planejamento orcamentario e controladoria
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
UNIS-MG – Centro Universitário do Sul de Minas
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Varginha/MG
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
SCANFONE, Leila.
Guia de Estudo – Planejmaneto Orçamentário
e Controladoria - Varginha: GEaD-UNIS/MG, 2010.
136p.
1. Controladoria 1. 2. Planejamento
Orçamentário 1. 3. Redução de Custos 1. I. Título.
Todos os direitos desta edição reservados ao Centro Universitário do Sul de Minas – UNIS-MG.
É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou parte do mesmo, sob qualquer meio, sem
autorização expressa do UNIS-MG.
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
REITOR
Prof. Ms. Stefano Barra Gazzola
GESTOR
Prof. Ms. Wanderson Gomes de Souza
Supervisora Técnica
Profª. Ms. Simone de Paula Teodoro Moreira
Design Instrucional
Prof. Celso Augusto dos Santos Gomes
Jacqueline Aparecida Silva
Coord. do Núcleo de Comunicação
Maria Fernanda Guadalupe de Morais
Coord. do Núcleo de Recursos Tecnológicos
Lúcio Henrique de Oliveira
Coordenadora do Núcleo Pedagógico
Terezinha Nunes Gomes Garcia
Equipe de Tecnologia Educacional
Danúbia Pinheiro Teixeira
Maria Carolina Silva Castro Oliveira
Revisão ortográfica / gramatical
Gisele Silva Ferreira
Autor(a)
LEILA SCANFONE
Mestra em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2006),
especialista em Educação a Distância pelo UNIS/MG (2009) e graduada em Administração pela
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2004). Professora universitária de cursos de
graduação e pós-graduação ministrando disciplinas relacionadas à área de administração de
empresas. Experiência profissional na área de Administração, com ênfase em planejamento
estratégico, administração financeira, administração da produção, administração mercadológica,
gestão da qualidade, gestão ambiental, logística e empreendedorismo.
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5508482926762965
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ÍCONES
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curso virão precedidas desse ícone.
IMPORTANTE. Aponta uma observação significativa. Pode ser encarado como
um sinal de alerta que o orienta para prestar atenção à informação indicada.
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impresso ou endereço de Internet.
EXEMPLO. Esse ícone será usado sempre que houver necessidade de
exemplificar um caso, uma situação ou conceito que está sendo descrito ou
estudado.
SUGESTÃO DE LEITURA. Indica textos de referência utilizados no curso e
também faz sugestões para leitura complementar.
APLICAÇÃO PROFISSIONAL. Indica uma aplicação prática de uso
profissional ligada ao que está sendo estudado.
CHECKLIST ou PROCEDIMENTO. Indica um conjunto de ações para fins
de verificação de uma rotina ou um procedimento (passo a passo) para a
realização de uma tarefa.
SAIBA MAIS. Apresenta informações adicionais sobre o tema abordado de
forma a possibilitar a obtenção de novas informações ao que já foi referenciado.
REVENDO. Indica a necessidade de rever conceitos estudados anteriormente.
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
SUMÁRIO
ORGANIZAÇÕES .........................................................................................................................................................10
1.1 O PROCESSO DE GESTÃO ......................................................................................................................................... 16 1.2 MODELO DE GESTÃO .............................................................................................................................................. 20 1.3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO .................................................................................................................................. 21 1.4 RELACIONANDO PROCESSO DE GESTÃO, PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E CONTROLADORIA ................................................. 27 1.5 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................................ 31
CONTROLADORIA ......................................................................................................................................................32
2.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA CONTROLADORIA ....................................................................................................................... 33 2.2 DIRETRIZES E ESTRUTURA DA CONTROLADORIA .................................................................................................................. 46
2.2.1 A missão ........................................................................................................................................................... 46 2.2.2 Os objetivos ..................................................................................................................................................... 47 2.2.3 Estrutura .......................................................................................................................................................... 49
2.2.3.1 Auditoria .......................................................................................................................................................................50 2.3FUNÇÕES E ATIVIDADES DA CONTROLADORIA ..................................................................................................................... 55 2.4 CRIAÇÃO DE VALOR - O FOCO DA CONTROLADORIA ............................................................................................................ 61 2.5 O CONTROLLER ........................................................................................................................................................... 68 2.6 INSTRUMENTOS DA CONTROLADORIA ............................................................................................................................... 70 2.7 A CONTROLADORIA NO PLANEJAMENTO ........................................................................................................................... 71
2.7.1 A Controladoria no planejamento estratégico ................................................................................................. 74 2.7.1.1 Informações necessárias para o planejamento estratégico .........................................................................................75 2.7.1.2 Análise SWOT ...............................................................................................................................................................75 2.7.1.3 Construção de Cenários ................................................................................................................................................78 2.7.1.4 Balanced Scorecard (BSC) .............................................................................................................................................79
2.7.2 A Controladoria no planejamento operacional. ............................................................................................... 86 2.7.2.1 Instrumentos da Controladoria no Planejamento Operacional ....................................................................................86 2.7.2.2 Planejamento e Controle Orçamentário ......................................................................................................................91
2.7.2.2.1 Orçamento Operacional ......................................................................................................................................100 2.7.2.2.2 Orçamento de Investimento ...............................................................................................................................105 2.7.2.2.3 Orçamento de Caixa ............................................................................................................................................105 2.7.2.2.4 Demonstrativos Contábeis Projetados ................................................................................................................106 2.7.2.2.5 Controle Orçamentário .......................................................................................................................................108
2.8 REFERÊNCIAS............................................................................................................................................................. 112
GESTÃO ESTRATÉGICA DE CUSTOS ........................................................................................................................... 115
3.1 POLÍTICAS DE REDUÇÃO DE CUSTOS ............................................................................................................................... 129 3.1.1 Modelo de Decisão Geral para PRC ............................................................................................................... 132 3.1.2 Estrutura Hierárquica da PRC. ....................................................................................................................... 133
3.2 REFERÊNCIAS............................................................................................................................................................. 136
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
EMENTA
Planejamento Orçamentário de curto e longo prazo, Missão, Conhecimento, Profissional, e Métodos
de Gestão - Auditoria Interna Atual no Ambiente Empresarial - O Sentido do Planejamento e
Controle - Controladoria Estratégica - Planejamento / Controladoria Operacional - Política de
Redução de Custos.
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APRESENTAÇÃO
Caro (a) aluno (a),
Olá!
Seja bem-vindo (a) à disciplina de Planejamento Orçamentário e
Controladoria!
Saiba que, juntos, faremos todo o possível para que você aproveite
bem a disciplina, podendo aplicá-la, rapidamente, em seu ramo de atuação,
em seu local de trabalho e por que não, em sua vida pessoal.
Se você apenas estuda, certamente poderá construir conhecimentos
importantes, a partir do que discutiremos aqui, preparando-se, desde já, para
o mercado de trabalho.
Se você já trabalha poderá utilizar muitos dos conhecimentos que
serão construídos aqui em seu dia a dia.
Apesar de parecer pelo nome, que esta disciplina será muito
complexa, faremos o possível para discuti-la de forma bem simples, e
pensando nisto, este Guia de Estudos foi elaborado objetivando uma
abordagem prática e objetiva, na intenção de facilitar a leitura e o
aprendizado.
Mas creio que você já deva estar se perguntando: Mas afinal, o que
veremos nesta disciplina?
Abordaremos diversos conceitos que são básicos para o alcance da
efetividade organizacional no contexto atual.
Em nossa primeira unidade, faremos uma breve discussão sobre as
organizações e a necessidade e a importância da aplicação da visão sistêmica
em sua administração.
Na segunda unidade, veremos o que é e a importância da
Controladoria para as organizações.
Na terceira unidade, discutiremos a importância e a necessidade do
Planejamento Orçamentário de curto e de longo prazo e o seu papel no
alcance dos objetivos organizacionais.
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
Por fim, na quarta unidade, identificaremos algumas políticas para a
redução dos custos dentro das organizações.
Mas você deve estar se perguntando: “Não são assuntos muito
diferentes um do outro?
Apesar de estarmos acostumados a vê-los em disciplinas diferentes,
são assuntos interligados e interdependentes. Por isto, começaremos
discutindo a necessidade e a importância da aplicação sistêmica na
administração das organizações.
Contudo, cabe ressaltar que o apresentado neste Guia é, apenas, um
compilado, ou seja, um resumo do que os principais autores têm escrito sobre
o assunto. Portanto, não é nossa intenção encerrar o assunto nele.
Para que tenha sucesso, estarei disponível durante o curso e terei um
grande prazer em colaborar esclarecendo dúvidas, aceitando sugestões e
aprendendo novos caminhos juntamente com você.
Assim, convido-lhe à leitura deste Guia e às discussões durante nossa
disciplina, com um olhar crítico e sempre aplicado na realidade em que você
convive.
Assim faço esse convite, para que o objetivo crítico social desse
conteúdo possa ser algo que lhe direcione ao constante aprender a aprender,
pois esse assunto, tão dinâmico, assim se faz necessário. Então lhe desejo
uma boa leitura e acima de tudo boas reflexões!
Diante de tudo o que expus, desejo a nós boas discussões, que o
aprender a aprender seja constante em nossa disciplina e que você tenha êxito
em suas produções!
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
OBJETIVO DESTA UNIDADE
Iniciar a reflexão e a discussão, de forma contextualizada, sobre a
importância e a necessidade da aplicação da visão sistêmica na administração
das organizações, para o alcance da efetividade organizacional.
META DESTA UNIDADE
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta unidade, você seja capaz de:
Conceituar organizações, processo de gestão e planejamento
estratégico.
Diferenciar eficiência de eficácia e de efetividade.
Compreender a importância da aplicação da abordagem sistêmica na
administração das organizações.
Estabelecer a relação entre processo de gestão, planejamento
estratégico e controladoria
ORGANIZAÇÕES
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
Você já parou para pensar o quão importante as organizações são para
a sociedade? E quão complexa é a sua administração?
Antes de responder, você deve estar se perguntando: mas o que isto
tem a ver com a nossa disciplina? Não é mesmo?!
Pois bem, se não entendermos o que são, para que servem e como
funcionam as organizações, não conseguiremos entender a importância do
que estudaremos em nossa disciplina, no contexto organizacional atual.
Sabemos que a origem das organizações é secular, e que no mundo
contemporâneo, quase tudo o que acontece é realizado por meio delas.
Afinal, o principal objetivo das organizações é fornecer os meios para o
atendimento das necessidades humanas.
Sabemos, também, que as exigências de um mercado cada vez mais
competitivo fazem com que estas se aprimorem continuamente em busca de
alcançarem seus objetivos com a melhor utilização de sues recursos. E que
este aprimoramento demanda, cada vez mais, profissionais, áreas e ciências
que possam compreender a organização por inteiro.
Você já tinha se dado conta de tudo isto? Não se esqueça que você
está se formando exatamente para atuar nelas e para fazer com que as
mesmas atinjam seus objetivos.
Contudo, antes de entendermos como funcionam as organizações,
convido-o a refletir um pouco mais sobre o que é uma organização.
Que tal começarmos relembrando o que você já viu sobre
organização!
Para isto sugiro algo bem simples. Responda à questão abaixo.
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
Organização é:
a. ( ) um indivíduo com um objetivo.
b. ( ) um conjunto de indivíduos sem um objetivo
comum.
c. ( ) a união de pessoal em prol de um objetivo
indeterminado.
d. ( ) a união de um grupo de pessoas em prol de
um objetivo comum.
Parabéns!!!! Tenho certeza que você optou pela alternativa D.
Vamos avançar mais um pouco? Vamos relembrar como alguns
autores definiram o conceito de organização?
Etzioni (1989) define as organizações como agrupamentos humanos
intencionalmente constituídos e reconstruídos a fim de atingir objetivos
específicos.
Já, Atkison (2000) expõe que as organizações são grupos de pessoas,
equipamentos e capital, configurando-se de diversos tamanhos e formas e que
visa à criação de riquezas, transacionando com o mercado fornecedor e o
consumidor.
Mas se a definição é tão simples, no que as organizações são
complexas?
As organizações são complexas a partir do momento que não estão
sozinhas em seu ambiente e necessitam da interrelação dos diversos atores
intra e extra organizacionais, para conseguirem atingir seus objetivos de
forma eficiente, eficaz e efetiva.
Neste sentido, as organizações são vistas como organismo sistêmico,
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
ou seja, um conjunto de áreas que atuam conjuntamente, visando o
cumprimento de um objetivo. Deste modo, cada elemento que compõe o
sistema deve possuir uma missão específica, que deve estar integrada com a
missão do sistema geral.
Antes de continuarmos, vamos relembrar mais um pouquinho!
Comecei a falar de sistema, interrelação, eficiência, eficácia e efetividade.
Mas você se lembra o que é cada um destes elementos e qual a relação entre
eles, na perspectiva da administração?
Vamos começar por sistema?
Um sistema pode ser definido, de forma bem simplificada, como um
conjunto de elementos interdependentes e com um objetivo comum. Não é
interessante como se parece com a definição de organizações? Daí, podemos
então depreender que uma organização é um sistema. Não é mesmo?!
Contudo, para um sistema “funcionar”, ele depende da introdução de
recursos. Recursos estes que serão processados e transformados em produtos
e/ou serviços. Em outras palavras, determinadas entradas (inputs), serão
processadas e irão gerar certas saídas (outputs).
A esta altura, espero que você já esteja se perguntando: “Mas isto não
é o enfoque sistêmico e o que acabamos de ver não é o que denominamos de
sistema aberto?
Muito bem!!! É isto mesmo! Viu como tudo está interligado!!!
A figura, abaixo, mostra a relação do ambiente com a organização, a
partir do modelo de sistema aberto.
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
Figura: Organização como um sistema aberto e sua relação com o ambiente externo.
Fonte: Adaptado de Padoveze (2010, pág. 15.)
E quanto à eficiência, eficácia e a efetividade?
Vamos ver o que você sabe sobre estes três termos? Para
verificar seus conhecimentos, relacione os termos às
afirmativas:
1 – Eficiência 2 – Eficácia 3 – Efetividade
( ) Está relacionada ao como se fazer. É fazer certo a coisa.
( ) Está relacionado ao objetivo. É fazer a coisa certa.
( ) É fazer certo a coisa certa.
( ) Um exemplo é utilizar processos que minimizem a
utilização dos recursos.
( ) Um exemplo é produzir para atender às expectativas do
cliente.
( ) Um exemplo é produzir para atender às expectativas do
cliente, utilizando processos que minimizem a utilização
dos recursos.
Resposta Correta: 1, 2, 3, 1, 2,3
Retroalimentação
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
Lembrou-se dos conceitos? Para complementar, vejamos à figura abaixo:
Figura: Eficiência, eficácia e efetividade
Fonte: Elaborado pela autora
Será que ainda temos alguma dúvida, em relação a estes conceitos?
Caso tenham, coloquem no fórum que estará aberto para este fim.
Ufa! Creio que por hoje já relembramos coisas demais. Que tal uma
pausa?
Faça uma caminhada, tome um pouco de água e depois retorno para
darmos continuidade.
Para continuarmos, vamos tentar fazer um resumo relacionando tudo
que vimos.
Podemos dizer então que, organização é um sistema aberto que busca
efetividade. Em outras palavras, é um conjunto de pessoas que se unem em
prol de um objetivo comum e que interdependem e inter-relacionam consigo
mesmas e com o ambiente externo, de forma a fazer certo a coisa certa.
A partir disto e considerando o ambiente altamente competitivo, no
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
qual as organizações encontram-se inseridas, os administradores deverão ser
julgados por sua capacidade de alcançar a efetividade. Neste sentido, vamos
ver como o administrador pode buscar esta efetividade;
Para isto, vamos ver o que é o processo de gestão e como ele possibilita
o alcance da efetividade organizacional.
1.1 O Processo de Gestão
Você sabe o que é o processo de gestão?
O processo de gestão ou processo administrativo é o conjunto de
funções que permitem com que as organizações realizem seus objetivos.
Simples, não é! Mas será que há um consenso na literatura, sobre quais são
estas funções? Vamos ver o que alguns autores falam sobre isto!
Para Figueiredo e Gaggiano, (1997, p. 73), embora existam diferentes
escolas de pensamento sobre o termo Administração e sua prática, o processo
de gestão possui cinco funções: “Planejamento, Organização, Controle,
Comunicação e Motivação”. Essa divisão das etapas ou funções da
administração foi descrita desde a época da chamada ”Escola Clássica da
Administração”.
Já, Stoner e Freemann (1985, p.5) expõem que o processo de gestão
inclui os processos de “planejar, organizar, liderar, e controlar os esforços
realizados pelos membros da organização e o uso de todos os outros recursos
organizacionais para alcançar os objetivos estabelecidos”.
Chiavenato (1994) corrobora com Stoner & Freemann (1985),
definindo o termo gerir como sendo o meio de interpretar os objetivos
estabelecidos pela empresa, os quais são transformados em ação empresarial
por meio do planejamento, da organização, da direção e do controle de todas
as áreas e níveis hierárquicos, a fim de que a mesma, alcance seus objetivos.
Na figura, abaixo, podemos observar as funções e seus respectivos
escopos.
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
Figura: O processo de gestão
Fonte: adaptado de Chiavenato, 1994.
Padoveze (2010), por sua vez, chama as funções básicas do
administrador de processo de gestão ou processo decisório e faz uma
reclassificação das fases. Para o autor, esse processo compreende as fases do
planejamento, execução e controle da empresa, de suas áreas e de suas
atividades.
Para nossos estudos, nesta disciplina, embora existam diferentes
interpretações em relação às etapas do processo de gestão, adotaremos a
classificação adotada por Padoveze (2010), uma vez que se mostra adequada
por ser sintética na descrição do processo e incluir os elementos que outros
autores consideram importantes como componentes das fases descritas.
Dando seguimento, vamos detalhar um pouco mais cada uma destas
funções, a partir do pensamento de Padoveze (2010).
De acordo com o autor, a fase do planejamento subdivide-se em duas
etapas: Planejamento Estratégico e Planejamento Operacional. Veremos estas
duas fases em maiores detalhas, mais para frente.
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
Já, a execução é a fase do processo de gestão onde acontecem os
eventos econômicos da empresa. Esta fase deve estar em sintonia com a fase
do planejamento e da programação.
Por fim, o controle é o processo contínuo e recorrente que avalia o
grau de aderência entre os planos e sua execução, compreendendo a análise
dos desvios ocorridos, procurando identificar suas causas e direcionando
ações corretivas. Além disso, deve observar a ocorrência de variáveis no
cenário futuro, visando assegurar o alcance dos objetivos propostos. Dentro
do enfoque sistêmico, o controle faz também o papel de feedback ou
retroalimentação do sistema.
Na tabela a seguir, temos uma visão resumida do processo de gestão:
Fases do Planejamento
Finalidade Produto
Planejamento Estratégico
Garantir a missão e continuidade da empresa
Diretrizes e Políticas Estratégicas
Planejamento operacional
Otimizar o resultado em médio prazo
Plano Operacional
Programação Otimizar o resultado a
curso prazo Programa Operacional
Execução Otimizar o resultado de
cada transação Transação
Controle Corrigir e ajustar para garantir a otimização
Ações Corretivas
Tabela: Processo de Gestão – Visão Resumida
Fonte: Padoveze, 2010, pág. 28.
A partir do que discutimos e desta tabela você consegue imaginar
como todas as funções do processo de gestão se relacionam? E como o
planejamento estratégico influencia o planejamento das demais áreas? E a
necessidade de informação em todos os processos?
No intuito de facilitar a visualização da interrelação entre as funções
e, principalmente, das forças que sobre o processo de gestão e a relação entre
os diversos níveis organizacionais, Crozatti (2003, pág. 5), apresenta a
seguinte figura:
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
Figura: O Processo de Gestão
Fonte: CROZATTI ( 2003, p. 5)
A partir da figura, podemos compreender que o processo de gestão
objetiva assegurar que as decisões tomadas na organização levem-na,
efetivamente, ao cumprimento de sua missão, garantindo-lhe adaptabilidade e
o equilíbrio necessário à sua continuidade, em outras palavras, deve garantir
que o que foi determinado como objetivo seja viável e alcançado.
Podemos, também, perceber o quão importante é a compreensão das
inter-relações e interdependências para uma gestão empresarial efetiva.
Contudo, cabe ressaltar que o processo de gestão baseia-se no modelo
de gestão, assumindo diversas formas na realidade das empresas.
Neste sentido, Figueiredo e Gaggiano (1997) argumenta que existem
duas abordagens com relação à responsabilidade da empresa frente ao seu
próprio destino e que afetará a forma do seu modelo de gestão.
A primeira propõe que a empresa está à mercê das forças econômicas
e sociais predominantes e a segunda que acredita que o gestor tem controle
sobre o futuro da firma, através do planejamento e do controle.
Para os adeptos da primeira abordagem, o sucesso da organização
depende da habilidade dos gestores de efetuar uma correta leitura do cenário.
Para os seguidores do segundo ponto de vista, o êxito depende da qualidade
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
das decisões do planejamento e controle gerencial.
Mas será que existe um melhor modelo de gestão?
1.2 Modelo de Gestão
A partir do que já vimos, podemos afirmar que cada empresa terá que
elaborar seu próprio modelo de gestão. Um modelo de gestão, tal como
apresentado por Figueiredo e Caggiano (1997), consiste em uma forma de
controle, cuja finalidade reside na definição das diretrizes do modo pelo qual
os gestores serão avaliados, bem como os princípios regidos por parte da
entidade. Almeja-se que este modelo ofereça os parâmetros necessários à
orientação da atuação dos gestores, tais como: grau de autonomia, critérios de
avaliação de desempenhos, posturas e práticas gerenciais.
Em uma organização, o modelo de gestão é muito influenciado por seus
proprietários e administradores, dependendo das crenças e valores por eles
praticados.
A partir do que já vimos sobre o modelo de gestão, podemos, então,
perceber sua estreita relação com o processo gestão. Afinal, o modelo de
gestão visa orientar as atividades da organização por meio do processo de
gestão.
Neste sentido, o processo de gestão deve:
ser estruturado com base na lógica do processo decisório (identificação,
avaliação e escolha das alternativas);
contemplar, analiticamente, as fases de planejamento, execução e controle
das atividades da empresa;
ser suportado por sistemas de informações que subsidiem as decisões que
ocorrem em cada uma dessas fases.
Diante disto, podemos concluir que o processo de gestão consiste em
uma série de processos ou subprocessos, que têm por finalidade a garantia de
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
que a empresa atinja uma situação objetivada, a partir da situação atual.
Desta forma, uma das premissas básicas para um modelo de gestão, é
que este seja estruturado, formalizado e capaz de viabilizar o conjunto de
diretrizes estratégicas existentes.
Mas você deve estar se perguntando: Por que estamos vendo tudo isto
se nossa disciplina não é administração?
Pois bem, a Controladoria esta diretamente ligada ao planejamento
estratégico e, portanto, à administração da organização. E é por isto, que
precisamos relembrar alguns conceitos e recontextualizar outros.
Diante do exposto, vamos ver o que lembramos sobre planejamento
estratégico?!
1.3 Planejamento Estratégico
O planejamento estratégico é um processo de determinação dos
objetivos macros da organização e das políticas e estratégias que levarão a
organização a alcançar estes objetivos. Certo?
A definição de planejamento de Mintzberg e Quinn (2001) relaciona-a
a um processo dinâmico e interativo, e o descreve como uma série de
atividades formalizadas para produzir e articular resultados, na forma de sua
integração de decisões.
Contudo, há uma grande diversidade na literatura, quando o assunto é a
respeito de mecanismos para o desenvolvimento de um planejamento
estratégico. Diante disto e para facilitar esta nossa pequena revisão,
adotaremos os termos utilizados no planejamento estratégico por Mintzberg
(1990). De acordo com o autor, de modo geral, os mecanismos para a
elaboração do planejamento estratégico se convergem em:
a) Missão e Visão: são perspectivas de longo prazo do que uma organização
busca fazer e no que ela deseja tornar-se.
b) Objetivos: são medidas de desempenho específicas para cada alvo
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
projetadas pela organização.
c) Estratégias: são os enfoques que serão utilizados para obter os objetivos.
d) Planos: são os roteiros detalhados da direção e curso que a organização
tem a intenção de seguir na condução de suas atividades para cumprir os
objetivos.
Tenho certeza que você se lembra de tudo isto. Mas, vamos conversar
um pouquinho sobre estes elementos!
Vamos ver como se dá este processo. A figura abaixo apresenta os
principais aspectos envolvidos neste processo.
Figura: o Processo do planejamento estratégico.
Fonte: Crozatti (2003, p. 9).
Como podemos ver, as etapas que compõem o planejamento
estratégico são constituídas a partir de um processo evolutivo, no qual são
identificados o negócio, a visão e a missão, bem como um estudo detalhado
das oportunidades e ameaças e dos pontos fortes e fracos, além da análise e
definição de questões estratégicas, elaborando planos de ações para posterior
controle destas e seus resultados.
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
Contudo, mais do que ter um planejamento estratégico as
organizações devem ter VISÃO ESTRATÉGICA, ou seja, um quadro
inspirador de um futuro preferido, não sendo limitado por tempo,
representando propósitos globais permanentes, servindo como base para o
planejamento estratégico.
A visão é a imagem que a empresa tem sobre si mesma e sobre
seu futuro, constituindo o ato de ver a si própria através do
espaço e do tempo. Na maioria das vezes, a visão relaciona-se
mais diretamente para o que a organização pretende ser do que
como ela realmente é.
Você sabe qual é a visão da organização em que atua? Em
caso positivo, PARABÉNS!!! Em caso negativo, que tal
procurar saber. Afinal, para você desempenhar sua função
agregando valor, você deve conhecer a visão da sua empresa. Você que
ajudá-la no alcance deste propósito. Não é mesmo!?
Outro elemento a ser estabelecido pelas organizações é a missão da
empresa, ou seja, qual é a razão pela qual esta desempenha seu negócio. A
missão é o fim mais amplo que uma organização estabelece para si mesma.
Muitas vezes observamos a utilização dos termos finalidade e
missão como sinônimos, mas sua diferenciação pode ajudar a
compreensão dos objetivos da organização. A finalidade de uma
organização é o papel primordial, definido pela sociedade na qual ela
funciona. Logo a finalidade é um fim amplo, que se aplica não só a uma, mas
a todas as organizações de determinado tipo de sociedade. A finalidade das
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
organizações empresariais em geral é a produção de bens e prestação de
serviços.
Muitas vezes vimos, também, a missão sendo confundida com metas e
objetivos. Todavia, seu conceito é muito mais amplo que os outros dois. A
missão enfoca os meios, como por exemplo, o que uma empresa declara que
faz, em oposição às metas e aos objetivos que enfoca os fins, ou seja, o que
ela espera atingir.
O terceiro elemento são os objetivos. Os objetivos são a fixação clara,
precisa, sucinta dos alvos a atingir. São os apontadores para a ação, ou seja,
indicam o que a organização quer atingir.
Você sabe quais são os objetivos de sua organização? E o que
você deve fazer para contribuir para o alcance destes
objetivos? Você já pensou na importância de sua função para o
alcance destes objetivos?
Outro aspecto de extrema importância no planejamento estratégico
das organizações é a análise externa e interna da organização. Para isto,
utilizamos a análise S.W.O.T.
Você se lembra desta ferramenta? De qualquer modo, vamos
relembrá-la.
A Análise S.W.O.T., ou Matriz F.O.F.A é uma ferramenta para o
levantamento das forças, oportunidades, fraquezas e ameaças.
Na análise externa identificamos as oportunidades, que são as
situações ou eventos que se bem aproveitados pela organização podem
facilitar o cumprimento da missão e, também, as ameaças, que constituem
situações ou eventos que podem dificultar o cumprimento da sua missão.
Já, na análise interna da organização, verificamos suas forças (pontos
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
fortes) e suas fraquezas (pontos fracos). As forças são as condições internas à
empresa, que contribuem para o cumprimento da sua missão e facilitam o
alcance dos objetivos. Por sua vez, as fraquezas representam condições
internas à empresa, que reduzem a probabilidade de cumprimento da missão,
dificultando assim a consecução dos objetivos.
Depois de efetuadas as devidas análises externa e interna, a
organização tem todas as condições de identificar as questões estratégicas,
que é o conjunto de condições e pressões internas e/ou externas que podem
ter efeitos significativos no desempenho da organização ou nos seus
interesses futuros.
Por fim, de conhecimento das questões estratégicas, a empresa pode
elaboramos planos de ações, os quais devem indicar o rumo para resolver as
mesmas.
Podemos considerar que o planejamento estratégico
organizacional é um processo que consiste no
estabelecimento da visão e missão da empresa, na análise
sistemática das oportunidades e ameaças do ambiente externo e dos pontos
fortes e fracos da organização, com o intuito de estabelecer objetivos,
estratégias e ações que contribuam para o cumprimento da sua missão. Logo,
as condições básicas para a eficácia do planejamento estratégico,
inicialmente, a empresa deve definir a visão e missão da empresa, o desenho
do cenário a qual está inserida, com a identificação das ameaças e
oportunidade, a formulação das metas em função dos objetivos, tendo
flexibilidade para promover correções sempre que necessárias.
Para finalizarmos este assunto, creio ser importante falarmos sobre as
contribuições do planejamento estratégico para a organização. Vamos lá!
O planejamento estratégico contribui em diferentes aspectos para o
desenvolvimento das organizações, dentre os principais destaca-se:
26
Planejamento Orçamentário e Controladoria
a) enriquece o processo de aprendizagem da gestão das organizações,
adotando uma metodologia que obriga a pensar no futuro e
envolvendo as partes interessadas para o trabalho em equipe;
b) possibilita o resgate social da imagem da organização;
c) promove a integração entre as áreas;
d) envolve todos os membros da organização no processo decisório;
e) cria oportunidades para os membros, da organização, expressarem seu
contentamento, ansiedades e descontentamentos;
f) gera condições para melhorar o ambiente de trabalho;
g) aumenta o nível de satisfação das pessoas;
h) resulta em um documento que vai nortear as atividades da
organização a curto, médio e longo prazo;
i) valoriza o profissional;
j) melhora a qualidade dos produtos e serviços;
k) situa a organização no contexto atual, preparando-a para futuras
mudanças organizacionais.
Creio que você deve estar se perguntando: Por que estamos vendo tudo
isto se nossa disciplina não é planejamento estratégico, nem administração.
Pois bem, a Controladoria está diretamente ligada ao planejamento
estratégico e, portanto, à administração da organização.
Vamos ver como isto se dá?
27
Planejamento Orçamentário e Controladoria
1.4 Relacionando Processo de Gestão,
Planejamento Estratégico e Controladoria
Diante do aumento da complexidade das organizações, verifica-se a
necessidade de um sistema adequado que forneça informações e avaliações
do ambiente interno e externo, acompanhando a execução das atividades da
empresa.
Nesse contexto, o planejamento estratégico insere-se no processo de
gestão das organizações, uma vez que é a etapa que define políticas,
diretrizes, objetivos e estratégias; perseguindo como resultado o equilíbrio
das funções internas da empresa com as suas variáveis ambientais.
Contudo, o planejamento não é (ou não deveria ser) um processo
gerencial isolado. Ele é parte de um processo contínuo que começa, no
sentido mais amplo, com a missão da organização, que deve ser traduzida,
para que as ações individuais com ela se alinhem e lhe proporcionem apoio.
Neste contexto, o sistema gerencial deve assegurar a eficácia dessa tradução.
E é neste ponto que entra a controladoria.
Uma das principais responsabilidades da controladoria é, justamente,
o alinhamento do sistema de informações com o planejamento estratégico e
operacional da empresa. A controladoria, partindo de uma visão sistêmica da
organização, irá auxiliar os gestores gerais e os gestores de cada área na
estruturação do seu sistema de informação, oferecendo a estes um controle
efetivo das operações e, principalmente, alinhando o sistema de informações
da área com o sistema de informações geral da organização.
Mas o que é este sistema de informação?
Segundo Padoveze (2010, p. 38), um sistema de informação é:
“um conjunto de recursos humanos, materiais, tecnológicos e
financeiros agregados segundo uma sequência lógica para o
processamento dos dados e tradução em informações, para, com
o seu produto, permitir às organizações o cumprimento de seus
objetivos principais.”
28
Planejamento Orçamentário e Controladoria
De acordo, com o autor, os sistemas de informação podem ser
dividido em dois grandes grupos, (Padoveze, 2010):
Portanto, o sistema de informação deve ser estruturado de forma que
gere informações que sirvam de base para o planejamento e controle da
organização e é aí que a controladoria irá auxiliar aos gestores ajudando a
identificar, coletar, armazenar, mensurar, analisar, entender, interpretar e
julgar informações, consolidando ideias para o processo decisório
subseqüente. (PADOVEZE, 2010).
Ainda, neste sentido, Padoveze (2010) argumenta que a controladoria
na função estratégica abastece os responsáveis pelo planejamento estratégico
da organização com informações tanto financeiras quanto não-financeiras,
para apoiar o processo de análise, planejamento, implementação e controle da
estratégia organizacional.
O modelo de gestão recomendado pela controladoria pressupõe a
existência de um processo de gestão, configurado em uma sequência que se
inicia pelo planejamento estratégico, percorrendo as fases de pré-
planejamento (simulações), planejamento e programação do planejamento
operacional, pela fase de execução e, finalmente, pela fase do controle
gerencial.
Como se observa, em todo o processo de gestão, há a necessidade de
29
Planejamento Orçamentário e Controladoria
se fazer o levantamento e a análise de uma série de alternativas que se põem
diante do gestor. A eficiência dessa análise resultará na escolha de uma
alternativa, que está ligada diretamente à eficiência e a eficácia da entidade
como um todo.
Se a análise das alternativas é um ponto chave no processo de gestão,
é necessário que o gestor esteja cercado de informações para que essa análise
seja a mais completa possível e com um grau de incerteza reduzido. Por isto,
faz-se necessário que o processo de gestão se baseie em um sistema de
informação que possa fornecer com exatidão essas informações necessárias
aos gestores, que darão suporte a gestão de negócios da entidade, de modo a
assegurar que a mesma atinja os seus objetivos.
E então, conseguimos estabelecer a relação entre processo de gestão,
planejamento e controladoria?
Creio que agora estamos prontos para começarmos a falar da
controladoria, em si, a partir de uma visão sistêmica.
E é isto que faremos na próxima unidade.
Vamos praticar um pouquinho!? Que tal verificarmos como
anda seus conhecimentos em relação ao processo de gestão e
ao planejamento estratégico de sua organização!
Responda as seguintes questões:
1) Como se dá o processo de gestão na sua organização? Quem é (são) o
(s) responsável (is) pelo planejamento, pela execução e pelo controle?
2) Qual é a missão da sua organização?
3) Qual é a visão da sua organização?
4) Quais são os objetivos macros de sua organização?
5) Há um sistema de informação implementado em sua organização?
Como ele funciona.
30
Planejamento Orçamentário e Controladoria
6) Qual é o departamento ou função da sua organização responsável
pelas informações tanto financeiras quanto não-financeiras, para
apoiar o processo de análise, planejamento, implementação e controle
da estratégia organizacional.
Caso você não tenha nada disto em sua organização, pense
nos motivos que levam grande parte das organizações a não
se planejarem, não se organizarem, não controlarem.
Que tal vermos um pouco da realidade brasileira em relação
ao Planejamento estratégico! Sugiro a leitura do seguintes
trabalhos:
A importância do planejamento estratégico como ferramenta de
gestão para micro e pequenas empresas no Estado de Goiás,
Brasil. Disponível em: < http://repositorio-
iul.iscte.pt/bitstream/10071/1800/2/versao%20final%20tese%20parte%202.pdf >
Adequação de Escala Multiitens para Avaliar a Aplicação do
Planejamento Estratégico em Micro e Pequenas Empresas.
Disponível em: < http://www.anpad.org.br/periodicos/arq_pdf/a_834.pdf >
Creio que podemos fechar esta unidade com chave de ouro. Para isto,
vamos fazer um apanhado dos principais pontos que vimos!
Discutimos que a organização é a união de pessoal com um objetivo
comum e que, a partir da aplicação da visão sistêmica podemos observar que
seu processo de gestão é complexo e de fundamental importância para sua
atuação frente ao ambiente. Neste contexto o planejamento estratégico é uma
importante ferramenta para que a organização alcance a efetividade
organizacional. Contudo, todo este processo exige tomada de decisões, que
só poderão ser tomadas de forma adequada, se houver um sistema de
31
Planejamento Orçamentário e Controladoria
informação que gere informações confiáveis e é esta a função, atual, da
controladoria dentro das organizações.
1.5 Referências
ATKISON, A. A. et al. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000.
CHIAVENATO, I. Gerenciando pessoas. 2. ed. São Paulo : Makron Books,
1994.
CROZATTI, J. Planejamento estratégico e controladoria: um modelo para
potencializar a contribuição das áreas da organização. ConTexto, Porto
Alegre, v. 3, n. 5, 2º semestre 2003. Disponível em:
http://www.seer.ufrgs.br/index.php/ConTexto/article/view/11680/6861 .
Acesso em: 19/05/2010.
ETZIONI, A. Organizações modernas. 8 ed. São Paulo: Pioneira, 1989.
FIGUEIREDO, S.; CAGGIANO, P. C.. Controladoria: teoria e prática.
2ed. São Paulo: Atlas, 1997.
MINTZBERG, H.; QUINN, J. B.. O processo da estratégia. Porto Alegre:
Bookman, 2001
STONER, J. A. F.; FREEMAN, R.E Administração. 5 ed. Rio de Janeiro:
Prentice Hall do Brasil, 1985.
PADOVEZE, C. L. Controladoria Básica. São Paulo: Cengage Learning,
2010.
32
Planejamento Orçamentário e Controladoria
META DESTA UNIDADE
Apresentar os fundamentos da Controladoria e sua aplicabilidade e
importância nas organizações contemporâneas.
OBJETIVO DESTA UNIDADE
Discutir a evolução e o atual conceito de Controladoria.
Identificar as etapas de planejamento da Controladoria.
Apontar as funções e as atividades da Controladoria .
Apontar a aplicabilidade da Controladoria no planejamento estratégico e no
planejamento operacional.
Apresentar alguns instrumentos da Controladoria.
Discutir o papel do Controller.
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta unidade, você seja capaz de:
Conceituar organizações, processo de gestão e planejamento
estratégico.
Diferenciar eficiência de eficácia e de efetividade.
Compreender a importância da aplicação da abordagem sistêmica na
administração das organizações.
Estabelecer a relação entre processo de gestão e planejamento
estratégico.
CONTROLADORIA
33
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Conforme informei na última parte da unidade anterior, nesta unidade
iremos discutir os fundamentos da Controladoria. Mas você sabe o que é
controladoria?
Creio que você já ouviu falar, mas ainda não estudou sobre o que é
esta importante área dentro das organizações. Não é mesmo? Até porque, a
Controladoria é uma área recente e nem todas as organizações a possui.
Vamos começar, então, pela origem da Controladoria?
Antes de continuar a leitura desta unidade sugiro a leitura do texto:
MARTIN, N. C.. Da Contabilidade à Controladoria: A Evolução
Necessária. Revista Contabilidade & Finanças - USP, São Paulo,
n. 28, p. 7 - 28, jan./abr. 2002. Disponível em:
http://www.eac.fea.usp.br/cadernos/completos/cad28/Revista_28_parte_1.pdf
. Acesso em: 10/05/2010.
2.1 Origem e Evolução da Controladoria
De acordo com Beuren (2002) a origem da controladoria relaciona-se
ao desenvolvimento das organizações no início do século XX. Se você
pensar um pouquinho, você se lembrará que foi no início do século passado
que as organizações começaram a se expandir e foi necessário, então, criar
formas de controlar as suas operações.
O nascimento da controladoria, portanto, foi proveniente da dificuldade de
gerir os processos organizacionais, à medida que grandes empresas foram
surgindo.
Contudo, a Controladoria é algo novo enquanto área
organizacional, pois, num primeiro momento, suas atribuições
fora realizadas por profissionais da Contabilidade e das
Finanças.
34
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Mas, afinal, o que é Controladoria?
De acordo com a literatura da área, não há uma definição única para
Controladoria, pois, dependendo da perspectiva que se toma a controladoria
pode assumir uma definição diferente.
Neste sentido, vamos ver o que alguns autores falam sobre o assunto?
De acordo com Mosimann e Fisch (1999), a controladoria consiste em
um conjunto de princípios e conhecimentos relacionados às ciências da
Administração, Economia, Psicologia, Estatística, e principalmente da
Contabilidade, que se ocupam da gestão econômica das empresas, com o fim
de orientá-las para eficácia.
Borinelli (2006: 198) definiu a controladoria como “órgão do sistema
formal da organização responsável pelo controle do processo de gestão e pela
geração e fornecimento de informações de ordens operacional, econômica,
financeira e patrimonial demandadas”.
Catelli (1999), por sua vez, ressalta que para o correto entendimento
da Controladoria, necessário se faz separa-la em dois vértices: a
Controladoria como ramo do conhecimento e a Controladoria como unidade
administrativa. Em linhas gerais, a Controladoria como ramo do
conhecimento é responsável pelo estabelecimento das bases teóricas e
conceituais necessárias para a modelagem, construção e manutenção do
Sistema de Informações Contábeis Gerenciais. A Controladoria como
unidade administrativa é responsável pela coordenação e disseminação desse
conhecimento e também atuar como órgão aglutinador e direcionador de
esforços dos gestores a fim de acompanhar e conduzir a organização
aos objetivos determinados .
Ainda, neste sentido, de acordo com Mosimann e Fisch (1999) e
Beuren e Moura (2000), a Controladoria pode ser visualizada sob dois
enfoques:
35
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Almeida, Parisi e Pereira (2001) destacaram que a controladoria como
área do conhecimento possibilitou definir o modelo de gestão econômica e
desenvolver os sistemas de informações num contexto de tecnologia de
gestão. E a tecnologia de gestão é disseminada pela controladoria como
unidade administrativa, por meio do responsável que desempenha suas
funções.
Vista como ramo do conhecimento e considerando o apontamento de
Mosimann e Fisch (1999) sobre as áreas que a influenciam, vamos ver qual a
contribuição de cada área para a Controladoria.
36
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Vamos dar alguns exemplos concretos da utilização destas ciências pela
Controladoria?!
37
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Já, Borinelli (2006) acrescenta outra perspectiva: os aspectos
procedimentais, que seria a forma como as questões conceituais se aplicam
nas organizações, ou seja, a passagem da teoria para a prática.
Vamos ver como este autor definiu cada um destes aspectos?
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
Fonte: Borinelli (2006, p. 224).
39
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Fonte: Borinelli (2006, p. 226).
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
Fonte: Borinelli (2006, p. 225).
41
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Em suma, Borinelli (2006), explicou a controladoria sob os
aspectos: (a) conceitual, sendo a forma de organizar
determinadas atividades e funções dentro de uma ou mais
unidades da entidade que recebem esse nome ou similar; (b)
procedimental, sendo o conjunto de atividades, funções e artefatos de
controladoria; e (c) organizacional, que compreende a formalização do órgão
na estrutura do sistema organizacional das empresas.
UFA!!! Creio que já avançamos bastante nisto. Antes de chegarmos
às primeiras conclusões sobre o que já vimos, vamos deu uma pequena
pausa!
Agora que já descansamos um pouquinho, vamos retomar?
Como pudemos perceber a Controladoria é uma área em construção e
de acordo com a perspectiva que adotamos, o seu escopo de atuação se torna
bastante abrangente.
Mas qual será nossa perspectiva nesta disciplina?
Iremos estudar a controladoria enquanto área administrativa, ou seja,
enquanto um instrumento da organização para alcançar a eficácia
organizacional.
Contudo, sugiro que vejamos, a partir da figura abaixo, os conceitos
inerentes ao processo de Controladoria e suas interrelações.
42
Planejamento Orçamentário e Controladoria
A partir da figura podemos verificar que a Controladoria permite uma
revisão de muitos conceitos no que tange à gestão dos recursos e o papel do
controle nas organizações.
Realizada este apontamento, vamos ver um pouquinho mais dos que a
literatura aponta sobre a Controladoria nesta perspectiva.
Segundo Oliveira, Perez Júnior e Silva (2002, p.13): podemos entender
Controladoria como o departamento responsável pelo projeto, elaboração,
implementação e manutenção do sistema integrado de informações
operacionais, financeiras e contábeis de determinada entidade com ou sem
finalidades lucrativas [...].
Já, para Figueiredo e Gaggiano (1997) a Controladoria tem por
finalidade garantir que as informações relevantes ao processo decisório sejam
levadas aos gestores para assegurar a eficiência do processo de gestão.
Segundo Moura e Beuren (2000), a controladoria é uma unidade de
suporte administrativo ao processo de gestão empresarial e age também como
gestora do sistema de informação como provedora do suporte informacional à
gestão empresarial.
Figura: Eixos de Transformação da Contabilidade Gerencial
Fonte: Martin, 2002, pág. 13.
43
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Almeida, Parisi e Pereira ( 2001, p. 344), conceituam controladoria e
sua função afirmando:
Apoiada na teoria da contabilidade e numa visão multidisciplinar,
é responsável pelo estabelecimento das bases teóricas e
conceituais necessárias para modelagem, construção e manutenção
de sistema de informação e modelo de gestão econômica, que
supram adequadamente as necessidades informativas dos gestores
e os induzam durante o processo de gestão, quando requerido a
tomarem decisões ótimas.
Em outras palavras, a controladoria como área administrativa auxilia
no processo de gestão por meio de informações de suporte à tomada de
decisão.
Portanto, vista como uma unidade administrativa e apoiada na
teoria da contabilidade, a Controladoria é responsável pela
organização e coordenação da utilização da tecnologia de
gestão, quanto às teorias, conceitos, sistemas de informação e,
por fim, como direcionador dos esforços dos gestores que conduzam à
otimização do resultado global da organização. Em outras palavras, o órgão
administrativo Controladoria tem por finalidade garantir informações
adequadas ao processo decisório, colaborando com os gestores na busca da
eficácia.
Podemos pensar, então, que objeto da controladoria é fazer
com que a atividade da empresa seja medida e avaliada, e
com esse resultado acompanhar e comparar com o
desempenho das outras empresas do ramo para mostrar aos
gestores como seu resultado poderia ser maior e, na sequência, apontar as
devidas correções nas atividades.
Mas a controladoria é uma área de linha ou de staff?
A controladoria, por se tratar de um departamento, tem sua posição no
44
Planejamento Orçamentário e Controladoria
organograma da empresa. Normalmente, a posição de um departamento no
organograma indica a importância do mesmo para a administração. No
entanto, Mosimann & Fisch (1999) abordam que vários autores classificam a
controladoria como um órgão de staff, porque esta presta uma assessoria no
controle das áreas da empresa, já que cada gestor controla sua área e se
responsabiliza por esta. Há ainda autores que a elevam ao cargo na estrutura
de linha devido ao profissional da controladoria tomar decisões quanto à
aceitação de planos sob o ponto de vista econômico, permanecendo no nível
da diretoria ou cúpula administrativa.
A posição da controladoria na estrutura organizacional pode ser
definida a partir da função do Controller. Figueiredo e Caggiano (1997, pág.
27) reportaram que, “embora o delineamento da função e da posição do
executivo possa variar de uma empresa para outra, existe um conceito que é
comumente observado quanto ao Controller”. Suas funções e suas práticas
não são restritas somente à contabilidade; espera-se que ele tenha
conhecimento e visão ampla em relação à contabilidade gerencial, que
participe no desenvolvimento de atividades como planejamento, controle,
informações, e da própria contabilidade, dentre outras funções voltadas para
administração e supervisão de cada atividade que tenha impacto no
desempenho da empresa. Os autores explicaram que “o Controller tem como
base direcionadora de suas funções a busca da eficácia organizacional”.
Assim, a função da controladoria é subordinada diretamente à
presidência da empresa. No contexto organizacional, a controladoria pode
estar inserida como órgão de linha ou de staff.
A posição do órgão controladoria na estrutura organizacional de
entidades foi investigada por Borinelli (2006), considerando duas
abordagens: a quem a controladoria está ou deve estar subordinada no
organograma da entidade; e se ela exerce autoridade de linha ou se é um
órgão de staff.
Considera-se órgão de staff aquela unidade organizacional que
desempenha atividades e funções de apoio e assessoria.
Figueiredo e Caggiano (1997) argumentam que a controladoria está
45
Planejamento Orçamentário e Controladoria
intimamente ligada à busca da eficácia organizacional, levando em conta o
estilo de gestão e as atividades desenvolvidas na empresa, com vistas a
atingir objetivos determinados e resultados específicos.
A abordagem de diversos autores sobre a controladoria como um
órgão de staff foi destacada por Mosimann e Fisch (1999, pág. 89): “a
controladoria é um órgão de staff, já que cada gestor tem autoridade para
controlar sua área e se responsabiliza por seus resultados”. Estes autores
ressaltaram ainda que “a controladoria, não poderia controlar as demais áreas,
mas presta assessoria no controle, informando a cúpula administrativa sobre
os resultados das áreas”.
Borinelli (2006) referiu-se à controladoria como órgão do sistema
formal das organizações e explicou que, depois de definidos a base conceitual
e os procedimentos da controladoria, o passo seguinte é organizar. E, para
isso, deve-se definir a estrutura da unidade na organização que desenvolve
atividades e funções de controladoria. Ao definir-se a unidade da
controladoria como órgão ou setor, são delineados sua missão e seus
objetivos, e estes deverão estar de acordo com o desejo e a necessidade da
empresa.
A controladoria como um órgão administrativo, conforme Mosimann
e Fisch (1999, pág. 88), tem estabelecido “missão, funções e princípios
norteadores definidos no modelo de gestão da organização”. Entende-se que,
dessa forma, as práticas de controladoria são desempenhadas na empresa e na
controladoria como unidade administrativa.
Enfim, seja como órgão de linha ou de staff a Controladoria é, sem
dúvida, peça chave no alcance da eficácia organizacional.
Mas, já que falamos que a Controladoria tem seu planejamento apoiado no
modelo de gestão da organização, vamos ver como se dá este planejamento?!
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
2.2 Diretrizes e Estrutura da Controladoria
Ao implantar a controladoria como órgão ou setor, são definidos sua
missão e seus objetivos, e estes deverão estar de acordo com o desejo e a
necessidade da organização.
2.2.1 A missão
Para Borinelli (2006), a definição da missão da controladoria é
importante porque as atividades e os objetivos das organizações são
segmentados por áreas de responsabilidade, de modo que a missão seja
cumprida. Porém, para o desempenho das práticas atribuídas à controladoria
de acordo com a missão e objetivos estabelecidos, faz-se necessário definir e
compreender os instrumentos utilizados pela controladoria.
Neste sentido, Figueiredo e Caggiano (1997) citam que a missão da
controladoria é zelar pela continuidade da empresa, assegurando a otimização
do resultado global.
Padoveze (2010) complementa, argumentando que a missão da
controladoria é servir de base ao processo de gestão empresarial por
intermédio de seu sistema de informação que é um sistema de apoio à gestão.
Segundo o autor, cabe à controladoria o processo de assegurar a
eficácia da empresa por meio do controle das operações e seus resultados
planejados.
Neste contexto, a controladoria se integra a todas as áreas da
organização. Na figura, abaixo, podemos ver como isto se dá.
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
Figura: Missão da Controladoria e as Demais Áreas da Organização.
Fonte: Padoveze ( 2010, pág. 33)
Pelo que discutimos e observando a figura, podemos perceber a
importância da controladoria dentro das organizações no gerenciamento das
informações, influenciando diretamente no processo de gestão das
organizações e contribuindo para atingir os objetivos propostos.
2.2.2 Os objetivos
A controladoria tem como objetivo gerar as informações que facilitem
o processo de tomada de decisões, colaborando com os gestores na tarefa de
alcançar a eficácia organizacional.
Para Almeida, Parisi e Pereira (2001) os objetivos da Controladoria,
tendo em vista a missão estabelecida, são:
promoção da eficácia organizacional;
viabilização da gestão econômica;
48
Planejamento Orçamentário e Controladoria
promoção da integração das áreas de responsabilidade.
Oliveira, Perez Júnior e Silva (2002) complementam, citando que também são
objetivos da Controladoria:
Organizar e reportar dados e informações relevantes para os tomadores
de decisão.
Manter permanente monitoramento sobre os controles das diversas
atividades e do desempenho de outros departamentos.
Exercer uma força de influência capaz de influir nas decisões dos
gestores das entidades.
A partir disto, podemos compreender o quanto a Controladoria
contribui no alcance da eficiência e eficácia organizacional, pois propicia um
monitoramento constantemente do processo de gestão das entidades e assim
auxiliar os gestores nas suas tomadas de decisões.
Outrossim, podemos verificar que a Controladoria poderá transmitir
aos seus gestores informações de alta confiança e precisão, pois o seu controle
permanente permite que se tenha essas informações em tempo real.
UFA! Creio que já avançamos muito. Que tal uma relaxada! Vamos
andar um pouquinho, respirar bem lentamente e toma um copo de água!?
Antes de prosseguirmos, vamos ver o que podemos concluir do que já
vimos!
Como pudemos observar, a Controladoria não diz
respeito somente ao sistema contábil das organizações,
mas sim, a todo o processo de gestão, desde o
planejamento, até o controle, disponibilizando desta forma, um fluxo de
informações necessárias ao cumprimento da missão e da continuidade da
empresa, objetivando com isto a otimização de resultados.
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
2.2.3 Estrutura
Mas como deve ser estruturada a Controladoria para desempenhar
suas atribuições?
Temos que lembrar que, o tamanho e a complexidade tanto da função
quanto da área da Controladoria dependerão do porte e complexidade da
organização.
De qualquer forma, Padoveze (2010) apresenta uma estrutura para a
Controladoria, a qual pode ser observada na figura abaixo.
Figura: Estrutura da Controladoria
Fonte: Padoveze, 2010, pág. 35.
Ao observarmos a figura, podemos verificar que a Controladoria:
é a responsável pelo sistema de informação contábil gerencial da
empresa, o qual, por sua vez, deve ser monitorado permanentemente
pelo Controller para propiciar a integração das informações;
deve atuar fortemente em todas as etapas do processo de gestão da
empresa;
possui, além das funções de planejamento e controle, a função de
50
Planejamento Orçamentário e Controladoria
escrituração, com a execução com tarefas rotineiras.
Podemos observar, também, a questão da auditoria interna no
processo de Controladoria.
Mas você sabe o que é Auditoria e para que ela serve?
2.2.3.1 Auditoria
Há autores que descrevem os vários tipos de auditorias, como por
exemplo, auditoria ambiental, auditoria de sistemas, auditoria fiscal e
tributária, entre outras. No entanto, concentramos nossa discussão somente na
auditoria interna, que é um dos focos da Controladoria.
Contudo, caso tenha interesse em saber um pouco sobre a
história da Auditoria sugiro a leitura do texto:
PACHECO, A. S.; OLIVEIRA, D. R. de; LA GAMBA, F. A
história da auditoria e suas novas tendências: um enfoque sobre
governança corporativa. X SEMEAD FEA/USP, ago. 2007. Disponível em
http://www.ead.fea.usp.br/semead/10semead/sistema/resultado/trabalhosPDF
/204.pdf . Acesso em 11/05/2010.
Contudo, creio ser interessante apresentar uma breve comparação
entre a auditoria interna e a auditoria externa. É interessante, então, saber o
significado de cada uma dessas duas modalidades de auditoria para melhor
compreender os aspectos que as envolvem.
De acordo com Almeida (2003, p. 26), a auditoria externa das demonstrações
contábeis é:
[...] Aquela que examina as demonstrações contábeis de uma
empresa e emite sua opinião sobre estas, o que a tornou
fundamental, vista como uma medida de segurança, na opinião
dos investidores, que passaram a exigir que as demonstrações
51
Planejamento Orçamentário e Controladoria
contábeis fossem examinadas por um profissional independente
da empresa e de reconhecida capacidade técnica.
Já, de acordo com Oliveira e Diniz Filho (2001, p. 16), a auditoria
interna é “ o conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo
examinar a integridade, adequação e eficácia dos controles internos e das
informações físicas, contábeis, financeiras e operacionais da entidade”.
Essas duas modalidades de auditoria citadas podem ser confundidas
muitas vezes, por isso, torna-se necessário esclarecer algumas diferenças
básicas entre elas. No quadro abaixo, podemos observar estas diferenças:
AUDITORIA INTERNA AUDITORIA EXTERNA
Propósito do Trabalho Análise da atividade
operacional.
Emissão de opinião sobre
demonstrações contábeis.
Parâmetros para a
execução do trabalho
Normas de controle interno,
políticas e procedimentos da
empresa.
Princípios fundamentais de
contabilidade.
Preocupação com os
controles internos
Eficiência e qualidade do
controle.
Efeitos relevantes nas
demonstrações contábeis.
Dependência Profissional Dependência do emprego. Independência profissional.
Forma de Relatórios Não padronizados. Padronizados.
Principais Usuários Gestores da empresa. Acionistas, mercado de
capitais e credores.
QUADRO: Diferença entre Auditoria Externa e Auditoria Interna.
Fonte: Oliveira e Diniz Filho, 2001, pág. 22.
Como podemos observar, a auditoria interna é um instrumento que
fornece informações importantes para os gestores e por isto, faz parte do
escopo de trabalho da Controladoria.
Vamos ver um pouco mais sobre a Auditoria Interna!?
De acordo com a literatura da área, a auditoria interna surgiu da
necessidade de dar maior ênfase às normas ou aos procedimentos internos e
com a expansão dos negócios, o administrador não poderia supervisionar
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
pessoalmente todas as atividades da empresa, surgindo o auditor interno que
verificaria se tais procedimentos estavam sendo seguidos pelos funcionários
da organização.
A auditoria interna é aquela exercida por funcionário da própria
empresa, em caráter permanente. Apesar de seu vínculo à empresa, o auditor
interno deve exercer sua função com absoluta independência profissional,
preenchendo todas as condições necessárias ao auditor externo, mas também
exigindo da empresa o cumprimento daquelas que lhe cabem.
De acordo com a NBC T 12 – Normas Brasileiras de Contabilidade da
Auditoria Interna, item 12.1.1.1 “a auditoria interna constitui o conjunto de
procedimentos técnicos que tem por objetivo examinar a integridade,
adequação e eficácia dos controles internos e das informações físicas,
contábeis, financeiras e operacionais da Entidade” (CONSELHO
FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2003).
A auditoria interna é uma atividade de avaliação interna independente
existente dentro de uma organização, destinadas às revisões das operações
contábeis, financeiras, fiscais etc. Os resultados de seus trabalhos visam
prestar assessoria á administração. A auditoria interna é, portanto, um
controle administrativo cuja atribuição é verificar e avaliar a efetividade dos
demais controles. Assim, podemos dizer que o objetivo geral do trabalho da
auditoria interna consiste em prestar assistência a todos os membros da
administração, no sentido de levar a um cumprimento eficiente de suas
responsabilidades, proporcionando-lhes análises, avaliações, recomendações
e comentários pertinentes ás atividades examinadas. (ATTIE,1992).
Neste contexto, é indispensável que o auditor proceda ao exame em
extensão e profundidade necessárias, para certificar-se de que as
demonstrações contábeis foram elaboradas de acordo com os princípios
fundamentais de contabilidade. (CREPALDI, 2000)
Cabe ressaltar que, de acordo com as normas brasileiras de
contabilidade, existem normas técnicas para a realização da auditoria interna,
na qual são realizados procedimentos técnicos que serão utilizados como
suporte para as demonstrações contábeis das empresas.
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
De acordo com Crepaldi (2000, p. 43), a função da auditoria interna:
“é auxiliar todos os membros da administração no desempenho efetivo de
suas funções e responsabilidades, fornecendo-lhes análises, apreciações,
recomendações e comentários que possam ser úteis à administração”.
A posição da auditoria interna dentro de uma empresa deve ser de
uma importância elevada. Para tanto é necessário um excelente desempenho
no que se refere às atividades de um auditor, onde os responsáveis pelas
auditorias devem estar ligados diretamente com sua diretoria, para que
possam tornar-se facilitadores nas conclusões analisadas.
De forma objetiva, os procedimentos de auditoria ocorrem da seguinte
forma:
De acordo com Padoveze (2004), durante o processo de auditoria as
informações devem ser coletadas, armazenadas e processadas de forma
operacional, ou seja, todos os que trabalham com informação contábil devem
saber e sentir que estão operando com dados reais, significativos, práticos e
Objetivos. Com isso, teremos uma utilização gerencial, ou seja, uma
utilização prática e objetiva.
Neste sentido, Attie (1992) ressalta que a formo como o auditor
tratará esses assuntos junto às áreas é vital para o sucesso de um bom
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
relacionamento entre auditor / auditado, de forma que permita que as portas
dessas áreas continuem abertas para trabalhos futuros. É importante que os
auditados sintam nos auditores disposição para auxiliá-los na solução de seus
problemas e no encaminhamento junto aos demais segmentos da empresa.
É necessário uma confiança mutua dos auditores e gestores.
Entretanto, essa confiança precisa ser conquistada pelo auditor, pois será
através das informações transmitidas por ele que os administradores irão
avaliar a situação da empresa.
Contudo, para que a Auditoria interna cumpra de forma eficaz seu
papel é necessário que haja um sistema interno de controle.
Porém, ressalta-se que de o cerne de uma organização eficientemente
controlada, reside na atitude de sua administração. Se a alta gerência acredita
que o controle interno é importante, as demais pessoas na organização
perceberão esse espírito e responderão através da observação conscientes das
políticas e procedimentos estabelecidos. Por outro lado, se é claro para os
funcionários que controle não é um fator importante para a administração, é
quase certo que os objetivos de controle serão eficientemente atingidos.
Mas o que é o Controle interno?
O controle interno de uma empresa é definido como um plano de
organização e o conjunto de métodos e medidas adotadas pela empresa para
proteger seu patrimônio verificando a exatidão e o grau de confiança de seus
dados contábeis. O controle interno precisa ter qualidade já que, dentre suas
funções, está a de prevenção contra possíveis erros e fraudes.
O Comitê de Procedimentos de Auditoria do Instituto Americano de
Contadores Públicos Certificados, AICPA, afirma: O controle interno
compreende o plano de organização e o conjunto coordenado dos métodos e
medidas, adotados pela empresa, para proteger seu patrimônio, verificar a
exatidão e a fidedignidade de seus dados contábeis, promover a eficiência
operacional e encorajar a adesão à política traçada pela administração.
(ATTIE, 2006, p. 110).
Em suma, os controles internos são todos os instrumentos da
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
organização destinados à vigilância, fiscalização e verificação administrativa,
que permitam prever, observar, dirigir ou governar os acontecimentos que se
verificam dentro da empresa, e que produzam reflexos em seu patrimônio.
Portanto, verifica-se que a vigilância, fiscalização e acompanhamento
das normas administrativas com o objetivo de proteção do patrimônio das
empresas, é uma função inerente ao controle interno e, por este motivo,
tornou-se tão importante no cenário organizacional atual.
Para finalizar, você deve estar pensando, mas qual a relação entre
controle interno e Auditoria Interna?
O sistema no qual o auditor deverá realizar suas análises identificando
possíveis falhas no gerenciamento das informações e o sistema de controle
interno, que nada mais é do que um conjunto de procedimentos integrados e
derivados dos controles internos adotados pela.
A partir de tudo isto que já vimos, você conseguiria dizer quais são as
atividades da Controladoria?
Creio que tudo o que pensou está correto, pois são inúmeras as
atividades da Controladoria, e a base de sucesso de sua implementação é uma
definição clara e precisa das atividades que serão desenvolvidas pela área.
Mas, vamos ver o que os autores falam sobre o assunto!
2.3Funções e Atividades da Controladoria
Segundo Figueiredo (1995, p.25) como atividades da Controladoria
podemos citar:
Planejamento: visa estabelecer e manter um plano integrado para as
operações compatíveis com os objetivos e metas da companhia.
Controle: visa desenvolver e revisar constantemente os padrões de
avaliação de desempenho para que sirvam como guias de orientação
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
aos gestores.
Informação: preparar, analisar e interpretar os resultados financeiros,
para serem usados pelos gestores no processo de tomada de decisão.
Contabilidade: visa delinear, estabelecer e manter o sistema de
contabilidade geral e de custos em todos os níveis da empresa.
Outras Funções: visa administrar e supervisionar cada uma das
atividades que impactam o desempenho empresarial.
Se pensarmos um pouco em tudo que vimos na primeira unidade,
veremos que as atividades exercidas pela Controladoria tornam-se vitais para o
processo de gestão das organizações, pois a mesma pensa no curto e longo
prazo, o que faz com que as organizações possam se beneficiar de decisões
mais acertadas e que farão real diferença na gestão das mesmas como, por
exemplo, auxiliando no estabelecimento de metas e objetivos mais condizentes
com a realidade da entidade, fazendo um controle permanente da gestão e das
atividades e propor aos gestores a possibilidade de avaliar o desempenho de
toda a entidade constantemente.
Neste sentido, Almeida, Parisi e Pereira (2001, p. 349-351),
argumentam que as atividades da Controladoria estão interligadas aos
objetivos (decorrentes da missão da empresa), e quando desempenhadas,
viabilizam o processo de gestão.
Podemos concluir então que as atividades da
Controladoria visam propiciar aos gestores instrumentos
que permitem uma visão global das aplicações e recursos
que estão sendo empregados na empresa, a fim de
verificar como suas metas poderão ser alcançadas e, dessa forma, tomar as
melhores decisões.
E quanto às funções da Controladoria, o que você pode dizer a partir do que já
vimos?
57
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Neste contexto, a Controladoria utiliza a informação como suporte ao processo
de gestão das entidades e preocupa-se sempre com a avaliação da eficiência e
da eficácia dos vários departamentos, no entanto, várias funções são atribuídas
à área.
Segundo Kanitz citado Mosimann e Fisch (1999) são funções da
Controladoria:
informação: compreende os sistemas contábil-financeiro-gerenciais;
motivação: refere-se aos efeitos dos sistemas de controle sobre o
comportamento;
coordenação: visa auxiliar os gestores na definição de decisões, de
incorreções que ocorrem na entidade;
avaliação: faz avaliação de fatos, informações e relatórios, avaliando
os resultados que estes proporcionam;
planejamento: visa assessorar os gestores na definição de metas e
objetivos e controle dos mesmos;
acompanhamento: visa o controle de todo o processo de gestão da
entidade.
Já, Almeida, Parisi e Pereira (2001) expõem que as funções da
controladoria estão interligadas ao conjunto de objetivos diretamente
relacionados com a missão da empresa e destaca as seguintes funções:
subsidiar o processo de gestão – oferecendo suporte à estruturação
do processo de gestão bem como às fases envolvidas no processo, por
meio de um sistema que permita simulações e projeções sobre o
impacto dos eventos econômicos na tomada de decisão. Deverá suprir
os gestores de informações gerenciais sobre os desempenhos e
resultados econômicos, além de monitorar a elaboração do orçamento
das diversas áreas de responsabilidade da empresa;
58
Planejamento Orçamentário e Controladoria
apoiar a avaliação de desempenho – analisando o desempenho da
empresa e das áreas de responsabilidade, incluindo sua própria área de
atuação, pois a Controladoria também é uma das áreas de
responsabilidade, e como tal contribui para o cumprimento da missão
da empresa;
apoiar a avaliação de resultado – realizando a análise do resultado
gerado pelos produtos e serviços, monitorando e orientando o
processo de estabelecimento de padrões, e avaliando o resultado de
seus próprios serviços;
gerir os sistemas de informações - padronizando e harmonizando o
conjunto de informações econômicas, por meio da definição de uma
base de dados que propiciem à empresa informações suficientes à
gestão, e da elaboração de modelos de decisão para os diversos
eventos econômicos, considerando as características inerentes a cada
área;
atender aos agentes do mercado - considerando o ambiente externo
em que a empresa está inserida, a Controladoria, seja como
representante legal ou apoio ao gestor responsável, deve atender aos
diversos agentes de mercado, e ainda, analisar e mensurar o impacto
das legislações no resultado econômico da empresa.
Contudo, faz-se necessário ressaltar que as funções e as atividades
atribuídas à Controladoria podem variar de uma organização para outra, em
função de seu porte, a sua cultura, o mercado de atuação, o ramo de
atividade, entre outras, sendo difícil defini-las com precisão.
Para finalizamos, Borinelli (2006) aponta as diversas funções e respectivas
atividades consideradas como típicas da Controladoria, mesmo não sendo as
mesmas de responsabilidade da área de Controladoria.
No quadro abaixo, podemos observar estes apontamentos:
59
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Função Atividades
Contábil Compreende as atividades relativas ao desenvolvimento da
Contabilidade Societária (ou Financeira), dentre elas:
gerenciar as atividades de contabilidade, implementar e
manter todos os registros contábeis (processamento
contábil), elaborar as demonstrações contábeis, atender aos
agentes de mercado (stakeholders) em suas demandas
informacionais, proceder à análise interpretativa das
demonstrações contábeis e desenvolver políticas e
procedimentos contábeis e de controle.
Gerencial
Estratégica
Compreende as atividades relativas a prover informações de
natureza contábil, patrimonial, econômica, financeira e não-
financeira ao processo de gestão como um todo, para que os
gestores possam estar devidamente subsidiados em suas
tomadas de decisões gerenciais e estratégicas. Além disso,
está no escopo dessa função a atividade de coordenar os
esforços dos gestores para que se obtenha sinergia no
processo de alcance dos objetivos empresariais. Incluem-se,
igualmente, as seguintes atividades: coordenar, assessorar e
consolidar os processos de elaboração dos planos
empresariais, orçamento e previsões; criar condições para a
realização do controle, através do acompanhamento dos
planos e das decisões tomadas; auxiliar na definição de
métodos e processos para medição do desempenho das áreas
organizacionais, assim como dos gestores; auxiliar na
definição e gestão de preços de transferência gerenciais;
realizar estudos sobre análise de viabilidade econômica de
projetos de investimento; realizar estudos especiais de
natureza contábil-econômica; desenvolver condições para a
realização da gestão econômica e proceder à avaliação
econômica.
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
Custos Compreende as atividades de registrar, mensurar, controlar,
analisar e avaliar os custos da organização, incluindo
análises gerenciais e estratégicas referentes à viabilidade de
lançamentos de produtos e serviços, resultados de produtos e
serviços, de linhas de negócios e de clientes.
Tributária Compreende as atividades relativas à Contabilidade
Tributária (ou Fiscal), ou seja, atender às obrigações legais,
fiscais e acessórias previstas em leis e normas tributárias, o
que significa registrar, apurar e controlar impostos, tributos e
contribuições, bem como elaborar o Planejamento Tributário
da organização.
Proteção e
Controle de
Ativos
Compreende as atividades referentes a prover proteção aos
ativos, por exemplo, selecionar, analisar e contratar opções
de seguros, além de controlá-los. Envolve ainda as
atividades de registrar e controlar todos os bens da
organização.
Controle
Interno
Compreende as atividades referentes ao estabelecimento e
monitoramento do sistema de controles internos, destinado a
proteger o patrimônio organizacional e salvaguardar os
interesses da entidade.
Controle de
Riscos
Compreende as atividades de identificar, mensurar, analisar,
avaliar, divulgar e controlar os diversos riscos envolvidos no
negócio, bem como seus possíveis efeitos.
Gestão da
informação
Compreende as atividades relativas a conceber modelos de
informações e a gerenciar as informações contábeis,
patrimoniais, de custos, gerenciais e estratégicas.
Quadro Funções da Controladoria no ambiente organizacional
Fonte: Borinelli (2006, p. 135-138).
Creio que a partir do que foi apresentado, podemos discutir a
importância da Controladoria nas e para as organizações.
61
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Será que você conseguiria pensar nos motivos que fazem da Controladoria
uma área tão importante para as organizações no contexto organizacional
atual?
2.4 Criação de Valor - O Foco da Controladoria
Não é novidade que as organizações, para atuarem num ambiente tal
qual como caracterizado nos últimos anos e atingirem os resultados desejados
hão de simular eventos futuros que contemplem informações que dêem,
também, condições preditivas, tendo em vista que um modelo
basicamente financeiro, não consegue propiciar as informações
necessárias para dar apoio à gestão das organizações em seu processo
decisório.
Para entendermos melhor isto, temos que discutir o que hoje é o foco
das pesquisas sobre a missão das organizações, o conceito de criação de
valor.
Você sabe o que é isto? Nós discutimos um pouco sobre isto em
Administração Financeira. Está lembrado que discutimos que o objetivo
principal da Administração Financeira era gerar riqueza para os acionistas? E
que esta geração de riqueza era diferente de simplesmente gerar lucro?
Pois bem, isto é criação de valor, ou seja, fazer o patrimônio da
empresa aumentar e conseqüentemente o valor de mercado desta empresa.
A figura, abaixo, mostra o esquema geral da Controladoria a partir
desta perspectiva.
62
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Figura: Controladoria do Valor: Esquema Geral
Fonte: Martin, 2002, pág. 23.
Que tal vermos um pouco mais sobre isto?!
Você já parou para pensar como podemos mensurar o valor de uma
empresa?
A partir da década de 60, surgiram diversas abordagens de avaliação
de empresas e muitas metodologias foram criadas. Os vários modelos podem
ser utilizados em conjunto ou separadamente, entretanto não existe um que
seja perfeito e inquestionável.
Na literatura, encontramos que as metodologias mais utilizadas para se
avaliar empresas são:
método contábil/patrimonial,
método do fluxo de caixa descontado,
método dos múltiplos, também conhecido como método de avaliação
relativa,
método de EVA®
Método MVA®.
63
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Você já tinha ouvido falar nestes métodos? Vamos conhecê-los?
O método contábil/patrimonial, como o próprio nome indica, nada mais é
que a consideração do Valor do Patrimônio Líquido Contábil. Este método é
indicado, apenas, para casos específicos, como por exemplo, para a
liquidação de uma organização ou em situações em que os ativos possuem
mais valor do que o valor presente dos rendimentos futuros da empresa.
O método do fluxo de caixa descontado (FCD) consiste na apuração dos
valores do fluxo de caixa descontados a uma determinada taxa. Este método é
o mais utilizado pelas empresas de consultoria e pelos bancos de
investimento, sendo amplamente difundido no mercado financeiro. É também
o mais indicado para a avaliação de empresas para fins de fusões e
aquisições.
O método dos múltiplos, busca identificar como empresas semelhantes são
negociadas e utilizar os parâmetros de tais negociações (múltiplo valor/
faturamento, valor/lucro líquido, valor / Ebitda - Lucro antes de despesas
financeiras, impostos, depreciação e amortização) para avaliar a empresa-
alvo.
O Método EVA® - significa Economic Value Added ou Valor Econômico
Adicionado - é uma medida quantitativa que reflete o montante de valor que
foi criado ou destruído, num determinado período, pela administração da
organização, ou seja, é a diferença entre o lucro operacional líquido depois
de impostos e o custo do capital investido na empresa.
A equação para o cálculo do EVA® é a seguinte:
EVA® = NOPAT - C% x TC
Onde:
64
Planejamento Orçamentário e Controladoria
EVA® significa Economic Value Added ou Valor Econômico Adicionado;
NOPAT significa Net Operating Profit After Taxes ou Lucro Operacional
Líquido depois de Impostos;
C% é o percentual do Custo do Capital investido;
TC significa Total Capital ou Capital Total Investido.
Em alguns livros a fórmula é a seguinte:
Valor Econômico Adicionado = Lucro Contábil Ajustado – Custo de Capital
x Nível de Investimento
O Método MVA® - significa Market Value Added ou Valor de Mercado
Agregado - é determinado pela diferença entre o valor de mercado da
empresa e o capital total nela investido.
A equação para o cálculo do MVA® é a seguinte:
MVA® = Valor de Mercado - TC
Onde:
Valor de Mercado é a resultante da soma do capital de terceiros com o capital
dos acionistas, ambos avaliados a mercado;
TC significa Total Capital ou Capital Total Investido.
Lucro Contábil = é o resultado apurado segundo os princípios contábeis
geralmente aceitos.
Lucro Econômico = é o resultado apurado segundo os conceitos de valores
65
Planejamento Orçamentário e Controladoria
de realização ou de fluxo futuro de benefícios, em outras palavras é a
diferença entre o valor do Patrimônio Líquido final e o inicial.
Goodwill ou valor intangível adicional da empresa = valor da diferença
obtida entre o valor total da empresa, avaliada por determinados critérios, e o
valor resultante da soma aritmética do valor dos ativos e dos passivos
avaliados isoladamente.
A avaliação do capital de terceiros a valor de mercado é feita por
meio do desconto do fluxo futuro de juros e amortizações de cada
empréstimo à taxa de juros vigente no mercado na data da avaliação.
Estes métodos de avaliação servem para se tentar estimar o valor da
organização, pois nenhum modelo fornece um valor preciso e único para uma
empresa, mas sim uma „estimativa de valor‟. Isso Ocorre devido ao fato de
que as decisões que afetam receitas, custos, despesas, capital de giro e
investimentos, aliadas às mudanças ocorridas na conjuntura econômica local
e global, influenciam os resultados da empresa e alteram seu valor.
Portanto, pode existir uma grande quantidade de valores para a
mesma empresa, dependendo do modelo que foi adotado, das premissas que
foram utilizadas e dos cenários que foram criados. Nesse sentido, a avaliação
de empresas não precisa necessariamente ter como objetivo a fixação de um
valor exato em que a empresa pode ser negociada, mas sim o estabelecimento
de uma faixa de valores.
Cabe, também, lembrar que os modelos de avaliação são
essencialmente quantitativos, entretanto o processo de avaliação contempla
muitos aspectos subjetivos, inseridos nos dados de entrada de tais modelos.
Esses dados devem ser analisados cuidadosamente, pois são fundamentais
para a qualidade do modelo e para a confiabilidade dos resultados.
Contudo, a determinação do valor das empresas também pode ser
utilizada para fins internos como instrumento de gestão, ou seja, para se
mensurar a criação de valor e a maximização da riqueza dos acionistas de um
66
Planejamento Orçamentário e Controladoria
período para outro e assim analisar os resultados das estratégicas corporativas
e a eficiência dos executivos na consecução do objetivo principal das
empresas: a maximização do valor.
Neste contexto, a avaliação de empresas pode ser vista como uma
ferramenta para aperfeiçoar o processo decisório. Ou seja, outra aplicação é
avaliar o impacto das decisões estratégicas, financeiras e operacionais das
empresas na criação de valor para a organização.
Quando utilizada neste sentido, este modelo de gestão que tem como
objetivo explícito e principal a criação de valor de longo prazo para os
acionistas, recebe o nome de Gestão Baseada em Valor (GBV), ou o termo
em inglês MVA (Management Value Added).
Para compreendermos a importância da aplicação deste modelo de
gestão, no cenário organizacional atual Oyadomari et al (2008) apresentam
um compilado sobre as dimensões do uso da Gestão Baseada em Valor.
Quadro: Dimensões do Uso da Gestão Baseada em valor
Fonte: Adaptado de Oyadomari, 2008.
Dimensões do Uso da Gestão Baseada em valor
Objetivos e estratégias Maximização da riqueza do acionista. EVA ou seus
direcionadores de valor como a única meta da
organização.
Mensuração de
performance
Performance deve ser medida usando lucros
econômicos e os direcionadores de valores de cima
para baixo. Outras medidas devem ser abandonadas.
Estabelecimento das metas Melhoria no valor corrente do EVA.
Nível mínimo aceitável é EVA igual a zero.
Metas devem estar relacionadas com direcionadores
de valores.
Remuneração Bônus devem ser pagos com base nas
mudanças de EVA.
Influências no processo decisório
Decisões Estratégicas Todas as decisões de investimento e
desinvestimento devem estar baseadas em EVA.
Uso também do EVA nas unidades de negócio.
Decisões Operacionais Balanço e DRE devem ser considerados.
Orientações para melhorar os investimentos de
capital e mais eficiência no capital de giro
67
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Quer saber mais sobre o processo de avaliação de
empresas? Sugio a leitura do texto:
MARTINS, E. Avaliação de Empresas: da mensuração
contábil à econômica. Caderno de Estudos, São Paulo, FIPECAFI, v.13, n.
24, p. 28 - 37, julho/dezembro 2000. Disponível em:
http://www2.ifes.com.br/webifes/conhecimento/Files/ADMINISTRA%C7%
C3O%20FINANCEIRA%20e%20CUSTOS/Avalia%E7%E3o/Artigos%20N
acionais/Avalia%E7%E3o%20de%20Empresas%20(Eliseu%20Martins).pdf .
Acesso em 10/05/2010.
Mas qual a relação disto com a Controladoria?
Para que haja está criação de valor é necessário que as decisões de
investimento, financiamento, dividendos e outras, sejam tomadas da melhor
maneira possível, ou seja, a partir do melhor conjunto de informações
possíveis.
Nesse contexto, a Controladoria vem sendo identificada como a área
da organização responsável pela agregação e disponibilização das
informações necessárias ao processo decisório (FIGUEIREDO e
CAGGIANO, 1997; CATELLI, 1999;).
Deste modo, creio que não se faz necessário prolongarmos muito esta
discussão. Afinal, vimos que sem a Controladoria, no atual cenário
competitivo, a organização não alcança a efetividade e, portanto, não cumpre
sua missão. Em outras palavras, a importância da Controladoria decorre da
principal missão das organizações: a criação de valor para os acionistas (ou
sócios).
Todavia, não discutimos, até o momento, um item básico neste
processo, o profissional que atua na Controladoria. Afinal, para o
funcionamento efetivo da Controladoria, é necessário que sejam recrutados
profissionais, principalmente contadores, que demonstrem além da capacidade
técnica, conhecimento a respeito do funcionamento das Entidades
Fiscalizadoras de Profissões.
68
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Mas quem é o responsável pela área de controladoria, nas organizações?
2.5 O Controller
O responsável pela área da Controladoria é o Controller.
Mas o que é e o que faz o Controller?
Vamos ver o que alguns autores falam sobre o assunto!
Para Figueiredo e Caggiano (1997, pg. 26.):
o Controller é o gestor encarregado do departamento de
Controladoria; seu papel é, por meio do gerenciamento de um
eficiente sistema de informação, zelar pela continuidade da
empresa, viabilizando as sinergias existentes, fazendo com que as
atividades desenvolvidas conjuntamente alcancem resultados
superiores aos que alcançariam se trabalhassem
independentemente.
O profissional de controladoria, de acordo com Figueiredo e Caggiano
(1997: 26), atua em um novo campo profissional e “requer conhecimento e
domínio de conceitos de outras disciplinas, como administração, economia,
estatística, informática etc.”. Em outras palavras, é um profissional que
necessita de uma formação interdisciplinar e de utilizar visão sistêmica em
sua atuação diária.
Em sua função, portanto, o Controller organiza e reporta dados
relevantes, exercendo influência para auxiliar os tomadores de decisão em
decisões lógicas e consistentes com a missão e objetivos da organização.
Neste contexto, o gestor da área de Controladoria deverá ter a visão necessária
para avaliar os fatos imparcial e objetivamente, como consultor da alta
administração nas decisões fundamentais.
O principal objetivo do Controller é manter a entidade em permanente
progresso. Reconhecendo que os negócios não permanecem estáticos e que as
mudanças ocorrem a todo tempo. O Controller tem que ter o senso de tempo e
habilidade para estar atento a estas mudanças.
69
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Para Oliveira, Perez Júnior e Silva (2002) o Controller deverá estar
preparado para as seguintes tarefas:
dar assistência na solução de problemas importantes, usando os
recursos existentes na entidade;
ajudar os gestores a desenvolverem suas habilidades administrativas,
tornando-os auto-suficientes;
dirigir os gerentes no desenvolvimento de suas habilidades para o
trabalho em equipe;
ver os gestores como elementos-chave em sua área de atuação;
trabalhar com os gestores como auxiliar e não como tomador de
decisão; f) assistir a gerência no estabelecimento de uma boa gestão.
O Controller deverá, também, estar constantemente em
alerta para educar os gestores sobre o uso apropriado da
informação e igualmente alerta sobre a sua utilização. Não
deve limitar-se a simplesmente apresentar o fato, é importante que dê razões,
conclusões e recomendações aos gestores, expressando-se de forma bastante
clara.
Podemos concluir, então, que o Controller desempenha uma função de
controle de maneira diferente, ou seja, organiza e reporta dados relevantes,
influencia os gerentes na tomada de decisões consistentes e condizentes com a
missão e os objetivos da empresa.
Portanto, para um bom desempenho da função de Controller, o profissional
deverá ter visão ampla da empresa e conhecer o mercado de atuação da
organização.
Para saber um pouco mais sobre o perfil e as funções do
Controller sugiro a leitura de:
DANIEL, M. M.; DAL VESCO, D. G.; TARIFA, M. R.
70
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Estudo do perfil, conhecimento, papel e atuação do Controller nas
cooperativas agropecuárias do Estado do Paraná. 2007. Disponível em:
http://www.congressousp.fipecafi.org/artigos72007/419.pdf. Acesso em
12/05/2010.
Visto isto, vamos ver quais ferramentas e instrumentos são utilizados
pela Controladoria para poder fornecer o suporte necessário, enquanto um
sistema de informação, aos tomadores de decisão.
2.6 Instrumentos da controladoria
Se resumíssemos o que discutimos até agora, veríamos que discutimos
desde a origem da controladoria até o papel que a mesma desempenha dentro
do processo de gestão empresarial.
Como já vimos, a Controladoria auxiliará em todos os níveis de
planejamento e controle da organização. Portanto, deverá utilizar de diversos
métodos e modelos para propiciar informações precisas e úteis à organização.
Diante disto, e considerando o número de instrumentos e ferramentas
utilizado pela controladoria, Borinelli (2006) argumenta que os mesmos
podem ser divididos em três categorias. Na figura, abaixo, podemos ver as
três categorias e os instrumentos utilizados em cada uma
71
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Figura: Categorias das ferramentas e instrumentos da Controladoria
Fonte: Adaptado de Borinelli, 2006.
Tenho certeza que você estar pensando: Mas eu já via a maioria destas
ferramentas, teremos que ver tudo novamente?
Eu confesso que adoraria abordar todos estes assuntos, mas,
infelizmente, não teríamos tempo suficiente. Por isto, e considerando que a
disciplina tem um foco mais gerencial que operacional, vamos nos ater em
algumas destas ferramentas, as quais veremos ao longo desta unidade.
De qualquer modo, sugiro que procure rever os instrumentos
que já estudou, pois você verá quantas disciplinas estaremos
integrando nesta área ou função da organização.
2.7 A Controladoria no Planejamento
Para compreendermos o papel da Controladoria no processo de
planejamento, tanto estratégico quanto operacional das organizações, temos
72
Planejamento Orçamentário e Controladoria
que retomar a visão da organização como um organismo sistêmico. Nesta
perspectiva, podemos defini-la como um arranjo de áreas que atuam
conjuntamente, visando o cumprimento de sua missão. Deste modo, cada
elemento que compõe o sistema deve possuir uma missão específica, que
deve estar integrada com a missão do sistema geral.
Nós já discutimos a questão da missão da Controladoria. Você lembra qual é?
A missão da controladoria é servir de base ao processo de gestão
empresarial por intermédio de seu sistema de informação que é
um sistema de apoio à gestão. (PADOVEZE, 2010)
Se pensarmos que todos os recursos processados pela organização são de
natureza econômica, podemos dizer, então, que a missão da controladoria,
neste contexto, é a de se responsabilizar pela eficácia econômica da mesma.
Assim, a controladoria é a responsável pela sinergia que deve haver entre as
áreas, na busca da otimização do resultado econômico global. Como tal
resultado é gerado por meio de decisões dos gestores acerca dos eventos que
deverão ser provocados para o cumprimento da missão geral, a Controladoria
tem um papel decisivo para o melhor desempenho do sistema em todas as
fazes do processo de gestão.
Você se lembra das fases do processo de gestão?
De acordo com Padoveze (2010), o processo de gestão
compreende as fases do planejamento, execução e controle da
organização, de suas áreas e de suas atividades.
Durante todo o processo de gestão, podemos verificar ansiedade e
insegurança quanto à avaliação e aceitação dos planos que deverão conduzir a
organização rumo ao cumprimento de sua missão. Desta forma, o foco da
Controladoria, como o das demais áreas da empresa, deve consistir em
73
Planejamento Orçamentário e Controladoria
disponibilizar instrumentos informativos que amenizem essas incertezas.
Neste contexto, a Controladoria é a gestora do sistema de informações
econômico/financeiras, responsabilizando-se pela sustentabilidade do
sistema.
Alguns princípios que norteiam a atuação da controladoria no apoio ao
planejamento da organização são elencados por Mosimann e Fisch (1999).
São eles
viabilidade econômica: os planos devem ser viáveis diante das
condições ambientais vigentes à época do planejamento;
objetividade: os planos necessitam ser potenciais para que produzam
o melhor resultado econômico;
imparcialidade: é imparcial no favorecimento de áreas em
detrimento do resultado global da empresa;
visão generalista: conhecimento do reflexo, em termos econômicos,
que o resultado obtido por cada área proporciona ao resultado global
da empresa.
Viu como a Controladoria é de vital importância no processo de gestão,
principalmente no que diz respeito ao planejamento e controle?!
Contudo, cabe ressaltar que o apoio da controladoria no planejamento,
refere-se à busca da sinergia entre os gestores dos diversos níveis e áreas,
assessorando-os por meio de informações, na definição do conjunto de planos
que serão operacionalizados dentro de um horizonte temporal, no qual a
empresa espera atingir seus objetivos estratégicos, operacionais e
orçamentários.
Diante disto, vamos ver com mais detalhe o papel da Controladoria no
planejamento tanto estratégico quanto operacional!
74
Planejamento Orçamentário e Controladoria
2.7.1 A Controladoria no planejamento estratégico
A Controladoria, no apoio ao planejamento estratégico, busca
assessorar os principais executivos na definição do melhor conjunto de
diretrizes estratégicas que irá conduzir a empresa ao cumprimento de sua
missão.
Se você pensar um pouquinho no que é o processo de planejamento
estratégico das organizações, perceberá o qual importante é o levantamento
das informações para a sua formulação.
Neste contexto, portanto, cabe à controladoria captar do ambiente
externo informações, objetivando a formular e projetar cenários,
paralelamente ao estudo dos pontos fortes e fracos da empresa, com a
intenção de tornar viáveis as decisões envolvidas neste processo.
E é nesta perspectiva que encontramos um dos focos mais recentes da
controladoria: a controladoria estratégica.
Segundo Padoveze (2004), com base na controladoria estratégica os
responsáveis pelo planejamento estratégico, por meio do sistema de
informação contábil, têm acesso a informações financeiras e não financeiras
alinhadas com as estratégias organizacionais e de negócios.
Ressalte-se que a controladoria dentro das organizações deve dar
suporte a todas as etapas do processo de gestão, considerando tanto as
influências internas como externas. Tais influências devem ser monitoradas e
controladas permanentemente como meio de alcançar os objetivos
estabelecidos pela organização.
Portanto, o papel da Controladoria Estratégica será o de assessorar os
diversos gestores da entidade com o intuito de fornecer-lhes informações
precisas que garantam a continuidade do processo decisório.
Voltando à questão do planejamento estratégico, Drucker (1980)
argumenta que o planejamento consiste em conhecer as implicações futuras
de decisões presentes e não somente refere-se a decisões futuras. Para se
fazer conhecer tais implicações futuras é necessário executar um
75
Planejamento Orçamentário e Controladoria
planejamento visando estabelecer estratégias para ação.
Padoveze (2010, pág. 85) corrobora afirmando que:
o Planejamento Estratégico emerge de um processo de tradução
das informações em planos para atender as metas e os objetivos
organizacionais Contudo, a base deste processo consiste em
identificar, coletar, armazenar, mensurar, analisar, entender,
interpretar e julgar informações, além de consolidar ideias e
conceitos baseados nestas informações para os processos
decisórios subseqüentes.
Neste contexto, A controladoria desempenha um papel fundamental
para o planejamento estratégico. Afinal, é na controladoria que são geradas as
informações.
2.7.1.1 Informações necessárias para o planejamento estratégico
Diversas são as necessidades de informações para a formulação do
planejamento estratégico. Contudo, não será nosso foco, apresentar todo o
processo de planejamento estratégico. Limitaremos o nosso foco em três
instrumentos utilizados neste processo e que encontram apoio na geração de
informações pela controladoria. São eles:
Análise SWOT
Construção de Cenários
Balanced Scorecard
2.7.1.2 Análise SWOT
A competitividade de uma organização depende de sua capacidade de
aproveitar as oportunidades que o ambiente oferece melhor que seus
concorrentes, sendo que o ideal, é que a organização possa usufruir das
oportunidades oferecidas de forma a melhor aproveitar suas capacidades
internas.
76
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Para se estabelecer uma estratégia adequada, é preciso promover,
portanto, uma adequação da organização entre os fatores externos e os fatores
internos. Esta análise pode ser materializada por meio do uso da matriz
SWOT, uma vez que está possibilita o alinhamento da missão e visão da
empresa às oportunidades oferecidas pelo ambiente externo.
A palavra SWOT é formada pelas iniciais das quatro palavras da
língua inglesa envolvidas na análise: Strengths - forças, Weaknesses -
fraquezas, Opportunities - oportunidades e Threats – ameaças. Esta
ferramenta possibilita fazer uma análise da situação em que a empresa se
encontra, identificando suas forças e fraquezas internas e as oportunidades e
ameaças do meio em que a empresa está envolvida. Após conhecer a situação
da empresa, é possível definir o grau de adequação entre elas.
A figura, abaixo, apresenta a relação entre os ambientes interno e
externo.
Análise SWOT
Ambiente Externo
Am
bie
nte
Exte
rno 2
Capitalizar
3
Melhorar
Oportunidades
4
Monitorar
1
Eliminar
Ameaças
Pontos Fortes Pontos Fracos
Figura: Matris SWOT Fonte: PADOVEZE, 2010, pág. 86
77
Planejamento Orçamentário e Controladoria
A organização que apresenta pontos fortes alinhados aos fatores
críticos de sucesso para satisfazer as oportunidades de mercado será
certamente competitiva no longo prazo (Quadrante 2).
O uso da análise de SWOT possibilita maior eficiência no
estabelecimento destes objetivos, pois são estabelecidos a partir da análise da
empresa e do ambiente em que está atuando. Considerando a predominância
de pontos fortes ou fracos e de oportunidades e ameaças, a postura estratégia
adotada terá como objetivo buscar: Capitalizar, melhorar, monitorar ou
eliminar.
Capitalizar (ou desenvolvimento) ocorre com a predominância de
pontos fortes e oportunidades, demonstrando que a empresa está preparada
para assumir novos desafios, podendo a administração conduzir suas ações
para o desenvolvimento da organização.
Melhorar (ou crescimento) ocorre com a identificação de fraquezas da
organização confrontando-se com oportunidades oferecidas pelo ambiente
externo.
Monitorar ( ou manutenção) ocorre com a predominância de pontos
fortes da empresa num cenário externo de ameaças, é comum nos mercados
saturados. Eliminar (ou sobrevivência) ocorre quando as estratégias de
sobrevivência são resultantes da análise das fraquezas da organização frente
às ameaças do ambiente externo.
Caso deseje aprofundar, sugiro a leitura do livro:
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Planejamento
estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 26.ed., São
Paulo: Atlas, 2009.
Você já tinha visto está metodologia, não é mesmo?
Contudo, temos que considerar que é uma metodologia mais
qualitativa. Diante disto, temos que utilizar também, metodologias
78
Planejamento Orçamentário e Controladoria
quantitativas. Neste sentido, vamos ver a metodologia de Construção de
Cenários e a Metodologia BSC ( Balanced Scorecard)
2.7.1.3 Construção de Cenários
Você sabe o que é isto?
Pense em cenários, como possíveis condições de ocorrência de
determinadas previsões. Por exemplo: num cenário otimista todas as
previsões aconteceriam de forma positiva; já, num cenário pessimista, todas
as previsões não se concretizariam dentro do esperado. Fácil, não é!
Mas não pense que isto é algo meramente intuitivo. Não é isto. Exige
profundo monitoramento das variáveis que poderão impactar na organização.
Em Planejamento Estratégico, a técnica de construção de cenários, De
acordo com Padoveze (2010) consiste em realizar a análise do ambiente
macroeconômico e suas implicações visíveis à organização e ao setor, num
prazo mais curto, ano corrente e próximo ano, para balizar as ações atuais
para o futuro próximo e, principalmente, servir de base para a elaboração do
planejamento orçamentário.
As fontes de dados são as mais diversas, tais como: mídias,
publicações especializadas, entidades governamentais e outras. Estes dados
devem, então, ser analisados e transformados em informações que sirvam de
apontamento sobre os possíveis caminhos a se seguir. Em outras palavras,
devem fornecer informações que possibilitem traçar os prováveis cenários
futuros da organização.
De modo geral, a técnica de Construção de Cenário, permite traçar, a
partir do comportamento atual das variáveis macroeconômicas, dois ou três
possíveis cenários (otimista, moderado, pessimista). O cenário mais provável
é o que servirá de base para a tomada de decisão sobre as premissas para o
plano orçamentário do ano seguinte.
Este instrumento é de suma importância considerando-se os impactos
79
Planejamento Orçamentário e Controladoria
das variáveis macroeconômicas sobre a organização e seu setor de atuação.
Vamos ver uma aplicação prática desta ferramenta?!
Variáveis Canário I
Otimista
(Em %)
Cenário II
Moderado
(Em %)
Cenário III
Pessimista
(Em %)
Probabilidade 25,0 50,0 25,0
PIB – Mundial - Variação 2,5 1,5 0,5
PIB – Brasil - Variação 0,5 -2,0 -4,0
Balança de Pagamento –
USS bi
4,0 6,0 8,0
Juros Nominais 20,0 24,0 28,0
Taxa de Câmbio 5,0 7,0 9,0
Inflação Anual - IPC 12,0 10 8,0
Crescimento do Setor 10,0 5,0 0,0
Crescimento da Empresa 12,0 7,0 2,0
Tabela: Cenários
Fonte: Adaptado de Padoveze, 2010.
Viu como é fácil! A grande questão é a monitoração do ambiente
macroeconômico.
Por fim, outro importante instrumento de geração de informações é o
Balanced Scorecard.
2.7.1.4 Balanced Scorecard (BSC)
Você já ouviu falar da metodologia Balanced Scorecard?
80
Planejamento Orçamentário e Controladoria
De modo bem simplificado, podemos dizer que o balanced scorecard
consiste em um relatório único que contém variáveis financeiras e não
financeiras como medidas de desempenho, que indicam como a estratégia da
organização será cumprida, porém seu foco esta centrado no desdobramento
da estratégia, tratando-se de um sistema de suporte a decisão.
A metodologia do Balanced Scorecard proposta por Kaplan e Norton,
na década de 90 e parte do pressuposto que
[...] as empresas que conseguem traduzir a estratégia em sistema
de mensuração têm muito mais probabilidade de executar sua
estratégia porque conseguem transmitir objetivos e metas (...) o
sistema de mensuração deve explicitar as relações - hipótese -
entre os objetivos - e as medidas - nas diversas perspectivas de
modo que possam ser gerenciadas e validadas (KAPLAN E
NORTON, 1997, pág. 153 e 155)
O sistema de gestão estratégica deve, conforme os mesmos autores
(1997, p. 155) “identificar e tornar explícita a sequência de hipóteses sobre as
relações de causa e efeito entre as medidas de resultado e os vetores de
desempenho destes resultados”, possibilitando aos gestores conhecerem e
acompanhar os resultados obtidos na realização dos objetivos estratégicos. O
sucesso da organização passa a depender da identificação correta dos
objetivos estratégicos, pois conforme os mesmos autores (1997, p. 154) “se
os objetivos e medidas certos forem identificados, a implementação
provavelmente será bem sucedida”.
Neste sentido, Padoveze (2010, pág. 91) argumenta que
O balanced scorecard é um sistema de informação para o
gerenciamento da estratégia empresarial. Traduz a missão e a
estratégia da empresa em um conjunto abrangente de medidas de
desempenho financeiras e não financeiras que serve de base para
um sistema de medição e de gestão estratégica.
Cabe ressaltar que a importância do BSC reside, também, no fato de
que buscar o alinhamento das ações dos funcionários à estratégia da empresa,
em busca da geração de valor é desafio constante de toda a organização e o
BSC possibilita o compartilhamento da visão e estratégia com toda a
empresa, permitindo que cada colaborador entenda como sua atuação
específica contribui com os objetivos da unidade de negócio (KAPLAN E
81
Planejamento Orçamentário e Controladoria
NORTON, 1997).
Padoveze (2010. Pág. 91) ressalta que o processo de implementação do
BSC pode ser dividido em duas etapas:
Elaboração e difusão do BSC
Elaboração e acompanhamento dos indicadores
Na etapa de elaboração e difusão do BSC, para possibilitar a
comunicação e o envolvimento dos diferentes níveis de colaboradores e das
diferentes áreas de conhecimento no longo prazo, Kaplan e Norton (1997)
sugerem o ciclo do sistema de gestão estratégica composto por quatro passos,
conforme a figura abaixo:
Figura: Ciclo do sistema de gestão estratégica
Fonte: Adaptado de Padoveze, 2010.
82
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Vamos ver qual o escopo de atividades de cada um destes passos!
Figura: Escopo de atividades do ciclo do sistema de gestão estratégica
Fonte: adaptado de Kaplan e Norton, 1997.
83
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Já, na Etapa de elaboração e acompanhamento dos indicadores, de acordo
com Padoveze (2010), o BSC sugere a divisão da empresa em quatro
enfoques. Estes enfoques são:
enfoque financeiro;
enfoque do cliente;
enfoque dos processos de negócios;
o enfoque do aprendizado e crescimento.
Na figura, abaixo, podemos visualizar estes enfoques e suas relações
Figura: Relações de Causa e efeito da estratégia
Fonte: Padoveze, 2010, pág. 92.
Vamos ver um pouco mais de cada enfoque?!
No enfoque financeiro são relacionados os indicadores de natureza
econômica, financeira como lucratividade, liquidez, redução de custos,
retorno sobre capital e redução dos riscos. As metas financeiras são
estabelecidas com base na expectativa dos acionistas e serve de foco para os
objetivos e medidas das outras perspectivas
84
Planejamento Orçamentário e Controladoria
No enfoque do cliente identifica-se os segmentos de clientes e
mercados nos quais se desejam competir, considerando a lucratividade e a
participação de mercado. Esta perspectiva compõe as fontes das receitas para
atender os objetivos financeiros. A principal base de informação parte dos
setores de marketing e vendas da empresa
No enfoque dos processos de negócios são identificados os
processos críticos de operação de cada área da empresa para a realização dos
objetivos dos clientes alvos e acionistas. O objetivo é melhorar o desempenho
financeiro com melhorias nos processos internos (KAPLAN; NORTON,
1997).
No enfoque do aprendizado e crescimento relaciona-se a situação do
aprendizado e do crescimento organizacional. Visa a desenvolver a empresa
para obtenção de resultados excepcionais na realização dos objetivos
ambiciosos propostos nas perspectivas financeiras, de mercado e de processo
internos
Diante do exposto e de acordo com Kaplan e Norton (1997) e
Padoveze (2010) podemos dizer que o balanced Scorecard auxilia na
implementação e esclarecimento dos objetivos estratégicos a toda a empresa.
Esses objetivos estratégicos mobilizam os diferentes setores da empresa,
atribuindo metas e desencadeando iniciativas estratégicas que visam a
melhorar o desempenho
Portanto, a utilização do balanced scorecard possibilita articular as
estratégias de forma a garantir a sustentação do crescimento de indicadores
financeiros e não financeiro, proporcionando maior consistência ao plano
estratégico da empresa, uma vez que visa oferecer informações que
possibilitam avaliar até que ponto a empresa gera valor para os clientes atuais
e futuros, além de oferecer informações sobre como aperfeiçoar as
capacidades internas e os investimentos em pessoal, sistemas e
procedimentos; desta forma buscando otimizar o desempenho financeiro
futuro da organização, baseando-se em quatro perspectivas sendo elas: a
financeira, do cliente, dos processos internos e de aprendizagem e
crescimento.
85
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Por fim, cabe ressaltar que o BSC apresenta algumas limitações.
Dentre elas podemos mencionar os seguintes pontos: os gestores são
obrigados a optar por variáveis chaves por vezes conflitantes, devido a estas
serem medidas genéricas; a falta no BSC de correlação entre eficiência e
eficácia; falta de abordagem mais especifica referente as atividades dos
concorrentes e benchmarks; e falta de abordagem do BSC sobre o aspecto do
impacto de fatores incontroláveis que se apresentam no ambiente
empresarial.
UFA! Vamos dar uma pausa?! Que tal andar um pouquinho. Tomar
um cafezinho!
Caso queira saber mais sobre a metodologia do Balanced
Scorecard sugiro a leitura do livro: KAPLAN, Robert S. e
NORTON, David P. Organização orientada para a
estratégia: como as empresas que adotam o Balanced Scorecard prosperam
no novo ambiente de negócios. Rio de Janeiro : Campus, 2000.
Vamos recomeçar!
Que tal a leitura de um texto sobre a relação da análise
SWOT e o BSC no Planejamento Estratégico!
MICHELON, M. J.; PILATTI, L. A.; LIMA, I. A.
CARVALHO, H. G. de. A criação do conhecimento corporativo promovido
pelos fluxos de informações gerados na implementação do Planejamento
Estratégico. Revista Produção Online, v. 6, N. 1, 2006. Disponível em:
http://producaoonline.org.br/index.php/rpo/article/view/89/0 . Acesso em
01/06/2010.
Além destes instrumentos, a Controladoria participa por meio do
fornecimento de informação para diversos outros. Contudo, não pretendemos
abarcar todas as ferramentas e metodologias possíveis, mas, as mais
86
Planejamento Orçamentário e Controladoria
utilizadas.
Diante do exposto, encerraremos por aqui a colaboração da
Controladoria no Planejamento Estratégico e passaremos ao Planejamento
operacional.
2.7.2 A Controladoria no planejamento operacional.
No planejamento operacional, cabe à controladoria intervir para que
os resultados econômicos sejam atingidos. Há neste modelo, uma expressiva
contribuição da controladoria, a qual desempenha o papel de gerenciadora do
planejamento operacional, sendo que em conjunto com os gestores de cada
área, estabelece, quantifica, analisa, seleciona e aprova os planos.
A seleção entre os vários planos alternativos deve recair sobre aqueles
que vislumbrem melhores resultados. Além disso, Mosimann e Fisch (1999)
abordam que é dever da controladoria transformar os planos operacionais não
quantificados em planos orçamentários e, conseqüentemente, realizar um
estudo comparativo entre o que foi orçado e o que, efetivamente, foi
concretizado, identificando desvios a fim de que sejam avaliados e
corrigidos.
Diante disto, sugiro a divisão dos estudos das contribuições da
Controladoria no Planejamento Operacional em duas partes. Na primeira
veremos os instrumentos utilizados pela controladoria no apoio à tomada de
decisão e na segunda parte, abordaremos a questão do planejamento
orçamentário.
2.7.2.1 Instrumentos da Controladoria no Planejamento Operacional
O processo de planejamento operacional está relacionado è estrutura
básica do Balanço Patrimonial. Você se lembra desta demonstração
87
Planejamento Orçamentário e Controladoria
financeira? Como tenho certeza de que você se lembra, sei que já percebeu
que falaremos sobre suas duas grandes áreas: O Ativo e o Passivo.
É isto mesmo! No planejamento operacional relembraremos de muitos
dos conceitos estudados nas disciplinas anteriores de contabilidade e
administração financeira.
Começaremos abordando a questão da determinação da estrutura do
ativo.
Estão lembrados que em Administração Financeira estudamos a
questão das decisões de investimento? Então, Estrutura do Ativo e Decisões
de investimentos é a mesma coisa. Afinal, os ativos não representam os
investimentos que são feitos pela organização.
Contudo, em Administração Financeira trabalhamos a partir da
perspectiva de alternativas de investimento s seus respectivos riscos e
retornos. Está lembrado dos cálculos do Valor presente líquido (VPL) e da
Taxa interna de Retorno (TIR).
Porém, não abordamos modelos de decisão que apontem os critérios e
conceitos utilizados para se chegar ao valor que deverá ser investido.
E é isto que veremos agora.
Neste sentido, Padoveze (2010, pág. 106) argumenta que:
Conceitua-se determinação da estrutura do ativo como a decisão
de investimento que é tomada na obtenção da combinação ideal
dos ativos em relação ao negócio proposto, objetivando a menor
estrutura de capital.
Ainda, de acordo com o autor, o objetivo desta combinação é
determinar a parcela ideal de investimento em ativos fixos e capital de giro
para o negócio.
É importante ressaltar que a determinação desta “combinação ideal” é
algo complexo, pois depende de uma série de variáveis. Contudo, de acordo
com Padoveze (2010, pág. 107) é possível elaborar um modelo de decisão
orientador, a partir das seguintes definições prévias:
88
Planejamento Orçamentário e Controladoria
definição dos produtos ou linhas de produtos que serão
oferecidos;
definição, concomitante, dos mercados em que serão
oferecidos;
definição, também concomitante, do volume normal
esperado e do (s) preço (s) de venda;
definição, logo a seguir, sobre qual segmento da cadeia
produtiva ou comercial a empresa ou unidade de negócio
operará;
definição, em conclusão, da tecnologia básica a ser adotada
para a produção e comercialização.
Diante destas definições, a organização poderá traçar a estrutura de
ativos, assim como, a estrutura de custos do produto.
De posse deste modelo, poder-se-á, então, a partir da análise do lucro
esperado e do retorno do investimento, determinar a melhor estrutura de ativo
para a organização.
Contudo, se falamos em estrutura do ativo, não temos como não
abordar a questão da estrutura do passivo ou estrutura de capital.
De acordo com Padoveze (2010, pág. 112) os principais parâmetros
norteadores da estrutura do passivo são:
grau de aversão ao risco;
dilema liquidez versus rentabilidade;
mensuração do endividamento.
Em relação ao grau de aversão ao risco, quanto mais a organização se
vale de fontes externas de capital, menos aversão ao risco ela tem, uma vez
que o risco, neste caso, advêm da possibilidade de a empresa não gerar lucros
operacionais suficientes para honrar seus pagamentos de compromisso de
pagamento de dívidas e seus encargos de juros (PADOVEZE, 2010)
O dilema liquidez versus rentabilidade consiste na possibilidade de
perda total ou parcial da liquidez (capacidade de honrar todos os seus
compromissos financeiros) em função da busca de maior rentabilidade por
meio do uso intensivo de fontes externas de capital (por serem, de modo
geral, mais baratas).
Por fim, a mensuração do endividamento, consiste na apuração do
percentual do capital de terceiros utilizados como fonte de recursos para a
89
Planejamento Orçamentário e Controladoria
organização.
Outra importante ferramenta utilizada no Planejamento operacional é
o cálculo da Alavancagem.
Vamos relembrar o que é isto!
A alavancagem está relacionada com a possibilidade de aumentar o
lucro líquido, em proporções maiores que as normalmente esperadas, por
meio da alteração correta das proporções de custos fixos na estrutura dos
custos da empresa. Em outras palavras, é mensuração da sensibilidade do
lucro face as ações empreendidas pela organização, pelo fato desta empregar
seus recursos em custos fixos (operacionais e financeiros) na sua busca por
retornos.
A alavancagem pode ser medida a partir de duas perspectivas: a
operacional e a financeira.
A Alavancagem operacional (GAO) pode ser definida como a medida
do uso de ativos ou recursos com um custo fixo, no intuito de aumentar os
retornos dos proprietários da empresa. A GAO aponta como, a um dado nível
de vendas, os lucros serão afetados a partir de uma mudança percentual no
volume de vendas.
O grau de alavancagem operacional (GAO) pode ser calculado pelas
seguintes fórmulas:
GAO = Margem de Contribuição / Lucro liquido
Contudo, cabe ressaltar que quanto maior for o Grau de Alavancagem
Operacional, maiores serão os riscos, pois o Resultado Operacional ficará
muito sensível a qualquer variação na Receita Bruta, tanto para mais como
para menos. Em épocas de dificuldades de vendas, os reflexos são sentidos
fortemente.
Já, a alavancagem financeira pode ser definida como a razão entre as
taxas de retorno sobre o Patrimônio (o quanto a empresa gera de lucro para
cada $1 investido) e de retorno sobre o Ativo (quanto os acionistas ganham
para cada $1 investido)
90
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Portanto, a alavancagem financeira está relacionada a capacidade que
a empresa tem de administrar os recursos, próprios e/ou de terceiros, e com
isso maximizar os lucros por ação.
O grau de alavancagem financeira (GAF) pode ser calculado pelas
seguintes fórmulas:
GAF = Retorno sobre o Patrimônio Líquido / Retorno sobre o Ativo
Por fim, temos a alavancagem combinada, que nada mais é que a
medida que reflete o efeito combinado das alavancagens operacional e
financeira, demonstrando o efeito amplificado que ocorre sobre o lucro a
partir de variações nas vendas.
O grau de alavancagem combinada pode ser calculado por meio da
seguinte fórmula:
GAC = GAO x GAF ou Margem de Contribuição Total / Lucro Líquido
Lembrou-se de tudo? Espero que sim!
Padoveze (2010) apresenta a relação entre a alavancagem e o risco no
Balanço Patrimonial a partir da seguinte figura:
Ativo Passivo
Alavancagem Operacional
Risco Operacional
Alavancagem Financeira
Risco Financeiro
Alavancagem Combinada
Risco da Empresa
Figura: Alavancagem e Risco no Balanço Patrimonial
Fonte: Padoveze, 2010, pág. 117
91
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Você já tinha conseguido estabelecer esta relação? E agora, você
consegue perceber a relação da alavancagem com a estrutura do ativo e do
passivo?
Sugiro que releia os tópicos anteriores e procure estabelecer a relação
entre estrutura do ativo e do passivo e os graus de alavancagem.
Como você pode observar a estrutura do ativo determina a estrutura
dos custos o que, por sua vez, impacta na alavancagem operacional. Já, a
estrutura do passivo conduz às rendas fixas e às rendas variáveis, o que
influencia na existência de gastos fixos e, portanto, conduz à alavancagem
financeira.
Bom, em relação à primeira parte do Planejamento Operacional,
encerraremos nossas discussões por aqui. A partir de agora discutiremos a
questão do Planejamento orçamentário. Mas, não pense que veremos tudo
novamente. No semestre passado estudamos de forma mais detalhada, pois a
intenção era aprender a elaborar os orçamentos. Neste tópico veremos o
Planejamento orçamentário como uma importante ferramenta de controle de
todo o processo operacional e como a base de toda a Controladoria
operacional.
2.7.2.2 Planejamento e Controle Orçamentário
Você se lembra o que é um orçamento?
De acordo com Padoveze (2010, pág. 127) orçamento é a expressão
quantitativa de um plano de ação e ajuda a coordenação e implementação de
um plano.
Está lembrado que a função da Controladoria é servir de apoio à
tomada de decisão? A partir disto, você consegue perceber como o
orçamento auxilia a Controladoria nesta função?
De acordo com Hoji (2008, pág. 415) o orçamento consiste em
estabelecer com antecedência as ações a serem executadas dentro de cenários
92
Planejamento Orçamentário e Controladoria
e condições preestabelecidas, estimando os recursos a serem atribuindo as
responsabilidades, para atingir os objetivos fixados, ou em outras palavras, é
um modelo de mensuração que avalia e demonstra, por meio de projeções, os
desempenhos econômicos e financeiros da empresa, bem como das unidades
que a compõe.
Creio que depois desta segunda definição, você conseguiu relacionar
muito do que vimos até agora e a importância do planejamento orçamentário
para a Controladoria e, por conseguinte, para os tomadores de decisões nas
organizações.
Neste sentido, é importante lembrar que uma organização pode ser
vista como um sistema que tem por objetivo aumentar os recursos nela
investido. E, para planejar e controlar a utilização destes recursos,
objetivando a maximização de sua utilização, é que utilizamos o orçamento.
Contudo, ressalta-se que o plano orçamentário não possibilita, apenas,
antecipar os resultados, mas, principalmente, fornece direcionamento para as
ações dos diversos departamentos da organização de forma que todos
trabalhem sinergicamente em prol da criação de valor para a organização.
Welsch (1993, p. 21) complementa estás finalidades do planejamento
orçamentário, argumentando que
[...] o planejamento e controle de resultados pode ser definido,
em termos amplos, como um enfoque sistemático e formal à
execução das responsabilidades de planejamento, coordenação e
controle da administração: Especificamente, envolvem a
preparação e utilização de: (1) objetivos globais e de longo prazo
da empresa; (2) um plano de resultados a longo prazo,
desenvolvido em termos gerais; (3) um plano de resultados a
curto prazo detalhado de acordo com diferentes níveis relevantes
de responsabilidade (divisões, produtos, projetos etc.); e (4) um
sistema de relatórios periódicos de desempenho, mais uma vez,
para os mais diversos níveis de responsabilidade.
Padoveze (2010) menciona que além das finalidades supracitadas, o
Planejamento orçamentário deve conter os seguintes propósitos:
orçamento como um sistema de autorização: o orçamento aprovado é
uma forma de autorizar a liberação dos recursos para os
departamento;
93
Planejamento Orçamentário e Controladoria
um meio para projeções e planejamentos: as diretrizes do
planejamento orçamentário serão utilizada para projeções e
planejamentos;
um canal de comunicação e coordenação: o plano orçamentário é um
instrumento de comunicação e coordenação dos objetivos
organizacionais e setoriais;
um instrumento de motivação: permite certo grau de autonomia
dentro dos orçamentos aprovados.
um instrumento de avaliação e controle: avaliação do desempenho e
controle dos objetivos.
uma fonte de informação para a tomada de decisão.
Diante disto, podemos considerar como princípios para a estruturação do
planejamento orçamentário:
Figura: princípios para a estruturação do planejamento orçamentário.
Fonte: Adaptado de Padoveze, 2010.
94
Planejamento Orçamentário e Controladoria
O ideal é que o orçamento empresarial flua naturalmente e seja um
processo bem coordenado com uma boa comunicação, entre o topo da
empresa e sua base operacional para que esta última esteja bem sintonizada
com os objetivos da empresa como um todo.
Contudo, como em qualquer instrumento gerencial, o plano
orçamentário apresenta vantagens e limitações.
Como vantagens, de acordo com Hoji (2008), podemos citar:
fixação de objetivos e políticas para toda a organização;
aumento no grau de acerto das tomadas de decisões;
aumento da participação dos membros da organização na definição
dos objetivos;
há maior mensuração e programação das ações;
facilita a delegação de poderes;
identifica pontos fortes e pontos fracos no desempenho das unidades;
possibilita a maximização da utilização dos recursos;
como limitações, de acordo com o mesmo autor, temos:
o Os orçamentos são baseados em previsões;
o Os custos de implantação e manutenção são elevados;
o Os atrasos na divulgação dos dados interferem nos resultados e
nos ajustes.
Quando as variáveis econômicas e financeiras são voláteis os
resultados podem sofrer distorções.
Igualmente, cabe ressaltar que um bom orçamento é um fator crítico
de sucesso para o planejamento estratégico da empresa. As empresas
precisam de um método para juntar ao plano de negócios – missão, visão,
crenças, resultados, estratégias, objetivos e táticas com suas atividades atuais.
Este é o papel do orçamento empresarial. Por recompensa, o orçamento
95
Planejamento Orçamentário e Controladoria
empresarial fornece o mecanismo para assegurar a correta medição dos
custos e controle das atividades da empresa. Ao mesmo tempo, ele expressa,
em termos financeiros, as estratégias e táticas da empresa, mensurando,
ainda, a performance econômica e financeira.
Portanto, o processo orçamentário refere-se a todas as atividades de
planejamento, coordenação, preparação, controle e reprogramação das
operações empresariais.
De acordo com Atkison (2000), o processo orçamentário força as
empresas a fazer o seguinte:
Identificar seus objetivos a longo prazo e suas metas a curto prazo e
ser específicas no estabelecimento de metas e na avaliação do
desempenho relativo a elas.
Reconhecer a necessidade de enxergar a empresa como um sistema de
componentes interagindo, que devem estar coordenados.
Comunicar as metas da empresa a todos os seus sócios e
colaboradores e envolvê-los no processo orçamentário.
Antecipar problemas e tratá-los proativamente em lugar de
reativamente.
Até aqui, creio que você não tem dúvida, afinal muito do que foi
colocado já havíamos discutido no semestre passado.
Vamos avançar um pouco mais?!
Você se lembra dos principais diretrizes e tipos de orçamento?
Em relação às diretrizes, temos o Orçamento de Tendência e o
Orçamento Base Zero. A principal diferença é que enquanto o primeiro
utiliza dados dos orçamentos passados para as projeções futuras, o segundo
não os utiliza. No Orçamento Base Zero, parte-se da premissa que considerar
dados passados pode perpetuar ineficiências existentes.
Quanto aos tipos, os dois clássicos são: o Orçamento Estático, o Orçamento
Flexível, o Orçamento Ajustado e o orçamento corrigido. Enquanto no
96
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Orçamento Estático, realiza-se todas as projeções á partir da fixação de
determinado volume de produção ou vendas, no Orçamento Flexível, admite-
se uma faixa de nível de atividade, onde se situarão tendencialmente tais
volumes de produção e vendas. O Orçamento Ajustado deriva do Orçamento
Flexível e nada mais é que o orçamento flexível ajustado à determinado
volume de produção e vendas. Por fim, O Orçamento Corrigido é o ajuste do
orçamento original, sempre que houver alterações de preço em função de
inflação.
Cansamos? Vamos tomar um cafezinho! Dar uma esticada nas pernas.
Retomando veremos a questão da organização, execução e o processo
de elaboração do planejamento orçamentário.
Você se lembra como se organiza o planejamento orçamentário?
Segundo Fernandes (2005) a forma de adoção do processo
orçamentário depende fundamentalmente da estrutura organizacional, de seus
procedimentos contábeis, do seu plano de contas e da própria cultura
administrativa das empresas. Não existem modelos e procedimentos padrões
para a sua organização e implementação. Da mesma forma, não existirá um
único responsável pelo orçamento da empresa. O processo orçamentário
pressupõe a participação da alta direção, das chefias intermediárias e até
mesmo de supervisores. Cada seção, divisão, departamento e diretoria deve
ser o responsável pela elaboração de seus orçamentos, do controle e ajuste
dos mesmos.
Nestas condições, deve ser criado na organização um Comitê
Orçamentário, onde toda a estrutura deva participar indicando elementos
mais experientes das diversas áreas, para elaborar, coordenar e promover a
metodologia a ser implantada. É oportuno lembrar que o sucesso do
programa orçamentário está ligado e depende da existência de uma sólida
estrutura organizacional. Deve existir um organograma bem definido, onde as
autoridades e responsabilidades estejam bem delineadas. Como o orçamento
deve ser preparado por pessoas, suas posições devem estar bem definidas na
estrutura, pois a elaboração e o controle serão atividades inerentes a estas
mesmas pessoas.
97
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Todo o programa orçamentário deve ser precedido de informações
gerais que reflitam as políticas, diretrizes, objetivos, metas e prazos definidos
pela alta direção das empresas. Neste aspecto é importante observar que tais
ações envolvem toda a política comercial, financeira, cargos, salários e bem-
estar social, investimentos, métodos de produção, qualidade e produtividade,
etc. Na realidade, toda a estratégia geral da empresa dever ser apresentada,
com vistas a se produzir o orçamento baseado nas diretrizes da organização
dentro de prazos pré-estabelecidos.
Na medida em que os orçamentos vão sendo elaborados, a cultura
interna nas organizações vai se desenvolvendo e novas metodologias vão
surgindo. O primeiro projeto orçamentário pode não ser o melhor, mas na
medida em que os anos passam a própria experiência do Comitê
Orçamentário vai aumentando, o que permitirá avanços significativos na
metodologia implantada. (Fernandes, 2005).
Neste sentido, Padoveze (2010) sugere a seguinte estrutura para a
organização do sistema orçamentário:
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
Figura: Organização do Orçamento. Fonte: Adaptado de Padoveze, 2010.
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
Estruturada esta organização, Padoveze (2010, pág. 136) sugere os
seguintes passos para a execução do plano orçamentário:
Figura: passos para a execução do plano orçamentário.
Fonte: adaptado de Padoveze , 2010.
Agora vamos relembrar a estrutura do plano orçamentário?! Você se
lembra em quais quatro grandes segmentos estudamos o Planejamento
Orçamentário?
Isto mesmo! Orçamento operacional, orçamento de investimento,
orçamento de caixa e as projeções dos demonstrativos contábeis.
Antes de relembrarmos os componentes de cada uma destas áreas,
vamos ver um esquema geral do plano orçamentário. Na figura, abaixo,
podemos visualizar todos os componentes do plano orçamentário.
100
Planejamento Orçamentário e Controladoria
2.7.2.2.1 Orçamento Operacional
De acordo com Padoveze (2010), o Orçamento Operacional é o que
contém a maior número de orçamentos, pois é composto por todos os
orçamentos específicos que atingem a estrutura hierárquica da empresa,
abrangendo as áreas administrativa, comercial e de produção.
Em outras palavras, o Orçamento Operacional nada mais é do que a
consolidação dos demais orçamentos. Ele tem como objetivo demonstrar o
resultado operacional da empresa antes do imposto de renda e as demais
participações. Aprovado pela Direção deve-se, então, projetar o orçamento de
investimentos, de caixa e do Balanço Patrimonial e suas demonstrações, bem
como efetuar a análise das demonstrações financeiras do exercício. Caso seja
reprovado pela Diretoria, este deverá ser revisado para nova análise.
Vamos aos orçamentos componentes do Orçamento Operacional?!
Orçamento de vendas
O orçamento de vendas pode ser definido como a projeção de vendas
mês a mês, expressa em valores, ao longo do período orçado. Ele representa o
planejamento futuro das vendas da empresa para um determinado período,
relacionando em suas projeções os produtos e/ou serviços que serão
oferecidos e distribuídos em cada mercado de atuação, indicando quantidade,
preço unitário e receita total; portanto, sendo o ponto de partida da
preparação do orçamento geral.
Em outras palavras, o orçamento de vendas é a peça do orçamento
empresarial que apresenta o faturamento projetado a curto e longo prazo,
dividindo-o por modalidade de vendas (a vista, a prazo, no cartão de crédito,
com cheque pré-datado, etc.), região, centros de lucro etc., bem como
apresentando esses itens em quantidades e valores; portanto, todos os demais
orçamentos, incluindo as projeções de produção, compras, estoques e
despesas estão de certa forma, relacionados e integrados com ele.
O orçamento de vendas compreende as seguintes partes:
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Planejamento Orçamentário e Controladoria
a previsão de vendas em quantidade para cada produto;
a previsão dos preços para os produtos e seus mercados;
a identificação dos impostos sobre as vendas;
o orçamento de vendas em moeda corrente do país;
a projeção do saldo final de contas a receber.
Orçamento de Encargos Tributários
No Orçamento de Encargos Tributários visualizamos os valores que
incidem sobre as saídas de produtos fabricados, bem como as compras de
matérias-primas adquiridas pela empresa.
Orçamento de Despesas com Vendas
O orçamento de despesas com vendas a apresenta todos os gastos
necessários para vender os produtos da empresa. Nele provisionamos os
gastos com promoção, colocação e distribuição dos produtos da empresa,
bem como os riscos assumidos pela venda, constando dessa categoria
despesas como a de pessoal da área de vendas, marketing, distribuição,
pessoal administrativo interno de vendas, comissões sobre vendas,
propaganda e publicidade, brindes, aluguel da área de vendas, etc.
Orçamento de Produção em Unidades
O orçamento de produção é uma estimativa da quantidade de bens que
devem ser fabricados durante o exercício orçamentário.
Desta forma, podemos conceituar o orçamento de produção como
sendo aquela peça do orçamento empresarial que estima a quantidade e o
valor financeiro da produção de produtos da empresa em determinado
período, a partir do orçamento de vendas e do nível de estoque desejado pela
empresa. Nesse sentido, é importante destacar que, quando da elaboração do
orçamento de vendas, já foi considerada a capacidade de produção da
102
Planejamento Orçamentário e Controladoria
empresa, isto é, a empresa produzirá o valor necessário para suprir as vendas,
manter o nível mínimo de estoques com baixa capacidade ociosa.
Orçamento de Pessoal
No Orçamento de Pessoal podemos observar o valor dos salários mais
os encargos sociais, separados por Diretoria. No caso da Diretoria Industrial
devemos separar os valores gastos com a mão de obra direta e com a mão de
obra indireta. Deve constar também a previsão de admissões, demissões, os
reajustes salariais e o percentual referente aos encargos sociais.
Para se elaborar o Orçamento de Pessoal deve ter o amplo domínio
dos diversos centros de responsabilidades, com relação ao pessoal existente, a
contratar e a demitir, além da política de cargos e salários a ser usada no
exercício orçamentário.
Orçamento de Apropriação de Custos de Mão de obra Direta
O orçamento de apropriação de custos de Mão de obra Direta diz
respeito à projeção de valores referentes a remuneração dos colaboradores
que laboram diretamente com o processo produtivo da empresa. Essa
projeção é realizada com base na quantidade de horas-padrão necessárias
para produzir uma unidade de determinado produto, calculada pela área de
engenharia em termos de tempo e movimento.
Uma vez definido o total de horas-padrão necessárias para fabricar o
número de unidades a serem produzidas em determinado período, utiliza-se
uma projeção do valor da remuneração média com encargos sociais que será
paga por hora-padrão do produto ou de determinado setor da área de
produção.
Orçamento de Depreciação e Amortização
Para elaborarmos este orçamento devemos observar que, para cada
tipo de Ativo Permanente (Imobilizado e Diferido), admite-se uma taxa de
depreciação ou de amortização anual diferenciada. Essas taxas são reguladas
103
Planejamento Orçamentário e Controladoria
pela Legislação Fiscal, definida pelo Imposto de Renda, tomando-se por base
o tempo de vida útil de um bem, expresso em percentuais anuais. Para definir
essas taxas são também consideradas as alocações dos bens nas áreas
industrial e administrativa. Pode ocorrer também, o caso de algum bem ter a
depreciação acelerada, considerando-se o regime de trabalho ou algumas
condições especiais desse bem, como por exemplo, os equipamentos que
trabalham em mais de um turno.
Orçamento de Gastos Indiretos de Fabricação
Os gastos indiretos de fabricação compreendem todos os gastos
decorrentes do processo de fabricação que não correspondem à mão de obra e
aos materiais diretos. Os custos indiretos de fabricação (CIF), por
representarem um dos componentes do custo total, devem sofrer um
tratamento especial em sua incorporação aos produtos, pois eles são, na
realidade, motivos da existência do sistema de custeio.
Nesse orçamento devemos considerar somente as despesas
necessárias ao processo produtivo, que são difíceis de quantificar dentro das
diversas linhas de produto. São itens indiretos de custos que não se referem à
mão de obra direta e indireta, às matérias-primas e à depreciação e
amortização.
Orçamento de Despesas Administrativas
O orçamento de despesas administrativas é a peça do orçamento
empresarial que apresenta todos os gastos com a direção e gestão da empresa.
Objetiva prever gastos, pagos ou incorridos, para direção ou gerenciamento
da empresa, e se constituem de várias atividades gerais que beneficiam todas
as fases do negócio ou objeto social. Constam dessa categoria itens como
honorários da administração (diretoria e conselho), salários e encargos do
pessoal administrativo, despesas legais e judiciais, aluguéis da área
administrativa, água da área administrativa, material de limpeza, etc.
104
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Orçamento de Despesas Provisionadas
Alguns créditos concedidos podem não ser recuperados pela empresas
ao financiarem suas vendas. Portanto, essa situação deve ser prevista no
projeto orçamentário. A legislação considera que poderão ser registrados
como perdas, os créditos:
- Sem garantia de valor
1 – Até R$ 5.000,00, por operação, vencidos há mais de seis meses,
independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu
recebimento.
2 – Acima de R$ 5.000,00 até R$ 30.000,00, por operação, vencidos há mais
de um ano, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o
seu recebimento, porém, mantida a cobrança administrativa.
3 – Superior a R$ 30.000,00, vencidos há mais de um ano, desde que
iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das
garantias.
Orçamento de Despesas Financeiras
Este orçamento representa os empréstimos bancários e os
financiamentos para novos investimentos.
Orçamento de Receitas Financeiras
O Orçamento de Receitas Financeiras apresenta todos os ganhos e
rendimentos que, apesar de não serem diretamente ligados ao objeto da
companhia, são acessórios, à medida que a empresa possua excessos, mesmo
que momentâneos, de recursos financeiros quando do desenvolvimento de
suas atividades. Tem por objetivo prever receitas, ganhos ou rendimentos,
recebidos ou incorridos, com juros recebidos, descontos financeiros
recebidos, variação monetária ativa, rendimento de aplicações financeiras,
etc.
105
Planejamento Orçamentário e Controladoria
2.7.2.2.2 Orçamento de Investimento
Este orçamento não se restringe ao curto prazo, pois surge da
necessidade de novos investimentos para dotar o parque industrial de
recursos capazes de suportar tal aumento.
São exemplos de investimentos definidos em horizonte de curso prazo
e não ligados aos planos operacionais, manutenção e reforma de
equipamentos, reformas de obras civis, trocas de máquinas, aquisições de
equipamentos, entre outros.
2.7.2.2.3 Orçamento de Caixa
O Orçamento de Caixa tem por finalidade a alocação dos recursos nos
prazos de sua efetiva entrada ou saída ao contrário do Orçamento
Operacional e o de Investimentos que são projetados obedecendo ao regime
de competência.
Em outras palavras, este orçamento envolve os orçamentos parciais
relativos às receitas e despesas.
Faz parte do orçamento de caixa:
Orçamento de Contas a Receber: Partindo do Saldo de Contas a
Receber do Balanço Patrimonial para o Ano I e do Orçamento de
Vendas, projeta-se o Orçamento de Contas a Receber.
Orçamento de Crédito de Fornecedores: a partir do volume de
compras programado para cada mês, projeta-se os valores de IPI uma
vez que o ICMS já está incluído no preço de cada produto, bem como
os efetivos pagamentos e o saldo para o próximo período.
Orçamento de Amortização de Financiamentos e Empréstimos
Bancários.
Orçamento de Salários e Encargos Sociais: os salários são pagos
dentro do mês e os encargos sociais são pagos no mês seguinte. Para
elaboração deste orçamento, devemos verificar o Orçamento de
Pessoal.
106
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Orçamento de Impostos a Recolher: neste orçamento visualiza-se o
recolhimento do IPI, ICMS, PIS, COFINS e IRPJ + CSLL.
Orçamento de Participações Estatutárias e Dividendos a Pagar:
este orçamento envolve as obrigações do Passivo Circulante do Ano I,
referente às participações e aos dividendos a pagar.
Orçamento de Contas a Pagar: este orçamento envolve todas as
despesas correspondentes aos orçamentos parciais
Realizados os orçamentos é necessário compilá-los para projetar o
resultado do exercício e verificar os impactos no Balanço Patrimonial. E é
nas projeções dos demonstrativos contábeis que fazemos isto.
2.7.2.2.4 Demonstrativos Contábeis Projetados
Os demonstrativos contábeis projetados são o segmento do plano
orçamentário que parte do Balanço Patrimonial Inicial, incorpora o
orçamento operacional, o de investimentos e o de caixa, projeta as demais
contas e conclui com o Balanço Patrimonial Final.
São os principais demonstrativos:
a projeção da Demonstração do Resultado do Exercício do período
orçamentário; e
a projeção do Balanço Patrimonial ao fim do período orçamentário;
Diante disto, podemos conceituar a demonstração do resultado do
exercício projetado como sendo a peça do orçamento empresarial destinada a
evidenciar a formação do resultado do exercício, mediante confronto das
receitas e ganhos com os custos, despesas e perdas necessárias à sua
obtenção, em determinado período.
Demonstração do Resultado do Exercício do período orçamentário;
A demonstração do resultado do exercício projetado apresentará as
receitas e os ganhos do período, independentemente de seu recebimento e os
custos, despesas e perdas pagas ou incorridas, correspondentes a esses ganhos
107
Planejamento Orçamentário e Controladoria
e receitas. Assim, as receitas e os ganhos recebidos ingressarão diretamente
no orçamento de caixa, a exemplo da receita de vendas a vista, da mesma
forma que os custos, despesas e perdas pagas representarão saída imediata
desta, a exemplo das despesas legais e judiciais, uma vez que elas foram
pagas a vista.
Por outro lado, as receitas e os ganhos incorridos serão acrescidos aos
respectivos ativos, por exemplo, a receita de vendas a prazo, líquida da
entrada recebida dos clientes, aumentará o saldo de clientes no balanço
patrimonial projetado, da mesma forma que custos, despesas e perdas
incorridas serão acrescidos às obrigações correspondentes; por exemplo, as
despesas com salários serão acrescidas à conta de salários a pagar no balanço
patrimonial projetado.
Sabemos que no Orçamento Operacional não são consideradas a
Provisão para o Imposto de Renda nem as Participações Estatutárias, esses
novos componentes devem ser apropriados na Demonstração do Resultado.
Balanço Patrimonial do Exercício Orçamentário
Além da Demonstração do resultado do exercício e da destinação do
resultado do exercício orçamentário, é necessário que o impacto causado pelo
mesmo, seja evidenciado em termos patrimoniais. Sendo assim, o Balanço
Patrimonial do Exercício Orçamentário apresenta a projeção dos ativos,
passivos e patrimônio líquido da empresa a partir de informações contidas no
orçamento de vendas, no orçamento de produção e na demonstração do
resultado orçamentário.
Para a elaboração do Balanço Patrimonial devemos verificar o
Balanço Patrimonial inicial e as diversas contas que compõem a estrutura do
Ativo, do Passivo Circulante e do Patrimônio Líquido que são apresentadas
no balanço.
Ufa! Avançamos bastante. Antes de iniciarmos o último tópico desta
parte, o controle orçamentário, que tal uma pausa.
108
Planejamento Orçamentário e Controladoria
2.7.2.2.5 Controle Orçamentário
De acordo com Figueiredo e Caggiano (1997) e Padoveze (2010),
outro aspecto importante do processo orçamentário é o controle
orçamentário.
O controle orçamentário integra o sistema de controle organizacional
evitando desperdícios, a duplicação de trabalho, a perda de foco e os efeitos
de atividades conflitantes.
De modo bem simples o controle orçamentário pode ser definido
como um sistema de feedback que oferece ao gestor uma forma de comparar
os desempenhos econômico-financeiros obtidos no período com os objetivos
planejados o que possibilita ao gestor manter o controle sobre as atividades
da empresa, bem como, dos recursos necessários para essas atividades e sua
correta aplicação.
Portanto, podemos depreender que o controle é fundamental para a
realização do planejamento de longo e curto prazo.
Contudo, um sistema orçamentário será eficaz e efetivo na mesma
medida que a estrutura de controle o for, dando suporte ao processo de
avaliação de desempenho nos diferentes níveis e contribuindo para a
organização das atividades na empresa.
De acordo com Padoveze (2010, pág. 166), os objetivos principais do
Controle Orçamentário são:
identificar e analisar as variações ocorridas;
corrigir erros detectados;
ajustar o plano orçamentário, se for o caso, para garantir o processo de
otimização do resultado e da eficácia empresarial.
Figueiredo e Caggiano (1997) propõem um ciclo de controle e
argumentam que o início deste ciclo é determinado no momento em que se
definem os objetivos da organização, afinal é a partir destes objetivos que
serão desenvolvidos os planejamentos de curto e longo prazo.
109
Planejamento Orçamentário e Controladoria
A figura abaixo representa o ciclo de controle:
Figura: Ciclo de Controle.
Fonte: Figueiredo e Caggiano, 1997, pág. 208.
Conforme podemos observar nesta figura, os processos de controle e
de planejamento estão intimamente ligados.
Neste sentido, Figueiredo e Caggiano, (1997, pág. 209), concluem
que:
O modelo de controle estabelece a natureza multidivisional do
processo de controle e a coincidência do processo de controle
com o processo de planejamento. É esta coincidência que
possibilita que os processos de planejamento e controle sejam
integrados dentro de um único processo, focalizando os
objetivos da organização e as metas derivadas destes objetivos.
Contudo, devemos lembrar que o acompanhamento e as possíveis
variações encontradas, permitirão uma série de análises, identificando se as
variações ocorridas foram decorrentes de plano, preços, quantidade,
eficiência e outras.
Com o controle orçamentário, fechamos com chave-de-ouro a
abordagem sobre controladoria.
Contudo, ressalto que a trabalho da Controladoria não pára por aqui.
110
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Afinal, a Controladoria atua, também, na execução, controle e avaliação de
desempenho. Mas, isto é assunto para outra disciplina.
Todavia, caso você tenha interesse em saber mais sobre isto,
assim como aprofundar o que aqui discutimos, sugiro a leitura
de:
PADOVEZE, Clóvis Luis. Controladoria Básica. São Paulo:
Thomson, 2010.
Bom, depois de tudo que falamos nesta unidade, o que você
conseguiria concluir sobre controladoria?
Acredito que podemos concluir que a Controladoria é uma
área/função chave dentro das organizações. Afinal, é por meio dela que os
tomadores de decisões recebem as informações necessárias para as escolhas
mais adequadas frente as diversas variáveis que envolvem cada tomada de
decisão.
Contudo, a Controladoria não atua de forma isolada. Ela depende de
informações oriundas de todos os setores da organização, assim como de um
monitoramento constante do ambiente externo da organização.
Igualmente, o Controller não tem o poder de decisão em suas mãos.
Ele, apenas, fornece as informações e serve de suporte nos processos de
tomada de decisão.
Por fim, dentro do competitivo ambiente organizacional no qual as
organizações estão inseridas, a Controladoria pode ser vista como uma
área/função que ajuda a organização na sua criação de valor, assim como,
propicia os meios para que toda a organização participe deste processo.
Para finalizarmos esta unidade, convido-o a elaborar um pequeno
resumo a partir dos principais aspectos que abordamos!
Vamos começar?
A Controladoria surge da necessidade de se controlar as operações das
111
Planejamento Orçamentário e Controladoria
organizações diante da complexidade que as mesmas acabam por ganhar
como consequência da acirrada competitividade do cenário organizacional
globalizado.
Seja como uma função ou uma área da organização, a controladoria é
a responsável pelo sistema que abastecerá os tomadores de decisões, nas
organizações, das informações necessárias. Seu foco é a criação de valor para
a organização.
Para isto, a Controladoria utiliza diversos instrumentos, ferramentas e
filosofias e participa do planejamento, tanto em nível estratégico quanto
operacional, sem, contudo, deixar de realizar suas rotinas diárias.
Neste sentido, Padoveze (2010) apresenta o seguinte esquema da
atuação da controladoria:
Figura: Instrumentos de Controladoria no processo de gestão – Visão geral
Fonte: Adaptado de Padoveze, 2010.
Por fim, pudemos perceber que a Controladoria, a partir de uma
abordagem sistêmica da organização, propicia não somente o controle dos
processos organizações, mas antes, e principalmente a disseminação de uma
cultura voltada para a criação de valor, a partir do fornecimento das
informações necessárias e adequadas para que isto ocorra.
Creio que isto é tudo.
Na próxima unidade, discutiremos um pouco sobre a questão da
112
Planejamento Orçamentário e Controladoria
gestão estratégica de custos. Afinal, criar valor para os acionistas não é o
objetivo máximo de qualquer organização? Mas, como fazer isto dentro de
um ambiente tão competitivo?
Encontramo-nos na próxima unidade!
2.8 Referências
ALMEIDA, M. C. Auditoria: Um Curso Moderno e Completo. 6ª ed. São
Paulo: Atlas, 2003.
ALMEIDA, L. B. de; PARISI, C.; PEREIRA, C. A.. Controladoria. In:
CATELLI, A. (organizador). Controladoria: uma abordagem da gestão
econômica – GECON. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. p. 343-355.
ATKISON, A. A. et al. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000.
ATTIE, William. Auditoria Interna. São Paulo: Atlas, 1992.
ATTIE, William. Auditoria – Conceitos e Aplicações. São Paulo, Atlas,
2006.
BEUREN, I. M. O papel da controladoria no processo de gestão. In:
SCHIMIDT, P. (organizador). Controladoria: agregando valor para a
empresa. Porto Alegre: Bookman, 2002.
BEUREN, I. M.; MOURA, V. de M. O papel da controladoria como suporte
ao processo de gestão empresarial. Revista Brasileira de Contabilidade.
Brasília, ano 29, n. 126, p. 59-67, nov./dez. 2000.
BORINELLI, M. L.. Estrutura conceitual básica de controladoria:
sistematização à luz da teoria e da práxis. 2006. 341 f. Tese (Doutorado em
Ciências Contábeis) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da
Universidade de São Paulo. São Paulo, FEA/USP, 2006.
CATELLI, A.. Controladoria: uma abordagem da Gestão Econômica –
GECON. São Paulo: Atlas, 1999.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Princípios
Fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade. Brasília: CFC,
2003. Disponível em:
http://www.cfc.org.br/uparq/Normas_Brasileiras_de_Contabilidade.pdf .
Acesso em 10/05/2010
CREPALDI, S. A.. Auditoria contábil: teoria e prática. São Paulo, SP:
Atlas, 2000.
113
Planejamento Orçamentário e Controladoria
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115
Planejamento Orçamentário e Controladoria
META DESTA UNIDADE
Iniciar a reflexão e a discussão, de forma contextualizada, sobre a
importância e a necessidade da gestão estratégica de custos.
OBJETIVO DESTA UNIDADE
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta unidade, você seja capaz de:
1. Conceituar o que é a Gestão Estratégica de Custos.
2. Diferenciar a gestão tradicional de custos da Gestão Estratégica de Custos.
3. Identificar as diretrizes para a elaboração de uma Política de Redução de
Custo.
GESTÃO ESTRATÉGICA DE CUSTOS
116
Planejamento Orçamentário e Controladoria
Você já ouviu falar em Gestão Estratégica de Custos? Conseguiria relacionar
a Gestão Estratégica de Custos à Controladoria e à visão sistêmica?
Antes de continuar a leitura desta unidade, sugiro a leitura do seguinte texto:
CARARETO, E. S. et at. Gestão Estratégica de Custos:
custos na tomada de decisão. Disponível em:
http://www.nee.ueg.br/seer/index.php/economia/article/view/
125/122. Acesso em: 10.05.2010.
A gestão de custos vem se alterando para acompanhar as novas
características do sistema econômico representado pela globalização. Neste
contexto, os custos tornaram-se determinantes à competitividade de muitos
setores e uma obsessão constante das empresas no que diz respeito à
otimização dos recursos, visando ao aumento do lucro e à sobrevivência no
mercado.
Padoveze (2003) argumenta que a utilização do ferramental de custos
para fins legais e fiscais tem sua importância justificada, pois os usuários
externos das demonstrações contábeis necessitam de informações. Porém, a
grande utilização de custos, no cenário atual, está no escopo gerencial, em
que os usuários internos, os administradores da empresa, precisam de uma
variedade muito grande de informações para o processo geral de tomada de
decisão. Tais informações podem ser segregadas conforme o quadro abaixo:
Área Definição Consiste em:
Custos para
atendimento
das
necessidades
contábeis
ligadas aos
princípios
contábeis
geralmente
aceitos
As necessidades legais
Compreendem
basicamente os aspectos
de valorização dos
inventários, apurados pelo
custo real histórico,
normalmente médio.
a) o custo unitário das matérias-primas e demais
materiais requisitados para os produtos e
atividades da empresa;
b) o custo unitário dos componentes fabricados
internamente;
c) o custo unitário dos produtos e dos serviços
finais;
d) o valor dos estoques de materiais diretos e
indiretos periodicamente;
e) o valor dos materiais diretos e indiretos
Guia de Estudo – PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E CONTROLADORIA
117
requisitados por todas as áreas da empresa;
f) o valor dos estoques de produtos em elaboração
periodicamente;
g) o valor do custo de produção acabada
periodicamente;
h) o valor dos estoques de produtos acabados
periodicamente;
i) o custo dos produtos e serviços vendidos
periodicamente;
j) o custo dentro da contabilidade geral, mediante
os conceitos de custo integrado e coordenado;
Custos para o
processo de
controle
O controle por meio dos
custos envolve
normalmente a adoção de
métodos, procedimentos e
alguns conceitos básicos.
a) adoção do conceito de custo padrão par aferição
dos gastos reais dos diversos elementos de custos,
por meio da análise das variações de mão de obra,
materiais e custos indiretos;
b) adoção do conceito de custo-meta para
objetivos de adequação dos custos internos aos
preços máximos de venda praticados no mercado
com rentabilidade desejada;
c) estruturação de sistemas de custos de qualidade,
para complementar o sistema de qualidade da
empresa;
d) elaboração de políticas de redução dos gastos e
do uso eficaz de cada recurso;
e) estruturação de equipes multidepartamentais
para complemento à política de redução de custos;
f) elaboração de relatórios gerenciais de
acompanhamento dos diversos gastos, tanto em
relação aos dados padrão, como em relação aos
gastos orçados e períodos anteriores, etc.
Custos para o
processo de
tomada de
decisão
Envolvem a utilização de
modelos decisórios gerais
e específicos, para tomada
de decisão, tanto em
caráter genérico como
para temas pontuais.
a) construção de modelos decisórios para o
processo de avaliação da rentabilidade da linha de
produtos e, conseqüentemente, a decisão de
introduzir novos produtos, manter os produtos
existentes ou eliminar os produtos deficitários;
b) construção de modelos decisórios para
avaliação do grau de horizontalização e/ou
verticalização da empresa;
c) construção de modelos para decisões de
investimentos de capital;
Guia de Estudo – PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E CONTROLADORIA
118
d) estruturação das políticas de formação de
preços de venda e análise dos preços da
concorrência, e outros.
Custos para a
avaliação de
desempenho
Como complemento da
utilização de custos para
tomada de decisão, a
apuração do custo dos
produtos é elemento
fundamental para avaliar
o desempenho dos
gestores responsáveis por
áreas da empresa e
seus respectivos produtos
e serviços
a) análise da rentabilidade dos investimentos nos
produtos;
b) análise do ciclo de vida dos produtos;
c) modelos de avaliação do desempenho dos
gestores responsáveis por todos os setores da
empresa (atividades, departamentos, centros de
lucros e unidades de negócios);
d) análise do retorno dos investimentos
específicos nos produtos (análise do retorno de
investimento em tecnologia, em marketing), e
outras.
Quadro: A abrangência da contabilidade de custos e seu papel na organização
Fonte : Adaptado de Padoveze, 2003.
Você conseguiu observar no quadro, a diversidade de informações
que podemos ter por meio da gestão dos custos? E quanto a organização esta
limitada quando se utilizas o custo, apenas, a partir da perspectiva dos
sistemas de custos tradicionais?
Os sistemas de custeio tradicionais são bastante limitados se
analisados no contexto econômico atual. Está lembrado que todos os sistemas
de custeio se limitam ao ambiente interno da empresa, sem analisar as
entradas e saídas que ali ocorrem, considerando, por exemplo, que os preços
dos insumos foram otimizados nas negociações de compra.
Os custos de insumos em alguns setores são significativos, mas as
empresas, tradicionalmente, concentram os seus esforços de redução de
custos nos aspectos relacionados à transformação, em que a empresa
efetivamente agrega valor ao produto. Não é mesmo!
Contudo, com a busca incessante por maior competitividade, visando
maiores lucros e, principalmente, a sua sobrevivência no mercado, aliada ao
Guia de Estudo – PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E CONTROLADORIA
119
aparecimento de cadeias produtivas bem definidas (dada a maior
interdependência das empresas nos processos), a gestão estratégica questiona
o volume de compras, cujos custos os analistas tradicionais não buscam
otimizar, mas que são determinantes para a competitividade do produto final.
Ainda em relação às cadeias produtivas mais bem definidas, Ferraz et
al (1995, p. 22) complementam que tanto a organização da produção intra-
setorial quanto as relações entre fornecedores e produtores nas cadeias
produtivas são importantes focos de atenção na análise das tendências
internacionais da competitividade. Para eles, a intensificação da cooperação
vertical é outro traço marcante das configurações industriais. Em
praticamente todos os setores de atividade industrial constata-se a presença
de formas avançadas de articulação entre empresas. A formação de amplas
parcerias envolvendo produtores, fornecedores, clientes e entidades
tecnológicas conduz a relações inter-setoriais fortemente sinérgicas, criando
condições estruturais adequadas para o incremento da competitividade de
todos os elos da cadeia produtiva
Neste contexto, a Gestão Estratégica de Custos preenche essa lacuna
dos sistemas tradicionais por analisar a cadeia como um todo e não somente
nos processos em que há agregação de valor por parte da empresa.
Portanto, podemos dizer que a gestão estratégica de custos consiste na
a aplicação de técnicas de gestão de custos de modo que melhorem
simultaneamente a posição estratégica de uma firma e reduzam seus custos.
Neste sentido, a ela não pode ser tratada somente como uma ferramenta que
auxilia na redução dos custos, a fim de melhorar a estrutura de custos em
relação à concorrência, mas sim no fortalecimento do posicionamento
estratégico da empresa no mercado em que compete. Ou seja, é uma
tecnologia de gestão.
Martins (2003) contribui para o conceito de gestão estratégica de
Guia de Estudo – PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E CONTROLADORIA
120
custos ao afirmar que:
[...] numa visão mais abrangente, a Gestão Estratégica de Custos
requer análises que vão além dos limites da empresa para se
conhecer toda a cadeia de valor: desde a origem dos recursos
materiais, humanos, financeiros e tecnológicos que utiliza, até o
consumidor final. Passa a não ser apenas importante conhecer os
custos da sua empresa, mas os dos fornecedores e os dos clientes
que sejam ainda intermediários, a fim de procurar, ao longo de
toda a cadeia de valor (até chegar ao consumidor final), onde
estão as chances de redução de custos e de aumento de
competitividade (MARTINS, 2003, p. 318).
O autor ressalta que a estrutura conceitual da gestão estratégica de
custos é constituída por uma série de princípios, reunidos em três grandes
grupos, conforme o quadro abaixo:
Princípio Conceito
1. Princípios de
Custos
a. Custos relevantes devem ser apropriados, preferencialmente,
diretamente aos objetos que se pretende custear;
b. Devem ser identificadas bases de alocação que reflitam,
adequadamente, as relações de causa e efeito entre os recursos
consumidos e as atividades, e entre estas e os objetos que se
pretende custear;
c. O custo real deve ser confrontado com o custo-meta;
d. Devem ser estabelecidos centros de custos com base em grupos
homogêneos de atividades;
e. A utilização do Custeio Baseado em Atividades deverá melhorar
o processo de apropriação.
2. Mensuração de
Desempenhos
a. Devem ser estabelecidas mensurações de desempenho para as
atividades relevantes;
b. Essas mensurações de desempenho devem ser de natureza
financeira e não financeira (produtividade por hora trabalhada, por
quilo consumido, vendas por funcionário, dias de atraso dos
balancetes contábeis, grau de satisfação dos adquirentes dos
serviços do departamento jurídico, etc.);
c. As mensurações de desempenho devem ser consistentes com os
objetivos da empresa;
d. As mensurações de desempenho devem melhorar a visibilidade
dos direcionadores de custos, quando utilizados.
Guia de Estudo – PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E CONTROLADORIA
121
3. Gestão de
Investimentos
a. A gestão de investimentos deve ser mais do que um processo de
orçamento de capital;
b. A gestão de investimentos deve ser consistente com os objetivos
da empresa;
c. As decisões de investimentos devem ser tomadas com suporte de
múltiplos critérios;
d. A gestão de investimentos deve dar suporte ao processo de
redução ou eliminação de atividades que não adicionam valor;
e. A gestão de investimentos deve dar suporte para se atingir o
custo-meta;
f. A gestão de investimentos deve considerar os impactos na cadeia
de valor em que a empresa atua;
g. A gestão de investimentos deve levar em consideração os dados
relativos às atividades desempenhadas antes e depois da adoção de
novas tecnologias;
h. Todos os investimentos devem ter efetivo acompanhamento
posterior para que seu desempenho possa ser comparado com o que
fora originalmente previsto.
Quadro: Estrutura conceitual da gestão estratégica de custos
Fonte : Adaptado de Martins, 2003
Como podemos observar, os estudos são realizados em toda a cadeia
de valor, preocupando-se anteriormente com a competitividade vista pelo
consumidor final nos produtos que chegam até ele, mas fundamentam-se
também em fatos já realizados (histórico). Assim, a Gestão Estratégica de
Custos analisa os custos dentro de um contexto mais amplo, podendo
vislumbrar estratégias mais coerentes e eficazes para a competitividade da
empresa, partindo de alguns valores pressupostos no histórico, mas não
questiona e projeta com maior eficácia os valores definidos para cada ponto
da cadeia. Dessa forma, a complexa cadeia de valor, de vários setores
industriais, leva à necessidade de:
a) compreender como essa cadeia de valor se constitui;
b) valorizar cada etapa que influem na execução do produto final.
Guia de Estudo – PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E CONTROLADORIA
122
Contudo, a gestão estratégica deve buscar o custo ótimo no momento
da sua elaboração, tomando as medidas cabíveis para alcançá-lo, antes
mesmo de sua execução, e não atribuindo valores para a cadeia como
pressupunham os métodos tradicionais.
A gestão estratégica de custos deve buscar uma constante
minimização dos custos na fase de projetos e estudos. Tal gestão busca
igualar o custo projetado ao custo real, não somente pelo envolvimento dos
atores da própria empresa, como engenharia e custos, mas também dos outros
agentes econômicos da cadeia de valor.
Neste contexto, as relações cliente-fornecedor se transformam pelo
objetivo comum de desenvolver os projetos a fim de otimizá-los com os
recursos disponíveis na cadeia. A relação entre fornecedor e cliente se torna
muito mais intrínseca do que a tradicional, fazendo com que os mesmos
cooperem para competir. A cooperação passa a ser a base de toda a cadeia de
valor para que a empresa não apenas conquiste uma maior participação de
mercado, mas desenvolva novos mercados e consumidores através de
projetos inovadores construídos no conjunto da cadeia. Isso se torna viável na
medida em que as relações empresariais não se construam através do ganho
com base no prejuízo do antecedente na cadeia, mas que se solidifiquem com
o fortalecimento de todos os membros.
Em suma, podemos dizer que, dessa forma, a cadeia de valor se
otimiza na medida em que os seus elos buscam o mesmo ideal e em que haja
maior interdependência dos agentes.
Por exemplo, a missão do fornecedor não deve ser somente atender ao
seu cliente direto da melhor forma possível, mas ser flexível para atender às
novas exigências do cliente final da cadeia, mesmo que este não seja o seu
cliente direto, pois a solução de um problema do último cliente da cadeia
pode representar a melhoria dos processos produtivos ou, mesmo, a criação
Guia de Estudo – PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E CONTROLADORIA
123
de um novo nicho de mercado.
Assim, o ganho não é apenas do fornecedor do cliente final, mas de
todos na cadeia, em função do reflexo da inovação gerada no mercado.
Contudo, a premissa básica do funcionamento interdependente das
empresas é a transparência nas informações. Assim, cabe chamar a atenção
para a necessidade de haver uma cadeia estável, sem mudanças bruscas que
impacte na perda da confiabilidade já estabelecida entre clientes e
fornecedores, bem como na perda de tempo de desenvolvimento de outros
agentes. Para reiterar a importância desta transparência entre os agentes da
cadeia de valor para a redução de custos, pode-se exemplificar com a redução
de custos indiretos, tais como de controle de qualidade e inspeção do
material.
Portanto, uma das principais premissas para a perfeita execução da
gestão estratégica de custos (no ambiente aqui descrito) é haver uma cadeia
de valor com agentes dinâmicos, inovadores, porém estáveis nas suas
relações comerciais, produtivas e financeiras. Tal fato cria uma relação forte
entre os seus membros, fazendo com que haja uma co-responsabilidade entre
os agentes econômicos. Destarte, as relações se expandem da fronteira
comercial para a produtiva e financeira.
A redução do custo não deve estar focada em uma única empresa, mas
em todas que compõem a cadeia, dividindo os esforços e fortalecendo os
resultados. O custo meta é uma ferramenta para se estabelecerem critérios
para esta divisão de esforços e busca de resultados na cadeia como um todo.
O conceito de custo meta, apresentado, implica a busca pela inovação
por parte dos engenheiros de valores, representados por vários membros da
empresa, os quais devem criar alternativas técnicas e econômicas para o
projeto seja rentável, ou seja, custe o valor estabelecido pelo custo meta.
Entretanto, a Gestão Estratégica de Custos deve compreender a cadeia
Guia de Estudo – PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E CONTROLADORIA
124
de valor, e o custo meta também deve ser adequado nesse contexto. Os
preços estabelecidos dentro da cadeia de valor poderiam ser denominados
preços de cessão, mas aqui serão denominados de custo meta parcial. Há uma
diferença significativa entre ambos, pois enquanto o preço de cessão reflete
apenas uma relação comercial, o custo meta parcial fundamenta-se no
conceito de custo meta anteriormente explicitado, principalmente no que se
refere à cumplicidade dos agentes na busca de inovação.
O custo meta parcial seria o valor almejado e estabelecido em cada
ponto da cadeia de valor, definido para cada empresa que compõem a cadeia
de valor. Alguns fatores que o determinam são:
a) o custo meta total (do produtor final);
b) o custo meta da empresa posterior na relação da cadeia (do cliente direto);
c) os investimentos realizados e a rentabilidade mínima desejada pela
empresa;
d) a comparação do custo com o valor formado pelo mercado;
e) as estimativas de capacidades tecnológicas e fabris para flexibilizar o
processo produtivo ou a definição do produto (o quanto se projeta reduzir os
custos com base na flexibilização do sistema atual);
f) o valor agregado naquele ponto da cadeia.
Estabelecido o custo meta parcial nos pontos agregadores de valor da cadeia,
ter-se-ia repartido as metas para alcançar um preço competitivo para o
consumidor final. Nesse momento, identificar-se-iam alguns custos que não
seriam sustentáveis pela estrutura existente de determinados fornecedores.
Esses pontos serão denominados de gargalos da cadeia, ou seja, pontos que
devem ser repensados, desde a estrutura da empresa que ali agrega valor até a
importância e alternativas do produto ou serviço para o conjunto final. Isso já
Guia de Estudo – PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E CONTROLADORIA
125
introduz a propriedade de inovação incutida no conceito de custo meta e,
portanto, a expectativa é que realmente se depare com situações de gargalo
para se definir onde o processo pode ser melhorado.
É importante salientar que o custo meta parcial não só reparte as
responsabilidades, como também deve estar conceitualmente vinculado à
solução dos problemas por todos. Esse é o verdadeiro ganho na Gestão
Estratégica de Custos, ou seja, a possibilidade de dinamizar o processo, a
ponto de diminuir os pontos de gargalos na cadeia como um todo e otimizar
os recursos disponíveis para a produção desejada.
Dessa forma, o custo meta aplica-se como uma forma interessante de
inter-relacionamento das várias empresas pertencentes a uma mesma cadeia
de valor. A definição de custo meta considera intrinsecamente a busca pela
inovação e o custeio por equipes multidisciplinares, que também são
conceitos fortes na Gestão Estratégica de Custos.
Por isso, a definição do custo meta para a cadeia de valor e a
repartição das responsabilidades de cumprimento com tal objetivo, através da
definição de custo metas parciais, geram uma maior sinergia na cadeia e
tornam o sistema voltado para um processo de melhoria contínua na
determinação da competitividade. Assim, os custos não seriam analisados
depois de realizados, como na contabilidade tradicional, mas seriam
analisados acompanhados e determinados antes da sua realização, na fase de
projeto, possibilitando o aprimoramento no processo de custeio antes mesmo
de o produto existir.
O uso do custo meta deve ser visto não somente como uma definição
do valor que se pretende alcançar, mas como uma função facilitadora para a
execução da gestão de custos na cadeia como um todo, por meio do
comprometimento de todos os elos na busca por maior competitividade
Em suma, a principal preocupação da Gestão Estratégica de Custos é
Guia de Estudo – PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E CONTROLADORIA
126
o custeio em toda a cadeia de valor para que se compreenda onde estão as
oportunidades de redução dos custos e os possíveis ganhos de
competitividade. Para a eficácia nesse tipo de análise de custos, o foco são os
conceitos estratégicos, especialmente sobre a cadeia de valor, o
posicionamento estratégico e os direcionadores de custos.
Shank e Govindarajan (1997) definem cada um desses conceitos da seguinte
forma:
a) cadeia de valor: conjunto de atividades criadoras de valor desde as fontes
de matéria-prima até o produto final entregue ao consumidor;
b) posicionamento estratégico: trata-se da avaliação das oportunidades
ambientais externas, dos recursos existentes, da definição de metas e de um
conjunto de planos de ação para realizá-los;
c) direcionadores do custo: é a busca pela compreensão da complexa
interação de direcionadores de custos em ação numa determinada situação,
sejam eles estruturais, como escalas, escopos e tecnologia, sejam eles de
execução, que trata da capacidade de executar bem.
A compreensão da cadeia de valor torna-se necessária na medida em
que as relações entre as empresas tornam-se mais sólidas, fundamentalmente
pela interdependência dos valores e pesos de cada agente econômico no
sucesso e sobrevivência no mercado da cadeia.
Como já mencionamos, com a globalização e a abertura de mercado,
tornou-se necessária a extrapolação da gestão de custos para todos os pontos
que agregam valor ao produto na cadeia produtiva, e não somente para a
própria empresa.
Essa extrapolação da gestão de custo faz com que as empresas que
pertencem a uma cadeia produtiva tentem compreender, além do seu próprio
Guia de Estudo – PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E CONTROLADORIA
127
negócio, todos os pontos da cadeia que interferem na sua composição, ou
seja, toda a relação cliente-fornecedor que define os pontos de negociação e
maturação da cadeia produtiva. Para isso, é necessário compreender a cadeia
no seu conceito mais amplo, ou seja, da fonte de matéria-prima à entrega para
o consumidor final, os fornecedores e os clientes em cada ponto da cadeia,
bem como as suas relações internas de processos e as unidades de negócios
com os demais pontos da cadeia.
A globalização reforça a integração das empresas, uma vez que
promove a especialização de cada unidade de negócio de uma cadeia,
produzindo o bem ou serviço por meio do melhor uso dos recursos
disponíveis, o que pressupõe que as empresas que fabricavam desde bens
intermediários até os bens finais tendem a ser substituídas por estruturas mais
flexíveis e capazes.
Tais características mostram a necessidade de a empresa compreender
melhor a cadeia em que está inserida, inclusive pelo impacto que as decisões
estratégicas dos seus fornecedores ou clientes têm sobre a sua própria
decisão. Além disso, há um aumento da interdependência das empresas, dado
pela própria estrutura do processo produtivo, reforçando a necessidade de a
empresa conhecer os seus fornecedores, os seus clientes e a si mesma.
Entretanto, para haver um estudo da competitividade aliado aos
custos, deve-se perguntar qual o fator que define o posicionamento
estratégico para aquele produto: custos ou diferenciação do produto
(PORTER, 1986). Tal definição é importante para que os agentes econômicos
tenham claro qual o objetivo que deve ser perseguido por todos os agentes
para ganhar competitividade. Você se lembra quais são as tradicionais
vantagens competitivas (ou estratégias genéricas) segundo Porter?
As tradicionais vantagens competitivas são pelo baixo custo ou pela
diferenciação da oferta do produto. Caso os agentes se posicionem pelos
Guia de Estudo – PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E CONTROLADORIA
128
custos, terão de desenvolver formas de avaliar, acompanhar e gestionar a
evolução dos custos dos produtos ao longo da cadeia, buscando a sua redução
contínua. Por outro lado, caso se posicione pela diferenciação do produto,
terão de incrementar formas diferenciadas do produto em si que sejam
percebidas pelo cliente, agregando valor ao produto.
Outro ponto a ser observado é o direcionamento do custo, que deve
ser enfocado para se conhecer as prioridades daquele setor na sua gestão
estratégica. Isso permite definir os pontos a serem considerados em qualquer
gestão que a cadeia produtiva venha a compor para reduzir custos ou
diferenciar o produto. Os direcionadores podem ser estruturais ou de
execução.
Os direcionadores estruturais estão relacionados aos recursos
existentes e às alternativas possíveis de aplicá-los, tais como a escala de
produção, tamanho do investimento, escopo ou grau de integração vertical,
experiência, tecnologia e complexidade. Tais direcionadores procuram limitar
as abrangências de estudos às capacidades de fabricação existentes, bem
como dar apoio ao processo de decisão empresarial para investir ou
desinvestir.
Já os direcionadores de execução, como o próprio nome diz,
constituem todos os fatores associados à execução do projeto, tais como:
participação da força de trabalho, gestão de qualidade total, utilização da
capacidade produtiva, eficiência do layout, configuração do produto e
exploração da ligação com fornecedores para a cadeia de valor, os quais
visam analisar a realização do custo e a capacidade de executar bem.
Ufa! Creio que falamos o bastante sobre a Gestão Estratégica de
Custos. Vamos dar uma pausa! Que tal tomar água, esticar as pernas!?
Quando retomarmos, discutiremos um poço sobre Política de Redução
de custos.
Guia de Estudo – PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E CONTROLADORIA
129
3.1 Políticas de Redução de Custos
Por tudo que já vimos, conseguimos compreender que o processo de
criação de valor para o investidor decorre da rentabilidade advinda do lucro
das operações, não é mesmo?
Se analisarmos de modo bem simplificado, este lucro o é evidenciado
pela resultante de duas variáveis: o valor das receitas dos produtos e/ou
serviços menos os custos dos recursos empregados e necessários para
obtenção dessas receitas.
Afinal, Lucro = Receitas (-) Custos
Portanto, são duas grandes vertentes operacionais para se buscar o
maior lucro e maior valor para os acionistas: aumentar as vendas e reduzir os
custos.
Se considerarmos em termos de controle pela organização, a redução
dos custos é uma variável mais fácil de ser controlada, que o aumento das
vendas. Portanto, pode-se fazer gestão dos mesmos, na busca da sua redução.
Proporcionando, assim, maximização no lucro.
Neste sentido, segundo Padoveze (2003), excetuando-se situações
específicas como produtos raros; demanda maior que a possibilidade de
produção; monopólios e outras, quem dita o preço de venda é o mercado.
Contudo, para que a redução de custos seja eficaz, ela deve ter um
caráter de permanência e generalidade, ou seja, a redução de custos não pode
ser episódica, temporal ou parcial. Para que haja eficácia na redução de
custos, de caráter geral e permanente, a empresa, por meio da Controladoria,
deve ter uma Política de Redução de Custos - PCR.
Mas o que é uma PCR?
Guia de Estudo – PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E CONTROLADORIA
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Podemos definir PCR como o conjunto de diretrizes coordenadas pela
alta administração da empresa, objetivando a redução permanente e geral de
custos e despesas, através de diversos enfoques coordenados e integrados,
medidas e procedimentos específicos, para obtenção de ganhos gerais de
eficiência e produtividade. (PADOVEZE, 2003)
O objetivo básico da PCR o aumento do valor da empresa para os
donos ou acionista através do lucro. Dentro do lucro, seus componentes
receitas, custos e despesas devem ser trabalhados conjuntamente para
obtenção da maior eficácia da política de redução de custos.
De acordo com Padoveze (2003), uma PCR deve:
Ser ampla, genérica, abrangendo todos os aspectos da empresa.
Ser integrada, já que uma empresa se traduz em uma sucessão de
processos com objetivos finais, ou seja, um enfoque sistêmico com
visão das saídas do sistema.
Ser contínua, sob pena de se perderem ganhos já conquistados.
Ter o comprometimento dos gestores com o processo de criação de
valor para os acionistas.
Acompanhar todos os componentes do processo de gestão.
Ainda de acordo com o autor, os principais fundamentos da Política
de Redução de Custos (PRC) são generalidade, integração e permanência.
Para tanto, os aspectos estratégicos e sistêmicos sobressaem-se como pilares
para estruturação da PRC, conforme apresentado na figura abaixo:
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Figura: Modelo Geral de Política de Redução de Custos.
Fonte: Padoveze (2003).
Primeiramente, a PRC deve estar em linha com as fases do processo
de gestão. Para que seja abrangente, permanente e contínua, suas diretrizes
devem partir dos elementos de custos que são determinados por questões da
estratégia. A partir daí, outras diretrizes de cunho operacional devem ser
elaboradas, atingindo, finalmente, procedimentos e diretrizes para as etapas
da execução e controle.
Da mesma forma, a PRC deve ser conduzida em termos sistêmicos.
As diretrizes não podem ser colocadas de forma não integrada. De nada
adianta reduções de custos em determinado processo se elas não forem
capitalizadas e mantidas nos processos subseqüentes até a saída final.
Neste sentido, Padoveze (2003) propõe um Modelo de Decisão Geral
para Política de Redução de Custos
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3.1.1 Modelo de Decisão Geral para PRC
Padoveze (2003), afirma que a determinação da estrutura do ativo
determina a estrutura de custos de uma empresa. (Você se lembra que já
vimos isto?)
Dentro deste conceito, uma política de redução de custos de forma
sistêmica e considerando todo o processo de gestão, deve seguir o mesmo
modelo de decisão, ou seja, o mesmo modelo de decisão adotado para a
determinação da estrutura do ativo deve ser utilizado como modelo para
política de redução de custos.
Nessa visão, a política de redução de custos deve ser tomada partindo
de uma sequência de definição, que parte da definição do produto ou serviço,
a um determinado preço, dentro de um dado volume e mercado, considerando
uma tecnologia definida para o produto.
Qualquer tentativa de redução de custos sem se atentar para este
fundamento estratégico, não tem durabilidade, pois essas variáveis
indissociáveis (produto, volume, preço, tecnologia do produto) é que
determinam a sucessão de outros componentes da estrutura de custos da
empresa.
Pensando ainda de forma sistêmica, temos que ressaltar que a PRC é
trabalhada por todos os níveis da organização. Afinal, estão lembrados que
falamos que a criação de valor deve ser foco de todos na organização.
Portanto, podemos construir uma PRC considerando os níveis
seqüenciais do processo de gestão: planejamento estratégico, planejamento
operacional, execução e controle.
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3.1.2 Estrutura Hierárquica da PRC.
Em cada nível ou camada da PRC, apresenta-se uma série de
conceitos, técnicas, procedimentos e diretrizes que permitam ser trabalhados
de forma coordenada, geral ou específica.
Na figura, abaixo, visualizamos a PCR no Planejamento, nos níveis
estratégico e operacional:
Figura: PCR no Planejamento
Fonte: Adaptado de Padoveze (2003)
Porém, a PCR não fica só no Planejamento. Em nível de execução e
controle, a política de redução de custos significa buscar o menor custo de
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cada recurso e das transações de cada um deles. A PRC em nível de execução
e controle situa-se nos últimos itens da árvore de decisão para redução de
custos e estrutura do ativo. Trabalha diretamente com os itens dos insumos de
produção, que já foram definidos pelas PRCs anteriores, a PRC estratégica e
a PRC operacional.
Em nível de execução e controle, só se pode discutir sobre elementos de
custos já definidos e utilizáveis. Não se discute se o processo é o ideal ou
não, ou se deve ser terceirizado ou não. Discute-se o menor custo do recurso
já definido. Vemos duas políticas básicas:
A estrutura básica do custo de cada recurso (e, conseqüentemente, de
cada transação) que denominamos de fórmula do custo.
Análise de valor.
Para finalizar, é importante ressaltar que uma PRC só é possível de
ser implementada e operacionalizada, com o comprometimento de toda a
estrutura empresarial, através de programas formais e equipes de trabalho.
Dependendo do tipo de PRC, há necessidade de programas ou projetos
estruturados dentro da hierarquia. Outros componentes da PRC devem ser
levados a cabo por meios de equipes, normalmente interdepartamentais.
Bom, depois de tudo isto, podemos concluir que a gestão estratégica
de custos é a gestão de custos contextualizada ao ambiente competitivo atual.
E a Política de redução de custos, a ferramenta que as organizações possuem
para conseguir alcanças os custos desejados.
Bom, com isto encerramos as discussões desta unidade. Para finalizar,
que tal um breve resumo de tudo que vimos nesta unidade!?
A gestão de custos não é algo recente. Contudo, tradicionalmente os
custos sempre foram abordados como algo interno à organização e , portanto,
tratado, apenas, como algo de responsabilidade individual de cada
organização.
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Porém, com um ambiente organizacional, onde a competitividade está
cada vez mais acirrada e o valor agregado para o cliente passa a ser o grande
diferencial competitivo. Para que isto ocorra, cada vez mais as organizações
se tornam dependentes umas das outras e, diante disto, faz-se necessário um
modelo de gestão de custos que ultrapasse as fronteiras da organização. Neste
contexto, a gestão estratégica de custos surge como a forma de compartilhar,
dentro cadeia de suprimentos, a responsabilidade pela adoção de um custo
ótimo que ao final de todos os processo da cadeia de suprimentos, irá gerar o
valor agregado que o cliente busca.
Contudo, para que isto ocorra, a utilização de uma visão sistêmica é
condição fundamental, pois o valor para o cliente, só é gerado se todos os
elos da cadeia de suprimentos trabalharem em prol deste objetivo.
Ainda no que tange ao custo, faz-se necessário que as organizações
adotem uma política de redução de custos, que norteie todos os níveis
organizacionais na busca pela criação de mais valia dentro da organização,
possibilitando não um processo pontual de redução, mas a adoção de uma
prática contínua deste processo.
Bem, aqui terminamos nosso guia. Espero que você tenha aproveitado
para rever seus conceitos, aprender que aprender é mais importante que o
mero acúmulo de conhecimento e, principalmente, que aprender é tudo de
bom!!!!.
Desejo sucesso na sua caminhada!
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3.2 Referências
FERRAZ, J. C.; KUPFER, D.; NAUER, L. H.. Made in Brazil: desafios
competitivos para indústria. Rio de Janeiro: Campus, 1995.
MARTINS, E. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo, Atlas, 2003
PADOVEZE, C. L. Controladoria estratégica e operacional: conceitos,
estrutura e aplicação. São Paulo: Thomson, 2003.
PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias
e da concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1986.
SHANK, J. K.; GOVINDARAJAN, V.. A revolução dos custos: como
reinventar e redefinir sua estratégia de custos para vencer em mercados
crescentemente competitivos. 2. ed. Rio de Janeiro : Campus, 1997.