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1 REDE DE PESQUISA COLABORATIVA: NOVOS CONTEXTOS DE APRENDIZAGENS COLLABORATIVE RESEARCH NETWORK: NEW CONTEXTS OF LEARNING Silvana Donadio Vilela Lemos (Centro Universitário Senac - [email protected]) Resumo: O presente artigo traz um recorte do projeto Rede de Pesquisa Colaborativa Universidade Escola que contou com a participação de alunos e professores pesquisadores de duas escolas públicas e duas universidades brasileiras. De início, apresenta-se a etapa 1 dos estudos desenvolvidos com o tema A Luz em Minha Vida e, em seguida, a etapa 2, com as pesquisas a partir da questão temática O que Fazer para Ter Melhor Qualidade de Vida? A metodologia teve como base analisar as mensagens trocadas em tempo real no Fórum Todos Juntos e Misturados, na plataforma educacional Edmodo. Os autores que subsidiaram as análises foram Almeida (2002); Almeida e Valente (2014); Almeida; Alves e Lemos (2014); Bogdan e Biklen (1994); Dias (2004); Figueiredo (2014); Castells (1996); e Base Nacional Comum Curricular (2017). Depreende-se, pelas análises, que há indícios de inovação educativa ao se conceber o ato educativo a partir das questões pertencentes à realidade do aluno que, no processo de investigação científica, se sentiu curioso e motivado em fazer uso de tecnologias para pesquisar, compartilhar os conhecimentos no ambiente da Rede, em tempo real. Dentre os desafios, considera-se fundamental a articulação entre contextos para fomentar a expansão de conhecimentos. Palavras-chave: Rede de pesquisa colaborativa; On-line; Novos contextos de aprendizagens; Escola e universidade. Abstract: The present article brings a cut of the project Collaborative Research Network University School that counted with the participation of students and professors researchers of two public schools and two Brazilian universities. At the beginning, the first stage of the studies developed with the theme "The Light in My Life" is presented, and then the second stage is presented with the researches from the thematic question "What to do to have a better quality of life? " The methodology was based on analyzing the messages exchanged in real time in the Forum "All together and mixed" in the Edmodo Educational Platform. The authors who supported the analyzes were Almeida (2002), Almeida & Valente (2014), Almeida; Alves; Lemos (2014), Bogdan & Biklen (1994), Dias (2004), Figueiredo (2014), Castells (1996) and National Curricular Common Base (2017). It is evident from the analysis that there are indications of educational innovation in conceiving the educational act from the questions pertaining to the student's reality, which in the process of scientific investigation felt curious and motivated to make use of technologies to research, share knowledge in the context of the Network, in real time. Among the challenges, it is considered fundamental the articulation between contexts to promote the expansion of knowledge. Keywords: Collaborative Research Network; Online; New Learning contexts; School and University.

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REDE DE PESQUISA COLABORATIVA: NOVOS CONTEXTOS DE APRENDIZAGENS

COLLABORATIVE RESEARCH NETWORK: NEW CONTEXTS OF LEARNING

Silvana Donadio Vilela Lemos (Centro Universitário Senac - [email protected])

Resumo: O presente artigo traz um recorte do projeto Rede de Pesquisa Colaborativa Universidade Escola que contou com a participação de alunos e professores pesquisadores de duas escolas públicas e duas universidades brasileiras. De início, apresenta-se a etapa 1 dos estudos desenvolvidos com o tema A Luz em Minha Vida e, em seguida, a etapa 2, com as pesquisas a partir da questão temática O que Fazer para Ter Melhor Qualidade de Vida? A metodologia teve como base analisar as mensagens trocadas em tempo real no Fórum Todos Juntos e Misturados, na plataforma educacional Edmodo. Os autores que subsidiaram as análises foram Almeida (2002); Almeida e Valente (2014); Almeida; Alves e Lemos (2014); Bogdan e Biklen (1994); Dias (2004); Figueiredo (2014); Castells (1996); e Base Nacional Comum Curricular (2017). Depreende-se, pelas análises, que há indícios de inovação educativa ao se conceber o ato educativo a partir das questões pertencentes à realidade do aluno que, no processo de investigação científica, se sentiu curioso e motivado em fazer uso de tecnologias para pesquisar, compartilhar os conhecimentos no ambiente da Rede, em tempo real. Dentre os desafios, considera-se fundamental a articulação entre contextos para fomentar a expansão de conhecimentos.

Palavras-chave: Rede de pesquisa colaborativa; On-line; Novos contextos de aprendizagens; Escola e universidade.

Abstract: The present article brings a cut of the project Collaborative Research Network University School that counted with the participation of students and professors researchers of two public schools and two Brazilian universities. At the beginning, the first stage of the studies developed with the theme "The Light in My Life" is presented, and then the second stage is presented with the researches from the thematic question "What to do to have a better quality of life? " The methodology was based on analyzing the messages exchanged in real time in the Forum "All together and mixed" in the Edmodo Educational Platform. The authors who supported the analyzes were Almeida (2002), Almeida & Valente (2014), Almeida; Alves; Lemos (2014), Bogdan & Biklen (1994), Dias (2004), Figueiredo (2014), Castells (1996) and National Curricular Common Base (2017). It is evident from the analysis that there are indications of educational innovation in conceiving the educational act from the questions pertaining to the student's reality, which in the process of scientific investigation felt curious and motivated to make use of technologies to research, share knowledge in the context of the Network, in real time. Among the challenges, it is considered fundamental the articulation between contexts to promote the expansion of knowledge. Keywords: Collaborative Research Network; Online; New Learning contexts; School and University.

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1. Introdução A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) (http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/prizes-and-celebrations/2015-international-year-of-light/) definiu como tema, em 2015, o Ano Internacional da Luz, com o objetivo de conscientizar os cidadãos sobre o potencial das tecnologias baseadas na luz, por meio de pesquisas e a promoção de alternativas para alicerçar uma sociedade global sustentável. Nesse cenário, emerge o projeto Rede de Pesquisa Colaborativa Universidade Escola com o propósito de estimular a investigação científica de questões relacionadas à realidade dos estudantes de escolas públicas brasileiras de educação básica, em parceria com seus professores, a partir do tema A Luz em Minha Vida. A proposta surgiu da iniciativa dos membros de um grupo de pesquisa e egressos do

programa de pós-graduação, de uma universidade particular do Brasil, cuja parceria integrou cinco universidades (públicas e particulares) e oito escolas públicas dos estados das Regiões

Centro-Oeste, Norte, Nordeste e Sudeste, em caráter voluntário. A concepção de projeto, na Rede de Pesquisa Colaborativa, vincula-se ao

pensamento de Almeida (2002, p. 49) que defende o levantamento de questões contextualizadas na realidade e no nível de conhecimentos dos estudantes. Para a autora, a

proposta de trabalhar com projetos temáticos representa investir na criação de uma nova cultura educacional, em que professores e estudantes tomam decisões em equipes;

participam de pesquisas e experimentos científicos; compartilham informações “entre si e com outras pessoas, organizações e instituições que atuam tanto dentro quanto fora do âmbito da escola e do sistema educacional”. A etapa 1 do projeto ocorreu no período de março a dezembro de 2015 e os estudantes, em parceria com seus professores, desenvolveram projetos interdisciplinares, a partir de questões sobre a temática da Luz. A voz e a curiosidade dos estudantes tornaram-se os eixos fundamentais na elaboração da prática pedagógica e no processo educativo e motivaram a seleção das questões problemas dos estudos.

O que é energia e como gerar uma fonte de energia? Quais sãos as vantagens da energia solar em relação às demais energias?

O que são placas solares?

Como a captação da luz solar pode gerar energia e ligar uma lâmpada?

Quais são os condutores de energia?

Será que um carrinho de brinquedo pode ser movido a energia solar e é possível construí-lo?

Adotou-se, para auxiliar nas análises e na depuração dos estudos, a elaboração de Narrativas Digitais. Segundo Valente e Almeida (2014, p. 38), o potencial do registro da jornada construída impulsiona o levantamento dos aspectos relevantes, o exercício da análise do pensamento sobre as experiências e a promoção da autoria na construção de sua história.

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Para os autores, a narrativa abre uma “janela” na mente do estudante ao desnudar a compreensão que tem sobre os “conteúdos, procedimentos, atitudes e sentimentos em relação aos temas trabalhados” (VALENTE; ALMEIDA, 2014, p.40). Por essa razão, designou-se como contexto de interação virtual dos membros da Rede de Pesquisa Colaborativa, a plataforma educacional Edmodo, com vistas ao desenvolvimento da aprendizagem solidária e colaborativa. O aplicativo WhastApp foi

utilizado como meio para o esclarecimento de dúvidas, troca de informações, fotografias e como veículo para o agendamentos dos encontros realizados em tempo real, na plataforma educacional Edmodo. Pode-se destacar, dentre os resultados obtidos na Etapa 1 do projeto, que o Edmodo esteve a serviço da expansão dos contextos de aprendizagens, além dos “muros da escola”, ao conectar as vozes dos membros e viabilizar a mobilidade de informações, do ensino e da aprendizagem (ALMEIDA; ALVES; LEMOS, 2014). Para Castells (1996) (http://pt.slideshare.net/efantauzzi/a-sociedade-em-rede-vol-i-manuel-castells), a Internet redefiniu a configuração das fronteiras entre espaços e localidades, para empreender uma sociedade dos fluxos planetários. Ao concluir a etapa 1, os membros responderam a um questionário avaliativo, on-line, sobre as experiências desenvolvidas e as expectativas futuras. Dentre os dados, é possível expressar que 94,1% dos membros manifestaram interesse em continuar na Rede de Pesquisa Colaborativa pela motivação e o desejo dos estudantes em protagonizar a construção dos conhecimentos em parceria com seus professores. Ainda sobre as evidências, 70,6% dos membros validaram o potencial do trabalho pedagógico a partir de projetos de investigação científica, ao articular os estudos teóricos

por meio de pesquisas e experimentos científicos. Imprescindível destacar que 94,6% dos membros indicaram a importância de

contextos que valorizem a interação entre os colegas e professores da sala de aula e da escola, e os demais estudantes e professores da Rede de Pesquisa Colaborativa. Nesse projeto, a proposta foi a de fomentar “os alunos-nós-de-rede” (FIGUEIREDO, 2002, p. 2), membros de uma comunidade on-line, na aventura coletiva por construir o sentimento de pertença e de membro responsável na construção de novos conhecimentos. Convém relatar que, durante o ano de 2016, os professores das escolas e as instituições de ensino superior, dedicaram-se à elaboração da escrita dos relatos das experiências desenvolvidas em um processo de formação de parceria para a produção do texto acadêmico de um livro. Nesse cenário, no período de maio a dezembro de 2017, deu-se a sequência, com a Etapa 2, que contou com um novo tema eleito pelos membros da Rede de Pesquisa Colaborativa: O que fazer para ter melhor qualidade de vida?. Assim, cada escola, ao ouvir as curiosidades dos estudantes, levantou novas questões

para o desenvolvimento dos projetos interdisciplinares. A seguir, a intenção é apresentar a metodologia da pesquisa, os indícios de inovação

educativa, a partir de um evento de aprendizagem em tempo real entre os estudantes e professores pesquisadores de escolas públicas e instituições de ensino superior, na

plataforma Edmodo, e as considerações finais.

2. Metodologia

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Neste item, adotou-se como percurso metodológico a pesquisa qualitativa para analisar as mensagens trocadas no Fórum intitulado Todos juntos e misturados, na plataforma educacional Edmodo. Para subsidiar a análise do discurso escrito, utilizou-se a teoria dos autores Bogdan e Biklen (1994).

2.1 A Escolha da plataforma educacional Edmodo

Optou-se pela plataforma educacional Edmodo (ambiente virtual) pelo funcionamento semelhante ao Facebook e por apresentar os recursos básicos para anexar documentos; disponibilizar links de vídeos; enviar e responder mensagens; tudo de forma privada, sem exposição dos estudantes e demais participantes. No projeto, a plataforma Edmodo e o aplicativo WhatsApp estiveram a serviço da comunicação entre os membros da Rede, que se comprometeram em ensinar e aprender com vistas ao crescimento de todos. Segundo Dias (2004), pela Web, tem-se o potencial de criar uma nova pedagogia baseada na interação, colaboração e participação conjunta. A escolha pelo Fórum Todos Juntos e Misturados permitiu coletar o conteúdo das informações trocadas em um evento de aprendizagem, em tempo real, cujo objetivo foi compartilhar os estudos científicos e fomentar a expansão de conhecimentos entre membros, em Rede. 2.2. Informações sobre os encontros e o número de membros participantes do encontro síncrono no Fórum Todos Juntos e Misturados O recorte consiste em analisar as mensagens trocadas em tempo real no Fórum Todos juntos e Misturados, ocorrido em 29 de novembro de 2017, no horário das 14h35 até

às 15h45 (horário de Brasília), com a participação dos alunos e professores de duas escolas públicas e professores pesquisadores de duas Instituições de Ensino Superior (IES), dos

estados de Pernambuco e São Paulo. Os integrantes das escolas, de forma autônoma, tomaram a iniciativa de agendar o evento de aprendizagem em consonância com o cronograma das atividades escolares. Relevante informar que outros eventos foram realizados, mas optou-se por analisar o primeiro encontro ocorrido na Rede de Pesquisa Colaborativa. Informamos, a seguir, as instituições de ensino participantes:

Escola Municipal Carmem Tabet de Oliveira Marques, localizada em São Bernardo do Campo (SP);

Escola Municipal São Cristovão, localizada em Recife (PE);

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Informamos que sete professoras pesquisadoras e descritas por suas funções participaram do evento de aprendizagem, em tempo real:

1 diretora da cidade de São Bernardo do Campo (SP);

2 professoras da cidade de São Bernardo do Campo (SP);

2 professoras da cidade de Recife (PE);

2 professoras da cidade de São Paulo (SP). Foram 21 os estudantes participantes, indicados por suas respectivas cidades e o ano

de escolaridade:

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13 estudantes da cidade de São Bernardo (SP) – Educação Fundamental II - 5º ano;

8 estudantes da cidade de Recife (PE) – Educação Fundamental II - 8o ano. No total, foram 28 os participantes no encontro síncrono de professoras e estudantes.

3. Resultados Ensinar é criar contextos onde se possa aprender. Aprender é explorar contextos onde se possa construir saberes, práticas, culturas

e relacionamentos. O contexto de aprendizagem é cada vez mais a força central da investigação, da prática em educação e da aprendizagem no século XXI (FIGUEIREDO, 2014, p. 40).

Neste tópico, o objetivo é relatar como um evento de aprendizagem desenvolvido na plataforma educacional Edmodo, em tempo real, estimulou o compartilhamento das pesquisas desenvolvidas por estudantes e professores de duas escolas dos estados de Pernambuco e São Paulo, com similaridades nas realidades social e política. As questões emergentes advindas da realidade dos estudantes são: “O esgoto, água tratada e coleta de lixo em nossa região. E quais as consequências para a saúde do cidadão?”, “Quais cuidados são necessários para o corpo e a mente dos jovens se manterem saudáveis?”.

Estudantes e professores das escolas mobilizaram-se para a coleta de informações e pesquisas foram desenvolvidas na web, em livros e revistas; entrevistas foram feitas com

familiares e especialistas; além de estudos complementares realizados em parques, postos de saúde e nas ruas da comunidade. Sabe-se que o grande desafio da educação do século 21 é “conciliar conteúdos e contextos”, de forma a mobilizar situações em que os estudantes e seus professores ensinem e aprendam em “um evento de aprendizagem” (FIGUEIREDO, 2014, p. 18). Nesse recorte, a intenção é relatar as mensagens compartilhadas entre os membros da Rede de Pesquisa Colaborativa, distantes fisicamente, mas conectados em tempo real, com o objetivo de fomentar a colaboração na expansão de conhecimentos. A seguir, apresentamos algumas das mensagens trocadas no evento do dia 29 de dezembro de 2017, com vistas a evidenciar o convite à aprendizagem entre membros em Rede, e demonstrar a consonância do processo construído com as orientações sobre as Competências Gerais indicadas na Base Nacional Comum Curricular (CNCC, 2017). Adotou-se, para garantir a privacidade dos membros, substituir seus nomes pelos das cidades das regiões dos estados participantes. A professora Inajá, da cidade de Recife, dialoga no Fórum Todos juntos e misturados:

Que interessante conhecer mais sobre alimentação saudável, pois fará toda a diferença na hora de cuidarmos de nosso corpo.

A estudante Chá de Alegria entra no diálogo e compartilha a poesia que criou:

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Agora uma poesia! Para ser bem alimentado, De tudo terei que comer É preciso muito cuidado Para, sadio, crescer. Se comer apenas doce,

Enchidos, fritos e pão, A minha saúde acabou-se E ficarei um balão. Se não quero engordar, Frutas e legumes terei de comer. Gorduras e doces vou dispensar.

A estudante Casinhas entra e conversa:

Quero falar o que estamos pesquisando na escola São Cristovão. Um estudo interessante foi assistir à palestra sobre a qualidade de vida na adolescência.

Começou com uma dinâmica bem interessante onde os colegas falavam sobre o que sabiam dos temas a seguir: Espiritualidade, famílias e amigos e Saúde. O assunto sobre meditação foi muito comentado pelos integrantes do grupo. Assistimos ao vídeo Meditação para a mente: corpo e alma. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=5G5btRRHob4>.

Como se sentir em paz? Como alcançar o relaxamento do corpo e da alma?

A estudante Flores interage: Sabe, fiquei muito interessada em conhecer mais sobre meditação. Meditar e buscar o equilíbrio da energia de nosso corpo. Acalmar nossa mente ajuda a combater o estresse. Nós meditamos um pouco aqui com os colegas daqui da escola.

A estudante Floresta compartilha seus estudos: Oi, gente! Agora irei falar da Yoga! Depois de pesquisas feitas, conclui que a yoga nos traz diversos benefícios como: a melhora da postura, além de prevenir as dores nas articulações, melhora a saúde dos ossos, eleva a frequência cardíaca.

Constata-se que os estudos desenvolvidos estão em consonância às orientações estabelecidas na competência do BNCC, que destacam a relevância do autoconhecimento,

“apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, comprometendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade de lidar

com elas” (BNCC, 2017, 10).

O estudante Bom Conselho interage:

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Sobre o tema qualidade de vida, o meu grupo quis entender os benefícios das atividades esportivas e de lazer ao corpo e à alma do jovem adolescente. Visitamos o parque Santana, no Rio Capibaribe, em Recife, para fazer um estudo de campo. Ambiente com árvores, quadras, gramado para lazer e piquenique. Um convite para andar de bicicleta, caminhar e fazer ginástica. Recomendável para todas as idades. Vejam as imagens que tiramos (Figs. 1 e 2).

Destaca-se, na Base Nacional Comum Curricular, a importância do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. É possível estabelecer a consonância dos objetivos do projeto de pesquisa colaborativa e as orientações informadas no documento. Citamos a segunda competência que relata a importância de se “exercitar a curiosidade intelectual, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica para investigar as causas e formular hipóteses para resolver problemas” (BNCC, 2017, p. 9).

Figuras 1 e 2. lazer e esporte no Parque Santana, Recife (PE) Fonte: Acervo da Rede de Pesquisa Colaborativa Universidade Escola (plataforma Edmodo).

Com essas atividades, aprendemos a cuidar melhor de nossa saúde corporal e mental. O contato com a natureza, família, amigos e animais, são importantes à saúde do corpo e da alma na adolescência.

Na Escola Municipal Carmem Tabet (SP) a inquietação foi de entender porque na redondeza não há coleta de lixo no bairro, sendo que mais de 76% do lixo é despejado a céu

aberto. Outro problema levantado pelos estudantes reside em compreender a ausência de saneamento básico e de água tratada no bairro. Afinal, o questionamento consiste em saber como mudar essa situação e melhorar a qualidade de vida da comunidade.

A professora Barra Bonita, da cidade de São Bernardo do Campo (SP), pergunta:

Oi, pessoal, o que podemos fazer para "mudar isso"?

O estudante Barbosa responde: Estou participando do projeto “qualidade de vida” com os meus colegas, Maria Eduarda,

Senndy e Yasmin. Somos do grupo da água e nesse tempo de convívio foi possível aprender

muito. Para responder à sua pergunta, digo que devemos jogar “o lixo no lixo” para não sujar as ruas e as águas da chuva não levarem toda a sujeira para nossas casas.

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Em seguida, o estudante Barretos interage no Fórum e compartilha o que aprendeu:

Olá! Em nome do meu grupo, vou contar o que aprendemos sobre o lixo. Pois é, o lixo a céu aberto atrai muitos animais, inclusive o rato. Um transmissor de doenças como:

Leptospirose; Peste Negra; Sarnas; Alergias e Hantavirose.

A professora Barra Bonita interage: Muito séria essa questão dos ratos. Pelas suas pesquisas, o que podemos fazer?

A estudante Boa Esperança do Sul compartilha seus estudos: Olá, pessoal! Estamos pesquisando sobre a qualidade de vida aqui em nosso bairro e quero deixar a minha contribuição sobre a questão dos ratos. Posso afirmar que só tem uma solução para o lixo em nosso bairro. A prefeitura recolher o lixo! Mas acho que podemos também fazer a nossa parte, iniciando a coleta seletiva de lixo aqui na escola. Sabe, quero compartilhar o link de um vídeo que é da HORA! O Clipe Rap da Água. Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=IBZMcQm2NYQ&feature=youtu.be>. Aprendi que devemos economizar e reutilizar a água, pois a pergunta que fica é: E se

a água potável acabar? Não teremos mais esse líquido vital para sobreviver. O Rap diz: O que de mais saudável temos para tomar? Por isso, não podemos desperdiçar a água. Não

podemos poluir a água. Reutilizar a água é a nossa nova ação! Precisamos de água potável para sobreviver.

Nesse cenário, pode-se afirmar que o projeto da Rede de Pesquisa Colaborativa está de acordo com as orientações das Competências da BNCC (2017), pois a primeira orientação

destaca a importância da utilização dos conhecimentos historicamente construídos sobre os mundos físico, cultural e digital, a serviço da compreensão da realidade e promotora de uma

sociedade justa. Em seguida, o jovem aluno Bilac entra no Fórum para compartilhar seus estudos:

Achei muito legal o vídeo sobre o Rap da Água e todo mundo da minha sala está com a letra na ponta da língua. Acho bem interessante aprender a partir de vídeos e imagens. Curto muito navegar na web e conversar nas redes sociais. Nesse momento, os destaques estão para a quarta e quinta Competências (BNCC, 2017) que recomendam a utilização de diferentes linguagens (verbal, visual, sonora e digital) para comunicar e disseminar experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos. E a utilização das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) para comunicar e disseminar informações e produzir conhecimentos.

Em seguida, Bauru apresenta mais um comentário:

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Vocês sabiam que se um homem ficar sem água pode ter febre e até morrer? Pois é, esse é um sério problema que pode ocorrer se não tivermos água potável. Água potável, um líquido importante para a nossa sobrevivência.

Bebedouro interage: Nós aqui em Recife estamos participando do projeto e queremos conversar com os

colegas de outros lugares do Brasil; queria saber como estão as pesquisas de vocês, por aí; nós descobrimos lugares maravilhosos da cidade, como o Parque Santana.

Águas Belas complementa:

Quero falar o que aprendi sobre o que é preciso ter para ter qualidade de vida. Para mim é ter o direito de ser o que se é! Não somos iguais a ninguém. Eu tenho amigos de todos

os lugares e eles são diferentes. “O normal está nas coisas diferentes.” Amigos são altas, baixos, gordas, magros, pois um amigo a gente acolhe do jeito que ele é. Todo mundo tem o

direito de ser e sonhar. Todos têm o que ensinar e aprender. Não somos iguais, pois o que importa é que a gente se gosta. Compartilho o link de um vídeo que o nosso grupo de estudo adorou, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=oueAfq_XJrg>. “O normal é ser diferente!” Neste depoimento, evidencia-se o potencial da Rede de Pesquisa Colaborativa em integrar os estudantes das diferentes regiões do Brasil, e fazê-los compartilhar, além das belezas naturais, “a diversidade de saberes e vivências culturais” e as “diversas

manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais”, como está descrito nas competências três e seis do BNCC (2017, p. 9).

A professora São Vicente expressa: Todos que são lindos e sabidos demais! E, assim, o diálogo continuou por mais alguns minutos, onde Todos juntos e misturados e conectados se sentiram presentes e pertencentes, na Rede de Pesquisa Colaborativa, mesmo que a distância. Para Lemos (2005)

(http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2005/resumos/R1465-1.pdf), vivemos na era da conexão, da computação ubíqua e da oportunidade de estar em vários lugares ao mesmo

tempo. Há evidências de um trabalho colaborativo entre estudantes e professores pesquisadores, que, a partir de quatro pilares, como o diálogo, a negociação, a confiança e a mutualidade se associam para estabelecer trocas mútuas, a fim de alcançar o objetivo de conhecer (MANDAJI, 2011).

Considerações finais

Sintetizamos, a seguir, os principais indícios de inovação educativa desenvolvida no estudo científico e em evidência em um evento de aprendizagem em tempo real.

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Ressalta-se a relevância de valorizar a voz e as perguntas dos estudantes na construção do projeto educativo e objeto para seleção dos conteúdos a serem estudados. Os estudantes, em parceria com seus professores, mostraram-se curiosos em pesquisar, registrar as memórias e comunicar as descobertas no Fórum Todos juntos e misturados, principalmente em tempo real, pelo fato de se aproximar do uso que fazem das Redes Sociais.

Há indícios de que a plataforma educacional Edmodo, propiciou a integração dos contextos de duas escolas, distantes fisicamente, mas presentes pela conexão. No evento em tempo real, estudantes e professores da Rede comunicaram as pesquisas e descobertas com potencial expansão de conhecimentos. Além disso, evidenciou-se que a proposta da Rede de Pesquisa Colaborativa está em consonâncias com as Dez Competências Gerais da Base Nacional Comum Curricular (2017), por apresentar fatos de que se valoriza a curiosidade intelectual e o pensamento crítico; a utilização das diferentes linguagens para comunicar as descobertas e o emprego das TDIC. Além do autoconhecimento e autocuidado, a importância de cuidar das saúdes física e emocional, e o exercício da empatia, o respeito ao outro, o acolhimento da diversidade sem preconceitos, reconhecendo-se como membro parte de uma coletividade e comunidade. Para finalizar, reitera-se o desafio posto para a educação do século 21, que é fomentar a integração dos contextos escolares de modo a promover situações em que os estudantes e seus professores ensinem e aprendiam. REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de. Educação, projetos, tecnologia e conhecimento. São Paulo: Proem, 2002.

______; VALENTE, José Armando. Integração currículo e tecnologias e a produção de narrativas digitais. Currículo sem Fronteiras, v. 12, 2014. Disponível em: <http://www.curriculosemfronteiras.org/vol12iss3articles/almeidavalente.pdf>. Acesso em: 1o jan. 2018. ______; ALVES, R. M.; LEMOS, S. D. V. (Orgs.). Web currículo: Aprendizagem, pesquisa e conhecimento com o uso de tecnologias digitais. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2014. p. 20–38. Disponível em: <http://www.letracapital.com.br/loja/16-ciencias-humanas?p=3 >. Acesso em: 1o jan. 2018. BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Educação é Base - Base Nacional Comum Curricular (20 dez. 2017). Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em 4 jan.

2018.

BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari. Investigação qualitativa em educação . Uma introdução à teoria e aos métodos. Portugal: Porto Editora Ltda., 1994.

CLIPE Rap da Água. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=IBZMcQm2NYQ&feature=youtu.be>.

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Acesso em: 1o jan. 2018. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 8. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/efantauzzi/a-sociedade-em-rede-vol-i-manuel-castells> Acesso em: 1o jan. 2018. DIAS, Paulo. Comunidades de aprendizagem e formação on-line. Nov@ Formação, Ano 3, n.

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