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PLANO DE PORMENOR DA ZONA BALNEAR DA PRAIA FORMOSA Fase 1 – Caracterização, diagnóstico e pré-proposta Julho de 2011

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PLANO DE PORMENOR DA ZONA BALNEAR DA PRAIA FORMOSA Fase 1 – Caracterização, diagnóstico e pré-proposta

Julho de 2011

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INDICE

1. INTRODUÇÃO 1

2. ENQUADRAMENTO 3

2.1. A área de intervenção 3

2.2. Instrumentos de gestão territorial 5

2.3. Participação pública 14

3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO 17

3.1. As pessoas e as actividades 17

3.2. O território 19

3.3. A ocupação urbana 29

4. ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO 43

5. PRÉ-PROPOSTA DE ESTRUTURAÇÃO URBANA 47

ANEXOS

ANEXO_01: DESENHOS

01_USO ACTUAL DO SOLO

02_CADASTRO PRELIMINAR

03_PERFIS DA SITUAÇÃO EXISTENTE

04_PRÉ-PROPOSTA DE ESTRUTURAÇÃO URBANA

05_PERFIS DA SITUAÇÃO PROPOSTA

ANEXO_02: LEVANTAMENTO DO EDIFICADO

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CARACTERIZAÇÃO, DIAGNÓSTICO E PRÉ-PROPOSTA

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CARACTERIZAÇÃO, DIAGNÓSTICO E PRÉ-PROPOSTA

Técnicos Especialidade

Arqt.ª Paisag. Ana Barroco (coordenação) Arquitectura Paisagista

Arqt.ª Susana Magalhães Arquitectura e Urbanismo

Arqt.º Paisag. Rui Figueiredo Arquitectura Paisagista

Arqt.ª Maria Amaral Arquitectura e Urbanismo

Eng. Artur Costa Engenharia civil

Eng. Nuno Cruz Geologia

Dr. António Duarte de Almeida Direito

Alfredo Ferreira Design Gráfico

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1. INTRODUÇÃO

A área de intervenção localiza-se na freguesia da Almagreira, junto ao litoral, numa zona privilegiada quer do ponto de vista ambiental, quer paisagístico, abrangendo a área urbana que envolve uma importante zona balnear, o núcleo urbano da Praia Formosa.

Figura 1.1_ Vista geral sobre A área de intervenção do PP_PraiaFormosa

Fonte: Quaternaire Portugal SA

A elaboração do Plano de Pormenor da Zona Balnear da Praia Formosa, adiante designado por PP_PraiaFormosa, é uma orientação estratégica do Plano de Ordenamento da Orla Costeira da Ilha de Santa Maria (POOC), aprovado pelo DRR n.º 15/2008/A, de 25 de Junho. No âmbito deste instrumento de gestão territorial é definido um conjunto de objectivos específicos1 para a elaboração deste plano de pormenor, designadamente:

a) Estabelecer regras que fomentem a diminuição de conflitos entre as diferentes pretensões de utilização do território;

b) Requalificar elementos dissonantes, qualificar os espaços públicos e melhorar as infra-estruturas urbanas;

c) Promover a fruição pública como função dominante do solo.

A estes objectivos definidos no âmbito do POOC, acresce o objectivo da revisão do Plano Director Municipal, em fase de aprovação, nomeadamente: acautelar situações de risco identificadas como a erosão das arribas e potenciais deslizamentos de massas, definido para a UOPG 01 – PP da Praia Formosa deste instrumento de planeamento municipal, tendo em consideração os recentes fenómenos de movimentos de vertente verificados na área de intervenção.

O PP_PraiaFormosa deverá, ainda, enquadrar o Plano da Zona Balnear da Praia Formosa previsto no âmbito do POOC, englobando na sua área de intervenção a área de utilização recreativa e de lazer e a área balnear, equacionando as intervenções necessárias para adequar a Praia Formosa à tipologia 1.

A fragmentação da área urbana existente, caracterizada por um tecido urbano incipiente, em termos de génese e de funções, com um grau de ocupação muito reduzido, irá permitir a reestruturação

1 DRR nº 15/2008/A de 25 de Junho, Art. 30.º

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global deste núcleo urbano. Atendendo à localização privilegiada da área urbana, junto ao litoral e à envolvente ambiental existente será fundamental na concepção deste espaço urbano a avaliação paisagística e respectivas propostas de integração, bem como a assumpção de um modelo urbano sustentável compatível com a vulnerabilidade ambiental e paisagística que o caracteriza.

A Zona Balnear da Praia Formosa configura assim um território marcado por um conjunto de características peculiares que face à importância estratégica em termos de desenvolvimento municipal emerge como prioritária a sua estruturação urbanística e ambiental que atenda à:

a) Localização privilegiada sobre a orla costeira e existência de um quadro de referência estratégico que enquadra um conjunto de normas e disposições regulamentares vinculativas;

b) Fragmentação territorial do tecido urbano existente;

c) Dimensão espacial da área urbana a consolidar, que carece de uma forte estruturação de modo a conferir uma imagem coerente e qualificada a um dos espaços balneares mais importantes no contexto do município e da Região autónoma dos Açores (RAA);

d) Forte pressão turística e ocupação de carácter sazonal que podem conduzir ao aumento das intenções especulativas de construção;

e) Elevada vulnerabilidade ambiental e paisagística da área de intervenção.

O presente relatório integra a primeira fase da elaboração do Plano, denominada Caracterização, Diagnóstico e Pré-Proposta, onde se apresenta a análise e caracterização da área de intervenção, complementada por um diagnóstico estratégico e uma primeira proposta de modelo de ocupação e desenvolvimento urbano.

O relatório que se apresenta encontra-se estruturado em quatro partes fundamentais:

� A primeira, que corresponde ao capítulo 2, apresenta um enquadramento da área de intervenção e sintetiza o quadro de referência estratégica das principais orientações estabelecidas pelos instrumentos de gestão territorial de âmbito nacional e regional, que enquadram a elaboração do PP_PraiaFormosa;

� A segunda, relativa ao capítulo 3, procede à caracterização da área de intervenção segundo os vários domínios sectoriais e que configuram a situação existente;

� A terceira, correspondente ao capítulo 4, apresenta um breve diagnóstico prospectivo com base nas diversas componentes analisadas e se estabelece a estratégia de intervenção;

� E a última, respeitante ao capítulo 5, formula a primeira proposta de organização espacial da área do PP_PraiaFormosa assente nos objectivos e nas apostas estratégicas definidas materializada num conjunto de desenhos ilustrativos das opções, bem como na identificação das principais regras e parâmetros urbanísticos associados.

Os trabalhos de terreno decorreram durante os meses de Fevereiro e Março, tendo-se recolhido os elementos indispensáveis à caracterização e diagnóstico da área de intervenção, bem como de suporte à formulação das linhas de orientação da proposta futura. Esta informação foi sistematizada numa base de dados que se encontra em anexo (veja-se Anexo 2).

Refira-se ainda que os trabalhos de execução da cartografia e levantamento cadastral não se encontravam concluídos até à data do presente relatório, sendo a sua integração realizada na fase seguinte de elaboração do PP_PraiaFormosa. Considera-se, no entanto, não existir impedimento ao desenvolvimento de uma pré-proposta de ordenamento, devidamente fundamentada, dado o volume de informação recolhida e o vasto conhecimento acumulado sobre a área de intervenção.

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2. ENQUADRAMENTO

2.1. A ÁREA DE INTERVENÇÃO

Integrada no Grupo Oriental da Região Autónoma dos Açores (RAA), a ilha de Santa Maria possui 5.549 habitantes (segundo o Anuário Estatístico da RAA 2009) e é composta por um único concelho – Vila do Porto – que ocupa cerca de 97 km² e se divide em cinco freguesias: Vila do Porto, Almagreira, Santa Bárbara, Santo Espírito e São Pedro.

Figura 2.1_Enquadramento da área de intervenção

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Santa Maria apresenta uma morfologia única, como que dividida ao meio através de uma cordilheira de picos vulcânicos: a “metade” ocidental da ilha apresenta uma configuração essencialmente plana e de baixas altitudes, enquanto a parte oriental possui um relevo mais acidentado, coberto por manchas de vegetação arbórea significativas, desenvolvendo-se sempre acima da cota 200m. A morfologia litoral é bastante recortada com existência frequente de baías, por vezes com falésias de grande altura.

A localização geográfica periférica da ilha no contexto do arquipélago e, ao mesmo tempo, a proximidade relativamente a São Miguel, as características do solo e morfologia próprias de Santa Maria justificam algum isolamento e dificuldade de acessibilidade, bem como a fraca dinâmica económica que se tem verificado na última década.

O território municipal caracteriza-se por um padrão de urbanização de carácter marcadamente rural, de baixa densidade e pequena dimensão, à excepção do centro urbano de Vila do Porto que apresenta as densidades de edificação mais elevadas da ilha. Os núcleos urbanos desenvolveram-se maioritariamente para o interior da ilha, afastados da linha de costa, sobretudo ligados à actividade agro-pecuária e completamente dependentes da sede de concelho.

Em termos de população residente no concelho de Vila do Porto registou-se um aumento significativo entre as décadas de 1950 e 1960, tendo vindo a diminuir desde então, com uma regressão demográfica mais acentuada na década de 1970 em que, neste período, o concelho perdeu mais de ¼ da sua população. De acordo com os últimos resultados dos Censos, em 2001 residiam em Vila do Porto 5578 indivíduos, dos quais mais de metade se concentravam na freguesia sede de concelho, sendo as freguesias de Santa Bárbara e Almagreira as que apresentavam um efectivo populacional menos significativo.

É no centro urbano de Vila do Porto que se concentram as principais funções urbanas e os grandes equipamentos de utilização colectiva, tais como as actividades económicas mais relevantes, os serviços públicos e os equipamentos sociais, educativos e de saúde.

Ao nível do parque edificado, os edifícios existentes estão quase exclusivamente associados à função habitacional, de baixa volumetria – a construção em altura é praticamente inexistente - e apresentam uma distribuição dispersa no território, muitas vezes não acompanhando as principais vias de comunicação.

A área de intervenção do PP_PraiaFormosa abrange cerca de 37ha, localiza-se na costa sul do concelho, na freguesia da Almagreira, numa zona privilegiada do ponto de vista ambiental e paisagístico, e inclui a área urbana que envolve uma importante zona balnear - a Praia Formosa. Com uma escassa população residente, cerca de 21 habitantes apresenta um parque habitacional constituído por cerca de 70 alojamentos, dos quais mais de 70% são de 2ª habitação.

Encontra-se a sensivelmente 1,8 km da sede de freguesia, onde se localizam os equipamentos de apoio à população, nomeadamente a escola, o polidesportivo, a casa do povo e sede da junta de freguesia. Aqui encontram-se também alguns estabelecimentos de comércio e serviços de proximidade, de apoio à função residencial.

A delimitação da área de intervenção corresponde aos limites definidos pelo POOC para a respectiva área de projecto (AP3), os quais foram integrados numa UOPG no âmbito da Revisão do PDM_Vila do Porto, em fase de aprovação, devidamente ajustada à cartografia de pormenor do presente plano.

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2.2. INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL

Sobre a área de intervenção incidem um conjunto de planos, programas e políticas regionais com relevância na área de intervenção e que servirão de enquadramento para o desenvolvimento da proposta de plano.

Os instrumentos de gestão territorial com incidência na área do PP_PraiaFormosa encontram-se descritos na tabela seguinte.

Tabela 2.1_IGT com incidência na área do PP_PraiaFormosa

Instrumentos de Gestão Territorial Diploma regulador

Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) Lei n.º 58/2007, de 4/09

Plano Regional de Ordenamento do Território dos Açores (PROTA) DLR n.º 26/2010/A, de 12/08

Plano Sectorial da Rede Natura 2000 para a RAA DLR n.º 20/2006/A, de 6/06

Plano de Ordenamento Turístico da Região Autónoma dos Açores (POTRAA) DLR n.º 38/2008/A, de 11/08; suspensão parcial aprovada pelo DLR n.º 13/2010/A, de 7 /04

Plano Estratégico de Gestão de Resíduos dos Açores (PEGRA) DLR n.º 10/2008/A, de 12/05

Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) da Ilha de Santa Maria DRR n.º 15/2008/A, de 25/06

Revisão do Plano Director Municipal de Vila do Porto Em fase a aprovação após discussão pública

Destes no âmbito do presente PP_PraiaFormosa torna-se imprescindível analisar as directrizes, objectivos e condicionantes com implicações directas na área de intervenção que decorrem do POOC da Ilha de Santa Maria e da revisão do PDM de Vila do Porto, em fase de aprovação, cujos aspectos mais relevantes se descrevem seguidamente, assumindo-se que as implicações territoriais dos restantes instrumentos já estão incorporadas nestes planos (e.g o PROTA já foi incorporado na revisão do PDM).

2.2.1 PLANO DE ORDENAMENTO DA ORLA COSTEIRA DA ILHA DE SANTA MARIA [POOC]

O Plano de Ordenamento da Orla Costeira da Ilha de Santa Maria [POOC] é um plano especial de ordenamento do território tem natureza de regulamento administrativo e com ele devem conformar-se os planos municipais e intermunicipais de ordenamento do território, bem como os programas e projectos, de iniciativa pública ou privada a realizar na sua área de intervenção.

Nos termos do Artigo 2.º do DRR n.º 15º/2008/A, que publica o POOC de Santa Maria, são objectivos específicos deste plano os seguintes:

� Defender a preservação do património natural dos espaços insulares;

� Definir critérios de prevenção para áreas de risco geológico;

� Preservar o património natural e em especial os recursos marinhos;

� Qualificar as zonas de paisagem com interesse geológico;

� Estruturar condições de fruição e utilização de áreas com potencial paisagístico e de áreas de cultura tradicional de vinha;

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� Requalificar as áreas afectas a zonas balneares;

� Realizar propostas de intervenção em áreas prioritárias de risco geológico;

� Potenciar as actividades passivas de recreio e lazer ligadas ao mar;

� Promover o reforço de proximidade geográfica com a ilha de São Miguel e a identidade do grupo oriental do arquipélago dos Açores;

� Fomentar medidas que atenuem a sazonalidade de procura turística.

Em termos de usos e regimes de gestão compatíveis com a utilização sustentável do território, a área de intervenção do POOC divide-se em duas zonas fundamentais, designadas:

� Zona A - Áreas indispensáveis à utilização sustentável da orla costeira, constituídas pela faixa marítima, leitos e margens das águas do mar, linhas de água e respectivas zonas de protecção, pelas áreas de especial interesse ambiental, entre as quais as classificadas e integradas em estatutos de conservação específicos ou aquelas que reúnem um conjunto de recursos e valores ambientais relevantes – para as quais o POOC fixa usos preferenciais e respectivos regimes de gestão.

� Zona B – restantes áreas que integram a zona terrestre de protecção – para as quais POOC define princípios de ocupação e condicionamentos a actividades específicas, sendo o seu regime de gestão específico definido no âmbito dos PMOT.

Figura 2.2_Extracto da Planta de Síntese POOC Santa Maria – Área de Projecto AP3 – Praia Formosa

Fonte: http://sig.sram.azores.gov.pt/SIG/

A área envolvente ao núcleo urbano da Praia Formosa está classificada no POOC como áreas de vocação recreativa, áreas balneares, e ainda áreas de protecção e conservação da natureza, fixando os usos e o respectivo regime de gestão. Relativamente à restante área territorial inserida na faixa dos 500m, encontra-se classificada como áreas agrícolas e áreas florestais (englobando as arribas), e o núcleo urbano corresponde à área edificada cuja regulamentação o POOC remete para o PDM.

O POOC identifica ainda um conjunto de áreas vulneráveis que correspondem a zonas onde se considera existir perigo de ocorrência de movimentos de vertente associados à instabilidade de arribas costeiras e a zonas expostas ao avanço do mar e para as quais é definido um regime específico, cumulativo com o da classe de espaço abrangida (veja-se tabela seguinte). No âmbito da

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elaboração e revisão de PMOT que integrem as áreas referidas deve ser equacionada a relocalização das edificações existentes, bem como definidos os usos e as actividades compatíveis com os riscos presentes.

Tabela 2.2_Usos e actividades admitidas nas áreas vulneráveis

Classificação Actividades permitidas

Áreas edificadas - Usos e actividades compatíveis com os riscos presentes definidos em sede de PMOT;

- Deve ser equacionada a relocalização de edificações existentes

Áreas agrícolas

Áreas florestais

Áreas de vocação recreativa

- Admite-se a instalação de novos empreendimentos de turismo TER e TN que resultem da recuperação de edificação existente ou ampliação;

- Permite-se a instalação dos equipamentos previstos no Plano de Intervenções do POOC;

- Admite-se a construção de equipamentos de apoio à utilização destas áreas nomeadamente instalações sanitárias e outras infra-estruturas, com área máxima de construção de 200m² e 1 piso, caso não seja possível reabilitar edificações existentes.

Áreas de interesse cultural e paisagístico

- Admite-se a abertura de acessos pedonais não consolidados, trilhos pedonais interpretativos e zonas de estadia não consolidadas, sinalização e painéis interpretativos;

- Admite-se a instalação de novos empreendimentos de turismo TER e TN que resultem da recuperação de edificação existente ou ampliação;

- São admitidas obras de reconstrução, conservação e ampliação desde que seja assegurado o respectivo uso original;

- Admite-se a requalificação do espaço exterior, bem como intervenções de integração paisagística que visem a valorização do património existente;

- Admite-se a construção de equipamento de apoio à utilização destas áreas que centralize e sirva de suporte a todas as actividades relacionadas (divulgação e sensibilização ambiental, apoio ao material de preservação da área e de suporte a outras actividades secundárias) com área máxima de construção de 200m² e 1 piso, caso não seja possível reabilitar edificações existentes.

Áreas de protecção e conservação da natureza

- São admitidas obras de reconstrução, conservação e ampliação desde que seja assegurado o respectivo uso original, excepto nos casos de:

instalação de equipamentos de suporte à divulgação e sensibilização dos ecossistemas naturais, desde que em estruturas amovíveis com área máxima de construção de 200m² e 1 piso, caso não seja possível reabilitar edificações existentes;

instalação de painéis informativos e de divulgação do património natural

construção de trilhos ou acessos pedonais não consolidados

- Admite-se a instalação de novos empreendimentos de turismo TER e TN que resultem da recuperação de edificação existente ou ampliação;

Refira-se que as áreas vulneráveis não integradas em áreas edificadas são consideradas áreas non aedificandi, excepto nas situações identificadas na tabela anterior.

Importa ainda ter em consideração que a área de intervenção está integrada na Área de Projecto [AP3] delimitada no POOC, para a qual é definido um conjunto de objectivos específicos2, designadamente:

2 DRR nº 15/2008/A de 25 de Junho, Art. 30.º

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� Estabelecer regras que fomentem a diminuição de conflitos entre as diferentes pretensões de utilização do território;

� Requalificar elementos dissonantes, qualificar os espaços públicos e melhorar as infra-estruturas urbanas;

� Promover a fruição pública como função dominante do solo.

De acordo com o plano de intervenções do POOC e conforme mencionado no caderno de encargos, os objectivos atrás referidos traduzem-se nas seguintes intervenções:

� Reformulação do sistema viário da marginal;

� Criação de uma área de equipamentos de ante-praia;

� Definição de uma área urbana com vocação turístico-residencial;

� Elaboração do plano da zona balnear da Praia Formosa;

� Qualificação paisagística do Parque de Campismo existente;

� Construção de um sistema de Saneamento de Águas Residuais (ETAR).

Neste contexto, o PP_PraiaFormosa deverá enquadrar o Plano da Zona Balnear da Praia Formosa previsto no âmbito no Plano de intervenções, englobando na sua área de intervenção a área de utilização recreativa e de lazer e a área balnear e equacionando as intervenções necessárias para adequar a Praia Formosa à tipologia 1.

Figura 2.3_Plano da Zona Balnear da Praia Formosa

Fonte: POOC Santa Maria, Planos de Zonas Balneares, 2008

De acordo com o Regulamento do POOC, a classificação como “tipologia 1” corresponde a uma zona balnear equipada de uso intensivo, adjacente ou associada a aglomerados urbanos, que detém um nível elevado de apoios, equipamentos e infra-estruturas de utilização pública.

O plano da zona balnear prevê:

� Melhoria das condições de utilização da zona balnear e de usufruto da frente litoral por parte da população;

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� Construção de pelo menos um apoio simples por cada subzona (Praias do Castelo, Formosa e dos Franceses): apoio desportivo, apoio de recreio náutico e estruturas amovíveis de apoio ao uso balnear;

� Incentivo a iniciativas comerciais integradas no tecido urbano existente na proximidade das zonas balneares;

� Recuperação e adaptação do Castelo de São João Baptista para restaurante;

� Implantação de duas construções ligeiras e amovíveis e esplanadas no passeio marítimo.

2.2.2 REVISÃO DO PDM_VILA DO PORTO

A Revisão do PDM_Vila do Porto encontra-se em fase de aprovação, após discussão pública, sendo um documento orientador da proposta de PP_PraiaFormosa, no que diz respeito à intervenção na área urbana.

Figura2.4_Modelo da rede urbana municipal de Vila do Porto

Fonte: Revisão PDM_Vila do Porto. Volume 2 – Relatório. Discussão Pública

A rede urbana municipal assenta na organização dos núcleos urbanos em dois níveis: a rede fundamental, formada pelas sedes de freguesia e os aglomerados urbanos delas dependentes, e uma rede complementar, constituída por áreas essencialmente relacionadas com as actividades de recreio e lazer, onde se integram as baías da Praia Formosa, Maia, São Lourenço e Anjos, representando importantes estruturas para o desenvolvimento económico e turístico do concelho, a que correspondem tipologias de ocupação específicas do território.

O aglomerado urbano da Praia pertence assim à rede complementar que estrutura a hierarquia urbana do município de Vila do Porto e para a qual se preconizam os seguintes objectivos:

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� Promover a elaboração dos planos de pormenor e projectos específicos, tendo por base os objectivos definidos no âmbito do POOC de Santa Maria;

� Promover a estruturação e requalificação das zonas balneares e delimitação de áreas de vocação recreativa e de lazer em função da respectiva capacidade de carga;

� Equacionar a relocalização das edificações existentes em áreas vulneráveis ou áreas de risco (ameaçadas por cheias, risco de erosão e instabilidade de vertentes) - este objectivo é especialmente importante porque tem em vista a salvaguarda e protecção de pessoas e bens.

A área de intervenção do PP_PraiaFormosa corresponde à UOPG 01 delimitada pela Revisão do PDM_Vila do Porto, onde se definem os seguintes objectivos específicos:

� Acautelar situações de risco identificadas como a erosão das arribas e potenciais deslizamentos de massas;

� Estabelecer regras que fomentem a diminuição de conflitos entre as diferentes pretensões de utilização do território;

� Requalificar elementos dissonantes, qualificar os espaços públicos e melhorar as infra-estruturas urbanas;

� Promover a fruição pública como função dominante do solo.

Em termos de ordenamento, a área de intervenção é abrangida pelas categorias de espaço, que constam na figura e tabela seguintes, para as quais são definidas regimes de edificabilidade.

Figura 2.5_Extracto da planta de ordenamento da Revisão do PDM_Vila do Porto

Fonte: Revisão PDM_Vila do Porto. Planta de Ordenamento, versão para aprovação

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Tabela 3.3_Regime de edificabilidade definido pela Revisão do PDM_Vila do Porto

Categoria de espaço Regime de edificabilidade

Espaços agrícolas e agro-florestais

Explorações agro-pecuárias: área mínima da parcela para edificação: 5000m² se confinante com a rede regional, ou de 2500m²; no máximo 1500m² de construção e altura máxima 5m;

habitação: área mínima da parcela para edificação: 5000m², admitindo-se no máximo 200 m² de construção e 1fogo por parcela, com um máximo de 2 pisos; afastamento mínimo aos limites do lote de 3m

Ampliações até 20m2 sem aumento do nº de pisos

Admite-se criação de áreas de pequena indústria e armazéns das classes B e C, de acordo com a legislação vigente;

estabelecimentos hoteleiros: índice de utilização do solo – 0,2; máximo 3 pisos e altura máxima de 11,5m

aldeamentos turísticos e apartamentos turísticos: índice de utilização do solo – 0,15; máximo 2 pisos e altura máxima de 8m;

turismo no espaço rural e turismo de habitação: altura máxima 6,5m, sem prejuízo das pré-existências

parques de campismo: índice de utilização do solo – 0,05; máximo 1 piso e altura máxima de 5m

Espaços florestais

Explorações agro-pecuárias: área mínima da parcela para edificação: 5000m², admitindo-se no máximo 1500m² de construção e uma altura máxima 5m;

habitação: área mínima da parcela para edificação: 5000m², confinante com a rede regional ou municipal, admitindo-se 200 m² de área máxima de construção, 1fogo por parcela e no máximo 2 pisos; afastamento mínimo aos limites do lote de 3m

Ampliações até 20m2 sem aumento do nº de pisos

São admitidas novas edificações, obras de recuperação e de ampliação de edificações existentes destinadas à instalação de novos empreendimentos de turismo no espaço rural e turismo de habitação nos termos da legislação em vigor.

Espaços naturais e culturais

São admitidas obras de reconstrução, conservação, alteração e ampliação de edificações existentes, desde que destinadas a suprimir insuficiências de instalações sanitárias e ou cozinhas não podendo em nenhuma situação corresponder a um aumento total de área de construção superior a 16 m² ou ao aumento do número de pisos

Espaços de equipamentos Sem prejuízo das servidões e restrições de utilidade pública e de outras condicionantes impostas pelo PDM, são permitidas obras de construção, reconstrução, alteração e ampliação dos equipamentos colectivos existentes localizados no solo rural, desde que a sua ampliação não exceda 50% da área de ocupação existente.

- Áreas de vocação recreativa e de lazer Definido no âmbito do POOC da Ilha de Santa Maria

- Áreas balneares

Espaços urbanos consolidados

Índice de ocupação do solo: 50%;

Índice de utilização do solo: 0,8;

Número máximo de pisos: 2 ou altura da edificação de 6,5m;

Quando se tratar de lotes ou prédios a reconstruir ou remodelar, aplicam-se os índices anteriores ou os preexistentes.

Afastamentos laterais aos limites do lote no mínimo de 3 m;

A profundidade máxima das edificações é de 15m, salvo se outra vier a ser estabelecida pelo PP;

Espaços urbanos a consolidar

Índice de ocupação do solo: 50%;

Índice de utilização do solo: 0,6;

Número máximo de pisos: 2 ou altura máxima da edificação de 6,5 m;

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Categoria de espaço Regime de edificabilidade

Operações de loteamento:

- Densidade habitacional máxima de 50 fogos/ha;

Índice de utilização do solo para habitação, comércio e indústria a 0,6;

Área mínima do lote: de 300 m² e área máxima do lote de 2.500 m²

- Número máximo de pisos: 2, salvo se, mediante plano de pormenor, vier a ser estabelecido um número superior.

Superfície máxima a afectar a anexos, que não podem exceder 1 piso: 10% da área do lote, num máximo de 100 m²;

Admite-se ainda a instalação de actividades industriais da classe C, desde que compatíveis com o uso habitacional nos termos da legislação aplicável, no piso térreo de edifício novo ou adaptado, desde que garantido o devido isolamento e insonorização.

Espaços verdes

Admite-se a construção de equipamentos colectivos de interesse público, destinados preferencialmente ao desporto, cultura, recreio e lazer, bem como instalações de apoio, nomeadamente estabelecimentos de restauração e bebidas;

Devem ser tidas em consideração as características e condicionantes de cada local.

Em termos de servidões e restrições de utilidade pública incidem sobre a área de intervenção

Sobre a área de intervenção incidem um conjunto de servidões e restrições de utilidade pública, sobretudo na sua envolvente próxima (veja-se extracto da plantas de condicionantes da revisão do Pdm_Vila do Porto).

Figura 2.6_Extracto da Planta de Condicionantes (folha 1)

Fonte: Revisão PDM_Vila do Porto. Planta de Condicionantes, versão para aprovação

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Figura 2.7_Extracto da Planta de Condicionantes (folha 02)

Fonte: Revisão PDM_Vila do Porto. Planta de Condicionantes, versão para aprovação

A figura seguinte sintetiza as zonas condicionadas dentro da área de intervenção, distinguindo os respectivos regimes aplicáveis. A área envolvente ao perímetro urbano está inserida (na sua quase totalidade) em reserva ecológica impondo fortes restrições à construção nos espaços rurais.

Por outro lado, o POOC e o PDM também integra esta disposição define uma faixa de terreno ao longo da zona costeira, com uma largura variável entre 40 a 115m, onde apenas permite a instalação de equipamentos e serviços de utilização pública, que visam a melhoria das condições de usufruto da zona balnear, condicionando fortemente a articulação entre o espaço urbano e a frente marítima.

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Figura 2.8_Síntese das propostas de ordenamento do POOC e PDM_Vila do Porto

2.3. PARTICIPAÇÃO PÚBLICA

No período de auscultação prévia à deliberação que determinou a elaboração do PP_PraiaFormosa foram recebidas 8 participações de proprietários na área de intervenção que vêm reafirmar ou questionar a possibilidade de construção para habitação associada aos seus terrenos. Constata-se que a maioria destas participações incidem sobre parcelas que se localizam dentro do perímetro urbano proposto na revisão do PDM_Vila do Porto, com excepção de 2 participações.

Na figura seguinte identifica-se a localização espacial das participações e na tabela seguinte a síntese do seu conteúdo.

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Figura 2.9_Localização das participações recebidas no período de auscultação prévia

Tabela 2.4_Participações recebidas no período de auscultação prévia

Requerente Assunto Categoria de espaço

1 Eduardo Coelho Cabral e outros Construção de habitação Espaço Urbano a consolidar

2 José Bairos Batista Alteração de solo rural para solo urbano Fora da AI do PP

3 José Bairos Batista Alteração de solo rural para solo urbano Fora da AI do PP

4 Noé Albano da Costa Soares Ferreira de Mendonça

Construção de habitação Espaço Urbano a consolidar

5 Horácio Chaves Melo Construção Espaço Urbano a consolidar e Espaço agrícola

6 Manuel Chaves Melo e outros Construção Espaço Urbano a consolidar

7 José Manuel Pereira Figueiredo de Sousa Construção de habitação Área de vocação recreativa e de lazer

8 Manuel de Aguiar Velho Arruda Manutenção de caminho de acesso à propriedade

Espaço natural e cultural

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3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO

3.1. AS PESSOAS E AS ACTIVIDADES

A área de intervenção integra-se na subsecção estatística definida na BGRI 2001 (Base Geográfica de Referenciação da Informação, INE) da Praia. Segundo os censos de 2001, residiam no lugar da Praia cerca de 21 indivíduos, o correspondente a 4% do total de residentes na freguesia a que pertence, Almagreira (537 habitantes).

Tabela 3.1_Alguns indicadores demográficos relativos ao lugar da Praia, em 2001

Indicadores estatísticos (Estrutura da população)

Indicadores estatísticos (Qualificação dos residentes)

Área [ha] 84 Taxa de analfabetismo [%] 30

População residente [hab] 21 Pop. com 1º ciclo 2

Densidade populacional [hab/ha] 0,25 Pop. com 2º ciclo 2

Pop. jovem (0 – 14 anos) 2 Pop. com 3º ciclo 3

Pop. idade activa (25 – 64 anos) 14 Pop. com ensino secundário 2

Pop. Idosa (> 65 anos) 5 Pop. com ensino médio ou superior 7

Índice de envelhecimento 250,0

Índice de dependência de idosos 35,7

Fonte: BGRI Censo 2001, INE

Destaca-se o número reduzido de pessoas a residir na área de intervenção do PP_PraiaFormosa, e respectiva baixa densidade populacional - cerca de metade do valor concelhio (0,57hab/ha), bem como o facto da maioria dos residentes se encontrar em idade activa e existir um número significativo de pessoas com qualificação de nível médio ou superior (indivíduos que se encontram a frequentar ou já concluíram um curso médio ou superior).

Em 2001 existiam no lugar da Praia Formosa 72 alojamentos (sendo apenas um colectivo) representando cerca de 22.2% do total de alojamentos na freguesia de Almagreira. A taxa de ocupação ronda os 2 indivíduos por alojamento.

Tabela 3.2_Alojamentos familiares clássicos, ao lugar da Praia, em 2001

Lugar

Alojamentos familiares clássicos

Uso sazonal/secundário ou com proprietário

ausente

Vagos Com residência habitual

Total Com proprietário

ocupante Arrendado

Praia 72 % 12,7 % 15,5 % 72,7 % 27,3 %

Fonte: BGRI Censo 2001, INE

O número de alojamento vagos, embora alguns deles possam estar disponíveis para venda ou arrendamento, não invalidando a ocorrência em simultâneo de situações de degradação ou abandono dos mesmos, era em 2001 cerca de 12,7%, sendo substancialmente inferior ao valor registado ao nível do concelho (20,8%).

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A análise do parque habitacional engloba ainda a avaliação das condições que os alojamentos oferecem a quem neles reside. Assim, em termos de condições dos alojamentos familiares clássicos com residência habitual, com base nos dados do Censo 2001, pode dizer-se que apresentam um elevado grau de infra-estruturação, embora ainda subsistam aproximadamente 10% de alojamentos sem casa de banho.

Relativamente à caracterização da estrutura da economia e do emprego na área de intervenção, a informação que se apresenta na tabela seguinte apenas diz respeito ao local de residência dos empregados, e não ao local de trabalho.

Tabela 3.3_Dados sobre a actividade económica dos residentes no lugar da Praia, em 2001

Lugar Sector primário (%)

Sector secundário (%)

Sector Terciário (%)

Total residentes empregados

Total residentes desempregados

Praia 10,0 30,0 60,0 10 0

Fonte: BGRI Censo 2001, INE

Em termos de distribuição do emprego por sectores de actividade, o sector terciário é claramente o mais representativo com cerca de 60% da população empregada (dados de 2001) – superior à média regional (57,4%).

Sendo a Praia Formosa um local essencialmente vocacionado para o turismo, compreende-se que as actividades económicas existentes estejam essencialmente direccionadas para este sector, nomeadamente equipamentos turísticos (parque de campismo e apartamentos turísticos), serviços de restauração e apoio à zona balnear. Destaque ainda para a realização do Festival de música “Maré de Agosto” que anualmente atrai milhares de visitantes, sendo considerado o mais importante do género nos Açores.

Figura 3.1_Apartamentos turísticos ‘Mar e Sol’; Espaço ‘BeachPark’ e Parque de Campismo da Praia Formosa

Fonte: Quaternaire Portugal.

No que diz respeito aos equipamentos colectivos, como foi anteriormente referido, estes localizam-se fundamentalmente na sede de concelho, existindo algumas tipologias de proximidade na sede de freguesia da Almagreira, como a escola EB1/JI de Almagreira, a sede da Junta de Freguesia que alberga também a Casa do Povo.

Finalmente, uma referência às projecções demográficas apresentadas no PDM_Vila do Porto, que demonstram a tendência de declínio do número de residentes em todo o concelho, sendo esta variação negativa prevista bastante acentuada na freguesia da Almagreira.

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Tabela 3.4_Estimativa e variação da população residente nas freguesias do concelho de Vila do Porto

Freguesia 1981 1991 2001 2011 2020 Taxa de

variação (%) 2001/2020

Almagreira 618 525 537 482 425 -20,85

Santa Bárbara 621 512 480 430 373 -22,28

Santo Espírito 1005 758 723 592 496 -31,41

São Pedro 788 811 841 859 838 -0,33

Vila do Porto 3468 3316 2997 2904 2684 -10,44

Total Concelho Vila do Porto 6500 5922 5578 5261 4797 -14,00

Fonte: PROTA e Equipa Técnica da Revisão do PDM

Como se comprova pela leitura da tabela anterior, de acordo com as projecções demográficas, das cinco freguesias que compõem o concelho de Vila do Porto, Almagreira irá registar uma regressão da população residente na ordem dos 20% entre 2001 e 2020, constituindo um cenário preocupante que deverá ser considerado na elaboração do PP_PraiaFormosa, embora se considere que esta tendência poderá não ter eco na área de intervenção, já que a aposta de requalificação e desenvolvimento de actividades turísticas nesta área poderão fazer emergir uma nova dinâmica que terá necessariamente repercussões no crescimento da população residente.

3.2. O TERRITÓRIO

3.2.1 CONDIÇÕES DE ESTABILIDADE GEOTÉCNICA

Tendo em vista acautelar situações de risco identificadas como a erosão das arribas e potenciais deslizamentos de massas, um dos objectivos definidos na revisão do PDM para o PP_PraiaFormosa, apresenta-se análise das condições geológicas e geotécnicas que motivaram os movimentos verificados na plataforma sobranceira à Praia Formosa.

O estudo apresentado foi efectuado com base na recolha bibliográfica sobre a geologia da zona, no levantamento geológico e geotécnico de superfície e em entrevistas à população local que decorreram em Fevereiro de 2011. Além disso, foi ainda considerado o constante no relatório DTC 05/CVARG/CIVISA/10, denominado “Movimentos de vertente registados nas zonas da Maia, Praia Formosa e Panasco, ilha de Santa Maria: caracterização, medidas de prevenção e sistemas de monitorização”’ emitido pelo Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) e datado de 7 de Abril de 2010.

Embora não existam muitas dúvidas quanto à cenarização das ocorrências, conforme será descrito adiante, o estabelecimento de soluções de referência não é globalmente possível enquanto não for realizada uma campanha de prospecção que permita identificar os materiais em profundidade, suas volumetrias e inter-relação entre eles.

A Praia Formosa localiza-se sensivelmente a meio do lado sul da ilha de Santa Maria (Açores) integrada num perfil morfológico que configura uma grande baía enquadrada entre o Facho e a Ponta da Malbusca, com cerca de 7 km de extensão, e com uma extensão de praia de cerca de 1,5 km. Na Figura 3.2 apresenta-se o enquadramento geral da zona de estudo, onde se torna evidente o contraforte montanhoso que confina toda a zona, bem como a delgada mas extensa plataforma que

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se desenvolve em paralelo com a praia. A baía assim constituída é rodeada por vertentes declivosas, formando um anfiteatro natural exposto ao mar.

Figura 3.2_Vistas globais da envolvência da Praia Formosa

Sob o ponto de vista geomorfológico a zona em estudo encontra-se na fronteira entre a zona oriental da ilha, caracterizada por um relevo mais acidentado e esculpido pela erosão, com cotas mais elevadas e uma rede de drenagem bem desenvolvida e a zona ocidental mais baixa e aplanada, que exibe uma fraca densidade de drenagem. À escala local a Praia Formosa revela uma plataforma de cota baixa com declives suaves (em geral inferiores a 5%) até à estrada municipal que entra na localidade do lado de Vila Porto (Figura 3.3), subindo depois abruptamente para declives bastante superiores (em geral superiores a 25%), na saída da mesma estrada para Santo Espírito.

Figura 3.3_Vistas transversais da zona de estudo

Globalmente, a geologia da ilha caracteriza-se pela presença de um substrato basáltico deformado por fracturas que seguem uma orientação preferencial NW-SE, N-S e NE-SW no qual está intercalada uma densa rede filoneana com a mesma orientação. Intercalados nos basaltos encontram-se algumas formações de carácter traquibasáltico. Sobre estes materiais encontram-se extensos depósitos fossilíferos, incrustados em depósitos cálcareos de origem marinha, formados num período de transgressão em que o oceano se encontraria a cerca de 40 metros acima do actual nível. A costa litoral onde se enquadra a zona em estudo é condicionada por falhas NNW-SSE e por um acidente tectónico profundo que controla um troço de costa com orientação NW-SE (sensivelmente entre a Praia e a Ponta da Malbusca).

A vulcano-estratigrafia da ilha de Santa Maria é marcada por intercalações de horizontes vulcânicos com depósitos sedimentares resultantes de diversos episódios de transgressão e regressão do nível

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das águas do mar. De acordo com as referências bibliográficas (Serralheiro et al., 1987; Madeira, 1986) a zona em estudo enquadra-se no Complexo do Facho e Pico Alto, caracterizado na parte inferior por escoadas lávicas, depósitos piroclásticos de vulcanismo submarino, por vezes com intercalações sedimentares calcareníticas ou siltitícas fossilíferas, e na parte superior por vulcanismo subaéreo associado a chaminés, filões e grandes quantidades de piroclastos e escoadas lávicas (Pliocénico). A erosão dessas unidades forneceu materiais que alimentaram depósitos de enxurrada, cones de dejecção e depósitos de vertente, representados por conglomerados brechóides de calibre variado, mas predominantemente grosseiro, intercalados nos níveis vulcânicos, ou depositando-se na base em depósitos de vertente.

Sob o ponto de vista geotécnico, a plataforma aplanada que serve a zona urbana actual é constituída por solos de natureza variada, em geral de fraca compacidade/consistência que parecem resultar de movimentos de vertente, ocorridos no passado. O levantamento de superfície revelou a existência de vários indícios de movimentos de fluência dos depósitos terrosos na base da encosta, conforme em seguida se destaca:

a) Indícios de abatimentos dos terrenos na frente de uma outra habitação (Moradia 1) com cerca de 2,0m de rejecto vertical, de acordo com a informação prestada pelo proprietário (na Figura 3.4, o terreno natural original encontrar-se-ia na base da balaustrada rósea)

Figura 3.4_Assentamento do terreno na frente da Moradia 1

b) Fracturação intensa numa habitação situada na berma (superior) da estrada municipal, denominada de Moradia 2 cujo terreno confina com a Moradia 1 (Figura 3.5);

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Figura 3.5_Moradia 2, intensamente afectada pelo movimento de vertente

c) As diferenças entre a degradação estrutural verificada nas duas habitações parecem estar relacionada com o apoio das fundações; no caso da Moradia 1 terá sido parcialmente executada sobre solos enquanto a estrutura da Moradia 2 apoiou totalmente no substrato rochoso, com excepção do alpendre. De acordo com a informação do proprietário respectivo, nessa zona o substrato rochoso afundou bastante, não sendo possível atingi-lo (possivelmente mais de 6,0m de profundidade);

d) Existência de uma plataforma localizada nas traseiras das duas moradias referidas, com drenagem deficiente que favorece a acumulação e infiltração de águas nos materiais terrosos, provavelmente até ao substrato rochoso subjacente (Figura 3.6);

Figura 3.6_Plataforma existente acima das duas moradias

e) Fissuração a toda a extensão do pavimento no patamar inferior da estrada municipal e na zona central do patamar superior (Figura 3.7);

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Figura 3.7_ Fissuração visível nos pavimentos da estrada municipal

f) Fissuração no muro sobranceiro ao acesso ao parque de campismo, no poste de iluminação existente no local e no pavimento do acesso (Figura 3.8)

Figura 3.8_Fissuração estrutural na zona de acesso ao Parque de Campismo

Figura 3.9_ Socalcos nos terrenos a jusante da estrada municipal

g) Existência de diversos socalcos nos terrenos localizados abaixo da estrada municipal que indiciam abatimentos e movimentos de fluência (Figura 3.9).

De acordo com esta informação é possível traçar o seguinte cenário:

a) O enquadramento geológico configura um cenário de maciço rochoso (de natureza vulcânica) competente, que nas zonas mais aplanadas se encontra coberto por depósitos de vertente que em geral evidenciam fraca compacidade/consistência. A natureza desses depósitos pode variar de argiloso a arenoso, conforme identificado no levantamento de superfície

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b) Estes depósitos resultam de movimentos de vertente, logo a sua composição química é idêntica à dos maciços originais. Neste contexto, prevê-se que os materiais argilosos sejam de natureza ferro-magnesiana, o que lhes confere natureza algo expansiva

c) A penetração de água nestes depósitos traduz-se numa perda de resistência significativa, sobretudo quando o grau de saturação é elevado. Além disso, quando na interface solo-rocha os solos forem de natureza argilosa, os movimentos de fluência promovem a reorientação das partículas, baixando significativamente o atrito na interface (podendo atingir valores de ângulos de atrito inferiores a 10º). Esta situação gera a possibilidade de movimentos lentos, mesmo quando a interface apresenta inclinações reduzidas.

d) É inequívoca a existência de movimentos de fluência que abrangem a zona em toda a extensão longitudinal, atingindo a segunda plataforma da estrada municipal (saída para Santo Espírito)

e) Existe uma plataforma intermédia (correspondente a um caminho aberto não pavimentado) localizada entre os dois patamares da estrada municipal onde é possível a acumulação e infiltração de águas, uma vez que não existe nenhum sistema de drenagem

f) Não existe globalmente um sistema de drenagem periférico, natural ou artificial, pelo que a afluência de água deverá ter como consequência a sua infiltração e saturação dos solos.

g) Existem ainda alguns cortes de taludes demasiado agressivos, que induzem outras instabilidades

Em consequência do exposto, a estabilização dos movimentos é possível e deverá ser efectuada com recurso a soluções de drenagem periférica e profunda para o que será necessário a realização de uma campanha de prospecção específica que permita avaliar a volumetria e natureza dos depósitos, bem como a tipologia do contacto depósito/maciço rochoso. De igual modo, a execução de fundações de edifícios estruturais deverá ser realizada em conformidade com esta avaliação.

A campanha de prospecção referida deverá envolver toda a área, desde a plataforma superior da estrada até ao mar e em toda a extensão longitudinal. Embora este cenário configure uma área apreciável, é possível a redução significativa de custos se a campanha for criteriosamente estabelecida com recurso a metodologias combinadas de prospecção mecânica e geofísica.

3.2.2 USO DO SOLO

Para a determinação da ocupação actual do solo procedeu-se a uma actualização e pormenorização da carta de Uso Actual do Solo produzida no âmbito dos estudos elaborados para a revisão do PDM de Vila do Porto. Neste sentido, procedeu-se, num primeiro momento, a uma análise da carta referida para a área de intervenção, seguindo-se uma verificação das áreas através de fotointerpretação, fotografias de terreno e levantamentos de campo.

Com o intuito de proporcionar uma melhor compreensão da estruturação deste território, optou-se por classificar os usos do solo tendo por base a aproximação ao cadastro (a este propósito veja-se capitulo adiante) Assim, e na ausência de um levantamento do cadastro da propriedade, optou-se por classificar cada lote delimitado com um único uso, destacando assim o uso dominante.

Nos casos em que existem edificações nos lotes definidos optou-se por classificar esses mesmos lotes como lotes edificados, sendo simultaneamente identificado o grau de impermeabilização dessas parcelas. Seleccionaram-se três graus de impermeabilização do terreno (baixo, médio e alto) permitindo assim compreender quais os lotes com maior área impermeabilizada.

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Relativamente aos espaços não edificados optou-se por identificar quais os usos dominantes identificando as seguintes classes em função das existências: agricultura, vegetação natural e faixa costeira.

No cartograma que seguidamente se apresenta estão também identificadas as áreas consideradas como espaço público, genericamente representadas pelas vias, áreas de estacionamento, passeio e pequenos espaços de estadia. Nestes espaços optou-se por dividir as vias em duas classes: vias impermeabilizadas e vias não impermeabilizadas (em terra). Foram também identificados os espaços de estacionamento existentes assim como as áreas de passeio.

Figura 3.10_ Uso actual do solo

Da análise do cartograma pode concluir-se que a área de intervenção é rodeada por um conjunto de áreas ocupadas com vegetação natural, que correspondem às encostas que rodeiam a área de intervenção, e que, devido aos seus declives, não possuem características quer para a edificação quer para a agricultura. As áreas de agricultura localizam-se preferencialmente nas áreas mais aplanadas e estão distribuídas por toda a área do plano.

Os lotes edificados estão associados à rede viária distribuindo-se preferencialmente na zona Oeste. Importa aqui ressalvar que muitas das áreas identificadas neste cartograma como lotes edificados possuem grande parte do lote ocupado com agricultura.

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As áreas de equipamento correspondem a três lotes distintos sendo o de maior dimensão a área do parque de campismo. As outras duas áreas correspondem aos espaços utilizados no festival Maré de Agosto e ao “BeachPark”.

A área identificada como património corresponde à área do Forte de S. João Baptista, em ruína, que se localiza junto à praia. As zonas identificadas como praia e orla costeira correspondem, para além das zonas de praia, a formações rochosas do litoral localizadas nos interstícios dos areais.

No que se refere ao espaço público importa referir que grande parte das vias encontra-se asfaltada existindo apenas alguns troços em terra que correspondem ao antigo caminho para a Malbusca, o acesso às edificações do Larache e a outros pequenos troços de acesso a propriedades.

As áreas de estacionamento localizam-se predominantemente no passeio marginal, existindo ainda pequenas bolsas de estacionamento associadas a edificações.

No quadro seguinte estão identificadas as áreas afectas a cada uso assim como a sua representatividade na área de intervenção.

Tabela 3.5_Distribuição dos diferentes usos na área de intervenção

Uso do Solo Área ocupada (ha) Representatividade no território (%)

Lotes edificados 10,18 25,3

Equipamentos 3,16 7,8

Património 0,05 0,1

Espaço público 3,29 8,2

Agricultura 12,17 30,2

Vegetação natural 8,53 21,2

Praias e orla costeira 2,89 7,2

Tal como se pode comprovar pela observação do cartograma anterior a distribuição dos usos é claramente dominada por três classes: agricultura, lotes edificados e vegetação natural a que correspondem cerca de 75% do território. O espaço público representa cerca de 8% do território assim como as áreas de equipamentos.

Nos solos ocupados com actividade agrícola existem diferentes tipos de culturas presentes. As culturas mais representativas desta área são a cultura da banana (das únicas áreas de bananal nos Açores), a cultura da meloa, batata, pastagens e alguma vinha.

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Figura 3.11_Mosaico agrícola da Praia Formosa

Importa referir que na área de intervenção não existe nenhuma área classificada como Reserva Agrícola Regional (RAR) apesar de grande parte da área do plano possuir solos pertencentes à classe de capacidade IV, considerada como de uso arável ocasional. Apesar de pertencente a esta classe grande parte destes solos possui restrições de uso devido a fenómenos de erosão.

A área de intervenção é, na sua globalidade, um território com um grau de impermeabilização bastante baixo, porque apesar de cerca de 25% do seu território ser classificado como pertencente à classe lotes edificados o grau de impermeabilização destes lotes é bastante baixo.

Figura 3.12_Grau de impermeabilização do solo

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A figura anterior pretende demonstrar o grau de impermeabilização ou artificialização do território. Todas as áreas com ocupações agrícolas ou de vegetação natural foram consideradas como áreas permeáveis e os lotes edificados foram divididos em três classes de impermeabilização. O espaço público foi classificado com áreas com elevada impermeabilização do solo excepto os caminhos em terra que foram considerados permeáveis.

Esta análise permite ainda compreender a estrutura da propriedade assim como as zonas de maior consolidação urbana. Assim pode-se constatar que a dimensão da propriedade é variada ao longo da área de intervenção, localizando-se os lotes de menor dimensão ao longo do eixo principal de acesso à Praia Formosa. Devido à limitada dimensão dos lotes a impermeabilização é, nesta zona significativamente superior à envolvente. A dimensão dos lotes aumenta à medida que se dá um afastamento do centro mais consolidado contribuindo este facto para a diminuição do grau de impermeabilização das restantes zonas da área de intervenção.

A área de intervenção do PP_PraiaFormosa possui alguma riqueza no que se refere a valores naturais e culturais. Relativamente aos valores culturais salienta-se a presença das ruínas do Forte de S. João Baptista na orla costeira e principalmente a existência de diversas habitações que poderão ser classificadas como típicas casas marienses. Esta componente da riqueza patrimonial da Praia Formosa será detalhada no capítulo seguinte.

No que se refere a valores naturais, importa salientar que uma parte marginal da área de intervenção é classificada como pertencente ao Parque Natural de Ilha de Santa Maria. Esta área, que corresponde a cerca de 1 ha, é parte integrante da área classificada como Monumento Natural da Pedreira do Campo, Figueiral e Prainha, que corresponde a uma área protegida que se estende desde o limite Este de Vila do Porto até à Praia Formosa. Esta área, classificada através do Decreto Legislativo Regional 47/2008/A, de 7 de Novembro, como Monumento Natural, é caracterizada pela elevada relevância do seu património geológico e paleontológico.

Importa também referir que a área marítima contígua à área de intervenção integra a Área Protegida de Gestão de Recursos da Costa Sul, com área de incidência exclusivamente marítima.

Para além das áreas integrantes do Parque Natural de Ilha de Santa Maria, a área de intervenção possui uma envolvente de elevada riqueza ambiental, com especial destaque para as arribas e encostas que envolvem a baía, onde apesar do aumento da área ocupada por espécies infestantes, ainda é possível observar exemplares faunísticos e florística com importância para a conservação.

A área de intervenção do plano é na sua globalidade classificada como Reserva Ecológica, exceptuando-se o território considerado como solo urbano assim como uma pequena área no limite Norte do plano. As classes existentes na área de intervenção são: Praias, Arribas e respectivas faixas de protecção, Áreas de elevado risco de erosão e Áreas de instabilidade de vertentes.

A existência de uma rede hidrográfica em razoável estado de conservação, e principalmente de uma valiosa orla costeira, integrando dos melhores areais existentes na RAA, contribuem significativamente para se poder considerar este território como um território de elevado valor patrimonial, principalmente na sua vertente natural. Esta riqueza é um importante factor de atracção de pessoas, podendo ser considerada a Praia Formosa como um dos principais pólos turísticos da Ilha de Santa Maria.

A figura seguinte pretende demonstrar o elevado valor patrimonial natural e cultural da área de intervenção.

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Figura 3.13_Valores naturais

3.3. A OCUPAÇÃO URBANA

A zona da Praia Formosa é simultaneamente uma área de vocação turística (onde se localiza uma das mais importantes zonas balneares da ilha, com um extenso areal branco e fino e propícia à prática de desportos náuticos) e uma área urbana com uma ocupação muito incipiente, alvo de pressões crescentes de carácter imobiliário.

Importa referir que as “praias” constituem a aposta fundamental definida pelo Plano de Ordenamento Turístico da Região Autónoma dos Açores para o desenvolvimento turístico da ilha de Santa Maria.

A topografia do território e as condicionantes à ocupação e utilização do solo na frente marítima, resultantes de factores naturais e vários regimes de protecção e conservação da natureza – em especial das características biofísicas e geotécnicas presentes na área de intervenção –, deram origem ao desenvolvimento de um tecido urbano afastado da frente de mar, implantado a meia encosta, dificultando a relação com a zona balnear.

Realça-se novamente que nem toda a área de intervenção deste plano de pormenor é classificada como solo urbano, de acordo com o POOC e a revisão do PDM.

Por outro lado, a área urbana apresenta um grau de consolidação bastante reduzido e corresponde essencialmente a uma faixa “encaixada” entre áreas com fortes restrições: a norte, uma zona caracterizada por um relevo mais acentuado, com linhas de água bem marcadas, e uma ocupação florestal e agro-florestal, inserida quase na totalidade em reserva ecológica; a zona sul, adjacente à praia, condicionada pelo POOC como solo rural, onde apenas é permitida a instalação de equipamentos e serviços públicos, segundo regras apertadas - com vista ao melhoramento da fruição

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deste espaço por parte da população – e que se apresenta como uma barreira que limita a articulação entre o solo urbano e toda a frente mar com a respectiva zona balnear.

3.3.1 O ESPAÇO EDIFICADO

As áreas edificadas da área do Plano apresentam uma estrutura de baixa densidade, cuja ocupação é ainda incipiente, a qual carece de um modelo de ordenamento que potencie seu desenvolvimento estruturado, procurando conferir coerência ao aglomerado e estabelecendo uma articulação adequada entre os diversos espaços e tipologias de ocupação.

O núcleo urbano da Praia caracteriza-se por um parque edificado de um modo geral de idade avançada, de construção anterior à década de 1990, de baixa volumetria (1 a 2 pisos) e onde predominam os materiais tradicionais.

De acordo com os dados dos Censos 2001, existiam 69 edifícios clássicos, sendo a maioria de construção entre 1991 e 2001 (71%).

Tabela 3.6_Distribuição dos edifícios segundo a época de construção, em 2001 (em %)

Lugar Antes de 1945 Entre 1945 e 1971 Entre 1971 e 1990 Entre 1991 e 2001

Praia 2,9 11,6 14,5 71,0

Fonte: BGRI Censo 2001, INE

A caracterização dos lotes e edificações existentes na área de intervenção baseia-se no levantamento de campo efectuado que deu origem à constituição de uma base de dados georreferenciada que permite a análise de um conjunto de parâmetros urbanístico. Salienta-se que esta base ainda não se encontra concluída e apenas apresenta os lotes com edificações, em virtude de não estar terminado o levantamento cadastral da área de intervenção, estando a faltar a contabilização dos lotes sem edificações. Neste sentido, salvaguarda-se desde já a oportunidade de completar esta caracterização na fase seguinte da elaboração do PP.

Não existindo, no momento, o respectivo levantamento do cadastro existente na área de intervenção, optou-se por fazer uma aproximação aos limites as unidades cadastrais, através da fotointerpretação do ortofotomapa de 2005, representada no esquema seguinte, carecendo de validação por parte da autarquia. Para tal, este esquema é apresentado em anexo à escala 1:2.000 como planta de trabalho (veja-se Desenho 02) para posterior validação da delimitação e identificação dos proprietários.

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Figura 3.14_Aproximação ao cadastro existente

Fonte: Quaternaire Portugal.

As unidades cadastrais inseridas no perímetro urbano apresentam configurações e áreas muito variáveis, entre 210m² e 12.000m². A maior parcela existente na área de intervenção, não integrada no perímetro urbano, corresponde ao parque de campismo com cerca de 25.000m². Foram delimitadas na área de intervenção cerca de 192 unidades, das quais apenas 78 possuem edificações, em geral com um reduzido nível de impermeabilização, confirmando a fraca consolidação do tecido urbano, mas também a presença de actividade agrícola no interior do perímetro urbano (veja-se Desenho 01 e 03).

Na figura seguinte representam-se as parcelas edificadas e não edificadas dentro do perímetro urbano, que correspondem no total a 135 parcelas, das quais 55 estão edificadas e compreendem áreas entre 200m² e 5.000m². Em termos espaciais importa salientar que as parcelas edificadas correspondem em conjunto a 6 ha, o que significa a uma ocupação de cerca de 30% do perímetro urbano.

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Figura 3.15_Situação das parcelas dentro do perímetro urbano

Nos levantamentos de campo - e de acordo com a base de dados - foram identificadas 148 edificações, distribuídas entre edifícios exclusivamente habitacionais (96), equipamentos (10), hotelaria (1), restauração (2) e apenas um misto (habitação + restauração), além de 14 edifícios destinados a armazenagem e ainda 24 anexos (arrumos, garagens, entre outros). Os edifícios relativos aos equipamentos correspondem aos bungalows e edifícios de apoio do Parque de Campismo da Praia Formosa.

A figura que se segue apresenta a distribuição das várias funções na área de intervenção. Existem apenas cinco estabelecimentos de serviços/equipamentos, todos eles associados ao ramo de Alojamento, Restauração e Similares, a saber:

� Restaurante A Candeia;

� Restaurante O Paquete;

� BeachPark;

� Parque de Campismo da Praia Formosa (funciona apenas nos meses de Verão e tem uma capacidade para 440 tendas e seis bungalows, estando equipado com bar, minimercado e parque infantil)

� Apartamentos Turísticos Mar e Sol 3* (10 apartamentos e capacidade de 28 camas),

Não existe nenhum estabelecimento de comércio ou outros serviços de apoio à função residencial.

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Figura 3.16_Distribuição funcional

Relativamente à época de construção, a maioria das edificações surgiram entre 1970 e 1990, sendo apenas 15 de construção posterior a 2005, afectos exclusivamente à função residencial. Os edifícios não habitacionais correspondem a serviços e equipamentos relacionados com a actividade turística e restauração.

No que concerne às tipologias de edificado, verifica-se a predominância da tipologia de habitação unifamiliar isolada (64), seguida da habitação unifamiliar geminada (18), sendo de salientar a existência de apenas um edifício de habitação colectiva.

Figura 3.17_Tipologias do edificado

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Em termos construtivos, os edifícios apresentam quase na sua totalidade (70%) uma volumetria correspondente a 1 piso e apenas 27% possui 2 pisos. A cobertura em telha com duas e quatro águas é a mais frequente, pelo que é uma característica da imagem do núcleo urbano. Apresentam uma implantação regular, de modo geral próximo ao arruamento de acesso e a associação a actividades rurais é ainda evidente, daí o número relevante de edifícios de anexos e armazéns, normalmente utilizados no armazenamento de equipamento agrícola e outros arrumos.

Figura 3.18_Época de construção dos edifícios

Figura 3.19_Número de pisos

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O estado de conservação dos edifícios existentes na área de intervenção é genericamente satisfatório, tendo-se encontrado 63% das edificações em bom estado e cerca de 22% em estado razoável. Do total dos edifícios, apenas 12 se apresentavam em mau estado e 10 foram classificados como ruína.

Figura 3.20_Estade de conservação do edificado

Na figura seguinte identificam-se as construções de matriz tradicional, designadamente as casas marienses, bem como a única construção singular existente na área de intervenção (o Forte de S. João Baptista).

Figura 3.21_casas marienses e outros edifícios singulares

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3.3.2 REDE VIÁRIA, CIRCULAÇÃO E ESTACIONAMENTO

A rede viária existente na área de intervenção do PP_PraiaFormosa apresenta uma estrutura muito simples, sem hierarquia distinta em termos funcionais.

O acesso ao núcleo urbano da Praia é feito pela Estrada Regional Secundária que vem do aglomerado sede de freguesia ou pela estrada municipal que vem da Malbusca, freguesia de Santo Espírito. Estas duas vias vão desembocar na via de acesso à zona balnear, que se divide em dois eixos de distribuição/acesso local, ambos pertencentes à rede municipal: um que se desenvolve para nascente, paralelamente à costa e que constitui uma via sem saída; outro que segue para poente, passando pela Praia do Castelo até ligar novamente à Estrada Regional, na zona da Macela.

Existe ainda um conjunto de caminhos de acesso a lotes que não possuem frentes para a via pública e, por isso, de circulação com carácter mais privativo, normalmente em terra batida ou betonilha.

Figura 3.22_Rede viária, circulação e estacionamento na área de intervenção

No que respeita aos perfis transversais, a estrutura viária na área de intervenção apresenta geometrias muito semelhantes, mesmo tratando-se de níveis diferentes da hierarquia. Pode concluir-se que, de um modo geral, as vias são constituídas por uma faixa de rodagem com uma largura de aproximadamente 5,5 m e dois sentidos de circulação, sem passeios e bermas de 0,50m e onde o limite da propriedade é definido por muros de pedra seca arrumada à mão.

A via paralela à zona das praias apresenta um perfil ligeiramente superior, onde se incluem espaços de estacionamento em espinha e de passeio, junto ao paredão com uma largura de aproximadamente 2,0m.

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Figura 3.23_Perfil da via municipal de ligação Praia - Malbusca

De um modo geral, os arruamentos são asfaltados e encontram-se em bom estado de conservação. Os casos de arruamentos em saibro ou terra batida coincidem com os acessos a parcelas afastadas dos eixos viários principais ou zonas em transformação.

Figura 3.24_Perfil da via de acesso à zona balnear principal

As áreas de circulação pedonal existem apenas junto à praia. A maioria dos arruamentos em toda a área de intervenção não possui passeios formalizados, apresentando pequenos trechos ao longo das vias e por vezes bermas – geralmente por onde se efectua a drenagem das águas pluviais – com uma largura mínima suficiente para a circulação de pessoas, embora constitua um percurso desconfortável. Por outro lado, é notória a inexistência de demarcação de passadeiras em qualquer das vias de circulação automóvel na área de intervenção, tendo-se registado apenas uma, na via junto à zona balnear.

Em termos de estacionamento, existem três zonas formalizadas ao longo da marginal: uma na subzona da Praia do Castelo e duas na Praia Formosa. Por outro lado, existem ainda algumas bolsas de estacionamento junto a edifícios de habitação ao longo do eixo viário principal, em locais muito pontuais, geralmente para utilização das habitações contíguas.

De acordo com os parâmetros de dimensionamento para a implantação de infra-estruturas viárias definidos na Portaria n.º 216-B/2008 de 3 de Março, rectificada pela Declaração de Rectificação n.º

0.5m 5.5m 0.5m

5.5m 4.0m 2.0m0.5m

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24/2008 de 2 de Maio, prevê-se que os arruamentos correspondam a determinados perfis-tipo, consoante a ocupação dominante.

Tabela 3.7_Parâmetros de dimensionamento

Arruamentos implantados em zonas predominantemente habitacionais

Perfil transversal

Faixa de rodagem Passeios

6,50 m 2 x 1,60m

Arruamentos implantados em áreas de ocupação habitacional com comércio e serviços

Perfil transversal

Faixa de rodagem Passeios

6,50 m 2 x 1,60m

Fonte: Portaria n.º 216-B/2008 de 3 de Março, rectificada pela Declaração de Rectificação n.º 24/2008 de 2 de Maio

3.3.3 OUTROS ESPAÇOS PÚBLICOS

O espaço público é definido pelo limite de propriedade, salientando-se a homogeneidade do tipo de vedações, na maioria das vezes constituídas por muros de pedra seca arrumada à mão.

Os espaços públicos existentes resumem-se, de uma forma genérica, às vias de circulação automóvel e a duas pequenas zonas de merendas, junto ao passeio marítimo, sendo que este corresponde a uma faixa pedonal de aproximadamente 2m de largura que acompanha a praia, embora não em toda a sua extensão.

A zona de praia, por sua vez, encontra-se dividida em três subzonas balneares: a Praia do Castelo (onde se situa a ruína do Forte de S. João Baptista), a Praia Formosa (a praia principal, de maior extensão) e a Praia dos Franceses (mais afastada do acesso viário).

Figura 3.25_Divisão da Zona Balnear da Praia Formosa

A área de intervenção não apresenta zonas arborizadas nem espaços verdes de utilização pública.

Em termos de mobiliário urbano, há que fazer referência às duas zonas de merendas existentes junto à zona de praia, constituídas por pequenos núcleos de duas mesas com bancos executados em betão armado e incluem muros de pedra e papeleiras. Na restante área de intervenção, o mobiliário urbano resume-se apenas aos elementos de iluminação pública ao longo das vias. Destaque ainda para a quase ausência de sinalética.

Praia do Castelo

Praia Formosa

Praia dos Franceses

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Figura 3.26_Zonas de merendas junto à zona balnear

3.3.4 INFRA-ESTRUTURAS

A nível de infra-estruturas básicas (abastecimento de água, saneamento, electricidade e telecomunicações) existentes na área de intervenção, regista-se uma cobertura domiciliária quase total na área abrangida pelo Plano.

De acordo com a informação disponibilizada pela autarquia, a rede pública de abastecimento de água actual abrange a totalidade da área de intervenção e é considerada adequada, apresentando boas condições de funcionamento.

A taxa de cobertura da rede de drenagem de águas residuais é de 100%, sendo a recolha das águas residuais domésticas efectuada através de colectores e elevadas através de duas estações elevatórias de águas residuais (Castelo e Parque de Campismo) para a ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) da Praia Formosa. Esta ETAR, construída em 2000, efectua tratamento secundário por lamas activadas em arejamento prolongado e rejeita os efluentes na Ribeira do Gato, a cerca de 150 metros da linha de costa.

Apesar do número reduzido de habitantes, esta zona balnear é bastante procurada nos meses de verão pelas excelentes condições de veraneio, pelo que a ETAR foi dimensionada tendo em conta esta pressão demográfica. Deste modo, existem períodos em que não está em funcionamento por falta de caudal, havendo necessidade de injectar águas residuais provenientes do sistema de drenagem de Vila do Porto.

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Figura 3.27_Distribuição das Infra-estruturas básicas na área de intervenção

Na zona de intervenção existe igualmente rede de águas pluviais instalada, abrangendo os arruamentos, sendo a drenagem efectuada pelas bermas, com valetas e sumidouros que conduzem as águas pluviais a linhas de água. A área do Plano é atravessada por quatro linhas de água principais:

� uma localizada a poente da área do Plano, que termina entre a Praia do Castelo e Praia Formosa – formada pelas Ribeiras da Praia e do Farropo;

� a Ribeira do Gato situada no extremo nascente da área de intervenção que corre junto ao Parque de Campismo e termina na Praia dos Franceses;

� e ainda outras duas de menor expressão que atravessam a faixa central da área de intervenção.

As redes de telefones/ telecomunicações e eléctrica existentes abrangem praticamente a totalidade da zona de intervenção do plano e podem considerar-se em estado satisfatório e suficiente para as necessidades actuais.

3.3.5 COMPROMISSOS URBANÍSTICOS

Importa aqui fazer referência aos compromissos urbanísticos que deverão ser tidos em consideração na proposta de ordenamento da área de intervenção e que correspondem aos alvarás de loteamento, licenças de construção e pedidos de informação prévia com parecer favorável emitidos pela autarquia que se encontram em vigor.

Neste sentido, de acordo com a planta de compromissos urbanísticos da proposta de revisão do PDM_Vila do Porto, constituem compromissos as situações descritas na tabela seguinte.

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Tabela 3.8_Compromissos urbanísticos (obras de urbanização, edificação, alteração, ampliação, entre outros)

ID Álvará Localização Área a lotear (m²) ABC (m²) Uso Lotes Tipologia Nº pisos

Lot05 162/04 Praia - Almagreira 2107 843 Habitação 4 T3 2

ID Data do

Processo Localização Tipo Alvará Pretensão

REF73 2010 Praia - Almagreira PIP - Ampliação de moradia

Fonte: Tabela de compromissos urbanísticos, Revisão do PDM Vila do Porto, versão Discussão Publica, Janeiro 2011

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4. ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO

De forma resumida, o quadro seguinte pretende evidenciar os principais factores positivos e negativos que melhor caracterizam a área de intervenção do PP_PraiaFormosa

Tabela 4.1 _ Diagnóstico

FACTORES POSITIVOS FACTORES NEGATIVOS

Aumento dos hábitos de lazer junto das populações quer rurais quer urbanas

Frente marginal desqualificada

Condições naturais excepcionais para o recreio balnear e para as práticas desportivas náuticas

Tecido urbano fragmentado e sem estruturação

Potencial de atracção como centro urbano-balnear no contexto da ilha, da RAA e de outros mercados nacionais e internacionais

Ausência de uma linguagem urbanística coerente e valorizadora do conjunto

Potencial paisagístico associado a valores naturais e culturais diversificados ao nível da ilha

Ausência de espaços públicos e de equipamentos colectivos qualificados

Excelentes condições para a constituição de um núcleo urbano diferenciado no contexto do município e da RAA (envolvente natural e paisagística muito qualificada)

Ausência de valores arquitectónicos assinaláveis e degradação dos poucos valores patrimoniais existentes

Boas acessibilidades à área de intervenção Debilidade das condições balneares, nomeadamente em torno dos apoios de praia

Carácter e identidade fortemente associada à ruralidade e ausência de intrusões urbanísticas significantes ou de obstáculos naturais relevantes

Acesso automóvel directo ao litoral descontrolado e sem infra-estruturas (estacionamento, etc)

Quando em comparação com outras praias no concelho ou de outros concelhos da RAA, a vocação da Praia Formosa pode ser por oposição à generalidade das outras zonas balneares, aquela que se afigura como área de turismo balnear por excelência, com capacidade de atrair turistas para estadias prolongadas, seja em torno de fins-de-semana para o conjunto de habitantes da ilha ou de São Miguel, que poderão aqui chegar por barco, quer ainda para atrair habitantes ou visitantes que estão instalados na ilha

Este desígnio da Praia permitirá complementarmente desenvolver outras ofertas específicas. Neste sentido, a estratégia para o PP_PraiaFormosa deverá ser dirigida a três públicos alvo essenciais:

� Habitantes do concelho, com uma oferta de praia associada ao lazer e ao recreio de ar livre (as bicicletas, os passeios marginais, o surf…)

� Habitantes do concelho e possuidores de segundas habitações, muito ligados ao lazer urbano-rural quotidiano, com uma oferta de espaços pensada a partir do mar, a qual deverá associar uma presença de actividades náuticas e de pesca, mas também oferta de espaços pensados a partir da ruralidade, com a manutenção das hortas, a agricultura, etc;

� Públicos específicos pensados em ofertas selectivas como o turismo de praia e outras práticas desportivas e de lazer complementares. Neste contexto um outro público a avaliar é o

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do turismo-social, pensado tanto na existência de um parque de campismo, como no hábito crescente das populações urbanas procurarem locais urbanos com características marcadamente rurais e de lazer e descanso.

Tabela 4.2_Públicos, temas, ofertas específicas e requisitos

PÚBLICOS

TEMAS

OFERTAS ESPECIFICAS REQUISITOS

CONCELHIO

Praia

Lazer

Condições balneares

Espaços de estadia próximo do mar

Ciclovia e passeios a pé

Acessibilidades e estacionamento

Bons apoios de praia

Qualidade da água

Espaço público de qualidade na proximidade da praia

CONCELHIO E RAA (moradores e possuidores de 2ª habitação)

Praia

Lazer e recreio urbano

Condições balneares

Espaços de recreio e lazer de ar livre diversificados

Animação urbana

Espaços de recreio activo

Espaços de recreio passivo

Restaurantes, bares e esplanadas de praia

NACIONAL E INTERNACIONAL

Pacotes de programas à escala nacional e internacional

Articulação turística

Hotel

Equipamento interpretativo

Divulgação turística

Manutenção das condições naturais e da qualidade ambiental e paisagística

Oferta de alojamento diversificado

Segurança

Para garantir o sucesso da estratégia afigura-se fundamental que se cumpram dois conjuntos de apostas.

Um primeiro conjunto (apostas de diferenciação) que pretende garantir uma posição de destaque no conjunto do litoral da região, evidenciando os principais factores positivos existentes. Estas apostas centram-se naquelas que se demonstram as principais vantagens competitivas da Praia Formosa: (I) a vocação turística e balnear; (II) a fruição pública como uso dominante; (III) o potencial ambiental e paisagístico do núcleo urbano e da envolvente

Um segundo conjunto de apostas (qualificação) centradas na melhoria das condições de base que permitam um usufruto mais sustentado do espaço litoral. Estão incluídas nestas apostas, entre outras, a resolução dos problemas de requalificação e integração de elementos dissonantes, a qualificação dos espaços públicos e das infra-estruturas urbanísticas

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Tabela 4.3 Apostas estratégicas

APOSTAS DE DIFERENCIAÇÃO

Estruturar e promover turisticamente a Praia Formosa como área de excelência para o turismo

balnear e para as práticas desportivas náuticas

Criar condições para uma nova oferta de alojamento de hotelaria qualificada e de animação

urbana pensada para públicos exigentes

Construir um núcleo urbano ambiental e ecologicamente sustentável através da concretização

de projectos de espaço público que confiram nobreza física e funcional aos locais de

sociabilidade

Transformar os vales das ribeiras em espaços de fruição pública que garantam a

interpenetração terra-mar e constituam espaços de excelência para o desenvolvimento de

actividades de recreio e lazer

Criar uma imagem identitária da Praia Formosa associada ao recreio e lazer do litoral que inclua

a diversidade de espaços (balnear, de desportos radicais, de lazer e de recreio, de fruição do

mar, de contemplação, de eventos culturais….)

APOSTAS DE QUALIFICAÇÃO

Melhorar as condições de oferta dos espaços balneares, nomeadamente da recuperação dos

apoios de praia, dos acessos e do estacionamento, procurando que cada praia possua uma

vocação específica

Construir espaços de fruição pública de excelência quer na frente mar quer nas zonas

ribeirinhas

Apostar na construção de circuitos pedonais e cicláveis e na restrição da circulação automóvel

Concretizar o projecto marítimo do cais de acostagem e rampa de varagem de modo a

consolidar os novos usos desportivos ligados ao mar

Resolver estruturas de “passivo urbano” e a presença de habitações degradadas junto ao litoral.

Garantir um sistema de vistas que permitam o usufruto do mar

Tendo por base esta visão são identificadas no capítulo seguinte as implicações territoriais que as apostas agora definidas terão na proposta de organização espacial da Praia Formosa.

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5. PRÉ-PROPOSTA DE ESTRUTURAÇÃO URBANA

A concepção do modelo de desenvolvimento para a área de intervenção do PP_PraiaFormosa que cumpra os objectivos e apostas estratégicas eleitas, assenta nos seguintes vectores fundamentais:

a) Integração do quadro de referência estratégico para área de intervenção, incorporando as orientações normativas e regulamentares dos diversos instrumentos de gestão territorial, em particular do POOC da ilha de Santa Maria e da revisão do PDM de Vila do Porto;

b) Valorização das estruturas biofísicas presentes, numa perspectiva de qualificação e de aposta na fruição dos recursos e dos valores naturais e culturais presentes;

c) Reestruturação da rede de circulação, de estacionamento e de oferta de espaços públicos, apostando na constituição de uma oferta diversificada de espaços de fruição pública de elevada qualidade e capazes de reforçarem a estruturação do tecido urbano garantido a integração da envolvente natural e rural;

d) Requalificação urbanística e ambiental da área urbana, criando condições de colmatação da malha e de uma oferta diversificada de zonas com características distintas capazes de atrair investimentos, nomeadamente turísticos;

e) Melhoraria das condições de oferta dos espaços balneares e das condições para a prática desportiva, bem como as actividades de lazer e recreio.

O quadro de referência estratégico, resultante dos instrumentos de gestão territorial vigentes conforme anteriormente caracterizado, é sintetizado na tabela que se apresenta seguidamente. Esta matriz enquadra e condiciona o modelo de ordenamento que se desenvolve e obriga à divisão da área de intervenção em 4 sectores, a saber:

� Sector 1_ Área balnear (solo rural)

� Sector 2_Área de vocação recreativa (solo rural)

� Sector 3_Perímetro urbano (solo urbano)

� Sector 4_Espaço rural adjacente (solo rural)

Verifica-se que apenas 52% da área de intervenção tem a classificação de solo urbano, sendo a restante área classificada como solo rural. Importa ainda realçar que o uso e a transformação destas áreas rurais estão fortemente condicionadas, quer pela sua qualificação quer pelas servidões e restrições de utilidade pública associadas.

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Figura 5.1_Quadro de referência estratégica

SECTOR 1 – Área balnear [POOC] (3,2ha) Corresponde à frente marginal existente, onde o Plano da Zona Balnear da Praia Formosa definido pelo POOC prevê as seguintes intervenções:

� reperfilamento da marginal; � construção de passeio marítimo na frente litoral da Praia Formosa; � manutenção do apoio “o Paquete” � construção de apoios simples (Praia do Castelo e Praia dos Franceses) � construção de cais acostável e rampa de varagem entre a Praia Formosa e Praia

dos Franceses Área inserida em reserva ecológica

SECTOR 2 – Área de vocação recreativa [POOC] (7,2ha) Abrange a faixa entre a área balnear e a área urbana, definida pelo POOC como zona de ante-praia, destinada unicamente à instalação de espaços e equipamentos/serviços públicos, de apoio à actividade balnear, previstos no respectivo Programa de Execução:

� criação de espaços e equipamentos públicos; pedonalização e requalificação da marginal;

� criação de bolsas de estacionamento; � definição de usos compatíveis.

Admite-se a instalação de equipamentos turísticos TER e TN desde que resultem da recuperação de edificações existentes ou da sua ampliação; As novas construções referem-se apenas a equipamentos de apoio à utilização desta área, nomeadamente a instalações sanitárias e outras infra-estruturas, com área máxima de 200m² de construção e 1 piso, caso não seja possível reabilitar edificações existentes.

SECTOR 3 – Solos urbanizados [PDM] (21ha) Corresponde à área edificada definida no POOC cujo regime de gestão remete para o PDM. O perímetro urbano divide-se em espaços urbanos consolidados, a consolidar e espaços verdes Nos espaços urbanos consolidados são permitidas obras de construção, demolição, alteração ou ampliação, bem como operações de loteamento, segundo determinadas regras de ocupação e integração no tecido envolvente, onde se preconiza a consolidação dos perímetros existentes através do preenchimento dos terrenos expectantes. Pretende-se a uniformização do tecido urbano consolidado, através da replicação das tipologias de ocupação existentes, da manutenção dos alinhamentos das frentes de rua e das alturas das edificações. Nas novas construções aplicam-se os seguintes indicadores: Índice de ocupação do solo: 50%; Índice de utilização do solo: 0,8; máximo 2 pisos ou altura máxima de 6,5m; afastamentos laterais aos limites do lote no mínimo de 3 m; e profundidade

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máxima das edificações de 15m (salvo se outra vier a ser estabelecida pelo PP) Quando se tratar de lotes ou prédios a reconstruir ou remodelar, aplicam-se os índices anteriores ou os preexistentes. Nos espaços urbanos a consolidar admitem-se novas construções, obras de alteração e ampliação das construções existentes, obras de reconversão urbanística e operações de loteamento, com base nos seguintes indicadores; Índice de ocupação do solo: 50%; Índice de utilização do solo: 0,6; máximo 2 pisos ou altura máxima da edificação de 6,5 m. Nas operações de loteamento, densidade habitacional máxima de 50 fogos/ha; Índice de utilização do solo para habitação, comércio e indústria a 0,6; Área mínima do lote: de 300 m² e área máxima do lote de 2.500 m²; máximo 2 pisos (salvo se no PP vier a ser estabelecido um número superior); superfície máxima a afectar a anexos, 10% da área do lote, num máximo de 100 m² e 1 piso; Os espaços verdes têm como objectivo garantir o equilíbrio urbano através de acções de requalificação e integração urbanística do espaço público. Apenas se admite a construção de equipamentos de utilização colectiva destinados sobretudo ao desporto, cultura, recreio e lazer, bem como instalações de apoio, tais como estabelecimentos de restauração e de bebidas.

SECTOR 4 – Espaço rural adjacente (8,8ha) Engloba o solo rural restante na envolvente do perímetro urbano, incluindo espaços agrícolas e agro-florestais, espaços florestais e espaços naturais e culturais. A área encontra-se inserida na Reserva Ecológica, com excepção de parte dos espaços florestais situados no limite mais a norte da área de intervenção e uma pequena área agrícola.

Em termos das estruturas biofísicas presentes na área de intervenção importará salvaguardar a valorização destes elementos fundamentais para a sustentabilidade ambiental e em simultâneo criar condições que potenciem a sua utilização e fruição.

O desenvolvimento sustentável deste território, na acepção da proposta que se desenvolve, procura encontrar o equilíbrio entre desenvolvimento económico, social/cultural e ecológico, respeitando cada uma das suas dimensões, tentado gerar um modelo evolutivo que enquadre os novos desafios de forma gradual, integrada e harmoniosa, sem comprometer a evolução dos sistemas ecológicos fundamentais.

Face às características e aos valores presentes na área de intervenção a proposta que se desenvolve assenta na valorização de toda a frente água, quer oceânica quer ribeirinha, tirando partido da qualidade ecológica e ambiental intrínseca e potenciando as actividades de recreio, lazer e usufruto deste importante território, numa perspectiva de gestão integrada, com especial relevância para toda a frente mar, que a oeste confina com uma área integrada no Parque Natural de Ilha de Santa Maria, e frentes ribeirinhas das ribeiras da Praia e de Farropo.

Na figura seguinte sistematizam-se as estruturas e valores mais significantes existentes na área de intervenção. A sua configuração em anfiteatro natural exposto ao mar, envolvida por vertentes declivosas, evidencia a necessidade de estruturar a ocupação urbana de forma a garantir a manutenção das características morfológicas presentes (a construção de plataformas ou de socalcos na zona central é uma boa solução para resolver os problemas de fundação dos solos) e valorização de um sistema de vistas panorâmicas que tirem partido da sua localização.

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Figura 5.2_ Macro-zonamento das estruturas biofísicas

Outras das dimensões estruturantes da proposta é a reestruturação da rede de circulação, de estacionamento e de oferta de espaços públicos de recreio e lazer. Assume-se que um factor de diferenciação deste espaço urbano passa pela aposta de um espaço urbano vocacionado para a fruição dos espaços públicos, privilegiando-se a mobilidade inclusiva e restringindo-se a circulação automóvel.

Nesse sentido a proposta envolve condicionar a circulação na zona central da área urbana a um sentido único, construir arruamentos de perfil contínuo onde se privilegie a circulação pedonal e a ciclável, construir uma rede pedonal extensa que interligue as diferentes zonas urbanas através da construção de públicos diversificados que integram os diferentes recursos e valores naturais existentes.

Na figura seguinte sintetizam-se as principais propostas associadas a este sistema.

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Figura 5.3_ Estruturação da rede de circulação, estacionamento e espaço público

A proposta de estruturação urbana que se apresenta visa criar condições de colmatação da malha existente e de proporcionar uma oferta diversificada de zonas com características distintas capazes de atrair investimentos, nomeadamente turísticos.

Atendendo à organização presente privilegia-se a constituição de subzonas que se diferenciem entre si pelo padrão de ocupação que se propõe. Este modelo obriga à definição de normas construtivas que garantam uma linguagem urbanística coerente e homogénea por subzona, assegurando a manutenção do carácter da arquitectura tradicional na zona central mais consolidada (veja-se figura seguinte).

Nos termos da proposta são definidas nas seguintes subzonas:

� Zona residencial de cariz rural, que corresponde a toda a envolvente da várzea agrícola e integra 29 novos lotes, com dimensões variáveis entre os 450 m2 e os 1400m2, deverão predominar habitações unifamiliares isoladas, admitindo-se geminadas;

� Zona de matriz tradicional, que se desenvolve ao longo da estrada regional e que corresponde à área do plano mais consolidada e concentra o maior número de casas marienses; nesta subzona propõe-se a colmatação da malha urbana e a manutenção das suas características urbanísticas; deverão predominar habitações unifamiliares isoladas;

Sentido de circulação rodoviária Bolsas de estacionamento Traçado da ciclovia

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� Zona de serviços e comércio, que corresponde à área central interior do núcleo urbano parcialmente já edificada; são propostos 19 novos lotes, com dimensões variáveis entre os 390 m2 e os 880m2; deverão predominar habitações unifamiliares geminadas, admitindo-se em banda com utilização do piso térreo para actividade comercial;

� Zona residencial com vocação turística, que abrange toda a frente litoral do perímetro urbano fazendo fronteira com a designada área de vocação recreativa e de lazer; são propostos 52 novos lotes, com dimensões variáveis entre os 400 m2 e os 1400m2; deverão predominar habitações unifamiliares isoladas, admitindo-se geminadas exclusivamente a norte da estrada da Malbusca.

Figura 5.4_ Estrutura urbana

Em síntese o modelo que se propõe tem como premissas:

� Promover a salvaguarda, a diversidade e a valorização das áreas ambientalmente mais sensíveis, designadamente a orla costeira, as zonas ribeirinhas e outras áreas de enquadramento (dimensão territorial e ambiental);

� Garantir uma evolução territorial harmoniosa, abrangendo as dimensões da ocupação e gestão do território, da mobilidade e do acesso aos serviços colectivos de qualidade (dimensão territorial e ambiental);

� Criar as condições para que a Praia Formosa se afirme como destino turístico sustentável e diferenciador, baseado na diversidade de recursos e activos locais e regionais (dimensão económica);

� Desenvolver um modelo urbano assente nas especificidades territoriais presentes que valorize a envolvente rural e natural e traduza uma urbanidade assente nestes valores e numa oferta diversificada de turismo, lazer e recreio (dimensão social e económica).

Zona residencial com vocação turística

Zona residencial de cariz rural

Zona de matriz tradicional

Zona de serviço e comércio

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Nos Desenhos 04 e 05, em anexo, apresenta-se a proposta de estruturação urbana.

Figura 5.5_ Pré-proposta de estrutura urbana

Figura 5.6_ Perfis da situação proposta

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Figura 5.7_ Perfis da situação proposta

Na tabela seguinte apresentam os principais aspectos a regulamentar no âmbito do modelo descrito na fase seguinte.

Tabela 5.1_ Pré-proposta regulamentar

Temas Âmbito

Edificações

Regular os usos:

Habitação

Alojamento turístico

Comércio ou serviços (pisos térreos na zona central)

Reconversão de usos

Regular a implantação e a ocupação dos lotes:

Tipologias de habitação (unifamiliar isolada ou geminada consoante as zonas (não se admite em banda))

Usufruto do sistema de vistas

Estacionamento no interior do lote

Ocupação dos logradouros e construção de anexos

Regular a construção:

Revestimentos

Volumetria

Materiais

Coberturas

Muros e vedações

Circulação

Regular o dimensionamento, materiais e equipamento, acessibilidade universal:

Circulação viária

Circulação pedonal

Ciclovia

Estacionamento público

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Espaços públicos

Regular os pavimentos, a vegetação, os equipamentos, o mobiliário urbano, as infra-estruturas e a acessibilidade universal:

Praças e largos

Frente marginal

Outros espaços verdes

Áreas agrícolas e outras áreas não urbanas Genericamente remeter para os IGT em vigor

Na sequência da entrega e discussão da Pré-proposta de PP com a Câmara Municipal de Vila do Porto, a qual genericamente se encontra aprovada, ficou decidido aprofundar e ajustar a solução apresentada com base num conjunto de orientações que se prendem essencialmente com as seguintes questões:

� necessidade de adequação dos limites dos novos lotes aos limites do cadastro existente;

� ajustamento da dimensão das novas parcelas de acordo com os objectivos para cada subzona;

� rectificação da localização dos novos arruamentos de acesso às parcelas;

� regras de edificação e tipologias de habitação previstas para cada subzona do plano;

� necessidade de uma reunião com os proprietários da área do PP para definir e validar os limites do cadastro actual da propriedade.

Relativamente à estruturação do espaço urbano, a opção pela constituição de subzonas com linguagens urbanísticas distintas foi aprofundada de acordo com as respectivas indicações da autarquia, tendo sido apresentada uma nova distribuição dos lotes:

� Zona residencial de cariz rural, que corresponde a toda a envolvente da várzea agrícola e integra 12 novos lotes, com dimensões variáveis entre os 360m2 e os 1400m2, deverão predominar habitações unifamiliares isoladas, admitindo-se geminadas;

� Zona de matriz tradicional, que se desenvolve ao longo da estrada regional e que corresponde à área do plano mais consolidada e concentra o maior número de casas marienses; nesta subzona propõe-se a colmatação da malha urbana e a manutenção das suas características urbanísticas; deverão predominar habitações unifamiliares isoladas – estão previstos 8 lotes;

� Zona de serviços e comércio, que corresponde à área central interior do núcleo urbano parcialmente já edificada; são propostos 24 novos lotes, com dimensões variáveis entre os 390 m2 e os 880m2; deverão predominar habitações unifamiliares geminadas, admitindo-se em banda com utilização do piso térreo para actividade comercial;

� Zona residencial com vocação turística, que abrange toda a frente litoral do perímetro urbano fazendo fronteira com a designada área de vocação recreativa e de lazer; são propostos 38 novos lotes, com dimensões variáveis entre os 400 m2 e os 1400m2; deverão predominar habitações unifamiliares isoladas, admitindo-se geminadas exclusivamente a norte da estrada da Malbusca.

A pré-proposta ora revista, cuja planta de implantação se encontra em anexo, foi apresentada numa sessão pública realizada no dia 27 de Julho de 2011 na Biblioteca Municipal de Vila do Porto com o

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principal objectivo de validação do levantamento do cadastro existente da área de intervenção, tendo sido possível igualmente recolher alguns contributos para o desenvolvimento da proposta de Plano.

Da sessão pública resultou um conjunto de conclusões que permitirão na fase seguinte ajustar a proposta às expectativas e reequacionar algumas questões apontadas, fundamentais para o prosseguimento dos trabalhos, nomeadamente:

� a aceitação e o reconhecimento generalizado sobre a necessidade de requalificação da marginal e a importância da valorização da circulação pedonal neste espaço;

� há igualmente um consenso relativamente à proposta de demolição do restaurante “Paquete” e sua relocalização;

� foram apontadas algumas reservas quanto à reorganização dos sentidos de circulação automóvel e do acesso à Praia Formosa, baseadas sobretudo nos problemas de acessibilidade causados no inverno ou em situação de mau tempo, bem como na circulação de veículos pesados provenientes, por exemplo da pedreira.

Na sequência desta reunião, foi afixada na Junta de Freguesia de Almagreira e na Câmara Municipal a cartografia com os limites e identificação dos artigos do levantamento do cadastro existente, bem como a tabela correspondente com identificação dos proprietários, tendo sido estabelecido um prazo de um mês para os respectivos proprietários se pronunciarem.

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