planejamento pré‐operatório de artroplastias totais ... · protrusão acetabular moderada e...

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r e v b r a s o r t o p . 2 0 1 4; 4 9(2) :140–148 www.rbo.org.br Artigo Original Planejamento pré-operatório de artroplastias totais primárias de quadril com o uso de radiografias convencionais Edson Hidenori Miashiro a,, Edson Noboru Fujiki b , Eduardo Nagashigue Yamaguchi b , Takeshi Chikude b , Luiz Henrique Silveira Rodrigues b , Gustavo Martins Fontes b e Fausto Boccatto Rosa b a Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, Brasil b Clínica de Ortopedia do Hospital Estadual Mário Covas da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), Santo André, SP, Brasil informações sobre o artigo Histórico do artigo: Recebido em 11 de outubro de 2012 Aceito em 5 de dezembro de 2012 Palavras-chave: Artroplastia de quadril Planejamento Quadril/radiografia r e s u m o Objetivos: apresentar um método analógico de planejamento pré-operatório de artroplastias totais primárias de quadril baseado na medida dos componentes pela sobreposic ¸ão das transparências da prótese sobre a radiografia pré-operatória. E verificar a acurácia, tanto na previsão do tamanho do componente acetabular e do componente femoral usado como na restaurac ¸ão do offset e na correc ¸ão das dismetrias. Métodos: entre marc ¸o de 2005 e julho de 2009 foram analisadas 56 artroplastias totais pri- márias de quadril feitas em 56 pacientes no Hospital Estadual Mário Covas. As medidas dos componentes femorais e acetabulares obtidas no planejamento foram comparadas com as que foram usadas na cirurgia. Os offset medidos no planejamento pré-operatório foram comparados com os medidos na radiografia pós-operatória. A dismetria foi avaliada nos momentos pré e pós-operatórios. Resultados: foi observada uma acurácia de 78,6% (p < 0,001) na previsão do tamanho do com- ponente acetabular e de 82,2% (p < 0,001) na previsão da haste femoral. Os offset medidos no planejamento pré-operatório foram estatisticamente semelhantes aos offset medidos na radiografia pós-operatória. No pós-operatório observamos a equalizac ¸ão absoluta em 48,2% dos casos. Em 87,5% a dismetria foi igual a ou menor do que 1 cm e em 69,6% foi igual a ou menor do que 0,5 cm. Conclusões: a acurácia foi de 78,6% e 82,2%, respectivamente, para os componentes aceta- bulares e femorais. Os offset planejados pré-operatório foram estaticamente semelhantes aos medidos na radiografia pós-operatória. Verificamos equalizac ¸ão absoluta em 48,2% dos casos. © 2013 Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Trabalho realizado no Hospital Estadual Mário Covas da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), Santo André, SP, Brasil. Autor para correspondência. E-mail: [email protected] (E.H. Miashiro). 0102-3616 © 2013 Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Publicado por Elsevier Editora Ltda. http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2013.12.003 Este é um artigo Open Access sob a licença de CC BY-NC-ND Este é um artigo Open Access sob a licença de CC BY-NC-ND

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r e v b r a s o r t o p . 2 0 1 4;4 9(2):140–148

www.rbo.org .br

Artigo Original

Planejamento pré-operatório de artroplastias totaisprimárias de quadril com o uso de radiografiasconvencionais�

Edson Hidenori Miashiroa,∗, Edson Noboru Fujikib, Eduardo Nagashigue Yamaguchib,Takeshi Chikudeb, Luiz Henrique Silveira Rodriguesb, Gustavo Martins Fontesb

e Fausto Boccatto Rosab

a Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, Brasilb Clínica de Ortopedia do Hospital Estadual Mário Covas da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), Santo André, SP, Brasil

informações sobre o artigo

Histórico do artigo:

Recebido em 11 de outubro de 2012

Aceito em 5 de dezembro de 2012

Palavras-chave:

Artroplastia de quadril

Planejamento

Quadril/radiografia

r e s u m o

Objetivos: apresentar um método analógico de planejamento pré-operatório de artroplastias

totais primárias de quadril baseado na medida dos componentes pela sobreposicão das

transparências da prótese sobre a radiografia pré-operatória. E verificar a acurácia, tanto na

previsão do tamanho do componente acetabular e do componente femoral usado como na

restauracão do offset e na correcão das dismetrias.

Métodos: entre marco de 2005 e julho de 2009 foram analisadas 56 artroplastias totais pri-

márias de quadril feitas em 56 pacientes no Hospital Estadual Mário Covas. As medidas dos

componentes femorais e acetabulares obtidas no planejamento foram comparadas com

as que foram usadas na cirurgia. Os offset medidos no planejamento pré-operatório foram

comparados com os medidos na radiografia pós-operatória. A dismetria foi avaliada nos

momentos pré e pós-operatórios.

Resultados: foi observada uma acurácia de 78,6% (p < 0,001) na previsão do tamanho do com-

ponente acetabular e de 82,2% (p < 0,001) na previsão da haste femoral. Os offset medidos

no planejamento pré-operatório foram estatisticamente semelhantes aos offset medidos na

radiografia pós-operatória. No pós-operatório observamos a equalizacão absoluta em 48,2%

dos casos. Em 87,5% a dismetria foi igual a ou menor do que 1 cm e em 69,6% foi igual a ou

menor do que 0,5 cm.

Conclusões: a acurácia foi de 78,6% e 82,2%, respectivamente, para os componentes aceta-

bulares e femorais. Os offset planejados pré-operatório foram estaticamente semelhantes

aos medidos na radiografia pós-operatória. Verificamos equalizacão absoluta em 48,2% dos

casos.© 2013 Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Publicado por Elsevier Editora

Ltda.

� Trabalho realizado no Hospital Estadual Mário Covas da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), Santo André, SP, Brasil.∗ Autor para correspondência.

E-mail: [email protected] (E.H. Miashiro).0102-3616 © 2013 Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Publicado por Elsevier Editora Ltda.

http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2013.12.003

Este é um artigo Open Access sob a licença de CC BY-NC-ND

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Preoperative planning of primary total hip arthroplasty usingconventional radiographs

Keywords:

Hip arthroplasty

Planning

Hip radiography

a b s t r a c t

Objective: the objective of this study was to present an analogue method for preoperative

planning of primary total hip arthroplasty procedures based on measuring the components

by overlaying the transparencies of the prosthesis on the preoperative radiographs and chec-

king the accuracy, both for predicting the size of the acetabular and femoral components

used and for restoring the offset and correcting the dysmetria.

Methods: between March 2005 and July 2009, 56 primary total hip arthroplasty procedures

performed on 56 patients at the Mario Covas State Hospital in Santo André were analyzed.

The measurements on the femoral and acetabular components obtained through planning

were compared with those that were used in the surgery. The offsets measured through

the preoperative planning were compared with those measured on the postoperative radi-

ographs. Dysmetria was evaluated before and after the operation.

Results: accuracy of 78.6% (p < 0.001) in predicting the size of the acetabular component and

82.2% (p < 0.001) in predicting the femoral nail was observed. The offsets measured through

preoperative planning were statistically similar to the offsets measured on the postoperative

radiographs. After the operation, we observed absolute equalization in 48.2% of the cases.

In 87.5%, the dysmetria was less than or equal to 1 cm and in 69.6%, it was less than or equal

to 0.5 cm.

Conclusions: the accuracy was 78.6% and 82.2%, respectively, for the acetabular and femoral

components. The offsets that were planned preoperatively were statistically similar to those

measured on postoperative radiographs. We found absolute equalization in 48.2% of the

cases.© 2013 Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Published by Elsevier Editora

I

Nqemcmc

qm

ficrn

tm

admtEprd

ntroducão

o início, o planejamento pré-operatório das artroplastias deuadril não era bem entendido e usado, pois os desenhos

os tamanhos das próteses eram muito limitados.1,2 Atual-ente, a variedade de desenhos e o número de tamanhos dos

omponentes têm aumentado consideravelmente e transfor-aram a artroplastia total de quadril num procedimento mais

omplexo.2

O planejamento pré-operatório permite a escolha ade-uada do tamanho dos componentes, a equalizacão dosembros e a reducão do tempo de cirurgia.2

Charnley1 demonstrou a importância do estudo radiográ-co pré-operatório para a escolha do tamanho correto dosomponentes da prótese, além de enfatizar a importância daestauracão do offset. Esse último está diretamente relacio-ado com a estabilidade da artroplastia.1,3–6

As dismetrias são complicacões frequentes das artroplas-ias totais de quadril. São causas de lombalgia, distúrbios da

archa e lesões do nervo ciático.7–11

Neste estudo, com o uso de radiografias convencionais,presentamos um método de planejamento pré-operatórioe artroplastias totais primárias de quadril, baseado naedida dos componentes por meio da sobreposicão das

ransparências da prótese sobre a radiografia pré-operatória.

ste trabalho tem como objetivos: verificar a acurácia narevisão do tamanho dos componentes acetabular e femo-al, analisar a restauracão do offset e a correcão dasismetrias.

Ltda.

Material e métodos

O projeto deste estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética daFaculdade de Medicina do ABC, sob o número CEP 258/2007.

Entre marco de 2005 e julho de 2009, foram analisadas 56artroplastias totais primárias de quadril feitas em 56 pacientesno Hospital Estadual Mário Covas.

A média de idade foi de 65 anos. Trinta e sete (66,1%) eramdo gênero feminino e 19 (33,9%) do masculino. Todos tinhamdiagnóstico de artrose.

O critério de inclusão foi a presenca de artrose unilateraldo quadril. Os critérios de exclusão foram: artrose bilate-ral; protrusão acetabular moderada e grave pela Classificacãode Sotelo-Garza e Charnley12; displasia acetabular acima dotipo I de Crowe13; fraturas do colo do fêmur e pacientes comalteracões em outras articulacões que causaram dismetrias.

Todas as artroplastias foram totais, cimentadas e feitaspela abordagem posterior.

Foram feitas radiografias na incidência anteroposterior (AP)da bacia, centradas na sínfise púbica com rotacão interna de15◦ dos membros inferiores, com distância de 1 m entre aampola do aparelho e o filme, e uma radiografia do 1/3 pro-ximal do fêmur em perfil.

A mensuracão do componente acetabular foi feita pelasobreposicão da transparência acetabular sobre o quadril nor-mal, na radiografia em AP, para a escolha do número que

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melhor se adaptasse ao contorno do acetábulo. Foram usa-das como parâmetros a borda lateral superior do acetábulo, agota de lágrima e a linha ilioisquiática de Köhler (fig. 1A e 1B).

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Figura 1 – (A) Sobreposicão da transparência docomponente acetabular sobre o lado normal. A seta brancaà esquerda indica a borda lateral superior do acetábulo. Aseta branca à direita indica a gota de lágrima. O centro derotacão do quadril (CR) está marcado na transparência eindicado pela seta preta. (B) Linha ilioisquiática de Köhler.A seta branca indica a linha ilioisquiática de Köhler. Otamanho do componente acetabular não deve ultrapassar alinha ilioisquiática. A seta preta indica o centro de rotacão.

Figura 2 – (A) Linhas de referência H, V1 e V2. Centro derotacão marcado no lado normal, indicado pela seta. Linhasde referência: a primeira passa pela borda inferior dasgotas de lágrima (linha H); a segunda é perpendicular àlinha H e passa pela borda lateral da gota de lágrima dolado normal (linha V1); a terceira é também perpendicular àlinha H e passa pela borda lateral da gota de lágrima dolado a ser operado (linha V2). (B) Transferência do CR dolado direito (normal) para o esquerdo. A distância a deveser igual a a’ e a distância b deve ser igual a b’.

ponto de cruzamento entre as distâncias a’ e b’ é o CR do lado

O tamanho do componente acetabular não deve ultrapassar alinha ilioisquiática (fig. 1B).

Após se marcar na radiografia o centro de rotacão (CR) doquadril normal (fig. 1A e 1B), ele foi transferido para o lado aser operado. Para transferi-lo, foram usadas, como parâmetro,três linhas de referência:

Linha H: passa pelo limite inferior das gotas de lágrima(fig. 2A)Linha V1: passa pela borda lateral da gota de lágrima do ladonormal e vai perpendicular até o ponto de encontro com alinha H (fig. 2A)Linha V2: passa pelo bordo lateral da gota de lágrima do ladoa ser operado e vai perpendicular até o ponto de encontro

com a linha H (fig. 2A)

A partir das linhas de referência, transferiu-se o CR do ladonormal para o afetado. Definimos, então, quatro distânciasmedidas em milímetros:

Distância a: é a medida do segmento compreendido entre oCR do lado normal e a linha V1 (fig. 2B);Distância b: é a medida do segmento compreendido entre oCR do lado normal e a linha H (fig. 2B);Distância a’: tem o mesmo tamanho da distância a e seuinício é na linha V2 (fig. 2B);Distância b’: tem o mesmo tamanho da distância b e seuinício é na linha H (fig. 2B).

a ser operado.

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Figura 3 – Offset da prótese.

qfp

pam

ad

Figura 5 – Quadris normais. A linha 1 passa pelo limiteinferior das tuberosidades isquiáticas. A linha 2 passa pelaborda lateral superior dos acetábulos. A linha 3 passa peloponto médio dos trocanteres menores. As 3 linhas estão

Linha 3: foi determinada tracando-se uma reta pelo pontomédio dos trocanteres menores.

Em quadris normais, as três linhas são paralelas (fig. 5).

Figura 6 – Cálculo da dismetria. A dismetria é obtida pormeio da diferenca entre as distâncias entre a linha H e a

Figura 4 – Mensuracão com a transparência.

O offset femoral é a distância compreendida por uma linhaue vai perpendicularmente do centro de rotacão da cabecaemoral até o ponto de encontro com uma linha que passaelo meio do longo eixo do fêmur.14

O offset da prótese é a distância de uma linha que vai per-endicularmente do centro de rotacão da cabeca da próteseté o ponto de encontro com uma linha que passa no meio doaior eixo longitudinal da haste femoral (fig. 3).

Para a escolha do tamanho do componente femoral fez-se

sobreposicão da sua transparência sobre a radiografia em APo lado a ser operado (fig. 4).

paralelas.

O componente femoral escolhido deverá ser o que tiver ooffset mais próximo do lado normal.

As dismetrias podem ser de três tipos: à custa do fêmur, àcusta do acetábulo e à custa do fêmur e do acetábulo (mistaou combinada).15

Para identificá-las, foram tomadas como parâmetros trêslinhas na radiografia em AP da bacia centrada na sínfisepúbica.15

Linha 1: foi determinada tracando-se uma reta pelos pontosmais distais das tuberosidades isquiáticas;

Linha 2: foi determinada tracando-se uma reta pela bordalateral superior dos acetábulos;

linha 3 ao nível dos trocanteres menores. A diferenca entrea medida do segmento “a” e do segmento “b” será o valorda dismetria. Dismetria = a – b.

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Figura 7 – A seta branca indica o desenho da bacia com ocomponente acetabular. A seta preta indica o desenho dofêmur.

Figura 8 – Planejamento pré-operatório. As linhas 1, 2 e 3estão paralelas.

Para medir a dismetria, foram usadas, como parâmetros, alinha H, que passa pelo limite inferior das gotas de lágrima, ea linha 3 (fig. 6).

Desenhou-se a bacia com o componente acetabular esco-lhido, o CR calculado e o fêmur a ser operado, com o uso depapel vegetal sobre a radiografia em AP (fig. 7).

O desenho da bacia foi sobreposto ao desenho do fêmur eambos foram colocados sobre a transparência do componentefemoral (fig. 8).

Definiu-se o nível da osteotomia do colo do fêmur paraequalizar os membros com o deslize dos desenhos sobre atransparência femoral. Para isso foi necessário manter o para-lelismo entre as linhas 1, 2 e 3 (fig. 8).

O teste de qui-quadrado foi aplicado para verificara acurácia na previsão dos componentes acetabulares efemorais.

O teste de Mann-Whitney foi aplicado para comparar asmedidas de offset planejadas com as obtidas na radiografiapós-operatória.

As dismetrias foram analisadas no momento pós--operatório.

Tabela 1 – Distribuicão frequencial e percentual de componente

Componente acetabular planejado Com

44 48

44 18 0

32,10% 0,00%48 0 20

0,00% 35,7050 0 1

0,00% 1,80%52 0 5

0,00% 8,90%54 0 0

0,00% 0,00%56 0 0

0,00% 0,00%Total 18 26

32,10% 46,40

Fonte: Hospital Estadual Mário Covas.

Usamos o programa Statistical Package for Social Sciences(SPSS), em versão 17.0, para a obtencão dos resultados de teorestatístico.

Resultados

Foi observada acurácia de 78,6% (p < 0,001) na previsão dotamanho do componente acetabular (tabela 1).

Foi observada acurácia de 82,2% (p < 0,001) na previsão dahaste femoral (tabela 2).

Os offset medidos no planejamento pré-operatório foramestatisticamente semelhantes aos offset medidos na radiogra-fia pós-operatória, pois p = 0,630 (tabela 3).

O deslocamento médio do CR foi de 4 mm no eixo horizon-tal e de 6 mm no eixo vertical.

As dismetrias no momento pré-operatório apresentaramuma média de 1,6 cm, com variacão de 0,0 a 3,9 cm (tabela 4).

s acetabulares usados nos dois momentos de observacão

ponente acetabular usado Total

50 52

0 0 18 0,00% 0,00% 32,10%

0 0 20% 0,00% 0,00% 35,70%

3 0 4 5,40% 0,00% 7,10%

1 3 9 1,80% 5,40% 16,10%

0 3 3 0,00% 5,40% 5,40%

1 1 2 1,80% 1,80% 3,60%

5 7 56% 8,90% 12,50% 100,00%

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Tabela 2 – Distribuicão frequencial e percentual de hastes femorais usadas nos dois momentos de observacão

Componente femoral planejado Componente femoral usado Total

10,5 12 13,5 15 35,5 37,5

10,5 8 0 0 0 0 0 814,30% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 14,30%

12 3 15 0 0 0 0 185,40% 26,80% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 32,10%

13,5 0 0 1 0 0 0 10,00% 0,00% 1,80% 0,00% 0,00% 0,00% 1,80%

15 0 1 1 1 0 0 30,00% 1,80% 1,80% 1,80% 0,00% 0,00% 5,40%

16,5 0 0 0 1 0 0 10,00% 0,00% 0,00% 1,80% 0,00% 0,00% 1,80%

35,5 0 0 0 0 15 1 160,00% 0,00% 0,00% 0,00% 26,80% 1,80% 28,60%

37,5 0 0 0 0 2 6 80,00% 0,00% 0,00% 0,00% 3,60% 10,70% 14,30%

44 0 0 0 0 0 1 10,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 1,80% 1,80%

Total 11 16 2 2 17 8 5619,60% 28,60% 3,60% 3,60% 30,40% 14,30% 100,00%

Fonte: Hospital Estadual Mário Covas.

Tabela 3 – Descricão e comparacão entre os offset planejados e usados

Par de Variáveis n Média Desvio- padrão Mínimo Máximo Percentil 25 Mediana Percentil 75 Significância (p)

Offset planejado (mm) 56 39,7 5,4 30,0 55,0 35,0 38,5 42,0 0,630Offset usado (mm) 56 40,3 6,4 30,0 57,0 35,0 39,0 45,0

Fonte: Hospital Estadual Mário Covas.

Tabela 4 – Descricão do membro inferior afetado no momento pré-operatório

Comprimento do membroinferior afetado nomomento pré-operatório(cm)

n Média Desvio- padrão Mínimo Máximo Percentil 25 Mediana Percentil 75

Encurtado 53 1,7 0,9 0,4 3,9 1,0 1,5 2,3Equalizado 3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0Total 56 1,6 0,9 0,0 3,9 0,9 1,5 2,2

et

0

fm

me

pd

rlv

Fonte: Hospital Estadual Mário Covas.

No pós-operatório observamos a equalizacão dos membrosm 27 (48,3%) pacientes, alongamento em 18 (32,1%) e encur-amento em 11 (19,6%).

A dismetria média no momento pós-operatório foi de,4 cm, com variacão de 0,0 a 2,1 cm (tabela 5).

Observamos que a dismetria no momento pós-operatóriooi igual a ou menor do que 1,0 cm em 87,5% dos pacientes e

enor do que ou igual a 0,5 cm em 69,6%.Com relacão à haste femoral, foi observado posiciona-

ento em neutro em 43 quadris (76,7%), valgo em três (5,4%) varo em 10 (17,9%).

A análise da inclinacão do componente acetabular, nolano frontal, demonstrou uma média de 42◦, com variacãoe 30◦ a 58◦.

As variacões do offset na radiografia pós-operatória em

elacão ao que fora planejado foram estatisticamente seme-hantes (p = 0,123) nas posicões da haste femoral em neutro,aro e valgo.

A correlacão entre as variacões dos valores do offset pós--operatório em relacão ao planejado com a inclinacão docomponente acetabular foi estatisticamente não significante(p = 0,657).

Discussão

Durante a década de 1970, havia um número limitado deimplantes.2,16 Atualmente, há vários desenhos diferentes eum maior número de tamanhos disponíveis,17 o que torna oplanejamento indispensável.2,16 Entretanto, existem poucosestudos que avaliam a acurácia na previsão do tamanho doscomponentes.2,6,16,18,19

Com o objetivo de avaliarmos o método empregado emnossa instituicão iniciamos a pesquisa.

Atualmente existem métodos de planejamento por meio deradiografias digitais que permitem uma precisão elevada,6,20

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146 r e v b r a s o r t o p . 2 0 1 4;4 9(2):140–148

Tabela 5 – Descricão do membro inferior afetado no momento pós-operatório

Comprimento do membroinferior afetado nomomento pré-operatório(cm)

N Média Desvio- padrão Mínimo Máximo Percentil 25 Mediana Percentil 75

Encurtado 11 0,9 0,7 0,3 2,1 0,4 0,8 1,7Alongado 18 0,7 0,3 0,4 1,5 0,5 0,6 1,0Equalizado 27 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0Total 56 0,4 0,5 0,0 2,1 0,0 0,3 0,6

Fonte: Hospital Estadual Mário Covas.

como demonstraram Eggli et al.,6 que observaram acurácia emtorno de 90% na previsão dos componentes.

Em nosso país, as radiografias digitais ainda não são usadascomo rotina. O método descrito em nosso trabalho foi menospreciso, porém pode ser aplicado às radiografias convencio-nais, sem custo adicional ao procedimento.

Em nossa casuística, observamos uma acurácia de 78,6%para os componentes acetabulares e 82,2% para os femo-rais, valores esses semelhantes aos apresentados por Paniegoet al.,2 que obtiveram acurácias de 83% para os componen-tes acetabulares e 76% para os femorais, e aos relatados porGonzález Della Valle et al.,16 que observaram acurácias de 83%e 78%, respectivamente, para os componentes acetabulares efemorais, ambos por métodos de planejamento com o uso deradiografias convencionais.

É difícil prever a magnificacão exata nas radiografiasconvencionais. Por essa razão, para minimizar os possíveisdesvios padronizamos a feitura da radiografia conforme des-crito na metodologia.

Numa artroplastia, deve-se restaurar a biomecânica doquadril às condicões normais, por meio da escolha do tama-nho apropriado da prótese, para evitar complicacões intra epós-operatórias e, consequentemente, aumentar a sua longe-vidade.

A importância do offset está relacionada ao funciona-mento da musculatura abdutora1,4,5,21 e com o planejamentoé possível restaurá-lo.1,3–6,21,22 A sua restauracão está relaci-onada à estabilidade da artroplastia.1,3,6,21 Os offset medidosno planejamento pré-operatório em nossa casuística foramestaticamente semelhantes aos medidos na radiografia pós--operatória. Esse fato está relacionado à acurácia de 82,2% naprevisão do tamanho das hastes femorais, que tinham valoresde offset fixos. Portanto, o acerto no tamanho do componentefemoral incorrerá na maior probabilidade de se obter o offsetplanejado.

Yoder et al.,23 em 1988, observaram maiores índices desoltura do componente femoral quando o componente aceta-bular foi colocado acima e lateralmente ao centro de rotacão.Pagnano et al.,24 em 1996, observaram maiores índices desoltura dos componentes acetabular e femoral quando o ace-tabular foi colocado acima do centro de rotacão, mesmosem deslocamento lateral. Em nossa casuística, as médias devariacão do centro de rotacão planejado foram de 4 mm noeixo horizontal e de 6 mm no eixo vertical, próximas às apre-

sentadas por Paniego et al.,2 que observaram 96% dos centrosde rotacão colocados com deslocamento menor do que 4 mmdo centro de rotacão planejado. As mudancas de posicão do

centro de rotacão pareceram-nos difíceis de mensurar, poispodem variar muito com a magnificacão nas radiografias con-vencionais, pois são medidas em milímetros. Yoder et al.23

observaram que medidas de 4 a 5 mm são muito imprecisasnas radiografias convencionais, o que explica a maior acuráciado planejamento com o uso de radiografias digitais.

Em situacões nas quais o acetábulo apresenta perda deestoque ósseo ou displasia, a colocacão do componente ace-tabular no centro de rotacão ideal é mais difícil, pois nessescasos pode ser necessária uma cobertura adicional comenxerto da cabeca femoral. Esses casos foram excluídos nonosso estudo, pois poderiam levar a um viés na análise dodeslocamento do centro de rotacão.

As dismetrias são complicacões comuns após artroplastiasde quadril.7–9 Pode-se prever a sua correcão por meio do pla-nejamento pré-operatório1,3,6,21 e, também, no ato cirúrgico.8

Frequentemente há alongamento do lado operado.7 Disme-trias acima de 1 cm estão relacionadas à lombalgia.9 Nossosresultados foram inferiores aos apresentados por Eggli et al.,6

que observaram dismetrias inferiores a 5 mm em 94% doscasos. Em nossa casuística, observamos equalizacão absolutaem 48,2% dos casos. Em 87,5% a dismetria foi igual a ou menordo que 10 mm e em 69,6% foi igual a ou menor do que 5 mm.Entretanto, deve-se levar em consideracão que o trabalho deEggli et al.6 foi feito por meio de radiografias digitais.

Dolhain et al.5 referiram que o posicionamento do compo-nente femoral em varo ou valgo e o do componente acetabulartêm influência no offset da artroplastia. Em nossa casuística foifeito o estudo do relacionamento entre os valores de aumento,diminuicão e equalizacão dos offset obtidos no pós-operatóriocom o posicionamento do componente femoral na posicãovaro, valgo ou neutra. Foi observado que não houve umadiferenca estatisticamente significante entre as categorias davariável posicão da haste femoral (p = 0,123). A haste femo-ral foi posicionada em neutro em 76,7% dos casos, em varoem 17,9% e em valgo em 5,4%. Porém, nos casos nos quaisobservamos o posicionamento em valgo ou varo, foram errosdiscretos que não incorreram em variacões significativas dooffset.

Contrariando o observado por Dolhain et al.,5 em nossacasuística as variacões do offset não estiveram relacionadasàs variacões de inclinacão do componente acetabular.

Dobzyniac et al.25 determinaram como ideal para o com-ponente femoral o posicionamento da haste em neutro no

plano frontal, com 20◦ a 30◦ de anteversão e posicão neu-tra. Para o componente acetabular, 45◦ de abducão e 20◦ a30◦ de anteversão. Lewinneck et al.11 definiram como zona
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e seguranca para o componente acetabular uma inclinacãontre 30◦ e 50◦, no plano frontal, e uma anteversão entre 5◦ e5◦. Em nossa casuística, o componente acetabular foi posi-ionado com inclinacão média no plano frontal de 42◦, comariacão de 30◦ a 58◦.

Para se obter uma maior precisão no posicionamentoos componentes da prótese, foram desenvolvidos sistemase navegacão por computador, que permitiram uma menorariacão no posicionamento do componente acetabular.26–29

ão usamos esses sistemas, pois seu custo ainda é alto emosso país. Em nosso estudo, a média de inclinacão do compo-ente acetabular no plano frontal foi de 42◦, com uma variacãoe 32◦ a 58◦. Essa variacão foi maior do que a apresentada com

uso dos sistemas de navegacão por computador.O planejamento pré-operatório permite no ato cirúrgico

ma maior precisão na escolha do tamanho dos componentescetabular e femoral e facilita a correcão das dismetrias. Per-ite prever dificuldades intraoperatórias, como a necessidade

e enxerto ósseo de cabeca femoral nos casos de displasiacetabular para feitura de cobertura adicional, a necessidadee osteotomia in situ do colo do fêmur no caso de protrusõescetabulares graves e a necessidade de componentes peque-os em pacientes de baixa estatura. Possibilita a escolha doomponente femoral para restaurar o offset, assim como deter-inar o centro de rotacão ideal no lado afetado.

onclusões

) Observamos uma acurácia de 78,6% e 82,2%, respectiva-mente, para os componentes acetabulares e femorais.

) Os offset medidos no planejamento pré-operatório foramestaticamente semelhantes aos medidos na radiografiapós-operatória;

) Verificamos equalizacão absoluta em 48,2% dos casos. Em87,5% a dismetria foi igual a ou menor do que 1 cm e em69,6% foi igual a ou menor do que 0,5 cm.

onflitos de interesse

s autores declaram não haver conflitos de interesse.

gradecimentos

gradecemos à colaboracão dos professores Giancarlo Pole-ello, Sérgio Mainine, Alberto Miyazaki e Joel Murachovski,ujas opiniões foram fundamentais na elaboracão deste tra-alho.

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