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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO MULTIPROFISSIONAL NA ATENÇÃO BÁSICA 2016 Mariana Raquel Casagrande Mendoza Plano de intervenção para diminuir o número de moradores do sexo feminino com doenças sexualmente transmissíveis e gestações não planejadas em Santo Antonio do Sudoeste, PR Florianópolis, Março de 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICACURSO DE ESPECIALIZAÇÃO MULTIPROFISSIONAL NA ATENÇÃO BÁSICA 2016

Mariana Raquel Casagrande Mendoza

Plano de intervenção para diminuir o número demoradores do sexo feminino com doenças sexualmente

transmissíveis e gestações não planejadas em SantoAntonio do Sudoeste, PR

Florianópolis, Março de 2018

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Mariana Raquel Casagrande Mendoza

Plano de intervenção para diminuir o número de moradores do sexofeminino com doenças sexualmente transmissíveis e gestações não

planejadas em Santo Antonio do Sudoeste, PR

Monografia apresentada ao Curso de Especi-alização Multiprofissional na Atenção Básicada Universidade Federal de Santa Catarina,como requisito para obtenção do título de Es-pecialista na Atenção Básica.

Orientador: Melisse EichCoordenadora do Curso: Profa. Dra. Fátima Büchele

Florianópolis, Março de 2018

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Mariana Raquel Casagrande Mendoza

Plano de intervenção para diminuir o número de moradores do sexofeminino com doenças sexualmente transmissíveis e gestações não

planejadas em Santo Antonio do Sudoeste, PR

Essa monografia foi julgada adequada paraobtenção do título de “Especialista na aten-ção básica”, e aprovada em sua forma finalpelo Departamento de Saúde Pública da Uni-versidade Federal de Santa Catarina.

Profa. Dra. Fátima BücheleCoordenadora do Curso

Melisse EichOrientador do trabalho

Florianópolis, Março de 2018

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ResumoIntrodução: A gravidez não planejada na adolescência é uma situação problema percep-tível na unidade básica de saúde em que atuo. A comunidade localiza-se em uma zonacarente, possui áreas de risco em que 80% da população são consideradas de baixa renda.Além disso, observa-se que o início da vida sexual está sendo iniciada precocemente comausência de conhecimento sobre temáticas relevantes como os métodos de prevenção dedoenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejável. Objetivo: O objetivo do projetode intervenção é desenvolver ações de educação em saúde com adolescentes, na UnidadeBásica de Saúde da Família Atílio Dias, para reduzir o índice de gravidez na adolescênciae a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis. Metodologia: Inicialmente, serãodesenvolvidos dois encontros de capacitação de todos os profissionais que atuam na uni-dade básica de saúde, sobre a temática abordada, a execução do projeto e a construçãode atividades educativas como: rodas de conversa, palestras, apresentações. Os agentescomunitários de saúde estarão orientados a intensificar e estimular os participantes e osseus tutores para o engajamento no plano de intervenção a ser proposto. Em seguida,serão realizados dez encontros participativos e argumentativos, com os participantes dasatividades, buscando desenvolver dois por semana. Resultados esperados: Dessa forma,pretende-se diminuir o número de moradores do sexo feminino com doenças sexualmentetransmissíveis e gestações não planejadas na área de abrangência da unidade básica desaúde através de orientações sexuais e uma compreensão mais ampla da equipe sobre onível de conhecimento relacionado à temática pelos moradores nessa área. Almeja-se al-cançar com os participantes um interesse sobre as temáticas a serem abordadas para obterum compartilhamento de informações resolutivo, pois o conhecimento sobre os métodoscontraceptivos e os riscos advindos de relações sexuais desprotegidas é fundamental paraque adolescentes possam vivenciar o sexo de maneira adequada e saudável.

Palavras-chave: Adolescente, Estratégia Saúde da Família, Gravidez na adolescência,Saúde Sexual e Reprodutiva

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Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

2 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112.2 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

3 REVISÃO DA LITERATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

4 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

5 RESULTADOS ESPERADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

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1 Introdução

A Unidade Básica de Saúde está Localizada em Santo Antônio do Sudoeste; é ummunicípio brasileiro do estado do Paraná. A população registrada no Censo 2010 é de18.912 habitantes. Faz fronteira com o município argentino de San Antonio, localizadona província de Misiones. O rio Santo Antônio divide os dois municípios, que estão inter-ligadas por uma ponte e respectivas aduanas. Esta foi a última divisa estabelecida entrea Argentina e o Brasil, de acordo com o IBGE, sua área territorial compreende 325,672km2.

Os primeiros moradores a se instalarem na região onde hoje se localiza o municípiode Santo Antônio do Sudoeste, foram Dom Lucas Ferrera e João Romero, oriundos davizinha República do Paraguai, ali chegados em 1902. Encontraram naquela região grandequantidade de erva-mate nativa e, como a venda desse produto fosse vantajosa, iniciarama sua extração e exportação para a Argentina. Após a elevação do povoado à condição deDistrito Administrativo e Judiciário do município de Clevelândia, iniciou-se a abertura deestradas, as quais deram à localidade notável impulso, atraindo grandes levas de agricul-tores procedentes de outras regiões do Paraná e dos Estados de Santa Catarina e do RioGrande do Sul, que ali se estabeleceram, dedicando-se à agricultura e, especialmente, àcriação de suínos. Em 1951 foi criado o município de Santo Antônio, que pela Lei Estadualn° 5322, de 10 de maio de 1966 foi desmembrado do de Clevelândia, tomando a denomi-nação de Santo Antônio do Sudoeste. Em 14 de dezembro de 1952 foi empossado PercySchreiner como primeiro prefeito eleito. Dom Lucas Ferrera, ao colocar o nome de SantoAntônio no povoado, prestou homenagem ao santo padroeiro da localidade. O topônimofoi acrescido de “Sudoeste” devido à sua localização. Na economia o município de SantoAntônio do Sudoeste é um polo industrial de confecção de roupas. Sua economia tambémse baseia na pecuária e agricultura familiar.

A comunidade onde localiza-se a unidade de saúde é considerada carente; possui áreasde risco como consumo de drogas e prostituição; as residências são precárias algumas sãode taipa (madeira e barro), outras não possuem sistema de esgoto e saneamento e fazemuso de foças para acúmulo de dejetos. A área possui coleta de lixo regularmente e possuemabastecimento de água própria para o consumo. As famílias são em até 80% consideradospor baixa renda e cerca de 60% são beneficiadas pelo programa social Bolsa família. Arenda estimada para essas famílias é de até um salário mínimo por família no ano de 2016de acordo com os indicadores socioeconômicos do município, conforme IBGE.

A Unidade Básica de Saúde Atílio Dias tem uma equipe multiprofissional compostapor uma médica, uma enfermeira , uma técnica de enfermagem, uma dentista, um auxiliarde consultório odontológico, três agentes comunitários de saúde, uma recepcionista e umaauxiliar de serviços gerais. Na unidade é disponibilizado serviços de atenção primária;

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10 Capítulo 1. Introdução

para os casos de atendimento especializado a unidade conta com o apoio do NASF domunicípio. O horário de funcionamento é das 7:00hrs da manhã ás 16:00hrs da tarde. AUBS, possui atualmente 2.013 usuários cadastrados, desses 34 são gestantes deste grupode gestantes 23 têm faixa etária entre 12 e 17 anos de idades, conforme SIAB. Sendo esteum número elevado e considerando os riscos associados a uma gestação na adolescência,priorizamos este problema como crítico o qual deve ser objeto de uma intervenção emsaúde.

As principais queixas e procura por atendimento são doenças crônicas não transmis-síveis (Diabetes Mellitus II e Hipertensão Arterial Sistêmica), além de causas externascomo ferimentos ou lesões por acidente domésticos ou de trabalho, além de problemas doaparelho digestivo. A UBS tem o grupo Hiperdia que atende os diabético e hipertensos,e o grupo das gestantes e puérperas, atendidas tanto para o pré-natal e puérpericultura.As visitas domiciliares aos acamados ocorre uma vez por semana junto ao ACS de cadaárea visitada.

Observando os dados dos indicadores de saúde do bairro e a análise das fichas de aten-dimento é perceptível o problema da gestação na adolescência. Após a identificação desseproblema percebemos que é de grande importância desenvolver ações educativas para tra-zer solução ao mesmo, uma vez que está cada vez mais frequente entre as adolescentesque iniciam a vida sexual sem quaisquer informação quanto aos métodos de prevençãodas DSTs e da Gravidez.

Para a realização das ações educativas, a equipe da unidade se disponibilizará em par-ticipar, buscando alcançar os objetivos propostos na intervenção com motivação tendo emvista os resultados esperados, isto é, a efetiva redução dos casos de adolescentes gravidasna comunidade. Assim, esse tema é de grande importância tanto para as adolescentesquanto para a equipe da unidade que promoverá a saúde dos adolescentes. A implantaçãodeste projeto de intervenção em saúde do jovem e adolescente justifica-se pela importân-cia de reduzir os impactos da gestação na adolescência e nas famílias das adolescentes eassim reduzir os casos de gravidez indesejada nesse momento da vida dessas jovens.

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2 Objetivos

2.1 Objetivo GeralDesenvolver ações de educação em saúde com adolescentes, na UBS, para reduzir o

índice de gravidez na adolescência.

2.2 Objetivos Específicos• Dialogar com os adolescentes cadastrados na UBS sobre a prevenção de doenças

sexualmente transmissíveis e HPV;

• Realizar atividades educativas com as adolescentes a fim de incentivar o uso dosmétodos contraceptivos;

• Apresentar, nas rodas de conversas com adolescentes, temas relacionados aos riscose repercussões da gravidez na adolescência.

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3 Revisão da Literatura

A adolescência corresponde ao período de 10 aos 19 anos de idade, sendo consideradaa segunda década da vida de um ser humano (MINISTéRIO DA SAúDE DO BRASIL,2006)(SILVA et al., 2011). De acordo com o Ministério da Saúde do Brasil (2010, p. 22) aadolescência e a juventude são etapas fundamentais do desenvolvimento humano. Portantoé uma fase marcada por diversas mudanças físicas, psicológicas, sociais e culturais quelevará a maturidade do indivíduo. Considerado um período de muitos desafios, descobertase emoções, que levam também a maturação sexual (PIRES; GANDRA; LIMA, 2002)(HORTA; SENA, 2010).

Em virtude das características singulares da adolescência e influência dos fatores so-ciais, econômicos e culturais, os adolescentes necessitam de uma atenção especial, devidoaos agravos à saúde que podem ser acometidos (SILVA et al., 2011). As ações de educaçãoem saúde com este grupo podem proporcionar a efetiva assistência em saúde, buscandoorientá-los sobre as doenças sexualmente transmissíveis, a gravidez indesejada e os diver-sos métodos de prevenção (HORTA; SENA, 2010).

A adolescência é marcada por muitas dúvidas relacionadas às mudanças corporais epsicológicas, bem como, as primeiras experiências sexuais, portanto, a equipe de saúdeprecisa desenvolver ações para a informação sobre os riscos de uma relação sexual semproteção e uso de método contraceptivo. Segundo Moreira et al. (2008), o despertar dasexualidade na adolescência é acompanhado por desinformação. Os pais, por não disporemde informação ou por constrangimento em falar sobre sexo com seus filhos, muitas vezesnão cumprem o papel de educadores.

Segundo Silva (2010) uma das principais causas para a gravidez precoce é a escassezno diálogo familiar, que ocorre em maior grau entre as famílias mais carentes. Tanto agravidez na adolescência como a anticoncepção nesta fase, são temas polêmicos e contro-versos.

A gravidez na adolescência é considerada situação de risco, por exemplo, por colocarimpedimentos na continuidade dos estudos e no acesso ao mercado de trabalho. Podeestar associada a fatores sociais, pessoais e familiares, além das relações sexuais que seiniciam precocemente, gestações não desejadas e de doenças sexualmente transmissíveis,caracterizando a falta de conhecimento e informação dos adolescentes sobre o aparelhoreprodutor e sua função (MINISTéRIO DA SAúDE DO BRASIL, 2010).

A gravidez na adolescência é um problema de saúde pública, destacando a baixaescolaridade das adolescentes grávidas, e realização tardia do pré-natal (SILVA et al,2010). Para Melo e Coelho (2011), a gestação na adolescência nem sempre é equivocada,inconsequente ou danosa, pois em alguns casos, pode ser resultado de um planejamentoconsciente e decorrente da vida afetiva estável.

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14 Capítulo 3. Revisão da Literatura

Entende-se que a gravidez na adolescência é um grande desafio para os serviços desaúde, desenvolverem ações para atender essa população, bem como, desenvolver açõesde promoção à saúde em diferentes espaços, como nas escolas, no domicílio, buscando oenvolvimento dos pais e familiares (MINISTéRIO DA SAúDE DO BRASIL, 2010).

A educação popular é orientada pela perspectiva de realização de todos os direitos dacomunidade. Assim, é uma ferramenta significativa para o trabalho do agente comunitá-rio de saúde (ACS), e demais profissionais da equipe de saúde da família, uma vez quepossibilita o reconhecimento do saber popular e permite que as trocas aconteçam comos saberes específicos da saúde. Para que os resultados sejam efetivos neste processo deeducação e troca de informações, é necessária a efetiva participação dos profissionais desaúde (STEFANELLI; CARVALHO, 2005).

A gravidez indesejada na adolescência traz consequências para a saúde, educação,emprego e direitos de milhões de adolescentes em todo o mundo, e pode se tornar umobstáculo ao desenvolvimento de seu pleno potencial (UNFPA, 2013). Entre as adoles-centes com idades entre 15 a 19 anos a chance de ocorrência de morte é duas vezes maiselevada eu as maiores de 20 anos, e entre os menores de 15 anos é ainda cinco vezes maior(SANTOS et al., 2009). Compreende-se que a gravidez na adolescência ocorre de formabastante distinta não apenas nas diversas regiões do país, mas também nos vários grupossociais (HOGA; BORGES; REBERTE, 2010).

De acordo com a literatura a gravidez casual na adolescência resulta de um comporta-mento sexual de risco, talvez não indesejado, mas ao encontro de necessidades afetivas epsicológicas não preenchidas. A necessidade de querer sair de casa precocemente motivadapela violência doméstica vivenciada é outra causa comum da gravidez precoce, sendo estaviolência desencadeada principalmente pelos pais, padrastos e outros familiares (HENRI-QUES; SINGH; WULF, 2009).

Para Corrêa e Ferriani, (2006) desde a década de 1970, a maternidade na adolescênciavem sendo identificada como um problema de saúde pública. Identifica-se que as compli-cações obstétricas com repercussões para a mãe adolescente e o recém-nascido, bem comoproblemas psicológicos, sociais e econômicos têm fundamentado essa afirmação. Observa-se que as ações voltadas para dar conta dessa temática têm-se apoiado em resoluçõesbaseadas na educação sexual, no acesso a métodos contraceptivos e até mesmo no aborto,reforçando teoria de que a gravidez na adolescência tem a falta de conhecimento e ainiciação sexual precoce como fator determinante (MOREIRA et al., 2008).

Ainda de acordo com Moreira et al. (2008) sabe-se que a criação de programas eprojetos em saúde pública que sejam específicos para os adolescentes tem sua importânciacada vez mais destacada, dadas as consequências sociais e econômicas da gravidez naadolescência e a maior intensidade dos prejuízos de uma atenção precária à gestaçãonessa fase da vida.

Dessa forma os autores Baraldi et al; (2005), afirmam que partindo da compreensão

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de que as políticas públicas e privadas operacionalizam-se por meio dos programas e ser-viços de saúde, torna-se necessário atentar para o contexto e as premissas que envolvema estruturação desses serviços. A Constituição de 1988 gerou profundas modificações naorganização das políticas públicas do País. Desde então, os sistemas de saúde vêm pas-sando por transformações ao longo do tempo no sentido de atender às necessidades deseus usuários, bem como aos interesses políticos, sociais e econômicos. Naturalmente, acapacidade de um país para gerar riquezas vai depender da formação profissional dosmembros de sua sociedade e os adolescentes estão no meio desse processo de capacitação.

A relevância desse tema para uma intervenção está embasada na prevenção da gravidezna adolescência sendo necessária para a redução da morte materna e das complicaçõesde caráter social e de saúde para a adolescente e para a criança. Assim, essa temáticaé importante principalmente para a inclusão dos adolescentes nas ações de saúde bemcomo nos programas do governo voltados para a assistência à saúde da mulher com ênfasenas discussões dos métodos anticonceptivos e orientações sexuais. Estes programas devemfocar, além dos aspectos citados, também motivação para estudo e trabalho e aspectosrelacionados a comportamento, relação familiar, comportamento na escola, entre outros(RIBEIRO, 2010).

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4 Metodologia

Este projeto de intervenção será implantado na unidade de saúde para realizar ações deeducação em saúde com adolescentes cadastrados na Unidade Básica de Saúde da FamíliaAtílio Dias que atualmente possui um quantitativo de 2.013 usuários.

A unidade básica de saúde (UBS) é formada por uma equipe composta por umamédica, uma enfermeira, uma técnica em enfermagem, uma dentista, um auxiliar de saúdebucal, três agentes comunitários de saúde (ACS), uma recepcionista, e um auxiliar deserviços gerais. A intervenção será implementada na própria unidade de saúde e as açõesserão desenvolvidas na sala de espera.

As ações de educação em saúde a serem desenvolvidas com os adolescentes da co-munidade cadastrados na UBS possuem a finalidade de conscientizar esses jovens para aprevenção das doenças sexualmente transmissíveis e a utilização dos métodos contracep-tivos, possibilitando a redução da gravidez na adolescência.

Ao passo que se estimula o desenvolvimento de atividades educativas na estruturafísica da unidade de saúde articula-se a interação entre usuários e os profissionais de saúde,buscando incentivar a efetiva participação dos adolescentes moradores da área adscritaà UBS. Diante da necessidade de melhorar as orientações sobre as doenças sexualmentetransmissíveis, o HPV e a gravidez na adolescência, que são situações/agravos cada vezmais frequentes nos adolescentes da área de adscrição.

É importante destacar que a faixa etária do público alvo da intervenção compreendeusuários entre 13 e 17 anos. Inicialmente para a elaboração das atividades educativasdo projeto serão realizados dois encontros para capacitação de todos os profissionais quecompõem a equipe da UBS sobre a temática, para que os mesmos possam trabalhar emconjunto para efetiva execução do projeto e a criação das atividades educativas comotemas das rodas de conversa, palestras, dinâmicas, apresentações de slide, entre outras.

Os profissionais agentes comunitários de saúde serão orientados para intensificar asvisitas aos usuários a fim de informar sobre a importância da prevenção das DSTs eHPV e também sobre os riscos e repercussões da gravidez na adolescência e reforçar anecessidade de o adolescente participar da intervenção.

Após a apresentação e diálogo da proposta de intervenção com a equipe de profissi-onais da UBS, será realizada uma capacitação durante dois dias, buscando explanar aimportância da educação popular em saúde e o que se espera com a realização das açõesvoltadas para educação popular em saúde com adolescentes. Dessa forma, torna-se viávela capacitação dos profissionais de saúde para que possibilitem a execução deste projetojunto aos usuários.

Após a capacitação serão realizados os encontros com a população, que serão condu-zidos pelos profissionais de saúde. Os encontros serão realizados de forma participativa e

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18 Capítulo 4. Metodologia

argumentativa, com base nos princípios da educação popular em saúde.Por sua vez, a implantação do projeto de intervenção seguirá as seguintes etapas:1) Serão realizados 10 encontros durante cinco semanas com os adolescentes, os en-

contros acontecerão duas vezes durante a semana.2) Os grupos deverão ser formados de acordo com o quantitativo de adolescentes que

comparecerem aos encontros de cada profissional de saúde (facilitador) que irá desenvolveras atividades propostas pelo projeto com rodas de conversas, discussões sobre as DSTs,dramatização feita pelos adolescentes de uma peça teatral sobre os riscos de uma gravidezna adolescência e as responsabilidades.

3) A médica e a enfermeira irão incentivar os adolescentes a buscarem assistência emsaúde na UBS, as adolescentes grávidas serão acompanhadas no pré-natal. Os demaisprofissionais da equipe (agentes comunitários, enfermeira, técnica de enfermagem) con-tribuirão na orientação das atividades, com o desenvolvimento de dinâmicas, rodas deconversas a fim de apresentar aos adolescentes a importância da prevenção de DSTs, doHPV e da gravidez na adolescência, e sobre como fazer uso de métodos contraceptivos.

4) Será incentivado as trocas de experiências a partir de conhecimentos dos própriosadolescentes em conjunto com a equipe de saúde, sobre as temáticas: infecções sexualmentetransmissíveis, HPV, métodos contraceptivos, e gravidez na adolescência. As dinâmicasserão realizadas para promover a compreensão sobre o risco de uma gravidez precoce naadolescência, alertando para as responsabilidades dos adolescentes se prevenirem tantodas doenças sexualmente transmissíveis como da gravidez.

Para a execução desta intervenção serão necessários alguns recursos caracterizadospor recursos humanos e matérias de consumo, os recursos humanos correspondem aosprofissionais de saúde (médica, dentista, enfermeira, auxiliar de enfermagem, auxiliar dedentista, agentes comunitários de saúde, recepcionista, auxiliar de serviços gerais).

Os materiais necessários a serem utilizados são folha de papel A4, canetas, cartolinas efolders educativos. Para adquirir esses recursos será realizada uma solicitação á secretariade saúde do município que apoia as ações implantadas na UBS.

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5 Resultados Esperados

A implementação das ações do projeto de intervenção em saúde para os adolescentescadastrados na área de abrangência da unidade básica de saúde é de grande importância,pois através das atividades educativas os adolescentes serão orientados quanto aos métodoscontraceptivos, uma vez que os adolescentes iniciam cada vez mais cedo a vida sexual compoucas informações sobre o assunto.

Além disso, pretende-se diminuir o número de moradores do sexo feminino com do-enças sexualmente transmissíveis e gestações não planejadas na área de abrangência daunidade básica de saúde através de orientações sexuais e uma compreensão mais ampla daequipe sobre o nível de conhecimento sobre os temas dos moradores nessa área. Almeja-seconseguir que as participantes demonstrem um real interesse sobre os temas para que sealcance um compartilhamento de informações resolutivo, pois o conhecimento sobre osmétodos contraceptivos e os riscos advindos de relações sexuais desprotegidas é funda-mental para que adolescentes possam vivenciar o sexo de maneira adequada e saudável,assegurando a prevenção da gravidez indesejada e das doenças sexualmente transmissíveis(DST), incluindo a infecção pelo HIV e o consequente desenvolvimento da síndrome daimunodeficiência adquirida (AIDS).

Espera-se obter os seguintes resultados com a implementação das ações e atividadesdo projeto de intervenção:

• Conscientizar 90% dos participantes para a utilização dos métodos contraceptivos,para a prevenção de gravidez e das doenças sexualmente transmissíveis (DST);

• Orientar 100% dos adolescentes participantes da intervenção para os riscos queenvolvem uma gravidez na adolescência;

• Reduzir em até 50% o surgimento de novos casos de adolescentes grávidas na áreade abrangência da unidade básica de saúde.

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Referências

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HORTA, N. C.; SENA, R. R. Abordagem ao adolescente e ao jovem nas políticaspúblicas de saúde no brasil: um estudo de revisão. Physis- Revista de Saúde Coletiva,v. 20, n. 2, p. 475–495, 2010. Citado na página 13.

MELO, M.; COELHO, E. Integralidade e cuidado a grávidas adolescentes na atençãobásica. Ciência e Saúde Coletiva, v. 9, n. 5, p. 2549–2558, 2011. Citado na página 13.

MINISTéRIO DA SAúDE DO BRASIL. Acolhimento nas práticas de produção de saúde.Ministério da Saúde, Brasília, n. 1, 2006. Citado na página 13.

MINISTéRIO DA SAúDE DO BRASIL. Secretaria de atenção à saúde. departamentode atenção básica. cadernos de atenção básica n. 26 - saúde sexual e saúde reprodutiva.Ministério da Saúde, Brasília, n. 1, 2010. Citado 2 vezes nas páginas 13 e 14.

MOREIRA, T. M. M. et al. Conflitos vivenciados pelas adolescentes com a descobertada gravidez. Revista da escola de enfermagem, v. 42, n. 2, p. 12–34, 2008. Citado 2vezes nas páginas 13 e 14.

PIRES, C.; GANDRA, F. R.; LIMA, R. Adolescência: afetividade, sexualidade e drogas.Belo Horizonte: Fapi, 2002. Citado na página 13.

RIBEIRO, M. L. C. Gravidez na adolescência: o papel da equipe de saúde da família naprevenção. Belo Horizonte, n. 33, 2010. Curso de Curso de Especialização em Saúde dafamília, NESCON/UFMG. Citado na página 15.

SANTOS, G. H. N. dos et al. Impacto da idade materna sobre os resultados perinatais evia de parto. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., v. 31, p. 326–334, 2009. Citado na página 14.

SILVA, M. A. et al. Assistência multidisciplinar à saúde. UFMS, v. 1, n. 1, p. 1–17, 2011.Citado na página 13.

STEFANELLI, M.; CARVALHO, E. A comunicação nos diferentes contextos daenfermagem. Baurueri -SP: Monole, 2005. Citado na página 14.