piedosa academia de ciencias, biblioteca pÚ- casa...

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- 242- drada, José Alvares Maciel, padre Carlos Corrêa de Toledo e Mello, e coronel Domingos de Abreu Víeíra . TRAÇOS BIOGRAFICOS Dona Maria I, a Piedosa (1734-1816). filha de dom José I, casada com seu tio, dom Pedro IH. Rei- nou de 1777 a 1816. Destituiu e fez processar o mar- quês de Pombal. Foram principais figuras do seu reinado, Mar- tinho de Mello e Castro, o duque de Lafões, e Sousa Coutinho, arcebispo de Tessalonica. Fundou a Academia de Ciencias, Biblioteca PÚ- blica e Casa Pia. Em 1792, a emoção produzida pê- los successos da Revolução Francesa alteraram-lhe as faculdades mentais, assumindo a regência o principe dom João. Em 1807, com a trasladação da côrte e fa- mília real portuguesa veiu para o Brasil, onde fa- leceu, em estado de demencia, em 1816. PONTO 15° - LIÇÃO 40° - TIRADENTESNAINCONFIDENCIA. TRAIÇÃODESILVERIODOS REIs. PRISÃODOS CON,JURADOS, EXECUÇÃODE TmA- DENTESNO RIO DE JANEIROE DEGREDODOSCO-REOS O surto nativista da lnconfidencia Mineira em 1789 teve por figura central e seu protomartir o al- feres do regimento de dragões da capitania das Mi- nas Gerais Joaquim José da Silva Xavier, o TI- ltADENTES,e, em segundo plano, os poetas Ignacio José de Alvarenga Peixoto, Thomaz Antonio Gon- zaga, Claudio Manuel da Costa, além de José Alvares Maciel e os tenentes coroneis Francisco de Paul a

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drada, José Alvares Maciel, padre Carlos Corrêa deToledo e Mello, e coronel Domingos de Abreu Víeíra .

TRAÇOS BIOGRAFICOS

Dona Maria I, a Piedosa (1734-1816). filha dedom José I, casada com seu tio, dom Pedro IH. Rei-nou de 1777 a 1816. Destituiu e fez processar o mar-quês de Pombal.

Foram principais figuras do seu reinado, Mar-tinho de Mello e Castro, o duque de Lafões, e SousaCoutinho, arcebispo de Tessalonica.

Fundou a Academia de Ciencias, Biblioteca PÚ-blica e Casa Pia. Em 1792, a emoção produzida pê-los successos da Revolução Francesa alteraram-lhe asfaculdades mentais, assumindo a regência o principedom João. Em 1807, com a trasladação da côrte e fa-mília real portuguesa veiu para o Brasil, onde fa-leceu, em estado de demencia, em 1816.

PONTO 15° - LIÇÃO 40°-

TIRADENTESNA INCONFIDENCIA.TRAIÇÃODE SILVERIODOSREIs. PRISÃODOS CON,JURADOS,EXECUÇÃODE TmA-DENTESNO RIO DE JANEIROE DEGREDODOS CO-REOS

O surto nativista da lnconfidencia Mineira em1789 teve por figura central e seu protomartir o al-feres do regimento de dragões da capitania das Mi-nas Gerais Joaquim José da Silva Xavier, o TI-ltADENTES,e, em segundo plano, os poetas IgnacioJosé de Alvarenga Peixoto, Thomaz Antonio Gon-zaga, Claudio Manuel da Costa, além de José AlvaresMaciel e os tenentes coroneis Francisco de Paul a

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Freire de Andrada, do regimento dos dragões, cunha-do dêste último, coronel Domingos de Ahreu Vieira,compadre e amigo de TIRADENTES;padre Carlos Cor-rêa de Toledo e Mello, vigario de São José; sargento-mór Luiz Vaz de Toledo Pisa, irmão dêste último;sargento-mór José Joaquim da Rocha, os dois JoséRezende Costa, pai e filho, Domingos Vídal Barbosae outros. ~:'I ;,.1

O coronel Joaquim Silverio dos Reis foi o de-lator da conspiração (15 de Março de 1789), que teveoutros espiões, como o tenente-coronel Bazilio deBrito Malheiro, encarregado de vigiar os conjurados:dr. Claudio Manuel da Costa, o desembargador Tho-maz Gonzaga e o conego Luiz Vieira.

Outro delator foi o mestre de campo IgnacioCorrêa Pamplona.

Além dêsses inconfidentes, foram envolvidos naconjuração Francisco Antonio de Oliveira Lopes, Sal-vador Carvalho do Amaral Gurgel, Vicente Vieira daMotta, João da Costa Rodrigues, Fernando José Ri-beiro, Antonio de Oliveira Lopes, José Dias Motta,Victorino Gonçalves Velloso, coronel José Ayres Go-mes, José Martins Borges, conego Luiz Vieira da Silva.padres Manoel Rorigues da Costa, José da Silva eOliveira Rollim, padre José de Oliveira Lopes.

De posse do segredo da trama, o coronel de dra-gões Joaquim Silverio dos Reis, que era grande de-vedor do erario régio, resolveu logo fazer a delaçãoao governador da capitania, meio de alcançar operdão de seu débito fiscal. ~

Nesse intuito, seguiu para Cachoeira do Campo,e a 15 de Março de 1789 apresentava ao general go-vernador da capitania, visconde de Barhacena (LuizAntonio Furtado de Castro do Rio de Mendonça cFaro) a denúncia verbal.

Ordenou este ao delator que fizesse por escritoa denúncia. A carta delatora traz a data de 11 de

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Abril dêsse ano, tendo sido entregue pessoalmente a19 seguinte.

O visconde de Barbacena, sabendo que TIRADEN-TES se destinava ao Rio, encarregou ao coronel Sil-verio de acompanhá-Io ,

Desfechou então o governador das Minas golpedecisivo contra a projetada conspiração, suspendendoincontinente a derrama.

Cessado este pretexto para o levante popular,ninguem se revoltaria contra o govêrno; e o movi-mento fracassou.

Em seguida abriu-se a devassa que colheu emsuas malhas avultado número de indiciados, algunsdos quais sem responsabilidade alguma, mas, nãoobstante, foram presos, submetidos a interrogatorios,sendo após remetidos ao Rio de Janeiro, para o jul-gamento da alçada do Tribunal da Relação na Côrtedo então vice-rei, conde de Rezende.

Claudio Manuel da Costa suicidou-se na prisãodos Contos em Vila Rica, enforcando-se na noite de4 de Julho.

Nesse entretanto, chegava TIRADENTESao Rio, a25 de Abril, sob a vigilancia secreta do furriel Ma-noel Luiz Pereira que o precedera e lhe havia assis-tido ás conversas em pról da revolta na fazenda dasCebolas.

Pelo caminho, nos sítios por onde ia passando,em Varginha, perto de Queluz, na estalagem de Joãoda Costa Rodrigues; em Bananeiras, no sítio de JoãoDias da Motta, vinha o alferes revoltoso fazendo apropaganda ás escancaras, sem o menor disfarce oucuidado.

Pouco tempo depois, chegava ao Rio de Janeiroo traidor Joaquim Silverio, a quem TIRADENTES,deboa fé, de tudo ia dando ciencia.

Enquanto de passagem no Rio; hospedou-se TI-RADENTESem casa de Domingos Fernandes da Cruz,

á rua dos Latoeiros, hoje Gonçalves Dias, onde, foi

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preso a 10 de Maio de 1789, sendo conduzido á for-taleza da ilha das Cobras.

Tendo essa notícia chegado a Vila Rica, poucodepois eram feitas em varias pontos as prisões dosdemais conjurados.

Duas devassas foram logo abertas, uma em Mi-nas Gerais pelo governador visconde de Barbacena ;e outra no Rio, pelo vice-rei conde de Rezende, dandolagar a varias conflitos de jurisdição e exceções pro-letarias.

TIRADENTES,submetido a onze interrogatorios,manteve-se sempre em digna sua atitude, buscandoatrair sobre si exclusivamente toda a responsabili-dade do movimento, sem acusar a quem quer quefosse.

O padre Rollim foi quinze vezes interrogado.O processo de TIRADENTESteve no Rio o seguinte

andamento: na vespera do Natal de 1790, chegou á

côrte a Alçada, investida de plenos poderes régiospara o julgamento dos réos.

Em 21 de Outubro do ano seguinte foi abertaaos acusados a dilação de cinco meses para falaremnos autos; por seu defensor, o advogado da SantaCasa da Misericordia, José de Oliveira Fagundes.

Só a leitura dos volumosos autos reclamavamaior prazo: a defesa foi, porém, habil.

A 17 de Abril de 1792 eram todos os réos, á , ex-cepção de cinco clerigos, transferidos das masmor-ras da ilha das Cobras para a sala do Oratorio, nacadeia pública, depois Camara dos Deputados e atualpalacio Tiradentes.

A 18 de Abril foi lavrada pelos juizes a sentença,trabalho em que consumiram 18 horas a fio.

Na madrugada de 19, essa sentença foi lida du-rante duas horas e publicada aos réus.

Dez dos conjurados, inclusive os eclesiasticos,foram condenados á pena capital; outros ao degredo

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perpétuo em Africa; mas os juizes estavam autorí-zados por carta régia de dona Maria I, de 15 de Ou-tubro de 1790 a comutar essa pena.

Havia 18 mezes, portanto.Não obstante real magnanimidade passou em

silêncio, para armar ao efeito a cena de escarmentopopular.

Só na manhã de 20 de Abril, sexta-feira, foi lidaa segunda sentença comutatoria, pela qual unica-mente o alferes Joaquim José da Silva Xavier, oTIRADENTEs, devia subir ao patíbulo; os demais te-riam degrêdo perpétuo. ou por dez e oito anos emAfrica; José Martins Borges, além de 10 anos de ga-lés, foi condenado á pena de açoites em público.

Claudio Manuel da Costa teve declarados infa-mes sua memoria, seus filhos e netos; os sacerdotesforam presos em conventos em Lisboa. Oito foramabsolvidos, entre os quais Domingos Fernandes daCruz, que recebeu o TIRADENTES em sua casa da ruados Latoeiros, no Rio. Francisco José de Mello e Ma-nuel do Rego Fontes morreram na prisão. Osdrs. Diogo Ribeiro de Vasconcellos, José Pereira Ri-beiro e outros foram soltos logo depois.

Condenado á morte na forca, esquartejamento epena de infamia, aplicada tambem aos seus descen-dentes, o protomartir TIRADENTES foi executado numsabado, 21 de Abril de 1792, por volta do meio dia.no antigo campo da Polé, proximo sítio onde ficaa atual igreja da Lampadosa e o teatro João Caetano.

Seryiu de carrasco o negro Capitania; e deu-lheo conforto espiritual dos ultimos momentos o guar-dião do convento de Santo Antonio, frei José deJesus Maria do Desterro.

O cortejo, que saira da cadeia velha, pelo Ter-reiro do Paço (praça Quinze de Novembro), ás 7 ho-ras da manhã, foi dos mais luzidos.

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Formaram os regimentos de Elvas, ou de Moura,comandante Coimbra, desde a Cadeia Velha até ofim da rua do Piolho (depois da Carioca), a arti-lharia, comandante Silva Santos, no largo de SãoFrancisco; os 1° e 2° regimentos do Rio e o de Extre-mós ou Chichorro, comandados pelo brigadeiro Pe-dro Alves de Andrade, em triangulo, desde o campoda barreira de Santo Antonio até o campo da Poléou São Domingos.

A multidão enchia as ruas, sacadas e trapeiras.Dobravam os sinos de São José e do Carmo.A' frente vinham os frades franciscanos com

lochas acesas com a cruz alçada.A irmandade da Misericor-dia. com os mordo-

mos e irmãos de azul, o condenado de mãos amar-radas, com a alva branca e crucifixo e a corda aopescoço, no lado do carrasco, que segurava uma daspontos da corda, os magistrados a cavalo, o desem-bargador escrivão Luiz Alves da Rocha, que lavrouo auto de execução; o desembargador do crime, JoséFeliciano da Rocha Gameiro; o ouvidor da CamaraJosé Antonio Valente, o presidente do Senado daCamara e juiz de fóra Balthazar da Silva Lisbôa.

Duas companhias do esquadrão do více-reí á varr. guarda e atraz do cortejo, comandadas por seu filhodom Luiz de Castro Benedicto, e, por fim, uma car-reta puxada por doze galés, que deveria conduzir ocorpo para ser esquartejado, o que se verificou emseguida ao enforcamento, na Casa do Trem (antigoArsenal de Guerra, na ponta do Calabouço), sendoa operação praticada pelo carrasco, ajudado pordous galés da carreta.

Domingo, 22, fez-se a salga dos despojos, feitapelo carrasco; escoltados por guardas do regimento deEstremós, seguido de tres oficiais de justiça, foramremetidos em surrões de couro e conduzidos no lombode animais para Minas Gerais, onde seriam exnos-

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tos, segundo ordenava a sentença da Alçada: umquarto no sitio de Cebolas, um quarto em Varginha,outro na Borda do Campo, outro em Bandeirinha,pontos que assinalavam a passagem de TIRADENTES,

em sua propaganda; e a cabeça na praça pública deVilla Hica, sede da conjuração, atual praça TIRA-

DENTES, nome tambem depois ao antigo Rocio doRio de Janeiro, onde se perpetuou o martirio e queantes se chamava praça da Constituição.

Em diferentes naus, a 5 de Maio e 24 de Junho,seguiram os degredados para a Africa: o coronel

. Francisco de Paula Gomes Freire de Andrada, paraPedras de Ancoche; Alvares Maciel, para Massaga;Alvarenga Peixoto, para Ambaca: Toledo Pisa, paraCamhambá ; Antonio Lopes para Bihé; DomingosVieira, acompanhado do seu fiel escravo, o preto Ni-coláo, para Machemba; Amaral Gurgel para Catala- todos com degrêdo perpétuo; Thomaz Gonzaga,para Moçambique, Vidal Barbosa para São Tiago, I

José de Rezende Costa pai, para Bissáo e o filho paraCabo Verde, todos por 10 anos; além dos que tiveram.outros destinos.

A Conjuração Mineira contava com homens devalor, posição social, entre eles o comandante dosdragões, segunda pessoa da capitania em autoridade:mas não contava com o apôio decisivo do Rio e deSão Paulo, onde a irritação da. derrama, si levada aefeito, não despertaria interesse algum.

Bma vez explodido o movimento, facil seria aogovêrno português circumscrevê-lo e sufocá-lo.

QUADRO SINOTICO

A Conjuração Mineira, surto nativista de 1789,em Vila Rica, teve por figura central e protomartir oalferes do regimento de dragões, Joaquim José da

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Silva Xavier, cognominado o TIRADENTES,por vultosde mais destaque os poetas desembargadores ThomazAntonio Gonzaga, Claudio Manuel da Costa e IgnacioJosé da Alvarenga Peixoto. Contava ainda com umhomem de prestígio, o comandante dos dragões, te-nente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrada.

Serviu de pretexto ao malogrado motim a derra-ma do quinto e estabelecimento das casas de fundi-ção do ouro, em Minas Gerais. O coronel JoaquimSilverio dos Reis, de posse do segredo, delatou-o aogovernador visconde de Barbacena, que mandouprender os conspiradores. TIRADENTESfoi prêso noRio, a 10 de Maio de 1789 - e recolhido ao calabouçoda ilha das Cobras, como os demais vindos de Minas;condenado á morte na fôrca, foi executado a 21 deAbril de 1792, no campo da Polé, no Rio de Janeiro.Os demais conjurados foram degredados uns perpe-íuadmente, outros por dez e outros por oito anos paraa Africa, onde alguns faleceram.

O corpo de TIRADENTESsofreu ainda esquar teja-mento, seus despojos foram expostos nos principaissítios da propaganda subversiva; e sua memória de-clarada infame em seus decendentes.

, .'NOTAS BIOGRAFICAS.

JOAQUIMJose DASILVAXAVIER,o Tiradentes (1746-1792), nacido no sítio do Pombal, São João deI Rei,era filho de Domingos da Silva Santos e Antonia daEncarnação Xavier, quarto dos sete irmãos, dos quaísdois foram padres. Orfão aos nove anos.

Sua família tinha a fazenda do Pombal, com ca-pela e engenho. .

Era homem inteligente, de certa cultura e debom coração; seus avós paternos eram portugueses, aavó materna, brasileira, paulista.

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Alvarenga Peixoto pinta-o na devassa como "umoficial feio e espantado".

Seu compadre Domingos Vieira, chama-o "aquelemalvado TIRADENTES"; mas o inconfidente conegoManoel Rodrigues da Costa, descreve-o:·" o Xavierera um rapaz simpatico".

Entendia um pouco de mineralogia, segundo deleafirma o governador dom Luiz da Cunha Menezes,tendo desempenhado uma comissão dessa natureza,que exigia coragem e prudencia na serra da Mantí-queira.

Seus planos de conduzir para o abastecimento dacidade dó Rio de Janeiro as aguas dos rios Andaraí eMaracanã. serviços que mais tarde foram realizados,diz Lucio .José dos Santos, em seu resumo didatico daHistória de Minas Gerais - demonstra que era umhomem inteligente e empreendedor.

"Não era, pois TIRADENTES um homem vulgar."Conservou-se solteiro; teve um filho e uma filha

naturais. Escolheu a profissão de dentista, negocianteambulante e curandeiro.

Como alferes do regimento de dragões da ca-pitania das Minas Gerais, foi quatro vezes preterido:resolveu então tentar .sem exito, a mineração, nosítio do Parahibuna, perto do Menezes, com bas-tante mata, terras minerais, casa de vivenda e sen-zalas.

Possuia tres escravos e uma escrava.Nada conseguindo, porém, antes endividando-se,

foi que re8ol~eu seguir, licenciado, para o Rio de Ja-neiro, em 1788, afim de apresentar ao vice-rei domLuiz de Vasconcellos e Souza seus planos de captaçãodas aguas dos rios Maracanã e Andaraí.