparo, propor-ciona redução nos gastos com manu-

tenção e reposição de peças, já que omaior desgaste ocorre nas operações depreparo do solo. Racionaliza a utiliza-ção do tempo, permitindo que a seme-adura seja realizada na velocidade ade-

quada e em solos em melhores condi-ções de umidade. Essa condição possi-bilita que as lavouras sejam implanta-das nas épocas recomendadas e com apopulação ideal de plantas;

� Estabilidade na produção.O plantio direto associado à rotação

de culturas possibilita a estabilizaçãoda produtividade da soja, principal-mente, nos anos em que ocorrem perí-odos de veranicos.

Comocomeçar

Para que as vanta-gens do plantio diretosejam demonstradas, énecessário que algunsrequisitos básicos sejamconsiderados para quesua implantação tenhasucesso.

� Conscientização.O plantio direto exi-

ge que tanto o técnico como o agricul-tor estejam convencidos de que o siste-ma é importante para a preservação doambiente e para melhorar a rentabili-dade agrícola. Devem estar predispos-tos a mudanças, conscientes de que al-gumas tecnologia são diferentes daque-las usadas no sistema convencional, ne-cessitando de capacitação;

� Recursos humanos.O agricultor deverá ser treinado e

permitir que seus operadores de máqui-nas o sejam também, principalmente nouso e regulagem de semeadoras e na tec-nologia de controle de plantas dani-nhas. O acompanhamento da assistên-cia técnica é indispensável, pois mui-tas das decisões requerem informaçõesespecíficas que necessitam da partici-pação de um Engenheiro Agrônomo;

� Área inicial.A área inicial sob plantio direto deve

ser pequena, para que o agricultor pos-sa adquirir experiência. Só após fami-liarizado com o sistema, deve aumen-tar a área na propriedade;

� Levantamento dos recursos.É necessário o levantamento das

condições do solo, da incidência deplantas daninhas, da disponibilidadede máquinas e implementos agrícolas,além do potencial dos recursos huma-nos;

� Solos.Organizar as informações referentes

a tipos de solo, fertilidade, acidez, pre-senças de camada compactada, ocor-rências de erosão, vias de acesso e todainfra-estrutura, para representaremcom fidelidade as condições da propri-edade. De posse das informações, éimprescindível que as áreas que apre-sentam os seguintes problemas sejamobservadas:

1. Acidez do solo: a acidez do solodeve ser corrigida a uma profundidadede 20 a 25 cm;

2. Compactação dosolo: o solo deve estar li-vre de camadas compac-tadas e nivelado. A ope-ração de descompacta-ção pode ser feita comescarificadores, subsola-dores ou arados. A pro-fundidade desse traba-lho deve ser indicadapela avaliação da resis-tência do solo à penetração;

� Cobertura do solo.É imprescindível a presença de co-

bertura com restos de culturas, para aproteção do solo. Para isso é importan-te utilizar rotação de culturas com es-pécies que deixem sobre o solo boaquantidade de restos de cultivo. Na co-lheita de grãos, a colhedora deve serprovida de picador de palhas ou deoutra adaptação, regulados para frag-mentar os resíduos e distribuí-los uni-formemente sobre a superfície do solo.O manejo das espécies utilizadas paraadubação verde poderá ser feito comherbicidas;

� Plantas daninhas.Evitar iniciar o plantio direto em

áreas com infestação de espécies deplantas daninhas de difícil controle,como guanxuma, capim amargoso, den-tre outras. Procurar controlar essas es-pécies antes de iniciar o sistema;

� Máquinas e implementosagrícolas.

Já existe um bom número de mode-los de semeadoras para serem utiliza-das no plantio direto que permitem umbom estabelecimento das lavouras desoja ou de qualquer outra cultura. A tex-tura do solo é um dos parâmetros ori-entadores da escolha do modelo de se-meadora. Outros parâmetros importan-tes são a capacidade de cortar resteva eabrir sulcos, uniformizar a profundida-de de semeadura e cobrir as sementes.Nessa etapa devem ser considerados os

A acidez do solodeve ser

corrigida até25 cm de

profundidade

tipos de discos que fazem o corte dapalhada e a abertura de sulcos, a ne-cessidade de pequenos sulcadores (bo-tas ou escarificadores) junto aos discos,presença de limitador de profundida-de de semente, dentre outros. Discosmaiores, defasados e desencontradossão mais adequados para o trabalho emáreas com grande quantidade de palha-da. As culturas que fazem parte do sis-tema de rotação empregado na propri-edade devem, também, influenciar so-

bre a escolha da se-meadora, no que tocaao sistema de distri-buição de sementesde diferentes tama-nhos.

Condução doplantio diretoEm razão do clima

e do solo, o plantiodireto tem comportamento distinto e di-nâmico nas diferentes regiões do Bra-sil. Para se definir as estratégias parasua condução necessita-se de um acom-panhamento especifico em cada regiãoe propriedade, contemplando o moni-toramento da fertilidade e das caracte-rísticas físicas de solo, da dinâmica depragas, doenças e plantas daninhas,além da produtividade das culturas.

� Compactação do solo.É assunto polêmico, quando se tra-

ta de plantio direto principalmente nossolos originados do basalto, como oslatossolos roxos e as terras roxas. Po-rém, deve ficar claro que a compacta-ção não inviabiliza o plantio direto,porém exige um melhor acompanha-mento. Os problemas de compactaçãosão mais acentuados quando o siste-ma é implantado em condições de solodegradado, pois nos primeiros anos po-dem aparecer problemas de adensa-mento. Não há definição de intervaloou de freqüência de anos para descom-pactar o solo. Essa operação deverá serrealizada somente a partir do monito-ramento e da comprovação do proble-ma.

� Monitoramento da compactação.Para ser realizado, é importante que

a propriedade seja dividida em glebas,determinado pelo histórico de manejoda área e da morfologia do solo. A par-tir de um histórico de produtividade decada gleba, que contemple o maior nú-mero de anos possível, analisar as ten-

CNPS

o

O plantiodireto podereduzir asperdas porerosão emmais de 80%

Eleno Torres eOdilon Ferreira Saraiva,Embrapa Soja

O formato e ascaracterísticas

dos facõessão muito

importantes

dências de produtividade. Tendo sidocaracterizado o decréscimo de produ-tividade, verificar se o mesmo não foicausado por problemas climáticos, pra-gas, doenças, deficiências de nutrien-tes, acidez do solo, exigências termo-fotoperiódicas das cultivares, além deoutras. Excluídas essas possibilidades,a melhor maneira de se verificar o efei-to da compactação sobre o desenvolvi-mento da soja é através de um diagnós-tico da resistência do solo obtido comauxílio de um penetrômetro, comple-mentado com abertura de trincheirapara avaliação de raízes.

Estando o solo na faixa de umidadefriável, valores de resistências à pene-tração em torno de 3,5 MPa são indica-tivos de baixa probabilidade de com-pactação. Os valores acima de 5,0 MPasão elevados e, se constatada queda deprodutividade, sugerem que o diagnós-tico deve ser complementado com aabertura de trincheira para a avaliaçãoda estrutura do solo e da distribuiçãodo sistema radicular nas diferentes ca-madas, de preferência até à profundi-dade de 40 cm. O formato e a orienta-ção das raízes são aspectos importan-tes. Raízes grossas e achatadas, com as-pecto recurvado e orientação verticalprejudicada, são constatações de com-pactação.

No interior das estruturas dosolo compactadas há poucas raí-zes, baixa atividade biológica eausência, quase que completa, deorifícios e porosidade. Ao seremquebradas, evidenciam faces derupturas lisas e aspecto prismá-tico. As estruturas não compac-tadas apresentam superfície ru-gosa, com aspecto arredondado,sendo possível a visualização deporosidade e fissuras. Neste am-biente há desenvolvimento radi-cular bastante ramificado e emforma não achatada.

� Controle da compactação.A adoção de um sistema de rota-ção de culturas é a mais impor-tante ação para atenuar o proble-ma. Aqueles sistemas que envol-vem espécies com sistema radi-cular vigoroso e profundo, comoo do guandu, o das crotalárias, oda aveia preta, o do tremoço, odo nabo forrageiro, o do milho, eo do milheto, auxiliam na redu-ção da compac-

tação do solo, princi-palmente se os cultivosposteriores forem rea-lizados com veículos eequipamentos queexerçam baixa pressãosobre o solo. Rodasmais largas e os veícu-los de tração trafegando quando o soloestiver na consistência friável ou seco,auxiliam na prevenção da compacta-ção.

� Manejo da compactação.A primeira alternativa mecânica é a

utilização de semeadoras dotadas defacões próximos aos discos de corte,que fazem a descompactação do solona linha de semeadura, permitindo apassagem das raízes. O formato e as ca-racterísticas dos facões são muito im-portantes. Facões mais largos mobili-zam mais o solo na superfície, retiramos restos de cultivo da linha de plantioe podem prejudicar a operação de se-meadura, em relação aos facões maisestreitos e com angulo de ataque maisadequado. Em razão da semeadura damaioria das culturas ser feita com o soloúmido, o trabalho de descompactaçãocom facão ficará restrito apenas à linhade semeadura, podendo, além disso,provocar o aparecimento de uma super-fície espelhada nas paredes do sulco de

semeadura, que poderá prejudicar apassagem de raízes. A maioria dos mo-delos de facões possibilita o corte dosolo a profundidades que não ultrapas-sam os l2 cm. O trabalho em maior pro-fundidade exige facões mais robustos eum grande esforço de tração. Apesar dealgumas desvantagens, essa tecnologiavem sendo usada com sucesso, já hámuitos anos.

A outra alternativa viável é baseadana utilização de alguns tipos de escari-ficadores, cujo formato das hastes per-mite que a camada de solo compactadaseja rompida, sem afetar muito o nive-lamento do terreno. A semeadura pos-terior, poderá ser realizada sem a ne-cessidade do uso de grade para o nive-lamento do terreno ou, na pior das hi-póteses, apenas com uma passagem degrade. Essa operação de descompacta-ção deve ser feita após a colheita da sojae antes da semeadura do trigo ou daaveia, ou de outra espécie que apresen-te rusticidade para germinar. A obser-vação e a adoção dessa seqüência de

trabalhos de descom-pactação é importanteporque: a) a cultura dasoja produz uma quan-tidade relativamentepequena de restos decultivo, que são de rá-pida decomposição.Quando bem fragmen-

tados e distribuídos sobre o terreno, per-mitem que a operação de descompac-tação do solo seja feita com o mínimode embuchamento do implemento; b)a maior rusticidade das culturas de tri-go e de aveia garantem germinação sa-tisfatória e um bom estabelecimento delavoura, mesmo em terreno com peque-nos problemas de nivelamento.

Para evitar o embuchamento da se-meadora, devido à presença de palhana superfície do terreno e o solo estarainda muito solto, recomenda-se espe-rar que ocorra uma ou duas chuvas,para que o solo assente, para depois serealizar a semeadura e nesse caso, comvelocidade de operação reduzida. Comonorma, preparar o solo no estado deconsistência friável,. para não levantarmuitos torrões, mesmo que isso preju-dique um pouco a eficiência da des-compactação do solo.

Eleno faz recomendações sobre o plantio direto

CNPS

o