plano de manejo da reserva natural serra das almas - 2012 a 2016

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PLANO DE MANEJO 3ª. Iteração Portaria Nº 51 de 08 de setembro de 2000, IBAMA Proprietário: Associação Caatinga Crateús (CE) 2012 RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL

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Portaria Nº 51 de 08 de setembro de 2000, IBAMA. Proprietário: Associação Caatinga

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Page 1: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

PLANO DE MANEJO3ª. Iteração

Portaria Nº 51 de 08 de setembro de 2000, IBAMAProprietário: Associação Caatinga

Crateús (CE)2012

RESERVA PARTICULARDO PATRIMÔNIO NATURAL

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

02

Realização:

Apoio:

Samuel JohnsonCaatinga Conservation Fund

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

03

Equipe Técnica da Revisão do Plano de Manejo

Coordenador da Revisão | Ewerton Torres Melo - Geógrafo, Coordenador do Núcleo Operacional de Crateús da Associação Caatinga - Gerente da Reserva Natural Serra das Almas (RNSA).

Equipe da Oficina de Revisão do Plano de Manejo

• Rodrigo Castro - Biólogo, Secretário Executivo da Associação Caatinga.• Daniel Fernandes - Bacharel em Direito, Coordenador do Núcleo Operacional de Fortaleza - Gerente

administrativo financeiro da Associação Caatinga.• Liana Sena - Bióloga, Coordenadora de Educação Ambiental da Associação Caatinga.• Samuel Portela - Biólogo, Coordenador do Projeto Caatinga Preservada.• Sandino Moreira Silva - Biólogo, Coordenador do Projeto Caatinga Um Novo Olhar. • Maria da Penha Moreira Gonçalves - Engenheira Florestal, Coordenadora de Recomposição Florestal da

Associação Caatinga.• Railda Machado - Engenheira Agrônoma, Coordenadora de Tecnologias Sustentáveis da Associação Caatinga.• José Roniesley Dias Melo - Bacharel em Ciências Contábeis, Assistente administrativo financeiro da Associação

Caatinga.• Fernanda da Silva Chagas - Graduanda em Ciências Biológicas, Assistente de Gerência da Reserva Natural

Serra das Almas.• Gilson Miranda do Nascimento - Graduando em Ciências Biológicas, Agente de Mobilização da Associação Caatinga. • Marcelo Delfino - Graduando em Ciências Biológicas, Estagiário extensivo da RNSA.• Marcos Roberto Marques - Encarregado de Servisos Operacionais da RNSA e guarda-parque. • Ronaldo Neco de Lima - guarda-parque.• Jonas Átila de Souza - guarda-parque.• Renato Rodrigues Cavalcante - guarda-parque.

Elaboração do Plano de Manejo - 3ª iteração

• Ewerton Torres Melo - Coordenador do Núcleo Operacional de Crateús da Associação Caatinga - Gerente da Reserva Natural Serra das Almas.

• Fernanda Chagas - Assistente de Gerência da Reserva Natural Serra das Almas• Liana Sena - Coordenadora de Educação Ambiental da Associação Caatinga• Gleidson Almeida Aranda - Técnico em Adequação Ambiental e criação de RPPN da Associação Caatinga.• Gilson Miranda do Nascimento - Agente de mobilização da Associação Caatinga.• Maria da Penha Moreira Gonçalves - Coordenadora de Recomposição Florestal da Associação Caatinga

Revisão das Listas de Espécies | Gleidson Almeida Aranda - Associação Caatinga

Mastofauna

• Profª. M.Sc. Shirley Seixas Pereira da Silva - Instituto Resgatando o Verde (IVR)• Profª. Drª Patrícia Gonçalves Guedes - Museu Nacional/RJ e Instituto Resgatando o Verde (IVR)

Herpetofauna | Igor Joventino Roberto - Depart. De Ciências Físicas e Biológicas, Universidade Regional do Cariri (URCA)

Avifauna | Weber Andrade de Girão e Silva - Aquasis

Botânica | Maria da Penha Moreira Gonçalves - Associação Caatinga

Participantes da Oficina com as Lideranças Municipais

• Wanderley Marques - Secretário de Meio Ambiente do Município de Crateús• João Cruz Martins - Presidente da Associação Comunitária de Tucuns• João Teomar Gonçalves Marques - Diretor da Escola de Cidadania de Ibiapaba (Ibiapaba)• Antonio Teixeira Lima - Presidente da Associação de Desenvolvimento Comunitário de Quebradas e Região• Cícero Rufino do Nascimento - Meliponicultor e Morador do Assentamento Xavier • Raimundo Soares Rodrigues - Agroecologista e Morador de Filomena• Iracilda Rodrigues de Sousa - Presidente da Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Região de Lagoas

e Secretária da Escola de Cidadania José de Araújo Veras

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

04

AGRADECIMENTOS

Primeiramente ao patrono da Associação Caatinga o Sr. Samuel Johnson (in memoriam) que criou o Fundo de Conservação da Caatinga e tornou possível a criação da Reserva Natural Serra das Almas.

Aos conselheiros da Associação Caatinga: Bosco Carbogim – Presidente do Conselho, Roberto Macêdo, Re-nato Aragão e a Professora Maria Angêlica Fiqueiredo (in memoriam) que muito contriburam para as pesquisas na RNSA e elaboração do primeiro Plano de Manejo desta Unidade de Conservação.

A equipe da Associação Caatinga e a todos os funcionários da Reserva Natural Serra das Almas.

Aos parceiros e lideranças comunitárias das comunidades de Tucuns, Jatobá Medonho, Queimadas, Assen-tamento Xavier, Cabaças, Ibiapaba, Assentamento Padre Alfredinho, Besouro, Boqueirão dos Galdinos, Barro Vermelho, Filomena, Tapuio, Tabuleiro, Lagoas, Santa Luzia, Xavier, Quebradas e Salgado, que estão envolvidos de diversas formas nas ações e projetos desenvolvidos no entorno da RNSA.

Ao Sr. Wanderley Marques (Secretário de Meio Ambiente do Município de Crateús) que já é um parceiro de longas datas e que vem contribuindo de forma insistente para o desenvolvimento de uma política ambiental mais efetiva no município de Crateús.

Por fim, a todos os colaboradores e patrocinadores que contribuem ou contribuíram de alguma forma para a implantação e manutenção da RNSA e ações desenvolvidas no entorno da reserva, são eles: Ceras Johnson, Petrobras, Governo Federal, Ministério do Meio Ambiente, Coelce, Enegio, O Estado, O Povo, Hidracor, Boves-pa, CNPQ, SESI, FIEC, Banco do Nordeste, The Nature Conservancy, Embrapa, Prefeitura Municipal de Crateús, Approach, Diversey, Rede Folha, Secrelnet, Embaixada Suiça, AD2M Engenharia de Comunicação, J Macêdo, MPX, Fundação Grupo Boticário, Mata Branca, Patrimonial, Natural Wax, Handara, Asa Branca, BSPAR, Ibama, FNMA, ASHOKA, SEBRAE, TAM, EcoNordeste, SindCarnaúba, Promossel, Universidade Federal do Ceará, Uni-versidade Estadual do Ceará, R. Amaral Advogados.

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

05

APRESENTAÇÃO

O objetivo do Plano de Manejo é ordenar, orientar e normatizar toda e qualquer intervenção em uma área natural protegida, visando manter sua integridade biológica e o cumprimento dos objetivos pelos quais ela deve existir.

O Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas foi finalizado em 2001, onde o foco das ações es-tava voltado prioritariamente para a conservação in situ da fauna e flora, o desenvolvimento do programa de pesquisas, a recuperação das poucas áreas degradadas no interior da unidade, a implantação das estruturas físicas (Centro de visitantes, alojamento, etc.), o estabelecimento de um plano de desenvolvimento local sus-tentável para as comunidades do entorno da reserva, ações de educação e sensibilização na região e a visita-ção a reserva.

A segunda iteração do Plano de Manejo (2007-2011) foi elaborada através da revisão do Plano de Manejo original, mantendo os principais programas de manejo e ampliando as ações com base no zoneamento da área e no envolvimento com as comunidades do entorno. Foi dada uma atenção especial também a proteção da reserva e a pesquisa científica.

O presente Plano de Manejo (3ª iteração - 2012-2016) também foi construído a partir da avaliação e revisão do Plano de Manejo anterior (2007-2011), sendo que a estrutura do atual documento foi adequada as reco-mendações do Roteiro Metodológico para a Elaboração de Plano de Manejo para Reservas Particulares do Patrimônio Natural (IBAMA, 2004).

Durante a oficina de revisão do Plano de Manejo, em fevereiro de 2012, a equipe da Associação Caatinga definiu a nova missão da Reserva Natural Serra das Almas que ficou assim:

“Preservar uma área significativa da Caatinga, consolidando estratégias de proteção a biodiversidade, edu-cação ambiental, pesquisa e sustentabilidade local”.

Desse modo, as atividades do presente Plano de Manejo foram definidas com base na nova missão da Re-serva Natural Serra das Almas. Em suma, as atividades estão direcionadas para a proteção dos 6.146 hectares da reserva, a proteção das nascentes e espécies ameaçadas de extinção, o desenvolvimento de pesquisas científicas, recreação e visitação escolar, projetos de educação ambiental e desenvolvimento sustentável junto às comunidades do entorno da reserva, combinando preservação ambiental com geração de renda e melho-ria da qualidade de vida da população local.

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

06

LISTA DE FIGURAS 07LISTA DE TABELAS 09LISTA DE SIGLAS 09LISTA DE ANEXOS 10INTRODUÇÃO 111. INFORMAÇÕES GERAIS 12

1.1. Localização e Acesso 121.2. Histórico de Criação e Aspectos Legais 121.3. Ficha-resumo da RPPN 13

2.DIAGNÓSTICO 142.1. Caracterização da RPPN 14

2.1.1. Clima 142.1.2. Geologia 152.1.3. Geomorfologia 162.1.4. Solos 172.1.5. Hidrografia 182.1.6. Vegetação 192.1.6.1 Descrição Geral 19

2.1.6.2 Caatinga Arbórea 212.1.6.3 Mata Seca 222.1.6.4 Carrasco 23

2.1.7. Fauna 262.1.7.1. Mastofauna 262.1.7.2. Avifauna 262.1.7.3. Herpetofauna 28

2.1.8. Aspectos históricos e culturais 282.1.9. Visitação 312.1.10. Pesquisa e Monitoramento 382.1.11. Ocorrência de Fogo 402.1.12. Atividades Desenvolvidas na RPPN 412.1.13. Sistema de Gestão e Pessoal 422.1.14. Infraestrutura 43

2.1.14.1. Sede - Centro de Interpretação Ambiental Profª. Maria Angélica Figueiredo

44

2.1.14.2. CESJ - Centro Ecológico Samuel Johnson

47

2.1.15. Equipamentos e Serviços 492.2. CARACTERIZAÇÃO DO ENTORNO 50

2.2.1. População e dinâmica demográfica 512.2.2. Saneamento Básico: abastecimento de água e esgotamento sanitário

54

2.2.3. Resíduos Sólidos 572.2.4. Aspectos Geológicos-Geomorfológicos 59

2.2.4.1. Geologia 592.2.4.2. Geomorfologia 60

2.2.5. Condições Hidroclimáticas 622.2.5.1. Clima 622.2.5.2. Hidrografia 65

2.2.6. Características dos Solos 672.2.7. Uso da Terra 672.2.8. Caracterização Ambiental (meio biótico) 68

2.2.8.1. Caracterização de Vegetação das 04 Microbacias do Entorno da RNSA

68

2.2.8.2. Caracterização da Fauna das 04 Microbacias do Entorno da RNSA

78

2.3. POSSIBILIDADES DE CONECTIVIDADE 802.4. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA 82

3. PLANEJAMENTO 833.1. Objetivos de Plano de Manejo 833.2. Zoneamento 83

3.2.1. Zona Silvestre 843.2.2. Zona de Proteção 853.2.3. Zona de Recuperação 853.2.4. Zona de Visitação 853.2.5. Zona de Transição 86

3.3. Progamas de Manejo 863.3.1. Progama de Administração 863.3.2. Programa de Proteção e Fiscalização 883.3.3. Programa de Pesquisa e Monitoramento 893.3.4. Programa de Visitação 893.3.5 Programa de Sustentabilidade Econômica

90

3.3.6 Programa de Comunicação e Integração com a Comunidade

91

4. CRONOGRAMAS DE ATIVIDADES 925. INFORMAÇÕES FINAIS 96

5.1. Anexos 965.2. Referências 142

SUMÁRIO

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

07

Figura 1. Localização da RPPN Reserva Natural Serra das Almas 12

Figura 2. Vias de acessos a RPPN Reserva Natural Serra das Almas 12

Figura 3. Logo da RPPN Reserva Natural Serra das Almas 13

Figura 4. Tipos climáticos da região da Reserva Natural Serra das Almas 14

Figura 5. Formação de chuva orográfica na Reserva Natural Serra das Almas 15

Figura 6. Ilustração da chuva orográfica na Reserva Natural Serra das Almas 15

Figura 7. Estruturas geológicas da região da Reserva Natural Serra das Almas 15

Figura 8. Secção Geológica Esquemática da Bacia Sedimentar do Parnaíba 16

Figura 9. Modelo Digital do Terreno da região de Crateús 17

Figura 10. Perfil geológico e geomorfológico da Cuesta da Ibiapaba 17

Figura 11. Classes de Solos da Reserva Natural Serra das Almas 18

Figura 12. Rede de drenagem hídrica da Reserva Natural Serra das Almas 19

Figura 13. Fitofisionomias ocorrentes no Estado do Ceará 20

Figura 14. Detalhes das fitofisionomias ocorrentes na RPPN Serra das Almas, sendo: A e B - Caatinga Arbórea em regeneração natural; C e D - Mata Seca; E e F - Carrasco em regeneração natural

21

Figura 15. Detalhes de indivíduos de Caesalpinia ferrea, Mimosa caesalpiniifolia, Amburana cearensis e Anadenanthera colubrina ocorrentes na fitofisionomia de Caatinga Arbórea

22

Figura 16. Detalhes de indivíduos de Agonandra brasiliensis, Buchenavia capitata, Hymenaea colbaril e Myracrodruon urundeuva ocorrentes na fitofisionomia de Mata Seca

23

Figura 17. Detalhes de indivíduos de Hymenaea velutina e Copaifera martii na vegetação de Carrasco 24

Figura 18. Detalhes de indivíduos de Inga sp e Ficus guianensis, ocorrentes na vegetação de mata ciliar 25

Figura 19. Paisagens ocorrentes no ambiente de Lajeiro da RPPN Serra das Almas 25

Figura 20. Fitofisionomias encontradas na RPPN Serra das Almas 25

Figura 21. Cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), veado-catingueiro (Mazama gouazoubira), jaguatirica (Leopardus pardalis), veado-catingueiro (Mazama gouazoubira), onça-parda (Puma concolor), soin (Callithrix jacus)

26

Figura 22. Periquito-do-sertão (Aratinga cactorum), pica-pau-de-cabeça-amarela (Celeus flavescens) 27

Figura 23. Cancão (Cyonocorax cyanopogon), ariramba (Galbula ruficauda) 27

Figura 24. Choca-do-planalto (Thamnophilus pelzelni), casaca-de-couro (Pseudoseisura cristata) 27

Figura 25. Cabeça-vermelha (Paroaria dominicana), dorminhoco (Trogon curucui) 28

Figura 26. Coral-falsa (Oxyrhopus trigemius), perereca (Phylomedusa gr. hypocondrialis), jararaca (Bothrops erythromelas), camaleão (Iguana iguana) 28

Figura 27. Indicação da área adquirida para compor o “bloco de terras” do formato inicial da Reserva Natural Serra das Almas 29

Figura 28. Trilhas da RPPN Reserva Natural Serra das Almas 31

Figura 29. Portal de entrada para as três trilhas localizadas na região da Sede da RPPN: Trilha do Lajeiro, Trilha dos Macacos e Trilha das Arapucas 32

Figura 30. À esquerda, grupo de visitantes no percurso do Mirante dos Macacos; à direita, pesquisadores acompanhados pelo estagiário da RNSA 32

Figura 31. Trilhas abertas e delimitadas para o fácil acesso 33

Figura 32. Estruturas encontradas na Trilha do Lajeiro 33

Figura 33. Placas informativas 34

Figura 34. Trilha do Lajeiro 35

Figura 35. Trilha das Arapucas (vista panorâmica da Serra de Ibiapaba e Sertão de Crateús) 36

Figura 36. Trilha dos Macacos (área de vivência e casa de farinha) 37

Figura 37. Mirante da Trilha dos Macacos: à esquerda estrutura física do mirante e à direita vista do vale do riacho Melancias e Sertão de Crateús 37

Figura 38. Cascatinha da Trilha dos Macacos 37

Figura 39. Placa de informação sobre a caatinga arbórea 38

Figura 40. Atuação de alguns pesquisadores em campo na RNSA 39

Figura 41. Foto de um trecho do aceiro da RPPN 40

Figura 42. Imagem de satélite da RNSA com indicações de áreas críticas quanto a propagação do fogo 41

Figura 43. Foto de integrantes do curso de combate a queimadas do PREVFOGO 41

Figura 44. Alunos em visita a RNSA 42

Figura 45. Sistema de comunicação 43

Figura 46. Placas solares e baterias para armazenamento da energia oferecida no Espaço Caatinga 44

Figura 47. Ponto de coleta de água para abastecimento das estruturas do CIA 44

Figura 48. Visão geral do Espaço Caatinga; banner informativo e maquetes; loja; e escritório 45

Figura 49. Alojamento; cozinha e refeitório; laboratório 45

LISTA DE FIGURAS

Page 8: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

08

Figura 50. Visão geral do CIA; Portais das trilhas; e Área de Vivência 46

Figura 51. Recanto da Fauna; Réplica de Leopardus pardalis e Puma concolor; Jardim de Plantas Medicinais 46

Figura 52. Horta orgânica (destaque para tomates e cereja); composteira 47

Figura 53. Estação Meteorológica (em detalhe painel de dados) 47

Figura 54. Auditório para cursos e capacitações 48

Figura 55. Viveiros de produção de mudas (estrutura geral, área interna da casa de vegetação, semeadura, área de sol pleno) 48

Figura 56. Composteira (detalhe para o adubo orgânico) 49

Figura 57. Meliponário 49

Figura 58. Cartograma da área das 4 microbacias do entorno da RNSA 50

Figura 59. Cartograma dos distritos pertencentes a área das microbacias: Riacho Melancias, Riacho São Francisco, Riacho das Cabaças e Riacho do Padre, município de Crateús

51

Figura 60. Núcleo urbano do distrito de Tucuns 52

Figura 61. Deslocamento do gado nos distritos de Ibiapaba e Tucuns respectivamente 53

Figura 62. Casa de farinha no distrito de Tucuns. Mulheres preparam a mandioca para a fabricação da farinha d’água e goma 54

Figura 63. Morador de área indígena Tabajara se desloca para conseguir água 55

Figura 64. Número de domicílios com ausência de banheiros por setores censitários nos distritos de Ibiapaba, Poti, Realejo e Tucun 56

Figura 65. Domicílios particulares permanentes dos setores censitários do distrito de Ibiapaba, por tipo de esgotamento sanitário e ausência de banheiro ou sanitário

56

Figura 66. Domicílios particulares permanentes dos setores censitários do distrito de Poti, por tipo de esgotamento sanitário e ausência de banheiro ou sanitário

66

Figura 67. Domicílios particulares permanentes por destino do lixo 66

Figura 68. Lixo encontrado no trajeto para as nascentes, na comunidade de Tucuns, observar a direção da água indicado pela seta vermelha, o lixo torna-se um obstáculo no trajeto

58

Figura 69. Média anual da precipitação pluviométrica no município de Crateús, CE 63

Figura 70. Distribuição da temperatura média anual do município de Crateús, CE 63

Figura 71. Distribuição anual do excedente (valores positivos) e da deficiência hídrica (valores negativos) segundo o Balanço Hídrico de Thornthwaite e Mather

64

Figura 72. Valores médios de precipitação, evapotranspiração potencial e evapotranspiração real em Crateús 64

Figura 73. Médias anuais de precipitação em Crateús 65

Figura 74. Localização da Barragem Fronteiras 66

Figura 75. Cartograma com os pontos visitados durante as atividades de campo 68

Figura 76. Área Antropizada e com indícios de Caatinga Arbórea em Estágio Inicial de Regeneração 70

Figura 77. Área Antropizada e com indícios de Caatinga Arbórea em Estágio Inicial de Regeneração 70

Figura 78. Área de Agricultura, Antropizada e com manchas de Caatinga Arbórea em Estágio Inicial de Regeneração ao fundo da imagem 71

Figura 79. Área de Agricultura próxima ao Limite da RNSA 71

Figura 80. Limite da RNSA - Área de Caatinga Arbórea em Estágio Intermediário de Regeneração 72

Figura 81. Área de Agricultura, Antropizada 72

Figura 82. Área de Caatinga Arbórea em Estágio Inicial / Intermediário de Regeneração 73

Figura 83. Área de Caatinga Arbórea em Estágio Intermediário de Regeneração (detalhe: Pseudobombax marginatum embiratanha e Anadenanthera colubrina angico)

73

Figura 84. Área de Agricultura, circundada por Áreas Antropizadas e com manchas de Caatinga Arbórea em Estágio Inicial de Regeneração 74

Figura 85. Área de Agricultura, circundada por Áreas Antropizadas, muito cortada por trilhas de gado RNSA ao fundo da imagem 74

Figura 86. Área de Caatinga Arbórea em Estágio Intermediário de Regeneração 75

Figura 87. Área de Caatinga Arbórea em Estágio Intermediário de Regeneração 75

Figura 88. Área de Mata Seca em Estágio Avançado de Regeneração 76

Figura 89. Área de Mata Seca em Estágio Avançado de Regeneração 76

Figura 90. Área de Agricultura, circundada por Áreas Antropizadas em uma região de Mata Seca 77

Figura 91. Área de Mata Seca em Estágio Intermediário de Regeneração 77

Figura 92. Área de Mata Seca em Estágio Avançado de Regeneração (detalhe: pau-marfim Agonandra brasiliensis) 78

Figura 93. Área de Mata Seca em Estágio Avançado de Regeneração (detalhe a esquerda: gameleira Ficus sp) 78

Figura 94. Área desmatada próxima a localidade Buritizinho 79

Figura 95. Espécies visualizadas em campo 79

Figura 96. Proximidade e densidade dos fragmentos conservados 81

Figura 97. Área indicativa da Reserva Natural Serra das Almas como Área de alta importância (CA-391) para conservação da biodiversidade do bioma Caatinga

82

Figura 98. Zoneamento ambiental da RPPN RNSA 84

Page 9: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

09

01. Ficha- resumo da RPPN 1302. Lista dos atrativos de cada trilha de visitação da RNSA 3403. Relação das pesquisas realizadas atualmente na RNSA 4004. Moradores ou residentes em domicílios particulares permanentes na área das quatro microbacias,

município de Crateús51

05. Média do número de moradores por domicílios particulares permanentes nos distritos de Ibiapaba, Poti, Realejo e Tucuns

52

06. Evolução da população residente nos núcleos urbanos e povoados dos distritos de Poti, Realejo e Tucuns, segundo o IBGE – 2000 e 2010.

52

07. Evolução da população residente na zona rural dos distritos de Ibiapaba, Poti, Realejo e Tucuns, segundo o IBGE - 2000 e 2010

53

08. Valor do rendimento nominal médio mensal das pessoas responsáveis por domicílios particulares permanentes (com e sem rendimento) dos distritos de Ibiapaba, Poti, Realejo e Tucuns

54

09. Domicílios particulares permanentes, por forma de abastecimento de água, segundo os Distritos de Ibiapaba, Poti, Realejo e Tucuns

55

10. Domicílios particulares permanentes, por existência de banheiro ou sanitário e tipo de esgotamento sanitário, segundo os Distritos de Ibiapaba, Poti, Realejo e Tucuns

55

11. Domicílios particulares permanentes por destino do lixo segundo os setores censitários dos Distritos de Ibiapaba, Poti, Realejo e Tucuns

58

12. Unidades geológico-geomorfológicas da Reserva Natural Serra das Almas e entorno (Fonte: organizado por Almeida (2012), com base em CPRM (2011), Souza (2000) e Almeida (2005)

62

13. Balanço hídrico, segundo Thornthwaite & Mather (1955). Crateús, CE) 6314. Descrição das Unidades Fitoecológicas 69

LISTA DE SIGLASRPPN Reserva Particular do Patrimônio NaturalRNSA Reserva Natural Serra das AlmasIBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais RenováveisICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da BiodiversidadeUC Unidade de ConservaçãoAER Avaliação Ecológica RápidaTNC The Nature ConservancyIBGE Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaCESJ Centro Ecológico Samuel JohnsonCDA Centro de Difusão AmbientalCIA Centro de Intrepretação Ambiental Profª Maria Angélica FigueiredoCNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e TecnológicoAC Associação CaatingaSISBIO Sistema de Autorização e Informação em BiodiversidadePREVFOGO Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios FlorestaisNUC Núcleo Operacional de CrateúsPI Plano de InformaçãoUNESCO United Nations Educacional, Scientific and Cutural OrganizationASAS Área de Soltura de Animais SilvestresPSA Pagamento por Serviços Ambientais

LISTA DE TABELAS

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

10

LISTA DE ANEXOS

5.1.1. Mapa da RPPN RNSA 975.1.2. Portarias 985.1.3. Imagem de Satélite da Área da RNSA e Áreas do Entorno (satélite ALOS – 2007) 1005.1.4. Detalhamento das Metodologias da Avaliação Ecológica Rápida (1999/ 2000) 1005.1.5. Lista de Espécies Florestais 1035.1.6. Lista de Fauna 1105.1.7. Pesquisa de Satisfação do Vistante 1205.1.8. Ficha de Patrulha 1215.1.9. Formulário de Pesquisa 1225.1.10. Termo de Compromisso 1275.1.11. Planilha de Dados e Gráficos Meteorológicos 1295.1.12. Planta do Meliponário 1355.1.13. Mapa Geomorfológico 1375.1.14. Mapa de Vegatação e Uso do Solo 1385.1.15. Áreas Prioritárias para Conservação 1395.1.16. Zoneamento Ambiental 1405.1.17. Oficina com Lideranças Municipais 141

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

11

INTRODUÇÃO

A RPPN Reserva Natural Serra das Almas, localizada no município de Crateús/CE, foi a primeira Unidade de Conservação do bioma a receber o título de Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Caatinga, concedido pela UNESCO. É uma área de 6.146 hectares, que a coloca como a segunda maior Unidade de Conservação privada da Caatinga. A área da reserva está inserida em duas unidades geoambientais, o Planalto da Ibiapaba e a Depressão Sertaneja periférica de Crateús, e possui três tipos de cobertura vegetal: a Caatinga arbórea, a Mata seca e o Carrasco. Foi reconhecida como área de prioridade muito alta para conservação do bioma, pelo Ministério do Meio Ambiente, e por conta de sua importância é manejada como uma unidade de Proteção Integral, resguardando sua integridade biológica e reforçando seu papel no sistema nacional de Unidades de Conservação.

Apesar da sua importância e reconhecimento, a reserva tem sofrido com as pressões antrópicas sobre suas riquezas naturais, seja na forma de caça ilegal ou pela propagação de fogo. Rodeada por 19 comunidades, com aproximadamente 1.700 famílias vivendo em seu entorno, a área da reserva é constantemente invadida por caçadores. Um programa de prevenção e combate a incêndios florestais é realizado anualmente durante os três últimos meses do ano quando o risco dos incêndios florestais é maior. A RNSA tem desenvolvido uma série de ações e iniciativas com o objetivo de promover o envolvimento da comunidade na conservação, buscando inte-grar a reserva no contexto socioambiental local e contribuindo para o desenvolvimento sustentável da região.

A Associação Caatinga vem consolidando a RPPN Reserva Natural Serra das Almas desde a sua criação em 2000 como um modelo de conservação para a Caatinga, baseado numa visão de integração das prioridades de conservação com as prioridades de desenvolvimento local sustentável. Nesta abordagem, a Unidade de Conservação assume um papel importante na dinâmica do desenvolvimento local, em que a área protegida contribui para a melhoria das condições de vida através do fomento a práticas de conservação e uso sustentá-vel nas áreas do entorno e do investimento social. Contribuindo para a redução da pressão ambiental sobre a área e para o estabelecimento de uma relação de confiança e cooperação com as comunidades locais.

Nesse sentido, esta 3ª iteração do Plano de Manejo da RPPN Reserva Natural Serra das Almas contempla um conjunto de atividades que buscam atingir os seguintes objetivos: 1. Aprimorar o sistema de gestão de administração financeira, física e de recursos humanos da RPPN; 2. Assegurar a proteção da reserva através de estratégias de fiscalização e controle, bem como promover o manejo da biodiversidade no interior da unida-de e da área de influência, assim como garantir a segurança da equipe e do visitante; 3. Fomentar atividades de pesquisa na RPPN que possam dar subsídios para a conservação e manejo da área. Monitorar e avaliar a efetividade da proteção assegurando que a RPPN cumpra seu papel de conservação dos recursos naturais; 4. Estabelecer e ordenar as atividades para a visitação e Educação Ambiental, valorizando os atributos natu-rais e belezas cênicas; 5. Assegurar a Sustentabilidade econômica da RNSA através da captação de recursos, disponibilização de produtos sustentáveis e o desenvolvimento sustentável das comunidades do entorno; 6. Promover o fortalecimento da relação com a sociedade, disseminar conhecimentos e divulgar a RNSA.

Para cada objetivo foram definidas ações e atividades conforme os Programas de Manejo estabelecidos pelo Roteiro Metodológico para Elaboração de Plano de Manejo para RPPN (IBAMA, 2004). Essas atividades fo-ram propostas por uma equipe multi e interdiciplinar da Associação Caatinga durante a oficina de revisão do Plano de Manejo, sendo que, para a definição de algumas das atividades, houve a participação de lideranças comunitárias do entorno da RPPN durante uma oficina específica. Por fim, a equipe da Associação Caatinga também definiu qual seria a atual missão da RPPN Reserva Natural Serra das Almas, que ficou da seguinte forma: “Preservar uma área significativa da Caatinga, consolidando estratégias de proteção a biodiversidade, educação ambiental, pesquisa e sustentabilidade local”. É com base nessa missão que o presente Plano de Manejo está estruturado.

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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1. INFORMAÇÕES GERAIS

1.1 Localização e Acesso

A RPPN Reserva Natural Serra das Almas está situada entre os limites Oeste do Município de Crateús – CE (Figura 01) e limites Leste do município de Buriti dos Montes - PI, nas seguintes coordenadas geográficas: 5°15’e 5°00’ Sul e 40°15’e 41°00’ Leste. Abrange uma área de 6.146 hectares.

Figura 01 - Localização da RPPN Reserva Natural Serra das Almas

A RNSA fica distante 385 km de Fortaleza e 50 km do centro urbano de Crateús (Figura 02). De Crateús até a sede da RNSA, o deslocamento é realizado em aproximadamente 1 hora e 15 minutos e para o Centro Eco-lógico, que fica a 38 km de Crateús é realizado em aproximadamente 40 minutos.

Figura 02 – Vias de acessos a RPPN Reserva Natural Serra das Almas

1.2 Histórico de Criação e Aspectos Legais

Desde 1993, a estratégia da The Nature Conservancy (TNC) no Brasil incluía projetos voltados a conserva-ção da biodiversidade em cada bioma terrestre brasileiro, sendo que até 1995 só o bioma Caatinga não havia sido contemplado. Inicialmente, a TNC verificou a possibilidade de investir em alguma iniciativa já existente no Ceará, mas nenhuma ação de proteção à Caatinga foi encontrada.

Em 1996, através de avaliação de mapas temáticos, fotos aéreas, imagens de satélite e referências biblio-gráficas, especialistas identificaram áreas prioritárias para a conservação da Caatinga no estado do Ceará, considerando critérios de representatividade do bioma, biodiversidade, presença de carnaúba e baixo índice de alteração, cujos resultados elegeram a área de Poti Sul como a primeira prioridade (TNC, 1999). Com estes dados, em meados de 1998, um projeto formalizado pela empresa americana S.C.Johnson & Son, Inc., com a defi-nição de um apoio financeiro. A partir daí, foi criada a Associação Caatinga, em 21 de outubro do mesmo ano, que

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junto a TNC adotaram uma estratégia de aquisição das terras visando construir um bloco que viabilizasse a existên-cia da reserva e que pudesse se fosse o caso, ser ampliado no futuro. Os procedimentos incluíram a caracterização da situação da área, a identificação das propriedades, sua situação dominial e um estudo da realidade do mercado de terras da região. As negociações foram conduzidas de forma cuidadosa, difíceis no início e envolvendo a autori-zação de colheita das roças a alguns meeiros após a aquisição das áreas (BRANT; ROCHA, 2000).

A propriedade que permitia a formação do “bloco” de terras continuou em negociação, mas devido à sobre-valorização e a manutenção de critérios para o estabelecimento do preço final, outras áreas só foram adquiridas posteriormente. Assim, a estratégia adotada permitiu novas ampliações da reserva para 5.646 ha e, recentemente, alcançando o objetivo de 6.146 hectares, como recomendado pelo plano de manejo, elaborado em 2001. As es-crituras das propriedades foram unificadas e o total do processo de aquisição despendeu cerca de 800 mil dólares.

A Reserva Natural Serra das Almas foi reconhecida como Reserva Particular do Patrimônio Natural, inicialmen-te, pela Portaria do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) nº 51 de 8 de setembro de 2000 (4.750 ha) e, depois, pela Portaria no 117 de 9 de setembro de 2002 (494,50 ha), sendo que outros dois processos tramitam para a inclusão das duas últimas áreas adquiridas (vide anexo 5.1.2.).

Durante a última revisão do Plano de manejo (2006/2007) foi criada a logo da RNSA (figura 03), inspirada na missão: “Preservar uma área significativa da Caatinga, construindo um modelo de proteção da biodiversidade e do desenvovimento local sutentável”. A logo conta com uma carnaúba, destacando a motivação inicial para a criação da RPPN intimamente associada a história e trajetória da família Johnson com a palmeira; representante também o relevo da Serra de Ibiapaba/Grande e, uma ave simbolizando toda a diversidade faunística da área.

Figura 03 – Logo da RPPN Reserva Natural Serra das Almas.

1.3 Ficha-resumo da RPPN

Nome da RPPN Reserva Natural Serra das Almas

Nome do proprietário Associação Caatinga

Nome do representante Rodrigo Castro

Contato (85) 3241-0759 – Rua Cláudio Manuel Dias Leite, nº 50 – Cocó, Fortaleza/CE.

Endereço da RPPN Serra das Almas, setor oeste da zona rural do município de Crateús.

Endereço para correspondência Rua do Instituto Santa Inês, 658, Centro, Crateús-CE. CEP: 63700-000

Telefone/e-mail/website (88) 3691-8671 / [email protected] / www.acaatinga.org.br

Área da RPPN 6.146 hectares (mapa em anexo 5.1.3.)

Principal município de acesso a RPPN Crateús-CE

Municípios e estados abrangidos Crateús-CE e Buriti dos Montes-PI

Coordenadas geográficas 5°15’e 5°00’ Sul e 40°15’e 41°00’ Leste

Data e número do ato legal de criação 8 de Setembro de 2000, IBAMA - portaria 51.

Marcos e referências importantes nos limites e confrontantes

Norte: Distrito de Ibiapaba – Crateús/CE Sul: Distrito de Tucuns – Crateús/CELeste: Distrito de Poty – Crateús/CEOeste: Distrito de Jatobá Medonho – Buriti dos Montes/PI

Bioma e/ou ecossistema Caatinga (formação não florestal estacional arbórea/arbustiva decídua espinhosa); Carrasco (formação estacional arbustiva densa decídua Montana); Mata seca (formação florestal estacional decídua submontana).

Distâncias dos centros urbanos mais próximos Fortaleza-CE: 310 km; Crateús-CE: 50 km; Buriti dos Montes-PI: 35 km

Meio principal de chegada à UC BR-020; BR-226; CE-469

Atividades ocorrentes Pesquisa, Fiscalização, Visitação, Educação Ambiental, Turismos ecológico.

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2. DIAGNÓSTICO

Caracterização da RPPN

A caracterização da fauna e flora da RNSA se deu nos anos de 1999/2000 quando foi realizado uma Ava-liação Ecológica Rápida (AER), com o objetivo de obter um máximo de informações básicas sobre a área num curto período de tempo (metodologias em anexo 5.1.4.). Esta metodologia foi desenvolvida pela TNC, per-mitindo que seja realizado um diagnóstico rápido da biodiversidade de uma determinada área, fornecendo dados para o desenvolvimento do plano de manjo, retratando a “situação inicial” da área.

Desde então, diversas pesquisas vem sendo desenvolvidas na RNSA com o intuito de identificar, levantar e analisar diferentes pontos sobre o ecossistema e as interações intra e interespecíficas, alimentando assim as listas de espécies da RNSA e suas funções na manutenção do ecossistema.

2.1.1Clima

A Reserva Natural Serra das Almas está inserida no contexto do clima semiárido que se caracteriza pelas altas temperaturas, forte evaporação ou evapotranspiração e pela pouca precipitação. Além da pouca precipi-tação, as chuvas são mal distribuídas no tempo e no espaço.

O clima da região é caracterizado também por duas estações distintas: uma seca, de longa duração (de junho a dezembro) e outra chuvosa (de janeiro a maio). Devido a variação da altitude, o Planalto da Ibiapaba possui temperaturas mais baixas que a depressão periférica, apresentando também maior umidade. Nesse caso, distin-guem dois tipos de clima na área da Reserva Natural Serra das Almas, na parte baixa predomina o Clima Tropical Quente Semiárido e na parte alta o Clima Tropical Quente Semiárido Brando, como mostra na figura 04.

Figura 04 – Tipos climáticos da região da Reserva Natural Serra das Almas.

Percebe-se, portanto, que o clima da parte alta da RNSA (Planalto da Ibiapaba) é mais agradável, mais brando. Nessa região também chove mais que a parte baixa, e isso se deve a um fenômeno chamado Chuva Orográfica, ou chuva de relevo (Figura 05). Esse fenômeno ocorre quando as massas de ar que atravessam a depressão serta-neja encontram o Planalto da Ibiapaba, que funciona como obstáculo, e sobem rapidamente carregando umida-de para o alto onde se resfriam e se condensam provocando chuvas. Essa zona é chamada de Barlavento, ou seja, é o lugar onde o vento bate. Após as nuvens terem descarregado toda a chuva nessa área, o ar fica mais seco e é carregado para o outro lado (para o Piauí) diminuindo as chances de chuva, essa zona é chamada de Sotavento (Figura 06). Além da altitude, possivelmente, a chuva orográfica favoreceu o desenvolvimento da Mata Seca na zona de barlavento (mais úmido) e o desenvolvimento do Carrasco no sotavento (mais seco).

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Figura 05– Formação de chuva orográfica na Reserva Natural Serra das Almas. Foto: Ewerton Melo.

Figura 06 – Ilustração da chuva orográfica na Reserva Natural Serra das Almas

2.1.2 Geologia

A Reserva Natural Serra das Almas está inserida entre duas estruturas geológicas: o Planalto Sedimentar da Ibiapaba e o Embasamento Cristalino da depressão periférica do Sertão de Crateús (Figura 07).

Figura 07 – Estruturas geológicas da região da Reserva Natural Serra das Almas.

A parte alta da Reserva, comumente chamada de serra, é na verdade uma parte do Planalto da Ibiapaba, que por sua vez faz parte da borda de uma bacia sedimentar, que nesse caso, trata-se da borda oriental da Bacia Sedimentar do Parnaíba. Essa área foi soerguida, ou seja, essa formação geológica foi empurrada para cima por focas internas da Terra (tectonismo) durante o período Cretáceo que ocorreu há cerca de 135 milhões de anos.

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Mas, a formação da Bacia Sedimentar do Parnaíba é muito mais antiga, provavelmente iniciou-se há mais de 500 milhões de anos, quando os primeiros sedimentos começaram a preencher as partes mais baixas dessa bacia. O acúmulo de sedimentos formam camadas diferenciadas pelo tempo e tipo de material, que são cha-madas de formações geológicas.

Desse modo, essa pequena porção da bacia do Parnaíba que se encontra no Ceará corresponde a uma camada muito antiga dessa bacia sedimentar denominada “Formação Serra Grande”, cuja idade é do período Siluriano, ou seja, se formou há a cerca de 430 milhões anos. E com o soerguimento da borda oriental (Leste) da bacia do Parnaíba, essa camada foi exumada formando o que chamamos hoje de Planalto da Ibiapaba. O esquema abaixo (Figura 08) mostra um perfil da bacia sedimentar do Parnaíba com as principais camadas, e entre elas o Grupo Serra Grande.

Figura 08 – Secção Geológica Esquemática da Bacia Sedimentar do Parnaíba. (Fonte: Modificado de Góes et al., 1993).

Nota-se no esquema acima que existem outras formações sobre o Grupo Serra Grande, que evidentemen-te são formações mais recentes. Porém, durante os eventos tectônicos do Cretáceo, a parte oriental da bacia soergueu elevando as camadas do Grupo Serra Grande para a superfície, exumando esse grande pacote de rochas sedimentares que compõe o Planalto da Ibiapaba.

A parte baixa da RNSA, popularmente chamada de Sertão, está sobre uma estrutura geológica muito anti-ga, na verdade a mais antiga do planeta, que é o Embasamento Cristalino da Era Pré-Cambriana (4,6 bilhões de anos), como mostra a figura 08. Essa estrutura é constituída por rochas metamórficas e graníticas.

2.1.3 Geomorfologia

O Estado do Ceará é cercado por planaltos e chapadas e a parte central é rebaixada e plana, daí o nome de Depressão Sertaneja. A parte baixa da Reserva Natural Serra das Almas faz parte dessa Depressão Sertaneja, mas como se trata de uma área que está em contato entre bacia sedimentar e embasamento cristalino, dar-se o nome de depressão periférica.

Portanto, a Depressão Periférica de Crateús possui um relevo plano e suave ondulado, com altitude mé-dia em torno de 300 metros acima do nível do mar. A Figura 09 mostra a configuração do relevo da região de Crateús, onde as áreas com coloração em verde claro são as áreas mais baixas (Depressão Periférica de Cra-teús) e as verde escuro são as mais altas (Planalto da Ibiabapa).

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Figura 09 – Modelo Digital do Terreno da região de Crateús. (Fonte: GlobalMapper 10)

O Planalto da Ibiapaba, como foi dito anteriormente, é o afloramento da borda da bacia sedimentar do Parnaíba que foi soerguida formando uma cadeia montanhosa que abrange todo o Oeste do Estado do Cea-rá. Essa formação do relevo só é interrompida pela passagem do rio Poti, que se impôs sobre essa estrutura escavando as rochas areníticas com a força das correntezas, criando uma paisagem surpreendente e única chamada Boqueirão do Poti ou Cânion do Poti. Nesse caso, podemos dividir o Planalto da Ibiapaba em duas partes, o Planalto Norte da Ibiapaba e Planalto Sul da Ibiapaba, onde o rio Poti seria a linha de divisão. Por-tanto, podemos afirmar que a parte alta da Reserva Natural Serra das Almas está localizada no Planalto Sul da Ibiapaba, com altitudes que variam de 650 a 700 metros acima do nível do mar.

As camadas sedimentares do Planalto da Ibiapaba (Formação Serra Grande) mergulham suavemente para oeste, formando um relevo de Cuesta, ou seja, o planalto possui uma elevação brusca de um lado (Front da Cuesta) e se estende com caimento suave para o outro lado (reverso da Cuesta). Por isso, é muito comum que o Planalto da Ibiapaba seja também chamado pelos geógrafos de Cuesta da Ibiapaba (Figura 10).

Figura 10 – Perfil geológico e geomorfológico da Cuesta da Ibiapaba.

No terreno da Cuesta da Ibiapaba predominam topos planos, rampas com declividades suaves e vales pro-fundos esculpidos no arenito da formação Serra Grande (ex: vale do riacho Melancias). A erosão nas encostas do planalto, conhecida como erosão regressiva, provocou a formação de vales encravados chamados festões, ou relevos festonados. A camada superficial da formação Serra Grande que é mais resistente aos efeitos da erosão é chamada de cornija, ela aparece no topo das encostas com as feições de paredões de arenitos (Ex: o mirante da Trilha das Arapucas está sobre uma cornija).

2.1.4 Solos

Para facilitar a identificação é necessário que os diferentes tipos de solos que possuem características co-muns sejam agrupados, formando assim as associações de solos ou classes de solos. Na Reserva Natural Serra das Almas, três classes de solos foram identificadas: o Latossolo Amarelo Álico, o Podzólico Vermelho Amarelo Eutrófico e o Planossolo Solódico (Figura 11).

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Figura 11 – Classes de Solos da Reserva Natural Serra das Almas.

O Latossolo Amarelo Álico é encontrado basicamente na região do Planalto da Ibiapaba, trata-se de um solo profundo e arenoso. Possui coloração amarelada, geralmente é ácido, pobre em nutrientes e possui boa drenagem, ou seja, de fácil infiltração da água.

O Podzólico Vermelho Amarelo Eutrófico ocorre na maior parte da Depressão Periférica (parte baixa da RNSA). Esse tipo de solo possui profundidade variável, perfil bem diferenciado, tem textura arenosa e argilosa média e apresenta com freqüência cascalhos (pequenas rochas/pedras). Possui ainda uma estrutura granular de consistência dura quando seco e friável (fácil fragmentação) quando úmido.

O Planossolo Solódico é encontrado em uma pequena área da parte de baixo da RNSA (Depressão Perifé-rica). É um solo de coloração clara, pouco profundo (espessura varia de 25 a 75 cm), estrutura forte de consis-tência extremamente dura quando seco e muito firme quando úmido.

2.1.5 Hidrografia

Todos os riachos, córregos e grotas juntos formam a rede de drenagem hídrica ou bacia de drenagem. A rede de drenagem hídrica da Reserva Natural Serra das Almas faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio Poti, que por sua vez pertence à Bacia Hidrográfica do Parnaíba.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área de drenagem da bacia do rio Poti abrange uma superfície de 51.000 km², e se estende pelos Estados do Ceará e Piauí. No Ceará, o rio Poti drena extensas áreas de rochas cristalinas até adentrar no Piauí onde encontra as rochas sedimentares da Bacia do Parnaíba. O Cânion do rio Poti é o ponto de mudança do percurso do rio pelas duas estruturas geológicas.

Na RNSA encontram-se as nascentes do riacho Melancias, riacho das Cabaças, riacho do Gato, que se junta com o riacho São Francisco, e de um pequeno riacho que drena em direção ao Piauí até confluir com rio Poti na área do cânion (Figura 12). Todos esses riachos são afluentes do rio Poti.

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Figura 12 – Rede de drenagem hídrica da Reserva Natural Serra das Almas.

Na área da RNA somente o riacho Melancias é perene, ou seja, não seca durante o período de estiagem, e isso acontece porque ele é alimentado por fontes de água subterrânea que são conhecidos como olhos d’água. Já os outros riachos são intermitentes, que significa dizer que secam após as chuvas.

Em relação às águas subterrâneas, o Planalto da Ibiapaba possui maior potencial, uma vez que os solos arenosos permitem uma melhor infiltração da água que vai se acumulando nas rochas sedimentares da for-mação Serra Grande. Quando essa água, que está acumulada em aqüíferos, encontra uma abertura nas fratu-ras da rocha ela ressurge, formando assim um olho d’água. Por outro lado, na Depressão Sertaneja, a água da chuva não consegue infiltrar no solo com facilidade, pois o terreno é formado por rochas cristalinas que são impermeáveis. Assim, enquanto que no Planalto da Ibiapaba a água infiltra mais e escoa menos, na Depressão Sertaneja a água infiltra menos e escoa mais, por isso que na parte baixa da RNSA possui mais riachos que na parte de cima.

A água subterrânea na Depressão Sertaneja, ou seja, na parte baixa da RNSA, só pode ser encontrada de duas formas, ou no lençol freático do leito dos rios e riachos ou em fissuras (fendas) na rocha cristalina. Na primeira forma, a água se acumula durante o período de chuva, quando o riacho está escoando, e durante a seca é necessário escavar um poço no leito do riacho para extrair essa água. Esse poço é chamado cacimba ou cacimbão. Já as águas que ficam armazenas nas fissuras da rocha cristalinas são exploradas por meios de po-ços artesianos, ou poços profundos, que atingem grandes profundidades. Devido ao longo tempo de contato da água com a rocha cristalina, os sais são dissolvidos e deixam água salinizada, e desse modo normalmente as águas de fissuras cristalinas são salobras.

2.1.6 Vegetação

2.1.6.1 Descrição Geral

A vegetação da RPPN Serra das Almas pertence ao bioma Caatinga. Essa vegetação é descrita, de uma forma geral, como um tipo de floresta de porte baixo, com predominância de um estrato arbóreo ou arbus-tivo-arbóreo com dossel geralmente descontínuo. Possui características morfofuncionais xerófilas, folhagem decídua na estação seca e árvores com ramificação profusa, comumente armadas com espinhos ou acúleos, microfilia (folhas pequenas), com presença de plantas suculentas e estrato herbaceo estacional. No entanto, ao longo da extensão do bioma, em especial no Estado do Ceará (Figura 13), há uma grande variação na ve-getação, variação essa observada tanto do ponto de vista fisionômico, quanto do ponto de vista florístico, que responde primariamente às grandes unidades geomorfológicas e, secundariamente, à variação na intensida-de do déficit hídrico, topografia e condições físicas e químicas do solo em escala local.

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Figura 13 - Fitofisionomias ocorrentes no Estado do Ceará. Detalhe na cor vermelha da localização da RPPN Serra das Almas. (Fonte: Adaptado de Figueiredo, 1997)

A RPPN Reserva Natural Serra das Almas em seus aproximadamente 6 mil hectares, apresenta grandes variações principalmente altitudinais e edáficas, expressando-se dessa forma na vegetação que compreen-de um mosaico de diferentes fitofisionomias. Sendo assim, a RNSA é detentora de uma rica biodiversidade com distintas formas de vida vegetal, sendo composta, inclusive, por espécies endêmicas. As fitofisionomias ocorrentes na área são: Caatinga Arbórea, Mata Seca e Carrasco (Figura 14), além de formações vegetais dife-renciadas como as ocorrentes nas margens dos riachos (mata ciliar) e em cima dos afloramentos rochosos, os chamados lajeiros.

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Figura 14 - Detalhes das fitofisionomias ocorrentes na RPPN Serra das Almas, sendo: A e B – Caatinga Arbórea em regeneração natural; C e D – Mata Seca; E e F – Carrasco em regeneração natural.

2.1.6.1 Caatinga Arbórea

A Caatinga arbórea ocorre na parte mais baixa da RPPN e corresponde ao tipo de vegetação mais ocorrente na região em que está inserida a RNSA, porém não corresponde a vegetação de maior ocupação na área da RNSA. Pode ser diagnosticado por estrato arbóreo predominante com porte de 8 a 12 m de altura. Frequen-temente suas espécies apresentam folhas pequenas ou compostas, decíduas na estação seca, e muitas vezes armadas com espinhos ou acúleos; cactáceas colunares e bromélias terrestres são comuns; estrato herbáceo efêmero, presente apenas na estação chuvosa, constituído principalmente por ervas anuais e algumas geó-fitas. Podemos citar como algumas das espécies características desse tipo de vegetação (Figura 15): Ziziphus joazeiro Mart. (Rhamnaceae); Caesalpinia ferrea Mart. Ex Tul. var. férrea, Caesalpinea pyramidalis, Anadenanthe-ra colubrina, Mimosa caesalpiniifolia, Amburana cearensis (Fabacea); Croton sonderianus Müll. Arg Cnidoscolus obtusifolius Pohl ex Baill. (Euphorbiaceae) e Cereus jamacaru DC (Cactaceae).

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Figura 15 - Detalhes de indivíduos de catingueira (Caesalpinia ferrea), sabiá (Mimosa caesalpiniifolia), imburana-de-cheiro (Amburana cearensis) e angico (Anadenanthera colubrina) ocorrentes na fitofisionomia de Caatinga Arbórea.

2.1.6.2 Mata Seca

A Mata Seca (Floresta Estacional Decídual) está posicionada na parte sul do Planalto da Ibiapaba, onde é observado que a maior altitude (entorno de 800 m) e a posição vertente em relação aos ventos possibilitam um menor estresse hídrico favorecendo o desenvolvimento de uma floresta mais densa. Sendo assim a mata seca apresenta porte mais elevado do que a caatinga arbórea (10-20m de altura), dossel mais contínuo; pre-sença de sub-bosque; cactáceas colunares; lianas e epífitas freqüentes. As árvores são predominantemente caducifólias na estação seca, porém o grau de deciduidade da folhagem depende da intensidade da seca (Queiroz, 2009). Espécies características do dossel são: Acacia glomerosa, Hymenaea colbaril ar. stilbocarpa. (Fa-bacea); Agonandra brasiliensis (Opililiaceae), Buchenavia capitata Eichl. (Combretaceae), Myracrodruon urun-deuva Allemão (Anacardiaceae), Cavanillesia arborea (Willd.) K.Schum. (Malvaceae). No sub-bosque, são co-muns espécies de Myrtaceae (p.ex. Myrcia multiflora (Lam.) DC); Rubiaceae (p.ex. Richardia grandiflora (Cham. & Schltdl.) Standl.) e Rutaceae (p.ex. Pilocarpus spicatus A. St.-Hil.) (Figura 16).

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Figura 16 - Detalhes de indivíduos de pau-marfim (Agonandra brasiliensis), mirindiba (Buchenavia capitata), jatobá (Hymenaea colbaril) e aroeira (Myracrodruon urundeuva) ocorrentes na fitofisionomia de Mata Seca.

2.1.6.3 Carrasco

O Carrasco (Arbustaria Denso Montana) ocorre em torno de 700 m a.n.m. nos topos planos do reverso ime-diato do Planalto, sobre solos profundos da ordem Neossolos Quartzarênicos (Areias Quartzosas profundas) constituída por plantas com troncos finos, baixa representatividade de plantas armadas uma flora lenhosa densa, microfanerofítica e caducifólia, formando um frutíceto alto. Fisionomicamente, distingue-se da Caatin-ga por ter maior densidade de indivíduos lenhosos e pela quase ausência de plantas suculentas, representan-tes das famílias cactaceae e bromeliaceae (Vasconcellos, 2006). Algumas espécies ocorrentes nessa formação são: Hymenaea velutina Ducke, Copaifera martii Hayne (Figura 17), Mimosa acutistipula Benth, Bauhinia acurua-na Moric. (Fabacea); Euphorbia comosa Vell., Stillingia uleana Pax. & H. Hoffm. (Euphorbiaceae); Erythroxylum barbatum O. E. Schulz., Erythroxylum bezerrae Plowam. (Erythroxylaceae).

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Figura 17 - Detalhes de indivíduos de jatobá-de-porco (Hymenaea velutina) e copaíba (Copaifera martii) na vegetação de Carrasco.

Na vegetação da mata ciliar, devido ao maior favorecimento hídrico, principalmente nos riachos perenes, as espécies mantém sua folhagem mesmo na estação seca, proporcionando um contraste brusco com as fito-fisionomias do entorno. Algumas espécies do bioma Caatinga são de ocorrência exclusiva desses ambientes, sendo encontrada como, por exemplo, briófitas e pteridófitas diversas além das espécies lenhosas arbustivas e principalmente arbóreas. Entre as espécies podemos citar: Inga ingoides Willd., (Fabaceae); Ficus guianensis Desv. (Moraceae) (Figura 18) e Licania rigida Benth. (Chrysobalanaceae).

Figura 18 - Detalhes de indivíduos de ingazeira (Inga sp) e gameleira (Ficus guianensis), ocorrentes na vegetação de mata ciliar.

A vegetação pioneira ocorrente nos afloramentos rochosos denominados de lajeiros é observada principalmente na região serrada da RNSA na porção planaltica, sendo tais afloramentos de origem sedimen-tar e formadoras de belas paisagens esculturadas pela natureza (Figura 19). As espécies colonizadoras desses ambientes são na maioria suculentas pertencentes a famílias das Cactaceas e Bromeliaceas, sendo observa-dos alguns indivíduos arbustivos de pequeno porte pertencentes às espécies ocorrentes nas fitofisionomias do entorno. Entre as espécies são encontradas: Pilosocereus gounellei (Cactaceae); Bromelia laciniosa Mart ex Schultez f., Bromelia plumieri (Bromeliaceae).

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Figura 19 - Paisagens ocorrentes no ambiente de Lajeiro da RPPN Serra das Almas.

Atualmente a lista de espécies da flora da RPPN Serra das Almas conta com 305 espécies divididas em: 66 famílias, sendo a Fabacea com maior dominância (em anexo 5.1.5.).

Em relação a dominância das forma de vida, analisando a vegetação nos três ambientes da RNSA (Figura 20), quais sejam: caatinga (parte baixa), floresta decidual e carrasco (encosta e platô), verifica-se que os arbustos do-minam (32%), seguidos de árvores (25%), ervas (23%), trepadeiras (10%), subarbustos (9%) e hemiparasitas (1%).

Figura 20 – Fitofisionomias encontradas na RPPN Serra das Almas.

A maior densidade e o maior número de espécies ocorrentes na Reserva foram encontradas na fitofiono-mia do Carrasco, confirmando assim a descrição desse ambiente que difere dos demais, entre outros motivos,

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devido a sua maior densidade de indivíduos.

2.1.7 Fauna

2.1.7.1 Mastofauna

Na AER foram encontradas 38 espécies. Este número sobe para 42 se forem considerados os testemunhos locais. Dentre as espécies encontradas, existe 01 provável registro novo para o Ceará e 01 registro novo con-firmado para o Ceará, 02 espécies endêmicas e 02 ameaçadas. Existe no local uma forte pressão de captura para comércio e 06 das espécies identificadas são muito caçadas.

Foi constatada a presença de algumas espécies de morcegos frugívoros e nectarívoros, o que contribui para a polinização e a dispersão de sementes. A diversidade geral de espécies foi maior na parte alta da reserva.

Atualmente a RNSA conta com uma listagem de 49 espécies de mamíferos (Figura 21) divididas em oito ordens e 20 famílias (em anexo 5.1.6.).

Figura 21 – cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), veado-catingueiro (Mazama gouazoubira), jaguatirica (Leopardus pardalis), veado-catingueiro (Mazama gouazoubira), onça-parda (Puma concolor), soin (Callithrix jacus). Fotos: Acervo/Gleidson Aranda

2.1.7.2 Avifauna

Durante a AER foram identificadas 173 espécies (podendo serem acrescentadas outras 06 ou 07 com iden-tificação ainda não confirmada). O número final de espécies de aves da reserva, a ser confirmado em novos estudos, deve ficar entre 210-220. Das 173 espécies identificadas, 25 são migratórias, sendo 08 delas associa-das aos ambientes aquáticos, só aparecendo em anos de muita chuva. Algumas destas espécies são muito caçadas.

Foram constatadas 03 espécies ameaçadas e 02 consideradas raras; 13 espécies endêmicas; 12 espécies de caça; 04 espécies muito visadas para criação em gaiola; e 03 espécies de grande importância cultural. A família dominante é a dos Tiranídeos, uma família com vários dispersores de sementes.

Existe uma tendência de se encontrar mais espécies em cada ambiente além das já identificadas, o que, embora não deva aumentar em muito o número de espécies da reserva, deve aumentar a variedade em cada ambiente. Há uma diferença de composição da avifauna entre a parte alta e a parte baixa da reserva, tendo a

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parte alta apresentado uma maior diversidade de espécies.

A listagem atual consta com 231 espécies de aves (Figura 22, 23, 24 e 25), divididas em 22 ordens e 52 famí-lias, sendo que a Tyrannidae é a mais representativa, com 32 espécies (em anexo 5.1.6.).

Figura 22 – periquito-do-sertão (Aratinga cactorum), pica-pau-de-cabeça-amarela (Celeus flavescens) Fotos: Gleidson Aranda

Figura 23 – cancão (Cyonocorax cyanopogon), ariramba (Galbula ruficauda). Fotos: Gleidson Aranda

Figura 24 – choca-do-planalto (Thamnophilus pelzelni), casaca-de-couro (Pseudoseisura cristata). Fotos: Gleidson Aranda

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Figura 25 – cabeça-vermelha (Paroaria dominicana), dorminhoco (Trogon curucui). Fotos: Gleidson Aranda

2.1.7.3 Herpetofauna

A equipe da AER detectou a presença de 57 espécies (Figura 26), assim divididas: 22 anfíbios, 02 anfisbenas, 19 lagartos, 13 serpentes, 01 jacaré. O número total pode subir para 64 espécies, se forem considerados os teste-munhos de pessoas locais. Qualquer que seja o número, esta é uma diversidade considerada alta para a região.

Vale ressaltar que 06 das espécies encontradas são novos registros para o estado do Ceará, 16 são restritas ao Nordeste, e 01 é endêmica do Ceará. Uma das anfisbenas encontradas é uma espécie amazônica.

Em termos de abundância, o predomínio foi de anfíbios (cerca de 70%), seguidos de lagartos. As serpentes foram as menos abundantes. No geral, a similaridade foi baixa entre os ambientes. O olho dágua em Melan-cias foi o ambiente mais diverso, seguido do Grajáu. Nenhuma das espécies está em listas de espécies ameaça-das, mas também não são muito conhecidas. Embora algumas das espécies (lagartos, rãs, jacaré) sejam usadas para alimentação, a pressão de caça parece não ser muito grande, exceto para o jacaré.

Atualmente há registros de 85 espécies na RNSA (Figura 26), sendo 35 anfíbios, de duas ordens e sete famí-lias; e 50 répteis, de tres ordens e 18 famílias (lista em anexo 5.1.6.).

Figura 26- coral-falsa (Oxyrhopus trigemius), perereca (Phylomedusa gr. hypocondrialis), jararaca (Bothrops erythromelas), camaleão (Iguana iguana) Fotos: Acervo Associação Caatinga; Gleidson Aranda

2.1.8. Aspectos históricos e culturais

Processo de aquisição das áreas selecionadas

O procedimento para a aquisição das terras adotado pela TNC foi de “construir um bloco que viabilizasse a existência da reserva e que pudesse, se fosse o caso, ser ampliado no futuro”. Levando em consideração a caracterização da situação da área, a identificação das propriedades, sua situação dominial e um estudo da

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realidade do mercado de terras da região para uma base de preços.

O processo de aquisição da área de Poti Sul, na Serra das Almas, envolveu nove propriedades rurais e um total de seis procedimentos de compra. No período de janeiro a julho de 1999, oito propriedades ou cinco procedimentos foram concluídos, contabilizando 4.749,6 ha situados nos municípios de Crateús (CE) e Buriti dos Montes (PI) (Brant; Rocha, 2000a). A delimitação resultante não foi a mais adequada, pois o perímetro era relativamente grande para o tamanho e forma da área, aumentando o efeito de borda e prejudicando a conservação. Contudo, a propriedade que permitia a formação do “bloco” de terras continuou em negociação, mas devido a sobrevalorização e a manutenção de critérios para o estabelecimento do preço final, ela só foi adquirida posteriormente (Figura 27).

Figura 27: Indicação da área adquirida para compor o “bloco de terras” do formato

Assim, a estratégia adotada permitiu novas ampliações da reserva para 5.646 ha e, recentemente, alcançar o objetivo de 6.146 hectares, como recomendado pelo plano de manejo, elaborado em 2001. Posteriormente, as escrituras das propriedades foram unificadas.

A Reserva Natural Serra das Almas foi reconhecida como Reserva Particular do Patrimônio Natural, inicial-mente, pela Portaria do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) nº 51 de 8 de setembro de 2000 (4.750 ha) e, depois, pela Portaria nº 117 de 9 de setembro de 2002 (494,50 ha), sendo que outros dois processos tramitam para a inclusão das duas últimas áreas adquiridas.

A inauguração formal da Reserva deu-se em 21 de setembro de 2000 e contou com a presença de Samuel Johnson e de membros do Conselho da Associação Caatinga e da TNC. Nesta época já contava com um geren-te e dois guarda-parques em seu quadro de pessoal, contratados desde 1999.

O nome da RPPN Reserva Natural Serra das Almas é uma referência ao local onde havia um pequeno vilare-jo chamado “Almas”, localizado no Planalto da Ibiapaba e que hoje está inserido na área da RPPN.

A RPPN está localizada entre dois municípios: Crateús (Ceará) e Buriti dos Montes (Piauí). Esta região é classificada como de alta importância para a conservação pelo Ministério do Meio Ambiente e abriga uma amostra significativa da flora e fauna e comunidades biológicas do bioma Caatinga. Tendo a oportunidade de envolver os dois municípios na conservação da unidade, além de seus aspectos históricos e peculiaridades para incrementar a visitação e o turismo na RPPN.

Breve histórico dos dois municípios:

Município de Crateús – CE

As terras dos Crateús, ao sul da Chapada de Ibiapaba e as margens do Rio Poti, eram habitadas pelos índios Karatis antes da chegada dos portugueses e bandeirantes no século XVII.

Durante muitos anos, Crateús foi chamado de Piranhas, pela abundância desse peixe que dominava seus rios e riachos. Com o sucesso da economia do ciclo da carne seca e charque, a vida piauiense de Piranhas des-tacou-se entre a Serra Grande e a de Ibiapaba.

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A vila Príncipe Imperial chegou a pertencer ao Piauí, e no ano de 1880, este foi anexado ao território do Ceará, como resultado da solução encontrada para o litígio territorial entre estes dois estados. O Ceará reco-nheceu a jurisdição do Piauí sobre o município de Amarração e em troca o Piauí ofereceu dois importantes municípios piauienses: Independência e Príncipe Imperial.

Com a expansão da Estrada de Ferro de Sobral-Camocim para o Piauí, em 1911, as terras de Crateús foram cortadas por esta ferrovia e, em 1912, duas estações de trem foram contruídas no município: Crateús e Suces-so e depois outras estações foram construídas: 1916, Poti; 1918, Ibiapaba; 1932, Oiticica; e Santa Terezinha.

Devido ao acidente geográfico cânion do rio Poti, que corta a Serra Grande, uma conexão natural entre o Ceará e o Piauí, o mercantilismo entre os dois estados e o crescimento ao redor da estrada de ferro, Crateús desenvolveu-se tanto urbano como comercialmente.

Possui a presença de diferentes grupos étnicos indígenas como os: Tabajara, Potyguara, Calabaças, Kariri e Tupinanbá.

Há várias versões para o topônimo Crateús, sendo:

• Origem Tupi – composta de Cará (batata) e Teú (lagarto): “batata de lagarto”

• Origem tapuia - provavelmente cariri, composta de KRA (seco) mais TÉ, formou KRATÉ (coisa ou lugar seco) e YÚ (muito freqüente): “lugar muito seco”;

• Origem Karati – Karetiús ou Karatis (índios que habitavam a região) mais Us (povo ou tribo): “índios da tribo KARATI”.

O município é constituído de 13 distritos: Crateús, Assis, Curral Velho, Ibiapaba, Irapuã, Lagoa das Pedras, Montenebo, Realejo, Santana, Oiticica, Poti, Santo Antônio e Tucuns. Assim permanecendo em divisão territo-rial datada de 2005.

Atualmente a população crateuense é de 72.812 pessoas, sendo que na zona urbana conta com 49.013 e na zona rural 23.799 pessoas.

A sede do município conta com uma estrutura de cidade polo, possuindo infraestrutura para atender a população dos sertões de Crateús quanto ao estudo das ciências já conseguindo sediar três universidades públicas, (uma estadual e duas federais). Além de outros polos particulares; sua economia tem como base a agricultura e pecuária.

O município conta com uma vasta gama de opções voltadas para o turismo ecológico, como o cânion do Rio Poti, RPPN Reserva Natural Serra das Almas, Furnas dos Caboclos, grutas e cavernas com um amplo sítio arqueológico pouco explorado entre os pontos históricos da cidade.

Na parte cultural, conta com artesanato de redes, chapéus-de-palha e bordados, que representam uma im-portante fonte de renda; vários eventos culturais, com festas regionais e teatro amador, conta com um teatro que recebe mensalmente peças com artistas regionais e de outras cidades.

Município de Buriti dos Montes – PI

O município de Buriti dos Montes possui uma área de 2.652 km² e localiza-se na microrregião de Campo Maior, situa-se na mesorregião Centro-Norte piauiense. Está a 62 km de Castelo do Piauí, a 250 km da capital Teresina, e a 57 km da cidade de Crateús no Estado do Ceará.

O clima do município é o tropical semiárido, sendo que o período seco tem duração de seis meses, atingin-do a sua temperatura máxima de 38°C e a mínima de 18°C.

Desmembrado do município de Castelo do Piauí, através da Lei nº 4.477 de 29/04/1992 possui como prin-cipais distritos os povoados de Cana-Brava, Jatobá Medonho, Tranqueiras, Nova Olinda, Morro do Jati, Concei-ção dos Marreiros, Santana, Assentamentos São Francisco, Vila Nova e Jurema.

O relevo do município é construído por montes e serras, dentre elas a serra da Pitombeira, das Cangalhas, Ibiapaba e etc. A hidrografia é composta por rios e riachos, barragens e pequenos açudes, os principais rios são: Poty, Macambira, Capivara, Cais; e os riachos: da Burra, Seco, da Taboa, dos Meios, da Ponta da Serra, que unidos formam as nascentes do rio Cais.

A base econômica do município é essencialmente agrícola, tendo como principais culturas: feijão, milho, mandioca, arroz, cana-de-açúcar e a carnaúba (com a produção do pó e produtos artesanais); a pecuária entra

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com a produção de queijo.

Em todo o território buritiense existem vestígios de antigas civilizações (sítios arqueológicos), em alguns deles pode-se observar gravuras e pinturas rupestres. Existe ainda muitas áreas de mata nativa como também os coqueirais que embelezam a sede do município, hoje, patrimônio municipal, cidades de pedra, mirantes, poços jorrantes, cachoeiras, sem falar no cânion do rio Poti que é de extasiante beleza, como também os cris-tais de rocha da localidade Santana e a zona mineralizada de opala comum, opala leitosa e opala refugo que são abundantes no município, também ouro e quartzito. 

O principal ponto turístico do município é o Cânion do Rio Poti, com seus paredões e trilhas, as cachoeiras com destaque a Cachoeira da Lembrada, as pedras redondas, os sítios arqueológicos, com suas inscrições rupestres. Na sede dos municípios é possível encontrar balneários, a Praça Pe. Expedito, o Auditório João do Monte no Complexo Administrativo, as barragens, o ASCOMB Clube e Buriti Palace Clube, as piscinas naturais do rio Macambira, a Pedra da Arara, as ruínas da agroindústria caraíba (em Nova Olinda), o Cânion do Curu-passé, etc.

2.1.9 Visitação

A RPPN Reserva Natural Serra das Almas conta com um total de cinco trilhas para visitação: trilhas das Arapucas, Macacos, Lajeiro, do Açude e Cajueiro, estando duas inseridas na fitofisionomia da Mata Seca, uma que abrange a Mata Seca e o Carrasco, uma inteiramente na Caatinga e uma entre a Mata Seca e a Caatinga. As trilhas variam de 1, 5 até 11 quilômetros de extensão (Figura 28 e 29).

Após a visita é disponibilizado aos turistas uma ficha de satisfação em referência ao percurso, condução e infraestrutura (em anexo 5.1.7.).

Figura 28 - Trilhas da RPPN Reserva Natural Serra das Almas

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Figura 29 - Portal de entrada para as três trilhas localizadas na região da Sede da RPPN: Trilha do Lajeiro, Trilha dos Macacos e Trilha das Arapucas.

As visitas para a RPPN são frequentes, sendo necessário agendamento prévio. Os moradores do entorno são isentos da taxa de entrada e serviços de hospedagem, alimentação e pernoite são oferecidos pela reserva, mediante pagamento de taxas acessíveis ao público. Os objetivos da visitação são: ecoturismo para visitantes de comunidades próximas e de outras regiões do país com o objetivo de conhecer a biodiversidade da Caa-tinga; educação ambiental, voltada para estudantes de escolas públicas e privadas, funcionários de empresas, associações e núcleos de pessoas com as quais o corpo técnico da RNSA vem desenvolvendo atividades de conscientização; pesquisa científica, através de convênios com instituições de ensino superior de graduação e pós-graduação permitem sua realização (Figura 30).

Figura 30- À esquerda, grupo de visitantes no percurso do Mirante dos Macacos; à direita, pesquisadores acompanhados pelo estagiário da RNSA

Funcionários e pesquisadores são os únicos que podem sair do limite das trilhas e adentrar a vegetação, para desenvolvimento de suas atividades. Pesquisas que alterem a estrutura física da floresta (vegetação, solos ou outros) não podem ser realizadas nas trilhas de acesso comum.

Todas as trilhas da reserva são sinalizadas e foram abertas visando o melhor percurso para o visitante e objetivando o menor impacto possível ao ambiente. As manutenções são realizadas periodicamente pela equipe dos guarda-parques para evitar que sejam cobertas pela vegetação e para retirada de árvores caídas (Figura 31).

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Figura 31 – Trilhas abertas e delimitadas para o fácil acesso

As trilhas contam com estruturas de suporte adequadas aos visitantes nos trechos onde há maior dificulda-de de locomoção e outras para descanso e informação. Essas estruturas incluem escadas e corrimãos, cordas, pontes, bancos e placas de sinalização e informativas (Figura 32 e 33).

Figura 32- Estruturas encontradas na trilha do Lajeiro. Foto: Gleidson Aranda

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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Figura 33- Placas informativas da Reserva Natural Serra das Almas

Cada trilha possui diferentes atrativos naturais encontrados ao longo do caminho (Tabela 02), de acordo com a distância percorrida, a fitofisionomias encontrada e o estado de conservação da vegetação, o que per-mite aos visitantes conhecer uma amostra de cada porção da reserva, bem como sua vegetação – algumas árvores apresentam placas com o nome popular e científico – e vivenciar práticas de educação ambiental diferentes em cada uma delas.

Tabela 02 – Lista dos atrativos de cada trilha de visitação da RNSA.

Trilha Distância (Km) Atrativos

Lajeiro 1,5Transição entre Mata Seca/Carrasco

Lajeiro

Arapucas 6,5 Mirante das Arapucas

Macacos 1,8

Mirante dos Macacos

Casa de Farinha

Riacho Melancias

Cascatinha

Açude 1Vegetação Caatinga

Açude

Cajueiro 11 Transição Mata Seca/Caatinga

A RPPN conta com um quadro próprio de condutores de trilhas capacitados em atender ao público em geral nas trilhas da reserva e para auxiliar os visitantes. Os condutores são responsáveis pela fiscalização do cumprimento das regras pelos visitantes e pelo repasse de informações sobre o bioma e sobre a RNSA. Grupos com mais de 25 pessoas são divididos em dois ou mais subgrupos, com finalidade de melhorar a condução e de causar menos impacto às trilhas.

Trilha do Lajeiro

A Trilha do Lajeiro é muito visitada devido a seu percurso leve e de fácil acesso. A trilha inicia-se próxima ao Centro de Interpretação Ambiental (CIA), na transição entre Mata Seca e Carrasco, na área onde se situam as placas informativas da reserva.

Logo no início a trilha cruza o riacho Melancias, ainda na Mata Seca, e prossegue em direção à fitofisiono-mia Carrasco. Sem subidas íngremes e com um caminho bem sinalizado, a trilha proporciona uma visão da área de ecótono entre as duas fisionomias, até adentrar-se inteiramente no Carrasco.

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Ao final da trilha e inserido completamente no Carrasco encontra-se o Lajeiro: um afloramento rochoso com-posto por rochas areníticas e pequenas ilhas de vegetação, onde se encontram cactáceas como o xique-xique e o mandacaru, e bromeliáceas como a macambira (Figura 34).

Figura 34 - Trilha do Lajeiro. Foto: Gleidson Aranda

Trilha das Arapucas

É a maior trilha da reserva. Recebe este nome devido ao topo do morro onde se encontra se assemelhar a uma arapuca, uma antiga armadilha utilizada por caçadores.

Apesar da distância (12 km com ida e volta) seu trajeto não apresenta grandes dificuldades, como subidas íngremes ou solo acidentado, porém requer preparo físico para que a caminhada seja concluída. O trajeto adentra inteiramente na fitofisionomia da Mata Seca e encontra estado avançado de regeneração da mata, sendo possível verificar árvores de grande porte e sub-bosque definido, e algumas espécies únicas da fitofi-sionomia como a Mama-cachorro (Vitex cymosa Bert. Ex Spreng.), Marfim (Agonandra brasiliensis) e Mirindiba (Buchenavia capitata).

No final da trilha, se encontra o local mais alto da reserva com 739 metros em relação ao nível do mar. O mirante das Arapucas(Figura 35) possui uma das mais belas vistas da reserva, onde se pode observar toda sua área localizada na depressão sertaneja e algumas das comunidades do seu entorno.

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Figura 35 - Tirlha das Arapucas com vista panorâmica da Serra de Ibiapaba e Sertão de Crateús. Foto: Gleidson Aranda

Trilha dos Macacos

É a trilha mais visitada da reserva e contém o maior número de atrativos turísticos. Possui esse nome devido a maior possibilidade de encontrar macacos-pregos em seu percurso, por duas principais razões: a trilha segue acompanhando o Riacho Melancias, o único curso d’água perene dentro da reserva pela quantidade de árvo-res frutíferas ao longo do riacho, que servem de alimento aos animais, citando como exemplo as mangueiras, plantadas no local anteriormente à instalação da RPPN.

Seu nível de dificuldade é considerado médio, devido ao terreno irregular, havendo subidas e descidas que requerem um pouco de cuidado dos visitantes. Em parte do percurso da trilha existe escadas e pontes (Figura 36). A vegetação típica encontrada durante o circuito é caracterizada como floresta decidual, popularmente conhecida como Mata Seca. As árvores de grande porte como: jatobá, cipaúba, espinheiro, aroeira, ingá e inharé, proporcionam sombra por quase toda trilha, possibilitando que esta seja feita em qualquer horário do dia.

Figura 36 – Trilha dos Macacos (área de vivência e casa de farinha)

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Em um determinado ponto, a trilha se bifurca, havendo continuidade para a Casa de Farinha ainda com ob-jetos da fabricação artesanal, localizada no final da trilha, ou podendo-se subir ao Mirante dos Macacos (Figura 37). A subida é íngreme e requer esforço físico, não sendo recomendada a pessoas com problemas cardíacos ou de articulações, principalmente no joelho.

Figura 37 - Mirante da Trilha dos Macacos: a esquerda estrutura física do mirante e a direita vista do vale do riacho Melancias e Sertão de Crateús. Fotos: Marcelo Delfino/Gleidson Aranda

No caminho para a casa de Farinha, o visitante encontrará a cascatinha, uma pequena queda d’água ro-deada por bancos de madeira, onde é possível descansar e refrescar-se antes de seguir o percurso (Figura 38).

Figura 38 – Cascatinha da Trilha dos Macacos

Trilha do Açude

É a menor trilha da reserva. Localiza-se na depressão sertaneja, próxima ao Centro Ecológico Samuel Johnson (CESJ), e encontra-se inteiramente na fitofisionomia da Caatinga stritu sensu (Figura 39).

Em seu percurso é possível observar as características da vegetação, bem diferentes da Mata Seca e Carras-co, contendo árvores de menor porte, com troncos esbranquiçados e bem espaçados entre si. Em seu trajeto encontra-se um açude, o qual fica cheio na época chuvosa.

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Figura 39 - Placa de informação sobre a caatinga arbórea.

Trilha do Cajueiro

Trilha que liga o CIA ao CESJ, em um trajeto através da encosta da Serra. É um caminho de alta dificuldade, pois a depender do sentido percorrido pelo visitante, este encontrará descidas ou subidas muito íngremes e extensas, além de percorrer uma grande distância.

Não é considerada a maior trilha, porém, devido a dificuldade (ida e volta) de ser realizada no mesmo dia, é recomendado que os visitantes a percorram levando mudas de roupas para se alojarem no extremo oposto da reserva.

A Trilha do Cajueiro e a Trilha das Arapucas têm os três primeiros quilômetros em comum, partindo do CIA. Após então, há uma bifurcação que leva para os diferentes caminhos.

É excelente para quem gosta de trilhas com maior nível de intensidade, além de permitir verificar a transição das fitofisionomias das áreas de altitude – Carrasco e Mata Seca – para a Caatinga stritu sensu.

Além das trilhas, a RPPN possui um grande potencial para o turismo de birdwatching, ou observação de aves. Foram registradas até o momento 231 espécies de aves na reserva, abrigando mais de 60% das espé-cies presentes no bioma, dentre estas, espécies endêmicas, como a Aratinga cactorum periquito-do-sertão, ameaçadas de extinção como a Podoaria dominicana galo-da-campina, o Picumnus limae pica-pau-anão-do-nordeste, e de grande beleza, como o Icterus jamacaii corrupião.

2.1.10 Pesquisa e Monitoramento

A RNSA possui um programa de pesquisa organizado para contribuir com o manejo mais eficiente da área e para gerar conhecimento científico sobre a RPPN e o bioma. O Plano de Manejo indica a elaboração de um plano de pesquisa e recomenda quatro linhas prioritárias, o que vem sendo executado e aprimorado de acor-do com as necessidades da RPPN, havendo atualmente normas que especificam estas linhas prioritárias de pesquisa e critérios para avaliação das propostas. O pesquisador interessado em realizar estudos na unidade deve encaminhar sua proposta em formulário específico, juntamente com documentação adicional, para ava-liação feita pela Associação Caatinga e, se for o caso, emissão da licença.

As linhas de pesquisa prioritárias para a reserva incluem: estudos que forneçam informações sobre a bio-logia e ecologia de espécies cinegéticas; estudos que auxiliem na compreensão dos padrões de dispersão e fisiologia das espécies vegetais; estudos com genética de população ou comunidades, que avaliem a riqueza genética das espécies; estudos de características do solo e estudos de biogeografia das espécies (Figura 40).

São também aceitos estudos de outras linhas de pesquisa, porém, sempre dentro de temas que produzam dados que auxiliem no manejo das espécies da reserva, sendo estas prioridades, ou que contribuam para o conhecimento científico do bioma da Caatinga.

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Exigências para as propostas de pesquisa:

• Os projetos propostos devem estar em conformidade com o Plano de Manejo, além de enquadrar-se nas linhas prioritárias de pesquisa para o bioma Caatinga.

• As propostas de pesquisas devem ser apresentadas em formulário cedido pela Associação Caatinga (em anexo 5.1.9.).• O formulário deve ser encaminhado em meio digital e cópia impressa, devidamente assinada e com rubrica

em todas as páginas, juntamente com os seguintes documentos:• Resumo da pesquisa e cronograma de coletas na RNSA;• Currículo do titular da pesquisa, preferencialmente nos moldes da Plataforma Lattes (CNPq);• Carta-ofício da instituição a qual o proponente representa, referendando a execução do referido projeto; • Cópia da licença de coleta de material biológico relacionado ao projeto, emitida pelos órgãos

competentes e com validade dentro do cronograma apresentado na proposta; e• Termo de Compromisso do Pesquisador, cedido pela Associação Caatinga, devidamente preenchido e

assinado (em anexo 5.1.10.).

As propostas que estiverem de acordo com as exigências de apresentação serão avaliadas pela comissão técnica da Associação Caatinga, e, quando necessário, será solicitado parecer de Colaboradores Voluntários especialistas nos temas correlatos ao projeto, avaliando seu enquadramento nos objetivos e prioridades do Programa de Pesquisa.

Os projetos serão avaliados quanto a:

• Adequação da proposta frente ao Plano de Manejo; • Adequação da proposta frente às Linhas Prioritárias de Pesquisa para o bioma Caatinga;• Relevância científica, exequibilidade da proposta e possibilidade de aplicação dos resultados do estudo para

o manejo da UC;• Experiência e capacidade técnico-científica das instituições proponentes e parceiras para conduzir

adequadamente as atividades de pesquisa propostas;• Manutenção da integridade do ecossistema, mesmo com a condução da pesquisa;• Uso das facilidades da reserva (infraestrutura e equipamentos), bem como o acompanhamento das

atividades dos pesquisadores pelo pessoal da UC.

Para que os pesquisadores possam realizar suas atividades na reserva, é assinado um termo de compromis-so onde este se compromete a cumprir as regras estabelecidas para controle e manutenção da propriedade, citar o local de realização da pesquisa, além de retornar a RNSA cópia do manuscrito produzido, indicando os resultados da pesquisa realizada.

Para a realização de coletas no interior na reserva, é necessária autorização do SISBIO, adquirida pelo pes-quisador com o órgão ambiental responsável, e carta de autorização do gestor da propriedade. A quantidade de material coletado tem que estar de acordo com o proposto na autorização.

A reserva dispõe de infraestrutura para abrigar os pesquisadores e seus equipamentos, energia elétrica para utilização dos mesmos, e equipamentos de campo que auxiliem na realização de atividades, como esca-das, cavadores, etc. (vide 2.1.14). Os equipamentos podem ser utilizados a qualquer momento pelos pesqui-sadores, desde que não estejam em uso para outras atividades da reserva, realizadas pelos guarda-parques.

Figura 40 - Atuação de alguns pesquisadores em campo na RNSA.

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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A RNSA possui atualmente nove pesquisas em execução, segue abaixo a tabela 3 com informações sobre essas pesquisas.

Tabela 03 – Relação das pesquisas realizadas atualmente na RNSA.

Pesquisador Instituição Pesquisa

Ellen Cristina Dantas Carvalho

UFC A arquitetura hidráulica explica a abundância e riqueza de lianas em riqueza regional?

Fabiann Lucena UFC Espécies sinópicas divergem funcionalmente?

Andréa Pereira Silveira UFC Estrutura e dinâmica populacional de Cordia oncocalyx allemão em uma área de caatinga sobre planossolo, ceará.

George Machado Tabatinga Filho

UFPE Rede de interações entre flores e abelhas em uma área de caatinga: atributos florais e dinâmica da oferta de recursos.

Alípio José de Souza Pacheco Filho

UFC Efeitos da Apis mellifera (Hymenoptera Apidae) sobre o efeito reprodutivo de Combretum leprosum e o comportamento de visitantes em uma área de Caatinga.

Bruno Sousa de Menezes UFC A competição é a força estruturadora de comunidades vegetais e tropicais sob o clima sazonal?

Francyregis Araújo Nunes

UFC Caracterização das guildas de formigas (Hymenoptera; Formicidae) em áreas de diferentes estágios sucessionais de savana decídua espinhosa no semiárido brasileiro.

Shirley Seixas Pereira da Silva

UFRJFIOCRUZ

Ectoparasitos dos quirópteros que ocorrem em área de Caatinga no município de Crateús – Ceará, Brasil

Flávio Araújo Pimentel Embrapa Plantas aromáticas da Caatinga

2.1.11 Ocorrência de Fogo

Desde a criação da RPPN Reserva Natural Serra das Almas, apenas um caso de incêndio florestal foi regis-trado no seu interior. Esse incêndio ocorreu em 2007 e destruiu 16 ha em uma área que estava em processo de recuperação, localizada nas proximidades do CESJ. Sabe-se da suscetibilidade do bioma para ocorrência de fogo, principalmente em períodos mais secos. Em decorrência disso, a reserva conta com aceiros feitos em 32 dos 38 quilômetros de perímetro da propriedade (Figura 41), além de patrulhas periódicas que verificam também possíveis focos de incêndio (em anexo 5.1.8. ficha de patrulha).

Figura 41 – Foto de um trecho do aceiro da RPPN

A reserva conta com uma brigada voluntária emergencial para casos de incêndio, tendo em vista que pe-quenos proprietários do entorno utilizam de queimadas para abrir pastos ou roças, gerando risco para a reser-va. Desse modo, são realizadas visitas constantes aos proprietários do entorno, no período das queimadas, a

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fim de estabelecer uma agenda para que seja feito o acompanhamento das queimadas pela brigada de incên-dio florestal. Com isso, a equipe da RPPN faz um levantamento anual das áreas com maior risco de incêndio florestal no entorno (Figura 42).

Figura 42 - Imagem de satélite da RNSA com indicações de áreas críticas quanto a propagação do fogo.

Além disso, a Associação Caatinga realiza capacitações constantes de Manejo Correto do Solo e Queimada Controlada, visando a diminuição dessas práticas pelos agricultores, ou senão o controle adequado para que sejam evitados acidentes. A equipe de guarda-parques da reserva foi capacitada através do programa PREV-FOGO (Figura 43), do IBAMA, e são aptos a atuar no combate a incêndios.

Figura 43 - Foto de integrantes do curso de combate a queimadas do PREVFOGO. (Foto: Acervo)

2.1.12 Atividades Desenvolvidas na RPPN

Na RPPN são desenvolvidas ações de educação ambiental, turismo, cursos, capacitações e pesquisa cien-tífica. As ações de educação ambiental são feitas através de visitas de escolas e grupos das comunidades do entorno (Figura 44), com objetivo de levar conhecimento aos turistas sobre a biodiversidade e importância

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do bioma, com a realização de dinâmicas de grupo e atividades recreativas. Geralmente os grupos percorrem uma ou mais trilhas, com o acompanhamento de um guia e estagiário ou guarda-parque, onde são repassadas as informações sobre a fauna e flora do local, e respondidas quaisquer dúvidas dos educandos.

Figura 44 – Alunos em visita a RNSA (Foto: Marcelo Delfino)

Grupos de estudantes dos níveis fundamentais, médio, técnico, graduação e pós-graduação, utilizam a RPPN como laboratório para aplicação da teoria abordada em sala de aula em práticas voltadas para conserva-ção, recuperação, manutenção e interação com o meio. Parcerias com instituições como a Universidade Fede-ral do Ceará e o Instituto Federal do Ceará, fazem com que o fluxo de estudantes com este fim seja constante.

As atividades turísticas tem como objetivo mostrar o bioma Caatinga para os visitantes, podendo estes percorrer trilhas no período diurno ou noturno, pernoitar na reserva e, quando possível, conhecer também as comunidades do seu entorno.

A RPPN conta com um centro de difusão ambiental – Centro Ecológico Samuel Johnson – onde são rea-lizados os cursos e capacitações, além de poderem ser realizadas palestras e outras apresentações. Já foram capacitados, entre outros, os guias que atuam na reserva na condução dos visitantes; agricultores que visam melhor manejo do solo nas atividades agrícolas e que utilizam queimadas como maneira de limpeza da área, para melhor controle desta técnica; a brigada de incêndio da reserva, e difusão de alternativas sustentáveis de convivência com o semiárido.

Demais atividades desenvolvidas na RNSA serão listadas em 2.1.14 Infraestrutura.

2.1.13 Sistema de Gestão e Pessoal

A gestão da RPPN Reserva Natural Serra das Almas é realizada pela equipe do Núcleo Operacional de Cra-teús da Associação Caatinga. Segue abaixo a lista dos cargos que atualmente gerem e executam atividades na RPPN:

01 Gerente da RNSA 10 Administrador de viveiros02 Assistente de gerência da RNSA 11 Encarregado de serviços operacionais da RNSA

e guarda-parque03 Assistente administrativo-financeiro 12 Guarda-parques (três)04 Coordenadora de tecnologias sustentáveis 13 Estagiário de conservação05 Coordenadora de restauração florestal 14 Estagiário de restauração06 Técnico em educação ambiental 15 Estagiário de produção de mudas07 Técnico em adequação ambiental e criação de

RPPN16 Estagiário de tecnologias sustentáveis

08 Agente de mobilização 17 Estagiário de férias/voluntário09 Supervisor de produção de mudas 18 Auxiliar de serviços gerais da RNSA

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2.1.14 Infraestrutura

A RPPN RNSA possui uma área de 6.146 hectares, com estruturas para atender os visitantes, tanto na região serrana (Sede – Centro de Interpretação Ambiental Professora Maria Angélica Figueiredo) quanto na depres-são sertaneja (CESJ – Centro Ecológico Samuel Johnson).

Em toda a reserva é realizado o gerenciamento de resíduos sólidos com a separação dos matérias reciclá-vel, que são encaminhados para o centro de triagem municipal e os orgânicos para compostagem.

A Comunicação entre a RNSA e o escritório em Crateús, é feita através de rádio e telefonia móvel. No siste-ma de radio há três antenas, uma no NUC, uma no CIA e uma no CESJ (Figura 45) e o sistema móvel é otimizado através da telefonia rural.

Figura 45 – Sistema de comunicação

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2.1.14.1 Sede – Centro de Interpretação Ambiental Profª. Maria Angélica Figueiredo

Todas estuturas do CIA utilizam energia elétrica proveniente do sistema de origem solar (Figura 46), abas-tecimento de água, a partir de coleta na nascente (Figura 47) do Riacho Melancias e sistema de tratamento de esgoto, através de fossa.

Figura 46 – Placas solares e baterias para armazenamento da energia oferecia no Espaço Caatinga.

Figura 47 – Ponto de coleta de água para abastecimento das estruturas do CIA.

O CIA conta com quatro estruturas: (1) Espaço Caatinga, (2) Centro de Intepretação Ambiental, (3) Aloja-mento dos guarda-parques e (4) Estação Meteorológica.

Estrutura (1): Conta com três estruturas, o Espaço Caatinga, local voltado para recepcionar os visitantes, com banners sobre o bioma e RNSA, loja com produtos da Associação Caatinga (livros, camisas, chapéus, entre outros), maquete da RNSA e entorno; casa de apoio da equipe técnica; e escritório (Figura 48).

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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Figura 48 – Visão geral do Espaço Caatinga; banner informativo e maquetes; loja; e escritório.

Esturura (2): Voltada ao acomodamento dos visitantes, possui alojamento com três quartos com beliches, com capacidade total de vinte pessoas, além de suporte para redes; cozinha; refeitório; e banheiros (masculino e feminino). Possui também um laboratório com estrutura para atender as demandas dos pesquisadores, uti-lizado também para prática de educação ambiental (Figura 49), e uma área utilizada para palestras e reuniões.

Figura 49 – Alojamento; cozinha e refeitório; laboratório.

Como citado em 2.1.10 o CIA posssui três trilhas abertas a visitação, área de vivência (Figura 50), o Recanto da Fauna e um Jardins de Plantas Medicinais (Figura 51).

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Figura 50- Visão geral do CIA; Portais das trilhas; e Área de Vivência.

Figura 51- Recanto da Fauna; Réplica de Leopardus pardalis e Puma concolor; Jardim de Plantas Medicinais.

Estutura (3): Voltada para acomodação dos guarda-parques. Conta com uma horta mantida pelo os mes-mos, a fim de atender a demanda do refeitório (Figura 52), um pouco afastada da estrutura, está a compostei-ra, que recebe o material orgânico proveniente das demais, gerando assim o adubo orgânico usado na horta.

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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Figura 52- Horta orgânica (destaque tomates cereja); composteira.

Estrutura (4) (Figura 53) com os seguintes instrumentos: anerômetro, higrômetro, pluviógrafo, pluviômetro e termômetro. Os dados coletados pela estação meteorológica são enviados para um painel localizado no CIA e repassados diariamente para uma planilha.

Figura 53- Estação Meteorológica (em detalhe painel de dados).

2.1.14.2 CESJ – Centro Ecológico Samuel Johnson

A estrutura do CESJ utiliza energia elétrica proveniente do SIN – sistema integrado nacional, abastecimento de água a partir de poço artesiano e sistema de tratamento de esgoto, através de fossa.

O CESJ conta com seis estruturas: (1) CDA, (2) Garagem, (3) Viveiros de Mudas, (4) Composteiras, (5) Estação Meteorológica e (5) Meliponário.

Estrutura (1) Voltada para recepção e acomodamento dos visitantes, possui alojamento com três quartos com capacidade total para vinte pessoas, além deste, contém cozinha, refeitório, e banheiros (masculino e fe-minino). Possui também um laboratório, um escritório e um auditório com cadeiras universitárias capacidade para 30 pessoas, onde são realizados cursos e capacitações (Figura 54).

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Figura 54 – Auditório para cursos e capacitações.

Estrutura (2) Conta com duas partes, uma usada para guardar os veículos da RNSA (ver item 2.1.16), e a outra como depósito de ferramentas e materiais.

Estrutura (3) Voltada para produção de espécies nativas florestais com capacidade para produzir 180.000 mudas anualmente, no total de cinco viveiros, sendo estes: duas casas de vegetação, uma estufa e duas áreas de condicionamento a sol pleno. Além destes conta com um reservatório de cinco mil litros, para atender as necessidade da produção (Figura 55).

Figura 55- Viveiro de produção de mudas (estrutura geral, área interna da casa de vegetação, semeadura, área de sol pleno)

Estrutura (4) Existem duas composteiras, uma com maior capacidade (Figura 56), usada em capacitações e para produção de adubo orgânico, insumo utilizado na produção de mudas e outra para de menor capacida-de apenas para atender outras necessidades da estrutura (como jardins).

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Figura 56 - Composteira (detalhe adubo orgânico)

Estrutura (5) com os seguintes instrumentos: anemômetro, higrômetro, pluviógrafo, pluviômetro e termô-metro. Os dados coletados pela estação meteorológica são enviados para um painel localizado no CESJ e repassados diariamente para uma planilha (anexo 5.1.11).

Estrutura (6) o meliponário é uma estrutura destinada a criação de abelhas melíponas da espécie jandaíra (Melipona subnitida), espécie nativa da Caatinga localmente ameaçada de extinção. O meliponário possui ca-pacidade total para 260 colméias do tipo racional nordestina com produção prevista de 300 litros anualmente. A estrutura (Figura 57) foi construída no local de uma antiga casa que estava em ruína e ocupa uma área total de aproximadamente 64 m², em formato octagonal (anexo 5.1.12.). A implantação do meliponário no CESJ visa o aumento da população nativa da M. subnitida visto que a medida que há o aumento da população interna nos ninhos estas tentem a migrar procurando novos pontos para povoamento e início de uma nova comunidade. Essa iniciativa é parte do Programa de Tecnologias Sustentáveis que há cinco anos vem sendo desenvolvido pela Associação Caatinga nas comunidades do entorno da RNSA. O meliponário servirá tanto na contribuição da sustentabilidade da RNSA com a comercialização do mel como servirá também para as capacitações e apoio as atividades de meliponicultura nas áreas do entorno da RNSA.

Figura 57- Meliponário

2.1.15 Equipamentos e Serviços

A equipe da reserva se comunica através da utilização de rádio portátil com o escritório da Associação

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Caatinga, o Centro Ecológico e a Sede da reserva possuem bases de rádio fixas para comunicação interna. O sinal de rádio é transmitido através de duas antenas, uma localizada na Sede da reserva e outra no escritório da Associação.

O Centro de Interpretação Ambiental possui televisão, DVD player, notebook, geladeira e liquidificador, to-das alimentadas por energia solar. As tomadas têm voltagem de 110 v. Existe também um depósito com todas as ferramentas necessárias para a manutenção da reserva, como serrotes, serras-elétricas, escadas, martelos, chaves de todos os tamanhos, luvas de couro, enxadas e cavadores. Há também uma maca para transporte de pessoas acidentadas em alguma trilha e kit de primeiros socorros.

Há também perneiras, botas de borracha e lanternas que podem ser utilizadas tanto pelos funcionários quanto pelos visitantes.

O Centro Ecológico possui também televisão, DVD player, computador, geladeira e liquidificador. Além disso, possui um retroprojetor utilizado nos cursos e palestras, além do mesmo estoque de ferramentas e kit primeiros socorros citados para a sede.

2.2 Caracterização do entorno

Diante das ameaças de degradação ambiental na área do entorno, especialmente as áreas que correspon-dem à depressão sertaneja do sertão de Crateús, onde está concentrada a maior parte da população residente do entorno da RNSA, a Associação Caatinga realizou um diagnóstico dessas áreas a partir da delimitação de quatro microbacias hidrográficas. O diagnóstico foi finalizado em junho de 2012 e resultou também na ela-boração de um zoneamento geoambiental dessas microbacias, na qual inclui também a área da RNSA (Figura 58). O restante da área do entorno que não pertence as quatro microbacias compreende a porção oeste, onde estão situados os territórios indígenas (Aldeia Nazaro e Aldeia Mambira) e uma comunidade do município de Buriti dos Montes chamada Jatobá Medonho, já no Estado do Piauí.

Figura 58 - Cartograma da área das 4 microbacias do entorno da RNSA

O município de Crateús situado na região Centro-Oeste do Estado do Ceará, de acordo com o censo 2010, é composto pelo distrito sede Crateús e mais os distritos de Assis, Curral Velho, Ibiapaba, Irapuá, Lagoa das Pedras, Montenebo, Oiticica, Poti, Realejo, Santana, Santo Antônio, Tucuns. Desses distritos, apenas os de Ibia-paba, Poti, Realejo e Tucuns tem valor expressivo na área das quatro microbacias analisadas no presente es-tudo (Figura 59).

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Figura 59: Cartograma dos distritos pertencentes à área das microbacias: Riacho Melancias, Riacho São Francisco, Riacho das Cabaças e Riacho do Padre, município de Crateús. (Fonte: Elaborado a partir de IBGE, 2010.)

Para a análise da população e definição do diagnóstico socioeconômico das microbacias, os setores censi-tários do IBGE foram definidos como a menor unidade espacial a ser interpretada, já que os dados disponíveis dos censos de 2000 e 2010 possibilitam tal análise, além disso, com os trabalhos de campo tornou-se possível a aferição e coleta de dados que auxiliaram na interpretação dos mesmos.

2.2.1 População e dinâmica demográfica

Os primeiros aspectos relacionados aos condicionantes sociais e econômicos de um determinado local, estão associados a população total, sua situação em relação aos domicílios, e os dados sobre sua evolução urbana e/ou rural. Dessa maneira, ao analisar os dados dos anos 2000 e 2010 (censos), houve notadamente a redução da população total de todos os distritos, pertencentes a área de estudo, o que significou em termos absolutos uma redução de 956 habitantes para o ano de 2010 (Tabela 04).

Tabela 04 - Moradores ou residentes em domicílios particulares permanentes na área das quatro microbacias, município de Crateús (Fonte: IBGE, 2010)

Moradores ou residentes em domicílios particulares permanentes

Distritos Censo 2000 Censo 2010

Ibiapaba 1.167 789

Poti 1.599 1.411

Realejo 1.576 1.385

Tucuns 2.153 1.954

Total 6.495 5.539

A população total da área de estudo é de 5.339 habitantes esse valor corresponde a 7,6% da população do município Crateús, que é de 72.812 habitantes. Dentre os distritos analisados, Tucuns (Figura 60) apresenta o maior número de moradores – 1.954, sendo que 524 residem no núcleo urbano do distrito e 362 em povoado1, ou seja, torna-se evidente a concentração desses moradores agregando cerca de 45,4% da população total re-sidente no distrito. Já o distrito que apresenta o menor número de habitantes é o de Ibiapaba, isso se justifica devido o núcleo urbano do município não pertencer à área das microbacias analisadas.

1 Definido pelo IBGE (2010) como aglomerado rural isolado.

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Figura 60: Núcleo urbano do distrito de Tucuns (Fonte: Atividade de campo, 2012)

Fato importante a ser destacado é que Tucuns não difere da realidade da população residente nos demais distritos, pois, Poti e Realejo também apresentam a concentração de moradores2 em seus núcleos urbanos e povoados. Quanto à média de moradores por domicílios presentes nos setores censitários pertencentes aos distritos analisados está aproximadamente em 3,4 moradores por domicílio (tabela 05), número semelhante a média do município de Crateús de 3,3 moradores por domicílio.

Tabela 05 - Média do número de moradores por domicílios particulares permanentes nos distritos de Ibiapaba, Poti, Realejo e Tucuns (Fonte: IBGE, 2010)

Total de domicílios e média do número de moradores por domicílios particulares permanentes

Distritos Total de domicílios Média de moradores

Ibiapaba 236 3,3

Poti 411 3,5

Realejo 406 3,4

Tucuns 567 3,4

Para os censos analisados (2000 e 2010), a polução rural sempre se mostrou superior a dos núcleos urba-nos dos distritos. Para compreender melhor esta questão, em 2000 a polução total urbana era de 1.981 e rural somava 4.514 habitantes, mostrando uma superioridade de 2.553 habitantes da zona rural em comparação aos núcleos urbanos. Já em 2010, essa diferença era de 2.123 habitantes no meio urbano e 3.410 habitantes no meio rural, isto é, uma diferença de 1.287 habitantes, ou seja, a população encontrada no meio rural ainda é maior do que aquela do meio urbano. Entretanto, vale destacar o aumento da população total dos núcleos urbanos e a redução da população total do meio rural (Tabelas 06 e 07).

Tabela 06 - Evolução da população residente nos núcleos urbanos e povoados dos distritos de Poti, Realejo e Tucuns3, segundo o IBGE – 2000 e 2010 (Fonte: IBGE, 2010).

Pessoas residentes em núcleo urbano e povoado

Distritos 2000 2010

Poti 377 351

Realejo 761 886

Tucuns 843 886

Total 1.981 2.123

2 Nos setores censitários classificados como núcleos urbanos e povoados, existe a concentração de habitantes, isso devido a área desses setores ser bastante inferior em termos espaciais quando relacionada a área dos setores rurais.3 O distrito de Ibiapaba não foi incluído devido seu núcleo urbano não fazer parte da área das quatro microbacias analisadas.

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Tabela 07 - Evolução da população residente na zona rural dos distritos de Ibiapaba, Poti, Realejo e Tucuns, segundo o IBGE – 2000 e 2010 (Fonte: IBGE, 2010).

Pessoas residentes na zona rural

Distritos 2000 2010

Ibiapaba 1.167 783

Poti 1.222 1060

Realejo 815 499

Tucuns 1.310 1.068

Total 4.514 3.410

No quadro econômico o setor primário se destaca como atividade econômica ligada à agricultura e pe-cuária. De acordo com censo agropecuário de 2006, para o município de Crateús, haviam por proprietário individual 128.483 hectares de área de estabelecimentos agropecuários, já em cooperativas esse número não ultrapassaria 55 hectares.

A utilização das terras, em lavouras temporárias atingiu cerca de 27.658 hectares, já a utilização das terras em lavouras permanentes apresenta apenas 14,7% em relação as temporárias com 4.088 hectares plantados. Vale ressaltar a área plantada com forrageiras para o corte chega a 18.359 hectares e as áreas de pastagens atingem 4.699 hectares. Quanto à produção de alimentos no município de Crateús, a quantidade de banana produzida ultrapassou as 40 toneladas. O feijão de diversos tipos atingiu 34.489 toneladas, a mandioca apenas 396 toneladas, já o milho ultrapassou 100.500 toneladas.

Nos distritos de Ibiapaba, Poti, Realejo e Tucuns, a produção agrícola segue as características gerais do município. Predomina a agricultura de subsistência, com os cultivos de milho, feijão, banana, e mandioca. Fato comum também é a retirada de lenha para o uso doméstico ou construção de cerca. Na pecuária, a criação de bovinos e suínos foram atividades corriqueiras identificadas nos distritos em campo (Figura 61).

Figura 61 - Deslocamento do gado nos distritos de Ibiapaba e Tucuns respectivamente.

A mandioca ganha destaque na área estudada devido a quantidade de casas de farinha identificadas em campo, de acordo com os moradores do distrito de Tucuns, grande parte da produção é voltada para a venda no centro de Crateús, na forma beneficiada de farinha e goma (Figura 62). Vale ressaltar que essas atividades da maneira como estão sendo executadas atualmente são os principais tensores no que diz respeito à retirada da vegetação, culminando no comprometimento da qualidade dos recursos naturais.

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Figura 62 - Casa de farinha no distrito de Tucuns. Mulheres preparam a mandioca para a fabricação da farinha d’água e goma.

De acordo com IPECE/IBGE, em 2010 a população com rendimento domiciliar per capita mensal de até R$ 70,00, ultrapassa os 16.000 habitantes, sendo 8.201 de áreas urbanas e 8.222 no meio rural, classificando-a como extremamente pobre. Já o valor do rendimento nominal médio mensal das pessoas responsáveis por domicílios particulares permanentes (com e sem rendimento) dos distritos de Ibiapaba, Poti, Realejo e Tucuns está em R$ 339,45 (Tabela 08).

Tabela 08 - Valor do rendimento nominal médio mensal das pessoas responsáveis por domicílios particulares permanentes (com e sem rendimento) dos distritos de Ibiapaba, Poti, Realejo e Tucuns (Fonte: IBGE, 2010).

Valor do rendimento nominal médio mensal (em reais)

Distritos 2010

Ibiapaba 307,91

Poti 360,92

Realejo 363,03

Tucuns 325,97

Total (média): 339,45

2.2.2 Saneamento Básico: abastecimento de água e esgotamento sanitário

O abastecimento de água e o esgotamento sanitário são os principais elementos do saneamento bá-sico, sendo fundamental já que a qualidade dos serviços está diretamente ligada a água, que por sua vez é elemento decisivo para a qualidade de vida da população local e para os visitantes (principalmente ligado ao turismo e comércio).

Na área das microbacias, ao analisar os dados do IBGE (2010), o atendimento do serviço de abastecimento de água e esgotamento sanitário encontra-se deficiente, fato constatado em trabalhos de campo, quando visitadas residências sem banheiro/sanitário e com abastecimento de água precário.

As tabelas 09 e 10 demonstram e detalham respectivamente o universo dos domicílios por forma de abaste-cimento de água e por existência de sanitário ou banheiro e tipo de esgotamento sanitário, a partir dos setores censitários dos distritos de Ibiapaba, Poti, Realejo e Tucuns. A forma de abastecimento de por rede geral é de 691 domicílios não ultrapassando os 739 domicílios que declararam outra forma de abastecimento de água.

Os domicílios classificados com outra forma de abastecimento de água (não são abastecidos pelo meio con-vencional público) apresentam o consumo de água de origem duvidosa ou de má qualidade, potencializando o surgimento de doenças de veiculação hídrica em meio ao comprometimento da quantidade, qualidade e acesso a água.

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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Tabela 09: Domicílios particulares permanentes, por forma de abastecimento de água, segundo os Distritos de Ibiapaba, Poti, Realejo e Tucuns (Fonte: IBGE, 2010).

Distritos

Domicílios particulares permanentes

Forma de abastecimento de água

Rede geral Poço ou nascente Cisterna Outra

Ibiapaba 95 10 0 130

Poti 96 25 7 283

Realejo 257 140 0 9

Tucuns 243 6 1 317

Total 691 181 8 739

No distrito de Ibiapaba, durante trabalho de campo, um morador de uma comunidade indígena Tabajara relatou as dificuldades em conseguir água, para isso é necessário se deslocar até o povoado mais próximo e contar com a boa vontade de moradores que possuem cacimbas ou cisternas (Figura 63).

Figura 63 - Morador de área indígena Tabajara se desloca para conseguir água.

O tipo de esgotamento mais comum na área das microbacias é a fossa rudimentar. Na perspectiva ambien-tal, esses dados são preocupantes, pois há possibilidade de contaminação das águas superficiais e subterrâ-neas, dos solos e a proliferação de doenças por veiculação hídrica. Assim, vale ressaltar que Cólera, Disenteria amebiana, Leptospirose, Verminoses (tendo a água como um estágio do ciclo) são doenças normalmente ocasionadas por águas contaminadas, fato agravado em razão de deficiências no saneamento básico.

Tabela 10 - Domicílios particulares permanentes, por existência de banheiro ou sanitário e tipo de esgotamento sanitário, segundo os Distritos de Ibiapaba, Poti, Realejo e Tucuns (Fonte: IBGE, 2010).

Domicílios particulares permanentes

Distritos Total

Possuem banheiro ou sanitárioNão possuem banheiro nem

sanitário

Rede geral de esgoto ou

pluvialFossa séptica Fossa

rudimentar Vala Rio ou lago Outro escoadouro

Ibiapaba 100 1 0 96 2 0 1 135

Poti 288 1 6 258 2 0 21 123

Realejo 352 0 0 334 4 0 14 54

Tucuns 479 3 1 388 2 0 85 88

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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Fato alarmante a ser destacado é a quantidade de domicílios por distrito que não tinham banheiro ou sa-nitário, são 24,6% dos domicílios nessas condições. Para visualizar melhor a ausência de banheiro ou sanitário por setor censitário pode ser observado a figura 64.

Figura 64 - Número de domicílios com ausência de banheiros por setores censitários nos distritos de Ibiapaba, Poti, Realejo e Tucuns (Fonte: Elaborado a partir de IBGE, 2010).

Já os distritos que se destacam em relação ao número elevado de domicílios sem banheiro ou sanitário são Ibiapaba e Poti respectivamente, com 135 e 123 domicílios sem banheiro ou sanitário, a fossa rudimentar é o tipo de esgotamento sanitário mais utilizado pelos moradores, tais afirmações podem ser observadas nas figuras 65 e 66.

Figura 65 - Domicílios particulares permanentes dos setores censitários do distrito de Ibiapaba, por tipo de esgotamento sanitário e ausência de banheiro ou sanitário.

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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Figura 66 - Domicílios particulares permanentes dos setores censitários do distrito de Poti, por tipo de esgotamento sanitário e ausência de banheiro ou sanitário.

O desenvolvimento e aplicação de políticas públicas efetivas que possibilitem condições de acesso e uso ao esgotamento sanitário menos agressivo, de modo que não comprometa os recursos naturais, principal-mente os hídricos, sejam superficiais ou subterrâneos, e assim reduzir os riscos de epidemias decorrentes de problemas sanitários.

2.2.3 Resíduos Sólidos

Para complementar a análise que trata do saneamento básico (abastecimento de água, esgotamento e resíduos sólidos) e que tem reflexos diretos na saúde e qualidade de vida das pessoas avalia-se o caso dos resíduos sólidos.

Dessa forma é alarmante constatar que praticamente não existe coleta por serviço de limpeza pública, correspondem a 1.612 domicílios, ou seja, 99,5%, não são atendidos por serviço de limpeza ou caçamba de serviços de limpeza, pois, o enterro na própria propriedade, o lançamento de lixo em corpos hídricos, jogado em terreno baldio ou logradouro, outros destinos não especificados e, sobretudo, o lixo que é queimado na propriedade são os fatos mais corriqueiros na área das microbacias analisadas (Figura 67 e Tabela 11).

Figura 67 - Domicílios particulares permanentes por destino do lixo (Fonte: IBGE,2010)

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O distrito de Realejo se destaca em números, quando 387 de seus domicílios tem como destino para seu lixo a queima na propriedade, isto significa que 95,3% de todo o resíduo sólido produzido nesse distrito não é coletado pelo serviço público de limpeza, o que não difere da realidade encontrada nos demais distritos. Ibiapaba tem 53,19% como destino para seu lixo a queima na propriedade e 46,81% jogado em terreno baldio ou logradouro.

Tabela 11 - Domicílios particulares permanentes por destino do lixo segundo os setores censitários dos Distritos de Ibiapaba, Poti, Realejo e Tucuns (Fonte: IBGE, 2010).

Domicílios particulares permanentes

Distritos

Coletado Não coletado

Total Serviço de limpeza

Caçamba de serviço de

limpeza

Queimado na propriedade

Enterrado na propriedade

Jogado em terreno

baldio ou logadouro

Jogado em rio, lago ou

açudeOutro destino

Ibiapaba 0 0 0 125 2 108 0 0

Poti 0 0 0 376 1 33 1 0

Reajelo 0 0 0 387 4 15 0 0

Tucuns 7 7 0 404 4 151 1 0

Total 7 7 0 1292 11 307 2 0

Já em termos relativos, os índices mais elevados de lixo que é jogado em terreno baldio ou logradouro ocorre em Tucuns, onde 62,41% dos resíduos sólidos são descartados sem a devida coleta.

No núcleo urbano do distrito de Tucuns, de acordo com os moradores havia um antigo lixão próximo das nascentes que se localizam nos arredores da comunidade, esse lixo foi retirado após mutirão da comunidade com auxilio das ONG’s. Entretanto, foi registrado em campo inúmeros pontos com lixo no trajeto para nascen-tes, comprometendo a qualidade e a quantidade de água, como observado na figura 68.

Figura 68 - Lixo encontrado no trajeto para as nascentes, na comunidade de Tucuns, observar a direção da água indicado pela seta vermelha, o lixo torna-se um obstáculo no trajeto.

Nessa perspectiva, a população que ocupa a área das quatro microbacias analisadas apresenta defi-ciência no acesso a emprego, saúde, educação, acesso a água e saneamento básico além de níveis de renda bastante reduzidos. A principal atividade econômica é a agricultura de subsistência, sendo o assistencialismo do governo federal (através de programas sociais – bolsa família e aposentadoria) uma das principais fontes

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de renda de muitas famílias, que por sua vez são compostas por jovens e adultos analfabetos ou semianalfa-betos. Dessa maneira há uma tendência a potencializar a exploração dos recursos naturais na região, princi-palmente no uso indevido da terra, da água em nascentes, para diferentes cultivos (pastagem, feijão, milho e mandioca), obtenção da lenha utilizada para carvão, estacas.

2.2.4. Aspectos Geológico-Geomorfológicos

2.2.4.1 Geologia

Em termos estruturais, a região da Reserva Natural Serra das Almas e seu entorno, abrange terrenos que correspondem às Províncias Borborema e Parnaíba, como proposto por Almeida (1977). De acordo com CPRM (2011), as principais unidades litoestratigráficas da região da RNSA e seu entorno, são: PROVÍNCIA BORBORE-MA - PRÉ-CAMBRIANO – PALEOPROTEROZÓICO

Complexo Canindé do Ceará

Terrenos formados no pré-cambriano, na era paleoproterozóica e com idades que vão de 2,3 até 1,8 bilhões de anos, apresentam as seguintes unidades:

cncmc – localizados na área estudada de forma pontual a nordeste, próximo ao rio Poti, e na porção cen-tro-sul, próximo à localidade de Cachoeira, caracterizam-se por metacalcários que ocorrem na forma de lentes encaixadas em migmatitos e gnaisses paraderivados, constituídos por mármores puros e mármores calcio-silicáticos, e constituem o principal recurso mineral da folha.

PRcnc – esta unidade apresenta extensão significativa na área estudada, permeando terrenos próximo às drenagens naturais, a leste e centro-sul da área, quando se encaixa em terrenos do Grupo Serra Grande, na localidade de Tucuns. Expõem biotita-gnaisses e migmatitos predominantemente paraderivados, compostos de quartzo, feldspatos, biotita, e localmente silimanita e granada. Os migmatitos em geral apresentam leu-cossomas (neosomas) brancos quartzo-feldspáticos e paleossomas cinzas, de composição granodiorítica com biotita como mineral máfico dominante. Apresentam predomínio de textura estromática e também com leu-cossomas dobrados. A ocorrência de ortognaisses é rara, e são geralmente constituídos de hornblenda-biotita gnaisses, localmente migmatizados.

cncq – unidade pouco expressiva na área, apresenta moscovita-silimanita quartzito, de coloração bege a levemente vermelha, geralmente bastante cisalhados, tendo a moscovita e silimanita como indicadores da direção do estiramento mineral.

NEOPROTEROZÓICO

Complexo Tamboril Santa Quitéria

Terrenos formados no pré-cambriano, na era neoproterozóica e com idades que vão de 640 até 600 mi-lhões de anos, apresentam as seguintes unidades:

Diatexito - NP3tsd – unidade de relevante extensão espacial na área estudada, encaixando-se ao grupo Serra Grande de norte a sul, de forma contínua até a localidade Salgado, e ao sul. Domínio granítico-migmatí-tico, com predomínio de fases anatéticas (diatexitos e granitóides) com local participação de metatexitos. Em geral, os diatexitos e granitóides são de composição granítica, apresentam-se deformados ou não, coloração rosa e com biotita como mineral máfico dominante. Os diatexitos apresentam estruturas de fluxo (”schlieren”) e localmente com enclave de bt-gnaisse (”schöllen”). Os granitóides são equigranulares ou porfiríticos e ge-ralmente ocorrem como “sheets” graníticos. Os metatexitos apresentam geralmente estrutura estromática ou dobrada, neossomas de coloração rosa (granítico), e paleossoma de composição tonalítica-granodiorítica.

Metatonalito Xavier - NP3δtsx – unidade que permeia terrenos localizados a norte e a leste da área, de forma isolada, mas com relevânte extensão espacial. Metadioritos a metatonalitos, de granulação média, equi-granular, geralmente deformados, com foliação de baixo ângulo, e as vezes com lineação dominante sobre foliação (tectonito-L). Apresentam hornblenda como principal mineral máfico e localmente enclaves magmá-ticos microgranulares. Têm composição metaluminosa, calcio-alcalina de baixo a médio-K.

Gnaisses cálcio-silicáticos - PRsmgcs - Unidade composta principalmente por gnaisses cálcio-silicáticos e

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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hornblenda - gnaisses. Localiza-se isoladamente em terrenos nos arredores da Lagoa Seca, a sudeste da área estudada. Os gnaisses calcio-silicáticos são predominantes na unidade, apresentam coloração cinza a verde, tonalidades escuras, texturas variadas, e localmente com estruturas que lembram feições vulcânicas apresen-tam composição quartzo-feldspática, com anfibólios, epidoto, e localmente granada, escapolita e clinopiro-xênio. Os hornblenda-gnaisses apresentam coloração cinza, granulação fina a média, com/ou sem granada e fusão parcial incipiente. Estes são de composição diorítica, com quartzo, plagioclásio, K-feldspato e hornblen-da, e localmente com feições que sugerem protólito ígneo.

Granito Serra do Picote - εγsp – Núcleo isodado a nordeste da área estudada e ao sul do município de Ibia-paba. Apresenta biotita-granito sem deformação, coloração cinza, de granulação fina a média, equigranular, biotita como mineral máfico dominante, ocorrem na forma de “stocks” e diques, e comumente apresentam es-truturas nodulares de turmalina. Composição granítica a granodiorítica, peraluminosa, calcio-alcalina de alto-K.

PROVÍNCIA PARNAÍBA - PALEOZÓICO – SILURIANO

Esta unidade apresenta terrenos formados na era Paleozóica, durante o período Siluriano, com idades que vão de 435 a 410 milhões de anos. Na área estudada, apresenta a seguinte unidade:

GRUPO SERRA GRANDE (Fm Jaicós) – Ssgj – Permeia a porção oeste da área estudada, na direção norte sul. A Formação Jaicós é constituída predominantemente de arenitos, com coloração bege, granulometria média à grossa e arenitos conglomeráticos. Apresentam estratificações cruzadas de médio e grande porte, tabulares e acanaladas, e níveis de granulos na base. (ambiente fluvio-eólico).

DEPÓSITOS CENOZÓICOS

Esta unidade detém terrenos relativamente recentes, que vão do final do período Terciário até o presente (Quaternário), perfazendo idades que vão de dois milhões de anos até o período atual. São representados pelas seguintes unidades:

Tércio-Quaternário - N23c – Esta unidade abrange isoladamente terrenos localizados a leste e ao sul da área estudada, caracterizando depósitos coluviais. Coberturas sedimentares inconsolidadas, constituídas de sedimentos argilo-arenosos e arenosos, com fragmentos de quartzo e localmente seixos de arenito.

Quaternário - Q2a – Bordejando as principais drenagens naturais da área estudada caracterizam-se por coberturas aluvionares constituidas de areias quartzosas, feldspáticas, conglomeráticas, cascalhos e argila.

2.2.4.2. Geomorfologia

No que diz respeito ao quadro geomorfológico da RNSA e seu entorno, Souza et al. (2000) estabeleceram uma subcompartimentação regional do relevo e feições de modelado associados no Ceará, com base nos domínios estruturais (SOUZA, 1988). Assim, inclui-se em relação a RNSA e seu entorno as porções do embasa-mento cristalino, trecho da bacia sedimentar do Parnaíba e as áreas de deposição recente.

Quanto a uma classificação das formas de relevo da RNSA e seu entorno, estabeleceu-se a partir de Souza (2000) os seguintes compartimentos geomorfológicos: Planícies de Acumulação aluvial e Terraços.

As planícies aluviais e os terraços são formas peculiares de acumulação oriundas da ação fluvial que, no caso específico da RNSA e seu entorno, constituem-se em áreas de diferenciação geoambiental no que diz respeito ao ambiente dos Sertões de Crateús, por apresentarem condições mais favoráveis de solos e de po-tencial hídrico. Acompanham longitudinalmente os coletores de drenagem – Rio Poti, riachos Melancias, Ca-baças, do Padre e S. Francisco. A maior parte das nascentes dos riachos que drenam a área, todos afluentes do rio Poti, localizam-se na encosta escarpada da Serra Grande, a oeste da área estudada, drenando em direção aos terrenos do embasamento cristalino da depressão sertaneja, nos Sertões de Crateús. Normalmente, apre-sentam controle estrutural imposto aos canais pelos falhamentos geotectônicos.

De acordo com Ceará (2007), a várzea é a área típica da planície aluvial, sendo ocupada periodicamen-te pelas águas em anos de chuvas mais intensas, o que efetiva a ocupação do leito maior nas inundações. Apresenta, em função das características peculiares de solo e água, mata ciliar de carnaúba, cuja fisionomia contrasta com a vegetação caducifólia e de baixo porte dos interflúvios sertanejos. Encerrando solos aluviais areno-argilosos, a área recoberta por vegetação de galeria (carnaubais) se constitui em ambiente propício a agricultura de várzea, muito comum nos sertões.

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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Há ainda no entorno da RNSA, mais precisamente na porção sudeste da área, a ocorrência de pequenas planícies lacustres e áreas de acumulação inundáveis, que bordejam pequenas lagoas e açudes precariamente incorporados a rede de drenagem.

Tabuleiros interiores

Localizados a leste e ao sul da área estudada (localidade de Tapuio), os tabuleiros interiores são constituí-dos por sedimentos coluviais que se distribuem ao longo da base dos relevos escarpados da Serra Grande, formando depósitos de tálus com fanglomerados subatuais. Esses sedimentos tem origem vinculada a condi-ções de morfogênese mecânica imposta por climas mais secos. Normalmente, apresentam condições pedoló-gicas e hidrológicas favoráveis a agricultura.

Planalto da Ibiapaba/Serra Grande

Abrange toda a porção ocidental da RNSA e seu entorno, nos limites com o estado do Piauí, dispondo-se de norte a sul através de encostas escarpadas contínuas, relativamente abruptas e ligeiramente festonadas pelos sistemas de rios obsequentes, promovendo a erosão remontante, e em seguida deságuam em rios sub-sequentes na depressão periférica e na sequencia, no rio Poti. Representando o rebordo oriental da bacia sedimentar do Parnaíba, é formado por terrenos do Grupo Serra Grande.

Apresenta relevo dissimétrico, onde o “front” escarpado da cuesta contrasta com o reverso de caimento topográfico suave em direção oeste. O “front” detém declividade que varia de 25 a 30%, evidenciando forte ruptura topográfica com a depressão periférica que coalesce com a depressão dos Sertões de Crateús. O des-nível entre a cimeira do planalto e as depressões é de aproximadamente 400 metros (700 m no topo da escar-pa e 300 m na depressão periférica). A espessura da cornija arenítica varia de aproximadamente 5 a 10 metros.

Em função da diferenciação topográfica, são recorrentes os efeitos das chuvas orográficas nos processos morfodinâmicos, o que ocasiona relativa morfogênese química, mesmo sabendo-se que nessas porções da Serra Grande há um maior escasseamento das chuvas se comparado com suas porções mais setentrionais.

Depressões Sertanejas - Sertões ocidentais e dos pés de serras do Planalto da Ibiapaba – Sertões de Crateús

Na área da RNSA e em seu entorno, as depressões sertanejas correspondem ao que Souza (2000) e Ceará (2009) consideram como Sertões de Crateús (subcompartimentação dos Sertões ocidentais e dos pés de ser-ras do Planalto da Ibiapaba), área localizada a leste da Serra Grande. Apresenta altimetrias que variam entre 270 metros (nas proximidades da planície aluvial do rio Poti no município de Ibiapaba), até 380 metros (na base da escarpa da Serra Grande, na localidade de Queimadas), e dispõe-se na periferia do planalto escarpado da Serra Grande, compondo topografia planas a levemente onduladas.

Caracterizando-se por litologias Pré-cambrianas dos Complexos Ceará e Tamboril-Santa Quitéria, a área es-tudada detém morfologia que se explicita através de pedimentos, os quais se inclinam desde a base da cuesta da Serra Grande, com caimento topográfico no sentido dos fundos de vale do rio Poti e de seus afluentes.

Durante a maior parte do ano, as áreas dos Sertões de Crateús são submetidas as deficiências hídricas, responsáveis pela dispersão das caatingas, que apresentam diversificações quanto aos padrões fisionômicos e composições florísticas.

De acordo com Souza (2000), as principais características dos Sertões de Crateús são:

acentuadas variações litológicas; truncamento indistinto das litologias por processos de morfogênese mecânica; revestimento generalizado por caatingas; pequena espessura do manto de alteração das rochas; ocorrên-cia frequente de pavimentos e paleopavimentos; deficiente capacidade de erosão linear face à intermitência sazonal dos cursos d’água, justifican-do a pequena amplitude altimétrica entre os interflúvios e os fundos de vales; ocorrência dispersa de “inselbergs” e cristas residuais nos setores de maior resistência litológica; desenvolvimento de áreas de acumulação inundáveis à jusante das rampas pedimentadas (SOUZA, 2000, p. 33 e 34).

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Por fim, pode-se visualizar as feições do relevo da RNSA no mapa geomorfológico em anexo 5.1.13 Além disso, na tabela 12, é possível fazer a correlação entre as unidades geológico-geomorfológicas da Reserva Natural Serra das Almas e entorno.

Tabela 12 - Unidades geológico-geomorfológicas da Reserva Natural Serra das Almas e entorno (Fonte: organizado por Almeida (2012), com base em CPRM (2011), Souza (2000) e Almeida (2005))

UNIDADE CRONOLITOESTRATIGRÁFICA UNIDADE GEOMORFOLÓGICA FEIÇÕES GEOMORFOLÓGICAS

Depósitos Cenozóicos Quaternário – Coberturas Aluviais

Planícies de Acumulação Aluvial e Terraços

Planícies Aluviais do Rio Poti e afluentes

Tércio-Quaternário / Cobeturas Coluviais

Tabuleiros Interiores Depósitos coluviais da localidade de Tapuio

Província Parnaíba / Paleozóico – Siluriano

Grupo Serra Grande (Formação Jaicós)

Planalto da Ibiapaba/Serra Grande

Serra das Almas (Boqueirão, Quebradas, Encostas Escarpadas)

Província Borborema / Pré-Cambriano -

Complexos Canindé do Ceará e Tamboril Santa Quitéria

Depressões Sertanejas - Sertões Ocidentais e dos pés de serras do planalto da Ibiapaba

Sertões de Crateús (Sertão da Ibiapaba, Pedimentos de Potí ou Sertão de Potí, Piemonte)

2.2.5 Condições Hidroclimáticas

2.2.5.1 Clima

O município de Crateús, onde está situada a RNSA, cujas condições climáticas imperantes se caracterizam por totais pluviométricos menores (se comparado com o litoral cearense) e forte irregularidade espaciotem-poral das chuvas.

Nesse contexto, o clima de Crateús se apresenta relativamente homogêneo, havendo algumas variações no regime pluviométrico, ligada à presença de áreas de altitudes elevadas a oeste do município (Planalto da Ibiapaba - Serra Grande) com ocorrência de chuvas orográficas e temperaturas relativamente mais baixas.

Entretanto, apesar de o município de Crateús apresentar médias anuais de chuvas entorno de 720 mm, em função das características ambientais anteriormente descritas, esta área possui graves problemas de deficiên-cias hídricas, motivadas por elevados coeficientes térmicos, ampliando a evaporação e a evapotranspiração. Somente nos setores restritos da Serra Grande, ocorrem médias térmicas mais baixas e um período chuvoso mais longo, caracterizando esses ambientes como encraves de paisagens de exceção no contexto do Estado e de Crateús, e especificamente da RNSA.

A precipitação na sede do município apresenta o quadrimestre mais chuvoso de janeiro a abril, tendo em torno de 82,45% da precipitação média anual (Figura 69).

Quanto aos parâmetros do balanço hídrico, segundo Thornthwaite (tabela 13), para uma capacidade de armazenamento de 100 mm, verifica-se as seguintes características sobre o clima de Crateús:

• em toda a área, a precipitação pluvial anual apresenta-se pouco acima de 720 mm;• a temperatura média é relativamente estável ao longo do ano, variando entre 24,8 °C e 27,6 °C (Figura 70)• o clima da área é considerado como semiárido, segundo o índice de aridez (índice de aridez = 46,5);• durante o ano, apenas o bimestre março-abril apresenta excedente hídrico, sendo o balanço do mês de

fevereiro nulo, enquanto nos nove meses restantes, ocorre deficiência hídrica (Figura 71).

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Figura 69 - Média anual da precipitação pluviométrica no município de Crateús, CE. (Fonte: FUNCEME, 2012)

Figura 70 - Distribuição da temperatura média anual do município de Crateús, CE (Fonte: FUNCEME, 2012).

Tabela 13 - Balanço hídrico, segundo Thornthwaite & Mather (1955). Crateús, CE (Fonte: FUNCEME, 2012, com base em Costa (2006)).

T °C = Temperatura; P = Precipitação; ETO = Evapotranspiração de referência; ARM = Armazenamento de água pelo solo; ALT = Variação do armazenamento; ER = Estimativa de evapotranspiração real; EXC = Excedente hídrico; DEF =

Deficiência hídrica.

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Figura 71 - Distribuição anual do excedente (valores positivos) e da deficiência hídrica (valores negativos) segundo o Balanço Hídrico de Thornthwaite e Mather (Fonte: FUNCEME, 2012).

Tendo-se em vista todas essas características climáticas para Crateús, verifica-se que, embora o município apresente totais pluviométricos em torno de 720 mm, o período de deficiência hídrica (nove meses) é muito longo, impondo à região sérias limitações, por exemplo, para a agricultura e outras atividades que requerem grande contingente hídrico. A deficiência hídrica detectada é causada, principalmente, por elevada evapo-transpiração anual (Figura 72), altas temperaturas e forte insolação total durante o ano (FUNCEME, 2012).

Na figura 73, notam-se as médias anuais de precipitação do ano de 1974 até 2011. Analisando-se esse grá-fico, pode-se notar a forte variação de precipitação nas últimas décadas, o que confirma a forte irregularidade climática na região, destacando-se os anos de forte seca em 1985 e 1993.

Em termos de classificação climática, segundo o método de Köppen, Crateús possui clima muito quente semiárido (classificação climática de Köppen-Geiger: BSw´h´).

Figura 72 - Valores médios de precipitação, evapotranspiração potencial e evapotranspiração real em Crateús. (Fonte: FUNCEME, 2012)

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Figura 73 - Médias anuais de precipitação em Crateús (Fonte: FUNCEME (2012))

No que diz respeito ao vento predominante na área, há velocidades maiores no segundo semestre (ve-locidade média de 3 m/s a 4 m/s), enquanto que no primeiro semestre, principalmente antes do início dos períodos chuvosos abundantes, reduzem-se bastante. Na estação climatológica Crateús, a velocidade média predominante é de 3,5 m/s no segundo semestre, e de 2 m/s no primeiro semestre (DNOCS, 2010).

Já a umidade relativa do ar, assim como boa parte dos parâmetros climáticos, está fortemente relacionada com a pluviosidade: no período chuvoso, concentrado no 1º semestre do ano, a umidade quase sempre é maior que 80%; já no período de estiagem, cujo momento crítico se dá nos meses de setembro a novembro, a umidade reduz-se drasticamente para a faixa de 50%. A estação climatológica de Crateús apresenta valores médios de umidade flutuando entre 80% e 45% para os dois períodos.

No que tange ao clima regional, uma de suas principais características tem a ver com os elevados índices de insolação e a pequena variabilidade ao longo do ano e mesmo em termos espaciais na região. Na bacia do rio Poti a insolação média é de 2.613 horas/ano (DNOCS, 2010).

2.2.5.2 Hidrografia

No que tange à hidrologia de superfície da RNSA e seu entrono, esta é formada pelas microbacias dos ria-chos Melancias, Cabaças, do Padre e São Francisco, integrantes da bacia do rio Poti.

Os principais corpos d’água superficiais encontrados no município, segundo as bacias hidrográficas, são: rio Poti, os riachos Melancias, Cabaças, do Padre e São Francisco, açude Realejo, açude Curralinho, lagoas Seca, do Mato, das Melancias, Pelada e da Moça.

O padrão de drenagem no município varia de acordo com as características geológicas locais, sendo den-drítica aberta na porção onde predominam terrenos do embasamento cristalino (leste das microbacias), pas-sando a paralela onde predominam terrenos sedimentares do Planalto da Ibiapaba, onde se localizam as nas-centes dos riachos Melancias, Cabaças, do Padre e São Francisco.

Os regimes fluviais são típicos das regiões tropicais semiáridas. De acordo com as condições climáticas regionais e as características hidrológicas peculiares, os regimes fluviais locais são influenciados pelas defi-ciências de alimentação pluvial, por isso mesmo sendo classificados como de natureza intermitente sazonal. No entanto, aquelas nascentes, que se localizam em sua maioria nas escarpas da cuesta da Serra Grande, cuja conservação ambiental se encontram em melhores condições, contribuem de forma considerável para a ma-nutenção da drenagem nas microbacias.

Os açudes e as lagoas encravadas nos terrenos da Depressão Sertaneja complementam os recursos hídri-cos superficiais na área da RNSA e seu entorno, totalizando 61 corpos hídricos. O maior reservatório hídrico localizado na área estudada corresponde ao açude Realejo (pertencente a sub-bacia do riacho dos Cavalos) se configura em importante fonte hídrica para a agricultura irrigada na porção sul da área, sendo aproveitado, de acordo com a Sec. de Recursos Hídrico do Estado do Ceará – SRH, para irrigação por pivô central (02 na área esquerda da bacia hidráulica do açude e 04 na área direita do reservatório). O açude Realejo, construído em 1980, apresenta em seu entorno área irrigada de 400 ha e tem capacidade de 31.551.120 m³.

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Com previsão para início das obras no final de 2012, será construído pelo governo do Estado do Ceará o Açude Fronteiras, que se encontra na área do entorno da RNSA. De acordo com DNOCS (2010), a Barragem Fronteiras, projetada para ser construída sobre o rio Poti, a cerca de 27 quilômetros a jusante da sede do mu-nicípio de Crateús, é uma importante obra de acumulação de água para a região noroeste do estado do Ceará.

O principal objetivo da barragem é o abastecimento das populações residentes em sua área de influência. No entanto, há objetivos secundários quais sejam: regularização de vazões, irrigação, piscicultura, uso indus-trial dentre outros. Assim, a finalidade da Barragem Fronteiras é o abastecimento de cerca de 40% da popu-lação urbana de Crateús, cujos níveis de atendimento são insatisfatórios desde 2005, 20% da população rural do município de Crateús e para irrigação de 9.400 ha de solos nos Projetos Realejo, Graças (ampliação), Platô do Poti- Áreas 1 e 2, Novo Oriente e Poti-Sul.

A área selecionada para a Barragem Fronteiras (figura 74) situa-se na microrregião do Sertão de Crateús, a cerca de 27 km a oeste da cidade de Crateús e 2 km a leste do distrito de Ibiapaba. O local barrável no rio Poti tem as seguintes coordenadas N 9.441.950 e E 288.700, e a área da bacia hidráulica (cota 264,0 m) será de 8.103,60 ha, detendo um volume acumulado (cota 264,0 m) de 488,18 hm³.

Entretanto, deve-se pesar a relação custo-benefício desta obra diante dos inúmeros impactos ambientais previstos no Estudo de Impacto Ambiental – EIA (DNOCS, 2010). Impactos tais como desapropriações, impac-tos econômicos, impactos culturais, queda da qualidade de serviços básicos (saúde e educação), impactos na qualidade do ar, da água e do solo, prejuízos à infraestrutura (estradas e ferrovias), desmatamento, intempe-rismo, processos erosivos, assoreamento, modificação do relevo, modificação na rede de drenagem, impactos nos parâmetros atmosféricos, perda de biodiversidade, devem ser levados em conta quanto às medidas miti-gadoras do projeto.

Vale ressaltar que os impactos da barragem serão sentidos em todas as microbacias que fazem parte da RNSA, principalmente nas áreas de encontros dos riachos Melancias, Cabaças, do Padre e São Francisco com o rio Poti, na parte norte da área estudada.

Figura 74 - Localização da Barragem Fronteiras (Fonte: extraído de DNOCS (2010))

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2.2.6 Características dos Solos

A classificação das condições pedológicas da RNSA e seu entorno aqui expressa, está baseada em (IDACE, 1988).

PE18 – Argissolo vermelho-amarelo Tb eutrófico, A fraco e moderado textura média/argilosa fase floresta/caatinga relevo plano e suave ondulado.

PE20 – Argissolo vermelho-amarelo Tb eutrófico, A fraco e moderado textura média/argilosa fase caatinga hiperxerófila relevo plano e suave ondulado.

PE62 – associação de Argissolo vermelho-amarelo Tb textura média/argilosa relevo suave ondulado + La-tossolo vermelho-escuro argissólico textura arenosa/média relevo plano e suave ondulado, ambos eutróficos, A fraco e moderado fase caatinga hipoxerófila.

PE96 - associação de Argissolo vermelho-amarelo Tb, A moderado textura média/argilosa com cascalho, relevo forte ondulado e montanhoso + Neossolos litólicos A fraco textura arenosa e média fase pedregosa e rochosa substrato quartzito, gnaisse e arenito, relevo forte ondulado montanhoso e escarpado ambos eutró-ficos fase floresta/caatinga + afloramentos rochosos.

LAa9 – Latossolo amarelo álico, A fraco textura média/média fase floresta/caatinga relevo plano a suave ondulado.

LAa14 – associação de Latossolo amarelo álico textura arenosa/média + Neossolo quartzarênicos distrófi-cos ambos A fraco fase floresta/caatinga relevo plano.

NC3 – Luvissolo, A moderado textura média/argilosa fase com calhaus caatinga hiperxerófila relevo suave ondulado e ondulado.

Ae19 – associação complexa de: Neossolos flúvicos distróficos textura indiscriminada + Planossolos solódi-cos Ta textura arenosa/média + Planossolos solodizados textura arenosa/média e argilosa, todos A fraco fase floresta ciliar de carnaúbae caatinga hiperxerófila de várzea, relevo plano.

Re48 – Neossolos litólicos eutróficos, A fraco, textura arenosa e média cascalhenta fase pedregosa e rochosa, caatinga hiperxerófila, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato gnaisse e granito + aflora-mentos rochosos.

PLS16 – associação de: Planossolos solódicos Ta textura arenosa/média e argilosa + Planossolos solódicos textura arenosa cascalhenta/argilosa + Neossolos litólicos eutróficos textura afrenosa fase pedregosa e rocho-sa, relevo suave ondulado, substrato gnaisse e granito, todos A fraco, fase caatinga hiperxerófila.

2.2.7 Uso da Terra

O entendimento do uso atual e do revestimento do solo é de suma importância dada a necessidade de se dispor de informações sobre os padrões atuais das atividades e sistemas de exploração realizados na área de influência e entorno da RNSA, e que interferem relevantemente nos processos e condições ambientais locais. A real noção das características da tipologia, distribuição espacial, composição e dimensão do atual da terra, permite uma orientação mais precisa quando da realização de planos de manejo da área em questão.

De acordo com o mapeamento de Vegetação / Uso do Solo (em anexo 5.1.14.), realizado mediante inter-pretação de imagens orbitais, o estabelecimento da legenda temática, a definição das escalas geográfica e cartográfica e dos trabalhos de campo, definiu-se as seguintes tipologias e sub-tipologias de cobertura e uso da terra na área da RNSA e entorno: agricultura e áreas degradadas (solo exposto).

As características das atividades agrícolas no entorno da RNSA são influenciadas pelas condições geoam-bientais (relevo, estrutura, microclima, solos, condições hidrográficas e hidrológicas).

Nos espaços compreendidos pela Depressão Sertaneja, no Sertão de Crateús, há o predomínio de ativi-dades agrícolas tradicionais para subsistência, tais como culturas consorciadas de milho, feijão e mandioca, associadas à cultura comercial do algodão, com a presença da pecuária extensiva e intensiva.

Nas planícies aluviais, por sua maior disponibilidade de água, apresenta um uso da terra extremamente intenso, com a presença de agricultura de subsistência e comercial, além de pecuária extensiva. Há ainda a fru-ticultura como atividade que se beneficia das melhores condições de solos e água das planícies, cultivando-se a banana, o mamão entre outros.

Nas áreas escarpadas e no topo da Serra Grande, principalmente associadas a proximidade das principais nascentes de rios da região, encontra-se além da agricultura tradicional (milho, feijão, mandioca, esta com

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beneficiamento em casas de farinha), nota-se a presença da cultura da cana e café, com concorrência da fru-ticultura e da horticultura.

No que diz respeito a pecuária, é comum encontrar a cobertura do solo com pastagens naturais usadas na alimentação do gado.

Nas áreas antropizadas do entorno da RNSA, a degradação dos solos tem sido um dos problemas mais graves, se levado em conta o prejuízo ecológico causado por esse processo, tais como a perda de horizontes pedológicos e do assoreamento de recursos hídricos.

O desmatamento para abertura de novas áreas de cultivo e pecuária, o uso de técnicas agrícolas rudimen-tares (queimadas, roçados, brocas), a pecuária extensiva (pisoteio do gado e a forma peculiar de alimentação dos caprinos), o desmatamento para exploração da madeira como alternativa não renovável de matriz ener-gética domiciliar, são as atividades responsáveis pela degradação dos solos, detectadas nas imagens orbitais e nos trabalhos de campo.

2.2.8 Caracterização Ambiental (meio biótico)

A caracterização dos fatores bióticos do diagnóstico geoambiental (fauna e flora), foram realizadas a partir de referências bibliográficas e de trabalhos de campo executados para aferição e levantamento de novos dados (Figura 75).

Neste contexto, foi realizada uma incursão a campo em fevereiro de 2012, com base nos resultados pre-liminares obtidos através do cálculo de Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) de imagens orbitais do satélite ALOS. Como resultado desta técnica foi possível identificar possíveis fragmentos florestais ainda conservados e a fitofisoinomia vegetal na área das 4 (quatro microbacias) no entorno da RNSA.

As informações coletadas nesta etapa de campo foram compiladas e culminaram no mapa de vegetação contemplando os diversos estágios de conservação, bem como em um mapa de biodiversidade da fauna.

Figura 75 - Cartograma com os pontos visitados durante as atividades de campo.

2.2.8.1 Caracterização da Vegetação das 04 Microbacias do Entorno da RNSA

A cobertura vegetal da região semiárida do Nordeste brasileiro é conhecida por Caatinga, que é um tipo singular de vegetação xerófila tropical exclusiva desta região.

A Caatinga apresenta no geral uma vegetação tortuosa, espinhenta, de folhas pequenas e caducas, consti-tuídas por arbustos e árvores, muitas delas de pequeno porte. Esta vegetação apresenta alta resistência à seca, em virtude de possuírem diferentes mecanismos anatômicos e fisiológicos que reduzem os efeitos adversos

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do clima semiárido. Diferencia-se das demais vegetações de áreas secas da Terra, por apresentar mata aberta, esgalhada, de altura irregular, verdejante e viçosa no período chuvoso e desfolhada, de aspecto seco e cin-zento na estação seca anual e por ocasião das secas que assolam periodicamente a região (MENDES, 1997).

As fitofisionomias, ou Unidade Fitoecológicas, do Bioma Caatinga, que irão caracterizar o porte da vege-tação, a frequência e a sua composição florística, são influenciadas principalmente pela fertilidade e a dis-ponibilidade hídrica dos solos. As alterações mais acentuadas dos padrões fisionômicos e florísticos da sua vegetação ocorrem em áreas de enclaves de matas das serras úmidas e pelas matas ciliares que recobrem as margens aluviais dos rios intermitentes e perenes que cortam o semiárido.

Para a realização deste estudo foi adotada a classificação das Unidades Fitoecológicas da FUNCEME, 1997, de autoria de Maria Angélica Figueiredo, onde são destacadas as seguintes Unidades:

• Caatinga Arbórea (CA) – Caracteriza-se por apresentar, em relação à Caatinga Arbustiva, indivíduos que ostentam um maior porte, maior espessura dos caules e uma menor densidade dos indivíduos;

• Mata Seca (MS) - Floresta Subcaducifólia Tropical Pluvial (mata seca). Recobre os níveis inferiores e vertentes de sotavento dos setores mais elevados das serras. Trata-se de uma cobertura vegetal de porte arbóreo, intermediária entre a floresta úmida e a Caatinga que circunda esses relevos. A maioria das espécies apresenta queda de folhas no período da estiagem.

Já os estágios de regeneração foram resultado de uma coleta de amostras para padronização da análise de satélite (interpretação mista), uma vez que uma caatinga arbustiva aberta, em uma primeira avaliação, pode-ria ser considerada uma caatinga arbustiva densa degradada, por exemplo.

Tomando por base as visitas in loco, os levantamentos bibliográficos e o histórico de utilização da área de estudo, foi diagnosticado que as Unidades Fitoecológicas são muito mais resultados da alteração feita pelo homem do que pela própria formação natural. Desta forma adotou-se a nomenclatura de classificação das Unidades Fitoecológicas como sendo os estágios de regeneração em que se encontram atualmente a vegeta-ção local, e não de conservação, como descrito na publicação da FUNCEME, 1997.

Um exemplo claro desta mudança na caracterização das unidades é citada por Andrade&Oliveira (2004) que define a Caatinga Arbórea como uma Unidade Fitoecológica de árvores altas, chegando a 20 m; caules retilíneos e um sub-bosque constituído de árvores menores e subarbustos efêmeros, encontrada na depres-são periférica sob rochas cristalinas, contudo, segundo o mesmo autor, a degradação da Caatinga Arbórea determina o aparecimento de outra unidade, a Caatinga Arbustiva. Tal degradação, acelerada pelo homem, tem origem nos processos globais de degradação ambiental, favorecidos pelos períodos críticos de semiari-dez acentuada.

A caracterização da vegetação das quatro microbacias em estudo, descrita nos resultados deste diagnósti-co, foi feita com base na tabela 14, a seguir:

Com base nos resultados preliminares obtidos através do cálculo de Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) de imagens orbitais do satélite ALOS, onde foram identificados os possíveis fragmentos florestais conservados no entorno da RNSA e as informações coletadas e compiladas na etapa de campo, foi elaborado o Mapa de Vegetação / Uso do Solo que contempla os diversos graus de regeneração da vegetação, diagnosticados na área de estudo.

A figura 76 foi registrada na Microbacia do Riacho São Francisco, próxima a Localidade denominada Bo-queirão. A imagem mostra uma região antropizada, com uma vegetação herbácea e alguns indivíduos de porte arbóreo e arbustivo espaçados, caracterizando, de acordo com o Mapa de Vegetação / Uso do Solo uma

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Área Antropizada e com indícios de Caatinga Arbórea em Estágio Inicial de Regeneração.

Figura 76 - Área Antropizada e com indícios de Caatinga Arbórea em Estágio Inicial de Regeneração. Foto: Samuel Portela

A figura 77 foi registrada na Microbacia do Riacho São Francisco, entre as localidades denominadas Bo-queirão e Poti. A imagem mostra uma espécie invasora (Cryptostegia grandiflora), muito comum em áreas antropizada e em estágio inicial de regeneração, neste local foi observada uma predominância de vegetação herbácea e alguns indivíduos de porte arbustivo e arbóreo espaçados, onde deveria está presente uma vege-tação ciliar dominada por indivíduos de porte arbóreo. De acordo com o Mapa de Vegetação / Uso do Solo, este local apresenta-se como uma Área Antropizada com indícios de Caatinga Arbórea em Estágio Inicial de Regeneração.

Figura 77 - Área Antropizada e com indícios de Caatinga Arbórea em Estágio Inicial de Regeneração. Foto: Samuel Portela

A figura 78 foi registrada na Microbacia do Riacho do Padre, entre as localidades denominadas Poti e Caba-ças. A imagem mostra uma área utilizada para a agricultura, no período chuvoso, e para o pasto, no período pós-colheita. Pode-se observar uma predominância de vegetação herbácea, locais com solo exposto e alguns indivíduos de porte arbóreo espaçados mais ao fundo da imagem. De acordo com o Mapa de Vegetação/Uso do Solo, este local apresenta-se como uma Área de Agricultura, Antropizada e com manchas de Caatinga Ar-bórea em Estágio Inicial de Regeneração ao fundo da imagem.

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Figura 78 - Área de Agricultura, Antropizada e com manchas de Caatinga Arbórea em Estágio Inicial de Regeneração ao fundo da imagem. Foto: Samuel Portela

A figura 79 foi registrada na Microbacia do Riacho do Padre, no limite com a área da RNSA distante aproxi-madamente 1,5Km do Centro Ecológico. A imagem mostra uma área utilizada para a agricultura, no período chuvoso, e para o pasto, no período pós-colheita. Pode-se observar uma predominância de vegetação her-bácea caracterizando, de acordo com o Mapa de Vegetação / Uso do Solo, uma Área de Agricultura, que se estende até o limite da RNSA, onde se inicia uma vegetação de Caatinga Arbórea em Estágio Intermediário / Avançado de Regeneração.

Figura 79 - Área de Agricultura próxima ao Limite da RNSA. Foto: Samuel Portela

A figura 80 foi registrada na Microbacia do Riacho das Cabaças, no limite com a área de RNSA (lado direito da imagem), próximo ao Assentamento Padre Alfredinho. A imagem mostra uma vegetação densa, bem diver-sificada em espécies, com indivíduos de porte arbustivo e arbóreo. A vegetação apresenta esta fisionomia nos dois lados da estrada e por uma grande extensão, caracterizando, de acordo com o Mapa de Vegetação / Uso do Solo, uma Área de Caatinga Arbórea em Estágio Intermediário de Regeneração com algumas pequenas manchas de Caatinga Arbórea em Estágio Avançado de Regeneração no interior da RNSA.

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Figura 80 - Limite da RNSA - Área de Caatinga Arbórea em Estágio Intermediário de Regeneração. Foto: Samuel Portela

A figura 81 foi registrada na Microbacia do Riacho São Francisco, próxima a localidade denominada Poti e do Riacho Boqueirão. A imagem mostra uma área utilizada para a agricultura, no período chuvoso, e para o pasto, no período pós-colheita. Pode-se observar uma predominância de vegetação arbustiva baixa prove-niente do rebroto da flora original, locais com solo exposto e sem a presença de indivíduos de porte arbóreo. Esta fitofisionomia estende-se por uma grande área nesta região caracterizando, de acordo com o Mapa de Vegetação / Uso do Solo, uma Área de Agricultura, Antropizada.

Figura 81 - Área de Agricultura, Antropizada. Foto: Samuel Portela.

A figura 82 foi registrada na Microbacia do Riacho São Francisco, próxima ao limite da área de estudo, local cortado pela ferrovia que segue de Crateús para a localidade de Ibiapaba. A imagem mostra uma vegetação densa, bem diversificada em espécies, com indivíduos em sua maioria de porte arbustivo e alguns de porte arbóreo com baixo dossel (aproximadamente 5m) caracterizando, de acordo com o Mapa de Vegetação / Uso do Solo, uma Área de Caatinga Arbórea em Estágio Inicial de Regeneração com algumas pequenas manchas de Caatinga Arbórea em Estágio Intermediário de Regeneração mais ao Sul, descendo em direção à ferrovia.

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Figura 82 - Área de Caatinga Arbórea em Estágio Inicial / Intermediário de Regeneração. Foto: Samuel Portela

A figura 83 foi registrada no limite Leste da Microbacia do Riacho São Francisco, próxima à ferrovia que segue de Crateús para a localidade de Ibiapaba. A imagem mostra uma vegetação densa, bem diversificada em espécies, com indivíduos de porte arbustivo e boa quantidade de indivíduos de porte arbóreo (detalhe da foto: Embiratanha - Pseudobombax marginatum e Angico – Anadenanthera colubrina), com dossel superior a 6m caracterizando, de acordo com o Mapa de Vegetação / Uso do Solo, uma Área de Caatinga Arbórea em Es-tágio Intermediário de Regeneração com algumas pequenas manchas de Caatinga Arbórea em Estágio Inicial de regeneração mais a Oeste, onde encontrará a fitofisionomia descrita na imagem anterior.

Figura 83 - Área de Caatinga Arbórea em Estágio Intermediário de Regeneração. Detalhe acima embiratanha (Pseudobombax marginatum) e angico (Anadenanthera colubrina). Foto: Samuel Portela

A figura 84 foi registrada na Microbacia do Riacho São Francisco, próxima a localidade de queimadas. A imagem mostra uma área utilizada para a agricultura (lado esquerdo da imagem), no período chuvoso com uma mata ciliar ao fundo, e uma vegetação arbustiva com altura baixa, uniforme e pouca variação de espécies (lado direito da imagem). Ao fundo pode-se observar a RNSA. De acordo com o Mapa de Vegetação / Uso do Solo, esta área apresenta-se como sendo uma Área de Agricultura, circundada por Áreas Antropizadas e com manchas de Caatinga Arbórea em Estágio Inicial de Regeneração ao fundo da imagem, onde se conecta com a mata ciliar do Riacho São Francisco.

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Figura 84 - Área de Agricultura, circundada por Áreas Antropizadas e com manchas de Caatinga Arbórea em Estágio Inicial de Regeneração. Foto: Samuel Portela

A figura 85 foi registrada na Microbacia do Riacho São Francisco, próxima a localidade de queimadas. A imagem mostra uma área abandonada, antes utilizada para a agricultura, com uma vegetação dominada pelo Bamburral (Hyptis suaveolens) e alguns indivíduos de Jurema Preta (Mimosa tenuiflora) dispostos de forma espaçada e de pequeno porte. A área apresenta-se também muito cortada por trilhas de gado e com solo bastante compactado. Desta forma, pode-se caracterizar esta área, de acordo com o Mapa de Vegetação / Uso do Solo, como sendo uma Área de Agricultura, circundada por Áreas Antropizadas e com pequenas manchas de Caatinga Arbórea em Estágio Inicial de Regeneração.

Figura 85 - Área de Agricultura, circundada por Áreas Antropizadas, muito cortada por trilhas de gado RNSA ao fundo da imagem. Foto: Samuel Portela.

A figura 86 foi registrada na Microbacia do Riacho São Francisco, próxima a localidade de queimadas. A imagem mostra uma área com vegetação arbustiva densa com razoável variação de espécies e um extrato herbáceo logo abaixo das ramificações dos arbustos. A vegetação apresenta-se com uma altura aproximada de 3m e permanece com esta fisionomia em boa parte desta região. Esta área caracterizou-se, de acordo com o Mapa de Vegetação / Uso do Solo, como sendo uma Área de Caatinga Arbórea em Estágio Intermediário de Regeneração que estende-se até o ponto onde foi registrada a Foto 42, ao Sul desta área.

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Figura 86 - Área de Caatinga Arbórea em Estágio Intermediário de Regeneração. Foto: Samuel Portela

A figura 87 foi registrada no limite Sul da Microbacia do Riacho São Francisco. A imagem mostra uma área com vegetação arbustiva densa com razoável variação de espécies. A vegetação apresenta-se com uma altura aproximada de 3m e permanece com esta fisionomia em boa parte desta região, caracterizando esta área, de acordo com o Mapa de Vegetação / Uso do Solo, como sendo uma Área de Caatinga Arbórea em Estágio Intermediário de Regeneração, exceto, a Leste deste ponto, onde a vegetação caracteriza-se como sendo uma Caatinga Arbórea em estágio Avançado de Regeneração.

Figura 87 - Área de Caatinga Arbórea em Estágio Intermediário de Regeneração. Foto: Samuel Portela.

A figura 88 foi registrada no limite Oeste da Microbacia do Riacho São Francisco, próxima a Divisa dos es-tados do Ceará e Piauí, na localidade denominada Buritizinho. A imagem mostra uma área conservada, com vegetação densa de porte arbóreo com indivíduos apresentando dossel superior a 10m de altura, subcaduci-fólia. De acordo com o Mapa de Vegetação / Uso do Solo, esta área foi considerada como sendo uma Área de Mata Seca em Estágio Avançado de Regeneração. Vale ressaltar que esta mudança na de Unidade Fitoecoló-gica se dá por conta da mudança de altitude, sendo a Mata Seca encontrada em áreas de maior altitude, e por conta da umidade do local.

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Figura 88 - Área de Mata Seca em Estágio Avançado de Regeneração. Foto: Samuel Portela.

A figura 89 foi registrada na Microbacia do Riacho São Francisco, próxima a localidade denominada Bu-ritizinho. A imagem mostra uma área conservada, com vegetação densa de porte arbóreo com indivíduos apresentando dossel superior a 10m de altura, subcaducifólia. De acordo com o Mapa de Vegetação / Uso do Solo, esta área foi considerada, como sendo uma Área de Mata Seca em Estágio Avançado de Regeneração.

Figura 89 - Área de Mata Seca em Estágio Avançado de Regeneração. Foto: Samuel Portela.

A figura 90 foi registrada na Microbacia do Riacho São Francisco, próxima a localidade de Buritizinho. A imagem mostra uma área cercada, desmatada para plantio e com vestígios de queimada. Muitas áreas nesta região estão sofrendo este tipo de antropização, as quais vêm reduzindo as áreas conservadas na região, prin-cipalmente na vertente voltada para o Estado do Ceará. De acordo com o Mapa de Vegetação / Uso do Solo, esta área apresenta-se como sendo uma Área de Agricultura, circundada por Áreas Antropizadas sendo, seu entorno, ocupado por Áreas de Mata Seca em Estágio Avançado de Regeneração.

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Figura 90 - Área de Agricultura, circundada por Áreas Antropizadas em uma região de Mata Seca. Foto: Samuel Portela.

A figura 91 foi registrada na Microbacia do Riacho Melancias, próxima ao limite da RNSA. A imagem mostra uma vegetação subcaducifólia densa de porte arbustivo, com a presença de muitos indivíduos arbóreos e dossel superior a 5m de altura. De acordo com o Mapa de Vegetação / Uso do Solo, esta área foi considerada como sendo uma Área de Mata Seca em Estágio Intermediário de Regeneração.

Figura 91 - Área de Mata Seca em Estágio Intermediário de Regeneração. Foto: Samuel Portela

A figura 92 foi registrada no limite Leste da Microbacia do Riacho Malancias, entre as localidade deno-minadas Buritizinho e Quebradas. A imagem mostra uma área conservada, com vegetação subcaducifólia, densa de porte arbóreo, com indivíduos apresentando dossel superior a 10m de altura (com destaque para o Pau-marfim - Agonandra brasiliensis), bastante comum na área. De acordo com o Mapa de Vegetação / Uso do Solo, esta área foi considerada como sendo uma Área de Mata Seca em Estágio Avançado de Regeneração, sendo uma importante área de conexão com a RNSA devido ao seu estágio de conservação e a proximidade com a UC.

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Figura 92 - Área de Mata Seca em Estágio Avançado de Regeneração. Detalhe: pau-marfim (Agonandra brasiliensis). Foto: Samuel Portela

A figura 93 foi registrada na Microbacia do Riacho São Francisco, próxima ao limite da RNSA. A imagem mostra uma área conservada, com vegetação subcaducifólia de porte arbóreo, com indivíduos apresentando dossel superior a 15m de altura (com destaque para a gameleira (Ficus sp ) à esquerda). De acordo com o Mapa de Vegetação / Uso do Solo, esta área foi considerada como sendo uma Área de Mata Seca em Estágio Avan-çado de Regeneração, sendo, importante área de conexão com a RNSA devido ao seu estágio de conservação e a proximidade com a UC.

Figura 93 - Área de Mata Seca em Estágio Avançado de Regeneração com detalhe para gameleira (Ficus sp). Foto: Samuel Portela

O Cartograma do Plano de Informação (PI) para a cobertura vegetal e uso do solo encontra-se em anexo 5.1.14.

2.2.8.2 Caracterização da Fauna das 04 Microbacias do Entorno da RNSA

A Reserva Natural Serra das Almas (RNSA) enfrenta o desafio de proteger sua biodiversidade no longo prazo, por conta do manejo realizado em seu entorno. A RNSA está inserida em uma zona rural que cultiva práticas precárias de uso do solo (Figura 94) (desmatamento, queimadas, monoculturas e pecuária extensiva) e agressão à fauna (caça e captura de animais silvestres), principalmente na área correspondente ao Estado do Ceará. Já na área que corresponde ao Estado do Piauí experimenta uma menor ocupação humana e, conse-

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quentemente, menor pressão antrópica.

Figura 94 - Área desmatada próxima a localidade Buritizinho

Foi muito comum neste levantamento a coleta de depoimentos que apontam uma fauna indicadora de bom estado de conservação remanescente nos fragmentos de mata no lado do Piauí, principalmente nas ime-diações da RNSA. Segundo entrevistas, mamíferos de médio porte, muito comuns no passado, são raros nas áreas alvo deste levantamento (microbacias no lado do Ceará). A falta de uma cobertura vegetal expressiva e a grande pressão de caça podem ser apontados como os principais responsáveis pelo desaparecimento desta fauna.

Graças à presença da RNSA e do fragmento maior que esta UC está inserida, é possível a existência de uma fauna de grande porte e com possibilidade de recuperação nas quatro Microbacias Hidrográficas alvo desse estudo (recolonização), desde que se criem mecanismos efetivos de conectividade entre a RNSA e seu entor-no, compatibilizando o uso da terra com preservação da natureza e descrescimo da perseguição da fauna. Para isso é preciso um trabalho envolvendo criação de novas UCs, adequação fundiária planejada (averbação fundiária de APP e RL no contexto de paisagem), recuperação da cobertura vegetal, repreensão contra crimes ambientais e um sólido programa de educação ambiental.

Dentre as espécies visualizadas em campo, pode-se citar o cabeça-seca (Mycteria americana), o urubu-rei (Sarcoramphus papa) e o cagado (Mesoclemmys sp), espécies estas com poucos registros devido a sua etologia (Figura 95).

Figura 95 – Espécies visualizadas em campo.

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2.3 Possibilidades de Conectividade

O diagnóstico geoambiental das quatro microbacias do entorno da reserva apresentou o Plano de Infor-mação (PI) para proximidade e densidade dos fragmentos conservados com o objetivo de identificar as áreas que deverão ter uma atenção especial na possibilidade de conectividade desses fragmentos conservados.

Entende-se por fragmentos conservados áreas de mata onde a ação humana não provocou significativas alterações das suas características originais de estrutura e de espécies.

A densidade e proximidade dos fragmentos de mata conservados é outro fator considerado preponderan-te para definição de áreas prioritárias para preservação e recuperação, uma vez que estas áreas são verdadei-ros bancos genéticos que podem ajudar na regeneração das áreas circunvizinhas.

Considerando que quanto maior o fragmento de mata conservado, maior a possibilidade da sobrevivên-cia de espécies da fauna que dependem de grandes territórios para sobreviverem, foi realizado uma seleção dos maiores fragmentos de mata (fragmentos superiores a 20 ha, classificados como em nível avançado de regeneração no PI de Vegetação / Uso do Solo) para compor o PI de Densidade e Proximidade dos Fragmentos Conservados.

Como base cartográfica para confecção deste PI foi utilizado o PI de Vegetação / Uso do Solo, sendo consi-derados fragmentos conservados, as feições de vegetação classificadas como em estágio avançado de rege-neração, conforme resposta obtida no NDVI.

Para elaborar o PI de Densidade e Proximidade dos Fragmentos Conservados, inicialmente foram extraídos os maiores fragmentos classificados como em estágio avançado de regeneração no mapeamento do PI de Vegetação/Uso do Solo.

Posteriormente foi utilizado um método de estimação de densidade de probabilidade não paramétrico para obter isolinhas de densidade e proximidade dos fragmentos conservados maiores que 20 ha. Esta é uma alternativa sofisticada ao tratamento tradicional de estudar conjuntos de dados. Esta alternativa baseia-se na possibilidade de analisar os dados sem assumir um comportamento distribucional específico. (LUCAMBIO, 2008).

Dentre os métodos de estimação utilizados, o estimador de kernel ou Mapa de Kernel foi o escolhido, de-vido a sua simplicidade e boas propriedades, sendo este estimador uma alternativa simples para analisar o comportamento de padrões de pontos, tratando-se de um indicador de fácil uso e interpretação.

Basicamente, o estimador de kernel fornece, por meio de interpolação, a intensidade pontual do processo em toda a região de estudo. Assim, temos uma visão geral da intensidade do processo em todas as regiões do mapa. (SANTOS, 2008)

Para realizar o Mapa de Kernel foi utilizado o software TerraView 4.1.0, garantido que seja considerado neste PI não apenas a proximidade entre os fragmentos, mas também sua relação espacial, sendo possível de-terminar áreas prioritárias para preservação e recuperação, possibilitando também a definição de corredores ecológicos entre os maiores fragmentos conservados, garantindo o fluxo genético entre estes fragmentos.

De posse da superfície gerada através do estimador de kernel, foram obtidas cinco classes de áreas com potencial para preservação e recuperação (Muito Baixa, Baixa, Moderada, Alta e Muito Alta), considerando que quanto maior a densidade e proximidade de fragmentos conservados, maior a importância da preservação ou recuperação desta área.

Como resultado da aplicação do método foi possível observar que as áreas com maior potencial para pre-servação e recuperação estão localizadas na poção ocidental da área de estudo. Apresentando dois núcleos principais, o primeiro na porção noroeste da área de estudo (norte da RNSA) e a segunda e maior na porção sudoeste (sul da RNSA). Sendo estas áreas predominantemente classificadas como de Alta e Muito Alta densi-dade e proximidade de fragmentos conservados (Figura 96).

Já a porção oriental da região das quatro microbacias localizadas na porção cearense do entorno da RNSA, prevaleceu às classes Baixa e Muito Baixa, denotando a pouca existência de áreas conservadas e baixa densi-dade e proximidade entre os fragmentos.

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Figura 96 – Proximidade e densidade dos fragmentos conservados.

Em anexo (5.1.15.) é apresentado um mapa com as áreas prioritárias para conservação.

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2.4 Declaração de Significância

A Reserva Natural Serra das Almas atualmente é a maior RPPN do Estado do Ceará, são 6.146 hectares de área protegida. Segundo o Mapeamento do projeto “Avaliação e Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade do Bioma Caatinga – PROBIO” (2006), (Figura 97) a região da RPPN encontra-se em uma área classificada como de importância “muito alta” para a conservação do bioma Caatinga.

Figura 97 – Área indicativa da Reserva Natural Serra das Almas como Área de alta importância (CA-391) para conservação da biodiversidade do bioma Caatinga. Fonte: PROBIO/MMA (2006).

Na área da RNSA são encontrados três tipos de cobertura vegetal em ótimo nível de conservação: a Caa-tinga arbórea (formação não florestal estacional arbóreo-arbustiva decídua espinhosa); Carrasco (formação estacional arbustiva densa decídua Montana) e Mata seca (formação florestal estacional decídua submonta-na). A reserva abriga ainda três importantes nascentes perenes que desaguam na depressão sertaneja de Cra-teús/CE até confluir com o rio Poti, contribuindo assim para o abastecimento de água de qualidade, mesmo no período de estiagem, para os moradores do entorno e também para a fauna silvestre. Além da proteção dessas nascentes, a RPPN Serra das Almas proporciona ainda outros importantes serviços ambientais como o controle de erosão do solo, regulação do ciclo de chuvas e temperatura na região, manutenção da integridade

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da paisagem como a estabilidade das encostas do Planalto da Ibiapaba, o sequestro de carbono e a emissão evitada de carbono, o controle de pragas e doenças e a disponibilidade de recursos naturais para o manejo sustentável (exemplo: existência de um amplo pasto apícula formado pela Caatinga preservada).

Trata-se de uma área importante, circundada por uma região muito devastada em consequência do uso e ocupação do solo, principalmente pela pecuária e agricultura de sequeiro. Portanto, a área representa ecossis-temas de Caatinga que ocupavam boa parte do município e da região e, devido a suas estratégias de prote-ção, é também um refúgio para a fauna silvestre local. O Plano de Manejo se configura como um documento importante frente às questões ambientais dos sertões de Crateús, uma vez que promove o envolvimento das comunidades do entorno nas discussões estratégicas acerca da sustentabilidade local.

A RNSA abriga uma amostra significativa das comunidades biológicas da Caatinga. Apesar dos estudos de levantamento amostral ainda insuficientes e o reconhecimento da necessidade de atualização dos dados dos levantamentos em campo, os inventários efetuados para o Plano de Manejo registraram a ocorrência de diversas espécies com algum grau de ameaça pelas listas oficiais do IBAMA e IUCN, que tornam a RPPN rele-vante também pela sua contribuição na conservação dessas espécies, em escalas que transcendem os limites da área protegida. Pode-se citar alguns táxons ameaçados de extinção da flora como o cumaru (Amburana cearensis) e a aroeira-do-sertão (Myracrodruon urundeuva), e endêmicas como a macambira-de-flecha (Encho-lirium erectiflorum). Com relação a fauna, foram registrados espécies de mamíferos como a onça-parda (Puma concolor), o gato-do-mato (Leopardus trigrinus), a jaguatirica (Leopardus pardalis), fato que indica o relevante estado de conservação e proteção de habitat para mamíferos de grande porte, sendo que todos estes estão inclusos na lista de animais ameaçados (MMA, 2008).

A avifauna da RNSA impressiona por sua riqueza e diversidade, já registradas 237 das 591 espécies conheci-das para o bioma, representando 40% do total de espécies registradas na Caatinga. A lista de aves contempla ainda espécies ameaçadas de extinção, como jacu (Penelope jacucaca), o vira-folhas (Sclerurus scansor) e o urubu-rei (Sarcoramphus papa) e endêmicas como o periquito-do-sertão (Aratinga cactorum) e o bico-virado-da-caatinga (Megaxenops parnaguae).

Por fim, devido a sua importância para a conservação biológica e o modelo inovador de trabalhos reali-zados com as comunidades do entorno, A RPPN Serra das Almas foi reconhecida em 2005 com o título de 1º Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Caatinga concedido pela UNESCO, e renovado 2011.

3. PLANEJAMENTO

3.1 Objetivos do Plano de Manejo

Com base na nova missão da RPPN Reserva Natural Serra das Almas que é: “Preservar uma área significativa da Caatinga, consolidando estratégias de proteção a biodiversidade, educação ambiental, pesquisa e susten-tabilidade local” e pela vocação da área, foram definidos os seguintes objetivos para a RPPN:

1. Promover a conservação da biodiversidade da Caatinga;

2. Incentivar a pesquisa científica na Caatinga;

3. Divulgar o bioma Caatinga através da visitação educativa;

4. Promover ações de desenvolvimento sustentável no entorno.

3.2 Zoneamento

O zoneamento é uma técnica de ordenamento territorial, usada como meio para se atingir melhores re-sultados no manejo de uma Unidade de Conservação, pois estabelece usos diferenciados para cada espaço, segundo seus objetivos, potencialidades e características encontradas no local.

A definição das zonas foi realizada a partir do mapeamento da cobertura vegetal e a classificação do seu grau de conservação. Foram definidas seis (6) zonas, são elas: Zona Silvestre, Zona de Proteção, Zona de Recu-peração, Zona de Visitação e Zona de Transição.

A figura 98 (também em anexo 5.1.16.) apresenta as diferentes zonas de acordo com suas utilizações, grau de conservação e cobertura vegetal.

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Figura 98 – Zoneamento ambiental da RPPN RNSA.

3.2.1 Zona Silvestre

Definição: área com maior grau de integridade, destinada essencialmente a conservação da biodiversida-de. Deve localizar-se preferencialmente em áreas mais centrais da RPPN e contar com características excepcio-nais, como espécies raras, espécies ameaçadas de extinção, locais com maior fragilidade ambiental (encostas, solos arenosos, margens de cursos d‘água, entre outros), manchas de vegetação única, topo de elevações e outras, que mereçam proteção máxima.

Descrição e localização: área de aproximadamente 2.116 hectares coberta com Caatinga conservada e Mata Seca na porção central da RPPN e predominância de Carrasco conservado na porção oeste.

Justificativa: Área que possui maior cobertura vegetal conservada na RPPN.

Normas de uso: acesso restrito, permitido apenas pesquisa e monitoramento, com a autorização da gerên-cia da RPPN e dos órgãos de acordo com as normas do plano de manejo.

• Não será permitida a visitação;• Atividades de pesquisa serão permitidas desde que sejam cumpridas todas as exigências do órgão

responsável e com metodologia que cause o menor impacto possível;• Infra-estrutura somente será implantada se for necessária para a fiscalização e proteção.

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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3.2.2 Zona de Proteção

Definição: áreas que tenham recebido grau mínimo de intervenção humana, onde podem ocorrer pesqui-sa, estudos, monitoramento, proteção, fiscalização e formas de visitação de baixo impacto (também chamada visitação de forma primitiva). Será permitida colocação de infraestrutura, desde que estritamente voltada para o controle e a fiscalização, como: postos e guaritas de fiscalização, aceiros, portão de entrada, estradas de aces-so, trilhas de fiscalização e torres de observação. As formas primitivas de visitação nessa zona compreendem exemplos como turismo científico, observação de vida silvestre, trilhas e acampamentos rústicos (também chamados acampamentos selvagens), ou seja, sem infraestrutura e equipamentos facilitadores.

Descrição e localização: área de aproximadamente 2.950 hectares, distribuídos principalmente na parte central e leste da RPPN com cobertura predominante de Caatinga arbórea secundária e Mata Seca na porção central. Na porção leste predomina a Caatinga arbórea secundária.

Justificativa: área susceptível a entrada de caçadores e risco de incêndio florestal.

Normas de uso: acesso restrito, sendo permitido estudos e pesquisas (desde que com a autorização da gerência da RPPN e com o licenciamento dos órgãos ambientais), monitoramento, fiscalização e visitação de baixo impacto.

3.2.3 Zona de Recuperação

Definição: área com significativo grau de alteração, necessitando de ações de recuperação. A recuperação poderá ser espontânea (deixada ao acaso) ou induzida, feita a partir da indicação de pesquisas e estudos orientadores. Essa zona permite visitação, desde que as atividades não comprometam a sua recuperação. Ela é uma zona temporária, pois, uma vez recuperada, deve ser reclassificada como uma das zonas permanentes.

Descrição e localização: área de aproximadamente 170 hectares distribuídos em pequenos fragmentos na parte central, extremo sul e nordeste da RPPN. Destinada a ações de recuperação do habitat natural que é constituída principalmente por Caatinga arbórea.

Justificativa: áreas com maior grau de modificação e degradação, devido à ocorrência histórica do uso intenso dessa área pela a agricultura e pecuária.

Normas de uso: a área deve permanecer sem perturbações para que se recupere naturalmente. Interven-ções como chuva de sementes, plantio de espécies para aceleração da regeneração da mata podem ser rea-lizadas, desde que hajam estudos adequados para a definição dessas espécies de acordo com características de cada área e o seu grau de sucessão ecológica.

3.2.4 Zona de Visitação

Definição: É constituída de áreas naturais que permite alguma forma de alteração humana. Destina-se à conservação e às atividades de visitação. Deve conter potencialidades, atrativos e outros atributos que justi-fiquem a visitação. As atividades abrangem educação ambiental, conscientização ambiental, turismo cien-tífico, ecoturismo, recreação, interpretação, lazer e outros. Essa zona permite a instalação de infraestrutura, equipamentos e facilidades, como centro de visitantes, trilhas, painéis, mirantes, torres, trilhas suspensas e alojamentos. O setor de administração foi incluído nesta zona, com o Centro de Interpretação Ambiental e Centro Ecológico inseridos nessa área.

Descrição e localização: área distribuída em linhas compostas pelas estradas de acesso, trilhas ecológicas, CIA, Centro Ecológico e pontos com atrativos turísticos e de educação ambiental.

Justificativa: As principais trilhas de visitação com os principais atrativos turísticos da RPPN estão nessa zona. Nessa área encontram-se também as estradas de acesso, as estruturas de administração e apoio aos visitantes e pesquisadores.

Normas de uso: A visitação deve ser controlada e monitorada detalhadamente pelos gestores quanto a horários, tamanho de grupos, frequência de visitação, comportamento dos visitantes e qualquer impacto causado, todas as normas de comportamento devem ser rigorosamente observadas, a fiscalização e o mo-nitoramento deve focar qualquer tipo de invasão da área e observação das normas de comportamento por visitantes. As pesquisas nessa área não devem interferir na trilha de visitação, nem causar impacto visual ne-gativo para o visitante (demarcação de espécies, rotas, abertura de clareiras, etc.) ou que interfira na riqueza e qualidade da biodiversidade (coleta de flores, frutos, plantas, etc.).

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3.2.5 Zona de Transição

Definição: Corresponde a uma faixa ao longo do perímetro da UC, no seu interior,. Sua função básica é servir de filtro, faixa de proteção, que possa absorver impactos provenientes da área externa e que poderiam resultar em prejuízo aos recursos da RPPN.

Descrição e localização: faixa interna ao perímetro da RPPN de 10 metros de largura. Essa zona destina-se ao amortecimento de impactos e danos que eventualmente possam atingir o perímetro da RPPN.

Justificativa: essa zona se estende por todo o perímetro da RPPN, aproximadamente 36 km de extenção, onde foram implementados os aceiros com 3 metros de largura que protegem a RPPN contra os riscos de in-cêndios florestais. Essa zona também é utilizada para a fiscalização monitoramento.

Normas de uso: zona adequada para implantação de aceiro (proteção contra incêndio florestal) e desloca-mento para fiscalização e monitoramento dos impactos proveniente de fora da RPPN.

3.3 Programas de Manejo

Os Programas propostos neste Plano de Manejo foram categorizados de acordo com as áreas temáticas re-ferentes as ações desenvolvidas na reserva e entorno desde a sua criação. É uma proposta que visa estabelecer grandes áreas de atuação e facilitar os processos e avaliações futuras de cumprimento e efetividade.

Cada Programa é constituído por um conjunto de atividades que foram definidas por técnicos da Associa-ção Caatinga durante seminário de revisão do Plano de Manejo. Algumas destas atividades propostas foram construídas conjuntamente com líderes comunitários do entorno da UC durante oficina especifica e assinala-das neste documento, conforme especificado posteriormente.

Para cada atividade estabeleceu-se, também, um conjunto de indicadores de avaliação de implementação e efetividade.

Durante a elaboração deste documento, foi realizada uma oficina com representantes de órgão públicos, privados, associações comunitárias e moradores do entorno da RPPN RNSA, apresentando os programas de manejo do referido documento e compiladas as propostas dos participantes (em anexo 5.1.17.) para avaliação de vibilidade das propostas.

3.3.1 Programa de Administração

Objetivo: Aprimorar o sistema de gestão de administração financeira, física e de recursos humanos da RNSA assegurando o bom funcionamento dos demais programas.

Atividades:

1.    Gestão da RPPN

1.1. Manter parcerias atuais e estabelecer novas parcerias.

1.2. Identificar e estabelecer parcerias para o atendimento em caso de acidentes.

1.3. Elaborar normas de conduta em caso de ocorrência de acidentes na reserva.

1.4. Criação do Fundo Emergencial de combate a incêndios florestais.

1.5. Estimular a criação de um órgão de fiscalização governamental na região.

1.6. Buscar parcerias para aquisição de novas áreas com a finalidade de ampliar a área protegida da RNSA.

1.7. Firmar parcerias com órgãos competentes para fiscalização com cronograma anual definido.

1.8. Viabilizar parcerias para o desenvolvimento do Plano de Educação Ambiental.

2.    Pessoal e Capacitação

2.1. Elaboração e implementação de programa de capacitação contínua para a equipe técnica e operacional da reserva.

2.2. Implementar uma categoria de estágio para atuar nas ações do Centro de Difusão Ambiental – CDA.

2.3. Capacitar a equipe da reserva em primeiros socorros.

2.4. Capacitar e designar um funcionário para o atendimento ao visitante na reserva e nas comunidades.

2.5. Manter a capacitação contínua em prevenção e combate a incêndios florestais para a equipe de guarda-parques.

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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3.    Infraestrutura e equipamentos

3.1. Adequar a infraestrutura existente utilizando técnicas ecológicas e sustentáveis para atender o aumento do fluxo de visitantes.

3.2. Criar um Centro de Interpretação Ambiental na sede da RNSA, abrigando equipamentos, painéis, maquetes, sobre a biodiversidade da Caatinga, difundindo informações de forma lúdica, dinâmica e interativa.

3.3. Ampliar o sistema de fornecimento de água do Centro de Interpretação Ambiental com a construção de cisterna para captação de água da chuva.

3.4. Renovação dos equipamentos de segurança e kits de primeiros-socorros (aparelho de pressão, extintor, maca, perneiras, etc).

3.5. Adequar as trilhas de visitação para atender o aumento de visitantes na RNSA.

3.6. Reformar a barragem (açude) próxima ao Centro Ecológico Samuel Johnson como forma de assegurar água superficial nos longos períodos de estiagem.

4.    Manutenção e Monitoramento

4.1. Firmar parceria para a reforma permanente das estradas de acesso à reserva.

4.2. Manter a rotina de monitoramento e registro de patrulha pela equipe de guarda-parque.

4.3. Manter a rotina de manutenções das estruturas e trilhas.

1.    Indicadores

1.1. Parcerias mantidas / número de novas parcerias estabelecidas

1.2. Parcerias firmadas

1.3. Plano de ação elaborado

1.4. Fundo emergencial criado

1.5. Articulações realizadas em prol da instalação do escritório de fiscalização

1.6. Parcerias firmadas

1.7. Número de operações realizadas e apreensões (armadilhas, armas, etc)

1.8. Parcerias formalizadas

2.    Indicadores

2.1. Programa elaborado e implementado

2.2. Programa elaborado e implementado

2.3. Número de membros da equipe capacitados

2.4. Capacitação e definição de atividades do funcionário

2.5. Número de pessoas da equipe formadas na brigada de incêndios florestais2.6. Reforma da barragem realizada

3.    Indicadores

3.1. Feedback sistematizado dos visitantes / infraestrutura adequada

3.2. CIA e programa elaborado e implementado

3.3. Construção da cisterna para captação e fornecimento

3.4. Aquisição e manutenção dos kits de primeiros socorros

3.5. Trilhas devidamente adquadas

4.    Indicadores

4.1. Estradas em boas condições de acesso

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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3.3.2 Programa de Proteção e Fiscalização

Objetivo: Assegurar a proteção da reserva através de estratégias de fiscalização e controle, bem como pro-mover o manejo da biodiversidade no interior da unidade e da área de influência, assim como garantir a se-gurança da equipe e do visitante.

Atividades:

1.    Fiscalização

1.1. Intensificar as operações conjuntas de combate à caça com autoridades competentes na RNSA e entorno.

1.2. Criação de um banco de dados para uso da fiscalização com o registro atualizado de ocorrência de perturbações na área (caca, fogo, animais domésticos, plantas exóticas).

1.3. Criação de uma rotina de visitas às comunidades do entorno pela equipe de fiscalização da RNSA.

1.4. Aperfeiçoar a metodologia de monitoramento de caça utilizando as armadilhas fotográficas como ferramentas de apoio.

1.5. Desenvolver e aplicar métodos de patrulhamento noturno na reserva.

2.    Conservação

2.1. Elaborar e executar um plano de ação para o controle de espécies exóticas.

2.2. Identificar e potencializar a recuperação de áreas alteradas.

2.3. Continuidade do programa de prevenção e combate a incêndios florestais.

2.4. Criação do Plano Emergencial de Combate a Incêndios florestais na reserva e entorno.

2.5. Implementação e continuidade da campanha de denúncia a crimes ambientais.

2.6. Recomposição de áreas degradadas na RNSA.

2.7. Manter os aceiros e cercas da reserva em boas condições.

2.8. Monitoramento das queimadas nas comunidades do entorno com registro do local e período.

2.9. Incentivar a criação de ASAS (Área de Soltura de Animais Silvestres) em propriedades da região e realizar o acompanhamento das solturas.

3.    Proteção da equipe e do visitante

3.1. Instalar macas e kits de primeiros socorros em pontos extratégicos de cada trilha

3.2. Estabelecer mecanismos para a contratação de Seguros Contra Acidentes Pessoais para os visitantes.

1.    Indicadores

1.1. Número de operações realizadas / número de caçadores autuados

1.2. Banco de dados criado, implementado e mantido atualizado

1.3. Visitas realizadas e comunidades visitadas

1.4. Banco de dados sistematizado

1.5. Protocolo de patrulha noturna estabelecido

2.    Indicadores

2.1. Número de espécies controladas; plano de ação de controle de exóticas elaborado; relatórios de execução do plano de controle

2.2. Número de áreas e hectares com intervenções realizadas

2.3. Programa de prevenção de incêndios executado

2.4. Plano emergencial criado

2.5. Campanhas realizadas e denúncias realizadas

2.6. Áreas recuperadas

2.7. Área total com aceiros e cercas em bom estado de conservação

2.8. Fichas de monitoramento de queimadas nas comunidades do entorno

2.9. Programa implementado e ASAS criado

3.    Indicadores

3.1. Kits adquiridos e instalados

3.2. Seguros Contra Acidentes Pessoais implentado na RNSA

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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3.3.3 Programa de Pesquisa e Monitoramento

Objetivo: Fomentar atividades de pesquisa na RPPN que possam dar subsídios para a conservação e ma-nejo da área. Monitorar e avaliar a efetividade da proteção assegurando que a RPPN cumpra seu papel de conservação dos recursos naturais.

Atividades:

1.    PESQUISA

1.1. Atualizar o programa de pesquisa da RNSA, incluindo novas demandas de linhas específicas para pesquisa.

1.2. Contribuir para o estabelecimento de programas de monitoramento e reintrodução de espécies.

1.3. Estabelecer linhas prioritárias para pesquisa em fauna, flora, impactos ambientais e comunidades do entorno;

1.4. Reformular e renovar o convênio com as instituições já existentes e buscar novas parcerias, com o propósito de aumentar o número de pesquisa na RNSA.

1.5. Reconhecimento da RNSA como área de estudo e da instituição nas publicações resultantes da pesquisa;

1.6. Assegurar que todos os itens dos convênios com instituições de pesquisa sejam cumpridos.

2.    MONITORAMENTO

2.1. Monitorar efetivamente as pesquisas e os procedimentos para coleta de campo na RNSA;

2.2. Manter o protocolo de pesquisa com o cadastro das informações do pesquisador e projeto.

2.3. Formalizar um termo de compromisso com retorno e disponibilização dos resultados da pesquisa (relatórios, fotos, demais registros) para a administração da reserva como contrapartida;

2.4. Utilização das armadilhas fotográficas como ferramenta permanente no monitoramento da fauna.

2.5. Criação de um banco de dados das pesquisas que estão sendo realizadas na reserva.

1.    Indicadores

1.1. Programa de pesquisa revisado e atualizado

1.2. Número de espécimes monitorados

1.3. Linhas de pesquisa definidas / número de publicações

1.4.  Convênios mantidos e novas parcerias realizadas

1.5.  Obrigatoriedade de referências sobre a instituição em artigos publicados

1.6.  Termos de compromisso assinados pelos pesquisadores

2.    Indicadores

2.1.  Acompanhamento das coletas em campo

2.2.  Número de projetos cadastrados

2.3. Termo de compromisso criado e base de dados com registros fotográficos e publicações

2.4. Banco de dados com registros fotográficos

2.5. Banco de dados criado

3.3.4 Programa de Visitação

Objetivo: Estabelecer e ordenar as atividades para a visitação e Educação Ambiental, valorizando os atri-butos naturais e belezas cênicas.

Atividades:

1.    USO PÚBLICO

1.1. Dar continuidade a visitação escolar para alunos dos municípios próximos a RNSA.

1.2. Elaborar um estudo sobre a capacidade de suporte de visitação na RNSA, e com base nesse estudo estabelecer mecanismos de controle do número de visitantes permitido para cada trilha. A equipe de guarda-parques será responsável pelo monitoramento desta atividade.

1.3. Elaborar um estudo sobre o perfil dos visitantes e criação de banco de dados com as informações.

1.4. Mapear os lugares com potencial ecoturístico no entorno da RNSA.

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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1.5. Incorporar os condutores de trilhas como parceiros do programa de visitação.

1.6. Desenvolver programa de visitação específico: para as escolas do entorno e da região, universidades, turistas e visitantes estrangeiros;

1.7. Dotar de infraestrutura mínima para atender visitantes portadores de deficiência física.

1.8. Criar um portfólio de atividades a serem desenvolvidas pelos condutores de trilhas de acordo com cada perfil dos visitantes.

2.    EDUCAÇÃO AMBIENTAL

2.1. Definir o público-alvo das ações de educação ambiental.

2.2. Produzir material didático sobre a reserva: guia, vídeo, documentário e cartilhas.

2.3. Elaboração e implementação de um Programa de Educação e Interpretação Ambiental na RNSA.

2.4. Manter parcerias com instituições de ensino superior para a reserva permaneça como laboratório natural de estudos e local de aulas de campo.

2.5. Estabelecer e desenvolver ações voltadas para conscientização e mudança de percepção da comunidade em relação a reserva.

2.6. Promover atividades de conscientização e sensibilização contínua sobre caça, fogo, prevenção de acidentes, crimes ambientais nas comunidades do entorno.

2.7. Manter parceria com a rádio local para disseminação de campanhas e mobilização.

2.8. Elaborar um cronograma anual de ações de educação ambiental promovidas pela reserva.

2.9. Identificar uma ou mais espécie de fauna representativa (espécie-bandeira).

1.    Indicadores

1.1. Convênio com instituições de ensino mantidas

1.2. Ordenamento do número de visitantes com base na capacidade de suporte das trilhas

1.3. Banco de dados criado e atualizado

1.4. Mapa turístico criado

1.5. Parceria firmada

1.6. Programa elaborado

1.7. Infraestrutura adequada

1.8. Guia elaborado

2.    Indicadores

2.1. Público-alvo definido

2.2. Materiais didáticos produzidos e publicados.

2.3. Programas elaborados e implementados.

2.4. Parcerias mantidas

2.5. Ações desenvolvidas

2.6. Número de ações sobre conscientização e sensibilização nas comunidades

2.7. Parcerias mantidas

2.8. Cronogramas elaborados

2.9. Espécie-bandeira definida

3.3.5 Programa de Sustentabilidade Econômica

Objetivo: Assegurar a Sustentabilidade econômica da RNSA através da captação de recursos, disponibiliza-ção de produtos sustentáveis e desenvolvimento sustentável nas comunidades do entorno.

Atividades:

1.    Sustentabilidade Econômica da RNSA

1.1. Participação nos editais de apoio à gestão de UC (Petrobras, Aliança da Caatinga, FBPN, FUNBIO, etc.)

1.2. Produção e comercialização de materiais na RNSA que tenham ligação com a missão da AC.

1.3. Incentivar a participação dos empresários da região dos Inhamuns e Sertão de Crateús na Campanha Adote a RNSA (Modalidade de doação para apoiar a manutenção da reserva).

1.4. Manter as taxas de uso público atualizadas.

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1.5. Criação do Fundo Emergêncial da RNSA.

1.6. Implantação da loja na RNSA e loja online com venda de produtos (camisas, bonés, chaveiros, artesanato local, etc).

1.7. Incrementar a sustentabilidade econômica da RNSA através da comercialização do mel de jandaíra (meliponicultura) e mudas de espécies nativas.

1.8. Buscar parcerias para subsídios na fabricação de produtos.

1.9. Articular a captação de recursos para a RNSA através de programas de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA).

1.10. Estruturação do programa de turismo na reserva (turismo ecológico, birdwatching).

1.11. Formalizar parceria com Ministério Público e outros para que recursos de compensação ambiental sejam aliados na RNSA.

1.12. Coletar sementes de espécies nativas no interior da RNSA para produção de mudas.

2.    Desenvolvimento Sustentável do Entorno

2.1. Apoiar as comunidades para desenvolvimento de atividades geradoras de renda e sustentáveis como: meliponicultura, produção de compostos orgânicos, artesanatos, turismo comunitário, etc.

2.2. Identificar e inserir atrativos turísticos das comunidades do entorno nas visitas à RNSA

1.    Indicadores

1.1. Projetos elaborados e remetidos para avaliação dos financiadores

1.2. Produtos criados e comercializados

1.3. Número de doações (adoção de hectares na RNSA)

1.4. Definir valor de taxa de visitação e manter atualizado

1.5. Fundo criado e mantido

1.6. Loja implementada e divulgada

1.7. Produção e venda dos produtos

1.8. Parcerias efetivadas

1.9. Valores recebidos de pagamento por serviços ambientais

1.10. Programas específicos de turismo estruturados

1.11. Formalização da parceria e participação na criação de políticas públicas específicas para PSA

1.12. Banco de dados com quantidade e espécies coletadas.

2.    Indicadores

2.1. Atividades econômicas e sustentáveis desenvolvidas pelas comunidades do entorno.

2.2. Mapa turístico da RNSA e entorno implementado

3.3.6 Programa de Comunicação e Integração com a Comunidade

Objetivo: Promover o fortalecimento da relação com a sociedade, disseminar conhecimentos e divulgar a RNSA.

Atividades:

1.    Comunicação

1.1. Elaborar e disponibilizar materiais informativos e de sensibilização.

1.2. Divulgar as ações e projetos executados pela RNSA

1.3. Manter parcerias com a imprensa (Jornal O Estado)

1.4. Produção de vídeos, documentários institucionais, livro etc.

1.5. Material de comunicação (adesivos, calendários, folders etc.) para distribuir para os visitantes e parceiros da RNSA.

1.6. Manutenção periódica dos sites e redes sociais.

1.7. Divulgar o título de posto Avançado da Reserva da Biosfera da Caatinga.

1.8. Disseminar a reserva através de publicações científicas e publicações online.

1.9. Divulgar o Plano de Manejo 3ª iteração.

Page 92: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

92

1.10. Participação contínua em eventos, encontros, congressos, seminários e feiras para apresentação de resultados das ações desenvolvidas na reserva e para a reserva.

1.11. Elaborar um roteiro turístico sobre o sertão de Crateús focando os atrativos da RNSA.

1.12. Elaborar e publicar guias fotográficos da biodiversidade por grupo (mamíferos, aves, répteis, anfíbios e flora)

2.    Interação com a sociedade

2.1. Promover cursos, oficinas, eventos de disseminação de práticas conservacionistas.

2.2. Manter contato direto com as comunidades sobre o funcionamento e as atividades da RNSA

1.    Indicadores

1.1. Número de materiais disponibilizados

1.2. Ações atualizadas e divulgadas nos diferentes meios de comunicação

1.3. Parceria mantida / publicações

1.4. Material produzido

1.5. Número de materiais produzidos e disponibilizados

1.6. Site e redes sociais atualizados

1.7. Título divulgado

1.8. Número de publicações / publicações disponibilizadas em .pdf no site da AC

1.9. Oficina para divulgação do Plano de Manejo nas comunidades do entorno e disponibilização para consulta pública (em .pdf no site da AC)

1.10. Participação em eventos

1.11. Roteiro criado

1.12. Material elaborado e publicado

2.    Indicadores

2.1. Número de cursos, oficinas e eventos de disseminação realizados

2.2. Contatos mantidos / divulgação

4. CRONOGRAMAS DE ATIVIDADES

O cronograma da RPPN Reserva Natural Serra das Almas estabelece um prazo de cinco anos para implanta-ção ou início das atividades propostas nos Programas de Manejo, Plano de Manejo RPPN Reserva Natural Serra das Almas conforme os itens a seguir. Atividades de execução permanente indicam a periodicidade em que devem ser executadas, devendo-se adequar à realidade de funcionamento da RPPN e também ao orçamento disponível, considerando ser este advindo do Fundo de Conservação da Caatinga para execução do projeto de Conservação da Reserva Natural Serra das Almas.

Cabe lembrar que este prazo foi estabelecido através das considerações da equipe técnica da Associação Caatinga envolvido na revisão deste documento, pesquisa em outros planos de manejo disponíveis e recomendações técnicas.

Programa de Administração

ATIVIDADES ANO

GESTÃO DA RPPN 1 2 3 4 5

Manter parcerias atuais e estabelecer novas parcerias. X X X X X

Identificar e estabelecer parcerias para o atendimento em caso de acidentes.   X      

Elaborar normas de conduta em caso de ocorrência de acidentes na reserva.   X      

Criação do Fundo Emergencial de combate a incêndios. X        

Estimular a criação de um órgão de fiscalização governamental na região.   X X X X

Buscar parcerias para aquisição de novas áreas com a finalidade de ampliar área protegida da RNSA.   X X X X

Firmar parcerias com órgãos competentes para fiscalização, com cronograma anual definido (2 batidas/ano).   X      

Viabilizar parcerias para o desenvolvimento do Plano de Educação Ambiental. X X      

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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PESSOAL E CAPACITAÇÃO

Elaboração e implementação de programa de capacitação contínua para a equipe técnica da reserva.   X      

Implementar uma categoria de estágio para atuar nas ações do Centro de Difusão Ambiental – CDA   X      

Capacitar a equipe da reserva em primeiros socorros; X       X

Capacitar e designar um funcionário para o atendimento do visitante e para desenvolver atividades com os visitantes e as comunidades.   X      

Capacitação contínua em prevenção e combate a incêndios florestais para a equipe de guarda-parques.   X     X

INFRAESTRUTURA E EQUIPAMENTOS

Adequar a infraestrutura existente utilizando técnicas ecológicas e sustentáveis para atender o aumento do fluxo de visitantes.   X      

Criar um Centro de Interpretação Ambiental na sede da RNSA, abrigando equipamentos, painéis, maquetes, sobre a biodiversidade da Caatinga, difundindo informações de forma lúdica, dinâmica e interativa;

X        

Ampliar o sistema de fornecimento de água da reserva com a construção de cisternas. X        

Renovação dos equipamentos e kits de primeiros-socorros (aparelho de pressão, extintor, maca, perneiras, etc);     X X  

Adequar as trilhas de visitação para atender o aumento de visitantes na RNSA. X X      

Reformar a barragem (açude) próxima ao Centro Ecológico Samuel Johnson como forma de assegurar água superficial nos longos períodos de estigem. X

MANUTENÇÃO E MONITORAMENTO

Firmar parceria para a reforma permanente das estradas de acesso à reserva.   X     X

Manter a rotina de monitoramento e registro de patrulha pela equipe de guarda-parque. X X X X X

Manter a rotina de manutenções das estruturas e trilhas. X X X X X

Programa de Proteção e Fiscalização

ATIVIDADES ANO

FISCALIZAÇÃO 1 2 3 4 5

Intensificar as operações conjuntas de combate à caça com orgãos competentes na RNSA e entorno.   X X X X

Criação de um banco de dados para o controle do protocolo de fiscalização com o registro atualizado de ocorrência de perturbações na área (caça, fogo, animais domésticos, plantas exóticas). X        

Criação de uma rotina de visitas às comunidades do entorno pela equipe de fiscalização da RNSA. X        

Aperfeiçoar a metodologia de monitoramento de caça utilizando as armadilhas fotográficas como ferramentas de apoio.   X X    

Desenvolver e aplicar métodos de patrulhamento noturno na reserva X X X X X

CONSERVAÇÃO

Elaborar e executar um plano de ação para o controle de espécies exóticas. X X      

Identificar e potencializar a recuperação de áreas alteradas.   X      

Continuidade do programa de prevenção e combate a incêndios florestais. X X X X X

Criação do Plano Emergencial de Combate a Incêndios Florestais na reserva e entorno. X        

Implementação e continuidade da campanha de denúncia a crimes ambientais. X X      

Recomposição de áreas degradadas na RNSA.   X X X  

Manter os aceiros e cercas da reserva em boas condições. X X X X X

Monitoramento das queimadas nas comunidades do entorno com registro do local e período. X X X X X

Incentivar a criação de ASAS (Área de Soltura de Animais Silvestres) em propriedades da região, e realizar o acompanhamento das solturas.       X X

PROTEÇÃO DA EQUIPE E DO VISITANTE

Instalar macas e kits de primeiros socorros em pontos estratégicos de cada trilha. X X

Implantação do seguro de acidentes pessoais para os visitantes da RPPN. X

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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Programa de Pesquisa e Monitoramento

ATIVIDADES ANO

PESQUISA 1 2 3 4 5

Atualizar o Programa de pesquisa da RNSA, incluindo as novas demandas. X        

Contribuir para o estabelecimento de programas de monitoramento e reintrodução de espécies       X X

Estabelecer linhas prioritárias para pesquisa em fauna, flora, impactos ambientais e comunidades do entorno;   X      

Reformular e renovar o convênio com as instituições já existentes e buscar novas parcerias, com o propósito de aumentar o número de pesquisa na RNSA.   X X X X

Reconhecimento da RNSA como área de estudo e da instituição nas publicações resultantes da pesquisa; X X X X X

Assegurar que todos os itens dos convênios para pesquisas sejam cumpridos. X X X X X

MONITORAMENTO

Monitorar efetivamente as pesquisas e os procedimentos para coleta de campo na RNSA. X X X X X

Manter o protocolo de pesquisa com o cadastro das informações do pesquisador e projeto. X        

Formalizar um termo de compromisso para o retorno e disponibilização dos resultados das pesquisas (relatórios, fotos, demais registros) para a administração da reserva como contrapartida;

  X      

Utilização das armadilhas fotográficas como ferramenta permanente de monitoramento da fauna.   X X X X

Criação de um banco de dados das pesquisas sendo realizadas na reserva. X X      

Programa de Visitação

ATIVIDADES ANO

USO PÚBLICO 1 2 3 4 5

Dar continuidade a visitação escolar para alunos dos municípios próximos a RNSA. X X X X X

Elaborar estudo sobre a capacidade de suporte de visitação da RNSA. X        

Elaborar estudo sobre o perfil dos visitantes e criação de banco de dados com as informações. X X      

Mapear os lugares com potencial ecoturístico no entorno da RNSA. X        

Incorporar os condutores de trilhas como parceiros do programa de visitação. X        

Desenvolver programa de visitação específico para as escolas do entorno e da região, universidades, turistas e visitantes estrangeiros;   X      

Dotar de infraestrutura mínima para atender visitantes portadores de deficiência física.       X X

Criar um portfólio de atividades a serem desenvolvidas pelos condutores de trilhas adequado ao perfil dos visitantes.   X      

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Definir o público-alvo das ações de educação ambiental.   X      

Produzir material didático sobre a reserva: guia, vídeo, documentário e cartilhas. X X      

Elaboração e implementação de um Programa de Educação e Interpretação Ambiental na RNSA.   X      

Estabelecer e desenvolver ações voltadas para conscientização e mudança de percepção da comunidade em relação a reserva. X X X X X

Manter parcerias com instituições de ensino superior para que a reserva permaneça como laboratório natural de estudos e local de aulas de campo. X X X X X

Promover atividades de conscientização e sensibilização contínua sobre caça, fogo, prevenção de acidentes, crimes ambientais nas comunidades do entorno. X X X X X

Manter parceria com a rádio local para disseminação de campanhas e mobilização. X X      

Elaborar um cronograma anual de ações de educação ambiental promovidas pela reserva.   X      

Identificar uma ou mais espécie de fauna representativa (espécie-bandeira). X        

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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Programa de Sustentabilidade Econômica

ATIVIDADES ANO

SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA DA RNSA 1 2 3 4 5

Participação nos editais de apoio à gestão de UC (Petrobras, Aliança da Caatinga, FBPN, FUNBIO, etc.) X X X X X

Produção e Comercialização de materiais na RNSA que tenham ligação com a missão da AC. X X X X X

Campanha Adote a RNSA direcionada para as pessoas e empresários da Região dos Inhamuns e Sertão de Crateús. X X

Manter as taxas de uso público atualizadas X X X X X

Criação do Fundo Emergencial da RNSA X

Implantação da loja na RNSA e loja on-line com venda de produtos (camisas, bonés, chaveiros, artesanato local, etc). X X

Sustentabilidade econômica através de meliponicultura e produção de mudas X

Buscar parcerias para subsídios na fabricação de produtos. X X X X

Recursos vindos de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). X X

Estruturação do programa de turismo na reserva (turismo ecológico, birdwatching). X

Formalizar parceria com Ministério Público e outros para que recursos de compensação ambiental sejam aliados na RNSA X

Coletar sementes de espécies nativas no interior da RNSA para produção de mudas X X X X X

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO ENTORNO

Renda através de atividades socioambientais (meliponicultura, composto orgânico, artesanato produzidos pela comunidade).   X X X X

Identificar e inserir atrativos das comunidades do entorno nas visitas a RNSA X X      

Programa de Comunicação e Integração com a Comunidade

ATIVIDADES ANO

COMUNICAÇÃO 1 2 3 4 5

Elaborar e disponibilizar materiais informativos e de sensibilização. X X      

Divulgar as ações e projetos executados pela RNSA X X X X X

Manter parcerias com a imprensa (Jornal O Estado) X X X X X

Produção de vídeos, documentários institucionais, livros, etc. X        

Material de comunicação (adesivos, calendários, folders, etc.) para distribuir para os visitantes e parceiros da RNSA. X X      

Manutenção periódica do site e redes sociais. X X X X X

Divulgar o título de posto Avançado da Reserva da Biosfera da Caatinga. X X X X X

Disseminar a reserva através de publicações científicas e publicações online. X X X X X

Divulgar o Plano de Manejo 3ª iteração. X        

Participação contínua em eventos, encontros, congressos, seminários, feiras e etc para apresentação de resultados das ações desenvolvidas na reserva e para a reserva. X X X X X

Elaborar um roteiro turístico sobre o sertão de Crateús focando nos atrativos da RNSA   X      

Elaborar e publicar guias fotográficos da biodiversidade por grupo (mamíferos, aves, répteis e anfíbios, flora)   X X    

INTERAÇÃO COM A SOCIEDADE

Promover cursos, oficinas, eventos de disseminação de praticas conservacionistas. X X X    

Manter contato direto com as comunidades sobre o funcionamento e as atividades da RNSA X X X X X

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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5. Informação Finais

5.1 Anexos

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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5.1.1 Mapa da RPPN RNSA

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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5.1.2. Portarias

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS

PORTARIA N° 51 DE 08 DE SETEMBRO DE 2000.

A PRESIDENTE DO INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA, no uso das atribuições previstas no art. 17 inciso VII da Estrutura Regimental aprovada pelo Decreto 3.059 de 14 de maio de 1999, no art. 83 inciso XIV, do Regimento Interno aprovado pela Portaria MINTER n° 445/GM/89, de 16 de agosto de 1989, e tendo em vista as disposições do Decreto nº 1.922, publicado no D.O.U. de 05 de junho de 1996, considerando o que consta do Processo n° 02007.003089/00-50,

RESOLVE:

Art. 1° Reconhecer, mediante registro, como Reserva Particular do Patrimônio Natural, de interesse público, e em caráter de perpetuidade, a área de 4.749,58 ha (quatro mil setecentos e quarenta e nove hectares e cinqüenta e oito ares) na forma descrita no referido processo, constituindo-se parte integrante dos imóveis: Oitis, Melancia e Carvalhadas, Almas I e II, São Luiz e Boa Vista, Bom Sossego e Grajaú, Reserva denominada: Reserva Serra das Almas, no Município de Cratéus, Estado do Ceará, de propriedade da Associação Caatinga, todas registradas no Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de Cratéus - CE, no livro 064, com os seguintes números de matriculas: 01-041 às folhas 052 em 26/05/1999; 01-042 às fls 088 em 26/05/1999; 01-043 às folhas 067 em 26/05/1999; 01-044 às folhas 089 em 26/05/1999 e 01-050 em 01/07/1999.

Art. 2° Determinar à proprietária do imóvel o cumprimento das exigências contidas no Decreto n° 1.922, de 05 de junho de 1996, em especial no seu art. 8°, incumbindo-a de proceder às averbações do respectivo Termo de Compro-misso no Registro de Imóveis competente, e dar-lhe a devida publicidade, nos termos do § 1° do art. 6° do mencionado Decreto.

Art. 3° As condutas e atividades lesivas à área reconhecida, sujeitarão os infratores às sanções administrativas ca-bíveis, sem prejuízo de responsabilidade civil e penal.

Art. 4° Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

MARÍLIA MARRECO CERQUEIRA

PRESIDENTE DO IBAMA

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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Portarias (continuação)

PORTARIA Nº 117/02 DE 09 DE SETEMBRO DE 2002.

O PRESIDENTE DO INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA, nomeado pelo Decreto de 13 de maio de 2002, publicado no Diário Oficial da União do dia subse-quente, no uso das atribuições que lhe conferem o arte 24 do Anexo I ao Decreto

3.833, de 5 de junho de 2001, que aprovou a Estrutura Regimental do IBAMA, publicado no D.O.U de 6 de junho de 2001 e o item VI, do arte 95, do Regimento Interno do IBAMA, aprovado pela Portaria GM/MMA n° 230, de 14 de maio de 2002, republicada no D.O.U do dia 21 de junho de 2002;

Considerando o disposto no arte 21 da Lei 9.985, 2000 e o que consta no processo n°02007.001796/02-28,

RESOLVE:

Art. 1° Reconhecer, mediante registro, corno Reserva Particular do Patrimônio Natural, de interesse público e em caráter de perpetuidade, a área de 494,50 HA (quatrocentos e noventa e quatro hectares e cinqüenta ares), na forma descrita no referido processo, constituindo-se parte integrante dos imóveis denominados Fazendas Cacimbas I e 11, a reserva denominada “Serra das Almas II”, no município de Crateús, Estado do Ceará, de propriedade da Associação CAA-TINGA, matriculados em 21/11/2001, livro

2A-R-G/, sob números 299 e 300, às folhas 197 e 199; registrado no cartório do 2° Ofício da Comarca de Fortaleza, no citado Estado.

Art. 2° Determinar a proprietária do imóvel o cumprimento das exigências contidas no Decreto n° 1.922, de 5 de junho de 1996, em especial no seu artigo 8°, incumbindo-o de proceder a averbação do espectivo Termo de Compromis-so no Registro de Imóveis competente e dar-lhe a devida publicidade, nos termos do § 1° do artigo 6° do mencionado Decreto.

Art. 3° As condutas e atividades lesivas à área reconhecida sujeitarão os infratores às sanções administrativas cabí-veis, sem prejuízo de responsabilidade civil e penal.

Art. 4° Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

RÔMULO JOSÉ FERNANDES BARRETO MELLO

Presidente

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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5.1.3. Imagem de Satélite da Área da RNSA e Áreas do Entorno (satélite ALOS – 2007)

5.1.4. Detalhamento das metodologias da Avaliação Ecológica Rápida (1999/2000)

5.1.4.1. Flora

5.1.4.1.1. Mapeamento da vegetação:

a) Etapa de laboratório. A partir da interpretação visual de imagens de satélite Landsat TM 5 na escala de 1:50.000, foi elaborado um mapa preliminar, na mesma escala, no qual foram delimitadas as três unidades de vegetação (caatinga, carrasco e floresta decidual) presentes na Reserva com seus respectivos estádios suces-sionais. Foram utilizados critérios convencionais de fotointerpretação para delimitar as diferentes tipologias, em particular o padrão de coloração e textura da imagem.

b) Base cartográfica. Imagem de satélite Landsat TM 5 de 1999, escala 1:50.000, folhas da SUDENE de 1968 na escala de 1:100.000, e mapa de Reconhecimento Exploratório de Solos de 1972 da SUDENE, na escala de 1:600.000.

c) Etapa de campo. Os limites e as diferentes tipologias de cada unidade de vegetação ex: carrasco (está-dios inicial, médio e avançado de recuperação da vegetação), delimitadas preliminarmente no laboratório, foram checadas e confirmadas no campo.

d) Finalização do mapa. Após comprovação no campo, foi elaborado o mapa final de vegetação na escala de 1:50.000 com a delimitação de cada tipologia.

5.1.4.1.2. Levantamento da diversidade florística:

Foram feitas coletas ao longo dos quatro pontos (Almas, Cruzinhas, São Luíz e Grajáu) de ervas, trepadeiras, subarbustos, arbusto e árvores com flores e/ou frutos e anotada a presença das que estavam apenas com ma-terial vegetativo (folhas) e separadas por unidades de vegetação (caatinga, carrasco e floresta decidual). Todo o material coletado, após as determinações taxonômicas, foi depositado no herbário EAC (Prisco Bezerra) da UFC. Foi preparada uma lista geral da flora com os respectivos nomes populares, forma de vida e formação vegetal em que estavam presentes.

5.1.4.1.3. Levantamento fitossociológico:

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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Em cada uma das localidades Almas, São Luíz (ambas com floresta decidual), Cruzinhas (carrasco) e Grajáu (caatinga), foi instalada uma parcela de 50 x 20m (1.000m2), ou seja, 0,1ha, e medido o perímetro e estimadas as alturas de todas as plantas (exceto as trepadeiras) presentes no interior das parcelas, com no mínimo 9 cm de perímetro do caule no nível do solo. Foram calculados os parâmetros espaciais horizontais: densidade, área basal e os parâmetros espaciais verticais (exceto para as trepadeiras): altura mínima, média e máxima e o índice de diversidade de Shannon (H’). Os resultados da análise dos parâmetros fitossociológicos foram or-ganizados em ordem decrescente de importância sociológica das populações (IVI) nas comunidades estudas. Foram consideradas raras as espécies com ocorrência de apenas um ou dois indivíduos.

5.1.4.1.4. Seleção de habitats para conservação e recuperação:

Foram considerados como critérios de seleção para conservação as áreas remanescentes de estádio avan-çado de recuperação. Os critérios prioritários considerados para recuperação foram: o nível de degradação da vegetação, a susceptibilidade erosiva do solo (textura, profundidade e declividade do relevo), a proximidade de mananciais de água, a vulnerabilidade da vegetação e a existência de espécies raras.

5.1.4.2. Fauna

5.1.4.2.1. Mastofauna

O levantamento mastozoológico incluiu o estudo de todas as ordens de mamíferos presentes na região. No levantamento deste grande grupo optou-se por várias metodologias de campo, adequadas a cada um dos grupos estudados e aos objetivos do trabalho. Na primeira etapa de trabalho foram feitas coletas sistemáticas, observações visuais dos animais, registros auditivos e fotográficos, coletas de restos alimentares e de material fecal e observações e registros de rastros de animais. Também foram registradas várias informações forne-cidas pelos moradores da região, assim como recebidas doações de partes de animais mortos (esqueletos e pelagens).

Para o estudo dos pequenos mamíferos - marsupiais e roedores - foram utilizadas armadilhas do modelo Sherman, Tomahawk e ratoeiras plásticas. Estas foram divididas em grupos e distribuídas em áreas distintas, previamente selecionadas e marcadas com GPS. Os transectos obedeceram às características topográficas do terreno, e as áreas inventariadas foram escolhidas de maneira a representarem um conjunto mais diversificado possível de formações vegetacionais.

Utilizou-se como iscas produtos alimentícios industrializados e alimentos comuns da região (tubérculos e frutas). Todas as armadilhas foram vistoriadas diariamente. Foi realizada uma triagem prévia dos animais a serem sacrificados. Destes, foram obtidos dados biométricos, bem como material para o estudo do cariótipo de cada indivíduo. Após esta etapa, os animais foram taxidermizados seguindo os procedimentos de rotina para cada grupo, conservados em via úmida ou em forma de pele cheia.

O trabalho de campo com primatas consistiu em um levantamento preliminar dos grupos, identificados visualmente e devidamente registrados. Para quirópteros, a metodologia de estudo consistiu na captura de exemplares utilizando redes de neblina armadas no crepúsculo e vistoriadas a cada 15 minutos. Realizou-se uma triagem para identificação dos animais em período reprodutivo, os quais foram identificados e liberados após a anotação de dados biométricos. Os exemplares capturados foram sacrificados e posteriormente taxi-dermizados seguindo o procedimento de rotina, mantidos em via úmida.

Para as demais ordens de mamíferos presentes na área da Reserva, o levantamento mastozoológico teve como base a identificação das espécies realizada através de observações visuais eventuais dos espécimens e de sinais indicativos indiretos, tais como fezes, rastros, pegadas e vocalizações. Estas observações foram feitas diretamente no campo, contando com o auxílio de recursos fotográficos. Para o registro de pegadas foram feitos contra-moldes de gesso e fotografias, sendo os dados obtidos comparados com a bibliografia disponí-vel (por ex. Becker & Dalpone, 1991). A análise do conteúdo fecal foi conduzida para a identificação dos itens que compõem a dieta desses mamíferos.

O material biótico coletado foi depositado na Coleção de Vertebrados da Universidade Federal do Ceará, Coleção de Quirópteros da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e Coleção de Mamíferos do Museu Nacional/UFRJ.

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

102

5.1.4.2.2. Avifauna

Tendo em vista a necessidade da cobertura mais exaustiva possível dos locais de trabalho no interior da reserva, foram adotados métodos capazes de propiciar a desejada mobilidade com a necessária precisão. Para tanto, três formas de coleta de dados foram utilizadas nos levantamentos:

a) Censo pontual. Censos de 20 minutos de duração em ponto fixos com detecção visual e auditiva de todos os indivíduos percebidos no local, sem limite de distância. Os pontos de censo corresponderam a(s) fitofisionomia(s) demarcada(s) para levantamento nos diversos locais da RNSA. Os censos eram iniciados no clarear do dia, sequenciados por local de forma aleatória. Eram finalizados ao redor das 9:00 horas da manhã, momento em que a atividade das aves diminuía. Os pontos com mesmo nome de código, por exemplo São Luís, eram trabalhados na mesma manhã. Esse método foi utilizado nos levantamentos de novembro e maio.

Em novembro, todos os pontos, exceto o denominado Almas 5, foram amostrados em um dia. Almas 5 deixou de ser avaliado em novembro em função de dificuldade de localização, fato que ocorreu quando o pe-ríodo principal de atividades das aves já havia passado. Em maio, todos os pontos foram trabalhados em duas manhãs consecutivas, exceto Almas 6, cujo segundo dia de levantamento ocorreu 48 horas após o primeiro. Essa defasagem aconteceu em função do tempo necessário para deslocamento entre os pontos e a obrigato-riedade de obter os dados até as 9:00 horas da manhã.

b) Detecção assistemática. Anotação de todas as aves encontradas em percursos a pé pela área da Reserva, com ênfase aos pontos de censo. Aves encontradas durante os deslocamentos entre os pontos de apoio e os locais específicos também são inseridas na listagem, quando observadas nos limites da Reserva ou imedia-ções do local de trabalho. Neste último caso, estão listadas com a observação correspondente. Aqui estão inseridas espécies observadas no local em trabalhos anteriores. Esse método foi utilizado nos levantamentos de novembro e maio.

c) Captura com redes. Em maio foram estabelecidas de 2 a 4 redes ornitológicas de capturas de malha 36 mm e 12 m de comprimento cada, em diversos pontos da Reserva. A maioria dos pontos de censo na parte alta da Reserva teve redes colocadas nas proximidades. Além desses locais, foram amostrados com redes: a região do cajueiro grande do início do caminho de Almas, as cabeceiras do riacho São Luís, a região próxima à porteira de entrada da Reserva na parte alta e uma área entre essa porteira e o cajueiro grande.

O esforço de campo correspondeu aos períodos matutinos (desde o clarear do dia até às 11:00 horas da ma-nhã) e vespertinos (a partir das 15:00 horas até o escurecer). Observações noturnas foram efetuadas nas imedia-ções do ponto de apoio (casa de Melancias).

A distribuição do esforço em novembro e maio procurou atender às variações estacionais esperadas para a área. Como a precipitação pluviométrica é o fator fundamental influenciando a produtividade dos sistemas naturais da Caatinga, bem como a resposta das aves em termos de reprodução e migração, distribuiu-se os levantamentos entre o período de final de seca (novembro) e de final das chuvas (maio), correspondendo o primeiro ao momento em que espera-se o mínimo populacional e o segundo ao máximo populacional das aves da Reserva. Usando-se a estação de Crateús para essa avaliação, no período de 1974 a 1998, nota-se que, na média, novembro e maio correspondem a essas características. De fato, os levantamentos de novembro ocorreram simultaneamente às primeiras chuvas na Reserva, enquanto maio ainda apresentava precipitações, embora mais esparsas do que nos meses anteriores. A estação 1999/2000 foi de chuvas intensas, possivel-mente próximo ao quadro de máximas esperadas para a área, uma análise que poderá ser melhor feita com os dados coletados nessa estação em Crateús e na Reserva, a qual conta com pluviômetro na casa de Melancias desde fevereiro.

A semelhança entre os habitats foi comparada em composição de espécies (apenas as capturadas nas ar-madilhas) através do coeficiente de similaridade de Jaccard.

Os índices de largura de nicho espacial (habitat) para as espécies da herpetofauna foram calculados através da medida padronizada de Levins, e a diversidade e a equitabilidade foram calculadas através do índice de Shannon-Wiener (KREBS, 1989).

5.1.4.2.3. Herpetofauna

A AER para este grupo foi dividida em coletas e observações de 06 a 15 de dezembro de 1999 (época seca) e na segunda, de 02 a 11 de abril de 2000 (época chuvosa), em todos os pontos determinados previamente pela equipe organizadora. Foram instaladas armadilhas para as análises quantitativas em sete pontos, repre-

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

103

sentativos dos diferentes ambientes que ocorrem no local: Caatinga Arbórea (Almas VII), Mata Seca (Almas III), Caatinga (Almas VI), Carrasco (Melancias II), “Mata de Encosta” (São Luís I), “Mata Ciliar/Mangueiras” (Olho d’água – junto à base de campo) e Vegetação Secundária (Grajáu – ponto 4-2/pau-branco). Destes, apenas o Grajáu se situava na parte baixa da reserva, próximo à parte sul da Chapada da Ibiapaba. No Grajáu, foram incluídas observações na área do Açude do Grajáu e também, na segunda etapa, na Lagoa do Carcará, por serem ambientes ecologicamente importantes.

Na época seca, havia uma lagoa no Grajáu e apenas o ambiente do Olho d’água incluía um riacho e áreas alagadas. Neste mesmo riacho, em um trecho mais à frente (“Grota de São Luís”), a cerca de 100 m do ambiente São Luís I, foram feitas observações complementares. Na época chuvosa, foram encontradas também poças temporárias e alagados no Lajeiro e arredores (caminho para Melancias I), nas proximidades da Casa das Almas e no Grajáu, onde havia também um riacho temporário ao longo da trilha até os pontos de amostragem.

Para a amostragem qualitativa, foram procurados os exemplares da herpetofauna em caminhadas pelas trilhas em todos os ambientes, durante o dia e à noite, com auxílio de lanternas. Foram procurados visualmen-te os anfíbios e répteis em todos os microhabitats possíveis, incluindo a procura em folhiço, troncos podres, embaixo de pedras e outros microhabitats que exigem sua remoção. Além disso, os anfíbios foram localizados auditivamente em seus sítios de vocalização.

Para a amostragem quantitativa, foram instaladas, ao longo de um transecto em cada ambiente, as arma-dilhas do tipo “pitfall”, baldes plásticos de 20 litros enterrados até a boca. Em cada transecto, foram alocados 05 conjuntos de 04 baldes e 03 cercas plásticas de 4,00 x 0,50 metros, tendo o conjunto a forma de um “Y”, totalizando 20 armadilhas por transecto e 140 nos ambientes. Considerando a área coberta pelo “Y” como a área de um círculo, cada conjunto de 04 armadilhas (estação) cobriu ca. 50 m2 e em cada transecto foram amostrados 250 m2, totalizando 1750 m2. A distância entre cada estação foi de ca. 8 m, portanto, cada tran-secto mediu ca. 72 m. Os animais capturados nas armadilhas foram retirados diariamente na primeira etapa e em dias alternados na segunda, exceto no Grajáu, onde as visitas foram alternadas a cada 2 dias na primeira fase, e a cada 3 dias na segunda.

Foram feitas coletas manualmente ou com auxílio de estilingues ou de espingarda de pressão. Sempre que possível, os animais coletados foram fotografados. Os lagartos e anfíbios mortos para identificação foram fixados em formaldeído a 10 % e conservados em álcool a 70 %.

Os espécimes foram identificados e tiveram suas distribuições geográficas indicadas, com base em chaves artificiais e referências apropriadas para cada grupo (PETERS & OREJAS-MIRANDA, 1970; PETERS & DONOSO-BARROS, 1970; VANZOLINI et al., 1980; FROST, 1985) ou através da comparação com espécimes tombados em Coleções Científicas. Para este trabalho, foram visitadas as coleções herpetológicas da Universidade Fede-ral do Ceará (UFC), do Museu Nacional (MNRJ) e do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP). Os exemplares foram depositados na Coleção do Depto. de Biologia da Universidade Federal do Ceará, do Setor de Herpetologia do Museu Nacional/UFRJ e do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo.

5.1.5. Lista de Espécies Florestais

Família Espécie

Achariaceae Lindackeria ovata Gilg.

Acanthaceae Anisacanthus tribolus Lindau

Dicliptera ciliaris

Justicia fragilis

Justicia cf. strobilacea (Ness) Lindau

Justicia sp.

Adiantaceae Adiantum deflectens Mart.

Alstroemeriaceae Bomaria sp.

Amaranthaceae Alternanthera dentata

Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze var. villosa (Moq.) Kuntze

Gomphrena leucocephala Mart.

Amaryllidaceae Hippeastrum sp.

Anacardiaceae Myracrodruon urundeuva Allemão

Annonaceae Duguetia riedeliana R. E. Fr.

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

104

Ephedranthus pisocarpus R. E. Fr.

Rollinia leptopetala R. E. Fr.

Apocynaceae Allamanda blanchetii A. DC.

Aspidosperma sp.

Aspidosperma discolor A. DC.

Aspidosperma pirifolium Mart.

Aspidosperma subincanum A. DC.

Prestonia bahiensis Müll. Arg.

Araceae Scaphispatha gracilis Brong. ex Schott

Spathicarpa cf. hastifolia Hook.

Tacarum perigrinum Schott

Asteraceae Ageratum mepiadenium Baker

Lagascea mollis Cav.

Vernonia obscura Less.

Bidens bipinnata L.

Blainvillea lanceolata

Blainvillea rhomboidea Cass.

Pithecoseris pacourinoides Mart

Trichogonia sp

Vernonia sp.

Wedelia villosa Gardner

Bignoniaceae Arrabidea corallina (Jacq.) Sandwith

Arrabidea caudigera (S.Moore) A. H. Gentry

Arrabidea dispar Bur. ex K. Schum.

Bignoniaceae A

Cuspidaria argentea (Wawra) Sandwith

Jacaranda jasminoides (Thunb). Sandwith

Neojeobertia candolleana (Mart. ex DC.) Bureau & K. Schum.

Tabebuia ochracea (Cham.) Standl.

Bixaceae Cochlospermum vitifolium Spreng

Boraginaceae Auxemma oncocalyx (Allemão) Taub.

Auxemma oncocalyx Baill.

Cordia leucomalloides Toroda

Cordia rufescens A. DC. Arbusto

Bromeliaceae Bromelia laciniosa Mart. ex Schult.

Bromelia plumieri (E. Morren) L. B. Sm.

Bromelia auriculata J. B. Sm.

Encholirium erectiflorum L. B. Sm.

Burseraceae Commiphora leptophloeos (Mart.) Gillett

Cactaceae Cereus jamacaru DC.

Capparaceae Crateva tapia L.

Capparis cynophallophora L.

Celastraceae Maytenus sp.

Combretaceae Buchenavia capitata Eichler

Combretum leprosum Mart.

Combretum lanceolatum Eichl

Combretum mellifluum Eichler var. mellifluum

Thiloa glaucocarpa (Mart.) Eichler

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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Commelinaceae Commelina sp.

Dichorisandra hexandra (Aubl.) Standl.

Dichorisandra sp.

Cleomaceae Cleome microcarpa Ule

Convolvulaceae Evolvulus macroblepharis Meisn.

Evolvulus filipes Mart.

Evolvulus sp.

Ipomea rosea Choisy

Ipomoea sp.

Ipomoea subincana Meisn.

Cyperaceae Cyperus agregatus (Willd.) Endl.

Cyperus diffusus Vahl

Cyperus sp.

Cyperus surinamensis Rottb.

Killinga sp.

Chrysobalanaceae Licania rigida Benth.

Dioscoreaceae Dioscorea sp.

Eriocaulaceae Paepalanthus bifidus (Schard.) Kunth

Paepalanthus sp.

Erythroxylaceae Erythroxylum barbatum O. E. Schulz

Erythroxylum bezerrae Plowam

Erythroxylum amplifolium Baill.

Erythroxylum pelleterianum A.St.Hil

Erythroxylum sp. 1

Erythroxylum laetevirens O. E. Schulz

Erythroxylum stipulosum Plowam

Erythroxylum vacciniifolium Mart.

Euphorbiaceae Actinostemon sp.

Cnidosculus vitifolius Pohl

Croton argirophyloides Müll. Arg.

Croton betaceus Baill.

Croton lundianus (Didr.) Müll. Arg.

Croton jacobinensis Baill.

Croton moritibensis Baill.

Croton nepetifolius Baill.

Croton sonderianus Müll. Arg

Croton sp.

Croton adenocalyx Baill.

Croton glandulosus L.

Croton grewioides Baill

Croton odontadenius Mull. Ar.

Croton zehnteneri Pax & H. Roffm.

Dalechampia pernambucensis Baill.

Euphorbia comosa Vell.

Jathropha mollissima (Pohl) Baill.

Manihot glaziovii Müll. Arg.

Manihot palmata Müll. Arg.

Phyllanthus caroliniensis Walt.

Page 106: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

106

Maprounea sp.

Sapium lanceolatum Spreng

Phyllanthus orbiculatus Rich.

Sapium aff. arguta (Müll. Arg.) Huber

Sesbania maginata Benth

Bernardia sidoides Mull. Arg.

Maprounea sp.

Sapium lanceolatum Spreng

Sebastiania sp.

Stillingia uleana Pax. & H. Hoffm.

Flacourticeae Casearia commersoniana Cambess.

Xylosma ciliatifolium (Clos) Eichler

Xylosma sp.

Iridaceae Nemastylis sp. erva bulbosa

Lamiaceae Aegiphila sp

Hyptis salzmanii Benth

Hyptis suaveolens (l.) Poit

Hyptis sp.

Fabacea Bauhinia acuruana Moric.

Bauhinia dubia G. Don

Bauhinia puchella Benth.

Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud.

Bauhinia sp.

Bauhinia unguculata L.

Caesalpinia bracteosa Tul.

Chamaecrista flexuosa (L.) Greene

Caesalpinia ferrea Mart.

Chamaecrista calcyoides Gueene

Chamaecrista sp.

Chamaecrista ramosa (Vog.) Irwin & Barneby

Copaifera martii Hayne

Copaifera langsdoffii Desf.

Hymenaea eriogyne Benth.

Hymenaea velutina Ducke

Senna gardneri (Benth) H. S. Irwin & Barneby

Senna obtusifolia (L.) Irwin & Barneby

Senna rugosa

Senna cearensis Afr. Fern.

Senna trachypus (Benth.) Irwin & Barneby

Acacia paniculata

Acacia glomerosa Benth.

Acacia langsdorffii Benth.

Acacia riparia Kunth

Chloroleucon mangense (Jacq.) Britton & Rose

Cloroleucon acacioides (Ducke) Barneby & J. W. Grimes

Entherolobium contortisiliquum L.

Inga sp

Inga ingoides Willd.

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

107

Mimosa verrucosa

Mimosa acutistipula Benth.

Mimosa caesalpinifolia Benth.

Mimosa ursina Mart.

Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.

Piptadenia moniliformis Benth.

Piptadenia stipulacea Benth.

Amburana cearensis (Allemão) A. C. Sm.

Cronocarpus gracilis Afr. Fern. & P. Bezerra

Dalbergia cearensis Ducke

Dalbergia sp.

Dalbergia dicipularis Rizz.

Dioclea cf. sclerocarpa Ducke

Lonchocarpus araripensis Benth.

Luetzelburgia auriculata (Allemão) Ducke

Machaerium acutifolium Vogel

Machaerium stipitatum Vogel

Ormosia fastigiata Tul.

Periandra coccinea (Schrad.) Benth.

Swartzia flaemingii R.S. Cowan

Anadenanthera columbrina var. cebil (Griseb.) Altschul

Boudichia virgiloides H. B. & K.

Cratylia mollis Mart. ex Benth

Crotalaria vitellina Ker Gawl

Desmodium sp. 1

Desmodium sp. 2

Desmodium sp. 3

Erythrina velutina Willd

Galactia sp

Macroptilium sp

Plathymenia reticulata Benth.

Swartzia flaemingi Raddi

Loranthaceae Phthirusa sp. hemiparasita

Lythraceae Cuphea circaeodes Sm.

Cuphea campestris Koehne

Cuphea silvestris Vahl

Cuphea sp.

Malpighiaceae Banisteriopsis stellaris (Griseb.) B.Gates

Banisteria montana A. Juss

Byrsonima gardneriana A. Juss.

Peixotoa jussieuana (Mart.) A. Juss.

Malvaceae Pavonia sp.

Pavonia cancellata (L.)Cav.

Corchorus sp.

Guazuma ulmifolia Lam.

Luehea uniflora A. St. Hil

Pseudobombax marginatum (A.St.-hil.,Juss.& Cambess.) A.Robyns

Wissadula contracta R.E. Fries

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

108

Sida angustissima A. St.-Hil.

Moraceae Brosimum gaudichaudii Turcz.

Myrtaceae Myrtaceae A

Myrtaceae B

Myrtaceae C

Campomanesia aromatica (Aubl.) Griseb.

Campomanesia pubescens (DC.) O. Berg.

Eugenia sp.

Eugenia aff. dysenterica DC.

Eugenia flavescens DC.

Eugenia ligustrina (Sw.) Willd.

Eugenia piauhiensis O. Berg

Eugenia punicifolia (Kunth) DC.

Myrcia acutiloba O. Berg

Myrcia sp1

Myrcia sp2

Myrcia multiflora (Lam.) DC.

Myrcia guianensis (Aubl.) DC.

Psidium appendiculatum Kiairkou

Nyctaginaceae Boerhavia coccinea Mill.

Guapira graciliflora (Mart. ex J. A. Schimdt) Sundell

Ochnaceae Ouratea sp.

Olacaceae Heisteria sp

Opiliaceae Agonandra brasiliensis Benth. & Hook

Oxalidaceae Oxalis divaricata Mart. ex Zucc.

Passifloraceae Passiflora foetida L.

Poaceae Lasiacis ligulata Hitchc. & Chase

Paspalum plicatum Michx.

Poaceae B

Poaceae C

Lasiacis sp.

Panicum trichoides Sw

Panicum sp

Setaria cf. rariflora J.C. Mikan ex Spreng

Streptostachys asperifolia (Kunth) Desv.

Urochloa fasciculata (Sw.) Webster

Urochloa sp.

Polygalaceae Polygala paniculata L.

Bredemeyera sp

Polygala sp.

Polygonaceae Triplaris gardneriana Wedd

Portulacaceae Portulaca pilosa L.

Talinumsp.

Talinum paniculatum (Jacq.) Gaertn.

Pteridaceae Cheilanthes concolor (Langst. & Fisch.) R.M.Tryon & A.F.Tryon

Rhamnaceae Colubina cordifolia Reis

Ziziphus joazeiro Mart.

Rubiaceae Rubiaceae A

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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Alibertia sp.

Declieuxia sp.

Guettarda viburnoides Cham. & Schltd.

Chomelia cf. Barbeyana Hubber

Faramea sp

Diodia cf. barbeyana Huber

Spermaccoce sp

Faramea sp

Richardia grandiflora (Cham. & Schltdl.) Standl.

Tocoyena formosa (Cham. & Schltd.) K. Schum. Subesp. Formosa

Rutaceae Pilocarpus spicatus A. St.-Hil.

Zanthoxyllum stelligerum Turcz.

Sapindaceae Allophyllus sericeus (Combess.) Radlk.

Allophyllus sp.

Matayba guianensis Aubl.

Paullinia sp.

Paullinia cearensis Somner & Ferrucci

Serjania sp.

Cardiospermun corindum L.

Talisia esculenta Radlk.

Sapotaceae Chrysophyllum ebenaceum Mart.

Pouteria reticulata Eyma

Scrophulariaceae Angelonia cornigera Hook.

Scoparia dulcis L.

Smilacaceae Smilax sp.

Solanaceae Capsicum parvifolium Sendtn.

Solanum baturitense Huber

Sterculiaceae Helicteres muscosa Mart.

Helicteris heptandra L. B. Sm

Helicteres sp.

Waltheria brachypetala Turcz.

Waltheria rotundifolia Schrank

Schoepfiaceae Schoepfia ap

Trigoniaceae Trigonia nivea Cambess.

Turneraceae Turnera coerulea DC.

Turneraceae A

Turnera sp.

Urticaceae Fleurya aestuans Gaudich

Laportea aestuas (L.) Chew

Verbenaceae Amasonia coccinia Liemb. ex Moldenke

Lantana camara L.

Lantana sp.

Lippia gracilis Phil.

Vitex schaueriana Moldenke

Vitex cymosa Bert. ex Spreng.

Vitaceae Cissus sp.

Cissus sicyoides L.

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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5.1.6. Lista de Fauna

5.1.6.1. Mastofauna

DIDELPHIMORPHIA

Didelphidae

Didelphis albiventris (Lund, 1840) cassaco, gambá

Gracilinanus agilis (Burmeister, 1854) catita, cuíca

Monodelphis domestica (Wagner,1842) cuíca-do-rabo-curto

CINGULATA

Dasypodidae

Dasypys septemcinctus Linnaeus, 1758 tatu

Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758 tatu-galinha

Euphractus sexcinctus (Linnaeus,1758) tatu-peba ou tatu-peludo

PILOSA

Myrmecophagidae

Tamandua tetradactyla (Linnaeus,1758) tamanduá-mirim, mambira

CHIROPTERA

Mormoopidae

Pteronotus parnelli (Gray,1843) morcego

Phyllostomidae

Anoura geoffroyi (Gray,1838) morcego

Artibeus jamaicensis (Leach, 1821) Morcego-das-frutas-grande

Artibeus lituratus (Olfers,1818) morcego-das-frutas

Artibeus planirostris (Spix,1823) morcego

Carollia perspicillata (Linnaeus,1758) morcego-das-frutas-de-cauda-curta

Desmodus rotundus (E.Geoffroy,1810) morcego vampiro

Glossophaga soricina (Pallas,1766) morcego beija-flor

Lonchophylla dekeyseri (Taddei, Vizotto & Sazima 1983) morcego

Lophostoma sp (d’Orbigny, 1836) morcego

Micronycteris minuta (Gervais, 1856) morcego

Phyllostomus discolor Wagner,1843 morcego

Phyllostomus hastatus (Pallas,1767) morcego, Falso-vampiro

Platyrrhinus lineatus (E. Geoffroy,1810) morcego

Sturnira lilium (E. Geoffroy,1810) morcego-fruteiro

Tonatia bidens (Spix,1823) morcego

Tonatia saurophila (Koooman & Willians, 1951) morcego

Trachops cirrhosus (Spix,1823) morcego

Vespertilionidae

Myotis riparius (Handley, 1960) morcego

PRIMATES

Callithrichidae

Callithrix jacchus (Linnaeus,1758) soin, sagüi

Cebidae

Sapajus libidinosus (Linnaeus, 1758) macaco-prego

CARNIVORA

Canidae

Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766) raposa, graxaim

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

111

Felidae

Puma yaguarondi (Lacépède, 1809) gato-mourisco

Leopardus tigrinus (Schreber, 1775) gato-do-mato-pequeno

Leopardus pardalis(Linnaeus, 1758) jaguatirica

Puma concolor (Linnaeus,1771) suçuarana, onça-parda, onça-vermelha

Mephitidae

Conepatus semistriatus (Boddaert, 1784) cangambá

Mustelidae

Eira barbara (Linnaeus, 1758) papa-mel, irara

Procyonidae

Procyon cancrivorus (Cuvier,1798) guaxinim, mão-pelada

ARTIODACTYLA

Cervidae

Mazama gouazoubira (Fischer, 1814) veado-catingueiro

Mazama americana (Erxleben, 1777) veado-campeiro

Tayassuidae

Pecari tajacu (Linnaeus,1758) cateto

RODENTIA

Caviidae

Galea spixii (Wagler,1831) preá

Kerodon rupestris (Wied,1820) mocó

Dasyproctidae

Dasyprocta prymnolopha (Wagler, 1831) cotia

Echimyidae

Thrichomys apereoides (Lund,1839) rabubo

Muridae

Mus musculus Linnaeus,1758 camundongo

Rattus rattus (Linnaeus,1758) rato, ratazana

Cricetidae

Necromys lasiurus (Lund, 1841) rato

Oligoryzomys stramineus (Bonvicino & Weksler,1998) rato

Oligoryzomys sp. rato

Wiedomys pyrrhorhinos (Wied-Neuwied, 1821) rato

5.1.6.2. Avifauna

TINAMIFORMES

Tinamidae

Crypturellus parvirostris inhambu-chororó

Crypturellus tataupa inhambu-chintã

Nothura boraquira codorna-do-nordeste

ANSERIFORMES

Anatidae

Dendrocygna viduata irerê

Dendrocygna autumnalis asa-branca

Cairina moschata pato-do-mato

Amazonetta brasiliensis pé-vermelho

Netta erythrophthalma paturi-preta

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

112

GALLIFORMES

Cracidae

Penelope jacucaca jacucaca

PODICIPEDIFORMES

Podicipedidae

Tachybaptus dominicus mergulhão-pequeno

Podilymbus podiceps mergulhão-caçador

PELECANIFORMES

Ardeidae

Tigrisoma lineatum socó-boi

Butorides striata socozinho

Bubulcus ibis garça-vaqueira

Ardea cocoi garça-moura

Ardea alba garça-branca-grande

Egretta thula garça-branca-pequena

CATHARTIFORMES

Cathartidae

Cathartes aura urubu-de-cabeça-vermelha

Cathartes burrovianus urubu-de-cabeça-amarela

Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta

Sarcoramphus papa urubu-rei

ACCIPITRIFORMES

Accipitridae

Chondrohierax uncinatus caracoleiro

Gampsonyx swainsonii gaviãozinho

Accipiter bicolor gavião-bombachinha-grande

Rostrhamus sociabilis gavião-caramujeiro

Geranospiza caerulescens gavião-pernilongo

Heterospizias meridionalis gavião-caboclo

Rupornis magnirostris gavião-carijó

Parabuteo unicinctus gavião-asa-de-telha

Geranoaetus albicaudatus gavião-de-rabo-branco

Geranoaetus melanoleucus águia-chilena

Buteo nitidus gavião-pedrês

Buteo brachyurus gavião-de-cauda-curta

Buteo albonotatus gavião-de-rabo-barrado

FALCONIFORMES

Falconidae

Caracara plancus caracará

Milvago chimachima carrapateiro

Herpetotheres cachinnans acauã

Micrastur semitorquatus falcão-relógio

Falco rufigularis cauré

Falco femoralis falcão-de-coleira

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

113

GRUIFORMES

Aramidae

Aramus guarauna carão

Rallidae

Aramides mangle saracura-do-mangue

Aramides cajanea saracura-três-potes

Gallinula galeata frango-d’água-comum

CARIAMIFORMES

Cariamidae

Cariama cristata seriema

CHARADRIIFORMES

Charadriidae

Vanellus cayanus batuíra-de-esporão

Vanellus chilensis quero-quero

Charadrius collaris batuíra-de-coleira

Recurvirostridae

Himantopus mexicanus pernilongo-de-costas-negras

Scolopacidae

Tringa solitaria maçarico-solitário

Calidris minutilla maçariquinho

Jacanidae

Jacana jacana jaçanã

COLUMBIFORMES

Columbidae

Columbina minuta rolinha-de-asa-canela

Columbina talpacoti rolinha-roxa

Columbina squammata fogo-apagou

Columbina picui rolinha-picui

Claravis pretiosa pararu-azul

Patagioenas picazuro pombão

Zenaida auriculata pomba-de-bando

Leptotila verreauxi juriti-pupu

PSITTACIFORMES

Psittacidae

Aratinga cactorum periquito-da-caatinga

Forpus xanthopterygius tuim

CUCULIFORMES

Cuculidae

Micrococcyx cinereus papa-lagarta-cinzento

Piaya cayana alma-de-gato

Coccyzus melacoryphus papa-lagarta-acanelado

Crotophaga major anu-coroca

Crotophaga ani anu-preto

Guira guira anu-branco

Tapera naevia saci

Dromococcyx phasianellus peixe-frito-verdadeiro

Page 114: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

114

STRIGIFORMES

Tytonidae

Tyto alba coruja-da-igreja

Strigidae

Megascops choliba corujinha-do-mato

Pulsatrix perspicillata murucututu

Glaucidium brasilianum caburé

Athene cunicularia coruja-buraqueira

Asio clamator coruja-orelhuda

CAPRIMULGIFORMES

Nyctibiidae

Nyctibius griseus mãe-da-lua

Caprimulgidae

Antrostomus rufus joão-corta-pau

Hydropsalis albicollis bacurau

Hydropsalis parvula bacurau-chintã

Hydropsalis hirundinacea bacurauzinho-da-caatinga

Hydropsalis torquata bacurau-tesoura

Chordeiles pusillus bacurauzinho

Chordeiles nacunda corucão

APODIFORMES

Apodidae

Tachornis squamata andorinhão-do-buriti

Trochilidae

Anopetia gounellei rabo-branco-de-cauda-larga

Phaethornis ruber rabo-branco-rubro

Phaethornis pretrei rabo-branco-acanelado

Eupetomena macroura beija-flor-tesoura

Chrysolampis mosquitus beija-flor-vermelho

Chlorostilbon lucidus besourinho-de-bico-vermelho

Amazilia leucogaster beija-flor-de-barriga-branca

Amazilia versicolor beija-flor-de-banda-branca

Amazilia fimbriata beija-flor-de-garganta-verde

Heliomaster squamosus bico-reto-de-banda-branca

TROGONIFORMES

Trogonidae

Trogon curucui surucuá-de-barriga-vermelha

CORACIIFORMES

Alcedinidae

Megaceryle torquata martim-pescador-grande

Chloroceryle amazona martim-pescador-verde

Chloroceryle americana martim-pescador-pequeno

GALBULIFORMES

Galbulidae

Galbula ruficauda ariramba-de-cauda-ruiva

Bucconidae

Nystalus maculatus rapazinho-dos-velhos

Page 115: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

115

PICIFORMES

Picidae

Picumnus pygmaeus pica-pau-anão-pintado

Picumnus limae pica-pau-anão-da-caatinga

Melanerpes candidus pica-pau-branco

Veniliornis passerinus picapauzinho-anão

Piculus chrysochloros pica-pau-dourado-escuro

Colaptes melanochloros pica-pau-verde-barrado

Celeus flavescens pica-pau-de-cabeça-amarela

Campephilus melanoleucos pica-pau-de-topete-vermelho

PASSERIFORMES

Thamnophilidae

Myrmorchilus strigilatus piu-piu

Formicivora melanogaster formigueiro-de-barriga-preta

Herpsilochmus sellowi chorozinho-da-caatinga

Herpsilochmus atricapillus chorozinho-de-chapéu-preto

Herpsilochmus pileatus chorozinho-de-boné

Sakesphorus cristatus choca-do-nordeste

Thamnophilus capistratus choca-barrada-do-nordeste

Thamnophilus pelzelni choca-do-planalto

Thamnophilus punctatus choca-bate-cabo

Taraba major choró-boi

Grallariidae

Hylopezus ochroleucus torom-do-nordeste

Scleruridae

Sclerurus scansor vira-folha

Dendrocolaptidae

Sittasomus griseicapillus arapaçu-verde

Campylorhamphus trochilirostris arapaçu-beija-flor

Dendroplex picus arapaçu-de-bico-branco

Lepidocolaptes angustirostris arapaçu-de-cerrado

Dendrocolaptes platyrostris arapaçu-grande

Xiphocolaptes falcirostris arapaçu-do-nordeste

Furnariidae

Furnarius figulus casaca-de-couro-da-lama

Furnarius leucopus casaca-de-couro-amarelo

Megaxenops parnaguae bico-virado-da-caatinga

Pseudoseisura cristata casaca-de-couro

Certhiaxis cinnamomeus curutié

Gyalophylax hellmayri joão-chique-chique

Synallaxis frontalis petrim

Synallaxis albescens uí-pi

Synallaxis scutata estrelinha-preta

Tityridae

Myiobius atricaudus assanhadinho-de-cauda-preta

Pachyramphus viridis caneleiro-verde

Pachyramphus polychopterus caneleiro-preto

Pachyramphus validus caneleiro-de-chapéu-preto

Page 116: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

116

Rhynchocyclidae

Leptopogon amaurocephalus cabeçudo

Tolmomyias flaviventris bico-chato-amarelo

Todirostrum cinereum ferreirinho-relógio

Hemitriccus margaritaceiventer sebinho-de-olho-de-ouro

Tyrannidae

Hirundinea ferruginea gibão-de-couro

Stigmatura napensis papa-moscas-do-sertão

Euscarthmus meloryphus barulhento

Camptostoma obsoletum risadinha

Elaenia spectabilis guaracava-grande

Elaenia chilensis guaracava-de-crista-branca

Elaenia parvirostris guaracava-de-bico-curto

Elaenia chiriquensis chibum

Myiopagis viridicata guaracava-de-crista-alaranjada

Phaeomyias murina bagageiro

Phyllomyias fasciatus piolhinho

Serpophaga subcristata alegrinho

Legatus leucophaius bem-te-vi-pirata

Myiarchus swainsoni irré

Myiarchus ferox maria-cavaleira

Myiarchus tyrannulus maria-cavaleira-de-rabo-enferrujado

Casiornis fuscus caneleiro-enxofre

Pitangus sulphuratus bem-te-vi

Machetornis rixosa suiriri-cavaleiro

Myiodynastes maculatus bem-te-vi-rajado

Megarynchus pitangua neinei

Myiozetetes similis bentevizinho-de-penacho-vermelho

Tyrannus melancholicus suiriri

Empidonomus varius peitica

Myiophobus fasciatus filipe

Sublegatus modestus guaracava-modesta

Fluvicola albiventer lavadeira-de-cara-branca

Fluvicola nengeta lavadeira-mascarada

Fluvicola pica lavadeira-do-norte

Arundinicola leucocephala freirinha

Cnemotriccus fuscatus guaracavuçu

Lathrotriccus euleri enferrujado

Vireonidae

Cyclarhis gujanensis pitiguari

Vireo olivaceus juruviara

Hylophilus amaurocephalus vite-vite-de-olho-cinza

Hylophilus poicilotis verdinho-coroado

Corvidae

Cyanocorax cyanopogon gralha-cancã

Page 117: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

117

Hirundinidae

Stelgidopteryx ruficollis andorinha-serradora

Progne tapera andorinha-do-campo

Progne chalybea andorinha-doméstica-grande

Tachycineta albiventer andorinha-do-rio

Troglodytidae

Troglodytes musculus corruíra

Cantorchilus longirostris garrinchão-de-bico-grande

Polioptilidae

Polioptila plumbea balança-rabo-de-chapéu-preto

Turdidae

Turdus rufiventris sabiá-laranjeira

Turdus leucomelas sabiá-barranco

Turdus amaurochalinus sabiá-poca

Mimidae

Mimus saturninus sabiá-do-campo

Coerebidae

Coereba flaveola cambacica

Thraupidae

Saltatricula atricollis bico-de-pimenta

Compsothraupis loricata tiê-caburé

Nemosia pileata saíra-de-chapéu-preto

Tachyphonus rufus pipira-preta

Lanio pileatus tico-tico-rei-cinza

Tangara sayaca sanhaçu-cinzento

Tangara cayana saíra-amarela

Schistochlamys ruficapillus bico-de-veludo

Paroaria dominicana cardeal-do-nordeste

Hemithraupis guira saíra-de-papo-preto

Conirostrum speciosum figuinha-de-rabo-castanho

Emberizidae

Zonotrichia capensis tico-tico

Ammodramus humeralis tico-tico-do-campo

Sicalis flaveola canário-da-terra-verdadeiro

Sicalis luteola tipio

Volatinia jacarina tiziu

Sporophila lineola bigodinho

Sporophila nigricollis baiano

Sporophila albogularis golinho

Sporophila leucoptera chorão

Sporophila bouvreuil caboclinho

Arremon taciturnus tico-tico-de-bico-preto

Cardinalidae

Cyanoloxia brissonii azulão

Parulidae

Parula pitiayumi mariquita

Basileuterus culicivorus pula-pula

Basileuterus flaveolus canário-do-mato

Page 118: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

118

Icteridae

Procacicus solitarius iraúna-de-bico-branco

Icterus cayanensis inhapim

Icterus pyrrhopterus encontro

Icterus jamacaii corrupião

Gnorimopsar chopi graúna

Chrysomus ruficapillus garibaldi

Agelaioides fringillarius asa-de-telha-pálido

Molothrus bonariensis vira-bosta

Sturnella militaris polícia-inglesa-do-norte

Sturnella superciliaris polícia-inglesa-do-sul

Fringillidae

Euphonia chlorotica fim-fim

Passeridae

Passer domesticus pardal

Page 119: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

119

ANURABufonidae Rhinella granulosa

Rhinella jimiRhinella marina

Hylidae Corythomantis greeningiDendropsophus nanusDendropsophus soaresiDendropsophus minutusDendropsophus gr. microcephalusDendropsophus branneriHypsiboas raniceps Phyllomedusa nordestinaPhyllomedusa hypocondrialisPseudis minutaScinax aff. eurydice Scinax x-signatus Scinax gr. ruber Trachycephalus typhonius

Leptodactylidae Leptodactylus fuscus Leptodactylus macrosternumLeptodactylus syphaxLeptodactylus troglodytes Leptodactylus vastusLeptodactylus aff. andreae

Leiuperidae Physalaemus albifronsPhysalaemus cicadaPhysalaemus cuvieri Pleurodema diplolisterPseudopaludicola falcipesPseudopaludicola mystacalisPseudopaludicola sp.

Microhylidae Dermatonotus muelleriElachistocleis cf. piauiensis

Cycloramphidae Proceratophrys cristiceps GYMNOPHIONA

Caeciliidae Siphonops aff. paulensis Siphonops aff. annulatus

SQUAMATATeiidae Ameiva ameiva

Cnemidophorus ocelliferTupnambis merinae

Tropiduridae Tropidurus hispidusTropidurus semitaeniatus

Phyllodactylidae Phyllopezus pollicarisGymnodactylus geckoidesPhyllopezus cf. periosus

Gekkonidae Hemidactylus brasilianusHemidactylus agriusHemidactylus mabuiaLygodactylus klugei

Gymnophthlmidae Colobosauroides cearensisColobosaura modestaMicrablepharus maximilianiVanzosaura rubricauda

Sphaerodactylidae Coleodactylus meridionalisLeiosauridae Enyalius bibroniiPolychrotidae Polychrus acutirostrisScincidae Brasiliscincus heathi

Copeoglossum arajaraMabuia nigropunctata

Diplogossidae Diploglossus lessonaeIguanidae Iguana iguanaAmphisbanidae Amphisbaena alba

Amphisbaena anomalaAmphisbaena polystega

Colubridae Apostolepis cearensisBoiruna sertanejaLeptodeira annulataLiophis poecilogyrusOxybelis aeneusOxyrhopus trigeminusPhilodryas nattereriPhilodryas olfersiiSpilotes pullatusThamnodynastes strigatusThamnodynastes sp.Xenodon merrenii

Boidae Boa constrictorCorallus hortulanusEpicrates cenchria

Elapidae Micrurus ibibobocaViperidae Bothrops erythromelas

Bothrops lutziCrotalus durissus

CROCODYLIAAlligatoridae Caiman crocodilos

Paleosuchus palpebrosusTESTUDINES

Chelidae Mesoclemmys tuberculataPhrynops aff. geoffroanus

5.1.6.3. Herpetofauna

Page 120: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

120

5.1.7. Formulário de Pesquisa de Satisfação do Visitante

PESQUISA SOBRE A SATISFAÇÃO DO VISITANTE

Nome: ____________________________________________________

Cidade: _______________ Telefone: _____-______________________

Email/site:_________ ____________________________ Idade: ______

Data: ______/_____/______

Gênero: Masculino Feminino

Escolaridade: Ensino Fundamental Ensino médio Graduação/Universitário Não alfabetizado

É a primeira vez que você visita uma unidade de conservação?sim não

Como soube da Reserva?Escola internet televisão outros ___________

Marque sua opinião sobre os itens abaixo:

Infraestrutura Ruim Aceitável Boa Excelente

Banheiros

Alojamentos

Trilhas

Serviços Ruim Aceitável Boa Excelente

Alimentação

Transporte

Equipe

Condutor de trilha (se houver)

Ruim Aceitável Boa Excelente

Postura

Informações prestadas

Cuidados com o grupo

Essa visita trouxe mudanças no seu conhecimento/visão so-bre a Caatinga? sim não

Qual a trilha que mas gostou?Arapucas Lajeiro Macacos Nenhuma

Você recomendaria a outras pessoas visitarem a Reserva?sim não

Sugestões/Reclamações

Obrigado pela visita!

Page 121: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

121

5.1.8. Ficha de Patrulha

Data: Temperatura:

Dia: Clima: Ensolarado

Horário: Nublado

Chuvoso

Equipe: Ventos: Sim

Não

Roteiro: Distânciapercorrida

Avistagem de animais silvestres Evidências de animais silvestresNão VocalizaçãoSim Pegadas

FezesRegistros:

Registros de Atividades FurtivasSons: Tiro GPS: /

VozesLatidos

Evidências: Pegadas humanasPegadas de cachorrosCortes na mataPegadas de mulasSinal de fogoCorte cerca

Observações

GPS: /GPS: /

GPS: /

GPS: /GPS: /GPS: /

GPS: /GPS: /GPS: /

RESERVA NATURAL SERRA DAS ALMASREGISTRO DE PATRULHAS

DADOS DA PATRULHA

____________Km

Page 122: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

122

5.1.9. Formulário de Pesquisa

FORMULÁRIO PARA APRESENTAÇÃO DE PROJETOS CIENTÍFICOS

RESERVA NATURAL SERRA DAS ALMAS – ASSOCIAÇÃO CAATINGA

CARACTERÍSTICAS EXIGIDAS DA PROPOSTA:

- Os projetos propostos devem estar em conformidade com o disposto no Plano de Manejo da reserva;

- Os projetos devem enquadrar-se nas linhas de pesquisa consideradas prioritárias para o bioma Caatinga;

- O formulário deve ser enviado em cópia impressa, acompanhado do respectivo arquivo em meio digital;

- Deve constar nos anexos impressos:

a) currículo do titular da pesquisa, preferencialmente nos moldes da plataforma Lattes (CNPq), b) carta-ofício da instituição a qual o proponente representa, referendando a execução do referido projeto;c) termo de Compromisso do Pesquisador, devidamente assinado;d) cópia da licença de coleta de material biológico relacionado ao projeto, quando houver previsão de coleta.

Instruções para preenchimento do Formulário

Dados pessoais: deve conter o nome completo, instituição e área de atuação do pesquisador titular do pro-jeto de pesquisa, bem como seu endereço profissional e residencial.

Dados sobre a pesquisa: deve conter o título do projeto, e dos sub-projetos, quando houverem, palavras-chaves, natureza da pesquisa, nome do orientador e duração do projeto.

Resumo do projeto: deve apresentar a descrição da pesquisa, contendo um breve histórico e resultados es-perados. O resumo não deve exceder o total de 600 palavras.

Justificativas: deve justificar a necessidade da realização da pesquisa proposta, bem como o motivo por ter sido escolhido a Reserva Natural Serra das Almas para o desenvolvimento desta.

Objetivos da pesquisa: apresentação dos objetivos gerais e específicos do projeto de pesquisa.

Metodologia: deve conter a descrição detalhada dos métodos a serem utilizados para a realização do projeto.

Coleta de material biológico: Quando a pesquisa envolver coleta de qualquer recurso da unidade (biológico ou mineral), estes devem ser especificados. No caso de espécimes biológicos, devem ser listados as espécies e famílias a serem coletadas, bem como a sua quantidade. Equipe executora: listar os pesquisadores que terão acesso a reserva, bem como, suas respectivas funções no projeto.

Page 123: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

123

Orçamento do projeto: o pesquisador deve apresentar o valor da pesquisa como um todo, e a instituição financiadora. Deve incluir também, quando existentes, as outras instituições que farão parte do projeto.

Contrapartida institucional: lista de equipamentos, recursos e materiais que serão disponibilizados pela ins-tituição proponente.

Cronograma: relação das principais atividades (p. ex. levantamento bibliográfico, coleta de dados, emissão de relatórios, etc) e seus respectivos meses de execução, em forma de tabela, seguindo o exemplo a seguir:

ATIVIDADESMESES

7/06 8/06 9/06 10/06 11/06 12/06Atividade 1 X X XAtividade 2 X X X XAtividade 3 X X X X

Previsão de utilização das instalações da reserva: A previsão do período de utilização e o número de pes-soas que utilizarão as instalações da unidade.

A Reserva Natural Serra das Almas disponibiliza aos pesquisadores em atividade na unidade os seguintes itens:

2 Bases de Apoio a Pesquisa:

Centro de Interpretação Ambiental: localizado na parte alta, na área da sede da reserva. Possui acomoda-ções confortáveis, com capacidade para 20 pessoas, com 2 banheiros, cozinha, sala, varanda e laboratório. A energia na edificação é solar, o que impede o uso de equipamentos elétricos e eletrônicos. O Centro de visitan-tes dispõe de uma zeladora, que é responsável pela alimentação dos funcionários da reserva. O pesquisador pode utilizar desta facilidade, evitando a sobrecarga da geladeira, transporte de alimentação e gasto de tem-po para cozinhar. Os preços atualizados das diárias para pesquisadores podem ser obtidos no nosso website.

Centro Ecológico Samuel Johnson: localizado na parte baixa da reserva. Possui acomodações simples, com capacidade para 10 pessoas. Dispõem de laboratório, energia elétrica, telefone e internet.

Plano de Divulgação: solicita-se ao pesquisador, um plano de divulgação de seus resultados, com provável mês e ano de divulgação, bem como os meios que serão utilizados para isso (artigo em revista científica, apre-sentação em congressos, etc).

Referências bibliográficas: devem ser listadas as referências utilizadas para apresentação da proposta, utili-zando padrões estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.

Page 124: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

124

DADOS PESSOAIS1. NOME DO PESQUISADOR TITULAR

2. INSTITUIÇÃO RESPONSÁVEL PELO PROJETO

3. ÁREA DE ATUAÇÃO

4. ENDEREÇO PROFISSIONAL

Rua:Bairro: Cidade: UF:CEP:Fone: Fax:Email:5. ENDEREÇO RESIDENCIAL

Rua:Bairro: Cidade: UF:CEP:Fone: Fax:Email:

DADOS SOBRE A PESQUISA

6. TITULO DO PROJETO

7. PALAVRAS-CHAVES

1 - 4 -2 - 5 -3 - 6 -

8. NATUREZA DA PESQUISA

( ) Dissertação de conclusão de curso( ) Mestrado( ) Doutorado( ) Outros - Especificar:

ORIENTADOR:9. DURAÇÃO DO PROJETO (Previsão)

Inicio:Término:

Page 125: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

125

APRESENTAÇÃO DO PROJETO10. RESUMO DO PROJETO

11. JUSTIFICATIVAS

DESCRIÇÃO DO PROJETO

12. OBJETIVOS DA PESQUISA

13. METODOLOGIA

DESCRIÇÃO DO PROJETO

14. COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO (Quantidade e espécies)

15. EQUIPE EXECUTORA

Nome Função Formação

16. ORÇAMENTO DO PROJETO (Recursos necessários)*

Page 126: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

126

DESCRIÇÃO DO PROJETO

17. CONTRAPARTIDA INSTITUCIONAL (Recursos e materiais que a instituição proponente disponibilizará)*

18. CRONOGRAMA RESUMIDO

19. PREVISÃO DE UTILIZAÇÃO DAS INSTALAÇÕES DA RESERVA

DESCRIÇÃO DO PROJETO

20. PLANO DE DIVULGAÇÃO (Previsão)

21. REFERËNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

* Preenchimento não obrigatório

Page 127: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

127

5.1.10. Termo de Compromisso

Termo de Compromisso do Pesquisador

Durante a execução do projeto de pesquisa na Reserva Natural Serra das Almas o pesquisador deverá:

a) comunicar, por escrito, a gerência da reserva algum ato ou conduta julgada inadequada no interior da área por parte da equipe, visitante ou outra pessoa;

b) zelar pela limpeza e ordem dos alojamentos, refeitório, cozinha e demais dependências por ele utilizadas, bem como pelos equipamentos e estruturas das reserva. Peças ou equipamentos danificados durante utilização deverão ser repostos ou recuperados pelo usuário;

c) ser responsável pelo funcionamento e manutenção dos equipamentos a ele cedidos pela reserva para execução de suas atividades;

d) comunicar com prazo nunca inferior a um mês, para verificação da disponibilidade, a vinda de qualquer membro da equipe executora do projeto para a realização das atividades de campo;

e) respeitar o cronograma de trabalho, e em caso de alteração comunicar a gerência da reserva com antecedência mínima de um mês;

f ) retirar as marcações, fitas, estacas ou outros objetos utilizados na condução dos experimentos, imediatamente após o término do projeto de pesquisa;

g) enviar cópia do material técnico produzido resultante da pesquisa conduzida na área à Associação Caatinga;

h) referenciar, obrigatoriamente, nas publicações (artigos científicos, capítulos de livros, matérias de divulgação, e outras modalidades) referentes aos resultados obtidos durante a execução do projeto, a Associação Caatinga e a Reserva Natural Serra das Almas;

i) colaborar com monitoramentos desenvolvidos pela equipe da reserva quando possível e pertinente;

j) fornecer explicação aos usuários, quando for interpelado, sobre suas atividades no interior da reserva;k) colaborar e respeitar todo o quadro de funcionários da Reserva Natural Serra das Almas e da Associação Caatinga;

l) respeitar as normas de segurança adotadas na Reserva Natural Serra das Almas;

m) respeitar as normas vigentes para as Unidades de Conservação, estabelecidas pelo IBAMA;

Page 128: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

128

n) limitar-se a coletar somente a quantidade e o tipo de material biológico especificado no projeto de pesquisa;

o) estar ciente da isenção de toda e qualquer responsabilidade por parte da Associação Caatinga no caso de acidentes que comprometam a integridade física do pesquisador titular ou qualquer membro de sua equipe.

p) o pesquisador se compromete a doar 10 fotos relacionadas a pesquisa ao acervo da Associação Caatinga. O pesquisador autoriza a utilização dessas fotos para divulgação sem ônus para a instituição, desde que citada a fonte.

O pesquisador não deverá:

a) coletar, capturar ou manter em cativeiro animal ou planta que não conste no seu projeto de pesquisa;

b) conduzir veículos no interior da reserva em velocidade superior ao limite estabelecido pela Unidade e nem de maneira imprudente;

c) adotar conduta desrespeitosa, agressiva ou qualquer outra que prejudique a imagem e credibilidade da Associação Caatinga e Reserva Natural Serra das Almas nas comunidades vizinhas a área da reserva;

d) conduzir pessoas que não sejam da equipe de pesquisa em áreas não autorizadas à visitação;

e) adotar conduta desrespeitosa, agressiva ou qualquer outra que seja nociva em relação aos funcionários da unidade de conservação.

O descumprimento do disposto neste documento pelo pesquisador ou acompanhantes, de acordo com a gravidade do fato poderá acarretar em:

I – Comunicação da infração cometida ao dirigente da entidade a que o infrator esteja vinculado;

II – Suspensão imediata das atividades em curso por um determinado período;

III – Cancelamento da autorização de pesquisa concedida;Ciente de minhas responsabilidades e penalidades no caso do descumprimento destas, subscrevo-me.

_________________________________________Nome: RG:

_________________________________________Testemunha:RG:

Page 129: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

129

5.1.11. Planilha de Dados e Gráficos Meteorológicos

Max Min Max Min123456789101112131415161718192021222324252627282930

Intensidade pluviométrica

(mm/h)

Precipitação Acumulada

(mm)

Setembro 2012.

Temp. interna

(°C)

Temp. externa

(°C)

Umidade Interna

(%)Data

Umidade externa

(%)

Direção do vento

(°)

Velocid. Do vento

(km/h)

Pressão Atmosférica

(mb)

Page 130: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

130

Estação Meteorológica da Sede

Page 131: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

131

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

132

Estação Meteorológica do Centro Ecológico Samuel Jhonson

Page 133: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

133

Page 134: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

134

Page 135: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

135

5.1.12. Planta do Meliponário

Page 136: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

136

Page 137: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

137

5.1.13. Mapa Geomorfológico

Page 138: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

138

5.1.14. Mapa de Vegetação e Uso do Solo

Page 139: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

139

5.1.15. Áreas Prioritárias para Conservação

Page 140: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

140

5.1.16. Zoneamento Ambiental

Page 141: Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas - 2012 a 2016

Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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5.1.17. Oficina com Lideranças Municipais

No dia 24 de agosto de 2012, realizou-se uma oficina com lideranças municipais, sendo estes: Wanderley Marques – Secretário de Meio Ambiente do município de Crateús; João Cruz Martins – Presidente da Associa-ção Comunitária de Tucuns; João Teomar Gonçalves Marques – Diretor da Escola de Cidadania de Ibiapaba (Ibiapaba); Antônio Teixeira Lima – Presidente da Associação de desenvolvimento Comunitário de Quebradas e Região; Cícero Rufino do Nascimento – Meliponicultor e Morador do Assentamento Xavier; Raimundo Soares Rodrigues – Agroecologista e Morador de Filomena; Iracilda Rodrigues de Sousa – Presidente da Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Região de Lagoas e Secretaria da Escola de Cidadania José de Araújo Veras; a fim de apresentar o presente documento e compilar sugestões para incrementar os Programas de Manejo da RPPN Reserva Natural Serra das Almas.

Após a apresentação dos programas preestabelecidos a palavra foi dada as lideranças político-comunitá-rias, sendo que nove pontos foram levantados, que são:

1. Melhoria de acesso e manutenção de estrada Ibiapaba/Mambira/RNSA;2. Implementação de viveiros de mudas nas comunidades do entorno;3. Oficinas com materiais recicláveis para artesanato;4. Difundir produção sustentável nas comunidades;5. Continuidade do programa de visita de alunos da rede municipal a RNSA;6. Esforço de renovação das estradas CESJ/CIA;7. Produção de mudas nativas, com pelo menos 1,5 m para venda a Prefeitura Municipal e criação

de linha de pesquisa para produção de espécies voltadas para arborização urbana;8. Fundo Municipal do Meio Ambiente (FUNDEMA) (recebimento de recursos para PSA), discutir

localmente para criação do PSA utilizando o fundo. Articulação junto ao governo municipal;9. Apoiar a implementação de áreas verdes urbanas.

Os pontos citados acima serão analisados e discutidos durante a vigência deste documento (2012-2016) a fim de estabelecer as prioridades e possibilidade de implementação das ações sugeridas pelas lideranças.

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Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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5.2. Referências

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