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PIB DO AGRONEGÓCIO DE SÃO PAULO

Relatório Parcial – informações disponíveis até outubro/16

ElaboraçãoCentro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP)

Apoio Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP)

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PIB DO AGRONEGÓCIO DE SÃO PAULO

PIB DO AGRONEGÓCIO DE SÃO PAULOG D P A G R I B U S I N E S S – S Ã O PA U L O O U T L O O K

O Relatório do PIB do Agronegócio de São Paulo é uma publicação semestral resultante da parceria entre o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da Esalq/USP, e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).

O cálculo do PIB do agronegócio é feito pela ótica do valor adicionado, a preços de mercado, computando-se os impostos indiretos líquidos de subsídios. A quantificação dessa medida reflete a evolução do setor em termos de renda real, a qual se destina à remuneração dos fatores de produção: trabalho (salários e equivalentes), capital físico (juros e depreciação), terra (aluguel e juros) e lucros. Considera-se, portanto, no cômputo do PIB do agronegócio, tanto o crescimento do volume produzido como dos preços, já descontada a inflação.

O agronegócio é entendido como a soma de quatro segmentos: insumos para a agropecuária, produção agropecuária básica, ou primária, agroindústria (processamento) e serviços – como na Figura que segue. A análise desse conjunto de segmentos é feita para o ramo agrícola (vegetal) e para o pecuário (animal). Ao serem somados, com as devidas ponderações, obtém-se a análise do agronegócio.

É importante destacar que este relatório considera os dados disponíveis – preços observados e estimativas anuais de produção – até o seu fechamento. Em edições futuras, ao serem agregadas informações mais atualizadas, pode, portanto, haver alteração dos resultados de meses e também de anos passados. Recomenda-se, portanto, o uso do relatório mais atualizado.

Os cálculos sobre a variação do volume partem das mais recentes projeções de safra para o ano em curso. Essas quantidades são confrontadas com as projeções de volume correspondentes do ano anterior.

Equipe Responsável: Coordenação Geral: Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros, Ph.D, Pesquisador Chefe/Coordenador Científico do Cepea-Esalq/USP;

CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada Página 2

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PIB DO AGRONEGÓCIO DE SÃO PAULO

Pesquisadores do Cepea: Dra. Adriana Ferreira Silva, Dr. Arlei Luiz Fachinello, MSc. Nicole Rennó Castro e MSc. Leandro Gilio.

CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada Página 3

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PIB DO AGRONEGÓCIO DE SÃO PAULO

SUMÁRIO EXECUTIVO:

AGRONEGÓCIO E CONJUNTURA ECONÔMICA

Depois de recuar 3,8% em 2015, o PIB total brasileiro manteve-se em retração também nos três primeiros trimestres de 2016, acumulando baixa de 4% nesse período (IBGE/Contas Nacionais Trimestrais). No estado de São Paulo, o cenário não foi diferente e, no acumulado dos três primeiros trimestres, em relação ao mesmo período do ano anterior, a economia recuou 4,5% (SEADE/Sistema Estadual de Análise de Dados). Outros indicadores reforçam o pessimismo do cenário deste ano. No Brasil, a formação bruta de capital fixo acumulou retração de 11,6% no acumulado dos 10 primeiros meses do ano (frente ao mesmo período do ano anterior), depois de cair 13,9% em 2015 (IBGE/Contas Nacionais Trimestrais); além disso, a taxa de desemprego nacional foi de 11,8% no terceiro trimestre de 2016 e, em São Paulo, de 12,8% (IBGE/Pnad Contínua Trimestral).

Diante da continuidade da conjuntura macroeconômica desfavorável, tem-se um reflexo negativo também sobre o agronegócio. Seja para o agregado nacional ou para o estado de São Paulo, reduções no volume de produção tem marcado o setor. No caso do agronegócio brasileiro, retrações de produção foram verificadas em todos os segmentos. Já no agronegócio paulista, o cenário é pouco menos desfavorável: ainda no que tange ao volume de produção, verificou-se expansão no segmento primário, seja agrícola ou pecuário. Apesar do movimento geral de retração da produção, tendo em vista que o PIB do agronegócio, calculado pelo Cepea-Esalq/USP, acompanha a renda real do setor (são consideradas as variações reais de preço das diversas atividades componentes do agronegócio), observou-se um efeito positivo sobre o PIB da valorização real de preços no período.

Diante do contexto apresentado, o agronegócio paulista deve crescer 7,2% em 2016 (com base em informações disponíveis até outubro/16). De modo geral, assim como para o agregado nacional, no estado, destacou-se o desempenho do ramo agrícola, com alta de 8,1%. Para o ramo pecuário, a taxa é de 2,9% a.a. O agronegócio estadual foi ainda impulsionado pelo segmento primário, com elevação expressiva de 19%. A agroindústria também deve crescer (5,7%) e, acompanhando o desempenho dos segmentos a montante, também os serviços (6,4%). Para o segmento de insumos verificou-se a taxa mais modesta, de +3,1%.

No que respeito à geração de empregos, dados mais recentes referentes a 2015 indicam que o agronegócio paulista gerou perto de dois milhões de postos de trabalho formal. Desse total, 17% corresponderam à atividade agropecuária (dentro da porteira), 34% à agroindústria e 45% aos agrosserviços. O segmento de insumos absorveu pouco menos de 4%. Observando-se a série histórica de emprego no agronegócio estadual, iniciada em 2008, verifica-se tendência de redução da participação da agropecuária e da agroindústria no total de postos de trabalho (mais notadamente para a produção primária), frente à elevação dos empregos no segmento de agrosserviços. Comparando-se 2008 e 2015, as participações da agropecuária e da agroindústria no total de empregos do agronegócio recuaram em 4,4 p.p. e 1,9 p.p., respectivamente. Para o segmento de insumos, a participação elevou-se em 0,4% e, para aos agrosserviços, em 5,8 p.p.

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RESULTADO POR SEGMENTOS

Para os insumos, o crescimento anual previsto de 3,1% é o mais modesto entre os segmentos do agronegócio paulista. Especificamente, para os insumos agrícolas, a menor produção prevista para o ano pressionou os resultados, já que o preço médio aumentou – levando à ligeira elevação, prevista em 0,2%. Para os insumos pecuários, o crescimento anual de 8,5% esteve atrelado a maiores preços e produção.

Para máquinas e equipamentos agropecuários, que exerceram o principal impacto negativo no segmento, a baixa se deve principalmente ao recuo da produção, ainda que os preços reais também tenham caído. As instabilidades política e econômica, e seus reflexos sobre a confiança dos produtores, continuaram sendo o fator principal a pressionar essa indústria.

As indústrias de fertilizantes, defensivos e rações impulsionaram o PIB do segmento de insumos. Para fertilizantes, alta relevante nas vendas levou ao resultado observado. Em 2016, essa indústria comemorou recorde de vendas. Segundo agentes do mercado, a estabilidade da agricultura e a recuperação do setor sucroenergético foram fatores importantes que influenciaram neste cenário.

Para a indústria de rações, as maiores cotações refletem as altas do milho e do farelo de soja. Referindo-se à produção total nacional, o Sindirações aponta que a elevação foi impulsionada principalmente pelo maior consumo para suínos e aves.

O segmento primário agrícola é destaque em crescimento em 2016. Vale mencionar, que o resultado reflete principalmente a forte elevação real dos preços, mas, também, o crescimento da produção. As principais influências positivas no PIB do segmento foram: banana, batata, café, cana, laranja, milho e soja, enquanto o tomate destacou-se como influência negativa.

Para a batata, os preços alcançaram recordes sucessivos ao longo do primeiro semestre do ano, fato relacionado às quebras de safra ocorridas em diversas regiões brasileiras.

Para o café, o forte incremento de produção alavancou o faturamento, resultado da bienalidade positiva em 2016 no estado, do clima satisfatório, da entrada de pés novos em produção e do preparo adequado das plantas nas lavouras paulistas (Conab, 2016).

No caso da cana, a maior produção decorreu de aumentos de área e produtividade. Para a Conab, a expansão de área é um indicativo de uma possível reversão do quadro crítico das últimas safras, quando a atividade vinha enfrentando dificuldades expressivas. As boas condições climáticas e de umidade do solo teriam ainda colaborado para o aumento da produção. Ressalta-se ainda, que o excesso de chuva na safra passada prejudicou a colheita, impactando também em aumento da cana bisada a ser colhida na safra atual.

Quanto à laranja, preços maiores impulsionaram o faturamento. A menor oferta nesta safra e a previsão de baixos estoques de suco na indústria para o fim da temporada influenciaram a elevação.

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Tanto no segmento industrial como no mercado in natura, os preços foram recordes na citricultura paulista.

Em relação ao milho, também os preços reais maiores levaram ao resultado. Essas altas nas cotações internas do cereal, por sua vez, estiveram atreladas às expressivas exportações de milho em 2015, ao consequente reduzido estoque de passagem e à redução da primeira e da segunda safra de milho no País.

No caso da soja, a maior produção foi o principal impulso ao faturamento, e o preço também subiu. Para a Conab, o produtor paulista investiu na cultura diante dos elevados preços praticados na safra anterior. Somem-se a isso, a desvalorização do Real e o clima favorável durante o desenvolvimento das lavouras, que também influenciaram no cenário positivo para a cultura.

No segmento primário da pecuária, que deve crescer 4,2% no ano, o resultado deriva de maiores preços e produção. Influenciaram positivamente os resultados para aves, suínos, leite e ovos. Apenas a bovinocultura de corte recuou.

Na bovinocultura de corte, preços e produção em baixa levaram ao resultado. Para as cotações, a baixa resultou, principalmente, de reduções no segundo semestre, sendo que, entre janeiro e junho/16, o movimento geral foi de alta. Para o primeiro semestre, se verificou no mercado de boi gordo a baixa oferta de animais prontos para o abate, cenário que manteve firme o preço no mercado paulista.

Para a avicultura de corte, a alta dos preços refletiu o controle da oferta nacional, por meio da redução do alojamento de animais.

No caso da suinocultura, os preços recuaram no semestre, diante de um mercado interno nacional enfraquecido, que limitou o desempenho do setor.

Quanto ao leite, devido a problemas climáticos e ao desestímulo à produção diante dos altos custos, verificou-se um enxugamento da oferta, no Brasil e no estado, e consequente elevação das cotações.

No caso dos ovos, preços e produção em alta levaram ao crescimento no faturamento. Para as cotações, a alta decorreu dos repasses da elevação dos custos de produção ao comprador atacadista/varejista. Este, por sua vez, manteve o volume de compras mesmo em valores maiores, diante de uma demanda aquecida pelos produtos.

Para a indústria agrícola, espera-se elevação de 6,3%. Na média, o resultado positivo atrela-se aos maiores preços reais, visto que a produção estadual recuou. Apresentaram alta de faturamento: café, óleos de soja, açúcar e etanol; e acumularam baixas: sucos de laranja, moagem e fabricação de produtos amiláceos, fabricação de bebidas, indústrias têxtil e vestuarista, indústria de madeira e mobiliário (produtos de madeira e móveis de madeira) e fabricação de celulose e papel.

A indústria açucareira apresentou a expansão mais acentuada de faturamento entre as indústrias de base agrícola, impulsionada por incrementos na produção e elevação de preços. Segundo informações

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da equipe Açúcar/Cepea, a elevação dos preços internos está atrelada, especialmente, às altas no mercado internacional, que, por sua vez, vêm sendo influenciadas por estimativas indicando déficit global da commodity. Essa dinâmica levou ao aumento dos embarques no correr de 2016, com usinas paulistas, inclusive, reduzindo a participação das vendas de açúcar no mercado spot e priorizando as exportações.

Para indústria do etanol, maiores preços levaram ao resultado positivo. A alta de preços concentrou-se no primeiro trimestre e no segundo semestre.

Para a indústria de celulose, os preços recuaram ao longo do ano por conta da redução do valor internacional. Consideradas informações até outubro, a produção dessa indústria também recuou.

A indústria têxtil-vestuarista seguiu a tendência já observada nos anos anteriores e recuou, devido à expressiva queda da produção. Agentes do setor apontam que a retração teve influência da crise econômica no País.

A indústria da pecuária deve crescer 1,6% no ano, uma combinação de ganho real de preços com redução da produção.

Para os calçados de couro, os resultados foram pressionados por recuo de preços e produção. Para a Abicalçados, o início de 2016 seguiu a tendência do ano anterior, com diminuição das vendas e empregos, por conta do fraco desempenho do mercado interno.

Para o abate bovino, o cenário foi marcado por menores preços e produção. Para as cotações, ainda que a média do período tenha sido inferior à média dos dez primeiros meses de 2015 em termos reais, não houve movimento de redução na parcial do ano. Inclusive, diante da menor oferta interna nacional, observou-se alta das cotações em alguns meses do ano.

No abate de suínos, a forte baixa dos preços esteve atrelada à ampla oferta e à demanda retraída no cenário nacional. No caso do abate de aves, observou-se maior produção e preços em alta. Seja para suínos ou aves, o aumento do abate no ano já era esperado, uma vez que o rebanho vem crescendo. Contudo, o forte aumento dos custos de produção, que surpreendeu produtores e agentes das agroindústrias, intensificou os abates.

RESULTADO DETALHADO, PARCIAL DE 2016 (OUT/16*):

DESEMPENHO DO AGRONEGÓCIO, SEGUNDO RAMOS E SEGMENTOS

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Consideradas informações disponíveis até outubro, espera-se, para o PIB do agronegócio do estado de São Paulo, crescimento de 7,2% no ano (Figura 1). O aumento relacionou-se principalmente à alta do ramo agrícola, de 8,1%. Para o ramo pecuário também se espera crescimento, mas em menor intensidade, à taxa de 2,9%.

Analisando-se os segmentos, verifica-se que o primário é destaque em crescimento, com alta de 19% e elevações tanto no ramo agrícola quanto no pecuário. Para os segmentos industrial e de serviços, as elevações previstas para o ano são de 5,7% e 6,4%, respectivamente. O segmento de insumos mostra o resultado mais modesto, com alta de 3,1% – Ver Figura 1.

Insumos Primário Indústria Serviços Agronegócio-1.0

4.0

9.0

14.0

19.0

24.0

29.0

3.1

19.0

5.7 6.4 7.2

0.2

24.0

6.3 7.6 8.18.54.2

1.6 2.0 2.9

Agropecuária Ramo Agrícola Ramo Pecuário

%

Figura 1 – Taxas anuais de crescimento do PIB do agronegócio paulista e de seus segmentos (%), consideradas informações disponíveis até outubro/16.

Fonte: Cepea/USP e FIESP

Avaliando-se os resultados em termos de evolução de preços e produção, verifica-se que o movimento de alta do PIB, de modo geral, atrelou-se principalmente ao aumento real dos preços para os produtos do agronegócio do estado. Essa valorização das cotações é verificada também no PIB do agronegócio nacional. No entanto, especificamente em São Paulo, o crescimento do PIB no ano foi também reforçado pela maior produção do segmento primário, principalmente da agricultura. Este cenário para os volumes é diferente do observado para o agronegócio nacional, para o qual predominou o movimento de retração, com baixas em todos os segmentos.

Diante da dinâmica apresentada, em valores reais de 2016, o PIB do agronegócio paulista no ano é estimado em R$ 276,7 bilhões, quando consideradas informações disponíveis até outubro/16. Deste

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montante, 82% referem-se ao ramo agrícola, cujo PIB é estimado em R$ 227 bilhões, e 18%, ao ramo pecuário, com R$ 49,7 bilhões (Ver Figura 2).

2015 2016*0

50,000100,000150,000200,000250,000300,000

14,695 15,14825,230 30,027

106,997 113,128

111,322 118,438258,244 276,711

Agronegócio - R$ milhões

Insumo Primário Indústria Serviços Total

R$ m

ilhõe

s do

per

íodo

m

ais

rece

nte

2015 2016*0

50,000

100,000

150,000

200,000

250,000

9,547 9,56618,893 23,436

94,108 100,034

87,359 94,009209,906

227,003

Agricultura - R$ milhões

Insumo Primário Indústria Serviços Total

R$ m

ilhõe

s do

per

íodo

mai

s re

cent

e

2015 2016*0

10,000

20,000

30,000

40,000

50,000

60,000

5,148 5,5846,337 6,60512,888 13,096

23,964 24,434

48,338 49,716

Pecuária - R$ milhões

Insumo Primário Indústria Serviços Total

R$ m

ilhõe

s do

per

íodo

mai

s re

cent

e

Figura 2 – Valores monetários (reais de 2016) do PIB do Agronegócio de SP, segundo seus ramos e segmentos, em 2015 e 2016* Fonte: Cepea/USP e FIESP

*considerada a taxa de crescimento anual com base em informações disponíveis até outubro/16.

SEGMENTO DE INSUMOS

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Em 2016, o segmento de insumos deve crescer 3,1%, taxa mais modesta entre os segmentos do agronegócio. Enquanto para o PIB dos insumos agrícolas o crescimento esperado é de 0,2%, para os insumos da pecuária a taxa é de 8,5%.

No caso dos insumos agrícolas, na média das indústrias acompanhadas, a menor produção no ano pressionou o resultado, tendo em vista que os preços se mantiveram em patamares ligeiramente superiores aos de 2015, em termos reais. Já para os insumos da pecuária, também se considerando o resultado médio, o cenário foi marcado por maiores preços e produção.

Entre as indústrias de insumos acompanhadas pelo Cepea para avaliação do desempenho do PIB, apresentaram crescimento: combustíveis, fertilizantes, defensivos, alimentos para animais, sal mineral e medicamentos veterinários. Em contrapartida, houve forte recuo de faturamento para máquinas e equipamentos agrícolas. A Figura 3 mostra as taxas de variação anuais do faturamento destas atividades e a decomposição em variações de preço e produção.

-25-20-15-10-505

101520

4.81.7

10.4

-20.6

14.19.8

2.3

-2.6-7.3

10.2

-7.0

11.3 13.9

3.67.6 9.7

0.2

-14.6

2.5

-3.5 -1.3

Valor Preço Quantidade

%

Figura 3 – Variação anual do faturamento, preços e volume das indústrias de insumos acompanhadas pelo Cepea (janeiro a outubro - 2016/2015).

Fonte: Cepea/USP e FIESP (elaborado a partir de Cepea, IEA, FGV, ANDA, SINDIVEG, IBGE, SINDAN e ANFAVEA)

Mantendo a tendência observada desde 2014, a retração na indústria de máquinas e equipamentos agrícolas foi o principal fator negativo para o resultado do segmento de insumos para a agricultura paulista. Para esta indústria, por sua vez, a forte retração de 14,6% na produção do estado foi determinante para o resultado, e os preços reais também recuaram (7%), acentuando o cenário negativo. As instabilidades política e econômica, e seus reflexos sobre a confiança de produtores, continuam sendo o fator principal a pressionar essa indústria. Vale mencionar, que o cenário baixista para indústria foi amenizado ao longo do segundo

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semestre, cenário atribuído à certa melhora na confiança dos produtores. Ainda assim, a melhora observada não foi suficiente para reverter o resultado ruim dos primeiros meses do ano.

No caso da indústria de defensivos, as maiores cotações na parcial do ano (em relação ao mesmo período de 2015) levaram ao resultado observado, e a produção manteve-se quase estável, com variação positiva de ligeiro 0,2%. Para os fertilizantes, o resultado de elevação esperado reflete a relevante alta nas vendas, de 9,7%, diante de redução de 7,3% das cotações, em termos reais. Especificamente para as cotações, ao longo dos meses em 2016 (especificamente até agosto) a tendência geral foi de recuo. Segundo pesquisadores da equipe Custos/Cepea, de modo geral, a redução dos preços internacionais dos fertilizantes (devido à maior oferta) e a valorização do Real pressionaram as cotações em reais do produto no mercado interno. No que diz respeito à produção, segundo informações de agentes do setor (divulgadas pelo Canal Rural), em 2016, a indústria de nacional de fertilizantes se recuperou e comemorou recorde de vendas. Além da estabilidade da agricultura na parcial do ano, a recuperação do setor sucroenergético foi fator de impulso às vendas de fertilizantes.

Para a indústria de rações, os resultados foram positivos tanto para preços quanto produção. Para as cotações, o aumento foi de 11,3% em termos reais, com elevações sucessivas ao longo de 2016. Este movimento, que reflete os maiores preços do milho e do farelo de soja, tem afetado sobremaneira a rentabilidade das atividades pecuárias, com impactos relevantes na produção leiteira, de suínos e aves. No caso da produção nacional de rações, segundo o Sindirações, a elevação foi impulsionada principalmente pela maior demanda para suínos e aves.

SEGMENTO PRIMÁRIOO segmento primário do agronegócio paulista é destaque em crescimento em 2016, impulsionado

principalmente por forte elevação real de preços, mas também por expansão de produção. O resultado é de alta para ambos os ramos, com aumento de 24% no agrícola e de 4,2% no pecuário.

Na agricultura, com exceção do arroz, da cebola e do tomate, todas as culturas acompanhadas no período (janeiro a outubro/16) apresentaram aumento de faturamento estimado, sendo elas: algodão, amendoim, banana, batata, café, cana, feijão, laranja, mandioca, milho, soja, trigo e uva.

Considerando-se a média das culturas acompanhadas pelo Cepea para o acompanhamento do PIB estadual no período, o cenário foi marcado por elevação tanto em preços quanto em produção. No caso dos preços, a alta de 16,7% (na comparação entre períodos) veio de forma a amenizar o efeito de quatro anos sucessivos de reduções. Entre 2012 e 2015, as cotações estaduais acumularam baixa real de cerca de 20%. No caso da produção, na média das culturas acompanhadas no estado, espera-se elevação de 6,55% em 2016. A Figura 4 mostra as variações de faturamento, preço e produção das atividades agrícolas acompanhadas pelo

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Cepea para a evolução do PIB do agronegócio paulista. Para preços, tem-se a variação observada na comparação entre períodos; para produção, utilizam-se as mais recentes previsões de safra.

ALGO

DÃO

AMEN

DOIM

ARRO

Z

BANA

NA

BATA

TA

CAFÉ

CANA

CEBO

LA

FEIJÃ

O

LARA

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IOCA

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O

SOJA

TOMA

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O

UVA

-40-20

020406080

100

Valor Preço Quantidade

%

Produto Algodão Amendoim Arroz Banana Batata Café Cana Cebola Feijão Laranja Mandioca Milho Soja Tomate Trigo UvaValor 32,8 82,4 -17,9 73,3 29,7 42,3 21,0 -24,3 71,2 36,1 75,7 36,0 27,2 -53,3 3,2 33,7Preço 11,8 50,5 7,3 70,2 32,3 -2,0 11,1 -17,0 73,0 43,6 68,9 47,9 5,9 -32,0 12,8 31,3

Quantidade 18,8 21,2 -23,4 1,8 -2,0 45,2 9,0 -8,8 -1,1 -5,2 4,1 -8,1 20,2 -31,4 -8,5 1,8Figura 4 – Variação anual do faturamento, preço e volume das atividades agrícolas (janeiro a outubro - 2016/2015).

Fonte: Cepea/USP e FIESP (elaborado a partir de Cepea, Conab, IBGE, UNICA, IEA, CIFlorestas, UDOP)

Considerando-se tanto a magnitude da variação, quanto o peso das atividades no PIB do segmento, verifica-se que, até o momento, o segmento primário agrícola tem sido influenciado positivamente principalmente pelas seguintes culturas: banana, batata, café, cana, laranja, milho e soja.

No caso da batata, os preços 32,3% maiores (na comparação entre jan-out de 2016 e de 2015) levaram ao resultado observado, diante de queda prevista de 2% na produção estadual. No caso dos preços, que já estavam em patamares elevados no primeiro semestre de 2015, atingiram recordes no primeiro semestre de 2016. Segundo pesquisadores da equipe Hortifruti/Cepea, a valorização da batata naquele período atrelou-se às quebras de safra em diversas regiões produtoras brasileiras. Vale mencionar, que a partir de julho verificou-se redução das cotações (redução não suficiente para reverter a relação de alta na comparação entre períodos).

Para o café, o crescimento de 45,2% esperado para a produção paulista impulsionou o faturamento, sendo este, resultado de incrementos de área e produtividade frente à safra anterior. De acordo com a Conab (2016), este cenário está atrelado à bienalidade positiva da safra paulista no ano, ao clima que foi favorável durante o desenvolvimento da cultura, à entrada de pés novos em produção e ao adequado preparo das plantas nas lavouras do estado.

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Quanto à cana-de-açúcar, produto com maior representatividade no valor de produção gerado pela agricultura paulista, as altas foram de 11,1% para preços e de 9% para o volume produzido. Para a produção, segundo a Conab (2016), o aumento esperado decorre da expansão de área e de produtividade no estado. Ainda de acordo com a Companhia, o crescimento da área plantada é um indicativo de possível reversão do quadro crítico das últimas safras, quando o setor vinha enfrentando dificuldades. Ademais, as boas condições climáticas e de umidade do solo corroboram para o aumento da produção, auxiliando no desenvolvimento atual da lavoura. Ressalta-se ainda, que o excesso de chuva na safra passada prejudicou a colheita, impactando também em aumento da cana bisada a ser colhida na safra atual.

Para a laranja, apesar da queda estimada de 5,2% na produção, os preços, que estão 43,6% superiores na parcial de 2016, impulsionaram o faturamento. As cotações da laranja elevaram-se consistentemente ao longo do ano e, segundo pesquisadores da equipe Hortifruti/Cepea, os valores recebidos pelos produtores paulistas foram os maiores desde 1994. Tanto no segmento industrial como no mercado in natura, os preços foram recordes na citricultura paulista. Para a equipe, o aumento nos preços deve-se à menor oferta de laranja aliada à demanda aquecida, tendo em vista os estoques reduzidos de suco na indústria.

Para o milho, o expressivo aumento das cotações, de 47,9% em termos reais impulsionou o faturamento. Segundo pesquisadores da equipe Grãos/Cepea, referindo-se ao cenário nacional, as exportações de milho em ritmo intenso em 2015, a consequente redução no estoque de passagem e as quedas na produção tanto da primeira quanto da segunda safra, elevaram as cotações do cereal, principalmente no primeiro semestre deste ano.

No caso da soja, o aumento de 20,2% na produção foi o principal impulso ao faturamento, derivado do crescimento em área (7,6%) e produtividade (11,6%). Para a Conab, o produtor paulista investiu na cultura diante dos elevados preços praticados na safra anterior. Some-se a isso, a desvalorização do Real e o clima favorável durante o desenvolvimento das lavouras também influenciaram no cenário positivo para a cultura.

Como principal impacto negativo no segmento primário agrícola, destaca-se a queda no faturamento do tomate. Para este produto, expressivas reduções de preço e produção (ambas em torno de 32%) marcaram o cenário dos primeiros 10 meses de 2016.

Já no segmento primário da pecuária, influenciaram positivamente os resultados de aves, suínos, leite e ovos, e a bovinocultura de corte recuou. Assim como para o segmento primário agrícola, no caso da pecuária, o resultado positivo deriva de maiores preços e produção, para a média ponderada das atividades acompanhadas (altas de 3,31% e 0,72% para preços e produção, respectivamente). A Figura 5 mostra as variações de faturamento, preço e produção das atividades pecuárias primárias acompanhadas pelo Cepea para este cálculo da evolução do PIB.

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Bov. Corte Aves Suínos Leite Ovos-15-10-505

1015202530

-7.9

5.82.1

11.7

24.4

-4.5

2.2

-10.1

13.517.7

-3.5

3.5

13.6

-1.5

5.7

Valor Preço Quantidade

%

Figura 5 – Variação anual do faturamento, preço e volume das atividades pecuárias (janeiro a outubro - 2016/2015).Fonte: Cepea/USP e FIESP (elaborado a partir de Cepea, IBGE, IEA, Instituto da Pesca de SP)

No caso da bovinocultura de corte, a queda estimada do faturamento decorreu de preços e produção em baixa, na comparação com o período de janeiro a outubro de 2015. Para as cotações, a baixa real de 4,5% na comparação entre períodos resultou, principalmente, de reduções no segundo semestre, sendo que, entre janeiro e junho/16, o movimento geral foi de alta. Para o primeiro semestre do ano, segundo pesquisadores da equipe Boi/Cepea, se verificou no mercado de boi gordo a baixa oferta de animais prontos para o abate, cenário que manteve firme o preço no mercado paulista – em abril e em junho, inclusive, os valores estiveram em patamares recordes, em termos nominais. A competitividade da carne brasileira, favorecida pelo câmbio desvalorizado, também reforçou os embarques da carne e ajudou a enxugar a oferta doméstica. Já em agosto/16 ocorreu a queda mais expressiva de preços do boi gordo. Naquele mês, mesmo com a baixa oferta de animais, muitos frigoríficos ficaram fora do mercado, preenchendo escalas de abate com animais adquiridos anteriormente.

Para a avicultura de corte, maiores preços e produção marcaram a atividade: taxas de 2,2% e 3,5%, respectivamente. Para as cotações, segundo pesquisadores do Cepea, as elevações no ano refletiram o controle da oferta nacional, por meio da redução do alojamento de animais. A atividade suinícola foi pressionada pela redução de 10,1% nas cotações, mas, a elevação de 13,6% na produção estadual levou à alta observada. Para as cotações, segundo pesquisadores da equipe Suínos/Cepea, a baixa decorreu do mercado doméstico enfraquecido, que limitou o desempenho do setor. A equipe destaca ainda o significativo aumento de custos de produção, que também prejudicou sobremaneira a atividade suinícola.

No caso do leite, observou-se recuo na produção do estado (1,5%) e alta expressiva nos preços (13,5%) no período. Para pesquisadores da equipe Leite/Cepea, a elevação das cotações a nível nacional reflete uma

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mudança de cenário de 2015 para 2016. O ano passado foi marcado por fraca demanda, com a crise econômica impactando negativamente no poder de compra do consumidor, e por oferta estável, de modo que os preços se mantiveram em patamares muito baixos. Já em 2016, devido a problemas climáticos e ao desestímulo à produção diante dos altos custos, verificou-se um enxugamento da oferta nacional. Então, altas sucessivas nas cotações foram verificadas.

A avicultura de postura foi destaque em crescimento nos primeiros dez meses de 2016, impulsionada por aumentos relevantes de produção (5,7%) e preço (17,7%). No caso das cotações, segundo a equipe Ovos/Cepea, a valorização no ano esteve atrelada ao forte aumento nos custos de produção animal. O avicultor de postura repassou as altas para o comprador atacadista/varejista que, por sua vez, manteve o volume de compras mesmo em valores maiores. Isso porque, com os patamares elevados das carnes (e uma parcela da população substituindo a fonte de proteína pelo ovo), a demanda por ovos esteve aquecida. Nem mesmo o aumento da produção foi suficiente para pressionar os preços.

SEGMENTO INDUSTRIAL

O segmento industrial do agronegócio paulista deve crescer 5,7% em 2016 (com base em informações disponíveis até outubro/16). A alta industrial é puxada principalmente pelo ramo agrícola, cujo PIB deve aumentar 6,3%. Para o ramo pecuário, o crescimento é mais modesto, de 1,6%.

No balanço das indústrias de base agrícola acompanhadas no estado de São Paulo, o resultado positivo atrelou-se aos maiores preços reais (+6,43%), visto que a produção recuou ligeiramente (-0,81%). Entre as indústrias acompanhadas pelo Cepea no período de janeiro a outubro de 2016, as que apresentaram alta de faturamento foram: café, óleos de soja, açúcar e etanol. Em contrapartida, acumularam baixa neste período: sucos de laranja, fabricação de produtos amiláceos, fabricação de bebidas, indústrias têxtil e vestuarista, indústria de madeira e mobiliário (produtos de madeira e móveis de madeira) e fabricação de celulose e papel. A Figura 6 mostra as variações de faturamento, preço e produção das atividades do segmento industrial agrícola consideradas no acompanhamento do PIB neste período.

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-30-20-10

01020304050

Valor Preço Quantidade

%

Produtos Café Sucos de laranja

Prod. Amiláceos

Óleos soja Acúcar Etanol Bebidas Têxteis Vestuário Prod.

Madeira Móveis/ Artigos

madeira Celulose PapéisValor 8,1 -1,0 -0,2 9,6 46,9 6,0 -3,1 -8,2 -11,1 -10,5 -23,8 -11,4 -1,9Preço 5,7 -9,0 0,2 12,8 27,5 15,4 1,0 1,2 -3,8 -9,3 -11,2 -9,1 0,6

Quantidade 2,3 8,8 -0,4 -2,8 15,2 -8,2 -4,1 -9,3 -7,6 -1,3 -14,2 -2,5 -2,5Figura 6 – Variação anual do faturamento, preços e volume das atividades do segmento industrial agrícola (janeiro a outubro -

2016/2015).Fonte: Cepea/USP e FIESP (elaborado a partir de Cepea, ABIC, Alice-web, IEA, IBGE, FGV, UNICA, Abiove, Abitrigo, ABICAB,

Bracelpa).

Entre as indústrias acompanhadas neste período, a açucareira apresentou a expansão mais acentuada de faturamento, impulsionada por incrementos na produção (15,2%) e elevação de preços (27,5%). Segundo a Conab, a produção de açúcar tem sido a maior responsável pela melhora de ânimos na atividade canavieira. Isso porque os preços do produto têm mostrado forte recuperação desde a safra anterior, favorecendo a margem de lucro das unidades de produção. Segundo informações da equipe Açúcar/Cepea, a elevação dos preços internos está atrelada, especialmente, às altas no mercado internacional, que, por sua vez, vêm sendo influenciadas por estimativas de déficit global da commodity. Neste sentido, a equipe aponta que o Brasil – maior produtor e exportador da commodity – registrou forte ritmo de embarques no correr de 2016, com usinas paulistas, inclusive, reduzindo a participação das vendas de açúcar no mercado spot e priorizando as exportações.

Para a indústria do etanol, a queda estimada de 8,2% na produção foi mais que compensada pelo aumento de 15,4% nos preços reais, que impulsionou o faturamento. As principais elevações de preços do combustível se deram no primeiro trimestre do ano, e também no segundo semestre. Em janeiro, segundo pesquisadores da equipe Etanol/Cepea, a redução da oferta (período de entressafra) e as chuvas na maior

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parte do mês explicaram as altas expressivas do biocombustível. Já a partir da última quinzena de março, os preços reduziram substancialmente, sendo que, especificamente em abril, as cotações dos etanóis foram pressionadas pelo início oficial da moagem da cana da safra 2016/17 no estado. Este movimento, por sua vez, reforçou a vantagem do açúcar sobre o biocombustível. No segundo semestre, de modo geral, a baixa oferta nacional sustentou os preços do etanol.

No caso da indústria de celulose, menores preços (-9,1%) e produção (-2,5%) levaram ao resultado observado. De modo geral, os preços do produto recuaram consistentemente ao longo dos meses em 2016. Segundo pesquisadores da equipe Economia Florestal/Cepea, os preços em dólares da celulose no mercado de São Paulo recuaram ao longo do ano, refletindo em retração nas cotações internas.

Como destaques negativos na parcial de 2016 estão as indústrias têxtil e vestuarista e também de móveis e produtos de madeira. No caso têxtil e vestuarista, o movimento de baixa segue a tendência observada nos últimos anos, com os resultados do setor sendo pressionados principalmente por redução na produção. Agentes do setor tem apontado que a retração no ano se vincula à crise econômica no País. Para amenizar, em certa medida, o cenário interno desfavorável, indústrias do setor têm apostado nas exportações e, também, na substituição de importados.

Assim como na indústria agrícola, para a indústria de base pecuária, os resultados foram influenciados positivamente pelo ganho real de preços (3,97%) e negativamente pela redução da produção (2,37%), considerando-se a média ponderada das indústrias acompanhadas. Analisando-se de forma desagregada, o desempenho na parcial do ano foi positivo apenas para abate de suínos e de aves e para laticínios. Já para as atividades de curtimento de couro, produção de calçados de couro, abate de bovinos e pescado, o resultado acumulado no período foi de baixa.

A Figura 7 mostra as variações anuais de faturamento, preço e produção das atividades do segmento industrial da pecuária acompanhadas pelo Cepea para o PIB do Agronegócio de SP.

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Curtimento couro

Calçados couro

Abate bovinos

Abate Suínos Abate aves Pescado Laticínios

-15-10-505

101520

-12.1 -13.3-8.4

3.26.4

-1.7

15.8

-7.6-6.2 -4.7

-9.1

2.7 3.7

17.7

-4.9-7.6

-3.9

13.6

3.5

-5.1-1.5

Valor Preço QuantidadeFigura 7 – Variação anual do faturamento, preços e volume das atividades do segmento industrial pecuário (janeiro a outubro -

2016/2015).Fonte: Cepea/USP e FIESP (elaborado a partir de Cepea, FGV, IBGE, Sindifranca)

No caso da produção de calçados de couro, os resultados parciais de 2016 foram pressionados por recuos de preço e produção. Esse contexto agravou o resultado já ruim de 2015, quando a produção de calçados decresceu mais de 10%. Para a Abicalçados, o início de 2016 seguiu a tendência do ano anterior, com redução em vendas e empregos, resultado do fraco desempenho do mercado interno, com queda na demanda e falta de confiança do consumidor.

Para o abate de bovinos, menores preços reais em relação ao mesmo período de 2015, e menor produção prevista para ano pressionaram o resultado. Para as cotações, ainda que a média do período tenha sido inferior à média dos dez primeiros meses de 2015 em termos reais, não houve movimento de redução na parcial do ano. Segundo pesquisadores da equipe Boi/Cepea, em geral, as elevações de preços decorreram da oferta interna enxuta, com uma reduzida disponibilidade de animais para abate aliada à maior competitividade da carne brasileira diante do câmbio elevado, o que proporcionou uma boa demanda de importadores. De modo geral, no mercado nacional, a crise econômica levou à redução do poder de compra do consumidor, o que se refletiu negativamente nos cortes mais caros, mas, positivamente, nos cortes mais baratos, como o dianteiro.

No caso do abate de suínos, o crescimento previsto de 13,6% na produção impulsionou o faturamento, diante de redução real de 9,1% nos preços. Para as cotações, o movimento de redução concentrou-se no primeiro quadrimestre do ano, e esteve relacionado à combinação de ampla oferta e demanda retraída. Segundo pesquisadores da equipe Suínos/Cepea, nem mesmo o maior volume exportado no período foi suficiente para estancar as quedas no mercado nacional. Depois deste período, houve certa valorização dos preços.

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No caso do abate de aves, maior produção e preços em alta levaram às expectativas positivas quanto ao faturamento. Para preços, a relação de alta deve-se principalmente ao baixo patamar observado no primeiro semestre de 2015, já que, ao longo de 2016, não houve tendência firme e relevante de valorização. As elevações de preços mais expressivas se deram entre maio e agosto. Segundo pesquisadores da equipe Frango/Cepea, apenas em junho o mercado avícola conseguiu repassar os altos custos de produção ao animal vivo.

Segundo pesquisadores das equipes de Frango/Cepea e Suínos/Cepea, no caso do abate, tanto para suínos quanto aves, as perspectivas para 2016 eram de crescimento, tendo em vista que o rebanho de suínos e o alojamento de pintinhos vinham aumentando. Um fator adicional, que atuou impulsionando a quantidade abatida no primeiro semestre, foi a forte alta nos preços do milho, que surpreendeu produtores e agentes das agroindústrias integradoras. Com o aumento dos custos de produção, houve intensificação dos abates. No caso dos suínos, muitos produtores reduziram plantel e no caso do frango, abateram o rebanho disponível.

No caso dos derivados lácteos, a expansão do faturamento decorre da expressiva elevação de 17,7% nos preços, visto que a produção recuou 1,5% no estado. No caso das cotações, seguindo o movimento do preço do leite pago ao produtor, a elevação nos preços dos derivados relacionou-se à menor produção de matéria-prima.

Finalmente, seguindo o desempenho observado nos demais segmentos, o de serviços do agronegócio, que reflete o desempenho de todos os serviços de comercialização e distribuição dos produtos agropecuários e agroindustriais, deve crescer 6,4% em 2016. A elevação vincula-se principalmente aos serviços relacionados ao ramo agrícola, para os quais a alta é de 7,6%. Para os serviços do ramo pecuário, o crescimento é mais modesto, de 1,96%.

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EMPREGOS FORMAIS NO AGRONEGÓCIO DE SÃO PAULO EM 2015:

Esta seção foi elaborada tendo-se como base dados da RAIS. A RAIS é um levantamento anual dos

registros administrativos de todos os estabelecimentos que, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego

(MTE), abrange 97% do mercado de trabalho formal brasileiro. Dada a natureza dos dados, as atividades com

altas taxas de informalidade, como agropecuária e construção civil, tendem a ter sua participação no emprego

total subestimada. A Tabela 1 resume a geração de empregos formais pelo agronegócio de São Paulo em 2015,

segundo a RAIS:

Tabela 1 – Empregos formais no agronegócio paulista e em seus segmentos em 2015 Empregos formais % Agropecuária 329.250 16,77%Agroindústria 674.467 34,35%Insumos 73.909 3,76%Serviços 886.054 45,12%Total Agronegócio 1.963.679 Total do Estado 13.697.471Participação (Agro/SP) 14,34%

Fonte: Cepea/USP e FIESP (elaborado a partir de dados da RAIS)

A estimativa para o total de empregos formais do agronegócio paulista em 2015 foi de 1.963.679

(Tabela 1), representando 14,34% do mercado de trabalho formal do estado. Considerando-se a distribuição

dos empregos entre os segmentos do agronegócio, destacam-se os empregos na agroindústria e nos serviços,

que responderam por 34,35% e 45,12% dos empregos no setor, respectivamente.

As Figuras 8 e 9 apresentam o emprego formal segundo a RAIS para a agroindústria de base agrícola e

pecuária, respectivamente. A indústria de base agrícola gerou 552.668 postos de trabalho em 2015. No que diz

respeito à distribuição dos empregos entre as agroindústrias, destacam-se açúcar e etanol (27%), massas,

doces, biscoitos e especiarias (21%), celulose e papel (13%) e artigos de vestuário e acessórios (10%).

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PIB DO AGRONEGÓCIO DE SÃO PAULO

Fumo

Óleos Vegetais

Sucos de frutas e conservas

Produtos da Madeira

Móveis de madeira

Celulose e Papel

Açúcar e Etanol

- 50,000 100,000 150,000 200,000 1,789 5,486 8,821

13,330 15,424

13,046 24,497

30,264 41,096

55,124 73,509

118,606 151,676

Em p reg o form al n a in d ú st r ia d e b ase ag r í co la –S ão P au lo (2015)

Figura 8 – Empregos formais na agroindústria de base agrícola em São Paulo (2015)Fonte: Cepea/USP e FIESP (elaborado a partir de dados da RAIS)

Na indústria de base pecuária, foram gerados 121.799 empregos, sendo 51% em abate de animais e

pescado, 29%, em artigos de couro e calçados e 20%, em laticínios.

Laticínios

Artigos de Couro e Calçados

Abate de Animais e Pescado

- 10,000 20,000 30,000 40,000 50,000 60,000 70,000

24,420

34,729

62,650

Em p reg o form al n a in d ú st r ia d e b ase p ecu ár ia – S ão P au lo (2015)

Figura 9 – Empregos formais na agroindústria de base pecuária em São Paulo (2015)Fonte: Cepea/USP e FIESP (elaborado a partir de dados da RAIS)

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