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Plano de Prevenção de Riscos Profissionais na Divisão de Resíduos Sólidos Urbanos (R.S.U.) Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 1 INTRODUÇÃO A gestão de resíduos em Ilhas foi uma questão abordada por consultores de seis Estados – Membros da União Europeia durante o ano de 1994 e a primeira metade de 1995, sob a coordenação da Unidade de Política de Gestão de Resíduos da Comissão Europeia (CE, 1996). Este objectivo teve um esforço duplo: descrever as actuais práticas de gestão de resíduos em várias ilhas das costas europeias e, propor soluções alternativas sempre que se justificasse possível (CE, 1996). Destas actividades resultou o Manual de Código de Prática para a Gestão de Resíduos em Ilhas (“Codes of Practice For Waste Management on Islands”), destinado a auxiliar as autoridades locais das ilhas europeias (incluindo os Açores) na elaboração dos planos de gestão de resíduos. Entre os problemas mais frequentes encontram-se : - Os custos de transporte dos resíduos recicláveis para o continente; - A falta de infra-estruturas; - As flutuações da população sazonal; - As condições climatéricas; - A vulnerabilidade ambiental; - A falta de espaço e de infra-estruturas para a eliminação dos resíduos (CE, 1996). A identificação, por origem, é importante, dado que apenas conhecendo a produção e o tipo de resíduos por sector será possível determinar qual o conjunto de medidas de prevenção, reutilização ou valorização que poderá ser mais facilmente aplicável. A gestão dos resíduos está orientada para a redução da quantidade e perigosidade dos resíduos, bem como da sua valorização, por forma a que nos aterros apenas se faça deposição de resíduos correspondentes à fracção residual dos processos produtivos e dos sistemas de valorização que não tenham solução no âmbito das tecnologias actuais (Instituto dos Resíduos,1999). Segundo o Decreto-Lei n.º 239/97 de 9 de Setembro, a gestão de resíduos visa, preferencialmente, a prevenção ou redução da produção ou nocividade dos resíduos nomeadamente através da reutilização e da alteração dos processos produtivos, por via da adopção de tecnologias mais limpas, bem como a sensibilização dos agentes

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Trabalho de final de Curso Técnicos Superiores de Higiene e Segurança do Trabalho

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Page 1: Plano Prevenção de Riscos Profissionais em Resíduos Sólidos Urbanos(R.S.U.) no Aterro Intermunicipal de Angra do Heroísmo

Plano de Prevenção de Riscos Profissionais na Divisão de Resíduos Sólidos Urbanos (R.S.U.)

Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 1

INTRODUÇÃO

A gestão de resíduos em Ilhas foi uma questão abordada por consultores de seis

Estados – Membros da União Europeia durante o ano de 1994 e a primeira metade de

1995, sob a coordenação da Unidade de Política de Gestão de Resíduos da Comissão

Europeia (CE, 1996).

Este objectivo teve um esforço duplo: descrever as actuais práticas de gestão de

resíduos em várias ilhas das costas europeias e, propor soluções alternativas sempre

que se justificasse possível (CE, 1996).

Destas actividades resultou o Manual de Código de Prática para a Gestão de

Resíduos em Ilhas (“Codes of Practice For Waste Management on Islands”), destinado

a auxiliar as autoridades locais das ilhas europeias (incluindo os Açores) na

elaboração dos planos de gestão de resíduos.

Entre os problemas mais frequentes encontram-se :

- Os custos de transporte dos resíduos recicláveis para o continente;

- A falta de infra-estruturas;

- As flutuações da população sazonal;

- As condições climatéricas;

- A vulnerabilidade ambiental;

- A falta de espaço e de infra-estruturas para a eliminação dos resíduos (CE, 1996).

A identificação, por origem, é importante, dado que apenas conhecendo a produção e

o tipo de resíduos por sector será possível determinar qual o conjunto de medidas de

prevenção, reutilização ou valorização que poderá ser mais facilmente aplicável.

A gestão dos resíduos está orientada para a redução da quantidade e perigosidade

dos resíduos, bem como da sua valorização, por forma a que nos aterros apenas se

faça deposição de resíduos correspondentes à fracção residual dos processos

produtivos e dos sistemas de valorização que não tenham solução no âmbito das

tecnologias actuais (Instituto dos Resíduos,1999).

Segundo o Decreto-Lei n.º 239/97 de 9 de Setembro, a gestão de resíduos visa,

preferencialmente, a prevenção ou redução da produção ou nocividade dos resíduos

nomeadamente através da reutilização e da alteração dos processos produtivos, por

via da adopção de tecnologias mais limpas, bem como a sensibilização dos agentes

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económicos e dos consumidores. Subsidiariamente, a gestão de resíduos visa

assegurar a sua valorização, nomeadamente através de reciclagem, ou a sua

eliminação adequada.

Neste contexto, as disposições comunitárias consideram prioritárias i) a

implementação da política dos “3R´s (redução, reciclagem, reutilização) e ii) a

eliminação de todos os resíduos não reutilizáveis, através dos seguintes mecanismos:

• prevenção à formação de resíduos e à resolução do problema na origem;

• incentivo à reutilização e reciclagem de resíduos através, por exemplo, da

recolha selectiva;

• estabelecimento de prioridades relativamente aos fluxos de resíduos.

A Gestão adequada de resíduos é um desafio inadiável para as sociedades modernas.

O desenvolvimento das actividades económicas em que existe o risco de exposição a

agentes biológicos, aumenta significativamente, designadamente em resultado do

desenvolvimento das biotecnologias através das quais se procede a sua produção e

utilização, e nomeadamente a sua recolha após utilização e deposição como resíduo

em destino final.

Os trabalhadores do Aterro Intermunicipal da Ilha Terceira podem estar expostos a

agentes biológicos com riscos para a sua saúde em muitas actividades, mas com toda

a certeza, durante a actividade de recolha e tratamento de resíduos de várias origens,

sejam urbanos ou industriais.

Os agentes biológicos com efeitos nocivos para a saúde, podem formar-se por

diversos processos, nomeadamente nos processos industriais em que é maior o risco

de exposição dos trabalhadores a agentes biológicos perigosos.

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OBJECTIVOS GERAIS

Os objectivos gerais a atingir para este Plano de Prevenção em Resíduos Sólidos

Urbanos visam essencialmente:

1) Proceder, na concepção das instalações, dos locais e processos de trabalho, à

identificação dos riscos previsíveis, combatendo-os na origem, anulando-os ou

limitando os seus efeitos, por forma a garantir um nível eficaz de protecção aos

trabalhadores;

2) Integrar no conjunto das actividades dos Serviços Municipalizados da Câmara

Municipal de Angra do Heroísmo a avaliação dos riscos de trabalho na

segurança e saúde dos trabalhadores, com vista a adopção de futuras medidas

de prevenção de riscos profissionais (“Plano de Prevenção dos Riscos

Profissionais na Divisão de Resíduos Sólidos Urbanos”).

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ENQUADRAMENTO NORMATIVO

Nor termos do DL 441/91, de 14-11, o empregador deve garantir a organização das

actividades de prevenção dos riscos profissionais (atr.º 13º) necessárias a

assegurar aos trabalhadores as condições de segurança, higiene e saúde em todos os

aspectos relacionados com o trabalho (art.º 8.º). Para tanto, deverá definir e dotar-se

de meios físicos, técnicos e humanos adequados aos tipos de riscos a que os

trabalhadores estão expostos (incluindo os factores de riscos potencial resultantes,

nomeadamente, da inovação tecnológica e da flexibilidade), à distribuição dos riscos

na empresa ou no estabelecimento e à dimensão da empresa.

A lei (DL 26/94, de 01-02, na sua versão renumerada anexa ao DL 109/2000, de

30/06) considera, para o efeito, possibilidade diversificadas ao nível organizacional, de

entre as quais o empregador poderá optar ou fazer combinações, por forma a

organizar os serviços de prevenção da sua empresa.

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PARTE I – CARACTERIZAÇÃO DO ATERRO SANITÁRIO

INTERMUNICIPAL DA ILHA TERCEIRA

1.1. Aspectos Gerais

A ilha Terceira está situada entre os paralelos 38º38´10´´N e 38º47´40´´N e os

meridianos 27º03´00´´W e 27º24´00´´W, apresentando uma superfície de cerca de 382

Km2. O comprimento e largura máximos são de 30 Km e 18 Km respectivamente.

Cerca de 55% da sua superfície localiza-se abaixo dos 300 m de altitude, 42,5% situa-

se entre os 300 e os 800 e 1,9% dispõe-se acima deste último limite. O seu ponto mais

elevado situa-se na serra de Santa Bárbara com 1021 m de altitude. Com poucas

excepções, apenas a faixa costeira que circunda a ilha compreendida entre o nível do

mar e os 300 m de altitude é habitada. Dados os condicionalismos do relevo, essa

faixa é mais estreita na zona oeste e noroeste.

O Aterro Intermunicipal da Ilha Terceira situa-se na zona do Biscoito da Achada, na

freguesia da Ribeirinha, concelho de Angra do Heroísmo. Localiza-se num dos

extremos de uma zona relativamente plana que se estende desde o flanco interior da

Serra da Ribeirinha até a vertente homóloga da Serra do Cume (planície dos Cinco

Picos). A zona envolvente ao aterro é constituída na sua grande maioria por pastagens

de elevada produtividade.

Fig.1. Localização geográfica do Aterro Intermunicipal

A construção do aterro sanitário teve lugar nesta zona em consequência da

reorganização da lixeira a céu aberto que lá existia. As mudanças tiveram o objectivo

no sentido de conseguir um melhor acondicionamento dos resíduos sólidos urbanos

(R.S.U.) e dos outros resíduos produzidos na ilha.

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O aterro sanitário compreende uma área total de 39 ha, contendo as instalações e

equipamentos de apoio necessários ao funcionamento do aterro, as bolsas e as zonas

destinadas a outros resíduos (vidro, entulho, óleos, pneus, etc.) conforme podemos

verificar em legenda detalhada em forma de desenho do Aterro Sanitário

Intermunicipal da ilha Terceira (Fonte : SMCMAH, 2003).

Fig. 2. Esquema pormenorizado do Aterro sanitário

1.2. Clima

O clima da ilha Terceira apresenta características marcadamente oceânicas, as quais

se traduzem por pequenas amplitudes térmicas diárias e anuais, elevada precipitação

e grande teores de humidade atmosférica.

Existem comportamentos pluviométricos muito diferentes entre o litoral e o interior

montanhoso, mas o tipo de distribuição das chuvas é o mesmo que em todo o

arquipélago, verificando-se um máximo de precipitação na segunda metade do Outono

e no Inverno, enquanto os meses de Verão são os de menor precipitação. De um

modo geral, os valores de precipitação anual são elevados e tendem a aumentar

significativamente de leste para oeste. Os mais baixos (900 – 1000 mm) encontram-se

apenas numa faixa estreita da costa leste. Em regra, a precipitação é mais elevada na

encosta norte do que na sul, devendo a diferença situar-se entre os 20% e 25% para a

mesma altitude.

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Segundo Fontes (1999), foram observados valores na bacia hidrográfica da granja,

situada a poucos metros do Aterro Intermunicipal da ilha Terceira são de 2039 mm

para a precipitação média anual e 250 dias de precipitação. A temperatura média

máxima foi de 21,6ºC para os dias sem precipitação e de 19,0ºC para os dias em que

se registou precipitação. A temperatura média mínima, registaram-se 11,0ºC para os

dias sem precipitação e 11,4ºC para os dias com precipitação (Média de dados dos

anos de 1996, 1997 e 1998).

A humidade relativa do ar é elevada ao longo do ano, apresentando valores médios

acima dos 70%. No que respeita aos regimes dos respectivos valores extremos,

observa-se uma tendência da média dos mínimos diários atingirem valores mais

baixos nos meses de estio (74% nos meses de Julho e Agosto) enquanto que a média

dos máximos diários assume diários mais altos nesta (85% no mês de Junho). Este

facto estará naturalmente associado à maior amplitude térmica observada nos meses

de Verão, observando-se em simultâneo, nesta época, um acréscimo da humidade

absoluta do ar. A humidade relativa do ar varia ao longo do dia, apresentando o seu

mínimo ao fim da tarde e o seu máximo de madrugada.

A insolação, traduzida pela média do número de horas de sol descoberto por mês e

pela razão entre estas e o número de horas do período diurno, revela um elevado

índice de nebulosidade, característico, aliás, das ilhas dos Açores. Variando em

relação ao número de horas do período diurno de 27% no mês de Dezembro e 44% no

mês de Julho.

O regime médio do vento observado, traduzido pela frequência em relação ao nº total

de observações em que se regista vento com um determinado rumo (direcção e

sentido), pela respectiva representatividade dos períodos de calma (vento de

velocidade inferior a 1 Km h-1 e de direcção indefinida) e pela respectiva velocidade

por rumo, revela um clima onde as condições dinâmicas da atmosfera assumem papel

relevante. O contributo de cada rumo para a configuração da distribuição dos ventos

por rumo, é significativamente a favor dos rumos de Oeste, predominando os ventos

de Sudoeste (SW) e de Oeste (W), respectivamente com 19% e 18% de

representatividade em relação ao nº total de observações.

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1.3. Solos e Geologia

O solo da zona do Aterro Sanitário Intermunicipal da Ilha Terceira integra-se na

categoria de um solo litólico não húmico, com um relevo marcadamente acentuado

que coincide com uma escoada lávica recente (basaltos superiores) do tipo AA. Nas

fissuras e em algumas micro-depressões existem acumulações húmicas.

Segundo Rodrigues (1993), o aterro sanitário localiza-se sobre Mantos Lávicos

Recentes. Por debaixo deste tipo de solo predominam os Andossolos Ferruginosos

que se desenvolvem quer a partir de formações piroclásticas de natureza traquítica

quer a partir de acumulações de “lapilli”.

Em termos geológicos, a zona do Aterro sanitário assenta sob uma escoada lávica de

natureza basáltica recente, a qual se dispõe um substrato traquibasáltico. A formação

traquibasáltica dos Cinco Picos corresponde a escoadas e materiais de projecção de

composição intermédia, extruídos pelo vulcão dos Cinco Picos. É considerada a

formação mais antiga da Terceira.

As escoadas lávicas dispõem-se normalmente em camadas espessas, justapostas ou

intercaladas com delgados níveis de piroclastos, quer na sequência de basaltos

ancaramíticos e havaíticos, quer como traquitos sub-saturados (Self, 1976).

Fig.3. Escoadas lávicas em camadas justapostas

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1.4. Vegetação

As comunidades vegetais típicas da zona do aterro sanitário, segundo Dias (1988) são

as Florestas mistas e/ou degradadas.

A eliminação anárquica das árvores, por corte ou por queda, e o avanço concuminante

de espécies de valor silvícola nulo, levou à degradação de uma considerável área de

antigas matas (“Florestas mistas degradadas”). Evoluindo, em outro modo, estão as

“Florestas degradadas”, tratam-se de zonas que após anterior utilização – turfeiras,

pastagens, vinhas ou próprias matas após corte – foram abandonadas e onde se

instalou um coberto arborescente degradado sem qualquer vantagem produtiva (Dias,

1988).

Fig. 4. Zona de vegetação da antiga lixeira

1.5. Fisiografia e Geomorfologia

Alicerçada predominantemente ao longo do “rift” da Terceira (Krause & Watkins,

1971), alinhamento tectónico que se desenvolve a partir da fossa de Hirondelle a

Noroeste da Ilha de S. Miguel, com a direcção predominante de NNW-SSE, a ilha

constitui parte emersa de um dos dorsos do “rift” denominado como Dorsal da

Terceira. Deste alinhamento surgem algumas das estruturas mais importantes da ilha,

nomeadamente o vulcão dos Cinco Picos, o vulcão de Guilherme Moniz e o Maciço do

Pico Alto.

Das erupções mais recentes resultam escorrências de lavas e depósitos piroclásticos

ainda pouco alterados que cobrem superfície considerável da ilha. A estas áreas de

microrelevo acentuado e pouco evoluídas, normalmente cobertas de vegetação

pioneira, a toponímia local atribui o nome de “mistérios” e “biscoitos” a que

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correspondem, respectivamente, situações de menor e de maior evolução pedológica,

podendo estes últimos apresentar mesmo alguma aptidão cultural, nomeadamente

para a cultura da vinha, de pomares e para aproveitamento florestal.

Sobre todos os materiais que constituem a ilha, de resistência e espessura variáveis,

fazem-se sentir as forças tectónicas, da gravidade e dos agentes erosivos, verificando-

se de uma forma generalizada, assentamentos diferenciados e zonas de fractura.

A planície dos Cinco Picos tem cerca de 7 km de diâmetro constituindo uma vasta

superfície sub-horizontal ligeiramente inclinada para SSE. Possui um microrelevo

bastante acentuado sendo limitada a Nordeste e Sudeste pelas escarpas de falha

correspondente às vertentes interiores das Serras do Cume e da Ribeirinha. Grande

parte da sua superfície encontra-se recoberta por formações basálticas inferiores,

ignimbritos das Lajes e basaltos superiores (Self, 1976).

No interior da planície dos Cinco Picos surgem alguns cones estrombolianos de

escória basáltica, associadas a fracturas orientadas segundo a direcção geral do “rift”

da Terceira e do dorso central.

De acordo com Rodrigues (1993) uma das características dos grande vulcões

açoreanos com caldeira é a presença de depósitos pomíticos e mais raramente, de

escoadas piroclásticas. Para além dos ignimbritos das Lajes, proveniente do Centro

Vulcânico do Pico Alto, não se encontram neste estratovulcão, outros depósitos

piroclásticos indicadores da sua actividade plineana ou peleana. Este facto, aliado à

ausência de paredes nos extremos Noroeste e Sudeste desta depressão, ao

paralelismo existente entre a Serra da Ribeirinha e a Serra do Cume e ao seu

alinhamento com a orientação dominante do “rift” da Terceira, indiciam ser esta

depressão uma estrutura governada essencialmente por mecanismos tectónicos,

semelhantes ao que deu origem ao “graben” das Lajes, com o qual apresenta um

estilo tectónico comum (Rodrigues, 1993).

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1.6. Hidrologia

Na região do Aterro sanitário a rede de drenagem é incipiente e praticamente nula,

dada a elevada permeabilidade dos terrenos. Esta situação é agravada pela presença

na zona de um acidente tectónico, a falha da Serra da Ribeirinha que, de acordo com

Rodrigues (1993), pode funcionar como um dreno natural, encaminhando a água

superficial para zonas mais profundas.

Dos três maciços estruturais que constituem a ilha Terceira o maciço dos Cinco Picos

é o que apresenta menor densidade de drenagem, com cerca de 0,76 km km-2. A

estrutura da rede de drenagem reflecte o relevo pouco acentuado de algumas das

suas superfícies, baixo declive, diferenças litológicas e elevada fracturação primária e

secundária das formações (Rodrigues, 1993).

Das características litológicas dos terrenos que constituem o maciço dos Cinco Picos é

possível distinguir três aquíferos suspensos:

- os situados nas formações traquibasálticas dos Cinco Picos;

- os determinados por formações basálticas inferiores;

- os associados às escoadas ignimbríticas das Lajes.

Na depressão dos Cinco Picos, não foram inventariadas quaisquer nascentes

associadas a estes materiais. Contudo, nos trabalhos de perfuração dos furos de Paul,

foram localizados três aquíferos suspensos principais sobrepostos. Os níveis

impermeáveis situam-se sensivelmente a 338 m, 295 m e 254 m de altitude

(Rodrigues, 1993).

Apesar de não haver informação directa sobre o aquífero de base correspondente à

planície dos Cinco Picos, a inexistência de drenagem superficial em toda aquela área,

bem como a presença de fortes nascentes de maré no litoral de Porto Judeu, parecem

indicar uma área de grande produtividade e, dada a grande recarga, resistente à

intrusão salina (Rodrigues, 1993).

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1.7. Exploração dos RSU

O Aterro Sanitário Intermunicipal da Ilha Terceira apresenta uma área total de 39 ha e

compreende instalações de apoio, bolsas e zonas específicas para o depósito

temporário de outros resíduos. Os resíduos sólidos urbanos domésticos são

depositados nas bolsas de recepção de resíduos. Actualmente, já foram exploradas e

encerradas quatro bolsas com uma área total de 36 707 m2, encontrando-se a quinta

bolsa, com 10 252 m2, em fase de exploração. A futura bolsa a explorar apresenta

uma área de 11 652 m2. A área total disponível no aterro sanitário é de 219 708 m2.

As instalações de apoio existentes no aterro são as seguintes : casa da báscula, casa

do guarda, pavilhão oficinal, armazém de papel/papelão, parque de viaturas e canil

intermunicipal.

Fig.5. Instalações de apoio do Aterro

Na báscula de pesagem electrónica são registados todos os resíduos que dão entrada

no aterro sanitário. Estes registos fornecem informação precisa sobre o tipo de resíduo

depositado, o produtor, a data e hora do depósito e o peso do resíduo. Os resíduos

sólidos são então depositados em diferentes zonas consoante a sua origem: os

resíduos sólidos domésticos e os resíduos equiparados a urbanos são depositados na

bolsa em exploração. Existem zonas destinadas ao depósito temporário de entulhos,

sucatas, pneus, óleos usados, vidros e resíduos verdes.

O sistema de recolha de resíduos sólidos no concelho de Angra do Heroísmo

compreende a recolha indiferenciada dos RSU porta-a-porta, a recolha selectiva das

fileiras papel, plástico e vidro por ecopontos e a recolha selectiva de outros resíduos

(monstros, óleos e pilhas) realizada por viaturas do SMAH quando solicitada pelo

produtor dos resíduos.

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a) Recolha indiferenciada dos RSU porta-a-porta

A remoção normal consiste no despejo de contentores recuperáveis ou não, no interior

da viatura, tendo como principais inconvenientes:

-» O desenvolvimento de poeiras prejudiciais à saúde dos trabalhadores, verificando-

se frequentemente, o espalhamento de resíduos no chão o que obriga a que a limpeza

das ruas seja sempre feita após a remoção.

Fig.6. Viatura de recolha RSU

Esta recolha é realizada diariamente em todo o concelho de Angra do Heroísmo, nos

seguintes horários dos Serviços Municipalizados:

• Das 7h00 às 13h00 (excepto em alguns feriados e tolerâncias de pontos);

• Ao Domingo esta recolha é efectuada apenas às unidades hoteleiras sitas em

toda zona citadina.

Na remoção hermética, os recipientes contendo os resíduos dispõem de uma tampa e

são adaptáveis ao orifício da porta traseira da camioneta, evitando-se assim a

dispersão de poeiras e derrames de resíduos.

b) Recolha selectiva das fileiras de papel, plástico e vidro por ecopontos

Os materiais recolhidos selectivamente por ecopontos são sujeitos a triagem manual e

posterior enfardamento no armazém de papel/papelão, onde são finalmente

armazenado e enviados para valorização por uma firma especializada.

Fig.7.Operação de recolha dos ecopontos

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A recolha é efectuada em todos os ecopontos distribuídos pelos concelhos de Angra

do Heroísmo e Praia da Vitória segundo horários e trajectos previamente estipulados

pelos superiores.

Durante este trabalho foram realizadas verificações dos horários e trajectos dos

ecopontos. No mapa de trajecto dos ecopontos (ver ANEXO 1), pode-se verificar que

os percursos dos ecopontos constituem factores de elevada relevância na prevenção

de riscos de acidentes durante as operações de recolha dos ecopontos, visto que

constituem uma solução em termos de higiene e segurança na remoção de resíduos

selectivamente.

Entre os factores influentes na recolha dos ecopontos, pude verificar que existem dois

factores climáticos importantes, que originam situações perigosas, na qual conduzem

à situações de risco aos trabalhadores, sendo de referir:

a) o vento -» durante a operação de recolha dos ecopontos, o movimento efectuado

pela grua deve ser condicionado e efectuado em segurança, com a acção do vento

originam-se balanços que podem conduzir a queda dos ecopontos originando

ferimentos ou contusões nos trabalhadores (riscos físicos).

O vento transporta poeiras e gases contidos nos ecopontos que podem originar

doenças profissionais existentes na zona envolvente dos trabalhadores.

b) a chuva -» nas operações de recolha de papel, a chuva exerce uma influência

nefasta na actividade do operador da grua, dado que a quantidade de água misturada

com o papel provoca um empapamento do resíduo dificultando a sua saida para a

viatura colectora dos ecopontos.

Gráfico 1. Quantidade de resíduos dos Ecopontos

Segundo o gráfico acima, pode-se concluir que a maior quantidade de resíduos

produzidos equivalem ao papel/cartão, considerado como uma fonte de reciclagem, na

qual é enviada posteriormente para o Continente.

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Na cidade de Angra do Heroísmo o papel e o cartão são recolhidos numa viatura de

caixa aberta sem grua, não se encontrando unicamente afecta a esta tarefa.

Fig.8. Operação de recolha do papel/cartão

O papel e cartão são recolhidos e conduzidos à estação de armazenamento e

enfardamento, de modo a ser acondicionado e o seu volume substancialmente

reduzido através da compactação. Esta operação processa-se toda no armazém de

papel/cartão, que posteriormente serão analisados e identificados os riscos biológicos

mais importantes que afectam os trabalhadores

.

c) Recolha especial de outros resíduos (monstros, óleos e pilhas)

A recolha especial é efectuada por uma viatura própria com sistema de elevação, da

competência dos S.M.A.H. Esta recolha não tem itinerários definidos e é feita sempre

que solicitada pelo detentor, visto serem resíduos com características especiais

(natureza, características, peso e dimensão) e, por isso, não poderem ser objecto de

remoção normal.

Fig. 9. Operação de recolha de óleos usados

Estes resíduos após serem recolhidos, são conduzidos ao aterro sanitário onde são

pesados e depositados em locais específicos dentro da área do aterro, aguardando

soluções de valorização.

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Plano de Prevenção de Riscos Profissionais na Divisão de Resíduos Sólidos Urbanos (R.S.U.)

Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 16

A sucata é uma vez por ano, compactada e enfardada por uma empresa especializada

para o efeito e enviada em contentores para reciclagem.

Gráfico .2. Quantidade de sucata entrada e exportada no Aterro Intermunicipal (SMAH,2003)

Cerca de 1686,8 ton/ano de sucata foram enviadas para a reciclagem em 2000,

aumentando para 1876,0 ton/ano em 2001, sendo que em 2002 baixou para 1716,0

As operações de recolha de sucata são efectuados por trabalhadores que utilizam

luvas de borracha (EPI´s adequados) para o levantamento de sucatas (máquinas de

lavar, fogões, etc.).

Os maiores riscos que os trabalhadores sofrem são os riscos ergonómicos, devido a

sobrecarga física e excessiva no levantamento incorrecto das sucatas.

Fig.8. Operação de recolha de monstros

Os óleos usados são de igual modo recolhidos pelas viaturas de recolha especial dos

Serviços Municipalizados, em bidões e depositados numa zona criada para o efeito no

aterro sanitário, ou são os próprios produtores desses óleos que se encarregam de os

levar ao aterro sanitário.

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Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 17

Gráfico.2. Quantidade de óleo entrada e exportada no Aterro Intermunicipal (SCMAH,2003)

Pode-se verificar pelo gráfico acima representado, que a quantidade de óleo usado

aumentou gradualmente nos últimos três anos, sendo de referir que apenas uma parte

foi valorizada no ano de 2002, cerca de 48000 l/ano, sendo os restantes 55600 l/ano

depositado no Aterro constituindo um sério risco de incêndio, devido a grande

quantidade de carga incendiária, que poderá num futuro próximo acarretam situações

de possíveis incêndios ou explosões.

A zona de armazenagem dos óleos usados está remodelada contendo três tanques

metálicos de elevada capacidade assentos em pilares de betão armado e o chão

revestidos de betão. Para esses tanques são transferidos todos os óleos que dão

entrada no aterro, de forma a minimizar os riscos de contaminação do solo por esses

óleos.

Fig.9. Zona de armazenagem de óleos usados

As pilhas são armazenadas num contentor de 800 kg que se encontra num armazém

do papel/cartão, pretendendo-se encontrar as quantidades necessárias de forma a

proceder-se ao seu encaminhamento para valorização/reciclagem.

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Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 18

PARTE II – COMPONENTES FUNCIONAIS DO SISTEMA DE GESTÃO DE

RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ( R.S.U. ) NO ATERRO SANITÁRIO

INTERMUNICIPAL DA ILHA TERCEIRA

2.1. Produção

A forma mais fiável para recolher dados qualitativos da produção de resíduos de um

aglomerado populacional é recorrendo a pesagens sistemáticas dos resíduos

produzidos.

Para que um plano de prevenção esteja funcional necessita-se de uma recolha e

análise de toda a informação técnica actual relativa a instalações, locais, equipamento

e processos de trabalho a ter em conta na elaboração de projectos de prevenção.

A partir dos dados obtidos de registos dos SMAH, foi feita uma análise de riscos

baseada na recolha de dados, com o objectivo de se reunir um conjunto de informação

que pudesse contribuir para um melhor conhecimento das características quantitativas

de resíduos produzidos na Terceira, tanto dos resíduos sólidos urbanos como os de

outra natureza.

Gráfico.2. Valores quantitativos de resíduos no Aterro em 2002 (SMAH,2003)

Verificando o gráfico acima, pude constatar que a maior quantidade de resíduos que

deram entrada em 2002 foram de entulho (70064,49 ton/ano), resíduo doméstico

(29263,24) e matéria orgânica (3666,81 ton/ano) no Aterro Intermunicipal, originando

um risco de exposição a agentes biológicos maior nos trabalhadores sujeitos à todas

as actividades de recolha, transporte e tratamento de resíduos sólidos

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Gráfico.3. Valores quantitativos de resíduos no Aterro em 2003

Em relação ao 1º semestre de 2003, podemos verificar que os resíduos mais

produzidos na ilha Terceira são o entulho ( 39028,26 ton ) (provavelmente devido ao

volume crescente na área de construção civil); os resíduos domésticos ( 14890,87) e

finalmente a matéria orgânica (2232.77 ton).

Sendo assim pode-se resumir em termos de higiene quais os principais riscos

associados ao tipos de resíduos são:

Resíduos

Riscos

Entulho Resíduo

doméstico

Matéria orgânica

Físicos

Temperaturas

altas

Temperaturas

altas

Temperaturas

altas

Químicos

Poeiras

Fumos e cheiros

Gases e vapores

Biológicos

Vírus, bactérias,

fungos e

parasitas

Vírus, bactérias,

fungos e

parasitas

Vírus, bactérias,

fungos e

Parasitas

Quadro 1. Relação entre os resíduos e os riscos

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Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 20

2.2. Caracterização física e química dos RSU

As características dos RSU são determinantes na escolha e na decisão do tipo de

tratamento a efectuar e condicionam o respectivo funcionamento. A avaliação das

possibilidades de recuperação e reciclagem dos vários componentes físicos dos

resíduos sólidos urbanos é condicionada pelo conhecimento da importância relativa

com que cada um desses componentes contribui para a composição global.

A natureza e composição dos resíduos determina as suas características físicas,

biológicas e químicas em termos do potencial dos fluxos dos resíduos para

processamento biológico ou incremento de um programa de reciclagem.

O conhecimento das características qualitativas e quantitativas dos RSU bem como da

sua evolução é fundamental para apoio às tomadas de decisão no âmbito da gestão

de um sistema de RSU.

É necessário determinar as características qualitativas dos resíduos, recorrendo à sua

caracterização de modo a obter dados que permitam não só a sua actualização da sua

composição, mas também possibilitem a análise da tendência da sua evolução.

A escolha de soluções de tratamento de RSU depende cada vez mais do

conhecimento das suas características físicas e químicas, sendo esta caracterização

dificultada pela heterogeneidade dos resíduos que torna difícil a obtenção de amostras

representativas dos resíduos, podendo comprometer a fiabilidade dos resultados das

determinações químicas.

Gráfico.4. Resultados (%) das Análises Fisícas em RSU em 2002 (SMAH, 2003)

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Segundo os dados do SMAH, podemos concluir que a matéria orgânica (29,2%)

apresenta a percentagem mais elevada em termos de análises físicas aos RSU

existentes no Aterro Intermunicipal, Este facto, leva-nos a pensar que o fluxo dos

resíduos estão intimamente ligados com a natureza física dos mesmos. Para isso,

seria do maior interesse em termos de prevenção contra os riscos dos agentes

biológicos criarem-se tipos de tratamento que reduzissem ao máximo o fluxo de

produção de resíduos.

Uma alternativa a médio e longo prazo seria a criação de uma estação de

compostagem que permitiria evitar as consequências negativas associadas ao seu

depósito em aterro e ao aumento simultâneo do tempo de vida das bolsas em

exploração. Permitindo assim, obter um fertilizante essencial para fins agrícolas – o

composto.

Fig.9. Estação de compostagem (esquema geral)

Legenda:

Pré-tratamento:

1- Recepção da fracção orgânica dos resíduos. A fracção de origem de recolha selectiva é

crivada por forma a eliminar possíveis impurezas que contenha.

2- Retalhador/misturador de tambor

3- Cabina de triagem manual. Este é um último ponto de encontro, que se realiza

manualmente. Posteriormente, um electroíman elimina os resíduos metálicos que possam existir.

4- Recepção da fracção vegetal e trituração da mesma. Os resíduos verdes provenientes de

jardinagem, cortes de árvores ou cortes municipais são triturados.

5- Mistura e homogeneização. Misturam-se as duas fracções. Esta é então submetida a

compostagem.

Processo de compostagem:

6- Disposição em pilhas. A mistura é disposta através de um tractor formando pilhas sobre

um pavimento que visa a recolha dos lixiviados

7- Revolvimento das pilhas e controle das condições de processo.

8- Recolha dos lixiviados. Os lixiviados são recolhidos e utilizados para humidificar a massa

em compostagem.

9- Crivagem do composto maduro. O composto é crivado de forma a obter um produto final

homogeneizado. A fracção restante pode ser reutilizada no inicio do processo.

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10- Composto. Finalmente obtém-se um composto maduro estável que pode ser

comercializado como correctivo orgânico do solo.

A análise química de resíduos é útil e em muitos casos necessária para planificar e

projectar estruturas de tratamento de RSU, para o seu funcionamento, para contribuir

para acreditar essas instalações junto dos organismos independentes e para estudos

de investigação de aperfeiçoamento de métodos de tratamento e investigação.

A caracterização quantitativa e qualitativa dos RSU por cada Munícipio constitui um

obrigação legal imposta pela Portaria n.º 768/88, de 30 de Novembro, que veio

regulamentar a execução desta obrigatoriedade, definindo o “Mapa de Registo dos

Resíduos Sólidos Urbanos”.

2.3. Deposição

A deposição de RSU na ilha Terceira é simultaneamente indiferenciada e selectiva em

determinados locais, sendo realizada principalmente em contentores, sacos plásticos e

em ecopontos, para o vidro, o papel e o cartão.

Os contentores herméticos são circulares de 50 a 100 litros, injecção de polietileno de

alta densidade colorido na massa e com protecção UV.

Os contentores são de injecção de polietileno de alta densidade colorido na massa e

com protecção UV, para RSU na cor verde ou para recolha selectiva na cor do tipo de

resíduo a depositar, Azul para Papel/Cartão, Amarelo para Embalagens Verde para

Vidro.

Fig.10. Contentores de recolha selectiva

2.3.1. Recolha selectiva dos SMAH

A pureza dos resíduos recolhidos está intimamente relacionada com os serviços de

recolha. A recolha selectiva permite evitar a contaminação dos resíduos

biodegradáveis por outros resíduos, materiais e substâncias poluentes. Os sistemas

de recolha selectiva estão organizados de forma a minimizar os odores gerados na

recolha, transporte e tratamento.

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Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 23

2.4. Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos

Uma gestão adequada dos resíduos começa pela prevenção – no fundo, o que não é

produzido não é eliminado. Logo, a prevenção e minimização dos resíduos deverão

adquirir a máxima prioridade em qualquer plano de gestão de resíduos.

Sempre que haja produção de resíduos no Aterro Intermunicipal da Terceira, os

responsáveis pelo planeamento e os gestores deverão sistematicamente escolher a

melhor opção de tratamento, com o mínimo de riscos possível para a saúde humana e

para o ambiente. Cada opção de tratamento acarreta impactos diferentes para

aspectos distintos do ambiente.

A gestão dos resíduos está orientada para a redução da quantidade e perigosidade

dos resíduos, bem como da sua valorização, por forma a que nos aterros apenas se

faça deposição de resíduos da fracção residual dos processos produtivos e dos

sistemas de valorização que não se podem valorizar com as tecnologias actuais.

Para podermos prevenir, é necessário ter o conhecimento técnico necessário para

aplicarmos na prática. Desta forma, podemos realizar a implementação de

características tipo de aterro para resíduos perigosos.

Fig.10. Características tipo de aterro para resíduos perigosos ( Instituto dos Resíduos, 2003 )

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Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 24

Os passos essenciais na implementação de aterros para resíduos perigosos são:

► Selagem e integração paisagística;

► Impermeabilização e drenagem de taludes;

► Impermeabilização e drenagem do fundo.

Os aterros para resíduos perigosos têm a particularidade de estarem dotados de

soluções técnicas para aumentar a segurança contra riscos de contaminações do solo,

das águas superficiais e subterrâneas.

Em condições ideais localizam-se em terrenos naturais de baixa permeabilidade,

sendo complementadas por impermeabilizações artificiais, por forma a assegurar uma

dupla protecção à massa de resíduos e aos seus lixiviados e evitar impactes

potenciais sobre as água subterrâneas.

Um aterro para resíduos perigosos é uma instalação de eliminação para a deposição

de resíduos cuja valorização não foi possível, que envolve a ocupação de um espaço

físico onde se depositam resíduos que não são valorizáveis (Instituto dos

Resíduos,2002).

Sendo assim, os requisitos técnicos aplicáveis aos aterros estão expressos na

Directiva 1999/31/CE da União Europeia.

Os aterros podem ser classificados em três classes :

☺ aterro para resíduos perigosos;

☺ aterro para resíduos não perigosos ou banais;

☺ aterro para resíduos inertes.

A classificação dos resíduos é feita com base no Catálogo Europeu de Resíduos,

sendo esta classificação passível de alterações periódicas.

De referir que são classificados como resíduos perigosos alguns resíduos resultantes

de outras actividades, por exemplo: as lâmpadas fluorescentes, alguns tipos de pilhas,

óleos lubrificantes, ainda que nestes caso existam tecnologias para a valorização.

Os resíduos perigosos consoante as suas características poderão ser valorizados,

podem ser encaminhados para unidades de tratamento físico-químico, tratamentos

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Plano de Prevenção de Riscos Profissionais na Divisão de Resíduos Sólidos Urbanos (R.S.U.)

Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 25

biológicos, processos de estabilização, eliminados em unidades de incineração ou

valorizados em processos de co-incineração.

Vai ser elaborado o Plano Estratégico dos Resíduos Industriais e Especiais dos

Açores (PERIEA) que procederá à definição da estratégia de gestão integrada dos

resíduos industriais e,dada a sua quantidade e perigosidade, de outros tipos de

resíduos, nomeadamente sucatas, pneus, pilhas e acumuladores e óleos usados, para

os quais é fundamental definir e implementar uma solução adequada.

O Plano Estratégico Sectorial de Resíduos Industriais – PESGRI, de acordo com os

príncipios comunitários de gestão de resíduos, aponta como prioridades a minimização

da quantidade e da perigosidade e a valorização desse resíduos.

Fig. 11. Gestão do Plano Estratégico de Resíduos Industriais

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Plano de Prevenção de Riscos Profissionais na Divisão de Resíduos Sólidos Urbanos (R.S.U.)

Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 26

No Plano Estratégico de Resíduos Sólidos Urbanos (PERSU) são enunciadas

prioridades e opções estratégicas que se consideram ser de aplicar à Região

Autónoma dos Açores, após serem devidamente enquadradas e adaptadas à

realidade regional ( DRA, 1999 ).

Deste modo, o Plano Estratégico de Resíduos Sólidos Urbanos da Região Autónoma

dos Açores ( PERSURAA ), que tem por bases estratégicas as mesmas definidas para

o PERSU a nível nacional, define as acções prioritárias a implementar a nível regional

e local, a curto (2001) e médio prazo (2005), nomeadamente as questões relativas ao

tratamento e destino final dos resíduos sólidos e na implementação da recolha

selectiva, devidamente acompanhadas de outras acções, tais como as orientadas para

a prevenção e educação/formação.

Em seguida, apresenta-se uma calendarização relativa a implementação das medidas

preconizadas anteriormente e para o horizonte temporal previamente estabelecido.

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Construção de aterros

Selagem de lixeiras

Melhoria da gestão

Compostagem

Recolha selectiva

Educação ambiental

Formação profissional

Monitorização

Fiscalização

Quadro.1. Calendarização das Acções a Curto ( 2001 ) e Médio Prazo ( 2005 )

A principal estratégia definida neste plano é assegurar implementação de estruturas

de destino final adequadas à recepção dos resíduos sólidos urbanos, um em cada ilha

da Região.

No caso em que são explorados vazadouros municipais deverão ser desenvolvidos

esforços por parte das autarquias com o objectivo de se melhorar as condições de

exploração, enqunato não estão disponíveis as alternativas ambientalmente

adequadas. Os esforços deverão incidir na cobertura diária dos resíduos e na vedação

da área afecta.

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Plano de Prevenção de Riscos Profissionais na Divisão de Resíduos Sólidos Urbanos (R.S.U.)

Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 27

As autarquias ( Câmara Municipal através dos Serviços Municipalizados da Câmara

Municipal de Angra do Heroísmo ) são as entidades responsáveis pela gestão,

incluindo destino final, dos resíduos urbanos1. A Direcção Regional do Ambiente pode

apoiar as autarquias neste processo, tendo em conta que é a autoridade competente

para a autorização prévia das operações de armazenagem, tratamento, valorização e

eliminação de resíduos urbanos.

1De acordo com o Decreto-Lei nº.239/97, de 9 de Setembro, resíduos urbanos são os resíduos domésticos ou outros

resíduos semelhantes ,em razão da sua natureza ou composição, nomeadamente os provenientes dos sector de

serviços ou de estabelecimentos comerciais ou industriais ou de unidades prestadoras de cuidados de saúde, desde

que, em qualquer dos casos, a produção diária não exceda 1100 litros por produtor.

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Plano de Prevenção de Riscos Profissionais na Divisão de Resíduos Sólidos Urbanos (R.S.U.)

Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 28

PARTE III – METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DE RISCOS NA RECOLHA,

TRANSPORTE E TRATAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

(R.S.U.) NO ATERRO SANITÁRIO INTERMUNICIPAL DA ILHA TERCEIRA

(Método de Avaliação de Riscos de Acidentes de Trabalho –MARAT)

3.1. Identificação de Perigos, Avaliação e Controlo dos Riscos Profissionais

Os trabalhadores podem estar expostos a agentes biológicos com riscos para a sua

saúde em muitas actividade mas com toda certeza, o estão na actividade de recolha,

transporte e tratamento dos resíduos sólidos urbanos ( R.S.U. ).

Em relação a todas as actividades de recolha, transporte e tratamento de resíduos

susceptíveis de apresentar um risco de exposição a agentes biológicos, devem ser

determinados: -

- » a natureza, o grau e o tempo de exposição dos trabalhadores envolvidos a fim de

poderem ser avaliados os riscos para a segurança ou para a saúde dos trabalhadores

e estabelecidas as medidas a tomar.

Neste “Plano de Prevenção” foram identificados os principais Riscos Profissionais nas

operações de recolha, transporte e tratamento dos resíduos sólidos urbanos no Aterro

Intermunicipal da Ilha Terceira .

-» RISCOS MECÂNICOS

Queda ao mesmo nível

Entaladelas

Golpes

Cortes

Choques

Projecção de objectos

-» RISCOS FÍSICOS

Temperaturas baixas (Inverno)

Temperaturas altas (Verão)

Vibrações

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-» RISCOS QUÍMICOS

Poeiras

Gases e vapores detectáveis organolepticamente

Fumos

Fig.13. Produção de gases e fumos tóxicos – riscos químicos (Fonte:Contenur,2004)

-» RISCOS BIOLÓGICOS

Exposição a factores infecciosos :

- Bactérias

- Vírus

- Fungos

- Parasitas

-» RISCOS ERGONÓMICOS

Sobrecarga e esforço físico – em média cada mão não pode exceder > 20 kgs

de lixo.

Fig.13. Sobrecargas na colecta de lixo – riscos ergonómicos (Fonte : Contenur,2004)

Postura de trabalho – não possuem postura correcta ao carregar/apanhar o

lixo.

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-» RISCOS PSICOSSOCIAIS

Stress organizacional de grupo – o condutor e os cantoneiros, por vezes, não

se dão bem, criando assim um stress de grupo, e provocando instabilidade no

trabalho.

Stress individual – o cantoneiro que trabalha mais rápido ou mais lento.

-» RISCOS DE ORDEM E LIMPEZA

Ordem – no interior e exterior do camião de recolha de RSU deve haver ordem,

para se criar um clima de segurança e estabilidade no trabalho.

Asseio – na forma como deixam os contentores limpos, encostados no local

correcto e bloquear no seu local de deposição

.

Fig.14.Sujeira e desordem na arrumação dos lixos – riscos de ordem e limpeza

-» RISCO DE INCÊNDIO

Combustíveis sólidos – colocam cigarros no interior dos contentores podendo

originar um incêndio

Na zona de óleos usados encontra-se bem próximo a zona de pneus, que

constitui uma carga de incêndio com grave risco de incêndio ou explosão, dado a

proximidade de comburente com combustível, tendo uma fonte de ignição - um calor

(Sol, ponta de cigarro,etc.) podemos correr o risco de incêndio nesta zona do Aterro.

Fig.15. Combinação perigosa pneus+óleos usados – risco de incêndio

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3.1.1. Identificação de Perigos

Os principais perigos identificados nas operações de trabalho realizadas no Aterro

sanitário segundo o “Método de MARAT” são agrupados em várias categorias, de

acordo com o ANEXO 2, sendo que os itens listados em cada uma das categorias

deverão ser considerados como exemplo e não como sendo uma lista exaustiva de

todos os perigos da referida categoria.

3.1.2. Avaliação dos Riscos

A metodologia que se apresenta permite quantificar a magnitude dos riscos existentes

no Aterro sanitário e, como consequência, hierarquizar de modo racional a prioridade

da sua eliminação ou correcção.

A informação resultante deste método baseia-se em observações de campo nas

instalações do Aterro sanitário e no registo de perigos ou situações perigosas antes,

durante e depois da operações de recolha, transporte e tratamento dos R.S.U.

O risco é, em termos gerais, o resultado do produto da probabilidade pela severidade.

Os conceitos chave da avaliação dos riscos em RSU são :

• a probabilidade de que determinados factores de risco (perigos) se

materializam em danos

• a magnitude dos danos ( também designado por severidade ou tão somente

consequências ).

Tendo em atenção que estamos no campo dos acidentes laborais, a probabilidade

traduz a medida de desencadeamento do acontecimento inicial. Integra em si a

duração dos trabalhadores do Aterro ao perigo e as medidas preventivas existentes.

Assim sendo, pode-se afirmar que a probabilidade é função do nível de exposição e do

conjunto das deficiências ( que é o oposto das medidas preventivas existentes para os

factores em análise ) que contribuem para o desencadear de um determinado

acontecimento não desejável.

No desenvolvimento do método não se utilizarão valores absolutos mas antes

intervalos discretos pelo que se utilizará o conceito de nível. Assim, o nível de risco

(NR) será função do nível de probabilidade (NP) e do nível de consequências (NC)

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O presente método pode ser representado pelo fluxograma

seguinte:

A avaliação será efectuada com base em todas as informações disponíveis :

-.a classificação dos agentes biológicos que apresentam ou podem apresentar um

perigo para a saúde humana ;

- as recomendações das autoridades responsáveis que indiquem a conveniência de

submeter o agente biológico a medidas de controlo, a fim de proteger a saúde dos

trabalhadores que estejam ou possam vir a estar expostos a tais agentes devido ao

seu trabalho;

- as informações sobre as doenças que podem ser contraídas devido a natureza do

trabalho;

- os potenciais efeitos alérgicos ou tóxicos resultantes do trabalho;

- o conhecimento de uma doença verificada num trabalhador directamente relacionada

com o seu trabalho;

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Para aplicação da metodologia de MARAT existem níveis que foram avaliados num

Relatório de Identificação de Perigos, Avaliação e Controlo dos Riscos, que será

referenciado mais adiante.

Estes níveis estão descritos pormenorizadamente abaixo, para uma melhor

interpretação do Relatório de Identificação de Perigos, Avaliação e Controlo de Riscos:

I . Nível de Deficiência (ND)

Designa-se por nível de deficiência (ND), ou nível de ausência de medidas

preventivas, a magnitude esperada entre o conjunto de factores de risco considerados

e a sua relação causal directa com o acidente.

A tabela que se segue enquadra-nos a avaliação num determinado nível de

deficiência.

II. Nível de Exposição (NE)

O nível de exposição é uma medida que traduz a frequência com que se está exposto

ao risco. Para um risco concreto, o nível de exposição pode ser estimado em função

dos tempos de permanência nas áreas de trabalho, operações coma máquina,

procedimento, ambientes de trabalho, etc.

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A tabela que se segue enquadra-nos a avaliação num determinado nível de exposição.

Existem bastantes variáveis que condicionam a forma como o trabalhador dos

resíduos é exposto a substâncias de risco biológico. De entre elas podem referir-se a

quantidade, a concentração de agente perigoso, a duração de exposição, o local da

exposição e a respectiva duração.

Factores de concentração, têm importância determinante. Factores como tempo de

exposição são também importantes. Também a frequência com que está exposto à

substância perigosa existente no Aterro (bactéria, vírus, fungos, etc.) tem elevada

importância.

Deverá portanto distinguir-se as características da exposição :

- Exposição aguda local – ocorre numa zona localizada do organismo durante um

período de tempo curto;

- Exposição crónica local – ocorre numa zona localizada do organismo durante um

período de tempo longo;

- Exposição aguda sistémica – afecta um órgão específico afastado do local da

exposição, após uma exposição curta;

- Exposição crónica sistémica – afecta um órgão específico afastado do local da

exposição, após uma exposição prolongada.

Para além das características intrínsecas á substância, as circunstâncias próprias dos

indivíduos, tais como o sexo, a idade, o estado físico e/ou psicológico, alimentação, a

actividade física, etc., são também aspectos a ter em conta quando se avalia a

perigosidade de risco biológico para a saúde.

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Plano de Prevenção de Riscos Profissionais na Divisão de Resíduos Sólidos Urbanos (R.S.U.)

Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 35

III. Nível de probabilidade (NP)

O nível de probabilidade é determinado função das medidas preventivas existenentes

e do nível de exposição ao risco. Pode ser expresso num produto de num produto de

ambos os termos apresentado na tabela abaixo

IV. Nível de Severidade (NS)

Foram considerados cinco níveis de consequências em que se categorizaram os

danos físicos causados aos trabalhadores e os danos materiais. Ambas as categorias

devem ser consideradas independentemente, tendo sempre mais peso os danos nas

pessoas que os danos materiais. Quando os danos em pessoas forem desprezíveis ou

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Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 36

inexistentes devemos estabelecer os danos materiais no estabelecimento das

prioridades.

Os acidentes com baixa deverão ser integrados no nível de consequência grave ou

superior.

Há que ter em conta que, quando nos referimos às consequências dos acidentes,

apenas se consideram os que forem normalmente esperados em caso de

materialização do risco. O nível de severidade do dano refere-se ao dano mais grave

que é razoável esperar de um incidente envolvendo o perigo avaliado.

A tabela que se segue enquadra-nos a avaliação em determinados níveis de

severidade.

V. Nível de Risco (NR)

O nível de risco será o resultado do produto do nível de probabilidade pelo nível das

consequências

NR = NP X NS

No Relatório de Identificação de Perigos, Avaliação e Controlo dos Riscos, a coluna

que indica-nos Risco Avaliado é o Nível de Risco caracterizado nesta metologia

prática, dado que um dos objectivos a atingir neste “Plano de Prevenção” é permitir

quantificar a magnitude dos riscos existentes, hierarquizando de forma racional a

prioridade da sua eliminação ou correcção.

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Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 37

O nível de risco pode apresentar-se na tabela seguinte:

3.1.3. Controlo dos Riscos

Da análise da matriz de níveis de risco caracterizam-se diferentes níveis de

intervenção ou de controlo (NC)

VI. Nível de Controlo (NC)

O nível de controlo pretende dar uma orientação para implementar programas de

eliminação ou redução de riscos atendendo à avaliação do custo – eficácia.

O controlo é muito provavelmente a função básica mais decisiva no sucesso de

sistema de gestão de resíduos sólidos urbanos.

Controlar é influenciar de modo consciente a actuação dos recursos humanos

envolvidos no projecto e traduz a necessidade de se obter de forma sistemática, a

informação que permite validar se os resultados obtidos estão de acordo com os

objectivos estabelecidos.

O nível de controlo representa-se pela tabela abaixo:

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Plano de Prevenção de Riscos Profissionais na Divisão de Resíduos Sólidos Urbanos (R.S.U.)

Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 38

VII. Hierarquia de Controlo dos Riscos

A hierarquia de controlo dos riscos na aplicação do Método MARAT, segue a seguinte

ordem de prioridade :

(1) Eliminação do perigo : como, por exemplo, a eliminação de itens de

equipamento para elevação de resíduos sólidos que contenham agentes

biológicos nocivos à saúde dos trabalhadores. A eliminação dos perigos é

100% eficaz

(2) Substituição do perigo: como, por exemplo, a substituição de aterros

sanitários por bioreactores, através da recirculação de lixiviados, provoca uma

aceleração dos processos de degradação dos resíduos fazendo-os estabilizar

ao fim de 30-50 anos.

(3) Engenharia: como, por exemplo, a instalação de protecções nas máquinas e

equipamentos perigosos, a instalação de sistemas de ventilação ou captação

de poeiras, fumos ou gases em áreas onde possam ser produzidos, instalação

de silenciadores em condutas de evacuação, etc. A eficácia das soluções de

engenharia situa-se na casa dos 70 – 90%.

(4) Medidas administrativas: como, por exemplo, a formação e o treino, a

rotatividade dos postos de trabalho para repartir a carga das tarefas mais

desgastantes, o ajuste de horários, o relato precoce de sinais e sintomas,

instruções, avisos, etc. A eficácia das medidas administrativas varia entre 10 –

50%

(5) Equipamento de protecção individual: como, por exemplo, luvas de

protecção, protectores auriculares, viseiras para protecção contra agentes

biológicos; máscaras de protecção contra agentes biológicos.

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Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 39

3.1.3. Relatório de Identificação de Perigos, Avaliação e Controlo dos Riscos

O relatório resulta da informação adquirida, pesquisada e avaliada durante os dias de

visita do trabalho final em:

- às instalações, locais e processos de trabalho do Aterro Sanitário Intermunicipal da

ilha Terceira;

- acompanhamento dos trajectos de camiões de recolha selectiva : a) por Ecopontos ;

b) porta-a-porta aos grandes produtores e c) indiferenciada de Resíduos Sólidos

Urbanos do tipo doméstico ;

- situações de riscos laborais evidenciadas pelos trabalhadores do Aterro Sanitário.

N

Descrição do Perigo ou da Situação Perigosa N D N E N P N S Risco Avaliado Nível de Controlo Medidas de Controlo R/Data

P.1.1. Movimentos repetitivos do corpo…. 10 5 50 60 3000 II A Marcelo/01/04

P.1.2. Alcançar acima do ombro ou abaixo 6 3 18 25 450 III B Marcelo/01/04

P.1.4. Torção ou flexão do corpo no man... 10 4 40 90 3600 I C Marcelo/01/04

P.1.5. Transporte ou elevação desequilib… 6 4 24 60 1440 III D Marcelo/01/04

P.1.8. Necessidade de esforço excessivo…. 10 4 40 90 3600 I E Marcelo/01/04

P.2.1. Locais desarrumados, derrame……. 14 5 70 90 6300 I F Marcelo/01/04

P.2.2. Superfícies irregulares ou escorreg. 2 3 6 25 150 IV G Marcelo/01/04

P.2.3. Risco de colisão com objectos estát. 6 3 18 25 450 III H Marcelo/01/04

P.2.17. Exposição a vibrações mecânicas… 10 5 50 90 4500 I I Marcelo/01/04

P.3.4. Partes do corpo contacto com comp.. 2 3 6 25 150 IV J Marcelo/01/04

P.3.5. Possibilidade de acidentes com veic.. 2 3 6 60 360 III L Marcelo/01/04

P.4.1. Contacto com comp.sob tensão ……. 2 2 4 25 100 IV M Marcelo/01/04

P.5.1 Exposição de gases,vapores,poeiras,... 14 5 70 90 6300 I N Marcelo/01/04

P.6.2. Exposição a substâncias tóxicas nat… 14 5 70 90 6300 I O Marcelo/01/04

(plantas, gases,etc.)

P.6.3. Exposição a substâncias potencialm... 14 5 70 90 6300 I P

Procedimento do Sistema de Gestão de Saúde e Segurança no Trabalho

Relatório de Identificação de Perigos, Avaliação e Controlo de Riscos

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Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 40

3.1.4. Medidas de Controlo

As medidas de controlo são aplicadas na sequência do estudo dos elementos atrás

referidos, com o objectivo de caracterizar e implementar na Divisão de Resíduos

Sólidos Urbanos as medidas adequadas mo sentido da eliminação ou minimização

dos riscos decorrentes dos trabalhos de recolha, transporte e tratamento de

R.S.U.(Resíduos Sólidos Urbanos).

Depois de uma análise pormenorizada do relatório pude moldar o seguinte quadro -

resumo de medidas de controlo para o Aterro Intermunicipal da ilha Terceira:

QUADRO-RESUMO

Nível de Controlo Significado Risco Avaliado Medidas de Controlo

I Situação crítica.

Intervenção imediata.

Eventual paragem

imediata.

Isolar o perigo até serem

adoptadas medidas de

controlo permanente.

I (3600) - C

I (3600) - E

I (6300) - F

I (4500) - I

I (6300) - N

I (6300) – O

Esforço adequado à tarefa

Levantamento equilibrado

Bacias de retenção

Resguardos laterais nas máq.

Protecção colectiva trabalhad.

EPI´s adequados à função no

Aterro

II Situação a corrigir.

Adoptar medidas de

controlo enquanto a

situação perigosa não for

eliminada ou reduzida.

II (3000) - A

Rotatividade do trabalho e

alternância de turnos com

movimentos repetitivos

contínuos. Exames médicos

periódicos.

III Situação a melhorar.

Deverão ser elaborados

planos ou programas

documentados de

intervenção.

III (450) - B

III (1440) - D

III (450) - H

III (360) – L

Postura adequada no trabalho

Utilização de empilhador

Dispositivo de alerta contra obj

Sinalização no Aterro das vias

de circulação

IV Melhorar se possível

justificando a intervenção.

IV (150) - G

IV (150) - J

IV (100) - M

Pisos anti-derrapantes

Protecções órgãos móveis

Uso de luvas e solas de

sapatos isoladoras

V Intervir apenas se uma

análise pormenorizada o

justificar

- -

Nota: Os riscos avaliados correspondem as letras (A,B,C,^) que encontram-se na coluna das medidas de controlo do

relatório de identificação de perigos, avaliação e controlo de riscos. O risco avaliado corresponde ao valor do nível de

risco.

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Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 41

PARTE IV – MEDIDAS PREVENTIVAS - REDUÇÃO DO RISCO BIOLÓGICO

NA RECOLHA, TRANSPORTE E TRATAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

URBANOS (R.S.U.)

4.1. Medidas de Prevenção – Redução do Risco Biológico

Nas actividades de recolha, transporte e tratamento de resíduos onde existe ou pode

existir risco de exposição a agentes biológicos, devem ser tomadas as seguintes

medidas de protecção da saúde e segurança dos trabalhadores:

• Conceber processos de trabalho e medidas técnicas de controlo a fim de evitar

ou minimizar a disseminação de agentes biológicos no local de trabalho;

• Elaborar planos de acção em caso de acidentes que envolvam agentes

biológicos;

• Utilizar o sinal indicativo de perigo biológico e outros sinais de aviso

pertinentes;

• Ter medidas que permitam no local de trabalho manipular, recolher e

transportar, sem riscos, agentes biológicos;

• Limitar ao possível o número de trabalhadores expostos ou susceptíveis de o

ser;

• Fornecer aos trabalhadores material de protecção adequado;

• Efectuar a vacinação dos trabalhadores, contra os agentes biológicos a que

estejam expostos, e que para os quais exista vacina eficaz;

• Realizar acções de informação/formação aos trabalhadores, sobre:

- os riscos potenciais para a saúde;

- as precauções a tomar para evitar a exposição;

- as normas em matéria de higiene e segurança;

- o emprego e a utilização dos equipamentos e do vestuário de protecção;

- as medidas a tomar pelos trabalhadores em caso de acidentes, incidentes e a sua

prevenção.

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Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 42

4.2. Acções aplicáveis frente a problemas dos trabalhadores da recolha, transporte e

tratamento de resíduos

Prevenção é a preocupação básica da saúde ocupacional e dos serviços de

segurança, higiene e saúde no trabalho.

A prevenção associa-se, habitualmente, à promoção da saúde que não só considera

os aspectos preventivos que propiciam a manutenção da saúde mas também propõe o

desenvolvimento dos factores que contribuem positivamente para o bem estar.

A investigação é essencial para obter informação actualizada e precoce.

4.2.1. Prevenção Primária (imunização e outra medidas que evitem a ocorrência de

danos)

Os cuidados de prevenção primária baseiam-se em conhecimentos clássicos e

validados pela experiência. Não de pode aceitar que as soluções se desenvolvam

tardiamente e tendo em conta informação desactualizada e não concordante com a

realidade.

Devem ser criadas novas áreas de investigação adequadas à realidade no âmbito da

prevenção primária.

a) Modelos de Actuação Genérica Dirigida ao Trabalhador :

► Aplicabilidade no período pré-patológico

» estímulo produzido pela exposição ou factor de risco

» ocorrência de eventos sentinela

» relações entre exposição ou factores de risco e o trabalhador

► Eixos de actuação (Promoção da saúde e sua manutenção)

» motivação, sensibilização e educação sanitária

» investigação aplicada ao encontro de trabalho seguro e saudável

» planificação e boa organização do trabalho

» informação sobre factores de risco e meios de prevenção

» participação generalizada, activa e consciente

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Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 43

» adaptação do trabalho ao trabalhador

» vigilância epidemiológica e saúde individual

» monitorização ambiental

» estilos de vida saudáveis

► Eixos de actuação (Protecção Específica)

» controlo de doenças específicas (vacinação)

» monitorização biológica

» medidas de eliminação ou controlo de factores de risco

» correcção de técnicas e condições laborais

» protecção colectiva

» protecção pessoal

b) Modelo de Actuação Genérica Dirigidas aos Factores de Risco

► Aplicabilidade no período pré-patolólgico

» preferentemente na planificação (antecipação)

» na fase de montagem

» precocemente quando o risco seja detectado já em funcionamento

► Eixos de Actuação (Promoção da saúde e sua manutenção)

» planificação cuidadosa : localização, construção e outros elementos

» instalações, espaço e condições higiénicas de trabalho e de circulação

» medidas de previsão e controlo de factores de risco

» saneamento básico dos locais de trabalho

» aplicações ergonómicas e organização do trabalho

► Eixos de Actuação (Protecção Específica)

» manutenção de equipamento e dos locais de trabalho

» técnicas de controlo e defesa contra factores de riscos biológicos, assim como físico-

químicos, ergonómicos e psicossociais

» monitorização ambiental na fonte e no ambiente geral

» detecção de situações de alto risco e de risco combinado

» casos especiais, como os riscos carcinogénicos, mutagénicos e teratogénicos

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Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 44

4.2.2. Prevenção Secundária (Diagnóstico e Tratamento Precoces e Adequados)

A prevenção no trabalho exige uma cooperação multidisciplinar e, para se eficiente,

necessita actuar em problemas e situações específicas, que justificam a cooperação

entre os especialistas e técnicos que constituem a equipa de saúde ocupacional.

a) Modelo de Aplicação Genérica Dirigidas ao Trabalhador

► Aplicabilidade no período em que há manifestação patológica

» reacções psico-somáticas do trabalhador

» alterações ou lesões detectáveis

► Eixos de Actuação (Diagnóstico precoce e tratamento oportuno)

» vigilância epidemiológica da saúde e registos médicos com boa história

» capacidade de diagnóstico diferencial e de comprovação

» primeiros socorros e cuidados médicos adequados

► Eixos de Actuação (Limitação do dano e da incapacidade)

» redução do tempo de exposição ao factor de risco, em fase aguda

» diagnóstico das lesões e prognóstico da evolução

» tratamento adequado

» prevenção das complicações e sequelas

» estimulação da capacidade e da integração laboral do trabalhador

b) Modelo de Actuação Genérica Dirigida aos Factores de Risco

► Aplicabilidade no Período em que há manifestações patológicas

» acontecem eventos não programados e indesejados

» a monitorização ambiental e o estudo das condições de trabalho evidenciam

indesejáveis exposições e factores de risco

►Eixos de actuação (Diagnóstico precoce e correcções em tempo oportuno)

» eventos sentinela

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Trabalho final realizado por: Marcelo Gil Simões 45

» identificação de factores de risco

» aplicação de medidas correctivas

► Eixos de actuação (Limitação do dano e da incapacidade)

» estudo dos postos de trabalho

» redução da exposição e controlo dos factores de risco

» incidência de erros

4.2.3. Prevenção Terciária ( cuidados que evitam a incapacidade e promovem a

reabilitação)

a) Modelo de Aplicação Genérica Dirigidas ao Trabalhador

► Aplicabilidade durante o período de tratamento

» evolução para a cura clínica

► Eixos de actuação (Limitação do dano e da incapacidade)

» tratamento adequado após os primeiros cuidados

» reabilitação clínica precoce

► Eixos de actuação (Reabilitação e reintegração sócio-laboral)»

» sensibilização da comunidade e do empregador

» motivação para as práticas de reabilitação precoce

» uso das capacidades remanescentes

» classificação das incapacidades

b) Modelo de Actuação Genérica Dirigida aos Factores de Risco

► Aplicabilidade no período em que existem alterações de saúde, mau funcionamento

e perturbação

» avarias frequentes

» atrasos na recolha

» baixa produtividade

» necessidade de reintegrar diversos trabalhadores com incapacidade

» alterações das quantidades

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Plano de Prevenção de Riscos Profissionais na Divisão de Resíduos Sólidos Urbanos (R.S.U.)

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» alta insatisfação sócio-laboral

► Eixos de actuação (Melhorias ambientais, de funcionamento e de quantidade)

» modificações tecnológicas e ergonómicas

» campanhas correctivas integradas nas obras de reparação e de manutenção

» renovação

» transformações do processo de trabalho

» mecanização, automatização e robotização

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