jornal samambaia abril 2011

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Samambaia J ORNAL L ABORATÓRIO DO CURSO DE J ORNALISMO DA U NIVERSIDADE F EDERAL DE G OIÁS | G OIÂNIA , ABRIL , 2011 Como obter a carteira de motorista Nervosismo e ansiedade podem atrapalhar o candidato durante o processo avaliativo do Detran. Entretanto, a prova não é um bicho de sete cabeças. Para conseguir a habilitação é necessário um bom preparo prático e também psicológico >> 8 e 9 V EGANISMO Saiba mais sobre o novo hábito alimentar >> 5 C ARREIRA Orçamento federal afeta concursos públicos >> 3 Serviço realizado há três anos em Goiânia atinge 10% da meta de recolher 600 toneladas por dia Diagramação: Gilana Nunes >> 11 COLETA SELETIVA

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Edição do Jornal Samambaia de Abril de 2011.

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Page 1: Jornal Samambaia Abril 2011

SamambaiaJornal laboratório do curso de Jornalismo da universidade Federal de Goiás | Goiânia, abril, 2011

Como obter a carteira de motorista

Nervosismo e ansiedade podem atrapalhar o candidato durante o processo avaliativo do Detran. Entretanto, a prova não é um bicho de sete cabeças. Para conseguir a habilitação é necessário um bom preparo prático e também psicológico >> 8 e 9

Veganismo

Saiba mais sobre o novo hábito alimentar >> 5

Carreira

Orçamento federal afeta concursos públicos >> 3

Serviço realizado há três anos em

Goiânia atinge 10% da meta de recolher

600 toneladas por dia

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e d i t o r i a l

Poder BrutoEdição: Pietro Bottura e Wynne CarneiroDiagramação: Laura de Paula

Bárbara Camargo

Samambaia Ano XII – Nº 49, Abril de 2011Jornal Laboratório do curso de Jornalismo Faculdade de Comunicação e BiblioteconomiaUniversidade Federal de Goiás

ReitorProfessor Edward Madureira Brasil

Diretor da FaculdadeProfessor Magno Medeiros

Coordenador do Curso de JornalismoProfessor Juarez Ferraz de Maia

Coordenador Geral do SamambaiaProfessor Welliton Carlos

Editor de DiagramaçãoProfessor Sálvio Juliano

MonitoriaLaura de Paula Silva

DiagramaçãoAlunos da disciplina Laboratório Orientado – Diagramação

Edição ExecutivaAlunos da disciplina Jornal Impresso II

ReportagensAlunos da disciplina Jornal Impresso I

ContatoCampus Samambaia - Goiânia/GO - CEP 74001-970 Telefone: (62) 3521-1092. E-mail: [email protected] Impressão: Cegraf/UFG Tiragem: 1000 exemplares

Construa um filme em sua mente. Três jornalistas da TV UFG se preparam para gravar uma matéria sobre o nível de satisfação com o sistema de saúde do goiano. Um policial se aproxima e requer autorização para gravar. A repórter afirma que não precisa de autorização, pois está numa praça pública. O nome da praça em questão é Praça Cívica.

A repórter é encaminhada para uma sala em um dos prédios da praça, sozinha, e questionada por um grupo de policiais militares. O objetivo é suprimir qualquer tentativa de que se “fale mal do governo”, nas palavras do oficial da lei.

Não é 1970, sob a sombra de Médici e do AI-5. Nem tampouco são tempos de discórdia. Muito pelo contrário, é tempo de investimento na educação, com a aquisição de netbooks para as baixas camadas sociais no ensino público, contrariando as greves dos professores por ajuste salarial. É um tempo belo, de conquistas e democracia.

Um tempo em que um grupo de extermínio da Rotam é apontado, inocentado, reapontado e ignorado por seus próprios oficiais, que continuam desfilando com uniformes negros por toda a cidade. Tempo em que esse tipo de acusação é rechaçada socialmente e apoiada por adesivos de carro que dizem “Eu Confio na PMGO”. Tempo em que uma jovem é interrogada, sozinha, numa sala cheia de militares.

Tempos, como há muito tempo, em que o capital de investimento da polícia supera o da educação. A política que mostra: punir é mais barato do que educar. E que é paga por seus próprios cidadãos. A política que aumenta o preço da gasolina, do serviço básico de saúde e alimentação, que constrói a cidade com asfalto solúvel em água e no próximo mandato promete pavimentação.

Do transporte público lamentável que viola direitos humanos, assim como a dezena de carros da PM que porta espingardas, revólveres e fecha a rua 84,

também na Praça Cívica, todos os finais de semana e revista os clientes de dois bares de pouca elegância, frequentados por pedintes e gente de má aparência. Isso se dá em frente a um posto da rede BR, onde acontece o conhecido esquema da “festa de posto”, entre carros de som e gente bem vestida. E onde ninguém é revistado. Um tempo onde o pobre é visto como vilão.

São tempos bons para se viver em uma das melhores, senão a melhor capital brasileira no quesito “Qualidade de Vida”. O trabalhador médio tem que trabalhar mais, pois o custo dessa qualidade cresce. Isso significa menos tempo livre. Menos tempo para se mobilizar ou pensar sobre o que o governo faz ou deixa de fazer.

Agora imagine que você está na Praça Cívica, com pouco tempo livre, e precisa de uma autorização verbal da polícia. Autorização prévia, que pode também se chamar ‘censura’ prévia. E que é considerada ilegal, de acordo com o artigo 5º da Constituição Federal.

Não é o fato da violência ostensiva, da política ou do asfalto que impressiona, entretanto, porque, de alguma maneira, o goiano – assim como o brasileiro – está acostumado a essa política, que supera mandatos. É a brincadeira de mau gosto. É o fato do direcionamento desse poder bruto, com o qual não há diálogo, para um alvo tão frágil quanto uma equipe de três jornalistas gravando uma reportagem. Uma coação injustificada, que suja o nome de uma instituição criada para garantir, entre outros direitos, o da liberdade de expressão.

A imagem de que a PMGO está falha não é um troféu. Não é algo que a professora Rosana Borges deva ter tido orgulho em criticar em sua carta de repúdio, respondida em jornal por Marconi Perillo, que prometeu investigação apurada dos fatos. Esta imprensa não quer usar o fato ocorrido como a Globo, que, também apontando atos de violência policial, recebeu e-mails anônimos e teve carros da polícia circulando ao redor de suas instalações durante da madrugada. A imprensa não quer brigar pelo poder.

O jornalista, o universitário e o cidadão comum não têm como se defender. Não têm como investigar casos e prender “bandidos”. A polícia é necessária, assim como a imprensa. O que a sociedade universitária e a sociedade como um todo pedem, entretanto, é que a polícia funcione em seu auxílio e não contra. Para que denúncias sejam feitas e atitudes tomadas, para que a violência não exista.

Para coagir a agressão, não o discurso. Para nos proteger de quem não podemos nos proteger sozinhos. E todos nós podemos nos proteger sozinhos de idéias. Portanto, todos nós temos capacidade de juízo, e não precisamos de ajuda. Isso significa que não precisamos de censura. Há uma parte da sociedade que não precisa ser “reeducada”.

A imprensa não pede por guerra. Não pede para que se aponte culpados. Não pede punição. Ela pede a ajuda da PM para construir uma realidade melhor, em que menos violência econômica e social seja noticiada. O que a imprensa pede é que a PM entenda que estamos todos do mesmo lado, no lado de uma sociedade onde ninguém precise ter medo de dizer o que pensa. Inclusive a PM.

Esse tipo de medida, ao invés da adotada e aqui entendida como um erro no episódio da Praça Cívica, seria, sim, uma maneira bastante efetiva de garantir que não se “fale mal do governo”.

UMORR Laura de Paula

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A dor de cabeça dos concurseiros

Texto: Carolina Umbelino Edição: Felipe D’Stefani Diagramação: Laura de Paula

Cortes no orçamento da União em 2011 afetam a realização de provas e a Contratação de aprovados

Tramitam ainda hoje na Justiça estadual mais de 500 ações

individuais contra os concursos.

Logo no início do governo Dilma Rousseff, o ministro da Fazenda Guido Mantega anunciou um já

esperado corte no orçamento federal de 2011. Segundo ele, a redução será de R$ 50 bilhões, equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), maior que a soma dos cortes realizados durante os oito anos do governo Lula. Um dos principais reflexos dessa contenção de gastos na vida dos brasileiros foi a suspensão da contratação de candidatos aprovados em concursos públicos e da realização de novas seleções em 2011. Vinte mil vagas deveriam ser preenchidas somente este ano.

Estima-se que pelo menos 10 milhões de candidatos preten-diam disputar cargos públicos nos concursos federais de 2011. Entre os processos seletivos engavetados, estão os que ofereciam vagas no Comando da Aeronáutica, no Departamento Na- cional de Infra-estrutura (Dnit) e na Advocacia Geral da União.

A notícia cau-sou decepção e revolta em muitos brasileiros, já que os salários dos parlamentares, assim como o da Presidência, foram elevados aos mesmos valores dos ministros do Supremo Tribunal Federal (algo em torno de R$ 25 mil),

enquanto o mínimo não passou de R$ 545. Os concursos eram a esperança de muitos em ter um salário mais digno e a garantia de emprego estável.

A decisão do governo federal não afetou concursos no Legislativo, Judiciário e aqueles realizados por estados e municípios. Também não vai haver alteração nos concursos das estatais como Petrobrás, Correios e Banco do Brasil, que não dependem diretamente dos recursos do Governo. Os candidatos aprovados em concursos públicos federais, realizados no ano passado, por sua vez, vão ter que aguardar admissão, pois o governo

estuda convocar apenas os aprovados nos processos seletivos de órgãos que oferecem serviços considerados prioritários.

Este é o caso de Igor Caixeta, aprovado no concurso do Ministério Público da União do ano passado. A admissão dos candidatos já foi adiada duas vezes e a próxima previsão era para abril, mas ainda não há certeza de nomeação. “O secretário de Planos e Orçamento do Ministério Público Federal, Paulo Brayer, manifestou junto aos diretores do Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério Público da União a possibilidade de nomeações no mês de abril. Mas a incerteza continua”, afirma Igor.

Os adiamentos e revisões da decisão no caso de Igor se tornaram um problema ainda maior, pois o bacharel, que hoje mora e trabalha em Goiânia, foi aprovado para uma vaga oferecida em São Luis do Maranhão. “Não é uma mudança pequena, envolve muitas decisões e acertos. E a incerteza de uma data para a nomeação tem dificultado todo o processo. Já tinha até apartamento em vista em São Luis, mas tive que desistir do negócio. Não posso alugar e deixar

em espera, por exemplo, pois não tenho condições de manter dois

imóveis – um em cada cidade – até a decisão final do governo”, explica o concursado.

Sonho virou pesadelo Em Goiás, quatro

concursos que já estavam em fase de nomeação foram cancelados por decisão do juiz da 3ª Vara da Fazenda Pública

Estadual, Ari Ferreira Queiroz, em ação proposta pela promotora de justiça Renata Miguel. São eles: Secretaria Estadual de Saúde, Secretaria de Cidadania e Trabalho, Corpo de Bombeiros e Polícia Técnico-Científica. Esses processos seletivos

tinham por objetivo a formação de cadastro de reserva, ou seja, a administração pública não é obrigada a convocar os aprovados. A medida atingiu quase 4 mil concursados, sendo que mais de 3 mil deles já tinham sido empossados e estavam trabalhando.

Segundo a procuradoria-geral do Estado, o cancelamento dos processos seletivos e a manutenção da decisão pelo juiz não foram uma grande surpresa, pois tramitam ainda hoje na Justiça estadual mais de 500 ações individuais contra os concursos. A maioria delas é de candidatos que não foram empossados ou não conseguiram aprovação de acordo com os termos dos editais e resolveram recorrer ao Poder Judiciário.

Para Rafael Borges, um dos aprovados no último concurso do Corpo de Bombeiros em Goiás, o momento é de insegurança diante da ameaça constante de demissão. Um dos primeiros convocados do processo seletivo, Rafael deixou o emprego anterior (também cargo público) para assumir o posto na corporação. “Um sonho antigo”, declara. Ele tem seguido as orientações da procuradoria-geral, repassadas aos servidores pela Comissão dos Aprovados no Concurso do Corpo de Bombeiros, de continuar trabalhando. Mas diz que ainda não se sente tranqüilo e tem medo de ter que deixar o cargo a qualquer momento. “Os concursados atingidos já estão prestando serviço público em unidades de todo o Estado. A anulação do concurso é prejuízo não só para nós, mas também para sociedade”, lembra.

Igor Caixeta, aprovado em concurso federal: incertezas quanto ao futuro

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c u l t u r a

Da viola ao cavaquinhoApós superAr preconceitos, o pAgode e o sAmbA se consolidAm nA cApitAl goiAnA

Quem ainda acha que a tradição musical goiana só tem nomes como Zezé de Camargo e

Luciano ou Leandro e Leonardo precisa prestar mais atenção no impulso que um outro ritmo musical tem tomado nos últimos anos na capital. Não, não estamos falando do rock alternativo.

A cena pode parecer estranha: um professor dando aula para um grupo de alunos em uma das casas de samba mais tradicionais de Goiânia. É isso que acontece uma vez por mês no Butiquin do Xandão, quando o professor Fábio Oliveira decide levar seus alunos para conhecer de perto o ambiente do qual ele fala na sala de aula. “Pagode virou um termo muito carregado de preconceitos. Quando você começa a discutir essa música, as pessoas começam a desmitificar”, diz Fábio a respeito da reação dos alunos no primeiro contato com o ritmo musical.

O pagode se consolidou em 1986 como um movimento baseado no samba carioca. Das reuniões informais

Texto: Mariza FernandesEdição: Bárbara ZaidenDiagramação: Bárbara Zaiden e Thamara Fagury

“Pagode virou um termo muito carregado de

preconceitos. Quando você começa a discutir essa música, as pessoas começam a desmistifi-

car.”

dizendo que o alvará já estava quase ficando pronto”, lembra Xandão, que hoje se diverte ao contar as histórias da época em que a polícia batia nos integrantes do grupo e confiscava seus instrumentos.

Apesar das dificuldades, o músico não desistiu de criar um lugar onde o cavaquinho tivesse espaço. “Hoje, Goiânia tem samba e pagode quase de segunda a segunda”, afirma o mineiro, dono da casa de samba mais antiga da cidade. Com o nome de Butiquin do Xandão, o lugar hoje é referência na tradicionalidade do samba e do pagode e recebe em média 700 pessoas por dia. Xandão define bem a diversidade do público no local quando diz que ele é frequentado por todo tipo de gente, “de pobre a milionário”.

O tatuador Hélio Nascimento diz que o que mais o agrada numa casa de samba é a harmonia do ambiente e, claro, a música.

“Minha família tinha uma casa de samba e eu passei a minha infância nesse meio. Hoje eu até gosto de outros estilos musicais, mas as minhas raízes estão no samba e no pagode”, diz o jovem que freqüenta a casa há vários anos.

Festival de pagode

Outro fator crucial para a disse- minação do estilo em Goiânia foi a criação do Festival de Pagode, organizado pelo produtor Mauricio Gomes de Medeiros.

A primeira edição do evento aconteceu em 2000. “Na época eu trabalhava em uma boate e o pessoal só queria ouvir música eletrônica. Comecei a levar alguns grupos de pagode e o público respondeu bem”, afirma Mauricio.

O produtor realizou edições do evento durante cinco anos e se lembra que a apreciação do público cresceu junto com o festival. Segundo ele, na

Mar

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que aconteciam principalmente no subúrbio do Rio de Janeiro até o sucesso de público que lota casas de show em Goiânia, muita história se passou.

Começo difícil

As rodas de samba e pagode atualmente tão frequentadas, nem sempre foram bem vistas na terra do pequi. O músico Leandrinho, integrante do grupo Quase 10, fez parte do grupo Por Acaso, que emplacou no fim dos anos 90. Ele conta que no início o preconceito era grande e as pessoas achavam que pagode era sinônimo de confusão.

O músico e empresário mineiro Xandão do grupo Por Acaso mudou-se para Goiânia há 20 anos e se deparou com um público que rejeitava qualquer estilo musical que não fosse o sertanejo.

Quando tocou em suas primeiras bandas goianas, as maiores dificuldades encontradas pelo músico e o restante dos grupos era a falta de lugar para tocar. Sem opções, ele decidiu fazer da própria casa um lugar para o samba.

“Como o material para isolamento acústico custava muito caro, o jeito foi abrir a casa sem alvará e ir enrolado,

Pagode de mesa no Butequim do Xandão, hoje referência no samba goianiense

Fábio Oliveira, professor

época as pessoas começavam a gostar mais de samba e pagode, afinal, a média de público era de 3 mil pessoas por dia.

Diferente da década de 1990, hoje as opções para quem quer ouvir pagode e samba na capital goiana aumentaram. Os novos ritmos encontram terreno fértil na cidade e as bandas iniciantes não enfrentam as mesmas dificuldades de antes.

Uma característica marcante do pagode é a capacidade de misturar o tradicional e o moderno, o que confirma a tendência que o estilo tem de se popularizar na cidade que certamente não vai deixar o samba e o pagode morrerem. Afinal, com o passar dos anos Goiânia tem diversificado cada vez mais suas opções musicais.

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c o m p o r t a m e n t o

Bem vindo ao mundo veganTexto: Anamaria RodriguesEdição: Ana Carolina de Deus e Bárbara ZaidenDiagramação: Bárbara Zaiden

O veganismo é pouco conhecido por algumas pessoas, enquanto outras não o diferenciam do

vegetarianismo. Seus adeptos defendem, acima de tudo, o respeito por todas as formas de vida.

Não há uma data que marque o surgimento dessa ideologia. Sabe-se apenas que há centenas de anos a humanidade já possuia este estilo de vida. O termo inglês vegan, que vem da palavra vegetarian, só foi criado em 1944 por Donald Watson, também fundador da Sociedade Vegana do Reino Unido, a Vegan Society.

O vegetarianismo é uma dieta em que o indivíduo apenas não faz o consumo de carne. Já o veganismo abrange um estilo de vida e em sua dieta não são inclusos nenhum tipo de derivados de animais.

Segundo Volmer Soares, membro da Sociedade Vegana Brasileira (SVB), a diferença entre os dois está apenas no foco: “O vegetarianismo simplesmente é o hábito alimentar de não comer carne. Já o veganismo é uma consciência, uma visão de mundo libertária que desprende do indivíduo um questionamento ético a respeito dos seus atos. Muitas

vezes ocorre do vegetarianismo ser uma transição ao veganismo”.

Os vegan são contra o consumo de carne, ovos, leite, gelatina, mel, entre outros derivados. Eles evitam também todos os produtos que ao serem produzidos causem sofrimento ou morte de animais. Alguns produtos de limpeza, medicamentos e cosméticos, lã, couro, camurça, pérolas e qualquer outro vestuário ou adornos de origem animal também entram na lista de proibições.

Géssica Neves aderiu ao veganismo quando conheceu a realidade de mata- douros e criação de alguns animais. “Depois que vi isso não consegui conti-nuar me alimentando do sangue e sofrimento de outro ser vivo. Isso não é ético, não é natural”, afirma.

Documentários como A Carne é Fraca e Terráqueos mostram cenas fortes do maltrato de animais. Adeptos do veganismo afirmam que só se deve assistí-los quando a mentalidade já está preparada para deixar o consumo de carne de lado.

A internet é um meio de divulgação do assunto, em que blogs e sites são as ferramentas mais utilizadas. Fábio Chaves é idealizador e administrador da Rede Social Vista-se, criada em 2007. Com mais de 1,5 milhão de acessos, o site tem como objetivo proporcionar informação sobre os direitos dos animais, vegetarianismo, veganismo, sociedade e ambientalismo.

Os adeptos desenvolvem ações de

conscientização: congressos, panfletos, manifestações e propostas de leis de proteção. Murilo Brandão faz parte dos eventos. “Em Correntina (BA) temos o ‘Ajuda ao Vivo’, que é aberto a todas as formas de resistência à cultura de massificação. Há venda de lanches veganos, distribuição e troca de material informativo como zines - impressos que divulgam informações de forma alternativa”.

Segundo os nutricionistas, é possível, porém não é fácil ser vegan. O corpo necessita de todos os nutrientes de origem animal, principalmente proteína, ferro e cálcio. O vegano precisa conhecer muito bem os alimentos a serem ingeridos, para substituir esses nutrientes. Mesmo assim o corpo não estará totalmente satisfeito, explica a nutricionista Flávia Nascimento. “A proteína de alto valor biológico é aquela que tem todos os aminoácidos, promovendo o crescimento e desenvolvimento. Essas são de origem animal. Já as proteínas de verduras e

leguminosas não são consideradas de alto valor biológico”. Tais proteínas apenas mantêm a vida.

A maior preocupação dos nutricionistas é em relação à vitamina B12, que auxilia na formação do DNA e só existe nos produtos de origem animal. Os alimentos mais indicados para substituir a proteína animal são a soja e a quinoa. Em relação ao ferro, Flávia afirma que o de origem vegetal é encontrado em folhas verde-escuro, frutas secas e grãos integrais. “Para manter apenas esse tipo de alimentação, é preciso aumentar a quantidade a ser ingerida e indica-se consumir alimentos com vitamina C, o que ajuda na absorção do ferro”, completa.

É importante realizar sempre combinações, como por exemplo: feijão com arroz e leguminosas com cereais. Assim, é possível equilibrar, pois a proteína que falta em um alimento, pode ser encontrada naquele que o acompanha.

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Géssica Neves come pão-de-queijo de batata: vale tudo para variar o cardápio

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u n i v e r s i d a d e

Esquecidos no campusFaltam políticas de cuidado e de controle dos cães que habitam o campus samambaia

Texto: Thamara Fagury e Felipe D’StefaniEdição: Thamara Fagury e Katherine AlexandriaDiagramação: Ana Flávia Marinho

“Se existisse na UFG um programa de

recolhimento, ele serviria para que os

donos de cachorros que pensam em abandonar seus bichos o fizessem

diretamente no campus.

Maria da Conceição, professora da Faculdade de Veterinária

O Campus Samambaia da Universidade Federal de Goiás (UFG) já virou o lar

de alguns animais. O que chama atenção é a quantidade de macacos que aparecem nos corredores, estacionamentos, bosque e salas de aula. Mas por que não olhar um pouco para baixo e perceber um tipo mais “comum” de animal? Sim, estamos falando dos cachorros.

Para os “famosos” macaquinhos, a reitoria tem um projeto voltado para a alimentação balanceada, controle populacional e até propagandas incentivando estudantes a não os alimentarem. Mas e os cães? Existe algum projeto para eles? A reitoria da UFG afirma que desconhece o assunto, mas nem todos entrevistados ignoram.

Um funcionário - que não quis se identificar - responsável pela segurança de um dos prédios do campus conta que a localidade influencia o aparecimento dos cachorros. “O trânsito ameno da região facilita a circulação desses animais, que adentram facilmente nas áreas das faculdades”, diz. Comovido, ele conta que já ajudou mais de 12 cachorros encontrados próximo ao prédio onde trabalha, abrigou-os por um tempo, cuidou como pôde e arrumou donos para cada um deles.

O segurança também explica que a presença dos caninos incomoda muitas pessoas. Ele diz que a carrocinha sempre aparece no campus para recolher os animais. Segundo ele, alguns professores se incomodam com o assistencialismo e se encarregam de ligar para a Prefeitura. O Centro de Zoonoses confirma a posição do segurança.

De acordo com Luis Elias de Camargo, médico veterinário do órgão, eles sempre recebem chamadas

Maria da Conceição, veterinária: carrocinha não é vilã dos animais

Cachorro que mora no campus da UFG divide o espaço com estudantes

para atuar nessa região.Em contrapartida, a reitoria afirma

que nenhum carro de serviços desse tipo entra na área da universidade sem aprovação da direção.

Luis Elias deixa claro que não encontra problema algum para entrar

no campus e capturar os cães que habitam o local.

Medidas de controle

Após recolhidos, os animais são analisados pelos veterinários do Centro de Zoonoses. Luis Elias explica que os cachorros doentes ou agressivos são sacrificados sem sofrimento nem dor. Já os animais considerados saudáveis são castrados e colocados para adoção. Isso faz parte de uma política já adotada há dois anos pela Prefeitura.

A professora da Faculdade de Veterinária Maria da Conceição afirma que muitas vezes a carrocinha é vista como vilã. Porém, ela explica que esse serviço é necessário para manter o controle dos caninos. “Se deixar esses

animais nas ruas eles podem transmitir raiva e prejudicar os humanos. Sem falar da reprodução descontrolada. Então essa é uma captura necessária”, diz.

Para a professora, a política assistencialista para esses cães é insuficiente. De acordo com ela, se existisse na UFG um programa de recolhimento, tratamento, castração e que ainda encaminhasse os animais encontrados na região para a adoção, serviria para que os donos de cachorros que pensam em abandonar seus bichos o fizessem diretamente no campus.

Maria da Conceição sugere a criação de um projeto que estabeleça uma maneira de cadastrar os cães. Seriam utilizados chips ou tatuagem que identificassem os donos dos animais. “Se esse animal se perdesse, o cadastro localizaria e devolveria para o dono. Mas se ele abandonasse deveria pagar uma multa. A partir da hora que interfere no bolso, o homem já pensa duas vezes”, afirma a professora.

É preciso pensar em uma política de controle. Faltam iniciativas do governo nesse sentido, idéias que tentem buscar uma solução para esse problema antigo, mas até hoje ignorado.

Felipe D’Stefani

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MÉTODOS

Atualmente, existem quase 800 tipos de procedimentos alternativos no mundo. De acordo com a Associação Brasileira de Medicina, cerca de 50 mil terapeutas alternativos atuam no país. Dentre as áreas da medicina alternativa mais procuradas estão a fitoterapia, a acupuntura e a homeopatia.

FITOTERAPIA - utiliza-se da manipulação de plantas e ervas para a cura de doenças e redução dos sintomas;HOMEOPATIA - o doente é tratado com medicamentos que produzam sintomas semelhantes aos da doença no indivíduo quando sadio; ACUPUNTURA - consiste na aplicação de agulhas em pontos específicos do corpo.

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Medicina alternativa no banco dos réusTraTamenTos não Tradicionais e crença em poder de cura dos remédios naTurais geram conTrovérsias enTre profissionais da medicina

Texto: Serena VelosoEdição: Bruna DiasDiagramação: Nádilla Alves e Carlos Eduardo Pinheiro

“ “O problema é que as pessoas passam a subtrair o convencional e buscar o

alternativo.”

Roberto Cezar de Conti, médico cancerologista

Aprática da medicina alternativa, que completa ou substitui o tratamento convencional com

base em remédios naturais, é perceptível na sociedade. A busca pela cura de doenças, desde uma simples dor de cabeça até o câncer, leva uma parcela das pessoas a recorrer à medicina natural.

Muitos acreditam que o tratamento alternativo proporciona maior bem-estar e menos efeitos colaterais do que a medicina tradicional. Essa realidade é comprovada por uma pesquisa recente realizada pelo jornal Pain Medicine. O estudo revelou que um em cada três pacientes com dores crônicas procura tratamento na medicina alternativa.

A extensionista social Leila Delfina Machado, da Emater (Empresa de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária do Estado de Goiás), faz parte desse grupo. Ela é adepta do método alternativo há anos e confia no poder de cura desse tipo de terapia.

Leila teve dois filhos e o mais velho morreu com 18 anos. Desde então, ela passou a sofrer de labirintite. Na tentativa de amenizar a doença começou

Horto medicinal do HMA onde são cultivadas plantas utilizadas nos tratamentos

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Velo

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a tomar remédios alopatas, mas não teve resultado. “Eu me sentia mal porque estava engordando e ficava irritada com a medicação”, explica. A cura da labirintite só veio com a utilização da medicina alternativa. Há oito anos Leila não apresenta sintomas da doença.

Apesar da crescente procura pela medicina natural, a segurança dessa prática é questionada por muitos profissionais que seguem o método convencional. Para eles, não há provas de que as terapias alternativas sejam plenamente eficientes no combate às doenças. “O alternativo pode ser corrupto, desleal, desonesto”, afirma o especialista em cancerologia, Roberto Cezar de Conti.

O médico acredita que existem profissionais responsáveis na medicina alternativa, mas também há charlatões nessa área. Segundo Roberto, através dos métodos não tradicionais é possível curar doenças psicossomáticas, que são disfunções psicológicas que influenciam a saúde do organismo, mas não um câncer. Ele alega também que é preciso ter cuidado ao mesclar a medicina tradicional e a natural e que não se pode abandonar completamente os procedimentos alopatas. “O problema é que as pessoas passam a subtrair o

convencional e buscar o somente o alternativo”, reitera.

Os defensores da terapia alternativa discordam da ideia de que essa não é uma medicina baseada em evidências. O médico homeopata e acupunturista Rodrigo de Paula Alvarez explica que existem estudos sobre os efeitos de medicamentos naturais em doenças. “Vários pacientes e estudos científicos comprovam a eficácia de especialidades como a acupuntura e a homeopatia”, afirma Rodrigo.

De acordo com o homeopata, em algumas áreas como a fitoterapia, apesar de existir a comprovação de seus efeitos positivos nos pacientes, há carência de

estudos clínicos. Ele relaciona esse fato com a falta de incentivo que a pesquisa recebe da indústria. “Os medicamentos fitoterápicos não são patenteados e não geram lucro para a indústria farmacêutica”, alega.

Terapia natural

Uma referência estadual e nacional em tratamentos naturais e que está localizada na capital goiana é o Hospital de Medicina Alternativa (HMA). Fundado em 1986, ele funciona atualmente como centro de medicina e práticas não alopáticas em regime ambulatorial. A instituição atende cerca de 150 pessoas por mês nas áreas de homeopatia, fitoterapia, acupuntura e quiropraxia.

Edson Santana é paciente no hospital há dois anos. Ele é soropositivo e se tratou com a medicina convencional por muito tempo. Os remédios alopatas apresentaram muitos efeitos colaterais e o uso dos medicamentos homeopáticos e fitoterápicos o ajudou a superar estes inconvenientes. Além de promover atendimentos, o Hospital de Medicina Alternativa realiza todo o processo de produção dos medicamentos fitoterápicos e homeopáticos. A matéria prima para a preparação é cultivada e manipulada em um horto medicinal (foto) e em um laboratório localizado na própria unidade.

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Page 8: Jornal Samambaia Abril 2011

C . N . H

Com licença para dirigirTirar a carTeira de habiliTação não é Tarefa simples. muiTos candidaTos são reprovados inúmeras vezes e desisTem do processo

Ao abrir o processo para conseguir a carteira de habilitação junto ao Departamento Estadual de

Trânsito (Detran), o candidato deposita a esperança de passar nas avaliações, tanto teórica quanto prática, na primeira tentativa. Em muitos casos, no entanto, o nervosismo põe tudo a perder e as avaliações têm de ser repetidas inúmeras vezes, tornando-se uma verdadeira tortura para muitos candidatos.

Apesar de se tratar de um processo avaliativo, nem tudo deve ser encarado de maneira temerosa. Mesmo o candidato sendo examinado o tempo todo, algumas ações feitas antes e durante a realização dos exames podem ajudar no resultado e trazer a tão desejada licença para dirigir.

Professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e avaliador do Detran-GO há mais de quatro anos, Rafael Castro Rabelo afirma que o comportamento dos candidatos varia muito de pessoa para pessoa, mas que no geral a “maioria dos candidatos fica extremamente ansiosa e nervosa no decorrer da avaliação”. Segundo ele, isso prejudica muito o desempenho no teste.

Pode até parecer piada para quem vem sofrendo para tirar habilitação, mas tanto os avaliadores quanto aqueles que já conseguiram sucesso em sua empreitada garantem que a tranquilidade e o treinamento são os únicos aliados neste processo. Rafael Castro acredita que “quanto maior a quantidade de aulas que o candidato fizer, mais ele se sentirá seguro para realizar a avaliação e, se sentindo seguro, acaba controlando melhor o lado emocional”. Segundo o professor, a UEG oferece atendimento psicológico aos candidatos.

Texto: Bruna DiasEdição: Tchela BorgesDiagramação: Frederico Oliveira e Larissa Vieira

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“A maioria dos candida-tos fica extremamente ansiosa no decorrer da avaliação, o que acaba

prejudicando no desempenho do teste.”

Victor Peixoto Peres acaba de receber sua licença provisória para dirigir e não esconde o orgulho de ter sido aprovado em sua primeira tentativa no Detran de Goiânia, local considerado o de mais difícil aprovação no estado. O jovem garante que a tarefa não foi complicada, pois havia se preparado psicologicamente e também na prática para realizar o teste de direção.

Além disso, Victor aproveita para desmitificar a avaliação para categoria “B”, que permite dirigir veículos que pesam até 3,5 mil quilos, pois além de ter sido tranquilizado pela examinadora antes do início da prova, teve que passar por alguns contratempos que, segundo ele, chegaram a ser engraçados depois que conseguiu terminar o percurso. “Já tive que começar a prova descalço, pois estava de chinelos e não me lembrei de ir com o calçado adequado. Para piorar deixei o celular ligado e ele tocou muito durante a prova. A examinadora chegou

a brincar comigo dizendo que eu nunca tinha escutado aquela música até o final tantas vezes. Mas mesmo assim, mantive a concentração e fui até o final sem erros”.

Futuros motoristas tentam aprovação durante teste prático no Detran de Goiânia, considerado o mais rigoroso do Estado

Magno Mendes, instrutor do Centro de Formação de Condutores (CFC) de Goiânia, que preparou Victor, garante que seu aluno só teve sucesso pois se concentrou no que estava fazendo e porque seu treinamento foi intenso. Por isso, recomenda que os candidatos usem calçados e roupas confortáveis e adequados. Desligar o celular é outro cuidado essencial. “Muitas pessoas perdem totalmente a concentração quando o aparelho vibra ou toca, e se a lei te proíbe de atender mesmo com a habilitação definitiva, imagine durante a prova!”, aconselha.

Os professores e examinadores da UEG já estão preparados para amenizar

a tensão do candidato no momento do teste. O examinador Rafael Castro explica que todos estão orientados para receber o candidato no campo de provas e tentar acalmá-lo ao máximo.

Dicas e macetes

Rafael Castro, examinador

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Os errOs mais cOmuns

A maioria das

reprovações em provas

práticas ocorre devido aos seguintes

erros:

* Deixar de fazer o sinal de parada e mudança de direção;

* Deixar de olhar para trás ao sair do veículo (não deve ser us-ado só o espelho retrovisor)

* Deixar de tomar a pista própria nas conversões, ou não obser-var o trânsito nessas manobras

* Parar o veículo muito afastado do meio-fio

* Ao estacionar, bater as rodas do veículo no meio-fio

* Avançar sinal vermelho ou de impedimento;

* Aproximar-se muito de outros veículos ou obstáculos

* Não parar quando necessário em via preferencial

* Não ter controle na direção ou na troca de marcha do veículo e usar incorretamente a embreagem em locais de exame, como ladeiras

* Durante o pare, seguir o veí-culo que está à frente

Orientações impOrtantes

- Não esquecer de estar com a licença de aprendizagem e a Carteira de Identidade, para entregar ao examinador;

- Colocar o banco em posição que proporcione liberdade de movimento, podendo manejar os pedais e os comandos do veículo sem dificuldade;

- Verificar e alinhar a posição dos espelhos retrovisores para maior facilidade na hora da baliza;

- Estar preparado para executar várias manobras nas vias públicas, efetuando paradas, curvas à direita ou à esquerda, marcha ré e baliza.

Fotos: Bruna Dias É muito comum durante o processo de aprendizagem que os CFCs enumerem várias regras ou macetes que podem auxiliar o candidato a fazer rampa, baliza e vencer os demais obstáculos da prova. Rafael Castro, apesar de não concordar com esse sistema de regras ou colas para o momento da avaliação, alega que os candidatos que seguem os macetes obtêm sucesso nessas etapas. Ele pensa que “os CFCs não deveriam utilizar essas regrinhas, pois no dia a dia dos condutores, os veículos não serão estacionados entre duas hastes e sim entre carros e em diversas situações em que o candidato não terá todo o tempo do mundo,

achando o ponto da embreagem com a famosa tremidinha para realizar uma rampa, por exemplo”.

Desde que o convênio entre o Detran-GO e a UEG foi firmado em fevereiro de 2005, coube à universidade realizar as avaliações dos futuros condutores em Goiás. A partir daí, cada candidato é acompanhado por três examinadores na avaliação. Vale lembrar que o Detran exige um prazo mínimo de quinze dias, a contar da data de realização da última prova, para que se possa realizar o reteste. Depois de aberto, o processo tem validade de um ano. Neste período, o aspirante a motorista deve realizar os exames médico, psicotécnico, teórico e prático. Assim, o candidato não desembolsa menos do que R$ 900 para tentar sua habilitação nas categorias

moto e carro.Não há mistério para ser

aprovado. Ao contrário, o segredo é apostar em muito treino e tranquilidade na hora da avali- ação. Quanto mais preparado o

candidato, mais segurança ele terá

no momento da prova, e maior será a probabilidade real de aprovação.

Ao conseguir a sonhada carteira de motorista, aquele que era candidato talvez passe a entender o verdadeiro sentido da frase que está estampada

Como funciona o processo no Detran

O sorriso de Víctor mostra o orgulho de ter a carteira de motorista em mãos

em praticamente todo os carros de auto-escola: “Calma! Você também já foi aprendiz”. Um bom lembrete para os motoristas afobados.

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t e c n o l o g i a

Realidade alternativaTexto: Gilmara Roberto Edição: Vinícius Braga Diagramação: Laura de Paula

AcessibilidAde A lAn-houses levA jovens de todo o pAís A impulsionArem o mercAdo de gAmes. jogos de rede são os preferidos

O fácil acesso a computadores e internet no Brasil faz com que uma parcela cada vez maior de

jovens do país se projete numa realidade arquitetada por jogos eletrônicos. Sejam os reflexos dessa prática bons ou ruins, a verdade é que o crescimento de comunidades gaming e o boom das lan-houses são os responsáveis por levar entretenimento e diversão a milhares de jovens, inclusive para aqueles de periferias, onde áreas de lazer são escassas ou inexistentes.

Para Elden Duarte, responsável por uma lan-house da região leste de Goiânia, os games preferidos entre os frequentadores de sua loja são aqueles jogados em rede, como o Counter Strike (CS) e Defense of the Ancients (DotA). Ele explica que alguns podem ser praticados em equipe, a qual se mantém conectada pela internet e não exige que os computadores estejam em rede. “Mesmo assim, muitos preferem vir jogar aqui, porque testam suas habilidades com alguém que está do lado, levando a pessoa a superar suas próprias expectativas”.

O estudante Lucas Bastos joga frequentemente a cerca de dois anos e afirma que uma das vantagens dos jogos é que estes instigam a criatividade. “São bons porque você tem que bolar estratégias e agir rápido”.

Bruno Gonçalves é diretor de desenvolvimento de jogos e softwares interativos e justifica a popularidade destes. “Ao se projetar dentro do game, o jogador se conecta numa realidade alternativa em que pode fazer qualquer coisa sem imposições ou restrições da sociedade”. Bruno explica que a produção de games hardcore (jogos considerados mais difíceis e que

valorizam o realismo das imagens) é predominantemente feita em 3D, o que o torna uma projeção do real. Já a produção em 2D é comumente destinada a jogos casuais (ver box).

Jogador-criador

O processo de criação de um game exige dos designers e programadores envolvidos experiência como jogadores. Bruno explica que na criação de um documento chamado game design, no qual é descrito o roteiro e o funcionamento do jogo, os profissionais buscam referências em filmes de animação e games que costumam jogar. “O cliente descreve como quer que seja o game e então fazemos o brainstorming. Neste, os game designers dão ideias de como o jogo pode se basear em suas experiências como jogadores”.

Mercado De acordo com uma pesquisa

realizada em 2008 pela Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames), os profissionais que se envolvem nessa área de criação e desenvolvimento de jogos ganham, em média, R$ 2.272,71 e são, predominantemente, programadores e artistas gráficos.

A pesquisa ainda mostrou que o produto nacional bruto do setor de jogos soma R$ 87,5 milhões. Um apontamento do Conselho de Economia Criativa da Federação do Comércio e Serviço do Estado de São Paulo (Fecomércio) afirmou, em março deste ano, que o mercado de games no Brasil pode chegar a 3 bilhões de dólares nos próximos anos. Prova de que os jogos, além de proporcionar diversão, movimentam a economia.

Bruno Gonçalves (primeiro à direita) e seus amigos são adeptos dos jogos em rede e sempre se encontram para competir

Os Mais Comuns Casuais: fáceis de serem jogados, composto tipicamente por gráficos “bonitinhos” e em 2D; Hardcore: predominantemente feitos em 3D, preza o realismo e possui complexidade; advergames: jogos publicitários desenvolvidos como uma forma de propaganda não-intrusiva, eficaz na fixação de uma marca ou conceito; educativos: usados em escolas ou centros educacionais com caráter altamente educativo; serious games: jogos que não focam no entretenimento, mas sim em alguma espécie de treinamento mento útil em alguma prática real como, por exemplo, um game que treine policiais.

Arq

uivo

Pes

soal

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m e i o a m b i e n t e

Coleta sem eficáciaComurg afirma que a população preCisa Colaborar mais Com o serviço em vigor há três anos na Capital

A Prefeitura de Goiânia assinou, em abril de 2008, o decreto que estabelecia o

início imediato da Coleta Seletiva de lixo na cidade. Trabalho antes realizado de maneira informal por catadores de papel, agora é feito por funcionários da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). O objetivo da criação do serviço era promover a inclusão social dos trabalhadores das cooperativas, além de reduzir os custos com a limpeza urbana da cidade.

Cerca de 1200 toneladas de lixo são recolhidas, diariamente, em Goiânia. Desse total, apenas 60 toneladas são de material reciclável. De acordo com o diretor de Coleta Seletiva da Comurg, Ozéias Porto, esse número precisa ser dez vezes maior. “A meta da Companhia é recolher 600 toneladas de material

Texto: Myla AlvesEdição: Sarah MarquesDiagramação: Thiago Martins e Isadora Pícolo

Caminhões que realizam a coleta seletiva em Goiânia: até o fim de abril serão 27

Leandro Sales

“É um programa importante porque

nem tudo que é consumido tem como embalagem algo que é

lixo de fato.”

reciclável por dia, mas para isso, a população ainda precisa colaborar fazendo a separação do lixo seco e da matéria orgânica em casa.”

Para conscientizar a sociedade da importância do serviço, o diretor de Coleta declarou que a Companhia está estabelecendo parcerias com empresas, indústrias, bancos e órgãos da própria Prefeitura e planejando uma educação ambiental. A Comurg também vai divulgar esse trabalho através de outdoors e folhetos. Segundo Ozéias, uma mídia social, de interação com o público, também está nos planos de marketing para alcançar cada vez mais cidadãos. “A população tem uma aceitabilidade excelente por esse tipo de trabalho, ela está reconhecendo a importância da reciclagem. O que falta é uma maior divulgação para que a sociedade entenda a colaboração que está dando para o restabelecimento de um ambiente saudável e para uma melhor qualidade de vida.”, ressaltou.

Novos caminhões

A Companhia possui 15 caminhões que atendem toda a cidade de manhã e à noite. Até o fim de abril, nove veículos serão entregues pela Prefeitura e outros três doados pelo Banco do Brasil. Todos os bairros de Goiânia recebem o serviço de coleta seletiva. No entanto, dados da Comurg apontam que os setores Jaó, Jardim América, Guanabara e Santa Genoveva são os que separam maior quantidade de material.

Todo o material recolhido

programa importante porque nem tudo que é consumido tem como embalagem algo que é lixo de fato.”

De acordo com a professora de Geografia do Instituto de Estudos Sócio Ambientais da Universidade Federal de Goiás, Sandra Oliveira, a coleta seletiva é muito importante porque é possível reaproveitar alguns materiais e não retirar recursos direto da terra. Ela afirma que o grande problema do lixo, em geral, não é a falta de reciclagem e sim o consumo desenfreado e inconsciente das pessoas.

Sandra orienta que é fundamental separar o lixo seco do material orgânico. O descarte incorreto de lixo molhado é o mais prejudicial ao meio ambiente, já que o chorume, líquido produzido por sua decomposição, contamina o solo, os mananciais e os lençóis subterrâneos.

pelo Poder Público é doado para as 12 cooperativas e associações cadastradas, que recebem cotas iguais de produtos. Depois esse lixo é vendido para as empresas responsáveis pela reciclagem.

Maria do Socorro Silva faz parte da cooperativa A Cop. Segundo ela, a parceria entre a Comurg e catadores de papel melhorou bastante as condições de trabalho e os rendimentos da categoria. Antes, eles trabalhavam debaixo de sol, caminhando grandes distâncias. Hoje, a Comurg realiza o transporte do material.

O estudante Danillo de Faria, morador do Setor Pedro Ludovico, separa o lixo em casa. A ação é feita desde quando foram noticiadas as tecnologias capazes de tratar o lixo e, principalmente, depois da iniciativa do poder público em recolher os materiais separadamente. “É um Danillo de Faria, estudante

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Ligações nas alturasJá é possível usar celu-

lar a bordo dos aviões da TAM Linhas Aéreas. Uma parceria pioneira firmada com a OnAir, empresa que fornece sistemas para uso de celulares em aeronaves, per-mite que os passageiros da TAM realizem e recebam ligações, enviem mensagens SMS e, também, acessem a internet durante os voos. Porém, o ser-viço só está disponível para aqueles que embarcarem na aeronave Airbus A321 nas rotas entre Guarulhos, Recife, Natal, Fortaleza e Porto Alegre.

>> E eu com isso?Desde 1996, utilizar celulares a bordo de um avião era proibido pelo go-

verno brasileiro e a primeira e única empresa a ser liberada para esse tipo de voo, a TAM, sentiu a necessidade de mudar o quadro. “Através de pesquisas a empresa observou o desejo dos passageiros de estarem conectados enquanto viajam”, afirma a diretora de Marketing da TAM, Manoela Amaro.

Mas, cuidado! A novidade custa caro. Apesar de ser voo doméstico, quan-do a aeronave atingir 4 mil metros de altura, os aparelhos passarão a funcio-nar em roaming internacional e a ligação terá o mesmo custo de uma chamada feita no exterior. Na Claro, os clientes pagam R$9,41 por minuto da ligação realizada enquanto as demais operadoras cobram em média R$7. O acesso à internet também será cobrado variando entre R$33 a R$49,90 por megabyte transferido.

Serviços (não) gratuitos As companhias aéreas estão expandindo as cobranças. Desde novembro

de 2010 já se pode observar taxas por serviços que eram oferecidos de graça nos voos, como serviço de bordo, adicional de combustível e assento diferen-ciado, que são as poltronas da saída de emergência e também as da primeira fila, que oferecem mais espaço para as pernas.

>> E eu com isso?No Brasil a prática não é tão comum, mas as linhas aéreas européias e

americanas tornaram-se adeptas da nova estratégia: por uma taxa extra, o passageiro pode optar por uma viagem mais confortável no “Assento Confor-to”. Segundo, Líbano Barroso, presidente da TAM, “as pessoas estão pedindo, já virou objeto de desejo no mercado internacional”. E é por isso, que agora os brasileiros têm essa opção em 15 rotas nacionais (saída do Aeroporto de Guarulhos) a partir de R$10, mas só é vendido na hora do check-in.

A Gol também está entrando na nova onda e já estuda a possibilidade de expandir os trechos em que vende serviço de bordo extra, como os lanches, de 50 para 500 voos disponíveis.

ECONÔMICOGIROTexto: Thamara Fagury Edição: Gabrielle Mota Diagramação: Tchela Borges

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e c o n o m i a

A “vaquinha” da internet

Texto: Stephani Echalar Edição: Sarah Abdala Diagramação: Laura de Paula

Depois Da moDa Das compras coletivas, a onDa na reDe munDial são as plataformas De financiamento colaborativo

Um novo modelo de incentivo à produção está conquistando o país. Trata-se do financiamento

colaborativo, que divide os custos de colocar uma ideia em prática entre pessoas que a aprovam. Alguém com um projeto – de qualquer espécie – acessa o site e mostra seu produto, diz o quanto precisa para começar, e estabelece um prazo para conseguir o dinheiro. O idealizador inicia um “efeito dominó” na internet, mostrando a iniciativa para seus contatos, que passam para outros contatos e assim por diante, a divulgação ocorre principalmente nas redes sociais. As pessoas conhecem a ideia, e podem contribuir com dinheiro para ajuda-lá a virar realidade.

Na maioria dos sites é tudo ou nada. Se o idealizador conseguir arrecadar o valor que pediu inicialmente, ele fica com o dinheiro – as plataformas recebem uma porcentagem do total, geralmente 5%. Se a quantia não for atingida, todos os apoiadores recebem o dinheiro de volta. As pessoas que contribuem recebem uma recompensa de acordo com o montante doado. Essa retribuição é proposta por

cada idealizador, e varia bastante, como telefonemas pessoais do produtor, camisetas e ou outros brindes.

Um exemplo é o filme Raul – o início, o fim e o meio, de Walter Carvalho. Para levantar dinheiro, o diretor resolveu “vender” participações: em troca de determinado valor, qualquer fã poderá

aparecer no final do filme dando um depoimento sobre o roqueiro. Basicamente, o Financiamento Colabo- rativo, ou Crowdfunding, é a vaquinha que todo mundo faz. Agora, pela internet, com mais pessoas, mais dinheiro, e grandes projetos.

O conceito cresceu na rede há cerca de dois anos, com sites como o Kickstarter,

um dos maiores da modalidade. Lançado em abril de 2009, até março desse ano, arrecadou mais de US$ 30 milhões, e cerca de 380 mil pessoas se cadastraram para apresentar seus projetos. Um dos maiores feitos do site foi o financiamento do filme Blue like jazz, de Steve Taylor. O diretor buscou a plataforma pois não

conseguiu apoio de investidores tradi-cionais. A meta era arrecadar US$ 125 mil para começar o filme, que recebeu US$ 346 mil de 4495 pessoas.

O Crowdfunding se espalhou lá fora e chegou ao Brasil. Aqui, o Catarse.me, é um site pioneiro, que entrou no ar em janeiro de 2011. Ele é uma vitrine para projetos em- preendedores, e arrecadou em três meses quase R$ 80

mil. O site dos sócios Diego Reeberg, Luís Otávio Ribeiro e Daniel Weinmann começa a deslanchar e já tem alguns investimentos bem sucedidos, como o Rabiscaria, projeto goiano que conseguiu o capital para sair do papel. “O Rabiscaria já funcionava. Costumo dizer que em primeira marcha, mas funcionava. O financiamento cola- borativo que conseguimos com o Catarse

deu um impulso que não teríamos a não ser que tivéssemos um investidor conosco.” afirma Carlos Filho, o idealizador. Ele ressalta a agilidade que esse mecanismo deu ao projeto, com a rápida estruturação da loja virtual de design. Na onda do Catarse endereços

semelhantes foram lançados, alguns mais específicos, voltados para música, tecnologia e outros assuntos. (Veja o box)

Os investidores

Grande parte do sucesso desse modelo de incentivo vem da relação entre o apoiador e o projeto que está beneficiando. O público investe em ações que acredita, ideais que compartilha ou conceitos e produtos que sente falta no mercado. Outra sacada do crowdfunding é a independência dos empreendedores. Conseguir investidores que assumam os riscos de projetos iniciantes, ou ideias muito inovadoras é quase impossível. O financiamento colaborativo demo-cratiza o desenvolvimento, dá chances a artistas desconhecidos, que precisam recorrer a leis de incentivo, ou a jovens cientistas que buscam patrocínio. O modelo também alavanca a ação social, como no caso do Senso Incomum, uma plataforma especial que abriga apenas projetos sociais. Nesse espaço são mostrados diversos projetos de ONGs ou pessoas físicas, que tem soluções para ajudar a sociedade. Eduardo Sangion, um dos fundadores do site, acredita que essa proximidade faz a diferença: “Não somente os doadores sabem claramente onde seu dinheiro será aplicado, mas também acompanham o impacto de suas doações através das imagens, dados e mensagens de agradecimento publicadas pelo projeto que escolheu apoiar”.

Esses dois aspectos mostram o poder que esse novo modelo tem, tanto para a transformação social, como para mudar a forma de consumir. “Quando olhamos o crowdfunding mais de perto podemos perceber seu potencial de gerar algo tão ou até mais importante do que a captação do dinheiro propriamente dita: ele agrega valores cívicos em torno de iniciativas pelo bem comum e distribui às pessoas autonomia para resolverem seus próprios problemas”, pontua Eduardo Sangion.

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Projeto financiado pela plataforma Senso Incomum

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ALGUMAS PLATAFORMAS www.catarse.me: projetos criativos de ação social, voltados para qualquer área; www.kickstarter.com: pioneiro, serviu de inspiração para o Catarse. Também trabalha com o sistema tudo ou nada; www.sellaband.com: voltado para a música, permite que fãs invistam nas bandas que gostam. Os artistas podem gravar CDs e sair em turnês; www.sensoincomum.com.br: dedicado a projetos sociais que promovam melhorias para comunidades, cidade, estados ou para o mundo; www.wacawaca.com.br: usa o conceito de crowdfunding para o desenvolvimento de games; www.queremos.com.br: banca a produção de shows inéditos no Rio de Janeiro. O valor do evento é dividido e se todas cotas forem vendidas na internet a apresentação é confirmada.

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A nova era da construção civilResponsabilidade sócio-ambiental torna-se atividade cada vez mais praticada e incentivada por empresas nacionais

Texto: Giulia Dutra e Nayara ManziEdição: Alisson CaetanoDiagramação: Anamaria Rodrigues, Guilherme Barbosa e Luciano Castro É muito comum

encontrar edifícios mal projetados, subutilizados,

abandonados ou mal geridos

A construção civil interfere na transformação da imagem do ambiente urbano

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Fóruns, grupos, comitês e debates incentivados pelo crea-go

Grupo de Trabalho Interinstitucional – GRIAssociação Brasileira de Educação Agrícola Superior – ABEASComissão Estadual para Agenda 21 e Políticas de Desenvolvimento SustentávelComissão Permanente de Acessibilidade ao Meio Físico de GoiâniaComitê da Bacia Hidrográfica do Rio Meia PonteConselho Estadual de Recursos Hídricos – CERHIFórum de Saúde e Segurança no Trabalho do Estado de GoiásGrupo de Trabalho da Política Florestal do Estado de GoiásConselho Municipal de Habitação UrbanaConselho Municipal de Política UrbanaSimpósio Ambientalista Brasileiro no Cerrado

De todas as atividades praticadas pelo ser humano, a construção civil é uma das que mais tem

impacto no meio ambiente. No Brasil aproximadamente 40% da extração de recursos naturais têm como destino a indústria da construção. Fora isso, 50% da energia gerada é para abastecer o funcionamento das edificações e 50% dos resíduos sólidos urbanos vêm das construções e de demolições.

Quase toda água que utilizamos sai de nossas casas sem ser reaproveitada e ainda levando consigo algum tipo de poluente. Essa água geralmente vai para córregos ou rios, isto porque somente 75% da população brasileira tem coleta de esgoto em casa, e desse número ape-nas 32% recebe tratamento.

Felizmente consideráveis iniciativas estão sendo tomadas para evitar que as construções sejam o pilar de um caos ambiental. Algumas organizações

têm se dedicado a divulgar pesquisas e informações, desenvolver produtos, certificar as construções sustentáveis e agregar valor econômico ao espaço construído. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, em julho de 2010, lançou uma metodologia de avaliação da sustentabilidade dos empreendimentos, o selo Casa Azul, que tem como principal objetivo incentivar a adoção de medidas socioambientais entre os trabalhadores e a comunidade onde o empreendimento está inserido.

É muito comum encontrar edifícios mal projetados, subutilizados, abando-nados ou mal geridos. A Organização

Mundial da Saúde (OMS) definiu e catalogou como Síndrome do Edifício Enfermo (SEE) as cons-truções que se encontram com baixa e ineficiente dispersão de poluentes, alta umidade, má venti-lação, descompensação de temperatura, ergonomia ruim e algum tipo de con-taminação biológica ou química. A SEE é uma das causas para que 20% da população mundial pos-sua algum tipo de pro-blema respiratório, mal estar, alergias nasais ou oculares.

O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetu-ra e Agronomia de Goiás (Crea-GO), órgão fiscali-zador das profissões da área, esclarece levanta-mentos pertinentes sobre a consciência ambiental e a construção civil. O “Prêmio Crea Goiás de Meio Ambiente” incentiva os projetos e iniciativas técnicas com con-teúdo e alcance à proteção e desenvolvi-mento ambiental. A premiação é o maior evento da área ambiental de Goiás.

O Crea Goiás tem procurado identificar valores morais e éticos que estimulem a consciência ambiental. O Conselho mantém um programa de defesa do consumidor, que acata queixas de pessoas que se sintam lesada por alguma empresa ou profissional do Sistema Confea/Crea. A denúncia é analisada e, se responsabilizados, os profissionais podem sofrer uma advertência reservada ou mesmo a cassação da carteira. O arquiteto e urbanista John Mivaldo, da Coordenadoria de Educação do Crea, discorda do termo. “Como professor de projeto de arquitetura e

urbanismo, não gosto do uso do termo construção inteligente, pois não pode ser admissível uma construção, uma arquitetura e, por conseguinte uma cidade que não seja inteligente”.

Segundo ele, toda arquitetura e construção deveria se atentar aos princípios da sustentabilidade, que são: racionalidade no uso da energia na sua execução e manutenção; aproveitamento de materiais locais ou regionais; reuso, reaproveitamento, reciclagem ou racionalidade de uso; observações eharmonia dos elementos físicos naturais na concepção do projeto como topografia, percurso solar, tipologia do solo, vegetação e morfologia do sítio geográfico do terreno, paisagem local, entre outros. Questões de planejamento que podem minimizar os efeitos sobre o ambiente.

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f u t e b o l

À espera da seleçãoTexto: Vinícius Moura Edição: Amanda Azevedo Diagramação: Laura de Paula

Estádio sErra dourada passa por rEforma para rEcEbEr jogo da sElEção Em junho. VEstiários são prioridadE

Serra Dourada: estádio goiano será palco de Brasil X Holanda em junho

O estádio Serra Dourada passará por mais uma reforma, desta vez para abrigar o amistoso da

Seleção Brasileira, no dia 4 de junho, contra a Holanda. O jogo foi confirmado numa reunião ocorrida em Brasília, no dia 22 de fevereiro. Estiveram presentes o presidente da Federação Goiana de Futebol (FGF), André Pitta; o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira; e o Governador do Estado, Marconi Perillo. Teixeira afirmou que a exigência para esta partida será padrão Fifa e que a organização estará a cargo do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014 (COL). Marconi Perillo, por sua vez, comprometeu-se com as obras do estádio, por meio da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop).

Há seis anos, o Brasil atuou em Goiânia contra o Peru em jogo válido pelas eliminatórias da Copa do Mundo da Alemanha. O time canarinho venceu por um a zero, gol do então meia do Milan, Kaká. Foram investidos R$ 8 milhões para melhorias nos vestiários, iluminação, bares, sistema de som e placar eletrônico. O estádio passou por outra reforma no ano passado, na qual foram aplicados R$ 5 milhões para a troca de todos os pára-raios, parte elétrica e reforma do gramado. Durante este período, o local ficou sem sediar jogos, o que obrigou os times Goiás, Vila Nova e Atlético Goianiense a disputarem partidas do Campeonato Goiano e Copa do Brasil em seus estádios.

Dessa vez a prioridade são os vestiários. Hoje, o estádio tem cinco: dois para equipes mandantes, dois para visitantes e um para a arbitragem. O vestiário dos árbitros será ampliado e passará a ocupar salas que atualmente não estão em uso no estádio. A sala de imprensa, desativada, também será reformada para a realização de entrevistas coletivas após os jogos. Além disso, os banheiros, tanto para a imprensa como para torcedores, passarão por obras.

A quantidade limitada de cabines de imprensa em grandes jogos é bastante criticada, já que não comportam todos os profissionais. Para solucionar o problema, o estádio vai receber mais 10 cabines onde hoje existe um jardim. Itamir Campos, administrador do Estádio Serra Dourada, explica a escolha do local. “Este

é um espaço adequado para se fazer cabines de imprensa porque não existe nada lá e não vamos tomar espaço de torcedor e de ninguém”. Ele ainda afirma que a falta de tempo não será problema. “Tem que ter tempo, mesmo que seja necessário trabalharmos no período da noite ou na madrugada”.

Desde o final da década de 90, o placar eletrônico do estádio não funciona devidamente. Mesmo com algumas reparações, o placar exibe falhas que atrapalham o torcedor na leitura das informações do jogo. A Agel (Agência Goiana de Esporte e Lazer) vai abrir licitação para a compra de dois telões de 10m de comprimento por 7m de largura cada um. Este é um modelo usado nos estádios mais modernos do Brasil, como

Maracanã, Beiro-Rio, Mineirão,

Engenhão, entre outros. Caso não seja possível a compra dos telões até o amistoso da seleção, a atual administração do Serra Dourada se compromete a alugar um destes painéis.

O gramado do Serra Dourada não sofrerá nenhuma alteração para o amistoso da Seleção Brasileira. No ano passado, a reforma do espaço gerou muitas reclamações dos principais times goianos devido às irregularidades e falhas.

Copa do Mundo

Goiânia tem uma remota possi- bilidade de ser sede da Copa do Mundo, devido ao atraso no cronograma de obras de Natal, uma das doze cidades selecionadas para o Mundial de 2014. Contudo, o presidente da FGF, André Pitta, não acredita que o amistoso promoverá a capital para a Copa. “Daqui

até junho, esta chance já terá sido definida pela CBF. O importante

é nos colocarmos à disposição para grandes eventos. Eu

acredito que Goiânia será sede da Copa América de 2015”, diz Pitta.

Já o presidente da Agel, José Roberto de Athayde Filho, afirmou que esta é chance do estádio Serra Dourada recuperar sua imagem nacionalmente.

“Atualmente a imagem do estádio está muito ruim.

Nas últimas grandes partidas, jogadores, imprensa, torcedores

e árbitros reclamaram muito. Nosso objetivo é atender a todos neste jogo”. Até junho, integrantes do Comitê Organizador Local da Copa de 2014 e dirigentes holandeses virão a Goiânia para acompanharem a reforma.

AGEL

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O ROSTO DOS ESQUECIDOS

Texto: Rômulo Chaul Fotos: Yasmin Cabedo Diagramação: Layane Palhares e Saymon Souza

A estudante de jornalismo e amante da fotografia Yasmin Cabedo apresenta seu olhar sobre a imagem de idosos

que moram no abrigo Solar Colombino Augusto de Bastos, instituição espírita cristã que abriga sem custos os idosos carentes e vive de doação. Com fotos em preto e branco, carregadas de densidade e forte jogo de luz e sombra, a fotógrafa consegue retratar com realismo o sentimento daqueles rostos deixados no asilo e esquecidos pela família.

O L H A R E S16Samambaia >> Goiânia | Abril, 2011