plano de educaÇÃo permanente · 2012-2015, realizado em caráter de oficinas, com os membros das...
TRANSCRIPT
ESTADO DE ALAGOAS SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE-SESAU
COMISSÃO INTERGESTORES BIPARTIDE – CIB/AL COORDENADORIA SETORIAL DE GESTÃO DE PESSOAS - CSGP
COMISSÃO DE INTEGRAÇÃO ENSINO – SERVIÇO/CIES-ESTADUAL
Secretário de Estado da Saúde Alexandre Toledo
Secretário Adjunto de Estado da Saúde
Jorge de Souza Vilas Boas
Coordenadoria Setorial de Gestão de Pessoas – CSGDP Camille Lemos Cavalcante Wanderley
Setor de Desenvolvimento e Educação em Saúde – SDES/CSGDP
Patrícia de Cássia da Silva Bezerra
Conselho de Secretários Municipais de Saúde – COSEMS Pedro Hermann Madeiro
Comissão Intergestora Bipartite – CIB
Alexandre Toledo
Coordenadora Comissão de Integração Ensino e Serviço - CIES Estadual/CIB Camille Lemos Cavalcante Wanderley
Sec. Executiva Comissão de Integração Ensino e Serviço -
CIES Estadual/CIB Maria Quiteria Pugliese M. Barros
Rodrigo Severiano Tereza Cristina Carvalho dos Anjos
FICHA TÉCNICA
Organização das oficinas de elaboração do Plano
Comissão de Assessoria Técnica da CIES Estadual Maria Quiteria Pugliese M. Barros
Rodrigo Severiano Tereza Cristina Carvalho dos Anjos Patrícia de Cássia da Silva Bezerra
Silvana Santos de Paula
Equipe Técnica de facilitação das oficinas e de elaboração do Plano Maria Lucia de Oliveira Barboza
Maria do Rosário Carneiro Quitéria Maria Ferreira da Silva
Membros da Comissão de Integração Ensino – Serviço I Macrorregião Theresinha Faria da Costa Djnane Moura da Silva Sônia da Silva Moura
Givaldo Alves dos Santos Rimelc Shirley L. A. Pontes
Oneide Regina Camilo dos Santos Cândido Aline Marques Rocha Jadson Moura Lima Francisco Passos Suely Nascimento
Carlos Frederico Alves Dianny Ibrahim Adailton Isnal
Wellington Monteiro de Anunciação José Erickson Rodrigues
Adriana Pacheco de Oliveira Katiane Alves da Silva
Ana Claúdia Wanderley Lippo Isabella Cavalcante de Sá Praxedes
Simone Jordão Francisca Sinaide Porto Gaia
Valdirleide Vieira Natália Martins Machado
Flavia Citônio Tibério Guimarães Patricia Vieira
Kamilla Kelly Peixoto Maria Genoveva Sampaio
Organização do Texto
Quitéria Maria Ferreira da Silva
Revisão do Texto Maria Quiteria Pugliese M. Barros
Rodrigo Severiano Tereza Cristina Carvalho dos Anjos Patrícia de Cássia da Silva Bezerra
Silvana Santos de Paula
PLANO DE EDUCAÇÃO PERMANENTE DA I MACRORREGIÃO DE SAÚDE
INTRODUÇÃO
O presente documento sistematiza o processo de reflexão coletiva e construção do
Plano de Educação Permanente da I Macrorregião de Saúde de Alagoas, para o período 2012-2015, realizado em caráter de oficinas, com os membros das Comissões de Integração Ensino e Serviço (CIES) e das Comissões Intergestoras Regionais (CIR), que assumiram o desafio de estruturar e planejar, macrorregionalmente, a Política de Educação em Saúde.
A elaboração do Plano Macrorregional de Educação Permanente em Saúde ocorreu
simultaneamente com a dinâmica de estruturação da I CIES Macrorregional, num processo educativo que, ao tempo que capacitou os membros da CIES para a intervenção, possibilitou que estes atores problematizassem as questões relativas a educação em saúde e se percebessem enquanto construtores da política que vai orientar a formação dos trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS) durante quatro anos.
O Plano Macrorregional em questão foi elaborado em consonância com os princípios que
sustentam o Pacto pela Saúde e as Portarias que orientam a formulação da Política de Educação Permanente e assume a concepção de educação permanente numa dimensão ético-política e perspectiva pedagógica emancipadora, na qual a intervenção sobre o processo saúde-doença é resultado da interação e do protagonismo dos sujeitos sociais envolvidos, que produzem e conduzem as ações de saúde. Uma Política de Educação Permanente que busca contribuir para o fortalecimento da autonomia dos profissionais de saúde e dos usuários, enquanto sujeitos de direitos, construtores do SUS e capazes de criar e reinventar modos e práticas do cuidado em saúde.
O Plano Macrorregional de Educação Permanente está estruturado em 5 (cinco) itens:
1) Considerações sobre o processo de elaboração do Plano, resgatando os passos para criação da CIES, o processo metodológico e os eixos que orientaram a construção do Plano
2) Análise da situação de saúde da macrorregião, onde traz elementos do ponto de vista da análise epidemiológica e também da leitura dos participantes acerca dos problemas e necessidades de saúde da população
3) Objetivos do Plano Macrorregional de Educação Permanente 4) Matriz Operacional do Plano, que identifica os eixos da Política de Educação
Permanente, com objetivos e ações estratégias, horizonte temporal, definição dos responsáveis pela execução das ações e metas a serem alcançadas.
5) Considerações Finais
Enfim, o Plano enquanto instrumento orientador da Política de Educação Permanente em Saúde aponta as diretrizes, objetivos e estratégicas para o quadriênio, que deverão balizar a intervenção das CIRs e CIES Macrorregional na operacionalizando dessa política. Espera-se que a execução do Plano também se dê coletivamente, a fim de que as experiências no processo de trabalho, os programas e projetos de formação, e as formas de gestão e gerência resultem na melhoria dos serviços oferecidos à população e no fortalecimento do SUS.
1. CONSIDERAÇÕES ACERCA DO PROCESSO METODOLÓGICO DE ELABORAÇÃO
DO PLANO 1.1 - Caracterização da Macrorregião e composição da CIES
A primeira Macrorregião de Saúde do Estado de Alagoas é formada por 48 municípios, os
quais compõem cinco regiões de saúde (1ª. a 5ª região), conforme mapa.
A construção do Plano Macrorregional de Educação Permanente foi precedido de um
amplo processo de reflexão critica e propositiva ocorrido na CIES estadual e nas CIRs que representam as referidas regiões, resultando nas deliberações que orientaram a dinâmica política para estruturação da CIES Macrorregional e para a capacitação dos membros da CIES e formulação do Plano.
Assim, a CIES Macrorregional foi constituída pelos seguintes segmentos/representantes:
gestor estadual, gestores municipais, instituições de ensino com curso na área de saúde de nível médio e superior, estudantes, trabalhadores do SUS e usuários (através da representação de Conselhos Municipais de Saúde). A estruturação e a dinâmica de funcionamento obedeceram às diretrizes operacionais para constituição das CIES, da Portaria GM/MS 1.996/2007(conferir anexa relação dos membros da comissão, com as respectivas representações).
A CIES enquanto instância intersetorial e interinstitucional permanente que participa da
formulação, condução e desenvolvimento da Política de Educação Permanente em Saúde assumiram como primeiro desafio a tarefa de construir coletivamente o Plano de Educação Permanente da Macrorregião.
A elaboração do Plano Macrorregional também obedeceu às orientações das Portarias do GM/MS n° 1.996/2007 e 2200/2010, que dispõem sobre as diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde - PNEPS e os trâmites para o financiamento das ações de educação na saúde. Tais portarias foram debatidas durante as oficinas e também subsidiaram o momento de dispersão ocorrido no intervalo entre as duas atividades educativas. 1.2 – Processo metodológico de construção do Plano
A elaboração do Plano Regional se deu a partir da realização de duas Oficinas de capacitação dos membros da CIES que tiveram como objetivos:
� Favorecer um processo em que os membros da Comissão de Integração Ensino e
Serviço se reconhecessem no desenho sobre a configuração, papel e mecanismos de funcionamento da CIES na macrorregião;
� Proporcionar momentos de troca de saberes, acerca das práticas, percepções e
desafios da educação em saúde e seus impactos na organização dos serviços; � Debater os conteúdos das diretrizes e os instrumentos técnico-operacionais que
orientam a formulação dos Planos de Educação Permanente;
� Construir coletivamente os elementos do Plano Macrorregional de Educação Permanente em Saúde, a partir da análise da situação de saúde da população, da problematização acerca da política de educação em saúde, das necessidades dos serviços e das experiências acumuladas pelos atores envolvidos.
A condução metodológica das oficinas favoreceu um processo de construção coletiva,
onde o conjunto dos atores sociais que fazem CIES e têm acúmulos diferenciados na área de educação em saúde, problematizasse a realidade e suas práticas, socializasse saberes e construísse uma visão estratégica da política de educação permanente.
Uma proposta pedagógica que, na constituição dos elementos para elaboração do Plano, buscou considerar as realidades locais com suas contradições e apurar os modos de pensar, sentir e agir dos sujeitos envolvidos, acerca dos problemas de saúde, das necessidades, dos significados que estes atribuem aos instrumentos de gestão institucional e das possibilidades de mudanças. Um processo que teve o intuito de provocar a reflexão crítica para que o Plano seja incorporado como ferramenta de trabalho pelos membros da CIES.
As rodas de diálogo durante as oficinas, em pequenos grupos e na plenária, foram
processualmente afirmando a compreensão de que a Educação Permanente tem como pressuposto a aprendizagem no trabalho, lócus onde se promove e produzem sentidos, sugerindo que a prática educativa esteja baseada na reflexão crítica sobre as práticas reais, de profissionais reais em ação na rede de serviços. Ou seja, a Educação Permanente enquanto a realização do encontro entre o mundo de formação e o mundo do trabalho.
Essa abordagem assumida retira dos trabalhadores de saúde a condição de serem tratados como meros “recursos humanos” para o estatuto de atores sociais das mudanças no processo de trabalho e nas praticas de gestão, das lutas pelo direito à saúde e do ordenamento de práticas acolhedoras e resolutivas na gestão e atenção á saúde. Enfim, a Educação
Permanente foi afirmada como “estratégia fundamental para a recomposição das práticas de formação, atenção, gestão e formulação de políticas de controle social do SUS”.
A primeira oficina teve como foco o debate acerca das concepções de educação
permanente, do papel das instancias de co-gestão da política e dos instrumentos orientadores para elaboração dos Planos. No intervalo entre as duas oficinas os participantes deram continuidade ao processo de aprendizagem, realizando um momento de dispersão com estudo de textos e portarias, analise da situação de saúde dos municípios e apropriação dos instrumentos do Sistema de Planejamento do SUS (Planos Municipais de Saúde, Relatórios de Gestão e Pactos). O aprofundamento do debate nas regiões foi de fundamental importância para enriquecer o debate na segunda oficina que teve como foco a construção do Plano macrorregional.
A estruturação dos elementos constituintes do Plano se baseou nos eixos da Política de
Educação Permanente, abaixo sistematizados, com o objetivo também de manter uma coerência lógica com os Planos Estadual e Nacional. EIXO 1: Modelo de assistência e cuidados à saúde
O eixo baseia-se na compreensão de modelo de atenção enquanto configuração que o sistema de saúde adquire em função da concepção de saúde, da situação epidemiológica e dos determinantes de saúde que interferem no processo saúde-doença. E de cuidado à saúde enquanto as práticas de ação para atenção aos problemas de saúde dos indivíduos, segundo sua complexidade. O cuidado incorpora a idéia da integralidade na assistência à saúde, o que significa unificar ações preventivas, curativas e de reabilitação.
Trabalhar este eixo na Política de Educação Permanente significou propor ações estratégicas no Plano Macrorregional que visam provocar transformações das práticas ultrapassadas de atenção à saúde e consolidar um modelo de atenção focado na educação, promoção e assistência integral ao usuário. EIXO 2: Gestão e gerência
O eixo trabalha a concepção de gestão enquanto a autoridade e a capacidade para
estabelecer compromissos, dialogar com as instâncias de poder, resultando na melhor utilização dos recursos em função dos interesses da sociedade. E de gerência enquanto a capacidade de interagir com grupos, entidades e órgãos institucionais, a fim de aperfeiçoar o uso dos meios e recursos disponíveis (humanos, financeiros, tecnológicos) em seu âmbito de ação.
Neste eixo a Política de Educação Permanente buscou sugerir ações no Plano Macrorregional que visam provocar mudanças e melhorias no âmbito institucional, baseadas na análise dos processos de trabalho, organização dos serviços e práticas dos gestores, tendo como norteadores os princípios e diretrizes do SUS. EIXO 3: Formação e qualificação dos profissionais da área de saúde
O eixo na Política de Educação Permanente enfatiza o processo de formação dos trabalhadores de saúde, propiciando um ambiente favorável ao debate para se necessário efetuar mudanças e ajustes nos currículos de graduação. Busca proporcionar que o profissional,
quando da sua formação acadêmica, se aproprie de conhecimentos teóricos que se compatibilizam com a prática desenvolvida na saúde pública.
As ações proposta no Plano Macrorregional para esse eixo visam oportunizar a discussão acerca de programas que proporcionam a integração entre a academia e os serviços de saúde. EIXO 4: Controle social e direito à saúde
Nesse eixo foi afirmada a compreensão de controle social enquanto participação da sociedade na elaboração, implementação, fiscalização e gestão das políticas públicas. Assim, a Política de Educação Permanente busca contribuir para adoção de práticas e instrumentos de aperfeiçoamento dos modos de atuação e empoderamento da população usuária e seus representantes, no que se refere ao controle social e a luta em torno dos direitos à saúde.
Os objetivos e ações apontados no Plano Macrorregional para esse eixo implicam em provocar mudanças nas posturas dos profissionais de saúde para que o local de trabalho constitua-se em espaço de aprendizagem e favoreça o processo organizativo da população no controle da política de saúde. EIXO 5: Desenvolvimento institucional
No eixo desenvolvimento institucional serão tratadas as ações relacionadas diretamente à implementação e gestão da Política de Educação Permanente no que concerne às responsabilidades dos municípios e do estado, ao financiamento e aos mecanismos institucionais para fortalecimento da Comissão de Integração Ensino Serviço e das Comissões Intergestoras Regionais para execução e monitoramento do Plano.
Os objetivos e ações estratégias traçados para este eixo visaram contemplar a capacitação dos membros que compõem as CIES e as CIR, qualificando-os para sua atuação. Além de ações que buscam favorecer o processo de implementação da Política de Educação Permanente em Saúde na Macrorregião.
Com base nos eixos os participantes das oficinas elaboraram a Matriz de problematização e a Matriz Operacional que subsidiaram a análise de situação de saúde e toda parte operacional desse Plano.
Os resultados das oficinas foram sistematizados e, a partir dele, foi elaborado o produto
final contento a proposta do Plano Macrorregional de Educação Permanente, que foi submetida à análise e validação pelas Comissões Intergestoras Regionais e a própria CIES, num seminário organizado com este objetivo.
Enfim, o Plano de Educação Permanente da I Macrorregião de Saúde constitui-se um instrumento institucional, componente da política de gestão do trabalho e educação em saúde, que aponta para possibilidades de mudanças nos processos educativos e busca contribuir para criação de uma nova consciência sanitária, onde os profissionais de saúde e gestores sejam capazes de implementar práticas inovadoras nos serviços de saúde e de criar relações participativas com a população, que são sujeitos de direitos e construtores do SUS.
2. ANALISE SITUACIONAL 2.1 – Breve análise da situação epidemiológica de Alagoas
O estado de Alagoas ocupa uma área de 27.767 km2, que representa 0,32% do território brasileiro, 16% em população e 4% em densidade demográfica. Está situado ao leste da região Nordeste, tendo como capital a cidade de Maceió.
A população de Alagoas, segundo IBGE 2010, totaliza 3.120.494 habitantes. O estado é formado por 102 municípios e os mais populosos são Maceió (932.748 hab.), Arapiraca (214.006 hab.) Palmeira dos Índios (70.368 hab.), Rio Largo (68.481 hab.), União dos Palmares (62.358 hab.), Penedo (60.378 hab.), São Miguel dos Campos (54.577 hab.), Coruripe (52.130 hab.) e Campo Alegre (50.816). Os demais municípios que compõem o estado, 93 (91,2%) possuem população inferior a 50.000 habitantes.
Em relação aos fatores socioeconômicos alguns indicadores chamam à atenção no quadro
abaixo, ao revelar que: Alagoas detém a maior taxa de analfabetismo da região Nordeste e do Brasil; detém a maior proporção de pobres e registra ainda alta taxa de trabalho infantil.
Quadro 01 – Indicadores Demográficos e Sócioeconômicos Indicadores Alagoas Nordeste Brasil
Grau de urbanização (% da população urbana, 2008) 75,0 76,0 85,0 Razão de dependência (população da faixa etária economicamente ativa dependente <15 anos e ≥60 anos, 2008)
68,0 62,0 56,0
Taxa de analfabetismo 2008 (% na população de 15 anos e mais) 26,01 19,0 10,0 Produto Interno Bruto (PIB) per capita (R$) ano de referência: 2000 (segundo população de 2007)
5.767,00 6.664,00 14.056,00
Proporção de pobres (% da população com renda familiar per capita de até meio salário mínimo, 2008)
59,02 52,0 31,0
Taxa de desemprego 7,0 8,0 7,0 Taxa de trabalho infantil (% da população de 10 a 14 anos que se encontra trabalhando)
13,0 14,0 10,0
Taxa de fecundidade total 2010 2,3 2,1 2,1 Taxa bruta padronizada de natalidade, 2007 24,1 19,0 16,6 Fonte: IBGE e PNAD A despeito da taxa de fecundidade ainda elevada (2,3 filhos⁄por mulher), quando comparada às médias do Brasil e Nordeste (ambas de 2,1 filhos⁄por mulher), Alagoas apresentou, no período de 2000 a 2010 uma redução na taxa média geométrica de crescimento anual (de 1,31 para 1,01), tendo a menor taxa desde 1990 (IBGE,2010).
Em todo o mundo, as taxas de fecundidade diminuem, as populações envelhecem e observa-se um crescimento no fenômeno da urbanização também no Estado. Em Alagoas, a população urbana passou de 68% em 2000 para 73,6% em 2010, semelhante a do Nordeste (73,1) e abaixo do Brasil (84,4%). A taxa bruta padronizada de natalidade de 24,1⁄1.000 habitantes é a mais alta da Região Nordeste e está associada às condições socioeconômicas precárias e a aspectos culturais da população.
Quanto ao saneamento básico, observa-se em Alagoas uma melhora no acesso da população aos serviços de abastecimento de água, que em 2009 atingiu 78,5% da população e uma pequena melhora na coleta de lixo, que passou de 65,9% (2000) para 75,1% (2009), segundo dados do IBGE. No entanto, as coberturas de instalações sanitárias são baixas em todo o Estado, cujo percentual é de 33,0% (IBGE 2009).
Na análise situacional chama à atenção a mudança na composição etária, pois evidencia um envelhecimento populacional. Conforme figuras 01 e 02, os dados dos censos de 2000 a 2010 mostram que a proporção de menores de 15 anos reduziu de 40,26% para 29,17%, enquanto houve um leve crescimento da população de 60 anos e mais (de 6,40% para 8,90%).
-200000 -100000 0 100000 200000
0a4
10a14
20a24
30a34
40a44
50a54
60a64
70a74
80e+
homem mulher
-200000 -100000 0 100000 200000
0a4
10a14
20a24
30a34
40a44
50a54
60a64
70a74
80e+
homem mulher
Figura 01 – Pirâmide etária da população de Alagoas, segundo Censo 1991.
Figura 02 – Pirâmide etária da população de Alagoas, segundo Censo 2010.
Outro fator que os dados revelam é que no mesmo período (1991- 2010) houve um acentuado aumento na população jovem, de 20 a 29 anos. Nesse grande contingente de população jovem do Estado (18,00%), destaca-se o fato de que este é um público-alvo exposto as mais elevadas taxas de morbidade, devido às mudanças nos padrões de consumo e de comportamentos não saudáveis (tabagismo, alcoolismo, sedentarismo, obesidade, estresse) e mortalidade por causas externas, impulsionada pelo aumento da violência. Além disso, 53,48% das internações por gravidez, parto e puerpério, em 2009, ocorreram nesta faixa etária. As condições de saúde e doença da população não acontecem casualmente, são determinadas por um processo permanente e dinâmico de interação de diversos fatores relacionados com a qualidade de vida. Em decorrência de condições ambientais, sanitárias e sociais desiguais, mencionadas anteriormente, observa-se que algumas doenças transmissíveis antigas ressurgem, outras persistem e outras doenças e agravos incorporam-se ao cenário epidemiológico da situação de saúde de Alagoas. O perfil de adoecimento da população alagoana está se modificando e o padrão já não é o mesmo. Observa-se uma redução da incidência de doenças transmissíveis e o aumento das doenças crônico-degenerativas e dos agravos provocados por causas externas (conforme pode ser observado na figura 03, que mostra o numero de internações por causas e nos dados sobre agravos e doenças de notificação compulsória, a seguir).
Morbidade Hospitalar
10411
11192
7291
2748
6301
1738
7674
5967
2935
2160
1084
1993
573
481
732
484
453
346
45
59
11776
11290
7461
6508
6334
3889
3861
2518
2477
2389
1549
1424
703
663
604
381
318
288
46
42
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
X- Doenças do Aparelho Respiratório
I- Algumas Doenças Infecciosas e Parasitária
XI-Doenças do Aparelho Digestivo
XIX- Lesões Enven e Alg Out Conseq Causas Externas
IX- Doenças do Aparelho Circulat´rio
V-Transtornos Mentais e Comportamentais
XIV-Doenças do aparelho Genituriná
II-Neoplasias (tumores)
IV- Doenças endocrinas Nutricionais e Matabólicas
XVI-Algumas Afecç Originadas no Periodo Perinatal
XIII-Doenças do Sist Osteomuscular e Tec Conjuntivo
XII-Doenças da Pele e do Tecido Subcutaneo
XVII- Malf Cong Deformid e Anomalias Cromossômicas
VI- Doenças do Sistema Nervoso
VII-Doenças do Olho e Anexos
XVIII- Sint Sinais e achado Anorma Ex Clin e Laborat
III- Doenças Sangue órgão Hemat e Transt Imunitár
XXI- Contatos com Serviços de Saúde
XX- Causas Extenas
VIII- Doenças do Ouvido e da Apófise Mastóide
Fem M asc
Figura 03 – Número de Internações segundo causas e sexo. Alagoas, 2010. Fonte: SIH⁄DATASUS
Ao excluir as internações relacionadas à gravidez, parto e puerpério, destacam-se como as
três principais causas na população geral de Alagoas as doenças infecciosas e parasitárias (12,28%), doenças do aparelho respiratório (12,11%) e doenças do aparelho digestivo (8,05).
As principais causas de internação (59,74%) foram: diarréia e gastroenterite de origem infecciosa e outras doenças infecciosas intestinais. Observa-se ainda, crescimento das internações por transtornos mentais e comportamentais, além de lesões por causas externas, que ocorreram mais em pessoas do sexo masculino.
Em relação às doenças e agravos de notificação compulsória, o acompanhamento da
freqüência dos casos confirmados no ano de 2010, permite visualizar do que a população alagoana mais adoeceu e em quais regiões as doenças e agravos foram mais frequentes, conforme demonstrado na tabela abaixo.
Tabela – Freqüência de casos confirmados de Doenças de Notificação Compulsória por região de saúde. Alagoas, 2010.
Doenças 1ªRegião 2ªRegião 3ªRegião 4ªRegião 5ªRegião Total AIDS 298 27 12 26 23 386 Coqueluche 1 2 1 1 22 27 Dengue 18.863 1.141 1.989 11.707 538 34.238 Doença de Chagas aguda
0 1 0 1 0 2
Doença meningocócica e outras meningites
82 14 14 17 16 143
Esquistossomose 12 4 0 3 1 20 Febre Tifóide 14 1 1 4 2 22 Hanseníase 231 78 75 68 34 486 Hepatites virais 224 55 42 43 27 391 Infecção pelo HIV em gestante e crianças
125 11 0 9 12 157
Leishmaniose visceral 7 3 14 13 0 37 Leptospirose 52 1 1 2 14 70 Malária* 1 0 2 1 0 4 Rubéola 0 5 0 3 1 9 Sífilis congênita 165 24 13 12 23 237 Sífilis em gestante 98 18 15 24 26 181 Síndrome da rubéola congênita
1 0 0 0 0 1
Tétano 2 2 0 3 0 7 Tuberculose 884 196 89 200 88 1.457 Fonte: SINAN⁄SESAU⁄AL
Observa-se na tabela acima, que as doenças mais freqüentes em Alagoas são dengue, tuberculose, hanseníase, hepatites virais e AIDS. Vale destacar que a maior parte dos casos de AIDS está sendo diagnosticada em residentes da 1ª região de Saúde, o que sugere a centralização do acesso à assistência, além da oferta de testagem e aconselhamento na capital. A elevada freqüência de sífilis congênita é outro dado preocupante que reflete a qualidade da assistência pré-natal.
Em relação a mortalidade em Alagoas, no ano de 2010, foram registrados 18.024 óbitos, dos quais 59,29% foram de indivíduos do sexo masculino. A taxa bruta de mortalidade para Alagoas em 2010 foi de 10⁄1.000 hab., sendo tal taxa o dobro da observada em 2009, a qual foi de 5,3⁄1.000 hab. A Taxa Bruta de Mortalidade expressa a intensidade com a qual a mortalidade atua sobre uma determinada população e é influenciada pela estrutura da população quanto à idade e ao sexo, além de baixas condições socioeconômicas.
As doenças transmissíveis já foram as principais causas de morte, mas as medidas de
controle e a transição demográfica fizeram com que esse quadro se modificasse e atualmente as doenças transmissíveis são responsáveis por 4,2% das mortes, cedendo lugar para as doenças do aparelho circulatório e as causas externas. A análise dos principais grupos de causas de óbitos apontou as doenças do aparelho circulatório como as mais freqüentes, seguidas pelas causas externas e as neoplasias (conforme mostra a Figura 04).
Entre as mulheres, os óbitos ocorrem com maior freqüência devido as neoplasias,
seguidos pelas doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, já entre os homens, as principais causas são devidas às causas externas e as doenças do aparelho circulatório, destacando-se as causas externas, as quais ocorrem quase exclusivamente entre indivíduos do sexo masculino (Conferir Figura 04).
Causas de óbitos ocorridos em Alagoas no ano 2010.
2204
868
800
732
725
500
391
348
302
99
92
91
48
39
34
28
18
2
2392
779
642
842
740
587
3014
675
457
156
76
98
145
14
41
1
24
3
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
IX- Doenças do Aparelho Circulat rio
II-Neoplasias (tumores)
IV- Doenças endocrinas Nutricionais e M atabólicas
XVIII- Sint Sinais e achado Anorma Ex Clin e Laborat
X- Doenças do Aparelho Respiratório
XVI-Algumas Afecç Originadas no Periodo Perinatal
XX- Causas Extenas
XI-Doenças do Aparelho Digest ivo
I- Algumas Doenças Infecciosas e Parasitária
XIV-Doenças do aparelho Genituriná
VI- Doenças do Sistema Nervoso
XVII- M alf Cong Deformid e Anomalias Cromossômicas
V-Transtornos M entais e Comportamentais
XIII-Doenças do Sist Osteomuscular e Tec Conjunt ivo
III- Doenças Sangue órgão Hemat e Transt Imunitár
XV- Gravidez Parto e Puerperio
XII-Doenças da Pele e do Tecido Subcutaneo
VIII- Doenças do Ouvido e da Apóf ise M astóide
Fem Masc
Fonte;SIM⁄DATASUS
Diante do exposto, observa-se no estado de Alagoas uma mudança no perfil demográfico da população, sendo esta claramente vislumbrada pela alteração na composição etária e uma mudança também no perfil de morbimortalidade. Tais mudanças exigem que políticas de saúde sejam traçadas para responder aos desafios estruturais que a realidade colocada, o que inclui um investimento na política de gestão do trabalho e educação na saúde.
2.2 – Análise do contexto da educação permanente na I Macro região (problemas, causas, desafios e necessidades)
A análise da situação de saúde da I Macrorregião revela que a complexidade dos problemas de saúde requer, para seu enfrentamento, a utilização de múltiplos saberes e práticas, que implicam a produção de relações de acolhimento, de vínculo e de responsabilização entre trabalhadores, população usuária e gestores.
Partindo da compreensão que Educação Permanente é a aprendizagem no trabalho. Ela
acontece no cotidiano das organizações, a partir dos problemas enfrentados na realidade, para efetivar as mudanças que o SUS necessita é fundamental que, de fato,a Política de Educação Permanente seja afirmada e assumida pelos conjunto de atores enquanto estratégia de transformação das práticas de formação, de atenção e gestão, de participação popular e de controle social no setor da saúde.
Nessa perspectiva a breve análise do contexto da educação permanente na I
macrorregião, construída a partir do olhar dos membros da CIES durante as oficinas, apresenta um conjunto de problemas, causas e necessidades, que foram agrupados por eixo e servirão de baliza para definição das estratégias de intervenção nesse Plano.
. EIXO 1: Modelo de assistência e cuidado a saúde
Em relação ao Modelo de Assistência e Cuidado a Saúde foram identificados um
conjunto de problemas que, a partir da descrição de suas causas, a análise aponta um conjunto de necessidades e/ou desafios.
Um problema identificado foi que “os locais de trabalho se perpetuam como espaços de tratamento de doenças, com reprodução de práticas tradicionais nas unidades de saúde, que não questionam o modelo tradicional”.
A análise desse problema permitiu visualizar como causas principais: 1) políticas institucionais não efetivadas (acolhimento, interdisciplinaridade da equipe); 2) Interferência política, que acarretam relações hierárquicas perturbadas e atraso na implementação das políticas (ex. NASF, academia da saúde); 3) Cultura do povo é procurar o serviço de saúde quando está doente; 4) Prevalência da visão de práticas de saúde curativas.
Ainda como problemas nesse eixo foram destacados: pouca motivação dos profissionais para o desenvolvimento de práticas sanitárias integradas; fragilidade na assistência e humanização; profissionais não valorizam as oportunidades de reflexão sobre a problematização de situação de saúde.
Para os problemas referidos foram identificadas como causas: 1) resistência político-ideológica dos profissionais ao modelo e processos de trabalho centrados na integralidade à saúde (resistência oriunda do modelo tradicional hospitalocêntrico); 2) dificuldade dos profissionais de saúde em lidar com os usuários do SUS; e, 3) condições de trabalho e salários precarizados para a maioria dos profissionais de saúde.
A problematização do eixo levou a identificação das necessidades abaixo:
� Estímulo à instituição de rodas terapêuticas � Utilização de outros espaços para a prática de promoção de saúde e prevenção de
agravos (escolas, praças, etc), � Implantação dos Núcleos de Apoio a Saúde da Família (NASF) � Legitimidade das políticas institucionais de educação permanente e continuada dos
profissionais (reciclagem, oficinas, curso, vivências, etc) � Readequação do espaço físico das Unidades de Saúde � Estimulo a criação de grupos de apoio, para trabalhar as relações e intervenção nas unidades
com os trabalhadores e gestores e provocar a discussão sobre a definição dos cargos gerenciais com o próprio grupo e participação do controle social;
EIXO 2: Gestão e gerencia
No eixo gestão e gerências foram visualizadas enquanto problemas comuns da macrorregião:
� Processos de organização e planejamento não funcionam a contento � Baixo comprometimento na atuação de alguns profissionais do SUS � Ausência de política de valorização do trabalho em saúde � Interferência políticas freqüentes nas Secretarias e Unidades de Saúde � Desconhecimento, pelos profissionais nas unidades de saúde, dos instrumentos que
operacionalizam a política de saúde (Plano, Projetos, RAG, Pactos, etc). � Gestores e corpo técnico intolerantes a processos participativos na gestão e gerência � Pouco compromisso dos gestores e gerentes com a implementação das políticas
prioritárias do SUS
� Alta rotatividade de gestores � Profissionais reproduzem a “cultura” de que o SUS não funciona � Insegurança dos gerentes e medo de perder o espaço
As causas identificadas para este conjunto de problemas foram: � Falta uma visão global dos problemas e necessidades de saúde por parte das equipes
gestoras � Perfil inadequado de gerentes e gestores, devido a indicação ser de caráter político. � Insuficiência de capacitação para servidores, com foco nos processos de trabalho. � Interferência política e favoritismo pessoal � Cultura autoritária de alguns técnicos e gestores � Profissionais da saúde não cumprem com a carga horária � Pouco investimento dos gestores municipais na política de saúde
Com base na análise dos problemas e identificação das causas foram levantadas como necessidades:
� Investimento em processos educativos que provoquem mudança de mentalidade de todos que fazem o SUS
� Organização de ações que desperte gestores e trabalhadores a valorizar a Saúde Pública
EIXO 3: Formação e qualificação dos profissionais da área de saúde
Os problemas prioritários visualizados no eixo da formação e qualificação dos profissionais de saúde foram:
� Ensino marcado por disciplinas especializadas e estanques. � Capacitações ofertadas são normatizadas e focadas no repasse de informação � Financiamento de educação permanente direcionadas para projetos pontuais de
educação continuada. � Distanciamento entre as práticas de ensino e serviço � Pouca valorização de processos de educação permanente iniciados � Falta da Interdisciplinaridade durante a formação acadêmica dos profissionais (no curso
e entre os demais) � Distanciamento dos modelos educacionais com os movimentos populares em saúde e
práticas integrativas � Pouca valorização à pesquisa e à extensão � Alunos dos cursos na área de saúde não são orientados na abordagem dos usuários � Profissionais não se interessam pelas capacitações ofertadas
Enquanto causas para os problemas citados foram identificadas: � Ensino tradicional (Acadêmico/Profissional) � Falhas no planejamento da gestão financeira � Falhas na infra-estrutura institucional e do campo de trabalho � Profissionais desmotivados devido a pouca valorização salarial e condições precárias de
trabalho � Não contemplação na graduação da importância da saúde pública, a despeito do perfil
do egresso. � Deficiência na formação – matriz curricular inadequada; � Pouca compreensão dos sistemas de gestão educacional � Capacitações dos profissionais de saúde se desenvolvem sob a influência de uma
grande variedade de condições institucionais políticas, ideológicas e culturais � As seleções de projetos de pesquisa são excludentes deste da origem, pois priorizam as
pesquisas de laboratórios.
Enquanto necessidades foram identificadas:
� Adequação das matrizes curriculares; � Aplicação correta de recursos; � Implementação de projetos de extensão que visem à interdisciplinaridade � Financiamentos de cursos de aperfeiçoamento � Igualdade e valorização de todas as categorias profissionais � Criação de disciplina eletiva – em Educação em Saúde � Capacitação dos estudantes que fazem extensão (na arte-educação e na edu-
comunicação) � Incentivo à pesquisa, em especial que complementem o conhecimento do SUS; � Criação de grupos de pesquisa; � Aproximação das Universidades com os movimentos de Saúde popular e práticas
integrativas.
EIXO 4: Controle social e direito à saúde
Em relação ao controle social foram identificados como problemas principais
� Espaços de controle social fragilizados. � Ausência dos movimentos sociais nas discussões da política de educação permanente. � Fosso cultural entre os serviços de saúde, o saber sanitário e as organizações da
sociedade. � Insuficiência de capacitação sobre participação social que integrem usuário,
trabalhadores, gestores e gerentes. � Representantes das bases no Conselho (usuário e trabalhador) pouco retornam as
bases para comunicar as decisões � Conselheiros emperram a aprovação dos instrumentos de gestão da política de saúde
(Plano Municipal, RAG), apenas por divergências políticas.
As causas desses problemas visualizadas foram:
� Redução significativa de mobilizações sociais na luta para garantia e efetivação de direitos
� Atores sociais (usuários e trabalhadores) perderam o interesse pelos espaços de controle social
� Despreparo político-ideológico dos conselheiros e trabalhadores da saúde � Representantes frágeis nos conselhos, tanto em conhecimento quanto em formas de
intervenção. � Bases sociais desorganizadas � Conselhos, ficam presos às questões gerenciais do sistema de saúde, não dão conta de
implementar a participação social E enquanto necessidades, no âmbito da educação permanente, foram identificadas:
� Inserir no contexto da EP o conteúdo político ideológico (sociológico, antropológico, histórico)
� Os conselheiros criarem mecanismos independentes (a exemplo dos Fóruns) para debates de questões e problemáticas de saúde
� Articulação com os movimentos sociais � CIES acompanhar e sugerir mudanças nos conteúdos das capacitações dos
conselheiros
Eixo 5: Desenvolvimento institucional
Em relação ao desenvolvimento institucional os problemas visualizados foram: � Tramitação lenta de recursos para projetos � Morosidade na implementação da CIES Macrorregional � Pouca disponibilidade de atores capacitados e disponíveis para trabalhar a Política de
Educação Permanente � Baixa apropriação dos mecanismos institucionais existentes para o fortalecimento da
Política de Educação Permanente Enquanto causas para o conjunto dos problemas foram identificadas:
� Burocracia excessiva na tramitação dos processos
� A estruturação do CGR e definições de regiões e número de CIES a serem implantados � A CIES não tem no seu perfil o poder de decisão e sim, de articulação e indicação de
caminhos para os gestores a partir do que recebe de demanda do serviço e das instituições de serviço.
� Desconhecimento da política de educação permanente pelos profissionais � Divulgação insuficiente e pouco eficaz da Política de Educação Permanente junto aos
atores municipais A análise dos problemas e causa em relação ao eixo desenvolvimento institucional levou a identificação das necessidades abaixo:
� Desenhar fluxo de tramitação dos processos � Membros da CIES se apropriarem de conhecimento da legislação específica � Adesão de atores capacitados e comprometidos com a Política de Educação
Permanente em Saúde � Ampliação da utilização dos mecanismos institucionais para fortalecimento das CIES
� CIES estabelecer uma dinâmica de trabalho para seus membros não se transformarem em burocratas
2. OBJETIVOS DO PLANO
� Promover e apoiar os processos e a gestão da educação permanente em saúde, para que os serviços possam se transformar em espaços de aprendizagem;
� Favorecer a integração das instituições de ensino com os serviços de saúde, na
perspectiva de promover o ordenamento da formação e desenvolvimento permanente dos trabalhadores da saúde, a partir da análise e problematização da realidade;
� Proporcionar o desenvolvimento de programas institucionais de educação
permanente, que promovam a educação para gestão no trabalho e o fortalecimento do SUS;
� Potencializar a articulação intersetorial, incentivando a participação e o controle social no tocante a educação em saúde, buscando formação de uma consciência sanitária entre o conjunto de atores que fazem o SUS.
4. MATRIZ OPERACIONAL DO PLANO EIXO 1: Modelo de assistência e cuidado a saúde Objetivos: � Favorecer a constituição de lógicas apoiadoras de práticas coletivas nos serviços, com vistas ao
fortalecimento do trabalho de educação, promoção, prevenção e assistência integral à saúde. � Contribuir para o empoderamento de grupos de trabalho e melhoria nas relações interpessoais nos
serviços de saúde, visando à legitimidade das políticas institucionais de educação permanente.
Ações Estratégias 2012 2013 2014 2015 Responsável Parceria Contratação de profissionais de psicologia organizacional para orientar práticas de integração e grupos operativos.
X
X
X
X
CIES Macro
CIES Estadual
Implementação e/ou apoio a projetos de capacitações em planejamento e gerenciamento para o SUS.
X
X
X
X
Secretaria da CIES
NUSP/FAMED/ UFAL UNCISAL
Incentivo a criação de grupos de estudo multiprofissionais nas unidades de saúde
X
X
X
X
Núcleos de EP dos Municípios
Instituições de ensino e estudantes
Implementação de atividades educativas como oficinas, vivências e cursos para desenvolver aptidões de liderança.
X
X
X
X
CIES Macro
CIES Estadual
Incentivo aos profissionais de saúde a apropriar-se de instrumentos (autopsia verbal, analise de prontuários, escuta) para diagnóstico de situações (morte, queixas, falhas na assistência)
X
X
X
X
Membros da CIES Macro
SESAU e Ministério da Saúde
Implantação de rodas terapêuticas nos espaços coletivos das comunidades (escola, praças, etc);
-
-
X
X
Núcleos de Educação Permanente
SESAU, SMS e Conselhos Municipais
Realização de pesquisas para identificação de experiências inovadoras nas práticas assistências e de cuidado.
-
X
-
X
CIES Macro
Instituições de ensino / SESAU
Promoção de eventos para socialização de experiências inovadoras
X X CIES Macro Secretarias Municipais
Estímulo a implantação e ampliação dos NASFs nos Municípios
X X X X CIES Macro Secretarias Municipais
Realização de capacitações em clínica ampliada
- X X X CIES Macro Instituições de ensino –SESAU
Metas
� Atingir, 100% dos municípios da macrorregião com as ações planejadas. � Capacitar visando humanizar, harmonizar, em busca da atenção integral. � Ampliar número de NASF no estado � Ter instituídas novas práticas de saúde coletiva nos serviços
EIXO 2: Gestão e Gerência Objetivos:
� Promover a qualificação dos gestores, buscando fortalecer a compreensão acerca da política de educação permanente e a articulação entre os municípios para melhoria na gestão do SUS.
� Proporcionar processos de formação e integração das coordenações da SMS para um melhor
desempenho das funções gerenciais e construção de práticas inovadoras na organização e gestão dos processos de trabalho.
Ações Estratégias 2012 2013 2014 2015 Responsável Parceria Articulação entre gestores municipais de saúde na implementação da política de educação permanente
X
X
X
X
Gestores membros da CIES e da CIR
SMS, SESAU e Conselhos
Desenvolvimento de programas de capacitação de gerenciamento em saúde pública para gestores das SMS
-
X
-
X
CIES Macro
CIES Estadual UFAL e UNCISAL
Estímulo à aprovação de Projeto de Lei que vise reduzir a ingerência política nas UBS
X
X
X
X
Membros da CIES macro em cada município
Vereadores e deputados aliados em causas sociais
Integração dos processos e ações de educação permanente com o Sistema de Planejamento do SUS.
X
X
X
X
CIES Macro
CIES Estadual, GIP/SESAU e SMS
Capacitação de coordenadores das SMS na perspectiva da educação permanente
X
-
X
-
CIES Macro
CIES Estadual e instituições de ensino
Incentivo a estudos e diagnósticos e sistematização de experiências sobre modelos e práticas de gestão no SUS
-
X
-
X
CIES Macro
CIES Estadual e instituições de ensino
Metas
� Ter 100% das Secretarias com a política de educação permanente implementada � Atingir, no mínimo, 50% dos gestores com os programas de capacitação � Viabilizar as capacitação de, no mínimo, 60% de coordenadores das Secretarias
EIXO 3: Formação e Qualificação dos Profissionais da Área de Saúde Objetivos:
� Sensibilizar as instituições de ensino sobre a necessidade de adequação das matrizes curriculares no contexto da educação em saúde, incluindo o conteúdo político ideológico.
� Estimular educadores para aplicação de metodologias ativas nas capacitações profissionais � Favorecer a sensibilização dos profissionais da área da saúde da importância da educação
permanente � Diminuir o distanciamento entre as práticas de ensino e o serviço, para que o profissional
egresso esteja preparado para realidade da saúde pública. Ações Estratégias 2012 2013 2014 2015 Responsável Parceria Articulação entre a CIES e as instituições de ensino para expor problemas relacionados à matriz curricular.
X
X
X
X
Membros da CIES e CIR
Docentes e discentes
Incentivo a criação de disciplina eletiva – em Educação em Saúde no ensino superior.
X
X
X
X
CIES macro e CIES estadual
Instituições de ensino superior
Criação de instrumentos para monitoramento das instituições de ensino em relação aos conteúdos da formação profissional
-
X
X
X
Membros da CIES
Instituições de ensino e CIES Estadual
Sugerir aos profissionais capacitadores que utilizem em algum momento ou durante toda a capacitação, metodologia de ensino ativas.
X
X
X
X
Membros da CIES
Docentes e dicentes e CIES Estadual
Incentivar a formação de novos grupos de extensão e pesquisa , em especial que complementem o conhecimento do SUS
X
-
X
-
CIES macro e CIES estadual
Instituições de ensino superior
Promoção de capacitação para estudantes que fazem extensão ( na arte-educação e na Educomunicação)
-
X
-
X
CIES macro e CIES estadual
Instituições de ensino superior
Incentivo a aproximação das instituições com os movimentos de saúde popular e práticas integrativas
X
X
X
X
Membros da CIES
Instituições de ensino Conselhos
Articulação e participação nas políticas regulatórias e de indicação de mudanças no campo da graduação e da especialização das profissões de saúde
X
X
X
X
CIES macro e CIES estadual
Instituições de ensino
Incentivar os grupos que realizam projetos de extensão com foco interdisciplinar a contemplarem um número maior de discente
X
X
X
X
Instituições de ensino membros da CIES
CIES Estadual
Metas
� Sensibilizar profissionais da área da saúde, de 100% dos municípios da macro � Atingir, processualmente, 100% das instituições de ensino públicas e o maior número possível de
instituições privadas. � Adequar o perfil profissional as necessidades do SUS � Ampliar espaços educativos fora das salas aulas, dentro das organizações de saúde e nas
comunidades.
EIXO 1: Controle Social e Direito à Saúde Objetivos:
� Contribuir para adoção de práticas e instrumentos que favoreçam o processo organizativo da população no controle da política de saúde;
� Sensibilizar os profissionais de saúde para reflexão acerca da cidadania, provocando o sentimento de pertença às lutas sociais pela melhoria da qualidade dos serviços de saúde.
Ações Estratégias 2012 2013 2014 2015 Responsável Parceria Articulação com os Conselhos para criação de uma agenda comum de qualificação dos conselheiros municipais de saúde e conselheiros gestores, estimulando a articulação com outros movimentos sociais.
-
X
-
X
Núcleos de Educação permanente dos Municípios
Conselhos Municipais de Saúde
Realização de diagnóstico e/ou estudo sobre a situação dos Conselhos Municipais (Perfil dos representantes, tempo de gestão, participação em capacitações, rotinas de gestão etc)
-
X
X
-
CIES Macro ( NUSP, UNCISAL, CESMAC)
Conselho Estadual e CIES Estadual
Estímulo a criação, pelos Conselhos Municipais, de espaços informais de debates com a sociedade sobre temáticas e problemas de interesse social (Fóruns, Encontros, Rodas de diálogo)
X
X
X
X
CIES Macro
Conselho Estadual e CIES Estadual
Desenvolvimento de processos educativos com trabalhadores da saúde que incluam conteúdos político ideológico (sociológico, antropológico, histórico).
X
X
X
X
CIES Macro
CIES Estadual e Instituições de ensino
Metas
� Desenvolver agenda comum com os Conselhos em, no mínimo, 50% dos municípios � Ampliar a participação de trabalhadores do SUS em ações de controle social e lutas por direitos
EIXO 5: Desenvolvimento Institucional Objetivos:
� Investir na implementação da política de Educação Permanente enquanto estratégia orientadora das práticas de saúde para o fortalecimento do SUS
� Priorizar o investimento na Educação Permanente, buscando agilizar a aplicação dos recursos.
Ações Estratégias 2012 2013 2014 2015 Responsável Parceria Criação de Núcleos de Educação Permanente nos municípios da macro
X X X X CIES Macro SMS SESAU CIR
Implementação de um programa de capacitação para os membros da CIES, que inclua conteúdos sobre monitoramento e avaliação de projetos.
X
X
X
X
CIES Macro CIES Estadual
Instituições de ensino
Criação de um espaço on-line de debate sobre a educação permanente entre os membros da CIES
X
X
X
X
Secretaria da CIES Macro
SESAU
Organização de um Banco de Dados sobre o perfil dos profissionais na área da formação (local de trabalho, tempo de serviço, escolaridade, titulação, capacitações e atualizações ofertadas pelo serviço e pelo ensino, cargos que ocupa experiências na área de educação, etc.)
X
X
X
X
Secretaria da CIES Macro
SMS SESAU Secretaria CIES Estadual
Instituição de mecanismos para diminuir a burocratização no fluxo de avaliação dos processos de ações em educação permanente
X
-
-
-
CIES Macro
CIES Estadual CIR
Oficinas regionais com equipes de gestão para discussão do Plano de Educação Permanente da macro e estabelecimento de pactos sobre as formas de operacionalização.
X
X
-
-
CIES Macro
CIES Estadual CIR
Monitoramento e avaliação do Plano de Educação Permanente, para subsidiar as deliberações da CIR.
X
X
X
X
CIES Macro
CIES Estadual CIR
Metas
� Implementar a Política de Educação Permanente em 100% dos municípios � Institucionalizar a dinâmica de funcionamento da CIES � Atender a demanda dos projetos apresentados e aprovados pela CIES, com execução em
tempo hábil
5. CONSIDERAÇÕES
O Plano de Educação Permanente da I Macrorregional de Saúde representou o esforço coletivo de um conjunto de atores sociais que constroem cotidianamente o SUS e acreditam que o investimento na educação em saúde é uma das estratégias para enfrentar os problemas estruturais que permeiam o sistema de saúde.
A estruturação da CIES Macro Regional e elaboração do Plano com a participação dos seus componentes significou tanto a implementação de uma ação estratégia do Plano Estadual de Educação Permanente, quanto uma opção político-pedagógica da CIES Estadual de envolver os atores desde o início da construção do processo, motivando-os a assumir mais um desafio na construção do SUS.
Todavia, vale salientar, que a implementação da política de educação permanente na
macrorregional se dará, também, sob a influência de uma grande variedade de condições institucionais, políticas, ideológicas e culturais, que antecipam e determinam o espaço dentro do qual o Plano pode operar com seus limites e possibilidades.
A construção da viabilidade política do Plano de Educação Permanente poderá ser alcançada na medida em que se consegue a demonstração dos processos e resultados e sua sustentabilidade deixar de ser um projeto para tornar-se uma realidade central dos serviços, com tempo e lugar determinados. Algo que depende, fundamentalmente, do envolvimento efetivo a efetivo dos atores envolvidos, sobretudo dos que compõem as CIRs e a CIES. REFERÊNCIAS BIOGRÁFICAS BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Dialogando sobre Pacto pela Saúde. Brasília, 2007. .............., Ministério da Saúde.Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Caderno de Educação Popular em Saúde. Brasília, 2007. Pág. 18 a 29; il.Color – (Série B, textos básicos de Saúde). ..............Ministério da Saúde. Portaria nº 1996/GM/MS, de 20 de agosto de 2007, Dispõe sobre as diretrizes para a implementação da Política de Educação Permanente em Saúde. Brasília, 2007. ..............Ministério da Saúde. Portaria nº 2200/GM/MS, de 14 de dezembro de 2011, Dispõe sobre os recursos financeiros para a política de educação permanente. DAVINI,M.C.Enfoques, Problemas e Perspectivas na Educação Permanente dos Recursos Humanos de Saúde.In:Política Nacional de Educação Permanente em Saúde.Série Pactos Pela Saúde 2006,Vol.9;39-58 ALAGOAS, Secretaria estadual de saúde, Plano Estadual de Educação Permanente 2008-2011. ..................,Secretaria estadual de saúde, Síntese da Análise da Situação de Saúde 2010.