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Pietro Ubaldi I – PARTE II – PARTE III – PARTE INTRODUÇÃO À I OBRA

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  • Pietro Ubaldi

    I PARTE

    II PARTE III PARTE

    INTRODUO I OBRA

  • GRANDES MENSAGENS

    I. MENSAGEM DO NATAL (NATAL DE 1931) ................................................................................................................................................. 1

    II. MENSAGEM DA RESSURREIO (PSCOA DE 1932) ........................................................................................................................... 2

    III. MENSAGEM DO PERDO ............................................................................................................................................................................ 3

    IV. MENSAGEM AOS CRISTOS....................................................................................................................................................................... 6

    V. MENSAGEM AOS HOMENS DE BOA VONTADE ...................................................................................................................................... 6

    VI. MENSAGEM DA PAZ ..................................................................................................................................................................................... 7

    VII. MENSAGEM DA NOVA ERA (NATAL DE 1953) ...................................................................................................................................... 8

    A GRANDE SNTESE

    I. CINCIA E RAZO ......................................................................................................................................................................................... 11

    II. INTUIO ........................................................................................................................................................................................................ 12

    III. AS PROVAS .................................................................................................................................................................................................... 12

    IV. CONSCINCIA E MEDIUNIDADE ............................................................................................................................................................. 13

    V. NECESSIDADE DE UMA REVELAO ..................................................................................................................................................... 14

    VI. MONISMO ...................................................................................................................................................................................................... 15

    VII. ASPECTOS ESTTICO, DINMICO E MECNICO DO UNIVERSO ............................................................................................... 16

    VIII. A LEI ............................................................................................................................................................................................................. 17

    IX. A GRANDE EQUAO DA SUBSTNCIA ............................................................................................................................................... 18

    X. ESTUDO DA FASE MATRIA (). A DESINTEGRAO ATMICA................................................................................................... 18

    XI. UNIDADE DE PRINCPIO NO FUNCIONAMENTO DO UNIVERSO .................................................................................................. 19

    XII. CONSTITUIO DA MATRIA. UNIDADES MLTIPLAS. .............................................................................................................. 20

    XIII. NASCIMENTO E MORTE DA MATRIA. CONCENTRAO DINMICA E DESAGREGAO ATMICA ....................... 20

    XIV. DO TER AOS CORPOS RADIOATIVOS .............................................................................................................................................. 21

    XV. A EVOLUO DA MATRIA POR INDIVIDUALIDADES QUMICAS. O HIDROGNIO E AS NEBULOSAS........................ 21

    XVI. A SRIE DAS INDIVIDUAES QUMICAS DO H AO U, POR PESO ATMICO E ISOVALNCIAS PERIDICAS.......... 22

    XVII. A ESTEQUIOGNESE E AS ESPCIES QUMICAS DESCONHECIDAS ...................................................................................... 24

    XVIII. O TER, A RADIOATIVIDADE E A DESAGREGAO DA MATRIA ( ........................................................................... 25

    XIX. AS FORMAS EVOLUTIVAS FSICAS, DINMICAS E PSQUICAS ................................................................................................. 26

    XX. A FILOSOFIA DA CINCIA ....................................................................................................................................................................... 27

    XXI. A LEI DO DEVENIR ................................................................................................................................................................................... 27

    XXII. ASPECTO MECNICO DO UNIVERSO. FENOMENOGENIA ......................................................................................................... 28

    XXIII. FRMULA DA PROGRESSO EVOLUTIVA. ANLISE DA PROGRESSO EM SEUS PERODOS ...................................... 29

    XXIV. DERIVAES DA ESPIRAL POR CURVATURA DO SISTEMA ................................................................................................... 30

    XXV. SNTESE LINEAR E SNTESE POR SUPERFCIE .............................................................................................................................. 30

    XXVI. ESTUDO DA TRAJETRIA TPICA DOS MOVIMENTOS FENOMNICOS .............................................................................. 31

    XXVII. SNTESE CCLICA. LEI DAS UNIDADES COLETIVAS E LEI DOS CICLOS MLTIPLOS .................................................... 33

    XXVIII. O PROCESSO GENTICO DO COSMOS ......................................................................................................................................... 34

    XXIX. O UNIVERSO COMO ORGANISMO, MOVIMENTO E PRINCPIO ............................................................................................. 35

    XXX. PALINGENESIA (ETERNO RETORNO) ............................................................................................................................................... 37

    XXXI. SIGNIFICADO TELEOLGICO DO TRATADO. PESQUISA POR INTUIO .......................................................................... 38

    XXXII. GNESE DO UNIVERSO ESTELAR. AS NEBULOSAS ASTROQUMICA E ESPECTROSCOPIA ..................................... 39

    XXXIII. LIMITES ESPACIAIS E LIMITES EVOLUTIVOS DO UNIVERSO ............................................................................................ 40

    XXXIV. QUARTA DIMENSO E RELATIVIDADE ....................................................................................................................................... 41

  • XXXV. A EVOLUO DAS DIMENSES E A LEI DOS LIMITES DIMENSIONAIS.............................................................................. 42

    XXXVI. GNESE DO ESPAO E DO TEMPO ................................................................................................................................................ 42

    XXXVII. CONSCINCIA E SUPERCONSCINCIA. SUCESSO DOS SISTEMAS TRIDIMENSIONAIS ........................................... 43

    XXXVIII. GNESE DA GRAVITAO ............................................................................................................................................................ 44

    XXXIX. PRINCPIO DE TRINDADE E DE DUALIDADE .............................................................................................................................. 46

    XL. ASPECTOS MENORES DA LEI ................................................................................................................................................................. 48

    XLI. INTERREGNO ............................................................................................................................................................................................. 50

    XLII. NOSSA META. A NOVA LEI ................................................................................................................................................................... 50

    XLIII. OS NOVOS CAMINHOS DA CINCIA ................................................................................................................................................. 51

    XLIV. SUPERAES BIOLGICAS ................................................................................................................................................................ 52

    XLV. A GNESE ................................................................................................................................................................................................... 53

    XLVI. ESTUDO DA FASE ENERGIA .......................................................................................................................................................... 54

    XLVII. A DEGRADAO DA ENERGIA ......................................................................................................................................................... 56

    XLVIII. SRIE EVOLUTIVA DAS ESPCIES DINMICAS ....................................................................................................................... 57

    XLIX. DA MATRIA VIDA ............................................................................................................................................................................. 58

    L. NAS FONTES DA VIDA .................................................................................................................................................................................. 59

    LI. CONCEITO SUBSTANCIAL DOS FENMENOS BIOLGICOS ......................................................................................................... 60

    LII. DESENVOLVIMENTO DO PRINCPIO CINTICO DA SUBSTNCIA ............................................................................................ 61

    LIII. GNESE DOS MOVIMENTOS VORTICOSOS ...................................................................................................................................... 62

    LIV. A TEORIA CINTICA DA GNESE DA VIDA E OS PESOS ATMICOS ....................................................................................... 63

    LV. TEORIA DOS MOVIMENTOS VORTICOSOS ........................................................................................................................................ 64

    LVI. PARALELOS EM QUMICA ORGNICA .............................................................................................................................................. 65

    LVII. MOVIMENTOS VORTICOSOS E CARACTERES BIOLGICOS .................................................................................................... 66

    LVIII. A ELETRICIDADE GLOBULAR E A VIDA ......................................................................................................................................... 67

    LIX. TELEOLOGIA DOS FENMENOS BIOLGICOS ............................................................................................................................... 70

    LX. A LEI BIOLGICA DA RENOVAO ..................................................................................................................................................... 72

    LXI. EVOLUO DAS LEIS DA VIDA ............................................................................................................................................................. 74

    LXII. AS ORIGENS DO PSIQUISMO ................................................................................................................................................................ 75

    LXIII. CONCEITO DE CRIAO ..................................................................................................................................................................... 76

    LXIV. TCNICA EVOLUTIVA DO PSIQUISMO E GNESE DO ESPRITO ............................................................................................ 77

    LXV. INSTINTO E CONSCINCIA. TCNICA DOS AUTOMATISMOS .................................................................................................. 78

    LXVI. RUMO S SUPREMAS ASCENSES BIOLGICAS ........................................................................................................................ 79

    LXVII. A ORAO DO VIANDANTE............................................................................................................................................................... 81

    LXVIII. A GRANDE SINFONIA DA VIDA ....................................................................................................................................................... 82

    LXIX. A SABEDORIA DO PSIQUISMO ........................................................................................................................................................... 84

    LXX. AS BASES PSQUICAS DO FENMENO BIOLGICO ..................................................................................................................... 86

    LXXI. O FATOR PSQUICO NA TERAPIA ..................................................................................................................................................... 87

    LXXII. A FUNO BIOLGICA DO PATOLGICO .................................................................................................................................... 88

    LXXIII. FISIOLOGIA SUPRANORMAL. HEREDITARIEDADE FISIOLGICA E HEREDITARIEDADE PSQUICA ..................... 88

    LXXIV. O CICLO DA EVOLUO E DA MORTE E SUA EVOLUO ................................................................................................... 90

    LXXV. O HOMEM ................................................................................................................................................................................................ 92

    LXXVI. CLCULO DE RESPONSABILIDADES ............................................................................................................................................ 93

    LXXVII. DESTINO. O DIREITO DE PUNIR .................................................................................................................................................... 95

    LXXVIII. OS CAMINHOS DA EVOLUO HUMANA ................................................................................................................................. 96

    LXXIX. A LEI DO TRABALHO ......................................................................................................................................................................... 97

    LXXX. O PROBLEMA DA RENNCIA ............................................................................................................................................................ 98

    LXXXI. A FUNO DA DOR ........................................................................................................................................................................... 100

  • LXXXII. A EVOLUO DO AMOR ................................................................................................................................................................ 102

    LXXXIII. O SUPER-HOMEM........................................................................................................................................................................... 103

    LXXXIV. GNIO E NEUROSE ........................................................................................................................................................................ 104

    LXXXV. PSIQUISMO E DEGRADAO BIOLGICA ............................................................................................................................... 106

    LXXXVI. CONCLUSES. EQUILBRIOS E VIRTUDES SOCIAIS .......................................................................................................... 107

    LXXXVII. A DIVINA PROVIDNCIA ............................................................................................................................................................ 109

    LXXXVIII. FORA E JUSTIA. A GNESE DO DIREITO ....................................................................................................................... 110

    LXXXIX. EVOLUO DO EGOSMO ........................................................................................................................................................... 112

    XC. A GUERRA. A TICA INTERNACIONAL ............................................................................................................................................. 113

    XCI. A LEI SOCIAL DO EVANGELHO ......................................................................................................................................................... 115

    XCII. O PROBLEMA ECONMICO ............................................................................................................................................................... 116

    XCIII. A DISTRIBUIO DA RIQUEZA ....................................................................................................................................................... 118

    XCIV. DA FASE HEDONSTICA FASE COLABORACIONISTA .......................................................................................................... 119

    XCV. A EVOLUO DA LUTA ....................................................................................................................................................................... 120

    XCVI. CONCEPO BIOLGICA DO PODER ........................................................................................................................................... 121

    XCVII. O ESTADO E SUA EVOLUO ......................................................................................................................................................... 123

    XCVIII. O ESTADO E SUAS FUNES ......................................................................................................................................................... 125

    XCIX. O CHEFE ................................................................................................................................................................................................. 126

    C. A ARTE ........................................................................................................................................................................................................... 127

    DESPEDIDA ........................................................................................................................................................................................................ 129

    AS NORES

    I. PREMISSAS ..................................................................................................................................................................................................... 133

    II. O FENMENO .............................................................................................................................................................................................. 137

    III. O SUJEITO ................................................................................................................................................................................................... 147

    IV. OS GRANDES INSPIRADOS ...................................................................................................................................................................... 151

    V. TCNICA DAS NORES ............................................................................................................................................................................. 166

    VI. CONCLUSES ............................................................................................................................................................................................. 176

    ASCESE MSTICA

    PRIMEIRA PARTE O FENMENO ....................................................................................................................................................... 181

    I. SITUAO DO PROBLEMA ........................................................................................................................................................................ 181

    II. EVOLUO DA MEDIUNIDADE .............................................................................................................................................................. 181

    III. MEDIUNIDADE METAFANIA MISTICISMO .................................................................................................................................. 182

    IV. A CATARSE MSTICA E O PROBLEMA DO CONHECIMENTO ..................................................................................................... 183

    V. OBJETIVISMO E SUBJETIVISMO ............................................................................................................................................................ 184

    VI. O MTODO DA UNIFICAO ................................................................................................................................................................. 185

    VII. ESTRUTURA DO FENMENO MSTICO ............................................................................................................................................. 187

    VIII. COROLRIOS - F E RAZO ............................................................................................................................................................... 188

    IX. DIAGRAMA DA ASCENSO ESPIRITUAL ............................................................................................................................................ 190

    X. PRIMEIRO ASPECTO PLANOS DE CONSCINCIA .......................................................................................................................... 191

    XI. SEGUNDO ASPECTO EXPANSO DE CONSCINCIA .................................................................................................................... 192

    XII. TERCEIRO ASPECTO CONSCINCIAS COLETIVAS .................................................................................................................... 193

    XIII. EGO SUM QUI SUM ................................................................................................................................................................................. 194

  • XIV. DA TERRA AO CU ................................................................................................................................................................................. 195

    XV. METODOLOGIA MSTICA ...................................................................................................................................................................... 197

    XVI. A NOITE DOS SENTIDOS ....................................................................................................................................................................... 198

    XVII. A UNIFICAO ...................................................................................................................................................................................... 200

    XVIII. INCOMPREENSO MODERNA ......................................................................................................................................................... 202

    XIX. O SUBCONSCIENTE ................................................................................................................................................................................ 202

    XX. O SUPERCONSCIENTE ............................................................................................................................................................................ 203

    SEGUNDA PARTE A EXPERINCIA ....................................................................................................................................................... 205

    I. EM MARCHA .................................................................................................................................................................................................. 205

    II. NAS PROFUNDEZAS .................................................................................................................................................................................... 206

    III. DOR ................................................................................................................................................................................................................ 208

    IV. RESSURREIO ......................................................................................................................................................................................... 209

    V. A EXPANSO ................................................................................................................................................................................................. 211

    VI. A HARMONIZAO ................................................................................................................................................................................... 212

    VII. A UNIFICAO .......................................................................................................................................................................................... 213

    VIII. A SENSAO DE DEUS .......................................................................................................................................................................... 215

    IX. CRISTO .......................................................................................................................................................................................................... 216

    X. AMOR .............................................................................................................................................................................................................. 217

    XI. A REDENO .............................................................................................................................................................................................. 218

    XII. ASCESE DA ALMA .................................................................................................................................................................................... 220

    XIII. MINHA POSIO ..................................................................................................................................................................................... 221

    XIV. MOMENTOS PSICOLGICOS .............................................................................................................................................................. 224

    XV. IRMO FRANCISCO ................................................................................................................................................................................. 225

    XVI. VISO DA CATEDRAL GTICA ........................................................................................................................................................... 226

    XVII. PROFETISMO .......................................................................................................................................................................................... 226

    XVIII. OS ASSALTOS ........................................................................................................................................................................................ 227

    XIX. TENTAO................................................................................................................................................................................................ 229

    XX. INFERNO ..................................................................................................................................................................................................... 230

    XXI. QUEDA DA ALMA .................................................................................................................................................................................... 230

    XXII. MEA CULPA ............................................................................................................................................................................................. 231

    XXIII. CNTICO DA UNIFICAO ............................................................................................................................................................... 231

    XXIV. BEM-AVENTURANAS ........................................................................................................................................................................ 231

    XXV. CNTICO DA MORTE E DO AMOR ................................................................................................................................................... 232

    XXVI. PAIXO. ASSIS, QUINTA-FEIRA SANTA, 1937. .............................................................................................................................. 232

    Vida e Obra de Pietro Ubaldi (Sinopse)...........................................................................................................pgina de fundo

  • Pietro Ubaldi GRANDES MENSAGENS 1

    GRANDES MENSAGENS

    I. MENSAGEM DO NATAL (NATAL DE 1931)

    No silncio da Noite Santa, escuta-me. Pe de lado todo o

    saber e tuas recordaes; pe-te de parte e esquece tudo. Aban-

    dona-te minha voz; inerte, vazio, no nada; no mais completo

    silncio do espao e do tempo. Neste vazio, ouve minha voz

    que te diz ergue-te e fala: Sou eu.

    Exulta pela minha presena; grande bem ela para ti; gran-

    de prmio que duramente mereceste. aquele sinal que tanto

    invocaste deste mundo maior em que vivo e em que tu creste.

    No perguntes meu nome; no procures individuar-me. No

    poderias; ningum o poderia. No tentes uma intil hiptese.

    Sabes que sou sempre o mesmo.

    Minha voz, que para teus ouvidos terna, como amiga

    para todos os pequeninos que sofrem na sombra, sabe tam-

    bm ser vibrante e tonante, como jamais a sentiste. No te

    preocupes; escreve. Minha palavra dirige-se s profundezas

    da conscincia e toca, no mais ntimo, a alma de quem a es-

    cuta. Ser somente ouvida por quem se tornou capaz de ouvi-

    la. Para os outros, perder-se- no vozear imenso da vida. No

    importa, porm; ela deve ser dita.

    Falo hoje a todos os justos da Terra e os chamo de todas as

    partes do mundo, a fim de unificarem suas aspiraes e preces

    numa oblata que se eleve ao Cu. Que nenhuma barreira de re-

    ligio, de nacionalidade ou de raa os divida, porque no est

    longe o dia em que somente uma ser a diviso entre os ho-

    mens: justos e injustos.

    A diviso est no ntimo da conscincia, e no no vosso as-

    pecto exterior, visvel. Todos os que sinceramente querem

    compreender o compreendem. Cada um, intimamente, se co-

    nhece, sem que o prprio vizinho possa perceb-lo.

    Minha palavra universal, mas tambm um apelo ntimo,

    pessoal, a cada um. Muitos a reconhecero.

    Uma grande transformao se aproxima para a vida do

    mundo. Minha voz singular, porm outras se elevaro, muito

    em breve, sempre mais fortes, fixando-se em todas as partes do

    mundo, para que o conselho a ningum falte.

    No temas; escreve e olha. Contempla a trajetria dos

    acontecimentos humanos; ela se estende pelo futuro. Quem

    no est preso nas vossas frreas jaulas de espao e tempo,

    v naturalmente o futuro. Isso que te exponho vista tam-

    bm coerente segundo vossa lgica humana e, portanto, vos

    compreensvel.

    Os povos, tanto quanto os indivduos, tm uma responsabi-

    lidade nas transformaes histricas, que seguem um curso l-

    gico; existe um encadeamento de causas histricas que, se so

    livres nas premissas, so necessrias nas consequncias.

    A lei da justia, aspecto do equilbrio universal, sob cujo

    governo tudo se realiza, inclusive em vosso mundo, quer que o

    equilbrio seja restaurado e que as culpas e os erros sejam cor-

    rigidos pela dor. O que chamais de mal, de injustia, a natu-

    ral e justa reao que neutraliza os efeitos de vossos atos. Tudo

    desejado, tudo merecido, embora no estejais preparados

    para recordar o como e o quando. De dor est cheio o vos-

    so mundo, porque um mundo selvagem, lugar de sofrimento

    e de provas. Mas no temais a dor, que a nica coisa verda-

    deiramente grande que possus. o instrumento que tendes pa-

    ra a conquista de vossa redeno e de vossa libertao. Bem-

    aventurados os que sofrem, Cristo vos disse.

    O progresso cientfico, principal fruto de vossa poca, ainda

    avanar no campo material. Est, entretanto, acumulando ener-

    gias, riquezas, instrumentos para uma nova e grande exploso.

    Imaginai a que ponto chegar o progresso mecnico, ampliando-

    se ainda mais, se tanto j conseguiu em poucos anos! No mais

    existiro, na verdade, distncias; os diferentes povos de tal modo

    se comunicaro, que haver uma sociedade nica.

    A mente humana, porm, troca de direo de quando em

    quando, vive ciclos, perodos, e, nessas vrias fases, deve de-

    frontar diferentes problemas. O futuro contm no s continu-

    aes, mas transformaes; consequncias de um processo na-

    tural de saturao. O vosso progresso cientfico tende a tor-

    nar-se e tornar-se- to hipertrfico porque no contrabalan-

    ado por um paralelo progresso moral que o equilbrio no

    poder ser mantido nos acontecimentos histricos. Tem cres-

    cido e, sem precedentes na histria, crescer cada vez mais o

    domnio humano sobre as foras da natureza. Um imenso po-

    der ter o homem, mas ele, para isso, no est preparado mo-

    ralmente, porque a vossa psicologia, infelizmente, , em subs-

    tncia, a mesma da tenebrosa Idade Mdia. um poder dema-

    siadamente grande e novo para vossas mos inexperientes.

    O homem ser dominado por uma to alargada sensao

    de orgulho e de fora, que se trair. A desproporo entre o

    vosso poder e a altura tica de vossa vida far-se- cada dia

    mais acentuada, porque cada dia que passa irresistivelmen-

    te para vs, que vos lanastes nessa direo, um dia de pro-

    gresso material.

    As ideias so lanadas no tempo com massa que lhes

    prpria, como os blidos no espao. Eu percebo um aumen-

    tar de tenso, lento porm constante, que preludia o inevit-

    vel explodir do raio. Essa exploso a ltima consequncia,

    mesmo de acordo com a vossa lgica, de todo o movimento.

    Desproporo e desequilbrio no podem durar; a Lei quer

    que se resolvam num novo equilbrio. Assim como a ltima

    molcula de gelo faz desmoronar o iceberg gigantesco, as-

    sim tambm de uma centelha qualquer surgir o incndio.

    Antigamente os cataclismos histricos, por viverem isolados

    os povos, podiam manter-se circunscritos; agora no. Muitos

    que esto nascendo v-los-o.

    A destruio, porm, necessria. Haver destruio so-

    mente do que forma, incrustao, cristalizao, de tudo o que

    deve desaparecer, para que permanea apenas a ideia, que sinte-

    tiza o valor das coisas. Um grande batismo de dor necessrio,

    a fim de que a humanidade recupere o equilbrio livremente vi-

    olado; grande mal, condio de um bem maior.

    Depois disso, a humanidade, purificada, mais leve, mais se-

    lecionada por haver perdido seus piores elementos, reunir-se-

    em torno dos desconhecidos que hoje sofrem e semeiam em si-

    lncio, retomando, renovada, o caminho da ascenso. Uma nova

    era comear; o esprito ter o domnio, e no mais a matria,

    que ser reduzida ao cativeiro. Ento, aprendereis a ver-nos e a

    escutar-nos; desceremos em multido e conhecereis a Verdade.

    Basta por agora; vai e repousa. Voltarei; porm recorda

    que minha palavra feita de bondade, e somente um objeti-

    vo de bondade pode atrair-me. Onde existir apenas a curio-

    sidade, desejo de emoo, leviandade ou ainda cptica pes-

    quisa cientfica, a no estarei. Somente a bondade, o amor,

    a dor, me atraem.

    Eu presido ao progresso espiritual do vosso planeta, e, para

    o progresso espiritual, um ato de bondade tem mais valor que

    uma descoberta cientfica. No invoqueis a prova do prodgio,

    quando podeis possuir a da razo e da f. vossa baixeza que

    vos leva a admirar, como sinal de verdade e poder, a exceo

    que viola a ordem divina. Se isso pode assombrar-vos e con-

    vencer-vos, a vs, anarquistas e rebeldes, para ns, no Alto, ela

    constitui a mais estridente e ofensiva dissonncia; a mais re-

    pugnante violao da ordem suprema em que repousamos e em

    cuja harmonia vibramos felizes. No procureis semelhante

    prova; reconhecei-a, antes, na qualidade da minha palavra.

    A todos digo: Paz!

  • 2 GRANDES MENSAGENS Pietro Ubaldi

    II. MENSAGEM DA RESSURREIO

    (PSCOA DE 1932)

    De alm do tempo e do espao chega minha voz. uma voz

    universal que fala ao mundo inteiro e verdadeira permanece

    atravs dos tempos. A verdade no pode sofrer mudanas se

    olhada por esta ou aquela nao, se observada por uma raa ou

    outra, porque a alma humana sempre a mesma em toda parte,

    se examinada em sua profundeza.

    Venho a vs, na Pscoa, acima de tudo para iluminar e con-

    fortar, pois vos achais imersos numa vaga de dores. Crise a de-

    nominais e a imaginais crise econmica. Eu, porm, vos digo

    que se trata de uma crise universal, crise de todos os vossos va-

    lores morais, de todas as vossas grandezas. o desmoronar-se

    de todo um mundo milenrio. Digo-vos que a crise se encontra

    sobretudo em vossas almas; crise de f, de orientao, de espe-

    ranas. o vertiginoso momento de grandes mutaes.

    Trago-vos esperana, orientao, paz. A cada um falo hoje a

    palavra da verdade e do amor, palavra que no mais conheceis.

    Quero reconduzir-vos s origens milenrias da f com o intelecto

    novo, nascido de vossa cincia. No dia da ressurreio, repito-

    vos a palavra da ressurreio, a fim de que possais compreender

    a dor e ultrapasseis as estreitas fronteiras de vossa vida. Comovi-

    do, falo a cada um no sagrado silncio de sua conscincia.

    tu que ls, afasta-te por um momento dos inteis rudos

    do mundo e escuta! Minha voz no te atingir atravs dos sen-

    tidos, mas, atravs desta leitura, senti-la-s aflorar dentro de ti

    na linguagem de tua personalidade. Minha voz no chega, co-

    mo todas as coisas, do exterior, contudo surgir em ti, por ca-

    minhos desconhecidos, como coisa tua, da divina profundeza

    que em ti existe e na qual tambm estou.

    O universo infinito, e de longe venho, atrado pela tua dor.

    Nada me atrai tanto como a dor, porque somente nela o homem

    se torna grande, se purifica e se redime, dirigindo-se para desti-

    nos mais elevados. triste serdes assim golpeados, mas, so-

    mente sofrendo, podeis compreender a realidade da vida. Exul-

    ta, porque este o esforo da tua ressurreio!

    A quem sofre eu digo: Coragem! s um decado que na

    sombra reconquista a grandeza perdida.

    a justa reao da Lei, que livremente transgredistes e que

    exige o retorno ao equilbrio; instrumento de ascenso, a dor vos

    aponta o caminho de que fugistes; impe-vos reabrirdes vossa

    alma, fechada pelas alegrias fceis que infelizmente vos cegam,

    para que alcanceis jbilos mais altos e verdadeiros. A dor uma

    fora que vos constrange a refletir e a buscar em vs mesmos a

    verdade esquecida. imposio de um novo progresso.

    Abraa com alegria esse grande trabalho que te chama a

    realizaes mais amplas. Se no fosse a dor, quem te foraria a

    evolver para formas de vida e de felicidade mais completas?

    No te rebeles; pelo contrrio, ama a dor. Ela no uma

    vingana de Deus, e sim o esforo que vos imposto para mais

    uma conquista vossa.

    No a amaldioes, mas apressa-te a pagar o dbito contrado

    pelo abuso da liberdade que Deus te deu para que fosses consci-

    ente. Abenoa essa fora salutar, que, superando as barreiras hu-

    manas, sem distino, transpe todas as portas, penetra o que

    secreto, e fere, e comanda, e dispe, e por todos se faz compre-

    ender. Abraa a dor, ama-a, e ela perder sua fora. Aceita a in-

    dispensvel escola das ascenses. Se te revoltares, tua fora nada

    conseguir contra um inimigo invisvel, e a violncia, em retor-

    no, mais impetuosamente cair sobre ti.

    Coragem! Ama, perdoa e ressuscita! No procures nos ou-

    tros a origem de tua dor, mas sim em ti mesmo, e arrepende-te.

    Lembra-te de que a dor no eterna, porm uma prova que du-

    ra at que se esgote a causa que a gerou. Tua dor avaliada e

    no ir jamais alm de tuas foras. O mundo foi criado para a

    alegria, e a alegria lhe voltar. Da outra margem da vida, outras

    foras velam por ti e te estendem os braos, mais do que tu an-

    siosas pela tua felicidade.

    Falei com o corao ao homem de corao. Falarei agora

    inteligncia.

    Tendes, homens, a liberdade de vossas aes, nunca a de

    suas consequncias. Sois senhores de semear alegria ou dor em

    vosso caminho, e no o sois de alterar a ordem da vida. Podeis

    abusar, porm, se abusardes, a dor reprimir o abuso. De cada

    um de vossos males, fostes vs mesmos que semeastes as causas.

    O maior erro de vossos tempos a ignorncia da realidade

    moral, ntima orientao da personalidade, que o fundamento

    da vida social.

    O homem moderno se aproxima de seu semelhante para to-

    mar-lhe alguma coisa, nunca para benefici-lo. A vossa civiliza-

    o, que econmica, est baseado no princpio do ut des, que

    a psicologia do egosmo. a fora econmica sempre a reger o

    mundo. A psicologia coletiva no seno a soma orgnica dessas

    psicologias individuais. A riqueza se acumula onde a fora a

    atrai, e no onde a necessidade ou superiores exigncias a recla-

    mam; no constitui instrumento de uma vida de justia e de bem,

    mas sim mquina de poder, representando em si mesma um obje-

    tivo. A lei de equilbrio constantemente violada e impe rea-

    es. No dominais a riqueza, conduzindo-a a fins mais eleva-

    dos; a riqueza que vos domina.

    Trabalhai, mas que o escopo do vosso trabalho no se reduza

    apenas a proveitos isolados e egostas, e sim a frutificar no orga-

    nismo social; somente ento se formar aquela psicologia coleti-

    va, que a nica base estvel da sociedade humana.

    Fazei o bem, todavia lembrai-vos de que o pobre no deseja

    propriamente o suprfluo de vossas riquezas, mas que desais

    at ele, que partilheis de sua dor e, at, que a tomeis para vs,

    em seu lugar.

    Venerai o pobre; ele ser o rico de amanh. Apiedai-vos

    do rico, que amanh ser o pobre. Todas as posies tendem

    a inverter-se, a fim de que o equilbrio permanea constante.

    A riqueza tende para a pobreza, e a pobreza para a riqueza.

    Ai daqueles que gozam! Bem-aventurados os que sofrem!

    Esta a Lei.

    No confieis no mundo, que rir convosco enquanto tiver-

    des fora e bem-estar; confiai, antes, em mim, que venho quan-

    do sofreis e vos trago auxlio e conforto. J vedes, hoje, que a

    dor realmente existe e que nem o ceticismo nem qualquer poder

    humano conseguem afast-la.

    Uma radical mudana verificar-se- na sociedade huma-

    na, a fim de que a vida no seja um ato de conquista, onde

    triunfe o mais forte ou o mais astuto, mas sim um ato de

    bondade e de sabedoria, em que seja vitorioso o mais justo.

    Investigando-as com vossa cincia, achareis no ntimo das

    coisas essa suprema lei de equilbrio que vos governa;

    aprendereis que a bravura da vida no est em violar essa

    lei, semeando para vs mesmos reaes de dor, porm em

    segui-la, semeando efeitos de bem. Deveis tambm aprender

    que o vencedor no o mais forte esse um violador e

    sim quem segue conscientemente o curso das leis e, sem vio-

    lncia, se equilibra no seio das foras da vida. As religies j

    o revelaram, entretanto no acreditastes; a cincia o demons-

    trar, todavia no desejareis ver. O momento decisivo. Ai

    de vs se, nesta vitria de civilizao material em que vi-

    veis, desejardes ainda perseverar no nvel do bruto.

    Est maduro o mundo, mas, ao mesmo tempo, cansado de

    tentativas e experincias, do irresolvel emaranhado de vossos

    expedientes; cansado de viver no momento, em face de um

    amanh repleto de incgnitas; e quer seriamente prever e resol-

    ver os grandes problemas da vida, quer francamente olhar o fu-

    turo, ainda que isso reclame uma grande coragem.

  • Pietro Ubaldi GRANDES MENSAGENS 3

    O mundo tem necessidade da palavra simples e forte da

    verdade, e no de novas astcias a rolarem por velhos cami-

    nhos. O mundo espera essa palavra com ansiedade, como tam-

    bm a aguarda o momento histrico.

    A psicologia coletiva tem o pressentimento, embora con-

    fuso, de uma grande mudana de direo; sente que o pensa-

    mento humano, no mais infantil, apresta-se para tomar as r-

    deas da vida planetria e que o homem vai substituir o equil-

    brio instintivo e cego das leis biolgicas por outro equilbrio,

    consciente e desejado. Por isso est buscando a luz, para que

    seu poder no naufrague no caos.

    No est longe de desaparecer vossa psicologia experimen-

    tal, que ser substituda pela psicologia intuitiva; esta a muito

    longe conduzir vossa cincia. Novos homens divulgaro a

    verdade; no mais sero mrtires cobertos de sangue, nem se

    assemelharo aos anacoretas de outrora, porm homens de inte-

    ligncia e de f, que difundiro seus pensamentos utilizando-se

    de modernssimos recursos, homens que serviro de exemplo

    no meio do turbilho de vossa vida.

    Despedaai a frrea jaula que o passado para vs construiu,

    onde j no vos resta espao. Ousai abandonar os velhos cami-

    nhos, mas no ouseis loucamente, onde no h razo para ousa-

    dias; ousai na direo do alto e nunca ousareis demasiadamen-

    te. Do grande mar de foras latentes, que no percebeis, imensa

    vaga levantar o mundo.

    At l, guardai a f! A vossa crise, se profunda e dolorosa,

    far, no entanto, nascer o homem novo do Terceiro Milnio1.

    Para resolv-la, recordai que ela mal de substncia, que no se

    debela corrigindo a forma, como procurais fazer. Para solucio-

    n-la, necessrio considereis o problema em sua substncia; e

    sua substncia o homem, sua psicologia, sua alma, onde se

    encontra a motivao de suas aes, a fonte original dos acon-

    tecimentos humanos. Eis a a chave do futuro.

    Vosso multimilenrio ciclo de civilizao est a esgotar-se;

    deveis retom-lo em nvel mais elevado, viv-lo mais profun-

    damente, no somente crendo, mas tambm vendo.

    Ai de vs se, depois de haverdes atingido o domnio do pla-

    neta, no dominardes a mquina, a riqueza e as vossas paixes

    com um esprito puro.

    Sois livres e podeis tambm retroceder. No perodo que resta

    deste sculo se decidir do Terceiro Milnio. Ou vencer, ou mor-

    rer; e a morte, desta vez, a morte pior, porque morte de espri-

    to. A todos eu digo: Ressuscitai com a minha ressurreio.

    III. MENSAGEM DO PERDO

    Dia do Perdo da Porcincula de So Francisco

    (2 de Agosto de 1932)

    Filho meu, minha voz no despreza tuas pequeninas coisas

    de cada dia, mas delas se eleva para as grandes coisas de todos

    os tempos.

    Ama o trabalho, inclusive o trabalho material.

    Coisa elevada e santa, o trabalho, presentemente, foi

    transformado em febre. De que no se tem abusado entre

    vs? Que coisa ainda no foi desvirtuada pelo homem? Em

    tudo vos excedeis e, por isso, ignorais o labor equilibrado,

    que to elevado contedo moral encerra; se busca o necess-

    rio ao corpo, ao mesmo tempo contenta o esprito. E, no en-

    tanto, transformastes esse dom divino, com o qual podereis

    plasmar o mundo vossa imagem, em tormento insacivel

    de posse. Substitustes a beleza do ato criador, completo em si

    1 O argumento do homem novo do Terceiro Milnio, produto biol-

    gico da evoluo e tipo normal da super-humanidade do futuro, am-

    plamente desenvolvido em A Nova Civilizao do Terceiro Milnio. A

    Grande Sntese tambm se refere ao homem espiritual do prximo mi-

    lnio, nos Caps. 78, 83, 84, 85 etc.

    mesmo, pela cobia, que nunca descansa. Quantos esforos

    empregados para vos envenenar a vida!

    Ama o trabalho, mas com esprito novo; ama-o, no pelo

    que ele propriamente, porm como um ato de adorao a

    Deus, como manifestao de tua alma, nunca como febre de ri-

    queza ou domnio. No prendas tua alma aos seus resultados,

    que pertencem matria e, portanto, esto sujeitos caducida-

    de; ama, porm, o ato, somente o ato de trabalhar. No seja a

    posse, o triunfo, a tua recompensa, mas sim a satisfao ntima

    de haveres cumprido, cada dia, o teu dever, colaborando assim

    no funcionamento do grande organismo coletivo.

    Esta a nica recompensa verdadeira, indestrutvel, solida-

    mente tua; as demais depressa se dissipam e se perdem. Ainda

    que nenhum resultado positivo obtivesses, uma recompensa fi-

    caria contigo para sempre: a paz do corao, paz que o mundo

    perdeu por prender-se s coisas concretas, julgando-as seguras.

    Desapega-te de tudo, inclusive do fruto de teu trabalho, se

    queres entrar na posse da paz. Ocupa-te das coisas da Terra,

    mas apenas o suficiente para aprenderes a desapegar-te delas.

    Toda construo deve localizar-se no teu esprito, deve ser

    construo de qualidades e disposies da personalidade, e

    no edificao na matria, que um remoinho de areia que

    nenhum sinal pode conservar.

    Tudo o que quiserdes vos seja unido eternamente deve ser

    unido por qualidades e merecimento, deve ser enlaado pela

    fora sutil da Lei, por vs movimentada, nunca por vossa fora

    exterior, ou por vnculos das convenes sociais ou ainda por

    liames da matria. S nesse sentido se pode realmente possuir;

    de outro modo, no obtereis seno a tristeza depois da iluso e a

    conscincia posterior da inutilidade de vossos esforos.

    Outro grande problema que vos diz respeito o amor. Ele-

    vai-vos em amor, como deveis elevar-vos em todas as coisas,

    se quereis encontrar profundas alegrias. Martelai vossa alma,

    num ntimo trabalho de cada dia, que vos leva conquista de

    amores sempre mais extensos, nicos que tm a resistncia

    das coisas eternas.

    Sabes que o amor se eleva do humano ao divino e que nes-

    sa ascenso ele no se destri, mas se fortalece, aperfeioando

    e multiplicando-se. Segue-me e, ento, poders entoar o cnti-

    co do amor:

    Meu corpo tem fome, e eu canto; meu corpo sofre, e eu

    canto; minha vida deserta, e eu canto; no h carcias para

    mim, porm todas as criaturas vm a mim. Meu irmo de mim

    se aproxima como inimigo, para prejudicar-me, e eu lhe abro

    os braos em sinal de amor. Eu vos bendigo a todos vs que

    me trazei dor, porque com ela me trazeis a purificao, que

    me abre as portas do Cu. Minha dor um cntico que me faz

    subir, louvado sejas, Senhor, pelo que a maior maravilha

    da vida; que as pobres intenes malignas de meu prximo se-

    jam para mim a Tua bno.

    Estes meus ensinamentos so dirigidos mais vossa intui-

    o que ao vosso intelecto. Tem um sentido mais amplo o que

    vos tenho dito; a felicidade dos outros vossa nica felicidade

    verdadeira e firme. Significa extino dos egosmos num am-

    plexo universal de altrusmo. Tudo isso pode ser de fcil com-

    preenso, mas difcil senti-lo. No procuro vossa razo, que

    discute, antes busco essa viso interior que em vs opera, que

    sente por imediata concepo, que enxerga com absoluta clare-

    za e lealmente se entrega ao.

    Peo-vos o mpeto que somente nasce do calor da f e que

    nunca vem pelos tortuosos caminhos do raciocnio. No desejo

    erudio, pesquisas e vitrias do intelecto; quero, antes, que ve-

    jais num ato sinttico de f e que imediatamente vivais vossa vi-

    so, e personifiqueis a ideia avistada, e resplendais em vs mes-

    mos seu esplendor. Somente ento a ideia viver na Terra e, per-

    sonificado em vs, existir um momento da concepo divina.

  • 4 GRANDES MENSAGENS Pietro Ubaldi

    No estou apelando para vossos conhecimentos nem para

    vosso intelecto, que no so patrimnios de todos, mas venho

    at junto de vs por caminhos inabituais e em vs penetro como

    um raio que desce s profundezas e dissipa as trevas, que cintila

    e vos arrasta atravs de novas vias, com foras novas, que le-

    vantaro o mundo como num turbilho.

    Tambm falarei, para ser entendido, a linguagem fria e cor-

    tante da razo e da cincia, porm usarei, acima de tudo, da lin-

    guagem ardente e direta da f. Minha palavra ser ora o brado

    de comando, ora a ternura de um beijo de me.

    Para ser por todos compreendida, minha palavra percorrer

    os extremos de sabedoria e de singeleza, de fora e de bondade.

    Ser pranto de amargura e remoinho de paixo; ser nostlgico

    lamento, suspirando por uma grande ptria distante, como ser

    tambm mpeto de ao para at ela conduzir-vos. Minha pala-

    vra rolar, por vezes, como regato sussurrante em verde campi-

    na, a vos trazer o frescor das coisas puras; outras vezes troveja-

    r como os elementos enfurecidos na fria da tempestade.

    Ao seio de cada alma quero descer e adaptar-me, a fim de

    ser compreendido; para cada uma devo encontrar uma palavra

    que a penetre no mais ntimo, que a abale, que a inflame e a

    arroje para o alto, onde eu estou, que at junto de mim a con-

    duza, onde eu a espero.

    Almas, almas eu peo, para conquist-las vim das profunde-

    zas do infinito, onde no existe espao nem tempo, vim ofere-

    cer-vos meu abrao, vim de novo dizer-vos a palavra da ressur-

    reio, para vos elevar at mim, para vos indicar um caminho

    mais elevado, onde encontrareis as alegrias puras.

    Vs vos identificastes de tal modo com a vida fsica, que j

    no podeis sentir seno uma vida limitada como a do vosso

    corpo. Pobre vida, rpida e cheia de incertezas, enclausurada

    nas limitaes de vossos pobres sentidos. Pobre vida, encerrada

    num atade, na sepultura que o corpo a que tanto vos agarrais.

    Minha voz encerrar todos os extremos de vossas diferentes

    psicologias. Escutai-me!

    No vos ensino a gozar das coisas terrenas, porque so ilu-

    srias; indico-vos as alegrias do cu, porque somente estas so

    verdadeiras. Minha verdade no a fcil verdade do mundo;

    no vos prometo alegrias sem esforos, mas minha promessa

    no vos ilude. Meu caminho caminho de dor, porm eu vos

    digo que somente ele vos conduzir libertao e redeno.

    Minha estrada de luta e de espinhos, mas vos far ressurgir

    em mim, que vos saciarei para sempre. No vos digo: Gozai,

    gozai, como o mundo vos fala. O mundo, porm, vos engana,

    eu no vos enganaria nunca.

    Minha verdade spera e nua, contudo a verdade. Peo o

    vosso esforo, mas dou a felicidade. Digo-vos: Sofrei, mas

    junto de vs estarei no momento da dor; com piedade maternal

    velarei por vs; medindo todo o vosso esforo, proporcionarei

    as provas segundo vossa capacidade; finalmente, farei o que o

    mundo no faz: enxugarei vossas lgrimas.

    O mundo parece espargir rosas, mas, na verdade, distri-

    bui espinhos; eu vos ofereo espinhos, porm vos ajudarei a

    colher rosas.

    Segui-me, que o exemplo j vos dei. Levantai-vos, ho-

    mens, chegado o momento. No venho para trazer guerra,

    mas sim paz. No venho trazer dissenso s vossas ideias nem

    s vossas crenas, venho fecund-las com meu esprito, unific-

    las na minha luz.

    No venho para destruir, e sim para edificar. O que in-

    til morrer por si mesmo, sem que eu vos d exemplo de

    agressividade.

    Desejareis sempre agredir, at mesmo em nome de Deus.

    Com que grande avidez ansiais por discusses e lutas contra

    vossos prprios irmos, prontos a profanar, assim, minha pura

    palavra de bondade. Repito-vos: Amai-vos uns aos outros.

    No discutais, mas dai o exemplo de virtude na dor, amai vos-

    so prximo; aprendei a estar sempre prontos para prestar um

    auxlio, em qualquer parte onde haja um padecimento a alivi-

    ar, uma carcia a oferecer. Vossas eruditas investigaes tor-

    naram to speras vossas almas, que no vos permitiram

    avanar um s passo para o cu.

    No venho para agredir, mas para ajudar; no para dividir,

    mas unir; no demolir, mas edificar. Minha palavra busca a

    bondade, antes que a sabedoria. Minha voz a todos se dirige.

    Ela ampla como o universo, solene como o infinito. Descer

    aos vossos coraes, s vezes com a doura de um carinho, ou-

    tras vezes arrastadora como o tufo.

    Do alto e de muito longe venho at vs. No podeis perce-

    ber quo longo o caminho que ns, puro pensamento, deve-

    mos percorrer, a fim de superar a imensa distncia espiritual

    que nos separa de vs, imersos na terra lodosa. Vossas distn-

    cias psicolgicas so maiores e mais difceis de serem vencidas

    que as distncias de espao e tempo. Por isso, s vezes, chego

    fatigado. Minha fadiga, porm, no cansao fsico; provm

    apenas do desalento que me nasce de vossa incompreenso. E,

    no entanto, minha palavra tem a doura da eternidade e do infi-

    nito. Tem a tonalidade to ampla como jamais possuiu a voz

    humana; devereis, por isso, reconhecer-me.

    Venho a vs cheio de amor e de bondade, e me repelis. Eu,

    que vejo os limites da histria de vosso planeta; eu, que num

    rpido olhar vejo sem esforo toda a laboriosa ascenso desta

    humanidade cujo pai sou; eu me fao pequenino hoje, limito-

    me e me encerro num timo de vosso momento histrico, para

    que possais compreender-me.

    Se vos falasse com minha voz potente, no me entendereis.

    Meu olhar contempla a Terra quando o homem ainda no a ha-

    bitava, e tambm a v no futuro distante, morta, a navegar no

    espao como um atade de todas as vossas grandezas. Vejo

    vosso sol moribundo, depois morto e, em seguida, chamado a

    uma nova vida. Vejo, alm desse tomo que o vosso planeta,

    uma poeira de astros a revolutearem sem cessar pelos espaos

    infinitos, e todos eles transportando consigo humanidades que

    lutam, sofrem, vencem e se elevam; tudo vejo, tudo leio nos

    vossos coraes, como nos coraes de todos os seres.

    Alm do vosso universo fsico, vejo um maior universo

    moral, onde as almas, na sua laboriosa ascenso, cumprindo

    seu diuturno esforo de purificao para o Alto, cantam o

    mais glorioso hino Divindade. Esplendorosa luz existe no

    centro moral do universo, luz que atrai todos os seres por

    uma fora de gravitao moral mais poderosa do que aquela

    que mantm associadas no espao as grandes massas planet-

    rias e estelares. Tudo vejo, mas nada falo, para no vos per-

    turbar. Tudo vejo, e minha mo possante firma o destino dos

    mundos. Poderia mudar o curso dos astros, mas ns somos

    lei, ordem e equilbrio e no aprovamos violaes. Empunho

    o destino dos povos e, no entanto, venho humildemente at

    vs, para entre vs colher o perfume que se desprenda de

    uma alma simples. Esse meu nico conforto quando deso

    ao vosso mundo, s camadas profundas e obscuras de matria

    densa, formadas de coisas baixas e repugnantes. Aquele per-

    fume parece perder-se na vossa atmosfera carregada de ema-

    naes perniciosas, como que vencido pelas foras envolven-

    tes do mal. No entanto eu o percebo, elegendo-o, e o recolho

    como se fosse uma joia humilde e gentil, desabrochada na

    lama, para guard-lo em meu corao, onde ele repousar.

    o nico carinho que encontro em vosso mundo, o nico hino

    puro e singelo que me faz descansar. Como a criancinha re-

    pousa aos cnticos de sua me, que lhe parecem os mais be-

    los, assim me acalento, invadido por infinita doura, no seio

    dessas vozes humildes dispersas em vosso mundo.

  • Pietro Ubaldi GRANDES MENSAGENS 5

    Essa a nica trgua em meio ao trabalho de iluminar e

    guiar-vos, homens rebeldes, que acreditais dominar, e sois

    dominados, que pensais subir, mas, na verdade, desceis. Eu

    poderia, contudo, atemorizar-vos por meio de prodgios, ater-

    rorizar-vos com cataclismos. Convencer-vos-ia, no entanto?

    Minha mo se levanta sobre vs, que sois maus, como uma

    bno, nunca para vinganas.

    Escutai com ateno esta grande palavra: desejo que o equil-

    brio, violado pela vossa maldade, se restabelea pelos caminhos

    do amor, e no pelo castigo. Compreendeis a grande diferena?

    Eis as razes da minha interveno, da minha presena

    entre vs.

    A Lei quer o equilbrio. a Lei. Vs a desrespeitastes com

    vossas culpas, ultrajando assim a Divindade. O equilbrio de-

    ve restabelecer-se, a reao deve verificar-se, o efeito de-

    ve acompanhar a causa por vs livremente buscada.

    Deus vos quer livres, j o sabeis. Pois bem, eu venho para

    que o equilbrio se restabelea pelos caminhos do amor e da

    compreenso; venho para incitar-vos, com palavras de fogo, ao

    entendimento, estimular-vos a retomar livremente a via da re-

    deno; finalmente, venho ensinar-vos a fazer de vossa liberda-

    de um uso que vos eleve e salve, e no que vos rebaixe e con-

    dene. Venho tornar-vos conscientes dessa lei que vos guia e da

    maneira de restaurardes a ordem violada, a fim de que essa vio-

    lao no venha a recair sobre vs, como tremendo choque de

    retorno, que destruir vossa civilizao.

    Venho para vos salvar, para salvar o que de melhor possus,

    o que fatigosamente os sculos tm acumulado, ao preo de

    muitas dores e de muito sangue.

    Entre a necessidade frrea da Lei, que, inexoravelmente,

    volve ao equilbrio, interponho hoje o meu amor e a minha luz,

    como j interpus a minha dor e o meu martrio!

    Homens, tremei! supremo o momento. por motivos su-

    premos que do Alto deso at vs. Escutai-me: o mundo ser

    dividido entre aqueles que me compreendem e me seguem e

    aqueles que no me compreendem e no me seguem. Ai destes

    ltimos! Os primeiros encontraro asilo seguro em meu corao

    e sero salvos; sobre os outros a Lei, no mais compensada pe-

    lo meu amor, descer inelutavelmente, e eles sero arrastados

    por um vendaval sem nome para trevas indescritveis.

    No vos iludais, reconhecei a minha voz. Reconhecei-a pe-

    la sua imensa tonalidade, pela sua bondade sem fronteiras.

    Algum homem, porventura, j falou assim? Falo-vos de coisas

    singelas e elevadas, de coisas boas e terrveis. Sou a sntese de

    todas as verdades.

    No me oponhais barreiras de vossas almas, mas escutai,

    ponderai, deixai que este raio de luz que vem de Deus desa

    vossa conscincia e a ilumine. Eu vo-lo rogo, humilhando-me

    em vossa presena; humildemente, para vossa salvao, eu vos

    suplico: escutai a minha voz!

    Que sobre vs desa a paz. A paz! A paz, que no mais

    conheceis, venha sobre vossas almas! Entre vs e a divina jus-

    tia est minha orao: Deus, perdoa-lhes, porque no sabem

    o que fazem.

    Pobres seres perdidos na escurido das paixes; pobres se-

    res que tomais por luz verdadeira o ouropel fascinador das coi-

    sas falsas da Terra! Pobres seres, maus e perversos! E, no en-

    tanto, sois meus filhos e por amor de vs de novo subiria cruz

    para vos salvar. Pobres seres que, numa vitria efmera de ma-

    tria, que chamais civilizao, haveis perdido completamente o

    nico repouso do corao a minha paz.

    Escutai-me. Falo-vos com amor, imenso amor. Fui por vs

    insultado e crucificado, e vos perdoei; perdoo-vos ainda e ainda

    vos amo. Trago-vos a paz. At junto de vs retorno para vos fa-

    lar de uma cincia que a vossa no conhece, para vos pronunci-

    ar a palavra que nenhum homem sabe falar, palavra que vos sa-

    ciar para sempre. Escutai-me.

    Minha voz conduzir vosso corao a um xtase que ne-

    nhuma vitria material nem qualquer grandeza do mundo ja-

    mais vos poder dar.

    Como um claro intuitivo, minha luz espargir sobre vs

    uma compreenso a que os laboriosos processos de vossa razo

    no chegaro jamais. A razo, filha do raciocnio, discute e cal-

    cula, mas eu sou o claro que em vs se acende e pode, num

    timo, transformar-vos em heris. Aceitai, suplico-vos, este su-

    premo dom que vos ofereo e pelo qual vim de to longe at

    junto de vs; aceitai esta ddiva esplndida, que a minha paz.

    a bem-aventurana do Cu que vos trago de mos cheias; a

    felicidade que coisa alguma terrena jamais vos poder dar. Re-

    conhecei a minha paz! Para receb-la, abri todas as portas de

    vossa alma! Dela saciai-vos, com ela inebriai-vos! um dom

    imenso que vos trago do seio de Deus, uma graa com que o

    meu imenso amor recompensa a vossa ingratido.

    At vs eu venho, trazendo os mais lindos dons, para der-

    ramar sobre vossas almas a verdadeira felicidade. Venho para

    suavizar a justia divina. Fiz longa e fatigante viagem, do meu

    cu radioso s vossas trevas. Vim espontaneamente, pelo

    amor que vos consagro. No renoveis as torturas do Getsma-

    ne, as angstias da incompreenso humana, os tormentos de

    um imenso amor repelido.

    Quem sou eu, perguntais-me.

    Sou o calor do sol matinal que vela o desabotoar da florzi-

    nha que ningum v; sou o equilbrio que, na variao alternada

    dos elementos, a todos garante a vida. Sou o pranto da alma

    quebrantada, em que desabrocha a primeira viso do divino.

    Sou o equilbrio que, nas mudanas dos acontecimentos morais,

    a todos promete salvao. Sou o rei do mundo fsico de vossa

    cincia; sou o rei do mundo moral que no vedes.

    Sempre me procurais em toda a parte. Sempre mais profun-

    damente vos escapo, de fibra em fibra nas vossas mesas de ana-

    tomia, de molcula em molcula nos vossos laboratrios. Vs

    me procurais, dilacerando e dissecando a pobre matria, mas eu

    sou esprito e animo todas as coisas. No com os olhos e os ins-

    trumentos materiais, mas somente com os olhos e os instrumen-

    tos do esprito podereis encontrar-me.

    Sou o sorriso da criana e a carcia materna; sou o gemido

    daquele que corre implorando salvao; sou o calor do primeiro

    raio de sol da primavera, que traz a vida; sou o vendaval que

    traz a morte; sou a beleza evanescente do momento que foge;

    sou a eterna harmonia do universo.

    Sou amor, sou fora, sou ideia, sou esprito, que tudo vivifi-

    ca e est sempre presente. Sou a lei que governa o organismo

    do universo com maravilhoso equilbrio. Sou a fora irresistvel

    que impulsiona todos os seres para a ascenso. Sou o cntico

    imenso que a criao entoa ao Criador.

    Tudo sou e tudo compreendo, at o mal, porquanto o envol-

    vo e o limito aos fins do bem. Meu dedo escreve, na eternidade

    e no infinito, a histria de mirades de mundos e vidas, traando

    o caminho ascensional dos seres que para mim se voltam, seres

    que atraio com meu amor e que recolherei na minha luz.

    Muitos mundos j vi antes do vosso, muitos verei depois de-

    le. Vossas grandes vises apocalpticas, para mim, so peque-

    ninas encrespaduras nas dimenses do tempo. Virei, entre raios

    de tempestade, para dobrar os orgulhosos e elevar os humildes.

    Virei vitorioso na minha glria e no meu poder, triunfante do

    mal, que ser rechaado para as trevas.

    Tremei, porque quando eu j no for o amor que perdoa e

    vos protege, serei o turbilho que tempestua, serei o desencade-

    ar dos elementos sem peias, serei a Lei, que, no mais domina-

    da pela minha vontade, trazendo consigo a runa, inexoravel-

    mente explodir sobre vs.

    Tudo conexo no universo: causas fsicas e efeitos morais,

    causas morais e efeitos fsicos. Um organismo aglutinador vos

    envolve e nele estais presos em cada ato vosso.

  • 6 GRANDES MENSAGENS Pietro Ubaldi

    Minha poderosa mo firma o destino dos mundos e, no en-

    tanto, sabe descer at mais humilde criancinha para lhe suster

    carinhosamente o pranto. Essa minha verdadeira grandeza.

    vs que me admirais, tmidos, no mpeto da tempestade,

    admirai-me, antes, no poder que tenho de fazer-me humilde pa-

    ra vs, no saber descer do meu elevado reino vossa treva; ad-

    mirai-me nessa fora imensa que possuo de constranger meu

    poder a uma fraqueza que me torna semelhante a vs.

    No vos peo que compreendais meu poder, que me situa

    longe de vs; rogo-vos que compreendais o meu amor, que

    me assemelha a vs e me coloca ao vosso lado. Meu poder

    poder desalentar-vos e atemorizar-vos, dando-vos de mim

    uma ideia no justa, de um senhor vingativo e desptico. No

    quero vossa obedincia por temor. Agora deve despontar uma

    nova aurora de conscincia e de amor. Deveis elevar-vos a

    uma lei mais alta, e eu retorno hoje para anunciar-vos a boa

    nova. No sou um senhor vingativo e tirnico, como outrora,

    por necessidade, me supuseram os povos antigos; sou o vosso

    amigo, e com palavras de bondade que me dirijo ao vosso

    corao e vossa razo.

    No mais deveis temer, mas sim compreender. Vossa razo

    infantil j acordou, e nela venho lanar minha luz. Sou sntese

    de verdade, e em toda a parte ela surgir, atingindo a luz da

    vossa inteligncia.

    No trago combates, mas paz. No trago divises de consci-

    ncia, e sim unio de pensamentos e de espritos.

    A humanidade terrestre aproxima-se de sua unificao, numa

    nova conscincia espiritual. No vos insulteis, pois; antes, com-

    preendei-vos uns aos outros. Que cada um concorra com o seu

    grozinho para a grande f, e que esta vos torne todos irmos.

    Que a religio, que revelao minha, e a cincia, que

    o vosso esforo, e todas as vossas intuies pessoais se

    unam estreitamente numa grande sntese, e seja esta uma

    sntese de verdade.

    Porque eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.

    IV. MENSAGEM AOS CRISTOS

    (No XIX Centenrio da Morte de Cristo)

    cristos do mundo inteiro, que tendes feito, em deze-

    nove sculos de trabalho, pela realizao, na Terra, do Reino

    dos Cus?

    Ao lado da criao de uma civilizao, da direo milenria

    dada ao pensamento humano, de obras colossais da arte, de

    uma multido de mrtires, gnios e santos, ao lado de todo bem

    que o cristianismo tem trazido por fora da divina centelha que

    o anima, quanto mal proveniente da fraqueza humana, em cujo

    meio tem operado! Quanta resistncia tendes oposto a esse di-

    vino impulso que anseia por elevar-nos! Quanta tenacidade

    vossa para permanecerdes substancialmente pagos! Quantas

    tempestades no tem o homem desencadeado, com suas pai-

    xes, em torno da nave da Igreja de Roma!

    A dura necessidade de comprimir o incoercvel pensamento

    na forma, em regras disciplinares, e de cobrir a verdade res-

    plandecente com um vu de mistrio, foi imposta por vosso ins-

    tinto de rebeldia, que, de outro modo, teria levado o princpio

    original a fragmentar-se no caos.

    Algumas elevadas verdades que o cristianismo contm no

    puderam exercer ao seno por motivo de imaturidade dos

    homens; certas liberdades no podem ser concedidas queles

    que esto sempre prontos a abusar de tudo. Que imenso esfor-

    o, que longo caminho deve percorrer a ideia divina at poder

    concretizar-se na Terra!

    Nunca vos interrogastes que imensa fora moral representa-

    reis no mundo se fsseis verdadeiramente cristos? Nunca a

    vs mesmos perguntastes que paraso seria a Terra se houvs-

    seis compreendido e praticado a boa nova do amor evanglico?

    Em vez disso, que triste espetculo! A palavra de unidade sub-

    dividiu-se, o rebanho est desunido, os filhos de Cristo j no

    so irmos, mas inimigos!

    chegada a hora de despertardes luz de uma conscincia

    maior. O tempo maturou o momento de grandes abalos, inclu-

    sive no campo do esprito. E, no momento decisivo, eu venho

    lanar no mundo a ideia decisiva. Venho vos reunir todos,

    cristos do mundo, a fim de que, acima da forma que vos divi-

    de, vos aconchegueis em torno da figura de Cristo e encontreis

    de novo uma unidade substancial.

    Isso vos digo em Seu nome, quando se completam deze-

    nove sculos de Sua morte e a histria se encaminha para o

    Terceiro Milnio. Digo-vos que deveis abraar-vos novamen-

    te em face da ameaa do iminente momento histrico, a fim

    de que vossa unio constitua uma barreira contra o mal, que

    se prepara para desencadear um tremendo ataque. As grandes

    lutas exigem grandes unificaes.

    No toco em vossas divises de forma, mas enfatizo a subs-

    tncia da ideia de Cristo, de que todas vossas crenas nasceram.

    Quero que se vivifique a f, desfalecente em vossas almas; que

    se reanime a f nas coisas eternas, j escritas com tanta simpli-

    cidade; que de novo viva o singelo esprito do Evangelho e vos

    torne todos irmos. somente disso que o mundo precisa, e es-

    sa a soluo para todas as crises. No so necessrios novos

    sistemas; preciso que surja o homem novo.

    Eu venho para unir, no para dividir; trago paz, e no

    guerra. No toco em vossas organizaes humanas, mas vos

    digo: amai-vos em nome do Cristo, e vossas organizaes se

    tornaro perfeitas.

    Antes do incio do novo milnio, todos os valores humanos

    sofrero uma grande reviso e a f se enriquecer com a contri-

    buio da razo e da cincia. Na iminncia dos tempos, que to-

    da a cristandade volva seu olhar para o farol de Cristo.

    Vinde todos vs, homens que vos iludis pensando possuir

    uma verdade diferente. Deus a verdade nica, substancial-

    mente idntica em todas as religies, na cincia como na f.

    Se os caminhos, as aproximaes so diferentes, o princ-

    pio e a meta so a mesma ideia pura e simples do amor frater-

    nal, ideia tanto dominante no Evangelho como no universo.

    Os profetas afirmaram com variao de poder e aspectos o

    mesmo princpio.

    A humanidade se encaminha para as grandes unidades pol-

    ticas e espirituais. Que no surjam novas religies, e sim que as

    existentes se unifiquem numa fuso de f que envolver o

    mundo. O progresso se encontra no amor recproco, que une, e

    nunca na rivalidade, que divide.

    Paz, unio e amor sejam convosco na minha bno.

    V. MENSAGEM AOS HOMENS DE BOA VONTADE

    (No XIX Centenrio da Morte de Cristo)

    Do alto da cruz vos contemplo, homens de boa vontade, de

    todas as raas e crenas. Estas vos dividem; a minha palavra

    vos unifica.

    No falo somente aos cristos, porm a todos os meus fi-

    lhos, que so os justos da Terra, qualquer que seja sua raa ou

    f. Falo a todos, no considerando vossas diferenciaes huma-

    nas. Minha palavra universal como a luz do sol. A Divindade

    no se pode isolar numa igreja particular. Eu vos digo o que

    verdadeiro e justo, e o que vos falo perdura a quem quer que se-

    ja dito. A mentira que me desfigura passa, eu permaneo. No

    importa que a bondade seja explorada pelos maldosos; o Bem

    acaba triunfando. Eu amo a todos.

    Vs, homens, buscais bandeiras limpas para transform-las

    em mantos brilhantes. E quem pode impedir que, em vosso

    mundo de hipocrisias, os maus se escondam sombra das coi-

    sas puras e que os falsos se acobertem sob os luzentes mantos de

  • Pietro Ubaldi GRANDES MENSAGENS 7

    que se apossam? Ento, as crenas e as religies deixam de ser

    uma ideia, um princpio, para se tornarem um aglomerado de

    interesses, uma organizao de castas.

    Assim, formastes hierarquias, seitas, ordens e grandezas que

    no tm correspondncia no Cu. Vossas classificaes so ab-

    solutamente humanas, fictcias, de acordo com as aparncias da

    Terra, e no com os valores intrnsecos do esprito. Por isso fi-

    caro a em vosso mundo e nunca se elevaro alm da Terra.

    Minha discriminao diferente. Os escolhidos so aque-

    les que seguem meu caminho de dor e de renncia, de humil-

    dade e de amor. Vinde a mim, vs que sofreis. Sois os gran-

    des, os eleitos do Cu. Esta a minha diferenciao. As que

    so feitas pelos homens no tm valor. No importa o manto,

    mas o homem que a veste. Somente no caminho da dor e do

    amor encontrareis os que so grandes no meu Reino. Eis onde,

    na luta absurda entre tantas vozes e organismos contrrios,

    achareis o bem, a justia e a verdade.

    Em toda parte, nos vossos agrupamentos, se encontram

    os bons e os maus; estes ltimos, quase sempre, preocupados

    em tornar objeto de discusso uma verdade que no possu-

    em. A verdade est no corao e nos atos, e no nas formas e

    nas posies humanas.

    Procurai o bem; procurai, onde quer que esteja, o ho-

    mem, nunca o estandarte. Fazei questo do homem, da nua e

    intrnseca realidade de seus valores ntimos, e no dos sinais

    que o marquem exteriormente. Estes se podem falsificar, no

    o homem. A bandeira pode reduzir-se a um ndice de inte-

    resses coletivos; o homem, porm, segue sozinho pelo cami-

    nho de seu destino.

    Justos e injustos se encontram sobre a Terra, uns ao lado

    dos outros, para provaes recprocas; ach-los-eis juntos,

    usando todos o mesmo nome da verdade. Somente eu, que leio

    nos coraes, os diferencio, como tambm pode faz-lo a voz

    da vossa conscincia, em que penetro e falo.

    Os meus filhos esto, por isso, em toda a parte, contudo no

    os sabeis enxergar. S eu os vejo. A dor e a morte, que matam

    os outros, os elevam. A minha maneira de diferenciar est aci-

    ma de todas as categorias humanas.

    O meu reino no da Terra. O meu reino no tem corpo

    fsico. Os seus grandes nada possuem no mundo, mas sofrem

    e amam.

    Minha religio mais profunda no tem forma terrena, no

    possui nenhuma dessas exterioridades prprias da matria e

    da imperfeio humana, que sempre foram a base de todos

    os abusos.

    O meu altar a dor, a minha orao o amor, a minha reli-

    gio a unio com Deus no pensamento e nos atos.

    Acima de todas as formas que vos dividem, homens da

    Terra, eu sou o princpio que vos une ao meu amor.

    VI. MENSAGEM DA PAZ

    Escrita na Noite de Quinta-feira Santa, no Monte de Santo

    Sepulcro, diante de Verna (Pscoa de 1943)

    Minha ltima mensagem, pela Pscoa de 1933, XIX Cente-

    nrio da morte de Cristo, dirigida, em dois momentos, aos Cris-

    tos e aos homens de boa vontade, foi minha derradeira palavra

    naquele ciclo de preparao e esperana.

    J se encontram amadurecidos muitos acontecimentos ali

    preanunciados.

    At junto de vs retorno nesta Pscoa de 1943, aps dez

    anos, na violenta constrio de uma dor que parecia impossvel

    e, no entanto, se tornou realidade. Venho trazer conforto aos

    homens e aos justos, queles que creem. Venho dizer, no seio

    tumultuoso da destruio universal, a equilibrada palavra de

    paz. esta, por isso, a mensagem da paz.

    Tende f, e a f vos far superar todas as provas. Deus as

    permite para que aprendais a usar de vossa liberdade, e no

    para vossa destruio. No vos desgarreis no caos, que s

    aparente. Imersos como estais no pormenor, na aflio, na fa-

    diga, no enxergais e no compreendeis o bem que existe

    alm da aparncia do mal.

    Deus, no entanto, invisvel e onipresente, est ao vosso la-

    do, caminha convosco, acompanha os vossos passos e vos guia;

    sempre vos prov, alm da aparente desordem, com a ordem

    imensa e eterna de Suas sbias leis. Sua mo se inclina para o

    humilde, para o fraco, para o vencido, a fim de ergu-lo de no-

    vo. Que vos conforte esta afirmao de uma divina lei de justi-

    a acima da lei humana da fora.

    Diante de dois caminhos vos deixei, e fizestes a escolha. O

    mundo tem a prova que livremente desejou.

    Desde que vos deixei, o mundo tem percorrido velozmente

    o caminho da histria. O mais profundo caminho e a mais pro-

    veitosa lio se encontram na dor, escola e sano de Deus.

    Repousareis. Assim necessrio, a fim de que os resultados

    do esforo desam em profundidade e sejam assimilados. No

    vos detenhais, no entanto, nos pormenores do momento ou do

    caso particular, que no constituem toda a vida. Esta se encon-

    tra nas grandes trajetrias de desenvolvimento da Lei, em que

    se exprime o pensamento de Deus.

    Somente se vos elevardes, encontrareis a verdade universal,

    imvel no movimento, a justia perfeita. Somente se vos trans-

    portardes acima das contingncias do momento e do lugar,

    achareis a completa liberdade, a tranquilidade do absoluto, a

    paz que est acima da vitria ou da derrota, a verdadeira paz,

    to distante das coisas humanas.

    Elevar-se a grande meta da vida elevar-se pelos ca-

    minhos do esprito e esse trabalho, sempre possvel e livre,

    pode ser seguido e levado a termo em qualquer poca ou lu-

    gar. Ningum, em nenhum caso, pode tolher a liberdade de

    vos construirdes a vs mesmos, avanando assim em quali-

    dade e poder. E esta ascese o que mais importa; para

    atingi-la que sofreis as provas da vida.

    Aps cada curva da histria, obtm-se seu sumo, sua verda-

    deira colheita, que a ascenso.

    As verdadeiras riquezas no se encontram fora de vs: esto

    em vosso ntimo e so elas que vos fazem mais poderosos e fe-

    lizes. So os vossos bons predicados, que nunca se perdero, e

    no vossas posses materiais, que ho de desaparecer.

    Qualquer que seja o turno de vencedores ou vencidos, suce-

    der-se-o, como vaga aps vaga, as multides dos que sofrem e

    dos que gozam; e o triunfo pode ser instrumento de perdio e a

    desventura, de ressurreio. Nenhuma vida, como nenhuma

    fora, pode ser anulada; tudo sobrevive, transformando-se.

    Substancialmente, a guerra a ningum destri.

    Minha palavra, repetindo a lei de Deus, que rege a vida e es-

    t acima do mundo e de suas lutas, diz: ai de quem, possuindo

    apenas a superioridade da fora, dela abusa, esquecendo a justi-

    a. Tudo compensado na Lei e se paga com longas reaes

    sucessivas de dios e vinganas.

    A palavra do equilbrio ensina ao vencedor que no lcito

    abusar da vitria, pois, por isso, se paga; e indica ao vencido os

    caminhos do esprito, em cuja liberdade possvel restaurar as

    prprias foras em face de qualquer escravido exterior. O pri-

    meiro acomete as fronteiras naturais da fora; o segundo, nas

    privaes, encontra a liberdade.

    O sol voltar a brilhar e a vida florescer de novo, aps a

    tempestade. lei de equilbrio. O que importa, sobretudo, que

    aprendais a lio. Recordai: que cada um guarde, na profundeza

    do esprito, com o poder de uma convico, de uma qualidade

    adquirida, o fruto de tantas provaes. E que a nova florao da

    vida no irrompa numa algazarra louca de carne satisfeita, nu-

    ma orgia de matria triunfante.

  • 8 GRANDES MENSAGENS Pietro Ubaldi

    O escopo da guerra e o contedo da vitria no se acham

    no triunfo material, mas num triunfo no esprito, numa nova

    civilizao.

    Ai de vs, se no houverdes aprendido a dura lio e no mu-

    dardes de roteiro. Se, em vez de subirdes pelos caminhos do esp-

    rito, voltardes a palmilhar as velhas estradas, haveis de recair sob

    as mesmas dolorosas consequncias, cada vez mais graves.

    Minha voz universal e se desvia das dissenses humanas.

    Tem s vezes, no entanto, necessidade de descer. Diz-se, ento,

    com escndalo: Deus parcial. Mas existe uma balana, um re-

    flexo de justia, uma ordem tambm na histria, e nela devem

    atuar. A imparcialidade absoluta seria indiferena e ausncia de

    Deus. A justia e a ordem, que so os princpios do ser, devem

    descer tambm Terra e a operar, pesando sobre o mal e ven-

    cendo-o no choque das foras.

    De outro modo, Deus estaria somente no Cu, e no presente

    e ativo tambm no mundo, entre vs, no meio de vossas lutas.

    Estas so guiadas por Ele, a afim de que no se reduzam abso-

    luta destruio e caos, mas sejam instrumento de construo e de

    bem. Ele os guia para que as provas e as dores do mundo redun-

    dem no fruto que a ascenso de esprito, objetivo de vida.

    Deixo-vos, por isso, para conforto dos justos, estas verda-

    des: o vosso esforo, mesmo que no possa ser seno individual

    e isolado, quando puro e sincero e se dirige ao supremo esco-

    po da elevao espiritual, tambm se encontra na trajetria da

    vida. , por isso, protegido e encorajado, porque essa a traje-

    tria ordenada pela lei de Deus. Por essa mesma lei, segundo a

    qual o universo est construdo e que lhe regula o funcionamen-

    to orgnico, as foras do mal, embora todas as dificuldades e

    resistncias, jamais podero prevalecer sobre as foras do bem.

    fatal, pois, o triunfo final d