piscicultura - calagem e adubação
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Universidade Católica de Goiás / Departamento de Zootecnia / Piscicultura - Aula 9 – DESINFECÇÃO CALAGEM E ADUBAÇÃO DE VIVEIROS. Profa.. Dra. Delma Machado Cantisani Padua
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CALAGEM, ADUBAÇÃO E DESINFECÇÃO DE VIVEIROS
CALAGEM: é utilizada para elevar o pH, aumentando o teor de alcalinidade e tornando mais propícia a vida de microorganismos e peixes. A calagem melhora também as características físicas e químicas do solo, proporcionando melhor aproveitamento dos fertilizantes orgânicos ou minerais.
O pH baixo causa: - Menor produtividade do tanque, - Impede a reciclagem de nutrientes (reduz a atividade dos decompositores → reduz a
decomposição da matéria -orgânica → reduz nutrientes liberados para o meio), - Maior vulnerabilidade dos peixes à doenças (muco e brânquias), - Menores taxas de fertilização e sobrevivência de larvas e alevinos.
A quantidade de calcário a ser aplicado depende do pH e da textura do solo do fundo do tanque. Em solos areno-argilosos onde o pH oscila entre 5,0 e 6,5, recomendamos aplicações de 500 à 2.000 kg/ha/ano, os métodos de aplicação são:
1. Fundo do tanque: é o melhor. O tanque deve ser esvaziado, e deve secar ao sol por 1 à 2 dias.
Faz-se a raspagem do lodo, joga-se calcário no fundo e caiam-se as paredes. Esperar 1 semana para adubar e encher o tanque.
2. Massa de água no tanque: o calcário deve ser dissolvido em água e espalhado o mais uniformemente possível pelo tanque.
Os compostos calcários mais utilizados são o pó ou terra calcário CaCO3 , cal virgem ou cal viva moída ou em torrões (é melhor para desinfecções!), e cal hidratada CaO em pó.
OBS: À NÍVEL DE CAMPO, EXPERIMENTOS RECENTES INDICAM QUE O USO DE 100 g/m2 DE CALCÁREO DOLOMÍTICO NUMA ÚNICA APLICAÇÃO EM TANQUES
BERÇÁRIOS É O SUFICIENTE POR TODO PERÍODO DE CULTIVO. ADUBAÇÃO: deve ser procedida 1 semana após a calagem. É feita para aumentar a produção 1ária dos tanques, aumentando deste modo a produtividade final. Os nutrientes mais importantes na adubação dos tanques são o Nitrogênio (N), o Fósforo (P) e o Carbono (C). O C, necessário para a fotossíntese, é geralmente encontrado como produto final da respiração ou de reações de decomposição. O P e N são os elementos limitantes à produção 1ária (algas), secundárias (zooplâncton) e dos peixes como último elo dessa cadeia alimentar. O tipo de fertilizante a ser aplicado, a dose e o intervalo de aplicação depende do tipo de solo e do clima. Em nossas condições vem sendo utilizado o seguinte manejo:
Adubo químico: 200 - 500 kg de sulfato de amônia e 100 – 200 kg de superfosfato simples/ha /ano, divididas em 4 aplicações. Adubo orgânico: 4 à 8 ton/ha/ano, divididos em aplicações quinzenais.
Os métodos de aplicação são: Fundo do tanque: decorridos 7 dias da calagem, é feita a adubação espalhando-se o adubo no fundo do tanque. Encher o tanque, e após 2 dias realizar o peixamento. Massa de água no tanque: no decorrer do cultivo, quando o tanque estiver cheio, o adubo deve ser dissolvido em água e espalhado o mais uniformemente possível pelo tanque. OBS: À NÍVEL DE CAMPO, EXPERIMENTOS RECENTES INDICAM QUE O USO DE 100 g/m2
DE CALCÁREO DOLOMÍTICO NUMA ÚNICA APLICAÇÃO EM TANQUES BERÇÁRIOS É O SUFICIENTE POR TODO PERÍODO DE CULTIVO. TANQUES BERÇÁRIO: 200 g/m2 ANTES DE ENCHER O TANQUE. APÓS 2 DIAS, REALIZAR O PEIXAMENTO E ADUBAR EM INTERVALOS DE 15 EM 15 DIAS, UTILIZANDO 100 g/m2, POR UM PERÍODO DE 60-90 DIAS, TANQUES DE ENGORDA: UTILIZAR SOMENTE RAÇÃO COMO ALIMENTO.
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Ø Preparação do viveiro v Esvaziamento e secagem v Desinfecção v Aplicação de calcário v Oxidação da matéria orgânica v Fertilização v Enchimento
Ø Esvaziamento e secagem (solo não sulfuroso)
q Oxigenação do solo q Oxidar e mineralizar o excesso de matéria orgânica q Tempo de exposição ao sol: até poder andar sem afundar o pé na lama
Ø Esvaziamento e secagem (solo sulfuroso ácido)) q Caracterização: manchas avermelhadas q Teste: solo + água oxigenada è bolhas de gás q Exposição ao sol: produção de ácido sulfúrico q Tratamento: manter pequena lâmina de água e aplicar calcário
Ø Desinfecção: q Natural: exposição ao sol q Química: calcário ou hipoclorito de sódio
- Cal virgem (CaO)- aumento de temperatura e elevação do pH - Cal hidratada (Ca(OH)2)- elevação do pH
Quantidade- 2 ton. / ha - Hipoclorito de sódio - solos muito anaeróbico
§ Lama escura com cheiro de ovo podre § Solução 100 ppm (0,1 g de cloro pôr litro de água) § Quantidade: 01 litro da solução / m2 nas áreas afetadas § Revirar o solo com enxada (pôr exemplo) § Deixar o viveiro exposto ao sol pôr 2 – 3 dias para evaporar o cloro
Ø Aplicação de calcário q Correção do pH q Calcário: calcário calcítico (CaCO3) - + recomendado : dolomítico – CaMg(CO3)2 : cal virgem- CaO - desinfecção : cal hidratada- Ca(OH)2 - desinfecção q Quando deve ser aplicado
§ Alcalinidade da água < 20 mg/l CaCO3 § pH < 6,0 – 6,5 § mesmo realizando fertilizações periódicas, não aumenta o fitoplâncton § solo rico em alumínio
q Benefícios § Elevar o pH § Diminuir a retenção de fósforo no solo § Aumentar gás carbônico § Diminuir a turbidez da água e a quantidade de material em suspensão § Aumentar a alcalinidade da água
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q Quantidade de calcário
PH do solo Argiloso Argilo-arenoso Arenoso
kg CaCO3 /ha kg CaCO3 /ha kg CaCO3 /ha
< 4 14.320 7.160 4.475
4,0-4,5 10.780 5.370 4.475
4,6-5,0 8.950 4.470 3.580
5,1-5,5 5.370 3.580 1.790
5,6-6,0 3.580 1.790 896
6,1-6,5 1.790 1.790 0
>6,5 0 0 0 Ø Oxidação da matéria orgânica
q Exposição ao sol q Calcário q Hipoclorito de sódio q Fertilização nitrogenada
§ Bactérias - decomposição da matéria orgânica § Nitrogênio + pH neutroèfortalecer as bactérias § Quantidade- 10 kg de nitrogênio / ha
Ø Condições ideais
§ pH- 7 – 8,5 § alcalinidade: 40 – 150 mg/l
Ø Fertilização:
§ Benefícios esperados: - aumento da produção secundária - diminuir transparência (controle de macrófitas, estratificação
térmica)
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v Química é concentração de nutrientes ( N, P)
ê é produtividade primária (fitoplâncton)
ê é produção secundária (zooplâncton)
ê é produção de peixes
v Orgânica Adubo orgânico í
é Colonização
(bactérias e fungos) ê
é Produção secundária (zooplâncton)
î
é concentração de nutrientes (N, P)
ê é produtividade primária
(fitoplâncton) ê
é produção secundária (zooplâncton í
PRODUÇÃO DE PEIXES
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q Síntese de compostos orgânicos § Fotossíntese luz CO2 + H 2 O C6H12O6 + H2O
nutrientes § Fórmula da biomassa
265 (CH2O) + 16 (NH 3) + PO4 + 146 (O2) (equivalente a glicose)
C106H180O45N16P1 + 159 (CO2 )+ 199 (H2O)
106 C : 16N: 1P
OBS: peso atômico N= 14,0067 x 16=224,1072 peso atômico P= 30,9738 x 1= 30,9738
7 N : 1 P
• proporções mais utilizadas: 5N : 1P; 3N : 1P; 1N : 1P
q Quantidade desejáveis de fósforo
- 9 kg P / ha ou 0,9 mg P / L q Quantidade desejáveis de nitrogênio
- 45 kg N / ha ou 4,5 mg N / L
q Principais fertilizantes orgânicos ESPÉCIE COMPOSIÇÃO ( % )
H2O N P K20 Cavalo 42 0,49 0,26 0,48 Vaca 75 0,43 0,29 0,44 Porco 74 0,84 0,39 0,32
Carneiro 60 0,77 0,39 0,59 Ave 57 1,31 0,40 0,54
q Principais fertilizantes químicos FERTILIZANTES COMPOSIÇÃO ( % )
N P K Uréia 40-46 0 0 Cloreto de amônio 26 0 0 Nitrato de amônio 26 0 0 Superfosfato simples 0 15 0 Superfosfato triplo 0 45 0
Fosfato diamônico 10 46 0 NPK 20 20 5
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q Prática de adubação Ex. 1: adubação inicial de um viveiro de 01 ha
- proporção: 5 N : 1 P - 9 kg P / ha e 45 kg de N /ha - esterco de gado: 0,29 % de P 100 kg de esterco 0,29 kg de P X 9 kg de P X= 3.100 kg de esterco
Ex. 2: adubação inicial de um vive iro de 01 ha
- proporção: 5 N : 1 P - 9 kg P / ha e 45 kg de N /ha - NPK: 20 % de P e 20 % de N 100 kg de NPK 20 kg de P X 9 kg de P X= 45 kg de NPK
v Como em 45 kg de NPK tem 9 kg de N, então: 45-9=36, ou seja falta
complementar 36 kg de N - Uréia: 45 % de N 100 kg de uréia 45 kg de N X 36 kg de N X= 80 kg de N
q Método de aplicação do fertilizante - Orgânico
• Encher o viveiro ± 20 cm; • Aplicar o esterco espalhando na superfície da água
- químico • Encher o viveiro ± 20 cm; • Dissolver o fertilizante ( 1 parte de adubo para 10-20 partes de água) • Deixar descansar pôr 1-2 horas • Aplicar o fertilizante espalhando na superfície
q Freqüência de fertilização • Inicial: aumentar a produção de fitoplâncton e zooplâncton • Complementar: estabilizar a produção de fitoplâncton e zooplâncton
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q Controle de qualidade da água • Transparência: 30 – 50 cm • OD ao amanhecer: 3 mg / L
OBS: 28 oC – saturação OD 7,7 mg / l 30 oC – saturação OD 7,53 mg / l
q OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
• Decomposição da matéria orgânica deve ser em meio aeróbico; • Decomposição anaeróbica:
v Gás sulfídrico ( 10 vezes mais tóxico que o cianeto) v Gás metano (não é tóxico em baixas concentrações
mas consome oxigênio ao evaporar) v Amônia – tóxica 0,5 mg / l
Porcentagem do nitrogênio amoniacal total encontrado na forma não ionizada ( NH3) a diferentes níveis de pH e temperatura ( Boyd, 1990)
NH3 (% ) temperatura ( oC ) pH 15 20 25 30 7,0 <1 <1 <1 <1 8,0 2 3 5 8 9,0 21 29 36 45 10,0 72 80 85 89
Ø Enchimento do viveiro q Rápido- 2-4 dias para evitar proliferação de macrófitas q Evitar / impedir a entrada de peixes estranhos (predadores e / ou
competidores) - Filtro de pedra (pouco eficaz) - Filtro de disco ( bombeamento ) - Tela 300 micrômetros
POVOAMENTO DE VIVEIROS DE PÓS LARVAS E ALEVINOS
“QUEM SEMEIA VENTO, COLHE TEMPESTADE”
Ø Tamanho do alevino - 8-10 cm
q Aquisição do alevino 2-3 cm q 2ª alevinagem
Ø Densidade de estocagem q 2ª alevinagem – 10-50 alevinos / m2 (em viveiro) 1.000 – 1.500 alevinos/m³ (gaiola) q Engorda: tambaqui- 1 peixe em 1,5 – 2,0 m² curimatã- 1 peixe em 10 m² tilápia- 2 – 3 peixes / m² q Densidade:
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Baixa: 1 peixe em 20 – 50 / m² - Crescimento rápido - Produtividade baixa - Má exploração dos recursos, grandes desperdícios
Ótima: 1 peixe em 2 – 10 / m² - Crescimento regular - Produtividade máxima - Boa exploração dos recursos
Muito alta: acima dos limites anteriores - Crescimento muito baixo ou nenhum - Produtividade muito baixa - Máxima exploração dos recursos, nenhum desperdício ( os alimentos
entretanto, são usados somente para a sobrevivência dos peixes) Ø CUIDADOS ESSENCIAIS
q Lembrar sempre que os alevinos transportados estão estressados devido a captura, acondicionamento e transporte
q Colocar os alevinos “cansados” em tanques ou gaiolas com água corrente até sua recuperação
q Depois de recuperados soltá-los cuidadosamente e contar os alevinos mortos q Se transportados em sacos plásticos deixar em contato com a água durante
alguns minutos e esperar que saiam livremente Ø NUNCA
q Transportar os alevinos fora d'água q Jogar os alevinos no viveiro q Deixar faltar oxigênio no transporte q Ferir os alevinos (pesca e manuseio)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Maria Cecília Nunes da Silva (Engenheira de Pesca - CODEVASF). Fundamentos de Piscicultura. Aracaju, Fevereiro de 2.000. (apostila)