plano brasília 101

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BRASÍLIA www.planobrasilia.com.br 20 DE SETEMBRO DE 2011 Ano 9 · Edição 101 · R$ 5,30 EDITORA Plano BR 2014 Avante Brasília Copa MESA REDONDA Arlete Sampaio CIDADE Câncer Linfático PONTO DE VISTA Rodrigo Falcão www.planobrasilia.com.br 01 1

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Revista semanal com fatos e curiosidades da capital do Brasil.

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BRASÍLIAw w w. p l a n o b r a s i l i a . c o m . b r

20 de SeTeMBRO de 2011A n o 9 · e d i ç ã o 1 0 1 · R $ 5 , 3 0

E D I T O R A

PlanoBR

2014Avante Brasília

Copa

MESA REDONDAArlete Sampaio

ciDADECâncer Linfático

PONtO DE ViStARodrigo Falcão

w w w. p l a n o b r a s i l i a . c o m . b r

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Sumário

10 Cartas

11 Mesa Redonda

16 Brasília e Coisa & Tal

18 Panorama político

20 Política Brasília

22 Premiação

24 Capa

28 Cidadania

30 Gente

32 Cidade

34 Mercado de Trabalho

36 Tecnologia

38 Cotidiano

40 Planos e Negócios

42 Automóvel

44 Vida Moderna

46 Esporte

48 Personagem

50 Saúde

52 Moda

54 Comportamento

56 Cultura

58 Cinema

60 Gastronomia

62 Agenda Cultural

64 Mundo Animal

66 Jornalista Aprendiz

68 Propaganda e Marketing

70 Vinho

72 Tá Lendo o Quê?

74 Frases

75 Justiça

76 Diz aí, Mané

78 Cresça e Apareça

80 Ponto de Vista

82 Charge

11

48 60

5628 46

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Expediente Carta ao leitor

DIRETOR EXECUTIVO Edson Crisó[email protected]

DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS Nubia [email protected]

DIRETOR ADMINISTRATIVO Alex [email protected]

PlanoBRASÍLIA

CHEFIA DE REDAÇÃO Afrânio Pedreira

DESIGN GRÁFICO Camila Penha e Eward Bonasser Jr

ESTAGIÁRIA DE CRIAÇÃO: Paula Alvim

FOTOGRAFIA Fábio Pinheiro e Victor Hugo Bonfim

EQUIPE DE REPORTAGEM Michel Aleixo, Tássia Navarro, Veronica Soarez e Yuri Achcar

ESTAGIÁRIAS: Fernanda Azevedo, Railde Nascimento e Wellington Beltrão

COLABORADORES: Adriana Marques, Antônio Matoso, Arlete Sampaio, Bohumil Med, Carlos Grillo, Cerino, Deborah Delbart, Rodrigo Falcão, Mauro Castro, Regina Ivete Lopes, Romário Schettino, Tarcísio Holanda e Vetuval Martins

Vasconcelos

IMPRESSÃO IBEP Gráfica

TIRAGEM 60.000 exemplares

REDAÇÃO Comentários sobre o conteúdo editorial, sugestões e críticas às maté[email protected]

AVISO AO LEITOR Acesse o site da editora Plano Brasília para conferir na íntegra o conteúdo de todas as revistas da

editora www.planobrasilia.com.br

PLANO BRASÍLIA EDITORA LTDA.SCLN 413 Bl. D Sl. 201

CEP: 70876-540, Brasília-DFComercial: 61 3041.3313 | 3034.0011

Redação: 61 3202.1357Administração: 61 [email protected]

Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem a prévia autorização dos editores. A Plano Brasília Editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.

Caro leitor,Cá estamos nós, outra vez com a nossa 101ª edição da Re-

vista Plano Brasília. Feita exclusivamente para você, que sempre nos prestigia com a sua leitura e opiniões positivas e até negativas, enviadas para a nossa redação e que sempre nos remete ao aprimoramento, reparos e à vontade coletiva de melhoras. A cada publicação é um prazer que se renova e que deixa toda a nossa equipe sedenta por buscar temas de relevantes interesses sociais.

Nesta edição, após exaustivas reuniões de pautas, elegemos, devido ao nosso Brasil ser, notadamente, o país do futebol e a aproximação diária das realizações das Copas da Confederação e do Mundo, mostrar a todos a quantas andam os preparativos logísticos para que a nossa Brasília tenha real chancela para sediar o jogo de abertura da maior festa do esporte popular do mundo. Em 2014, todas as atenções do mundo vão estar voltadas para o nosso país, que vai comentar e respirar futebol pelos seus quatro cantos. Com certeza vai ser uma festa belíssima e cheia de gingados brasileiríssimos.

Em quatro páginas, a reportagem “Copa de 2014 – GDF tem esperança de fazer a abertura do Mundial”, os repórteres Verônica Soares e Fábio Pinheiro mostram porque a capital da república tem tudo para receber e sediar bem a festa de abertura e o jogo inicial das disputas mundiais. Para isto, o Estádio Nacional de Brasília já tem data e hora marcada para ser inaugurado. O Governo do Distrito Federal assegura que a arena multiuso, com capacidade para cerca de 70 mil pessoas, será apresentada oficialmente ao público às 11h do dia 31 de dezembro de 2012. Hoje, o que se pode ver no local é um verdadeiro canteiro de obras a céu aberto, onde homens, em meio a concretos armados, ferragens, máquinas e martelos não param nunca. Afinal, o tempo urge e o adiantamento das obras é uma estratégia do governo Agnelo para convencer os organizadores do mundial a escolherem Brasília como a capital sede da abertura da Copa do Mundo de 2014. A torcida para que a capital, idealizada pelo ex-presidente Juscelino Kubitschek e projetada por Oscar Niemayer seja a escolhida é imensa. A corrente de fé é formada por mais de 2,5 milhões de pessoas que nasceram ou escolheram a capital do Planalto Central, considerada por muitos como a do céu mais azul lindo do mundo, um ótimo lugar para morar. Uma leitura que ninguém deve perder!

Outra matéria que apostamos que será do gosto de todos é sobre a “Lei dos Puxadinhos”. Comerciantes da Asa Sul terão até 31 de abril do ano que vem para se adequarem às novas normas. Conforme a Lei 766, de 2008, os lojistas só poderão utilizar até 6m aos fundos, a partir do limite dos seus estabelecimentos. Mas, a seis meses do término do prazo judicial, a decisão ainda causa polêmica. Para se adequarem, muitos empresários terão que fazer grandes reformas e mudanças nos projetos arquitetônicos de seus estabelecimentos comerciais. O que não está agradando à grande maioria. Segundo o presidente da Associação dos Comércios das Asa Norte e Sul, além da demora na aprovação dos projetos pela Administração de Brasília, outra grande preocupação dos empresários é a realocação das redes subterrâneas de água, esgoto, luz e telefone. E para que isto seja feito, tais redes devem ser deslocadas de lugar. Uma novela que ainda vai render alguns capítulos. Não deixe de ler.

É isto, caro leitor. Tenham todos uma excelente leitura e nos falamos na próxima edição.

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Cartas Fale conosco

Cartas e e-mails para a redação da Plano Brasília devem ser endereçadas para:SCLN 413 Bl. D Sl. 201, CEP 70876-540Brasília-DFFones: (61) 3202.1357 / [email protected]

As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, identificação, endereço e telefone do remetente. A Plano Brasília reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação.

Mensagens pela internet sem identificação completa serão desconsideradas.

Senhores jornalistas,Gostaria de cumprimentar a todos dessa excelente revista e pelas matérias que a cada dia melhoram mais e mais. Os assuntos são variados e escritos de maneira fácil de entendimento. Parabéns a todos.

Roberto SantosLago Oeste

Prezado editor,Sou leitora assídua dessa Revista. Gostaria muito que vocês fizessem uma super repor-tagem sobre os jardins de Brasília que tem sempre um mais bonito do que o outro. Vou ficar aqui esperando que no próximo número eu veja a minha sugestão aceita. Parabéns a todos vocês que fazem essa publicação.

Maria Rosângela Octogonal

Prezados senhores.O motivo desta é somente para parabenizar pela excelente matéria sobre o perdão. Um ato que, ao meu ver, deveria ser pensado por todos. Só assim o mundo teria mais paz, fraternidade e espírito de caridade. Muito boa mesmo a reportagem. Parabéns.

Carlos AlbertoAsa Norte

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PLANO BRASÍLIA 20 DE SETEMBRO DE 2011 11

Mesa Redonda

Arlete SampaioEquipe Plano Brasília: Romário Schettino, Edson Crisóstomo, Arlete Sampaio, Veronica Soares e Yuri Achcar | Fotos: Fábio Pinheiro

PB > Depois de ter sido vice governadora

do DF, como está a experiência de participar

deste governo?

AS > É uma experiência extremamente im-

portante. Acho que a população começou

a se dar conta do desastre que foi para o

Distrito Federal, o Cristovam (Buarque)

ter perdido a eleição em 1998. Foram 12

anos em que as políticas públicas foram

completamente destruídas, em que cresceu

a corrupção. O que seria de Brasília hoje

se o governador Cristovam tivesse sido

reeleito em 98. Nós pudéssemos continuar

governando Brasília com as políticas públi-

cas sendo desenvolvidas de maneira plena.

Com as políticas de combate à pobreza, com

o transporte público sendo prioridade e

com o incremento da participação popular?

Sem dúvida, nós teríamos hoje uma capital

extremamente melhor governada. Melhor

administrada. Com a população mais sa-

tisfeita e com certeza teríamos implantado

uma cultura de direitos sociais de maneira

muito mais forte do que essa cultura que

se implantou, do clientelismo. É uma pena

que, naquele momento, a opção majoritária

da população tenha conduzido a esse desas-

tre, que foram os 12 anos de Roriz, Arruda

e Rosso, neste último período.

Depois da derrota na tentativa de reeleição do

governo Cristovam, ficou alguma lição para que a

história não se repita desta vez? Afinal, o governo

Agnelo não vai bem nas pesquisas de opinião.

Sem dúvida, há um grande aprendizado

daquela experiência. A gente a todo

tempo se perguntava por que, apesar

de tantas políticas inovadoras, a bolsa

escola, a paz no trânsito, o orçamento

participativo, o investimento massivo em

A titular da Secretaria de Desenvol-vimento Social e Transferência de Renda (Sedest) é baiana de

Itagibá. Veio para Brasília em 1971, se formou em medicina pela UnB, e espe-cializou-se em saúde pública. Começou a militância política ainda no movimento estudantil e foi dirigente do Sindicato dos Médicos do DF. Entre 1995 e 1998, foi vice governadora do Distrito Federal e coordenou o orçamento participativo e as administrações regionais do governo Cristovam. Eleita deputada distrital em 2002, quatro anos depois foi a candidata do PT ao governo do DF, alcançando 23% dos votos na eleição vencida por José Roberto Arruda. No ano passado, foi eleita para mais um mandato na Câmara Legislativa. Convidada pelo governador Agnelo Queiroz, assumiu a Sedest.

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12 PLANO BRASÍLIA 20 DE SETEMBRO DE 2011

saúde e educação, apesar de tudo isso,

por que perdemos as eleições? Então, esse

aprendizado existe. E queremos que o

governo Agnelo supere essas dificuldades,

que dizem respeito, sobretudo, à política

de governo de contato com a população,

de atendimento das demandas das comu-

nidades mais pobres. Naquele momento,

prevaleceu o convite ao clientelismo. Quer

dizer, “quero beneficiar você, se eu ganhar

você vai ganhar um emprego, vai ganhar o

bolsa família mesmo que não seja elegível

para isso...”, tudo isso influenciou muito e o

governo está atento para esse tipo de coisa.

Agora, o governo Agnelo assumiu Brasília

em um momento de muito descrédito na

política. Não é brincadeira, a população

ter que conviver com um governador

preso, cassado, com um vice governador

que renuncia, com uma sucessão de gover-

nos interinos, primeiro do presidente da

Câmara (Wilson Lima), depois de Rogério

Rosso, com uma eleição indireta. São situ-

ações que fazem a população desconfiar, a

princípio, de todo político e adotar uma

postura de muita expectativa em relação

ao governo e de uma cobrança muito

grande de que, em apenas oito meses,

todos os problemas herdados em 12 anos

pudessem ser resolvidos. Aos poucos, com

a ação do governo, vamos readquirir uma

confiança maior da população e começar a

mostrar resultados efetivos. Isso é que vai

mudar a postura da população.

Já é possível fazer um balanço do gover-

no Agnelo?

Nestes oito meses de governo Agnelo, a

primeira coisa que aconteceu foi a nossa

perplexidade diante dos problemas que

cada secretaria enfrentava. No caso da

Sedest, tivemos que administrar diversas

situações complexas. Como é que se pode

pensar uma secretaria de desenvolvimento

social sem que tenhamos mapeada a pobre-

za no Distrito Federal? Esse foi o principal

dilema. Há programas sociais dispersos em

quatro bases de dados, sem o cadastro único

implementado. Cada base de dados não

falava com a outra. Agora que conseguimos

a unificação, constatamos que há uma

grande quantidade de famílias acima do

corte de renda do Bolsa Família recebendo

os benefícios. Há uma quantidade signi-

ficativa de famílias que recebem mais de

um benefício. É uma desorganização brutal

que estamos tentando organizar. Fizemos

a contratação de um instituto sem fins lu-

crativos, que vai providenciar a atualização

cadastral de todas as famílias beneficiadas

por programas de transferência de renda.

Do ponto de vista da segurança alimentar

e nutricional, também encontramos uma

situação dramática no programa de dis-

tribuição de pão e leite. O controle é feito

pela própria entidade que vende o leite,

sem controles da gestão pública. Estamos

adotando diversas medidas para que esses

controles sejam feitos. Agora, por exemplo,

essa empresa vai começar uma série de

ataques à secretaria, porque não queremos

manter as coisas como estão. Começaram

a circular informações sobre o fim do pro-

grama. Nós não vamos acabar nada. Nós

vamos é melhorar o programa de forma a

defender o interesse público.

A senhora considera que o interesse público

foi deixado de lado nos últimos anos?

Nossos centros de referência de assistência

social estavam cheios. As pessoas iam lá

simplesmente buscar benefícios. Houve, no

ano passado, exatamente por ser um ano

eleitoral, uma multiplicidade de cadastros,

sendo que não havia ao mesmo tempo

a contrapartida do benefício depositado

no banco. Então, as pessoas ficam “cadê o

meu cadastro, o meu cartão?”, quando na

verdade nem cadastramento existe de fato.

É uma situação complicada, mas aos poucos

vamos colocando as coisas no lugar. Acaba-

mos de realizar uma conferência distrital

de segurança alimentar e nutricional. Foi

muito discutida, debatida, disputada. Os di-

ferentes interesses lá estavam representados.

Foi uma conferência democrática, que tirou

importantes resoluções e a delegação do DF

que irá à conferência nacional. Estamos re-

alizando as pré-conferências da assistência

social para realizar a conferência em ou-

tubro. Neste processo, estamos debatendo

com os técnicos da Sedest o que queremos

com o Sistema Único de Saúde em Brasília.

Mostrar o que o SUS efetivamente tem

que fazer. Então, está sendo um momento

muito rico para a Sedest esse contato com

a população, como também mostrar aos

nossos servidores que existe outra maneira

de fazer política, tendo como princípio os

direitos sociais em vez do clientelismo.

Aos poucos, com a ação do governo, vamos readquirir uma

confiança maior da população e

começar a mostrar resultados efetivos.

Page 13: Plano Brasília 101

PLANO BRASÍLIA 20 DE SETEMBRO DE 2011 13

As irregularidades encontradas na Sedest

estão sendo apuradas?

A primeira coisa que fizemos foi pedir à

Secretaria de Transparência uma auditoria

de todos os contratos que tivéssemos

dúvidas quanto à sua legalidade, que

fugisse aos princípios da administração

pública, de impessoalidade, etc. Há uma

grande parte de processos já auditados e

àqueles considerados mais importantes

demos encaminhamento para chegar

aos responsáveis. Nós não tivemos, em

nenhum momento, um espírito de rixa,

retaliação ou perseguição. Nosso espírito é

de preservação do interesse público.

Como está o mapeamento da pobreza

hoje no DF?

Foi realizada uma pesquisa do Dieese, enco-

mendada pela Sedest no ano passado, mas

concluída em 2011, que revela os territórios

de maior vulnerabilidade social. Foram ma-

peados 33 territórios cuja vulnerabilidade é

significativa. E serão as áreas que vão contar

com um esforço maior do governo Agnelo

para o encaminhamento de políticas de su-

peração da extrema pobreza. Esses territó-

rios vão receber incentivos para buscarmos

as pessoas que ainda não têm transferência

de renda, mais serviços públicos de saúde e

educação, inclusive por esses locais vamos

começar a educação em tempo integral

e, também, serviços de saneamento, de

melhoria das condições habitacionais. Por-

tanto, vamos procurar que esses territórios

tenham condições de melhorar a qualidade

de vida das pessoas que lá vivem.

O Entorno é cada vez mais importante para o

DF. Há um mapeamento do governo na região?

Todo o trabalho já realizado, com as 33

áreas mais vulneráveis, foi feito no DF. Mas

em toda política traçada pelo governador

Agnelo há sempre a preocupação de

envolvimento do Entorno. Nós temos a

consciência de que sempre foi um território

abandonado por Goiás e por Brasília e há

essa preocupação em se fazer uma constru-

ção que dialogue com o governo federal e o

governo de Goiás, para que nossas políticas

tenham repercussão e efetivação nos mu-

nicípios do Entorno. Por exemplo, na área

da saúde, já estamos mais avançados no

sentido de que os municípios desenvolvam

a atenção primária e que haja um encami-

nhamento para Brasília apenas dos casos

de média e alta complexidade. No caso da

Sedest, temos um mapeamento das famílias

do Entorno que recebem benefícios, a

partir do Ministério do Desenvolvimento

Social, e pretendemos também criar os

meios para que cada cidade possua um cen-

tro de referência social e possa trabalhar na

perspectiva da assistência social nas cidades

do Entorno. No transporte, idem. Estamos

procurando integrar as ações do DF com

as do Entorno. A Secretaria de Transportes

tem feito esse trabalho. Então, há essa pre-

ocupação e a determinação do governador

da necessidade de uma parceria efetiva

com o Entorno nas nossas políticas.

Qual é a política da Sedest para a segu-

rança alimentar?

O governador assinou, na abertura da

conferência sobre a segurança alimentar, o

decreto instituindo a Câmara Intersetorial

de Segurança Alimentar e Nutricional

com a participação de 12 secretarias e o

objetivo de fazer com que a questão da se-

gurança alimentar fosse uma preocupação

efetiva de todo o governo. A merenda es-

colar é um item importante do programa

de segurança alimentar e nutricional. As

atividades de saúde também, e, sobretudo,

a localização de demandas importantes.

Durante a conferência, realizamos um

seminário temático com os povos e

comunidades tradicionais para que as

comunidades de terreiros, indígenas, qui-

lombolas pudessem também ser inseridos

na política de segurança alimentar e nutri-

cional. Vamos, agora, instalar essa câmara,

a partir da designação dos representantes

de cada secretaria. Nós temos um comitê

constituído com representantes de todas

as secretarias e também dos movimentos

sociais que atuam junto à população de

rua para estabelecermos uma política para

essa população, inspirada naquela que

está sendo construída no plano federal,

mas com as especificidades do DF. Temos

uma pesquisa que mostra que, diferente-

mente do que se possa imaginar, a imensa

maioria da população que está na rua não

é constituída de pessoas em drogadição

ou alcoolismo. São pessoas que estão

nas ruas por desemprego ou situação de

pobreza realmente. Uma parte delas está

sim relacionada às drogas e ao alcoolismo.

Mas não é a maioria. Todo mundo se vira

Encontramos uma situação dramática no programa de

distribuição de pão e leite. (...)

sem controle da gestão pública.

Page 14: Plano Brasília 101

14 PLANO BRASÍLIA 20 DE SETEMBRO DE 2011

para melhorar a sua renda e apenas uma

parcela muito pequena é assistida por

programas sociais.

Há abrigos para essas pessoas?

Existe um abrigo, o Albergue Conviver,

em Águas Claras, com capacidade para

atender 600 pessoas. E hoje, ele é questio-

nado pelos moradores da região. Quando

o abrigo foi construído, há 20 anos, não

havia os prédios que a classe média mora

hoje. A imensa maioria das pessoas que

estão abrigadas é de pessoas que estão no

DF em tratamento de saúde e não tem

onde ficar. Uma pequena parcela deles é de

população de rua, inclusive em situação de

drogadição e alcoolismo. E são esses poucos

que fazem a situação se tornar delicada

para a população. No entorno do abrigo,

há tráfico de drogas e assédio à população

para pedir esmola e comida. Por isso,

vamos descentralizar o abrigo, construindo

quatro novas unidades. Cada abrigo terá

uma especialidade: um para as famílias que

estão nas ruas, outro para quem está em

trânsito no DF, e outro diferenciado para

a população de rua, sobretudo articulado

com a saúde para encaminhar aqueles em

drogadição para tratamento.

Há previsão de quando esses abrigos esta-

rão prontos?

Temos dois abrigos licitados, com recursos

para a construção. Dependemos apenas

da regularização dos terrenos por parte da

Terracap. É só o que falta para começarmos

imediatamente as obras. Onde serão?

Prefiro não comentar porque isso gera uma

grande confusão. Ninguém quer o abrigo.

O que as pessoas não sabem é que há abri-

gos que serão absolutamente pacíficos. As

pessoas que vêm a Brasília cuidar da saúde

não oferecem nenhum risco à população.

A gente sempre procurou instalar esses

novos abrigos em regiões mais afastadas do

centro da cidade para evitar problemas com

a população. Mas um desses abrigos será,

necessariamente, para moradores de rua.

Quem está nas ruas? Brasilienses ou imigrantes?

Temos uma participação grande de pessoas

do Entorno que vem para Brasília fazer

pequenos serviços e nos fins de semana

voltam para casa. Uma parcela importante

é de catadores de materiais recicláveis.

Alguns têm moradia no Entorno, mas vem

para cá buscar a sobrevivência durante a

semana. E temos, também, muitos brasi-

lienses. Pessoas daqui do Distrito Federal.

A senhora está com saudades da Câmara

Legislativa?

Não é que eu tenha saudade. Eu fui eleita

para ser deputada distrital. E, por solicitação

do governador, talvez pela experiência que

adquiri no Ministério do Desenvolvimento

Social, eu achei que seria “fugir da raia” não

aceitar essa missão de assumir a secretaria,

pelo menos neste primeiro momento, para

que pudéssemos fazer um reconhecimento

dos problemas e encaminhar a solução das

dificuldades. Aceitei essa missão porque

eu não fujo da raia mesmo. Mas eu quero

voltar à Câmara Legislativa porque há uma

expectativa das pessoas que votaram em

Arlete Sampaio de que eu volte a ser depu-

tada. A gente construiu uma equipe muito

competente. Esperamos que o secretário

adjunto assuma a Sedest. Levamos para a

secretaria uma equipe boa do Ministério

de Desenvolvimento Social. A equipe está à

vontade para tocar as coisas e no momento

em que eu e o governador acharmos conve-

niente, pedirei licença para voltar à Câmara

Legislativa. E vamos enfrentar uma situação

muito difícil lá, de uma oposição que está

se construindo de uma maneira muito feroz

contra o governo, e de uma Câmara que

ainda não é a dos nossos sonhos. Mas, com

certeza, vamos saber atuar como soubemos

da outra vez: articulando com as pessoas de

bem, que realmente querem trabalhar em

prol do Distrito Federal.

Abrimos espaço para as considerações

finais da senhora.

Quero parabenizar a revista, pela linha

que vem adotando, da isenção, sem

nenhuma parcialidade com relação aos

fatos da cidade. É uma leitura importan-

te para uma população tão acostumada

a ler matérias destorcidas, tendenciosas.

Desejo que a revista siga sendo este

órgão de imprensa tão importante que

tem sido nos últimos anos.

Nós não tivemos em nenhum

momento um espírito de rixa, retaliação ou perseguição.

Nosso espírito é de preservação do interesse público.

Page 15: Plano Brasília 101

PLANO BRASÍLIA 20 DE SETEMBRO DE 2011 15

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16 PLANO BRASÍLIA 20 DE SETEMBRO DE 2011

Reforma políticaO governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, defende uma

reforma política pra valer. Em carta aos petistas, Genro disse que é

preciso unificar o PT em torno de uma “reforma política e eleitoral no

país que no mínimo acolha o voto em lista, sustente o financiamento

público integral das campanhas e neutralize as alianças eleitorais

sem fundamentação programática”. Além disso, Genro acha que

é preciso avançar na profissionalização do serviço público e na

ampliação da participação ativa da sociedade nas decisões sobre

políticas públicas e no controle sobre a ação governamental. Ou seja,

reforçar a presença da sociedade é fundamental, inclusive nos até

agora inexistentes Conselhos de Comunicação Social.

Faxina da Dilma A presidenta Dilma Rousseff recebeu súbitos apoios de parte

da oposição à sua anunciada faxina ministerial. O que isso quer

dizer? Para o governador Tarso Genro, quer dizer que “a direita

com seu discurso udenista de conveniência pensa em desmon-

tar o apoio parlamentar e desestabilizar o governo petista”. Em

carta aos militantes do grupo petista Mensagem ao Partido,

Genro argumenta: “Combater sem tréguas a corrupção é um

compromisso republicano que deve se realizar sem desconsti-

tuir o Estado de Direito ou sonegar as garantias individuais. Sem

esvaziar a política ou demonizar os partidos, sem estigmatizar a

ação dos sujeitos políticos e sem transferir, acriticamente, para

setores da mídia que se autoproclamam juízes da moralidade

cívica, uma responsabilidade que é pública e que deve ser

compartilhada por todos os cidadãos”. Esse é o dilema de quem

anda no fio da navalha, como a presidenta Dilma e o PT.

Brasília e Coisa & Tal ROMÁRIO SCHETTINO

Centro administrativo O governo Agnelo Queiroz retoma o questionável projeto dos

governos Roriz/José Roberto Arruda/Rosso de construir o Centro

Administrativo em Taguatinga. Será que isso é prioridade?

Com o pé no TCDF A suplente de deputada distrital Rejane Pitanga (PT) está com

o pé no mandato efetivo com a saída de Wasny de Roure para

o Tribunal de Contas do DF. Essa possibilidade já havia sido

anunciada por esta coluna no início da atual Legislatura como

fruto de um acordo político. Está chegando o momento. Com a

saída de Wasny é provável que a secretária de Desenvolvimento

Social (Sedest) Arlete Sampaio volte à Câmara Legislativa e

deixe em seu lugar o atual secretário Adjunto, Daniel Seidel.

Bicicletas para estudantes O ministro da Educação, Fernando Haddad, o governador Agnelo

Queiroz andaram de bike no Recanto das Emas para entregar 300

bicicletas aos estudantes carentes da região. Boa medida que

precisa ser acompanhada de perto. Ninguém falou em ciclovias.

Será que o governo está apenas entregando os estudantes ao

perigoso movimento das ruas cheias de carros? Veremos.

Antonio Cruz/ABr

Divu

lgaç

ão

Page 17: Plano Brasília 101

PLANO BRASÍLIA 20 DE SETEMBRO DE 2011 17

Jaqueline cassada? Muita gente acreditava que dessa

ela não escaparia. Ledo engano.

O corporativismo prevaleceu e o

plenário da Câmara absolveu a

deputada federal Jaqueline Roriz

(PMN-DF) das acusações, feitas

pelo Psol, de quebra do decoro

parlamentar. Foram 265 votos

pela absolvição e 166 votos pela

cassação. Outros 20 deputados se abstiveram. O Regimento

Interno da Câmara exige 257 votos para a perda do mandato,

ou seja, maioria absoluta. A família Roriz está satisfeita com o

resultado. Já a população que fique apenas com as imagens da

parlamentar recebendo dinheiro do caixa 2 de Durval Barbosa e

companhia. Uma vergonha.

Abrigos no DF A secretária de Desenvolvimento Social e Transferência de

Renda (Sedest), Arlete Sampaio, tem projeto para construir

mais quatro abrigos para moradores de rua no DF. Segundo

seus assessores, não se deve dizer onde serão construídos, ou

instalados, porque a população que possui residência não gosta

de ter como vizinhos esses desabrigados. É uma contradição,

a população reclama da presença dos moradores de rua, mas

reclama também quando são tratados como gente e colocados

em abrigos públicos em alguma área residencial, comercial, ou

mista. O que deseja a classe média? O Estado não pode se

submeter a nenhum tipo de discriminação, sob pena de perder

sua função cultural e educativa.

ET de Varginha Uma cena rocambolesca, promovida pelo repórter Gustavo

Ribeiro da revista Veja, acabou num Boletim de Ocorrência

numa Delegacia de Polícia do DF. A invasão de um apartamento

do Hotel Naoum, onde estava hospedado o ex-ministro José

Dirceu, só não ocorreu porque a camareira se recusou a abrir

a porta para o repórter e o denunciou à gerência. A revista saiu

com Zé Dirceu na matéria de capa nessa mesma semana e

ainda admitiu que enviou Gustavo para bisbilhotar as atividades

de Dirceu. A polícia investiga se Veja foi a responsável pela

instalação de equipamentos de espionagem nas dependências

do prédio. O jornalista fez-se passar por assessor do prefeito de

Varginha/MG. Essa reprovável atitude, supostamente profissio-

nal do jornalista, tem que ser repudiada em nome do respeito

à privacidade. No Estado de Direito até as ações do carrasco

estão protegidas por lei. A violação de domicílio é crime.

Cena ContemporâneaUma programação primorosa trouxe à cidade espetáculos de altíssima qualidade para a 12ª edição do Cena Contemporânea

– Festival Internacional de Teatro de Brasília, de 23 de agosto a 4 de setembro. A temporada foi aberta com “Sua Incelença

Ricardo III”, com os Clowns de Shakespeare, do Rio Grande do Norte, dirigido pelo mineiro Gabriel Vilela. Quem viu, gostou. Um

raro momento de beleza cênica.

LivrosEstão disponíveis no mercado dois livros que merecem leitura: “A invenção do povo judeu”, de Shlomo Sand, da Editora Benvirá, 560

páginas, e “João Goulart, uma biografia”, de Jorge Ferreira, da Editora Civilização Brasileira, 712 páginas. Duas pesquisas de fôlego

para esclarecer temas tão diversos quanto importantes para a compreensão do mundo moderno e do Brasil atual. Bom proveito.

Comunicando

E-mail: [email protected]

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Marcello Casal Jr/ABr

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Panorama Político TARCÍSIO HOLANDA

SURPRESASDA POLÍTICA

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“O Lula está chamando as pessoas para conversar. Ele não pediu para ninguém

retirar sua candidatura. Então, nós estamos caminhando para uma prévia, que está prevista no estatuto do PT” – afirmou Rui Falcão, presidente do PT nacional, so bre a disputa em torno da candidatura a prefeito de São Paulo nas eleições de 2012. O DEM sempre foi parceiro do PSDB, mas decidiu agora romper essa aliança e desenvolver projeto próprio na disputa eleitoral de 2012 pela Prefeitura de São Paulo. “Nosso candidato será o Rodrigo Garcia” – anunciou, formal-mente, o presidente do DEM nacional, senador José Agripino Maia. Rodrigo é deputado federal licenciado, ocupando, hoje, a Secretaria de Desenvolvimento Social do governo tucano de Geraldo Alckmin, em São Paulo. E será a sua Secretaria que vai executar a integração do Bolsa-Família federal com a Renda Cidadania estadual. A fusão dos dois programas faz parte do pacto Brasil Sem Miséria, que foi firmado pela presidente Dilma Rousseff com os governadores da região Sudeste, entres eles o governador paulista Geraldo Alckmin. Agripino adverte que o DEM só reti-raria a candidatura de Rodrigo Garcia se o candidato a prefeito de São Paulo for José Serra, no que não acredita. “Com o Serra, nossa aliança seria automática” – disse o senador, crente de que Rodrigo tem chance de ganhar a Prefeitura. Três tucanos disputam a vaga de candidato a prefeito, todos eles do governo Alckmin: Andrea Matarrazo, da Cultura, Bruno Covas, do Meio Ambiente, e José Aníbal, da Secretaria de Energia. Serra tomou a iniciativa de patrocinar a candidatura do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), mas ele próprio resistiu: “Estou bem como senador”. Se o DEM

lançar mesmo a candidatura própria, o velho projeto do PSDB de conquistar a Prefeitura paulistana torna-se muito mais complicado.

O PCdoB ENTRA NO PáREO Em primeiro lugar, vai dispor de menos tempo na propaganda eleitoral gratuita do rádio e da televisão. O PT, principal adversário dos tucanos paulis-tas, não vive uma situação melhor. Não obstante os esforços do ex-presidente Lula, parceiros tradicionais do PT cogitam de lançar candidatos próprios. O PMDB já revelou que lançará a candidatura de Gabriel Chalita, o PCdoB confirma a candidatura de Netinho de Paula, enquanto o PR negocia com os dois e não demonstra interesse de se aliar com o PT. Mantido esse quadro, as alianças que o PT e o PSDB davam como certas serão adiadas para o segundo turno. Através de um encontro municipal, o PCdoB acaba de confirmar a candidatura do vereador e pagodeiro Netinho de Paula como o seu candidato a prefeito.

CAMINhO PRECIOSO A decisão foi anunciada como unânime e ratifica a indicação que havia sido feita em abril. Agora, partido e can-didato vão buscar alianças com outras legendas. Netinho coleciona uma der-rota na disputa pelo Senado na eleição do ano passado. Conquistou o terceiro lugar, amealhando 7,7 milhões de votos, uma fortuna eleitoral... Consagrado candidato, Netinho afirmou que seu objetivo agora é consagrar alianças com outros partidos. Ele se declarou disposto a dialogar com o PDT, presidido em São Paulo pelo deputado federal Paulo Perei-ra da Silva, o Paulinho da Força Sindical. Ele manifestou a sua grata surpresa com a decisão do PR de não querer qualquer

conversa com o PT e de admitir o PCdoB como uma das suas importantes alternativas de alianças partidárias.

O UNIVERSO DE AlIANçAS Netinho revelou que, na semana passada, reuniu-se em Brasília com o deputado federal Valdemar da Costa Neto, o celebérrimo secretário-geral do PR, protagonista de alguns escândalos notáveis da conjuntura política. Também nomeou o PSD do prefeito do atual capi-tal paulista, Gilberto Kassab, como uma hipótese de aliado. “Temos realizado com o prefeito (Gilberto Kassab) trabalho im-portante de renovação na Câmara Muni-cipal, o que pode ser estendido para um futuro mandato na Prefeitura” – disse. O pré-candidato do PCdoB crê que a sua candidatura é uma alternativa viável para romper em São Paulo a polarização que sustentam o PT e o PSDB. Essa notícia é uma novidade incômoda para Lula, que tenta viabilizar a candidatura do ministro Fernando Haddad.

lUlA é UM OBSTáCUlO O PT vive uma situação bastante in-cômoda. O presidente Lula trabalha pela candidatura de seu ministro da Educação Fernando Haddad a prefeito da capital paulista. O presidente do PT nacional, Rui Falcão, ainda que respeitoso em rela-ção a Lula, declara: “Meu feeling é que ela (Marta Suplicy) não vai desistir. Ela tem dito a apoiadores dela que vai continuar”. Ele desmente que o presidente Lula esteja “tratorando” as candidaturas postas para impor Haddad, dizendo: “O Lula está chamando as pessoas para conversar. Ele não pediu para ninguém retirar sua can-didatura. Então, nós estamos caminhando para uma prévia, que está prevista no estatuto do PT.” Lula tem uma liderança forte no PT, mas será difícil impor a can-didatura de Fernando Haddad.

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A ECONOMIA ENTRA EM RECESSÃO “Ser prefeito da minha cidade natal é o coroamento da minha vida pública. Mas é muito difícil encerrar a política. E eu ainda quero trabalhar para promover uma vida melhor para as pessoas” – disse Joaquim Roriz, que governou Brasília por quatro vezes e renunciou ao mandato de senador para fugir a um certo processo de cassação, por ter travado diálogo comprometedor com o empresário Nenê Constantino, dono da empresa aérea Gol. Austeridade, severo corte de gastos, eis o que promete a presidenta Dilma Rousseff que, para tratar do assunto, reuniu-se com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, domingo passado, no Palácio da Alvorada. O ministro mostrou a Dilma dados que revelam a ameaça de alta da inflação, informações que já foram levadas ao conhecimento dos líde-res das bancadas partidárias que apóiam o governo. Será a chamada política de restrição fiscal, o que significa que, com exceção dos investimentos sociais e em obras prioritárias de infra-estrutura, as despesas serão drasticamente reduzidas. A meta de superávit fiscal – economia feita para amortizar os juros da dívida – deverá ser mantida em apenas 3% do PIB, o que certamente levará a econo-mia a uma recessão moderada. Esses números, que a presidenta e o ministro da Fazenda exibirão para os líderes dos partidos da base aliada do governo, já constarão da Proposta Orçamentária da União para 2012, a ser enviada ao Congresso antes do próximo fim de semana. O Orçamento terá de ser aprovado pelos deputados e senadores antes que a sessão legislativa de 2010 se encerre o que acontecerá no dia 15 de

dezembro. Dilma pretende convencer os seus aliados da gravidade desse momen-to, reflexo da crise que acomete a eco-nomia mundial. Mantega sustenta, por exemplo, que o governo será obrigado a cortar gastos para tratar a crise de forma adequada. As dificuldades de crédito nos Estados Unidos provocaram essa crise, que hoje já se espalhou pelos países da comunidade econômica européia.

QUEDA DE JUROS Só MAIS TARDE Ao adotar uma política fiscal restritiva, o governo de Dilma espera conter a tendência do Banco Central em aumentar as taxas de juros básicas da economia (Selic). O objetivo de Dilma é reduzir os juros, mas não se acredita que essa queda comece imediatamente. Como já se dispõe a promover uma certa recessão na economia, o governo espera que o Banco Central aplique um abran-damento na sua política de juros. Como é sabido, juros altos agravam a recessão econômica, uma vez que os investidores consideram mais cômodo aplicar seus recursos no mercado financeiro para se beneficiar dos altos custos financeiros. Esse fenômeno acaba inibindo os inves-timentos e provocando a recessão econô-mica. O governo quer agir de forma que a recessão seja a mais moderada possível.

ABRANDAMENTO DA RECESSÃO ECONôMICA Na verdade, ao tomar a iniciativa de conter o crescimento econômico, o Palá-cio do Planalto pretende induzir o Banco Central a promover um abrandamento de sua política de rigor monetário. Mas o BC está preocupado com a ameaça de alta da inflação. Basta lembrar que o

mercado elevou, pela segunda semana consecutiva, a previsão para a inflação oficial – o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para este ano e reduziu a estimativa para o crescimento do PIB, segundo o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na última segunda-feira (dia 29). A estimativa do IPCA deste ano passou de 6,28%, na semana passada, para 6,31%, nesta semana. Para 2012, a previsão é de 5,20%. A previsão de aumento do PIB passou de 3,84% para 3,79%.

RORIz RETORNA à CENA POlíTICA Aos 75 anos, Joaquim Roriz, que por quatro vezes ocupou o governo do Distrito Federal, cogita de retornar à vida pública, candidatando-se a prefeito de Luziânia, por onde começou a militância política. O problema é que Roriz está envolvido em um grande número de processos judiciais, que poderão inviabi-lizar a sua candidatura. Luziânia fica a 55 quilômetros de Brasília e é lá que Jo-aquim Roriz tem suas fazendas. Além de prefeito de Luziânia, Roriz foi deputado estadual e deputado federal por Goiás. Foi prefeito de Goiânia, governou Brasília em quatro oportunidades e elegeu-se senador. Em 2010, ao querer se candidatar, de novo, ao governo de Brasília, foi alcançado pela Lei da Ficha Limpa. Em 2007, um grampo telefônico o pegou mantendo diálogos comprometedores com o empresário Nenê Constantino. Roriz renunciou. Em recurso ao Supremo Tribunal Federal tentou livrar-se. Houve empate no STF de cinco a cinco. Antes que o mérito de sua causa fosse julgado, Roriz renunciou à sua candidatura.

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YURI ACHCARPolítica Brasília

“Eu não te disse?”Com abraços calorosos e tapinhas nas costas, esta frase foi a mais

ouvida por Jaqueline Roriz (PMN-DF) no Plenário da Câmara dos De-

putados, no dia seguinte à votação que rejeitou o pedido de cassação

do seu mandato. Jaqueline chegou discretamente ao local e recebeu

os cumprimentos na área entre o cafezinho e a entrada do Plenário.

Das galerias, não era possível vê-la. Queria evitar constrangimentos

aos colegas. E parece que tinha razão. Ao ficar sob os holofotes, os

cumprimentos se tornaram mais discretos e em menor número.

Garotinho cita filme de boxeAo parabenizar a colega Jaqueline Roriz, o deputado Anthony Garo-

tinho (RJ), vice líder do PR, resolveu contar a ela o exemplo que viu

em um filme de boxe. Enquanto descrevia a luta round a round, com

o herói apanhando, mas resistindo até o fim, a deputada brasiliense

deixou Garotinho falando sozinho em vários momentos. Não que

a história estivesse desinteressante, mas porque a todo momento

alguém aparecia para dar um abraço em Jaqueline.

Um dia de 50 horasFoi assim que Jaqueline Roriz definiu o dia em que foi absolvida

pelos colegas. Apesar da vitória, afirmava aos deputados que não

desejava o que passou nem ao pior inimigo. E por falar em inimigo,

não poupou críticas ao relator do caso no Conselho de Ética, Carlos

Sampaio (PSDB-SP), que pediu a cassação do mandato da deputada

por quebra de decoro parlamentar. No relatório e em Plenário, Sam-

paio lembrou que Jaqueline pediu a cassação do mandato da então

deputada distrital Eurides Brito (PMDB), flagrada em situação bem

semelhante, recebendo dinheiro de Durval Barbosa.

“Cara de Pau”Carlos Sampaio lembrou que Jaqueline Roriz chamou Eurides Brito

de “cara de pau” em discurso no Plenário da Câmara Legislativa.

Para a deputada, o uso desse argumento foi uma desonestidade do

relator. Jaqueline alega que usou a expressão para defender o pai,

o ex-governador Joaquim Roriz. Eurides dizia que pegou o dinheiro

com Durval a mando de Roriz para quitar dívidas de campanha e

apoiar o então candidato José Roberto Arruda, de outra coligação.

De acordo com o Ministério Público Federal, Jaqueline fez a mesma

coisa: recebeu dinheiro de Durval Barbosa para não fazer campanha

pela candidata do próprio partido ao GDF, Maria de Lourdes Abadia

(PSDB), que era oficialmente a candidata apoiada por Roriz.

Todo mundo faz caixa doisJaqueline Roriz usou esse argumento para explicar de forma sucinta

porque foi absolvida pelos colegas. Os que ficaram contra ela teria

sido por pura demagogia. Só faltou explicar que na denúncia enviada

pelo Ministério Público ao Supremo Tribunal Federal ela é acusada de

peculato. Caixa dois é crime eleitoral, mas o caso de Jaqueline é outro.

O dinheiro recebido para a campanha não era de um grupo empresa-

rial interessado em se manter no anonimato: era dinheiro público, dos

cidadãos brasilienses, desviado para interesses políticos individuais.

Insignificância políticaEntre os que lutaram pela cassação do mandato de Jaqueline Roriz,

a derrota tem outra explicação. Além do corporativismo, a insignifi-

cância política da deputada teria sido fundamental para a falta de

articulação parlamentar contra Jaqueline. Herdeira do rorizismo,

corrente política considerada em extinção pelos antigos adversários,

a deputada não era assunto em nenhuma rodinha de parlamentares.

PT e PMDB, donos das maiores bancadas da Casa, não pediram

aos deputados que votassem pela cassação. Érika Kokay (PT-DF) e

Reguffe (PDT-DF) até subiram à tribuna contra Jaqueline, mas não

conseguiram sensibilizar os colegas.

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Que o diabo os carreguem!Se faltou mobilização parlamentar e popular pela cassação do

mandato de Jaqueline Roriz, sobrou criatividade. A jovem Leiliane

Rebouças, moradora da Vila Planalto, se vestiu de diabinha e foi ao

Salão Verde da Câmara dos Deputados no dia seguinte à votação que

salvou a deputada. Nas mãos, um cartaz: “Deputados que salvaram

Jaqueline Roriz: vão para o inferno e que o diabo os carreguem”. Lei-

liane teve que dar explicações à Polícia Legislativa e ficou revoltada.

“Um outro absurdo tão grande quanto não cassar a deputada pega

num esquema de corrupção é a falta de liberdade para os simples

cidadãos dentro da Câmara dos Deputados”, disse a jovem, autora

de um blog com fortes críticas à política.

Diabinha constrangidaLeiliane Rebouças declarou que se sentiu constrangida ao ser detida

pela Polícia Legislativa. Ela teve que assinar um boletim de ocorrên-

cia. Se voltar a fazer manifestações no Salão Verde da Câmara pode

ser presa. “Alegaram que eu estava atrapalhando os trabalhos da

Casa e ferindo o Regimento Interno. Que ameaça poderia representar

ao Legislativo na altura dos meus 1,58 metros e 48 quilos, com um

tridente de plástico e um cartaz? Onde está escrito que é proibido se

fantasiar?”, questionou a jovem.

Alerta na segurança públicaO Palácio do Buriti recebeu com preocupação o mais recente ba-

lanço da Secretaria de Segurança Pública. No topo do ranking de

ocorrências, está o tráfico de drogas, que subiu 54,1% nos seis

primeiros meses de 2011 em relação ao primeiro semestre do

ano passado, seguido do uso e porte de drogas, que saltou 41,7%

em comparação ao mesmo período. No geral, todos os índices

subiram: crimes contra a pessoa (3,9%), contra o patrimônio

(3,1%) e contra os costumes – estupros e tentativas (45,1%),

além de ocorrências da ação policial (8,4%) e de trânsito (4,3%).

O número de homicídios caiu 0,3%. Em contrapartida, o registro

de tentativas de homicídio avançou 25,6%. Com tantos policiais

e delegados no primeiro escalão do governo e na Câmara Legis-

lativa, chegou a hora de executar uma política séria para o setor.

Cão morto por PM: todos erraramAs mídias sociais e, em seguida, a imprensa relataram o caso de um

cão da raça Rottweiler morto com um tiro na cabeça por um policial

militar, em Taguatinga. Os ativistas de proteção aos animais ficaram

indignados com o episódio e cobram justiça. De fato, nada justifica a

brutalidade. Ainda que o PM tenha alegado que o cão avançou nele,

versão contestada pelo dono do animal. Mas o cerne da questão é

que os policiais abordaram o dono do cão porque o animal estava em

uma praça pública sem a focinheira, como exige a lei. Em seguida,

começou uma discussão, com ameaças e intimidações de ambos

os lados. O fim da história? Um cão morto e o morador levado à

delegacia por desacato. A PM agiu errado. E o cidadão também. O

cachorro pode até ser manso, mas não isenta o dono de cumprir a lei

e garantir a segurança dos outros moradores.

Transparência na nova lista da habitaçãoFoi o que garantiu o governador Agnelo Queiroz, na cerimônia de

divulgação da nova lista do programa Morar Bem. Agora, além da

pontuação, a pessoa pode conferir a posição que ocupa na tabela.

É a primeira vez que o governo divulga o ranking e não apenas

a pontuação de cada um. “Qualquer cidadão poderá fazer esse

controle. Acabou o tempo do jeitinho, da política de distribuição de

lotes totalmente sem critério”, disse o governador. Estão inscritos

na lista 330.465 candidatos. No topo do ranking, estão aqueles

com mais tempo acumulado em programas habitacionais, com

menor renda familiar, maior número de filhos e a presença de

pessoas com deficiência ou idosos na família. Até 2014, o GDF

pretende beneficiar 100 mil famílias.

Secretaria do Idoso só existe no papelNa cerimônia de divulgação da nova lista da habitação, Agnelo

Queiroz fez questão de chamar à mesa o secretário do Idoso, Ri-

cardo Quirino. Com a volta de Luiz Pitiman (PMDB-DF) à Câmara

dos Deputados, Quirino perdeu o cargo – era suplente. O jeitinho

encontrado para não desagradar os aliados do PRB foi inventar

uma secretaria de governo para Quirino. O problema é que, por

enquanto, não há a mínima estrutura para a execução do trabalho.

O novo secretário não se queixa. Disse que tem trabalhado nos

projetos de políticas para a terceira idade para, quando contar

com uma secretaria de verdade, executá-los.

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1000 diasPARA A COPA

MAURO CASTRO

Agora falta menos. Sem querer precisar números de dias para a abertura da Copa do Mundo, que de-pende muito do dia em que você leitor ou leitora vai

estar lendo esta coluna, fica uma impressão muito clara a respeito do prazo. Estamos em cima da hora. Muitas leituras podem ser feitas a respeito deste grande evento. Tem a visão do político no poder executivo. A visão do empresário local. A visão do povo no ônibus lotado e a visão de quem torce contra. Para o poder executivo tem uma dicotomia grave. Muito dinheiro para gastar, muita vontade de fazer e restritas condições de execução. O governo de Brasília, assim como o de outras cidades que irão sediar a copa do mundo, terão dificuldades para dar um bom exemplo para o mundo e para o cidadão local. Existe uma longa lista de pendências para resolver, que vão da saúde até a ques-tão da educação. Imagina quando o governador parar para olhar o que seria ótimo para nossa cidade? Saber que o gover-no conhece suas responsabilidades é um alento, porém, descobrir que ele não tem meios, assusta. Quando o olhar muda para o setor privado, encontra-mos empresários que acham que ainda tem muito

tempo para ganhar dinheiro. Mas, a história conta que onde tem muita demanda – alto potencial para negócios – há aumento de preços nos fornecedores e a mão de obra some. Será um desafio conseguir operar em um novo mundo cheio de competição e falta de pessoal qualificado. Quando se analisa a história, pelo ângulo do esporte, temos a confiança no sucesso da reforma dos estádios. Os construtores com seus cronogramas acreditam que vai dar tempo. Tudo indica que sim. O que não é percebido claramente é como as pessoas vão chegar lá (transporte) e se teremos meios de hospedagem à altura do público. A visão do cidadão é avaliada de forma mais humilde e beira o descaso. Os benefícios sociais desse grande evento, que apenas ouvimos falar sobre,não deu sinal de vida. Há apenas um rumor de que o conjunto de obras beneficiarão o cidadão. Espero que sim. Acredito que

não. Perdoem-me o pessimismo. Para piorar, há uma crise mundial na hora errada e que não deixa de gerar preocu-pação. Com tudo isso, preocupa o fato de que o ba-lanço de ganhos e perdas pode ficar negativo. E muita gente, que sonhou em ganhar dinheiro, apenas assista a bons jogos. Vamos torcer!

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CapaPor: Veronica Soares | Fotos: Fábio Pinheiro e Foto Divulgação/GDF

Copade2014

O Estádio Nacional de Brasília já tem data e hora mar-

cada para ser inaugurado. Conforme o Governo do

Distrito Federal, a imponente arena multiuso, com capacida-

de para cerca de 70 mil pessoas, será apresentada oficialmente

ao público às 11h do dia 31 de dezembro de 2012. Hoje, o que se pode ver no canteiro de obras do estádio é um amontoado de ferros, concretos e homens que trabalham, a todo vapor, para que a construção seja inaugurada na data estipulada. O adiantamento das obras é mais uma estratégia de convencimento do governo local

para que Brasília seja a escolhida para fazer a abertura dos jogos

da Copa do Mundo de 2014 e a tempo de receber a Copa

das Confederações, que será realizada em 2013.

De acordo com o Comitê Organizador

Local da Copa do Mundo de 2014

(COL), a tabela de jogos da competição ainda está em pro-cesso de estudos e a previsão é de que o resultado da cidade escolhida para sediar a abertura do Mundial seja anunciado já no próximo mês de outubro.

Faltando um ano e três meses para o término do prazo, equipes do GDF correm contra o tempo. Até agora, de con-creto mesmo, apenas a foto maquete que decora, não somente a entrada do gabinete do governador Agnelo Queiroz, mas também estampam outdoors espalhados por toda a capital do país. Mesmo com tamanho esforço do governo, ainda não se sabe qual das 12 cidades sedes da Copa será a escolhida para fazer o jogo de abertura do maior espetáculo esportivo da terra. Além da construção do estádio a tempo para a Copa das Confederações - evento que servirá de teste para o Mundial em 2014- para fazer a abertura, as cidades candidatas terão que cumprir uma série de exigências estabelecidas pela Fede-ração Internacional de Futebol Associados (Fifa). Entre elas, resolver problemas logísticos, como o de mobilidade urbana (transporte público), melhoria da rede hotelaria e reforma de aeroportos, por exemplos.

Hoje, Brasília e São Paulo encabeçam a lista das preferidas pela Fifa para sediar o primeiro jogo do mundial. Mas, dife-rente da capital federal, aquela que é a sua maior concorrente só iniciou as obras a pouco tempo. A previsão é de que o está-dio Itaquerão, da capital paulista, não fique pronto a tempo da realização da Copa das Conferações.

Segundo o secretário Executivo do Comitê Organizador de Brasília 2014, Cláudio Monteiro, o GDF está fazendo o seu dever de casa e todas as metas serão cumpridas dentro

GDF tem esperança de fazer a abertura do Mundial

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do prazo estipulado pela Fifa. Para Monteiro, a capital federal oferece um diferencial singular em relação às outras concorrentes. Além de oferecer um es-paço amplo e mais mobilidade urbana, outra grande vantagem é que Brasília, por ser a capital do país, representará melhor os outros estados brasileiros. Dos 27 estados da federação, apenas 12 ser-virão de palco para a dispusta em 2014. “Para nós, fazer essa abertura representa recuperar a autoestima do povo do Dis-trito Federal e, junto com isso, recuperar o respeito de todo o povo brasileiro com relação à sua capital. É a chance de mostrar que Brasília também é a capital de todos os brasileiros”, enfatiza.

Afinal, o que Brasília vai ganhar fazendo a abertura da Copa? E qual o diferencial que ela oferece em relação às outras candidatas?. Para Monteiro, muito mais do que recuperar a autoesti-ma dos brasilienses e da cidade, realizar a abertura da Copa é uma oportunidade que Brasília tem de se mostrar para o mundo e fomentar o seu grande poten-cial turístico e, por sua vez, atrair capital financeiro e renda para diversos setores da economia, antes, durante e após a realização do evento.

Ainda conforme o secretário executivo do Comitê Organizador de Brasília, uma das maiores vantagens que a cidade escolhida terá para re-alizar a cerimônia inicial do mundial será a exposição. A abertura será transmitida, simultaneamente, para diversos países do mundo. Para ele, essa é a oportunidade que Brasília tem para recuperar a sua vocação turística. Hoje, a cidade idealizada há 51 anos pelo ex-presidente Juscelino Kubits-chek e projetada por Oscar Niemayer é um verdadeiro museu a céu aberto. Porém, ainda não entrou para a rota do turismo mundial. “A Copa vai potencializar esse setor. Vai fazer essa exposição em grande escala, permitin-do que o mundo todo possa conhecer Brasília. Queremos usar a Copa como um instrumento econômico de desen-volvimento da nossa capital através do turismo”, ressalta.

Além das obras do Estádio Nacional estarem mais adiantadas (36% concluí-do) do que dos outros estádios, outro ponto que pode pesar em favor de Brasília ser a escolhida é o amplo espaço físico que a cidade oferece. Segundo Cláudio Monteiro, o estádio está locali-zado a dois quilômetros de distância dos Setores Hoteleiros Norte e Sul, o que a torna a única cidade, das 12 sedes, em que os turistas poderão ir a pé do hotel até o estádio para assistir aos jogos. E, nesse caso, o fator mobilidade urbana pode contar ponto a favor de Brasília.

Mas, para cumprir o dever de casa certinho e em tempo hábil, o GDF ainda vai ter que fazer uma série de melhorias nos sistemas de transporte urbano, segu-rança e saúde. Monteiro garante que os investimentos estão sendo realizados. O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), cotado como outra grande obra prometida para a Copa e que ligaria o aeroporto Juscelino Kubitschek ao centro da cidade estão com as obras atrasadas. Conforme o governo local, somente um trecho de 6,4km, o que fará a ligação do aeroporto ao Terminal Sul do Metrô, será concluído a tempo da realização da Copa. Em contrapartida, o GDF aguarda as obras de modernização do Aeroporto Internacional. De acordo com Infraero, órgão responsável pela administração do aeroporto, as obras de reforma devem ser iniciadas até o fim deste ano. A estimativa é de que o novo terminal aumentará o fluxo de passagei-ros em 10 milhões por ano.

Membro do Comitê UnB Brasília na Copa do Mundo 2014, o professor de educação física da instituição, Paulo Henrique Azevedo lembra que a vinda da Copa do Mundo para o Brasil já pode ser considerada uma conquista para todos os brasileiros. Para ele, essa é uma oportunidade que o país tem em fazer com que o esporte seja um agente de mudança social. “Quando se investe em um evento como este, consequente-mente, o Estado vai investir também em segurança, saúde e educação. Será um legado para a população”, ressalta.

O professor é um defensor para que Brasília seja a cidade escolhida para fazer

Estádio Nacional de Brasília

Cláudio Monteiro, secretário executivo do Comitê Organizador Brasília 2014

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a abertura dos jogos. Segundo ele, a previsão é de que, até 2017, a capital seja palco de uma série de grandes eventos esportivos. Além da Copa em 2014, já está decidido que os jogos de futebol (feminino e masculino) das Olimpíadas de 2016 e a Copa Amé-rica serão realizados aqui, no planalto central. A cidade também é uma forte candidata para receber a Universíade, importante olimpíada universitária internacional. “O impacto econômico e social que uma cidade tem, realizando eventos desse porte, é grandioso”, esclarece. Para que a cidade e o país tirem proveito desses eventos, na avaliação do professor, um dos pontos cruciais será investir em Gestão do Esporte. Ou seja, capacitar profissio-nais da área esportiva para aprender a gerir e a transformar esses investimentos em melhorias e qualidade de vida para a sociedade. “O desafio é formar profissionais dessa área em gestores esporti-vos qualificados para que saibam aproveitar esse momento e que se tornem agentes de transformação social”, enfatiza.

Para o presidente do Conselho Regional de Educação Física do DF, José Ricardo Carneiro, a Copa do Mundo e todo e qualquer evento esportivo tem que ser visto pela população como uma situação de movimentação financeira. “O fato irá deixar um legado esportivo e social para o DF. Apesar das crí-ticas contra a realização da Copa, os diversos espaços que serão criados e as benfeitorias realizadas ficarão para os brasilienses”, argumenta. “O DF é uma peça importante nessa discussão. Em meu entendimento, a abertura ou encerramento da Copa deve ser realizado na capital do país”, assegura.

hOTElARIAOutra grande meta do GDF para a Copa é a expansão

do Setor Hoteleiro Norte, na quadra 901. Recentemente, o

Tribunal da Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) autorizou ao governo o início das ações para expansão do Setor. De acordo Cláudio Monteiro, a ampliação será neces-sária para atender a demanda de turistas que serão atraídos para a cidade. Hoje, todo DF dispõe de cerca de 25 mil leitos. Com o projeto que faz parte dos planos do governo para o mundial está prevista a construção de outros 10 mil leitos de hotéis; centro de convivência; estacionamentos subterrâneos; áreas de lazer e praças na região.

Outro passo à frente que o GDF deu em relação às outras cidades foi investir em qualificação profissional. Recentemen-te, o governo lançou o projeto “Qualificopa”, que pretende qualificar milhares de profissionais do setor de serviços até a realização do mundial. A meta é melhorar a qualidade de serviço prestados no DF nos setores de hotelaria, turístico e gastronômico. “O maior legado que o Mundial vai deixar para Brasília será a transformação desses profissionais. Abrir novos horizontes para essas pessoas já é um grande passo”, aponta. “Enquanto as outras cidades estão pensando na construção, nos já estamos construindo uma nova sociedade”, finaliza.

O presidente do Sindicato dos Bares, Restaurantes, Hotéis e Similares (Sindhobar), Clayton Machado vê com bons olhos a abertura do mundial em Brasília. Para ele, a Copa, em si, trará grande visibilidade para toda a cidade e, com a possibilidade da abertura ser na capital, essa potencialidade para o setor de serviço pode dobrar ainda mais. Mas, segundo ele, tudo tem que ser visto com uma certa cautela pelo governo. Entre os questionamentos levantados por ele, está a criação da nova quadra de hotéis na 901 Norte. Clayton acha que o GDF está exagerando na ampliação do setor, pois, depois da realização

Foto maquete do Estádio

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do mundial, esses novos leitos ficarão ociosos e vão acabar se transformando em área residencial.

Outra reclamação apontada por ele é a de que os empresários nunca foram chamados pelo GDF para discutir o projeto de expansão. “Está se usando a Copa do Mundo para fazer uma série de coisas que ainda não sabemos qual será a real finalidade. A Copa do Mundo não é salvadora da pátria. Temos que ter muita cautela”, adverte. Conforme ele, o setor de serviço, que é um dos mais interessados no assunto ainda não foi procurado para saber qual a demanda e as necessidades da criação de uma nova quadra de hotéis.

Mas, apesar dos esforços do GDF, na avaliação de Clayton ainda faltam ações para preparar melhor os trabalhadores do setor. Ele cobra mais transparência quanto às metas do governo local, pois, mais do que fazer uma nova quadra, os Setores Hoteleiros Norte e Sul neces-sitam de mais infraestrutura e de ação de revitalização. “Falta um centro de orientação que realmente atenda ao tu-rista. Falta segurança. Iluminação. Uma melhor estrutura de ônibus e calçadas. O nosso setor hoteleiro está abandona-do”, reclama.

CONCORRENTE DE PESOApesar das obras do estádio Itaque-

rão em São Paulo ficarem prontas muito depois da data estipulada pela Fifa, pesa a favor da escolha do estádio de São Paulo toda uma articulação política. Para que a abertura dos jogos aconteça no local, opiniões como a do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, pesa. Durante evento, realizado no início de setembro que marcou a assinatura do contrato do Corinthians com a Odebrecht para início das obras, o ex-presidente deixou claro que a arena corintiana fará a aber-tura da Copa 2014.

Recentemente, Brasília também ganhou importante apoio político para fazer a abertura dos jogos. Encabeçado pelo senador Vital Rêgo (PMDB/PB), outros senadores oficializaram um manifesto em apoio à capital. Além de sediar a abertura da Copa, o senador espera que o Distrito Federal também abrigue o Centro de Mídia.

Mas Cláudio Monteiro não desanima e acredita que na hora da decisão, o que vai pesar mesmo será o adiantamento das obras. “A regra não é exclusiva para a Copa do Brasil em 2014. É uma regra estabelecida para todas as copas

realizadas anteriormente e será para Copas que virão. A regras estabelecidas pela Fifa continuaram e não poderão ser flexibilizadas apenas de acordo com o interesses de alguns”, observa. “A Fifa estabeleceu um leque de obrigações. Vamos sair do ponto de vista do querer e do desejo, para o campo do real e do material cumprido todas as obrigações estabelecidas”, esclarece.

O ESTáDIO EM NúMEROS A obra de reforma do Estádio Na-

cional foi orçada em R$ 761 milhões. Atualmente, cerca de três mil homens trabalham no canteiro de obras e a expectativa do governo é de que, um terceiro turno de trabalho seja criado para honrar o cronograma. O estádio será o primeiro, no mundo, a receber o selo “Leed Platinum”, concedido pela US Green Building Council (USGBC). O certificado é reconhecido internacio-nalmente e assegura que a construção é sustentável. Antes da Copa do Mundo, o estádio passará por uma licitação interna-cional. A empresa que ganhar a licitação, terá que apresentar uma cronograma de grandes eventos nacionais e internacio-nais a serem realizados no local.

Paulo Henrique, professor da UnBClayton Machado, presidente do Sindhobar

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CidadaniaPor: Veronica Soares | Fotos: Fábio Pinheiro

Há quem diga que os olhos são as janelas da alma. Mas, enxergar vai muito além da função dos olhos.

E foi pensando nisso que o projeto “Bra-sília Tátil” desenvolveu, com deficientes visuais e alunos de escolas inclusivas da capital federal, uma maneira diferente de vivenciar a arte e a educação patrimo-nial. O projeto permitiu que, a partir do toque, os participantes conhecessem o ro-teiro turístico de Brasília e participassem da oficina de criatividade e modelagem em argila. Segundo os organizadores, nos quatros meses em que o projeto foi desenvolvido, cerca de 400 crianças das escolas parques foram atendidas. Além destas, aproximadamente 50 pessoas com deficiência visual do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais (CEEDV) e da Biblioteca Braille de Ta-guatinga também tiveram a experiência.

Para a coordenadora do projeto, Lu-ciana Lopes, além de estimular os defi-cientes visuais a terem contato com a arte, a ideia é que as crianças ditas “normais” se coloquem no lugar de um deficiente

visual e aprenda a conviver e respeitar a pessoa cega. No roteiro turístico, os par-ticipantes tiveram a oportunidade de co-nhecer, por meio das mãos, obras de arte do acervo de importantes monumentos da cidade, como o Congresso Nacional e o palácio do Itamarati. “A Constituição Federal garante que o acesso à cultura é um direito de todos. Mas faltam políticas públicas que incentivem essas pessoas a terem acesso à arte e à cultura como deveriam”, lamenta.

Formado em artes plásticas, o coor-denador em arte-educação do projeto, César Achkar, explica a dinâmica ado-tada pelo projeto. “Na prática, levamos as crianças a espaços culturais para fazer visitação turística com a mesma visão que um cego tem”, diz. Para isso, ao visitar esses espaços, uma parte dos alunos faz o passeio de olhos vendados, enquanto outro grupo de alunos trabalha como guias daqueles que estão com os olhos tampados. Além das crianças, dois moni-tores adultos, que têm deficiência visual, auxiliam o grupo nas visitas. E é usando

as mãos, que os alunos conseguem ver coisas de uma forma jamais vista. “O resultado é fantástico. Além de esti-mular essas crianças a terem uma nova percepção, elas têm a oportunidade de se colocarem no lugar de um cego. Com isso, elas aprendem a respeitar as pessoas com deficiência visual”, pontua.

Nas oficinas de argila, segunda parte do projeto, é a vez das crianças colocarem a mão na massa. Ministrada pelo Grupo Artes Táteis, formado por dois artistas plásticos com deficiência visual, os partici-pantes são estimulados a criarem peças de argila inspiradas nas obras que visitaram.

Conforme César, a ideia de criar o Brasília Tátil partiu de sua própria experiência. Com baixa visão, em seu trabalho de conclusão do curso, escreveu sobre a necessidade das artes visuais para pessoas com deficiência visual. “A educação é o primeiro passo para a inclusão. Quando falamos em educação, está incluso a arte e a cultura. A arte ajuda no desenvolvimento da pessoa”, ressalta. “Queremos dar ao deficiente

Brasília Tátil Um olhar da pessoa com deficiência visual

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ServiçoMaiores informações(61) 3322 9718 - 8210 9442 www.brasiliatatil.wordpress.com

visual o mesmo direito que as pessoas ditas normais têm de verem a arte, com o seu conteúdo histórico”, destaca. Além de César, a coordenadora Luciana também sempre desenvolveu trabalhos de educação patrimonial voltados para pessoas com deficiência visual.

A professora Noeme Rocha da Silva, 51 anos, perdeu a visão em um acidente de carro, quando tinha 36 anos de idade. Ela que trabalha na Biblioteca Braille de Taguatinga, foi uma das participantes do projeto. Segundo ela, esta foi a primeira vez em que teve experiência com a arte e educação patrimonial. Orgulhosa do que sentiu, fez a peça de argila inspirada no quadro do salão verde da Câmara dos Deputados. “A pessoa cega tem facilidade de colocar na argila o que viu com as mãos. Em minha mente, quando fiz a es-cultura foi como se estivesse vivenciando tudo o que senti no dia em que fiz a visita. O cego vê com a alma e sente melhor a obra. Faz uma leitura melhor da obra de arte”, enfatiza.

Devido ao sucesso do programa, ainda para este ano, os organizadores estão agendando com grupos de outros segmentos, como alunos da UnB, a participação no roteiro turístico Brasília Tátil. A expectativa é que, no primeiro semestre de 2012, o projeto retorne e contemple estudantes de escolas inclusivas e entidades de pessoas com deficiência visual.

Os trabalhos desenvolvidos pelos participantes foram apresen-tados na Exposição Brasília Tátil, no ultimo dia 17 de agosto, na Casa Rosa do Museu da Memória Candanga que fica no Núcleo Bandeirante. O local também foi palco para a troca de experiência entre educadores, arte-educadores e artistas sobre os caminhos para a valorização dos artistas com defici-ência e reconhecimento das artes e da educação como caminho para superação e desenvolvimento da pessoa com deficiência.

Luciana Lopes e César Achkar, coordenadores

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GentePor: Edson Crisóstomo

PolíticaRoriz recua mais uma vezDepois de anunciar data e hora para se lançar pré-candidato à prefei-tura de Luziânia (GO), o ex-governador Joaquim Roriz resolveu recuar e não se lançou pré-candidato na data prevista. Disposto a mudar o seu domicílio eleitoral para o município goiano, o ex-governador garante que vai participar das eleições municipais. Porém, há uma forte corrente que afirma que o político vá desistir de participar do pleito do Entorno. Mas fica a pergunta, a Lei da Ficha Limpa não valerá para o Entorno?

Wi-fi gratuito no DFA partir de agora, três pontos do Distrito Federal terão acesso à internet gratuita. A Rodoviária do Plano Piloto, o Parque da Cidade e o Estádio Nacional de Brasília são as primeiras áreas a ter acesso ao serviço. A rede “Conecta DF” foi anunciada pelo governador Agnelo Queiroz no último dia 16, quando marcava mil dias para a Copa de 2014. A previsão do GDF é que, até a abertura do Mundial, todo o DF estará ligado à rede.

Lançamento do site Brasil 247

Joe Valle, Fernado Artigas, leonardo Attuch e Jose Carlos Barroso

Chico Vigilante, ElianaPedrosa e Delubio Soares

Chico Vasconcelos

Miguel Setembrino, Adelmir Santana e leonardo Attuch

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Geleia GeralCaixa RápidoInvestimentos estrangeirosO Banco Central iniciará, em 3 de outubro, pesquisa sobre investimentos estrangeiros no Brasil. Essa será a 4ª. edição do Censo de Capitais Estrangeiros no País que é realizado a cada cinco anos. Segundo o BC, estão obrigadas a prestar informações todas as pessoas jurídicas residentes no Brasil que tinham, em 31 de dezembro de 2010, investimentos estrangeiros diretos, que vão para o setor produtivo da economia, em qualquer montante ou dívida externa igual ou superior ao equivalente a U$ 1 milhão.

O 44º Festival de CinemaTudo pronto para a 44ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasi-leiro. Este ano, os organizadores apostam na reinvenção do evento, com mudanças que visam reafirmar a posição do festival como um dos mais importantes do Brasil: serão realizadas cinco mostras paralelas, cinco oficinas, cinco seminários e a Mostra Brasília. O festival que acontece entre os dias 26 de setembro e 3 de outubro será espalhado por diversas salas de cinema da cidade. Vão acontecer ainda, oficinas e shows com artistas locais. Programação completa no site: www.festbrasilia.com.br

Emiliano Jose e helio Doyle Marta Suplicy e helio Doyle

leonardo Attuche a equipe do Brasilia 247 liliane Roriz e Samanta Sallum

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CidadePor: Veronica Soares | Fotos: Victor Hugo Bonfim | Ilustração: Eward Bonasser Jr

Lei dosPuxadinhos

Comerciantes têm muito o que fazer para adequação

Os comerciantes da Asa Sul terão até 31 de abril de 2012 para se adequarem às normas dos “Pu-xadinhos”. Conforme a Lei n° 766, de 2008, que

define as regras da ocupação de área pública na região, os lojistas poderão utilizar até seis metros aos fundos a partir do limite dos seus estabelecimentos. Mas, a seis meses do término do prazo determinado pela justiça, a decisão ainda causa polêmica. Para se adequarem às novas regras, muitos empresários terão que fazer gran-des reformas e mudança nos projetos arquitetônicos de seus estabelecimentos comerciais. Segundo o presidente da Associação dos Comércios das Asas Norte e Sul, Oswaldo Menequim, além da de-

mora na aprovação dos projetos pela Adminis-tração de Brasília, outra grande preocupação de alguns empresários está ligada à realocação das redes subterrâneas de água, esgoto, telefone e energia. Para fazer as reformas previstas em Lei, será necessário que as redes que pas-sam nos fundos dos estabelecimentos sejam trocadas de lugar. Segundo ele, estaria especificado na “Lei dos Puxadinhos”, que os custos com as mudanças ficariam a cargo das empresas operadores das redes, como a CEB (Companhia Energética de Brasília e a Caesb

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(Companhia de Saneamento Ambiental de Brasília). Mas, embora perto do prazo terminar, não existe, ainda, nenhum entendimento sobre quem vai arcar com os custos. Oswaldo é proprietário de uma pizzaria na Asa Sul e espera uma solução para o problema antes que o prazo da aplicação da Lei termine. “Não queremos causar conflitos com o GDF. Só buscamos uma solução para as ambas as partes. Já vamos bancar as despesas de reforma dos estabelecimentos. Se tivermos que arcar com as despesas do remanejamento dessas linhas, ficará muito pesado para o bolso dos comerciantes. Isso pode gerar desemprego”, ressalta. Proprietário de uma loja de equipamento de infor-mática há quase 40 anos, o empresário Alcindo Camargo também terá que fazer grandes reformas para adequar o seu estabelecimento à lei. Ele diz ainda não saber o quanto irá desembolsar para a reforma. E teme que o valor fique acima do orçamento previsto. “Estamos preocupados, pois o nosso prazo está se expirando e ainda falta muito o que fazer. Só queremos uma solução”, pede. Do outro lado, o GDF bate o pé. Segundo nota enviada pela assessoria de imprensa da Administração Regional de Brasília, já foi realizada discussões com as concessionárias (CEB, CAESB e NOVACAP) e os comer-ciantes sobre o assunto. Conforme o texto, o que está previsto na lei é que os proprietários devem arcar com os custos do remanejamento das linhas. Além disso, ainda segundo a nota, os comerciantes interessados não estariam realizando as correções necessárias para a aprovação do projeto pela Admi-nistração. Dados revelam que, das 2,2 mil lojas que necessitam se adequarem à nova Lei dos Puxadinhos e que deram entrada no projeto para aprovação, somente

cinco delas cumpriram todas as exigências necessárias e tiveram os projetos aprovados. Para dar mais agilidade nos processos de aprovação dos projetos, no último dia 8 de setembro, a Adminis-tração de Brasília firmou parceria com a Agência de Fiscalização do DF (Agefis). A Agência vai ceder para a Administração de Brasília, cinco arquitetos para trabalharem exclusivamente na análise dos processos das lojas que devem fazer mudanças de adequação na forma da Lei dos Puxadinhos. “A questão está sendo vista com certa urgência pela Administração. Todos os processos serão analisados e aprovados dentro do prazo. Com esse reforço, a Administração vai orientar os empresários no que for preciso”, informa Messias Souza, administrador de Brasília. Outra exigência da lei é que a regularização deve ser feita por bloco. Na prática os projetos de regularização devem ser apresentados pelos edifícios comerciais e não separadamente por cada comerciante. Para que isso ocorra, será preciso que mais de 50% dos empre-sários aprovem o projeto para as adaptações. Além dessa mudança, a partir de abril, não será permitido construções nas lojas laterais. Com isso, co-merciantes só vão poder colocar mobiliários que podem ser removidos. Segundo Menequim, vários comerciantes já entregaram documento ao GDF pedindo para que as normas de ocupação nas laterais sejam mudadas. Conforme a Administração, dos 204 blocos que deram entrada para aprovação, 40 já foram aprovados. Para mudança das redes, os comerciantes terão que contratar empresas especializadas e sob a supervisão da CEB e Caesb. A não legalização e adequação dos espaços, até o prazo final, poderão ser multados e demolidos.

Alcindo Camargo e Oswaldo Menequim aguardam solução

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Mercado de TrabalhoPor: Railde Nascimento | Fotos: Divulgação e Victor Hugo Bonfim

Escolha da tão sonhada profissão é um desafio para os jovens

Fim do ensino médio. Hora de escolher a profissão. A tarefa parece fácil. Mas, para muitas pessoas é apenas o inicio de um dilema: fazer o que gosta

ou optar pela área que está pagando melhor? Em alguns casos, a escolha pode até parecer a certa, mas de repente tudo pode mudar. Assim aconteceu com a designer de moda, Nathaly Souza. Estudou enfermagem durante um ano e viu que não era o que realmente queria. “Desisti do curso e logo fui pesquisar sobre outras áreas. Descobri a faculdade de moda em Brasília e não pensei duas vezes”, entusiasma-se. Hoje, aos 23 anos, se declara satisfeita com a escolha que fez e inclusive já abriu o próprio negócio, a loja Segunda Pele em Planaltina.

Já Elaine Rodrigues, 24 anos, escolheu o caminho inverso. Investiu em curso técnico assim que terminou o ensino médio. “Escolhi esta área por ser mais tranqüila, apesar de que o mercado ainda é um pouco restrito”, opina. Satisfeita com a escolha, ela acredita que o curso técnico abre muitas possibilidades de emprego. Atual-mente, trabalha no Hospital Universitário de Brasília (HuB) e agora, estabilizada, estuda e está prestes a concluir a faculdade de administração que tanto queria fazer. E não pára por ai. Ela pretende passar em um concurso público na sua área.

E a colocação de Elaine sobre curso técnico é perti-nente. Apesar de ser um mercado deficiente no Brasil, de acordo com o especialista em recursos humanos, Jorge Pinho, este ainda é o caminho mais curto para ingressar no concorrido mercado de trabalho. “Se o Plano de Aceleração do Crescimento do governo federal (PAC) estivesse a pleno vapor, a carência seria em torno de dois milhões de empregos. Hoje, você encontra uma legião de desempregados com o segundo grau e um monte de vagas”, explica. Porém, ele ainda esclarece que, ao cursar uma escola técnica, o estudante não deve invalidar a necessidade de fazer uma faculdade.

dinheiro?Vocação ou

EXISTE UMA FóRMUlA PARA A ESCOlhA PROFISSIONAl?Pinho garante que fazer teste vocacional pode ajudar a

dar um direcionamento aproximado na escolha da profissão. O resultado do teste oferece uma gama de opções para que o estudante possa fazer a sua escolha. Conforme o especialista, não é aconselhável a escolha da profissão por causa dos dividendos. “Futuramente a frustração profissional poderá superar o que se adquiriu de bens materiais”, salienta.

Nos casos como o da designer Nathaly, o especialista comenta que, muitas vezes, o problema é decorrente da falta de maturidade suficiente ao optar por uma determinada profissão. Segundo ele, às vezes, é feita uma visão romântica da carreira. “Os jovens são in-fluenciados pelos pais, ou por alguma outra figura que admiram. Deste modo, a questão profissional tem que ser experimentada com um trabalho rápido, no caso de estágio ou um trabalho voluntário”, ressalta.

Não foi o curso que pensei fazer, mas que deu certo, diz Áurea

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PAIXÃO à PRIMEIRA VISTA Enquanto alguns encontram dificuldades em escolher a carreira, outros já

têm a sorte de encontrar a verdadeira vocação. “No primeiro momento, não foi o curso que eu pensei fazer. Costumo dizer que foi casamento arranjado que deu certo e estou muito satisfeita”, confessa a diretora de arte do Terraço Shopping, Áurea de Oliveira, 25 anos. Formada em publicidade e propagan-da há apenas oito meses, ela explica que nunca teve dificuldade em conseguir emprego, pois ainda no período acadêmico, ela sempre deu enfoque na área que mais se identificava. O talento da publicitária foi provado no teste que fez para o cargo de diretora de arte e atestado pelo coordenador de marketing do shopping, Diogo de Simone. Conforme ele, uma das grandes qualidades de Áurea é a produção com rapidez sem perder a criatividade.

PRIMEIRO O EMPREgO, DEPOIS O CANUDO? Algumas pessoas, até mesmo pela oportunidade, preferem investir na

carreira pública. Estudam por uma vaga e após alcançarem êxito, partem para a escolha da profissão que realmente desejam seguir. Helton Lopes, 33 anos, é um exemplo. Ao terminar o ensino médio, mesmo por falta de condições, ele resolveu prestar concurso público. Fez cursinho somente uma vez. Mas, o suficiente para conseguir aprovação. “Meus pais não tinham condições de pagar uma faculdade particular para mim. Passei no concurso da Fundação Hospitalar e só aí resolvi prestar vestibular”, conta. Pouco depois, ele conseguiu no curso de agronomia da Universidade de Brasília (UnB). Atualmente, é agente da Polícia Civil onde trabalha há oito anos.

O especialista em Recursos Humanos, afirma que o caso de Helton é atípico, pois muita gente que entra no serviço público está fazendo o que não gostaria. Com isso, a qualidade do serviço tende a cair. “Quando a pessoa não faz aquilo que gosta, não tem um grande empenho em exercer bem o serviço”, explica Pinho.

Jorge Pinheiro aconselha seguir a verdadeira vocação

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Filmes na internet:

TecnologiaPor: Tatiane Barbosa

Concorrência com locadoras

Baixar filmes e séries é uma das facilidades mais co-muns que a internet tem oferecido aos internautas. Neste mês, foi lançado no Brasil o Netflix. Um site

que disponibiliza acesso a esses produtos para assistir “on line”, no computador, TV`s Smarts ou qualquer disposi-tivo de mídia conectado à rede com velocidade mínima de 2 Mgb. Para acessar, é necessário fazer um cadastro e assinar uma conta no valor de R$ 14,99.

A estréia do site vem acompanhada de uma promo-ção que permite experimentar o serviço por um mês de graça. Esse foi o principal atrativo para que o publicitário Eward Bonasser, fizesse sua conta. “Não acho caro pagar esse preço pelas facilidades que o site oferece. Se pode assistir sem perder tempo com download ou procurando a legenda certa para o filme”, afirma.

Entretanto, há queixas quanto ao acervo oferecido pelo site por falta de variedade e filmes consagrados como “Star Wars”, “Matrix”, ”O Curioso Caso de Benjamin Burton”, “Quem quer ser um Milionário” e “O Senhor dos Anéis, por exemplos. Faltam também filmes da Warner, Fox, produções de outros países, inclusive nacionais. “Ci-dade de Deus foi o único filme brasileiro que encontrei até o momento. Mas, ainda assim, acho que tem muita coisa bacana. O site tem pouco tempo que está disponível para o Brasil”, ressalta Eward.

Mas como nem tudo pode ser perfeito e mesmo faltan-do ótimos títulos, no Netflix é possível acessar o sucesso “Milk”, com o consagrado Sean Penn, lançado há três anos. “A sensação que eu tenho é a de estar assistindo Sessão da Tarde”, brinca o publicitário.

Nos Estados Unidos, pelo site o usuário pode encomendar DVD`s para serem entregues em casa via Correios, o que ainda não é possível no Brasil. Ainda neste mês, a América Latina recebe a plataforma da TV social no Facebook Connect bem antes que os norte-americanos, devido a legislação do país.

No Brasil, o Netflix pode encontrar algumas barrei-ras para conquistar o público que está acostumado a as-sistir a programação ao mesmo tempo que todo mundo. Em contrapartida, o serviço oferecido pode concorrer com as locadoras. “Não sei o que vai acontecer com estas. No site não vai ter aqueles problemas comuns a todas, como de não ter o filme porque o mesmo foi locado”, observa Eward.

O servidor federal Fábio Coelho, considera a possibili-dade do consumo imediato um dos fatores principais que o levaram a fazer sua conta. ”Já conhecia o serviço que eles prestavam nos EUA, mas ainda não tinha visto o fun-cionamento de fato”, informa. Quanto ao aspecto técnico, Fábio cita como pontos positivos a facilidade em acessar de qualquer computador e o atendimento de suporte. “Quando precisei usar, resolvi o problema em menos de três minutos”, comenta.

A expectativa do público é que, com a popularização do site no Brasil, o Netflix amplie seu acervo conforme a demanda. Até porque o baixo preço da assinatura é um atrativo para o público da classe C. O servidor federal acredita que esse é um processo demorado por conta da falta de familiaridade ao uso de Internet pela parcela mais idosa da população.

Por enquanto, pela falta de muitos títulos, o site pode ficar na segunda opção em relação às locadoras, apesar dos fatores comodidade e praticidade que oferece aos usuários. Se os investimentos forem concretizados, o Netflix pode não significar o fim destes estabelecimen-tos, mas um impulso para mudanças nos serviços para os clientes.

ServiçoNetflixwww.netflix.com

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Passeadores de cães - opção para quem não tem tempo de cuidar do seu animal

Dogwalkers

CotidianoPor: Tássia Navarro | Fotos: Victor Hugo Bonfim

O acúmulo de tarefas e a correria do dia a dia tem tomado o tempo de muita gente. Quem não tem ficado satisfeito com esse corre-corre são os animais

de estimação, que acabam passando todo o dia trancados dentro de casa. Para acabar com esse problema, uma nova ocupação vem ganhando mercado em Brasília. São os dogwalkers, ou passeadores de cães.

Pessoas que, independentes de sexo e idade, se predis-põem a passear uma boa parte de tempo com o animalzinho e quantas vezes forem precisas e necessárias. A aposentada Stella Lima, 50 anos, há um ano resolveu entrar no ramo, pois desde pequena, adora animais e se dá muito bem com eles. Ela conta que, depois que começou a exercer a ativi-dade, que ainda não é uma profissão oficializada, sua saúde melhorou muito e conseguiu estabilizar sua pressão arterial e peso. “Agora eu faço o que eu quero. O que realmente gosto e ainda consigo melhorar a saúde”, garante.

Segundo Stella, por ser uma atividade bastante nova no país e em Brasília, as pessoas ainda sentem receio de entregar seu animal de estimação para um desconheci-do. Por isso, é importante que o primeiro passeio seja feito junto ao dono. Isso possibilita maior confiança e o passeador passa a conhecer melhor os hábitos do animal como o percurso de costume e brincadeiras favoritas. “O dogwalker tem que passar credibilidade não só para o dono, mas também para o animal”, ressalta.

Conforme a passeadora, jovens recém-casados que tra-balham o dia inteiro e idosos com pouca disposição lideram o ranking de utilizadores do trabalho dos dogwalkers.

Para ser uma dogwalker, Stella saliente que é necessário mais do que ter tempo para passear com cachorros. É pre-ciso disposição, boa saúde, conhecimentos básicos sobre as diversas raças caninas e, acima de tudo, amar os animais. Além dos tradicionais passeios e brincadeiras com os bicha-

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nos, Stella conta que costuma auxiliar os donos na questão da alimentação do animal e a colocação de água, sempre que retornam das caminhadas. “Como observo o desempenho do animal e também suas fezes, posso dar palpites na alimentação”, garante.

Por dia, Stella chega a fazer duas caminhadas com cinco cachorros. Semanalmente são cinco passeios que não duram menos de 40 minutos. A rotina desses profissionais consiste em ir até a residência do animal no horá-rio marcado pelos donos, pegar o bi-chano, fazer o costumeiro percurso e, em caso de alguma alteração, atentar para que a mudança não influencie negativamente no comportamento do animal e depois retornar para casa. “Começo os passeios às 16h e o último, por volta das 23h”, conta.

Vantajoso? Sim. Tanto que, devido a alta demanda, Stella teve que pedir ajuda ao colega Paulo

Roma. A dogwalker, que atende Asas Sul e Norte, recebe também muitos pedidos de pessoas de outras regiões administrativas do DF, como do Guará e Sudoeste. Com isso, surgiu a necessidade de ampliação do negócio. “Estamos planejando uma sociedade”, informa.

O labrador Willy, da aposentada Maria do Rosário, 60 anos, é um dos xodós de Stella. Antes de contratar um passeador, Willy ficava muito parado dentro de casa e começou a morder tudo, inclusive suas próprias patinhas. Maria do Rosário conta que, por ser um cão de grande porte, não tem condições físicas de passear com o mesmo e, por isso, foi necessária a ajuda de um dogwalker. Logo que começaram os passeios, foi possível notar mudanças de comportamento do cão. “Ele fica doido para passear. Quando volta, vem tranquilo, calmi-nho. Um doce de cachorro”, comenta.

Mas nem tudo na atividade são flores. Passeador de cães também tem dificuldades. Para Stella, passe-ar por locais em que existam mais cachorros ou quando enfrenta uma situação em que uma cadela esteja no cio é muito perigoso e pode gerar situações de brigas entre eles. Outro momento ruim para a prática da atividade de dogwalker são os períodos chuvosos. Conforme Stella o horário e itinerário costumam ser alterados e a lama deixa o animal completamente sujo. “Eu sempre peço que deixem uma toalha para que eu possa limpar as patinhas do animal. Às vezes, até passo o secador nos pêlos”, ressalta.

ServiçoStella Lima(61) 8228. 2461 [email protected]

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Planos e Negócios ALEx DIAS

Serviço Unidade de Terapias e Transplantes CapilaresClínica de dermatologia Ricardo FenelonSCN, Torre B, Sl. 1212/1214 - Shopping Liberty Mall(61) 3326.2213

DERMATOLOGIA RICARDO FENELON Com cerca de 25 anos no mercado, uma das mais tradicionais clínicas dermatológicas de Brasília, a Dermatologia Ricardo Fenelon, acaba de criar uma nova unidade: o Centro de Tratamento Capilar, para solucionar problemas de queda de cabelo e calvície. Para abrir a nova unidade, o dermatologista Fenelon se associou ao pioneiro em cirurgias de tranplantes capilares no país, o médico João Carlos Pereira, de São Paulo. “Teremos tratamentos de vanguarda para atender a pacientes de ambos os sexos. Embora menos comentada, a calvície feminina também é um problema clínico recorrente”, conta Fenelon. Transplante, prevenção da calvície, queda de cabelo e calvície feminina serão os principais focos da nova unidade.

Especialista em transplante de cabelo e sempre atualizado com as novidades do setor, João Carlos Pereira, realiza o procedimento no país desde 1981. Atualmente, a novidade é o tratamento lED, que por meio de feixes de luz faz a bioestimulação dos folículos pilosos, acelera e intensifica o crescimento dos cabelos.

A Dermatologia Ricardo Fenelon disponibiliza também tratamentos de saúde e de rejuvenescimento para todas as idades como peelings, aplicação de botox, tratamento para manchas e acnes, remoção de tatuagem e pelos e retirada de rugas, cicatrizes e micro varizes.

Serviço Fundação Universa SQN 609 Norte – Auditório - Asa Norte www.prommoshow2011.com.brTwitter: @prommo_show

MARkETING PROMOCIONAL E EVENTOSDe 5 a 7 de outubro, no auditório da Fundação Universa acontece o projeto de palestras sobre o mercado promocional e de eventos no Brasil e no mundo. Reconhecido pela AMPRO (Associação de Marketing Promocional), o Prommo Show 2011 traz para Brasília um evento inédito e diferenciado, que abordará novas tendências, estilos de planejamento e bastidores. Durante o evento, de temática: “O Mercado Promocional nos anos 50, 60 e 70 até os dias de hoje”, os participantes poderão assistir a palestras de grandes nomes do mercado do Brasil como Carlos grillo da Monumenta(DF), Tony Coelho da Agência Conceito (RJ), Paulo Almeida da XYz live (SP) e outros .

Além das palestras, o projeto terá intervenções artísticas, sem perder o foco no alto nível de conteúdos voltados para o ramo empresarial e estudantes universitários que anseiem em conhecer o mercado. Os parti-cipantes receberão certificado de horas-extras e participação chancelado pela Fundação Universa. Venda de ingressos já está disponível no The Plates, localizado na 706/707 Norte, bloco E da Asa Norte.

Serviço Pocket Fashion Terraço Shopping22 a 24 de SetembroAcesso livre

POCkET FASHIONDe 22 a 24 deste mês, o Terraço Shopping promove mais uma edição do Pocket Fashion. Desta vez, para mostrar tendências “Primavera-Verão” com coleções de mais de 30 lojas do shopping.

Nos três dias, a programação começa com um bate-papo com professo-ras da escola Fashion Teen, onde adolescentes vão poder tirar dúvidas e opinar sobre o universo da moda. Em seguida, consultoras e blogueiras do segmento vão dar dicas sobre tendências e comentários sobre “certo e errado”.

Para encerrar, desfile de “looks” de coleções de marcas como Arezzo, Carmen Steffans, gregory, MOficcer, Bibi Calçados, Damyller, Valentina e Avanzzo.

Um dos destaques do segundo dia do Pocket Fashion é a participação da badalada blogueira Cris guerra. Além de um bate-papo com a moçada, Cris pisa faz um desfile para matar a saudade do tempo em que era modelo.

O grupo Surf Sessions e os músicos do Instituto Tokata, de KaKá Barros, são os convidados para trilha musical do desfile. Enquanto o Tokata participa nos três dias do evento, o Surf Sessions faz o som apenas na sexta-feira (23).

Todos os dias, as 250 primeiras pessoas que prestigiarem o evento, ganham um lookbook com mais de 70 fotos, patrocinadas pelas 36 lojas participantes.

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Inaugurado há um ano em Brasília, o zacks comemora sua chegada na Capital Federal. O restaurante carioca possui ambiente agradável, alinhado a refeições saborosas e de qualidade. O menu possui opções para todo o dia: café da manhã, almoço, lanches, happy hour e jantar.

Criada em 2007 no Rio de Janeiro, a casa especializada em grelhados, remete os frequentadores aos bons momentos da vida americana das décadas de 50 e 60. A decoração traz fotos de artistas, músicos e fatos marcantes, além de músicas, seriados e desenhos da época. O cardápio é diversificado, com grelhados, saladas, massas, sanduíches, hambúrgueres e aperitivos. As sobremesas incluem sorvetes de diversos sabores e coberturas.

Entre as preferências do público de Brasília estão os sanduíches CassiusClay (dois burguers de picanha, cogumelos frescos, queijo prato, cheddar etomate) e Magoo (burger de picanha, cebola caramelada, queijo prato, tomate e alface crespa). O James Brownie (acompanhado de uma bola de sorvete de creme e calda de chocolate) e o zacks Fondue (chocolate derretido com frutas) estão na lista das sobremesas mais pedidas.

ServiçoBrasília Shopping - Praça de alimentação – 2° Piso (61) 3328.0004

ZACkS

Serviço Terraço Shopping AOS 02/08, 271 – Praça de Alimentação – 2º Piso – Octogonal (61) 3403.2992 (Administração)

SUSHI LOkO AGORA NO TERRAçOEncantar os clientes com um atendimento excepcional, excelente comida e a um preço justo. Essa é a missão do Sushiloko, a mais nova loja do Terraço Shopping. A casa tem previsão de abrir as portas até o final do mês.

O cardápio foi recém modificado com a inserção de mais de 40 novos produtos. Além dos combinados de produtos por alguns preços fixos que atende a todos os gostos e bolsos, há maior variedade de pratos quentes, entradas e sobremesas. O sistema de pedidos do cardápio à “la carte” é altamente inovador: quanto mais se pede, maiores são o desconto e a opção de sabores.

O Sushiloko é um lugar para você se divertir e comer bem. “Desejamos que as pessoas que chegarem até nós, fiquem à vontade. Estamos arquitetando um ambiente descolado e moderno”, promete o proprietário Alexandre Akio lage Martins. O investimento da franquia gira em torno de R$ 400 mil reais.

Serviço Bolota doceTerraço Shopping, 2º Piso(61) 3048.8335

BOLOTA DOCE Para adoçar ainda mais o paladar do brasiliense, as empresárias laura Vicuña e Márcia Corrêa inauguraram a quarta operação do Bolota Doce. Desta vez no Terraço Shopping. localizado em frente aos cinemas, o quiosque de seis metros quadrados, assinado pela arquiteta Enilda goetza, oferece uma variedade de 120 produtos entre balas nacionais e importadas, cítricas e gelatinosas, além de chocolates, marshmallows, belos balões metalizados e inflados com gás hélio.

A grife de gostosuras também agregou ao mix, balas em formatos divertidos como sapos, aranhas, ratinhos e cobrinhas que fazem o maior sucesso. Nas datas comemorativas, a clientela ainda encontra kits e embalagens especiais que valorizam ainda mais as balas gourmets.

laura Vicuña revela ter realizado um desejo de muito tempo atrás. “Sem-pre tivemos o Terraço como um ponto ideal para uma de nossas opera-ções por ser um shopping freqüentado por famílias e com um público sedento por produtos de alta qualidade e afim de novidades”, justifica. Conforme a sócia Márcia Corrêa, o novo espaço teve um investimento de R$ 80 mil. “Nossa expectativa é a de que a rede venda R$ 600 mil ao mês em 2013”, torce.

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Supercompacto que cabe na sua vida

CHERY

QQ

AutomóvelDa Redação | Fotos: Divulgação

Como um dos modelos mais populares da Chery em todo o mundo, o Chery QQ chega ao Brasil com seu estilo mini e muita simpatia para se tornar

o compacto mais completo e com a melhor relação de custo benefício do mercado automotivo brasileiro. O modelo é o carro mais gracioso da marca e o mais vendido na China. QQ (sigla originada por seu significado em inglês, lê-se Quiu Quiu) que em chi-nês significa objeto ou pessoa de muita graça, “fofo”, delicado. É assim que a Chery traduz o QQ, um carro supercompacto, “fofo” e perspicaz. No Brasil ele será chamado de “Que-quê”, remetendo ao som em portu-guês das suas letras.

MECÂNICA E TECNOlOgIAEquipado com motor 1.1L ACTECO a gasolina, o

Chery QQ garante ao motorista tranquilidade e confor-

to na hora de dirigir. Com 16 válvulas e 1.083 cc, produz potência de 68 cavalos e torque de 90 Nm a 3500 ~ 4000 RPM.

O Chery QQ possui transmissão mecânica de cinco velocidades, propiciando ao motorista praticidade e conveniência indispensáveis ao dia a dia, tanto na cida-de quanto na estrada.

O veículo conta com rodas aro 13” e pneus 155/65. O Chery QQ apresenta dimensões de 3.550 mm de com-primento, 1.495 mm de largura, 1.485 mm de altura e distância entre-eixos de 2.340 mm. O peso bruto total do Chery QQ é de 1.265 Kg e o peso em ordem de marcha é de 890 Kg.

EQUIPAMENTOS E COMODIDADES O carro vem equipado com ar condicionado, direção

hidráulica, airbag duplo, faróis de neblina dianteiros e

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traseiros, vidros, travas e retrovisores elétricos, faróis com regulagem de altura e rádio AM/FM com CD Player MP3 com entrada USB. Além disso, o modelo apresenta painel digital com regulagem de intensidade da luz, limpador e desembaçador traseiro, brakelight, spoiler, aviso sonoro do cinto de segurança desatado, luz de aviso de porta aberta e de baixo nível de combustível, além de acionamento interno das tampas do porta-malas e abastecimento. A capacidade do porta-malas é de 190L e a do tanque de combustível é de 35 litros. Para completar, o Chery QQ conta com alarme antifurto com travamento das portas à distância e fechamento automático dos vidros.

SEgURANçA Equipado com suspensão dianteira independente tipo McPherson,

barras estabilizadoras, molas espirais, amortecedores pressurizados e eixo rígido com braços arrastados na parte traseira, o Chery QQ torna o dia a dia suave, seguro e agradável.

Além disso, o Chery QQ conta com outros importantes itens de seguran-ça, como para-choque com sistema de absorção de impacto programado, barras de proteção lateral, carroceria com zona de deformação, coluna de direção colapsável e trava de segurança para abertura dos vidros traseiros.

Outro grande diferencial do novo modelo da Chery no Brasil é o sis-tema de freios ABS como item de série em um veículo de sua categoria, o que garante segurança e estabilidade de direção nos momentos críticos de frenagem. O ABS ajuda a manter o controle da direção reduzindo o travamento das rodas durante uma frenagem difícil em superfícies mais escorregadias.

Para colorir a vida de muitos brasileiros, o Chery QQ está disponível no Brasil nas cores prata, preto, branco, azul, verde, vermelho e amarelo. O QQ oferece três anos de garantia, assim como todos os veículos da marca já comercializados no país.

Serviçodali VeículosSIA Trecho 2, Lotes 650/680 – Setor de Indústria e Abastecimento(61) 2108.0808

dali VeículosQuadra 14 - Conjunto 10 - lote 2 – Cidade do Automóvel (61) 3252.0808

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Vida ModernaPor: Liana Alagemovits | Fotos: Divulgação

Quando se ouve falar em “origami”, fusão dos termos ori (dobrar) e kami (papel), imediatamente se pensa na beleza e leveza de figuras criadas com tanta paciência

e dedicação pelos orientais. Os primeiros origamis que se tem notícia, sofreram grande influência do kirigami, a arte de formar elementos com recortes de papéis. Confeccionados utilizando-se papéis manufaturados, especialmente para o uso dos sacerdotes xintoístas. Calcula-se que a arte da dobradura de papel surgiu na China há 1,8 mil anos e é, hoje, uma grande arma para com-bater o estresse dos tempos modernos. Funcionando, também, como um instrumento poderoso de trabalho para pedagogos e psicólogos infantis. Ninguém pode afirmar, com precisão, a data exata do sur-gimento do origami. Alguns historiadores acreditam que tenha surgido logo após a invenção do papel, quando chegou ao Japão por volta dos séculos V e VI, pelas mãos dos monges budistas. Sabe-se, que no início, o Origami era praticado apenas pela nobreza e passado de geração para geração. Estranha-mente, foram os samurais os responsáveis pelos primeiros formatos. Muito tempo se passou para que os primeiros esquemas escritos surgissem em 1797, com a publicação do Senbazuru Orikata - “Como Dobrar Mil Garças”. Hoje, a técnica do dobrar papeis conquistou o mundo, principalmente porque encanta e pode ser praticada por

pessoas de qualquer idade, em busca do equilíbrio emocional e do exercício da mente criativa. No Brasil, acredita-se que o arte dos papeis dobrados chegou pelas mãos de imigrantes japoneses a partir de 1908.

BENEFíCIOS “De um simples passatempo, a experiência com o Origami pode se tornar um poderoso instrumento de comunicação e um excelente recurso pedagógico”, garante a psicóloga e professora de origami, Ludmila Melo Magalhães, do Templo Budista de Brasília. Segundo ela, a prática da arte oriental promove o desenvolvimento intelectual da criança, a capacidade criativa e a psicomotricidade, devido à complexidade do trabalho que se utiliza da coordenação motora e da imaginação. Além disso, as dobraduras de papeis permitem que as crianças se familiarizem com figuras geométricas como o triângulo e o quadrado, entre outros elementos espaciais. Isso porque, segundo seus princí-pios básicos, a arte deve ser confeccionada a partir de um papel plano e bidimensional, para que o objeto tenha três dimensões, sem que se utilize qualquer material como tesoura ou cola. Para a prática, usa-se apenas papel e imaginação. Simplesmente! Esse é um momento de criação e uma maneira de vivenciar uma filosofia milenar de vida. No origami, a primeira dobra-dura deve ser muito bem feita para que o papel possa ficar em pé. Para os japoneses, assim também acontece na vida. Por

Axxx

Dobradura que estimula a mente e desestressa

ORIGAMI

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isso, as crianças devem receber uma boa educação de base para consegui-rem crescer fortes, éticas e sadias. O zelo também pode ser observado na riqueza dos detalhes de cada um. Então, ao se praticar essa arte, as pessoas também vivenciam um processo de assimilação da filosofia oriental. Elas aprendem, por exemplo, que no ori-gami é preciso fazer “orimetadashitô”, que significa “dobrar certo”. Ou seja, agir corretamente. Diz a tradição que quem conseguir fazer uma dobradura firme será uma pessoa respeitável, por-que no Origami se aprende a respeitar até mesmo uma folha de papel, que é considerada uma preciosidade. Os nipônicos acreditam que o papel tem tanta importância que se usa a palavra Kami (não os seus ideogramas) para Deus. Ou seja, os princípios da arte são divinos e podem ser levados para a construção do caráter das pessoas. Certamente, pode-se dizer que essa prática milenar foi também importante para a reconstrução do Japão que se ergueu, através da disciplina e da sabedoria, de uma guerra devastadora. É certo, que o Origami sempre esteve intrinsecamente ligado ao cotidiano japonês desde o passado remoto em que, guardar um quimono era uma verdadeira prática dessa arte, até os dias de hoje, quando o manuseio de minúsculos componentes eletrônicos exige a total exploração da chamada motricidade fina. Para a professora de origami Lu-dmila, a arte da dobradura de papel também mudou sua vida. “Eu gostava de artesanato. Mas descobri muito mais aqui, com os orientais”, lembra. Confor-me ela, em 2008, começou a participar de um grupo de jovens budistas e assim começou a expor seus trabalhos nas tradicionais quermesses do templo. “Minha filha estava em plena adoles-cência e o equilíbrio que encontrei foi essencial para nós duas na época.”, salientou ao afirmar que foi assim, que trabalhou sua espiritualidade. Fez mais amigos e até ganhou uma nova ativida-de, a de professora de origami! Ela lembra, ainda, que quando conheceu a arte do origami, se

deslumbrou com a possibilidade de sonhar e de materializar figuras com dimensões. Aprendeu a trabalhar com o desenvolvimento pessoal para ativar a criatividade, a memória, a paciência e a autoestima. “O monge Sato me disse algo que nunca esqueci. Trago sempre comigo e procuro passar para os meus alunos: O budismo é uma prática. Assim é o origami”, define Ludmila. Ela ainda se emociona ao reconhecer que seus alunos se tornaram grandes amigos e que por causa do Origami, se ajudam e até se tornaram parceiros de projetos ligados a essa arte. Foi o caso de Márcia Almeida. “Agora fazemos várias coisas juntas para divulgar nosso trabalho. As pessoas não resistem ao encanto das peças. Comigo foi assim! Eu sei que o Origami toca as pessoas”. Origami pode ser usado como ponto complementar da educação formal. Ludmila ressalta aplicações práticas como é o caso da questão ambiental em que a importância das árvores, que nos fornecem o papel é ressaltada. Outro exemplo é o uso da seqüência lógica, que pode ser aplicado na matemática. Educadores, psicólogos, médicos e fisioterapeutas sabem que o origami é uma maneira especial de estimular o cérebro e de também exercitar as mãos com muita arte e equilíbrio emocional. Mas o que todos afirmam é que, atrelar conteúdos escolares com atividades criativas e prazerosas é sempre a me-lhor forma de crescer! SIMBOlISMO Figuras feitas em origami são na verdade uma forma de expressar símbolos importantes com significa-dos específicos. O sapo representa o amor e a fertilidade. A tartaruga, a longevidade e o Tsuru (garça), figura mais famosa do origami, representa a paz, a boa sorte, felicidade e saúde. Diz uma lenda que quem fizer mil Tsurus conseguirá alcançar seus sonhos. No Japão, o origami é bastante incentivado entre crianças, jovens e idosos, seguindo as tradições de séculos passados e os desejos de paz e harmonia para toda a humanidade.

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EsportePor: Tatiane Barbosa | Fotos: Victor Hugo Bonfim

Se a exaustiva rotina do trabalho tem sido estressante, uma boa pedida para relaxar é praticar o “stand up padd-

le” nas águas do Lago Paranoá. O esporte é simples. Basta uma prancha e um remo. Apesar da modalidade esportiva ser nova em Brasília, a origem é de longa data. Os primeiros registros da prática vem dos Incas, civilização antiga que habitava a Cordilhei-ra dos Andes, quando eles usavam canoas feitas de toras de madeira e a remagem era feita em pé. A partir de 1940, o esporte passou a ser praticado por professores de surf. “Enquanto ensinavam os alunos, eles costumavam ficar em pé na prancha para melhor orientá-los, caso viesse ondas em série”, conta Marcelo Morrone, professor de Wind Surf e de Sup, como o Stand Up Paddle é conhecido.

Visto apenas como um auxílio para os mestres do Wind Surf, o Sup só passou a ser praticado pelos sufistas nos anos 2000. A intenção era melhorar o condicionamento físico quando estavam fora de temporada. “Para nossa surpresa, quando subimos na prancha e começamos a remar, a sensação era tão boa como velejar. Com isso, nos apegamos ao esporte”, afirma Morrone.

Praticar o esporte na capital do país é um casamento perfeito. O esporte passou a existir, devido a ausência de ventos fortes em determinadas épocas do ano, o que facilita a prática. E nisso, a capital é pro-pícia. Tanto, que neste ano, pela primeira vez, sediou uma das etapas do Campeonato Brasileiro de Sup, em agosto e que teve a participação de 125 competidores de todo o país. Na classificação aberta, em que po-

Stand UpPaddle

Dos Incas ao Lago Paranoá

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deria competir com qualquer equipamento, os três primeiros e o quinto classificados são de Brasília. Segundo Morrone, a capital federal já é referência do esporte no país.

Mas o Stand Up Paddlle não é só praticado por profissionais. Vale o lazer. Afinal, é por pura distra-ção que muita gente descobre a sua vocação de atleta. Com o servidor público Sávio Valverde foi assim. Ele começou a “surfar” por brincadeira. “Foi quando eu era criança, brincando com a prancha que meu pai havia me dado”, lembra. Mesmo praticante do esporte só há dois anos e nas horas vagas, já parti-cipou de dois campeonatos. Em 2010, participou do Campeonato da Mormaii. Em 2011, do Campeonato Brasileiro de Sup, na etapa que foi realizada na cida-de. Nesse último, Sávio ficou em primeiro lugar. O campeonato prossegue na capital cearense, Fortaleza. ”Se o pessoal se animar, a gente vai tentar competir lá”, entusiasma-se.

Por permitir uma proximidade maior com a natureza, o Sup surge como uma nova opção para praticar atividade física. O empresário Anderson Bro fazia ciclismo e musculação, mas há um ano e meio conheceu o Stand Up Paddle e se encantou com o esporte que junta prancha, remo, água, na-tureza, ventos e sensação de liberdade. Praticante do ciclismo, a indicação do esporte foi por meio de um amigo. “Eu estava cansado de pedalar. Por ser exercido na rua, passei a achar o ciclismo perigoso”,

justifica. Conforme o empresário, o contato com a natureza, a convivência e o incentivo dos praticantes do esporte foram de fundamental importância para que ele trocasse a bicicleta pela prancha.

Na etapa local do Campeonato Brasileiro de 2011, Anderson ficou em terceiro lugar. “Temos que valo-rizar a vinda do campeonato para Brasília, porque não sabíamos qual era o nível que a cidade represen-tava para o cenário nacional, já que ninguém tinha participado de competição aqui. E nós estamos bem. Tivemos muitas pessoas daqui no pódio”, ressalta.

Não há restrições de idade, peso e altura para praticar o Stand Up Paddle. Para crianças e adultos que não sabem nadar, são necessários cuidados como o uso obrigatório de coletes salva-vidas e, quando as condições de vento estão muito difíceis, tem que haver o acompanhamento de um profissional. “Orientações quanto a todos os cuidados (intensidade e direção dos ventos) e rota são fornecidas previamente”, salienta Morrone.

Mensalmente, cerca de 900 pessoas alugam pran-cha para praticar o Stand Up Paddlle. Por 1h30, o valor do aluguel é de R$ 20.

ServiçoKatanka SCeS Trecho 4 CONJ. 11, Parte A – Clube das Nações(61) 8172.5233

Marcelo Morrone, Anderson Bro e Sávio Valverde, praticantes do SUP

Performance de Anderson Bro na prancha

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Edson MachadoO homem que ajudou a reformar o ensino superior brasileiro

PersonagemPor: Fernanda Azevedo | Fotos: Divulgação

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Matemático e professor, Edson Machado de Sousa já ocupou vários cargos políticos brasi-leiros. Mais de 40 anos de trabalho, a maioria

deles dedicados à educação do país. Além de secretário de educação superior e da ciência e tecnologia do Brasil, exerceu cargos no regime militar e no republi-cano, onde foi sempre respeitado. Certamente, operou uma façanha ao transitar por dois sistemas políticos e ainda assim, ser apreciado por todos. E a explicação é única: “Eu sempre procurei fazer o meu trabalho, independente de partido político ou governo. Minha luta sempre foi pela educação”, declara.

Nascido em Ponta Grossa no Paraná, veio para Brasília nos anos 60, já matemático, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). O motivo? Ocupar o cargo de professor na recém criada Univer-sidade de Brasília (UnB). Após altos e baixos, saiu da UnB, montou uma empresa de consultoria econômica e estatística, desfeita em um ano (1968) quando assu-miu o cargo de técnico do setor de Educação e Mão de Obra do que seria hoje o Instituto de Planejamento Econômico e Social Aplicado (Ipea). “Foi aí que come-çou a minha carreira no setor publico”, salienta. Em 1972, integrou o Conselho Federal de Educa-ção, cargo que considera um dos mais importantes de sua carreira por ter contribuído para muitas decisões importantes no que se refere à educação brasileira. Conforme ele, o ponto alto foi a participação na conso-lidação da reforma do ensino superior em 1968. “Antes da reforma, as universidades eram pequenos feudos. Fechadas. Depois de 68, organizamos a comunicação com outros centros acadêmicos e incentivamos os pro-fessores a se aprimorarem”, declara. Quando diretor do Departamento de Assuntos Universitários (DAU), no Ministério da Educação, pro-moveu a modernização dos equipamentos de universi-dades federais e a ampliação das suas instalações. Já na década de 90, após ocupar alguns não menos impor-tantes cargos no setor educacional, conforme ele, deu um importante salto na carreira ao se tornar Secretario da Ciência e Tecnologia do Brasil, com poderes seme-lhantes aos de ministros. “Quando secretario, promovi a entrada de equipamentos eletrônicos no país”, conta. Conforme Machado, não existiam equipamentos como computadores nas universidades e outras máquinas, o que mudou nos anos 90, muito graças a ele. Por sua incansável participação na educação do país, Edson Machado foi varias vezes homenageado. Em 2001, ganhou medalha de honra em comemoração aos 70 anos do ministério da Educação, concedida pelo ministro Paulo Renato Souza. No ano seguinte, encerrou o seu papel como homem público. Mas, engana-se quem pensa que ele se deu por satisfeito e encerrou a carreira, pendurando as “chu-teiras”. Como eterno amante da educação, continuou a contribuir com sua formação e experiência, ajudando a esposa Eda Coutinho, a administrar o que hoje é uma das faculdades mais expressivas de Brasília, o Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB). Em agosto desse ano, o livro “Tempos de Inovações e Mudanças”, sua autobiografia, foi lançado como homenagem a um homem que tanto contribuiu para o sistema edu-cacional brasileiro. E é claro que o mundo das letras agradece penhoradamente.

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Linfoma Doença atinge quase 12 mil pessoas por ano no país

Um tipo de câncer que surge no sistema linfá-tico, o linfoma, atinge as células responsáveis pela defesa do organismo contra infecções, os

chamados linfócitos. A doença, que ganhou popu-laridade no Brasil pelos casos da presidenta Dilma Rousseff e do ator Reynaldo Gianecchini, faz parte, neste momento, da vida de um milhão de pessoas em todo o mundo. No Brasil, a cada hora, mais de uma pessoa recebe o diagnóstico de linfoma, o que equivale a 12 mil casos anuais. A maior incidência do tumor é na adolescência, entre os 15 e 19 anos de idade. Nas crianças, o linfoma é o 3° câncer mais comum. Nas mulheres o 5° e nos homens, o 6°. A doença é caracterizada pelo aumento dos gânglios linfáticos da garganta, axilas e virilha. O hematologista Jorge Vaz, explica que essas regiões são as mais comuns, porém ainda existem gânglios linfáticos por outras partes do corpo humano. “Tem embaixo da mandíbula, no pescoço, clavícula, no es-paço entre os pulmões, dentro do abdome, ao longo da coluna vertebral, região inguinal da virilha e na parte traseira dos joelhos”, conta. Existem dois grandes grupos de linfoma. Um é o de Hodgkin e outro o não Hodgkin. Conforme Jorge Vaz, o de Hodgkin carrega esse nome pelo fato de ter sido descrito pelo Dr. Hodgkin e é um grupo bem específico da doença. O não Hodgkin é um grande saco com doenças diferentes. Dentre os linfomas não Hodgkin existem os agressivos e os indolentes. No

agressivo, os sintomas aparecem de maneira rápida. “Nesse câncer conta-se o tempo em semanas ou poucos meses. Já o indolente é o contrário. A célula progride de maneira lenta”, explica. Conforme o hematologista, o câncer linfático surge a partir de um linfócito que adquiriu um defeito no material genético. Essa anomalia confere à célula ca-racterísticas como maior tempo de vida, capacidade de multiplicação e perda da regulação do organismo e da função primordial, que é a de imunização. “Essa célula vai se acumulando e, assim, formando um tumor nos gânglios linfáticos”, esclarece. Dentre os sintomas do câncer estão, além do au-mento dos gânglios, febre, perda de peso - de pelo menos 10% da massa corporal em um período de seis meses, e sudorese intensa. A febre relacionada ao lin-foma, em geral, tem horário marcado, costuma vir no turno vespertino ou noturno. Pode chegar a tempera-turas bastante elevadas como 40°. “Mas diferente da febre da infecção, a pessoa não se sente tão mal, com dores musculares. É só uma elevação da temperatura e não há elevação da frequência cardíaca”, assegura Vaz. O auto-exame é fundamental, pois o sintoma do linfoma é muitas vezes visto a olho nu e ainda não existe forma de prevenção. O diagnóstico é feito por meio da biópsia de um gânglio. “Uma amostra do tecido que contém o tumor é retirada e encaminhada para um patologista que vai analisar e identificar se o caso é realmente de linfoma”, explica o médico. Uma

SaúdePor: Tássia Navarro | Fotos: Victor Hugo Bonfim

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imunofenotipagem, técnica utilizada para identificar o tipo exato de célula que compõe determinado tecido, quando há dúvida diagnóstica de biópsias, é realizada para saber precisamente o subtipo específico do linfo-ma, sua extensão e repercussão no organismo. “Saber isso é muito importante, porque a estratégia de trata-mento para cada tipo de linfoma é diferente”, ressalta. O tipo de linfoma mais comum é o difuso de grandes células B, o mesmo que a presidenta Dilma Rousseff teve. Os linfomas, mesmo ainda pouco conhecidos por muitos, são considerados curáveis. Quanto antes descoberto, maiores são as chances de cura. “O tratamento é sempre com o objetivo cura-tivo e conseguimos curar a vasta maioria dos casos”, afirma o hematologista Vaz. As formas de tratamento são diferenciadas para cada caso. As três principais armas de tratamento são a quimioterapia, radioterapia e imunoterapia. A quimioterapia é um conjunto de remédios quimiote-

rápicos utilizados em combinações. A mais recente forma de tratamento, a imunoterapia, é o desenvol-vimento de anticorpos produzidos em laboratórios que se direcionam especificamente contra a célula da doença. “A grande vantagem da imunoterapia é que não agride o restante do organismo. Ao contrário das outras”, esclarece. As estratégias de tratamento ainda podem ser usa-das em conjunto. No caso da presidenta a forma utili-zada foi a imunoquimioterapia e depois radioterapia local. “Com essa estratégia de tratamento a chance de cura é de 95% ou mais”, afirma o especialista.

ServiçoCentro de Oncologia e HematologiaSMH/N Qd. 02, Bl. “A”, ed. de Clínicas, 12º Andar – Asa Norte(61) [email protected]

O tipo mais comum é o difuso de grandes células B, o que a presidenta Dilma tem, diz Jorge Vazmod

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ModaPor: Camila Penha | Fotos: Victor Hugo Bonfim e Divulgação

MãoNaNem só de noite e festas fazem uma linda carteira.

Ultimamente, ela aparece sendo usada em diversas situações e horários do dia. Escolha modelos des-

pojados para torná-las mais casuais. Materiais diferentes também dão ar novo às peças. E aposte em cores extrava-gantes para looks divertidos e com a cara do verão.

Clutchs coloridas dress To

Carteira de nobuck Shoestock

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MissionáriosMórmons

A missão é levar o Evangelho Restaurado de Cristo

Entre tantas coisas, o Brasil é também conhecido por sua grande variedade religiosa. São tantas religiões que é até difícil conhecer a todas pelo

nome. Ao andar pelas ruas da cidade, por exemplo, é possível deparar com jovens missionários Mórmons. Duplas de simpáticos e bem vestidos rapazes e moças que aparentam ter entre 19 anos e 21 anos. Os ho-mens estão sempre vestidos com camisa de mangas curtas branca, calças preta e gravata. As mulheres

trajando vestidos largos na altura dos joelhos e que cobrem totalmente o tórax, ombros e barriga. Portam um livro e costumam bater em portas de residências para levar o Evangelho Restaurado de Jesus Cristo.

“A restauração da igreja começou com a primeira visão de Joseph Smith. Em seguida, com a aparição de um anjo que lhe disse para traduzir o novo tes-tamento de Jesus, também conhecido como Livro de Mórmon”, conta Gildo Souza, 68 anos, líder do

ComportamentoPor: Wellington Beltrão | Fotos: Fabio Pinheiro

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grupo de sumos sacerdotes da igreja. Conforme relatos da Igreja Mórmon, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Joseph, um americano, na época com 14 anos teve uma visão de Deus. Dez anos depois, um anjo lhe apareceu e o orientou a reestruturar a igreja deixada por Cristo séculos atrás. “Com o número crescente dos fiéis da nova igreja de Cristo, o restaurador, Joseph Smith, foi perseguido e assassinado em 1844”, lamenta Gildo.

Segundo os dados da Igreja, o número de fiéis continua crescendo. Os últimos dados foram apresen-

tados em dezembro de 2010 e a religião já tinha mais de 14 milhões de membros no mundo. Sendo que mais de 52 mil são de jovens missionários mórmons. No Brasil, já existem mais de 1,1 milhão de membros distribuídos em mais de duas mil congregações. Cerca de 400 mil a mais que no início do ano 2000.

A MISSÃO

Haja fôlego. A caminhada é longa. Em tardes de sol, frio, ou temperaturas abaixo de zero é possível ver os missionários mórmons pregando em esquinas ou batendo de porta em porta, levando a mensagem restaurada de Cristo. É assim a vida dos missionários durante dois anos seguidos. “Para servir a missão é necessário estar na Igreja há pelo menos um ano. Depois disso, serão feitos alguns exames para saber se está tudo bem. Afinal, a caminhada é longa”, con-fessa Cleverson Costa de Almeida, 23 anos, membro da igreja.

Cleverson mora em Brasília e serviu a missão de 2007 a 2009 em Recife, a capital pernambucana. “A missão não é obrigatória. Para servir, os rapazes têm que ter entre 18 e 25 anos e as moças, no mínimo 21 anos”, informa. Conforme ele, esses jovens podem ser mandados para “servir” em qualquer lugar do mundo. “Eu preguei em Recife, mas tenho amigos que foram para os Estados Unidos e outros para o Japão”, conta.

A IgREJA NO BRASIlA Igreja Mórmon age lado a lado com a Defesa

Civil e o Poder Público Organizado para socorrer vítimas necessitadas, independente da religião, etnia ou nacionalidade. Administra um fundo de apoio para pesquisas na área de saúde infantil e, nos últi-mos seis anos, doaram mais de dez mil cadeiras de rodas a pessoas deficientes. Além disso, nos grandes prédios empresariais espalhados no Brasil, a Igreja possui os Serviços de Recursos de Emprego, os SREs. Segundo Gildo Souza, este serviço atende à toda co-munidade, independente de religião, com cursos de reintegração de cidadãos no mercado de trabalho. “No SRE são oferecidos cursos de preparação para entrevista de emprego, testes vocacionais, planeja-mento de carreira e elaboração de currículos. Tudo é feito gratuitamente e gerenciado por profissionais competentes”, esclarece. De acordo com os dados da igreja, só no ano passado, mais de 18 mil pessoas realizaram os cursos e 12 mil foram encaminhadas para empregos.

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CulturaPor: Michel Aleixo | Fotos: Helano Stuckert

As Jaguatiricas do CerradoSuper-heroínas legitimamente candangas

O termo francês “femme fatale”, é empregado para caracterizar uma mulher sedutora e peri-

gosa, que utiliza seu charme para lu-dibriar homens indefesos e colocá-los em situações arriscadas. A televisão, o cinema e a cultura pop em geral estão recheados delas. Seriados como As Panteras e filmes como Kill Bill são prova de que, por algum motivo peculiar, mulheres bonitas e boas de briga mexem com o imaginário coletivo. Com mais de 300 mil acessos em seu vídeo de estreia em menos de dois meses no ar, as Jaguatiricas do Cerrado parecem se enquadrar nessa categoria. Trata-se de cinco femme fatales que estão dando o que falar na internet, com uma websérie legitima-mente brasiliense. Mas a grande dife-rença é que o quinteto candango não é feito de atrizes ou modelos. Mas sim, de lutadoras profissionais tarimbadas de títulos e medalhas. As aparências enganam e é melhor ter cuidado. Campeãs de Wushu – modalidade mais competitiva do Kung Fu –, as amigas Paula Amidani, Danielle Aze-vedo, Patrícia Meschick, Tayra Ruda e Samara Sampaio se conheceram nos treinos da arte marcial. Todas na casa

dos vintes anos e com carreiras fora do tatame que variam da advocacia à fisioterapia. Uma coisa nunca passou pela cabeça do quinteto, estrelar algum tipo de série de ação. Até que, há cerca de um ano, o namorado de Patrícia, o cineasta Helano Stuckert as abordou com uma proposta inusitada. “Trabalho com audiovisual e desde que conheço as meninas vi que todas são bonitas, brincalhonas e tem grande sintonia umas com as outras. Então co-mecei a pensar em algum tipo de filme com a participação delas”, conta o idealizador. “Minha ideia era simples: criar uma série de luta 100% brasi-liense. Quando sugeri para elas todas toparam no ato”, celebra Helano. Nos três minutos e trinta e três segundos do primeiro e único episódio disponível na internet, não se revela muita coisa sobre as heroínas. Na aber-tura, as personagens das Jaguatiricas são apresentadas brevemente. Tatuado-ra, patricinha, fotógrafa, atleta e aven-tureira. Arquétipos diversificados com algo em comum: Brasília e seus cartões postais estão sempre ao fundo como um personagem extra. Muda a cena, e um suposto arquiinimigo aborda o grupo. O clima festivo se transforma em uma

arena de combate e as garotas mostram quem realmente são. “A intenção do primeiro vídeo era fazer uma espécie de teaser mesmo, de forma que as pes-soas que assistissem ficassem na dúvida. Com esse suspense no ar, dá vontade de ver os próximos para entender o que está por vir”, explica Helano. Para as Jaguatiricas, o grande mérito de suas atuações em frente à câmera, vem do fato de que elas são realmente lutadoras. Um contraponto ao fato de que muitas atrizes do cine-ma utilizam dublês e coreógrafos. “As personagens foram criadas a partir das características de cada uma de nós”, explica Paula. “Não existia nenhum roteiro detalhado. Foi tudo feito de forma improvisada. Não estudamos os golpes em cada cena. Combinávamos na hora o que fazer e foi saindo”, com-pleta. Patrícia acrescenta: “Acabava que a gente machucava o Bid [o amigo de Wushu que interpretou o vilão] porque a gente não sabe fingir que vai bater”, diverte-se. A fama súbita pegou todas de surpresa. “Foi chocante! Comecei a receber ligações, mensagens, até a minha chefe veio comentar do vídeo comigo”, conta Tayra. Por outro lado,

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nem todo mundo entendeu o clima despretensioso do vídeo. Muitas pessoas acharam que as Jaguatiricas estavam se levando a sério e postaram comentários maldosos na internet, acusando-as de quererem ser uma superprodução que não deu certo. As meninas se defendem, reafir-mando que o projeto não passa de uma brincadeira que está crescendo demais. “No começo não imaginamos que alguém, além de nossos amigos, fossem assistir”, espantam-se. “Como o pri-meiro episódio não revela muita coisa, tem gente que achou que estávamos realmente querendo ser as justiceiras

do cerrado. No próximo vamos colocar mais humor para que as pessoas enten-dam melhor nossa proposta”, justifica Patrícia. “As Panteras e diversos outros filmes de luta tem um tom ridículo. É preconceito das pessoas rotularem a gente e gostar das mesmas coisas quan-do vem de Hollywood”, salienta. Mesmo com as críticas, os constan-tes pedidos de entrevistas, o grande número de acessos e a súbita fama mu-daram a visão do grupo em relação ao projeto. Helano garante que a cada três meses, um novo episódio vai estar na rede. “Como já trabalho com vídeos, a produção das Jaguatiricas tem pratica-

mente custo zero. Mas a partir de agora, os novos episódios vão ter roteiros mais trabalhados e não descartamos a pos-sibilidade de conseguir patrocínios e apoio. Por que não?”, desafia o diretor. As meninas também apostam no futuro do quinteto. “O que não falta é gente querendo ser vilão para apanhar da gente”, diverte-se Samara que revela, ainda, um verdadeiro desejo mútuo de todas as cinco. “Se mais gente se inte-ressar e apoiar o nosso esporte, nosso trabalho valeu a pena”. Para assistir o vídeo basta colocar as palavras-chave “jaguatiricas” e “cer-rado” no youtube e facebook.

Samara, Danielle, Paula, Patrícia e Tayra, as Jaguatiricas do Cerrado

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Retrato

São rostos, cores, águas. Imagens bem brasileiras, inspiradas no que se tem de mais precioso e que nos caracteriza como povo e gente: a nossa cultura. São

flashes de baianas organizando uma cerimônia do candomblé na praia; do sertão e dos sertanejos padecendo com a seca; registros da imensa Amazônia e do que poderia ser o seu contraste, a frenética São Paulo. Ensaios fotográficos feitos por Luiz Clementino, que, há 10 anos, faz retratos do povo e do Brasil, país que tanto ama.

Ensaio inédito que apresentará no final de novembro é o “Iorubá” que, segundo o artista, talvez seja o trabalho mais importante de sua carreira. Rituais de oferendas candomble-cistas em praias brasileiras, são retratadas pelas lentes do artista com maestria ímpar. Além da beleza das adeptas da religião africana, vestidas de baianas, as belezas naturais do lugar e dos

CulturaPor: Fernanda Azevedo | Fotos: Victor Hugo Bonfim

Ensaios comoventes de fotografia mostram o país

“Acho bonito e fotografo. Sempre me envolvo com as pessoas e lugares que registro”, diz Luiz Clementino

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do

Brasiloutros participantes da seita são expostas em ângulos privilegiados. E no que se concerne à exposição fotográfica, o artista é modesto e atribui grande parte do belo mérito ao fator boa sorte. “Estava passando férias com minha família em uma aldeia de pescadores. Acordei cedo e fui à praia”, recorda.

Brasiliense de coração e baiano de nascimento, Luiz Clementino é fotogra-fo profissional há mais de 30 anos. Já realizou vários trabalhos sobre Brasília que decoraram muitos cartões postais.

A idéia de fotografar o nosso país por um ângulo artístico surgiu natural-mente. Clementino trabalhava viajando pelo Brasil, previamente pautado para fotografar determinados temas. Um ser-viço que ele classifica de “burocrático”.

A fotografia artística veio de mansinho. Ao ver algo bonito ou digno de registro, pronto, clicava. Da mania de ser fotó-grafo em tempo integral, surgiu ensaios de temas como: arquitetura colonial; a abundância da agricultura no Centro Oeste e Vale do São Francisco. Trabalhos que já ilustraram folders, cartazes, livros, jornais e revistas de vários lugares e que, inclusive, foram expostos na Holanda e no México.

Apesar de ser um homem de sorte, Clementino assegura guiar-se mesmo é pela emoção e pela intuição. “Acho bonito e fotografo. Sempre me envolvo com as pessoas e lugares que registro”, lembra. Ele conta que um dos trabalhos em que mais se emocionou foi registrar a fome e a miséria que reina no sertão

do agreste. “Acho a fome inadmissível nos dias de hoje, com tanta abundância de alimentos que nós temos”, lamenta. Enquanto a miséria humana é abomina-da pelo artista, o objeto gente é tratado com respeito, simpatia e admiração por Luiz Clementino que faz questão do enquadramento perfeito de suas lentes para retratar com dignidade a matéria prima dos seus trabalhos: o ser humano. “São pessoas simples e amáveis que te convidam para entrar na sua casa e comer. Fiz muitos amigos ao longo desses anos”, acredita.

ServiçoLuiz [email protected] (61) 9212. 9851

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Sofisticação da culinária mediterrânea

GastronomiaPor: Fernanda Azevedo | Fotos: Victor Hugo Bonfim

Já imaginou saborear um prato grego em um dia e uma delicia espanhola no outro, ou se preferir uma sofisticada receita italiana? No Miró, res-

taurante especializado na culinária mediterrânea, o brasiliense pode fazer uma turnê gastronômica em países da Europa, Ásia e África, que são banhadas pelo mar mediterrâneo. Conforme a chef do res-taurante, Miriam de Albuquerque Carvalho, uma pesquisa sobre os pratos típicos desses países foi especialmente feita para criar um cardápio bem variado. “Temos pratos da Grécia, Turquia e Fran-ça. Temos cuscuz marroquino, risoto, massa, quibe cru. Um pouquinho de cada coisa”, ilustra. Há três anos em Brasília, o restaurante, especializado em alta gastronomia, carrega o simbolismo da tradição mediterrânea até no nome. O do famoso pintor espanhol, Juan Miró. Apesar do estilo tradicional, o ambiente não deixa de ser sofisticado e sempre tem uma novidade do mediterrâneo para ser testada e aprovada pelos clientes. O cardápio foi renovado com novos pratos.

Segundo Miriam, os clientes costumam elogiar a di-versidade do cardápio e a mistura de sabores. Do novo cardápio, o prato que promete ser sucesso é o risoto de limão siciliano, pré- cozido com caldo de peixe e cravo, finalizado com manteiga, queijo parmesão e um toque de limão, bem suave. Para o grande final, acompanhan-do o risoto, salmão revestido de gergelim preto. “A idéia é misturar um pouco da Itália e da Espanha com o salmão, limão e o gergelim, característico do norte do mediterrâneo que são os países da África”, informa ela. O prato é ideal para ser saboreado com um bom vinho branco ou um espumante espanhol, a tradicional Cava. Afinal de contas, tanto nos pratos, quanto na decoração e nas bebidas, o Miró é simplesmente um passeio gastronômico pelos países do Mediterrâneo.

ServiçoMiróHotel Tryp Convention Brasil 21 SHS Quadra 6 Lote 1 Bloco B(61) 3218.4700

Miró

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NortonGrill

Sabor, maciez e alto padrão de corte

Quando o assunto é uma deli-ciosa, suculenta e macia fatia de carne bovina, a pedida, sem

dúvida, é o restaurante Norton Grill. No que se refere ao paladar, a visão do prato não engana. O sabor é real-mente divino. Exatamente no ponto e o sal na medida exata. O restaurante é especializado em gralhados, cortados da maneira argentina. Caracterizados por fatias maiores e de maneira que a carne possa estar entremeada com gordura branca, de qualidade. Atualmente, o restaurante está experimentando um novo corte, o aus-traliano e com o mesmo ideal argentino que é o de proporcionar um efeito mais marmorizado, com fibras entremeadas com gordura para uma maior maciez

no alimento. A carne, do gado wagyu, espécie originária do Japão, criada na Austrália. “Considerada por muitos a mais saborosa de mundo”, diz o gerente Eduardo Enrique Rodrigues. Conforme ele, existe todo um cuidado com referência à procedência da carne que é consumida na casa. No caso do gado wagyu, Eduardo conta que o ani-mal é alimentado a base de cevada e em ambiente climatizado. “Esse animal, enquanto vivo, recebe massagens diá-rias para ficar com a carne bem sabo-rosa”, informa. Com todo esse cuidado, o resultado não poderia ser outro: um contrafilé que, acompanhado de um bom vinho tinto, merece destaque. E para quem pensa que no Norton Grill se saboreia apenas grelhados,

engana-se. As sobremesas, criações do chef da confeitaria, Fabien Helleu, são um sucesso. As mousses Katmandu, de chocolate, gengibre, mel e calda de frutas vermelhas e a do Contestado, de leite queimado ao coco com aromas de cachaça e calda de erva doce com geléia de nutella, são simplesmente divinos. Confiante na qualidade do serviço e dos produtos, Rodrigues convida a todos que estejam passando pelo Complexo Brasil 21, que queiram saborear um bom almoço ou jantar para ceder à tentação.

ServiçoComplexo Brasil 21 - Hotel MeliáSHS Quadra 6 Lote 1 Bloco d (61) 3218.4700

A deliciosa mousse katmandu

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“Materializar imagem que se configura em resposta”– esta é uma das principais carac-

terísticas apresentadas nas pinturas do artista plástico Alex Cerveny. Pela primeira vez em Brasília, ele reúne, na mostra “Playlist Brasília”, as principais obras de sua carreira de 10 anos. “Essa exposição é a oportunidade de apresentar a Brasília um conjunto maior de obras minhas e de dar ao público da cidade uma visão mais nítida dos conteúdos e procedimentos do meu repertório”, diz Cerveny.

Além de algumas esculturas, ao todo são 31 obras, entre desenhos no azulejo e pinturas em telas, construídas por meio de histórias vivenciadas pelo artista. Assim, o observador poderá fazer uma narração das imagens apresentadas. “Tem um conceito por trás do desenho dele. Não é uma obra vazia. Todos os trabalhos estão contando algo para nós. Pode ser uma crítica, uma sátira, ou uma coisa bonita que ele viu em uma viagem”, classifica a marchand Onice Oliveira. Para ela, duas pinturas a óleo: Deus Sive Natura (A Fera na Selva) e Deus Bruto são obras que justificam muito bem a objetividade da mostra.

Embora ainda esteja começando a ter notoriedade no cenário das artes contemporâneas, Cervany já é consi-derado pela crítica, um artista ímpar e

de grande relevância. Para o crítico de arte Evandro Salles, ele integra uma longa tradição de invenção gráfica que se inicia antes da própria invenção da escrita. “Essa tradição é encontrada, por exemplo, nas iluminuras persas, nas narrativas ilustradas chinesas e japonesas, nos livros ilustrados à mão do começo da imprensa e na enorme relação entre texto e imagem da produ-ção moderna”, ressalta.

A mostra Playlist Brasília ficará exposta na Referência Galeria de Arte do Shop-ping Casa Park, até o dia 18 de setembro.

TRAJETóRIA PROFISSIONAl Alex Cerveny nasceu em São Paulo

em 1963. É desenhista, gravador, escul-tor, ilustrador e pintor. Estudou desenho e pintura com Valdir Sarubbi e gravura

em metal com Selma Daffré. No início da década 80, lecionou gravura em metal no Paço das Artes, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e nas Oficinas Culturais Oswald de Andrade, na capital paulista. A partir desse período, produz desenhos e aquarelas de caráter predo-minantemente narrativo e que também apresentam referências autobiográficas, relacionadas à sua experiência anterior como artista circense.

Trabalhou como ilustrador em diversos livros, como “Vejam como Eu sei Escrever”, de José Paulo Paes e “Pin-dorama”, de Sandra Peres e Luiz Tatit e também para o jornal Folha de São Paulo. Participa do ateliê Barro Blanco, onde produz trabalhos de cerâmica. Atua em um projeto educacional da Fundação Vale do Rio Doce. Ministra oficinas de cultura para professores em cidades do interior das regiões Norte e Nordeste. Seus trabalhos são tema de exposições individuais desde 1982. Já expôs em grandes centros internacio-nais como Nova York e Miami (EUA) e cidades da Alemanha e Holanda.

Playlist Brasília

ServiçoSGCV Sul, Lote 22Guará(61) 3403.5300 (Administração)

Cultura

O melhor dos 10 anos de carreira de Alex Cervany

Por: Railde Nascimento | Fotos: Divulgação e Victor Hugo Bonfim

Tem um conceito por trás do desenho dele. Não é uma obra vazia., diz Onice Oliveira

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EDUCAçÃO MUSICAL

A maior livraria musical da América Latina está localizada em Brasília.Aqui você encontra:• Livros de música, DVDs didáticos-musicais,• Métodos e Partituras:• Importados e nacionais;• Em todos os estilos;• Para todos instrumentos musicais;• Nivel iniciante ao avançado

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BOHUMIL MED*Música

*BOHUMIL MED Professor emérito da Universidade de Brasília.Com a colaboração de Regina Ivete Lopes

Dizem os musicólogos, numa defi-nição bem simples, que educação musical é a orientação que se deve

dar aos estudantes de música. Até aí, tudo bem. O problema começa no modo de ministrar essa orientação. Tomás Borba e Fernando Lopes Graça, eles próprios, conceituados teóricos e autores do “Dicionário de Música – editado em Portugal – vislumbravam essa dificuldade quando, na década de 50, já afirmavam: “Em parte alguma, que se saiba, se formulou ainda um programa único que aos iniciados convenha seguir à letra para chegarem a bons resultados. Cada qual procede o melhor que pode, em harmo-nia com circunstâncias especiais em que se encontra” Além de reconhecidos pro-fissionais do meio, o evento contou com a participação de vários cantores locais, a maioria oriunda das classes de Francisco Frias, da Escola de Música de Brasília, ou das turmas de Irene Bentley, do Ópera Studio da UnB, ambos formadores de uma plêiade de excelentes cantores que, hoje, atuam em grandes centros nacio-nais e internacionais.

OBRIgATORIEDADE DO ENSINO A Lei 11769/2008 institui a obriga-toriedade e o prazo de três anos para a inclusão do ensino de música nas es-colas de educação básica de todo Brasil. Passados três anos da sua promulgação, pouco se sabe sobre o conteúdo progra-

mático da disciplina, muito menos se a lei será cumprida com eficiência, pois, além das dúvidas didáticas, o número de professores qualificados é insuficiente. A importância da educação musical na formação dos jovens é incontestável e comprovada por inúmeras pesquisas. Os antigos gregos já sabiam disso. Na Grécia, a música fazia parte do currículo escolar ao lado da matemática e de ou-tras disciplinas mais técnicas. Na Idade Média, a música também era ensinada no ciclo básico, junto com a matemática, a língua materna e o latim.

NO BRASIl Houve um tempo em que se aprendia noções musicais nas escolas públicas do Brasil pelo método do canto orfeônico, implantado no início dos anos 1930 pelo grande compositor Villa-Lobos. Apesar do sucesso, o projeto durou somente até por volta de 1960, quando foi abolido, eliminando a música das es-colas, causando prejuízos na formação de quase duas gerações. Quais seriam outras metodologias aplicadas à educação musical? Nos séculos passados, crianças cantavam nos coros de igreja, educando-se. Nos Estados Unidos, praticamente todos os colégios têm orquestras e bandas formadas pelos alunos, que aprendem tocando. Para crianças pequenas, existem várias mecanismos em que se

aprende tocando instrumentos simples como pequenos xilofones, flautas doces, sininhos e outros. Em Brasília, na UnB, existe um ex-celente curso implantado pelo professor Ricardo Freire Dourado, em que crianças, desde bebês, recebem iniciação musical brincando. Outros cursos devem existir por este Brasil afora, mas que, diante de uma população tão grande, representam uma gota d’água num oceano.

PREOCUPAçÃO Apesar do trabalho de um grupo de educadores e especialistas no assunto, até agora não foi divulgado nenhum plano nacional de implantação, ou um currículo ideal para uniformização do ensino em todas as escolas. Como está, cada professor faz o que bem entende. Afinal, o que se deve ensinar? Conheci-mentos básicos? Instrumentos? Histó-ria da Música? História da arte? Não se chega a um consenso. E o prazo para implantação nas escolas termina em 30 de dezembro, daqui a cinco meses. Confesso que estou muito preocupado com desfecho desse projeto que, se não vingar, será um grande retrocesso na luta pela melhora da educação e cultura dos nossos jovens, que está um caos.

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Cão-guia para

deficientes visuais

DF é referência nos direitos dos portadores

Por: Michel Aleixo | Fotos: Vitor Hugo Bonfim Mundo Animal

A primeira unidade da federação a criar escola de trei-namento e legislação específica que regulamenta o uso do cão-guia para deficientes visuais foi o Distrito

Federal. Por meio da Lei nº 2.996, de 2002, o livre acesso do deficiente visual e físico com o cão-guia ficou garantido a qualquer estabelecimento de uso coletivo e no trans-porte público. Três anos depois, a Lei Federal nº 11.126 expandiu tais direitos para todo os estados da federação.

Os cães-guia são uma das melhores “ferramentas” para o auxílio dos cegos. Os animais, especialmente adestrados, são capazes de discernir perigos que a pessoa que utiliza apenas uma bengala para sua locomoção, por exemplo, não é capaz. “O animal promove um aumento de 70% na velocidade de locomoção”, garante o adestrador do Projeto Cão-Guia de Cego de Brasília, o Sargento Siqueira do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. Enquanto um deficiente que utiliza uma bengala só consegue tatear os obstáculos no chão, um cão-guia é capaz de observar peri-gos na altura do tronco e cabeça, além de objetos móveis.

O Projeto Cão-Guia de Cego, filiado à Associação Bra-siliense de Ações Comunitárias (Aba), foi criado em 1999 e, desde então, treina cães-guia que auxiliam deficientes visuais de todo o país. Ele é a única instituição não-privada que presta esse serviço no Brasil. A Coordenadora Administrativa do pro-jeto, Maria Lucia de Campos explica que treinar um animal para essa tarefa é um trabalho delicado e de longo prazo. Para a atividade, a raça labrador é a mais indicada por sua inteli-gência e amistosidade. Todos os animais têm que enfrentar uma rigorosa seleção genética e prática.

Os primeiros bombeiros adestradores do DF aprende-ram, no Canadá, técnicas específicas para o treinamento de cães-guia. Segundo a coordenadora Maria Lúcia, todos eles

tiveram que fazer um trabalho de aperfeiçoamento das ne-cessidades dos animais para atender às necessidades brasi-leiras. “Infelizmente, em países como o Canadá, os prédios e calçadas são melhores projetados para os deficientes. Por aqui, os cães precisam ser mais atentos”, lamenta ela.

CIDADANIACostuma-se dizer que a Capital da República é exemplo

de cidadania em razão do respeito dos motoristas às faixas de pedestres. Para os portadores de cão-guia, a cidade também é sinônimo de civilidade. Segundo Maria Lucia, o DF tem menos queixas de preconceito, se comparado a outros estados. Entre os poucos casos existentes, os mais significativos ocor-rem com as famílias hospedeiras que realizam um trabalho voluntário e que não têm nenhum deficiente visual em casa. O acolhimento do animal acontece por durante um ano e quando o mesmo tem dois meses de nascido. “A função da

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família é, literalmente, socializar o cão, levando-o a locais públicos e fechados. Esse processo é parte indispensável do treinamento”, esclarece a coordenadora.

Conforme a lei, tanto portadores de cães-guia quanto membros das famílias hospedeiras gozam dos mesmos privi-légios. No entanto, é mais comum que a família hospedeira seja barrada em locais públicos ou fechados, quando dos passeios para ambientação do animal. Maria Lúcia acredita que é devido a não presença de uma pessoa cega na ocasião.

CASOSInfelizmente, Brasília também

registra casos célebres e anônimos de confusão envolvendo os cães. Em feve-reiro de 2005, a agressão sofrida pelo deficiente visual Kester Brito Silva, figu-ra entre as situações que repercutiram em todo o país. Ele e seu cão-guia eram passageiros de uma van do transporte público que fazia o trajeto Recanto das Emas - Plano Piloto. Após discussão e se verem obrigados a levar o deficiente e seu cão no veículo, motorista e co-bradora deixaram todos os passageiros na Rodoviária e levaram o deficiente para um terreno baldio e o agrediram. Ambos foram presos.

No entanto, nem todas as situações são veiculadas pela mídia. A estudante de educação física, Wacktuza Alves, 28 anos, deficiente visual desde a infância, sofre um constrangimento rotineiro em

seu dia a dia. “Não é raro quando chamo um táxi para ir para a aula. O motorista me ver com o cão-guia e simplesmente dá meia-volta”, lastima a estudante. “Quando ligo na empresa de táxis para fazer queixa, eles dizem que o motorista achou o cachorro grande demais”.

Nesses casos, a recomendação é que as pessoas procurem o Projeto Cão-Guia de Cego. “Nós vamos aos estabeleci-mentos. Conversamos e, geralmente, tudo se resolve. Mas de toda forma, qualquer pessoa pode chamar a polícia. Está tudo amparado pela lei”, ressalta Maria Lúcia. Para ela, a falta de apoio e recursos financeiros são os maiores problemas do projeto que reduziu, con-sideravelmente, o número de animais treinados. Embora com uma estrutura física capaz de adestrar até 20 cães por ano, hoje, apenas três enfrentam o trei-namento no mesmo período.

No projeto, a fila de espera por um cão-guia se estende a mais de 250 deficientes visuais. No Distrito Federal, 25 cães-guia estão em plena atividade. Cada animal consegue realizar suas funções por 10 anos em média. Depois disso, o deficiente pre-cisa começar um novo treinamento com um novo animal.

Serviço

Projeto Cão-Guia de Cego(61) [email protected]

Maria Lúcia de Campos, coordenadora do projeto

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em Brasília Golfe

Oportunidade para aprender o esporte de graça

Jornalista AprendizPor: Déborah Delbart

Criança gordinha é criança saudável? Nem sempre. Infelizmente, as boche-chas rechonchudas são causas muito

mais de preocupação do que de elogios. A incidência da obesidade infantil atinge va-lores próximos dos 10% das crianças e 20% dos adolescentes brasileiros. “A cada dez crianças, uma está obesa”. A afirmação é da professora Carmen Campbell, especialista em obesidade infantil e responsável pelo Programa de Mestrado e Doutorado em Educação Física da Universidade Católica de Brasília.

Quem tem real interesse em se dedicar ao esporte, no clube, passa a ser chamado de “sócio-atleta”, com autorização para usar os campos e participar das aulas e treinos, sem nenhum custo e, ainda, sem a necessidade de se tornar sócio, que resulta em um investimento inicial de R$ 12 mil e mensalidade de R$ 500,00.

Christina Ramazzina, capitã de equipe no clube, sonha com a possibilidade de montar um time que possa representar o Brasil nas Olimpíadas. Segundo ela, o clube

já possui um grupo de cinco (5) alunos, com idade entre 11 e 14 anos que já parti-cipa de torneios estaduais. Huat Thart, 12 anos, é um dos que está na escolinha e já chegou a competir pelo clube. Mesmo não tendo vencido nenhuma competição, ele continua dedicado para ganhar títulos. O instrutor da escolinha, Leonardo Brasil, ex-plica que no golfe, crianças e adolescentes podem participar de qualquer competição amadora, independente da faixa etária. Para ele, uma das maiores dificuldades para aumentar as adesões ao golfe é a falta de espaços físicos para a prática do esporte. Hoje, o único lugar possível para se jogar golfe no Centro Oeste é o Clube de Brasília, que é um espaço particular.

Com isto, comprovadamente, a maioria dos alunos jovens tiveram seu primeiro contato com o esporte por meio de terceiros, pais ou parentes, já que o esporte, além de ser pouco conhecido, não é oferecido nas escolas e até mesmo em clubes sociais. João Victor Toledo, 10 anos é um deles. Filho do presidente do clube, diz gostar mais de golfe do que de fu-

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Serviçodéborah delbart é estudante do 5º semestre de jornalismo do IeSB

tebol. Os treinos dele acontece cinco vezes por semana e o seu opositor é sempre o experiente pai.

O gOlFE NA JUVENTUDEPor preferir o golfe ao futebol,

esporte escolhido por oito entre 10 garotos, João Victor conta que os seus amigos acham a sua predileção esportiva “estranha”. Mas a histó-ria do golfe no país está mudando e tomando um rumo em que a ima-gem de ser um esporte para velho logo vai se tornar passado. Isto, graças à campanha de conscien-tização que o jogador profissional americano, Tiger Woods, 35 anos está empreendendo. Leonardo Brasil, instrutor da escolinha do Clube do Golfe de Brasília e um dos maiores entusiastas do esporte, assegura que, quanto mais cedo se aprender a jogar golfe, mais flexi-bilidade se adquire para praticar os movimentos corretamente. “Golfe é difícil. Geralmente se joga mais mal do que bem no início. É uma

lição de vida, pois se aprende a ser humilde”, ressalta.

A capitã Christina destaca que o golfe promove a disciplina, a responsabilidade, o respeito, a concentração e que o golfista tem como principal desafio as suas próprias limitações. “Parece sério e muito pesado? Não é. Tudo isso é adquirido aos poucos, de forma leve e divertida”.

INFORMAçõESPara participar da escolinha, o

jovem deve ir à Secretaria do Clube, preencher uma ficha de inscrição e marcar a primeira aula. Se houver interesse em continuar, o aluno também recebe gratuitamente os tacos e as bolas.

Para se tornar sócio-atleta, o aluno deve se dedicar nas aulas e demonstrar interesse em continuar a pratica do golfe. Após uma série de aulas e avaliação, o professor e o aluno entram com uma solicitação à Diretoria do clube.

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ALÉM DO AFAGO NO EGO

Propaganda e Marketing CARLOS GRILLO*

A s agências de publicidade, marketing pro-mocional e design de Brasília vivem essa semana a ressaca do Prêmio Colunistas, cujo

resultado foi anunciado no dia 5 de setembro. Algumas comemoram, outras lamentam, mas nin-guém passa indiferente. Realizado há 26 anos na capital pela empresa Meio e Mídia, o Colunistas é a premiação mais longeva e festejada do setor. Mas, afinal, para que servem as premiações, além de afagar o ego de criativos carentes? Bem, tenho uma visão positiva sobre esse tipo de evento. Abai-xo, listo alguns pontos importantes. Estímulo: as premiações destacam o que foi produzido de melhor pelo setor no período de um ano. Fato que contribui para balizar o trabalho desenvolvido pelas agências e seus clientes, além de alavancar a qualidade criativa. Os profissionais envolvidos sempre saem de um certame motivados a criar mais e melhor. Valor de marca: as premiações fazem pela marca da agência o que as agências fazem pelas marcas de seus clientes. Valorizam o produto/serviço, ajudam a tornar a agência um objeto de desejo do anunciante e funcionam como um ímã de bons profissionais. Registro histórico: as premiações, das mais rigorosas às mais flexíveis, traçam um retrato fiel do mercado. Nem sempre gostamos do que vemos, é verdade, mas tudo o que foi feito de melhor na comunicação está refletido ali. Com o passar dos anos, uma simples análise das atas dos prêmios, nos dá subsídios para avaliarmos a evolução do setor e para traçarmos planos futuros. Caráter educativo: os anuários produzidos a partir das premiações funcionam como uma rica fonte de referências. Não só para quem está come-çando na profissão, mas também para quem já está inserido no mercado. As referências são importantes por dois motivos: o primeiro é saber o que outras agências já fizeram para clientes de um mesmo segmento, o segundo, para ajudar os criativos a fazerem diferente de tudo o que já foi feito.

CONhEçA OS PRINCIPAIS DESTAQUES

COlUNISTAS PROPAgANDA Agência do Ano: Giacometti; Anunciante do Ano: SEBRAE; Publicitária do Ano: Cristina Gut-temberg (Nova/SB); Profissional de Propaganda do Ano: Pedro Henrique e Fernando Lopes (Fields); Veículo Impresso do Ano: Correio Braziliense; Ve-ículo Eletrônico do Ano: Portal maiscomunidade.com; Destaque do Ano: criação da Secretaria de Estado de Publicidade Institucional pelo Governo do Distrito Federal.

COlUNISTAS MARKETINg PROMOCIONAl Agência do Ano: Monumenta Comunicação e Estratégias Sociais; Cliente de Promoção do Ano: Caixa Econômica Federal; Empresário de Marketing Promocional do Ano: Martha Letícia Ferreira (Monumenta); Profissional de Marketing Promocional do Ano: Daniel Braga (Latin Promo); Grand Prix de Ação Promocional do Ano: O Maior Abraço do Mundo (da Monumenta para o Conselho Nacional do SESI).

COlUNISTAS DESIgN Agência do Ano: Monumenta Comunicação e Estratégias Sociais; Profissional de Design do Ano: Tiago Squitch (Monumenta); Empresário de Design do Ano: Paulo Bertoni (Bê Design); Grand Prix de Branding ou Design Corporativo do Ano: Convite Torcida Pé Quente (da Monumenta para a Caixa Econômica Federal).

Para saber mais sobre o Prêmio Colunistas e co-nhecer os demais vencedores, acesse o site www.colunistas.com. Até semana que vem.

*CARLOS GRILLO Vice-presidente de criação da Monumenta Comunicação e Estratégias SociaisEmail: [email protected]: @carlosgrillo

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Os vinhos e as notas dos críticos

Vinho ANTôNIO DUARTE*

*ANTôNIO MATOSO Engenheiro e enófilo, apreciador sistemático de vinhos desde 1982, monitor de grupos de degustação e professor da ABS de Brasília.

Muitos produtores, revendedores, importadores anun-ciam orgulhosamente os seus vinhos com as “belas” notas ou pontos atribuídos por determinado crítico/

colunista de vinhos ou por alguma revista especializada, de alcance mundial. Sem dúvida, acaba sendo um grande artifí-cio de marketing, até porque só alardeiam essas notas quando estão com valores acima de 85 pontos.

Do lado de cá, de nós, consumidores, há pessoas que só compram vinhos que tenham sido bem avaliados. Com notas altas, dadas por uma determinada revista de sua preferência ou crítico/colunista. A um amigo, adepto desta prática, certa vez aconselhei a mudar eventualmente a referência, porque o crítico Robert Parker que ele tanto tinha em conta, normal-mente pontua com notas altas os vinhos de corpo mais pesado e estilo mais marcante do novo mundo. Ele me ouviu com certa relutância. Mas espero que tenha seguido o conselho, porque senão vai beber sempre o mesmo estilo de vinho. Ok. Posso até admitir também que seja este estilo a preferência e gosto pessoal dele, que eu não tenho nada a ver com isso, mas no mundo do vinho, com tantas variedades de uvas, regiões vinícolas, produtores e estilos ao redor do mundo, fincar pé em um só estilo acaba sendo um fator limitador e o enófilo deixa de conhecer muita coisa interessante que o mercado oferta. Além disso, um só estilo de vinho dificilmente combina com todo tipo de comida e ampliar o leque de conhecimento para diversos estilos é necessário e fundamental quando a pessoa bebe vinhos não apenas por beber, mas também em refeições, onde a atenção com o “peso” e textura de ambos é importante para que a combinação seja harmoniosa e um não interfira negativamente no sabor do outro. Mas esse assunto de harmonização comida-vinho é assunto para outra ocasião.

O crítico norte-americano Robert Parker, endeusado por uns, demonizado por outros, foi dos primeiros a atribuir notas aos vinhos numa escala de 60 a 100, que ele e alguns colabora-dores avaliam e publicam em sua revista Wine Advocate. Como muitos vinhos de estilo “novo mundo” – mais encorpados, pesados e com notória presença de madeira – normalmente é que recebiam alta pontuação de Parker, os seus opositores e produtores de outros estilos começaram a tentar minimizar a importância que Parker estava alcançando no mercado do vinho, na medida que influenciava muitos compradores a partir de suas notas. Pior, é que alguns produtores passaram a mudar os estilos de seus vinhos com o intuito de tê-los bem pontuados por Parker. O fato é que daí, começou a polêmica de que o mundo do vinho estava sendo “parkerizado”. “Muita

gente produzindo vinho na direção do mesmo estilo, desper-sonalizando o que cada vinho tinha de mais original, o seu regionalismo...etc, etc, etc”. E sabe Deus quando isso terá fim.

Mas, felizmente, não apenas Parker pontua vinhos na imprensa especializada. Hugh Jonhson, Jancis Robinson e tantos outros críticos também possuem as suas escalas de notas e, ainda bem, onde outros estilos de vinhos mais elegantes e não necessariamente “parkerizados” obtêm pontuações altas. E não podemos negar também que num mundo tão variado de vinhos, com milhares de rótulos à disposição dos consumi-dores “não iniciados”, com tantas regiões produtoras e estilos distintos, fica difícil para a pessoa com menor conhecimento escolher um vinho sem qualquer referência. Normalmente, a pessoa compra por intuição; pelos conselhos de um amigo mais experiente; nas indicações dos vendedores de lojas espe-cializadas, ou nos raros casos que algum supermercado dispõe de um atendente que possa auxiliar o consumidor e que em algumas situações, coitado, tem o conhecimento limitado ao que já está escrito no contra-rótulo da garrafa.

Polêmicas à parte com o senhor Parker, a verdade é que em um mundo com poucas referências, alguma já ajuda e serve de base para se fazer uma compra. Pelo menos, a partir dela, já se sabe um pouco o que esperar do vinho. Mas não é verdade absoluta, única. Creio, que só não podemos nos limitar como faz o meu amigo, que só compra vinhos bem pontuados pelo crítico norte-americano. Na verdade, ter isso como referência apenas, não é ruim. Por outro lado, para quem gosta mesmo de vinho, variar, experimentar muitos rótulos de distintos paí-ses, produtores, regiões, mesmo não pontuados por ninguém, é uma prática mais salutar. E com o passar do tempo, quando a pessoa se interessa mais pelos vinhos, passa a ler mais e faz cursos especializados, já terá uma base sobre os diferentes estilos das diversas regiões e países produtores. O que dará muitos subsídios nas escolhas posteriores. Normalmente, o aprofundamento no tema, depois leva a pessoa a viajar para regiões produtoras, participar de degustações e o conheci-mento ampliado vai fazer com que a curiosidade sobre novos vinhos só aumente e o tal conhecimento e prática adquiridos é que serão os norteadores de futuras compras. E claro, um bom produtor que se conheça, com tradição e vinhos de qualidade é uma escolha quase sem erro.

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Tá lendo o quê?

Boa leitura com um bom café

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Pedro Neves Empresário, diretor da grifort

LivroCódigo da Vida

AutorSaulo Ramos

EditoraPlaneta

kátia CubelDir. da Engenho Criatividade e Comunicação

LivroEquador

AutorMiguel Sousa Tavares

EditoraOficina do Livro

Diogo De Simone Coord. de Marketing do Terraço Shopping

Juliana Santana Arquiteta

LivroNa Toca dos Leões

Autor

Fernando Morais

Editora Planeta do Brasil

O livro fala sobre a arte de criar o desenho e sobre Arquitetura em si. Desmitifica o conceito da profissão e suas vertentes, e explica, por meio de uma linguagem leve e didática, as sensações que um espaço bem planejado pode proporcionar. é uma obra indicada para profissionais do segmento e também para os amantes do conforto, bem estar, planejamento e design dos espaços e objetos. Os textos apresentados por essa publi-cação são uma crítica à interpretação incorreta que muitas vezes se faz da arquitetura, mas também uma proposta de análise de novos critérios para críticas. é uma leitura fantástica!

Esse livro é uma deliciosa e instigante viagem no tempo e nos costume de lisboa, sua elite, colônias e dilemas no início do século XX. Um rico playboy lisboeta é convocado pelo rei a assu-mir o posto de governador das ilhas de S. Tomé e Príncipe. O protagonista da história, luís Bernardo Valença, deixa sua vida de luxo, boemia e mulheres para se embrenhar numa terra sem recursos e, lá, convencer a coroa bri-tânica de que a elite local não pratica a escravidão em suas propriedades rurais. Romance de ficção calcado em fatos históricos. é daqueles livros que nos faz correr de volta para casa com avidez pelo desenrolar da estória.

O livro conta a saga de como Washinton Olivetto se tornou publicitário e de como criou uma das agências mais premiadas do mundo. histórias curiosas do seu dia a dia na agência, cases de sucesso e dramas de sua vida pessoal, episódio o em que foi vítima de sequestro. O livro é divertidíssimo e recomendado a todos que sonham em seguir a carreira publicitária ou não. Quem me recomendou a leitura foi minha namorada, que é publicitária.

LivroSaber Ver a Arquitetura

Autor

Bruno Zevi

EditoraMartins Fontes

Para contar sua trajetória de vida, o autor usa uma técnica interessante na narrativa: o fio condutor de toda a história é um processo em que uma mãe acusa injustamente o pai de abusar sexualmente de seus filhos. Esse início tenso vai dando lugar a episódios importantes da história recente do país. à medida que o tempo avança, o autor conta fatos relevantes, relata sua convivência com personagens expressivos da política e do poder e deslinda todo o processo que, no final, tem como uma espécie de herói um dos atuais ministros do STF.

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Espera do teu filho o mesmo que fizeste a teu pai.

Tales de Mileto

Gente demais dá valor de mais ao que não é, e de menos ao que é.

Malcolm S. Forbes

Ganhe sem blasonar, perca sem se desculpar.

Albert Payson Terhune

Ganhar não é tudo. Mas querer ganhar é.

Vince Lombardi

Fraqueza e crueldade são coisas que andam sempre juntas.

Olin Miller

Errar é humano, mas quando a borracha se gasta mais do que o lápis, você está positivamente exagerando.

J. Jenkis

Egoísmo é querer que os outros vivam como queremos que eles vivam.

Oscar Wilde

Enquanto não tiveres conhecido o inferno, o paraíso não será bastante bom para ti.

Provérbio curdo

Estamos todos num mesmo barco em mar tempestu-oso e devemos uns aos outros uma terrível lealdade.

G. K. Chesheston

Frases

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Justiça

Alexandre Moraes aponta que as mais importantes positivações dos direitos e garantias fundamen-tais se deram “a partir de grandes conquistas da

civilização” e indica, como exemplos, a edição da Magna Carta do João Sem Terra, de 1215, a Constituição dos EUA [1789], a Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão [1789] e a Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948). Assim, proclama o dito autor, que a configuração atual dos direitos fundamen-tais é produto da fusão de várias origens, sugerindo a conjugação da experiência empírica vivenciada desde as sociedades primitivas, perpassando pela contribuição do jus-naturalismo, do cristianismo e da evolução do consti-tucionalismo a partir do sec. XVIII até os tempos atuais [MORAES, Alexandre. Direitos humanos fundamentais: teoria geral. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 1]. Desse modo, o conceito de direito fundamental se traduz no conjunto de normas instituidoras de direitos e garantias que tem fim a defesa e respeito à dignidade do ser humano que, assim, se vê titular da proteção contra o arbítrio do próprio Estado e de seus seme-lhantes, em ambiente regido por condições mínimas de convivência social, tais como o desenvolvimento da aptidão social e da personalidade humana [MORAES, Alexandre. Direitos humanos fundamentais: teoria geral. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 21]. Luiz Edson Fachin fala do sujeito-cidadão, que con-sidera ainda em construção, em substituição ao sujeito virtual de direitos dos séculos passados, evoluindo do ‘indivíduo insular’ (membro da sociedade nacional – séc. XVII), passando pelo direito de associação (séc. XVIII) e pela constitucionalização dos direitos indi-viduais, coletivos e, por fim, dos direitos sociais (séc. XX), como medidas garantidoras de ‘proteção mínima’ e ‘um padrão de vida decente’ [ALMEIDA FILHO, Agassiz; MELGARÉ, Plínio (Org.). Dignidade da pes-soa humana: fundamentos e critérios interpretativos. São Paulo: Malheiros, 2009, p. 105]. Destaca, Fernando Ferreira Santos, que na filosofia grega o homem era tido como “animal político”, do-tado de cidadania, mas era uma relação constituída

entre o indivíduo para com Estado, em sentido único. No entanto, com o advento do cristianismo, o homem ascendeu a uma categoria de ser espiritual, que possui valor em si mesmo e dotado de direitos subjetivos fun-damentais. A proclamação desse conjunto de valores inverteu a relação autoridade-liberdade e provocou “o deslocamento do direito do plano do Estado para o plano do indivíduo” [SANTOS, Fernando Ferreira. Princípio constitucional da dignidade da pessoa huma-na. Fortaleza: Celso Bastos, 1999, 19-20]. No quesito classificação, hodiernamente tem pres-tígio a classificação baseada na cronologia histórica do reconhecimento dos direitos fundamentais, que considera direitos fundamentais de primeira, segunda e terceira gerações. Na primeira categoria, se incluem os direitos individuais e as liberdades públicas em sen-tido estrito. Na categoria de direito fundamentais de segunda geração, são acrescidos aos primeiros os direi-tos sociais, econômicos e culturais. Por fim, na terceira categoria, acrescentam-se os direitos de solidariedade ou fraternidade, como, por exemplo, os direitos difu-sos e coletivos em sentido amplo, qualidade de vida, autodeterminação dos povos, interesses de grupos, etc. [MORAES, Alexandre. Direitos humanos fundamentais: teoria geral. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 26-27]. Almir de Oliveira alerta que não basta o regramento jurídico dizer que “todos são iguais perante a lei”, mas há necessidade da existência de instrumentos legais ou consuetudinários disciplinadores do uso de cada direi-to, a serem manejados perante o Estado-administração ou Estado-jurisidição. Dessa forma, cabe ao próprio Estado ministrar a proteção aos direitos fundamentais, e até mesmo a órgãos internacionais, pois, a defesa dos direitos humanos deixou de ser matéria exclusiva de direito interno, mas, também, de interesse cada vez maior da comunidade internacional, por meio de seus organismos [OLIVEIRA, Almir de. Curso de direitos humanos. Rio de Janeiro: Forense, 2000, 231-232].

Dos Direitos HumanosFundamentais

VETUVAL MARTINS VASCONCELOS *

(*) VETUVAL MARTINS VASCONCELOSProfessor do curso de Direito do UNICEUB e Promotor de Justiça/DF

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76 PLANO BRASÍLIA 20 DE SETEMBRO DE 2011

Diz Aí, Mané

“O tecido adiposo é um orgão gordo, mas muito gordo que separa as pessoas do frio.”

“O vento está intimamente ligado com propagação de ondas de ar, elas batem e carregam tudo pela frente

quando são de alta amplitude.”

“A mitocôndria é uma bolinha furada e cortada, cada pessoa

tem a sua e ela produz um muco chamado secreção.”

“lavoisier era assim chamado pois se lavava facilmente, ou

seja, lavou + easyer.”

“A igreja através dos anos perde seu público alvo pois o imposto

do dízimo é de 10%.”

“O Brasil foi povoado por ladrões, prostitutas, mercenários e pelos ne-

gros que vinham da áfrica procurando emprego dentro de navios negrescos.”

“Cabral andava nú pois per-deu as calças no triângulo

das bermudas.”

“D. João sexo era um ditador dinamarquês que impediu a

revolução russa.”

“O coração serve pra bater, ele fica batendo e quando pára a pessoa tem que colocar um

contador de passos.”

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Independentesaté certo ponto

O precisar é também gratificante

Cresça e Apareça ADRIANA MARQUES*

*Adriana Marques é Business Coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching master Coach pelo Behavioral Coaching Institute e presidente do CoachingClub.

Estamos vivendo a era da inde-pendência. Nas escolas, desde cedo, crianças são ensinadas

sobre o valor de crescerem sabendo da sua responsabilidade perante seus afazeres, sua família, amigos e socie-dade. Professores preparam os jovens para assumirem, integralmente, as ré-deas do seu destino. Isso significa que quanto mais autonomia para decidir, planejar e entrar em ação, melhor! Enquanto estes ensinamentos refletirem proatividade e disposição, bom tanto para o indivíduo, quanto para o coletivo. Não esperar que o outro faça primeiro e não depositar falsas expectativas em relação aos acontecimentos em geral, são postu-ras inteligentes, que evitam o desgaste emocional desnecessário.

Ser independente significa fazer a sua parte, ser dono dos seus resultados e entender o impacto que simples atitudes provocam ao seu redor. Inde-pendência é liberdade. É, sobretudo, ter autonomia. É ter o poder para criar suas próprias leis e, assim, interagir com o mundo à sua volta de forma mais assertiva.

Seres independentes são o motor propulsor de qualquer sociedade! Fazem seus planos e concretizam grandes projetos, ao contrário daque-les que passam a vida inteira esperan-do que algo extraordinário aconteça para que, então, entrem em ação.

E qual a cautela em relação a tudo isso?

Partimos do princípio que nin-guém vive sozinho. Somos seres sociais, inseridos em um contexto de interdependência. Precisamos uns dos outros! Tanto em termos práticos, quanto em termos emocionais.

Estamos sempre ligados a um grupo; algumas vezes em menor, ou-tras em maior escala. Ter amigos, fa-mília e um time no trabalho em quem se possa confiar são fatores decisivos para se alcançar a felicidade.

Quando falamos em independên-cia, automaticamente, vem a ideia de não precisarmos de nada e ninguém. Mas precisar das pessoas é diferente de depender delas! Precisar é uma esco-lha, da qual não se é refém. Ter a opção e eleger quem pode ou merece ser seu apoio é, no mínimo, engrandecedor.

Por exemplo, quem não gosta de saber que pode contar com um amigo a qualquer hora da madrugada? Mesmo não dependendo integralmente desta situação, ela traz conforto e tranquili-dade. E quanto às mil tarefas diárias? Como é bom receber uma ligação dizendo que você pode ficar tranquilo porque alguém vai buscar as crianças na escola e levá-las à natação! Por mais programada a agenda, a possibilidade de respirar com mais calma e sair da rotina acelerada – nem que seja por algumas poucas horas – é ótima.

Quem nunca olhou nos olhos de outra pessoa e pensou: “Preciso de você na minha vida para ser feliz”! Precisar não como o fator determi-

nante entre viver ou morrer, mas como a forma de ter os dias mais coloridos, as semanas mais leves e os momentos mais recheados de prazer!

Se um dos seus objetivos é ser feliz, um grande passo é assumir quem são as pessoas das quais você precisa, pois, tendo-as perto, sua vida faz sentido.

Faça uma lista de quem torna seu dia-a-dia mais fácil; seja por evitar que você se desgaste desnecessaria-mente fazendo o que qualquer um pode fazer, seja por contribuir com seu trabalho ou te ajudar a enfrentar momentos de muita tensão e desafio.

Ter a consciência de que precisamos de algumas pessoas não nos faz mais ou menos independentes. Até porque somos nós quem escolhemos com quem vamos contar ao longo da vida!

Precisar de alguém é dar a chance para que ela se sinta reconhecida, amada e importante. É dar sentido para a vida de quem é essencial para você.

Por isso, por mais independente que você seja, presenteie as pessoas à sua volta com a sensação maravilhosa de poder contar com elas para trilhar um caminho de prosperidade e plenitude!

Agradeça, abrace, sorria e vibre por ter seu time formado, altamente com-prometido, ao seu lado todos os dias!

Feliz precisar consciente!

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Permito-me falar sobre a Universidade de Brasília após cerca de 20 anos como aluno, professor, pesquisador e servi-

dor. Aliás, frequentava a Colina (velha) na minha infância, nos anos 1970, quando meus pais visitavam amigos que eram professores da UnB. Mas quero falar, sobretudo, como cidadão e brasiliense.

A marca da UnB é a polêmica. Nasceu como modelo crítico ao formato ultrapassado das universidades brasileiras do final dos 1950. Foi agredida no seu formato moder-nizante e democrático ainda em tenra idade pelas concepções autoritárias e sombrias dos tempos da ditadura militar. Ressurgiu com a redemocratização, novamente como pólo de inovação até ser profundamente atingida pela maior de suas crises: a ética, numa sequencia estarrecedora de denúncias de desvio e mal-versação de dinheiro público para educação, investigadas por órgãos de controle interno.

Agora, matéria recente de revista de circulação nacional, reúne um conjunto de relatos para denunciar a constituição de uma “ditadura de esquerda”, empregando um ne-ologismo sem nenhum tempero de erudição ou refinamento intelectual: “madraçal”.

A tentativa de aglutinar o conceito islâ-mico de madrasa com o pantanoso lamaçal é uma desvairado ataque à UnB. Primeiro, a madrasa é um centro de estudos. Lembro que a Universidade do Cairo, uma madrasa na sua origem, é mais antiga que qualquer instituição universitária europeia, mais ainda das Américas. Segundo, se há algum lamaçal no planalto central, a UnB é a flor de lótus.

Bobagens à parte, o que fica é que uma parte da imprensa nacional, que há tempos

abandonou qualquer compromisso com a noção da regra mais basilar do jornalismo, mostrar os dois lados do fato, faz ressoar as trombetas dos cruzados do autoritarismo, pois não se dispõe a travar a disputa política com os mecanismos democráticos do debate público e propositivo das idéias.

São os mesmos que insistem em dizer que são democratas até o limite dos interesses particulares, mesmo quando serviram aos ór-gãos da ditadura militar e nada democrática que invadiu a universidade e tentou calar a liberdade de opinão que hoje gozamos.

A partir daí vale tudo: afirmar o que não é e denunciar o que não acontece. Só não fazem uso dos instrumentos da democracia de direito: acionar as instâncias universitárias, administra-tivas, nem as instâncias judiciais, legislativas e de controle, pois aqui, na seara da lei, é preciso provar o que se afirma, sob pena de condenação.

Para nós, cidadãos e contribuintes, impor-ta saber qual a dimensão e a qualidade do ensino e da pesquisa que é realizada na UnB, no fértil espaço experimental universitário, e no que resulta para a melhoria de nossa qua-lidade de vida, no aprimoramento da nossa experiência democrática, no aprofundamen-to das nossas possibilidades existenciais.

A UnB tem história e é dada às polêmicas, mas as disputas políticas devem ser travadas no campo próprio da sociedade democrático que somos, sem deixar que egos feridos e interesses pessoais superem os interesses da instituição, afinal, curiosamente, alguns insistem em dizer que nem existe mais direita e esquerda.

A UnBtem história

RODRIGO FALCÃO*Ponto de Vista

*RODRIGO FALCÃOMestre em História/UnB e Analista do TJDFT

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ChargeCharge

Eixo Monumental

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