planeamento em saúde
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Planeamento em Saúde
Professor José Carlos Lopes
UNIVERSIDADE DOS AÇORES Escola Superior de Saúde- Departamento de
Enfermagem, Saúde da Família e Comunidade Unidade Curricular de Gestão e Liderança em Saúde
Sumário • Planeamento em saúde:
– Conceito; – Processo de planeamento; – Importância do planeamento; – Fases.
• Distinção de conceitos: Programa, orçamento e projeto;
• Tipos de planeamento
• Etapas do planeamento em saúde
• Objetivos do planeamento em saúde
• Conclusão
• Bibliografia
Planeamento
Função básica da gestão que visa, através da analise de tudo o que compõe uma instituição (meios humanos, materiais, organizativos e financeiros), do contexto económico e social em que se insere, e da evolução que é possível prever, fixar o curso que deve ser seguido, definindo a politica geral que deve ser observada e os objetivos a atingir. Visa ainda definir o que cada segmento organizacional deve fazer e a forma que a atividade a desenvolver deve revestir.
Planeamento em saúde
Processo continuo de previsão de recursos e de serviços necessários, para atingir objetivos determinados segundo a ordem de prioridade estabelecida, permitindo escolher a(s) solução(ões) ótima(s) entre varias alternativas; essas escolhas tomam em consideração os constrangimentos atuais ou previsíveis no futuro.
Processo de planeamento
• Sempre voltado para o futuro;
• Pretende a racionalidade da tomada de decisões;
• Visa selecionar, entre varias alternativas, um percurso de ação;
• Implica uma ação e uma relação de causalidade entre ação tomada e os resultados determinados;
• É um processo:
o permanente, continuo e dinâmico;
o cíclico em espiral;
o iterativo;
o sistémico e de natureza multidisciplinar;
• É uma técnica:
o de alocação de recursos;
o de mudança e inovação;
o para absorver a incerteza do futuro.
Importância do planeamento
• Escassez de recursos;
• Intervenção nas causas dos problemas;
• Definição de prioridades;
• Rápidos avanços na medicina;
• Constante aumento da complexidade tecnológica;
• Evitar intervenções isoladas;
• Existência das infraestruturas caras;
• Existência de equipamentos que podem ter utilizações
polivalentes.
Fases de Planeamento
Estabelecimento dos objetivos
Definição da situação atual
Determinação das facilidade e das barreiras
Preparação de um conjunto de medidas
METAS
Distinção de conceitos : Plano, Programa e Projeto
• Plano: conjunto de programas e/ ou projetos contribuindo para alcançar os objetivos da instituição.
• Programa: conjunto de atividades. Mostra os principais passos necessários para se atingir um objetivo, a unidade ou membro responsável pelas atividades e a ordem e momento de cada atividade.
• Projeto- parte menor e separada de um programa. Cada projeto tem âmbito limitado e diretrizes distintas referentes às tarefas e ao tempo.
Plano
Programas
Projetos
Constituído por
Implementado através
Tipos de planeamento
Normativo Estratégico
Tático Operacional
Planeamento normativo
Considerado um referencial hegemônico, consiste em um processo cíclico e continuo, cuja estratégia separa o planeamento da execução. È elaborado pelo mais alto nível organizacional. Estabelece a missão, a politica a ser seguida pelos demais níveis e que orientará as ações para o alcance dos objetivos da empresa.
Planeamento estratégico
Consiste nos planos de longo prazo, estabelecidos em nível mais global, enfocam a instituição como um todo. Por serem de maior abrangência, não são detalhados. Por serem de longo prazo devem ser flexíveis permitindo adaptações às mudanças. Estabelece o que deve ser feito- ações.
Planeamento tático
Inclui planos de medio prazo, de medio alcance, de nível técnico, departamental. Deve estar em consonância com o planeamento estratégico, pois é a tradução e interpretação das decisões estabelecidas no plano global (estratégico) em plano concretos a nível local departamental. Estabelece como deve ser feito, ou seja, como realizar as ações.
Planeamento operacional
Constituído pelos planos de curto prazo, trata ações atuais da instituição e aborda cada tarefa ou procedimento separadamente. È especifico de uma determinada unidade, estabelece quem vai fazer o que, quando e onde.
Etapas do Planeamento
Determinação de prioridades
Fixação de objetivos
Seleção de estratégias
Preparação operacional - Programação
Avaliação e Controlo
Diagnóstico da situação
Diagnóstico da situação
É o primeiro passo no processo de planeamento
Diagnóstico Necessidades
Plano- Programa- Projeto
Diagnóstico da situação (cont.)
A caracterização da situação nesta etapa: Ambiente População Impressiva Forças Desatualizada Recursos existentes Dinâmica Objetivos Atividades desenvolvidas
Diagnóstico da situação (cont.)
Deve-se conhecer
Ploblema de Saúde Necessidades
Estado de saúde julgado deficiente pelo individuo, profissional de saúde ou comunidade.
Diferença entre o estado atual e aquele que se pretende atingir.
Diagnóstico da situação (cont.)
Etapas para o estudo de problemas e necessidades:
• Identificação dos problemas;
• Estudo da evolução prognóstica dos problemas;
• Estudo da rede de causalidade dos problemas;
• Determinação das necessidades.
Diagnóstico da situação (cont.)
Métodos e técnicas de identificação de problemas e necessidades:
• Inquéritos
• Indicadores
• Pesquisas de consenso
• Brainstorming
Objetivos (acontecimentos observáveis)
Subjetivos (perceção dos indivíduos)
Dados
Diagnóstico da situação (cont.)
Por isso é importante:
• Boa preparação
• Analisar a sua pertinência
• Usar os dados colhidos só para fins de planeamento
• Criar expetativas
• Criar um grupo
• Eleger o responsável
• Funções do grupo
Determinação das prioridades
Existem duas etapas fundamentais:
1. Definição dos critérios de decisão, concedendo-lhes os pesos repetitivos- podendo assim ser feito com o recurso, por exemplo, à técnica de Grupo Nominal.
2. Estimar e comparar os problemas- Trata-se propriamente de determinar as prioridade.
Determinação das prioridades (cont.)
Critérios clássicos (Imperatori e Giraldes, 1982)
• Magnitude- Caraterizando o problema pela sua dimensão.
• Transcendência- Valorizando as mortes por grupos etários.
• Vulnerabilidade – Correspondendo à possibilidade de prevenção.
Fixação dos objetivos
1.Funções dos objetivos:
• Critérios com que se poderá apreciar o grau de sucesso de um projeto;
• Adequação entre os fins procurados pela sua implementação com as expectativas de população-alvo;
• Elementos necessários à tomada de decisão no decurso do processo de planeamento e gestão do projeto;
• Geradores de mensagens sobre comportamentos e estados desejáveis, relativamente à população-alvo;
Fixação dos objetivos (cont.)
2. Estrutura de um objetivo.
Objetivo
Pertinente Preciso Realizável Mensurável
Fixação dos objetivos (cont.)
3. Formulação dos objetivos
Devem estar contidos 5 elementos na formulação de um objetivo:
• A natureza da situação desejada;
• Os critérios de sucesso ou de fracasso;
• A população-alvo do projeto;
• A zona de aplicação de projeto;
• O tempo em que deverá ser atingido;
Fixação dos objetivos (cont.)
3. Formulação dos objetivos, por exemplo:
Objetivo geral
Objetivos específicos
Fixação dos objetivos (cont.)
2. Estrutura de um objetivo. Este deverá ser:
Objetivo
Pertinente Preciso Realizável
Mensurável
Fixação dos objetivos
4. Etapas na fixação de objetivos:
Existem quatro fases a percorrer para a obtenção desta etapa:
• Seleção dos indicadores dos problemas prioritários;
• Determinação da tendência, projeção e previsão dos problemas prioritários;
• Fixação dos objetivos a atingir;
• Tradução dos objetivos em objetivos operacionais ou metas;
Fixação dos objetivos (cont.)
4. Etapas na fixação de objetivos: Seleção dos indicadores dos problemas prioritários
• Indicadores de resultado ou de impacto;
• Indicadores de atividade ou de execução;
Indicadores de resultados ou
impacto
Quantificação de
problemas Objetivos
Metas Quantificação de atividades
Indicadores de atividade ou
execução
Fixação dos objetivos (cont.)
4. Etapas na fixação de objetivos: Determinação da tendência, projeção e previsão dos problemas prioritários
Existem dois tipos de métodos para a elaboração desta fase:
• Métodos quantitativos- métodos das semi-médias e métodos dos mínimos quadrados;
• Métodos qualitativos- Delphi, técnica do grupo nominal, cenários e arvore de objetivos;
Fixação dos objetivos (cont.)
4. Etapas na fixação de objetivos: Fixação dos objetivos a atingir
• Para a elaboração de um objetivo deverá também ter-se em conta as normas existentes, que poderão afetar a evolução do indicador em estudo, assim como a evolução que o problema a minimizar tomou noutros locais.
Fixação dos objetivos (cont.)
4. Etapas na fixação de objetivos: Tradução dos objetivos em objetivos operacionais ou metas • Permite traduzir os objetivos em atividades,
contribuindo assim para a etapa de programação; • Permite comparar a listagem de atividades com a
listagem dos objetivos do projeto, não deixando que algum destes não se operacionalize;
• ao serem definidas as atividades e os resultados que se esperam obter pela sua execução, é possível e mais fácil selecionar os indicadores que as meçam;
Seleção de estratégias
Existem três fases para o processo de definição de estratégias:
• Estabelecer os critérios de conceção da estratégia (Por exemplo: Colocar enfase nos cuidados preventivos; Colocar enfase na eficiência dos recursos, não aumentando a sua quantidade);
• Enumerar as modificações necessárias – tecnologias, nas tarefas, em equipamentos;
• Esboçar estratégias potenciais;
Preparação operacional – Programação
Um programa é um conjunto de atividades necessárias à execução de uma estratégia. Um projeto é um conjunto de atividades contribuindo para a execução de um programa, decorrendo num período bem delimitado do tempo.
Preparação operacional – Programação (cont)
Cada atividade a ser desenvolvida deve estar de acordo com as seguintes parâmetros: • O que deve ser feito; • Quem deve fazer; • Quando deve fazer; • Onde deve ser feito; • Como deve ser feito; • Avaliação da atividade; • Se possível: o objetivo que pretende atingir; • Eventualmente: o custo da atividade;
Avaliação e Controlo
Existem vários classificações de avaliação:
• Segundo a disponibilidade dos dados;
• Segundo o tipo de dados disponíveis;
• Segundo a implementação de atividades;
• Segundo as componentes dos serviços prestadores;
• Segundo a validade;
• Numa perspetiva de qualidade;
• Numa perspetiva económica;
Avaliação e Controlo (cont.)
Os dois tipos de indicadores mais utilizados na avaliação são:
• Os que medem o estado de saúde (impacto, resultado – avaliações extremas);
• Os que medem a prestação de cuidados de saúde (atividade, execução – avaliações internas);
Embora sejam numerosas as dificuldades inerentes ao processo de avaliação, é importante que cada projeto contenha uma forma de avaliação, quer ao nível dos resultados que se esperam obter, quer ao nível da sua elaboração, implementação e execução.
Avaliação e Controlo (cont.)
Embora sejam numerosas as dificuldades inerentes ao processo de avaliação, é importante que cada projeto contenha uma forma de avaliação, quer ao nível dos resultados que se esperam obter, quer ao nível da sua elaboração, implementação e execução. Daqui se depreende qua a avaliação se inicia logo na primeira etapa do processo de planeamento, acompanhando-o em todas as etapas subsequentes.
Objetivos São a tradução explicita, mensurável ou observável da filosofia
identificando como e quando a meta deve ser atingida
Motivação
Equipa multidisciplinar
Racionalidade
Relação de causalidade
Minimizar incerteza do futuro
Motivação
• Incentivar os membros para a importância deste planeamento;
• Possibilitar, a toda a equipa, uma participação ativa, valorizando o desempenho de cada um;
• Capacidade de entreajuda.
Equipa multidisciplinar
• Possibilitar a coordenação dos diferentes órgãos da instituição (vertical ou horizontalmente);
• Capacidade de desenvolver um Planeamento em Saúde interativo.
Racionalidade
• Capacidade de pensar e agir;
• Estar apto a alterações;
• Funciona em prol de um Planeamento em Saúde com sucesso.
Relação de Causalidade
• É fundamental entre a ação tomada e os resultados determinados;
• Melhor organização aquando do Planeamento em Saúde;
• Sucesso nos resultados.
Minimizar a incerteza do futuro
• Melhorar o acesso aos serviços de saúde e a sua qualidade;
• Envolver a equipa, num processo contínuo, desde o planeamento até à implementação, com a sociedade;
• Capacidade de resposta às alterações que possam surgir no decorrer do planeamento.
Em suma:
“If you fail to plan, you are planning to fail!”
Benjamin Franklin
Bibliografia
• Coelho, M., (2007). Planejamento de enfermagem em hospital da rede publica de ensino e assistência em Goiânia- Goiás. Universidade federal de Goiás, Faculdade de enfermagem. Goiânia
• Tavares, A., (1992). Métodos e Técnicas de planeamento em saúde. Ministério da Saúde. Ed. 2ª.