planejamento agregado

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Administração da Produção Aula 08 -Planejamento Agregado da Produção 61 Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb Aula Nº 8 – Planejamento Agregado da Produção Objetivos da aula: O objetivo dessa aula é apresentar um modelo para definirmos estratégias, com o fim de administrar a produção, balanceando a previsão de demanda com a capacidade produtiva da empresa e os recursos existentes para aumentar ou diminuir a produção, com os menores custos totais operacionais.. Planejamento agregado é uma ferramenta e um processo de balanceamento da produção com a demanda prevista (já estudada na 3ª aula), projetado para médios prazos, em geral 6 meses, 1 ou 2 anos. Algumas empresas que atuam em mercados relativamente estáveis aplicam esse método para períodos maiores e, ano a ano, fazem os ajustes necessários para corrigir eventuais acidentes de demanda. É um método utilizado por empresas que têm poucos produtos na sua linha de fabricação, ou que ainda produzam outros bens vendidos de forma casada com esses, que são os mais importantes. Iremos trabalhar ao longo de toda essa aula com os dados da empresa a seguir, que fabrica uma peça especial para um tipo de máquina. Ela possui 16 funcionários na produção e cada um produz 1.000 peças por mês ou 2.000 por bimestre. No nosso exemplo, vamos trabalhar com os bimestres do ano, para podermos nos concentrar no método e não trabalhar com tabelas longas com 12 meses. Depois de entendido o método, extrapolá- lo para 12 meses ao ano ficará simples. Usaremos, como ferramenta, a planilha eletrônica Excel e, ao longo do exercício, iremos supondo valores de custos para os recursos utilizados. Seja a previsão de vendas bimestrais para 2007 a da tabela a seguir:

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Material auxiliar para aula de Planejamento Agregado

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61Faculdade On-Line UVB

Anotações do Aluno

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Aula Nº 8 – Planejamento Agregado da Produção

Objetivos da aula:

O objetivo dessa aula é apresentar um modelo para definirmos estratégias,

com o fim de administrar a produção, balanceando a previsão de demanda

com a capacidade produtiva da empresa e os recursos existentes

para aumentar ou diminuir a produção, com os menores custos totais

operacionais..

Planejamento agregado é uma ferramenta e um processo de balanceamento

da produção com a demanda prevista (já estudada na 3ª aula), projetado

para médios prazos, em geral 6 meses, 1 ou 2 anos. Algumas empresas

que atuam em mercados relativamente estáveis aplicam esse método

para períodos maiores e, ano a ano, fazem os ajustes necessários para

corrigir eventuais acidentes de demanda. É um método utilizado por

empresas que têm poucos produtos na sua linha de fabricação, ou que

ainda produzam outros bens vendidos de forma casada com esses, que

são os mais importantes.

Iremos trabalhar ao longo de toda essa aula com os dados da empresa a

seguir, que fabrica uma peça especial para um tipo de máquina. Ela possui

16 funcionários na produção e cada um produz 1.000 peças por mês ou

2.000 por bimestre. No nosso exemplo, vamos trabalhar com os bimestres

do ano, para podermos nos concentrar no método e não trabalhar com

tabelas longas com 12 meses. Depois de entendido o método, extrapolá-

lo para 12 meses ao ano ficará simples.

Usaremos, como ferramenta, a planilha eletrônica Excel e, ao longo do

exercício, iremos supondo valores de custos para os recursos utilizados.

Seja a previsão de vendas bimestrais para 2007 a da tabela a seguir:

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Bimestre Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total

P r e v i s ã o

(pçs) 24.000 26.000 30.000 36.000 42.000 34.000 192.000

A produção de 192.000 peças ao ano resultaria em uma produção média

bimestral de 32.000 peças. Graficamente, teríamos:

No primeiro bimestre, produziríamos 32.000 peças e a demanda seria de

24.000, resultando em um estoque de 8.000 peças. No segundo bimestre,

teríamos mais estoque se acumulando. Qual é a melhor forma de administrar

essa situação? Produzir e estocar, ou produzir só a quantidade demandada,

reduzindo o quadro de funcionários, fazendo horas extras nos períodos

de maior demanda? Como devemos administrar essa situação? É o que

veremos hoje.

A empresa deverá contabilizar todos os seus custos, fixos e variáveis, e

distribuí-los na produção. Para o nosso exemplo, vamos admitir que a

empresa tenha os seguintes custos:

Custo médio de contratação de 1 funcionário R$ 1.000,00.

Custo médio de demissão de 1 funcionário R$ 3.000,00.

Custo médio de estocagem R$ 1,00 por (peça x bimestre).

Custo total médio de produção normal R$ 2,00 por peça.

Custo total médio de produção na hora extra R$ 2,80 por peça.

Como já vimos na 2ª aula, os custos fixos fazem com que o custo total

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unitário varie conforme a quantidade produzida. A empresa deve ter, em

seu histórico, o custo médio (que não é muito difícil de calcular) para poder

utilizar esse método.

Existem três estratégias principais de trabalhar essa situação e, depois,

existem outras tantas que mesclam essas três estratégias iniciais. Vamos a

elas.

Primeira Estratégia: Manutenção da força de trabalho atual. Como no

início do período (nos três primeiros bimestres) a produção é maior que a

demanda, podemos produzir a mais e estocar para compensar o período

no qual essa situação se inverter. Essa situação será representada na tabela

a seguir.

A montagem dessa planilha é feita da seguinte forma:

1 Previsão de Demanda. Nesta linha, estão todas as previsões de demanda

para 2007, a cada bimestre (JF = janeiro e fevereiro etc.).

2 Estoque inicial. Quantidade de peças estocadas que inicia o período, que

é o estoque final do período anterior.

3 Quantidade inicial de funcionários. Como já explicado, funcionário

produz 2.000 peças por bimestre.

4 Contratações. Funcionários contratados para trabalhar no período (nesta

primeira estratégia, não teremos funcionários contratados).

5 Funcionários demitidos no período. (nesta primeira estratégia, não

teremos funcionários demitidos).

6 Quantidade total de funcionários. Funcionários que iniciaram

trabalhando mais contratações e menos as demissões.

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8 Produção regular. É o resultado do número de funcionários (linha 6)

vezes 2.000 peças que cada um produziu por bimestre.

9 Horas extras. Quantidade de peças a serem produzidas em horas extras

(esta estratégia não prevê horas extras).

10 Subcontratação. Contratações de terceiros, quando houver.

11 Total. É a quantidade total de peças produzidas na produção regular

somadas com produção nas horas extras e com as peças produzidas pela

eventual sub contratação.

12 Produção – Previsão de demanda. Quantidade de peças produzidas

menos a previsão de demanda no período (bimestre).

13 Estoque final. Quantidade de peças estocadas no bimestre mais estoque

anterior.

Para esta estratégia, ajustamos a previsão de demanda anual, 192.000 peças,

e dividimos em 6 períodos iguais de 32.000 peças cada.

Dessa forma, não são necessárias horas extras, nem demissões, nem

contratações. O inconveniente dessa estratégia é o custo do estoque, que

calculamos da seguinte forma:

Total de peças estocadas (8.000 + 14.000 + 16.000 + 12.000 + 2.000) =

52.000. Custo de estocagem por bimestre = 1,00 R$ por peça.

Custo de estocagem = R$ 52.000,00.

Essa estratégia impõe um custo de estocagem, além dos custos de produção

de R$ 52.000,00.

Segunda estratégia: Contratar e demitir sempre que necessário.

Essa estratégia pressupõe que a produção seja diretamente proporcional

à quantidade de funcionários. Numericamente, ela é importante de ser

conhecida, pois, em períodos de recessão, em parte ela poderá ser adotada.

Empresas que desativam linhas de produção ou encerram atividades em

uma unidade podem utilizar essa estratégia para avaliar seus custos.

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Essa estratégia não prevê estoques e o número de funcionários é ajustado,

período a período, de forma a se produzir, exatamente, a quantidade da

demanda prevista.

Fazendo esses ajustes em todos os bimestres, teríamos um total de 9

contratações e 8 demissões, cujos custos seriam.

Demissões R$ 3.000,00 x 8 = R$ 24.000,00

Contratações R$ 1.000,00 x 9 = R$ 9.000,00

Custo total da estratégia R$ 33.000,00

Terceira estratégia: Estratégia de Nivelamento por horas extras.

Essa estratégia propõe a manutenção da força de trabalho, produzindo o

necessário para atender a demanda prevista e, quando a produção regular

não atender a demanda, produzir com horas extras. Vamos à tabela.

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Nesta situação, não temos estoques, nem demissões, nem contratações.

Teriam que ser produzidas em horas extras um total de 16.000 peças.

O custo total a ser acrescentado aos custos normais de produção é o

Custo total da estratégia: 16.000 x (2,80 – 2,00) = R$ 12.800,00.

Numericamente, a melhor das três estratégias é a terceira. Entretanto, nossa

hipótese não prevê um número limite de horas extras por período e por

funcionário, legislado conforme a categoria sindical.

Outra observação importante a ser considerada é a questão financeira.

Não foi considerado o custo de capital dos desembolsos antecipados que

poderiam ser postergados. Uma análise mais detalhada deverá considerar

o valor presente de todos os desembolsos antecipados.

A idéia de zerar os estoques também deveria ser melhor analisada. Um

estoque de segurança para cobrir eventuais aumentos de demanda ou

imprevistos na produção é sempre oportuno.

ATIVIDADE PROPOSTA

Com base na empresa utilizada nos exemplos, monte a estratégia de

trabalho, considerando as seguintes alterações: converta os bimestres em

meses, dividindo as previsões de demanda bimestrais por dois:

·Monte a planilha em meses;

·Você terá sempre 14 funcionários produzindo cada um 1.000 peças

por mês;

·Estoque final, em todos os meses, mínimo de 2.000 peças.

·Não deixe ociosidade. Os 14 funcionários deverão produzir o que

conseguirem no mês.

·Caso falte produção, o que certamente irá acontecer, estude duas

alternativas:

I.Contrate funcionários.

II.Contrate horas extras.

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Anotações do Aluno

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Qual é o custo acima dos custos normais de produção para essas

estratégias (I e II)?

RESPOSTAS

I.(Contratação de 7 funcionários, custo de R$ 7.000,00 e estoque final

de 10.000 peças).

II.(Contratação de 26.000 horas extras, custo de R$ 20.800,00 e estoque

final de 2.000 peças).

Síntese

Vimos, hoje, como administrar a produção para ajustar a capacidade de

produção à previsão de demanda do mercado. Estudamos como variar

produção, horas extras e número de funcionários, de forma a balancear a

produção a fim de atingir os resultados desejados pela empresa.

Na próxima aula, começaremos a ver o que é Planejamento e Controle da

Produção.

Até lá.

Referências

GAITHER, N.; FRAZIER, G. Administração da Produção e Operações. 8. ed.

São Paulo: Pioneira, 2001.

MOREIRA, D. A. Introdução à Administração da Produção e Operações.

São Paulo: Pioneira, 1998. (Aula de hoje - ver 215 a 237).

RITZMAN, L. P. ; Krajewski, L. J. Administração da Produção e Operações.

São Paulo: Pearson, 2004.

SLACK N. et al. Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 1997.