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Plano Municipal de Saneamento - Residuos Sólidos

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  • PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BSICO DA

    PREFEITURA MUNICIPAL DE PARATY

    RESDUOS SLIDOS URBANOS

    Dezembro/2011

  • UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    FACULDADE DE OCEANOGRAFIA

    NDICE

    1. APRESENTAO ..................................................................................................................... 1 2. BREVE HISTRICO ................................................................................................................. 1 3. DIAGNSTICO DA SITUAO ATUAL .................................................................................. 3

    3.1. Populao Atual e Quantidade de Resduos Gerados ..................................................... 3 3.2. Procedimento Atual da Limpeza Urbana e Manejo dos Resduos Slidos ...................... 4

    3.2.1.Varrio dos logradouros e coleta do lixo ................................................................ 4 3.2.2.Transbordo, transporte e disposio final dos resduos .......................................... 5 3.2.3.Limpeza dos pontos tursticos ................................................................................. 6

    3.2.4.Coleta do lixo de origem insular............................................................................... 7 3.2.5.Coleta e disposio dos resduos dos servios de sade ....................................... 7 3.2.6.Coleta e disposio de entulhos .............................................................................. 8 3.2.7.Coleta Seletiva e Reciclagem do lixo ...................................................................... 8

    4. PROGNSTICOS DO MANEJO DO LIXO AT 2030 ........................................................... 10 4.1. Projeo da Populao e Quantidade de Resduos Gerados ........................................ 10 4.2. Prognsticos para os Servios de Limpeza, Coleta e Disposio Final......................... 11

    4.2.1.Disposio final no municpio (Soluo A) ............................................................ 14 4.2.2.Disposio final fora do municpio (Soluo B) ..................................................... 17 4.2.3.Disposio final consorciada (Soluo C) ............................................................. 19 4.2.4.Comparao entre as alternativas consideradas .................................................. 22

    5. PROGRAMAS E AES EM ANDAMENTO ......................................................................... 24 6. POSSVEIS FONTES DE RECURSOS FINANCEIROS ........................................................ 24

    6.1. Ministrio do Meio Ambiente ........................................................................................... 25

    6.2. Ministrio das Cidades Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA) ....... 25 6.3. Fundao Nacional de Sade (FUNASA) ...................................................................... 26 6.4. Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES) ............................ 26

    7. CONCLUSES E RECOMENDAES ................................................................................. 26 8. REFERNCIAS ....................................................................................................................... 27 ANEXO 1 Demonstrativo de Custos

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    1. APRESENTAO

    Depois de um longo perodo sem um marco regulatrio para os servios de saneamento bsico foi aprovada, em 5 de janeiro de 2007, a Lei de Saneamento Bsico (Lei N 11.445). Com esta Lei o pas passa a contar com um marco regulatrio para o setor de saneamento bsico, atual, quanto aos seus fundamentos e princpios de organizao na estrutura federativa do Estado brasileiro, e integrada Poltica Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hdricos.

    A Lei estabelece diretrizes nacionais para o setor de saneamento bsico, alterando a Lei No 6.766, de 19 de dezembro de 1979, a Lei No 8.036, de 11 de maio de 1990, a Lei No 8.666, de 21 de junho de 1993, a Lei No 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, e revoga a Lei No 6.528, de 11 de maio de 1978.

    A Lei considera como saneamento bsico os servios de abastecimento pblico de gua potvel; os servios de coleta, transporte, tratamento e disposio final adequados dos esgotos sanitrios; os servios de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo domstico e do lixo originrio da varrio e limpeza de logradouros e vias pblicas; os servios de drenagem e manejo das guas pluviais drenadas nas reas urbanas, considerando o transporte, deteno ou reteno, para o amortecimento de vazes de cheias, o tratamento e a disposio final dessas guas.

    Dessa forma, o presente Relatrio foi desenvolvido em conformidade com as diretrizes estabelecidas na supracitada Lei de Saneamento. Os itens apresentados a seguir detalham os estudos realizados e integram o Plano Municipal de Saneamento Bsico da Prefeitura Municipal de Paraty.

    2. BREVE HISTRICO

    Com o final ciclo do ouro por volta de 1800 teve incio o ciclo do caf que perdurou aproximadamente at 1870, perodo em que o porto de Paraty foi muito utilizado para escoar o caf produzido no Vale do Paraba. Com a desativao gradual das lavoras do Vale do Paraba e o conseqente trmino do ciclo do caf, Paraty, por se caracterizar como uma cidade de passagem dedicada exclusivamente ao comrcio, entrou em franca decadncia e isolamento at pelo menos 1960. Essa situao s viria a mudar com a abertura da estrada ligando Paraty Cunha, na dcada de 1950 e, principalmente, com a construo da rodovia BR-101, ligando as cidades do Rio de Janeiro e Santos, aberta ao trfego na dcada de 1970, dando incio ao desenvolvimento turstico de Paraty.

    O isolamento e esvaziamento econmico foi de tal intensidade que nas primeiras dcadas do sculo passado chegou mesmo a ocorrer um xodo populacional, especialmente de homens a procura de trabalho nas cidades vizinhas. Os estabelecimentos comerciais fecharam e viraram residncias. Havia supervit residencial e muitas casas ruram por falta de manuteno (PARATY TUR - 2011). Em 1940 a populao no atingia 4.000 habitantes, saltando para cerca de 12.000 habitantes j em 1960 com a construo da estrada Paraty-Cunha.

    Especificamente em relao aos resduos slidos, informaes colhidas no municpio indicam que a partir de meados dos anos 60, com o crescimento da cidade e a abertura da BR-101, os resduos slidos passaram a ser jogados na encosta ngreme de um talvegue existente na margem esquerda da rodovia Rio Santos (sentido Santos) a cerca

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    de 4 quilmetros ao sul do centro urbano de Paraty, em local conhecido por Boa Vista. A disposio dos resduos nesse local perdurou por alguns poucos anos sendo transferido para outro local conhecido como Olaria, tambm prximo BR-101. De Olaria, o lixo passou a ser jogado durante cerca de um ano na regio de Caboclo, pouco ao norte do ncleo central de Paraty e sempre prximo BR-101. De Caboclo passou a ser disposto durante poucos meses prximo entrada do atual bairro de Jabaquara onde, por imposio veemente dos moradores das proximidades, foi mais uma vez transferido, dessa vez para Taquari, na localidade denominada Iriri. Em Iriri o lixo funcionou por cerca de um ano, voltando a sua origem em Boa Vista, onde perdurou at recentemente.

    A disposio final em Boa Vista durante tantos anos, mesmo excetuando-se os perodos em que foi feita em outros locais, resultou na formao de um enorme lixo que, a ttulo de estimativa, acumula aproximadamente 80 mil toneladas de resduos.

    Apesar desse lixo se situar no interior da APA do Cairuu, a destinao irregular perdurou at recentemente, quando a administrao municipal resolveu dar uma soluo adequada ao problema.

    No passado houve, todavia, pelo menos uma tentativa de equacionamento do problema. Por ocasio da realizao da Conferncia Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento - Rio 92, o Governo Federal lanou o programa Projeto Natural em Ncleo Urbano (PNNH), tendo por finalidade a promoo da preservao do meio ambiente, especificamente em trs municpios brasileiros: Paraty (RJ), Tiradentes (MG) e Gois Velho (GO).

    Em Paraty os recursos foram destinados busca do equacionamento dos problemas gerados pelos resduos slidos atravs da identificao de uma rea adequada instalao de um aterro sanitrio associado implantao de usina de reciclagem e compostagem. Para fazer face implementao das instalaes o municpio habilitou-se a um emprstimo de 600 mil dlares junto ao Banco Mundial.

    A comisso municipal constituda para lidar com o tema fez, segundo relato verbal recente de um de seus ex-membros, extensa pesquisa de reas adequadas instalao da usina e do aterro, resultando na escolha, com o assessoramento da FEEMA, de uma rea situada na bacia do rio Pequeno, entre os ncleos urbanos de Grana e Barra Grande.

    Segundo informaes levantadas, o local foi aprovado pela FEEMA aps a vistoria de dois tcnicos. Foi elaborado o EIA-RIMA da alternativa escolhida, solicitada a Licena prvia (LP) e at iniciado o processo de desapropriao. Como no houve acordo com o proprietrio da rea, um depsito judicial de R$ 50 mil reais chegou a ser feito (e posteriormente recuperado). Todavia, como na poca a Prefeitura tinha dbitos com a Unio o projeto foi inviabilizado pela impossibilidade da Prefeitura conseguir o financiamento pretendido.

    Alm da tentativa de eliminao do lixo, ainda com recursos do PNNH, foram compradas dezenas de lixeiras plsticas para instalao nos logradouros pblicos, uma prensa hidrulica para latas, plsticos e papelo e at mesmo um caminho com carroceria tipo caamba para a coleta seletiva de lixo. Como a prefeitura passava por dificuldades financeiras, o caminho foi cedido Secretaria de Obras e os equipamentos ficaram por muito tempo inoperantes.

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    Posteriormente foi feito um contrato de comodato com uma pessoa fsica (Sr. Calixto), que passou a efetuar uma precria coleta seletiva e a operar a prensa. Isso possibilitou uma pequena reduo da quantidade de resduos secos e ainda pequena renda para as pessoas envolvidas com os servios.

    Aps o falecimento do Sr Calixto, seu filho e a viva, com apoio da Prefeitura e tambm da Fundao SOS Mata Atlntica, continuaram, por algum tempo, a gesto do negcio. Era efetuada a coleta seletiva semanal no Centro Histrico e nos bairros de Patitiba, Pontal, Penha, Chcara, Cabor, Portal e no condomnio Mexerica, e em outros com frequncia quinzenal. Todavia, o negcio no prosperou e acabou trocando de mos, passando a ser operado diretamente no lixo Boa Vista por um ex-colaborador do Sr. Calixto. Esse tema ser abordado mais detalhadamente no item 3.2.7.

    Houve outra iniciativa de coleta seletiva na Ilha do Arajo que funcionou por aproximadamente 10 anos. A coleta era efetuada pela Associao de Moradores com o apoio da SOS Mata Atlntica e da Harmonia Global. Os materiais reciclveis eram coletados e enviados para o continente com recursos prprios da Associao. Todavia, com a coleta do lixo passando a ser feita de forma sistemtica atravs de barcos contratados pela Prefeitura, a coleta seletiva deixou de ser feita.

    3. DIAGNSTICO DA SITUAO ATUAL

    3.1. Populao Atual e Quantidade de Resduos Gerados

    O Censo de 2010 do IBGE identificou uma populao em Paraty de 37.533 habitantes. Esse nmero de habitantes refere-se populao fixa, residente, incluindo todos os moradores do municpio. Por outro lado, no inclui a populao flutuante, freqentadora eventual do municpio, quer como turistas ou participantes dos inmeros eventos tursticos e culturais que ocorrem durante todo o ano.

    Os estudos aqui efetuados, em especial aqueles referentes ao tratamento e disposio final dos resduos gerados no municpio sero calcados basicamente na populao fixa e no seu crescimento at 2030, conforme estimado no estudo da evoluo populacional elaborado no mbito do Plano de Saneamento Bsico de Paraty (Relatrio: Abastecimento de gua e Esgotamento Sanitrio, Setembro/2011). A populao flutuante ser considerada indiretamente atravs da taxa per capita de gerao de lixo adotada nesse estudo.

    Os resduos slidos de Paraty so coletados atualmente pela empresa Locanty Comrcio e Servios Ltda e dispostos no aterro de Arir, situado no municpio de Angra dos Reis. A empresa no forneceu os dados solicitados sobre os registros dirios de lixo que chega ao aterro, alegando problemas tcnicos na balana recentemente instalada.

    A Locanty, todavia, estimou em 60 toneladas dirias o lixo produzido em Paraty. Este valor extremamente alto, pois representa uma taxa per capita de gerao de lixo de 1,56 kg/hab.dia considerando a populao atual de 38.000 habitantes. Sobre esse aspecto cabe observar que na amostragem da produo de lixo conduzida pela Associao Brasileira de Empresas de Limpeza Pblica e Resduos Especiais (ABRELPE), envolvendo 142 municpios da regio sudeste do Pas, apenas o municpio do Rio de Janeiro apresentou uma taxa superior informada pela Locanty, correspondendo a 1,86 kg/hab.dia1 (ABRELPE, 2010).

    1 Curitiba e So Paulo produzem 1,22 kg/hab.dia e Belo Horizonte 1,26 kg/hab.dia (ABRELPE 2010)

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    Dessa forma, optou-se por considerar como referncia para Paraty a produo mdia diria dos 36 municpios amostrados da regio sudeste com populao situada no intervalo entre 20 mil e 60 mil habitantes, uma vez que a populao de Paraty situa-se em uma posio aproximadamente mediana do intervalo. Ao valor encontrado de 0,688 kg/hab.dia2 agregou-se o percentual de 8%3 em face da populao flutuante, resultando na taxa de 0,74 kg/hab.dia que ser empregada neste estudo. Com essa taxa a produo diria atual de resduos slidos urbanos em Paraty de aproximadamente 28 toneladas. J os resduos dos servios de sade provenientes do distrito sede e dos ncleos urbanos isolados, produzidos por hospitais, clnicas, farmcias, etc., so pesados na coleta e totalizam cerca de 300 kg/semana.

    Por no existirem indstrias de transformao no municpio, no so produzidos resduos de origem industrial.

    3.2. Procedimento Atual da Limpeza Urbana e Manejo dos Resduos Slidos

    Observa-se que os procedimentos empregados na limpeza dos logradouros pblicos e na coleta e disposio dos resduos slidos esto sendo conduzidos com eficcia, uma vez que no s o distrito sede como os ncleos urbanos isolados encontram-se adequadamente limpos, mesmo durante ou imediatamente aps a realizao dos inmeros eventos realizados em Paraty, at mesmo os mais expressivos e que mobilizam grande contingente de pessoas como a Festa Literria Internacional de Paraty (FLIP).

    Os servios de limpeza, coleta e disposio final so executados por empresas especializadas, cada uma delas efetuando servios especficos como descrito nos subitens seguintes. Dos cinco contratos em vigor, quatro so geridos pela Secretaria Municipal de Obras e um, relativo coleta e tratamento dos resduos dos servios de sade, pela Secretaria Municipal de Sade. Os contratos so todos do tipo empreitada por preo global e custam ao municpio R$ 862.617,00 mensais.

    3.2.1. Varrio dos logradouros e coleta do lixo

    Os servios de varrio dos logradouros pblicos, coleta domiciliar, transporte e destinao final do lixo so executados pela empresa Locanty Comrcio e Servios Ltda, mediante contrato sob a forma de empreitada global, com incio em 23 de dezembro de 2010.

    Na sede do municpio os servios de varrio contam com uma varredeira mecnica que atua em reas onde o desempenho do equipamento eficiente e tambm com 79 garis que executam a varrio manualmente. Todos trabalham uniformizados e usam EPI.

    Os varredores trabalham normalmente em 2 turnos (das 7h s 15h e das 15h s 22h) limpando diariamente as ruas do Centro Histrico e tambm a Av. Roberto Silveira, a mais importante da cidade. As demais ruas so varridas em dias alternados ou quando a necessidade indicada por inspeo, continuamente realizada pelos encarregados da prefeitura ou da prpria empresa.

    2 O INEA considera para Paraty a taxa de 0,65 kg/hab.dia

    3 O IBGE quantificou uma populao flutuante em Paraty da ordem de 21.432 hab. Neste estudo adotou-se um percentual

    de 15% desse montante, ou seja, 8% da populao total estando de forma permanente no municpio. Vale mencionar que em 2011 foram programados 42 eventos tursticos-culturais em Paraty, ocupando 179 dias do calendrio (Fonte: Secretaria de Turismo e Cultura).

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    Em dias de eventos expressivos pelo menos 7 varredores so destacados, estendendo o segundo turno at a meia noite nos logradouros do Centro Histrico e em parte da Av. Roberto Silveira.

    Os ncleos urbanos isolados contam com um total de 11 varredores permanentes sendo que cada ncleo conta com 1 ou 2 varredores em funo do porte. Os servios so feitos em apenas um turno.

    Os servios de coleta so feitos com o emprego de 5 caminhes compactadores novos e 2 com caamba basculante, esses ltimos terceirizados. Cada compactador, com capacidade para 12 toneladas, operado por motorista e trs coletores. Na sede municipal a coleta feita diariamente, chegando a ser realizada duas vezes ao dia em alguns logradouros, como na Av. Roberto Silveira.

    Nos ncleos urbanos isolados o lixo depositado por moradores e varredores em containeres de 1m3. Esses containeres, todos disponibilizados pela Locanty, so coletados pelos caminhes compactadores 3 vezes por semana com exceo do ncleo Chapu do Sol, onde a coleta semanal, e dos ncleos de Paraty Mirim e Pedras Azuis, onde a coleta feita 2 vezes por semana. J no Condomnio Laranjeiras e na Vila Oratrio a coleta diria. A Vila Residencial de Mambucaba, onde moram os operadores da usina nuclear de Angra dos Reis, embora situada no municpio de Paraty, destina o lixo diretamente e com recursos prprios para o Aterro Sanitrio de Arir, em Angra dos Reis.

    No existem informaes precisas sobre o percentual da populao atendida pelos servios de coleta, mas possvel inferir que se aproxime da totalidade da populao urbana, uma vez que mesmos os ncleos mais distantes e isolados so atendidos. Nas visitas a esses ncleos pde-se constatar que a coleta efetuada mesmo nos seus pontos mais afastados, situados j nos contrafortes da Serra da Bocaina.

    Os caminhes compactadores descarregam o lixo coletado no lixo de Boa Vista de onde transferido para caminhes caamba, trucados, com capacidade de 15 toneladas, e levado para o aterro sanitrio de Arir.

    Constatou-se nas visitas realizadas ao municpio, em diferentes dias e perodos, que os servios de varrio e coleta so eficazes, uma vez que os logradouros pblicos da sede municipal e dos outros ncleos urbanos esto sempre limpos. Entretanto, segundo informao da prpria Secretaria de Obras, ainda ocorrem reclamaes eventuais de moradores.

    3.2.2. Transbordo, transporte e disposio final dos resduos

    Se por um lado os servios de limpeza e coleta vm sendo executados corretamente, por outro lado, o mesmo no ocorre em relao operao de transbordo do lixo dos caminhes compactadores para os caminhes utilizados no transporte para o aterro sanitrio de Arir, situado em Angra dos Reis e de propriedade da prpria Locanty.

    A operao de transbordo feita em uma pequena rea situada no prprio lixo Boa Vista. Nesse local no existe uma estao de transferncia propriamente dita, de forma que o transbordo do lixo ocorre de forma totalmente inadequada. Os caminhes compactadores descarregam o lixo no local de transferncia, para dali, em uma operao subsequente, ser transferido por uma p carregadeira para os caminhes trucados, que o

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    Foto 1: Vista parcial do Lixo Boa Vista. Na rea esquerda da foto feito o transbordo do lixo

    transportaro at o Aterro de Arir. Como a operao descrita leva certo tempo para ser concluda, torna vivel a atuao de catadores.

    Essa situao precisa de uma soluo urgente. No lixo (foto abaixo) trabalham cerca de 25 pessoas, em uma estrutura de trabalho hierrquica comandada por uma delas. Desse grupo de trabalhadores informais cerca de 20 so catadores cuja funo consiste em revolver o lixo descarregado, selecionando os materiais de interesse. Os outros cinco, mais especializados, preparam os fardos de reciclveis com auxlio de duas prensas hidrulicas.

    As condies de trabalho so das mais degradantes como em todos os lixes e mesmo os operadores das prensas trabalham em local igualmente insalubre e em condies sub-humanas. Observou-se que apesar da informalidade existe uma estrutura organizada, comandada por um empresrio que efetua a seleo e o enfardamento dos materiais reciclveis para a venda no comrcio local.

    Cabe observar que o contrato vigente entre a Prefeitura e a Locanty para a coleta e manejo do lixo do municpio veda qualquer trabalho de catadores no lixo, com claro descumprimento desta clusula contratual.

    No que se refere ao lixo propriamente, a Secretaria de Obras informa que o projeto de seu fechamento est em fase de concluso. O projeto prev a implantao de uma estrutura de conteno no p do aterro e de um dispositivo para a coleta do chorume e sua recirculao para o decaimento das cargas de DBO e DQO. Tambm est previsto a execuo de drenos no corpo do aterro para a disperso do gs metano.

    O material de emprstimo para o fechamento do aterro vir de um talude situado prximo ao trevo da BR-101. Concomitantemente retirada do material sero realizadas obras de terraplenagem, estabilizao e acabamentos.

    O transporte dos resduos do lixo Boa Vista para o aterro sanitrio de Arir envolve um percurso de ida e volta de cerca de 170 quilmetros, realizado por dois caminhes trucados, com capacidade de 15 toneladas. So realizadas diariamente at 4 viagens por dia. Esses dois caminhes substituram a carreta com capacidade de 30 toneladas prevista no contrato, possivelmente por convenincia operacional.

    O valor mensal pago Locanty pelos servios de limpeza, manejo dos resduos slidos e disposio final no Aterro de Arir soma R$ 674.314,00.

    3.2.3. Limpeza dos pontos tursticos

    Alm dos servios de varrio, coleta e destinao final prestados pela Locanty, a Prefeitura mantm contrato com a empresa Construtora Aquino Paraty Ltda. (CAP), desde 08/12/2009, para a limpeza de praias, cachoeiras e outros pontos tursticos, capina e roada onde necessrio, poda de rvores e servios de manuteno de parques e jardins, pintura de meios-fios e servios correlatos.

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    Os produtos decorrentes da limpeza dos pontos tursticos so normalmente destinados ao lixo Boa Vista, enquanto os provenientes da capina ou poda, quando no destinados ao lixo, so depositados em um horto privado, situado prximo ao trevo de acesso ao centro de Paraty, que os utiliza como insumo para a produo de adubo.

    A CAP utiliza na realizao dos seus servios 40 empregados, todos uniformizados e munidos de EPI, dois caminhes de carroceria e uma camioneta tipo Saveiro.

    O servios prestados pela CAP, incluindo aqueles no necessariamente vinculados diretamente limpeza urbana, custam Prefeitura R$ 60.920,00 mensal.

    3.2.4. Coleta do lixo de origem insular

    A coleta do lixo de origem insular feita pela empresa Cargo Marine Transporte Martimo (Cargo) atravs de contrato de prestao de servio a preo global, firmado em 21/7/2010, administrado pela Secretaria Municipal de Obras. O lixo das ilhas acondicionado pelos moradores em sacos plsticos e recolhido pela Cargo, conforme programao semanal apresentada abaixo. A empresa emprega nos servios dois caminhes caambas e trs barcos tipo traineira.

    Recolhimento do lixo das Ilhas Algodo e do Arajo e da Praia Vermelha e Ponta Grossa: segundas e quintas-feiras.

    Recolhimento do lixo da Ilha de Joatinga e as localidades de Pouso da Cajaba, Calhaus, Mamangu Direito e Mamangu Esquerdo: teras e sextas-feiras.

    O lixo recolhido nesses locais transferido dos barcos para os caminhes e ento levados para o lixo Boa Vista, de onde so transportados para o Aterro de Arir. No existe controle de peso do lixo recolhido.

    O servio custa ao municpio R$ 90.833,00 mensais.

    3.2.5. Coleta e disposio dos resduos dos servios de sade

    Os resduos do sistema de sade so recolhidos pela empresa Locanty Comrcio e Servios Ltda, a mesma que efetua a limpeza e manejo dos resduos urbanos, porm, sob administrao da Secretaria Municipal de Sade, por meio de contrato assinado em 29 de junho de 2011. Como os demais contratos, este tambm de empreitada a preo global.

    Os servios consistem na coleta semanal dos resduos do sistema de sade em 4 pontos de coleta4 e coleta quinzenal5 em outros 14 pontos. A coleta feita com um veculo novo, tipo camioneta, com carroceria em ba fechado. Os tripulantes do veculo usam uniforme e EPI. O material recolhido levado para a cidade de Suzano-SP onde incinerado pela empresa Pioneira Saneamento e Limpeza Urbana Ltda. So produzidos entre 1,0 a 1,2 toneladas de resduos por ms.

    Os servios de coleta e disposio dos resduos dos servios de sade, incluindo todas as suas fases (coleta, transporte e incinerao) custam ao municpio R$ 7.000,00 mensais.

    4 Hospital Municipal de So Pedro de Alcntara, Centro Integrado de Sade da Patiba, Unidade de Sade da Ilha das

    Cobras e Unidade de Sade da Mangueira 5 Unidades de Sade de: Patrimnio, Paraty Mirim, Pedras Azuis, Cabral, Campinho, Trindade, Vila Oratria, Pantanal,

    Corisco, Barra Grande, Tarituba, So Gonalo, Taquari e Mambucaba

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    3.2.6. Coleta e disposio de entulhos

    Embora a coleta e a destinao final de entulhos de obras e demais resduos assemelhados sejam, de acordo com a legislao, responsabilidade de quem gerou, a Prefeitura de Paraty disponibiliza um servio gratuito de coleta e disposio. Esses servios so executados pela empresa Santa Clara Servios e Transportes de Paraty Ltda, por meio de contrato administrado pela Secretaria de Obras do municpio.

    O contrato, firmado em 27 de abril do corrente ano, estabelece a locao de 50 caambas estacionrias para o recolhimento de entulho e outros resduos, que devero estar distribudas pela sede do municpio e nos ncleos urbanos isolados. Cabe empresa a remoo das caambas, sua descarga e recolocao nos locais necessrios.

    Como Paraty est em processo de expanso imobiliria, sobretudo em reas de baixada, que requerem aterro, os entulhos so vendidos pela empresa ao preo entre R$50,00 a R$80,00 por caamba, dependendo da localizao do despejo. Esse servio custa Prefeitura R$29.550,00 mensais.

    3.2.7. Coleta Seletiva e Reciclagem do lixo

    A Prefeitura de Paraty, atravs da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (SDUMA), est buscando implantar, juntamente com alguns parceiros externos, em especial a Incubadora Tecnolgica de Cooperativas Populares (ITCP) da COPPE/ UFRJ, o Projeto Paraty Recicla, que prev a implantao de uma Coleta Seletiva Solidria, cujos materiais reciclveis sero destinados a uma Cooperativa de Catadores a ser constituda.

    A primeira linha de ao do Projeto a construo do Centro de Triagem de Matrias Reciclveis no bairro Porto Vermelho, em uma rea desapropriada para implantao da futura estao de tratamento de esgotos sanitrios. Segundo informaes da SDUMA, o instituto que realizar o projeto do Centro de Triagem j est contratado. Todo o programa vem sendo acompanhado pela rea de educao ambiental do INEA.

    Alm disso, est sendo desenvolvido, tambm pela ITCP, o projeto Cataforte, que prev a capacitao de catadores objetivando sua integrao economia formal por meio de cooperativa. poca estavam sendo capacitados 18 catadores.

    A implementao da coleta seletiva traria inegveis benefcios ambientais, proporcionados pela reciclagem de materiais, a diminuio do volume de lixo depositado no aterro, aumentando sua vida til e, principalmente, a gerao de trabalho e renda em condies dignas. A coleta seletiva se realizada adequadamente tambm habilitar a prefeitura a participar do programa Compra de Lixo Tratado da Secretaria Estadual de Ambiente.

    Este programa, operado com recursos do FECAM, conforme Deliberao Executiva n. 289, de 16/12/2010, transfere ao municpio R$20,00 por tonelada de lixo disposto adequadamente, mediante cumprimento de metas de eficincia. A prefeitura de Paraty apesar de j ter se candidatado ao programa ter que promover alteraes nos procedimentos propostos de forma a adequar-se s exigncias da SEA.

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    Conforme referido no item 3.2.2, cerca de 25 catadores trabalham no lixo Boa Vista, capitaneadas por um empresrio proprietrio de duas prensas hidrulicas, um pequeno caminho e uma camionete usados no transporte dos reciclveis coletados. Alem dessas duas prensas ele possui uma terceira que opera em um depsito situado no centro urbano.

    As condies de trabalho no lixo so insalubres e destitudas de contrato formal e seguridade social. Nessas condies desenvolvido um trabalho aprecivel de catao, enfardamento e venda de reciclveis.

    A comercializao dos reciclveis, em geral feita em cidades do Vale do rio Paraba do Sul, gera uma renda bruta da ordem de R$ 25 mil. Esse valor, dependendo da poca do ano e dos eventos realizados em Paraty, pode chegar a pouco mais de R$ 30 mil mensais. O valor mdio do frete fica em torno de R$ 1.000,00 por viagem.

    Os principais materiais reciclveis e seu preo de venda constam do quadro 1. Vale notar que as informaes que constam do quadro foram obtidas diretamente com o responsvel pelo servio. Como inexiste qualquer tipo de controle formal, os quantitativos foram estimados por ele em funo do nmero de caminhes carregados e despachados por ms. J os preos unitrios de venda so referentes aos praticados no ms de agosto de 2011.

    Quadro 1 Reciclveis Separados no Lixo Boa Vista

    Material Preo Unitrio (R$/kg) Quantidade

    (t/ms) Destino Ferro (Sucata) 0,25 5 a 10 Caraguatatuba/SP Papelo 0,18 8 a 15 Aparecida/SP PEAD 1,30 10 Jacarei/SP PET 1,10 6 a 10 Lorena/SP Plstico Mole Branco 0,80 6 a 10 Canas/SP Plstico Mole Colorido 0,40 6 a 10 Canas/SP

    Alm da equipe de coleta no lixo, atua tambm no mercado de reciclveis a empresa Lol Compra e Venda de Sucatas, estabelecida no centro urbano de Paraty6 e operando exclusivamente com reciclveis limpos, ou seja, com materiais que no tiveram contato com a matria orgnica constante do lixo domiciliar.

    Essa empresa, segundo informaes diretas de seu gestor, est formalmente constituda, tem 8 empregados com carteira assinada e trabalha com grande nmero de catadores autnomos que vo diretamente s fontes geradoras dos reciclveis (supermercados, comrcio em geral, condomnios, domiclios, etc.) os recolhe e vende para a empresa. Para auxiliar a sua movimentao de carga, a empresa possui 3 caminhes e um trator de pneus com retro-elevador para facilitar o carregamento dos caminhes destinados entrega das mercadorias.

    Os quantitativos de reciclveis movimentados pela empresa constam do quadro 2 abaixo, valendo notar que representam valores mdios mensais decorrentes de dados informatizados mantidos pela prpria empresa. Os preos unitrios indicados so os

    6 Depsito localizado na Rua Jesuno Castro Rubens, prximo ao nmero 13 (em frente praa Joo Heleno) no Bairro

    Chcara da Saudade

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    praticados em agosto/2011 e incluem uma margem de lucro da ordem de 50 a 100% do preo de compra pago aos catadores. Cabe observar que nos quantitativos apresentados uma pequena parte dor resduos, da ordem de apenas 5% a 7%, provem de outro depsito da prpria empresa situado na localidade de Perequ, pertencente Angra dos Reis, mas fronteirio ao territrio de Paraty.

    O faturamento mdio da empresa da ordem de R$ 60,00 mil mensais. Entretanto, esse faturamento chega a aumentar cerca de 40% quando ocorrem eventos tursticos/culturais em Paraty.

    Alm da relao de materiais apresentada, a empresa tambm atua na compra e venda de outros reciclveis incluindo motores de geladeira, baterias automotivas e at lixo eletrnico.

    Alm desses dois grupos atuantes na seleo de reciclveis ainda existe um terceiro empresrio atuando em Paraty, mas atualmente com participao pouco expressiva.

    Quadro 2 Reciclveis Coletados Diretamente Nas Fontes Geradoras

    Material Preo Unitrio (R$/kg) Quantidade

    (t/ms) Destino Cobre 12,00 0,4 No informado Ferro Sucata 0,18 20 No informado Latinha de Alumnio 3,00 10 Volta Redonda/RJ Papelo 0,18 40 Piracicaba/SP

    PEAD 1,30 1,5 Volta Redonda/RJ Guarulhos/SP PET 1,10 8 Volta Redonda/RJ Taubate/SP PVC 0,15 12 Guarulhos/SP Vidro 0,15 4 S. J. dos Campos/SP

    4. PROGNSTICOS DO MANEJO DO LIXO AT 2030

    4.1. Projeo da Populao e Quantidade de Resduos Gerados

    O relatrio que trata dos estudos populacionais (Relatrio: Abastecimento de gua e Esgotamento Sanitrio, Setembro/2011) mostra a projeo do crescimento populacional de Paraty at o ano de 2030, com base nos dados censitrios do IBGE dos anos de 1991, 1996, 2000, 2007 e 2010.

    Os dados do IBGE mostram que nos ltimos 19 anos a populao de Paraty teve um incremento anual mdio de 2,39%. No entanto, provvel que at o ano de 2030, horizonte do Plano, a curva real de crescimento populacional apresente alguma inflexo. Contra esta possibilidade existe, porm, o fato de que a abertura da Rodovia Paraty-Cunha ir facilitar o fluxo de pessoas oriundas das cidades do Vale do Paraba, estabelecendo um novo vetor de expanso demogrfica.

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    y = 24,584x2 + 126,1x + 24.607R2 = 0,9976

    15.000

    20.000

    25.000

    30.000

    35.000

    40.000

    45.000

    50.000

    55.000

    60.000

    65.000

    70.000

    75.000

    0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

    HA

    BIT

    AN

    TES

    (1990) (2000) (2010) (2020) (2030) (2040)ANOS

    EVOLUO DEMOGRFICA DE PARATY (1991 A 2030)

    Partindo-se da premissa de que o crescimento populacional se manter conforme projetado, que a atual taxa de gerao per capita de resduos se manter estvel e, que no haver aumento do nvel de atendimento dos servios de coleta, atingir-se-, em 2030, um volume dirio de coleta de resduos da ordem de 52 toneladas, para uma populao de 70.000 habitantes (grfico acima).

    No que se refere manuteno da taxa de gerao per capita, no se espera sua reduo de forma significativa, mesmo com a implementao da coleta seletiva formal. Como visto anteriormente, mesmo com toda a precariedade do sistema atual, a reciclagem j responde por uma parcela de cerca de 10% do lixo gerado no municpio, sem considerar a sucata de ferro e as latinhas de alumnio. No que se refere ao sistema de coleta, a expectativa a manuteno do padro atual uma vez que est j possui grande capilaridade Recomenda-se, apenas a melhoria do atendimento aos domiclios isolados, sobretudo aqueles localizados em zonas rurais.

    4.2. Prognsticos para os Servios de Limpeza, Coleta e Disposio Final

    Como visto no item 3. Diagnstico da Situao Atual, os servios de limpeza urbana de Paraty esto bem estruturados e conduzidos com eficcia pela administrao municipal. Com a evoluo da populao, passando dos atuais 38 mil habitantes para cerca de 70.000 em 2030, mantida a atual qualidade dos servios de coleta e limpeza urbana, no h modificaes a propor. Bastar aumentar, gradativamente, e medida que a populao for crescendo, o contingente de trabalhadores, veculos e demais equipamentos envolvidos, de forma a manter o atual padro de qualidade.

    Contudo, o mesmo no pode ser dito em relao disposio final dos resduos. Atualmente, como visto o lixo disposto no municpio de Angra dos Reis em um aterro sanitrio licenciado e de propriedade da empresa Locanty e por ela operado. Essa empresa a mesma que executa os servios de limpeza, coleta e disposio final do seu lixo.

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    Alm dos aspectos expostos acima, necessrio considerar a hiptese do muncipio de Angra dos Reis vir a embargar a disposio do lixo de Paraty em seu territrio. Isso geraria um problema ambiental e de sade pblica que poderia exigir soluo pela via judicial. Problema de natureza semelhante j ocorreu em Nova Iguau, cujo aterro sanitrio explorado pela iniciativa privada foi proibido pela Prefeitura Municipal de receber resduos provenientes de municpios vizinhos.

    A quantidade total de lixo a ser gerada pelo municpio de Paraty no perodo de 2014 (quando encerra o contrato com a Locanty) at o ano de 2030 (horizonte de planejamento do Plano de Saneamento) ser da ordem de 176 mil toneladas, montante este calculado a partir da equao da curva de evoluo demogrfica empregando-se a taxa de gerao per capita de 0,74 kg/pessoa.dia, segundo a frmula indicada abaixo:

    ( )dx 24,607 + x 126,1 + x 24,584 . A 365 = Q 40 24=x

    2

    onde: Q = Quantidade acumulada de lixo gerado entre 2014 e 2030, igual a 176 mil toneladas; A = Taxa per capita, igual a 0,74 kg/hab.dia; x = ano calendrio, sendo x = 24, correspondente ao ano de 2014, e x = 40, correspondente ao ano de 2030.

    A quantidade de lixo calculada pela frmula resulta em um volume da ordem de 238 mil m3, considerando-se uma densidade mdia de 0,7t/m3.

    Nesses termos, necessrio que o municpio busque solues alternativas para em futuro prximo efetuar com segurana a disposio de seus resduos slidos. Para tal, trs caminhos podem ser trilhados: buscar o licenciamento de um aterro sanitrio no mbito do prprio municpio; buscar exportar o lixo gerado para aterros j licenciados em outros municpios, ou ainda; buscar uma soluo consorciada com outros municpios para a soluo compartilhada do problema.

    A soluo via consrcio j foi tentada em passado recente com o apoio da Secretaria Estadual de Ambiente. Na ocasio tentou-se formar o Consrcio Costa Verde, congregando os municpios de Angra dos Reis, Mangaratiba, Rio Claro e Paraty para compartilhamento das instalaes de um aterro sanitrio que ficaria situado no territrio de Angra dos Reis. Infelizmente essa soluo no prosperou, pois a Cmara Legislativa de Angra dos Reis vetou a iniciativa.

    Apesar do fracasso dessa iniciativa, a soluo consrcio no pode ser desconsiderada como possibilidade futura. Estudos sobre experincias de consorciamento municipal voltadas para a disposio final de resduos slidos no pas tm demonstrado as vantagens desses arranjos institucionais quando comparados com solues isoladas, sobretudo em ganhos de escala, que chegam a ultrapassar 50% de reduo de custos (FGV-ABETRE 2009).

    No foi por outra razo que a recente Lei Federal No 12.305/2010 privilegiou solues compartilhadas, inclusive atravs de incentivos e preferncia creditcia na concesso de financiamentos aos municpios que adotarem a disposio final do lixo em aterro sanitrio operado em consrcio. O governo do Estado do Rio de Janeiro tambm tem apoiado e

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    incentivado a formao de consrcios intermunicipais para a instalao de aterros sanitrios. Hoje j esto em operao 5 consrcios, congregando 30 municpios7. Outros se encontram em estudo e estruturao institucional com o apoio da Secretaria de Estado de Ambiente (SEA).

    Dessa forma, embora descartada pela Cmara de Vereadores de Angra dos Reis, no h como no considerar a alternativa consrcio no Plano Municipal de Saneamento Bsico de Paraty.

    As trs possibilidades de soluo apresentadas so discutidas nos itens seguintes. Os servios de limpeza e coleta no sero objeto de avaliao tendo em vista que foram considerados satisfatrios no diagnstico. As comparaes econmicas-financeiras sero limitadas aos servios de transporte e disposio final e ainda de transbordo, quando for o caso. O trevo da BR 101 de acesso a Paraty ser o ponto comum a partir do qual as alternativas de soluo sero comparadas. Tal comparao ser feita atravs do confronto do valor presente de cada uma das alternativas consideradas.

    As premissas bsicas empregadas nas comparaes sero: Como o contrato com a empresa Locanty expira no final de 2013, todos os

    investimentos iniciais (desapropriaes, construes, instalaes, etc.) foram considerados realizados em 2 anos, no perodo 2012/2013, tendo seu baricentro no meio do perodo. A partir de 2014 ocorrero apenas os custos de transporte, manuteno e operao do aterro e demais instalaes, quando for o caso. Todos os custos sero alocados para o incio do perodo considerado;

    O valor presente (VP) est referenciado ao incio de 2012 A taxa per capita de gerao de lixo se manter constante ao longo do horizonte

    do projeto, ou seja, a quantidade de lixo ir aumentar de forma proporcional ao crescimento populacional. O mesmo critrio foi adotado para os custos de transporte, manuteno e operao do aterro, quando for o caso;

    A taxa de desconto empregada nas avaliaes econmicas sero lquidas, no incorporando, portanto, qualquer inflao;

    Em nenhuma das alternativas foi considerada a instalao e operao de uma estao de triagem de reciclveis, tendo em vista j estar prevista pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente.

    Tambm no foi prevista a implantao de usinas de compostagem, pois o volume de lixo gerado no municpio no viabilizaria economicamente sua operao. Sobre esse aspecto cabe mencionar que das 62 usinas de triagem e compostagem implantadas no Estado, 42 operam apenas com a triagem de reciclveis. Nas demais, a compostagem, quando realizada, feita de forma inadequada e quase sempre subsidiada pelo municpio. O mesmo acontece com inmeros municpios mineiros de pequeno porte, em especial aqueles situados no vale do Paraba do Sul.

    7 Consrcio Serrana 1: constitudo por Terespolis, Carmo, Sumidouro e S. Jos do Vale do Rio Preto. Este consrcio, j

    em pleno funcionamento, est ultimando a sua formalizao legal; Consrcio Serrana 2: constitudo por Trs Rios, Petrpolis Paraba do Sul, Levi Gasparian, Areal e Sapucaia; Consrcios Noroeste 1 e Noroeste 2. Hoje os dois consrcios operam de forma conjunta, com 2 aterros sanitrios, um em Itaperuna e outro em S. Fidelis. Integram os consrcios os municpios de Itaperuna, Bom Jesus do Itabapoana, Miracema, Natividade, Porcincula, Varre e Sai, S. Jos de Ub, Laje do Muria, S. Fidelis, Itaocara, Italva, Cambuci, Cardoso Moreira, Aperib e S. Antonio de Pdua. Consrcio Centro Sul: Constitudo por Mendes, Paracambi, Eng. Paulo de Frontin, Japeri e Queimados

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    4.2.1. Disposio final no municpio (Soluo A)

    O municpio de Paraty caracteriza-se por ter praticamente dois teros de seu territrio inserido em reas de preservao ambiental e, por conseguinte, ter grande superfcie de seu solo sujeito s restries legais de uso e ocupao do solo. A parte mais a oeste do municpio tomada por uma larga faixa ocupada pelo Parque Nacional da Serra da Bocaina e pelos extensos manguezais ao longo da orla. Ao sul da sede municipal a quase totalidade da rea ocupada pela APA de Cairuu. Dessa forma, as reas disponveis e com alguma possibilidade de receber um aterro sanitrio so aquelas situadas na estreita faixa ao sul da divisa com o municpio de Angra dos Reis e limitadas ao leste pela BR-101 e a oeste pelos primeiros contrafortes da Serra da Bocaina.

    Essa situao particular dificulta a identificao de reas adequadas para a instalao de aterro sanitrio com capacidade de receber resduos, ao menos at o ano de 2030, e que no esbarre em restries legais, socioeconmicas e ambientais.

    Como mencionado anteriormente, em meados da dcada de 1990 foi escolhida uma rea para a instalao de um aterro sanitrio, prxima aos ncleos urbanos de Grana e Barra Grande. Esse aterro, por fatores diversos, no chegou a ser implantado.

    A pesquisa feita neste estudo consistiu na vistoria s reas pr-selecionadas em 1994/95, com o objetivo de avaliar reas propicias para a instalao de um aterro sanitrio, considerando as novas exigncias para o licenciamento ambiental. Tambm foram avaliados locais prximos aos primeiros contrafortes da Serra da Bocaina. Foram visitadas as localidades de Condado, Pantanal, Grana (2 locais), Rio Pequeno, Serraria e Barra Grande.

    Com exceo de dois locais em Grana e outro em Rio Pequeno, todos os demais se mostraram inviveis, quer pela limitao de espao, quer pela proximidade de reas com razovel adensamento demogrfico.

    Os trs locais avaliados, denominados aqui como Aterro Grana 1, Aterro Grana 2 e Aterro Rio Pequeno, so mostradas na figura 1, elaborada sobre imagem do Google Earth.

    Figura 1: Localizaes pesquisadas para a instalao do Aterro Sanitrio

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    Foto 2: Vista do local Rio Pequeno. O aterro seria construdo junto ao morro e usando seu solo para recobrimento

    O local Grana 1, situado nas proximidades do ncleo urbano de Grana, tem uma boa rea disponvel e disponibilidade de solo de emprstimo para o recobrimento dos resduos.

    O local Grana 2 tem caractersticas fsicas semelhantes, mas com a vantagem de estar um pouco mais distante do ncleo urbano de Grana.

    O local Rio Pequeno, visto na foto 2, foi o local escolhido nos anos de 1994/95. Esse local permaneceu praticamente sem alteraes at o presente.

    Os parmetros usualmente empregados na pr-seleo de reas para implantao de aterro sanitrio serviram de base para a elaborao do quadro 3 apresentado abaixo. Os requisitos listados devem ser entendidos apenas como orientadores para uma seleo preliminar de locais com ou sem condies adequadas para a localizao de aterro. A escolha definitiva dever ser feita em etapa posterior, com base em estudos tcnicos especializados.

    Cabe observar que foi acrescido mais um parmetro de anlise, relativo visibilidade da rea, ou seja, o quanto a construo e operao de um futuro aterro sanitrio poder interferir com a paisagem local.

    Esse aspecto da visibilidade, de modo geral pouco considerado no passado, vem assumindo importncia na avaliao de aes que impliquem algum comprometimento paisagstico, sobretudo, em reas urbanas. Sobre esse tema, o Instituto de Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (IPHAN) preparou uma minuta de Portaria, sujeita consulta pblica, que visa regulamentar a implementao de intervenes em Paraty objetivando a preservao do patrimnio... paisagstico, arqueolgico, ambiental... do municpio. Essa portaria, se publicada, poder criar algum nvel de dificuldade para a implantao de um futuro aterro em Paraty.

    Sem entrar no mrito da constitucionalidade dessa Portaria, que em princpio choca com outras definies legais, tal iniciativa no deixa de expressar uma crescente preocupao com a preservao da qualidade paisagstica das cidades, sobretudo quando se trata de locais com expressivo patrimnio histrico. Portanto, esse aspecto no pode ser desconsiderado quando da escolha de local para se implantar um futuro aterro sanitrio. Um aterro sanitrio, mesmo seguindo normas rigorosas de operao, sempre ter resduos ainda no cobertos expostos e reas de emprstimo com solo desprovido de cobertura vegetal, comprometendo a qualidade da paisagem.

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    Quadro 3 Avaliao Preliminar de Locais para o Aterro Sanitrio

    Parmetros Analisados Grana 1 Grana 2 Rio Pequeno

    Capacidade de suportar o volume de resduos gerados pelo municpio nos prximos 20 anos Sim

    Necessita anlise mais

    detalhada

    Sim, com limitadas

    possibilidades de

    expanso alm de

    2030 Disponibilidade de solo para emprstimo com caractersticas adequadas cobertura do aterro Sim Sim Sim Distncia em relao sede municipal 19 km 19 km 20 km rea sem restries impostas pelo zoneamento ambiental Sim Sim Sim Baixa densidade populacional Sim Sim Sim Vetor de crescimento Mdio Mnimo Mnimo Menor valorizao da terra Mdia Sim Sim Distncias aos cursos dgua >200m 200m Facilidade de acesso Sim Sim Sim Disponibilidade de energia Sim Sim Sim Visibilidade da rea Grande Mdia Grande

    Com base nos critrios apresentados no quadro 3 sugere-se descartar in limine o local Grana 1, pois o que apresenta mais inconvenientes em comparao s duas outras alternativas.

    O local Rio Pequeno, escolhido no passado, com anuncia da FEEMA, tem como vantagem em relao ao local Grana 2, o fato de estar mais afastado de cursos dgua e possuir uma rea quase plana em cota mais elevada (12 a 15m de altitude) em relao baixada que a circunda (cota da ordem de 5m). Como desvantagem tem a exposio visual para os usurios da BR-101. Esse aspecto pode ser remediado mediante o plantio de um cinturo verde com espcies altas e frondosas de Mata Atlntica (ver figura 2).

    O local Grana 2 situa-se relativamente prximo a um crrego, mas dispe de uma rea plana elevada, porm menor que a do Rio Pequeno, colocando-a como uma segunda opo. Este aspecto deve ser melhor analisado em estudos posteriores. Cabe destacar que o local Grana 2 tem como vantagem em relao aos demais o fato de estar em uma posio pouco visvel do ncleo urbano de Grana e da BR - 101.

    As demais condies, ou seja, facilidade de acesso, disponibilidade de energia, solo para emprstimo, etc., so equivalentes.

    Estudos posteriores de viabilidade tcnica e seleo de local de disposio dos resduos slidos devem ter abrangncia multidisciplinar e considerar parmetros relacionados ao

    Figura 2: rea para implantao do Aterro

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    meio fsico (espessura do solo, disponibilidade de solo para emprstimo, profundidade do lenol fretico, etc.) ao meio biolgico (condicionantes ambientais) e ainda aspectos socioeconmicos (questes fundirias, valor da terra, interferncias em ncleos urbanos e comunidades rurais, etc.). A rea que vier a ser selecionada dever ser objeto de estudos de impacto ambiental (EIA - RIMA) e submetidas, como parte do processo de licenciamento, audincia pblica.

    Como as reas tm caractersticas semelhantes e so prximas, a avaliao do Valor Presente (VP) ser feita para apenas para uma nica situao, sem distinguir um local do outro. Alm das premissas consideradas nas solues anteriores, para a alternativa de aterro municipal, sero consideradas: No haver transbordo do lixo. Os caminhes compactadores descarregaro

    diretamente no aterro; O percursos total de uma viagem do caminho compactador ser de 40 km (ida e volta

    do trevo da BR-101 ao aterro).

    O Valor Presente desta Soluo A (VPA) ser dado pela aplicao da seguinte frmula: ( ) ( )( ) t

    t c

    18 = t

    2 = t1A

    i+ 1 c + 1 T + Z

    + ) i + 1 (I C

    = VP

    onde: VPA = Valor Presente da Soluo A para o ano 2012 CI = Custo inicial de desapropriao da rea mais a implantao do aterro =

    R$ 2.665.002,00 Z = Custo anual de operao e manuteno do aterro = R$ 740.439,00 TC = Custo anual do transporte em caminho compactador (40 km ida e volta) =

    R$ 593.548,00 c = Taxa de crescimento demogrfico, constante e igual a 2,39% aa. i = Taxa de desconto anual, considerada igual a 5,5% aa (Selic menos inflao) t = tempo decorrido, em anos, sendo t = 2 correspondente ao inicio de 2014 e t = 18

    correspondente ao incio de 2030 Valor Presente da Soluo A para o ano 2012:

    VPA = R$ 19.520.525,11

    4.2.2. Disposio final fora do municpio (Soluo B)

    Esta soluo pressupe que todo o lixo gerado em Paraty ser transportado e disposto em um aterro sanitrio localizado fora do municpio e, tambm, fora do territrio de Angra dos Reis.

    Para atender a essa premissa a alternativa mais plausvel, ou seja, a de provvel menor custo, ser considerar a disposio final no aterro sanitrio de Seropdica. Qualquer alternativa diferente dessa implicar o uso de algum aterro localizado no vale do Paraba do Sul, fora da faixa litornea. Isso resultar em maiores distncias de transporte, associada, ainda, subida da Serra do Mar, quer via Caraguatatuba (SP), quer via Serra

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    das Araras, visto que as estradas Ldice/Angra dos Reis e Paraty/Cunha possuem restries ao trafego de carretas devido as suas caractersticas geomtricas.

    O uso de um aterro sanitrio de propriedade e operado pela iniciativa privada implicar o pagamento de um determinado valor por tonelada de lixo disposto. Esse mercado de venda de espao para a disposio do lixo recente e ganha fora com a iniciativa do governo estadual de erradicar todos os lixes do Estado, gerando interesse de empresas privadas nessa modalidade de servio.

    Nesse momento ainda no h um preo de mercado estabelecido que sirva como referncia de custo para a compra de espao em aterro sanitrio. Fala-se, informalmente, em valores que variam de R$30,00 R$ 100,00 por tonelada de lixo disposto8. Neste estudo ser utilizado o valor de R$ 50,00/t disposta.

    Para a avaliao do Valor Presente dessa soluo sero adotadas as seguintes premissas: Construo e operao de uma estao de transferncia na rea do atual lixo Boa

    Vista, visando o transbordo dos resduos dos caminhes compactadores provenientes da coleta para as carretas que faro o percurso de Boa Vista at Seropdica, local da disposio final;

    Estimou-se em 8 km o percurso dos caminhes compactadores (ida e volta do trevo da BR-101 ao lixo Boa Vista);

    O percursos das carretas foi estimado em 460km (ida e volta de Boa Vista a Seropdica);

    Custo da disposio de R$ 50,00/t.

    O Valor Presente desta Soluo B (VPB) ser dado pela aplicao da seguinte frmula:

    ( )( )( )

    ( )18 = t

    2 = t

    t

    tTCT

    1T

    B i + 1

    c + 1 D+T + T + CA +

    i + 1CI

    = VP

    Onde:

    VPB = Valor Presente da Soluo B para o ano 2012 CIT = Custo inicial de implantao da estao de transferncia = R$ 729.982,00 CAT = Custo anual de operao da estao de transferncia = R$ 156.979,00 TC = Custo anual do transporte em caminho compactador (8km ida e volta) =

    R$ 118.709,60 TT = Custo anual do transporte em carreta (460km ida e volta) = R$ 2.644.384,00 D

    = Custo anual da disposio = R$ 511.000,00 c

    = Taxa de crescimento demogrfico constante e igual a 2,39% aa. i

    = Taxa de desconto anual de 5,5% aa (Selic menos inflao) t

    = tempo decorrido em anos, sendo t = 2, correspondente ao inicio de 2014 e t = 18, correspondente ao incio de 2030

    8 A disposio do lixo de Niteri no municpio de Itabora custa entre R$40,00 a R$60,00 por tonelada disposta (Fonte:

    Jornal O Globo, de 11/09/2011)

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    Valor Presente da Soluo B para o ano de 2012:

    VPB = R$ 45.029.460,58

    4.2.3. Disposio final consorciada (Soluo C)

    A Lei Federal 11.107 de 06/04/205, regulamentada pelo Decreto 6.017 de 17/01/2007 dispe sobre normas gerais para a Unio, os estados, o Distrito Federal e os municpios constiturem consrcios pblicos para a realizao de objetivos comuns.

    Os consrcios municipais constitudos antes dessa Lei no tinha respaldo jurdico para a tomada de deciso, sobretudo para a alocao de recursos em aes situadas em outro municpio.

    O fracasso da tentativa anterior no inviabiliza uma nova proposta, at mesmo porque ocorrero mudanas nas administraes municipais e nas cmaras de vereadores. Ademais, dos quatro municpios envolvidos na iniciativa anterior, Mangaratiba j est dispondo seu lixo no aterro de Seropdica e Rio Claro, possivelmente, ir integrar um outro consrcio intermunicipal no vale do Paraba do Sul9.

    Dessa forma, restam apenas os municpios de Paraty e Angra dos Reis. Hoje o lixo de Paraty disposto em Angra dos Reis, no aterro de Arir, sem que este ltimo seja beneficiado com um maior quinho do ICMS Verde, por sediar em seu territrio um aterro sanitrio de carter regional.

    O Governo Estadual est empenhado em apoiar as administraes municipais no equacionamento e soluo de seus problemas na rea de saneamento bsico. Especificamente no que se refere aos lixes, a meta elimin-los completamente at 2014 e, para isso, prev a estruturao de consrcios intermunicipais que permitam racionalizao e ganho de escala na disposio final dos resduos slidos. A SAE, fundamentada na Lei Federal no 11.107, est elaborando uma minuta de Projeto de Lei, a ser submetido Assemblia Estadual, facultando sua participao em consrcios municipais, de modo a facilitar o equacionamento dos problemas de saneamento bsico no Estado.

    Segundo a prpria SAE, a idia que a participao do Estado nos consrcios no se limite ao apoio sua estruturao legal e fortalecimento institucional, possibilitando, tambm, sua participao nos custos de implementao da soluo ou, at mesmo, no prprio contrato de rateio dos custos operacionais envolvidos.

    Caso o Estado venha a participar de um futuro consrcio para a disposio final dos resduos slidos de Paraty e Angra dos Reis, a operao do aterro dever submeter-se regulao da Agencia Reguladora de Energia e Saneamento Bsico do Estado do Rio de Janeiro (AGENERSA), com a finalidade de acompanhar, controlar e fiscalizar as concesses e permisses de servios pblicos concedidos. Eventualmente a AGENERSA dever tambm participar da regulao da operao do aterro, mesmo sem a participao do Estado no consrcio, caso eles desejem se habilitar ao Programa Compra de Lixo Tratado.

    9 Possivelmente congregando os municpios de Rio Claro, Volta Redonda, Pira e Pinheiral

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    Essa soluo de disposio final consorciada comporta a avaliao de duas alternativas. A primeira refere-se possibilidade do consrcio licenciar e implantar um novo aterro sanitrio, independentemente da existncia do aterro privado de Arir, j licenciado e em operao em Angra dos Reis e com bom horizonte de vida til. A segunda alternativa, mais realista, consiste na possibilidade do consrcio usar o aterro de Arir mediante o pagamento pelo quantitativo do lixo efetivamente disposto, atendendo s condies contratuais previamente negociadas entre as partes intervenientes e reguladas pela AGENERSA.

    Apesar da segunda alternativa se impor como a mais conveniente, pois a rigor carece de sentido implantar um novo aterro sanitrio j existindo um aterro licenciado, a ttulo de comparao sero avaliadas a seguir as duas possibilidades.

    Alternativa C1 (Novo Aterro Sanitrio)

    Nos estudos e avaliaes aqui efetuados, dentro de uma viso mais pessimista, no ser considerada a participao do Estado no conscio e, portanto, no ser considerado qualquer benefcio advindo dessa participao. Dessa forma, os custos envolvidos sero rateados na mesma proporo dos quantitativos de lixo gerados em cada municpio em relao ao global produzido. Admitindo que Angra dos Reis produz a mesma taxa per capita de lixo de Paraty, tem-se que a proporo de rateio ser proporcional as populaes urbanas informadas pelo Censo do IBGE de 2010. Dessa forma, tm-se as seguintes percentagens de rateio em nmeros inteiros: Paraty 19% e Angra dos Reis 81%.

    Para a avaliao do Valor Presente dessa soluo foram adotadas as seguintes premissas: Ser construda uma estao de transferncia na rea do atual lixo Boa Vista,

    visando o transbordo dos resduos dos caminhes compactadores provenientes da coleta para as carretas que faro o percurso de Boa Vista at o aterro do consrcio, em Angra dos Reis;

    O percurso dos caminhes compactadores foi estimado em 8 km (ida e volta do trevo da BR-101 ao lixo Boa Vista);

    O percurso das carretas foi estimado em 180 km (ida e volta de Boa Vista at o aterro do consrcio, em Angra dos Reis);

    Os custos de desapropriao, instalao e operao do aterro do consrcio em Angra dos Reis sero repartidos na proporo de 19% para Paraty e 81% para Angra dos Reis.

    O Valor Presente da Alternativa C1 (VPC1) ser dado pela frmula:

    ( )( )( )

    ( )t18 = t

    2 = tt

    TCT1

    TC

    i+1c + 1 T + T + Z + CA

    + i + 1CI + CI

    = VP

    Onde:

    VPC1 = Valor Presente da Alternativa C1 para o ano 2012

    CI = Custo inicial de desapropriao da rea mais da implantao do aterro (somente

    a parcela de Paraty) = 1.094.603,00

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    CIT = Custo inicial de implantao da estao de transferncia = R$729.892,00

    CAT = Custo anual de operao da estao de transferncia = R$ 156.979,00

    Z = Custo anual de operao e manuteno do aterro (somente a parcela de Paraty)

    = R$568.323,00 TC

    = Custo anual do transporte em caminho compactador (8 km ida e volta) = R$ 118.709,00

    TT = Custo anual (do transporte em carreta (180 km ida e volta) = R$ 1.035.848,00

    c = Taxa de crescimento demogrfico, constante e igual a 2,39% aa.

    i = Taxa de desconto anual, considerada igual a 5,5% aa (Selic menos inflao)

    t = tempo decorrido em anos, sendo t = 2 correspondente ao inicio de 2014 e t = 18

    correspondente ao incio de 2030

    Com a frmula e os valores acima, cujas justificativas so encontradas no Anexo 1, chegou-se ao seguinte valor para o Valor Presente da Soluo C, para o ano 2012:

    VPC1 = R$ 25.678.111,00

    Alternativa C2 (Uso do Aterro de Arir)

    Esta alternativa assemelha-se, quanto sua estrutura de custo, Soluo B, exposta anteriormente. Nela foi apenas modificada a distncia de transporte da estao de transferncia de Paraty ao aterro de Arir, em Angra dos Reis.

    Cabe mencionar que hoje a Prefeitura de Paraty deposita seu lixo no Aterro da Locanty em Arir sem pagar diretamente pela disposio final. Na prtica, o custo da disposio encontra-se diludo nos demais servios de limpeza urbana (varrio, coleta e transportes) prestados pela Locanty Prefeitura. Caso seja escolhida a Alternativa C2, mantendo-se a prestao dos servios prestados pela Locanty, os custos dos servios de varrio, coleta e transportes teriam que ser reduzidos com o incio do pagamento pela disposio, ou, alternativamente, a Prefeitura de Paraty no pagaria pela disposio enquanto a Locanty permanecesse prestadora dos servios de varrio, coleta e transportes dos resduos.

    Para a avaliao do Valor Presente dessa alternativa foram adotadas as seguintes premissas:

    Construo e operao de uma estao de transferncia no local do atual lixo Boa Vista, visando o transbordo dos resduos dos caminhes compactadores para as carretas que faro o percurso de Boa Vista at o aterro de Arir;

    Estimou-se o percurso dos caminhes compactadores em 8 km (ida e volta do trevo da BR-101 ao lixo Boa Vista);

    Estimou-se o percurso das carretas em 170 km (ida e volta de Boa Vista at Arir); Preo da disposio igual a R$ 50,00/t (como na Soluo B).

    O Valor Presente desta Alternativa C2 (VPC2) :

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    ( )( )( )

    ( )18 = t

    2 = t

    t

    tTCT

    1T

    2C i + 1

    c + 1 D+T + T + CA +

    i + 1CI

    = VP

    Onde: VPC2 = Valor Presente da Alternativa C2 para o ano 2012

    CIT = Custo inicial de implantao da estao de transferncia = R$ 729.982,00

    CAT = Custo anual de operao da estao de transferncia = R$ 156.979,00 TC = Custo anual do transporte em caminho compactador (8 km ida e volta) =

    R$ 118.709,60 TT

    = Custo anual do transporte em carreta (170 km ida e volta) = R$ 976.907,90 D

    = Custo anual da disposio = R$ 511.000,00 c

    = Taxa de crescimento demogrfico constante e igual a 2,39% aa. i

    = Taxa de desconto anual igual a 5,5% aa (Selic menos inflao) t

    = tempo decorrido em anos, sendo t = 2, correspondente ao inicio de 2014 e t = 18, correspondente ao incio de 2030

    O Valor Presente da Alternativa C2, para o ano 2012 :

    VPC2 = R$ 23.841.864,31

    4.2.4. Comparao entre as alternativas consideradas

    Os resultados obtidos indicam que a soluo de implantao de um aterro sanitrio no prprio municpio a mais vantajosa economicamente, principalmente a Soluo C, conforme apresentado a seguir:

    Soluo A: Disposio final no municpio VPA = R$ 19.520.525,11

    Soluo B: Disposio final fora do municpio VPB = R$ 45.029.460,58

    Soluo C1: Disposio consorciada (novo aterro sanitrio)

    VPC1 = R$ 25.678.111,00

    Soluo C2: Disposio consorciada (aterro de Arir) VPC2 = R$ 23.841.864,31

    Da anlise dos dados de custos empregados nas avaliaes do Valor Presente (ver anexo 1), observa-se que nas solues A e C1, que envolvem a implantao de novos aterros, os custos de implantao e de operao e manuteno so menores na Soluo C1, o que j era esperado visto a economia de escala obtida na soluo em consrcio.

    Observa-se, tambm, que os VPs das Solues C1 e C2 (R$ 25,6 e R$ 23,8 milhes, respectivamente) so bastante prximos, apesar de terem sido calculados por mtodos distintos. Essa proximidade de valores, de certa forma, valida os clculos apresentados, visto que as solues so materialmente iguais ambas com disposio final em Angra dos Reis justificando a equivalncia de custos. A pequena diferena encontrada pode ser explicada no s pela natural impreciso dos custos paramtricos empregados, mas tambm, pelo valor unitrio da disposio empregado (R$50,00/t) que , na realidade, um dado resultante de negociao comercial e, portanto, impreciso.

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    Cabe mencionar que em anlises de custos, onde no se dispe de detalhamentos do projeto, so normalmente usados custos paramtricos mdios decorrentes de estudos ou projetos semelhantes encontrados na literatura tcnica especializada. Dessa forma, como muitas vezes esses custos mdios no expressam necessariamente determinadas condies particulares do projeto em anlise, conveniente que se faa uma anlise da sensibilidade dos valores de VPs encontrados para alguns dos parmetros empregados.

    No caso em tela foram efetuadas duas diferentes verificaes do Valor Presente (VP) das Solues A e C2.

    A primeira verificao foi efetuada para variaes da taxa de desconto lquidas no intervalo de 1 a 10% a.a. Neste caso, observou-se que a curva de VP da Soluo C2 manteve-se sempre acima da curva da Soluo A em todo o intervalo analisado, o que confirma a validade da Soluo A como a melhor opo econmica, mesmo considerando um amplo espectro de variao da taxa de desconto.

    A segunda verificao foi para variaes do custo de disposio no intervalo de zero a R$100,00/tonelada.

    Nessa verificao, que pode ser melhor visualizada no grfica abaixo, tem-se que para custos de disposio inferiores a R$ 17,78/t a soluo C2 , economicamente, a melhor. Cabe mencionar, como referido anteriormente, que no caso da estruturao de um consrcio com Angra dos Reis na forma da soluo C2 e na eventualidade da manuteno das atuais condies contratuais com a Locanty, caberia Prefeitura de Paraty negociar o no pagamento da disposio em Arir, reforando a Soluo C2 como a melhor opo econmica.

    VARIAO DO VALOR PRESENTE

    y = -3E-14x2 + 134,15x + 17134R2 = 1

    y = 19.520

    10.000

    15.000

    20.000

    25.000

    30.000

    35.000

    0 20 40 60 80 100 120

    Custo da Disposio (R$/t)

    Valo

    r re

    sen

    te (R

    $ 1.00

    0)

    Soluo ASoluo C2

    R$ 17,78

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    Finalmente, cabe tambm observar que alm dos aspectos econmicos, outros fatores igualmente importantes, j comentados anteriormente, devem ser considerados na escolha final da soluo. Se no passado o local Rio Pequeno foi eleito para receber a instalao de um aterro sanitrio associado a uma usina de triagem e compostagem, a aceitao hoje desse mesmo local pelas organizaes sociais e pelo rgo licenciador no to certa.

    No mais, as restries j apresentadas para o local Rio Pequeno, em especial a sua limitao para expanses futuras alm do horizonte de 2030, tornam a Soluo A menos atrativa que a Soluo C2 a despeito da pequena vantagem econmica apresentada pela primeira.

    5. PROGRAMAS E AES EM ANDAMENTO

    A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente vem desenvolvendo, no mbito do Projeto Paraty Recicla, os programas necessrios implementao da coleta seletiva, abrangendo de forma sinttica os seguintes pontos: a) programa de capacitao dos grupos interessados, em especial de catadores de

    materiais reutilizveis e reciclveis formadas por pessoas fsicas de baixa renda, hoje atuantes no lixo Boa Vista (projeto Cataforte). Esto sendo capacitadas 18 pessoas. Vem sendo conduzido pela Incubadora Tecnolgica de Cooperativas Populares (ITCP), da COPPE/UFRJ;

    b) implantao da estao de triagem na rea da futura Estao de Tratamento de Esgoto (ETE) no bairro Porto Vermelho. O projeto vem sendo desenvolvido pelo Instituto Colibri e dever estar concludo em novembro de 2011;

    c) estruturao institucional da Cooperativa de Reciclagem, que vem sendo conduzida pela Incubadora Tecnolgica de Cooperativas Populares (ITCP), da COPPE/ UFRJ;

    d) programa de responsabilidade socioambiental visando fomentar iniciativas para o consumo consciente.

    6. POSSVEIS FONTES DE RECURSOS FINANCEIROS

    A ttulo de contribuio para o mapeamento de potenciais fontes de recursos financeiros complementares s fontes estaduais, como o FECAM, foi realizado um levantamento dos principais programas em nvel Federal que eventualmente possam apoiar o financiamento das aes vinculadas ao manejo dos resduos slidos em Paraty.

    Cabe observar que o mapeamento limitou-se a indicao das potencias fontes uma vez que as condies de elegibilidade, bem como suas condies operacionais, so facilmente encontradas nos sites das entidades responsveis.

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    6.1. Ministrio do Meio Ambiente

    6.1.1. Programa Brasil Joga Limpo": Tem como objetivo geral promover a melhoria da qualidade ambiental nos assentamentos humanos e incrementar a capacidade de gesto ambiental integrada no meio urbano e rural. Na gesto ambiental urbana busca-se reduzir a gerao de resduos, sua reciclagem, o gerenciamento integrado e a disposio final adequada, por meio da implementao de Plano de Gerenciamento Integrado de Resduos Slidos Urbanos.

    6.1.2. Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA)

    O FNMA disponibiliza recursos para aes que contribuam para a implementao da Poltica Nacional do Meio Ambiente, que constam do Plano Plurianual. Tais aes esto distribudas entre seis Coordenadorias de Ncleos Temticos das quais a de Qualidade Ambiental apia projetos que incentivam o gerenciamento dos resduos slidos urbanos e que contribuam efetivamente para implementao de polticas municipais pautadas no desenvolvimento sustentvel, bem como busquem solues ambientalmente seguras para os problemas decorrentes da gerao de resduos slidos.

    6.1.3. Fomento a Projetos de Gerenciamento e Disposio Adequada de Resduos Slidos: Seu objetivo apoiar projetos municipais, voltados para a implantao de Plano de Gerenciamento Integrado de Resduos Slidos, obras de disposio final, unidades de tratamento e coleta seletiva de resduos slidos urbanos.

    6.2. Ministrio das Cidades Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA)

    6.2.1. Programa Pr-Saneamento: O objetivo promover a melhoria das condies de sade e da qualidade de vida da populao por intermdio de aes de saneamento, integradas e articuladas com outras polticas setoriais, atravs de empreendimentos destinados ao aumento da cobertura de servios de abastecimento dgua, esgoto sanitrio, drenagem urbana, desenvolvimento institucional e tratamento e disposio final de resduos slidos.

    6.2.2. Programa de Modernizao do Setor de Saneamento (PMSS): O Programa objetiva a promoo do reordenamento institucional do Setor, por meio (i) da induo do aumento da eficincia e da capacidade de investimentos, (ii) do apoio ao estabelecimento de novos modelos para a prestao dos servios, ampliando a participao do setor privado e (iii) da proposio de instrumentos de regulao e controle.

    Os recursos so destinados, prioritariamente, a aes de recuperao e otimizao da infraestrutura existente, assim como de reforma institucional e desenvolvimento operacional do prestador que impliquem a melhoria geral de sua eficincia.

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    6.2.3. Projeto de Assistncia Tcnica ao Programa de Saneamento para Populaes em reas de Baixa Renda (PAT PROSANEAR/BIRD)

    um Projeto de Assistncia Tcnica ao PROSANEAR que visa apoiar tcnica e financeiramente os estados e municpios na elaborao de Projetos de Saneamento Integrado (PSI) e Planos de Desenvolvimento Local Integrado (PDLI), desde que assegurado os recursos para a realizao das obras (FGTS, outras fontes pblicas ou privadas).

    6.2.4. Programa Resduos Slidos Urbanos: Tem como objetivo contemplar intervenes que visem proporcionar populao acesso aos servios de limpeza urbana e destinao final adequada de resduos slidos urbanos, voltados salubridade ambiental, eliminao de lixes e insero social de catadores.

    6.3. Fundao Nacional de Sade (FUNASA)

    6.3.1. Programa Saneamento Bsico: Seu objetivo prover saneamento bsico nos municpios para eliminar as condies ambientais responsveis pela ocorrncia de doenas ou que oferecem riscos iminentes ao seu aparecimento.

    Os municpios so selecionados com base em critrios epidemiolgicos, sendo priorizados aqueles que apresentem os problemas mais graves em termos de sade pblica.

    6.4. Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES)

    6.4.1. Projeto Multissetorial Integrado: O Projeto um modelo alternativo de tratamento dos problemas sociais que abrange solues para os vrios tipos de carncias, articulando, no mbito municipal, investimentos em diversos setores sociais, como saneamento bsico, infraestrutura social, educao, criao de postos de trabalho e ateno infncia e adolescncia.

    6.4.2. Programa de Assistncia Tcnica Parceria Pblico-Privada em Saneamento (PROPAR): Tem por objetivo Apoiar Municpios e Estados por meio de financiamento destinado contratao de consultoria especializada para a realizao de estudos do melhor modelo de parceria pblico-privada na gesto dos servios de abastecimento d'gua e esgoto sanitrio e preparao de toda a documentao necessria a sua implementao.

    7. CONCLUSES E RECOMENDAES

    A titulo de concluso e recomendaes acerca do estudo realizado tm-se: 1) Os procedimentos relativos disposio final dos resduos slidos devero ser

    revistos antes do trmino do contrato com a Locanty em 2013, evitando uma situao de insegurana jurdica decorrente da disposio de seus resduos em outro municpio.

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    2) Os estudos indicam que a estruturao de um consrcio com o municpio de Angra dos Reis a soluo mais adequada, como tambm a continuidade do uso do Aterro de Arir. A estruturao do consrcio dever ser feita com o apoio da SEA, com a operao do futuro aterro regulada pela AGENERSA.

    3) Iniciar, o mais breve possvel, a implementao do projeto de remediao e fechamento do lixo Boa Vista.

    4) Providenciar para que a Locanty efetue a avaliao da composio gravimtrica do lixo gerado em Paraty. Esse dado fundamental para o gerenciamento adequado dos resduos slidos.

    5) Exigir que a Locanty fornea a relao diria das cargas de lixo dispostas em Arir (data, hora, identificao do veiculo transportador, peso da carga disposta, etc.). Essas informaes tambm so necessrias ao adequado gerenciamento do manejo dos resduos slidos.

    6) Apoiar e fortalecer institucionalmente a cooperativa de catadores em fase de constituio. A efetiva implantao da coleta seletiva e o alcance de determinados ndices de desempenho so condies indispensveis habilitao do municpio ao programa Compra de Lixo Tratado da SEA.

    8. REFERNCIAS

    1 Paraty Tur 2011 - Histria de Paraty http://www.paraty.tur.br/ acessado em 29/07/2011 s 14hs).

    2. IPT/CEMPRE 2010. Lixo Municipal - Manual de Gerenciamento Integrado 2010 349 p.

    3. FGV-ABETRE 2009 Aspectos Financeiros e Econmicos da Implantao e Operao de Aterros Sanitrios

    4. ABRELPE 2010 Panorama dos Resduos Slidos no Brasil - 2010

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    ANEXO 1 Demonstrativo de Custos

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    Este Anexo tem por finalidade o detalhamento das avaliaes efetuadas em cada uma das alternativas estudadas.

    A) Soluo A: Disposio final no municpio

    a) CI = Custo inicial de desapropriao da rea mais da implantao do aterro

    Segundo informaes de empresas imobilirias de Paraty, o custo de rea em Grana da ordem de R$6,00/m2. O trabalho da FGV-ABETRE fornece os seguintes indicativos para o dimensionamento da rea requerida para a total implantao do aterro (rea do aterro propriamente, reas de emprstimo, reas para as instalaes prediais, ptios de manobra etc.):

    Porte do aterro (at t/dia) rea requerida (m2) 50 129.456 120 160.409 250 217.894

    Tem-se que, dessa forma, a rea requerida ser de 13 ha (aterro at 50t/dia), o que resulta no custo total de aquisio de:

    Custo da rea = R$ 780.000,00

    Para a avaliao do custo de implantao do aterro foram levados em considerao os custos de pr-implantao e implantao seguindo as normas tcnicas da ABNT e da FGV-ABETRE que fornece os seguintes custos indicativos:

    Porte do aterro (at t/dia) Custo de Implantao (R$) 50 1.885.002,38 120 4.524.005,70 250 9.802.012,35

    Tem-se, ento:

    Custo de implantao = R$ 1.885.002,00

    Logo, o custo de aquisio da rea mais o custo da implantao do aterro ser a soma das duas parcelas anteriores, ou seja:

    CI = R$ 2.665.002,00

    b) Z = Custo anual de operao e manuteno do aterro

    Foram levados em considerao os valores de operao de aterros sanitrios, segundo as normas tcnicas da ABNT e dados da ABETRE. Para o aterro de at 50t/dia extrapolou-se a curva de custo do trabalho FGV-ABETRE (para aterros de 100, 800 e 2000 t/dia) e se fez um confronto com custos de mesma natureza obtidos em outros trabalhos.

    Os dados da curva, incorporando-se a extrapolao acima referida so:

    Porte do aterro (t/dia) Custo de Operao (R$/tdia) 50 72,45

    120 58,93 250 49,56

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    Chegou-se ao valor de R$ 72,45/t.dia. Considerando-se que Paraty hoje produz 28t/dia, tem-se para o custo anual de operao e manuteno do aterro:

    Z = R$ 740.439,00

    c) TC = Custo anual do transporte em caminho compactador (40 km ida e volta)

    Foi considerado um caminho de 15m3 (7,5t) operado por um motorista e uma guarnio com trs garis, vida til de 5 anos, percorrendo em mdia 4.000 km/ms, e os seguintes custos bsicos:

    custo por tonelada transportada = R$ 1,03/t.km (EMOP, Agosto 2011) custo do caminho vazio por hora = R$ 121,93/hora (EMOP, Agosto 2011)

    Como o trajeto ser de 20 km - trevo da BR 101 ao aterro - tem-se:

    Custo de ida (caminho cheio) = (1,03 R$/ton km) x 7,5 ton x 20 km = R$ 154,50

    No trajeto de volta, considerando que uma velocidade mdia de 50 km/h resultaria uma viagem de 0,4 horas. Ter-se-ia:

    Custo de volta (caminho vazio) = 121,93 (R$/h) x 0,4 h = R$ 48,77

    Dessa forma, o custo de uma viagem completa (ida + volta) para levar at 7,5 toneladas seria a soma das duas parcelas acima (R$ 203,27/viagem completa). Considerando que sejam feitas 8 viagens por dia, pois nem sempre todos os caminhes viajaro com sua carga completa, tem-se que o custo anual do transporte em caminho compactador ser:

    TC = R$ 593.548,00

    B) Soluo B: Disposio final em aterro sanitrio fora do municpio (Soluo B)

    a) CIT = Custo inicial de implantao da estao de transferncia (ETR)

    Adotou-se como modelo uma estao ETR padro, com transferncia por gravidade e com capacidade de 50t/dia. Os custos de construo civil foram estimados em R$ 685.347,00 e os equipamentos em R$ 44.635,00 resultando:

    CIT = R$ 729.982,00

    b) CAT = Custo anual de operao da estao de transferncia

    Para a ETR com capacidade de 50t/dia adotou-se o custo operacional de R$ 15,36/t transferida.

    Considerando-se 28t/dia de lixo a ser transferido, tem-se o seguinte custo anual de operao da transferncia:

    CAT = R$ 156.979,00

    c) TC = Custo anual do transporte em caminho compactador (8 km ida e volta)

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    Tomando-se os custos calculados na Soluo A, e imaginando-se que tambm seriam dadas 8 viagens dirias ETR, porm com a distncia de transporte (ida e volta) de 8 km, tem-se:

    TC = R$ 118.709,00

    d) TT = Custo anual do transporte em carreta (460 km ida e volta)

    Considerou-se uma carreta roll on roll off, de 21t, operada por um motorista, percorrendo em mdia 4.000 km/ms e os seguintes custos bsicos:

    O custo da carreta vazia por hora = R$ 114,38/h (EMOP, Agosto 2011)

    O custo por tonelada transportada = R$0,66/t.km (EMOP, Agosto 2011)

    Com o trajeto, estimado de 230 km entre a ETR, localizada no lixo de Boa Vista, e o aterro sanitrio em Seropdica, o custo seria:

    Custo de ida (carreta cheia) = R$0,66/t.km x 21t x 230km = R$ 3.187,80

    O trajeto de volta, considerando-se uma velocidade mdia de 60 km/h, o que levaria 3,8 horas, o custo seria:

    Custo de volta (carreta vazia) = R$114,38/h x 3,8 h = R$ 434,64

    Dessa forma o custo de uma viagem completa (ida + volta) seria a soma das duas parcelas acima (R$ 3.622,4/viagem completa). Considerando-se que sejam feitas 2 viagens por dia, tem-se que o custo anual do transporte em carreta ser:

    TT = R$ 2.644.384,00

    e) D = Custo anual da disposio

    Considerando-se o custo unitrio da disposio de R$ 50,00/t e a produo atual de lixo em Paraty de 28t tem-se:

    D = R$ 511.000,00

    C) Soluo C: Disposio final consorciada (Soluo C)

    Alternativa C1 (Novo Aterro Sanitrio)

    a) CI = Custo inicial de desapropriao da rea mais da implantao do aterro (somente a parcela de Paraty)

    Angra dos Reis tem uma populao de 163,1 mil habitantes. Considerando-se a mesma taxa per capita de gerao de lixo que Paraty, tem-se que Angra produz 120,7 tonelada dirias de lixo que, associada ao lixo produzido em Paraty (28t/dia) totaliza, em nmero inteiros, 149 t/dia a ser depositada no aterro do consrcio. Da curva decorrente da tabela Porte do Aterro x rea Necessria apresentada na Soluo A infere-se que para 149t/dia ser necessria uma rea de 17ha.

    No foi feita uma pesquisa do preo de reas nas proximidades de Arir, no municpio de Angra dos Reis. Todavia, como se trata de uma regio bem mais desvalorizada que a de

  • UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    FACULDADE DE OCEANOGRAFIA

    Grana, foi considerado o preo de R$ 2,00/m2 (1/3 do preo de Paraty). Isso resulta no seguinte custo para os 17ha:

    Custo total da rea = R$ 340.000,00

    Para a implantao do aterro (149t/dia) inferiu-se da curva decorrente da tabela Porte do Aterro x Custo de Implantao apresentada na Soluo A, o seguinte valor:

    Custo de implantao = R$ 5.761.069,00

    Considerando-se a participao de Paraty como sendo de 19%, tem-se que sua parcela no custo de aquisio da rea mais a de implantao do aterro ser de:

    CI = R$ 1.094.603,11 (somente a Parcela de Paraty)

    b) CIT = Custo inicial de implantao da estao de transferncia

    Ser o mesmo valor apresentado na Soluo B, ou seja:

    CIT = R$ 729.982,00

    c) CAT = Custo anual de operao da estao de transferncia

    Ser o mesmo valor apresentado na Soluo B, ou seja:

    CAT = R$ 156.979,00

    d) Z = Custo anual de operao e manuteno do aterro (somente a parcela de Paraty)

    Da curva decorrente da tabela Porte do Aterro x Custo de operao apresentada na Soluo A, infere-se que para 149t/dia o custo anual de manuteno ser R$ 55,00/t.dia Considerando-se a parcela de participao de 19% de Paraty, o custo anual de operao e manuteno do aterro ser:

    Z = R$ 568.323,00 (somente a Parcela de Paraty)

    e) TC = Custo anual do transporte em caminho compactador (8 km ida e volta)

    Ser o mesmo valor apresentado na Soluo B, ou seja:

    TC = R$ 118.709,60

    f) TT = Custo anual do transporte em carreta (180 km ida e volta)

    Usando-se os custos unitrias apresentados na Soluo B, tem-se: Com o trajeto, estimado de 90 km entre a ETR, localizada no lixo de Boa Vista at o aterro do consrcio, o custo seria:

    Custo de ida (carreta cheia) = R$0,66/t.km x 21t x 90km = R$ 1.247,40

    O trajeto de volta, considerando-se uma velocidade mdia de 60 km/h, no tempo de 1,5 horas, o custo seria:

    Custo de volta (carreta vazia) = R$114,38/h x 1,5 h = R$ 171,57

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    Dessa forma o custo de uma viagem completa (ida + volta) seria a soma das duas parcelas acima (R$ 1.418,97/viagem completa). Considerando-se que sejam feitas 2 viagens por dia, tem-se que o custo anual do transporte em carreta ser:

    TT = R$ 1.035.848,00

    Alternativa C2 (Uso do Aterro de Arir)

    A menos do custo anual do transporte em carreta TT, sero usados na avaliao desta Alternativa os mesmos custos unitrios apresentados na Soluo B:

    a) TT = Custo anual do transporte em carreta (170 km ida e volta)

    Considerou-se a utilizao de uma carreta roll on roll off, de 21t, operada por um motorista, percorrendo em mdia 4.000 km/ms, com os seguintes custos bsicos:

    O custo da carreta vazia por hora = R$ 114,38/h (EMOP, Agosto 2011) O custo por tonelada transportada = R$0,66/t.km (EMOP, Agosto 2011)

    Com o trajeto estimado de 85 km entre a ETR, localizada no lixo de Boa Vista, e o aterro sanitrio em Ar