pesquisa colaborativa

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    FORMAO DOCENTE E PESQUISA COLABORATIVA: ORIENTAESTERICAS E REFLEXES PRTICAS

    Autora: Marlucia Barros Lopes Cabral (UERN)1

    CONSIDERAES INICIAIS

    Nossas experincias como pesquisadora e docente tm demonstrado umacerta rejeio por parte de alguns docentes da educao fundamental em participar de

    pesquisas propostas por universidades.Alguns deles esto saturados de participarem de pesquisas que fazem o

    diagnstico da realidade, apontam os erros e, quando muito, dizem o que precisamudar, deixando os docentes com instrues a serem seguidas, sem a devidacapacitao para faz-lo.

    Isso tem fechado as portas de vrias escolas. um recado claro de que o ato

    de fazer pesquisa deve ser repensado.Particularmente, temos percebido que a pesquisa colaborativa tem se

    configurado como significativa para esse contexto. Autores como Arnal; Del Rincon;Latorre (1992), Fidalgo e Shimoura (2006), Ibiapina e Ferreira (2005 e 2007); Ibiapina;Loureiro Jr. e Brito (2007), Ibiapina. (2007, 2008, 2009), Loureiro Jr.; Ibiapina (2008),Magalhes (2000, 2003, 2004, 2007), Cabral (2005, 2011), dentre outros, tmdemonstrado o quanto a pesquisa colaborativa relevante para a transformao darealidade de professores, configurando-se como

    [...] espao para autoconhecimento e para novas produes; comocontexto de empoderamento, mas tambm, e centralmente, como

    espao de criticidade dos diferentes modos de ser profissional, depensar e agir, na relao com outros; dos modos como entendem seuspapeis na atividade com base em experincias scio-histricasacadmicas e polticas (MAGALHES; LIBERALI, 2011, p. 299-300).

    Conceituada como um processo de indagao e teorizao das prticasprofissionais dos educadores e das teorias que guiam suas prticas (ARNAL; DELRINCN; LATORRE, 1992, p. 258), a pesquisa colaborativa associa ao mesmo tempoatividades de produo do conhecimento e de desenvolvimento profissional(DESGAGN, 1998, p. 7) e contribui para mudar qualitativamente a realidade da sua

    atividade docente, visto que, por meio dela, o pesquisador colaborativo, ao conceber arealidade estudada como seu objeto de investigao, alm de aproximar a universidadeda escola e a teoria da prtica, constri conhecimentos com base em contextos reais,descrevendo, explicando e intervindo nesta realidade, o que possibilita contribuir paratransformar, de forma coerente e significativa, tal realidade, j que se instaura um

    processo produtivo de reflexo, de indagao e teorizao das prticas profissionais doseducadores e das teorias que guiam suas prticas. Processo produzido com os

    professores, no apenas para os professores.

    1Doutorada em Educao, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Professora daUniversidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN. Membro dos grupos de pesquisa PRADILE

    UERN Saberes, Prticas Pedaggicas e Currculo UFRN. Endereo eletrnico:[email protected]

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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    Nesse processo, na ao colaborativa todos os envolvidos tm vez e voz eesto envolvidos em

    [...] possibilidades de tomada de riscos para a viso negociada,motivada pelo desejo de transformao, de produo de novas vises,

    crenas tericas e prticas. [...] tambm, questionamentosrelacionando dialeticamente prticas a teorias e a interesses a queservem [...] (MAGALHES; LIBERALI, 2011, p. 301).

    Com essa compreenso, desenvolver uma pesquisa colaborativa significaagir no sentido de possibilitar que os agentes partcipes tornem seus processos mentaisclaros, expliquem, demonstrem, com objetivo de criar, para os outros partcipes,

    possibilidade de questionar, expandir, recolocar o que foi posto em negociao(MAGALHES, 2002, p. 28).

    De acordo com Desgagn (1998, p. 2), a pesquisa colaborativa se articulaem volta de projetos onde o interesse de investigao se baseia na compreenso que os

    prticos, em interao com o pesquisador, constroem a partir da explorao, emcontexto real, de um aspecto que se refere a suas prticas profissionais. Assimcompreendendo, este autor (p. 7-8) faz uma sntese do conceito de pesquisacolaborativa, destacando a tripla dimenso que tem caracterizado esse tipo de pesquisa:

    1 A pesquisa colaborativa supe a construo de um objeto doconhecimento entre pesquisador e prticos[...].2A pesquisa colaborativa associa ao mesmo tempo atividades de produodo conhecimento e de desenvolvimento profissional[...].3 A pesquisa colaborativa visa uma mediao entre comunidade de

    pesquisa e comunidade de prtica[...].

    Essa sntese pressupe que uma pesquisa colaborativa s se desenvolve pormeio de articulaes e relaes bem negociadas entre pesquisadores, partcipes einstituies (escolares e universitrias). Nessas relaes, as preocupaes dos

    pesquisadores aproximam-se das preocupaes dos professores partcipes e se instauraum desafio colaborativo de pesquisa, de construo de conhecimentos e de formaocontinuada, mediado, sobretudo, pela reflexividade.

    A esse respeito, Ibiapina (2007, p. 114 - 115) afirma que:

    [...] quando o pesquisador aproxima suas preocupaes das preocupaes dosprofessores, compreendendo-as por meio da reflexividade crtica, eproporciona condies para que os professores revejam conceitos e prticas;e de outro lado, contempla o campo da prtica, quando o pesquisador solicitaa colaborao dos docentes para investigar certo objeto de pesquisa,investigando e fazendo avanar a formao docente, esse um dos desafioscolaborativos, responder as necessidades de docentes e os interesses de

    produo de conhecimentos. A pesquisa colaborativa, portanto, reconciliaduas dimenses da pesquisa em educao, a produo de saberes e aformao continuada de professores. Essa dupla dimenso privilegia pesquisae formao, fazendo avanar os conhecimentos produzidos na academia e naescola.

    Nessa perspectiva, a pesquisa colaborativa no pode ser neutra e devecaminhar na direo dialtica da realidade social, da historicidade dos fenmenos, da

    prtica, das contradies, das relaes com a totalidade, concebendo a prxis como

    mediao bsica na construo do conhecimento, visto que, por meio dela, se veicula ateoria e a prtica; o pensar, o agir e o refletir, o processo de pesquisa e de formao.

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    Ibiapina e Ferreira (2008, p. 28), tratando dos modelos investigativos daspesquisas colaborativas, afirmam que:

    As pesquisas colaborativas apresentam modelos investigativos que rompemcom a lgica emprico-analtica a partir do uso da reflexo e da prtica decolaborao como procedimentos que servem para os professorescompreenderem aes, desenvolverem a capacidade de resolver problemas etrabalharem com mais profissionalismo.

    Na pesquisa colaborativa, investigadores e co-investigadores soessencialmente ativos e as reflexes construdas coletivamente so orientadas para asaes que pretendem transformar a realidade. Nesse sentido, h, pois, um processoformativo que mobiliza saberes da teoria e da prtica, cientficos e experienciais desujeitos historicamente situados, capazes de desenvolver competncias e habilidades,em um processo contnuo de construo de novos conhecimentos que se mobilizam paratransformar a prtica educativa.

    Nesse sentido, um novo agir profissional construdo, por meio da imediata

    articulao entre teoria e prtica. Como, nos moldes da pesquisa colaborativa, esse novoagir deve ser emancipatrio, ela se desenvolve na constante busca de compreenso, deinterpretao e de soluo de problemas que os docentes enfrentam, por meio da

    produo de conhecimentos, da auto-reflexo e das possibilidades de desenvolvimentoprofissional, tanto para o pesquisador como para os partcipes (KEMMIS, 1987). Apesquisa colaborativa possibilita, pois, o potencial de, como dizem Ibiapina e Ferreira(2007, p.31):

    [...] dar conta no somente da compreenso da realidade macrossocial, mas,sobretudo, em dar poder aos professores para que eles possam compreender,analisar e produzir conhecimentos que mudem essa realidade, desvelando as

    ideologias existentes nas relaes mantidas no contexto escolar.

    Em suma, a pesquisa colaborativa cria condies favorveis mudana, transformao da prtica educativa, de um fazer espontneo para um saber fazerconsciente e conscientizador, com vistas superao de problemas, autoreflexo, formao continuada e produo do conhecimento cientfico.

    Assim sendo, acreditamos, a pesquisa colaborativa se configura como umaimportante alternativa para (re)abrir as portas das escolas aos pesquisadores e, mais queisso, o saber por ela produzido relevante para todos os que nela esto envolvidos. A

    produo de conhecimento resultante de pesquisas dessa natureza terico, prtico,contextual, real, til um saber emancipador que possibilita aos professores partcipes

    um saber-fazer autnomo e uma necessidade constante de continuar aprendendo pelapositiva relao teoria-prtica.

    A PESQUISA "O PROFESSOR E SUA FORMAO LINGUSTICA: UMAINTERLOCUO TEORIA-PRTICA": O QUE PENSAM AS DOCENTES

    PARTCIPES SOBRE A PESQUISA COLABORATIVA

    Desenvolvida no perodo de 2008 a 2010, a pesquisa "O professor e suaformao lingustica: uma interlocuo teoria-prtica" teve como partcipes, alm daautora, trs professoras da EETB. Ela surgiu de inquietaes das partcipes nela

    envolvidasas da pesquisadora, que almejava fazer mais do que diagnosticar e analisaros problemas e as das professoras da escola campo de investigao, que clamavam por

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    mediadores mais experientes que as ajudassem a transformar a realidade expressa emnmeros pelo "Prova Brasil" (2005).

    Em 2008, iniciamos a nossa pesquisa com apenas duas professoras daEETB. Em 2009, mais uma docente integrou-se ao grupo. Este manteve-se, do incio de2009 at o final da pesquisa, em 2010, com quatro partcipes.

    Coletivamente, escolhemos pseudnimos que comeam com a primeira letrados nossos nomes e que tm relao com o que, acreditamos, contemple uma de nossascaractersticas, enumeradas pelas parceiras e acordadas pelo grupo.

    Assim, passamos a ser identificadas pelos seguintes pseudnimos: JiaRara (professora com mais de sete anos de docncia, Graduada em Pedagogia);Preciosa (educadora que leciona h mais de treze anos, Graduada em Pedagogia);Comprometida (que atua na educao h mais de vinte anos, Graduada em Letras); eMaravilhosa (professora coordenadora da pesquisa, com mais de vinte e sete anos dedocncia, formada em Pedagogia, especialista em Lingustica Aplicada ao Ensino deLngua Materna, Mestre em Estudos da Linguagem e, na poca da pesquisa, Doutorandaem Educao).

    Como um dos primeiros passos da pesquisa colaborativa o que Aguiar(2008, p. 57) chama de pr-ao, isto , sensibilizar as professoras em relao importncia da formao continuada e o engajamento nos contextos propiciadores dereflexo sobre as aes desenvolvidas em sala de aula, no nosso caso especfico,refere-se a uma sensibilizao por meio da explicao dos objetivos da nossa pesquisa edo esclarecimento do que significa participar de uma pesquisa colaborativa,explicitando os benefcios educacionais, profissionais e cientficos que a participaonesse estudo possibilita.

    Sobre o engajamento de professores, Ibiapina e Ferreira (2008, p. 23)chamam a ateno para o fato de que necessrio que o pesquisador compreenda que:

    O que ser, antes de tudo, solicitado aos docentes o seu engajamento noprocesso de reflexo sobre determinado aspecto da prtica, processo quelevar esses profissionais a explorar situao nova associada prticadocente e a compreender teorias e hbitos no conscientes, para, com base nareflexividade, construir entendimento das determinaes histricas e dosvieses ideolgicos que ancoram a prtica escolar, contribuindo, assim, paraconcretizao dos ideais de formao e desenvolvimento profissional e de

    produo de teorias mais prximas dos anseios sociais de mudana da sala deaula, da escola e da sociedade.

    Nessa perspectiva, o engajamento representa um ato volitivo, por parte das

    partcipes, que devem decidir se estaro dispostas a assumirem o compromisso derefletir sobre a sua prtica, (re)elaborando saberes que modificaro o seu saber-fazerpedaggico.

    Nesse processo, necessrio que faamos os esclarecimentos sobre ametodologia da pesquisa a fim de obter das partcipes o consentimento informado e aassinatura do termo de adeso voluntria pesquisa, passo tico essencial pesquisacolaborativa, que denota o compromisso e a responsabilidade da pesquisadora e das

    partcipes, alm de dar incio ao estabelecimento de confiana mtua e esforossinceros, elementos que esto no centro de uma bem sucedida negociao de entrada emanuteno do consentimento informado dos participantes (TOBIN, 1998, p. 97).

    Aps a realizao desse passo, o engajamento, a nossa pesquisa se desenvolveu

    principiando pelo diagnstico dos conhecimentos prvios e a escolha dos problemas,dando continuidade com os Ciclos de Estudos Reflexivosconcebidos como:

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    [...] um procedimento complexo de construo, (re)construo deconhecimentos e do prprio processo cognoscitivo, uma vez que asanlises e discusses neles vivenciadas oportunizam, alm dareconstruo de saberes, a reconsiderao de valores, crenas eobjetivos da ao, propiciando a opo por alternativas mais eficazes soluo dos problemas vivenciados no cotidiano da prticapedaggica. (AGUIAR; FERREIRA, 2007, p. 76).

    Paralelo aos Ciclos de Estudos Reflexivos, tambm trabalhamos comSesses Reflexivas que se constituem como um espao aberto a todos os partcipes,[...] seria, assim, um lcus em que cada um dos agentes tem o papel de conduzir ooutro reflexo crtica de sua ao ao questionar e pedir esclarecimentos sobre asescolhas feitas (MAGALHES, 2002, p. 21). Elas envolvem quatro aes que estorelacionadas a certos tipos de perguntas: 1 - O que fiz? (descrio das aes); 2 - Oque agir desse modo significa?(relacionar as escolhas feitas com teorias); 3 Comocheguei a ser assim?(configurao de um quadro scio-histrico); 4 Como possoagir diferentemente?

    (re) construo das aes que delinearo um novo fazer,

    construdo na relao teoria-prtica). (MAGALHES, 2000).Nas sesses reflexivas fazemos uso das trs modalidades de reflexo que a

    pesquisa colaborativa comporta: a reflexo intrassubjetiva - na qual a partcipe, quedescreve uma de suas aulas, faz acerca desta; a intersubjetiva dos paresas outras

    partcipes presentes na sesso questionam, pedem esclarecimento e apresentamsugestes partcipe que descreveu e refletiu sobre sua aula, conduzindo-a a novasreflexes - e a intrasubjetiva dos pares que analisam com o qu e como contribuiucom a partcipe que teve sua aula analisada.

    Alm desses procedimentos, a entrevista, a observao e as notas de campo

    foram utilizadas. Em sntese, foram desenvolvidas aes genuinamente colaborativas.Nelas, todas as partcipes tiveram clareza de seus papeis e sentiam-se vontade de"desnudarem-se" por perceberem que podiam faz-lo sem medo, sem estigmas, semsentirem-se menor, ao contrrio viam seus pontos fortes valorizados e seus pontosfracos trabalhados de maneira tica. Compreendiam e sabiam expressar,espontaneamente, o que representava estarem envolvidas em uma pesquisa colaborativa.

    As falas das partcipes da escola campo de pesquisa, Jia Rara2,Preciosa3 e Comprometida4 podem comprovar isso. Vejamos o que diz a partcipeComprometida ao ser questionada sobre o que significou, para ela, participar de uma

    pesquisa colaborativa que trabalha com problemas relacionados ao ensino-aprendizagem da linguagem verbal:

    Significa uma oportunidade de aprimorar minha formao de professora,pois, como podemos observar, no desenvolver da pesquisa colaborativa todosos partcipestanto a pesquisadora mais experiente, quanto as pesquisadorasmenos experientestm oportunidades iguais dentro do grupo de pesquisa.

    O dito por Comprometida demonstra a percepo da equidade dentro dogrupo de pesquisa. A viso de que todas as partcipes tm oportunidades iguais denota

    2Professora com mais de sete anos de docncia, formada em Pedagogia. O pseudnimo Jia Rara visa aguardar a anonimidade da partcipe.3Professora com mais de doze anos de docncia, formada em Pedagogia. O pseudnimo Preciosa visa a

    guardar a anonimidade da partcipe.4Professora com mais de vinte anos de docncia, formada em Letras. O pseudnimo Jia Rara visa aguardar a anonimidade da partcipe.

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    que a mesma sente-se entre pares, pesquisadoras de uma realidade que se configuracomo uma oportunidade de aprimoramento de sua formao docente.

    Respondendo a mesma questo, Jia Rara declara que:

    atravs da pesquisa colaborativa que professoras esto tendo aoportunidade de uma formao em que possam discutir e estudar asdificuldades encontradas na aprendizagem de seus alunos, e, assim, coloc-las em prtica para que os mesmos adquiram melhores conhecimentos.

    Focalizando o retorno que dar ao aluno em sala de aula, Jia Raracompreende que a pesquisa colaborativa vem ao encontro das necessidades do contextoreal, das dificuldades que os alunos vivenciam. Assim, as discusses e os estudosvivenciados, por ela, no processo de formao continuada, via pesquisa colaborativa,tm influncia direta na melhoria do conhecimento dos seus alunos. Portanto, a pesquisacolaborativa representa, para esta docente, uma oportunidade de formao que temretorno direto na aprendizagem de seus discentes.

    A exemplo de Jia Rara, Preciosa tambm concebe a pesquisacolaborativa como uma oportunidade de formao que proporciona melhorar osconhecimentos dos seus alunos. Vejamos o que esta explicita ao responder a mesmaquesto:

    uma oportunidade de formao para os professores pesquisadorespoderem trabalhar com base nas deficincias de aprendizagem de seusalunos. Tendo, assim, melhor capacidade do professor resolver asdificuldades encontradas em sala de aula e melhorando osconhecimentos cognitivos dos alunos.

    Preciosa acredita que a sua participao na pesquisa colaborativa que

    estamos desenvolvendo melhora a sua capacidade de resolver as dificuldades que ela eseus alunos vivenciam no processo ensino-aprendizagem.

    Convm registrar que Preciosa pode ser um exemplo de que osprofessores engajados em uma pesquisa de formao e produo de conhecimento,voltada para as suas ansiedades, para o contexto da sua prpria atividade docente, paraas necessidades reais dos seus alunos, algo que produz uma motivao, que

    proporciona um elo que gera uma fora que faz superar limites. Explicamos: Preciosa,logo depois do incio da nossa pesquisa, foi vtima de dois problemas de sade umginecolgico e outro cardaco que a conduziu cirurgia e ao afastamento, definitivo,de sala de aula. Isso no a abateu. Preciosa solicitou readaptao de funo econtinuou participando da pesquisa at a concluso.

    assim na pesquisa colaborativa, serem humanos vivenciando relaeshumanas, trocando saberes, energias. Colaborando uns com os outros. ampliandoconhecimentos tericos, melhorando conhecimentos prticos, construindo um saber-fazer consciente e conscientizador, com respeito e valorizao pessoa humana.

    CONSIDERAES FINAIS

    Por mais que a nossa forma de demonstrar como a pesquisa colaborativapode ser relevante para a formao continuada de professores e de tentar persuadir mais

    docentes e pesquisadores a engajarem-se nesse tipo de pesquisa parea algo construdocom um subjetivismo utpico, acreditem, no o . A pesquisa de doutoramento que

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    desenvolvemos uma prova clara de que as docentes nela envolvidas, refletindo sobresuas prticas, luz de teorias, mudaram, de forma produtiva, o processo ensino-aprendizagem da linguagem por elas mediados.

    Nossa forma de conceber pesquisa, de fazer pesquisa, teve um saltoqualitativo quando conseguimos apreender os propsitos da pesquisa colaborativa e

    quando a colocamos em prtica. Tambm as partcipes, envolvidas em nossa pesquisa,compreenderam a importncia da pesquisa colaborativa para os seus processos deformao continuada. Elas so conscientes dos efeitos positivos que a pesquisacolaborativa produziu na prxis docente que desenvolvem, isto podemos constatar nasfalas delas destacadas neste artigo.

    A reflexo e a colaborao conceitos bsicos da pesquisa colaborativa apontaram caminhos dantes no visualizados por ns e pelas docentes partcipes.Caminhos para uma formao continuada pautada em necessidades reais, emmotivaes concretas, produzindo conhecimentos na positiva relao teoria-prtica. Isso

    porque, como afirma Ibiapina (2011, p. 237), "A pesquisa, a colaborao e a reflexofazem parte de esforos amplos para transformar o ensino, a aprendizagem, a

    universidade e a prpria sociedade".Dito isso, fechamos as nossas consideraes finais com um convite ao leitor

    deste artigo para conhecer melhor o que e como se faz pesquisa colaborativa.Nossas referncias sugerem leituras sobre essa temtica.

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