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PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta discutida e aprovada na Cidade de São Paulo São Paulo, dezembro de 2010 1

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PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO

Proposta discutida e aprovada na Cidade de São Paulo

São Paulo, dezembro de 2010

1

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ESTADO DE SÃO PAULO

PREFEITURA DE SÃO PAULO

Gilberto KassabPrefeito de São Paulo

Alexandre Alves SchneiderSecretário Municipal de Educação

Célia Regina Guidon FalóticoSecretária Adjunta de Educação

Lilian Dal MolinChefe de Gabinete

Fátima Elisabete Pereira ThimoteoChefe da Assessoria Técnica e de Planejamento

Comissão Executiva para a Construção do Plano Municipal de Educação

Subcomissão de SistematizaçãoAlejandra Meraz VelascoAna Maria BarbosaDenise CarreiraFernanda Tiemi KamiyamaMarisa Lage AlbuquerqueTeresinha Chiappim

SistematizadoresElisabete Regina Baptista de OliveiraJade Percassi de CarvalhoMaria Regina Martins Cabral (Coordenação)Maricy Name de OliveiraMary Grace MartinsNayara Magri Romero

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SUMÁRIO Página

ORGANIZAÇÕES QUE CONSTITUEM COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANOQUADROS E TABELAS

4

SIGLAS 6

APRESENTAÇÃO 9I - INTRODUÇÃO 13II - NÍVEIS, MODALIDADES E INSUMOS 151. NÍVEIS 15

1.1. EDUCAÇÃO BÁSICA 151.1.1. Diagnóstico e diretrizes gerais 151.1.2. Diretrizes, objetivos e metas da Educação Infantil 341.1.3. Diretrizes, objetivos e metas do Ensino Fundamental 391.1.4. Diretrizes, objetivos e metas do Ensino Médio 42

1.2. EDUCAÇÃO SUPERIOR 451.2.1. Diagnóstico 451.2.2. Diretrizes, objetivos e metas 46

2. MODALIDADES 48 2.1. EDUCAÇÃO ESPECIAL/ INCLUSIVA 48

2.1.1. Diretrizes, objetivos e metas 482.2. EDUCAÇÃO INDÍGENA 55

2.2.1. Diretrizes, objetivos e metas 552.3. EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 58

2.3.1. Diretrizes, objetivos e metas 582.4. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 63

2.4.1. Diretrizes, objetivos e metas 632.5. EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE 65

2.5.1. Diretrizes, objetivos e metas 652.6. EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA 69

2.6.1. Diretrizes, objetivos e metas 693. INSUMOS 71

3.1. FINANCIAMENTO 713.1.1. Diretrizes, objetivos e metas 71

3.2. GESTÃO DEMOCRÁTICA, CONTROLE SOCIAL E PARTICIPAÇÃO

78

3.2.1. Diretrizes, objetivos e metas 783.3. GESTÃO EDUCACIONAL E REGIME DE COLABORAÇÃO 82

3.3.1. Diretrizes, objetivos e metas 823.4. VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO 85

3.4.1. Diretrizes, objetivos e metas 85

III - EQUIDADE E DIVERSIDADES 88

BIBLIOGRAFIA E DOCUMENTOS CONSULTADOS 93

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COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DE EDUCAÇÃO

DA CIDADE DE SÃO PAULO

APEOESP – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

APROFEM – Sindicato dos Professores e Funcionários Municipais de São Paulo

COMISSÃO DE EDUCAÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO

COMISSÃO EXTRAORDINÁRIA PERMANENTE EM DEFESA DOS DIREITOS DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE E DA JUVENTUDE DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO

COMITÊ SÃO PAULO DA CAMPANHA NACIONAL PELO DIREITO À EDUCAÇÃO

CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO

CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

EXECUTIVA ESTADUAL DOS ESTUDANTES DE PEDAGOGIA – SP

FACULDADE DE EDUCAÇÃO - USP

FORUM EM DEFESA DA VIDA E PELA PAZ

FORUM ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS - EJA - SÃO PAULO

FORUM MUNICIPAL EM DEFESA DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

FORUM PAULISTA DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA – SÃO PAULO

FORUM PARA O DESENVOLVIMENTO DA ZONA LESTE

GT EDUCAÇÃO DO MOVIMENTO NOSSA SÃO PAULO

GT JUVENTUDE DO MOVIMENTO NOSSA SÃO PAULO

MOVIMENTO NEGRO

REDE CONVENIADA (COOPERAPIC e FEI)

REPRESENTAÇÃO DE PAIS DA CIDADE DE SÃO PAULO

REPRESENTAÇÃO DO MEC EM SÃO PAULO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

SEDIN – Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Educação Infantil do Município de São Paulo

SINESP – Sindicato dos Especialistas de Educação do Ensino Público Municipal de São Paulo

SINPEEM – Sindicato dos Profissionais em Educação do Ensino Municipal de São Paulo

SINPRO-SP – Sindicato dos Professores de São Paulo

UME – União Municipal dos Estudantes Secundaristas

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QUADROS E TABELAS

Página

Quadro 1 – Propostas apresentadas por eixo.......................................................... 11

Quadro 2 – Dados das propostas debatidas e aprovadas durante a Conferência.... 11

Quadro 3 – Matrículas na Educação Infantil.......................................................... 17

Quadro 4 – Unidades de EI – 2005 a 2009............................................................. 18

Tabela 1 – Dados de matrículas do Ensino Fundamental de São Paulo................. 19

Tabela 2 – IDEB no Município de São Paulo........................................................ 20

Tabela 3 – Ensino Médio na Cidade de São Paulo................................................. 21

Tabela 4 – Resultados do Censo Escolar 2009 para EM e EP................................ 22

Tabela 5 – Dados de EJA – 2000 e 2009................................................................23

Tabela 6 – Resultados do Censo Escolar 2009 – Educacenso – EJA...................... 23

Tabela 7 – Número de estudantes da Educação Especial, por tipo de

necessidade especial no Brasil................................................................................. 26

Tabela 8 – Atendimento aos estudantes da Educação Especial (Escolas Especiais,

Classes Especiais e ensino comum) no Município de São Paulo - 2009.................. 27

Tabela 9 – Evolução do Número de IES, Cursos, Vagas e Inscritos na Educação

a Distância no Brasil – 2002 a 2008........................................................................ 29

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SIGLAS

BI – Berçário I

BII – Berçário II

CAPE – Centro de Apoio Pedagógico Especializado

CE – Conselho de Escola

CE/1989 – Constituição de 1989 do Estado de São Paulo

CECI – Centro de Educação e Cultura Indígena

CEE – Conselho Estadual de Educação

CEFAI – Centro de Formação, Acompanhamento e Inclusão

CEI – Centro de Educação Infantil

CENP – Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas

CEU – Centro de Educação Unificado

CF/1988 – Constituição de 1988 da República Federativa do Brasil

CGEA – Comitê Gestor de Educação Ambiental

CIEJA – Centro Integrado de EJA

CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho

CMCT – Centro Municipal de Capacitação e Treinamento

CME – Conselho Municipal de Educação

CNE – Conselho Nacional de Educação

COGSP – Coordenadoria do Ensino da Região Metropolitana da Grande SP

CONAE – Conferência Nacional de Educação

DCNEI – Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Infantil

DEED – Diretoria de Estatísticas Educacionais (do INEP)

DF – Distrito Federal

DRE – Diretoria Regional de Educação

EAD – Educação a Distância

EB – Educação Básica

EC – Emenda Constitucional

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

EE – Educação Especial

EF – Ensino Fundamental

EI – Educação Infantil6

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EJA – Educação de Jovens e Adultos

EM – Ensino Médio

EMEI – Escola Municipal de Educação Infantil

EMEF – Escola Municipal de Ensino Fundamental

ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio

EP – Educação Profissional

ES – Educação Superior

FATEC – Faculdade de Tecnologia

FE-USP – Faculdade de Educação - Universidade de São Paulo

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais

MEC – Ministério da Educação

MISI – Magistério Intercultural Superior Indígena

MOVA – Movimento de Alfabetização

NEE – Necessidades Educativas Especiais

NEI – Núcleo de Educação da Infância

NIED – Núcleo de Informática Educacional

ONG – Organização Não Governamental

PAAI – Professor de Apoio e Acompanhamento à Inclusão

PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais

PDDE – Programa Dinheiro Direto na Escola

PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional

PNE – Plano Nacional de Educação

PP – Projeto Pedagógico

PROJOVEM – Programa Nacional de Inclusão de Jovens

Pro NEA – Programa Nacional de Educação Ambiental

PTRF – Projeto Técnico de Reconstituição da Flora

PURA – Projeto para o Uso Racional da Água

SAAI – Salas de Apoio e Acompanhamento à Inclusão

SECAD – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade

SEE – Secretaria de Estado da Educação

SEMESP – Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de

Ensino Superior no Estado de São Paulo7

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SME – Secretaria Municipal de Educação

UE – Unidade Escolar

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APRESENTAÇÃO

Este Plano começou a ser concebido em 2008, quando o governo municipal

respondeu à histórica reivindicação de um grupo de organizações da sociedade civil,

sindicatos, movimentos sociais e fóruns de educação comprometendo-se com a

construção do processo democrático e participativo de discussão e elaboração do Plano

de Educação da Cidade de São Paulo.

A sua elaboração materializa o que está previsto na Lei 10.172/01, que criou o

Plano Nacional de Educação (PNE), documento aprovado pelo Congresso Nacional em

2001 e que prevê a elaboração de Planos Estaduais e Municipais.

O objetivo final do processo de construção participativa do referido Plano foi

produzir este documento com orientações, diretrizes, objetivos e metas para o

planejamento, implantação, avaliação e controle social das políticas educacionais a

serem implantadas na cidade, nos próximos dez anos (2011 a 2020). Foi garantido pela

Prefeitura do Município de São Paulo um processo amplo e participativo que envolveu

instituições de educação, órgãos diversos da sociedade política e diferentes setores da

sociedade civil organizada

Esse movimento da sociedade paulistana foi importante para:

- expandir a demanda social pelo direito à educação de qualidade, a partir do

reconhecimento das diversidades, das desigualdades, dos recursos e

possibilidades, presentes na cidade;

- incentivar a elaboração de planos de educação das regiões da cidade, a partir de

diagnósticos locais, levantamento de propostas e definição de metas;

- definir a colaboração efetiva entre entes federados (Município, Estado e União)

e entre áreas dos governos, em prol do atendimento educacional de qualidade;

- fortalecer e dinamizar os processos e instâncias participativas e de controle

social em educação.

As diretrizes, objetivos e metas deste Plano constituem-se desdobramentos das

propostas apresentadas em reuniões, plenárias e encontros em todas as regiões da

cidade, posteriormente debatidas e aprovadas durante a Conferência de Educação da

Cidade de São Paulo. As etapas iniciais envolveram profissionais de educação,

familiares dos estudantes, organizações e movimentos que atuam no campo educacional

e em áreas afins.

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Criaram-se espaços e oportunidades de debate crítico, estabelecendo nexos entre

a realidade vivida cotidianamente na Cidade de São Paulo e as políticas educacionais

existentes.

A partir do uso dessa metodologia que fortaleceu a prática de auscultar a

população, os coordenadores do processo e a Secretaria Municipal de Educação (SME)

foram, gradativamente, realizando diagnósticos, levantando propostas e construindo um

rico debate sobre as diversas temáticas e eixos, com foco na educação que todos

desejam ter na próxima década.

Esse processo também foi rico politicamente, dada a oportunidade de

fortalecimento das práticas de participação democrática e das organizações e

movimentos que atuam no campo educacional e que estiveram ativamente presentes.

As etapas realizadas para a elaboração do presente Plano foram:

Etapa 1 – Plenárias nas escolas e nas comunidades. Foram realizadas mais de

duas mil atividades, no período de fevereiro a abril de 2010. Participaram dessa etapa

aproximadamente dez mil pessoas.

Etapa 2 – Reuniões setoriais nas Subprefeituras. Aconteceram trinta e uma

reuniões, no período de 03 a 22 de maio de 2010. Essas reuniões envolveram no debate

cinco mil e setecentos habitantes de São Paulo. Ainda nessa etapa aconteceram os

Encontros Temáticos que reuniram, nesse mesmo período, cinco mil, duzentos e

quarenta e duas pessoas.

Etapa 3 – Conferência de Educação na Cidade de São Paulo, realizada no

período de 18 a 20 de junho de 2010. Participaram da Conferência mil oitocentos e

cinco delegados. A eleição desses delegados ocorreu em trinta e uma reuniões/plenárias

promovidas por subprefeituras e nos encontros temáticos que aconteceram de acordo

com o regimento aprovado na Comissão Executiva do Plano de Educação da Cidade. As

vagas remanescentes foram preenchidas por meio de eleição realizada em novas

plenárias, organizadas por segmentos (trabalhadores da educação básica, fóruns e

movimentos sociais, familiares, universidades e organizações representantes do setor

privado), conforme deliberação da Comissão Executiva, prevista no regimento.

Para a Conferência foi elaborado um documento com as propostas apresentadas

pela população, agrupadas nos mesmos eixos debatidos nas etapas anteriores. Esse

agrupamento foi realizado por uma equipe de sistematizadores contratada pela SME,

que considerou nos agrupamentos os textos originais das propostas, por ser importante o

debate a partir das manifestações dos cidadãos participantes do processo. 10

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Abaixo, segue um quadro com o número de propostas apresentadas pela

população, por eixo discutido. Essas propostas encontram-se no banco de dados

desenvolvido pela SME e poderá ser utilizadas como fonte primária para consultas e

subsídios para famílias, educadores, dirigentes e pesquisadores.

Quadro 1 – Propostas apresentadas por eixo

TEMAS/EIXOS TOTAL NO SISTEMA

Desigualdades, discriminações e diversidades 144Educação a distância 15Educação de jovens e adultos 272Educação e Meio Ambiente 88Educação inclusiva (Educação especial) 799Educação Indígena 31Educação Infantil 1781Educação Profissional 83Ensino Fundamental 788Ensino Médio 109Ensino Superior 72Financiamento da educação 249Gestão democrática, controle social e participação 224Gestão educacional e regime de colaboração 184Outros Temas 276Valorização dos profissionais da educação 804TOTAIS 5919Fonte: SME/2010

Após a Conferência, finalizados os debates e plenárias, o quadro de propostas

resultantes do conjunto das etapas realizadas ficou configurado da seguinte forma:

Quadro 2 – Dados das propostas debatidas e aprovadas durante a Conferência

Temas/Eixos Propostas apresentadas pela cidade

Propostas após agrupamento e sistematização

Propostas aprovadas

Propostas aprovadas com modificação

Propostas suprimidas

Propostas não votadas

Desigualdades, discriminações e diversidades 144 28 7 5 1 15

Educação a distância 15 8 8 0 0 0

Educação de jovens e adultos 272 57 30 12 15 0

Educação e Meio Ambiente 88 25 14 5 6 0Educação inclusiva (Educação especial) 799 115 40 21 54 0

Educação Indígena 31 11 2 5 0 4

Educação Infantil 1781 106 41 24 38 3

Educação Profissional 83 20 8 11 0 1

11

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Ensino Fundamental 788 69 29 2 38 0

Ensino Médio 109 34 9 6 17 2

Ensino Superior 72 26 2 10 10 4

Financiamento da educação 249 67 46 8 12 1Gestão democrática, controle social e participação 224 38 21 4 12 1Gestão educacional e regime de Colaboração 184 41 26 8 3 4

Outros Temas 276 29 0 0 0 29Valorização dos (das) profissionais da educação 804 121 5 9 1 106INFRAESTRUTURA (a partir de propostas de outros eixos) - 7 6 0 0 1EDUCAÇÃO BÁSICA (a partir de propostas deOutros eixos) - 11 6 4 1 0

Totais 5919 813 300 134 208 171

Fonte: SME/2010

Ao todo estiveram presentes, nas três etapas de construção deste Plano, vinte e

duas mil, duzentas e quarenta e sete pessoas. Considerando que a população de São

Paulo é de onze milhões, trinta e sete mil, quinhentos e noventa e três habitantes pode-

se dizer que, em média, de cada quatrocentos e noventa e seis habitantes, um esteve

presente nesse espaço de construção coletiva de diretrizes e metas educacionais para a

próxima década. A população que se envolveu diretamente nesse processo está

espraiada pelos diversos distritos da cidade.

12

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I - INTRODUÇÃO

É com respaldo na legislação federal e do Estado e Cidade de São Paulo, que a

Comissão Executiva e a Secretaria Municipal de Educação coordenaram a construção

deste Plano de Educação. Fundamentaram-se nos preceitos legais que determinam:

- É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao

adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à

educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e

à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de

negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (CF/1988, Art.

227)

- O Estado deve assegurar à criança e ao adolescente a Educação Infantil (EI) –

com o atendimento em creches e pré-escolas (zero a cinco anos de idade), o Ensino

Fundamental (EF), o Ensino Médio (EM), o atendimento educacional especializado às

pessoas com deficiência, o acesso aos níveis mais elevados de ensino e pesquisa, a

oferta de ensino noturno regular, além do acesso aos esportes, à produção e fruição

artística e assistência integral aos estudantes. (ECA/1990, Art. 53, Art. 54; LDBEN/96)

- É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público

assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à

alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à

liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. (EI/2003, Art.

3º)

- A Educação Especial é modalidade da educação escolar e como parte da

educação geral deve garantir o “atendimento educacional especializado gratuito aos

educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino” e

dessa forma, os atendidos, por fazerem parte do sistema educacional, devem possuir os

mesmos direitos já atribuídos a todos os outros. (LDBEN/96)

- Devem ser asseguradas às comunidades indígenas sua organização social, seus

costumes, suas línguas, crenças e tradições, sendo o Estado responsável pela proteção

de suas manifestações populares. (CF/1988, Art. 231)

- Devem ser garantida também aos povos indígenas a utilização de suas línguas

maternas, bem como os processos próprios de sua aprendizagem. (CF/1988, Art. 215;

LDBEN/96, Art. 32).

13

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- Devem ser fortalecidos nas escolas de toda a cidade os saberes sobre o

universo histórico e cultural das comunidades indígenas e tradicionais integrando-os ao

currículo escolar. (Lei 11.645/08; ECA/1990, Art. 58).

- A história e a cultura de povos que também construíram e constroem a história

do Brasil e que foram sempre colocadas à margem dos conteúdos escolares será

socializada e estudada, tendo a sua inclusão nos Projetos Pedagógico (PP) das Unidades

Escolares (UE) da Educação Básica (EB) garantindo dessa maneira a disseminação de

conteúdos mais amplos sobre os povos africanos, afro-brasileiros, latino-americanos e

indígenas, conforme previsto nas Diretrizes Curriculares Nacionais revisadas no ano de

2009 e nas demais legislações especificas. (Lei 10.639/ 2003; Lei 11.645/2008).

- Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso

comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à

coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Para efetivar esse direito, o Poder Público deverá promover a educação ambiental em

todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio

ambiente. (CF/1988, Art. 225, inciso VI).

- Cabe aos municípios oferecerem prioritariamente a Educação Infantil (EI) e o

Ensino Fundamental (EF), ao Estado o Ensino Fundamental e o Ensino Médio (EM) e à

União a Educação Superior (ES), de modo que os três entes federativos, em regime de

colaboração, deverão cumprir o preceito constitucional de garantia de acesso à cultura, à

educação e à ciência a todos brasileiros. (CF/1988, Art. 23, inciso V; LDBEN/96)

Existem dois órgãos que normatizam a educação na Cidade de São Paulo: o

Conselho Estadual de Educação (CEE) e o Conselho Municipal de Educação (CME), e

dois órgãos que executam a política educacional na cidade: a Secretaria Municipal de

Educação e a Secretaria de Estado da Educação (SEE). Em nível federal, definindo

diretrizes para o território nacional, existem o Conselho Nacional de Educação (CNE) e

o Ministério da Educação (MEC), respectivamente. As Conferências, como a realizada

na Cidade de São Paulo no período de 18 a 20 de junho de 2010 para aprovação deste

Plano, são instâncias deliberativas em que a sociedade como um todo, de forma

organizada e precedida por etapas anteriores de estudos e debates, delibera sobre

propostas, planos e políticas públicas.

É nesse contexto democrático de colaboração e discussão da educação e do

pacto federativo que a EB e a ES têm sido discutidas, pensadas, planejadas, 14

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descentralizadas e permanentemente reorganizadas considerando a complexidade do

contexto ampliado de expressão das diversidades que constituem a história e a cultura

paulistana.

No conjunto de debates realizados por educadores, familiares, movimentos e

organizações da sociedade civil em todas as regiões de São Paulo, propostas foram

sendo levantadas, formatadas e inseridas no site da SME. O Portal do Plano de

Educação da Cidade de São Paulo foi crescendo com milhares de proposições, fruto das

aspirações, desejos e reflexões sobre políticas que garantam uma educação gratuita, de

qualidade, inclusiva, com acessibilidade e respeito às diferenças. Para isso fazem-se

necessários ampliação de creches, criação de escolas de formação profissional, aumento

de vagas em universidades, conexão com a cidade nos cuidados com seu meio ambiente

e com os usos das novas tecnologias, aumento de recursos para a educação e prática de

gestão compartilhada e democrática.

Essas propostas foram agrupadas e compuseram o texto-base do Plano de

Educação da Cidade São Paulo, que foi debatido durante a Conferência realizada. As

propostas aprovadas foram transformadas em diretrizes, objetivos e metas e compõem

este documento que será encaminhado à Câmara Municipal de São Paulo, juntamente

com um Projeto de Lei propondo um Plano Municipal de Educação, para apreciação e

votação.

O Plano subsidiará e orientará, nos próximos 10 anos, a educação que deve ser

oferecida na Cidade.

II – NÍVEIS, MODALIDADES E INSUMOS

1. NÍVEIS

1.1. EDUCAÇÃO BÁSICA

1.1.1. Diagnóstico e diretrizes gerais

Diagnóstico

A cidade de São Paulo é a maior da América do Sul e uma das mais importantes

cidades, do ponto de vista econômico, político e cultural, tanto no cenário nacional

como no internacional. Com uma população total de 11.037.993 habitantes (IBGE, 15

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2009) espraiada por uma área de 1.522.986 km2 (IBGE 2009) a cidade detém um PIB

de R$319.994.633,00 (IBGE, 2007).

Isso, contudo, não impede de, ao se aprofundarem seus meandros, serem

desvelados índices negativos que confirmam a existência de cenários marcados pela

ausência de garantias de direito e de acesso a políticas de moradia, educação, saúde e

saneamento básico para todos. O PIB per capita da cidade, de R$ 29.394,00 (IBGE

2007) poderia expressar uma condição adequada para a realidade vivida pelos

paulistanos, se não houvesse elevada concentração de renda. Todavia, boa parte da

população paulistana possui baixa renda, ou seja, embora o PIB per capita seja elevado,

não há na Cidade uma justa distribuição de renda.

Para uma cidade da magnitude de São Paulo, alguns índices educacionais são

preocupantes e precisam ser vencidos na próxima década. Entre esses índices,

destacam-se:

- mais de noventa mil crianças de zero a três anos não atendidas nas creches;

(SME – ATP/ Centro de Informática. EOL 25/06/2010)

- mais de quarenta mil crianças não atendidas na pré-escola; (SME – ATP/

Centro de Informática. EOL 25/06/2010)

- menos de 20% da população de 18 a 24 anos na Educação Superior;

- oferta de EM abaixo da demanda;

- qualidade e localização de algumas escolas de EM não favorecem e contribuem

para a permanência dos estudantes;

- mais de trezentos e oitenta mil moradores de São Paulo ainda não estão

alfabetizados; (Censo Demográfico, 2000)

- número grande de escolas ainda sem acessibilidade adequada para a inclusão

das pessoas com deficiência.

Educação Infantil

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, cabe aos

municípios oferecer, gratuitamente, a Educação Infantil em creches ou entidades

equivalentes para crianças de até 3 anos de idade, e também em pré-escolas, para

crianças de 4 a 6 anos.

16

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Em 2009, as matrículas na Rede Municipal corresponderam a 74,6% do total de

matrículas no município, seguido do setor privado com 25,3%, conforme pode ser

observado na tabela abaixo.

Quadro 3 – Matrículas na Educação Infantil

Ano 2005 2006 2007 2008 2009

Rede

Creche(0 a 3 anos)

Pré-Escola(4 a 6 anos)

Creche (0 a 3 anos)

Pré-Escola (4 a 6 anos)

Creche (0 a 3 anos)

Pré-Escola (4 a 6 anos)

Creche (0 a 3 anos)

Pré-Escola (4 a 6 anos)

Creche (0 a 3 anos)

Pré-Escola (4 a 6 anos)

Privada (exceto convênios)

54.633 93.184 61.291 85.754 59.871 60.152 70.536 67.324 73.811 70.729

Estadual 2.886 3.073 2.467 3.038 13 11 157 148 162 150

Federal 142 155 150 147 154 115 103 68 103 74

Rede Direta 28.006 261.639 31.163 268.023 34.841 264.409 41.592 273.209 43.629 268.814

Convênios1 36.777 36.235 39.106 39.970 49.366 45.591 69.211 45.578 72.995 41.417

Total da Rede Municipal

64.783 297.874 70.269 307.993 84.207 310.000 110.803 318.787 116.624 310.231

Matrículas Totais

122.444 394.286 134.177 396.932 144.245 370.278 181.599 386.327 190.700 381.184

Fonte: Censo escolar 2005 a 2009 (INEP). Elaboração: Centro de Informática/SME. 1) entidades privadas conveniadas com a Prefeitura do Município de São Paulo. * Inclui estudantes com necessidades educacionais especiais matriculados no ensino regular.

A Rede Municipal oferece Educação Infantil pela Rede Direta, nos Centros de

Educação Infantil Diretos (CEI) e Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEI); e

pela Rede Indireta, nos Centros de Educação Infantil Indiretos e nas Creches

Particulares Conveniadas. As turmas de creche são formadas por crianças de zero a três

anos e as turmas de pré-escola atendem às crianças de quatro a cinco anos. É importante

destacar que na EI não há defasagem idade-série.

Como pode ser observado na tabela acima, em 2009, na Rede Municipal as

creches contavam com 116, 6 mil crianças; a Pré-Escola com 310,2 mil crianças. Desse

total:

- 312,4 mil crianças estavam matriculadas na Rede Direta e;

- 114,4 mil crianças estavam matriculadas na Rede Conveniada.

O conjunto das escolas de EI existentes na cidade de São Paulo está configurado

de acordo com o detalhado no quadro abaixo.

Quadro 4 – Unidades de EI – 2005 a 2009

17

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Esse conjunto de Unidades Educacionais funciona nos seguintes turnos:

- CEI, em período integral de dez horas;

- EMEI, em dois turnos (manhã e tarde) – 197 unidades; em três turnos (manhã,

intermediário e vespertino) – 305 unidades. (Censo Escolar, 2009)

A média de estudantes por classe até antes deste Plano deveria obedecer à

Portaria de SME nº 4.448/08 que estabelece que as classes/estágios e a proporção

adulto/criança nos CEI das Redes Direta, Indireta e Particular conveniada deveriam

obedecer à seguinte conformidade:

- Berçário I - 0 ano - 7 crianças - 1 educador

- Berçário II - 1 ano - 9 crianças - 1 educador

- Mini-Grupo - 2 anos - 12 crianças - 1 educador

- 1º Estágio - 3 anos - no máximo18 crianças - por educador

- 2º Estágio - 4 anos - no máximo 20 crianças - por educador

- 3º Estágio - 5 anos - no máximo 25 crianças por educador

São atendidas na Educação Infantil do município (Rede Direta e Indireta) 2.733

crianças com necessidades especiais, sendo 420 em creches e 2.313 em pré-escolas.

Esse total está assim distribuído: 25 com deficiência visual, 173 com baixa visão, 134

18

Rede Tipo de Escola 2005 2006 2007 2008 2009Privada Escola Particular 2.019 2.049 1.742 1.843 1.883

EstadualCentro de Convivência

Infantil 47 44 1 5 5

Federal Escola Federal Infantil 1 1 1 1 1

MU

NIC

IPA

L

Rede Direta

Centro de Convivência Infantil/ Centro Infantil de

Proteção à Saúde 15 14 13 13 12Centro de Educação e

Cultura Indígena 3 3 3 3 3

Centro de Educação Infantil Direto 333 333 338 345 356

Escola Municipal de Educação Infantil 464 469 480 490 502

Total Rede Direta 815 819 834 851 873

Convênio Municipal

Centro de Educação Infantil Indireto 217 220 273 294 297

Creche Particular Conveniada 351 412 468 541 610

Total Rede Indireta 568 632 741 835 907Total Rede Municipal 1.383 1.451 1.575 1.686 1.780

Total Geral 3.450 3.545 3.319 3.535 3.669

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com deficiência auditiva, 109 com baixa audição, 856 com deficiência física, 924 com

deficiência mental, 320 com múltiplas deficiências, 6 com surdo-cegueira, 8 com

superdotação, 118 com autismo, 7 com asperger, 9 com retti e 44 com transtorno

desintegrativo da infância (TDI). (Fonte: Censo Escolar, 2009. Elaborado por Centro de

Informática da SME)

Ensino Fundamental

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, cabe ao

Estado “definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta do ensino

fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das

responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os recursos financeiros

disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público”.

No EF, apesar de todos os avanços das últimas duas décadas, muito ainda

precisa ser realizado para garantir a todos os moradores da Cidade de São Paulo o

direito à educação que almejam. No EF, apesar dos avanços e das políticas de

universalização desde os anos 1990, ainda 3,4% do total de crianças e adolescentes de 7

a 14 estavam fora de escola em 2000 (Censo Demográfico, 2000)1.

Abaixo segue uma tabela, com dados do INEP de 2009, que configura o atual

quadro da EB na cidade.

Tabela 1 – Dados de matrículas do Ensino Fundamental de São Paulo

Ensino Fundamental

Rede Anos Iniciais Anos Finais

Estadual 373.068 379.856Federal 227 0Municipal 243.811 247.174Privada 182.510 141.271Total 799.616 768.301Fonte: INEP - Censo Escolar 2009

No EF existem duas formas de proceder na avaliação dos estudantes: na Rede

Pública foi implantada a progressão continuada e na Rede Privada prevalece a retenção

dos que não alcançam as notas mínimas estabelecidas.

1 No Brasil, em 2000, 5,3% das crianças estavam fora da escola.19

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Ainda nesse nível de ensino há uma pluralidade de propostas pedagógicas que

precisam ser melhor mapeadas e disseminadas entre as Redes. Outro aspecto que

merece acompanhamento é o da avaliação do conjunto de escolas e dos estudantes nas

instituições educacionais da cidade. A avaliação revelada no IDEB, por exemplo, aponta

índices que merecem atenção, pois à primeira vista, os dados revelados não

correspondem proporcionalmente ao volume de investimentos feitos pelos entes

federativos, estes sempre maiores que os resultados. De todo modo, parece necessária a

avaliação de ajustes tanto do ponto de vista de recursos reais investidos, quanto de

procedimentos metodológicos e pedagógicos adotados na captação e combinação dos

dados, a fim de que não se perca de vista os locais que apresentam os menores índices

de desenvolvimento da educação básica em relação àqueles que apresentam os maiores

índices e o que contribui para esses fatos.

Tabela 2 - IDEB no Município de São Paulo.

RedeAnos Iniciais do Ensino Fundamental Anos Finais do Ensino Fundamental

Brasil São Paulo Brasil São Paulo2005 2007 2009 2005 2007 2009 2005 2007 2009 2005 2007 2009

Pública 3,6 4 4,4 4,3 4,5 5,0 3,2 3,5 3,7 3,9 3,8 4,0Estadual 3,9 4,3 4,9 4,6 4,6 5,2 3,3 3,6 3,8 3,8 3,8 4,0Municipal 3,4 4 4,4 4,1 4,3 4,7 3,1 3,4 3,6 4,1 3,9 4,2Privada 5,9 6 6,4 - - - 5,8 5,8 5,9 - - -Federal - - - - - 5,5 - - - - - ?

Fonte: INEP 2010

Ensino Médio e Educação Profissional

No EM, apesar dos investimentos terem sido ampliados pelos três entes

federativos: Município, Estado e União, as metas de matrículas e de permanência do

estudante nesse nível não têm sido alcançadas.

Hipóteses comprovadas por pesquisas diversas de professores da USP, Unicamp

e mesmo órgãos como MEC e INEP, nos anos de 2009 e 2010, continuam apontando

que a dualidade na orientação desse nível de ensino, tradicionalmente com dois tipos de

escola, propedêutica, para quem deseja continuar nos estudos na ES; e

profissionalizante, para os que desejam ingressar imediatamente no universo do trabalho

provoca lacunas, inconsistências e interrupções na política de formação dos

adolescentes e jovens não apenas na cidade de São Paulo, mas em todo o país.

20

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Na tabela abaixo é possível ler o movimento das matrículas nesse nível de

ensino, na última década.

Tabela 3 – Ensino Médio na Cidade de São Paulo

Município de São Paulo – Ensino MédioMatrícula Inicial por Rede de Ensino – 2003 a 2009

AnoEstadual

Municipal Particular Federal TotalSE

Outras (¹)

Total

2000 492.469 (²) 492.469 4.016 102.776 2.010 492.4692001 475.135 (²) 475.135 4.280 97.627 1.142 578.1842002 485.229 (²) 485.229 3.733 92.698 1.188 582.8482003 480.324 5.500 485.824 3.309 92.982 1.203 583.318 2004 461.493 5.519 467.012 3.213 87.635 1.260 559.120 2005 425.617 5.455 431.072 3.157 84.964 1.228 520.421 2006 397.502 5.326 402.828 3.282 82.100 - 488.210 2007 375.700 5.273 380.973 3.088 72.553 1.066 457.680 2008 375.359 (²) 375.359 2.979 78.196 872 457.4062009 379.807 (²) 379.807 2.686 78.560 729 461.782Fonte: MEC / INEP – Censo Escolar.Nota: (¹) Outras: conjunto de escolas estaduais mantidas e administradas pelas universidades estaduais paulistas – USP, UNESP e UNICAMP, e pelo Centro Estadual de Educação Tecnológica "Paula Souza", órgãos vinculados à Secretaria Estadual de Ensino Superior e Secretaria Estadual de Desenvolvimento, além de outras Secretarias de EstadoNota: (²) a equipe de sistematização não encontrou estes dados.Obs: Até o ano de 2003 inclui o nº de matrículas do Curso Normal dos dados da Secretaria Estadual.

Pelos dados é possível constatar que a matrícula no EM na cidade de São Paulo

decresce sistematicamente a partir de 2004, tendo havido durante esse período apenas

um aumento, de 0,96%, no ano de 2009. De 775.502 matriculados em 2008 nos anos

finais do EF regular identificam-se apenas 461.782 matriculados no EM regular no ano

de 2009.

Essa leitura torna possível inferir que apenas cerca de 60% dos estudantes que

concluíram o EF no ano de 2008 deram sequência aos estudos no EM, no ano de 20092.

Os dados da tabela seguinte revelam ainda que no nível médio a cobertura da EP

na Rede de Escolas Públicas é de 48,48%.

Tabela 4 - Resultados do Censo Escolar 2009 para EM e EP

2 Não foram considerados estudantes que permaneceram na 8ª. série.21

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Rede Ensino Médio %Educação Profissional

(Nível Técnico)%

Estadual 379.807 82,25% 41.755 44,71%Federal 729 0,16% 536 0,57%Municipal 2.686 0,58% 2.991 3,20%Privada 78.560 17,01% 48.099 51,51%Total 461.782 100,00% 93.381 100,00%Fonte: INEP – Censo Escolar 2009

Educação de Jovens e Adultos

Na Educação de Jovens e Adultos (EJA) a cidade precisa superar o

analfabetismo que alcança 4,89% da população com 15 anos ou mais. Apesar de este

percentual ser pequeno, em números absolutos este dado é bastante significativo,

correspondendo a 383.467 pessoas não alfabetizadas, segundo dados do Censo

Demográfico de 2000. Parelheiros é a área da cidade que apresenta maiores taxas de

analfabetismo (mais de 8,8%) e Pinheiros é a área com as mais baixas taxas (0,9%),

(SEAD, 2000).

É evidente que quando se avalia uma área abrangida por políticas educacionais,

bem como o efeito dessas políticas nessa área, considera-se o conjunto da oferta

empreendida e das condições materiais, sociais e culturais da região e não apenas aquela

política referente aos problemas identificados. Isso implica sempre esforços combinados

dos três entes federativos na identificação e contínuo combate a esses problemas.

A tabela abaixo nos mostra mais especificamente como está a oferta de EJA na

cidade de São Paulo, em que dimensão e quem a oferta.

Tabela 5 – Dados da EJA 2000 e 2009

RedeEducação de Jovens e Adultos - EJA

2000 2009Estadual 95.271 122.424Federal 67 70Municipal 267.316 87.512Privada 57.850 5.894Total 420.504 215.900Fonte: INEP 2009

Observando-se os dados poderia ser dito que a oferta feita seria suficiente para o

combate ao analfabetismo, em curto prazo. Entretanto, vale destacar que na Política

22

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atual de EJA a maior oferta está localizada nos últimos anos do EF e no EM. Pelos

dados verifica-se um avanço na oferta de vagas para EJA pelo Estado e diminuição

significativa por parte da Rede Privada e também da Rede Municipal, esta última mais

responsável pelos anos iniciais.

A tabela seguinte apresenta dados desdobrados, referentes à modalidade EJA.

Tabela 6 - Resultados do Censo Escolar 2009 – Educacenso – EJA

RedeEducação de Jovens e Adultos - EJA

Presencial Semi-presencialFundamental2 Médio2 Fundamental2 Médio2

Estadual 6.326 97.630 6.112 12.356 Federal 0 70 0 0 Municipal 87.512 0 0 0 Privada 2.131 3.563 3 197 Total 95.969 101.263 6.115 12.553

2Inclui os estudantes da Educação de Jovens e Adultos Integrada à Educação ProfissionalFonte: INEP – Censo Escolar 2009

Pode-se observar que o Estado e a Rede Privada ofertam vagas no Fundamental

e Médio da EJA, tanto na modalidade presencial como na Semi-presencial; o Município

oferta apenas o Fundamental Presencial e a Rede Federal apenas o Médio Presencial.

A Rede Municipal, contudo, abrange o atendimento da demanda de EJA

mediante oferta de alternativas diferenciadas para a população, mantendo cursos em

diferentes modalidades, incluindo desde programas/projetos de alfabetização até cursos

diversos, em nível básico voltados para a capacitação do trabalhador. Seguem detalhes

sobre essas iniciativas:

- Movimento de Alfabetização (MOVA) – em parceria com a sociedade civil

organizada.

- Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (CIEJA) – que articula o EF

com a EP. Nesses Centros os estudantes são atendidos em estruturas que funcionam em

cinco turnos diurnos e um turno noturno, de segunda a sexta-feira, com aulas de 2h15 de

duração.

- Centro Municipal de Capacitação e Treinamento (CMCT) – que oferta aos

jovens e adultos, com pouca ou nenhuma escolarização formal, cursos de qualificação

profissional inicial de curta duração nas áreas de: panificação, elétrica, mecânica,

informática, inglês, espanhol, corte e costura e auxiliar administrativo. Atualmente, a

cidade possui dois CMCT: a Unidade I - São Miguel Paulista/ DRE São Miguel Paulista 23

Page 24: PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta ... · PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta discutida e aprovada na Cidade de São Paulo São Paulo, dezembro

e a Unidade II / Itaim Paulista – DRE São Miguel Paulista.

Vale ressaltar ainda que, nas Redes Estadual e Federal, também há propostas

diferenciadas, algumas em parcerias inter-redes, como Proeja, Pro jovem, Proeja Fic,

além de cursos diversos de capacitação de trabalhadores, ofertados nos Itec, Ifet e Fatec.

A Rede Privada também apresenta algumas ofertas de qualificação de trabalhadores,

sobretudo pelo Sistema S.

Educação Indígena

Existem no estado de São Paulo comunidades de cinco etnias indígenas:

Kaingang, Krenak, Terena, Guarani e Tupi-Guarani, totalizando cerca de 4.000

indígenas, distribuídos em 31 aldeias. Para atender a esta população, a SEE mantém 32

escolas estaduais indígenas, três delas localizadas no município de São Paulo, sob a

jurisdição da Coordenadoria de Ensino da Região Metropolitana da Grande São Paulo

(COGSP). Estas três escolas atendem a três comunidades da etnia Guarani, localizadas

nas aldeias de Krucutu, Jaguará e Morro da Saudade.

Em 2003, a SEE, em trabalho conjunto com professores contratados pela

Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP), formou 61

professores indígenas das cinco etnias em Magistério de nível médio, para o trabalho

com estudantes indígenas de 1ª. a 4ª. série do EF, beneficiando 24 comunidades

indígenas de 14 municípios do Estado, que atendem a 1.016 estudantes de 7 a 18 anos,

inclusive das escolas localizadas nas aldeias da cidade de São Paulo. Na continuidade,

em 2005, foi criado o Curso de Magistério Intercultural Superior Indígena (MISI), com

o objetivo de formar mais 81 professores indígenas das cinco etnias, para trabalho na EI

e no EF, bem como para exercer funções de gestão, coordenação e suporte pedagógico

nas escolas indígenas.

A SME é responsável pelos Centros de Educação e Cultura Indígena (CECI) que

atendem a crianças de zero a cinco anos das comunidades indígenas do município. O

CECI foi criado em atendimento à demanda de lideranças indígenas da etnia Guarani,

que manifestaram ao poder público a necessidade de reafirmação e fortalecimento das

raízes da etnia. Segundo a SME, tanto o projeto arquitetônico quanto a proposta

pedagógica dos CECI foram construídos conjuntamente com as lideranças indígenas das

24

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aldeias Guarani, visando à inclusão das diferentes etnias. Os CECI estão localizados nas

três aldeias guaranis existentes na cidade de São Paulo (SME, 2004):

- Aldeia Tenonde Porã – Morro da Saudade – Distrito de Parelheiros – com

uma população de 501 indígenas, 207 crianças.

- Aldeia Krucutu – Distrito de Parelheiros – com 160 indígenas, 83 crianças.

- Aldeia Jaraguá – Distrito do Jaraguá – com 247 indígenas, 67 crianças.

(SME/CECI, 2004)

Educação Especial/Inclusiva

Os dados do Censo Escolar de 2009 mostram que havia 262.702 estudantes

atendidos pela Educação Especial no Brasil em escolas exclusivamente especializadas

ou classes de educação especial e 398.155 estudantes atendidos pela Educação Especial

em classes comuns.

A tabela a seguir mostra de que forma os estudantes estão classificados de

acordo com o Censo do INEP.

Tabela 7 – Número de estudantes da Educação Especial, por tipo de necessidade

especial no Brasil

Fonte MEC/INEP/DEED 2010. Dados referentes a 2009.

Notas: 1) O mesmo estudante pode estudar em mais de uma UF; 2) O mesmo estudante pode ter mais de

um tipo de necessidade especial; 3) Neste plano de Educação, adotamos o termo deficiência intelectual

em substituição ao termo “deficiência mental”, conforme a declaração de Montreal, aprovada em 6 de

25

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outubro de 2004, considerando esta deficiência não mais como um traço absoluto da pessoa que a tem e

sim como um atributo que interage com o seu meio ambiente físico e humano.

Na Rede Municipal de Educação de São Paulo, cerca de 90% dos estudantes

atendidos pela educação especial estão matriculados no ensino comum. As escolas de

atendimento exclusivamente especializado do município atendem principalmente a

estudantes com surdez leve ou profunda ou com deficiências múltiplas. (Censo Escolar

2009)3

Cabe ainda considerar que o atendimento aos estudantes da EE está praticamente

dividido entre a Rede Municipal e Estadual, sendo que nos anos iniciais do EF, a rede

estadual é responsável por 49,2% dos atendimentos. Nos anos finais, há maior

incidência de estudantes atendidos pela Rede Municipal com 48,5%.

Tabela 8 - Atendimento aos estudantes da Educação Especial (Escolas Especiais,

Classes Especiais e ensino comum) no Município de São Paulo - 2009

Dependência CrechePré-Escola

EF -Anos Iniciais

EF - Anos Finais

EM

Ed. Prof. Nível Técnico

EJA Fund1,2

EJA Médio1,2 Total

Estadual 1 2 7.309 3.738 806 71 34 356 12317Federal 0 0 0 0 3 0 0 0 3Municipal 224 2.125 5.506 4.002 77 0 1.796 0 13730Privada 282 506 2.045 517 146 48 30 21 3595Total 507 2.633 14.860 8.257 1.032 119 1.860 377 29645

Fonte: MEC, Censo Escolar 2009.1Não estão incluídos estudantes da Educação de Jovens e Adultos Semi-Presencial2Inclui os estudantes da Educação de Jovens e Adultos Integrada à Educação Profissional

A tabela aponta também uma diferença significativa no número de atendimentos

em diversos níveis. Nota-se que na creche e pré-escola há um número bastante inferior

de estudantes atendidos, sendo que a maioria desses ocorre nos anos iniciais do EF,

voltando a diminuir significativamente depois e apresentando um número ainda mais

baixo no EM e na EP. Estes dados certamente revelam que há muito que ser feito com

3 Informações tabuladas pelo Centro de Informática da SME.26

Page 27: PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta ... · PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta discutida e aprovada na Cidade de São Paulo São Paulo, dezembro

relação à qualidade do atendimento para garantia da continuidade aos estudos por estes

estudantes.

No município de São Paulo, os serviços de atendimento oferecidos aos

estudantes atendidos pela Educação Especial ocorrem por meio de:

• Centros de Formação e Acompanhamento à Inclusão (CEFAI), que

funcionam em 13 Diretorias Regionais de Educação. Estes centros são

responsáveis pelo acompanhamento dos estudantes com deficiência por

meio de visitas sistemáticas às escolas, avaliação pedagógica e reuniões

com professores e coordenadores pedagógicos, além do atendimento aos

familiares e mapeamento dos atendimentos da região.

• Professor de Apoio e Acompanhamento à Inclusão (PAAI), que são

profissionais dos CEFAI, com atuação itinerante na Comunidade

Educativa. Estes profissionais possuem habilitações nas áreas de

deficiência física, intelectual, visual e auditiva e são responsáveis pelo

atendimento a estudantes, professores, familiares e funcionários.

• Salas de Apoio e Acompanhamento à Inclusão (SAAI); são as salas

disponibilizadas em algumas UE, que contam com um profissional

responsável pelo atendimento educacional em caráter complementar,

suplementar ou exclusivo aos estudantes que apresentam algum tipo de

deficiência. Em 2009 havia 153 salas nas escolas municipais.

As escolas atendidas pela Rede Estadual de ensino contam com o Centro de

Apoio Pedagógico Especializado (CAPE) e em algumas escolas com as Salas de

Recurso, com função bastante semelhante às do município.

Educação a Distância

Na Cidade de São Paulo houve avanços no que se refere ao acesso às tecnologias

por parte de professores, estudantes e da população em geral, bem como a ampliação de

ofertas de cursos de graduação, pós-graduação e aperfeiçoamento por meio da educação

a distância.

O trabalho com informática educativa teve início no Brasil em 1987, data da

implantação do Projeto Educom, que consistia na implantação de centros-piloto em

universidades públicas, voltados à pesquisa no uso da informática educacional,

27

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formação de recursos humanos e elaboração de políticas nesse setor. Além da Unicamp,

em 1987, as Universidades Federais de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio

Grande do Sul participaram do programa.

Nesta mesma época, a Prefeitura realizou uma parceria com o Instituto

Millennium para o desenvolvimento de uma proposta que usava a linguagem LOGO

que resultou na implantação de cinco pólos educacionais. Nesse período, os estudantes

ainda eram atendidos fora do horário regular das aulas.

Em 1990 teve início o Projeto Gênese, com a formação de 30 educadores da

Rede Municipal que já haviam trabalhado nos projetos anteriores e também possuíam

formação na área de Informática Educativa. A formação, com duração de 180 horas, foi

ministrada pela Assessoria Pedagógica do Projeto Gênese e pela equipe do Núcleo de

Informática Educacional (NIED), da Universidade de Campinas (Unicamp), com a

colaboração de professores da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal

do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-

SP).

Até o ano de 1992 havia 50 escolas na Cidade de São Paulo equipadas com

computadores, já em 2006 havia 200 laboratórios equipados e, atualmente, todas as

escolas da Rede Municipal possuem laboratório de informática equipado e conectado à

Internet, além de contarem com um profissional responsável pelo atendimento aos

estudantes. As escolas da Rede Estadual possuem também laboratórios de informática,

porém a responsabilidade pelo trabalho pedagógico é atribuída ao professor de cada

disciplina.

O Decreto 34.160/94 instituiu os Laboratórios de Informática Educativa.

A Portaria 2.673/2008 determina a necessidade de assegurar que as atividades

desenvolvidas no Laboratório de Informática Educativa sejam “integradas ao currículo

da UE considerando a função social no uso das Tecnologias da Informação e da

Comunicação e promovendo intercâmbios entre as diferentes áreas de conhecimento”.

De acordo com os dados do Censo do Ensino Superior (INEP), em 2002 havia

25 instituições brasileiras que ofereciam cursos superiores a distância; e, em 2008, havia

115 instituições com mais de 700.000 inscritos. Assim, é possível observar o quanto o

número de cursos de graduação a distância aumentou nos últimos anos em todo país.

Comparado apenas o ano de 2007 com 2008, houve um aumento de 58,6%.

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Tabela 9 - Evolução do Número de IES, Cursos, Vagas e Inscritos na Educação a

Distância no Brasil – 2002 a 2008

Ainda assim, vale considerar que uma pesquisa “TIC Domicílios”, realizada pelo

Comitê Gestor da Internet (2009), apontou que havia nesse ano cerca de 40% das

pessoas sem jamais terem utilizado computador na região sudeste.

Desta forma, é preciso investigar mais se está sendo garantido na Cidade de São

Paulo o acesso às tecnologias aos estudantes, professores e comunidade em geral; de

que forma têm sido oferecidas estas oportunidades; e se estão realmente contribuindo

para a melhoria da qualidade de vida, aprendizagem e autonomia tecnológica dos

paulistanos.

Educação Superior

De acordo com a LBDEN/1996 esse nível de ensino é subdividido em graduação

e pós-graduação, cabendo à União “autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e

avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os

estabelecimentos do seu sistema de ensino“ (Artigo 9, parágrafo IX).

Segundo dados do último Censo do Ensino Superior, de 2008, havia na Cidade

de São Paulo 146 Instituições de Ensino Superior, oferecendo diferentes cursos nas

modalidades presencial e/ou a distância, na graduação e na pós-graduação. Em 2008, o

número de matrículas em cursos de graduação presencial era de 555.614.

A oferta do ES na cidade de São Paulo, de modo presencial ou a distância, é

oferecida em instituições como:

Universidades Públicas (Federais e Estaduais) e Privadas (Comunitárias,

Particulares, Confessionais e Filantrópicas)

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Centros Universitários (Federais e Estaduais) e Privados (Comunitários,

Particulares, Confessionais e Filantrópicos)

Centros de Educação Tecnológica (Federais e Estaduais) e Privados

(Comunitários, Particulares, Confessionais e Filantrópicos)

Faculdades (Federais e Estaduais) e Privadas (Comunitárias, Particulares,

Confessionais e Filantrópicos)

A estimativa populacional no ano de 2007, segundo o IBGE, era de 444.690 para

a faixa etária de 18 a 19 anos, e de 1.088.611, entre 20 e 24 anos. Totalizando 1.533.301

pessoas em idade para frequentar o ES. Entretanto, nesse ano apenas 0,36% desta

população estava matriculada em algum curso de graduação no ES na capital paulista.

(INEP, 2007)

Está claro, para a população e para os dirigentes dos três entes federativos, que

ainda há insuficiência de investimentos nesse nível de ensino. Também existem outros

problemas na educação que tem sido ofertada, como por exemplo, aqueles relacionados

com a não garantia, em todas as instituições de ES, do tripé ensino, pesquisa e extensão,

que pode garantir uma qualidade maior à educação dos paulistanos

Tal como nos demais níveis da educação ofertada aos moradores da Cidade de

São Paulo, os entes federativos responsáveis pela oferta e fiscalização da ES devem

empreender esforços para a garantia da oferta de ensino de qualidade em instituições

públicas e privadas possibilitando acesso e permanência estudantil, preferencialmente

de modo presencial, com recursos humanos qualificados e recursos pedagógicos

adequados para a formação dos estudantes.

Diretrizes gerais

A fim de cumprir os preceitos constitucionais e as deliberações da legislação em

relação aos direitos das crianças, adolescentes, jovens e idosos das diferentes etnias, e

respeitadas todas as diferenças, bem como em consonância com as deliberações da

Conferência Nacional de Educação (Conae 2010), a Cidade de São Paulo deverá fazer

gestões junto aos Poderes Públicos (municipal, estadual e federal) para a constituição de

um Sistema Público Único de Educação, que garanta a oferta de educação pública com

qualidade para todos os cidadãos.

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A demanda social por educação como direito de todos os cidadãos implica

garantir uma escola pública, laica, gratuita e de qualidade ofertada pelo Estado, aqui

compreendido como União, Estado de São Paulo e Prefeitura de São Paulo.

Devem ser garantidos a todas as crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos

que ingressarem na escola pública ou privada da Cidade de São Paulo uma educação de

qualidade, uma escola democrática e instrumentos de transformação voltados à prática

da cidadania, à construção de valores éticos, à autonomia, à conscientização ambiental,

ao consumo consciente e à atuação crítica na sociedade, atendendo às suas necessidades

e respeitando as especificidades da faixa etária e da comunidade local.

Desde a infância até a idade adulta devem ser favorecidas práticas que também

desenvolvam a consciência de preservação ambiental, a educação no trânsito, a cultura

da paz e o respeito às diferenças (étnico-raciais, de gênero, orientação sexual, idade e

religiosa) garantindo a inclusão de todos os grupos sociais.

O atendimento de toda demanda da Educação Básica (EB) deve ser feito

predominantemente no entorno da moradia do estudante, para que haja maior

envolvimento da comunidade e da família com a escola e que todos tenham

efetivamente direito à voz: estudantes, professores, coordenadores, diretores, familiares

e comunidade.

Para isso, já existe implantado um sistema informatizado que integra as

matrículas das redes públicas, que precisa cada vez mais ser aprimorado, a fim de

garantir a melhor acomodação da demanda.

As atividades meio e fim da educação pública na Cidade de São Paulo deverão

ser desempenhadas por profissionais de carreira com a devida habilitação, sendo vedada

a contratação de profissionais em situação precária.

O fortalecimento da rede de proteção integral de crianças, adolescentes, jovens,

adultos e idosos deve ser garantido efetivando-se o regime de colaboração entre as

diferentes secretarias: saúde, assistência social, segurança, educação, esportes e cultura,

não cabendo exclusividade à educação o papel educativo, preventivo e de assistência ao

educando.

No PP deverão ser desenvolvidos conteúdos que contribuam para o

desenvolvimento da cidadania, do respeito às diferenças, da consciência de preservação

ambiental, da educação no trânsito, da cultura de paz, bem como para o consumo

consciente e crítico, promovendo a inclusão de todos os grupos sociais e a disseminação

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de práticas de preservação da vida em sociedade num meio ambiente solidário e

sustentável.

É importante a garantia de infraestrutura, recursos materiais e humanos para

acesso e permanência do estudante na escola pública, em horário ampliado, com

atividades complementares que promovam o protagonismo infantojuvenil, articulado ao

PP e ministradas por educadores habilitados.

Cabe às Secretarias Municipal e Estadual de Educação que atuam na Cidade de

São Paulo realizarem em todos os níveis, etapas e modalidades de ensino a avaliação

processual, dentro e fora da escola, considerando a avaliação formativa como um dos

subsídios para a formulação de propostas e tomada de decisões pela escola, priorizando:

avaliação de insumos, processos e produtos, por meio de indicadores

específicos;

relevância e urgência para estabelecimento de consensos sobre parâmetros de

qualidade com relação aos insumos, processos e produtos, com a definição do

custo-estudante/qualidade que garanta tais parâmetros;

avaliação para análise da implantação das políticas educacionais e não

exclusivamente do desempenho docente e dos estudantes;

fortalecimento da não responsabilização unicamente das escolas pelo

desempenho nas avaliações padronizadas;

avaliação das demais instâncias que compõem o sistema de ensino;

currículos e projetos educativos implantados.

É imprescindível, ainda, combinar processos de avaliação de sistemas com

autoavaliação das escolas, de modo a assegurar nesse processo que o conjunto da

comunidade escolar (profissionais, familiares, comunidade local) se reúna para avaliar,

com autonomia, as dificuldades existentes, de modo a proporem melhorias em

processos participativos e no próprio funcionamento dos sistemas de ensino (Secretarias

e Diretorias Regionais), a fim de se alcançar apoio mais efetivo na implantação das

ações definidas pelas escolas e demandadas pelos próprios sistemas.

Cada ente federativo deve agir cooperativamente com o outro, visando à garantia

de igualdade no acesso e a construção de qualidade para todos na oferta da EB. Essa

ação cooperativa deve, ainda, visar:

a criação de mecanismos que agilizem o acesso, a permanência e a transferência

de estudantes;

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a redução da evasão escolar, a partir do investimento em política de permanência

da criança e do estudante, com ênfase no aprendizado, utilizando-se de todos os

recursos disponíveis na escola e nos sistemas de educação, para a eliminação da

defasagem de aprendizagem dos estudantes.

Caberá também aos entes da federação, entre outras ações cooperativas de

implantação de políticas educacionais, realizarem bienalmente na Cidade de São Paulo

o Censo Educacional para todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, incluindo

nas análises:

demanda total de Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e

Educação Superior;

número e territorialização do analfabetismo absoluto;

número e mapeamento de pessoas com deficiências;

número de estudantes em atendimento hospitalar ou afastados por problema de

saúde;

número de adolescentes e jovens, em idade escolar, que estejam em conflito com

a lei, seja em reclusão ou sob o regime de medidas socioeducativas.

A ação entre os entes federativos deve ainda mediar a integração e articulação

intersetorial de modo a possibilitar, a partir de 2011:

agilidade nos encaminhamentos de atendimento à saúde do estudante, incluindo

as especificidades de psicologia, psicopedagogia e fonoaudiologia, ocorrendo

em caráter de urgência com atendimento imediato;

segurança fixa nas escolas, com a presença da guarda civil metropolitana.

1.1.2. Diretrizes, objetivos e metas da Educação Infantil

Diretrizes

A Educação Infantil é definida pela LDBEN/96 como a primeira etapa da

educação básica e tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de zero

até cinco anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,

complementando a ação da família e da comunidade, bem como a aplicação nas

propostas pedagógicas das instituições dos seguintes princípios apontados nas Diretrizes

Curriculares Nacionais de Educação Infantil (CND/CEE 05/09):

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éticos - de autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito;

políticos - dos direitos e deveres de cidadania, do exercício da criticidade e

do respeito à ordem democrática;

estéticos - da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da diversidade de

manifestações artísticas e culturais.

Cabe, portanto, assegurar a todas as crianças da Cidade de São Paulo uma

educação de qualidade, uma escola democrática e instrumentos de transformação,

voltados à prática da cidadania, aos valores éticos, à autonomia, à conscientização

ambiental e à atuação crítica na sociedade, atendendo às suas necessidades e respeitando

as especificidades da faixa etária bem como da comunidade local.

A Educação Infantil, concebida para a faixa etária de zero a cinco anos, deve ser

respeitada na sua especificidade, em relação aos demais níveis de ensino, reconhecendo

sua dupla função social e educacional de cuidar e educar integradas ao eixo brincar.

Nesse sentido, são fundamentais:

o respeito à criança e às peculiaridades de seu desenvolvimento integral,

disponibilizando diferentes formas de atendimento, de modo a garantir seu

direito ao convívio familiar e comunitário, ao tempo livre e de permanência

na unidade, a adequação de espaços e atividades bem como às necessidades e

opções das famílias;

a superação da dicotomia existente entre creches e pré-escolas,

possibilitando a todas as crianças uma educação integral, integrada e de

qualidade;

o atendimento integral e integrado às crianças na Educação Infantil, com

opção da família pelo período de permanência na unidade, de acordo com as

suas necessidades;

a construção de currículos e PP específicos para a Educação Infantil;

o desenvolvimento das diferentes linguagens do universo infantil, com uso

dos recursos pedagógicos que forem necessários;

a oferta diversificada de atividades educativas nas áreas de linguagem, artes,

cultura corporal e outras que também contemplem as linguagens midiáticas;

a garantia de múltiplas interações sociais, reconhecendo e respeitando as

especificidades da infância, realizando práticas educativas que proporcionem

o desenvolvimento da identidade individual e coletiva, levando-se em

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consideração as diversidades sociais e culturais, praticando ações que

contemplem todas as dimensões humanas (afetiva, social, cognitiva, física) e

vejam a criança com todo o seu potencial de criação e imaginação;

o desenvolvimento de atividades culturais externas aos ambientes das

Unidades Escolares, bem como de programas educativos em parceria com as

comunidades;

a possibilidade da criança permanecer nas EMEI durante o ano letivo em que

completa seis anos.

Deverão ser explicitadas, por toda UE de Educação Infantil, as concepções de

criança, escola e ensino-aprendizagem adotadas, bem como os objetivos da instituição

para cada fase.

A organização do trabalho pedagógico ocorrerá predominantemente por meio de

projetos e atividades pautadas no brincar, como eixo da educação, valorizando a

concepção de infância e respeitando as crianças em todos os seus direitos.

Os projetos pedagógicos e multidisciplinares, em todas as UE da Educação

Infantil, serão contextualizados e planejados coletivamente e autonomamente pelas

equipes de cada instituição escolar, considerando a diversidade cultural das crianças,

incluindo e valorizando o patrimônio cultural de suas famílias e da comunidade onde

vivem.

Deve-se voltar os olhos e a ação sistemática para a ampliação da rede de

atendimento priorizando as áreas de maior vulnerabilidade social com o compromisso e

a dedicação de toda a sociedade da Cidade de São Paulo para a criação dessa ampla

política voltada para a universalização e qualidade da Educação Infantil, com equidade

e igualdade social.

Objetivos e metas

A Educação Infantil na Cidade de São Paulo deverá ser ofertada na rede direta e

prever, a partir de 2011:

o planejamento de períodos destinados à adaptação das crianças na Educação

Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental;

ampliação de investimentos em recursos didáticos e pedagógicos de

qualidade nas Unidades de Ensino de Educação Infantil;

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equipamento em todas as UE de Educação Infantil com recursos

tecnológicos e garantia de manutenção desses equipamentos;

adequação do espaço físico das UE com recursos e materiais pedagógicos

para atender à formação dos profissionais que lá atuam, garantindo locais

onde possam, de fato, cumprir suas horas de estudo e preparar atividades,

com suporte de livros, materiais pedagógicos, equipamentos, dvd,

computadores e outros recursos que a escola considerar necessários;

reformas das UE, de modo a garantir espaços que possibilitem o trabalho

com as múltiplas linguagens e com os conteúdos específicos da Educação

Infantil, a partir do diálogo entre equipe gestora e Conselho de Escola (CE)

em consonância com o PP da instituição;

autonomia das UE para a aquisição de materiais pedagógicos adequados e de

qualidade, de acordo com suas necessidades, a partir de consultas ao corpo

docente, famílias e conselho de escola e com o acompanhamento da

supervisão

bibliotecas com livros e materiais apropriados à faixa etária, como forma de

estimular desde cedo a formação de leitores;

formação permanente dos profissionais da infância nas diferentes linguagens,

para o desenvolvimento de atividades diversificadas, esportivas e artísticas

em todas as UE, com acompanhamento pedagógico por profissionais

especializados nessa área;

adequação de edificações, materiais e lotação de todos/as profissionais

necessários/as para as UE de EI;

recesso para profissionais de EI, no mês de julho;

ampliação gradativa do atendimento de quatro a cinco anos em todas as UE

para período integral, com condições materiais, estrutura física e pedagógica

adequadas;

implantação de turnos de 6 horas com eliminação dos turnos intermediários;

aprimoramento dos registros de atividades pedagógicas;

realização de reuniões pedagógicas mensalmente, em todos os CEI;

alimentação variada e nutritiva, em quantidade e qualidade adequadas à faixa

etária das crianças e considerando as especificidades da cultura indígena;

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uniformes para todas as crianças das UE;

indicação das unidades de destino das crianças, pelos pais/responsáveis.

Deve ser assegurado gradativamente, a partir de 2011, transporte escolar gratuito

para todas as crianças que necessitarem desse serviço, inclusive para atividades

extraclasses, respeitados os seguintes critérios:

estarem matriculadas na Rede Pública;

residam a partir de 500 metros da unidade escolar.

Universalizar o atendimento da Educação Infantil, garantindo acesso a todos que

demandarem vaga, com as seguintes metas:

que até 2013 seja zerada a demanda efetiva por educação infantil, definida

por meio de processo censitário nos setores de educação onde existam mais

de 20% das crianças de zero a cinco anos em índice paulista de

vulnerabilidade social e em setores educacionais com menos de 20% de

matrículas;

que até 2016 seja ampliada a oferta para mais 40% da população na faixa

etária de zero a cinco anos de idade;

que até 2021 sejam atendidos mais 60% da população nessa faixa etária, com

alcance de 100% da demanda para esse nível de educação.

Para o alcance dessas metas será necessário que a SME realize, construa e

determine:

investimento em unidades públicas de Educação Infantil e em escolas

municipais diretas, limitando-se o atendimento na rede conveniada às

matrículas anteriormente realizadas, desde que assegurados os padrões de

qualidade definidos pelo município;

novas UE de Educação Infantil, para atendimento da demanda em unidades

públicas da Rede, considerando a demanda de cada região, os projetos

arquitetônicos e os mobiliários adequados a esta faixa etária, contemplando

ainda os critérios de acessibilidade;

mecanismos e espaços de participação de familiares e profissionais de

educação para elaboração de projetos arquitetônicos das UE, favorecendo a

maior atenção às características e às peculiaridades da região e

contemplando satisfatoriamente suas necessidades de acessibilidade;

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equiparação no investimento e apoio a todos profissionais da educação e

crianças das UE, respeitadas as especificidades, articulando e integrando

suas jornadas, calendários e processos formativos;

revisão de repasses de verbas, com cálculo de PTRF e PDDE adotando como

referência o tempo de permanência da criança nas UE;

função de assistente de diretor e de secretário de escola em todas instituições

de EI da Rede Pública.

Reduzir progressivamente, até 2016, a relação criança/educador (a) na seguinte

proporção:

Berçário I (BI) – máximo de 5 crianças por educador;

Berçário II (BII) – máximo de 7 crianças por educador;

Mini grupo – máximo de 9 crianças por educador;

1º Estagio – máximo de 15 crianças por educador;

2º e 3º Estágios – máximo de 20 crianças por educador.

Cumprir a deliberação do CME 04/09 que determina a adoção de, no mínimo,

um metro e meio por criança e, no máximo, dois agrupamentos por sala.

1.1.3. Diretrizes, objetivos e metas do Ensino Fundamental

Diretrizes

Para as crianças, adolescentes, jovens e adultos da Cidade de São Paulo faz-se

necessário fomentar, nas escolas de EF, uma educação:

integral e interdisciplinar, visando à garantia da educação enquanto direito

humano;

igualitária, que respeite todos os envolvidos na sociedade em seus valores,

diferenças, crenças e etnias;

libertadora e emancipadora, que possibilite a construção da identidade

sociocultural do povo paulistano e brasileiro;

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de respeito às diferenças, com a garantia de que todos possam avançar no

processo de aprendizagem dentro do seu tempo e de suas especificidades;

para a cultura da paz, contribuindo para a eliminação de atitudes

preconceituosas, desrespeitosas e violentas;

integrada, que assegure os direitos infantis na implantação do ensino de nove

anos, com a disponibilidade de recursos necessários para o atendimento de

crianças de seis anos.

A garantia de uma educação integral, integrada e contextualizada para uma

sociedade mais justa, igualitária e humana implica a formação permanente de

professores e educadores, educandos, familiares e equipes de funcionários, também a

partir das diretrizes que forem cotidianamente discutidas e aprovadas, visando à garantia

dos direitos humanos e da construção de redes de proteção de crianças, adolescentes e

jovens paulistanos.

Essa garantia de uma escola formadora para uma sociedade emancipada e

emancipadora implica, também, o fortalecimento da autonomia das UE para a

elaboração do PP, articulando os recursos físicos, financeiros e humanos, com a

formação processual e contínua, visando uma educação de qualidade para atender às

demandas e necessidades de nossos estudantes e da comunidade escolar como um todo:

desde os conteúdos epistemológicos e científicos aos metodológicos.

Alcançar essa educação emancipadora e formadora de novos homens e mulheres

para o desenvolvimento da Cidade de São Paulo e do próprio País implica:

definir uma política de avaliação educacional na Cidade de São Paulo, que

articule as diferentes formas de avaliação, nos diferentes níveis e

modalidades de ensino criando mecanismos para que se evite a duplicidade e

sobreposição das avaliações;

garantir espaços permanentes para a discussão pública, que permitam a

avaliação e adequação das políticas educacionais às demandas reais da

escola.

Objetivos e metas

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Criar Fórum de Educação deliberativo, a ser realizado em 2011 com as seguintes

pautas:

redefinição da organização curricular em Ciclos na RME;

adequações para a implantação do EF - Ensino Fundamental de Nove Anos;

reformulação dos processos avaliativos, mantendo o princípio da progressão

continuada;

discussão dos currículos;

reestruturação da grade curricular;

educação em período integral;

conceitos e objetivos dos CEU na RME;

democratização do CME e CEE.

As definições desse Fórum deliberativo serão complementares ao novo Plano

Decenal da Cidade de São Paulo, com aprovação de metas a serem alcançadas.

Reduzir progressivamente, até 2015, a proporção de estudante por professor do

EF, na seguinte proporção:

EF I - Máximo de 20 por sala;

EF II - Máximo de 25 por sala.

Determinar a continuidade dos projetos destinados aos CEU na RME: Pré e Pós

aula, Vocacional, PIA - Projeto de Iniciação Artística bem como outros a serem

planejados, ampliando suas metodologias para outras UE do EF por meio de programas

extracurriculares, que envolvam atividades culturais, científicas e esportivas,

consideradas como ações contínuas de promoção do desenvolvimento humano e social,

com vistas à formação integral do educando.

Implantar a CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes de forma

unificada para os CEU, com representantes dos profissionais e do Conselho Gestor do

Equipamento.

Elaborar, com autonomia, o PP das UE, levando-se em conta:

a complexidade de cada comunidade educacional;

a revisão anual de metas relativas à aprendizagem dos estudantes pelas próprias

escolas das diferentes redes de ensino

a participação efetiva das comunidades escolares;

as especificidades do território em que as escolas se inserem;

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a abertura das escolas aos finais de semana para a comunidade.

Incentivar a proposição e implantação de metodologias, que:

considerem o educando enquanto sujeito no processo de ensino e aprendizagem

e o educador aquele que media, auxilia, orienta e incentiva o estudante no

processo de construção do conhecimento e inserção no contexto sócio-cultural

em que vivemos;

desenvolvam atividades para promover um convívio escolar permeado por

relações éticas e solidárias;

ampliem e aprimorem a capacidade de leitura e de escrita dos educandos ao

longo de sua trajetória escolar;

garantam a formação de educadores, educandos, familiares e equipe de

funcionários da escola sobre ECA.

Garantir professor em todas as salas de aula, considerando ainda:

ágil reposição, por meio de concurso público, de professores afastados das salas

de aula do EF, por diversas razões;

retorno de professor regente de turma às bibliotecas, salas de leitura e

informática de modo a garantir profissionais qualificados e bem remunerados

para o trabalho docente e de orientação de estudos nesses espaços.

1.1.4. Diretrizes, objetivos e metas do Ensino Médio

Diretrizes

A LDBEN/96 define entre as finalidades do Ensino Médio:

consolidação e aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no EF;

desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;

formação para a cidadania;

formação ética e para práticas coletivas e solidárias;

preparação básica dos jovens para o trabalho.

As diretrizes definidas pelos órgãos da educação, a partir da legislação brasileira

para o EM, têm levado em conta as mudanças que aconteceram no mundo com a

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revolução científico-tecnológica, que ocorreu após a segunda guerra mundial, dando

ênfase a uma sociedade mais voltada para o conhecimento e que foi se configurando a

partir de alguns fatos:

a corrida espacial;

o avanço e a união das tecnologias da informação e da comunicação;

a engenharia genética;

a revolução biotecnológica.

A organização da estrutura curricular e pedagógica do EM da Cidade de São

Paulo deve levar em consideração as mudanças que ocorrem cotidianamente e em ritmo

acelerado nas dimensões social, econômica, ambiental, gerencial, tecnológica,

organizacional e do conhecimento científico mais amplo, bem como as que dizem

respeito à valorização, aos cuidados e as relações sociais e políticas com as pessoas,

respeitadas as suas diversidades.

Para acompanhar os avanços constantes nessa sociedade do conhecimento, urge

que a Cidade de São Paulo universalize o Ensino Médio construindo uma educação de

qualidade que garanta respeito às diversidades em todas as áreas e temas e que

estudantes e professores dialoguem, construam e reconstruam juntos conhecimentos

relacionados com:

revolução científico-tecnológica;

informatização e comunicação total;

globalização político-econômica;

responsabilidade social, coletividade e solidariedade;

gestão ambiental, sustentabilidade e qualidade de vida;

novos modelos de organização e trabalho;

desenvolvimento humano, social e territorial/local.

Deve ser possibilitada uma formação integral ao público do EM, levando-se em

conta a construção conjunta entre os profissionais da educação e os estudantes, voltada

para aprendizagens significativas e ações pedagógicas horizontais, que fortaleçam o

diálogo, a experimentação e a participação ativa de todos.

Conforme os PCN do EM esse nível de ensino deve desenvolver no estudante as

dimensões da pesquisa, do estudo, da busca contínua de novos saberes e da aplicação

dos conhecimentos construídos e apreendidos.

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Não se deve perder de vista, na implantação do EM paulistano, tanto a

perspectiva da formação propedêutica, para a continuidade dos estudos acadêmicos,

como também do EM integrado, concomitante ou subsequente à educação Profissional,

conforme consta no Decreto 5.154/2004.

Objetivos e metas

Ampliar vagas no Ensino Médio garantindo, progressivamente até 2021, acesso

e permanência a todos os jovens egressos do Ensino Fundamental, mediante:

ingresso imediato no EM de todos os que concluírem o EF;

planejamento da oferta territorializada para favorecer o acesso e a construção de

UE do EM próximas às comunidades economicamente menos favorecidas

garantindo continuidade aos estudos de jovens e adultos ali moradores com

ingresso e permanência em UE de qualidade e de fácil acesso;

oferta de EM regular, no período que convier ao estudante, inclusive em período

noturno, próximo de sua residência ou local de trabalho;

políticas de incentivo à permanência do estudante na escola noturna, como

alimentação, bolsas, entre outras;

gratuidade no transporte público para, inclusive, os de cursos pré-vestibulares

Ofertar aos que ingressam no EM, e que desejarem, possibilidades de frequentar

um curso de formação profissional, no contraturno do EM regular.

Diminuir progressivamente, até 2015, a proporção estudante/professor para 25

por sala.

Inserir no currículo do EM disciplinas e/ou conhecimentos escolares que

contemplem questões contemporâneas referentes ao mundo do trabalho, às

macrotendências, às suas práticas coletivas, bem como as relacionadas com orientação

para a escolha profissional e para os projetos de vida.

Incluir atividades curriculares extraclasse, atreladas ao PP da escola, garantindo:

mapeamento de lugares para fruição nas artes e desenvolvimento científico para

contínua visita de estudantes;

organização de agenda anual de visita a espaços científicos, culturais e de lazer;

transporte gratuito para deslocamento dos estudantes das escolas públicas aos

teatros, cinemas, museus, concertos e outros espaços mapeados e agendados na

cidade;

43

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Apoiar e incentivar o esporte e o lazer na escola, garantindo:

espaços para a prática de esportes, em diferentes modalidades, para homens e

mulheres;

espaços para a prática de esportes, em diferentes modalidades, para pessoas com

deficiência;

organização da prática de esportes com programação definida em nível de cada

escola, bem como territorializada por subprefeituras, a fim de se fortalecer a

prática desportiva, de forma educativa e solidária, como contribuição para a

formação de cidadãos;

transporte para deslocamento de estudantes quando necessário para os eventos

esportivos dos sistemas educacionais da cidade.

Elevar a qualidade da educação do EM investindo sistematicamente em:

projetos que tenham como objetivo a valorização do brasileiro e de sua cultura,

focando o senso crítico e a participação ativa nos acontecimentos da sociedade;

apoio de equipes multidisciplinares da SME, SEE e DRES na elaboração e

execução coletiva dos PP pelas escolas;

implantação de salas ambiente, laboratórios, bibliotecas e salas de vídeo, com

espaços, equipamentos, materiais e recursos adequados para o uso de estudantes

e professores;

distribuição de material didático gratuito aos do EM.

Estabelecer parcerias com escolas técnicas estaduais e federais para a realização

de concursos e avaliações, descentralizados.

1.2. EDUCAÇÃO SUPERIOR

Diagnóstico

De acordo com a LBDEN/1996 esse nível de ensino é subdividido em graduação

e pós-graduação. Segundo dados do último Censo do Ensino Superior, de 2008, havia

no município de São Paulo 146 Instituições de Ensino Superior, oferecendo diferentes

cursos nas modalidades presencial e/ou a distância, na graduação e na pós-graduação.

Em 2008, o número de matrículas em cursos de graduação presencial era de 555.614.

44

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A oferta do ES na Cidade de São Paulo, de modo presencial ou a distância, é

identificada em instituições como:

Universidades Públicas (Federais e Estaduais) e Privadas (Particulares,

Comunitárias, Confessionais e Filantrópicas)

Centros Universitários (Federais e Estaduais) e Privados (Particulares,

Comunitários, Confessionais e Filantrópicos)

Centros de Educação Tecnológica (Federais e Estaduais) e Privados

(Particulares, Comunitários, Confessionais e Filantrópicos)

Faculdades (Federais e Estaduais) e Privadas (Particulares, Comunitários,

Confessionais e Filantrópicas)

A estimativa populacional no ano de 2007, segundo o IBGE, era de 444.690 para

a faixa etária de 18 a 19 anos, e de 1.088.611, entre 20 e 24 anos, totalizando 1.533.301

pessoas em idade para frequentar o ensino superior. Naquele ano, havia 534.806

matrículas em cursos de graduação (presenciais) na Cidade de São Paulo, sendo 89,3%

no Setor Privado (325.888 matrículas) e 10,7% no Setor Público (57.371 matrículas).

(Sinopse Estatística da Educação, 2007 - INEP)

Constata-se insuficiência de investimentos nesse nível de ensino associada a

outros problemas na educação ofertada como os relacionados com a não garantia, em

todas as instituições, do tripé ensino, pesquisa e extensão.

Como nos demais níveis da educação ofertada aos moradores da Cidade de São

Paulo, os entes federativos responsáveis pela oferta e fiscalização do ES devem

empreender esforços no sentido da garantia da oferta de ensino de qualidade em

instituições públicas e privadas possibilitando acesso e permanência estudantil,

preferencialmente de modo presencial, com recursos humanos qualificados e recursos

pedagógicos adequados para a formação dos estudantes.

1.2.2. Diretrizes, objetivos e metas da Educação Superior

Diretrizes

45

Page 46: PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta ... · PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta discutida e aprovada na Cidade de São Paulo São Paulo, dezembro

A Educação Superior deve ser considerada um direito universal assegurado a

todos os paulistanos e aos que habitam na cidade. Nesse sentido, deve haver um

aumento nos recursos para ampliação da oferta de vagas.

Destacando-se a importância da formação nesse nível de ensino para o trabalho

na Educação Básica, deve-se primar pela garantia de uma formação superior de

professores, considerando:

a formação pedagógica dos futuros professores visando uma educação integral e

interdisciplinar e não apenas em áreas específicas;

envolvimento dos estudantes, futuros professores e profissionais da educação

básica nas discussões sobre a educação superior, promovendo uma maior

aproximação entre a universidade e a escola pública.

O princípio da Educação Superior, que engloba o tripé ensino, pesquisa e

extensão, deve ser implantado em todas as instituições de ensino que ofertam esse nível

de educação para a população de São Paulo, a fim de se garantir a formação de

profissionais capazes de compreenderem, investigarem, reconstruírem e aplicarem os

conhecimentos necessários para o desenvolvimento da cidade e do país.

Objetivos e metas

Expandir, a partir de 2011, a oferta gratuita de vagas nas universidades públicas

de São Paulo com cursos presenciais, garantindo atendimento da demanda existente,

bem como ampliando a oferta de ensino superior tecnológico.

Construir e ampliar Universidades Federais e Estaduais na cidade, expandido

significativamente o número de vagas para atendimento da demanda, preferencialmente,

em escolas públicas de qualidade.

Implantar, manter e ampliar sistema de cotas nas universidades, com reserva de

50% das vagas para estudantes provenientes de escolas públicas, por turno e por curso,

respeitando a proporção de negros e indígenas presentes na população, conforme os

dados do IBGE.

Construir, assegurar e fortalecer parcerias entre escolas e universidades, a fim de

que seja possível realizar projetos de estágios dos estudantes de nível superior,

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garantindo bolsa de estudo e a autonomia da universidade com relação à definição das

atividades, objetivos e ações dos projetos de estágio e extensão universitária.

Dotar recursos para o incentivo às pesquisas científicas, alcançando, no mínimo,

1,5% do PIB.

Determinar o aumento de bolsas para estudantes, por meio de critérios claros e

com recursos adequados para sua viabilização, a fim de se assegurar a permanência de

estudante de baixo poder aquisitivo no ES.

Articular e colocar em funcionamento sistema de informações destinado aos

jovens da educação básica, democratizando o acesso aos dados sobre profissões, cursos,

vagas, recursos financeiros, formas de acesso ao ensino superior público e privado, com

o objetivo de incentivá-los na continuidade dos estudos e visando garantir o controle

social e a transparência dessa política pública.

Garantir o acesso de professores da Rede Pública a Programas de Extensão e

Pós-Graduação das Faculdades e Universidades Públicas.

Criar, ampliar e financiar programas de formação continuada de professores, em

parceria com universidades, a partir de demandas de escolas e com garantia de dispensa

remunerada do professor.

2. MODALIDADES

2.1 EDUCAÇÃO ESPECIAL/ INCLUSIVA

2.2.1. Diretrizes, objetivos e metas

As Diretrizes aqui propostas para a Educação Especial levam em conta as

proposições formalizadas, nas últimas décadas, decorrentes da CF/1988, LDBEN/1996,

Declaração de Salamanca (1994), Política Nacional de Educação Especial na

Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) e do Plano Nacional de Educação (2001)

dentre outros dispositivos nacionais e internacionais nos quais os documentos citados

também foram baseados, como também na análise e nos debates realizados nas etapas

de construção deste Plano.

A Lei 10.172/2001, que aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE), reafirma

o direito constitucional do atendimento escolar aos estudantes com necessidades

educacionais especiais, sempre que possível, no ensino regular.

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Page 48: PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta ... · PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta discutida e aprovada na Cidade de São Paulo São Paulo, dezembro

Nessa mesma perspectiva, a Resolução CNE/CP 01/2002, que estabelece as

Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Superior devem prever, em sua organização

curricular, formação docente voltada para atenção à diversidade e deve contemplar

conhecimentos a respeito das especificidades dos estudantes com necessidades

educacionais especiais (NEE).

Convém também ressaltar a Lei 10.436/2002, que reconhece a Língua Brasileira

de Sinais – LIBRAS como meio legal de comunicação e expressão, determinando que

sejam garantidas, por parte do Poder Público, formas institucionalizadas de apoiar o seu

uso e a sua difusão. Essa mesma lei determina a inclusão da disciplina de LIBRAS

como parte integrante do currículo nos cursos de formação de professores.

O ensino de LIBRAS deve fazer parte dos cursos de formação de educadores e

considerar a perspectiva cultural relacionada às comunidades surdas, considerando a

arte, literatura, gramática da língua de sinais, história dos movimentos surdos, entre

outros.

A portaria do MEC 2.678/2002 aprova diretrizes e normas para o uso, o ensino, a

produção e a difusão do sistema Braille em todos os níveis e modalidades de ensino,

compreendendo o projeto da Grafia Braille para a Língua Portuguesa e a recomendação

para o seu uso em todo o território nacional.

Em 2007, é lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, tendo

como eixos a formação de professores para a educação especial, a implantação de salas

de recursos multifuncionais, a acessibilidade arquitetônica dos prédios escolares, acesso

e a permanência das pessoas com deficiência na escola.

Em documento mais recente, a Política Nacional de Educação Especial na

perspectiva da educação inclusiva, aprovada em 2008, representa um grande avanço ao

propor, claramente, que os estudantes com deficiência sejam atendidos no ensino

comum, de modo que o atendimento educacional especializado disponibilize “recursos e

serviços”, orientando a sua utilização em todas as turmas comuns do ensino regular.

Propõe, ainda que “as atividades desenvolvidas no atendimento educacional

especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo

substitutivas à escolarização”.

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva

(2008) define também como estudantes da Educação Especial os que apresentam

deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.

De acordo com este documento:48

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consideram-se estudantes com deficiência aqueles que têm impedimentos de

longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que em

interação com diversas barreiras podem ter restringida sua participação plena e

efetiva na escola e na sociedade;

os estudantes com transtornos globais do desenvolvimento são aqueles que

apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e na

comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e

repetitivo. Incluem-se nesse grupo estudantes com autismo, síndromes do

espectro do autismo e psicose infantil;

estudantes com altas habilidades/superdotação demonstram potencial elevado

em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual,

acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. Também apresentam elevada

criatividade, grande envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em

áreas de seu interesse. Dentre os transtornos funcionais específicos estão:

dislexia, disortografia, disgrafia, discalculia, transtorno de atenção e

hiperatividade.

A inclusão escolar prevê mudança no sistema de ensino e na sociedade. É a

escola, seus professores e o sistema de ensino como um todo que devem readequar o seu

trabalho, rever as suas práticas para receber todos os estudantes. Nesse caso, a escola é

para todos e não visa nem exclusivamente atender aos estudantes considerados com

necessidades educacionais especiais ou qualquer tipo de deficiência, excluindo o

restante, e nem o contrário.

As recomendações do texto da Política Nacional de Educação Especial na

Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) enfatizavam a importância da colaboração

entre profissionais do atendimento especializado e ensino comum e mesmo entre

equipes multidisciplinares para a melhoria da qualidade do trabalho realizado.

Para o aperfeiçoamento da universalização da EE com qualidade, é importante a

avaliação permanente da Política Pública de atendimento e de acompanhamento aos

educadores com deficiência. Nesse sentido vale incentivar grupos de professores de

estudantes com deficiências para que desenvolvam pesquisas sobre essa educação nessa

modalidade.

Objetivos e metas

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Page 50: PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta ... · PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta discutida e aprovada na Cidade de São Paulo São Paulo, dezembro

Reduzir progressivamente, até 2015, a proporção de estudante - criança por

professor (a) nas salas com estudantes da Educação Especial, na seguinte proporção:

Educação Infantil – máximo de 8 crianças por professor;

Ensino Fundamental – máximo de 10 crianças por professor.

Universalizar a EE de maneira que atendam a todas as necessidades das crianças

e estudantes de terem uma educação de qualidade.

Adotar na formação continuada dos profissionais da educação, conteúdos

referentes a todas as deficiências, Transtornos Globais do Desenvolvimento, Altas

habilidades/superdotação, na perspectiva da educação inclusiva, bem como acesso e

apropriação de códigos e linguagens para o desenvolvimento do trabalho pedagógico

junto aos estudantes.

Garantir PAAI proporcional ao número de classes e demanda de cada DRE.

Garantir que o PP da escola expresse a proposta de ensino-aprendizagem ser

desenvolvida com estudantes deficientes e diversidades metodológicas para o trabalho

docente.

Assegurar, na Educação Básica e Superior, recursos e serviços para a promoção

da acessibilidade arquitetônica nos prédios, bem como equipamentos escolares e

sistemas de informação adaptados.

Repassar para as EU recursos para aquisição de materiais didáticos/ pedagógicos

adequados para a realização de todas as atividades que envolvem o processo educativo e

os processos de avaliação.

Garantir transporte escolar adaptado para pessoas com deficiência que

apresentem limitações físicas, mobilidade reduzida ou outras características que

justifiquem esse serviço, tanto no atendimento escolar quanto no atendimento

educacional especializado, em todos os níveis, etapas e modalidades de ensino.

Com relação ao ensino de LIBRAS, definir:

aulas opcionais de libras no currículo, inclusive para familiares de estudantes;

formação constante na área de LIBRAS, abordando também história, cultura,

identidade e comunidades surdas do Brasil e do mundo, bem como fluência em

libras, aos professores surdos e ouvintes que atendam surdos;

formação e execução da política linguística realizada com a participação dos

educadores surdos e demais lideranças, professores, tradutores - intérpretes de

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libras e comunidades surdas, para que, juntos com o gestor público, possam

elaborar propostas que correspondam às necessidades, interesses e projetos da

comunidade surda;

LIBRAS como disciplina curricular no ensino formal dos surdos.

Determinar que as escolas que atendam surdos sejam bilíngues, tendo a LIBRAS

como primeira língua desde a educação infantil ao ensino fundamental e o ensino de

língua portuguesa, como segunda língua, preferencialmente na modalidade escrita.

Com relação ao atendimento aos surdos, assegurar, gradativamente, a partir de

2011:

que os profissionais responsáveis diretamente pelo atendimento aos surdos e

equipe técnica comprovem fluência em LIBRAS;

tradutor e intérprete de LIBRAS aos surdos nas escolas comuns;

professores e instrutores surdos nas escolas especiais e ensino comum;

ingresso de estudantes com outras deficiências associadas;

progressão ano/ciclo tal como recomendado no ensino em salas de aula de

ensino comum;

acesso aos cursos de EJA em todos os turnos, com a participação de educadores

surdos, professores e tradutores/intérpretes de LIBRAS;

contato entre surdos como forma de preservação de sua cultura;

às famílias e aos surdos a opção pela modalidade de ensino considerada por eles

como a mais adequada para seu pleno desenvolvimento linguístico, cognitivo,

emocional, psíquico, social e cultural.

Viabilizar guia intérprete e instrutor mediador para surdoscegos e com

deficiência múltipla.

Assegurar, a partir de 2011, material didático e paradidático em LIBRAS e em

Braille para surdos, cegos e surdocegos matriculados nas escolas regulares e escolas

municipais.

Garantir às famílias e aos surdos o direito de optar pela modalidade de ensino

mais adequada para o pleno desenvolvimento linguístico, cognitivo, emocional,

psíquico, social e cultural de crianças, jovens e adultos surdos, garantindo o acesso a

educação bilíngue - LIBRAS e Língua Portuguesa.

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Instituir carga-horária para tradutor/intérprete de LIBRAS equivalente à dos

outros professores, para que ele participe dos horários coletivos e individuais de

planejamento pedagógico e formação.

Definir avaliação em LIBRAS aos candidatos surdos, nos cursos de formação e

nos concursos públicos para ingresso funcional

Realizar prova didática e de proficiência em LIBRAS nos concursos e em outros

processos seletivos para professores que atuarão com surdos na educação em todas as

etapas e modalidades da educação básica, assegurando que a banca de avaliadores seja

composta por pessoas surdas.

Articular a representatividade de educadores surdos e demais lideranças,

professores, tradutores intérpretes de libras e comunidade surda na composição do

Conselho Municipal de Educação.

Com relação à formação de professores, assegurar a partir de 2011:

alternativas de formação continuada dentro e fora do horário de trabalho;

formação continuada em diversos níveis: formação continuada e pós-graduação

em diversas áreas: deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas

habilidades/superdotação a todos os docentes que atuam na rede pública e que

queiram atuar nos serviços da educação especial;

qualificação de todos os educadores interessados em LIBRAS e em Braille.

Com relação ao atendimento educacional especializado, rever e definir:

professor responsável pelo acompanhamento pedagógico a estudante com

deficiência nas escolas;

centros de formação e acompanhamento à inclusão multifuncionais, equipados e

com profissionais responsáveis pelo acompanhamento às equipes gestoras,

funcionários e professores de forma proporcional à demanda de cada região;

investimentos em recursos financeiros e humanos nos centros de formação e

acompanhamento a inclusão, bem como redimensionamento de seu módulo de

pessoal para atendimento às demandas de cada região, conforme suas

especificidades;

a presença de dois professores na sala de aula até o 6º ano.

ampliação do número de especialistas em educação inclusiva nas diferentes

regiões como forma de garantir o atendimento a todos os níveis, etapas e

modalidades da Educação Básica.

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Garantir Centros de Apoio, formação e acompanhamento da inclusão,

assegurando, gradativamente até 2015:

maior investimento em recursos humanos e financeiros para atendimento

em todos os níveis e modalidades de ensino;

ampliação dos Centros de Apoio já existentes;

ampliação do módulo de profissionais e especialistas que atuam nestes

centros, de modo compatível com a capacidade de atendimento;

acesso dos professores e gestores aos recursos de infra-estrutura,

capacitação e ao uso dos equipamentos disponíveis nos centros,

promovendo maior intercambio com os profissionais das escolas;

que cada Centro tenha um coordenador especialista na área de EE;

inserção de fonoaudiólogo nas equipes;

inclusão de profissionais da saúde.

Com relação aos recursos e infra-estrutura das escolas, garantir:

escolas adaptadas com infra-estrutura física para todas as crianças com NEE;

adaptação e manutenção de todos os prédios públicos e equipamentos para

todos os tipos de necessidades educacionais especiais;

transporte especializado, inclusive, para deslocamento às instituições

auxiliares;

materiais diversos em sala de aula para auxiliar na aprendizagem;

comunicação e sinalização acessível que possibilite autonomia dos

estudantes com deficiência, como piso tátil para deficiente visual e

surdocegos;

recursos especiais, de acordo com as especificidades dos estudantes, tais

como: informática e tecnologias e tecnologia assistiva como forma de

garantir acesso ao currículo;

salas de atendimento especializado aos estudantes com deficiência, com

equipamentos de áudio e vídeo, computador com acesso à internet e

brinquedos específicos para cada necessidade educacional especial;

ampliação do número de cadeiras de rodas;

53

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assegurar materiais didáticos e paradidáticos em LIBRAS aos surdos, em

Braille para cegos, bem como recursos e adaptações necessárias aos

surdocegos.

Com relação ao atendimento aos estudantes com deficiência, transtornos globais

do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, devem ser assegurados:

atendimento educacional especializado, no contraturno, disponibilizando

acesso ao currículo e proporcionando independência para a realização de

tarefas e a construção da autonomia, de modo que este atendimento não seja

substitutivo à escolarização;

salas de recursos multifuncionais com atuação de profissionais qualificados;

matrícula na classe comum;

outros serviços educacionais especializados, em caráter transitório, para os

casos excepcionais de grave deficiência múltipla ou grave transtorno em que

se constate que o estudante não se beneficia do ensino regular;

parcerias com instituições filantrópicas para oferta de atendimento

educacional especializado, inclusive em situação de atendimento hospitalar

e domiciliar.

Articular e organizar ações intersetoriais envolvendo a educação, saúde,

assistência e desenvolvimento social, transporte, cultura e esporte que assegurem:

atendimento, acompanhamento e orientação de pessoas com deficiência,

transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação,

bem como de suas famílias;

criação de cargos públicos de psicólogos, fonoaudiólogos, médicos

(neurologistas e psiquiatras) e profissionais de apoio à inclusão;

diagnóstico médico aos estudantes sem laudo, porém com forte suspeita de

ser com deficiência;

inclusão da modalidade "classe hospitalar e atendimento pedagógico

domiciliar", de modo a garantir o acesso e permanência de crianças e

adolescentes hospitalizados, em tratamento de saúde, que implique

atendimento ambulatorial e sejam impedidos de frequentar a escola por

motivo de saúde;

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relação direta e funcional entre a educação e a saúde por meio da construção

de ambientes inclusivos (espaços, tempos, equipamentos e materiais);

aos estudantes com deficiência e transtornos globais do desenvolvimento a

presença de auxiliar de sala, cuidador, tradutor-intérprete, guia, guia-

intérprete, instrutor-mediador, áudio-descritor, ledor e acompanhante

terapêutico para as salas comuns de ensino regular, mantendo a regência ao

professor titular da sala de aula.

2.2 EDUCAÇÃO INDÍGENA

2.2.1. Diretrizes, objetivos e metas

Diretrizes

A LDBEN/96, em seu artigo 78º estabelece os seguintes objetivos da Educação

Indígena:

recuperação das memórias históricas e reafirmação das identidades étnicas

dos povos indígenas, bem como a valorização de suas línguas e ciências;

garantia às comunidades indígenas do acesso às informações, conhecimentos

técnicos e científicos, tanto da sociedade nacional, como de outras

sociedades, indígenas ou não.

O artigo 79 da LDBEN/96 prossegue estabelecendo que programas integrados

de educação e pesquisa para esta população deverão ser planejados com a audiência das

comunidades indígenas, sendo que tais programas deverão fortalecer as práticas

socioculturais e a língua materna de cada comunidade, formar educadores

especializados, desenvolver currículos e programas específicos, bem como elaborar e

publicar material didático específico e diferenciado. Outras normas, como o Decreto

Federal 5.051/ 04 e o Decreto Federal 6861/09 apresentam disposições sobre a educação

escolar indígena no Brasil.

Uma grande conquista para a educação como um todo foi a Lei Federal

11.645/2008, que modifica o Art. 26-A da Lei 9.394/1996, tornando obrigatório em

todos os estabelecimentos de EF e de EM do Brasil o estudo da história indígena. Esta

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lei afirma a importância da cultura e da história dos povos indígenas, reconhecendo sua

relevância na formação da população brasileira.

A Constituição do Estado de São Paulo/1989, em seu artigo 282, afirma que “o

Estado fará respeitar os direitos, bens materiais, crenças, tradições e todas as demais

garantias conferidas aos índios na Constituição Federal." Em cumprimento às

Constituições Federal e Estadual, bem como aos dispositivos presentes na LDBEN/96 e

na Resolução do CNE/CEB 03/99 do Conselho Nacional de Educação foi criado, no

Estado de São Paulo, o Núcleo de Educação Indígena (NEI), por meio da Resolução

SE-44/1997. Conforme informação da CENP - Coordenadoria de Estudos e Normas

Pedagógicas da Secretaria de Estado da Educação, o objetivo geral do Núcleo é

articular, apoiar e assessorar a proposta da EI, prestando atendimento a todas as crianças

indígenas do Estado de São Paulo, desde a EI até o EM.

Também fazem parte dos objetivos do NEI a construção de escolas indígenas,

contratação e formação de professores indígenas, bem como a elaboração de material

didático específico. Ainda segundo a CENP, as escolas indígenas funcionam nas

próprias aldeias, respeitando o princípio da educação bilíngue e demais disposições dos

Referenciais Curriculares Indígenas.

O NEI está vinculado ao gabinete da Secretaria de Estado da Educação de São

Paulo, possuindo em sua composição representantes da Secretaria, entidades

governamentais e não governamentais, profissionais ligados à EI, bem como

representantes das próprias comunidades indígenas. O Núcleo tem como objetivos:

contribuir para a definição dos parâmetros da política de educação escolar

indígena, garantindo a valorização das culturas, línguas e tradições dos

povos indígenas e respeitando as peculiaridades e demandas de cada

comunidade;

propor, articular, apoiar, assessorar, acompanhar e avaliar a execução da

política de educação escolar indígena intercultural, bilíngue, específica e

diferenciada, conforme definido pela legislação.

O CECI – Centro de Educação e Cultura Indígena tem como objetivo o

desenvolvimento integral da criança indígena, em seus aspectos físico, psicológico,

intelectual e social, desenvolvendo seu trabalho em conformidade com as diretrizes

estabelecidas na CF/88, LDBEN/96 e demais leis que tratam da Educação Indígena.

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Objetivos e metas

Garantir, a partir de 2011, nas escolas indígenas, uma educação que leve em

consideração:

instrução multilíngue, com a língua materna como primeira língua e o

português como a segunda língua;

formação continuada para os educadores indígenas atendendo às suas

necessidades específicas e respeitando sua cultura e costumes;

formação inicial de professores indígenas, dando-lhes a completa e plena

condição de frequentarem as universidades públicas, garantindo-lhes acesso,

permanência, deslocamento e outras necessidades pertinentes a essa

formação;

implantação de calendário próprio, currículo diferenciado e material didático

elaborado pela comunidade indígena;

materiais e brinquedos que remetam à ancestralidade indígena e à

compreensão dos signos e significados da cultura indígena.

Garantir o universo simbólico das comunidades indígenas e tradicionais no

processo de formação do professor em todas as suas etapas, devendo essa formação, no

caso das comunidades indígenas, privilegiar o idioma próprio da comunidade.

Criar cargos e realizar concurso público específico para que educadores com

conhecimento da língua e cultura indígena possam garantir a autonomia da educação

indígena diferenciada, conforme artigo 210 da Constituição Federal.

Estimular, por intermédio das mídias educomunicativas, populares e alternativas,

a comunidade escolar a ser mais participativa e a compreender a real necessidade das

comunidades indígenas urbanas e das aldeias.

Promover inclusão da temática indígena nas políticas das SME e SEE, bem

como a implantação de ações efetivas que respaldem as políticas públicas, garantindo

que nos cursos de formação de professores, as comunidades indígenas sejam

protagonistas.

Garantir que a Educação Indígena e das comunidades tradicionais sejam levadas

para as redes de educação do Município e do Estado de São Paulo, nas suas multiformas

de expressão, sem caricaturas e imitações frágeis das culturas indígenas norte-

americanas, ficcionalmente copiadas de cenas cinematográficas.

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2.3 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

2.3.1. Diretrizes, objetivos e metas

Diretrizes

A EJA - Educação de Jovens e Adultos é um direito de milhões de pessoas que

ainda não ingressaram na escola na idade própria ou que a frequentaram por poucos

anos.

A oferta de EJA via formação profissional deve ser uma modalidade

permanentemente presente, como direito das pessoas jovens, adultas e idosas a uma

contínua formação cultural, política e para o trabalho, que leve à melhoria da sua

carreira profissional e da sua qualidade de vida; uma formação para o trabalho na

sociedade que os jovens, adultos e idosos vivem. Trabalho compreendido como

princípio educativo, que transforma o homem e a mulher e os ajuda a construir um novo

mundo, uma sociedade mais sustentável, humanizada e humanizadora.

A política de EJA deve estar integrada aos Sistemas de Educação como as

demais modalidades, sem ser vista como uma segunda linha da educação. Ela é tão

importante e necessária quanto as demais modalidades, em todos os níveis.

Sua oferta na Cidade de São Paulo deve prever a formação, para a vida e para o

trabalho, de cidadãos que não tiveram oportunidade de estudar ou de continuar os seus

estudos. Nesse sentido é importante a garantia de horários alternativos, ambientes

favoráveis, incentivos para acesso e permanência do jovem, adulto e idoso na sala de

aula do noturno e estrutura curricular que considere a necessidade desses trabalhadores

investirem em seus percursos formativos, com previsão de continuidade dos estudos.

A inclusão de todos os moradores da Cidade de São Paulo que estão fora dos

índices de pessoas alfabetizadas, ou que ainda não concluíram o EF ou EM, requer

planejar essa modalidade prevendo o acesso, a permanência e a conclusão de toda a

demanda existente, em todos os turnos viáveis, construindo as alianças necessárias para

o alcance dessa diretriz.

A política pública da EJA deve abranger, também, a população adulta

encarcerada no sistema prisional, garantindo as condições de cumprimento das

Diretrizes Nacionais para Educação nas Prisões Brasileiras, aprovadas pelo Conselho 58

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Nacional de Educação, em 2010.

Objetivos e metas

Realizar censo na Cidade de São Paulo, até 2012, para mapeamento da situação

de jovens, adultos e idosos não alfabetizados ou com escolaridade incompleta e das

demandas existentes para alfabetização, Ensino Fundamental, Médio e Educação

Profissional, inclusive nas unidades prisionais da capital paulista.

Superar o analfabetismo absoluto na Cidade de São Paulo, até o ano de 2020,

assumindo uma postura de permanente convocação para o alcance dessa meta,

mediante:

ampliação da oferta da EJA na Educação Básica, de modo a atender à

demanda, flexibilizando as necessidades de formatos, turnos e horários

favoráveis ao público alvo e preservando as jornadas dos profissionais de

educação;

oferta de EJA nas Unidades Escolares de Ensino Fundamental e Médio;

expansão da oferta, via CIEJA, na rede pública da Cidade de São Paulo, de

acordo com a demanda identificada no censo da EJA;

ampliação do período de inscrição para a EJA, iniciando a mobilização e

inscrição em outubro do ano anterior.

Ampliar e fortalecer a oferta da Educação de Jovens e Adultos via parcerias

interinstitucionais e com a sociedade civil, de modo a viabilizar:

articulação entre Poder Público, organizações da sociedade civil, lideranças

locais, comunidades, de modo a produzir políticas que equacionem educação

e trabalho e efetivem processos de acompanhamento ao educando;

maior envolvimento das Universidades na discussão e acompanhamento das

políticas de superação do analfabetismo na cidade;

apoio das empresas aos trabalhadores jovens e adultos para que continuem

seus estudos nas salas e escolas públicas que ofertam a EJA.

continuidade e ampliação do MOVA para atender à demanda de

alfabetização de jovens, adultos e idosos nos bairros com maior índice de

analfabetismo;

59

Page 60: PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta ... · PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta discutida e aprovada na Cidade de São Paulo São Paulo, dezembro

criação de novos Centros Municipais de Capacitação e Treinamento

(CMCT), em outras regiões da cidade;

outros movimentos que desenvolvem projetos focando as diversidades e a

pedagogia da educação popular;

envolvimento das Secretarias de Transportes, Cultura, Assistência Social,

Saúde, Esportes e Turismo para atendimento e assistência aos estudantes da

EJA;

alimentação escolar a todos os estudantes jovens, adultos e idosos ao

chegarem às escolas, antes ou durante as aulas;

transporte escolar para estudantes de EJA das escolas públicas e do MOVA;

espaços em escolas públicas para a alfabetização e educação de jovens,

adultos e idosos por movimentos sociais e ONG, inclusive com trabalho

educativo para mobilização e motivação dos educandos;

readequação da modalidade EJA, pautado na organização do CIEJA.

Garantir continuidade da EJA, em nível médio, com ênfase na profissionalização

e no mundo do trabalho, também nas escolas municipais e nos CIEJA.

Estabelecer e implantar critérios de ingresso de estudantes em cursos de EJA

Profissionalizante, via redes de educação profissional, dos três entes federativos que

atuam em São Paulo (PROEJA, PROEJA FIC e outros cursos profissionalizantes), a

partir de análise socioeconômica voltadas para o mercado e para o desenvolvimento

territorial de comunidades mais pobres, construindo diálogo inter e intra organizações

com experiência nessa área.

Adequar a estrutura curricular e o PP às especificidades da EJA, sem

empobrecimento dos conteúdos epistemológicos e metodológicos, fundamentais para o

desenvolvimento intelectual, profissional e de cidadania dos jovens, adultos e idosos,

garantindo:

redução de número de estudantes de EJA por sala, estabelecendo quantidade

máxima de 30 estudantes;

atendimento especializado aos jovens, adultos e idosos com necessidades

educacionais especiais, por meio das SAAIS (Salas de Atendimento e Apoio

à Inclusão);

que o PP contemple a realidade local e as necessidades de aprendizagem dos

60

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trabalhadores;

introdução de aulas de informática no currículo de EJA nas escolas e CIEJA,

garantindo a participação dos do MOVA nestas aulas de forma optativa;

realização de projetos complementares, de cultura, esportes e educação

ambiental, também aos sábados e domingos;

material didático adequado à EJA: livros, cadernos de apoio e outros

materiais necessários, definidos pela escola e professores;

criação de uma coordenação de currículo de EJA para realização contínua de

estudos e pesquisas, bem como orientação aos professores e escolas para

construção de novas possibilidades de desenvolvimento do currículo de EJA

e da educação continuada do jovem, adulto e idoso trabalhador.

Garantir que os espaços físicos destinados para funcionamento da EJA, desde a

alfabetização até os anos finais do EM, sejam devidamente estruturados, equipados,

mobiliados e adequados para essa atividade e público constituído por jovens, adultos e

idosos trabalhadores.

Implantar política de formação de professores da EJA, que contemple:

formação específica, em instituições de ensino superior, ofertando cursos de

formação inicial e continuada aos professores que trabalham com EJA,

incluindo as especificidades do atendimento aos estudantes com

necessidades educacionais especiais, que potencialize incentive e

instrumentalize o professor para a busca de novas formas de ensinar,

respeitando o perfil do estudante desta modalidade de ensino;

formação continuada via Secretarias de Educação;

formação específica para professores de núcleos profissionalizantes de EJA;

intercâmbios de professores de EJA profissionalizantes com professores de

cursos profissionalizantes de outras instituições formadoras do trabalhador

na Cidade de São Paulo.

Formular Plano de Trabalho conjunto entre órgãos gestores da educação do

Município de São Paulo e do Estado de São Paulo, a fim de ser garantida a oferta da

educação de jovens, adultos e idosos em todas as unidades prisionais-penitenciárias e

centros de detenção provisória, conforme Art. 37 da LDBEN/96, até dezembro de 2011,

na modalidade EJA, garantindo que:

até 2012, todas as unidades prisionais da capital paulista contem com

61

Page 62: PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta ... · PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta discutida e aprovada na Cidade de São Paulo São Paulo, dezembro

profissionais da educação habilitados e adaptem as instalações para a

realização de atividades educativas, conforme previsto nas Diretrizes

Nacionais, aprovadas pelo CNE;

até fevereiro de 2012, sejam adequadas as instalações das unidades prisionais

da capital paulista para a realização de atividades de educação, conforme

resolução do CNE 2/2010;

até julho de 2011, sejam criadas as condições para a divulgação regular do

número de matriculas, registros de aulas, aproveitamento e evasão referentes

às atividades educativas realizadas nas unidades prisionais da capital

paulista;

até dezembro de 2011, sejam implantados mecanismos de valorização

profissional a todos funcionários que atuam nas unidades prisionais da

capital paulista, garantindo programas de apoio técnico e psicológico;

que em todas as unidades prisionais da capital paulista sejam criados espaços

educativos adequados para receber crianças em visitas a seus pais;

que seja realizado em todas as unidades prisionais de São Paulo censo de

demanda para a EJA.

2.4 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

2.4.1. Diretrizes, objetivos e metas

Diretrizes

De acordo com o artigo 39 da LDBEN/96, a Educação Profissional (EP), que

integra educação e trabalho, na perspectiva da ampliação do conhecimento sobre as

ciências e as tecnologias, conduz ao permanente desenvolvimento do homem e da

mulher para a vida produtiva.

A LDBEN/96 determina que essa modalidade educacional abranja cursos de

formação inicial, continuada e de qualificação profissional nos níveis

básico/fundamental (certificação de curta duração), técnico/médio, tecnológico, de

graduação e de pós-graduação.

A EP ofertada na Cidade de São Paulo está dividida nos três níveis: básico,

técnico e tecnológico. Os cursos básicos, de qualificação profissional, são abertos a

62

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qualquer pessoa interessada, independente da escolaridade prévia; os cursos técnicos

são oferecidos de forma simultânea ou subsequente ao Ensino Médio, com organização

curricular própria; e os tecnológicos são cursos de nível superior.

Objetivos e metas

Ampliar a oferta de cursos de educação profissional, em nível fundamental e

médio, na rede pública de toda a cidade, de modo a garantir:

oferta de Ensino Médio Integrado a 100% dos jovens e adultos que

desejarem uma profissionalização em nível médio, evitando sorteio de vagas

ou preparação via vestibulinhos, cursados para concorrência nos processos

seletivos;

construção e manutenção de Escolas de Ensino Técnico nas diferentes

regiões da cidade, com espaços e ambientes adequados para o processo

formativo;

oferta de Educação Profissional na modalidade EJA para prosseguimento dos

estudos de jovens, adultos e idosos;

diversidade de campos de estágio nas escolas públicas de São Paulo;

bolsas para estagiários de cursos de Educação Profissional;

atendimento da demanda de jovens e adultos em cursos de qualificação

profissional, nível básico da EP;

parcerias com instituições de caráter público e privado para que invistam na

educação profissional, promovendo cursos de certificação, estágios e

primeiro emprego para os estudantes dos cursos profissionalizantes;

criação de um fundo de apoio ao estudante que frequenta o curso

profissionalizante na rede pública e em instituições sociais, para garantir-lhe

bolsa de estudo e auxílio transporte.

Garantir informação sobre os cursos de Educação Profissional a todos os

estudantes nas escolas de Ensino Fundamental e Ensino Médio, via organizações da

sociedade civil, meios de comunicação e Portal específico com banco de cadastro de

cursos existentes.

Implantar política/projeto de bolsas para iniciação científica e práticas

esportivas e culturais para estudantes de cursos de EP.

63

Page 64: PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta ... · PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta discutida e aprovada na Cidade de São Paulo São Paulo, dezembro

Ampliar e melhorar o acesso ao banco de cadastro de estudantes e estagiários na

Secretaria Municipal do Trabalho, com inscrição automática de todos aqueles que estão

cursando a EP na Cidade de São Paulo.

Criar espaço de diálogo permanente sobre propostas curriculares e PP para EP,

tendo em vista:

conteúdos específicos dos núcleos profissionalizantes, em permanente

atualização;

conteúdos de línguas estrangeiras;

orientação profissional;

conteúdos transversais de sustentabilidade socioambiental.

Assegurar nas escolas e centros de EP:

unidades de educação e trabalho e laboratórios específicos;

materiais didáticos e pedagógicos;

práticas esportivas (diferentes modalidades educativas e de competição);

práticas culturais (produção e fruição).

Implantar Centros de Formação Permanente do Trabalhador, de modo a garantir

sua atualização ao longo da vida, de acordo com as novas tecnologias e as

macrotendências.

Ampliar, reconhecer e subsidiar, com base na Lei Federal 10.097/00, as

instituições/organizações da sociedade civil que oferecem EP e práticas que fortalecem

a aprendizagem do trabalhador.

Implantar Política Pública para formação profissionalizante.

2.5 EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE

2.5.1. Diretrizes, objetivos e metas

Diretrizes

64

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Durante a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o

Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, foi apresentada a Agenda 21,

programa de ações da ONU relativo ao desenvolvimento sustentável. Trata-se de um

programa de ações abrangentes a serem fomentadas globalmente, em nível nacional e

local pelas organizações da ONU, governos, empresas, organizações não

governamentais, sociedade e indivíduos, com o objetivo de reduzir o impacto negativo

causado ao meio ambiente pela humanidade, promovendo um novo modelo de

desenvolvimento que resulte em modificações nos padrões de consumo e produção.

Também na Conferência de 1992, foi apresentado o Tratado de Educação

Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, elaborado pela

sociedade civil, de caráter crítico e emancipatório. O Tratado, além de reafirmar a

importância da educação ambiental, lista princípios da educação para sociedades

sustentáveis, diretrizes para um plano de ação, bem como sistemas de coordenação,

monitoramento e avaliação.

Para a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, a Agenda 21 é

atualmente o documento mais abrangente e de maior alcance no que se refere às

questões ambientais, contemplando em seu texto temas como a biodiversidade, os

recursos hídricos e de infraestrutura, os problemas de educação, habitação, entre outros.

Este documento tem sido empregado na discussão de políticas públicas em muitos

países, tendo em vista a sua proposta de servir como um guia para o planejamento de

ações locais que fomentem um processo de transição para a sustentabilidade.

A educação ambiental veio a ser normatizada no Brasil pelo Congresso Nacional

por meio da Lei 9.795/19, regulamentada pelo Decreto Federal 4.281/02. A

Coordenação Geral de Educação Ambiental (CGEA), vinculada à Diretoria de

Educação Integral, Direitos Humanos e Cidadania da Secretaria de Educação

Continuada, Alfabetização e Diversidade, do Ministério da Educação (Secad/MEC),

integra, juntamente com o Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio

Ambiente, o Órgão Gestor da PNEA – Política Nacional de Educação Ambiental (Lei

9.795/99 e Decreto 4.281/02). A Secad/MEC atua junto aos sistemas de ensino e

instituições de ensino superior, apoiando ações e projetos de educação ambiental que

fortaleçam a PNEA e o Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), em

sintonia com os princípios e diretrizes do Tratado de Educação Ambiental para

Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, da Carta da Terra, da Carta das

Responsabilidades Humanas e da Agenda 21. Em seu Artigo 1º, a Lei. 9.795 define 65

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educação ambiental como “processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade

constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas

para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia

qualidade de vida e sua sustentabilidade”.

O artigo 2º prossegue ressaltando que “a educação ambiental é um componente

essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma

articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e

não formal.” O artigo 11 da lei estabelece que “a dimensão ambiental deve constar em

todos os programas de formação de professores e em todos os níveis de ensino como

conteúdo das diversas disciplinas.” O Parágrafo Único deste artigo estabelece que os

professores devem receber formação complementar em suas áreas de atuação, com o

propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da

Política Nacional de Educação Ambiental.

O Plano Nacional de Educação, de 2001, ao definir seus objetivos e metas, prevê

nos itens 28 e 19, que tratam, respectivamente, do ensino fundamental e do ensino

médio, que a educação ambiental, compreendida como tema transversal, deverá ser

desenvolvida como uma prática educativa integrada, em conformidade com a Lei

9.795/99. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), estabelece-se que o trabalho

com o tema Meio Ambiente deve “contribuir para a formação de cidadãos conscientes,

aptos a decidir e atuar na realidade socioambiental de um modo comprometido com a

vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global. Para isso é necessário

que, mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com

atitudes, com formação de valores, com o ensino e aprendizagem de procedimentos. E

esse é um grande desafio para a educação. Gestos de solidariedade, hábitos de higiene

pessoal e dos diversos ambientes, participação em pequenas negociações são exemplos

de aprendizagem que podem ocorrer na escola”.

Objetivos e metas

Garantir a obrigatoriedade do conteúdo da educação ambiental como

componente curricular transversal em todas as disciplinas, com investimentos:

na formação dos profissionais da educação em conteúdos específicos sobre o

meio ambiente e para o trabalho com educação ambiental;

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em práticas e vivências que busquem o desenvolvimento integral da criança

e a criação de espaços para a conscientização sobre a preservação do meio

em que vive, com o intuito de contribuir para uma sociedade que respeite a

natureza, fortalecendo o bem-estar da própria comunidade;

na promoção de atividades/projetos interdisciplinares e de intervenção social

nas UE e entorno, com a temática da Educação Ambiental contemplando

desde palestras sobre ética e educação ambiental, rodas de conversa sobre

preservação ambiental, campanhas de coleta seletiva e reciclagem de lixo,

diálogos sobre preservação do verde, uso correto e racional da água potável,

gestão de resíduos, substituição de materiais que degradam o meio ambiente,

desperdício de alimentos, higiene, poluição sonora, entre outros;

em práticas escolares que orientem os estudantes sobre o respeito à

legislação e aos direitos dos animais, formando cidadãos mais preparados

para uma vida integral, pacífica e solidária, encorajando e estimulando os

estudantes a cultivar o sentimento de respeito, o sentido de responsabilidade

e preservação e a empatia natural pelos animais, iniciando, em tenra idade a

construção de novos valores;

colocação de contêineres nas UE para recolhimento do material selecionado;

na ampliação das áreas destinadas a jardins, bosques e afins, nos espaços das

UE, para servirem como unidades de educação ambiental;

em convênios e parcerias entre Secretarias para possibilitarem a arborização

dos espaços escolares, com assessorias e projetos de jardinagem, a partir de

projetos de educação ambiental nas UE;

em material adequado para o trabalho com educação ambiental;

em verbas para projetos e estudos de campo para estudantes e professores.

Implantar a Agenda 21 escolar, integrando suas ações de forma efetiva com a

Agenda 21 local e municipal.

Formar um comitê em cada UE, constituído pelo diretor, orientador educacional,

coordenador pedagógico, professores de ciências e outros, para que elaborem e

executem um plano interdisciplinar de ações coletivas de educação ambiental, com

extensão à comunidade.

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Formar agentes de desenvolvimento urbano sustentável para trabalhar nas

escolas, formando professores, e articulando atividades com o bairro e a comunidade

local, em ação cooperativa das Secretarias de Educação com as demais secretarias e

órgãos que tratam dessa temática.

Implantar horta comunitária em todas as escolas de educação infantil articulando

a prática do cultivo com a prática pedagógica, envolvendo os familiares das crianças,

como forma de inclusão e de maior socialização de hábitos alimentares e de higiene.

Efetivar a atuação das autoridades governamentais para diminuir o impacto

ambiental com investimento do governo, via projetos educativos, em todas as UE, de

modo a sensibilizar desde cedo os estudantes e, indiretamente, os seus familiares,

oferecendo materiais nas escolas e os meios e recursos de coleta seletiva em todos os

bairros, para a aplicação do conhecimento escolar.

Formar em educação ambiental todos os servidores públicos, por meio de

convênios com universidades. Os cursos serão ministrados com o caráter de extensão

universitária, com carga horária definida e igual para todos.

Investir na formação de pais e educadores em ecopedagogia (Pedagogia da

Terra), por meio de parcerias com universidades, associações, amigos de bairro, clubes,

igrejas, fundações, etc.

Construir novos equipamentos sociais para a educação com recursos que

possibilitem a economia de energia e o uso de energias renováveis e matérias primas

alternativas.

Garantir gradualmente que o transporte escolar seja ecologicamente correto.

Ampliar para as UE, programas de consumo sustentável dos recursos naturais,

tais como o PURA, também em outras frentes: energia elétrica, recicláveis e outros.

Até 31 de dezembro 2015, os equipamentos públicos, especialmente as escolas,

deverão ser adequados às normas CONAMA, ISO 14000 de energia limpa.

A partir da aprovação deste Plano todos os novos equipamentos para educação

devem atender aos requisitos da ISO 14000, como por exemplo, ser implantado sensor

de presença em todos os ambientes, torneiras com temporizador, válvulas sanitárias com

caixa mínima, placas de energia solar, cisternas para captação de água de chuva.

2.6 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

2.6.1. Diretrizes, objetivos e metas68

Page 69: PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta ... · PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta discutida e aprovada na Cidade de São Paulo São Paulo, dezembro

Diretrizes

A Educação a distância é recomendada na LDBEN/96 como um importante

meio para a formação dos professores em exercício. No Art. 80 da referida lei é

ressaltado que “O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de

programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de

educação continuada”.

As diretrizes do Plano de Educação da Cidade de São Paulo, em consonância

com o Plano Nacional de Educação, apontam a necessidade de ofertar, por meio da

Educação a distância, cursos de formação continuada e de pós-graduação.

A qualidade dos cursos oferecidos também é preocupação relevante a ser

considerada na oferta de Educação a Distância e por esta razão, além de submeter-se aos

critérios estabelecidos pela União no que se refere ao credenciamento das instituições

autorizadas e requisitos para a realização de exames e o registro de diplomas, conforme

estabelecido pela LDBEN/96, deve haver monitoramento e avaliação permanente,

envolvendo não apenas os estudantes do curso em andamento, mas também os egressos.

Além disso, recomenda-se observar, no que diz respeito à educação a distancia e

ao uso das tecnologias na educação, os objetivos e metas pertinentes incluídas nos

capítulos referentes à educação infantil, à formação de professores, à educação de

jovens e adultos, à educação indígena e a educação especial.

Objetivos e Metas

Criar alternativas de formação do educador por meio da Educação a Distância,

prioritariamente para cursos de aperfeiçoamento e de pós-graduação.

Estabelecer 5% do valor direcionado à educação, segundo a Lei de

Responsabilidade Fiscal, à remuneração dos profissionais da educação e que sejam

direcionados para processos de formação, também por meio da Educação a Distância,

com cursos de pós-graduação válidos para pontuação nos planos de carreira e para a

evolução do professor.

Criar sistema de fiscalização, monitoramento e avaliação permanente dos cursos

de Educação a Distância que realizam formação de professores e outros, com a

participação dos estudantes e egressos.

69

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Criar condições em diversas regiões e localidades da Cidade de São Paulo de

acesso público a instalações em laboratórios de informática conectados à internet e aos

recursos e mídias necessários para o desenvolvimento e participação de crianças,

jovens, adultos e idosos em atividades de Educação a Distância.

Promover cursos para os servidores utilizando a modalidade de Educação a

Distância, a fim de melhorar a sua qualificação profissional.

Estimular o uso das tecnologias da informação e comunicação e das mídias

alternativas como meio de promoção do aumento da participação ativa da comunidade

escolar nas ações cotidianas planejadas no PP ou em projetos específicos.

3 INSUMOS

3.1 FINANCIAMENTO

3.1.1. Diretrizes, objetivos e metas

Diretrizes

A CF/88 e, em consonância com esta, a LDBEN/96 em vigência, definem que os

recursos devem ser provenientes de:

receita de impostos próprios da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios;

receita de transferências constitucionais e outras transferências;

receita do salário-educação e de outras contribuições sociais;

receita de incentivos fiscais;

de outros recursos previstos em leis específicas.

A CF/88 define que a União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito por

cento, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte e cinco por cento, no

mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de

transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino público.

A LDBEN/96 dispõe ainda, em seu artigo 74, que a União, em colaboração com

os Estados, o Distrito Federal e os Municípios “estabelecerá padrão mínimo de

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oportunidades educacionais para o EF, baseado no cálculo do custo mínimo por

estudante, capaz de assegurar ensino de qualidade. O custo mínimo de que trata este

artigo será calculado pela União ao final de cada ano, com validade para o ano

subsequente, considerando variações regionais no custo dos insumos e as diversas

modalidades de ensino” e, em seu artigo 75, que “a ação supletiva e redistributiva da

União e dos Estados será exercida de modo a corrigir, progressivamente, as disparidades

de acesso e garantir o padrão mínimo de qualidade de ensino”.

A aplicação de recursos financeiros se encontra regulamentada por meio da Lei

Federal 11.494/07, que instituiu o FUNDEB – Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento da Educação Básica. Na forma do Art. 24 da referida Lei, a

municipalidade aprovou a Lei 14666/08 que criou o Conselho Municipal de

Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da

Educação Básica, conhecido como Conselho do FUNDEB.

Considerando a implantação dos objetivos e metas constantes deste Plano, assim

como a identificação dos recursos atualmente disponíveis e das estratégias para sua

ampliação, o financiamento da educação deverá:

estabelecer o custo para se alcançar cada uma das metas do Plano de Educação

da Cidade de São Paulo, permitindo assim seu acompanhamento e garantia de

recursos nas leis orçamentárias;

definir o custo da educação por estudante para o Município de São Paulo, como

base para financiamento das metas do Plano de Educação da Cidade de São

Paulo;

manter o disposto no texto constitucional no que se refere ao financiamento da

educação, contextualizando a EI como responsabilidade do município e o

compartilhamento de responsabilidades frente ao EF, pelo estado e pelo

município;

desvincular de modo integral, inclusive financeiramente, os programas

sociais/assistenciais da SME, como o Programa Leve Leite.

Desconcentrar recursos com repasse financeiro para as unidades escolares, em

conformidade com as suas demandas;

revisar os custos dos serviços, de acordo com o custo real das UE;

equiparar os gastos per capita da Redes Estadual e da Rede Municipal, nos

níveis, etapas e modalidades atendidos.

71

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Objetivos e metas

Ampliar o investimento em educação pública em relação ao PIB, respeitando a

vinculação de receitas para a educação, incluindo de forma adequada todos os tributos.

Aumentar os investimentos em educação, a partir dos seguintes procedimentos:

liberação de mais verbas para as escolas;

adequação dos repasses de acordo com a região, tamanho, número de estudantes

e tempo de permanência, respeitando o principio de equidade e a modalidade de

ensino;

transparência na aplicação dos repasses, com base na legislação vigente;

definição da obrigatoriedade do gasto anual de no mínimo 30% das receitas de

impostos na manutenção e desenvolvimento do ensino;

previsão de mecanismos específicos de financiamento – fora dos 30% – para os

gastos com educação inclusiva;

estabelecimento da obrigatoriedade de aplicação anual do equivalente a, no

mínimo, 5% da receita liquida de impostos do município nos programas de

educação inclusiva, excluída as despesas com manutenção e desenvolvimento do

ensino;

não limitação do montante de investimentos pela Lei de Responsabilidade

Fiscal, mas a partir de uma Lei de Responsabilidade Educacional;

realização de cálculo dos módulos e recursos financeiros de cada DRE de acordo

com o número de unidades educacionais atendidas, número de estudantes e

classes;

aumento do valor do PTRF e de outras verbas destinadas às unidades

educacionais;

dotação de 50% dos recursos provenientes do repasse do Pré-Sal para o

município de São Paulo, para a educação pública;

garantia da aplicação real dos 30% do orçamento destinado à educação,

inclusive para financiar os projetos solicitados pelas escolas em todas as

modalidades de ensino, sempre visando à qualidade do trabalho em consonância

com o projeto pedagógico.

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Em relação ao controle social e à transparência na utilização dos recursos, será

necessário:

garantir autonomia e desburocratização na gestão dos recursos pelas unidades

escolares, de acordo com suas necessidades;

disponibilizar e divulgar os recursos para a educação desde o início do ano

letivo;

criar mecanismos que propiciem a participação popular na gestão dos recursos

financeiros com objetivo de monitorar a distribuição e aplicação desses recursos

de maneira satisfatória;

tratar a informação sobre os gastos com educação de forma mais acessível e

transparente, possibilitando o acompanhamento por parte da população e

discriminando os recursos efetivamente gastos daqueles inscritos em restos a

pagar;

realizar orçamento participativo das secretarias com a comunidade a fim de

distribuir melhor os recursos, com maior autonomia para as escolas por meio do

Conselho Escolar;

assegurar manutenção e ampla autonomia na utilização, pela APM, com controle

social do Conselho de Escola, das verbas como PTRF e Escalão, com volume de

recursos que atendam efetivamente ao Projeto Pedagógico da Escola.

Quanto à fiscalização das verbas enviadas às escolas, a partir da aprovação deste

Plano, dever-se-á:

fortalecer o papel de fiscalização exercido pelo Tribunal de Contas do Município

de São Paulo, assegurando que as irregularidades detectadas pelo órgão sejam

encaminhadas ao Ministério Público, com a responsabilização das autoridades

responsáveis e a devolução dos recursos públicos desviados;

avaliar a composição, atribuição e funcionamento do Tribunal de Contas do

Município de São Paulo, articulando os processos de fiscalização realizados pelo

órgão ao controle social exercido pelos conselhos institucionais da educação

(Conselho Municipal de Educação, Conselho do FUNDEB e Conselho de

Alimentação Escolar), que devem acompanhar a regularidade das licitações e

contratos

73

Page 74: PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta ... · PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta discutida e aprovada na Cidade de São Paulo São Paulo, dezembro

reestruturar a forma de organização e composição dos conselhos institucionais

ligados à educação (Conselho Municipal de Educação, Conselho do FUNDEB e

conselho de alimentação escolar), assim como a redefinir as atribuições dos

conselheiros, formação e mandatos;

o Conselho do FUNDEB integrar o Conselho Municipal de Educação, nos

termos do Art. 37 da lei número 11.494/2007;

estabelecer procedimentos de avaliação da administração e gestão dos recursos

adicionais do FUNDEB e da quota do salário-educação, de forma a garantir que

estes recursos sejam aplicados em políticas públicas de educação no exercício

em que são recebidos;

articular os conselhos institucionais da educação aos conselhos de escola;

implantar o CRECE (Conselho dos Representantes dos Conselhos de Escola

Regionais), em cada DRE para priorizar as despesas e obras que serão realizadas

na região, as Atas de RP e fiscalizar os gastos com as verbas públicas;

criar órgão subordinado à SME e SEE para gerenciar as construções e reformas

assim como as verbas destinadas exclusivamente às unidades pertencentes à

SME e SEE;

realizar plenárias regionais para priorização das obras a serem previstas no

orçamento;

monitorar o uso final do recurso investido.

O direcionamento dos recursos, exclusivamente para a educação pública, deverá

respeitar as seguintes determinações:

garantir melhorias na qualidade e diminuição dos custos com a merenda escolar,

utilizando alimento in natura, integração com políticas de agricultura familiar e

de economia solidária;

desvincular dos gastos da educação a manutenção de atividades das ONG que

atuam nos CEU, devendo ser financiadas pela cultura;

destinar verba específica, sob responsabilidade da Gestão dos CEU e CECI, para

atendimento das necessidades dos programas e projetos desenvolvidos pela

Gestão do equipamento - com possibilidade para gastos com alimentação,

transporte e materiais, manutenção rotineira do equipamento e dos bens

patrimoniais, assim como de outras demandas regulamentadas; 74

Page 75: PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta ... · PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta discutida e aprovada na Cidade de São Paulo São Paulo, dezembro

excluir gastos com inativos do cálculo do percentual mínimo constitucional a ser

aplicado em MDE, conforme determinação da portaria STN/559/07, atrelados a

garantia de fundo previdenciário de caráter contributivo e solidário, de acordo

com a CF/88, Art.40, assegurando paridade entre remuneração, proventos e

pensões, em sintonia e articulação com as propostas dos trabalhadores da

educação;

garantir que os bens de consumo básico para o funcionamento da escola sejam

encaminhados por SME e SEE, e não adquiridos com o PTRF;

disponibilizar serviços de contabilidade para as UE, evitando gastos da verba

enviada para pagamento destes serviços;

destinar verba especifica para a realização de atividades culturais e

extracurriculares, como promoção de palestras, eventos artísticos, passeios

culturais, etc.

Os investimentos em infraestrutura deverão garantir:

recursos para preservação e manutenção contínua dos prédios escolares;

construção de novas unidades escolares para atendimento à demanda, nas áreas

identificadas, a partir de mapeamento e respeitando critérios e normas de

acessibilidade;

criação de novos espaços para o bom desenvolvimento do trabalho pedagógico,

adequados para diferentes faixas etárias: ginásios esportivos, laboratórios, salas

ambientes, bibliotecas, brinquedotecas, parques, salas de artes, quadras cobertas,

salas de leitura e informática, bem outros ambientes como espaços

diferenciados, em todas as modalidades de ensino e em todas as unidades

educacionais;

aquisição de mobiliário específico, que atenda às especificidades da EI;

adequação das EMEF para o EF de nove anos;

aquisição de novos recursos tecnológicos pedagógicos – inclusive artísticos,

esportivos e informativos para as UE – com boa qualidade e em quantidade

adequada.

Garantir recursos suficientes para os seguintes investimentos em infraestrutura:

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construção, ampliação e reformas de unidades escolares contemplando as

necessidades e especificidades dos estudantes existentes na rede: refeitório para

servidores e estudantes, brinquedotecas, anfiteatros, cobertura das quadras;

implantação de acomodações adequadas (vestiários, armários, chuveiros);

bibliotecas, telecentros ou outros espaços de informática e internet, áreas de

lazer;

custeio permanente para renovação e ampliação do acervo de livros e outros

materiais educativos; manutenção e adequação dos espaços físicos, materiais e

equipamentos nas unidades educacionais;

análise dos projetos de construção das escolas por uma comissão constituída

dentro do CME, que analise a funcionalidade e adequação do prédio

considerando a arquitetura universal que atenda à diversidade humana;

projetos de novas escolas e escolha de terrenos para a construção de CEIS,

EMEIS e EMEFS, mediante constituição de uma comissão constituída por

profissionais da SME, SEE e comunidades locais;

aquisição de novo mobiliário ajustável, adequado às diversas faixas etárias que

frequentam as unidades escolares;

instalação de equipamentos e laboratórios em quantidade, qualidade e condições

de uso adequadas às atividades educativas.

Serão realizados investimentos significativos em projetos de assistência ao

educando e de apoio aos profissionais da educação, contemplando:

aquisição e distribuição de materiais e uniformes de boa qualidade;

ensino de informática de qualidade, com a manutenção de um computador por

estudante na sala de informática;

passe livre para estudantes no município de São Paulo, garantindo que todo

estudante tenha o direito de usufruir gratuitamente do transporte público;

ampliação do atendimento de transporte escolar gratuito;

formação continuada, inclusive com fornecimento de material para profissionais

da educação de todas as UE;

apoio para aquisição de equipamentos de informática para todos os profissionais

da educação;

76

Page 77: PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta ... · PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta discutida e aprovada na Cidade de São Paulo São Paulo, dezembro

apoio à participação dos professores em programações culturais, com descontos

em teatros, cinemas, museus;

autonomia para todos os funcionários na escolha do banco de recebimento dos

pagamentos, a partir de 2013, conforme legislação já publicada.

O repasse de verbas no CEI a partir do cálculo do PTRF e PDDE deve ser

planejado com base no tempo de permanência da criança no CEI e nas EMEI e não

apenas de acordo com o número de matriculados.

3.2 GESTÃO DEMOCRÁTICA, CONTROLE SOCIAL E

PARTICIPAÇÃO

3.2.1. Diretrizes, objetivos e metas

Diretrizes

A gestão democrática é princípio educacional previsto pela CF/88, Art. 206 e

inciso VI. A LDBEN/96, Art. 14, ratifica este princípio, declarando que os sistemas de

ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica,

de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:

I - participação dos profissionais da educação na elaboração do Projeto

Pedagógico da Escola;

II - participação das comunidades escolar e local em Conselhos Escolares ou

equivalentes.

Segundo Lei 1066/03, tal como estabelecido também no Plano Estadual de

Educação do Estado de São Paulo (PL 1066/03), o Conselho Estadual de Educação

(CEE) e o Conselho Municipal de Educação (CME) são órgãos consultivos, normativos,

fiscalizadores e deliberativos dos sistemas estadual e municipais de ensino,

respectivamente. São instâncias de articulação entre o Poder Público e a sociedade civil,

tendo dotação orçamentária que lhes assegure eficiente funcionamento e autonomia

77

Page 78: PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta ... · PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta discutida e aprovada na Cidade de São Paulo São Paulo, dezembro

administrativa para agir e decidir em conformidade com as funções e atribuições que

lhes são conferidas pela legislação federal, estadual e municipal, conforme a sua esfera

de competência.

O Conselho Escolar (CE) é uma instância deliberativa e representativa da

comunidade, com a finalidade de propor, acompanhar e fiscalizar o Projeto Pedagógico

da escola. Deve ser constituído pela direção da escola e representantes dos segmentos da

comunidade escolar, escolhidos por esta última, por meio de processo de eleição direta.

Entende-se como comunidade escolar, o conjunto dos estudantes, familiares, membros

do magistério e demais servidores públicos em efetivo exercício na Unidade Escolar.

Dada a realidade educacional brasileira e paulistana vale ressaltar a necessidade de

ampla campanha de esclarecimento e debate sobre esse nível de participação e sobre os

CE.

Ainda conforme o último Plano Estadual de Educação do Estado de São Paulo, o

Conselho Universitário (CU) é o colegiado superior deliberativo e de coordenação das

atividades de ensino, pesquisa e extensão, do qual participam todos os segmentos da

comunidade universitária, por meio de representantes eleitos por seus pares, sob a

presidência do reitor. No caso das instituições isoladas de ensino superior, esse papel é

exercido pelo Conselho Deliberativo, composto nos mesmos moldes de representação

democraticamente estabelecida, sob a presidência do diretor.

O PP deve garantir o trabalho coletivo de todos os segmentos da comunidade

escolar. A gestão democrática da educação, praticada por meio dos mecanismos

descritos, tem por objetivo o estabelecimento e o desenvolvimento de canais e formas

de atingir uma maior qualidade social, no caminho da transformação da escola, da

universidade e da sociedade. (PNE: Proposta da Sociedade Brasileira, p. 19). Por este

motivo é que, em 1999, o III Congresso Nacional de Educação (CONED) aprovou o

encaminhamento nº 5: Promover uma campanha em defesa das eleições democráticas

para dirigentes de escola (Caderno do II CONED, p. 8). No Estado de São Paulo esta

proposição não é consensual, em razão do concurso para diretor de escola estar

institucionalizado há muito tempo.

Objetivos e metas

Implantar gestão democrática nas escolas para que todos os segmentos que

compõem a unidade escolar no processo educacional tenham mais autonomia e 78

Page 79: PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta ... · PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta discutida e aprovada na Cidade de São Paulo São Paulo, dezembro

participem de tomada de decisões pertinentes e de acordo com a comunidade atendida

pela escola, considerando as opiniões, respeitando e garantindo o processo democrático

construído a partir da organização e do funcionamento de conselhos, associações de

pais, professores, estudantes e organizações da sociedade civil, conforme preconizado

pela LDBEN/96.

Apoiar e criar mecanismos de mobilização e participação efetiva da comunidade

escolar nas tomadas de decisões auxiliando a equipe escolar no desenvolvimento de

seus projetos e na sua elaboração garantindo, assim, gestão democrática participativa

que proporcione um ambiente acolhedor e facilitador no desenvolvimento do trabalho

pedagógico para alcançar metas com eficiência, além de promover vínculos de

afetividade.

Estimular na comunidade escolar a prática permanente do diálogo e da escuta,

fazendo uso de mídias diversificadas, construindo formas alternativas de expressão e

comunicação das opiniões de todos que desejarem participar.

Viabilizar o acesso das áreas de lazer da escola à comunidade, durante os finais

de semana, com profissionais contratados/designados pela SME para o

acompanhamento e monitoria das atividades.

Garantir vagas na Comissão de Educação da Câmara Municipal para

representantes de todos os segmentos da comunidade escolar, com direito a voz.

Instituir, a partir de 2011, processos participativos de planejamento e avaliação

da Política Educacional proposta e desenvolvida nas escolas e redes da Cidade de São

Paulo, em todas as instâncias do sistema, como instrumentos de gestão e não apenas de

fiscalização.

Ampliar participação dos estudantes e familiares nos eventos da escola, como

reuniões, festas, Conselhos de Escola e APM.

Criar "Centros de Integração da Comunidade Escolar" desenvolvendo

metodologia que incentive a comunidade a participar e deliberar sobre assuntos

pertinentes à educação e a outras áreas, de modo a construírem projetos de integração

entre Escola e Comunidade, com promoção de congressos de pais e outros eventos,

potencializando, continua e progressivamente, a comunidade a lutar pela construção e

manutenção da qualidade da escola pública.

Mapear e institucionalizar os ativos públicos e privados no entorno das UE de

forma a otimizar os recursos existentes.

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Page 80: PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta ... · PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta discutida e aprovada na Cidade de São Paulo São Paulo, dezembro

Conceder anistia para bens patrimoniais inservíveis de gestões anteriores bem

como a desburocratização dos novos processos de baixa de bens patrimoniais da UE .

Revogar a lei da mordaça nos Estatutos dos Funcionários Públicos do Estado e

do Município e outros procedimentos administrativos que impedem professores e

demais profissionais de educação de se expressarem livremente.

Melhorar o sistema de supervisão da educação em relação às instituições

privadas da rede conveniada, criando mecanismos e definindo critérios de transparência

em relação aos convênios, o que implica fiscalização com relação aos aspectos de

prestação de contas, pedagógicos e de gestão administrativa da instituição.

Implantar observatório de indicadores de educação nos 477 setores educacionais

da cidade, com a sede instalada na escola com maior número de estudantes.

Garantir o acesso irrestrito e respeitoso a todo cidadão que buscar informações

públicas sobre educação nos órgãos de governo nas três esferas: municipal, estadual e

federal.

Incentivar a criação e o funcionamento dos Grêmios Estudantis.

Realizar o processo de definição do diretor considerando a competência técnica

para exercício do cargo, a realização do concurso público como forma de provimento e

que esse cargo faça parte da carreira do magistério.

Instalar Conselho Municipal Paritário de Educação, com caráter deliberativo,

considerando a CF/88 que determina que todo o poder emana do povo, bem como Leis

como ECA e Estatuto do Idoso, com composição de 50% de usuários da escola,

assegurando a participação de adolescentes, jovens e idosos e 50% de professores e

outros profissionais da educação.

Implantar o Conselho de Representantes dos Conselhos de Escola (CRECE),

fortalecendo a ação articulada entre os CE em prol da gestão democrática da educação

na cidade.

Aplicar mecanismos efetivos de controle social e de funcionamento e

acompanhamento dos conselhos na área de educação, existentes na Cidade de São

Paulo, atribuindo-lhes caráter consultivo e deliberativo.

Realizar eleição direta para membros do CME e do Conselho do FUNDEB nas

representações dos segmentos sociais organizados, sem indicações da administração

municipal.

Assegurar maior autonomia ao CE e APM.

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Garantir a capacitação/formação de conselheiros escolares da cidade,

contribuindo para o fortalecimento do exercício da função e para as práticas

democráticas que devem ser cotidianamente vivenciadas.

Determinar racionalização e otimização dos recursos humanos, materiais,

financeiros e físicos voltados ao atendimento de todos os educandos com critérios

discutidos no âmbito da UE.

Fortalecer redes de proteção da infância, de adolescentes e idosos.

3.3 GESTÃO EDUCACIONAL E REGIME DE COLABORAÇÃO

3.3.1. Diretrizes, objetivos e metas

Diretrizes

A gestão educacional implica pensar formas de gerir a instituição escolar. Para

isso, recorre a alguns princípios estabelecidos na letra da Lei. A LDBEN/96, Art. 14

prescreve a gestão democrática como forma de gestão educacional. Em seu artigo 15

está previsto que os sistemas de ensino assegurarão às UE públicas de EB que os

integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão

financeira, desde que observadas as normas do direito financeiro público.

Deve-se, portanto, primar pela qualidade na gestão educacional a partir de um

comprometimento da direção com a educação que deve ser de qualidade em toda a

Cidade de São Paulo, focando o cuidado e o zelo pelo espaço público e pelo pleno do

PP da UE.

Faz-se importante nesse processo, também, a garantia de maior autonomia e

desburocratização dos processos para a gestão dos recursos e elaboração e

desenvolvimento do PP, em consonância com as necessidades e interesses da

comunidade escolar e com foco na elevação contínua da qualidade da educação pública

ofertada.

Objetivos e metas

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Page 82: PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta ... · PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta discutida e aprovada na Cidade de São Paulo São Paulo, dezembro

Definir e explicitar publicamente os papéis dos gestores das UE e dos órgãos de

educação dos governos, com o objetivo de dirimir as dúvidas relacionadas às atribuições

de cada ator no desempenho de suas funções.

Organizar os conteúdos epistemológicos e metodológicos da escola, bem como a

estrutura curricular, em seu projeto pedagógico, de modo a tornar a prática do estudo e a

construção do conhecimento um procedimento contínuo e que possibilite interesse e

realização pessoal e profissional.

Assegurar a dimensão do trabalho pedagógico de Diretores e Coordenadores,

para a construção e garantia da qualidade da educação, mediante:

simplificação e informatização dos processos administrativos e burocráticos;

priorização de questões pedagógicas em relação às administrativas;

valorização dos projetos educativos das unidades;

criação de condições para as escolas se tornarem espaços de gestão do

conhecimento local;

lotação de todos os profissionais, em todas as UE desde o primeiro dia de aula

de cada novo ano letivo.

Garantir maior autonomia, eficiência, eficácia com condições de trabalho do

gestor educacional assegurando a todas UE, inclusive de EI:

criação de cargo de Diretor Administrativo e/ou Assistente de Direção,

específico para trabalhar com essas questões e com o uso das tecnologias que

agilizam o trabalho;

criação de cargo de Secretário, para todas UE de EI;

melhor aplicação de verba da escola para o desenvolvimento das atividades

pedagógicas e necessidades emergenciais;

desconcentração de recursos financeiros para gestão da escola;

aplicação de verbas de custeio e capital, garantindo a desburocratização do

processo de prestação de contas;

aproximação entre os setores responsáveis por obras para agilizar reformas e

garantir preços mais baixos;

redução da burocracia para execução de serviços de manutenção e conservação

de prédios e equipamentos.

82

Page 83: PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta ... · PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO Proposta discutida e aprovada na Cidade de São Paulo São Paulo, dezembro

Garantir atendimento às demandas de quadro de funcionários da educação,

recursos e segurança, entre outros, para as unidades que apresentam projetos voltados à

melhoria na qualidade de ensino, a fim de que se evite prejuízo na sua implantação.

Ampliar o número de cargos de Supervisores Escolares no Município de São

Paulo, assegurando novos ingressos via concurso público. A entrada de novos

profissionais nas Redes assegurará o melhor acompanhamento, assessoramento e

orientação/formação nas UE, resolvendo o déficit existente, mediante o fato de ter

havido aumento substancial de escolas sem o correspondente aumento destes

profissionais, prejudicando, assim, a efetividade de um trabalho de ação supervisora

com qualidade.

Garantir dois períodos de planejamentos anuais: no início e no meio do ano

letivo, pelo menos por uma semana (cinco dias), com "paradas pedagógicas" trimestrais

para todos os níveis de ensino, sem prejuízo ao cumprimento dos dias letivos e garantia

de remuneração aos profissionais.

Organizar projetos educativos que abranjam:

cursos de capacitação para familiares dos estudantes, aos sábados;

atividades culturais e educacionais fora do ambiente escolar;

educação para o trânsito;

cuidados com o meio ambiente;

orientação sexual;

planejamento familiar;

cidadania e participação ativa;

ação inter e intra institucional que tratem de questões relativas à disciplina e

violência, provendo a escola de suporte material, recursos humanos e

financeiros, e materiais educativos.

Implantar e apoiar políticas assistenciais atreladas à frequência e ao

desempenho/aproveitamento escolar do estudante.

Propor ações específicas de intervenção junto às UE que apresentam situação de

risco para profissionais e estudantes, desde sua segurança física, até moral, com

profissionais do quadro da educação ou de outras secretarias, numa ação intersetorial,

com atendimento imediato da unidade em questão.

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Definir critérios e mecanismos de modo a estabelecer disposições legais que

disciplinem as relações de parcerias realizadas entre o Poder Público e deste com as

organizações da sociedade civil construindo:

ação cooperativa entre GCM, SME e SEE criando um setor especializado no

trato com as escolas, de modo a garantir desde monitoria remota, assessoria de

trânsito, até destacamento de milicianos preparados para atuação junto às UE,

tanto em rondas quanto na vigilância cotidiana;

parcerias com polícia militar, guarda civil metropolitana e secretarias que tratam

da segurança e da proteção, para implantação de projetos referentes ao combate

às drogas e a violência em todas as escolas públicas;

convênios com Universidades para desenvolvimento de projetos que deem

suporte às ações da escola;

convênios com instituições públicas, privadas e da sociedade civil, a fim de

atender às necessidades de educandos e de suas famílias, com foco naqueles que

estiverem enfrentando situações de risco e vulnerabilidade;

procedimentos que devem ser adotados e reorganização de funções das

Secretarias que dão atendimento aos discentes, discutindo as especificidades de

cada uma dessas instâncias.

Encerrar os contratos com empresas terceirizadas em todas as UE, e que os

serviços, tais como alimentação dos estudantes, sejam realizados por meio de

profissionais contratados após aprovação em concurso público.

Diminuir o poder de decisão das empresas privadas nas atividades de uso e

Poder Público.

3.5 VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO

3.5.1. Diretrizes, objetivos e metas

A Declaração de Hamburgo/1997, Art. 3º, explicita que a educação “engloba

todo o processo de aprendizagem, formal ou informal, onde pessoas desenvolvem suas

habilidades, enriquecem seu conhecimento e aperfeiçoam suas qualificações técnicas e

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profissionais, direcionando-as para a satisfação de suas necessidades e as de sua

sociedade”.

Os educadores e as educadoras são as pessoas responsáveis por organizar,

facilitar e/ou ministrar conteúdos vinculados aos processos educativos, sejam eles

formais/escolares ou não-formais/não-escolares. Os não-formais ocorrem em diferentes

lugares da sociedade e estão comprometidos, entre outros objetivos, com o

desenvolvimento da capacidade de leitura do mundo, a consciência e o agir coletivos e a

valorização da auto-estima e das identidades de grupos.

No sistema formal de ensino, eles são denominados profissionais de educação

escolar. Os Profissionais do Magistério, na educação escolar, são aqueles que trabalham

na escola e nos órgãos de administração educacional. Os que atuam diretamente na

escola têm diferentes funções e habilitações, tais como: professores, diretores,

coordenadores pedagógicos, supervisores e outros funcionários ou agentes escolares,

que garantem o apoio ao trabalho pedagógico, como merendeiras, vigias, equipe da

secretaria escolar, etc.

A LDBEN/96, com a intenção de garantir as especificidades do trabalho do

professor, define entre as suas incumbências:

participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;

elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do

estabelecimento de ensino;

zelar pela aprendizagem dos estudantes;

estabelecer estratégias de recuperação para os estudantes de menor rendimento;

ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar

integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao

desenvolvimento profissional;

colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a

comunidade.

Compreendendo o papel fundamental exercido pelos profissionais da educação

em toda e qualquer proposta educacional, com a perspectiva de assegurar a qualidade da

educação e a realização pessoal e profissional desses trabalhadores e trabalhadoras, faz-

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se necessário garantir sua valorização, contemplando dignamente a sua formação inicial

e continuada, a carreira e o salário.

Objetivos e metas

Implantar política de melhoria de condições de trabalho e de salários dos

professores, de acordo com índices do DIEESE, em todos os níveis e modalidades de

ensino, para valorização da profissão e melhoria da qualidade da educação.

Propor política de incentivo à docência, que possibilite a dedicação exclusiva do

profissional a uma determinada rede de ensino, mediante uma remuneração que os

permita viver com dignidade.

Definir política que favoreça o professor a trabalhar em regime de dedicação

plena e exclusiva em uma única escola, com o adicional mínimo de 40% ao salário dos

que optarem, a fim de aprimorar o processo educacional e o vinculo profissional com a

comunidade.

Garantir jornadas diferenciadas para professores, incluindo a proporção de um

terço da jornada básica de trabalho dedicada à formação continuada.

Determinar recesso em julho e férias em dezembro para todos os funcionários,

inclusive dos CEI e EMEI das Redes Estadual e Municipal, com unificação do

calendário escolar.

Aplicar, até 2013, a equalização e isonomia nos cargos, jornadas e carreiras dos

docentes da EI, com possibilidade de sua remoção entre as unidades de EI e EF I,

inclusive como forma de romper com a fragmentação nesse nível de ensino.

Assegurar aos profissionais da educação, inclusive da Educação Infantil, cursos

de formação continuada, graduação e de pós-graduação, mestrado, doutorado, pós-

doutorado para aprimorar seus conhecimentos.

Realizar concurso público para provimento dos cargos de SME e SEE em todas

as instâncias e funções.

Ampliar as referências para o quadro do magistério de 22 para 27, de acordo

com títulos apresentados, para os graus, de A – E para A- J.

Garantir condições adequadas para aposentadoria e readaptação dos

profissionais da educação assegurando os mesmos direitos dos profissionais da ativa aos

aposentados. 86

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Garantir aposentadoria especial para os especialistas e professores readaptados.

Considerar o tempo de trabalho como Diretor de Equipamento Social para fins

de aposentadoria e evolução funcional.

III - EQUIDADE E DIVERSIDADES

Diretrizes

Embora a CF/88, Art. 5º estabeleça que todos são iguais perante a lei, sem

distinção de qualquer natureza, a realidade mostra que as desigualdades fazem parte do

cotidiano das interações sociais. O sistema educacional, como parte desta estrutura

social mais ampla, não está imune às consequências de tais desigualdades, muitas vezes

geradas pela não aceitação ou desqualificação das diferenças humanas, seja por sexo,

raça, etnia, idade, orientação sexual, identidade sexual, pluralidade cultural, entre outras

diferenças que são transformadas em desigualdades.

As lutas de setores da sociedade pelo fim das diversas discriminações trouxeram

alguns avanços na legislação brasileira, em especial, no tocante às discriminações

sofridas por mulheres, negros e idosos.

No campo das relações de gênero, uma ação importante foi a criação da

Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, pelo Governo Federal, que busca

estabelecer políticas públicas que possam contribuir para a melhoria de vida das

mulheres brasileiras, diminuindo o impacto das desigualdades nas relações de gênero. A

MP 103/2003, Art. 22, estabelece a competência da Secretaria Especial de Políticas para

as Mulheres de “assessorar direta e indiretamente o Presidente da República na

formulação, coordenação e articulação de políticas para as mulheres (...) com vista à

promoção da igualdade.” Outro marco importante foi a Lei 11.340/ 2006, mais

conhecida como Lei Maria da Penha, que cria mecanismos para coibir e prevenir a

violência doméstica e familiar contra a mulher, considerado esse como um dos

problemas mais graves sofridos por milhares de mulheres brasileiras.

Na esteira do avanço social, em 2003 o governo federal criou a SEPPIR

(Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), em resposta às

demandas e reivindicações do movimento negro brasileiro. Segundo a SEPPIR, entre

seus principais objetivos está a promoção da igualdade e a promoção dos direitos dos

indivíduos e grupos raciais e étnicos afetados pela discriminação e demais formas de 87

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intolerância, com ênfase na população negra, assegurando o cumprimento da Lei 7.716/

1989, que prevê punições aos crimes resultantes de discriminação ou preconceito de

raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

Também em 2003 foi promulgada a Lei 10.741/03, conhecida como o Estatuto

do Idoso, destinada a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou

superior a 60 anos. O Artigo 4º do Estatuto afirma que nenhum idoso poderá ser objeto

de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, prevendo punições

para quem cometer estas infrações.

Embora ainda não haja legislação que contemple as discriminações a gays,

lésbicas, travestis e transexuais, esses grupos seguem lutando pela aprovação de leis que

contemplem seus direitos a uma vida sem discriminação social. Projetos de lei neste

sentido, em tramitação nos órgãos competentes, incluem os seguintes:

PL 4914/2009: Aplica à união estável de pessoas do mesmo sexo os dispositivos

do Código Civil referentes à união estável entre homem e mulher, com exceção

do artigo que trata sobre a conversão em casamento.

PLC 122/2006: Pune a discriminação ou preconceito de origem, condição de

pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, orientação sexual ou identidade

de gênero.

PLC 072/2007: Possibilita a substituição do prenome de pessoa transexual.

No âmbito da educação, a legislação existente caminha no sentido de incorporar

importantes ferramentas de combate às discriminações, trazendo-as para a esfera da

escola. A LDBEN/96 no Título III, Art. 3º, estabelece que o ensino deverá ser

ministrado com base no princípio de igualdade de condições para o acesso e

permanência na escola. Mais tarde, as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 vieram a

complementar a LDBEN/96, instituindo a obrigatoriedade do ensino da história dos

afro-brasileiros e indígenas, respectivamente, nos currículos de todas as escolas do

Brasil, reconhecendo, assim, a importância desses povos na composição do povo

brasileiro.

Os objetivos e metas do Plano Nacional da Educação incluem a preocupação

com a abordagem das questões de gênero, etnia, educação sexual, pluralidade cultural

tanto nos livros didáticos, como na formação de professores. No tocante à educação a

distância, o Plano Nacional afirma a necessidade da promoção de imagens não

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estereotipadas de homens e mulheres nas redes de televisão educativa, mas que abordem

temas que afirmem a igualdade de direitos entre homens e mulheres, bem como a

abordagem adequada de temas referentes à etnia e a pessoas com deficiências.

Em 2004 foi criada a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e

Diversidade (Secad) para tratar, entre outros temas, da educação em direitos humanos e

da diversidade etnicorracial. Segundo a Secretaria, o objetivo da Secad é contribuir para

a redução das desigualdades educacionais por meio da participação de todos os cidadãos

em políticas públicas que assegurem a ampliação do acesso à educação.

Também em 2004, o Conselho Nacional de Educação aprovou as Diretrizes

Curriculares Nacionais para Educação das Relações Etnicorraciais e para o Ensino de

História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Em seu texto introdutório, as Diretrizes

afirmam: “o Brasil, ao longo de sua história, estabeleceu um modelo de

desenvolvimento excludente, impedindo que milhões de brasileiros tivessem acesso à

escola ou nela permanecessem.” As diretrizes estabelecem orientações de conteúdos a

serem contemplados, bem como modificações necessárias aos currículos existentes em

todos os níveis e modalidades de ensino.

O combate às discriminações na educação requer ações que se traduzam na

transformação de práticas escolares discriminatórias, no investimento na formação

inicial e continuada de profissionais da educação, na revisão de livros e materiais

didáticos, bem como na adoção de políticas de inclusão de toda a diversidade humana

no ambiente escolar.

A construção do Plano de Educação da Cidade de São Paulo mostrou que estas

são questões que preocupam os cidadãos de São Paulo, o que se traduziu em muitas

propostas de combate à discriminação no ambiente escolar, com destaque para o

racismo, o sexismo, homofobia, discriminação contra deficientes físicos e mentais,

contra idosos, contra opções religiosas, entre outras.

Objetivos e metas

Promover práticas educativas no sentido de combater qualquer forma de

preconceito: sexo, idade, raça, etnia, orientação sexual, religião, etc., sendo a escola um

espaço aberto para discussões e debates tendo como foco a equidade e a justiça social e

a valorização das diferentes culturas, entendendo-as como um processo de construção

histórica e social.89

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Garantir na formação continuada de professores que acontece nas UE, temas que

abordem a diversidade etnicorracial, de gênero, raça, cultura do envelhecimento e

multiculturalismo, a fim de promover melhores e mais ricas discussões.

Promover ações contínuas de formação e sensibilização da comunidade escolar

para abordagem de combate à discriminação etnicorracial, de orientação sexual, de

gênero, contra migrantes e imigrantes, comunidades tradicionais e pessoas com

diferentes deficiências (mental, física, auditiva, visual, surdocegueira e transtorno global

do desenvolvimento).

Prever conteúdos e materiais educativos que problematizem a discriminação,

visando à superação do sexismo e homofobia, intolerância religiosa e que promovam a

acessibilidade de pessoas com deficiências físicas, intelectuais, visuais e auditivas à

educação em sexualidade.

Promover ampla discussão sobre os assuntos que envolvam diversidade e

preconceito, com seleção de material didático que apresente imagens positivas,

considerando a diversidade e a pluralidade cultural e promovendo ampla divulgação das

leis referentes ao assunto, por meio de cursos, palestras, vídeo-conferências, etc.

Promover nas escolas e espaços públicos da cidade programações culturais e

debates, envolvendo os familiares dos estudantes, sobre as seguintes culturas: africana,

dos idosos, surda, indígena, dos migrantes/imigrantes e das comunidades tradicionais.

Prover as escolas de material didático para professor e estudante com conteúdos

diversos sobre as temáticas relativas à descriminação, desigualdades e diversidades.

Promover uma educação para a sexualidade, não restringindo-a ao âmbito da

saúde e da prevenção, mas tratá-la como uma dimensão constitutiva do ser humano e da

vida em sociedade.

Convocar, a cada dois anos, a Conferência de Educação Etnicorracial da Cidade

de São Paulo para a elaboração das diretrizes municipais para as relações etnicorraciais.

Oferecer curso de História da África para os professores do ciclo I e II para que

melhor possam aplicar a Lei 10.639/03 e valorizar no projeto pedagógico da escola

vivências da cultura de matriz africana.

Criar órgão de âmbito executivo que coordene as Políticas de Educação

Etnicorracial das Secretarias de Educação, das Diretorias Regionais de Educação,

iniciando prioritariamente pelas regiões com maior concentração de população negra,

até atingir toda a cidade, definindo assim programa em rede para efetivação de

propostas de educação etnicorracial, com ações de curto, médio e longo prazo, dentre 90

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elas: a formulação e monitoramento de indicadores de avaliação do efeito do racismo na

educação pública, e capacitação dos profissionais de educação da escola para coleta do

quesito cor que consta no formulário de matrícula.

Cumprir o Estatuto do Idoso, que propõe nos capítulos 4 e 5, item III a inserção

nos currículos do EF de conteúdos que tratem do processo de envelhecimento, de forma

a eliminar preconceitos intergeracionais.

BIBLIOGRAFIA E DOCUMENTOS CONSULTADOS

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BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial, 1988.

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