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® ® SEGUNDO SEMESTRE DE 2012 www.profit-loss.com Brasil assina contrato de derivativos com o Chile PROFIT & LOSS DIGITAL FX AWARDS: “De olho no cliente” Colin Heffron do GFI Group: O MODELO HÍBRIDO NO TRABALHO No momento em que o GFI Group celebra seu 25° aniversário, o presidente Colin Heffron reflete sobre como o corretor interdealer combinou por tanto tempo a tecnologia com os talentos da sua equipe a fim de realmente alavancar o modelo híbrido. Principal patrocinador das edições da Profit & Loss América Latina:

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SEGUNDO SEMESTRE DE 2012www.profit-loss.com

Brasil assinacontrato de

derivativoscom o Chile

PROFIT & LOSS DIGITAL FX AWARDS:“De olho no cliente”

Colin Heffron do GFI Group:O MODELO HÍBRIDO NO TRABALHONo momento em que o GFI Group celebra seu 25°aniversário, o presidente Colin Heffron reflete sobrecomo o corretor interdealer combinou por tantotempo a tecnologia com os talentos da sua equipea fim de realmente alavancar o modelo híbrido.

Principal patrocinador das edições da Profit & Loss América Latina:

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www.profit-loss.com I Profit & Loss I Segundo semestre de 2012 I 1

Profit & Loss: Segundo Semestre de 2012

SALA DE MERCADOS

Governos latinos combatem pressão em alta no mercado de câmbio.............................................18

Brasil assina contrato de derivativos com o Chile...........20

Projeto em andamento para compensação de opções de câmbio ...............................................................21

Brasil controla sua moeda ......................................................23

MERCADOS DIGITAIS

Aqui estão as notícias - Mais rápido do que nunca........25

Agregação forex sem o agravamento .................................27

GESTÃO DE DINHEIRO

Citadel acusa a Jump Trading de “roubar” código ..........29

RADAR DO VAREJO

Grupo GFI estende o contrato com a Quick Corp...........30

MERCADO DO MÊS

Sobre a adoração (e os riscos) do peso mexicano ..........31

Na Capa...Colin Heffron do GFI Group:O modelo híbrido no trabalho

No momento em que o GFI Group celebra seu 25° aniversário, o presidente Colin Heffron reflete sobre como o corretor interdealer combinou por tanto tempo a tecnologia com os talentos da sua equipe a fim de realmente alavancar o modelo híbrido...................4

ARTIGOS

Robert Garwood, do Lloyds Banking Group:Expandindo Horizontes ..............................................................8

Gavin Wells da LCH.Clearnet: Nenhum momento comum....................................................12

Profit & Loss Digital FX Awards:“De olho no cliente”...................................................................15

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Editor e editor chefeJulie [email protected]

EditorColin Lambertcolin_lambert@profit-loss. com

Editor substitutoKirsten Hydekirsten@profit-loss. com

RepórterAlice Attwoodalice@profit-loss. com

Diretor comercialMichelle Hemstedtmichelle@profit-loss. com

Vendas de anúnciosAnna [email protected]

Gerente de eventosCindy Lovedaycloveday@profit-loss. com

Gerente de design/produçãoAndrew Meikleandrew@profit-loss. com

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Ásia-PacíficoP&L Services Ltd, Level 4, Suite 404, 83 York Street, Sydney NSW 2000, Australia

ISSN: 1467-2650© 2012 P&L Services Ltd. Todos os direitos reservados

Nenhuma parte desta publicação pode ser re-produzida de qualquer maneira sem o consenti-mento expresso por escrito da P&L Services Ltd.Todas as opiniões e pontos de vista expressospor escritores contribuintes não representamnecessariamente o ponto e vista do editor. Osartigos são publicados em boa-fé, sem respons-abilidade por parte dos editores, que nãopodem ser responsabilizados por qualquerperda, queixa ou ação litigiosa resultante dequalquer ponto de vista aqui expresso. A edi-tora e os seus editores não aceitam nenhumaresponsabilidade por mal-entendidos, erros ouomissões incorridos durante a produção.

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I Segundo semestre de 2012 I Profit & Loss I www.profit-loss.com4

Julie Ros: Quando começou, em 1987, a GFI deu um passocorajoso para focar principalmente nos derivativos OTC (debalcão). Neste ano, a GFI está celebrando o seu 25° aniver-sário, qual você considera a maior realização da empresadesde a sua fundação?Colin Heffron: A cultura na GFI desde o início era a de quequeríamos ser o número um em qualquer coisa quefizéssemos, então, um dos maiores passos destes 25 anos foiconstruir uma base de capital para que pudéssemos compensarnossos próprios trades e ingressar nos negócios consideradosmatched principal (execução por compensação) – em rendafixa e ações – e isso nos permitiu diversificar os negócios.Expandir de opções cambiais para crédito, ações, energia e serlíder de mercado tanto em liquidez como em tecnologia, emtodos esses setores é uma das nossas maiores realizações.

JR: Foi uma decisão bastante audaciosa investir em tecnologiatodos esses anos, como a GFI integrou tecnologia ao modelode negócios?CH: Nossa equipe de vendas, nossos corretores estãocontribuindo e percebendo o valor de se ter uma cadeira emuma mesa de corretagem da GFI, pois a tecnologia estáparticipando em metade da renda deles, então eles têmvontade de contribuir, o que no final torna essa cadeira aindamais valiosa e propicia um local de trabalho melhor. Duranteestes 25 anos, trabalhamos para aumentar nossa participaçãono mercado e melhorar a capacidade de nossos corretores dedar cobertura aos nossos clientes – o que sempre foi nossoobjetivo. Percebemos que a tecnologia ajuda a desenvolver osnegócios quase que sem notarmos, vai lentamenteabocanhando parte do mercado dos nossos concorrentes semque percebam. Eu acredito que é isso que está acontecendoagora.

JR: Você entrou na GFI para ser um corretor de opções cambi-ais poucos meses após a fundação da empresa. Quais foram osmomentos decisivos que você presenciou no desenvolvimentodo mercado?CH: Quando comecei como corretor de opções cambiaispresencial, tudo era feito pelo telefone. Uma das primeiraspadronizações que chegou àquele mercado foi o modelo deprecificação de opções – Fenics – que era o portador dopadrão para o mercado. Como prova da nossa confiança noFenics e na importância do papel da tecnologia, a GFIadquiriu o Fenics em 2000. Portanto, desde o início tínhamosessa ideia de que a tecnologia teria um papel cada vez maiscrescente nos nossos negócios.

No mercado cambial spot, um dos momentos decisivos foiquando passou de totalmente presencial para o que é hoje, emtorno de 80% eletrônico. Esse foi um momento de grandeaprendizado para o Mickey [Gooch, CEO] e para mim. Portermos sido testemunhas dessa evolução, começamos ainvestir bastante em tecnologia e isso continua até hoje.

JR: Quando as pessoas pensam em trading eletrônico, pensamnos sistemas de trading, mas a GFI vê isso de um modo difer-ente, certo?CH: Sim, as pessoas tendem a pensar no livro de ofertas comlimite central, mas no mercado OTC (de balcão),diferentemente do mercado cambial, a maior parte do tradingeletrônico ocorre em protocolos separados – leilões, matching,join-the-trade (JTT) e outros métodos de trabalho. Uma dasobservações que fizemos com o tempo foi que a Europa, poruma série de razões, tinha um apetite por tecnologia muitomais aguçado. Então promovemos um grande avanço nosnossos negócios europeus. E descobrimos que o quefuncionava para um determinado produto, poderia ser lançadoem outro produto também. Por exemplo, as sessões dematching eletrônico (fechamento eletrônico de ofertas)começaram com crédito, agora acontecem com energia, frete,NDFs, IRS (swap de taxa de juros), opções cambiais, portanto,praticamente qualquer coisa que funcionar em um produto,vamos adaptar para outros produtos. Isso nos dá uma grandevantagem, pois temos uma equipe de e-commerce global queentende que essa é a nossa missão.

JR: A GFI foi tecnológica desde cedo, então é interessante ob-servar que mesmo havendo um setor de mercado dentro domundo das operações cambiais (FX), o de opções, que não foi“eletronificado”, a GFI já possui parte deste setor em formatoeletrônico há um bom tempo. Atualmente, parece que asopções cambiais constituem a principal parte do mercado queestará sujeita a novas regras que exigem maior automação.CH: É verdade. Dentro do mercado de opções, Fenics, quecomeçou como um simples modelo de precificação de opçõesé agora um veículo de execução para a funcionalidade deSolicitação de Cotação (RFQ), que está negociando um valornocional de bilhões de dólares por mês. Estamos começando aver sinais reais de “eletronificação” nesse caso. Os volumes deRFQ do Fenics estão aumentando faz mais de um ano e meio,e isso tanto na parte de compras, como de vendas.

JR: A GFI não só investiu em tecnologia para ajudar no seupróprio desenvolvimento de liquidez, mas também investiu

Colin Heffron do GFI Group:O MODELO HÍBRIDO NO TRABALHONo momento em que o GFI Group celebra seu 25° aniversário, o presidente Colin Heffron refletesobre como o corretor interdealer combinou por tanto tempo a tecnologia com os talentos da suaequipe a fim de realmente alavancar o modelo híbrido.

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“Queremos fazer parceriascom os dealers paraauxiliar que todoscumpram a lei Dodd-Frank– é neste ponto quepercebemos que temosum verdadeiro diferencialem tecnologia. Se aregulamentação se revelarcomo um caminho no casodas opções cambiais, porexemplo, estaremosprontos para segui-lo.Podemos fazer com quetodos estejam conformesde um dia para o outro.”

em uma tecnologia que hoje auxilia os bancos a se comuni-carem com seus clientes.CH: Nós a chamamos de Modelo de Acesso Patrocinado(SAM), no qual fornecemos tecnologia para os bancos, para queeles mesmos possam etiquetar direto para seus clientes.Acreditamos que essa poderia ser uma solução real paraalgumas das mudanças regulatórias às quais os bancosprecisarão se adequar, pois em função dessa tecnologia, poderãofornecer a seus clientes acesso a uma SEF operada pela GFI.

JR: Conforme os negócios vão evoluindo, os bancos estãosaindo do modelo de risco para um modelo de agência, comfoco no fornecimento de margem, corretagem de primeiralinha e execução. Como você vê a GFI se encaixando nessenovo mundo?CH: Queremos fechar parcerias com eles utilizando nossatecnologia de distribuição de “muitos para muitos” (modelode comunicação entre meios eletrônicos), na qual podemconfiar para melhor servir seus clientes. Pode ser que algunsdos maiores compradores acabem negociando diretamentecom a SEF, mas a regulamentação sobre este ponto aindanão está concluída, então precisamos aguardar até sabermoscomo ficará a regulamentação final.

JR: A GFI tem sido bastante ativa nos EUA, trabalhando comórgãos legislativos e reguladores em Washington, quais foramos avanços até o momento em termos de informar os legis-ladores a respeito do seu negócio?CH: Os legisladores têm sido bastante aplicados na tentativade compreender as complexidades sobre o que pode gerarliquidez. Acredito que realmente estão ouvindo nossaassociação comercial, a WMBAA (Wholesale MarketsBrokers´s Association, Americas – Associação de Corretorasde Mercado de Atacado, Américas]. Muitas coisas que aspessoas acham que são líquidas e negociadas no câmbioporque são compensadas, na verdade são negociadas nomercado OTC (de balcão) e enviadas para uma câmara decompensação. Isso significa que há uma ilusão de que sevocê simplesmente colocar o produto no mercado decâmbio, ele será líquido, o que nem sempre é o caso. Anatureza esporádica de liquidez em determinados setores demercados de derivativos e mercados à vista significa quesempre houve e continuará havendo a necessidade denegociar no trading em alguns instrumentos. Para essestrades, o mercado precisa de empresas de corretagemcapacitadas com tecnologia e habilidade.Portanto, há um papel importante para o modelo híbrido no qual

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os corretores realizam sessões de matching (fechamentoeletrônico de ofertas) e usam protocolos inteligentes para gerarliquidez. A indústria tem se apresentado como um participanteindependente que é extremamente necessário a fim de proteger aliquidez e proteger os mercados de capital nos EUA – e garantirque não sejam conduzidos externamente (driven offshore).

JR: Que tipo de trabalho está sendo feito nos bastidores no quese refere às preparações da GFI para os regulamentos?CH: Nós fomos o primeiro IDB inscrito na NFA (NationalFutures Association) e nossa API está pronta para rodar ospreços nos dois sentidos em todos os produtos. Isso não éalgo que precisaremos fazer de última hora – estamosexecutando e prontos para a partida – estamos apenasaguardando a conclusão das regras sobre SEF. Como uma dascorretoras fundadoras da WMBAA, nós nos movemosrapidamente para explicar como os mercados OTC (debalcão) funcionavam e qual é nosso papel nesses mercados,pois percebemos como é importante para os legisladores ereguladores entenderem o funcionamento desses mercados.Vimos como certas leis podem mudar os negócios, entãoqueríamos ter certeza de que estávamos à frente dosacontecimentos, e preparados.

JR: Como a GFI pode auxiliar seus clientes a se prepararempara esse novo cenário regulatório que está surgindo tanto lo-calmente como internacionalmente?CH: Isso nos remete ao Modelo de Acesso Patrocinado –SAM. Podemos fornecer tecnologia aos bancos dealer, a qualpodem então distribuir a seus clientes, o que possibilitará oacesso direto por meio daquele dealer para nossos pools deliquidez, se assim desejarem. Um exemplo disso é omecanismo de RFQ nas opções cambiais (FX), e outro é onosso modelo SAM de crédito para títulos e CDS.

JR: No espaço de opções cambiais, acredita-se que existam 17plataformas sendo desenvolvidas ou que estejam operando,como o aumento da concorrência está impactando os negó-cios? Você está vendo um aumento no volume como uma me-dida inicial ou os clientes adotaram uma postura mais de“esperar para ver” a respeito das regulamentações?CH: Das 17 plataformas, há muitas ainda que precisam serlançadas e que, nesse estágio, podem ser consideradas apenasideias. Eu acrescentaria que estamos prontos, executando enegociando, e estamos estabelecidos como líderes demercado. Os bancos querem iniciar novos empreendimentoscontanto que não precisem comprometer nenhum capital, mastambém não precisam se comprometer a formar preços. Nofinal, estarão onde estiverem os seus clientes, e seus clientesjá estão no Fenics.

JR: Você pode descrever o típico cliente Fenics?CH: Antigamente, era um Tier 2 ou um banco de pequenoporte regional, mas agora cada vez mais está se tornando ofundo de hedge que negocia ativamente todos os dias. Temosuma versão leve do Fenics Trader que podemos instalar pelainternet – literalmente em segundos – o que nos ajudou a darsuporte a estes tipos de clientes.

JR: E os fundos de hedge estão vindo por meio de corretoresde primeira linha ou diretamente?CH: Como eles estão no Fenics, vêm diretamente para nós –onde podem solicitar liquidez de um grande banco de centrofinanceiro que já está trabalhando com Fenics.

JR: O que você acha que pode ajudar a aumentar o volume domercado de derivativos OTC no curto prazo?CH: Além do crescimento econômico global, que éfundamental, o que realmente ajuda nesse aumento de volumeé a compensação – abrir acesso para compensação – porqueisso o transformará em um mercado um pouco mais aberto, eassim alguns fundos de hedge podem se tornar provedores deliquidez. Creio que os bancos irão preferir se concentrar emclientes que precisam de produtos mais estruturados e auxílioao gerenciamento de risco. Se houvesse um cleared marketabertamente, no qual corretoras como a GFI pudessemcombinar fundos de hedge baseados em algoritmos combancos e outros clientes, você teria mercados mais abertos –algo mais parecido com um mercado de futuros. Com a nossatecnologia e habilidade de precificação, e com as exigênciasdo mercado cambial (FX) para datas, deltas e strikes (preçosde exercício) essa seria uma combinação bem poderosa. Nomundo das opções cambiais, nós temos a solução completa –temos o mecanismo de RFQ, o livro de ofertas com limitecentral, as sessões de matching (fechamento eletrônico deofertas) e temos toda a conectividade direta e o gerenciamentode risco dentro de todo este produto. Esse é o conjuntocompleto – desde mercado de IDB até a área de compras deRFQ e fornecimento de software para a área de vendas.

JR: Você está buscando parcerias com câmaras de compen-sação?CH: Somos agnósticos – queremos só conectar nossas APIsdiretamente com o máximo de câmaras de compensaçãopossível – queremos só acesso livre.

JR: Olhando para fora, a GFI construiu um nome para si emvários mercados emergentes. Na China, você acabaram deanunciar a parceria com Reuters e SDIC Trust. Você podefalar mais sobre como está se desenvolvendo o cenário naChina?CH: Thomson Reuters e SDIC são duas empresas incríveis.Estamos agora aguardando a nossa licença para que possamosparticipar nos mercados de FX (cambiais) chineseseletronicamente. Também possuímos filiais em Seul,Singapura, Hong Kong e Sidney, que continuam a crescer.Estamos bastante comprometidos com a Ásia.

JR: Na América Latina, a GFI tem filiais no Peru, Argentina,Chile e Colômbia e acabamos de anunciar uma nova filial naCidade do México Como um corretor interdealer pode auxiliaresses mercados a aumentar a liquidez, a eficiência e atransparência?CH: A América Latina foi provavelmente um dos nossosmaiores êxitos, porque temos uma equipe incrível que usouuma abordagem bem dinâmica adotando a nossa tecnologia ese lançando agressivamente em cada mercado que você

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mencionou. As sessões de matching (fechamento eletrônico deofertas) que começamos a realizar nesses países tomou forçarapidamente e, em alguns casos, dobraram a nossaparticipação no mercado, sem sombra de dúvida, nostornamos líder de mercado na região. Isso acontecendo sob adireção de Nick Brown, diretor geral e diretor de corretagemde produto financeiro, da GFI Américas, e Jason Forwood esuas equipes. Eles estão na vanguarda do mercado quando setrata de ouvir os clientes, identificar os seus desejos, encontraros protocolos corretos no sistema e trabalhar com a equipe detecnologia. Nosso sucesso na América Latina é provavelmenteo melhor exemplo de nossa gestão, corretores e equipes detecnologia trabalhando em conjunto para ultrapassar os nossosconcorrentes e aumentar a nossa participação no mercado emtodos os produtos.

JR: Portanto, a postura tomada por suas equipes locais teveum grande papel na estratégia?CH: Totalmente. De certo modo, quanto menor a liquidez deum produto, maior o sucesso da sua negociação em umprotocolo baseado em sessão limitada – o que descrevemoscomo matching – e quanto maior o impulso do matching,mais sessões de matching você realiza, então, isso começa ase parecer mais com um livro de ofertas com limite central.Uma sessão de matching constante, que chamamos de OpenMatching, é uma forma de livro de ofertas com limitecentral. Atribuo tudo isso à confiança da equipe, quepresenciou aumentos incríveis de participação no mercadodesde um ano e meio atrás, o que só aumenta a atitudepositiva de tentar novos passos. Sinceramente, essa mesmatecnologia está sendo usada em Nyon, Suíça, basicamentenos mesmos produtos, ainda que em diferentes moedas –forint húngaro, lira turca, zloty polonês e coroa checa.Também estamos começando a ver sinais de impulsosparecidos aqui.

JR: Você pode explicar como funciona o modelo híbrido ecomo ele pode beneficiar seus clientes?CH: O modelo híbrido funciona bem porque nos permitecapacitar o cliente para negociar de forma completamenteeletrônica, se ele assim desejar, o que deve ocorrer emdeterminadas condições de mercados ou requisitado porcertos indivíduos. Mas também permite que o cliente gerencieum pedido verbalmente por meio do sistema, se tiver algumasensibilidade com relação a um preço ou montante. Eutambém diria que os protocolos, particularmente as sessões dematching, são dependentes da definição de níveis de preçosapropriados, porque se você deixar esses níveis muito altos,você terá muitos vendedores e não terá compradoressuficientes, e se você deixá-los muito baixos, você terámuitos compradores e não terá vendedores suficientes. Éfunção da nossa experiente equipe fornecer os níveis corretos,pois conseguir estabelecer esses níveis corretamente gera omaior volume.

JR: Portanto, é mais do que simplesmente uma questão de ex-ecução presencial vs. execução eletrônica?CH: Acreditamos que a melhor combinação é uma força de

trabalho extremamente dinâmica com a melhor tecnologia.Mas você precisa de pessoas que também acreditem, pois oobjetivo é aumentar a nossa parcela do mercado para que osnossos funcionários continuem a servir intensamente osclientes e a usar as ferramentas que a empresa lhes fornece.

JR: Quais são seus planos para uma futura expansão?CH: Vamos continuar a alavancar a tecnologia para aumentara participação no mercado – com foco particular em energia,commodities e em mercados emergentes, com todas asclasses de ativos – e aumentar a nossa base de clientesconforme o mercado permitir. Queremos fazer parcerias comos bancos para auxiliar a todos a cumprirem a lei Dodd-Frank – é neste ponto que percebemos que temos umverdadeiro diferencial em tecnologia. Se a regulamentação serevelar como um caminho no caso das opções cambiais, porexemplo, estaremos prontos para segui-lo. Podemos fazercom que todos estejam conformes de um dia para o outro. Sevocê olhar para a Dodd-Frank como um fator que vai virar ojogo, nós achamos que estamos mais preparados do quequalquer outra empresa. Alguns ficarão para trás. Estamosconfortáveis com a nossa posição – porém não podemos nosvangloriar, pois os volumes estão muito ruins no momento.Serei o primeiro a dizer que este é um mercado muito difícil,mas realmente estamos aumentando a nossa participação domercado e quando os volumes retornarem, aumentaremosainda mais.Estes últimos anos tem sido difíceis e este é um ambiente emmudança, mas acredito que a nossa cultura nunca esteve melhor,e estamos trabalhando diariamente para fazer as pessoasentenderem que esta é uma fase e que embora possa levar algumtempo para que ultrapassemos este período difícil, vamosconseguir, e vamos voltar por cima em excelente estado. �

Colin Heffron, presidentee diretor, GFI Group

Colin Heffron épresidente da GFI desdefevereiro de 2004. Nessafunção, é responsável portodos os negóciosanalíticos, dados ecorretagem da GFI.Ingressou na empresa em1988 como corretor deopções cambiaisestrangeiras em Nova

Iorque, antes de se mudar para Londres para auxiliar noestabelecimento da filial de Londres da GFI.De 1991 até 1994, Heffron liderou os negócios de opçõescambiais da GFI. De 1994 a 1997, liderou as operaçõesdiárias de todos os negócios europeus da GFI. De 1998 afevereiro de 2004, foi diretor de todas as operações naEuropa e diretor-adjunto das operações na Ásia. É membrodo Conselho Administrativo da GFI desde 2001.

BIOGRAFIA

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Robert Garwood, do Lloyds Banking Group:EXPANDINDO HORIZONTESO diretor-geral e chefe de vendas de câmbio do Lloyds Banking Group, RobertGarwood, fala com Alice Attwood sobre a estratégia a longo prazo do negócio e daevolução prevista para 2012.

Alice Attwood: Após uma carreira de 14 anos no UBS e umatemporada no Millennium Global Investments, o que atraiuvocê para se juntar ao Lloyds?

Robert Garwood: Tornou-se claro para mim que o Lloyds erauma instituição que tinha progredido apenas parcialmente nonegócio global de câmbio. Apesar de seu capital financeiroconsiderável e a natureza de redução do capital investido daclasse de ativos, o Lloyds realmente não tinha aproveitadoesses dois aspectos juntos. Fui apresentado a uma empresacom uma franquia robusta de câmbio no Reino Unido, mascom uma base pequena de clientes corporativos globalmente euma pequena presença junto a instituições financeiras. Ficourapidamente claro que o banco queria mudar este quadro, doexecutivo até as funções mais baixas, e construir uma franquiade câmbio global. É sempre importante ter esse apoio de cima,e ficou claro para mim que esse apoio estava presente noLloyds.

AA: Que alterações você vivenciou desde a sua afiliação nofinal de 2010?

RG: Tudo mudou! Nós demos continuidade e aceleramos oprograma do banco para criar uma franquia robusta em todosos aspectos. Estamos adicionando pessoas importantes à nossa

equipe de vendas, bem como desenvolvendo nossos recursosde comércio, e-commerce, crédito e operações. Estamosconstruindo de forma efetiva uma infraestruturacompletamente nova e robusta, globalmente.Muitas vezes vemos instituições construírem suas plataformasem uma abordagem de “silos”. O resultado final é a falta decoesão e influência entre as áreas do produto. A plataforma doLloyds está alinhada em todos os departamentos funcionais deapoio ao câmbio – comércio, vendas, e-commerce, operações,crédito, etc., e nas classes de ativos – por exemplo, crédito etaxas. O alinhamento será fundamental para nossa proposta decliente e sucesso futuro. A Arena, a nossa plataforma de e-commerce lançada há pouco mais de 14 meses, é umtestemunho dessa cultura.

AA: Que alterações você implementou desde a sua afiliação?

RG: Ao olhar para a nossa estratégia de câmbio, foquei onosso negócio no comportamento orientado por consultoria epor fluxo. Por exemplo, se você considerar uma empresa, seufoco principal é a gestão de riscos – eles buscam proteger suasexposições internacionais em diferentes períodos no futuro.Eles procuram aconselhamento sobre gestão de riscos paraessas exposições e querem aconselhamento especializado. Épor isso que estamos divididos em equipes de setores daindústria, por exemplo, varejo e proteção. Além disso, elesexigem um serviço orientado por preços eficiente para o seufluxo de câmbio diário. Para atender essa necessidade, criamosuma equipe de transações empresariais.O mesmo se aplica a instituições financeiras. Se o clientedeseja receber aconselhamento proativo sobre gestão demoedas, ele receberá as informações de que precisa da nossamacroequipe de câmbio, seja um fundo monetário real, umfundo de hedge ou um banco privado. Se eles forem maispassivos e focados no fornecimento do preço, eles conversarãocom a nossa equipe de fluxo. Estamos alinhando nossasofertas de produtos de modo que, se um cliente quiser apenasum preço, eles o terão da maneira mais eficiente possível. É,ao mesmo tempo, um realinhamento e uma adição ao nossoDNA inerente.

AA: Qual é a principal proposta de valor de câmbio do banco?

RG: Nossos clientes estão à frente e no centro de tudo aquiloque fazemos. Temos o objetivo de garantir que nossos clientessejam sempre bem-sucedidos e, levando em consideração quea maioria da base de clientes do Lloyds está localizada noReino Unido, se eles forem bem-sucedidos vão ajudar a tornar

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Artigo

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a economia do Reino Unido mais bem-sucedida. Nossa funçãoé oferecer suporte e fortalecer uma base de clientes bem-sucedida. Hoje, o Lloyds tem um patrimônio invejável que engloba agestão de bancos, seguros e ativos. Nosso objetivo é utilizaressa experiência para dar suporte aos nossos clientes. O grupocomo um todo tem uma robusta franquia no Reino Unido;temos quase um milhão de clientes comerciais e de grandescorporações, e milhares deles estão negociando câmbioconosco. Ao combinar nosso capital financeiro com nossocapital intelectual, esperamos construir nosso capital derelacionamento – uma fórmula fácil da qual todos os nossosclientes se beneficiarão. Nosso objetivo é aproveitar ao máximo nosso status deseguidor. Estamos desenvolvendo nossa franquia fora doReino Unido, em particular na Europa Continental, nos EUA ena Austrália. De uma perspectiva de câmbio de instituiçõesfinanceiras, eu herdei uma franquia que estava amplamentefocada em participações privadas e de seguro, perdendosegmentos como gestores de ativos, fundos de hedge, bancos ebancos centrais.

AA: Então, um elemento fundamental do plano é expandirpara as instituições financeiras?

RG: Temos equipes baseadas em fluxo abrangendo clientesque veem o câmbio de um ponto de vista residual – seu focoprincipal está nos títulos internacionais e ações, e o câmbio éum resultado desses investimentos. A precificação eficientedas transações dos clientes é o serviço fundamental exigido.No lado da consultoria, criamos uma macroequipe de vendas,o que proporciona aos nossos clientes um serviço deaconselhamento proativo sobre gestão de moedas, ajudando-osa gerar valor alfa. Esses clientes querem ouvir ideiascomerciais, ter acesso ao nosso melhor trabalho deinvestigação, a nossas equipes de estruturação e, por fim, elestambém querem ter o melhor preço.AA: Suas equipes são criadas para abranger vários segmen-tos?

RG: A macroequipe dá cobertura a uma variedade de clientes,desde bancos centrais a gestores de ativos. Ao fazer isso, ocliente receberá uma ampla variedade de inteligência demercado de alta qualidade. Nossos clientes querem exposiçãoa uma variedade de ideias comerciais com o mínimo de fontespossível. Essa estrutura prevê isso e substitui a necessidade desegmentação de clientes por região geográfica e tipo. Achoque o nosso alinhamento é eficaz porque, seja você um gestorde ativos na Escandinávia ou um fundo de hedge em Londres,a exigência do cliente é a mesma – você deseja obteraconselhamento proativo sobre gestão de moedas e adorariaouvi-los de um vendedor que acabou de falar com um bancocentral, um fundo de hedge ou um fundo de pensão. Eles sãocapazes de fundamentar suas ideias com uma maior exposiçãoaos mercados. É simples, mas muito eficiente.Um modelo mais comum se baseia em equipesespecificamente focadas em estreita proximidade entre si. Asugestão é que isso se traduz automaticamente na

compreensão dos fluxos de seus colegas, mas a menos quevocê esteja falando diretamente com os clientes, é difícilcompreender os seus pensamentos e entender por que elesnegociam de tal maneira. Penso que ter uma variedade declientes significa ter uma abordagem mais integrada.

AA: Como você se diferencia? Existem alguns participantesbem estabelecidos lá fora...

RG: A nossa capacidade de oferecer um serviço orientado porfluxo e por aconselhamento é um diferencial claro de nossoscolegas. Estou interessado em garantir que o foco permaneçanaquilo que realmente podemos fazer bem. No Lloyds,podemos oferecer um produto excelente em libras esterlinas,mesmo que isso signifique pesquisa, estratégia, geração deideias ou preço; podemos fornecer isso em libras esterlinas.Também introduzimos negócios de quinta casa decimal naplataforma. Portanto, o que estamos começando a criar é uma franquiamuito credível. Como já estive no lado de compras, sei que umcliente prefere escolher bancos específicos para serviçosespecíficos – áreas nas quais alegam ser os melhores – ereceber apenas isso: um serviço de primeira classe. A fim dediversificar o risco hoje, os clientes precisam lidar com umaampla gama de bancos. Eu quero ser capaz de visitar umcliente e focar em nossos principais pontos fortes, indicandoonde nos destacamos e cumprimos as nossas promessas. Éassim que a nossa franquia e a nossa reputação crescerá:através da estabilidade dos produtos que oferecemos, dasrelações históricas e da reputação que já ganhamos entre essesclientes.

AA: Então você considera a libra esterlina uma vantagemcompetitiva para o seu negócio?

Nós somos experts em mercados de libra esterlina e em umpequeno número de importantes mercados emergentes, esomos obrigados a fornecer pesquisa, geração de ideias,conhecimento do produto e preços com a mais alta qualidadenessas áreas, seja por meio de canais tradicionais orientadospor voz ou via e-commerce. A libra esterlina é umcomponente central do perfil de rentabilidade dos nossosclientes no que diz respeito ao gestor de ativos e ao fundo dehedge. Se nós podemos oferecer um produto líder em librasesterlinas, podemos fazer uma diferença substancial nodesempenho desses clientes – e é isso que realmente importa. Enquanto os bancos universais estão oferecendo um produtomais amplo e serviços mais generalizados, nós estamosoferecendo um produto feito sob medida, que busca ser omelhor em áreas específicas. Em última análise, a decisãofinal é a escolha do cliente, mas oferecer ao cliente o direitode escolher entre os dois proporciona algumas opções e aqualidade de informações e serviços que ele exige.

AA: Que outras áreas são importantes para os seus negócios?

RG: Nossos clientes exigem eficiência operacional.Compreender isso e colocá-lo tão ao centro da nossa proposta

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de câmbio significa que fomos capazes de criar umaplataforma que é incrivelmente eficiente. Novamente, essa é avantagem de uma folha de papel em branco. Quando vocêconsidera as alterações regulamentares para clientes quenegociam por telefone ou através de plataformas de várioscanais, o fato de que eles estão cada vez mais focados emdiferentes ativos e que, em muitos casos, estão sendoexecutadas múltiplas entradas de tickets, então a dependênciacentral estará na eficiência operacional. É fundamental. Eu só quero que nossos clientes gestores de carteira apenasdiscutam ideias de investimentos conosco, nunca problemasoperacionais, como consultas de liquidação. A eficiênciaoperacional – ou seja, tornar a interação com o Lloydssimples, fácil e eficiente – é meia batalha ganha para garantirum relacionamento de sucesso daqui para frente.

AA: Qual é a proposta de valor da Arena?

RG: A Arena é uma plataforma personalizada de negociação einformações de clientes que atende desde as menores entidadescomerciais até as maiores empresas e principais instituiçõesfinanceiras. Estamos incorporando as últimas tecnologias ecolocando-as totalmente em prática. Nós projetamos a Arenaem colaboração com os nossos clientes através do acessoextensivo e contínuo a suas opiniões por meio do nossoconselho consultivo estabelecido no início do programa.Criamos um produto projetado pelos nossos clientes, para osnossos clientes. Hoje, a Arena é um portal de conteúdo,contendo nossas peças de pesquisa e estratégia, análises deriscos, estruturação e ideias comerciais, e é uma central deexecução para transações de mercado monetário e câmbio.

AA: Você planeja aumentar a cobertura?

Com o tempo, avançaremos para o setor de varejo e riquezas coma Arena. Nós queremos torná-la um balcão único para os nossosclientes; portanto, ter o conteúdo e as centrais de execução em umúnico portal é uma proposta simples para o cliente. Nós já temos a funcionalidade de bate-papo, que possibilita acomunicação entre os nossos clientes, gerentes de

relacionamento e gerentes de vendas. Também introduzimosrecentemente serviços de transação bancária para que osnossos clientes possam monitorar seus fluxos de caixa e saldosatravés do portal. Isso nos permitirá oferecer aconselhamentosobre otimização de caixa, por exemplo, para nossos clientescorporativos. A plataforma realmente abrange vários produtose é escalável. Essa é apenas a primeira das várias etapas que oprograma de desenvolvimento Arena oferecerá.Estamos expandindo para outros segmentos e para outros ativos.Estamos olhando para o setor de varejo com muita proximidadee ofereceremos aos clientes acesso aos fundos de liquidezglobal dos nossos Scottish Widows Investment Products(SWIP). Nossos clientes no lado de impostos e de crédito terãoacesso a todas as informações que precisarem na Arena. Queremos tornar a Arena onipresente em todo o Reino Unido.É uma plataforma que estará focada em todo os segmentos e,portanto, será adequada tanto para a menor empresa querealiza pagamentos internacionais como também para usuáriosde alta frequência no espaço de instituições financeiras.

AA: Veremos essa expansão em 2012?

RG: Estamos continuamente desenvolvendo a plataforma,portanto, vamos ver evoluções de forma contínua. Os serviçosde transação bancária já existem hoje [lançados em fevereirodeste ano]; os desenvolvimentos de acesso a taxas e ao SWIPserão realidade em 2012. Também vamos adicionaravaliações de clientes no decorrer deste ano e nossa intençãotambém é introduzir uma ferramenta sofisticada degerenciamento de pedidos.

AA: Obviamente, existe uma grande história tecnológica aqui.Vocês têm planos de introduzir serviços complementares, porexemplo, corretagem de primeira linha?

RG: Quando entrei, havia várias ofertas de corretagem deprimeira linha disponíveis, portanto, teria sido um verdadeirodesafio para o Lloyds construir a sua própria oferta decorretagem e, ao mesmo tempo, focar no desenvolvimento daArena. Não achei que era o momento certo de entrarmos naárea da corretagem. Atualmente, nosso foco está naquilo queé mais essencial para os nossos clientes e, como aimplementação das mudanças regulamentares provavelmenteafetará o câmbio, teremos que criar uma proposta decompensação, e ainda estamos em um longo processo mentalnesta área.A forma como as plataformas de corretagem de primeiralinha e propostas de compensação se desenvolverem ao longodo tempo será essencial e o Lloyds estará fornecendo umproduto em um prazo que eu acredito que vai suplementarqualquer plataforma de corretagem de primeira linha queconstruirmos de forma independente.

AA: O desejo de expandir para todas as instituições finan-ceiras se estende às negociações de alta frequência?

RG: Totalmente. À medida que a nossa plataformainternacional seja construída e nosso mecanismo deAnders Henrikson, Global Head of FX Trading, with Garwood.

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precificação ProTrade seja aperfeiçoado, vamos observar todosos segmentos do mercado do cliente. Sabemos que o nossofuturo grupo de clientes vai exigir acesso ao mercado de HFT.

AA: Você mencionou o ambiente regulatório, como você vêo cenário?

RG: Nós estamos sendo afetados por uma miríade de novasregulamentações – Basileia III, Dodd-Frank, MiFID, Volckere o Imposto Sobre Operações Financeiras. O que precisamosé de mais clareza e esperamos plenamente novospronunciamentos dos reguladores durante 2012. Felizmente, aindústria de câmbio tem estado, muitas vezes, em umaposição de frente quando se trata de eficiência de liquidação eredução de riscos, componentes principais da mudança deregulamentação que vemos ser introduzida em todos osmercados financeiros. O Sistema de Liquidação em Contínuo (Continuous LinkedSettlement, CLS) é um desenvolvimento importante, e umponto para destacar a forma como a indústria de câmbio impôstais melhorias em si mesma. No Lloyds, precisamos ter essaclareza a fim de fornecer o modelo de negócio mais adequadopara os nossos clientes. Temos que ser ágeis e construir umaplataforma robusta, que permita aos nossos clientes negociarda forma mais eficiente possível. Uma das implicações dessesregulamentos é o aumento dos custos, e nós temos que sermuito cuidadosos sobre a maneira como construímos essaplataforma a fim de mantê-la rentável para nós e para osnossos clientes.

AA: Vamos ver a implementação das estruturas regulatóriasque você mencionou em 2012?

RG: Vamos ver alguma implementação, por exemplo, asregras Volcker serão apresentadas em julho e os bancosprecisam estar preparados e dentro dos limites de Volckernessa altura. Gostaríamos de ver, embora possa demorarmais tempo para realizar, uma condição equitativa global,e eu acredito que a Europa e os EUA estão trabalhandocada vez mais juntos a fim de alcançar uma estruturaacordada, com parâmetros estabelecidos que funcionem emambas as regiões; mas novamente, não há confirmaçãodisso ainda.

AA: Como você prepara sua base de clientes principais nesteambiente?

RG: Gastamos um tempo considerável observando nossaplataforma para compensação do cliente. Mesmo que impactemenos o câmbio a curto prazo, eu pessoalmente acredito quehaverá uma certa quantidade de aumento de regulamentação eque, enquanto as empresas, por exemplo, possam ainda nãoprecisar compensar suas transações de câmbio em dinheiro,temos que oferecer um produto e serviço através do qual elespoderão compensar seu câmbio, se assim desejarem.

AA: Como a chegada das centrais de execução de swaps(SEFs) da Lei Dodd-Frank afeta a oferta de um banco único?

RG: Nossa oferta de banco único oferece aconselhamentosobre conteúdo, pesquisa e estruturação, e também fornececentrais de execução de preços. O primeiro não é afetado, maseu acredito que o último vai fazer parte de qualquerconstrução de futuras SEFs que se materializar a partir dosdesenvolvimentos que estamos vivenciando. Estamosplanejando vincular a Arena dessa forma. Esse portal defornecimento de preço, seja em parceria com outros bancos ouem conjunto com outro local, pode se vincular a tal central.

AA: O banco fez uma declaração importante ao contratarRichard Moore, Darren Coote, Bruno Widmer e MichaelWalsh, para citar apenas alguns. Qual a ambição por trás dessaexpansão?

RG: O Lloyds tem investido há muito tempo em gerentes derelacionamento em todos os espaços corporativos einstituições financeiras, e esses gerentes de relacionamentogarantem uma parceria muito estreita com nossos clientes anível de CEO, CFO e tesouraria. Ao investir nas vendas demaior calibre e funcionários de comércio em toda a nossadivisão de atacado, incluindo câmbio, podemos alavancarnosso capital intelectual para apoiar os nossos clientes, porexemplo, com instituições financeiras, do CIO até a equipe deexecução dos nossos clientes. Nós damos cobertura para aempresa em todas as camadas do gerenciamento.Quando você olha para algumas das contratações que fizemosnos setores de negociação, vendas, pesquisa, estruturação e e-commerce, ou seja, em todos os fluxos de negóciofundamentais para a construção de uma plataforma de câmbioglobal, você pode ver que estamos investindo de forma robustae completa. O pessoal contratado nos últimos 12 a 18 meses éum componente fundamental dessa visão.O capital humano se sobrepõe a eficiência operacional. Paraser uma franquia de sucesso, temos que ser excelentes emtodas as áreas. A Arena, por exemplo, foi aprovada em maiode 2010 e fornecida no prazo e no orçamento em julho de2011. Ela é destinada a satisfazer as necessidades dos nossosclientes e nos permite expandir nossos horizontes – mastemos de ter as pessoas certas para aproveitar estaoportunidade, e eu acredito firmemente que temos aplataforma e as pessoas para fazer isso. �

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Gavin Wells da LCH.Clearnet: NENHUM MOMENTO COMUM

Gavin Wells, CEO do ForexClear da LCH.Clearnet, conversa com AliceAttwood sobre o lançamento do serviço, a sombra que se levanta com aregulamentação e por que a compensação apresentará desafios eoportunidades para o mercado de câmbio.

Alice Attwood: O serviço ForexClear da LCH.Clearnetacabou de entrar no ar. Qual a sua proposta de valor?Gavin Wells: Agora o ForexClear está realizandocompensações de contratos a termo de moeda sem entrega, atempo para o prazo de regulamentação esperado, que deveocorrer primeiro nos EUA no final do terceiro trimestre e naEuropa no próximo ano. Exclusivamente, a LCH.Clearnet temmais de 12 anos de experiência comprovada em compensaçõesde derivativos de balcão e gerenciamento de inadimplência deprodutos de balcão, portanto, alavancamos essa experiênciapara criar o ForexClear.

AA: Quais contratos a termo sem entrega física (NDFs, non-deliverable forwards) podem ser liquidados agora?

GW: Começamos com os seis mais líquidos: o real brasileiro,o rublo russo, a rúpia indiana, o peso chileno, o yuan chinês eo won coreano. Vamos adicionar mais cinco moedas emmeados do ano a tempo para a oferta ao cliente: o pesocolombiano, a rúpia indonésia, o ringgit malaio, o pesofilipino e o dólar taiwanês. Essas moedas cobrem bem mais de90% do mercado de NDFs.

AA: Há quanto tempo o ForexClear está em desenvolvimento? GW: Começamos a desenvolver o serviço de NDF em maiopassado. Entretanto, ele foi desenvolvido com base em umserviço de opções que já tínhamos construído, portanto, umpouco do trabalho subjacente já tinha sido feito. No total,

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devemos ter levado cerca de dois anos e meio para projetar oserviço de ponta a ponta, mas ele tem opções de compensaçãoe futuros em todos os aspectos, menos para liquidação.

AA: Quando você planeja fornecer um serviço completo decompensação para os clientes dos membros de compensação? GW: Lançaremos a compensação por clientes em meados doano. Estamos analisando os requisitos finais do lado docomprador. Temos de nos certificar de que ele seja apropriadopara eles, em especial as estruturas das contas, que são muitodiferentes nos EUA e na Europa no que diz respeito àregulamentação. Também temos de considerar as leis defalência de diferentes jurisdições e estamos trabalhando nissoagora.

AA: Quando o lançamento do ForexClear foi anunciado noano passado, foi reportado amplamente que ele seria umserviço para opções de moeda. Por que houve esse mudançade foco para NDFs?GW: Nas discussões com CLS e bancos centrais, ficou claroque a importância sistêmica do câmbio era tanta, que umaanálise muito robusta do risco de liquidez no câmbio deveriader realizada em todo o mercado, em vez de qualquer CCPúnico. É provável que haverá apenas uma soluçãorecomendada para o risco de liquidez, e a questão é qual é omelhor meio de liquidar? Isso é muito complexo – o risco deliquidez tem estado no mercado de câmbio desde quecomeçou e é atualmente gerido de modo bilateral. Movê-lo dagestão bilateral para um CCP e, portanto, concentrar esse riscode liquidez à medida que ele cresce, requer uma compreensãodetalhada da escala desse risco de liquidez e como os CCPsvão gerenciá-lo. Costumava-se ter a percepção de que a compensação era deoperações ou processamento, mas as quebras do LehmanBrothers e da MF Global mostraram que a compensação trata,na verdade, de gerenciamento de risco – nós somos gestoresde riscos. Nós nunca oferecemos um serviço até que estejamossatisfeitos com o gerenciamento de risco e, então, o estudo dorisco de liquidez é absolutamente essencial – temos de nosassegurar de que isso esteja certo antes de podermoscompensar opções de câmbio.

AA: Mas você ainda planeja compensar opções? GW: Oferecemos serviços para produtos onde há umademanda de mercado. Se você criar algo e tentar vendê-loem um mercado, em particular para os mercados financeiros,raramente ele é aceito. É um modelo muito melhor buscaruma necessidade do mercado e desenvolver algo que atendaa essa necessidade. Hoje, as opções são um produto reguladopela Lei Dodd-Frank e, provavelmente, serão reguladas peloEuropean Market Infrastructure Regulation (EMIR).Portanto, percebemos que haverá uma necessidade demercado e uma vez que houver orientação de agênciasreguladoras e bancos centrais sobre o modo certo para os

CCPs funcionarem com e se conectarem a CLS, lançaremosum serviço de opções.

AA: Você acredita que hoje há maior compreensão do mercadode moedas estrangeiras por parte das agências reguladoras?GW: Sim, acredito – as agências reguladoras atrasaram apublicação de regras para poderem realizar consultas com osmercados. Elas procuraram consultar o mercado paraconsiderar, revisar e reemitir regras em potencial. Éimportante fazer isso direito e isso pode levar algum tempo.Os redatores das regras compreendem que é importanteconsultar o mercado. As mudanças que as pessoas estãoplanejando são enormes. Portanto, pode ter levado mais tempodo que o planejado, mas é melhor que tenha sido feito demodo robusto. Se você analisar o grande volume de comentários a esserespeito, poderá ver quão ativamente o mercado temrespondido à oportunidade de fazer comentários sobre aspolíticas. Houve oportunidade para discutir as coisas de modobastante detalhado com as agências reguladoras.

AA: Em termos de timing para a introdução da regulamen-tação dos mercados financeiros, a perspectiva ainda nãoparece ser clara. Por que você acha isso?GW: Nos EUA, eles estão perto de concluir as regras, mas écrucial acertar da primeira vez. Portanto, decidir quais serãoos participantes e produtos que serão cobertos é de extremaimportância. Isso garante enorme consideração quando se vê onúmero de produtos e participantes que serão afetados.Estamos perto de chegar a uma conclusão e esperamos quehaja maior clareza até o meio do ano.

AA: Você acha que existe perigo de regulamentação excessiva? GW: Não acredito mais nisso. Se as regras não forempublicadas quando esperado, para mim isso significa que estãoconsiderando cada aspecto para terem certeza de que farão acoisa certa, ao invés de tentar cumprir um prazo e acabarproduzindo regras excessivas. O número de participantes domercado e a amplitude de pessoas que foram autorizadas atecer comentários e o interesse em manter os mercadosfinanceiros em ordem, uma vez que o crescimento trarábenefícios globais, é tal que não acredito que haverá excessode regulamentação. Ideias originais para regulamentaçãoforam um ponto de partida que tinha de ser discutido paraavançar em direção a uma regulamentação apropriada. Émelhor começar com muita firmeza e refinar essas regras eisso tem sido o tema durante todo o desenvolvimento das leisDodd-Frank e EMIR.

AA: Quais produtos de câmbio você acha que serão isentosdas regras finais?GW: No câmbio, acho que enquanto opções e NDFs sãoprodutos regulados, haverá compensação voluntária de swaps

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e futuros. Os usuários do mercado frequentemente perguntamse serão capazes de compensar futuros e swaps. Isso ocorrepela visão de que será mais barato compensar do que manter ocapital regulamentado para essas operações. A compensaçãoem si provará oferecer benefícios comerciais ao mercado.

AA: Como você acha que o setor de câmbio dos bancos en-frentará uma era de compensação?GW: Acredito que isso permitirá que se concentrem nasnegociações com menos preocupação com o risco dacontraparte e os riscos de pré-liquidação, o que, por sua vez,permitirá que o mercado de câmbio cresça. Todos estamosconscientes dos números do BIS de 1997 em diante e, emboraainda estejam crescendo, o estudo recente mostra que omercado atingiu o pico de $5 trilhões no semestre passado eestá em $4,7 trilhões agora. Agora precisamos de um novohabilitador, e o CLS está certamente trabalhando para issocom aumento de escala e capacidade de volume. Acompensação é outro habilitador para o mercado. O foco sedesloca para as negociações dos riscos de mercado e não dorisco subjacente.

AA: A compensação dá mais possibilidades para os for-madores de mercados não bancários?GW: Sim. Como o presidente da [CFTC] Gary Gensler diz, acompensação democratiza o mercado. Ela nivela o campo dejogo, proporcionando um limiar mínimo de capital, decapacidade operacional e de capacidades de gerenciamento derisco. O crédito é mitigado pela câmara de compensação,desde que você dê garantia. Não há nenhum motivo pelo qualvocê não possa acessar os mesmos preços como qualqueroutro.

AA: Daqui pra frente, você acha que um banco pode ser umlíder em câmbio sem uma operação forte de corretagemprime/compensação?GW: Acho que seria muito desafiador por que quando eu meencontro com usuários finais, membros do lado comprador,eles falam sobre ter muitos PBs e FCMs. O apetite dosusuários finais é fazer com que seus bancos ofereçam isso e

com o número de bancos existentes, se um deles decidissenão fazer, estaria dando oportunidades aos seus concorrentes.Você precisa de operações de corretagem prime ecompensação.

AA: Existe a possibilidade de haver interoperabilidade entreas câmaras de compensação nos mercados de derivativos? GW: Vejo como possibilidade, pois a interoperabilidade entreas câmaras de compensação oferece aos participantes domercado mais flexibilidade no uso do CCP. O desafio é que ascâmaras de compensação de balcão teriam de usar a mesmametodologia de risco para poderem interoperar. Embora isso

tenha sido conseguido em algumas classes de ativos, osmodelos de risco são um fator de diferenciação para os CCPs,portanto, tentar fazer com que duas câmaras de compensaçãousem exatamente o mesmo gerenciamento de risco seria comotentar fazer com que dois bancos adotassem os mesmosmodelos de preços para opções de câmbio. Certamente, com a EMIR é improvável que ainteroperabilidade seja introduzida para derivativos de balcãono futuro previsível. Entendemos que há o desejo do mercadopor isso e pode ser algo que as câmaras de compensação terãode examinar no futuro. Mas a prioridade agora é compensaroperações de câmbio de modo que seja apropriado ecomercialmente viável para os participantes do mercado, e quetraga os benefícios que a compensação deve trazer – mitigaçãode riscos, segurança e garantia nas operações.

AA: Então, analisando o mercado de compensação como umtodo, qual aspecto da compensação você espera que apresenteos maiores desafios ao mercado e, por sua vez, as maioresoportunidades?GW: Gerenciamento de garantias. O advento da compensaçãono mercado mitiga um grande número de riscos existentes e,quando fornecido com eficiência, traz economias de custopara o capital regulamentado e proporciona garantiasmultilaterais em oposição às garantias bilaterais existentesrealizadas sob a égide das CSAs do ISDA. O uso intensificadoda compensação será acompanhado de uma elevação nademanda por garantias e o montante de garantias a serfornecido será considerado como dimensionável de acordocom várias estimativas do mercado – provavelmente será detrilhões de dólares e não de bilhões de dólares para osmercados financeiros globais. Certamente, existe uma demanda pela garantia mais líquida esegura, mas há um suprimento finito de garantias da mais altaqualidade. Na verdade, muitos daqueles que queremcompensar podem não ter acesso fácil ou mesmo optem porpossuir aquela garantia. Portanto, a compensação proporcionauma oportunidade para ajudar os participantes do mercado atransformar um tipo de garantia em outro – a otimização dagarantia. �

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Talvez por que o câmbio seja amplamente visto comouma classe de ativo “fácil” de automatizar ou talvez porque o cenário regulatório seja menos perigoso para o

mercado de câmbio do que para outras classes de ativos, osbancos continuaram empreendendo sérios esforços para aper-feiçoar suas ofertas de câmbio ao longo dos últimos anos.

Então, o que faz um vencedor? A resposta é a excelência emcada nível da experiência cambial. Desde índices analíticospré-negociação, fornecimento de ideias de pesquisa e hedging,a mais ampla gama de serviços de execução, até uma suíte deprodutos de processamento flexível e abrangente pós-negoci-ação – um banco tem de oferecer tudo.

Os principais players nesse âmbito continuam sendo Bar-clays e Citi, com JPMorgan logo atrás. As potências tradi-cionais são Deutsche Bank e UBS – que estão a meio caminhode aperfeiçoar sua oferta, portanto, embora não estejam exata-mente no nível dos outros, estão alcançando-os rapidamente.Afinal de contas, eles têm o fluxo e a franquia e, sendo assim,os aperfeiçoamentos em curso de tecnologia significam que éapenas uma questão de tempo até que eles representem um de-safio em todos os níveis.

A plataforma Barx continua a ser o destaque – e uma áreaque sentíamos estar um pouco defasada no passado – a corre-tagem prime – está melhorando com rapidez. A verdadeira ex-celência da Barx, do ponto de vista de uma plataforma decâmbio, está na execução, onde o Powerfill+, apesar de seruma versão reduzida da oferta original, ainda continua a man-ter a sua popularidade entre os usuários.

A flexibilidade na execução, juntamente com a fácilgestão de posições e ordens, ajuda a fazer da Barx um exce-lente recurso, em especial para operadores.Inclua os benefícios do Barclays CapitalLive, uma plataforma de opções classificadaentre as melhores, e o novo FX Trade Cen-tre, e você terá uma oferta completa paraatender às necessidades da maioria dosusuários.

Em outros locais, o JPM continua a marcartodos os pontos, embora, mais uma vez, ten-hamos que mencionar os gráficos ligeiramentedifíceis da IGU (que foram melhorados). OJPM tem excelentes qualidades de execução

no MorganDirect, assim como fortes funcionalidades pré- epós-negociação.

No entanto, é provável que as duas plataformas mais interes-santes sejam o Autobahn do Deutsche e o Trader+ do UBS.Dos dois, o Deutsche parece ser o mais avançado para finalizara nova plataforma – o conceito de mercado de aplicativos estáfuncionando a todo vapor e a realidade é tão estimulantequanto acreditávamos.

Grande parte do trabalho do UBS tem sido o desenvolvi-mento de ferramentas de gestão de e-risco, o que significa quea funcionalidade para o cliente – ao mesmo tempo em que foiaperfeiçoada e agregada – não foi ampliada na mesma veloci-dade que a de alguns de seus concorrentes. Para muitos, issopoderia ser um problema; entretanto, o UBS tem a vantagemde instalações soberbas de pós-negociação e uma excelentereputação no setor.

Duas outras plataformas merecem menção. Primeiramente, oCredit Suisse lançou seu novo portal, o Credit Suisse Plus, querepresenta um passo gigantesco para tornar o banco um player

PROFIT & LOSS DIGITAL FX AWARDS:“De olho no cliente”

Todos os anos, a Profit & Loss avalia as plataformas de negociação de operaçõescambiais dos bancos para o Digital FX Awards anual. Este ano, os destaques dessesprêmios incluem os vencedores da melhor plataforma de operações cambiais e damelhor plataforma de operações de mercados emergentes.

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“De olho no cliente”

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de multiativos. No portal, o CS continuou a trabalhar na recon-hecida funcionalidade de seus serviços de câmbio e é larga-mente elogiado entre seus usuários pela robustez e precisão desua formação de preços.

Duas áreas que, provavelmente, ajudariam o CS a se posi-cionar no próximo estágio seriam um conjunto de ferramentasde execução algorítmica que ficasse fora do AES (ou seja, fer-ramentas controladas pelo cliente e não pelo banco), e umaoferta mais forte de corretagem prime.

O outro concorrente é o Royal Bank of Scotland. O RBSMarketPlace tem passado por algumas iterações ao longo daúltima década, pois era, primeiramente, um grupo de platafor-mas reunidas que depois foram sistematicamente integradasem uma só. Hoje, ela está próxima de uma oferta completa.

Vencedor - Citi

É notável a jornada do Citi nos últimos anos. Em todos osaspectos das operações de câmbio, desde a pré-negociação, queinclui o serviço FXWire (escrito de um modo que faz com quevocê queira lê-lo), todas as ferramentas de execução que vocêrequer, até a estrela perene nas operações de câmbio do Citi, aplataforma de corretagem prime FX Click, a plataforma Veloc-ity 2.0 exibe excelência.

Você pode chamar de sorte em termos de timing ou bomplanejamento e previsão, o fato é que o Citi tem conseguidotirar proveito da experiência de outros bancos até um certoponto. Os novos recursos incluem um monitor de spreads nomeio do painel de preços; a capacidade de flutuar e congelarjanelas para construir sua própria tela; e, o mais impression-ante, eles adotaram o conceito de “cubo” criado pelo SocieteGenerale no ano passado e o fizeram funcionar no espaço dasopções cambiais. Desenvolvimentos adicionais foram umailustração gráfica melhor de ordens e mercado, criação degráficos facilitada, a capacidade de dividir operações embloco e rolar.

É evidente que algumas das inovações anteriores do bancoainda continuam sólidas para proporcionar uma base firme àplataforma. O FX Pulse continua sendo uma ferramenta corpo-rativa de destaque, assim como o Click no espaço da corre-tagem prime e os algoritmos de execução da agência emOrdens Inteligentes. O banco também reteve sua força recentena funcionalidade de gestão de ordens e agora tem o campo decâmbio de varejo (banking) para si.

Um aspecto bastante popular do novo Velocity é a sua “lev-eza”. O Citi apenas proporciona a “loja” e os clientes sele-cionam e escolhem o que querem ver.

Isso significa que um cliente pode ter formação de preços,FXWire, índices analíticos PB de nível superior, rascunho deordens e estar efetuando uma operação de agência, tudo namesma tela.

No espaço pré-negociação, os usuários podem ter umstreaming de preços incorporado em seu FXWire e criar tagsem tempo real no Wire para vincular ações de preço a notícias.Se quiser, o usuário pode passar o mouse sobre o gráfico paraver as notícias em um dado momento.

Da mesma forma, o Velocity on the Web é um uso muito in-tuitivo e inovador das equipes de pesquisa e estratégia dobanco, pois ele permite realçar o que está por trás dos ruídosdo mercado por meio da publicação de conversas das mesas ede materiais de pesquisa e estratégia mais formais. Todas as

ferramentas de pré-negociação são vinculadas retroativamenteà execução por meio da capacidade dos usuários de visualizarpreços ao lado dessas ferramentas.

Além de execuções de um e dois cliques, o Citi adicionou aoseu sistema de negociação as altas e baixas do dia em formatográfico (mais uma vez, isso foi testado antes em outros países)e os usuários podem inserir ordens nessa barra.

As ordens algorítmicas de primeira geração estãodisponíveis como parte do conjunto de ferramentas básicasde gestão de ordens. O Citi também introduziu o conceito deslippage garantido em ordens limitadas e permite que osclientes definam distinções em outras ordens. Um aspectoque se provará popular com operadores de IGU é o sistemade alertas de pop-up. Isso alerta o cliente, de forma gráfica,para ordens iminentes no mercado e a conclusão de ordensalgorítmicas.

A funcionalidade de opções de câmbio é um padrão do setor,com uma modificação. Esta é o uso mencionado acima do con-ceito de cubo. Os usuários podem visualizar um streaming depreços de opções em vários formatos diferentes, visualizar asuperfície de volume e outros índices analíticos e executar suaspróprias análises – tudo isso em uma janela pequena ao girar asfaces do cubo. Se necessário, o cubo pode ser minimizado, per-mitindo ao usuário ver todas as janelas relacionadas à opção si-multaneamente.

A base de tudo é a tecnologia que realmente inseriu o Citiem sua jornada para a excelência em operações de câmbio – aplataforma Click. Embora continue sendo uma oferta de corre-tagem prime, vários aspectos do Click foram incorporados emoutros locais, o que significa que clientes de todos os tamanhose formas (e segmentos) podem realizar análise pós-negociação,bem como ter as suas negociações processadas em um ambi-ente totalmente automatizado.

O Velocity 2.0 é o resultado de uma reconstrução completada tecnologia da plataforma de operações de câmbio do Citi emostra os benefícios de ter bases sólidas sobre as quais adi-cionar uma lista de desejos solicitados por clientes.

Melhor plataforma de mercados emergentes

Neste estágio, podemos elogiar o setor bancário por sua dis-posição e habilidade de reagir às demandas dos clientes comrapidez. Há dois anos ressaltávamos o que os clientes já es-tavam dizendo aos seus bancos – o nível de e-service e fun-cionalidade nos mercados emergentes era inadequado.

O setor respondeu dando continuidade ao seu bom princípioem 2011, adicionando mais moedas, melhor funcionalidade eserviços mais abrangentes. Isso só vai melhorar mais se oGoldman Sachs e depois o Barclays (e temos certeza de queoutros seguirão essa tendência) começarem a oferecer stream-ing de preços de contratos a termo de moeda sem entregafísica (NDF, non-deliverable forward) para EBS, o que sig-nifica dados melhores e mais consistentes disponíveis paramodelos de preços.

No ano passado, foi bastante sinalizado que os mercadosemergentes se tornariam uma área de concorrência intensaquando nove bancos nos disseram que procuravam se diferen-ciar por meio da oferta de NDF! Certamente, isso se provouimpossível, mas o nível de concorrência significou que osníveis de serviço tinham evoluído muito – e não mostravamsinal de desaceleração.

O vencedor deste prêmio no ano passado, o Deutsche

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Bank, continuou a impressionar com o Autobahn onshore,assim como diversos serviços em NDFs, e foi acompanhadopor bancos como BNP Paribas, Citi, UBS, RBS e JP Mor-gan ao permitir que clientes negociassem com uma contra-parte onshore. Na realidade, isso não parece ser mais do queum exercício de contabilidade, mas automatizar o processonão foi tarefa pequena e, com tal, aqueles que o fizerampodem estabelecer uma posição de liderança inicial.

Como observado, hoje é difícil encontrar alguém que nãoofereça preços de NDF em inúmeras moedas, portanto, essanão é mais uma área de diferenciação, mas significa que oslíderes são aqueles que oferecem alguns itens extras, como or-dens em NDFs, opções e swaps sem entrega física.

O provedor realmente popular nos mercados emergentescontinua a ser o Goldman Sachs, que entrou de forma defini-tiva nesse segmento em anos recentes e que demonstra seucomprometimento com preços realmente apertados com bonsvolumes. O Goldman também adicionou escalas de liquidezem NDFs, aperfeiçoou a funcionalidade de colocação de or-dens e gestão e, é claro, seus recursos de commodities àplataforma.

Vencedor – Barclays Capital

Há alguns anos, acho que surpreendemos até mesmo o pes-soal do Barclays quando lhes concedemos o prêmio de merca-dos emergentes. Eram dias mais obscuros, quando o leque deserviços disponíveis era universalmente criticado por usuáriosde plataformas e o Barx francamente fez o que fez nos merca-dos emergentes com uma vantagem de voz. Mal sabíamos que

o modelo se provaria o mais bem-sucedido e que a maioria ocopiaria simplesmente fornecendo preços e ordens de NDF domesmo modo que eles o fazem nos mercados desenvolvidos.

O nível de concorrência desse ano foi grande, mas o Bar-clays foi capaz de apontar como um pioneiro. Embora não es-teja sozinho ao oferecer ordens em NDFs, o Barclays seadiantou ao oferecer depósitos de CNH, DCIs, opções e swapsno Barx – ele também começou a oferecer streaming de RUB eswaps sem entrega de BRL.

O fato de esses produtos estarem disponíveis na comprovadae popular plataforma Barx – que os usuários sabem como fun-ciona, por que funciona e quão bem funciona – serviu apenaspara impressionar ainda mais.

Mas, certamente, sendo o Barclays, não se trata apenas decâmbio. No lado da renda fixa, o banco adicionou um leque deprodutos de taxas de mercados emergentes, novamente com amesma funcionalidade que a dos mercados desenvolvidos. Emmuitas partes do mundo, esse produtos são suportados pormeio dos vários ECNs no espaço das taxas, entretanto, nasÁsia, onde a penetração de ECNs é baixa, o banco está re-cebendo avaliações boas por seus serviços em mercados emer-gentes asiáticos.

De certa forma, é difícil definir exatamente por que o Bar-clays se sai tão bem nesse prêmio, mas daí nos damos conta deque é justamente por que não notamos suas ofertas em merca-dos emergentes que elas são tão boas. O banco tem uma rep-utação merecida e estabelecida pela excelência do Barx,portanto, faz sentido enxergar os mercados emergentes comonovos produtos em uma plataforma já bem-sucedida.

Simples, mas devastadoramente eficaz. �

P&L Digital FX Awards Dinner, London, April 18 2012

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As moedas latinas começam asentir uma leve tendência dequeda. No início de agosto, o

Morgan Stanley reexaminou suasprevisões para o mercado de câmbioestrangeiro, com destaque para aAmérica Latina. “De modo geral,esperamos ver as moedas dos MEsoscilando bastante nos próximos meses...achamos que as valorizações sãoatraentes, enquanto o posicionamento emmoedas dos MEs está, no geral, fraco”,declara James Lord, estrategista de

mercados emergentes em Londres, noMorgan Stanley.

O real brasileiro provavelmente iráganhar forças partindo dos níveisatuais, conforme a economia serecupera e os preços das commoditiesleves continuam a subir. “Esperamosque o real brasileiro se fortaleça para1,90 ao fim do ano, com base na visãode nossa equipe econômica, que dizque a China irá mostrar umarecuperação mais tarde neste ano”,disse Lord. O real era comercializado a

2,016 frente ao dólar americano em 20de agosto.

Esse aumento pode parecercontraditório. Acima de tudo, a gigante dopetróleo Petrobras apresenta dificuldadesbem divulgadas em sua exploração dasvastas porém profundas descobertas dopré-sal do Brasil, enquanto os preços dominério de ferro, uma commodity pesadachave do Brasil, ainda está sob pressão.Em agosto, o minério de ferro caiu do queé frequentemente mencionado como a“base” de comercialização chave de US$

Governos latinos combatem pressão emalta no mercado de câmbioA maioria das moedas latinas está empurrando novamente o consumo interno e elevando os preçosdas commodities leves, que amenizam o efeito das commodities pesadas mais fracas. A grande in-cógnita é a intervenção do governo, que impede o aumento tanto do BRL como do CLP.

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120 por tonelada, e seu declínio seacelerou, com os preços caindo parabaixos US$ 111 em meados de agosto.

Existe, no entanto, outra história decommodities que pinta uma visão maisotimista e uma história do consumidorque melhora gradualmente. A seca nosEUA tem levado o preço dascommodities leves para cima,beneficiando os agricultores brasileiros.O agronegócio é uma força cada vez maisimportante para o Brasil, uma vez que opaís se destaca para a posição de segundomaior exportador mundial de soja: oBrasil pode exportar até 15 milhões detoneladas de soja neste ano, enquanto asexportações de milho deram um salto,embora a partir de uma base muitoinferior. Lord destaca que: “Com ospreços das commodities leves nas alturas,as condições brasileiras de comércio já setornaram mais positivas ao longo dasúltimas semanas, mas esses ganhos nãose refletiram na moeda.” Nos últimosmeses, houve sinais de que osconsumidores estão começando a gastarmais, apesar do crescimento do PIBpermanecendo moderado.

O fato de a moeda já não ter subido emrelação ao dólar dos EUA se deve emgrande parte pelas políticasgovernamentais. As pressões de alta sobreo real vindas das commodities levesforam mitigadas pelos controles de capitale cortes de taxas agressivos do BancoCentral, observa Lord. O diretor do bancoAlexandre Tombini cortou repetidamentea taxa Selic referencial, que desceu deuma alta de 12,5% em agosto para o atualnível de 8%. Alexander Gorra, estrategistasênior na BNY Mellon ARX, acredita queas taxas cairão ainda mais conforme ogoverno busca estimular a economia.

Lord também destaca que como o realnão valorizou muito, o Brasil poderiaimportar inflação graças aos preços maisaltos dos alimentos. Ele prevê que esterisco de inflação poderia minar as

tentativas do governo de conter aascensão da moeda. Argumenta, ainda,que a pressão inflacionária estrutural,especialmente relacionada com os custostrabalhistas e melhorias nas condições docomércio, irá conduzir a valorização dataxa de câmbio, ele argumenta.

Taxas de juros mais baixas vão reduziressa força conforme os investidoresestrangeiros deixam os mercados detítulos. As políticas monetárias do BancoCentral já tiveram um efeito substancialsobre os fluxos de carteira, observa FelipePianetti, estrategista de mercadosemergentes do JP Morgan. Fundosjaponeses, que há muito tempo sãoinvestidores substanciais em renda fixabrasileira graças ao diferencial das altastaxas, estão deixando o país, pois além daredução das taxas, a moeda perde a força.Pianetti observa que US$ 52 milhõesforam sacados em cinco dias até 8 deagosto.

“Do ponto de vista de valorização, oBRL ainda está em defasagem secomparado às moedas de commoditiesdo G-10 e ao peso chileno. Ocrescimento continua uma barreiraimportante para um real mais forte nocurto prazo, mas o risco ascendente parao índice de preços ao consumidorpoderia argumentar para uma variaçãomaior”, diz Pianetti. Se a inflaçãoacelerar, o governo pode buscar reduziras intervenções para conter a moeda,estima Pianetti. O Banco Central temuma posição líquida vendida em dólaresdos EUA de US$ 6,2 bilhões emcontratos de swap, ele observa.

Chile

No Chile, a moeda já conta umarecuperação notável desde seuenfraquecimento em setembro eoutubro do ano passado, apesar de umaqueda em maio.

De fato, a valorização recente

significa que o peso chegou a um nívelque no passado provocou uma forteintervenção do Banco Central, dizPianetti. O nível de 475-480 frente aodólar americano desencadeou umprograma de intervenção de US$ 12bilhões, “cujas lembranças ainda estãofrescas”, observa ele.

Além disso, a atividade econômicacontinuou a surpreender com a tendênciapositiva de 6,2% em junho contra aprevisão geral de 5,2%. A inflação, porsua vez, se mantém em baixa, permitindoque a taxa de juros de referência sejamantida em 5%.

O governo chileno está fazendomalabarismos. Ele reconhece que aeconomia é vulnerável a tendênciasglobais, porém, ao mesmo tempo,observa sua resistência até o momento.O Ministro das Finanças, FelipeLarrain, destacou recentemente adinâmica: “Nossa economia irádesacelerar, embora a um ritmo maislento do que a grande maioria dospaíses”, diz ele. “É impossível que umaeconomia imersa em um mundoglobalizado não seja afetada.”

O desejo do governo de intervir paraconter a força da moeda é bem conhecidona região. Peru e Colômbia tambémprecisaram intervir para suavizar a taxade valorização da moeda.

Neste cenário de moedas em ascensão,um grande país latino se destaca. AArgentina enfrenta um cenário bemdiferente: Lord vê o país enfrentandouma “aterrizagem forçada, pois aatividade estagnou” e prevê umadesvalorização significativa para níveisde sete para o dólar dos EUA. O peso eranegociado a 4,61 frente a moedaamericana em 18 de agosto, então umaqueda para sete frente ao dólarrepresentaria um grande declínio, mesmocom a alta taxa de inflação da Argentina,que muitos economistas privados chegama definir em até 25%. �

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Abolsa de valores do Brasil,BM&FBovespa, e a bolsa devalores de Santiago assinaram

recentemente um contrato paradesenvolver o mercado de derivativos doChile, que irá levar a práticas maiseficientes, reduzindo, assim, os custos eos riscos. A negociação de tecnologia eknow-how faz parte de uma iniciativa delonga perspectiva que visa maiscolaboração entre as bolsas de valores daAmérica Latina e demonstra como agorao Brasil é um centro reconhecido demelhores práticas, principalmente namitigação de riscos.

O Brasil já passou por diversas crises e omodelo de negociação de títulos mobiliáriosdo país superou todos esses testes e sedesenvolveu, tornando-se um local lógicopara buscar exemplos, observa AndreHubner, líder de mercados emergentes naAmérica Latina, do HSBC em Nova York.O contrato é: “um passo bom e útil em níveltécnico, mas não leva a uma evolução maiságil do mercado”, comenta Hubner.

Os participantes brasileiros têmcapacidade para liberar as negociações

por meio de uma contraparte central, ummodelo que agora está sendo apreciadopor diversos outros mercados, observaele. Ao aumentar a confiança, umacontraparte central para os derivativosnegociados no balcão pode levar amercados mais profundos, acrescentaHubner. Se o contrato levar a uma

combinação do sistema de gestão decolaterais entre os mercados de balcão e ode futuros, o resultado poderia levar acustos menores de colaterais para osparticipantes do mercado.

O Chile possui um modelo denegociações de balcão para as suasnegociações mais comuns: forwards decâmbio e swaps de juros, diz RodrigoCouto, diretor de negociações de rendafixa para a América Latina do BNPParibas em Nova York. Tratam-se detítulos negociados dealer-a-dealer oudealer-a-investidor e o mercadodesenvolveu alguns produtospadronizados, criando problemas queincluem uma falta de transparência eriscos de contraparte. O modelobrasileiro mudaria esse conceito,acredita Couto. Algumas vezes osinvestidores chilenos esgotam o créditocom os seus corretores e enfrentam umasituação em que não conseguemnegociar. “É muito mais fácil garantir ocolateral por meio de uma câmara decompensação central. Aumenta-se atransparência do preço e remove-se orisco do crédito”, observa Couto.

Só não fica claro com que rapidez osmercados de derivativos do Chilepoderão se desenvolver. Hubner vê ocontrato entre as duas bolsas de valorescomo um desenvolvimento regulatório etécnico. “Não vejo muitas mudanças no

Brasil assina contrato de derivativos com o ChileBrasil transfere know-how para o mercado crescente de derivativos do Chile.

“Os atuantes no mercadogostariam de ver melhorias

nas regras de liquidez para osderivativos no Chile.”

ANDRE HUBNER, HSBCRODRIGO COUTO, BNP PARIBAS

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Projeto em andamentopara compensação de opções de câmbio O projeto de opções de câmbio tem como finalidadegarantir a magnitude do risco a que uma contraparte cen-tral de compensação poderia se expor e garantir que assoluções de compensação abordem as características domercado. Reportagem de Kirsten Hyde.

Adivisão global de câmbio(GFXD) da Global FinancialMarkets Association (GFMA)

assumiu um projeto que tem comofinalidade garantir que qualquer soluçãode compensação desenvolvida paraopções de câmbio abordeapropriadamente as características domercado, em especial a liquidação denegociações em base fisicamenteliquidada.

O projeto de compensação e liquidaçãode opções de câmbio, que começouseriamente em fevereiro como umainiciativa liderada pelo setor que colaboracom reguladores e outas partesinteressadas no mercado, como as CCPs(contrapartes centrais) e o CLS Bank, temcomo objetivo garantir a magnitude dorisco a que uma contraparte central de

compensação poderia ter sido exposta emum determinado dia. Para poder entenderse as opções de câmbio podem sercompensadas, a primeira etapa é entendera magnitude do risco, dizem osespecialistas.

A GFXD está no processo de coletarcinco anos de dados históricos arespeito do mercado de opções decâmbio de cada uma de suas respectivas22 firmas associadas, que,coletivamente, representam mais de90% do mercado global de câmbio, paraquantificar o crédito potencial e osriscos da liquidez.

A iniciativa tem como objetivo sersatisfatória para os requerimentos decompensação aplicados às opções decâmbio de balcão que surgem doscompromissos assumidos pelo Grupo dos

mix de produtos. Trata-se mais demudanças infraestruturais”,acrescenta. Uma grande vantagem deo Chile adotar este modelo será nocálculo das margens iniciais: “Osparticipantes no mercado gostariamde ver melhorias nas regras deliquidez para os derivativos noChile”, acrescenta Couto.

Couto acha que o contrato poderiarealmente ajudar a desenvolver omercado de derivativos do Chile. Atroca criou um novo comitê deprodutos e estará desenvolvendofuturos de câmbio, a grande maioriano momento em negociações em pesochileno para dólar americano, quedeverá ser lançado no segundosemestre do ano. “No momento nãohá volume, portanto, esperamos queeste produto seja muito bemrecebido”, diz Couto.

Os volumes de negociações nomercado local de peso chileno/dólaramericano flutuam entre US$ 1-2bilhões por dia, observa ele.

O Chile se diferencia em algunsaspectos do Brasil: o Chile é muitomais um mercado de ações do que derenda fixa. Na verdade, o mercadode ações do Chile vem crescendorapidamente e agora está quaseequiparado ao mercado do México.No Brasil, não apenas as ações comotambém os derivativos de renda fixadeslancharam e os futuros em dólaramericano negociam em volume ecomprovaram ser populares entre osinvestidores estrangeiros como sãoos futuros de swap de juros. Esseprocesso levará mais tempo noChile, onde há a probabilidade de osfuturos de títulos se comprovarempopulares, embora não sejamlançados até 2013.

Independentemente dos distintosperfis de mercados, orelacionamento entre as duas bolsaslatinas está se solidificando. Umaaliança entre as duas bolsas teveinício em 2010 e outros projetosestratégicos estão no cronograma,como conectividade eencaminhamento de ordens edistribuição de dados sobre omercado. A BM&FBovespaanunciou no mês passado que estáem negociações para participar domercado latino-americano integrado,o MILA, que a aproximaria mais dasbolsas do Chile, Colômbia, Peru eMéxico. �

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20 de reformar os mercados dederivativos de balcão. As opções decâmbio estão sob o escopo decompensação nos EUA, uma tendênciaque provavelmente ocorrerá na Europa.

O desafio que surgiu para os centros decompensação em relação à liquidaçãogarantida de negociações. Falandoamplamente, os ‘princípios para asinfraestruturas do mercado financeiro’,emitidos para fins de consulta públicapelo Comitê de Sistemas de Pagamentos ede Liquidação e pela OrganizaçãoInternacional das Comissões de ValoresMobiliários (CPSS-Iosco, Committee onPayment and Settlement Systems and theInternational Organization of SecuritiesCommissions) em março de 2011,requerem que as CCPs garantamliquidação total e final de maneiraoportuna.

O mercado interpretou que, para seruma CCP, não apenas seria necessáriocoletar margem para compensar aexposição da marca ao mercado, comotambém deveria garantir que há umprocesso de liquidação transparente e semrisco vinculado com a compensação, umaobrigação que potencialmente poderiatolerar as CCPs com risco adicional emuma situação padrão.

O princípio sobre a finalidade daliquidação ainda aparece no documentomais recente da CPSS-Iosco, que foipublicado pela CPSS-Iosco em 16 deabril. Em uma nota explicativa, a CPSS-Iosco relata: “Este princípio exige queas FMIs definam claramente quando aliquidação de um pagamento, ainstrução de uma transferência ou outraobrigação é final, e para concluir oprocesso de liquidação até o final da

data de valor e, de preferência, antes dadata de valor”.

Falando sobre o projeto para a Profit &Loss, James Kemp, diretor geral daGFXD, disse que “várias câmaras decompensação criaram soluções paracompensar as opções de câmbio quefocam no risco da marca para o mercado.Os reguladores não se sentemconfortáveis com a ideia de que uma CCPsomente lide com a marca para o mercadoe não lide com o aspecto físico daentrega. Há preocupações de que sehouver uma ruptura na liquidação, como épossível reverter uma negociaçãopreviamente compensada?

“Como o câmbio é um mercado definanciamento, a liquidez precisa serfornecida no dia. A moeda geralmenterespalda um conjunto completo denegociações secundárias, portanto, se nãoentregar a moeda no dia, ocorre umalacuna no sistema. Uma solução decompensação que não abordeapropriadamente a liquidação poderiaresultar em uma gama de riscosadicionais – risco da liquidez, riscooperacional, risco de Herstatt, etc. – aosistema financeiro durante épocas deturbulências.”

Kemp continua: “Um dos grandesproblemas é a falta de dados. Ondepodemos atuar como uma agência dosetor é para executar um projeto eobservar as opções do mercado nosúltimos cinco anos para saber qual é orisco no mercado em um determinadodia. Se o primeiro ou segundoparticipante perde, quais são osrequerimentos da liquidez em qualquermoeda? Qual é a magnitude do risco? Eisso responderá à pergunta do teste que

os reguladores farão: como o setor irálidar com essa falha na liquidez em umdeterminado dia?

“Isso, então, permite que as CCPstrabalhem com a pergunta do teste com afinalidade de demonstrar aos reguladoresque elas possuem um modelo seguro esensato capaz de lidar com o risco docrédito e com a questão da liquidez. Nãoé até que se faça a pergunta e a análise, noentanto, que é possível começar aoferecer uma solução.”

A GFXD pretende publicar na metadedeste ano um resumo do seu teste eanálise da situação e, daí em diante,começar a discutir com as CCPsinteressadas e, no curso devido, comCLS, a respeito das potenciais soluçõesde opções de câmbio para as CCPs. Issoserá seguido por uma análise do impactode cada uma e, potencialmente, umprojeto para fins de implementação.

“Estamos mantendo diálogos com osparticipantes do mercado de câmbio emdiversas jurisdições para garantir queesse trabalho seja transparente ecoordenado com as principais partesinteressadas. Estamos nos envolvendocom bancos centrais interessados,reguladores com a autonomia sobre asCCPs, as próprias CCPs, fóruns regionaisdo setor de câmbio e participantessecundários. Desejamos que todos osprincipais participantes do mercadotenham uma participação no projeto”,disse Kemp.

“Este é um bom exemplo da liderançado setor. Não se diz isso sem provas,porque coletar os dados não é uma tarefafácil, mas ajudará os reguladores aformular regras e os bancos centrais estãodispostos a entender isso”, acrescentou.

A GFMA representa três das maioresassociações de comércio do mundo parainstituições financeiras na Europa,América do Norte e Ásia: a Associationfor Financial Markets in Europe(Afme), a Asia Securities Industry andFinancial Markets Association(Asifma), e, na América do Norte, aSecurities Industry and FinancialMarkets Association (Sifma). �

“Uma solução decompensação quenão aborde apropriadamentea liquidação poderia resultarem uma gama deriscos adicionais.”

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Brasil controla sua moeda “Temos uma guerra monetária”,

bradou o Ministro das Fi-nanças brasileiro, Guido

Mantega, em março. O “tsunami” dedólares que havia lavado a costa brasileirafoi causado por uma “depreciação novalor das moedas de países em desen-volvimento, prejudicando, assim, ocrescimento” em mercados emergentes,concordou a presidente Dilma Rousseff.Se há uma guerra monetária, o Brasil estávencendo as últimas batalhas.

O real tem oscilado nos últimos anos.Ele atingiu níveis abrasadores em 2008,de quase 1,50 com relação ao dólar dosEUA, logo antes da crise chegar, antes deuma aguda desvalorização, quando caiupara 2,45 com relação ao dólar dos EUA.No último ano, a moeda aumentounovamente e atingiu 1,58 com relação aodólar.

Nesse nível, o Brasil era um dos lugaresmais caros do planeta. Em julho do anopassado, o índice Big Mac do TheEconomist apontou o real como a moedamais supervalorizada do mundo aoconsiderar o PIB per capita, com umasuperavaliação de 149% com relação aodólar dos EUA. Os salários de executivoseram os mais altos do mundo, de acordocom uma pesquisa da Mercer. Os custosde vida em São Paulo tornaram-se osmais altos das Américas.

O declínio do real desde agosto passadofoi impressionante também. A moeda caiuda sua alta de 1,55 com relação aosdólares dos EUA, em 2011, para cerca depouco mais de 1,90, em 7 de maio.

O que causou toda essa turbulência?

Em grande parte, os movimentosvieram de uma série de políticas dogoverno brasileiro, elas mesmas umareação ao efeito serrote no mercado decâmbio. Anteriormente, a resposta doBrasil ao real alto veiopredominantemente via intervenções demercado no mercado imediato e umacúmulo de reservas.

A primeira linha de defesa contra umamoeda em fortalecimento não é diferentedaquela da maioria dos países. O BancoCentral focou em intervenção nosmercados de trocas e imediato. No últimoano, o BC implementou duas e até três

intervenções diárias no mercado decâmbio imediato. O país também buscoumoderar a moeda, acumulandorapidamente reservas internacionais. Elassaltaram de US$ 288,6 bilhões, no finalde 2010, para US$ 352 bilhões, no finaldo último ano.

Até o momento, muito convencional.Mas o país também está testando medidasmenos comprovadas para controlar seusmercados de câmbio desde 2008. Elasincluem uma série de controles de capitalnão ortodoxos cada vez mais profundos ede amplo alcance. As vigorosasintervenções tornaram o Brasil uma áreamuito observada pelos especialistas emcâmbio como um terreno de teste paratais políticas e sua eficácia. “O governoestá comprometido com o combate àpressão monetária utilizando umavariedade de medidas, algumas das quaisnão são ortodoxas”, afirma Ilan Goldfajn,economista-chefe baseado em São Paulodo Itaú BBA, o braço bancário deinvestimento do banco epônimo.

O Brasil precisou recorrer a medidasnão convencionais devido a pressõesinflacionárias. O país não conseguiu

reduzir as taxas de juros do real tantoquanto o mundo desenvolvido porque ahiperinflação dos anos 1980 somente foivencida recentemente, em 1994. Issotornou o Banco Central hipersensível acortar taxas rapidamente, temendo queum ambiente de taxas baixas pudessereacender a alta inflação.

Com uma política monetáriaestritamente limitada, o Brasil recorreu auma série de controles de capital. Em2009, impôs uma taxa financeira de 2%sobre investimentos em obrigaçõesestrangeiras. Isso foi estendido emoutubro para cobrir participaçõesacionárias públicas e privadas. No últimoano, o governo aboliu a detestada taxa de2% sobre participações acionárias, masexpandiu a taxa de obrigaçõesprogressivamente para 6%, um nívelatingido em março do ano passado. Ogoverno recusou-se a indicar quais seriamseus próximos passos.

A falta de transparência foi umaescolha deliberada. Para tornar suas açõesmais eficazes: “O governo optou por nãorevelar suas intenções. Isso manteve omercado adivinhando o que mais poderia

“O governo está comprometido com o combate à pressão monetária utilizando umavariedade de medidas, algumas das quais não sãoortodoxas.”

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estar por vir e desencorajou fluxos deentrada”, afirma Goldfajn.

Demover investidores estrangeiros éuma estratégia arriscada: O Brasil temuma macrossituação que é diferentedaquela de outros mercados emergentes,uma vez que as economias domésticassão baixas, tornando o país dependente deinvestimentos estrangeiros, observa ele.

Goldfajn concorda que os economistasglobais estão mais propensos a perdoarcontroles de capital do que historicamentecostumavam estar, mas acredita que anatureza imprevisível das ações dogoverno brasileiro pode se mostrarprejudicial a investimentos de longoprazo. Além disso, mesmo essas taxas nãopuderam impedir que o real subisse e umpico fosse atingido em agosto passado.

Foi somente naquele mês que o realmarcou uma reviravolta abrupta, e entãouma nova ferramenta entrou em ação: apolítica monetária. Uma rápida série decortes nas taxas de juros obteve sucessoem baixar a moeda. As taxas baixaram3,5% desde agosto passado, quandoestavam em 12,5%, e o Banco Central

indicou que mais cortes nas taxas podemocorrer.

Os cortes nas taxas de juros deramorigem a preocupação, bem como aelogios. A política segue a indicação, noano passado, de Alexandre Tombini comopresidente, sob o novo governo de DilmaRoussef, e vários gerentes de ativostemem que a determinação do governo dereduzir taxas tenha minado a autonomiaduramente conquistada do Banco Centrale possa causar um pico inflacionário maisadiante.

“O Banco Central está trabalhandomais de perto com o Ministério dasFinanças do que jamais ocorreu nosúltimos 15 anos”, afirma AlexanderGorra, estrategista sênior na BNY MellonARX no Rio de Janeiro, que acrescentaque vê mais cortes de taxas com o BancoCentral tentando derrubar as taxas decurto e longo prazos.

Ronaldo Patah, chefe de renda fixa emSão Paulo no Itaú Asset Management, umdos maiores gerentes de ativos do Brasil,com R$ 300 bilhões sob gerenciamento,acredita que o Banco Central tornou-se

muito mais difícil de interpretar sob anova presidência. “Para gerentes de rendafixa, a vida tem sido muito difícil nosúltimos 18 meses, especialmente na curvade renda do governo. Não conseguimosdecifrar o Banco Central de maneiraeficiente”, afirma ele.

Uma pesquisa recente realizada pelaBloomberg destacou o Banco Central doBrasil como o mais imprevisível entre as10 principais economias mundiais.

Patah preocupa-se que o Banco tenhase afastado do seu mandado de controleda inflação para considerar o crescimentodo PIB em suas decisões. Oficialmente, oBanco afirma que está focado somente nainflação, mas muitos economistas einvestidores acreditam que ele tambémestá considerando o crescimento do PIBem sua política de definição de taxas,afirma ele. Ele não vê o Banco Centralcomo tendo uma meta fixa para talcrescimento, mas acredita que o Bancotirou uma folha do livro do FederalReserve, que tem uma consideração decrescimento explícita. A diferença é que oBanco Central do Brasil não tem tal

determinação por escrito. “Se fossemmais explícitos no Banco Central doBrasil, seria mais fácil para todos”, afirmaele.

Os rápidos cortes nas taxas de juroselevaram o espectro de pressõesinflacionárias renovadas no médio prazo.No início do ano, as expectativas deinflação para 2013 estavam subindocontinuamente, afirma Gorra. Entretanto,desde então as condições econômicasglobais fracas justificaram as políticas decorte de juros do Banco, e os últimosdados mostram uma inflação aoconsumidor de 5,24% no Brasil emmarço, o que é menos do que havia sidoprevisto.

O efeito de taxas de juros mais baixasestá se disseminando para várias áreasfora do mercado de câmbio também epondo um fim ao atrativo do carry trade.Taxas de juros mais baixas estão levandoos investidores a analisarem com muitocuidado suas alocações de ativos com ataxa de juros do real na faixa de 3 a 4%.“Estamos atingindo o limite sensível parainvestidores institucionais”, afirma Gorra.

“Muitos têm retornos almejados de 6%mais inflação”, observa ele. Com taxasnominais de 9% e inflação maior que 5%,os retornos reais já estão abaixo de 4%. Ocarry trade, normalmente usando o ienejaponês, não é mais tão atraente e ajuda aexplicar a queda no real.

Os investidores têm mais probabilidadede investir em mercados de participaçõesacionárias públicas e privadas ealternativas, afirma Gorra. A redução damoeda ajudará a facilitar uma série dedistorções que estavam levando aeconomia em direção aos setoresextrativistas e de consumo e afastando-ada manufatura. Alessandra Ribeiro, chefede análise econômica na TendênciasConsultoria em São Paulo, argumenta queo alto custo da mão de obra,especialmente quando convertida emtermos de dólares dos EUA, ajuda aexplicar os baixos níveis decompetitividade internacional dosprodutos brasileiros. No início deste ano,a produção industrial brasileira estavadiminuindo e os fabricantes estavampedindo proteção. Agora que a pressão

monetária foi aliviada, amanufatura provavelmentereceberá um impulso.

Há lições para outros paíseslatinos que também estando

mantendo altos níveis monetários, como aColômbia e o Peru? Provavelmente não.O Peru e a Colômbia não precisaramrecorrer a macromedidas de cautela emfunção dos seus mercados de câmbiomuito menores, se em rápidocrescimento. Os bancos centrais de ambosos países podem obter mais efeito comintervenção direta no mercado de troca eimediato, tanto através de intervençõesquanto de acúmulo de reservasinternacionais.

Anos de intervenção heterodoxa nosmercados monetários do Brasil, através detaxação sobre fluxos de entradaestrangeiros, mostraram-se inconclusivos.É somente um esforço determinado parareduzir a política monetária que pagoudividendos no Brasil. Taxas mais baixaspoderiam, por fim, ajudar o Brasil areequilibrar sua economia longe de umasaudável dependência excessiva dossetores extrativistas e resgatar seu setor demanufatura. Isso se a política monetárianão levar ao pior cenário de todos de altainflação, improvável por enquanto, dadasas condições atuais de recessão global. �

Uma rápida série de cortes nas taxas de juros obteve sucesso em baixar a moeda.As taxas baixaram 3,5% desde agosto passado, quando estavam em 12,5%.

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Mercados digitais

Aqui estão as notícias - Mais rápido do

que nuncaO jogo de latência está se disseminando paraalém das transações, à medida que a co-localização pela mídia on-line cresce empopularidade. Colin Lambert examina asimplicações para os mercados de um serviço denotícias de duas velocidades.

Negociação com informações privilegiadas é uma dasquestões mais sensíveis para os mercados financeiros,especialmente quando envolve eventos importantes. Re-

centemente, o Ministério do Trabalho dos EUA anunciou queiria mudar a maneira como divulgava os dados centrais sobreemprego dos EUA na primeira sexta-feira de cada mês. OMinistério está fazendo isso para fortalecer os procedimentospara tornar o processo mais justo para todos os participantesdo mercado, e, embora tenha havido críticas ao novoprocesso, há temores em certos segmentos de mercado de queum problema ainda maior, mas muito dentro da lei, estejasendo negligenciado.

O problema está relacionado ao maior uso dos algoritmos deexecução de leitura de notícias em mercados financeiros. Ahabilidade de operar algoritmos de leitura de notícias estádisponível há alguns anos, mas apenas recentemente passou paraas operações de câmbio, especialmente em função de que asprincipais organizações de notícias podem ir além da publicaçãode dados básicos de ganhos da empresa para incluir técnicas depublicação mais sofisticadas.

Isso levou a reclamações de alguns setores do mercado deoperações de câmbio sobre “vazamentos de dados” e, ainda pior,“negociação com informação privilegiada”. A prática tem sidodestacada em função de uma ou duas surpresas nos dados quelevaram a fortes movimentos do mercado. Os negociadoresentrevistados pela Profit & Loss alegam que, em três ou quatroocasiões nos últimos dois meses, dados econômicos do ReinoUnido, EUA e Austrália “estavam disponíveis mais cedo que odevido”, como disse um corretor.

As acusações surgem de qualquer coisa até umamovimentação de 50 pontos no mercado quando os dados foramdivulgados, porém, investigações mais profundas parecemindicar que, em vez de as notícias terem sido divulgadas maiscedo, foi simplesmente o caso de algoritmos de notícias tomarema dianteira, e a combinação de um mercado estreito ao redor dedivulgações de dados e a tentativa de venda agressiva pelosalgoritmos exacerbou o que provavelmente seria umamovimentação forte de qualquer forma.

Os corretores que atualmente usam a tecnologia de leitura denotícias afirmam que recebem as notícias ao mesmo tempo que orestante do mundo, porém, sua infraestrutura faz com queestejam mais bem equipados para reagir. “Co-localizamos comos servidores de notícias, o que significa que a mensagem chegaaos nossos algoritmos de execução mais rapidamente”, afirmaum corretor e produtor de mercado baseado nos EUA. “Estamostão vinculados às regras quanto todos os demais, e alegar que

estamos recebendo informações mais cedo não faz sentido –apenas reagimos melhor.”

O corretor indica, ainda, que sob as regras, qualquer um podeco-localizar nos serviços de notícias pelo mesmo preço, “entãonão vejo como isso pode ser injusto”.

Escala e recursos

É um pouco irônico que, embora os corretores manuaisestejam focando em serem “derrotados” por corretores dealgoritmos como o alvo da sua raiva, o pip (ou mesmo umafração de um pip) ímpar pareceria ser nada em comparação aoproblema maior que está se desenvolvendo, ou seja, que asmáquinas podem movimentar o mercado uma grande distânciaantes de os corretores manuais sequer agirem.

Várias fontes familiarizadas com a questão argumentam queesses eventos mostram, em termos de mercado, quão maisrápidas que os humanos as máquinas são. Obviamente, umalgoritmo com uma conexão de baixa latência será mais rápidoque um humano, que precisa usar os olhos, o cérebro e os dedospara executar. O último é expressado em segundos, o primeiro,em milissegundos, e o resultado em pontos pareceria estar entre30 e 50, dependendo do mercado.

Isso sugeriria que qualquer organização que ainda conte com oatendimento de corretores presenciais para lucrar ou proteger obanco de eventos econômicos inesperados precisa analisar comoopera – mas isso leva à questão dos recursos. Bancos de câmbiomaiores, com recursos de algoritmos, já estão operandoalgoritmos de notícias como parte da sua tecnologia de definiçãode preço e risco ou estão analisando urgentemente a questão.

O problema, uma vez que parece ser cada vez mais o caso nomercado de câmbio de hoje, é para aqueles fora no nível superiordos bancos, em que os recursos são mais limitados. Já incumbidoda tarefa de desenvolver plataformas de banco único que possamatender adequadamente a base de clientes central e manter essesclientes fora das mãos dos grandes bancos, vários desses bancosprovavelmente serão desafiados a encontrar os recursos extraspara desenvolver algoritmos de leitura de notícias.

Não é tanto uma questão de poder fornecer proteção para ofluxo de preço do banco em torno de dados econômicos –

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Mercados digitais

frequentemente esses bancos fora do nível superior têm umabase de clientes que é menos (ou não mais) sofisticada que obanco em si – mas de fornecer oportunidades para o banco. “Asdivulgações de dados sempre foram boas oportunidades deganhar dinheiro, uma oportunidade para conseguir pelo menosuma parte da movimentação”, explica um corretor presencial emum banco regional. “Se não tivermos essas oportunidades porqueas máquinas já movimentaram o mercado, o futuro parece muitodesanimador.”

Esses sentimentos sombrios podem ser supervalorizados, jáque outros os veem como parte de uma evolução natural nafunção de um corretor. “O corretor presencial perdeu o controleda função de determinação de preço há muito tempo, seguidapela função de gerenciamento de risco”, afirma um corretoreletrônico em um banco na Europa. “Eles ainda são valiosos parabilhetes maiores, ou quando o cliente deseja falar com oatendimento e executar lá, mas, para o negócio do dia a dia, essetrabalho já era.

“O que está acontecendo agora é que a habilidade do corretorpresencial de empregar os dados também se foi, mas isso nãosignifica que não há oportunidades”, continua o corretoreletrônico. “As máquinas reagem a dados, e nada mais. Sehouver um evento surpreendente, não relacionado à normaesperada, em outras palavras, declarações de política ou atos deDeus, os corretores presenciais ainda têm a vantagem. Eles, naverdade, criam os dados aos quais as máquinas reagem, portanto,lideram a ação. Assim, a questão toda é realmente redefinir afunção do corretor presencial.”

Várias pessoas afirmaram acreditar que a maioria dos bancospode arcar com os custos da tecnologia de leitura de notícias,porém, alguns podem entravar no custo de redes ehospedagem; afinal, argumentam, se uma organização nãobancária relativamente pequena pode arcar com os custos deimplantar tal infraestrutura, por que um banco não pode?Outros acreditam que uma solução mais simples seria afastar-se do mercado durante a divulgação dos dados. “Se vocêacredita que será interceptado, não dê um preço após osdados”, afirma um corretor e produtor de mercado baseado nosEUA. “Se a questão é apenas que você acredita que nãoconsegue lucrar com esses eventos, então estabeleça atecnologia para competir.”

O que, é claro, é mais fácil falar do que fazer, porque, como aexperiência mostra, quando você está no jogo da velocidade, asdemandas sobre a sua tecnologia raramente diminuem. Comomuitos descobriram, esforços constantes para reduzir a latência epara atingir as velocidades mais rápidas do mercado são muitoreguladas pela lei de retornos menores sobre dólares gastos.Muito poucos estarão preparados para entrar em uma corridasimilar para obter as notícias.

Na alegria e na tristeza?

A ação do Ministério do Trabalho é interessante porqueaparentemente coloca a vantagem nas mãos da mídia de rádio etelevisão, em vez de na mídia online, e, portanto, de volta nasmãos do corretor presencial.

O Ministério anunciou que, no futuro, todos os jornalistas daimprensa poderão apenas apresentar recursos em papel, comodocumentos de pesquisa – inclusive canetas e lápis serãobanidos. Atualmente, jornalistas certificados recebem os dados30 minutos antes da divulgação, de modo que possam formatar e

escrever suas matérias para publicação no horário definido.Todas as comunicações por Internet e telefone na sala sãocortadas durante esse período, e uma luz indica quando omomento chega e eles podem clicar no botão “enviar”.

Há, é claro, um grau de latência nesse processo, especialmentequanto tempo leva para um ser humano clicar no botão “enviar”,mas, no futuro, os jornalistas terão de usar computadores doMinistério, o que significa que as matérias precisarão serreformatadas para envio nas várias redes.

A ideia por trás dessa ação é, aparentemente, nivelar o campode jogo, de acordo com o porta-voz do Ministério do Trabalho,mas, durante uma coletiva de imprensa para explicar asmudanças, Carl Fillichio, consultor sênior para comunicações eassuntos públicos no Ministério, foi ambíguo e evasivo aoexplicar que no passado o Ministério teve duas infrações“graves” das regras, recusando-se a esclarecer melhor. Fillichiorepetidamente recusou-se a responder às perguntas dosrepórteres sobre os detalhes das infrações, deixando a claraimpressão de que em uma ou duas ocasiões dados ouinformações vazaram antes do prazo.

Organizações de imprensa acreditam que o novo processopoderia adicionar segundos ou, em casos extremos, minutos, aotempo necessário para as notícias online levarem a matéria aodomínio público e indicam que a mídia de rádio e TV pode ir aovivo com os detalhes imediatamente. Alguns no setor acreditamque isso não é ruim, porque, como um corretor presencial diz,“iria me colocar de volta no jogo”, sendo o raciocínio que aquantidade de latência introduzida no sistema usado pelosalgoritmos de leitura de notícias seria pelo menos equilibrada, senão melhorada, pela habilidade humana de dissecar informaçõesvisuais e auditivas.

Outros são mais viscerais sobre a ação, argumentando que aconcorrência natural que existe no mundo das notíciassignificará que diferentes organizações logo desenvolverãoprocessos para transmitir os dados mais rápido do que nunca. Dequalquer forma, o primeiro uso dos produtores de divulgações denotícias será o relatório de dados de emprego de junho naprimeira sexta-feira de julho.

É difícil definir com precisão quanto impacto osalgoritmos de leitura de notícias estão causando sobre ascondições de mercado reais com relação a divulgações dedados. Vários corretores acreditam que eles são “maisruidosos do que a realidade”, sugerindo que os algoritmos dedefinição de preço estão sempre executando na frente,portanto, tudo o que acontece são as lacunas de mercado de30 a 50 pontos sem ninguém negociando. Isso dito, como umcorretor observou, “se você puder obter um milhão à frentedo mercado, vale a pena”.

Certamente, a maior implantação de algoritmos no espaço denotícias cria uma nova dimensão no mercado, e éprovavelmente uma falta de entendimento com relação ao seuimpacto que leva à acusação ocasional de vazamentos dedados.

Pode haver ocasiões em que há liquidez disponível em tornode dados, e isso significa que os algoritmos, sem dúvida, têmvantagem sobre o corretor humano. Porém, no geral, parecemais provável que os participantes privem os algoritmos deliquidez 10 segundos em qualquer lado das divulgações dedados, ou, de maneira mais pertinente, os algoritmosconsumam a si mesmos – e o mercado de câmbio apenas teráum ajuste de preço mais rápido que anteriormente – semninguém negociando. �

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Mercados digitais

AProfit & Loss realizou a suadiscussão inaugural por webinarno final de maio. “Agregação

forex sem o agravamento” reuniu umpainel de peritos para examinar aimportância da tecnologia corporativano ambiente de hoje.

Os palestrantes foram conduzidospelo editor da Profit & Loss, ColinLambert, atuando como moderador. Ospalestrantes foram Ben Ernest-Jones,arquiteto de soluções para mercados decapitais da Progress Software; StamosFokianos, chefe global de negóciosforex on-line na RBC Capital Markets;Sang Lee, sócio gerente na empresa depesquisa, Aite Group; e Mark Meredith,chefe de análise quantitativa denegócios forex na UBS.

A conversa teve início com a perguntaa Ernest-Jones sobre alguns dos desafiosque os comerciantes enfrentam nosmercados de hoje. Ernest-Jonesdestacou a fragmentação da liquidezcomo um dos principais problemas,principalmente quando os comerciantesestão trabalhando no mesmo par dedivisas em várias jurisdições.

Ele notou que os comerciantes tinham que distinguir entrediferentes profundidades de mercados, preços, números de cotas,bem como se preocupar com custos de corretagem em diferentesjurisdições. “A partilha de locais e diferentes APIs que não sãopadronizadas também são um problema”, ele disse. “Deve-seconsiderar, também, o livro fragmentado, o que significa queexistem várias taxas que vão se cruzar que podem estarobsoletas, de forma que se pode ter uma miragem de liquidez.”

Ernest-Jones também destacou que os comerciantes agora têmque monitorar a exposição de risco tanto interna quanto dos seusclientes se eles estão trazendo um fluxo direto de clientes. Emum nível organizacional mais amplo, ele assinalou que fatoresrelacionados a TI, tais como, reconciliação de comerciantes, STPintegral e manter a posição automatizada também entram naequação.

Voltando ao ponto, Lee, um cofundador do Aite Group, disseque ele viu o cenário regulatório mutável como um desafio paraos comerciantes, mas ressaltou que, atualmente, Dodd-Frankestava orientado somente para as opções forex e NDFs, umaporção relativamente pequena do mercado.

Dito isso, ele também argumentou que os requerimentos maisestritos em informação e algumas das outras regulações em tornodas opções e NDFs “penetrarão” no resto do mercado forex eterão um último impacto no modo que a comercialização, ainformação e o cumprimento precisam ser abordados.

Meredith pensava que o mercado continuaria a ver a liquidez

fragmentada em muitas plataformas, “o que oferece desafios aosbancos que estão tentando criar um preço decente”. Além disso,ele destacou que o fluxo de cobertura de clientes também setornou muito mais complexo em um ambiente onde não há maisuma plataforma interbancária para cada par de divisas.

Enquanto a fragmentação das ofertas de plataforma podefornecer clientes com uma maior escolha à medida que ascondições de concorrência se tornam mais equitativas, aagregação pode oferecer suporte aos bancos que possam estaringressando no mercado a partir do nível mais alto. Ernest-Jones diz: “Você precisa ter habilidade não somente para terum sistema que lhe dê uma opinião sobre todas as diferentesjurisdições com as quais você está comercializando enormalizar tudo isso, mas também é preciso equilibrá-las comas diferentes características que algumas delas oferecem paradistinguir-se”.

A fragmentação traz desafios aos bancos em todos os níveis domercado e os palestrantes viram a agregação como uma funçãochave para negociar o labirinto ampliado de plataformas. Para osbancos fora do primeiro nível, Ernest-Jones destacou que aagregação pode ajudá-los a competir com organizações maiorese manter a sua base central de clientes ao dar aos comerciantesbancários uma visão melhor do mercado e, consequentemente,permitir-lhes agilizar melhores preços.

Como um banco de nível um, Meredith notou que, nosúltimos dois anos, ele tem visto bancos abaixo do primeiro

Agregação forex sem o agravamentoA Profit & Loss realizou recentemente um webinar em associação com a Progress Software.

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Mercados digitais

nível deixarem a competição por fluxo agregado eretrocedendo, também se tornando mais conservadores, efocando-se mais em fluxo corporativo e comercial, onde elespodem sentir que têm uma vantagem comparativa. Issosignifica, disse ele, que estão se envolvendo muito mais deperto com os fornecedores de liquidez bancária, então orelacionamento tem se tornado mais próximo.

Lee concordou que tem havido uma mudança importante nadinâmica do relacionamento entre fornecedores de liquidez eaqueles que as agrega. Ele disse: “Se você tiver uma ideia departicipação de uma perspectiva de comércio eletrônico, querseja você um banco ou um diferente segmento de cliente, (setiver) a habilidade de ver o mercado de uma maneira agregadaonde os dados são normalizados, você será capaz de tomar adecisão certa na hora certa. Este é um requisito mínimo para aparticipação em todos os mercados gerais, mas esta peça dorelacionamento continua a ser muito importante e a capacidadede confiar no fornecedor de liquidez se tornará ainda maisimportante à medida que o mercado progride”.

Fokianos concordou que a agregação é a resposta àfragmentação do mercado, destacando: “É a única forma desobreviver... não é um luxo, mas uma essência para um negócioforex pronto”. Todos os palestrantes concordam que a agregação,quando controlada corretamente, é um potencializador derelacionamentos.

Foi sugerido que um efeito colateral da agregação poderia seruma abordagem mais padronizada, querendo dizer que, paramanter e construir números de clientes, um banco de agregaçãotem que se diferenciar. Quando perguntado sobre o nível dedificuldade de se fazer isso, Ernest-Jones declarou que: “Acimade tudo é a capacidade de se priorizar certas jurisdições. Umavez que você começar a construir estes relacionamentos com osbancos individuais, você precisará da capacidade de direcionar ofluxo em direção ao banco primeiramente, ou, se eles tiverem omesmo preço que outras jurisdições, então, de uma maneiraespecial que os priorize”.

A análise do raio de alcance, taxas de rejeição e da direção do

fluxo também deveriam ser usadasintegralmente para otimizar oprocesso de tomada de decisão dosistema, ele adicionou,continuando que a análise deveriaser em tempo real e que ocomerciante deveria ter acapacidade de priorizar o controle,se necessário, por exemplo, se umfornecedor de liquidez estivesseemitindo uma taxa ruim.

Apesar da crescente velocidadena qual nos movemos em direçãoa um suporte eletrônico, os

relacionamentos permanecem uma parte imperativa da indústriade câmbio estrangeiro, e a utilização da agregação forex,principalmente quando há muitas soluções personalizáveisdisponíveis, pode oferecer suporte às empresas quando elasentram no mercado pela primeira vez ou trabalham paraaumentar o seu serviço atual. Parece que pode ser possívelnivelar o campo de atuação nesta área e permitir aos bancos“lutar contra os adversários” ao adotar a agregação forex, sem oagravamento.

Meredith destacou que algumas ferramentas ajudam o bancofornecedor de liquidez a avaliar o seu próprio desempenho, bemcomo monitorar as atividades dos clientes para garantir que orelacionamento permaneça benéfico para ambas as partes.

Foi aceito que a agregação não era para todos na indústria deforex e que há um limiar quantitativo, abaixo do qual a soluçãotem menos valor. Dito isso, também foi discutido que aagregação pode ajudar um banco a elevar o seu negócio de forexao próximo nível e ajudá-lo a escalar, de forma que seja capaz demostrar aos seus clientes um “corte”, principalmente nosmercados de G10.

O webinar encerrou com perguntas dos presentes em relação àquantidade de fornecedores únicos de bancos e o potencial paraum nível dois muito maior na indústria bancária de forex, assimcomo o potencial de agregação em várias classes de ativos eprodutos. �

Se você quiser ouvir a gravação do webinar, acesse: http://www.profit-loss.com/?q=node/25133

Para mais informações sobre este ou um futuro webinar,entre em contato com Michelle Hemstedt pelo [email protected] ou pelo telefone +(0207) 377 6324.

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Gestão de dinheiro

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Agigante empresa de fundos dehedge, Citadel, acusou o pessoalda concorrente Jump Trading de

roubar o código de algoritmo que dirigiaalgumas das estratégias comerciais daCitadel. Em uma volta interessante, noentanto, a empresa ainda tem queprocessar os empregados, 10 dos quaisdiz a Citadel que passaram a trabalhar naJump nos últimos sete anos. Maisexatamente, isto recai sobre uma leiexclusiva do estado de Illinois, quepermite a solicitação de documentosantes de registrar um processo.

A Citadel está tentando que a Jumplibere informações de propriedadesobre os seus programas decomercialização, supostamente paraaveriguar se eles são os mesmos daCitadel ou, talvez, se eles estãovoltados para estratégias corporativasusadas na Citadel. Um porta-voz daJump falou para a mídia que asacusações são “frívolas e sem mérito”.

A Citadel afirma que, desde que osfuncionários começaram a trabalhar naJump, em 2005, os programascorporativos do antigo Tactical TradingGroup tornaram-se menos lucrativos eafirma que eles estão se comportando deuma maneira coerente como se tivessemsido copiados de outra empresa. Emoutras palavras, a Jump estádesenvolvendo estratégias criadas pelaCitadel lado a lado com a empresa nomercado, tornando o comércio mais“carregado” e, consequentemente, menoslucrativo.

Fontes familiares com o caso dizemque, embora a Citadel provavelmentenão acuse os seus ex-empregados deromper cláusulas de não-concorrênciaem seus contratos, pode afirmar que elesromperam acordos de confidencialidade.Isto levanta um ponto interessante epermanentemente controverso: quempossui o código? É amplamente aceitoque a empresa possui o capitalintelectual criado pelos seusfuncionários, mas como uma empresapode afirmar possuir os recursos

intelectuais dos mesmos funcionários?Como um conselho jurídicorecentemente afirmou: “Sem umalobotomia frontal é impossível”.

Em geral, “levantar” diretamente ocódigo para um disco rígido pessoal ebaixá-lo em uma nova empresa émoralmente incorreto, mas há muitasmaneiras de disfarçar, ao levar somenteum par de peças ou levar o código“antigo” que é facilmente atualizado, porexemplo. Mas, novamente, pergunta-secomo uma pessoa pode dizer a umfuncionário para esquecer tudo o que osfaz atraentes a um empregador ou futurosempregadores?

As táticas da Citadel são interessantes.Parece que estão procurando comparar ocódigo fonte e as táticas diretamente coma Jump, e se a Jump for forçada a passaros documentos adiante, a empresaprocurará novamente estudar os própriosalgoritmos da Citadel como parte da suadefesa. Em outras palavras, ambas asempresas poderiam ter acesso completoaos segredos da outra. Falando com umadvogado com um pouco de experiêncianeste ramo, a Profit & Loss entende que

uma determinada quantidade de código,talvez 80%, terá que ser idêntica para seabrir um processo, mas, naturalmente,diferentes tribunais terão diferentesvisões.

Se a Jump estiver realmente copiandoas estratégias da Citadel, ela terá queresponder a um processo, mas éimprovável que se abra um processo sealgum dos seus programas levaramvantagem sobre o modo como a Citadelopera no mercado, os então chamadosalgoritmos “caçadores-matadores”. Umagrande parte do que se compra ao secontratar um funcionário de umaempresa concorrente é o conhecimento eo entendimento do funcionário de comoa empresa trabalha. Isto poderia ser paraajustar procedimentos de operação e aestrutura de administração. Poderia serporque a empresa que emprega querrenovar as suas estratégias corporativas.De qualquer forma, é uma maneiragenuína de melhorar ou construir umaempresa. Parte da vantagem de entenderos negócios de um concorrente éexplorar oportunidades resultantes desteconhecimento e, embora, ele possa não

Citadel acusa a Jump Trading de “roubar” códigoDuas empresas de fundos de cobertura estão enfrentando acusações de que o seu pessoalroubou o código corporativo em uma disputa que poderia ter ramificações mais importantes,conforme explica Colin Lambert.

A proteção de algoritmos confidenciais será, e tem quecontinuar sendo, uma prioridade para empresas que retêm umamargem competitiva

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Gestão de dinheiro

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ser específico, certos comerciantes naJump poderiam teoricamente ter criadoestratégias para “engatilhar” asestratégias da Citadel. Nem mesmo isto,uma característica do comércio, carecede complexidade, no entanto, para asautoridades jurídicas de algunstribunais, poderia ser visto como “front-running”, embora de uma maneiralevemente diferente daquela geralmenteaceita.

Águas turvas

O processo levantou temores de que, sea Citadel vencer, o mercado estará emáguas turvas em termos deempregabilidade. Os temores são tantosque, como resultado, as pessoaspoderiam mais não trocar mais deemprego, e não somente no ambiente decomércio automatizado. Os principaisbancos geralmente empregam vendedoressênior de suas concorrentes por causa dasua carteira de clientes e doentendimento do mercado. Isto poderia

significar que um vendedor que sair deum banco e for trabalhar em outro nãopode falar com seus ex-clientes. Se aspessoas não forem capazes de alavancar asua experiência e relacionamento, isto astorna praticamente inúteis no mercado detrabalho e têm, aos olhos de muitos, queser afastadas do comércio.

Naturalmente, isto não é um problemasomente para as empresas de fundos decobertura. O mesmo se aplica àsempresas que dirigem negócios forex on-line nos principais bancos. As estratégiasserão semelhantes, principalmente porcausa da substancial porção do trabalhoque o mercado está fazendo às massas,mas não há dúvidas de que há algunsprofissionais de destaque neste segmentode mercado, e eles deveriam estar, eestarão, em demanda.

É isto o que faz a afirmação da Citadelum passo potencialmente perigoso para ofuturo da indústria, por mais inovaçõesque sejam obtidas de uma mistura denovas ideias e novos terrenos parafertilizá-las. Se forem eliminadas, aindústria será um lugar mais pobre.

O julgamento para decidir se a Citadelpode acessar os dados de propriedade daJump ainda está por vir, mas, se isto forconcedido, haverá uma pergunta sobrequem realmente estuda o código. Em umrecente workshop da Profit & Loss, emChicago, James Fischer, um sócio daempresa jurídica Drinker and Biddle,explicou que uma terceira parteindependente seria apontadaprovavelmente do mundo acadêmico.

De qualquer maneira, o caso destacauma bomba relógio potencial comconsequências para todos no mercadofinanceiro. No entanto, para oscomerciantes em particular, a Fischer temuma advertência: “À medida que oespaço de alta frequência se tornaaltamente competitivo, a proteção dealgoritmos confidenciais será e tem quecontinuar a ser uma prioridade paraempresas a fim de manter uma vantagem.Para comerciantes e todos aqueles afins aconcorrência significa oportunidade,mas, também, significa que eles devemusar cautela e juízo ao passar de empresaa empresa”. �

Radar do varejo

Grupo GFI estende o contrato com a Quick Corp

AGFI Market Data, umasubsidiária do Grupo GFI,estendeu o atual

relacionamento que mantém com aQuick Corp. O contrato de colaboraçãoreforçado, em que a GFI fornece dadossobre o mercado de opções de câmbiopara a empresa sediada no Japão, estávigente desde 2005.

A Quick oferece uma gama desuperfícies de volatilidade de opção demoeda cruzada para o iene japonês,relevante para os seus clientesjaponeses. A cobertura do par demoedas da GFI Market Data aumentoudesde que os dados foram originalmenteadicionados em 2005 e agora abrange20 moedas cruzadas para o iene.

O contrato também foi estendidoem 2009, com novos termosintroduzidos, bem como um pacote devendas e distribuição para fins de usocom o aplicativo entre as duasempresas (o Squawkbox da P&L, 7 desetembro de 2009).

Gakuji Takahashi, gerente geralexecutivo da Quick, disse que “estecontrato com a GFI permitirá que anossa empresa continue a fornecer aosnossos clientes dados autoritativos sobreo mercado no Japão e no mundo todo”.

Philip Winstone, líder global dedados sobre o mercado da GFI,declarou que “desde 2005, fornecemosos nossos dados sobre o mercado deopções de câmbio para a Quick e seus

respectivos clientes e é com muitasatisfação que estendemos essecontrato. Nunca houve tantanecessidade por opções de câmbio aopreço real do mercado e de altaqualidade como no momento e, aoestender este relacionamento de longoprazo, os clientes da Quick continuarãoa ter acesso a mais de 100 pares demoedas para opções de câmbiofornecidos a partir dos nossos dados”.

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Mercado do mês

O tempero dos negócios de risco em 2012

O peso mexicano era uma das principais opções para todo omundo no início de 2012. No geral, a liquidez mais flexível noG4, os indícios crescentes de recuperação dos EUA e uma maiorresiliência ao risco principal da Zona do Euro encorajaram o re-torno dos investidores para realizar negócios, incluindo pesomexicano. Mas o excelente ganho de peso – melhor desempenhoglobal em 2012, até a primeira semana de fevereiro – também foio resultado de vários outros fatores, incluindo baixos riscos deintervenção, fundamentos macroeconômicos melhorados e, re-conhecidamente, a abundância de espaço para se recuperar de-pois de ter sido esgotado no final de 2011. Mas atualmente, apósa apreciação significativa do peso mexicano, a incerteza contínuana perspectiva global e as próximas eleições presidenciais noMéxico, existe espaço para ganhos adicionais com o peso mexi-cano? Há vários fatores que sustentam a fé no peso mexicano,mas alguns riscos importantes também precisam ser ponderados.

Sete motivos para adorar o peso mexicano

Liquidez, liquidez, liquidez. Somente a contaremos como umdos motivos para adorar o peso mexicano, mas este é, semdúvida, um dos mais relevantes. O início do ano foi marcado porum aumento na sobrecarga de liquidez no mercado em compara-ção com o tema de risco que acompanha políticas globais aindamais expansionistas e a probabilidade de injeções adicionais nofuturo. O aumento do fluxo em direção a ativos de risco embusca de maior rendimento impulsionou o peso mexicano, umdos ativos mais baratos (em relação a medidas de valor justo) nofinal de 2011. Embora existam alguns sinais de esgotamento depreços, é provável que a liquidez continue sendo um fator chavepara o peso mexicano, especialmente com a falta de sinais deconclusão dos programas de liquidez dos bancos centrais do G4.

Com a Zona do Euro enfrentando recessão e, provavelmente,permanecendo a principal fonte de risco a nível global, as mel-hores possibilidades de demanda industrial e interna dos EUAfavoreceram o interesse no seu vizinho do sul e em sua moeda.Os EUA respondem por 80% das exportações do México (23%do PIB do México) e, apesar do crescimento da China, estaquota de mercado manteve-se constante e até mesmo melhorouem algumas categorias de exportação, especialmente na manu-fatura. Além disso, os EUA também são a principal fonte de tur-

ismo e remessas, que em 2011 chegaram a cerca de USD 23 bil-hões, outros 2% do PIB.

Uma continuação consistente e um apelo ao peso mexicano,apesar de algumas inversões de tendência. Fluxos estrangeirospara ativos de renda fixa mexicanos têm crescido constantementedesde 2010, quando o México se juntou ao World GovernmentBond Index (WGBI), exceto por uma pequena queda quando aaversão ao risco disparou em setembro de 2011. As posições es-trangeiras na dívida pública mexicana atingiram níveis em tornode 40% (acima de 70% em determinados segmentos da curva dejuros local) em comparação aos quase 30% do ano passado. Naverdade, em termos relativos, os influxos de renda fixa no Méx-ico foram maiores do que no resto dos seus colegas da AméricaLatina, incluindo o Brasil e, nos últimos cinco anos, tambémforam maiores do que na maioria das grandes economias de mer-cado emergentes. Enquanto algumas posições parecem “super-povoadas” e os níveis de influxo do S1 2011 serão difíceis demanter, o apelo ao risco ainda pode favorecer a estabilização dopeso mexicano. Além disso, o banco central do México (Banx-ico) já relatou uma leve reversão nos influxos estrangeiros no in-ício de fevereiro visto que o risco diminuiu e os participantes demercado tiveram lucros. Entretanto, o peso mexicano não acom-panhou sua correlação de três meses com o MBono de 10 anos(0,72) e continuou a diminuir. Além disso, a volatilidade do pesomexicano ajustado melhorou, visto que os volumes diminuíramde níveis próximos a 30%, em setembro de 2011, para 13% em2012. Enquanto isso, a inflação relativamente alta provavelmenteajudará a manter as diferenças da taxa, com o Banxico e o Fedem espera por um longo período.

Baixo risco de contágio. O sistema financeiro do México foiminimamente afetado pela crise europeia, tendo passado poruma diminuição de custos de financiamento em 2011 e no iníciode 2012 em relação a 2010. Elevados níveis de capitalização,provisionamento preventivo, baixos níveis globais de influênciae financiamento local obrigatório para subsidiárias estrangeiraslimitam significativamente o canal de contágio financeiro.

Requisitos financeiros limitados também limitam o forneci-mento. Comparativamente, os níveis da dívida do México contin-uam a ser relativamente baixos em 39% do PIB, com menos deum terço em moeda estrangeira. Mesmo em um ano eleitoral, asregras fiscais mexicanas deixam pouca margem para surpresas.Além disso, a duração média continua a aumentar (7,5 em com-paração a 1,5 em 2000), enquanto o México tem sido capaz deemitir obrigações de 100 anos. Um contexto fiscal relativamente

Sobre a adoração (e os riscos) do peso mexicano

Por Alejandro Cuadrado, Chefe da Estratégiade Câmbio na América Latina, BBVA

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Mercado do mês

equilibrado deve se traduzir em uma fonte de obrigações limi-tada, mas constante, ajudando a manter o apelo pelos ativos derenda fixa e também ao peso mexicano.

Certamente este não é um jogo de petróleo, mas preços depetróleo moderadamente mais elevados não causam (muitos)problemas. Preços de petróleo mais altos prendem o peso mexi-cano entre fatores de incentivo (menor procura externa) e desin-centivo (preços de exportação mais elevados, aumento deimpostos). O México é percebido como um grande produtor depetróleo, embora o petróleo represente uma parte relativamentepequena de suas exportações (13% na última década) em relaçãoà fabricação de produtos (80%). Assim, o peso mexicano nãodeve necessariamente se fortalecer como resultado do aumentodos preços do petróleo. De fato, em meio a choques petrolíferos,o peso mexicano exibiu um maior valor beta, especialmente como S&P500 (mesmo quando esses choques poderiam ter sido im-pulsionados pela demanda). Sendo assim, o fator mais relevantepara os preços do petróleo face ao peso mexicano será a extensãoda competição dos preços do petróleo e, por fim, se isso causauma desaceleração significativa na atividade industrial ocidental.

Um banco central não ativista. Ao contrário de muitos de seuscolegas regionais, as autoridades mexicanas permitiram que opeso flutuasse com uma intervenção mínima, em geral apenaslimitando a intervenção ao amortecimento dos picos de volatili-dade ou evitando deslocamentos em condições de liquidez dosmercados de baixo movimento (ou seja, proteção face a quedasdo peso mexicano). O exemplo mais recente ocorreu no final de2011, quando o Banxico estabeleceu leilões diários de USD 400milhões das reservas, caso o peso viesse a enfraquecer em maisde 2% em relação ao dia anterior. Notavelmente, oativismo do Banxico é baixo, mesmo quando há umarazão mais sólida para acumular mais reservas do queseus colegas, visto que o nível de reservas externas doMéxico (USD 147 bilhões no final de 2011 ou 12% doPIB) é relativamente baixo em comparação com outrosbancos centrais regionais que continuam a comprar dólaramericano. Parte dessa lacuna é preenchida pela Linha deCrédito Flexível (Flexible Credit Line, FCL) de USD 72bilhões que o México mantém com o FMI, limitando oacúmulo de reservas do México a operações com aPetróleos Mexicanos (Pemex, a empresa estatal depetróleo). Além disso, os riscos inflacionários na verdadefazem com que o Banxico acolha a robustez relativa dopeso mexicano.

Todos os itens acima justificam de forma geral a re-cente melhora no desempenho do peso, mas o que

podemos esperar do peso mexicano para o restante de 2012? Aperspectiva de longo prazo moderadamente positiva, juntamentecom as avaliações ainda relativamente baratas, favorecem o pesomexicano. De fato, apesar da corrida pelo peso mexicano no iní-cio de 2012, as posições não comerciais persistentes em com-paração com os recordes observados em meados de 2011sugerem que deve haver espaço para maior apreciação do pesomexicano; no entanto, há pelo menos dois riscos relevantes quepodem impedir o alcance dos recordes de 2011. Primeiro, o valorbeta do peso mexicano tende a ser maior durante quedas na bolsae, assim, uma deterioração maior que a esperada nas condiçõeseconômicas globais, principalmente eventos desordenados naUEM, poderia levar a uma grande cessão de ativos de renda fixamexicanos, juntamente com uma depreciação acentuada do peso.Em segundo lugar, as eleições presidenciais no México previstaspara o dia 1º de julho também poderiam adicionar volatilidade acurto prazo aos mercados internos e ao peso mexicano e, aomesmo tempo, poderiam ser um fator de atraso da emissão di-reta. As expectativas de mercado para o progresso significativodas grandes reformas políticas e econômicas já são baixas, dadaa improbabilidade de uma maioria no Congresso. As eleiçõesgovernamentais, as pesquisas recentes e uma moderação notávelna mensagem política de certos candidatos reduzem as chancesde surpresas e podem resultar em menor volatilidade do pesomexicano. Ainda assim, como as preferências dos eleitores mu-daram significativamente em relação às outras eleições, os mer-cados poderiam se tornar altamente sensíveis às políticas, comoum impulsionador a curto prazo do peso mexicano. �

1: USDMXN AND VOLATILITY: TREND AND AVERAGE VALUES SINCE 2005 HIGHLIGHTING PREVIOUS ELECTION (2005-)

2: DEMAND FOR MXN FI (MEX, LATAM, EM)3: 3-MONTH CORRELATIONS TO S&P 500, OIL AND 10YR MBONO (2006-)

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