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INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIA AMBIENTAL
AVALIAO DA QUALIDADE DO AR INTERNO DE AMBIENTES CLIMATIZADOS DE BIBLIOTECAS PBLICAS
DA CIDADE DO RECIFE-PE
Pricles Borba Araquan
Recife
2008
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Livros Grtis
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Pricles Borba Araquan
AVALIAO DA QUALIDADE DO AR INTERNO DE AMBIENTES CLIMATIZADOS DE BIBLIOTECAS PBLICAS
DA CIDADE DO RECIFE-PE
Dissertao apresentada ao Mestrado Profissional em Tecnologia Ambiental, do Instituto de Tecnologia de Pernambuco, como parte dos requisitos para obteno do ttulo de Mestre em Tecnologia Ambiental.
Orientador: Dr. Antnio Helder Parente
rea de concentrao: Contaminao Ambiental
Recife
2008
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A662a Araquan, Pricles Borba, 1963 - Avaliao da qualidade do ar interno de ambientes climatizados de bibliotecas pblicas da cidade do Recife - PE. Recife: Ed. do autor, 2008. 113f. :il. Inclui bibliografia. Orientador: Dr. Antonio Helder Parente Dissertao (Mestrado) Associao Instituto de Tecnologia de Pernambuco ITEP-OS, 2008.
1.BIBLIOTECA PBLICA AMBIENTE INTERNO. 2. QUALIDADE AMBIENTAL - CLIMATIZAO. 3. FUNGOS TEMPERATURA DO AR. I. Parente, Antonio Helder. II. Ttulo.
CDU 504.064:027.022
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DEDICATRIA
Dedico primeiramente a Deus, onipotente e onipresente em todas as
nossas aes e a todas as pessoas pelo apoio e incentivo
para a realizao deste trabalho.
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AGRADECIMENTOS
Dra Snia Valria Pereira por ter dado a oportunidade e todo o apoio durante o
mestrado.
Coordenao do mestrado pelo apoio em todos os momentos.
Aos professores e funcionrios do ITEP pelo incentivo.
todos os colegas de sala de aula.
funcionria do ITEP-PE professora Genilda Maria de Oliveira Souza pelo apoio e
incentivo.
bolsista do ITEP-PE Ana Karolina Freire de Souza pelo apoio no laboratrio.
Ao Dr. Antnio Hlder Parente pela orientao e conselhos.
Ao Centro Federal de Educao Tecnolgica de Pernambuco (CEFET-PE) pelo
apoio financeiro e flexibilizao do horrio de trabalho.
Aos funcionrios das Bibliotecas da UFPE e CEFET-PE pela valiosa contribuio.
Aos colegas de trabalho do CEFET-PE pelas sugestes e crticas.
famlia pelo apoio irrestrito.
A todas as pessoas que, de alguma forma, contriburam para a realizao deste
trabalho.
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EPGRAFE
Vida verdadeira como a gua:
Em silncio se adapta ao nvel inferior,
que os homens desprezam.
No se ope a nada,
serve a tudo.
No exige nada,
porque sua origem da Fonte Imortal.
O homem realizado no tem desejos de dentro,
nem tem exigncias de fora.
Ele prestativo em se dar
e sincero em falar,
suave no conduzir,
poderoso no agir.
Age com serenidade.
Martin Claret, traduzido do manucristo Tao The king de Lao Tse ( 2.000 a.c.)
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RESUMO
O mercado de sistemas de climatizao de ambientes internos vem crescendo
desde a dcada de setenta nas grandes cidades devido ao aumento populacional, a
industrializao e a falta de planejamento das cidades. Como conseqncia temos
visto o aumento da poluio sonora, atmosfrica e do ar interno. As autoridades e as
empresas de climatizao, quanto questo da Qualidade do Ar Interior (Q.A.I.) em
ambientes climatizados, no do a devida ateno e o foco necessrio uma vez que
o ar que respiramos deve ser de boa qualidade em qualquer lugar. As Bibliotecas
Pblicas climatizadas so locais de grande circulao de pessoas e com vasto
acervo de livros. Diante da ausncia de informao a cerca deste tema, foram
selecionadas duas Bibliotecas Pblicas climatizadas por zona microclimtica. Este
trabalho teve como objetivo analisar a qualidade do ar interior comparando com os
parmetros da Resoluo n 9 da ANVISA. Neste estudo foram utilizados a
observao e registro dos dados, instrumentos, anlises laboratoriais, planilhas de
campo, documentos e aplicao de questionrios. Constatou-se que a temperatura
interna dos ambientes estudados ficou acima do valor mximo; o ndice do ar interno
e externo representado pelo nmero de colnias fngicas formadas na estao
chuvosa ficou tambm acima dos padres recomendados. A percepo de conforto
foi diferente em funo do tempo de permanncia das pessoas no ambiente interno
e a falta de capacitao dos funcionrios afetou a qualidade do ar interior.
Palavras-chave: Contaminao ambiental; Qualidade do ar interior; Sade; Conforto
trmico.
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ABSTRACT
The climatization systems market has been growing since early seventies in the
major cities due the population growth, industrialization and lack of cities planning. As
a consequence, have been increased noise, atmospheric and internal air pollution.
However, the government and climatization companies did not give attention and the
necessary focus to the issue of Indoor Air Quality (IAQ), as the air that we breathe
must be good quality at any place. The climatized Public Libraries are place of lot of
people circulation and has a vast of books quantities. Due to the absence of
information to some of these issues two Public Libraries climatized by microclimatic
zone had been selected. This study aimed to analyze compare indoor air quality
parameters with the law standards Resolution no 9 ANVISA. This study used
comments and data record, instruments, laboratory analysis, spreadsheets,
documents and questionnaires application. It was evidenced that the internal
temperature on dry and rainy season its above of the maximum value. Internal and
external air quality index represented by the number of formed fungi colonies in the
rainy season was above of the Law standards. Comfort perception was different in
function of people time of permanence in the internal environment and the poor
employees qualification has affected the Indoor Air Quality.
Keywords: Environmental contamination; Indoor air quality; Health; Thermal comfort.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Infogrfico das camadas da atmosfera. ...................................................6
Figura 2- Poluentes da troposfera e seus impactos ambientais. .............................7
Figura 3- Sistema de distribuio de ar em um ambiente interno............................9
Figura 4 - Os plens das gramneas e fungos, principais alrgenos de origem vegetal que participam de quadro de atopia. .............................19
Figura 5 - Localizao dos prdios das bibliotecas e da estao meteorolgica do IPA em rea prxima (zona microclimtica)...............33
Figura 6 - Localizao da biblioteca central da UFPE e seu entorno. ....................35 Figura 7- Localizao da biblioteca central do CEFET-PE e seu entorno. ............35 Figura 8 - Coleta do ar interno no acervo da biblioteca do CEFET-PE, foto:
maro/2008. ...........................................................................................50
Figura 9 - Coleta do ar externo na biblioteca da UFPE, foto: abril/2008.................51
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Dados tratados das observaes e entrevistas nos ambientes
selecionados das bibliotecas ..................................................................47
Quadro 2 - Dados tratados das observaes no dia da coleta nos ambientes selecionados das bibliotecas...................................................................48
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Dados meteorolgicos de temperatura e umidade relativa do ar no dia da coleta......................................................................................49
Tabela 2 - Comparativo entre os padres referenciais do nmero de colnias fngicas formadas em UFC/ m 3 e ndice I/E com os
dados em campo, nas bibliotecas do CEFET-PE e UFPE,
Recife-PE - 2008. .................................................................................52
Tabela 3 - Comparativo entre os padres referenciais fsicos e qumicos e os dados internos medidos nas coletas de maro e abril, nos
ambientes climatizados das bibliotecas do CEFET-PE e UFPE,
Recife-PE 2008. ................................................................................55
Tabela 4 - Respostas dos funcionrios se o ambiente climatizado estava
confortvel nas coletas de maro e abril, das bibliotecas do
CEFET-PE e UFPE, Recife-PE 2008. ...............................................61 Tabela 5 - Condies desfavorveis de conforto relatadas pelos
funcionrios quando a resposta foi negativa quanto
percepo de conforto e sade, nas coletas de maro e abril,
nos ambientes climatizados das bibliotecas do CEFET-PE e
UFPE, Recife-PE -2008. ......................................................................62
Tabela 6 - Respostas dos alunos do CEFET-PE se o ambiente da biblioteca climatizada estava confortvel, nas coletas de maro e abril,
Recife-PE -2008. ..................................................................................63
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LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 Bioaerosis medidos nas bibliotecas nas coletas de maro e abril. Linha tracejada representa o valor mximo aceitvel
pelo padro referencial. ...............................................................53
Grfico 2 ndice de qualidade do ar de ambientes de bibliotecas
pblicas, nas coletas de maro e abril. Linha tracejada
representa o valor mximo aceitvel pelo padro
referencial. ...................................................................................54
Grfico 3 - Temperaturas medidas nas bibliotecas nas coletas de
maro e abril. Valores mximo e mnimo referentes aos
padres referenciais estabelecidos pela ANVISA........................56
Grfico 4 - Umidade relativa do ar medida nas bibliotecas nas coletas de maro e abril. Valores mximo e mnimo referentes aos
padres referenciais estabelecidos pela ANVISA........................57
Grfico 5 Velocidade do ar medida nas bibliotecas nas coletas de
maro e abril. Valor mximo referente ao padro
referencial estabelecido pela ANVISA. ........................................58
Grfico 6 Dixido de carbono em ppm medido nas bibliotecas nas
coletas de maro e abril. Valor mximo referente ao padro
referencial estabelecido pela ANVISA. ........................................59 Grfico 7 Quantidade de aerodispersides medidos nas bibliotecas
nas coletas de maro e abril. Valor mximo referente ao
padro referencial estabelecido pela ANVISA. ............................60
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Grfico 8 Temperatura do ar medida nas bibliotecas e a mdia diria no ambiente externo nas coletas de maro e abril ............64
Grfico 9 Umidade relativa do ar medida nas bibliotecas e a mdia diria no ambiente externo nas coletas de maro e abril....................... 65
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LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SMBOLOS
SIGLAS ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
ANVISA - Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria
ASHRAE- American Society of Heating, Refrigeration and Air Conditioning Engineers
BRASINDOOR - Sociedade Brasileira de Meio Ambiente e Controle de ar interior
CETESB - Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental
CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente
EPA - Environmental Protection Agency
FEEMA - Fundao Estadual de Engenharia do Meio Ambiente do Rio de Janeiro
HVAC - Heating, Ventilation, and Air-Conditioning (Instituto de aquecimento,
ventilao e ar condicionado).
IAQ - Indoor Air Quality
INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPA Instituto de Pesquisas Agropecurias de Pernambuco
NIEHS - National Institute of Environmental Health Sciences
NIOSH - National Institute of Occupacional Safety and Health
OSHA - Occupational Safety and Health Administration
LABTAM Laboratrio de Tecnologia Ambiental
LAMEPE Laboratrio de Meteorologia de Pernambuco
PMCO Plano de manuteno, operao e controle
UFC Unidade de formao de colnias
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ABREVIATURAS Av. - Avenida
h - Hora
N Norte
PTS - Partculas totais em suspenso
CO - Monxido de carbono
CO2 Dixido de carbono
SMBOLOS m2 Metro quadrado
m3 Metro cbico
mm Milmetro
L/min Litro por minuto
Pa Presso em pascal
mm H2O Milmetro de coluna dgua
C Temperatura em graus Celsius
mg Miligrama
h Hora
min Minuto
m Metro
m/s Metro por segundo
ppm Parte por milho
m Micrmetro
g/m3 Micrograma por metro cbico
mg/m Miligrama por metro cbico
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SUMRIO
RESUMO ABSTRACT LISTA DE FIGURAS LISTA DE QUADROS LISTA DE TABELAS LISTA DE GRFICOS LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SMBOLOS
1. INTRODUO .............................................................................. 01 2. OBJETIVOS ................................................................................. 05 21. Objetivo geral..................................................................................................05
2.2. Objetivo especfico .........................................................................................05
3. REVISO BIBLIOGRFICA ........................................................ 06 3.1. Atmosfera .......................................................................................................06
3.2. Poluio atmosfrica ......................................................................................07
3.3. Qualidade do ar interior (QAI).........................................................................08
3.4. Legislao aplicada qualidade do ar interior................................................11
3.4.1. Parmetros qumico, fsico e biolgico do ar interno...............................................12
3.5. Equipamentos de climatizao .......................................................................15
3.6. Filtrao de ar.................................................................................................15
3.6.1. Tipos de filtros de ar ..........................................................................................................16
3.7. Tomadas de ar exterior ..................................................................................17
3.8. Plano de manuteno.....................................................................................18
3.9. Principais doenas relacionadas com o ar de ambientes internos
climatizados ....................................................................................................18
3.10. Bibliotecas ......................................................................................................20
3.11. Sensao de Conforto Trmico ......................................................................21
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3.12. Avaliao da qualidade do ar interior por mtodos qualitativos
e quantitativos ................................................................................................ 22
3.12.1 Fases da avaliao da qualidade do ar...........................................................24
4. MATERIAL E MTODOS ............................................................. 33 4.1. Escolha do local de estudo.............................................................................33 4.2. Caractersticas dos locais de estudo .............................................................34
4.3. Pesquisa de campo........................................................................................36
4.4. Mtodos para determinao dos parmetros referenciais de qualidade
do ar interior, recomendados pela resoluo n9 da ANIVSA de 16 de
janeiro de 2003 ...............................................................................................39
4.4.1. Mtodo para concentrao e determinao de bioaerosois: Suspenso
de microorganismos dispersos no ar............................................................................39
4.4.2. Mtodo para determinao da concentrao de dixido de carbono
(CO2) ..............................................................................................................41
4.4.3. Mtodo para determinao de temperatura, umidade e velocidade do ar........42
4.4.4. Mtodo para determinao da concentrao de aerodispersoides ...................43
4.4.5. Tcnicas para entrevista com os usurios..................................................................46 5. RESULTADOS E DISCUSSO .................................................... 47 5.1. Contagem total de fungos ..............................................................................49
5.2. Parmetros fsicos e qumicos referentes s amostras de ar interno de
ambientes climatizados...................................................................................55
5.3. Pesquisa com o pblico dos ambientes internos...........................................61
5.4. Comparao entre os valores da temperatura e umidade relativa do ar interior encontrados, as condies meteorolgicas e as respostas do questionrio ....................................................................................................64
6. CONCLUSES ............................................................................. 68
7. SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................... 69
8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS . ........................................... 70
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9. ANEXOS ....................................................................................... 77 A - Resoluo n 9, de 16 de janeiro de 2003 da ANVISA. Parmetros
de Qualidade do Ar em Interiores..................................................................................77
B - Portaria n 3.523, de 28 de agosto de 1998. Regulamento tcnico.............91
C Condies meteorolgicas no dia da coleta do LAMEPEITEP............... 104
D Certificado de calibrao da bomba ................................................................... 108 10. APNDICE ..................................................................................109
A - Questionrio das condies dos ambientes ...........................................109
B - Questionrio para os funcionrios e alunos ............................................111
C - Planilha de coleta em campo 1 ..............................................................112
D - Planilha de coleta em campo 2 ...............................................................113
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1
1. INTRODUO A qualidade do ar em ambientes interiores pode ser compreendida como um
conjunto de condies ambientais que promova o bem estar e a sade dos
ocupantes. uma preocupao mundial tendo em vista o aumento populacional, o
crescimento das cidades e a aglomerao de pessoas em ambientes climatizados
artificialmente.
Atualmente, h uma estimativa de que grande parte das pessoas, principalmente em
ambientes urbanos, passa entre 80 e 90% do seu tempo dentro de edifcios
(CARMO, 1999).
Vrios fatores contribuem para a m qualidade do ar interior em ambientes
condicionados como a presena bactrias e fungos toxicognicos e patognicos,
ventilao inadequada, falta de manuteno dos equipamentos, falta de renovao e
exausto do ar, elevado nvel de rudo, deficincia no sistema de filtragem, umidade
e temperatura fora dos padres de conforto, condies externas desfavorveis de
capitao do ar, presena de oznio, dixido de carbono e outros gases.
Os modernos edifcios com sistemas de condicionamento de ar, projetados para
oferecer o mximo de conforto a seus ocupantes, muitas vezes com arrojados
projetos arquitetnicos, segundo Costa (2006), podem estar criando um ambiente
ameaador sade humana. Vrios estudos tm atribudo m qualidade do ar
interior a incidncia de relatos de queixas entre os ocupantes desses locais, relativas
a problemas de sade e desconforto ambiental, como elevado nmero de
absentesmo e insatisfao no trabalho, que acarreta baixa produtividade.
As condies do meio ambiente externo tambm interferem diretamente na
qualidade do ar interno, e devem ser previstas na elaborao dos projetos de
sistemas de ar condicionado.
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2
Os ambientes climatizados so considerados ambientes complexos em virtude da
infinidade de componentes qumicos (substncias txicas, carcinognicas,
radioativas) e biolgicos (microrganismos patognicos e toxicognicos) emitidos por
diversas fontes, e que, dependendo das condies fsicas (umidade do ar,
temperatura do ar, ventilao inadequada) do ambiente, podem estar interagindo
entre si. Alm disso, vrios estudos tm evidenciado que o ar interior dos ambientes
fechados pode ser mais poludo do que o ar exterior, conclui Costa (Ibidem).
Os elementos climticos e suas combinaes interferem diretamente nas condies
de conforto de uma edificao e do homem como a radiao solar, temperatura,
umidade, precipitao, correntes de vento e vegetao. Estas interferncias devem
estar previstas desde a concepo (projeto) at a manuteno dos sistemas de
condicionamento do ar.
Observamos, hoje em dia, que certos grupos de pessoas vivem praticamente em
ambientes condicionados: na sua casa, no carro, no transporte coletivo, na escola,
no local de trabalho e por vezes tambm no lazer, como se o ambiente interno
fizesse parte de sua vida diria, substituindo o ambiente externo.
Nas regies de clima quente como no Nordeste do Brasil, tornou-se muito difundido
o uso de condicionadores de ar em ambientes internos, tanto em residncias como
em ambientes de trabalho ou de estudo, ms sem uma avaliao da qualidade deste
ar. Esta situao vem causando problemas sade e conforto, pelo fato de no
sendo satisfatrias as taxas de renovao de ar, por falta de projeto ou de
concepo de equipamento adequado, o ar viciado recircula no ambiente,
propiciando a colonizao de microrganismos indesejveis.
O sistema de ar condicionado tem como objetivo principal propiciar conforto trmico,
sensao de bem estar e sade para as pessoas nos ambientes internos com o
controle simultneo da temperatura, umidade, velocidade do ar e pureza do ar e
atualmente incorporando tambm unidades de tratamento de ar e o controle dos
nveis de dixido de carbono nos ambientes internos.
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No sistema de condicionamento de ar propriamente dito, esto incorporados
basicamente sistemas de distribuio de ar com dutos, grelhas, dampers e difusores
para direcionar o ar aos ambientes; ventiladores para movimentao do ar; motores
eltricos para acionar as peas rotativas; filtros para reter as impurezas;
componentes eltricos para acionar e controlar os motores; sensores eletrnicos
para controle e um sistema de refrigerao.
O sistema de refrigerao atua na reduo da temperatura e umidade do ambiente
interno na nossa regio e composto pelos seguintes componentes: compressor,
evaporador, condensador e dispositivo de expanso.
O compressor acionado por um motor eltrico e pode ser do tipo rotativo,
centrfugo, alternativo, espiral e parafuso e tem como objetivo bombear um gs
refrigerante pelo sistema de refrigerao, normalmente constitudo de um composto
qumico a base de carbono, flor e hidrognio.
O condensador e evaporador so trocadores de calor e podem ser do tipo tubo e
aleta, placa, tubo e carcaa e tubo e tubo. No condensador o gs refrigerante libera
calor e no Evaporador o gs refrigerante absorve calor do ambiente no ciclo frio.
O dispositivo de expanso o componente que provoca a queda de presso e
temperatura do gs refrigerante para que ele absorva o calor do ambiente interno no
evaporador. Pode ser do tipo tubo capilar, vlvula de expanso termosttica,
automtica, eltrica e eletrnica.
Sendo o ciclo de refrigerao descrito por esses componentes o caminho seguido,
tomando como referencial de partida o compressor inicia pelo gs refrigerante
bombeado no estado de vapor a alta presso e temperatura pelo compressor para o
condensador, que libera o calor e transforma em liquido a alta presso em seguida
vai para o dispositivo de expanso que provoca sua queda de presso e
temperatura para o evaporador na forma de lquido e vapor, no evaporador ele
absorve o calor do ambiente interno e depois ser succionado pelo compressor no
estado de vapor para comear um novo ciclo.
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4
Os sistemas de condicionamento do ar necessitam de controle e manuteno
constante para o seu funcionamento, em face disto, padres de referenciais foram
estabelecidos para ambientes internos visando qualidade do ar interior.
Trata-se de um trabalho pioneiro no qual vrios aspectos da qualidade do ar interior
so observados em Bibliotecas Pblicas da cidade do Recife-PE desde a relao
com o ambiente externo, sensao de conforto, sade dos ocupantes e manuteno
dos equipamentos de ar condicionado.
Segundo NOGUEIRA, 2005 apud ASHRAE, LAMBERTS et al. (1997) o conforto
trmico definido como um estado de esprito que reflete satisfao com o ambiente
trmico que envolve a pessoa.
A sade do trabalhador, segundo a lei n Lei Federal de Sade n 8.080/90, no seu
artigo 6, descrita como sendo um conjunto de atividades que se destina, atravs
das aes de vigilncia epidemiolgica e sanitria, promoo e proteo da sade,
assim como visa recuperao e a reabilitao da sade dos trabalhadores
submetidos aos riscos e agravos advindos das condies de trabalho.
Alguns pressupostos podem ser feitos: As condies externas de temperatura e
umidade relativa so diferentes com relao s internas? As bibliotecas estudadas
esto dentro das normas especficas atuais de qualidade do ar interior? Existe
correspondncia da opinio do pblico das bibliotecas em seus diversos setores
com os padres mximos e mnimos estabelecidos pelos parmetros nacionais de
qualidade do ar interior?
Este trabalho aplica as normas de qualidade do ar em interiores, estabelecidas pela
ANVISA, nos seus aspectos biolgicos, fsicos e qumicos, na melhoria do ar interior
de bibliotecas da Regio Metropolitana do Recife, verificando os pontos crticos dos
sistemas empregados e sua relao com os ocupantes do recinto, a manuteno
dos equipamentos e o meio ambiente externo.
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2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo geral - Avaliar a qualidade do ar interior de dois ambientes climatizados de duas
bibliotecas pblicas centrais da cidade do Recife-PE.
2.2. Objetivos especficos
- Comparar os resultados das amostras de ar interno e externo com os valores
estabelecidos na Resoluo n 9, de 16 de janeiro de 2003, da Agncia Nacional de
Vigilncia Sanitria (ANVISA).
- Identificar as condies meteorolgicas e de manuteno dos equipamentos no
momento da coleta.
- Verificar a opinio do pblico quanto qualidade do ar interior no momento da
coleta.
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3. REVISO BIBLIOGRFICA 3.1. Atmosfera Segundo Rocha (2004, p.66) todos os mecanismos criados pela atmosfera para
fazer com que fique limpa de composto indesejveis, para que distribua compostos
essenciais para a vida ou de controle trmico, hoje sofrem intensas interferncias
humanas.
A figura 1 mostra as camadas da atmosfera relacionando a altitude e temperatura.
Figura 1. Infogrfico das camadas da atmosfera. Fonte: http://www.mundofisico.Joinville.Udesc.br/index.php?idSecao=8&idSubSecao=&idTexto=160
http://www.mundofisico.joinville.udesc.br/index.php?idSecao=8&idSubSecao=&idTexto=160
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3.2. Poluio atmosfrica Entende-se como poluente atmosfrico qualquer forma de matria ou energia com
intensidade e quantidade, concentrao, tempo ou caractersticas em desacordo
com os nveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar: imprprio, nocivo
ou ofensivo sade; inconveniente ao bem-estar pblico; danoso aos materiais,
fauna e flora; prejudicial segurana, ao uso e gozo da propriedade e as atividades
normais da comunidade (CONAMA, 2003). A figura 2 ilustra alguns desses
poluentes.
Figura 2. Poluentes da troposfera e seus impactos ambientais. Fonte: http://uemeai.wordpress.com
Seguindo a mesma orientao, Costa (2005), salienta que os elementos climticos
tm uma forte influncia no processo de transporte e disperso de poluentes.
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Um fenmeno importante e bastante conhecido nas grandes cidades o efeito das ilhas de calor. O ar quente tende a se concentrar numa determinada regio da cidade, que geralmente a mais urbanizada e adensada, carregando com ele os poluentes. Nesta rea o ar se expande, fluindo para reas externas onde resfriado e precipita. O ar mais frio que se move de reas marginais em direo ao centro da cidade para substituir o ar que se expande, carreia os poluentes, constituindo um sistema circulatrio (COSTA, 2005).
Os padres de qualidade do ar externo definem legalmente o limite mximo para a
concentrao de um poluente na atmosfera, que garanta a proteo da sade e do
meio ambiente. Os padres de qualidade do ar so baseados em estudos cientficos
dos efeitos produzidos por poluentes especficos e so fixados em nveis que
possam propiciar uma margem de segurana adequada (CETESB, 2003).
Os padres nacionais foram estabelecidos pelo IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente e aprovados pelo CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente, por
meio da Resoluo CONAMA 03/90.
Por conseguinte, eles interferem no somente na qualidade do ar interior, mas
tambm nas condies de conforto, j que as ocorrncias de temperaturas
extremas, correntes de ar e umidade inadequada so aspectos importantes para a
sensao de conforto trmico (COSTA, 2005).
3.3. Qualidade do ar interior (QAI) A qualidade do ar interior o conjunto de propriedades fsicas, qumicas e biolgicas
do ar que no apresentem agravos sade humana (ANVISA, 2003).
As normas da ABNT NBR-14644 -1 sobre salas limpas e ambientes controlados
associados, a NBR 6401 sobre instalaes centrais de ar condicionado para conforto
- Parmetros Bsicos de Projeto, a Resoluo - RE n 9, de 16 de janeiro de 2003
da ANVISA sobre Padres Referenciais de Qualidade do Ar em Interiores e a
Resoluo do CONAMA N 003, de 28 de junho de 1990, sobre padres de
qualidade do ar, foram de extrema importncia para a pesquisa (Anexo-A).
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A qualidade do meio afeta direta e indiretamente o bem-estar, o temperamento e o
rendimento das pessoas quando desenvolvem suas atividades fica alterado. A
impresso geral que os ocupantes tm de seu prprio ambiente far com que se
sintam confortveis e aceitem o espao, o que trar repercusses positivas sade
e produtividade. (SANTOS, 2001).
1 3 5 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 Figura 3. Sistema de distribuio de ar em um ambiente interno. 1- Veneziana de Ar Exterior, 2- Filtro de Ar, 3- Damper de Regulagem, 4- Filtro de Bolsas, 5-
Ventilador, 6- Serpentina de pr-aquecimento, 7- Serpentina de resfriamento, 8- Umidificador com eliminador de gotas, 9- Serpentina de aquecimento, 10- Atenuador, de rudo, 11- Damper corta-fogo, 12- Caixa de volume varivel, 13- Difusor de teto, 14- Grelha de retorno.
Fonte:Trox do Brasil, 2003
Segundo Costa (2005, apud FANGER, 2000), precisa-se de uma mudana de
paradigma nesse novo sculo, visando a excelncia no ambiente interno. O objetivo
dos projetistas, enquanto pessoas que promovem a construo e renovao das
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cidades, devem ser de fornecer ar interno que seja percebido como fresco e
estimulante, com efeitos positivos sobre a sade humana, e o ambiente trmico
percebido como confortvel por quase todos os usurios. Isto refora que a
qualidade do ar interior e o conforto trmico devem andar juntos na excelncia do
ambiente interno.
O relatrio da EPA sobre qualidade do ar em interiores listou 73 (setenta e trs)
poluentes do meio interno ainda que no necessariamente presentes nos edifcios
em nveis de concentrao txica. Destas 73 substncias, 38 (trinta e oito) provm
de materiais de construo e equipamentos, 16 (dezesseis) da evaporao dgua
potvel, 12 (doze) da contaminao do ar externo, 8(oito) da fumaa de cigarro e 9
(nove) da fumaa de veculos estacionados em garagens. (STERLING, 2008).
Assim, em meados da dcada de 70 e incio da dcada de 80, surge a expresso
sndrome dos edifcios doentes (Sick Building Syndrome), referindo-se relao de
causa e efeito entre as condies ambientais observadas em reas internas com
reduo da renovao do ar e os vrios nveis de agresso sade de seus
ocupantes (AFONSO et al 2006 apud STERLING et al, 1991).
Santos (2001) ainda diz que a tentativa de se proteger da poluio externa, muitas
vezes derrotada pela poluio interna. O controle da poluio externa pode ser
resolvido de forma coletiva, pois afeta toda a cidade e no s os trabalhadores de
um edifcio.
Segundo o texto sobre qualidade do ar interior (IAQH,2003) os critrios para
determinar a qualidade do ar interior podem ser separados em duas categorias:
conforto e sade. O conforto uma forma de medir a satisfao do indivduo que
pode afetar a concentrao e a produtividade e um fenmeno que tanto fsico
como psicolgico e varia muito de pessoa para pessoa e dficil quantificar
diferentemente das questes relacionadas a sade dos ocupantes.
Edifcios fechados criam um ambiente interno ainda pouco estudado e que pode ser
hostil a seus ocupantes. No h uma soluo nica e simples para este problema
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11
devido a multicausalidade dos eventos que levam a reaes fisiolgicas
diferenciadas nos ocupantes de edifcios fechados. Uma adequada ventilao e
suprimento de ar fresco elimina ou minimiza muita das irritaes em olhos, nariz,
garganta e pele, que so causadas por substncias qumicas presentes no ar
provenientes do meio interno e externo. Porm, uma ventilao adequada atinge
nveis de pureza do ar dependente da qualidade do ar externo (STERLING et al.,
2008).
3.4. Legislao aplicada qualidade do ar interior A Resoluo n 9, de 16 de janeiro de 2003 que fixou os padres referenciais de
qualidade do ar interior em ambientes climatizados artificialmente de uso comum
complementa as medidas bsicas definidas na portaria GM/MS n 3523/98, de 28 de
agosto de 1998, sobre manuteno de sistemas de ar condicionado. Segundo esta
resoluo os parmetros, biolgicos, fsicos e qumicos dizem respeito a
microorganismos (fungos), temperatura, umidade, velocidade do ar, nveis mximos
de dixido de carbono referenciados pela taxa de renovao de ar e
aerodispersides totais como indicador do grau de pureza (ANVISA, 2003).
A ANVISA recomenda que os proprietrios, locatrios e prepostos de
estabelecimentos com ambientes ou conjunto de ambientes dotados de sistemas de
climatizao com capacidade igual ou superior a 5 TR (15.000 kcal/h = 60.000
BTU/h) (Anexo-B), devam manter um responsvel tcnico atendendo ao
determinado na Portaria GM/MS n 3523/98, alm de desenvolver as seguintes
atribuies:
a) Providenciar a avaliao biolgica, qumica e fsica das condies do ar interior
dos ambientes climatizados;
b) Promover a correo das condies encontradas, quando necessria, para que
estas atendam ao estabelecido no Art. 4 da Resoluo n 9;
c) Manter disponvel o registro das avaliaes e correes realizadas;
d) Divulgar aos ocupantes dos ambientes climatizados os procedimentos e
resultados das atividades de avaliao, correo e manuteno.
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12
Apesar da relevncia dessa resoluo, parmetros imprescindveis no
estabelecimento de medidas de controle de riscos sade, como os compostos
orgnicos volteis, formaldedos, monxido de carbono, radnio, oznio, bactrias
no foram contempladas, mas apenas alguns de seus indicadores (partculas em
suspenso, dixido de carbono e temperatura, entre outros) (COSTA, 2006).
3.4.1. Parmetros qumico, fsico e biolgico do ar interno. Parmetros qumicos: O dixido de carbono segundo Costa (2006) um gs incolor, inodoro e no
inflamvel, produzido pela combusto completa de combustveis fsseis e processos
metablicos. Apesar de considerado como relativamente atxico, o CO2 controla as
taxas de respirao de uma pessoa, fazendo-a sentir sufocada conforme cresce sua
concentrao.
A concentrao interna do dixido de carbono depende dos nveis externos deste
gs e da sua taxa de produo dentro do estabelecimento e um bom indicador do
nvel de ventilao e renovao do ar interior (INMETRO, 2007).
Parmetros fsicos: De acordo com Pereira et al. apud Costa, 2006, a temperatura do ar um ndice que
expressa a quantidade de calor sensvel de um corpo, sendo um dos efeitos mais
importantes da radiao solar.
Costa, 2005 (apud FANGER, 2000), ressalta o papel da temperatura e umidade na
qualidade do ar interior e alega que necessrio fornecer ar seco e fresco as
pessoas. Segundo o autor, estudos da Universidade Tcnica da Dinamarca tm
demonstrado que a qualidade do ar percebida fortemente influenciada pela
temperatura e umidade do ar que inalamos. Eles mostram que o efeito local da
temperatura e da umidade do ar sobre o intervalo respiratrio, portanto sobre a
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qualidade do ar percebida, um juzo de valor mais profundo do que as sensaes
trmicas do corpo inteiro.
As medies da temperatura, umidade relativa e velocidade do ar tm por objetivo
verificar o nvel de conforto proporcionado pelo ambiente aos seus ocupantes. O no
atendimento aos critrios da legislao indica que, alm do desconforto, o ambiente
torna-se ainda mais favorvel proliferao de fungos e outros poluentes biolgicos,
alm do aumento das concentraes de poluentes qumicos (INMETRO, 2007).
Parmetros biolgicos:
Os fungos so organismos ubquos encontrados em vegetais, animais, homem,
detritos, gua, ar e, em abundncia no solo, sendo participantes ativos do ciclo dos
elementos na natureza. Sua disperso feita por animais, homem, insetos, gua e,
principalmente, pelo ar atmosfrico, atravs dos ventos. O ciclo de vida dos fungos
inicia-se a partir de propgulos ou esporos gerados de forma sexual ou assexual.
Estas unidades apresentam morfologia bastante variada, fator importante para a
taxonomia, bem como a disposio dos esporos, as caractersticas do esporforo e
a presena de ornamentaes e outras modificaes especiais das hifas. Os fungos
crescem em meios de cultura especiais, podendo formar colnias de dois tipos:
leveduriformes ou filamentosas. As colnias leveduriformes so de modo geral
pastosas ou mucides, caracterizando o grupo das leveduras ou dos dimrficos
leveduriformes. As colnias filamentosas, caractersticas dos bolores, podem
apresentar-se cotonosas, aveludadas ou pulverulentas e com os mais variados tipos
pigmentares. Muitos fungos apresentam a capacidade de infectar o homem
(BERNARDI, 2005).
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Segundo Mezzari (2003) sobejamente conhecido que elementos presentes no ar
atmosfrico sofrem influncia de fatores climticos, como regime de ventos, chuvas,
temperatura, grau de insolao, presena de terras devolutas, etc; e tambm de
fatores associados urbanizao, como presena de prdios, poluio automotiva e
industrial, entre outros. A exposio a fungos dentro de moradias depende da
presena destes microorganismos no ar atmosfrico e das condies do ambiente
interno como ventilao, umidade, presena de carpetes, animais e plantas.
Mezzari (2003) tambm afirma que os fungos dispersam-se na natureza atravs do
ar atmosfrico ou por outras vias como gua, insetos, homem e animais. Os fungos
que so dispersos atravs do ar atmosfrico so denominados fungos anemfilos.
Sendo assim, a microbiota fngica anemfila pode ser semelhante ou diferente em
cada cidade ou regio. Os elementos fngicos que so encontrados no ar
atmosfrico so os esporos (propgulos). So aeroalrgenos que, quando inalados,
podem ser responsveis por manifestaes respiratrias alrgicas, como asma e
rinite.
Os fungos esto presentes no dia-a-dia e em todos os lugares, basta ter as
condies favorveis para seu desenvolvimento e neste sentido Cuc (1993) afirma
que a flora fngica anemfila bastante rica e sua existncia em determinado
ambiente sofre variaes amplas diretamente relacionadas com fatores diversos
como poca do ano, temperatura atmosfrica, umidade relativa do ar, variaes
sazonais, mtodos de anti-sepsia e desinfeco dos ambientes, fluxo de trnsito
humano local.
Os fungos apresentam variaes muito amplas em sua incidncia, de acordo com a
estao do ano, temperatura, umidade relativa do ar, hora do dia, velocidade e
direo dos ventos, presena de atividade humana e tipo de climatizao dos
ambientes (MARTINS-DINIZ, 2005).
A identificao desses fungos complexa e precisa de um estudo detalhado dos
esporos e outras microestruturas morfolgicas. Para isso boas preparaes
microscpicas so essenciais. No entanto, muitas vezes difcil de se realizar,
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especialmente quando se trata de culturas de fungos que possuem esporos
delicados, que so facilmente perturbados aps remoo e sua posterior
transferncia para o microscpio (NUGENT, 2006).
3.5. Equipamentos de climatizao Segundo a Springer-Carrier (2007), fabricante de equipamentos de ar condicionado,
os sistemas de ar condicionado podem ser:
Quanto ao tipo de expanso direta:
- Ar condicionado de janela
- Sistema dividido (Split-system)
- Alto suficiente (Self-contained)
Quanto ao tipo de expanso indireta:
- Resfriadores de gua (water chiller)
Quanto aos ciclos evaporativos podem ser:
- Refrigerao mecnica
- Absoro de uma soluo
Quanto distribuio de ar no ambiente podem ser:
- Direta
- Redes de dutos com grelhas e difusores
3.6. Filtrao de ar O objetivo da filtrao reter as impurezas presentes no ar. Segundo a Agncia de
Proteo Ambiental dos Estados Unidos (US-EPA) para se manter o ar interior de
ambientes climatizados em relao ao exterior das grandes cidades com pouco
material particulado em suspenso e poluentes externos recomendado utilizao
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de filtros de ar e uma presso positiva atravs de um sistema de ventilao
mecnica.
Tanto o ar recirculado como o ar exterior captado, devem ser filtrados antes de
circularem pelo ambiente interno.
Material particulado o termo utilizado para designar uma mistura fsica e qumica de diversas substncias presentes em suspenso no ar como slidos ou sob a forma lquida (gotculas, aerossol). Dentre os inmeros poluentes normalmente encontrados no interior das edificaes, os particulados representam a forma mais visvel de poluio e para sua deteco no exigem instrumentao com grande nvel tecnolgico. A matria particulada total designada pelo termo matria particulada em suspenso, sendo a matria particulada inalvel somente aquelas que so pequenas o bastante para passar pelas vias areas superiores e alcanar os pulmes (CARMO, 1999).
3.6.1. Tipos de filtros de ar Segundo a TROX (2003), os filtros de ar podem ser classificados conforme abaixo:
- Filtros rotativos automticos;
- Filtros planos;
- Filtros de absoro; - Filtros de bolsas; - Filtros absolutos.
As mantas e bolsas filtrantes so constitudas pelos seguintes materiais:
- Manta filtrante em fibra de vidro; - Manta filtrante tipo bolsa com meio filtrante em fibra de vidro ou fibra sinttica; - Manta descartvel em fibra sinttica antimicrobiana; - Bolsa em fibras sintticas antimicrobiana; - Filtro de carvo ativado.
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3.7. Tomadas de ar exterior Segundo pesquisa do NIOSH quanto qualidade do ar interior, em 53% dos
edifcios foi detectado ventilao inadequada. As causas da ventilao inadequada
foram insuficincia de ar exterior, m distribuio e mistura de ar, presses
diferentes do ar entre escritrios, temperaturas inadequadas, flutuaes extremas de
umidade relativa, filtrao do ar deficiente e pssima manuteno dos sistemas de
ventilao (Oliver & Shackleton, 1998).
Afonso (2004), afirmou que a diminuio da renovao de ar interno em face da
crise do petrleo na dcada de 70, para economia de energia, associada mudana
dos tipos de materiais de revestimento, bem como a presena cada vez maior de
solventes volteis utilizados em materiais de limpeza e em alguns artigos de
escritrio, levaram a diminuio da umidade relativa interna, vem diminuindo a
concentrao de oxignio e como conseqncia leso nas vias respiratrias,
mucosas e pele (apud BASENGE, 2001, SIQUEIRA 2000, SIQUEIRA & DANTAS,
1999).
preciso ter cuidado na captao do ar exterior para ambientes condicionados,
importante a anlise deste ar para evitar a contaminao do ar interno.
O ar externo de extrema importncia na qualidade do ar interno. Se o ar exterior
no for de boa qualidade afetar a qualidade do ar interior. O ar externo deve ser
limpo atravs dos equipamentos de ventilao e do sistema de filtrao, antes de
entrar no ambiente fechado (BRICKUS, 1999).
O ar externo em uma edificao entra e sai por infiltrao atravs das frestas de
portas e janelas, abertura da porta; ventilao natural e ventilao mecnica,
foradores de ar (ventiladores). Quando tem pouca troca os nveis de poluentes
geralmente aumentam (EPA, 2008).
Para Costa (2005 apud Carmo e Prado (1999)), a ventilao mais que isso, uma
vez que a combinao de processos que resulta no s do fornecimento de ar
externo, mas tambm da retirada de ar viciado dentro de um edifcio. Este processo
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envolve normalmente a entrada de ar externo, mistura do ar por todas as partes do
edifcio e por fim a exausto de uma parcela do ar interno.
3.8. Plano de manuteno O Plano de manuteno de extrema importncia e nele deve conter a identificao
do estabelecimento que possui ambientes climatizados, a descrio das atividades a
serem desenvolvidas, a periodicidade das mesmas, as recomendaes a serem
adotadas em situaes de falha do equipamento e de emergncia (ANVISA, 1998).
A degradao e a falta de manuteno do sistema de ventilao podem tornar a
qualidade do ar imprpria devido contaminao por agentes biolgicos, taxas de
troca e filtragem do ar inadequada e perda do controle dos parmetros trmicos
(OLIVER & SHACKLETON, 1998).
As inspees das Vigilncias Sanitrias locais esto incumbidas de verificar a
adequao das condies de limpeza, manuteno, operao e controle dos
sistemas de climatizao a partir de procedimentos pr-definidos e registrados no
chamado Plano de Manuteno, Operao e Controle PMOC (Anexo B), cuja
elaborao e implantao so de responsabilidade de um profissional com
competncia tcnica comprovada de acordo com a Portaria n 3.523, que diz: todo
estabelecimento de uso pblico e coletivo, climatizado artificialmente, deve possuir
um PMOC e este deve ser mantido disponvel no imvel (INMETRO, 2007).
3.9. Principais doenas relacionadas com o ar de ambientes internos climatizados. Vrios aeroalrgenos, dentre eles os plens, podem desencadear a asma. Devido
ao seu pequeno tamanho, abundante produo e distribuio onipresente, os plens
representam uma causa importante de doena alrgica sazonal, incluindo tambm, a
rinite alrgica (FILHO, 2007), conforme ilustrao da figura 4.
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Figura. 4. Os plens das gramneas e fungos, principais alrgenos de origem vegetal que participam de quadro de atopia Fonte: http://www.asmabronquica.com.br/PDF/tipos_de_asma_asma_sazonal.pdf A grande quantidade de fungos anemfilos como agentes poluidores do ambiente,
principalmente nas bibliotecas universitrias, tem importncia na etiologia de
doenas respiratrias de natureza alrgica e como oportunistas responsveis por
diferentes quadros clnicos de micoses (MENEZES, 2006). Segundo ainda Menezes os processos alrgicos como rinite, asma alrgica, alveolite
alrgica extrnseca, sinusite alrgica, bem como micoses pulmonares clinicamente
definidas, so algumas das manifestaes eventualmente provocadas pela
microbiota fngica.
Outros aeroalrgenos que podem precipitar ou exacerbar a asma so os esporos de
fungos (mofo ou bolor) reconhecidos como causadores de sensibilizao atpica.
Sua presena pode variar em funo da regio geogrfica e condies climticas
(temperatura/umidade). Os fungos tendem a ser alrgenos sazonais em zonas
temperadas, onde alguns fungos esporulam no calor, em dias secos de vero,
enquanto que outros preferem a estao das chuvas. No interior das casas so
encontrados principalmente em ambientes quentes, midos e pouco ventilados
(FILHO, 2007).
A diminuio da umidade relativa do ar desencadeia ressecamento da pele e
mucosas, especialmente do trato respiratrio, bem como uma srie de outros sinais
e sintomas.
http://www.asmabronquica.com.br/PDF/tipos_de_asma_asma_sazonal.pdf
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A ANVISA em sua Resoluo n 9 recomenda a anlise de bioaerosol, suspenso
de microorganismos (organismos viveis) dispersos no ar em ambientes interiores
com o objetivo de pesquisa, monitoramento e controle ambiental das possveis
colonizao, multiplicao e disseminao de fungos.
3.10. Bibliotecas De maneira mais abrangente, segundo a wikipedia, 2008, biblioteca todo espao
(concreto, virtual ou hbrido) destinado a uma coleo de informaes de quaisquer
tipos, sejam escritas em folhas de papel (livros,monografias, enciclopdias,
dicionrios, revistas, jornais, manuais, etc) ou ainda digitalizadas e armazenadas em
outros tipos de materiais, tais como CD, fitas, VHS, DVD e bancos de dados.
As bibliotecas podem ser pblicas ou particulares. Nas bibliotecas pblicas o acesso
aos livros costuma ser gratuito e muitas vezes possvel emprestar livros por um
determinado tempo, dependendo da poltica definida, que varia de acordo com o tipo
de obra. As bibliotecas pblicas so locais que propiciam comunidade acesso a
informaes que de alguma forma so teis e ajudam a desenvolver a sociedade.
No contexto atual, muitas bibliotecas buscam oferecer infraestrutura para incluso
digital.
As biliotecas particulares podem ser mantidas por instituies de ensino privadas,
fundaes, instituies de pesquisa ou grandes colecionadores. Algumas delas
permitem acesso a sua coleo, permitindo a pesquisadores, estudantes ou
interessados o acesso as informaes armazenadas em suas dependncias.
Normalmente, as colees de livros nas bibliotecas so classificadas, de modo a
facilitar a localizao e consulta por parte dos usurios. A classificao pode
obedecer diversos critrios, sendo mais comum a classificao por assuntos, e
dentro do mesmo assunto, por nome do autor (alfabeticamente).
http://pt.wikipedia.org/wiki/Virtualhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Monografiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Enciclop%C3%A9diahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Dicion%C3%A1riohttp://pt.wikipedia.org/wiki/CDhttp://pt.wikipedia.org/wiki/VHShttp://pt.wikipedia.org/wiki/DVDhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Banco_de_dadoshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bibliotecas_p%C3%BAblicashttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bibliotecas_p%C3%BAblicashttp://pt.wikipedia.org/wiki/Inclus%C3%A3o_digitalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Inclus%C3%A3o_digitalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ensinohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Funda%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Pesquisahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Usu%C3%A1rioshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Autor
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As bibliotecas centrais pblicas universitarias esto a servio dos estudantes, do
pblico em geral e do pessoal docente. Correspondem unidade de informao de
uma Universidade, pelo que as suas colees refletem as matrias lecionadas nos
cursos e as reas de investigao da instituio. A documentao sobretudo de
carcter cientfico e tcnico, que permanentemente atualizada, atravs da
aquisio frequente de um grande nmero de publicaes de peridicos em papel
ou electrnico. A seleco da documentao feita essencialmente pelos diretores
de cada departamento da Universidade e no tanto pelo bibliotecrio. Estas
Instituies tm como objetivos principais: apoiar o ensino e a investigao; dar um
tratamento tcnico aprofundado aos documentos, nomeadamente ao nvel da
indexao e atualizar constantemente os acervos documentais. As bibliotecas pblicas contam com um grande acervo de livros, peridicos, revistas
salo de estudos, salas de triagem, recepo e documentao e fluxo de pessoas
continuo. A poeira em livros comum, portanto, existem trabalhos que fazem a
identificao dos fungos que podem desencadear crise alrgica (MENEZES, 2006
apud GAMBALE, 1993).
3.11. Sensao de Conforto Trmico A percepo da qualidade do ar resulta tambm da ao conjunta de fatores
determinantes do grau de poluio do ambiente e por meio das caractersticas
fisiolgicas, psicolgicas e comportamentais de cada pessoa em um determinado
local que tambm tem relao com a sensao de conforto (COSTA, 2005).
As questes relacionadas qualidade do ar de interiores no devem ser tratadas
linearmente e solucionadas por simples equaes matemticas. necessrio o
envolvimento dos diferentes atores da sociedade e dos servios de sade pblica,
com base no reconhecimento da incerteza, diante da complexidade e da relevncia
que envolve a temtica, no sentido de contribuir para a avaliao e o gerenciamento
das complexas interaes do homem, com suas tecnologias e seus ambientes.
(COSTA, 2006).
http://pt.wikipedia.org/wiki/Universidadehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Documenta%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bibliotec%C3%A1riohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Indexa%C3%A7%C3%A3o
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3.12. Avaliao da qualidade do ar interior por mtodos qualitativos e quantitativos
freqente se adotar uma combinao de anlise quantitativa e qualitativa quando
se trata de uma avaliao mais complexa, aspectos que se complementam nos
trabalhos de pesquisa (VIANNA, 2004).
Alguns pesquisadores criticam o fato de se adotar um procedimento
predominantemente quantitativo para explicar fenmenos psicolgicos e sociais
complexos. E se reconhece ainda que a inter-relao real dos componentes de um
modelo nem sempre pode ser amplamente explicada por meio de esquemas
estatsticos (RICHARDSON, 1999).
Os dados qualitativos nesta avaliao so caracteristicamente multimetodologicos,
isto , usam uma grande variedade de procedimentos e instrumentos de coleta de
dados (ALVES-MAZZOTTI, 2006).
A investigao qualitativa requer como atitudes fundamentais a abertura, a
flexibilidade, a capacidade de observao e de interao com o grupo de
investigadores e com os atores sociais envolvidos (MINAYO, 2006).
Quando se quantifica, apresenta limitao ao tentar explicitar alguns problemas
complexos (RICHARDSON, 1999).
Por outro lado, a natureza ou o nvel de complexidade em que alguns dados se
situam torna-os quase impossvel de serem apresentados com exatido e a prpria
medida, em si, relativa, fortalecendo uso de mtodos qualitativos (RICHARDSON,
1999).
Ao contrrio do que ocorrem com as pesquisas quantitativas, as investigaes
qualitativas, por sua diversidade e flexibilidade, no admitem regras precisas,
aplicveis a uma ampla gama de casos (ALVES-MAZZOTTI, 2006).
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O foco e o design devem, ento, emergir, por um processo de induo, do
conhecimento do contexto e das mltiplas realidades construdas pelos participantes
em suas influncias recprocas (ALVES-MAZZOTTI, 2006).
O objetivo desta avaliao so os seres humanos com suas crenas, prticas,
interaes e no a explicao simples de um fenmeno conforme determinadas leis
cientficas (RICHARDSON, 1999).
Numa abordagem qualitativa, seu critrio no numrico. Podemos considerar que
uma amostra ideal aquela capaz de refletir a totalidade nas suas mltiplas
dimenses (MINAYO, 2006).
Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a
complexidade de determinado problema, analisar a interao de certas variveis,
compreender e classificar processos dinmicos vividos por grupos sociais e
ambientais, contribuir no processo de mudana de determinado grupo e possibilitar,
em maior nvel de profundidade, o entendimento das particularidades do
comportamento dos indivduos e do meio ambiente (RICHARDSON, 1999).
com base nessas concepes sobre personalidade e percepo que os dados
qualitativos viabilizam uma anlise global, relacionando o indivduo com a sociedade
(RICHARDSON, 1999).
A pesquisa qualitativa visa tambm criar indagaes a serem verificadas na
investigao, encarado como uma formulao de pressupostos ou de questes
(MINAYO, 2002).
A natureza mais aberta e interativa de um trabalho qualitativo que envolve
observao participante permite que o investigador combine o fazer de confirmar ou
infirmar hipteses com as vantagens de uma abordagem no-estruturada.
Na concepo naturalista-ecolgica que afirma ser o comportamento humano
significativamente influenciado pelo contexto em que se situa, qualquer tipo de
pesquisa que desloca o indivduo do seu ambiente natural est negando a influncia
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dessas foras contextuais e em conseqncia deixa de compreender o fenmeno
estudado em sua totalidade (LUDKE, 1998).
O pressuposto qualitativo-fenomenolgico determina ser quase impossvel entender
o comportamento humano sem tentar entender o quadro referencial dentro do quais
os indivduos interpretam seus pensamentos, sentimentos e aes (LUDKE, 1998).
O fato de uma pesquisa se propor compreenso de uma realidade especfica,
ideogrfica, cujos significados so vinculados a um dado contexto, no a exime de
contribuir para a produo do conhecimento (ALVES-MAZZOTTI, 2006).
Vrias tcnicas de abordagem para o estudo qualitativo devem ser empregadas
quando os fatos reais forem complexos (VIANNA, 2004).
As pesquisas qualitativas se baseiam em uma outra lgica. Inicialmente, vale
lembrar que elas raramente trabalham com amostras representativas, dando
preferncia a formatos etnogrficos ou de estudo de caso, nos quais os sujeitos so
escolhidos de forma proposital, em funo de suas caractersticas ou do
conhecimento que detm sobre as questes de interesse da pesquisa (ALVES-
MAZZOTTI, 2006).
3.12.1 Fases da avaliao da qualidade do ar
Exploratria e teste O controle exercido por um pesquisador, quando entra na rea social, sobre as
variveis pesquisadas, de natureza inteiramente simblica, sendo mantidos
constantes, como afirma Bailey (1994), os valores dos grupos (VIANNA, 2004).
Pesquisas qualitativas se propem a preencher lacunas no conhecimento, da serem
essas pesquisas freqentemente definidas como descritivas ou exploratrias. Essas
lacunas geralmente se referem compreenso de processos que ocorrem em uma
dada instituio, grupo ou comunidade (ALVES-MAZZOTTI, 2006).
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As variveis no podem ser submetidas a controle rgido, ou melhor, manipuladas
como nas pesquisas experimentais (RICHARDSON, 1999).
Com relao a particularidades que dizem respeito aos problemas mencionados,
ressalta-se que a dimenso qualitativa que envolve tais problemas no permite
apenas tratamento exclusivamente estatstico, mas um tratamento de carter
qualitativo no qual tanto o comportamento como as atitudes dos indivduos so
analisadas num contexto mais amplo, para aprofundar a explicao das relaes
descobertas (RICHARDSON, 1999).
Dada importncia atribuda ao contexto nas pesquisas qualitativas, recomenda-se,
como vimos, que a investigao focalizada seja precedida por um perodo
exploratrio. Este, por sua vez, antecedida por uma fase de negociaes para
obter acesso ao campo (ALVES-MAZZOTTI, 2006).
Vale lembrar que, uma vez elaborado o instrumento a ser usado na coleta de dados,
aconselhvel test-lo antes de sua utilizao definitiva. Passar por um momento
de teste, aplicando o instrumento em situaes similares e realizando a anlise dos
dados coletados, pode sugerir reformulaes e complementaes (MOROZ, 2006).
O processo de investigao prev idas ao campo antes do trabalho mais intensivo, o
que permite fluir por uma rede de relaes e possveis correes dos instrumentos
de coleta de dados (MINAYO, 2006).
Pode-se tambm, indicar os procedimentos a serem utilizados (observao;
entrevista, uso de documentos), apresentando-se as razes para tal e os aspectos
que sero focalizados, o que ser observado, que itens faro parte da entrevista,
que informaes sero coletadas nos documentos (MOROZ, 2006).
A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o
pesquisador como seu principal instrumento, pesquisa qualitativa supe o contato
direto e prolongado, via de regra atravs do trabalho intensivo da investigao e do
trabalho intensivo de campo (LUDKE, 1998).
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Os registros, sobretudo os que se destinam anlise qualitativa, devem ser
imediatamente tratados e analisados, pela complexidade do campo objeto em
estudo. Muita nuance tambm podem no aparecer e neste caso pode-se lanar luz
atravs de um observador suficientemente experiente e sofisticado nas suas
apreciaes (VIANNA, 2004).
Observao A observao uma das mais importantes fontes de informaes em pesquisas
qualitativas (VIANNA, 2004).
Sem a acurada observao, no h cincia. A observao uma das caractersticas
da atividade cientfica, inclusive na rea das cincias humanas e sociais (VIANNA,
2004).
Ao destacar o papel da observao, Lazarsfeld e Rosenberg (1955) expressam que
da anlise de uma srie de observaes, pode-se obter uma gama de
classificaes, colocao das caractersticas em determinada ordem, suas relaes
uma com as outras e nvel de estudo descritivo (RICHARDSON, 1999).
O observador deve saber ver, identificar e descrever diversos tipos de interaes e
processos humanos. A identificao de problemas para fins de pesquisa, inclusive
as de natureza observacional sempre parte de tpicos bastantes amplos, para
depois de sua anlise, concentrar-se em um problema especfico conforme
propuseram McMillan & Schumacher (2001) (VIANNA, 2004).
A observao, quando adequadamente conduzida, pode revelar inesperados e
surpreendentes resultados que, possivelmente, no seriam examinados em estudos
que utilizassem tcnicas diretivas (RICHARDSON, 1999).
Ao longo dos anos, a observao empiricamente fundamentada para o
desenvolvimento do conhecimento cientfico uma tcnica metodolgica valiosa,
especialmente para coletar dados de natureza no-verbal (VIANNA, 2004).
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Os estudos observacionais levam observao de campo, tcnica fundamental
usada na maioria das pesquisas qualitativas, que traduz descries detalhadas de
acontecimento, pessoas, aes e objetos em um determinado contexto de acordo
com McMillan Schumacher (2001) (VIANNA, 2004).
Estudos observacionais podem ser realizados, lembra Bailey (1994), em diferentes
lugares, como escolas, universidades, hospitais, shoppings, ruas, praas pblicas,
etc (VIANNA, 2004).
As observaes so muitas vezes feitas preliminarmente a outras atividades. A
observao tambm empregada quando os sujeitos a observar no admitem sua
participao explcita em um Survey, nota Bailey (1994), ou quando se deseja
estudar fatos ou comportamentos que ocorrem em determinado contexto ou
instituio (VIANNA, 2004).
A observao, especialmente a observao direta, como metodologia de
levantamento de dados, mais valiosa do que outros meios de captao de dados,
como por exemplo, o Survey (tcnica de levantamento de dados que apresenta
pergunta ou questes a uma amostra de sujeito, em determinado momento), a
entrevista e o questionrio, quando usados isoladamente (VIANNA, 2004).
As tcnicas de observao fornecem os dados que se referem diretamente a
situaes sociais e comportamentais tpicas, e sempre que se acreditar que
diferentes fatores possam interferir nos dados, a observao do fenmeno em
estudo deve ser a metodologia e a tcnica indicadas (VIANNA, 2004).
Quando o responsvel pela observao pertence a uma instituio de reconhecida
idoneidade, Universidade, Centros de Pesquisa, etc.ou conhecido por seu trabalho
profissional, a possibilidade de obter a colaborao em um trabalho bem definido,
nos seus objetivos e com propsitos de relevncia cientfica, grande, resolvendo-
se, assim, um problema crucial que ocorre com grande freqncia (VIANNA, 2004).
O contedo da observao deve ser necessariamente delimitado, porquanto
impossvel observar a todos e a tudo, registrando todos os pormenores (VIANNA,
2004 apud SELLTIZ, 1967).
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preciso pensar tambm que a observao em situao natural exige o registro
imediato das informaes coletadas e a sua codificao. A observao, num
contexto interno (escolas, salas de aulas, salas de reunies, locais de trabalho,
escritrios, etc.), possibilita resultados mais bem estruturados do que quando
efetivada em um ambiente natural externo (VIANNA, 2004).
Ao trmino do estudo, ter registros de comportamentos e fatos e no escores a
respeito dos sujeitos (VIANNA, 2004).
Estabelecer (VIANNA, 2004), de acordo com Bailey (1994), que as diferentes e
sucessivas fases do processo de observao so as seguintes:
Definir os objetivos do estudo; Decidir sobre o grupo o de sujeito a observar; Legitimar sua presena junto ao grupo a observar; Obter confiana dos sujeitos a observar; Observar e registrar notas de campo durante semanas (ou um perodo mais
longo, conforme a natureza do estudo); Saber retira-se do campo de observao; Analisar os dados; Elaborar um relatrio sobre os elementos obtidos.
As notas de campo, desse modo, devem preservar a seqncia em que essas
interaes ocorrem. A grande vantagem da observao ressalta Selltiz et al (1967),
consiste no registro do comportamento no ato e no momento da sua ocorrncia
(VIANNA, 2004).
Anotaes cuidadosas devem ser feitas durante as observaes (VIANNA, 2004).
Do ponto de vista essencialmente prtico, interessante que, ao iniciar cada
registro, o observador indique o dia, a hora, o local da observao e o seu perodo
de durao (LUDKE, 1998).
As observaes podem ser registradas em forma narrativa e, subseqentemente,
transformadas em quadros interpretativos (VIANNA, 2004).
Os dados coletados so predominantemente descritivos. A anlise dos dados tende
a seguir um processo indutivo (LUDKE, 1998).
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Selltiz et al. (1967) mostram que o melhor momento para o registro no decorrer do
acontecimento, para evitar possveis vieses seletivos e deformaes decorrentes de
lapsos de memria (VIANNA, 2004).
H situaes que impedem e registro imediato, por quebrar a naturalidade da
ocorrncia ou perturbar as pessoas envolvidas no ato da observao (VIANNA,
2004).
Para que se torne um instrumento vlido e fidedigno de investigao cientfica, a
observao. Implica a existncia de um planejamento cuidadoso do trabalho e uma
preparao rigorosa do observador. Planejar a observao significa determinar com
antecedncia o qu e como observar (LUDKE, 1998).
A observao, para que possa ser considerado um instrumento metodolgico,
necessrio que seja planejada, registrada adequadamente e submetida a controles
de preciso (MOROZ, 2006).
Entrevista As informaes que se quer obter, e os informantes que se quer contatar, em geral,
so mais convenientemente abordveis atravs de um instrumento mais flexvel
(LUDKE, 1998).
A entrevista pode ser a principal tcnica de coleta de dados ou pode, como vimos,
ser parte integrante da observao participante. (ALVES-MAZZOTTI, 2006).
No que diz respeito a procedimentos metodolgicos, as pesquisas qualitativas de
campo exploram particularmente as tcnicas de observao e entrevistas
(RICHARDSON, 1999).
As entrevistas qualitativas so muito pouco estruturadas, sem um fraseamento e
uma ordem rigidamente estabelecidos para as perguntas, assemelhando-se muito a
uma conversa (ALVES-MAZZOTTI, 2006).
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O registro feito atravs de notas durante a entrevista certamente, as notas j
representem um trabalho inicial de seleo e interpretao das informaes emitidas
(LUDKE, 1998).
O roteiro da entrevista consta apenas alguns itens que so indispensveis para o
delineamento do objeto. Roteiro sempre um guia, nunca um obstculo no pode
prever todas as situaes e condies de trabalho de campo (MINAYO, 2006).
muito importante que o entrevistado esteja bem informado sobre os objetivos da
entrevista e de que as informaes fornecidas sero utilizadas exclusivamente para
fins de pesquisa, respeitando-se sempre o sigilo em relao aos informantes
(LUDKE, 1998).
Tanto o questionrio quanto a entrevista devem ser cuidadosamente planejados, de
forma que as questes especifiquem claramente o contedo que se pretende
abordar (MOROZ, 2006).
Questionrio O Survey (questionrio usado como referencial para fins de interpretar a realidade
e levantar dados empricos de natureza quantitativa (VIANNA, 2004).
A observao indiscutivelmente superior pesquisa de Survey, experimentao ou
estudo de documentao para fins de coletar dados sobre um comportamento no-
verbal. O Survey mostra-se superior observao a fim de descobrir a opinio de
uma pessoa sobre certa controvrsia (VIANNA, 2004).
No mtodo quantitativo, as perguntas do questionrio ou entrevista so formuladas
clara e detalhadamente; mantm-se o anonimato do entrevisto para evitar distoro
nas respostas; as definies so precisas e operacionalizam-se com indicadores
especficos (RICHARDSON, 1999).
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Dependendo do problema e do tipo de pesquisa que est sendo realizada a
compreenso de determinado fenmeno pode ser feita com um nmero bastante
reduzido de pessoas e sua escolha no seguir as etapas de uma tcnica estatstica
de amostragem (MOROZ, 2006).
A Resoluo n 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Sade,
regulamenta sobre as pesquisas envolvendo seres humanos. Entre outras decises,
necessrio o consentimento livre e esclarecido dos sujeitos (MOROZ, 2006).
Anlise documental Podemos dizer, entretanto, que observao (participante ou no), a entrevista em
profundidades e a anlise de documentos so os mais utilizados, embora possam
ser complementados por outras tcnicas de pesquisa (ALVES-MAZZOTTI, 2006).
Considera-se como documento qualquer registro escrito que possa ser usado como
fonte de informao (ALVES-MAZZOTTI, 2006).
A anlise de documentos pode ser a nica fonte de dados o que costuma ocorrer
quando os sujeitos envolvidos na situao estudada no podem ser encontrados ou
pode ser combinada, o mais comum, com outras tcnicas de coleta (ALVES-
MAZZOTTI, 2006). Nesses casos, ela pode ser usada, tanto como uma tcnica exploratria (indicando
aspectos a serem focalizados por outras tcnicas) como para checagem ou
complementao dos dados obtidos por meio de outras tcnicas (ALVES-
MAZZOTTI, 2006).
Validao da pesquisa Cabe destacar que a pesquisa qualitativa deve estar orientada melhoria das
condies de vida da grande maioria da populao. Portanto, necessrio, na
medida do possvel, integrar pontos de vista, mtodos e tcnicas para enfrentar esse
desafio (RICHARDSON, 1999).
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A responsabilidade deste trabalho qualitativo oferecer ao leitor uma descrio
densa do contexto estudado, bem como da caracterstica de seus sujeitos, para
permitir que a deciso de aplicar ou no os resultados a um novo contexto possa ser
bem fundamentado (ALVES-MAZZOTTI, 2006).
No mtodo qualitativo, existe relao muito prxima entre pesquisador e informante,
o que possibilita informaes detalhadas; as inferncias so superficiais,
descrevendo-se em detalhe o concreto (RICHARDSON, 1999).
A pesquisa qualitativa ou naturalstica, segundo Bogdan e Biklen (1982), envolve a
obteno de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com o
produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes (LUDKE, 1998).
As concordncias entre resultados de observaes e de Surveys, como mostra
Bailey (1994), tendem a demonstrar a validade da observao como metodologia de
pesquisa (VIANNA, 2004).
Triangulao um termo usado nas abordagens qualitativas para indicar o uso
concomitante de vrias tcnicas de abordagem e de vrias modalidades de anlise,
de vrias informantes e pontos de vista de observao, visando verificao e
validao da pesquisa (MINAYO, 2006).
Na triangulao mais metodologias podem ser usadas no desenrolar da pesquisa
(VIANNA, 2004).
Quando buscamos diferentes maneiras para investigar um mesmo ponto, estamos
usando uma forma de triangulao (ALVES-MAZZOTTI, 2006).
A triangulao de mtodos geralmente se refere comparao de dados coletados
por mtodos qualitativos e quantitativos (Patton, 1986) (ALVES-MAZZOTTI, 2006).
Vrios instrumentos de coleta de dados, a chamada triangulao, checa a validade
das informaes (VIANNA, 2004).
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4. MATERIAL E MTODOS 4.1. Escolha do local de estudo Os critrios adotados para escolha das bibliotecas foram: o fluxo de pessoas que
circulam nestes ambientes, porte do acervo, sistemas de condicionamento do ar
diferenciados e a localizao dos prdios.
Segundo recomendao de Costa (2005, p. 64) a ventilao e as condies
climticas exteriores possuem correlao direta com a qualidade do ar interior,
portanto os prdios esto localizados dentro de uma mesma zona microclimtica.
CEFET-PE
UFPE
1 Km
1 Km
1,5 Km
IPA
Figura 5 - Localizao dos prdios das bibliotecas e da estao meteorolgica do IPA(Instituto de Pesquisas Agropecurias de Pernambuco) em rea prxima (zona microclimtica). Fonte: GOOGLE EARTH (2008)
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4.2. Caractersticas do local de estudo Dados da Prefeitura da Cidade de Recife: Clima: quente e mido
Temperatura mdia: 25,2 C
Altitude: 4 m
Coordenadas geogrficas: latitude 8 04' 03'' S e longitude 34 55' 00'' W
rea: 219,493 km2
Composio da rea territorial:
Morros: 67,43%
Plancies: 23,26%
Aquticas: 9,31%
Zonas Especiais de Preservao Ambiental - ZEPA: 5,58%
Extenso de praia: 8,6 km.
Bibliotecas selecionadas: A biblioteca central da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco), usada
para o pr-teste, localiza-se no Campus Universitrio, no bairro de Dois Irmos.
A figura 6 mostra a biblioteca central da UFPE (Universidade Federal de
Pernambuco) selecionada que se localiza no campus universitrio, no bairro da
Cidade Universitria.
A figura 7 mostra a biblioteca central do CEFET-PE (Centro Federal de Educao
Tecnolgica de Pernambuco) selecionada que se localiza no bairro da Cidade
Universitria.
Localizao geogrfica das bibliotecas: UFRPE: 800050.91 S e 3405652.03 O
UFPE: 800303.38 S e 3405705.47 O
CEFET-PE: 800334.30 S e 3405702.28 O
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Figura 6 - Localizao da biblioteca central da UFPE e seu entorno Fonte: GOOGLE EARTH (2008)
Figura 7- Localizao da biblioteca central do CEFET-PE e seu entorno Fonte: GOOGLE EARTH (2008)
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4.3. Pesquisa de campo
Antes de iniciar a coleta, foi realizado um diagnstico preliminar em campo com a
realizao de visitas s Bibliotecas Pblicas para conhecer o ambiente de trabalho
dos servidores e alunos, as possveis fontes poluidoras visveis, os pontos de
degradao e contaminao ambiental que pudessem afetar o ar interior, o pblico
alvo da pesquisa, os tipos de equipamentos utilizados e os planos de manuteno
para se ter uma viso geral do estudo conforme descreveram tambm Minayo
(2006) e Alves-Mazzotti (2006).
Vrias tcnicas de abordagem para o estudo foram empregadas por serem os fatos
reais complexos como descreveu Vianna (2004) e Moroz (2006).
As variveis no foram submetidas a controle rgido e nem foram manipuladas
relatado tambm por Richardson (1999).
Inicialmente, vale lembrar que as amostras no foram representativas, dando
preferncia a formatos etnogrficos ou de estudo de caso, nos quais os sujeitos
foram escolhidos de forma proposital, em funo de suas caractersticas, ou dos
conhecimentos que detm sobre as questes de interesse da pesquisa como
descreveu Alves-Mazzotti (2006).
A investigao requereu como atitudes fundamentais abertura, a flexibilidade, a
capacidade de observao e de interao com o grupo de investigados e com os
atores sociais envolvidos conforme Minayo (2006).
As investigaes por sua diversidade e flexibilidade no admitiu regras precisas
conforme contribuio de Alves-Mazzotti (2006).
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Os fenmenos psicolgicos e sociais envolvidos no puderam ser explicados por
meio de esquemas estatsticos, quantificao, pois apresentam limitao ao tentar
explicitar alguns problemas complexos, tornando-os quase impossvel de serem
apresentados com exatido e a prpria medida, em si, relativa como descreveu
tambm Richardson (1999).
Foi realizada uma anlise global, relacionando o indivduo aos fatores que
influenciam a qualidade do ar interior como descreveu tambm Richardson (1999).
Baseado no que disse Minayo (2006) a amostra tentou refletir a totalidade nas suas
mltiplas dimenses.
Foi realizado um pr-teste, em fevereiro de 2008 na biblioteca pblica central da
UFRPE, por ela estar na mesma regio microclimtica, com equipamentos de
climatizao parecidos. Foram aplicados questionrios e realizadas entrevistas com
alunos e funcionrios com o objetivo de verificar a eficcia e adequao da realidade
das observaes, dos questionrios, dos dados coletados e do uso dos instrumentos
conforme relatou tambm Moroz (2006).
A observao dos ambientes, as coletas e as entrevistas geraram uma planilha de
dados conforme apndices C e D e orientao de Ludke (1998).
A observao foi realizada segundo roteiro abaixo de Vianna (2004):
Definio dos objetivos do estudo; Deciso sobre o grupo e do sujeito a observar; Legitimao da presena junto ao grupo a observar; Obteno da confiana dos sujeitos a observar; Observao e registro das notas de campo; Analise dos dados; Elaborao de um relatrio sobre os elementos obtidos.
O contedo da observao foi delimitado, por ser impossvel observar a todos e a
tudo, registrando apenas os pormenores mais significativos e de relevncia ao
estudo com o registro imediato das informaes coletadas e a sua codificao
segundo tambm orientao de Vianna (2004) apud Selltiz (1967).
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As observaes foram registradas em forma narrativa e subseqentemente
transformadas em quadros interpretativos conforme descreveu Vianna (2004).
As coletas das amostras foram realizadas na biblioteca do CEFET-PE, nos
ambientes da sala do acervo e salo dos alunos e na UFPE na sala do acervo, no
horrio da tarde, entre as 12:00 e 18:00 horas depois da estabilizao das condies
de conforto nos dias 13(treze) de maro e 30(trinta) de abril de 2008.
A sala dos funcionrios e o salo dos alunos da biblioteca do CEFET-PE so
separados por divisrias rebatidas e utilizam o mesmo equipamento de
condicionamento do ar.
A sensao de conforto verificada com as entrevistas por questionrio foi realizada
com um nmero bastante reduzido de pessoas e sua escolha no seguiu as etapas
de uma tcnica estatstica de amostragem conforme afirmou Moroz (2006).
Foram entrevistados 16 (dezesseis) alunos na biblioteca do CEFET-PE e um total de
8 (oito) funcionrios nas duas bibliotecas.
As entrevistas foram elaboradas com pouca estruturao, sem um fraseamento e
um ordenamento rigidamente estabelecidos para as perguntas, assemelhando-se
muito a uma conversa, conforme indicao de Alves-Mazzotti (2006).
Os entrevistados foram informados sobre os objetivos da entrevista e de que as
informaes fornecidas seriam utilizadas exclusivamente para fins de pesquisa
conforme orientao dos trabalhos de Ludke (1998).
Usou-se aspas (), durante as entrevistas, indicando que era viso de uma pessoa
sobre o que ocorreu, a fim de no distorcer anlises e interpretaes posteriores
como descreveu Vianna (2004).
O questionrio foi cuidadosamente planejado, de forma que as questes
especificassem claramente o contedo que fosse abordado pelo sujeito, segundo
orientao de Moroz (2006).
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Manteve-se o anonimato do entrevistado para evitar distoro nas respostas; as
definies foram precisas e operacionalizadas com indicadores especficos segundo
Richardson (1999).
A Resoluo n 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Sade,
regulamenta sobre as pesquisas envolvendo seres humanos. Entre outras decises,
necessrio o consentimento livre e esclarecido dos sujeitos conforme descreveu
Moroz (2006).
As coletas das amostras e aplicao dos questionrios foram realizadas no mesmo
dia e duraram aproximadamente cinco horas, a fim de evitar possveis vieses
seletivos e deformaes decorrentes de lapsos de memria conforme afirmou
Vianna (2004).
As condies meteorolgicas do ambiente externo no dia de cada coleta foram
fornecidas pelo LAMEPE-ITEP e esto disponveis no Anexo C cuja finalidade foi
comparar a temperatura e umidade relativa interna e externa.
Para validao da pesquisa foi utilizado o mtodo de triangulao que segundo
Minayo (2006), usado nas abordagens qualitativas e quantitativas para indicar o
uso concomitante de vrias tcnicas de abordagem, de vrias modalidades de
anlise, de vrios informantes e pontos de vista de observao referendados
tambm nos trabalhos de Ludke (1998), Moroz (2006), Vianna (2004), Richardson,
(1999) e Alves-Mazzotti (2006).
4.4. Mtodos para determinao dos parmetros referenciais de qualidade do ar, recomendados pela resoluo n 9 da ANVISA de 16 de janeiro de 2003.
4.4.1. Mtodo para concentrao e determinao de bioaerosis: Suspenso de microorganismos dispersos no ar. Foi utilizado para este mtodo um amostrador de ar por impactao com acelerador
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linear de um estgio, bomba de suco calibrada com vazo fixa, contendo tambm
placas de Petri com meio de cultivo Batata-Dextrose-Agar (BDA) durante 5 minutos
e vazo de 28 litros/min, na altura de 1,5 metros do piso, localizado no centro do
ambiente em zona ocupada. (LIRA, 2007) conforme orientao da resoluo n 9.
A preparao, coleta e medio das amostras de bioaerossol foram baseadas na
orientao do fabricante do equipamento, seguindo a norma BIOAEROSOL
SAMPLING (Indoor Air) 0800.
O conjunto padro para o Amostrador de Bioaerossol de um Estgio era constitudo
de um (a):
Impactador de um estgio; Bomba de vcuo; Mangueira de conexo; Gabinete de alumnio ; Tubo suporte do impactador; Medidor de fluxo (rotmetro). A operao de amostragem teve as seguintes etapas:
1. Instalao da placa de Petri com gar no Impactador; 2. Checagem da vazo da bomba; 3. Cronometragem do tempo at 5 minutos para cada placa com amostragem em triplicata; 5. Anotao na folha de campo: Local de amostragem; Nmero do amostrador; Nmero da coleta; Leitura do cronmetro e da vazo da bomba; Horas de incio e de trmino da coleta.
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Aps a incubao, a concentrao total de microrganismos cultivveis foi calculada
dividindo-se o nmero total de colnias observadas na placa, pelo volume de ar
amostrado. A contagem das partculas viveis