philipp roman ludwig gerhard

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Associação Brasileira de Relações Internacionais 3º Seminário de Relações Internacionais Repensando interesses e desafios para a inserção internacional do Brasil no século XXI 29 e 30 de setembro de 2016 Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis História das Relações Internacionais e História da Política Externa - O Brasil e o Mundo até o Século XIX QUANDO SE INICIOU UMA POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA? Philipp Roman Ludwig Gerhard Universidade de Brasília (UnB) Instituto de Relações Internacionais

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Associação Brasileira de Relações Internacionais 3º Seminário de Relações Internacionais

Repensando interesses e desafios para a inserção internacional do Brasil no século XXI

29 e 30 de setembro de 2016 Universidade Federal de Santa Catarina – Florianópolis

História das Relações Internacionais e História da Política Externa -

O Brasil e o Mundo até o Século XIX

QUANDO SE INICIOU UMA POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA?

Philipp Roman Ludwig Gerhard Universidade de Brasília (UnB) Instituto de Relações Internacionais

2

Quando se iniciou uma Política Externa Brasileira?

Com a chegada da Família Real portuguesa em 1808, no Rio de Janeiro, a velha

ordem entre centro e periferia foi profundamentamente alterada e, ao longo do tempo,

invertida. Enquanto Portugal fora devastado pelas guerras napoleônicas na Península

Íberica, a infraestrutura da ex-colônia foi modernizada e instituições estatais foram criadas.

Em resposta à invasão francesa de Portugal, e para ter uma base mais ampla para

negociações subsequentes, foi ocupada a Guiana Francesa logo após a chegada do

Príncipe Regente, e mais tarde, o território foi alargado com a tomada da Cisplatina que já

tinha sido reivindicada pela Espanha por muito tempo.

O Brasil esteve envolvido nas disputas continentais ligadas às independências na

América Espanhola desde o início da Era Joanina. Mas, com a chegada da soberania

portuguesa, fugindo de Napoleão, os conflitos da Europa aproximaram-se. O Congresso de

Viena (1814/1815) foi limitado por muitos anos devido seu impacto para a Europa do pós-

guerra, ignorando assim, a dimensão global das guerras napoleônicas.

Considerando o Império Luso, as repercussões do encontro diplomático eram mais

decisórias para o cenário brasileiro: o avanço britânico para proibir o tráfico negreiro foi

admitido só para o hemisfério norte, sendo permitido somente sob condição de anulação do

Tratado de 1810. Além disso, tomou-se uma decisão mais símbólica, dando ao Brasil uma

categoria de reino, e assim, com direitos iguais aos de Portugal. Pergunta-se então, como o

Império do Brasil conseguiu desenvolver uma própria agenda internacional?

A ex-metrópole, após ter se libertado das tropas francesas, era administrada como

protetorado inglês, enquanto o Brasil desvinculava-se da tutela britânica e tornou-se o

verdadeiro centro do Império Luso. O Brasil só voltava a subordinar-se à hegemonia

britânica necessitando de apoio diplomático da Grã-Bretanha para o reconhecimento

internacional da emancipação poítica de Portugal.

Palavras-chaves: História da Política Externa do Brasil; Era Joanina (1808-21); Reino Unido de Portugal Brasil e Algarves (1815-22); Congresso de Viena (1814-5); Independência do Brasil

3

Introdução: Repensando 1822

Após o Grito primal do Ipiranga, desenha-se um eixo cronológico do Estado-nação

brasileiro que tem perdurado até os nossos dias. O ano da chamada Independência

brasileira é considerado não só como batismo político do país, mas também como o ano de

referência da historiografia brasileira. Seguindo uma tradição nacional-liberal, especialmente

nas obras que dão uma visão geral sobre a história brasileira, pressupõem o ano 1822 como

o Big Bang das relações externas do Brasil. Assim, pode-se afirmar que a agenda

internacional do país levantou-se da maneira deus ex machina para assegurar nos primeiros

passos da pueril diplomacia brasileira, o reconhecimento da independência pelas potências

europeias.

A fixação ao ano 1822 marginaliza outros dados importantíssimos, como o impacto

simbólico da chegada do soberano português ao Rio de Janeiro, em 1808, e o impulso

modernizador de suas reformas. Assim, são subestimados os anos 1814-5, que não

marcaram só o fim dos tumultos revolucionários que tinham se iniciados com a Revolução

Francesa, mas também, a criação de uma nova ordem pós-napoleônica, com a Grã-

Bretanha em pleno poder mundial e o Brasil como sede da monarquia lusa e reino.

1822 está muito importante do ponto de vista hodierno, naquele tempo porém, o

Grito do Ipiranga era uma ação que acendia uma dinâmica cujo fim ainda não era previsível.

Assim, neste trabalho, gostaria de provocar uma discussão sobre uma reunião diplomática

cuja relevância era reconhecida por contemporâneos, e, enfim todas as cabeças coroadas

da Europa estavam presentes. Eu associo àquele plenário tanta importância para a trajetória

luso-brasileira, que considero o Congresso de Viena como o início de uma política externa

brasileira.

Tomando em consideração que o presente artigo trata de um tipo de pesquisa fundamental

sobre os primeiros passos de um país que nem era considerado independente ainda, faz-se

necessário uma reflexão teórica sobre relações exteriores em um âmbito subnacional, ou

seja, pre-independente, antes de tratar de forma geral das primeiras movimentações do

Brasil no palco internacional. Põe-se no foco deste estudo a atuação luso-brasileira no

Congresso de Viena, especialmente, na minha opinão, os assuntos principais negociados

pelos enviados portugueses. Nomeadamente a elevação do Brasil em categoria de reino e a

proibição do tráfico negreiro.

4

Tentativa de um Enquadramento teórico

A historiografia não é pobre em alternativas para o ano de 1822. Como marcos

cronológicos estabeleciam-se entre outros: o ano do reconhecimento da independência pela

antiga metrópole, Portugal, em 18251; a separação definitiva da dinastia Bragança depois da

Guerra Civil Portuguesa, em 1834; a recuperação da autonomia alfandegária2 da Grã-

Bretanha; a Abolição da Escravidão e a Declaração da República em 1888-9, que resultou,

entre outros, na inserção integral do Brasil no hemisfério republicano das Américas.3 O que

todos aqueles pontos históricos têm em comum, é sua subsequência dócil ao ano 1822.

Eles são captados mais como mero apêndice no cordão cronológico do que como etapas

parelhas para a historiografia brasileira. Mas não há marcos equivalentes pré-1822 de uma

trajetória semelhante ou ainda mais aprofundada?

O Brasil Colonial não encontrava-se em um vácuo, em uma ilha isolada do

continente ou em uma circunstância esquecida pela metrópole. Foram os contatos com os

outros colonizadores do Novo Mundo, especialmente com os da ascendência espanhola,

que instigavam as primeiras relações externas do Brasil. Pouco tempo depois, o Tratado de

Tordesilhas (1494), que tinha sido firmado pelas duas potências ibéricas, tornava-se

supérfluo, pois era violado por ambos signatórios várias vezes. Mesmo assim, demorou

mais de dois séculos para que uma grande parte daquela questão de demarcação entre as

duas potências ibéricas, então em declínio, fosse resolvida. O Tratado de Madrid (1750),

negociado por lado português sob a égidie de Alexandre de Gusmão, levou-lhe a ser

“erguido às alturas de um dos grandes fundadores da nacionalidade brasileira”4. Mesmo que

o acordo estipulasse os limites nos contornos aproximados do Brasil de hoje, as

negociações eram mediadas exclusivamente entre as duas potências coloniais, fora do

continente, em Madrid, repartindo somente as respectivas esferas de influência entre si

mesmo. Considerando a natureza precipitada da emancipação política do Brasil que

realizava-se dentro de um período de poucos meses em 1822, a nation-building iniciava-se

só em meados do século XIX, e não como foi sugerido por CORTESÃO em meados do século

XVIII. Na época do Brasil Colonial (1500-1808) não se atiçava, então, uma própria dinâmica

exterior do Brasil periférico.

Portanto deve ser realçada a importância substancial do período híbrido luso-

brasileiro, a chamada Era Joanina (1808-1821), para a instauração de uma política externa

1 CERVO, A. L./BUENO, C.: História da política exterior do Brasil. Brasília

3: Editora UnB, 2008. p. 21.

2 SARAIVA, J. F. S.: Autonomia na Inserção Internacional do Brasil: Um Caminho Histórico próprio. Contexto

Internacional, Rio de Janeiro, v. 36, n. 1, jan/jun 2014, pp. 9-41, p. 22. 3 CERVO, A. L./BUENO, C.: História da política exterior do Brasil. Brasília

3: Editora UnB, 2008. p. 165-6.

4 CORTESÃO, J.: O Tratado de Madrid (v. 2). Brasília: Senado Federal, 2001. (Coleção memória brasileira), p.

447.

5

brasileira. Naquele capítulo pouco conhecido da história brasileira, não eram erguidos só os

pilares de estruturas estatais. O Brasil, similarmente, dava seus primeiros passos no palco

internacional com o soberano português residindo no Rio de Janeiro. Põe-se no centro de

argumentação deste artigo, o Congresso de Viena e suas repercussões para o Brasil. Entre

elas, a elevação do Brasil em categoria de reino fez com que a ex-colônia fosse igual em

direitos como a ex-metrópole Portugal, mas permanecia parte integral do Império Luso.

Serão examinadas então, as relações externas de uma entidade pós-colonial e pré-

independente, e, assim, deve ser contradito o postulado de que a efetuação de relações

externas necessitaria sacramentalmente de um Estado plenamente soberano.

Alguns casos mostram que o desenvolvimento de uma agenda internacional no nível

subnacional não era uma singularidade histórica fundado no excepcionalismo brasileiro:

voltando ainda mais na história, o cientista norueguês Iver NEUMANN analisou por meio do

medieval Canato Rus a contribuição de sujeitos externos (worlding) à formação de um

Estado prematuro5, e prestou assim um serviço muito importante à disciplina das relações

internacionais, trazendo a história de volta. Outros casos mais recentes seriam (a) o

Departamento Autónomo de Santa Cruz na Bolívia, (b) a Comunidad Autónoma de Cataluña

na Espanha, (c) o Comité das Regiões da União Europeia e (d) a Escócia, no Reino Unido.

Enquanto (c) é uma plataforma supranacional que serve à articulação para as diversas

regiões de Estados-membros da UE, (a) e (c) têm em comum com o Brasil joanino, já que

são as partes mais ricas de seus países, porém Santa Cruz aspira hoje em dia somente

autonomia e não mais independência. Entre as três regiões, (d) tem as melhores chances

de retomar sua soberania.

Até aqui, no andamento deste texto, foram usados consensualmente três termos

bastante amorfos: independência, soberania e autonomia - que devem ser expostos em

pormenores.

Entre eles, independência é o termo mais comum, usado no dia-a-dia, fora do espaço

acadêmico e com várias magnitudes escalonadas. Neste artigo, a aplicação deste termo

será reprimida quando possível, para evitar uma intersecção não só com o uso coloquial,

mas também com a binariedade da teoria de dependência. O termo, porém, possibilitaria

graduar em princípio a qualidade de independência (mais independente, menos

independente), mas normalmente não indica uma diferenciação entre independência formal

e independência de fato.

Soberania no entanto, é o termo mais complicado e restrito às ciências humanas. Segundo

a Stanford Encyclopedia of Philosophy soberania tem, além da ligação mais tradicional à

5 NEUMANN, I.: Claiming the early State for the Relational Turn. The case of Rus’ (800-1100). In: TICKNER, A. B.;

BLANEY, D. L. (Org.): Claiming the international (Worlding beyond West, v. 4). London: Routledge, 2013, pp. 78-97.

6

autoridade supremo dentro de um território limitado e à monarquia, três dimensões: (a) o

portador de soberania, (b) o absoluto de soberania e, o mais importante para este trabalho,

(c) as perspectivas internas e externas de soberania. (a) o portador tem a legitimidade

superior sobre todas as autoridades sob sua competência. A adesão a esta sociedade é

regulamentada pela residência de seus membros dentro de um território definido e não

necessariamente pela identidade. (b) Soberania pode ser não-absoluta sem perder sua

superioridade. O caráter da soberania sempre será superior, mesmo que as suas

autoridades não sejam soberanas sobre todos os assuntos dentro do território. (c) a

autoridade soberana é exercida dentro de um território (perspectiva interna), mas tem que

ser respeitada e não interferida por sujeitos de fora (perspectiva externa).6

O terceiro lugar, autonomia, apesar de incorporar uma complexidade extensa, deve ser

concebida como soberania externa.

A Trajetória do Brasil pelo Império Luso

Reagindo à crise do antigo sistema colonial7, marcado decisoriamente pela

redistribuição involuntária do ouro brasileiro à Inglaterra, nivelando os gastos crescentes

para produtos manufaturados da origem britânica, Pombal (1699-1782) e mais tarde D.

Rodrigo de Souza Coutinho (1745-1812) esforçavam-se para reformar o decadente Império

Luso.

O impacto do Tratado de Methuen (1703) para o sucessivo desequilibro do comércio

exterior luso já foi discutido várias vezes8, e o próprio acordo “foi objeto de críticas e debates

desde o dia seguinte à sua assinatura”9. Segundo CORTESÃO, o tratado já teria sido

renegociado por Gusmão na conjuntura do Tratado de Madrid, mas era subordinado pela

questão dos limites.10

Souza Coutinho porém, não era nada hostil contra a dominância inglesa do comércio

bilateral, pelo contrário, o leitor de Adam Smith desenhava um plano de reforma para o

Império, que incluiu a redução de 50% dos impostos de mineração e a liberação dos

6 PHILPOTT, D.: Sovereignty. In: ZALTA, E. N. (Org.) The Stanford Encyclopedia of Philosophy On-line (Summer

2016 Edition), Disponível em: <http://plato.stanford.edu/archives/sum2016/entries/sovereignty/>. Acesso em 20 de set. 2016. 7 NOVAIS, F. A.: Portugal e Brasil na Crise do Antigo Sistema Colonial, 1777-1808. São Paulo

4: Hucitec 1986.

8 Uma breve visão geral é dado por FALCON, F. J. C.: O império luso-brasileiro e a questão da dependência

inglesa – um estudo de caso: a política mercantilista durante a Época Pombalina, e a sombra do Tratado de Methuen. Nova Economia, Belo Horizonte, v. 15, n. 2, pp. 11-34, mai/ago 2005, p. 12-14. 9 Ibid., p. 12.

10 CORTESÃO: O Tratado de Madrid (v. 2), p. 132.

7

impostos que chegavam de Portugal.11 Nisso, já era visível a tendência de favorecer o Brasil

colônia em relação a Portugal, que tornaria-se mais óbvio nos anos seguintes. Interessante

para o processamento emancipatório para o Brasil era o recrutamento de brasileiros

(naquela época portugueses nascidos no Brasil) para universidades europeias, esp.

Coimbra, com a intenção de adquirir mais competência sobre o domínio americano. Aquela

Generation of the 1790s, entre eles José Bonifácio e Hipólito da Costa, eram considerados

fortemente leais à Coroa portuguesa.12

Assim como a ameaça das Guerras Napoleônicas contra Portugal crescia,

agrudizavam-se os opostos entre os dois grupos de influência na órbita da Casa Real. Na

literatura, estes grupos são chamados de fracção ou partido inglês/francês, mesmo que os

dois termos sugerissem uma organização institucionalizada e parlamentárica, que teria sido

anacrônica demais para as realidades políticas daquela época.

Os conselheiros anglófilos manifestavam-se a favor de um vínculo ainda mais

estreito com a Inglaterra. Liderados por Souza Coutinho, eles pressentiam a possibilidade

de “combinar a guerra européia com a fundação e fortelecimento de um poderoso império

brasileiro, em condições de reconquistar as perdas na Europa.”13 Os conselheiros

francófilos, liderados por Antônio de Araújo e Azevedo (1754-1817), buscavam apaziguar as

ambições ibéricas de Napoleão e forjar uma aliança com a França contra as penetrações

econômicas da Inglaterra.14

Mostrou-se então uma clara distinção entre os advogados do Brasil (anglófilos) e os

de Portugal (francófilos). Com a chegada da corte portuguesa no Brasil, no final de 1807, os

partidários de Souza Coutinho se estabeleceram por um tempo. Pergunta-se então se o

vínculo dos ingleses com assuntos do Brasil e o dos franceses com Portugal ficaria assim ou

teria mudado ao longo dos próximos 14 anos?

Os primeiros Passos:

como o Príncipe Regente pôs Fim ao Brasil Colonial de um Dia para o Outro

11

CARDOSO, J. L.; CUNHA, A. M.: Discurso econômico e política colonial no Império Luso-Brasileiro (1750-1808). Tempo, n. 31, pp. 65-88, jan. 2011, p. 84. 12

MAXWELL, K. R.: The Generation of the 1790s and the idea of Luso-Brazilian Empire. In: ALDEN, Dauril (Org.): Colonial roots of modern Brazil (Papers of the Newberry Library Conference), Berkely et al.: University of California Press 1973. pp. 107-144. p. 137-140. 13

CERVO, A.; MAGALHÃES, J. C. de: Depois das Caravelas. p. 73. 14

HERMANN, J.: Dom Sebastião contra Napoleão: a guerra sebástica contra as tropas francesas. Topoi, Rio de Janeiro, v.8, n. 15, pp. 108-133, dez 2002, p. 108-9.

8

Como advento da invasão de tropas francesas em Lisboa, a Casa Real portuguesa

iniciou uma longa travessia ao Brasil, protegida pelos navios da Royal Navy. Ainda antes da

chegada no Rio de Janeiro, durante uma parada em Salvador, o Príncipe-Regente decretou

a Abertura dos Portos aos navios de nações amigas, o que significava acima de tudo, navios

britânicos. Assim, em pleno acordo com seus conselheiros anglófilos, D. João tinha acabado

com o Pacto Colonial15 e continuava liberar o fluxo de bens, especialmente de providência

inglesa ao Brasil.

Dois anos mais tarde, foi firmado o Tratado de Comércio e Navegação, cujo papel

pelas incipientes relações exteriores do Brasil será analisado mais embaixo. Com a

fundação de várias instituições estatais no Brasil, especialmente na capital, Rio de Janeiro,

acometia o Príncipe-Regente uma dinâmica criadora no país, e os planos ambiciosos de

Souza Coutinho pareciam se realizar. Mas o que eram as relações exteriores da nova sede

da monarquia lusa?

A Ocupação da Guiana-Francesa

Em consequência à invasão francesa a Portugal, o príncipe-regente ordenou logo

após sua chegada no Rio de Janeiro, a ocupação de Caiena, que contava com apoio inglês

até janeiro de 1809. A colônia francesa era a mais próxima e de pouco valor para o Empire

française. Desde seu início, a invasão da Guiana Francesa era de tempo limitiado e o

território nunca era integrado ao Império Luso, somente conquistado para alcançar uma

base melhor para futuras negociações com a França pós-napoleônica sobre indenizações

pela ocupação de Portugal. Uma ocupação duradoura ou até uma anexação nunca esteve

na agenda.16

A Conquista da Cisplatina

Depois que o vice-rei espanhol foi expulso de Buenos Aires, Montevidéu tornou-se o

centro dos monarquistas, onde planejou-se o reestabelecimento da autoridade real

espanhola sobre o Vice-Reinado. Sob a liderança do caudillo José Artigas, formava-se uma

frente ampla de nativos de várias origens sociais, que operavam do Pampa contra a capital

monarquista.17 Enquanto tropas artigistas e argentinas aproximavam-se de Montevidéu, uma

força expedicionária luso-brasileira foi mandada para prestar o auxílio pedido pelo então

vice-rei em Montevidéu.

15

ALVES FILHO, I. Alves (Org.): Brasil. 500 Anos em documentos. Rio de Janeiro: Mauad, 1999, p. 143-145. 16

NEVES, L. M. B. P. das: Guerra aos Franceses- a Política externa de Dom João VI e a Ocupação de Caiena. Navigator, v. 6, n. 11, pp. 70-82, 2010. 17

FREGA, Ana: Guerras de independencia y conflictos sociales en la formación del Estado Oriental del Uruguay, 1810-1830, In: Dimensión Antropológica, Montevideu, a. 12, v. 35, pp. 25-58, 2005. p. 27.

9

Mandando o exército ao sul da Banda Oriental, o príncipe-regente não atuava de

forma meramente altruísta, mas tinha a intenção de exercer controle mais duradouro sobre

uma área que ja era desejada há muito tempo. Além dos interesses geoestratégicos,

autores como MENDONÇA adicionaram ambições da esposa do príncipe-regente, Carlota,

que era a filha primogênita do rei espanhol, que desejava conquistar e governar não só o sul

da Banda Oriental, mas também as desleais Províncias Unidas do Rio da Prata.18

Enquanto o conflito na Guiana era mais de caráter efêmero, o caso cisplatino porém,

sugeria uma própria agenda brasileira. Por motivos geostratégicos e econômicos, a região

da atual república do Uruguai era incorporado ao Império, e o conflito continuou por muito

tempo. Mesmo assim, a limitada ocupação da Guiana Francesa desempenhou numa maior

trajetória de curto prazo, se comparada ao conflito no sul do Brasil.

Ainda sem a participação portuguesa nas negociações de paz, decidiu-se no

Primeiro Tratado de Paris, em 1814, a divulgação imediata da Guiana para a França sem

dar atenção às exigências portuguesas. Assim, 1814 não marcava só o início do fim de

Napoleão, mas também o declínio imparável dos conselheiros anglófilos. Após a morte de

Souza Coutinho, seu nêmesis, Araújo e Azevedo, ganhava maior influência.

Como o Congresso de Viena (1814/5)

tornou o Brasil mais autônomo que a própria Independência

O Tratado de Paris marcou uma mudança paradigmática e enfraqueceu,

decisivamente, a aliança entre Portugal e Inglaterra. O anglófilo Domingos António de Sousa

Coutinho, irmão do falecido Rodrigo de Sousa Coutinho, enviado a Londres e representante

previsto em Viena, foi substituido pouco antes do início do Congresso de Viena pelo jovem

Pedro de Sousa Holstein, mais tarde Duque de Palmela.19

Ao lado do Duque de Palmela, o chefe da delegação, Portugal foi representado por

António de Saldanha da Gama, que chegou a Viena diretamente do Rio de Janeiro, e

Joaquim José Lobo da Silveira. Sob a tutela britânica inicial em Paris, os enviados

portugueses tentaram em Viena diversificar os seus contatos para aumentar as suas

chances de serem ouvidos. Talleyrand, o enviado da França derrotada, aliou-se com os

poderes menores, ou seja com Portugal, Espanha e Suécia para ganhar na primeira

18

MENDONÇA, Renato: História da política exterior do Brasil: do período colonial ao reconhecimento do Império (1500-1825). Brasília: FUNAG, 2013. p. 107-9. 19

BELCHIOR, B. C. G.: Entre dois reinos: Conde de Palmela e a diplomacia luso-brasileira. ANPUH – XXV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – Fortaleza, 2009. p. 3.

10

audiência no palco internacional e mais tarde fazer com que a França recebesse os mesmos

direitos que os poderes que haviam saído vitoriosos das batalhas.20

Desde o início então, os enviados portugueses tinham que lutar pelos seus

interesses nas negociações. Com o Congresso de Viena são associados seis assuntos à

trajetória luso-brasileira.

- Quatro assuntos negociados direitamente em Viena: a restituição da Olivença (d1);

a desocupação da Guiana Francesa (d2); indenizações (d3); e a proibição do tráfego

negreiro (d4).

- Dois assuntos negociados na conjuntura congressional: o casamento do herdeiro

ao trono, Pedro de Alcântara, com a arquiduquesa Leopoldina de Habsburgo (i5); e a

elevação do Brasil à categoria de reino (i6).21

Apesar das suas possibilidades limitadas quanto ao poder, os plenipotenciarios portugueses

conseguiram um balanço positivo:

Como já foi mencionado, a desocupação da Guiana Francesa (d2) era decidida pela Grã-

Bretanha e as tropas portuguesas tinham abandonado o território até 1817. O Império Luso

porém, conseguiu adquirir o Rio Oiapoque como fronteira entre o Brasil e a Guiana

Francesa e, como resultado, deixava de lado as vagas ambições da França de obter acesso

ao Rio Amazonas, seja por meio da foz do Amazonas, seja de um de seus afluentes, e

estabilizava os limites do norte. Indenizações (d3) foram concedidas no segundo Tratado de

Paz em Paris após a volta e derrota definitiva de Napoleão, o chamado período dos Cem

Dias. O casamento (i5) do sucessor Pedro com Leopoldina foi alcançado e eles casaram-se

em 1817.22 Leopoldina morreu cedo em 1826, mas seria interessante refletir sobre uma

ligação mais apertada entre os dois Impérios que talvéz houvesse acontecido se a

habsburga tivesse vivido por mais tempo. Somente a restauração da Olivença (d1) não foi

possível, porque a Espanha não teria assinado a ata final em 1815 e recusava a devolução

da região estremenha.

Voltando ao padrão dicotómico entre favorecimento da periferia (Brasil) ou da metrópole

(Portugal), o balanço dos resultados conseguidos pelos enviados portugueses em Viena

saiu -seja alcançado ou seja sem querer- em pleno favor à periferia. Enquanto as

indenizações (d3) afetavam as duas partes imperiais do mesmo jeito, o único fracasso -

mesmo que não tão grave- atingiu só a metrópole portuguesa, a Olivença (d1) ficaria com a

Espanha.

20

VIEIRA, V. L.: El impacto de la elevación de Brasil a Rino Unido a Portugal y Algarves, bajo la égida del Congreso de Viena. Outro Tempos, v. 12, n. 20, pp. 236-254, 2015. p. 242. 21

LIMA, O.: Dom João VI no Brasil (1808-1821), (v. 1). Rio de Janeiro: Typographia do Jornal do Commercio. De Rodrigues & C., 1908. p. 468. 22

HERMANN, J.: O rei da América: notas sobre a aclamação tardia de d. João VI no Brasil. Topoi, Rio de Janeiro, v. 8, n. 15, p. 124-158, jul/dez 2007. p. 140-1.

11

Permanece ainda a grande dúvida sobre se as posições individuais respeitariam um

fortalecimento do Brasil ou de Portugal dentro do Império Luso que os três enviados

manifestavam nas negociações congressionais. Dependeria o benefício do Brasil da

vontade de um ou mais diplomatas portugueses? Uma breve análise biográfica talvez possa

dar umas indicações sobre isso:

Pedro de Sousa Holstein (1781-1850), Duque de Palmela, parecia o líder do grupo e era o

enviado português mais reconhecido entre os diplomatas em Viena. Foi ele que substituiu

Domingos de Sousa Coutinho como representante português em Londres. Em 1817 ele foi

chamado ao Brasil para ocupar o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros do falecido

Araújo e Azevedo. Palmela porém, recusou-se a embarcar ao Rio de Janeiro para ocupar o

cargo e só aceitou-o depois da Revolução do Porto.23

António de Saldanha da Gama (1778-1839), Conde de Porto Santo, ocupava antes do

congresso vários cargos no ultramar (p.ex. capitão-general do Maranhão e governador-geral

de Angola) e na administração colonial da metrópole.24 Personificando uma perspectiva

periférica, Saldanha da Gama mandou em 1814 sua Memoria sobre as colonias de Portugal,

situadas na costa occidental d'Africa de Viena ao Rio de Janeiro, resumindo quais

consequências resultavam de uma inadiável condenação do tráfico negreiro impulsionada

pela Inglaterra.25

Sobre Joaquim José Lobo da Silveira (1772-1846), Conde de Oriola, pouco é conhecido. Ele

descendeu de uma família da alta aristocracia portuguesa que tinha parentesco direto com a

Casa Real. Durante a Guerra Civil Portuguesa, ao contrário de Palmela e da Gama, ele

tomava o lado dos absolutistas e naturalizava-se na Prússia depois que Miguel I tinha se

exilado.26

Dos três enviados portugueses em Viena, só Saldanha da Gama parecia ter um perfil a

favor de uma trajetória maior das colônias dentro do Império Luso. Mas mesmo ele ficaria

em Portugal e desempenharia cargos significativos do serviço diplomático português. Uma

avaliação definitiva sobre suas posições individuais provávalmente só é possível conseguir

por meio da análise minuciosa de documentos congressionais.

Entre todos os seis temas que ficaram na agenda luso-brasileira em Viena, o avanço

inglês para pôr fim à escravatura era uma questão de sobrivivência para o Brasil. Assim, a

23

BELCHIOR, B. C. G.: Entre dois reinos: Conde de Palmela e a diplomacia luso-brasileira. 24

VIEIRA, V. L.: El impacto de la elevación de Brasil, p. 242. 25

SALDANHA DA GAMA, A. de; ABREU E Lima, L. A. de (ed.): Memoria sobre as colonias de Portugal, situadas na costa occidental d'Africa, mandada ao governo pelo antigo governador e capitão general do reino de Angola, Antonio Saldanha da Gama, em 1814, precedida de um discurso preliminar, augmentada de alguns additamentos e notas, e dedicada, em signal de gratidão, aos eleitores do Circulo Eleitoral de Vianna do Minho, Pelo antigo ajudante d'ordens d'aquelle Governador Luís António de Abreu e Lima. Paris: Typographia de Casimir, 1839. (2 v.). 26

VIEIRA, V. L.: El impacto de la elevación de Brasil, p. 242.

12

concessão à Grã-Bretanha em suspender o tráfico negreiro ao norte da linha do equador,

que praticamente não afetava a economia de plantação no Brasil, era o maior sucesso

alcançado pelos três enviados – mesmo que sucesso na manutenção da escravidão pareça

perverso em nossas noções. O sucesso então era ainda mais notável porque os diplomatas

portugueses recebiam ainda uma concessão dada pela Grã-Bretanha em contrapartida,

nomeadamente “o Tratado de Alliança concluido no Rio de Janeiro a 19 de Fevereiro de

1810, sendo fundado em circunstâncias temporárias, que felizmente deixarão de existir,

declarado pelo presente Artigo por nullo”27.

Conclusão: Repensando 1815

„A soberania brasileira não pode ser concebida como efeito abrupto da Proclamação da Independência, em 7 de setembro, imediatamente aplicável no exterior.”28

O ano de 1815 então, tem uma importância crucial para o Brasil e não merece ser

subalternado ao ano da chamada Independência. A elevação do Brasil à categoria de reino

resultou no processo emancipatório que tinha se iniciado com a chegada da Corte

portuguesa ao Rio de Janeiro em 1808. A decisão do Príncipe-Regente de ficar no Brasil e

seguir seu espírito criador erguendo um novo império nos trópicos inebriava seus vassalos

brasileiros e arrepiava as jovens repúblicas das Américas, mas acima de tudo era um

terremoto para as relações intra-imperiais.

Mesmo que as relações internas não sejam estritamente separáveis das relações

externas, o ano de 1815 tinha com o encerramento do Tratado de Comércio e Navegação

(1810) uma outra trajetória que irradiava mais para fora. No final daquele ano, o Brasil

reconquistou sua “autonomia alfandegária”29 usando as palavras de SARAIVA. Voltando à

dimensão da definição de soberania dada acima, aquilo significava que a Grã-Bretanha não

conseguiu mais interferir na soberania (perspectiva externa).

Saindo vitoriosa da luta hegemônica com a França napoleônica, a Grã-Bretanha

exercia o papel mais decisivo ao longo século XIX, até a Primeira Guerra Mundial. Assim,

somente o Empire teria sido o ator que preponderaria o Reino do Brasil. As negociações

sofisticadas dos enviados portugueses em Viena, porém, a cima de tudo, desviam a

potência maior, pelo menos da parte brasileira, do Império Luso. De fato, com a dissolução

27

ARQUIVO DISTRITAL DE BRAGA (Org.): Extrato do Tratado assinado do Congresso de Viena, 22 de janeiro de 1815. 28

CERVO, A. L./BUENO, C.: História da política exterior do Brasil. Brasília3: Editora UnB, 2008. p. 17.

29 SARAIVA, J. F. S.: Autonomia na Inserção Internacional do Brasil. p. 22.

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do tratado desigual de 1810, a superpotência britânica não era mais favorecida em

detrimento de Portugal dentro do Império Luso, considerando as taxas de importação.

Assim, uma penetração econômica britânica, como acontecia nas repúblicas da América

Latina, era, por enquanto, evitada e o Brasil poderia ter construído uma própria indústria de

produtos manufaturados, já antes da chamada Independência.

Gostaria de fazer uma reinterpretação da citação cerviana acima. A interpretação

deveria entendê-la da seguinte maneira: a conquista da soberania brasileira era um

processo (concordo amplamente com esta parte) que tinha se iniciado com o Grito do

Ipiranga em 1822, e diferenciava-se nos próximos anos. Eu sigo a hipótese de que aquele

processo, que já tinha começado em 1808, culminava-se entre 1814 e 1817 (especialmente

em 1817, aconteceram três eventos notáveis: a coroação de D. João, o casamento de Pedro

com Leopoldina, e também a Inserção Pernambucana30) e que era interrompido em 1821

com a volta do rei João VI a Portugal.

Pensando em categorias de soberania ou quer dizer de uma capacidade autônoma

nas relações exteriores, o ano 1822 era um retrocesso. A apressada Declaração de

Independência necessitaria como justificativa, tanto no interior quanto no exterior, do

reconhecimento diplomático por Portugal e a Grã-Bretanha mostrava-se à vontade em

mediá-lo, mas não por mero altruísmo: Em 1827, então, doze anos depois de sua anulação,

o tratado de 1810 era renovado até com os mesmos 15% de taxa de importação.31 Segundo

SARAIVA, aquela autonomia alfandegária só seria reconquistada em 1844, assim como o

Segundo Reinado mostrava uma maior conscientização sobre a perspectiva externa da

soberania que o Primeiro Reinado ou a República Velha.32

Resumindo, eu sigo a hipotése, que a parte brasileira do Reino Unido de Portugal,

Brasil e Algarves desfrutava de mais capacidade autônoma (soberania externa) na segunda

metade da Era Joanina (1815-21) do que o Brasil nos seus primeiros 22 anos formalmente

independente. Sempre haverá definições mais amplas ou mais estreitas para os quais são

os requisitos para exercer política externa e assim seja possível encaixar minha hipotése

teoricamente. Enquanto uma definição estreita, que limita política externa à independência

formal, dificultaria a aprovação da minha tese, uma definição mais ampla, porém, que p. ex.

outorga relações externas a territórios já não mais dependentes, verificaria-se facilmente.

Assim, só uma análise minuciosa do material arquivado da delegação portuguesa em Viena

30

HERMAN, J.: O rei da América. p. 139-140. 31

MRE (Org.): Tratado de Amizade, Navegação, e Commercio entre o Senhor D. Pedro I, Imperador do Brasil, e Jorge IV, Rei da Grã-Bretanha, assignado no Rio de Janeiro em 17 de Agosto de 1827, e ratificado por parte do Brasil na referida data, e pela da Grã-Bretanha em 5 de Novembro do dito anno. (Collecção de Leis, On-line), Disponível em: <http://dai-mre.serpro.gov.br/atos-internacionais/bilaterais/1827/paz-amizade-comercio-e-navegacao/>. Acesso em 15 de set. 2016. 32

SARAIVA, J. F. S.: Autonomia na Inserção Internacional do Brasil. p. 21-3.

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dar-nos-ia se assuntos brasileiros já fossem tratados de forma seperada com os

portugueses. E exatamente isto será examinado na minha dissertação de mestrado.

Referências bibliográficas

Fontes

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