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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE PSICOLOGIA E DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO PERGUNTAR ENTUSIASMA?”: STRESS E INQUÉRITO APRECIATIVO FACE À APRESENTAÇÃO ORAL EM GRUPO DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS Vanda Paula Sucena de Sousa MESTRADO EM PSICOLOGIA Área de especialização em Stress e Bem-Estar 2007

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA E DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

“PERGUNTAR ENTUSIASMA?”: STRESS E INQUÉRITO APRECIATIVO FACE À APRESENTAÇÃO ORAL EM GRUPO DE

ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

Vanda Paula Sucena de Sousa

MESTRADO EM PSICOLOGIA

Área de especialização em Stress e Bem-Estar

2007

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA E DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

“PERGUNTAR ENTUSIASMA?”: STRESS E INQUÉRITO APRECIATIVO FACE À APRESENTAÇÃO ORAL EM GRUPO DE

ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

Vanda Paula Sucena de Sousa

Dissertação orientada pelo Prof. Doutor Luís Miguel Neto e pela Prof.ª Doutora Luísa Pedroso Lima

MESTRADO EM PSICOLOGIA

Área de especialização em Stress e Bem-Estar

2007

Agradecimentos

Este trabalho proporcionou-me a oportunidade de apreciar a impressionante

participação de mais de centena e meia de pessoas. Muitos foram os desafios

enfrentados no âmbito deste trabalho que foi possível concretizar graças à sua

participação, quer de forma mais directa, quer através do apoio, quer de forma mais

pontual, quer de forma mais sistemática. Escassas são as palavras para matizar o

significado destes contributos…

A todos os estudantes que participaram neste estudo, os meus sinceros

agradecimentos.

Aos docentes que possibilitaram a recolha de dados: Prof.ª Doutora Isabel Dória,

Prof. Doutor João Moreira, Prof.ª Doutora Stella Aguiar e Dr.ª Tânia Fernandes; a

receptividade que demonstraram foi motivante, muito obrigada.

Aos meus orientadores, Prof. Doutor Luís Miguel Neto e Prof.ª Doutora Luísa

Pedroso Lima, pelos conhecimentos, pelas preciosas sugestões, pelos materiais,

pela confiança que me transmitiram. Em muito, foi a motivação para ir ao encontro

das suas expectativas que me manteve ancorada a este projecto. À Prof.ª Doutora

Luísa Pedroso Lima, também pelo pragmatismo e por fazer com que as grandes

dúvidas se tornassem coisas simples. Ao Prof. Doutor Luís Miguel Neto, também

pelas reflexões, pelos contactos e pela constante renovação do ânimo. Agradeço-

vos imensamente.

Aos Professores que integraram este Mestrado de Stress e Bem-Estar, ao Prof.

Doutor Luís Curral pela disponibilização de material, e em especial à Prof.ª Doutora

Alexandra Marques Pinto, pelo papel especial que assume neste Mestrado, pela

disponibilidade, pelo acolhimento, muito obrigada.

A todos os colegas de mestrado, obrigada pelos bons momentos, pelas conversas,

pelo apoio, ao David, pela atenção, pela perspicácia e o surpreendente humor dos

seus comentários, muito obrigada.

Ao Académico de Torres Vedras, minha entidade empregadora, e às pessoas que lá

trabalham, muito obrigada.

Aos amigos, pelos momentos em que estiveram comigo, pelos momentos em que

não estive com eles, Ana, Lara, Miguel, Sara, também pelo auxílio e discussão de

ideias, André, Pedro, e ainda, pela enorme paciência e porque acompanhou de

perto este projecto, ao Vítor, muito obrigada.

À minha família, muito obrigada.

Errata

Pág. 20, último parágrafo: onde se lê “Esta opção parece (…) quanto às emoções”

deverá ler-se: “Esta opção, apesar das críticas que apontam para a circularidade das

medidas, vai ao encontro de Lazarus e tal. (1985) e da literatura sobre stress

ocupacional”.

Pág. 73: onde se lê “(…) o grupo A é constituído por 13 participantes, o grupo B

por 10 e o grupo C por 34.” Deverá ler-se “(…) o grupo A é constituído por 13

participantes [com uma média de idade de 21,00 (D.P.=1,18); 12 do sexo feminino e

um do sexo masculino; 6 são estudantes de 2º ano e 7 do 3º ano], o grupo B por 10

[com uma média de idade de 19,40 (D.P.=0,22); 10 do sexo feminino; 8 são

estudantes de 2º ano e 2 do 3º ano] e o grupo C por 34 [com uma média de idade de

20,94 (D.P.=0,70); 31 do sexo feminino e 3 do sexo masculino; 19 são estudantes de

2º ano e 14 do 3º ano].”

Pág. 77: onde se lê “(Grupo A)” deverá ler-se “(Grupo C)” e onde se lê “(Grupo B e

C)” deverá ler-se “(Grupos A e B)”.

Pág. 90, último parágrafo: onde se lê “(…) figura X” deverá ler-se “(…) figura 5”.

Pág. 92, último parágrafo: onde se lê “(…) figura X” deverá ler-se “(…) figura 6”.

Pág. 96: acrescenta-se ainda um último parágrafo: “Estas diferenças à partida não

eram significativas: os níveis de satisfação do grupo AB relativos ao momento 1 (M =

3,83; DP = 0,80) não diferem significativamente do grupo C [t (55) = 0,243; p > 0,05] e

os níveis de depressão-entusiasmo do grupo AB relativos ao momento 1 (M = 4,01;

DP = 0,68) também não diferem significativamente do grupo C [t (55) = 0,470; p >

0.05].

Pág. 97, primeiro parágrafo: onde se lê “(…) como a omissão da quarta dimensão

considerada (Delineamento).” Deverá ler-se “(…) como a omissão da quarta dimensão

considerada (Destino).”

PLANO DO TRABALHO

RESUMO INTRODUÇÃO 1 CAPÍTULO I STRESS E ADAPTAÇÂO 1.1. O modelo de Exigências-Controlo-Suporte do trabalho………….. 5 1.2. O modelo transaccional de stress e coping……………………….. 7 1.2.1. A avaliação cognitiva primária………………………………. 8 1.2.2. A avaliação cognitiva secundária…………………………… 12 1.2.3.O coping………………………………………………………… 14 1.3. Processos adaptativos de stress……………………………………. 17 1.4. O ajustamento………………………………………………………… 19 1.5. O grupo de trabalho………………………………………………….. 21 CAPÍTULO II O INQUÉRITO APRECIATIVO E STRESS 2.1. O Inquérito Apreciativo………………………………………………. 22 2.1.1. Os princípios subjacentes ao IA……………………………… 22 2.1.2. O modelo operacional do IA………………………………….. 24 2.1.3. Aplicações do IA……………………………………………….. 25 2.1.4. O reverso da medalha (?)…………………………………….. 27 2.2. IA e stress: pontes de contacto……………………………………... 28 2.3. O presente estudo……………………………………………………. 31 CAPÍTULO III ESTUDO I 3.1. Objectivos e hipóteses do estudo 1………………………………… 32 3.2. Método do estudo 1…………………………………………………... 34 3.2.1. Plano…………………………………………………………….. 34 3.2.2. Participantes……………………………………………………. 35 3.2.3. Materiais e Instrumentos………………………………………. 35 3.2.4. Procedimento…………………………………………………… 45 3.3. Resultados…………………………………………………………….. 46 3.3.1 As medidas de avaliação cognitiva primária e relativas ao

coping 46

3.3.2. Avaliações Cognitivas: perspectiva futura vs passada 50 3.3.3 As avaliações cognitivas sobre uma apresentação futura, a

influência da experiência passada sobre estas e a exploração de variáveis estranhas

51

3.3.4. Teste de hipóteses quanto às associações entre variáveis 56 3.3.5. Replicação do estudo de Chang (1998)…………………….. 59 3.4. Discussão do Estudo 1………………………………………………. 62 CAPÍTULO IV ESTUDO II 4.1. Objectivos do estudo 2………………………………………………. 71 4.2. Método…………………………………………………………………. 72 4.2.1. Plano…………………………………………………………………. 72 4.2.2. Participantes…………………………………………………….. 73 4.2.3. Materiais e Instrumentos……………………………………… 73 4.2.3. Procedimento……………………………………………………. 77 4.3. Resultados do estudo 2……………………………………………… 78 4.3.1. Análise descritiva……………………………………………….. 78 4.3.2. Comparação das medidas do tempo 1 dos grupos A e B com

os do grupo C 80

4.3.3. Análise da avaliação de ameaça, desafio e controlo nos três momentos, relativamente os grupos B e C

83

4.3.4. Análise das diferenças entre uma apresentação passada e a apresentação, relativamente aos grupos A e B

88

4.3.5. Comparação das medidas dos grupos A, B e C relativamente ao 3º momento

94

4.3.6. Comparação dos grupos A e B (juntamente) com o grupo C 96 4.4. Discussão……………………………………………………………… 107 BIBLIOGRAFIA 107 ANEXOS Anexo I – Escala de avaliação do controlo; Escala de satisfação Anexo II – Escala de coping; Categorização do coping

Anexo IV – Inquérito Apreciativo sobre a apresentação oral

Anexo V – Inquérito Apreciativo sobre a vivência académica

A presente investigação incide sobre os processos de stress e promoção de processos

adaptativos através do Inquérito Apreciativo (IA), relativamente a uma situação de

apresentação oral em grupo como momento de avaliação a uma disciplina de segundo ou

terceiro ano, no decorrer de uma licenciatura em Psicologia. Foi tomada como referência

principal o modelo de Lazarus e Folkman (1984) face aos processos de stress e o modelo

4-D do IA (Cooperrider & Whitney, 2005).

Num primeiro estudo procedeu-se à exploração de medidas e replicação de resultados,

bem como uma análise dos dados que permitisse uma melhor compreensão dos resultados

do segundo estudo, contando na globalidade com 144 participantes. Apenas as avaliações

cognitivas primária e secundária revelaram um valor explicativo e cumulativo significativo

quando consideradas conjuntamente com o coping e a coesão grupal, face à satisfação e à

ansiedade, reproduzindo apenas parcialmente os resultados de Chang (1998).

Num segundo estudo foi testado o impacto do IA com base em análises de variância,

abrangendo-se três grupos (experimental – realização de IA sobre a apresentação oral,

n=13; controlo com tarefa – realização de IA sobre a vivência académica, N=10; e controlo

sem tarefa, n=34), e incluindo-se planos com medidas repetidas. Os resultados apontam

para um efeito positivo, apesar de imediato no caso do controlo, e na coesão grupal.

Inesperadamente, observou-se uma diminuição da avaliação da ameaça no grupo de

controlo com tarefa. Estes dois grupos em conjunto, quando comparados com o grupo de

controlo sem tarefa, apresentaram maiores níveis de satisfação e entusiasmo. Os

resultados são discutidos com base na literatura sobre o stress, apontando-se implicações

quanto às suas concepções bem como relativamente ao IA.

Palavras-chave: Inquérito Apreciativo, stress, avaliação cognitiva, coping, bem-estar

This research focuses on stress processes and Appreciative Inquiry (AI) as a promoter

of adaptative processes, concerning a specific situation of an oral group presentation as a

evaluation moment of a second or third year subject of an undergraduate degree of

Psychology. The main adopted were the model of stress and coping of Lazarus and

Folkman (1984) and the 4-D model of AI (Cooperrider & Whitney, 2005).

In the first study measures and replication of results are explored, and also a data

analysis that would allow a better understanding of the second study results, in which 144

students took part. Only primary and secondary appraisals revealed to add a significant

incremental validity in predicting satisfaction and anxiety, when considered together with

coping and group cohesion, which only partly reproduces Chang’s results (1998).

In a second study the AI impact was tested based on variance analyses, comprehending

three groups (experimental – AI realization on oral presentation, n=13; control with task – AI

realization on academic livelihood, N=10; and control without task, n=34) and plans with

repeated measures were included. The results point out a positive effect, although

immediate regarding control, and group cohesion. Unexpectedly, results revealed a

decrease on the threat appraisal in the control with task group. These two groups together,

when compared to the control without task group, present higher levels of satisfaction and

enthusiasm. The results discussed are based on literature on stress and implications

regarding its conceptions are pointed out, as well as regarding AI.

Key words: Appreciative Inquiry, stress, appraisal, coping, well-being

Na Psicologia assiste-se muitas vezes a uma proliferação de conceitos, modelos

e teorias, havendo pouca articulação teórica e teórico-prática. Relativamente à

investigação sobre stress e coping, Somerfield e MacCrae (2000) referem como

crítica o pouco valor teórico e clínico de grande parte da investigação desenvolvida.

Também na área de stress do trabalho são frequentemente apontadas como

críticas o facto de grande parte dos estudos ser correlacional e de não se atender às

especificidades contextuais (De Lange, Taris, Kompier & Houtman, 2003).

Outro aspecto a considerar prende-se com o tipo de abordagem. A emergência

da Psicologia Positiva começa por enfatizar, de uma forma geral, a relevância da

investigação sobre a identificação de aspectos positivos do funcionamento humano

(Seligman & Csikszentmihalyi, 2000). Contiguamente à discussão sobre o objecto

da Psicologia Positiva e das suas limitações quando extremizada (Lazarus, 2003),

estando as questões sobre a adaptação presentes no estudo do stress, facilmente

uma abordagem positiva da Psicologia tem expressão nesta área. Observa-se uma

multiplicação de estudos sobre quais os processos e estratégias de coping mais

adaptativos e sobre a influência de variáveis como o optimismo, sendo referido que

a investigação tende a direccionar-se sobre o estudo dos processos adaptativos e

das consequências positivas (Folkman & Moskowitz, 2000a; Somerfield & MacCrae,

2000), nomeadamente ao nível afectivo (Folkman & Moskowitz, 2000b).

Paralelamente, Seligman, Steen, Park e Peterson (2005) assinalam como ponto de

progresso da Psicologia Positiva a validação empírica das intervenções, o que,

necessariamente, implica uma articulação teórico-prática.

Considerando as críticas e as directrizes apontadas, urge a necessidade de

investigações que impliquem a manipulação de variáveis, que por questões de ética

e deontologia, dificilmente encontram expressão fora de uma abordagem positiva da

Psicologia. Assim, salienta-se a relevância de uma abordagem positiva como

facilitadora de linhas de investigação com características metodológicas

consideradas como mais vantajosas e úteis numa perspectiva científico-tecnológica,

permitindo colmatar grande parte das críticas referidas relativamente à investigação

sobre o stress.

O Inquérito Apreciativo (IA), abordado de forma mais aprofundada no capítulo

dois, constitui-se como um paradigma/metodologia de avaliação/intervenção,

surgido em contexto organizacional pela mão de Cooperrider em 1980 (Coghlan,

Preskill & Catsambas, 2003). Descrito de forma muito sucinta, trata-se de colocar

questões com um foco positivo, pressupondo-se que o questionamento é uma forma

de intervenção, indo ao encontro de uma perspectiva de construccionismo social. A

articulação do IA com a Psicologia pode ser considerada, no entanto, como bastante

recente. Como marco, refere-se a realização no ano de 2007 a conferência

intitulada “The 2007 International Appreciative Inquiry Conference: The Power of

Positive Change” que apresentou como um dos oradores principais Martin

Seligman. A articulação do IA com a Psicologia, nomeadamente com a Psicologia

Positiva, é apresentada de forma explícita a propósito de uma intervenção em

contexto educativo no ensino superior em Portugal (Marujo, Neto, Caetano & Rivero,

2007), salientando-se assim a actualidade do tema. Nesta investigação, o objectivo

geral é o de concretizar uma primeira articulação entre o IA e os modelos de stress,

no sentido de se desenvolverem formas económicas e eficazes de intervenção face

ao stress e de se aumentar a compreensão deste fenómeno, colmatando-se

algumas das críticas relativas à investigação na área do stress. No outro verso

2

desta articulação, à luz dos modelos da Psicologia encontrar-se-á um aumento da

compreensão do IA e, adjacentemente, uma base para o seu desenvolvimento.

Por outro lado, a relevância dada à educação, nomeadamente ao nível do

Ensino Superior, tem levado a um investimento na investigação nesta área, quer ao

nível internacional, quer, em particular, em Portugal (Almeida, Soares & Ferreira;

1999). Numa altura em que a sobrevivência económica da Europa está dependente

da qualidade dos seus recursos humanos, torna-se premente a questão da

formação dos indivíduos, nomeadamente ao nível do ensino superior e,

especialmente, em Portugal. Almeida, Soares e Ferreira (1999) salientam a

relevância da adaptação ao ensino superior (sendo dado particular enfoque à fase

de transição), tendo sido identificados como factor de risco face às dificuldades de

adaptação e rendimento a ansiedade na avaliação, o bem-estar psicológico, entre

outros, assuntos estes largamente abordados à luz dos modelos de stress. Para a

realização deste estudo foi escolhida a população de estudantes universitários

também tendo em consideração outros aspectos. Sendo um dos objectivos deste

estudo uma primeira articulação entre Inquérito Apreciativo e modelos de stress, e

considerando as críticas apontadas aos estudos sobre stress, seria relevante partir-

-se de uma população já estudada, havendo stressores específicos previamente

identificados, conhecimento sobre variáveis específicas do contexto para que se

pudesse viabilizar o estudo. Assim, estando os alunos do primeiro ano numa fase de

transição, sendo considerada como uma fase particular de adaptação, como

salientado por Almeida, Soares e Ferreira (1999), haveria uma multiplicidade de

factores, razão pela qual a investigação focou-se na população dos segundo e

terceiro anos.

3

Neste sentido, a presente investigação incide sobre o estudo de processos de

stress adaptativos, tomando-se como uma das principais referências o modelo de

stress e coping de Lazarus e Folkman (1984) e da aplicação do Inquérito Apreciativo

como promotor destes processos, em estudantes universitários portugueses de

segundo e terceiros anos, relativamente a uma situação específica – a da

apresentação oral realizada em grupo.

A fundamentação teórica incidirá inicialmente sobre os modelos de stress e

posteriormente na apresentação do Inquérito Apreciativo, concluindo-se com uma

articulação a um nível mais conceptual dos dois temas. Na medida em que este

estudo implicou um primeiro que o sustentasse e de forma a facilitar a leitura, a

apresentação da componente empírica será apresentada de forma bifaseada,

incidindo o primeiro estudo no tema do stress face a uma situação especifica - a da

apresentação oral realizada em grupo; e o segundo no impacto do Inquérito

Apreciativo nos processos de stress.

4

STRESS E ADAPTAÇÃO

1.1. O modelo de Exigências-Controlo-Suporte do trabalho

Uma vez que se aborda uma situação específica que implica o trabalho em

grupo, será relevante considerar a literatura relativa ao stress ocupacional.

Quick, Camara, Hurrell, Piotrkowski, Sauter e Spielberger (1997) referem que a

Psicologia da Saúde Ocupacional tem como objectivo contribuir para a criação de

postos de trabalho saudáveis, onde as pessoas possam produzir, crescer e ser

valorizadas. Nesta perspectiva, são considerados locais de trabalho saudáveis

aqueles em que as pessoas podem usar as suas capacidades de forma a atingirem

um alto desempenho, com uma satisfação elevada e bem-estar elevado. Neste

âmbito, o modelo de Karasek (1979), de Exigências-Controlo do Trabalho tem sido

um dos modelos mais estudados. Em termos gerais, Karasek (1979) considera que

no estudo do stress do trabalho há que considerar não só as exigências presentes

no trabalho, como também o poder que o trabalhador tem para tomar decisões face

a essas exigências. Assim, este modelo enfatiza duas dimensões do trabalho como

principais factores no strain psicológico: as exigências do trabalho e o controlo sobre

o trabalho. Posteriormente, foi ainda considerada uma terceira dimensão, a do apoio

social (Jonhson & Hall, 1988), compondo o modelo geralmente designado por

modelo de Exigências-Controlo-Suporte do Trabalho (E-C-S T; Job Demands-

Control-Suport).

Bunk, De Jonge, Ybema e Wolff (1998) consideram que o modelo fornece um

referencial teórico para o desenvolvimento de práticas promotoras da qualidade de

vida no trabalho. Para além de enfatizar a necessidade de se reduzir o strain relativo

ao trabalho, o modelo enfatiza a importância de se promover a motivação, a

5

aprendizagem e o desenvolvimento, ao considerar como variáveis dependentes não

só as consequências do stress como a exaustão, queixas psicossomáticas e

doenças cardiovasculares, mas também a motivação e a satisfação com o trabalho.

As exigências têm sido operacionalizadas como a carga de trabalho, pressão do

tempo e conflito de papéis. O controlo tem sido operacionalizado como o poder que

o trabalhador tem para tomar decisões relativamente ao trabalho, como, por

exemplo, no que se refere aos métodos utilizados e calendarização. A dimensão de

suporte social refere-se ao apoio emocional e instrumental dado por colegas e/ou

supervisores relativamente aos aspectos laborais.

Um alto grau de exigência não é em si negativo ou positivo, mas quando

combinado com baixo controlo e baixo suporte, tenderá a ter um impacto negativo

(exaustão, ansiedade e desajuste na saúde física). Assim, segundo o modelo, estas

são as características dos trabalhos stressantes, sendo conhecida como a hipótese

iso-strain. Por outro lado, o efeito das exigências elevadas seria moderado por um

elevado controlo e elevado suporte social (conhecida como hipótese de

moderação), levando a uma elevada motivação e satisfação laboral, constituindo os

trabalhos activos.

No entanto, os resultados na literatura são algo díspares, sendo a hipótese iso-

strain a que parece reunir evidências empíricas mais consensuais (e.g., De Lange et

al., 2003; Doef & Maes, 1999; Chambel & Curral, 2005; Jimmieson, 2000; Pelfrene,

Vlerick, Kittel, Mak, Kornitzer & Backer, 2002). Um dos aspectos considerados para

esta divergência dos resultados é a diferente operacionalização das medidas,

nomeadamente as de controlo (Doef & Mae, 1999; Wall, Jackson, Mullarkey &

Parker, 1996). Por outro lado, De Lange et al. (2003), com base numa meta-análise

da investigação realizada sobre o modelo, referem que estudos de elevada

6

qualidade são díspares quanto aos resultados, pelo que se salienta a importância de

se considerarem outras variáveis potencialmente influentes.

1.2. O modelo transaccional de stress e coping

Lazarus e Folkman (1984) apresentam o modelo transaccional de stress e

coping. O stress implica uma perturbação na relação do indivíduo com o seu meio,

relação sobre a qual o coping implica uma intenção de mudança. Trata-se de um

modelo transaccional na medida em que considera a relação indivíduo-meio, sendo

esta relação caracterizada para além da interacção, na medida em que salienta o

papel da atribuição de um significado à relação (Lazarus, 1999). Neste modelo,

destacam-se os processos de avaliação cognitiva primária, avaliação cognitiva

secundária, reavaliação e coping, pressupondo-se que são processos estritamente

ligados e que se inter-influenciam, tendo expressão no ajustamento físico e

psicológico do indivíduo. Estes aspectos têm implicações ao nível da investigação

sobre o tema, tendo sido salientados em resposta à crítica sobre alguma

circularidade das medidas (Lazarus, DeLongis, Folkman & Gruen; 1985). Os autores

referem o stress como um processo complexo de inter-relações entre variáveis,

salientando a relevância de se considerar a avaliação que o indivíduo faz,

defendendo que um dado stressor só o é após de ser avaliado como tal, pelo que a

circularidade das medidas acaba por ser inevitável. Trata-se, portanto, de um

modelo que enfatiza o papel do significado da percepção do indivíduo, ou seja, das

avaliações cognitivas. O papel das emoções tem ganho destaque nos processos de

stress (por exemplo, Lazarus, 1993, 1999; Smith, Haynes, Lazarus & Pope, 1993),

nomeadamente pela estreita relação observada entre estas e as avaliações

7

cognitivas (Smith et al., 1993) e o bem-estar psicológico (Lazarus et al., 1985). Por

outro lado, já na área do stress ocupacional a componente afectiva, como um

conjunto de emoções sistematicamente interligadas (Katwyk, Fox, Spector &

Kelloway, 2000), tem estado presente como variável dependente do stress, ou, mais

consistentemente com o modelo de Karasek, do strain, sendo frequentemente

operacionalizada na satisfação ou o bem-estar afectivo relativo ao trabalho (De

Jonge & Schaufeli, 1998; Katwyk et al., 2000). Esta abordagem integra-se com

Lazarus et al. (1985) que consideram que os processos de stress têm um impacto a

curto-prazo no bem-estar afectivo do indivíduo.

1.2.1 A avaliação cognitiva primária

A avaliação cognitiva primária consiste numa avaliação efectuada pelo sujeito

sobre o significado de um dado evento (Lazarus & Folkman, 1984, 1985). A salientar

a relevância deste processo, Chang (1998) apresenta evidências de que a avaliação

cognitiva primária, para além de ser predictora das estratégias de coping, por si só,

considerando-se simultaneamente a avaliação cognitiva secundária e o coping, tem

impacto no ajustamento físico e psicológico do indivíduo.

Lazarus e Folkman (1984, 1985) distinguem três avaliações primárias possíveis,

considerando que estas não são categorias estanques: irrelevante, benigna-positiva

e stressante. Um acontecimento considerado como irrelevante não será significativo

face ao bem-estar do indivíduo. Um acontecimento considerado benigno-positivo só

terá implicações positivas para o indivíduo. Uma avaliação stressante poderá ser

categorizada em perda, ameaça ou desafio e precede os processos de stress e

coping. Uma avaliação de perda refere-se a um dano, já avaliado como tal. Uma

avaliação de ameaça refere-se a uma potencial perda ou dano, no sentido em que o

8

acontecimento potencialmente stressante poderá trazer consequências negativas

para a pessoa. Uma avaliação de desafio refere-se à potencialidade de crescimento,

experiência de mestria ou ganho. Enfatizando o papel das emoções, Lazarus (1993)

considera que uma abordagem com base na discriminação das emoções permitirá

uma melhor compreensão dos processos de stress do que uma que se cinja à

distinção entre perda, ameaça ou desafio. No entanto, face à literatura

posteriormente publicada, esta parece manter-se actual e útil. Dadas as

características do estudo, isto é, uma vez que a presente investigação incide

essencialmente numa intervenção referente a processos adaptativos de stress face

a uma situação específica de apresentação oral que irá decorrer, no que concerne à

avaliação cognitiva primária, será dada particular atenção às avaliações de ameaça

e de desafio. Estas, aliás, parecem também ganhar destaque na investigação sobre

stress, principalmente com a atenção que tem sido dada a processos adaptativos de

stress, aspecto este que parece também guiar a investigação sobre stress

ocupacional, de acordo com o anteriormente referido.

Lazarus e Folkman (1984) referem que uma avaliação de desafio será um

indicador de adaptação na medida em que esta avaliação associa-se a emoções

positivas, a maior auto-confiança e, consequentemente, a um melhor

funcionamento.

Estudos posteriores focam-se também na diferença entre uma avaliação de

desafio e uma de ameaça. Lazarus e Folkman (1985) evidenciaram que, face a uma

situação de exame, emoções de desafio estavam associadas a uma maior

percepção de controlo. Tomaka, Bascovich, Kelsey & Leitten (1993) evidenciam que

as avaliações de ameaça estão mais fortemente associadas a emoções negativas

que as avaliações de desafio. Skinner e Brewer (2002), face às evidências, rematam

9

que, no geral, a maioria dos estudos salientam que uma avaliação de desafio induz

a emoções positivas associadas à satisfação, por ser aplicado esforço de forma a

serem ultrapassadas as dificuldades e entusiasmo na antecipação de recompensas

pessoais ou benefícios. Os autores demonstraram, concordantemente, que

avaliações de desafio se encontram associadas a níveis mais elevados de confiança

face ao coping, a avaliações de esforço e de interesse.

Quanto à avaliação cognitiva primária há ainda outros aspectos a considerar,

para além do seu impacto nos processos de stress. Lazarus e Folkman (1985),

relativamente a uma situação específica de exame, observaram uma normatividade,

quanto às reacções emocionais associadas a cada um dos tipos de avaliação, face

a cada momento (antes do exame; depois do exame; após terem conhecimento da

avaliação do exame), subsistindo diferenças individuais. Assim, os autores

observaram que as emoções de ameaça e de desafio decresceram

significativamente do segundo momento para o terceiro, quando a ambiguidade do

evento é desfeita, resultados estes replicados por Carver e Scheier (1994). Por

outro lado, Skinner & Brewer (2002) reportam que, relativamente a três momentos

antes de um exame, as avaliações de ameaça tendem a tornar-se mais intensas

com a proximidade do acontecimento, enquanto as avaliações de desafio tendem a

ser mais constantes. É consensual que nos vários momentos de observação

regista-se a co-existência de reacções emocionais contraditórias e apontam que a

complexidade das avaliações cognitivas primárias reflecte a ambiguidade relativa à

natureza multifacetada de uma situação de exame e do seu significado,

principalmente numa fase antecipatória (Carver & Scheier, 1994; Lazarus &

Folkman, 1985; Skinner & Brewer, 2002). No entanto, enquanto que Lazarus e

Folkman (1985) observaram que as emoções de ameaça e de desafio eram

10

independentes, Carver e Scheier (1994) registaram uma associação positiva entre

elas. Skinner e Brewer (2002), por outro lado, observaram que nos três momentos

antes de um exame as avaliações apresentavam uma baixa correlação ou

inexistente. Assim, se inicialmente estas eram consideradas de forma

tendencialmente categorial, na medida em que era descrito como um processo de

avaliação em que um acontecimento poderia ser avaliado como uma ameaça ou

desafio, não sendo, no entanto, consideradas categorias estanques (Lazarus &

Folkman, 1984), este aspecto foi sendo tomado de forma mais dimensional, sendo

considerado que coexistem e as medidas usadas salientam uma perspectiva de

duas dimensões (por exemplo, Carver & Scheier, 1994; Lazarus & Folkman, 1985;

Smith et al. 1993). Chang (1998), também face a uma situação de exame, apresenta

uma medida que considerou ser uma operacionalização da avaliação cognitiva

primária, na medida em que itens relativos à percepção de importância, stress,

ameaça e desafio se agregavam, concorrendo no mesmo sentido e tendo expressão

no ajustamento do estudante, estando também patente a associação entre

avaliações de ameaça e de desafio. Neste sentido, a conceptualização do processo

de avaliação cognitiva primária parece ter vindo a sofrer algumas alterações,

salientando-se as questões quanto à relação entre as avaliações de desafio e de

ameça.

Folkman e Greer (2000) salientam a relevância de se aliar a teoria à investigação

e à prática, resumindo os dados da investigação e enfatizando que a criação de

oportunidades de desafio é um dos pontos mais críticos na promoção do bem-estar,

uma vez que se encontra associado a afectos positivos como o entusiasmo e o

optimismo e porque, potencialmente, tem implicações na avaliação de controlo,

também este considerado quer na teoria, quer através das evidências empíricas,

11

quer na prática como relevante para o bem-estar. Por outro lado, os autores

enfatizam que o desafio também envolve alguma ameaça, porque há sempre a

possibilidade de falhar, de não se atingir o esperado. Uma pessoa que desafiada

também pode experienciar alguma ansiedade ou preocupação, sendo a mistura de

emoções normal. Segundo os autores, a estratégia para criar desafio está em dois

pontos: descobrir o que é significativo e a partir daí identificar objectivos relevantes

e atingíveis.

1.2.3 – A avaliação cognitiva secundária

A avaliação cognitiva secundária refere-se à avaliação efectuada sobre o que

pode ser feito, nomeadamente: a) a avaliação sobre as estratégias de coping

disponíveis; b) a ligação entre uma dada opção de coping e os resultados

esperados; c) a ligação entre uma dada estratégia ou combinação de estratégias e a

eficácia no uso das estratégias (Lazarus & Folkman, 1984). Esta conceptualização é

bastante rica e complexa. Nos estudos relativos ao contexto de trabalho uma das

dimensões consideradas é o controlo. Esta variável ganhou destaque através do

modelo de exigências e controlo de Karasek (1979), estando na base de uma vasta

literatura sobre o assunto. De acordo com a apresentação feita face a este modelo,

as evidências são consistentes no que se refere à associação de elevadas

exigências e um baixo controlo como tendo um impacto negativo no ajustamento do

indivíduo. Já tem sido estabelecida uma articulação dos modelos através da

correspondência entre esta dimensão e a avaliação cognitiva secundária, como

referida por Troup e Dewe (2002). Na realidade e de acordo com a definição da

avaliação cognitiva secundária, o conceito de controlo é também bastante utilizado

no enquadramento dado por Lazarus e Folkman (1984), tendo sido alvo de uma

12

reflexão mais profunda por Folkman (1984), como componente da avaliação

cognitiva secundária.

Sendo uma dimensão já vastamente estudada, a sua utilização como

operacionalização da avaliação cognitiva secundária parece trazer vantagens.

Lazarus & Folkman (1985), tomando como stressor um exame, observaram que

a avaliação de controlo se associava positivamente com emoções de desafio, mas

ao contrário do que os autores esperavam, não se observou qualquer associação

com emoções de ameaça.

A eficácia face ao coping tem ganho também algum relevo na literatura,

aparecendo muitas vezes a complementar o conceito de controlo. Ozer e Bandura

(1990) referem que a expectativa de eficácia face ao coping e uma maior percepção

de controlo se encontram associadas a uma menor percepção de vulnerabilidade, a

menos pensamentos intrusivos e a menores níveis de ansiedade. Skinner e Brewer

(2002) demonstram que expectativas mais positivas sobre o coping se associavam

a maiores níveis de emoções positivas. Gignac & Gottlieb (1996) identificam vários

tipos de avaliação de eficácia face ao coping e apresentam evidências de que uma

avaliação de ineficácia das estratégias de coping e de ausência de controlo, entre

outras, se associavam a níveis mais elevados de desajuste. No entanto, os autores

encontraram uma fraca associação entre estas avaliações e a utilização das

estratégias. Este estudo acaba também por salientar que podem ser consideradas

várias concepções de eficácia face ao coping, sendo por vezes pouco claro se se

referem a expectativas de auto-eficácia para lidar com um stressor e/ou face a

expectativas de auto-eficácia na utilização das estratégias de coping (o que vai ao

encontro da terceira dimensão referida na definição de avaliação cognitiva

secundária) e/ou ainda face a expectativa de eficácia das estratégias (o que vai ao

13

encontro da segunda dimensão). No geral, os resultados indicam que as

expectativas de eficácia são influentes no bem-estar. Skinner e Brewer (2002)

referem que avaliações de desafio se encontram associadas a expectativas de

coping mais positivas e que estas, nos dois momentos que antecediam o exame, se

correlacionavam com o desempenho no exame.

A avaliação primária e secundária interagem e influenciam o grau e qualidade

das emoções experenciadas. A reavaliação surge no decorrer do processo, face a

nova informação, remetendo para uma nova avaliação primária e/ou secundária.

Distingue-se do coping cognitivo que pressupõe um esforço voluntário para mudar

os significados atribuídos, reinterpretando-se os acontecimentos de forma mais

positiva (Lazarus & Folkman, 1984). Folkman, Lazarus, Gruen e DeLongis (1986)

salientam ainda o carácter situacional das avaliações cognitivas, não encontrando

um padrão nestas face a cinco situações numa análise intra-sujeitos.

1.2.4 – O coping

O coping é descrito como os pensamentos e comportamentos a que o indivíduo

deliberadamente recorre de forma a lidar com as exigências internas e externas face

a situações avaliadas como stressantes (Lazarus & Folkman, 1984), sendo das

definições mais usadas e aceites (Folkman & Moskowitz, 2004). Concordantemente

com esta definição, o estudo do coping tem estado presente no estudo sobre

processos adaptativos. Uma das categorizações das estratégias de coping mais

recorrentes reside precisamente na sua função. Assim, o coping focado no

problema refere-se aos comportamentos e pensamentos que têm como função a

gestão ou resolução do problema/situação stressante. O coping focado nas

14

emoções tem como função atenuar as emoções negativas associadas ao problema

(Folkman & Moskowitz, 2004).

Somerfield e McCrae (2000) referem algumas críticas quanto à investigação

sobre o coping. Uma refere-se ao estudo do coping enquanto processo adaptativo.

Podem ser referidas várias evidências de que alguns tipos de estratégias se

encontram associados a baixos níveis de ajustamento. Assim, uma das questões

que se coloca face a este conceito é a da sua eficiência: em que medida é

realmente adaptativo (Somerfield & McCrae, 2000) e quais os critérios para ser

considerado como tal (Lazarus, 2000; Somerfield & McRae, 2000). Somerfield e

McCrae (2000) referem que outra das limitações do modelo de coping reside na

omissão de processos de outra natureza, como os processos inconscientes. Outra

das críticas referidas pelos autores incide no desfasamento entre o modelo, que se

pressupõe como processual, e a metodologia utilizada no seu estudo, que se baseia

essencialmente em estudos transversais, surgindo um apelo para estudos com

planos longitudinais. Relativamente às medidas utilizadas surgem também

bastantes críticas. Folkman & Moskowitz (2004) referem as limitações e vantagens

de algumas metodologias como as checklists ou as abordagens narrativas,

concluindo que a escolha destas deverá ter em atenção a questão da investigação.

As autoras sugerem a complementaridade das medidas de forma a obter-se

medidas quantitativas cujos conteúdos sejam adequados à população e situações

em causa.

Este modelo é perspectivado sob uma abordagem contextual, considerando que

as estratégias de coping não são inerentemente boas ou más (Folkman &

Moskowitz, 2004; Lazarus & Folkman, 1984).

15

O coping focado no problema, referindo-se aos pensamentos e comportamentos

instrumentais de forma a gerir ou resolver situações stressantes, tende a ser

utilizado em situações em que há controlo sobre a situação, sendo menos

adaptativo quando não há controlo, apesar de ser apontado também como uma

forma de aumentar o controlo (Folkman & Moskowitz, 2000a).

Relativamente à situação de exame, Lazarus & Folkman (1985) verificaram que

emoções de ameaça e de desafio se associavam diferencialmente ao coping, sendo

que as estratégias focadas no problema e o isolamento se associavam a emoções

de desafio, enquanto que o apoio social e a aspiração (wishful thinkings)

associavam-se a emoções de ameaça. Carver e Scheier (1994) demonstram que as

emoções de ameaça se associavam ao uso de coping focado no problema, ao apoio

social e à religião, enquanto que as emoções de desafio se associavam ao coping

focado no problema e a um reenquadramento positivo. Neste sentido, parece

consistente que o coping focado no problema se encontra associado a avaliações

de desafio. Carver e Scheier (1994) analisaram ainda a relação entre as emoções

no momento antes do exame com os relatos de coping após exame, bem como do

coping antes do exame e as emoções após exame, concluindo que as estratégias

utilizadas antes do exame foram um fraco predictor das emoções após exame,

observando-se apenas que o coping de distanciamento mental se encontrava

associado a emoções mais intensas de ameaça no momento pós exame, indo ao

encontro das críticas de Somerfield & McCrae (2000) quanto à associação das

estratégias de coping ao desajuste. Carver & Scheier (1994) demonstram ainda que

apenas as emoções de perda antes do exame se constituíram como predictoras de

estratégias de coping após exame, nomeadamente no que se refere a estratégias

de evitamento. A confiança sobre a nota de exame foi um melhor predictor sobre as

16

emoções do que o coping. Chang (1998), por outro lado, evidência o valor predictivo

do coping face ao ajustamento.

1.3. Processos adaptativos de stress

A complementar as evidências e as considerações já expostas, de seguida

referem-se alguns aspectos que têm sido associados a processos adaptativos,

tendo em consideração também outros temas.

Endler, Speer, Jonhson & Flett (2000) evidenciam que uma maior percepção de

controlo associa-se a uma maior utilização de estratégias de coping orientadas para

a tarefa, a uma menor utilização de estratégias de coping focadas na emoção, a

níveis mais baixos de ansiedade e a um maior número de anagramas resolvidos,

salientando o coping orientado para a tarefa como mais eficaz na resolução de

problemas.

Peterson (2000) refere que o optimismo tem sido associado a diversos

benefícios como a preserverança, a eficácia na resolução de problemas, a saúde

física, entre outros, e que este pode ser aprendido. O autor aponta também algumas

questões que permanecem em aberto, nomeadamente as dimensões presentes no

optimismo e o seu carácter adaptativo. No geral, Peterson (2000) considera que o

optimismo e os seus benefícios existem, salientando que deverá ser abordado de

forma disciplinada. Chang (1998), num estudo com uma população de estudantes

universitários e considerando como stressor um exame, observou que o optimismo

disposicional influía nos processos de avaliação secundária e coping. A avaliação

cognitiva primária, a avaliação cognitiva secundária e o coping predisseram de

forma isolada e cumulativamente o ajustamento físico e psicológico (Chang, 1998).

17

Folkman e Moskowitz (2000b) referem que os afectos positivos têm funções

adaptativas significativas face aos processos de coping e identificam três tipos de

coping relacionados com a ocorrência e a manutenção dos afectos positivos em

prestadores de cuidados de doentes com SIDA. Destes, destaca-se a reavaliação

positiva e o coping focado no problema. A primeira é caracterizada como uma

estratégia cognitiva que se baseia num reenquadramento mais positivo da situação

(Folkman & Moskowitz, 2000a,2000b). Salientam também que a reavaliação positiva

tem sido ensinada e encorajada em terapias cognitivo-comportamentais. Quanto ao

coping focado no problema, as autoras salientam as implicações que tem ao nível

do significado porque: a) implica a identificação de objectivos para aquela situação

específica que envolvam o indivíduo e que o levem a focar a sua atenção e b) a

estratégia de coping focada no problema possibilita que o indivíduo se sinta eficaz e

experiencie situações de mestria e controlo. Ambas são apontadas como sendo

críticas para o bem-estar (Carver & Scheier, 1998 e Kingler, 1998 cit. por Folkman &

Moskowitz, 2000a).

As evidências e considerações referidas salientam o papel das percepções e

significações atribuídas. De forma geral, percepções e significações mais positivas,

quer ao nível das avaliações cognitivas quer como recurso de coping, parecem ser

facilitadores do ajustamento dos indivíduos, nomeadamente face ao stress.

Simultaneamente, há que considerar as várias especificidades: contextuais, “grau

de positividade” e as implicações que tal acarreta. Lazarus (2003) salienta que as

situações problemáticas fazem parte da vida, trazendo consigo emoções negativas

e que a negação dos factos tende a conduzir o indivíduo um funcionamento

desajustado, pelo que, da mesma forma, a investigação não deverá negligenciar a

holisticidade dos fenómenos, num sobre-enfoque da componente positiva.

18

1.4. O ajustamento

Lazarus e Folkman (1984) referem que os processos de avaliação cognitiva e de

coping afectam o ajustamento do sujeito e os autores referem essencialmente três

tipos de resultados: no funcionamento no trabalho e na vida social, na “moral” e

satisfação com a vida e na saúde. Como referido anteriormente, no contexto do

trabalho, a satisfação com o trabalho e o bem-estar relativo ao trabalho ganham

destaque. O ajustamento físico e psicológico tem sido operacionalizado de diversas

formas, em função do tema e da sua especificidade.

Considerando que a presente estudo se enquadra numa abordagem positiva da

Psicologia, uma das preocupações na conceptualização e operacionalização das

variáveis baseia-se em adoptar uma abordagem mais pela positiva, considerando

que o bem-estar não se resume à ausência de sintomas de desajuste. Warr (1990)

apresenta evidências de que o bem-estar relativo ao trabalho se distingue do bem-

estar afectivo geral. O autor apresentando uma conceptualização do bem-estar

afectivo segundo dois eixos ortogonais: activação e prazer. A operacionalização

correspondente constitui-se por dois factores transversais aos eixos: ansiedade–

conforto, ou seja, uma dimensão que vai de um pólo de alta activação/afectos

negativos a um de baixa activação/afectos positivos; e depressão-entusiasmo, ou

seja, uma dimensão que vai de um pólo de baixa activação / afectos negativos a alta

activação / afectos positivos. Skinner & Brewer (2002) demonstraram que as

avaliações de desafio estavam associadas a emoções positivas activas, mas não

face a desactivas e que as avaliações de ameaça se associavam a emoções

negativas activas, mas não face a desactivas, o que vai ao encontro desta

concepção de bem-estar, tomando-se como referência o modelo de Lazarus &

Folkman (1984). No entanto, Sevastos, Smith e Cordery, (1992), apesar de

19

confirmarem uma estrutura em dois factores, levantaram algumas questões quanto

às propriedades do instrumento e a respectiva conceptualização com base no baixo

ajustamento do modelo face a uma análise confirmatória. Ainda assim, De Jonge e

Schaufeli (1998) consideram que a escala tem propriedades bastante aceitáveis.

Warr (1990) considera ainda que, apesar da estrutura encontrada, poderia ser

tomar-se apenas um ou outro quadrante em função dos objectivos da investigação.

Em Portugal foram já efectuados estudos com esta medida, havendo uma utilização

parcial (Chambel & Curral, 2005) e até mesmo com outra conjugação dos eixos

(Curral, 2005).

A satisfação com o trabalho, também esta descrita como uma medida afectiva

(De Jonge e Schaufeli, 1998; Katwyk et al., 2000), é também um indicador do

ajustamento psicológico, estando fortemente associado à saúde física e mental

(Cass, Siu, Faragher & Cooper, 2003), constituindo-se também como um factor de

relevo na produtividade como salientado por Patterson, Warr e West (2004), que

evidenciaram que a satisfação com o trabalho moderava a relação entre clima

organizacional e a produtividade organizacional.

Assim, apesar de ser salientado cada vez mais o papel das emoções nos

processos de stress, observa-se que o bem-estar afectivo continua a ser tomado

predominantemente como produto dos processos, principalmente no contexto do

trabalho. Esta opção parece ir ao encontro das críticas que apontam a circularidade

das medidas, as questões que se quanto às emoções

20

1.5 – O grupo de trabalho

O estudo que se pretende levar a cabo implica o trabalho de grupo. Neste

sentido será necessário tomar em consideração alguns aspectos relacionados com

a caracterização dos grupos, sendo apontadas a coesão grupal, o número de

elementos, a familiaridade entre os elementos como algumas das dimensões a ter

em consideração (Kerr & Tindale, 2004). A relevância de se atender a estes

aspectos é salientada pela investigação sobre o stress, nomeadamente em contexto

laboral, que tem apelado para se atender a vários níveis de análise para além do

individual (por exemplo, Bliese & Jex, 1999). Por outro lado, o apoio social tem

ganho algum destaque, quer no modelo de Lazarus e Folkman (1984) quer no

modelo de exigências-controlo do trabalho, havendo, no entanto, algumas

diferenças. No modelo de Lazarus e Folkman (1984), o apoio social tem sido

considerado essencialmente ao nível das estratégias de coping, referindo-se aos

esforços que o indivíduo faz para lidar com a situação stressante recorrendo ao

apoio social (Folkman & Moskowitz, 2004). O apoio social poderá incluir apoio

emocional, apoio instrumental e apoio ao nível da disponibilização de informação

(Lazarus & Folkman, 1985). No modelo de Karasek é considerado como uma das

dimensões relevantes, como já referido. Neste estudo deu-se particular atenção à

coesão grupal, por se tratar de uma situação potencialmente stressante que implica

o trabalho em grupo e uma vez que o Inquérito Apreciativo será também realizado

em grupo.

21

O INQUÉRITO APRECIATIVO E STRESS

2.1. O Inquérito Apreciativo

2.1.1. Os princípios subjacentes ao IA

O Inquérito Apreciativo surge com David Cooperrider, em 1980, no âmbito do

seu doutoramento sobre liderança (Coghlan, Preskill & Catsambas, 2003). É no

contexto organizacional, em intervenções para mudança organizacional que é mais

utilizado, sendo neste contexto que conhece maiores desenvolvimentos. Era

orientado pela ideia de que “em todas as organizações há alguma coisa que

funciona e a mudança pode ser gerida/planeada em função da identificação daquilo

que funciona e da análise sobre como fazer mais daquilo que funciona” (Hammond,

1996; p. 3).

Cooperrider e Whitney (2005) apontam cinco princípios aos quais o IA

corresponde. Um dos principais é o construcionismo social (Brown, 2004; Coghlan

et. al, 2003; Hammond, 1996; Norum, 2001). Pressupõe-se que a realidade é uma

construção social. Existem múltiplas realidades baseadas nas percepções e na

partilha de atribuições de significados (understandings; Whitney & Cooperrider,

2005). Note-se que este é um paradigma que se tornou muito presente nas terapias

familiares (Jones, 1999). O princípio da simultaneidade decorre do primeiro,

referindo que a avaliação é também intervenção. Através do questionamento, é

possível influenciar a realidade que uma organização cria para si (Whitney &

Cooperrider, 2005). A mudança começa com a análise (Norum, 2001). O princípio

poético refere que, sendo a realidade uma construção humana, uma organização é

como um livro no qual a sua história é continuamente (re)escrita pelos seus

22

membros e outros actores que com ela interagem. Consequentemente, os membros

podem escolher qual o foco da história/estudo/inquérito – os seus problemas e

necessidades ou os seus momentos de criatividade, alegria, ou ambos (Whitney &

Cooperrider, 2005). O princípio antecipatório refere que a imagem que uma

organização tem do seu futuro guia o seu comportamento actual. Assim, uma

imagem positiva do futuro de uma organização antecipará/guiará acções positivas

(Whitney & Cooperrider, 2005). O princípio da positividade advém da experiência de

aplicação do IA. Quanto mais positivas são as questões colocadas, mais

estimulantes serão, maior o sucesso e mais duradouros serão os esforços para a

mudança (Whitney & Cooperrider, 2005). Associados a estes princípios, são

referidas também os oito pressupostos de Hammond (1996): em qualquer

sociedade, organização ou grupo, há qualquer coisa que funciona; aquilo em que

nos focamos torna-se a nossa realidade; a realidade é criada no momento e existem

múltiplas realidades; o acto de questionar uma organização ou um grupo influencia

o grupo de alguma maneira; as pessoas têm maior confiança e conforto face ao

futuro (o desconhecido) quando trazem adiante experiências do passado (o

conhecido); se trazemos experiências do passado, deveriam ser as melhores; é

importante valorizar as diferenças; a linguagem usada cria a realidade.

Assim, o IA pode ser enquadrado numa abordagem positiva da Psicologia na

medida em que surge como uma metodologia de avaliação centrada na solução e

naquilo que é desejável. Outro aspecto salientado é o carácter interventivo deste

método. Noutras áreas já tem sido referido que a avaliação é também intervenção,

por exemplo, na terapia familiar, na medida em que faz circular informação

potencialmente relevante, não só para os técnicos, mas também para os sujeitos

(Ausloos, 1996).

23

2.1.2. O modelo operacional do IA

Um dos modelos mais difundidos do IA é o modelo 4-D (Coghlan et. al, 2003;

Norum, 2001). Este pressupõe a existência de quatro fases: Descoberta

(Discovery); Sonho (Dream); Delineamento (Design); Destino (Destiny) (Coperrider

& Whitney, 2005). A fase de descoberta consiste na realização de entrevistas entre

pares sobre as suas melhores experiências. De forma a ilustrar-se o tipo de

questões usadas, citam-se as questões usadas por Cooperrider, Whitney, e Stavros

(2003) nesta fase: “Describe a high-point experience in your organization—a time

when you were most alive and engaged”; “Without being modest, what is it that you

most value about yourself, your work, and your organization?”; “What are the core

factors that give life to your organization, without which the organization would cease

to exist?”; “What three wishes do you have to enhance the health and vitality of your

organization?” (pp.23). No grupo mais alargado, elabora-se um protocolo de

entrevista: identificam-se temas/tópicos em comum nas entrevistas anteriores,

escolhem-se três a cinco deles e constroem-se questões apreciativas para cada.

Com o novo protocolo, são realizadas tantas entrevistas quanto possíveis entre os

membros da organização. Na fase do sonho, com base na informação obtida,

através de visualizações e outros exercícios, os membros da organização são

levados a reflectir holisticamente sobre o futuro. Com base nestes “sonhos”, na fase

de delineamento os participantes propõe estratégias, processos, tomam decisões e

desenvolvem-se colaborações que criam um suporte de mudança. Constroem-se

proposições provocativas, elaboram-se documentos com informação concreta sobre

as estratégias e as visões baseadas nos sucessos passados. Na fase de destino, os

participantes implementam o previamente estabelecido. Esta fase inclui a

24

monitorização dos progressos e a continuidade do ciclo 4-D (Coghlan et. al, 2003;

Coperrider & Whitney, 2005).

São também referidos outros modelos, como o modelo 4-I de Watkins & Mohr

(2001, cit. por Coghlan et. al, 2003), sendo consideradas as fases de Iniciar

(Iniciate), Inquirir (Inquire), Imaginar (Imagine) e Inovar (Innovate). Na medida em

que o modelo 4-I é considerado como bastante semelhante ao 4-D (Coghlan et. al,

2003), que o modelo 4-D é o mais difundido e uma vez que é salientada a

plasticidade no seu uso, como se explanará de seguida, optou-se por este.

2.1.3. Aplicações do IA

É salientado que o IA não tem de ser um processo rígido, podendo ser adaptado

a diversos contextos e envolvendo algumas adaptações ao modelo 4-D (Coghlan et.

al., 2003; Cooperrider & Whitney, 2005), dirigindo-se a comunidades ou a pequenos

grupos de pessoas (Copperrider & Whitney, 2005).

Um dos projectos de relevo é o Imagine Chicago de Brown (2004) que tem como

objectivo o desenvolvimento comunitário, em que são as crianças que realizam as

entrevistas.

O seu uso parcial é referido como forma de avaliação de programas de

intervenção (Coghlan et. al; 2003). O IA foi também já salientado como uma

ferramenta de investigação no que concerne a técnicas de entrevista (Michael,

2005). Outros estudos salientam o IA como método de investigação-acção face a

diferentes temas, como por exemplo, ainda na esfera organizacional, liderança

(Lewis, Medland, Murphy, Reno & Vaccaro, 2006), liderança e inteligência

emocional (Yoder, 2005).

25

Norum (2001) demonstra como esta abordagem pode ser feita em larga ou

pequena escala, para moldar um workshop, para avaliar um curso, ou para

transformar um sistema complexo. De forma a ilustrar uma adaptação destaca-se a

avaliação do curso: esta foi realizada com base num protocolo previamente

elaborado que serviu de guia às entrevistas, sendo posteriormente realizada uma

discussão em grupo (Norum, 2001).

Actualmente, encontram-se também referências às potencialidades da aplicação

dos seus princípios ao contexto de intervenção quer ao nível individual, como

também de grupo (Foster & Lloyd, 2007).

Uma das áreas onde tem ganho aplicabilidade tem sido na área educacional,

quer como ferramenta de mudança organizacional (Marujo, Neto, Caetano & Rivero,

2007), quer como metodologia de investigação (Ossa, 2005), quer como

metodologia de investigacção-acção, face à promoção da leitura (Carnell, 2005) ou

face à promoção da aprendizagem e da inclusão social no contexto de turma

(Doveston & Keenaghan, 2006).

O IA tem sido usado de forma bastante flexível: quer na diversidade de

contextos, quer nos seus objectivos; sendo utilizado ora com um carácter mais

avaliativo, ora de uma forma mais interventiva, sendo aplicado parcialmente ou na

íntegra.

De uma forma geral, considera-se que o que o IA traz de novo é um

agrupamento e operacionalização de várias concepções que têm estado presente

em várias áreas da Psicologia, operacionalização essa que se mostra bastante

flexível e extensível a diferentes contextos e objectivos.

26

2.1.4. O reverso da medalha (?)

Um dos aspectos referidos na aplicação do IA, nomeadamente na fase das

entrevistas, é o entusiasmo que gera. Rogers e Fraser (2003) descrevem que uma

apresentação sobre IA, realizada por Hallie Prekill, em 2001, no Evaluator’s Institute

em Washington, gerou “tremenda excitação e entusiasmo”. As questões incidiam

sobre picos de experiência na actividade profissional e o “barulho que se ia

espalhando pela sala à medida que iam discutindo o assunto em pares era

electrificante (...)”.

Rogers e Fraser (2003) referem que uma das críticas que se coloca ao IA é que

este pode levar a percepções, atitudes e comportamentos disfuncionais,

associando-lhes os autores a um optimismo destemperado. Porém, note-se que ao

apelar para experiências passadas, também se pode supor que tal promove

expectativas realistas. Rogers e Fraser (2003) referem também que o IA será útil

quando os propósitos da avaliação são, ao invés da identificação de problemas, a

identificação de recursos, considerando os autores que o evitamento dos problemas

raramente constitui uma resposta eficaz. Estas críticas encontram o seu paralelo

face ao tema do stress nas considerações de Lazarus (2003) sobre a enfatização

excessiva do positivo, como referido anteriormente.

Patton (2003) face às críticas do sobre-enfoque no positivo, refere e fornece

algumas evidências de que os problemas e as vulnerabilidades podem e emergem

numa avaliação deste tipo. Patton (2003) salienta que é notório que a linguagem do

IA molda a perspectiva dos que estão envolvidos e que essa é uma função da

linguagem.

Tanto Patton (2003) como Rogers e Fraser (2003), no geral, remetem questões

para o uso que se faz e para os riscos que poderão estar envolvidos, principalmente

27

no que se refere a falhas de avaliação (note-se que ambas as referências estão

mais dirigidas para o contexto de avaliação organizacional e de programas).

2.2. IA e stress: pontes de contacto

Os modelos parecem percorrer caminhos paralelos em que ligação parece ser

ténue. Na revisão de literatura efectuada sobre o IA encontram-se referências a

conceitos e temas também presentes na literatura sobre stress, sem ser explícita a

associação entre campos. Na pesquisa efectuada encontrou-se apenas uma

excepção: um estudo sobre a aplicação do IA como programa de redução de stress

em contexto organizacional (Rabinowitz, 2004). Após uma intervenção através de

um Inquérito Apreciativo foi observada uma redução nas várias dimensões do stress

ocupacional consideradas (físico, interpessoal, vocacional e psicológico). Neste

sentido, a conjugação de temas apela para uma reflexão mais aprofundada.

Rogers e Frasier (2003) dão a entender que o IA pode estimular um optimismo

destemperado. Pode-se especular, até porque se encontram referências do

entusiasmo e da estimulação de expectativas positivas (Rogers & Frasier, 2003),

que o IA é indutor de avaliações e expectativas mais positivas, por outro lado, já

foram observados efeitos do optimismo (disposicional) nos processos de stress e

coping (Chang, 1998).

Também é referido que o IA é particularmente útil em situações em que há um

ambiente hostil, em que as relações se deterioraram ou em que se observa

desamparo (hopelessness), entre outras (Coghlan et. al; 2003), situações estas que

se podem considerar como potencialmente stressantes e, neste caso, o IA poderia

28

ser assumido como modelo de intervenção no sentido de promover a coesão e/ou

de reduzir os stressores ambientais, à semelhança de Rabinowitz (2004). Por outro

lado, face às descrições encontradas sobre os seus efeitos (e.g., suscita

entusiasmo, estimula a cooperação, etc.; por exemplo, Coghlan et. al; 2003; Patton,

2003; Rogers & Frasier, 2003) o IA também poderá ser interpretado como indutor (e

factor de manutenção, considerando o princípio da positividade) de eustress.

Porém, antes de se continuar, convém apresentar algumas considerações.

Primeiro, atente-se a uma curiosa complementaridade. Uma das críticas

relativamente aos estudos de stress, nomeadamente da área ocupacional, é que

poucas vezes se estuda a relação destes com resultados no desempenho dos

indivíduos (Chambel & Curral, 2005). O IA tem sido estudado ao nível dos seus

resultados, mas, aparentemente, não no que concerne ao seu impacto sobre

variáveis psicológicas consideradas na literatura sobre o stress.

O modelo de stress e coping de Lazarus e Folkman (1984) é um modelo

descritivo/explicativo. O IA tem sido usado como modelo de avaliação e intervenção,

com sucesso face a diferentes contextos e objectivos.

Ambos constituem uma abordagem sem um conteúdo previamente definido,

podendo ser aplicados a diferentes stressores/situações. À partida, o IA poderá ser

aplicado face a um potencial stressor. Ambos pressupõem uma avaliação que vise a

transacção indivíduo-meio, mas o IA, como modelo com carácter interventivo,

pretende moldar esta avaliação de uma forma positiva (o que há de melhor no

sistema e o que de melhor o indivíduo trouxe para o sistema). Em ambos, a

avaliação é tomada como um processo influente, sendo salientada a relevância da

promoção de perspectivas positivas (Coperrider & Whitney, 2005; Folkman & Greer

2000).

29

O modelo de Lazarus e Folkman (1984) constitui uma abordagem processual e

situacional/contextual. Poderá assumir-se a abordagem do IA como variável

influente no processo? Lazarus e Folkman (1984) referem a manipulação da

avaliação cognitiva dos sujeitos em experimentos sobre o tema e que os processos

de avaliação e coping são interactivos entre si. Paralelamente, o IA pressupõe a

indução de uma avaliação positiva de forma a mobilizar os sujeitos para a acção,

ideia esta que encontra algum apoio na literatura sobre o stress (Skinner & Brewer,

2002). Também de acordo com esta permissa, Folkman e Greer (2000), como já

referido, sugerem que a estratégia para criar desafio está em dois pontos: descobrir

o que é significativo e a partir daí identificar objectivos relevantes e atingíveis. O IA

parece estar em concordância.

Os estudos na área do stress e coping têm salientado a relevância das

percepções e significações positivas e o IA parece influir a este nível, bem como na

indução para a resolução de problemas.

Assim, com base na descrição dos efeitos do IA e num nível mais conceptual,

especulam-se algumas confluências, que carecem de validação empírica. Colocam-

se então mais algumas questões, que poderão orientá-la: Qual o impacto que o IA

tem ao nível das avaliações (reavaliações)?; Qual o impacto que tem ao nível das

estratégias de coping?; Qual o impacto que tem ao nível afectivo?; Quais as

características do IA que contribuem para esse impacto?

Outro aspecto em consideração prende-se com o carácter contextual de ambos

os modelos, ficando em aberto uma grande questão: em que situações poderá ser

útil a utilização do IA e em que moldes?

30

2.3. O presente estudo

Relativamente ao modelo transaccional de stress e coping, a teorização com

ênfase nas emoções vai reunindo evidências empíricas, havendo, ainda assim,

algumas divergências (Lazarus, 1993). O IA parace ir ao encontro do enfoque dado

às avaliações cognitivas consideradas no modelo transaccional de stress e coping

(Lazarus & Folkman, 1984), sendo conceptualmente mais articuláveis. Por outro

lado, trata-se de um modelo de referência, largamente referido na literatura, mesmo

na referente ao stress ocupacional e articulável com as concepções que surgem

neste campo. Neste sentido, considerando que a presente investigação assenta

numa articulação de modelos, optou-se por se considerar o modelo de stress e

coping de Lazarus & Folkman (1984), tendo o bem-estar afectivo relativamente ao

trabalho como variável produto dos processos de stress, de acordo com Lazarus et

al. (1985) e indo ao encontro de uma das operacionalizações mais recorrentes na

área do stress ocupacional relativamente ao ajustamento psicológico. Também de

acordo com a exposição feita no que concerne aos modelos de stress e ao IA, a

coesão grupal será tomada como uma variável potencialmente influente.

Apesar de se poder apontar alguma inconsistência nas evidências empíricas, no

geral é salientado que percepções e significações mais positivas, quer ao nível das

avaliações cognitivas quer como recurso de coping, parecem ser facilitadores do

ajustamento dos indivíduos. Hipotetiza-se que o IA poderá influir positivamente nos

processos de stress, pelo que o objectivo geral desta investigação é o de efectivar

uma articulação entre o modelo de Lazarus & Folkman (1984) e o IA, realizando-se

um estudo prévio com vista a aferir o modelo de Lazarus & Folkman (1984) à

situação de apresentação oral em grupo.

31

ESTUDO I

3.1. Objectivos e hipóteses do estudo 1

A maioria das investigações focadas numa situação específica refere-se a uma

situação de exame (Carver & Scheier, 1994; Chang, 1998; Lazarus & Folkman,

1985; Skinner & Brewer, 2002). Nesta investigação é tomada a situação da

apresentação oral em grupo como momento de avaliação a uma disciplina,

considerando-se relevante a literatura que provém da área do stress ocupacional,

nomeadamente por esta situação implicar o trabalho em grupo. Neste sentido e uma

vez que esta investigação implicou a adaptação e construção de medidas, são

objectivos deste primeiro estudo a exploração das medidas e a replicação de

resultados, quer por se tratar de uma situação diferente, quer pela inconsistência

observada face a estudos que se reportam a situações idênticas, tomando-se como

principais referências os estudos de Lazarus & Folkman (1985), Carver & Scheier

(1994), Skinner & Brewer (2002) de Chang (1998), e o de se testar a influência da

coesão grupal. Por outro lado, uma vez que este estudo se assume como uma base

para o segundo, tem também como objectivo a exploração de outros aspectos,

nomeadamente a identificação de variáveis estranhas, a comparação entre uma

perspectiva passada e futura das avaliações cognitivas; o impacto de experiências

passadas nas avaliações cognitivas face a uma apresentação futura.

Assim, considerando a literatura relativamente a uma situação de exame, são

mais consistentes as evidências que se referem a uma associação positiva entre si

no que se refere às avaliações de desafio, a avaliação cognitiva secundária, o

coping focado no problema/de confronto e o ajustamento. São também consistentes

as evidências de uma associação negativa das avaliações de ameaça e o

32

ajustamento, parecendo haver uma tendência para a associação positiva da

avaliação de ameaça com estratégias focadas nas emoções/evitamento. Já são

mais díspares as evidências no que se refere à relação entre as avaliações de

desafio e de ameaça. Por outro lado, relativamente a uma correlação negativa entre

a avaliação de ameaça e a avaliação cognitiva secundária, apesar de ser esperada

por Lazarus & Folkman (1985), não se registam evidências nesse sentido.

Numa análise menos discriminatória, Chang (1998) demonstra que a avaliação

cognitiva primária, a avaliação cognitiva secundária e o coping têm um valor

predictivo e cumulativo face ao ajustamento. Neste estudo, espera que a coesão

grupal também acrescente um valor predictivo. Assim, consideram-se as seguintes

hipóteses:

H1: A avaliação de ameaça associa-se negativamente ao ajustamento

psicológico e positivamente à utilização de coping de evitamento;

H2: A avaliação de desafio associa-se positivamente à avaliação cognitiva

secundária, à utilização de coping de confronto e ao ajustamento psicológico;

H3: A avaliação cognitiva secundária associa-se positivamente à utilização de

coping de confronto e ao ajustamento psicológico;

H4: A utilização de estratégias de coping de confronto associa-se ao

ajustamento psicológico;

H5: A utilização de estratégias de coping de evitamento tem uma associação

negativa com o ajustamento psicológico;

H6: A coesão grupal associa-se positivamente ao ajustamento psicológico;

H7: A avaliação cognitiva primária, a avaliação cognitiva secundária, o coping e

a coesão grupal têm um valor preditivo e cumulativo face ao ajustamento

psicológico.

33

3.2. Método do estudo 1

3.2.1. Plano

O estudo assume uma abordagem situacional-específica – a de uma dada

apresentação oral em grupo como momento de avaliação. Sendo um dos principais

objectivos deste a realização do segundo estudo, este assume um plano

transversal. Implicando a recolha de dados relativos a avaliações cognitivas

primárias e secundárias na forma antecipatória (relativa a uma apresentação futura)

e passada (relativa a uma apresentação passada), inevitavelmente registaram-se

duas condições de resposta, em função de uma dada disciplina de referência: a) os

estudantes que ainda iriam realizar a apresentação nessa disciplina, quanto à

avaliação primária e secundária deveriam reportar-se a essa apresentação,

reportando-se à última apresentação que haviam realizado relativamente aos

restantes dados; b) os participantes que já haviam realizado a apresentação em

grupo nessa disciplina, deveriam reportar-se a essa apresentação, sendo os dados

da avaliação cognitiva primária e secundária relativos ao passado. Por outro lado,

no intuito de se englobar um número de participantes razoável que permitisse levar

a cabo este estudo, foram tomadas três disciplinas de referência, considerando-se

outras três condições de resposta. No quadro 1, encontram-se ilustrados os grupos

em função das condições de resposta.

Quadro 1 - Condições de resposta em função do “tempo” e da “disciplina de referência”

Disciplina de referência

Tempo a que se reportam as avaliações cognitivas

primárias e secundárias 1 2 3

Antecipatória A B

Passada C D E

34

3.2.2. Participantes

Participaram neste estudo 144 estudantes de Psicologia que tinham como

momento de avaliação a uma dada disciplina uma apresentação oral realizada em

grupo. A maioria são do sexo feminino (N = 129) e 15 participantes são do sexo

masculino. A idade média dos participantes foi de 20,5 anos (DP=2,72). 54,5% eram

estudantes de 2º ano e os restantes 45,5% eram do 3º ano. 15,3% eram estudantes

da licenciatura de Psicologia na Universidade de Évora e 84,7% na Universidade de

Lisboa.

Quanto ao número de elementos a que os participantes pertenciam, 94,5% dos

participantes faziam parte de grupos com 3 a 5 elementos, 3,5% integravam grupos

com 2 elementos e 2,1% integravam grupos com 6 ou 8 elementos.

Quanto às condições de resposta e no que se refere à avaliação cognitiva

primária e secundária, 88 participantes responderam relativamente a uma

apresentação futura e 55 participantes reponderam face a uma apresentação já

ocorrida. Todas as restantes medidas referiam-se a uma dada apresentação já

ocorrida. Relativamente à apresentação futura, estas enquadraram-se em duas

disciplinas. Face à apresentação passada, estas ocorreram em cerca de 13

disciplinas. Dada a diversidade nas condições de resposta e uma vez que as

análises nem sempre incidem sobre a totalidade da amostra, nos resultados serão

aprofundados alguns dados quanto à sua caracterização.

3.2.3. Materiais e Instrumentos

Um dos desafios presentes neste estudo referiu-se à escolha das medidas, dado

que se trata de um estudo situacional específico e uma vez que as medidas

geralmente reportam-se a abordagens mais contextuais.

35

Na escolha das medidas foram ponderados vários critérios. No geral, esteve

presente a preocupação na procura de instrumentos adaptáveis à situação de

apresentação oral em grupo, com poucos itens, dado que são abordadas várias

variáveis e uma vez que se pretende no segundo estudo que os participantes lhes

respondam mais que uma vez. Concomitantemente, esteve a preferência por

instrumentos que já tenham sido utilizados, nomeadamente na população

portuguesa e/ou com estudantes universitários.

De seguida apresentam-se as medidas usadas.

3.2.3.1. Avaliação cognitiva primária

Adaptação para português de 4 itens, respondidos através de uma escala tipo

Likert de 10 pontos, utilizados por Chang (1998) num estudo com estudantes

universitários. Este estudo também se enquadrava numa abordagem situacional

específica, referindo-se à realização de um exame. A escala utilizada por Chang

(1998) tinha 6 itens e saturava em dois factores, sendo que o primeiro factor era

constituído por quatro itens, correspondendo o conteúdo dos itens à concepção de

avaliação cognitiva primária de Lazarus & Folkman (1984) e apresentando uma

consistência interna de 0,75. Os outros dois itens correspondiam à avaliação

cognitiva secundária (Chang, 1998). Assim, para este estudo optou-se por utilizar os

4 itens relativos à avaliação cognitiva primária (optando-se por um instrumento

independente para a avaliação cognitiva secundária) sendo o seu conteúdo relativo

à avaliação do grau de “importância”, de “stress”, de “ameaça” e de “desafio”.

Manteve-se a escala de resposta, mas as instruções foram adaptadas no sentido de

se referirem a uma dada apresentação oral. Como já referido, parte dos

participantes respondeu face a uma apresentação já decorrida, enquanto que outra

36

parte respondeu face a uma apresentação futura. Como se pode observar no

quadro 2, a escala obteve índices de consistência interna muito baixos,

principalmente no que se refere a uma apresentação futura. Em ambas as

perspectivas temporais, a média indica que a situação de apresentação oral em

grupo é um stressor para os estudantes. No entanto, nos resultados esta escala

será alvo de uma análise, tendo como uma das considerações a fraca consistência

interna.

3.2.3.2. Avaliação cognitiva secundária

Segundo o modelo de Lazarus & Folkman (1984), a avaliação cognitiva

secundária abrange várias dimensões. No presente estudo será operacionalizada

em duas variáveis: controlo e eficácia percebida face às estratégias de coping. Esta

última será apresentada conjuntamente com o coping. A escala utilizada baseia-se

essencialmente na adaptação da escala de controlo de Chambel & Curral (2005),

utilizada em estudantes universitários portugueses. A escala original é constituída

por 7 itens e tem como conteúdo a possibilidade dos estudantes organizarem o seu

trabalho. A escala é de 5 pontos (1 – discordo a 5 – concordo), correspondendo

valores mais altos a níveis mais elevados de percepção de controlo. A consistência

interna no referido estudo foi de 0,85. A escala original foi utilizada numa

abordagem contextual, referindo-se ao trabalho do contexto universitário na sua

generalidade. Para a realização deste estudo foi necessário proceder-se a

adaptações quanto às instruções, no mesmo sentido que a escala anterior, e a

alterações quanto ao conteúdo dos itens no sentido de dirigi-los à situação

específica considerada. No entanto, uma primeira adaptação, dirigindo os itens

todos para esta situação específica, resultou numa grande sobreposição de

37

conteúdos, sendo feita a diferenciação de conteúdos dos itens com base nas

dimensões de controlo apresentadas por Troup & Dewe (2002), nomeadamente no

que se refere à previsibilidade, ao controlo sobre a tarefa e a uma dimensão mais

geral de percepção de controlo, e abrangendo-se uma vivência de nível mais grupal

(por exemplo, “De uma maneira geral, o grupo pôde decidir como fazer o trabalho”).

Foi retirado um item por se considerar que melhorava as propriedades da escala,

quer relativamente a uma apresentação futura como passada. Como a escala foi

alvo de uma reformulação mais profunda (Anexo I) e de forma a testarem-se as

suas propriedades psicométricas, procedeu-se a uma Análise Factorial em

Componentes Principais (AFCP), mas somente para a perspectiva futura, uma vez

que a amostra da perspectiva passada tinha uma dimensão demasiado reduzida.

Assim, os seis itens, relativamente a uma apresentação futura, através de uma

AFCP revelaram uma estrutura unifactorial (KMO = 0,764), mas com uma variância

explicada algo baixa de 44,40%. Todos os itens saturaram acima dos 0,600. Como

se pode observar no quadro 2, relativamente a ambos os tempos a escala relevou

uma consistência interna aceitável. Quer numa perspectiva futura como numa

passada, os estudantes reportam algum controlo sobre a situação de apresentação

oral em grupo, com uma dispersão de resposta idêntica em ambos os tempos.

3.2.3.3. Coping e eficácia

Mais uma vez, sendo raras as investigações do tipo situacional-específico, há

poucos instrumentos de medida que sirvam este tipo de abordagem. Face ao coping

este aspecto teve uma expressão mais vincada, por serem medidas algo

complexas. Optou-se por uma escala com itens abertos, para que o participante

enunciasse estratégias de coping que havia utilizado relativamente a uma dada

38

apresentação oral. Foi dado um breve enquadramento referindo-se que as pessoas

fazem coisas perante acontecimentos stressantes fazem/pensam coisas para se

sentirem melhores e/ou lidarem com a situação da melhor forma, com recurso a um

exemplo, sendo posteriormente pedido que o participante enunciasse pelo menos

cinco coisas que tenha feito/pensado relativamente à apresentação oral. Para cada

estratégia referida, o participante deveria reportar numa escala tipo Likert de 5

pontos a frequência de utilização (1- raramente a 5 – Constantemente) e a sua

eficácia (1 - Nada eficaz a 5 – Completamente eficaz).

As estratégias de coping foram categorizadas de forma dicotómica, as quais se

denominaram de “confronto”e “evitamento”. Optou-se por uma categorização o mais

simples possível essencialmente por duas razões: era esperado um número de

estratégias de coping por sujeito baixo de modo que uma categorização mais fina

impossibilitaria a comparação de sujeitos; sendo a categorização levada a cabo por

apenas um avaliador, uma operacionalização mais simples das categorias facilitaria

a consistência da avaliação. Por outro lado, a dicotomização do tipo de estratégias

de coping é apoiada pela literatura. As dimensões foram escolhidas com base nas

considerações de Folkman & Moskowitz (2004). A operacionalização das categorias

vai no sentido de “focado no problema” vs “focado nas emoções”, mas uma vez que

a categorização incide nos comportamentos e não na sua função, admite-se que

nem sempre sejam coincidentes. Assim, foram consideradas como coping “de

confronto” todas as estratégias que se referissem à apresentação, quer fossem de

uma natureza mais comportamental referindo-se à sua preparação, elaboração e/ou

concretização (por exemplo, “treinar a presentação”, “preparar bem a

apresentação”, “saber bem o que vou apresentar”, “falar pausadamente”), quer

fossem de uma natureza mais cognitiva (por exemplo, “estou bem preparada”,

39

“pensar que depois da apresentação vou-me sentir melhor”). Foram consideradas

estratégias de coping de “evitamento” todas aquelas que não implicassem a

apresentação e/ou que explicitamente a evitassem (por exemplo, “ver televisão”,

“dormir”, “evitar pensar sobre isso”). Desta forma, a categorização foi efectuada com

base no comportamento/pensamento referido, independentemente da função que

este pudesse ter, precisamente porque essa função nem sempre era clara. Assim,

estratégias como “comer chocolates”, “dormir” ou “fazer uma pausa” foram

categorizadas como estratégias de evitamento, admitindo-se que eventualmente

tivessem a função de assegurar as melhores condições à preparação e/ou

realização da apresentação, podendo ser consideradas por isso estratégias focadas

no problema. No anexo I encontra-se uma síntese da categorização. Foi ainda

considerada uma terceira categoria de “outras”, onde não era clara a sua

categorização (por exemplo, “auto-estima”).

Quanto à frequência do uso das estratégias, foi considerado o somatório das

pontuações da escala de Likert relativas a cada tipo de estratégia. A utilização de

uma média que caracterizasse a frequência de utilização de um tipo de estratégia

poderia ser altamente enviesador. Poderia haver participantes que poderiam referir

uma só estratégia daquele tipo reportando frequência máxima e poderia haver um

participante que referisse várias estratégias daquele tipo, bastando em que numa

delas referisse uma frequência mais baixa, para ser tomado como um sujeito que

utiliza menos frequentemente aquele tipo de estratégia.

Quanto à eficácia, considerou-se a lógica inversa, assumindo-se a média

reportada para cada tipo de estratégia, de forma a tornar-se mais independente do

número de estratégias referidas. Na apresentação dos resultados esta medida será

caracterizada mais aprofundadamente.

40

3.2.3.4. Ajustamento Psicológico

Adaptação da escala de ansiedade/depressão de Chambel & Curral (2005)

adaptada a partir da escala de Bem-Estar no Trabalho de Warr (1990). A escala foi

utilizada em estudantes universitários portugueses e é constituída por 6 itens sobre

a frequência com que, no último mês, se tinham sentido “tensos”, “ansiosos”,

“preocupados”, “calmos”, “confortáveis”, “relaxados”, face aos trabalhos

académicos. A escala é de 5 pontos (1 – nunca a 5 – Sempre) e α = 0,90. Dado o

enquadramento da investigação que se pretende levar a cabo, no neste estudo

utilizou-se também a outra sub-escala relativa à dimensão da depressão-

entusiasmo, incluindo-se os itens que questionavam a frequência com que se

tinham sentido “deprimidos”, “melancólicos”, “infelizes”, “motivados”,

“entusiasmados” e “optimistas”. Os itens relativos a afectos negativos eram

invertidos na cotação, correspondendo valores mais elevados a níveis mais

elevados de bem-estar. As instruções foram adaptadas enquadrando o questionário

face à apresentação oral, remetendo para o período em que decorreu a

apresentação, incluindo o trabalho prévio realizado. Como se pode observar no

quadro 2, ambas as escalas indicaram uma boa consistência interna. Segundo os

eixos de activação e prazer considerados por Warr (1990), os resultados situam-se

nos quadrantes negativo e positivo de elevada activação, sendo consistentes com o

esperado face a uma situação stressante.

Satisfação: para avaliar esta dimensão foi construída uma escala de satisfação

de 6 itens sobre a apresentação oral (como, por exemplo, “ senti-me satisfeito com a

apresentação realizada”; “Senti-me satisfeito com o meu desempenho”; “No geral,

senti-me satisfeito com o desempenho do meu grupo”), respondidos numa escala

tipo Likert de 5 pontos (1 – Discordo totalmente a 5 – Concordo totalmente),

41

correspondendo valores mais altos a níveis mais elevados de satisfação (Anexo I).

Procedeu-se a uma AFCP (KMO = 0.828) que revelou uma estrutura unifactorial, tal

como esperado, permitindo explicar 59,18% da variância. Como se pode observar

pelo quadro 2, a escala obteve uma consistência interna elevada. No geral, os

estudantes estão um pouco satisfeitos com a apresentação realizada.

3.2.3.5. Coesão grupal

Foi utilizada a adaptação da escala de coesão horizontal adaptada por

Rodrigues (2005). A escala é composta por 10 itens sobre o funcionamento do

grupo de trabalho, respondidos através de uma escala tipo Likert de 5 pontos, à

semelhança da anterior. A consistência interna encontrada pelo autor foi de 0,74.

Correspondendo a escala ao contexto militar, procederam-se a algumas alterações

na linguagem. São exemplos dos itens: “Trabalhamos bem em conjunto”; “Gosto de

passar tempo com o meu grupo de trabalho”. A consistência interna da escala é

considerada como bastante satisfatória, como se pode observar através do quadro

2. Em média os estudantes reportaram níveis elevados de coesão grupal face aos

seus grupos de trabalho.

3.2.3.6. Outras variáveis

No intuito de se identificarem variáveis que pudessem ser relevantes para o

tratamento de dados e interpretação dos resultados, foram consideradas várias

variáveis que serão apresentadas de seguida, incluindo-se uma análise prévia com

base na correlação, optando-se pelo coeficiente de Pearson com teste de

significância unilateral, de forma a potenciar a emergência de possíveis

associações. No anexo III encontra-se o quadro a que respeita esta análise prévia.

42

Auto-regulação da aprendizagem face à disciplina: No intuito de se

controlarem/diferenciarem variáveis contextuais, considerou-se o investimento dos

estudantes relativamente à disciplina em causa, considerando-se como indicador o

uso de estratégias de auto-regulação da aprendizagem. Note-se que, sendo o

estudo específico a uma dada apresentação oral, seria de esperar que as

estratégias de coping de confronto incidissem em estratégias de auto-regulação da

aprendizagem. Assim, foi utilizada uma escala sobre a utilização de estratégias de

auto-regulação da aprendizagem construída por Lima (no prelo) com base em

Zimmerman & Martinez-Pons (1988). A escala tem 7 itens e é respondida numa

escala tipo Likert de 5 pontos (1 – “Não descreve o meu comportamento, não é

nada disto que eu faço” a 5 – “Descreve muito bem o meu comportamento, é

mesmo isto que eu faço”). São exemplos dos itens: “Vou regularmente às aulas

desta disciplina (não faltei a mais do que duas)”; “Participo nas discussões das

aulas”. Como se pode observar no quadro 2, a escala apresentou uma consistência

interna aceitável. Face às disciplinas em que os estudantes realizaram

apresentações, referem em média algum investimento. O investimento na disciplina

não se encontra associado a qualquer das variáveis em estudo (como se pode

observar no anexo III), indicando que a situação de apresentação oral em grupo

distingue-se do comportamento face ao contexto em que decorre.

Outras variáveis: Os participantes, para além de terem respondido face ao sexo,

idade, ano, entre outros já referidos na caracterização, responderam também

relativamente a variáveis caracterizadoras dos grupos, tais como o número de

elementos dos grupos e a familiaridade com os outros elementos. As variáveis sexo

e idade são das mais referidas na literatura sobre o assunto, sendo tomadas em

consideração na análise dos dados. A variável ano neste estudo assume-se não só

43

como um indicador da experiência dos sujeitos, como acaba também por resumir

aspectos contextuais, pelo que também será considerada nos resultados. Quanto ao

número de elementos do grupo, uma vez que esta variável apresentou uma

associação com várias das variáveis consideradas, como se pode observar no

anexo III, será também abordada nos resultados de forma mais detalhada. Quanto à

familiaridade com os elementos do grupo, esta foi operacionalizada através da

razão entre o número de elementos com o qual o participante já havia trabalhado

pelo menos duas vezes e o número total de elementos do grupo, excluindo o

respondente. Assim, o grau máximo de familiaridade é de 1, significando que o

respondente já havia trabalhado com todos os elementos do grupo pelo menos duas

vezes. No geral, os participantes estavam bastante familiarizados com os elementos

do seu grupo (M = 0,75; DP = 0,36). Esta medida apenas apresentou uma

associação significativa com a coesão grupal (r = 0,351, p < 0,001; N = 144), como

se pode observar o anexo III, e também com a eficácia percebida face às

estratégias de coping (r = -0,239; p < 0,01; N = 144), relação esta que parece

carecer de significado, principalmente se se considerar que a coesão grupal não se

correlaciona com esta medida. Foi também perguntado há quanto tempo havia

decorrido a apresentação, numa escala de 4 pontos, sendo: 1 – “menos de uma

semana”; 2 – “mais de uma semana e menos de duas”; 3 – “de duas semanas a um

mês”; 4 – “mais de um mês”. 24,6% dos participantes responderam ao questionário

até uma semana depois de ocorrer a apresentação a que se referia; 9,4%

respondeu no intervalo de mais de uma semana e menos de duas, 21% respondeu

no intervalo de duas semanas a um mês e 54,3% respondeu passado mais de um

mês. Uma vez que esta variável também apresentou associações com várias das

variáveis em estudo, será também abordada mais detalhadamente nos resultados.

44

Quadro 2. Médias, desvios-padrões e consistência interna dos instrumentos

Escala N M DP α

Avaliação cognitiva primária (apresentação futura) 88 6,68 1,16 0,42

Avaliação cognitiva primária (apresentação passada) 55 7,41 1,28 0,49

Controlo (apresentação futura) 88 3,86 0,57 0,74

Controlo (apresentação passada) 55 3,68 0,55 0,72

Coesão grupal 144 4,17 0,52 0,82

Ansiedade-conforto 144 2,71 0,71 0,90

Depressão-entusiasmo 144 3,97 0,65 0,86

Satisfação 144 3,79 0,66 0,85

Investimento na disciplina 144 3,41 0,55 0,63

3.2.4. Procedimento

Foi pedida a colaboração dos estudantes no final da aula em três disciplinas.

Procedeu-se a um enquadramento geral do estudo sendo dadas instruções quanto

ao preenchimento dos questionários.

45

3.3. Resultados

3.3.1 As medidas de avaliação cognitiva primária e relativas ao coping

Uma vez que estas medidas requereram maior atenção e que as opções tomadas

sobre elas recaem sobre a análise de resultados, de seguida será apresentada uma

exploração destas, incluindo-se breves considerações.

Havia o intuito inicial de se explorar a medida de avaliação cognitiva primária no

sentido de se retirar um indicador face à avaliação de desafio e de ameaça. A fraca

consistência interna da escala revelada face ambos os tempos levaram também a

uma análise mais detalhada desta. Assim, nos quadros 3 e 4 são apresentados os

coeficientes de Pearson entre os itens da escala face a uma apresentação futura e

face a uma apresentação passada.

Quadro 3. Correlação entre os itens da Avaliação Cognitiva Primária face a uma

apresentação futura (n = 88)

Itens M DP 1 2 3

1. Importância 8,18 1,77

2. Stress 6,85 2,09 ,073

3. Ameaça 4,66 2,24 ,072 ,503***

4. Desafio 7,82 1,50 ,515*** -,112 -,087 ** p<0,001 (bilatral)

Quadro 4. Correlação entre os itens da Avaliação Cognitiva Primária face a uma

apresentação passada (n = 55)

Itens M DP 1 2 3

1. Importância 8,27 1,50

2. Stress 7,67 2,08 -,125

3. Ameaça 5,95 2,74 -,150 ,752***

4. Desafio 7,75 1,57 ,283* ,048 ,178 * p<0,05; ** p<0,001

46

Como se pode observar pelos quadros 3 e 4 e como seria de esperar pela baixa

consistência interna, o padrão de intercorrelações da escala salientam a sua

inadequabilidade. Por outro lado, o padrão observado vai ao encontro de duas

dimensões independentes a que se poderia designar de “ameaça” (itens 2 e 3) e de

“desafio” (itens 3 e 4). Desta forma, dadas as circunstâncias, optou-se por utilizar a

média dos itens 2 e 3 como variável operacionalizadora de uma avaliação cognitiva

primária de ameaça. A correlação dos itens é forte e bastante significativa em

ambos os tempos. A média dos itens 1 e 4 será tomada como operacionalização da

avaliação cognitiva primária de desafio que, apesar de não mostrar uma associação

tão forte como a da ameaça em ambos os tempos, não deixa de ser significativa.

Face ao coping, apenas dois participantes não referiram qualquer estratégia de

coping, sendo tomados como ausência de resposta para efeito do tratamento de

dados. Assim, foram referidas 682 estratégias por 142 participantes.

De acordo com o que era solicitado aos participantes, 70,1% reportaram 5

estratégias de coping, sendo a média de 4,80 e o desvio-padrão de 1,14.

Quanto à categorização das estratégias, apenas seis referências foram

categorizadas em “outras”. Desta forma, a apresentação que se segue inclui estes

dados no conjunto total, mas a distinção entre categorias cingir-se-á às outras duas

categorias consideradas: coping de confronto e coping de evitamento. No quadro 5

podem-se observar os dados descritivos destas categorias e do seu conjunto

relativamente ao número de referências, frequência de utilização e eficácia.

47

Quadro 5. Médias e Desvios-padrão do número de referências, frequência de utilização e

eficácia.

Número de referências Frequência de utilização Eficácia do coping

Coping N M (DP) N M (DP) N M (DP)

Confronto 142 3,08 (1,58) 142 11,86 (6,40) 133 3,75 (0,75)

Evitamento 142 1,68 (1,40) 142 6,20 (5,25) 109 3,47 (0,85)

Total 142 4,80 (1,14) 142 18,21 (5,26) 140 3,65 (0,60)

Como se pode observar pelo quadro, em média, os estudantes reportam uma

maior número de estratégias de coping de confronto, diferença esta que aparece

dilatada quanto à frequência de utilização uma vez que esta medida está

directamente relacionada com a primeira. Lembre-se que esta medida constitui-se

pelo somatório das pontuações quanto à frequência do tipo de estratégia. No

entanto, esta medida levantou algumas questões. Nas escalas sobre estratégias de

coping é utilizada recorrentemente a média da resposta sobre a frequência de

utilização de um dado tipo de estratégia de forma a obter-se um perfil de utilização

de estratégias de coping. No entanto, sendo esta uma abordagem situacional e face

às estratégias de coping reportadas pelos participantes, a escala de frequência de

utilização perdia algum sentido observando-se também enviesamentos nas

respostas. Mais concretamente, face a estratégias como “deitar-me cedo”, “treinar a

apresentação” não faz muito sentido perguntar se o participante o fez “raramente”,

“poucas vezes”, “algumas vezes”, “bastantes vezes” ou “constantemente”,

observando-se por vezes respostas como “deitar-me cedo” – “constantemente”.

Desta forma, considerando que as críticas relativas à utilização de escalas de

frequência face a estratégias de coping encontravam aqui especial pertinência e que

a sua utilização trazia mais interferência do que enriquecimento da medida face ao

número de estratégias reportadas, optou-se por utilizar o número de estratégias

48

reportadas. No entanto, segundo o teste de Kolmogorov-Smirnov para distribuições

normais, estas não obedecem a uma distribuição normal (coping confronto: D = -

0,156; p < 0,01; coping de evitamento: D = - 0,116; p < 0,01). Desta forma, uma vez

que a análise referente a estes dados incide sobre amostras superiores a 30

participantes, assume-se a aproximação a um distribuição normal, optando-se por

testes paramétricos.

Quanto à eficácia percebida face às estratégias de coping, neste estudo, nos

casos em que os participantes não referiram nenhuma estratégia de determinado

tipo, não havendo dados relativos à eficácia em função desse tipo de estratégia,

esta foi considerada como uma não resposta, daí a discrepância entre o número de

sujeitos considerados face ao número de estratégias referidas e o número de

sujeitos face à eficácia, como se pode observar no quadro 5. Através do teste de

Kolmogorov-Smirnov para uma amostra, ambas as medidas apresentaram uma

distribuição significativamente diferente da normal (eficácia coping de confronto: D =

- 0,163; p < 0,01; eficácia coping de evitamento: D = - 0,153; p < 0,01). Através do

teste T de Student para amostras emparelhadas (optou-se por um teste paramétrico

considerando-se uma aproximação à distribuição normal dada a dimensão da

amostra), observou-se uma diferença significativa em relação à eficácia percebida

face ao tipo de estratégia (t = 2,648, N = 101; p < 0,01): os participantes avaliam as

estratégias de confronto como mais eficazes (M = 3,73) do que as estratégias de

evitamento (M = 3,49). Apesar desta diferença, optou-se pela eficácia média quanto

às estratégias de coping, independentemente do tipo. Em grande parte dos estudos

a eficácia face ao coping é operacionalizada como a percepção da auto-eficácia

para lidar com um stressor, não sendo explorada a percepção quanto a cada tipo de

estratégia. Desta forma, tendo em consideração a dificuldade de interpretar os

49

dados em função do tipo de coping, adoptou-se também por se utilizar a eficácia

média percebida quanto ao total das estratégias de coping, que ao contrário dos

outras medidas, através do teste Kolmogorov-Smirnov (D = -0,119; p > 0,05), não

apresentou diferenças significativas face a uma distribuição normal.

Neste sentido, a restante análise recai sobre as opções consideradas, referindo-

se a avaliação cognitiva primária à avaliação de desafio e à avaliação de ameaça. A

medida relativa ao coping, que incide em duas categorias, refere-se ao número de

estratégias referidas. A eficácia do coping refere-se à média da eficácia relatada

pelos participantes face a cada estratégia referida.

3.3.2. Avaliações Cognitivas: perspectiva futura vs passada

Lazarus & Folkman (1985) evidenciam que face a um acontecimento passado, a

presença de emoções de ameaça de desafio decrescem, pelo que se pode indiciar

diferenças nas avaliações cognitivas primárias e secundárias. Outro aspecto a

considerar é que se observaram algumas diferenças nas propriedades

psicométricas dos instrumentos em função da perspectiva, salientando-se a

relevância de se analisarem as diferenças face a este aspecto, já que tem

implicações para a interpretação de resultados no segundo estudo. A análise

incidirá então na avaliação de ameaça, desafio e de controlo. Desta forma, tendo

em atenção que se trata de uma análise inter-sujeitos, testaram-se estas diferenças

tomando-se como referência os grupos A e B (perspectiva futura) e os grupos C e D

(perspectiva passada), sendo que os grupos A e C refere-se a uma mesma

disciplina do 2º ano e os grupos B e D referem-se a uma mesma disciplina do 3º

ano. Excluiu-se o grupo E por neste grupo não haver representatividade face a uma

50

perspectiva futura. Não foi possível realizar o teste de χ2 quanto ao sexo devido a

uma baixa representatividade do sexo masculino. Não se observaram diferenças

significativas quanto ao ano/disciplina em função da perspectiva passada/futura (χ2

(1) = 2,528; p > 0,05).

Não se observaram diferenças significativas em função da perspectiva temporal

quanto à avaliação de ameaça (t = - 1,728; N = 120; p = 0,08): a média numa

perspectiva futura (M = 5,71; DP = 1,83; N = 87) não difere significativamente da

média numa perspectiva passada (M = 6,36; DP = 1,94; N = 33). No entanto, ao

contrário do que seria de esperar em função dos resultados de Lazarus & Folkman

(1985), parece haver uma tendência para a avaliação de ameaça ser maior quando

relatada numa perspectiva passada.

Também não se observaram diferenças significativas quanto à avaliação de

desafio (t = 0,622; p > 0,05; N = 120): a média da avaliação de desafio numa

perspectiva futura (M = 8,08; DP = 1,21; N = 87) não foi significativamente diferente

da média da avaliação de desafio passada (M = 7,92; DP = 1,26; N = 33).

Quanto à avaliação de controlo, também não se observaram diferenças

significativas (t = 0,698; N = 120; p < 0,05): a média da perspectiva futura (M = 4,01;

DP = 0,58; N = 87), não difere da perspectiva passada (M = 3,93; DP = 0,50; N =

33). Desta forma, considera-se que as perspectivas são equivalentes e, portanto,

comparáveis.

3.3.3 As avaliações cognitivas sobre uma apresentação futura, a influência da

experiência passada sobre estas e a exploração de variáveis estranhas

A seguinte análise tem essencialmente três objectivos: a) o de se testar a

hipotética influência do tempo decorrido entre a apresentação e o preenchimento do

51

questionário e do número de elementos do grupo, de acordo com a análise

preliminar; b) o de se explorar a relação entre as avaliações cognitivas quando estas

se referem a um acontecimento futuro; c) o de se testar a relevância de uma

experiência passada nas avaliações sobre um acontecimento futuro. Desta forma,

esta análise incide sobre os grupos A (36 estudantes do 2º ano) e B (49 estudantes

do 3º ano), num total de 85 participantes. Foram excluídos 3 participantes que não

responderam a todas as questões. Todos tinham respondido face a “desafio”,

“ameaça” e “controlo” relativamente à apresentação que iria decorrer naquela

disciplina, ou seja, numa perspectiva futura, e face a “eficácia das estratégias”,

“número de estratégias e coping de confronto”, “número de estratégias de coping de

evitamento”, “coesão grupal”, “satisfação”, “ansiedade-conforto”, “depressão-

entusiasmo” e variáveis estranhas relativamente à última apresentação que haviam

realizado (que ocorreram em cerca de 13 disciplinas diferentes).

Quadro 6. Médias, desvios-padrão e coeficientes de Pearson das variáveis em estudo

M DP 1 2 3 4 5 6

1. Nº elementos do grupo 3,91 1,03

2. Tempo decorrido 3,18 1,25 ,421**

3. Ano 2,58 0,50 ,456** ,776**

4. Ameaça 5,81 1,80 -,077 -,247* -,263*

5. Desafio 7,98 1,44 -,122 -,081 -,086 -,006

6. Controlo 4,01 0,59 ,011 ,255* ,381** -,272** ,273**

7. Eficácia do coping 3,71 0,61 ,055 ,084 ,179 -,330** ,000 -,030

8. Coping confronto 3,18 1,53 ,026 ,196 ,256* -,208 ,001 ,232*

9. Coping evitamento 1,2 1,39 -,198 -,348** -,350** 0,179 ,019 -,091

10. Coesão grupal 4,24 0,54 ,032 -,022 -,019 -,016 ,291** ,291**

11. Satisfação 3,82 0,66 -,058 ,169 ,180 -,356** ,214* ,256*

12. Ansiedade-conforto 2,77 0,71 ,279** ,329** ,391** -,653** ,019 ,196

13. Depressão-Entusiasmo 4,06 0,65 ,280** ,211 ,327** -,458** ,128 ,367** * p<0,05; ** p<0,01 (bilateral)

52

No sentido de destrinçar a relação entre variáveis estranhas, não sendo objectivo

testar as diferenças existentes entre os grupos, atendeu-se ao coeficiente de

Pearson. Como se pode observar no quadro 6, em função do ano, os estudantes

tendem a avaliar a apresentação oral como um acontecimento menos ameaçador (r

= -0,263; p < 0,05), tendendo a reportar maiores níveis de controlo (r = 0,381; p <

0,01), mais estratégias de coping de confronto (r = 0,256; p < 0,256), menos

estratégias de evitamento (r = -0,350; p < 0,01), mais conforto (r = 0,391; p< 0,01) e

mais entusiasmo (r = 0,327; p < 0,01), indicado que quanto maior a experiência

académica, melhor lidam com o stress, apresentando níveis mais elevados de bem-

estar afectivo. Por outro lado, salienta-se que nesta amostra a variável ano resume

também variáveis de contexto, uma vez que os dados referem-se a um grupo de 2º

ano e a um grupo de 3º ano, e que o padrão correlacional face a esta variável é

coincidente com o padrão de correlações verificado face ao número de elementos e

ao tempo decorrido, como se pode observar no quadro 6. Em função do ano, foram

encontradas diferenças significativas relativamente ao número de elementos do

grupo (t = - 5,135; g.l. = 73,251; p < 0,001) e quanto ao tempo decorrido (t = - 9,582;

g.l. = 35,000; p < 0,001). Os estudantes do segundo ano em média trabalham em

grupos mais pequenos (M = 3,36; DP = 0,543) que os do terceiro ano (M = 4,31; DP

= 1,12). Os estudantes do segundo ano em média responderam passado menos

tempo (M = 2,06; DP = 1,22) que os estudantes do terceiro ano (M = 4,00; DP =

0,00).

Desta forma, colocava-se a hipótese das associações verificadas face a estas

variáveis reflectirem antes a influência de factores de ordem mais contextual. Assim,

procedendo-se à correlação parcial, controlando o ano, observa-se que as

correlações significativas observadas anteriormente face ao número de elementos

53

do grupo e face ao tempo decorrido perdem força e deixam de ser significativas,

como se pode observar no quadro 7, indicando que se tratavam de relações

espúrias. Por outro lado, pode-se observar que controlando o ano, as relações

observadas anteriormente referentes às avaliações cognitivas face a uma

apresentação futura e as variáveis relativas a uma apresentação passada, mudam

pouco, à excepção da associação entre a avaliação de controlo e o coping de

confronto, em que a relação perde força e deixa de ser significativa, como se pode

observar através da comparação entre os 6 e 7. No geral, os resultados indicam que

existem diferenças em função do ano (experiência académica/contexto), mas que

esta variável tem pouco impacto na relação entre as variáveis em estudo. Desta

forma, tomar-se-á como referência as correlações de ordem zero, por permitirem a

comparação com os resultados da análise seguinte, uma vez que na amostra

tomada nessa análise, o ano já não é sobreponível ao contexto.

Quadro 7. Coeficiente de correlação parcial, controlando o ano

G L = 82 1 2 3 4 5

1. Nº elementos do grupo

2. Tempo decorrido -,072

3. Ameaça ,050 -,072

4. Desafio -,093 -,024 -,030

5. Controlo -,198 -,070 -,192* ,332**

6. Eficácia do coping -,031 -,088 -,298** ,016 -,108

7. Coping confronto -,106 -,005 -,151 ,024 ,151

8. Coping evitamento -,046 -,130 ,096 -,011 ,049

9. Coesão grupal ,046 -,011 -,022 ,290** ,298**

10. Satisfação -,160 ,046 -,325** ,234* ,206*

11. Ansiedade-conforto ,123 ,044 -,620*** ,057 ,055

12. Depressão-Entusiasmo ,156 -,072 -,408*** ,166 ,277** * p<0,05; ** p<0,01; *** p<0,001

54

Como se pode observar no quadro 6, a avaliação de ameaça e a de desafio

apresentam-se como duas dimensões claramente independentes (r = -0,006, p >

0,05) que por sua vez se encontram associadas à avaliação de controlo, mas em

sentido inverso. Quanto maior a avaliação de ameaça, menor a avaliação de

controlo (r = -0,272; p < 0,01) e quanto maior a avaliação de desafio, maior a

avaliação de controlo (r = 0,273; p <0,01) face a um acontecimento futuro.

Relativamente ao impacto das experiências passadas nas avaliações cognitivas

primária e secundária face a uma apresentação futura, este parece existir, mas

diferindo no padrão correlacional. De acordo com o quadro 6, a avaliação de

ameaça não apresenta uma correlação significativa com o coping e a coesão grupal,

parecendo ser moderadamente influenciada pela satisfação (r = - 356; p < 0,01) e

pelo fortemente pelo bem-estar afectivo (ansiedade-conforto: r = -653; p < 0,01;

depressão-entusiasmo: r = - 458; p < 0,01) reportados face à última experiência,

sendo que quanto menor a satisfação e quanto menor o bem-estar, maior a

avaliação de ameaça numa situação posterior. A avaliação de desafio face a um

acontecimento futuro parece não ser tão sensível a uma experiência passada,

apresentando um padrão bastante diferente da avaliação de ameaça. Parece sofrer

alguma influência face à coesão grupal (r = 0,291; p < 0,01) e face à satisfação (r =

0,214; p < 0,05) com a apresentação realizada. O bem-estar afectivo não parece ter

qualquer influência, ao contrário do que acontecia com a avaliação de ameaça.

Também o controlo parece ser influenciado pela experiência passada. Níveis mais

elevados de coesão grupal (r = 0,291; p < 0,01), de satisfação com a apresentação

(0,256; p < 0,05) e entusiasmo ( r = 0,367; p < 0,01) parecem conduzir a avaliações

de controlo mais elevadas.

55

3.3.5. Teste de hipóteses quanto às associações entre variáveis

De forma a serem testadas as hipóteses sobre a associação das variáveis,

incidiu-se a análise nos grupos C (n = 18), D (n = 14) e E (n = 22), num total de 54

participantes, tendo sido excluídos dois por não terem respondido a todas as

questões. Cada grupo refere-se a uma disciplina de referência diferente e

reportaram-se à apresentação oral decorrida nessa disciplina, sendo os relatos da

avaliação cognitiva primária e de controlo numa perspectiva passada. Os grupos C

e E são constituídos por alunos do 2º ano e o grupo D por alunos do 3º ano. Não foi

possível realizar o teste de χ2 quanto ao sexo devido a um número reduzido de

participantes do sexo masculino. De acordo com a análise anterior, assume-se que

o número de elementos do grupo e que o tempo decorrido entre a apresentação oral

e o preenchimento do questionário não tem relevância para a análise. Também na

análise anterior, apesar de esta indicar haver diferenças em função do ano, o ano

representava simultaneamente o contexto, o que não acontece agora uma vez que

dois dos grupos (dois contextos diferentes) são alunos do 2º ano. Por outro lado, se

a análise anterior indicava que havia diferenças em função do ano, também permitiu

salientar que esta variável não tinha um impacto significativo na relação entre as

variáveis em estudo. Desta forma, ter-se-á em consideração a idade dos

participantes uma vez que é uma das variáveis mais referidas como influente nos

processos de stress.

Assim, de seguida apresentam-se as médias, os desvios-padrão e os coeficientes

de correlação de Pearson relativo às associações entre as variáveis em estudo.

56

10

,644

***

9

,474

***

,473

***

8

,272

*

,267

*

,223

*

7

,089

-,219

-,286

*

-,273

*

6

-,652

***

-,052

,170

,296

*

,331

**

5

,215

-,175

,036

,377

**

,347

**

,220

4

,216

,275

*

-,236

*

,263

*

,449

***

,490

***

,489

***

3

,392

**

,156

,259

*

-,185

,080

-,004

,067

,266

*

2

-,031

-,450

***

-,144

-,166

,019

-,156

-,339

**

-,586

***

-,601

***

1

-,081

,068

,165

,078

,288

*

-,111

-,012

,055

,323

**

,186

DP

1,09

2,27

1,22

0,61

0,58

1,58

1,35

0,48

0,70

0,69

0,57

M

19,8

0

6,77

7,98

3,78

3,55

2,92

1,85

4,07

3,73

2,59

3,84

Qua

dro

8. M

édia

s, d

esvi

os-p

adrã

o e

coef

icie

ntes

de

corr

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ão d

e P

ears

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ariá

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udo

rela

tivam

ente

a

uma

apre

sent

ação

ora

l dec

orrid

a nu

ma

dada

dis

cipl

ina

1. Id

ade

2. A

mea

ça

3. D

esaf

io

4. C

ontro

lo

5. E

ficác

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opin

g

6. C

opin

g co

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7. C

opin

g ev

itam

ento

8. C

oesã

o gr

upal

9. S

atis

façã

o

10. A

nsie

dade

-con

forto

11. D

epre

ssão

-ent

usia

smo

* p<0

,05;

** p

<0,0

1; **

* p<0

,001

57

À semelhança do que se verificou relativamente a uma avaliação cognitiva face a

uma apresentação futura, a avaliação de ameaça e de desafio apresentam-se como

duas dimensões independentes (r = -0,031; p > 0,05) que por sua vez se encontram

associadas à avaliação de controlo, mas em sentido inverso. Quanto maior a

avaliação de ameaça, menor a avaliação de controlo (r = -0,450; p < 0,001) e quanto

maior a avaliação de desafio, maior a avaliação de controlo (r = 0,392; p < 0,01).

Não se observou uma correlação significativa entre a avaliação primária e a

eficácia do coping. A eficácia do coping, que se enquadra como dimensão da

avaliação cognitiva secundária, apresentou uma tendência de associação com a

avaliação de controlo, também esta tomada como dimensão da avaliação cognitiva

secundária (r = 215; p = 0,058).

O número de referências do uso de estratégias de coping de confronto

apresentam uma forte correlação negativa com o número de estratégias de coping

de evitamento (r = 0,652; p < 0,001), o que poderá dever-se também à natureza da

medida.

Quanto ao impacto da avaliação cognitiva primária e secundária no uso das

estratégias de coping, as estratégias de coping de confronto encontram-se

associadas positivamente às avaliações de desafio (r = 0,259; p < 0,05), de controlo

(r = 0,275; p < 0,05) e tendencialmente da eficácia (r = 0,215; p = 0,059), o que vai

ao encontro do esperado. Por outro lado, a referência de estratégias de coping de

evitamento associaram-se apenas a um baixo controlo (r = - 0,236; p < 0,05).

Quanto à coesão grupal, observou-se uma associação com o controlo (r = 0,263;

p < 0,05), o que seria de esperar na medida em que este instrumento incluía no seu

conteúdo uma avaliação de controlo perspectivada de forma mais grupal.

58

Quanto ao ajustamento psicológico, os resultados obtidos, na generalidade, vão

ao encontro do esperado, verificando-se associações com a avaliação cognitiva

primária, secundária e com o coping, como se pode observar no quadro 8, havendo

alguns aspectos a salientar. A avaliação de ameaça parece ter um impacto maior no

ajustamento do que a avaliação de desafio, apresentando uma associação

moderada com a satisfação (r = -0,339; p < 0,01), uma forte associação com a

dimensão de ansiedade-conforto (r = -0,586; p < 0,001) e uma forte associação com

a dimensão de depressão-entusiasmo (r = -0,601; p < 0,001). Um aspecto a

salientar é a associação da coesão com a satisfação (r = 0,272; p < 0,05), com a

dimensão de ansiedade-conforto (r = 0,267; p < 0,05) e com a de depressão-

entusiasmo (r = 0,223; p < 0,05), apesar de serem associações algo baixas.

3.3.6. Replicação do estudo de Chang (1998)

Chang (1998) evidenciou que a avaliação cognitiva primária, a avaliação cognitiva

secundária e o coping apresentavam uma validade predictiva e cumulativa face ao

ajustamento. Outro aspecto a considerar e comum aos modelos de Lazarus &

Folkman (1984) e de Karasek (1974) é a procura de outros factores intervenientes

nos processos de stress, sendo exemplo disso a importância dada ao apoio social,

também este aspecto comum aos modelos, ou outros, como o optimismo (Chang,

1998). O autor evidenciou que o optimismo acrescentava validade predictiva do

ajustamento, para além das avaliações cognitivas primárias e secundárias e do

coping. No presente estudo interessa testar em que medida a coesão grupal o faz.

No sentido de se replicarem os resultados de Chang (1998), tendo como

objectivo examinar a relevância de cada variável considerada no ajustamento

psicológico, de forma a ser possível uma compreensão mais profunda do impacto

59

do Inquérito Apreciativo nos processos de stress, foi realizada uma regressão linear

múltipla, através do método “enter” em passos sucessivos, para cada uma das

variáveis dependentes: a satisfação, a ansiedade-conforto e a depressão-

entusiasmo. No primeiro passo foi inserida a idade por ser considerada uma das de

acordo com o previamente referido. No segundo passo foram inseridas a avaliação

de ameaça e a avaliação de desafio, correspondendo à avaliação cognitiva primária.

No terceiro passo foram inseridos o controlo e a eficácia das estratégias,

correspondentes à avaliação cognitiva secundária. No quarto passo foram inseridos

o coping de confronto e o coping de evitamento, correspondendo ao coping. Por

último, no quinto passo foi inserida a coesão grupal.

Quadro 9. Regressão múltipla hierarquizada para cada variável dependente

R2 ∆R2 g.l. F

Satisfação

Idade 0,003 0,003 1,52 0,157

Avaliação cognitiva primária 0,116 0,113 2,50 3,184*

Avaliação cognitiva secundária 0,342 0,227 2,48 8,273***

Coping 0,357 0,015 2,46 0,524

Coesão 0,387 0,30 1,45 2,197

Ansiedade-conforto

Idade 0,104 0,104 1,52 6,042*

Avaliação cognitiva primária 0,421 0,316 2,50 13,650***

Avaliação cognitiva secundária 0,519 0,099 2,48 4,928**

Coping 0,554 0,035 2,46 1,803

Coesão 0,583 0,029 1,45 3,147

Depressão-entusiasmo

Idade 0,035 0,035 1,52 1,871

Avaliação cognitiva primária 0,437 0,402 2,50 17,851***

Avaliação cognitiva secundária 0,462 0,025 2,48 1,131

Coping 0,494 0,032 2,46 1,438

Coesão 0,508 0,014 1,45 1,295 * p<0,05; ** p<0,01; *** p<0,001

60

Como se pode observar no quadro 9, a avaliação cognitiva secundária acrescentou

significativamente um valor predictivo, após a variância explicada pela avaliação

cognitiva primária, face à satisfação, explicando mais 22,7% da sua variância (F

change (2,48) = 8,273; p < 0,01) e face à ansiedade-conforto, explicando mais 9,9%

da sua variância (F change (2,48) = 4,928; p < 0,01). O coping não acrescentou de

forma significativa um poder de explicação face à avaliação cognitiva primária e

secundária para a satisfação (F change (2,46) = 0,524; p > 0,05); nem para a

dimensão de ansiedade-conforto (F change (2,46) = 1,803; p > 0,05), nem para a

dimensão de depressão-entusiasmo (F change (2,46) = 1,438; p > 0,05). A coesão

grupal apenas apresentou uma tendência para acrescentar de forma significativa um

poder predictivo face à variância explicada pela avaliação cognitiva primária,

avaliação cognitiva secundária e pelo coping no que se refere à dimensão de

ansiedade-conforto (F change (1,45) = 3,147; p = 0,08).

61

3.4. Discussão do Estudo 1

Sendo o objectivo deste primeiro estudo o de criar uma base empírica,

enquadrada teoricamente, que permita uma melhor compreensão do segundo

estudo, a presente discussão recai não só na interpretação dos resultados à luz da

literatura sobre o assunto, mas também tendo em consideração a implicação dos

resultados na interpretação dos do segundo estudo.

Uma das principais limitações deste primeiro estudo refere-se à amostra de

conveniência, não havendo representatividade do sexo masculino e não havendo

um balanceamento das condições dos grupos. Tanto os objectivos como este

aspecto relativo à amostragem levaram a que a análise dos dados recaísse sobre

diferentes amostras.

As propriedades da escala apresentadas por Chang (1998) apontavam para que

a avaliação cognitiva primária pudesse ser tomada como uma dimensão mais geral

para a qual as categorias do modelo de Lazarus & Folkman (1984), e indo ao

encontro da concepção destes, concorriam no mesmo sentido. Ou seja, que um

acontecimento seria mais stressante, quanto mais importante, mais ameaçador e

mais desafiante fosse percebido pela pessoa. Por outro lado, como já referido, as

evidências são consistentes quanto à diferença entre ameaça e desafio como tendo

impacto no ajustamento. Na literatura sobre o Inquérito Apreciativo é salientada a

relevância da perspectiva adoptada – a positiva, versus uma negativa, havendo

indicações de colocar as questões numa perspectiva de desafio. Assim, havia o

intuito inicial de se explorar esta medida no sentido de se retirar um indicador que

reportasse esta distinção entre ameaça e desafio, não se assumindo à partida a sua

independência. As questões relacionadas com a medida de avaliação cognitiva

62

primária vieram realçar que este é um conceito que tem ainda alguns aspectos por

clarificar, nomeadamente no que se refere à relação entre as dimensões de ameaça

e desafio. Os dados obtidos relativamente à escala usada foram discrepantes no

que se refere ao estudo de Chang (1998), apontando para a independência das

dimensões, situação paralela à que se observa entre os estudos de Lazarus e

Folkman (1985) e Carver e Scheier (1994). Este aspecto levou a que se optasse por

operacionalizar a avaliação cognitiva primária em duas dimensões, à semelhança

de vários estudos (Carver & Scheier, 1994; Lazarus & Folkman, 1985, Skinner &

Brewer, 2002), podendo ser apontadas limitações quanto às medidas,

nomeadamente por se cingirem a um número reduzido de itens. As limitações

parecem ser mais prementes no que se refere à avaliação de desafio, uma vez que

quando esta é avaliada numa perspectiva passada a consistência de resposta entre

os dois itens é relativamente baixa. Os resultados obtidos na análise parecem

exprimir esta limitação, como se abordará adiante.

A medida de coping utilizada apresentou também limitações, nomeadamente na

categorização. Por um lado, pode-se apontar como uma categorização pouco

discriminativa na medida em que foram consideradas apenas duas categorias, no

intuito de se compensar limitações como a de ser um único avaliador, bem como da

natureza dos dados, na medida em que uma maior discriminação poderia impedir a

comparação destes. Outra questão levantada no decorrer da categorização refere-

se à função/orientação da estratégia, na medida em que um mesmo comportamento

poderá assumir funções diferentes como, por exemplo, “comer um chocolate” ou

“fazer uma pausa” podem ser tomadas como estratégias de evitamento/regulação

emocional, como poderão ser consideradas como estratégias focadas no problema

se for considerado o intuito de reunir as melhores condições para a realização do

63

trabalho, com base na crença de que o chocolate/pausa favorece o desempenho

intelectual. De acordo com os critérios definidos, estas foram categorizadas como

estratégias de evitamento.

Um aspecto desde logo a ter em consideração prende-se com a ausência de

associação entre as estratégias de coping de confronto e o uso de estratégias de

auto-regulação da aprendizagem face à disciplina, o que poderá indicar uma

distinção entre o comportamento face a uma disciplina e face a uma situação

específica de avaliação. Outra hipótese refere-se ao desajuste das medidas de

coping utilizadas, se se considerar que relatos mais intemporais são predictores de

relatos face a situações específicas, o que estará de acordo com as evidências de

que Carver & Scheier (1994) que evidenciaram que o coping situacional

correlacionava-se com o disposicional.

No que se refere às avaliações de ameaça e de desafio, os resultados não foram

coincidentes com os de Lazarus & Folkman (1985) e Carver e Scheier (1994).

Enquanto que em ambas as investigações a presença de emoções de ameaça e de

desafio diminuíam após ser desfeita a ambiguidade do evento, mesmo numa

perspectiva normativa, no presente estudo não se observaram diferenças,

registando-se apenas uma tendência para a avaliação de ameaça ser mais intensa,

quando os dados eram reportados após a realização da apresentação. Como uma

das limitações refere-se que esta análise se cingiu a uma comparação inter-sujeitos.

São ainda considerados possíveis factores para esta divergência com as evidências

referidas. O feedback imediato que decorre com a apresentação, quer por parte dos

colegas do grupo, quer por parte dos outros colegas e do docente, poderá não ser

suficiente para desfazer a ambiguidade da situação, não sendo os

64

momentos/situações comparáveis. Outro aspecto a considerar prende-se com a

operacionalização das medidas. Enquanto que nos estudos referidos esta referia-se

à presença, no momento de preenchimento, de emoções associadas às avaliações,

no presente estudo, para além de se poder considerar que as medidas se referiam a

um nível mais cognitivo, referiam-se a tempos diferentes, ou seja, a perspectivas

temporais diferentes, referindo-se as medidas recolhidas após a apresentação oral a

uma retrospectiva. Neste sentido, estes resultados parecem conferir alguma

validade aos estudos com base na recolha de medidas à posteriori, como o de

Chang (1998).

A ausência de diferença entre perspectivas no que se refere à avaliação de

ameaça, de desafio e de controlo, apesar de terem mostrado algumas alterações

nas propriedades psicométricas em função da perspectiva, parecem ser

comparáveis, permitindo no estudo seguinte uma análise simultânea dos momentos

considerados e uma interpretação linear dos resultados obtidos.

Relativamente à terceira parte do estudo, no que concerne à exploração da

influência de variáveis estranhas, face à análise efectuada, apenas se considera a

variável ano a ter em consideração no segundo estudo, na medida em que quando

esta era controlada, observou-se que a associação do número de elementos do

grupo e do tempo decorrido desde a apresentação com as variáveis em estudo

deixava de ser significativa.

No que se refere às relações entre as avaliações de ameaça, desafio e controlo

quando reportadas numa perspectiva futura, observou-se que estas são idênticas às

registadas quando as avaliações são reportadas de forma retrospectiva,

salientando-se a sua equivalência.

65

Relativamente à possível influência entre uma apresentação passada e as

avaliações de desafio, de ameaça e de controlo face a uma apresentação futura

esta parece existir, de forma algo contraditória com Lazarus e Folkman (1985) que

referem que a média das notas não tinha um valor predictivo sobre as emoções de

desafio e ameaça. No entanto, nesse estudo tratava-se de uma medida de

desempenho, enquanto que neste caso se tratam essencialmente de medidas

afectivas. Assim, as avaliações parecem ser influenciadas pela experiência

passada, mas por diferentes aspectos. Assim, a avaliação de ameaça parece ser

mais acentuada face a uma experiência passada em que o coping foi considerado

como pouco eficaz, havendo níveis mais elevados de ansiedade e de depressão,

para além da baixa satisfação com o trabalho. A avaliação de desafio tende a ser

mais elevada face a uma apresentação passada mais satisfatória, em que houve

maior coesão grupal e que envolveu níveis mais altos de entusiasmo. A avaliação

de controlo tende também a ser mais elevada quando face a uma experiência

passada foram utilizadas mais estratégias de coping de confronto, quando houve

maior coesão grupal, maiores níveis de entusiasmo e satisfação.

Uma vez que as medidas foram recolhidas num mesmo momento, poderá ser

apontada a contaminação de medidas. Levine, Prohaska, Burgess, Rice, Laulhere

(2001) demonstram que, face a uma dada situação, avaliações actuais influenciam a

recordação de emoções. De facto, os participantes responderam primeiro às

avaliações face a uma apresentação futura. No entanto, neste caso, era pedido aos

participantes que respondessem face a duas situações diferentes. Considerando

uma contaminação de medidas, seria de esperar que esta análise assumisse um

padrão correlacional mais próximo do padrão apresentado face aos participantes

que reponderam a todas as variáveis numa perspectiva passada. Por outro lado, o

66

modelo de Lazarus e Folkman (1984) pressupõe que as avaliações sejam

influenciadas sobre factores passados. Assim, as avaliações parecem ser

influenciadas pela experiência passada, principalmente no que se refere à avaliação

de ameaça e de controlo, sendo a satisfação a que apresenta uma influência mais

abrangente. Neste sentido, no que concerne ao segundo estudo, resultados ao nível

destas variáveis e em particular da satisfação, adquirem maior relevância pelo

potencial disseminativo que representam face a futuras apresentações.

Relativamente ao estudo da confirmação de hipóteses, refere-se que uma das

limitações que se aponta é o de este se basear num plano transversal, ao contrário

de Lazarus e Folkman (1985), Carver e Scheier (1994) e Skinner e Brewer (2002).

Outra, é o número reduzido de participantes em comparação com os referidos

estudos.

A primeira hipótese foi parcialmente confirmada. A avaliação de ameaça apenas

apresentou uma associação negativa com as três dimensões de ajustamento

consideradas, não se confirmando uma associação positiva com a utilização das

estratégias de evitamento. Para a ausência deste resultado pode-se apontar uma

baixa discriminação das estratégias de coping, na medida em que nos estudos de

Lazarus e Folkman (1985) e Carver e Scheier (1994) observaram-se associações

com determinadas estratégias que se poderiam englobar na categorial mais geral de

coping focado nas emoções/evitamento. Por outro lado, observou-se uma

associação negativa com o controlo, o que tinha sido esperado por Lazarus e

Folkman (1985), não tendo havido a sua confirmação, e o que vai ao encontro de

Chambel e Curral (2005) no que se refere a uma associação negativa entre a

67

dimensão das exigências e o controlo, dimensões que se enquadram no modelo de

Exigências-Controlo do trabalho.

Relativamente à segunda hipótese, esta na generalidade confirma-se, apesar de

não apresentar relações significativas com todas as dimensões consideradas.

Assim, observou-se uma associação positiva com o controlo, à semelhança de

Lazarus e Folkman (1985), mas não com a avaliação de eficácia das estratégias de

coping. Observou-se uma associação positiva com o coping de confronto, indo ao

encontro das evidências de Lazarus e Folkman (1985) e Carver e Scheier (1994).

Observou-se uma associação significativa entre a avaliação de desafio e apenas

umas das dimensões de ajustamento consideradas: a da depressão-entusiasmo.

Relativamente à terceira hipótese sobre a avaliação secundária, confirma-se na

totalidade no que se refere à dimensão de controlo. Observou-se uma associação

positiva desta com o coping de confronto e com todas as dimensões consideradas

sobre o ajustamento. Também ao encontro de Endler, Speer, Jonhson & Flett

(2000), observou-se ainda uma associação negativa com o coping de evitamento.

Esta também apresentou uma associação positiva com a coesão grupal, o que é

compreensível na medida em que a escala utilizada incluía itens relativos à

perspectiva de grupo. Por outro lado, a avaliação de eficácia do coping apenas

registou uma associação significativa com a satisfação com o trabalho e a dimensão

de ansiedade-conforto.

Relativamente à quarta hipótese, observou-se que o coping de confronto se

correlacionava positivamente com ambas as dimensões do bem-estar afectivo, mas

não com a satisfação, confirmando na generalidade a hipótese. Por outro lado, o

coping de evitamento obteve resultados simétricos, associando-se negativamente a

estas dimensões, indo ao encontro dos resultados de Carver e Scheier (1994)

68

quanto a um impacto negativo nas emoções de determinadas estratégias de

evitamento e confirmando a quinta hipótese.

A coesão grupal apresentou uma associação positiva com todas as dimensões de

ajustamento, confirmando a sexta hipótese e salientando-se a sua relevância.

Relativamente à sétima hipótese, os resultados apenas muito parcialmente

reproduzem os resultados do estudo de Chang (1998) referentes à realização de um

exame. Apenas se confirmou o valor predictivo e cumulativo das avaliações

cognitivas primárias e secundárias relativamente à satisfação e à dimensão de

ansiedade-conforto. O coping, apesar de apresentar relações moderadas com as

dimensões de ajustamento, demonstrou não ter valor explicativo quando

consideradas as avaliações cognitivas, o que poderá indicar o desajuste da medida.

A ausência de resultados face à coesão grupal podem ser vistos como vindo a

reforçar a conceptualização do apoio social de forma mais abrangente, não se

resumindo ao ambiente vivido no grupo de trabalho. Por outro lado, a coesão grupal

mostrou-se como uma variável bastante independente das restantes, apresentando

apenas uma associação com o controlo. Outro aspecto a ter em consideração é que

foi introduzida numa equação no sentido de reproduzir um modelo que pressupõe

uma interligação entre variáveis o que poderá ter mascarado a sua influência.

Assim, considera-se que os resultados revelam alguns indícios de que a coesão

grupal poderá ter alguma influência no bem-estar, nomeadamente na ansiedade-

depressão, não se refutando a sua relevância. Assim, esta será considerada no

segundo estudo.

Fazendo o paralelismo com o modelo de exigências e controlo de Karasek

(1974), equiparando-se a avaliação cognitiva primária às exigências e a avaliação

69

cognitiva secundária ao controlo sobre o trabalho, que nesta investigação tem uma

operacionalização muito próxima, verifica-se que uma abordagem mais focada na

percepção (subjectiva) do indivíduo vai ao encontro da relevância dada a estas

dimensões. Os efeitos principais observados da avaliação primária (exigências) e

secundária (controlo) no bem-estar relativo ao trabalho, nomeadamente no que se

refere à satisfação e à ansiedade-depressão, são consistentes com o modelo,

mesmo quando considerada uma vertente mais positiva na conceptualização de

exigências (a avaliação de desafio). Também de acordo com os resultados

apresentados, considera-se que estes não foram claros quanto ao papel da coesão

grupal, quando equiparada à dimensão de apoio social da extensão modelo de

Karasek.

Uma das críticas que se pode colocar face a esta análise refere-se à regressão

múltipla como abordagem linear do processo de stress quando conceptualmente

considera-se como um processo complexo de inter-relações (Lazarus, DeLongis,

Folkman & Gruen; 1985).

70

ESTUDO 2

4.1. Objectivos do estudo 2

O segundo estudo tem como objectivo testar o impacto do Inquérito Apreciativo nos

processos de stress. Neste sentido, coloca-se a hipótese geral de que o IA, tendo

como tema a apresentação oral em grupo, diminua a avaliação de ameaça,

aumente a avaliação de desafio, a avaliação de controlo, a eficácia quanto às

estratégias de coping, a coesão grupal e o ajustamento psicológico nas três

dimensões consideradas.

Para a interpretação dos resultados serão consideradas algumas evidências

prévias. Relativamente à variação das avaliações cognitivas, de acordo com Skinner

& Brewer (2002) seria de esperar uma intensificação das avaliações de ameaça

com a proximidade da apresentação e uma estabilidade nas avaliações de desafio.

Por outro lado, de acordo com o primeiro estudo, seria de esperar que não

houvessem diferenças num momento antes e após a apresentação oral no que se

refere ao desafio, à ameaça e ao controlo.

O impacto ao nível do ajustamento psicólogico será considerado como um impacto

mais efectivo, porque, supondo um impacto ao nível das outras variáveis, reflecte

que este teve significado adaptativo, na medida em que são dimensões que

potencialmente se encontram associadas à saúde e ao desempenho (Chambel &

Curral, 2005; Patterson, Warr e West, 2004; Skinner & Brewer, 2002). De acordo

com o primeiro estudo um impacto a este nível poderá ser também positivo no que

se refere às avaliações cognitivas face a uma apresentação posterior,

nomeadamente no que se refere à satisfação, ou seja são indicativas de um

potencial efeito disseminativo.

71

4.2. Método

4.2.1. Plano

Em função dos objectivos do estudo, optou-se por um design do tipo experimental

que incluiu três condições. O grupo C constitui o grupo de controlo em que não foi

realizada qualquer tarefa, sendo as medidas recolhidas num único momento de

avaliação, momento esse após a realização de uma apresentação oral em grupo

numa dada disciplina (correspondendo ao 3º momento de avaliação dos grupos A e

B). O grupo B realizou um Inquérito Apreciativo, mas relativo à vivência académica

em geral, constituindo-se também como um grupo de controlo. O grupo A, grupo

experimental, realizou o Inquérito Apreciativo relativo à apresentação oral que iriam

realizar numa dada disciplina. Estes dois grupos (A e B) foram sujeitos a três

momentos de avaliação. No primeiro momento, foram recolhidas medidas relativas à

última apresentação oral que haviam realizado, à excepção das medidas relativas à

avaliação cognitiva primária e à avaliação de controlo (avaliação cognitiva

secundária) que se referiam à apresentação que iriam realizar. O segundo momento

de avaliação decorreu logo após a realização da tarefa controlo/experimental e o

terceiro momento decorreu após a apresentação oral em grupo. As medidas dos

segundos e terceiros momentos referiam-se à apresentação oral em causa. Na

figura 1 encontra-se esquematizado o plano com referência à recolha de dados

relativa aos grupos A, B e C.

Não se trata de um design verdadeiramente experimental na medida em que não

foi possível controlar todas as condições.

72

1º momento de avaliação (pelo menos duas semanas antes)

2º momento de avaliação (cerca de uma/duas semanas

antes)

3º momento de avaliação (cerca de uma semana

depois) Grupos A e B Grupos A e B Grupos A, B e C

Tarefa experimental/controlo

Relativos à apresentação oral a realizar na disciplina de referência: • Avaliação Cognitiva Primária • Controlo (Av. Cog. Secundária) Relativos à última apresentação oral realizada: • Coping • Satisfação • Coesão Grupal • Ajustamento Psicológico • Investimento na disciplina • Dados descritivos

Relativos à apresentação oral a realizar: • Avaliação Cognitiva Primária • Controlo (Av. Cog. Secundária) • Investimento na disciplina • Dados descritivos

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Relativos à apresentação oral já realizada: • Avaliação Cognitiva Primária • Controlo (Av. Cog. Secundária) • Coping • Satisfação • Coesão Grupal • Ajustamento Psicológico • Dados descritivos

Figura 1. Esquema do plano

4.2.2. Participantes

Foram participantes neste estudo estudantes de Psicologia do 2º e 3º anos, que

tivessem como momento de avaliação numa dada disciplina uma apresentação oral

realizada em grupo. No total, participaram 65 estudantes. Foram retirados 4

participantes do grupo experimental e 4 do grupo de controlo por não terem

participado do início ao fim do estudo. Assim, o grupo A é constituído por 13

participantes, o grupo B por 10 e o grupo C por 34.

4.2.3. Materiais e Instrumentos

4.2.3.1. O Inquérito Apreciativo

O Inquérito Apreciativo, variável independente aqui tomada, baseou-se

essencialmente numa adaptação do modelo 4-D (Coperrider, Stravos & Whitney,

2003), já apresentado na introdução. O IA referia-se a uma dada apresentação oral

e foi operacionalizado num protocolo em papel (Anexo IV). A cada elemento era

fornecido um protocolo, que iria ficar com os participantes, sendo-lhes pedido que

não mostrassem a outros colegas. Um dos protocolos estava em duplicado e com

73

uma folha de papel químico de forma a obter-se uma cópia. O protocolo estava

dividido em três secções relativas às dimensões da estrutura do Inquérito

Apreciativo. A primeira secção referia-se à fase de Descoberta com questões sobre

apresentações orais passadas, como por exemplo “O que é que caracterizou uma

apresentação oral bem sucedida, em que te tenhas sentido mais satisfeito(a)?”. Era

pedido ao grupo que todos os elementos partilhassem oralmente as respostas,

escrevendo depois os tópicos em comum e/ou que achasse mais importantes. A

segunda secção referia-se à fase de Sonho em que era pedido aos participantes

que fechassem os olhos por uns momentos e imaginassem um sonho fantástico

com uma apresentação que iriam ter. Era pedido que partilhassem os sonhos e

discutissem como poderia ser a melhor das apresentações, escrevendo depois os

tópicos que descrevessem esta apresentação de sonho. A terceira secção referia-se

à fase de Delineamento em que era pedido que, com base na informação oral e

escrita, discutissem sobre o que poderia ser feito de forma a verem realizadas as

expectativas positivas relativamente à apresentação oral, tendo como guia as

questões “Como elemento do grupo, quais poderão ser os teus melhores

contributos?” e “O que levará este grupo a realizar um bom trabalho?”. Era também

pedido ao grupo que construísse cinco frases imperativas que resumissem a

informação até ali partilhada/debatida e que servissem de lemas/guias de acção.

Este protocolo não incluiu a quarta fase do modelo 4D do Inquérito Apreciativo,

dado que se trata de uma fase de reavaliação do processo.

Desta forma, na operacionalização do IA estabeleceu-se uma correspondência

com o modelo 4-D, nomeadamente no que se refere às três primeiras dimensões,

através da sequência e tipo de questões. As diferenças com o modelo residem

essencialmente em dois aspectos: a especificidade e a forma de implementação

74

que daí decorre. O sistema-alvo aqui tomado é mais restrito – o grupo de trabalho

formado com o objectivo da realização da apresentação oral. Assim, estava à

partida definido um tema – a apresentação oral – sendo as questões previamente

estabelecidas, ao invés de um levantamento inicial de questões e temas levado a

cabo através de entrevistas a um maior número possível de elementos da

organização. O modelo 4-D pressupõe também que os elementos sejam formados

sobre o racional do IA, o que, dado o enquadramento deste estudo, não seria

desejável porque acabaria por explicitar quais os resultados esperados, para além

de que não faria sentido porque o IA, ao invés de ter sido implementado como um

processo longo, foi condensado no tal protocolo, sendo a sua construção

independente dos participantes. Salienta-se que já houve adaptações do IA no

sentido de condensarem uma implementação num espaço de tempo mais curto (em

quatro dias), relativamente a um grande número de pessoas (Whitney & Cooperider,

1998). Assim, de forma a complementar-se esta intensidade no tempo requerida aos

participantes no tratamento da informação, introduziu-se a escrita de forma mais

generalizada do que no modelo original, no intuito de equivaler o trabalho cognitivo

da informação ao do modelo original.

De forma a testar-se a adequação e a funcionalidade do protocolo, e atendendo

às diferenças com as directrizes do modelo nomeadamente no que se refere à

implementação (formação e processo de construção do IA), foi realizado um teste

prévio com estudantes de Psicologia do 5º ano que iriam realizar uma apresentação

oral em grupo num seminário aberto à comunidade. Participaram 4 grupos, com

cerca de 3 a 5 elementos cada, num total de cerca de 16 participantes. Primeiro

explicou-se o enquadramento do estudo sendo pedido aos participantes que

75

realizassem a tarefa, sendo posteriormente dada a didáctica subjacente ao IA e

tendo-se conduzido um debate sobre a adequação dos conteúdos.

4.2.3.2. A tarefa de controlo

A tarefa de controlo operacionalizou-se num Inquérito Apreciativo relativo à

vivência académica (Anexo V). Esta opção teve essencialmente duas

considerações. Uma tarefa de controlo deveria ser o mais próxima possível da

tarefa experimental e, por outro lado, dado que era requerido aos participantes uma

participação maior, houve a preocupação de que a tarefa de controlo lhes pudesse

ser de alguma maneira útil, não se enquadrando, no entanto, na presente

investigação o estudo do efeito desta tarefa. Sendo o período da formação

académica, nomeadamente nos primeiros anos, considerada como uma fase

exigente ao nível da adaptação (Almeida, Soares & Ferreira; 1999), o conteúdo do

Inquérito Apreciativo recaiu sobre a vivência académica na sua generalidade. Desta

forma, este Inquérito Apreciativo foi muito idêntico ao anterior. As questões

remetiam para a vivência académica, sendo as adaptações de conteúdo mínimas.

4.2.3.3. Variáveis dependentes

Neste estudo são tomadas como variáveis dependentes as variáveis

consideradas no estudo anterior relativamente aos processos de stress e bem-estar,

sendo as medidas utilizadas neste estudo, as mesmas do estudo anterior. Assim,

serão consideradas a avaliação cognitiva primária, operacionalizada em desafio e

ameaça; a avaliação cognitiva secundária, operacionalizada em controlo e eficácia

do coping; o coping, operacionalizado em coping de confronto e coping de

evitamento; a coesão grupal; e o bem-estar, operacionalizado em satisfação com a

76

apresentação oral, na dimensão de ansiedade-conforto e na dimensão de

depressão-entusiasmo.

4.2.3. Procedimento

Foi pedida a colaboração dos estudantes no final de uma disciplina, dando-se um

enquadramento geral do estudo e procedendo-se a uma breve apresentação. Aos

estudantes que haviam já realizado a apresentação oral a uma dada disciplina, foi

pedida a colaboração através do preenchimento de um único questionário (Grupo

A). Aos estudantes que ainda não haviam realizado a apresentação foi solicitado

que participassem no estudo, o que implicaria três momentos (Grupo B e C). Foi

marcado o segundo momento com os grupos. A realização da tarefa experimental e

de controlo foi realizada grupo a grupo. Eram dadas as instruções gerais, após as

quais o experimentador afastava-se de modo a deixar os participantes mais à

vontade, ficando acessível ao esclarecimento de dúvidas e dando indicações ao

grupo quanto à gestão do tempo.

77

4.3. Resultados do estudo 2

Inicialmente será dada informação quanto aos conteúdos referidos pelos grupos A e

B face à realização do Inquérito Apreciativo, de forma a contextualizar os resultados

obtidos. Seguidamente serão apresentadas os dados relativos às variáveis em

estudo, por grupo e por momento, de acordo com o design do estudo.

A análise quanto ao impacto do IA nos processos de stress relativos a uma

apresentação oral está estruturada em três grandes blocos. Primeiramente

comparam-se os dados do momento 1 dos grupos A e B com o grupo C (momento

3) de forma a identificarem-se possíveis diferenças entre grupos que possam existir

à partida. Depois segue-se a análise sobre os grupos A e B, finalizando-se com a

análise face ao momento 3, comparando-se os três grupos.

4.3.1. Análise descritiva

Com o objectivo de ilustrar as reacções suscitadas pelos Inquéritos Apreciativos

relativamente à apresentação oral (tarefa experimental) e relativamente à vivência

académica (tarefa de controlo), no quadro 10 encontram-se alguns exemplos dos

conteúdos referidos relativamente a cada dimensão do IA (Descoberta, Sonho e

Design).

No geral, salienta-se a informação referente ao que será uma apresentação

desejável, sendo referidas estratégias para ir ao encontro dos

objectivos/expectativas positivas formuladas, estando presente a relevância do

funcionamento do grupo enquanto tal. Por outro lado, principalmente no que se

refere à dimensão de design, observa-se que os conteúdos referentes ao IA relativo

à vivência académica aproximam-se bastante dos referidos pelos estudantes que

realizaram o IA relativo à apresentação oral em grupo.

78

Quadro 10. Exemplos das respostas ao IA por dimensão e por grupo

Dimensão do IA IA – Apresentação oral IA – Vivência académica

Descoberta Domínio sobre a matéria Companheirismo

O interesse pelo tema Ambiente académico

Clareza e estruturação das ideias Conhecimento adquirido

Relação entre-ajuda entre o grupo Autonomia, liberdade independência

Organização e preparação do grupo de trabalho Aposta no futuro

Sonho

Feedback positivo por parte do professor e dos colegas

Atingir o objectivo profissional, que é ser psicóloga

Não haver problemas informáticos ou com o material

Permanecer com as amizades e os convívios ao longo do curso

Conseguirmos manter um discurso calmo, fluido e coerente Ter feito um bom percurso académico

Suscitar o interesse dos colegas Conseguir emprego (sobretudo ligado à área da Psicologia)

Delineamento

Empenho por parte de todos os elementos do grupo em todas as etapas do trabalho até a apresentação

Empenho e estudo são as armas do futuro

Treino da apresentação umas vezes com antecedência

Dedicação e diversão também fazem parte da acção

Expor a informação com clareza, de forma organizada

Manter os trabalhos de grupo, para podermos fazer aplicações reais sobre os temas e manter a interacção

Fazer uma apresentação lúdica, cativante e educativa

Ter ideias e projectos em comum com os colegas

Discussão entre os elementos do grupo que permita o esclarecimento de dúvidas quanto aos conteúdos da apresentação

Contributo e esforço de todos os elementos do grupo para atingir objectivos comuns

79

No quadro seguinte encontram-se as médias e desvios-padrão das variáveis em

estudo, por grupo e momento, de acordo com o plano de estudo.

Quadro 11. Médias e desvios-padrão das variáveis em estudo dos grupos A, B e C nos

momentos 1, 2 e 3

Momento 1 Momento 2 Momento 3

Grupo A M (DP)

Grupo B M (DP)

Grupo A M (DP)

Grupo B M (DP)

Grupo A M (DP)

Grupo B M (DP)

Grupo C M (DP)

Ameaça 5,73 (2,15) 6,35 (1,97) 5,62 (2,14) 5,65 (1,72) 5,92 (1,98) 5,40 (1,31) 6,36 (1,94)

Desafio 7,85 (2,32) 7,75 (1,53) 8,46 (1,33) 8,30 (1,40) 8,42 (1,06) 8,35 (0,67) 7,92 (1,26)

Controlo 4,17 (0,46) 3,78 (0,51) 4,37 (0,52) 3,75 (0,93) 4,08 (0,59) 3,85 (0,80) 3,93 (0,50)

Eficácia do coping 3,59 (0,69) 3,62 (0,71) 3,86 (0,64) 3,99 (0,54) 3,73 (0,47)

Cop. confronto 3,46 (1,61) 1,80 (1,23) 3,46 (1,76) 1,70 (1,16) 3,18 (1,51)

Cop. evitamento 1,46 (1,61) 2,20(1,40) 1,69 (1,60) 2,30 (1,34) 1,85 (1,23)

Coesão grupal 4,24 (0,65) 4,16 (0,42) 4,44 (0,48) 4,12 (0,55) 4,07 (0,41)

Satisfação 3,83 (0,96) 3,82 (0,58) 4,05 (0,62) 4,17 (0,50) 3,78 (0,64)

Ans-conforto 2,67 (0,71) 2,57 (0,59) 2,82 (0,70) 2,63 (0,68) 2,84 (0,62)

Dep-entusiasmo 4,04 (0,69) 3,97 (0,70) 4,18 (0,52) 4,18 (0,40) 3,92 (0,67)

4.3.2. Comparação das medidas do tempo 1 dos grupos A e B com os do

Grupo C

Com o objectivo de identificar diferenças entre os grupos A, B e C antes de

qualquer intervenção, procedeu-se a uma análise de variância univariada face às

avaliações de ameaça, desafio, controlo, eficácia do coping, coping de confronto,

coping de evitamento, coesão grupal, satisfação, ansiedade-conforto e depressão-

entusiasmo. Assim, os dados relativos aos grupos A e B referem-se ao momento 1

enquanto que os do grupo C referem-se ao momento 3, isto é, relativos à

apresentação oral realizada na disciplina de referência depois da realização desta.

Quanto aos grupos A e B, as avaliações de ameaça, desafio e controlo referem-se

80

às mesmas 2 disciplinas de referência do grupo C, mas numa perspectiva futura.

Quanto às restantes medidas, referem-se à última apresentação que os

participantes haviam realizado. Foram retirados os participantes para os quais não

existem dados no terceiro momento. Não foi possível realizar o teste de χ2

relativamente ao ano por não ser possível atender aos critérios do teste

Como se pode observar no quadro 12, apenas se observaram diferenças

significativas em função do grupo no que se refere ao coping de confronto [F(2,53) =

4,11; p < 0,05]. O grupo B (grupo de controlo com tarefa) apresentou um número de

referências de estratégias de coping de confronto significativamente mais baixo (M =

1,80) do que os outros dois grupos (grupo A: M = 3,46; grupo C: M = 3,18), de

acordo com o teste de Tukey (p < 0,05).

Desta forma, à excepção do coping de confronto, à partida não existem

diferenças significativas entre os grupos, o que permitirá atribuir maior validade às

diferenças que possam ser detectadas.

81

Quadro 12. Análise da variância das variáveis em estudo por grupo (grupos A e B: 1º

momento; grupo C: 3º momento)

Fonte de variação Soma dos quadrados g.l.

Média dos quadrados F

Ameaça Entre grupos 3,960 2 1,980 0,499 Dentro dos grupos 210,469 53 3,971 Total 214,429 55 Desafio Entre grupos 0,247 2 0,124 0,048 Dentro dos grupos 136,878 53 2,583 Total 137,125 55 Controlo Entre grupos 0,898 2 0,449 1,854 Dentro dos grupos 12,838 53 0,242 Total 13,736 55 Eficácia do coping Entre grupos 0,218 2 0,109 0,336 Dentro dos grupos 16,864 52 0,324 Total 17,081 54 Coping de confronto Entre grupos 18,260 2 9,130 4,110* Dentro dos grupos 117,740 53 2,222 Total 136,000 55 Coping de evitamento Entre grupos 3,141 2 1,571 0,857 Dentro dos grupos 97,073 53 1,832 Total 100,214 55 Coesão grupal Entre grupos 0,300 2 0,150 0,671 Dentro dos grupos 12,059 54 0,223 Total 12,359 56 Satisfação Entre grupos 0,031 2 0,016 0,031 Dentro dos grupos 27,732 54 0,514 Total 27,763 56 Ansiedade-conforto Entre grupos 0,691 2 0,345 0,847 Dentro dos grupos 22,038 54 0,408 Total 22,729 56 Depressão-Entusiasmo Entre grupos 0,130 2 0,065 0,141 Dentro dos grupos 24,788 54 0,459 Total 24,918 56

* p<0,05

82

4.3.3. Análise da avaliação de ameaça, desafio e controlo nos três momentos,

relativamente os grupos B e C

De forma a se testar o impacto do Inquérito Apreciativo nas avaliações de ameaça,

desafio e controlo realizou-se uma análise com base nos dados relativos ao grupo A

(grupo experimental) e grupo B (grupo de controlo com tarefa) fornecidos pelos

participantes que estiveram presentes nos três momentos de avaliação. Assim, o

grupo A conta com 13 participantes e o grupo B com 10. A variável ano será tomada

como como covariável na análise. As avaliações de ameaça e de desafio, apesar de

conceptualmente se inserirem num mesmo processo, o da avaliação cognitiva

primária, revelaram-se como duas dimensões independentes. Desta forma serão

analisadas separadamente. Consequentemente, serão realizadas três análises de

variância com um plano 2 (grupos A e B) x 3 (momentos 1, 2 e 3), com medidas

repetidas neste último factor. São analisados os 3 momentos simultaneamente

considerando que, apesar de não se terem verificado diferenças em função da

perspectiva futura vs passada no estudo anterior, esta baseava-se numa análise

inter-sujeitos, podendo ser detectada, à semelhança de Lazarus & Folkman (1985),

numa análise intra-individual. Por outro lado, permitirá também analisar melhor o

que poderão ser efeitos imediatos do IA e efeitos mais consistentes, que se

mantenham mesmo após a apresentação oral.

4.3.3.1. Análise da avaliação de ameaça

Procedeu-se a uma análise de variância 2 (grupos A e B) x 3 (avaliação de ameaça

nos momentos 1, 2 e 3), com medidas repetidas neste último factor. A variável ano

não apresentou uma relação significativa com a variável dependente [F(1,20) =

0,004; p > 0,05], sendo retirada da análise como covariável (Bryman & Cramer,

83

2003). A variável cumpriu o requisito de esfericidade (Mauchly W = 0,855;p > 0,05),

pelo que se procedeu a uma análise de variância univariada de medidas repetidas.

Não se observaram diferenças significativas em função do grupo [F(1,21) = 0,004; p

> 0,05]. Não se observaram diferenças significativas em função do momento

[F(2,42) = 1,108; p > 0,05]. Não se observou um efeito significativo de interacção

entre tempo e grupo [F(2,42) = 1,146; p > 0,05]. No entanto, uma análise mais

focalizada realizada através dos contrastes simples entre momentos, revelou um

efeito significativo de interacção entre tempo e grupo nas diferenças observadas do

momento 1 para o momento 3 [F (1,21) = 4,490; p < 0,05; η2 = 0,176). De acordo

com a figura 2, enquanto que no grupo A a avaliação de ameaça tende a aumentar

do momento 1 para o momento 3, o que vai ao encontro dos resultados observados

no primeiro estudo, observa-se no grupo B que a avaliação de ameaça diminui do

momento 1 para o momento 3. Através do teste de não paramétrico para amostras

emparelhadas de Wilcoxon esta diferença revela-se como significativa (Z = -1,725; p

< 0,05): enquanto que 3 estudantes reportaram uma avaliação de ameaça superior,

6 reportaram uma avaliação de ameaça inferior. Relativamente ao grupo

experimental, a diferença entre o momento 1 e o momento 3 não é significativa (Z =

-0,718; p > 0,05). Os resultados são à partida inesperados, mas uma vez que

também na tarefa de controlo (IA relativo à vivência académica) parece ter

abrangido o tema de apresentação oral, poder-se-á considerar que a tarefa de

controlo poderá também ter tido alguma influência nos processos de stress relativos

à apresentação oral.

84

5,92

5,62

5,73 5,65

5,40

6,35

4,80

5,00

5,20

5,40

5,60

5,80

6,00

6,20

6,40

6,60

1 2 3

Grupo A

Grupo B

Figura 2. Avaliação de ameaça nos três momentos por grupo, com indicação da média e

desvio-padrão.

Quadro 13. Análise da variância da avaliação de ameaça por momento e grupo

Fonte de variação Soma dos Quadrados g.l. Média dos

Quadrados F

Tempo 2,341 2 1,170 1,108

Tempo*Grupo 3,688 2 1,844 1,746

Erro 44,355 42 1,056

Grupo 0,011 1 0,011 0,004

Erro 60,468 21 2,879

4.3.3.2. Análise da avaliação de desafio

A variável ano não apresentou uma relação significativa com a variável em causa

[F(1,20) = 3,350; p > 0,05], pelo que novamente foi retirada da análise como

covariável.

85

Não se observou um efeito de grupo [F (1,21) = 0,54; p > 0,05]. O teste de Mauchly

revelou que a variável desafio tem uma covariância heterogénea em função do

tempo (Mauchly’s W = 0,452; g.l. = 2; p < 0,01), pelo que, uma vez que a variável

desafio tem três níveis, se optou pelo teste de análise de variância multivariada de

medidas repetidas (Pestana & Gageiro, 2000). Como se pode observar na figura 3,

no geral, parece haver uma tendência para o aumento da avaliação de desafio. No

entanto, não se observou um efeito significativo em função do tempo [F de Pillai

(2,20) = 1,033; p > 0,05]. O efeito de interacção entre grupo e tempo, ao contrário do

que seria de esperar em função das hipóteses, também não foi significativo [F de

Pillai (2,20) = 0,029; p > 0,05].

Um aspecto a considerar é que a medida de desafio no momento 3 apresentou uma

heterogeneidade da variância segundo o teste de Levene (F = 5,030; p < 0,05).

7,85

8,46

8,42

7,75

8,35 8,30

7,20

7,40

7,60

7,80

8,00

8,20

8,40

8,60

1 2 3

Grupo A

Grupo B

Figura 3. Avaliação de desafio nos três momentos por grupo, com indicação da média e

desvio-padrão.

86

Quadro 14. Análise da variância da avaliação de desafio por grupo

Fonte de variação Soma dos Quadrados g.l. Média dos

Quadrados F

Grupo 0,206 1 0,206 0,054

Erro 80,236 21 3,821

Quadro 15. Análise da variância relativa aos efeitos intra-sujeitos da avaliação de desafio

Efeito Valor do

Traço de Pillai g.l. F Tempo 0,094 2,20 1,033

Tempo * Grupo 0,003 2,20 0,29

4.3.3.3. Análise da avaliação de controlo

Mais uma vez a variável ano não revelou uma relação significativa com variável em

causa [F(1,20) = 0,342 p > 0,05], pelo que foi retirada como covariável da análise.

Não se observou um efeito de grupo significativo [F(1,21) = 2,871; p > 0,05].

O teste de esfericidade de Mauchly revelou que a variável controlo tem uma

covariância heterogénea em função do tempo (Mauchly’s W = 0,452; g.l. = 2; p <

0,01), pelo que se procedeu de acordo com a situação anterior. Não se observou

um efeito principal do tempo [F de Pillai (2,20) = 0,878; > 0,05]. Observou-se um

efeito de interacção significativo entre tempo e grupo [F de Pillai (2,20) = 3,880; p<

0,05; η2 = 0,280]. Observando-se a figura 4, os resultados vão parcialmente ao

encontro do esperado. Enquanto que no grupo B a avaliação de controlo parece

manter-se ao longo dos três momentos, no grupo A parece ter havido um impacto

positivo do IA, isto é, um aumento da avaliação do controlo no momento 2, efeito

este que parece ter-se dissipado no momento 3.

87

4,17

4,37

4,08

3,85

3,75 3,78

3,40

3,50

3,60

3,70

3,80

3,90

4,00

4,10

4,20

4,30

4,40

4,50

1 2 3

Grupo A

Grupo B

Figura 4. Avaliação de controlo nos três momentos por grupo, com indicação da média.

Quadro 16. Análise da variância da avaliação de controlo por grupo

Fonte de variação Soma dos Quadrados g.l. Média dos

Quadrados F

Grupo 0,206 1 0,206 0,054

Erro 80,236 21 3,821

Quadro 17. Análise da variância relativa aos efeitos intra-sujeitos da avaliação de controlo

Efeito Valor do

Traço de Pillai g.l. F Tempo 0,081 2,20 0,878

Tempo * Grupo 0,280 2,20 3,880

4.3.4. Análise das diferenças entre uma apresentação passada e a apresentação,

relativamente aos grupos A e B

88

4.3.4.1. Eficácia do coping

Dois participantes do grupo B não responderam quanto a esta medida, ficando este

com 8 participantes e impedindo a análise de variância na medida em que um dos

requisitos considerados é de 10 sujeitos por célula.

4.3.4.2. Utilização das estratégias de coping

Procedeu-se a uma análise de variância 2 (grupo A e B) x 2 (momentos 1 e 3),

sendo as medidas repetidas neste último factor, para cada uma das estratégias de

coping. A variável ano não mostrou uma associação significativa face às estratégias

de coping [Coping de confronto: F(1,20) = 3,779; p > 0,05; Coping de evitamento:

F(1,20) = 0,394; p > 0,05), pelo que foi retirada da análise como covariável.

Relativamente ao número de referências de coping de confronto, observou-se um

efeito significativo de grupo [F(1,21) = 8,020; p < 0,01; η2 = 0,276], que vai ao

encontro dos resultados inicialmente obtidos, apresentando o grupo B menos

estratégias de coping de confronto, resultado este que parece manter-se após a

realização da tarefa de controlo. Não se observou um efeito face aos dois

momentos [F(1,21 = 0,080; p > 0,05). Também não se observou um efeito de

interacção entre tempo e grupo [F(1,21) = 0,028; p > 0,05].

Relativamente ao número de estratégias de coping de evitamento, não se

observaram quaisquer efeitos [Grupo: F(1,21) = 1,207; p > 0,05; Tempo: F(1,21) =

0,983; p > 0,05; Grupo * Tempo: F(1,21) = 0,154; p> 0,05].

89

Quadro 18 – Análise da variância do coping de confronto por tempo e por grupo

Fonte de variação Soma dos Quadrados g.l. Média dos

Quadrados F

Tempo 0,028 1 0,028 0,080

Tempo * Grupo 0,028 1 0,028 0,080

Erro 4,450 21 0,355

Grupo 33,115 1 33,115 8,020*

Erro 86,712 21 4,129

**p < 0,01

Quadro 19 – Análise da variância do coping de evitamento por tempo e por grupo

Fonte de variação Soma dos Quadrados g.l. Média dos

Quadrados F

Tempo 0,309 1 0,309 0,983

Tempo * Grupo 0,048 1 0,048 0,154

Erro 6,604 21 0,314

Grupo 5,121 1 5,121 1,207

Erro 89,096 21 4,243

4.3.4.3. A coesão grupal

Procedeu-se a uma análise de variância 2 (grupo A e B) x 2 (momentos 1e 3),

sendo as medidas repetidas neste último factor. A variável ano não mostrou uma

associação significativa face à coesão grupal [F(1,20) = 0,238; p > 0,05], pelo que

foi retirada da análise como covariável.

Apesar de se observar um aumento da coesão grupal no grupo experimental, de

acordo com a figura X, não se observaram quaisquer efeitos significativos [Grupo:

F(1,21) = 1,058; p > 0,05; Tempo: F(1,21) = 0,480; p >0,05; Tempo*Grupo: F(1,21) =

1,081; p > 0,5].

90

4,24

4,44

4,12

4,16

3,90

4,00

4,10

4,20

4,30

4,40

4,50

T1 T3

Grupo A

Grupo B

Figura 5. Média da coesão grupal dos grupos A e B nos momentos 1 e 3

Quadro 20. Análise da variância da coesão grupal por tempo e por grupo

Fonte de variação Soma dos Quadrados g.l. Média dos

Quadrados F

Tempo 0,072 1 0,072 0,480

Tempo * Grupo 0,163 1 0,163 1,081

Erro 3,162 21 0,151

Grupo 0,455 1 0,455 1,058

Erro 8,840 21 0,421

4.3.4.4. Ajustamento psicológico

Considerando que as medidas se referem ao ajustamento psicológico e tendo

apresentado uma forte correlação entre si no estudo anterior, procedeu-se a uma

análise de variância de medidas repetidas (momentos 1 e 3) com tripla medição

(Satisfação; Ansiedade-conforto; Depressão-entusiasmo) e um factor inter-sujeitos

91

(grupos A e B). Foi retirada a variável ano da análise por não apresentar uma

associação significativa com as variáveis em causa, nem na análise univariada

[Satisfação: F(1,20) = 1,791; p > 0,05; Ansiedade-conforto: F(1,20) = 0,189; p> 0,05;

Depressão-entusiasmo: F(1,20) = 0,941; p> 0,05), nem na análise multivariada [F de

Pillai (3,18) = 0,581; p > 0,05].

Não se observou um efeito significativo de grupo [F de Pillai (3,19) = 0,161; p > 0,05]

Também não se observou um efeito significativo face aos dois momentos [F de Pillai

(3,19) = 2,018; p > 0,05]. Também não se observou um efeito de interacção entre

tempo e grupo [F de Pillai (3,19) = 0,134; p > 0,05]. No entanto, a análise univariada

relativa à satisfação e a relativa à depressão-entusiasmo revelaram uma tendência

do efeito do tempo [Satisfação: F(1,21) = 3,55; p = 0,07; η2 = 0,145; Depressão-

entusiasmo: F(1,21) = 3,911; p = 0,06; η2 = 0,157]. De acordo com a figura X, os

resultados apontam para uma tendência, em ambos os grupos, para se sentirem

mais satisfeitos e mais entusiasmados com a apresentação realizada na disciplina

de referência.

Quadro 21. Análise da variância multivariada relativa à satisfação, à ansiedade-conforto e

depressão-entusiasmo por tempo e por grupo

Efeito Valor do

Traço de Pillai g.l. F Grupo 0,025 3,19 0,161

Tempo 0,242 3,19 2,018

Tempo * Grupo 0,021 3,19 0,134

92

Quadro 22. Análise da variância da satisfação por tempo e por grupo

Fonte de variação Soma dos Quadrados g.l. Média dos

Quadrados F

Tempo 0,912 1 0,912 3,555

Tempo * Grupo 0,049 1 0,049 0,192

Erro 5,384 21 0,25

Grupo 0,028 1 ,028 0,037

Erro 15,495 21 0,738

Quadro 23. Análise da variância da ansiedade-conforto por tempo e por grupo

Fonte de variação Soma dos Quadrados g.l. Média dos

Quadrados F

Tempo 0,137 1 0,137 0,801

Tempo * Grupo 0,021 1 0,021 0125

Erro 3,602 21 0,172

Grupo 0,233 1 0,233 0,313

Erro 15,646 21 ,745

Quadro 24. Análise da variância da depressão-entusiasmo por tempo e por grupo

Fonte de variação Soma dos Quadrados g.l. Média dos

Quadrados F

Tempo 0,362 1 0,362 3,911

Tempo * Grupo 0,016 1 0,016 0,175

Erro 1,942 21 0,172

Grupo 0,013 1 0,013 0,021

Erro 12,884 21 0,614

93

2,50

2,70

2,90

3,10

3,30

3,50

3,70

3,90

4,10

4,30

T1 T3

Satisfação grupo A

Satisfação grupo B

Ans.-conforto grupo A

Ans.-conforto grupo B

Dep.-entusiasmo grupo A

Dep.-entusiasmo grupo B

Figura 6. Média da satisfação, da ansiedade-conforto e da depressão-entusiasmo dos

grupos A e B nos momentos 1 e 3

4.3.5. Comparação das medidas dos grupos A, B e C relativamente ao 3º

momento

Com o objectivo de se testarem as diferenças em função dos grupos, procedeu-

se a uma análise univariada de variância, semelhante à primeira, sendo as medidas

de todos os grupos relativas ao 3º momento.

A diferença que se tinha observado relativamente ao número de estratégias de

coping de confronto, manteve-se [F(2,53) = 4,497; p < 0,05): o grupo B continua a

apresentar uma média significativamente inferior (M = 1,70) aos outros dois grupos

(grupo A: M = 3,46; grupo C: M = 3,18), de acordo com o teste de Tukey (p < 0,05).

Apenas se observa uma diferença significativa no que se refere à coesão grupal

[F(2,54) = 3,288; p < 0,05]: o grupo A apresentou níveis de coesão grupal

94

significativamente superiores (M = 4,44) aos do grupo C (M = 4,06), de acordo com

o teste Tukey (p < 0,05).

Quadro 25. Análise da variância das variáveis em estudo por grupo no 3º momento

Fonte de variação Soma dos quadrados g.l.

Média dos quadrados F

Ameaça Entre grupos 7,594 2 3,797 1,103 Dentro dos grupos 182,459 53 3,443 Total 190,054 55 Desafio Entre grupos 2,987 2 1,493 1,155 Dentro dos grupos 68,509 53 1,293 Total 71,496 55 Controlo Entre grupos 0,324 2 0,162 0,479 Dentro dos grupos 17,894 53 0,338 Total 18,218 55 Eficácia do coping Entre grupos 0,507 2 0,254 0,920 Dentro dos grupos 14,060 51 0,276 Total 14,567 53 Coping de confronto Entre grupos 20,742 2 10,371 4,497* Dentro dos grupos 122,240 53 2,306 Total 142,982 55 Coping de evitamento Entre grupos 2,245 2 1,123 0,626 Dentro dos grupos 95,112 53 1,795 Total 97,357 55 Coesão grupal Entre grupos 1,329 2 0,664 3,288* Dentro dos grupos 10,911 54 0,202 Total 12,239 56 Satisfação Entre grupos 1,498 2 0,749 1,978 Dentro dos grupos 20,450 54 0,379 Total 21,948 56 Ansiedade-conforto Entre grupos 0,333 2 0,166 0,392 Dentro dos grupos 22,930 54 0,425 Total 23,263 56 Depressão-Entusiasmo Entre grupos 0,925 2 0,462 1,294 Dentro dos grupos 19,286 54 0,357 Total 20,211 56

* p<0,05

95

4.3.6. Comparação dos grupos A e B (juntamente) com o grupo C

Na medida em que parece ter havido um impacto positivo em ambos os grupos,

nomeadamente ao nível da satisfação e da depressão-entusiasmo, procedeu-se a

uma comparação de médias conjuntamente dos grupos A e B face ao grupo C, no

que se refere ao momento 3. Assim, o grupo AB conta com 23 participantes e o

grupo C com 33. Não se observaram diferenças face ao ano em função dos grupos

(χ2 (1) = 0,061; p > 0,05)

Como esperado, observaram-se diferenças significativas face à satisfação (t =

1,953, N = 56; p < 0,05): o grupo AB apresentou uma satisfação média superior (M =

4,10; D = 0,6) ao grupo C (M = 3,78; DP = 0,64).

Também se observaram diferenças significativas face à depressão-entusiasmo (t =

1,624; N = 56; p < 0,05): o grupo AB apresentou um nível médio de entusiasmo

superior (M = 4,18; DP = 0,46) ao grupo C (M = 3,92, DP = 0,66).

96

4.4. Discussão do estudo 2

A participação dos estudantes pautou-se pelo seu enquadramento numa

investigação. Ou seja, os estudantes participaram num estudo sobre stress e bem-

estar face a uma apresentação oral realizada em grupo, prestando a sua

colaboração, ao invés da participação numa actividade de promoção do bem-estar,

no sentido do usufruto de um serviço, introduzindo algumas implicações a

considerar. Uma delas refere-se à implementação do IA. De forma a ser possível a

realização do presente estudo, teve que se proceder a alguns ajustes ao IA, como a

omissão da quarta dimensão considerada (Delineamento). Estes aspectos podem

se ter traduzido em factores influentes sobre os resultados, colocando-se a hipótese

de que uma intervenção deste género, contextualizada de uma forma mais

significativa para os participantes do que a participação num estudo, possa

potenciar os seus efeitos. Note-se que a implementação do IA pressupõe

precisamente este aspecto na medida em que supõe ser transmitido o racional do

seu funcionamento.

Como limitações pode-se identificar, para além de um número algo reduzido de

participantes, que a tarefa de controlo parece não ter sido a mais adequada em

termos metodológicos, na medida em que os estudantes acabaram também por

referir a situação de apresentação oral, havendo uma aproximação à tarefa

experimental (a do IA relativo à apresentação oral).

Outra das limitações apontadas, à semelhança do primeiro estudo, refere-se à

omissão da avaliação de um possível impacto no desempenho da apresentação,

apesar de se poder associar a satisfação ao desempenho (Chambel e Curral, 2005;

Patterson, Warr e West, 2004).

97

Seria também relevante considerar na análise o nível grupal, tomando-se como

unidade os grupos de trabalho da apresentação oral. As abordagens multiníveis têm

ganho destaque na literatura, nomeadamente sobre o stress ocupacional (Bliese &

Jex, 1999). Por um lado, o IA é, classicamente, um processo de grupo, pelo que,

para uma melhor compreensão do seu impacto, seria relevante tomar-se este nível.

Por outro lado, a transposição do modelo de Lazarus & Folkman (1984) para o nível

grupal permitiria colmatar algumas críticas, provindas essencialmente da área do

stress ocupacional, relativamente à subjectividade do foco na avaliação do indivíduo

(Lazarus, DeLongis, Folkman & Gruen; 1985) e a subjacente problematização do

indivíduo, para além da possibilidade de permitir uma maior compreensão sobre

factores de carácter interpessoal, onde o coping de apoio social e a dimensão de

apoio social são pouco consistentes quanto ao seu impacto no ajustamento.

Quanto à avaliação de desafio, em consonância com os princípios subjacentes

ao IA e com as descrições das reacções dos participantes (Rogers & Fraser, 2003),

seria de esperar que o IA tivesse um impacto positivo ao nível da avaliação de

desafio. No entanto, apesar de se observar um aumento, este é bastante

semelhante entre o grupo experimental e o de controlo, não sendo significativo. A

considerar para a ausência de resultados refere-se que esta medida, já no primeiro

estudo, tinha revelado algumas limitações e que neste segundo estudo, observou-se

uma heterogeneidade da variância no terceiro momento.

Relativamente à avaliação de ameaça, os três grupos não diferiam à partida

entre si. De acordo com Skinner e Brewer (2002), seria de esperar um aumento do

momento 1 para o 2, o que também não se observou. No grupo experimental a

avaliação de ameaça foi constante, indo ao encontro dos resultados do segundo

98

estudo, onde não se observaram diferenças entre um momento antes e após a

apresentação. Observou-se uma diminuição significativa no grupo que realizou um

IA relativo à vivência académica do momento 1 para o momento 3, não tendo sido

esta suficientemente expressiva para se reflectir numa diferenciação dos três grupos

no momento 3.

Estes dados apontam também para que as avaliações de ameaça e de desafio

sejam sensíveis a aspectos diferentes, indiciando uma natureza qualitativamente

diferente que não se cinge à sua simetria, indo ao encontro dos dados reportados

por Skinner & Brewer (2002) que observaram que a avaliação de ameaça tendia ter

maior intensidade com a proximidade temporal do acontecimento, enquanto que a

avaliação de desafio não registava alterações e com a análise do estudo anterior no

que se refere às diferenças encontradas no padrão das correlações entre os

aspectos relativos a uma apresentação passada e as avaliações cognitivas face à

apresentação futura.

Relativamente à avaliação de controlo, os grupos à partida também não diferiram

entre si. Observou-se que o grupo que tinha realizado o IA relativo à apresentação

oral e o grupo que tinha realizado o IA relativo à vivência académica diferiram

significativamente na variação ao longo dos três momentos. Enquanto que o grupo

B manteve-se constante, o grupo A apresentou um pico no segundo momento,

indicando que o IA terá tido um impacto imediato ao nível da avaliação de controlo

que se terá desvanecido num terceiro momento, não se observando diferenças

entre os três grupos.

No que se refere às estratégias coping, os grupos diferiram à partida. O grupo B

distinguiu-se dos outros dois por um número menor de referências de estratégias de

coping de confronto, diferença esta que foi saliente nas restantes comparações.

99

Apesar de se observar a presença de conteúdos idênticos nas medidas de

coping, nomeadamente no que se refere ao coping de confronto, e nas respostas ao

IA, nomeadamente no relativo à apresentação oral, os resultados não indicam

qualquer impacto do IA sobre a utilização de estratégias. Um dos aspectos a

considerar prende-se com o desajuste ou com um carácter pouco discriminatório da

medida utilizada.

Relativamente à coesão grupal, os grupos não diferiam à partida. Quando se

comparam os dois grupos que tinha realizado um IA, graficamente é sugerido um

aumento no grupo experimental, não sendo no entanto significativa. Esta acaba por

se destacar na comparação entre os três grupos, apresentado o grupo experimental

níveis de coesão grupal superior ao grupo que não tinha realizado qualquer IA, o

que aponta para um efeito positivo do IA quando o grupo é levado a partilhar, de

forma positiva, as ideias sobre o trabalho a realizar.

Relativamente ao ajustamento, os grupos não diferiram significativamente, nem

no primeiro momento, no terceiro. No entanto, na comparação dos grupos A e B,

face ao primeiro e terceiro momentos, observou-se uma tendência para um aumento

da satisfação e da dimensão de depressão-entusiasmo. Esta diferença revelou-se

significativa em comparação com o grupo que não tinha realizado qualquer tarefa,

quando se tomavam conjuntamente os grupos A e B.

Visto que acabou por não existir uma diferenciação efectiva das tarefas

experimentais e de controlo, coloca-se a possibilidade dos resultados observados se

deverem a expectativas positivas que os estudantes possam ter criado face ao

estudo. No entanto, o IA pressupõe que seja dado o racional do seu funcionamento

aos participantes, o que aqui não foi feito, pressupondo a criação de expectativas

100

positivas face ao processo desde início, até como forma de envolver os

intervenientes (Cooperrider & Whitney, 2005). Além disso, na suposição de que os

participantes estariam a corresponder a expectativas, seria de esperar que em

ambos os grupos os resultados fossem idênticos. Por outro lado, os resultados

obtidos, à luz de outros campos da Psicologia parecem ganhar consistência,

nomeadamente no que se refere aos resultados obtidos face à avaliação de

ameaça. Segundo Brewer e Skinner (2002) seria de esperar um aumento no grupo

de controlo. O que se observou foi que os dois grupos diferiram significativamente

do primeiro momento para o segundo. Relativamente ao grupo experimental as

avaliações de ameaça foram idênticas nos momentos 1 e 3, indicando que o IA

relativo à apresentação oral não teve qualquer impacto a este nível, enquanto que

no grupo de controlo, foram significativamente inferiores. Os estudantes quando

foram levados a elaborar de forma positiva sobre a vivência académica, na sua

generalidade, avaliaram de forma menos ameaçadora a situação de apresentação

oral, o que, extrapolando, aponta para que uma estratégia que permite uma melhor

gestão do stress consista em dar um enquadramento de fundo positivo à situação

potencialmente stressante, o que acrescenta a questão do foco atencional face à

promoção de estratégias com base na mudança para significados mais positivos, de

acordo com a relevância atribuída ao coping focado na reavaliação positiva

(Folkman & Moskowitz, 2000a) e indo também ao encontro da técnica de

reenquadramento (ou redefinição), utilizada em muitos modelos de terapia familiar

(Jones, 1999), tratando-se, neste caso, de um reenquadramento positivo.

Relativamente ao aumento e subsequente diminuição do controlo no grupo que

realizou o IA relativo à apresentação oral, estes dados poderiam ir ao encontro das

101

críticas apontadas ao IA no que se refere à criação de expectativas irrealistas, o que

provocaria um desajuste face à situação (Rogers & Fraser, 2003). No entanto, não

se observou qualquer tendência para um decréscimo na satisfação, nem face ao

bem-estar afectivo relativo ao trabalho. Neste sentido, apesar de se evidenciar como

um efeito de carácter imediato, o impacto parece ter sido positivo. Este resultado

ganha maior consistência ao ser considerado o efeito positivo na coesão grupal, na

medida em que no primeiro estudo foi observada uma associação entre estas duas

variáveis. Este efeito positivo face à coesão grupal foi significativo quando

comparado com o grupo que não realizou qualquer tarefa. Apesar deste impacto

não se salientar face ao grupo de controlo e face ao plano intra-individual, este

resultado adquire maior validade se se considerar que à partida não existia esta

diferença. Por outro lado, face a estes resultados, de acordo com as regressões

múltiplas efectuadas no primeiro estudo, apesar de estas terem sido pouco

discriminativas quanto às variáveis em causa, seria de esperar um impacto positivo

principalmente na dimensão de ansiedade-conforto e posteriormente na satisfação.

Apesar de graficamente os resultados poderem ser considerados consistentes com

esta expectativa, apenas se observa uma tendência de um efeito na satisfação e

nos níveis de depressão-entusiasmo quando é considerado também o grupo de

controlo com tarefa. Um dos factores a considerar prende-se com as dimensões das

amostras, quer no primeiro estudo, quer neste. Da mesma forma, observando-se um

decréscimo na avaliação de ameaça no grupo de controlo, seria de esperar, de

acordo com as regressões múltiplas efectuadas no primeiro estudo, um impacto

positivo em qualquer uma das dimensões consideradas face ao ajustamento

psicológico. Estas considerações permitem compreender melhor a tendência

observada para um aumento na satisfação e no entusiasmo nos grupos A e B. Estes

102

resultados são mais expressivos quando estes dois grupos são tomados

conjuntamente em comparação com o grupo que não tinha realizado qualquer

tarefa, reportando níveis de satisfação e entusiasmo significativamente mais

elevados. De acordo com as considerações prévias e com os resultados do estudo

anterior, estes resultados assumem particular relevância, quer por potencialmente

estarem associados ao desempenho, quer pelo potencial efeito disseminativo que

representam.

No que se refere à comparação entre os dois grupos que realizaram um IA, a

ausência de resultados face à avaliação de desafio, quando contrastados com os

resultados obtidos face à avaliação de ameaça, enfatizam a independência entre as

duas dimensões. Por outro lado, as variações face ao controlo parecem ser

independentes das avaliações de ameaça e de desafio, na medida em que em

ambos os grupos que realizaram um IA se observa uma variação idêntica

relativamente à avaliação de desafio, mas não face à avaliação de controlo, nem

face à avaliação de ameaça. Assim, apesar de se observar uma associação no

primeiro estudo face a estes processos, estes dados levantam questões quanto a

uma relação causal directa.

Outra das considerações a tecer refere-se a um paradoxo presente nesta

investigação. O IA assenta no pressuposto que o questionamento é uma forma de

intervenção, paradoxalmente, no intuito de se caracterizarem os processos de

stress em função do modelo transaccional de stress e coping, optou-se por medidas

que, apesar de serem bastante económicas, incluíam conteúdos com uma

conotação mais negativa. Desta forma, e tendo em consideração os resultados

observados, poder-se-á supor que as medidas usadas possam ter interferido no

efeito do IA. Por outro lado, já tem sido salientada a relevância de não se

103

negligenciarem aspectos do funcionamento que possam ter uma conotação mais

negativa (Lazarus; 2003), o que muito potencialmente implica a utilização medidas

que recorrem a conteúdos de conotação negativa. Este aspecto parece ter

concordância de vários autores associados à corrente da Psicologia Positiva, tendo

expressão, inclusivamente, na utilização de uma medida de depressão (Seligman e

col., 2005). Os resultados da presente investigação salientam a necessidade de se

atender a questões de ética e deontologia quanto às questões colocadas aos

participantes nas investigações, uma vez que apoiam a hipótese de que as

questões que são colocadas têm impacto ao nível do bem-estar dos inquiridos,

apontando também para a relevância de não se negligenciarem os aspectos

negativos.

Apesar das limitações apontadas, os resultados obtidos neste segundo estudo,

de grosso modo, indiciam um impacto positivo do IA, quer relativamente ao grupo

que respondeu ao IA relativo à apresentação oral, quer relativamente ao grupo que

respondeu ao IA relativo à vivência académica, mas de forma algo diferenciada

entre grupos. O IA relativo à apresentação oral parece ter tido um impacto positivo

na avaliação de controlo, observando-se a dissipação deste efeito após a realização

da apresentação oral, e da coesão grupal. O IA relativo à vivência académica

parece ter tido impacto na redução da avaliação de ameaça. Estes indícios

adquirem maior expressividade quando se consideram conjuntamente os

estudantes que realizaram um dos Inquéritos Apreciativos, observando-se uma

tendência para apresentarem maior nível de satisfação e níveis mais positivos na

dimensão de depressão-entusiasmo, resultados estes que se mostraram

significativos face aos estudantes que não realizaram qualquer tarefa.

104

Estes resultados obtidos sobre o impacto do Inquérito Apreciativo à luz dos

modelos de stress apontam que esta perspectiva do IA permite trazer uma

compreensão mais profunda do seu impacto, permitindo uma adaptação mais

ajustada aos seus propósitos, na medida em que o IA tem sido usado em diversos

contextos e com os mais variados objectivos.

De acordo com as evidências observadas e com as considerações tecidas,

salienta-se a utilidade deste tipo de estudos, mesmo apesar das limitações

identificadas, no que se refere não só ao desenvolvimento da compreensão dos

fenómenos e, portanto, de utilidade teórica, mas também ao nível do

desenvolvimento das intervenções. Neste sentido, a presente investigação aponta

para o potencial que a articulação dos modelos de stress e do Inquérito Apreciativo

podem ter ao nível teórico-prático, apelando para estudos com um enquadramento

mais próximo da vivência dos participantes, que abranjam um maior número de

pessoas e para a utilização de medidas com melhores características psicométricas.

Indica também que o Inquérito Apreciativo, utilizado neste âmbito, deverá abranger

não só questões mais focalizadas, como também mais contextuais.

Relativamente ao primeiro estudo, este veio reforçar o modelo de Lazarus e

Folkman (1984) na medida em que aborda uma situação diferente da de exame,

observando-se, na generalidade, a replicação dos resultados, apesar das limitações

apontadas. Assim, a par das limitações apontadas à medida de coping, neste

estudo salientou-se a relevância da avaliação cognitiva primária e secundária pelo

105

impacto que denotaram no ajustamento dos estudantes. Os resultados observados

revelaram-se como úteis na interpretação dos dados do segundo estudo.

Este segundo estudo, mesmo considerando os resultados observados como

sugestivos, expõem o acto tão simples de questionar como potencial suscitador de

“(re)construcções” da realidade, mesmo em contexto de investigação.

106

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114

ANEXOS

Anexo I

1. Escala de avaliação do controlo Pensando na mesma apresentação oral e no trabalho prévio que esta implicará, assinale a resposta que melhor descreve o que pensa. Discordo Discordo

em parteNem

concordo nem

discordo

Concordo em parte

Concordo

1 Eu posso decidir como e quando fazer o trabalho relativo à apresentação.

1 2 3 4 5

2 É claro para mim o que o professor considera ser um desempenho aceitável, por parte dos seus alunos.

1 2 3 4 5

3 Eu sei qual será a melhor estratégia para realizar este trabalho.

1 2 3 4 5

4 De uma maneira geral, eu tenho a possibilidade de reunir os recursos/condições necessárias para realizar a apresentação.

1 2 3 4 5

5 O grupo sabe o que é pretendido para a realização da apresentação.

1 2 3 4 5

6 Há a possibilidade do grupo organizar o trabalho da forma mais conveniente.

1 2 3 4 5

7 De uma maneira geral, o grupo pode decidir como fazer o trabalho. 1 2 3 4 5

1. Escala de satisfação Pensando nessa mesma apresentação oral e no trabalho prévio que estaresposta que melhor descreve o que pensa. Discordo

TotalmenteDiscordo

co

d 1

Senti-me satisfeito com o trabalho de preparação para a apresentação.

1 2

2 Senti-me satisfeito com a apresentação realizada.

1 2 3 Senti-me satisfeito com o meu desempenho.

1 2

4 Esta apresentação correu melhor que as anteriores.

1 2

5 No geral, senti-me satisfeito com o desempenho do meu grupo.

1 2

6 No geral, acho que o trabalho correu bem. 1 2

Adaptado de Chambel & Curral (2005)

implicou, assinale a

Nem ncordo nem

iscordo

Concordo Concordo Totalmente

3 4 5

3 4 5

3 4 5

3 4 5

3 4 5

3 4 5

Anexos II

1. Escala do Coping Perante um acontecimento que lhes causa stress (como por exemplo, ser alvo de uma cirurgia), as pessoas fazem/pensam coisas para se sentirem melhores e/ou lidarem com a situação da melhor forma (como por exemplo, ver um filme, procurar informações sobre a cirurgia, rezar para que tudo corra bem, etc.). Nesta secção, tomando a última apresentação que realizou como um acontecimento stressante, pedimos-lhe que indique pelo menos cinco coisas que fez/pensou para lidar com a situação. Posteriormente, pedimos-lhe que para cada uma das estratégias indique a frequência com que a utilizou e o grau de eficácia dessa estratégia.

Frequência: 1 = raramente 2 = poucas vezes 3 = algumas vezes 4 = bastantes vezes 5 =

constantemente Grau eficácia: 1 = nada eficaz 2 = pouco eficaz 3 = eficaz 4 = bastante eficaz 5 = completamente

eficaz

a) Frequência 1 2 3 4 5 Eficácia 1 2 3 4 5 b) Frequência 1 2 3 4 5 Eficácia 1 2 3 4 5 c) Frequência 1 2 3 4 5 Eficácia 1 2 3 4 5 d) Frequência 1 2 3 4 5 Eficácia 1 2 3 4 5 e) Frequência 1 2 3 4 5 Eficácia 1 2 3 4 5 f) Frequência 1 2 3 4 5 Eficácia 1 2 3 4 5 g) Frequência 1 2 3 4 5 Eficácia 1 2 3 4 5 h) Frequência 1 2 3 4 5 Eficácia 1 2 3 4 5 i) Frequência 1 2 3 4 5 Eficácia 1 2 3 4 5

Anexos II

Quadro 1 – Exemplos de estratégias de coping por categoria

Coping de confronto Coping de evitamento Treinar a apresentação em grupo/só antes da

aula/em casa Respirar fundo

Preparar o material da apresentação com antecedência Dormir

Ler em voz alta a minha parte Comer doces/chocolate antes da apresentação/bem

Empenhei-me logo irá correr bem Evitar rever a apresentação pelo imediatamente antes da mesma

Pensamento sempre positivo, que a apresentação vai correr bem Ter calma

Estudar e ler sobre o tema Ler um livro Eu sei bem a matéria, logo estou à vontade e

dentro do assunto Pensar em situações que me proporcionassem

bem-estar Pensar sobre a melhor forma de execução do

trabalho Evitar pensar sobre a apresentação e

descontrair Pensar que estou preparada Sair para dar uma volta

Penso que toda a gente tem que fazer o trabalho Deitar cedo

Confrontar as minhas dúvidas e preocupações com colegas do grupo

Dormir um elevado número de horas na noite anterior

Verificar o funcionamento deste previamente à mesma Ouvir música

Pensar que não é uma decisão decisiva de avaliação Tomar um duche para relaxar

Procurar informação suplementar para esclarecer dúvidas Arrumar o quarto

Tínhamos trabalhado com pouco tempo, mas que ia correr bem

Técnicas de relaxamento na noite anterior à apresentação

Explicar melhor (ser mais explicito) Liguei à minha mãe

Falar devagar e mais alto Falei com amigos/namorado

Ser precisa Cinema na véspera

Preparação conveniente do tema Ver Televisão Penso que o trabalho está bem realizado e bem

estruturado Relaxar

Pensar que do trabalho depende a minha nota final Falar com colegas

Escrever numa folha o que tenho para dizer Beber um chá na noite anterior Informei-me ao máximo sobre o conteúdo da apresentação de forma a apresentá-la o mais

nauralmente possível Rezei

Para além do stress que o trabalho provocava, era uma forma de aprender Evitar pensamentos negativos

Vai ser divertido e dar-me gozo Antes da apresentação fazer algo que gosto para me distrair

Ainda tenho tempo para me preparar mais Parar durante um bocado e descontrair Seria uma forma de ter uma nota melhor no

final do semestre Não lembrar que vou falar para muita gente

Anexos III

Quadro 2 – Correlações entre as avaliações cognitivas numa perspectiva passada e variáveis potencialmente influentes

N = 55 ano

tempo decorrido

desde apres

número elementos do

grupo

escala investimento

na disciplina A familiaridade Idade Ameaça -,136 -,009 -,136 -,006 -,045 ,094Desafio -,340(*) ,293(*) -,070 ,100 -,112 ,180Controlo ,147 -,085 ,113 ,064 -,076 -,101

** p < 0.01 level * p < 0.05 level Quadro 3 – Correlações entre as avaliações cognitivas numa perspectiva futura e variáveis potencialmente influentes

N = 88 ano

tempo decorrido

desde apres.

número elementos do

grupo

escala investimento

na disciplina A familiaridade Idade Ameaça -,187 -,210 -,025 ,137 ,045 -,394(**)Desafio -,195 -,163 -,191 ,135 ,185 ,068Controlo ,396(**) ,261(*) ,014 ,040 ,029 ,133

** p < 0.01 level * p < 0.05 level Quadro 4 – Correlações entre coping, eficácia do coping, coesão e ajustamento e variáveis potencialmente influentes

N = 144 ano

tempo decorrido

desde apres.

número elementos do

grupo

escala investimento na disciplina familiaridade Idade

Coping confronto ,185(*) ,191(*) ,048 ,062 -,083 ,228(**)Coping evitamento -,237(**) -,296(**) -,146 ,048 -,008 -,146Eficacia coping ,186(*) ,008 ,073 ,073 -,239(**) ,211(*)Coesão ,079 ,033 -,044 -,031 ,351(**) ,007Satisfação ,195(*) ,096 ,100 ,003 -,105 ,069Ansiedade-conforto ,320(**) ,172(*) ,190(*) -,041 -,113 ,216(**)Depressão-entusiasmo ,223(**) ,218(*) ,185(*) -,057 -,072 ,082

** p < 0.01 level * p < 0.05 level

Anexos IV

I a) Pedimos que todos os elementos partilhem oralmente as respostas com o seu grupo. Todos deverão responder, passando então para a questão seguinte.

1 - O que é que te levou a sentir mais viv@ numa apresentação oral de grupo? 2 - Quais são os aspectos que mais aprecias/valorizas numa apresentação oral de grupo? 3 - O que é que caracterizou uma apresentação oral bem sucedida, em que te tenhas sentido mais satisfeit@? 4 - Relativamente a uma apresentação oral de grupo bem sucedida, quais foram os teus melhores contributos? E os do grupo?

b) Que temas ou aspectos em comum identificam nas vossas respostas? Todos os elementos devem escrever os temas.

Anexos IV

II a) Por uns momentos, fechem os olhos. Imaginem um sonho fantástico com a apresentação oral que vão ter. b) Partilhem os vossos sonhos e discutam sobre como poderá ser a melhor das apresentações. Todos os elementos do grupo deverão escrever os tópicos que descrevem esta apresentação de sonho.

Anexos IV

III a) Com base na informação oral e escrita, pedimos que discutam sobre o que poderá ser feito de forma a verem realizadas as vossas expectativas positivas relativamente à apresentação oral que vão ter, nomeadamente: Como elemento do grupo, quais poderão ser os teus melhores contributos? O que levará este grupo a realizar um bom trabalho? b) Em grupo, construam cinco frases imperativas que resumam a informação até aqui partilhada /debatida e que sirvam de lemas/guias de acção.

1 - ______________________________________________________________ _________________________________________________________________ 2- ______________________________________________________________ _________________________________________________________________ 3 - ______________________________________________________________ _________________________________________________________________ 4 - ______________________________________________________________ _________________________________________________________________ 5 - ______________________________________________________________ _________________________________________________________________

Anexos V

I a) Pedimos que todos os elementos partilhem oralmente as respostas com o seu grupo. Todos deverão responder, passando então para a questão seguinte.

1 - O que é que te levou a sentir mais viv@ enquanto estudante universitári@? 2 - Quais são os aspectos que mais aprecias/valorizas na vida académica? 3 - O que é que caracterizou um dia em que te tenhas sentido mais satisfeit@ enquanto estudante universitári@? 4 - Relativamente a estas vivências, o que é que fizeste para que fossem tão boas? E qual foi o papel dos teus colegas?

b) Que temas ou aspectos em comum identificam nas vossas respostas? Todos os elementos devem escrever os temas.

Anexos V

II a) Por uns momentos, fechem os olhos. Imaginem um sonho fantástico relativo à vida de estudante universitári@. b) Partilhem os vossos sonhos e discutam sobre como poderá ser a melhor das apresentações. Todos os elementos do grupo deverão escrever os tópicos que descrevem esta vivência de sonho.

Anexos V

III a) Com base na informação oral e escrita, pedimos que discutam sobre o que poderá ser feito de forma a verem realizadas as vossas expectativas positivas relativamente à vida académica, nomeadamente: O que poderás fazer para que as expectativas se realizem? Qual poderá ser o papel dos colegas? b) Em grupo, construam cinco frases imperativas que resumam a informação até aqui partilhada /debatida e que sirvam de lemas/guias de acção.

1 - ______________________________________________________________ _________________________________________________________________ 2- ______________________________________________________________ _________________________________________________________________ 3 - ______________________________________________________________ _________________________________________________________________ 4 - ______________________________________________________________ _________________________________________________________________ 5 - ______________________________________________________________ _________________________________________________________________