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INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIA AMBIENTAL AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO AR INTERNO DE AMBIENTES CLIMATIZADOS DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS DA CIDADE DO RECIFE-PE Péricles Borba Araquan Recife 2008

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  • INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIA AMBIENTAL

    AVALIAO DA QUALIDADE DO AR INTERNO DE AMBIENTES CLIMATIZADOS DE BIBLIOTECAS PBLICAS

    DA CIDADE DO RECIFE-PE

    Pricles Borba Araquan

    Recife

    2008

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  • Pricles Borba Araquan

    AVALIAO DA QUALIDADE DO AR INTERNO DE AMBIENTES CLIMATIZADOS DE BIBLIOTECAS PBLICAS

    DA CIDADE DO RECIFE-PE

    Dissertao apresentada ao Mestrado Profissional em Tecnologia Ambiental, do Instituto de Tecnologia de Pernambuco, como parte dos requisitos para obteno do ttulo de Mestre em Tecnologia Ambiental.

    Orientador: Dr. Antnio Helder Parente

    rea de concentrao: Contaminao Ambiental

    Recife

    2008

  • A662a Araquan, Pricles Borba, 1963 - Avaliao da qualidade do ar interno de ambientes climatizados de bibliotecas pblicas da cidade do Recife - PE. Recife: Ed. do autor, 2008. 113f. :il. Inclui bibliografia. Orientador: Dr. Antonio Helder Parente Dissertao (Mestrado) Associao Instituto de Tecnologia de Pernambuco ITEP-OS, 2008.

    1.BIBLIOTECA PBLICA AMBIENTE INTERNO. 2. QUALIDADE AMBIENTAL - CLIMATIZAO. 3. FUNGOS TEMPERATURA DO AR. I. Parente, Antonio Helder. II. Ttulo.

    CDU 504.064:027.022

  • DEDICATRIA

    Dedico primeiramente a Deus, onipotente e onipresente em todas as

    nossas aes e a todas as pessoas pelo apoio e incentivo

    para a realizao deste trabalho.

  • AGRADECIMENTOS

    Dra Snia Valria Pereira por ter dado a oportunidade e todo o apoio durante o

    mestrado.

    Coordenao do mestrado pelo apoio em todos os momentos.

    Aos professores e funcionrios do ITEP pelo incentivo.

    todos os colegas de sala de aula.

    funcionria do ITEP-PE professora Genilda Maria de Oliveira Souza pelo apoio e

    incentivo.

    bolsista do ITEP-PE Ana Karolina Freire de Souza pelo apoio no laboratrio.

    Ao Dr. Antnio Hlder Parente pela orientao e conselhos.

    Ao Centro Federal de Educao Tecnolgica de Pernambuco (CEFET-PE) pelo

    apoio financeiro e flexibilizao do horrio de trabalho.

    Aos funcionrios das Bibliotecas da UFPE e CEFET-PE pela valiosa contribuio.

    Aos colegas de trabalho do CEFET-PE pelas sugestes e crticas.

    famlia pelo apoio irrestrito.

    A todas as pessoas que, de alguma forma, contriburam para a realizao deste

    trabalho.

  • EPGRAFE

    Vida verdadeira como a gua:

    Em silncio se adapta ao nvel inferior,

    que os homens desprezam.

    No se ope a nada,

    serve a tudo.

    No exige nada,

    porque sua origem da Fonte Imortal.

    O homem realizado no tem desejos de dentro,

    nem tem exigncias de fora.

    Ele prestativo em se dar

    e sincero em falar,

    suave no conduzir,

    poderoso no agir.

    Age com serenidade.

    Martin Claret, traduzido do manucristo Tao The king de Lao Tse ( 2.000 a.c.)

  • RESUMO

    O mercado de sistemas de climatizao de ambientes internos vem crescendo

    desde a dcada de setenta nas grandes cidades devido ao aumento populacional, a

    industrializao e a falta de planejamento das cidades. Como conseqncia temos

    visto o aumento da poluio sonora, atmosfrica e do ar interno. As autoridades e as

    empresas de climatizao, quanto questo da Qualidade do Ar Interior (Q.A.I.) em

    ambientes climatizados, no do a devida ateno e o foco necessrio uma vez que

    o ar que respiramos deve ser de boa qualidade em qualquer lugar. As Bibliotecas

    Pblicas climatizadas so locais de grande circulao de pessoas e com vasto

    acervo de livros. Diante da ausncia de informao a cerca deste tema, foram

    selecionadas duas Bibliotecas Pblicas climatizadas por zona microclimtica. Este

    trabalho teve como objetivo analisar a qualidade do ar interior comparando com os

    parmetros da Resoluo n 9 da ANVISA. Neste estudo foram utilizados a

    observao e registro dos dados, instrumentos, anlises laboratoriais, planilhas de

    campo, documentos e aplicao de questionrios. Constatou-se que a temperatura

    interna dos ambientes estudados ficou acima do valor mximo; o ndice do ar interno

    e externo representado pelo nmero de colnias fngicas formadas na estao

    chuvosa ficou tambm acima dos padres recomendados. A percepo de conforto

    foi diferente em funo do tempo de permanncia das pessoas no ambiente interno

    e a falta de capacitao dos funcionrios afetou a qualidade do ar interior.

    Palavras-chave: Contaminao ambiental; Qualidade do ar interior; Sade; Conforto

    trmico.

  • ABSTRACT

    The climatization systems market has been growing since early seventies in the

    major cities due the population growth, industrialization and lack of cities planning. As

    a consequence, have been increased noise, atmospheric and internal air pollution.

    However, the government and climatization companies did not give attention and the

    necessary focus to the issue of Indoor Air Quality (IAQ), as the air that we breathe

    must be good quality at any place. The climatized Public Libraries are place of lot of

    people circulation and has a vast of books quantities. Due to the absence of

    information to some of these issues two Public Libraries climatized by microclimatic

    zone had been selected. This study aimed to analyze compare indoor air quality

    parameters with the law standards Resolution no 9 ANVISA. This study used

    comments and data record, instruments, laboratory analysis, spreadsheets,

    documents and questionnaires application. It was evidenced that the internal

    temperature on dry and rainy season its above of the maximum value. Internal and

    external air quality index represented by the number of formed fungi colonies in the

    rainy season was above of the Law standards. Comfort perception was different in

    function of people time of permanence in the internal environment and the poor

    employees qualification has affected the Indoor Air Quality.

    Keywords: Environmental contamination; Indoor air quality; Health; Thermal comfort.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Infogrfico das camadas da atmosfera. ...................................................6

    Figura 2- Poluentes da troposfera e seus impactos ambientais. .............................7

    Figura 3- Sistema de distribuio de ar em um ambiente interno............................9

    Figura 4 - Os plens das gramneas e fungos, principais alrgenos de origem vegetal que participam de quadro de atopia. .............................19

    Figura 5 - Localizao dos prdios das bibliotecas e da estao meteorolgica do IPA em rea prxima (zona microclimtica)...............33

    Figura 6 - Localizao da biblioteca central da UFPE e seu entorno. ....................35 Figura 7- Localizao da biblioteca central do CEFET-PE e seu entorno. ............35 Figura 8 - Coleta do ar interno no acervo da biblioteca do CEFET-PE, foto:

    maro/2008. ...........................................................................................50

    Figura 9 - Coleta do ar externo na biblioteca da UFPE, foto: abril/2008.................51

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 - Dados tratados das observaes e entrevistas nos ambientes

    selecionados das bibliotecas ..................................................................47

    Quadro 2 - Dados tratados das observaes no dia da coleta nos ambientes selecionados das bibliotecas...................................................................48

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Dados meteorolgicos de temperatura e umidade relativa do ar no dia da coleta......................................................................................49

    Tabela 2 - Comparativo entre os padres referenciais do nmero de colnias fngicas formadas em UFC/ m 3 e ndice I/E com os

    dados em campo, nas bibliotecas do CEFET-PE e UFPE,

    Recife-PE - 2008. .................................................................................52

    Tabela 3 - Comparativo entre os padres referenciais fsicos e qumicos e os dados internos medidos nas coletas de maro e abril, nos

    ambientes climatizados das bibliotecas do CEFET-PE e UFPE,

    Recife-PE 2008. ................................................................................55

    Tabela 4 - Respostas dos funcionrios se o ambiente climatizado estava

    confortvel nas coletas de maro e abril, das bibliotecas do

    CEFET-PE e UFPE, Recife-PE 2008. ...............................................61 Tabela 5 - Condies desfavorveis de conforto relatadas pelos

    funcionrios quando a resposta foi negativa quanto

    percepo de conforto e sade, nas coletas de maro e abril,

    nos ambientes climatizados das bibliotecas do CEFET-PE e

    UFPE, Recife-PE -2008. ......................................................................62

    Tabela 6 - Respostas dos alunos do CEFET-PE se o ambiente da biblioteca climatizada estava confortvel, nas coletas de maro e abril,

    Recife-PE -2008. ..................................................................................63

  • LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1 Bioaerosis medidos nas bibliotecas nas coletas de maro e abril. Linha tracejada representa o valor mximo aceitvel

    pelo padro referencial. ...............................................................53

    Grfico 2 ndice de qualidade do ar de ambientes de bibliotecas

    pblicas, nas coletas de maro e abril. Linha tracejada

    representa o valor mximo aceitvel pelo padro

    referencial. ...................................................................................54

    Grfico 3 - Temperaturas medidas nas bibliotecas nas coletas de

    maro e abril. Valores mximo e mnimo referentes aos

    padres referenciais estabelecidos pela ANVISA........................56

    Grfico 4 - Umidade relativa do ar medida nas bibliotecas nas coletas de maro e abril. Valores mximo e mnimo referentes aos

    padres referenciais estabelecidos pela ANVISA........................57

    Grfico 5 Velocidade do ar medida nas bibliotecas nas coletas de

    maro e abril. Valor mximo referente ao padro

    referencial estabelecido pela ANVISA. ........................................58

    Grfico 6 Dixido de carbono em ppm medido nas bibliotecas nas

    coletas de maro e abril. Valor mximo referente ao padro

    referencial estabelecido pela ANVISA. ........................................59 Grfico 7 Quantidade de aerodispersides medidos nas bibliotecas

    nas coletas de maro e abril. Valor mximo referente ao

    padro referencial estabelecido pela ANVISA. ............................60

  • Grfico 8 Temperatura do ar medida nas bibliotecas e a mdia diria no ambiente externo nas coletas de maro e abril ............64

    Grfico 9 Umidade relativa do ar medida nas bibliotecas e a mdia diria no ambiente externo nas coletas de maro e abril....................... 65

  • LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SMBOLOS

    SIGLAS ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ANVISA - Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    ASHRAE- American Society of Heating, Refrigeration and Air Conditioning Engineers

    BRASINDOOR - Sociedade Brasileira de Meio Ambiente e Controle de ar interior

    CETESB - Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental

    CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente

    EPA - Environmental Protection Agency

    FEEMA - Fundao Estadual de Engenharia do Meio Ambiente do Rio de Janeiro

    HVAC - Heating, Ventilation, and Air-Conditioning (Instituto de aquecimento,

    ventilao e ar condicionado).

    IAQ - Indoor Air Quality

    INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia

    INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

    IPA Instituto de Pesquisas Agropecurias de Pernambuco

    NIEHS - National Institute of Environmental Health Sciences

    NIOSH - National Institute of Occupacional Safety and Health

    OSHA - Occupational Safety and Health Administration

    LABTAM Laboratrio de Tecnologia Ambiental

    LAMEPE Laboratrio de Meteorologia de Pernambuco

    PMCO Plano de manuteno, operao e controle

    UFC Unidade de formao de colnias

  • ABREVIATURAS Av. - Avenida

    h - Hora

    N Norte

    PTS - Partculas totais em suspenso

    CO - Monxido de carbono

    CO2 Dixido de carbono

    SMBOLOS m2 Metro quadrado

    m3 Metro cbico

    mm Milmetro

    L/min Litro por minuto

    Pa Presso em pascal

    mm H2O Milmetro de coluna dgua

    C Temperatura em graus Celsius

    mg Miligrama

    h Hora

    min Minuto

    m Metro

    m/s Metro por segundo

    ppm Parte por milho

    m Micrmetro

    g/m3 Micrograma por metro cbico

    mg/m Miligrama por metro cbico

  • SUMRIO

    RESUMO ABSTRACT LISTA DE FIGURAS LISTA DE QUADROS LISTA DE TABELAS LISTA DE GRFICOS LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SMBOLOS

    1. INTRODUO .............................................................................. 01 2. OBJETIVOS ................................................................................. 05 21. Objetivo geral..................................................................................................05

    2.2. Objetivo especfico .........................................................................................05

    3. REVISO BIBLIOGRFICA ........................................................ 06 3.1. Atmosfera .......................................................................................................06

    3.2. Poluio atmosfrica ......................................................................................07

    3.3. Qualidade do ar interior (QAI).........................................................................08

    3.4. Legislao aplicada qualidade do ar interior................................................11

    3.4.1. Parmetros qumico, fsico e biolgico do ar interno...............................................12

    3.5. Equipamentos de climatizao .......................................................................15

    3.6. Filtrao de ar.................................................................................................15

    3.6.1. Tipos de filtros de ar ..........................................................................................................16

    3.7. Tomadas de ar exterior ..................................................................................17

    3.8. Plano de manuteno.....................................................................................18

    3.9. Principais doenas relacionadas com o ar de ambientes internos

    climatizados ....................................................................................................18

    3.10. Bibliotecas ......................................................................................................20

    3.11. Sensao de Conforto Trmico ......................................................................21

  • 3.12. Avaliao da qualidade do ar interior por mtodos qualitativos

    e quantitativos ................................................................................................ 22

    3.12.1 Fases da avaliao da qualidade do ar...........................................................24

    4. MATERIAL E MTODOS ............................................................. 33 4.1. Escolha do local de estudo.............................................................................33 4.2. Caractersticas dos locais de estudo .............................................................34

    4.3. Pesquisa de campo........................................................................................36

    4.4. Mtodos para determinao dos parmetros referenciais de qualidade

    do ar interior, recomendados pela resoluo n9 da ANIVSA de 16 de

    janeiro de 2003 ...............................................................................................39

    4.4.1. Mtodo para concentrao e determinao de bioaerosois: Suspenso

    de microorganismos dispersos no ar............................................................................39

    4.4.2. Mtodo para determinao da concentrao de dixido de carbono

    (CO2) ..............................................................................................................41

    4.4.3. Mtodo para determinao de temperatura, umidade e velocidade do ar........42

    4.4.4. Mtodo para determinao da concentrao de aerodispersoides ...................43

    4.4.5. Tcnicas para entrevista com os usurios..................................................................46 5. RESULTADOS E DISCUSSO .................................................... 47 5.1. Contagem total de fungos ..............................................................................49

    5.2. Parmetros fsicos e qumicos referentes s amostras de ar interno de

    ambientes climatizados...................................................................................55

    5.3. Pesquisa com o pblico dos ambientes internos...........................................61

    5.4. Comparao entre os valores da temperatura e umidade relativa do ar interior encontrados, as condies meteorolgicas e as respostas do questionrio ....................................................................................................64

    6. CONCLUSES ............................................................................. 68

    7. SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................... 69

    8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS . ........................................... 70

  • 9. ANEXOS ....................................................................................... 77 A - Resoluo n 9, de 16 de janeiro de 2003 da ANVISA. Parmetros

    de Qualidade do Ar em Interiores..................................................................................77

    B - Portaria n 3.523, de 28 de agosto de 1998. Regulamento tcnico.............91

    C Condies meteorolgicas no dia da coleta do LAMEPEITEP............... 104

    D Certificado de calibrao da bomba ................................................................... 108 10. APNDICE ..................................................................................109

    A - Questionrio das condies dos ambientes ...........................................109

    B - Questionrio para os funcionrios e alunos ............................................111

    C - Planilha de coleta em campo 1 ..............................................................112

    D - Planilha de coleta em campo 2 ...............................................................113

  • 1

    1. INTRODUO A qualidade do ar em ambientes interiores pode ser compreendida como um

    conjunto de condies ambientais que promova o bem estar e a sade dos

    ocupantes. uma preocupao mundial tendo em vista o aumento populacional, o

    crescimento das cidades e a aglomerao de pessoas em ambientes climatizados

    artificialmente.

    Atualmente, h uma estimativa de que grande parte das pessoas, principalmente em

    ambientes urbanos, passa entre 80 e 90% do seu tempo dentro de edifcios

    (CARMO, 1999).

    Vrios fatores contribuem para a m qualidade do ar interior em ambientes

    condicionados como a presena bactrias e fungos toxicognicos e patognicos,

    ventilao inadequada, falta de manuteno dos equipamentos, falta de renovao e

    exausto do ar, elevado nvel de rudo, deficincia no sistema de filtragem, umidade

    e temperatura fora dos padres de conforto, condies externas desfavorveis de

    capitao do ar, presena de oznio, dixido de carbono e outros gases.

    Os modernos edifcios com sistemas de condicionamento de ar, projetados para

    oferecer o mximo de conforto a seus ocupantes, muitas vezes com arrojados

    projetos arquitetnicos, segundo Costa (2006), podem estar criando um ambiente

    ameaador sade humana. Vrios estudos tm atribudo m qualidade do ar

    interior a incidncia de relatos de queixas entre os ocupantes desses locais, relativas

    a problemas de sade e desconforto ambiental, como elevado nmero de

    absentesmo e insatisfao no trabalho, que acarreta baixa produtividade.

    As condies do meio ambiente externo tambm interferem diretamente na

    qualidade do ar interno, e devem ser previstas na elaborao dos projetos de

    sistemas de ar condicionado.

  • 2

    Os ambientes climatizados so considerados ambientes complexos em virtude da

    infinidade de componentes qumicos (substncias txicas, carcinognicas,

    radioativas) e biolgicos (microrganismos patognicos e toxicognicos) emitidos por

    diversas fontes, e que, dependendo das condies fsicas (umidade do ar,

    temperatura do ar, ventilao inadequada) do ambiente, podem estar interagindo

    entre si. Alm disso, vrios estudos tm evidenciado que o ar interior dos ambientes

    fechados pode ser mais poludo do que o ar exterior, conclui Costa (Ibidem).

    Os elementos climticos e suas combinaes interferem diretamente nas condies

    de conforto de uma edificao e do homem como a radiao solar, temperatura,

    umidade, precipitao, correntes de vento e vegetao. Estas interferncias devem

    estar previstas desde a concepo (projeto) at a manuteno dos sistemas de

    condicionamento do ar.

    Observamos, hoje em dia, que certos grupos de pessoas vivem praticamente em

    ambientes condicionados: na sua casa, no carro, no transporte coletivo, na escola,

    no local de trabalho e por vezes tambm no lazer, como se o ambiente interno

    fizesse parte de sua vida diria, substituindo o ambiente externo.

    Nas regies de clima quente como no Nordeste do Brasil, tornou-se muito difundido

    o uso de condicionadores de ar em ambientes internos, tanto em residncias como

    em ambientes de trabalho ou de estudo, ms sem uma avaliao da qualidade deste

    ar. Esta situao vem causando problemas sade e conforto, pelo fato de no

    sendo satisfatrias as taxas de renovao de ar, por falta de projeto ou de

    concepo de equipamento adequado, o ar viciado recircula no ambiente,

    propiciando a colonizao de microrganismos indesejveis.

    O sistema de ar condicionado tem como objetivo principal propiciar conforto trmico,

    sensao de bem estar e sade para as pessoas nos ambientes internos com o

    controle simultneo da temperatura, umidade, velocidade do ar e pureza do ar e

    atualmente incorporando tambm unidades de tratamento de ar e o controle dos

    nveis de dixido de carbono nos ambientes internos.

  • 3

    No sistema de condicionamento de ar propriamente dito, esto incorporados

    basicamente sistemas de distribuio de ar com dutos, grelhas, dampers e difusores

    para direcionar o ar aos ambientes; ventiladores para movimentao do ar; motores

    eltricos para acionar as peas rotativas; filtros para reter as impurezas;

    componentes eltricos para acionar e controlar os motores; sensores eletrnicos

    para controle e um sistema de refrigerao.

    O sistema de refrigerao atua na reduo da temperatura e umidade do ambiente

    interno na nossa regio e composto pelos seguintes componentes: compressor,

    evaporador, condensador e dispositivo de expanso.

    O compressor acionado por um motor eltrico e pode ser do tipo rotativo,

    centrfugo, alternativo, espiral e parafuso e tem como objetivo bombear um gs

    refrigerante pelo sistema de refrigerao, normalmente constitudo de um composto

    qumico a base de carbono, flor e hidrognio.

    O condensador e evaporador so trocadores de calor e podem ser do tipo tubo e

    aleta, placa, tubo e carcaa e tubo e tubo. No condensador o gs refrigerante libera

    calor e no Evaporador o gs refrigerante absorve calor do ambiente no ciclo frio.

    O dispositivo de expanso o componente que provoca a queda de presso e

    temperatura do gs refrigerante para que ele absorva o calor do ambiente interno no

    evaporador. Pode ser do tipo tubo capilar, vlvula de expanso termosttica,

    automtica, eltrica e eletrnica.

    Sendo o ciclo de refrigerao descrito por esses componentes o caminho seguido,

    tomando como referencial de partida o compressor inicia pelo gs refrigerante

    bombeado no estado de vapor a alta presso e temperatura pelo compressor para o

    condensador, que libera o calor e transforma em liquido a alta presso em seguida

    vai para o dispositivo de expanso que provoca sua queda de presso e

    temperatura para o evaporador na forma de lquido e vapor, no evaporador ele

    absorve o calor do ambiente interno e depois ser succionado pelo compressor no

    estado de vapor para comear um novo ciclo.

  • 4

    Os sistemas de condicionamento do ar necessitam de controle e manuteno

    constante para o seu funcionamento, em face disto, padres de referenciais foram

    estabelecidos para ambientes internos visando qualidade do ar interior.

    Trata-se de um trabalho pioneiro no qual vrios aspectos da qualidade do ar interior

    so observados em Bibliotecas Pblicas da cidade do Recife-PE desde a relao

    com o ambiente externo, sensao de conforto, sade dos ocupantes e manuteno

    dos equipamentos de ar condicionado.

    Segundo NOGUEIRA, 2005 apud ASHRAE, LAMBERTS et al. (1997) o conforto

    trmico definido como um estado de esprito que reflete satisfao com o ambiente

    trmico que envolve a pessoa.

    A sade do trabalhador, segundo a lei n Lei Federal de Sade n 8.080/90, no seu

    artigo 6, descrita como sendo um conjunto de atividades que se destina, atravs

    das aes de vigilncia epidemiolgica e sanitria, promoo e proteo da sade,

    assim como visa recuperao e a reabilitao da sade dos trabalhadores

    submetidos aos riscos e agravos advindos das condies de trabalho.

    Alguns pressupostos podem ser feitos: As condies externas de temperatura e

    umidade relativa so diferentes com relao s internas? As bibliotecas estudadas

    esto dentro das normas especficas atuais de qualidade do ar interior? Existe

    correspondncia da opinio do pblico das bibliotecas em seus diversos setores

    com os padres mximos e mnimos estabelecidos pelos parmetros nacionais de

    qualidade do ar interior?

    Este trabalho aplica as normas de qualidade do ar em interiores, estabelecidas pela

    ANVISA, nos seus aspectos biolgicos, fsicos e qumicos, na melhoria do ar interior

    de bibliotecas da Regio Metropolitana do Recife, verificando os pontos crticos dos

    sistemas empregados e sua relao com os ocupantes do recinto, a manuteno

    dos equipamentos e o meio ambiente externo.

  • 5

    2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo geral - Avaliar a qualidade do ar interior de dois ambientes climatizados de duas

    bibliotecas pblicas centrais da cidade do Recife-PE.

    2.2. Objetivos especficos

    - Comparar os resultados das amostras de ar interno e externo com os valores

    estabelecidos na Resoluo n 9, de 16 de janeiro de 2003, da Agncia Nacional de

    Vigilncia Sanitria (ANVISA).

    - Identificar as condies meteorolgicas e de manuteno dos equipamentos no

    momento da coleta.

    - Verificar a opinio do pblico quanto qualidade do ar interior no momento da

    coleta.

  • 6

    3. REVISO BIBLIOGRFICA 3.1. Atmosfera Segundo Rocha (2004, p.66) todos os mecanismos criados pela atmosfera para

    fazer com que fique limpa de composto indesejveis, para que distribua compostos

    essenciais para a vida ou de controle trmico, hoje sofrem intensas interferncias

    humanas.

    A figura 1 mostra as camadas da atmosfera relacionando a altitude e temperatura.

    Figura 1. Infogrfico das camadas da atmosfera. Fonte: http://www.mundofisico.Joinville.Udesc.br/index.php?idSecao=8&idSubSecao=&idTexto=160

    http://www.mundofisico.joinville.udesc.br/index.php?idSecao=8&idSubSecao=&idTexto=160

  • 7

    3.2. Poluio atmosfrica Entende-se como poluente atmosfrico qualquer forma de matria ou energia com

    intensidade e quantidade, concentrao, tempo ou caractersticas em desacordo

    com os nveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar: imprprio, nocivo

    ou ofensivo sade; inconveniente ao bem-estar pblico; danoso aos materiais,

    fauna e flora; prejudicial segurana, ao uso e gozo da propriedade e as atividades

    normais da comunidade (CONAMA, 2003). A figura 2 ilustra alguns desses

    poluentes.

    Figura 2. Poluentes da troposfera e seus impactos ambientais. Fonte: http://uemeai.wordpress.com

    Seguindo a mesma orientao, Costa (2005), salienta que os elementos climticos

    tm uma forte influncia no processo de transporte e disperso de poluentes.

  • 8

    Um fenmeno importante e bastante conhecido nas grandes cidades o efeito das ilhas de calor. O ar quente tende a se concentrar numa determinada regio da cidade, que geralmente a mais urbanizada e adensada, carregando com ele os poluentes. Nesta rea o ar se expande, fluindo para reas externas onde resfriado e precipita. O ar mais frio que se move de reas marginais em direo ao centro da cidade para substituir o ar que se expande, carreia os poluentes, constituindo um sistema circulatrio (COSTA, 2005).

    Os padres de qualidade do ar externo definem legalmente o limite mximo para a

    concentrao de um poluente na atmosfera, que garanta a proteo da sade e do

    meio ambiente. Os padres de qualidade do ar so baseados em estudos cientficos

    dos efeitos produzidos por poluentes especficos e so fixados em nveis que

    possam propiciar uma margem de segurana adequada (CETESB, 2003).

    Os padres nacionais foram estabelecidos pelo IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio

    Ambiente e aprovados pelo CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente, por

    meio da Resoluo CONAMA 03/90.

    Por conseguinte, eles interferem no somente na qualidade do ar interior, mas

    tambm nas condies de conforto, j que as ocorrncias de temperaturas

    extremas, correntes de ar e umidade inadequada so aspectos importantes para a

    sensao de conforto trmico (COSTA, 2005).

    3.3. Qualidade do ar interior (QAI) A qualidade do ar interior o conjunto de propriedades fsicas, qumicas e biolgicas

    do ar que no apresentem agravos sade humana (ANVISA, 2003).

    As normas da ABNT NBR-14644 -1 sobre salas limpas e ambientes controlados

    associados, a NBR 6401 sobre instalaes centrais de ar condicionado para conforto

    - Parmetros Bsicos de Projeto, a Resoluo - RE n 9, de 16 de janeiro de 2003

    da ANVISA sobre Padres Referenciais de Qualidade do Ar em Interiores e a

    Resoluo do CONAMA N 003, de 28 de junho de 1990, sobre padres de

    qualidade do ar, foram de extrema importncia para a pesquisa (Anexo-A).

  • 9

    A qualidade do meio afeta direta e indiretamente o bem-estar, o temperamento e o

    rendimento das pessoas quando desenvolvem suas atividades fica alterado. A

    impresso geral que os ocupantes tm de seu prprio ambiente far com que se

    sintam confortveis e aceitem o espao, o que trar repercusses positivas sade

    e produtividade. (SANTOS, 2001).

    1 3 5 10

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 Figura 3. Sistema de distribuio de ar em um ambiente interno. 1- Veneziana de Ar Exterior, 2- Filtro de Ar, 3- Damper de Regulagem, 4- Filtro de Bolsas, 5-

    Ventilador, 6- Serpentina de pr-aquecimento, 7- Serpentina de resfriamento, 8- Umidificador com eliminador de gotas, 9- Serpentina de aquecimento, 10- Atenuador, de rudo, 11- Damper corta-fogo, 12- Caixa de volume varivel, 13- Difusor de teto, 14- Grelha de retorno.

    Fonte:Trox do Brasil, 2003

    Segundo Costa (2005, apud FANGER, 2000), precisa-se de uma mudana de

    paradigma nesse novo sculo, visando a excelncia no ambiente interno. O objetivo

    dos projetistas, enquanto pessoas que promovem a construo e renovao das

  • 10

    cidades, devem ser de fornecer ar interno que seja percebido como fresco e

    estimulante, com efeitos positivos sobre a sade humana, e o ambiente trmico

    percebido como confortvel por quase todos os usurios. Isto refora que a

    qualidade do ar interior e o conforto trmico devem andar juntos na excelncia do

    ambiente interno.

    O relatrio da EPA sobre qualidade do ar em interiores listou 73 (setenta e trs)

    poluentes do meio interno ainda que no necessariamente presentes nos edifcios

    em nveis de concentrao txica. Destas 73 substncias, 38 (trinta e oito) provm

    de materiais de construo e equipamentos, 16 (dezesseis) da evaporao dgua

    potvel, 12 (doze) da contaminao do ar externo, 8(oito) da fumaa de cigarro e 9

    (nove) da fumaa de veculos estacionados em garagens. (STERLING, 2008).

    Assim, em meados da dcada de 70 e incio da dcada de 80, surge a expresso

    sndrome dos edifcios doentes (Sick Building Syndrome), referindo-se relao de

    causa e efeito entre as condies ambientais observadas em reas internas com

    reduo da renovao do ar e os vrios nveis de agresso sade de seus

    ocupantes (AFONSO et al 2006 apud STERLING et al, 1991).

    Santos (2001) ainda diz que a tentativa de se proteger da poluio externa, muitas

    vezes derrotada pela poluio interna. O controle da poluio externa pode ser

    resolvido de forma coletiva, pois afeta toda a cidade e no s os trabalhadores de

    um edifcio.

    Segundo o texto sobre qualidade do ar interior (IAQH,2003) os critrios para

    determinar a qualidade do ar interior podem ser separados em duas categorias:

    conforto e sade. O conforto uma forma de medir a satisfao do indivduo que

    pode afetar a concentrao e a produtividade e um fenmeno que tanto fsico

    como psicolgico e varia muito de pessoa para pessoa e dficil quantificar

    diferentemente das questes relacionadas a sade dos ocupantes.

    Edifcios fechados criam um ambiente interno ainda pouco estudado e que pode ser

    hostil a seus ocupantes. No h uma soluo nica e simples para este problema

  • 11

    devido a multicausalidade dos eventos que levam a reaes fisiolgicas

    diferenciadas nos ocupantes de edifcios fechados. Uma adequada ventilao e

    suprimento de ar fresco elimina ou minimiza muita das irritaes em olhos, nariz,

    garganta e pele, que so causadas por substncias qumicas presentes no ar

    provenientes do meio interno e externo. Porm, uma ventilao adequada atinge

    nveis de pureza do ar dependente da qualidade do ar externo (STERLING et al.,

    2008).

    3.4. Legislao aplicada qualidade do ar interior A Resoluo n 9, de 16 de janeiro de 2003 que fixou os padres referenciais de

    qualidade do ar interior em ambientes climatizados artificialmente de uso comum

    complementa as medidas bsicas definidas na portaria GM/MS n 3523/98, de 28 de

    agosto de 1998, sobre manuteno de sistemas de ar condicionado. Segundo esta

    resoluo os parmetros, biolgicos, fsicos e qumicos dizem respeito a

    microorganismos (fungos), temperatura, umidade, velocidade do ar, nveis mximos

    de dixido de carbono referenciados pela taxa de renovao de ar e

    aerodispersides totais como indicador do grau de pureza (ANVISA, 2003).

    A ANVISA recomenda que os proprietrios, locatrios e prepostos de

    estabelecimentos com ambientes ou conjunto de ambientes dotados de sistemas de

    climatizao com capacidade igual ou superior a 5 TR (15.000 kcal/h = 60.000

    BTU/h) (Anexo-B), devam manter um responsvel tcnico atendendo ao

    determinado na Portaria GM/MS n 3523/98, alm de desenvolver as seguintes

    atribuies:

    a) Providenciar a avaliao biolgica, qumica e fsica das condies do ar interior

    dos ambientes climatizados;

    b) Promover a correo das condies encontradas, quando necessria, para que

    estas atendam ao estabelecido no Art. 4 da Resoluo n 9;

    c) Manter disponvel o registro das avaliaes e correes realizadas;

    d) Divulgar aos ocupantes dos ambientes climatizados os procedimentos e

    resultados das atividades de avaliao, correo e manuteno.

  • 12

    Apesar da relevncia dessa resoluo, parmetros imprescindveis no

    estabelecimento de medidas de controle de riscos sade, como os compostos

    orgnicos volteis, formaldedos, monxido de carbono, radnio, oznio, bactrias

    no foram contempladas, mas apenas alguns de seus indicadores (partculas em

    suspenso, dixido de carbono e temperatura, entre outros) (COSTA, 2006).

    3.4.1. Parmetros qumico, fsico e biolgico do ar interno. Parmetros qumicos: O dixido de carbono segundo Costa (2006) um gs incolor, inodoro e no

    inflamvel, produzido pela combusto completa de combustveis fsseis e processos

    metablicos. Apesar de considerado como relativamente atxico, o CO2 controla as

    taxas de respirao de uma pessoa, fazendo-a sentir sufocada conforme cresce sua

    concentrao.

    A concentrao interna do dixido de carbono depende dos nveis externos deste

    gs e da sua taxa de produo dentro do estabelecimento e um bom indicador do

    nvel de ventilao e renovao do ar interior (INMETRO, 2007).

    Parmetros fsicos: De acordo com Pereira et al. apud Costa, 2006, a temperatura do ar um ndice que

    expressa a quantidade de calor sensvel de um corpo, sendo um dos efeitos mais

    importantes da radiao solar.

    Costa, 2005 (apud FANGER, 2000), ressalta o papel da temperatura e umidade na

    qualidade do ar interior e alega que necessrio fornecer ar seco e fresco as

    pessoas. Segundo o autor, estudos da Universidade Tcnica da Dinamarca tm

    demonstrado que a qualidade do ar percebida fortemente influenciada pela

    temperatura e umidade do ar que inalamos. Eles mostram que o efeito local da

    temperatura e da umidade do ar sobre o intervalo respiratrio, portanto sobre a

  • 13

    qualidade do ar percebida, um juzo de valor mais profundo do que as sensaes

    trmicas do corpo inteiro.

    As medies da temperatura, umidade relativa e velocidade do ar tm por objetivo

    verificar o nvel de conforto proporcionado pelo ambiente aos seus ocupantes. O no

    atendimento aos critrios da legislao indica que, alm do desconforto, o ambiente

    torna-se ainda mais favorvel proliferao de fungos e outros poluentes biolgicos,

    alm do aumento das concentraes de poluentes qumicos (INMETRO, 2007).

    Parmetros biolgicos:

    Os fungos so organismos ubquos encontrados em vegetais, animais, homem,

    detritos, gua, ar e, em abundncia no solo, sendo participantes ativos do ciclo dos

    elementos na natureza. Sua disperso feita por animais, homem, insetos, gua e,

    principalmente, pelo ar atmosfrico, atravs dos ventos. O ciclo de vida dos fungos

    inicia-se a partir de propgulos ou esporos gerados de forma sexual ou assexual.

    Estas unidades apresentam morfologia bastante variada, fator importante para a

    taxonomia, bem como a disposio dos esporos, as caractersticas do esporforo e

    a presena de ornamentaes e outras modificaes especiais das hifas. Os fungos

    crescem em meios de cultura especiais, podendo formar colnias de dois tipos:

    leveduriformes ou filamentosas. As colnias leveduriformes so de modo geral

    pastosas ou mucides, caracterizando o grupo das leveduras ou dos dimrficos

    leveduriformes. As colnias filamentosas, caractersticas dos bolores, podem

    apresentar-se cotonosas, aveludadas ou pulverulentas e com os mais variados tipos

    pigmentares. Muitos fungos apresentam a capacidade de infectar o homem

    (BERNARDI, 2005).

  • 14

    Segundo Mezzari (2003) sobejamente conhecido que elementos presentes no ar

    atmosfrico sofrem influncia de fatores climticos, como regime de ventos, chuvas,

    temperatura, grau de insolao, presena de terras devolutas, etc; e tambm de

    fatores associados urbanizao, como presena de prdios, poluio automotiva e

    industrial, entre outros. A exposio a fungos dentro de moradias depende da

    presena destes microorganismos no ar atmosfrico e das condies do ambiente

    interno como ventilao, umidade, presena de carpetes, animais e plantas.

    Mezzari (2003) tambm afirma que os fungos dispersam-se na natureza atravs do

    ar atmosfrico ou por outras vias como gua, insetos, homem e animais. Os fungos

    que so dispersos atravs do ar atmosfrico so denominados fungos anemfilos.

    Sendo assim, a microbiota fngica anemfila pode ser semelhante ou diferente em

    cada cidade ou regio. Os elementos fngicos que so encontrados no ar

    atmosfrico so os esporos (propgulos). So aeroalrgenos que, quando inalados,

    podem ser responsveis por manifestaes respiratrias alrgicas, como asma e

    rinite.

    Os fungos esto presentes no dia-a-dia e em todos os lugares, basta ter as

    condies favorveis para seu desenvolvimento e neste sentido Cuc (1993) afirma

    que a flora fngica anemfila bastante rica e sua existncia em determinado

    ambiente sofre variaes amplas diretamente relacionadas com fatores diversos

    como poca do ano, temperatura atmosfrica, umidade relativa do ar, variaes

    sazonais, mtodos de anti-sepsia e desinfeco dos ambientes, fluxo de trnsito

    humano local.

    Os fungos apresentam variaes muito amplas em sua incidncia, de acordo com a

    estao do ano, temperatura, umidade relativa do ar, hora do dia, velocidade e

    direo dos ventos, presena de atividade humana e tipo de climatizao dos

    ambientes (MARTINS-DINIZ, 2005).

    A identificao desses fungos complexa e precisa de um estudo detalhado dos

    esporos e outras microestruturas morfolgicas. Para isso boas preparaes

    microscpicas so essenciais. No entanto, muitas vezes difcil de se realizar,

  • 15

    especialmente quando se trata de culturas de fungos que possuem esporos

    delicados, que so facilmente perturbados aps remoo e sua posterior

    transferncia para o microscpio (NUGENT, 2006).

    3.5. Equipamentos de climatizao Segundo a Springer-Carrier (2007), fabricante de equipamentos de ar condicionado,

    os sistemas de ar condicionado podem ser:

    Quanto ao tipo de expanso direta:

    - Ar condicionado de janela

    - Sistema dividido (Split-system)

    - Alto suficiente (Self-contained)

    Quanto ao tipo de expanso indireta:

    - Resfriadores de gua (water chiller)

    Quanto aos ciclos evaporativos podem ser:

    - Refrigerao mecnica

    - Absoro de uma soluo

    Quanto distribuio de ar no ambiente podem ser:

    - Direta

    - Redes de dutos com grelhas e difusores

    3.6. Filtrao de ar O objetivo da filtrao reter as impurezas presentes no ar. Segundo a Agncia de

    Proteo Ambiental dos Estados Unidos (US-EPA) para se manter o ar interior de

    ambientes climatizados em relao ao exterior das grandes cidades com pouco

    material particulado em suspenso e poluentes externos recomendado utilizao

  • 16

    de filtros de ar e uma presso positiva atravs de um sistema de ventilao

    mecnica.

    Tanto o ar recirculado como o ar exterior captado, devem ser filtrados antes de

    circularem pelo ambiente interno.

    Material particulado o termo utilizado para designar uma mistura fsica e qumica de diversas substncias presentes em suspenso no ar como slidos ou sob a forma lquida (gotculas, aerossol). Dentre os inmeros poluentes normalmente encontrados no interior das edificaes, os particulados representam a forma mais visvel de poluio e para sua deteco no exigem instrumentao com grande nvel tecnolgico. A matria particulada total designada pelo termo matria particulada em suspenso, sendo a matria particulada inalvel somente aquelas que so pequenas o bastante para passar pelas vias areas superiores e alcanar os pulmes (CARMO, 1999).

    3.6.1. Tipos de filtros de ar Segundo a TROX (2003), os filtros de ar podem ser classificados conforme abaixo:

    - Filtros rotativos automticos;

    - Filtros planos;

    - Filtros de absoro; - Filtros de bolsas; - Filtros absolutos.

    As mantas e bolsas filtrantes so constitudas pelos seguintes materiais:

    - Manta filtrante em fibra de vidro; - Manta filtrante tipo bolsa com meio filtrante em fibra de vidro ou fibra sinttica; - Manta descartvel em fibra sinttica antimicrobiana; - Bolsa em fibras sintticas antimicrobiana; - Filtro de carvo ativado.

  • 17

    3.7. Tomadas de ar exterior Segundo pesquisa do NIOSH quanto qualidade do ar interior, em 53% dos

    edifcios foi detectado ventilao inadequada. As causas da ventilao inadequada

    foram insuficincia de ar exterior, m distribuio e mistura de ar, presses

    diferentes do ar entre escritrios, temperaturas inadequadas, flutuaes extremas de

    umidade relativa, filtrao do ar deficiente e pssima manuteno dos sistemas de

    ventilao (Oliver & Shackleton, 1998).

    Afonso (2004), afirmou que a diminuio da renovao de ar interno em face da

    crise do petrleo na dcada de 70, para economia de energia, associada mudana

    dos tipos de materiais de revestimento, bem como a presena cada vez maior de

    solventes volteis utilizados em materiais de limpeza e em alguns artigos de

    escritrio, levaram a diminuio da umidade relativa interna, vem diminuindo a

    concentrao de oxignio e como conseqncia leso nas vias respiratrias,

    mucosas e pele (apud BASENGE, 2001, SIQUEIRA 2000, SIQUEIRA & DANTAS,

    1999).

    preciso ter cuidado na captao do ar exterior para ambientes condicionados,

    importante a anlise deste ar para evitar a contaminao do ar interno.

    O ar externo de extrema importncia na qualidade do ar interno. Se o ar exterior

    no for de boa qualidade afetar a qualidade do ar interior. O ar externo deve ser

    limpo atravs dos equipamentos de ventilao e do sistema de filtrao, antes de

    entrar no ambiente fechado (BRICKUS, 1999).

    O ar externo em uma edificao entra e sai por infiltrao atravs das frestas de

    portas e janelas, abertura da porta; ventilao natural e ventilao mecnica,

    foradores de ar (ventiladores). Quando tem pouca troca os nveis de poluentes

    geralmente aumentam (EPA, 2008).

    Para Costa (2005 apud Carmo e Prado (1999)), a ventilao mais que isso, uma

    vez que a combinao de processos que resulta no s do fornecimento de ar

    externo, mas tambm da retirada de ar viciado dentro de um edifcio. Este processo

  • 18

    envolve normalmente a entrada de ar externo, mistura do ar por todas as partes do

    edifcio e por fim a exausto de uma parcela do ar interno.

    3.8. Plano de manuteno O Plano de manuteno de extrema importncia e nele deve conter a identificao

    do estabelecimento que possui ambientes climatizados, a descrio das atividades a

    serem desenvolvidas, a periodicidade das mesmas, as recomendaes a serem

    adotadas em situaes de falha do equipamento e de emergncia (ANVISA, 1998).

    A degradao e a falta de manuteno do sistema de ventilao podem tornar a

    qualidade do ar imprpria devido contaminao por agentes biolgicos, taxas de

    troca e filtragem do ar inadequada e perda do controle dos parmetros trmicos

    (OLIVER & SHACKLETON, 1998).

    As inspees das Vigilncias Sanitrias locais esto incumbidas de verificar a

    adequao das condies de limpeza, manuteno, operao e controle dos

    sistemas de climatizao a partir de procedimentos pr-definidos e registrados no

    chamado Plano de Manuteno, Operao e Controle PMOC (Anexo B), cuja

    elaborao e implantao so de responsabilidade de um profissional com

    competncia tcnica comprovada de acordo com a Portaria n 3.523, que diz: todo

    estabelecimento de uso pblico e coletivo, climatizado artificialmente, deve possuir

    um PMOC e este deve ser mantido disponvel no imvel (INMETRO, 2007).

    3.9. Principais doenas relacionadas com o ar de ambientes internos climatizados. Vrios aeroalrgenos, dentre eles os plens, podem desencadear a asma. Devido

    ao seu pequeno tamanho, abundante produo e distribuio onipresente, os plens

    representam uma causa importante de doena alrgica sazonal, incluindo tambm, a

    rinite alrgica (FILHO, 2007), conforme ilustrao da figura 4.

  • 19

    Figura. 4. Os plens das gramneas e fungos, principais alrgenos de origem vegetal que participam de quadro de atopia Fonte: http://www.asmabronquica.com.br/PDF/tipos_de_asma_asma_sazonal.pdf A grande quantidade de fungos anemfilos como agentes poluidores do ambiente,

    principalmente nas bibliotecas universitrias, tem importncia na etiologia de

    doenas respiratrias de natureza alrgica e como oportunistas responsveis por

    diferentes quadros clnicos de micoses (MENEZES, 2006). Segundo ainda Menezes os processos alrgicos como rinite, asma alrgica, alveolite

    alrgica extrnseca, sinusite alrgica, bem como micoses pulmonares clinicamente

    definidas, so algumas das manifestaes eventualmente provocadas pela

    microbiota fngica.

    Outros aeroalrgenos que podem precipitar ou exacerbar a asma so os esporos de

    fungos (mofo ou bolor) reconhecidos como causadores de sensibilizao atpica.

    Sua presena pode variar em funo da regio geogrfica e condies climticas

    (temperatura/umidade). Os fungos tendem a ser alrgenos sazonais em zonas

    temperadas, onde alguns fungos esporulam no calor, em dias secos de vero,

    enquanto que outros preferem a estao das chuvas. No interior das casas so

    encontrados principalmente em ambientes quentes, midos e pouco ventilados

    (FILHO, 2007).

    A diminuio da umidade relativa do ar desencadeia ressecamento da pele e

    mucosas, especialmente do trato respiratrio, bem como uma srie de outros sinais

    e sintomas.

    http://www.asmabronquica.com.br/PDF/tipos_de_asma_asma_sazonal.pdf

  • 20

    A ANVISA em sua Resoluo n 9 recomenda a anlise de bioaerosol, suspenso

    de microorganismos (organismos viveis) dispersos no ar em ambientes interiores

    com o objetivo de pesquisa, monitoramento e controle ambiental das possveis

    colonizao, multiplicao e disseminao de fungos.

    3.10. Bibliotecas De maneira mais abrangente, segundo a wikipedia, 2008, biblioteca todo espao

    (concreto, virtual ou hbrido) destinado a uma coleo de informaes de quaisquer

    tipos, sejam escritas em folhas de papel (livros,monografias, enciclopdias,

    dicionrios, revistas, jornais, manuais, etc) ou ainda digitalizadas e armazenadas em

    outros tipos de materiais, tais como CD, fitas, VHS, DVD e bancos de dados.

    As bibliotecas podem ser pblicas ou particulares. Nas bibliotecas pblicas o acesso

    aos livros costuma ser gratuito e muitas vezes possvel emprestar livros por um

    determinado tempo, dependendo da poltica definida, que varia de acordo com o tipo

    de obra. As bibliotecas pblicas so locais que propiciam comunidade acesso a

    informaes que de alguma forma so teis e ajudam a desenvolver a sociedade.

    No contexto atual, muitas bibliotecas buscam oferecer infraestrutura para incluso

    digital.

    As biliotecas particulares podem ser mantidas por instituies de ensino privadas,

    fundaes, instituies de pesquisa ou grandes colecionadores. Algumas delas

    permitem acesso a sua coleo, permitindo a pesquisadores, estudantes ou

    interessados o acesso as informaes armazenadas em suas dependncias.

    Normalmente, as colees de livros nas bibliotecas so classificadas, de modo a

    facilitar a localizao e consulta por parte dos usurios. A classificao pode

    obedecer diversos critrios, sendo mais comum a classificao por assuntos, e

    dentro do mesmo assunto, por nome do autor (alfabeticamente).

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Virtualhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Monografiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Enciclop%C3%A9diahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Dicion%C3%A1riohttp://pt.wikipedia.org/wiki/CDhttp://pt.wikipedia.org/wiki/VHShttp://pt.wikipedia.org/wiki/DVDhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Banco_de_dadoshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bibliotecas_p%C3%BAblicashttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bibliotecas_p%C3%BAblicashttp://pt.wikipedia.org/wiki/Inclus%C3%A3o_digitalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Inclus%C3%A3o_digitalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ensinohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Funda%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Pesquisahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Usu%C3%A1rioshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Autor

  • 21

    As bibliotecas centrais pblicas universitarias esto a servio dos estudantes, do

    pblico em geral e do pessoal docente. Correspondem unidade de informao de

    uma Universidade, pelo que as suas colees refletem as matrias lecionadas nos

    cursos e as reas de investigao da instituio. A documentao sobretudo de

    carcter cientfico e tcnico, que permanentemente atualizada, atravs da

    aquisio frequente de um grande nmero de publicaes de peridicos em papel

    ou electrnico. A seleco da documentao feita essencialmente pelos diretores

    de cada departamento da Universidade e no tanto pelo bibliotecrio. Estas

    Instituies tm como objetivos principais: apoiar o ensino e a investigao; dar um

    tratamento tcnico aprofundado aos documentos, nomeadamente ao nvel da

    indexao e atualizar constantemente os acervos documentais. As bibliotecas pblicas contam com um grande acervo de livros, peridicos, revistas

    salo de estudos, salas de triagem, recepo e documentao e fluxo de pessoas

    continuo. A poeira em livros comum, portanto, existem trabalhos que fazem a

    identificao dos fungos que podem desencadear crise alrgica (MENEZES, 2006

    apud GAMBALE, 1993).

    3.11. Sensao de Conforto Trmico A percepo da qualidade do ar resulta tambm da ao conjunta de fatores

    determinantes do grau de poluio do ambiente e por meio das caractersticas

    fisiolgicas, psicolgicas e comportamentais de cada pessoa em um determinado

    local que tambm tem relao com a sensao de conforto (COSTA, 2005).

    As questes relacionadas qualidade do ar de interiores no devem ser tratadas

    linearmente e solucionadas por simples equaes matemticas. necessrio o

    envolvimento dos diferentes atores da sociedade e dos servios de sade pblica,

    com base no reconhecimento da incerteza, diante da complexidade e da relevncia

    que envolve a temtica, no sentido de contribuir para a avaliao e o gerenciamento

    das complexas interaes do homem, com suas tecnologias e seus ambientes.

    (COSTA, 2006).

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Universidadehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Documenta%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bibliotec%C3%A1riohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Indexa%C3%A7%C3%A3o

  • 22

    3.12. Avaliao da qualidade do ar interior por mtodos qualitativos e quantitativos

    freqente se adotar uma combinao de anlise quantitativa e qualitativa quando

    se trata de uma avaliao mais complexa, aspectos que se complementam nos

    trabalhos de pesquisa (VIANNA, 2004).

    Alguns pesquisadores criticam o fato de se adotar um procedimento

    predominantemente quantitativo para explicar fenmenos psicolgicos e sociais

    complexos. E se reconhece ainda que a inter-relao real dos componentes de um

    modelo nem sempre pode ser amplamente explicada por meio de esquemas

    estatsticos (RICHARDSON, 1999).

    Os dados qualitativos nesta avaliao so caracteristicamente multimetodologicos,

    isto , usam uma grande variedade de procedimentos e instrumentos de coleta de

    dados (ALVES-MAZZOTTI, 2006).

    A investigao qualitativa requer como atitudes fundamentais a abertura, a

    flexibilidade, a capacidade de observao e de interao com o grupo de

    investigadores e com os atores sociais envolvidos (MINAYO, 2006).

    Quando se quantifica, apresenta limitao ao tentar explicitar alguns problemas

    complexos (RICHARDSON, 1999).

    Por outro lado, a natureza ou o nvel de complexidade em que alguns dados se

    situam torna-os quase impossvel de serem apresentados com exatido e a prpria

    medida, em si, relativa, fortalecendo uso de mtodos qualitativos (RICHARDSON,

    1999).

    Ao contrrio do que ocorrem com as pesquisas quantitativas, as investigaes

    qualitativas, por sua diversidade e flexibilidade, no admitem regras precisas,

    aplicveis a uma ampla gama de casos (ALVES-MAZZOTTI, 2006).

  • 23

    O foco e o design devem, ento, emergir, por um processo de induo, do

    conhecimento do contexto e das mltiplas realidades construdas pelos participantes

    em suas influncias recprocas (ALVES-MAZZOTTI, 2006).

    O objetivo desta avaliao so os seres humanos com suas crenas, prticas,

    interaes e no a explicao simples de um fenmeno conforme determinadas leis

    cientficas (RICHARDSON, 1999).

    Numa abordagem qualitativa, seu critrio no numrico. Podemos considerar que

    uma amostra ideal aquela capaz de refletir a totalidade nas suas mltiplas

    dimenses (MINAYO, 2006).

    Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a

    complexidade de determinado problema, analisar a interao de certas variveis,

    compreender e classificar processos dinmicos vividos por grupos sociais e

    ambientais, contribuir no processo de mudana de determinado grupo e possibilitar,

    em maior nvel de profundidade, o entendimento das particularidades do

    comportamento dos indivduos e do meio ambiente (RICHARDSON, 1999).

    com base nessas concepes sobre personalidade e percepo que os dados

    qualitativos viabilizam uma anlise global, relacionando o indivduo com a sociedade

    (RICHARDSON, 1999).

    A pesquisa qualitativa visa tambm criar indagaes a serem verificadas na

    investigao, encarado como uma formulao de pressupostos ou de questes

    (MINAYO, 2002).

    A natureza mais aberta e interativa de um trabalho qualitativo que envolve

    observao participante permite que o investigador combine o fazer de confirmar ou

    infirmar hipteses com as vantagens de uma abordagem no-estruturada.

    Na concepo naturalista-ecolgica que afirma ser o comportamento humano

    significativamente influenciado pelo contexto em que se situa, qualquer tipo de

    pesquisa que desloca o indivduo do seu ambiente natural est negando a influncia

  • 24

    dessas foras contextuais e em conseqncia deixa de compreender o fenmeno

    estudado em sua totalidade (LUDKE, 1998).

    O pressuposto qualitativo-fenomenolgico determina ser quase impossvel entender

    o comportamento humano sem tentar entender o quadro referencial dentro do quais

    os indivduos interpretam seus pensamentos, sentimentos e aes (LUDKE, 1998).

    O fato de uma pesquisa se propor compreenso de uma realidade especfica,

    ideogrfica, cujos significados so vinculados a um dado contexto, no a exime de

    contribuir para a produo do conhecimento (ALVES-MAZZOTTI, 2006).

    Vrias tcnicas de abordagem para o estudo qualitativo devem ser empregadas

    quando os fatos reais forem complexos (VIANNA, 2004).

    As pesquisas qualitativas se baseiam em uma outra lgica. Inicialmente, vale

    lembrar que elas raramente trabalham com amostras representativas, dando

    preferncia a formatos etnogrficos ou de estudo de caso, nos quais os sujeitos so

    escolhidos de forma proposital, em funo de suas caractersticas ou do

    conhecimento que detm sobre as questes de interesse da pesquisa (ALVES-

    MAZZOTTI, 2006).

    3.12.1 Fases da avaliao da qualidade do ar

    Exploratria e teste O controle exercido por um pesquisador, quando entra na rea social, sobre as

    variveis pesquisadas, de natureza inteiramente simblica, sendo mantidos

    constantes, como afirma Bailey (1994), os valores dos grupos (VIANNA, 2004).

    Pesquisas qualitativas se propem a preencher lacunas no conhecimento, da serem

    essas pesquisas freqentemente definidas como descritivas ou exploratrias. Essas

    lacunas geralmente se referem compreenso de processos que ocorrem em uma

    dada instituio, grupo ou comunidade (ALVES-MAZZOTTI, 2006).

  • 25

    As variveis no podem ser submetidas a controle rgido, ou melhor, manipuladas

    como nas pesquisas experimentais (RICHARDSON, 1999).

    Com relao a particularidades que dizem respeito aos problemas mencionados,

    ressalta-se que a dimenso qualitativa que envolve tais problemas no permite

    apenas tratamento exclusivamente estatstico, mas um tratamento de carter

    qualitativo no qual tanto o comportamento como as atitudes dos indivduos so

    analisadas num contexto mais amplo, para aprofundar a explicao das relaes

    descobertas (RICHARDSON, 1999).

    Dada importncia atribuda ao contexto nas pesquisas qualitativas, recomenda-se,

    como vimos, que a investigao focalizada seja precedida por um perodo

    exploratrio. Este, por sua vez, antecedida por uma fase de negociaes para

    obter acesso ao campo (ALVES-MAZZOTTI, 2006).

    Vale lembrar que, uma vez elaborado o instrumento a ser usado na coleta de dados,

    aconselhvel test-lo antes de sua utilizao definitiva. Passar por um momento

    de teste, aplicando o instrumento em situaes similares e realizando a anlise dos

    dados coletados, pode sugerir reformulaes e complementaes (MOROZ, 2006).

    O processo de investigao prev idas ao campo antes do trabalho mais intensivo, o

    que permite fluir por uma rede de relaes e possveis correes dos instrumentos

    de coleta de dados (MINAYO, 2006).

    Pode-se tambm, indicar os procedimentos a serem utilizados (observao;

    entrevista, uso de documentos), apresentando-se as razes para tal e os aspectos

    que sero focalizados, o que ser observado, que itens faro parte da entrevista,

    que informaes sero coletadas nos documentos (MOROZ, 2006).

    A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o

    pesquisador como seu principal instrumento, pesquisa qualitativa supe o contato

    direto e prolongado, via de regra atravs do trabalho intensivo da investigao e do

    trabalho intensivo de campo (LUDKE, 1998).

  • 26

    Os registros, sobretudo os que se destinam anlise qualitativa, devem ser

    imediatamente tratados e analisados, pela complexidade do campo objeto em

    estudo. Muita nuance tambm podem no aparecer e neste caso pode-se lanar luz

    atravs de um observador suficientemente experiente e sofisticado nas suas

    apreciaes (VIANNA, 2004).

    Observao A observao uma das mais importantes fontes de informaes em pesquisas

    qualitativas (VIANNA, 2004).

    Sem a acurada observao, no h cincia. A observao uma das caractersticas

    da atividade cientfica, inclusive na rea das cincias humanas e sociais (VIANNA,

    2004).

    Ao destacar o papel da observao, Lazarsfeld e Rosenberg (1955) expressam que

    da anlise de uma srie de observaes, pode-se obter uma gama de

    classificaes, colocao das caractersticas em determinada ordem, suas relaes

    uma com as outras e nvel de estudo descritivo (RICHARDSON, 1999).

    O observador deve saber ver, identificar e descrever diversos tipos de interaes e

    processos humanos. A identificao de problemas para fins de pesquisa, inclusive

    as de natureza observacional sempre parte de tpicos bastantes amplos, para

    depois de sua anlise, concentrar-se em um problema especfico conforme

    propuseram McMillan & Schumacher (2001) (VIANNA, 2004).

    A observao, quando adequadamente conduzida, pode revelar inesperados e

    surpreendentes resultados que, possivelmente, no seriam examinados em estudos

    que utilizassem tcnicas diretivas (RICHARDSON, 1999).

    Ao longo dos anos, a observao empiricamente fundamentada para o

    desenvolvimento do conhecimento cientfico uma tcnica metodolgica valiosa,

    especialmente para coletar dados de natureza no-verbal (VIANNA, 2004).

  • 27

    Os estudos observacionais levam observao de campo, tcnica fundamental

    usada na maioria das pesquisas qualitativas, que traduz descries detalhadas de

    acontecimento, pessoas, aes e objetos em um determinado contexto de acordo

    com McMillan Schumacher (2001) (VIANNA, 2004).

    Estudos observacionais podem ser realizados, lembra Bailey (1994), em diferentes

    lugares, como escolas, universidades, hospitais, shoppings, ruas, praas pblicas,

    etc (VIANNA, 2004).

    As observaes so muitas vezes feitas preliminarmente a outras atividades. A

    observao tambm empregada quando os sujeitos a observar no admitem sua

    participao explcita em um Survey, nota Bailey (1994), ou quando se deseja

    estudar fatos ou comportamentos que ocorrem em determinado contexto ou

    instituio (VIANNA, 2004).

    A observao, especialmente a observao direta, como metodologia de

    levantamento de dados, mais valiosa do que outros meios de captao de dados,

    como por exemplo, o Survey (tcnica de levantamento de dados que apresenta

    pergunta ou questes a uma amostra de sujeito, em determinado momento), a

    entrevista e o questionrio, quando usados isoladamente (VIANNA, 2004).

    As tcnicas de observao fornecem os dados que se referem diretamente a

    situaes sociais e comportamentais tpicas, e sempre que se acreditar que

    diferentes fatores possam interferir nos dados, a observao do fenmeno em

    estudo deve ser a metodologia e a tcnica indicadas (VIANNA, 2004).

    Quando o responsvel pela observao pertence a uma instituio de reconhecida

    idoneidade, Universidade, Centros de Pesquisa, etc.ou conhecido por seu trabalho

    profissional, a possibilidade de obter a colaborao em um trabalho bem definido,

    nos seus objetivos e com propsitos de relevncia cientfica, grande, resolvendo-

    se, assim, um problema crucial que ocorre com grande freqncia (VIANNA, 2004).

    O contedo da observao deve ser necessariamente delimitado, porquanto

    impossvel observar a todos e a tudo, registrando todos os pormenores (VIANNA,

    2004 apud SELLTIZ, 1967).

  • 28

    preciso pensar tambm que a observao em situao natural exige o registro

    imediato das informaes coletadas e a sua codificao. A observao, num

    contexto interno (escolas, salas de aulas, salas de reunies, locais de trabalho,

    escritrios, etc.), possibilita resultados mais bem estruturados do que quando

    efetivada em um ambiente natural externo (VIANNA, 2004).

    Ao trmino do estudo, ter registros de comportamentos e fatos e no escores a

    respeito dos sujeitos (VIANNA, 2004).

    Estabelecer (VIANNA, 2004), de acordo com Bailey (1994), que as diferentes e

    sucessivas fases do processo de observao so as seguintes:

    Definir os objetivos do estudo; Decidir sobre o grupo o de sujeito a observar; Legitimar sua presena junto ao grupo a observar; Obter confiana dos sujeitos a observar; Observar e registrar notas de campo durante semanas (ou um perodo mais

    longo, conforme a natureza do estudo); Saber retira-se do campo de observao; Analisar os dados; Elaborar um relatrio sobre os elementos obtidos.

    As notas de campo, desse modo, devem preservar a seqncia em que essas

    interaes ocorrem. A grande vantagem da observao ressalta Selltiz et al (1967),

    consiste no registro do comportamento no ato e no momento da sua ocorrncia

    (VIANNA, 2004).

    Anotaes cuidadosas devem ser feitas durante as observaes (VIANNA, 2004).

    Do ponto de vista essencialmente prtico, interessante que, ao iniciar cada

    registro, o observador indique o dia, a hora, o local da observao e o seu perodo

    de durao (LUDKE, 1998).

    As observaes podem ser registradas em forma narrativa e, subseqentemente,

    transformadas em quadros interpretativos (VIANNA, 2004).

    Os dados coletados so predominantemente descritivos. A anlise dos dados tende

    a seguir um processo indutivo (LUDKE, 1998).

  • 29

    Selltiz et al. (1967) mostram que o melhor momento para o registro no decorrer do

    acontecimento, para evitar possveis vieses seletivos e deformaes decorrentes de

    lapsos de memria (VIANNA, 2004).

    H situaes que impedem e registro imediato, por quebrar a naturalidade da

    ocorrncia ou perturbar as pessoas envolvidas no ato da observao (VIANNA,

    2004).

    Para que se torne um instrumento vlido e fidedigno de investigao cientfica, a

    observao. Implica a existncia de um planejamento cuidadoso do trabalho e uma

    preparao rigorosa do observador. Planejar a observao significa determinar com

    antecedncia o qu e como observar (LUDKE, 1998).

    A observao, para que possa ser considerado um instrumento metodolgico,

    necessrio que seja planejada, registrada adequadamente e submetida a controles

    de preciso (MOROZ, 2006).

    Entrevista As informaes que se quer obter, e os informantes que se quer contatar, em geral,

    so mais convenientemente abordveis atravs de um instrumento mais flexvel

    (LUDKE, 1998).

    A entrevista pode ser a principal tcnica de coleta de dados ou pode, como vimos,

    ser parte integrante da observao participante. (ALVES-MAZZOTTI, 2006).

    No que diz respeito a procedimentos metodolgicos, as pesquisas qualitativas de

    campo exploram particularmente as tcnicas de observao e entrevistas

    (RICHARDSON, 1999).

    As entrevistas qualitativas so muito pouco estruturadas, sem um fraseamento e

    uma ordem rigidamente estabelecidos para as perguntas, assemelhando-se muito a

    uma conversa (ALVES-MAZZOTTI, 2006).

  • 30

    O registro feito atravs de notas durante a entrevista certamente, as notas j

    representem um trabalho inicial de seleo e interpretao das informaes emitidas

    (LUDKE, 1998).

    O roteiro da entrevista consta apenas alguns itens que so indispensveis para o

    delineamento do objeto. Roteiro sempre um guia, nunca um obstculo no pode

    prever todas as situaes e condies de trabalho de campo (MINAYO, 2006).

    muito importante que o entrevistado esteja bem informado sobre os objetivos da

    entrevista e de que as informaes fornecidas sero utilizadas exclusivamente para

    fins de pesquisa, respeitando-se sempre o sigilo em relao aos informantes

    (LUDKE, 1998).

    Tanto o questionrio quanto a entrevista devem ser cuidadosamente planejados, de

    forma que as questes especifiquem claramente o contedo que se pretende

    abordar (MOROZ, 2006).

    Questionrio O Survey (questionrio usado como referencial para fins de interpretar a realidade

    e levantar dados empricos de natureza quantitativa (VIANNA, 2004).

    A observao indiscutivelmente superior pesquisa de Survey, experimentao ou

    estudo de documentao para fins de coletar dados sobre um comportamento no-

    verbal. O Survey mostra-se superior observao a fim de descobrir a opinio de

    uma pessoa sobre certa controvrsia (VIANNA, 2004).

    No mtodo quantitativo, as perguntas do questionrio ou entrevista so formuladas

    clara e detalhadamente; mantm-se o anonimato do entrevisto para evitar distoro

    nas respostas; as definies so precisas e operacionalizam-se com indicadores

    especficos (RICHARDSON, 1999).

  • 31

    Dependendo do problema e do tipo de pesquisa que est sendo realizada a

    compreenso de determinado fenmeno pode ser feita com um nmero bastante

    reduzido de pessoas e sua escolha no seguir as etapas de uma tcnica estatstica

    de amostragem (MOROZ, 2006).

    A Resoluo n 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Sade,

    regulamenta sobre as pesquisas envolvendo seres humanos. Entre outras decises,

    necessrio o consentimento livre e esclarecido dos sujeitos (MOROZ, 2006).

    Anlise documental Podemos dizer, entretanto, que observao (participante ou no), a entrevista em

    profundidades e a anlise de documentos so os mais utilizados, embora possam

    ser complementados por outras tcnicas de pesquisa (ALVES-MAZZOTTI, 2006).

    Considera-se como documento qualquer registro escrito que possa ser usado como

    fonte de informao (ALVES-MAZZOTTI, 2006).

    A anlise de documentos pode ser a nica fonte de dados o que costuma ocorrer

    quando os sujeitos envolvidos na situao estudada no podem ser encontrados ou

    pode ser combinada, o mais comum, com outras tcnicas de coleta (ALVES-

    MAZZOTTI, 2006). Nesses casos, ela pode ser usada, tanto como uma tcnica exploratria (indicando

    aspectos a serem focalizados por outras tcnicas) como para checagem ou

    complementao dos dados obtidos por meio de outras tcnicas (ALVES-

    MAZZOTTI, 2006).

    Validao da pesquisa Cabe destacar que a pesquisa qualitativa deve estar orientada melhoria das

    condies de vida da grande maioria da populao. Portanto, necessrio, na

    medida do possvel, integrar pontos de vista, mtodos e tcnicas para enfrentar esse

    desafio (RICHARDSON, 1999).

  • 32

    A responsabilidade deste trabalho qualitativo oferecer ao leitor uma descrio

    densa do contexto estudado, bem como da caracterstica de seus sujeitos, para

    permitir que a deciso de aplicar ou no os resultados a um novo contexto possa ser

    bem fundamentado (ALVES-MAZZOTTI, 2006).

    No mtodo qualitativo, existe relao muito prxima entre pesquisador e informante,

    o que possibilita informaes detalhadas; as inferncias so superficiais,

    descrevendo-se em detalhe o concreto (RICHARDSON, 1999).

    A pesquisa qualitativa ou naturalstica, segundo Bogdan e Biklen (1982), envolve a

    obteno de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com o

    produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes (LUDKE, 1998).

    As concordncias entre resultados de observaes e de Surveys, como mostra

    Bailey (1994), tendem a demonstrar a validade da observao como metodologia de

    pesquisa (VIANNA, 2004).

    Triangulao um termo usado nas abordagens qualitativas para indicar o uso

    concomitante de vrias tcnicas de abordagem e de vrias modalidades de anlise,

    de vrias informantes e pontos de vista de observao, visando verificao e

    validao da pesquisa (MINAYO, 2006).

    Na triangulao mais metodologias podem ser usadas no desenrolar da pesquisa

    (VIANNA, 2004).

    Quando buscamos diferentes maneiras para investigar um mesmo ponto, estamos

    usando uma forma de triangulao (ALVES-MAZZOTTI, 2006).

    A triangulao de mtodos geralmente se refere comparao de dados coletados

    por mtodos qualitativos e quantitativos (Patton, 1986) (ALVES-MAZZOTTI, 2006).

    Vrios instrumentos de coleta de dados, a chamada triangulao, checa a validade

    das informaes (VIANNA, 2004).

  • 33

    4. MATERIAL E MTODOS 4.1. Escolha do local de estudo Os critrios adotados para escolha das bibliotecas foram: o fluxo de pessoas que

    circulam nestes ambientes, porte do acervo, sistemas de condicionamento do ar

    diferenciados e a localizao dos prdios.

    Segundo recomendao de Costa (2005, p. 64) a ventilao e as condies

    climticas exteriores possuem correlao direta com a qualidade do ar interior,

    portanto os prdios esto localizados dentro de uma mesma zona microclimtica.

    CEFET-PE

    UFPE

    1 Km

    1 Km

    1,5 Km

    IPA

    Figura 5 - Localizao dos prdios das bibliotecas e da estao meteorolgica do IPA(Instituto de Pesquisas Agropecurias de Pernambuco) em rea prxima (zona microclimtica). Fonte: GOOGLE EARTH (2008)

  • 34

    4.2. Caractersticas do local de estudo Dados da Prefeitura da Cidade de Recife: Clima: quente e mido

    Temperatura mdia: 25,2 C

    Altitude: 4 m

    Coordenadas geogrficas: latitude 8 04' 03'' S e longitude 34 55' 00'' W

    rea: 219,493 km2

    Composio da rea territorial:

    Morros: 67,43%

    Plancies: 23,26%

    Aquticas: 9,31%

    Zonas Especiais de Preservao Ambiental - ZEPA: 5,58%

    Extenso de praia: 8,6 km.

    Bibliotecas selecionadas: A biblioteca central da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco), usada

    para o pr-teste, localiza-se no Campus Universitrio, no bairro de Dois Irmos.

    A figura 6 mostra a biblioteca central da UFPE (Universidade Federal de

    Pernambuco) selecionada que se localiza no campus universitrio, no bairro da

    Cidade Universitria.

    A figura 7 mostra a biblioteca central do CEFET-PE (Centro Federal de Educao

    Tecnolgica de Pernambuco) selecionada que se localiza no bairro da Cidade

    Universitria.

    Localizao geogrfica das bibliotecas: UFRPE: 800050.91 S e 3405652.03 O

    UFPE: 800303.38 S e 3405705.47 O

    CEFET-PE: 800334.30 S e 3405702.28 O

  • 35

    Figura 6 - Localizao da biblioteca central da UFPE e seu entorno Fonte: GOOGLE EARTH (2008)

    Figura 7- Localizao da biblioteca central do CEFET-PE e seu entorno Fonte: GOOGLE EARTH (2008)

  • 36

    4.3. Pesquisa de campo

    Antes de iniciar a coleta, foi realizado um diagnstico preliminar em campo com a

    realizao de visitas s Bibliotecas Pblicas para conhecer o ambiente de trabalho

    dos servidores e alunos, as possveis fontes poluidoras visveis, os pontos de

    degradao e contaminao ambiental que pudessem afetar o ar interior, o pblico

    alvo da pesquisa, os tipos de equipamentos utilizados e os planos de manuteno

    para se ter uma viso geral do estudo conforme descreveram tambm Minayo

    (2006) e Alves-Mazzotti (2006).

    Vrias tcnicas de abordagem para o estudo foram empregadas por serem os fatos

    reais complexos como descreveu Vianna (2004) e Moroz (2006).

    As variveis no foram submetidas a controle rgido e nem foram manipuladas

    relatado tambm por Richardson (1999).

    Inicialmente, vale lembrar que as amostras no foram representativas, dando

    preferncia a formatos etnogrficos ou de estudo de caso, nos quais os sujeitos

    foram escolhidos de forma proposital, em funo de suas caractersticas, ou dos

    conhecimentos que detm sobre as questes de interesse da pesquisa como

    descreveu Alves-Mazzotti (2006).

    A investigao requereu como atitudes fundamentais abertura, a flexibilidade, a

    capacidade de observao e de interao com o grupo de investigados e com os

    atores sociais envolvidos conforme Minayo (2006).

    As investigaes por sua diversidade e flexibilidade no admitiu regras precisas

    conforme contribuio de Alves-Mazzotti (2006).

  • 37

    Os fenmenos psicolgicos e sociais envolvidos no puderam ser explicados por

    meio de esquemas estatsticos, quantificao, pois apresentam limitao ao tentar

    explicitar alguns problemas complexos, tornando-os quase impossvel de serem

    apresentados com exatido e a prpria medida, em si, relativa como descreveu

    tambm Richardson (1999).

    Foi realizada uma anlise global, relacionando o indivduo aos fatores que

    influenciam a qualidade do ar interior como descreveu tambm Richardson (1999).

    Baseado no que disse Minayo (2006) a amostra tentou refletir a totalidade nas suas

    mltiplas dimenses.

    Foi realizado um pr-teste, em fevereiro de 2008 na biblioteca pblica central da

    UFRPE, por ela estar na mesma regio microclimtica, com equipamentos de

    climatizao parecidos. Foram aplicados questionrios e realizadas entrevistas com

    alunos e funcionrios com o objetivo de verificar a eficcia e adequao da realidade

    das observaes, dos questionrios, dos dados coletados e do uso dos instrumentos

    conforme relatou tambm Moroz (2006).

    A observao dos ambientes, as coletas e as entrevistas geraram uma planilha de

    dados conforme apndices C e D e orientao de Ludke (1998).

    A observao foi realizada segundo roteiro abaixo de Vianna (2004):

    Definio dos objetivos do estudo; Deciso sobre o grupo e do sujeito a observar; Legitimao da presena junto ao grupo a observar; Obteno da confiana dos sujeitos a observar; Observao e registro das notas de campo; Analise dos dados; Elaborao de um relatrio sobre os elementos obtidos.

    O contedo da observao foi delimitado, por ser impossvel observar a todos e a

    tudo, registrando apenas os pormenores mais significativos e de relevncia ao

    estudo com o registro imediato das informaes coletadas e a sua codificao

    segundo tambm orientao de Vianna (2004) apud Selltiz (1967).

  • 38

    As observaes foram registradas em forma narrativa e subseqentemente

    transformadas em quadros interpretativos conforme descreveu Vianna (2004).

    As coletas das amostras foram realizadas na biblioteca do CEFET-PE, nos

    ambientes da sala do acervo e salo dos alunos e na UFPE na sala do acervo, no

    horrio da tarde, entre as 12:00 e 18:00 horas depois da estabilizao das condies

    de conforto nos dias 13(treze) de maro e 30(trinta) de abril de 2008.

    A sala dos funcionrios e o salo dos alunos da biblioteca do CEFET-PE so

    separados por divisrias rebatidas e utilizam o mesmo equipamento de

    condicionamento do ar.

    A sensao de conforto verificada com as entrevistas por questionrio foi realizada

    com um nmero bastante reduzido de pessoas e sua escolha no seguiu as etapas

    de uma tcnica estatstica de amostragem conforme afirmou Moroz (2006).

    Foram entrevistados 16 (dezesseis) alunos na biblioteca do CEFET-PE e um total de

    8 (oito) funcionrios nas duas bibliotecas.

    As entrevistas foram elaboradas com pouca estruturao, sem um fraseamento e

    um ordenamento rigidamente estabelecidos para as perguntas, assemelhando-se

    muito a uma conversa, conforme indicao de Alves-Mazzotti (2006).

    Os entrevistados foram informados sobre os objetivos da entrevista e de que as

    informaes fornecidas seriam utilizadas exclusivamente para fins de pesquisa

    conforme orientao dos trabalhos de Ludke (1998).

    Usou-se aspas (), durante as entrevistas, indicando que era viso de uma pessoa

    sobre o que ocorreu, a fim de no distorcer anlises e interpretaes posteriores

    como descreveu Vianna (2004).

    O questionrio foi cuidadosamente planejado, de forma que as questes

    especificassem claramente o contedo que fosse abordado pelo sujeito, segundo

    orientao de Moroz (2006).

  • 39

    Manteve-se o anonimato do entrevistado para evitar distoro nas respostas; as

    definies foram precisas e operacionalizadas com indicadores especficos segundo

    Richardson (1999).

    A Resoluo n 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Sade,

    regulamenta sobre as pesquisas envolvendo seres humanos. Entre outras decises,

    necessrio o consentimento livre e esclarecido dos sujeitos conforme descreveu

    Moroz (2006).

    As coletas das amostras e aplicao dos questionrios foram realizadas no mesmo

    dia e duraram aproximadamente cinco horas, a fim de evitar possveis vieses

    seletivos e deformaes decorrentes de lapsos de memria conforme afirmou

    Vianna (2004).

    As condies meteorolgicas do ambiente externo no dia de cada coleta foram

    fornecidas pelo LAMEPE-ITEP e esto disponveis no Anexo C cuja finalidade foi

    comparar a temperatura e umidade relativa interna e externa.

    Para validao da pesquisa foi utilizado o mtodo de triangulao que segundo

    Minayo (2006), usado nas abordagens qualitativas e quantitativas para indicar o

    uso concomitante de vrias tcnicas de abordagem, de vrias modalidades de

    anlise, de vrios informantes e pontos de vista de observao referendados

    tambm nos trabalhos de Ludke (1998), Moroz (2006), Vianna (2004), Richardson,

    (1999) e Alves-Mazzotti (2006).

    4.4. Mtodos para determinao dos parmetros referenciais de qualidade do ar, recomendados pela resoluo n 9 da ANVISA de 16 de janeiro de 2003.

    4.4.1. Mtodo para concentrao e determinao de bioaerosis: Suspenso de microorganismos dispersos no ar. Foi utilizado para este mtodo um amostrador de ar por impactao com acelerador

  • 40

    linear de um estgio, bomba de suco calibrada com vazo fixa, contendo tambm

    placas de Petri com meio de cultivo Batata-Dextrose-Agar (BDA) durante 5 minutos

    e vazo de 28 litros/min, na altura de 1,5 metros do piso, localizado no centro do

    ambiente em zona ocupada. (LIRA, 2007) conforme orientao da resoluo n 9.

    A preparao, coleta e medio das amostras de bioaerossol foram baseadas na

    orientao do fabricante do equipamento, seguindo a norma BIOAEROSOL

    SAMPLING (Indoor Air) 0800.

    O conjunto padro para o Amostrador de Bioaerossol de um Estgio era constitudo

    de um (a):

    Impactador de um estgio; Bomba de vcuo; Mangueira de conexo; Gabinete de alumnio ; Tubo suporte do impactador; Medidor de fluxo (rotmetro). A operao de amostragem teve as seguintes etapas:

    1. Instalao da placa de Petri com gar no Impactador; 2. Checagem da vazo da bomba; 3. Cronometragem do tempo at 5 minutos para cada placa com amostragem em triplicata; 5. Anotao na folha de campo: Local de amostragem; Nmero do amostrador; Nmero da coleta; Leitura do cronmetro e da vazo da bomba; Horas de incio e de trmino da coleta.

  • 41

    Aps a incubao, a concentrao total de microrganismos cultivveis foi calculada

    dividindo-se o nmero total de colnias observadas na placa, pelo volume de ar

    amostrado. A contagem das partculas viveis