pesquisa bibliográfica e cientifica sobre os sismos ocorridos na região de joão câmara em 1986,...
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Pesquisa bibliográfica e cientifica sobre os sismos
ocorridos na região de João Câmara em 1986,
analisando o crescimento da falha de samambaia.
Fabio M. da Cruz Modesto1
João P. G. do Nascimento2
Ollivar Kennedy3
Sergio D. da silva4
Woslley Í. F. Melo5
Resumo
Em 1986 a região de João Câmara foi vitima de um dos maiores terremotos já ocorridos no país, onde a região de João Câmara ficou considerada a região mais sísmica do país, onde terremotos ocorriam constantemente e assustavam toda a população onde varias pessoas chegaram a deixar a cidade. Esse pesquisa mostra o que a causa dos tremores em João câmara se dão graças a uma falha geológica que corta a região entre João câmara e poço branco, e que essa falha se forma entre o embasamento cristalino e a bacia potiguar, e que na região é facilmente encontrado veios de quartzo sendo que esses veios foram encontrados de forma aflorando na superfície deixando claro que a falha está evoluindo. Palavras chave: João Câmara, terremotos, falha geológica, falha de Samambaia.
Abstract
In 1986 the region was John Chamber victim of one of the largest earthquakes have occurred in the country, where the region of João Câmara was considered the most seismic region of the country where earthquakes occur constantly and scared the whole population where many people get to leave the city. This research shows that the cause of the tremors in the João câmara to give thanks to a geological fault that runs through the region between the chamber and pit john white, and that this failure is formed between the basement and the basin RN, and that the region is easily found quartz veins and these veins were found on a outcropping on the surface making it clear that failure is evolving.
Keywords: João Camara, earthquakes, geological fault, Samambaia.
1 Aluno licenciatura em física.
2 Aluno licenciatura em física.
3 Aluno licenciatura em física.
4 Aluno licenciatura em física.
5 Aluno licenciatura em física.
Introdução
Endentemos que para a sismologia são usados conceitos aplicados na física por isso
desenvolvemos essa pesquisa com o expectativa de deixar claro o que ocorreu na
região do mato grande em 1986, especificamente em João Câmara, onde a cidade
tremeu constantemente durante anos e levou pessoas em pânico, a deixarem a
cidade. Sismólogos vieram para avaliar os tremores e acabaram descobrindo que o que
causava aqueles sismos era uma falha geológica que se localiza entre João Câmara e
poço branco e que segundo alguns dados parece está crescendo.
Vários pesquisadores tentam explicar o comportamento de falhas geológicas
desenvolvendo métodos, como a tectônia das placas a qual os continentes estão
afastando um do outro e vários outros (o que não é o alvo desse artigo).
Após pesquisas Amaral (2000) identificou na região afloramentos de veios de quartzo
que mostram evidencia de falhas mais antigas.
Histórico dos tremores na região de João Câmara de 1986
Segundo Veloso (2012), muito antes do grande abalo de 30 de novembro de 1986, a
cidade de João Câmara foi palco de tremores em 1912, 1919, 1930, 1950 e 1970.
Segundo Berrocal (1984) a região nordeste é a mais sísmica do país. Na qual cita um
tremor em 1808 em Açu.
A sequência de tremores de terra que atingiu João Câmara, em 1986, foi a mais
espetacular, a melhor documentada e estudada atividade sísmica já observada no
Brasil. Mas o cenário que marcou a historia daquela cidade, começou em 5 de agosto
de 1986 por volta das 20 horas, onde a estação sismográfica de Caicó registrou
tremores de magnitude 3.0. Ainda naquele mês, no dia 20, mais dois abalos com
magnitudes de 3.7 e 3.8 puderam ser sentidos em Natal. Ainda na manhã seguinte um
abalo de 4.2 (os sismógrafos registraram 4.4, porem, um estudo mais aprofundado
reduziu sua magnitude) teve efeitos em Natal, João Pessoa, Recife e Olinda. Os
principais danos ocorreram nas localidades próximas a João Câmara. No mês seguinte,
em 2 de setembro às 22h30 um outro abalo de 4.1 sacudiu Natal, João Pessoa e Recife.
Em 5 de setembro ouve outro forte tremor de magnitude 4.1. A cidade tremia
constantemente entre um terremoto de grande magnitude ou outro. No dia 21
outubro de 1986 um tremor de terra de magnitude 4.3, atingiu a cidade de João
Câmara, no mês seguinte, ouve mais dois eventos com magnitudes de 4.3 e 4.4, esses
eventos eram apenas um aviso para o que viria depois. No dia 30 de novembro do
mesmo ano, ocorreram vários outros tremores de terra que tiraram o sono de todos os
moradores, os principais abalos tiveram inicio às 3 horas e 22 minutos com o maior de
todos os abalos como magnitude de 5.3 na escala Richter, seguidos de vários outros
tremores, sendo eles ocorridos a cada instante. Uma emissora de radio ainda pela
madrugada começou a transmitir as primeiras informações, a cidade ficou sem
telefone e sem energia elétrica.
A estação sismológica da universidade de Brasília, que acompanhava as atividades
sísmicas do Rio Grande do Norte, registrou sete abalos na região do Mato Grande
durante a madrugada de 30 de novembro, foram eles, às 3 horas e 26 minutos com
magnitude 3.7, seguido às 4 horas e 7 minutos por um de magnitude de 4.1, logo após
outro, às 4 horas 10 minutos que chegou a 4.2, às 4 horas 59 minutos com 4.1,
também às 5 horas e 2 minutos com 4.5, e por fim 12 horas 2 minutos, que atingiu 4.4.
Esses não foram os únicos abalos, vários outros micro abalos atingiram a cidade de
João Câmara naquele dia.
Por que João Câmara?
No dia 02 de dezembro de 1986 o Diário de Natal divulgou informações sobre a
existência de uma falha geológica entre os municípios de João Câmara e Poço Branco,
afirmando que a mesma seria a causa dos abalos. Conta na mesma edição que
segundo o professor Marcelo Assumpção, a falha teria sido descoberta em setembro
de 1986 através dos sismógrafos instalados na área após a ocorrência em agosto, onde
vieram os primeiros terremotos. Também continha a informação de que a falha tinha
20 quilômetros de extensão e não tinha sido descoberta antes porque não aparece
evidencia na superfície.
Figura 1- Epicentros dos tremores na região de João Câmara.
Fonte: Bezerra, 2007, p. 05.
No dia 11 de fevereiro de 1987, o Diário de Natal divulgou uma matéria com o seguinte
titulo, “Ainda desconhecidas causas dos abalos”. Onde nessa publicação dizia que até
aquele momento não havia sido descoberta o que provocava o movimento da falha
geológica. Dizia ainda que no inicio de agosto a falha tinha 18 quilômetros e que
chegava a 27 km.
Segundo jornal publicado no dia 12 de maio de 1987, ao todo tinham sido registrados
9807 abalos sísmicos na região entre o dia primeiro de agosto de 1986 e 30 de abril de
1987, segundo o boletim de informativo de numero 16 elaborado pelo sismólogo
Mario Takeya, do departamento de física teórica e experimental da UFRN.
Veloso (2012), em 1987, durante uma reunião em natal, o professor Marcelo
Assumpção e o grupo de sismólogos da UFRN, decidiram nomear a falha a qual
recebeu o nome de Samambaia, em homenagem a uma localidade da cidade de Poço
Branco vinha sendo mais afetada que outras áreas da vizinhança.
Explicação cientifica sobre o comportamento de falhas.
Segundo Wilson (1966), a litosfera é constituída pela crosta continental e pela crosta
oceânica, que se divide em vários blocos ou placas, onde seus limites são
determinados pela presença de linhas onde se formam fortes atividades sísmicas,
como vulcanismo e terremotos. Essas placas não são da mesma dimensão e nem fixas,
apresentam sinais de deslocamento no plano horizontal e deslocamento sobre o
manto. Essa teoria vem ao encontro de outra teoria formulada por A. Wegener no final
do século XIX, que ao observar a coincidência do contorno do continente africano e do
americano, e sugeriu que estes já tinham sido unidos um dia, e que por ficarem em
deriva teriam se separado.
As massas rochosas são submetidas a varias forças no interior da crosta
terrestre. Mesmo em regiões consideradas relativamente estáveis e que não
mostram, atualmente, evidencias de terremotos catastróficos, como no
Brasil, pode-se observar feições indicativas de paleossismos. Ao longo de
sua historia geológica, o globo terrestre vem experimentando as mais
diversas transformações, que repercutem na sua superfície em forma de
movimento epirogenéticos, orogenéticos, deslocamento de placas, os quais,
associados ao equilíbrio isostático, produzem as mais diversas formas
estruturais. Amaral (2000).
Fig. 1 tectônia das placas. Fonte:http://1.bp.blogspot.com/_t1OBnUcVXMA/TNnHqRLvvVI/AAAAAAAAACo/zqSbAh3ypCg/s1600/2
0080507klpgeogmx_2_Ges_SCO.png
Em uma falha, blocos de rochas se empurram uns contra os outros, criando uma forte
fricção enquanto se movimentam. Se este nível de fricção for suficientemente alto, os
dois blocos ficam travados, essa fricção evita que eles deslizem um por cima do outro,
quando isto acontece, as forças nas placas continuam a empurrar a rocha,
aumentando a pressão aplicada na falha, se a pressão aumenta o suficiente, então ela
vai superar a força da fricção e os blocos se movimentarão rapidamente. Em outras
palavras, quando as forças tectônicas empurram os blocos travados, energia potencial
elástica se forma. Quando as placas finalmente se movimentam, esta energia formada
se torna cinética. Essa liberação de energia cinética pode aumentar a energia potencial
elástica em outra falha próxima, levando a outros terremotos. Este é um dos motivos
pelos quais vários terremotos podem ocorrer na mesma área em um curto período de
tempo.
Geografia da falha de Samambaia.
Coriolano (2002) e Amaral (2000) dizem que os hipocentros variam de 1 a 10 Km de
profundidade, estando situada geologicamente desde o domínio do complexo
gnáissico-migmatítico até os sedimentos cretáceo da bacia potiguar.
Figura 2- seguimento dos abalos que formaram a falha de Samambaia.
Fonte: Coriolano, 2002, p. 22.
Segundo Veloso (2012) onde acreditava ser o epicentro do sismo principal já não havia
tremores o local se tornou assísmico, havia uma lacuna com aproximadamente 4 – 5
km de extensão.
In Northeastern Brazil, the geometry of intraplate faults and their
relationship with preexisting fabric were dubious. The Samambaia fault zone
was initially viewed as a continuous, blind, and probably new structure. In
the last two decades we obtained better hypocentral locations and well-
constrained focal mechanisms, derived from telemetric network, and a
detailed geological map of the epicentral area. They led to determination of
fault geometry and new correlations among seismicity and preexisting
geological features in the present study. (Bezerra et al.2007)
No Nordeste do Brasil, a geometria da intraplaca falhas e sua relação com
tecido preexistente foram duvidosas. A zona de falha Samambaia foi
considerada inicialmente como uma estrutura contínua, cega, e
provavelmente nova. Nas últimas duas décadas que obtiveram melhor os
hipocentros, locais e bem limitados mecanismos focais derivados de rede
telemétrica, e uma geológica detalhada mapa da área epicentral. Eles
levaram a determinação da geometria de falhas e novas correlações entre
sismicidade e características geológicas pré-existentes no presente estudo.
(Bezerra et al.2007)
Ferreira (1987) e Sophia & Assumpção (1989), estabeleceram que Falha de
Samambaia, estaria a uma direção N40°E com mergulho forte (acima de 70°) para W,
movimento transcorrente dextral e pequena componente normal. Posteriormente,
Takeya (1992) confirmou sua existência.
Figura 3- interpretação de segmentos de falhas principais e direção de corte com base no mapa de epicentros e mecanismos focais.
Fonte: F.H.R. Bezerra. / Tectonophysics 430 (2007) 27–39
Segundo Amaral (2000) a falha se encontra próximo ao embasamento cristalino e a
bacia potiguar. O embasamento cristalino que é formado por rochas bastante
desgastadas do período pré-cambriano, portanto muito antigas. Coriolano (2002)
identificou que a área é composta por veios de quartzo. Coriolano (2002) disse que os
grandes lineamentos preenchidos por diques de quartzo parecem está relacionados
com a etapa final de deformação brasiliana.
Coriolano (2002) classificou a falha como sendo transcorrente, que significa que se
move paralela as suas paredes de rochas como pode ser visto na imagem. Como pode
ser observado ao longo do artigo, em agosto de 1986 a falha tinha 18 km e que em
fevereiro de 1987 a falha estava com 27 km. Segundo Amaral (2000), foram registrados
53.426 sismos, tendo o segundo maior ocorrido em 10/03/1989 com magnitude 5.0.
Amaral (2000),certifica que segundo outros autores já haviam registrados que no
limite leste da zona de sismos com um lineamento marcado por veios de quartzo, que
segundo ele representa uma falha preexistente na superfície.
(Coriolano, 1998 apud. Amaral, 2000, p. 34) sugere que a falha estaria aflorando a
aproximadamente 1 km a leste da zona sísmica, levantando a hipótese de se poderem
interpretar estes diques como sendo os expressos em superfície de uma ruptura
antiga, cuja reativação atual se expressa na Falha Sísmica de Samambaia (FSS).
Figura 4 – A. Exemplo de regime dúctil-frágil no ortognaisse bandado. Observa-se zona de cisalhamento NW sinistral, com intrusão de material pegmatítico, confirmado a idade brasiliana para este evento. B. no mesmo afloramento, uma evolução para o regime frágil do cisalhamento NW sinistral. Fonte: Amaral (2000) CORRELAÇÃO ENTRE CONTEXTO MORFOESTRUTURAL E SISMICIDADE NAS REGIÔES DE JOÃO CAMARA E SÃO RAFAEL (RN).
Amaral ainda conta que durante sua pesquisa encontrou um veio de quartzo com
aproximadamente 20m de comprimento e 3m de largura.
B A
Figura 5 . A.Veio de quartzo aflorando, alinhado com a zona dos epicentros. Direção N30ºE e mergulho de 80ºW. B. detalhe do veio de quartzo que se encontra com múltiplas injeções de quartzo. Fonte: Amaral (2000) CORRELAÇÃO ENTRE CONTEXTO MORFOESTRUTURAL E SISMICIDADE NAS REGIÔES DE JOÃO CAMARA E SÃO RAFAEL (RN).
Segundo Amaral (2000):
“A presença desses corpos alinhados com a faixa de sismos vem corroborar a hipótese de Coriolano et al. (1997) e Coriolano et al. (1999), de que os veios siliciosos paralelos a zona dos sismos, com mergulhos coincidentes com os estabelecidos pelos mecanismos focais, estejam relacionados com a expressos em superfície da FSS”.
Amaral (2000) ainda completa com:
“A FSS, constitui-se de um segmento ou segmentos de falha, alinhados e coplanarizados com a faixa dos epicentros. Sua expressão na superfície, pode ser verificada por sua exposição em vários sítios ao longo de sua extensão. Suas reativações no decorrer do tempo geológico são determinadas pela presença de inúmeros veios siliciosos, fraturados e cataclasados. Sua movimentação recente é caracterizada pela presença de estrias em gnaisses cataclásticos decompostos e o seu caráter de falha ativa é definido pelos sismos que ora ocorrem”.
A B
Conclusão.
Com os dados apresentados concluímos que a região de João Câmara é considerada a
região mais sísmica do país. Foram registrados mais de 25.000 abalos naquela época.
Em decorrência desses tremores, Veloso (2012), diz que essa foi a mais espetacular e
documentada atividade atividades sísmica do país. Com Coriolano (2002), a região de
João Câmara configura se como o mais importante sitio de atividade sísmicas em
território brasileiro.
Outro fato é que os focos de tremores se formavam seguindo certa faixa, que mais
tarde foi reconhecida que se tratava de uma falha geológica batizada de Samambaia, a
qual a mesma seria a causa dos tremores na região. Sendo cada tremor de terra a
devido a movimentação das paredes da falha atritando entre si. A falha não é visível na
superfície de modo que pesquisadores usaram métodos diferentes para comprovar
sua existência e seu comportamento.
Referencias.
AMARAL, C.A.Correlação entre contexto morfoestruturalsismicidade nas regioes de João Câmara e São Rafael(RN). 2000. 87 f. dissertação(pós-graduação emgeodinâmicaegeofísica) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2000.
Bezerra, F. H. R., Takeya, M. K., Sousa, M. O. L. 2007. Coseismicreativation of the Samambaia fault, Brazil.Tecnophysics, 430, 27-39.
ROSS, J. L.S. Geografia do Brasil. 6. ed. São Paulo: universidade de São Paulo, 2009.
Veloso, J. A. V.,O Terremoto que mexeu com o Brasil. Brasília: Thesaurus, 2012.
Nogueira,F. C. C. et al, Radar de Penetração no Solo (GPR) aplicado ao estudo de estruturas tectônicas neógenas na Bacia Potiguar – NE do Brasil
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