piconez - a prática de ensino e o estágio supervisionado - a aproximação da realidade escolar e...

8/2/2019 piconez - a prtica de ensino e o estgio supervisionado - a aproximao da realidade escolar e a prtica da reflexo p.9-39

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Capac Francis RodriguesCopidesque: NiuzaMariaGoncalvesRevisfio:Vera Luciana Morandim

Oados tnternaclonals de Caialogal'ao na Publlcacac (CiP)(Camara Braslle ira do Llvro, SP, Brasil)

A pratica de ensino e 0 estagio supervision ado/ Ivani CatarinaArantes Fazenda ... re t al.J; Stela C. Bertholo Piconez (coord.).-Campinas, SP: Papirus, 1991. (Colecao Magisterio: FormacaoeTrabalho Pedagopico)Bibliografia.ISBN 85-308-0159-81.Estagios :Educacao= Brasil2. Pratica deensino3. Professores~Formacao profissional- Brasil! . Piconez, Stela C. Bertholo.II.Fazenda, Ivani C.A. III. Serie.

Indices para cataloqo sistematico:

17Edi~ao2009

Proibida a reprocucao total ou parcialda obra de acordo com a lei 9.610198.Editora atiliada a Assoclacao Brasileirados Dileitos Reprogralicos (AflDR).

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APRESENTA


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Supervisionado, nern sempre supervisionado ou nern mesmorealizado.. Os est~dos realizados no pais apontam experienciasisoladas ou direcoos fragmentadas; nao existe uma teoriafundamental sobre a Pratica de Ensino; falta consenso sabreas prioridados na formacao dos professores. Sendo assimnao r~ra deparamos com recomendacrias, mais que co~reflexoes, sobre a formacao de professores.Sao recornendadas pesquisas sobre 0 treinamento ea formacao de professores de Pratica de Ensino: treinamentoe preparacao de professores para trabalhar e lidar com asvarias demandas da educacao escolar brasileira: educacaoespecial, educacao de adultos, educacao popular, educacaopre-escolar (Feldens, 1983) e a urgencia da ampliacao dacaracterizacao politica, episternologica e pro fissional doEstagio Supervisionado, uma vez que, sendo uma atividadeteorico-pratica, envolve a totalidade de acoes do curriculodo curso de magisterio (CONARCFE, 1989).

Grande contribuicao tern side dada nos ultimos anoscom 0 trabalho desenvolvido na busca de uma DidaticaFundamental. Como fonte inspiradora, a equipe que realizoueste Iivr o procurou r efletir sobre a realidadeteoria-pratica-teoria, nao isoladamente, mas em sua totalidade,complexidade e problematicidade, na perspectiva concretada exper iencia de cada urn. Nao se ignor ou arnultidimensionalidade do processo de ensino-aprendizageminterseccionado com as dimensoes tecnicas, sociais, humanase politicas. A reflexao sobre a Pratica de Ensino/EstagioSupervisionado passou por analises concretas, vinculadas acontextos especificos e com a consciencia do muito que hapor superar, descobrir e construir 0o processo de elaboracao do livro ocorreu depoisde encontros com os participantes e de elaborados os textospreliminares sobre 0 terna em questao. Foi uma etaoa dificile bastante morosa, dada a impossibilidade de 0 grupo

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reunir-se com frequencia. 0 cronograma de andarnento foipor diversas vezes alterado.A etapa seguinte passou pela reforrnulacao dos textosapos 0 crivo feito por todos os participantes do grupo nadirecao da producao do texto definitive. Esse momenta foigratificante, e a equipe fortaleceu-se em tome das ideiasque queriam divulgar e que defendiam.Sendo assim, 0 livre seguiu a seguinte estrutura: aabertura foi feita com meu texto - "A pratica de ensino eo estagio supervisionado: a aproximacao da realidade escolare a pratica da reflexao"', uma vez que, como coordenadorado grupo e da obra, procurei introduzir 0 terna, enfatizandoos problemas do descornpasso entre a Iegislacao e a realidade.Desta perspectiva, cabe ressaltar que as instituicoes naoreservam espaco, no interior da grade curricular semanal,para 0 desenvolvimento dos estagios, 0 que prejudicasobremaneira os alunos. Posteriorrnente, discuto a Praticade Ensino/Estagio Supervisionado como aproximacdo da

realidade da sala de aula e da escola e a importancia dissopara a pratica da reflexiio teorica sobre os dados colhidose/ou observados. Sempre na direcao de um projeto articuladocom todos os professores e componentes curriculares do curso.Vani Moreira Kenski, responsavel pelo texto "Avivencia escolar dos estagiarios e a pratica de pesquisa emestagios supervisionados", avanca 0 desafio, apresentandourn relato sobre a formacao de professor Lucido e conscienteda necessidade de que a Pratica de Ensino envolvacornportamentos de observacao , reflexao critica e

reorganizacao das acoes, caracteristicas proximas a posturade urn pesquisador, investigador, capaz de refletir e reorientarsua propria pratica, quando necessario. 0 ponto de partidade scu trabalho resgata a memoria educativa das vivenciasescolares dos proprios estagiarios, passa pela historia devida das criancas nas series iniciais do 1~ grau, entrevistascom professores, para concluir sobre os modelos de acaodocente aos quais todos estivemos expostos antes da construcao11
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nosso proprio modele (processo de interligacoes entreexperiencia e conhecimento teorico-pratico).Ivani Catarina Arantes Fazenda questiona '10 papeldo estagio nos cursos de formacao de professores", partindodas dificuldades dos alunos estagiarios, carregadas desde aescola de I? grau, em direcao ao estagio, pensado comourn projeto de pesquisa coletivo maior. Nesse percurso, aautora coloca 0 desafio de Ievar os alunos estagiarios aperceber 0 real papel de uma teoria - a suficientementenecessaria - para ser instigadora ou esclarecedora, 0 textoprocura rnostrar 0 colorido diferente do processo de pensara pratica que corneca com "a pesquisa do eu", "a pesquisanos" na sala de aula.Na sequencia, Rosa Kulcsar discute uma experienciada integracao teoria-pratica, tendo como pano de fundo aescola atual, que mudou e que exige urn quadro teo rico dereflexao mais dinamico. Sendo assirn, os EstagiosSupervisionados sao parte importante das relacoes

trabalho-escola, teoria-pratica, representando, por assimdizer, verdadeiro elo de articulacao organica com a propriarealidade.Nelio Marco V. Bizzo analisa as questoes pertinentesa Pratica de Ensino em Ciencias e as dificuldades dosprofessores diante das novas rnetodologias de ensino, dasquestoes institucionais e da diversidade humana presenteno alunado. 0 texto "Metodologia e pratica de ensino deciencias: a aproxirnacao do estudante de magisterio das aulasde ciencias no I? grau' tece consideracoes sobre a importancia

se conhecer os objetivos do ensino de ciencias e as praticaspresentes no cotidiano desse ensino, hoje, pelos alunosestagiarios.Yara Boulos, no seu texto "Didatica geral ou especial?Urna contribuicao ao debate", Ievanta algumas questoesbasicas relativas a s diferentes concepcoes da relacaopedagogica, chamando a atencao para a relacao dialetica

entre a criacao e a aquisicao de conhecimento. Essa relacaosupoe urna forma especifica de ligacao entre os sujeitos,no processo de ensino e aprendizagern, que possibilita umadiscussao mais fundamentada sobre 0 papel da Didatica edos conteudos e metodologias especificos nos cursos deformacao de professores.Nidia Nacib Pontuschka recoloca a preocupacao coma pesquisa e 0ensino na formacao do professor de Geografia,passando pelas dificuldades que tern impedido a solidaformacao do professor. Apresenta depoirnentos notaveisde seus alunos estagiarios da Pratica de Ensino de Geografia,vivenciados atraves dos estagios supervisionados, e urnideario sobre 0 proprio Estagio Supervisionado.E, finalmente, encerrando bern, Maria Luisa SprovieriRibeiro discute as contradicoes que fortemente impedem aEducacao Especial de exercitar com plenitude sua missaosocial ern face da historia de discriminacao da qual e vitimaainda hoje. Analisa 0 Estagio Supervisionado na Educacao

Especial, no ambito das salas de aula da Educacao Especial,no contexto pedagogico das salas de aula do ensino regular.Analisa, tambern, as atitudes necessarias a efetivacao doEstagio Supervisionado na area.

Stela C. Bertholo Piconez

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A PRATICA DE ENSINO E 0ESTAGIO SUPERVISIONADO: A APROXIMA(:AoDA REALI DADE ESCOLAR E A PRATICA DA REFLEXAo

Stela C. Bertholo Piconez"

1. IntroducdoOs debates e estudos sobre a Pratica de Ensino eEstagio Supervisionado, ernbora reduzidos, no que tange aformacao do professor de pre a 4~ serie do I? grau e mesmona formacao de professores no curso de Pedagogia, para aHabilitacao Especifica de 2? grau para 0Magisterio (HEM) I,

tern empreendido muitas criticas sobre sua inadequacao epouca contribuicao no preparo de professores para a realizacaoda escola basica.Nesse contexte, fato da dissociacao entre 0 ensinoe a realidade, constat ado a partir de qualquer enfoqueideologico assurnido, tornou-se urn problema governamental

Professor -Ass ist en te da Faculdade de Educacao da Unive rs idade de Sao Paulo .l. HEM - sigla pel a qual e conhecida a antiga Escola Normal a partir da lei 5.692/71,no Estado de Sao Paulo.

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e urn objeto de estudo de diferentes autores e projetos 2 quepropoern, sob varias forrnas, a unidade teoria e pratica. 0contexte rela ciona l entre pra tica -teoria -pra tica a presentaimportante significado na formacao do professor, pois orientaa transformacao do sentido da formacao do conceito deunidade, ou seja, da teoria e pratica relacionadas e naoapenas justapostas ou dissociadas,Se, por urn Iado, a Iegislacao 3 e, consequentemente,os agentes pedagogicos que participarn da formacao deprofessores 4 considerarn a Pratica de Ensino sob a formaEstagio Supervisionado, muitas vezes, como tarefada Didatica, com dificuldades de identifica-la nointerior de urn projeto politico-pedagogico mais amplo, poroutre Iado, ela vem sendo desenvolvida, no curso dePedagogia, por cornponentes curriculares autonomos, comoas Metodologias de I? e de 2? graus, nas series terrninaisdo curso. Na Licenciatura, os estagios sao vinculados aocomponente curricular Pratica de Ensino cujo objetivo e 0

preparo do Iicenciando para 0 exercicio do magisterio emdeterrninada area de ensino au disciplina de I? e 2? graus.oparecer CFE 4.873/755 , que trata da Formacao Pedagogicadas Licenciaturas, assim expressa:... 0 que importa e menos determinar onde realizar a Praticade Ensino, aspecto ja bastante assente, do que saber, namedida do possivel, como e quando ela se fara. A respostae ainda aqui uma consequencia da ideia de concornitancia,que nao estara atendida sem a projecao, no plano dasaplicacoes, do conjunto constituido pela integracao deconteudoe metodologia. A sua forma e a do Estdgio Supervision ado ,em que a supervisao constitui urn prolongamento da propria

2. Ver Brejon (1968); Sant 'anna (1974); Souza (1975) ; Warde (1970); Azevedo (1980);Candau & Lellis (1983); Carvalho (1985); CENP (1984); CENAFOR (1986); Novadimensao (1985); Curso Normal (1988); Pimenta & Libaneo (1990).3. Pareceres CFE 672/69 e 252169; r eso lucoes 09/69 e 02/69 ; dcl iberacao CEE 30/87e resolucao SE 15/88 para a HEM.4. Stela C. Bertholo Piconez, "Alguns ref lexes do cotidiano da HEM nas representacoesde professores, d ire tores e supervisores de ensino da Drecap-3", Sao Paulo, 1990(mimeo).

5. Parecer CFE 4.873/75, Documenta, 18! , p. 212.

instrurnentacao. A conducao dos trabalhos deve ficar a cargode professores-orientadores, procedentes das areas de conteudo,que sejarn especial is tas no ensino para 0 campo de estudosno qual pretenda habilitar-se 0 aluno.o carater complementar , ou mesmo suplernentar ,conferido a Pratica de Ensino/Estagio Supervisionado, ouainda, no dizer de Azevedo 6 , uma teoria colocada nocomeco dos curs o s e uma pratica colocada no final deles

sob a' forma de Estagio Supervisionado constituem a maiorevidencia da dicotomia existente entre teoria e pratica, Dessaforma, as orientacoes do estagio 7 tern sido dirigidas emfuncao de atividades program adas a priori, sem que tenharnsurgido das discussoes entre educador-educando, no cotidianoda sala de aula, da escola. Assim, 0 conhecimento da realidadeescolar at raves dos estagios nao tern Iavorecido reflexoessobre urna pratica criativa e transforrnadora nem possibilitadoa reconstrucao ou redefinicao de teorias que sustentem 0trabalho do professor.A preocupacao com a Pratica de Ensino, mesmotendo sua origem da decada de 1930, tanto com a criacaode cursos superiores de Licenciatura, cuja definicao foiexplicitada em 1939 com a instituicao do regime do cursode Didatica 8, quanto na Habilitacao Espccifica de 2? graupara Magisterio , entao conhecida como Escola Normal,pas sou a ser objeto de preocupacao antiga, principalmentecom relacao ao estagio curricular a partir da reforrnauniversitaria institucionalizada pela lei 5.540/68.Legalmente, quando, numa analise das leis 5.540/68e 5.692/71 observa-se a incompatibilidade entre as duas no

que se refere a formacao de professores, em que a prime!raagregou a formacao de especialistas e a segunda exigeprofessores polivalentes. A principio, nas duas possibilidadesde formacao de professores, nao existiam, no elenco dasI 6.7. L.M.F. de Azevedo. 0 Estagio Supervisionado: uma analise critica, p. 24. . ..Stela C. Bertholo Piconez., Habilitacdo Especijica de 2. grau para 0 Mcgisterio:necessidades e expectativas de sua clientela, pp. 178-196.Ver decreto-Lei L 190/39; decr eto-Lci 9.053/46 e pareccr CFE 292/62.8.

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disciplinas pedagogicas, atividades de pratica docente. Parao 3? grau, a Pratica de Ensino tornou-se parte do minimocurricular des cursos de Licenciatura, sob a forma de EstagioSupervisionado corn a resolucao 9, anexa ao parecer CFE672/69. No curriculo das Escola Norrnais havia apenas umadisciplina de "formacao profissional": Metodos e processesde Ensino 9. As tendencias educacionais, desde a irnplantacaoda Escola Normal ate pelo rnenos a Republica, demonstrararnurn ensino profissional incipiente. Sornente a partir de 1968,as 4:' series de estudo foram voltadas para as disciplinasprofissionalizantes, corn estagios de observacao e praticaem escolas primarias, aspecto do qual dependeria 0certificadode conclusao do curso it. No entanto, as modificacoesinstauradas no sistema educacional pela lei 5.692/71, queestabelecia a qualificacao obrigatoria, reservava a Didatica IIa tarefa exclusiva de aproximacao da realidade da sala de aula.

Sao do parecer CFE 349/72 as observacoes transcritasa seguir.A Didatica compreendera estudos relatives Ii Metodologiado Ensino sob os aspectos de planejamento, de execucao doato docente-discente e de verificacao da aprendizagem,conduzindo a Pratica de Ensino (... ) Devera ainda apreendertecnicas explicatorias que lhe perrnitam identificar e dimensionaros recursos comunitarios, bern como estagiar em instituicoesque desenvolvam atividades relacionadas com sua futurahabilitacao. Podera ser anterior, concomitante e posteriormentea Didatica, ernbora nao haja duvidas de que a concomitanciatern vantagens sobre as outras duas, por manter prat icamenteindissociaveis a teoria e a pratica, isto e , 0 que se deve fazere 0 que realmente se faz. 12o ideario educacional em torno da Pratica de Ensinoligou-se a urn memento historico em que se acreditava queesta atividade fosse concebida como urn espaco privilegiado

9. Ver estudos de Busch, 1935; Tanur i 1979; Campos, 1987; Veiga , 1989.10. Decreta-lei 50.133/68.!. Del iberacao CEE 2i!76; pareceres CFE 45/72 e 349/72.12 . Relatorio da ind icacao CEE 81176 - CESG. Em Habilitacao Especifica de 2? g raupara 0 Magisterio; guias curriculares para os minimos profiss ionalizantes , p. 208.

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na luta para a melhoria na formacao dos professores e,conscquenternente, atingir-se-ia rnelhoria qualitativa doensino. No entanto, 0 que poderia uma futura professoraestar observando nas salas de aulas de nossas escolasprirnarias, onde a reprovacao e a evasao ampliavarn-se acada dia? Que respaldo teorico teriam do curso para discutiressa questao, uma vez que a Didatica nao contextualizavaseus estudos na escola brasileira?Alguns auto res 13 que estudaram as tendencias dapratica dos professores ou as correntes e abordagens deensino e da Pedagogia destacaram 0 predominio ora depressupostos teoricos politicos e ideologicos; ora de concepcoesdiferenciadas de mundo, escola, pratica docente, cujasforrnulacoes de categorias teoricas forarn aproveitadastambem nos textos oficiais, muitas vezes tambem priorizando,numa perspectiva individualista e psicologica, a eficienciado ensino; ora os temas didaticos, priorizando objetivos,metodologia de ensino, avaliacao e questoes sobre

planejamento; ora esbocando-se nas fontes do materialismodialetico com uma pedagogia do consenso ou do conflito;identificando, atraves da pesquisa participante, concepcoesreprodutivistas ou de "conhecimento sistematico" das classespopulares; ou, ainda, destacando alternativas criticas detransforrnacao revolucionaria das relacoes sociais e deproducao escolar.De maneira geral, essas analises da pedagogia indicamsempre a importacao de ideias e tecnicas nascidas ern outrasrealidades, em outras areas de conhecimento e, portanto,com interesses, necessidades e finalidades tambem diferentesda realidade observada nas salas de aula da escola brasileira.Num mapeamento reduzido que retrata a situacaoda pratica de ensino do professor, Saviani 14 afirrna:

13. Garcia, 1977 ; Saviani, 1983, 1984; Sander, 1984 ; sA , 1985; Libaneo, 1983, 1985;Mizukarni , 1985; Martins , 1989; Oliveira, 1989; Veiga, 1989.14. D. Saviani, "Tendencias ecorrentes da Educacao Brasi le ira" , em D.T. Mendes (org. ),Filosofia da Educactio brasileira, p. 43.

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lmbuido do ideario escolanovista (tendencia "humanisra"moderna) ele e obrigado a trabalhar em condicoes tradicionais(tendencia "humanista" tradicional) ao mesmo tempo queso fre, d e u rn la do , a p re ssa o d a p ed ag og ia o fic ia l ( te nd en ciatecnicista) e, de outro, a pressao das analises socio-culturaisda educacao (tendencia "critico-reprodutivista").E a Pratica de Ensinu/Estagio Supervisionadoacornpanhou 0 movimento dessas tendencias, atraves daaproximacao da realidade da sala de aula e das suas discussoesteoricas no curso de formacao de professores? Parece quenao. Os alunos-estagiarios da HEM 15 estiveram nas salas deaula, mas sem condicoes de dar explicacoes teoricas sobreo vivido. A contestacao maior de seus relatorios apenasratificava a questao da rn a preparacao dos professores, sem,no entanto, conter explicacoes que poderiam ter existidoem todos os cornponentes de seu curso, enfocando ora adimensao social do processo educativo , ora as dimensoes

politicas ou pedagogicas.Diante desse quadro repetitive de constatacao geral

e de culpabilizacao, ora do aluno, ora do professor, algumasquestoes parecem estar implicitas:e A Pratica de Ensino/Estagio Supervisionado continuasendo tarefa exclusiva da Didatica?

e Em caso negativo, quais os vinculos de integracaoentre a Pratica de Ensino/Didatica e dernaiscornponentes curriculares do curso?e Por que os alunos e mesmo os agentes pedagogicosenvolvidos na formacao de professores nao ternatr ibuido valor e significado aos EstagiosSupervisionados, considerando-os muitas vezes simplescumprimento de horas formais exigidas pela legislacao?

Qual 0 eixo-articulador da relacao teoria-pratica naformacao do professor?15. VerSte la C.B. Piconez, HEM: necessidades e expectativas de sua clientela, obra cit.,

pp, 178-196.

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2. A aproximacao da realidade escolar e a pratica da reflexdoPara responder a tais questoes, temos verificado quee na rela ca o pra tica -teoria -pra tica refle tid a qu e se bu sca ,como entendernos, a dirnensao essencial da problernaticada formacao do professor. Tenho constatado 16 que asdisciplinas que fundarnentarn a formacao do professor poucacontribuicao tern fornecido, em virtu de de sua poucaarticulacao com 0contexto da pratica pedagogica desenvolvida

na escola, Tern ficado para a Didatica, na HEM, a tarefade formar 0 professor, ranco pedagogico, cuja origem,esbocada anteriormente, possui 0 respaldo da proprialegislacao vigente. Mesmo com proposta de reforrnulacaoda HEM 17, excluindo do cornponente curricular Didaticaos conteudos e metodologias especificas das areas de ensinode I? (de 1~ a a serie), continua a Didatica a assumir sozinhaa conducao da Pratica de Ensino na modalidade de EstagioSupervisionado. Diferentemente, no curso de Pedagogia, atarefa tern sido estruturada pelos componentes Metodologiae Pratica de Ensino de I? grau e Metodologla e Pratica deEnsino nas Disciplinas da Habilitacao Magisterio de 2? grau ".Temos acornpanhado, at raves des estagios no cursode Pedagogia e na HEM, a dificuldade dos professores deConteudo e Metodologias das areas especificas de 1~ a 4~serie, que, dominando 0 conteudo especifico, nao tern sabidolidar com as questoes existentes no I? grau, A defasagernexistente entre conhecimentos teoricos e trabalho pratico euma constatacao teorica e empirica. 1 3 0 caso, por exemplo,dos professores que assumiram as aulas, na HEM, deConteudo e Metodologias Especificas (Portugues/ Alfa-

betizacao, Geografia, Historia, Ciencias e Matematica) corn16. Os dados vern sendo colhidos at raves da participacao da elaboracao do ProjetoMagisterio/X) de revitalizacao da HEM nas escolas da Drecap-3; docencia ern cursesconveniados entre a CENP e a FEUSP sobre a "Organizacao do trabalho docentena HEM e suas articulacoes com Pratica de Ensino/Estagio Supervisionado" eonentacao e supervisao dos estagios na HEM dos alunos do curso de Pedagogia

da FEUSP.17. Deliberacao CEE 30 /87 e resolucao SE 15 /88 .18. Grade Curricular do curso de Pedagogia da FEUSP.

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com as alteracoes irnplernentadas pela legislacao em vigor.espaco do estagio, tambem para eles, deveria supor umaproducao de conhecimento, que, atraves de urn processocriador e recriador, j a nao se limitasse a pura transferenciae "aplicacao " de teorias ou de conteudos. 0 espaco doestagio e 0 eixo que pode articular a integracao teoria-praticaentre os conteudos da Parte Diversificada e do NucleoComum do curso de formacao de professores eo conhecimentorealidade da sala de aula da escola publica do pre a 4~ serie.Apos caracterizar e problematizar a pratica pedagogicadesenvolvida na escola, campo de observacao e de coletadados para analise, os alunos estagiarios, tanto da HEMquanto do curso de Pedagogia, acabam percebendo que ateoria veiculada, esvaziada da realidade e das praticascotidianas de sala de aula, nao explica a pratica e, quando, acaba contradizendo-a. 0 que ocorre e a ausencia defundamentos teoricos justificando uma deterrninada pratica,mesrna forma em que uma postura critica sobre a pratica

pedagogica so pode existir quando ha uma relacao dialogicaentre ela e a teoria. Esse memento tern exigido a construcaocoletiva do referencial teorico que ira auxiliar a leitura dapratica, desvelando, por assim dizer, qual ou quais teoriaspedagogicas estao orientando a pratica do professor, quesua vez nao e neutra nem fruto de uma separacao ingenuaurn determinado projeto politico e uma concepcao deeducacao.A Didatica tern explicitado, no contexto da PraticaEnsino/Estagio Supervisionado, a cornpreensao da praticapedagogica na totalidade, is to e, engajada num projetopolitico subjacente as teorias ou tendencias pedagogicas eao contexto historico ern que foram geradas? Sera que suarelacao com a Pratica de Bnsino/Estagio Supervisionadotern perrnitido questionamentos sobre " ... a pratica educativana sua intimidade a fim de apreender suas exigencias concretaseos determinantes que afetam os sujeitos envolvidos (sistemavalores, Iinguagem, condicoes concretas de vida e de

trabalho, motivacoes etc), proporcionando elementos paraa reavaliacao das diretrizes teoricas" 191De urn modo geral, temos observado> que os conteudostrabalhados ern Didatica na HEM, por exemplo, nao terncaptado a pratica pedagogica da escola de pre a 4? seriedo I? grau, que deveria ser explicitada teoricamente,pressupondo a relacao dialogica entre teoria e pratica, naoapenas como atitude na analise, rna? como uma posturametodologica fundamental. Tal fate deixa clara a necessidadeda estreita vinculacao da Didatica, da Pratica de Ensino cornos demais componentes do curso de formacao de professoresem qualquer nivel e/ou grau, para que se possa compreendero processo de ensino em suas dimensoes historico-social epolitica e ainda individual e coletiva 21 Na HEM, a maioria das alunas trabalha ern pre-escolasde rede particular 22, e os PIanos de Ensino de Didatica ternatendido a s solicitacoes feitas de "ensino de modelitos"prontos para as festas escolares, tais como os de caras de

coelhos e ovos decorados corn lantejoulas, para a comemoracaoda Pascoa: flores de papel crepom e bandeirolas para asfestas juninas; a espada de D.Pedro para a comemoracaoda Semana da Patria; urn saci engracadinho para cornemoraro folclore, alem da "pasta de mil e uma utilidades ", cornmodelos para serem reproduzidos no mimeografo a alcoole utilizado nas atividades diarias da escola.Pouco espaco existe para discussao e analise dosproblemas levantados da pratica das escolas de pre a 4~

19. J .C. Libaneo, A pratica pedagogica dos professores da esco!a publica, p. 197._20. Pro je to Magisterio/X) e Stela C. Bertholo Piconez, as . caminhos da formacao doprofessor de 1. 0 a 4. series. Analise dos planos de ensmo das escolas com HEM,pertencentes a Drecap-J, pp. 2-9. . . _21. Nao cabe somente ao componente curricular Didatica a responsabilidade de formacaodo professor. Isso ocorrera dentro de urn projeto de curso que articule todos osseus componentes curriculares num projeto de Estagio. .22. Stela C. Bertholo Piconez, HEM: necessidades e expectativas de suaclientela, pp. 101-105.Obs. Na pesquisa realizada com' 1..587 alunas de 3.3 escolas can: I?~M, urn total de593070 estavarn inseridas no mercado de t rabalho l igado ao rnagisteno. Dentre essas,80~70trabalharn na rede privada, e 76,6070 em pre-escola.

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I? grau, Nos pianos de ensino da HEM, nao se terna presenca de diferentes disciplinas fornecendopara a cornpreensao dos deterrninantes dessa pratica.que a problematizacao da pratica descnvolvidapelas diferentes disciplinas do curriculo. , '. !lrtlcuradas, podern assegurar a unidade, favorecera sistematizacao coletiva de novos conhecimentos e prepararo professor para cornpreender os estruturantes doe os determinantes mais profundos de sua pratica,a sua possivel transforrnacao.Nao existem referencias sobre a alfabetizacao noBasico 2 3, sobre as dificuldades e/ou possi bilidades daUnica para professores e alunos 2\ sobre a

possibilidad~ de integracao entre os professores de EducacaoEducacao Ffsica e Alfaberizacao: sobre a Educacao25; sobre a pratica de remanejamento, alunos deI . 126 .,. d bc asse especial e cnterios e 0 servacao e de avaliacao de. nao existem referencias como essas nem nos planosde Didatica e dernais componentes do curso emenos nos. t:fojetos de estagio, porque sao quaseAs atividades do curso, teoricas e praticas, saocentradas em conclusoes e conceitos dos Iivros didaticosou "postilados", nao favorecendo a reflexao sobreos determinantes mais profundos do processo de ensino quecompreender a realidade escolar. A relacao

prarka-teoria-pratica processa-se mecanicarnente e dissociada.As do magisterio chegam a concluir que os estagiossao desnccessarios ou, por outro Iado, que a Didatica e 0curricular responsavel por sua formacaouma vez que 0 professor de Didatica acabaa "incumbencia e a polivalencia" de suprir aasagem dos conteudos e reflexoes sociologicas, filosoficase historicas nao-realizadas no contexte e nos23. Decreto 2U133/83; resolucao SE 13/84; parecer CEE 1.582/84.24. Deereto 28.1.70/88; resolucao SE 17/88; comunicado e instrucao CENP de I?/6/88.25. ~er~ao CFE 699/72; resolucao SE 210/76.26. ~erl!


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a estreita e rigorosa slntese da teoria com a pratica e queso se pode exprirnir por sentido bidirecional, atraves dadiaI6gica. Essa unidads situa-se no centro em quee deterrninada pelo conhecimento preciso da praticae no em contrapartida, a teoria deterrnina com rnaissua experit~ncia 29.No curso de Pedagogia, temos assumido que e

precisamente nessa posrcao que a dialerica dateoria-pratka-teoria recriada pode encontrar sua eficacia.a prdtica reflexao torna-se suficientemente aberta parada experiencia deterrninacoes novas e mesmo novasexplica~oes teoricas.3. 0 estdgio, a pratica da reflexao e 0 conhecimento darealidade escolar

Atraves de pequenos proietos de investigacao darealidade da forma


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urn esforco enorrne para reeducar-se e transforrnar-se,deixar de vez suas tarefas e as funcoes da educacaoescola r d a otica d as elites econornicas, c ultu ra is e p olitic a sclasses dorninantes.Segundo Saviani 32, "problematizando a pratica (... ),trata-se de detectar que questoes precisam ser resolvidas noambito da pratica social e, em consequencia, que conhecimento

e necessario dominar ". E as alunas estagiarias do projetodocencia para adultos da Faculdade de Educacao da USPdescobriram que esse tema e silenciado tanto no curso dePedagogia quanto na HEM. 0 sentido politico da praticadocente deve ser realizado pela competencia tecnica .13; "acompetencia tecnica seria a base que tornaria possivel aoprofessor a aquisicao de uma visao do magisterio maisintegrada e politicamente mais comprometida com osinteresses das camadas populates". E, nas reflexoes dasalunas, 0 saber fazer esta na dependencia de uma vontadepolitica. Recusam-se a fazer "a escolinha do ProfessorRaimundo"; onde 0 "saber" e cobrado pelo processomnemonico. Elaboram em conjunto urn projeto pedagogicoEducacao de adultos, em que a memoria nao e 0 unicocomponente de avaliacao e avanco.

Sem esgotar 0 assunto, a pratica da reflexao sobre apratica, no curso de Pedagogia, tern favorecido as discussoessobre 0 processo pedagogico, suas rnultifaces e suas questoesnecessarias. Essa pratica tern deixado claro algumas coisasimportantes tais como: quem e 0 sujeito do processopedagogico. E identifica-se nao urn sujeito central (oraprofessor, ora aluno) mas urn conjunto de relacoes entrepessoas, num contexto social concreto. Uma outra questao.>.lLil""Ml";,


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Alern desse projeto de estagio, outros grupos dealunos da Pedagogia tern investigado a organizacao didaticada escola de I? grau (0 curriculo escolar, as constituicoesde classes, a avaliacao, a recuperacao, a arbitrariedade danota, a relacao professor-aluno-construcao do conhecimento,as etapas do processo de planejarnento, a improvisacao) ea presenca dessas questoes e tantas outras na HEM. Quandoo grupo da Pedagogia estuda profundamente alguns dessestemas, ele socializa seus estudos e reflexoes com as alunasda HEM que sao convidadas para os rninicursos desenvolvidosaos sabados ou nas proprias unidades escolares comCEFAMs 35 ou HEM publicos.

Pratica de ensina/estagio supervisionado: Elementos parao desenvolvimento de urn novo desempenho pedagogicoSem a pretensao de esgotar 0 assunto, que carece demais estudos, poderiamos destacar alguns elementosfundamentals que a pratica da reflexao sobre a praticapedagogics tern oferecido, no ambito de nosso trabalho ".

e A Pratica de Ensino/Estagio Supervisionado pertenceao currlculo dos cursos de formacao de professorese deve ser repensada nesse ambito; nao e tarefaexclusiva da Didatica e tern de estar em interacao coma realizacao do projeto pcdagogico do curso; portantodeve ser articulada com os dernais cornponentes docurso.o projeto pedagogico do curso de formacao deprofessores deve envolver seriamente 0 conjunto dealunos, docentes e supervisao pedagogica na suaforrnulacao. A elaboracao do projeto de estagio no

35. CEFAM = Centro Especifico de Formacao e Aperfeicoarnento do Magis terio ,36. E das ref lexces e fe tuadas durante 0 II Encontro Nacional sabre Estagio Curricularrealizado de 27 a 30 /11 de 1989, em Recife.

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!

IIIiIfi!IIfI

interior de seu plano de curso precisa contar comtodos os elementos envolvidos, inclusive com osprofessores do campo de estagio (professores de prea 4~ serie do I? grau e professores da HEM). S6assirn podera ter sentido e significado para os alunos.G A Pratica de Ensino/Estagio Supervisionado assimcomo a Didatica, nao pode ser, isoladamente,responsabilizada pela qualificacao profissional doaluno.G A Pratica de Ensino/Estagio Supervisionado precisaarnpliar sua caracterizacao politica, epistemologica epro fissional , uma vez que; sendo uma atividadeteorico-pratica, envolve a totalidade das acoes docurriculo do curso ,a A Pratica de Ensino/Estagio Supervisionado, seguindorecomendacao da Comissao Nacional de Reformulacaodos Cursos de Formacao de Educadores (CONARCFE)37,aponta para a integracao teoria/pratica pedagogics comourn dos eixos nucleares do curso e, portanto, deve terespa


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